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UNIVERSIDADE

Núcleo de Educação a Distância

PEDAGOGIA
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Núcleo de Educação a Distância

Créditos e Copyright

C186c CAMBA, Mariângela.

Avaliação Institucional e Práticas. Mariângela Camba: Núcleo de


Educação a Distância da UNIMES. Santos, 2009. 120p.
(Material didático. Curso de Licenciatura em Pedagogia).

Modo de acesso: www.unimes.br

1. Pedagogia 2. Avaliação institucional

CDD 370

UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS

PEDAGOGIA
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Núcleo de Educação a Distância

PLANO DE ENSINO

CURSO: Licenciatura em Pedagogia

COMPONENTE CURRICULAR: Avaliação Educacional e Prática

SEMESTRE: 6º

CARGA HORÁRIA TOTAL: 80

EMENTA

Avaliação educacional: fundamentos teóricos. As principais tendências e


perspectivas da avaliação, presentes na educação brasileira. Avaliação institucional
como avaliação interna da escola e externa, pelo sistema com exercício de práticas.

OBJETIVO GERAL

Compreender conceitos e finalidades da avaliação. Compreender a necessidade de


avaliação permanente do desempenho dos alunos e do sistema de ensino como um
todo. Promover condições que possibilitem ao aluno posicionar-se criticamente
frente ao campo de avaliação no sistema de ensino.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Unidade I: Avaliação Educacional

· Compreender a importância da Avaliação e suas definições;


· Entender a relevância da Avaliação na Educação;
· Preparar o profissional da educação para refletir sobre por que e como
avaliar;
· Refletir sobre as perspectivas da cultura avaliativa;
· Compreender a relevância da prática da Avaliação, dentro e fora do campo
Educacional.

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Unidade II: Avaliação Processual

· Compreender a Avaliação na e da ESCOLA;


· Refletir sobre os instrumentos de avaliação, como e onde utilizá-los;
· Perceber e compreender os procedimentos da Avaliação.

Unidade III: Avaliação Institucional

· Compreender a Avaliação Institucional;


· Refletir sobre os caminhos da Avaliação.

Unidade IV: A avaliação da Educação Superior

· Refletir sobre a Avaliação no Ensino Superior.

Bibliografia Básica

CAPPELLETTI, Isabel Franchi. (org.). Avaliação da Aprendizagem: discussão de


caminhos. São Paulo: Editora Articulação Universidade/Escola, 2007.

____________. Isabel Franchi. Avaliação de Políticas e Práticas Educacionais.


São Paulo: Ed. Articulação Universidade/Escola, 2002.

____________. Isabel Franchi. Análise Crítica das Políticas Públicas de


Avaliação. São Paulo: Ed. Articulação Universidade/Escola, 2005.

Bibliografia Complementar

DIAS SOBRINHO, José. Avaliação da Educação Superior. Petrópolis, RJ: Vozes,


2000.

HADJI, C. Avaliação Desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.

PEDAGOGIA
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LUCKESI, Cipriano Carlos, Avaliação da Aprendizagem Escolar, São Paulo,


Cortez Editora, 1996.

MANUEL, J. e MÉNDEZ, A. Avaliar para Conhecer: Examinar para Excluir. Porto


Alegre: Artmed, 2002.

PERRENOUD, Philippe, Avaliação: da excelência à regulação da aprendizagem -


entre duas lógicas. Artes Médicas, Porto Alegre, 1998.

METODOLOGIA

As aulas serão desenvolvidas por meio de recursos como: videoaulas, fóruns,


atividades individuais, atividades em grupo. O desenvolvimento do conteúdo
programático se dará por leitura de textos, indicação e exploração de sites,
atividades individuais, colaborativas e reflexivas entre os alunos e os professores.

AVALIAÇÃO

A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e


apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como
forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados na parte
teórica e prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades em momentos
específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações à distância e Presencial, de
acordo com a Portaria da Reitoria UNIMES 04/2014.

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Sumário

Aula Inaugural........................................................................................................................................8
Aula 01_O que Esperamos da Avaliação?...............................................................................................9
Aula 02_O que Esperamos da Avaliação?.............................................................................................12
Aula 03_Definições de Avaliação..........................................................................................................15
Aula 04_Definições de Avaliação - Continuação...................................................................................18
Aula 05_Por que Avaliar?.....................................................................................................................20
Aula 06_Avaliação: Desafios e Perspectiva...........................................................................................23
Aula 07_Avaliação: A História Buscando Novos Sentidos.....................................................................26
Aula 08_A História da Avaliação...........................................................................................................30
Aula 09_Avaliação como Processo.......................................................................................................33
Aula 10_Avaliação da Aprendizagem e Ética........................................................................................36
Aula 11_Verificação ou Avaliação da Aprendizagem?..........................................................................39
Aula 12_Repensando a Avaliação.........................................................................................................41
Aula 13_Observação e Registro............................................................................................................44
Aula 14_Avaliação na Modalidade a Distância.....................................................................................46
Aula 15_O Desempenho do Aluno na Modalidade EaD.......................................................................49
Aula 16_A EAD Veio Para Ficar?...........................................................................................................51
Aula 17_Avaliação Institucional - Primeiro Estudo...............................................................................53
Aula 18_Avaliação Instituional - Discutindo o Conceito.......................................................................56
Aula 19_As Primeiras Políticas..............................................................................................................58
Aula 20_Exame Nacional de Curso (ENC).............................................................................................60
Aula 21_Programa de Avaliação Institucional das Univrsidades Brasileiras (PAIUB)............................63
Aula 22_Sistema de Avaliação e Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP).....................65
Aula 23_Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)...................................................................67
Aula 24_Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).............................................................................70
Aula 25_Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES).............................................73
Aula 26_Prova Brasil.............................................................................................................................76
Aula 27_Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA)............78
Aula 28_A Avaliação (Hoje)..................................................................................................................80

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Aula 29_A Avaliação da Educação Superior..........................................................................................83


Aula 30_Avaliação do Ensino Superior no Brasil...................................................................................87
Aula 31_A Educação Superior...............................................................................................................91
Aula 32_Avalição Institucional - Uma Conclusão..................................................................................94

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Aula Inaugural

Caro Aluno,

Estamos iniciando a Disciplina que tratará, com muita atenção, sobre a Avaliação
Institucional e Práticas.

Acompanharemos juntos as principais tendências e perspectivas da avaliação,


presentes na educação brasileira.

Esta Disciplina está dividida em quatro unidades: I - Avaliação Educacional;

II - Avaliação Processual;

III - Avaliação Institucional;

IV - A Avaliação da Educação Superior.

Esperamos que possa ampliar seus conhecimentos, acompanhar todas as aulas


com atenção e trocar muitas ideias e reflexões.

Professores de Avaliação Institucional e Práticas

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Aula 01_O que Esperamos da Avaliação?

Era uma vez...

É isso mesmo o que você está pensando... Vamos iniciar mais uma história, só que
desta, você é parte integrante, é personagem. Antes de iniciar, gostaríamos de
saber se você já se perguntou por que somos fascinados por contos infantis. Penso
que seria interessante para todo educador obter respostas a este questionamento,
pois acreditamos que todos nós deveríamos gostar do sonho, da fantasia. A
fascinação existente nos contos infantis ocorre porque o narrador nos vai
conduzindo por um mundo repleto de inícios, tramas e sonhos, que depois, bem
depois lá no fim da história, acaba quase sempre tudo dando certo. Por isso, sempre
sentimos atração pelas histórias capazes de nos manter em suspense...
Esperançosos e sonhadores.

Como nessas histórias, esta que aqui se conta expõe a avaliação como a
esperança de um recurso pedagógico útil, com muitos aspectos para o sucesso, no
qual é a jornada, não o destino, que pode e deve ser capaz de atrair sua atenção,
porque não se conhece seu final. Você educando, eu educador, gestor das
atividades educativas, juntos faremos o final.

A Avaliação

A avaliação se faz presente na vida de todos nós que estamos envolvidos em


práticas educativas. O que esperamos é uma melhor qualidade de vida. Nós
paramos um instante para encontrar o outro, para nos conhecermos, para amar e
compartilhar. É um momento precioso, mas transitório. Trata-se de um pequeno
parêntese na eternidade. Se partilharmos carinho, sinceridade, amor, criarmos
abundância e alegria para todos nós, esse momento de amor é valioso, inclusivo,
dinâmico e construtivo.

O avaliador dessa nossa história é, geralmente, um adulto e deve, dentre muitas


características, possuir a disposição da hospitalidade, do acolhimento. Como seres

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humanos, temos de primar pela igualdade e pela inclusão e, assim, sermos


detentores dessa disposição, entendendo que sem ela não há avaliação. Sem ela o
objeto, a pessoa ou uma ação já se encontra excluída ou recusada desde o início,
ou então julgada previamente.

Estar aberto, disposto à hospitalidade já é o ponto de partida para qualquer


prática de avaliação e é assim que desejo que você esteja.

Com este propósito e para que você adentre esse mundo novo da avaliação que
agora se inicia, acreditamos ser importante entender o conceito de hospitalidade que
deve necessariamente estar presente no ambiente educacional e, portanto,
agregando valor. A hospitalidade está sempre vinculada às relações entre os seres
humanos. Essas relações envolvem muitas interações entre o anfitrião e o hóspede.
Para fins desta aula gostaria de, junto com você, estabelecer como função básica da
hospitalidade o relacionamento harmonioso.

Segundo Cruz (in Dias Sobrinho, 2002, p. 39) hospitalidade “envolve um amplo
conjunto de estruturas, serviços e atitudes que, intrinsecamente relacionados,
proporcionam bem-estar ao hóspede”.

A hospitalidade ao qual o autor citado se refere é um fenômeno social, e pode ser


caracterizada por existir sob algumas formas ou se preferirmos a partir de quatro
aspectos: Doméstica, Pública, Comercial e Virtual.

Observe: Para ter essa disposição à hospitalidade, precisamos estar atentos a ela.
Não nascemos naturalmente com ela, mas a construímos no nosso caminhar, a
desenvolvemos. Assentados nesse conceito de hospitalidade que optamos por usar,
podemos encontrar dois processos articulados e indissociáveis no ato de
avaliar: diagnosticar e decidir.

São elementos importantes tanto no conceito de hospitalidade como no conceito de


avaliação. Na hospitalidade acolhemos ou não, por isso operamos com o
diagnóstico e o ato decisório, assim como devemos fazê-lo na avaliação. Mas para

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dar tempo a você de se apropriar do nosso discurso sobre avaliação e dos conceitos
aqui expostos, enfim daquilo que hoje iniciamos, pedimos que reflita sobre este tema
e, assim, aproveitamos para convidá-lo a ler e pesquisar aprofundando um
pouquinho mais seus conhecimentos.

Como acreditamos que nada sabemos, que não nascemos prontos, como diz o
professor Mario Sérgio Cortela, e aprendemos uns com os outros no nosso
caminhar, paramos por aqui e o convidamos para na próxima aula dar continuidade
ao assunto.

Até lá!

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Aula 02_O que Esperamos da Avaliação?

Em continuidade à aula anterior, devemos retomar os elementos que compõem a


hospitalidade e que coincidentemente também são elementos que fazem parte
integrante da avaliação: o ato de diagnosticar e o de decidir.

Diagnosticar vem em primeiro lugar, constatando a qualificação do objeto


da avaliação. Será satisfatória ou insatisfatória. Por meio de quais parâmetros?

Satisfatória ou insatisfatória em relação a quê? Em função do quê? Para


quem?

Assim, se depender das circunstâncias ou do olhar que se tem da avaliação, um


objeto ou uma pessoa será qualificado positivamente para um determinado
ambiente, ou negativamente para o mesmo ou outro ambiente, mesmo que ele
possua as mesmas propriedades específicas. Agora sim, diagnóstico feito
começamos a esclarecer nossas dúvidas, existe algo obrigatoriamente a ser feito:
Poderia ser Uma tomada de decisão? O que fazer? Sem esse ato de se posicionar,
de se decidir, o ato de avaliar não se complementa. Em síntese, esperamos que a
avaliação seja um ato de hospitalidade, na qual qualificamos alguma coisa, tendo
em vista, tomar uma decisão sobre ela. Quando atuamos junto a pessoas, a
qualificação e a decisão necessitam ser dialogadas. Um ato dialógico, amoroso e
construtivo.

Você está percebendo como isto é simples. Veja!

Transpondo essa esperança da avaliação para a compreensão da avaliação da


aprendizagem escolar diríamos que o educador necessita dispor-se a acolher o
educando e tudo o que está ocorrendo com ele.

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Acolher o educando como ser humano, na sua totalidade e não só na aprendizagem


específica que estejamos avaliando, tais como língua portuguesa,
matemática...Dentre outros componentes curriculares.

Sem acolhimento temos a recusa. A recusa significa a impossibilidade


no estabelecimento de um vínculo no trabalho educativo com quem está sendo
recusado.

Assentados no acolhimento do nosso educando, do nosso estudante, podemos


praticar todos os atos educativos, inclusive a avaliação. E, para avaliar, o primeiro
ato é diagnosticar, o que implica, como primeiro passo, coletar
dados relevantes. Veja, dentro do ato de avaliação quando estamos
diagnosticando temos três pontos básicos que devem ser considerados:

1- Dados relevantes (habilidades e competências);

2- Instrumentos;

3- Utilização dos instrumentos.

Já para qualificar, precisamos dar sustentação, fundamentando nosso estudo


sempre na teoria pedagógica e nas práticas de ensino veiculadas em sala de aula.

Em síntese, esperamos que a avaliação da aprendizagem escolar esteja disponível


para acolher nossos educandos no estado em que estejam, para, a partir daí, poder
auxiliá-los em sua trajetória de vida. Portanto, a avaliação da aprendizagem
escolar não implica aprovação ou reprovação do educando, mas sim
orientação e reorientação permanente para o seu desenvolvimento, e se
necessário intervenções, aliás, todas as intervenções necessárias. Acredite, se
você em sua trajetória de vida escolar, em sua formação aprendeu que a avaliação
era a prova, só a prova, convido você a mudar este conceito e juntos trilharmos
caminhos novos. Se ainda está resistente ao modelo de avaliação que estamos
propondo, devido a sua história de vida, conhecendo um modelo, o modelo de

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avaliação que reprova, que pune, procure ficar aberto e não se desespere, pois
ainda temos muito a acrescentar. A história está apenas começando...

Que nesta história que se inicia, não exista medo, mas sim espontaneidade e busca.
Que não exista fim definitivo, mas sim estudo permanente, onde a hospitalidade seja
parte integrante desse processo, um processo melhor e mais inclusivo. Sempre! O
melhor para nós e para todos os estudantes que precisam ser avaliados.

Veja, que história maravilhosa. Por isso continue estudando e lendo nossas
indicações de leituras e outras que você irá buscar para complementar seus
estudos.

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Aula 03_Definições de Avaliação

Você pode perceber que avaliação é coisa séria. É um ato que exercemos
constantemente no nosso cotidiano. A avaliação em educação busca encontrar uma
progressão rápida da aprendizagem do estudante, sempre acompanhada por
profissionais comprometidos, éticos e felizes. Vamos então adentrar os estudos de
avaliação com as definições e conceitos que permeiam a história da própria
avaliação. Como já vimos, a avaliação faz parte de nossas vidas. Somos sempre
chamados a: diagnosticar, decidir, julgar. Diariamente estamos analisando e
apreciando tudo que nos cerca. Para Caro (1982), “Avaliação, em sentido lato, é
parte da vida cotidiana. Mesmo sem recorrer a procedimentos formais todos nós
fazemos continuadamente atos avaliativos sobre ampla gama das atividades
humanas.”

A esse aspecto espontâneo da avaliação soma-se a avaliação planejada que


acontece no contexto escolar durante muitos anos.

Afinal? O que é isso?

Não podemos deixar de mencionar que, apesar de a avaliação ser utilizada desde o
século XIX, especialmente como medida e com objetivos de seleção e classificação,
período chamado pré-Tyler, é precisamente nesse período que se inserem testes de
medida. No entanto, a avaliação só marca o campo há mais ou menos 50 anos
quando atinge altos graus de complexidade e abrange quase todas as áreas
conhecidas, se fazendo então necessária.

Nas palavras de Nevo (1983) “Quase toda a literatura sobre a medida e avaliação
em educação até meados dos anos 60 trata da avali-Ação da aprendizagem do
aluno.”

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Durante muito tempo avaliar significou “... testar a fim de medir o progresso obtido
pelos alunos. Ele se baseia em testes elaborados conforme objetivos definidos
previamente ou em testes padronizados que cobrem objetivos do programa (ou
outros análogos).” (Stake,1982)

Porém, gradativamente, foi crescendo a tendência de ver o aluno não apenas como
um rol de habilidades ou um conjunto de informações, mas como um ser humano
com expectativas, dificuldades, afetividade. Ralph Tyler, um dos primeiros autores a
enfatizar a necessidade de definir claramente os objetivos educacionais como
comportamento manifesto do aluno, foi um grande nome na área e chegou a ser
chamado de “pai da avaliação educativa” (Dias Sobrinho, 2003, p.16); foi também
fundador da avaliação de currículo. A expressão avaliação educacional foi forjada
por ele em 1934. A avaliação educativa começou a se desenvolver como prática
aplicada à educação no início do século XX, e esta era eminentemente técnica
tornando-se centro de interesse dos estudiosos do assunto.

