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Masculinidade e Feminilidade Na Educação Matemática
Masculinidade e Feminilidade Na Educação Matemática
FACULDADE
ALUNO
CIDADE - ESTADO
2024
ALUNO
CIDADE
2024
AUTOR(A): ALUNO
NATUREZA DO TRABALHO:
Trabalho de Conclusão de Curso.
OBJETIVO:
NOME DA INTITUIÇÃO:
Universidade – Faculdade.
BANCA EXAMINADORA:
___________________________________________________________________
Orientador de conteúdo –Nota
____________________________________________________________________
Orientador de metodologia – Nota
____________________________________________________________________
Coordenador do Curso -
DEDICATÓRIA
Página opcional para dedicar o trabalho a alguém.
AGRADECIMENTOS
Página opcional para agradecer pessoas que auxiliaram na pesquisa.
RESUMO
Este trabalho aborda a influência das percepções de masculinidade e feminilidade na
educação matemática, destacando como essas dinâmicas afetam o desempenho e o interesse
dos alunos, especialmente das meninas. O estudo investiga como as expectativas sociais de
gênero moldam o comportamento e as escolhas dos estudantes em relação à matemática, bem
como o papel dos professores na reprodução desses estereótipos. Os objetivos do trabalho
incluem analisar como as normas de gênero influenciam a participação das meninas na
matemática, compreender os obstáculos enfrentados por elas no ambiente escolar e propor
estratégias para promover a equidade de gênero na educação matemática. Para alcançar esses
objetivos, foi realizada uma revisão da literatura sobre o tema, seguida por uma análise dos
dados coletados em escolas.Como conclusão, o estudo ressalta a importância de desconstruir
os estereótipos de gênero na educação matemática e promover ambientes de aprendizagem
inclusivos e livres de preconceitos. Sugere-se a implementação de programas de formação
docente que incentivem os professores a refletirem sobre suas práticas pedagógicas e a
adotarem abordagens mais inclusivas e sensíveis ao gênero. Essas medidas são fundamentais
para promover uma educação matemática mais equitativa e garantir que todos os alunos,
independentemente de seu gênero, possam desenvolver seu pleno potencial na disciplina.
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Este estudo visa contribuir para a construção de uma educação matemática que
reconheça e valorize a diversidade de experiências e identidades de gênero, promovendo
assim a justiça social e a equidade educacional. Ao analisar criticamente os estereótipos de
gênero presentes no contexto educacional, investigar as percepções e atitudes dos professores,
identificar as barreiras enfrentadas por meninos e meninas e propor estratégias educacionais
inclusivas, esperamos contribuir para um debate mais amplo sobre a interseção entre gênero e
matemática e para o desenvolvimento de políticas e práticas mais igualitárias e inclusivas no
campo da educação matemática.
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1. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA
A justificativa para este estudo reside na importância de compreender e analisar
criticamente as interações entre masculinidade, feminilidade e educação matemática em um
contexto educacional marcado por desigualdades estruturais e estereótipos de gênero
arraigados. As relações entre gênero e Matemática têm implicações significativas para a
equidade educacional e para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas mais inclusivas e
eficazes.
Portanto, este estudo visa contribuir para a construção de uma educação matemática
que reconheça e valorize a diversidade de experiências e identidades de gênero, promovendo
assim a justiça social e a equidade educacional.
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2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Investigar as relações entre masculinidade, feminilidade e educação matemática,
buscando compreender como essas dinâmicas influenciam as percepções, atitudes e
desempenho dos estudantes em relação à disciplina.
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1. Gênero
Simião (2000) argumenta que o termo "gênero" surgiu na academia como substituto ao
termo "mulher" em um momento em que o movimento feminista buscava desnaturalizar a
condição da mulher na sociedade e adentrar em ramos da ciência onde os estudos sobre as
mulheres não eram bem aceitos. Nesse sentido, era necessário encontrar conceitos que
diferenciassem aquilo que as mulheres tinham de natural e permanente (o sexo) daquilo que
era socialmente construído e variava de sociedade para sociedade (o gênero) (Simião, 2000, p.
