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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICANÁLISE: VIDA E AS

OBRAS DO SIGMUND
INTRODUÇÃO FREUD
AO ESTUDO DA
PSICANÁLISE: VIDA E AS OBRAS DE
SIGMUND FREUD
Sumário

NOSSA HISTÓRIA ..................................................................................................... 3

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 4

BIOGRAFIA DE SIGMUND FREUD........................................................................... 5


INÍCIO DA CARREIRA PROFISSIONAL ................................................................... 6

VIDA PESSOAL ......................................................................................................... 7

MORTE ...................................................................................................................... 8

TEORIAS DE FREUD ................................................................................................ 9

OBRAS..................................................................................................................... 10

A PSICANÁLISE ...................................................................................................... 11

ESTRUTURA E DINÂMICA DA PERSONALIDADE ................................................ 12


OS NÍVEIS DA CONSCIÊNCIA OU MODELO TOPOLÓGICO DA MENTE (1ª
TÓPICA)................................................................................................................... 12

MODELO ESTRUTURAL DA PERSONALIDADE (2ª TÓPICA) .............................. 14

OS MECANISMOS DE DEFESA ............................................................................. 15

AS FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL ........................................ 17

A FASE ORAL .......................................................................................................... 17

A FASE ANAL .......................................................................................................... 18

A FASE FÁLICA ....................................................................................................... 19

O PERÍODO DE LATÊNCIA .................................................................................... 20

A FASE GENITAL .................................................................................................... 21

A TEORIA PSICANALÍTICA DOS TRANSTORNOS MENTAIS ............................... 21


PSICANÁLISE: APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS ............................... 25

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 29

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de


empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino,
de publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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Introdução ao Estudo da Psicanálise: Vida e as Obras
do Sigmund Freud

Introdução

Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou,


radicalmente, o modo de pensar a vida psíquica. Sua contribuição é comparável à
de Karl Marx na compreensão dos processos históricos e sociais. Freud ousou
colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras”, isto é, as
fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas
científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da
Psicanálise.

O termo psicanálise é usado para se referir a uma teoria, a um método de


investigação e a uma prática profissional. Enquanto teoria, caracteriza-se por um
conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida psíquica.
Freud publicou uma extensa obra, durante toda a sua vida, relatando suas
descobertas e formulando leis gerais sobre a estrutura e o funcionamento da psique
humana.

A Psicanálise, enquanto método de investigação, caracteriza-se pelo método


interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de
ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as
associações livres, os atos falhos.

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A prática profissional refere-se à forma de tratamento, a Análise, que busca o
autoconhecimento ou a cura, que ocorre através desse autoconhecimento.
Atualmente, o exercício da Psicanálise ocorre de muitas outras formas. Ou seja, é
usada como base para psicoterapias, aconselhamento, orientação; é aplicada no
trabalho com grupos, instituições. A Psicanálise também é um instrumento
importante para a análise e compreensão de fenômenos sociais relevantes: as
novas formas de sofrimento psíquico, o excesso de individualismo no mundo
contemporâneo, a exacerbação da violência etc.

Compreender a Psicanálise significa percorrer novamente o trajeto pessoal


de Freud, desde a origem dessa ciência e durante grande parte de seu
desenvolvimento. A relação entre autor e obra torna-se mais significativa quando
descobrimos que grande parte de sua produção foi baseada em experiências
pessoais, transcritas com rigor em várias de suas obras, como A interpretação dos
sonhos e A psicopatologia da vida cotidiana, dentre outras. Compreender a
Psicanálise significa, também, percorrer, no nível pessoal, a experiência inaugural
de Freud e buscar “descobrir” as regiões obscuras da vida psíquica, vencendo as
resistências interiores.

Biografia de Sigmund Freud

Sigmund Freud nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, no dia 6 de maio de


1856. A cidade em que Freud nasceu fazia parte do Império Austríaco (futuro
Império Austro-Húngaro) e hoje se chama Příbor e faz parte do território da
Tchéquia. O nome original de Freud era Sigismund Schlomo Freud (mudou seu
nome para Sigmund em 1878).

Freud foi o primeiro de oito filhos do casal de judeus formado por Jakob
Freud e Amalia Nathansohn. Os outros filhos do casal, e irmãos de Freud,
chamavam-se Julius, Anna, Regine, Marie, Esther, Pauline e Alexander. Quando
ainda era uma criança pequena, os pais de Freud decidiram mudar-se para Viena,
local onde Freud passou quase toda a sua vida.

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Durante sua fase escolar, Freud ficou conhecido por ser um bom estudante,
possuía boas notas, lia muito e tinha enorme facilidade para aprender idiomas. Os
biógrafos de Freud falam que ele tinha ótimo desempenho em idiomas como
francês, inglês, latim e grego, por exemplo. Em 1873, Freud concluiu o ensino médio
e, com 17 anos, ingressou na Universidade de Viena.

Início da carreira profissional

Na Universidade de Viena, Freud estudava medicina e, a princípio,


interessou-se pela bacteriologia. Tempos depois, Freud envolveu-se com pesquisas
no laboratório de neurofisiologia, dedicando-se à dissecação de enguias macho
para estudar o seu sistema reprodutivo. Depois se dedicou a estudos que faziam a
comparação da estrutura do cérebro humano com a de outros animais.

Em 1881, depois de quase nove anos de graduação, Freud conseguiu


formar-se em medicina e, naquele ano, conseguiu um emprego no Hospital Geral de
Viena. Freud continuou realizando suas pesquisas, que eram focadas no campo da
neurologia, e logo começou a realizar palestras nessa área do conhecimento da
medicina.

