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AÇÃO EXECUTIVA

CURSO DE SOLICITADORIA
2º ANO
2023/2024
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

QUALQUER PRECEITO LEGAL REFERIDO SEM INDICAÇÃO DA RESPETIVA


PROVENIÊNCIA RESPEITA AO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA
Enquanto garantia especial das obrigações –
seu defensor - Menezes leitão
Outros autores há para os quais não constitui
verdadeira garantia mas apenas produz
efeitos semelhantes aos das garantias, ou seja,
é apenas um meio de obter o cumprimento
coercivo da obrigação.
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PENHORA
Consiste num ato de apreensão judicial de bens ou
direitos do executado, tendo em vista a concretização
e satisfação da obrigação.
Se o devedor não cumprir espontaneamente a
obrigação a que se acha vinculado o credor tem o
direito a exigir judicialmente o seu cumprimento – art.
817 CC.
É um meio de obter o cumprimento coercivo da
obrigação, consistindo na apreensão do bem para,
através dele (venda ou adjudicação) os tribunais se
substituírem ao executado no cumprimento da respetiva
obrigação pecuniária.
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PENHORA

A penhora, é um ato de apreensão judicial, e acarreta


a transferência da posse, sobre o bem penhorado, do
executado para o tribunal, que a exerce através do
depositário.

A partir desse momento (apreensão) a posse é


transferida para o tribunal.
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PENHORA

Inicia-se com:
i) as consultas (art. 748/2 e 717)
ii) as diligências prévias à penhora (art. 749)
iii) as diligências subsequentes (art. 750)
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ORDINÁRIA

Na ação executiva para pagamento de quantia certa


sob ordinária, as consultas e diligências prévias à
penhora têm lugar depois de o AE ser notificado, para
o efeito, pela secretaria - art. 748/1, al. a), b) …

a) Se houver lugar a dispensa de citação prévia do


executado, depois de proferido o despacho;
b) Depois de decorrido o prazo de oposição à execução
– 20 dias – sem que haja sido deduzida;
c) Depois de apresentação de oposição à execução –
que não suspenda a execução;
d) Depois de ter sido julgada improcedente a oposição
que tenha suspendido a execução.
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Deve o AE começar pela consulta ao registo


informático de execuções – art. 748/2.

O registo informático de execuções ( criado em 2003 -


art. 717 - disponibiliza informação útil sobre os bens do
executado e sobre outras execuções pendentes
contra o mesmo.
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i) CONSULTA DO REGISTO INFORMÁTICO DE EXECUÇÕES – ART. 718/4


O registo informático de execuções pode ser
consultado por:

 magistrado judicial ou do Ministério Público,


 pessoa capaz de exercer o mandato judicial ou AE,
 pelo titular dos dados,
 por quem tenha uma relação contratual ou pré-
contratual com o titular dos dados ou revele outro
interesse atendível na consulta, se, nesse caso, houver
consentimento do titular ou autorização da entidade,
nesse sentido.
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O REGISTO INFORMÁTICO DE EXECUÇÕES – ART. 717/1 E 2.

Contém o rol das execuções pendentes, findas ou


suspensas em relação a um determinado executado e,
a informação sobre:

 identificação do processo de execução, do AE e das


partes;
 o pedido;
 os bens indicados para penhora e os penhorados;
 identificação dos créditos reclamados.
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Quanto às execuções findas ou suspensas, o registo informático


contém, ainda, a seguinte informação:
 a extinção com pagamento parcial;
 a extinção da execução, por não terem sido
encontrados bens penhoráveis;
 a declaração de insolvência e a nomeação de um
administrador da insolvência, bem como o encerramento
do processo de insolvência;
 o arquivamento do processo executivo laboral, por não
terem sido encontrados bens para penhora;
 a extinção da execução por acordo de pagamento em
prestações por acordo global;
 a conversão da penhora em penhor;
 o cumprimento do acordo de pagamento em
prestações ou do acordo global.
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Ou seja, com esta informação o registo permite apurar


da viabilidade ou não da cobrança coerciva de
determinada dívida e, ainda, saber identificar bens
penhoráveis do executado.

Este registo tem de ser atualizado pelo agente de


execução – art. 717/4.
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Também,
quando a execução é extinta por pagamento integral
da dívida exequenda, determina o n.º 3 art. 718 que o
agente de execução deve eliminar de forma imediata
e oficiosa o registo dessa execução.
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ii) DILIGÊNCIAS PRÉVIAS À PENHORA - art. 748/3 e 749.