Autores como Tyler (1973) declaravam que:

A avaliação educacional é descobrir o que os estudantes aprenderam


na escola e quais eles estão encontrando dificuldades de
aprendizagem... Avaliação educacional é importante e necessária
tanto para ajudar o professor quanto para dar ao público uma noção
melhor do rendimento educacional e de onde estão os problemas
que requerem cuidadosa atenção.

É interessante perceber que com o passar do tempo os conceitos ou definições de


avaliação vão mudando; estes conceitos vão se ampliando e até destacando dentro
deles outras questões como declara James Popham que, enfoca na avaliação a
sequência de ensino (In Blaine, 1982),

Quando se avalia, faz-se sempre algum tipo de apreciação. Faz-se


uma estimativa ou julgamento de valor de algum fenômeno e, na

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avaliação educacional, estamos interessados em fazer apreciações


acerca do mérito dos empreendimentos educacionais.

Já, Bloom e colaboradores entendem que a avaliação da aprendizagem, “é a coleta


sistemática de dados a fim de verificar se, de fato, certas mudanças estão ocorrendo
no aprendiz bem como verificar a quantidade ou grau de mudança ocorrido em cada
aluno.” (Bloom et alii, 1983). Em 1967, Scriven traz para a área uma nova
contribuição, faz a distinção entre funções e objetivos, destacando que os objetivos
são invariáveis e as funções se referem ao emprego das informações para a
posterior tomada de decisão, fazendo assim uma distinção entre avaliação formativa
e avaliação somativa.

Veja você que hoje navega junto conosco nesse barco maravilhoso que é a
avaliação, como existem pessoas brilhantes em todos os tempos, e que com seus
olhares atentos percebem pequenos detalhes e aproveitam para inovar e para
ampliar seus e nossos conhecimentos, e com isso fazem toda a diferença.

Espero tê-lo deixado com muitas... muitas dúvidas, pois elas são o caminho para a
reflexão e a discussão que ocorrerá em nossos chats e fóruns. Até lá!

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Aula 04_Definições de Avaliação - Continuação

Continuando de onde paramos...

O termo “avaliação formativa” foi utilizado por outros autores, emprestado de


Scriven, para designar a aprendizagem dos alunos e sua motivação. A partir de
1970 a avaliação passa a ser uma área onde muitos estudiosos se debruçam,
contribuindo com uma produção teórica consistente; algumas universidades criam
cursos de formação em avaliação. A avaliação ganha importância e visibilidade e a
própria avaliação se transforma em objeto de estudo desses teóricos.

Em 1989, surge uma concepção de avaliação contextualizada, inserida em uma


escola e uma sociedade com uma problemática sócio-política cultural e econômica.
A redefinição da Avaliação Educacional deve ter como unidade de análise o vínculo
indivíduo-sociedade numa dimensão histórica(...) Daí ser fundamental para a
avaliação, em todos os níveis, o atendimento da atividade humana: da ação prática
dos homens e que pressupõe a análise do motivo e da finalidade dessa ação.
(FRANCO, 1989)

Ora! Não poderíamos deixar de mencionar estas definições de teóricos


conceituados na área de avaliação educacional para que você tivesse a
oportunidade de adentrar esse mundo fascinante que é a aprendizagem de novos
conhecimentos. Portanto, apropriar-se do que tem sido dito e escrito sobre o assunto
e, assim, poder perceber que realmente hoje a avaliação é peça-chave no processo
de ensino e de aprendizagem de nossos estudantes. E percebendo isto
compreendermos, também, como tudo acaba por se encaixar com as ações que
praticamos em nossa vida.

Hardgreaves (1997) assinala que a avaliação que costumava ser aplicada por meio
de exames escritos ou provas de papel e lápis e era embasada em juízos somente
em cima de conhecimentos decorados por estudantes, agora se complementa com
avaliações, às vezes interativas, muitas vezes recolhidas em portfólios, e, com
frequência, envolvendo os estudantes na avaliação de seu próprio progresso, à

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medida que avançam no curso. As definições de avaliação desafiam o tempo e não


podemos deixar de considerar, em nosso país, o usual atraso na comunicação com
relação à apropriação de alguns conhecimentos; há muito tempo foram
compreendidos em outros países, mas que aqui muitas dúvidas e desinformações
ainda persistem.

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Aula 05_Por que Avaliar?

Enfim, afinal... Por que avaliar?

Avaliar para conhecer a realidade... Avaliar para incluir... Avaliar para promover,
para avançar... Avaliar para transformar a realidade avaliada...

Avaliar para formar... Não para o mercado de trabalho, mas também...

Avaliação deve ser, portanto uma das formas de inclusão...

É necessário que entendamos avaliação não como controle, mas essencialmente


como possibilidade de progresso.

O tema avaliar é na atualidade um dos mais relevantes. É importantíssimo!

É importante entender que a avaliação é, antes de tudo, uma exigência social. Faz
parte da nossa vida, das nossas ações diárias, com já dito anteriormente, nos
avaliamos a cada momento, mesmo sem perceber acabamos sempre exercendo
este ato. Só depois de muito tempo esta acabou por adentrar a educação, com uma
conotação mais de controle do que propriamente de conhecimento sobre o que o
estudante já sabe e do que precisa aprender. Para alguns governantes, a avaliação
em educação representa uma das possíveis utilizações dos recursos existentes nos
cofres públicos. As despesas com educação precisam ser justificadas através dos
benefícios que a sociedade retira, comparativamente, aos benefícios provenientes
das utilizações alternativas. Para estes, a avaliação acaba por tornar-se um dos
instrumentos necessários que justificariam estes fins, sendo então necessário tentar
avaliar os benefícios investidos em educação por meio das avaliações.

A avaliação da aprendizagem se revelou um dos mais eficazes instrumentos de


controle educacional. A avaliação quase sempre era vista como atribuição de notas,
via provas, e apresentava uma visão essencialmente de medida. Estabelecia
distâncias entre o espaço professor/alunos. O professor qualificava, classificava e

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punia. Esse exercício autoritário vinha do poder que tinha a avaliação. Por meio
dele, o professor mantinha o silêncio, a disciplina, ganhava a atenção da classe,
fazia com que os alunos executassem as lições de casa, entregassem os trabalhos
nos prazos e não esquecessem o material. A avaliação, segundo esse ângulo de
poder, era fundamentalmente um exercício político. A avaliação também era vista
como controle da função administrativa - burocrática. A estrutura institucional se
preocupava muito mais com as mensalidades e seus pagamentos, e desta maneira
atrelava o valor alto das mensalidades pagas a um ensino dito de melhor qualidade.
Quanto mais alto o valor, melhor a escola, pois só alguns poucos privilegiados
podiam frequentar esta escola, e assim quanto mais se cobrava mais se punia...

Veja! Dentro do paradigma acima citado, mais ou menos como uma metáfora, mas
essencialmente real, esse é um ensino de qualidade, pois não é qualquer estudante
que tira boas notas, só aqueles que dão as respostas esperadas... Sim, as notas,
para esse modelo, são a moeda de troca. O caráter dessa exigência era puramente
contábil e comercial e, portanto, completamente descolado do cunho didático da
avaliação.

A avaliação nos últimos anos vem ganhando importância. Em muitos casos, no


nosso país e fora dele, ela tem sido colocada pelos sistemas educacionais como
prioridade e assim fazendo parte de uma política de Estado. Segundo explicita Bitar
(1998), para a melhoria da supervisão e apoio técnico às escolas, para melhor
alocação de recursos, ou para verificar impactos de inovações introduzidas, como
foi, por exemplo, a formação continuada e a implantação de ciclos. A avaliação, em
muitos casos, proporciona apenas uma visão retrospectiva sobre a aprendizagem do
aluno e apenas mede, mede sim, o aprendido antes que este estudante avance para
séries posteriores ou receba uma qualificação que o permita exercer uma profissão.

Mas, a avaliação tem que ser muito, muito mais...

A avaliação tem como prioridade ajudar a progressão do estudante quanto ao que


necessita ser aprendido, a partir do ensino que se ministra e das formas de trabalho
e metodologias utilizadas em sala de aula. A avaliação deve nos fornecer pistas para

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perceber se os estudantes alcançaram os resultados esperados por eles e por nós,


se conseguiram ao longo do processo adquirir as habilidades e competências
esperadas ao término de cada momento, em função das situações de ensino e
aprendizagens planejadas. A avaliação deve permitir aos estudantes uma
reconstrução do processo e proporcionar as intervenções necessárias para que a
aprendizagem ocorra, seguida da tomada de consciência do que estes aprenderam,
e se aprenderam ou não. A avaliação deve fazer parte do processo de construção
do conhecimento com possibilidades de intervenção para ajudar na aprendizagem.

Avaliamos porque é na avaliação que apreciamos com mais clareza o sentido da


inovação educativa, incluídos aí os projetos e as mudanças nas relações da escola
com o conhecimento e com as formas de ensiná-los e aprendê-los.

Acredite! Tanto na vida como na escola, a avaliação é um instrumento necessário e


imprescindível. Por isso, espero que estes questionamentos e reflexões sobre
avaliação estejam contribuindo e fazendo você compreender que a avaliação não é
um bicho de sete cabeças, mas algo que faz parte constante dos momentos da sua
vida cotidiana, que não é algo difícil ou impossível de se fazer, já que o fazemos
todos os dias, sem qualquer dificuldade. Porém, na escola queremos fazê-la
diferente, completamente descontextualizada da realidade. Este é o problema.

Assim, propomos a você uma reflexão e algumas leituras sobre o assunto. Arrisque-
se e pesquise mais sobre o tema para que possamos nos fóruns e chats discutir
melhor estas questões.

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Aula 06_Avaliação: Desafios e Perspectiva

Pois é... O hoje não é como o ontem, e o amanhã é incerto.

Além de tudo que foi discutido por nós anteriormente, é de suma importância que
levemos em conta que, durante a última década, ocorreram inúmeras mudanças que
repercutiram no ensino e na aprendizagem e, de certa forma, acabaram por
influenciar a avaliação. Vencer o desafio de fazer o docente superar o modelo de
avaliação que tem como único de seus instrumentos à prova; superar a mentalidade
tradicional de avaliação como classificação e exclusão, mudança de práticas: de
mera verificação para uma avaliação verdadeira no sentido lato; superar o
entendimento restrito de avaliação como instrumento ou mecanismo técnico e ainda
mais superar a ausência de conhecimento sobre avaliação por parte da comunidade
educacional, fazendo com que estes compreendam que avaliação é muito... muito
mais do que medir, pois avaliar implica entender, interpretar e avaliar.

Queremos que você entenda com muita clareza que esses desafios citados acima
podem ser organizados e tratados de forma conceitual, de forma investigativa,
metodológica, ou até mesmo ético-política. Assim, quando tratarmos de resultados,
devemos fazê-lo pensando que eles podem ser previstos ou imprevistos. Deveria ser
um tratamento conceitual, quando falarmos de investigação precisamos permitir o
levantamento de evidências tanto do processo como dos resultados. Quanto à
metodologia, esta precisa ser plural devido à complexidade do processo avaliativo;
já o ético e o político em avaliação é o reconhecimento de que os implicados
também fazem parte do processo de avaliação, não só como executores, mas como
partícipes das decisões adotadas.

Esses desafios tornam-se maiores devido à complexidade da avaliação pois ela :

•Contempla muitos significados;

•Apresenta-se de muitos modos;

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•Cumpre distintas finalidades;

•Oculta significados;

•Produz sentidos;

•Consolida valores;

•Afirma interesses;

•Provoca mudanças;

• Transforma;

•Possui uma profunda dimensão pública;

•Interessa a muita gente;

•Deve ser política e ética;

•E... seu processo será sempre inconcluso e preliminar.

Todas essas características nos levam a acreditar na avaliação como peça-chave do


ensino e da aprendizagem, o que possibilita aos professores pronunciar-se a
respeito dos avanços pedagógicos dos educandos e a esses, contar com pontos de
referências para julgar onde estão, onde querem chegar e do que irão precisar para
dar sequência na aprendizagem. Criar novas perspectivas da cultura avaliativa
requer a participação de todos os envolvidos no processo educacional: minha, dos
demais professores, sua, de seus colegas, dos pais, dos mantenedores, gestores e
pesquisadores e daqueles que formulam e implementam políticas.

Neste momento de reflexão o que entendemos ser necessário, não somente


sobre a avaliação, mas também sobre ela?

Que juntos reflitamos sobre nossas vidas e percebamos a possibilidade de mudar


nossa postura frente a ela, pois vivemos a vida acreditando que ela não se acabará,
sempre deixando para depois o que podemos fazer hoje, e aí não fazemos nada,
vivemos uma vida sem graça, sem qualidade.

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Neste exato momento proponho a você uma avaliação da sua vida, mudando sua
postura e se propondo a fazer coisas novas, com espírito inovador e criador; não se
esquecendo dos elementos citados na aula de hoje e das anteriores e que devem
ser contemplados nesse momento e na avaliação.

Vença esses desafios aqui elencados, pois muitos deles ficaram séculos sem
mudanças. E...força, gente, que não é hora de parar.

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Aula 07_Avaliação: A História Buscando Novos Sentidos

Como você sabe, a avaliação educacional tem sido alvo de muitas críticas negativas
ao longo de sua história. Antes mesmo da institucionalização das escolas, a
avaliação já era praticada para fins de seleção social. Os chineses praticavam uma
seleção de indivíduos para a guarda dos mandarins. Os gregos utilizavam formas de
seleção para o serviço público ateniense, séculos antes de Cristo. A partir do século
XVIII, a avaliação passou a ser mais estruturada e constante, especialmente na
França, coincidindo com a criação das escolas modernas.

A Revolução Francesa ampliou o acesso à educação básica e criou o sistema de


classes, já a Revolução Industrial promoveu a organização das atividades e dos
postos de trabalho e estabeleceu os conceitos salariais relativos. A partir desse
momento a avaliação tem, então, notável apelo e demanda, tanto para distribuir
socialmente os indivíduos, quanto para selecionar para o serviço público. Foi assim
que a avaliação se desenvolveu tecnicamente, criando os testes escritos e o sistema
de notação. Os títulos e diplomas foram instituídos formalmente. Desde o final do
século XIX e boa parte do XX, a psicometria dominou a avaliação, caracterizou-se
como uma tecnologia dos testes padronizados e objetivos com a finalidade de medir
a inteligência e o desempenho. A psicometria é uma área da Psicologia que faz a
ponte entre as ciências exatas. Sua definição consiste no conjunto de técnicas
utilizadas para mensurar, de forma adequada e comprovada experimentalmente, um
conjunto ou uma gama de comportamentos que se deseja conhecer melhor.

Depois de 1930, os testes passaram a buscar, mais propriamente, medir a aquisição


de programas, e a expressão “avaliação educacional” apareceu somente em 1934,
usada pela primeira vez por Ralph Tyler. É nesse instante histórico que começam a
vigorar as propostas de educação por objetivos. A avaliação, segundo este modelo,
deveria averiguar quais mudanças de comportamento seriam observáveis ao final de
um determinado processo, tendo em vista os objetivos estabelecidos. A avaliação
deveria se dedicar ao êxito na escolarização.

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Na década de 1940, tem origem a avaliação da pesquisa, fundamentada


teoricamente. Robert Merton estabeleceu os fundamentos dos métodos de
quantificação e de impacto da produção científica. Outra considerável transformação
do campo da avaliação se deu nos últimos quarenta anos. Se antes era “uma
atividade pequena e marginal, levada a cabo por acadêmicos de tempo parcial”,
bastante centrada nas escolas, pouco a pouco a avaliação veio se consolidando e
ganhando amplitude, a ponto de “converter-se em uma indústria profissionalizada,
com suas próprias revistas, seus prêmios, convenções, organizações e padrões.”
(House, 1992:43)

A Lei sobre a Educação Primária e Secundária promulgada pelo presidente Lyndon


Johnson, em 1965, deu ênfase aos problemas dos estudantes que chegavam à
escola com desvantagens sociais e educacionais, em geral oriundos de famílias
carentes. Robert Kennedy, senador na época, propôs a implantação obrigatória de
uma avaliação dos programas especiais destinados a esses alunos. Em meados dos
anos 1960 e até o inicio da década de 1980, a avaliação se profissionalizou, ampliou
seu campo e desenvolveu novos modelos e muitas contradições. Tais críticas
referem-se ao seu caráter limitado, reducionista, classificatório, punitivo, enfim,
insatisfatório diante de reais funções no processo educacional. Daí o debate
“globalizado” em torno de questões fundamentais do ato de avaliar. O que se vê
hoje, em todos os espaços do sistema educativo, é a necessidade urgente de novos
avanços e diferentes alternativas que possibilitem o êxito da ação avaliativa. A
constante preocupação com este tema deve-se ao modo errôneo através do qual a
avaliação tem sido desenvolvida e utilizada, trabalhada como fim em si mesma,
promovendo a exclusão e a classificação dos alunos, como já destacado na aula
anterior.

