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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Fundamentos da Evolução do Desporto e Teoria de Ensino dos Desportos Colectivos


e Individuais

Manecas Francisco Fernando, 708215703

Curso de Licenciatura em Ensino de Educação


Física e Desportos

Cadeira: Estudos Práticos II

Nampula, Setembro, 2023


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Fundamentos da Evolução do Desporto e Teoria de Ensino dos Desportos Colectivos e


Individuais

Trabalho de Carácter Avaliativo da Cadeira de


Estudos Práticos II a ser entregue no Instituto de
Educação à Distância-Nampula

Tutor: Gemy Adriano Jose

Manecas Francisco Fernando, 708215703

Nampula, Setembro, 2023

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Índice
1. Introdução........................................................................................................................1

1.1. Objectivos da Pesquisa.................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral da Pesquisa.....................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos.............................................................................................2

1.2. Metodologias................................................................................................................2

2. Debate Teórico.................................................................................................................3

2.1. Os Fundamentos da Evolução do Desporto.................................................................3

2.1.1. A Teoria de Ensino dos Desportos Colectivos e Individuais...................................3

2.1.2. Os Princípios Pedagógicos Para o Ensino das Modalidades Colectivas e Individuas


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2.2. Princípio da Inclusão....................................................................................................5

2.2.1. Princípio da Diversidade..........................................................................................6

2.2.2. Princípio da Complexidade......................................................................................7

2.2.3. Princípio da Adequação ao Aluno............................................................................8

2.3. Princípios Pedagógicos dos Desportos Colectivos e Individuais como Promotores de


Sucesso Educativo...................................................................................................................9

2.3.1. O Ensino do Desporto e a Educação Física............................................................11

3. Considerações Finais.....................................................................................................12

4. Referências Bibliográficas.............................................................................................13

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1. Introdução

O Desporto é um fenómeno sociocultural de natureza educacional, característica que é


evidenciada quando a prática desportiva recebe um tratamento pedagógico adequado,
podendo contribuir de maneira significativa para a formação cidadã. Reverdito e Scaglia
(2009, p.37) afirmam que:

O ensinar pelo desporto deve estar comprometido com a autonomia do ser humano,
com a formação de cidadãos críticos.

Com isto, no âmbito dos estudos sobre a teoria do ensino dos desportos colectivos e
individuais, o pensamento do professor designa uma linha de investigação que busca
compreender os processos que ocorrem na mente dos professores durante sua actividade
profissional, ao preconizar que aquilo que o professor faz é influenciado pelo que o professor
pensa (Clark; Peterson, 1986).

Sendo assim, os conhecimentos produzidos por diversas pedagogias contribuem com o ensino
do desporto, isto é, na prática pedagógica do treinador/professor, entretanto a dificuldade dos
treinadores/professores em actuar com o processo de ensino-aprendizagem do desporto torna-
se frequente na medida em que as teorias não convergem. Conforme Freire (2000, p.91) os
professores/treinadores incumbidos de ensinar desportos não se sentem suficientemente
convencidos de que é possível ensiná-los.

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1.1. Objectivos da Pesquisa

Para o alcance do resultado anunciado neste trabalho de pesquisa, foram determinados os


seguintes objectivos de carácter geral e específicos:

1.1.1. Objectivo Geral da Pesquisa


 Analisar os fundamentos da evolução do desporto e teoria de ensino dos desportos
colectivos e individuais.
1.1.2. Objectivos Específicos
 Apresentar a teoria de ensino dos desportos colectivos e individuais, dizendo os
métodos específicos de ensino dos tais desportos.
 Desenvolver os fundamentos da evolução do desporto.
1.2. Metodologias

Segundo Lakatos e Marconi (1991, p.83) a metodologia “é o conjunto da actividades


sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.”
Contribui para a solução do problema de maneira racional.

O presente estudo tem como proposta metodológica uma revisão da literatura. Trata-se,
portanto, de uma pesquisa exploratória de carácter descritivo. Acredita-se que esta abordagem
vai de encontro dos objectivos e necessidades do estudo proposto.