Se contra o executado tiver sido movida execução que
terminada nos últimos 3 anos sem integral pagamento e o
exequente não indicou bens à penhora – o AE inicia de
imediato as diligências para identificar bens penhoráveis.
Caso essas diligências se frustrem o resultado é
comunicado ao exequente – extinguindo-se a execução
se no prazo de 10 dias este não indicar bens concretos à
penhora.
Caso não ocorra a extinção ( por falta de indicação de
bens) o AE prossegue com as diligencias prévias à
penhora – tendentes a identificar ou localizar bens
penhoráveis – art. 749/1, a realizar no prazo máximo de 20
dias, podendo para o efeito consulta a base de dados da
administração tributária, da segurança social, das
conservatórias do registo civil, predial, comercial e
automóvel.
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iii) DILIGÊNCIAS SUBSEQUENTES

As estatuídas no art. 750.


Não sendo encontrados bens penhoráveis no prazo de
3 meses a contar da notificação feita ao AE pela
secretaria (art. 748/1) o AE notificará o exequente para
que este especifique os bens que pretende ver
penhorados e, ao mesmo tempo, notifica o executado
para indicar bens à penhora – com a cominação de
que a omissão ou falsa declaração importa a sujeição
a sanção pecuniária compulsória no montante de 5%
da dívida ao mês …
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iii) DILIGÊNCIAS SUBSEQUENTES

Se nem o exequente nem o executado indicarem bens


à penhora – a execução extingue-se – art. 750/2 e
849/1.
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EFEITOS DA PENHORA

I. Ineficácia da disposição, oneração ou arrendamento


de bens penhorados
II. Princípio de prioridade ou preferência legal
III. Perda do poder de fruição ou limitação ao seu
exercício
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I. Ineficácia da disposição, oneração ou arrendamento


de bens penhorados

A penhora enquanto ato preparatório da venda


executiva - visa impedir que o executado possa
diminuir o valor dos bens penhorados ou frustrar a
venda executiva.

Determina o art. 819 CC que:


“Sem prejuízo das regras do registo, são inoponíveis à
execução os actos de disposição, oneração ou
arrendamento dos bens penhorados.”
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Quer isto significar que a disposição, a oneração ou o


arrendamento de um bem penhorado são atos válidos
( a penhora não extingue o direito de propriedade do
executado), porém a eficácia plena desses atos fica
dependente do resultado da execução, sendo
inoponíveis à própria execução.

Assim, a haver a prática desses atos, a execução


prossegue os seus termos como se o ato não houvesse
sido praticado – daí a ineficácia ser apelidada de
ineficácia relativa.
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Conquanto, haverá que distinguir se está em causa um


bem imóvel ou móvel sujeitos a registo ou bem móvel
não sujeito a registo:

Se estiver em causa a penhora de um bem imóvel ou


bem móvel sujeitos a registo - regulam as regras gerais
do registo - são inoponíveis à execução os atos de
disposição, oneração ou arrendamento que tenham
sido celebrados, constituídos e ou registados após o
registo da penhora dos respetivos bens.
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Se estiver em causa a penhora de um bem móvel não


sujeitos a registo - são inoponíveis à execução atos de
disposição, oneração ou aluguer, praticados em
momento ulterior à data e hora constantes do Auto de
Penhora - art. 766/1.
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Exemplo: Numa ação executiva foi penhorado o bem


“X”, propriedade do executado “A” e, este após a
efetivação dessa penhora vende-o a “B”.

Através da aludida compra e venda, “B” adquiriu o


direito de propriedade sobre o bem “X” – mas esse
direito (de “B”) é inoponível à execução.
Pois, se o bem “X” vier a ser vendido na execução, o
direito de “B” vai caducar.
Já se a penhora vier, por qualquer razão, a ser
levantada sobre o bem “X”, “B” irá poder exercer
plenamente o direito que adquiriu.
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II. Princípio de prioridade ou preferência legal


Art. 822/1 CC estatui que, "salvo nos casos especialmente previstos
na lei, o exequente adquire pela penhora o direito de ser pago
com preferência a qualquer outro credor que não tenha garantia
real anterior".
Então, após a realização/registo da penhora o
exequente obtém uma preferência sobre o produto da
venda do bem penhorado, passando a ter o direito de
obter a satisfação patrimonial do seu direito de crédito
antes de qualquer outro credor que não tenha obtido ou
registado uma garantia anterior à penhora.
A penhora é assim, fonte de uma preferência sobre o
produto da venda dos bens penhorados.
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III. Perda do poder de fruição sobre o bem penhorado

A penhora priva o proprietário do bem penhorado do


pleno exercício de poderes sobre esse bem.
Pois, após a realização da penhora, ainda que o
executado, conserve na sua posse o bem penhorado,
passa a detê-lo como fiel depositário, com as limitações
decorrentes do exercício dessa função.
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O depositário é aquele que fica responsável pelo bem


penhorado e promove pela sua guarda.
Função extremamente importante, porque da guarda de
um bem penhorado depende o resultado da
recuperação de determinada quantia em dívida ao
credor.
O modo como é constituída a pessoa para exercer as
funções de depositário, está estatuído no art. 756.
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Limites da penhora
A penhora encontra-se sujeita a limites objetivos e
limites subjetivos.

