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Resumo Execução e Doutrina - CPC
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Resumo Execução e Doutrina - CPC
Sabe-se que o direito ao devido processo legal é garantido pela Constituição Federal, além de
haver a garantia também da inafastabilidade do acesso à Justiça. Com força nesses avais
constitucionais, o sujeito pode socorrer-se no Judiciário, pleiteando a tutela para o direito o qual crê
que tenha sido violado, por meio de um processo, que é composto por algumas fases.
Das fases aplicadas ao processo, falaremos neste resumo acerca do Processo de Execução,
insculpido a partir do art. 771 do Código de Processo Civil – aquele em que o título executivo
extrajudicial está prontamente formado, fazendo com que seja dispensada a fase cognitiva,
conferindo assim mais celeridade ao efetivo cumprimento de um direito já existente. Diz-se que,
enquanto a fase de conhecimento declara ou cria que um fato é direito, a fase de execução traduz o
que já é um direito em fato. Outrossim, é imperioso ressaltar que, para o pedido ser apreciado pelo
Estado-juiz competente, devem-se, inicialmente, estar presentes as condições da ação, quais sejam,
a legitimidade do exequente/executado, bem como o interesse de agir do exequente ao buscar o
Judiciário a fim de ter o seu crédito satisfeito.
Como base do ordenamento jurídico, os princípios servem para nortear as normas de cada
instituto. Com o processo de Execução não seria diferente. Vejamos.
1) Inicialmente, o legislador pátrio afirma que, para haver uma pretensão executiva faz-se
necessário um título executivo fundado em “obrigação líquida, certa e exigível” (art. 783),
além de apresentar em rol exemplificativo, o que são considerados tais títulos (art. 784 e incisos),
demonstrando a tipicidade deles;
3) o art. 789 preceitua que “O devedor responde com todos os seus bens presentes e futuros para o
cumprimento de suas obrigações, salvo as restrições estabelecidas em lei”. Igualmente,
estampamos o art. 831 o qual também assegura ao credor que “A penhora deverá recair sobre tantos
bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos
honorários advocatícios”, sinalizando o Principio da responsabilidade patrimonial. Todavia o
art. 833 assegura, como forma de manter a sobrevivência digna do executado, bens considerados
impenhoráveis que, em regra, sobre eles não incidirá qualquer constrição, como por exemplo, o
vestuário e itens necessários e úteis ao seu trabalho;
Assim como a execução para pagar, igualmente a demanda para entrega de coisa certa
também exige que tal coisa seja determinada (ou determinável), possibilitando sua individuação ou
conversão em dinheiro, se for o caso. A entrega da coisa certa ensejará o adimplemento da
obrigação por meio da tradição. Caso a coisa se perca sem culpa do devedor, este deverá ressarcir o
credor com a devolução da quantia equivalente; mas, havendo a culpa do devedor, a devolução da
quantia deverá ocorrer com os devidos acréscimos de perdas e danos.
Quando a coisa é incerta, deve ser, ao menos, determinável pelo gênero e quantidade. Caso
não se tenha título com o valor da coisa ou seja impossível a sua avaliação, o exequente
“apresentará estimativa, sujeitando-a ao arbitramento judicial”. Posteriormente, ela será
determinada para que possa, enfim, ser executada. Caberá ao devedor a escolha da coisa que
entregará, caso não esteja previsto em contrato a escolha por parte do credor, não podendo o
devedor entregar o pior, nem sendo obrigado a entregar o melhor, mas de forma razoável, como
estipulado em contrato anteriormente. Sendo a escolha do exequente, ele deverá indicá-la na
petição inicial.
Como o próprio nome diz, o instituto consiste em, com base em algum título executivo válido,
compelir alguém a fazer algo, decorrente de uma obrigação, ou mesmo de se abster de fazer algo,
pelo mesmo motivo. Em ambos os casos, o magistrado pode, também de ofício, aplicar uma multa
(astreinte) por período de atraso no cumprimento da obrigação, da mesma forma que poderá reduzi-
la caso esta esteja prevista no contrato, mas seja considerada abusiva. No caso de uma obrigação de
fazer que não for satisfeita, o exequente poderá cobrar do executado perdas e danos, já que gastou
para ter o bem ou a prestação adquirida por terceiro (hipótese de indenização). O mesmo é aplicado
ao executado na prestação de não fazer, quando o juiz lhe compele a desfazer algo indevido que o
executado tenha feito. Da mesma forma, caso o desfazimento tenha de ocorrer por conta do
exequente, a obrigação de não fazer converter-se-á em perdas e danos, que se caracterizam em
indenização.
No caso de título extrajudicial, a Fazenda Pública será citada na pessoa de seu Procurador para
opôr embargos em até 30 dias. Caso a sentença seja favorável ao exequente, este receberá seu
pagamento por precatório ou requisição de pequeno valor (RPV), observando-se as especificidades
do art. 100 da Constituição Federal.
6) DA EXECUÇÃO DE ALIMENTOS
No caso de título extrajudicial que envolva obrigação alimentar, o devedor será citado para pagar a
dívida em até 3 dias, provar que pagou ou provar a impossibilidade de fazê-lo. Vale lembrar que o
não-pagamento envolvendo prestação de alimentos é a única justificativa jurídica para a prisão civil
no Brasil.
Frequentemente, a legislação brasileira cria normas com conceitos indefinidos, dúbios ou até
vazios. Isso “força” a doutrina a analisar sistematicamente o texto, os valores neles implícitos, bem
como sua constitucionalidade para que só então se possa definir o conceito erigido naquela norma
corretamente.
Tal necessidade de se fazer interpretações ocorre com nosso processo de Execução e até
mesmo com o Cumprimento de sentença, estatuídos em nosso Código de Processo Civil, o que, via
de consequência, tornou necessária a participação dos estudiosos da área.
Fredie Didier Jr. (2018, p. 47)1, defende que executar é satisfazer. Essa satisfação do crédito
poderá ocorrer de forma espontânea pelo devedor, cumprindo sua obrigação com o credor
voluntariamente, ou de forma forçada, se socorrendo no Poder Judiciário, para que este de maneira
coercitiva, aplica a legislação processual para satisfazer do crédito do credor. Já Montenegro Filho
(2016, p. 828)2 diz que a execução é o “instrumento processual posto à disposição do credor”. E
Alexandre Freitas Câmara (2019, p. 312) 3, conceitua execução como o ato de transformar a
realidade prática na satisfação do direito perseguido. Entende o desembargador carioca que
execução é a aplicação da lei processual com o fito de alcançar o direito já garantido, podendo ser
por uma sentença (título executivo judicial), ou por um documento considerado pela lei como título
extrajudicial.
1 DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil: Execução. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2018.
2 MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil. 12. ed. reform. atual. São Paulo: Atlas,
2016.
3 CÂMARA, Alexandre Freitas. O Novo Processo Civil Brasileiro. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2019.