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Criar é agir.

A arte enquanto Processo

7. A materialização da vida nos movimentos, gestos e objetos do quotidiano.

A partir dos anos 60 do século XX, a arte muda radicalmente, quer na forma quer no pensamento. Ao
abstracionismo intelectualizado e hermético dos anos 50, sucede uma arte virada para a vida real e para os
acontecimentos do quotidiano, utilizando-os como forma de conhecimento e de ação. Numa sociedade
dominada pelo consumo, estimulado por uma publicidade agressiva que gera necessidades, a Arte surge como
reflexo das novas formas de relacionamento social, onde determinados objetos e imagens se impõem como
ícones. Foi dessas imagens, objetos e até figuras com notoriedade que se serviu Andy Wharol ao formular em
definitivo a essência da Pop Art.

Roy Lichentstein, M-Maybe, 1965, magma sobre tela, 152 x


142 cm, in Tilman Osterwold, Pop Art, Taschen, 1999

Movimento artístico em que se integra a obra reproduzida é: Pop Art.

País não europeu onde esse movimento teve maior repercussão foi: Estados Unidos da América.

Tipo de linguagem artística em que inspirou a obra reproduzida: Banda Desenhada

Caracterização da Pop Art americana

● apropriação da cultura popular pelos artistas;


● associação da arte aos motivos e aos meios de comunicação da cultura de massas;
● recurso à linguagem da banda desenhada para a criação artística;
● elevação das imagens do quotidiano e dos media a temática artística;
● descontextualização dos objetos de consumo, transformando-os em símbolos da sociedade;
● exploração de estereótipos da sociedade contemporânea (anos 60) na representação das figuras
feminina e masculina;
● utilização de técnicas e de materiais inovadores, como a serigrafia ou o verniz magna;
● recurso à técnica do pontilhismo;
● criação de obras frias e impessoais, que não revelam emoções nem intenções por parte do seu autor.

A Pop Art, um movimento iconoclasta (Que ou quem se opõe ao culto das imagens)

Nascida ainda nos anos 50 nos grandes núcleos urbanos (Londres e Nova Iorque), a Pop Art utilizou uma
linguagem figurativa recorrendo a símbolos, figuras e objetos próprios da cidade e do seu quotidiano. Não se
baseou em teorias e, por isso, não colocou dificuldades interpretativas.

A sua temática esteve ligada à cultura “popular” constituída por imagens do quotidiano, retiradas da banda
desenhada, das revistas e dor jornais, da fotografia, do cinema e da televisão. São conhecidos os retractos de
Marilyn Monroe, Jackie Kennedy, Liz Taylor e Elvis Presley. Utilizou recursos técnicos mecânicos ou
semimecanicos, como a fotografia e a serigrafia. O resultado plástico, devido a imagem utilizada, possui uma
certa frieza e impessoalidade.

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Entre os artistas americanos, podemos considerar duas vertentes, sendo uma ou mais “neodadaísta”, onde se
incluem Robert Rauschenberg (n. 1925), Jasper Johns (n. 1930) e Jim Dine (n.1935), que combinou objetos
reais com fundos de pintura. A outra vertente é composta por artistas como: Andy Warhol (1928 - 1987), que
utilizou imagens de DVD, de objetos de consumo e retratos de personalidades; Roy Lichtenstein (1923-1927);
Tom Wesselmann (1931-2004) que usou a assemblage; e James Rosenquist (n.1933).

Aspetos que caracterizam a obra de Andy Warhol:

Andy Warhol como um dos principais representantes da Pop Art americana


• a Pop Art americana como reação ao Expressionismo Abstrato e ao Informalismo das décadas de 40 e 50, do
século XX;
• inspiração nas temáticas do quotidiano, nos objetos da própria sociedade de consumo e do quotidiano
urbano, numa referência à massificação cultural;
• representação de ícones da cultura de massas (estrelas do cinema, televisão, espetáculo, música, etc.), de
figuras políticas, de bens de consumo e da banda desenhada;
• utilização da Coca-Cola, encarada como exemplo do consumismo e do mediatismo de um produto comercial,
convertendo-se num ícone popular e num exemplo da sociedade democrática americana;
• associação da obra de Andy Warhol às grandes questões culturais do seu tempo – o materialismo, a
manipulação dos media e o consumismo;
• utilização de técnicas como a serigrafia, a montagem de fotografias obtidas a partir de recortes de revistas,
as colagens, os anúncios e os cartazes publicitários;
•utilização de pinturas com formas simples, cores fortes e apelativas;
•serialização das imagens através da sua repetição sistemática.

