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Núcleo de Educação a Distância

PEDAGOGIA
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Núcleo de Educação a Distância

Créditos e Copyright

L975c LUDERER, Cynthia A. F.


Fundamentos Teóricos e Metodológicos da História e da
Geografia e Prática. Cynthia A. F. Luderer. Núcleo de
Educação a Distância da UNIMES. Santos, 2008,
139p. (Material didático. Curso de Licenciatura em
Pedagogia).
Modo de acesso: www.unimes.br
1. Pedagogia 2. História 3. Geografia 4. Fundamentos
Teóricos e Metodológicos da História e da Geografia e
Prática.
CDD 371

Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui
publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários.
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso
oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em
qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos.
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UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS


FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
PLANO DE ENSINO

CURSO: Licenciatura em Pedagogia


ANO: 2017_1
COMPONENTE CURRICULAR : Fundamentos Teóricos e Metodológicos da
História e da Geografia e Prática
PROFESSOR: Dra. Tathianni Cristini da Silva
SEMESTRE: 5º
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80

EMENTA:
A produção histórica e geográfica e suas consequências no ensino dos anos iniciais
do ensino fundamental. Categorias de análise: construção e apropriação do espaço
mediado pelo trabalho social do homem; o homem sujeito da história. A produção
didática para o ensino de história e geografia: propostas pedagógicas - oficiais e
alternativas, o livro didático e suas relações com a produção histórica e geográfica.
A construção dos conceitos de tempo e espaço. Aspectos teóricos e metodológicos.
Os recursos didáticos. A crítica ao positivismo na História e na Geografia. A
compreensão da dinâmica da sociedade capitalista contemporânea. Critérios para
seleção de conteúdos em História e Geografia. Aspectos da avaliação. A análise
crítica do livro didático. Estudo e análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Planejamento de aulas e atividades.

OBJETIVO GERAL:
Promover condições para que os alunos apropriem-se de conhecimentos e
habilidades, no que tange aos fundamentos teóricos e aspectos metodológicos que
envolvem os componentes curriculares de História e de Geografia para os anos
iniciais do Ensino Fundamental, bem como fomentar as práticas pedagógicas
dessas disciplinas na referida modalidade de ensino.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Unidade I: A História feita de histórias
- Compreender a História enquanto conhecimento dinâmico.
- Identificar a globalização como um processo histórico.

- Estabelecer com os alunos dinâmicas, a partir do tempo presente e de suas


realidades, que favoreçam a abstração dos conteúdos.

Unidade II: Outros espaços: princípios para uma melhor compreensão


- Estudo da escola como núcleo capaz de unir os tempos e interpretar a realidade,
bem como, espaço onde as relações sociais se reproduzem.
- Identificar e compreender criticamente as informações veiculadas pelas mídias,
que antecedem, propõe ou deturpam informações. Refletir sobre a ética em sala de
aula.
- Examinar os principais temas que devem ser discutidos nos Ciclos I e II, segundo a
proposta dos PCNs.

Unidade III: Geografia


- Reconhecer aspectos políticos e sociais estudados pela geografia na sociedade, e
compreender a inserção da escola neste contexto de forma dinâmica e globalizada.
- Analisar a ciência cartográfica e a linguagem dos fenômenos geográficos.
- Compreender a geografia física e sua aplicabilidade.

Unidade IV: Planejamento e Atividades


- Estudo, análise e compreensão das estratégias utilizadas para o desenvolvimento
do planejamento.
- Análise das sugestões de conteúdos para as séries iniciais junto às áreas de
História e Geografia pensadas enquanto conhecimentos integrados às demais
disciplinas escolares.
- Reflexão sobre estratégias e materiais utilizados no processo de educação.

Bibliografia Básica

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BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo:


Cortez, 2008, 408 p. (NÃO CONSTA NA BIBLIOTECA, MAS É O CLÁSSICO DA
DISCIPLINA)
CARLOS, Ana Fani Alessandri (org). A geografia na sala de aula. 9° ed. São
Paulo: Contexto, 2012, 144 p. (Coleção Repensando o Ensino). (VERSÃO DIGITAL)
PENTEADO, Heloisa Dupas. Metodologia do ensino de História e Geografia. São
Paulo: Cortez, 1994. (Série Formação do Professor). (CONSTA 01 NA BIBLIOTECA)

Bibliografia Complementar:

ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yazuko. O espaço geográfico:


ensino e representação. 16° ed. São Paulo: Contexto, 2009, 94 p. (Coleção
repensando o ensino). (VERSÃO DIGITAL)
CAVALCANTI, Lana de Souza (org.). Temas da geografia na escola básica.
Campinas/SP: Papirus, 2015, p. 218. (VERSÃO DIGITAL)
KARNAL, Leandro. Conversas com um jovem professor. São Paulo: Contexto,
2012, 143 p. (VERSÃO DIGITAL)
HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1995,
224 p. (CONSTA NA BIBLIOTECA)
VASCONCELOS, José Antonio. Metodologia do ensino de história. Curitiba:
IBPEX, 2007, 153p. (VERSÃO DIGITAL)

METODOLOGIA
As aulas serão desenvolvidas por meio de recursos como: videoaulas, fóruns,
atividades individuais, atividades em grupo. O desenvolvimento do conteúdo
programático se dará por leitura de textos, indicação e exploração de sites,
atividades individuais, colaborativas e reflexivas entre os alunos e os professores.

AVALIAÇÃO
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e
apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como

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forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte


teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos
específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações à distância e Presencial, de
acordo com a Portaria da Reitoria UNIMES 04/2014.

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Sumário

Aula Inaugural..............................................................................................................8
Aula 01_ Ciências Sociais- Um Passo para a Cidadania............................................9
Aula 02_ Globalização: Uma Nova Realidade?.........................................................12
Aula 03_ Manifesto: Um Exercício de Cidadania.......................................................17
Aula 04_ Da Caverna à Luz: Um Caminho a Desbravar...........................................23
Aula 05_ O tempo Histórico na História.....................................................................25
Aula 06_História: Feita de Documentos....................................................................28
Aula 07_Índio: Uma Consciência para os nosso "Curumins"....................................31
Aula 08_Os Documentos que Temos e Criamos: O Acervo da Memória..................35
Aula 09_Uma Herança Cultural Documentada..........................................................38
Resumo_Unidade I....................................................................................................40
Aula 10_Do Campo para o Mundo............................................................................41
Aula 11_A História e a Geografia na Escola Por quê?..............................................44
Aula 12_Critérios para Seleção de Conteúdo............................................................47
Resumo_Unidade II...................................................................................................52
Aula 13_A Escolha do Livro Didático.........................................................................54
Aula 14_O Homem na Terra e no Espaço-Princípios da Geografia..........................57
Aula 15_Signos Geográfico-Cartografico..................................................................59
Aula 16_Geografia Física: Por quê e Pra quê?.........................................................61
Aula 17_Mapa-Instrumento de Comunicação............................................................63
Aula 18_Geografia-Ciência Social e do Espaço........................................................66
Resumo_Unidade III..................................................................................................68
Aula 19_Nossa Gente e a Dinâmica da Sociedade Capitalista.................................70
Aula 20_Planejamento...............................................................................................72
Aula 21_Propostas de Conteudos para as Séries Iniciais.........................................76
Aula 22_Proposta para 2ª séries...............................................................................79
Aula 23_Planejamento para Classes de 3ª Série......................................................81
Aula 24_Planejamento para Classes de 4ª Séries....................................................84
Aula 25_Avaliação.....................................................................................................87
Aula 26_Conceitos da História e Geografia...............................................................90

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Aula 27_Análise dos PCNs........................................................................................92


Aula 28_Atividades: Parte I – Jornal..........................................................................95
Aula 29_Atividades: Parte II- Textos/ Documentos...................................................97
Aula 30_Atividades- Parte III: Recursos Audiovisuais.............................................101
Aula 31_Encerramento - Jogos e Imagens..............................................................105
Aula 32_Aluno Cidadão...........................................................................................109
Resumo_Unidade IV................................................................................................112

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Aula Inaugural

Abordar aspectos sociais e apresentá-los para crianças não é tarefa fácil. Requer
comprometimento e muita responsabilidade. Nesta disciplina iremos discutir
conceitos e atividades para o conhecimento do professor1, de forma que ele possa
se servir dessa aprendizagem para desenvolvê-la com seus alunos.
Nosso foco será a História e a Geografia, mas é notório, que estas duas ciências nos
tragam outras que nos auxiliem em seu bojo, como a sociologia, antropologia,
arqueologia, geologia, cartografia entre outras. Optamos por dividir as informações
históricas e geográficas, com o propósito de capacitar o professor, com
conhecimentos específicos, que são necessários. Mas observamos que estes
conceitos não precisam ser expostos aos alunos de forma isolada ou fragmentada,
com as especialidades referentes a cada área.
Quando tratamos do ser humano, tratamos de um conceito complexo. O tempo e o
espaço os separam e os une, os difere e os transformam. Uma visão fragmentada
não nos dá conta de entender a sociedade da qual ele faz parte. Precisamos captar
de forma sensível a rede de relações da qual o sujeito se intera. Devemos pensar de
forma interdisciplinar. Hoje os fenômenos são globais! Seguiremos os princípios dos
PCNs. Com os conceitos ali expostos, notamos que a sensibilidade nos oferece a
possibilidade para quebrarmos a educação reprodutiva. O educador deve ser um
atento observador, pronto para captar as incoerências, contradições e diversidades
de modo dialético e apresentá-las para agir em sala de aula. O grande e maior
objetivo e desafio do educador, e quando tratamos das questões sociais, se torna
mais notória esta especificidade, é preparar os alunos para o exercício da cidadania.

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Aula 01_ Ciências Sociais- Um Passo para a Cidadania

Abordar aspectos sociais e apresentá-los para crianças não é tarefa fácil. Requer
comprometimento e muita responsabilidade. Vamos discutir conceitos e atividades
para o conhecimento do professor , de forma que você possa depois se servir dessa
1

aprendizagem para desenvolvê-la com seus alunos.


Nosso foco será a História e a Geografia, mas é notório que estas duas ciências nos
trazem outras que auxiliam em seu bojo, como a sociologia, antropologia,
arqueologia, geologia, cartografia entre outras. Optei por dividir as informações
históricas e geográficas com o propósito de capacitar o professor com conhecimentos
específicos, que lhes são necessários. Mas, observei que estes conceitos não
precisam ser expostos aos alunos de forma isolada ou fragmentada, com as
especialidades referentes a cada área.
Quando tratamos do seres humanos, tratamos de um conceito complexo. O
tempo e o espaço os separam e os unem, os diferem e os transformam. Uma visão
fragmentada não dá conta de entender a sociedade da qual ele faz parte. Precisamos
captar de forma sensível a rede de relações da qual o sujeito se intera. Devemos
pensar de forma interdisciplinar. Hoje os fenômenos são globais!
Seguiremos os princípios dos PCNs. Com os conceitos ali expostos, notamos que
a sensibilidade nos oferece a possibilidade para quebrarmos a educação
reprodutiva. O educador deve ser um atento observador, pronto para captar as
incoerências, contradições e diversidades, de modo dialético, e apresentá-las para
agir em sala de aula.
O maior desafio e objetivo do educador, quando se trata de questões sociais, é
preparar os alunos para o exercício da cidadania.

O espaço e o tempo
O espaço que o sujeito ocupa implica o uso do tempo. São ritmos que se estruturam
no comportamento de uma sociedade, que interferem e são interferidos pela
paisagem que se forma.
Somos TODOS sujeitos e, portanto, envolvidos e submetidos a decisões que são
impostas ou mudadas ao longo do tempo. Quando apontamos que vivemos em uma
sociedade democrática, temos que ter discernimento da importância de nossas ações
e comportamentos. A escola faz parte da rede de relações sociais e, portanto,
é uma comunidade que deve dialogar com a sociedade.

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As instituições são formadas de pessoas que representam posições sociais. Estas, ao


ocuparem uma relação hierárquica de domínio, podem influenciar uma cadeia de
relações nas comunidades. É de suma importância o reconhecimento dos indivíduos,
ao se tratar da influência que possuem, quer em caráter individual ou coletivo,
em relação a uma sociedade. A História do Brasil, feita com base no favoritismo e
nas relações oligárquicas com caráter de clientelismo, nos afasta de conceitos
primários da cidadania.
Sérgio Buarque de Holanda, historiador, traz o conceito da “cordialidade” na nossa
cultura, que identifica a prática das trocas e dos jogos de interesses pessoais.
Roberto Damatta, sociólogo, compara o comportamento do povo brasileiro, com
outros que mostram comportamento diferenciado do nosso, ilustrando o fato com
duas questões. São elas:
1) “ Você sabe com quem está falando?”
2) “Quem você pensa que é?”
Na primeira, ele identifica uma característica do povo brasileiro; uma mostra em que
a identidade pessoal que se sobrepõe ao social. A segunda demonstra o inverso, o
comprometimento social acima do individual, que pressupõe e regula a relação de
igualdade. O mundo globalizado no qual estamos inseridos é o mundo das trocas,
quer de forma econômica, política ou social.
Ao enfatizarmos a questão da cidadania e objetivarmos como referência a
“autogestão” (declarando por este termo um ser atuante e participativo, responsável
de seus atos e procedimentos) estaremos mais próximos de conviver em espaços
ocupados por pessoas que valorizem a memória do todo e de todos: um ser
cidadão.

Leia o texto abaixo e reflita: o quanto as duas questões apontadas acima se


apresentam no seu cotidiano e quanto à informação das ciências sociais pode ou não
interferir no uso das mesmas. Ainda observe o comportamento social e participativo
das pessoas, seu comprometimento ou interesses pessoais que apresentam na vida
social.

É possível, embora este não seja o único objetivo, realizar um


trabalho educativo visando esclarecer os indivíduos sobre sua
condição de cidadãos, quando se apropriam do mundo, do país, da
cidade, da casa e ao mesmo tempo, decifrando os inúmeros limites
decorrentes das alienações. O trabalho consiste em discernir as
experiências sociais e individuais e, assim, potencializá-las. Em
outros termos, fazê-los reconhecer a si mesmos como sujeitos
sociais, cidadãos.Para tanto, não se trata de hipertrofiar o sentido
dos lugares mais próximos, os lugares da experiência imediata dos
sujeitos, mas decifrar a superposição e inerência dos diversos
espaços sociais, justapostos e entremeados. A vivência exclusiva

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dos lugares próximos é redutora, mas sua relação com todos os


outros espaços a enriquece [...] O cidadão é o cidadão de um lugar,
de um espaço, especialmente de uma nação. (DAMIANI,1999, p.58)

O texto nos adianta questões que discutiremos na próxima aula: a preocupação em


usarmos o lúdico, a realidade que cerca o aluno, a proximidade em relação a suas
vivências.
Pense sobre isto!

____
1
Usaremos o termo professor para designar a pessoa que orienta o trabalho em sala
de aula. Apesar de as pessoas do sexo feminino constituírem a ampla maioria (85%)
no magistério, a gramática aborda que o termo masculino serve para generalizar os
dois termos. Para evitarmos repetições desnecessárias, e por questões estéticas dos
textos, não aplicaremos no texto o termo professor/professora.

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Aula 02_ Globalização: Uma Nova Realidade?

Já sabemos que nossa disciplina deverá tratar do ensino de História e Geografia nos
anos iniciais do ensino fundamental. As condições que são dadas e estimuladas no
exercício da convivência das aulas tornam-se fundamentais para a formação da
consciência das crianças. As práticas focadas na interação, de formas lúdicas e
participativas, criam alicerces para que os alunos absorvam as informações de modo
mais perceptivo, logo, sensitivo também. A compreensão como uma apropriação
intelectual, se torna consequência de mediações que aguçam a sensibilidade
dos alunos.

A tarefa do educador, que atende a essa faixa etária nas escolas, em relação a
essas ciências (história e geografia), é construir conceitos para que
os indivíduos sejam capazes de compreender e expressar sua realidade. Um
início primoroso. Com aulas dinâmicas que estimulem o uso do raciocínio e
desenvolvimento da consciência crítica do aluno, estaremos colaborando para
formação de um sujeito apto a transformar a sociedade. O professor, no convívio
dessa relação, deve não apenas estar disposto e aberto às hipóteses que venham
surgir por parte da classe que orienta, mas principalmente, deve estimulá-las.

Deter todas as informações em pleno século XXI é impraticável. A tecnologia e


o fluxo de informações que passam através delas, encaixados em um planeta que
vivencia a globalização, trouxe uma transformação incomensurável para a
humanidade nos últimos anos. Esta amplidão faz confronto com realidades isoladas
nos aspectos geográficos, ou mesmo, nas relações humanas. A criança deve ser
apresentada a esta realidade paulatinamente, sem alardes.

O trabalho coletivo, onde todos se comprometem, é a melhor forma para que a rede
dos conhecimentos aplicados aos alunos ganhe formato e força. Cabe sempre
conferir a máxima que norteia o professor: ”aprender a aprender”.

É importante que as informações transmitidas e, se possível, vivenciadas com os


alunos, deixe claro os variados pontos de vista dos temas estudados.

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Aspectos positivos e negativos sempre devem ser tocados e trocados entre o


grupo.

Como exemplo, observemos o texto a seguir, de outubro de 2003, sobre


globalização. O autor, Manoel Ruiz, pontua os aspectos deste novo conceito
explorado, além de mostrar que esta é uma realidade antiga na história da
humanidade. https://sites.google.com/site/aulageo/globalizacao

O conceito globalização surgiu em meados da década de 1980,


veio substituir conceitos como internacionalização e
transnacionalização, porém se voltarmos no tempo podemos
observar que é uma prática muito antiga. A humanidade, desde
o início de sua existência, vem evoluindo, passou de uma
simples família para tribos, depois foram formadas as cidades
estado, nações e hoje com a interdependência de todos os
povos do nosso planeta, chegamos a um fenômeno natural,
denominado de “aldeia global.” Globalização ou mundialização
é a interdependência de todos os povos e países do nosso
planeta, também denominado “aldeia global”. As notícias do
mundo são divulgadas pelos jornais, rádio, TV, internet e outros
meios de comunicação. O mundo assistiu ao vivo e a cores em
11 de setembro, o atentado ao World Trade Center (as torres
gêmeas), a invasão americana ao Iraque.Quem não assistiu o
Brasil penta campeão mundial de futebol? Com toda essa
tecnologia a serviço da humanidade, dá a impressão que o
planeta Terra ficou menor. Podemos também observar que os
bens de consumo, a moda, a medicina, enfim a vida do ser
humano sofre influência direta dessa tal Globalização. Hoje
uma empresa produz um mesmo produto em vários países e os
exportam para outros, também podemos observar a fusão de
empresas, tudo isso tem como objetivo baixar custos de

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produção, aumentar a produtividade. Então, produtos


semelhantes são encontrados em qualquer parte do mundo.

A Globalização analisada pelo lado econômico-financeiro teve


seu início na década de 80, com a integração a nível mundial
das relações econômicas e financeiras, tendo como polo
dominante os Estados Unidos. Analisando a Globalização
podemos destacar o lado positivo como: o intercâmbio cultural
e comercial entre nações, importante para todos os povos, os
riscos reais, entre outros. Agora vamos ver o lado negativo: a
Globalização é crescente, os povos ficam a cada dia mais
interdependentes, porém os países desenvolvidos são os
maiores beneficiados ficando cada vez mais ricos, enquanto os
países em desenvolvimento ficam cada vez mais pobres. Então
algumas medidas deverão ser tomadas para tentar mudar este
quadro.

Devemos acrescentar, para sua apreciação, uma tabela com dados que pontuam as
possíveis fases da já emergente globalização:

No século XVIII, a humanidade sofreu um novo impacto com ideais que se pautavam
nas ideias iluministas. A Revolução Francesa, a Independência dos EUA e
movimentos para a independência na América Latina são reflexos deste
pensamento. Mais especificamente, ao estudarmos a história do Brasil, observamos
neste período, a manifestação e os líderes intelectuais da Inconfidência Mineira.

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Seria o século XVIII um exercício de “mundialização”? Ou será que só devemos


aplicar este termo para aspectos que tangem de forma direta os aspectos
econômicos?

Mas, o quanto esses ideais e participações de grupos sociais podem ou não


interferir na economia?

No que se diferenciaria esta dinâmica de ideais aqui apontadas com o período


intitulado como “globalização” da contemporaneidade?

Ao tratarmos da segunda fase (1850-1950), ilustraremos com um trecho do


manifesto comunista para você observar:

[...] Por meio de sua exploração do mercado mundial, a burguesia


deu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo em todos os
países... As velhas indústrias nacionais foram destruídas ou estão se
destruindo dia a dia.... Em lugar das antigas necessidades satisfeitas
pela produção nacional, encontramos novas necessidades que
querem, para a sua satisfação, os produtos das regiões mais
longínquas e dos climas os mais diversos. Em lugar do antigo
isolamento local... desenvolvem-se, em todas as direções, um
intercâmbio e uma interdependência universais. (KARL MARX -
Manifesto Comunista, 1848)

Marx cita: “necessidades que querem para sua satisfação”.

Como você interpreta este valor apontado no texto? Seria uma denúncia?

Será que já carregamos desde então o fardo do “ter” como importância suprema em
relação ao “ser”?

Esta é uma das questões mais pertinentes que rondam a nossa realidade de
consumo e se estendem com muita clareza e força às salas de aulas.

O professor pode, deve e tem total capacidade de trazer esta consciência às suas
crianças. O sonho de alguns filósofos é que a humanidade conhecesse um governo
universal.

Será possível?

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Ao nos sentirmos em casa, em qualquer outra parte do planeta (como as empresas


franquiadas; multinacionais; resorts padronizados), perguntamos:

Quem sou e qual meu verdadeiro valor para a sociedade em que vivo?

Discutiremos sobre isto na próxima aula.

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Aula 03_ Manifesto: Um Exercício de Cidadania

Inquietei você na última aula, questionando sobre o seu verdadeiro valor para a
sociedade?
Esta questão não deve se restringir apenas ao mundo adulto, mas crianças e jovens
também devem ser provocados a notar o valor que têm, e o quanto absorvem e
partilham com suas atitudes. Uma dinâmica que constrói suas próprias vidas e dá
forma à nossa história, a história de cada um de nós! Citamos parte de um
manifesto na aula anterior. Falemos um pouco do que trata este tipo de documento.
Um manifesto, como já sugere o nome, traduz, em forma textual, a intenção e os
ideais de um grupo ou de um sujeito. Através do estudo destes documentos,
podemos observar as pretensões dessas pessoas e traduzir, através de suas
intenções, o que os incomodam em um determinado período por eles vivenciado.
Este tipo de manifestação pode partir das mais diversas áreas, como: política,
educação, artes, ciências e muitos outros. Alguns exemplos são nítidos para
construirmos a noção e prestigiar, com a devida importância, estes ou
outros documentos.
Um exemplo vivo, entre muitos, é o “Manifesto Antropofágico” escrito por Oswald de
Andrade, em 1928. Para ele e seus companheiros, através dos valores indígenas e
da liberação do instinto, é que a arte renasceria.
Site
http://www.ufrgs.br/cdrom/oandrade/oandrade.pdf
Em relação à educação, podemos notar o “Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova” de 1932, elaborado por Fernando de Azevedo, e assinado por vários outros
intelectuais, dentre eles, Anísio Teixeira e Cecília Meireles. Este documento
apontava a educação como canal para uma reconstrução no Brasil.
Site
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Educacao/ManifestoPioneiros
Mais recente e com total influência sobre a educação abordada nos dias atuais,
temos a “Carta Manifesto da Transdisciplinaridade”, exposta em Portugal, em 1994,

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por Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu. No texto, eles propõem o
diálogo das diversas ciências com a arte, a literatura, a poesia e a experiência
interior do ser humano.
Através desta forma de expressão, podemos entender e transmitir aos alunos como
propostas que nascem em pequenos grupos, com necessidades específicas, podem
repercutir e atingir interesses de outros indivíduos. A realidade vivida por eles se
estende a outros. Existe uma interação que paira nos grupos sociais, e atitudes,
quer individuais ou conjuntas, podem influenciar desde o pequeno grupo que os
cerca até outros, maiores. Surge daí o conceito do ser como plural, interado no
meio. O comportamento dos indivíduos interfere, não só com reflexos nas questões
materiais (como o equilíbrio da natureza), mas também afeta o emocional dos
colegas que o acompanham e repercute no comportamento e atitudes dos mesmos.
Vivemos numa grande rede, onde cada nó bem atado ou não, reflete no todo. A
manifestação é bem vinda sempre, pois vivemos numa democracia, e no Brasil,
temos a possibilidade da livre expressão. Como cidadãos, preocupados e
comprometidos com o social, devemos pensar e sempre refletir sobre nossas
atitudes.

