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Práticas Pedagógicas Educacionais 1
Práticas Pedagógicas Educacionais 1
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Sumário
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 45
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NOSSA HISTÓRIA
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PRÁTICA PEDAGÓGICA: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E
INQUIETAÇÕES
Compreender a prática pedagógica no momento atual da sociedade
brasileira requer a utilização da categoria totalidade, entendida como a
expressão das características marcantes da sociedade que influenciam a
realidade educacional.
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direito à diferença conquistaram espaço na sociedade, via articulação dos
movimentos e organizações sociais.
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Em segundo lugar, a prática pedagógica expressa as atividades rotineiras
que são desenvolvidas no cenário escolar. Podem ser atividades planejadas com
o intuito de possibilitar a transformação ou podem ser atividades bancárias,
tendo a dimensão do depósito de conteúdo como característica central.
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Tendo a reflexão acima como indicativo das nossas análises cabe lembrar
que, no Brasil, Freire foi um dos educadores que buscou defender a educação
como instrumento de superação da dominação e como mecanismo de
transformação social.
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Após a exposição de alguns elementos que configuram a sociedade
brasileira, passa-se à reflexão da prática pedagógica e aspectos vividos na sala
de aula. Prática Pedagógica: focalizando a sala de aula no campo das múltiplas
dimensões da prática pedagógica (professor, aluno, metodologia, avaliação,
relação professor e alunos, concepção de educação e de escola), as
características conjunturais e estruturais da sociedade são fundamentais para o
entendimento da escola e da ação do professor.
Como afirma Veiga (1992) a prática pedagógica é “... uma prática social
orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no
contexto da prática social.
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conhecimentos científicos são fatores impulsionadores da participação nas
atividades escolares – no campo da prática pedagógica e da gestão da escola.
Por sua vez, estas podem constituir abstração se não levar em conta o
trabalho assalariado e o capital, por exemplo. Estes, por sua vez, supõe a troca,
divisão do trabalho, preços etc. Assim, após analisar tais elementos concretos,
poderia ser feito o retorno e a compreensão do conceito de população através
da totalidade das determinações e relações diversas. Com isso, a intenção é
afirmar que a prática pedagógica é influenciada pelos aspectos conjunturais e
estruturais da sociedade brasileira.
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DAS DEFINIÇÕES DE PRÁTICA PEDAGÓGICA
Desde o ano de 2002, com a reestruturação das licenciaturas decretada
pelo governo federal, a terminologia “prática pedagógica” causou uma grande e
salutar polêmica entre os educadores da formação de professores. Viram-se
obrigados a dominar tal conceito para delimitar as atividades que seriam
validadas nos novos currículos de formação docentes.
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Considerando-se que a atividade crítica e criativa do aluno é fundamental
para a ocorrência de aprendizagem significativa, a prática pedagógica precisa
incluir a atividade deste agente, sem a qual não poderá ser entendida como
prática pedagógica.
Esta reunião não pode se realizar apenas com a junção dos pensamentos
filosóficos, mas através das escolhas adequadas às questões problematizadas
na prática cotidiana refletida.
A simples junção não passará de discurso, como quem diz, sou partidário
dessa e/ou daquela forma de pensar, dessa e/ou daquela filosofia, tendência,
teoria, enfim, sem que para tanto suas ações sejam correspondentes e
coerentes.
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DA FORMAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
Os cursos de formação de professores precisam explicitar com clareza
qual a prática pedagógica é adotada em seus cursos, e seus professores e
estudantes precisam ter clareza de que tal prática ensina a ser professor.
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É preciso dizer que a prática pedagógica nem sempre vai ensinar o que
apregoam os objetivos de ensino do plano a que se refere, mas sempre
oportunizarão uma aprendizagem aos envolvidos. Exemplos: o professor relapso
ensina o aluno a ser relapso, mesmo que saiba bem o conteúdo a que se propõe
trabalhar. O professor autoritário ensina o aluno a ser autoritário. O professor
exigente ensina o aluno a ser exigente. O professor amoroso ensina o aluno a
ser amoroso. Isto nos remete à questão de que a aprendizagem significativa
pode ser correta ou incorreta.
Daí se pode concluir que mais importante do que definir que atividade
pode ser considerada prática pedagógica é se o estudante está disposto a tomar
consciência do que irá oportunizar o início da construção da sua identidade de
professor.
