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CHOQUE
CHOQUE
3. Transporte de oxigênio pelo débito cardíaco Saturação mista de pCO2 venosa mista
para periferia: transporte de O2 aos tecidos oxigênio venoso (SmvO2
depende da quantidade presente no sangue e do ou ScvO2 )
débito cardíaco. Os dois principais componentes
Lactato sérico pH arterial, bicarbonato
laboratorial aumenta a acurácia do diagnóstico.
Não há consenso entre os critérios clínicos para o
Oxigenação do tecido diagnóstico de choque, mas a presença de quatro
musculoesquelético ou mais critérios define o choque.
(StO2 )
- Aparência ruim
- Alteração do estado mental
OBS: A hipotensão arterial geralmente está - Hipotensão > 30 minutos
presente no choque, mas pode estar ausente, em - FC > 100 bpm
especial em pacientes portadores de HAS. - FR > 20 irpm
OBS: Em indivíduos com quadro de choque, a - Débito urinário < 0,5 mL/kg/h
PAS tipicamente é menor que 90 mmHg OU PAM a - Lactato > 4 mmol/L ou > 32 mg/dL
é menor que 70 mmHg, com taquicardia - Excesso de bases < –4 mEq/L.
associada.
OBS: A combinação de tempo de enchimento
MECANISMOS DE CHOQUE
capilar > 2 segundos, livedo e diminuição da
Existem quatro mecanismos clássicos de
temperatura da pele pode predizer baixo índice
choque: distributivo, cardiogênico,
cardíaco, e, assim, choque.
hipovolêmico e obstrutivo. Os três últimos são
OBS: Livedo reticular ao redor do joelho está
caracterizados por baixo débito cardíaco e,
diretamente relacionada à mortalidade, sendo um
portanto, por transporte inadequado de oxigênio.
marcador importante de hipoperfusão tecidual no
Já no distributivo existe diminuição da resistência
exame físico.
vascular sistêmica e alteração da extração de
oxigênio; nesses casos, o débito cardíaco costuma
Existem 3 janelas de perfusão tecidual, que
ser inicialmente alto, embora possa reduzir como
identificam os danos que o choque causou no
resultado de depressão miocárdica associada.
organismo:
- Pele: pele fria e úmida, cianose, palidez, livedo
➯ CHOQUE HIPOVOLÊMICO: redução do
reticular (Motting score), tempo de enchimento
volume intravascular (pré-carga reduzida) que, por
capilar prolongado, gradiente temperatura
sua vez, reduz o DC.
central-periférica (> 7°C = má perfusão periférica)
PVC e retorno venoso diminuídos,
- Rim: débito urinário < 0,5 mL/kg/h.
consequentemente DC diminuído. Como
- Sistema nervoso central: estado mental
mecanismo compensatório, há aumento da FC e
alterado, que inclui torpor, desorientação e
da RVS. Com isso o tratamento consiste em
confusão.
reposição volêmica!
Além disso, é importante avaliar também:
Pode ser dividido em:
- Respiratório: dispneia, uso de musculatura
- Hemorrágico: várias causas, mas o trauma é o
respiratória acessória, hipoxemia, relação PaO2
mais comum, seguido por hemorragia varicosa e
/FiO2 < 400.
úlcera péptica. Causas menos comuns incluem
- Cardiovascular: hipotensão, taquicardia,
hemorragia perioperatória, aneurisma aórtico
hiperlactatemia.
abdominal roto e iatrogênico.
- Hepática: icterícia, encefalopatia, aumento de
- Não hemorrágico: volume intravascular reduzido
bilirrubinas.
por perda de fluidos que não sejam sangue.
- Hematológica: sangramentos, petéquias,
Exemplo: sódio e água, que podem ocorrer a partir
alargamento de RNI, plaquetopenia.
de vários sítios anatômicos, como perdas
gastrointestinais, cutâneas e renais.