A pesquisa bibliográfica busca na literatura existente, subsídios capazes de atribuir ao tema o


entendimento para formação de uma opinião. Disponibiliza pistas de soluções para o
problema além de aprofundar outros assuntos que se relacionam com o tema determinando
variáveis. Investiga o problema a partir do referencial teórico existente em livros e outras
publicações, sendo necessária a qualquer modalidade de trabalho científico e é também a
primeira etapa de qualquer tipo de pesquisa.

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2. Debate Teórico
2.1. Os Fundamentos da Evolução do Desporto

O desporto é uma actividade presente em todas as civilizações, desde as épocas mais


remotas, como na Grécia antiga e Roma. Conforme Tubino (1987, p.14):

O desporto, na sua conceituação e revisão histórica, existe independente da


Educação Física, isto é, como forma institucionalizada.

As evidências apontam que foram os gregos e os persas os pioneiros na sistematização da


prática do desporto. Nas mais primitiva sociedade já havia monumentos de vários estilos
(egípcios, babilónicos, assírios e hebreus) com cenas de lutas, jogos de bola, natação,
acrobacias e danças. Entre os egípcios, a luta corpo-a-corpo e com espadas surgiu por volta de
2.700 a.C. Eram exercícios com fins militares ou, na maioria das vezes, com caráter religioso.
Além disso, na China desenvolveu-se o Kung-fu há mais ou menos 5 mil anos (Tubino,
1987).

Deve-se lembrar que nesta época os jogos gregos, eram realizados seguindo rituais, sendo
portanto manifestação religiosa, e de culto ao corpo (durante a preparação para os jogos
olímpicos), que na verdade se traduz num ritual. O autor porém não faz relação entre estas
práticas com a religiosidade ou cerimônias, são citadas, mas não há uma construção desta
relação nos escritos de Tubino. Considera que o desporto moderno só vem a surgir na
Inglaterra no século XX, concebido pelos esforços de Thomas Arnold, director de uma escola
que incorporou as atividades físicas praticadas pelos burgueses ao processo educativo. Com o
estabelecimento de regras para os jogos praticados neste educandário, estas práticas
abandonaram os muros e se espalharam pela Inglaterra.

2.1.1. A Teoria de Ensino dos Desportos Colectivos e Individuais

Nos dias actuais, tem-se observado um aumento considerável nas discussões sobre as
metodologias de ensino-aprendizagem dos desportos; nos jogos desportivos coletivos e
individuais, inúmeros são os assuntos a serem debatidos.

Os desportos colectivos e individuais são constituídos por várias modalidades desportivas:


voleibol, futsal, futebol, andebol, Pólo aquático, basquetebol, atletismo, ginástica, entre outros
e, desde sua origem, têm sido praticados por crianças e adolescentes dos mais diferentes
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povos e nações. Sua evolução é constante, ficando cada vez mais evidente seu carácter
competitivo, regido por regras e regulamentos (Teodorescu, 1984).

Por outro lado, os autores da pedagogia do desporto também têm constatado a importância
dos jogos desportivos coletivos e individuais para a educação de crianças e adolescentes de
todos os segmentos da sociedade, uma vez que sua prática pode promover intervenções
quanto à cooperação, convivência, participação, inclusão, entre outros.

A pedagogia do desporto busca estudar esse processo, e as ciências do desporto, em suas


diferentes dimensões, identificaram vários problemas, os quais serão balizadores deste estudo:
busca de resultados em curto prazo; especialização precoce; carência de planeamento;
fragmentação do ensino dos conteúdos; e aspectos relevantes, que tratam da compreensão do
fenómeno na sua função social. Assim sendo, o ensino dos jogos desportivos colectivos e
individuais deve ser concebido como um processo na busca da aprendizagem.

2.1.2. Os Princípios Pedagógicos Para o Ensino das Modalidades Colectivas e


Individuas

Mauro Betti e Gomes-da-Silva (2018) apresentaram em uma de suas obras quatro princípios
pedagógicos para o ensino dos desportos colectivos e individuais que o professor precisa
adoptar para orientar seu processo de ensino. Contudo, antes de especificar os detalhes de
cada um dos princípios, os autores apresentam seu ponto de partida no que tange ao conceito
de princípio.