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responsabilidade transita pelas tendências pedagógicas progressistas,
equilibrando democracia e anarquismo. Sem a assunção da responsabilidade
pela própria formação desde o ingresso na universidade, não dá para se pensar
em educação para a autonomia. Isto passa por uma revisão profunda, clara e
ampla sobre os papéis de cada envolvido no processo de formação docente.
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Conceitos como Currículo, Planejamento, Objetivos, Procedimentos
Metodológicos, Avaliação, Prática Pedagógica, Teoria e outros são vistos como
termos cristalizados na sistematização da formação de professores e sua
utilização não passa de uma exigência imposta para se “formarem”.
Para o estudante que não desenvolve uma visão mais ampliada sobre o
que aprende, estes “termos” são incompatíveis com a “realidade” que ele afirma
conhecer e sobre a qual contraditoriamente ele se apresenta como um agente
que quer promover mudanças.
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Como desenvolver metodologias de ensino que possibilitem a
organização das ideias e a busca de conhecimento para o que ainda não se
conhece?
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com atividades de exploração e expressão, promovendo exercícios de conexões
entre o que se aprende e o cotidiano individual e coletivo.
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a partícula é, não uma pedra primeira, mas uma fronteira sobre uma
complexidade talvez inconcebível; o cosmos é, não uma máquina perfeita, mas
um processo em vias de desintegração e de organização simultâneas. ”
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possível planejar atividades que talvez conduzam à aprendizagem? Trabalha a
didática na perspectiva do talvez? Será esse talvez o componente que carrega
a didática de certa imponderabilidade? Posso controlar a aprendizagem que
decorre do ensino? Ou as aprendizagens são caminhos construídos pelos
sujeitos a partir de suas interpretações.
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As práticas pedagógicas são aquelas práticas que se organizam para
concretizar determinadas expectativas educacionais.
Tais práticas, por mais planejadas que sejam, são imprevisíveis porque
nelas “nem a teoria, nem a prática tem anterioridade, cada uma modifica e revisa
continuamente a outra” (CARR, 1996, p. 101).
A ação educativa verdadeira só pode ser vista como práxis que integra,
conforme Kosik (1995), dois aspectos - o laborativo e o existencial - e
se manifesta tanto na ação transformadora do homem, como na
formação da subjetividade humana.
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O professor pode encontrar meios para viver a dissonância das
resistências e resignações postas pelo aluno, quer atuando como
desencadeador de processos de aprendizagem, quer como acompanhante das
possibilidades múltiplas de retorno de sua ação.
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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: POR ENTRE RESISTÊNCIAS E
INSISTÊNCIAS
Tenho notado alguma dificuldade entre professores em perceber o sentido
que costumo atribuir à prática pedagógica ou mesmo aos saberes pedagógicos.
Percebo que há certa tendência de considerar como pedagógico apenas o roteiro
didático de apresentação de aula, apenas o visível dos comportamentos
utilizados pelo professor durante uma aula.
Esse autor considera a poiesis como uma forma de saber fazer não
reflexivo, ao contrário do conceito de práxis, que é eminentemente uma ação
reflexiva. Assim, realça que a prática educativa não se fará inteligível, como
forma de poiesis, cuja ação será regida por fins pré-fixados e governada por
regras pré-determinadas.
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Para a filosofia marxista, a práxis é entendida como a relação dialética
entre homem e natureza, na qual o homem, ao transformar a natureza
com seu trabalho, transforma a si mesmo. Marx (1994) afirma, na
oitava tese sobre Feuerbach: Práticas pedagógicas de ensinar-
aprender: por entre resistências e resignações [...] que toda vida social
é essencialmente prática. Todos os mistérios que dirigem a teoria para
o misticismo encontram sua solução na práxis humana e na
compreensão dessa práxis.
Talvez seja por isso que o autor diz que a práxis tanto é objetivação
do homem e domínio da natureza, como realização da liberdade humana.
Realce-se, portanto, que a práxis permite ao homem conformar suas
condições de existência, transcendê-las e reorganizá-las.
