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Centro Universitário Uninovafapi

Teresina – PI, 4 de outubro de 2020


Wesley Pacheco Sena
Direito Penal
Prof. Alonso Duarte
2º Período do curso de Direito Turno: Vespertino

Sistemas Penais

Teresina – PI
2020
Sistemas Penais

Sistema penal pode ser entendido como o conjunto de elementos e ideias que
são influenciados por determinadas teorias e por certas normas e que, quando interagem,
dão surgimento ao conceito daquilo que pode ou não ser considerado crime. Esses
sistemas são divididos em quatro: Sistema clássico, sistema neoclássico, sistema
finalista e sistema fundamentalista.
1 - Sistema Clássico
O sistema clássico tem por base as teorias causal e psicológica. A teoria causal
resume-se a toda ação praticada pelo indivíduo que gera algum resultado no mundo
exterior, já a teoria psicológica trata da capacidade que o indivíduo possuí de
compreender a ilicitude da ação. Esse sistema vai dizer que o crime é caracterizado por
aspectos objetivos, como o fato típico e pela antijuricidade, e que após ser comprovado
esses aspectos, restaria ao aspecto subjetivo, ou seja, à culpabilidade, caracterizada pelo
dolo ou pela culpa, responder se o ato praticado pode ser considerado um crime ou não.
O sistema clássico foi formulado por Cesare Beccaria, um aristocrata italiano que teve
como inspiração as ideias de Montesquieu, Hume e Rousseau.
O sistema clássico foi alvo de várias críticas com o passar do tempo. Dentre
essas críticas, podemos destacar a ampla definição da ação, a posição que o dolo
recebeu, uma vez que dizia-se que todas as pessoas tem a capacidade prévia de
reconhecer as consequências de suas ações e, por fim, é injusta na solução de casos em
que o coator não tiver direito de escolha.
2 - Sistema Neoclássico
Esse sistema também se baseia na teoria causal, mas a teoria psicológica deu
lugar à teoria normativa. Essa teoria diz que o indivíduo é considerado culpado quando,
podendo agir segundo a lei, escolheu agir de maneira criminosa. No sistema
neoclássico, o crime vai se caracterizar quando, além da comprovação do fato típico e
da antijuridicidade, também for comprovado a existência de conduta diversa, uma vez
que quando o indivíduo não tiver escolha em praticar um ato ilícito não seria justo
receber condenação por ele.
Embora tenha corrigido algumas falhas do sistema clássico, o sistema
neoclássico não está livre de críticas. A primeira crítica diz respeito aos elementos
subjetivos do injusto, pois, em certos casos, não se pode condenar tendo como premissa
que o injusto é puramente objetivo. A segunda crítica referia-se ao dolo normativo ou
híbrido, isto é, existiam certos casos onde o coator agia contra a Lei, acreditando que
não fazia nada de errado.
3 - Sistema Finalista
O sistema finalista foi inspirado pela teoria finalista da ação e pela teoria
normativa pura. A teoria finalista da ação vai abranger toda ação humana realizada de
maneira consciente e voluntária tendo como motivação alguma causa ou finalidade. A
teoria normativa pura diz que o individuo deve ter a potencial consciência de reconhecer
as consequências que seus atos vão gerar de uma maneira natural, com base no senso
comum. Esse sistema penal afirma que todo crime vai se caracterizar, primeiramente,
por uma finalidade e em seguida seriam analisados os demais elementos da teoria do
delito, uma vez que ao se confirmar que não houve finalidade criminosa, é constatado
um fato atípico. O grande expoente desse sistema foi o filósofo e jurista alemão Hans
Welzel.
4 - Sistema Funcionalista
O sistema funcionalista prega que o Direito Penal deve exercer sua função
original de garantir a harmonia da sociedade. Em outras palavras, a sociedade regida por
com conjunto de normas entra em desarmonia quando algum individuo viola alguma
dessas normas, tornando-se, assim, um inimigo da sociedade. Desse modo, caberia ao
Direito Penal resolver esse empasse por meio de suas penas e reestabelecendo a paz que
foi quebrada. O sistema funcionalista é dividido em duas vertentes: o Sistema
Funcionalista Moderado e o Sistema Funcionalista Radical.
4.1 - Funcionalismo Moderado
Inspirado pela teoria pessoal da ação e pela teoria da imputação objetiva, essa
vertente do sistema funcionalista vai falar que toda ação realizada por um indivíduo
acompanhado existência de um perigo judicialmente intolerável a algum bem jurídico
caracteriza o ato ilícito. Para comprovar se realmente existiu um ato de risco proibido, é
necessário analisar se, durante o ato, foi gerado algum risco de lesão intolerável e não
permitido para a vítima, se não havia outra alternativa para que um resultado diferente
acontecesse e se a vítima, de alguma forma, veio a provocar a realização de tal ato por
parte do agente. O funcionalismo moderado foi todo estruturado pelo jurista alemão,
Claus Roxin.
4.2 - Funcionalismo Radical
A segunda vertente do sistema funcionalista foi criada pelo filósofo e escritor
alemão, Günther Jakobs tendo como base a noção de sistemas sociais estabelecida pelo
sociólogo alemão, Niklas Luhmann. O funcionalismo radical diz que não é papel do
Direito Penal proteger os bens jurídicos, mas que ele deve apenas garantir a manutenção
da confiança entre os cidadãos depois que ela tiver sido violada. Como é possível notar,
a vertente baseia-se no princípio da confiabilidade que diz que a sociedade como um
todo confia que seus membros obedecerão a lei.
Referências

CARVALHO, Endrika. Teoria do crime e sistemas (teorias) penais. Disponível em:


https://www.passeidireto.com/arquivo/6354854/teoria-do-crime-e-sistemas-teorias-
penais . Acesso em 30 de setembro de 2020.

RAZABONI JÚNIOR, R. I.; LAZARI, R. J. N. de; Sistema Penal Funcionalista e o


Direito Penal do Inimigo. Disponível em:
<http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/
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SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal: Parte Geral. 6ª edição. São Paulo: ICPC,
2014.

CAPEZ, Fernando. Direito Penal simplificado: Parte Geral. 15ª edição. São Paulo,
Saraiva, 2012.

MASSON, Cleber. Direito Penal: Parte Geral (Arts. 1º a 120). 13ª edição. Rio de
Janeiro, Método, 2019.

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