A palavra “princípio”, além de denotar “começo” ou “início” de algo, também se


refere a um ditame moral, lei ou preceito; a uma “proposição elementar e fundamental
que serve de base a uma ordem de conhecimentos” (Houaiss, 2009). Os princípios
didático-pedagógicos do ensino dos desportos colectivos e individuais são também
princípios axiológicos, referem-se a valores que escolhemos. São preceitos ou
proposições que devem orientar os processos de ensino, e por serem princípios
valorativos, deles não se pode abrir mão, sob pena de incoerência, de incorrer no erro
de “falar uma coisa e fazer outra”, inaceitável para um educador (Betti; Gomes-Da-
Silva, 2018, p. 57).

A partir de uma análise interpretativa do que Mauro Betti e Gomes-da-Silva (2018) assinalam
como conceito de princípio, torna-se importante entender que, estes princípios devem nortear
a acção didáctica do docente no ensino do desporto (colectivo e individual), pois pode servir
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de base para uma ordem de conhecimentos, que neste caso, estará directamente arraigado às
acções pedagógicas vinculadas ao ensino dos desportos colectivos e individuais.

O ensino dos desportes colectivos e individuais deve ser facilitador de maneira a auxiliar o
praticante na compreensão do seu sentir e da sua relação na esfera da prática em que se está
inserido. É importante que o ensino seja reflexivo no que tange à prática pedagógica. Dessa
forma, se faz necessário reflectir sobre questões básicas como: as actividades o fizeram se
sentir bem? Foram significativas? Foram prazerosas? Que condições a sociedade oferecem no
que tange à possibilidade de praticar essas actividades? Quais são os grupos sociais
interessados nesta prática? Sendo assim, a prática dos desportos de aventura deve, progressiva
e cuidadosamente, conduzir o praticante a uma reflexão crítica que o leve à autonomia no
usufruto das práticas corporais presentes no universo dos desportos de aventura (Betti;
Zulliani, 2002).

2.2. Princípio da Inclusão

Os conteúdos e estratégias seleccionados para a prática dos desportos colectivos e individuais


devem sempre propiciar a inclusão de todos os praticantes. Nesse sentido, a aplicabilidade do
princípio da inclusão nos desportos colectivos e individuais resulta em um manejo docente, de
esforçar-se para que todos os participantes executem as actividades atinentes ao ensino de
forma igualitária, sejam eles descoordenados, acima do peso corporal adequado a sua faixa
etária, deficientes ou até mesmo por determinada “punição” ao praticante. Desse modo o
professor, ao ministrar os desportes colectivos e individuais, deve ter em mente a importância
da inclusão de todos os alunos. Todavia, cabe ao professor desenvolver um planeamento que
proporcione situações de movimento que todos tenham a oportunidade de participação (Betti
& Zuliani, 2002).

Uma outra condição que pode ser atendida a partir do princípio da inclusão é a questão de
género. Existem desportos convencionais cuja cultura social sempre foi representada pelo
estigma de determinado género, masculino ou feminino. Segundo Goellner (2005) o futebol,
por exemplo sempre foi um dos desportos mais populares do mundo, e que este sempre
dicotomizou o género masculino do feminino, sendo o género masculino o principal material
humano como produto de desempenho desportivo e desporto-espetáculo, no qual o “homem”
sempre foi à figura central deste desporto.

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Portanto, reflectir sobre o princípio da inclusão, é sobrepor o histórico das práticas corporais
da Educação Física. Infelizmente em alguns momentos, este histórico pautou-se pela
classificação dos indivíduos em aptos e inaptos, assim excluindo e dicotomizando pessoas das
práticas corporais na Educação Física. Deve-se aqui também ressaltar que, mesmo ratificados
sobre a exclusão de grande parte dos praticantes, infelizmente muitos professores ainda
apresentam dificuldades em reflectir ou modificar seus procedimentos no que tange às
actividades excludentes, isto pode ocorrer devido ao enraizamento de tais práticas. Darido
(2012, p. 93) exemplifica essa prática quando afirma que “alguns professores propõem jogos
em que os alunos vencedores permanecem jogando mais tempo, em detrimento dos demais.
Acções, como essa, podem indicar que o professor privilegia os mais aptos, o que deve ser
evitado”.

