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Secretaria de Estado de Gestão e

Noções de direito constitucional


Recursos Humanos
Comum às especialidades de Analista do Executivo

Noções de direito constitucional


Constituição da República Federativa do Brasil de 1988................................................................01
Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limitada. Normas
programáticas..................................................................................................................................11
Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais,
direitos de nacionalidade, direitos políticos.....................................................................................12
Organização político-administrativa do Estado. Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito
Federal, municípios e territórios......................................................................................................36
Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos....................................................45
Processo legislativo. Processo legislativo estadual, distrital e municipal: normas constitucionais
federais aplicáveis. Fiscalização contábil, financeira e orçamentária.............................................52
Ordem econômica e financeira.......................................................................................................61
Finanças públicas............................................................................................................................75
Exercícios........................................................................................................................................89
Gabarito...........................................................................................................................................96

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Constituição da República Federativa do Brasil de 1988

Conceito de Constituição

A Constituição é a norma suprema que rege a organização de um Estado Nacional.

Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de Constituição, faz-se importante o estudo
das diversas concepções que o englobam. Então vejamos:

• Constituição Sociológica

Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve traduzir a soma dos fatores reais de
poder que rege determinada nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não corres-
ponde à Constituição real.

• Constituição Política

Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre de uma decisão política fundamental
e se traduz na estrutura do Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos fundamentais. As
normas que não traduzirem a decisão política fundamental não serão Constituição propriamente dita,
mas meras leis constitucionais.

• Constituição Jurídica

Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se constitui em norma hipotética funda-
mental pura, que traz fundamento transcendental para sua própria existência (sentido lógico-jurídico), e
que, por se constituir no conjunto de normas com mais alto grau de validade, deve servir de pressuposto
para a criação das demais normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido jurídico-positivo).

Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição ocupa o ápice da pirâmide normativa,


servindo como paradigma máximo de validade para todas as demais normas do ordenamento jurídico.

Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente inferiores à Constituição e, por isso, so-
mente serão válidos se não contrariarem as suas normas.

Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide Normativa:

Pirâmide Normativa

Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Complementares e Ordinárias;

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Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias, Instruções Normativas, Resoluções,
etc.

Constitucionalismo

Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou ideologia) que ergue o princípio do governo
limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de
uma comunidade.

Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará uma técnica específica de limitação do


poder com fins garantísticos.

O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro juízo de valor. É, no fundo, uma teoria
normativa da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo.

Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma Constituição, avança-se no sentido de
que os textos constitucionais contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência dos direi-
tos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do antigo regime.

Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Reforma (Emendas e Revisão) e Mutação da


Constituição

Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em uma força geral da Nação. Assim, tal
força geral da Nação atribui ao povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se convencionou
chamar de poder constituinte.

Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a órgãos estatais especializados, que pas-
sam a ser denominados de Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas é o Estado, por meio de seus órgãos
especializados, que o exerce.

• Poder Constituinte Originário

É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organizando e estabelecendo os poderes desti-
nados a reger os interesses de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre qualquer
limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma condição, por tudo isso é considerado um
poder de fato ou poder político.

• Poder Constituinte Derivado

Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou constituído, porque deriva do Poder
Constituinte originário, encontrando na própria Constituição as limitações para o seu exercício, por isso,
possui natureza jurídica de um poder jurídico.

• Poder Constituinte Derivado Decorrente

É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Federação elaborarem as suas próprias
Constituições (Lei Orgânica), no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as Assem-
bleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Distrito Federal.

• Poder Constituinte Derivado Reformador

Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder é o Congresso Nacional.

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• Mutação da Constituição

A interpretação constitucional deverá levar em consideração todo o sistema. Em caso de antinomia de


normas, buscar-se-á a solução do aparente conflito através de uma interpretação sistemática, orientada
pelos princípios constitucionais.

Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação constitucional. Vejamos:

→ Reforma Constitucional seria a modificação do texto constitucional, através dos mecanismos


definidos pelo poder constituinte originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao
texto original.

→ Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, palpáveis, materialmente perceptíveis,


mas sim alterações no significado e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transformação
não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra enunciada. O texto permanece inalterado.

As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas


jurídicas, através de processos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas
mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucional.

Métodos de Interpretação Constitucional

A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis
para determinar o sentido e o alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a técnica e os
princípios segundo os quais o operador do Direito poderá apreender o sentido social e jurídico da norma
constitucional em exame, ao passo que a interpretação consiste em desvendar o real significado da nor-
ma. É, enfim, a ciência da interpretação das normas constitucionais.

A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir da aplicação de um conjunto de méto-


dos hermenêuticos desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles:

• Método Hermenêutico Clássico

Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest Forsthoff, considera a Constituição
como uma lei em sentido amplo, logo, a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma lei,
utilizando-se os métodos de interpretação clássicos, como, por exemplo, o literal, o lógico-sistemático, o
histórico e o teleológico.

→ Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido de cada vocábulo da norma jurídica. É


tida como a mais singela forma de interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado;

→ Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcance da norma de forma contextualizada


ao sistema jurídico que integra. Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de um todo,
formando um sistema jurídico articulado;

→ Histórico: busca-se no momento da produção normativa o verdadeiro sentido da lei a ser interpre-
tada;

→ Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pretendeu atingir. Possui como pressuposto
a intenção do legislador ao criar a norma.

• Método Tópico-Problemático

Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi idealizado por Theodor Viehweg. Ele interpreta
a Constituição tentando adaptar o problema concreto (o fato social) a uma norma constitucional. Busca-

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-se, assim, solucionar o problema “encaixando” em uma norma prevista no texto constitucional.

• Método Hermenêutico-Concretizador

Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a norma abstrata ao caso concreto.

Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do intérprete acerca dos elementos envolvi-
dos no texto constitucional a ser desvendado.

A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente releitura do texto normativo, com o poste-


rior contraponto do novo conteúdo obtido com a realidade social (movimento de ir e vir) deve-se repetir
continuamente até que se chegue à solução ótima do problema. Esse movimento é denominado círculo
hermenêutico ou espiral hermenêutica.

• Método Científico-Espiritual

Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de que o intérprete deve buscar o espírito
da Constituição, ou seja, os valores subjacentes ao texto constitucional.

É um método marcadamente sociológico que analisa as normas constitucionais a partir da ordem de


valores imanentes do texto constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição com a realidade
social.

• Método Normativo-Estruturante

Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há uma identidade entre a norma jurídico-
-constitucional e o texto normativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança a realida-
de social subjacente ao texto normativo.

Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma constitucional para além do texto norma-
tivo. Daí concluir-se que a norma jurídica só surge após a interpretação do texto normativo.

Princípios de Interpretação Constitucional

• Princípio da Unidade da Constituição

O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar contradições internas (antinomias), so-
bretudo entre os princípios constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Constituição na
sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradições.

• Princípio do Efeito Integrador

Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve-se dar primazia aos
critérios que favoreçam a unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento do processo
de integração comunitária.

• Princípio da Máxima Efetividade

Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da interpretação efetiva, reza que a interpre-
tação constitucional deve atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional para que ela
cumpra sua função social.

É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais, sendo, sobretudo, aplicado na inter-
pretação dos direitos fundamentais.

• Princípio da Justeza

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Também chamado de princípio da conformidade funcional, estabelece que os órgãos encarregados da
interpretação constitucional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema organizatório e
funcional traçado pelo legislador constituinte.

Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções estabelecida pelos Poderes Constituin-
tes originário e derivado.

• Princípio da Harmonização

Este princípio também é conhecido como princípio da concordância prática, e determina que, em caso
de conflito aparente entre normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e a combina-
ção dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros.

• Princípio da Força Normativa da Constituição

Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêutica que possibilita a atualização normati-
va do texto constitucional, concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo.

• Princípio da Interpretação conforme a Constituição

Este princípio determina que, em se tratando de atos normativos primários que admitem mais de uma
interpretação (normas polissêmicas ou plurissignificativas), deve-se dar preferência à interpretação legal
que lhe dê um sentido conforme a Constituição.

• Princípio da Supremacia

Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema, haja vista ser fruto do exercício do Poder
Constituinte originário. Essa supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídico-constitucional
e para o exercício do controle de constitucionalidade.

• Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis

Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos normativos primários até que o Poder Judi-
ciário os declare inconstitucionais. Ou seja, gozam de presunção relativa.

• Princípio da Simetria

Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis
Orgânicas Municipais devem seguir o modelo estatuído na Constituição Federal.

• Princípio dos Poderes Implícitos

Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever outorgado pela Constituição Federal a um
determinado órgão, são implicitamente conferidos amplos poderes para o cumprimento dos objetivos
constitucionais.

Classificação das Constituições

• Quanto à Origem

a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legítimos representantes do povo, normal-


mente organizados em torno de uma Assembleia Constituinte;

b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitário, não democrático;

c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Criada por um ditador ou imperador e

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posteriormente submetida à aprovação popular por plebiscito ou referendo.

• Quanto ao Conteúdo

a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;

b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de Estado, organizações dos Poderes e
direitos fundamentais, podendo ser escritas ou costumeiras.

• Quanto à Forma

a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;

a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documentos esparsos ou fragmentados;

a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em documento único.

b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurisprudência predominante e até mesmo por
documentos escritos.

• Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade

a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;

b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;

c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais difícil do que o utilizado para criar
leis;

d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado para criar leis;

e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte flexível.

• Quanto à Extensão

a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um Estado, organizando-o e limitando seu


poder, por meio da estipulação de direitos e garantias fundamentais;

b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fundamentais, detalhando também outros
assuntos, como de ordem econômica e social.
• Quanto à Finalidade

a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;

b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de programas pelo Estado.


• Quanto ao Modo de Elaboração

a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;

b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao
longo do tempo.
• Quanto à Ideologia

a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia;

b) Eclética: fundada em valores plurais.


• Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)

a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;

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b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;

c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justifi-
car o exercício de um Poder não democrático.

Classificação da Constituição da República Federativa do Brasil


Democrática, Pro- For- Escri- Rígi- Analíti- Dirigen- Dogmáti- Ecléti- Norma-
mulgada ou Popu- mal ta da ca te ca ca tiva
lar

Classificação das Normas Constitucionais

– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.

– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas


não integral.

– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem


aplicabilidade indireta, dependem de lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos ór-
gãos ou entidades do Estado, previstos na Constituição.

– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Pos-


suem aplicabilidade indireta, estabelecem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos
pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes.

– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emen-
da à Constituição Federal.

– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.


– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa

→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatí-


veis, revogando-as;

→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabeleci-
dos. Serve, assim, como parâmetro para o controle de constitucionalidade;

→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto
constitucional.

História Constitucional Brasileira


• Constituição de 18241

Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom
Pedro I, em 25 de março de 1824. Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e
representativo.

Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder
Legislativo era exercido pela Assembleia Geral, composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos
membros eram vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integrantes de uma lista tríplice enviada pela
Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.

1 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/
arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf

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Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder
Moderador acima dos outros Poderes; a indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as
províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com o voto restrito aos homens livres e proprietários e
subordinado a seu nível de renda.

Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia
o Poder Moderador, só restaurado em 1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.

Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.


• Constituição de 1891

Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como Pre-
sidente. Tinha caráter liberal e federalista, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos.

Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos estados da federação e garantiu a liber-
dade partidária.

Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Presidência da República, com mandato
de quatro anos. Estabeleceu o voto universal e não-secreto para homens acima de 21 anos e vetava o
mesmo a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; determinou a separação oficial entre o Estado e a
Igreja Católica; instituiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a pena de morte e extinguiu o Poder
Moderador.

Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo terceiro, uma zona de 14.400 Km² no
Planalto Central, para a futura Capital Federal.

A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos.

• Constituição de 1934

Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro governo do Presidente Getúlio Vargas e pre-
servou a essência do modelo liberal da Constituição anterior.

Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o
voto feminino, já instituídos pelo Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; introduziu a organiza-
ção sindical mantida pelo Estado.

Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Econômica e Social”, explicitava que deve-
ria possibilitar “a todos existência digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” procla-
mava a educação “direito de todos”.

Mudou também o enfoque da democracia individualista para a democracia social. Estabeleceu os cri-
térios acerca da criação da Justiça do Trabalho e da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria exercido
pela Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, sendo aquela constituída por representantes
eleitos pela população e por organizações de caráter profissional e trabalhista.

A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos.


• Constituição de 1937

No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do Distrito Federal cercaram o Congresso e
impediram a entrada dos parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase política e a
entrada em vigor de nova Carta Constitucional. Começava oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a su-
pressão dos partidos políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo.

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A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas europeus, institucionalizando o re-
gime ditatorial do Estado Novo. Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com a
Constituição Polonesa de 1935.

Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade político partidária e anulou a independência


dos Poderes e a autonomia federativa.

Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamentar, a prisão e o exílio de opositores.


Instituiu a eleição indireta para presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de morte e a
censura prévia nos meios de comunicação. Manteve os direitos trabalhistas.

A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos.


• Constituição de 1946

Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, foi elaborada sob os auspícios da
derrota dos regimes totalitários na Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a redemocra-
tização do Estado brasileiro.

Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a pena de morte. Devolveu a indepen-


dência dos três poderes, a autonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente da
República, com mandato de cinco anos.

Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parlamentarismo. Foi posteriormente anulada
pelo plebiscito de 1963, que restaurava o regime presidencialista.

A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos.


• Constituição de 1967

Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo Castelo Branco.

Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de 1964. Foi por muitos denominada de
“Super Polaca”.

Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Estabeleceu eleições indiretas, por meio do
Colégio Eleitoral, para a presidência da República, com quatro anos de mandato.

Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispositivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5),
de 1968, dando permissão ao presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar mandatos e
suspender direitos políticos. Permitiu aos governos militares total liberdade de legislar em matéria políti-
ca, eleitoral, econômica e tributária.

Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas
reformas como a emenda Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal emenda se apre-
senta como um “complemento” às leis e regulamentações da Constituição de 1967.

Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que promulgou um texto reformulado a
partir da Constituição de 1967, muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a partir desta
emenda, ficam mais claras as características políticas da ditadura militar. Continuava em vigor o Ato Insti-
tucional nº 5 e os demais atos institucionais anteriormente baixados.

A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei, a nomeação de senadores pelas


Assembleias Legislativas, a prorrogação do mandato presidencial para seis anos e a alteração da propor-
cionalidade de deputados no Congresso.

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A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.
• Constituição de 1988

Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulgada no governo de José Sarney. Foi elabora-
da por uma Assembleia Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir a incorpora-
ção de emendas populares.

O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães, ao entregá-la à nação, cha-


mou-a de “Constituição Cidadã”.

Seus pontos principais são a República representativa, federativa e presidencialista. Os direitos indi-
viduais e as liberdades públicas são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a edição de medidas provisórias com força
de lei (vigorantes por um mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas ou rejeita-
das pelo Congresso).

O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores de 16 anos. A educação fundamental é


apresentada como obrigatória, universal e gratuita.

Também são abordados temas como o dever da defesa do meio ambiente e de preservação de docu-
mentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios arqueológicos.

Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Congresso Nacional a partir de 1992. Algu-
mas das principais medidas abrem para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de ação do
Estado, esvaziando, de certa forma, o poder e a influência estatais em determinados setores.

A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autorização para explorar a pesquisa, a lavra e a
distribuição dos derivados de petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas estrangei-
ras adquirem o direito de exploração dos recursos minerais e hídricos.

Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras referentes ao sistema eleitoral; o man-
dato do presidente da República é reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada a emenda
que permite a reeleição do presidente da República, de governadores e prefeitos. Os candidatos proces-
sados por crime comum não podem ser eleitos, e os parlamentares submetidos a processo que possa
levar à perda de mandato e à inelegibilidade não podem renunciar para impedir a punição.

CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
OUTORGADAS PROMULGADAS
1824 – CONSTITUIÇÃO DO BRASIL-IMPÉRIO 1891 – 1ª CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
1937 – IMPOSTA POR GETÚLIO VARGAS 1934 – INFLUENCIADA PELA CONSTITUI-
ÇÃO DE WEIMAR (ALEMANHA – 1919). EVI-
DENCIOU OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DE
2ª GERAÇÃO
1967 – IMPOSTA APÓS O GOLPE MILITAR 1946 – REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
DE 1964 APÓS A ERA VARGAS
* EC Nº1/1969 – IMPOSTA PELA DITADURA 1988 – ATUAL CARTA POLÍTICA

Referências Bibliográficas:

BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitucional e de Direito Administrati-

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1733125 E-book gerado especialmente para FELIPE.CARVALHOSOUZASANTOS GMAIL.COM
vo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: Editora JusPODIVM.

DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª edição – Rio de Ja-
neiro: Elsevier.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São Paulo: Editora Método.

Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limita-


da. Normas programáticas

A criação de uma norma constitucional não lhe dá eficácia e aplicabilidade automática. Portanto, as
normas constitucionais podem ser: de eficácia plena, de eficácia contida e de eficácia limitada.

— Normas de eficácia plena, contida e limitada

As normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral e são aque-
las normas da Constituição que, no momento entram em vigor, estão aptas a produzir todos os seus
efeitos, independentemente de norma integrativa infraconstitucional.

Já as normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade direta e ime-


diata, mas não integral. Embora tenham força de produzir todos os seus efeitos quando da promulgação
da nova Constituição, ou da entrada em vigor ou introdução de novos preceitos por emendas à Consti-
tuição, poderá haver a redução de sua abrangência e limitação ou restrição à eficácia e à aplicabilidade
que pode se dar por decretação do estado de defesa ou de sítio, além de outras situações, por motivo de
ordem pública, bons costumes e paz social.

Por sua vez, as normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas normas que, de imediato,
não têm o poder e a força de produzir todos os seus efeitos, precisando de norma regulamentadora in-
fraconstitucional a ser editada pelo poder, órgão ou autoridade competente, ou até mesmo de integração
por meio de emenda constitucional. São, portanto, consideradas normas de aplicabilidade indireta, me-
diata e reduzida, ou ainda, diferida.

— Normas programáticas

As normas programáticas são verdadeiras metas a serem atingidas pelo Estado e seus programas de
governo na realização de seus fins sociais, trazem princípios para serem cumpridos em longo prazo. A
Constituição de 1988 é programática, pois traça metas e objetivos futuros.