O interesse de Freud voltava-se para as doenças psíquicas – chamadas na


época de histeria. Freud considerava os tratamentos da época inadequados, pois
associavam essas doenças a transtornos físicos.

Um dos primeiros experimentos de Freud foi procurar tratar dores de cabeça


e ansiedade por meio do uso de cocaína. Nessa época, drogas como cocaína e
metanfetamina não eram proibidas e eram usadas indiscriminadamente por muitos.
Freud chegou, inclusive, a auto administrar cocaína como parte do seu experimento.

Inicialmente, ele acreditava que a cocaína era um meio eficaz de combater a


ansiedade, mas acabou abandonando esse tratamento quando passou a ter
conhecimento das consequências do uso dessa substância. Outro estudo
promovido por Freud nessa fase de sua vida está relacionado com a afasia,

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distúrbio neurológico em que a pessoa tem grande dificuldade com a formulação e
compreensão da linguagem.

Em 1885, Freud foi a Paris para realizar estudos com Jean-Martin Charcot,
um importante neurologista da época. Charcot era conhecido por tratar os seus
pacientes por meio da hipnose. O que Freud aprendeu com Charcot teve enorme
peso para que ele formulasse suas teorias anos depois.

Vida pessoal

Em 1882, Freud conheceu Martha Bernays, amiga de uma de suas irmãs.


Pouco tempo depois, iniciaram um relacionamento e, com dois meses de namoro,
ficaram noivos. Em 1886, Freud e Martha casaram-se e, ao longo de sua vida,
tiveram seis filhos: Mathilde, Jean-Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna. Dois filhos
de Freud, Ernst e Anna, tiveram grande sucesso em suas carreiras profissionais. O
primeiro foi arquiteto, e a segunda seguiu os passos do pai e tornou-se psicanalista.

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Problemas com o nazismo
Com a ascensão do nazismo, na década de 1930, Freud começou a enfrentar
alguns problemas. Em 1933, alguns dos seus livros foram queimados pelos nazistas
na Alemanha. Isso aconteceu por conta do antissemitismo do nazismo, que
associava as ideias de Freud à decadência do “mundo moderno”. Por conta dessa
ocasião, Freud escreveu ironicamente para um amigo dizendo: “Que progresso
estamos fazendo! Na Idade Média, teriam me queimado na fogueira. Agora eles se
contentam em queimar meus livros”

Em 1938, Freud foi obrigado a fugir da Áustria, por conta do Anschluss, nome
como ficou conhecida a anexação da Áustria à Alemanha Nazista. Como era judeu,
Freud acabou tendo que se mudar para Londres, na Inglaterra, local onde faleceu
pouco mais de um ano depois.

A princípio, Freud estava relutante da ideia de se mudar de Viena, mas se


convenceu da necessidade de abandonar a Áustria depois que sua filha, Anna
Freud, foi presa temporariamente pela Gestapo, a polícia política do nazismo.
Tempos depois, quatro das irmãs de Freud foram mortas em campos de
concentração.

Morte

Durante sua juventude, Freud adquiriu o hábito de fumar, primeiro cigarros,


depois, charutos. Esse hábito acabou fazendo com que Freud adquirisse câncer de
boca na década de 1920. Freud passou por mais de 30 intervenções cirúrgicas no
combate à doença e acabou tendo que retirar parte de sua mandíbula, passando a
viver nos seus últimos anos com uma prótese.

O câncer na boca de Freud passou a causar-lhe dores intensas. Por essa


razão, convenceu seu amigo, Max Schur, a aplicar-lhe doses excessivas de morfina,
que o levaram à morte em 23 de setembro de 1939. As casas em que Freud viveu

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em Freiberg in Mähren, Viena e Londres foram transformadas em museus em
homenagem ao seu legado.

Teorias de Freud
Ao longo de sua carreira, Freud ficou conhecido por formular inúmeras teorias
que influenciaram de maneira considerável o campo da psicologia. A saber:

Complexo de Édipo
Freud continuou a dedicar-se ao estudo da mente humana e passou a se
autoanalisar. Aplicando a psicanálise sobre si mesmo, ele conseguiu acessar
memórias da sua infância, e essa autoanálise lhe permitiu formular a teoria do
Complexo de Édipo. Freud realizou essa autoanálise após associar pesadelos e
períodos depressivos que enfrentou com a morte de seu pai.

No Complexo de Édipo, Freud argumentou que crianças do sexo masculino


passam por uma fase em que se apaixonam pela sua mãe e, por isso, criam
sentimentos hostis em relação a seus pais. Tempos depois, Carl Jung, famoso
psicanalista influenciado por Freud, teorizou que isso também acontecia na relação
de filhas com seus pais, o que ficou conhecido como Complexo de Electra.

Freud também teorizou que, durante o Complexo de Édipo, o desejo sexual


surge nas crianças e essa experiência se dá por meio de diferentes sintomas em
meninos e meninas. Os meninos, segundo Freud, experimentam o “complexo da
castração”, e as meninas experimentam a “inveja do pênis”. Essas teorias de Freud
foram, posteriormente, bastante criticadas por outros psicanalistas.

Outras teorias
Ao longo de sua carreira, Freud teorizou ideias a respeito da interpretação
dos sonhos e do papel destes em retratar desejos que são reprimidos na mente

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humana ou memórias recentes que estão bloqueadas no inconsciente. A respeito do
inconsciente, disse que a mente humana funciona como um iceberg, em que parte
dos pensamentos é perceptível, e a outra parte, não.

