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RESUMO DE TEORIA GERAL DO PROCESSO (2)

Institutos fundamentais do processo: ação


*Elementos da ação: partes, causa de pedir e pedido
-Finalidade: permitir a identificação das ações para verificar se são idênticas,
semelhantes ou distintas
→Idênticas: litispendência (lide pendente) ou coisa julgada (a questão já foi
definitivamente resolvida). Nesses casos ocorre extinção do processo sem
resolução de mérito da segunda lide
→Semelhantes: conexão (analisa-se a causa de pedir e o pedido) ou
continência (analisa-se as partes, causa de pedir e pedido). Nesses casos as
ações são reunidas para que possam ser processadas e julgadas
conjuntamente para evitar decisões contrárias e ter economia e celeridade
processual
→Distintas: trâmite normal e independente
-Elementos da ação:
→Partes: corresponde aquele que pede (autor) (sujeito ativo), o qual almeja
um provimento jurisdicional, e aquele em face de quem se pede (réu) (sujeito
passivo)
→Causa de pedir: corresponde aos fundamentos fáticos (ex: acidente de
carro) e aos fundamentos jurídicos (ex: obrigação de reparar os danos). São os
motivos que levam ao pedido
→Pedido: apresenta-se como pedido imediato, caracterizado pelo que
imediatamente almejamos, que é um provimento jurisdicional (ex: condenação
do réu). Além disso, também há o pedido mediato, solicitando o bem da vida (o
que vai satisfazer o nosso interesse/ ex: uma quantia em dinheiro), o pedido
mediato decorre do acolhimento do pedido imediato
*Classificação das ações
-Ações cíveis: as ações são classificadas de acordo com a natureza do
provimento jurisdicional pretendido (ex: quando se pretende a condenação de
alguém, deve haver uma ação condenatória). Na medida em que as ações
apresentam diferenças entre si, cada provimento jurisdicional pleiteado permite
identificar um tipo de ação. Dessa forma, as modalidades de ação são divididas
em:
→Ação de conhecimento (condenatória, declaratória e constitutiva)
→Ação de execução
→Ação mandamental
→Ação executiva “lato sensu”
-Ação de conhecimento condenatória: corresponde à ação que almeja a
prolação de um provimento jurisdicional condenatório, condenando o réu ao
cumprimento de uma prestação de fazer, de não fazer, de entregar ou de pagar
certa quantia. Nesse caso, ocorre inicialmente uma resistência do réu em
relação à pretensão do autor, caracterizando, dessa forma, uma lide, a qual
culmina em uma ação condenatória para que a pretensão do autor seja
atendida
-Ação de conhecimento declaratória: busca-se a prestação de uma tutela
que seja capaz de gerar certeza sobre uma relação jurídica, buscando apenas
uma certeza, mas se quiser algo a mais deve entrar com uma ação de
conhecimento constitutiva. Corresponde à ação que almeja a prolação de um
provimento jurisdicional declarando a existência ou inexistência de uma relação
jurídica ou de um fato juridicamente relevante (ex: declaração de autenticidade
ou de falsidade de um documento, ação de usucapião para ter certeza se
houve apropriação por usucapião ou não)
-Ação de conhecimento constitutiva: busca-se um provimento jurisdicional
que promova a constituição, a desconstituição ou a modificação de uma
relação jurídica. Exemplos:
→A sentença que decreta o divórcio extingue uma relação jurídica, o
vínculo conjugal
→A sentença que reconhece a paternidade, a qual constitui uma relação
jurídica entre pai e filho
-Ação de execução: busca-se a satisfação de um direito já reconhecido
após o exercício da atividade cognitiva (levando a uma decisão judicial) ou em
razão de um título executivo extrajudicial
-Ação mandamental: busca-se um provimento jurisdicional consistente em
uma ordem ou determinação para a tomada de providências concretas (ex:
mandado de segurança, essa ação também é muito usada para que o Estado
providencie o acesso à saúde)
-Ação executiva “lato sensu”: o provimento jurisdicional é cumprido
independente da fase executiva, ou seja, da fase do cumprimento de sentença.
