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Conceitos da Curva S e suas aplicações em

Monitoramento e Controle do Projeto

Segundo MELLO, (2009) uma das ferramentas mais utilizadas no monitoramento e controle
de projetos é a representação gráfica da Curva S, assim denominada pelo seu formato que
lembra uma letra S. É uma boa prática pois permite comparar visualmente o avanço
estimado calculado previamente no planejamento com valores reais incorridos no projeto,
medido na fase de execução

A curva S pode ser utilizada para acompanhar diversas variáveis do projeto, sendo
normalmente aplicada para medição de avanço físico (realização do entregáveis) e para a
medição do avanço financeiro (realização de pagamentos, faturamento etc.)

Vamos entender alguns conceitos antes de realizar a construção da curva S

1.Cronograma físico-financeiro
Este cronograma mostra a programação dos faturamentos e despesas ao longo do tempo,
vinculados ao cronograma físico, em reais (R$) ou outra unidade monetária escolhida.
Uma ilustração do cronograma físico-financeiro é apresentada na Figura 1.1

Figura 1.1 – Cronograma físico-financeiro.

2. Histogramas
A representação gráfica da correlação entre variáveis é um dos recursos amplamente
usados em planejamento, pela sua facilidade de visualização e de entendimento. Sempre
que for possível representar algo por meio de gráfico, deve-se preferir esta alternativa a um
texto descritivo, de entendimento mais difícil.
Os histogramas são gráficos em colunas ou gráficos em barras verticais. Os histogramas
têm por finalidade comparar grandezas, por meio de retângulos de igual largura e alturas
proporcionais às respectivas grandezas.

Os histogramas prestam-se em especial à representação, análise e interpretação de dados


relacionados com séries de tempo, como é o caso de muitas das variáveis usadas no
planejamento de obras, tais com as quantidades de um determinado recurso (mão-de-
obra, Hh, materiais, equipamentos etc.). Um exemplo de histograma é mostrado na Figura
2.1.

Figura 2.1 – Histograma.

Figura 2.2 – Histograma de mão de obra.


3 Histograma de colunas remontadas
O histograma de colunas remontadas é aplicado para representar comparativamente dois
ou mais atributos. Ele permite que a comparação entre os atributos, para um mesmo
período, seja feita mais facilmente. O cronograma físico-financeiro pode ser representado
desta forma, evidenciando a diferença entre os faturamentos e as despesas em cada
período. A Figura 3.1 mostra um exemplo.

Figura 3.1 – Histograma de colunas remontadas.

4 Curva S
Segundo ALMEIDA, (2006) é possível a partir dos histogramas, os valores acumulados período
a período, podem ser representados de forma gráfica, resultando no que se denomina de curva
S por lembrar a forma desta letra.

Figura 4.1 – Curva S.


Um exemplo de curva S para recursos de mão-de-obra obtida a partir do histograma da Figura
2.1 é mostrada na Figura 4.1.

A curva S, que mostra a distribuição de um recurso, de forma cumulativa, é amplamente utilizada


no planejamento, programação e controle de projetos devido a sua objetividade.

Representa o projeto como um todo, em termos de efetivos de mão-de-obra, homem-hora,


quantidades produzidas, materiais ou unidade monetária necessários à sua execução, e permite
visualizar o ritmo de andamento previsto para a sua implantação.

Os quantitativos podem ser expressos em valores absolutos ou em termos percentuais, o que


são mais convenientes. Para poder comparar e operar de forma homogênea as quantidades
heterogêneas, usa-se o artifício de atribuir um peso percentual a cada atividade ou item. A soma
de toda a produção, ou de todos os recursos, irá corresponder a um percentual de 100%. As
grandezas programadas podem ser, por exemplo, mão-de-obra (em Hh) ou quantidade
produzida (em R$ ou tempo).

5. A forma da curva S
A experiência mostra que o desenvolvimento de serviços complexos, envolvendo vários grupos
de pessoas, não se dá de forma linear, mas de acordo com uma curva de Gauss. Isto é, o
trabalho executado por unidade de tempo começa pequeno, aumenta progressivamente até
atingir um máximo (que na maioria das vezes acontece entre 50% e 60% do tempo decorrido) e
daí começa abaixar, até o término dos trabalhos. O somatório destas parcelas, ou seja, o valor
acumulado por período de tempo, quando representado de forma gráfica, tem o traçado de um
S.

Essa evolução tem as seguintes fases:

• Início Lento – devido a estar em uma fase de reconhecimento do projeto e suas necessidades,
pelos executores, assim como pelos poucos recursos envolvidos e a baixa sinergia entre o
pessoal envolvido.

• Fase de Crescimento Rápido – devido ao quase total conhecimento das etapas do projeto e
suas necessidades pelo maior emprego dos recursos e a alta sinergia entre o pessoal envolvido.

• Fase de Término Lenta – devido à utilização de poucos recursos (muitos já desmobilizados),


à ausência ou não cumprimento das listas de verificação (check-lists) de encerramento e ao
natural desgaste mútuo entre o pessoal envolvido.

Em projetos que envolvam Engenharia, Suprimentos, Construção e Montagem, cada uma


dessas atividades apresenta uma curva S distinta, porém deverão ser analisadas conjuntamente
para que uma atividade não atrase ou comprometa a subsequente.

