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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Ligação Química e Funções Inorgânicas

Ana Vilanculo, Código: 708231717

Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia

Cadeira: Química Básica

Ano de Frequência: 1°

Turma: I

Maputo, Agosto 2023


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Ligação Química e Funções Inorgânicas

Trabalho de Carácter Avaliativo da Cadeira de


Química Básica a ser entregue no Instituto de
Educação à Distância-Maputo

Tutor: Jofrice Mateus

Ana Vilanculo, Código: 708231717

Maputo, Agosto 2023


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gerais
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Índice
1. Introdução......................................................................................................................1

1.1. Objectivos do Trabalho...............................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral....................................................................................................... 2

1.1.2. Objectivos Específicos.............................................................................................2

1.2. Metodologias..............................................................................................................2

2. Revisão Literária.............................................................................................................3

2.1. Algumas Considerações Sobre Ligações Químicas......................................................3

2.1.1. Ligações Químicas - Aspectos Conceituais..............................................................4

2.1.2. Características das Ligações Químicas....................................................................4

2.1.3. Ligação Iónica..........................................................................................................5

2.1.4. Ligação Covalente...................................................................................................6

2.2. Os Gases Nobres.........................................................................................................7

2.2.1. A Regra de Octeto...................................................................................................9

2.2.2. Funções Inorgânicas..............................................................................................11

3. Considerações Finais....................................................................................................13

4. Referências Bibliográficas............................................................................................ 14

iii
1. Introdução

A Ligação química é reconhecida como um conceito estruturante dentro da


Química, pois a sua compreensão contribui para apreensão de outros conceitos e
conteúdos, tais como: propriedades químicas e físicas das substâncias, reacções
químicas, mecanismos de reação, equilíbrio químico, dentre outros. Linus Pauling
(1992) afirmou que ligação química é o conceito mais valioso da Química. Apesar
dessa importância, diversas pesquisas apontam que a ligação covalente não é bem
compreendida pelos estudantes em diversos níveis de ensino (Erman, 2017).
Segundo Franco e Ruiz (2006, p. 114):

As concepções alternativas sobre ligação química, geralmente não se formam fora da


sala de aula, tendo em vista o nível de abstração deste conceito e que as experiências
dos estudantes com a ligação química são muito indiretas.

De facto, ligação química não é um conceito tão divulgado entre o público


leigo a ponto de ser empregado quotidianamente, excepto por químicos ou
estudantes de Química.

Considerando essa prerrogativa, é necessário reflectir sobre a formação das


concepções alternativas sobre ligação química durante as aulas de Química. Em
função da origem, as concepções alternativas sobre ligação química podem ser
atribuídas à forma como esse conteúdo é abordado nas aulas, aos materiais
didácticos utilizados no ensino ou à representação que o estudante constrói sobre
esse conceito (Franco; Ruiz, 2006).

Com isto, o tema ligações químicas e funções inorgânicas é fundamental para


o entendimento das transformações que ocorrem ao nosso redor, no entanto, a sua
aprendizagem tem apresentado problemas e geradas concepções alternativas pelos
estudantes. Pois essa temática exige uma compreensão da natureza das moléculas e
átomos, bem como a necessidade de formulação de modelos, sendo evidente a
importância desses serem adequados ao objetivo de ensino aprendizagem e a
escolaridade do aluno (Fernandez e Marcondes, 2006; Mendonça, Justi e Oliveira,
2010).

iv
1.1. Objectivos do Trabalho

O sucesso de qualquer trabalho de pesquisa depende em parte da clareza na


definição dos objectivos que se pretendem alcançar. Para o presente trabalho
definem-se os seguintes objectivos:

1.1.1. Objectivo Geral


 O objectivo geral deste trabalho de pesquisa é compreender as ligações químicas e
funções inorgânicas.
1.1.2. Objectivos Específicos

Como objectivos específicos cabem destacar três principais a serem tratados


no presente trabalho de pesquisa:

 Descrever a ligação química e os seus tipos;


 Caracterizar os gases nobres e a regra de octeto;
 Apresentar as funções inorgânicas.
1.2. Metodologias

A metodologia aplicada a esta pesquisa foi bibliográfica com abordagem da


revisão sistemática deu os determinados critérios que a compõem. Assim, a pesquisa
sistemática, “como o nome sugere, tais revisões são sistemáticas na abordagem e
usam métodos explícitos e rigorosos para identificar textos, fazer apreciação crítica e
sintetizar estudos relevantes” (Lopes & Fracolli 2008, p.2).

