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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS - CAMPUS A. C.

SIMÕES
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
SETOR DE FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA
DISCIPLINA DE FARMACOLOGIA

Fármacos antidepressivos

Maceió - AL
2015
Fármacos antidepressivos

Sumário

Introdução: Transtornos depressivos


1. Depressão e os antidepressivos
2. Teorias sobre a depressão
2.1 Teoria da neuroplasticidade e efeitos tróficos
2.2 Teoria neuroendócrina
2.3 Teoria monoaminérgica
3. Neurotransmissão
3.1 Serotoninérgica
3.2 Catecolaminérgica
Fármacos antidepressivos

Sumário

4. Farmacoterapia
4.1 Inibidores da Monoaminoxidase (IMAO)
4.2 Antidepressivos tricíclicos (ADT)
4.3 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)
4.4 Antidepressivos atípicos
4.5 Estabilizantes de humor
Referências
Considerações finais
Caso clínico.
Fármacos antidepressivos

Introdução
Transtornos depressivos

Müller et al. (2008): Anos 50 – de 50 a 100 casos em 1.000.000


2004 – 100.000 casos em 1.000.000.

OMS: 2030 a depressão será a doença mais prevalente e


com maior risco de suicídio.

Pocceli et al. (2011) – 18% de prevalência mundial


Transtorno mental mais incapacitante e dispendioso
Fármacos antidepressivos

1. Depressão e os antidepressivos

• A depressão é afecção psiquiátrica extremamente comum, sobre a


qual existem muitas teorias neuroquímicas;

• Quadro clínico;

• Classificação;

• Empirismo terapêutico;

• Modelos animais.
Fármacos antidepressivos

2. Teorias sobre a depressão


2.1 TEORIA DA NEUROPLASTICIDADE E EFEITOS TRÓFICOS

A depressão associa-se à perda neuronal no hipocampo e córtex


pré-frontal e os diferentes antidepressivos atuariam por inibição
ou reversão dessa perda por estimularem a neurogênese.

http://psychcentral.com/news/52689.html

BDNF – Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro


Neurotransmissão glutamatérgica
Fármacos antidepressivos

2. Teorias sobre a depressão


2.2 TEORIA NEUROENDÓCRINA

A hiperfunção do CRH, bem


como a hipofunção das
monoaminas, pode associar-
se à depressão.

TANNO, A. P.; MARCONDES, F. K. Estresse, ciclo reprodutivo e sensibilidade cardíaca às


catecolaminas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.38, n.3, p.  273-289, 2002.
Fármacos antidepressivos

2. Teorias sobre a depressão


2.3 TEORIA MONOAMINÉRGICA

A depressão resulta de uma diminuição patológica


na neurotransmissão de serotonina, noradrenalina e/ou dopamina.

↓ [NA], [DA], [5-HT]

OBS: Déficits representam depressão enquanto excessos representam mania.


Fármacos antidepressivos

3.1 Neurotransmissão serotoninérgica

GOLAN, D. E.; TASHJIAN-JÚNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, A.


W. Princípios de Farmacologia – A base fisiopatológica da Farmacoterapia. 2.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fármacos antidepressivos

3.2 Neurotransmissão catecolaminérgica


1.

Ca+2
Na+
2. 3.

Tecido pós-sináptico
Ca+2 V
Na+
9.
6.
N
A COM
5. T
7.
N
DOPA Dopamina A

MAO
N N N
A N
L- A A
A
4.Tirosina
Na+
8.
Fármacos antidepressivos

4. Farmacoterapia

• Inibidores da monoaminoxidase (IMAO);

• Antidepressivos tricíclicos (ADT);

• Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS);

• Antidepressivos atípicos;

• Estabilizantes do humor.
Fármacos antidepressivos

4.1 Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)

• Primeiramente introduzidos na clínica;


• O efeito de uma única dose perdura por vários dias;
• MAO-A e MAO-B;
• Múltiplas interações medicamentosas.

IMAO não-seletivos IMAO-A IMAO-B


FENELZINA MOCLOBEMIDA SELEGILINA
TRANILCIPROMINA TOLOXATONE
IPRONIAZIDA
Fármacos antidepressivos

4.1 Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)

• Aspectos farmacocinéticos

Bem absorvidos
Lipofílicos por via Metabolização Excreção renal
oral hepática
(interações)
Fármacos antidepressivos

4.1 Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)

• Mecanismo de ação
IMAO

X
MAO
COM
T
5-
HT

Tecido pós-sináptico
N
A 5-
HT

N 5-
N A HT N
A A

N N 5-
N A A HT
A Na+
Fármacos antidepressivos

4.1 Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)


