Demanda Processo de Conhecimento Prof. Ms. Ana Luiza Quirino Definição Clássica
Segundo Plácido e Silva, demanda, derivada do verbo
latino demandare (confiar, cometer), significa o ato pelo qual uma pessoa confia ou entrega ao julgamento da justiça a solução do direito, que se encontra prejudicado ou ameaçado de perturbação, formulando, assim, o seu pedido, fundado no legítimo interesse de agir. (SILVA, 2010) Princípio da Demanda
“Art. 2º - O processo começa por iniciativa da
parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.” Segundo Didier Jr. (2009):
“O vocábulo “demanda” tem duas acepções:
a) é o ato de ir a juízo provocar a atividade jurisdicional (demanda-ato) e b) é também o conteúdo dessa postulação. Neste último sentido (demanda-conteúdo), demanda é sinônimo de ação concretamente exercida. Nesse contexto, a demanda (entendida como conteúdo da postulação) é o nome processual que recebe a relação jurídica substancial quanto posta à apreciação do Poder Judiciário. Inexistindo ao menos a afirmação de uma relação jurídica de direito material, inexistirá demanda-conteúdo e a demanda-ato será um recipiente vazio.” A demanda se identifica pela presença de seus elementos objetivos e subjetivos:
Objetivos: Causa de pedir (fundamentos de fato e de direito em
que se funda o pedido) e pedido (provimento jurisdicional postulado e o bem da vida que se almeja)
Subjetivos: Partes (sujeitos ativo e passivo)
Diferença entre Demanda e Lide
Buscando auxílio novamente em Plácido e Silva, podemos
conceituar lide como: “Derivado do latim lis, litis, quer o vocábulo significar contenda, questão, luta. [...]. Embora, por vezes, seja o vocábulo aplicado em sentido equivalente a demanda, traz consigo significação mais ampla: lide é a demanda já contestada ou aquela em que a luta entre as partes está travada. É a formação já do litígio, nem sempre ocorrente em toda demanda, quando o réu não vem contestar nem se opor às pretensões do autor. Lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida ou insatisfeita. (SILVA, 2010) Demanda x Ação
Ação é o ato jurídico consistente no efetivo exercício do direito de
ação, sendo, pois, concreto. É o poder que, ao longo de todo o devido processo, as partes (demandante ou demandado) possuem de praticar atos processuais (tais como o de dar início à atividade jurisdicional, o de recorrer, o de produzir provas), visando, ao final, ao julgamento favorável do mérito, amparado pela coisa julgada material. Demanda (na acepção demanda-ato) é o ato jurídico exclusivo do demandante, consistente no exercício do direito de ação, quando do impulso inicial da atividade jurisdicional, por intermédio da petição inicial. Por conseguinte, demanda-ato é uma das possíveis manifestações do poder de ação, é uma ação exclusiva do demandante. Petição x Demanda
“A relação entre petição inicial e demanda é a mesma que se
estabelece entre a forma e o seu conteúdo. Do mesmo modo que o instrumento de um contrato não é o contrato, a petição inicial não é a demanda. A demanda é um ato jurídico que requer forma especial. A petição inicial é a forma da demanda, o seu instrumento; a demanda é o conteúdo da petição inicial.” (Didier Jr., 2009) A petição inicial é o instrumento da demanda, a qual necessariamente introduz a afirmação da existência de (ao menos) uma relação jurídica de direito substancial, de forma que é “absolutamente fundamental” estarem presentes na exordial os elementos que compõem essa relação jurídica: o fato jurídico, o objeto e os sujeitos. (Didier Jr. 2009)