No meio docente, alguns educadores mais comprometidos com o processo e,


geralmente, aqueles que se especializam na área entendem que ainda hoje a
avaliação praticada nas escolas costuma ser uma prática autoritária, sendo utilizada,
na maioria das vezes, como instrumento de poder e de ameaça. Isto pode ser
verificado facilmente no cotidiano escolar, onde a avaliação é considerada a grande

PEDAGOGIA 27
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vilã, porque o ensino e a aprendizagem não são avaliados como deveriam,


gerando o medo, a insegurança, e, como consequência, levando à baixa estima do
aluno e também à exclusão. Mas não são estas as suas atribuições verdadeiras, a
avaliação, na verdade deve ser utilizada com outra finalidade:

...dar energia ao aluno, quando este sente-se estimulado a trabalhar


de forma produtiva ao perceber que há uma finalidade no trabalho
que o professor propõe. Os resultados do aluno são avaliados
considerando seus progressos e dificuldades. (Depresbiteris,1999)

Os novos rumos da prática avaliativa poderão encontrar eco verdadeiro na ação


docente, na medida em que o professor comece a colocar em prática alguns
conhecimentos básicos sobre a avaliação.

Segundo Depresbiteris (1999), inicialmente, as questões básicas a serem


consideradas são: a definição dos focos da avaliação; os objetivos e as funções da
avaliação; quem será avaliado; a metodologia a ser utilizada; a quem serão
destinados os resultados e o contexto no qual a avaliação será efetuada, desde que
se considere o fator político. Ainda segundo a autora citada acima, a utilização
adequada dos instrumentos e técnicas de avaliação deve ser realizada com
coerência e zelo. O que vemos nas escolas é a utilização de instrumentos de
avaliação mais frequentes, como testes e provas sendo usados pela maioria dos
professores, constituindo-se em uma atitude não recomendável. A lista de
instrumentos de avaliação quando processual é bastante extensa e rica e, por isso,
não se deve limitar ao uso exclusivo dos instrumentos citados acima, com uma
finalidade única, a de imputar aspectos tecnicistas à avaliação.

Como forma de orientação para aqueles que pretendem mudar sua forma de avaliar
e se aventurar nesse novo caminho, especialistas do assunto sugerem outros
instrumentos que podem ser utilizados: projetos, portfólio 1, dramatização, pesquisa,
trabalhos em grupo, debate, dentre outros. Assim, a você que aqui se aventura pelos
caminhos da avaliação, desejamos que em um futuro bem próximo se interesse pelo

PEDAGOGIA 28
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assunto a ponto de buscar estudos e leituras, enfim, cursos de aperfeiçoamento que


complementem sua formação e o levem a ser expertise em avaliação.

Todos os conhecimentos necessários à ação avaliativa pressupõem a necessidade


de se definir a concepção pedagógica dessa prática, posto que a avaliação não é
neutra. O momento atual exige da ação educativa uma compreensão dialógica,
dialética e dinâmica do ato de avaliar que encontra nas abordagens mais avançadas
de educação a sua possibilidade de concretização. O rendimento da ação avaliativa
depende, principalmente, do compromisso do professor com uma prática voltada
para a construção de uma sociedade igualitária, justa e democrática, uma vez que a
perspectiva de transformação do educando constitui uma ferramenta indispensável
para essa construção.

Essa avaliação está mesmo precisando melhorar, você não acha? Ampliando
horizontes e atingindo mais, muito mais, educadores.

Para saber mais sobre estudos em avaliação educacional entre no site da Fundação
Carlos Chagas e veja a revista semestral Estudos em Avaliação Educacional.

http://www.fcc.org.br/pesquisa/actions.actionsEdicoes.Busca.do?tp_caderno=1
&order=0&tp_busca=3

____
1
Portfolio - podemos dizer que o portfólio é uma modalidade de avaliação devedora
do campo da arte. É possível realizar um processo de seleção e ordenação de
amostras que reflitam a trajetória de aprendizagem de cada estudante, de maneira
que, além de evidenciar seu percurso e refletir sobre ele, possam contrastá-lo com
as finalidades de seu processo e as intenções educativas e formativas dos docentes.
Esse instrumento permite que cada aluno reconstrua seu processo de
aprendizagem.

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Aula 08_A História da Avaliação

A partir da década de 1970, estudos mais ligados ao currículo, mais precisamente às


teorias críticas de currículo, que se contrapunham às teorias tradicionais,
enfatizavam questões onde os mais desfavorecidos economicamente, também eram
aqueles que eram tratados pela escola de forma discriminatória e excludente
fazendo com que estudiosos começassem a se preocupar tentando responder
questões complexas relacionadas à escola e suas metodologias.

Paulo Freire (1974) destaca em seus escritos a importância da conscientização dos


estudantes quanto a sua condição social, mais especificamente de subordinação
social, e desenvolve outros conceitos como o de libertação.

Saviani (1982) demonstra, por meio de seus estudos, que a escola é fundamental
para a elevação do nível cultural dessas crianças e jovens.

Muitos foram os estudiosos que contribuíram significativamente neste momento, em


que a influência da psicologia era marcante em todas as teorias de educação e
também na avaliação, marcada por nítida marca psicologizante. Educadores
brasileiros como Paulo Freire, Ana Maria Saul, Cipriano Luckesi,
Pedro Demo, Dermeval Saviani , Sandra Zákia Lian de Souza, Heraldo, Viana e
outros não citados aqui, contribuíram de maneira significativa com análises da
função política da avaliação e produziram reflexões com relação à avaliação
enquanto atividade socialmente produzida. Mas os primeiros estudos só começam a
acontecer no Brasil a partir dos anos de 1980. Durante os anos de 1980, estudos
evidenciaram a reprodução das desigualdades sociais no interior da escola e
demonstraram, por meio de pesquisas, que alunos das classes sociais mais
desfavorecidas e que precisavam mais da escola pública respondiam pelos maiores
índices de evasão e repetência. Ou seja, eram eles que a escola expulsava, muitas
vezes de forma velada, confiando a eles toda a responsabilidade por seu fracasso
como demonstram essas pesquisas.

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Após esse momento, educadores brasileiros avançaram na construção de novas


teorias de avaliação que produzissem mudanças nas práticas educativas efetivadas
até então, resultando no redirecionamento da função da avaliação.

Enfatizaram-se muito neste período, e também, a análise de


processos de aprendizagem em detrimento das avaliações de
produto e a importância de estudos de natureza qualitativa que
permitissem escrever e interpretar as atividades realizadas na
escola. Chegou-se mesmo a criar uma dicotomia entre avaliação de
processo e de produtos e entre avaliação qualitativa e quantitativa,
que somente foi superada uma década mais tarde, quando ficou
claro para todos os pesquisadores da área a falibilidade e
complementaridade de todos os tipos de avaliação. (Prado de
Sousa,1992)

A partir da década de 1990, a integração das contribuições críticas da década


anterior e a construção de novos instrumentos levam a reorientação da avaliação
educacional. Além dos princípios básicos já acordados como utilidade, eticidade,
exatidão e factibilidade, a avaliação educacional exige a incorporação de outros
princípios como equidade e compromisso dos agentes educativos.

Assim, é relevante perceber que a responsabilidade é de todos os envolvidos no


processo, tanto dos educadores, que tem a responsabilidade com a garantia do
ensino a ser oferecido nas escolas, como dos governos, que precisam assumir a
educação desenvolvida em seus sistemas de ensino, com infraestrutura adequada,
tanto na parte física como na pedagógica, para que o ensino se efetive com
qualidade não apenas para alguns poucos privilegiados, mas para todos. Prado
Sousa levanta, sobre esta questão, outras de igual importância que vale a pena
mencionarmos. Para a autora, a preocupação não deveria ser a avaliação, mas o
ensino. Para ela, avaliar exige um profundo estudo sobre aprendizagens e uma
postura política comprometida com o processo de transformação social. A grande
questão não é como avaliar, mas porque o aluno não está aprendendo. Por que uns
alunos vão bem e outros não? O que faz com que alguns aprendam e outros não, se

PEDAGOGIA 31
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estes estudam na mesma sala e estão expostos ao mesmo tratamento? A mesma


metodologia?

O que não podemos fazer enquanto educadores é nos desviarmos do nosso foco,
pois além de procurarmos utilizar instrumentos confiáveis para avaliar, o porquê, o
que avaliar, como avaliar, nos centrarmos na nossa maior questão que é a
aprendizagem, pois estes devem servir como bússola,”luz para os nossos
caminhos” na educação, para orientação do processo.

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Aula 09_Avaliação como Processo

A pergunta o que avaliar, o que deve ser avaliado deve nos remeter a alguns
questionamentos e elementos para tal, nessa aula tentamos trazer como
contribuição alguns destes e entre eles, o que segue:

“Quando interrogamos os professores sobre como deveria ser a avaliação, a


perspectiva da avaliação como processo foi das mais presentes e enfatizadas”
(Vasconcellos, 1998a).

Porém muitas compreensões existem sob essa denominação. Por exemplo: fazer
avaliações diariamente, dar pontinhos, não avisar o dia da prova, não dar atividades
mimeografadas, são práticas que tem como paradigma a avaliação classificatória.
Precisamos compreender que avaliação como processo é compromisso, é
responsabilidade com os envolvidos neste mesmo processo de ensino e
aprendizagem, avaliação nesta perspectiva não é simplesmente mais uma tarefa, é
a tarefa mais relevante. Ou será que ainda, com aquela visão de produto com a
qual fomos formados, não estaríamos apenas vislumbrando avaliar o produto
no processo?

A avaliação processual não significa não utilizar mais instrumentos de verificação da


aprendizagem, pelo contrário, trata-se de resgatar a essência da avaliação. O
educando e o educador devem ter elementos objetivos para julgarem a caminhada,
o desenvolvimento. Portanto, a produção do estudante é fundamental e a avaliação
não deve recair em alguns momentos, de forma ocasional, pois daí o professor não
tem como ajudar o estudante quando ele precisa. Vamos juntos fazer um esforço e
pensar no dia a dia da sala de aula onde nem sempre o professor da classe tem
condições para acompanhar, apenas com a audição, todos os estudantes. Isto é
necessário, mas é falho, pois se corre o risco de não perceber quais são os
estudantes menos participativos e, dessa forma, não ocorrer avaliação para eles.
Assim sendo, a produção é indispensável.

PEDAGOGIA 33
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É preciso enfatizar que a finalidade não é arrumar formas de atribuir mais notas
para nossos educandos, mas acompanhar efetivamente o processo de
conhecimento e fazer as intervenções necessárias sempre que possível. As
avaliações devidamente combinadas devem acontecer ao término das unidades. Na
verdade, a grande mudança é na distribuição das tarefas e não na carga de
trabalho. O professor acaba trabalhando muito durante o trimestre e ficando livre
daquele acúmulo final de trabalho. E agora... Depois dessas pequenas, mas
valiosas, informações recuse-se a continuar dando ênfase àquela avaliação antiga e
rançosa na qual fomos formados, que vivenciamos na nossa caminhada escolar e
que continuamos multiplicando, não porque somos incompetentes, mas porque
desconhecemos outra, e acabamos incorporando em nosso fazer a que
conhecemos, a avaliação formal. Mãos a obra, arrisque-se, inicie pequenas
práticas como processo.

É difícil iniciar algo novo, principalmente quando alguns conceitos já estão


arraigados, naturalizados, cristalizados em nosso fazer diário, por meio de algumas
práticas; mas vão aí algumas sugestões interessantes e necessárias para começar o
processo de mudança, aproveite e crie outras.

 Não deve existir a semana de prova (isso dá realce à avaliação classificatória).

 A avaliação deve ser elaborada pelo próprio professor.

 Precisamos dar oportunidade de escolha aos nossos estudantes,


assim, questões a mais para escolha é uma maneira interessante de deixá-lo
mais livre para exercitar sua liberdade e com isso a responsabilidade para
perceber que precisa estudar mais.

 O diagnóstico deve ser rápido.

 Até mesmo os próprios alunos ao elaborarem questões estarão exercitando


aquilo que foi trabalhado em classe. Então oportunize a eles essa possibilidade,
deixe-os elaborarem algumas questões.

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 O burburinho inicial é uma prática ruim, não permiti-lo tem como intenção
diminuir a ansiedade.

 Avaliação em grupo: precisamos utilizá-la mais.

 Diversificação dos tipos de questões.

 Combater a competição, mesmo sabendo que a vida lá fora é competitiva a


escola não deve primar por avaliações que tenham a competição como foco.

 Avaliação com fórmula.

 Não vinculação de reuniões de pais com entrega de notas.

 Avaliação com consulta: normalmente os professores não utilizam avaliações


com consulta, mas estas são na verdade mais um dos momentos para aprender.

Não é difícil mudar nossas práticas, apenas não estamos acostumados a elas, basta
exercitar nosso espírito criativo e perceber que pequenas mudanças fazem uma
grande diferença. Aproveite, leia mais e discuta sobre isso.

Até a próxima aula e reflita para que nossas discussões sejam criativas e
interessantes.

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Aula 10_Avaliação da Aprendizagem e Ética

A relevância das relações na Avaliação

Quando o assunto é avaliação da aprendizagem, você não pode sequer imaginar


que professores, coordenadores e diretores são os profissionais que, na atualidade,
estão mais envolvidos com o tema, mas não só eles. A temática avaliação da
aprendizagem tem sido angustiante para muitos, pois diante das críticas efetivadas
por estudiosos quanto à forma de avaliar, o que avaliar e por que avaliar, as
avaliações passaram a ser utilizadas para monitorar a qualidade do ensino e da
aprendizagem. Os resultados dessas avaliações, quando comparados às de outros
países, apresentam uma qualidade de aprendizagem bem abaixo das nossas
expectativas e da grande maioria destes países.

É de se esperar que haja um estado angustiante porque estes não conhecem outra
forma de avaliar diferente daquela que vivenciaram em seus bancos escolares como
estudantes, e diferente daquela em que como profissionais foram formados. Em
ambas as situações, estes ou estavam sendo avaliados ou então preparados para
serem avaliadores de seus futuros educandos e, principalmente, por não saberem
como transformar o momento da avaliação (prova) em apenas um processo
deixando de ser cobrança de conteúdo.

Frases do tipo:

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ou outras semelhantes já citadas na aula anterior, algumas das muitas maneiras


como a avaliação da aprendizagem tem sido tratada. Para o professor, a avaliação
gera angústia, para o estudante é o momento do acerto de contas, e para os pais, se
o filho estiver na média, é o momento da compensação: mesadas, cinema e pizzas.

Vamos parar e pensar, será que isso não é coisa do passado?

Mas a avaliação é parte integrante do processo de ensino e de aprendizagem.

O estudante anota as informações passadas pelo professor no caderno e na hora da


prova, transcreve-as da forma mais fiel possível. Essa atitude demonstra que ele se
preocupa em agradar o professor, mas mesmo assim as provas aplicadas
apresentam três características básicas: exploração exagerada da memorização,
ausência de parâmetro para correção e uso de palavras sem sentido preciso no
contexto.

A atitude acima citada está fortemente impregnada de autoritarismo e dominação,


fruto de uma avaliação tradicional. Avaliação tradicional extremamente autoritária
tendo como centro do processo o professor e não o estudante, o professor bom para
esse modelo é aquele que os meninos têm medo e também o que mais reprova,
pois ele é o único detentor de todos os saberes.

Como oposição a esse modelo precisamos pensar em alternativas mais


progressistas e inovadoras, pensar em uma nova relação entre o professor, o
estudante e o conhecimento. Uma nova relação onde as palavras de ordem

PEDAGOGIA 37
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sejam mediar e interagir. As provas nessa perspectiva são chamadas operatórias e


apresentam características marcantes: contextualização do conteúdo a ser
estudado, utilização de parâmetros para a correção, exploração da leitura e da
escrita, proposição de questões operatórias e não apenas transcritórias, e a
utilização de linguagem coloquial.

Assim, a ética tem tudo a ver com a avaliação da aprendizagem; sendo éticas as
consequências dos nossos atos. Se nossos atos forem bons, serão éticos, caso
contrário serão prejudiciais para o processo. Para nós professores, a avaliação da
aprendizagem é, talvez, o momento mais forte da ética na didática. É o momento em
que podemos definir o rumo que tomarão na vida nossos estudantes, pois nossa
escola forja identidades e estas poderão ser melhores ou piores. E isso também
depende da escola... não só dela, mas também dela.

Então, vamos todos nos prepararmos para refletir sobre as relações que permeiam a
avaliação e fazer o possível e o impossível, no nosso dia-a-dia na escola, para que
nossos meninos e meninas aprendam mais e melhor seguindo os ensinamentos de
Luckesi, com relação a avaliação. Para ele, a amorosidade deve ser externada por
meio da garantia da aprendizagem e compromisso da escola com nossas crianças,
com nossos jovens e adolescentes.

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Aula 11_Verificação ou Avaliação da Aprendizagem?

Verificar, medir ou avaliar? Como operar?

Segundo Luckesi (1998), o termo verificar provém etimologicamente do latim –


verum facere – significa “ fazer verdadeiro”. Contudo, o conceito verificação “verifica
se algo é isso mesmo” “investiga a verdade de alguma coisa”. A verificação encerra-
se no momento em que o objeto ou ato de investigação é concluído, no momento
em que “se vê” ou “não se vê” alguma coisa. Ela não implica que a pessoa envolvida
tire ou não dela alguma coisa. Assim como na vida, o ato de avaliar e de educar não
é continuação, é continuidade.

Ainda, segundo Luckesi (1998), o termo avaliar também tem origem no latim e
provém da composição a – valere, que quer dizer “dar valor a ...” O termo avaliação
significa “atribuir um valor ou qualidade a alguma coisa, ato ou curso de ação...”.
Não se encerra na configuração do valor atribuído ao objeto em questão, possui
uma consequente decisão de ação.