Em relação aos critérios laboratoriais, a
hiperlactatemia, geralmente presente, indica o
➯ CHOQUE CARDIOGÊNICO: patologias
metabolismo anormal de oxigênio celular.
cardíacas que levem à falência da bomba e à
O nível normal de lactato no sangue é de
redução do débito cardíaco (DC).
aproximadamente 1 mmol/L (ou 9mg/dL), e o nível
Consequentemente, há um aumento da PVC
é aumentado (>2 mmol/L ou >18mg/dL) no choque.
Como mecanismo compensatório há um aumento
da RVS (já que está tendo retenção do fluxo). Tto
Parâmetros clínicos isolados não sejam capazes
depende da causa.
de predizer o diagnóstico de choque com precisão,
Dividida em:
a combinação da clínica,com a hemodinâmica e
- Cardiomiopatia: incluem infarto do miocárdio da PVC e do RV, e, consequentemente, ao
envolvendo mais de 40% do miocárdio do aumento do DC. Com isso, o tratamento consiste
ventrículo esquerdo, infarto do miocárdio de em reposição volêmica + drogas vasopressoras.
qualquer tamanho se for acompanhado por - Choque séptico: A sepse é definida como
isquemia extensa e grave devido a doença resposta desregulada do hospedeiro à infecção.
coronariana multiarterial, infarto agudo do Choque séptico é sepse com necessidade de
ventrículo direito, exacerbação da insuficiência terapia vasopressora e presença de níveis
cardíaca em pacientes com cardiomiopatia dilatada elevados de lactato, apesar da ressuscitação
grave subjacente, miocárdio atordoado após volêmica adequada.
parada cardíaca, isquemia prolongada ou Além disso, há SIRS (pós operatório, pancreatite,
circulação extracorpórea, depressão miocárdica grande queimado, politrauma), neurogênico,
por choque séptico ou neurogênico avançado e anafilático, endócrino e por cianeto e monóxido de
miocardite. carbono.
- Arrítmica: tanto as taquiarritmias atriais (FA e
Flutter) e ventriculares (taqui e FV) quanto as
bradiarritmias podem induzir hipotensão. Bloqueios
- Mecânica: insuficiência valvar aórtica ou mitral
grave, defeitos valvares agudos (ruptura de um
músculo papilar ou de cordoalhas tendíneas),
dissecção retrógrada da aorta ascendente, ruptura
aguda do septo interventricular, mixomas atriais e
ruptura do aneurisma da parede livre ventricular
são causas de choque cardiogênico.
- Otimização da
oxigenação: A
administração de O2
suplementar deve ser
iniciada precocemente,
para aumentar o
fornecimento de oxigênio
aos tecidos e prevenir
hipertensão pulmonar.
Sempre monitorando pela gasometria arterial.
Pacientes com dispneia grave, hipoxemia,
acidemia grave e persistente ou com rebaixamento
do nível de consciência são elegíveis para
ventilação mecânica invasiva. Esse tipo de
ventilação reduz a demanda de O2 dos músculos
respiratórios e diminui a pós-carga ventricular
esquerda. Antes de intubar, deve-se otimizar a
Outra forma de otimizar a pós-carga é reduzi-la no
hemodinâmica do paciente, para evitar piora da PA
contexto de choque cardiogênico, pois facilita o
e da perfusão periférica após a intubação
funcionamento da bomba cardíaca. Para isso,
orotraqueal. O ideal é utilizar sequência rápida de
utiliza vasodilatadores endovenosos, como a
intubação com etomidato ou quetamina EV,
nitroglicerina e o nitroprussiato de sódio. Mantendo
associados a um bloqueador neuromuscular, como
uma PAS acima de 90 mmHg.
succinilcolina ou
rocurônio EV. Mas a dose
dos indutores no paciente
chocado deve ser
reduzida, pois pode piorar
o choque, e a dose dos
bloqueadores deve ser
aumentada, já que o
paciente está
hipoperfundido,
necessitando de doses
OBS: Apesar do nitroprussiato de sódio não
maiores para um bloqueio efetivo.
causar efeito na perfusão coronariana, ser tóxico
A ventilação não invasiva tem uma limitada
às gestante, ele é mais potente hipotensor.
utilidade no tratamento de choque, porque a sua
falha pode resultar rapidamente em insuficiência
respiratória e parada cardíaca.
