Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resposta A Acusação Cleuson
Resposta A Acusação Cleuson
Resposta A Acusação Cleuson
COMARCA DE MACAPÁ/AP
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
1) DO RESUMO DA DEMANDA
O Ministério Público do Estado do Amapá ofertou denúncia em face dos
acusados Américo Silva da Silva e Caio Silva Andrade, por furto qualificado pelo
concurso de pessoas descrito no artigo 155, §4º, IV, bem como, denunciou o acusado
Américo Silva pelo crime disposto no artigo 158, §2º, ambos do Código Penal.
Consta dos autos que o acusado Caio Silva subtraiu um televisor, no valor de
R$ 5.000,00 (cinco mil reais), da residência do senhor Aluízio Amores. A mencionada
vítima, dois dias após o fato, obteve o monitoramento eletrônico do local, por meio do
qual conseguiu identificar o autor do crime e reportou às autoridades policiais.
Após o registro dos fatos, a polícia militar localizou a residência do acusado. Ao
chegar ao local e questionar o mesmo acerca da localização do bem, este declarou
que a TV se encontrava em uma pequena loja de móveis usados, a qual tinha por
proprietário o segundo acusado, Américo Silva.
Durante as investidas policiais, o Televisor foi encontrado na sala do segundo
acusado, sendo utilizado para uso pessoal.
No dia 06 de junho de 2022, a 1ª Vara do Juizado Especial Criminal da comarca
de Macapá/AP recebeu a denúncia, ordenando a citação dos acusados no dia 07 de
junho de 2022 para apresentar defesa da acusação imputada.
É a síntese necessária.
2) DAS PRELIMINARES
2.1. DA INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL
Excelência, conforme simples análise dos autos, o crime imputado ao acusado é
de extorsão, descrito no artigo 158, § 2º do CP. A redação do referido artigo demonstra
que para o ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa, tem se a pena de quatro a dez anos de
reclusão e multa.
Ocorre que, ao ofertar a referida denúncia, o Ministério Publico endereçou-a ao
Juizado Especial Criminal da comarca de Macapá/AP, sendo este Juízo incompetente
para julgar a presente demanda. Aqui faz-se necessário a leitura dos seguintes
artigos, presentes na Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais:
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados
e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das
infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
conexão e continência.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para
os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. (Redação dada pela Lei
nº 11.719, de 2008).
§ 1º. O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo:
(Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa de
liberdade; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). (grifo nosso)
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade; (Incluído pela
Lei nº 11.719, de 2008).
III - sumaríssimo, para as infrações penais de menor potencial ofensivo,
na forma da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela
Lei nº 11.719, de 2008).
I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. (Incluído pela Lei
nº 11.719, de 2008).
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos
pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.
3) DO MÉRITO
3.1. DA EXCLUSÃO DO CRIME DE FURTO QUALIFICADO
Excelência, conforme se observa na denúncia, o conjunto probatório utilizado para
embasar a autoria do crime de furto é composto por uma por imagens obtidas através
de monitoramento eletrônico do local do crime e identificação do autor pela vítima.
Acontece, Excelência, quem em nenhuma dessas oportunidades se houve a
comprovação da participação do acusado Américo no crime. O monitoramento das
câmeras não registra a presença do mesmo no local, bem como, em sede de
identificação pela vítima, ela sequer cita a existência de um segundo autor.
Resta claro que não existe a relação de Américo no crime de furto qualificado
a qual o foi imputado. O núcleo do crime aqui em discussão expõe a seguinte redação:
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena -
reclusão, de um a quatro anos, e multa.
De acordo com a Teoria do crime, o primeiro ato a ser praticado para sua
caracterização é a conduta. Nesse aspecto, não tendo o acusado América realizado
a conduta de subtrair para si coisa alheia móvel, este não cometeu um ato criminoso!
Na mesma síntese, a qualificadora de concurso de pessoas também não merece
prosperar vez que não se tem qualquer vestígio que os acusados estiveram
em comunhão de vontades, para a prática de um mesmo delito.
Com o exposto, é importante a compreensão do artigo 397 do Código de
Processo Penal. Vejamos:
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido
condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam
a suspensão condicional da pena.
Assim, entendido que o réu atende a todos os requisitos acima descritos, eis que
o crime fora cometido sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4
(quatro) anos, resta demonstrado, dessa forma, a possibilidade de oferecimento do
acordo de não persecução penal ao caso do réu.
Trata-se também de direito e garantia prevista no artigo 2º do Código Penal: “A lei
posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.”
Portanto, no caso de rejeição da suspenção condicional do processo, requer o
deferimento do Acordo de Não persecução penal (ANPP), na forma do art. 28 do CPP,
c/c 89 da lei 90995 c/c art. 28-A do CPP.
5) DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer:
ADVOGADO
OAB