2.2.1. Princípio da Diversidade

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) orientam que a diversidade de conteúdos


nas práticas corporais da Educação Física podem também ser aplicadas na construção
processual de ensino/aprendizagem orientadas pela escolha dos objectivos gerais e específicos
a serem trabalhados entre as relações dos conhecimentos da cultura corporal de movimento e
os participantes da aprendizagem. Dessa forma, busca-se legitimar as diversas possibilidades
que existem para aprendizagem, que se estabelecem com a consolidação das dimensões
socioculturais, afetivas, cognitivas e motoras que podem ser proporcionadas aos participantes.

Para Betti e Gomes-da-Silva (2018) essa diversificação de conteúdos é possivelmente


existente para as práticas corporais da Educação Física, pois as mesmas poderão superar em
algum aspecto, como exemplo, as habilidades de lançar ou correr. Assim sendo, as inferentes
intervenções práticas referem-se à atenção, à diversidade de conteúdos que se trata de um dos
princípios comprometido com a equidade, ou seja, com o direito de todos os praticantes
realizarem as aprendizagens fundamentais, técnicas e experimentação.

Nessa perspectiva, recomenda-se também, que o professor/instrutor fomente o princípio da


diversidade relacionado com o trabalho da diversidade dos conteúdos em seu sentido mais
amplo de prática. Isso significa dizer que o mesmo, não deve ensinar somente uma ou outra
prática corporal relativa ao desporto colectivo e individual mas uma diversidade de práticas
que fazem parte do universo da cultura corporal da modalidade que está sendo tematizada
pelo professor, em outras palavras, o professor deverá explorar todas as possíveis habilidades

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motoras de seus alunos, por meio das caraterísticas de cada modalidade, como por exemplo:
subir, escalar, correr, saltar, pular, equilibra-se, rolar entre outras características peculiares de
cada modalidade (Brasil, 2000).

A partir deste princípio é possível analisar que o cenário de diversidades práticas deverá ser
agregado como métodos norteadores da Educação Física, dentro do contexto das práticas
corporais das modalidades dos desportos colectivos e individuais. Essas aplicações práticas
demonstram que é possível modificar a concepção técnica quanto às práticas corporais dos
desportos colectivos. A partir daí, quando se fala de uma prática corporal com base dos
desportos colectivos, torna-se necessário analisar de forma criteriosa o desenvolvimento de
alternativas para a diversificação de conteúdos para práticas dos alunos.

2.2.2. Princípio da Complexidade

O princípio da complexidade em seu sentido mais amplo de abordagem, centrada nos seus
participantes dentro do contexto dos desportos colectivos e individuais, configura-se na ênfase
de trabalho em grupos pelo qual visam atingir objectivos comuns, esperado pelo professor
enquanto agente facilitador da aprendizagem. Sendo assim, a valorização de prática dos
processos cognitivos, da tomada de decisão e da compreensão das situações-problema,
durante as situações de prática constituem o mote de complexidade que contribuem para o
desenvolvimento pessoal, social e desportivo (Mesquita, et al. 2016).

Neste cenário de aprendizagens este é um ponto crucial de lógica, pois para Pereira, Armbrust
e Ricardo (2008) esta complexidade está implícita, os autores afirmam em seu estudo que os
desportos colectivos e individuais podem ofertar realizações complexas de prática e
aprendizado, quando apresentadas ao praticante. Talvez complexas por acontecer onde a base
dessas práticas pode estar relacionada diretamente entre o factor extrínseco (local de prática,
materiais utilizados, condições climáticas, entre outros) e as conexões entre o factor intrínseco
(capacidades físicas e intelectuais do praticante). Essas são possíveis variáveis que devem ser
trabalhadas com os devidos cuidados, pois devem estar totalmente ajustadas à faixa etária e
ascensão do praticante.

Visto que essas variáveis vinculadas às actividades propostas pelo professor podem provocar
uma exigência entre as articulações e as soluções das mais diversas experimentações
corporais possíveis, são estas que irão compor as características de complexidade para o
praticante (Vieira; Baggagio, 2004). Nesse sentido, a complexidade das práticas corporais dos
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desportos colectivos e individuais deverão ajustar-se as demandas gerais do praticante, tanto
na esfera de prática corporal, quanto na esfera ambiental relacionada à prática com a natureza
(Triani et al., 2021).