Exemplos:
→Sentença proferida em ação possessória, cujo comando é cumprido
com expedição de mandado de reintegração de posse
→Basta uma sentença para a ordem de despejo, não sendo necessário
uma nova fase, ou seja, a fase executiva
-Ações penais: as ações são classificadas pelo critério subjetivo, ou seja,
pelo titular que promove a ação. São classificadas como ações de iniciativa
pública ou privada, conforme sejam promovidas pelo Ministério Público ou pelo
ofendido ou seu representante legal
→Ação penal pública: promovida pelo Ministério Público por meio de um
instrumento processual denominado denúncia. A denúncia é uma peça
acusatória que dá início à ação penal pública, contendo a narração dos fatos
que constituem, em tese, um ilícito penal, com manifestação pela aplicação da
lei penal ao seu ator. A ação penal pública classifica-se em:
-Incondicionada: promovida pelo Ministério Público independentemente de
qualquer manifestação, não havendo necessidade de manifestação da vítima,
bastando a ocorrência das condições da ação e os pressupostos processuais
-Condicionada (art. 100, §1° do CP):depende da manifestação do ofendido
ou de seu representante legal ou de requisição do ministro da justiça
→Ação penal privada: promovida pelo ofendido ou por seu representante
legal (advogado) por meio de um instrumento processual denominado queixa-
crime. A queixa crime é uma peça acusatória que dá início à ação penal
privada, contendo a narração dos fatos que constituem, em tese, um ilícito
penal, com manifestação pela aplicação da lei penal ao seu autor. A ação penal
privada classifica-se em:
-Ação penal exclusivamente privada ou propriamente dita: quando a ação
puder ser oferecida pelo ofendido ou pelo seu representante legal (art. 100,
§2°, CP)
-Ação penal privada personalíssima: promovida somente pelo ofendido
(ex: art. 236, § único)
-Ação penal privada subsidiária da pública: quando o Ministério Público
não oferece a denúncia no prazo legal é permitido ao ofendido ou seu
representante legal promover uma ação penal privada em razão da inércia do
Ministério Público (art. 100, §3°, CP)
-Ações trabalhistas:
→Ações individuais (reclamação trabalhista): são destinadas à tutela dos
interesses individuais e concretos
→Ações coletivas (dissídios coletivos): busca-se a tutela de interesses
coletivos. São destinadas à tutela dos interesses de classes, grupos ou
categorias de trabalhadores (normalmente são promovidas pelos sindicatos)

Direito de defesa
*Exceção: a defesa do réu (pois na medida em que alguém exerce o direito de
ação, a parte contrária tem o direito de defesa)
-Direito ao exercício da ampla defesa:
→Esse princípio encontra fundamento no inciso LV do art. 5° da CF: “aos
litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”
→Por meio da ampla defesa, permite-se ao réu o exercício de se contrapor
à pretensão do autor mediante o emprego de todos os meios, recursos e
instrumentos existentes na ordem jurídica para se defender
→Em razão desse direito de se opor à pretensão do autor temos a
bilateralidade da ação e do processo
-Bilateralidade da ação e do processo:
→O autor pede um provimento jurisdicional ao Estado para que esse
reestabeleça um direito que foi, em tese, ameaçado ou violado, por meio da
interferência na esfera jurídica de outrem
→Essa postura do autor gera a bilateralidade da ação, que tem por
consequência a bilateralidade do processo
→Em razão da divergência de interesses dos litigantes, a bilateralidade da
ação e do processo irá desenvolver-se como contradição recíproca (o autor
pleiteando e o réu se opondo)
→A bilateralidade decorre da pretensão do réu se opondo à pretensão do
autor, mediante o contraditório, a ampla defesa, a igualdade processual... (“de
um lado o autor e do outro o réu”)
-Exceção em sentido amplo como direito de defesa:
→Significa o poder jurídico conferido ao réu de se defender com todos os
meios e recursos à disposição
→Corresponde ao direito de defesa que se confere ao réu de pedir que a
tutela jurisdicional pleiteada pelo autor seja julgada improcedente
→A exceção lato sensu é, assim, direito de defesa subjetivo, público e
constitucionalmente assegurado como decorrência do devido processo legal e
de seus consectários o contraditório e a ampla defesa
-Natureza jurídica da exceção:
→A exceção é um direito análogo e correlato ao direito de ação (para que
seja garantida uma igualdade processual) com a particularidade de que na