Nesse sentido, o método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, por ter sua
relevância para este estudo:

Como a pesquisa bibliográfica tem sido um procedimento bastante utilizado nos


trabalhos de caráter exploratório descritivo, reafirma-se a importância de definir e de
expor com clareza o método e os procedimentos metodológicos (tipo de pesquisa,
v
universo delimitado, instrumento de colecta de dados) que envolverão a sua
execução, detalhando as fontes, de modo a apresentar as lentes que guiaram todo o
processo de investigação e de análise da proposta (Lima & Mioto, 2007, p.3).

2. Revisão Literária
2.1. Algumas Considerações Sobre Ligações Químicas

A ligação química é um dos aspectos mais importantes da química, podendo-


se dizer que este tema é a essência desta ciência ou das transformações químicas
experimentadas pelos materiais, o que tem levado muitos cientistas a buscar formas
para explicar as interações entre os átomos na formação das substâncias.

Na realidade, especulações sobre tais processos começaram há cerca de 2600


anos, quando filósofos como Demócrito e Leucipo refletiam sobre a natureza das
forças e dos constituintes de toda a matéria, chegando à proposição da existência
dos átomos e de ideias sobre a agregação entre estes. A partir daí, muitos
pensadores têm procurado contribuir para esclarecer esses fatos, mas só a partir de
século XVIII, com os estudos sobre as leis das combinações químicas, começaram a
surgir ideias que, baseadas em dados experimentais, trouxeram alguma luz sobre a
natureza das ligações químicas.

Antoine Laurent Lavoisier (1785) químico francês considerado o pai da


química moderna, criou a Lei da conservação das massas, brilhantemente expressa
com a frase: “na natureza nada se cria nem se perde tudo se transforma”. Esta Lei
estabelece que durante uma reação química não ocorre ganho nem perda de massa,
ou seja: a soma das massas dos produtos é igual a soma das massas de todos os
reagentes envolvidos na reacção (Kuznetsov, 1980). Posteriormente Joseph Louis
Proust (1797) baseado em dados experimentais enunciou a Lei das proporções
definidas, estabelecendo que, na composição das substâncias, os elementos se
combinam segundo proporções de massas fixas, muito bem definidas.

John Dalton no século XIX reacende a teoria de Leucipo sobre uma partícula
finita da matéria, e estuda as duas Leis das transformações químicas: da conservação
vi
das massas e a Lei das proporções definidas, a partir dessesestudos, Dalton
desenvolve o primeiro modelo para explicar tal partícula, como uma bola de bilhar,
e sintetizando o conceito empírico a teoria atomística, que busca explicar a estrutura
individual de cada átomo.

Em 1826 Jacob Berzelius (1779-1848) em seus intensos estudos sobre a


composição química dos elementos determinou as primeiras formulas e símbolos
de alguns dos elementos que ele descobriu tendo como referência para seus estudos
as Teorias de Lavoisier que refutava a Teoria do flogistico. As descobertas e
determinações dos pesos atômicos de Berzelius foram importantes para a Teoria
atomística desenvolvida por Dalton (Vidal, 1986)

A partir da criação da teoria atomística de John Dalton (1766-1844), que o


átomo é uma partícula real, descontínua e indivisível, que elementos químicos
diferentes são constituídos de átomos diferentes, desenvolveu também várias
percentagens de composição das substâncias, as primeiras fórmulas moleculares.
Mas ainda não estava claro para os cientistas da época como acorria à formação, e
que forças agiam para que os átomos ligassem uns com os outros, constituindo as
substâncias (Bezerra, 2001).

2.1.1. Ligações Químicas - Aspectos Conceituais

As Ligações Químicas são interações entre átomos que resultam de forças, em


sua maioria electroestáticas, e geram moléculas, agrupamentos atómicos ou sólidos
iónicos, estas ligações podem ser basicamente de três tipos: covalentes, iônicas e
metálicas (Russel, 1996). É importante salientar que nenhuma ligação química é
totalmente covalente, iônica ou metálica, elas apresentam um caráter predominante
que determina sua natureza.

