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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Economia e Gestão

Impacto da Estrutura Financeira no Desempenho Empresarial, Estudo de caso:


Empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) de 2017-2019

De:

Lúcia Dionísio Norberto Abílio

Monografia Apresentada como Exigência Parcial para Obtenção do Grau de Licenciatura em


Contabilidade e Auditoria a Comissão Julgadora Da Universidade Católica De Moçambique

Beira

Dezembro, 2021
DECLARAÇÃO

O presente trabalho foi elaborado por Lúcia Dionísio Norberto Abílio na Universidade
Católica de Moçambique em 2021. Este trabalho é da minha autoria excepto as citações que
nele foram referenciadas. Nunca foi e nunca será submetido a nenhuma outra universidade.
Nenhuma parte deste trabalho deverá ser reproduzida sem a minha permissão ou da
Universidade Católica de Moçambique.

Nome da Autora

Lúcia Dionísio Norberto Abílio

_______________________

Data: 08.08.2021

Nome do supervisor

Dr. Leote Armindo Banze

______________________

I
Data: 15.12.2021

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha família


Pelo apoio incondicional que me tem dado.

II
AGRADECIMENTOS

Primeiro agradecer a Deus pela vida e saúde que tem me cedido dia após dia, a minha família
pela força que sempre me deram para abraçar este curso e a todos que contribuíram duma
forma directa ou indirecta para que este trabalho fosse uma realidade.

Ao meu supervisor Dr. Leote Armindo Banze, pelo seu apoio e paciência na realização do
presente trabalho do inicio ate a fase final.

Ao coordenador do curso Dr. Abudo Issufo Amade e a Vice-Coordenadora Dr. Imirce Nhume
pela forca, apoio e ensinamentos dados ao longo do curso. A todos professores que foram
fundamentais para realização dessa grande conquista e deram o seu melhor nas aulas
leccionadas.

A minha avo Maria Luísa Castilho e aos meus pais Júlia Francisco Cadete e Sérgio Gabriel
Cadete, pelo suporte e confiança que sempre depositaram em mim. Aos colaboradores da
empresa em estudo pelo apoio e confiança.

III
SUMÁRIO EXECUTIVO

O presente trabalho intitulado Impacto da Estrutura Financeira no Desempenho Empresarial,


Foi efectuado um estudo de caso nos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM),para o período
compreendido entre 2017 a 2019. A escolha desta empresa deveu-se ao facto de se tratar de uma
das maiores empresas moçambicanas e apresentar as contas organizadas e auditadas. O objectivo
do estudo é, basicamente, aferir até que ponto a estrutura financeira adoptada pela instituição
maximiza o seu valor. O índice alvo de endividamento de longo prazo com relação ao capital total
está na faixa de 36 a 38% (Brigham 2001:594), isto é, é neste intervalo onde uma empresa
maximiza o seu valor. Analisando as demonstrações financeiras dos CFM verifica-se que a
mesma apresentou o índice de endividamento de longo prazo com relação ao capital total de 18,
24 e 14% nos anos de 2017 a 2019, respectivamente; o que significa que no último ano, segundo
este critério, a sociedade encontra-se abaixo dos níveis recomendados. Em 2019, a sociedade
apresenta um financiamento muito acima do recomendado (18,45), o que significa que a empresa
pode contrair certo montante de dívida e ainda continuar com uma boa flexibilidade financeira.
Assim, segundo este critério pode se considerar, também, que a empresa CFM está a operar num
subóptimo no que respeita ao recurso à dívida. De uma forma geral, da análise feita, pôde-se
concluir que a empresa caminhos-de-ferro de Moçambique (CFM), está a operar num subóptimo
no que respeita ao recurso à dívida.

Palavras-chave: Estrutura financeira, Desempenho Empresarial, CFM, Gestão Financeira.

IV
ÍNDICE
DECLARAÇÃO..........................................................................................................................I

DEDICATÓRIA........................................................................................................................II

AGRADECIMENTOS.............................................................................................................III

SUMÁRIO EXECUTIVO........................................................................................................IV

LISTA DE TABELAS...........................................................................................................VIII

LISTA DE ABREVIATURAS.................................................................................................IX

GLOSSÁRIO.............................................................................................................................X

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1

1.1. Contextualização..............................................................................................................1

1.2. Justificativa..................................................................................................................2

1.3. Objectivos da Pesquisa....................................................................................................3

1.3.1. Objectivo geral:.........................................................................................................3

1.3.2. Objectivos específicos:.............................................................................................3

1.3. Definição do problema................................................................................................3

1.5. Perguntas.........................................................................................................................3

1.6. Delimitação da pesquisa..................................................................................................4

1.7.Organização do trabalho..................................................................................................4

CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................5

2.1. Introdução.......................................................................................................................5

2.2. Revisão da Literatura Teórica.........................................................................................5

2.2.1. Conceito de Estrutura financeira da empresa...............................................................5

2.1.2.Conceito de Rácios....................................................................................................5

2.1.3. Descrição das principaisFontes de Financiamento de a Médio e Longo prazo........6

2.1.4. Principais Fontes de Financiamento Relacionadas com capital próprio...................7

a) Capital social.......................................................................................................................7

c) Auto financiamento..................................................................................................8
V
2.1.5. Conceito de Gestão Financeira de Curto Prazo....................................................9

2.1.6. Conceito de Administração do Capital de Giro..................................................10

2.1.7. Tipos de Administração das Disponibilidades....................................................11

2.1.8. Conceito de Capital de Giro (CDG)....................................................................11

2.1.9. Descrição do Saldo de Tesouraria (T)................................................................12

2.1.10. Tipos de EstruturaFinanceira..........................................................................13

2.1.11.Descrição doEfeito Tesoura...................................................................................14

2.3.Revisão da Literatura Empírica......................................................................................14

2.3.1.Estrutura Financeira e patrimonial: Análise de índices de uma empresa de logística


de valores e segurança......................................................................................................15

2.3.2.Determinantes da Estrutura Financeira das Empresas Hoteleiras Portuguesas..........16

2.4.Revisão da Literatura Focalizada...................................................................................17

2.4.1. A Escolha Da Estrutura Financeira e o Seu Impacto sobre o valor da Empresa....17

CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA................................................................21

3.1. Introdução.....................................................................................................................21

3.2. Desenho de Pesquisa.....................................................................................................21

3.3.População em Estudo.....................................................................................................21

3.4. Processo de Amostragem..............................................................................................22

3.6.Métodos de colecta de dados..........................................................................................23

3.6.1. Colecta de Dados Primários....................................................................................23

3.6.2. Colecta de Dados secundários................................................................................24

3.8.Método de análise de dados...........................................................................................24

CAPITULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS............................................25

4.1. Introdução.....................................................................................................................25

4.2.Descrição da Empresa em Estudo..................................................................................26

4.3. Perfil dos Entrevistados.............................................................................................26

4.4.Apresentação dos Resultados.........................................................................................26

VI
4.4.1. As fontes de financiamento que a empresa CFM utiliza entre os anos 2017 a 2019. 26

4.4.1.1. Quais são as fontes de financiamento da empresa CFM no período de 2017-


2019?.................................................................................................................................26

4.4.3. Endividamento da empresa CFM entre 2017 a 2019..............................................27

4.4.1.3.Qual é a capacidade de endividamento da empresa CFM?...................................27

4.5. Discussão dos Resultados.............................................................................................28

4.5.1. Fontes de Financiamento dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM)...........28

4.5.2.Qual é capacidade de liquidez da CFM face as suas responsabilidades de longo


prazo?................................................................................................................................29

4.5.3.Capacidade endividamento de Longo Prazo da empresa caminhos-de-ferro de


Moçambique.....................................................................................................................30

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DA PESQUISA...........................32

5.1 Introdução......................................................................................................................32

5.2.Conclusões do estudo.....................................................................................................32

5.3.Recomendações...........................................................................................................34

6. Referências Bibliográficas....................................................................................................36

VII
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1: Perfil dos entrevistados.....................................................................19


Tabela 4.2: Financiamento da empresa CFM .....................................................20
Tabela 4.3: Responsabilidades ao longo prazo ....................................................20
Tabela 4.4: Capacidade de endividamento da empresa CFM ..............................21
Tabela 4.5: variação dos capitais próprios.............................................................22
Tabela 4.6: Índice de Endividamento de Longo Prazo...........................................24
Tabela 4.7: Variação dos Resultados Líquidos......................................................25
Tabela 4.8: Índice de Longo Prazo com Relação ao Capital Próprio.....................26

VIII
LISTA DE ABREVIATURAS

CFM -Caminhos-de-ferro de Moçambique


CNC - Comissão de Normalização Contabilística
CDG- Capital de Giro
CCL - Capital Circulante Líquido
NCG- Necessidade de Capital de Giro
UCM- Universidade Católica de Moçambique
UNESC- Universidade do extremo sul catarinese
PIB- Produto Interno Bruto
MT-Meticais
INE- Instituto Nacional de Estatística.

IX
GLOSSÁRIO

Valor – de acordo com (Rodrigues, 2010 p.13) valor, é aquilo que uma coisa vale, assim
sendo, o justo valor é a quantia pela qual um bem ou serviço pode ser traçado, entre um
comprador conhecedor e interessado e um vendedor nas mesmas condições, numa transacção
ao seu alcance.

Overtrading– é uma situação financeira que algumas empresas sofrem devido a uma
expansão no volume de suas actividades.

Rácios financeiros – Segundo (Neves, 1998:72-75), a designação de “rácios” é dado enfoque


aos exclusivamente com aspectos financeiros, tais como a estrutura financeira, a capacidade
de endividamento e a solvabilidade.

