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CHOQUE do conteúdo de O2 no sangue são a quantidade de

hemoglobina e sua saturação.


É caracterizado por hipóxia celular, tecidual e
orgânica, resultado da incapacidade do sistema 4. Difusão de oxigênio para a mitocôndria: O o2
circulatório suprir as demandas de oxigênio, seja do sangue, pela difusão, é transferido para a
por aumento da demanda (VO2) ou por oferta mitocôndria, mas também por mecanismos de
insuficiente de oxigênio (DO2) - Hipoperfusão controle da microcirculação local que controlam o
tecidual. Trata-se de uma emergência, pois com o fluxo total, tempo de trânsito e recrutamento
tempo os efeito da hipóxia podem se tornar capilar. O consumo de oxigênio (VO2 ) é definido
irreversíveis, o que resulta em falência orgânica, pela equação de Fick:
síndrome da disfunção de múltiplos órgãos e Consumo de oxigênio (mL O2 /min) = (CaO2 –
sistemas (SDMOS) e morte. CvO2 ) × DC × 10 (normal 180-280 mL/min).
Existem 4 mecanismos: distributivo, Com diminuições graduais da oferta, o consumo
cardiogênico, hipovolêmico e obstrutivo. Mas permanece constante devido a um aumento da
esse não são exclusivos, e muitos pacientes com extração periférica. Porém, diminuições
insuficiência respiratória, por exemplo, pode progressivas podem superar a capacidade de
apresentar mais de um tipo. adaptação da microcirculação e a produção
O choque é mais comum em UTIs, afetando aeróbica de ATP cai abaixo da necessidade
cerca de ⅓ dos pacientes internados, sendo o metabólica.
choque séptico, um tipo de distributivo, o mais Uma vez estabelecido o choque, o organismo
comum nesse ambiente. Já no DE o mais comum lança mão de mecanismos compensatórios
é o choque hipovolêmico. inicialmente, mas a hipoperfusão tecidual leva à
disfunção orgânica, o que perpetua a resposta
FISIOPATOLOGIA inflamatória, levando a mais disfunção orgânica.
O processo de
utilização do oxigênio
tecidual envolve os
seguintes passos:
1. Difusão do oxigênio
dos pulmões ao
sangue: O O2 entra nos
pulmões a partir da
pressão negativa gerada
pela inspiração, esse
passa do alvéolos para o
capilar pulmonar. A
quantidade depende da
perfusão e ventilação e
da concentração de Gerando um ciclo vicioso.
oxigênio inspirado (FiO2).
DIAGNÓSTICO
2. Ligação do oxigênio à hemoglobina: 98% do Deve ser suspeitado em pacientes com sinais
O2 é ligado à hemoglobina (principal carreador de de hipoperfusão tecidual. Para avaliação dessa: :
O2) e 2% é dissolvido no plasma. A afinidade da
hemoglobina pelo O2 aumenta na medida em que
o complexo com a hemoglobina se satura. Nos Pressão arterial média Débito urinário
capilares pulmonares, a ligação do oxigênio à Nível de consciência Tempo de enchimento
hemoglobina é facilitada, enquanto nos capilares capilar
periféricos, a dissociação do O2 é promovida.
Perfusão de pele/livedo Cianose de extremidades