A avaliação, diferentemente da verificação, envolve um ato que ultrapassa a


obtenção da configuração do objeto. É continuidade, é o que tem consequência, que
tem elos ligando um fato ao outro, duas ou várias situações, mas que possui um
fecho em cada uma delas criando um hiato que, se não é conclusivo, é como se
fosse o fim de um capítulo. Vivemos em capítulos de acordo com as circunstâncias,
em fases e ciclos que se interligam, sim, mas não seguem em continuação. Muitas
vezes, são tão diferentes que a identidade é apenas de um toque, de uma atitude
comum, de um ponto. Chega a parecer um fato solto em nossa existência, tal a
diferença de reação que temos, tamanha a estranheza em nosso comportamento.
Mas aquilo que parece fora da continuidade, um dia, vai se identificar com a nossa
forma de ser, insere-se entre o antes e o depois. Afinal, após tantas leituras e
discussões em nossas aulas sobre avaliação, você deve estar questionando sobre a
nossa escola, como ela opera. No geral, a escola brasileira trabalha com verificação,
com medida e não com a avaliação da aprendizagem. Raramente, só em situações
reduzidas e específicas, encontramos instituições educacionais e profissionais que

PEDAGOGIA 39
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fogem a esse padrão usual, fazendo da aferição da aprendizagem um efetivo ato de


avaliar.

E é nesse ato, o ato de avaliar, que nós educadores desejamos que a escola opere,
pois por intermédio deste ato, e não do ato da verificação ou da média, que fará com
que a escola seja ética e inclusa. O trabalho realizado, somente com o resultado da
aprendizagem escolar como verificação, faz dela uma coisa e não um processo.
Acreditamos que a clareza das proposições acima entre o ato de verificar e medir e
o ato de avaliar trarão a você mais segurança e instrumentos para ler e buscar
alternativas que o orientem quando precisar operar com a avaliação, a avaliação dos
futuros estudantes que estarão sob sua responsabilidade. A avaliação é coisa séria,
é continuidade, é processo.

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Aula 12_Repensando a Avaliação

É preciso ter coragem para ousar, investigar, procurar caminhos para garantir a
aprendizagem. Assim, para compreender uma avaliação onde o foco é o processo
precisamos repensar alguns instrumentos até hoje utilizados.

A famosa prova mensal, bimestral e até semestral precisa ser abolida? Por que
não repensada!

Nesta aula, a prioridade é mostrar que existe uma multiplicidade de instrumentos


que podem ser usados como instrumentos de avaliação, avaliação que acompanha,
que orienta e reorienta o estudante no processo de construção do seu conhecimento
e em todo o seu percurso durante os anos que passa na escola.

Acredita-se que existam uma infinidade de instrumentos de avaliação que poderiam


ser utilizados, alguns já bem conhecidos nossos e outros nunca antes utilizados,
apesar de bem populares em outros momentos de avaliação.

Veja você como poderíamos utilizar instrumentos bem simples para avaliar, mas não
o fazemos.

Você já parou para pensar que uma simples conversa seria um instrumento bem
interessante e por meio dela é possível saber se nossos (as) alunos(as) aprenderam
ou não?; listas de exercícios, elaborados, por nós e por eles, pois se sabem
preparar exercícios significa que compreenderam o que foi trabalhado em classe, ou
mais especificamente se a aprendizagem foi significativa; tarefas de casa;
seminários; debates; trabalhos em grupo; pesquisas; trabalho individual;
montagem de painéis; criação de produtos onde se possa aplicar o que foi
trabalhado; apresentações teatrais, brincadeiras; campanhas; dossiês –
informações recolhidas de diferentes fontes, organizadas e sintetizadas de maneira
pessoal, mas que retratará o que eles sabem e o que não sabem; observação do
professor; entrevistas; elaboração de maquetes - com aplicações práticas do que
foi ensinado; elaboração de sínteses; esquemas; resumos; e autoavaliação.

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Mais do que provas, chamadas orais, instrumentos aplicados com frequência no


ensino fundamental, médio e superior, o portfólio têm sido usado apenas na
educação infantil. É bem interessante destacar aqui que este é um instrumento de
avaliação que reflete a trajetória de aprendizagem de cada estudante, de maneira
que, além de evidenciar seu percurso e refletir sobre ele, é possível ao docente
poder constatar o processo de evolução de cada estudante em particular e também
compará-lo com o desenvolvimento da classe. Vale acrescentar que nossa intenção
não é fazer com que você acredite que as provas objetivas devam ser abolidas, pois
elas não são as vilãs desse processo. Elas podem e devem ser mais um dos muitos
instrumentos utilizados para avaliar, mas não o único. Devemos levar em conta
também a maneira como são utilizadas e com que conotação; se aplicadas de forma
tranquila, como exercícios, sem o peso de controle que normalmente damos a elas,
serão instrumentos viáveis e confiáveis. Podem ser um raio-x, um diagnóstico
interessante a ser usado, no início e durante o processo. Além dos instrumentos
acima citados, podemos ainda incorporar em nossas práticas avaliativas muitos
outros; mas, se realmente queremos mudar nossa prática, devemos incluir aqueles
que podem trazer contribuições significativas para os estudantes e também para
nós, não mais instrumentos de controle do que foi ensinado, onde o professor, e
apenas ele, se coloca como único detentor do saber e muitas vezes nem ele sabe
aquilo que cobra de seu aluno. Viram a quantidade de instrumentos que podemos
usar, mas não se esqueça: nunca use apenas um para AVALIAR.

Com um olhar mais distante poderemos antever que a intenção da avaliação é fazer
com que percebamos que o estudante, ao aprender, deve ser capaz de discutir o
que foi ensinado, reconstruindo e argumentando o assunto; isto o ajudará a situar-se
diante de sua própria aprendizagem. Por esta razão, há necessidade de muitos
instrumentos de avaliação, pois, mais do que controlar e qualificar os estudantes, a
avaliação deve ajudá-los a progredir no caminho da construção do seu próprio
conhecimento. Pode-se afirmar diante das pesquisas da área que novas práticas
estão sendo desenvolvidas e muito ainda há que se construir. O importante é que o
desafio foi aceito. Mudar impõe conhecimento, coragem, disponibilidade para o
diálogo com os pares na condição de avaliadores, papel intrínseco ao ato da
docência.

PEDAGOGIA 42
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O que procuramos evidenciar nesta aula foram os instrumentos que podem ser
usados para uma avaliação que se queira democrática e inclusiva. Você conseguiu
entender nosso propósito? Então procure refletir sobre o assunto e acrescente à sua
prática outros instrumentos que tenham essas características.

PEDAGOGIA 43
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Aula 13_Observação e Registro

Você não pode refletir sobre avaliação sem trocar ideias sobre observação,
registros, enfim sobre documentação.

Então vamos lá...

A observação tem sido utilizada há muito tempo pelos educadores, é um


procedimento dos mais importantes para elaboração de relatórios infantis e na
avaliação de jovens e adultos. Podemos afirmar que a observação é uma prática já
consolidada entre os educadores. Nos períodos avaliativos, mensais, bimestrais ou
trimestrais, os educadores observam os estudantes e fazem registros que devem ser
consultados durante o processo com o intuito de promover as intervenções
necessárias e contínuas.

Segundo Miriam Celeste Martins, existem observações que partem de um roteiro


previamente definido, no qual o educador já possui hipóteses pré-definidas em
mente, ele encaminha suas perguntas para confirmar ou não suas hipóteses, para
então julgar. Não é deste tipo de observação que estamos falando aqui, pois ela
sugere a existência de um quadro de referências e que os aspectos observados
serão aproximados desse quadro para que o objeto de observação possa se
adequar e os resultados parecem estar previamente definidos. Sobre o que

PEDAGOGIA 44
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falamos? Estamos falando de algo mais aberto e próximo da realidade, algo que
antes do julgamento possa produzir intervenções a favor da aprendizagem de
nossos estudantes, pois não basta apenas observar, é preciso registrar o que foi
observado, documentar e intervir. Afinal? O que é essa documentação? A
documentação aqui anunciada, além de ser o registro do que se está observando,
na educação infantil é também o processo de visualização sobre o que os
estudantes estão aprendendo, falando ou fazendo, dando validade à avaliação.

Na documentação pedagógica aqui anunciada:

•Os processos de aprendizagem dos estudantes são registrados, não se parte de


critérios previamente estabelecidos.

•Adultos e crianças são colocados diante de situações de aprendizagem.

•A documentação pedagógica, segundo nossa concepção, deve registrar o que o


estudante faz ou fez, como ele pensa diante de situações cotidianas, sem qualquer
estrutura pré-determinada de expectativas e normas.

Este tipo de metodologia de avaliação poderá ser utilizado nas reuniões de


formação, como forma de explicitar o caráter investigativo do trabalho.

Veja você como isto se aproxima dos famosos portfólios. Quando optamos por
avaliar desta forma estamos fazendo uma escolha, assim usando em nosso fazer
diário outra concepção de avaliação diferente daquela que vivenciamos, uma
avaliação que trata o erro como alavanca para a aprendizagem e não como um
pecado, pecado esse que pagávamos com notas vermelhas e cruzes em nossas
lições. Portfólios como registros de observação que serão documentadas implicam
em uma concepção diferenciada de educação e de avaliação. Teremos aí uma
concepção própria de educação para um modelo diferenciado de escola,
necessitando de um educador diferenciado.

Apresse-se em pesquisar mais para aprender mais e busque informações mais


precisas sobre os portafólios para que você também possa mudar a avaliação de

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sua escola, de sua classe e, por consequência, de seus alunos, tratando-os de


forma justa e democrática.

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Aula 14_Avaliação na Modalidade a Distância

Hoje discutiremos o modelo de educação que estamos “vivenciando” na prática a


educação à distância. A educação a distancia é uma novidade que veio para ficar,
está hoje em plena ascensão, por isso, para que possamos utilizá-la bem,
precisamos saber um pouco sobre ela. Na era da informação e do conhecimento, a
educação a distancia se torna uma constante e muitos são aqueles que precisam
dela. Com o acesso à Internet popularizado na atualidade, a troca de informações e
conhecimentos passou a desconsiderar as distâncias físicas e temporais. Neste tipo
de educação são usadas diferentes ferramentas como: e-mail, videoaulas,
fóruns, chats, blogs e web.

Num país como o nosso, no qual a grande extensão territorial dificulta a igualdade
de oportunidades educacionais, a educação a distância pode ser a chave para
diminuir esse abismo de desigualdade social. Cabe a nós educadores procurar mais
e mais compreender este novo modelo de educação e utilizá-lo da melhor forma,
preparando profissionais, principalmente aqueles que não podem se beneficiar do
ensino convencional. Nesse modelo de educação, também, está presente a
avaliação, ainda hoje não muito coerente com o modelo de educação da qual
falamos.

E afinal, como está implantada a avaliação nessa modalidade de educação? A


distância? Quais são as reais possibilidades desta avaliação?

De acordo com Piletti (1987:190):

Avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar


os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista
mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objetivos
educacionais, a fim de que haja condições de decidir sobre
alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola
como um todo.

PEDAGOGIA 47
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A informática e as redes de comunicação assumem novos papéis no processo de


transformação social ao integrar a educação, tecnologias interativas, onde o
professor e o aluno mantêm contato virtual, por meio das diversas ferramentas
disponíveis. A aprendizagem ocorre de forma mais independente para o aluno,
oportunizando a ele uma maior flexibilidade na organização de suas ideias. O
processo de avaliação a distância deve contemplar a aprendizagem. Assim, como
na educação convencional, a avaliação deve ser processual e o professor não pode
avaliar o aluno em um único momento: a avaliação deverá ser contínua, sistemática
e cumulativa, presente em todas as etapas do trabalho do professor permitindo a ele
e ao aluno reconhecer quais foram os objetivos alcançados.

Veja você, o que interessa nesse modelo de avaliação, e consequentemente numa


avaliação da aprendizagem, é analisar a capacidade de reflexão crítica dos alunos
frente às suas próprias experiências, a fim de que estes possam atuar, dentro de
seus limites, e perceber o que os impede de agir para transformar aquilo que julgam
ainda limitado.

A avaliação em cursos a distância precisa acompanhar as evoluções ocorridas na


educação, deixando de ser algo isolado para ser um componente presente em todo
o processo de ensino e de aprendizagem. Como vimos, no ambiente tradicional de
aprendizagem existem basicamente duas maneiras de avaliar o aluno: avaliações
formais, que consistem basicamente de provas e trabalhos, e avaliações ditas
“informais”, as quais envolvem a observação do interesse, participação, frequência
do aluno etc.

Na educação a distância, a tarefa de observar o aluno é dificultada pela perda de


contato face-a-face entre o mesmo e o professor. Para poder lidar com essa nova
variante, situação onde o estudante não está ali presente, são analisadas as várias
formas de interação deste com os tutores, professores tutores no ambiente de
aprendizagem. A aprendizagem significativa é reflexiva, (as pessoas são
construtoras de seus próprios conhecimentos). Assim, a presença ou ausência não é
fator primordial na avaliação, mas sim como e se o estudante organiza, estrutura e
utiliza a informação para resolver problemas mais complexos.

PEDAGOGIA 48
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Para terminar esta aula, vamos refletir acerca das seguintes citações:

O que podemos observar é que a proposição de sistemas


alternativos de ensino ou a constituição de novos ambientes de
aprendizagem que tenham por base a EAD pressupõem novos
paradigmas educacionais. A "velha escola", aquela onde todos
faziam tudo ao mesmo tempo, partindo do princípio de que todos
podiam aprender tudo de maneira homogênea, já não atende mais às
necessidades dos tempos atuais. (Alonso, Kátia Morosov)

Na EAD a maior parte do tempo do professor não é “lecionar”, mas


acompanhar, gerenciar, supervisionar, avaliar o que está
acontecendo ao longo do curso. O papel do professor muda
claramente: orienta, mais do que explica. Isto também pode
acontecer na educação presencial; mas até agora desenvolvemos a
cultura da centralidade do papel do professor como o falante, o que
informa, o que dá as respostas. A EAD de qualidade nos mostra
algumas formas de focar mais a aprendizagem do que o ensino.
(Moran, José M.)

PEDAGOGIA 49
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Aula 15_O Desempenho do Aluno na Modalidade EaD

Nesta aula, vamos reunir tudo que aprendemos e tentar formar uma opinião crítica
sobre a avaliação de hoje, no século XXI, onde diversas universidades já optaram
por desenvolver cursos de graduação, disciplinas nas quais estão previstas
dependências, pós-graduação e cursos de extensão a distância. E é neste ponto
que reunindo todos os conhecimentos até aqui aprendidos, procuraremos avançar
na possibilidade de construir novos critérios para avaliar o desempenho deste “novo
aluno”, o aluno virtual. Vamos lá?

Se você está aqui hoje lendo este texto, é porque faz parte deste grupo e aceitou o
desafio de junto conosco avançar na criação e na construção do novo modelo de
educação, não tão novo assim, mas... O que podemos destacar é que já podemos
contar com muitas publicações e um número razoável de autores que escrevem e
pesquisam sobre a avaliação na modalidade de educação a distância, assunto que
ainda será muito investigado.

De acordo com a educadora Sandra Azzi:

Quando falamos de avaliação de desempenho do aluno não estamos


falando de um fato pontual ou de um ato singular. A avaliação de
desempenho faz parte de um sistema mais amplo de avaliação de
um projeto pedagógico, seja na modalidade de ensino a distância
seja no ensino presencial.Antes de nos atermos na especificidade
que um programa de avaliação de desempenho na modalidade de
ensino a distância possa ter, é interessante lembrarmos que esse se
apóia em conceitos básicos da avaliação em seu sentido geral.

A avaliação desempenha funções que a legitimam e tornam


indispensável no processo educativo. Sua função mais evidente e
reconhecida é a pedagógica, que visa, principalmente, à verificação
da aprendizagem dos alunos, à identificação de suas necessidades e

PEDAGOGIA 50
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à melhoria (regulação) do processo de ensino aprendizagem. Essa


função se complementa com a função social de certificação dos
alunos, compreendida como declaração de domínio das
competências curriculares enunciadas em uma proposta pedagógica.
Na função pedagógica temos a explicitação do conceito de avaliação
subjacente a essa proposta.

Na EAD a avaliação funciona como um estímulo ao aluno, à sua


aprendizagem e ao seu sucesso, pois favorece a autoconfiança, já
que ele é informado durante todo o tempo sobre o seu progresso.
Essa informação constante não acontece somente nos momentos
formais de avaliação (cadernos de avaliação, provas, seminários,
monografia, observação da prática pedagógica). Quando o material
didático utilizado na EAD é bem elaborado, de acordo com as
características que lhe são próprias, ele possibilita ao aluno uma
avaliação constante de seu progresso e de suas dificuldades, dando-
lhe ensejo de continuar e/ou indicativos da necessidade de buscar
orientação complementar, seja do sistema de tutoria ou de outro
sistema de apoio que esteja disponível.

Como você pode perceber, Sandra Azzi acredita que na avaliação a distância o
aluno precisa ser motivado, favorecendo a autoconfiança, permitindo que o aluno
faça uma avaliação constante de sua aprendizagem, podendo inclusive buscar apoio
nos tutores para sanar as deficiências que podem surgir durante o trajeto.

