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Pmal - Apostila - Leg. Pertinente - Direito Penal
Pmal - Apostila - Leg. Pertinente - Direito Penal
PMBA
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
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seu vizinho. Seu vizinho vai a uma delegacia de polícia, Classificação das Normas Penais em Branco: 1 -
após ser realizado os procedimentos, o juiz recebe a Normas Penais em Branco próprias (complemento
denúncia de um furto. Porém, verifica que o delegado proveniente de outras espécies normativas, como por
equiparou o furto de sinal da Sky, com furto de energia, exemplo, portarias.) e Normas Penais em Branco
por analogia. Conclusão: Como a analogia é com animus impróprias (completamente proveniente da mesma
de prejudicar o réu, a mesma não poderá ser aplicada. espécie normativa, como por exemplo, lei penal
Ex2.: Uma parteira, em uma cidade longínqua, que completada pelo código civil ou pelo próprio código
pratica uma manobra abortiva em uma jovem que foi penal). OBS.: Ainda podemos dividir as Normas Penais
vítima de estupro. Conclusão: O Art. 128, I e II do C.P. em Branco impróprias em: Homovitelina (completo
(“Não se pune o aborto praticado por médico”: I - “se está dentro do próprio código penal. Ex.: O crime de
não há outro meio de salvar a vida da gestante”; e II - peculato, suja elementar é o funcionário público.
“se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido Conclusão: Encontraremos o conceito de funcionário
de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de público no próprio código penal, mais precisamente no
seu representante legal”) prevê somente a prática do seu art. 327.) e Heterovitelina (completo está dentro de
aborto realizada por médico, mas, por analogia (in outra lei, localizada no código civil, por exemplo. Ex.: No
bonam partem), o legislador achou que poderia ser delito de art. 236 - "Contrair casamento, induzindo em
praticado por outras pessoas como a enfermeira e a erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe
parteira, por exemplo. impedimento que não seja casamento anterior",
encontraremos as hipóteses de impedimento da união
Segundo Mirabete, “o costume é uma regra de conduta
civil, dentro do código civil.).
praticada de modo geral, constante e uniforme, com a
consciência de sua obrigatoriedade”. Assim, apesar de Norma Penal em Branco Reversa, Revés ou Investida: É
ser proibida a criação de normas penais por meio de aquela cujo complemento normativo está relacionado à
costumes, os mesmos podem auxiliar o intérprete a sanção penal (pena) e não ao conteúdo da proibição.
traduzir conceitos, tais como de repouso noturno, Ex.: Art. 304 do C.P. "Fazer uso de qualquer dos papéis
honra e etc., permitindo assim um enquadramento falsificados ou alterados, a que se refere os arts. 297 a
correto do fato ao tipo penal. Ex.: Raimundo adentrou 302.
uma residência em uma cidade do interior do Pará, por
Pena - A cominada à falsificação ou à alteração."
volta das 20h, para cometer um furto. Os moradores
desta cidade iniciam seu repouso noturno às 18h.
Conclusão: O juiz poderá utilizar os costumes locais e
qualificar o furto do Art. 155, § 1º (“Subtrair, para si ou
para outrem, coisa alheia móvel”; § 1º - “A pena
aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante
o repouso noturno”) do C.P., por ter sido cometido
durante o repouso noturno.
Princípio da Taxatividade - A lei incriminadora deve
descrever de forma clara e precisa a conduta criminosa.
Este princípio proíbe leis penais vagas, genéricas ou
imprecisas (de conteúdo duvidoso).
A lei tem que ser escrita, estrita (proíbe a utilização de
analogia incriminadora), certa (Princípio da
Taxatividade) e necessária (Princípio da Intervenção
Mínima).
No Art. 1° do C.P. entendamos infração penal (crime e
contravenção penal), sanção penal (penas e medidas de
segurança).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE = RESERVA LEGAL +
ANTERIORIDADE.
Normas Penais em Branco: São aquelas que necessitam
de um completo de outra norma.
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alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.
da bandeira de ostentam (Princípio da Bandeira); 3 - OBS.: Apesar de não existir previsão expressa,
Quanto às embarcações ou aeronaves estrangeiras em garantindo o direito de passagem inocente de
território brasileiro, desde que públicas, não são aeronaves, não tem sentido excluí-las, desde que
considerados parte de nosso território. Porém se respeitados os requisitos impostos às embarcações
privadas são considerados parte de nosso território. (doutrina majoritária). Conclusão: A letra de lei traz
somente previsão para navios, excluindo as aeronaves.
Embaixada não é extensão do território que
No entanto, para muitos doutrinadores, não há motivos
representam. Porém as embaixadas são invioláveis.
para excluí-las.
Na dúvida de territorialidade, a doutrina resolve o
problema, aplicando a lei da nacionalidade do agente.
Ex.: Em alto-mar, duas embarcações privadas colidem, Lugar do crime
uma brasileira e outra italiana. Um americano e um
japonês constroem uma jangada com os destroços das Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em
duas embarcações, e sobre os destroços misturados das que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
embarcações, o americano mata o japonês. Será bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
aplicada a lei da nacionalidade do agente, pois a resultado.
territorialidade está mistura/confusa. Porém, se no
mesmo caso, fossem duas embarcações brasileiras
COMENTÁRIOS
privadas em alto-mar, como os destroços são
brasileiros, então seria aplicada a lei da bandeira que Teoria Atividade - Considera-se praticado o crime no
ostentam, ou seja, lei brasileira. lugar da conduta e não do resultado (NÃO ADOTADA
PELO C.P.). Ex.: Pedro atira em Paulo no Estado do Pará.
Se a embarcação estrangeira for pública e estiver
Porém, o mesmo vem a falecer no Estado de São Paulo.
atracada em porto brasileiro, e acontece um crime no
Conclusão: Será considerado o lugar do delito no
interior da embarcação, então será aplicada a lei
Estado do Pará.
estrangeira. Porém se o crime for cometido fora da
embarcação, ou seja, em território brasileiro, temos Teoria do Resultado - Considera-se praticado o crime
duas hipóteses: Se o agente estiver a serviço do seu país no lugar do resultado e não da conduta (NÃO
será aplicada a lei estrangeira, se não estiver será ADOTADO PELO C.P.). Ex.: João atira em Paulo no
aplicada a lei brasileira. Estado do Amazonas. Porém, o mesmo vem a falecer no
Estado de Fortaleza. Conclusão: Será considerado o
A competência para julgar os crimes cometidos a bordo
lugar do delito no Estado de Fortaleza.
de embarcações e aeronaves é da justiça federal,
ressalvada quando a competência for da justiça militar. Teoria Mista ou Ubiquidade - Considera-se praticado o
crime, tanto no lugar da conduta quanto do resultado
OBS.: A competência será da justiça estadual, quando
ou onde deveria se produzir o mesmo (ADOTADO PELO
se tratar de delitos cometidos a bordo de iates, lanchas,
C.P.). Ex.: João atira em Paulo no Estado do Acre.
botes e embarcações equiparadas, pois a CF/88 em seu
Porém, o mesmo vem a falecer no Estado do Pará.