Os primeiros reportam-se aos bens que podem ser


objeto de penhora.
Os segundos referem-se aos sujeitos a quem podem ser
penhorados bens.
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LIMITES OBJETIVOS

 Limites Convencionais
É possível às partes, salvo matéria subtraída à sua
disponibilidade, por convenção entre elas, limitar a
responsabilidade patrimonial do devedor a alguns dos
seus bens – art. 602 CC.
 Limites Legais
A lei consagra três limitações à penhorabilidade de bens:
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São as chamadas Impenhorabilidades Processuais


Têm em conta certos interesses gerais, interesses
essenciais do executado ou de terceiros que o sistema
jurídico faz sobrepor aos interesses do próprio
exequente.

I. Impenhorabilidade absoluta ou total


II. Impenhorabilidade relativa e
III. Impenhorabilidade parcial
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I. Bens absolutamente impenhoráveis - art. 736…

Impenhorabilidade absoluta – quer significar que os


bens não podem em absoluto ser penhorados, seja
qual for a dívida exequenda.

Está em causa a impossibilidade absoluta de penhora


de determinados bens ou direitos do executado.
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Este regime é uma exceção ao princípio geral da


responsabilidade patrimonial do devedor – art. 735/1,
uma vez que restringe a possibilidade de o credor
atingir todo o património do devedor, visando a
satisfação do seu direito de crédito.
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I. Bens absolutamente impenhoráveis - art. 736…


al. a) coisas ou direitos inalienáveis.
Quer isto significar que são absolutamente
impenhoráveis os bens ou direitos que não são
suscetíveis de alienação, como é o caso:

• direito de uso e habitação - art. 1488 CC,


• direito a alimentos – art. 2008 CC
• direito de arrendamento de imóvel para fins
habitacionais – art. 57 NRAU,
• direito à indemnização pelos danos não patrimoniais
sofridos pela vítima antes da morte.
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al. b) …
Assenta na presunção de que tais bens estão, pela sua
própria natureza, afetos exclusivamente a fins de
utilidade pública.

Bens do domínio público:

• águas territoriais com os seus leitos, fundos marinhos,


lagos, lagoas;
• estradas e linhas férreas nacionais;
• palácios, monumentos, museus, bibliotecas, arquivos e
• teatros nacionais.
• …
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al. c) …
Tornando impenhoráveis bens cuja apreensão seja
ofensiva dos bons costumes ou careça de justificação
económica, pelo seu diminuto valor venal.
O legislador teve assim em vista garantir a tutela da
dignidade do executado, evitando, por essa forma, que a
penhora seja empregue como forma de coação ou
humilhação da pessoa do executado.
Ex: bens ligados à intimidade privada do executado.

E de bens cuja penhora careça de justificação


económica, o que sucederá sempre que as despesas
com a apreensão e a alienação do bem sejam superiores
ao valor pelo qual o bem é colocado à venda.
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al. d) …
Há uma tutela dos interesses sócio/religiosos, que o
legislador sobrepõe aos interesses particulares do
exequente quanto à satisfação do seu direito de
crédito.
Ex: O sacrário, os missais e paramentos utilizados na
celebração de atos litúrgicos.

Mas, já não serão abrangidos por esta limitação os


bens que, apesar de possuírem natureza religiosa, não
se destinem ao culto público.
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al. e) …
Desde que se encontrem implantados no cemitério;
esta limitação existe por razões de natureza moral,
social e religiosa.
al. f)…
A razão de ser desta limitação é de natureza social e
humanitária, visando a proteção da dignidade da
pessoa humana.
al. g) …
A sua impenhorabilidade foi reconhecida pela Lei n°
8/2017, de 03.03, que estabelece um estatuto jurídico
dos animais e reconhece a sua natureza de seres vivos
dotados de sensibilidade e, por isso alvo de proteção
jurídica.
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II. Bens relativamente impenhoráveis – art. 737

Falamos aqui daqueles bens que, em princípio, não


podem ser penhorados.
Quer isto significar que só poderão ser penhorados em
determinadas circunstância ou para pagamento de
certas dívidas.
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Art. 737/1

Estão isentos de penhora, os bens do domínio privado


do Estado e das restantes pessoas coletivas públicas,
de entidades concessionárias de obras ou serviços
públicos ou de pessoas coletivas de utilidade pública,
que se encontrem especialmente afetados à
realização de fins de utilidade pública – exceto se
estiver em causa uma execução para pagamento de
uma dívida que beneficie de uma garantia real sobre
esses bens.
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Importa mencionar que apenas se acharão


abrangidos por esta penhorabilidade os bens (
exceção à impenhorabilidade, pois em regra, são bens
impenhoráveis) se afetos a uma determinada dívida
com garantia real sobre esse bem.
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Art. 737/2…

A razão de ser desta norma é de natureza económica


e social, por se presumir que a subsistência das pessoas
depende da prática do seu trabalho.
Preceito que a jurisprudência tem vindo a entender
não ser de aplicar às pessoas coletivas e às
sociedades comerciais.