As ligações químicas ocorrem para que haja a diminuição da energia


individual dos átomos, perspectiva pouco abordada antes da graduação, e não
apenas para satisfazer a regra do octeto, o que é amplamente difundido no ensino
médio. Essas mudanças de energia são caracterizadas pela perda, ganho ou
compartilhamento dos eletrões de valências (Atkins, 2006).
vii
2.1.2. Características das Ligações Químicas

A formação da ligação química envolve normalmente só os eletrões do nível


eletrônico de valência, nível mais externo do átomo e a partir dessas ligações cada
átomo envolvido adquire uma configuração electrónica estável do ponto de vista da
Teoria da Ligação de Valência TLV, de Lewis. Para adquirir estabilidade eletrônica os
átomos podem perder, ganhar ou compartilhar eletrões, nestes termos tem três
maneiras de formar a ligações de carácter: iônico, covalente ou metálico. Esses
tipos de ligações são idealizações, pois a formação de cada ligação ocorre com certo
carácter que tenha uma maior predominância entre os outros, ou seja, não existe
uma ligação puramente covalente ou iônica ou metálica, para a formação da ligação.

Se o abaixamento da energia livre for obtido pela transferência completa de


um ou mais eletrões de um átomo para o outro, formam iões, (catiões e aniões), o
composto é mantido pela atracção eletrostática entre eles, sendo esta ligação
chamada de iônica. Elementos menos eletronegativos reagem com elementos mais
eletronegativos. Sendo os elementos conhecidos como metais que se liga a outro
elemento não-metal, formando uma ligação predominantemente de caráter iônico
(Mahan, 2003).

Os elementos caracterizados como metais são os elementos com baixa


afinidade eletrônica (átomos que têm menos energia para manter um elétron junto
ao seu núcleo), com mais facilidade de perder esses eletrões. E substâncias que
tenha um elemento com baixa eletronegatividade, em relação ao outro elemento na
mesma substância (átomos com menor energia para atrair eletrões para o seu
núcleo). Assim estes elementos são denominados de metais.

2.1.3. Ligação Iónica

Uma ligação iônica é caracterizada pela transferência de eletrões de valência


entre dois átomos, esta situação envolve um átomo mais eletropositivo (com
tendência a doar eletrões) e um eletronegativo (com tendência de receber eletrões),
assim através dessa transferência há a formação de iões, uns catiões (espécie com
carga positiva) e uns aniões (espécie com carga negativa) (Rodrigues, 2012).
viii
Este tipo de ligação ocorre, geralmente, entre um metal e um não-metal,
levando-se em consideração suas características periódicas, entre elas a
eletronegatividade de cada átomo. Átomos mais eletronegativos tem a tendência de
atrair mais os eletrões para si, enquanto átomos mais eletropositivos tendem a ter
uma maior facilidade em doar eletrões (Atkins, 2006) gerando assim um cenário
favorável à formação de ligações iónicas.

Os valores de eletronegatividade propostos por Pauling, ainda utilizados


muitas vezes para identificar e justificar a formação ou classificação de algumas
ligações químicas. Embora a eletronegatividade seja um fator importante, sozinha ela
não consegue explicar, de forma eficaz, como as ligações se formam.

Além da eletronegatividade, também é preciso levar em consideração a


energia necessária para formação das ligações, no caso da já representada ligação do
NaCl, temos o catiões 𝑁𝑎+ e o aniões 𝐶𝑙−, formados após a ligação, a energia
necessária para retirar um elétron do átomo de Na é muito menor do que a energia
necessária para que ele receba um elétron, assim o Na que possui uma
eletronegatividade mais baixa (0,9) que o Cl (3,0), tende a doar eletrões ao invés de
recebe-los, essa situação é contrária para o átomo de Cl, que possui características
opostas, maior eletronegatividade e menor energia para receber eletrões ao invés de
doá-los (Brown et al., 2005).