Art. 109 - “Aos juízes federais compete processar e
Conclusão: Será considerado o lugar do delito tanto no
julgar”, IX - “os crimes cometidos a bordo de navios ou
Estado de Acre quanto no Estado do Pará.
aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”,
menciona o termo navios (embarcações de grande Crimes Plurilocais - São aqueles que a conduta ocorre
porte, autorizadas e adaptadas para viagens em um lugar e o resultado em outro lugar, porém
internacionais). OBS2.: No que se refere ao termo ambos dentro do Brasil (percorre dois ou mais lugares
aeronaves, a sua interpretação é extensiva, ou seja, do mesmo país soberano). Ex.: Conduta no Rio de
aeronaves de modo geral. Janeiro e resultado no Pará. Ex2.: Conduta em São
Paulo, passando pelo Rio de Janeiro, se consumando
O Brasil adota a chamada Passagem Inocente (Lei
em Minas Gerais. Conclusão: Como gera um conflito
8.617/93 - Art. 3º - "É reconhecido aos navios de todas
interno de competência, será em regra resolvido pelo
as nacionalidades o direito de passagem inocente no
Art. 70 do C.P.P. (“A competência será, de regra,
mar territorial brasileiro"). Quando o navio privado
determinada pelo lugar em que se consumar a infração,
passa pelo território nacional apenas como passagem
ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for
necessária para chegar ao seu destino (no nosso
praticado o último ato de execução”) que adotou a
território não atracará) não se aplica a lei brasileira,
teoria do resultado.
desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à
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Crimes à Distância ou Crime de Espaço Máximo - São §2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
aqueles que parte ocorre no Brasil e parte no depende do concurso das seguintes condições:
estrangeiro (percorre dois países soberanos), ou seja, a
entrar o agente no território nacional; ser o fato punível
conduta ocorre no Brasil e o resultado ou possibilidade
também no país em que foi praticado; estar o crime
de resultado no estrangeiro e vice-versa. Ex.: Conduta
incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira
no Brasil e resultado na Argentina ou vice-versa.
autoriza a extradição; não ter sido o agente absolvido
Conclusão: Como gera um conflito internacional de
no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter
jurisdição, será resolvido pelo Art. 6º do C.P. que
sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro
adotou a teoria da ubiquidade.
motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei
Crime em Trânsito - Crime percorre mais de dois países mais favorável.
soberanos. Ex.: Conduta no Brasil, passando pela
§3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime
Argentina, e se consumando no Paraguai. Conclusão:
cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Como gera um conflito internacional de jurisdição, será
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo
resolvido pelo Art. 6º do C.P. que adotou a teoria da
anterior:
ubiquidade.
não foi pedida ou foi negada a extradição;
OBS.: Será aplicada a teoria da ubiquidade somente nos
crimes à distância ou em trânsito. Já que nos plurilocais houve requisição do Ministro da Justiça.
a conduta e o resultado ocorrem dentro do Brasil.
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A extraterritorialidade será condicionada (Art. 7º, II, "a", da CF/88) fazendo com que a competência seja da
"b" e "c" do C.P.), pois dependerá de alguns requisitos justiça federal.
descritos no Art. 7º § 2º do C.P.
No Art. 7° § 2° do C.P., “c” - Serão comparadas com os
Ainda temos a extraterritorialidade hipercondicionada crimes que o Brasil autoriza a extradição, que serão os
que está expressa no § 3º do Art. 7º do C.P., que mesmos delitos que o Brasil irá alcançar, mesmo que
acumula os requisitos do § 2º e § 3º do mesmo artigo. praticados no estrangeiro. Não significa dizer que o
Ex.: Brasileiro em Orlando, nos EUA, é morto por um Brasil irá extraditar, e sim apenas verificar essa hipótese
americano. Aplica-se a lei brasileira? SIM, desde que que está elencada no Art. 7°, § 2° do C.P. OBS.: Estes
presentes os requisitos do Art. 7º, § 2° do C.P. casos de extradição estão definidos no estatuto do
(Extraterritorialidade condicionada). OBS.: Os requisitos estrangeiro.
do Art. 7º, § 2° do C.P. são cumulativos. OBS2.: A
No Art. 7° § 2°, “e” do C.P. - Se o crime foi prescrito na
competência para julgar este americano em Regra é da
lei estrangeira, mesmo que não esteja prescrito no
justiça estadual, salvo se presente alguma hipótese do
Brasil, não pode o Brasil aplicar a pena e vice-versa.
Art. 109 da C.F/88 ("Art. 109 - Aos juízes federais
compete processar e julgar: I - as causas em que a No Art. 7° § 3°, temos a hipótese de aplicação da lei
União, entidade autárquica ou empresa pública federal penal brasileira, quando um crime for praticado por
forem interessadas na condição de autoras, rés, estrangeiro contra um brasileiro. Todavia, temos que
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de cumular as hipóteses estabelecidas no § 2°, mais duas
acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à que são: 1 - Não foi pedida (pelo país de origem do
Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado infrator) ou foi negada a extradição (pelo Brasil) e 2 -
estrangeiro ou organismo internacional e Município ou Houve requisição (no sentido de requerimento, ou seja,
pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas pedido) do Ministro da Justiça.
fundadas em tratado ou contrato da União com Estado OBS.: O Art. 7º do C.P temos expressamente que a lei
estrangeiro ou organismo internacional; IV - os penal brasileira será aplicado somente aos crimes,
crimes políticos e as infrações penais praticadas em excluindo assim as contravenções penais e demais leis
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou especiais que não preveem extraterritorialidade,
de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, exemplo, ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
excluídas as contravenções e ressalvada a competência Porém existem duas correntes nesse sentido: 1ª
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes corrente - Sendo o ato infracional um ato previsto como
previstos em tratado ou convenção internacional, crime praticado por adolescente (Art. 103 do ECA -
quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha "Considera-se ato infracional a conduta descrita como
ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou crime ou contravenção penal"), admite-se a
reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos extraterritorialidade da nossa lei aplicada para menores
humanos a que se refere o §5º deste artigo; (Incluído de idade. 2ª corrente - Somente será possível a
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004); VI - os extraterritorialidade da lei penal (Código Penal),
crimes contra a organização do trabalho e, nos casos todavia, não há igual previsão no ECA. Do mesmo modo
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a que não se admite extraterritorialidade em se tratando
ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", de contravenção, também não se admite em caso de
em matéria criminal de sua competência ou quando o ato infracional, ambas hipóteses sem previsão legal.
constrangimento provier de autoridade cujos atos não
estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição;
VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" Pena cumprida no estrangeiro
contra ato de autoridade federal, excetuados os casos
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena
de competência dos tribunais federais; IX - os crimes
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas,
cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
ou nela é computada, quando idênticas.
competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso
ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de
carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença COMENTÁRIOS
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à
nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à É possível que suceda a hipótese de ser o agente
naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas", processado, julgado e condenado tanto pela norma
penal brasileira como pela estrangeira (somente nos
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Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do Fato Típico - Conduta humana indesejada, que se
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. enquadra formal e materialmente no tipo penal.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o O fato típico possui quatro elementos: 1 - Conduta: É
resultado não teria ocorrido. um comportamento humano voluntário (vontade),
dirigido psiquicamente a um fim. OBS.: A conduta pode
ser dolosa (com intenção), culposa (agindo sem
Superveniência de causa independente intenção, porém com imprudência, negligência ou
§1º- A superveniência de causa relativamente imperícia), comissiva (ação) ou omissiva (omissão).