Atividade
Para esclarecer este conceito a seus alunos, desenvolva uma “carta manifesto” com
eles. Questione-os sobre as insatisfações que os cercam e o que pode ser feito
para melhorar. As ideias podem ser encaminhadas pelo orientador, mas “gritadas”
por cada aluno.
Desenvolva o espírito de equipe da classe e os envolva para isto. Eles podem
montar um “caldeirão”1 com seus princípios e ideais.
Para os alunos menores, use imagens coletadas em revistas; para os maiores,
estimule-os a escrever frases ou palavras de ordem. Estes serão os ingredientes
para elaborarmos a carta.
Os alunos colocam suas intenções, de forma ritualística, como desenvolver gestos,
falar de forma mais formal, ou mesmo cantar uma música que atenda aos princípios
do conceito que queremos que eles absorvam. Sugerimos “Amanhã” de Guilherme
Arantes, mas atente se existem outras que se enquadram melhor à realidade de sua

PEDAGOGIA 19
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comunidade. Conforme as apresentações são feitas, e as ideias vão sendo


colocadas no caldeirão (quer através de imagens ou grafias) o professor estrutura a
“Carta Manifesto” da classe e pede para que todos assinem.
Exponha o caldeirão e a carta e divulgue na comunidade escolar. Esta atitude cria
um compromisso dos alunos em relação ao documento além de estimular a
autoestima de todos. Descobriu a resposta sobre as insatisfações que os cercam e o
que pode ser feito para melhorar.? A participação e os valores que serão expostos
são fundamentais para formarmos uma consciência acerca de como ser bons
cidadãos.
Se puder, assista com os alunos maiores ao filme “Corrente do Bem”. Sinopse:
Eugene Simonet (Kevin Spacey), um professor de Estudos Sociais, faz um desafio
aos seus alunos em uma de suas aulas: que eles criem algo que possa mudar o
mundo. Trevor McKinney (Haley Joel Osment), um de seus alunos e incentivado
pelo desafio do professor, cria um novo jogo, chamado “pay it forward”, em que cada
favor recebido você retribuiria fazendo favores a três outras pessoas.
Surpreendentemente, a ideia funciona, ajudando o próprio Eugene a se desvencilhar
de segredos do passado e também a mãe de Trevor, Arlene (Helen Hunt), a
encontrar um novo sentido em sua vida.

Amanhã
Guilherme Arantes
Composição: Guilherme Arantes

Amanhã, será um lindo dia,


Da mais louca alegria
Que se possa imaginar

Amanhã, redobrada a força


Pra cima que não cessa
Há de vingar

Amanhã, mais nenhum mistério

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Acima do ilusório
O astro rei vai brilhar

Amanhã, a luminosidade
Alheia a qualquer vontade
Há de imperar, há de imperar

Amanhã, está toda a esperança


Por menor que pareça
O que existe é pra festejar

Amanhã, apesar de hoje


Ser a estrada que surge
Pra se trilhar

Amanhã, mesmo que uns não queiram


Será de outros que esperam
Ver o dia raiar

Amanhã, ódios aplacados


Temores abrandados
Será pleno, será pleno.

Manifesto Antropofágico

Oswald de Andrade

Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única


lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os
coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.
Tupy, or not tupy that is the question.

PEDAGOGIA 21
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Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.Só me interessa o que não
é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.Estamos fatigados de todos os maridos
católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com
outros sustos da psicologia impressa.O que atrapalhava a verdade era a roupa, o
impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem
vestido. O cinema americano informará. Filhos do sol, mãe dos viventes.
Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos
imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande. Foi porque
nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o
que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do
Brasil. Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.
Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da
vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Levi Bruhl estudar.Queremos a revolução
Caraíba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas
eficazes na direção do homem. Sem nós a Europa não teria sequer a sua pobre
declaração dos direitos do homem.
A idade do ouro anunciada na América. A idade de ouro. E todas as girls.
Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Oú Villegaignon print terre. Montaigne. O
homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução
Bolchevista, à Revolução surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling.
Caminhamos.Só não há determinismo, onde há mistério. Mas que temos nós com
isso?
Contra as histórias do homem, que começam no Cabo Finisterra. O mundo não
datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César. A fixação do progresso por meio
de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de
sangue.Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.
Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um
antropólogo, o Visconde de Cairu: - É a mentira muitas vezes repetida. Mas não
foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos
comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.
Se Deus é a consciência do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci
é a mãe dos vegetais. Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação.

PEDAGOGIA 22
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Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário. As


migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os
Conservatórios, e o tédio especulativo.

De William James a Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.


O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real da coisas + falta
de imaginação + sentimento de autoridade ante a procuriosa (sic). É preciso partir de
um profundo ateísmo para se chegar à ideia de Deus. Mas o caraíba não precisava.
Porque tinha Guaraci.
O objetivo criado reage como os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos
nós com isso? Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha
descoberto a felicidade. Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado
de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz. A alegria é a prova dos
nove. No matriarcado de Pindorama. Contra a Memória fonte do costume. A
experiência pessoal renovada.

_____
1
Pode ser feito com argila, ou o desenho do objeto numa folha de cartolina. Caso em
sua comunidade tenha outros materiais que a natureza proporcione, como folhas de
alguma vegetação específica, use. O importante é que os alunos participem também
da elaboração deste objeto.

PEDAGOGIA 23
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Aula 04_ Da Caverna à Luz: Um Caminho a Desbravar

Já comentei com você, logo na nossa primeira aula, como é impossível estudarmos
toda a História. Mas temos como objetivo transferir conceitos para as crianças, nos
quais elas se reconheçam como sujeito da História. Como fazer?
Para atingirmos este princípio que nos norteia precisamos compreender o mundo
que cerca os alunos. Usar de seus conhecimentos e habilidades dentro da
materialidade em que eles vivem como ponto de partida para desenvolvermos nosso
objetivo. Partiremos sempre de problemáticas locais, fazendo uso do repertório
intelectual e cultural da classe. É importante criar uma identidade entre os alunos e a
realidade que os cercam, para que eles tenham sustentação para abstrações futuras.
O sucesso desta dinâmica é sempre trazer acontecimentos próximos a eles, além de
ter a devida atenção e respeito à faixa etária da classe.
As crianças, de início, devem ter a proximidade cultural e intelectual com assuntos
pertinentes às suas estruturas familiares e à sua escola. O bairro e a cidade onde
vivem são espaços que seguem nesta apresentação. Nos últimos períodos apenas,é
que eles devem ser “apresentados” de forma formal, aos aspectos específicos ao
Estado que fazem parte e enfim, o Brasil. As questões que tangem ao lazer, à
política ou à economia, devem ser exploradas de forma que acompanhem este
reduto que ordenamos.
A questão do tempo também deve ser lembrada. Sempre devemos partir do
presente, do momento que faz parte do cotidiano dos alunos. São estas realidades
que os levarão a compreender os temas tratados e farão com que se sintam agentes
históricos. Mas você pode se questionar. Como podemos nos fechar se existe um
mundo globalizado, diante de nossos alunos? E eles, muitas vezes, estão à nossa
frente, em função da mídia e da tecnologia que os atinge com muita rapidez e
frequência?
Podemos trazer, sim, outras realidades para a sala de aula, contanto que tomemos
cuidado com a linguagem e abstrações. O excesso de luz pode cegar. Temos que ter
cautela ao passarmos as informações às crianças. Observem, de forma divertida, “O
mito da caverna”, de Platão, na versão de Maurício de Souza!
Site
http://www.monica.com.br/comics/piteco/
Assim como fez a equipe de produções de Maurício de Souza com um clássico de
mais de dois mil anos, podemos também trazer os mais diversos conhecimentos,
inclusive de outros tempos e lugares para a sala de aula. Os quadrinhos, inclusive
elaborados por eles ou em grupos, ou mesmo em conjunto, com a orientação do
professor, são uma ótima estratégia para relatos! Podemos explorar o conteúdo

PEDAGOGIA 24
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intelectual e cultural dos alunos, direcionar de forma intencional para assuntos que
devem ser explorados, nesta forma de dinâmica.
As variáveis são muitas. O personagem Piteco é apenas uma entre outras opções
(brinquedos, per-sonagens de filmes ou desenho animado) que aproximam o aluno
de ou-tras realidades, mesmo que distantes (no tempo e espaço). São imagens que
podem mostrar um processo de continuidade e evolução pelos quais passa a
humanidade. Também como ponto de apoio para um breve relato que pode ser
desenvolvido valorizando a participação e contribuição que cada um de NÓS, pode
ou não, agregar para usufruirmos do mundo que nos cerca HOJE, o qual se
transformará AMANHÃ.

Em nosso próximo encontro falaremos um pouco mais do tempo em relação à


História e como devemos tratá-lo e apresentá-lo aos alunos em sala de aula.
Acertem suas ampulhetas!

“Você sabia?”
IDADE MÉDIA DA HUMANIDADE
(tabela ilustrada por Ray Kurzweil,no evento “FIAT-30 anos”- PUC-SP, 2006)
Período Cro-magnon - 18 anos
Egito antigo - 25 anos
Europa séc XV - 30 anos
Europa séc XIX - 37 anos
EUA início séc XX - 48 anos
EUA início séc XXI - 78 anos
Caso se interesse em conhecer um pouco mais sobre “O Mito da Caverna”, de
Platão:
http://www.inf.ufsc.br/~adriana/fase_01/tgs/trab_01/Trabalho1.htm

PEDAGOGIA 25
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Aula 05_ O tempo Histórico na História

Você, com certeza, já ouviu falar do cientista Isaac Newton! Este inglês, do século
XVII, tem singular valor para os conceitos desenvolvidos pela humanidade deste
período até então. Foi ele o primeiro a conseguir provar suas teorias através de
fórmulas, o que trouxe singular contribuição para a compreensão do universo físico
naquele momento.
Junto ao autor do acatado e célebre pensamento “penso, logo existo”, Renné
Descartes, autor do “Discurso do Método”, que absorvia e transmitia com convicção
a importância da lógica. Eles construíram e defenderam sistemas analíticos. A teoria
trazia como aceitável para a ciência, experimentos que pudessem comprovar os
fenômenos que pudessem ser apresentados. Difundida em outras áreas da
comunidade científica, ganhou força na corrente filosófica
denominada POSITIVISMO. Esta, fundada por Auguste Comte, francês que viveu no
século XIX, defendia que os saberes humanos pudessem ser sistematizados,
seguindo os mesmos critérios das ciências exatas ou biológicas.
Estes valores se tornaram reducionistas diante dos valores holísticos que se
apresentam para o século XXI. Constituir leis gerais e verdades para fenômenos
sociais e o abrangente conhecimento humano, diante de uma filosofia que prega
uma consciência de um mundo plural e complexo, são ideias incompatíveis. O
positivismo teve muita influência na formação de nossa educação. Benjamin
Constant, oficial do exército e um dos líderes do movimento republicano no Brasil
(final século XIX), foi um grande divulgador desta filosofia junto às Forças Armadas.
A Igreja Católica também teve grande força e contribuição para esta formação.
Abraçou a nossa educação de forma mais participativa do que as escolas laicas e a
construção de uma História, nos moldes do sagrado, prevaleceu. Um signo que
carregamos deste pensamento é a nossa bandeira. Mais especificamente, a frase
“Ordem e Progresso”. Fruto de um forte espírito cívico, traz a questão do
nacionalista patriótico.

PEDAGOGIA 26
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Segundo Virmond de Lacerda, “a educação positivista visa a informar o aluno sobre


a ordem - isto é, como o mundo funciona - e formar seu caráter, tornando-o mais
bondoso”
http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/auguste-comte-
423321.shtml

Com essa orientação sociopolítica, no molde conservador, a escola se torna um


forte agente de moralização.
Este conceito racional, com forte influência do sagrado, trouxe para a História
informações compactadas em blocos. Uma sucessão de fatos e nomes (enfatizando
a figura do herói), que deveriam ser memorizados e repetidos. Nas escolas os
questionamentos eram inaceitáveis e os questionários, com respostas específicas
eram as ferramentas para avaliações. Os fatos históricos eram transmitidos e
recolhidos, ou melhor, depositados, como defende Paulo Freire, semelhante a um
exercício bancário.
As ciências auxiliares, que dão apoio aos conceitos observados na história social do
homem, como antropologia, sociologia, filosofia, entre outras, sequer eram
mencionadas ou tratadas conjuntamente. A própria geografia era pontuada pelos
conceitos físicos; as questões políticas eram ignoradas. Toda essa estrutura de
pensamento trouxe informações consideradas como precisas, em relação à
evolução da história do homem.
A linha do tempo coroa este pensamento linear e mostra como a História deveria
ser vista e estudada. Pontua fatos com datas específicas. Traduz de forma clara a
intenção de como esta ciência deveria ser entendida. Não descartaremos a linha do
tempo, pois é uma ferramenta que nos proporciona informações, marcas e
mudanças do pensamento de um período. Apenas devemos ter cautela, e deixar
claro que as datas específicas não acontecem num exato momento assim como o
nascimento de um novo ser! Ao observar a linearidade que nos é enfatizada por este
signo, devemos usá-lo como compreensão de momentos que se modificam e
esclarecem uma mudança de comportamento absorvida pela sociedade.
Ela é um instrumento pertinente para usufruirmos alguns conhecimentos com os
alunos como o processo de causas e consequências, comparações ou mesmo como

PEDAGOGIA 27
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um veículo para que eles visualizem a questão do tempo.Podemos dar início à


construção destes conceitos, a partir de dinâmicas que contatem a realidade do
meio em que eles vivem.

Atividade
Experimente esticar um cordão na classe ou em espaço aberto. Divida-o em várias
partes iguais e o identifique de forma diferenciada (cores ou texturas, por exemplo).
Dependendo do nível dos alunos que você está acompanhando, use de diferentes
realidades para explorar a divisão da linha.
Para os menores, a linha do tempo pode ser a própria evolução da criança. Em cada
marca, entre uma parte do cordão e outra, pode ser pendurados objetos, figuras ou
palavras que marquem aquela fase que se quer notificar.
Mostre a eles que entre um período e outro, muitos acontecimentos ocorrem, mas
são julgados menos importantes, e por esta razão, não são enunciados, mas muitas
vezes são fundamentais. São causas dos acontecimentos seguintes que são
destacados na linha. Compare também, no caso de alunos maiores que já
conseguem compreender melhor a noção de tempo, em quantas partes o cordão
pode ser dividido, quantas vezes cada parte pode estar dentro de uma outra parte.
Por exemplo: se observarem décadas, verão que o tempo de vida que eles têm, é
pouco, considerando as décadas vividas por seus avós, ou do tempo da fundação
da escola! Você pode também construir linhas, com focos diferentes.
Pode ser desenvolvida com o objetivo de mostrar que existem as linhas paralelas.
Neste âmbito, estaremos observando que em outros espaços, acontecimentos
semelhantes ou não podem estar ocorrendo em um mesmo período.
Aqui entraremos em um aspecto bastante importante que cerca o nosso
compromisso com a educação: o respeito e o compromisso social com outros
hábitos e culturas da diversidade brasileira.
Uma forma perspicaz para eles descobrirem que existem “os outros”.
E, quem são eles?

PEDAGOGIA 28
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Aula 06_História: Feita de Documentos

Questionamos na última aula, quem seriam nossos alunos.


Independente de como os encontramos, o importante é torná-los sujeitos
comprometidos com suas atitudes. Vamos dar continuidade à questão da linha do
tempo para enfrentarmos este questionamento. Observamos a importância deste
signo que demonstra a evolução de nossa história e como devemos e podemos lidar
com esta informação no exercício pedagógico.
Com foco ainda neste objeto, notamos a influência da filosofia positivista, quando é
intitulado o período pré-histórico. Ele foi assim determinado por não ser considerado
“História”, já que para isto, o requisito seria a existência de documentos registrados
através da escrita.
Hoje temos total convicção da importância deste período que, de certa forma, foi
desprestigiado por cientistas de tempos passados. Abstraímos sim, conhecimentos
fundamentais, para compreendermos nossa herança cultural, independente da
inexistência da comunicação pela escrita.
Como exemplos, temos a Arqueologia, ciência auxiliar da História, que se
responsabiliza por estudar povos antigos através de seus vestígios, ou
a Paleontologia, que difere da primeira, por analisar fósseis de animais e vegetais.
Ambas nos trazem os mais diversos materiais não escritos que esclarecem melhor a
cultura de povos do passado.
Nosso objetivo é despertar a curiosidade das crianças, para uma consciência
crítica. Conhecimentos como esses, quando bem apresentados e valorizados,
interferem nas decisões que elas possam vir a ter, de forma comprometedora, na
preservação de objetos que determinam uma época que faz parte de sua própria
história. São esses vestígios que, muitas vezes, se ligam à valorização da memória
de um povo.
Vamos apresentar algumas atividades que poderão ser desenvolvidas em sala de
aula para sustentar esse interesse dos alunos pelos vestígios históricos. Logo após,

PEDAGOGIA 29
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vamos abordar especificamente sobre a pré-história brasileira e trataremos deste


período em que a escrita ainda era desconhecida em nossas terras!

Atividades
1) Tente coletar fragmentos que se transformem em documentos para análise, no
espaço que cerca suas crianças. Eles irão perceber o delicado trabalho e dedicação
dos arqueólogos e paleontólogos.
Com gesso, é possível colher informações de folhas ou animais.
Coloque a massa do gesso, em consistência ainda mole, sobre pegadas (como de
aves) ou marcas de folhas que elas deixam sobre a terra. Recolham depois o gesso
endurecido, e nele se observará a marca captada. As rochas são um exemplo que
junto à natureza, quando resgatadas em sítios arqueológicos, trazem marcas como
estas, produzidas artificialmente com gesso.
Caso não encontre um espaço com a terra úmida, produza de forma artificial os
vestígios. Caso prefira, use pequenos potes descartáveis, coloque a massa do
gesso, paire uma folha de árvore sobre a mesma. Ao secar o gesso, em ambos os
casos, o aluno observará o “negativo” do objeto em uso. Ele estará de posse de um
documento para ser analisado, que não possui dados escritos.
Observem uma imagem de fóssil (restos de animais e vegetais e vestígios de suas
atividades preservados nas rochas) de uma samambaia.
http://mugeo.sp.gov.br/exposicoes/permanentes/fosseis-de-sao-paulo/

2) Construa também um pequeno sítio arqueológico.


Chamamos assim os espaços que se reservam para pesquisas e observação e
catalogação de vestígios. Nestes dois links que sugerimos, serão apresentados um
texto e imagens, para você absorver o conhecimento necessário da estrutura e
importância de um sítio arqueológico.
http://www.engenho.prceu.usp.br/tag/sitio-arqueologico/
http://www.fumdham.org.br/pn_serra_da_capivara/patrimonio-mundial

Agora, imagine construir um espaço como este com seus alunos.

PEDAGOGIA 30
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Uma caixa de papelão ou madeira, de 50 cm x 35 cm e 15 cm de profundidade, já


seria suficiente para se montar uma pequena maquete de um sítio arqueológico.
Coloque camadas de diferentes texturas de terra, da mesma forma que encontramos
no nosso solo. Sobre cada camada, “crie” vestígios (palitos de fósforos queimados,
ossos, pedras, conchas, cerâmica quebrada etc.) e cubra com a camada seguinte.
Faça esta atividade com grupos de alunos que depois deverão trocar a caixa com
outros que farão o papel de arqueólogos. Para descobrir as camadas, eles deverão
ter cuidado para não danificar os vestígios. Pincéis, pequenas pazinhas ou palitos
são equipamentos que podem ser usados por eles. É importante que estes alunos
não tenham presenciado a montagem da caixa pelo outro grupo para não perder o
efeito surpresa.
Cada vestígio se transforma em um signo que pode ser analisado e estruturado em
conceitos para construirmos a história. O vestígio do fósforo queimado, por exemplo,
nos indica o provável conhecimento e uso do fogo por uma determinada cultura. Um
resto de cerâmica nos mostra o uso do objeto. As camadas de terra evidenciam as
épocas!
Com esta atividade, os alunos poderão ser estimulados a discutir e observar à sua
volta, de forma consciente, o valor que sua comunidade dá a este tipo de
preservação.
Inquiete-os e discuta: e se eles encontrassem algum vestígio no espaço onde
vivem?

PEDAGOGIA 31
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Aula 07_Índio: Uma Consciência para os nosso


"Curumins"

Quando tratamos da pré-história do Brasil, nos deparamos com os indígenas, pois


antes da chegada dos portugueses e sua colonização, eles não conheciam a
linguagem escrita. A figura do índio, apesar de ser uma realidade distante da
criança, está bastante presente pela fantasia. Ela transforma muitas vezes esta
imagem em personagem.
A cultura indígena se aproxima da infância pelas lendas, histórias ou mesmo
narrações de clássicos, muitas vezes interpretadas por outros veículos, como
seriados, filmes, desenhos ou mesmo história em quadrinhos.
A data, 19 de abril, é sempre lembrada e enfatizada pelos meios de comunicação.
Os valores culturais são expressos e alguns questionamentos vêm à tona.
A questão da diversidade e principalmente o respeito a este aspecto, ganharam
destaque, principalmente depois do ocorrido em 1997, quando um grupo de
estudantes, em Brasília, ateou fogo em Galdino dos Santos, um índio pataxó,
enquanto o mesmo dormia. A opinião pública e os organismos internacionais se
moveram em prol de um julgamento justo para estes assassinos e depois se
pronunciaram contra o veredicto, que não agradou à sociedade. São questionáveis
os dados estatísticos em relação a esta população. Darcy Ribeiro apontava que de
um milhão de índios que ocupavam o Brasil em 1500, chegamos a apenas duzentos
mil no século XX. Hoje é possível observar que a população indígena vem
crescendo nos últimos anos, mas não se sabe especificar o motivo exato: se é a
consciência e valor da sociedade em relação aos índios, se há menor taxa de
mortalidade ou melhora na taxa de fecundidade nas tribos.
Esta herança que carregamos na nossa história é muito forte e presente. Nosso
vocabulário é repleto de exemplificações. Hábitos como o banho diário ou o
descanso na rede; uso de alguns alimentos na culinária e mesmo das ervas; o uso
de artefatos, entre muitas outras lembranças, são características que trazemos dos
índios.