Contudo, existem restrições da penhorabilidade:


Poderão ser objeto de penhora nas situações previstas
nas al. a), b) e c) do citado normativo.
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Art. 737/2, al. a)

Tais bens são, em princípio, impenhoráveis, mas podem


tornar-se penhoráveis, por vontade do executado, se
este os indicar à penhora.
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Art. 737/2, al. b)

Tais bens que são, como se deixou dito, em princípio,


impenhoráveis, tornam-se penhoráveis, se a execução
se destinar ao pagamento do preço da sua aquisição
ou custo da sua reparação.
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Art. 737/2, al. c)

Tais bens são, em princípio, impenhoráveis, mas podem


ser penhorados como elementos corpóreos de um
estabelecimento comercial, a sua penhora torna-se
admissível se fizerem parte de um estabelecimento
comercial e, este, for penhorado (art. 782).
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Art. 737/3…

São os bens que são absolutamente indispensáveis à


satisfação das necessidades básicas e diárias da
generalidade das pessoas.
A jurisprudência tem vindo a considerar que esse
conceito deve ser aferido em função do nível
sociocultural e económico de qualquer família média.
Ex: utensílios de cozinha, fogão, frigorifico, mesa,
cadeiras, louça …
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Art. 737/3…

Se bem que, tais bens, só estarão isentos de penhora se


se encontrarem na casa de habitação efetiva do
executado, já não, se se encontrarem numa outra
habitação do executado.
Também, só serão impenhoráveis se a dívida
exequenda não disser respeito ao pagamento do
preço da sua aquisição ou do custo da sua reparação.
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III. Bens parcialmente penhoráveis – art. 738

Este artigo dá acolhimento ao princípio da dignidade


da pessoa humana inerente a um Estado de Direito,
com consagração constitucional.
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Art. 738/1

Determina que, são impenhoráveis 2/3 da parte líquida


dos vencimentos, salários, prestações periódicas pagas
a título de aposentação ou de qualquer outra regalia
social, seguro, indemnização por acidente, renda
vitalícia ou prestações de qualquer natureza que
assegurem a subsistência do executado.
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Art. 738/3 … limites da impenhorabilidade

A impenhorabilidade dos 2/3 (n.º 1), encontra duas


limitações no n.º 3, que são:
limite máximo – o rendimento disponível não pode ser
superior ao montante equivalente a três salários
mínimos nacionais à data de cada apreensão, assim a
parte do rendimento disponível que exceda o
montante equivalente a três salários mínimos nacionais
é também penhorável.
limite mínimo – o rendimento disponível não pode ser
inferior ao montante equivalente ao salário mínimo
nacional, quando o executado não tenha outra fonte
de rendimento.
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ORDINÁRIA

O DL n.º 107/2023 atualizou o valor do Salário Mínimo


Nacional para € 820,00, com efeitos a partir de 1 de
janeiro de 2024.

Artigo 3.º
Valor da retribuição mínima mensal garantida
O valor da RMMG a que se refere o n.º 1 do artigo
273.º do Código do Trabalho, aprovado em anexo à
Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro, na sua redação
atual, é de (euro) 820.

Considerada estritamente necessária para a satisfação


das necessidades impostas pela sobrevivência digna.
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CASOS PRÁTICOS – ART. 738:

1. Supondo que o executado aufere um vencimento


mensal líquido de € 1.500,00, indique qual o montante
penhorável.
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Vencimento: € 1.500,00
A lei prevê a impenhorabilidade de 2/3 do vencimento
líquido do executado – assim, será impenhorável o
montante de € 1.000,00 (2/3), e penhorável o montante
de € 500,00 (1/3).

Neste caso, não é necessário fazer qualquer correção


quanto à parte impenhorável da remuneração, pois
fica assegurado o recebimento da quantia
correspondente a um salário mínimo nacional (€
820,00) – cumpre-se o Limite Mínimo.
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2. Supondo que o executado aufere um vencimento


mensal líquido de € 1.200,00, indique qual o montante
penhorável.
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€ 1.200,00
A lei prevê a impenhorabilidade de 2/3 do vencimento
líquido do executado – assim, será impenhorável o
montante de € 800,00 (2/3), e penhorável o montante
de € 400,00 (1/3).