Mas a maioria das descompensações de IC ocorre -Tromboembolismo pulmonar Início abrupto com
por falta de aderência ao tratamento farmacológico dor torácica e dispneia. Suspeita de TVP.
ou às medidas dietéticas. - Pneumonia: Febre, leucocitose, mialgia, dor
pleurítica
A avaliação das comorbidades do paciente traz - Pneumotórax: Dor torácica, tórax silente,
informações importantes para a tomada de decisão timpanismo a percussão, desvio da traqueia
no departamento de emergência. Fragilidade em - Dissecção de aorta: Dor torácica súbita,
especial é uma comorbidade comum nos idosos. diferença de pressão entre os dois membros
Fragilidade é associada com status e reserva - Pericardite ou tamponamento pericárdico:
funcional reduzidos, pior resposta às medidas Edema periférico, distensão jugular, bulhas
terapêuticas e prognóstico reservado. abafadas, complexos QRS em ECG de baixa
Outras comorbidades importantes na voltagem.
insuficiência cardíaca:
- Cardiovascular: coronariopatia, fibrilação atrial, TRATAMENTO
acidente vascular cerebral (AVC), doença vascular A abordagem inicial de pacientes com ICAD
periférica, doença valvar, hipertensão. depende do grau e do tipo de descompensação da
- Sistêmica: diabetes mellitus (DM), insuficiência IC e da pressão arterial inicial do paciente.
renal, insuficiência hepática, doença pulmonar Podemos classificar os pacientes que chegam
obstrutiva crônica (DPOC), infecção, apneia do ao DE em quatro subgrupos distintos de acordo
sono, deficiência de ferro, doenças reumatológicas, com o grau de congestão e com o grau de
amiloidose, câncer, tireoide. perfusão tecidual:
- Condições gerais: obesidades, desnutrição,
fragilidade.
- Psicossocial: demência, depressão, abuso de
substância, tabagismo, etilismo, suporte
inadequado social e não aderência.
DIAGNÓSTICO
Em geral, é clínico, com base em Framingham,
mas alguns exames laboratoriais e de imagem
podem ser necessários:
- ECG
- Radiografia de tórax Os objetivos iniciais são estabilização
- Exames laboratoriais (função renal, eletrólitos, hemodinâmica, melhora da oxigenação e da
hemograma completo, urina 1. ventilação e resolução ou alívio dos sintomas.
OBS: BNP! Deve-se tentar encontrar fatores
descompensadores da IC e o tratamento orientação sobre a causa da descompensação e
específico deve ser realizado sobre comorbidades e reforçar medidas educativas
sobre insuficiência cardíaca em geral.
A) Avaliar outras causas para os sintomas. - Segundo caso, os pacientes podem ter melhora
A maioria dos pacientes não tem necessidade de inicial, mas sem atingir alvo satisfatório. As ações a
internação, e deve-se titular medicações de serem consideradas são: doses mais altas de
insuficiência cardíaca (drogas que reduzem a diurético, associar segunda classe de diurético;
mortalidade) e considerar diagnósticos diferenciais. vasodilatador EV; revisar mudanças terapêuticas
Conhecendo-se o(s) fator(es) desencadeante(s) da recentes, reavaliar comorbidades; reavaliar
IC, o tratamento específico destes fatores deve ser diagnósticos diferenciais;interconsulta cardiológica;
realizado. rever objetivos; considerar cuidados paliativos.
