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Universidade Católica De Moçambique

Instituto de Educação a Distância

Tema:

Ética e Deontologia Profissional nas Instituições Públicas em Moçambique

Assane Saide

Código: 708225192

Curso: Administração Pública

Cadeira: Teoria Geral de Administração

1º Ano

Gurué, Junho de 2022


Ética e Deontologia Profissional nas Instituições Públicas em Moçambique

Assane Saide

Trabalho de carácter Avaliativo a ser


entregue no Instituto de Ensino a
Distância, no Curso de Licenciatura em
Administração Pública, na cadeira de
Teoria Geral de Administração

Tutor: Natália Francisco Xavier

Gurué, Junho de 2022


Classificação
Categorias Indicadores Padrões Nota
Pontuação
do Subtotal
máxima
tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução
 Descrição dos objectivos 1.0
 Metodologia adequada ao
2.0
objecto do trabalho
 Articulação e domínio do
discurso académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita cuidada,
coerência / coesão textual)
Análise e
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e tamanho
Aspectos
Formatação de letra, paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
Recomendações de melhoria:
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 5

1.1. Metodologia ..................................................................................................................... 5

2. Ética ......................................................................................................................................... 7

2.1. Deontologia Profissional .................................................................................................. 8

2.2. Ética na Administração Pública ..................................................................................... 10

2.2.1. Princípios Éticos da Administração Pública Em Moçambique .............................. 11

3. Conclusão .............................................................................................................................. 13

4. Referencias Bibliográficas ..................................................................................................... 14


1. Introdução

Todos conhecemos a expressão "o homem é um animal social". Isso significa simplesmente que
os seres humanos vivem em sociedade. Para subsistir, qualquer sociedade precisa de normas,
escritas e não escritas, que ligam os indivíduos e regulam os seus comportamentos quando estes
se relacionam nos seus vários papéis ou domínios de intervenção (familiar, social, profissional,
etc.), de forma a manter a coesão e a integração social harmoniosas.

O problema da ética no serviço público é tão antigo quanto o próprio governo. O problema pode
ser antigo, mas não pode ser considerado resolvido, sendo necessário revisitá-lo
permanentemente tanto em busca de soluções mais adequadas à realidade actual quanto para
discutir o “deve ser”, o ideal, o utópico (mas não impossível) em Administração Pública.

Com efeito, o homem necessita criar regras que lhe permitam (inter) agir. Estas servirão de base
para identificar o que é certo e o que é errado, o que é permitido e o que não é permitido, dando
previsibilidade à sua conduta. Estes padrões culturais ou de conduta, socialmente criados, são
vinculativos para os membros do grupo. Só assim a sociedade pode desenvolver-se, num
contexto de ordem e estabilidade, que permite aos homens construir projectos de vida.

Na nossa sociedade, os principais modos de regulação dos comportamentos (ou seja, formas de
balizar as acções dos indivíduos) são a ética, a moral, os costumes, o direito e a deontologia.
Cada um destes modos aproxima-se mais da auto-regulação ou da hetero-regulação: a moral é o
modo que se aproxima mais da hetero-regulação e a ética da auto-regulação. Todavia, todos eles
têm elementos de ambas as lógicas. É o caso, sobretudo, da deontologia, em que as duas lógicas
estão presentes praticamente com forma idêntica.

1.1. Metodologia
O trabalho foi elaborado por meio da pesquisa bibliográfica e a Internet, contudo o trabalho
apresenta conteúdo descritivo e explicativo. Segundo Gil (2006), pesquisa bibliográfica é aquela
que é desenvolvida a partir do material já elaborado, constituído principalmente de livros e
artigos científicos. (p. 65)

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Esta é relevante para a realização dos trabalhos porque facilita a recolha de dados, utilizando os
métodos científicos. Estas são pesquisas usadas para que o objectivo pretendido no presente
trabalho fosse alcançado, e após estas pesquisas fez-se a devida revisão das várias abordagens
trazidas a tona pelos autores das obras consultadas. Por outro lado, foi necessário o uso das
tecnologias de informação e comunicação para a sua digitação, usando concretamente o
Microsoft Office.