Neste caso, é já necessário fazer uma correção quanto


à parte impenhorável da remuneração, pois não fica
assegurado o recebimento da quantia correspondente
a um salário mínimo nacional (€ 820,00)- e não se daria
cumprimento ao Limite Mínimo Imposto (art. 738/3).
O que se impõe fazer:
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ORDINÁRIA

€ 1.200,00 – vencimento

738/1 - 2/3 Impenhoráveis 1/3 Penhorável


800,00 ( < 820,00 SMN) 400,00
+ 20,00 - 20,00
____________ _________
€ 820,00 € 380,00

Art. 738/3 - para o efeito aumenta-se à parte impenhorável [pois


€ 820 (1 SMN) é < que a parte impenhorável (€ 800), a diferença
no caso de - € 20 – irá acrescer a esta, com a equivalente
diminuição (€ 20) da parte penhorável, para assim se cumprir o
Limite Mínimo.
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3. Suponha, agora, que o referido vencimento era de €


4.200,00, indique o montante penhorável.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
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€ 4.200,00
A lei prevê a impenhorabilidade de 2/3 do vencimento
líquido do executado – assim, será impenhorável o
montante de € 2.800,00 (2/3), e penhorável o montante
de € 1.400,00 (1/3).
Todavia, neste caso, é necessário fazer uma correção
quanto à parte impenhorável da remuneração, pois o
rendimento disponível não pode ser superior a três 3
SMN ( € 2.460,00) à data da apreensão, assim a parte
que exceda esse montante equivalente (3 SMN) é
também penhorável.
A não ser assim, não se daria cumprimento ao Limite
Máximo imposto (art. 738/3).

O que se impõe fazer:


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

€ 4.200,00

738/1 - 2/3 Impenhoráveis 1/3 Penhorável


2.800,00 [( > 2.460 (3 SMN)] 1.400,00
- 340,00 + 340,00
_________ _________
€ 2.460,00 € 1.740,00

Art. 738/3 - para o efeito reduz-se à parte impenhorável [pois


€ 2.800 é superior a 3 SMN (€ 2.460), sendo essa diferença ( €
340) que irá acrescer à parte penhorável, com o seu
equivalente aumento (€ 340), assim se cumprindo o Limite
Máximo.
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ORDINÁRIA

Quanto aos interesses protegidos

A existência de um limite máximo à impenhorabilidade


tem em vista a proteção dos interesses do exequente,
já o limite mínimo tem em vista a defesa da situação
económica do executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Todavia, por imposição legal – art. 738/4 - estes limites


não têm aplicação nos casos em que o crédito
exequendo seja de alimentos, nestes casos só é
impenhorável a quantia equivalente à totalidade da
pensão social do regime não contributivo, que no ano
de 2024 se acha fixada em € 245,79.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Assim, a garantia de um limite mínimo de


impenhorabilidade está dependente de dois
pressupostos de índole negativa:

• O executado, não ter outro rendimento.


• E o crédito exequendo não seja por alimentos.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

4. Suponha que no caso prático supra resolvido em


que que o vencimento mensal líquido do executado
era
de € 1.200,00, mas que o crédito exequendo é de
alimentos.

Diga, no caso, qual o montante que seria penhorável.


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Uma vez que o crédito exequendo é de alimentos, não


há lugar à impenhorabilidade dos 2/3 referidos no n.º 1
do art. 738. Apenas é impenhorável a quantia
equivalente à totalidade da pensão social do regime
não contributivo, que no presente ano (2024) se
encontra fixada em € 245,79.
Então, por aplicação do estatuído no art. 738/4, a
parte penhorável, neste caso, será de € 954,21(
€1.200,00 - € 245,79 = € 954,21).
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ORDINÁRIA

IMPENHORABILIDADE DE RENDIMENTOS DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS

O n.º 8 do art. 738 - estende a possibilidade da penhora


parcial aos rendimentos auferidos no exercício de tais
actividades, quando os rendimentos se destinem a
assegurar a sua subsistência, à semelhança do previsto
no n.º 1 para outras prestações, com adaptações.
Garante assim, que os rendimentos dos profissionais
liberais sejam protegidos em caso de penhora de
rendimentos, de forma a garantir a subsistência do
executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Para o efeito deverá consultar-se a Tabela de atividades do


artigo 151.º do CIRS - ANEXO I:

1 - Arquitetos, engenheiros e técnicos similares …;


2 - Artistas plásticos e assimilados, atores e músicos;
3 - Artistas tauromáquicos;
4 - Economistas, contabilistas …
5 - Enfermeiros, parteiras e outros técnicos paramédicos …;
6 – advogados, Juristas e solicitadores.
7 - Médicos e dentistas …;
8 - Professores e técnicos similares …

AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

O n.º 9 do artigo 738/9, estatui que o incumprimento do


estabelecido no artigo pela entidade pagadora
determina a sua execução nos autos, como infiel
depositária dos valores que deveriam ter sido
penhorados e/ou entregues e não o foram.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