3. Transporte de oxigênio pelo débito cardíaco Saturação mista de pCO2 venosa mista
para periferia: transporte de O2 aos tecidos oxigênio venoso (SmvO2
depende da quantidade presente no sangue e do ou ScvO2 )
débito cardíaco. Os dois principais componentes
Lactato sérico pH arterial, bicarbonato
laboratorial aumenta a acurácia do diagnóstico.
Não há consenso entre os critérios clínicos para o
Oxigenação do tecido diagnóstico de choque, mas a presença de quatro
musculoesquelético ou mais critérios define o choque.
(StO2 )
- Aparência ruim
- Alteração do estado mental
OBS: A hipotensão arterial geralmente está - Hipotensão > 30 minutos
presente no choque, mas pode estar ausente, em - FC > 100 bpm
especial em pacientes portadores de HAS. - FR > 20 irpm
OBS: Em indivíduos com quadro de choque, a - Débito urinário < 0,5 mL/kg/h
PAS tipicamente é menor que 90 mmHg OU PAM a - Lactato > 4 mmol/L ou > 32 mg/dL
é menor que 70 mmHg, com taquicardia - Excesso de bases < –4 mEq/L.
associada.
OBS: A combinação de tempo de enchimento
MECANISMOS DE CHOQUE
capilar > 2 segundos, livedo e diminuição da
Existem quatro mecanismos clássicos de
temperatura da pele pode predizer baixo índice
choque: distributivo, cardiogênico,
cardíaco, e, assim, choque.
hipovolêmico e obstrutivo. Os três últimos são
OBS: Livedo reticular ao redor do joelho está
caracterizados por baixo débito cardíaco e,
diretamente relacionada à mortalidade, sendo um
portanto, por transporte inadequado de oxigênio.
marcador importante de hipoperfusão tecidual no
Já no distributivo existe diminuição da resistência
exame físico.
vascular sistêmica e alteração da extração de
oxigênio; nesses casos, o débito cardíaco costuma
Existem 3 janelas de perfusão tecidual, que
ser inicialmente alto, embora possa reduzir como
identificam os danos que o choque causou no
resultado de depressão miocárdica associada.
organismo:
- Pele: pele fria e úmida, cianose, palidez, livedo
➯ CHOQUE HIPOVOLÊMICO: redução do
reticular (Motting score), tempo de enchimento
volume intravascular (pré-carga reduzida) que, por
capilar prolongado, gradiente temperatura
sua vez, reduz o DC.
central-periférica (> 7°C = má perfusão periférica)
PVC e retorno venoso diminuídos,
- Rim: débito urinário < 0,5 mL/kg/h.
consequentemente DC diminuído. Como
- Sistema nervoso central: estado mental
mecanismo compensatório, há aumento da FC e
alterado, que inclui torpor, desorientação e
da RVS. Com isso o tratamento consiste em
confusão.
reposição volêmica!
Além disso, é importante avaliar também:
Pode ser dividido em:
- Respiratório: dispneia, uso de musculatura
- Hemorrágico: várias causas, mas o trauma é o
respiratória acessória, hipoxemia, relação PaO2
mais comum, seguido por hemorragia varicosa e
/FiO2 < 400.
úlcera péptica. Causas menos comuns incluem
- Cardiovascular: hipotensão, taquicardia,
hemorragia perioperatória, aneurisma aórtico
hiperlactatemia.
abdominal roto e iatrogênico.
- Hepática: icterícia, encefalopatia, aumento de
- Não hemorrágico: volume intravascular reduzido
bilirrubinas.
por perda de fluidos que não sejam sangue.
- Hematológica: sangramentos, petéquias,
Exemplo: sódio e água, que podem ocorrer a partir
alargamento de RNI, plaquetopenia.
de vários sítios anatômicos, como perdas
gastrointestinais, cutâneas e renais.
Em relação aos critérios laboratoriais, a
hiperlactatemia, geralmente presente, indica o
➯ CHOQUE CARDIOGÊNICO: patologias
metabolismo anormal de oxigênio celular.
cardíacas que levem à falência da bomba e à
O nível normal de lactato no sangue é de
redução do débito cardíaco (DC).
aproximadamente 1 mmol/L (ou 9mg/dL), e o nível
Consequentemente, há um aumento da PVC
é aumentado (>2 mmol/L ou >18mg/dL) no choque.
Como mecanismo compensatório há um aumento
da RVS (já que está tendo retenção do fluxo). Tto
Parâmetros clínicos isolados não sejam capazes
depende da causa.
de predizer o diagnóstico de choque com precisão,
Dividida em:
a combinação da clínica,com a hemodinâmica e
- Cardiomiopatia: incluem infarto do miocárdio da PVC e do RV, e, consequentemente, ao
envolvendo mais de 40% do miocárdio do aumento do DC. Com isso, o tratamento consiste
ventrículo esquerdo, infarto do miocárdio de em reposição volêmica + drogas vasopressoras.
qualquer tamanho se for acompanhado por - Choque séptico: A sepse é definida como
isquemia extensa e grave devido a doença resposta desregulada do hospedeiro à infecção.
coronariana multiarterial, infarto agudo do Choque séptico é sepse com necessidade de
ventrículo direito, exacerbação da insuficiência terapia vasopressora e presença de níveis
cardíaca em pacientes com cardiomiopatia dilatada elevados de lactato, apesar da ressuscitação
grave subjacente, miocárdio atordoado após volêmica adequada.
parada cardíaca, isquemia prolongada ou Além disso, há SIRS (pós operatório, pancreatite,
circulação extracorpórea, depressão miocárdica grande queimado, politrauma), neurogênico,
por choque séptico ou neurogênico avançado e anafilático, endócrino e por cianeto e monóxido de
miocardite. carbono.
- Arrítmica: tanto as taquiarritmias atriais (FA e
Flutter) e ventriculares (taqui e FV) quanto as
bradiarritmias podem induzir hipotensão. Bloqueios
- Mecânica: insuficiência valvar aórtica ou mitral
grave, defeitos valvares agudos (ruptura de um
músculo papilar ou de cordoalhas tendíneas),
dissecção retrógrada da aorta ascendente, ruptura
aguda do septo interventricular, mixomas atriais e
ruptura do aneurisma da parede livre ventricular
são causas de choque cardiogênico.