prestação jurisdicional se leve em conta as razões apresentadas pelo réu,
notadamente por conta da posição antagônica que as partes ocupam na
relação jurídica processual. Dessa forma, a exceção visa atender o interesse
do réu
-Classificação das exceções: a defesa apresentada pelo réu pode dirigir-se
contra o processo ou contra o mérito:
→Exceção processual: defesa contra o processo ou contra a
admissibilidade da ação. O processo é atacado, o réu alega que não estão
presentes as condições da ação
→Exceção substancial: defesa de mérito, podendo ser direta ou indireta. O
mérito (pedido, pretensão do autor) é atacado
-Defesa de mérito direta: nega o fato constitutivo do direito do autor
-Defesa de mérito indireta: não nega o fato constitutivo do direito do autor,
mas apresenta um outro fato que modifica, impede ou extingue o direito do
autor (é um fato modificativo, impeditivo ou extintivo)
→Obs: podem haver as duas exceções (processual e substancial) ao
mesmo tempo
-Exceção e objeção:
→Exceção: significa a defesa que deve ser alegada pelo réu no prazo
fixado na lei, devendo ser apresentada, pois não pode ser conhecida de ofício
pelo juiz
→Objeção: corresponde às matérias de ordem pública, que podem ser
conhecidas de ofício pelo juiz, em regra a qualquer tempo e grau de jurisdição,
independentemente de provocação (ex: coisa julgada, incompetência absoluta,
ausência das condições da ação, inexistência ou nulidade da citação)
-Direito Processual Civil: as respostas do réu podem ser por meio
contestação e reconvenção
→Contestação: peça processual por meio da qual o réu exerce o direito à
ampla defesa, mediante a alegação de preliminares (defesas de natureza
processual, ataca o processo) e também opondo-se ao mérito (ataca o pedido
do autor). Características da contestação:
-Total: em regra deve deduzir toda a matéria de defesa, sob pena de
preclusão (art. 336) (preclusão é a perda do exercício de uma faculdade
processual, nesse caso, a do ato de defesa). O réu deve apresentar todas as
preliminares possíveis e se opor ao pleito do autor totalmente, refutando todas
as matérias alegadas pelo autor
-Formal: deve ser seguida a forma da contestação. Dessa forma, deve-se
observar a ordem de alegação das matérias, primeiro as preliminares e depois
o mérito, uma vez que, acolhidas as preliminares, o processo já extinto sem
resolução de mérito
-Especificada: em regra, as alegações do autor devem ser impugnadas de
forma específica. Ou seja, o réu deve rebater todas as alegações do autor de
forma especificada, pois pedido não impugnado é pedido presumidamente
verdadeiro
A contestação deve apresentar as preliminares e o mérito. As preliminares
são defesas de cunho processual alegadas antes do mérito (podem ser
dilatória, peremptória e dilatória potencialmente peremptória):
-Dilatória: ocorre uma dilação (ampliação) do processo (ex: o réu alega a
incompetência do foro para julgar o processo, fazendo com que ele vá para
outro foro. Nesse caso, ocorre a ampliação do curso do processo, mas ele não
é extinto)
-Peremptória: ocorre a extinção do processo sem resolução de mérito (ex:
o réu alega litispendência)
-Dilatória potencialmente peremptória: sanar o vício e prosseguir ou não
sanar e ocorrer a extinção sem resolução de mérito. Observa-se que pode
ocorrer a extinção do processo (ex: se o autor não está representado por
ninguém e esse vício for sanado, o processo seguirá normalmente, caso
contrário, o processo será extinto sem resolução de mérito)
O ataque ao mérito consiste na defesa substancial por meio da qual o réu
se opões ao pedido formulado pelo autor (direta ou indireta)
-Direta: nega os fatos constitutivos do direito do autor (ex: o réu nega que
está devendo)
-Indireta: não nega os fatos constitutivos do direito autor, mas aduz fatos
modificativos, extintos ou impeditivos do direito do autor (ex: o réu admite que
estava devendo, mas alega que já pagou a dívida)
→Reconvenção: trata-se da modalidade de resposta do réu em que o
demandado formula pedido de tutela jurisdicional em face do autor, nos
mesmos autos em que figura como sujeito passivo (tem natureza jurídica de
ação, pois o pedido poderia ser formulado através de uma ação, mas isso
poderia gerar decisões conflitantes) (ex: em um acidente de carro ambos
alegam que estão corretos, dessa forma uma das partes instaura um processo,
fazendo com que o réu também formule um pedido nesses mesmo autos).