Após o término da nossa aula de hoje proponho a você que, com a ajuda das
ferramentas de pesquisa disponíveis na internet, reúna artigos científicos escritos
por autores que pesquisam sobre a avaliação a distância, para que no nosso fórum
possamos discuti-los a partir das leituras realizadas por você.

PEDAGOGIA 51
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Aula 16_A EAD Veio Para Ficar?

Agora que você já pesquisou sobre a avaliação na modalidade a distância, vamos


refletir sobre este novo paradigma!

Como pudemos ver nas aulas anteriores, encontramos na avaliação em EAD pontos
muito fortes baseados na autonomia, pesquisa e autoria, competências importantes
na formação de um indivíduo crítico e consciente. Porém, como o contato pessoal
com os alunos é muito menor ou nulo no Ensino a Distância, é muito difícil, por
exemplo, o professor identificar individualmente os seus alunos ou observar essas
mudanças comportamentais, critérios importantes para uma avaliação qualitativa.

Um ponto forte da EAD é a relação professor-aluno ser, claramente, menos


hierarquizada devido ao fato desta interação ser realizada via mensagens
eletrônicas, fóruns ou Chats, onde os símbolos sócio-culturais subjetivos não são tão
claros para demarcar a diferença entre professor e alunos como existe em uma sala
de aula tradicional. Com isso, percebe-se que alunos tímidos não se constrangem
diante da virtualidade, potencializando seu aprendizado, e sempre encorajado a
expressar opiniões diante do professor (você já parou para pensar se está neste
perfil?). Todavia, podemos notar que o distanciamento geográfico impele também
um distanciamento afetivo e uma falta de comunicação mais ampla.

O Brasil aprende rápido e os modelos de sucesso são logo imitados. Passamos de


importadores de modelos de EAD para desenvolvedores de novos projetos, de
programas complexos implantados com rapidez. Existem algumas razões para esse

PEDAGOGIA 52
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crescimento rápido: demanda reprimida de alunos não atendidos, principalmente


por motivos econômicos; o fato de não ter um modelo consolidado de EAD
tradicional, como acontece em grandes países, que focavam mais o impresso e
têm mais dificuldade em mudar rapidamente para novos formatos on-line. Além
dessas podemos destacar outras razões: a rapidez com que
o brasileiro adota novas tecnologias e o apoio governamental à EAD.

Consulte o site da abed, Associação Brasileira de Educação a Distância, lá você


poderá ter uma ideia de como andam os projetos de Educação a Distância em nosso
país.

Vocês acham que a EAD veio para ficar?

Eu acredito que sim!

PEDAGOGIA 53
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Aula 17_Avaliação Institucional - Primeiro Estudo

Espero que tenha entendido as definições, teorias e conceitos presentes nas


discussões existentes sobre a avaliação educacional. São inúmeras as tipologias
que os autores atribuem à avaliação educacional. Além da avaliação da
aprendizagem dos alunos podemos falar em avaliação do rendimento escolar dos
alunos, de avaliação de políticas educacionais, de avaliações de sistemas, de
avaliações institucionais, enfim hoje esta é uma área que tem sido muito contestada,
mas também muito estudada devido à sua relevância. E muitos são os estudiosos
da área que, ao longo do tempo, têm debatido a questão da avaliação e toda a sua
complexidade.

Assim, o próximo passo é iniciarmos um aprofundamento referente à avaliação


institucional, que é nosso tema a ser abordado e consequentemente nosso objeto de
estudo. Para refletir sobre isso trago palavras do professor Dias Sobrinho, 2002, que
deixaremos gravadas para uma posterior reflexão e para um breve início de
discussão:

A avaliação deve ser um processo capaz de elaborar as indagações


a partir de diversos prismas e diferentes lugares, dando voz inclusive
a quem normalmente não a tem, ou a tem enfraquecida, com a
intenção de conceber os sentidos das relações e produzir a crítica
que produza transformações.

A todo o momento, qualquer ser humano está fazendo uma avaliação, mesmo que
não tenha se dado conta disto, mas quando falamos de avaliação institucional
estamos nos referindo à avaliação de uma instituição. Enfim, assunto encantador
para quem se debruça sobre as políticas públicas de avaliação, e acredito que você
também gostará de poder se apropriar um pouco deste assunto tão utilizado em
todas as áreas, sejam elas públicas ou privadas. Pesquisadores diriam que a

PEDAGOGIA 54
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avaliação institucional no Brasil é uma área que está engatinhando, quase


inexistente.

Você poderia estar se perguntando... Afinal por que isto? Nós temos ou não no
Brasil Avaliações Institucionais?

Poderíamos abrir o diálogo com muitos estudiosos do assunto ou apenas tentar ver
nos jornais, nas revistas de educação ou mesmo na TV, que normalmente divulgam
de forma sensacionalista, na maioria das vezes, os exames nacionais a que estão
expostos estudantes dos diferentes níveis de ensino, dentro dos sistemas de ensino
ou mesmo quando já terminaram seus cursos, os egressos.

Assim, partiremos de algumas questões:

As Avaliações institucionais podem se dar de forma interna ou externa. Se interna,


estas podem ser formuladas e implementadas pela própria instituição, ou ainda
encomendadas para experts com larga experiência no assunto, para que possuam
elementos que subsidiem tomadas de decisões da própria instituição seja ela de
Educação Infantil, de Ensino Fundamental, de Ensino Médio ou mesmo do Ensino
Superior.

Se externa, podem ser formuladas e implementadas por pesquisadores


preocupados em fornecer pistas, e elementos que possam informar os responsáveis
por políticas de Avaliação nos sistemas de ensino, ou mesmo como política pública
macro, para uma nova condução destas que impliquem em uma tomada de decisão
na mudança de seus rumos. As Avaliações institucionais externas podem também
ser utilizadas como parte dos compromissos assumidos por governantes
preocupados apenas em cumprir acordos que demandem investimentos, dando
respostas a quem as quer, sejam elas coerentes ou não, justas ou não, nem sempre
considerando realidades diferenciadas e estudantes oriundos de lares onde as
condições culturais e sociais favoreçam a apropriação dos saberes que são
cobrados. Em alguns países, a avaliação sistêmica tem se baseado na aplicação de
exames nacionais, criados para verificar o desempenho e não com finalidades

PEDAGOGIA 55
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pedagógicas. Tem se acrescentado ainda a publicitação dos seus resultados,


utilizando diversas formas de divulgação e, em alguns casos gerando mecanismos
de concorrência ao interior dos sistemas educacionais, dependendo do maior grau
de privatização e liberalização de cada um. (Barreyro, 2004)

Isto tem acontecido no Brasil nos últimos anos do século passado e nestes primeiros
anos do século atual. Para tristeza da maioria de educadores comprometidos com a
qualidade da educação, esta política não tem refletido o que dizem seus objetivos,
melhorado a qualidade do ensino e, consequentemente, da aprendizagem de
nossos estudantes, e nem mesmo contribuído para que o país apresente índices
maiores em comparação a outros países, com relação à educação.

Parece que hoje já avançamos muito e, portanto, podemos na próxima aula


aprofundar um pouco mais a discussão. Reflita, leia, discuta nos chats e fóruns e tire
suas dúvidas.

PEDAGOGIA 56
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Aula 18_Avaliação Instituional - Discutindo o Conceito

Espero encontrá-lo animado para mais uma aula e que, assim como eu, esteja
amando o tema, pois a avaliação é um assunto complexo, mas apaixonante para
educadores, algo que quanto mais lemos ou discutimos mais queremos ler e
aprender. A avaliação da aprendizagem não pode ser separada de uma necessária
avaliação institucional, mesmo que sejam de naturezas diferentes. Como já
mencionado anteriormente, a avaliação institucional abrange não só o desempenho
acadêmico dos alunos, como também questões referentes à gestão, aos processos,
aos recursos e aos resultados da escola. Com base nesse conjunto de informações,
é possível formular hipóteses fundamentadas e confiáveis. Assim, podemos dizer
que a avaliação institucional está estruturada em torno de dois eixos: o desempenho
dos alunos e os fatores associados a esse desempenho.

Essas avaliações são distintas, mas inseparáveis.

"O rendimento do aluno depende muito das condições institucionais e do projeto


político pedagógico. Em ambos os casos, a avaliação, numa perspectiva dialógica
(Romão, 1998), destina-se à emancipação das pessoas e não a sua punição, à
inclusão e não à exclusão ou, como diz Cipriano C. Luckesi (1998:180), “à melhoria
do ciclo de vida”.

A avaliação do desempenho de uma instituição de ensino supõe que existam


condições prévias em relação às quais o desempenho pode ser melhor ou pior. Daí
a preocupação de que ela não seja punitiva, burocrática ou quantitativa. Para
reorientar os rumos de uma instituição ela deve ser múltipla, permanente, e em
processo. A avaliação classificatória, aplicada tanto a institucional quanto a da
aprendizagem, nada transformam. Como sustenta Celso dos Santos Vasconcellos
(1998), na perspectiva de uma “práxis transformadora” a avaliação deve ser
considerada como um “compromisso com a aprendizagem de todos” e
consequentemente um “compromisso com a mudança institucional”.

PEDAGOGIA 57
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Tanto a avaliação institucional como a avaliação educacional colocam em evidência


o projeto institucional, os fins da educação e as concepções pedagógicas, portanto
ela deve se constituir em um momento privilegiado de discussão do projeto político-
pedagógico da escola ou das próprias instituições públicas ou privadas, de
educação básica ou de ensino superior. É incrível! Mas, a discussão de um
referencial para esse projeto, o projeto de avaliação institucional é peça chave para
o sucesso ou fracasso da instituição onde esta ocorrerá. É também essencial sua
construção.

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Aula 19_As Primeiras Políticas

Apesar das circunstâncias em que foi implantada e implementada no Brasil, não


podemos deixar de considerar a relevância da Avaliação Institucional enquanto
questão técnica que pode subsidiar uma ação política consistente e bem
intencionada. Infelizmente temos nos deparado com ações que de longe têm
deixado de atingir as questões de fundo, “as quais têm a ver com os destinos da
universidade e com o desenvolvimento da sociedade humana.” (Dias Sobrinho,
2000, 89)

Em torno dessas questões que se travam lutas, lutas que compõem um terreno
político e filosófico. Lutas, onde, segundo Dias Sobrinho (2000, 89), “estão em jogo
questões de fundo, pois se reconhece, ainda que nem sempre se declare, a força da
avaliação institucional como ação de grande impacto na transformação...”.

A Avaliação Institucional enquanto discussão é algo recente no Brasil. As primeiras


contribuições sobre avaliação institucional foram iniciadas com o propósito de avaliar
o ensino superior e tem subsidiado propostas de avaliação da educação básica. As
primeiras tentativas relativas às avaliações iniciadas no Brasil são referentes à
educação básica, mais precisamente a partir de “1998, o Ministério da Educação e
Cultura (MEC), por meio da Secretaria de Ensino Fundamental solicita a
implementação de um programa de avaliação nacional, sendo criado o Sistema de
avaliação do ensino público (SAEP)”, este foi “implantado só em 1990...quando foi
realizada a primeira aferição nacional” (Almeida, 2003, 7).

“Em 1991, o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) assume a


coordenação e administração do sistema, com nova denominação, Sistema Nacional
da Educação Básica (SAEB)...”(Almeida, 2003, p.7).

Veja que realmente é algo muito recente, pois educação é algo que se faz em longo
prazo, mas tomar conhecimento sobre o que existe sobre o assunto e poder então
discuti-lo é algo muito interessante. Portanto, entendemos ser de suma relevância
para você saber que:

PEDAGOGIA 59
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Este sistema de avaliação implantado e implementado tem como foco central o


rendimento escolar dos alunos e ainda o levantamento de outros dados; é uma
avaliação em larga escala e realizada por amostragem em todo Brasil.

Você sabia disso? Acredite é algo extremamente importante para todos aqueles
que trabalham em educação conhecerem as políticas de avaliação existentes em
nosso sistema de ensino. Saber que o SAEB é uma política de avaliação do nosso
sistema de ensino em nível de educação básica, que sofreu algumas alterações ao
longo de sua implementação e que atualmente vem sendo aplicada outra avaliação,
a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar dos alunos (ANRESC).

A aplicação e “A adoção desta avaliação, como política nacional, provocou nos


estados a formulação e implementação de programas estaduais de avaliação, e até
mesmo nos municípios esta influência se faz sentir.” (Almeida, 2003,7)

Somos conhecedores da necessidade de propostas de avaliação institucional que


nos auxiliem na organização escolar e, muitos de nós, temos realizado esta
avaliação de forma informal, pois esta prática mesmo quando feita de forma menos
científica, sem a fundamentação teórica necessária, ocorre na escola para dar conta
dos nossos problemas estruturais. O que não podemos aceitar é a avaliação
institucional ocorrer sempre voltada para avaliar apenas o aluno e nunca voltada à
instituição escolar como um todo, algo maior, mais amplo, nos profissionais
envolvidos, na equipe diretiva, na infraestrutura, no currículo adotado, nas
metodologias aplicadas para avaliar o ensino, nas intervenções necessárias que
quase nunca ocorrem, mesmo após as visitas dos avaliadores, e mais: como estas
deveriam ser realizadas e por quem.

PEDAGOGIA 60
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Aula 20_Exame Nacional de Curso (ENC)

Na prática, como já mencionado em outras aulas, a avaliação vem ganhando, no


Brasil, destaque como forma de controle e de definição de políticas que estimula a
expansão competitiva, principalmente no ensino superior. Avançando em nossa
exposição sobre as avaliações institucionais existentes no Brasil, a vedete de hoje é
o (ENC). Assim, vamos historiar um pouquinho o assunto, oferecendo a você
condições de conhecer melhor este exame. O processo de implantação de ENC se
deu em 1996, estruturado como um mecanismo de Avaliação Externa, um exame de
caráter nacional a ser aplicado anualmente a todos os concluintes dos cursos de
graduação.

O ENC tornou-se conhecido como “Provão” e foi aplicado pela 1ª vez para as áreas
de Administração, Direito e Engenharia Civil em 1996, menos de um ano após a Lei
nº 9.131 ter entrado em vigor. O que se viu a cada ano foi a ampliação do número de
informações sobre os cursos de graduação, possibilitando um conhecimento cada
vez mais preciso da realidade de cada curso e do sistema de ensino superior de um
modo geral.

Em relação à sistemática à época viabilizada para o ENC, constatou-se que várias


situações faziam parte de seus objetivos. Dentre elas, as que previam aos alunos, a
todos aqueles em vias de concluir o curso de graduação durante o ano letivo, que
deviam prestar o Exame, condição obrigatória para a obtenção do registro do
diploma, independentemente do regime escolar em que estivessem matriculados,
semestral ou anual. Constavam, ainda, de suas regras: relatório da instituição de
ensino superior e boletim individual de desempenho. O MEC durante este período
entendia que essas e outras medidas previstas na política de avaliação eram
políticas voltadas para estimular a expansão competitiva, modernizar o ensino de
graduação e estimular a qualidade. Um dos resultados desses novos processos
centralizados de avaliação, especialmente o “Provão”, foi a publicação
de rankings das Universidades. Esses resultados corroboraram por um tempo com a
ideia de que o sistema educacional devia ser competitivo.

PEDAGOGIA 61
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O Provão, por ter sido durante alguns anos um dos instrumentos do movimento de
“accountability” ou responsabilização e chegando ao Brasil com vinte anos de
atraso, de forma ainda não muito conclusiva e oportuna para a época, e segundo
pesquisadores uma política distorcida e ainda com instrumentos insuficientes para
uma avaliação de qualidade, demonstrou para a comunidade acadêmica um
distanciamento entre uma avaliação verdadeira, como propunha o PAIUB, e o
modelo implementado.

Vale ressaltar que o “Provão” parece ter produzido um impacto considerável no


sistema de educação superior, recolocando o tema da avaliação institucional na
agenda de discussão de especialistas e leigos no assunto, mas, que apesar das
críticas, de alguma forma trouxe como contribuição aspectos positivos: a
mobilização das instituições para repensarem os currículos de seus cursos, a
revisão de suas práticas docentes, além de buscarem formas de aprimoramento da
qualidade do ensino ministrado. Muitos foram aqueles que souberam utilizar a
formulação e implementação e resultados do ENC, mas entre estes a mídia tem sido
quase que o único e exclusivo usuário dos resultados do ENC, dadas as condições
das instituições privadas e interioranas.

Avaliar a educação superior como fez o Provão, e colocá-la como se fosse uma
empresa gerida por um administrador-economista que vê a evasão quase sempre
como perda, sinônimo de fracasso, não é ver a educação com olhar de educador.
Um administrador-educador também precisa ver a evasão não somente como perda,
mas também como mobilidade, investimento num futuro em construção, aberto,
inacabado, um futuro que se beneficiará das disciplinas cursadas, pois educação
recebida não se perde jamais e com certeza será validada pela vida.

Mesmo acreditando que muitos dos gestores do sistema de ensino superior no Brasil
e pesquisadores demonstrassem preocupação com esses exames e quisessem
mudanças na sua condução, na prática, o que vimos acontecer à época foi ao
contrário, alguns assumiram a diferença, a distinção e a desigualdade como
princípios de organização e metas a serem alcançadas. Desta forma, rejeitaram a
importância da universidade pública como bem social e responsabilidade do Estado
para com seu funcionamento. Não devemos nos esquecer nunca de que a avaliação

PEDAGOGIA 62
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envolve questões políticas, sociais e culturais, e o processo participativo acolhe as


preocupações, as percepções e os pontos de vista dos interessados e, portanto, não
é importante verificar um estado de conhecimento ou um produto, mas os
processos, as trajetórias, as relações. Os exames e testes pontuais são insuficientes
e até perniciosos se atendidos isoladamente e fora do contexto de sua produção e
de sua execução.