➯ CHOQUE OBSTRUTIVO: Causado por


problemas extracardíacos, que vão culminar na
insuficiência cardíaca.
Redução do débito cardíaco (DC),
consequentemente há um aumento da PVC.
Como mecanismo compensatório há um aumento
da RVS (já que está tendo retenção do fluxo). Tto
da causa base.
Pode ser dividido:
- Vascular pulmonar: a maioria dos choques
obstrutivos é devido a insuficiência ventricular
direita decorrente de tromboembolismo pulmonar
hemodinamicamente significativo (TEP) ou
hipertensão pulmonar grave (HP).O VD vai ser
capaz de gerar uma pressão suficiente para vencer
a alta pressão pulmonar. TRATAMENTO
- Mecânica: diminuição da pré-carga, em vez da Os suportes hemodinâmico e ventilatório
falha da bomba (redução do retorno venoso ao precoce e adequado de pacientes em choque são
átrio direito ou enchimento inadequado do essenciais para evitar piora clínica (SDMOS e
ventrículo direito). Causas mecânicas de obstrução morte). O tratamento do choque deve ser iniciado
de choque incluem: pneumotórax hipertensivo, enquanto se investiga a etiologia.
tamponamento pericárdico, pericardite constritiva e O atendimento do paciente em choque deve ser
cardiomiopatia restritiva. realizado em sala de emergência, e, a menos que
o choque seja rapidamente revertido, um cateter
➯ CHOQUE DISTRIBUTIVO: O déficit ocorre por arterial deve ser inserido para monitorar a pressão
vasodilatação periférica grave com queda da arterial invasiva, além de um cateter venoso
resistência vascular sistêmica, geralmente causada central para drogas vasoativas. Se indicação de
por liberação de citocinas. iniciar drogas vasoconstritoras, estas podem ser
Diminuição da RVS, que leva à diminuição iniciadas em um acesso venoso periférico calibroso
até obter o central com segurança.
OBS: Drogas vasoativas sem ação vasoconstritora coagulopatia por diluição dos fatores de
como dobutamina, nitroglicerina e nitroprussiato de coagulação, além de hipotermia, e os
sódio não necessitam de acesso venoso central. hemocomponentes não são rapidamente
Para todo tipo de choque, devemos racionar no disponíveis. A recomendação é de 1 L de
sentido de otimização da relação DO2 × VO2, pois cristaloide inicialmente, seguida de
é nesse que está o desequilíbrio. hemocomponentes, caso o paciente mantenha-se
hipotenso, exceto nos graus III e IV, que os hemo-
componentes são indicados.
“Ressuscitação hipotensiva” ou “hipotensão
permissiva”, em que se almeja uma pressão
arterial sistêmica (PAS) > 80-90 mmHg até que
haja o controle do foco de sangramento. Para isso,
evita-se uma ressuscitação volêmica agressiva,
que poderia levar a coagulopatia por diluição de
fatores de coagulação e a destruição de coágulos
que já estejam tamponando algum foco de
sangramento. No entanto, esse conceito não é
aplicado para TCE grave, visto que a hipotensão
pode piorar a perfusão cerebral. Nesse caso,
- Otimização da pré-carga: Reposição de volume, objetiva-se uma pressão arterial média (PAM) ≥ 80
melhorar o fluxo sanguíneo microvascular e mmHg.
aumentar o débito cardíaco. O tipo e a quatidade Não hemorrágico: há déficit no conteúdo
depende do tipo de choque. intravascular, porém sem perdas sanguíneas. Usa-
Em relação aos fluidos: se apenas cristalóides, sem necessidade de
Cristalóides: Sç salina (soro fisiológico) e sç hemocomponentes. Não há preferência no tipo de
