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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Sistema Nervoso

Sárdio dos Santos Ramalho, Código: 708220853

Curso de Licenciatura em ensino de Educação


Física e Desportos

Cadeira: Anatomia Funcional

Turma: G

Nampula, Agosto 2022


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Sistema Nervoso

Trabalho de Carácter Avaliativo da Cadeira de


Anatomia Funcional a ser entregue no Instituto
de Educação à Distância-Nampula

Tutor: Amélia Amade Pedro José

Sárdio dos Santos Ramalho, Código: 708220853

Nampula, Agosto 2022

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Índice
1. Introdução........................................................................................................................1

1.1. Objectivos do Trabalho................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral.........................................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.............................................................................................2

1.2. Metodologias................................................................................................................2

2. Debate Teórico.................................................................................................................3

2.1. Educação Física Adaptada...........................................................................................3

2.1.1. Educação Física Adaptada - Conceitos e Objectivos...............................................4

2.1.2. O Contributo da Educação Física à Educação Especial como Meio de Integração. 5

2.1.3. O Contributo da Educação Física e Pessoas com Deficiência..................................6

2.2. O Contributo da Educação Física à Educação Especial Gerando Benefícios à


Comunidade Escolar...............................................................................................................7

2.2.1. A Contribuição e a Influência da Formação do Professor na Educação Física


Especial/Inclusiva....................................................................................................................9

2.2.2. Educação Física na Educação Especial..................................................................10

3. Considerações Finais.....................................................................................................12

4. Literatura Citada............................................................................................................13

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1. Introdução

A Educação Física vem historicamente atendendo a objectivos diversos, ora se


constituindo numa prática tradicional e excludente, ora numa prática preocupada com
a inclusão de todos nas actividades pedagógicas. Para atender a estes objectivos
educacionais propostos pela sociedade, no sentido de oferecer “educação para todos”,
a Educação Física tem realizado uma reflexão em torno da problemática da “educação
inclusiva”, por meio de debates, produções científicas, propostas pedagógicas.
Entretanto, há um caminho longo a ser percorrido para que o ideal de uma educação
física inclusiva se concretize no interior de nossas escolas.

A educação física como prática educativa, seja ela desenvolvida no âmbito da


educação formal ou em outros espaços sociais, não pode estar isolada do movimento
de luta por uma educação verdadeiramente democrática. Logo, faz-se necessário
discutir as peculiaridades desta prática diante do desafio da educação inclusiva, bem
como considerar os diferentes aspectos e fatores que interagem no âmbito educacional
no sentido de limitar a implantação do trabalho pedagógico voltados para a inclusão de
todos.

Partindo dessas afirmações acima citadas, entende-se que a educação é


colocada como direito fundamental ao alcance de todos, inclusive das pessoas com
qualquer tipo de necessidade especial que necessite de atendimento educacional
especializado.

Segundo Correia (2010, p. 18):

“Os alunos com NEE são aqueles que, por exibirem


determinadas condições específicas, podem necessitar de
serviços de educação especial durante ou todo o seu
percurso escolar, de forma a facilitar o seu desenvolvimento
acadêmico, pessoal e socioemocional”.

Entende-se por condições específicas, ainda segundo Correia (2010, p. 18):

“O conjunto de problemáticas relacionadas com o autismo,


a surdo-cegueira, a deficiência auditiva, a deficiência
visual, os problemas motores, as perturbações emocionais
grave, os problemas de comportamento, as dificuldades de
aprendizagem específica, os problemas de comunicação, a
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multideficiência e os problemas de saúde (sida, epilepsia,
diabetes etc.) ”.

1.1. Objectivos do Trabalho

Para o alcance do resultado anunciado neste trabalho de pesquisa, foram


determinados os seguintes objectivos de carácter geral e específicos:

1.1.1. Objectivo Geral


 O objectivo geral do trabalho é analisar o contributo da educação física na educação
especial.
1.1.2. Objectivos Específicos

Como objectivos específicos cabem destacar três principais a serem tratados no


presente trabalho de pesquisa:

 Explicar acerca da educação física adaptada;


 Caracterizar os contributos da educação física para educação especial; e,
 Identificar os factores da contribuição da educação física para educação especial.
1.2. Metodologias

O presente estudo configura-se em uma pesquisa teórico-metodológica


(pesquisa acadêmico-científica composta por preparação, estudo, desenvolvimento e
apresentação, buscando gerar e/ou actualizar conhecimento), no campo dialético (os
factos considerados no contexto social, gerando contradições e requerendo soluções),
de natureza aplicada (objectiva gerar conhecimentos para aplicações práticas, dirigidos
à solução de problemas específicos) e (material colectado analisado de maneira
descritiva, não buscando gerar números ou dados estatísticos), conforme orienta
Henrique (2009).