Por esse motivo, encerramos nossa aula de hoje acreditando que não há qualidade
sem quantidade e que, portanto, uma avaliação qualitativa consistente deve ter por
base concreta os dados quantitativos da realidade para sustentá-la.

PEDAGOGIA 63
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Aula 21_Programa de Avaliação Institucional das Univrsidades


Brasileiras (PAIUB)

A avaliação institucional, segundo estudiosos, deveria ser consolidada por uma


cultura avaliativa na qual o envolvimento da comunidade acadêmica é o seu grande
eixo. Só assim seria entendida como democrática e atenderia aos objetivos
propostos em seus documentos, tendo como diretriz norteadora a qualidade dos
cursos a serem oferecidos pelas universidades para o cumprimento de sua função
social. A criação do PAIUB se iniciou com a participação da Assembleia Nacional
dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior, por meio da constituição de
Comissão que elaborou uma proposta de avaliação institucional das universidades
apresentada em um documento aprovado em outubro de 1993 e submetido à
Secretaria de Educação Superior do MEC. Esta criou o PAIUB como um programa
democraticamente construído, resultado de um trabalho de parcerias, retratando o
tipo de avaliação que as universidades querem realizar de acordo com as suas
concepções.

O PAIUB permitiu o aprofundamento de questões complexas relativas à vida


universitária, à formação de professores, à atuação acadêmica, científica e social,
em seu “lócus” de produção, promovido e administrado dentro dos muros das
universidades. O PAIUB, apesar de ser um programa que se ressente por falta de
apoio, ainda perdura. Seu sucesso se dá por ter conseguido despertar a
comunidade universitária para a importância do uso da avaliação no processo
contínuo da construção de uma universidade melhor. O que nos deixa perplexos, ao
verificar por meio dos documentos produzidos, é por que, tendo um Programa de
Avaliação institucional das universidades em curso com a adesão de grande parte
das instituições de ensino superior brasileiras, a política do governo tem priorizado a
realização de Exames Nacionais de Cursos e não se interessou por manter o que já
havia dado bons frutos?

Segundo Dias Sobrinho (2003), O PAIUB é uma avaliação sistêmica, processual,


global, sem perder as relações entre as partes e destas com a missão ou o projeto

PEDAGOGIA 64
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filosófico e pedagógico da instituição... É uma avaliação interna, protagonizada pelos


sujeitos da própria instituição, e externa, pois a instituição e seu processo avaliativo
também são avaliados por pares acadêmicos e membros da sociedade organizada.
É predominantemente contínua e permanente, tornando-se uma cultura institucional.
Sua concepção é de domínio público de uma parcela importante da comunidade
universitária internacional e de especialistas em avaliação.

O que podemos perceber aqui é que o PAIUB é uma avaliação que adota
metodologia qualitativa e participativa, permitindo melhor a compreensão dos
fenômenos sociais complexos. Segundo depoimento de autores altamente
conceituados no mundo acadêmico e especialistas em avaliação, como José Dias
Sobrinho, Dilvo Ristoff, e outros, o modelo adotado nessa avaliação atende melhor
às necessidades e especificidades nas quais acreditamos, enquanto educadores,
envolvidos e preocupados com a melhoria da qualidade do ensino no Brasil.

Esperamos que você tenha se apropriado de informações que possam ajudá-lo a


entender melhor a complexidade das avaliações pouco veiculadas, como é o caso
do PAIU, e que o incentivem a pesquisar mais sobre o assunto.

PEDAGOGIA 65
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Aula 22_Sistema de Avaliação e Rendimento Escolar do Estado de


São Paulo (SARESP)

A partir de 1996, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo define como um


dos programas da política educacional o Sistema de Avaliação do Rendimento
Escolar do Estado de São Paulo (SARESP), tendo como um de seus objetivos
lançar “as bases para a construção de uma cultura avaliativa”, cujos dados obtidos
se coloquem “antes de tudo, como ferramentas importantes para se repensar a
prática pedagógica e orientar as políticas na área educacional.” (São
Paulo,1997.p.03)

Como parte integrante dessa política, a Secretaria de educação do estado de São


Paulo (SEE/SP) instituiu o SARESP por meio da Resolução SE n. 27 de 29 de
março de 1996, considerando a necessidade de uma política de avaliação que
tivesse abrangência em toda sua rede, de forma censitária, por acreditar que as
avaliações existentes eram pouco abrangentes, pois a coleta de dados era feita por
amostragem.

Desde a sua formulação e implementação, em abril de 1996 em São Paulo,


vivenciamos no cenário educacional discussões que tentam demonstrar a
importância de um sistema de avaliação. O que não devemos esquecer, com
relação a essa política e a outras, diz respeito a sua avaliação, é o que não vemos
nem aqui e nem tampouco em âmbito nacional, e além dessa avaliação da política,
existe a necessidade da realização de pesquisas em relação ao SARESP.

Até o momento ocorreram oito (8) edições do SARESP, sendo que nas primeiras
edições os alunos eram avaliados em habilidades cognitivas desenvolvidas durante
o processo de escolarização em séries e componentes curriculares diversos3 nos
Ensinos Fundamental e Médio, e este era realizado de forma censitária. Nos últimos
anos, mais especificamente a partir de 2002, porém, foram incluídas algumas
alterações e ajustes, com avaliações das habilidades cognitivas de Leitura e Escrita
4 adquiridas pelos alunos ao longo de todas as séries dos Ensinos Fundamental e
Médio, deixando de ser censitário e passando a avaliar todos os alunos de todas as

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séries. Muitos foram os desdobramentos da aplicação do SARESP, nestes últimos


anos, e entre eles vale a pena destacar a participação dos alunos nas provas,
muitos não sabiam por quê? E nem para quê?

Assim, alunos acharam o SARESP “legal”, “pois é bom saber se


estamos aprendendo bem na escola”, porém, além de uma grande
abstenção no dia da aplicação da prova, a grande maioria dos alunos
não teve acesso às suas correções. Alguns dos alunos não se
lembravam de terem sido avaliados, e para aqueles que se
lembravam, quando perguntados qual o componente curricular que
foi avaliado, apenas metade dos entrevistados respondia com
certeza. Qual seria o motivo desse esquecimento? (FELIPE, 2002)

Decorridos dez (10) anos de sua formulação e implementação, cabe a nós alguns
questionamentos em relação a essa avaliação: O que de fato o SARESP vem
promovendo ao longo desses 10 anos na aprendizagem e rendimento escolar dos
alunos? De que forma ocorreram as alterações e ajustes na sua implementação?
Como vem ocorrendo a sua implementação? O SARESP está contribuindo
efetivamente para a melhoria da qualidade da aprendizagem e do ensino nas
Escolas Estaduais do Estado de São Paulo? E se, após estes anos de implantação
e implementação da política, ouvimos dizer que a qualidade do ensino e da
aprendizagem piorou o que justificaria sua implantação e manutenção? Reflita e
pesquise mais sobre o assunto.

____

3
RES. SE n. 27, de 29 de março de 1996, artigo 1 inciso II

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4
RES. SE n. 120, de 11 de novembro de 2003, artigo 2.

Aula 23_Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB)

...Os documentos oficiais declaram que o SAEB tem como foco


central a avaliação do rendimento dos alunos, realizando ainda
levantamento de outros dados. Tem como principal instrumento o
teste de rendimento dos diferentes saberes que compõem a base
nacional comum do currículo do ensino. É uma avaliação em larga
escala, aplicada a cada dois anos, por meio de amostragem que
abrange todas as escolas do ensino brasileiro e parte dos alunos
dessas escolas. (Almeida, 2003, 7)

Os primeiros estudos e testes com relação a rendimento escolar iniciaram-se em


1987, com o propósito de se estruturar o SAEB, mas só em 1990 acontece a
primeira aferição nacional, a segunda em 1993, e assim a seguir sempre de dois em
dois anos. O processo de implantação do SAEB, desde o início, foi marcado por
divergências entre técnicos do MEC e do Banco Mundial. Autores como Bonamino
destacam o papel indutor da política de avaliação exercido pelo Banco Mundial,
apesar dos financiamentos dos empréstimos só iniciarem a partir das avaliações de
1995. Estas são algumas das razões que esclarecem as mudanças dos objetivos do
SAEB ao longo dos ciclos.

As primeiras mudanças se fizeram sentir a partir da avaliação de 1995, deslocando o


foco da criação de uma cultura de avaliação para o monitoramento das políticas e da
qualidade da educação. Ao longo de sua existência, o SAEB sofreu algumas
alterações como a elaboração de “Matrizes Curriculares de Referência para a
Avaliação” em 1997, segundo Castro (1998), permitindo identificar o que os alunos
aprendem e são capazes de fazer em relação àquilo que deveriam saber, indicando
um longo caminho a percorrer para a melhoria da qualidade do ensino e a promoção
de mais eqüidade.

PEDAGOGIA 68
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Para alguns autores, entre eles Duran (2000), o SAEB ainda é um tipo de avaliação
bastante incipiente e, por isso mesmo, atolado de experiências de implantação de
sistemas de avaliação de outros países. Acrescenta, ainda, que estes estudos
parecem encerrar-se em si mesmos, não evidenciando produção acumulada. Sua
adoção pelo MEC, como política Nacional, provocou nos estados e municípios a
adoção de programas próprios de avaliação.

Maluf (1996) enfatiza como sendo o principal objetivo do SAEB, a


melhoria da qualidade de ensino, questão esta que entendemos não
estar sendo viabilizada, apesar de termos de considerar as medidas
de fluxo escolar e os investimentos financeiros alocados com
educação ao longo dos anos. Acreditamos também que o desenho e
os instrumentos utilizados por esta avaliação não têm permitido
transformar os resultados do processo avaliativo em alternativas de
intervenção.

A avaliação de monitoramento ainda se constitui em um estudo incipiente no Brasil e


se apresenta com conotação concorrencial e de caráter competitivo. Barreto (2000,
p.84) conclui que:

a despeito da abundante produção de discurso sobre o tema,


constata-se que seus apelos à mudança das práticas escolares e do
tratamento tradicional da avaliação terminam tão-somente por
resvalar a realidade. Mesmo quando se chega a ultrapassar o nível
do discurso, como no caso da avaliação de monitoramento, não há
ainda evidências de que ela esteja causando impactos significativos
nos desempenho dos alunos.

Não podemos nos esquecer da relevância da avaliação e que ela deve gerar e
processar informações que subsidiem a tomada de decisões quanto à formulação e
implementação de novas políticas. Infelizmente, nos deparamos ao longo de tantos

PEDAGOGIA 69
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anos de estudos e pesquisas realizadas com a sensação de que pouco tem sido
feito em relação à melhoria da qualidade de ensino aprendizagem de nossas
crianças, principalmente aqueles que mais precisam das condições estruturais nas
escolas para dar conta da sua aprendizagem.

O que se questiona, finalmente, diz respeito à utilidade da avaliação enquanto


política, que declara em seus objetivos ter a função de melhorar a qualidade do
ensino. Acreditamos que educação se faz com políticas sociais justas e
democráticas.

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Aula 24_Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM)

Nesta aula veremos outras “avaliações” que fazem parte das políticas de avaliação
implementadas nos anos de 1990. Na aula de hoje refletiremos sobre o ENEM. Nos
anos de 1990, como já citado anteriormente, são implantadas e implementadas no
Brasil, pelo governo Fernando Henrique Cardoso, políticas de avaliação e entre elas
o ENEM. Esta política tem como objetivo, segundo discurso oficial, ser uma proposta
inovadora porque tem caráter transdisciplinar e por detectar competências e
habilidades apresentadas pelo estudante, ao término do Ensino Médio.

Foi instituído por Portaria Ministerial o exame para concluintes ou egressos do


Ensino Médio, após alterações que se fizeram necessárias segundo concepção do
ENEM, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação n.9394 de 1996, também como
parte das suas intenções flexibilizar o acesso de alunos ao Ensino superior.
Documentos publicados pelo Instituto Nacional de Ensino e Pesquisas(INEP),
explicam “que este tem como objetivo fundamental avaliar o desempenho do aluno
ao término da escolaridade básica e aferir o desenvolvimento de competências
fundamentais ao exercício pleno da cidadania.” (MEC/INEP, 2000, p.5).

Vale acrescentar, como forma de ampliar nossos conhecimentos sobre a política


citada, que o exame é constituído:

por uma prova única abrangendo as várias áreas do conhecimento.


Sua estrutura é composta por cinco competências e vinte e uma
habilidades que deverão expressar o desempenho dos alunos por
meio de uma redação e questões objetivas de múltipla escolha.
(Almeida, 2003, p.8)

A adoção deste exame tem levantado inúmeros questionamentos da comunidade


acadêmica, que não podem deixar de serem considerados. Apesar das críticas há

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de “se reconhecer que o ENEM é constituído de questões que possuem


características diferentes daquelas que evidenciam a memorização de conteúdos,
vinculando-se a um conceito mais abrangente da inteligência humana.”
(Zanchet,2003)

Foi proposto como um exame que mede resultados e os expressa a partir de faixas
de desempenho, também é considerado como exame voluntário e individual. Esse
exame tem sido comumente tratado como avaliação. Mas nos parece que, segundo
o conceito de avaliação aqui defendido, sem intervenção não há avaliação, por isso
cabe questionarmos um exame citado como avaliação que ocorre ao término da
escolaridade básica e que, por isso, os estudantes não poderão ter oportunizado a
eles a intervenção, passo imprescindível para aqueles que não desenvolveram as
habilidades e competências necessárias.

Não se esqueça de que o exame é para os concluintes e egressos. Se é só


para eles, o que precisamos questionar? Existe utilidade? Qual a lógica que
alimenta o exame?

Dias Sobrinho, 2000, ao se referir aos exames nos pede para que percebamos que
medir não é a mesma coisa que avaliar, medir pode ser apenas parte do processo.
Mas, avaliar é muito, muito mais amplo. Destaca que para os alunos é importante
passar nos exames e para a faculdade é importante que esta se classifique bem,
mas o que vem acontecendo de fato, e aí a crítica, é que esta pode estar imprimindo
uma lógica de se ensinar para os exames. Nesse caso a avaliação estaria sendo
reduzida ao reforço de uma visão mecanicista.

Autores como Apple&Junck (1992) citados por Afonso, alertam que,


muito além de ser um controle de qualidade por meio das provas que
propõem averiguar as competências e habilidades,...podem levar os
professores a ensinar meramente para testes diminuindo sua

PEDAGOGIA 72
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autonomia no trabalho escolar e reduzindo o ensino – aprendizagem


a um modelo simplista. (Almeida,20003)

Gudiño, 1999, nos alerta sobre a responsabilização individual impressa no exame


que Afonso (1998), nos adverte quanto à introdução de efeitos de mercado,
imprimindo a lógica da seletividade e da qualidade no sistema educativo. Ainda,
segundo a autora, outro dos objetivos do exame diz oferecer ao cidadão uma
referência para que ele possa proceder a sua auto avaliação com vistas a escolhas
futuras, e parece ser um tanto perverso diante da qualidade de ensino que é
oferecida a este mesmo cidadão.

Quando este tipo de afirmação ocorre, cabe a todos questionarmos se não


estaríamos colocando sobre os ombros dos estudantes toda responsabilidade por
seu sucesso ou fracasso. Não seria perverso demais penalizar a população que
mais necessita da escola pública por seu insucesso? Não estaríamos fortalecendo a
ideia de que o desempenho de cada um é o resultado da sua capacidade ou
interesse, sendo o sucesso ou fracasso a justa recompensa?

Deixo para você a reflexão e a pesquisa do que foi estudado nessa aula. Nosso
tempo é pouco para tantas considerações em relação ao exame, mas as críticas e
estudos realizados até o momento têm demonstrado que ele pode ser considerado
como um sinalizador do currículo. E a percepção que este vem invadindo as salas
de aula como mecanismo de avaliação legitimado pela mídia.

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Aula 25_Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior


(SINAES)

A avaliação do Ensino superior no governo Lula teve como seu primeiro ministro da
educação o Sr. Christovam Buarque, que decidiu dar ênfase à questão da avaliação,
um dos aspectos destacados no Programa de Governo.

Segundo Barreyro (2004), “a avaliação era considerada como um dos elementos


relevantes tanto para garantir a qualidade do sistema quanto para promover a
autonomia universitária”.