4-5). Scott (1995) define gênero como "construções culturais" que indicam os papéis
adequados aos homens e às mulheres, destacando que o gênero também implica em relações
de poder entre os sujeitos, sendo social e culturalmente construído e passível de modificação.
Portanto, não se deve confundir gênero com sexo, pois enquanto o sexo é biologicamente
determinado, o gênero é uma construção social (Scott, 1995; Pierucci, 199-).
A partir do convívio social, a criança vai sendo inserida em um gênero que pode ser
diferente do seu sexo biológico, podendo ser masculino, feminino, homossexual, transexual,
bissexual, entre outros. O pertencimento a um gênero não define as capacidades intelectuais
ou habilidades manuais da pessoa (Simião, 2000). Considerando o gênero como uma
construção social que reproduz relações de poder, os papéis atribuídos a homens e mulheres
variam conforme a cultura, ambiente social e sociedade em que estão inseridos (Simião,
2000).
Schienbinger (2001) ressalta que o termo gênero é mais apropriado para referir um
sistema de signos e símbolos denotando relações de poder e hierarquia, enquanto o sexo pode
se referir à biologia de um indivíduo. As relações de poder e hierarquia podem se manifestar
dentro do mesmo gênero, como quando mulheres dominam outras mulheres ou homens
dominam outros homens (Schienbinger, 2001).
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3.2. Papéis de gênero na sociedade e na educação.
O conceito de gênero abrange todas as características socialmente atribuídas aos
indivíduos com base em sua identidade sexual. Ele vai além da simples distinção biológica
entre homens e mulheres, incorporando normas, papéis, comportamentos e expectativas
culturais (Lourenço, 2017).
É crucial diferenciar entre sexo e gênero para entender plenamente como a identidade
de gênero é construída. Enquanto o sexo se refere às características biológicas de uma pessoa,
como genitais e cromossomos, o gênero é uma construção social que engloba as normas,
papéis e comportamentos associados a essas características biológicas (Scott, 1986).
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3.3. Gênero e desempenho em matemática
O artigo "Um belo mito? A criação de gênero de ser/fazer 'bom em matemática'" de
Heather Mendick, da Universidade de Lancaster, explora de forma abrangente as dinâmicas
de gênero presentes na identificação de jovens como "bons em matemática". Mendick
investiga por que há uma disparidade de gênero na escolha de estudar matemática, destacando
a baixa autoidentificação das meninas nessa área em comparação com os meninos.
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de 15 anos em 41 países, incluindo o Brasil, mostraram diferenças significativas entre
meninos e meninas em relação ao desempenho em Matemática (OECD, 2003).
Além disso, o artigo explora o contexto sociocultural que contribui para essas
percepções, destacando o papel dos discursos de gênero na racionalidade presente no
pensamento iluminista ocidental e nos estereótipos de "nerds" e "gênios" matemáticos na
cultura popular. Mendick argumenta que esses discursos reforçam a ideia de que a habilidade
matemática é naturalmente associada ao gênero masculino, o que dificulta que as meninas se
identifiquem como "boas em matemática". Em última análise, o estudo de Mendick ressalta a
importância de abordagens críticas e sensíveis ao gênero na educação matemática, visando
superar estereótipos de gênero e promover uma maior igualdade de oportunidades para
meninas e meninos na área da matemática. (Mendick, 2005).
O artigo de Lucas Alves Lima Barbosan (2016) investiga as relações entre gênero e
ensino da matemática, questionando a percepção de que meninos têm um desempenho
superior nessa disciplina. Ele destaca como as concepções de gênero, muitas vezes implícitas
na prática docente, podem influenciar negativamente o interesse e o desempenho das alunas,
perpetuando desigualdades de gênero no ambiente escolar. Através de entrevistas com
professores de matemática, o autor evidencia como essas desigualdades são reproduzidas em
sala de aula, destacando a necessidade de uma reflexão crítica sobre as práticas e discursos
educacionais para promover uma educação matemática mais inclusiva e igualitária.
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natureza mais apta para a matemática. No entanto, tais explicações revelam uma visão
limitada e estereotipada dos papéis de gênero, ignorando as complexas interações entre fatores
sociais, culturais e individuais na aprendizagem matemática
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observando uma tendência significativa de mulheres que percebiam os homens como
superiores na matemática. No entanto, essa percepção mudou em países como Austrália,
evidenciando a influência de fatores culturais.