balanceadas (Ringer lactato). Até 2L, prefere-se as cristalóide, com exceção do choque séptico, em
sç salinas, pois a administração agressiva de que se prefere Ringer Lactato!
solução salina clássica resulta em maior taxa de A quantidade ideal é de 250 a 500 mL EV,
acidose metabólica hiperclorêmica e piores reavaliando a resposta do paciente (PA, TEC,
desfechos renais Já o Ringer Lactato está mais diurese…).
associado a alcalose metabólica. Deve-se
considerar a quantidade de volume a ser - Otimização da pós-carga: Em pacientes com
administrada, eletrólitos e função renal do hipotensão persistente após ressuscitação
paciente. volêmica, a administração de vasopressores é
Colóides: Ocorre menor extravasamento vascular, indicada, sendo que o ideal é iniciar a droga
que leva a uma expansão volêmica mais rápida. quando a reposição volêmica ainda está
Albumina: Tem o custo mais elevado. Deve ser ocorrendo.
evitada no contexto de trauma cranioencefálico. Norepinefrina é o vasopressor de primeira
Pacientes com cirrose e hipoalbuminemia, redução escolha nos quadros de choque, exceto no
do volume intravascular e sobrecarga volêmica anafilático, em que a epinefrina é superior.
total se beneficiam mais. Há um aumento clinicamente significativo na PAM,
Amidos: Evitados! Injúria renal aguda. com pouca alteração na frequência cardíaca ou no
Hemocomponentes: Os mais usados são: débito cardíaco.
concentrado de hemácias, concentrado de Dopamina possui muitos efeitos adversos,
plaquetas, aférese de plaquetas, plasma fresco principalmente arritmias, e por isso não é tão
congelado e crioprecipitado. utilizada.
Epinefrina é o mais potente, sendo a escolha no
Em relação ao tipo de choque: choque anafilático e em refratários. Deve ser
Hemorrágico: Como a maioria dos pacientes são evitada no choque cardiogênico, pois está
do trauma, há uma perda predominante de sangue, associada a mais arritmias, hipoperfusão
devendo ser reposto. O ideal é iniciar a reposição esplâncnica e hiperlactatemia.
volêmica com cristaloides, até que os hemo- Vasopressina atua em receptores V1, diferente
componentes cheguem à sala de emergência, pois dos sítios de ação da norepinefrina, dopamina e
a administração de cristalóides pode levar a epinefrina. Sobretudo em pacientes com choques
distributivos, pode haver uma deficiência de - Otimização do DC: Dobutamina é o agente
vasopressina, e sua administração em doses inotrópico mais usado, apresentando efeitos em
baixas pode resultar em aumentos substanciais na receptores beta-1 e beta-2- adrenérgicos. Uma
pressão arterial. Segunda droga em pacientes com dose inicial de apenas 2-20mg/kg por minuto pode
quadro de choque séptico, já em uso de aumentar substancialmente o débito cardíaco.
noradrenalina, que mantêm hipotensão arterial e Tem efeitos limitados sobre a PA, embora possa
que não apresentam depressão miocárdica causar hipotensão quando iniciada, devido ao
importante associada. efeito beta-2, sobretudo em pacientes
Não pode ser utilizada em doses superiores a 0,04 hipovolêmicos. Entretanto, para pacientes com
UI por minuto e só deve ser administrada em disfunção miocárdica importante, a pressão tende
pacientes com um débito cardíaco normal ou a aumentar, devido ao aumento do inotropismo.
elevado. Em pacientes com pressão arterial sistólica < 80
mmHg, deve-se ter cautela
em utilizar a dobutamina
sem vasopressor
associado.