Com base nessa metáfora, formulou os conceitos de id, ego e superego. O id


é o local da mente onde ficam os nossos impulsos e instintos. O ego é a parte lógica
e racional da psique e é responsável pela tomada de decisões. O superego, por sua
vez, é a parte da psique responsável pela repressão aos impulsos que são
contrários às normas sociais.

Obras
Ao longo de sua carreira como psicanalista, Freud escreveu uma série de
livros que são hoje um grande legado de sua obra. Dentre os livros escritos por
Freud, podem ser destacados:

→ A interpretação dos sonhos (1900);


→ Sobre a psicopatologia da vida cotidiana (1901);
→ Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905);
→ Cinco lições de psicanálise (1910);
→ Além do princípio do prazer (1920);
→ O futuro de uma ilusão (1927);
→ O mal-estar na civilização (1930).

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A Psicanálise
Depois de ter contato com a hipnose como forma de tratamento, Freud
procurou utilizá-la em seus pacientes. Isso aconteceu depois de ter aberto um
consultório em Viena para tratar de “doenças nervosas”. O contato com a hipnose
levou Freud a concluir, tempos depois, que as doenças mentais eram, de fato,
causadas por distúrbios em uma parte que ele chamou de inconsciente.

Freud passou a defender a ideia de que a forma de tratar essas doenças


deveria acontecer por meio das palavras. Inicialmente, Freud hipnotizava seus
pacientes e os incentivava a falar sobre todos os seus traumas. Esse procedimento
ficou conhecido como “cura pela palavra” e foi resultado da influência de um
neurologista chamado Josef Breuer.

Breuer era um dos mais importantes neurologistas de Viena, e o relato dele a


respeito de uma de suas pacientes teve grande impacto em Freud. Essa paciente,
que sofria de depressão, era Bertha Pappenheim, também conhecida como Anna O.
Breuer hipnotizava sua paciente e a orientava a falar sobre os seus sintomas e
traumas, tendo como resultado a melhora do quadro de Anna O.

Após esse caso, Freud passou a aplicar a “cura pela palavra” em seus
próprios pacientes. Ele os incentivava a falar sobre os traumas e anotava tudo o que
era dito pelos seus pacientes. Com o tempo, começou a identificar que a parte
consciente da mente humana não tinha acesso a todas as lembranças e grande
parte dos pensamentos ficava reprimida no “inconsciente”. Assim, o tratamento por
meio da psicanálise só seria de fato eficaz se fosse possível acessar os
pensamentos e traumas do inconsciente, levando-os para a consciência do
paciente.

Os atendimentos realizados por Freud aconteciam em um apartamento


localizado no mesmo prédio (Berggasse 19) que ficava sua casa. Freud colocava
seus pacientes em um sofá (chamado de divã), em uma posição em que não havia
contato visual com os pacientes. Os resultados foram mostrando-se satisfatórios, e
Freud começou a ganhar popularidade. Esses resultados foram importantes porque
conseguiram provar a teoria de Freud a respeito da existência do inconsciente na
mente humana.

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Estrutura e dinâmica da personalidade
Freud imaginava a psique (ou aparelho psíquico) do ser humano como um
sistema de energia: cada pessoa é movida, segundo ele, por uma quantidade
limitada de energia psíquica. Isso significa, por um lado, que se grande parte da
energia for necessária para a realização de determinado objetivo (ex. expressão
artística) ela não estará disponível para outros objetivos (ex. sexualidade); por outro
lado, se a pessoa não puder dar vazão à sua energia por um canal (ex.
sexualidade), terá de fazê-lo por outro (ex. expressão artística).

Essa energia provém das pulsões (às vezes chamadas incorretamente de


instintos). Segundo o autor, o ser humano possui duas pulsões inatas, a de vida
(Eros) e a de morte.

Essas duas pulsões opõem-se ao ideal da sociedade e, por isso, precisam


ser controladas através da educação, considerando que a energia gerada pelas
pulsões não é liberada de maneira direta. O ser humano é, assim, sexual e
agressivo por natureza e a função da sociedade é amansar essas tendências
naturais do homem. A situação de não poder dar vazão a essa energia gera no
indivíduo um estado de tensão interna que necessita ser resolvido. Toda ação do
homem é motivada, assim, pela busca hedonista de dar vazão à energia psíquica
acumulada.

Os níveis da consciência ou modelo topológico da mente (1ª Tópica)

O ser humano, no entanto, não se dá conta de todo esse processo de


geração e liberação de energia. Para explicar esse fato, Freud descreve três níveis
de consciência:

 O consciente, que abarca todos os fenômenos que em determinado momento


podem ser percebidos de maneira consciente pelo indivíduo;

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 O pré-consciente, refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em
determinado momento, mas podem tornar-se, se o indivíduo desejar se ocupar com
eles;
 O inconsciente, que diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são
conscientes e somente sob circunstâncias muito especiais podem tornar-se. (O
termo subconsciente é muitas vezes usado como sinônimo, apesar de ter sido
abandonado pelo próprio Freud.)