Com relação aos procedimentos técnicos, o estudo assume características de


pesquisa bibliográfica e documental. Segundo Gil (2010 citado em Carvalho &
Severino, 2011, p.2) a pesquisa bibliográfica “é elaborada com base em material já
publicado com o objectivo de analisar posições diversas em relação a determinado
assunto”. A pesquisa documental, nas palavras de Camargo (2008) “é aquela realizada
a partir de documentos, contemporâneos ou retrospectivos, considerados
cientificamente autênticos”.

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2. Debate Teórico
2.1. Educação Física Adaptada

Para abordar-se o assunto do contributo da Educação Física no que diz respeito


à Educação Especial há que se falar brevemente sobre a Educação Física Adaptada.

A origem do termo Educação Física Adaptada segundo Pedrinelli (1994) citado


por Costa e Sousa (2004):

“Surgiu na década de 1950 e foi definida pela American Association for Health,
Physical Education, Recreation and Dance AAHPERD, como programa diversificado
de atividades desenvolvimentistas, jogos e ritmos adequados e interesses, capacidades
e limitações de estudantes com deficiências que não podem se engajar com a
participação irrestrita, segura e bem-sucedida em atividades vigorosas de um
programa de Educação Física geral” (Costa & Sousa, 2004, p. 29).

No entanto, Pedrinelli e Verenguer (2005) citam que a origem da participação


de pessoas que possuem diferentes e peculiares condições para o desenvolvimento das
práticas de actividades físicas, se deu na China, cerca de três mil anos a.C. Da
ginástica médica à primeira concepção mais palpável e esclarecedora de Educação
Física Adaptada, adoptada na década de 1950, vários programas foram criados com
diferentes nomes, “como Educação Física Correctiva ou Ginástica Correctiva,
Educação Física Preventiva, Educação Física Ortopédica, Educação Física
Reabilitativa e Educação Física Terapêutica” (Pedrinelli & Verenguer, 2005, p. 2-3).
As autoras também destacam que as variadas mudanças de nomenclatura demonstram
a constante preocupação de profissionais e pesquisadores para definir uma identidade
atual para a Educação Física Adaptada. E que o próprio termo adaptado é questionado,
entretanto ainda não surgiu nenhuma alternativa definitivamente aceita.

Seaman e DePauw, citados por Pedrinelli e Verenguer (2005) frisam que a


medida que se assumiam uma identidade para a Educação Física Adaptada no tocante
da educação e pedagogia, outros nomes surgiam, como Educação Física

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Desenvolvimentista, Ginástica Escolar Especial, Educação Física Modificada,
Educação Física Especial, Actividade Motora Adaptada e Educação Física Adaptada.

Essa preocupação da Educação Física no final dos anos 50 surgiu porque a


“Educação Física geral não conseguiu abranger a especificidade da pessoa portadora
de deficiência e, então, a Educação Física Adaptada veio para suprir essa lacuna
existente” (Costa & Sousa, 2004, p. 29).

2.1.1. Educação Física Adaptada - Conceitos e Objectivos

A Educação Física (EF) tem um papel importante no desenvolvimento global


dos alunos, principalmente daqueles com deficiência, tanto no desenvolvimento motor
quanto nos desenvolvimentos intelectual, social e afectivo.

Quando se trata da EF Adaptada, pensa-se em uma área de conhecimento que


discute os problemas biopsicossociais da população considerada de baixo rendimento
motor: portadores de deficiência física, deficiências sensoriais (visual e auditiva),
deficiência mental e deficiências múltiplas.

Ela procura tratar do aluno sem que haja desigualdades, tornando a autoestima
e a autoconfiança mais elevada através da possibilidade de execução das atividades,
consequentemente da inclusão.