Nesse sentido, Mesquita et al. (2016) apresentam o papel importante em que os participantes
mais habilidosos assumem nas actividades consideradas mais complexas, na medida em que
auxiliam na orientação dos colegas menos habilidosos, demonstrando, assim, ser crucial para
que todos, sem excepção, sintam-se membros da equipa, e, consequentemente, contribuam
para o desenvolvimento das competências motoras e desportivas de todos, conforme é o
desejado de toda acção docente.

Portanto, o princípio da complexidade e os conteúdos temáticos que forem seleccionados para


o trabalho com os desportos colectivos e individuais, deverão adquirir complexidade
crescente com o decorrer das habilidades motoras e desportivas a serem trabalhadas,
respeitando a faixa etária dos seus participantes, tanto do ponto de vista do desenvolvimento
motor, que são de facto as habilidades básicas, o refinamento dessas habilidades e as
habilidades especializadas, assim como as de carácter cognitivo, na qual a capacidade de
análise, de crítica, o processamento de informação e as tomadas de decisões durante as
vivências práticas são trabalhadas continuamente durante o processo de ensino oferecido pelo
professor (Camuci; Matthiesen; Ginciene, 2017).

2.2.3. Princípio da Adequação ao Aluno

O princípio da adequação ao aluno, também conhecido como “princípio de adequação aos


aprendentes”, proposto por Betti e Gomes-da-Silva (2018) trazem a abordagem orientativa em
que todas as etapas processuais de ensino serão abordadas pelas considerações das
características, de potencial e a disposição do aluno para aprendizagem, nos aspectos
cognitivos, social, motor e afectivo.

Este é um dos princípios que o professor/a deverá compreender bem, mesmo que com outro
termo “desconhecido” já que é bastante concreto o facto de que os alunos não são todos iguais
e apresentam características bem individuais, ou seja, são seres singulares. No ensino da
Educação Física e do Desportos sabe-se que este princípio também é conhecido como
individualidade. Entretanto, no ensino dos desportos colectivos e individuais o princípio da
adequação do aluno compreende as adequações das modalidades propriamente ditas, ou seja,
o professor deve introduzir atividades práticas que sejam novas experimentações, ou uma
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variação mais complexa de adequação de um determinado movimento de modalidade que o
aluno já domine (Betti & Zuliani, 2002).

Nesse sentido, para Brasil, Ramos e Nascimento (2019) a intervenção do professor toma o
protagonismo não apenas no âmbito de prática e adequação ao aluno, mas, remonta a
intervenção que se caracteriza pelo nível de complexidade e pela vulnerabilidade do ambiente
em que a prática desportiva ocorre (ou seja, na natureza) e, também, da especificidade dos
equipamentos utilizados e das habilidades exigidas por estes desportos. Sendo assim, o risco
aparente oferecido pelos desportos colectivos e individuais surgem como elemento
pedagógico predominantemente na adequação dessas actividades, nas quais o professor
proporciona para aprendizagem dos praticantes, o modelo em que a base dos níveis adequados
de risco apresenta implicações claras na segurança dos alunos, motivação e a aquisição das
habilidades.

Sendo assim, o princípio da adequação ao aluno aos desportos colectivos e individuais


compreendem que as orientações didácticas de adequação podem ser determinadas pela
relação entre conteúdo e objectivo. Por conseguinte, o fornecimento pela qual se concretiza
esta relação em condições didácticas específicas pode ao mesmo tempo influenciar na
reformulação ou modificação dos conteúdos e objectivos. Referindo-se aos meios de
adequação para alcançar objectivos gerais e específicos no ensino dos desportos colectivos e
individuais, ou seja, envolver as acções a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para
atingir os conteúdos e objectivos (Darido, 2012, p. 91).

Em se tratando de conteúdos evidenciam-se também à possibilidade de se desenvolver ações


pedagógicas que abordem as dimensões dos conteúdos conceituais, altitudinais e
procedimentais, abordadas junto às modalidades dos desportos colectivos e individuais
(Paixão, 2017). Nesse sentido, as modalidades desses desportos, oferecem práticas corporais
que apresentam um grande potencial de desenvolvimento educativo, cujo objectivo suscita
nos praticantes circunstâncias educativas com experimento pouco frequente, além de uma
forte especificidade motivadora, imbuída de fortes acções emotivas, de significados e
intencionalidades.