PENHORA DE DINHEIRO OU SALDO BANCÁRIO


O art. 739, determina que “São impenhoráveis a
quantia em dinheiro ou o depósito bancário resultantes
da satisfação de crédito impenhorável, nos mesmos
termos em que o era o crédito originariamente
existente”

Quer isto significar que se o executado receber o seu


vencimento por transferência para conta bancária e
se for penhorado o saldo dessa conta, continua a ter
aplicação ao depósito o regime da limitação da
penhora estatuído no art. 738.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

REDUÇÃO OU ISENÇÃO DA PENHORA – ART. 738/6

O NCPC veio devolver ao juiz os poderes de decisão


sobre a redução ou isenção da penhora.
Decisão que tem um caráter excecional e a
requerimento do executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

REDUÇÃO OU ISENÇÃO DA PENHORA – ART. 738/6

Prevê excecionalmente a possibilidade de redução ou


mesmo de isenção de penhora, quando a penhora
afete a subsistência condigna do executado e do seu
agregado familiar.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Todavia, esse benefício tem, como se disse, caráter de


excecionalidade e será de conceder, uma vez
ponderados os pressupostos nele definidos,
nomeadamente, o montante e natureza do crédito
exequendo e as necessidades do executado e do seu
agregado familiar ( salvaguarda uma existência com
o mínimo de dignidade).

Este pedido é apresentado através de incidente próprio


e é tramitado nos termos dos artigos 293 a 295.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

DÍVIDAS CONJUGAIS
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Solicita-se aos alunos que rememorem, as seguintes


matérias lecionada na Unidade Curricular de Direito da
Família:

REGIMES DE BENS DO CASAMENTO …


RESPONSABILIDADE POR DÍVIDAS DOS CÔNJUGES

DÍVIDAS PRÓPRIAS E DÍVIDAS COMUNS

BENS QUE RESPONDEM PELAS DÍVIDAS DOS CÔNJUGES


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Limitando-nos, por isso, a umas breves notas:

O regime das dívidas conjugais encontra-se regulado


no art. 1690 e ss. CC – do qual decorre que qualquer
dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas
sem o consentimento do outro.

Distinção entre dívidas próprias de um dos cônjuges e


dívidas comuns de ambos os cônjuges - art. 1691 e ss.
CC.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS QUE RESPONDEM PELAS DÍVIDAS DOS CÔNJUGES


Havendo dívidas, estas podem ser da
responsabilidade:
 de ambos os cônjuges (art. 1691, 1693/2 e 1694/1,
todos do CC) ou
 da responsabilidade de um só cônjuge (art. 1692,
1693/1 e 1694/2, todos do CC).

A partir dessa distinção determinam-se quais os bens


(próprios de cada um ou comuns) que respondem por
determinada dívida - art. 1695, 1696, ambos do CC.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Instituindo o art. 1695/1 CC que,


pelas dívidas da responsabilidade de ambos os
cônjuges(dívidas comuns), respondem os bens comuns
do casal e, na falta ou insuficiência deles, os bens
próprios de qualquer dos cônjuges.

O art. 1696/1 CC determina que,


pelas dívidas da exclusiva responsabilidade de um dos
cônjuges (dívidas próprias), respondem, em primeiro
lugar, os bens próprios do cônjuge devedor e,
subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Como tal, a responsabilidade subsidiária existe tanto


nas dívidas próprias como nas dívidas comuns.

Nas dívidas comuns – a responsabilidade subsidiária


recai sobre os bens próprios de qualquer dos cônjuges.

Nas dívidas próprias – a responsabilidade subsidiária


recai sobre a meação do cônjuge devedor.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Da combinação da responsabilidade subsidiária com a


existência de título executivo contra um só dos
cônjuges ou contra ambos os cônjuges, poderão
resultar as seguintes situações:

I. Penhora de bens comuns do casal em execução


movida contra um dos cônjuges.
II. Incidente de comunicabilidade da dívida:
i. Comunicabilidade da dívida suscitada pelo
exequente
ii. Comunicabilidade da dívida suscitada pelo
executado
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

I. Penhora de bens comuns do casal em execução


movida contra um dos cônjuges – art. 740

Ocupa-se da situação particular da penhora de bens


comuns do casal em execução movida apenas
contra um dos cônjuges.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Cabem aqui as situações em que foi intentada ação


executiva somente contra um dos cônjuges ( casado
sob o regime da comunhão geral de bens ou comunhão
de adquiridos), mas aí foram penhorados bens comuns
do casal, por não se conhecerem bens suficientes
próprios do executado.

Nestes casos, o seu cônjuge será citado para, no prazo


de vinte dias:
 requerer a separação de bens ou
 juntar certidão comprovativa da pendência de ação em
que a separação já tenha sido requerida.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A citação é efetuada pelo AE, concluída a fase da


penhora e apurada a situação registral dos bens - art.
719/1, 786/1, al. a) e n.º 8.

