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Direito financeiro e tributário II

CCJ0031 - DIREITO FINANCEIRO e TRIBUTÁRIO II


Aula 4: Decadência e prescrição

AULA 4: DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO


Direito financeiro e tributário II
Temas/objetivos desta aula

Distinção entre decadência e prescrição

Características e peculiaridades

Modalidades de prescrição tributária

Principais questões controvertidas

AULA 4: DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO


Direito financeiro e tributário II
Decadência e prescrição

Razão de Direito

• Segurança jurídica, paz social, estabilidade das relações jurídicas;

• Distinção entre decadência, prescrição e imprescritibilidade:

• Direito subjetivo X Direito potestativo X Ações de Estado

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Direito financeiro e tributário II
Decadência

Conceito
• Perda do direito de lançar

• Lançamento como poder-dever X direito potestativo;

• Antes do lançamento somente ocorre a decadência.

• Súmula 153 do TFR: “Constituído, no quinquênio, através do auto de infração ou notificação


de lançamento, o crédito tributário, não há que se falar em decadência fluindo, a partir daí,
em princípio, o prazo prescricional que, todavia, fica em suspenso, até que sejam decididos
os recursos administrativos”.

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Direito financeiro e tributário II
Decadência

Regras específicas
• Termo inicial:

• Art. 173, I, do CTN: devemos identificar quando o lançamento já poderia ser realizado, e
começar a contagem a partir do primeiro dia do exercício seguinte (e não desde a ocorrência
do fato gerador).

• Pela contagem a partir do fato gerador, juntamos trecho de julgado do STJ.

“PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO (ART. 174 DO CTN). 1. Em Direito Tributário, o prazo
decadencial, que não se sujeita a suspensões ou interrupções, tem início na data do fato gerador,
devendo o Fisco efetuar o lançamento no prazo de cinco anos a partir desta data. (Resp
332.366/MG, 2ª T., rel. Min. Eliana Calmon, j. 19/02/2002).

• Veremos, a seguir, vários exemplos com a contagem pelo texto do CTN!

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Decadência

Contagem no lançamento de ofício – ex. IPTU


• Análise de caso concreto:

• Exemplo: último Fato Gerador ocorrido (01/01 deste ano).

• Termo inicial: 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento pode ser
efetuado. Como ele já pode ser efetuado no primeiro dia útil seguinte, o exercício
seguinte é o ano seguinte ao do fato gerador = (01/01 do ano que vem).

• Termo final: após cinco anos desta última data.

• Resultado: extinção pela decadência – art. 156 V 2ª parte CTN.

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Direito financeiro e tributário II
Decadência

Contagem no lançamento por homologação: Ex. IRPF


• Se o contribuinte declara e paga.

• Análise de caso concreto:

• Exemplo: último ano civil (01/01 a 31/12 do ano passado).

• Termo inicial: Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento pode ser
efetuado. Neste caso, o fisco deve esperar para que o contribuinte faça a sua declaração e
pague (ou inicie o pagamento parcelado) até o último dia útil de abril, e somente a partir do
primeiro dia útil de maio, do corrente ano, poderá lançar.
• Entretanto, uma vez que ele declara e paga, o prazo será de cinco anos para homologação do
lançamento, que se conta, nos termos do art. 150 §4º do CTN da ocorrência do fato gerador.
• Resultado: extinção pelo art. 156 VII do CTN (crédito satisfeito).

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Decadência

Contagem no lançamento por homologação: Ex. IRPF


• Se o contribuinte não declarar nem pagar.
• Análise de caso concreto:
• Exemplo: último ano civil (01/01 a 31/12 do ano passado).
• Termo inicial: Primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento pode
ser efetuado. Neste caso, o fisco deve esperar para que o contribuinte faça a sua
declaração e pague (ou inicie o pagamento parcelado) até o último dia útil de abril, e
somente a partir do primeiro dia útil de maio, do corrente ano, poderá ele lançar.
Assim, o termo inicial será o dia 01/01 do ano que vem.

• Termo final: após cinco anos desta última data.


• Resultado: extinção pela decadência – art. 156 V 2ª parte CTN.

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Decadência

Contagem no lançamento por homologação: Ex. IRPF


• Se o contribuinte não declarar nem pagar – Posição curiosa do STJ 5+5
• Análise de caso concreto:

• Exemplo: último ano civil (01/01 a 31/12 do ano passado).

• Cumulação os prazos dos arts. 150 §4º e 173 I do CTN: o termo inicial do prazo
decadencial é o termo final do prazo que a Fazenda teria para homologar se o
contribuinte houvesse declarado. O raciocínio decorre do fato de que se não houve
declaração e pagamento, não haveria homologação tácita.

• Termo final: após cinco anos desta última data.

• Resultado: extinção pela decadência – art. 156 V 2ª parte CTN.

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Decadência

Regras específicas

• Interrupção:

• Art. 173, II do CTN é uma verdadeira causa de interrupção, pois faz começar-se a
contar de novo o prazo de decadência.

• Decisão pode ser administrativa ou judicial.

• Vício formal: inerente ao procedimento do lançamento.