independente exclui a imputação quando, por si só, OBS2.: Excluem a conduta: 1.1 - Caso fortuito
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, (Fenômeno que acontece por acaso, ou seja, uma causa
imputam-se a quem os praticou. estranha que não pode ser imputada às partes. Ex.:
Tomar um comprimido para dor de cabeça, sem saber
que era alérgico a um dos componentes do mesmo,
Relevância da omissão vindo a causa um transtorno metal que levará o agente
a inconsciência total dos seus atos. 1.2 - Força maior
§2º- A omissão é penalmente relevante quando o (São eventos climáticos causados pela natureza). Ex.:
omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O Um furação faz um pessoa ser atirada em cima de
dever de agir incumbe a quem: outra, vindo-lhe causar lesões corporais graves. 1.3 -
tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou Coação física irresistível. Ex.: João empurra Pedro, que
vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade cai por cima de uma criança que vem a sofre uma lesão
de impedir o resultado; com seu comportamento corporal. 1.4 - Atos de reflexo. Ex.: João dá um susto
anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. em Mateus, que estava segurando em seu colo uma
criança, vindo deixar, em decorrência do susto, a
mesma cair, causando assim a morte da criança. 1.5 -
COMENTÁRIOS Atos inconscientes (Ex.: Sonâmbulos). Assim sendo, não
há vontade no comportamento (fato atípico). 2 -
Conceito Formal de Crime - É tudo aquilo que está Resultado - Pode ser naturalístico (morte; diminuição
descrito em uma norma penal incriminadora, e que se patrimonial e etc.) ou jurídico/normativo (bem jurídico
caso seja infringido, acarretará uma pena. protegido por lei). OBS.: Todo crime tem resultado
Conceito Material de Crime - É um comportamento jurídico/normativo, mas nem todo crime possuí
humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão resultado naturalístico. Ex.: Crime de Desobediência -
ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. Art. 330 do C.P. - "Desobedecer a ordem legal de
funcionário público". Conclusão: Por se tratar de um
Conceito Formal Material - Nada mais é que a soma dos crime de mera conduta, o mesmo, possui um resultado
conceitos de formal e material de crime. jurídico/normativo, mas não possui resultado
Conceito Analítico de crime - É aquele que fragmenta naturalístico. 3 - Nexo de causalidade - É o elo entre a
os elementos que constituem o crime, ou seja, estuda conduta do agente e o resultado. 4 - Tipicidade Penal
uma estrutura dogmática do delito. Surgindo assim - Esta poderá ser formal (É a adequação de um fato
algumas divergências de teorias. As teorias que existem cometido à descrição que dele se faz em lei) ou
são: Bipartite (Fato típico + Antijurídico/Ilícito, sendo a conglobante (não adotada pelo código penal brasileiro).
culpabilidade um pressuposto para a aplicação da OBS.: Tipicidade conglobante é aquela que deve se
pena), Tripartite (Adotada pela maioria da doutrina) e ajustar ao tipo penal e que provoca lesão ou perigo de
Quadripartite (Fato típico + Antijurídico/Ilícito + lesão ao jurídico tutelado, caracterizando ato
Culpabilidade + punibilidade, esta teoria é defendida antinormativo. Assim sendo, teremos, segundo
por Nucci). A Teoria Tripartite ou Finalista do crime ou Zaffaroni, um fato atípico. OBS2.: A tipicidade
Tricotômica, segundo o criador Hans Welzel e a conglobante traz o estrito cumprimento do dever legal
doutrina majoritária, diz que para a existência de um e o exercício regular de direito incentivado, para
crime, deve-se ter um fato típico, antijurídico/ilícito e compor a tipicidade, servindo como causas de sua
culpável. exclusão. Ex.: João, oficial de justiça, cumpri um
mandado de busca e apreensão de bens. Conclusão:
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João praticou um fato atípico, já que o estrito (Art. 26 do C.P. - "É isento de pena o agente que, por
cumprimento do dever legal é causa de exclusão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto
tipicidade. OBS3.: A doutrina moderna entende que ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
Tipicidade Penal = Tipicidade formal + Tipicidade inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
material (Relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem fato ou de determinar-se de acordo com esse
jurídico tutelado). entendimento"), Menor idade (Art. 27 do C.P. - "Os
menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
Antijurídico/Ilícito - É tudo aquilo que é contrário ao
inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas
ordenamento jurídico.
na legislação especial") e Embriaguez completa
São causas excludentes de ilicitude ou antijuridicidade provocada por caso fortuito ou força maior (Art. 28, §
(Art. 23, I, II e III do C.P. - "Não há crime quando o 1° do C.P. - "É isento de pena o agente que, por
agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
dever legal ou no exercício regular de direito"): 1- inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
Estado de Necessidade (Art. 24 do C.P. - "Considera-se fato ou de determinar-se de acordo com esse
em estado de necessidade quem pratica o fato para entendimento"). 2 - Potencial consciência da ilicitude
salvar de perigo atual, que não provocou por sua que é o erro inevitável sobre a ilicitude do fato ou Erro
vontade, nem podia de outro modo evitar, direito de proibição (Art. 21 do C.P. - "O desconhecimento da
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
era razoável exigir-se"); 2 - Legítima defesa (Art. 25 do inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la
C.P. - "Entende-se em legítima defesa quem, usando de um sexto a um terço") e 3 - Exigibilidade de
moderadamente dos meios necessários, repele injusta Conduta Diversa que se divide em: Coação moral
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de irresistível e obediência hierárquica (Art. 22 do C.P. -
outrem"); 3 - Estrito cumprimento do dever legal (Art. "Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em
23, III do C.P.) e 4 - Exercício regular de direito (Art. 23, estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal,
III do C.P.). OBS.: Existe ainda uma excludente supra de superior hierárquico, só é punível o autor da coação
legal que é o consentimento do ofendido. Porém este ou da ordem").
consentimento deverá ser dado antes e o bem tem ser
Só podemos imputar um crime a alguém, se o mesmo
disponível. OBS2.: No Art. 20 § 1º do C.P. ("É isento de
lhe deu causa, ou seja, sem a sua ação ou omissão o
pena quem, por erro plenamente justificado pelas
resultado não seria possível. Ex.: João com vontade de
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse,
matar (animus necandi), atira na cabeça do José, que
tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
vem a falecer. Conclusão: João será responsabilizado
quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como
por crime de Homicídio.
crime culposo") temos a figura das discriminantes
putativas (imaginárias), que se aplicam às excludentes Temos como exemplo do Art. 13, § 1° do C.P.
de ilicitude/antijuridicidade. Ex1.: Carlos é um desafeto (superveniência de causa relativamente independente
de Kaio, e ameaça o mesmo de morte. Certo dia, Kaio que por si só): Ex.: Pedro com vontade de matar
vem caminhando pela rua, quando avista Carlos alguns (animus necandi), mete uma faca na barriga do Carlos.
metros a sua frente. Ao ver Kaio, Carlos mete a mão na O mesmo é socorrido e passa por intervenção cirúrgica,
cintura, e saca uma arma de fogo de brinquedo quando está para receber alta, o hospital pega fogo e
(simulacro), para amedrontar seu desafeto. Kaio ao ele vem a falecer em decorrência das queimaduras
acompanhar o movimento, saca uma arma e atira, causadas pelo incêndio. Conclusão: Pedro responderá
vindo a ceifar a vida de Nando. Conclusão: Sendo por tentativa de homicídio, pois a causa morte não tem
impossível Caio saber que não se tratava de uma arma nada haver com a facada.
verdadeira, então o mesmo será isento de pena
Temos outra situação como exemplo do Art. 13, § 1° do
(Legitima defesa putativa). EX2.: exemplo de estado
C.P. (superveniência de causa relativamente
de necessidade putativo e etc...
independente que não por si só): Ex.: Tiago com
Culpável/Culpabilidade - É o juízo de reprovação vontade de matar (animus necandi), atingi com uma
pessoal que se faz sobre a conduta ilícita do agente. barra de ferro a cabeça de Paulo. O mesmo é socorrido
e ao passar por intervenção cirúrgica, vem a falecer em
Os requisitos que excluem a culpabilidade são:
decorrência de erro médico. Conclusão: Tiago
1 - Imputabilidade está subdivida em: responderá por homicídio, pois a causa morte era
Desenvolvimento mental incompleto ou retardado
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previsível que acontecesse, e o médico responderá por No Art. 13, § 2° do C.P. temos o crime omissivo
homicídio culposo. impróprio, pois é cometido por pessoas que tem o
dever legal de agir (e pode agir - não exige ato de
Existem outras espécies de concausas, que são:
heroísmo) ou assume a responsabilidade de impedir o
CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES: São
resultado ou ainda que criou o risco.
aquelas que não se originaram da conduta do agente,
ou seja, não possui absolutamente nenhum vínculo com No Art. 13, § 2°, “a” (tenha por lei obrigação de
a conduta do agente. cuidado, proteção ou vigilância) - Ex.: Antônio é um
policial e ver Sílvio sendo roubado, e nada faz para
1 Preexistente: Quando a causa do resultado se deu
impedir o resultado, por ser inimigo de Sílvio.