Se o cônjuge do executado citado nada fizer - a


execução prosseguirá sobre os bens comuns do casal
que tiverem penhorados – art. 740/1.

Mas, se o cônjuge do executado provar que requereu


a separação de bens ou que, esta ação já se achava
pendente, a ação executiva fica suspensa até à
partilha – art. 740/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Se, na sequência dessa partilha, os bens penhorados


forem adjudicados ao executado - a execução
prossegue sobre esses bens;
Mas se o não forem, poderão ser penhorados outros
bens que lhe sejam adjudicados, mantendo-se a
anterior penhora até que seja realizada a nova
apreensão – art. 740/2, 2ª parte.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

II. Incidente de comunicabilidade da dívida

A lei trata separadamente o incidente suscitado pelo


exequente (art.741) e o incidente suscitado pelo
executado (art.742).
Mas, ambos regulam a “modificação” de uma
execução de pagamento de uma dívida própria em
execução de pagamento de uma dívida comum.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

i) Incidente de comunicabilidade da dívida suscitada pelo


exequente – art. 741

Possibilita ao exequente a alegação, de forma


fundamentada, de que a dívida é comum do casal,
quando a execução seja movida apenas contra um
dos cônjuges ( por só ele figurar como devedor no TE) e
se funde em título executivo extrajudicial.

(deverá alegar factos dos quais se extraia nos termos


do direito substantivo, que a dívida é comum)
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A alegação da comunicabilidade da dívida pode ser


efetuada:

 no requerimento executivo - art. 724/1, al. e)


ou
 em incidente autónomo - art. 293 a 295 ss - até ao
inicio das diligências para a venda ou adjudicação de
bens – de natureza declarativa e é autuado por
apenso.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Quando houver lugar à alegação da


comunicabilidade da dívida ao cônjuge, por parte do
exequente no requerimento executivo - a ação
executiva para pagamento de quantia certa seguirá
a forma ordinária - art. 550/3, al. c).

E a impugnação terá lugar na oposição à execução se


esta for deduzida, se não houver pretensão de a
deduzir, poderá sê-la em articulado próprio – art. 741/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Se a alegação da comunicabilidade for deduzida em


requerimento autónomo – a impugnação da
comunicabilidade deverá ocorrer na respetiva
oposição – art. 741/3, al. b).

Deduzida a oposição - determina a suspensão quer da


venda dos bens próprios do executado já penhorados,
quer dos bens comuns, até ser proferida decisão no
incidente, a qual terá reflexo no que respeita aos bens
que irão responder pela dívida exequenda – art. 741/4.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Pressupostos para a dedução do incidente da


comunicabilidade da dívida ao cônjuge do executado
– art. 741/1.

 execução movida apenas contra um dos cônjuges;


 o título executivo seja extrajudicial;
 A sua invocação terá de ser deduzida no
requerimento executivo ou em requerimento
autónomo, e neste caso, até ao início das diligências
para venda ou adjudicação;
 A alegação da comunicabilidade da dívida terá que
ser fundamentada.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Uma vez citado, o cônjuge do executado, poderá adotar


uma das posições seguintes – art. 741/3:

i) aceitar a comunicabilidade da dívida – prosseguindo


a execução, de agora em diante, contra ambos os
cônjuges;

ii) Nada dizer, equivalendo o silêncio a aceitação -


prosseguindo a execução, de agora em diante, contra
ambos os cônjuges;
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

iii) impugnar a comunicabilidade da dívida, que poderá


fazer:
a) se a comunicabilidade da dívida foi evocada no RE:
• e pretender deduzir oposição à execução – sê-lo-á
em sede de oposição à execução por embargos [
seguindo-se os termos da oposição à execução
(art. 732)).
• se não pretender deduzir oposição à execução -
sê-lo-á em articulado próprio.
ou
b) em oposição ao incidente – se a comunicabilidade
da dívida foi alegada em incidente autónomo.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Em função do que se apure no incidente de


comunicabilidade, a decisão pode concluir que:

 a dívida é comum;
 a dívida não é comum.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Se se conclui que a dívida é comum - art. 741/5, 1.ª


parte.

A execução prossegue também contra o cônjuge não


executado, cujos bens próprios podem ser nela
subsidiariamente penhorados.