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2.3. Princípios Pedagógicos dos Desportos Colectivos e Individuais como Promotores
de Sucesso Educativo

Tal como refere Mitchel (citado em Bzuneck, 2010, p.13) os educadores/professores têm
demonstrado uma grande preocupação, a respeito de como motivar os alunos para o gosto
pela aprendizagem. É importante que um educador/professor proporcione, através de diversas
estratégias de ensino, momentos em sala de aula onde as crianças sintam necessidade de
aprender e de atuar. Segundo Lopes & Silva “uma estratégia de ensino corresponde a um
conjunto de acções do professor orientadas para alcançar determinados objectivos de
aprendizagem que se têm em vista” (2010, p.135). Para tal, é necessário que um professor
faça continuamente uma procura constante capaz de influenciar a dinâmica da aprendizagem.

Nesta perspectiva, o educador/professor deve ter um papel de investigador, utilizando várias


metodologias e instrumentos pedagógicos, para criar condições necessárias de forma a dar

resposta ao grupo. Esta perspectiva faz ainda com que o profissional da educação seja levado

a reflectir, permanentemente, para poder responder às questões dos alunos e também às suas

próprias questões, pois “ser professor-investigador é, primeiro que tudo, ter uma atitude de

estar na profissão como intelectual que criticamente questiona e se questiona” (Alarcão, 2001,
p.6).

Quando um educador/professor planifica as suas aulas deverá ter em conta as estratégias a


utilizar em sala de aula de modo a proporcionar aulas dinâmicas e motivadoras às crianças,

pois, é através da motivação que é possível estimular a criança a encontrar razões para

aprender, aperfeiçoar e reconhecer como tornar rentáveis as suas capacidades. Segundo

Balancho & Coelho (2005, p.17) “motivação é aquilo que suscita ou incita uma conduta, que

sustém uma actividade progressiva, que canaliza essa actividade para um dado sentido”.

Se uma aula for meramente expositiva esta manifestará maior desinteresse nos alunos e esses
acabarão por prestar menos atenção. Pelo contrário, se uma aula fordinâmica, os alunos
tendem a captar com maior facilidade o que está a ser lecionado, envolvendo-se mais nas

tarefas. Deste modo e, segundo Aires (2010, p.67) “todos os professores sabem que o formato

de uma aula influencia o nível de empenho dos estudantes” e, por essa razão, é fundamental

apostar numa aprendizagem pela ação oferecendo um espaço adequado para as crianças se
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“moverem, experimentarem e trabalharem, quer sozinhas, quer com outras” (Hohmann &
Weikart, 2009, p.166).

É importante que um educador/professor “planifique de forma cuidada todas as actividades a


desenvolver para evitar “tempos mortos” e a falta de ritmo entre as várias sequências de cada

momento da aula” (Balancho & Coelho, 2005, p.49). No momento de ensinar os professores

deverão apostar na diversidade dos métodos, das atividades e da avaliação o que implica que

estes “assentem a sua prática numa base de pesquisa e experiência sobre o ensino eficaz”

(Hargreaves, 2003, p.46). Criar momentos de aprendizagem criativos e dinâmicos contribui

para uma postura menos passiva, de desinteresse e de falta de motivação. Para tal, é

necessário que os professores quebrem a educação tradicional, saiam do seu “casulo”, na

convicção de se tornarem mais “flexíveis e produtivos” e arriscarem nas suas intenções

pedagógicas, pois, se não estivermos preparados para errar, nunca faremos nada de original

(Robinson, 2010, p.27). Um professor sem confiança nas suas potencialidades, no seu poder

transformador e na sua perfetibilidade terá mais dificuldade em alcançar o sucesso pretendido


com o seu grupo/turma.

2.3.1. O Ensino do Desporto e a Educação Física

O desporto apresenta-se como um dos mais importantes fenómenos sócio


culturais deste século, tornando-se, de certa forma, um património da humanidade.