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A dinâmica da escola também está ligada ao poder disciplinar, como observado por
Foucault (2004), onde a espacialização do ambiente escolar e a rotina das atividades
contribuem para organizar os movimentos e gestos dos alunos, estabelecendo relações de
poder. Neste ambiente, os jovens constroem suas autobiografias através de interações sociais,
disputando espaços e cultivando relações de poder, muitas vezes manifestadas em atitudes
violentas.
A matemática, tanto como ciência quanto como disciplina escolar, é permeada por
diversos mitos que influenciam a percepção e o desempenho dos alunos. Entre esses mitos
está a ideia de que a matemática é difícil de entender, que nem todas as pessoas são
competentes para dominá-la e que é necessário estudar muito para compreender seus
fundamentos. Além disso, existe a crença equivocada de que os homens têm mais facilidade
do que as mulheres na aprendizagem da matemática (Frankenstein, 1989; Eccles & Jacobs,
1986).
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De acordo com Batista e Palhares (2017), na Grécia Antiga, as mulheres eram
geralmente excluídas da educação formal, incluindo o ensino de matemática. Embora
houvesse exceções, como Hipátia de Alexandria, a maioria das mulheres não tinha acesso às
oportunidades educacionais. Durante a Idade Média, apesar de algumas mulheres
privilegiadas terem acesso à educação e à matemática, essa realidade era rara e a maioria das
mulheres permanecia sem acesso à educação formal.
Silva e Aguiar (2019) observam que, a partir da década de 1950, mais mulheres
começaram a ingressar na matemática. No entanto, elas ainda enfrentavam barreiras
significativas, como discriminação de gênero e sexismo institucionalizado. Embora tenham
feito progressos consideráveis, ainda há muito a ser feito para garantir a igualdade de
oportunidades e a inclusão de mulheres na matemática.
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3.7. Dificuldades relacionadas à presença feminina no campo da matemática
A presença feminina na matemática tem sido historicamente baixa, e isso reflete uma
série de desafios enfrentados pelas mulheres ao longo dos anos. Uma das principais
dificuldades é a persistência de estereótipos de gênero que associam habilidades matemáticas
à masculinidade. Esses estereótipos negativos podem levar a preconceitos e discriminação no
campo da matemática, criando um ambiente desencorajador para as mulheres.
Além disso, muitas mulheres enfrentam uma falta de confiança em suas próprias
habilidades matemáticas. Isso pode ser resultado de experiências passadas de discriminação
ou de estereótipos de gênero negativos que sugerem que as mulheres são menos capazes em
matemática do que os homens. A baixa autoestima e a falta de confiança podem limitar o
desempenho acadêmico e profissional das mulheres na área.
Por fim, casos de assédio sexual e discriminação de gênero infelizmente ainda são
comuns no campo da matemática. Essas experiências traumáticas podem ter um impacto
devastador na carreira e na saúde mental das mulheres, tornando a matemática um ambiente
ainda mais desafiador e desestimulante para elas.
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Para promover a igualdade de gênero na matemática, é essencial que as instituições
acadêmicas e profissionais trabalhem ativamente para criar um ambiente acolhedor e
inclusivo para as mulheres. Isso inclui desafiar estereótipos de gênero, promover a
representação feminina em todos os níveis e combater o assédio e a discriminação de gênero
de forma eficaz. Além disso, é crucial oferecer apoio e recursos adequados para ajudar as
mulheres a superar os desafios específicos que enfrentam na matemática e a alcançar seu
pleno potencial na área.
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4. METODOLOGIA
- Tipo de pesquisa: O presente estudo empregou uma abordagem mista de pesquisa,
combinando elementos qualitativos e quantitativos. Isso permitiu uma compreensão mais
abrangente e aprofundada das questões relacionadas à participação das mulheres nos cursos
de matemática e estatística, bem como das desigualdades de gênero e raça nessas disciplinas.
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5. RESULTADOS
Segundo a pesquisa conduzida por Alexandre, T. S. (2023), realizou-se uma
investigação de campo sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres na área da matemática.