PEDAGOGIA 32
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Podemos apontar semelhanças e diferenças, e estas em particular, identificam a


pluralidade cultural do nosso povo, as quais não devem ser depreciadas. O respeito
à hierarquia dessas sociedades e a ausência do acúmulo de bens materiais e
interesse de consumo, são vistos como componentes de uma sociedade perfeita aos
olhos do escritor Thomas More, em Utopia (século XVI). Um exemplo da exaltação
aos valores sociais e políticos desenvolvidos por povos indígenas, e não apenas
brasileiros, mas a todos outros povos da América Latina e Central (incas, maias e
astecas) foram sutilmente aprovados por este pensador. O aspecto de tê-los como
gene de nossa história, marca de nossa pré-história, traz um repertório diferencial
em relação ao tratamento que devemos ter em relação a esta cultura. Arqueólogos e
paleontólogos brasileiros possuem um número vasto de vestígios, locados na
diversidade territorial brasileira.
Um importante exemplo são os sambaquis. Encontrados no nosso litoral, são restos
de conchas e utensílios, como também esqueletos, que eram amontoados quando
usados pelos índios. A partir destes sítios, podemos estruturar aspectos da história
de várias tribos.
Identificar e mesmo cultuar traços desta cultura é o que se espera no século XXI. A
conscientização sobre a manutenção das características desses povos carrega junto
uma consciência do ecossistema. Lembremos que suas atividades se coadunam
com natureza.
Em sua cultura, corantes, medicamentos e utensílios vêm da terra ou de minerais;
eles só se alimentam de animais soltos, pois não admitem matar um animal e comê-
lo se já o criaram e mantiveram um vínculo afetivo por ele; idosos, têm
respeitabilidade por sua experiência; os jovens são desafiados e praticam rituais, o
que os marcam e os identificam em uma determinada fase da qual pertencem; esta
vivência beneficia a estrutura psíquica de um indivíduo, pois desenvolve a noção de
localização e existência, e foge das crises existenciais tão comuns entre os urbanos.
Estes exemplos são apenas alguns, que caracterizam culturas de algumas tribos,
apesar de terem sofrido muita interferência dos brancos.
Uma fonte de extrema importância de nossa pré-história é encontrada no Piauí. São
pinturas rupestres feitas há 12.000 anos. Próximo dali, temos as cerâmicas
“marajoaras”, com desenhos intrigantes em suas peças.

PEDAGOGIA 33
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Ao vermos tamanha riqueza de informações, devemos lembrar: o desconhecimento


da escrita desses povos os deixa à parte de nossa história?
Um filme pode ser visto para que sejam observados alguns traços dessa cultura
que aqui tratamos: “A Missão”. Ele aponta de forma clara os aspectos da falta de
respeito à diversidade. Caso queira usá-lo em aulas, convém passar algumas partes
em que se observa este aspecto, como o início, a apresentação de um curumim que
canta em latim para os líderes políticos europeus e o final, que mostra o coral na luta
pela defesa da missão dos jesuítas. Estes personagens, oriundos do clero, foram
trazidos para os bancos escolares como heróis, como reflexo de um padrão do
ensino tradicional e religioso. Hoje devem ser questionados e observados os
aspectos e interesses políticos que estes atores sociais seguiram.
Devemos travar sempre questões em favor da formação de nossa consciência.
Os assuntos devem aflorar sentimentos de interesse, indignação ou justiça de forma
participativa.
Aqui evidenciamos o quanto períodos considerados não históricos (pela ausência da
escrita) apresentam outras formas de documentos, que são de extremo valor para o
conhecimento de nossos antepassados. Ao desenvolvermos esta visão, podemos
dar continuidade e fazer uso da realidade da história de cada um.

Atividade
1) Desenvolver tintas naturais com: beterraba; cenoura; espinafre; casca de cebola;
terra. Os materiais podem ser batidos ou raspados e coados para ser usado como
tinta.
Fazer peças como: potes; máscaras com argila (usadas pelos índios, para espantar
os maus espíritos) ou variadas peças, como chocalho, com folhas secas trançadas.
As tintas podem também ser usadas simplesmente para tatuar os corpos, assim
como os índios usam em seus rituais.
Deixe-os desenvolver seus traços e questione-os sobre as mensagens que
gostariam de passar, para que entendam o quanto outros meios de comunicação
também têm importância singular como documentação, mesmo não possuindo a
linguagem escrita formal.

PEDAGOGIA 34
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Para entender mais:


Leia e conheça a Serra da Capivara e o Museu Emílio Goeldi
http://www.fumdham.org.br/
http://www.museu-goeldi.br/portal/

Para saber mais sobre Thomas More e sua obra:


http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2003/07/07/000.htm

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Aula 08_Os Documentos que Temos e Criamos: O Acervo


da Memória

“Uma vida que não é examinada não merece ser vivida”


Sócrates
Guardamos a nossa história e construímos parte dela a cada momento. A cultura do
descarte que nos abarca, uma herança do mundo produtivo que vivemos, trouxe
consequências negativas ao culto de nossa memória. Hoje esse quadro está se
revertendo. Um forte estímulo à preservação, com incentivos fiscais por parte do
governo, vem trazendo acordos junto à iniciativa privada para restauração de muitos
patrimônios históricos.
O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, na Estação da Luz, é prova viva
desse interesse pela nossa herança cultural. A valorização por nossos patrimônios
aproxima as pessoas de suas origens e história, estimula o espírito de
responsabilidade por aquilo que nos pertence. Cada material que nos envolve, são
potenciais evidências para compreendermos melhor a História.
Decifrar códigos que não os da escrita, pela falta de uso e costume, deixam marcas
de insegurança às interpretações, mas não as invalidam e desprestigiam em relação
à linguagem escrita. Esta falha são traços que carregamos da forte influência que
tivemos do espírito questionador e objetivo do positivismo.Mas, como já observamos
em aulas passadas, sabemos o quanto são fundamentais a diversidade de materiais
como fonte de análise.
Para obtê-las, é preciso que mantenhamos o espírito de conservação desses
materiais que se estruturam no nosso dia a dia.
A preservação da memória através dos objetos. Alguns objetos, de acordo com a
rapidez com que a tecnologia avançou nos últimos 20 anos, tornaram-se obsoletos.
Um típico exemplo é a máquina de escrever, e junto, toda a estrutura dos
conceituados cursos e títulos de datilógrafos. Outro aspecto que vivenciamos são as
fotografias digitais. Hoje as imagens são captadas inclusive pelo celular, aparelho
este que trouxe uma série de mudanças paradigmáticas à nossa

PEDAGOGIA 36
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contemporaneidade. As crianças, às vezes, não se dão conta desta complexa rede


de inovações por já estarem inseridas nesse novo contexto tecnológico.
O tempo se modificou, pois as distâncias foram encurtadas pelos veículos de
comunicação e transporte. Os objetos são trocados e descartados com rapidez e
mesmo este hábito se estende às relações entre as pessoas. Recuperar objetos de
diferentes linguagens, e não apenas a escrita, traz a sensação de segurança através
dos vínculos, um exercício primordial para o equilíbrio da autoestima. O
reconhecimento do “estar presente” e “fazer parte do mundo globalizado”, que é o
que nos é apresentado, traz valores de segurança às pessoas.
A memória pode ser bastante trabalhada quando lidamos com as ciências sociais.
Através de lembranças que sempre estão relacionadas a vários signos, (objetos,
locais, cheiros etc.) evocamos a memória. Ela nos trará subsídios para pontuarmos
e conectarmos significados de nossas experiências acumuladas no correr da vida.
Hoje a sociedade se depara com a doença degenerativa Alzheimer, que inicia sua
manifestação atacando a memória. Comparativamente a memória quando perdida,
sem ter sido devidamente documentada, tende a sumir não apenas das mentes
humanas, mas da cultura e história de um povo. A História, como já dissemos, vem
acompanhada de várias ciências que a estruturam. A etnologia pode ser apontada
como uma das veias fundamentais para compreendermos melhor o comportamento
de uma sociedade através da herança de povos passados. É relevante apontarmos,
que o Brasil se caracteriza pela formação de uma forte mestiçagem, cercado de uma
cultura latina caracterizada por um forte hibridismo.
Trazer estes valores para salas de aula, através de objetos que se traduzem nos
costumes de uma determinada época, ressalta e valoriza a identidade cultural com
cada indivíduo.

Vamos discutir mais detalhadamente a questão dos valores e heranças culturais na


próxima aula.

PEDAGOGIA 37
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Atividade

Peça aos seus alunos que levem objetos que marquem a sua história. Leve alguns
dos seus também e partilhe com eles suas vivências. Chupetas, sapatinhos, o
pedaço do cabelo. Quem sabe alguns possam ter o livro do bebê!
Caso não tenham objetos mais antigos, peça para que tragam alguns mais novos,
que tenham significado para a história que passa a ser enredada a partir de
determinados signos encontrados. O objetivo é envolvê-los a ponto de comovê-los.
Com o princípio da curiosidade, os objetos vão “dizendo” e relatando sobre a vida de
cada um!
Enfatize a importância da memória, não apenas como fator da aprendizagem mas
principalmente no que a memória pode contribuir para os valores emocionais de
cada um que estrutura um grupo.
Devemos apontar também o aspecto do respeito a esses objetos escolhidos, que
traz à tona a diversidade dos interesses vinculados aos aspectos das vivências
singulares de cada um. Monte uma exposição. Observe que alguns objetos vão
trazer lembranças de outros alunos do grupo. Abrace a máxima de que: “recordar é
viver”.
Caso queira conhecer melhor o trabalho do Museu da Língua Portuguesa, acesse:
http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/

PEDAGOGIA 38
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Aula 09_Uma Herança Cultural Documentada

Com a valorização da identidade pessoal dos alunos conseguimos adentrar nos


aspectos sociais com mais segurança. Identificar e apresentar o espaço, a realidade
e as pessoas que os cercam, como proposta inicial, é o princípio do entendimento
social a qual eles pertencem e podem passar a compreender melhor. Já tratamos da
importância dos documentos e como indivíduos sociais que somos, também
temos documentos os quais nos representam. Além de objetos que podem trazer
lembranças dos indivíduos, as pessoas também são identificadas pelos documentos
formais. Estes são produzidos a partir de registros pela linguagem da escrita e o
primeiro exemplo notado é a certidão de nascimento.
Atente para um destes registros, e note: localização; data; origem (filiação). Este
documento nos prova através da escrita um acontecimento (nascimento) de um
novo ser (criança) e social (ele traz raízes de seus vínculos familiares); ele ainda nos
traduz um tempo (data de nascimento) e um espaço (local de nascimento). Estamos
diante de um momento histórico documentado pelas vias tradicionais da linguagem
escrita!
A partir da análise de uma certidão, podemos decifrar várias informações que são ali
contidas, inclusive aspectos culturais que estruturam a relação deste novo ser que se
apresenta neste grupo que passa a acolhê-lo.

Observem:
LOCAL: o local do nascimento traduz uma série de informações. O registro de um
brasileiro já nos traz a leitura de que ele nasceu em um país com regime de
república federativa, que se divide em estados e municípios, onde se fala a língua
portuguesa, existe um predomínio da religião católica; temos uma moeda corrente
que se chama “real”.
DATA: esta nos remete aos acontecimentos de uma época. Traduzimos aspectos
éticos, políticas, expressões artísticas ao reconhecermos um período apresentado.
NOME: o sobrenome nos traz referências de uma genética, de um vínculo com uma
história próxima e distante. A escolha do primeiro nome também traz uma carga de
informações que remete a informações pertinentes ao período.
FILIAÇÃO: destes nomes, se traduz a origem e a singularidade deste novo indivíduo.
(mesmo que o nome e data sejam quase o mesmo - o caso de gêmeos - a filiação e
avós sempre são diferenciados).
Ao exercitarmos um olhar diferenciado para analisar os documentos, passamos a ter
condições de abstrair dados que podem ser identificados e pertinentes para a melhor
compreensão sobre um momento histórico. Devemos tratar este objeto como uma

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rica fonte de informações, mas sempre tomarmos cautela e notarmos as informações


complexas que cercam por trás de um papel.
Quanto mais queremos nos aproximar das informações, mais diversas devem ser
nossas fontes. É com esse olhar que devemos ter o cuidado ao transmitirmos os
acontecimentos aos alunos.
As dúvidas, quando bem pontuadas e argumentadas, sempre são bem vindas. São
elas que nos aguçam para novos desafios e que colaboram para novas descobertas.
Aguçar a percepção para leituras de documentos, mesmo que estes sugiram
aparente clareza e evidências, podem induzir à elaboração de novas hipóteses. Uma
questão relevante é que os alunos tenham consciência que eles, ao nascerem,
entraram para um “clube”, uma sociedade, com engajamentos aos quais eles
passam a fazer parte e o documento é um dos meios que prova este acontecimento.
Vamos ampliar um pouco mais esta visão, e mostrar de forma mais clara este mundo
a qual eles pertencem no próximo estudo!

Atividade
As pesquisas iconográficas podem servir como ferramentas para identificarmos e
ilustrarmos os aspectos culturais que se aproximam da interpretação de uma
certidão de nascimento. Imagens de jornais e revistas, quando possível, ou
recolhidas na internet, que ilustrem a estética e política de um período, são
documentos pertinentes para serem observados.
Fotos de nascimento das crianças, dos pais e avós, assim como documentos dos
mesmos, são expressivos para ilustração e observações que coadunem e expressem
a análise aqui demonstrada.
Deixar claro que as informações não são de caráter linear e sim uma estrutura
complexa, uma rede de informações.
Este é o preâmbulo que devemos perseguir como orientadores das ciências sociais
na escola.

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Resumo_Unidade I

Nesta unidade notamos como a globalização é um aspecto já vivido em outros


momentos da história. Tratamos também da importância do docente estar sempre
apto a “aprender a aprender” e como é impraticável sabermos tudo. Observamos
alguns manifestos e os entendemos como, mesmo atitudes desenvolvidas por
pequenos grupos, podem interferir em nosso sistema social.
Em relação à prática docente, estabelecemos que as dinâmicas com os alunos
devam partir do presente e de suas realidades, além de mexer com suas
sensibilidades; que este é o melhor modo para o aluno abstrair os conteúdos.
Estudamos a questão do tempo, e destacamos como a história presente do ser
humano é o reflexo do ontem e o preparo para o amanhã.
Estabelecemos a filosofia positivista e seu perfil analítico assim como sua parceria
com os propósitos do ensino religioso. Observamos como esta proposta incitava um
estudo de História em blocos compactuados e da Geografia em puras análises físicas,
como um processo bancário, segundo Paulo Freire.
Seguindo esta teoria, analisamos a linha do tempo e o propósito dos cientistas da
época em relação à sua formação, valorizando as linguagens escritas diante das
demais.
Falamos da pré-história brasileira, com destaque aos índios e sua cultura
massacrada, e depois dos portugueses, negros e imigrantes, para identificarmos a
nossa sociedade híbrida do qual nossos alunos fazem parte.

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Aula 10_Do Campo para o Mundo

“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e o mundo”


Sócrates

Vamos acordar logo pela manhã e tomarmos nosso café. Opa... café?
Esta palavra nos remete a várias lembranças. Nós, adultos, temos conhecimento da
importância deste produto para a história do Brasil. Até mesmo um grande período
da história política ganhou seu nome: café com leite. Quanto que este produto está
inserido na realidade das escolas brasileiras? A cada xícara de cafezinho que se
toma na escola, no bar da esquina ou em nossas casas, estamos engatilhando uma
grande estrutura que move “um mundo” de pessoas que ocupam diferentes espaços
“no mundo”.
Acompanhe-nos!
O café acabou! Precisamos comprar o pó para prepararmos a bebida. Preparem-se
para a maratona... Primeiro, vamos adquirir a semente para plantarmos. A muda
cresceu e gerou frutos. Amadurecidos, colhemos. Agora, o transporte até o local
para armazenamento. Quais serão os grãos que devemos mandar para fora do
Brasil e quais os que ficam? Os que ficaram precisamos mandar para a indústria. Lá
o processo é de torrefação, empacotamento. Todo o cuidado em armazenar, caixas,
embalagens personalizadas. Transportaremos mais uma vez a mercadoria. A
direção é o mercado varejista. Descarregamos a mercadoria, acomodamos nas
prateleiras, agora sim, podemos “recolher” o produto e levarmos para casa. Ah!
Tempos modernos... Esquecemos o filtro de papel... Este caminho que aqui parece
encerrado, não termina. Podemos trilhar o caminho do artesanato com grãos, ou os
doces produzidos com ele e até mesmo cosméticos, perfumes! Outra trilha são os
descaminhos do resto que o pó trilhou, observando os aspectos ecológicos,
responsabilidades que devemos ter com o lixo que produzimos etc.
Com esta vivência, focamos e observamos outras experiências de vida que saem
do cotidiano que as crianças estão acostumadas a presenciar. Do campo para a

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cidade existe uma infinidade de diferenças como também inúmeros pontos em


comum. O sol brilha da mesma forma em ambos espaços, mas no campo, o sol
amplia a sua função e controla o tempo do agricultor!
A chuva quando cai na cidade. De dentro dos escritórios basta fechar as janelas e
se continua o trabalho. No campo, não há janelas para proteger as plantações! Há
distância e isolamento no campo. Na cidade, a distância e o isolamento são
ampliados pelos congestionamentos dos grandes centros urbanos! Mas o café
cheiroso que emana das cozinhas brasileiras todas as manhãs é o mesmo?
É IMPORTANTE mostrar as duas situações, campo e cidade, mas sem
desprestigiar uma em relação à outra. As diferenças DEVEM ser apontadas ou
mesmo questionadas, mas o professor deve ter o cuidado para que a classe observe
o retrato nas duas situações. Esclarecer as opções/oportunidades de vida que são
vivenciadas pelas duas culturas que se tornam díspares, mas se completam!
E reflita com a classe... Até que ponto o ambiente interfere e transforma as
pessoas? Esta página traz uma experiência com projeto que ilustra de forma clara o
que expusemos até aqui. Abra e confira!
Agora , escolha outro produto, e siga o mesmo trajeto. A laranja ou o tomate.
Observe os trâmites, note o quanto cada objeto que nos cerca sofre interferência
nas mãos de várias pessoas.
O caminho de produção do tomate é ilustrado no filme “Ilha das Flores”, uma
produção de curta metragem gaúcha, mas enquadra um outro foco de repercussão
social que pode ser verificado pelos alunos.
Os gibis da Turma da Mônica, com histórias em quadrinhos do personagem “Chico
Bento” são bons incentivos para ilustração desse assunto. Caso tenha possibilidade,
o DVD “Um dia na Roça”, com este mesmo personagem, trata também esse
aspecto.
http://turmadamonica.uol.com.br/personagem/chico-bento/

Atividade
1) Na sala de aula, escolha um produto primário que faça parte da realidade de sua
turma. Leve como mostra, os vários modos de como este item pode ser manuseado
(de grão a um artesanato).

PEDAGOGIA 43
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Faça uma grande roda com os alunos e peça para que eles relatem cada etapa e se
sensibilizem como fossem os responsáveis por esta elaboração que se tornam
responsáveis.
Eles devem tomar consciência da forma ampla que abarca cada atitude/ função na
rede social em que vivem!

2) Para a ilustração da diversidade cultural e produtiva brasileira, pode ser criado um


grande mapa do Brasil e contorná-lo e mesmo preenchê-lo com colagens de
imagens de pessoas das várias etnias. Um exemplo que identifica “A cara do Brasil”.
Também se pode desenvolver a mesma atividade, aplicando produtos que são
produzidos nas diversas regiões brasileiras.

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Aula 11_A História e a Geografia na Escola Por quê?

Até então, apresentamos aspectos amplos no que tange à representação social, que
devem ser partilhados em sala de aula, mas não adentramos em temas específicos
ou conteudísticos.
O que presenciamos foram relações que fazem parte da dinâmica rede de vivência
da qual fazemos parte e construímos nossa história. Neste processo, ao qual
pertencemos, somos, sempre, bastante influenciados pelo processo da comunicação.
Vamos então desmembrar alguns pontos para entender de forma mais clara a
origem nesse aspecto global que verificamos nas nossas dez primeiras aulas.

O saber histórico compreende três conceitos:


Fato = são ações humanas (individuais ou coletivas) que podem ser observadas e
analisadas. Podem ser processos que indiquem uma mudança ou mesmo
permanência.
Ex: eventos, festas, atos, rito, arte, atitudes comportamentais etc.
Sujeito = são indivíduos ou grupos das classes sociais. São agentes da ação social
que enredam um contexto histórico e se destacam no coletivo. Ex: autoridades,
heróis ou não, indivíduos que tenham atitudes significativas, grupos religiosos ou
artísticos, partidos políticos, crianças etc.

Tempo = aspecto cronológico com observação de aspectos sequenciais e


cumulativos. Não devemos esquecer que esta questão é cultural. Tem suas variáveis
de acordo com a vivência humana que o considera.
Ex: estágios da evolução; calendários; datas específicas que são lembradas e
comemoradas.
As mudanças que ocorrem com a sociedade podem ocorrer de forma imperceptível.
Esta aparente imutabilidade pode ser percebida, quando observadas mudanças de
comportamento ou mentalidade de uma determinada sociedade. O processo de
educação pelo qual estamos passando pode ser observado dessa forma. Uma
mudança de comportamento, originada de um processo de maturidade, oriunda de
experimentações e vivências acumuladas.
O afastamento do positivismo nos permite relativizar as questões do tempo e do
espaço; procurar fontes a partir de outros instrumentos, além da escrita, para
perceber novas leituras do conhecimento; estar apto a observar e reconstruir
procedimentos pedagógicos, absorvendo de Dewey a Vygotsky , já que as barreiras
1

da Guerra Fria foram derrubadas.

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O “saber” história e geografia, vai além das fronteiras do homem no tempo e


espaço. Devemos proceder e procurar uma consciência nos moldes dos quatro
pilares propostos no final do último século, em relação a estas duas ciências assim
como suas auxiliares.
CONHECER fatos, sujeitos em seu tempo. CONVIVER, partilhar, se envolver com a
realidade observada com exercício de troca com o outro; saber que existe um
compromisso de troca com a terra e com a Terra. FAZER, atuar, estudar os
processos ocorridos de um passado, de forma que ele passe a representar uma fonte
de experiência para atitudes presentes ou futuras. E, finalmente, SER um cidadão
atuante, participativo que se inteira com a realidade da qual faz parte. Um exercício
de relações e comparações com vivências, prazerosas e instigantes, que incentivem
um desejo desafiador de querer saber mais sobre si mesmo a partir deste jogo de
relações que são apresentadas. Unir o passado e o presente, na esperança de um
futuro melhor, requer antes de tudo compreender e interpretar a realidade.
Para atendermos a uma sociedade que quer avançar, podemos principiar, ao
criarmos vínculos e ter consciência dos problemas de hoje, para então, assumirmos
compromissos em prol de uma contribuição.

Reflita: em relação às eleições que ocorrem no Brasil na última década (desde


1990), sabemos o quanto a mídia interfere em relação a esses fatos, favorecendo de
forma direta ou indireta a alguns candidatos.
O quanto você sofreu desta interferência? O quanto a sua comunidade se influenciou
em relação às suas escolhas?

Atividade
As informações que são partilhadas na estrutura social se corrompem, muitas vezes
por jogos de interesses pessoais.
Vamos brincar de telefone sem fio com os alunos (uma corrente de pessoas, onde a
primeira fala uma comunicação/frase no ouvido da outra. A mesma fala deve ser
repetida por todos, da mesma forma, um a um, até que o último diga a mensagem
que ouviu e repita em voz alta para que todos possam ouvir. Em caso de não
entendimento, não deve haver interrupção, a mensagem deve ser repetida conforme
o que o receptor entendeu).
A) Inicie com uma mensagem e não interfira. Mostre o resultado. Uma mensagem
simples, sem muitas informações, tende a fluir de forma mais homogênea.
B) Agora esquente o jogo. Crie uma mensagem mais rebuscada, que dê margem a
dúbias interpretações e observe o resultado.

PEDAGOGIA 46
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C) Na terceira rodada, o professor deve interferir de forma incisiva. Determine para


um ou dois alunos, que estarão posicionados no meio da cadeia da corrente de
informações, e determine a eles que mudem a mensagem propositalmente. Este
acordo deve ser sigiloso para que a turma não perceba.
Com esta dinâmica, você poderá partilhar com eles, da importância e cautela que
devemos ter com as informações recebidas. Os fatos (históricos ou não) devem ser
questionados, averiguados, comparados para depois partilharmos.
As informações quando dúbias devem ser pesquisadas e refletidas para tomarmos
como parte da verdade.