As actividades proporcionadas pela EF Adaptada devem oferecer atendimento


especializado aos alunos com necessidades especiais, respeitando as diferenças
individuais, visando proporcionar o desenvolvimento global dessas pessoas, tornando
possível não só o reconhecimento de suas potencialidades, como também, sua
integração na sociedade (Duarte & Lima 2003).

Em relação a conceito, a EF Adaptada (EFA), de acordo com Rosadas (1994,


p. 05) “é a Educação Física aplicada em condições especiais, visando uma população
especial que necessita de estímulos especiais de desenvolvimento motor e funcional”.

Já, para Barbanti (1994, citado em Duarte & Lima, 2003, p. 92):

“A Educação Física Adaptada também pode ser conceituada como a


Educação que envolve modificações ou ajustamentos das actividades
tradicionais da Educação Física para permitir às crianças com deficiências
participar com segurança de acordo com suas capacidades funcionais”.
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Essa modalidade tem como objecto de estudo a motricidade humana para as
pessoas com deficiência, adequando metodologias de ensino para o atendimento às
características de cada portador de deficiência, respeitando suas diferenças individuais
(Seaman & De Pauw citado em Pedrinelli, 1994).

2.1.2. O Contributo da Educação Física à Educação Especial como Meio de Integração

A Educação Física desempenha um papel e um contributo muito importante na


integração dos alunos Portadores de Deficiência na sociedade, quando ela é adaptada a
realidade de cada aluno. Desta forma as necessidades, motivações, aptidões e
limitações que a deficiência ou a doença ou outra razão implicam a qualquer aluno,
devem ser conhecidas pelos profissionais de Educação Física que trabalham com esses
alunos. Esta perspectiva, segundo Cidade e Freita (1997) contribui grandemente para a
integração dos alunos desfavorecidos.

“A Educação Física na escola, quando engloba no seu seio a Actividades Físicas


Adaptadas (AFA) se constitui numa grande área de adaptação ao permitir a
participação de crianças e jovens portadores de deficiência. Isso porque,
proporcionando que vem valorizados e se integrem num mesmo mundo. O programa
de Educação Física, quando adaptada ao aluno portador de deficiência, possibilita ao
mesmo a compreensão de suas limitações e capacidades, auxiliando - o na busca de
uma melhor adaptação” (Cidade & Freitas, 1997).

Segundo Silva e Krug (1999) nos seus estudos realizado em Moçambique,


sobre a inclusão dos portadores de NEE na escola e nas aulas de Educação Física,
chegaram a conclusão de que o aluno portador de NEE, necessita de actividades
físicas especializadas tanto quanto o aluno considerado normal. Salientam ainda que
um bom trabalho na área de EF ajuda o aluno portador de deficiência, amenizando as
suas frustrações, entretanto o trabalho para ter bons resultados tem que ser bem
planejado e executado. Destacam ainda que o profissional que opta por este trabalho
tem que ter boa formação teórica, isto é, um bom conhecimento na área de EE e de EF
e, acima de tudo, ter muita força de vontade, garra e amor. Desta forma, a EF poderá
tornar-se um processo facilitador da inclusão das pessoas portadoras de NEE na
escola.

A Educação Física, sendo adaptada ou não, pode ser uma forma de


proporcionar ao aluno uma oportunidade de realizar e aprender novos movimentos, de

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lazer e recreação, de aprendizagem de novos jogos e brincadeiras e também uma
oportunidade de competição e integração com outros alunos, servindo a objectivos
educacionais ligados a sua independência e aos contactos sociais (Nogueira, 2000).

Segundo o mesmo autor, a EF, enquanto área de actuação junto ao ser humano,
deve ser flexível a ponto de atender a todos. Afirma ainda que não é a EF que muda,
quando actua com um ou outro indivíduo, mas, sim, a postura do profissional, que
deve estar preparado para actuar junto a todas as pessoas, sejam elas deficientes ou
não.

Aviz (1998) ressalta que a actividade física e/ou desporto pode significar para
o portador de deficiência, o desenvolvimento da auto-estima, a melhoria da sua auto-
imagem, o estímulo à independência, a integração com outras pessoas, uma
experiência enriquecedora com seu próprio corpo, além de uma oportunidade de testar
suas possibilidades, prevenir-se contra deficiências secundárias e integrar-se consigo
mesmo e com a sociedade.