Neste capítulo, são apresentados os resultados dessa análise, baseados nas respostas dos
participantes da pesquisa. Ao todo, foram aplicadas 23 perguntas aos sujeitos da pesquisa,
cujas análises dos questionários e entrevistas estão delineadas nos próximos tópicos.
5.1. Identificação
Nesta seção, serão examinados os dados referentes ao perfil geral dos participantes da
pesquisa de campo, abrangendo uma variedade de aspectos, como faixa etária, estado civil,
escolaridade, entre outros. Com base nas informações e dados coletados neste estudo,
constatou-se que aproximadamente 67% das professoras se situam na faixa etária de 36 a 40
anos, conforme ilustrado no Gráfico 1.
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Após a análise dos dados da pesquisa, foi possível examinar a categoria do estado civil
de cada professora participante. Conforme demonstrado no gráfico 2, observou-se que cerca
de 67% das professoras são solteiras. Além disso, conforme apresentado no mesmo gráfico, a
maioria das professoras está distribuída entre as categorias de solteiras e casadas. Esses
resultados fornecem insights importantes sobre a composição do grupo de participantes em
termos de estado civil, destacando a predominância de mulheres solteiras e casadas entre as
professoras envolvidas na pesquisa.
Durante a pesquisa, as professoras foram questionadas sobre sua renda mensal. Cerca
de 67% das participantes responderam que têm uma renda mensal entre 3 a 4 salários
mínimos, conforme demonstrado no gráfico 3. Esses dados revelam que a maioria das
professoras pesquisadas possui uma faixa de renda que está dentro desse intervalo específico,
fornecendo uma visão importante da situação financeira do grupo de participantes.
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Fonte: Alexandre, T. S. (2023)
Com base na análise geral do estudo, o gráfico 4 apresenta a quantidade de filhos por
participante da pesquisa de campo. Cerca de 67% das participantes estão na categoria de
"nenhum filho", enquanto apenas 33% relataram ter apenas 1 filho. Esses resultados destacam
que a maioria das professoras pesquisadas não tem filhos, o que pode influenciar diversos
aspectos de suas vidas profissionais e pessoais.
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A análise dos aspectos sociodemográficos, como faixa etária, estado civil, escolaridade
e quantidade de filhos, foi fundamental para compreender o perfil das professoras
participantes da pesquisa. Esses dados proporcionaram uma amostragem abrangente e
informações qualitativas que contribuíram significativamente para o conhecimento do grupo
estudado.
Através dessa análise, foi possível obter insights valiosos sobre as características e
circunstâncias individuais das professoras, permitindo uma compreensão mais profunda de
como esses fatores podem influenciar suas experiências e desafios no campo da matemática.
Além disso, a flexibilidade metodológica adotada na coleta e análise dos dados permitiu uma
abordagem abrangente e detalhada, possibilitando uma visão holística do perfil dos sujeitos do
estudo.
Esses dados são essenciais não apenas para descrever o perfil sociodemográfico das
professoras, mas também para identificar possíveis padrões, tendências e áreas de
preocupação que podem orientar futuras pesquisas e intervenções destinadas a promover a
igualdade de gênero e o apoio às mulheres no campo da matemática.
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Fonte: Alexandre, T. S. (2023)
A análise dos níveis de atuação das professoras mostrou que elas trabalham tanto no
ensino fundamental II quanto no ensino médio, o que ressalta a versatilidade e a capacidade
dessas profissionais de atuarem em diferentes contextos educacionais. Além disso, o número
de turmas que elas ministram aulas varia de 6 a 8 turmas, o que evidencia uma grande carga
de trabalho e responsabilidade.
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Em relação aos motivos que as levaram a escolher a área de Matemática, as respostas
foram diversas, indo desde uma afinidade natural com a disciplina até experiências prévias na
área. Por outro lado, ao serem questionadas sobre aspectos positivos e negativos em sua
formação acadêmica, as professoras destacaram principalmente a facilidade de ensinar e as
oportunidades proporcionadas pela área, enquanto afirmaram não terem enfrentado grandes
dificuldades ou aspectos negativos durante sua formação.