PEDAGOGIA 47
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Aula 12_Critérios para Seleção de Conteúdo

“Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudá-lo a


encontrar caminhos”
Aristóteles

Escolhas sempre são difíceis, mas uma sociedade que nos permite a prática deste
exercício nos faz pensar e reverenciar este gesto. Uma demonstração do exercício da
liberdade de expressão em que muitas vezes fomos tolhidos de exercê-la. Viver e
compartilhar experiências em um grupo social requer reflexões. Temas polêmicos ou
que privilegiem aspectos de determinados grupos devem ser evitados ou muito bem
pontuados, com o máximo de informações e domínio de conhecimento.
A História e a Geografia trazem esses aspectos com muita frequência. Questões
políticas e partidárias ou movimentos sociais são temas que podem criar um clima
beligerante. É possível tratá-los, mas sempre com cautela e NUNCA demonstrar
tendências particulares do pensamento do professor que influenciem a formação do
aluno. Esta é uma questão ética que sempre deve ser revista e questionada!
Como já explanamos na Unidade 1, os assuntos sempre devem nortear uma
proximidade com a comunidade na qual estão vinculados os alunos. Apesar das
crianças ainda não mostrarem desenvolvimento oportuno para abstrair conceitos de
espaços e tempos diferentes do que eles presenciam, a mídia se encarrega de
anteceder algumas propostas de conhecimentos. A escola faz parte do mundo, logo,
o aluno está inserido na sociedade e é com este princípio que devemos trabalhar.
O professor observará as atitudes que demonstrem a maturidade de seus alunos
para perceber do que e como poderá tratar estes assuntos! Assuntos da atualidade
trazem questionamentos espontâneos do grupo, e consequentemente o aumento de
interesse sobre o tema proposto. A realidade concreta ganha força e vida entre os
alunos.
O professor deve sintetizar e traduzir aspectos que tragam dificuldades. Para isto, é
pertinente que ele procure estar à frente dos alunos para que possa informá-los e
partilhar uma visão geral das propostas apresentadas além de aprofundar com o
conteúdo proposto. A partir de um clima de liberdade a troca das diferentes fontes
de informações circulam e se adequam para uma melhor compreensão.
A regra fundamental é o respeito de todos ao saber ouvir as opiniões expressas. As
crianças devem ir além do fato e o professor deve estimular este exercício.
O fato deve ser captado e então conduzido para reflexões. Quando existe uma
empatia de alguns deles com a comunidade e os alunos os selecionam por
afinidades, o desenvolvimento das aulas ganha outro sabor.

PEDAGOGIA 48
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É pertinente a lembrança de que a escola é reprodutora das relações sociais como


nascente de sujeitos que se estruturam para uma ordem que se mantém entre os
interesses populares e o trabalho. O currículo deve manter a oscilação na
proporção do movimento da tensão social como das novas iniciativas que se
sobrepõem às velhas.

O Currículo
Criar um repertório não apenas intelectual, mas também cultural é a meta
dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais). Reza este documento que os alunos
devem estar preparados para estabelecer identidades e diferenças com outras
pessoas e grupos da realidade absorvida por ele. Ter consciência que eles fazem
parte de uma Nação.
Este documento apresenta a divisão do ensino fundamental I em dois ciclos. Dessa
forma, pontuaremos alguns critérios que se julgam essenciais para o estudo da
História e Geografia para essas crianças:
Ciclo I: Leitura do tempo presente em um determinado espaço, se estendendo ao
passado; questões urbanas e sua dominância sobre o rural, e suas devidas
articulações.
Ciclo II: Histórias de outros espaços em tempos diferentes
Em ambos prevalece o interesse pelas questões sociais e culturais e a dinâmica dos
temas transversais. Para saber quais as habilidades que devem ser cumpridas no
conhecimento de História entre o ciclo I e II, observe a partir da página 49 deste
link:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro051.pdf

Ao final do primeiro ciclo, o aluno deve ser capaz de:

 Comparar acontecimentos no tempo, tendo como referência os conceitos de


anterioridade, posteridade e simultaneidade;

 Discernir algumas semelhanças e diferenças sociais, econômicas e culturais


existentes em seu grupo de convívio escolar e em sua cidade;

 Reconhecer que algumas situações sociais, econômicas e culturais se


transformam e outras permanecem em seu espaço de convivência;

 Caracterizar o modo de vida de uma coletividade indígena, que vive ou viveu na


região, distinguindo suas dimensões econômicas, sociais, culturais, artísticas e
religiosas;

PEDAGOGIA 49
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 Estabelecer diferenças entre seu modo de vida e o da comunidade indígena


estudada;

 Identificar alguns documentos históricos e fontes de informações, discernindo


suas funções.

Ao final do segundo ciclo, o aluno deve ser capaz de:

 Reconhecer algumas relações sociais, econômicas, políticas e culturais que sua


coletividade estabelece ou estabeleceu com outras localidades, no presente ou no
passado;

 Identificar a ascendência e descendência das pessoas que pertencem a sua


localidade, quanto à nacionalidade, etnia, língua, religião e costumes,
contextualizando seus deslocamentos e confrontos culturais e étnicos, em
diversos momentos históricos nacionais;

 Distinguir as relações de poder, formais ou de fato, estabelecidas entre sua


localidade e os demais centros políticos, econômicos e culturais, em diferentes
tempos;

 Utilizar diversas fontes de informação – jornais, revistas, noticiário de TV ou de


rádio, conteúdos na Internet – para o desenvolvimento da leitura crítica;

 Valorizar as ações coletivas que tenham repercussão na melhoria das condições


de vida das comunidades.

Relacione o local de nascimento de seus alunos. Peça que pesquisem junto à família
as razões que a levaram a mudar. Pesquise em livros, vídeos e revistas as rotas
migratórias no país e no mundo. Compare a história relatada por cada um.
Para identificar as habilidades do ensino de Geografia, observe o link sugerido a
partir da página 99:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro051.pdf

No primeiro ciclo

 Saber observar como a sua comunidade lida com as diversas manifestações da


natureza e compreender que elas, muitas vezes, determinam a maneira pela qual
o espaço em que a criança vive é ocupado. Por exemplo, a orientação de um rio
pode ser a principal causa da forma como a população se distribuiu na cidade.

 Conhecer e comparar a natureza da paisagem local com a de outros lugares.

PEDAGOGIA 50
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 Reconhecer semelhanças e diferenças nas formas pelas quais os diferentes


grupos sociais lidam com as manifestações da natureza, relacionando atitudes
desses grupos com o trabalho, hábitos cotidianos e lazer. Um exemplo: o verão
para os moradores da cidade pode significar que é chegado o período de férias,
na praia. Na área rural, é a época das chuvas essenciais para a lavoura.

 Utilizando imagens e textos, observar e descrever a paisagem e conhecer pontos


de referência para se deslocar com autonomia e representar os lugares onde
vivem.

 Espera-se que eles adquiram uma atitude responsável em relação à preservação


da natureza.

 Ser capazes de utilizar a linguagem oral e ilustrações para observar e descrever a


paisagem.

No segundo ciclo

 Os alunos devem reconhecer e comparar o papel da sociedade e da natureza nas


diferentes paisagens urbanas e rurais brasileiras.

 Identificar semelhanças e diferenças entre os modos de vida no campo e na


cidade; perceber como são as relações de trabalho, as construções e moradias,
os hábitos, o lazer e a cultura.

 Conhecer as relações entre o mundo urbano e o rural e os contatos que sua


coletividade estabeleceu com as de outros lugares no passado e permanecem no
presente.

 Saber o papel das tecnologias, da informação, da comunicação e dos transportes


nas paisagens urbanas e rurais e na vida em sociedade.

 Entender algumas consequências das transformações da natureza causadas pelo


homem, no local e em paisagens urbanas e rurais.

 Saber empregar a observação, a descrição, o registro, a comparação, a análise e


a síntese no uso das informações de fontes escritas e de imagens.

 Utilizar a linguagem cartográfica para representar e interpretar informações,


sabendo indicar direção, distância e proporção. Os mapas são as ferramentas
básicas da Geografia. Copiar e colorir mapas, escrever nomes de rios e cidades
ajuda a memorizar e ensina a representar o espaço geográfico.

PEDAGOGIA 51
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 Valorizar o uso da tecnologia para preservar o ambiente e melhorar a qualidade


de vida.

 Ter uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando o


direito de todos à vida em um espaço preservado e saudável.

 Respeitar os modos de vida de diferentes grupos sociais; saber como se


relacionam com o espaço e a paisagem onde vivem.

 Identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas consequências em


diferentes espaços e épocas.

PEDAGOGIA 52
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Resumo_Unidade II

Nestas aulas estudamos a vida do campo e da cidade e como todos são responsáveis
pela produção e dejetos que retornam à natureza, pois os dois espaços geram
oportunidades díspares, mas se complementam. Falamos da importância dos quatro
pilares da educação para uma melhor leitura e compreensão da realidade do século
XXI. Apresentamos a escola como núcleo capaz de unir os tempos e interpretar a
realidade, pois é um espaço onde as relações sociais se reproduzem.
Como docentes, devemos estar atentos aos apelos e informações da mídia, que
antecedem, propõem ou deturpam informações aos alunos e devemos praticar um
trabalho acima de tudo ético, mesmo quando carregamos ideologias políticas.
Determinamos os temas principais que devam ser discutidos nos Ciclos I e II
segundo a proposta dos PCNs e notamos como os temas transversais sempre devem
acompanhar o ensino.
Analisamos o quanto as ferramentas pedagógicas, como os livros, trazem
informações que podem ser pertinentes ou não e, portanto, alertamos como
proceder com sua escolha, em relação às imagens apresentadas além do texto, que
devem ser revisados e recentes. Este cuidado nos serve, pois os livros são elos de
contato entre a escola, o aluno e a família.

Referências Bibliográficas
ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8a
ed. Petrópolis: Vozes, 2000
BITTENCOURT. Circe (org). O saber Histórico na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 1997
______II encontro-perspectivas do ensino de história- anais. Circe
Fernandes Bittencourt (org). São Paulo: Faculdade de Educação- USP, 1996
HERNANDEZ, Fernando. Transgressão e mudanças na educação: os projetos de
trabalho. Porto Alegre:Artmed, 1998
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais. História e Geografia 3 ed. Brasília: A Secretaria, 2001
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 6A ed. São
Paulo: Cortez, 2000
NIDELCOFF, Maria Teresa. As ciências sociais na escola: para alunos de 12 a
16 anos. São Paulo:brasiliense, 2004

PEDAGOGIA 53
UNIVERSIDADE
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REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórica-cultural


da educação. Petrópolis: Vozes, 2001
RODRIGUES, Neidson. Por uma nova escola: o transitório e o permanente na
educação -13A ed. São Paulo: Cortez, 2003

____________
Sites
Projeto do personagem Chico Bento
http://www2.feevale.br/interativa/acervo/2006/ChicoBento/index.php

Personagem Chico Bento


http://www.monica.com.br/personag/turma/ze-roca.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Turma_da_M%C3%B4nica#Turma_do_Chi-co_Bento
Filme “ilha das flores”
http://www.cinemando.com.br/200211/entrevistas/resenhas/ilhadasflo-res.htm

Estrutura das sugestões dos PCNs


http://novaescola.abril.com.br/index.htm?PCNs/pcn_indice

PEDAGOGIA 54
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Aula 13_A Escolha do Livro Didático

Depois de observarmos quais são as habilidades que precisamos despertar nos


alunos, vamos observar as ferramentas que podemos usar para atingir este objetivo.
Vamos tratar agora da escolha dos livros didáticos, um facilitador para o
conhecimento. As apresentações dos conteúdos expostos nos livros não devem
bastar. A proposta dos textos deve sempre sugerir uma busca que estimule novas
construções de conhecimento através de uma autonomia do docente como também
do discente. O livro deve proporcionar um equilíbrio do aspecto científico com
momentos de criatividade. O professor, sempre como agente principal, deve partilhar
e aprender com as propostas oriundas do livro, que devem instigar as aulas.

Para o público da faixa etária que precisamos atingir, as imagens possuem grande
poder de informação. Serão elas, muitas vezes, que farão a vez das palavras do
professor. Logo, uma atenção especial deve ser dada a esta questão. O livro
dificilmente será o único material que o aluno terá como material ilustrativo. Os
meios tecnológicos, a mídia, e claro, o ambiente o qual ele ocupa, partilha com ele e
o professor a atenção do aluno.

Com a concorrência da qual o livro passou a ter que partilhar, além dos sistemas
apostilados, as editoras, com interesse mercadológico, precisa seduzir seus
possíveis clientes, e o profissional encarregado por esta escolha, deve se precaver
com vários cuidados.

É importante notar que o autor de determinada coleção expresse a mesma intenção


que a comunidade escolar prega e pretende passar, para que não haja
desentendimentos de princípios, o que pode desorientar a criança.

O livro passa a ser a referência não apenas para o aluno e o professor, mas se
estende às estruturas familiares. É o objeto em comum, onde é possível
acompanhar o processo de aprendizagem do aluno. Portanto, é importante conhecer
a bibliografia e avaliar não apenas o conteúdo, mas a quantidade de questões
expostas e observar a viabilidade de ocupá-lo ao máximo no correr do ano letivo.

PEDAGOGIA 55
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Os livros transmitem conhecimentos e técnicas de uma sociedade em uma


determinada época. Por se tratar do estudo de História e de Geografia, esta questão
se torna notória e é fundamental que os mesmos estejam revisados e sejam de
edições recentes.

Quando se obtém um livro, deve-se ter clareza que por esta produção passam
vários sujeitos. Esta questão relevante nos aponta e alerta a questão dos interesses,
quer individuais ou regionais, e o livro media e induz a estes pensamentos. O
pensamento do autor permeia por toda a obra sem que precise estar literalmente
esclarecida a sua intenção. A questão dos heróis e algumas imagens ganhavam
muito destaque nos livros do outro século. A escolha deve ser cautelosa quando se
trata de imagens. Muitas editoras imprimem ilustrações caricatas, para que não se
atenham em problemas com direitos autorais.

As empresas precisam equilibrar os custos de produção, mas as gravuras


encarecem e são de extrema necessidade para a educação que é proposta na
atualidade. Para atingir este equilíbrio, usa de subterfúgios. Os responsáveis pela
escolha do material didático devem estar atentos.

O livro deve trazer imagens e informações que transmitam a contemporaneidade e


atendam o complexo das ciências sociais. As ilustrações devem estimular a uma
leitura crítica e nunca parasita. É importante frisar que uma obra, (sua ilustração e a
escolha da mesma) é um signo do qual pode se ler, entender e compreender a
intenção do sujeito que a criou. Estas escolhas que são expostas nos livros devem
estimular conceitos críticos, e servir como acréscimo aos recursos didáticos.

Por estarmos falando em imagens, é importante treinar o olhar de forma crítica para
as obras. As obras de pintores de séculos passados, que nos guiavam para uma
interpretação da época, hoje possuem uma leitura mais crítica sobre as mesmas.
Debret, pintor francês, que se destacou em retratar o século XIX, deve ter suas
obras consideradas como exímias exemplares de pintura histórica, mas não devem
ser analisadas como retratos fiéis de uma época. Apesar de suas obras retratarem
um período, o autor privilegia aspectos que se limitam ao seu olhar.

PEDAGOGIA 56
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Outro caso que deve ser observado é a obra “Independência ou Morte” de Pedro
Américo. O pintor, oriundo de uma escola romântica, que enfatiza narrativas
heroicas, exalta o personagem D. Pedro, valorizando signos que não cabiam à
época. Casos semelhantes foram observados nas imagens de Benedito Calixto,
assim como de outros artistas.

Pedro Américo, Independência ou Morte, 1888, óleo sobre tela, 7,60 x 4,15 m.

Disponível em:<< https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Independ


%C3%AAncia_ou_Morte.jpg>> Acesso em: 09/02/2017.

Exercite seu olhar com algumas imagens de Debret e observe os personagens


sociais que são enfatizados por ele, como são apontados e se fazem jus à realidade
da época.

Visite a página:

https://www.bbm.usp.br/node/68

PEDAGOGIA 57
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Aula 14_O Homem na Terra e no Espaço-Princípios da


Geografia

Quando tratamos do homem e da sociedade na qual ele vive somos levados a


compreender o espaço no qual ele está locado e neste contexto implicamos questões
biológicas, físicas, geológicas e mesmo militares. A Geografia é a ciência que
considera tais questões. No âmbito pedagógico, ela estende sua função como
instrumento preparatório, para que a comunidade escolar, não apenas esclareça os
dados por ela atribuídos, mas valorize o aspecto dinâmico do espaço social.
A realidade concreta, quando percebida, ganha caráter de vínculo com os fenômenos
da terra e da paisagem. A ciência aqui tratada permite uma leitura que aproxime o
homem do espaço por ele ocupado.
O objetivo da Geografia na escola é ajudar as crianças a conhecer o
homem através da compreensão da inter-relação deste com o meio
[..]. Um instrumento para alcançar outra finalidade fundamental: o
crescimento das crianças rumo à sua plenitude como pessoas.
(NIDELCOFF, 1979, p. 50)

Os planos políticos da década de 1970, na América Latina colaboraram para decisões


que interferiram de forma pesarosa na área das ciências humanas. Uma das atitudes
tomadas no Brasil foi a união de História e Geografia e o incentivo de cursos de
licenciatura curta para os novos profissionais que abraçassem essa área, que passou
a se intitular Estudos Sociais. O reflexo para as duas disciplinas e para a educação foi
alarmante. Uma redução significativa de pesquisas nas duas ciências além de novos
profissionais com formações precárias criou um ciclo de reducionismo às questões
críticas, as quais foram abandonadas e não tratadas.
As aulas de Geografia seguiam o formato de aulas expositivas, com um formato de
neutralidade, oriundo dos moldes da tradicional escola francesa. Elas se reduziam a
informações descritivas do espaço físico, com mapas, gráficos, clima e relevos,
ignorando os aspectos sociais. Para atingir os objetivos que determinam os PCNs,
tornam-se impraticá-veis atividades pedagógicas com este padrão.
A escola faz parte do contexto social, é uma extensão do mundo globalizado no qual
vivemos, e as vidas sociais e políticas criam dinâmicas que precisamos entender e
alcançar para estarmos imbuídos dentro deste novo paradigma.

É necessário ressaltar que, se a função básica da escola é a


formação do cidadão, ela deve centrar a sua ação educativa no
desenvolvimento de um processo formativo que permita ao educando
uma ampla apreensão e compreensão da realidade social, política,
econômica e cultural do mundo por ele vivido. Compreender o papel

PEDAGOGIA 58
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do homem na construção dessa realidade significa compreender-se a


si mesmo como sujeito histórico que participa ativa ou passivamente
dessa construção. E essa construção se expressa concretamente na
produção cultural e material do mundo, desde a produção das obras
de arte, da pintura, da escultura, da literatura, da arquitetura, do
urbanismo, até a produção de bens materiais: casas, estradas,
fábricas, cidades, meios de comunicação, de transportes etc.
RODRIGUES (2003, p. 110)

O mundo no qual estamos inseridos se apresenta com conflitos, contradições e


questões problemáticas para observar, participar e, se possível, colaborar para
possíveis soluções. Vivemos na complexidade, apesar da globalidade. Aspectos
notados em grandes centros urbanos podem ser explicados do ponto de vista
holístico, mas devem ser acompanhados de particularidades que enfoquem uma
leitura da diversidade.
Os alunos estão atentos aos fenômenos da natureza que os cercam. Atender à
curiosidade das crianças, de forma que eles possam raciocinar a partir das
observações destes fenômenos que observam, e deixá-los aprender por si, são
princípios que já eram pregados por Rousseau no século XVIII. (NIDELCOFF, 2004,
p. 27)
A Geografia deve apontar as transformações que ocorrem no mundo por meio do
estudo do território. Presente nas escolas se alia à História, contribuindo para o
entendimento de como os homens se organizam em seus espaços ou mesmo,
constroem ou destroem seus ambientes, conforme seus interesses políticos e
econômicos. O homem direciona seu projeto de vida através do trabalho, e este
exercício produtivo, requer uma sintonia entre ele e a natureza. Neste contexto, os
acidentes geográficos passam a constar como consequências na dinâmica
organizacional da relação “homem x terra/ espaço”. A apresentação dos fenômenos
e acidentes geográficos não é estática, pois é rompida pela interferência da
humanidade.

Na próxima aula veremos alguns pontos essenciais para a compreensão e


interpretação dos signos que a Geografia nos oferece.
Vamos exercitar a memória e nos recordar de aulas de geografia: boas e ruins. Quais
as falhas ou qualidades que você apontaria nas experiências vividas em salas de
aulas? Você lembra se nestas aulas houve oportunidade de observar as
características geográficas de sua região? Você consegue nomear os tipos de clima e
relevo de onde mora? E é capaz de reconhecer entre vários contornos, o contorno do
mapa de seu estado?

PEDAGOGIA 59
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Aula 15_Signos Geográfico-Cartografico

Algumas informações são fundamentais para se entender a Geografia. Existem


algumas linguagens convencionais que se apresentam como meio de facilitar a
comunicação entre as diferentes realidades. Através delas podemos identificar o
modo que se representam diferentes fenômenos geográficos que são estudados.
Os mapas são signos essenciais para a uma melhor compreensão da disciplina que
aqui tratamos. A cartografia, que se constitui atualmente como uma ciência, estuda e
viabiliza resultados pela elaboração de cartas e plantas que são desenvolvidas a
partir de observações. (SOUZA, 2001, p.55)
A partir dos mapas, o aluno pode desenvolver habilidades que acrescentem à sua
visão para as relações e criem noções abstratas como as questões de orientação e
localização. A cartografia representa territórios com seus respectivos fenômenos e
aproxima o entendimento da realidade geográfica. O exercício da leitura ou da
produção dos mapas traz reflexões e apropriações cognitivas que o auxiliam a
entender a realidade de forma concreta. É primordial que o docente domine este
conhecimento para transmiti-lo. O profissional deve ser competente no exercício de
seu trabalho. Para isso, quando necessário, deve manter autonomia intelectual. Os
mapas são representações, o que não impede de tratá-los como documentos. Uma
linguagem que socializa e direciona a comunicação.
Existem convenções nas produções dos mapas para que possam servir como meio
de comunicação. Um dos aspectos é a questão da escala, onde determina a
proporcionalidade na demonstração de um território através deste signo. Os mapas
são usados pelos mais diversos meios sociais e dessa forma se apresentam de
diferentes formas. Existe um alfabeto cartográfico para facilitar a sua linguagem.
Desta forma, o usuário pode fazer um melhor uso em suas orientações nos mapas.
Estas características apontadas facilitam e atendem de forma específica o que o
leitor procura. O mapa deve informar ao usuário a informação que ele está
procurando e os sujeitos sociais que dependem deste signo são muitos e de
variadas origens. Os atores sociais que se tornam usuários de mapas podem ser:
guias turísticos; motoristas; estrangeiros; vendedores; profissionais liberais,
professores, os próprios alunos entre outros. A leitura de mapas requer raciocínio e
abstração e esta habilidade, pode ser previamente apresentada às crianças, nos
primeiros anos na escola.
Os mapas se apresentam não só como ferramentas fundamentais para o
entendimento da territorialidade social. O seu conhecimento é de suma importância
para eventuais utilidades e comunicação na vida das pessoas. É importante a
criança conhecer os diferentes tipos de mapas, que expressem as variadas
situações geográficas, para absorvê-lo no seu cotidiano de uma forma
compreensível.

PEDAGOGIA 60
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No exercício de produção cartográfica, o aluno deve se estender além da mera


reprodução de contornos. Deve ser uma operação racional e com uso de abstração
de forma perceptiva e consciente.

Na próxima aula, veremos um pouco mais sobre mapas e observar o que


precisamos saber para entendê-los melhor.