Andy Warhol
Uma das figuras artísticas de referência dos anos 60, Andy Warhol foi um pintor, realizador e fotógrafo,
principalmente conhecido pelo seu papel central na Pop Art.
Nasceu em 1928 em Pittsburgh (EUA), filho de pais eslovacos, e estudou no Carnegie Institute de Pittsburgh.
Após concluir o curso, moveu-se para Nova Iorque, onde fez a sua primeira exposição individual, em 1952.
Rapidamente iniciou a sua carreira de sucesso nessa cidade, enquanto ilustrador de média e publicidade,
trabalhando para nomes de peso tais como Vogue, Harper's Bazaar e The New Yorker.
E foi nos anos 60 que Warhol reinventou a Pop Art, produzindo as famosas reproduções das latas de sopa
Campbell, das garrafas de Coca-Cola e dos rostos de celebridades, tais como Marilyn Monroe.
No final dos anos 60, Warhol ainda fundou uma revista e ao longo dos anos 70 e 80, escreveu diversos livros
sobre Pop Art e sobre o seu percurso. Acabou por falecer em fevereiro de 1987, na sequência de uma
operação.
Destacamos ainda uma das suas frases mais célebres, que dizia "No futuro, toda a gente será famosa por 15
minutos". Uma frase para refletir, agora que esse futuro é o presente.

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7.2 A Op Art e a Arte Cinética

A Op Art, abreviatura de Optical Art ou Arte Ótica, designa uma forma de arte que utiliza a ilusão ótica do
movimento, ou seja, o mesmo que cinetismo.

Nela substituiu-se a noção de beleza natural pela da beleza artificial. Este movimento artístico teve como
génese os estudos de Joseph Albers e Laszlo Moholy-Nagy, ambos professores de Bahaus, assim como os
construtivistas Naum Gabo e Antoine Pevsner que utilizaram a plástica dinâmica na escultura.

A Op Art define-se pela expressão do movimento real ou aparente, apresentado segundo diferentes formas e
métodos. A sua grande diversidade artística advêm-lhe do modo de conceção da obra e respetiva solicitação
de leitura. Podemos definir as obras da Op Art em quatro tipologias principais: as que apresentam movimento
real, autónomo, produzido por motores e resultante da manipulação do espectador, como no caso das
esculturas de Kowalski e dos famosos mobiles de Calder (1898-1976); as que vivem do efeito de jogos de
luzes e reflexos luminosos, como nos casos das obras de Le Parc (n.1928), Nicholas Schöffer (1912-1922),
Stein, entre outros; as designadas optical art, que podem ser baseadas nas reações fisiológicas da perceção
visual com jogos de figura e fundo ou nas perspetivas opostas e de carácter ambíguo, como nas obras de
Victor Vasarely (1908-1997), François Morellet (n. 1926) e Bridget Riley (n.1931); as que agridem a retina
com efeitos óticos ondulados pela coloração instável das cores, como nas obras de Agam (n.1928) e Rafael
Soto (n.1923).

7.3 A arte-Acontecimento

Em meados da década de 50 do século passado, surgiram formas de arte de características efémeras, que
refletiram por um lado as influências das primeiras vanguardas – futurista, dadaísta e surrealista -, pelo facto
de terem provocado e assumido o desenraizamento do objeto e, por outro, do Informalista e, em particular,
da Action paiting, recuperando a ação e entendendo-a como atitude.

Este vão ser os princípios básicos que irão dar origem há performance, ao happening e à Body Art.

As primeiras manifestações da “arte como atitude e como acontecimento” estiveram ligadas às ações levadas
a cabo, primeiramente pelo músico John Cage (1912-1992) e pelo coreógrafo Merce Cunningham (n.1919),
que constituíram verdadeiros happenings. No seu trabalho conjunto (iniciado em 1942 e que durou até à
morte de Cage), propuseram uma série de inovações radicais no que concerne à relação dança/música.
Música e dança partilhavam uma estrutura/tempo, simultaneamente independente e interligada. Nestas obras
não se contava uma história nem se exploravam estados psicológicos, mas o drama que estava presente,
dado pela intensidade cinética e teatral do movimento, onde a condição do humano era colocada em palco.
Os bailarinos muitas vezes nem tinham conhecimento prévio da música, por isso Cunninhgham afirmou: (em
palco) “Tu não estas necessariamente no teu melhor, mas no mais humano”. É esta ritualização – a relação
física do bailarino consigo próprio e com o outro, sugerida por atitudes e gestos ou apenas por expressões
faciais, sobretudo o olhar – que tem um papel fundamental nestas novas formas de arte.

Enquanto movimento o happening não tem definição nem regras específicas, podendo apenas ser considerado
como uma vivência que põe em relevo uma estreita ligação entre a Arte e a vida. Não é, apesar disso, uma
representação teatral, pois não conta uma história. Coloca, antes, o espectador e o seu autor numa atitude
expectante e atenta a determinados factos, acontecimentos ou vivencias. E, como se vive de uma só vez,
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nascendo e desaparecendo no ato do fazer, constitui a mais pura expressão de arte efémera, combatendo, ao
mesmo tempo, o mercantilismo artístico.

A semelhança dos ready-made, um facto ou uma ação são descontextualizados, tomando a dimensão de um
ritual que reaviva a função mágica da arte, perdida com a industrialização e a civilização tecnocrática. Estes
rituais desembocam em novos comportamentos artísticos, com novos ritos e novos mitos, nomeadamente os
ligados a sexualidade, muito abordada nos anos 60.

O happening pretendeu chegar a um publico vasto, espectador e participante na criação e desenvolvimento da


ação.