antes do comportamento do agente. Ex.: João coloca
Conclusão: Antônio responderá pelo crime de roubo
veneno no suco de José. Após 30 minutos, José é
por omissão.
atingindo por um disparo feito por Marcos. José é
socorrido, mas vem a falecer no hospital em No Art. 13, § 2°, “b” (de outra forma, assumiu a
decorrência do veneno ingerido. Conclusão: João irá responsabilidade de impedir o resultado) - Ex.: Edilson
responder por homicídio consumado e Marcos por está na praia pegando um sol. Izonete se aproxima e
tentativa de homicídio. pede para que ele repare seu filho, enquanto ela dá um
mergulho. Edilson aceita tomar de conta da criança,
2 Concomitante: Quando a causa do resultado se deu
mas pega no sono e a criança vai atrás da mãe e se
simultaneamente à do comportamento do agente.
afoga, vindo a falecer. Conclusão: Edilson responderá
Ex.: Maria coloca veneno na sopa de João. No momento
por homicídio culposo.
em que João esta ingerindo a sopa, sofre um disparo
efetuado pelo seu desafeto Luiz e vem a falecer, em No Art. 13, § 2° “c” (com seu comportamento anterior,
decorrência do disparo. Conclusão: Luiz responderá por criou o risco da ocorrência do resultado) - Ex.: Beto
homicídio consumado e Maria por tentativa de convida João para dá um mergulho na praia, mas João
homicídio. diz que não saber nadar. Beto, porém, diz que não irá
deixá-lo se afogar, todavia, João se afoga e vem a
3 Superveniente: Quando a causa do resultado se deu
falecer, Beto nada faz, pois ficou com medo de se
depois do comportamento do agente. Ex.: Pedro coloca
afogar também. Conclusão: Beto responderá por
veneno na comida de Tiago. Após, ter ingerido a comida
homicídio culposo.
com veneno, senta-se para descansar e é atingindo por
um disparo feito por Manoel, que vem a ceifar sua vida. OBS.: Nas alíneas “a”, “b” e “c” poderá o agente
Conclusão: Manoel responderá por homicídio responder por dolo ou culpa, a depender da
consumado e Pedro por tentativa de homicídio. voluntariedade presente na conduta.
CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES: São
aquelas que se originaram da conduta do agente, e
Art. 14 - Diz-se o crime:
mesmo que indiretamente, dão causa ao resultado.
1 Preexistente: Quando a causa do resultado já existia
antes do comportamento do agente. Ex.: Manoel, com Crime consumado
intenção de matar, desfere uma facada em Carlos, que
I consumado, quando nele se reúnem todos os
é portador de hemofilia e vem a falecer em decorrência
elementos de sua definição legal;
disso. No entanto, a facada por si só não seria capaz de
consumar o homicídio.
Conclusão: Manoel irá responder por homicídio Tentativa
consumado, pois, se não fosse os ferimentos da facada,
o Carlos não morreria. II tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do
2 Concomitante: Quando a causa do resultado acontece agente.
simultaneamente ao comportamento do agente. Ex.:
João com intenção de matar Maria efetua um disparo
contra ela. No entanto, erra o tiro. Porém, Maria se Pena de tentativa
assusta com o barulho e tem um infarto, vindo a falecer.
Conclusão: João responderá por homicídio consumado, Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-
pois se não fosse o barulho do disparo, Maria não teria se a tentativa com a pena correspondente ao crime
falecido. consumado, diminuída de um a dois terços.
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POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
No Art. 14, I do C.P. temos o conceito de crime tentado, inidônea nada mais é que o “apelido” dado para o crime
ou seja, aquele que não se consuma por vontade alheia impossível.
a do agente.
Alguns crimes não admitem tentativa: crimes culposos,
A doutrina classifica a tentativa em: 1 - Quanto ao iter crimes preterdolosos, crimes omissivos próprios,
criminis percorrido, 2 - Quanto ao resultado produzido contravenções penais, crimes unissubsistentes e etc.
na vítima e 3 - Quanto à possibilidade de alcançar o
resultado.
O Art. 14, parágrafo único do C.P., traz a punição da
Quanto ao iter criminis percorrido:
tentativa, que seria a aplicação da pena correspondente
1 Tentativa Imperfeita (ou inacabada) - O agente é ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
impedido de prosseguir na sua intenção, deixando de Ex.: Joaquim tenta matar Adolfo, o juiz aplica a pena de
praticar todos os atos executórios. Ex.: Tício com homicídio, diminuída de um a dois terço. Logo, se
intenção de matar (animus necandi) Matias, pega uma Joaquim foi condenado a 15 anos, o juiz poderá dar a
pistola que dispõe de 16 tiros, chega próximo a Matias e pena de 5 anos, se foi aplicou a redução de um terço,
efetua 2 disparos, porém ouve a sirene da polícia se por exemplo.
aproximando e foge, deixando assim de praticar todos
os atos executórios.
Desistência voluntária e arrependimento eficaz
2 - Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho) - O
agente pratica todos os atos executórios, porém o crime Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de
não se consuma com circunstâncias alheias a sua prosseguir na execução ou impede que o resultado se
vontade. Ex.: Paulo com intenção de matar (animus produza, só responde pelos atos já praticados.
necandi) Tiago, pega um revólver que dispõe de 5 tiros,
chega próximo a Tiago e descarrega a arma no corpo do
mesmo, porém Tiago é socorrido, vindo a sobreviver. COMENTÁRIOS
Quanto ao resultado produzido na vítima: No Art. 15 do C.P. temos a chamada Tentativa
Qualificada ou Abandonada, que se divide em duas
1 Tentativa não cruenta ou incruenta (ou branca): O
espécies: desistência voluntária e arrependimento
corpo da vítima não é atingido. Ex.: Elton dispara 5 tiros
eficaz. Porém, neste artigo, temos que identificar os
contra o corpo de Moises e não acerta nenhum.
dois conceitos. Quando o legislador usa o termo
2 Tentativa cruenta (ou vermelha) - O corpo da vítima é “desiste de prosseguir”, o mesmo está se referindo a
atingindo. Ex.: Bruno dispara um tiro contra o corpo de desistência voluntaria. E na expressão “impede que o
Augusto e acerta o tiro, porém o mesmo é socorrido e resultado se produza”, diz respeito ao arrependimento
sobrevive. eficaz. OBS.: Tentativa qualificada ou abandonada
Quanto à possibilidade de alcançar o resultado: 1- nada mais é que o “apelido” dado para a desistência
Tentativa Idônea - O resultado não ocorre por voluntária e arrependimento eficaz.
circunstâncias alheias à vontade do agente, porém o Na desistência voluntaria o agente ainda não praticou
resultado era possível de ser alcançado (conceito puro todos os atos de execução, ou seja, ele desiste de ir até
de tentativa). Ex.: Carlos atira em Júlio, o mesmo é o final, quando ainda dispunha de meios de execução
socorrido por um vizinho e sobrevive. Conclusão: O para consumação do crime. Nessa situação é exigida a
crime não se consumou por vontade alheia a de Carlos. voluntariedade e não a espontaneidade. Ex.: André,
2 - Tentativa Inidônea ou crime Impossível (Art. 17 do após efetuar dois disparos contra João, desiste de
C.P. - "Não se pune a tentativa quando, por ineficácia prosseguir na execução do crime, tendo em vista que
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do sua arma ainda possui munições a serem disparadas.