Assim, o Secretário de Educação Superior, Carlos Roberto Antunes institui uma


Comissão Especial de Avaliação para realizar uma análise, um diagnóstico e propor
uma reformulação da avaliação superior vigente. O SINAES é produto de quatro
meses de trabalho dessa comissão, dos membros do ministério e representantes da
União Nacional dos Estudantes. A proposta destas discussões tinha como diretriz
organizar a avaliação universitária de forma que ela levasse em conta tanto a
avaliação como a regulação e abordaria quatro aspectos considerados
fundamentais:

1- A preocupação com a tomada de decisão sobre a instituição; 2- o


caráter instrumental da avaliação, isto é a avaliação como processo
voltado à instrumentalização dos tomadores de decisão; 3-o caráter
formativo e de aperfeiçoamento individual e institucional; 4-a
participação coletiva em todo processo avaliativo. (Ristof, 2003,28)

O SINAES, segundo documento oficial, foi organizado para integrar todos os


instrumentos de avaliação da educação superior e deve incluir três dimensões: a
avaliação institucional, a avaliação dos cursos de graduação e o ENADE - Exame
Nacional de Avaliação dos Estudantes. O ENADE é uma prova feita por amostragem

PEDAGOGIA 74
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onde a cada ano serão selecionados os cursos e os alunos que participarão da


referida prova. O foco da proposta da comissão era a avaliação institucional aliada a
outros elementos como, por exemplo, o processo de Avaliação Integrado do
desenvolvimento Educacional e da Inovação da Área (PAIDEA), que tem como foco
o conhecimento, a produção de dados próprios, e pretende ser também um
processo de pesquisa, além da contrastação de hipóteses e a triangulação das
informações outorgando legitimidade e confiabilidade.

Ainda, segundo documento oficial, este novo sistema prevê o estabelecimento de


indicadores de avaliação institucional ligados à sua missão e vocação, à política de
seleção que será desenvolvida na instituição, à formação e contratação de seu
corpo docente, e o tipo de investimento viabilizado pela instituição para a formação
dos mesmos; assim como a aquisição e atualização de seu acervo bibliográfico, as
políticas de inserção social, outros compromissos da instituição ligados às artes, às
ciências, à infraestrutura, enfim, a condução dos destinos da instituição. O SINAES
tem características básicas e a avaliação participativa ocupa a centralidade do
projeto, como a integração, o rigor, a flexibilidade, a eficácia informativa e a
institucionalidade. Assim, esse modelo de avaliação institucional pretende ser uma
avaliação mais completa e global. Sua administração ficará a cargo da Comissão
Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES), comissão essa que terá
doze integrantes nomeados pelo presidente da República, sendo que os nomes
precisam tem reconhecimento nacional na área.

Os instrumentos de avaliação declarados são quatro:

 Autoavaliação Institucional;

 Avaliação Institucional Externa;

 Avaliação das Condições de Ensino;

 PAIDEIA (Processo de Avaliação Integrada do Desenvolvimento Educacional e


da inovação da Área).

PEDAGOGIA 75
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Além de cinco instrumentos de informação:

 Censo da Educação Superior;

 Cadastro das Instituições e Cursos;

 Sistema de registro da Capes e da Secretaria da Educação Média e Tecnológica;

 Plano de Desenvolvimento Institucional;

 Projeto Político-pedagógico do curso.

Temos clareza da quantidade das informações aqui apresentadas, os nomes


diferentes para quem como você ainda não está familiarizado; por esta razão, vamos
dar um tempo para que se acostume com as terminologias e vá incorporando aos
poucos este novo vocabulário.

Consulte os sites abaixo para os esclarecimentos que você julgar serem


necessários.

Legislação:

 www.mec.gov.br

 www.inep.gov.br

 www.mec.gov.br/cne

 www.capes.gov.br

 www.cnpq.br

 www.disponibilidadeavaliador.inep.gov.br

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PEDAGOGIA 77
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Aula 26_Prova Brasil

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (INEP), do Ministério de


Educação (MEC), elaborou um instrumento de avaliação da alfabetização, com o
objetivo de ter um diagnóstico mais preciso da alfabetização das crianças das redes
públicas de ensino após um ano de escolaridade.

Segundo documento oficial, o MEC declara que o intuito é oferecer aos gestores
públicos e aos professores informações suficientes que possam subsidiá-los
permitindo as intervenções com vista à correção de possíveis insuficiências
apresentadas nas áreas de leitura e escrita.

A primeira edição da prova aconteceu em novembro de 2005, em parceria com as


secretarias estaduais e municipais de educação que mobilizaram mais de vinte mil
colaboradores para atuarem na execução dos trabalhos. A Prova Brasil tem como
objetivo, ainda segundo documento oficial, acontecer periodicamente para que os
envolvidos no processo possam acompanhar o processo evolutivo ou não das
crianças. Nas primeiras edições foram avaliadas as habilidades relativas ao
processo de alfabetização e letramento inicial dos alunos. A avaliação ocorre por
adesão das secretarias estaduais e municipais de educação, é voluntária e seus
resultados não são contabilizados e divulgados pelo MEC, fazendo parte do
Compromisso Todos pela Educação do Plano de Desenvolvimento da Educação
(PDE).

É interessante saber que as provas são aplicadas e corrigidas pelos próprios


professores das redes públicas e seus resultados são acessíveis apenas a eles e
aos gestores da Educação de cada estado e município; a correção e a tabulação
dos resultados é de responsabilidade de cada estado e município.

Educadores e especialistas de educação e entre eles

PEDAGOGIA 78
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... a professora Esther Grossi, coordenadora do Grupo de Estudos


Sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação (Geempa), a
formadora Cisele Ortiz, do Instituto Avisalá, e uma equipe do Centro
de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac)
fizeram uma análise do exame. Em todas as opiniões, levantou-se a
questão do papel da Provinha na elaboração de políticas públicas
para melhorar a formação dos professores alfabetizadores.

Educadores concordam que o Brasil precisa cuidar melhor de suas crianças e de


como elas são alfabetizadas, pois o que temos visto nas últimas décadas nos
entristece quando declarado pela mídia que mais da metade das crianças chega a 4ª
série sem desenvolver adequadamente sua capacidade de leitura e escrita. Não
podemos desconsiderar instrumentos e políticas que declarem manter seu foco na
aprendizagem, mas também não devemos ser ingênuos e desconsiderar que a
ausência de políticas ou sua implementação tardia nos leva à condição que nos
encontramos na atualidade. Devemos destacar que a avaliação tem uma função que
é informar. Após a informação temos como responsabilidade corrigir os eventuais
erros detectados na aprendizagem, não interessando, portanto, ao processo a
avaliação tardia do curso, ocorrida nas séries finais que não nos possibilita as
intervenções necessárias no tempo necessário para correção.

Cabe ressaltar que provas como esta ou tantas outras podem sim detectar
conteúdos não aprendidos pelas crianças ou conteúdos não ensinados por seus
professores e imprescindíveis, mas sua correção e intervenção devem ser imediatas
para o aproveitamento desta como instrumento a favor da aprendizagem.

PEDAGOGIA 79
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Aula 27_Exame Nacional para Certificação de Competências de


Jovens e Adultos (ENCCEJA)

O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos


(Encceja) é um instrumento de avaliação que mede as competências e habilidades
de jovens e adultos, residentes no Brasil e no exterior, em nível de conclusão do
Ensino Fundamental e Médio. A adesão ao Encceja ocorre por opção das
Secretarias de Educação (dos Estados, Distrito Federal e municípios), efetivada,
formalmente, com a assinatura de Termo de Compromisso de Cooperação Técnica
e/ou Convênio com o Inep.

O ENCCEJA foi estabelecido, conforme inciso VI, do artigo 16, do Decreto n. 6317,
de 20 de dezembro de 2007, tendo em vista o disposto na LDBEN 9394 de 20 de
dezembro de 1996 e nas Portarias Ministeriais n. 3415, de 21 de outubro de 2004 n.
783, de 25 de junho de 2008.

O principal objetivo do ENCCEJA, declarado em seu documento oficial, é avaliar as


habilidades e competências básicas de jovens e adultos que não tiveram
oportunidade de acesso à escolaridade regular na idade apropriada. Assim, o
candidato se submete a uma prova e, alcançando a média mínima exigida, obtém a
certificação de conclusão daquela etapa educacional, ou do Ensino Fundamental ou
do Ensino Médio. Outra das intenções declaradas no ENCCEJA é construir um
indicador qualitativo que possa ser incorporado à avaliação de políticas públicas da
Educação de Jovens e Adultos. Ainda, declarado em seu documento oficial,
destaca-se, como possibilidade de correção de fluxo ao cidadão que não concluiu a
escolaridade básica na idade regular, podendo realizar a prova quantas vezes forem
necessárias para sua conclusão. Trata-se de prova de eliminação de disciplinas. As
inscrições são gratuitas, via internet, e realizadas periodicamente, pelo próprio
candidato, com comprovação de idade mínima prevista em documento oficial, para
cada curso.

O exame é elaborado procurando se levar em conta aquisições lógicas de


pensamento que são universais para jovens e adultos e que deveriam ser tomadas

PEDAGOGIA 80
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como ponto de partida nas diversas modalidades de oferta de ensino para essa
população; dessa forma procurando superar provas centradas em conteúdos
fragmentados e descontextualizados. A prova procura valorizar a autonomia do
estudante para ler informações e estabelecer relações.

Se você tiver interesse em saber mais sobre o assunto acesse os sites abaixo.

http://encceja.inep.gov.br/

http://65.110.61.30/site/1376/nota/35871

http://encceja.inep.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=25&Ite
mid=0

http://www.oei.es/noticias/spip.php?article2403&debut_5ultimasOEI=25

Carta entregue para o ministro:

http://www.forumeja.org.br/node/733

http://faculdade.ebah.com.br/sao-paulo/encceja-exame-nacional-de-certificacao-de-
competencias-de-jovens-e-adultos-1395

Definição na wikki

http://pt.wikipedia.org/wiki/ENCCEJA

PEDAGOGIA 81
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Aula 28_A Avaliação (Hoje)

Ao estudarmos as políticas vigentes até o momento podemos perceber, por


intermédio de seus documentos, que a avaliação da educação superior hoje ocorre
em dois níveis: no nível nacional e o de cada instituição. Em termos institucionais, no
nível nacional, é proposta vigente, segundo informações veiculadas em documentos
oficiais, fazer com que a avaliação lance seu olhar prioritariamente às grandes
estruturas educacionais, aos formuladores de políticas educacionais, aos sistemas
de ensino e as instituições.

Essa proposta pretende atingir aos seguintes objetivos elencados abaixo:

I. Permitir o controle social da educação ministrada no país; II. Subsidiar


diagnósticos sobre a realidade educacional;

III. Orientar a formulação e o monitoramento de políticas direcionadas à promoção


da equidade e à melhoria da qualidade de ensino;

IV. Estimular o aperfeiçoamento das instituições educacionais;

V. Substituir os processos burocráticos de controle por indicadores de desempenho;

VI. Assegurar a transparência das informações, disseminando resultados e


prestando conta à sociedade.

A avaliação do desempenho acadêmico nas Universidades vem sendo objeto de


discussão nos últimos anos, forçando reflexões sobre as concepções e os
procedimentos e sobre os paradigmas atuais propostos na literatura educacional.

A mudança nas regras da avaliação parte do princípio de que a falta de articulação


entre o ensino, a aprendizagem e a avaliação, acaba por criar problemas difíceis de
serem superados e solucionados. Dentre eles, podemos destacar:

PEDAGOGIA 82
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•A incoerência entre o objeto avaliado, o objeto de aprendizagem estabelecido e o


que foi ensinado;

•A junção entre o momento de ensinar e o momento de avaliar;

•A indefinição nos critérios de avaliação;

•A limitação na formação de processos cognitivos complexos desejáveis a todos os


alunos;

•E, principalmente, a falta de coerência nas políticas de avaliação implantadas e


implementadas até então.

A avaliação só faz sentido, só é significativa, quando se coloca deliberadamente a


serviço do fim que lhe dá sentido, ou seja, inscreve-se num projeto educativo e
fornece informações que possibilitem regular a ação dos atores envolvidos,
reconhecer, corrigindo os erros cometidos, identificar avanços e indicar novos rumos
para a ação pedagógica.

Assim, algumas tensões estarão sendo enfrentadas nesta trajetória:

•Resistência às mudanças e a percepção de que estamos ou não abertos para o


novo;

•O confronto entre concepções de orientação contraditórias que ora aproximam, ora


distanciam, um jogo permanente de forças e de questionamentos.

O importante é aceitar o desafio, abrir-se para o novo, pois mudar impõe conhecer o
novo, coragem, disponibilidade para o diálogo com as partes na condição de
avaliadores, papel intrínseco ao ato da docência.

De todo modo, precisamos reconhecer que os problemas enfrentados na educação


superior não se resumem unicamente à avaliação, mas também a ela, não devemos
ser sonhadores e acreditar em contos de fada, pois a educação é um ato político,
não é neutra e como tal implica na formulação e implementação de novas políticas.

PEDAGOGIA 83
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A ausência de avaliação das políticas e de uma política de avaliação consistente, fiel


e confiável pode significar a manutenção do mesmo modelo, com os mesmos
princípios, princípios que parecem não atender às exigências atuais.

PEDAGOGIA 84
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Aula 29_A Avaliação da Educação Superior

Como vimos na aula anterior, a avaliação deve lançar seu olhar prioritariamente às
grandes estruturas educacionais. Os sistemas de avaliação da educação superior
são:

 ENADE

 Avaliação das condições de ensino (para reconhecimento e renovação de


reconhecimento de cursos);

 Avaliação institucional (para recredenciamento e renovação de recredenciamento


de IES);

 Estatísticas da Educação Superior ( cadastro e senso).

O Sistema de Avaliação da Educação Superior:

 Tem a mesma base de dados: cadastro, censo e ENADE;

 O mesmo padrão conceitual: glossário;

 Procedimentos compatíveis: instrumentos de coleta, manuais de avaliação,


capacitação dos avaliadores.

Ao tratar dos diversos exames que compõem o cenário da Avaliação


no Brasil, fizemos de forma a proporcionar a você informações e
esclarecimentos que oportunizassem discutir o assunto. Mas precisamos ainda
trabalhar outras questões mais complexas e específicas ligadas à avaliação, pouco
ventiladas nos cursos tanto de graduação como aqueles que antecedem a
graduação.

PEDAGOGIA 85
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Assim, trataremos das tendências avaliativas do Estado sobre a Educação e o


controle rígido que exerce hoje sobre os sistemas e as instituições, exigindo
eficiência e utilidade destes. Não devemos ser ingênuos e acreditar que essa
tendência ocorre apenas aqui; na verdade, é do conhecimento de toda comunidade
científica ligada a essa especialidade, as influências sofridas pelos países periféricos
advindas dos países centrais, que influenciam fortemente as reformas educacionais.

A avaliação da educação superior ganhou importância central em


todos os países que, no contexto da reforma dos Estados e com a
finalidade de alcançar maior competitividade internacional,
empreenderam políticas de transformação desse nível educativo.
Entendida com elo importante das reformas, a avaliação da
educação superior transborda os limites propriamente educativos e
se situa nos planos mais amplos da economia e da política. (Dias
Sobrinho, 2003)

É de suma importância que nós conheçamos as políticas de avaliação e as reformas


educacionais implementadas e saber que estas sofrem influências dos países
centrais, assim como imposições por meio de financiamentos, muito importantes
para os governos, e que segundo eles não conseguiriam implementar as mudanças
necessárias sem estes financiamentos. As mudanças ocorridas na educação a partir
dos anos de 1970 são respostas dos movimentos da época, como os movimentos
feministas, os de contracultura, os movimentos em defesa dos direitos civis e,
principalmente, aqueles mais especificamente ligados à educação como o
Movimento de Conceptualização do Currículo, e a Nova Sociologia da Educação
(NSE). No Brasil e no mundo, esses movimentos influenciaram definitivamente o
campo educacional e com o declínio econômico leva a uma mudança dos
paradigmas avaliativos existentes. Onde a “avaliação deveria fornecer as bases para
análises de caráter político”. (Dias Sobrinho, 2003)

A noção implícita aqui diz respeito aos resultados, que segundo os objetivos
presentes em seus documentos, devem servir como prestação de contas à

PEDAGOGIA 86
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sociedade, assim ser amplamente divulgados pela mídia e trazer a ideia de que
estes são os únicos e os verdadeiros. É interessante perceber que essas avaliações
propostas são utilizadas para demonstrar a “qualidade da educação”, por meio de
seus resultados e eficiência, mas na maioria dos casos estas não são usadas para
se estabelecer novas políticas que pudessem reconduzir essa educação ao
sucesso.

Esse modelo de avaliação hoje goza de aceitação no mundo inteiro e começa a


fazer parte essencial das agendas dos governos, além de ser estratégia
fundamental. Os problemas enfrentados pelo mundo hoje levam a sociedade a
reivindicar direitos não contemplados nas políticas formuladas. E a ausência ou
diminuição das políticas de “Bem Estar Social” levam a reivindicações sociais,
agravando crises econômicas. Assim, as avaliações segundo esta ideia deveriam
servir para o acompanhamento das políticas oficiais, controlando os gastos e a
eficiência dos serviços públicos. Esse modelo produzido para a economia vem
constantemente interferindo na educação e mais precisamente no ensino superior,
que hoje tem a maior parte do seu atendimento nas mãos da iniciativa privada,
imprimindo neste uma lógica de mercado. Assim, o Estado hoje por meio das
avaliações implementadas não intervém ampliando o acesso nas universidades
públicas, atendendo adequadamente todas as demandas sociais de educação
superior. Funciona como interventor de forma controladora e fiscalizadora.

Segundo Dias Sobrinho,2003, “...Tanto nos países desenvolvidos quanto nos países
de economia dependente, inclusive no Brasil ...os governos propõem reformas
visando um vínculo mais estreito da educação superior com os projetos
econômicos”.