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2. Ética
Segundo Carrapeto e Fonseca (2008) afirma que a Palavra ética vem do grego ethos, que
significa hábito ou costume, aludindo, assim, aos Comportamentos humanos. É o domínio da
filosofia responsável pela investigação dos princípios que orientam o comportamento humano.
Ou seja, que tem por objecto o juízo de apreciação que distingue o bem e o mal, o
comportamento correcto e o incorrecto.

A ética é um modo de regulação dos comportamentos que provém do indivíduo e que assenta no
estabelecimento, por si próprio, de valores (que partilha com outros) para dar sentido às suas
decisões e acções.

Faz um maior apelo à autonomia, ao juízo pessoal do indivíduo e também à sua responsabilidade
do que os outros modos de regulação, pelo que se situa numa perspectiva de auto-regulação.

A autonomia do indivíduo é, desta forma, algo de paradoxal, na medida em que a liberdade de


que dispõe é simultaneamente um encargo: impõe ao indivíduo que se abra às necessidades dos
outros e que procure encontrar um equilíbrio entre a sua própria liberdade e a responsabilidade
relativamente aos outros. A ética ajuda o indivíduo neste caminho.

"Os princípios éticos são directrizes pelas quais o homem, enquanto ser racional e livre, rege o
seu comportamento. O que significa que a ética apresenta, em simultâneo, uma dimensão teórica
(estuda o "bem" e o "mal") e uma dimensão prática (diz respeito ao que se deve fazer)"
(Carrapeto e Fonseca, 2008)

Ajuda o indivíduo a explicar as razões das suas acções e a assumir as respectivas consequências.
A ética é, assim, uma filosofia prática que procura regulamentar a conduta tendo em vista o
desenvolvimento humano. Porque procura aperfeiçoar o homem através da acção e por isso
procura que os actos humanos se orientem pela rectidão, isto é, a concordância entre as acções e
a verdade ou o bem.

Nesta medida, a ética é uma racionalização do comportamento humano, ou seja, um conjunto de


princípios obtidos através da razão e que apontam o caminho certo para a conduta. Por isso se
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diz, como Aristóteles, que o homem é um animal racional. Uma vez que não existem regras de
comportamento aplicáveis a todas as situações e a todo o momento, a ética tem a função de
fornecer princípios operativos, normas, valores para a actuação, que o homem vai aplicar, de
uma forma evolutiva, utilizando a sua razão, procurando em permanência as melhores soluções
para os problemas que se lhe colocam.

Assim, apesar de a ética ser eminentemente auto-reguladora, permitindo aos indivíduos gerir os
seus próprios comportamentos, é aplicada num contexto não apenas individual mas social, no
seio de um grupo onde os valores são partilhados. É aplicada através da reflexão e do julgamento
individual e a motivação para a acção é o compromisso pessoal para com os outros em respeitar
os valores partilhados e a responsabilidade, mais do que a ameaça de sanção.

2.1.Deontologia Profissional

Segundo Nunes (2008) a moral é atravessada pela norma – se tem «lei, «regra», é desta esfera;
parâmetros que indicam o que se pode ou não podem fazer. Naturalmente, não há regras para
tudo... ou melhor, apesar das normas existentes (jurídicas, morais...) muitas vezes ficamos na
dúvida sobre como agir recta e correctamente. Isso porque ou não existem normas que se
apliquem concretamente, ou não as conhecemos ou não as sabe interpretar bem.

Na vida do dia-a-dia, debatemo-nos frequentemente com problemas que carecem que


formulemos juízo ou, se preferirem, julgamento moral e para os quais pode não existir uma
norma concreta. Felizmente, diria. Até porque a realidade não se amansa nem se aquieta sob as
regras.

O acto que realizamos, consciente e voluntário, supõe a participação livre de quem age – e
quando se adere às normas, é, ainda assim, da liberdade de cada um escolher seguir a regra. Uma
convicção íntima ou pessoal há-de presidir aos nossos actos, diremos assim, até porque não
poderia tratar-se de uma adopção mecânica, impessoal, ou de uma imposição das normas.
(Nunes, 2008)

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Ainda afirma o autor supracitado que todos os códigos (de direito civil, de direito penal, de
direito canónico, de trânsito, deontológico), ditam normas que prescrevem deveres, estabelecem
regras que devem ser obedecidas. Estes códigos têm todos, em comum, uma origem – lugar e
data, além dos autores – e fundamento ético. A sua génese, na organização social e política, tem
um sentido próprio. E, fundamentalmente, delimitam, configuram.