Freud não foi o primeiro a propor que parte da vida psíquica se desenvolve
inconscientemente. Ele foi, no entanto, o primeiro a pesquisar profundamente esse
território. Segundo ele, os desejos e pensamentos humanos produzem muitas vezes
conteúdos que causariam medo ao indivíduo, se não fossem armazenados no
inconsciente. Este tem assim uma função importantíssima de estabilização da vida
consciente. Sua investigação levou-o a propor que o inconsciente é alógico (e por
isso aberto a contradições); atemporal e aespacial (ou seja, conteúdos pertencentes
a épocas ou espaços diferentes podem estar próximas). Os sonhos são vistos como
expressão simbólica dos conteúdos inconscientes.

Através da compreensão do conceito de inconsciente torna-se clara a


compreensão da motivação na psicanálise clássica: muitos desejos, sentimentos e
motivos são inconscientes, por serem muito dolorosos para se tornarem
conscientes. No entanto esse conteúdo inconsciente influencia a experiência
consciente da pessoa, por exemplo, através de atos falhos, comportamentos
aparentemente irracionais, emoções inexplicáveis, medo, depressão, sentimento de
culpa. Assim, os sentimentos, sonhos, desejos e motivos inconscientes influenciam
e guiam o comportamento consciente.

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Modelo estrutural da personalidade (2ª Tópica)
Freud desenvolveu mais tarde, (1923) um modelo estrutural da
personalidade, em que o aparelho psíquico se organiza em três estruturas:

 Id (em alemão: es, "ele, isso"): O id é a fonte da energia psíquica, a


libido. O id é formado pelas pulsões, instintos, impulsos orgânicos e desejos
inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer (Lustprinzip), ou seja,
busca sempre o que produz prazer e evita o desprazer. Não faz planos, não espera,
busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece
inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter
o mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica,
valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e
dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente.
 Ego (ich, "eu"): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de
permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo
externo, por intermédio do chamado princípio da realidade. É esse princípio que
introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano. A
satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita

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satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas.
A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos
do id e a supervisão/realidade/repressão do superego.
 Superego (Über-Ich, "super-eu", "além-do-eu"): é a parte moral da
mente humana e representa os valores da sociedade.

O superego tem três objetivos:

(1) reprimir, através de punição ou sentimento de culpa, qualquer impulso


contrário às regras e ideais por ele ditados;

(2) forçar o ego a se comportar de maneira moral, mesmo que irracional; e,

(3) conduzir o indivíduo à perfeição, em gestos, pensamentos e palavras. O


superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores
recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode
funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por
ações praticadas, mas também por pensamentos inaceitáveis; outra característica
sua é o pensamento dualista (tudo ou nada, certo ou errado, sem meio-termo). O
superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser
procurado, e a consciência (Gewissen), que determina o mal a ser evitado.

Os mecanismos de defesa
O ego está constantemente sob tensão, nas suas tentativas de harmonizar os
impulsos do id no mundo exterior e adequando-os à repressão do superego.
Quando essa tensão (normalmente sob a forma de medo) se torna grande demais,
ameaça a estabilidade do ego, que pode fazer uso dos mecanismos de defesa ou
ajustamentos. Estas são estratégias do ego para diminuir o medo através de uma
deformação da realidade - dessa forma o ego exclui da consciência conteúdos
indesejados. Os mecanismos de defesa satisfazem os desejos do id apenas
parcialmente, mas, para este, uma satisfação parcial é melhor do que nenhuma.

Entre os mecanismos de defesa é preciso considerar, por um lado, os


mecanismos bastante elaborados para defender o eu (ego), e por outro lado, os que
estão simplesmente encarregados de defender a existência do narcisismo. Freud

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(1937) diz que mecanismos defensivos falsificam a percepção interna do sujeito
fornecendo somente uma representação imperfeita e deformada.

Freud descreveu muitos mecanismos de defesa no decorrer da sua obra e


seu trabalho foi continuado por sua filha Anna Freud; os principais mecanismos são:

 Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos


e frustrações demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou
lembrados, reprimindo-os e recalcando-os para o inconsciente; o que é
desagradável é, assim, esquecido;
 Formação reativa consiste em ostentar um procedimento e externar
sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados.
 Projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o
sujeito não pode admitir como suas.
 Regressão consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos,
característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou.
 Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de
continuar. Uma parte da líbido permanece ligada a um determinado estágio do
desenvolvimento e não permite que a criança passe completamente para o próximo
estágio. A fixação está relacionada com a regressão, uma vez que a probabilidade
de uma regressão a um determinado estágio do desenvolvimento aumenta se a
pessoa desenvolveu uma fixação por este.
 Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um
comportamento socialmente aceito.
 Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assume uma
característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o
agressor.
 Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos
indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são
direcionadas a terceiros.

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As fases do desenvolvimento psicossexual

Uma importante parte da teoria freudiana é dedicada ao desenvolvimento da


personalidade. Duas hipóteses caracterizam sua teoria:

Freud foi o primeiro a afirmar que os primeiros anos das vida são os mais
importantes para o desenvolvimento da pessoa e o desenvolvimento do indivíduo se
dá em fases ou estádios psicossexuais. Freud foi, assim, o primeiro autor a afirmar
que as crianças também têm uma sexualidade.

Freud descreve quatro fases distintas, pelas quais a criança passa em seu
desenvolvimento. Cada uma dessas fases é definida pela região do corpo a que as
pulsões se direcionam. Em cada fase surgem novas necessidades que exigem
satisfação; a maneira como essas necessidades são satisfeitas determina como a
criança se relaciona com outras pessoas e quais sentimentos ela tem para consigo
mesma. A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal
forma que uma nova fase pode iniciar sem que os processos da fase anterior tenha
se completado. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar
de uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos desencadeados em
uma fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda a
vida da pessoa.