Enquanto isso... Procure o mapa de sua cidade e localize: Sua moradia, pontos
turísticos e localização dos serviços de emergência. Tende visualizar as distâncias
entre eles de sua casa!
Apresentamos aqui uma curiosidade que deve ser pesquisada por você: no passado
alguns trabalhos sugeriam que habilidades como leituras de mapas poderiam ser
difíceis para mulheres, porque elas teriam pouco hormônio masculino: testosterona.
Pense e reflita a respeito deste conceito.

Atividade
Vamos apresentar a estrutura de um mapa para os alunos. Eles deverão montar
uma maquete da sala de aula em uma caixa. Pode ser inclusive de sapatos, mas
caso consiga uma maior, é mais indicado. Estruture dentro da caixa os mobiliários.
Seja o mais fiel possível!
Quando pronto, cubra a caixa com uma lâmina de plástico transparente, como se
estivesse fechando a mesma. Para fixar o plástico, cole as laterais com fita colante
para dar firmeza ao plástico. Agora, com caneta de retroprojetor, comece a desenhar
no plástico o que se vê. Os alunos estarão desta forma construindo a planta baixa
da sala de aula.
Com os alunos maiores, é possível abstrair o quarteirão. Eles devem anteriormente
fazer um passeio para visualizar e anotar os detalhes observados (casas, cores,
árvores.) e indicar as distâncias entre alguns pontos indicados como preferenciais
por eles ou pelo professor. Com esta vivência, eles estarão abstraindo a terceira
dimensão e transpondo-a para a planta baixa!

PEDAGOGIA 61
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Aula 16_Geografia Física: Por quê e Pra quê?

Já argumentamos a razão para desenvolvermos um trabalho de cartografia com os


alunos. A consciência que deve ter o professor da importância da utilização do mapa
na vida social deve ser clara, para que ele faça uso dos mesmos, nas mais variadas
situações que requeiram este conhecimento nas diversas experiências da
aprendizagem. O mapa é um instrumento que facilita o entendimento de ordenação,
quantitativo e qualitativo que cerca a vivência humana. É preciso o raciocínio lógico
para entender através dos mapas o espaço ocupado pelas pessoas e pela natureza.
Um bom meio de verificar se um conhecimento foi devidamente apreendido, e não
apenas na Geografia, mas em outras ciências sociais também, é exercitar
questionamentos para verificar o domínio deste novo aprendizado.
A técnica de levantar questões como: o quê, onde, por que (analisa aspectos
factuais), quanto e quando, auxiliam não apenas ao professor em suas orientações
do conhecimento, mas podem se estender aos alunos como dinâmica estrutural nas
aulas. A habilidade desenvolvida para a leitura de mapas possibilita não apenas a
localização, mas informa e orienta a compreensão de uma rede de informações, que
são pertinentes aos estudos geográficos como: os transportes, a relação do
consumo/produção e se estende às informações culturais e socioeconômicas.
Questões relevantes como PNB (Produto Nacional Bruto) ou dados pesquisados e
fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) transformam-se
em conceitos e informações. Esses dados podem ser traduzidos e ilustrados em
gráficos e em mapas. A leitura cartográfica nos possibilita um olhar entorno. Absorve
referências e expande a dinâmica da localização ao resgatar informações humanas
além das técnicas e físicas.

Geografia: política ou física?


Algumas correntes criticam o excesso da geografia política aplicado na educação
desde a última década. Julgam que a geografia física passou a ser abandonada em
função das críticas que a relacionavam com as políticas de interesses
governamentais da década de 1970.
Alegam que alguns termos passaram a ser mais empregados, como “nação” ou
“Estado”, enquanto “País”, um termo mais específico para o aspecto territorial, foi
abandonado. Informações como latitude, longitude, fuso horário ou as riquezas
naturais, ou mesmo dados como nomenclatura das cidades capitais, deixaram de ser
transmitidas, segundo eles, em função de interesses de militância política, com
tendências partidárias. Os PCNs tratam a Geografia de forma clara quando ressaltam
a importância do educando em estar em contato com a sua realidade. Este fato,

PEDAGOGIA 62
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portanto, pode ser o ponto de partida para que os assuntos pertinentes ao conteúdo
da disciplina sejam explorados e não gere déficit de uma compreensão futura da
questão territorial, os aspectos físicos, entre os alunos.
Para entender os mapas e outros signos e linguagens estudados pela geografia,
podemos usar a pedagogia de Piaget. Educar de forma que o aluno se transforme
em um agente, capaz de desenvolver suas habilidades, a partir de seus
conhecimentos.
Apresentar e exercitar leituras de diferentes mapas, com escalas maiores do que as
ilustradas pelos livros didáticos; explorar diferentes formas e representações (como
épocas diversas) permite um diálogo mais próximo com a realidade dos alunos e
criam significados devido à proximidade. Essas estratégias podem criar novas
expectativas no docente e no discente e estímulos à reflexão de ambos.
Desta forma estaremos contribuindo para uma pedagogia socioconstrutivista, como
reza os PCNs, e estaremos contribuindo para a formação e desenvolvimento de
cidadãos competentes, prontos para usar uma geografia que estará presente em
suas vidas cotidianas. A partir de um globo terrestre, pesquise para cada continente,
a latitude e longitude de três capitais. Escolha as que mais você tem curiosidade de
conhecer! Observe também, de cada uma delas, a proximidade com os trópicos ou
com a linha do Equador.

Atividade
Aprender a se localizar é fundamental para qualquer se humano. A geografia nos
ajuda quando nos apresenta a linguagem da qual podemos usufruir para nos dar
alicerce em caso de novas situações. Faremos um mapa, mas um “mapa do
tesouro”, assim como aqueles ilustrados nos desenhos animados ou gibis. Vamos
criar linguagens em comum na sala de aula, inclusive podendo usar algumas
aplicadas na ciência cartográfica. De forma simples, acompanhando o nível de
conhecimento de seus alunos, divida a classe em grupos e determine que cada um
escolha um tesouro. Este tesouro poderá ser uma pessoa, um objeto, um local, etc.
Eles terão que desenvolver um mapa para que um outro grupo encontre o tesouro
por eles escolhido, através da linguagem cartográfica.
Extravase a brincadeira tornando-a mais dinâmica, pedindo para que os alunos usem
materiais diferentes para a produção dos mapas e que não se prendam ao uso
apenas de folhas de papel.

PEDAGOGIA 63
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Aula 17_Mapa-Instrumento de Comunicação

Na última aula, pedimos para que você escolhesse locais que fossem aprazíveis e
determinasse seus pontos geográficos e sugerimos para que fizesse com os alunos
mapas do tesouro. Quando você está envolvido, observando e despertando pontos,
que se mostram atrativos na sua realidade, que podem incomodar ou interessar
você, o mesmo ocorre com as crianças. O exercício praticado de forma lúdica gera
resultados mais favoráveis, pois alerta vários sentidos e a emoção dos indivíduos.
A cartografia, que estamos explicando nas últimas aulas, redige e divulga mapas.
São representações geométricas planas, assim como o exemplo que praticamos
quando exercitamos a produção de um mapa, a partir da maquete da sala de aula.
Um mapa tem a forma simplificada da realidade. Através dele podemos verificar
distâncias e orientações. Ele nos responde “onde estou?” e “onde está determinado
objeto?”. Acima de tudo, é um símbolo usado como linguagem, logo, um instrumento
para a comunicação. Alguns símbolos são essenciais para uma compreensão mínima
desta forma de representação.
As coordenadas geográficas como latitude (y) e longitude (x) são expressas em
graus, minutos e segundos. A longitude é verificada a partir do meridiano (o círculo
da esfera que acompanha o eixo de rotação) de Greenwich, próximo a Londres, de 0
a 180º, sentido Leste ou Oeste. É deste conhecimento que conseguimos a
informação da hora nos determinados locais.
A latitude é o modo de observar os paralelos e usamos a linha do Equador como
referência e dividimos a Terra em dois hemisférios: Norte e Sul. Os matizes
policrômicos são machas diferenciadas (z) para indicar o fundo do mapa. São
símbolos que designam pontos ou uma linearidade e ilustram aspectos geográficos. A
questão da escala também deve ser aqui lembrada. Quando apresentada 1/50.000,
lemos que 1 mm no mapa representa 50.000 mm, ou 50 m. Escreve-se: 1:50.000 e
se diz que o mapa está em escala de 1 para 50 mil.
Depois da década de 1960, com a informática, tecnologias como as imagens
fotografadas e fornecidas por satélites, gravações a base de laser, podemos ter uma
visão global mais precisa da superfície terrestre. Desde as primeiras civilizações o
homem se preocupava em conservar sua memória. Para isso usaram diversos
recursos da natureza que os cercavam para reter informações como argila, madeira,
metal, tecidos, papiros ou pergaminhos.
Mais tarde, devido aos interesses militares e comerciais (navegações), a
necessidade da comunicação através dos mapas se tornou ainda mais relevante. As
questões topográficas, no caso das guerras, se apresentavam necessárias. Os gregos
foram os primeiros a fornecer uma cartografia racional, com base na matemática,
sem apresentar influências místicas ou religiosas. As observações do sol e das
estrelas conectavam-se e forneciam informações, junto aos mapas, para determinar,

PEDAGOGIA 64
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melhor, as distâncias. Com a bússola, vinda do oriente através dos árabes, no final
do século XII, a facilidade para cálculo das coordenadas terrestres melhora e passa a
ser possível localizar qualquer ponto da superfície terrestre.
Para ilustrar os conceitos que expusemos acima, observe a imagem no site de uma
bússola feita com água, rolha e agulha, e a reproduza. Este instrumento tem como
base o campo magnético da Terra. Você também poderá verificar dados mais
detalhados de informações teóricas da geografia.
http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/magn/bussola_orientacao.html

Atividade
1) Desenvolva com seus alunos a rosa dos ventos para dar início aos
pontos cardeais. Una este objeto a uma bússola, que também deverá ser
construída. Esta atividade tem como objetivo que eles conheçam os
instrumentos e façam uso dos mesmos.
A) Como fazer:

 Deixe por um tempo a agulha junto ao ímã para que ela fique imantada.

 Corte uma rolha e atravesse-a com a agulha imantada.

 Pegue um prato e escreva os pontos cardeais (N,S,L,O) e colaterais (NE,NO,


SE,SO) nos locais correspondentes.

 Coloque água no fundo do prato para que a rolha flutue.

 Gire o prato até que a ponta da agulha coincida com a indicação N (norte).

2) Ilustre a aula também, com a observação a partir da construção do


relógio do sol.
B) A primeira etapa é montar um grande mapa do Brasil feito de material
emborrachado ou papelão e dividi-lo territorialmente em estados. Instigue os alunos
a buscarem e trazerem informações de assuntos que os atraiam sobre as diversas
regiões brasileiras com suas famílias e a comunidades.
A pesquisa retornará com dados sobre alimentos, paisagens ou objetos que tragam
lembranças e que caracterizem o local focado pelo aluno. Os símbolos citados
deverão ser ilustrados com: palavras; desenhos; postais; fotos; recortes de revistas
e jornais. Para finalizar, recolha todo o material e vá anexando as figuras no mapa,
junto com a classe, nas respectivas regiões de origem de cada elemento
pesquisado.

PEDAGOGIA 65
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Observe e alerte a relação de alguns objetos com o clima ou o solo que podem ser
produzidos, de acordo com a matéria prima.
Verifique as duas atividades acima no site:
http://www.cdcc.usp.br/cda/ensino-fundamental-astronomia/parte1a.html
Colabore com a pesquisa e leve, você também, alguns elementos chaves que
demonstrem esta situação da relação clima/ solo que interferem na matéria-prima e,
por fim, no produto manufaturado. Este será um momento para apresentar a
diversidade ligada às questões territoriais e seus aspectos físicos. Regiões que
ficaram sem figuras, servirão como ponto de partida para pesquisas em grupos. Um
jogo competitivo pode ser feito para os que conseguirem mais informações.

PEDAGOGIA 66
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Aula 18_Geografia-Ciência Social e do Espaço

Notamos os vários modos e ferramentas das quais podemos usar e fazer para nos
localizarmos. Mas, na verdade, onde estamos?
Já mencionamos que o uso do conceito “país” é adequado quando tratamos
do aspecto territorial. Ao tratarmos território, observamos fronteiras. As fronteiras
são os limites causados por fenômenos naturais (rios, montanhas etc.) ou não. A não
apresentação destes fenômenos faz com que tratemos de fronteiras móveis. São os
casos onde elas são apenas delimitadas por questões políticas e normalmente
atreladas a interesses econômicos. É pertinente lembrar que a extensão territorial é
sinônimo de riqueza.
Um espaço territorial tem memória, pois além do aspecto físico, ele traz outros
fatores que o determinam. A etnia, os hábitos de um povo, a cultura desenvolvida
por eles como religião e língua, a questão da diversidade cultural, social e econômica
junto às questões físicas como o clima são algumas características que estruturam as
condições naturais para o desenvolvimento de um país.
Quando tratamos o termo nação, estamos nos referindo a um povo com costumes
e características próprias, com memória e história. Os ciganos, curdos e palestinos,
por exemplo, buscam um estado territorial, e podem ser nomeados como uma
nação.
O Estado se nomeia quando tratamos de uma política organizada. Quando
apontamos estes termos, lembramos sempre que estamos tratando de espaços
ocupados por sujeitos que pensam e agem. Sujeitos estes que trazem suas
memórias individuais e as unem no coletivo. Cada pessoa se apropria de um
determinado espaço através de sua ocupação (física e produtiva). Ela traz consigo
uma identidade: origem familiar (sobrenome); idade (data de nascimento); profissão
(o modo como atua); um lugar (questões sociais implicadas). O espaço, como
propriedade privada, tornou-se um bem primoroso na evolução da história da
humanidade. Por tornar-se raro e, consequentemente, com alto custo, passou a
servir como indicador da referência social.
Este fato, unido a interesses materiais e desenvolvimentos técnicos, interferiram e
interferem nas questões culturais. Apontamos desníveis no crescimento econômico e
consequentes diferenças no desenvolvimento social. A cidadania é uma forma de
representação política. Este exercício forma o indivíduo para se conscientizar e se
apropriar do mundo, com capacidade de observar os usos e representações que o
cerca e se sensibilize se reconhecendo a sua produção como parte delas. A geografia
não se restringe a apontar as questões geométricas. Apresenta-se como uma ciência
ativa e participativa ao tratar a vivência das relações humanas e os espaços afetados
por elas. O estudo da produção do espaço é valorizado no aspecto quantitativo como

PEDAGOGIA 67
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qualitativo. Ele é representado a partir da expressão de conflitos, interesses e forças


políticas.
O espaço representa experiências vividas e as notamos através das imagens e
símbolos, criados e transformados pelos habitantes que ali se envolvem, pois são
seus usuários. Um espaço que se generaliza e perde o seu referencial, perde a
característica de sua respectiva paisagem, perde o seu significado qualitativo.
Tente analisar se as generalizações já criaram força para interferir nos seus gostos e
escolhas como das pessoas de sua comunidade. Observe o local onde você mora.
Dos cômodos que cercam seu ambiente, sua moradia, a sua cidade. Note o quanto
pode ser observado de qualitativo nesses espaços. Artesanatos, costumes folclóricos,
festas comemorativas, utensílios que adornam seu ambiente mas que tragam
memória...Quanto ainda resta de sua história no ambiente que você usufrui?

Na próxima aula comentaremos sobre estruturas formadas e das quais usufruímos


nos dias de hoje. Observaremos não apenas os aspectos geográficos mas, a relação
dos espaços na estrutura social.

PEDAGOGIA 68
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Resumo_Unidade III

Nesta etapa estudamos a Geografia e seus aspectos políticos e sociais. Notamos


como a escola está inserida neste contexto e que devemos estudá-la assim como
ela se apresenta: de forma dinâmica e globalizada. Observamos como esta ciência
se alia à História para contribuir para o entendimento da organização dos espaços
produzidos pelos interesses políticos e econômicos dos sujeitos. Analisamos a
ciência cartográfica e notamos o quanto esta linguagem dos fenômenos geográficos
se torna útil para as orientações e abstrações na formação educacional dos alunos.

Apresentamos as diversas coordenadas terrestres usadas nesta ciência, como


latitude e longitude. Finalmente, apontamos as questões dos interesses capitalistas
e como o sistema se desenvolve em função das contribuições do trabalho e o
quanto o interesse econômico influencia, de forma direta, na locomoção e formação
dos aspectos sociais e geográficos.

Referências Bibliográficas

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AUZER M EDEIROS. Cartografia e Sistemas de Informação Geográfica como
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GUELLI, Neuza Sanchez, ORENSZTEJN, Miriam. Geografia: ensino fundamental,


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NIDELCOFF, Maria Teresa. A escola e a compreensão da realidade. 11A ed, São


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PEDAGOGIA 69
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Núcleo de Educação a Distância

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Sites

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http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=252

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=284

PEDAGOGIA 70
UNIVERSIDADE
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Aula 19_Nossa Gente e a Dinâmica da Sociedade


Capitalista

Sabemos que a gênese que formou o povo brasileiro é diferenciada em seu caráter
mestiço. Darcy Ribeiro, antropólogo, fala em “O Povo Brasileiro” com maestria sobre
este assunto:

http://racismoambiental.net.br/2014/06/13/darcy-ribeiro-documentario-o-povo-
brasileiro-capitulos-de-1-a-10/

O Brasil nasce sob o signo da utopia. Nós brasileiros, somos um


povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi crime ou pecado. Nela
fomos feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de
nativos viveu por séculos sem consciência de si...

Trazemos influências variadas das quais nos formam. Dos milenares índios aos
lusos, nos estendemos à forte contribuição afro. Mas não paramos aqui: italianos,
alemães, holandeses, japoneses e outros mais se transformam na imensa massa
humana, de quase 180 milhões de habitantes que ocupam as terras tropicais e
caracterizam “essa gente brasileira”. Sobre os índios, já discutimos anteriormente e
como já sabemos, eles sim, são os nativos da terra que ocupamos. Vamos ilustrar
sobre a imigração dos outros povos e entender o motivo que os trouxeram para cá.
Quanto aos portugueses, relacionamos a sua vinda aos interesses mercantis do
século XVI, um dos primeiros passos da globalização, assunto que também já
discutimos em aulas anteriores.
Outras populações, como franceses, holandeses, e mesmo os ingleses, se
acobertaram deste mesmo subterfúgio do período apontado acima, com o objetivo
ainda maior, que era o de encontrar terras onde pudessem expressar suas opções
religiosas (protestantismo). Mas, os portugueses mantiveram seu domínio e o
mantiveram, apesar de os interesses ingleses, serem os que realmente regiam por
trás das atitudes e decisões lusas na colônia. Quando citamos esta trama, já

PEDAGOGIA 71
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estamos apontando para o século XVIII. Os interesses industriais já começam a


surgir e influenciar o mercado e a paisagem global. As fronteiras são comprometidas
por um jogo acirrado de interesses. A procura por mão de obra barata e matéria
prima que mantenham as produções nas indústrias, direcionam o mercado e
apontam de forma nítida as diferenças econômicas de algumas regiões em relação a
outras.
A Europa, que desde o princípio das nacionalizações se intitula o centro do mundo
(o próprio mapa mundi, apresentado com a Europa como centro do planeta),
subestima os outros povos e regiões para fortalecer ainda mais o seu
posicionamento político social no mundo. Não só o negro se tornou escravo em
função de uma consciência preconceituosa, mas os imigrantes, que vieram para
trabalhar na lavoura no final do século XIX, foram explorados além de enganados
por um ideal que não era real.
A mão de obra, numa sociedade capitalista, passa a ser produto. A estrutura social
se modifica: o aspecto urbano cresce e em contra partida, o campo se esvazia. A
modificação da paisagem é notória com o advento das indústrias. O espírito
capitalista e sua racionalidade junto à ética protestante, se sobrepõem em relação
aos conceitos morais de outras religiões.
Paralelo à formação dos grandes centros urbanos, compactuamos com o grande
êxito rural. No caso do Brasil, temos nítida clareza desta situação, ao observarmos a
cidade de São Paulo nos últimos 100 anos. A estrutura social se torna vítima do
processo. O inchaço que ocorre na densidade urbana, não dá conta de dar
estruturas sociais à sua população, acumulando abstratos problemas e
consequentes dificuldades que acarretam no bem estar das pessoas. Falta de
moradia, desemprego, violência, trânsito caótico; problemas de locomoção e
transporte são alguns dos muitos problemas e dificuldades que sofrem a população
de uma grande cidade.
O local da reprodução do capital sofre interferência das contundências da miséria,
causada pelas desestruturas dos amplos descasos dos processos sociais
desgovernados, em função do interesse da racionalidade e interesse de poucos.
Estude o processo do neocolonialismo do final do século XIX. Este fato demonstra
os interesses dos países industriais, como Inglaterra, França, Rússia e Bélgica, pela

PEDAGOGIA 72
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busca de matéria prima (carvão e minério de ferro) na África, Ásia (observe a história
da Índia, com destaque a figura de Gandhi) e América Latina. Junto à Alemanha e
Itália, países recentemente estruturados, irão cobiçar terras que tenham riquezas e
povos com mão de obra barata e que ainda consumam seus produtos. Veremos
estruturar um estado beligerante a partir destes interesses por capitais (humanos e
físicos), que acrescido de questões nacionalistas, eclodem na Primeira Guerra
Mundial. Um claro exemplo de um processo social direcionador e atuante que
interfere nas questões do espaço físico.

Os links abaixo indicam o processo do Neocolonialismo e a Primeira Guerra Mundial


http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=252

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=284

Atividades
Construa uma maquete que demonstre uma vista panorâmica com paisagem
natural. Montanhas, rios, lagos, praias e vegetação podem ser expostos. Observe a
paisagem que ainda se mantém virgem próximo do lugar da comunidade dos alunos
e tente reproduzi-la.
Em paralelo, peça para os alunos irem construindo objetos que façam referência à
paisagem urbana, como casas, comércio, fábricas, carros e outros meios de
transporte, avenidas, entre outros. Podem ser usados materiais como argila, papel
marche ou mesmo desenhos e dobraduras. Monte, então, a cidade com as crianças
sobre a maquete da paisagem. Pode começar com uma indústria e logo as casas, o
comércio, as vias etc. Eles terão noção da interferência que a produção de
interesses de capitais pode causar ao meio ambiente.
Questione com eles qual seria o caminho para o desenvolvimento. Comente sobre a
preocupação de órgãos oficiais que determinam novas leis como a questão do
“desenvolvimento sustentável” (DS). Observe a realidade que os cerca e use as
informações da mídia para ilustrar melhor o problema.

PEDAGOGIA 73
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Aula 20_Planejamento

Nesta unidade trataremos de questões da prática do ensino das Ciências Sociais. O


planejamento, as avaliações e atividades com características mais abrangentes serão
aqui expostos e discutidos. Também observaremos os conceitos básicos que
determinam os PCNs em relação a esta disciplina.