X
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1. Contextualização
A Administração Financeira tende a ser um dos maiores desafios das organizações actuais.
Com a interdependência entre as nações frente ao capitalismo globalizado há uma percepção
de constantes oscilações na economia impactando assim no desempenho financeiro das
empresas. Seja pelo instável comportamento da economia ou pela influência dos seus
parceiros, o sector financeiro está susceptível a inúmeras tomadas de decisões que podem
comprometer a sua liquidez, assim como conduzi-la a uma situação de insolvência. Conforme
Braga (1989), uma empresa apresenta boa liquidez quando seus activos e passivos são
administrados de forma conveniente, isto é, conciliando as entradas e saídas de caixa, e
prevendo as circunstâncias de escassez monetária. Além disto, segundo o autor, tão
importante quanto gerir de forma eficiente os recursos financeiros é promover a maximização
da riqueza dos accionistas, o que constitui maior amplitude em face da maximização de
resultados: meta da administração financeira. Segundo Hoji (2004), o capital de giro, também
conhecido como capital circulante apresenta fundamental importância na administração
financeira, pois a empresa precisa recuperar todos os custos e despesas incorridos durante o
seu ciclo operacional.
Assaf Neto e Silva (1997) conceituam capital de giro como sendo os recursos capazes de
serem convertidos em valores de caixa, em um prazo máximo, geralmente de um ano. Tais
recursos são representados pelos activos circulantes, isto é, aplicações correntes, identificadas
pelas disponibilidades, valores a receber e estoques.
Segundo Assaf Neto e Silva (1997), uma boa administração do capital de giro envolve alta
rotação do activo circulante, ou seja, promover maior dinamismo ao fluxo de operações. Isto
significa que quanto menor o tempo de estocagem de materiais, assim como o prazo para
produção, prazo para venda dos produtos e recebimento das vendas, maior é a lucratividade,
uma vez que as necessidades de imobilização de capital em activos circulantes tornam-se
menos exigíveis. O estudo do capital de giro tem representado um importante papel na
manutenção da saúde financeira da empresa facilitando o seu relacionamento às incertezas
típicas dos negócios. Perobelli et al (2006), trata a definição do montante de capital de giro
como uma das mais peculiares tarefas do administrador financeiro, visto que ela afecta

1
directamente a rentabilidade da empresa. Se por um lado, o excesso de capital de giro provoca
ociosidade impedindo a rentabilidade, por outro lado, a sua escassez compromete a estrutura
Operacional, implicando deficiência no cumprimento de suas obrigações. Neste contexto este
estudo justificou-se primordialmente pela preocupação para uma melhor percepção do
impacto da estrutura financeira no desempenho empresarial, estudo de caso da empresa
Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM). Tendo em vista a relevância da análise financeira
para a tomada de decisões das empresas.
1.2. Justificativa
A escolha do tema deve-se ao facto de se ter entendimento de que a adopção de uma boa
estrutura financeira, mantendo o resto de factores constante, é fundamental para a
maximização do valor da empresa. Actualmente uma estrutura financeira bem organizada
auxilia a gestão das informações financeira pela equipe responsável, uma vez que é
fundamental não apenas acompanhar um indicador isoladamente, mas sim um conjunto deles
para que seja possível ter uma visão geral de todo o negócio.

Com a realização deste estudo o pesquisador poderá enriquecer os conhecimentos adquiridos


em sala de aulas de forma teórica e transmitir de forma prática para agregar valor a minha
vida profissional nesta área. Existe uma relevância para área académica, pois permite ao
estudante explorar o seu lado crítico usando como base de pesquisa para futuros estudos,
estudo este que será útil para proporcionar maior conhecimento sobre o tema. Para a área
pesquisada é importante que sirva de exemplo e incentivo para o melhoramento da estrutura
financeira, oferecendo assim melhores ferramentas e soluções para problemas que possam
surgir pela falta de observação das finanças da organização. Relevância científica apresente
pesquisa é de grande pertinência visto que contribuirá para o enriquecimento da comunidade
científica na medida em que se aprofundará o conhecimento sobre estrutura financeira da
empresa caminho-de-ferro. Portanto, o estudo ainda apresenta o seu ponto forte visto que
diante de uma abordagem científica e mais aprofundada, identificar fontes de financiamento
da empresa CFM, e uma classificar a capacidade de endividamento utilizando rácios
financeiros nos anos em análise.

2
1.3. Objectivos da Pesquisa
1.3.1. Objectivo geral:
 Analisar o impacto da estrutura financeira no desempenho empresarial, estudo de caso
empresa Caninhos de Ferro Moçambique, ano 2017-2019.

1.3.2. Objectivos específicos:

 Identificar as fontes de financiamento que a empresa CFM utiliza entre os anos 2017 a
2019;
 Calcular e interpretar os rácios de cobertura dos encargos financeiros da empresa CFM
entre 2017 a 2019;
 Classificar a capacidade de endividamento da empresa CFM utilizando rácios
financeiros entre os anos 2017 a 2019.

1.3. Definição do problema


Segundo Lakatos e Marconi, (2006:16) uma dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento
de uma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução, pelo que definir
um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exactos.

A estrutura financeira da empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) é irregular, isto


é, varia de acordo com vários factores, que irão ter impactos bons ou maus nos resultados
financeiros. Segundo o relatório de contas do CFM a empresa implementou um plano
estratégico pelo conselho de Administração para o triénio 2018-2020 numa linha de
investimento global avaliado em mais de USD 500 milhões, neste contexto a empresa tem
disponíveis diferentes formas de financiamento das suas actividades entre capitais próprios e
alheios como forma de minimizar os prejuízos que os factores acima citados podem causar e,
cada forma de financiamento apresenta as suas vantagens e desvantagens, face a estes factores
urge questionar:A estrutura financeira que a empresa caminhos-de-ferro de Moçambique
apresentou entre anos 2017-2019 maximiza o seu valor?

1.5. Perguntas
 Quais são as fontes de financiamento de longo prazo e as suas características
principais?
 Qual é capacidade de liquidez da CFM face as suas responsabilidades de longo prazo?
 Qual é a capacidade de endividamento da empresa CFM?

3
1.6. Delimitação da pesquisa
Segundo Marconi et. al (1990), referem que “delimitar uma pesquisa é estabelecer limites
para a investigação”.Intercalando a ideia dos autores anteriormente citados, faz perceber nos
que delimitar um trabalho científico é narrar ou dar limites em função da área de actuação de
modo a ser mais preciso a pesquisa e não vago em relação ao local que se pretende estudar, a
pesquisa tem como delimitação do espaço a Empresa Caminhos de Ferro de Moçambique
(CFM) concretamente na cidade da Beira, com tema Impacto da estrutura financeira no
desempenho empresarial, num período temporal de 3 anos, isto é 2017 á 2019.

1.7.Organização do trabalho
O trabalho apresenta 5 capítulos a saber: Capítulo 1- Introdução: É neste capítulo onde é
apresentada a contextualização do assunto, a justificativa, os objectivos a serem alcançados
(geral e específicos), definição do problema, perguntas, delimitação da pesquisa, limitação do
estudo e os resultados esperados. Capítulo 2- Revisão da Literatura: Neste capítulo é
apresentada a Revisão da Literatura Teórica que é o levantamento de todos os conceitos
teóricos e teorias existentes em relação ao tema escolhido, ou seja, o levantamento
bibliográfico; Revisão da Literatura Empírica levantamento de todos os estudos empíricos
realizados noutros países sobre o tema a ser pesquisado; Revisão da Literatura Focalizada é o
levantamento de todos os estudos realizados no país. Capítulo 3- Metodologias de Pesquisa:
Neste capítulo deverá fazer uma breve explicação da metodologia onde se apresenta o
desenho da pesquisa, população em estudo, processo de amostragem, tamanho da amostra,
métodos de colecta de dados (Primários e secundários), método de análise de dados. Capítulo
4- Analise e Interpretação dos Dados da Pesquisa: É apresentado as ideias do autor obtidas de
acordo com metodologia escolhida, e onde se responde aos objectivos estabelecidos no
estudo, assim sendo o autor faz a compilação de todos os dados já obtidos. Capítulo 5-
Conclusão e Recomendações: Neste capítulo são apresentadas as recomendações que são as
sugestões que o autor deixa de acordo com o estudo e os resultados obtidos no capítulo
anterior.

4
CAPÍTULO II - REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Introdução
O presente capítulo visa abordar sobre as diferentes teorias que nortearam a elaboração do
estudo, partindo de uma revisão teórica onde serão apontadas as teorias relacionadas com o
tema em estudo, em seguida serão apresentadas as teorias empíricas do assunto a fim de
colher as experiencias feitas em outros países e os resultados obtido sobre o assunto em
questão, por fim uma revisão focalizada que arrola a temática em estudo no contexto de
Moçambique.

2.2. Revisão da Literatura Teórica


2.2.1. Conceito de Estrutura financeira da empresa
Como se depreende, a referida estrutura reconduz-se, no essencial elemento que compõem o
balanço. É, portanto, definida pela comparação entre as origens dos diferentes capitais que a
empresa dispõe (débitos de funcionamento, débitos de financiamento, capitais próprios) e a
forma como se encontram aplicados (activos circulantes e imobilizados). O que é que se tem
em vista com a análise da estrutura financeira duma empresa? Muito simplesmente determinar
as relações existentes e a sua correspondente utilização, diluída nos elementos patrimoniais do
activo (Saias, carvalho, & Amaral, 2006).

2.1.2.Conceito de Rácios
Segundo (Neves, 1998:72-75), a designação de “rácios” é dado enfoque aos rácios financeiros
que são aqueles que apreciam os aspectos que se relacionam exclusivamente com aspectos
financeiros, tais como a estrutura financeira, a capacidade de endividamento e a solvabilidade.
Rácio de Endividamento, apura a extensão com que a empresa utiliza o capital alheio no
financiamento das suas actividades.

capitais alheios (incluido locação financeiras)


Endividamento=
capitais totais(incluindo locação financeira)
O Debt to Equity Ratio é muito usado pelos americanos e é outra forma de medir o
endividamento.

capitais alheios (incluido locação financeiras)


Debt ¿ Equity Ratio=
capitais próprios

Os rácios podem ser calculados com base em divida de longo prazo no lugar de dividas totais:

5
capitais . A deL . P(incluido locação financeiras)
Peso do E a L . P=
capitais totais(incluindo locação financeira)

Não interessa apenas conhecer o grau de endividamento, mas também com se estrutura. Se o
endividamento é, em determinada empresa, sobretudo de curto prazo trará, certamente,
maiores pressões a tesouraria do que se esse endividamento fosse sobretudo de longo prazo.
Para analisar constrói-se o rácio de estrutura do endividamento:

capitais . A de L. P(incluido locação financeiras)


Debt ¿ Equty Ratio de estrutura=
capitais próprios

2.1.3. Descrição das principaisFontes de Financiamento de a Médio e Longo prazo


Segundo Meneses (1987), “os indivíduos, as empresas e o estado são, simultaneamente,
fornecedores e utilizadores de fundos e podem efectuar operações financeiras directas ou
indirectas junto dos mercados financeiros”, isto ocorre da seguinte forma. “Os indivíduos
realizam, geralmente e no conjunto, poupanças liquidas: as empresas são, regra geral e
também no seu conjunto, utilizadores líquidos de fundos; finalmente, o estado geralmente não
realiza empréstimos directos junto das instituições financeiras, mas sim através de mercados
financeiros”.

