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Fundamentos da reabilitação

neuropsicológica
 Reabilitação é a ação e o efeito de reabilitar. Este
verbo refere-se ao fato de restituir alguém ou algo
ao seu antigo estado, habilitando-o de novo.
  Trabalho gratificante ou frustrante.
 Necessário um supervisor.
 Teoria e prática são ações que devem estar bem
interligadas(Guirardi,1999).
 Reabilitação podem ser feito por vários
profissionais, de forma que contribui para a
melhoria do cliente
Um modelo de reabilitação

• Prática centrada no cliente – Quem recebe o serviço é parte


ativa (não paciente) do tratamento.
• O ponto fundamental da Reabilitação deve ser funcional. As
ações de reabilitação devem ser nos ganhos funcionais do
cliente.
• A busca na reabilitação maneiras de colocar a vida na pratica.
• O modelo é centrado no conceito “da pratica centrada no
Cliente” de Carl Rogers.
Lista dos Princípios que guiam a pratica
centrada no Cliente:
 Prática baseada nos valores e nas escolhas do cliente, quando possível
 Ouvir o cliente
 Facilitar para que as expectativas do cliente sejam alcançadas;
 Dar suporte para examinar riscos e consequências;
 Respeitar o estilo do ciente ao lidar com mudanças;
 Guiar o cliente e familiares para identificar as necessidades no tratamento;
 Encorajar ativamente a participação do ciente no tratamento e planejamento do programa.
 Providenciar informações que auxiliem o cliente a fazer escolhas;
 Prover comunicação clara e aberta
 Engajar os clientes em seus pontos fortes.
Expressões usadas em reabilitação

 Atividade, tarefas , exercício e ocupação.


 Ser objetivo facilita um trabalho de qualidade.
 Podemos usar atividades especificas como estratégias de
treino cognitivo, desde que entendo qual a real finalidade
delas.
Ocupações

 [...]Ocupações são quaisquer atividades humanas ou tarefas organizadas para


preencher uma função particular[...]
 Devem ser usadas como meio terapêutico, fonte de propósito, significação e
escolha do cliente.
 É uma necessidade humana básica e é determinante de saúde.
 Atividades, exercícios, tarefas e ocupações devem ser usadas como recurso
de intervenção
Sistemática de reabilitação

Por sistemática, entende-se: todas as etapas, fases e caminhos possíveis da


reabilitação.
O percurso que o cliente percorre dentro da instituição é estabelecido desde o
começo.
O Encaminhamento

 No Brasil clientes chegam à reabilitação de várias maneiras.


Nessa etapa, a equipe ou o terapeuta deve fazer uma triagem para
determinar-se o cliente vai ou não se beneficiar com a reabilitação
neuropsicológica.
 Cada hospital e cada terapeuta tem os seus critérios, que podem
ser imposto pela política do serviço, por uma legislação ou
estabelecidos pelas práticas profissionais. (CAOT, 2002)
A avaliação

 A avaliação contém todos os componentes do desempenho


ocupacional do cliente, as condições para a realização de
ocupações e um relato detalhado dos pontos fortes dele.
Não são exclusivos para a condução do plano de
reabilitação a descrição das dificuldades funcionais. Os
dados de avaliação são coletados de várias formas e de
maneiras diferentes.
Os componentes das avaliações incluem: identificação de problemas,
recomendação de serviços, comunicação de resultados para clientes,
familiares e outros profissionais relevantes. Os serviços de reabilitação
precisam ter recursos suficientes para que se tenha quantidade e
variedade de ferramentas de avaliação, que podem ser genéticas ou
instrumentos especializados, padronizados ou não.
 Segundo Wheatley, três linhas guias devem ser estabelecidas nas
avaliações:

1. Identificar componentes de uma habilidade especifica para ser avaliada e


comparada.
2. Observar o cliente em diferentes cenários e atividades. O desempenho
ocupacional pode ser afetado de acordo com as condições para a
realização da atividade.
3. Ao usar testes padronizados, estabelecer a linha de base para as medidas.
Considerar a frequência e a severidade do problema.
Identificação e negociação dos objetivos