• Efeitos adversos
Distúrbios
neuropsíquicos

Efeitos
Efeitos anticolinérgicos
cardiovasculares

Distúrbios
neuroendócrinos

http://pt.dreamstime.com/imagem-de-stock-royalty-free-corpo-humano
Fármacos antidepressivos

4.1 Inibidores da monoaminoxidase (IMAO)


Alimentos ricos em Tiramina
• INTERAÇÕES – Tiramina
“Reação do Queijo”
IMAOs

MAO
X
5-
N HT
Tiramin A 5-
a HT

L- DOPA Dopamina 5-
N
Tirosina A HT N
A
N
A N N 5-
N A A HT
L- A Na+
Tirosina
Fármacos antidepressivos

4.2 Antidepressivos tricíclicos (ADT)


• Introduzidos na clínica após IMAO;
• Alta latência para os efeitos terapêuticos;
• Efeitos adversos similares aos IMAO;
Imipramina

- AMITRIPTILINA
- NORTRIPTILINA
M1 M3
- IMIPRAMINA
- CLOMIPRAMINA
- AMOXAPINA
H1 α1 Amitriptilina

OBS: dessensibilização de receptores 5-HT2, β2-adrenérgicos.


Fármacos antidepressivos

4.2 Antidepressivos tricíclicos (ADT)

• Mecanismo de ação

COM
MAO T
5-
HT

Tecido pós-sináptico
N
A 5-
HT

N 5-
N A HT N
A A

X
N N 5-
N A A HT
A Na+

ADTs
Fármacos antidepressivos

4.2 Antidepressivos tricíclicos (ADT)

• Aspectos farmacocinéticos
- Rápida absorção por via oral;
- Alta taxa de ligação às proteínas plasmáticas;
- Extenso metabolismo hepático;
- Eliminação renal.

• Interações medicamentosas
- IMAO;
- AAS;
- Anti-hipertensivos.
Fármacos antidepressivos

4.3 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)

• Maior índice terapêutico dentre os antidepressivos;


• Antidepressivos de escolha para idosos, pacientes com distúrbios
cardiovasculares e/ou em uso de polifarmácia;
• Não causam reação do queijo nem efeitos anticolinérgicos.

- FLUOXETINA
- PAROXETINA
- SERTRALINA
- CITALOPRAM
- AMINOXAPINA
Fármacos antidepressivos

4.3 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)

• Mecanismo de ação

Adaptado de: DEL-BEM, C.M. Neurobiologia do transtorno de personalidade anti-social. Revista de psiquiatria clínica, v.32, n.1, p. 27-36,  2005.
Fármacos antidepressivos

4.3 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)

• Farmacocinética
- Bem absorvidos por via oral;
- Alta taxa de ligação às proteínas plasmáticas;
- Paroxetina e Fluoxetina: inibição enzimática
Aumentam a toxicidade dos ADTs e de fármacos com baixo IT;

• ISRS + IMAO = SÍNDROME SEROTONINÉRGICA


- Hipertermia, rigidez muscular, mioclonias, tremor, colapso
cardiovascular e MORTE.
Fármacos antidepressivos

4.3 Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS)

• Efeitos adversos

- Diminuição da libido e impotência sexual;

- Distúrbios do movimento – acatisia;

- Distúrbios do TGI (êmese e náuseas)


Sertralina: diarréia
Paroxetina: constipação

- Não recomendado a pacientes < 18 anos


Excitação, insônia e agressividade;
Aumento das ideias suicidas;
Fármacos antidepressivos

4.4 Antidepressivos atípicos

• VENLAFAXINA
- Inibe a recaptação de NA e 5-HT, sendo sua eficácia para este
menor que ISRS.

• MIRTAZAPINA
- Potencializa a neurotransmissão noradrenérgica pelo bloqueio em α2
e aumenta neurotransmissão serotoninérgica mediada por 5-HT1,
bloqueando receptores 5-HT2 e 5-HT3.

• MILNACIPRAM
- Inibe a recaptação de NA e 5-HT
Fármacos antidepressivos

4.4 Antidepressivos atípicos

• SIBUTRAMINA
- Inibe a recaptação de NA, entretanto seus metabólitos ativos
agem inibindo a recaptação de NA e 5-HT;
- Anorexígena.

• BUPROPRIONA
- Inibidor relativamente seletivo da recaptação de NA e DA,
com mínimo efeito sobre a recaptação de 5-HT;
- Terapia antitabagista.
Fármacos antidepressivos

4.5 Estabilizantes do humor


• Controlam as oscilações do humor;
• Latência menor do que os antidepressivos;
• Episódio agudo: somente reduz mania – antipsicóticos.