Ainda segundo Meneses (1987) “os mercados financeiros são locais intangíveis, onde se
processa a oferta e a procura de fundos e se efectuam transacções directas; os intermediários
financeiros aceitam poupança e colocam-nas (empréstimos ou aplicações financeiras), alem
de prestarem determinados serviços especializados”. Os mercados financeiros são compostos
por mercados monetários e mercados de capital, sendo que nos mercados monetários
efectuam-se transacções a curto prazo (menor que um ano), enquanto nos mercados
financeiros são efectuadas transacções (títulos ou empréstimos) a médio e longo prazo. Por
sua vez, os mercados financeiros subdividem-se em primários e secundários. Nos mercados
primários, os títulos ou direitos transaccionados constituem novas fontes de financiamento das
empresas enquanto no mercado secundário transaccionam-se títulos já existentes.

Para Menezes (1987), os principais instrumentos transaccionados nos mercados monetários


são, certificados de depósito, bilhetes de tesouro, papel comercial, títulos comerciais e aceites
bancários; e os principais instrumentos transaccionados no mercado de capitais são: acções,
obrigações, títulos de tesouro, obrigações do estado e títulos de participação. Entretanto,

6
importa referir que um dos principais mercados de capitais e autêntico mercado secundário
contínuo é a “bolsa de valores” pois, alem de se efectuar transacções, pode se obter
informações importantes sobre cotação dos títulos e sobre os próprios utilizadores de fundo.

Resumidamente, as fontes de financiamento a médio e longo prazo são constituídos por


capitais próprios e/ou capitais alheios (Menezes, 1987).

2.1.4. Principais Fontes de Financiamento Relacionadas com capital próprio


Segundo Meneses (1987) as formas de financiamento de longo prazo relacionadas com
capitais próprios podem ser:

a) Capital social

O capital social é o montante de dinheiro injectado nas organizações quando estas são
constituídas. Por imposição legal, toda a empresa devera ser criada com limite mínimo a
disponibilizar pelos sócios/accionistas. Primeiramente, o capital subscrito e só a
posteriormente realizado, podendo estar aberto a poucos intervenientes ou ao publico em
geral. Com este capital a empresa normalmente paga os primeiros instrumentos em activos
fixos, necessários para iniciar a actividade.

Em Moçambique, desde o ano 2019 que cabe aos sócios e aos accionistas fixar o capital
social adequado a realização do capital social (nos termos do nº2 do artigo 289 do Decreto-
Lei nº 2/2009 de 24 de Abril que incorpora alterações ao código comercial aprovado pelo
Decreto-Lei nº2/2005 de 27 de Dezembro), podendo uma sociedade ser constituída com o
valor que entender se o adequado para a sociedade em causa.

Importa explicar que alem de dinheiro, como consta da definição acima apresentada, a
realização de capital social pode ser efectuada em espécie, sedo que a “ prova da sua
realização consiste em declaração assinada pelos administradores da sociedade que certifique
que a sociedade entrou na titularidade dos bens e que estes foram já entregues a sociedade,
salvo o caso de entrega diferida de bens”,(nº3 Artigo 115 do Decreto-Lei 2/2009 de 24 de
Abril).

b) Prestação Suplementares de Capital

O contrato de sociedade pode impor a todos ou a alguns sócios a obrigação de efectuarem


prestações além das entradas, desde que fixe os elementos essenciais desta obrigação e
especifique se as prestações devem corresponder ao de um contrato típico, aplicando-se nesse

7
caso a regulamentação legal própria desse tipo de contrato”, nᵒ 1 do artigo 130 do Decreto-Lei
nᵒ 2/2005 de 27 de Dezembro.
Segundo Menezes (1987), as prestações suplementares de capital apresentam como
características, as seguintes:

 Não originam quaisquer custos explícitos (vencimento de juros), mas naturalmente


originam custos explícitos idênticos aos dos capitais próprios.
 Considerando os condicionalismos legais para a sua restituição aos sócios (prévia
liberalização das quotas e o facto de a situação líquida não poder ficar inferior ao
somatório do capital social e da reserva legal), as prestações suplementares são
correctamente consideradas como um componente dos capitais próprios.
 Finalmente e como consequências do aspecto imediatamente antes referido, as
prestações suplementares podem contribuir para a redução do risco financeiro
estrutural da empresa.
O mesmo autor diz ainda, as grandes empresas e que estão cotadas na bolsa de valores
normalmente usam os aumentos de capital para financiar elevados investimentos.

c) Auto financiamento

De acordo com Menezes (1987), o auto financiamento pode representar os quatro conceitos, a
seguir:

 O auto financiamento como meios libertos líquidos anuais retidos (MLLR) – é


composto “pelos meios libertos líquidos anuais, deduzidos dos resultados
(preferenciais ou comuns) distribuídos aos sócios (accionistas), trabalhadores e órgãos
sociais”.
 O auto financiamento como meios libertos brutos totais - é um conceito de natureza
exclusivamente económica uma vez que “representam os excedentes brutos de
liquidez gerados pelas actividades de exploração e extra-exploração,
independentemente de quaisquer vínculos de natureza financeira, fiscal ou
relacionados com a própria política empresarial”; entretanto, sabe-se que uma empresa
está inserida num enquadramento dinâmico e por isso normalmente incorre em custos
de financiamento, tem a obrigação de pagar impostos sobre o rendimento e resultados
líquidos.

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 O auto financiamento é “o somatório de eventuais aumentos do capital social (ou
entradas em dinheiro efectuadas pelos sócios para a cobertura de prejuízos) e dos
resultados líquidos retidos”. Neste conceito, pode-se constatar que os sócios da
empresa e a empresa em si são duas entidades jurídicas distintas sendo que o termo
“auto financiamento” está relacionado a esta última pelo que “as amortizações e
provisões excessivas (não utilizadas) são custos, mas não traduzem qualquer fluxo
financeiro negativo, ou seja, a respectiva liquidez é gerada pela empresa e nela retida”.

2.1.5. Conceito de Gestão Financeira de Curto Prazo

Segundo (Fleuriet, Khedy e Blanc, 2003) as decisões de curto prazo desdobram-se na gestão
dos recursos que estão em constante movimentação, tanto na forma de activos, quanto na
forma de passivos.
Segundo Meneses (1987:384), “os indivíduos, as empresas e o Estado são, simultaneamente,
fornecedores e utilizadores de fundos e podem efectuar operações financeiras directas ou
indirectas junto dos mercados financeiros, isto é, através dos intermediários financeiros”, isto
ocorre da seguinte forma: “os indivíduos realizam, geralmente e no conjunto, poupanças
líquidas; as empresas são, regra geral e também no seu conjunto, utilizadores líquidos de
fundos; finalmente, o Estado geralmente não realiza empréstimos directos junto das
instituições financeiras, mas sim através de mercados financeiros”.
Por seu turno, os mercados financeiros são, ainda segundo Menezes (1987:384), “locais
intangíveis, onde se processa a oferta e a procura de fundos e se efectuam transacções
directas; os intermediários financeiros aceitam poupanças e colocam-nas (empréstimos ou
aplicações financeiras), além de prestarem determinados serviços especializados”. Os
mercados financeiros são compostos por mercados monetários e mercados de capitais, sendo
que nos mercados monetários efectuam-se transacções a curto prazo (menor que um ano),
enquanto nos mercados financeiros são efectuadas transacções (títulos ou empréstimos) a
médio e longo prazos. Por sua vez, os mercados financeiros subdividem–se em primários e
secundários. Nos mercados primários, os títulos ou direitos transaccionados constituem novas
fontes de financiamento das empresas enquanto no mercado secundário transaccionam-se
títulos ou direitos já existentes.
Destacam-se a Administração do capital de giro e Administração das disponibilidades no
grupo das contas Financeiro e Administração das contas a receber e Administração dos
estoques no grupo das contas Operacionais.

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Para Sanvicente (1987), entende-se por curto prazo um período igual ao de um exercício
social, ou seja, um ano. Neste prazo, os activos e passivos correntes circulam até
transformarem-se em dinheiro, dentro do ciclo de operações da empresa. O autor destaca,
como sendo um ciclo de operações, o processo entre aquisição de matérias-primas,
pagamentos fornecedores, estocagem, transformação em produto acabado, vendas, geração de
contas a receber, recebimento dos clientes e geração de valores em caixa.
Segundo Assaf Neto e Silva (1997), a partir do ciclo operacional, tem-se o ciclo financeiro
(também conhecido como ciclo de caixa) e o ciclo económico. O ciclo financeiro representa o
período correspondente entre o desembolso inicial de caixa, referente ao pagamento da
matéria-prima ao fornecedor, e a entrada de caixa, referente ao recebimento da venda pelo
cliente. O ciclo económico considera apenas a compra das matérias-primas e a venda dos
produtos acabados, desconsiderando a movimentação de caixa. O ciclo operacional
compreende o período entre a aquisição dos insumos de produção até o recebimento da venda
ao consumidor final.