Planejar
Quando falamos em planejamento, alguns grupos de professores se incomodam.
Ainda acreditam que uma produção de texto do ano anterior ou de outras vivências
pode se adequar à nova realidade que ele irá encontrar. Com todas as informações
que discutimos até então, acreditamos que você não pense desta forma. Se
soubermos que para discutirmos as questões sociais é primordial tratarmos de
assuntos que façam parte do local e realidade da comunidade que encontramos, se
torna impraticável a prática de cópias de sugestões que compreendam outras
realidades. O aluno é ser vivo, é inteligente e responde de forma diferenciada para
as diversas situações. Imagine este ser multiplicado por 30 ou 40, quantas
informações e inquietações são prováveis em uma sala de aula, que podemos
abstrair e ampliar, para transformar e enriquecer com novos conhecimentos!
Além do mais, devemos estar prontos e sugestionados a aprender. A educação é
dinâmica tanto quanto a vida. As trocas engrandecem o exercício pedagógico. A
convivência e experiência que são trazidas por outros colegas, assim como o apoio
ou críticas da coletividade, devem ser avaliados e acrescidos de um ano para o outro.
O planejamento não algema, ao contrário, indica o caminho. As instituições prezam
pelo replanejamento. Este será o momento que podemos observar as falhas ou não,
para dar continuidade ou mudar de rumo.
Quando viajamos, o passeio se torna muito mais atrativo se nos organizamos
anteriormente. Dizem os experientes que o verdadeiro viajante valoriza muito mais o
antes e o depois do que a própria viagem. Quando inicia um ano letivo, estamos
embarcando para uma nova viagem. Novas paisagens, novas pessoas e aventuras.
Se pudermos saber com detalhes o que podemos encontrar numa viagem de férias,
aproveitaremos mais o pouco tempo e dinheiro disponíveis. O mesmo ocorre quando
planejamos um curso de um novo ano na escola. Se nos propusermos a conhecer
melhor este novo trajeto, estaremos aptos para aproveitar ao máximo as
oportunidades que possam ocorrer.
É importante trilhar este caminho acompanhado. Leve com você nesta nova
aventura, as experiências passadas individuais e coletivas além das novas pesquisas.
Busque acima de tudo parceiros, que cooperem com você, e partilhem com diálogos
que estimulem a novas reflexões. Acima de tudo, seja racional nesta nova
empreitada: o tempo é importante e deve ser bem aproveitado!

PEDAGOGIA 74
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Aprender a ensinar Ciências Sociais


Se até então, enfatizamos o valor que deve ser dado ao regionalismo, seria
incoerente de nossa parte, impor uma seleção linear de informações que devam ser
transmitidas aos seus alunos. Apresentaremos sugestões, mas o critério que deve ser
seguido, é selecionar e organizar conteúdos mais significativos e relevantes.
Preocupe-se com a qualidade. Atividades dinâmicas e bem desenvolvidas
determinam muito mais conteúdos do que se supõe. Um passo importante é você ter
convicção do que será feito, para ter o apoio da comunidade. Apresente sua
proposta aos gestores e partilhe com as estruturas familiares dos alunos o seu
planejamento. Eles serão seus grandes parceiros nesta jornada.O documento deve
propor a leitura do mundo a partir de definições e interpretações sugeridas nas
aulas. É importante propiciar condições para que os alunos possam desenvolver
saberes, experiências, significados, a partir de conceitos cotidianos.
Deve ocorrer a reflexão de temas e objetos apresentados para o aluno apropriar-se
de forma construtiva em relação aos novos conhecimentos. A curiosidade deve ser
aguçada e relacionada, de forma dinâmica, com observação da realidade local e dos
grupos aos quais os alunos pertencem. Os conteúdos devem aguçar interpretações
por serem pertinentes à realidade de onde vivem as crianças. Através de suas
representações, os alunos poderão abstrair e refletir questões relativas ao tempo e
espaço.

Estratégias:
Manter o questionamento vivo nas aulas, de forma dinâmica e materializar as
informações nos espaços da vivência dos alunos, possibilita a melhor compreensão
do grupo. O uso dos recursos audiovisuais e construções de objetos que estimulem
vivências, transformam o espaço e o conhecimento em exercícios lúdicos.
Citaremos algumas formas de recursos didáticos que podem ser usados nas aulas.
São atividades que podem ser colhidas ou desenvolvidas pelos alunos para
documentar ou ilustrar aspectos observados nas Ciências Sociais:
Grupo 1 - entrevistas, representações, impressos da mídia, fotos, documentos;
Grupo 2 - desenhos; maquetes; mapas, gráficos;
Grupo 3 - jogos, músicas, textos; filmes;
Grupo 4 - visitas a exposições, passeios;
Grupo 5 - Projetos
Antes de darmos continuidade, observe as notícias veiculadas na mídia desta
semana. Escolha uma delas, que você acredite que tenha relação com a sua
comunidade. Planeje uma atividade diferenciada para alunos de cada um dos quatro
níveis do ensino fundamental com base na notícia escolhida e explore os conceitos
vistos até então das questões sociais apontadas. Especifique o conteúdo que será
analisado, o objetivo e a estratégia. Em nossa próxima aula daremos continuidade às

PEDAGOGIA 75
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questões do planejamento. De forma mais específica: trataremos das sugestões de


temas para as aulas de História e Geografia, nas primeiras quatro séries, do Ensino
Fundamental.

PEDAGOGIA 76
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Aula 21_Propostas de Conteudos para as Séries Iniciais

Vamos estruturar alguns conceitos que devem ser explorados de acordo com o
desenvolvimento dos alunos. Independente das séries, sempre devemos partir dos
aspectos locais, que fazem parte da realidade da criança, e fazer uso do espaço para
uma aprendizagem que explore o lúdico. Os conteúdos podem ser mais bem
compreendidos e abstraídos quando usamos outros sentidos, que ilustrem a nova
situação. Explore, o quanto for possível, outros sentidos que não apenas o visual. O
sinestésico, auditivo e olfativo, quando explorados, estimulam outros setores do
cérebro ativam a memória de forma diferenciada, logo a aprendizagem terá mais
chance de acontecer.
Independente da série que será tratada, todo início de ano letivo, o professor pode
discutir as relações sociais a partir da análise da nova turma que se apresenta (nome
e idade dos alunos, quantidade e sexos). Lembrar que ali, com um novo grupo, se
está formando uma nova história.
Regras podem ser discutidas como: a questão da autoridade do professor; horários
estabelecidos para as devidas atividades (necessidades fisiológicas e intervalo) e
gestos que podem ser desenvolvidos e aplicados para comunicação no grupo.
Coletar dados, como idade dos alunos e seus nomes demonstram de forma concreta,
o grupo social ali formado, que possui características próprias e está inserido em
outro, no caso, a escola. O ensino deve ser um todo integrado, onde as outras
ciências, físicas e biológicas, devem se relacionar à vivência da relação social.
Apesar do professor demonstrar aspectos “paternalistas” com atitudes necessárias
nessa faixa etária dos alunos do ensino fundamental I, a relação e as decisões
devem ser realistas e podem ser apresentadas a partir dos critérios. A criança deve
perceber que é um sujeito histórico e observar que existem condições sociais
externas e paralelas à sua vida familiar e da escola das quais ele faz parte.

O que modifica de uma série para outra será o nível de complexidade.


É importante frisar que as atividades devem provocar perguntas problematizadoras
e encaminhar para respostas que permitam conexões com a realidade.
1ª Série: segundo PENTEADO (1994, p.72), os objetivos que norteiam os estudos
nesta série são:

 exploração e uso organizado do espaço escolar

 vivência organizada das relações sociais escolares

 introdução à contagem do tempo cronológico

PEDAGOGIA 77
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 desenvolvimento dos conceitos de natureza e cultura.

Esta série, no início, tem escrita e leitura precárias. As explanações concretas


ajudarão consideravelmente para o melhor entendimento.
O espaço deve ser apresentado de forma exploratória, mas se limita às questões do
tamanho, onde pode ser comparado o ambiente sala de aula/ escola com outros
espaços da comunidade; aspectos de proximidade e distância também devem ser
apontados.
A natureza pode ser apresentada como tudo que existe e não é feito e nem cuidado
ou transformado pelo homem. A própria sala de aula pode ser observada ao detectar
a claridade e o ar que respiramos.
Com este conceito entendido e abstraído pode-se apresentar a água (rios, lagos,
mares e oceanos). Observe qual aspecto geográfico que se apresenta na
comunidade. Explique o conceito de água doce! Para explorar este conhecimento,
use não apenas da grafia, mas desenhos, colagens, maquetes e da tecnologia, com
sons, e imagens de vídeo/ tv! Depois encaminhe para a observação em torno da
água. As montanhas, morros ou colinas, planalto e planície podem ser apresentadas.
As maquetes são extremamente úteis neste caso. Os desenhos também podem ser
apresentados, de forma não apenas ilustrativa, mas interativa. Observe o território
ao qual os alunos pertencem e demonstre a partir da realidade que eles vivenciam.
A cultura será apresentada, então, aos alunos. De princípio, este conceito
extremamente complexo, pode ser exposto como tudo que existe, é feito e cuidado
ou transformado pelo ser humano.
Em paralelo com as aulas expostas sobre a natureza, as questões culturais podem
ser apontadas em paralelo, onde a criança identifique do próximo ao distante. Este
conceito deve ser apresentado a partir da sala de aula. Carteiras, pequenos objetos
dos alunos, depois a construção da escola, e na sequência, apresentar o espaço
externo em combinação com a realidade dos alunos. Conceitos de habitação,
vestuário, meios de transporte, alimentação, utensílios, brinquedos etc.
Aprofundar o conceito de cultura a partir da água, exemplificando a piscicultura ou
de terra, como agricultura, já podem ser expostos. Sempre lembre da questão do
tempo em seu planejamento. Cada conhecimento novo apresentado aos alunos, se
bem explorados e conectados a outras ciências, pode ser trabalhado no prazo de
duas semanas.
Agora que você já tem noção de conceitos que são explorados e como podem ser
tratados, sempre respeitando a questão do próximo para o distante, reflita, pesquise
e desenvolva um planejamento para a série seguinte (2A ) que trate das questões do
espaço.

Atividade

PEDAGOGIA 78
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Monte uma maquete com os alunos, com uso de massinha ou argila, areia e pedras
para ilustrar as questões territoriais e da água :planície/ planalto/ morro ou colina/
montanha e mar/ oceano. Estruture também lagos e um rio que desemboque no
mar. Para ilustrar a água, use gel para cabelos ou papel celofane azul. Desta forma
você poderá tratar também, a partir do uso dos objetos que são utilizados, os
aspectos naturais e culturais.

PEDAGOGIA 79
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Aula 22_Proposta para 2ª séries

O tempo pode começar a ser estudado nesta série a partir dos aspectos
meteorológicos e cronológicos. Os registros diários nos cadernos, com datas e
imagens que simbolizem o clima do dia, demonstram a produção de um documento.
Ao comparar os dias anteriores e os que estão por vir, o aluno passa a perceber o
tempo presente, passado e futuro. Unido à informação da meteorologia, ele poderá
observar a importância do registro para buscar e reviver a memória. Os conceitos de
natureza, cultura e tempo passam a ser vistos e estudados no contexto do ser
humano que vive um momento histórico. Os objetivos nesta etapa se prendem à
compreensão do espaço terrestre, com as observações das representações dos
aspectos naturais, espaciais e culturais.
Signos geográficos que ilustram e representam o planeta passam a ser
compreendidos, como globo terrestre e mapa mundi. Imagens do planeta, captadas
por satélites, são instrumentos interessantes que irão aguçar a curiosidade das
crianças. Este assunto pode ser explorado de forma lúdica, com brincadeiras que
observem alguns focos de perto e de longe (olhar através de canudos de papelão),
de forma que as crianças passem a ter noção da totalidade/amplitude e dos
detalhes.
Com as diversas informações através dos objetos e imagens, as fronteiras passam a
ser notadas, com suas devidas determinações: primeiro os oceanos e continentes, e
depois deve se apresentar os países. As questões dos domínios e as dinâmicas
culturais, que são apresentadas nos espaços delimitados, podem ser ilustradas com
imagens que representem os diversos hábitos culturais, além de vincular aos
aspectos climáticos das regiões. O globo e o mapa podem estar sempre visíveis,
principalmente quando os alunos desenvolvem atividades a este respeito.
Com esta visão holística, a criança deve localizar o Brasil no continente americano e,
consequentemente, observar os seus vizinhos. A meta não é memorizar, mas trazer
representações para a criança compreender e se familiarizar com o Brasil no espaço
terrestre e ter a percepção do espacial. Vamos dar continuidade a esta visão espacial
do aluno e passaremos a destacar as fronteiras estaduais dentro do Brasil.
Fazer um comparativo de forma ilustrativa, identificando a proporcionalidade de
tamanho de um continente, país e estado, respectivamente. Esclarecer através da
mostra, que um está inserido dentro do outro. Faremos a mesma regressão, ao
tratar do estado, municípios e bairros. Ao observar os estados e municípios, destacar
e tratar as questões do urbano e rural. Neste momento, as crianças estarão prontas
para entender as plantas baixas de sua cidade ou bairro. Agora elas devem ser
convidadas para observar este signo, e destacar dentro dele suas vivências (escola,
moradia, pontos turísticos, instituições da comunidade). Um passeio com a turma
para localizar os nomes das ruas da região da escola, assim como características
mais marcantes, pode ser um início para a produção da planta que eles mesmos

PEDAGOGIA 80
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podem confeccionar. A planta da sala de aula a partir de uma maquete, sugerida em


aulas anteriores, pode ser uma boa atividade para este momento. Uma vivência
no espaço rural, para os alunos da cidade, ou vice versa, será de extrema valia para
observar a cultura que difere da sua. Desta forma, estaremos trabalhando o espaço,
as questões da natureza e a cultura de forma ampla e lúdica.
O tempo deve ser estudado a partir das culturas que são desenvolvidas nos
respectivos espaços, com pesquisas (fotos, entrevistas etc.) que estimulem a
memória e identifiquem a dimensão histórica do local onde o aluno está inserido
como sujeito.

Atividade
Uma boa dinâmica para este entendimento é usar uma grande área para espalhar
os alunos. No piso, trace contornos, que cerquem ora alunos isolados, ora em
grupos.
Ilustre com desenhos possíveis, obstáculos que possam existir entre os contornos
nos quais os alunos estão e suponha que sejam mares, montanhas. Provoque
situações em que alguns contornos se encostem, sem obstáculos aparentes, mas
deixe claro que o contorno delimita cada território.

Faça os alunos circularem, se transferirem de um contorno para o outro. É


importante que a atividade transfira a noção de território e domínio. Crie regras para
cada contorno, para que eles vivenciem que cada território tem características
culturais e naturais próprias do espaço.
Obs: pode ser desenvolvido um espaço com base no globo terrestre, e as próprias
crianças podem ajudar a fazer os contornos. Ilustre o globo quando transformado
em planisfério. Se tiver oportunidade, recorte um globo inflável para que eles
visualizem o globo “desenrolado”.
Esta brincadeira pode trazer tons de dramatização, para enfatizar os aspectos
geográficos e conquistas ali apresentadas (rios, fronteiras, mares).

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Aula 23_Planejamento para Classes de 3ª Série

Devemos lembrar que nossas sugestões requerem do professor uma análise prévia.
Convém que o profissional reconheça a realidade e ritmo dos alunos para o
desenvolvimento dos trabalhos. Portanto, cabe a cada um, selecionar e acrescentar,
de forma criativa, a sua proposta de trabalho. O primordial é garantir um ensino
produtivo, com base na construção dos alunos e da equipe, amparado pelo docente.
Observemos, então, as propostas que podem ser vinculada ao ensino da terceira
série.
O tempo e o espaço serão mais explorados a partir deste nível. Para iniciar, o
mesmo processo proposto para a série anterior pode ser mantido, com o registro das
datas e signos que demonstrem o clima dos dias das aulas.
Transfira estes dados para um quadro que pode ser mensal, que deve expor as
informações diárias (dias: chuvoso, nublado, ensolarado, quente, ameno, frio). Com
estas informações expostas, os alunos passarão a ter consciência do predomínio de
aspectos dominantes do clima, em um período mais abrangente. Com estas
informações recolhidas, o professor poderá fazer uso para o estudo das estações do
ano.

Alguns objetivos são necessários ser tratados nesta série:

 Conhecimento dos pontos cardeais para a orientação das leituras de mapas e


globo terrestre;

 Compreensão do movimento de rotação e translação, que envolve o planeta, e


suas consequências;

 O tempo, como duração e suas representações.

 O clima poderá ser observado para os alunos notarem, o quanto ele afeta os
modos de produção e transporte de sua região. O Sol, mais especificamente,
servirá como referência para o conhecimento dos pontos cardeais e as
lateralidades. A noção de rotação também pode ser iniciada através desta
observação. É importante que a criança compreenda que o nascente (Leste) e
poente (Oeste) são opostos.

Jogos e dinâmicas que utilizem esta informação serão pertinentes para o domínio
deste conhecimento. A 3a série sugere conceitos que não abarcam o concreto. São
situações espaciais que escapam do campo visual. Transmitir fenômenos como

PEDAGOGIA 82
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rotação ou translação para os alunos, requer habilidade e criatividade por parte do


profissional, para tornar o conhecimento mais próximo do concreto.
Para o estudo da rotação, sugerimos a observação das sombras. Tenha cuidado
para que o local observado tenha apenas uma referência de luz. Os alunos
observarão que a sombra sempre estará do lado oposto da luz. Um aspecto
importante é a turma perceber que existe um foco de luz constante (o Sol) em
direção à Terra.
O uso de uma esfera, que pode ser uma laranja ou um globo terrestre, e uma
lanterna, que sugira a luz solar, pode ilustrar o movimento de rotação para o aluno
compreender o que acontece. Para esta atividade é preciso um local escuro. Pode ser
feita uma cabana na classe!
Fotos de satélites que são constantemente divulgadas na rede podem ilustrar o
tema. http://www.cultura.ufpa.br/di-cas/arq/info/jpg/satelite.jpg
Com estas experiências os alunos podem ter conhecimento do meridiano
de Greenwich, imaginado para dividir o planeta em Leste e Oeste e, posteriormente,
transmitir o conhecimento da linha do Equador.
Quando apresentamos a rotação e se possível, as imagens de satélites, a classe
poderá ser instigada para as questões do fuso horário. A leitura das horas nos
relógios poderá ser feita. Ponteiro maior e menor, como giram em suas proporções e
a ilustração de vários relógios, demonstrando as horas em locais diferentes do
planeta.
O tempo pode ser tratado e explorado quanto aos aspectos sociais. Qual o período
que eles permanecem na escola; quanto tempo se gasta para desenvolver
determinadas atividades; algumas profissões, como médicos e dentistas, agendam
seus dias e os dividem em minutos enquanto agricultores dependem de meses para
colher suas plantações. Você pode explorar as questões trabalhistas, horas
trabalhadas na semana e no mês que absorve toda uma estrutura do funcionamento
social (horários bancários; repartições públicas; comércio etc.)
As atividades até aqui apontadas podem ser apresentadas em um semestre. Com a
compreensão da rotação, o sistema de translação pode ser iniciado. Dinâmicas que
usem as próprias crianças exemplificando a rotação (Sol e Terra). A criança que será
a Terra deve ir se deslocando em torno do sol. É importante que eles notem a
simultaneidade dos dois movimentos. Informar que o planeta leva 12 meses, 5 horas
e 48 min para completar este caminho é curioso e devem ser lembradas as estações
do ano, suas características e suas respectivas durações.
Vamos retomar então as questões culturais e como são influenciadas pela
temperatura ou pelo tempo (noite/dia). O comportamento e escolha de atividades
como brincadeiras, alimentos ou vestimentas são aspectos culturais que sofrem
interferência das questões naturais! É importante observar que todo o sistema é
controlado pelo tempo. A vegetação, os animais e o ser humano.

PEDAGOGIA 83
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A evolução dos seres, no decorrer da vida, analisar o tempo como uma passagem
abstrata, mas que pode ser relacionado com as fotos dos familiares ou das próprias
crianças. Levantamento das idades, pessoas mais novas ou idosas, é oportuno para
identificar a cultura nas determinadas épocas (tempo). Observar que os objetos
acompanham também uma evolução, pois são produtos culturais desenvolvidos e
modificados pelo ser humano.
Recolha imagens de objetos antigos que se transformaram ao longo do tempo:
automóveis, relógios, vestimentas, como roupas de banho, utilidades domésticas,
construções arquitetônicas etc.
Com estas imagens será possível discutir que os itens demonstrados fizeram parte de
uma cultura de uma época, com pessoas envolvidas, logo, uma história que guarda
memória.
Os alunos podem fazer entrevistas e recolher materiais para observação com
familiares e pessoas da comunidade. Estimular a curiosidade dos alunos identificando
a realidade de quando eles eram menores é positivo.
O momento será oportuno para apresentar às crianças a linha do tempo de forma
linear. Podemos explorar o tempo e a sua representatividade com a relação das
horas nos dias, os dias nos meses e estes nos anos. Estabeleça a linha do tempo da
vida dos alunos e apresente-os como sujeitos no determinado tempo em que
nasceram paralelos a outros acontecimentos.

Na próxima aula, encerraremos as apresentações dos conteúdos e de como podem


ser planejados para a última série do ensino fundamental I.

PEDAGOGIA 84
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Aula 24_Planejamento para Classes de 4ª Séries

Encerramos a aula anterior apresentando a linha do tempo no planejamento da 3a


série. A relação do tempo/espaço e a sua compreensão como influência no conceito
histórico, remonta a vida e identifica as condições sociais de sobrevivência do ser
humano.
Com a importância que devemos prestar a este conceito, um dos objetivos para o
estudo das Ciências Sociais na 4a série, será a apresentação da linha do tempo da
História do Brasil. Neste contexto, a proposta segue aplicando as questões sociais
apontadas em nossa história, com os valores culturais indígenas aviltados pelo
colonizador, seguidos pela estrutura econômica e política desenvolvida, com base na
mão de obra dos negros. O trabalho nesta série deve ser conduzido com condições
externas que se apropriem das internas, ou melhor, eles passam a compreender os
aspectos que não pertencem de forma direta à sua realidade, mas estarão
observando este outro mundo, com base nas realidades que cercam o seu cotidiano.
Para apresentar aos alunos o tempo da descoberta do Brasil, será necessário que
eles aprendam séculos. Observem que os anos com os dois finais zero, como é o
caso de 1500, não inicia ou não fecha um ciclo de cem anos. Logo, o século XV é o
que cabe à descoberta, e o século XVI, apenas é iniciado no ano de 1501.
Aplique exercícios dos séculos que compreendam a partir de 1500 até 2020, e
exercite com eles os anos e o século respectivo.
O conhecimento dos algarismos romanos se fará necessário. Instigue a classe para
que aponte curiosidades que os desafiem e aplique as datas e fatos aos quais eles
despertem interesse para exercitar o aprendizado quanto aos séculos. Outra etapa
será mostrar para a classe que apesar de o Brasil ser “descoberto” em 1500, ele já
existia. Que tal brincar com o verbo e usar de metáforas? As terras brasileiras já
estavam aqui, “cobertas pela distância” que impossibilitavam aos europeus observá-
las!

Vamos então falar do povo que já estava e vivia nestas terras: os índios.
Apresentá-los como sujeitos, mas que não dominavam a linguagem escrita.
Trabalhe o tema com a aula que expusemos sobre a linha do tempo, que tratamos
da pré-história. Ao apresentar a cultura indígena aos seus alunos, tome as devidas
precauções em relação aos livros didáticos e às imagens estereotipadas que podem
ser encontradas. Trazer recortes de jornais ou quando possível, visitar tribos que
possam existir em sua região, mostra a cultura indígena com suas características
próprias: um grupo de pessoas que se organizam de forma diferente da qual os
aluno não estão acostumados.