Assim, o que mantem a estabilidade desse tipo de ligação é a atração entre


cargas opostas, pois é necessária uma alta energia para dissociá-los. É importante
dizer que para que uma ligação tenha um caráter predominantemente iônico,
também é necessário analisar outros parâmetros como raio atômico e
polarizabilidade dos átomos envolvidos, que irão influenciar na eletronegatividade e
na energia necessária para formação ou quebra da ligação.

Átomos com menor raio atômico tendem a ter um maior poder de


polarização (Atkins, 2006) devido a concentração de cargas, isso também é válido
para iões e seus raios iônicos, assim quanto maior for o efeito de polarizabilidade,
maior será a atração electroestática entre esses iões, tornando a ligação mais forte.

ix
2.1.4. Ligação Covalente

Uma ligação covalente ocorre por meio do compartilhamento de eletrões


entre átomos vizinhos, geralmente ocorre entre não-metais ou átomos que não
possuem uma diferença considerável de eletronegatividade, através desse tipo de
ligação consegue-se formar compostos moleculares estáveis “juntando” apenas dois
átomos, que se satisfazem quimicamente (Rodrigues, 2012). Assim como nas ligações
iónicas, nenhuma ligação química é totalmente covalente, e sim apresenta um
carácter predominante de acordo com os átomos envolvidos.

Nas ligações covalentes pode haver o compartilhamento de mais de um par


de eletrões, gerando ligações duplas (compartilhamento de dois pares eletrônicos)
ou triplas (compartilhamento de três pares eletrônicos). Esses tipos de ligações
ocorrem de acordo com os átomos envolvidos e suas necessidades.

Ainda quanto a sua polaridade, podemos caracterizar as ligações covalentes


como polares e apolares. Em uma ligação covalente apolar, o compartilhamento de
eletrões entre os átomos acontece de forma uniforme, ou seja, não há formação de
polos negativos ou positivos na molécula (dipolos elétricos) (Brown et al., 2005). No
caso do metano, molécula representada anteriormente, temos uma diferença
irrisória de eletronegatividade entre os átomos de H e C, como também
características de polarizabilidade bem semelhantes, assim nenhum átomo exerce
uma maior influência sobre os eletrões do outro, gerando nuvens eletrónicas
uniformes entre o carbono e os hidrogénios ligantes.

Já em uma ligação química polar há a formação de dipolos permanentes na


molécula, isso acontece porque existe um átomo mais eletronegativo e que exerce
um efeito de polarização no outro, gerando cargas parciais nas moléculas (Atkins,
2006). Essas cargas parciais, geram um polo positivo e outro negativo, dipolo
permanente, distorcendo a nuvem eletrônica, criando uma maior densidade
eletrônica no polo negativo. Um exemplo disso é a molécula da água (𝐻2𝑂),
representada anteriormente, onde o oxigênio ocupa essa posição de polo negativo,
atraindo para si uma maior densidade eletrónica.

x
2.2. Os Gases Nobres

Os GN constituem o grupo 18 (VIIIa) da tabela periódica, cujas propriedades


apresentam pouca variação, razão pela qual, experimentalmente, são abordados de
forma coletiva. Sua denominação como sendo “gases raros” denota sua relativa
escassez na natureza; são considerados elementos traços por excelência, muito
embora a concentração do elemento Ar na atmosfera componha 1% da composição.

O comportamento dos GN na natureza é governado apenas por processos


físicos relativamente simples como difusão, dissolução, adsorção, partição e
transformações nucleares. Por esta razão, são considerados excelentes traçadores
geoquímicos para investigar sistemas ambientais e geológicos (Aeschbach-Hertig et
al. 1999). O atributo “gases nobres” e/ou “gases inertes” deve-se à resistência com
que estes elementos se engajam em reações químicas. Não significa que não o
venham a fazer, porém, quando o fazem, é sempre a partir de interacções baseadas
em forças de Van der Waals (Ozima & Podosek 2002).