2.1.6. Conceito de Administração do Capital de Giro


Segundo Megliorini e Valim, (2008) acerca da administração do capital de giro, salientam que
agestão do capital de giro (também conhecida como administração do capital de giro) está
associada aos recursos que se apresentam em constante movimentação, seja na forma de
activos circulantes, ou na forma de passivos circulantes.
O capital de giro ou capital circulante é representado pelo activo circulante, ou seja, as
aplicações correntes de recursos, representadas pelas disponibilidades, valores a receber e
estoque de matérias-primas (Assaf Neto E Silva, 1997). Ainda segundo os autores, a liquidez
de uma empresa está associada à sua capacidade de honrar as obrigações com seus
fornecedores, nas respectivas datas de vencimento. A articulação ideal de suas contas a pagar
e as contas a receber, assegura à organização
Capacidade de liquidez assim como a obtenção da rentabilidade exigida pelos investidores.
Segundo Assaf Neto e Silva (1997), indicam que uma inadequada administração do capital de
giro resulta em sérios problemas financeiros podendo levar à empresa uma situação de
insolvência, isto é, incapacidade em honrar seus compromissos financeiros.
A administração do capital de giro refere-se à gestão das contas de curto prazo dos activos e
passivos circulantes, e suas correlações. É válido ressaltar que o nível de estocagem, os
investimentos em crédito aos clientes e as políticas de pagamento aos fornecedores,

10
sãoimportantes factores que influenciam o nível de rentabilidade e liquidez empresarial
(Assaf Neto E Silva, 1997).
Assaf Neto e Silva (1997) afirmam que quanto maior o CCL mantido pela empresa, maior a
sua folga financeira. Consequentemente, torna-se menor o seu risco de insolvência. Contudo,
é válido considerar que o custo de oportunidade mais elevado, proporciona uma tendência à
redução da lucratividade. De maneira inversa, um montante reduzido de CCL pode sacrificar
a margem de segurança da empresa elevando o seu risco de insolvência, mas por outro lado,
contribui na formação da rentabilidade ao restringir o volume de recursos investidos em
activos menos rentáveis.
2.1.7. Tipos de Administração das Disponibilidades
As disponibilidades correspondem aos recursos monetários que a empresa mantém para
cumprir as obrigações imediatas. Tais recursos estão alocados no saldo do caixa, contas
bancárias e aplicações financeiras de alta liquidez (Megliorini E Vallim, 2008).
Hoji (2004) aponta que as principais contas patrimoniais operacionais a exercer forte impacto
no caixa são: contas a receber, estoques e contas a pagar. As compras de mercadorias
(estoques) a vista reflectem redução imediata no caixa, quando pagas a prazo, a redução
ocorre no momento da quitação da duplicata, se for através de financiamento a longo prazo,
os reflexos ocorrem no futuro. As variações entre compras a vista e compras a prazo estão
relacionadas aos sistemas de regime de caixa e regime de competência, adoptados pelo sector
contábil.
Santo (2009) demonstra a actuação da Contabilidade na empresa, destacando a importância de
sua participação para o gestor que administra os recursos de caixa:
a) A administração de caixa numa empresa abrange as actividades de panejamento e
controle das disponibilidades financeiras, que é a parcela do Activo Circulante
representada pelos depósitos nas contas correntes bancárias e aplicações financeiras de
liquidez imediata.
b) Em virtude de a Contabilidade utilizar o princípio da competência2 para a realização
dos seus registos, existe uma natural decapagem entre o resultado contábil e a efectiva
situação de caixa da empresa.

2.1.8. Conceito de Capital de Giro (CDG)


O conceito de Capital de Giro (CDG), embora não possua uma definição legal, representa um
indicador muito utilizado pelas empresas na análise económico-financeiro. Segundo Fleuriet,

11
Kehdy e Blanc (2003), tanto o CDG quando o Capital Circulante Líquido (CCL) possuem o
mesmo valor e mesma definição: “a diferença entre o activo e o passivo circulantes:
CDG = Activo Circulante – Passivo Circulante
Assim como a NCG, o CDG pode apresentar-se negativo. Esta situação pode ocorrer devido
as contas do Activo Acíclicos serem maiores do que as do Passivo Acíclicos, caso em que há
financiamento do Activo Permanente com recursos de curto prazo. Neste caso há maior
possibilidade de insolvência do que financiar o Activo Permanente com recursos de longo
prazo (Fleuriet, Kehdy E Blanc, 2003).
De acordo com Brigham (2001) e Vieito (2010) um entendimento sobre a teoria da estrutura
de capital ajudará os gestores de topo a determinar a estrutura financeira óptima de modo a
maximizar o valor de mercado da empresa e, por conseguinte, aumentar o bem-estar dos
accionistas.
Para o caso de projectos que têm um horizonte temporal finito e cujo nível de endividamento
tende a decrescer com o tempo, como é o caso da concessão de estradas, não é lógico utilizar
as teorias a seguir apresentadas dado que o custo de capital a ser estimado será superior ao
real. Para estes casos deverá ser usado o método do Valor Actual Líquido Ajustado (VALA) ou
Adjusted Present Value (APV) que pressupõe que o valor de um projecto é composto por três
partes: “(1) O Valor Actual Líquido dos Cash flows esperados pelo projecto sem dívida
(VASD), descontado à taxa do custo do capital próprio da empresa. Assim sendo, esta parte
não contempla o ganho fiscal relacionado com a dívida; (2) Mais o Valor Actual Líquido da
Decisão de Financiamento (VALF), que contempla o ganho fiscal associado à dívida com que
se financia o projecto; e (3) Menos o valor do investimento inicial” (Vieito, 2010:293, 294).
Contudo, este método não será matéria de análise neste trabalho.

2.1.9. Descrição do Saldo de Tesouraria (T)

O Saldo de Tesouraria (T) pode ser compreendido como a diferença entre o Activo errático e
o Passivo Errático, contas que não estão directamente relacionadas às operações da empresa,
ou ainda através da diferença do NCG e do CDG. O Saldo de Tesouraria pode apresentar-se
negativo quando o Capital de Giro não for suficiente para honrar a Necessidade de Capital de
Giro.
T = CDG – NCG
Quando o T é positivo haverá recurso disponível para investimento em, por exemplo, títulos
de liquidez imediata. É válido ressaltar que apenas o T positivo não significa situação
12
favorável para a empresa. O saldo de tesouraria excedente não investido pode configurar
desperdício de recursos, impossibilitando o aumento do resultado operacional (Fleuriet,
Kehdy E Blanc, 2003).

2.1.10. Tipos de EstruturaFinanceira


Conforme a reclassificação das contas do Balanço Patrimonial de acordo com o modelo
dinâmico, a tabela 01 abaixo retrata não apenas a estrutura financeira, mas também a situação
de liquidez e solvência da empresa em determinado período, baseado nos saldos obtidos e na
união das três variáveis: CDG, NCG e T.
Tipo CDG NCG T Situação
1 + - + Excelente
2 + + + Sólida
3 + + - Insatisfatória
4 - + - Péssima
5 - - - Muito Ruim
6 - - + Alto risco
Nota: (+) indica valor positivo, e (-) indica valor negativo
Fonte: Adaptado de Marques e Braga (1995).
Marques e Braga (1995), apontam seis perfis de situação financeira, sob a análise do modelo
dinâmico, conforme a tabela 01.
O Tipo I é a estrutura financeira em que há maior liquidez, ou seja, reserva capital de giro,
saldo de tesouraria e nenhuma necessidade de capital de giro. Nesta situação, a empresa
apresenta um ciclo financeiro com entradas de caixa antes das saídas de caixa, classificada
como estrutura excelente.
No Tipo II, a estrutura apresenta disponibilidade de recursos, com capital de giro e saldo de
tesouraria, porém há a necessidade de capital de giro. É classificada como sólida, pois o
capital de giro supera a necessidade de capital de giro, o que proporciona saldo positivo na
tesouraria. A estrutura Tipo III é classificada como insatisfatória pelo fato do capital de giro
não cobrir a necessidade de capital de giro. Caso em que o saldo de tesouraria apresenta-se
negativo obrigando a empresa recorrer a fontes de recursos de curto prazo.
O Tipo IV é quando a empresa apresenta necessidade de capital de giro, e não detém capital
de giro nem saldo de tesouraria, ela apresenta uma péssima situação financeira.

13
Característica das empresas em que há recursos de curto prazo financiando investimentos de
longo prazo.
O Tipo V indica ausência de capital de giro, saldo de tesouraria e necessidade de capital de
giro, considerada situação muito ruim.
E o Tipo VI, denominada alto risco, é quando há saldo de tesouraria, sem a necessidade de
capital de giro, mas com capital de giro negativo, ou seja, as dívidas de curto prazo superam
os investimentos em curto prazo.
2.1.11.Descrição doEfeito Tesoura
A dinâmica do Efeito Tesoura tratado por alguns autores como Overtrading – é uma situação
financeira que algumas empresas sofrem devido a uma expansão no volume de suas
actividades, como por exemplo, suas vendas, sem o respaldo de recursos suficientes para
financiar o aumento dessas actividades. Segundo Assaf Neto e Silva (1997), as empresas
detêm uma margem de recursos que se adequam ao volume de suas operações. No entanto,
quando elas superam o limite de suas actividades, tais recursos tornam-se escassos para
acompanhar o ritmo da evolução de suas operações. Recursos estes que são convertidos em
elementos de giro (duplicatas a receber e estoques, por exemplo). Logo, o Overtrading se
revela quando o Capital de Giro líquido não acompanhar a Necessidade de Capital de Giro
necessária ao processo de expansão das actividades operacionais. Para Fleuriet, Kehdy e
Blanc (2003), o Efeito Tesoura ocorre nas seguintes hipóteses:
a) Quando há elevação nas vendas a taxas anuais significativas; quando a Necessidade de
Capital de Giro torna-se substancialmente mais elevada que o Capital de Giro líquido;
b) Quando não há investimento em Capital de Giro capazes de promover seu aumento
efectivo, quando há investimentos em Activo permanente.

2.3.Revisão da Literatura Empírica


Neste ponto, far-se-á uma reflexão em torno de estudos realizados ao nível internacional sobre
a temática em causa. De vários estudos existentes, optou-se por mencionar apenas dois.

14
2.3.1.Estrutura Financeira e patrimonial: Análise de índices de uma empresa de logística
de valores e segurança
Franco (2013), em Criciuma monografia apresentada ao sector de pós-graduação da
universidade do extremo sul catarinese-UNESC, para obtenção do título de especialista em
gestão estratégica financeira e controlado ria, e tinha como objectivo, apresentar a estrutura
financeira e patrimonial da empresa em estudo; calcular os índices de liquidez, de estrutura e
de resultados da empresa; analisar a estrutura financeira e patrimonial, utilizando uma
pesquisa bibliográfica e documental, baseado no que foi apresentado, utilizou-se da
abordagem qualitativa para efectuar a análise dos dados financeiros da empresa em estudo.