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Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos
sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos

— Gerações de Direitos Fundamentais (Teoria de Vasak):

Direitos Fundamentais de 1ª Geração: liberdade individual – direitos civis e políticos;

Direitos Fundamentais de 2ª Geração: igualdade – direitos sociais e econômicos;

Direitos Fundamentais de 3ª Geração: fraternidade ou solidariedade – direitos transindividuais, difusos


e coletivos.

— Direitos e deveres individuais e coletivos

Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles previstos nos incisos do art. 5º da
Constituição Federal, que trazem alguns dos direitos e garantias fundamentais.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Princípio da igualdade entre homens e mulheres:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Como o próprio nome diz, o princípio prega a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulhe-
res.

Princípio da legalidade e liberdade de ação:

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

Como ser livre, todo ser humano só está obrigado a fazer ou não fazer algo que esteja previsto em
lei.

Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento desumano e degradante:

III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

É vedada a prática de tortura física e moral, e qualquer tipo de tratamento desumano, degradante ou
contrário à dignidade humana, por qualquer autoridade e também entre os próprios cidadãos. A vedação
à tortura é uma cláusula pétrea de nossa Constituição e ainda crime inafiançável na legislação penal
brasileira.

Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do anonimato, visando coibir abusos e


não responsabilização pela veiculação de ideias e práticas prejudiciais:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

A Constituição Federal pôs fim à censura, tornando livre a manifestação do pensamento. Esta liber-
dade, entretanto, não é absoluta não podendo ser abusiva ou prejudicial aos direitos de outrem. Daí, a
vedação do anonimato, de forma a coibir práticas prejudiciais sem identificação de autoria, o que não
impede, contudo, a apuração de crimes de denúncia anônima.

Direito de resposta e indenização:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano mate-

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rial, moral ou à imagem;

O direito de resposta é um meio de defesa assegurado à pessoa física ou jurídica ofendida em sua
honra, e reputação, conceito, nome, marca ou imagem, sem prejuízo do direito de indenização por dano
moral ou material.

Liberdade religiosa e de consciência:

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e milita-
res de internação coletiva;

VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
prestação alternativa, fixada em lei;

O Brasil é um Estado laico, que não possui uma religião oficial, mas que adota a liberdade de crença
e de pensamento, assegurada a variedade de cultos, a proteção dos locais religiosos e a não privação de
direitos em razão da crença pessoal.

A escusa de consciência é o direito que toda pessoa possui de se recusar a cumprir determina-
da obrigação ou a praticar determinado ato comum, por ser ele contrário às suas crenças religio-
sas ou à sua convicção filosófica ou política, devendo então cumprir uma prestação alternativa,
fixada em lei.

Liberdade de expressão e proibição de censura:

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente-


mente de censura ou licença;

Aqui, temos uma vez mais consubstanciada a liberdade de expressão e a vedação da censura.

Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Com intuito da proteção, a Constituição Federal tornou inviolável a imagem, a honra e a intimidade
pessoa humana, assegurando o direito à reparação material ou moral em caso de violação.

Proteção do domicílio do indivíduo:

XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por
determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).

Proteção do sigilo das comunicações:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
cações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabele-
cer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).

A Constituição Federal protege o domicílio e o sigilo das comunicações, por isso, a invasão de domicí-
lio e a quebra de sigilo telefônico só pode se dar por ordem judicial.

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Liberdade de profissão:

XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
nais que a lei estabelecer;
É livre o exercício de qualquer trabalho ou profissão. Essa liberdade, entretanto, não é absolu-
ta, pois se limita às qualificações profissionais que a lei estabelece.

Acesso à informação:

XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário
ao exercício profissional;

O direito à informação é assegurado constitucionalmente, garantido o sigilo da fonte.

Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:

XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Todos são livres para entrar, circular, permanecer ou sair do território nacional em tempos de paz.

Direito de reunião:

XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independente-
mente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Os cidadãos podem se reunir livremente em praças e locais de uso comum do povo, desde que não
venham a interferir ou atrapalhar outra reunião designada anteriormente para o mesmo local.

Liberdade de associação:

XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,


sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;

XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;

XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

No Brasil, é plena a liberdade de associação e a criação de associações e cooperativas para


fins lícitos, não podendo sofrer intervenção do Estado. Nossa Segurança Nacional e Defesa So-
cial é atribuição exclusiva do Estado, por isso, as associações paramilitares (milícias, grupos ou
associações civis armadas, normalmente com fins político-partidários, religiosos ou ideológicos)
são vedadas.

Direito de propriedade e sua função social:

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Além da ideia de pertencimento, toda propriedade ainda que privada deve atender a interesses coleti-
vos, não sendo nociva ou causando prejuízo aos demais.

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Intervenção do Estado na propriedade:

XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública,
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição;

XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade parti-
cular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

O direito de propriedade não é absoluto. Dada a supremacia do interesse público sobre o particular,
nas hipóteses legais é permitida a intervenção do Estado na propriedade.

Pequena propriedade rural:

XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a
lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

A pequena propriedade rural é impenhorável e não responde por dívidas decorrentes de sua atividade
produtiva.

Direitos autorais:

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz huma-


nas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participa-
rem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a ou-
tros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do
País;

Além da Lei de Direitos Autorais, a Constituição prevê uma ampla proteção às obras intelectuais: cria-
ção artística, científica, musical, literária etc. O Direito Autoral protege obras literárias (escritas ou orais),
musicais, artísticas, científicas, obras de escultura, pintura e fotografia, bem como o direito das empresas
de rádio fusão e cinematográficas. A Constituição Federal protege ainda a propriedade industrial, esta
difere da propriedade intelectual e não é objeto de proteção da Lei de Direitos Autorais, mas sim da Lei
da Propriedade Industrial. Enquanto a proteção ao direito autoral busca reprimir o plágio, a proteção à
propriedade industrial busca conter a concorrência desleal.

Direito de herança:

XXX - é garantido o direito de herança;

XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em be-
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de
cujus”;

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O direito de herança ou direito sucessório é ramo específico do Direito Civil que visa regular as re-
lações jurídicas decorrentes do falecimento do indivíduo, o de cujus, e a transferência de seus bens e
direitos aos seus sucessores.

Direito do consumidor:

XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

O Direito do Consumidor é o ramo do direito que disciplina as relações entre fornecedores e presta-
dores de bens e serviços e o consumidor final, parte hipossuficiente econômica da relação jurídica. As
relações de consumo, além do amparo constitucional, encontram proteção no Código de Defesa do Con-
sumidor e na legislação civil e no Procon, órgão do Ministério Público de cada estado, responsável por
coordenar a política dos órgãos e entidades que atuam na proteção do consumidor.

Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto aos órgãos públicos:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de
interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalva-
das aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide
Lei nº 12.527, de 2011).

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de
poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situa-


ções de interesse pessoal;

Todo cidadão, independentemente de pagamento de taxa, tem direito à obtenção de informações, pro-
tocolo de petição e obtenção de certidões junto aos órgãos públicos, de acordo com suas necessidades,
salvo necessidade de sigilo.

Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do controle jurisdicional:

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Por este princípio o, Poder Judiciário não pode deixar de apreciar as causas de lesão ou ameaça a
direito que chegam até ele.

Segurança jurídica:

XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico de seu titular e cujo exercício não pode
mais ser retirado ou tolhido.

Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e definitivamente exercido, sem nulidades
perante a lei vigente.

Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sentença transitou em julgado e não cabe
mais recurso, não podendo, portanto, ser modificada.

Tribunal de exceção:

XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;

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O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusivamente para o julgamento de um fato espe-
cífico já acontecido, onde os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda tal prática,
pois todos os casos devem se submeter a julgamento dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas
competências pré-fixadas.

Tribunal do Júri:

XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa;

b) o sigilo das votações;

c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

O Tribunal do Júri é o instituto jurisdicional destinado exclusivamente para o julgamento da prática de


crimes dolosos contra a vida.

Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade da lei penal:

XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Para ser crime, tem que estar expressamente previsto na lei penal. Se a conduta não está prescrita
no Código Penal, não é crime e não há pena. Uma nova lei penal não retroage, não se aplica a condu-
tas praticadas antes de sua entrada em vigor, mas se a lei nova for mais benéfica, esta sim poderá ser
aplicada para beneficiar o réu.

Princípio da não discriminação:

XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;

Decorre do princípio da igualdade.

Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça e anistia:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos
termos da lei;

XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura,
o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por
eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamen-
to).

XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático.

• Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de grupos armados contra a ordem consti-
tucional e o Estado Democrático;

• Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prática de Tortura, Tráfico de drogas e


entorpecentes, terrorismo e crimes hediondos.

Os crimes inafiançáveis são aqueles que não admitem fiança, ou seja, que não dão ao acusado
o direito de responder seu processo em liberdade até a sentença condenatória, mediante paga-

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mento de determinada quantia pecuniária ou cumprimento de determinadas obrigações;

Crimes imprescritíveis são aqueles que não prescrevem e podem ser julgados e punidos em qualquer
tempo, independentemente da data em que foram cometidos;

Crimes insuscetíveis de graça e anistia são aqueles que não permitem a exclusão do crime com a
rescisão da condenação e extinção total da punibilidade (anistia), nem a extinção da punibilidade, ainda
que parcial (graça).

Princípio da intranscendência da pena:

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles exe-
cutadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

A aplicação da pena deve ser sempre pessoal e não pode ser cumprida por pessoa diversa da pessoa
do condenado.

Individualização da pena:

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos;

Pela individualização da pena, é garantida a fixação das penas, observado o histórico pessoal a
atuação individual, de modo que cada indivíduo possa receber apenas a punição que lhe é devida.

Proibição de penas:

XLVII – não haverá penas:

a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;

b) de caráter perpétuo;

c) de trabalhos forçados;

d) de banimento;

e) cruéis.

Como afirmativa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal de
1988 veda a pena de morte, pena perpétua, de banimento e de trabalhos forçados e cruéis.

Estabelecimentos para cumprimento de pena:

XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a
idade e o sexo do apenado;

Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos:

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

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Direito de permanência e amamentação dos filhos pela presidiária mulher:

L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos duran-
te o período de amamentação;

Também em atenção à dignidade da pessoa humana, a Constituição Federal de 1988 determina que
as penas sejam cumpridas em diferentes tipos de estabelecimento de acordo com a gravidade e natureza
do delito, a idade e o sexo do apenado, respeitando-se sua integridade física e moral, garantindo ainda à
apenada mulher, o direito de permanecer com os filhos e ter condições dignas de amamenta-los.

Extradição:

LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado an-
tes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
na forma da lei;

LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

A extradição é um ato oficial de cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa – o
extraditando, acusado ou condenada pela prática de um ou mais crimes em território estrangeiro, ao país
que o reclama. A Constituição determina que não haverá extradição de brasileiro nato em nenhuma hipó-
tese, e o naturalizado somente nas exceções previstas.

Direito ao julgamento pela autoridade competente

LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Devido Processo Legal:

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Contraditório e a ampla defesa:

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

Ninguém poderá ser punido ou condenado sem o devido processo legal, onde deverá ser assegurado,
sob pena de nulidade absoluta, o direito de resposta e ampla defesa, com sentença transitada em julga-
do (que não cabe mais recurso) prolatada pelo juízo ou autoridade judiciária competente.

Provas ilícitas:

LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

Provas ilícitas são aquelas obtidas por meio ilegal ou fraudulento, ou que infrinja as normas e princí-
pios básicos de direito, motivo pelo qual não são aceitas no processo judicial.

Presunção de inocência:

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

Todo cidadão é considerado inocente até que se prove o contrário, com o trânsito em julgado da sen-
tença condenatória.

Identificação criminal:

LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses pre-
vistas em lei; (Regulamento).

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A identificação criminal será feita diante de fundada suspeita da validade e veracidade dos documen-
tos cíveis apresentados ou quando já se tem notícias reputadas a pessoa civilmente identificada sobre
uso de diversos nomes e fraude em registros policiais.

Ação Privada Subsidiária da Pública:

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;

A ação penal privada subsidiária da pública é admitida nos casos em que a lei não prevê a ação como
privada, mas sim como pública (condicionada ou incondicionada). Entretanto, o Ministério Público, titular
da ação penal, permanece inerte e não apresenta a denúncia no prazo legal, abrindo-se a possibilidade
para que o ofendido, seu representante legal ou seus sucessores ingressem com a ação penal privada
subsidiária da pública.

A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça:

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;

Em regra, todos os atos processuais são públicos, salvo o segredo de justiça, que pode ser determi-
nado de ofício pelo juiz da causa, para segurança jurídica das partes, proteção dos interesses de menor,
interesse social ou demanda de grande repercussão etc., ou a requerimento justificado das partes do
processo.

Legalidade da prisão:

LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autorida-
de judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos
em lei;

Salvo flagrante delito, o cidadão só pode ser levado preso por autoridade policial, mediante ordem
judicial escrita e devidamente fundamentada.

Comunicabilidade da prisão:

LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;

Informação ao preso:

LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado;

Identificação dos responsáveis pela prisão:

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
policial;

Na ocasião de prisão, são direitos do preso a comunicação de sua prisão e o local onde se encontra
à sua família e ao juízo competente, bem como conhecer as autoridades policiais responsáveis por sua
prisão e interrogatório.

Relaxamento da prisão ilegal:

LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;

O relaxamento da prisão consiste em que o acusado seja posto em liberdade, pela incidência de algu-

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ma ilegalidade no ato de sua prisão.

Garantia da liberdade provisória:

LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com
ou sem fiança;

A liberdade provisória é o instituto processual que garante ao acusado o direito de aguardar em liber-
dade o transcorrer do processo criminal até o trânsito em julgado de sua sentença penal condenatória,
mediante o estabelecimento ou não de determinadas condições e a colaboração com as investiga-
ções.

Prisão civil:

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

A Constituição Federal de 1988 extinguiu, em regra, a prisão civil por dívidas, salvo a do alimentante
inadimplente (pensão alimentícia). E, a Súmula Vinculante 25, STF tornou ilícita a prisão civil de deposi-
tário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

São remédios constitucionais em casos de violação de:

- Liberdade: Habeas Corpus

- Direito Líquido e certo: Mandado de Segurança

- Informações: Habeas data

- Preceito constitucional que necessite de norma regulamentadora: Mandado de Injunção

Habeas corpus:

LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Mandado de Segurança:

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento


há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Mandado de Injunção:

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviá-
vel o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania;

Habeas data:

LXXII – conceder-se-á habeas data:

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a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou adminis-
trativo;

Ação Popular:

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio am-
biente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;

A Ação Popular é o instrumento constitucional adequado, por meio do qual qualquer cidadão pode vir
a questionar a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

Assistência Judiciária:

LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recursos;

Todos aqueles que não podem arcar com as custas judiciárias sem prejuízo de seu sustento pessoal e
de sua família, para se ter o acesso à justiça, têm direito à assistência judiciária gratuita.

Indenização por erro judiciário:

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
tempo fixado na sentença;

Gratuidade de serviços públicos:

LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989)

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito;

LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessá-
rios ao exercício da cidadania (Regulamento).

A Constituição Federal traz como direito fundamental a gratuidade de serviços públicos – registro civil,
a obtenção de certidão de óbito, as ações de Habeas corpus e Habeas data aos economicamente hipos-
suficientes.

Princípio da Celeridade Processual:

LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do proces-
so e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45,
de 2004).

É fundamental a garantia da razoável duração do processo, de forma a evitar que direitos se percam
no transcorrer processual pela demora do Judiciário.

Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamentais:

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

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Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias fundamentais são autoaplicáveis.

Rol é exemplificativo:

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil
seja parte.

O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo, mas sim exemplificativo. Os direitos e
garantias ali expressos não excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios constitu-
cionais, do regime democrático, ou de tratados internacionais. Assim, os direitos fundamentais podem ser
esparsos, consubstanciados em toda legislação nacional, inclusive infraconstitucional.

Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão
equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos
aprovados na forma deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, de 2015,
DEC 9.522, de 2018).

Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de tratados internacionais sobre direitos


humanos passaram a ser reconhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, somente se
aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus membros em dois turnos de votação.

Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).

O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal Penal Internacional, também conhecido


por Corte ou Tribunal de Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho de 2002 pelo
Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é
identificar e punir autores de crimes contra a humanidade.

— Direitos sociais

Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir qualidade de vida, a melhoria de suas
condições e o desenvolvimento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basilar da digni-
dade humana e estão previstos no art. 6º, CF.

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o trans-
porte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistên-
cia aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
90, de 2015).

Do direito ao trabalho

Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas ordens:

- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;

- Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a 11, CF.

Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destinados a proteger a relação de trabalho

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contra uma profunda desigualdade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e o bem-
-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação trabalhista.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de
sua condição social:

Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:

I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;

Os contratos de trabalho são, em regra, por prazo indeterminado e a legislação protege a continuidade
das relações laborais contra dispensa imotivada.

Seguro-Desemprego:

II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;

O seguro desemprego é o direito de todo trabalhador à assistência financeira temporária, que tenha
prestado serviços laborais a empregador e sido dispensado sem justa causa, por mais de seis meses.
Nos termos do art. 4º da Lei do seguro desemprego, o benefício será concedido ao trabalhador desem-
pregado, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou alternada, a
cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que deu origem à última habilitação, nos seguin-
tes critérios:

SEGURO DESEMPREGO
1ª SOLICITAÇÃO:
PARCELAS TEMPO DE TRABALHO
4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais
2ª SOLICITAÇÃO:
PARCELAS TEMPO DE TRABALHO
3 (três) 9 a 11 meses
4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais
3ª SOLICITAÇÃO:
PARCELAS TEMPO DE TRABALHO
3 (três) 6 a 11 meses
4 (quatro) 12 a 23 meses
5 (cinco) 24 meses ou mais

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):

III – fundo de garantia do tempo de serviço;

Pode-se dizer que o FGTS é uma espécie de conta poupança compulsória do trabalhador, gerida pela
Caixa Econômica Federal e regida pela Lei 8.036/1990. Mensalmente, o os empregador deve depositar
nas contas vinculadas de seus funcionários o valor correspondente a 8% (oito por cento) do salário de
cada trabalhador.