As Vantagens da educação especial das Pessoas Portadoras de NEE nas aulas


de Educação Física, segundo a Organização das Nações Unidas, tanto os deficientes
como os ditos normais beneficiam quando houver uma educação inclusiva.

2.1.3. O Contributo da Educação Física e Pessoas com Deficiência

A Educação Física (EF) se justifica pelo facto de ela subsidiar a prática


corporal direccionada a vivência de movimentos e desenvolvimento físico e psíquico
do aluno, é a EF que trata da cultura corporal de movimento e se expressa nos jogos,
nas danças, nas lutas, nos desportos e nas ginásticas.

Conforme em Gorgatti e Costa (2005) a função da EF é educar para


compreender e transformar a realidade que nos cerca, a partir de sua especificidade
que é a cultura de movimento.

Parafraseando em poucas palavras, a EF deve propiciar o desenvolvimento


global de seus alunos, ajudar para que o mesmo consiga atingir a adaptação e o
equilíbrio que requer suas limitações e ou deficiência; identificar as necessidades e
capacidades de cada educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para

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o movimento; facilitar sua independência e autonomia, bem como facilitar o processo
de inclusão e aceitação em seu grupo social, quando necessário.

O êxito proporcionado nas aulas de EF gera um sentimento de satisfação e


competência, mas experiências sucessivas de fracasso e frustração acabam por gerar
uma sensação de impotência que, num limite extremo, inviabiliza a aprendizagem
(Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997).

Strapasson (2006) sugere, que as atitudes que devem ser tomadas nas aulas de
EF nas turmas que têm pessoas com deficiência física: em primeiro lugar, deve-se
chamar a atenção de alunos que desrespeitam as pessoas com deficiência física com
apelidos pejorativos e com falta de paciência devido às limitações do colega. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) reforçam essa ideia, enfatizando que a
maioria das pessoas com deficiência têm traços fisionômicos, alterações morfológicas
ou problemas em relação à coordenação que as destacam das demais. A atitude dos
alunos diante dessas diferenças é algo que se construirá na convivência e dependerá
muito da atitude que cada professor adotar. É possível integrar essa criança ao grupo,
respeitando suas limitações, e, ao mesmo tempo, dar oportunidades para que
desenvolvam suas potencialidades.

Strapasson (2006) diz ainda que é necessário fazer com que os alunos
"normais" vivenciem as dificuldades enfrentadas por essas pessoas em suas muletas,
cadeiras de rodas, falta de coordenação patológica enfim, quando se conhece as
dificuldades, o valor e o respeito pode ser incutido com mais afinco.

A autora enfatiza que atividades de cooperação e atividades que favoreçam a


participação com sucesso devem ser trabalhadas, bem como atividades inclusivas. O
aluno também pode ser nomeado como auxiliar e comandante, exercendo assim,
cargos importantes.

2.2. O Contributo da Educação Física à Educação Especial Gerando Benefícios à


Comunidade Escolar

A “Filosofia da Educação Especial” e a Educação Física convencional,


legalmente já caminham entrelaçadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais
(Portadores de necessidades especiais, p. 56) e LDB (Art. 58 e 59) e aos poucos, na

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visão da sociedade geral, também vão se vinculando, como vimos nas Paraolimpíadas.
No ambiente escolar, entretanto, essa junção ainda é pouco observada e aplicada. Para
abordarmos o assunto sob a óptica que este estudo sugere, que seria a Educação Física
Especial (no tocante à cultura corporal e movimento), faz-se necessário antes, um
breve retorno ao surgimento do Desporto Adaptado.

De acordo com Gorgatti (2005) citado por Lopes & Dias (2013, p. 48) “desde
a Grécia antiga o desporto adaptado é visto como uma forma de contribuir para o
processo terapêutico no qual a pessoa com deficiência está envolvida”. No entanto, o
desporto adaptado, na forma que o conhecemos é recente, tendo iniciado na
Alemanha, em 1918, para amenizar os horrores da Primeira Guerra Mundial.