De acordo com Porcelli et al. (2002) uma expressiva parte das informações
disponíveis sobre o sistema terrestre e solar advém da observação dos GN. Suas
variações isotópicas reflectem processos de diferenciação planetária que geraram
fracionamento entre os GN e seus elementos parentais (Porcelli & Ballentine 2002). A
diferenciação planetária em manto e crosta continental, as diferentes taxas de
produção radiogénica de GN (a partir de U, Th e K) e o escape pretérito de gases para
a atmosfera resultaram na formação de reservatórios (manto, crosta e atmosfera)
com abundância e assinaturas isotópicas distintas. Existem vários processos
(reacções) geradores da grande variação isotópica de GN observada na natureza, e
que ocorrem em maior ou menor intensidade de acordo com o reservatório avaliado.

De forma geral, estas reações podem ser do tipo nucleónicas, radiogénicas e


fisiogénicas, incluindo reações de espalação e fissão espontânea. Ballentine &
Burnard (2002) Ballentine et al. (2002) e Graham (2002) oferecem uma ampla revisão
dos processos de formação de isótopos de GN. As reações nucleares não produzem
apenas isótopos estão viés, mas também isótopos radioactivos, com as mesmas

xi
características de inabilidade de participarem de reações químicas. Alterações em
suas concentrações decorrem de processos físicos, como produção-decaimento
radiogénico e mistura.

Os GN possuem propriedades físicas e químicas que variam sistematicamente


com seu peso atômico, além de amplas variações em suas composições isotópicas
decorrentes de processos nucleares a partir de elementos parentais relativamente
mais abundantes.

Enquanto nos demais campos da geoquímica os GN de origem atmosférica


são considerados “contaminação”, nas águas subterrâneas os GN conformam
importante e abundante parcela (Kipfer et al. 2002). As concentrações destes
isótopos radioativos de GN podem ser usadas para calcular o tempo decorrido desde
o instante em que o sistema comporta-se como isotopicamente fechado, ou seja, o
tempo no qual o decaimento passa a ser o único processo determinante de alteração
das respectivas concentrações.

De acordo com Bethke & Johnson (2008) esta afirmação ampara-se no


conceito de fluxo a partir do modelo em pistão, a partir do qual, a recarga de um
volume de água que se processou em um determinado local migrou ao longo de uma
linha de fluxo até sua posição local de coleta e análise isotópica. Vale lembrar que as
referidas concentrações podem ser alteradas por processos denominados de
dispersão hidrodinâmica (Castro & Goblet 2005, Bethke & Johnson 2008).

Alguns destes isótopos possuem meia vida similar ao tempo de renovação da


água em sistemas naturais e podem ser usados para determinar o tempo de
residência. No âmbito supergênico (atmosfera e hidrosfera) os GN fornecem
elementos decisivos para o entendimento dos padrões de fluxo em sistemas
hidrológicos e bacias oceânicas, além de constituírem-se em traçadores de idades e
indicadores paleoclimáticos.

O advento de modernas técnicas analíticas permitiu a determinação de GN e


seus isótopos nos mais variados tipos de meios, tanto geológicos como
cosmogónicos. Os progressos na sua compreensão geoquímica estiveram subordi-
xii
nados ao ritmo do desenvolvimento das técnicas de espectrometria de massa (Kipfer
et al. 2002). Espectrômetros de massa de ressonância magnética com resolução
capaz de medir as razões isotópicas de 3He/4He foram descritos de forma pioneira
por Mamyrin et al. (1969) e Mamyrin & Tolstikhin (1984).

2.2.1. A Regra de Octeto

De acordo com Subramanian, Melo Filho e Saldanha (1989) a regra do octeto


foi elaborada a partir das teorias criadas por Newlands, Mendeleyev, Abegg e
Thomson. Já Gugliotti (2001) credita a criação da regra do octeto a Irving Langmuir,
onde o processo histórico que levou à criação desta ocorreu da seguinte forma:

Langmuir já estava interessado no assunto, quando então em 1916, duas publicações

importantes aparecem, uma de Kossel e outra de Lewis. Ambas eram similares,

baseadas nas hipóteses de Abegg, mas a teoria de Lewis era a mais completa. Lewis

imaginava um átomo estático, com os eletrões arranjados em camadas cúbicas em

torno do núcleo. A sua teoria, aplicável aos átomos mais leves, era conhecida como

Langmuir refinou e desenvolveu as ideias de Lewis, criando sua própria teoria

atômica. Na teoria de Langmuir, que podia ser aplicada também aos átomos mais

pesados e explicava a estabilidade dos gases nobres, os eletrões estavam arranjados

em camadas concêntricas em torno do núcleo. Este modelo obteve melhor aceitação


o ser confundida com o de Lewis (Gugliotti, 2001, p. 569).