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Prescrição

Regras específicas
• Conceito: é a perda do direito de fiscalizar e cobrar o crédito tributário, ou seja,
promover a execução fiscal.
• Prescrição e solidariedade.
• Extingue o próprio crédito. Dá ensejo à repetição o pagamento de débito prescrito.
• Termo inicial: a partir da data da constituição definitiva do crédito.
• 1ª corrente: lançamento;
• 2ª corrente: lançamento que não pode mais ser reformado na via administrativa;
• 3ª corrente: lançamento que não pode mais ser reformado, nem na via judicial;
• 4ª corrente: inscrição na dívida ativa.

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Direito financeiro e tributário II
Prescrição

Regras específicas

• Impedimento: não se pode começar a contar o prazo de prescrição (são as mesmas causas
de suspensão que ocorrem antes do início do prazo de contagem).
• Suspensão: as causas de suspensão da exigibilidade suspendem a prescrição.
• Art. 2, §3º, da LEF: como se trata de lei ordinária, não pode tratar de matéria reservada à
Lei Complementar. Logo não se aplica ao crédito tributário.
• Art. 40 da LEF: trata, na realidade, de regulamentar o art. 174, parágrafo único, I, do CTN.
• Súmula 436 do STJ: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal
constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco”.

• O termo inicial será o vencimento para o pagamento do tributo declarado.

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Prescrição

Interrupção – art. 174, parágrafo único do CTN


• Despacho do juiz que ordenar a citação:

• Súmula 106 do STJ: “Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na
citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da
argüição de prescrição ou decadência.”

• Protesto judicial.

• Qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor.

• Ato inequívoco que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

• Súmula 248 do STJ: “O prazo da prescrição interrompido pela confissão e parcelamento


da dívida fiscal recomeça a fluir no dia que o devedor deixa de cumprir o acordo
celebrado”.

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Prescrição

Intercorrente: art. 40 LEF


• Suspensão da execução diante da hipótese em que não se encontra nem o devedor nem seus
bens.

• Abre-se vista à Fazenda Pública por um ano.

• Após este prazo, deve o juiz ordenar o arquivamento.

Súmula 314 do STJ: “Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o
processo por um ano, finco o qual inicia-se o prazo de prescrição quinquenal intercorrente.”

• Encontrados o devedor ou os bens, a execução seguirá.

• Caso contrário, após cinco anos, ocorrerá a prescrição, que o juiz poderá reconhecer de
ofício após ouvida a Fazenda, nos casos em que não há dispensa de executar.

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Art. 173. O direito de a Fazenda Pública


constituir o crédito tributário extingue-se ART 173, I CTN
após 5 (cinco) anos, contados: tributos sujeitos ao LANÇAMENTO DE
I - do primeiro dia do exercício seguinte OFÍCIO E LANÇAMENTO POR
àquele em que o lançamento poderia ter DECLARAÇÃO (MISTO); tributos
sido efetuado; sujeitos ao LANÇAMENTO POR
II - da data em que se tornar definitiva a HOMOLOGAÇÃO quando o
decisão que houver anulado, por vício contribuinte não realize o pagamento
formal, o lançamento anteriormente no prazo correto, ou no caso de dolo,
efetuado. de fraude ou de simulação;

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“Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos


tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de
antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
administrativa, opera‐se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco
anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo
sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera‐se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.”

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CASO PRÁTICO

Uma empresa foi autuada em novembro de 1994, evidenciando‐se que o


lançamento se realizou com vícios formais (os Auditores‐fiscais, por
exemplo, não intimaram o representante legal da contagem dos
estoques da autuada e não concederam o prazo legal para a
apresentação de documentos). Na ocasião, a empresa, inconformada,
ajuizou uma ação anulatória de débito fiscal, cuja decisão transitou em
julgado no dia 10 de junho de 2000, tendo o Juízo decidido pelo
cancelamento da autuação em razão dos mencionados vícios formais.
Sabendo‐se que, em 20 de abril de 2005, a empresa recebeu nova
autuação referente à mesma irregularidade cometida, PERGUNTA‐SE: A
FAZENDA TERIA DECAÍDO DO DIREITO DE EFETUAR O LANÇAMENTO?

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Saiba mais

Decadência e Prescrição

• Leia a monografia “Decadência e Prescrição do Crédito Tributário” de autoria de Nelson


Mallmann. Disponível em:
http://www.esaf.fazenda.gov.br/assuntos/biblioteca/arquivos_monografias/arquivo.2013-04-17.2
067487320
• Leia o artigo clássico “Critério científico para distinguir a prescrição da decadência e para
identificar as ações imprescritíveis”de Agnelo Amorim Filho. Disponível em:
http://www.direitocontemporaneo.com/wp-content/uploads/2014/02/prescricao-agnelo1.pdf

• Assista ao vídeo sobre decadência e prescrição do Saber Direito. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=LI1hf1OtaGI

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VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS?

Exclusão do crédito tributário;

Isenção: conceito, institutos afins,


classificações;

Anistia: conceito, institutos afins,


classificações.

AVANCE PARA FINALIZAR


A APRESENTAÇÃO.
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