Foi Jeremy Bentham que usou, pela primeira vez, a palavra «deontologia», no título de um
tratado de moral publicado postumamente em 1834: Deontology or the scíence of morality.
Etimologicamente, é o discurso ou tratado acerca daquilo que se deve fazer.
Segundo Nunes (2008)
A deontologia toma como objecto do seu discurso o "a-fazer", aquilo que, por
dever, se nos impõe como tarefa indeclinável, quer enquanto projecto, quer
enquanto realização concreta. Em formato simples, a deontologia é o estudo ou
tratado dos deveres, próprios de uma determinada situação social, no nosso caso,
profissional. Compreensivelmente, pressupõe uma teoria geral da acção humana,
isto é, uma ética geral e uma teoria especial de acordo com a(s) tarefa(s)
humana(s) em questão.

Associando as duas ideias, podemos seguir a concepção de que a Deontologia Profissional seja
«o conjunto de normas jurídicas, cuja maioria tem conteúdo ético e que regulam o exercício de
uma profissão».

"De onde, uma deontologia profissional trata de garantir o bom exercício da profissão,
alicerçando-se, por um lado, nos princípios éticos e por outro na sua própria regulamentação – ou
seja, na auto-regulação que decorre da formulação e defesa de um padrão de competência. Por
isso a auto-regulação profissional tem sido perspectivada como o sentido último da
responsabilidade dos profissionais". (Guedes, 2003)

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2.2. Ética na Administração Pública
A relação entre a ética e a Administração Pública pode ser compreendida, inicialmente, a partir
da discussão de Cortina e Martínez (2005) sobre os usos da moral como adjectivo e substantivo.

Uma ética (substantivo) da Administração Pública poderia ser concebida como a reflexão moral
sobre como deve ser a prática administrativa, ao passo que a Administração Pública ética
(adjectivo) seria uma qualificação dada à prática, conforme a reflexão de um agente que analise e
procure compreender a situação. Enquanto a primeira teria um carácter geral, a segunda poderia
ser simplesmente uma qualificação concedida por alguém, aplicada a uma situação específica.
(Cortina e Martínez 2005)

Não há tensão entre esses aspectos; códigos de ética para os servidores públicos, por exemplo,
personificam a busca por princípios de conduta moral que devem basear a prática profissional ao
mesmo tempo que permitem uma análise dessa prática e sua posterior adjectivação como “ética”
ou não.

Rawls (2005) fornece uma boa justificativa para a importância de tal análise, ao discutir os
elementos que nortearam a transformação da filosofia moral clássica em sua congénere moderna.

De acordo com ele, a Reforma Protestante, que gerou diferentes pluralismos, o desenvolvimento
da ciência moderna (especialmente da astronomia e do cálculo) e o Estado moderno, substituindo
as monarquias absolutistas e centralizadas dotadas de poder legitimado divinamente, uniram-se
em relações complexas que ajudam a compreender por que se mudou o foco da reflexão
filosófica sobre a moral.

É interessante observar que Procopiuck (2013) considera o surgimento do Estado centralizado e


unificado sob uma monarquia absoluta uma das vertentes que originam a moderna
Administração Pública.

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A Administração Pública ao zelar pelos interesses de cada cidadão, zela pelos interesses gerais
da sociedade e seus valores e assume um compromisso social que lhe aporta responsabilidades:
 De carácter organizacional perante o cidadão-contribuinte;
 De carácter institucional perante o cidadão-eleitor; e
 De carácter contratual perante o cidadão-societário.

A Administração Pública é normalmente acusada de morosidade, incompetência, desarticulação


e despesismo. Melhorar a Administração Pública é a questão que está presente nas agendas
governamentais.

Como?
 Abrir mais canais para acesso à informação.
 Formação em atendimento de público e maior solidariedade entre instituições.
 Maior competência técnica, espírito demissão do prestador de serviço público, respeito
pela lei e pelo bem colectivo.
 O mais importante é a ética de quem presta o serviço, o respeito por regras e valores.
 Postura maniqueísta da sociedade, culpando a administração pública por tudo o que é
errado. Deverá haver consciencialização dos direitos e deveres de cidadania, quer por
parte dos funcionários, quer por parte dos utentes.
 Melhor desempenho e menos despesa.