Características:
-Permite maior economia e celeridade processual
-Evita decisões conflitantes
-Tem natureza jurídica de ação
-Não cria um novo processo
-A reconvenção é independente da ação principal
-Do indeferimento cabe agravo de instrumento
-Direito processual penal: a resposta do acusado se faz por uma defesa
inicial, a qual deve ser uma peça de defesa apresentada por escrito pelo
acusado, nos procedimentos ordinário e sumário (procedimentos nos quais o
réu exerce o seu direito de defesa), no prazo de dez dias (art. 396-A, CPP). A
peça de defesa:
→Deduz toda matéria que interesse à sua defesa
→Argui preliminares e matéria de mérito
→Pode juntar documentos e justificações, especificar provas e arrolar
testemunhas (art. 396-A, CPP)
A defesa inicial é obrigatória, não apresenta pelo réu, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la
-Direito processual do trabalho: as respostas do reclamado (pessoa física ou
jurídica em face de quem se move a ação) podem ser mediante:
→Contestação: defesa, de forma oral, pelo prazo de vinte minutos (art. 847,
CLT), podendo ser escrita (art. 847, § único, CLT), arguindo preliminares e
mérito (é necessário usar toda a matéria de defesa)
→Reconvenção: reclamado deduz uma pretensão em face do reclamante
(art. 15, CPC c/c art. 769, CLT)

Jurisdição
*Noções gerais:
-Sentido etimológico da palavra jurisdição: em latim “iuris dictio” significa
“dizer o direito”
-Exercício da jurisdição: uma das funções do Estado que tem por fim a
solução do conflito de interesses para obtenção da pacificação social. A
pacificação social ocorre mediante a aplicação da lei ao caso concreto
*Conceito: a jurisdição pode ser compreendida como a atividade estatal de
solução dos conflitos de interesse, realizada pelo Poder Judiciário, mediante a
atuação da vontade do direito objetivo no caso concreto, ou seja, o exercício do
direito de ação
*Escopo jurídico (finalidade) de atuação do direito (do exercício da jurisdição):
-Giuseppe Chiovenda: promover a atuação da vontade concreta da lei, das
normas de direito material
-Francesco Carnelutti: a justa composição da lide, mediante a aplicação da
norma de direito material ao caso concreto, com a prolação de uma sentença
-Observa-se que os dois seguem a mesma linha de raciocínio, de que o
exercício da jurisdição visa a solução dos conflitos de interesses
-Essas concepções devem estar alinhadas a um escopo maior, que são os
objetivos sociais:
→Garantir que o direito material seja cumprido
→Assegurar a autoridade do ordenamento jurídico
→Garantir a paz e a ordem na sociedade
*Caráter substitutivo (é a principal característica da jurisdição):
-Incumbência estatal de solucionar os conflitos de interesse mediante a
prestação da tutela jurisdicional
-A prestação jurisdicional por meio da aplicação da lei ao caso concreto, na
qual o Estado-juiz substitui as partes na resolução dos litígios
-A substituição das partes pelo Estado-juiz cumpre com a função estatal de
pacificação social de forma imparcial e justa, atendendo-se à vontade concreta
da lei e não a vontade das partes (a vontade do Estado-juiz é a vontade da lei,
a qual substitui a vontade das partes, fazendo valer, dessa forma, o direito
material)
*Outras características da jurisdição:
-Existência de uma lide: diante de uma pretensão resistida ou insatisfeita,
surge uma lide, que será resolvida mediante a jurisdição
-Inércia: de acordo com os brocardos “nemo iudex sine actore” (não há juiz
sem autor) e “ne procedat iudex ex officio” (o juiz não pode dar início ao
processo de oficio sem a provocação da parte interessada), a jurisdição tem
que ser provocada
-Imutabilidade: somente os atos jurisdicionais são suscetíveis de se tornarem
imutáveis, não podendo ser modificados ou revistos após certo momento
processual (quando se esgotam os recursos). Isso traz segurança jurídica
-Unicidade: significa que a jurisdição é uma, embora fracionada em diversos