objeto, é impossível consumar-se o crime") - O Conclusão: André será punido pelos atos já praticado,
resultado não é alcançado por ineficácia absoluta do ou seja, se causou lesão, responderá por lesão corporal
meio empregado ou absoluta impropriedade do objeto. leve, grave ou gravíssima. OBS.: Se o motivo da
Ex.: Lobato está morto e Pedro atira para matá-lo. desistência foi uma circunstância exterior, que fez o
Conclusão: Não tem como matar quem já está morto agente parar a execução, com receio de ser
(absoluta impropriedade do objeto). Ex2.: Edson tentar surpreendido, haverá tentativa e não desistência
matar Jean com uma arma que não tem munição voluntária. Ex.: Tião pula o muro de uma residência com
(ineficácia absoluta do meio aplicado). OBS.: Tentativa objetivo de furtar um objeto, pega o mesmo, mas o
morador aciona o alarme, e o Tião foge, deixando o
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POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
objeto para trás. Conclusão: Tião irá responder por Esta reparação tem que ser feita antes do recebimento
tentativa de furto e não desistência voluntária. da denuncia (ato do MP (Ministério Público)) ou da
queixa (ato da vítima ou representante legal). Quando a
No arrependimento eficaz o agente já terá praticados
reparação do dano é feita após o recebimento da
todos os atos de execução, e logo após impede que o
denuncia ou queixa, porém antes do transito em
resultado aconteça. O arrependimento eficaz deve ser
julgado, existe a cogitação de ser aplicada a
realmente eficaz, pois se não for, o agente responderá
circunstância atenuante prevista no Art. 65, III, “b” do
pelo crime normalmente. Ex.: Valdo descarrega a arma
C.P. - (Art. 65 “São circunstância que sempre atenuam a
no corpo de Pedro. Porém vem a se arrepender do seu
pena” - Inciso III, “b” - “procurado, por sua espontânea
ato, levando Pedro ao hospital. O mesmo, após passar
vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe
por intervenções cirúrgicas, sobrevive. Conclusão: Valdo
ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do
irá responder só pelos atos já praticados. Porém se
julgamento, reparado o dano”).
Pedro vier a falecer, Valdo responderá por homicídio
consumado. Para a doutrina majoritária, em caso de concurso de
pessoas, esse benefício será aplicado a todos, ou seja,
Não cabe tentativa na desistência voluntária e
se comunica aos demais participantes.
arrependimento eficaz, pois na tentativa tem que ser
circunstâncias alheias à vontade do agente, ou seja, o
agente não responderá por tentativa e sim pelos atos já
Crime impossível
praticados, desde que esses atos configurem algum
crime. Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
Nos crimes formais ou de mera conduta são absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do
incompatíveis a desistência voluntária e objeto, é impossível consumar-se o crime.
arrependimento eficaz, pois nesses o crime se consuma
na simples conduta.
COMENTÁRIOS
O crime impossível possui várias denominações como:
Arrependimento posterior crime oco, quase crime, tentativa inidônea, tentativa
impossível ou tentativa inadequada.
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, Existem várias teorias que discutem os efeitos do crime
até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato impossível, são elas: 1 - Teoria Sintomática - Diz que
voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois mesmo o crime sendo impossível de ser consumado, o
terços. agente age com dolo, ou seja, mostra na sua conduta
que é perigoso, logo deveria ser punido. 2 - Teoria
Subjetiva - diz que se a conduta for perfeita, ou seja, o
COMENTÁRIOS agente agiu consciente do que estava fazendo, deveria
ele sofre as penas impostas à tentativa, mesmo que seja
O arrependimento posterior se dá na fase de
impossível de consumar o delito. 3 - Teoria Objetiva -
consumação, porém este só cabe para os crimes
Diz que o crime é composto por conduta e resultado,
cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa.
logo o execução deverá ser idônea, ou seja, o evento
O réu será beneficiado com a diminuição de pena, de tem que trazer potencialidade, pois se a execução for
um a dois terços, se houver a reparação integral do inidônea, estaremos diante de crime impossível. Dentro
dano. OBS.: Se a reparação do dano for parcial e a da Teoria Objetiva, ainda temos duas divisões: 1 -
vítima assim aceitar, então por entendimento Teoria Objetiva Pura - Diz que não há tentativa em
jurisprudencial admite-se a aplicação do benefício (STF). crime impossível, mesmo que a inidoneidade seja
Ex.: Fábio furta (animus rem sibi habendi - intenção de relativa. 2 - O Código Penal adota a Teoria Objetiva
ficar com a coisa) a bicicleta do Bruno, porém no outro Temperada, que diz que, crime é conduta e resultado, e
dia se arrepende e devolve a bicicleta nas mesmas que a execução deverá ser idônea, se for inidônea fica
condições. Conclusão: Fábio irá responder por furto, configurado o crime impossível. Porém para ser atípico
com diminuição de pena. o fato, a eficácia do meio e a impropriedade do objeto
Esse arrependimento tem que ser voluntário ainda que tem que ser absoluta, se for relativa, o agente irá
não espontâneo. responder pela tentativa. Ex.: José atira em Tião que
estava deitado dormindo. Porém o laudo pericial consta
17
POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
realizar a conduta com um fim específico. Ex.: Rui mata 2 - Culpa Inconsciente (ou sem previsão) - O agente
Marcos, pois o mesmo lhe viu furtando a casa do Pedro. não prevê o resultado, que lhe era previsível. Ex.:
Taynan trabalha como pedreiro, está no 10° andar de
7 - Dolo Geral (erro sucessivo) - O agente pensando que
um prédio, olha pela sacada e não avista ninguém
atingiu o resultado, pratica nova ação que de fato vem a
abaixo. Então pega um bloco de concreto e arremessa.
provocar o resultado desejado. Ex.: Alex enfia uma faca
No entanto, na hora do arremesso, aparece outro
no peito de Beto, pensando que o mesmo já está morto,
pedreiro, que tem sua cabeça esmagada pelo concreto.
joga o corpo dentro de um rio, vindo o mesmo a falecer
em decorrência do afogamento. 3 - Culpa Própria - É a culpa propriamente dita, aquela
que o agente não quer o resultado e nem assumi o risco
8 - Dolo de Dano - Quando agente quer causar um
de produzi-lo. Agindo, o agente, com imprudência,
efetivo dano ao bem jurídico protegido. Ex.: Manoel
negligência ou imperícia.
atira e mata Carlos. Conclusão: Causou dano a um bem
jurídico protegido, a vida. 4 - Culpa Imprópria (culpa por extensão, por
assimilação ou por equiparação) - É aquela na qual
9 - Dolo de Perigo - O agente quer apenas expor a
recai o agente que, por erro, fantasia situação de fato,
perigo o bem jurídico protegido. Ex.: Ivar efetua um
supondo estar acobertado por causa excludente de
disparo de arma de fogo para cima. Conclusão: Como a
ilicitude (caso de descriminante putativa) e, em razão,
munição poderá atingir alguém, ele está colocando em
disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito e
perigo um bem tutelado, a vida.
evitável. O agente apesar de ter agido com dolo, será
10 - Dolo de Propósito - É o dolo pensando/refletido, ou punido por crime culposo se o erro for evitável. Ex.:
seja, o agente já sabe que irá cometer o crime. Ex.: Márcio ao encontra com seu desafeto Celso, pela
João planeja matar Maria daqui a uma semana. OBS.: O manhã, mete a mão no bolso para pegar o celular de
dolo de propósito, em regra, aumenta a pena. cor amarela, Celso achando que Márcio irá puxar uma
11 - Dolo de Ímpeto - É o dolo repentino, ou seja, não arma, pega uma pedra e joga na cabeça de Márcio,
pensado. Ex.: Em uma briga durante um jogo de futebol pensando está em legítima defesa.
um indivíduo mata o outro. OBS.: O dolo de Ímpeto, em Existem graus de culpa, que são: Leve, Grave e
regra, atenua à pena. gravíssima. OBS.: O grau de culpa não altera a espécie
12 - Dolo Natural - É o dolo comum, que integra o fato de crime, ou seja, o crime continuará sendo culposo,
típico e é composto de dois elementos: consciência e porém será levado em conta na dosagem da pena.