A fase oral

A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o


nascimento até aproximadamente dois anos de vida. Nessa fase a criança vivencia
prazer e dor através da satisfação (ou frustração) de pulsões orais, ou seja, pela
boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome, mas inicialmente
por ela. Assim, para a criança sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma
função ligada ao prazer, além de servirem à alimentação.

Ao ser confrontada com frustrações a criança é obrigada a desenvolver


mecanismos para lidar com tais frustrações. Esses mecanismos são a base da

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futura personalidade da pessoa. Assim, uma satisfação insuficiente das pulsões
orais pode conduzir a uma tendência para ansiedade e pessimismo; já uma
excessiva satisfação pode levar, através de uma fixação nessa fase, a dificuldades
de aceitar novos objetos como fonte de prazer/dor em fases posteriores,
aumentando assim a probabilidade de uma regressão.

A fase oral se divide em duas fases menores, definidas pelo nascimento dos
dentes. Até então a criança se encontra em uma fase passiva-receptiva; com os
primeiros dentes a criança passa a uma fase sádica-ativa através da possibilidade
de morder. O principal objeto de ambas as fases, o seio materno, se torna, assim,
um objeto ambivalente. Essa ambivalência caracteriza a maior parte dos
relacionamentos humanos, tanto com pessoas como com objetos.

A fase oral apresenta, assim, cinco modos de funcionamento que podem se


desenvolver em características da personalidade adulta:

→ O incorporar do alimento se mostra no adulto como um "incorporar" de


saber ou poder, ou ainda como a capacidade de se identificar com outras pessoas
ou de se integrar em grupos;
→ O segurar o seio, não querendo se separar dele, se mostram
posteriormente como persistência e perseverança ou ainda como decisão;
→ Morder é o protótipo da destrutividade, assim do sarcasmo, cinismo e
tirania;
→ Cuspir se transforma em rejeição e
→ O fechar a boca, impedindo a alimentação, conduz a rejeição,
negatividade ou introversão.
→ O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e
filho.

A fase anal
A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do
primeiro ao terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao
ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender o
controle dos esfincteres sobre o ato de defecar e, dessa forma, deve aprender a
lidar com a frustração do desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente.

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Como na fase oral, também os mecanismos desenvolvidos nesta fase
influenciam o desenvolvimento da personalidade. O defecar imediato e
descontrolado é o protótipo dos ataques de raiva; já uma educação muito rígida com
relação à higiene pode conduzir tanto a uma tendência ao caos, aos descuido, à
bagunça quanto a uma tendência a uma organização compulsiva e exageradamente
controlada.

Se a mãe faz elogios demais ao fato de a criança conseguir esperar até o


banheiro, pode surgir uma ligação entre dar (as fezes) e receber amor, e a pessoa
pode desenvolver generosidade; se a mãe supervaloriza essas necessidades
biológicas, a criança pode se desenvolver criativa e produtiva ou, pelo contrário, se
tornar depressiva, caso ela não corresponda às expectativas; crianças que se
recusam a defecar podem se desenvolver como colecionadores, coletores ou
avaros.

A fase fálica
A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza segundo
Freud pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do falo ou
pênis; nessa fase prazer e desprazer estão, assim, centrados na região genital. As
dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão sexual ou
libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas resultantes. A resolução desse
conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação com o genitor de
mesmo sexo.

Freud desenvolveu sua teoria tendo sobretudo os meninos em vista, uma vez
que, para ele, estes vivenciariam o conflito da fase fálica de maneira mais intensa e
ameaçadora. Segundo Freud o menino deseja nessa fase ter a mãe só para si e
não partilhá-la mais com o pai; ao mesmo tempo ele teme que o pai se vingue,
castrando-o. A solução para esse conflito consiste na repressão tanto do desejo
libidinoso com relação à mãe como dos sentimentos agressivos para com o pai; em
um segundo momento realiza-se a identificação do menino com seu pai, o que os
aproxima e conduz, assim, a uma internalização por parte do menino dos valores,
convicções, interesses e posturas do pai.

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O complexo de Édipo representa um importante passo na formação do
superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir
os valores dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego (através
da diminuição do medo) e o id (por o menino poder possuir a mãe indiretamente
através do pai, com o qual ele se identifica) sejam parcialmente satisfeitos.

O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, contudo com mais


possibilidades de solução. A menina deseja o próprio pai, em parte devido à inveja
que sente por não ter um pênis (al. Penisneid); ela sente-se castrada e culpa à
própria mãe por tê-la privado de um falo. Por outro lado, a mãe representa uma
ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é possível. Devido a essa
situação diferente, a identificação da menina com a própria mãe é menos forte do
que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam uma consciência
menos desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela pesquisa empírica.

Freud usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; autores


posteriores limitaram o uso da expressão aos meninos, reservando para as meninas
o termo "complexo de Electra", mas que foi rejeitado por Freud no texto "Sobre a
Sexualidade Feminina" de 1931.

A apresentação do complexo de Édipo dada acima é, no entanto,


simplificada. Na realidade o resultado da resolução do complexo de Édipo é sempre
uma identificação como ambos os pais e a força de cada uma dessas identificações
depende de diferentes fatores, como a relação entre os elementos masculinos e
femininos na predisposição fisiológica da criança ou a intensidade do medo de
castração ou da inveja do pênis. Além disso, a mãe mantém em ambos os sexos um
papel primordial, permanecendo sempre o principal objeto da libido.