A relação existente entre este estudo e o estudo realizado nesse trabalho é que Franco (2013)
para atingir os objectivos deste trabalho também utilizou o balanço patrimonial e a
demonstração de resultados (DRE) da empresa. Com os demonstrativos que foram utilizados,
foi feita a análise das principais contas; caixa e equivalentes de caixa; créditos a receber de
terceiros; investimentos.

Apósa análise das contas, foi efectuado o cálculo dos índices de liquidez, endividamento e de
resultados baseados no balanço e DRE. O índice de liquidez corrente foi positivo nos três
anos representados, todosapresentaram resultados maior que um, no ano de 2012 houve
aumento de 0,57% em relação ao ano 2011 e 2011 acrescentos 4,91% comparado ao ano
anterior.

A liquidez seca também apresentou bom resultado, porem esta a diminuir a cada ano. Quanto
ao índice de endividamento, o resultado da participação do capital de terceiros nos três anos
apresentados teve bom resultado, apresentaram valor menor que 0.5.

Com este estudo o autor mostrou que houve crescimento em toda a estrutura financeira.
Porém, a avaliação dos índices corrente, seca e geral apresentaram resultado maior que é um
factor positivo.

Este fato também se aplica no índice de liquidez imediata que nos anos 2010 e 2012,
entretanto em 2012 indica que a empresa conseguia cumprir apenas 97% de suas obrigações a
curto prazo.

15
2.3.2.Determinantes da Estrutura Financeira das Empresas Hoteleiras Portuguesas
Batista (1997), em Faro na cidade de Lisboa dissertação para obtenção do grau de mestre em
ciências económicas e empresariais A escolha da hoteleira como objecto de estudo resulta
também do facto de se tratar de uma das principais componentes da indústria turística.

O tema da estrutura de capital está associado à fixação do nível de endividamento


quemaximiza o valor da empresa e minimiza o custo médio do capital. Sabe-se que um
aumento
do nível de endividamento provoca um acréscimo do risco da empresa mas, também, pode
provocar um aumento dos resultados, do valor das acções e da poupança fiscal. Deste modo, o
gestor deve procurar encontrar o ponto de equilíbrio do endividamento ponderando as suas
vantagens com as suas desvantagens.
A determinação dos atributos que condicionam as escolhas financeiras das empresas é de
grande importância porque permite saber qual o impacto de determinada opção financeira
sobre a estrutura de capital e sobre o valor da empresa. Neste contexto, o gestor toma com
facilidade e segurança a melhor decisão e o analista de investimentos prevê com maior
exactidão as políticas financeiras das empresas.
Os inúmeros trabalhos realizados sobre este tema resultaram em várias teorias (da
hierarquização do financiamento, da agência, da informação assimétrica, da capacidade de
endividamento, etc.) que têm ajudado a explicar as escolhas financeiras das empresas e a
explicitar os determinantes da estrutura de capital. O reconhecimento da importância desta
problemática tem conduzido à realização de variadíssimos estudos empíricos (em diversos
países e indústrias) no sentido de testar os modelos teóricos e de explicar as diferenças no
rácio de endividamento de empresa para empresa.
Em Portugal este tema não tem sido muito estudado, provavelmente devido à dificuldade de
recolha de informação e à existência de um mercado de capitais pouco desenvolvido. Por sua
vez, a indústria hoteleira tem sido poucas vezes alvo de estudos nesta temática a nível
internacional e nunca o foi (desconhece-se a existência de qualquer estudo) em Portugal.

Por sua vez, o turismo tem vindo a constituir-se como um sector de actividade com crescente
importância na economia nacional e uma das apostas estratégias de desenvolvimento no país.

O trabalho de investigação realizado tem dois grandes objectivos:

16
 Verificar se os principais determinantes identificados na revisão da literatura são
adequados para a explicação de estrutura financeira das empresas hoteleiras
portuguesas;
 Identificar determinantes específicos da estrutura financeira das empresas hoteleira
s portuguesas.

Em relação a metodologia o autor utilizou uma amostragem a base de listagem, solicitada ao


Instituto se Estatística (INE) das empresas com sede em Portugal com o antigo 6321- Hotéis.

Em síntese, alguns dos principais determinantes identificados na revisão da literatura, tais


como a rentabilidade, o crescimento e a viabilidade, são adequados para a explicação da
estrutura financeira das empresas hoteleiras portuguesas a par de outros específicos do sector,
tais como a sazonalidade e o tipo de controlo dos estabelecimentos hoteleiros.

2.4.Revisão da Literatura Focalizada


Este subcapítulo, aborda em torno de estudos feito por diversos autores, no território nacional
com o objectivo de explicar e dar ênfase naquilo que diz respeito a importância do uso de
alguns métodos para avaliação empresarial. Assim sendo, neste subcapítulo contem um
estudo realizado a nível nacional.

2.4.1. A Escolha Da Estrutura Financeira e o Seu Impacto sobre o valor da Empresa

A escolha de empresas com acções e obrigações cotadas numa bolsa de valores de modo a ter
acesso aos valores de mercado desses títulos;
Sengo (2013), na Universidade Eduardo Mondlane Faculdade De Economia Mestrado em
Gestão Empresarial, em Maputo na sua Dissertação de Mestrado fez um estudo em torno da
Escolha Da Estrutura Financeira e o Seu Impacto Sobre o Valor Da Empresa - Caso Da Mcel,
Sarl De 2009 A 2011. Teve como objectivo geral do trabalho de aferir até que ponto a
estrutura financeira adoptada pela Mcel maximiza o valor da empresa, de modo a responder a
este objectivo teve como objectivos específicos Descrever as fontes de Financiamento de
longo prazo e apresentação das suas características principais; Entender a relação existente
entre a estrutura financeira adoptada por uma empresa e o impacto no seu valor, de acordo
com diferentes teorias de estrutura de capital; Explicar como os gestores, efectivamente,
determinam a estrutura financeira a ser adoptada pela empresa; e Analisar, tomando como
base as diferentes teorias de estrutura financeira, se a estrutura de capitais adoptada pela Mcel
maximiza o seu valor.

17
Tendo sido uma pesquisa mista, importa realçar que teve como hipóteses as
seguintes:Primeira hipótese: Hipótese nula: Nenhum aspecto é tomado em consideração pelos
gestores na determinação da estrutura financeira a ser adoptada pela empresa.

Hipótese alternativa: Existem alguns aspectos que os gestores tomam em consideração na


determinação da estrutura financeira a ser adoptada pela empresa. Segunda hipótese: Hipótese
nula: A actual estrutura financeira da Mcel não maximiza o valor da instituição. Hipótese
alternativa: A actual estrutura financeira da Mcel maximiza o valor da instituição.

A metodologia usada na pesquisa foi segundo os processos de estudo é monográfico; segundo


a natureza dos dados é uma pesquisa de dados objectivos ou de factos; segundo à procedência
dos dados é primária; segundo ao grau de generalização dos resultados é por amostragem,
segundo a extensão do campo de estudo é uma pesquisa monográfica ou de profundidade e;
segundo as técnicas e instrumentos de observação é directa.

Para a realização do presente trabalho recorreu-se à técnica de documentação indirecta


abrangendo a pesquisa documental e bibliográfica. A pesquisa documental foi efectuada sobre
as Demonstrações Financeiras da empresa Mcel referentes ao período de 2009 a 2011 e sobre
a legislação relacionada ao tema. A pesquisa bibliográfica consistiu basicamente na consulta
de manuais e artigos científicos que versam sobre o assunto

Para Sengo (2013), a população é conjunto de todas as empresas/empreendimentos existentes


no universo, isto é, dentro e fora de Moçambique. Foi usada a técnica de amostragem
intencional e foi escolhida a empresa Mcel. A escolha desta empresa deveu se ao facto de ser
uma empresa líder na área das telecomunicações aqui em Moçambique, uma das maiores
empresas do país e pelo facto de apresentar as suas contas auditadas, o que confere maior
credibilidade em relação às mesmas.

Houve necessidade de realização de uma entrevista junto à Mcel e a consulta às suas


Demonstrações Financeiras (DF‟s), contudo, as tentativas nesse sentido redundaram em
fracasso (a instituição respondeu negativamente à solicitação de informação efectuada através
da carta em anexo). A intenção inicial era de efectuar um estudo para um período de 10 anos
(de 2002 a 2011) mas, devido a essa limitação, houve necessidade de se reduzir esse período
para 3 (2009 a 2011). Assim sendo, para a concretização do presente estudo, recorreu-se ao
uso das DF‟s auditadas publicadas no sítio electrónico oficial da instituição.

18
Mais especificamente, as DF`s lá publicadas são referentes, apenas, aos anos de 2010 e 2011,
contudo, devido ao quadro comparativo apresentado nas DF`s de 2010 é possível ter acesso à
informação referente ao ano de 2009. A outra limitação encontrada é o facto de os dados
apresentados nas DF‟s serem agregados, isto é, não são fornecidos os detalhes das contas o
que dificultou, por exemplo, a descrição pormenorizada das formas de financiamento a que a
Mcel tem recorrido.

Sengo (2013) concluiu que a determinação da estrutura financeira óptima das empresas é um
assunto controverso e, partilha-se da opinião de que não se pode calcular, com precisão, qual
a estrutura óptima de capital dado que para cada empresa e sector de actividade existem
particularidades que podem determinar o uso de uma estrutura diferente da que poderia ser,
teoricamente, considerada óptima, nomeadamente: o conservadorismo administrativo, as
atitudes do fornecedor de fundos e das agências de classificação, a necessidade de reserva da
capacidade para tomar empréstimos e flexibilidade financeira, a necessidade de manter ou não
o controle na empresa, o risco do negócio, a estrutura de activo, a taxa de crescimento e a
lucratividade da empresa, o facto de os juros serem dedutíveis e as condições de mercado. O
TIE da Mcel está muito acima do mínimo aconselhado.

Considera-se que este índice deve superar 2 ou 2,5 (Brigham 2001:590) e o da Mcel esteve
abaixo destes níveis nos anos de 2009 e 2010, mas no ano de 2011 era de 9,45 o que significa
que a instituição está em condições de aumentar o seu volume de dívida a continuar a ter um
TIE acima de 2. Assim, segundo este critério pode-se considerar que a Mcel estava, em 2011,
a operar num sub-óptimo no que respeita ao recurso à dívida. A instituição está a apostar
muito no auto-financiamento, canalizou 65 e 75% dos resultados líquidos referentes aos anos
de 2010 e 2011, respectivamente, para o reforço das reservas de investimento. Grandes
empresas como a Mcel, que apresentam elevadas lucratividade e taxas de crescimento,
tendem a usar um pouco mais de dívida do as que apresentam estes valores baixos, contudo,
não é o que foi constatado na instituição.