Vendo um horizonte para muito além do caráter mórbido da situação resultante


das guerras, o professor e neurocirurgião Ludwig Guttmann, no hospital de
Mandeville, Inglaterra, introduziu a atividade desportiva aos que foram mutilados nos
conflitos. Lopes & Dias (2013) afirmam que Guttmann defendia a ideia de que o
desporto seria uma ferramenta eficaz, tanto na reabilitação quanto na reintegração
social daquelas pessoas.

Muitas são as críticas à desportivização da Educação Física escolar, preferindo


enfatizar a ludicidade, no entanto se o profissional de Educação Física deixar de lado
as “paixões por correntes pedagógicas” e focar no desenvolvimento completo do
estudante, é possível afirmar que a história de vida e conquistas desses atletas
paralímpicos servem e devem ser utilizadas como uma vitrina motivadora, na busca e
conquista da autonomia dos escolares com necessidades educacionais especiais. Não
está-se incentivando e nem concordando com a desportivização da Educação Física,
assim como a total ludicidade nos parece despropositada, ficando então a sugestão
para um meio-termo onde os grandes atletas sirvam de “exemplos” e incentivos,
dentro das actividades adaptadas.

“É fundamental também que se faça uma clara distinção entre os objectivos da


Educação Física escolar e os objectivos do desporto, da dança, da ginástica, e da luta
profissionais, pois, embora seja uma referência, o profissionalismo não pode ser a
meta almejada pela escola. A Educação Física escolar deve dar oportunidades a todos
os alunos para que desenvolvam suas potencialidades, de forma democrática e não
selectiva, visando seu aprimoramento como seres humanos. Nesse sentido, cabe

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assinalar que os alunos portadores de deficiências físicas não podem ser privados das
aulas de Educação Física” (Brasil, PCN, 1997, p. 24).

Pela sua constituição mental, espiritual, física e psíquica, afirma-se que o


homem é um ser adaptável às mais diversas mudanças e situações em sua jornada
cronológica e evolutiva. Ferreira (2010, p.15) busca reforço para tal assertiva, nas
palavras de William James (1951) quando este diz que “a educação é a organização
dos recursos biológicos do indivíduo, de todas as capacidades de comportamento que
o fazem adaptável ao meio físico e social”. Ora, se os indivíduos são seres adaptáveis,
as variáveis ou ferramentas utilizadas em sua inclusão, também podem ser igualmente
adaptadas, e esse é o caso da Educação Física.

Parafraseando em palavras, neste título, nota-se que o escolar com


necessidades educacionais especiais precisa de um atendimento diferenciado, de aulas
planeadas nas quais se sinta e realmente esteja incluído. Para que essa realidade seja
materializada na Educação Física (agora Inclusiva), um vector apresenta fundamental
importância: o professor.

2.2.1. A Contribuição e a Influência da Formação do Professor na Educação Física


Especial/Inclusiva

São muitos os títulos comumente dados ao profissional que conclui o curso


superior para dedicar-se ao ensino, indo desde o tradicional “professor”, o controverso
“educador” até o eufêmico “mediador”. A verdade é que, seja qual desses o
profissional resolva adoptar, ele virá recheado de desafios, dúvidas, conflitos e
contradições. Essa realidade constata-se antecipadamente no próprio curso de
formação, onde não há uma disciplina adensada ou mesmo um “enredamento
intencional” das demais disciplinas com aquela dedicada a dar “noções” de Educação
Especial aos académicos em formação.

A ausência dessa formação mais “arraigada” é tema recorrente dentro do


ambiente educacional e académico, seja em palestras, simpósios, seminários ou
publicações científicas.

“A questão da formação profissional ocupa posição de destaque em discussões académicas,


profissionais e políticas que se referem à inclusão escolar de pessoas com necessidades
especiais. Não reside nesta assertiva a intenção de aumentar o peso nos ombros dos

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formadores, em nível superior, de professores que actuarão na Educação Básica. Mas, ao
contrário, importa pôr em relevo o que pode se chamar de raro consenso acerca da inclusão
escolar de pessoas com necessidades especiais, qual seja: a necessidade de preparação
adequada para atender as demandas específicas de alunos, em contextos complexos e
dinâmicos, como uma sala ou quadra de aula” (Cruz, 2008, p. 49).

A temática é de certo modo nova, carece de mais pesquisas, debates e ajustes,


porém, para que se possa introduzir e praticar a Inclusão nas aulas de Educação Física
Escolar, acredita-se que mudanças são necessárias e urgentes.