Salário mínimo:

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IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene,
transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;

O salário mínimo é o estabelecido para jornada padrão de 44 horas semanais, podendo ser proporcio-
nal, em caso de jornada inferior.

Piso salarial:

V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;

O piso salarial corresponde ao menor salário que determinada categoria profissional pode receber
pela sua jornada de trabalho, considerando a extensão e complexidade do trabalho desenvolvido e de-
vendo ser sempre superior ao salário-mínimo nacional.

Irredutibilidadade do salário:

VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;

A irredutibilidade salarial garante que o empregado não venha a ter o seu salário reduzido arbitraria-
mente pelo empregador, durante todo o período do contrato de trabalho. É uma garantia à estabilidade
econômica do trabalhador.

Proteção aos que percebem remuneração variável:

VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;

Os empregados que recebem salários com valores variáveis, como comissões sobre vendas etc, nun-
ca devem receber salário inferior ao mínimo. Como o salário mínimo mensal estipulado em lei correspon-
de a uma jornada laboral mensal de 220 horas, a garantia mínima aqui estipulada terá como parâmetro o
salário mínimo-hora.

Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina:

VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;

O 13º salário é a garantia do recebimento de um salário integral (ou proporcional ao período trabalha-
do, se for o caso) por ocasião das comemorações de final de ano a todos os trabalhadores, aposentados
e pensionistas do INSS.

Remuneração superior por trabalho noturno:

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;

Uma vez que a a redução do sono regular pode comprometer a saúde, o trabalho noturno tem remu-
neração superior em 20% a mais sobre a hora diurna trabalhada para os trabalhadores urbanos e 25%,
para os trabalhadores rurais.

Considera-se trabalho noturno:

– entre às 22h de um dia até às 5h do dia seguinte para trabalhadores urbanos;

– entre às 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, para os trabalhadores rurais da agricultura; e

– entre às 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, para os trabalhadores rurais pecuária.

Proteção do salário contra retenção dolosa:

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X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;

É vedada a retenção salarial dolosa, sendo permitidos apenas os descontos salariais autorizados em
Lei.

Participação nos lucros:

XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, parti-


cipação na gestão da empresa, conforme definido em lei;

A Participação nos Lucros e Resultados da empresa corresponde a uma recompensa pelo reconhe-
cimento do bom desempenho e produtividade, pago a todos os funcionários de determinada empresa
sobre o lucro excedente de determinado período de suas atividades.

Salário-família:

XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

O salário-família é um benefício da previdência social correspondente ao valor pago ao empregado


de baixa renda, que receba salário no valor de até R$ 1.655,98, inclusive ao doméstico e ao trabalhador
avulso, e possua filhos menores de 14 anos de idade ou portadores de deficiência, sem limite de ida-
de.

Jornada de Trabalho:

XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943).

A Constituição Federal garante ao trabalhador jornada de trabalho não superior a oito horas diárias ou
quarenta e quatro horas semanais, facultada a compensação e a redução.

Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento:

XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva;

O trabalho em turno ininterrupto de revezamento é aquele prestado por trabalhadores que se revezam
nos postos de trabalho nos horários diurno e noturno. É bastante comum em empresas que funcionam
em tempo integral, sem pausas. A jornada do trabalhador de turnos ininterruptos deve ser de seis horas
diárias.

Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR):

XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;

O Descanso ou Repouso Semanal Remunerado corresponde a um dia de folga semanal remunerado


ao trabalhador a ser concedido preferencialmente aos domingos.

Pagamentos de horas extras:

XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do nor-
mal; (Vide Del 5.452, art. 59 § 1º).

O pagamento de horas extras caracteriza-se pela remuneração superior em, no mínimo, 50% das
horas trabalhadas, além da jornada diária, lembrando que a legislação trabalhista permite o excedente

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em apenas 2 horas extraordinárias diárias, totalizando 10 horas diárias trabalhadas, salvo condições ex-
cepcionais. É licita também a compensação de jornada (banco de horas), quando ao invés de receber o
acréscimo salarial que lhe é devido, o trabalhador passa a ter direito a usufruir a compensação das horas
excedentes em períodos de folga para descanso e lazer, mediante o cumprimento de alguns requisitos
legais pela empregadora.

Férias remuneradas:

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;

Após um ano de trabalho efetivo (período aquisitivo), todo trabalhador passa a ter direito a um período
de até 30 dias para descanso e lazer, com percebimento de salário integral, acrescido de 1/3 constitucio-
nal. As férias são concedidas a critério do empregador, que após o término do período aquisitivo, tem até
um ano para concedê-las (período concessivo).

Licença à gestante:

XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;

Também chamada de Licença maternidade, corresponde ao período em que a mulher está prestes a
ter um filho, acabou de ganhar um bebê ou adotou uma criança. Nesses contextos, a mulher tem direito
a permanecer afastada do seu trabalho e receber o salário maternidade, benefício previdenciário pago
à pessoa nessas condições. Em regra, a licença maternidade é de 120 dias, podendo ser ampliado para
180 dias, nos casos em que a empregadora for aderente ao Programa Empresa Cidadã.

Licença-paternidade:

XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

A Licença-paternidade é período de 5 dias, que se inicia no primeiro dia útil após o nascimento da
criança em que o pai tem direito a afastar-se de suas atividades laborais, sem prejuízo de seu salário.
Nos casos em que a empresa esteja cadastrada no programa Empresa Cidadã, o prazo poderá ser es-
tendido por mais 15 dias, totalizando 20 dias.

Proteção da mulher no mercado de trabalho:

XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

A proteção ao trabalho da mulher é questão de ordem pública, com vias a garantir a isonomia de
condições laborais. Assim, são vedadas diferenciações arbitrárias, salvo quando a natureza da atividade,
pública ou notoriamente o exigir. São vedadas as diferenciações em razão do gênero para fins de remu-
neração, formação profissional e possibilidades de ascensão. A proteção à gravidez, proibição de revis-
tas íntimas ou práticas que venham a ferir a dignidade feminina são alguns dos exemplos de medidas de
proteção do mercado de trabalho da mulher.

Aviso Prévio:

XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da
lei;

Nas relações de emprego, o aviso prévio consiste na comunicação da rescisão do contrato de traba-
lho por uma das partes, empregador ou empregado, que decide extingui-lo, com a antecedência mínima
de 30 dias. O aviso prévio pode ser trabalhado ou indenizado, quando concedido por qualquer uma das
partes.

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Redução dos riscos do trabalho:

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança;

É dever da empregadora a redução dos riscos inerentes às atividades desempenhadas por seus cola-
boradores, através do cumprimento de todas as normas regulamentadoras de saúde, higiene e seguran-
ça, bem como do fornecimento de equipamentos de proteção individual e da exigência da execução de
todas as normas da empresa por seus funcionários, sob pena de justa causa.

Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas:

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da


lei;

O trabalho penoso é aquele considerado extremamente desgastante para a pessoa humana, em que
o trabalhador depreende um esforço além do normal para o desempenho de suas atividades. Não há
regulamentação de um adicional.

O trabalho insalubre é aquele em que o empregado, no exercício de suas atividades, expõe-se a


qualquer agente físico, químico ou biológico, nocivo à saúde, e que com o passar do tempo podem oca-
sionar uma doença ocupacional. O adicional de insalubridade pode variar entre:

- 10% (dez por cento) em grau mínimo;

- 20% (vinte por cento) em grau médio;

- 40% (quarenta por cento) em grau máximo de exposição, calculado sob o salário mínimo, nos termos
da lei.

São exemplos de atividades insalubres as exercidas por profissionais da saúde, radiologistas, minera-
dores, entre outros.

E, por fim, o trabalho perigoso é aquele que envolve constante risco à integridade física do traba-
lhador. Como exemplos, temos as atividades profissionais com inflamáveis, explosivos, energia elétrica,
segurança pessoal ou patrimonial, com o uso de motocicleta, entre outros. O adicional de periculosidade
é correspondente a 30% (trinta por cento) sobre o salário-base.

A insalubridade é diferente da periculosidade e os adicionais não são cumulativos!

Aposentadoria:

XXIV – aposentadoria;

A aposentadoria é o benefício concedido pela Previdência Social ao trabalhador segurado da pre-


vidência que preencher os requisitos legais para sua concessão, consistente na prestação pecuniária
recebida mensalmente pelo aposentado, calculada conforme suas contribuições à previdência ao longo
de toda a sua vida laboral.

Assistência aos filhos pequenos:

XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).

A Constituição Federal, com vistas a proteção do trabalho dos genitores de filhos e dependentes pe-
quenos, garante assistência gratuita a seus filhos e dependentes, entretanto, tal dispositivo, ainda depen-
de de regulamentação para o seu pleno exercício.

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Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho:

XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

Por este inciso, a Constituição Federal reconheceu as convenções e acordos coletivos como instru-
mentos com força de lei entre as partes, desde que conformes com o texto constitucional.

Proteção em face da automação:

XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;

A proteção em face da automação consiste em proteger a classe trabalhadora do desemprego pela


automação abusiva, bem como em garantir de forma efetiva a saúde e a segurança no meio ambiente de
trabalho automatizado.

Seguro contra acidentes de trabalho:

XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;

O seguro contra acidentes de trabalho é uma garantia ao empregado, às expensas do empregador,


que assume os riscos da atividade laboral, mediante pagamento de um adicional sobre folha de salários
de seus empregados, com administração atribuída à Previdência Social. Tal seguro tem função de se-
guridade por ser destinado a beneficiários atingidos por doença ou acidente, que estejam associados ao
sistema previdenciário. O Seguro contra acidentes de trabalho está regulamentado pela Lei 8.212/91.

Ação trabalhista nos prazos prescricionais:

XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato
de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 2000).

A todo trabalhador é garantido o direito de propor Reclamatória (ou Reclamação) Trabalhista, dentro
dos prazos processuais legais. O prazo prescricional de uma reclamação trabalhista é de 02 anos, a
partir da rescisão do contrato de trabalho! Esse é o prazo para que o trabalhador possa ingressar com a
Ação Trabalhista. O prazo prescricional de 05 anos, previsto no mesmo inciso da Constituição, refere-se
ao período cujos direitos podem ser questionados, ou seja, o funcionário pode reclamar apenas dos direi-
tos correspondentes aos últimos 05 (cinco) anos trabalhados.

Não discriminação:

XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo
de sexo, idade, cor ou estado civil;

XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha-


dor portador de deficiência;

Proibição de distinção do trabalho:

XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;

Trabalho do menor:

XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra-
balho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação

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dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).

- De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.

- De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno, perigoso ou insalubre.

- A partir de 18 anos: Trabalho normal.

Igualdade ao trabalhador avulso:

XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalha-
dor avulso.

O trabalhador avulso é aquele que presta serviços a uma empresa de maneira eventual e que, ape-
sar de não possuir vínculo empregatício, possui os mesmos direitos que os trabalhadores com vínculo
e a sua prestação de serviços deve obrigatoriamente ser intermediada por um sindicato de sua catego-
ria.

Empregados domésticos:

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos
incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações
tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previs-
tos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013).

Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exercidos pelos trabalhadores, coletivamente
ou no interesse de uma coletividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem:

Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa dos trabalhadores para defesa de seus
interesses profissionais e econômicos.

Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea do trabalho, de modo organizado para
defesa de interesses dos trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados essenciais e
inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados totalmente para o exercício do direito de greve. Ade-
mais, o STF (2017) entende que servidores que atuam diretamente na área de segurança pública não
podem entrar em greve em nenhuma hipótese.

Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos trabalhadores e empregadores nos co-
legiados dos órgãos públicos em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discus-
são.

Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, CF: nas empresas de mais de du-
zentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

— Direitos de nacionalidade

A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que pode participar dos atos pertinentes à
nação. A atribuição da nacionalidade se dá por dois critérios:

Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território nacional;

Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo nascido no exterior.

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O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por critérios do jus sanguinis. O art. 12 da
Constituição Federal elenca os direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes gru-
pos: os brasileiros natos e os naturalizados.
Art. 12 São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes
não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a
serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 54, de 2007).

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais


de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).

Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)


§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).

Naturalização

A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária da nacionalidade brasileira, permitida ao


estrangeiro ou apátrida que preencher determinados requisitos.

Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não possui nenhuma nacionalidade, já o poli-
pátrida é aquele que tem mais de uma nacionalidade.

A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de diversas questões acerca da nacionali-
dade e do processo de naturalização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros natos e
naturalizados.

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos

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casos previstos nesta Constituição.

Portugueses:

Aos portugueses com residência permanente no país serão atribuídos os mesmos direitos dos brasilei-
ros, desde que haja reciprocidade.
Art. 12

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de bra-
sileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição
(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).

Perda da Nacionalidade:

§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação dada pela Emenda Constitucional de Revi-
são nº 3, de 1994).

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; (Incluído pela Emenda Constitu-
cional de Revisão nº 3, de 1994).

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangei-


ro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; (Incluído pela
Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).

Extradição, repatriação, deportação e expulsão

A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas do Estado soberano para enviar uma
pessoa que se encontra refugiada em seu território a outro Estado estrangeiro.

Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato de cooperação internacional que con-
siste na entrega de uma pessoa, acusada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
Não haverá extradição de brasileiro nato. Também não será concedida extradição de estrangeiro por
crime político ou de opinião.

Repatriação é medida administrativa consistente no processo de devolução voluntária de uma pessoa


ao seu local de origem ou de cidadania, por estar impedida de permanecer em território brasileiro após
determinado período.

A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou estada irregular de estrangeiros no território
nacional e a repatriação ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território nacional pela
fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira.

A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do


território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configurado pela
prática de crimes em território brasileiro.

O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento no exterior, prática comum na época
da ditadura militar, é vedado pela Constituição.

— Direitos políticos

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Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão na vida política e estrutural de seu
Estado, garantindo-lhe o acesso à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer cidadão
tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito
ou elegendo representantes junto aos poderes públicos.

Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacional é diferente de cidadão. A condição
de nacional é um pressuposto para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de nacional
acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar do processo governamental, sobretudo pelo
voto.

Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania popular é exercida pelo sufrágio (voto)
universal, direto e secreto, com valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumentos de
participação semidireta pelo povo.

Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide acerca de uma determinada questão. As-
sim, em termos práticos, é feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia à elabora-
ção da lei.

Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou rejeita uma atitude governamental, nor-
malmente uma lei ou projeto de lei já existente.

Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% do eleitorado) apresentar ao Poder
Legislativo um projeto de lei que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem usar deste
instrumento em nível estadual e municipal.

Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos):

Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e referendo, subscrever projeto de lei de


iniciativa popular e de propor ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório para os
maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de dezesseis e menores de dezoito, para os anal-
fabetos e para os maiores de setenta anos.

São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço militar obrigatório, ou seja, aqueles
que se alistaram no exército e foram convocados a prestar serviço militar.

Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos):

Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser votado, ou seja, na elegibilidade que é
a capacidade eleitoral passiva consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados mandatos
políticos, mediante eleição popular, desde que preenchidos os devidos requisitos.

§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária; Regulamento.

VI - a idade mínima de:

a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

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b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de
paz;

d) 18 anos para Vereador.

Inelegibilidades:

A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses de inelegibilidade, apenas fixa algumas.
Em regra:

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do parentesco com o Presidente da República,


com os Governadores de Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os haja substituí-
do dentro dos seis meses anteriores ao pleito.

§7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguí-


neos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de
Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

Quanto à reeleição e desincompatibilização, a Emenda Constitucional nº 16 trouxe a possibilidade de


reeleição para o chefe dos Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao contrário do sis-
tema americano de reeleição, que permite apenas a recondução por um período somente, no Brasil, após
o período de um mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos


e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um
único período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997).

§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado


e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito.

Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos:

§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições:

I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passa-
rá automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

O Mandato Eletivo pode ser impugnado:

§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção
ou fraude;

§ 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor,


na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Suspensão e Perda dos Direitos Políticos

A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar, respectivamente, de forma definitiva ou

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temporária. Ocorrerá a perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença transitada em
julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do
serviço militar obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá enquanto persistirem os
motivos desta, ou seja, enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos
suspensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. Também são passíveis de sus-
pensão os condenados criminalmente (com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui-
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a suspensão será, da mesma forma,
temporária.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos ca-
sos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

— Partidos Políticos

Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e interesses comuns, com a finalidade de
exercer o poder a partir da vontade popular, determinando o governo e a orientação política nacional. Ju-
ridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurídicas de direito privado, constituídas na forma da
lei civil, perante o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e autonomia para gerir
sua organização interna.

No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da República, e diferente de outras nações aqui
não foi instituído o dualismo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos políticos
têm liberdade de organização partidária, sendo livres a criação, fusão, incorporação e a sua extinção,
observados o caráter nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos financeiros de
entidades ou governo estrangeiros, a vedação da utilização de organização paramilitar, além do dever de
prestar contas à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são permitidas.

Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e registrados no TSE, têm direito a recursos
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral.

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Organização político-administrativa do Estado. Estado federal brasileiro, União, esta-
dos, Distrito Federal, municípios e territórios

— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, municípios e territórios

Estado Federal Brasileiro

São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o território. Assim, Dalmo de Abreu Dal-
lari (apud Lenza, 2019, p. 719) define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem
comum de um povo situado em determinado território”.

Soberania é o poder político supremo e independente que o Estado detém consistente na capacidade
para editar e reger suas próprias normas e seu ordenamento jurídico.

A finalidade consiste no objetivo maior do Estado que é o bem comum, conjunto de condições para o
desenvolvimento integral da pessoa humana.

Povo é o conjunto de indivíduos, em regra, com um objetivo comum, ligados a um determinado territó-
rio pelo vínculo da nacionalidade.

Território é o espaço físico dentro do qual o Estado exerce seu poder e sua soberania. Onde o povo
se estabelece e se organiza com ânimo de permanência.

A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de governo, o sistema presidencialista de go-


verno e a forma federativa de Estado. Note tratar-se de três definições distintas.

