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ECIT Professora Neir Alves Porto sapato e as pernas da calça; o mato escurecia

Disciplina: Língua Portuguesa sem vaga-lumes nem grilos.


Prof.ª Valdinete de Queiroz Ribeiro Pôs a mão no tronco de uma árvore
Aluno(a):________________________________ pequena, sacudiu um pouco, e recebeu nos
3ª série cabelos e na cara as gotas de água como se
Avaliação fosse uma bênção. Ali perto mesmo a cidade
murmurava, estava com seus ruídos vespertinos,
ranger de bondes, buzinar impaciente de carros,
D2 ––––––––– QUESTÃO 01 ––––––––––– vozes indistintas; mas ele via apenas algumas
Sermão do Mandato árvores, um canto de mato, uma pedra escura. Ali
perto, dentro de uma casa fechada, um telefone
O primeiro remédio que dizíamos, é o batia, silenciava, batia outra vez, interminável,
tempo. Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, paciente, melancólico. Alguém, com certeza já
tudo gasta, tudo digere, tudo acaba. Atreve-se o sem esperança, insistia em querer falar com
tempo a colunas de mármore, quanto mais a alguém.
corações de cera? São as afeições como as Por um instante o homem voltou seu
vidas, que não há mais certo de haverem de pensamento para a cidade e sua vida. Aquele
durar pouco, que terem durado muito. São como telefone tocando em vão era um dos milhões de
as linhas, que partem do centro para a atos falhados da vida urbana. Pensou no
circunferência, que tanto mais continuadas, tanto desgaste nervoso dessa vida, nos desencontros,
menos unidas. Por isso os Antigos sabiamente nas incertezas, no jogo de ambições e vaidades,
pintaram o amor menino; porque não há amor na procura de amor e de importância, na caça ao
tão robusto que chegue a ser velho. De todos os dinheiro e aos prazeres. Ainda bem que de todas
instrumentos com que o armou a natureza, o as grandes cidades do mundo o rio é a única a
desarma o tempo. Afrouxa-lhe o arco, com que já permitir a evasão fácil para o mar e a floresta. Ele
não atira; embota-lhe as setas, com que já não estava ali num desses limites entre a cidade dos
fere; abre-lhe os olhos, com que vê o que não homens e a natureza pura; ainda pensava em
via; e faz-lhe crescer as asas, com que voa e seus problemas urbanos - mas um camaleão
foge. A razão natural de toda esta diferença, é correu de súbito, um passarinho piou triste em
porque o tempo tira a novidade às cousas, algum ramo, e o homem ficou atento àquela
descobre-lhe defeitos, enfastia-lhe o gosto, e humilde vida animal e também à vida silenciosa e
basta que sejam usadas para não serem as úmida das árvores, e à pedra escura, com sua
mesmas. Gasta-se o ferro com o uso, quanto pele de musgo e seu misterioso coração mineral.
mais amor? O mesmo amor é a causa de não ARRIGUCCI, Jr. Os melhores contos de Rubem Braga.
amar, e o de ter amado muito, de amar menos. São Paulo: Editora Global Ltda, 1985.
VIEIRA, Antônio. Sermão do Mandato. In: Sermões. 8. ed. Rio de
Janeiro: Agir, 1980.
No texto, o elemento que gera a história
narrada é
Em “... para não serem as mesmas...” (ℓ.12), a
(A) a preocupação do homem com os
expressão destacada refere-se a
problemas alheios.
(A) afeições.
(B) a proximidade entre a casa do homem e o
(B) asas.
morro com mato viçoso.
(C) cousas.
(C) o desejo do homem de buscar alento
(D) linhas.
próximo da natureza.
(E) setas.
(D) o toque insistente do telefone em uma
D10 ––––––––– QUESTÃO 02 ––––––––––– casa fechada e silenciosa.
O Mato (E) os ruídos vespertinos da cidade, com seus
murmúrios constantes.
Veio o vento frio, e depois o temporal
noturno, e depois da lenta chuva que passou toda D11 –––––––– QUESTÃO 03 –––––––––––
a manhã caindo e ainda voltou algumas vezes
durante o dia, a cidade entardeceu em brumas. O Quiromante
Então o homem esqueceu o trabalho e as
promissórias, esqueceu a condução e o telefone Há muitos anos atrás, havia um rapaz
e o asfalto, e saiu andando lentamente por cigano que, nas horas vagas, ficava lendo as
aquele morro coberto de um mato viçoso, perto linhas das mãos das pessoas.