“A despeito dos desafios impostos por uma perspectiva educacional


inclusiva, a formação profissional, em nível de ensino superior,
apresenta necessidade de aprimoramento com o intuito de oferecer o
devido suporte aos futuros profissionais de Educação Física. Para a
inclusão de pessoas com necessidades especiais em programas de
Educação Física não sucumbir a quixotismos ou modismos, é
preciso reunir as competências daqueles responsáveis pelo processo
de formação supracitado” (Cruz, 2008, p. 51).

Em muitas ocasiões o escolar com necessidades educacionais especiais é


preterido nas atividades, justamente pela falta de conhecimento do professor sobre as
deficiências e os procedimentos para abordá-las de maneira segura. Algumas vezes,
essa “negligência” é vista como discriminação, quando na verdade trata-se de uma
série de dúvidas que se materializam na forma de insegurança.

2.2.2. Educação Física na Educação Especial

Por desconhecimento, receio ou mesmo preconceito, a maioria das pessoas


com deficiência foram e são excluídas das aulas de Educação Física (EF). A
participação nessa aula pode trazer muitos benefícios a essas crianças, particularmente
no que diz respeito ao desenvolvimento das capacidades afectivas, de integração e
inserção social (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997).

As escolas especiais, como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais


(APAE) dividem a EF em:

“EF Escolar para a Educação Infantil (0 a 6 anos) 1ª fase; EF Escolar para o


Ensino Geral e Educação Profissional para os Ciclos de: Escolarização Inicial
(7 a 14 anos) 2ª fase; Escolarização e profissionalização (acima de 14 anos)
3ª fase”.
13
A formação de turmas para o atendimento em EF, proposta pela APAE
Educadora (projeto escolar), deverá observar, além da idade cronológica do aluno para
a inserção nas respectivas fases, o seu padrão funcional que é a capacidade de
compreensão dos estímulos e de execução dos movimentos propostos (Tibola, 2001,
citado por Gorgatti & Costa, 2005).

Nas fases II (Escolarização Inicial) e III (Escolarização e Profissionalização),


há três níveis de atuação da EF (nível I, II e III) e para a inserção do aluno dever-se-á
considerar suas condições físicas momentâneas (Tibola, 2001, citado por Gorgatti &
Costa, 2005).

 Nível I - Estimulação motora; desenvolvimento do sistema motor global por meio da


estimulação das percepções motoras, sensitivas, e mental com experiências vividas do
movimento global; desenvolvimento dos movimentos fundamentais.
 Nível II - Estimulação das habilidades básicas; melhoria da educação e aumento da
capacidade de combinação dos movimentos fundamentais; desenvolvimento de
actividades colectivas, visando à adopção de atitudes cooperativas e solidárias sem
discriminar os colegas pelo desempenho ou por razões sociais, físicas, sexuais ou
culturais.
 Nível III - Estimulação específica e iniciação desportiva; aprendizagem e
desenvolvimento de habilidades específicas, visando à iniciação desportiva;
treinamento de habilidades desportivas específicas, visando à participação em
treinamento e competições.

Entende-se que na EF Adaptada deve ser mantida a integridade das actividades


e promovida a maximização do potencial individual, uma vez conhecidas às metas do
programa, convém modificá-las, apenas quando necessário, sempre respeitando as
metas previamente determinadas, assegurando que as actividades sejam um desafio à
todos os participantes e, sobretudo, que seja valorizada a diferença (Gorgatti & Costa,
2005).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 85) citam que:

“A Educação Física para alcançar todos os alunos


deve tirar proveito dessas diferenças ao invés de
configurá-las como desigualdades. A pluralidade
de ações pedagógicas pressupõe que o que torna os
14
alunos diferentes é justamente a capacidade de se
expressarem de forma diferente”.

Parafraseando isto em poucas palavras entende-se que o processo de ensino


aprendizagem, a respeito dos conteúdos escolhidos deve considerar as características
dos alunos em todas as suas dimensões (cognitivas, corporais, afetiva, ética, estética,
de relação interpessoal e inserção social). Não se restringe a simples exercícios de
certas habilidades corporais e exercê-las com autonomia de maneira social e
culturalmente significativa.