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL:

• Forma de Estado: Federação

• Forma de Governo: República

• Regime de Governo: Democrático

• Sistema de Governo: Presidencialismo

O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente pela união indissolúvel dos entes federa-
tivos, ou seja, pela impossibilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira: a União;
os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios. Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro
é considerado laico, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa, admitindo o culto de
todas as religiões, sem qualquer intervenção.

Fundamentos da República Federativa do Brasil

O art. 1.º enumera, como fundamentos da República Federativa do Brasil:

- soberania;

- cidadania;

- dignidade da pessoa humana;

- valores sociais do trabalho e da livre-iniciativa;

- pluralismo político.

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Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil

Os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil não se confundem com os fundamentos


e estão previstos no art. 3.º da CF/88:

- construir uma sociedade livre, justa e solidária;

- garantir o desenvolvimento nacional;

- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.

Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas relações internacionais

O art. 4.º, CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é regida nas suas relações internacio-
nais pelos seguintes princípios:

- independência nacional;

- prevalência dos direitos humanos;

- autodeterminação dos povos;

- não intervenção;

- igualdade entre os Estados;

- defesa da paz;

- solução pacífica dos conflitos;

- repúdio ao terrorismo e ao racismo;

- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

- concessão de asilo político.

Competências

Competência é o poder, normalmente legal, de uma autoridade pública para a prática de atos adminis-
trativos e tomada de decisões. As competências dos entes federativos podem ser:

Materiais ou administrativas, que se dividem em: exclusivas e comuns;

Legislativas, que compreendem as privativas e as concorrentes, complementares e suplementares;

Exclusiva, que é aquela conferida exclusivamente a um dos entes federativos (União, Estados, Distri-
to Federal e Municípios), com exclusão dos demais.

Privativa, que é aquela enumerada como própria de um ente, com possibilidade, entretanto, de dele-
gação para outro.

Concorrente, que é a competência legislativa conferida em comum a mais de um ente federativo.

Na complementar, o ente federativo tem competência naquilo que a norma federal (superior) lhe dê
condição de atuar e na suplementar, por sua vez, o ente federativo supre a competência federal não
exercida, porém, se esta o exercer, o ato aditado com base na competência suplementar perde a eficá-
cia, naquilo que lhe for contrário.

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Sempre que falarmos em competência comum ou exclusiva, devemos excluir a ideia de “legislar”.
Sempre que falarmos em legislar, estaremos tratando necessariamente de uma competência privativa ou
concorrente.

Entes Federativos

União

A União é o ente federativo com dupla personalidade. Internamente, é uma pessoa jurídica de direito
público interno, com autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de auto-organização,
autogoverno, autolegislação e autoadministração. Internacionalmente, a União é soberana e representa a
República Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da soberania do Estado brasileiro.
Os bens da União são todos aqueles elencados, no art. 20, CF.

São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções milita-
res, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
nham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 46, de 2005).

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.

Como ente federativo, a União possui competências administrativas que lhe são exclusivas (art. 21,
CF), competências legislativas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns com Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competências legislativas concorrentes com Estados,
Distrito Federal e Municípios (art. 24, CF).

COMPETÊNCIAS ADMINIS-
Comuns e Exclusivas Arts. 21 e 23, CF
TRATIVAS
COMPETÊNCIAS LEGISLA- Privativas e Concorren-
Arts. 22 e 24, CF
TIVAS tes

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Competência administrativa exclusiva da União: art. 21, CF

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal;

VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico;

VII - emitir moeda;

VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza financeira, espe-
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência privada;

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento


econômico e social;

X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de telecomu-


nicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão regu-
lador e outros aspectos institucionais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 8, de 15/08/95)

XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 8, de 15/08/95)

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em


articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária;

d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou


que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e
a Defensoria Pública dos Territórios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 69, de 2012) (Produ-
ção de efeito)

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar
do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de servi-
ços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)

XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito


nacional;

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XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão;

XVII - conceder anistia;

XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente as


secas e as inundações;

XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de
direitos de seu uso; (Regulamento)

XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e


transportes urbanos;

XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação;

XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de miné-
rios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:

a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante
aprovação do Congresso Nacional;

b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercialização e a utilização de radioisótopos para


pesquisa e uso agrícolas e industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)

c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a comercialização e a utilização de radioisó-


topos para pesquisa e uso médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de 2022)

d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;

XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de garimpagem, em forma


associativa.

XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados pessoais, nos termos da lei.

Competências administrativas comuns da União, Estados, Distrito Federal e Municípios: art. 23,
CF:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio
público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiên-
cia; (Vide ADPF 672)

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor

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histórico, artístico ou cultural;

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à


inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;

VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;

IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais e de


saneamento básico; (Vide ADPF 672)

X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social


dos setores desfavorecidos;

XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos


hídricos e minerais em seus territórios;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âm-
bito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Competências Legislativas privativas da União: art. 22, CF:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
trabalho;

II - desapropriação;

III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra;

IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;

V - serviço postal;

VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais;

VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores;

VIII - comércio exterior e interestadual;

IX - diretrizes da política nacional de transportes;

X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;

XI - trânsito e transporte;

XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;

XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

XIV - populações indígenas;

XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões;

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XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
Pública dos Territórios, bem como organização administrativa destes; (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 69, de 2012)

XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;

XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular;

XX - sistemas de consórcios e sorteios;

XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais;

XXIII - seguridade social;

XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;

XXV - registros públicos;

XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações


públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido
o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do
art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional;

XXIX - propaganda comercial.

XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de
2022)

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas
das matérias relacionadas neste artigo.

Competência Legislativa concorrente da União, Estados e Distrito Federal: art. 24, CF:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:

I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

II - orçamento;

III - juntas comerciais;

IV - custas dos serviços forenses;

V - produção e consumo;

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição;

VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;

VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;

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IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;

XI - procedimentos em matéria processual;

XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; (Vide ADPF 672)

XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;

XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência;

XV - proteção à infância e à juventude;

XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis.

§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas


gerais. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar
dos Estados. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena,
para atender a suas peculiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)

§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário. (Vide Lei nº 13.874, de 2019).

Estados

O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma autonomia, consubstanciada na capaci-
dade de auto-organização, auto legislação, autogoverno e autoadministração.

Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdivisão ou desmembramento, que por sua
vez, pode se dar por anexação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou mais Estados
para formação de um único Estado novo. A cisão ou subdivisão é a separação de um Estado em dois ou
mais Estados autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na separação de parte de um
Estado para formação de um novo Estado (formação) ou anexação a outro Estado já existente.

As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os bens dos Estados estão elenca-
dos no art. 26, CF:

Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observa-
dos os princípios desta Constituição.

§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canali-
zado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995).

§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações


urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organi-
zação, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

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Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste


caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União;

II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob
domínio da União, Municípios ou terceiros;

III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União;

IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União.

Municípios

O Município, que também é um ente federado que possui autonomia administrativa (autoadministra-
ção) e política (auto-organização, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado ao Estado
onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, fusão ou desmembramento, de lei estadual den-
tro do período determinado por lei complementar federal, além da realização de plebiscito.

Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade da elaboração da lei orgânica própria.


O município possui o Poder Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido pela Câ-
mara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na esfera municipal. É regido por lei orgânica, nos
termos do art. 29, CF. A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais e o subsídio
dos vereadores, de acordo com a quantidade de habitantes do município.

A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF.

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;

IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos


de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;

VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação


infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à
saúde da população;

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;

IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e a ação fiscali-


zadora federal e estadual.

A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá sob duas modalidades: controle exter-
no, exercido pela Câmara Municipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo municipal, nos
termos do art. 31, CF.

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Distrito Federal e Territórios

O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Federação e goza de autonomia política,
embora não se enquadre nem como estado-membro ou município. Sua principal função é servir como
sede do Governo Federal e não pode haver divisões em municípios. O Distrito Federal não possui consti-
tuição, mas lei orgânica própria, que define os princípios básicos de sua organização, suas competências
e a organização de seus poderes governamentais, nos termos do art. 32, CF.

Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, vo-
tada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara
Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.

§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municí-
pios.

§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputa-


dos Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual dura-
ção.

§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.

§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da polícia
penal, da polícia militar e do corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
104, de 2019).

Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a CF/88, os territórios de Roraima e Amapá
foram transformados em Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco.

Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos

— Disposições gerais

A administração pública consiste no conjunto de meios institucionais, materiais, financeiros e humanos


do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades coleti-
vas.

A função administrativa é institucionalmente imputada a diversas entidades governamentais autôno-


mas, expressas no art. 37 da Constituição Federal.

Administração Pública Direta e Indireta

A administração direta é a administração centralizada, definida como o conjunto de órgãos administra-


tivos subordinados diretamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as Forças Arma-
das, a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário etc.

Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, composta por entidades personalizadas de
prestação de serviço ou exploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes Executivos
da entidade pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras, Universidade Federal de Alfenas
– UNIFAL-MG e outras universidades federais, Centros e Institutos Federais de Educação Tecnológica,

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Banco Central do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conselhos Profissionais etc;
Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
etc; Sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações públicas: Funai, Funasa,
IBGE etc.

Princípios Específicos da Administração Pública

Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de lei;

Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não são imputáveis ao agente político que
o realiza, mas sim ao órgão ou entidade pública em nome da qual atuou.

Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de formal, mas como na sua teleologia.
Não bastará ao administrador o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de sua fun-
ção pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça.

Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, vedado o sigilo e o segredo, salvo em
hipóteses restritas que envolvam a segurança nacional.

Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este princípio estabelece que os atos adminis-
trativos devem cumprir os seus propósitos de forma eficaz.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
dos, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998):

I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requi-
sitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998);

— Servidores públicos

Concurso Público:

A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por meio de concurso público. Enquanto
não há a posse, os aprovados têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido em rela-
ção ao cargo pela simples aprovação em concurso público.
Art. 37.

II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso


público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período;

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso


público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para
assumir cargo ou emprego, na carreira;

V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os


cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais

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mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de defi-
ciência e definirá os critérios de sua admissão;

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público;

O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras quanto a valores, limitações e formas de
recebimento de remuneração e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre acúmulo
de cargos e funções:

Art. 37.

X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente pode-
rão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada
revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento);

XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da adminis-


tração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e
os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as
vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espé-
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio
do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder
Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder
Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores
Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003);

XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
res aos pagos pelo Poder Executivo;

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de


remuneração de pessoal do serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acumula-
dos para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998);

XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis,


ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade

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de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998):

a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998);

c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;


(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34, de 2001);

XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,


empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
ou indiretamente, pelo poder público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); XVIII
- a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e
jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;

E também a criação de autarquias e instituição de empresas públicas, fundações e sociedades de


economia mista:

Art. 37.

XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades men-
cionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;

Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos termos do que preceitua o art. 37 da Cons-
tituição, deverão ser contratadas por meio de licitação pública.

Art. 37.

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações se-
rão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econô-
mica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações (Regulamento).

O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Administração Pública:

XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ativi-
dades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, terão
recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com
o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003);

§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da auto-
ridade responsável, nos termos da lei.

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§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta,
regulando especialmente (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):

I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção


de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos servi-
ços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, obser-
vado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Lei nº
12.527, de 2011);

III - a disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou fun-
ção na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

Improbidade Administrativa

A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade praticada pelo servidor, qualificada pela finalida-
de de atribuir situação de vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de Improbidade
Administrativa, disciplina este dispositivo constitucional, previsto no art. 37, §4º.
Art. 37.

§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da


função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.

§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos


responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da administra-


ção direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 19, de 1998).

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta


e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder
público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à
lei dispor sobre (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento) (Vigência) :

I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos


dirigentes (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e


suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998).

§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos

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arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumulá-
veis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre
nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitu-
cional nº 20, de 1998);

§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput
deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 47, de 2005).

§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Dis-
trito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como li-
mite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noven-
ta inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais
e dos Vereadores (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).

§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser readaptado para exercício de cargo cujas
atribuições e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacida-
de física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, desde que possua a habilitação e o nível de
escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de origem (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019).

§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo de contribuição decorrente de cargo,


emprego ou função pública, inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rompimento
do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)

§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servidores públicos e de pensões por mor-


te a seus dependentes que não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não seja
prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019).

Regime Jurídico dos Servidores Públicos

O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de princípios e regras destinadas à regulação
das relações funcionais da administração pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a todos os
servidores de uma determinada pessoa política (da Administração Pública Federal, Estadual, Municipal,
por exemplo) ou específico, como é o caso de algumas carreiras, como a Magistratura, Ministério Público
etc.

O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatutário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990.
Nas esferas distrital, estaduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, desde compatíveis
com os preceitos da Constituição Federal e da Lei 8.112/90.

No regime estatutário não há relação contratual empregatícia.

A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servidores Públicos, com sistema remunerató-
rio, regime previdenciário e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF.

A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista constitucionalmente. É adquirida


pelo funcionário concursado após três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele seja

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desvinculado do serviço público arbitrariamente, a não ser por sentença transitada em julgado ou decisão
administrativa em que lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória, exoneração a
pedido ou morte:

Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998).

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998):

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998);

II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 19, de 1998);

III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar,


assegurada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado
em outro cargo ou posto em disponibilidade com remuneração proporcional ao tempo de serviço (Reda-
ção dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade,


com remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempe-


nho por comissão instituída para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, os membros das polícias militares e
corpos de bombeiros militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, nos termos
do art. 42, CF. Aos militares são proibidas a sindicalização e a greve, em face das funções por eles de-
sempenhadas.

Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições orga-
nizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).

§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser
fixado em lei, as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a lei esta-
dual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais confe-
ridas pelos respectivos governadores (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98).

§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que
for fixado em lei específica do respectivo ente estatal (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41,
19.12.2003).

§ 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios o disposto no art. 37,
inciso XVI, com prevalência da atividade militar (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de 2019).

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Processo legislativo. Processo legislativo estadual, distrital e municipal: normas consti-
tucionais federais aplicáveis. Fiscalização contábil, financeira e orçamentária

— Estrutura

O Poder Legislativo no Brasil é bicameral, ou seja, composto por duas casas: a Câmara dos Deputa-
dos e o Senado Federal, a primeira constituída por representantes do povo e a segunda, por represen-
tantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal (LENZA, 2019). Câmara e Senado formam o Congres-
so Nacional.

Já o Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal, distrital e dos Territórios Federais, é do tipo
unicameral, composto por uma única casa legislativa, sendo a Assembleia Legislativa, composta pelos
Deputados Estaduais, em âmbito estadual, e a Câmara Municipal, composta pelos Vereadores em âmbito
municipal.

As casas Legislativas são geralmente formadas por três instâncias: mesa diretora, comissões e plená-
rio.

A mesa diretora tem funções administrativas sobre o funcionamento da Casa, e o presidente da mesa
é o responsável pelo processo legislativo. É ele quem organiza a pauta das reuniões e, portanto, decide
quais assuntos serão examinados pelo plenário. Tem o poder de obstruir as decisões do Executivo ou os
projetos de lei dos parlamentares se não os colocar em votação. A mesa do Congresso Nacional é presi-
dida pelo presidente do Senado.

As comissões podem ser permanentes, definidas pelos respectivos regimentos internos, com o poder
para discutir e votar alguns projetos de lei sem passar pelo plenário, e temporárias, criadas para tratar de
assuntos específicos. As comissões também podem realizar audiências públicas com entidades da socie-
dade civil, convocar autoridades e cidadãos para prestar informações.

O Plenário é a instância máxima e soberana no Legislativo para qualquer decisão. Nas votações, a de-
cisão de cada um dos parlamentares é influenciada por vários fatores, dentre eles o programa do partido
político ao qual cada parlamentar é filiado e os compromissos assumidos com as chamadas bases eleito-
rais.

— Funcionamento e atribuições

Atribuições e competência do Congresso Nacional

A maioria das pessoas se preocupa muito com as eleições para os cargos do Executivo, dando menos
importância aos Deputados Federais, Estaduais, Senadores e Vereadores municipais, entretanto, a esses
representantes competem uma função típica tão importante quanto a de governar e administrar: a legis-
latura. São eles os responsáveis por pensarem e fazerem as leis que regem todo o país e são aplicadas
pelo Poder Judiciário.

Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, nos termos do art. 48,
CF, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

— Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

— Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e
emissões de curso forçado;

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— Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;

— Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

— Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

— Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res-


pectivas Assembleias Legislativas;

— Transferência temporária da sede do Governo Federal;

— Concessão de anistia;

— Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos


Territórios, e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal (EC n. 69/2012);

— Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que


estabelece o art. 84, VI, “b”, já que, quando vagos os cargos ou funções públicas, caberá ao Presidente,
mediante decreto, dispor sobre a extinção;

— Criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração Pública (confira, também, o art. 88 da


CF/88, alterado pela EC n. 32/2001);

— Telecomunicações e radiodifusão;

— Matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas operações;

— Moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mobiliária federal;

— Fixação do subsídio dos Ministros do STF, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153,
III; e 153, § 2.º, I (LENZA, 2019, p. 886).

Também compete exclusivamente ao Congresso Nacional, nos termos do art. 49, CF:

— Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

— Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es-
trangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos
previstos em lei complementar (cf. LC n. 90/97, com as alterações introduzidas pela LC n. 149/2015);

— Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausên-


cia exceder a quinze dias;

— Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qual-
quer uma dessas medidas;

— Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa;

— Mudar temporariamente sua sede;

— Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os
arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;

— Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado,


observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;

— Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre

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a execução dos planos de governo;

— Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta;

— Zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros
Poderes;

— Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

— Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

— Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

— Autorizar referendo e convocar plebiscito;

— Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa


e lavra de riquezas minerais;

— Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares (LENZA, 2019, p. 887).

Competências privativas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal

As matérias de competência privativa dos Deputados Federais não dependerão de sanção presiden-
cial, nos termos do art. 48, caput, CF e estão previstas no art. 51, CF. Tais atribuições, geram espécies
normativas materializadas por meio de resoluções.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vi-
ce-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso


Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune-
ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal e tem a mesma
relevância e força dada à Câmara dos Deputados.