• PRINCIPAIS FÁRMACOS:
• 0,5 – 1,5 mmol/L;
• Disfunção tireoidiana;
- LÍTIO
• Nefrotoxicidade;
- GABAPENTINA
• Disfunções neuroendócrinas;
- VALPROATO • Disfunção muscular, convulsões.
- RISPERIDONA
- OLANZAPINA
Fármacos antidepressivos

Referências
• DEL-BEM, C.M. Neurobiologia do transtorno de personalidade anti-social. Revista de
psiquiatria clínica, v.32, n.1, p. 27-36,  2005.

•GOLAN, D. E.; TASHJIAN-JÚNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, A. W. Princípios


de Farmacologia – A base fisiopatológica da Farmacoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2007.

• MÜLLER, H.J.; BITTER, I.; BOBBES, J.; FOUNTOULAKIS, K.; HOSCHL, K.; KASPER, S. Position
statement of the European Psychiatric Association on the value of antidepressants in the treatment
of unipolar depression. European Psychiatric, v. 27, p. 114-128, 2008.

• OMS – Organização Mundial da Saúde, 2008. The global burden of disease: update 2004.
Disponível em http://www.who.int/topics/global_burden_of_disease/en. Acessado em abril de 2015.

• POCELLI, S.; DRAGO, A.; FABBRI, C.; SERRETI, A. Mechanisms of antidepressant action: na
integrated dopaminergic perspective. Progress in Neuro-psychopharmacology & Biological
Psychiatric, v. 35, p. 1532-1543, 2011.

TANNO, A. P.; MARCONDES, F. K. Estresse, ciclo reprodutivo e sensibilidade cardíaca às


catecolaminas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.38, n.3, p.  273-289, 2002.
Considerações Finais
Fármacos antidepressivos

Bibliografia Básica

Leitura complementar:
BUENO, J. R. A era dos antidepressivos – Revisão sobre a escolha
de um antidepressivo na prática clínica. Revista Debates em
Psiquiatria Clínica, v. 1, n. 1, p. 6-14, 2011.
Fármacos antidepressivos

Caso clínico
Paciente
M. R., 27 anos, sexo feminino.

Histórico da doença atual


A Sra. M. lamenta-se de que vem sendo atormentada por sentimentos
constantes de tristeza e por uma sensação de desamparo e inadequação
no trabalho. Refere-se ter perdido 8kg no último mês. Sente-se tão mal
que não consegue ter uma boa noite de sono há mais de um mês. Não
sente mais prazer na vida e, recentemente, ficou assustada quando sua
mente foi invadida por pensamentos suicidas. A Sra. M. confessa ao Dr.
Lee que ela já se sentiu assim há algum tempo, mas que isso passou.

Diagnóstico
Transtorno depressivo maior, prescrição de Fluoxetina.

Adaptado de: GOLAN, D. E.; TASHJIAN-JÚNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, A. W. Princípios de
Farmacologia – A base fisiopatológica da Farmacoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fármacos antidepressivos

Caso clínico
Quadro clínico atual
Duas semanas depois, a Sra. M. telefona para dizer que o medicamento não
está surtindo efeito. O Dr. Lee a incentiva a continuar tomando o
medicamento e, depois de mais 2 semanas, a paciente começa a sentir-se
melhor. Os sentimentos ruins que antes a atormentavam diminuíram. Não
sente mais a necessidade de tanto sono, e está sempre com muita energia.
Acrescenta orgulhosamente a seu médico que ela há pouco tempo comprou
um novo carro esporte e fez muitas compras.

Conduta clínica
Prescrição de lítio e redução da dose de Fluoxetina. A Sra. M., entretanto,
hesita em tomar a nova medicação, argumentando que está se sentindo
muito bem e que está preocupada com os efeitos colaterais do lítio.

Adaptado de: GOLAN, D. E.; TASHJIAN-JÚNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, A. W. Princípios de
Farmacologia – A base fisiopatológica da Farmacoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fármacos antidepressivos

Caso clínico

QUESTÕES �

1.Em que difere um episódio depressivo do estado de sentir-se


ocasionalmente triste? �
2.Como a fluoxetina atua? �
3.Por que existe retardo no início do efeito terapêutico da
fluoxetina? �
4.O que causou a mania da Sra. M.? Por que é necessário tratar o
transtorno afetivo bipolar se a paciente “sente-se bem”? �
5.Que preocupações específicas poderia ter a Sra. M. sobre os
efeitos adversos do lítio?

Adaptado de: GOLAN, D. E.; TASHJIAN-JÚNIOR, A. H.; ARMSTRONG, E. J.; ARMSTRONG, A. W. Princípios de
Farmacologia – A base fisiopatológica da Farmacoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
Fármacos antidepressivos

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