vontade. Concorrência de culpa é quando a vítima atua com
13 - Dolo Normativo - Integra a culpabilidade e é parcela de culpa no resultado, além do infrator, ou seja,
composto por três elementos: vontade, consciência e o resultado ocorre em parte por culpa do agente e em
consciência atual da ilicitude (elemento normativo). parte por culpa da vítima ou terceira pessoa. Ex.: Celso
atravessa a rua fora da faixa de pedestre, e é
Crime Culposo - É aquele que o agente comete por atropelado por um veículo que estava em excesso de
imprudência (agir), negligência (omitir) ou imperícia velocidade. Conclusão: Agiu com culpa a vítima e o
(relacionado à falta de aptidão técnica na profissão). condutor, porém a parcela de culpa da vítima não exclui
Imprudência - Ex.: João, dirigi seu carro na Av. Nazaré, a a responsabilidade penal do infrator, pois não existe em
uma velocidade de 200 km/h. direito penal a compensação de culpas. No entanto, a
parcela de culpa da vítima será levada em consideração,
Negligência. Ex.: Luiz deixa sua pistola em local de fácil pelo juiz, na dosagem da pena do infrator, fazendo com
acesso, tendo em casa um filho de 6 anos. que sua pena fique menor (Art. 59 do C.P. - “O juiz,
Imperícia. Ex.: Marcus é médico ginecologista, mas atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
resolve operar o coração de um paciente. conduta social, à personalidade do agente, aos motivos,
às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como
Existem algumas espécies de culpa:
ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme
1 - Culpa Consciente (ou com previsão) / Fudeu-se !!! - seja necessário e suficiente para reprovação e
O agente prevê o resultado, mas acha que não irá prevenção do crime”, inciso II - “a quantidade de pena
acontecer devido suas habilidades ou sorte. Ex.: Celso é aplicável, dentro dos limites previstos”). OBS.: A
um artista circense, e faz o espetáculo do arremesso de responsabilidade do infrator só será excluída, quando
facas. Coloca então uma maçã na cabeça de Leandro, e ocorrer culpa exclusiva da vítima ou do terceiro, ou
ao atirar uma faca, acerta a cabeça do mesmo. seja, não houve culpa nenhuma do agente. Ex.: Um
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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
homem se joga de cima de um viaduto, vindo a cair em falecer afogado (Força Maior). Conclusão: Não será
cima de um veículo que trafegava dentro das aplicada a qualificadora.
legalidades de trânsito. Conclusão: Culpa exclusiva da
vítima.
Erro sobre elementos do tipo
O Art. 18, parágrafo único do C.P. diz que o agente deve
cometer o crime dolosamente para que seja punido, Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo
salvo previsões legais para crimes culposos, ou seja, se legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por
não estiver expresso em lei o crime na modalidade crime culposo, se previsto em lei.
culposa, o agente não poderá ser punido. Ex.: Furto
(Art. 155 C.P. - "Subtrair, para si ou para outrem, coisa
alheia móvel") - Só pode ser praticado na modalidade Descriminantes putativas
dolosa. Não podendo o agente ser punido por furto
culposo. Ex2.: Homicídio culposo (Art. 121, §3° do §1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
C.P. - "Se o homicídio é culposo"). Neste caso o agente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato
poderá ser punido, pois existe previsão legal do crime que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há
na modalidade culposa. isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato
é punível como crime culposo.
O Art. 19 do C.P. traz o chamado crime preterdoloso, ou §3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
seja, aquele que é praticado com dolo no antecedente e praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste
culpa no consequente. Ex.: Kiko com intenção de ferir caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
(animus laedendi), aplica uma paulada na barriga de pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Chaves, vindo o mesmo a falecer em fase da gravidade
das lesões. Conclusão: Kiko irá responder pelo crime de
lesão corporal, seguida de morte (Art. 129, §3° do C.P. - COMENTÁRIOS
"Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o O erro de tipo se apresenta de duas formas: ERRO
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de ESSENCIAL E ERRO ACIDENTAL.
produzi-lo").
O crime preterdoloso na verdade é uma espécie de
crime qualificado, que é o gênero. ERRO ESSENCIAL
Somente será punido o crime preterdoloso se tiver O erro de tipo essencial recai sobre os elementos ou
previsão expressa em lei. circunstâncias.
Não se aplica a qualificadora, quando o resultado mais Elementos - Dados essenciais do tipo penal, faltando o
grave advém de caso fortuito ou força maior, mesmo elemento o crime desaparece ou caracteriza outro
que exista nexo causal. Ex.: Márcio dá um soco em crime. Ex.: Furto (Art. 155 C.P. - “Subtrair *coisa alheia
Celso que cai e desmaia. Uma senhora para tentar móvel...” - *elementar).
reanimá-lo, coloca álcool em um pano e põe sobre o Circunstâncias - Dados que influenciam na fixação da
nariz de Celso. Porém, Celso é alérgico a álcool, vindo a pena. Ex.: Art. 155, §4°, I, C.P. - “mediante
falecer por asfixia, devido à alergia ter fechado sua *rompimento de obstáculo” - *circunstância, pois
garganta, evitando a respiração (Caso Fortuito). altera a pena.
Conclusão: Não será aplicada a qualificadora. Ex2.:
Se o erro de tipo essencial, sobre a elementar, for
Márcio dá um soco em Celso, que cai e desmaia na beira
escusável (inevitável/invencível), ou seja, qualquer um
da praia. Logo após, uma ventania muito forte empurra
cometeria o erro, então exclui o dolo e a culpa. Ex.:
o corpo de Celso para dentro da praia, vindo o mesmo a
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POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
Marcus foi caçar com Luiz durante a noite, então para execução). Conclusão: Adriano responderá por
dar um susto em Luiz, Marcus se fantasia de anta e se homicídio doloso, levando em consideração as
esconde atrás de um arbusto, Luiz achando ser um condições e qualidade da vítima (Augusto - seu pai).
animal atira e mata Marcus. Conclusão: Luiz não
responderá pelo delito de homicídio.
Resultado diverso do pretendido: O agente quer atingir
Se o erro de tipo essencial, sobre a elementar, for
um bem jurídico, mas, por erro, atinge outro de
inescusável (evitável/vencível), então exclui o dolo e o
natureza diversa. Ex.: José joga uma pedra para quebrar
agente poderá responder por crime culposo, se previsto
o vidro do carro de Marcelo, porém erra e acerta a
em lei. Ex.: Marcus foi caçar com Luiz durante o dia,
cabeça de João que vem a falecer. Conclusão: José
então para dar um susto em Luiz, Marcus se esconde
responderá por homicídio culposo.
atrás de um arbusto, Luiz achando ser um animal atira e
mata Marcus. Conclusão: Luiz responderá por homicídio Erro sobre o nexo causal: Esta espécie está dividida em
culposo. Tendo em vista que era dia e que se tivesse duas categorias: Erro sobre o nexo causal em sentido
mais cautela perceberia que não se tratava de um estrito (O agente com uma só conduta provoca o ato
animal. desejado, porém com nexo diverso do pretendido. Ex.:
Pedro quer matar Paulo afogado, joga-o de cima de
uma ponte. Paulo, porém bate a cabeça em uma pedra
ERRO ACIDENTAL e vem a falecer em decorrência de um traumatismo
craniano) e Dolo Geral (visto anteriormente).