Segundo Lenza (2019) cada Estado e o Distrito Federal elegerão 3 Senadores, sendo que cada Se-
nador será eleito com 2 suplentes para o mandato de 8 anos, portanto, duas legislaturas. São requisitos
para a candidatura dos Senadores: ser brasileiro nato ou naturalizado, maior de 35 anos, estar em ple-
no exercício dos direitos políticos; ter domicílio eleitoral na circunscrição; alistamento eleitoral e filiação
partidária.

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Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilida-


de, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos
crimes da mesma natureza conexos com aqueles (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de
02/09/99);

II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de


Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-
-Geral da União nos crimes de responsabilidade (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004);

III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:

a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) Presidente e diretores do banco central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distri-
to Federal, dos Territórios e dos Municípios;

VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consoli-
dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas
pelo Poder Público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito
externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva
do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da
República antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune-
ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

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XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus


componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Fede-
ral e dos Municípios (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo
Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do
Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública,
sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

— Processo legislativo

O processo legislativo é o conjunto de regras constitucionalmente previstas para elaboração das nor-
mas e leis previstas no art. 59, CF, pelo Poder Legislativo.

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das
leis.

O processo legislativo brasileiro é o indireto ou representativo, pelo qual o povo escolhe seus man-
datários (parlamentares), que receberão de forma autônoma poderes para decidir sobre os assuntos
de sua competência constitucional. Há quatro espécies de processos ou procedimentos legislativos, o
comum ou ordinário, o sumário, os especiais e os especialíssimos.

O processo legislativo ordinário se destina à elaboração das leis ordinárias, caracterizando-se pela
sua maior extensão. O processo legislativo sumário, difere-se do ordinário apenas pela existência de
prazo para que o Congresso Nacional delibere sobre determinado assunto. Os processos legislativos
especiais são estabelecidos para a elaboração das emendas à Constituição, leis complementares, leis
delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos e resoluções. E, o especialíssimo é previsto para
leis financeiras e orçamentárias.

São basicamente três as etapas ou fases do processo legislativo brasileiro, havendo divergências
doutrinárias: a iniciativa, a constitutiva, que compreende a deliberação parlamentar, com a discussão
e votação, e a deliberação executiva, através da sanção ou veto, e a complementar, que compreende a
promulgação e a publicação.

As hipóteses da iniciativa são: geral, concorrente, privativa, popular, conjunta, do art. 67 e a parlamen-
tar ou extraparlamentar. De maneira ampla, a CF atribui competência às seguintes pessoas e aos órgãos,
conforme prevê o art. 61, caput (iniciativa geral): qualquer Deputado Federal ou Senador da República;

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Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; Presidente da
República; Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superiores; Procurador-Geral da República e cidadãos
(LENZA, 2019).

A fase constitutiva expressa a conjugação de vontades do legislativo (deliberação parlamentar - dis-


cussão e votação) e do executivo (deliberação executiva - sanção ou veto). A discussão e votação dos
projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
Superiores, bem como os projetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de Comissões da Câmara,
os de iniciativa do Procurador-Geral da República e, naturalmente, os de iniciativa popular terão início
na Câmara dos Deputados, sendo esta, portanto, a casa iniciadora e o Senado Federal, em todas essas
hipóteses lembradas, a casa revisora. Perante o Senado Federal são propostos somente os projetos de
lei de iniciativa dos Senadores ou de Comissões do Senado, funcionando, nesses casos, a Câmara dos
Deputados como casa revisora (LENZA, 2019).

Ainda segundo Lenza (2019), terminada a fase de discussão e votação, aprovado o projeto de lei, de-
verá ele ser encaminhado para a apreciação do Chefe do Executivo para sanção, concordância, ou veto,
discordância total ou parcial. A sanção poderá ser expressa ou tácita e representa o momento em que
o projeto de lei se transforma em lei, para promulgação. Em caso de discordância, poderá o Presidente
da República vetar o projeto de lei, total ou parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do
recebimento. O veto deverá ser sempre expresso e justificado, podendo ser considerado inconstitucio-
nal (veto jurídico), ou contrário ao interesse público (veto político). O veto é irretratável, porém, relativo,
podendo ser derrubado em sessão conjunta da Câmara e do Senado, dentro de 30 dias a contar de seu
recebimento, pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.

A fase final ou complementar do processo legislativo compreende a promulgação e a publicação. A


promulgação é o ato de validade da lei, ainda não eficaz. E a publicação é o ato de se dar publicidade a
nova lei, inserindo o conteúdo do texto no Diário Oficial. Com a publicação se estabelece o momento da
obrigatoriedade do cumprimento da lei. Em regra, a lei começa a vigorar em todo o país, 45 dias depois
de sua publicação, nos termos da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Excepcionalmente, a
Lei também pode entrar em vigor na data de sua publicação.

— Fiscalização contábil, financeira e orçamentária

A fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos órgãos da União e da Administração Pública são
de competência interna do sistema de controle de cada Poder e externo, do Congresso Nacional, com
auxílio do Tribunal de Contas.

Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e


das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economici-
dade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional,
mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.

Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União res-
ponda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998).

O Tribunal de Contas da União é o órgão auxiliar e de orientação do Poder Legislativo, embora autô-
nomo e a ele não subordinado, praticando atos de natureza administrativa, concernentes, basicamente, à

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fiscalização. Deve, portanto, examinar rotineiramente as contas públicas, nos termos do art. 71 e seguin-
tes da Constituição Federal:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tri-
bunal de Contas da União, ao qual compete:

I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer prévio
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder
Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
resulte prejuízo ao erário público;

III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, exce-
tuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de aposen-
tadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;

IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão téc-
nica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional
e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais
entidades referidas no inciso II;

V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União participe,
de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;

VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio, acordo,
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional
e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;

VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causa-
do ao erário;

IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumpri-
mento da lei, se verificada ilegalidade;

X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos De-
putados e ao Senado Federal;

XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados.

§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que
solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.

§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medi-
das previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.

§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de título exe-

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cutivo.

§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas ativi-


dades.

Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de des-
pesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios
não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no prazo de cinco
dias, preste os esclarecimentos necessários.

§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a Comissão solicitará ao


Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.

§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.

Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito Fede-
ral, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que cou-
ber, as atribuições previstas no art. 96.

§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam
os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração públi-


ca;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conheci-
mentos mencionados no inciso anterior.

§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternada-
mente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo
Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias, prerrogativas, impe-


dimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes,
quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do art. 40 (Redação dada pela Emenda Consti-
tucional nº 20, de 1998).

§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e impedimentos do titular


e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional Federal.

Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema
de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de go-
verno e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamen-

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tária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação
de recursos públicos por entidades de direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres
da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.

§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou


ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária.

§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei,
denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.

Embora tenha o nome de Tribunal, é órgão administrativo que não exerce função judicial. Entretanto,
apesar de não ser órgão judicial, o cumprimento de suas decisões é obrigatório. O Tribunal de Contas
pode responsabilizar entidades e agentes por débitos irregulares e aplicar multas, nos termos da lei,
decisões, essas, que têm eficácia de título executivo. Pode determinar também que se adotem as provi-
dências necessárias ao exato cumprimento da lei.

A aprovação de contas pelo Tribunal de Contas não afasta o seu exame pelo Legislativo ou pelo Judi-
ciário.

O modelo federal deverá ser seguido pelos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, inclusive
em relação à composição e modo de investidura dos respectivos conselheiros, respeitando-se as propor-
cionalidades de escolha entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, nos mesmos moldes da Constitui-
ção Federal.

Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, com-
posição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos
Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas respectivos, que
serão integrados por sete Conselheiros.

— Comissões parlamentares de inquérito

De modo geral, as comissões parlamentares são organismos instituídos em cada Câmara, para uma
determinada finalidade, como estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar pareceres.
As CPIs são comissões investigativas temporárias, destinadas a averiguação e apuração de fato certo
e determinado e estão disciplinadas no art. 58, § 3.º, da CF/88, na Lei n. 1.579/52 (alterada pelas Leis
10.679/2003 e 13.367/2016), na Lei n. 10.001/2000, na LC n. 105/2001 e nos Regimentos Internos das
Casas Legislativas.

As CPIs serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separa-
damente, mediante requerimento de 1/3 da totalidade de seus membros, com indicação precisa do fato
a ser apurado na investigação parlamentar e do prazo certo para o desenvolvimento e conclusão dos
trabalhos.

Além de ouvir testemunhas e investigados as CPIs podem determinar quebra do sigilo fiscal, bancário
e de dados, inclusive telefônicos.

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Ordem econômica e financeira

Princípios Gerais da Atividade Econômica

O art. 170 da Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988 dispõe que a ordem
econômica é fundada em dois postulados básicos: a valorização do trabalho humano e a livre iniciati-
va2.

FUNDAMENTOS DA ORDEM ECONÔMICA


→ Valorização do tra- → Livre iniciativa
balho

Tomando por base essa premissa, pode-se entender que qualquer particular que atue explorando ativi-
dade econômica deverá respeitar esses preceitos e que as condutas praticadas que possam restringi-los
ou afetá-los serão tidas por ilegais e sujeitas à repressão estatal.

De fato, é nisso que se baseia a possibilidade de intervenção estatal. Em outras palavras, o ente
público deverá agir sempre que entender que os atores do cenário econômico estejam agindo de forma a
prejudicar qualquer de seus pilares de sustentação.

• Valorização do trabalho humano

Os valores sociais do trabalho estão definidos no art. 1º, IV da Lei Maior como um dos fundamentos
da República, o que demonstra, claramente, a preocupação do Constituinte em conciliar os fatores de
capital e trabalho como forma de atender aos preceitos da justiça social.

Partindo desta premissa, o texto constitucional não tolera comportamentos que coloquem em risco a
vida ou a saúde dos trabalhadores ou que os reduza à condição análoga de escravo.

Em verdade, a Carta Magna de 1988 tem um forte papel de intervenção nas relações de emprego,
traçando garantias inafastáveis aos trabalhadores, com a intenção de evitar a exploração da mão de obra
pelo empresário.

Com efeito, o art. 7º, entre outros dispositivos do texto constitucional detalha prerrogativas dos empre-
gados como forma de se atingir a justiça social.

• Liberdade de iniciativa

A livre iniciativa é postulada do regime capitalista e se resume na possibilidade dada a todos de in-
gressar no mercado de produção de bens e serviços por sua conta e risco, explorando atividade econô-
mica com a finalidade de obtenção de lucro, sem que, para isso, precise concorrer com o Estado.

Este postulado fica evidente ao se verificar que o art. 170, parágrafo único da Constituição Federal,
estabelece que a todos é assegurado o livre exercício de qualquer atividade econômica, sem necessida-
de de autorização de órgãos públicos, à exceção dos casos previstos em lei.

No entanto, a intervenção estatal tem limites. O Supremo Tribunal Federal inclusive já se manifestou,
2 http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/7771/material/CAPITULO%20IN-
TERVEN%C3%87%C3%83O%20DO%20ESTADO%20NO%20DOM%C3%8DNIO%20ECONOMICO%20
-%20MATHEUS%20CARVALHO.pdf

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em diversas situações, estipulando que a atuação estatal na economia deve respeitar os limites da livre
iniciativa e que os prejuízos decorrentes desta intervenção serão indenizados nos moldes do art. 37, §6º
da Constituição Federal.

• Princípios da ordem econômica

Além dos fundamentos elencados, a Constituição Federal contemplou alguns princípios que devem
nortear o sistema da ordem econômica no país, a seguir indicados:

a) soberania nacional: a ordem econômica não pode desenvolver-se de modo a colocar em risco a
soberania nacional em face dos interesses externos.

b) propriedade privada e função social da propriedade: também pilares do pensamento capitalista,


a atividade econômica deve respeitar a propriedade, devendo, no entanto, ser analisada de acordo com
os ditames do interesse público.

c) livre concorrência: devendo o Estado permitir a atuação livre dos cidadãos no cenário econômi-
co e, ao mesmo tempo, reprimir qualquer abuso que possa causar prejuízos aos menos favorecidos em
razão do abuso do poder econômico.

d) defesa do consumidor: atrelado diretamente à vedação do abuso por parte do fornecedor de bens
e serviços que detém os meios de produção.

e) defesa do meio ambiente: o que traz a noção de desenvolvimento sustentável, não se admitindo a
destruição do meio ambiente como forma de reduzir custos na produção de bens e mercadorias.

f) tratamento favorecido para empresas de pequeno porte: que é personificação do princípio da


isonomia material, buscando igualar juridicamente as microempresas e empresas de pequeno porte por
meio de benefícios e subvenções.

Enfim, esses princípios devem ser analisados de forma a se perceber que o tratamento dado pelo
constituinte à ordem econômica está ligado diretamente à garantia de justiça social, o que justifica toda a
atuação estatal dentro deste setor.

Intervenção do Estado no Domínio Econômico

• Formas de atuação do estado

A despeito da existência de algumas controvérsias acerca do tema, pode-se estabelecer que o Estado
atua de duas formas na ordem econômica.

– Estado regulador: a primeira forma de atuação do ente público no domínio econômico se dá por
meio da regulação das atividades exercidas pelos particulares. Neste contexto, atua definindo normas de
atuação, reprimindo o abuso do poder econômico e fiscalizando as atividades exercidas pelos particula-
res com finalidade lucrativa, como forma de evitar distorções do sistema.

– Estado executor: trata-se da segunda forma de atuação do Estado que, em casos excepcionais,
pode explorar diretamente atividades econômicas. Com efeito, o ente estatal deixa a posição de controla-
dor da atividade dos particulares para se inserir no mercado como executor direto da atividade do segun-
do setor.

Insta salientar que o art. 173 da Carta Magna dispõe que esta exploração direta de atividade econômi-
ca pelo Estado se dá como forma de atingir o interesse da coletividade ou de garantir a segurança nacio-
nal, não se dando com finalidade lucrativa.

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• Estado regulador

Conforme previamente explicitado, o ente público tem o dever de atuar regulando a atividade econômi-
ca de forma a evitar atuações abusivas do poder econômico e proteger a sociedade da busca desenfrea-
da pelo lucro.

Assim, Estado Regulador é aquele que, através de regime interventivo, se incumbe de estabelecer as
regras disciplinadoras da ordem econômica com o objetivo de ajustá-la aos ditames da justiça social.

O art. 174 da Carta Magna dispõe que Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o
Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este deter-
minante para o setor público e indicativo para o setor privado.

É possível destacar do texto do dispositivo transcrito que o ente público pode se manifestar de três
formas diversas na regulação da atividade econômica, quais sejam, a fiscalização, o incentivo e o plane-
jamento.

A fiscalização se manifesta por meio da verificação dos setores econômicos com a intenção de evitar
comportamentos abusivos dos particulares, valendo-se do seu poder econômico, causando prejuízos a
empregados, consumidores, pequenas empresas, entre outros hipossuficientes.

O incentivo ou fomento pode ser ilustrado por medidas como isenções fiscais, subsídios, aumentos
de tributos de importação de determinados produtos, assistência tecnológica e incentivos creditícios do
poder público que visam a auxiliar no desenvolvimento econômico e social do país.

O planejamento, por seu turno, se apresenta por meio da estipulação de metas a serem alcançadas
pelo governo no ramo da economia.

É possível, então, verificar que estas atividades pautam a intervenção direta do Estado no domínio
econômico.

Competências para intervenção

A União pode ser enxergada, dentro do sistema de partilha constitucional de atribuições ora vigente, a
principal responsável pelas medidas de regulação do Estado na atividade econômica.

Com efeito, o art. 21 da Constituição da República, ao tratar da competência administrativa, define


algumas atribuições relevantes a esta intervenção estatal no setor da economia indicadas a seguir:

a) a elaboração e a execução de planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desen-


volvimento econômico e social (inciso IX);

b) a fiscalização de operações financeiras, como a de crédito, câmbio, seguros e previdência privada


(inciso VIII);

c) a reserva de função relativa ao serviço postal (inciso X);

d) a organização dos serviços de telecomunicações, radiodifusão, energia elétrica (incisos XI e XII);

e) o aproveitamento energético dos cursos d’água e os serviços de transportes, entre outros. (inciso
XII, b, c, d, e).

Da mesma forma, ao tratar da competência para a edição de leis acerca dos temas relacionados a
esta atuação, o art. 22 da Carta Magna atribui à União Federal, privativamente, legislar sobre:

a) o comércio exterior e interestadual (inciso VIII);

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b) os sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular (inciso XIX);

c) diretrizes da política nacional de transportes (inciso IX);

d) jazidas, minas e outros recursos minerais (inciso XII).

Em verdade, pode-se perceber que há, dentro das disposições constitucionais, uma supremacia da
União como representante do Estado-Regulador da ordem econômica. Todavia, cumpre informar que o
parágrafo único do art. 22, ora mencionado, determina que Lei Complementar poderá autorizar os Esta-
dos a legislar sobre questões especificas relacionadas às matérias hoje reservadas à União.

Outrossim, ao Estado e ao Distrito Federal foram atribuídas algumas funções supletivas definidas pelo
art. 24 da Carta Magna que trata da competência legislativa concorrente entre os entes federativos para
tratar acerca de direito econômico e financeiro, produção e consumo e proteção do meio ambiente.

Como sói acontecer, nestas situações, a União fica responsável pela edição de normas gerais sobre
os temas, deixando aos demais entes federativos a legitimidade para a expedição de normas suplemen-
tares.

Por fim, o art. 23 da Constituição Federal, ao tratar da competência administrativa comum, também
aponta atividades relacionadas à intervenção estatal no domínio econômico. Desta forma, compete a
todas as entidades políticas, concorrentemente, proteger o meio ambiente, fomentar a produção agrope-
cuária e organizar o abastecimento alimentar, combater as causas da pobreza e promover a integração
social dos segmentos hipossuficientes.

• Estado executor

Além da regulação da atividade econômica, por meio do tabelamento de preços, controle e sanciona-
mento dos atos contrários à livre concorrência, entre outras medidas, o ente público também atua direta-
mente na execução da atividade econômica ao lado dos particulares.

Por óbvio, as atividades primordiais do Estado são apresentadas por meio da prestação de serviços
públicos, execução de obras e aplicação de normas de polícia. Todavia, excepcionalmente, admite-se a
exploração direta de atividade econômica, desde que respeitados os limites travados na própria Consti-
tuição Federal.