 Os objetivos devem ser funcionais e priorizados de acordo com o modelo centrado no


cliente. Deve-se estabelecer prazos para alcançar metas de tratamento que podem ser a
curto, a médio e a longo prazo. Assim, você consegue ter claro o que vai acontecer nas suas
intervenções, e seu cliente vai aderir ao tratamento com mais facilidade. Falar é fácil, mas
na prática alcançar tais objetivos depende tanto do terapeuta quanto do paciente. O seu
papel  é motiva-lo a alcançar as metas pré-estabelecidas, dando reforços positivos e
provendo experiências de sucesso. Por exemplo, imagine um cliente que tem como um dos
objetivos ter independência ao manejar dinheiro. O primeiro objetivo vai ser reconhecer as
notas, depois separá-las depois agrupá-las e assim sucessivamente. Esses objetivos são
funcionais e fazem parte de um objetivo maior: manejar dinheiro significa ser capaz de
fazer outras tantas atividades pessoais e sociais.
 Um cliente motivado é um cliente que tem alto índice de sucesso na
reabilitação. O terapeuta não pode ser aquele que dita o que deve ser feito ou
não no tratamento, mas ser assertivo e congruente com os objetivos deste, o
reabilitador é um facilitador.  ​
Os objetivos podem ser alterados e modificados se outras
intercorrências acontecem, tais como novas medicações, eventos importantes
e/ou impactantes da vida pessoal do paciente interferem nos objetivos da
reabilitação. O quadro clínico da doença também interfere a perspectiva do
tratamento, e a abordagem teórica do terapeuta pode mudar. Por
exemplo, clientes com quadros neurodegenerativos precisam de terapeutas
que saibam "dançar conforme a música", ou seja, terapeutas que
sejam capazes de, rapidamente, alterar abordagens e criar novos objetivos. ​
Seleção de abordagens e métodos de
intervenção
 Ao selecionar uma abordagem de tratamento para otimizar habilidades cognitivas e ocupacionais,
o terapeuta deve perguntar- se várias questões sobre o cliente e sobre os resultados que precisam
ser alcançados. Após responder a essas questões, inicia-se a seleção da abordagem. Na prática, é
quase impossível separar uma abordagem da outra. Não raro, tentam-se duas ou mais
abordagens simultaneamente. Várias abordagens de tratamento são propostas na literatura da
reabilitação neuropsicológica. As abordagens mais usadas são: ​
Abordagem remediativa - treino cognitivo; os esforços terapêuticos tem o objetivo de
restaurar capacidades cognitivas por meio de prática, exercício e simulação (Wilson, 1997), na
esperança de que esses ganhos cognitivos se traduzam em melhorias nas tarefas e atividades ás
quais essas capacidades se relacionem (Randomski, 1994). Nessa abordagem, o terapeuta
identifica domínios cognitivos que estão deficitários, tais como atenção ou memória, e provê
exercícios sequenciados. Tipicamente, para o treino cognitivo, são usados atividades de esa, com
papel e lápis, e atividades e exercícios em computador e jogos. Todas essas atividades têm como
objetivo de atacar a capacidade cognitiva que está deficitária.
 O grande desafio dessa abordagem é, no entanto, tornar possível a transferência
das atitudes e estratégias aprendidas para a vida prática do cliente. Um
treino cognitivo sem possibilidade de generalização para a vida prática não é de
grande valia (Sohlber & Mateer, 1989). Conforme o cliente vai progredindo, o
nível de dificuldade e complexidade do treino aumenta, sempre promovendo
experiências de sucesso no treino. O uso da abordagem remediativa sugere que o
treino cognitivo melhora os mecanismos biológicos de recuperação cerebral e
facilita a reorganização dos circuitos cerebrais independentemente do tempo
após a lesão. Há evidências de que a prática do treino cognitivo nas áreas de
atenção e memória está correlacionada com a melhoria dessas áreas em
testagens neuropsicológicas. Segundo Bolognani e Fabrício (2006), nesse tipo de
abordagem, os procedimentos devem envolver atividades específicas não
somente para uma melhora da função intelectual, mas também com metas
objetivas de melhora funcional que influenciem diretamente a vida diária
do cliente.
INTERVENÇÕES USADAS NA ABORDAGEM
REMEDIATIVA