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6. DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA PARTICIPAÇÃO FEMININA EM
MATEMÁTICA
Os resultados da pesquisa revelam uma série de insights sobre a participação das
mulheres nos cursos de matemática e estatística, bem como as desigualdades de gênero e raça
presentes nessas disciplinas. De acordo com o boletim divulgado pela Sociedade Brasileira de
Matemática (SBM) e pela Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional
(SBMac), em parceria com a Associação Brasileira de Estatística, a presença feminina ainda é
minoritária nesses campos, com apenas 39% dos ingressantes sendo mulheres em 2019 (SBM,
SBMac & Associação Brasileira de Estatística, 2019). Essa constatação reflete um cenário
persistente de sub-representação feminina nas ciências exatas, apesar do aumento do ingresso
de mulheres no ensino superior.
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participação feminina em olimpíadas de matemática e a criação de espaços de diálogo e apoio
para mulheres nas ciências exatas.
Essas expectativas são moldadas por normas de gênero que estabelecem padrões
comportamentais e de interesse específicos para meninos e meninas. As meninas são
socializadas desde cedo a valorizar características como a delicadeza, a empatia e a
preocupação com a aparência, enquanto os meninos são incentivados a desenvolver
habilidades de raciocínio lógico, competitividade e assertividade.
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Essas percepções não apenas limitam as oportunidades das meninas no campo da
matemática, mas também contribuem para a reprodução de desigualdades de gênero mais
amplas, restringindo suas escolhas educacionais e profissionais e perpetuando a sub-
representação das mulheres em áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática).
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7. DISCUSSÃO
A discussão dos resultados à luz da teoria revela uma série de questões importantes
relacionadas à participação das mulheres nos cursos de matemática e estatística. A teoria
feminista e os estudos de gênero podem oferecer insights valiosos para compreender os
padrões de sub-representação e as barreiras enfrentadas pelas mulheres nessas áreas. A
interpretação dos resultados sugere que fatores sociais, culturais e institucionais
desempenham um papel significativo na perpetuação das desigualdades de gênero e raça nos
campos das ciências exatas.
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As implicações dos resultados para a prática educacional são vastas. É fundamental
que as instituições de ensino e os formuladores de políticas implementem medidas para
promover a equidade de gênero e incentivar a participação das mulheres nas ciências exatas
desde as fases iniciais da educação. Isso pode incluir a criação de programas de mentoria,
bolsas de estudo específicas para mulheres e iniciativas para promover modelos femininos de
sucesso nas áreas de matemática e estatística.
Sugere-se que futuras pesquisas explorem mais a fundo os motivos subjacentes à sub-
representação de mulheres e grupos minoritários nos cursos de matemática e estatística, bem
como avaliem a eficácia de intervenções específicas destinadas a promover a diversidade e a
inclusão nessas disciplinas. Além disso, estudos longitudinais podem ajudar a entender melhor
os padrões de persistência e desistência entre os alunos, identificando os principais pontos de
intervenção ao longo do percurso educacional.
É importante refletir sobre as limitações do estudo, que podem incluir a falta de dados
longitudinais, a amostra restrita ou a ausência de uma abordagem interseccional que leve em
consideração não apenas o gênero, mas também a raça, classe social e outras formas de
marginalização. Além disso, questões éticas, como a proteção da privacidade dos participantes
e o consentimento informado, devem ser cuidadosamente consideradas em todas as etapas da
pesquisa.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa, foram analisados diversos aspectos relacionados à participação das
mulheres nos cursos de matemática e estatística, bem como as desigualdades de gênero e raça
presentes nessas disciplinas. Recapitulando os principais resultados, constatou-se uma sub-
representação significativa das mulheres, com apenas 39% dos ingressantes sendo mulheres
em 2019, conforme dados da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e da Sociedade
Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMac), em parceria com a Associação
Brasileira de Estatística. Além disso, as entrevistas com especialistas destacaram os desafios
históricos e culturais enfrentados pelas mulheres nessas áreas, evidenciando a falta de
representatividade e os estereótipos de gênero presentes nos ambientes acadêmicos dos cursos
de exatas.
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implementar programas de formação inicial e continuada que promovam a reflexão sobre a
prática educativa e a conscientização sobre as relações de gênero na escola.
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