- Otimização da
oxigenação: A
administração de O2
suplementar deve ser
iniciada precocemente,
para aumentar o
fornecimento de oxigênio
aos tecidos e prevenir
hipertensão pulmonar.
Sempre monitorando pela gasometria arterial.
Pacientes com dispneia grave, hipoxemia,
acidemia grave e persistente ou com rebaixamento
do nível de consciência são elegíveis para
ventilação mecânica invasiva. Esse tipo de
ventilação reduz a demanda de O2 dos músculos
respiratórios e diminui a pós-carga ventricular
esquerda. Antes de intubar, deve-se otimizar a
Outra forma de otimizar a pós-carga é reduzi-la no
hemodinâmica do paciente, para evitar piora da PA
contexto de choque cardiogênico, pois facilita o
e da perfusão periférica após a intubação
funcionamento da bomba cardíaca. Para isso,
orotraqueal. O ideal é utilizar sequência rápida de
utiliza vasodilatadores endovenosos, como a
intubação com etomidato ou quetamina EV,
nitroglicerina e o nitroprussiato de sódio. Mantendo
associados a um bloqueador neuromuscular, como
uma PAS acima de 90 mmHg.
succinilcolina ou
rocurônio EV. Mas a dose
dos indutores no paciente
chocado deve ser
reduzida, pois pode piorar
o choque, e a dose dos
bloqueadores deve ser
aumentada, já que o
paciente está
hipoperfundido,
necessitando de doses
OBS: Apesar do nitroprussiato de sódio não
maiores para um bloqueio efetivo.
causar efeito na perfusão coronariana, ser tóxico
A ventilação não invasiva tem uma limitada
às gestante, ele é mais potente hipotensor.
utilidade no tratamento de choque, porque a sua
falha pode resultar rapidamente em insuficiência
respiratória e parada cardíaca.

- Suporte transfusional: De maneira geral,


recomenda-se manter um alvo de hemoglobina
(Hb) acima de 7 g/dL, sendo indicada transfusão
de concentrados de hemácias se estiver abaixo.
Para cardiopatas o alvo passa a ser Hb acima de 8
a 8,5 g/dL.
No choque hemorrágico, realiza a ressuscitação
volêmica com concentrados de hemácias, se o
paciente estiver hipotenso, independentemente
dos níveis de Hb.

- Redução do VO2: Outro ponto importante é a


redução do consumo periférico de oxigênio. Para
isso, devemos:
- Evitar hipertermia (antitérmicos, se necessário).
- Controlar a dor (analgésicos, se necessário).
- Reduzir a ansiedade (ansiolíticos, se necessário).
- Reduzir o trabalho respiratório (ventilação
mecânica, quando indicada, e esta deve ser bem
ajustada, evitando assincronias).
ICC DESCOMPENSADA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O primeiro passo no manejo dos pacientes com - Exacerbação de DPOC: Tosse produtiva,
IC aguda é determinar a etiologia e o motivo da usualmente cursa com hipercapnia
descompensação. Os principais fatores de - Exacerbação de asma: Tosse, sibilância e
descompensação de IC são: sensação de sufocamento