PEDAGOGIA 85
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Observar moradias, alimentação, adornos e rituais, aspectos religiosos, a divisão


social e do trabalho, a educação e saúde, entre outros aspectos, podem ser
pesquisados, redigidos, desenhados, expostos, dramatizados para que os alunos se
aproximem mais dos hábitos desta cultura que desconhecem e faz parte de sua
própria história.
Estaremos expondo, no final desta unidade, uma atividade com a carta de Pero Vaz
de Caminha, que será oportuna neste momento da aprendizagem, para ilustrar o
choque de culturas, que ocorreu entre os nativos e os colonizadores portugueses. É
importante apresentar aos alunos as expedições portuguesas e os interesses que os
norteavam e o que os diferenciaram e os transformaram em exímios navegadores
(um exemplo que pode ser citado é a Escola de Sagres). Muitos textos podem ser
pesquisados para ilustrar esta questão. Imagens de Debret e Benedito Calixto
também podem servir como ilustração para serem discutidas. Vestimentas,
construções, meios de transporte, modo como se apresentavam as famílias
(estrutura patriarcal), a figura do negro e do escravo como mão de obra
descriminada. Através do exercício de comparação, as crianças podem compreender
melhor a cultura e as características de uma época.
Para encerrar, o professor pode dar início às questões dos interesses sociais e
políticos, e destacar alguns acontecimentos como a Independência do Brasil, e
enfatizar a continuidade do regime imperial. Este fato pode servir de introdução para
as modificações políticas que ocorrem na República. Estes momentos podem ser
ilustrados com uma linha do tempo. Questione sempre as questões sociais. Aponte o
negro e o índio e questione as suas posições ignoradas nas decisões que são
tomadas pelos que dominam o sistema. É importantes que os alunos reconheçam a
cultura da raça negra e o quanto eles se esforçam para mantê-la viva.
Os fatos contínuos que eclodiram na abolição (fim do comércio escravo, Lei do
Ventre Livre, Lei dos Sexagenários,Lei áurea) devem ser transmitidos como
consequência de interesses de alguns setores econômicos, com destaque ao
posicionamento da Inglaterra e sua estrutura industrial. Na verdade, os ingleses
pressionaram o governo português para a abolição, pois tinham o interesse que a
mão de obra escrava se tornasse, livre e consumidor dos produtos industrializados
produzidos por eles.
O docente pode trazer informações culturais e aproximar os alunos de comunidades
que tratam dos aspectos da consciência negra (inclusive expor a data do dia 20 de
novembro decretada recentemente para enfatizar o assunto). As figuras dos
bandeirantes podem ser discutidas para ilustrar a mistura de raças, uma abordagem
social, em prol de alguns interesses específicos, como aspectos econômicos.
Personalidades que ganham destaque na história devem ser tratadas com
informações corretas, sem estereótipos ou desvios que prevaleçam alguma crítica ou
linha ideológica.
Busque livros didáticos das séries iniciais e observe os conteúdos propostos pelos
autores e monte o seu próprio cronograma. Agregue os PCNs e sempre observe a
realidade do aluno com o qual você estará trabalhando. Com a prática e vivência,

PEDAGOGIA 86
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você vai encontrar, a partir das observações, o seu próprio caminho para trabalhar
com seus alunos. Cada ano, cada turma, trará novos desafios e consequentemente,
novos conhecimentos para serem aplicados aos novos alunos.
Atenção
Ao estruturar seu planejamento e a proposta de seu cronograma, atente para o
calendário escolar:

 Festas, projetos e comemorações no ambiente escolar requerem disponibilidade


de tempo;

 Observe a comunidade onde atua para estar atento a casos de ausências


constantes de alunos que interferem na programação das atividades coletivas;

 Reserve períodos no planejamento pra estudos de campo e projetos;

 Estar atento ao cronograma para reservar períodos que atendam as curiosidades


dos alunos ou o estudo de fatos inusitados que possam ocorrer no período.

As aulas prazerosas e que transcendem as expectativas e as atividades concretas,


que ilustram a realidade, são as maneiras mais próximas para esta realização.

PEDAGOGIA 87
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Aula 25_Avaliação

Uma etapa difícil e polêmica na educação é a avaliação. Observamos até então que
em todo o processo da educação, o professor deve se apresentar como mediador,
um facilitador. Ele prepara as condições para transmitir o conhecimento. O
profissional da educação deve estar atento para observar os prévios conhecimentos
dos alunos para organizar a sua tarefa, apresentando as novas informações de forma
que um possa se relacionar com o outro.
Com esta prática, o aluno estará mais próximo para construir e se apropriar do
conteúdo apresentado, pois terá condições de fazer relações para aplicar a nova
vivência em outras experiências. O aprendizado, desta forma, é praticado de maneira
construtiva, e o aluno estará apto a se inteirar com o mundo. Esta forma de educar
segue um pensamento dialético e não segue os moldes de repetição que se
aplicavam anteriormente, onde o professor era o transmissor e o aluno mero
receptor de informações. A avaliação deve manter a mesma linguagem que se aplica
nas aulas. O momento da avaliação pode ser construído e não apenas verificado.
O professor pode e deve avaliar todas as participações e atividades dos alunos. O
momento único para uma avaliação pode até mesmo ser dispensado. Reflexões e
discussões coletivas desenvolvidas em grupos, o comportamento e o interesse da
criança nas respectivas atividades, são parâmetros que podem ser avaliados. O
professor deve pensar na avaliação como um meio, como parte do processo da
aprendizagem. Através das observações percebidas pelo professor em relação ao
processo de aprendizagem de sua turma, é que ele pode ou não proporcionar novos
conhecimentos. Reconhecer os domínios adquiridos pelos alunos é a válvula
propulsora para mostrar novas informações à classe, ou a alguns alunos em
específico.
O aluno dever ser visto como sujeito construtor de sua realidade. Ele se manifestará
mais apto a atuar, quando se apropriar dos novos conhecimentos, e conseguir
abstraí-los para suas vivências. A competência do professor deve atingir nível tal que
consiga captar esta informação.

A formação deve trazer traços contínuos, unindo teoria e prática para que
os resultados possam ser observados ao longo do processo.
Nas Ciências Sociais estaremos avaliando de modo reducionista se
aplicarmos questionários com fórmulas que tragam respostas específicas. Questões
podem ser aplicadas, mas devem conter teor de contextualização. Elas podem
demonstrar as realidades e aspectos curiosos que estimulem o grupo a refletir, criar
dinâmicas em função da elaboração de perguntas, que incitem os alunos a apontar
dúvidas e depois aplicar debates com inquietações desenvolvidas por eles.

PEDAGOGIA 88
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Datas comemorativas também são fórmulas redutoras quando não contextualizadas


à realidade dos alunos. Exercícios e informações, com características de repetição, os
quais o aluno não se apropria para relacionar à sua vida, podem constar como
informação, mas não são pertinentes para uma atitude avaliativa. As datas devem
estar contextualizadas à realidade do aluno.
No caso das análises do processo social, seria mais aconselhável trabalharmos com
períodos, fases ou épocas. Uma forma mais coerente, por sabermos que as
mudanças sociais não ocorrem em um único momento; mesmo os fatos, giram em
função de causas e consequências. Vivenciamos a política educacional do “aprender
a aprender”, logo a verdade como propriedade unicamente do professor deve ser
pontuada e avaliada em momentos oportunos. Avaliações que sugiram
especificidade, como questões, quando mal elaboradas, podem ser mal
interpretadas. Respostas específicas, com a apresentação dos conhecimentos
amplos, com uma visão holística, não se mostram coerentes.
Se o professor pede para que o aluno: “fale o que você sabe” ou “o que entendeu”
sobre determinado assunto, o profissional deverá aceitar o argumento do aluno. A
linguagem aplicada deve carregar um teor explicativo sem margens de dúvidas e
interpretações. Questões mal formuladas não atingem o objetivo e
consequentemente terão respostas insatisfatórias. Será difícil, ao trabalharmos com a
complexidade, colhermos respostas padronizadas e específicas. A leitura de mundo,
assim como a interpretação das questões sociais, dificilmente terá interpretações
homogêneas. Medir resultados quantitativos se torna um conceito não adequado
diante da ampla pedagogia que apregoamos. Ao falarmos em movimentos
sociais, cidadania, direitos e deveres podem estender essas questões à
compreensão dos valores avaliativos. Com a diversidade que encontramos no mundo
e que se reflete nas salas de aulas, podemos optar pela mesma vertente quando
tratamos da avaliação. Estar sempre disposto a rever os próprios conceitos como
avaliador, com novas aplicações de dinâmicas e linguagens e praticar o mesmo
exercício ao resgatar do aluno os conhecimentos já adquiridos e transformá-los para
questões mais abrangentes, são missões que o professor deve pregar.
Uma pedagogia que prega a construção do conhecimento é incompatível com
avaliações reducionistas ou parciais. As aprendizagens desenvolvidas nas aulas
devem ser informações que passem a pertencer à vida do aluno, com dados
relevantes que se tornem presentes na construção de suas vidas e se justifiquem
para permanecer no seu futuro. O aluno deve compreender o processo de
transformação da natureza e da sociedade e ter consciência que os fatos sociais não
acontecem de modo isolado, e sim, nos moldes coletivos e globais.
A apresentação das informações deve ser compatível com a avaliação e o que se
apregoa na sociedade pós - moderna: a complexidade. Para tal, se tornam
impraticáveis respostas e comportamentos contínuos ou formatados, que isolem
pontos de vistas ou questionamentos. A mesma diversidade que trabalhamos
pedagogicamente deve ser fator de preponderância nas atitudes avaliativas. Se a
vida não é estática, as avaliações também não devem ser. O aluno deve ter

PEDAGOGIA 89
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consciência de suas falhas (importante o exercício da auto- avaliação-individual e do


grupo), apontá-las e estar disposto a enfrentá-las para ampliar seus horizontes, com
novas informações e a ajuda do professor.

Já aprendemos a planejar e agora trataremos da avaliação. Escolha uma série,


desenvolva o planejamento de um semestre e determine as avaliações que serão
desenvolvidas. Redija com detalhes. E não se esqueça: se o aluno é que está sendo
avaliado, ele é o sujeito interessado, logo, precisa conhecer todas as “regras do
jogo”.

Atividade
Elabore todo o procedimento de como deverá funcionar uma autoavaliação em sua
classe. Alunos em ciclos mais adiantados podem discutir os procedimentos junto com
o professor. É muito importante a conscientização dos alunos para esta tarefa. Eles
também terão a visão do grupo a seu respeito! Esta é só uma entre as várias
avaliações que podem ser feitas
Sugerimos uma tabela para a autoavaliação: (GUELLI, 2000, p. 16)

Sim / não / às vezes / Comentários

Participo das aulas fazendo perguntas


Falo sobre minhas opiniões
Ajudo meus colegas
Participo dos trabalhos em grupo Sou organizado com meus materiais
Respeito meus colegas
Neste bimestre aprendi a:___________________________________

PEDAGOGIA 90
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Aula 26_Conceitos da História e Geografia

Vamos apresentar para você duas tabelas , uma na área da Geografia e outra em
1

História. Elas podem servir como referências para o docente observar as principais
ideias que são discutidas em ambas as áreas. Note que neles apontamos alguns
conceitos como essenciais e outros como auxiliares.
A intenção é transformar este dado como material de apoio para o professor, para
que haja cumplicidade das informações aqui sugeridas, com o planejamento e as
avaliações desenvolvidas em sala de aula, no percurso do ano letivo.
A partir destas “chaves”, o docente pode instigar seu próprio conhecimento, assim
como sua dinâmica como docente, para alcançar estes objetivos aqui expostos.

CONCEITOS IMPORTANTES PARA A ÁREA DE GEOGRAFIA

PEDAGOGIA 91
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____
Este material foi divulgado em curso ministrado pela Profa Ms Maria Lúcia Espinar
1

Bueno de Camargo, em 2003, na UNAERP, Guarujá.

PEDAGOGIA 92
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Aula 27_Análise dos PCNs

Para direcionar o trabalho dos docentes, os PCNs (Parâmetros Curriculares


Nacionais), publicados pelo Ministério da Educação em 1996, propõem sugestões
profundas, bem como aos objetivos das disciplinas de História de Geografia para as
séries iniciais do ensino fundamental. A forma abordada ratifica uma nova postura,
pois aplica a prática sem separar as duas ciências no ambiente escolar. Podemos
encontrar as propostas sugeridas, de forma exclusiva em um volume, das ciências de
História e Geografia para o ensino fundamental I. A apresentação sugere a divisão
do período em dois ciclos (1a e 2a séries como primeiro e 3a e 4a séries como
segundo ciclo).
É seguindo esta forma, que o documento distribui e aponta informações, com os
princípios direcionadores básicos, para serem tratados com os alunos. No contexto, o
documento destaca a necessidade de entendermos o aluno como cidadão, um
sujeito que deve perceber e ser percebido como integrante e agente social, assim
como eles próprios devem compreender suas ações individuais ou coletivas em
relação ao ambiente ocupado, quer social ou físico.
A prática docente deve ser direcionada para a formação de um sujeito cidadão-
crítico, o qual deve ter a consciência que pertence a uma realidade da qual ele vive e
do espaço que usufrui. Esta percepção estimula a construção da sua identidade e de
sua auto-estima. Os PCNs direcionam o docente para a compreensão da necessidade
de um exercício pedagógico, que esteja vinculado a aulas e atividades dinâmicas. A
reflexão conduz a este pensamento, para analisar o mundo atual, assim como os
alunos, como sujeitos ativos e não estáticos. Como tratamos do ensino fundamental,
os espaços vividos devem ser os que se manifestam na proximidade da criança, os
quais possam ser percebidos por elas.
Os temas transversais (ética, saúde, meio-ambiente, orientação sexual, pluralidade
cultural) devem ser discutidos e conectados às ciências aqui apontadas, pois
partilham de informações que ilustram o social e o ambiente do aluno, dessa forma,
colaborando para o desenvolvimento das relações interpessoais. Alguns educadores
questionam as diretrizes apontadas pelos PCNs, por apresentarem e sugerirem uma
estrutura de nivelação do ensino e vêem neste documento um processo de ação
autoritária.
As sugestões que encaminham o modo de atuar do professor podem induzir os
pensamentos e ações dos mesmos, que se refletem nas salas de aula. Dos
conteúdos que são discutidos aos provões como avaliação externa, são consideradas
formas estratégicas de sucatear os profissionais do ensino. Um modo de ação que,
agregado aos valores do neoliberalismo, filosofia esta que mantém princípios de
identidade com as questões da globalização, acaba por provocar uma educação
homogeneizada.

PEDAGOGIA 93
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De outro lado, podemos verificar o interesse e empenho dos docentes na busca


constante de novos materiais e informações para aplicar em suas práticas as
propostas deste documento aqui discutido, já que ele próprio, não fornece elementos
concretos suficientes para a ação do professor. Persiste também um debate, com
reflexões em relação aos Parâmetros.Curriculares, por ele provocar um
direcionamento dos conhecimentos que devem ser aplicados aos alunos de todo o
Brasil. De outro lado, é destaque em todo corpo do texto, a importância e o respeito
que deve ser dada ao tratarmos o regionalismo. A impressão causada é que a prática
(horizontalidade da proposta) não condiz com a teoria que sugerem ou autores dos
PCN´s para ser aplicada (verticalização dos valores observados).
Também devemos apontar que alguns cientistas se inquietam por o texto valorizar
aspectos técnicos, políticos e práticos - teóricos em demasia, em relação aos valores
intelectuais. Para eles, estes valores destacados no documento não são suficientes
para abarcar os problemas endêmicos da educação. Na verdade, são práticas
discursivas incompatíveis com os fazeres impostos que são ali tratados.
Mas, há empatia quanto ao ponto de vista de que exercício pedagógico só é
construído com a união da teoria e da prática. A formação do docente deve
privilegiar as várias dimensões sócio-políticas. Também a competência dos
conhecimentos específicos deve ser abrangida para garantir um trabalho pleno em
sua trajetória social e intelectual. Os acadêmicos se incomodam com a indução do
documento para conceitos que desprestigiam a hierarquia intelectual.

[...] interdisciplinaridade é fundamental para romper as estruturas


positivistas de entendimento da realidade, do conhecimento, mas
assumimos também que esse processo demanda reflexões para
garantir um ponto de partida, uma singularidade, uma formação
como início de intervenção no cotidiano da história. (SOUZA ,2001,
p. 21)

Do teórico ao prático e vice-versa, podemos possibilitar a lucidez, as reflexões e o


compromisso com o todo. Existe uma leitura dos PCN´s que traduz o texto com a
intenção de praticar a educação dialética, mas com uma prática tendenciosa com
críticas aos docentes. São muitos aspectos que ajudam a construir um sujeito
(aluno), inclusive, e não apenas, o professor junto à escola. Os professores, como
indicam os PCNs, não são isentos da responsabilidade da prática social, mas
observemos que não são os únicos. A política social e o ambiente que cercam os
alunos são, indubitavelmente, grandes contribuidores para tal. Um direcionador, na
educação, para as questões do século XXI é a teoria apresentada no relatório da
UNESCO, a qual nomeamos por “quatro pila-res”, que pregam os conceitos:
conhecer; fazer; conviver e ser.
A partir deste conhecimento e da leitura dos PCN´s, leia o texto abaixo e construa o
seu ponto de vista a respeito dos parâmetros propostos.

PEDAGOGIA 94
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Que dificuldades a pedagogia ativa encontrou para introduzir-se nas


escolas? Para encontrar a resposta a esta questão poderíamos
refletir partindo de diferentes pontos:
Do ponto de vista da sociedade. Há uma evidente contradição entre
as correntes que pretendem formar um indivíduo protagonista de
seus próprios processos e uma sociedade onde se tende à
massificação, entre a formação de um participante ativo e a
tendência atual de condução, por poucas mãos, da economia e da
política do mundo. Outra contradição é que a pedagogia ativa visa
potencializar o indivíduo criador, e a sociedade o necessita como
consumidor e trabalhador bem treinado. Nossa sociedade procura e
estimula ‘os criativos’: aqueles indivíduos capazes de dar de si
mesmos e descobrir novos rumos para a produção ou para a eficácia
das instituições vigentes, mas não suportaria facilmente que todo
homem pudesse ser um indivíduo criativo e rebelde. (NIDELCOFF
2004, p.31)

PEDAGOGIA 95
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Aula 28_Atividades: Parte I – Jornal

Vamos ilustrar algumas atividades nas próximas aulas. Com dinâmicas diferenciadas,
a comunicação entre professor e alunos é facilitada, já que a proposta visa aplicar
outras linguagens. Justificamos nossa preocupação e a ilustramos com o texto de
Moretto (2002, p. 30) “Cada um tem uma estrutura cognitiva diferente em função de
suas próprias histórias, o que os leva (os alunos) a interpretar de modo diferente as
mensagens propostas”
Na busca de um bem estar do exercício da compreensão dos conteúdos e
mensagens que devam ser transmitidas aos alunos, o uso de estratégias facilita a
interação entre o sujeito (aluno) e o objeto (novos conhecimentos) e o mediador
(professor). Cabe esclarecer que é importante o docente conhecer as características
do grupo e traços psicológicos e cognitivos da turma para fazer melhor uso dos
conceitos e linguagens que serão praticadas. Em todo o processo de
ensino/aprendizagem, o domínio para as elaborações das perguntas é fundamental
para indicar um profissional competente. Ser sensível para conhecer os caminhos
cognitivos dos alunos e desenvolver a arte de perguntar com clareza e precisão é
uma habilidade que deve se manter presente nas dinâmicas.
É de extrema importância o professor estar pronto para ouvir indagações e
respostas não esperadas. Estas devem ser discutidas respeitando o repertório dos
alunos.

Jornal
Várias atividades podem ser elaboradas com este meio de comunicação. Através do
uso da imprensa escrita, os alunos podem desenvolver o domínio desta linguagem,
que é fundamental para o conhecimento, além de proporcionar e incentivar as
crianças para uma formação crítica. Os textos dos quais eles irão se apropriar
permitem uma aproximação com os fatos reais e a interpretação dos mesmos. Este
material se torna rico e oportuno quando unido à visão ampla e crítica das ciências
sociais.
Ao observar os variados jornais, com foco no mesmo assunto ou temas
semelhantes, há a possibilidade de os alunos passarem a perceber as tendências e
interesses políticos que ocorram na imprensa.
O contato com alguns tipos de mídia, quando orientado, proporciona aos alunos a
interpretação das variadas formas e signos que podem ser usados de forma
intencional. Eles podem notar, através das linguagens, como imagens, diagramação
ou manchetes, a própria linguagem textual ou escolha de temas mais
sensacionalistas ou não, a imprensa é capaz de induzir, seduzir, direcionar o
pensamento e as escolhas de seu público. Essas observações devem ser

PEDAGOGIA 96
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mencionadas ao manusear este veículo da comunicação para fazer uso do mesmo


nas aulas. É importante que os alunos saibam com qual material ele está lidando!
Mural ou Varal
Construir um espaço que proporcione os alunos estarem em contato constante com
notícias da imprensa escrita, traz o hábito e cria o vínculo da turma com o material.
Ao buscarmos construir cidadãos críticos, é importante esta leitura de mundo, que
podemos proporcionar a eles através deste veículo. A proposta de um mural ou varal
deve ser conivente com o interesse das crianças. No momento que eles percebam a
importância deste espaço, eles passam a valorizá-lo.
As informações ali contidas podem ser variadas. Dos dados estatísticos, por
exemplo, podemos captar várias informações e analisá-las por gráficos que
dimensionem as formas de organização e relação sociedade/natureza. Compreender
melhor através das observações da população; renda per capta, tabelas de jogos
esportivos, analfabetismo, população imigrante, produtos do mercado com maior
índice de aceitação, aspectos quantitativos da população etc. Estas informações não
se prendem apenas aos dados, mas implicam e requerem análises e conexões no
âmbito social para cada uma delas, no intuito de aproximá-las da realidade.
Os temas podem ser discutidos de acordo com o planejamento do ano letivo ou
podem ser propostos, quando ocorrem fatos ou acontecimentos inusitados. As
informações colhidas, dependendo da fonte, acarretarão consequências na
interpretação dos alunos. Portanto, é pertinente a avaliação da origem de onde
surgem as pesquisas e a apresentação de várias fontes para interpretação.
Apresentamos, em aula anterior, a proposta da tabela climática como fonte para
análise das estações do ano. Esta tabela é um exemplo de como podemos usufruir
das informações obtidas nos jornais.
Este mural pode ser parte do cotidiano das aulas e a responsabilidade das
informações, modificações e explanações podem ser feitas por rodízios de grupos de
alunos. O hábito da pesquisa nos jornais/revistas favorece a construção de noções,
conceitos e categorias próprias do conhecimento histórico. A partir deste contato, os
alunos passam a ter uma relação mais próxima com o mundo. De acordo com a
seleção dos artigos, é possível praticar a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade, com investigações e questionamentos, com vistas ao estímulo
da criatividade e espírito crítico dos alunos, além de conceitos e conhecimentos que
permeiam o conhecimento intelectual.

Faça uma análise da imprensa escrita que rodeia sua comunidade e observe as
linguagens e focos de interesses das mesmas. Crie as suas referências desses meios
de comunicação para que você possa ter argumentos com os alunos sobre esse
assunto.

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Aula 29_Atividades: Parte II- Textos/ Documentos

Para discutirmos as atividades em torno dos documentos e textos, vamos apresentar


como exemplo parte de um documento, que podemos entender como uma “certidão
de nascimento do Brasil”. A riqueza de informações contidas neste texto, a “Carta de
Pero Vaz de Caminha”, pode ser analisada sob vários aspectos.

Questões geográficas e sócio-culturais podem ser observadas por via deste objeto:

 Localizações em mapas dos lugares citados;

 Análises comparativas em relação à cultura lusa e indígena;

 A linguagem textual do século XV;

 Questão do tempo-calendário, séculos, períodos; espaço – distâncias e tempo


percorridos, ambiente encontrado pelos portugueses e correntes marítimas;
ofícios ocupados no período indicado no documento;

 Datas religiosas.

Em suma, parte da história do Brasil entre várias outras informações. Assim como
este exemplo, o professor pode recolher outros que possam ser analisados, inclusive,
partir de realidades que fazem parte da comunidade:

 Fundação da escola, da cidade ou ainda pedir a colaboração dos alunos que


possam trazer documentos que possam estar em poder de suas famílias.

 Um contrato de aluguel, por exemplo, pode ser analisado e concebido,


obviamente, como um documento, para que a classe compreenda a importância
do retrato de um período a partir de documentos que usam a linguagem escrita e
que fazem parte de suas vidas.