 1. Treino de Atenção e Memória; pode ser feito com materiais simples (como papel e lápis) ou com
pranchas de figuras/palavras sequenciais. Há também alguns programas computadorizados. O cliente
aprende estratégias para conseguir aumentar o tempo atencional ou relembrar o maior número de estímulos.
Outros objetivos pode ser traçados com esse treino, dependendo de cada programa. Usa-se repetição, ensaio,
estratégias e pistas com a finalidade de alcançar sucesso crescente.​
 2. Treino de Memória de Faces; usam-se materiais como fotos, desenhos, pranchas com nomes,
pranchas com características, com a finalidade de lembrar nomes e características de pessoas importantes
para a vida do cliente – desde o nome de um familiar até o nome de um político ou personalidade.​
 3. Treino de Orientação Espacial; utilizam-se mapas e diagramas que progridem de
dificuldade constantemente.​
 4. Treino de Praxias; manejo e aperfeiçoamento de uma função ocupacional específica. Envolve o treino
sequenciado e concreto usando técnicas de encadeamento de ações. A formação das cadeias de atividades
progride em dificuldade e complexidade. Por exemplo, treino de escrita.
Abordagem adaptativa ou compensatórias.
A abordagem adaptativa é uma intervenção que envolve os impedimentos ou dificuldades do cliente. Foca-se
nas capacidades que estão intactas a fim de desenvolver métodos compensatórios par as funções deficitárias.
Algumas técnicas Compensatórias usadas na reabilitação:
 Ensaio e antecipação: Cliente repete em voz alta o que precisa ser feito e memorizado, testa recursos antes
das tarefas;
 Visualização: imagem mental do que precisa ser feito;
 Elaboração semântica: o cliente consolida criando pequenas histórias e frases;
 Estratégias de processamento: planeja ações a serem feitas, estabelece etapas nas atividades;
 Uso de Conhecimento e vivência prévia: uso das experiencias e vivencias de vida pra aprender/reaprender;
 Treinamento metacognitivo: Cliente usa tarefas de avaliação, predição de consequências, formulação de
objetivos, automonitoramento de desempenho, autocontrole e iniciativa;
 Planejamento básico e complexo: uso de checklist para engajar atividades.
 Uso do Ambiente externo: treina habilidades em ambiente familiar a ele ou simula situações reais para
facilitar a generalização do tratamento.
Abordagem Mista

 Essa abordagem combina atividades, tarefas e ocupações


das duas abordagens adaptativa e remediativa.
 Na pratica é buscar resultados funcionais o mais rápido
possível que beneficie nosso cliente, Inter mesclando as
abordagem.
PLANO DE AÇÃO E IMPLANTAÇÃO DAS
INTERVENÇÕES DE REABILITAÇÃO
PLANO DE AÇÃO
QUAL É O CONCEITO DE PLANO?

 Plano é uma intenção ou um projeto, trata-se de um modelo sistemático que se elabora antes de realizar uma ação.

 Saiba o que você vai oferecer para o cliente na sessão. Tenha um repertório de materiais e atividades.

 Sessão de reabilitação não é psicoterapia.Não espere que o cliente vá trazer conteúdos obscuros que precisam ser
trabalhados.

 Motive-os a descobrir o que precisa ser tratado objetivamente.

 O plano de ação é essencial para que o processo tenha êxito.


O QUE DEVE CONTER NO PLANO DE AÇÃO
 Informação provinda do cliente-alteração do quadro, condições ambientais e informações pessoais
 Freqüência e duração do tratamento
 Foco nos elementos de desempenho funcional, ou seja, o que se quer alcançar com determinadas
intervenções
 Nível de ajuda e tipo de auxílio necessário para a realização de atividades
 Seleção de materiais específicos
 Identificação de áreas-problema
 Raciocínio clínico para a intervenção
 Anotações de resultados prévios e expectativas
ATENÇÃO

 A psicoterapia é de extrema importância para a reabilitação, pois podem facilitar a


conscientização das dificuldades e serem auxiliares ao treino cognitivo e social.