O período de latência
Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais
tranquila que se estende até a puberdade. Nessa fase a libido é desinvestida das
fantasias e da sexualidade, tornando-as secundárias, mas reinvestida em outros
meios como o desenvolvimento cognitivo, aprendizado, a assimilação de valores e

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normas sociais que se tornam as atividades principais da criança, continuando o
desenvolvimento do ego e do superego.

A fase genital
A última fase do desenvolvimento psicossocial é a fase genital, que se dá
durante a adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de
latência e acompanhando as mudanças corporais, despertam-se novamente, mas
desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo oposto, ou não (onde entra a questão
da homossexualidade).

Como se depreende da explanação anterior, a escolha do parceiro não se dá


independente dos processos de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada
pela vivência nas fases anteriores. Além disso, apesar de continuarem agindo
durante toda a vida do indivíduo, os conflitos internos típicos das fases anteriores
atingem na fase genital uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma
estrutura do ego que lhe permite enfrentar os desafios da idade adulta.

A teoria psicanalítica dos transtornos mentais


Os transtornos mentais caracterizam uma faixa que vai desde formas
neuróticas leves até a loucura, na plenitude do seu termo. "Normal" seria aquela
personalidade com capacidade de viver eficientemente, manter um relacionamento
duradouro e emocionalmente satisfatório com outras pessoas, trabalhar
produtivamente, repousar e divertir-se, ser capaz de mensurar, julgar e lidar com
base realista suas qualidades e imperfeições, aceitando-as como são.

No início de sua obra, Freud dividiu os transtornos emocionais, que então ele
denominava psiconeuroses, em três categorias psicopatológicas:

1) As neuroses atuais.

2) As neuroses transferenciais, também conhecidas como psiconeuroses de


defesa (que eram as histerias, as fobias e as obsessivas).

3) As neuroses narcisistas (que constituem os atuais quadros psicóticos). De


lá para cá, muita coisa modificou substancialmente. Os autores discutem a

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adequação ou não do termo “perversão” para nomear uma determinada categoria
de pacientes que apresentam uma série de características comuns e típicas entre
eles, levando em conta o fato de que essa denominação tem o inconveniente de
estar impregnada de “pré-conceitos”, especialmente os de ordem moral e ética, o
que nem sempre faz jus à seriedade e à profundidade com que tais pacientes
merecem ser compreendidos e analisados.

Classificam-se os transtornos mentais em 3 grandes tipos básicos:

Primeiro tipo: neuroses


É a existência de tensão excessiva e prolongada, de conflito persistente ou
de uma necessidade prolongadamente frustrada, é sinal de que na pessoa se
configurou uma neurose. A neurose determina uma modificação, mas não uma
desestruturação da personalidade e muito menos de perda de valores da realidade.

Com o desenvolvimento da psicanálise, o conceito evoluiu, até finalmente


encontrar lugar no interior de uma estrutura tripartite, ao lado da psicose e da
perversão. Em consequência disso, do ponto de vista freudiano, classificam-se no
registro da neurose a histeria, a fobia e a neurose obsessiva, às quais é preciso
acrescentar a neurose atual, que abrange a neurose de angústia e a neurastenia, e
a psiconeurose, que abarca a neurose de transferência e a neurose narcísica.

Costuma-se catalogar os sintomas neuróticos em certas categorias, como:

a) Histeria: quando um conflito psíquico encontra saída através de


conversões. Neste tipo de neurose, a ideia conflitiva com o ego é convertida em
sintomas físicos, como cegueira, mutismo, paralisias, etc; que não têm origens
orgânicas. Atualmente a histeria foi banida dos manuais psiquiátricos, o que leva
muitas pessoas da área de saúde, inclusive psicólogos, a acreditarem que a histeria
não existe mais. Porém, a histeria ainda existe e sempre existirá, mesmo que os
sintomas possam variar de acordo com a sociedade e o tempo a que se refere. Algo
bastante específico da histeria é sua referência ao corpo e à sexualidade,
especialmente com questão à "o que é uma mulher?".

b) Ansiedade (de angústia): a pessoa é tomada por sentimentos


generalizados e persistente de intensa angústia sem causa objetiva. Alguns

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sintomas são: palpitações do coração, tremores, falta de ar, suor, náuseas. Há uma
exagerada e ansiosa preocupação por si mesmo.

c) Fobias: uma área da personalidade passa a operar por respostas de medo


e ansiedade. Na angústia o medo é difuso e quando vem à tona é sinal de que já
existia, há longo tempo. Se apresenta envolta em muita tensão, preocupação,
excitação e desorganização do comportamento. Na reação fóbica, o medo se
restringe a uma classe limitada de estímulos e representações objetais. Geralmente
verifica-se a associação do medo a certos objetos, animais ou situações.

d) Obsessiva-compulsiva: a obsessão é um termo que se refere a ideias que


se impõem repetidamente à consciência. São por isto dificilmente controláveis. A
compulsão refere-se a impulsos que levam à ação. Está intimamente ligada a uma
desordem psicológica chamada transtorno obsessivo-compulsivo.

Segundo tipo: psicoses


Se o conceito de neurose é parte integrante do vocabulário da psicanálise, o
da psicose aparece, a princípio, como um anexo proveniente do saber psiquiátrico,
pautada numa concepção do sujeito que se organiza em torno da ideia de alienação
e perda da razão.