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b) As práticas pedagógicas caminham por entre resistências e desistências,
em uma perspectiva dialética, pulsional, totalizante. Quando o professor
chega a um momento de produzir um ensino em sala de aula, muitas
circunstâncias estão presentes: desejos; formação; conhecimento do
conteúdo; conhecimento das técnicas didáticas; ambiente institucional;
práticas de gestão; clima e perspectiva da equipe pedagógica;
organização espaço-temporal das atividades; infraestrutura;
equipamentos; quantidade de alunos; organização e interesse dos
alunos; conhecimentos prévios, vivências, experiências anteriores; enfim,
muitas variáveis.
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se.” Talvez a prática pedagógica, absorvendo, compreendendo e
transformando as resistências e resignações, possa mediar a
superação dessas, em processos de emancipação e aprendizagens.
Há, ou não, lugar na escola para uma práxis? Ou será que, na maioria
das vezes, são, sobretudo, simples práticas que nela se desenvolvem, ou
seja, um fazer que ocupa o tempo e o espaço, visa a um efeito, produz um
objeto (aprendizagem, saberes) e um sujeito-objeto (um escolar que recebe
esse saber e sofre essas aprendizagens), mas que em nenhum momento é
portador de autonomia. (IMBERT, 2003, p. 15).
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A grande dificuldade em relação à formação de professores é que, se
quisermos ter bons professores, teremos de formá-los como sujeitos capazes
de produzir conhecimentos, ações e saberes sobre a prática.
Não basta fazer uma aula; é preciso saber porque tal aula se
desenvolveu daquele jeito e naquelas condições: ou seja, é preciso a
compreensão e leitura da práxis.
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À medida que diretrizes de políticas públicas consideram a prática
pedagógica como mero exercício reprodutor de fazeres e ações externas aos
sujeitos, essas se perdem e muitos se perguntam: por que não conseguimos
mudar a prática? A prática não muda por decretos ou por imposições.
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A educação permite sempre uma polissemia em sua função semiótica,
ou seja, nunca existe uma relação direta entre o significante observável e o
significado. Assim, as práticas pedagógicas serão, a cada momento,
expressão do momento e das circunstâncias atuais. Serão sínteses
provisórias que se organizam no processo de ensino.
Toda ação educativa tem em seu fazer uma carga de intencionalidade que
integra e organiza sua práxis, confluindo, de maneira dinâmica e histórica, tanto
as características do contexto sociocultural como as necessidades e
possibilidades do momento as concepções teóricas e a consciência das ações
cotidianas, em um amalgamar provisório que não permite que uma parte seja
analisada sem referência ao todo, nem que este seja visto como síntese
provisória das circunstâncias parciais do momento. É por isso que reafirmo que
práticas pedagógicas requerem do professor adentrar na dinâmica e significado
da práxis, de forma a poder compreender as teorias implícitas que permeiam as
ações do coletivo de alunos.
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mobilização de seus saberes anteriores construídos em outros espaços
educativos.
O aluno, muitas vezes, não aprende aquilo que o professor quer ensinar,
mas aquilo que a vida e suas experiências disponibilizam.
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O ensino sem sentido, imposto de fora para dentro e de cima para baixo
não cria condições de aprendizagem.
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O PAPEL DO PEDAGOGO NA CONSTRUÇÃO DO FAZER
PEDAGÓGICO
Partindo do pressuposto de que se faz necessária uma (re) definição no
papel do professor pedagogo, é impossível não se discutir a relação entre
sociedade, educação e trabalho.
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O papel do pedagogo surge paralelo a essas novas exigências e dentro
dos princípios de uma gestão democrática, buscando-se um profissional que
tenha como referências a ética profissional, atitude investigativa e a flexibilidade,
pois em sua prática pedagógica deve considerar a questão cultural que compõe
o universo a ser trabalhado, pois poderá assim dar ênfase na dimensão social e
humana que o universo escolar está contextualizado, organizando melhor a
escola enquanto ambiente educativo.
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estas, que provocam constantemente, necessidades de um novo olhar, um novo
caminhar e um novo fazer.
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a sistematização dessa nova forma de trabalho, de modo a articular e não
fragmentar os processos educativos.
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Parte das confusões da legislação e das dificuldades em se obter
consenso sobre os currículos decorrem da falta de realismo em captar
necessidades e demandas das escolas e dos professores.