Atkins e Jones (2006) definem a regra do octeto ao explicarem a formação das


ligações iônicas e covalentes ao iniciarem o estudo das estruturas de Lewis, onde
afirmam que:

Quando uma ligação iônica se forma, um átomo perde eletrões e outro os recebe até
que ambos atinjam a configuração de um gás nobre um doblete para os elementos
vizinhos do hélio e um octeto para os demais. A mesma ideia pode ser estendida às
ligações covalentes. Entretanto, quando uma ligação covalente se forma, os átomos
compartilham eletrões até atingir a configuração de um gás nobre. Lewis chamou
este princípio de regra do octeto: na formação de uma ligação covalente, os átomos

xiii
tendem a completar seus octetos pelo compartilhamento de eletrões (Atkins; Jones,
2006, p. 170).

Da mesma forma, em outro livro bastante usado no superior, a regra é


definida como:

Os átomos frequentemente ganham, perdem ou compartilham seus eletrões para


atingir o número de eletrões do gás nobre mais próximo deles na tabela periódica. Os
gases nobres têm distribuições eletrônicas muito estáveis, como evidenciado por
suas altas energias de ionização, baixas afinidades por eletrões adicionais e
deficiência geral de reatividade química. Como todos os gases nobres (excepto o He),
têm oito eletrões de valência, e muitos átomos sofrendo reações também terminam
com oito eletrões de valência. Essa observação levou a uma norma conhecida como
regra do octeto: os átomos tendem a ganhar, perder ou compartilhar eletrões até
que eles estejam circundados por oito eletrões de valência (Brown; Lemay; Bursten,
2005, p. 253).

Por outro lado, Subramanian, Melo Filho e Saldanha (1989) defendem


veemente o uso da regra do octeto para o ensino das ligações químicas. Os autores
afirmam que esta deve ser mantida por possuir fundamentação teórica e ser útil para
explicar a formação de várias substâncias químicas.

2.2.2. Funções Inorgânicas

As funções inorgânicas são grupos de substâncias que apresentam a mesma


função química. Já uma função química é caracterizada por substâncias que
apresentam propriedades semelhantes. Organizar as substâncias em funções é de
extrema importância na química. Imagine-se chegando a um supermercado e todos
os itens das prateleiras estivessem sem nenhuma organização: grãos misturados aos
enlatados, carnes misturadas a verduras ou produtos de limpeza e higiene
misturados a bebidas. Com certeza seria muito demorado encontrar um produto
desejado ou pesquisar preços e outras informações.

Este exemplo é apenas ilustrativo, mas demonstra como é fundamental a


organização para a investigação de informações em grupos com características

xiv
semelhantes. Na Química a mesma organização é fundamental. Com o passar do
tempo e com a descoberta de milhares de substâncias, os cientistas começaram a
observar que alguns desses compostos com propriedades semelhantes podiam ser
agrupados. Esses grupos são chamados de funções químicas (Usberco e Salvador,
2010).

Primeiramente pode-se separar as substâncias químicas em dois grandes


grupos: os das substâncias inorgânicas e os das substâncias orgânicas. Segundo Da
Silva e outros (2001) por volta de 1807, foi Berzelius o primeiro a fazer tal separação,
dizendo que as substâncias obtidas de seres vivos, ou de restos mortais, eram
“orgânicas”. E substâncias provenientes do mundo inanimado seriam “inorgânicas”.