O psicótico pode se encontrar em estado de depressão, de extrema euforia


ou de agitação. Em dado momento age de um modo e em outro se comporta de
maneira totalmente diferente. Houve uma desestruturação da sua personalidade. O
dado clínico para se aferir à psicose é a alteração dos juízos da realidade. O
psicótico passa a perceber a realidade de maneira diferente, mas não menos real
em sua percepção. Por isso afirma com convicção que tem percepções que nos
parecem irreais não apoiadas nem justificadas na lógica e na razão. Nas psicoses,
além da alteração do comportamento, são comuns alucinações (alterações dos
órgãos dos sentidos: ouvir vozes, ver coisas, sentir cheiros ou toques) e delírios
(alterações do pensamento sob forma de conspirações, perseguição, grandeza,
riqueza, onipotência ou de predestinação).

As Psicoses se manifestam como:

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a) Esquizofrenia: apatia emocional, carência de ambições, desorganização
geral da personalidade, perda de interesse pela vida nas realizações pessoais e
sociais. pensamento desorganizado, afeto superficial e inapropriado, riso insólito,
bobice, infantilidade, hipocondria, delírios e alucinações transitórias.

b) Maníaca-depressiva: caracteriza-se por perturbações psíquicas


duradouras e intensas, decorrentes de uma perda ou de situações externas
traumáticas. O estado maníaco pode ser leve ou agudo. É caracterizado por
comportamento exacerbado, hipersexualidade. Os maníacos são cheios de energia,
inquietos, barulhentos, falam alto e têm ideias bizarras, uma após outra. O estado
depressivo, ao contrário, caracteriza-se por inatividade e desalento. Seus sintomas
são: apatia, pesar, tristeza, desânimo, crises de choro, perda de interesse
(embotamento afetivo) pelo trabalho, por amigos e família, bem como por suas
distrações habituais. Torna-se lento na fala, não dorme bem à noite, perde o apetite,
pode ficar um tanto irritado e muito preocupado.

c) Paranoia: caracteriza-se sobretudo por ilusões fixas. É um sistema


delirante. As ilusões de perseguição e de grandeza são mais duradouras do que na
esquizofrenia paranoide. Os ressentimentos são profundos. É desconfiado,
agressivo, egocêntrico e destruidor. Acredita que os fins justificam os meios e é
incapaz de solicitar carinho.

d) Psicose alcoólica: é habitualmente marcada por violenta intranquilidade,


acompanhada de alucinações de uma natureza aterradora.

Terceiro tipo: perversões


Os perversos, ao vivenciarem o Complexo de Édipo, se recusam a aceitar a
castração a eles imposta passando, então, há duas possibilidades:

1) aferir que para eles não existe castração, assim, não existem limites
sociais impostos às suas ações ou

2) são eles que impõe os limites proveniente da castração aos outros.


Atualmente são comumente relacionados às psicopatias, porém se relacionam mais

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abrangentemente com todas as formas de ausência de empatia com o Outro - pela
ausência de atuação do Superego.

Essa estrutura favorece o aparecimento de outros sintomas, como o


fetichismo e relações que objetificam o Outro, em troca de obtenção de prazer
(parafilias). Retomado por Sigmund Freud a partir de 1896, o termo perversão foi
definitivamente adotado como conceito pela psicanálise, que assim conservou a
ideia de desvio sexual em relação a uma norma. Não obstante, nessa nova
acepção, o conceito é desprovido de qualquer conotação pejorativa ou valorizadora
e se inscreve, juntamente com a psicose e a neurose, numa estrutura tripartite.

Psicanálise: aplicações e contribuições sociais


A característica essencial do trabalho psicanalítico é o deciframento do
inconsciente e a integração de seus conteúdos na consciência. Isto porque são
estes conteúdos desconhecidos e inconscientes que determinam, em grande parte,
a conduta dos homens e dos grupos, as dificuldades para viver, o mal-estar, o
sofrimento.

A finalidade deste trabalho investigativo é o autoconhecimento, que possibilita


lidar com o sofrimento, criar mecanismos de superação das dificuldades, dos
conflitos e dos submetimentos em direção a uma produção humana mais autônoma,
criativa e gratificante de cada indivíduo, dos grupos, das instituições.

Nesta tarefa, muitas vezes bastante desejada pelo paciente, é necessário


que o psicanalista ajude a desmontar, pacientemente, as resistências inconscientes
que obstaculizam a passagem dos conteúdos inconscientes para a consciência. A
representação social (a ideia) da Psicanálise ainda é bastante estereotipada em
nosso meio.

Associamos a Psicanálise com o divã, com o trabalho de consultório


excessivamente longo e só possível para as pessoas de alto poder aquisitivo. Esta
ideia correspondeu, durante muito tempo, à prática nesta área que se restringia,
exclusivamente, ao consultório.

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Contudo, há várias décadas é possível constatar a contribuição da
Psicanálise e dos psicanalistas em várias áreas da saúde mental. Historicamente, é
importante lembrar a contribuição do [pg. 80] psiquiatra e psicanalista D. W.
Winnicott, cujos programas radiofônicos transmitidos na Europa, durante a Segunda
Guerra Mundial, orientavam os pais na criação dos filhos, ou a contribuição de Ana
Freud para a Educação e, mais recentemente, as contribuições de Françoise Dolto
e Maud Mannoni para o trabalho com crianças e adolescentes em instituições —
hospitais, creches, abrigos.