órgãos jurisdicionais integrantes da estrutura do Poder Judiciário (ex: justiça
militar, do trabalho...), todos sempre exercem a jurisdição (sempre é a atividade
estatal da aplicação da lei ao caso concreto)
-Independência (externa e interna):
→Independência externa decorre do princípio da separação dos poderes,
pois o exercício da jurisdição não sofre interferência do executivo e do
legislativo
→Independência interna: decorre das garantias atribuídas aos magistrados
no exercício da função jurisdicional (vitaliciedade, inamovibilidade e
irredutibilidade de subsídios, sendo que tais garantias permitem a atuação
independente do magistrado, ou seja, a imparcialidade dele)
-Inafastabilidade: considerando o inciso XXXV do artigo 5° da CF, a lei não
poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça de
lesão a direito, de maneira que uma vez provocado o Poder Judiciário não há
como afastar o exercício do controle jurisdicional
-Indeclinabilidade: os magistrados não podem declinar do exercício da
função jurisdicional, pois atuam em nome do Estado
-Irrecusabilidade: as partes não podem recusar o exercício da função
jurisdicional, estando sujeitas às decisões proferidas pelo Poder Judiciário, em
razão do seu poder de império (as partes encontram-se em uma situação de
sujeição)
-Territorialidade: está relacionada à soberania estatal, de maneira que cada
Estado exerce a atividade jurisdicional nos limites territoriais
-Permanência: o exercício da jurisdição ocorre de forma permanente em
todo território nacional visando a solução dos conflitos de interesse, que não
são transitórios (a jurisdição está sempre presente para solucionar os conflitos
de interesse, uma vez que esses não são transitórios, estando sempre
presentes também)
*Jurisdição, legislação, administração: o exercício da jurisdição não se
confunde com as demais funções do Estado: legislativa e executiva
-Função legislativa: função típica do Poder Legislativo, responsável pelo
estabelecimento das regras gerais e abstratas que deverão ser aplicadas pelo
Poder Judiciário no exercício da jurisdição
-Função executiva: função típica do Poder Executivo, também tem a
incumbência de fazer cumprir a lei, mas não possui o caráter substitutivo, pois
o Estado atua como parte (ou seja, o Estado é parcial, uma vez que atua em
favor do interesse público), os atos administrativos não têm caráter de
definitividade, não sendo imutáveis
*Princípios inerentes à jurisdição: a jurisdição é informada por alguns
princípios fundamentais, que são universalmente reconhecidos: investidura,
aderência ao território, indelegabilidade, inevitabilidade, inafastabilidade, juiz
natural e inércia
-Princípio da investidura: o exercício da jurisdição somente pode ser
exercido por quem integre a magistratura (concurso público, quinto
constitucional ou nomeação para os tribunais superiores)
-Princípio da aderência ao território: relacionada à soberania estatal, em que
o exercício da jurisdição ocorre nos limites do território nacional. Há casos de
mitigação desse princípio, os de tribunais supranacionais, como o Tribunal
Penal Internacional, cuja jurisdição atinge os países que ratificaram o seu
estatuto
-Princípio da indelegabilidade: significa que é vedado ao Poder Judiciário
delegar o exercício da função jurisdicional constitucionalmente outorgada
-Princípio da inevitabilidade: decorre do poder de império do Estado, as
partes encontram-se em posição de sujeição perante o ente estatal, não há
como evitar a autoridade estatal na prestação jurisdicional
-Princípio da inafastabilidade: o inciso XXXV do art. 5° da CF diz que “a lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (é
uma garantia constitucional). Dessa forma, uma vez provocado o Poder
Judiciário não há como afastar o exercício do controle jurisdicional
-Princípio do juiz natural (art. 5°, XXXVII e LIII, CF):