O que nos cabe questionar com relação aos exames, aos quais todos nós somos
submetidos hoje, é extremamente significativo, pois ao longo destes últimos séculos
o oferecimento de ensino superior dirigiu-se aos elementos de uma única classe
social, a classe dominante. Quais foram às mudanças propostas a partir da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394 de dezembro de 1996, que
favorecem ou ampliam as oportunidades do povo brasileiro para cursar o
ensino superior público?

PEDAGOGIA 87
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A quem, ou ao que ela estará servindo, se não for para a formulação e


implementação de políticas mais justas e que proporcionem uma melhoria da
qualidade da educação?

Entre nos links indicados abaixo, podem “passear” à vontade, é muito importante
que você pesquise sobre todos os assuntos que já tratamos.

Legislação:

 www.mec.gov.br

 www.inep.gov.br

 www.mec.gov.br/cne

 www.capes.gov.br

 www.cnpq.br

 www.disponibilidadeavaliador.inep.gov.br

PEDAGOGIA 88
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Aula 30_Avaliação do Ensino Superior no Brasil

Avaliação institucional é um processo de aferição do


desenvolvimento de ações que permite o autoconhecimento
institucional, a correção e o aperfeiçoamento das ações
institucionais. Nessa definição, estão presentes o valor (aferição), a
idéia de processo e o sentido formativo do autoconhecimento. Não se
trata aí de uma avaliação objetiva, quantitativa e alheia ao trabalho
pedagógico da comunidade universitária. Trata-se, sim, de ações
sistemáticas de iniciativa da instituição, como expressão de sua
autonomia, para aperfeiçoar-se tanto no nível interno, nas esferas
acadêmicas e administrativas, quanto em suas relações com a
sociedade. (Belloni,1995)

Com a citação acima iniciamos mais uma aula e também mais dos muitos momentos
de reflexão sobre avaliação, onde vamos fazer um breve, mas valioso percurso na
história com a intenção de compreender o que tem sido o processo de avaliação no
ensino superior brasileiro. O cenário inicial é os anos de 1960 e nos dez anos
seguintes, pois ocorreram investimentos no ensino superior, mesmo que aqui não
tivéssemos um Estado de bem estar social como na Europa e nos países
desenvolvidos. Nossas universidades eram muito jovens, com estruturas frágeis e
sem capacidade para pesquisa. Acabávamos de sofrer um golpe militar que
perdurou de 1964 até 1985 e nos tornávamos mais dependentes dos países ricos.

Nos anos de 1968 aconteceu a reforma universitária durante o golpe militar, e


mesmo com a restrição da liberdade política, condições foram criadas com a
implantação da pesquisa e a formação de novos pesquisadores por meio de um
programa de modernização, que tinha como objetivo o desenvolvimento tecnológico.

A universidade brasileira, segundo orientações, deveria seguir o modelo da empresa


privada e a tônica era a eficiência, produzindo ciência, tecnologia e a mão de obra
adequada a esse modelo.

PEDAGOGIA 89
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A política educacional do regime militar brasileiro submetia a


educação à produção. Para maior eficiência, exerceu severo controle
ideológico sobre as instituições educacionais, intervindo rigidamente
nas universidades, não só no que diz respeito às esferas
administrativas, mas também à docência e à pesquisa. (Dias
Sobrinho, 2003, p.68)

Mas, a escassez de recursos e a expansão do modelo capitalista levam o regime a


abrir o sistema de ensino superior para a iniciativa privada. Ao mesmo tempo ocorre
o investimento na universidade pública, controlando a gestão, reprimindo
manifestações políticas e banindo intelectuais, paralelo a isso se amplia o número
de universidades federais.

A noção presente era de que a educação iria promover rapidamente o


desenvolvimento, e os efeitos dessa ideia parecem ter se aprofundado nas últimas
décadas.

Como a forte pressão social por escolaridade teve como


consequência óbvia um importante incremento nos encargos
governamentais. Entretanto a opção adotada era a do modelo
eficienticista da expansão de vagas, com redução de recursos.
Assim, estava aberto o caminho para a privatização. (Dias Sobrinho,
2003, p.70)

As combinações acima apontadas nas palavras de um dos maiores especialistas


brasileiros em avaliação do ensino superior produzem efeitos que, segundo ele, vem
se aprofundando, justificando a necessidade de avaliações.

 Avaliações para avaliar as políticas de distribuição de recursos e os seus usos;

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 Avaliações para definir critérios para essa distribuição, a partir dos resultados
apresentados, pois apesar desses recursos terem aumentado se apresentam
ainda insuficientes;

 Avaliações que possam acompanhar as diversificações ocorridas no sistema


com relação a aberturas desenfreadas de instituições privadas, pois a
massificação das matrículas e a insuficiência de recursos podem acarretar piora
na qualidade educativa devido à complexidade das demandas;

•• Avaliação como regulação, que vigie os resultados, fiscalize ou intervenha, na


instituição de ensino superior.

Como nos demais países, no Brasil, também, cresce o papel do Estado como
interventor, o Estado avaliador. Já estava na agenda de discussão nos anos de
1980, mas é somente nos anos de 1990, que podemos chamar de década da
avaliação, que a avaliação ganha terreno como instrumento indispensável para o
monitoramento das reformas implantadas pelos governos. Assim, nos anos de 1995,
ela se estabelece, ganha espaço e poder como estratégia para a manutenção desse
mesmo poder. Como já vimos anteriormente, no que se refere ao ensino superior
temos algumas experiências em relação às políticas de avaliação implementadas no
Brasil, a mais democrática e consistente e que atendeu a comunidade científica
como já visto em aula anterior, o PAIUB, e segundo Dias Sobrinho (2003) “...
Avaliação sistemática, processual, global, sem perder as relações entre as partes e
destas com a missão ou o projeto da filosófico e pedagógico da instituição” e outras,
implementadas de forma a atender o mercado e as agências internacionais, como
tendência mundial.

As demais como o Exame Nacional de Cursos (ENC) e mais recentemente o Exame


Nacional de Avaliação do Ensino (ENADE), também já trabalhado em aulas
anteriores, atendem a outro modelo de avaliação do ensino superior. O ENC, mais
vulgarmente chamado como Provão, sofreu muitas críticas da comunidade
acadêmica e estudos apontam suas intenções, já o ENADE, recentemente
implementado, parece trazer, em seus objetivos, senão a mesma filosofia que

PEDAGOGIA 91
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permeava o Provão, algo bem próximo disto. Por ser uma política recente, a análise
de sua implementação fica prejudicada pela falta de elementos para tal.

Assim, entendemos que um acompanhamento por intermédio de leituras sobre o


assunto aos interessados pode ajudar-nos a julgar com mais cautela as políticas
implementadas.

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Aula 31_A Educação Superior

A avaliação hoje se estende a todos os domínios sociais, com ênfase maior nas
políticas públicas. Na educação, ela é relevante, seja na educação básica ou na
educação superior, como avaliação da aprendizagem, avaliação do rendimento
escolar ou ainda avaliação sistêmica ou institucional. Seja qual for a avaliação ela
tem seu lugar garantido como instrumento necessário para o acompanhamento do
processo de crescimento da sociedade, dos indivíduos ou das políticas.

A combinação e a cooperação de metodologias diferenciadas são necessárias para


que, de forma ética e comprometida, possamos dar conta da complexidade que
envolve as políticas sociais, e a avaliação das mesmas. É de extrema importância
que possamos utilizar todos os mecanismos necessários para compreender o objeto
avaliado e a partir destas informações possibilitar a construção da melhoria da
qualidade. Apresentamos a você modelos distintos de avaliação da educação
superior, mas apesar das muitas diferenças entre eles, acreditamos que eles não
sejam excludentes; na verdade eles podem se complementar, se entrecruzar na
construção de um novo modelo de avaliação para o ensino superior. Ambos têm
seus seguidores e acusadores, a partir das concepções que encerram e que
atendem a estas ou àquelas expectativas.

Temos, de um lado, visões de mundo organizadas por esquemas objetivos,


orientadas por uma ética utilitária e individualista, onde o progresso aqui é visto
como uma forma orientada para o resultado, dando ênfase ao valor dos números.
Uma visão positivista, que emprega métodos quantitativos e procura trabalhar com
medições controladas, orientadas para o resultado, inferencial, hipotética e dedutiva.
De outro, com uma visão de mundo que se situa no campo das epistemologias
subjetivistas, trabalha com perspectivas fenomenológicas e holísticas apresentando
um outro olhar sobre a realidade. Esta visão apresenta uma postura filosófica
diferente da anterior, pois encara as verdades como transitórias, dependendo do
tempo e espaço, onde e quando elas ocorrem e não como verdades absolutas.
Estas verdades são relativas, valorizam os processos vividos pelos indivíduos e

PEDAGOGIA 93
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pelos grupos, muito mais que os resultados que eles apresentam, conferindo
significados a estes. Utiliza-se de métodos qualitativos, tende ao subjetivismo, é
fundamentada na realidade, orienta-se para os descobrimentos, é indutiva,
descritiva, exploratória, orienta-se para o processo, sua validade é conferida aos
dados reais e ricos de significação, assume uma realidade dinâmica.

Agora, após todas as características apresentadas dos dois modelos, se você


tivesse que nominar uma ou outra diante dos modelos apresentados como você
identificaria? Faça o exercício.

É importante perceber que no panorama apresentado das reformas da educação


superior nos últimos 30 ou 40 anos, tem prevalecido o modelo racional, aquele que
aponta para uma formação profissional mais concreta. Nessa lógica, a tendência é
submeter a educação à economia, consequência natural da sociedade que vê a
educação a serviço da economia.

Segundo Dias Sobrinho (2003), a “diminuição dos recursos tem gerado a


necessidade de compensação das deficiências financeiras por meio da
implementação de atividades de corte comercial”, assim o que é uma perda passa a
ser justificado como se fosse um benefício, é o predomínio do mercado
enfraquecendo os valores acadêmicos e desvalorizando o processo, pois mais
importante do que aquilo que se faz é o como se faz, é o resultado priorizando o
menor custo e a maior quantidade.

A tendência atual é uma avaliação que permite comparações nacionais e


internacionais e que será exercida como um controle externo. Essa tendência
desconsidera o processo perdendo sua função formativa e de mecanismo, de
questionamento e reflexão, passando a ser mecanismo de controle e de
responsabilização. Esse modelo serve sim a uma concepção atrelada a propósitos
específicos, fornecendo rapidamente informações que funcionarão como
instrumentos de uma determinada política governamental.

O que percebemos, enquanto educadores e pesquisadores que têm observado,


participado, mesmo que passivamente desse processo, e refletido sobre as
avaliações que têm sido implementadas, pelo menos, nos últimos 10 anos, é a

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certeza de que sabemos as respostas ou pelo menos desconfiamos que,


independente dos objetivos declarados em cada uma das políticas públicas de
avaliação formuladas e implementadas no Brasil, seus resultados têm servido para
informar a situação da educação e do ensino no Brasil. Mas, apenas isso, pois não
detectamos ações consistentes e intencionais que realmente tenham a intenção de
mudar essa realidade como resposta aos resultados apresentados.

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Aula 32_Avalição Institucional - Uma Conclusão

“A avaliação precisa ser espelho e lâmpada, não apenas espelho.


Precisa não apenas refletir a realidade, mas iluminá-la, criando
enfoques, perspectivas, mostrando relações, atribuindo significado.”
(M. H., citado por RSTOFF, 1995)

Vimos de forma repetitiva e muito significativa que avaliar não é punir ou premiar,
mas conhecer os problemas e encontrar formas de superá-los. E, com relação à
avaliação institucional, um dos primeiros objetivos, tendo em vista o
aperfeiçoamento das instituições é perseguir um padrão unitário de qualidade. A
construção de uma proposta de avaliação deve necessariamente passar por
discussões abertas com os usuários da instituição e por um amplo debate
institucional sobre sua identidade e sobre o seu projeto acadêmico global, ou seja, a
avaliação da qual falamos deve ser participativa e emancipatória, um instrumento de
democratização.

Essa avaliação não poderá se dar em abstrato, deve se estabelecer em relação a


algo, de preferência em relação a um modelo tomado como padrão de referência.
Não devemos nos esquecer que tivemos um modelo defendido e apoiado pela
comunidade acadêmica, o PAIUB, considerado modelo participativo e democrático e
que para muitos ainda é referência. Para que a avaliação da universidade volte a ser
um mecanismo democrático, transparente, viável e com credibilidade, tornam-se
necessários a implantação e o fortalecimento de um determinado projeto de IES ou
de política educacional, em que o processo avaliativo deve ter como preocupação o
estabelecimento de um padrão de desempenho compatível com o padrão de
instituição almejado.

Autores afirmam que:

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A política para o ensino superior que vem sendo adotada no Brasil,


claramente se apoia em uma concepção privatista e, nos últimos
tempos, escancaradamente neoliberal. E a avaliação tende a ser um
dos principais instrumentos para a implantação do modelo concebido
nestes moldes.

Acredita-se que os modelos de avaliação implantados e, ainda hoje, em execução


no Brasil parecem seguir essa concepção de avaliação, contrariando os discursos
presentes nos documentos oficiais. Por esse motivo, nas aulas, nas discussões dos
fóruns e nos chats pedimos a você que leia, reflita e busque se informar para
conhecer mais sobre o assunto que tratamos aqui.

Dentro do processo de avaliação, seus dois momentos são extremamente


significativos e relevantes: a avaliação institucional externa e a avaliação
institucional interna. A avaliação interna das instituições deve ter como objetivo a
formulação e consequente reformulação de sua política acadêmica, a reeducação e
revisão de suas práticas como forma de encaminhar as tomadas de decisão, no seu
interior, propiciando mecanismos de intercâmbio e articulação dentro das instituições
entre suas diversas instâncias acadêmicas e administrativas.

A avaliação institucional é hoje um dos temas de maior interesse e


foco de conflitos no âmbito da educação superior. As experiências
não dizem respeito simplesmente a uma instituição em particular ou
até mesmo a um país isoladamente. O interesse por ela não se deve
somente a seu potencial de transformação qualitativa, de
melhoramento pedagógico e de maior eficiência de gestão, como
geralmente espera a comunidade acadêmica, mas também e com
crescente impacto ela se impõe em função das exigências de
regulação e de controle da educação superior por parte dos estados.
Dias Sobrinho, 2000

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Na avaliação institucional interna, no nosso entender, um dos instrumentos do


processo avaliativo que deve ser utilizado para atender as suas necessidades
próprias e melhorar seu desempenho, confiabilidade e credibilidade é a avaliação do
trabalho acadêmico, instrumento que poderá fornecer parâmetros para a progressão
dos docentes na carreira e instrumentá-los.

Estudos apontam que a avaliação interna das instituições deva ser um trabalho
realizado de forma participativa, com o envolvimento de todos os seus membros,
socialmente contextualizado e instrumento de construção de uma escola pública
gratuita e democrática. Tem como objetivo uma universidade voltada para a solução
dos problemas sociais, políticos e econômicos do país, onde os que lá estão
entendam seu papel de articuladores, de pesquisadores, de estudiosos, mas,
também, como responsáveis primeiros por seu objeto de estudo, a sociedade e seus
problemas.

Como detentores do conhecimento da realidade que estuda, é preciso que se


compreenda que o papel não é apenas estudar os problemas, mas intervir nessa
mesma realidade, transformando a escola pública gratuita e para todos na melhor
escola. Por este motivo a avaliação interna deve ser crítica e socialmente
contextualizada, gerando um projeto acadêmico, científico e tecnológico voltado para
a solução dos problemas da população brasileira. Hoje, a universidade está mais
carente de recursos, decorrente de uma diminuição do financiamento público,
acarretando reflexos devastadores no cotidiano das universidades, mas mesmo
assim é chamada a participar mais dos esforços para superar as carências que
atingem setores da vida social e econômica, acentuando contradições entre
autonomia e responsabilidade social. Isso ocorre de muitas formas, seja pela
redução no valor pago pelos alunos, seja pela diminuição de financiamento, aliadas
à lógica da sobrevivência imposta pelo mercado, ocasionando uma fragilização e um
desfiguramento no seu papel, obrigando a universidade a submeter-se a critérios
como os da produtividade, levando-a a avaliações sempre negativas.

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Boaventura S. Santos aponta três efeitos dos cortes orçamentários:


1) alteram as posições relativas das áreas de saber e, assim,
desestruturam as relações de poder em que assenta a estabilidade
institucional; 2) obrigam a universidade a submeter-se a critérios que
não são os seus, como os da produtividade, o que produz avaliações
sempre negativas; 3) quano mais restritos os recursos, mais a
universidade precisa buscar meios alternativos de sobrevivência,
acentuando as contradições entre autonomia e responsabilidade
social.”

Não é a toa que denominamos esses tempos como a década da avaliação, devido a
sua importância e a relevância do seu papel na atualidade. Não podemos dizer que
este modelo é melhor que o outro, pois muitos são os modelos, uma avaliação,
qualquer que seja, se produz num espaço social de valores que já existe, e ajuda a
reforçar. Sabemos que a educação não é neutra e a avaliação também não é
externa. Existem avaliações produzidas em fontes exógenas, impostas de cima para
baixo, de fora para dentro, mas também existem esforços bem organizados da
comunidade acadêmica e científica tentando assegurar princípios, usos e objetivos
desse processo, apesar da lógica imposta nas últimas décadas.

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