Solução: cortar nas despesas com pessoal e reduzir o nº de efectivos.

2.2.1. Princípios Éticos da Administração Pública Em Moçambique


 Princípio do Serviço Público
Os funcionários encontram-se ao serviço exclusivo da comunidade e dos cidadãos, prevalecendo
sempre o interesse público sobre os interesses particulares ou de grupo.
 Princípio da Legalidade
Os funcionários actuam em conformidade com os princípios constitucionais e de acordo com a
lei e o direito.

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 Princípio da Justiça e da Imparcialidade
Os funcionários, no exercício da sua actividade, devem tratar de forma justa e imparcial todos os
cidadãos, actuando segundo rigorosos princípios de neutralidade.

 Princípio da Igualdade
Os funcionários não podem beneficiar ou prejudicar qualquer cidadão em função da sua
ascendência, sexo, raça, língua, convicções políticas, ideológicas ou religiosas, situação
económica ou condição social.

 Princípio da Proporcionalidade
Os funcionários, no exercício da sua actividade, só podem exigir aos cidadãos o indispensável à
realização da actividade administrativa.

 Princípio da Colaboração e da Boa Fé


Os funcionários, no exercício da sua actividade, devem colaborar com os cidadãos, segundo o
princípio da Boa Fé, tendo em vista a realização do interesse da comunidade e fomentar a sua
participação na realização da actividade administrativa.

 Princípio da Informação e da Qualidade


Os funcionários devem prestar informações e/ou esclarecimentos de forma clara, simples, cortês
e rápida.

 Princípio Da Lealdade
Os funcionários, no exercício da sua actividade, devem agir de forma leal, solidária e cooperante.

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3. Conclusão

Como qualquer área do conhecimento, a Administração Pública envolve questões éticas e


deontológicas, que dizem respeito não somente às suas acções e resultados, mas também aos
princípios que a governam. Essas questões são tangenciadas pelos modelos que foram
produzidos ao longo do tempo para lidar com o desafio de administrar as acções governamentais
na busca do governo, mas pode-se afirmar que o tratamento dado a elas por esses modelos é
insatisfatório e exige maior aprofundamento.
É inegável que a Administração Pública lida com problemas de fundo moral; como esses
problemas são trabalhados é, por outro lado, uma questão ainda em aberto.

Tem sido evidente o esforço das várias profissões para disciplinar as condutas dos seus membros
através da adopção de normas éticas. Mas é fundamental que as profissões encontrem uma base
de valores comum que orientem a sua acção. Éticas separadas podem levar a escolhas éticas
ineficazes e a acções sem ética. Ao mantermos as éticas separadas, perdemos de vista a função
da ética tradicional: criar uma vida boa para pessoas que vivem em sociedade. Sem uma ética
integrada, o homem não sabe qual o seu lugar no mundo nem como exercer o seu papel. Por isso,
a integração ética é tão necessária e faz-se através dos objectivos partilhados, que congregam as
pessoas em prol de causas comuns, orientam a sua acção e dizem respeito fundamentalmente aos
indivíduos (direitos da pessoa humana), à sociedade justiça, solidariedade, democracia) e ao
ambiente (sustentabilidade).

Assim, mais do que apontar formas rígidas de resolução de conflitos e dilemas éticos, a formação
em ética pretende destacar o seguinte: o código deontológico aponta algumas regras mas é a
natureza racional e humana que faz o resto - a racionalidade humana deve permitir reflectir para
encontrar aquela que, em consciência, e de acordo com os princípios que escolha aplicar,

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4. Referencias Bibliográficas
Cortina, A; e Martínez, E. (2005) Ética. São Paulo: Loyola, 2005.DAVIS, Nancy (Ann).
Contemporary deontology. In: SINGER, Peter (Org.). A companionto ethics. Oxford:
Blackwell, 1997.
Guedes, C. O. (2003) - Direito Profissional do Advogado. Coimbra: Almedina.

Nunes, L. M. (2008) Fundamentos Éticos da Deontologia Professional. Instituto Politécnico de


Setúbal

Procopiuck, M. (2013) Políticas públicas e fundamentos da administração pública: análise e


avaliação, governança e redes de políticas, administração judiciária. São Paulo: Atlas,

Rawls, J. (2005) História da filosofia moral. São Paulo: Martins Fontes.

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