Art. 5°, XXXVII. “não haverá juízo ou tribunal de exceção”
Art. 5°, LIII. “ninguém será processado nem sentenciado, senão pela
autoridade competente”
Todas as pessoas têm a garantia constitucional de que somente serão
submetidas a processo e julgamento por órgão jurisdicional previamente
existente. O juiz natural se trata do juízo competente de acordo com as regras
gerais e abstratas previamente estabelecidas, sendo inadmissível a
determinação de um juízo “post factum”
-Princípio da inércia:
“Nemo iudex sine actore”: não há juiz sem autor
“Ne procedat iudex ex officio”: o juiz não procede de ofício, ou seja, não pode
dar início ao processo de ofício
Cabe à parte a iniciativa de provocar (é preciso exercer o direito de ação) o
exercício da função jurisdicional para a satisfação de uma pretensão, uma vez
que a instauração do processo por iniciativa própria do magistrado viola o
princípio da imparcialidade do juiz
*Extensão (alcance) da jurisdição:
-Está relacionada ao alcance da atividade jurisdicional
-A extensão da jurisdição abrange a atividade cognitiva (de conhecimento) e
também a atividade executiva ou de execução, com os seguintes fundamentos:
→Na execução também há o caráter substitutivo, onde o Estado substitui
as partes conduzindo à satisfação do credor
→Está presente o escopo da jurisdição fazendo atuar a vontade concreta
da lei de forma mais efetiva quando o comando decorrente do título executivo
não tiver sido espontaneamente satisfeito
*Poderes inerentes à jurisdição:
-Para o exercício da jurisdição os poderes classificam-se em: poder
jurisdicional (poder de aplicar a lei ao caso concreto) e poder de polícia (ou
poder administrativo)
→Poder jurisdicional: indispensável para prestação da tutela jurisdicional,
realiza-se através do poder ordinário, do poder instrutório, do poder decisório,
do poder de execução
-Poder ordinário: assegura a regularidade do desenvolvimento do
processo, permite que o poder jurisdicional viabilize a realização do processo
(ex: alguém distribui uma petição inicial, a qual é objeto de análise pelo juiz,
estando presentes os requisitos da petição inicial, haverá um despacho do juiz
determinando a citação do réu. Observa-se, portanto, que o magistrado tem o
poder ordinário de permitir que o processo possa desenvolver-se)
-Poder instrutório: garante a coleta de provas para formação da convicção
do juiz, é o poder que se assegura aos magistrados de decidir um conflito de
interesses (esse poder garante ao juiz pretender o esclarecimento de algum
fato)
-Poder decisório: assegura resolução dos conflitos de interesse
-Poder de execução: garante a satisfação dos direitos do credor
→Poder de polícia ou poder administrativo do juiz: poder instrumental, cuja
finalidade é permitir ao juiz o exercício do poder jurisdicional, conduzindo o
processo com autoridade e eficiência, esse poder mantém a ordem
-Ex: manutenção da ordem durante o tramite processual, segurança
interna dos fóruns e tribunais
-Ex: na audiência o juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe manter
a ordem e o decoro, ordenar a retirada de pessoas inconvenientes e requisitar
força policial, quando necessário
*Espécies de jurisdição:
-Introdução:
→A jurisdição, como expressão da soberania estatal, corresponde à função
do Estado responsável pela solução dos conflitos de interesse (o Estado detém
o monopólio da jurisdição)
→Tratando-se de expressão soberana do poder estatal, a jurisdição é una,
não existindo várias funções jurisdicionais do poder estatal e resolvendo os
mais diversos conflitos de interesse
→Por questões de ordem prática (a jurisdição é sempre uma) e também
por conta de existirem distintas especialidades atribuídas aos órgãos
jurisdicionais, a doutrina apresenta uma classificação apontando espécies de
jurisdição
-Classificação:
→Quanto ao objeto ou matéria
→Quanto aos organismos judiciários que a exercem