Erro sobre o objeto: O agente pensa que está atingindo
um objeto, porém atinge outro. Isso, no entanto, é
irrelevante, pois o mesmo irá responder pelo delito
ERRO DE TIPO PERMISSIVO § 1°
praticado, da mesma forma. Ex.: Diogo furta um relógio
pensando ser um rolex de R$ 30.000,00, porém é um No Art. 20, § 1° do C.P. temos a conhecida
relógio falsificado de R$ 50,00. Conclusão: De acordo descriminante putativa (imaginária) que nada mais é
com entendimento da maioria, Diogo irá responder pelo que um erro causado pelo agente, por achar que sua
crime de furto. E por falta de previsão legal, o juiz, na ação é legítima.
dúvida, considerará o objeto mais favorável ao réu, ou Se o erro cometido sobre uma descriminante putativa
seja, poderá ser considerado o objeto desejado ou for escusável (inevitável/invencível), ou seja, qualquer
atacado, analisando qual o mais benéfico. um cometeria o erro, então o agente é isento de pena.
Erro sobre a pessoa (Art. 20 § 3º): O agente se Ex.: Nando é um desafeto de Caio, e ameaça o mesmo
confunde e atinge outra pessoa. Ex.: Fábio querendo de morte. Certo dia, Caio vem caminhando pela rua, por
matar seu pai que está vestido com a camisa do volta de 22h, quando avista Nando alguns metros a sua
paysandu, vai até seu quarto pega a arma, e quando frente. Ao ver Caio, Nando mete a mão na cintura,
volta, atira nas costas de seu vizinho, que também como se fosse pegar uma arma, porém, o mesmo pega
usava a camisa do paysandu. Conclusão: Fábio o celular de cor preta. Caio ao acompanhar o
responderá por homicídio, tendo sua pena agravada, movimento, saca uma arma e atira, vindo a ceifar a vida
pois será levado em consideração as condições e de Nando. Conclusão: Sendo impossível Caio saber que
qualidades da vítima que Fábio gostaria de atingir (seu não se tratava de uma arma, então o mesmo será
pai), e não da vítima que foi atingida. isento de pena.
Erro na execução: O agente por inabilidade ou outro Se o erro cometido sobre uma descriminante putativa
motivo qualquer, atinge pessoa diferente da for inescusável (evitável/vencível), o agente não será
pretendida. O erro na execução está dividido em duas isento de pena, respondendo pelo crime na modalidade
espécies: Erro por acidente ou Erro no uso dos culposa, se está estiver estipulada em lei. Ex.: Nando é
instrumentos de execução. Ex.: Mário querendo matar um desafeto de Caio, e ameaça o mesmo de morte.
seu irmão André envenenado, coloca no seu suco o Certo dia, Caio vem caminhando pela rua, por volta de
veneno e deixa na sua mesa. Porém, Mário vai trabalhar 9h, quando avista Nando alguns metros a sua frente. Ao
e Antônio, seu amigo, toma o suco (Erro por acidente). ver Caio, Nando mete a mão na cintura, como se fosse
Conclusão: Mário responderá por homicídio doloso, pegar uma arma, porém o mesmo pegar o celular de
levando em consideração as condições e qualidade da cor amarelo. Caio ao acompanhar o movimento, saca
vítima (André - seu irmão). Ex2.: Adriano querendo uma arma e atira, vindo a matar Nando. Conclusão: Se
matar seu pai Augusto, atira e erra, acertando a cabeça Caio tivesse um pouco mais de cautela, iria perceber
de Tiago, seu vizinho (Erro no uso dos instrumentos de que não se tratava de uma arma, logo Caio não será
21
POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
isento de pena, respondendo por homicídio culposo, já contato com ninguém da cidade, será o mesmo isento
que o mesmo está descrito em nosso código penal. de pena, pois o erro de proibição era inevitável.
Conclusão2: João na sua atual situação de professor,
O Art. 20, § 2° do C.P. dispõe sobre o erro determinado
não poderá negar o desconhecimento da lei e poderia
por terceiro, onde será punido o terceiro que
ter evitado o fato, se procurasse saber mais sobre a lei.
determinou a ação criminosa. Ex.: Um médico, com
Neste caso, João poderá ter sua pena diminuída de um
intenção de matar, pede para uma auxiliar de
sexto a um terço (Art. 21 parágrafo único do C.P.).
enfermagem, aplicar uma injeção com determinada
substância em um paciente, sabendo que o paciente é Erro de proibição direto: O agente não conhece ou não
alérgico a tal medicamento, vindo a causar a morte do compreende o conteúdo proibitivo da norma penal.
paciente. Conclusão: Somente o médico irá responder Ex.: Acha que a eutanásia não está alcançada pelo tipo
pelo homicídio, na modalidade dolosa. OBS.: Se o penal do Art. 121 do C.P. ("Matar alguém").
médico não almejava a morte do paciente, no entanto
foi negligente, imprudente ou imperito, então
responderá por homicídio culposo. A auxiliar de Erro de proibição indireto ou erro permissivo: O
enfermagem por sua vez também poderá responder agente apesar de conhecer a lei, acha que está
pelo homicídio doloso, caso seja coautora ou por acobertado por uma excludente (legitima defesa,
homicídio culposo, caso tenha agido com culpa exercício regular de direito, estado de necessidade ou
(negligência, imprudência ou imperícia). estrito cumprimento do dever legal), ou seja, uma
proposição permissiva. Ex.: Carlos subtrai a televisão do
OBS.: A teoria adotada pelo código penal com relação
seu devedor Camargo, que está lhe devendo 5 meses de
às descriminantes putativas é a Teoria limitada da
aluguel. Achando que está acobertado pelo exercício
culpabilidade, que considera que tais descriminantes
regular de direito.
estão dentro do fato típico. Assim sendo, apesar do
termo "isenção de pena", que nos leva a crer que
tratasse de uma excludente de culpabilidade, o mesmo
Coação irresistível e obediência hierárquica
exclui dolo e pode ser punido por culpa, caso haja
previsão legal. Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
em estrita obediência a ordem, não manifestamente
ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
Erro sobre a ilicitude do fato coação ou da ordem.
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se COMENTÁRIOS
evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
O Art. 22 do C.P. trata de duas excludentes de
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o culpabilidade, norteada pela exigibilidade de conduta
agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude diversa.
do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência. A coação moral irresistível não abrange a coação física,
pois essa é uma excludente de conduta, ou seja,
elemento que compõe o fato típico, tornando assim o
COMENTÁRIOS fato atípico.
Quando uma lei é publicada no Diário Oficial da União, A coação tem que ser irresistível, pois se for resistível, a
subentende-se que todos terão conhecimento desta. pena será apenas atenuada (Art. 65, III, “c” - Art. 65 -
O erro de proibição recai sobre a potencial consciência “São circunstância que sempre atenuam a pena” - Inciso
sobre ilicitude do fato, ou seja, o agente sabe que está III, “c” - “cometido o crime sob coação a que podia
praticando um fato, porém não sabe que este fato é resistir, ou em cumprimento de ordem de autoridade
proibido. Ex.: João e Maria são casados. Em uma bela superior, ou sob influência de violenta emoção,
noite, João quer ter relações sexuais com sua esposa, provocada por ato injusto a vítima”) e não excluída.
que se nega a fazer. João, usando de violência, mantém O mal prometido pelo coator pode ser dirigido a
relações, pois acha que está no exercício regular de membros da família do coato. Ex.: João é gerente de um
direito conjugal. Conclusão: João não poderá alegar o banco no interior. O mesmo é pego pelo meliante
desconhecimento da lei, porém tendo vista que João é Daniel, que exige que ele abra o cofre do banco, caso
do interior do estado e analfabeto, e nunca teve
22
POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
contrário irá matar seu filho, que está sob a mira do qualquer do povo. Ex2.: Um lutador de MMA que vem a
revolver de Mario, seu parceiro. Conclusão: Somente o causar lesão no seu adversário.
Daniel será punido, pois o mesmo é autor da coação.