Atualmente, e inclusive no Brasil, os psicanalistas estão debatendo o alcance


social da prática clínica visando torná-la acessível a amplos setores da sociedade.
Eles também estão voltados para a pesquisa e produção de conhecimentos que
possam ser úteis na compreensão de fenômenos sociais graves, como o aumento
do envolvimento do adolescente com a criminalidade, o surgimento de novas
(antigas?) formas de sofrimento produzidas pelo modo de existência no mundo
contemporâneo, as drogadições, a anorexia, a síndrome do pânico, a excessiva
medicalização do sofrimento, a sexualização da infância.

Enfim, eles procuram compreender os novos modos de subjetivação e de


existir, as novas expressões que o sofrimento psíquico assume. A partir desta
compreensão e de suas observações, os psicanalistas tentam criar modalidades de
intervenção no social que visam superar o mal-estar na civilização.

Aliás, o próprio Freud, em várias de suas obras — O mal-estar na civilização,


Reflexões para o tempo de guerra e morte — coloca questões sociais, e ainda
atuais, como objeto de reflexão, ou seja, nos faz pensar e ver o que mais nos
incomoda: a possibilidade constante de dissociação dos vínculos sociais. O método
psicanalítico usado para desvendar o real, compreender o sintoma individual ou
social e suas determinações, é o interpretativo.

No caso da análise individual, o material de trabalho do analista são os


sonhos, as associações livres, os atos falhos (os esquecimentos, as substituições
de palavras etc.). Em cada um desses caminhos de acesso ao inconsciente, o que
vale é a história pessoal.

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Cada palavra, cada símbolo tem um significado particular para cada
indivíduo, o qual só pode ser apreendido a partir de sua história, que é
absolutamente única e singular. Por isso é que se diz que, a cada nova situação,
realiza-se O sofrimento humano assume inúmeras expressões, novamente a
experiência inaugurada por Freud, no início do século 20 — a experiência de tentar
descobrir as regiões obscuras da vida psíquica.

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VÍDEOS DE APOIO

Após ter realizado a leitura do conteúdo da apostila, reserve um tempo para


assistir aos vídeos disponibilizados abaixo, que servirão como embasamento para
as próximas apostilas.

Vídeo 1: História de Freud: O Polêmico e Revolucionário Pai da Psicanálise

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=XcoUuBI64J8>

Sinopse: No Canal Conhecimento da Humanidade traz a história de Sigmund


Freud, o pai da psicanálise.

“Com uma longa carreira que passou por incentivar o uso da cocaína e
desenvolver o polêmico conceito do Complexo de Édipo, Freud foi o revolucionário
fundador da psicanálise, permitindo pela primeira vez um estudo científico e
desmistificado dos elementos da mente humana.”

Vídeo 2: Série Introdução a Psicanálise | Parte 1 - Prof. Arthur Mendes

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=WCEarkEdPMA>

Sinopse: Neste vídeo Prof Arthur Mendes fala sobre os princípios da


Psicanálise, onde o discurso de falar tem a potência de realizar as mudanças na
vida do indivíduo.

Vídeo 3: 08 CURSO DE PSICANÁLISE - APLICAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES


SOCIAIS

Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=cGi9-zZqISk>

Sinopse: IPPC- Instituto de Pesquisas Psicanalíticas de Campinas apresenta


mais uma vídeo aula sobre a Psicanálise – aplicações e contribuições sociais

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REFERÊNCIAS

FREUD, Sigmund. Além do Princípio do Prazer. [S.l.: s.n.]. 1920.

FREUD. Uma nota sobre o inconsciente em Psicanálise (1912), Obras


Psicológicas Completas de S. Freud, vol. XII). Rio de Janeiro: Imago, 1969.

FREUD. O Ego e o Id (1923), Obras Psicológicas Completas de S. Freud, vol. XIX ).


Rio de Janeiro: Imago, 1969.

FREUD. A organização genital infantil – uma interpolação na teoria da


sexualidade (1923). Obras Psicológicas Completas de S. Freud, vol. XIX ). Rio de
Janeiro: Imago, 1969.

FREUD. Sobre as teorias sexuais das crianças (1908). Obras Psicológicas


Completas de S. Freud, vol. IX ). Rio de Janeiro: Imago, 1969.

FREUD. Análise terminável e interminável (1937). Obras Psicológicas Completas


de S. Freud, vol. XXIII ). Rio de Janeiro: Imago, 1969.

PERVIN, Lawrence A.; CERVONE, Daniel & JOHN, Oliver (2005).


Persönlichkeitstheorien. München: Reinhardt. 2005.

CARVER, Charles S. & SCHEIER, Michael F. Perspectives on personality.


Boston: Allyn and Bacon. 2000.

FREUD, Sigmund (1937). Análise Terminável e Interminável. Edição Standard


Brasileira das Obras Psicológicas Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

MILLER, Patrícia. Theorien der Entwicklungspsychologie. Heidelberg:


Spektrum.1993.

ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos: Teoria, Técnica, Clínica –


Uma Abordagem Didática. Porto Alegre: Artmed, 2014.

ROUDINESCO, Elisabeth. Dicionário de Psicanálise. [S.l.]: Zahar, 1997.

GOLDGRUB, Franklin. A Máquina do Fantasma – Aquisição de linguagem e


constituição do sujeito. Piracicaba: UNIMEP, 2001.

GOLDGRUB. A metáfora opaca - cinema, mito, sonho, interpretação. São Paulo:


Casa do Psicólogo, 2004.

SZASZ, Thomas S. A ética da Psicanálise (1965), Rio de Janeiro: Zahar Editores:


1975.

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