E se antes da penhora dos bens comuns tiverem sido


penhorados bens próprios do executado inicial, pode
este requerer a respetiva substituição ( 2.ª parte).
Na verdade, estende-se a eficácia do título executivo
ao cônjuge do executado, que passa também a ser
executado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Se se conclui que a dívida não é comum

O cônjuge do executado deve (se tiverem sido


penhorados bens comuns do casal), no prazo de 20
dias após o trânsito em julgado da decisão, requerer a
separação de bens ou demonstrar que a mesma já foi
requerida - sob pena de a execução prosseguir sobre
esses bens - art. 741/6.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

ii) Incidente de comunicabilidade da dívida suscitada


pelo executado – art. 742

Proporciona ao executado, que em face da penhora


de bens próprios, alegue fundadamente, em sede de
oposição à penhora, que a dívida, constante de título
executivo que não sentença, é comum, indicando
logo os bens comuns que podem ser penhorados.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Suscitada a comunicabilidade da dívida ao cônjuge


do executado, este é citado para, no prazo de 20 dias:

 declarar se aceita a comunicabilidade da dívida


baseada no fundamento alegado pelo executado;
 sendo advertido da cominação em que incorre na
eventualidade de nada dizer - a de que a dívida será
considerada comum, sem prejuízo da oposição que
contra ela venha a ser deduzida.

art. 741/2, por determinação do art. 742/1


AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Caso o exequente se oponha ao incidente deduzido


ou se o cônjuge do executado tiver impugnado a
comunicabilidade da dívida - a questão será resolvida
pelo juiz de execução no âmbito do incidente de
oposição à penhora.

Suspendendo-se até lá, a venda dos bens próprios do


executado e aplica-se o disposto nos n.ºs 5 e 6 do art.
741, conforme a dívida venha a ser declarada comum
ou não, respetivamente ex vi art. 742/2.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Questão:

No caso de ser suscitado o incidente de


comunicabilidade da dívida, pelo executado, indique
qual a forma de processo comum que a ação
executiva para pagamento de quantia certa seguirá?
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Resolução:

Seguirá a forma ordinária ou sumária consoante o título


executivo ( sempre diverso de sentença)que lhe serve
de base.

Pois, o incidente de comunicabilidade suscitado pelo


executado, não afeta a forma de processo aplicável,
nos termos do art. 550/3 al.c), a contrário.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

LIMITES SUBJETIVOS

O principio geral é o de que a penhora não pode


incidir sobre bens ou direitos de alguém que não é
executado – art. 735/1 e 2.
Assim, a qualidade de executado é sempre condição
da penhorabilidade do respetivo património.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

As regras da legitimidade das partes na execução


garantem a presença em juízo do sujeito cujo
património é responsável pelo pagamento da dívida.

Tais regras previnem a necessária coincidência entre o


sujeito responsável e o executado – art. 53/1 e 2.
No n.º 1, com a atribuição de legitimidade passiva ao
devedor da obrigação que se executa, no n.º 2 com a
atribuição de legitimidade ao 3rº que é o proprietário
do bem onerado com a garantia real.
A penhora pode incidir sobre bens de qualquer destes
executados.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS DO DEVEDOR

A regra é a de que, na execução ( instaurada contra o


devedor) são penhorados bens do devedor.
Sendo que, na falta de qualquer garantia real sobre
bens do devedor, o património deste cumpre a função
de garantia geral das suas obrigações – art. 601 CC.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS DE TERCEIROS

A admissibilidade de penhora de bens de terceiro não


se reporta à penhora de bens de sujeito que não é
parte no processo, mas, apenas, às situações em que o
responsável é alguém que não é o devedor da
obrigação exequenda.
Art. 735/2 – pode assim na execução serem
penhorados bens de um 3rº.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

BENS DE TERCEIROS

Os casos são os seguintes – art. 818 CC:


i. Quando os bens se encontrem vinculados à garantia
do crédito;
ii. Quando os bens sejam objeto de ato praticado em
prejuízo do credor, que este tenha impugnado.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

Concluindo:
A penhora incide sobre todo o património do devedor
principal ou subsidiário, que seja suscetível de penhora,
uma vez que, a garantia geral das obrigações é, em
princípio, constituída pela totalidade dos bens que
constituem o património do devedor.

Decorre das disposições conjugadas dos arts. 601, 817


e 818, todos do CC e art. 735 que, em princípio, todo o
património do devedor, e só ele, responde pelas
dívidas que o mesmo tenha contraído.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A regra que vigora no processo executivo é a de que


só podem ser penhorados bens que pertençam ao
devedor.
Assim sendo, podemos dizer que todos os bens que
constituem o património do devedor, podem ser objeto
de penhora ( à exceção de bens inalienáveis e de
outros que a lei declare impenhoráveis) para
satisfação dos direitos dos credores.
AÇÃO EXECUTIVA PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA FORMA
ORDINÁRIA

A penhora de bens de terceiro (perante a obrigação


exequenda e não alguém que não é parte na
execução) será admissível nos casos especialmente
previstos na lei, desde que a execução haja sido
movida contra o terceiro - art. 735/2, quando:

 sobre o bem de terceiro incida direito real constituído


para garantia do crédito exequendo;
 tenha sido julgada procedente impugnação pauliana
de que resulte para o terceiro a obrigação de
restituição dos bens objeto de impugnação – art. 616/1
e 818 CC.

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