- Terceiro caso, os pacientes não melhoram ou
B) DIU + Vasodilatadores. até apresentam piora do quadro clínico. As ações a
Diuréticos de alça: melhoram a congestão e a serem consideradas são: doses mais altas de
dispneia e têm ação vasodilatadora imediata. diurético, associar segunda classe de diurético;
Furosemida, pode ser associada a diurético monitorização invasiva; cateterismo de câmaras
tiazídico e espironolactona se houver resposta direitas; iniciar inotrópico ou vasopressor; instalar
insatisfatória. dispositivo de assistência ventricular; considerar
Os vasodilatadores parenterais diminuem a pré e a transplante cardíaco; reavaliar comorbidades;
pós-carga e podem ser utilizados de acordo com a reavaliar diagnósticos diferenciais; interconsulta
pressão arterial com administração oral (IECA, cardiológica ou insuficiência cardíaca avançada;
BRA ou hidralazina e isossorbida) ou parenteral e considerar cuidados paliativos.
incluem: nitroglicerina, uso preferencial na
isquemia miocárdica, e nitroprussiato. INDICAÇÃO DE INTERNAÇÃO, UTI e ALTA
HOSPITALAR
C) Inotrópico + vasodilatadores (PAS > 90). Não é toda IC descompensada que necessita de
Se PAS < 90 deve-se usar a noradrenalina primeiro internação hospitalar, mas 80% das internações
para normalizar a pressão arterial. por IC originam-se no departamento de
Em relação ao inotrópico, pode-se usa a emergência. A principal razão de internação é para
dobutamina. tratamento de congestão e em frequências
menores para insuficiência respiratória, choque
D ou L) Hidratação venosa. cardiogênico, taquicardia ventricular incessantes
A maioria encontra-se hipovolêmica (abuso de ou necessidade de terapia urgente. Alguns
diurético). pacientes com razão de descompensação óbvia
Reposição volêmica em geral é o suficiente para como um lapso no uso de diurético podem ser
tratamento. tratados no DE com alta após. Poucos parâmetros
Casos em que não haja melhora, com sinais de são definidos para esta indicação, mas diferentes
baixo débito: inotrópicos conforme necessidade. diretrizes sugerem as seguintes indicações para
internação hospitalar:
- Alteração na perfusão: FRIO 1. Pacientes com insuficiência cardíaca e
- Congestão: ÚMIDO primodiagnóstico ou primodescompensação.
- Pior prognóstico: FRIO + ÚMIDO 2. Pacientes com ICC recorrente complicada por
- O perfil do paciente com (IC) descompensada na eventos ou situações clínicas agudas graves (IAM
emergência mais comum é o paciente B (bem recente, edema agudo de pulmão, hipotensão,
perfundido e congesto). TEP, arritmias sintomáticas etc.).
3. Dispneia ao repouso com congestão
TRAJETÓRIA DOS PACIENTES NA URGÊNCIA significativa.
Pacientes podem apresentar três trajetórias: 4. Piora da função renal.
- Primeiro caso, apresentam melhora dos 5. Alterações hidroeletrolíticas potencialmente
sintomas após terapia inicial, por exemplo, melhora graves, como níveis de potássio maiores que 7
da congestão, estáveis hemodinamicamente e sem mEq/L ou com expressão eletrocardiográfica.
complicações. Esses pacientes devem realizar a 6. Arritmias cardíacas, alterações hemodinâmicas
transição para terapia oral, otimizar a terapia significativas ou pós-PCR ou arritmia ventricular
domiciliar de insuficiência cardíaca, receber maligna.
7. Síndrome coronariana aguda associada.
8. Síncope associada.
9. Intoxicação digitálica.
10. Hipoxemia.
11. Tempestade elétrica.
12. Indicações relativas: informação limitada sobre
a doença, regime de tratamento domiciliar
inadequado, aderência comprometida ao
tratamento.