É claro que o exercício estatal dessas atividades não pode constituir-se em regra geral.

Neste sentido, o Estado pode criar pessoas jurídicas a ele vinculadas, destinadas mais apropriada-
mente à execução de atividades econômicas. De fato, a Carta Magna, em seu art. 37, XIX, prevê a pos-
sibilidade de criação, mediante autorização legislativa, de empresas públicas e sociedades de economia
mista que podem atuar explorando atividade de mercado, desde que na busca do interesse público.

Pode-se, portanto, definir que o Estado executa atividade econômica por meio de entidades da Admi-
nistração Indireta, integrante da estrutura da organização administrativa, vinculada aos entes federativos
por meio de controle ministerial. Trata-se de exploração direta de atividade econômica pelo Estado.

Exploração direta em regime de livre concorrência

A regra relativa à exploração direta de atividades econômicas pelo Estado se encontra no art. 173 da
Constituição Federal, a qual dispõe que, ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a explora-
ção direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

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Verifica-se, de uma leitura conjunta deste dispositivo e do art. 170, IV da Carta Magna, que compete,
primordialmente, a iniciativa privada a exploração de atividades econômicas, com a finalidade de obten-
ção de lucro, razão pela qual, a possibilidade de atuação do Estado executando atividades mercantis
deve ser interpretada restritivamente, por se caracterizar norma de exceção.

Ademais, a atuação do Estado no domínio econômico, mediante a exploração de atividades, não pode
se dar com finalidade lucrativa, ou seja, as empresas estatais não devem ser criadas após a análise do
cenário econômico mais favorável à obtenção de lucro pelo ente público e sim com o intuito de atender a
necessidades coletivas.

Com efeito, ainda que sejam criadas para fins de exploração de atividades econômicas, a finalidade
destas empresas estatais deve ser o interesse público, não sendo possível a criação de entidade com a
finalidade de obtenção de lucro.

É possível que o lucro seja consequência de uma determinada atividade, como ocorre em casos de
exploração e venda de derivados do petróleo, ou na atividade financeira, mas não pode ser o mote de
criação da entidade, nem pode condicionar seus atos.

Dois são os pressupostos que justificam esta intervenção direta do Estado, atuando na exploração da
atividade de mercado. Vejamos:

→ Segurança nacional: Trata-se de pressuposto político. O texto constitucional deixa claro que
se a ordem econômica conduzida pelos particulares estiver causando algum risco à soberania do
país, fica o estado autorizado a intervir no domínio econômico, direta ou indiretamente, para resta-
belecer a ordem.

→ Relevante interesse coletivo: Compete à lei definir o que pode ser tratado como situação de
interesse coletivo relevante, haja vista se tratar de conceito jurídico indeterminado. Em algumas
situações, a própria Constituição Federal pode permitir a exploração de atividade econômica dire-
ta, por considerar que se trata de caso no qual o interesse coletivo demanda atuação estatal.

Regime das empresas estatais

O art. 173, § 1º, da Constituição Federal, com redação dada pela EC n. 19/1988 (Reforma Administra-
tiva do Estado) dispõe que a lei deverá estabelecer o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comerciali-
zação de bens ou de prestação de serviço.

Diante da ausência de legislação específica, a atividade estatal de explorar atividade econômica vem
sendo regulada por outros diplomas legais, como a lei 8.666/93, a lei 10.520/02, que tratam das regras
referentes às contratações destas entidades, entre outros.

Enfim, as empresas públicas e sociedades de economia mista poderão ser criadas, mediante a autori-
zação de lei específica, dotadas de personalidade jurídica de direito privado, com o intuito de prestação
de serviços por delegação do ente federativo ou para fins de exploração de atividade econômica.

Em ambos os casos, a doutrina é pacífica no sentido de conferir a estas entidades um regime misto,
ou híbrido, no qual o direito privado é derrogado por princípios inerentes à atuação do Estado.

Monopólio estatal

Conforme dispõe a ciência econômica, o Monopólio configura situação na qual existe apenas um
fornecedor de determinado bem ou serviço, não havendo preço de mercado, haja vista a imposição do

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preço pelo monopolista.

O monopólio privado é vedado pela Constituição, uma vez que permite a dominação do mercado e a
eliminação da concorrência, o que pode ser considerado danoso à ordem econômica, denotando abuso
de poder.

O monopólio estatal, por seu turno, não tem finalidade lucrativa, sendo regulamentado no próprio texto
constitucional, em situações nas quais o poder público busca proteger o interesse público.

Com efeito, em razão da finalidade protetiva, o monopólio do Estado em determinadas atividades eco-
nômica encontra guarida no texto da Constituição da República.

Enfim, pode-se considerar que o monopólio estatal tem a natureza de intervenção do Estado no do-
mínio econômico, afastando a atuação dos particulares naquela específica atividade, como forma de se
garantir o interesse da coletividade.

Atividades monopolizadas

Conforme dispõe a Carta Magna, constituem monopólio da União:

a) a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos

b) a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

c) a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores;

d) o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo


produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e
gás natural de qualquer origem;

e) a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de miné-


rios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercializa-
ção e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão;

f) a pesquisa e a lavra de jazidas e demais recursos minerais e o aproveitamento os potenciais de


energia hidráulica, sendo que, nos casos de recursos minerais, será garantido ao concessionário a pro-
priedade do produto da lavra.

Por fim, cumpre ressaltar que existem atividades que se sujeitam a monopólio implícito do poder públi-
co.

Nestes casos, o art. 21 da Carta Constitucional estabelece que somente o ente público poderá exercer
atividades como a emissão de moedas, o serviço postal; a exploração de serviços de telecomunicação; e
a exploração de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; de serviços de energia Elétrica e
de aproveitamento dos cursos d´água; da navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuá-
ria; de serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
que transponham os limites de Estado ou território; de serviços de transporte rodoviário interestadual e
internacional de passageiros; de portos marítimos, fluviais e lacustres.

Vejamos o capítulo da CF/88, referente ao tema supracitado:

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TÍTULO VII
DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por
fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambien-
tal dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e
que tenham sua sede e administração no País.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independen-
temente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Art. 171. (Revogado).

Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro,
incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade eco-
nômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de


suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços, dispondo sobre:

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obriga-
ções civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da


administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de


acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

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§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fis-
cais não extensivos às do setor privado.

§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.

§ 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da
concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá
a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da
lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e
indicativo para o setor privado.

§ 1º A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado,


o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.

§ 2º A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a


proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

§ 4º As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou con-


cessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam
atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
missão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial


de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica
constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à
União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o


«caput» deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no
interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e
administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas ativida-
des se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor


que dispuser a lei.

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§ 3º A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões
previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuên-
cia do poder concedente.

§ 4º Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável


de capacidade reduzida.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas
nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo


produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e
gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de mi-


nérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comerciali-
zação e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso
XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal.

§ 1º A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previs-
tas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.

§ 2º A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:

I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional;

II - as condições de contratação;

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

§ 3º A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.

§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de


importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool com-
bustível deverá atender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150,
III, b;

II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus deri-
vados e derivados de petróleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto

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à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio
da reciprocidade.

Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o


transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações
estrangeiras.

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às


empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incenti-
vá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou
pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo
como fator de desenvolvimento social e econômico.

Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por
autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no
País dependerá de autorização do Poder competente.

Política Urbana

A Política Urbana, ou política de desenvolvimento urbano, é tratada no Capítulo II do Título VII – Da


Ordem Econômica e Financeira da Constituição da República de 1988.

Como política pública, materializa-se na forma de um programa de ação governamental voltado à


ordenação dos espaços habitáveis, abrangendo, dessa forma, tanto o planejamento quanto a gestão das
cidades3.

A execução da atividade urbanística, ora compreendida como a intervenção estatal voltada à ordena-
ção dos espaços habitáveis, é uma típica função pública, a ser desempenhada pela União, Estados, Dis-
trito Federal e Municípios em suas correspectivas esferas de competência, mediante a necessária parti-
cipação da sociedade civil, em cooperação com a iniciativa privada e demais setores da sociedade e em
condições isonômicas com os agentes privados na promoção de empreendimentos e atividades relativos
ao processo de urbanização.

O protagonismo dos Municípios nesta seara é inegável, uma vez que cabe ao Poder Público Munici-
pal, por expressa determinação constitucional, a execução da política de desenvolvimento urbano, con-
forme as diretrizes gerais fixadas por meio de lei federal (CF, art. 182, caput).

Entre os diplomas normativos voltados ao estabelecimento das diretrizes gerais da Política Urbana
destacam-se o Estatuto da Cidade, editado em 2001 na forma da Lei Federal 10.257, e o Estatuto da
Metrópole, editado em 2015 na forma da Lei Federal 13.089.

Incumbe aos Municípios fixar, por meio dos seus respectivos Planos Diretores – editados por meio de
lei municipal e obrigatórios para cidades com população superior a vinte mil habitantes – as exigências
fundamentais de ordenação da cidade (CF, art. 182, § 2º) bem como delimitar as áreas em que o Poder
Público municipal poderá exigir, mediante lei específica, nos termos da lei federal, o adequado aprovei-
tamento do solo urbano não edificado, não utilizado ou subutilizado, por meio da aplicação sucessiva
dos instrumentos enumerados no art. 182, § 4º, da Constituição, a saber: notificação para parcelamento,
edificação ou utilização compulsórios, imposto predial e territorial progressivo no tempo e desapropria-

3 https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/76/edicao-1/principios-e-instrumentos-de-politica-urbana

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ção-sanção.

Reputa-se, assim, cumprida a função social da propriedade na medida em que o proprietário dê ao


imóvel urbano o devido aproveitamento, conforme as exigências fundamentais de ordenação da cidade
apontadas pelo Plano Diretor (CF, art. 182, § 2º).

A política de desenvolvimento urbano tem dois objetivos constitucionais essenciais: a ordenação do


pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, na forma que dispuser o Plano Diretor, e a garan-
tia do bem-estar de seus habitantes (CF, art. 182, caput).

Ambos os objetivos guardam íntima relação com a concretização dos direitos sociais enunciados
no art. 6º da Constituição da República, em especial com os direitos sociais ao trabalho, à moradia, ao
transporte e ao lazer os quais, na classificação proposta pela Carta de Atenas, correspondem às quatro
funções essenciais da cidade.

A menção à garantia do bem-estar dos habitantes da cidade remete, ainda, ao caput do art. 225 da
Constituição, que enuncia o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao Poder Público e à coletividade o de-
ver de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

A conjugação entre os arts. 182 e 225 da Constituição da República permite afirmar que o modelo de
desenvolvimento a ser promovido pela Política Urbana Brasileira é o do desenvolvimento urbano susten-
tável, pautado pelo equilíbrio entre crescimento econômico, inclusão social e preservação ambiental e
pela solidariedade intergeracional.

Esta opção constitucional implícita pelo modelo de desenvolvimento urbano sustentável é confirmada
pela enunciação explícita da garantia do direito às cidades sustentáveis como diretriz geral da política
urbana brasileira feita pelo art. 2º, inciso I, do Estatuto da Cidade.

CF, CAPÍTULO II
DA POLÍTICA URBANA

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.

§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano di-
retor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente apro-
vada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessi-

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vas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros quadrados,
por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, ad-
quirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil.

§ 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Política Agrícola, Fundiária e Reforma Agrária

As políticas governamentais de acesso à terra no Brasil não conseguem promover um pacto político
de sustentação para um projeto de redistribuição de terras, apesar de possuir um dos mais belos diplo-
mas sobre a questão agrária (Lei nº. 4.504/64)4.

Reforma agrária não consiste apenas na entrega da terra a quem não a tem e a quer, precisa-se de
uma reforma acoplada à política agrícola, que responda aos anseios do homem sem-terra.

Na definição dos instrumentos legais para a regularização fundiária deve-se adotar a negociação
como forma de relação entre planejadores, executores e ocupantes, evitando imposições e incentivando
a discussão de princípios e práticas que favoreçam a melhoria da qualidade de vida e fortalecimento da
cidadania.

A reforma agrária não é contra a propriedade privada no campo. Ao contrário, descentraliza-a demo-
craticamente, favorecendo as massas e beneficiando o conjunto da nacionalidade. É um imperativo da
realidade social atual, devendo atender a função social da propriedade, evitando-se assim, as tensões
sociais e conflitos no campo.

Uma reforma agrária no País, moderada e sábia, será uma das causas principais do progresso nacio-
nal.

CF, CAPÍTULO III


DA POLÍTICA AGRÍCOLA E FUNDIÁRIA E DA REFORMA AGRÁRIA

Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel ru-
ral que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida
agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de reforma agrária, autoriza a
União a propor a ação de desapropriação.

§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação.

§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o montan-

4 https://carollinasalle.jusbrasil.com.br/artigos/155438652/politica-agricola-e-fundiaria-e-reforma-agra-
ria

72
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te de recursos para atender ao programa de reforma agrária no exercício.

§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imó-


veis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua
outra;

II - a propriedade produtiva.

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o
cumprimento dos requisitos relativos a sua função social.

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo
critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a participação efetiva do
setor de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comerciali-
zação, de armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente:

I - os instrumentos creditícios e fiscais;

II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de comercialização;

III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;

IV - a assistência técnica e extensão rural;

V - o seguro agrícola;

VI - o cooperativismo;

VII - a eletrificação rural e irrigação;

VIII - a habitação para o trabalhador rural.

§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e


florestais.

§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma agrária.

Art. 188. A destinação de terras públicas e devolutas será compatibilizada com a política agrícola e
com o plano nacional de reforma agrária.

§ 1º A alienação ou a concessão, a qualquer título, de terras públicas com área superior a dois mil e
quinhentos hectares a pessoa física ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de prévia
aprovação do Congresso Nacional.

§ 2º Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior as alienações ou as concessões de terras públi-


cas para fins de reforma agrária.

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Art. 189. Os beneficiários da distribuição de imóveis rurais pela reforma agrária receberão títulos de
domínio ou de concessão de uso, inegociáveis pelo prazo de dez anos.

Parágrafo único. O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil, nos termos e condições previstos em lei.

Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco
anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tor-
nando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a proprieda-
de.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Sistema Financeiro Nacional

Conforme doutrina, a Constituição de 1988 regula dois sistemas financeiros. O primeiro é o sistema
financeiro público, que envolve as finanças públicas e o orçamento público, e que estão disciplinados do
art. 163 ao art. 169.

O segundo é o sistema financeiro para público, ou simplesmente sistema financeiro nacional, trazido
pelo art. 192, cujos incisos e parágrafos foram desconstitucionalizados5.

O sistema financeiro nacional abrange as instituições financeiras creditícias públicas e privadas, as de


previdência privada, e as de seguro e de capitalização, todas sujeitas a controle do poder público.

O Banco Central do Brasil, apesar de autarquia federal, é também uma instituição financeira e integra
o sistema financeiro nacional, tendo a supervisão deste sistema como uma de suas funções. A doutrina
considera o Bacen um elo entre o sistema financeiro nacional e o sistema financeiro público.

Conforme art. 192 da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº
40/2003, o sistema financeiro nacional deve ser estruturado de forma a promover o desenvolvimento
equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abran-
gendo as cooperativas de crédito.

Além disso, esse sistema será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a par-
ticipação do capital estrangeiro nas instituições que o integram.

A EC nº 40/2003 também revogou todos os incisos e parágrafos do art. 192, que traziam inúmeras
regras constitucionais sobre o sistema financeiro nacional.

5 https://direitoconstitucional.blog.br/sistema-financeiro-nacional/

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CF, CAPÍTULO IV

DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibra-
do do País e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as
cooperativas de crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a partici-
pação do capital estrangeiro nas instituições que o integram. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 40, de 2003)

I - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

II - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

III - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

a) (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

b) (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

IV - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

V -(Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VI - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VII - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

VIII - (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

§ 1°- (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

§ 2°- (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

§ 3°- (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 40, de 2003)

Finanças públicas

Das finanças públicas - Do orçamento

• Orçamento

O outro instituto que, ao lado da tributação, permite que o Estado possa cumprir seu papel constitu-
cional, é o Orçamento Público, inserido no capítulo que trata da Atividade financeira do estado (cap. II do
título VI da CF).

Trata-se de uma peça contábil que além de prever despesas a serem realizadas pelo Estado, também
o autoriza a cobrar tributos que julgar necessário à estabilização de suas finanças.

Segundo a Constituição Federal, art. 165, as leis orçamentárias serão de iniciativa do poder executivo
e estabelecerão o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e os Orçamentos Anuais.

O Plano Plurianual tem a sua previsão no art. 165, §1º da Constituição Federal, e estabelece, de
forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital
e outras decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. No PPA estão evidencia-
das as necessidades regionais ou setoriais, os níveis de prioridade, as fontes de recursos disponíveis ou

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potenciais e os programas das ações de longo prazo, visam à continuidade das administrações que se
sucedem, para evitar que a população seja prejudicada com a paralisação de obras e serviços iniciados
pelo governante anterior.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme o art. 165, §2º, da CF, compreenderá as metas e priori-
dades da administração pública federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas,
em consonância com trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária
anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

A Lei Orçamentária Anual, válida apenas para um exercício financeiro, compreenderá o orçamento
fiscal, o orçamento de investimento e orçamento da seguridade social. Nela são programadas ações a
serem executadas a fim de viabilizar a realização do que foi planejado no Plano Plurianual e traçado na
Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Por fim, é imprescindível ressaltar que a Lei de Diretrizes Orçamentárias é iniciativa do Poder Executi-
vo, que apresenta o projeto de lei ao Legislativo.

No Congresso Nacional os parlamentares, por meio da comissão de orçamento, analisam a proposta


orçamentária e pronunciam-se a favor, no todo ou em parte, ou contra. Em seguida, a matéria retorna ao
Poder Executivo para ser sancionada ou vetada.

A seguir os respectivos artigos da Constituição Federal/88.