 Na prática, o plano de ações é tudo aquilo que você, como terapeuta, traz para a equação do
tratamento.

 Um plano de ação envolve a documentação do que vai acontecer e do que aconteceu em sessões
de reabilitação do cliente.
 
Implantação das Intervenções de Reabilitação

Carvalho e Nomura (2004), com grande clareza, apontam as atitudes que o


terapeuta deve ter ao implementar as intervenções de reabilitação. Segundo as
autoras:
(...) o terapeuta precisa estar atento a alguns aspectos:
 o objetivo último do trabalho é conseguir que o cliente possa utilizar sozinho
qualquer estratégia, de modo independente e em seu ambiente natural. Nesse
sentido, é importante que o terapeuta oriente o cliente a se avaliar de forma
realista.
● Não se trata de “curar”um déficit ou uma lesão, mas sim de estimular habilidades
● Flexibilidade é um fator crítico. O terapeuta deve estar pronto a reconhecer que
muitas razões levam um indivíduo a falhar.
 É muito importante ensinar o cliente a “pensar alto”. É útil que o terapeuta atue
como modelo, falando alto por exemplo, como planeja enfrentar uma dificuldade.
 Compete ao terapeuta apresentar as tarefas de modo simples e objetivo segurando
sucesso
 Em cada nível antes de aumentar a complexidade.
 A variabilidade (mudança, oscilação) é esperada: o desempenho cognitivo é afetado
por inúmeros fatores e pode sofrer alterações em qualquer pessoa.
 Não se pode subestimar ou minimizar os efeitos da ansiedade, na medida em que ela
afeta o funcionamento cognitivo. O terapeuta precisa reconhecer a ansiedade e
ajudar o cliente a enfrentá-la.
Importante

 Na prática o reabilitador precisa ter paciência- apressar o processo


não funciona e demorar demais também não. No fundo devemos ter
bom senso e implementar intervenções com consistência e
segurança.
 O cenário da reabilitação é outro fator importante. Apesar de ser
mais confortável nos consultórios,nem sempre é possível ter uma
visão mais ampla do cliente nesse espaço.
Avaliação dos resultados
 Os resultados da reabilitação devem ser medidos na eficácia do programa
desenvolvido e devem ter uma linha qualitativa e outra quantitativa.
 Alguns critérios devem ser estabelecidos para serem tomadas as medidas de
resultados. Geralmente terapeutas utilizam das mesmas baterias de teste que foram
empregadas no começo da reabilitação.
 Mas importante do que resultados quantitativos é avaliar sem preconceito se você,
como terapeuta, está fazendo ou não um bom trabalho. Algumas condições
degenerativas tratadas em reabilitação não vão ter resultados quantitativos
satisfatórios, mas a qualidade de vida do seu cliente pode ter alterado imensamente.
 O contrário também pode acontecer: seu cliente pode ter resultados quantitativos
bons após algumas sessões , mas a vida prática dele pode está pior. O
funcionamento cognitivo é somente um dos fatores que afetam a vida prática.
 Paradigmas à parte, os resultados da reabilitação devem ser medidos na vida
prática.
Encaminhamento
 Se os resultados inicialmente estabelecidos não foram alcançados, deve-se pensar por
dois caminhos:
 1_ Levantar novas hipóteses para o problema e reiniciar o processo de
reabilitação OU
 2_ Encaminhar o cliente para outro tipo de ajuda.
 Por sua vez , se os resultados foram obtidos e não há outras questões a serem
endereçadas, então o cliente está apto para o encaminhamento em outras esferas
sociais.
 Somos essencialmente seres ocupacionais, nos apresentamos a partir do que
fazemos. A reabilitação possibilita o fazer – seja esse fazer adaptativo ou não – e é
um time do qual devemos nos sentir parte ao promover ações reabilitativas.
Considerações finais

 O conhecimento está sendo produzido em uma velocidade


muito grande. Precisamos dedicar tempo para estudar mais,
cuidar de nossos clientes e fazer da reabilitação a nossa
mais prazerosa ocupação.
 Giovanna
 Elessandra
 Taisa
 Emanuelly
 Joane
 Joselma

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