→Quanto à posição hierárquica dos órgãos
→Quanto à forma
→Quanto à fonte do direito utilizada para julgamento
→Quanto à entidade federativa que a desempenha
→Quanto ao instrumento normativo protegido
-Quanto ao objeto ou matéria: essa divisão leva em conta a qualificação
jurídica da matéria envolvida no conflito, penal ou extrapenal. Classifica-se em
jurisdição penal ou civil
→Jurisdição penal (disciplinada pelo direito processual penal): envolve a
formulação de pretensão punitiva de natureza penal, mediante atuação das
normas penais, que definem os fatos típicos com as respectivas sanções. É
exercida pela justiça comum estadual, justiça comum federal, justiça militar
estadual, justiça militar federal e também pela justiça eleitoral (crimes eleitorais)
→Justiça civil (disciplinada pelo direito processual civil e pelo direito
processual do trabalho): envolve a formulação de pretensão de natureza
extrapenal, abrangendo todas as matérias não penais, como o direito civil,
empresarial, do trabalho, tributária, financeiro, dentre outras. É exercida pela
justiça comum federal, justiça militar estadual, justiça do trabalho e também
pela justiça eleitoral
-Jurisdição comum: justiça comum federal (tribunais regionais federais e
juízes federais) e justiça comum estadual (tribunais de justiça e juízes de
direito)
-Jurisdição especial: justiça do trabalho (tribunal superior do trabalho,
tribunais regionais do trabalho e juízes do trabalho), justiça eleitoral (tribunal
superior eleitoral, tibunais regionais eleitorais e juízes eleitorais) e justiça militar
(superior tribunal militar, tribunais militares e juízes militares)
-Quanto à posição hierárquica dos órgãos: essa divisão leva em conta o
duplo grau de jurisdição (é um princípio implícito), havendo uma jurisdição
inferior e outra superior. É próprio da natureza humana não se conformar com
as decisões que lhe sejam desfavoráveis, aquele que saiu vencido em uma
demanda quer uma nova oportunidade para demonstrar que estava com a
razão. O recurso é o instrumento adequado para se pleitear a revisão de uma
decisão com a qual não há concordância. Em regra, os recursos são
processados e julgados por um órgão hierarquicamente superior (há questões
que são originariamente ajuizadas em uma instância superior)
→Jurisdição inferior: é exercida pelos juízos de primeiro grau
→Jurisdição superior: é exercida pelos órgãos responsáveis pelo
julgamento dos recursos (obs: em alguns casos, a lei estabelece que o
processo deverá iniciar perante órgãos jurisdicionais superiores), ou seja, há a
competência recursal e a competência originária
-Quanto à forma: pode ser classificada como contenciosa ou voluntária
→Jurisdição contenciosa: é a jurisdição cujo exercício pressupõe a
existência de um conflito, de um litígio ou lide, há interesses divergentes entre
as partes (ex: separação litigiosa)
→Jurisdição voluntária (ou graciosa): é a jurisdição cujo exercício não
pressupõe a existência de um conflito, tratando-se de uma administração
pública (pois é o Estado atuando) de interesses privados, que é levada a efeito
pelo judiciário, há interesses convergentes entre os interessados (ex:
separação consensual)
-Quanto à fonte do direito utilizado para julgamento: temos a jurisdição de
direito e a jurisdição de equidade
→Jurisdição de direito: corresponde à aplicação de uma norma jurídica
ao caso concreto, com base nas limitações impostas pela regulamentação legal
(ex: ação reivindicatória, pois ou você é o proprietário ou você não é)
→Jurisdição de equidade: significa proferir a decisão mais justa ao caso
concreto, sem as limitações impostas pela regulamentação legal, existe uma
margem de atuação com certa liberdade ao órgão julgador (ex: art. 1.694,§ 1°,
CC. “Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada”, observa-se que esse artigo
permite ao juiz fixar os alimentos na proporção das necessidades do