Os primeiros autores foram: Allan Kaprow (n.1927), que foi discípulo de Cage e o inventor do happening; os
japoneses do grupo Gutai, criado em 1954 (o seu fundador foi Jiro Yoshihara (1905-1972) que, em conjunto
com os seus companheiros, levou a cabo diversas ações onde representaram o horror da guerra e as
experiências de Hiroxima e Nagásaqui); e os alemães do grupo Flexus, que construíram ações quase sem
improvisação como é ocaso de Wolf Vostell; outro dos participantes, Joseph Beuys (1921-1986), foi um dos
mais importantes protagonistas das grandes transformações artísticas operadas nestas últimas décadas do
século XX – principalmente com os seus Environements -, estando a sua atividade artística perfeitamente
identificada com a sua vida e vice-versa.

A Performance é uma atividade artística que se confunde com o happening. Tem uma raiz conceptual, neste
caso de carácter único e irrepetível, esgotando-se no próprio ato de “fazer”. Nela, o autor ou autores
desenvolvem uma atividade baseada na expressão corporal, onde está presente a estética do espetáculo,
apesar de não se assemelhar nem à dança nem ao teatro, servindo-se das diferentes formas de atividade
humana. Os performers são, na sua quase totalidade, artistas que se dedicam ao happening. Tal é o caso de
Kaprow e de Joseph Beuys já anteriormente citados e, ainda, Günter Brus (n.1938) e Hermann Nitsch
(n.1938)

A Body Art também desenvolve ações de curta duração e rápido desgaste. Enraíza-se no conceito de
arte-acontecimento e confunde-se com o happening e a performance – todas elas são performativas. Mas aqui
o corpo é protagonista e utilizado como principal meio de expressão. Nesta arte estiveram incluídas ações
muito variadas que levaram a práticas brutais, do tipo sadomasoquista.

Günter Brus e Herman Nitsch, integram o grupo vienense, são conhecidos pelas suas performances onde o
corpo é violentamente agredido. Já os ingleses Gilbert e Georg fizeram atuações mais calmas. Vito Acconci
participou que na performance quer na Body Art e Yves Klein, nos anos 60, executou ações como
Antropométries, consideradas como pertencentes a este movimento.

Elementos identificadores da arte conceptual

● influência do Dadaísmo e do Surrealismo;


● valorização do processo criativo em detrimento do produto final;
● substituição do objeto artístico pela sua formulação e comunicação;
● primado da ideia sobre o objeto;
● desmaterialização do objeto artístico;
● utilização de textos, mapas, diagramas, objetos, fotografias, vídeos e outros materiais, entendidos
como parte integrante do processo criativo;
● questionamento permanente sobre a essência da arte;
● exposição de objetos reais em conjunto com a sua representação fotográfica e lexicográfica.

Casos práticos
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Andy Warhol, Garrafas de Coca-Cola Verdes,1962, óleo sobre tela, 209,6 cm × 144,8 cm

-Andy Warhol como um dos principais representantes da Pop Art americana;

-a Pop Art americana como reação ao Expressionismo Abstrato e ao Informalismo das décadas de 40
e 50, do século XX;

-inspiração nas temáticas do quotidiano, nos objetos da própria sociedade de consumo e do


quotidiano urbano, numa referência à massificação cultural;

-representação de ícones da cultura de massas (estrelas do cinema, televisão, espetáculo, música,


etc.), de figuras políticas, de bens de consumo e da banda desenhada;

-utilização da Coca-Cola, encarada como exemplo do consumismo e do mediatismo de um produto


comercial, convertendo-se num ícone popular e num exemplo da sociedade democrática americana;

-associação da obra de Andy Warhol às grandes questões culturais do seu tempo – o materialismo, a
manipulação dos media e o consumismo;

-utilização de técnicas como a serigrafia, a montagem de fotografias obtidas a partir de recortes de


revistas, as colagens, os anúncios e os cartazes publicitários;

-utilização de pinturas com formas simples, cores fortes e apelativas;

-serialização das imagens através da sua repetição sistemática.

Características da peça Café Müller

• espetáculo de dança-teatro, mistura de dança e de teatro;

• performance livre dos atores e bailarinos, que improvisam movimentos e histórias;

• um único cenário – um café – como local de ação, um café;

• envolvimento de um grupo alargado de artes e de artistas performativos, bailarinos, atores e cantores;

• introdução de movimento a solo, que permite focar momentaneamente a ação no desempenho de um único
bailarino.

Christo & Jeanne-Claude - Land Art

Andy Warhol - Pop Art

Victor Vasarely - Op Art

Richard Serra - Minimal Art

Yves Klein - Body Art

Aspetos da arte minimalista


• rejeição dos limites físicos (bidimensionalidade) da pintura;
• preferência pelas obras tridimensionais, com múltiplos componentes em série;
• valorização de elementos/formas geométricas simples (ou puras);
• criação artística sem narrativa e de tendência abstrata;
• variação mínima de elementos e de cores;
• recurso a materiais e tecnologias industriais;
• interferência da obra no espaço envolvente e na experiência física do observador.

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