Mas a maioria das descompensações de IC ocorre -Tromboembolismo pulmonar Início abrupto com
por falta de aderência ao tratamento farmacológico dor torácica e dispneia. Suspeita de TVP.
ou às medidas dietéticas. - Pneumonia: Febre, leucocitose, mialgia, dor
pleurítica
A avaliação das comorbidades do paciente traz - Pneumotórax: Dor torácica, tórax silente,
informações importantes para a tomada de decisão timpanismo a percussão, desvio da traqueia
no departamento de emergência. Fragilidade em - Dissecção de aorta: Dor torácica súbita,
especial é uma comorbidade comum nos idosos. diferença de pressão entre os dois membros
Fragilidade é associada com status e reserva - Pericardite ou tamponamento pericárdico:
funcional reduzidos, pior resposta às medidas Edema periférico, distensão jugular, bulhas
terapêuticas e prognóstico reservado. abafadas, complexos QRS em ECG de baixa
Outras comorbidades importantes na voltagem.
insuficiência cardíaca:
- Cardiovascular: coronariopatia, fibrilação atrial, TRATAMENTO
acidente vascular cerebral (AVC), doença vascular A abordagem inicial de pacientes com ICAD
periférica, doença valvar, hipertensão. depende do grau e do tipo de descompensação da
- Sistêmica: diabetes mellitus (DM), insuficiência IC e da pressão arterial inicial do paciente.
renal, insuficiência hepática, doença pulmonar Podemos classificar os pacientes que chegam
obstrutiva crônica (DPOC), infecção, apneia do ao DE em quatro subgrupos distintos de acordo
sono, deficiência de ferro, doenças reumatológicas, com o grau de congestão e com o grau de
amiloidose, câncer, tireoide. perfusão tecidual:
- Condições gerais: obesidades, desnutrição,
fragilidade.
- Psicossocial: demência, depressão, abuso de
substância, tabagismo, etilismo, suporte
inadequado social e não aderência.

