Platão é um dos filósofos gregos mais importantes para o pensamento
filosófico, sendo a base de inúmeras teorias posteriores. Suas ideias estão interligadas com as de Sócrates, por seus livros serem os únicos registros dele. As teorias de Platão condizem entre si, sendo interligadas e formando o pensamento platônico. Duas de suas mais importantes teses são a Teoria das Ideias e sua definição de Justiça, sendo estas discutivelmente as mais interligadas. a razão e os sentidos
A base da teoria platônica está na concepção de que a razão é
superior aos sentidos. Para o filosofo, basear suas ações nos seus sentidos significa agir impulsivamente para satisfazer seus desejos. A explicação da importância da racionalidade em Platão vem com sua teoria das ideias, que afirma que a razão e a lógica são a única forma de se aproximar da verdade e agir de forma justa. a natureza dos objetos A teoria das ideas tem como pilar o entendimento de que não é possível definir a natureza de um objeto, não há como definir o conceito de algo, apenas descrever um exemplo, ou então a funcionalidade deste
exemplo
No imaginário popular temos o conceito de faca, mas ao tentar
descrever o que caracteriza uma faca como tal e não outro objeto, encontramos um dilema: uma faca é um objeto cortante então o que a faz diferente de uma espada? possui um cabo de madeira e sua uma faca feita de pedra não é uma faca? lâmina é feita de metal possui um formato específico esse formato é subvertido em diversas facas o mundo das ideias Ao tentar definir a real natureza de um conjunto de objetos, sempre nos prenderemos a objetos particulares, pois estes são descritíveis, mas a ideia em nossas mentes expressa pela palavra não pode ser descrita. A partir disso Platão afirma que a ideia e o objeto particular não são a mesma coisa, o objeto sendo apenas uma reiteração finita e específica da ideia. O objeto então parte da ideia, uma copia desta, e para Platão os conceitos não se localizam no mundo material e sim em um mundo além dos sentidos, onde a forma completa de uma ideia permanece, infinita e sem defeitos. O ser humano conecta o conceito com o particular por meio da palavra, que carrega o significado e nos permite classificar coisas. a razão e a felicidade A convicção de que o mundo material é preenchido por cópias de ideias perfeitas em um outro plano imaterial é o que justifica a importância da razão, pois também sendo um conceito imaterial e não dependente do mundo material imperfeito, como os sentidos fundamentalmente falhos, a racionalidade é capaz de se aproximar da verdade presente no mundo das ideias.
É pela razão também que se alcança a felicidade humana para o
filósofo. A felicidade para Platão depende de uma sociedade onde se pratica o bem, uma comunidade justa, e a justiça depende da racionalidade humana e do conhecimento da verdade. a natureza humana
Uma sociedade harmônica e feliz depende da prática do bem por seus
participantes. Tal julgamento abre espaço para o questionamento sobre a natureza humana: o homem sem ser movido por pressão social, pela moral de sua pólis, é bom e justo? Platão defende em seu livro A República que o ser humano é em essência bom, e todo erro que comete provém da ignorância. Para ele, as polis existentes eram injustas pois não havia harmonia da alma, atingida pelo cumprimento de todas as funções por todos presentes e pela busca pela verdade. Portanto, seria possível uma sociedade justa e boa, assim como seria possível atingir harmonia absoluta e imutável, por meio do conhecimento da verdade. a justiça e a verdade
Se a harmonia da alma e uma sociedade justa são dependentes da busca
e conhecimento da verdade, o desequilíbrio, a injustiça, tem sua origem na ignorância, na falta de conhecimento da verdade.
A justiça é para Platão algo absoluto, sem excessões, perfeita e
imutável, assim como todas as ideias e valores no mundo suprasensível, e dependente destas. Logo a forma de acessá-la é também pela racionalidade. Ao conhecer os conceitos e virtudes, também conhece-se a justiça. a justiça e a verdade
A justiça aqui se refere mais ao equilíbrio entre valores e
significados do que à punição e condecoração, e o argumento do filósofo é de que após conhecer a verdade é ilógico errar nos parâmetros de atrelação de objetos a seus conceitos e virtudes. Após conhecer o real conceito das coisas e acessar as ideias perfeitas o ser humano não erra, tendo conhecimento do equilíbrio de valores e palavras é irracional intencionalmente desfazer ou adulterar este equilíbrio. Tendo acessado a justiça a razão do homem o impede de ser injusto. a justiça e a verdade
A relação da justiça e a verdade então se da por serem
intrinsecamente ligadas, perfeitas e imutáveis, acessadas pela racionalidade humana. Quando se possui conhecimento da verdade, das ideias e conceitos, não se é injusto para com estes. É aqui também que se situa a conexão entre a Teoria das Ideias e a Justiça de Platão. A justiça é o equilíbrio absoluto entre as ideias, os objetos e seus valores e compreensões. Tendo conhecimento total e verdadeiro destes o ser humano deixa de ser injusto, deixa de mal interpretar e agir erroneamente, assim a justiça humana é dependente da razão e do conhecimento das verdades presentes no mundo suprassensível. imagens de fundo retiradas do jogo Scorn