A doutrina ainda acrescenta mais uma excludente de
Além disso, Daniel (coator) irá responder pelo crime de
ilicitude, que é considerada supralegal (não prevista em
tortura (Art. 1°, I, “b”, da Lei 9.455/97 - Lei de Tortura -
lei) que é o Consentimento do Ofendido. OBS.: O
“Constranger alguém com emprego de violência ou
consentimento deverá ser dado antes e o bem deve ser
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
disponível.
menta” - alínea “b” - “para provocar ação ou omissão de
natureza criminosa”). O Art. 23, parágrafo único do C.P., está punindo agente
que excede dolosa ou culposamente responderá pelo
No caso da obediência hierárquica temos que verificar a
crime.
presença de dois elementos: Tem que ser ordem não
manifestamente (completamente) ilegal e ordem vinda
de um superior hierárquico (vinculada à função pública).
Estado de necessidade
Não configura para efeitos do Art. 22 do C.P., ordem
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem
dada por qualquer outro tipo de subordinação. Ex.: Pai
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não
e filho; Chefe e empregado de empresa privada e etc.
provocou por sua vontade, nem podia de outro modo
evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas
circunstâncias, não era razoável exigir-se.
Exclusão de ilicitude
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
I - em estado de necessidade;
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do
II - em legítima defesa; direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a
dois terços.
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito.
COMENTÁRIOS
Excesso punível No estado de necessidade, o perigo deve ser atual (está
acontecendo). Porém parte da doutrina entende que
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses esse perigo pode ser iminente (próximo de acontecer),
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou por analogia “In bonan partem”.
culposo.
Teoria Diferenciadora é aquela que admite duas
espécies diferentes de estado de necessidade que são:
COMENTÁRIOS 1 - Estado de Necessidade Justificante - Exclui a
O Art. 23 do C.P. está tratando das excludentes de ilicitude, quando o bem preservado for maior ou igual
ilicitude ou antijuridicidade. ao bem sacrificado. Ex.: João destrói a porta da casa de
Maria, que está incendiando, para salvá-la.
Ilicitude ou antijuridicidade - É a relação contrária entre
o fato típico e o ordenamento jurídico, ou seja, é aquilo Conclusão: Foi sacrificado o patrimônio para preservar
que está em desacordo com nossa norma penal. a vida. 2 - Estado de Necessidade Exculpante - Exclui a
culpabilidade, quando o bem preservado, for inferior ao
Presume-se que toda conduta típica seja antijurídica até
bem sacrificado. Ex.: Paulo, sabendo que um granada
que se prove o contrário.
vai explodir dentro de uma sala, o que lhe causará lesão
Estrito cumprimento do dever legal - É quando um corporal, empurra Pedro, fazendo-o cair sobre a
agente público em suas atribuições é obrigado por lei a granada, vindo este a falecer. Conclusão: Foi sacrificada
violar um bem jurídico. Ex.: Um policial que para deter a vida para preservar a integridade física.
um meliante, o derruba, causando uma lesão.
Teoria Unitária é a teoria adotada pelo código penal,
Exercício regular de direito - Refere-se à conduta do que diz que, todo estado de necessidade é justificante,
cidadão comum, autorizada pela existência de direito ou seja, o bem jurídico sacrificado tem que ser de igual
definido em lei. Ex.: A prisão em flagrante efetuada por ou menor valor jurídico. Ex.: Quebrar um carro para
salvar a vida de um bebê que está dentro dele (sacrifica
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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
patrimônio em detrimento da vida). Ex2.: João e responder por crime culposo. OBS.: O estado de
Marcelo estão em um navio, este afunda e só lhe sobra necessidade putativo não exclui a ilicitude. Ex.: João e
uma tábua. João mata Marcelo afogado para ficar com a Maria estão em uma caverna, quando a sua entrada e
tábua (sacrifica vida em detrimento de outra vida). fechada por pedras que caíram do alto da caverna. Após
3 dias dentro da caverna, João mata Maria para se
O pratica do ato deverá buscar salvar direito próprio ou
alimentar. Porém 30 minutos após matar Lobão, os
alheio, de perigo.
bombeiros abrem a entrada da caverna. Conclusão: Se
A situação de perigo não pode ter sido causada era impossível de João saber que estavam abrindo a
dolosamente. Ex.: Pedro põe fogo na sala dos caverna, então o mesmo ficará isento de pena. Todavia,
professores, e para fugir do fogo, empurra Heitor, que se o mesmo se precipitou, achando que não iriam
bate a cabeça na parede e vem a falecer de conseguir abrir a caverna, apesar de ouvir a mesma
traumatismo craniano. Conclusão: Pedro não poderá sendo quebrada, então responderá por homicídio
alegar estado de necessidade. culposo.
A doutrina majoritária entende que cabe o estado de No Art. 24, § 2º temos uma causa de redução de pena,
necessidade contra fato que o agente causou no caso do direito ameaçado valer menos que o bem
culposamente. Ex.: Sem tomar os devidos cuidados, sacrificado. Ex.: Carlos, percebendo que um botijão de
João acende uma vela próxima a cortina da sala dos gás irá explodir, o que destruirá sua casa, joga José em
professores, que começa a pegar fogo. João, para fugir cima do gás, que ao explodir, destrói completamente
das chamas, causa lesão corporal em Eduardo. seu corpo, vindo lhe causar a morte (sacrifica vida em
Conclusão: De acordo com entendimento doutrinário detrimento do patrimônio).
majoritário, João poderá alegar o estado de
necessidade.
No Art. 24 § 1º, o legislador diz que não pode alegar Legítima defesa
estado de necessidade quem tem o dever (entende-se Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando
dever/poder, não exigindo ato de heroísmo, ou seja, ele moderadamente dos meios necessários, repele injusta
tem que enfrentar o perigo enquanto o perigo agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
comportar enfrentamento) legal de enfrentar o perigo.
Ex.: Arthur é um policial militar, ao entrar em uma
agência bancária para pagar uma conta, presencia um COMENTÁRIOS
assalto. Entram no banco 10 homens fortemente
Os requisitos da legítima defesa são: agressão injusta
armados com fuzis. Arthur, tem o dever legal de agir,
(humana ou de animal ordenado), atual ou iminente
porém se assim fizer terá sua vida ceifada sem nenhuma
(não é aceito agressão passada (vingança) ou futura
dúvida, devido a desproporcionalidade de recursos.
(mera suposição), uso moderado dos meios necessários
A doutrina majoritária entende que a expressão “dever (menos lesivo dentre os capazes de repelir a injusta
legal” é no sentido amplo, ou seja, abrangendo também agressão), proteção do direito próprio ou de outrem e
o agente que assumiu a responsabilidade de impedir o conhecimento da situação de fato justificante (requisito
resultado, bem como o que, com sua conduta, criou o subjetivo). Na ausência de qualquer dos requisitos
risco. Ex.: Um segurança particular se dispõe a proteger exclui a legítima defesa. Ex.: João pega uma faca e
um empresário. Um matador de aluguel se aproxima do começa a atacar Ana, para matá-la. A mesma tendo em
carro do empresário para matá-lo e o segurança nada mãos uma arma atira na perna de João (Legítima defesa
faz. Conclusão: O segurança não poderá alegar estado em situação de perigo atual). Ex2.: Marcelo está
de necessidade. dirigindo seu carro, quando olha pelo retrovisor e um
O comportamento lesivo ao bem jurídico deve ser motoqueiro se aproximando com uma arma em punho.
inevitável, pois se evitável, não há o que se falar em Ao apontar a arma em direção a Marcelo, o mesmo
estado de necessidade. atira e mata o motoqueiro. (Legítima defesa em
situação de perigo iminente).
É possível estado de necessidade contra estado de
necessidade. A agressão deve ser injusta, independente da
consciência da injustiça por parte do agressor. Assim,
O estado de necessidade putativo se dá quando o quem se defende de agressão praticada por
agente, imaginando está em estado de necessidade, inimputável, age em legítima defesa, não importando a
lesiona o bem jurídico de outro. Porém se era escusável, consciência do agressor.
o agente é isento de pena, se inescusável o agente irá
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POLÍCIA MILITAR E ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS
NOÇÕES DE DIREITO PENAL
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