DIAGNÓSTICO
Em geral, é clínico, com base em Framingham,
mas alguns exames laboratoriais e de imagem
podem ser necessários:
- ECG
- Radiografia de tórax Os objetivos iniciais são estabilização
- Exames laboratoriais (função renal, eletrólitos, hemodinâmica, melhora da oxigenação e da
hemograma completo, urina 1. ventilação e resolução ou alívio dos sintomas.
OBS: BNP! Deve-se tentar encontrar fatores
descompensadores da IC e o tratamento orientação sobre a causa da descompensação e
específico deve ser realizado sobre comorbidades e reforçar medidas educativas
sobre insuficiência cardíaca em geral.
A) Avaliar outras causas para os sintomas. - Segundo caso, os pacientes podem ter melhora
A maioria dos pacientes não tem necessidade de inicial, mas sem atingir alvo satisfatório. As ações a
internação, e deve-se titular medicações de serem consideradas são: doses mais altas de
insuficiência cardíaca (drogas que reduzem a diurético, associar segunda classe de diurético;
mortalidade) e considerar diagnósticos diferenciais. vasodilatador EV; revisar mudanças terapêuticas
Conhecendo-se o(s) fator(es) desencadeante(s) da recentes, reavaliar comorbidades; reavaliar
IC, o tratamento específico destes fatores deve ser diagnósticos diferenciais;interconsulta cardiológica;
realizado. rever objetivos; considerar cuidados paliativos.
- Terceiro caso, os pacientes não melhoram ou
B) DIU + Vasodilatadores. até apresentam piora do quadro clínico. As ações a
Diuréticos de alça: melhoram a congestão e a serem consideradas são: doses mais altas de
dispneia e têm ação vasodilatadora imediata. diurético, associar segunda classe de diurético;
Furosemida, pode ser associada a diurético monitorização invasiva; cateterismo de câmaras
tiazídico e espironolactona se houver resposta direitas; iniciar inotrópico ou vasopressor; instalar
insatisfatória. dispositivo de assistência ventricular; considerar
Os vasodilatadores parenterais diminuem a pré e a transplante cardíaco; reavaliar comorbidades;
pós-carga e podem ser utilizados de acordo com a reavaliar diagnósticos diferenciais; interconsulta
pressão arterial com administração oral (IECA, cardiológica ou insuficiência cardíaca avançada;
BRA ou hidralazina e isossorbida) ou parenteral e considerar cuidados paliativos.
incluem: nitroglicerina, uso preferencial na
isquemia miocárdica, e nitroprussiato. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO, UTI e ALTA
HOSPITALAR
C) Inotrópico + vasodilatadores (PAS > 90). Não é toda IC descompensada que necessita de
Se PAS < 90 deve-se usar a noradrenalina primeiro internação hospitalar, mas 80% das internações
para normalizar a pressão arterial. por IC originam-se no departamento de
Em relação ao inotrópico, pode-se usa a emergência. A principal razão de internação é para
dobutamina. tratamento de congestão e em frequências
menores para insuficiência respiratória, choque
D ou L) Hidratação venosa. cardiogênico, taquicardia ventricular incessantes
A maioria encontra-se hipovolêmica (abuso de ou necessidade de terapia urgente. Alguns
diurético). pacientes com razão de descompensação óbvia
Reposição volêmica em geral é o suficiente para como um lapso no uso de diurético podem ser
tratamento. tratados no DE com alta após. Poucos parâmetros
Casos em que não haja melhora, com sinais de são definidos para esta indicação, mas diferentes
baixo débito: inotrópicos conforme necessidade. diretrizes sugerem as seguintes indicações para
internação hospitalar:
- Alteração na perfusão: FRIO 1. Pacientes com insuficiência cardíaca e
- Congestão: ÚMIDO primodiagnóstico ou primodescompensação.
- Pior prognóstico: FRIO + ÚMIDO 2. Pacientes com ICC recorrente complicada por
- O perfil do paciente com (IC) descompensada na eventos ou situações clínicas agudas graves (IAM
emergência mais comum é o paciente B (bem recente, edema agudo de pulmão, hipotensão,
perfundido e congesto). TEP, arritmias sintomáticas etc.).
3. Dispneia ao repouso com congestão
TRAJETÓRIA DOS PACIENTES NA URGÊNCIA significativa.
Pacientes podem apresentar três trajetórias: 4. Piora da função renal.
- Primeiro caso, apresentam melhora dos 5. Alterações hidroeletrolíticas potencialmente
sintomas após terapia inicial, por exemplo, melhora graves, como níveis de potássio maiores que 7
da congestão, estáveis hemodinamicamente e sem mEq/L ou com expressão eletrocardiográfica.
complicações. Esses pacientes devem realizar a 6. Arritmias cardíacas, alterações hemodinâmicas
transição para terapia oral, otimizar a terapia significativas ou pós-PCR ou arritmia ventricular
domiciliar de insuficiência cardíaca, receber maligna.
7. Síndrome coronariana aguda associada.
8. Síncope associada.
9. Intoxicação digitálica.
10. Hipoxemia.
11. Tempestade elétrica.
12. Indicações relativas: informação limitada sobre
a doença, regime de tratamento domiciliar
inadequado, aderência comprometida ao
tratamento.

São critérios para internação em UTI:


1. Necessidade de intubação.
2. Sinais ou sintomas de hipoperfusão.
3. SatO2 < 90% apesar de O2 suplementar.
4. Uso de musculatura acessória ou FR > 25 irpm.
5. FC < 40 bpm ou > 130 bpm.
6. PAS < 90 mmHg.

Os critérios de alta para os pacientes com


insuficiência cardíaca sugeridos são:
1. Fator de exacerbação controlado ou com
intervenção para controle em andamento.
2. Melhora do estado volêmico.
3. Iniciada a transição de diuréticos endovenosos
para oral.
4. Orientação adequada de paciente e familiar.
5. Orientação e intervenção para interrupção do
tabagismo.
6. Adequação de medicações orais.
7. Idealmente, consulta de seguimento em 1 a 2
semanas.

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