Mas, esse fato não justifica práticas pedagógicas não planejadas e muito
menos um ensino reducionista, ao que se refere à aprendizagem. Pelo contrário,
a escola tem que usar de sua autonomia, para que na construção de seu projeto
político pedagógico, possa relacionar a situação desses alunos com um contexto
social mais amplo.
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ALTERNATIVAS PARA O PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM
Que direcionamento metodológico utilizar? Considerando a discussão
anterior, cabe salientar que nossa preocupação também se centra na busca de
elementos que possam ser identificados como facilitadores da aprendizagem
dos alunos do ensino médio noturno.
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Devemos considerar ainda que, com essa ampliação da oferta aliada a
essa heterogeneidade, criou-se grande dificuldade por parte do professor de
lidar com essa nova demanda que apresenta também novas perspectivas de
ensino.
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argumentando que: “esse distanciamento afunila a cultura da escola, empobrece
as trocas entre os sujeitos do mundo escolar e converte, muitas vezes, o
conteúdo das disciplinas em elemento aversivo aos alunos. Além disso, está
muito evidente que, mesmo para aqueles jovens que conseguem terminar o
Ensino Médio, o baixo crescimento econômico do país e, em alguma proporção,
as novas estruturas produtivas já automatizadas tornam as oportunidades de
trabalho muito escassas”.
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Para a autora é de suma importância ainda, o domínio do conteúdo, aliado
à compreensão das teorias da aprendizagem, pelo professor, pois orienta e
intervém nos momentos em que opta por determinada metodologia da qual
decorrerá a estratégia de ensino e de aprendizagem.
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Projeto Político Pedagógico que abra a possibilidade de elaboração de um novo
currículo para aqueles que vivem do trabalho.
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Ressaltamos ainda, as afirmações de Carvalho (2001) acerca da
construção de um projeto de escola, onde sejam consideradas práticas
metodológicas alternativas, voltadas aos alunos dos cursos noturnos.
Segundo a autora: “... faz-se necessário a sua elaboração, se
fundamentando em investigação sobre a especificidade do ensino
noturno, dos integrantes da Escola nesse período e das relações entre
o saber escolar e os outros saberes. Exige trabalho coletivo, onde o
objetivo comum, bem-definido, arme e articule os objetivos individuais
de cada elemento do grupo.
2) Existe prática pedagógica fora das escolas, além das salas de aula?
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3) O que é, afinal de contas, o pedagógico?
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Nesse aspecto, uma prática pedagógica, em seu sentido de práxis,
configura-se sempre como uma ação consciente e participativa, que emerge da
multidimensionalidade que cerca o ato educativo. Como conceito, entende-se
que ela se aproxima da afirmação que a prática educativa é algo mais do
que expressão do ofício dos professores; é algo que não pertence por inteiro aos
professores, uma vez que há traços culturais compartilhados que formam o que
pode ser designado por subjetividades pedagógicas.
Por sua vez, a Pedagogia pode ser considerada uma prática social que
procura organizar/compreender/transformar as práticas sociais educativas que
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dão sentido e direção às práticas educacionais. Pode-se dizer que a Pedagogia
impõe um filtro de significado à multiplicidade de práticas que ocorrem na vida
das pessoas. A diferença é de foco, abrangência e significado, ou seja, a
Pedagogia realiza um filtro nas influências sociais que, em totalidade, atuam
sobre uma geração. Essa filtragem, que é o mecanismo utilizado pela ação
pedagógica, é, na realidade, um processo de regulação e, como tal, um processo
educativo.
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Essa associação da Pedagogia às tarefas apenas instrucionais tem
marcado um caminho de impossibilidades à prática pedagógica. Como teoria da
instrução, a Pedagogia contenta-se com a organização da transmissão de
informações, e, dessa forma, a prática pedagógica - pressuposta a essa
perspectiva teórica - será voltada à transmissão de conteúdos instrucionais.
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REFERÊNCIAS
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FRANCO, Maria Amélia Santoro. Pedagogia como ciência da educação. São
Paulo: Cortez, 2008.
FRANCO, Maria Amélia Santoro; LISITA, Verbena. Action research: limits and
possibilities in teacher education. British Education Index (BEI), Brotherton
Library-University, p. 1-15, 2004.
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1979.
IMBERT, Francis. Para uma práxis pedagógica. Brasília, DF: Plano, 2003.
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
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