No entanto em 1828, o químico alemão Friedrich Wöhler ao tentar sintetizar


uma substância inorgânica, o cianato de amônio, a partir de outras duas substâncias
inorgânicas, o cianato de potássio e o sulfato de amônio, a substância sintetizada foi
a uréia, uma substância orgânica a partir de outras duas inorgânicas. Sendo assim,
hoje, as substâncias orgânicas são aquelas que possuem cadeias carbônicas e as
inorgânicas são aquelas que não as possuem. Arrhenius organizou uma classificação
das substâncias em funções químicas. Veja-se o que alguns autores dizem sobre cada
uma dessas funções:

Ácido - Segundo Kotz (2009) é uma substância que, quando dissolvida em água,
aumenta a concentração de íons hidrogênio (H+), na solução. Para Politi (1946) é
uma substância molecular que , em solução aquosa, sofre ionização, fornecendo
como cátion exclusivamente H3O+. E para Usberco e Salvador (2010) e para Russell
(2008) é uma substância que em solução aquosa sofre ionização, liberando como
cátion somente H+.

HCl(aq) → H+(aq) + Cl-(aq)

HCl + H2O → H3O+ + Cl

Base - Para Kotz (2009) é uma substância que, quando dissolvida em água, aumenta a
concentração de iões hidróxidos (OH-), em água. E para Usberco e Salvador (2010)
para Politi (1946) e para Russell (2008) é uma substância que em solução aquosa

xv
sofrem dissociação iónica, liberando como único tipo de aniões os iões OH- (hidroxilo
ou oxidrilo).

NaOH(s) → Na+ (aq) + OH- (aq)

NaOH(s) Na+ (aq) + OH- (aq)

Sal - Segundo Usberco e Salvador (2010) e para Politi (1946) são compostos iónicos
que em solução aquosa sofrem dissociação iônica, liberando, pelo menos, uns catiões
diferente dos catiões hidrogênio (H+) e, pelo menos, um aniões diferente dos aniões
hidroxilo (OH-). Para Kotz (2009) é um composto iônico cujos catiões vem de uma
base e cujos aniões vem de um ácido. E para Russell (2008), é uma substância cujos
iões subsistem após a reação de neutralização de um ácido por uma base.

NaCl(s) → Na+ (aq) + Cl- (aq)

NaCl(s) Na+ (aq) + Cl- (aq)

Óxido - Segundo Usberco e Salvador (2010) e para Politi (1946) são compostos
binários no qual o oxigénio é o elemento mais eletronegativo

(Na2O, H2O, CO2, SO3, H2O2).

3. Considerações Finais

Proponho-me, ao final deste trabalho de cunho científico, escrever algumas


considerações que são importantes para uma melhor fixação dos termos e temas
tratados durante este itinerário de Química Básica.

Assim sendo, das análises, leituras feitas nas referências bibliográficas e


outras consultas, conclui-se que através da pesquisa entendeu-se que a ligação
química é um dos aspectos mais importantes da química, podendo-se dizer que este
tema é a essência desta ciência ou das transformações químicas experimentadas
pelos materiais, o que tem levado muitos cientistas a buscar formas para explicar as
interações entre os átomos na formação das substâncias.

xvi
No âmbito dos gases nobres revelou-se que estes constituem o grupo 18
(VIIIa) da tabela periódica, cujas propriedades apresentam pouca variação, razão pela
qual, experimentalmente, são abordados de forma coletiva. Sua denominação como
sendo “gases raros” denota sua relativa escassez na natureza; são considerados
elementos traços por excelência, muito embora a concentração do elemento Ar na
atmosfera componha 1% da composição.

No que tange a regra do octeto, esta teoria defende que de como os átomos
completam sua camada de valência durante a realização das ligações químicas para
adquirir estabilidade eletrónica. Pois esta mesma compreende que a regra continua
sendo um procedimento importante para prever a valência e as fórmulas dos
compostos químicos, entretanto não deveria ser utilizada para a memorização ou
como única resposta para a formação, estabilidade e propriedades dos compostos,
desconsiderando explicações que envolvem as variações de energia na formação de
ligações entre átomos.

4. Referências Bibliográficas

Aeschbach-Hertig, W.; Peeters, F.; Beyerle, U.; Kipfer, R. (1999). Interpretation of dissolved
atmospheric noble gases in natural waters. Water Resources Research, 35(9): 2779-
2792. https://doi. org/10.1029/1999WR900130.

Atkins, P.; Jones, L. (2006). Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio
ambiente. (3ª.ed.). Porto Alegre: Bookman. Trad. Ricardo Bicca de Alencstro.

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