A Figura 5.1 apresenta um exemplo de curvas ideais para um projeto deste tipo, onde:

1. curva ideal para compra do material e equipamento – % do valor total em homens-hora de


serviços de compras;
2. curva ideal para engenharia e desenho – % do total de homens-hora;
3. curva ideal para construção – % do total de homens-hora.
Figura 5.1: Curva S para engenharia, suprimentos e construções

A curva começa deitada, em função da inércia inicial do projeto, correspondendo a uma baixa
produtividade. A inclinação da curva para cima significa que a produtividade está aumentando.
No final do projeto, a curva tende a se deitar novamente, significando a queda inerente à
produtividade final.

Para traçar a curva S, é necessário que se prepare antes a estrutura analítica do projeto.
Lembramos que a EAP consiste em decompor o projeto em suas várias partes. Estas partes, por
sua vez, são decompostas em seus subcomponentes, que formam um segundo nível, e assim
por diante, em vários níveis, formando uma “árvore”, até atingir um grau de detalhamento em
que os componentes sejam fáceis de avaliação e acompanhamento.

Com base no valor de cada atividade, ou na quantidade prevista de homens-hora para sua
execução, atribui-se um peso relativo a cada atividade; este peso corresponde a porcentagem
que cada atividade representa dentro de seu grupo, cujo somatório (100%) representa o total da
atividade do grupo superior que as engloba.

Procede-se da mesma maneira para a atividade de nível superior, comparando-a com outras do
mesmo nível, e assim sucessivamente, até chegar ao nível mais alto.

Este processo de fixação de pesos relativos permite acompanhar e comparar a execução de


atividades diferentes, como, por exemplo, a concretagem de fundações com montagem de
tubulações. A curva S, que pode se justapor ao gráfico de Gantt (cronograma de barras), permite
avaliação rápida da situação global do projeto.

Portanto a curva S aplica-se a:

• detalhamento de engenharia por homens-hora ou por documentos executados.


• desenhos por quantidades ou valores ponderados.
• requisições por quantidades ou valores monetários (reais, dólares)
• pedidos de compra por quantidade de pedidos ou valores monetários.
• construção, montagem, instalação por homens-hora ou unidades de serviço executadas.
• desembolsos ou fluxos de caixa em valores monetários.
• acompanhamento de todo e qualquer projeto por mais complexo que seja.

Para acompanhar o andamento do projeto é preciso, inicialmente, elaborar a curva S dos


serviços previstos, para então comparar este traçado com a curva referente aos serviços
realizados.

6. Construção da curva S
Na fase de programação, traça-se, inicialmente, a curva S prevista. Ela tanto pode ser traçada
acumulando-se os percentuais estimados, a partir de dados baseados na experiência em
projetos semelhantes, quanto pela utilização de uma curva-modelo.

7. Construção da curva S baseada em experiência prévia


A Figura 7.1 mostra um exemplo simplificado mostrando a programação e o progresso de um
projeto de construção no gráfico de Gantt (cronograma de barras horizontais) com justaposição
de curvas S.

No caso de se utilizar a experiência anterior, deve-se adotar a seguinte sequência:

• Traçar o cronograma de Gantt (cronograma de barras horizontais) indicando o prazo previsto


para cada atividade principal (ver Figura 7.1).

• Distribuir ao longo de cada barra os percentuais de progresso previstos, baseados em dados


provenientes de projetos históricos.

• Determinar o peso percentual de cada item do cronograma, segundo a unidade adotada. Usar
critério de custo ou de homem-hora (eventualmente de máquina-hora). Por exemplo, segundo o
critério de custo (valor orçado), o item 02.01.01 corresponde a 3% do custo total da obra
representado na Figura 7.1, portanto, seu peso relativo é 3.

• Os pesos relativos são indicados na coluna peso e somam 100%.

• Calcular o progresso ou grau de andamento previsto para o empreendimento ao final de cada


período (mês, quinzena, semana etc.), por meio da soma dos percentuais de cada item naquele
período. Para isto basta realizar o cálculo com a equação abaixo:

APP =ΣPR× API

Onde:
APP = andamento previsto do projeto.
API = andamento previsto de cada item, em percentual.
PR = peso relativo de cada item.
• Lançar os percentuais totais acumulados por período no gráfico (ver Figura 7.1).
Figura 7.1 – Exemplo simplificado mostrando a programação e o progresso de um projeto de construção no gráfico de
Gantt com justaposição de curvas S.

O traçado dos pontos referentes ao progresso (andamento), previsto no final de cada período,
formará um S deitado, ou seja, a curva S representando o andamento previsto do projeto. Esta
curva encontra-se representada em tracejado na Figura 7.1.

Se a curva obtida não tiver a forma aproximada de um S, apresentando degraus, por exemplo, é
sinal de que o planejamento não deverá estar bem-feito, e necessita ser verificado e refeito.

Na fase de controle, será traçada a curva do “realizado”, procedendo-se de forma análoga, mas
agora utilizando os valores medidos, período por período. Esta curva encontra-se representada
em linha cheia na Figura 7.1.

Para calcular o andamento real no final de cada período, utilizamos a equação abaixo.

ARP =ΣPR× ARI


Onde:
ARP = andamento realizado do projeto.
API = andamento realizado de cada item (medido), em percentual.
PR = peso relativo de cada item.

Referências Bibliográficas:

ALMEIDA, Jorge, Técnicas de Planejamento e Controle / FURG – CTI. Rio Grande, 2006.
MELLO, P; ZOPPA A. Planejamento e controle de Projetos: Uma abordagem Pratica/ Revista
Mundo PM Management Ed Fev/Mar 2009, Editora Mundo PM

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