TÍTULO VI
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO
CAPÍTULO II
DAS FINANÇAS PÚBLICAS
Seção I
NORMAS GERAIS

Art. 163. Lei complementar disporá sobre:

I - finanças públicas;

II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controla-
das pelo Poder Público;

III - concessão de garantias pelas entidades públicas;

IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública;

V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 40, de 2003)

VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Fede-
ral e dos Municípios;

VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as carac-
terísticas e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional.

VIII - sustentabilidade da dívida, especificando: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de


2021)

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a) indicadores de sua apuração; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

b) níveis de compatibilidade dos resultados fiscais com a trajetória da dívida; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021)

c) trajetória de convergência do montante da dívida com os limites definidos em legislação; (Incluído


pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

d) medidas de ajuste, suspensões e vedações; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de


2021)

e) planejamento de alienação de ativos com vistas à redução do montante da dívida. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso VIII do caput deste artigo pode autorizar a
aplicação das vedações previstas no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 109, de 2021)

Art. 163-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e
dados contábeis, orçamentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo
órgão central de contabilidade da União, de forma a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e a
publicidade dos dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso
público. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 108, de 2020)

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco cen-
tral.

§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e


a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.

§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo
de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.

§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do


Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele con-
troladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

Art. 164-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem conduzir suas políticas
fiscais de forma a manter a dívida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar referida
no inciso VIII do caput do art. 163 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)

Parágrafo único. A elaboração e a execução de planos e orçamentos devem refletir a compatibilidade


dos indicadores fiscais com a sustentabilidade da dívida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)

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1733125 E-book gerado especialmente para FELIPE.CARVALHOSOUZASANTOS GMAIL.COM
Seção II
DOS ORÇAMENTOS

Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes orçamentárias;

III - os orçamentos anuais.

§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e
metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada.

§ 2º A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública


federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em consonância com trajetória
sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as altera-
ções na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de
fomento. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre, relatório re-
sumido da execução orçamentária. (Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020)

§ 4º Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição serão elabo-
rados em consonância com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá:

I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administra-
ção direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;

II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a


maioria do capital social com direito a voto;

III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da
administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder
Público.

§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre


as receitas e despesas, decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza
financeira, tributária e creditícia.

§ 7º Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual,
terão entre suas funções a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e contra-
tação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.

§ 9º Cabe à lei complementar:

I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano


plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual;

II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como

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condições para a instituição e funcionamento de fundos.

III - dispor sobre critérios para a execução equitativa, além de procedimentos que serão adotados
quando houver impedimentos legais e técnicos, cumprimento de restos a pagar e limitação das progra-
mações de caráter obrigatório, para a realização do disposto nos §§ 11 e 12 do art. 166. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

§ 10. A administração tem o dever de executar as programações orçamentárias, adotando os meios e


as medidas necessários, com o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

§ 11. O disposto no § 10 deste artigo, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)

I - subordina-se ao cumprimento de dispositivos constitucionais e legais que estabeleçam metas


fiscais ou limites de despesas e não impede o cancelamento necessário à abertura de créditos adicio-
nais;

II - não se aplica nos casos de impedimentos de ordem técnica devidamente justificados;

III - aplica-se exclusivamente às despesas primárias discricionárias.

§ 12. Integrará a lei de diretrizes orçamentárias, para o exercício a que se refere e, pelo menos, para
os 2 (dois) exercícios subsequentes, anexo com previsão de agregados fiscais e a proporção dos recur-
sos para investimentos que serão alocados na lei orçamentária anual para a continuidade daqueles em
andamento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)

§ 13. O disposto no inciso III do § 9º e nos §§ 10, 11 e 12 deste artigo aplica-se exclusivamente aos
orçamentos fiscal e da seguridade social da União. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de
2019) (Produção de efeito)

§ 14. A lei orçamentária anual poderá conter previsões de despesas para exercícios seguintes, com a
especificação dos investimentos plurianuais e daqueles em andamento. (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 102, de 2019) (Produção de efeito)

§ 15. A União organizará e manterá registro centralizado de projetos de investimento contendo, por
Estado ou Distrito Federal, pelo menos, análises de viabilidade, estimativas de custos e informações so-
bre a execução física e financeira. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) (Produção de
efeito)

§ 16. As leis de que trata este artigo devem observar, no que couber, os resultados do monitoramen-
to e da avaliação das políticas públicas previstos no § 16 do art. 37 desta Constituição. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do
regimento comum.

§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as contas apresentadas
anualmente pelo Presidente da República;

II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos

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nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação
das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.

§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e aprecia-
das, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.

§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente
podem ser aprovadas caso:

I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias;

II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de despesa,


excluídas as que incidam sobre:

a) dotações para pessoal e seus encargos;

b) serviço da dívida;

c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou

III - sejam relacionadas:

a) com a correção de erros ou omissões; ou

b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.

§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o plano plurianual.

§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso Nacional para propor modifi-
cação nos projetos a que se refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da
parte cuja alteração é proposta.

§ 6º Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orçamentárias e do orçamento anual serão
enviados pelo Presidente da República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar a que se
refere o art. 165, § 9º.

§ 7º Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no que não contrariar o disposto nesta seção,
as demais normas relativas ao processo legislativo.

§ 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária


anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante crédi-
tos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização legislativa.

§ 9º As emendas individuais ao projeto de lei orçamentária serão aprovadas no limite de 1,2% (um
inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder
Executivo, sendo que a metade deste percentual será destinada a ações e serviços públicos de saúde.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)

§ 10. A execução do montante destinado a ações e serviços públicos de saúde previsto no § 9º, inclu-
sive custeio, será computada para fins do cumprimento do inciso I do § 2º do art. 198, vedada a desti-
nação para pagamento de pessoal ou encargos sociais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86, de
2015)

§ 11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações a que se refere o § 9º des-
te artigo, em montante correspondente a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita corrente

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líquida realizada no exercício anterior, conforme os critérios para a execução equitativa da programação
definidos na lei complementar prevista no § 9º do art. 165. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 86,
de 2015)

§ 12. A garantia de execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações
incluídas por todas as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Fe-
deral, no montante de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito) (Vide) (Vide)

§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não serão de execução
obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

§ 14. Para fins de cumprimento do disposto nos §§ 11 e 12 deste artigo, os órgãos de execução de-
verão observar, nos termos da lei de diretrizes orçamentárias, cronograma para análise e verificação de
eventuais impedimentos das programações e demais procedimentos necessários à viabilização da exe-
cução dos respectivos montantes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produ-
ção de efeito)

I - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

II - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

III - (revogado); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

IV - (revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

§ 15. (Revogado) (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efei-
to)

§ 16. Quando a transferência obrigatória da União para a execução da programação prevista nos §§
11 e 12 deste artigo for destinada a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios, independerá da adim-
plência do ente federativo destinatário e não integrará a base de cálculo da receita corrente líquida para
fins de aplicação dos limites de despesa de pessoal de que trata o caput do art. 169. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

§ 17. Os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 pode-
rão ser considerados para fins de cumprimento da execução financeira até o limite de 0,6% (seis décimos
por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior, para as programações das emendas
individuais, e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das emendas de
iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

§ 18. Se for verificado que a reestimativa da receita e da despesa poderá resultar no não cumprimento
da meta de resultado fiscal estabelecida na lei de diretrizes orçamentárias, os montantes previstos nos
§§ 11 e 12 deste artigo poderão ser reduzidos em até a mesma proporção da limitação incidente sobre
o conjunto das demais despesas discricionárias. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 100, de
2019) (Produção de efeito)

§ 19. Considera-se equitativa a execução das programações de caráter obrigatório que observe cri-
térios objetivos e imparciais e que atenda de forma igualitária e impessoal às emendas apresentadas,
independentemente da autoria. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de

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efeito)

§ 20. As programações de que trata o § 12 deste artigo, quando versarem sobre o início de inves-
timentos com duração de mais de 1 (um) exercício financeiro ou cuja execução já tenha sido iniciada,
deverão ser objeto de emenda pela mesma bancada estadual, a cada exercício, até a conclusão da obra
ou do empreendimento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 100, de 2019) (Produção de efeito)

Art. 166-A. As emendas individuais impositivas apresentadas ao projeto de lei orçamentária anual po-
derão alocar recursos a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios por meio de: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 105, de 2019)

I - transferência especial; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

II - transferência com finalidade definida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

§ 1º Os recursos transferidos na forma do caput deste artigo não integrarão a receita do Estado, do
Distrito Federal e dos Municípios para fins de repartição e para o cálculo dos limites da despesa com
pessoal ativo e inativo, nos termos do § 16 do art. 166, e de endividamento do ente federado, vedada, em
qualquer caso, a aplicação dos recursos a que se refere o caput deste artigo no pagamento de: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

I - despesas com pessoal e encargos sociais relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

II - encargos referentes ao serviço da dívida. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

§ 2º Na transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste artigo, os recursos: (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

I - serão repassados diretamente ao ente federado beneficiado, independentemente de celebração de


convênio ou de instrumento congênere; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

II - pertencerão ao ente federado no ato da efetiva transferência financeira; e (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 105, de 2019)

III - serão aplicadas em programações finalísticas das áreas de competência do Poder Executivo do
ente federado beneficiado, observado o disposto no § 5º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 105, de 2019)

§ 3º O ente federado beneficiado da transferência especial a que se refere o inciso I do caput deste
artigo poderá firmar contratos de cooperação técnica para fins de subsidiar o acompanhamento da exe-
cução orçamentária na aplicação dos recursos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

§ 4º Na transferência com finalidade definida a que se refere o inciso II do caput deste artigo, os recur-
sos serão: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

I - vinculados à programação estabelecida na emenda parlamentar; e (Incluído pela Emenda Constitu-


cional nº 105, de 2019)

II - aplicados nas áreas de competência constitucional da União. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 105, de 2019)

§ 5º Pelo menos 70% (setenta por cento) das transferências especiais de que trata o inciso I do caput
deste artigo deverão ser aplicadas em despesas de capital, observada a restrição a que se refere o inci-
so II do § 1º deste artigo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 105, de 2019)

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Art. 167. São vedados:

I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orçamentária anual;

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamen-


tários ou adicionais;

III - a realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressal-
vadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados
pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; (Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020)

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do pro-


duto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as
ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de
atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e
37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42,
de 19.12.2003)

V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;

VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programa-


ção para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;

VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;

VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da se-
guridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive dos
mencionados no art. 165, § 5º;

IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa.

X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de


receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despe-
sas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais de que trata o art. 195, I, a, e
II, para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência
social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

XII - na forma estabelecida na lei complementar de que trata o § 22 do art. 40, a utilização de recur-
sos de regime próprio de previdência social, incluídos os valores integrantes dos fundos previstos no art.
249, para a realização de despesas distintas do pagamento dos benefícios previdenciários do respectivo
fundo vinculado àquele regime e das despesas necessárias à sua organização e ao seu funcionamento;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

XIII - a transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias e as subvenções pela


União e a concessão de empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais aos Esta-
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios na hipótese de descumprimento das regras gerais de organiza-
ção e de funcionamento de regime próprio de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)

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XIV - a criação de fundo público, quando seus objetivos puderem ser alcançados mediante a vincula-
ção de receitas orçamentárias específicas ou mediante a execução direta por programação orçamentária
e financeira de órgão ou entidade da administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109,
de 2021)

§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem
prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabi-
lidade.

§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que forem auto-
rizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele exercício, caso
em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao orçamento do exercício financeiro
subseqüente.

§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas imprevisíveis
e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública, observado o dispos-
to no art. 62.

§ 4º É permitida a vinculação das receitas a que se referem os arts. 155, 156, 157, 158 e as alíneas
“a”, “b”, “d” e “e” do inciso I e o inciso II do caput do art. 159 desta Constituição para pagamento de débi-
tos com a União e para prestar-lhe garantia ou contragarantia. (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 109, de 2021)

§ 5º A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programa-


ção para outra poderão ser admitidos, no âmbito das atividades de ciência, tecnologia e inovação, com o
objetivo de viabilizar os resultados de projetos restritos a essas funções, mediante ato do Poder Execu-
tivo, sem necessidade da prévia autorização legislativa prevista no inciso VI deste artigo. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015)

§ 6º Para fins da apuração ao término do exercício financeiro do cumprimento do limite de que trata o
inciso III do caput deste artigo, as receitas das operações de crédito efetuadas no contexto da gestão da
dívida pública mobiliária federal somente serão consideradas no exercício financeiro em que for realizada
a respectiva despesa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 167-A. Apurado que, no período de 12 (doze) meses, a relação entre despesas correntes e recei-
tas correntes supera 95% (noventa e cinco por cento), no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, é facultado aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público, ao Tribunal
de Contas e à Defensoria Pública do ente, enquanto permanecer a situação, aplicar o mecanismo de
ajuste fiscal de vedação da: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

I - concessão, a qualquer título, de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de


membros de Poder ou de órgão, de servidores e empregados públicos e de militares, exceto dos deriva-
dos de sentença judicial transitada em julgado ou de determinação legal anterior ao início da aplicação
das medidas de que trata este artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

II - criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021)

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 109, de 2021)

IV - admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, ressalvadas: (Incluído pela Emenda Cons-

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titucional nº 109, de 2021)

a) as reposições de cargos de chefia e de direção que não acarretem aumento de despesa; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

b) as reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios; (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 109, de 2021)

c) as contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput do art. 37 desta Constituição; e (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

d) as reposições de temporários para prestação de serviço militar e de alunos de órgãos de formação


de militares; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

V - realização de concurso público, exceto para as reposições de vacâncias previstas no inciso IV des-
te caput; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

VI - criação ou majoração de auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou bene-


fícios de qualquer natureza, inclusive os de cunho indenizatório, em favor de membros de Poder, do Mi-
nistério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e empregados públicos e de militares, ou ainda
de seus dependentes, exceto quando derivados de sentença judicial transitada em julgado ou de deter-
minação legal anterior ao início da aplicação das medidas de que trata este artigo; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 109, de 2021)

VII - criação de despesa obrigatória; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

VIII - adoção de medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação,
observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º desta Constituição;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

IX - criação ou expansão de programas e linhas de financiamento, bem como remissão, renegociação


ou refinanciamento de dívidas que impliquem ampliação das despesas com subsídios e subvenções;
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

X - concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária. (Incluído pela Emenda


Constitucional nº 109, de 2021)

§ 1º Apurado que a despesa corrente supera 85% (oitenta e cinco por cento) da receita corrente, sem
exceder o percentual mencionado no caput deste artigo, as medidas nele indicadas podem ser, no todo
ou em parte, implementadas por atos do Chefe do Poder Executivo com vigência imediata, facultado aos
demais Poderes e órgãos autônomos implementá-las em seus respectivos âmbitos. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 109, de 2021)

§ 2º O ato de que trata o § 1º deste artigo deve ser submetido, em regime de urgência, à apreciação
do Poder Legislativo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 3º O ato perde a eficácia, reconhecida a validade dos atos praticados na sua vigência, quando: (In-
cluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

I - rejeitado pelo Poder Legislativo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

II - transcorrido o prazo de 180 (cento e oitenta) dias sem que se ultime a sua apreciação; ou (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

III - apurado que não mais se verifica a hipótese prevista no § 1º deste artigo, mesmo após a sua apro-

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vação pelo Poder Legislativo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 4º A apuração referida neste artigo deve ser realizada bimestralmente. (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 109, de 2021)

§ 5º As disposições de que trata este artigo: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

I - não constituem obrigação de pagamento futuro pelo ente da Federação ou direitos de outrem sobre
o erário; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

II - não revogam, dispensam ou suspendem o cumprimento de dispositivos constitucionais e legais


que disponham sobre metas fiscais ou limites máximos de despesas. (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 109, de 2021)

§ 6º Ocorrendo a hipótese de que trata o caput deste artigo, até que todas as medidas nele previstas
tenham sido adotadas por todos os Poderes e órgãos nele mencionados, de acordo com declaração do
respectivo Tribunal de Contas, é vedada: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

I - a concessão, por qualquer outro ente da Federação, de garantias ao ente envolvido; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

II - a tomada de operação de crédito por parte do ente envolvido com outro ente da Federação, direta-
mente ou por intermédio de seus fundos, autarquias, fundações ou empresas estatais dependentes, ain-
da que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente, res-
salvados os financiamentos destinados a projetos específicos celebrados na forma de operações típicas
das agências financeiras oficiais de fomento. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 167-B. Durante a vigência de estado de calamidade pública de âmbito nacional, decretado pelo
Congresso Nacional por iniciativa privativa do Presidente da República, a União deve adotar regime
extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para atender às necessidades dele decorrentes, so-
mente naquilo em que a urgência for incompatível com o regime regular, nos termos definidos nos arts.
167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)

Art. 167-C. Com o propósito exclusivo de enfrentamento da calamidade pública e de seus efeitos so-
ciais e econômicos, no seu período de duração, o Poder Executivo federal pode adotar processos simpli-
ficados de contratação de pessoal, em caráter temporário e emergencial, e de obras, serviços e compras
que assegurem, quando possível, competição e igualdade de condições a todos os concorrentes, dispen-
sada a observância do § 1º do art. 169 na contratação de que trata o inciso IX do caput do art. 37 desta
Constituição, limitada a dispensa às situações de que trata o referido inciso, sem prejuízo do controle dos
órgãos competentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 167-D. As proposições legislativas e os atos do Poder Executivo com propósito exclusivo de
enfrentar a calamidade e suas consequências sociais e econômicas, com vigência e efeitos restritos à
sua duração, desde que não impliquem despesa obrigatória de caráter continuado, ficam dispensados da
observância das limitações legais quanto à criação, à expansão ou ao aperfeiçoamento de ação gover-
namental que acarrete aumento de despesa e à concessão ou à ampliação de incentivo ou benefício de
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
2021)

Parágrafo único. Durante a vigência da calamidade pública de âmbito nacional de que trata o art. 167-
B, não se aplica o disposto no § 3º do art. 195 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional

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nº 109, de 2021)

Art. 167-E. Fica dispensada, durante a integralidade do exercício financeiro em que vigore a calamida-
de pública de âmbito nacional, a observância do inciso III do caput do art. 167 desta Constituição. (Incluí-
do pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 167-F. Durante a vigência da calamidade pública de âmbito nacional de que trata o art. 167-B des-
ta Constituição: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

I - são dispensados, durante a integralidade do exercício financeiro em que vigore a calamidade públi-
ca, os limites, as condições e demais restrições aplicáveis à União para a contratação de operações de
crédito, bem como sua verificação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

II - o superávit financeiro apurado em 31 de dezembro do ano imediatamente anterior ao reconhe-


cimento pode ser destinado à cobertura de despesas oriundas das medidas de combate à calamidade
pública de âmbito nacional e ao pagamento da dívida pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
109, de 2021)

§ 1º Lei complementar pode definir outras suspensões, dispensas e afastamentos aplicáveis durante
a vigência do estado de calamidade pública de âmbito nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
109, de 2021)

§ 2º O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica às fontes de recursos: (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

I - decorrentes de repartição de receitas a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios; (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

II - decorrentes das vinculações estabelecidas pelos arts. 195, 198, 201, 212, 212-A e 239 desta Cons-
tituição; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

III - destinadas ao registro de receitas oriundas da arrecadação de doações ou de empréstimos com-


pulsórios, de transferências recebidas para o atendimento de finalidades determinadas ou das receitas
de capital produto de operações de financiamento celebradas com finalidades contratualmente determi-
nadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 167-G. Na hipótese de que trata o art. 167-B, aplicam-se à União, até o término da calamidade
pública, as vedações previstas no art. 167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
109, de 2021)

§ 1º Na hipótese de medidas de combate à calamidade pública cuja vigência e efeitos não ultrapas-
sem a sua duração, não se aplicam as vedações referidas nos incisos II, IV, VII, IX e X do caput do art.
167-A desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 2º Na hipótese de que trata o art. 167-B, não se aplica a alínea “c” do inciso I do caput do art. 159
desta Constituição, devendo a transferência a que se refere aquele dispositivo ser efetuada nos mesmos
montantes transferidos no exercício anterior à decretação da calamidade. (Incluído pela Emenda Consti-
tucional nº 109, de 2021)

§ 3º É facultada aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a aplicação das vedações referidas
no caput, nos termos deste artigo, e, até que as tenham adotado na integralidade, estarão submetidos
às restrições do § 6º do art. 167-A desta Constituição, enquanto perdurarem seus efeitos para a União.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

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Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os créditos suple-
mentares e especiais, destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério Público
e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, na forma da
lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)

§ 1º É vedada a transferência a fundos de recursos financeiros oriundos de repasses duodecimais.


(Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 2º O saldo financeiro decorrente dos recursos entregues na forma do caput deste artigo deve ser
restituído ao caixa único do Tesouro do ente federativo, ou terá seu valor deduzido das primeiras parce-
las duodecimais do exercício seguinte. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Fe-
deral e dos Municípios não pode exceder os limites estabelecidos em lei complementar. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)

§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos


e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a
qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituí-
das e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único, pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998) (Vide Emenda constitucional nº 106, de 2020)

I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal
e aos acréscimos dela decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas pú-


blicas e as sociedades de economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos
parâmetros ali previstos, serão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou esta-
duais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não observarem os referidos limites. (Incluí-
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na
lei complementar referida no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as
seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de con-
fiança; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
(Vide Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o
cumprimento da determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder
o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o
órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
19, de 1998)

§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspon-
dente a um mês de remuneração por ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de

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1998)

§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada
a criação de cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro
anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

Exercícios

1. (PC/AM - Delegado de Polícia – FGV/2022) Em um período no qual a região norte do País estava
sendo atingida por uma calamidade de grandes proporções da natureza, um grupo de vinte Senadores
subscreveu uma proposta de emenda constitucional, visando a alterar a sistemática afeta à estruturação
dos órgãos de segurança pública. Acresça-se que proposta idêntica fora apresentada e rejeitada pelo
Senado Federal na mesma legislatura, mais especificamente no ano anterior.

À luz da sistemática constitucional, é correto afirmar que essa proposta afronta

(A) os limites formais, materiais, circunstanciais e temporais de reforma constitucional.

(B) apenas os limites formais, circunstanciais e temporais de reforma constitucional.

(C) apenas os limites circunstancias e temporais de reforma constitucional.

(D) apenas os limites formais e materiais de reforma constitucional.

(E) apenas os limites formais de reforma constitucional.

2. (SES/RS - Assessor Jurídico – FAURGS/2022) Poder constituinte, é um poder de origem popular,


em que o povo, através de seus representantes, cria a lei maior daquele Estado, ou seja, a Constituição.
Não esquecendo que o titular do poder constituinte é o povo. Assinale o poder constituinte que inaugura
a primeira constituição de um Estado ou uma nova constituição e que tem entre suas características ser
soberano, autônomo, inicial, ilimitado e incondicional.

(A) Cláusulas pétreas.

(B) Originário.

(C) Derivado Reformador.

(D) Derivado Revisor.

(E) Derivado Decorrente.

3. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2020) Considerando a abrangência das normas constitucionais, ana-


lise as afirmativas a seguir.

I. O texto constitucional, ao dispor sobre a limitação do poder e ao atribuir uma série de direitos e ga-
rantias fundamentais, estabeleceu dispositivos dotados de eficácia jurídica. Mas em razão da incomple-
tude da Constituição, que não tem como disciplinar todos os interesses e relações da vida, essa eficácia
não produz igual grau de efeitos entre as normas constitucionais, que algumas vezes irão requerer a
ulterior atividade legislativa para a plena produção de efeitos.

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II. Existem normas constitucionais que, por possuírem plena normatividade, desde a sua entrada em
vigor, produzirão a integralidade de seus efeitos, o que fez com que a doutrina brasileira estabeleces-
se uma classificação analisando a eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais, em normas de
eficácia plena e aplicabilidade direta e imediata e integral; normas de eficácia contida, com aplicabilidade
direta e imediata, mas com abrangência reduzível; e normas de eficácia limitada.

III. Quanto aos direitos e garantias fundamentais, tem-se que o melhor entendimento é o que defende,
independentemente da completude normativa dos dispositivos que consagram tais direitos, a presunção
da aplicabilidade imediata desses direitos. Estão corretas as afirmativas:

(A) I, II e III.

(B) I e II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) II e III, apenas.

4. (OMNI – 2021) As normas constitucionais de eficácia plena, são aquelas que no momento em que
entra em vigor, passa a produzir todos os efeitos, independendo de norma integrativa infraconstitucional,
sendo assim é CORRETO afirmar que qual dos artigos da Constituição Federal, citados a seguir é norma
constitucional de eficácia plena.

(A) Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

(B) Art. 131. A Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente ou através de órgão vincula-
do, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico
do Poder Executivo.

(C) Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacita-
ção científica e tecnológica e a inovação.

(D) Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da
cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

5. (FEPESE – 2020) É correto afirmar, acerca da eficácia das normas constitucionais

(A) Os princípios programáticos declaratórios instituídos pelas normas constitucionais de eficácia ple-
na e aplicabilidade imediata são consideradas normas autoaplicáveis desde a sua publicação.

(B) As normas constitucionais de eficácia contida se assemelham às de eficácia limitada à medida que
dependem diretamente da produção de regulamentação infraconstitucional para produzirem efeitos.

(C) As normas de eficácia contida poderão sofrer restrição da sua eficácia tanto pela própria constitui-
ção como por leis infraconstitucionais.

(D) As normas constitucionais de eficácia plena, aplicabilidade direta e imediata são integradas por
normas de mesmo status e hierarquias para produzirem efeitos.

(E) Destituídas de efeitos mínimos, as normas constitucionais de eficácia limitada são de aplicabilida-
de indireta e reduzida, somente produzindo qualquer tipo de efeito após a edição de norma regulamenta-
dora.

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6. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Federal, todos são iguais perante a lei, sem dis-
tinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a invio-
labilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes termos,
entre outros:

I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente-


mente de censura ou licença.

II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
exercício profissional.

III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da correspondência e das comunicações telefônicas,


uma vez que, poderá ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual penal e, nos casos
de investigação criminal, por determinação do delegado responsável pela investigação.

Está(ão) CORRETO(S):

(A) Somente o item I.

(B) Somente o item II.

(C) Somente os itens I e III.

(D) Somente os itens II e III.

(E) Todos os itens.

7. (FUNDATEC – 2021) Conforme o Art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988,


assinale a alternativa INCORRETA.

(A) É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.

(B) É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano mate-
rial, moral ou à imagem.

(C) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, independentemente das qualificações
profissionais que a lei estabelecer.

(D) É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e milita-
res de internação coletiva.

(E) É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.

8. (FGV – 2021) Conforme disposto na Constituição Federal é direito dos trabalhadores urbanos e
rurais o décimo terceiro salário, que será baseado:

(A) na remuneração integral ou no valor da aposentadoria.

(B) no valor suplementar do bônus de participação do lucro.

(C) na alíquota de encargos previdenciários do período vigente.

(D) no maior salário mínimo do país ou conforme for estipulado no estatuto da empresa.

(E) no salário completo ou no valor pago de imposto sobre a renda retido na fonte.

9. (IDIB – 2021) Com base nas disposições constitucionais sobre a organização político-administrati-
va, assinale a alternativa correta.

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(A) É vedada a criação de Territórios Federais, mas estes podem ser reintegrados ao Estado de ori-
gem.

(B) A Constituição Federal proíbe que os Estados se desmembrem para formarem novos Estados.

(C) A criação de Municípios far-se-á por lei complementar federal.

(D) Os Territórios Federais integram a União e a transformação em Estados será regulada em lei com-
plementar.

(E) A Constituição Federal proíbe a subdivisão dos Estados e do Distrito Federal.

10. (IBGP – 2021) Quanto à organização do Estado, assinale a alternativa correta.

(A) A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sendo todos autônomos.

(B) A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios far-se-ão por lei federal,
dentro do período determinado por Lei Complementar Federal.

(C) Os Estados não podem se incorporarem entre si, subdividirem-se ou se desmembrarem para se
anexarem a outros.

(D) É permitido aos Estados e aos Municípios recusar fé aos documentos públicos.

(E) Em regra, é legítimo à União estabelecer cultos religiosos, mantendo com seus representantes
relações de aliança.

11. (FUNDATEC – 2021) Em relação aos princípios constitucionais que regem a administração públi-
ca(conforme artigo 37 da Constituição Federal vigente), analise as assertivas a seguir:

• O Princípio da __________ exige que a atividade administrativa seja desenvolvida de modo leal e
que assegure a toda a comunidade a obtenção de vantagens justas.

• As ações do administrador público são plenamente vinculadas ao que estabelecem as normas vigen-
tes, ou seja, ele somente pode fazer o que a lei autoriza ou determina. Diferente do gestor privado, que
pode fazer tudo o que a lei não proíbe. Esse é o Princípio da __________.

• O Princípio da __________ exige que os atos estatais sejam levados ao conhecimento de todos,
ressalvadas hipóteses em que se justificar o sigilo.

Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas dos trechos acima.

(A) Eficiência – Impessoalidade – Transparência

(B) Eficiência – Legalidade – Transparência

(C) Moralidade – Impessoalidade – Publicidade

(D) Moralidade – Impessoalidade – Transparência

(E) Moralidade – Legalidade – Publicidade

12. (UFPel-CES – 2021) De acordo com o art. 41 da Constituição Federal, são estáveis após três anos
de exercício, os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público,
sendo

(A) condição para a aquisição da estabilidade a avaliação especial de desempenho por comissão insti-
tuída para essa finalidade.

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(B) vedada a invalidação da demissão de servidor estável por sentença judicial, pois não pode o Poder
Judiciário intervir em ato da administração pública.

(C) que em caso de extinção do cargo, o servidor estável será demitido.

(D) inadmissível que o servidor conteste o resultado da avaliação periódica de desempenho.

(E) o processo administrativo meio inviável para proceder a demissão de servidor público estável.

13. (SES/RS - Assessor Jurídico – FAURGS/2022) Assinale a alternativa que apresenta corretamente
em ordem crescente as seis etapas ou fases do Processo Legislativo Brasileiro.

(A) 1ª) iniciativa, 2ª) discussão, 3ª) deliberação (ou votação), 4ª) sanção ou veto, 5ª) promulgação e
6ª) publicação.

(B) 1ª) discussão, 2ª) iniciativa, 3ª) deliberação (ou votação), 4ª) promulgação, 5ª) sanção ou veto e
6ª) publicação.

(C) 1ª) discussão, 2ª) iniciativa, 3ª) deliberação (ou votação), 4ª) sanção ou veto, 5ª) promulgação e
6ª) publicação.

(D) 1ª) iniciativa, 2ª) discussão, 3ª) sanção ou veto, 4ª) deliberação (ou votação), 5ª) publicação e 6ª)
promulgação.

(E) 1ª) iniciativa, 2ª) discussão, 3ª) deliberação (ou votação), 4ª) sanção ou veto, 5ª) publicação e 6ª)
promulgação.

14. (Prefeitura de Presidente Prudente/SP - Procurador Municipal – VUNESP/2022)Assinale a alterna-


tiva correta a respeito do processo legislativo.

(A) Cabe ao chefe do Poder Executivo Federal a iniciativa de projetos de lei referentes à criação, ex-
tinção e remuneração dos cargos dos membros e serviços auxiliares dos Tribunais de Contas.

(B) A Constituição Federal veda expressamente emendas parlamentares em projetos de lei de iniciati-
va exclusiva do Presidente da República.

(C) Lei que foi aprovada por projeto que continha vício de iniciativa pode ser convalidada pela sanção
regulamentar e tempestiva do Presidente da República.

(D) A iniciativa popular de projetos de lei pode ser utilizada para deflagrar processo legislativo de ma-
téria reservada, exceto se for de iniciativa exclusiva do Presidente da República.

(E) Leis de matéria tributária, com o objetivo de instituir, modificar ou revogar tributos da União, podem
ser propostas por qualquer parlamentar federal.

15. (FADESP – 2021) De acordo com a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Art. 70, a
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da
administração direta e indireta, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder. O controle externo será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas, que possui diversas competências. Portanto, não consiste em uma das competências do Tribunal
de Contas:

(A) a fiscalização das contas contábeis das empresas nacionais de cujo capital social a União partici-
pe, de forma direta, nos termos do tratado constitutivo.

(B) a apreciação das contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante parecer

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prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento.

(C) a fiscalização da aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante convênio,
acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município.

(D) a aplicação aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, as


sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano causa-
do ao erário.

(E) a prestação das informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou
por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
cional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas.

16. (PC/AM - Delegado de Polícia – FGV/2022) A respeito da disciplina constitucional do orçamento


público, analise as afirmativas a seguir.

I. Embora a lei orçamentária anual seja de iniciativa privativa do Poder Executivo, a lei de diretrizes
orçamentárias e o plano plurianual são de iniciativa concorrente entre o Poder Executivo e o Poder Legis-
lativo.

II. A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da des-
pesa, sendo nela vedada igualmente a previsão de contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita.

III. É permitida a vinculação das receitas auferidas com o Imposto Estadual sobre a Circulação de
Mercadorias (ICMS) para pagamento de débitos com a União e para prestar-lhe garantia ou contra garan-
tia.

Está correto o que se afirma em

(A) I e II, apenas.

(B) II e III, apenas.

(C) I, II e III.

(D) II, apenas.

(E) III, apenas.

17. (SES/RS - Sociólogo – FAURGS/2022) Considere as afirmações abaixo segundo a Constituição da


República Federativa do Brasil.

I - Fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos Estados e Municípios


será exercida pelos respectivos Tribunais de Contas estaduais e municipais, integrados por nove Conse-
lheiros nomeados por concurso público.

II - Pelo princípio da isonomia constitucional, pode o Governador do Estado, no exercício da direção


superior da administração estadual, dispor, mediante decreto e comprovada a economia ao erário, sobre
a organização e extinção de funções ou cargos públicos vagos.

III- Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

IV - Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei, colaborar na
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

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Quais estão corretas?

(A) Apenas I, II e III.

(B) Apenas II e IV.

(C) Apenas II e III.

(D) Apenas I e III.

(E) Apenas III e IV.

18. (Prefeitura de Guatambú/SC - Procurador do Município – FEPESE/2022) De acordo com a Consti-


tuição Federal, é correto afirmar:

(A) As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária são isentas
de impostos federais, estaduais e municipais.

(B) Na desapropriação por interesse público, para fins de reforma agrária, as benfeitorias sempre se-
rão indenizadas em dinheiro.

(C) Os imóveis rurais distribuídos por meio da reforma agrária serão gravados com cláusula perpétua
de inalienabilidade.

(D) A pequena e a média propriedade não poderão ser objeto de desapropriação para fins de reforma
agrária.

(E) A utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente é o re-
quisito preponderante para que o imóvel rural atinja a sua função social.

19. (Prefeitura de Varginha/MG - Procurador Municipal – OBJETIVA/2022) De acordo com os incisos


do Artigo 167, da Constituição da República Federativa do Brasil, assinalar a alternativa que corresponde
a uma vedação constitucional em matéria orçamentária:

(A) A abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização do Presidente da Repúbli-
ca.

(B) A realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, inclusi-
ve as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo
Poder Legislativo por maioria absoluta.

(C) A transferência voluntária de recursos, a concessão de avais, as garantias e as subvenções pela


União, e a concessão de empréstimos e de financiamentos por instituições financeiras federais aos Esta-
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, na hipótese de descumprimento das regras gerais de organiza-
ção e de funcionamento de regime próprio de Previdência Social.

(D) A transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, exceto por antecipação de


receita, pelos governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas
com pessoal ativo, inativo e pensionista dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

20. (Prefeitura de Guatambú/SC - Procurador do Município – FEPESE/2022) De acordo com a Cons-


tituição Federal, assinale a alternativa que indica corretamente o meio legislativo adequado para dispor
sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da
lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual.

(A) Lei ordinária.

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(B) Lei delegada.

(C) Decreto executivo.

(D) Decreto legislativo.

(E) Lei complementar.

GABARITO

1 E
2 B
3 A
4 A
5 C
6 B
7 C
8 A
9 D
10 A
11 E
12 A
13 A
14 E
15 A
16 E
17 E
18 A
19 C
20 E

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