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História das categorias religiosas

Ver artigo principal: Religiões mundiais

Em culturas ao redor do mundo, tem existido, tradicionalmente, muitos grupos de crenças religiosas diferentes. Na
cultura indiana, as diferentes filosofias religiosas eram tradicionalmente respeitadas como diferenças acadêmicas em
busca de uma mesma verdade. No islamismo, o Alcorão menciona três categorias diferentes: os muçulmanos, os
adeptos do Livro e os adoradores de ídolos. Inicialmente , os cristãos tinham uma visão de uma simples dicotomia de
crenças mundiais: a civilidade cristã contra a heresia ou a barbárie estrangeira. No século XVIII, foi esclarecido que
"heresia" foi um termo criado para se referir ao judaísmo e ao islamismo, além do paganismo, isso criou uma
classificação de quatro categoria que gerou obras como Nazarenus, or Jewish, Gentile, and Mahometan Christianity,
de John Toland, que representou a três religiões abraâmicas como diferentes "nações" ou seitas dentro de uma
mesma religião: o "verdadeiro monoteísmo".

Daniel Defoe descreveu as diferenças religiosas da seguinte forma: "A religião é corretamente a adoração dada a
Deus, mas isso também é aplicado à adoração de ídolos e de falsas divindades." Na virada do século XIX, entre 1780
e 1810, a linguagem mudou drasticamente: em vez de "religião", que é sinônimo de espiritualidade, os autores
começaram a usar o plural "religiões" para se referir ao cristianismo e a outras formas de adoração. Uma das
primeiras enciclopédias de Hannah Adams, por exemplo, teve seu nome alterado para Um Compêndio Alfabético Das
Várias Seitas para Um Dicionário de Todas as Religiões e Denominações Religiosas.[4]

Fotografia do Parlamento Mundial de Religiões de 1893, realizado em Chicago, Estados Unidos.

Em 1838, as quatro categorias religiosas de cristianismo, judaísmo, islamismo e paganismo foram multiplicadas
consideravelmente pela obra Analytical and Comparative View of All Religions Now Extant among Mankind, de Josias
Conder. O trabalho de Conder ainda adere à classificação de quatro categorias, mas ele reúne muito trabalho
histórico para criar algo parecido com a nossa imagem ocidental moderna: ele inclui drusos, Yezidis , mandeanos e
elamitas em uma lista de grupos possivelmente monoteístas e, sob a categoria final de "politeísmo e panteísmo", ele
lista o zoroastrismo, as "seitas reformadas dos vedas, puranas e tantras" da Índia, bem como "idolatria Brahminical",
budismo, jainismo, sikhismo, lamaísmo, "religião da China e do Japão" e "superstições iliterárias".[5]

O significado moderno da expressão "religião mundial", que coloca os não cristãos no mesmo nível de cristãos,
começou com o Parlamento Mundial de Religiões realizado em 1893 em Chicago, Estados Unidos. O Parlamento
impulsionou a criação de uma dúzia de palestras financiadas pelo setor privado com o intuito de informar as pessoas
sobre a diversidade da experiência religiosa: essas palestras financiaram pesquisadores como William James, D. T.
Suzuki e Alan Watts, que influenciaram muito a concepção pública das religiões mundiais.[6]

Na segunda metade do século XX, a categoria de "religião mundial" foi seriamente questionada, especialmente por
traçar paralelos entre culturas muito diferentes e, criando assim, uma separação arbitrária entre o religioso e o
secular.[7] Mesmo professores de história têm evitado e desaconselhado o ensino da concepção de "religiões
mundiais" nas escolas.[8] Outros vêem a formação das religiões no contexto do Estado-nação como uma "invenção
de tradições".

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