Para Gorgatti e Costa (2005) é importante focalizar o desenvolvimento das


habilidades, selecionando atividades apropriadas, providenciando um ambiente
favorável à aprendizagem encorajando a auto-superação, a todos os participantes da
EF Adaptada.

Com isto, pode-se concluir esta temática de acordo com os Parâmetros


Curriculares Nacionais (1997) quando ele diz que a EF deve oportunizar à todos os
alunos, independente de suas condições biopsicossociais, o desenvolvimento de suas
potencialidades de forma democrática e não selectiva, visando o seu aprimoramento
como seres humanos. Nesse sentido, cabe assinalar que os alunos com deficiência não
podem ser privados das aulas de EF.

3. Considerações Finais

Para a consecução deste trabalho foram percorridas várias etapas e todas elas
se mostraram de importância vital para o enriquecimento deste trabalho.

Com isto, através desta pesquisa, constatou-se a evolução ocorrida através dos
tempos em ao contributo da educação física na educação especial às pessoas com
deficiência.

Pois com as várias discussões acima referidas, entende-se que neste momento
têm-se uma nova Educação Física fundamentada nos princípios da Educação Especial
que muito transformou-se a partir do século XX, sendo capaz de transformar os
valores vigentes estagnados, que atenda a diversidade dos homens, que solidifique o
partilhar e cooperar nas relações sociais, sem ostentar a caridade, mas o respeito às
particularidades; possibilitar a sociedade a convivência respeitando os limites,

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desenvolvendo um cidadão mais sociável numa sociedade tão exclusiva, com a certeza
de que se está trabalhando para minimizar a discriminação em busca dos direitos
humanos, onde a responsabilidade é de todos, sendo de vital importância para a
inclusão dos especiais no mercado de trabalho, desempenhando seu papel para o
verdadeiro exercício de cidadania.

De uma forma sintética, enfim, diante do exposto no trabalho, percebe-se como


a EF foi inserida na Educação Especial e pode-se concluir que a Educação Física teve
uma evolução na Educação Especial através da história em relação as leis
determinadas e sancionadas; a inclusão da disciplina nos cursos de graduação,
consequentemente a capacitação profissional; cursos de extensão e de pós graduação;
a luta profissional em prol do tema; a conscientização da importância da Educação
Física Adaptada no desenvolvimento geral dos praticantes, bem como sua inclusão na
sociedade.

4. Literatura Citada

Aviz (1998). A inclusão de pessoas portadoras de necessidades educativas especiais na


educação física escolar. [On-line] http://www.uf sm.br/cef/revista/Index.htm
(consultado em 26 de Outubro de 2022, 17:08).

Carvalho, Lívia Pereira & Severino, Maico Roris. (2011). Análise de ferramentas, técnicas e
metodologias utilizadas na gestão logística como mecanismos de realização dos
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ordens na gestão da cadeia de suprimentos. UFG. Goiás. Disponível em:

16
<http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/conpeex/pivic/trabalhos/LIVIAE. PDF>.
Acesso em: 25 jan.2016.

Camargo, Edson. (2008). O conceito de pesquisa documental. Disponível em:


<http://pesquisadocumental.blogspot.com.br/p/o-conceito-de-pesquisa-
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Correia, Luís de Miranda. (2010). Educação especial e inclusão: quem disser que uma
sobrevive sem a outra não está no seu perfeito juizo. Porto Editora.

Cruz, Gilmar de Carvalho. (2008). Formação continuada de professores de educação física


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Costa, A.M & Souza, S.B. (2004). Educação física e esporte adaptado: história, avanços e
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Duarte, E & Lima, S. T. (2003). Atividade física para pessoas com necessidades especiais.
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Ferreira, Vanja. (2010). Educação física adaptada. Rio de Janeiro. Editora Sprint.

Gorgatti, M. G & Costa, R.F. (2005). Atividade física adaptada. Barueri - Sp: Manole.

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<http://comofazerumtcc.blogspot.com.br/p/tipos-de-pesquisa.html>. Acesso em: 26
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Lopes, Kátia Augusta & Dias, Maria Aparecida. (2013). Educação motora para deficientes.
UFAM.

Nogueira, (2000). Educação Física: um espaço facilitador na integração do aluno portador


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