de sua casa. O capim cheio de água molhava seu O pai dele, que era muito austero no que
dizia respeito à tradição cigana de somente as
mulheres lerem as mãos, dizia sempre para ele
não fazer isso, que não era ofício de homem, (B) conclusão.
que fosse fazer tachos, tocar música, comerciar (C) causa.
cavalos. (D) comparação.
E o jovem cigano teimava em ser (E) finalidade.
quiromante. Até que um dia ele foi ler a sorte de
uma pessoa e, quando ela se virou de frente, ele D7 ––––––––– QUESTÃO 05 –––––––––––
viu, assustado, que ela não tinha mãos.
A partir daí, abandonou a quiromancia. O teatro da etiqueta
PEREIRA, Cristina da Costa. Lendas e
histórias ciganas. Rio de Janeiro: Imago,
No século XV, quando se instalavam os
1991. Estados nacionais e a monarquia absoluta na
Europa, não havia sequer garfos e colheres nas
O trecho “A partir daí, abandonou a quiromancia” mesas de refeição: cada comensal trazia sua
(ℓ. 14) apresenta, com relação ao que foi dito no faca para cortar um naco da carne – e, em caso
parágrafo anterior, o sentido de de briga, para cortar o vizinho. Nessa Europa
(A) comparação. bárbara, que começava a sair da Idade Média,
(B) condição. em que nem os nobres sabiam escrever, o poder
(C) conseqüência. do rei devia se afirmar de todas as maneiras aos
(D) finalidade. olhos de seus súditos como uma espécie de
(E) oposição. teatro. Nesse contexto surge a etiqueta,
marcando momento a momento o espetáculo da
realeza: só para servir o vinho ao monarca havia
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um ritual que durava até dez minutos.
Câncer Quando Luís XV, que reinou na França de
1715 a 1774, passou a usar lenço não como
As novas frentes de ataque simples peça de vestuário, mas para limpar o
nariz, ninguém mais na corte de Versalhes ousou
A ciência chega finalmente à fase de atacar assoar-se com os dedos, como era costume. Mas
o mal pela raiz sem efeito colateral. todas essas regras, embora servissem para
diferenciar a nobreza dos demais, não tinham a
A luta contra o câncer teve grandes vitórias petulância que a etiqueta adquiriu depois. Os
nas últimas décadas do século 20, mas deve-se nobres usavam as boas maneiras com naturali-
admitir que houve também muitas esperanças de dade, para marcar uma diferença política que já
cura não concretizadas. Após sucessivas existia. E representavam esse teatro da mesma
promessas de terapias revolucionárias, o século forma para todos. Depois da Revolução
21 começou com a notícia de uma droga Francesa, as pessoas começam a aprender
comprovadamente capaz de bloquear pela raiz a etiqueta para ascender socialmente. Daí por que
gênese de células tumorais. Ela foi anunciada em ela passou a ser usada de forma desigual – só na
maio deste ano, na cidade de San Francisco, no hora de lidar com os poderosos.
EUA, em uma reunião com a presença de cerca Revista Superinteressante, junho 1988, nº 6 ano 2.
de 26 mil médicos e pesquisadores. A genética,
que já vinha sendo usada contra o câncer em Nesse texto, o autor defende a tese de que
diagnósticos e avaliações de risco, conseguiu, (A) a etiqueta mudou, mas continua associada
pela primeira vez, realizar o sonho das drogas aos interesses do poder.
“inteligentes”: impedir a formação de tumores. (B) a etiqueta sempre foi um teatro
Com essas drogas, será possível combater a apresentado pela realeza.
doença sem debilitar o organismo, como ocorre (C) a etiqueta tinha uma finalidade
na radioterapia e na quimioterapia convencional. democrática antigamente.
O próximo passo é assegurar que as (D) as classes sociais se utilizam da etiqueta
células cancerosas não se tornem resistentes à desde o século XV.
medicação. São, portanto, várias frentes de (E) as pessoas evoluíram a etiqueta para
ataque. Além das mais de 400 drogas em testes, descomplicá-la.
aposta-se no que já vinha dando certo, como a
prevenção e o diagnóstico precoce.
Revista Galileu. Julho de 2001, p. 41.

O conectivo “portanto”, (ℓ. 21), estabelece com as


idéias que o antecedem uma relação de:
(A) adversidade.

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