O estudo feito por Sengo (2013) difere do presente estudo no que diz respeito ao objectivos
bem como a metodologia usada, no estudo, o autor aborda em torno da Escolha Da Estrutura
Financeira e o Seu Impacto Sobre o Valor Da Empresa, encontra-se um pequena semelhança
no que diz respeito ao valor da empresa.

Na realização da presente pesquisa, foram encontradas limitações que resultaram de um conjunto


de dificuldades para:
19
A obtenção do valor de mercado das acções da Mcel (e dos valores de mercado dos títulos em
geral) dado que as mesmas não estão cotadas em nenhuma bolsa de valores e o mercado de
capitais nacional ainda não está muito desenvolvido;

A estimação do custo da dívida para diferentes níveis de endividamento, bem como dos custos de
falência e de conflitos de agência.
Assim sendo, não foi possível apresentar, na discussão dos dados, cálculos do impacto da escolha
da estrutura financeira sobre o valor da Mcel para os casos das teorias de estrutura de capital em
era necessário ter pelo menos um desses dados. O autor acima referido optou por uma
metodologia mista tendo lá objectivos bem como hipóteses, o que difere completamente do
presente estudo, apesar de a sua metodologia ter quase as mesmas abordagens.

20
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA
3.1. Introdução
Neste capítulo são apresentadas as questões relacionadas com a investigação a ser realizada,
objectivos, o método utilizado para recolha de dados e o tratamento dos dados bem como a
caracterização da população e amostra. Metodologia de pesquisa deve ser visto como todos
os métodos ou técnicas usadas para conduzir uma pesquisa, isto é, métodos que o investigador
emprega para conduzir uma investigação de tese. Metodologia de pesquisa é mais ampla pois
considera a lógica por detrás dos métodos que os investigadores empregam e dá justificação
para cada um dos métodos e isto de maneira que a pesquisa possa ser avaliada pelo próprio
autor ou autores(Haris Kumar, 2007).

Esta pesquisa caracteriza-se como qualitativa de natureza explicativa, pois aprofunda mais o
conhecimento da realidade, porque explica a razão de resultado de cada índice dentro da
CFM, o estudo esta organizada de forma a estudar alguns documentos que já foram
processados como por exemplo os relatórios da empresa.

3.2. Desenho de Pesquisa


Qualquer trabalho de pesquisa obedece um conjunto de procedimentos normalmente
organizacionais, metodológicos e operacionais. Esta pesquisa ira obedecer os seguintes passos
a saber: elaboração de um projecto de pesquisa que poderá ser discutido pelo conselho
científico e pelo orientador; a revisão da literatura foi efectuada com base na consulta de
várias fontes bibliográficas nomeadamente livro, sites e artigos científicos que retratam o
assunto desta pesquisa, com o objectivo de alicerçar as teorias a serem descritas neste
trabalho; serão também consultados os relatórios e contas da instituição ilustrada neste
trabalho. Depois de conciliado os dados teóricos com os dados encontrados nos relatórios, far-
se-á a sua análise para posteriormente redacção do trabalho.

3.3.População em Estudo
Segundo Pradanov e Freitas (2013), população (ou população da pesquisa) é a totalidade de
indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. A
definição da população-alvo tem uma influência directa sobre a generalização dos resultados.

A população em estudo é composta por 10 (dez) colaboradores da empresa CFM, no


departamento de Contabilidade e finanças, concretamente 1 (um) Gestor, 3 (três) Contabilista,

21
4 (quatro) assistentes de contabilidade e dois (2) contabilistas externos somando um total de
10 colaboradores.

A escolha desta população, deveu-se pelo facto de deste grupo ser o mais próximo e reunir
conhecimentos sobre a área que se pretende analisar, a área financeira da empresa. Espera-se
reunir informações suficientes para concluir o estudo.

Franco (2013) tinha como população todas as empresas de logísticas privadas, a escolho dessa
população deveu-se ao facto de ser um grupo de interesse de estudo do autor. Baptista (1997)
teve como população inicial 137 empresas sociedadesanónimas existentes.

3.4. Processo de Amostragem


Devido ao tamanho da amostra ou volume das informações que se pretende colher, por vezes
é inviável ou até mesmo impossível estudar todo o universo ou população, dai a necessidade
de se estudar apenas uma parte deste.

Para este estudo foi usada a amostragem aleatória simples, visto que, é uma ferramenta
conceitual frequentemente empregada nos relatórios de investigações qualitativas.

De acordo com Lakatos e Marconi (2010), a amostra é uma parcela convenientemente


seleccionada do universo (população) e bem como um subconjunto do universo.

Amostra é a parte da população ou do universo, seleccionada de acordo com uma regra ou um


plano. Refere-se ao subconjunto do universo ou da população, por meio do qual
estabelecemos ou estimamos as características desse universo ou dessa população
(Pradanov& Freitas 2013).

Baseando-se no que foi apresentado no estudo segundo Franco (2013) utilizou-se da


abordagem qualitativa para efectuar a analise dos dados financeiros da empresa neste
trabalho.E Baptista (1997) utilizou o método de amostragem aleatório.

3.5. Tamanho da amostra

Amostra é uma porção ou parcela, convenientemente seleccionada do universo (população), é


um subconjunto do universo.

Pradanov e Freitas (2013), dizem que: de modo geral, as pesquisas sociais abrangem um
universo de elementos tão grande que se tornou impossível considerá-lo em sua totalidade.
Por essa razão, nas pesquisas sociais é muito frequente trabalhar com uma amostra, ou seja,

22
com uma pequena parte dos elementos que compõe o universo. Quando um pesquisador
selecciona uma pequena parte de uma população, espera que ela seja representativa dessa
população que pretende estudar.

Assim sendo para o presente estudo a amostra foi composta por 3 (três) colaboradores
escolhidos de forma aleatória numa população composta por 10 pessoas. A amostra é
composta concretamente por 1 (um) Gestor e 2 (dois) Contabilistas de uma maneira
intencional por se tratar de colaboradores que estão directamente ligados com a área em
estudo.

Franco (2013) escolheu a sua amostra por ser uma das melhores empresas de logística do
mundo. Baptista (1997) apresentou os dados das 15 empresas que foram utilizadas para
determinação da amostra, que deu uma dimensão da amostra de 66empresas.

3.6.Métodos de colecta de dados


Neste ponto devem ser descritas as formas pelas quais serão obtidos todos os dados que
posteriormente serão usados nessa pesquisa.

Segundo Marcone& Lakatos (2010): colecta de dados é “etapa da pesquisa em que se inicia a
aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas seleccionadas, a fim de se efectuar a
colecta de dados previstos” (p.18).

3.6.1. Colecta de Dados Primários


São chamados de dados primários, por se tratar de informações em primeira mão, ou seja, por
não se encontrar registados em nenhum outro documento (Pradanov e Freitas, 2013).

A população da empresa em estudo foi a principal fonte para a colecta de dados primários
sendo estes obtidos por meio de entrevistas estruturadas dirigias aos trabalhadores da
empresa.

Para Marconi e Lakatos (2011, p.80) “ a entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim de
que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversação de natureza profissional”.

A entrevista que contem um guião de 5 perguntas das quais todas são perguntas abertas. Para
estas perguntas, optou-se por não envolver-se dados pessoais. O guião de entrevista foi
entregue a todos os colaboradores que fazem parte da amostra de modo que todos
respondessem.

23
Franco (2013) a colecta de dados primários foi efectuado através de um guião de entrevista
composta por 8 perguntas elaborado pelo autor do estudo. Baptista (1997) numa primeira fase
procedeu o envio de carta solicitando os documentos contabilísticos e um questionário.

3.6.2. Colecta de Dados secundários


Para a realização do presente trabalho recorreu-se á técnica de documentação indirecta
abrangendo a pesquisa documental e bibliográfica. A pesquisa documental será efectuada
sobre as demonstrações de resultados e o balanço da empresa CFM referentes aos anos em
análise de 2017 a 2019. A pesquisa bibliográfica constitui basicamente na consulta de
manuais e artigos científicos que versam sobre o assunto da pesquisa.

A característica principal da pesquisa documental é que “a fonte de colecta de dados esta


restrita a documentos, escritos ou não. Estas podem ser recolhidas no momento que o
fenómeno ocorre, ou depois.

“A pesquisa bibliográfica, ou de fonte secundarias, abrange toda a bibliografia já tomada


pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas,
pesquisas, monografias; entretanto a pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi
dito ou escrito sobre o assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou
abordagem, chegando a conclusões inovadoras” (Lakatos & Andrade, 2006).

Franco (2013) efectuou a colectados secundários através da pesquisa bibliográfica e


documental. Baptista (1997) efectuou a colecta de dados através da pesquisa documental
(balanço e demonstração de resultados) e da pesquisa bibliográfica.

3.8.Método de análise de dados


A análise do conteúdo é uma técnica para se estudar e analisar a comunicação de maneira
objectiva, sistemática e quantitativa; buscando inferências confiáveis de dados e informações
com respeito a determinado contexto, a partir dos discursos escritos ou orais, (Martins, 2006
p.33).

Estudos feito por Bardin (2001), indica que análise de conteúdo já era utilizada desde as
primeiras tentativas da humanidade de interpretar os livros sagrados, tendo sido sistematizada
como método de década 20, por Leavell.

Para analisar os dados colhidos na entrevista do presente trabalho, foi feita uma análise de
conteúdo, onde primeiramente foram organizadas as perguntas e respostas de seguida, foram
seleccionadas, divididas e inseridas numa tabela pois esta ajudou a cruzar os dados da
24
pesquisa, para cada tabela, contém uma explicação que facilite a compreensão e interpretação
do que foi inserido na tabela não foi necessário omitir nenhuma informação, porém, a
descrição dos colaboradores foi codificado pelas letras A - C.