Leia a “Carta” com eles com apoio do dicionário. Observe parágrafo por parágrafo e
dê as informações aos poucos, como um jogo de suspense! Peça para que os
alunos desenhem os fatos que mais os marcaram. Eles estarão elucidando o fato
através de outra linguagem. Desta forma, o professor terá condições de avaliar a
compreensão dos alunos em relação ao que foi exposto. Desenvolver histórias em
quadrinhos ou cineminha, feito com caixa de papelão e com folhas coladas e

PEDAGOGIA 98
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desenhadas, também são atividades interacionistas, que se diferem e conseguem


captar o interesse das crianças para o tema abordado. A dramatização também pode
ser aplicada, principalmente em relação ao trecho que aponta o contato entre os
portugueses e os índios. Grifamos alguns trechos para chamar a atenção de alguns
aspectos que podem ser analisados.

Caso você tenha interesse de observar a carta em sua íntegra, acesse o link:
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html

“[...]A partida de Belém foi -- como Vossa Alteza sabe, segunda-feira


9 de março. E sábado, 14 do dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos
achamos entre as Canárias, mais perto da Grande Canária. E ali
andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a
quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas mais ou
menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, a saber da ilha de
São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.

Na noite seguinte à segunda-feira amanheceu, se perdeu da frota Vasco de


Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser !
Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... Não
apareceu mais !

E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das
Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra,
estando da dita Ilha -- segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os
quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam
botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira
seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos. Neste mesmo dia, a
horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande
monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra
chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte
Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!

[...]E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo
disseram os navios pequenos que chegaram primeiro.

[...]Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos
nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau
Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os

PEDAGOGIA 99
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depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por
o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma
carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe
arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de
penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de
continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o
Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não
poder haver deles mais fala, por causa do mar.
À noite seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus. E
especialmente a Capitanisol-postoa. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais
ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar ancoras e fazer vela.
E fomos de longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados na popa, em direção
norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nós
ficássemos para tomar água e lenha,. Não por nos já minguar, mas por nos
prevenirmos aqui.[...]
E velejando nós pela costa, na distância de dez léguas do sítio onde tínhamos
levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro,
muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada.
E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por
mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no
esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que
estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis
ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os
aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito
prazer e festa. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons
rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem
mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a
cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e
metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da
grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela
parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a
modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa,
nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber. Os cabelos deles são
corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa
grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da
solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave
amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe
cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com
uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui
basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma
alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao
pescoço.... Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia

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fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do
Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o
colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um
castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal,
como se lá também houvesse prata!
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na
mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro;
não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e
não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes
ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não
quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam
fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele
nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada
um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na
fora.
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou
muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do
braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão,
como se dariam ouro por aquilo. Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o
desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não
queríamos nós entender, por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as
contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem
procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as
cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. O Capitão mandou pôr por baixo da
cabeça de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E
deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e
adormeceram.”

PEDAGOGIA 101
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Aula 30_Atividades- Parte III: Recursos Audiovisuais

A tecnologia é uma realidade da qual faz parte a educação nos dias atuais. Os
filmes, desenhos, documentários que podem ser expostos através de vídeos ou
DVDs, podem ser muito úteis para ilustrar as aulas de Ciências Sociais. Através
das imagens, o aluno pode se transportar e se aproximar de forma dinâmica de
realidades que ele não conhece. O uso desta técnica nas aulas deve ser aprazível,
mas com determinações pedagógicas específicas. O objetivo, neste caso, não é
lazer, e sim uma ferramenta para direcionar uma aprendizagem e avaliação
específica.

O docente deve desenvolver atividades com antecedência, com clareza de seus


objetivos, para que os alunos compreendam desde o início o propósito da atividade.
Vários enfoques podem ser discutidos. Os filmes podem ilustrar os espaços
geográficos como um todo. Além de identificar uma determinada localização, podem
ilustrar costumes e hábitos sociais de uma época ou mostrar características culturais
de outros povos em outras regiões.

Antes de apresentar o vídeo aos alunos, deve haver um espírito de curiosidade que
os deixe atentos à novidade. A turma pode discutir as hipóteses do tema que será
assistido. O vídeo pode ser o primeiro instrumento para se apresentar um novo
conteúdo. Pode ser ilustrativo ou fazer parte do contexto no correr do aprendizado e
a avaliação pode ser aplicada de várias formas.

A) Uma tabela (com três colunas) sugerida pelo “Discovery na escola” tem como
princípio que os alunos já conheçam algo sobre o assunto que será ilustrado.

Desta forma, os alunos iniciam a atividade fazendo anotações, na primeira coluna,


de seu conhecimento prévio sobre o assunto. Na segunda etapa, onde os alunos
devem preencher a segunda coluna, o professor pode propor algumas opções:

PEDAGOGIA 102
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1) Anotar o que assistem durante a mostra do filme e destacar os aspectos curiosos


e questionadores sob seu ponto de vista;

2) Determinar o que gostariam de saber ou ver e ainda não tiveram oportunidade


(com esta reflexão, o professor pode programar outras atividades das quais os
alunos tenham interesse).

Na terceira fase da tabela, terceira coluna, os alunos poderão concluir redigindo:

1) O que aprenderam;

2) Determinar os aspectos que não foram esclarecidos. O professor pode estimular


esta provocação, para dar continuidade ao tema explanado através de pesquisas.

B) Outra forma de avaliar, por via dos audiovisuais, de forma mais específica, é
indicar aos alunos as observações que eles devem reter ao assistir um filme.
Também se pode elaborar uma tabela. Na primeira coluna, peça para que eles
determinem as características da sociedade em que eles vivem. Por exemplo: onde
vivem; materiais usados nas construções; a divisão do trabalho; a alimentação; vida
das crianças e outras características que você encontrar como necessárias para
serem analisadas. Ao lado da primeira coluna, na tabela, eles indicarão as
observações notadas no filme em relações às mesmas questões. Desta forma, eles
terão um quadro comparativo, com base nos aspectos geográficos e sociais de
alguns povos ou regiões.

Existem várias outras formas em que o docente pode usar este instrumento de
trabalho. O importante não é apenas ser criativo, e sim consciente das dificuldades e
conhecimentos do grupo que acompanha, para que a dinâmica seja estimulante e
não apenas uma aula para se assistir um filme de forma descompromissada.

Recursos em áudio

PEDAGOGIA 103
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Sabemos que nos dias de hoje 75 % dos nossos sentidos são explorados através
da visão. Por este motivo, não podemos nos esquecer, acima de tudo, como
educadores, de estimular os outros sentidos e habilidades das crianças. Através
das músicas, podemos exercitar a sensibilidade e linguagem auditiva. Apesar da
educação musical ter se afastado dos currículos escolares, podemos fazer uso desta
ferramenta nas aulas de história e geografia com muita propriedade. A arte, como
fenômeno da expressão humana, nos indica os valores e características de uma
época. A música reflete pensamentos e reflexões dos interesses e opinião política,
costumes culturais de uma região e de um período, portanto, uma excelente forma
de ilustrar as aulas de história e geografia.

O sociólogo italiano Domênico di Masi, relata que a escola deva se preparar para a
nova realidade e repensar o seu papel. Defende a união do estudo, trabalho e
diversão para as pessoas serem mais felizes. Com as máquinas, o ser humano terá
mais tempo ocioso, e o que o diferenciará serão suas atitudes criativas. A música
pode ser uma maneira divertida de aprendermos a cultura de um povo. A mistura de
letra e melodia traz uma bagagem de informação, que esclarece vários aspectos do
cenário político de determinada época. O Brasil e o mundo podem ser observados
através das canções, através das preferências de uma juventude.

Os instrumentos, e atualmente, os equipamentos eletroeletrônicos também indicam


o comportamento de um período. Enquanto na metade do século passado,
principalmente as meninas, de classe social mais alta, praticavam aulas de piano,
hoje elas usam os IPODs pelas ruas ou em salas de aula.

De Bach, Beethoven ou Chopin, hoje os jovens se comunicam através do funk ou o


rap. Flautas de bambus tocadas pelos índios e os berimbaus nas rodas de capoeira
embalando a ginga dos negros africanos, e ainda o pandeiro nas rodas de samba! A
discriminação do tango na Argentina, e o preconceito em relação aos sambistas no
Brasil! E o que seria o nordeste brasileiro sem a sanfona, e seu ídolo, Luiz Gonzaga!
Os discos de Long Play, passaram a ser CDs e atualmente, as músicas são
capturadas e “baixadas” na internet para os Mp3s. Ouvia-se rádio, hoje se assiste
DVDs ou MP4. Podemos estruturar uma linha do tempo para observar um
comportamento social através das expressões musicais.

PEDAGOGIA 104
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Observem que ainda não falamos de letras de músicas. Estas podem ser usadas
como ferramentas em salas de aula, para analisar e contextualizar as questões e
costumes sociais. De músicas folclóricas a poesias cantadas (Vinícius de Morais), às
músicas de protestos (anos da ditadura militar), ou vozes que apontam a realidade
social vivida no Brasil ou no mundo. (Cazuza e os próprios raps)

Visite o site:

http://acervo.novaescola.org.br/arte/musica/

Quando possível, mantenha fundo musical em suas aulas. As crianças se acalmam


e se inteiram num ambiente aprazível e diferenciado por estimular a audição! Os
PCNs indicam que os alunos devem usufruir dos conhecimentos reconhecidos como
necessários para o exercício da cidadania. Com as características que ilustramos
nesta aula, observe o seu entorno, a sua vida, e a relacione com os movimentos
artísticos de sua época e reflita o quanto elas se imbuíam dentro de sua história.

PEDAGOGIA 105
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Aula 31_Encerramento - Jogos e Imagens

“O que é regra? Algo que se constrói por consentimento. É como em um jogo.


As regras são arbitrárias, mas a criança aceita porque gosta de jogar”

Lino Macedo

O jogo é uma das atividades mais antigas praticada pelos homens. Mais do que
diversão, são capazes de educar, ensinar e disciplinar. Através do lúdico, o ser
humano se socializa e desenvolve o respeito mútuo no ambiente que ocupa, o senso
de organização fica mais aguçado e os espíritos crítico e competitivo são postos em
evidência. Assim como as viagens, os jogos são capazes de nos trazer vivências e
aprendizados. Para a criança, são capazes de transformar o mundo infantil, além de
aprenderem e fixarem o conteúdo com maior facilidade. Com este tipo de vivência, a
criança aproxima e assimila a realidade e enriquece sua personalidade, projeta
hipóteses e elabora soluções.

Para ilustrar os conteúdos de história e geografia, a elaboração dos jogos permite: a


busca de diferentes informações; a compreensão e contextualização de fatos que
ora se mostravam isolados; identificar grupos sociais e suas ações em diferentes
tempos e espaços; observar as diversas atitudes humanas; incitar o raciocínio lógico
para compreender as permanências e modificações do seu entorno; estabelecer
coerência para a melhor compreensão dos acontecimentos sociais, etc. Os jogos, de
preferência, com o intuito de valorizar a capacidade das crianças, podem ser
elaborados por eles próprios. É importante o adulto estar atento ao mundo que os
cerca, para sintonizar as novas possibilidades e informações que podem se
desdobrar a partir das brincadeiras.

Imagens/ Imagens x textos

PEDAGOGIA 106
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O jogo da memória: várias peças que fazem par, virados de cabeça para baixo, vão
sendo desvirados para montagem dos pares. O jogador que conseguir fazer mais
pares é o vencedor. Os alunos podem elaborar um jogo como este, fazendo uso das
imagens dos conteúdos explanados. De forma natural, eles selecionam informações
que foram mais significativas sobre um determinado conhecimento aprendido. Desta
forma, o professor pode avaliar se foi feliz a comunicação da determinada
mensagem daquele conteúdo.

Outra forma de montar um jogo de memória é fazer pares com imagem e


informação pertinente à ilustração. A habilidade perceptiva deverá ser maior, logo,
um desafio com mais astúcia para o aluno e seus colegas! O jogo pode ser
construído individualmente ou em grupo. É interessante que depois de pronto, seja
permitido o uso do mesmo. Através do exercício do jogo, os alunos aprendem outros
valores, como regras dos relacionamentos sociais, além do conhecimento e as
habilidades motoras que foram desenvolvidas no processo de construção do jogo.

Mico

O jogo do mico: feito de cartas, com casais de animais que formam pares, e que o
jogador que fica com o Mico no final (um animal que não tem par, simbolizado por
um macaco) é o perdedor.

Este é outro jogo que pode ser explorado com as informações contidas nas aulas
das ciências sociais. Os casais de animais podem ser substituídos por questões
geográficas, relacionadas a palavras (no período de alfabetização), ou
características sociais de um povo ou época, que fazem par com seus objetos de
uso nas devidas comunidades.

O mico pode ser alguma crítica social. Por exemplo, os alunos podem elaborar um
jogo de cartas com as profissões e as devidas ferramentas ou espaços ocupados
pelos trabalhadores, e o mico, pode ser uma carteira de trabalho (uma ótima
oportunidade para discutir tal assunto com os alunos, como direitos e deveres dos
trabalhadores e o desemprego no Brasil e no mundo!)

PEDAGOGIA 107
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Jogo de tabuleiro

Através de um tabuleiro, que pode ser construído com papelão ou madeira, é


elaborado um caminho, uma trilha, que deve apresentar favorecimentos ou
dificuldades para se alcançar à reta de chegada. A locomoção sobre a trilha é feita
com peças diferenciadas, para identificar cada jogador.Podemos começar a
brincadeira ao elaborar a trilha do jogo. Pode ser um tipo de maquete, com terceira
dimensão. Podemos criar um espaço geográfico, com rios e montanhas por onde as
peças irão passar. Estas também podem ter características específicas:
bandeirantes, índios, portugueses, imigrantes etc. As regras que facilitam ou
dificultam até a linha de chegada podem ser apontadas a partir do conteúdo
explanado e discutido nas aulas anteriores. As pesquisas acabam surgindo de forma
natural para agregar valores ao objeto.

Bingo

Trocar os números por cartelas com ilustrações. As peças cantadas podem ser
palavras que deverão servir para preencher as cartelas, elaboradas pelos alunos, as
quais podem ser elaboradas com palavras ou imagens. Conforme se “canta” as
informações no jogo, além do preenchimento da cartela, podem desenvolver outras
atividades em paralelo, como: questões que devam ser respondidas com
curiosidades ou mímicas e canções que podem ser dramatizadas pelas crianças em
relação aos temas.

Para a formação deste conjunto, sugerimos no máximo a formação de cinco


cartelas e cada uma com no máximo 12 informações. As cartelas podem ser depois
xerocadas para que todos tenham o jogo.

Atenção

As próprias crianças têm capacidade de elaborar novos jogos e traduzir novas


regras. Elas podem trocar os brinquedos entre as classes e perceber valores que

PEDAGOGIA 108
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alguns colegas apontaram e bem como conteúdos a partir de observações, dúvidas


ou curiosidades.

Sugerimos como bibliografia

ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8a ed.


Petrópolis: Vozes, 2000

E também:

Os jogos e o lúdico na aprendizagem escolar, de Lino Macedo, Ed. Atmed.

E do mesmo autor, Aprender com jogos e situações problemas, ed. Artes


Médicas Sul.

Visite os sites:

https://casinhadeleitura.wordpress.com/2010/03/12/o-ludico-na-sala-de-aula/

http://www.esoterikha.com/coaching-pnl/tecnicas-de-dinamicas-de-motivacao-para-
sala-de-aula-motivar-alunos.php

PEDAGOGIA 109
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Aula 32_Aluno Cidadão

Nesta última aula, pretendemos estruturar um parecer conclusivo relativo ao que


expusemos em nossa disciplina. O trabalho pedagógico aqui exposto, na área das
Ciências Sociais, propõe seguir a sugestão dos PCNs, logo, estimular a formação de
um sujeito cidadão. Para tal, devemos trazer como lembrança, princípios que nos
fazem crer no que é compreendido como cidadania. Hoje sabemos que este conceito
não se limita ao direito ao voto. O termo carrega muito mais complexidade na teia
social política enredada pelos direitos e deveres sociais de cada um.
Os direitos, como a liberdade individual – de ir e vir, de imprensa, de justiça, não se
limita ao espaço único do sujeito. Quando abordamos qualquer uma das liberdades
apontadas acima, devemos atentar para o coletivo, o social. As instituições, e mais
especificamente as escolas, devem ser o celeiro de aprendizagens e vivências,
capazes de demonstrar e experimentar os jogos das interações sociais. É
neste espaço físico, que as crianças partilham, junto a outros, de parte
da história de suas vidas. O aluno se torna um membro de um organismo, investido
de ordens e autoridades, mas com possibilidades de ser ator, um sujeito que
compartilha e vive nesta sociedade. A herança social que ele carrega desta
experiência é que oportunizará as atitudes futuras deste aluno como cidadão. No
momento em que ele compreender que é parte do espetáculo, queremos que ele
tenha intenção de atuar da melhor maneira possível.
Falar em cidadania é antes de tudo, lembrarmos da existência do documento
internacional da “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, de 1948.

Vamos nos deter ao primeiro artigo:


“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados
como são de razão e consciência, devem comportar-se fraternalmente uns com os
outros”. A partir deste dizer, podemos iniciar novamente um novo curso e
desenvolver várias aulas, discutindo estas palavras, e analisá-las por longos períodos.
Somos e podemos ser livres numa sociedade onde existem interesses coletivos?
Temos os mesmos direitos? Mas, fazemos por merecer, se a contribuição social que
damos não é posta de forma homogênea? Somos conscientes de nossos atos?
Agimos pela razão a ponto de desprestigiar a emoção e não favorecermos aqueles
que nos são próximos?
Note que apenas destacamos partes das ideias do primeiro artigo. E não tocamos na
questão da Constituição Federal, estamos tratando de “direitos universais”.
Pretendemos que com as questões que apontamos em nosso curso, e nesta aula
especificamente, você, como docente, e acima de tudo cidadão/ cidadã, se sinta apto
para discutir estas e outras como muitas questões que possam surgir em sua sala de
aula.

PEDAGOGIA 110
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Agora vamos nos lembrar de algumas músicas. Envolva sua memória emotiva e
reflexiva e observe nossa diversidade, de um Brasil híbrido que partilhamos, mas
acima de tudo, questione as inquietações apontadas nestas poesias, e atente para
seu desafio profissional:

Músicas

Rap da Felicidade (Júlio Rasta)


“Eu só quero é ser feliz, e andar tranquilamente na favela onde eu nasci
E poder me orgulhar, e ter a consciência que o pobre tem seu lugar”....

Lata d’água (Luiz Antonio e Jota Júnior) – 1952


“Lata d’água na cabeça, lá vai Maria, lá vai Maria
Sobe o morro e não se cansa, pela mão leva a criança, lá vai Maria...”

Pelo Telefone (Donga) –1917 – letra original


“O chefe da polícia, pelo telefone, mandou avisar
Que na carioca tem uma roleta para se jogar...”

Feitiço da Vila (Noel Rosa) 1934


“Quem nasce lá na Vila nem sequer vacila ao abraçar o samba [...] Lá na vila Isabel,
quem é bacharel não tem medo de bamba
São Paulo dá café, Minas dá leite, e a Vila Isabel dá samba...”

Sampa (Caetano Veloso)


“Alguma coisa acontece no meu coração,
que só quando eu cruzo a Ipiranga e Av São João,
é que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de suas esquinas...”

Inútil (Roger) 1982

PEDAGOGIA 111
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“A gente não sabemos escolher presidente


a gente não sabemos tomar conta da gente
a gente não sabemos nem escovar os dentes
tem gringo pensando que nós é indigente.[...]”

Reflita: questione o quanto você é e pode ser e formar novos cidadãos...com a


lembrança de Aquarela do Brasil (Ari Barroso) 1939:

“Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro[...]


O Brasil do meu amor, Terra de Nosso Senhor [...]
Oi, essas fontes murmurantes, onde eu mato a minha sede [...]
Terra de samba e pandeiro, Brasil, Brasil,
PRA MIM, PRA MIM”

Ou...Tocando em Frente (Almir Sater)


“Ando devagar, porque já tive pressa
Levo esse sorriso, porque já chorei demais
HOJE ME SINTO MAIS FORTE, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza, de que muito POUCO EU SEI ,
EU NADA SEI.
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir [..]”

E, por fim, Cazuza.


IDEOLOGIA, EU QUERO UMA PRA VIVER....

PEDAGOGIA 112
UNIVERSIDADE
Núcleo de Educação a Distância

Resumo_Unidade IV

Esta unidade foi dedicada ao estudo, análise e compreensão dos objetos que cercam
um planejamento. Observamos que o plano do docente, com qualidade, deve ser
tratado e partilhado com a equipe com reflexões e buscas constantes. Os conteúdos
propostos devem ser seguidos de experiências significativas do cotidiano do aluno
além de serem maleáveis, para permitir uma dinâmica de questionamentos da
classe.
Propusemos sugestões de conteúdos para as séries iniciais nas ciências sociais, e
enfatizamos como as relações sociais devem permear todas as séries assim como a
prática da integração entre as outras ciências (físicas e biológicas). Notamos que é
preciso educar com vistas a um pensamento dialético e não nos moldes da repetição
como anteriormente, quando o professor era o transmissor e o aluno mero receptor.
A avaliação deve ser um meio e não o fim do processo de aprendizagem, assim
como formação educacional: deve trazer traços contínuos, unindo teoria e prática.
Vimos também, nesta unidade, várias atividades que podem ser aplicadas como
estratégias no processo de educação, como uso de jornais, jogos, vídeos, textos e
músicas.
Por fim, encerramos com comentários finais, analisando os conceitos propostos
pelos PCNs e o quanto somos, na diversidade que nos é apresentada, responsáveis
como docentes, pela formação dos novos cidadãos brasileiros.

Referências Bibliográficas

ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 8a


ed. Petrópolis: Vozes, 2000
DEPRESBITERIS, Lea. Avaliação educacional em três atos. SENAC, São Paulo:
1999
GUELLI, Neuza Sanchez, ORENSZTEJN, Miriam. Geografia: ensino fundamental,
São Paulo: Moderna, 2000
MINISTERIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais. História e Geografia 3 ed. Brasília: A Secretaria, 2001

PEDAGOGIA 113
UNIVERSIDADE
Núcleo de Educação a Distância

MORETTO, Vasco. Prova. Um momento privilegiado de estudo - não


um acerto de contas. 2 ed. Rio de Janeiro: DP&A,2002.
NIDELCOFF, Maria Teresa. A escola e a compreensão da realidade. 11A ed, São
PauloBrasiliense, 1979
______. As ciências sociais na escola: para alunos de 12 a 16 anos. São
Paulo:brasiliense, 2004
PENTEADO, Heloisa Dupas. Metodologia do ensino de História e Geografia.
São Paulo:Cortez, 1994-série Formação do Professor
RIOS, Jaume. Conhecimentos dos meios social e cultural. In: Como trabalhar os
conteúdos procedimentais em aula. Antoni Zabala (org). Porto Alegre: Ed Artes
Médicas Sul Ltda., 1999
SOUZA, José Gilberto de, KATUTA, Ângela Massumi. Geografia e conhecimento
cartográficos. A cartografia no movimento de renovação da geografia brasileira e a
importância do uso do mapa. São Paulo: UNESP,2001

___________
Sites
Imagens de Debret
http://images.google.com.br/images?hl=pt-BR&q=debret&btnG=Pesqui sar+imagen
s

Imagens de Benedito Calixto


http://www.pinacoteca.unisanta.br/portugues/bcalixto.htm
http://www.novomilenio.inf.br/santos/calixtnm.htm

Carta de Caminha
http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html

Trabalho com Vídeos


http://discoverynaescola.com/port/docentes_herramientas.shtml

Domênico di Masi
http://novaescola.abril.com.br/ed/136_out00/html/fala_mestre.htm

PEDAGOGIA 114
UNIVERSIDADE
Núcleo de Educação a Distância

Lino Macedo
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0183/aberto/mt_73655.shtml

Declaração Universal dos Direitos Humanos”, de 1948.


http://www.anpuh.uepg.br/historia-hoje/vol3n7/maria.htm

PEDAGOGIA 115

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