De acordo com Oliveira (1986, p.33 e 34):

O desporto tem suas raízes etimológicas no francês desport, que os ingleses alteraram
para sport. O termo tinha, então, a conotação de prazer, divertimento, descanso. E,
apesar das diversas nuances que o desporto assumiu ao longo do nosso século, as
pessoas continuam fiéis ao seu sentido original. Até hoje, por exemplo, quando se
pretende manifestar algum descompromisso, diz-se que se fez alguma coisa por
desporto.

O que pode caracterizar essa dimensão fenomenal alcançada pelo desporto é a


sua condição de um fenómeno sociocultural, que se desenvolveu em meio às relações
humanas (Reverdito; Scaglia; Paes, 2009). Já para Paes (2006) um dos aspectos que
caracteriza a dimensão fenomenal do desporto nesse século é a sua pluralidade, uma
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vez que a cada dia surgem novos significados e re-significados, tornando a sua prática
cada vez mais fascinante. Do mesmo modo, para Paes (2002) e Galatti et al. (2008) o
desporto apresenta-se como um fenómeno sócio cultural de múltiplas manifestações e
complexo, onde passa a ser cada vez mais presente/integrado na vida das pessoas.

3. Considerações Finais

Permitam-me que utilize de modo intencional o termo “considerações finais”: minha intenção
é não de concluir este trabalho, no sentido literal desta palavra, como sendo algo
perfeitamente terminado, sem que nada possa ser inserido ao longo do tempo; pelo contrário,
procurarei deixar um sentimento de que muito ainda precisa ser aprofundado, que o caminho a
trilhar é longo e reflexivo.

Assim sendo, das análises, leituras feitas e outras consultas e materiais encontrados, conclui-
se que os fundamentos da evolução do desporto são uma actividade abrangente que engloba
diversas áreas importantes para a humanidade, é também uma forma de sociabilização e de
transmissão de valores.

No que tange a teoria de ensino de desportos colectivos e individuais, pode-se concluir que
para o ensino de modalidades desportivas colectivas e individuais poder-se-á destacar que é
importante respeitar os conteúdos das fases do processo de aprendizagem.

No que tange aos princípios pedagógicos para o ensino das modalidades colectivas e
individuas como possibilidade de aplicação no contexto do âmbito de prática dos desportos de
colectivos e individuais é reconhecê-los como uma forma potente de tematizar as práticas
corporais dos desportos. Os desportos colectivos e individuais poderiam ser mais incentivados
e valorizados nas escolas moçambicanas e cursos de formação, a fim de formar mais atletas e
profissionais para actuação no campo profissional.

De uma forma conclusiva para o ensino de modalidades esportivas poder-se-á destacar que é
importante respeitar os conteúdos das fases do processo de aprendizagem, diversificar a
aprendizagem dentro da modalidade a ser ensinada e introduzir no processo o estímulo das
habilidades motoras básicas. Além disso, o professor de educação física poderia estimular a
aprendizagem por meio de processos que envolvam todos os sentidos, incrementar o processo
de ensino através do estímulo das inteligências múltiplas e pautar o ensino do desporto na
solução de problemas, ou seja, numa prática com significado funcional.

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4. Referências Bibliográficas

Aires, L. (2010). Disciplina na sala de aula – Um guia prático de boas práticas, Lisboa:
Edições Sílabo.

Alarcão, I. (2001). Professor-investigador: que sentido? Que formação?. Campos, B.P. (Org.)
Formação profissional de professores no Ensino Superior, Porto: Inafop/Porto
Editora.

Betti, Mauro; Gomes-Da-Silva, Pierre. (2018). Corporeidade, jogo, linguagem: a educação


física nos anos iniciais do ensino fundamental. São Paulo: Cortez.

Betti, Mauro; Zuliani, Luiz Roberto. (2002). Educação física escolar: uma proposta de
diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, n. 1, v. 1, p.
73-81, Disponível em:
https://www.mackenzie.br/fileadmin/OLD/47/Graduacao/CCBS/Cursos/Educacao_Fis
ica/REMEFE-1-1-2002/art6_edfis1n1.pdf. Acesso em: 31 ago. 2023.

Blancho, M. J. & coelho, F. M. (2005). Motivar os alunos. Criatividade na relação


pedagógica: conceitos e práticas. (3ª.edição). Lisboa: Texto Editores.

Brasil, Vinicius Zeilmann; ramos, Valmor; souza, Jeferson Rodrigues; Barros, Thais
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