Franco (2013) efectuou uma análise dos dados primários e secundários em seguida organizou
os dados de forma que facilite a compressão. Baptista (1997) para analisar os dados colhidos
alistou todos dados colhidos na entrevista em quadros de fácil percepção e as variáveis são
listadas por atributos potencialmente explicativos da estrutura financeira.

25
CAPITULO IV: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
4.1. Introdução
Este capítulo retrata sobre a análise e interpretação de dados que previamente foram
considerados como sendo primários e secundários face as informações advindas dos
colaboradores dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), Seleccionados na amostra
anteriormente detalhada com base nos questionários e posterior entrevista, e analise
documental realizada na empresa.

4.2.Descrição da Empresa em Estudo


Os Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique, E.P. (CFM ou empresa) com sede em
Maputo, na Praça dos Trabalhadores, iniciaram a actividade como Empresa Estatal, tutelada
pelo Ministério dos Transportes e Comunicações, Constituída através do Decretonº 6/89 de 11
de Maio, e tem presença efectiva em grande parte do território nacional.Com efeitos a partir
de 1 de Janeiro de 1995, a Empresa Estatal foi transformada em Empresa Pública, ao abrigo
do Decreto nº 40/94, de 18 de Setembro, passando a adoptar a designação de Portos e
Caminhos de Ferro de Moçambique, E.P. O capital estatutário estabelecido pelo decreto
supracitado foi de 1.242.981 milhares de meticais e encontra se integralmente subscrito e
realizado pelo Estado Moçambicano que assim se constitui a casa mãe dos CFM.
A empresa tem como objecto principal o serviço público de transporte ferroviário de
passageiros e de mercadorias em território moçambicano, com carácter regular e não regular,
para além do manuseamento de mercadorias nos Portos.
4.3. Perfil dos Entrevistados
Tabela 4.1:Perfil dos entrevistados

Entrevistados Sexo Cargo HabilitaçõesLiterárias Anos de


Trabalho
A M GestorFinanceiro licenciatura 12
B F Contabilista Licenciatura 8
C M Contabilista TécnicoMédio 6
Fonte: (Autora, 2021)

4.4.Apresentação dos Resultados


4.4.1. As fontes de financiamento que a empresa CFM utiliza entre os anos 2017 a 2019
4.4.1.1. Quais são as fontes de financiamento da empresa CFM no período de 2017-2019?
Tabela 4.2:Financiamento da empresa CFM
26
Entrevistado Respostas
A A empresa caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) é de conhecimento
de todos que e uma empresa estatal, anualmente o estado Moçambicano
desembolsa um credito para empresa, para além das dos seu accionista.
B A empresa CFM, é vasta pois está dividido em serviços, cada área
produzas suas divisas, então para além dos accionistas a empresa produz o
seu auto rendimento.
C Este ponto, não tenho muito conhecimento, pois sou recém contratada,
cabe a gestão apenas seguimos aquilo que os meus superiores ordenam.
Fonte (Autora, 2021)

4.4.2. Ograu de cobertura dos encargos financeiros da empresa CFM entre 2017 a 2019.

4.4.1.2.Qual é capacidade de liquidez da CFM face as suas responsabilidades de longo prazo

Tabela 4.3:Responsabilidades ao longo prazo

Entrevistado Respostas
A Bem, para responsabilidades ao longo prazo valorizar a empresa, os
gestores verificam contas da empresa, caso tenha lucro diz-se que está tudo
bem, caso contrário deve-se trabalhar para resolver o assunto.
B Neste ponto, é da responsabilidade dos gestores e o administrativo é quem
sabe.
C De acordo com o lucro as contas já auditadas e valor dos serviços ja
existente.
Fonte: (Autora, 2021)

4.4.3. Endividamento da empresa CFM entre 2017 a 2019

4.4.1.3.Qual é a capacidade de endividamento da empresa CFM?


Tabela 4.4:Capacidade de endividamento da empresa CFM

Entrevistado Respostas

27
A A capacidade de endividamento da empresa é calculada através de rácios
financeiros.

B De acordo com o artigo 27º do código de IRPS


C Verificamos a vida útil do bem
Fonte: (Autora, 2021)

4.5. Discussão dos Resultados


4.5.1. Fontes de Financiamento dos Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM)
Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), financia-se com fundos próprios e fundos alheios,
mais concretamente:

i. Fundos próprios: capital social, reservas, resultados líquidos transitados e resultados


líquidos do exercício;
ii. Fundos alheios: a) passivo não corrente – provisões, empréstimos obtidos, outros
passivos financeiros e passivos por impostos diferidos;
iii. Passivo corrente: fornecedores; empréstimos obtidos, outros passivos financeiros e
outros passivos correntes. Note-se, aqui, que quando se fala de passivo não corrente
trata-se de financiamento a longo prazo e quando se fala de passivo corrente trata-se
financiamento a curto.
A forma como a empresa decide financiar as suas actividades, quer seja através de fundos
próprios ou alheios, sinaliza se terá bons ou maus resultados. A seguir são analisadas as
formas de financiamento utilizadas pela CFM no período em análise. Segundo o relatório de
contas da empresa em 2017 a empresa apresentou resultados líquidos no valor de 8,06 mil
milhões de MT. O resultado líquido de 2018, no valor de 6,28 mil milhões de MT, foi
distribuído da seguinte forma: 12% foi canalizado para o reforço da reserva legal (conforme
estatuído pelo código comercial); 40% foi distribuído pelos sócios na forma de dividendos, na
proporção das suas quotas; 48% foi canalizado para o reforço das reservas para investimento.

O mesmo relatório diz ainda, resultado liquido de exercícios foram de 5,28 mil milhões de
Meticais em 2018 contra 4,06 mil milhões de Meticais atingidos no exercício anterior, o que
representa um decréscimo de cerca de 26%. Segundo o relatório de contas de 2019, o
conselho fiscal apreciou as medidas de gestão da empresa que foram tomadas pelo Conselho
de Administração no sentido de melhorar o desempenho financeiro, é de destacar que ouve
um decréscimo do resultado líquido de 1% em relação ao apurado em 2018, porem deu seu

28
parecer como favorável tendo em consideração, os elementos apresentados pela
administração. Para Martins (2001, p.280) a fonte de financiamento das empresas, dependem
de uma projecção compatível com a possibilidade de avaliar a empresa na confiança do
exercício.

Segundo Vieito (2010), diz que as grandes empresas é que estão cotadas na bolsa de valores
normalmente usam os aumentos de capital para financiar elevados investimentos.

4.5.2.Qual é capacidade de liquidez da CFM face as suas responsabilidades de longo


prazo?
Como ilustra a tabela 4.3, as respostas dos colaboradores no que concerne a determinação da
taxa de desconto foram divergentes, onde o colaborador A, Afirma que estas são
determinadas com base na divisão entre o capital a investir pelo prazo do investimento, ao
passo que o colaborador afirma que tem sido calculado com base nos indicadores e o
colaborador C diz que a gestão é que estabelece as taxas. A capacidade de liquidez da
empresa ao longo prazo, Tendo como base o ano de 2017, constata-se que houve uma
evolução dos fundos próprios. Apesar de a CFM ter mantido o seu capital social nos três anos
em análise do no valor de 8.442.781MT.

Tabela 4.5:variação dos capitais próprios

Ano Valor (MT) Variação

2017 48.517.008 -
2018 55.609.241 12%
2019 40.903.401 46%

Fonte: Relatório de contas da CFM de 2018 e 2019

Segundo o relatório de auditoria de 2018, o Conselho Fiscal apreciou as medidas de gestão


que foram tomadas pelo Conselho de Administração no sentido de melhorar o desempenho
económico-financeiro, dentre as quais é de destacar a revisão da vida útil dos activos fixos,
que conduziu à redução dos custos de amortizações, e por outro lado, o crescimento dos
proveitos em 18,4% para 13.988.973.727 Meticais durante o exercício económico de 2018,
relativamente ao exercício económico de 2016 e 2017, apesar de ter sido realizado em

29
ambiente económico adverso, traduzido pela depreciação acentuada do metical face ao dólar
americano e euro, alta de taxas de juros e inflação.

Ainda o mesmo relatório de auditoria referente a 2019, como forma de reforçar a capacidade
de aumento de novos serviços, essencialmente criando capacidade de utilização de recursos
internos para o investimento e, tendo em conta a observância das condições, que estão
previstos nos contratos de empréstimos já contraídos pela empresa, o resultado líquido de
2019, no valor total de 4.090.802.552 MT, foi distribuído da seguinte forma:
i. Uma percentagem foi canalizada para o reforço da Reserva Legal (conforme estatuído
pelo Código Comercial);
ii. 30% Foi distribuído pelos sócios na forma de dividendos, na proporção das suas
quotas; e
iii. 65% Foi canalizado para o reforço das Reservas para Investimento.

Ainda segundo o mesmo relatório, o conselho fiscal notou que o resultado líquido alcançado
durante o exercício económico corrente é consequência, por um lado, das medidas de gestão
que foram tomadas para a contenção de custos mas, por outro lado, da estabilidade do Metical
perante as moedas estrangeiras mais utilizadas pela empresa, que foram traduzidas na redução
dos custos operacionais. Tendo como base o relatório do ano de 2017, constata-se que houve
um constante aumento dos fundos próprios. Parte deste aumento é explicado pelo facto de em
2019 o capital social da empresa caminhos-de-ferro de Moçambique ter variado de
4.600.000.000 MT para 7.000.000.000 MT (uma subida em 90%

Analisando as duas tabelas acima pode-se verificar que a capacidade de liquidez se verifica:
primeiro, a empresa estava a apresentar prejuízos e precisava de financiar o seu investimento
pelo que tinha duas opções – ou financiava-se através de fundos próprios ou através de fundos
alheios (emissão de acções para terceiros/auto financiamento ou contracção de empréstimos
junto a terceiros). Dado que a empresa tinha expectativas positivas em relação futuro, de
modo a não dividir os benefícios com os novos accionistas, preferiu investir através de fundos
próprios, nomeadamente:

Os actuais sócios duplicaram o valor do capital social e reinvestiram uma boa percentagem
dos resultados líquidos (acima de 60%).

30
4.5.3.Capacidade endividamento de Longo Prazo da empresa caminhos-de-ferro de
Moçambique
Segundo, Scott e Johnson, (1982 apud Brigham, 2001), Tomando em consideração o que foi
referido, dando conta que, num estudo efectuado, para administradores inquiridos, os índices
alvo de endividamento de longo prazo com relação ao capital total estavam na faixa de 36 a
50% sendo que a faixa alvo mais popular relatada foi de 36 a 50% pode-se afirmar que a
empresa (CFM), não foge muito do intervalo. Note-se, na tabela 7 abaixo, que o ano de
2017foi o que apresentou a percentagem mais alta, e este elevado endividamento, aliado às
medidas de gestão tomadas como a revisão da vida útil dos activos fixos, pode estar por detrás
do elevado aumento dos resultados da empresa como pode ver na tabela 8 abaixo ou, com
mais detalhes, em Demonstrações de Resultados, em anexo.

Tabela 4.6: Índice de Endividamento de Longo Prazo com Relação ao Capital Total

Ano Capitais alheios CapitaisTotais Endividamento


d LP (MT) (MT)
2017 10.756.849 52.319.673 38%
2018 8.281.008 49.977.017 44%
2019 7.890.001 48.558.596 14%

Fonte: Relatório de contas da CFM de 2017 e 2019

Tabela 4.7: Variação dos Resultados Líquidos

Ano Valor (MT) Variação

2017 3.007.924 -
2018 2.177.819 687%
2019 2.165.288 231%

Fonte: Relatório de contas de 2017 e 2019

Tabela 4.8: Índice de Longo Prazo com Relação ao Capital Próprio

Ano Capitais alheios CapitaisPróprio Endividamento


d LP (MT) (MT)
2017 6.027.991.264 6.518.807.924 86%
2018 7.034.810.028 6.772.354.638 107% 31

2019 4.816.971.201 6.774.051.353 59%


Fonte: Relatório de contas de 2017 e 2019
Isso pode ser o reflexo do que consta no relatório de contas referente ao ano de 2017 segundo
o qual a empresa pretende reforçar a capacidade de contratar novos empréstimos,
essencialmente criando capacidade de utilização de recursos internos para o investimento e,
tendo em conta a observância das condições, que estão previstos nos contratos de
empréstimos já contraídos pela empresa, daí que tem canalizado elevadas percentagens dos
resultados líquidos para o reforço das reservas de investimento.

O estudo feito por Bastos (2018), diz que o valor terminal da companhia representa uma
parcela relevante do valor da empresa. Além de ser muito significativo, outra limitação é o
quanto essa parcela do valor é sensível à taxa de g utilizada. O trabalho mostrou como a
escolha da taxa de crescimento impacta de forma agressiva o resultado do valor da
companhia. Como exemplo, um g de apenas 3% pode resultar em um valor até 32% maior do
que o resultado sem crescimento na perpetuidade. Muito valor é posto em uma premissa que o
fundamento não reflecte a realidade.

A acção encontra-se, neste cenário de análise, super avaliada para as premissas utilizadas,
cabendo ressaltar que os valores obtidos são bastante afectados pela premissa de crescimento
de longo prazo. O melhor desempenho da empresa no futuro dependerá de diversos factores
relacionados a administração e o mercado em si. Portanto, outras avaliações com outros
cenários se fazem necessárias, se o desejo do avaliador é determinar o valor com maior
precisão e em diferentes circunstâncias.

Sengo (2013), A determinação da estrutura financeira óptima das empresas é um assunto


controverso e, partilha-se da opinião de que não se pode calcular, com precisão, qual a
estrutura óptima de capital dado que para cada empresa e sector de actividade existem
particularidades que podem determinar o uso de uma estrutura diferente da que poderia ser,
teoricamente, considerada óptima.

32
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES DA PESQUISA
5.1 Introdução
Este capítulo, aborda em torno as conclusões e recomendações sob o ponto de vista do autor,
tendo por principal objectivo de responder as perguntas da pesquisa elaboradas no primeiro
capítulo como também os objectivos de pesquisa.

5.2.Conclusões do estudo
O presente trabalho é focado no Impacto da Estrutura Financeira no Desempenho
Empresarial, caso: Empresa Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) de 2017-
2019,forneceu importante subsídio para a compreensão de impacto financeiro da empresa
caminhos-de-ferro de Moçambique, daí conclui-se que:

 A determinação da estrutura financeira óptima das empresas é um assunto controverso


e, partilha-se da opinião de que não se pode calcular, com precisão, qual a estrutura
óptima de capital dado que para cada empresa e sector de actividade existem
particularidades que podem determinar o uso de uma estrutura diferente da que
poderia ser, teoricamente, considerada óptima, nomeadamente: o conservadorismo
administrativo, as atitudes do fornecedor de fundos e das agências de classificação, a
necessidade de reserva da capacidade para tomar empréstimos e flexibilidade
financeira, a necessidade de manter ou não o controle na empresa, o risco do negócio,
a estrutura de activo, a taxa de crescimento e a lucratividade da empresa, o facto de os
juros serem dedutíveis e as condições de mercado.

 A instituição está a apostar muito no auto-financiamento, canalizou 55 e 85% dos


resultados líquidos referentes aos anos de 2017 e 2019, respectivamente, para o
reforço das reservas de investimento. Estudos empíricos efectuados sobre a estrutura
financeira de algumas empresas Moçambicanas apresentam algumas limitações na
medida em que a amostra é relativamente reduzida e composta apenas por sociedades
anónimas. Comparando os balanços médios da amostra com os balanços médios do
sector verifica-se que as empresas da amostra possuem um activo fixo e,
consequentemente, um activo total superior ao do sectorcom base em rácios
económico-financeiros conclui-se que as empresas da amostra têm uma autonomia
financeira, solvabilidade e prazo médio de recebimentos superiores à média do sector.

33
 Grandes empresas como a CFM, que apresentam elevadas lucratividade e taxas de
crescimento, tendem a usar um pouco mais de dívida do as que apresentam estes
valores baixos, contudo, não é o que foi constatado na instituição. Considerando o
período analisado, somente no ano de 2017 a empresa apresentou uma sólida estrutura
financeira, quando manteve maior nível de capital de giro, e índice positivo de
liquidez. Nos anos de 2018 e 2019 a companhia sofreu overtradingdevido
suanecessidade de capital de giro superar o capital de giro, além do saldo de tesouraria
ser insuficiente para cobrir as necessidades de curto prazo.

 O facto de gestor dos caminhos-de-ferro de Moçambique não serem os detentores do


capital social cria conflitos de agência a serem minimizados. Importa referir, aqui, que
este não é o único problema de agência dado que os problemas de agência podem ser
identificados em outras vertentes como é o caso da relação funcionário/administração.

 O relatório de contas de 2017 dos CFM, mostra que a instituição pode estar a usar uma
estrutura financeira abaixo da que seria considerada óptima de modo a criar reserva da
capacidade de tomar empréstimos e flexibilidade financeira. O mesmo relatório
mostra que há casos em que a empresa não recorre à dívida adicional, mesmo tendo
ainda capacidade de tomar empréstimos, devido a restrições contratuais de
empréstimos anteriores.

 Foram encontradas algumas limitações para aplicação de algumas das teorias de


estrutura de capitais, nomeadamente: a dificuldade de estimação dos custos de agência
e de falência, dificuldade para a obtenção do valor de mercado das acções dos CFM
(dificuldades para a obtenção dos valores de mercado de títulos de uma forma geral,
dado que o nosso mercado de capitais não está muito desenvolvido) e dificuldades de
estimação do custo da dívida em diferentes níveis de endividamento, contudo, estas
limitações não comprometem a validade das conclusões aqui apresentadas.

34
5.3.Recomendações
Cientes de que as decisões de política de gestão são tomadas não só com base em informações

obtidas através das estatísticas mas, sobretudo, com base em juízos de valor, a seguir

apresentam-se algumas recomendações à comunidade científica assim como a empresa

caminhos-de-ferro de Moçambique:

 Propõe-se que a instituição deverá, como vem procedendo, continuar a manter uma

reserva para a contracção de dívida de modo a conferir uma maior flexibilidade

financeira, caso seja necessária a contracção de empréstimo de modo a não perder

boas oportunidades de investimento;

 Apesar da recomendação anterior, propõe-se que a instituição deverá, como vem

procedendo, continuar a manter uma reserva para a contracção de dívida de modo a

conferir uma maior flexibilidade financeira, caso seja necessária a contracção de

empréstimo de modo a não perder boas oportunidades de investimento.

5.4.Recomendações para próximos estudos:


De modo a permitir um estudo mais profundo e completo, para estudos futuros recomenda-se o
seguinte:

 A escolha de empresas com acções e obrigações cotadas numa bolsa de valores de

modo a ter acesso aos valores de mercado desses títulos;

 Período de análise deverá ser de pelo menos 10 anos de modo a permitir a análise da

variação dos indicadores no tempo;

 Realização de estudos sobre os custos relacionados com a falência, dada a atenção que
o assunto merece pois estes custos podem chegar a atingir 20 a 30% do valor de
mercado dos activos da empresa.

35
6. Referências Bibliográficas

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36
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Sustentado. Estudos e Pesquisas nº 67, USP.

37
Anexo
Entrevista

BOM DIA/BOA TARDE

Permita-me agradecer desde já pela disponibilidade que concedeu a entrevista, que terá a
duração de mais ou menos 12 minutos. Lúcia Dionísio Norberto Abílio, estudante finalista
do custo de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria na Faculdade de Economia e
Gestão da Universidade Católica de Moçambique.

Serve-se deste meio para responder o trabalho final do curso, com o tema: Impacto da
Estrutura Financeira no Desempenho Empresarial, Estudo de caso: Empresa Caminhos de
Ferro de Moçambique (CFM) de 2017-2019.

As respostas serão usadas somente para fins académicos e, todos os termos as condições
que o entrevistado adoptar será respeitado.

1. Quais são as fontes de financiamento da empresa CFM no período de 2017-2019?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
___________________________________________________.

2. Qual é capacidade de liquidez da CFM face as suas responsabilidades de longo


prazo?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
____________________________________________________.

3. Qual é a capacidade de endividamento da empresa?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
____________________________________________________.
38
4. A estrutura financeira que da empresa 2017-2019 maximiza o seu valor?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
____________________________________________________.

5. O que é que se tem em vista com a análise da estrutura financeira duma empresa?

________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
____________________________________________________.

39

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