reclamante (aquele que necessita dos alimentos) e dos recursos da pessoa
obrigada ao fornecimento dos alimentos/ ex2: art. 944, CC “A indenização
mede-se pela extensão do dano”, observa-se que esse artigo permite ao juiz
reduzir equitativamente a indenização, se constar que houve excessiva
desproporção entre a gravidade da culpa e o dano)
-Quanto à entidade federativa que a desempenha: temos a justiça federal
e a justiça estadual, havendo os órgãos da justiça federal e os órgãos da
justiça estadual (as regras de competência irão definir qual será o órgão
competente para um processo)
-Quanto ao instrumento normativo protegido: temos a jurisdição
constitucional e a infraconstitucional
→Jurisdição constitucional: defesa da ordem jurídica constitucional (ex:
ação direta de inconstitucionalidade, ação declaratória de constitucionalidade)
→Jurisdição infraconstitucional: aplicação da lei ao caso concreto em
uma relação jurídica processual

Processo
*Origem etmológica: processo significa “marcha avante”, “caminhada” (o
processo caminha para a frente)
*Considerando o latim: “procedere” encontra raízes em “pro”=para adiante,
“cedere”=caminhar
*Processo: ideia de continuidade, de sequência de atos
*Aspecto teleológico: permitir ao Estado o exercício da função jurisdicional
*Considerando a origem etmológica e o aspecto teleológico, o processo é um
instrumento:
-Indispensável ao Estado para o exercício da jurisdição
-Permite a realização de atos processuais de forma ordenada e sequencial
-Viabiliza a aplicação da lei ao caso concreto
-Ao final soluciona um conflito de interesses e promove a pacificação social
*Processo e procedimento
-Distinção:
→O processo corresponde ao instrumento estatal por excelência ao
exercício da jurisdição
→O processo apresenta-se como o método ou o sistema utilizado para
resolver uma lide em juízo (o processo é abstrato)
→Já o procedimento é um mero aspecto formal do processo,
representando o conjunto de atos que o compõem
→O procedimento corresponde à forma material com que o processo se
realiza em cada caso concreto (o procedimento materializa o processo por
meio de uma sequência de atos processuais)
*Natureza jurídica do processo:
-Noções gerais: surgiram várias teorias a respeito da natureza jurídica do
processo, dentre os pontos mais aceitos está o caráter público do processo
moderno
→Caráter público, pois trata-se do instrumento de exercício de uma das
funções do Estado, a função jurisdicional, exercida por autoridade própria, em
razão da soberania estatal (quem realiza a jurisdição é o Estado por meio do
processo)
-Teoria predominante- O processo como relação jurídica:
→É inegável a existência de um relacionamento jurídico ligando os sujeitos
do processo (autor, juiz e réu)
→As partes e o Estado-juiz estão interligados por uma série de vínculos
jurídicos que exigem a prática de determinados atos, sendo exatamente a
relação jurídica entre dois ou mais sujeitos atribuindo-lhe poderes, direitos,
faculdades, deveres, obrigações, sujeições e ônus
→A relação jurídica regula os conflitos e também a cooperação que deve
existir entre os sujeitos do processo
→O processo não se reduz a um mero procedimento, sendo este um dos
seus aspectos (a exteriorização)
→Também é indiscutível que há uma autonomia da relação jurídica
processual com a relação jurídica material (a material precede a processual)
→Basta a utilização do processo para surgir a relação jurídica processual,
na qual será analisada a existência ou não da relação jurídica material
*Relação jurídica processual e relação material: a relação jurídica processual
não se confunde com a relação jurídica material
-A relação jurídica processual é disciplinada pelas normas de direito adjetivo
(processual)
-A relação jurídica material é regida pelas normas de direito substantivo
(material)
-A relação jurídica processual envolve a participação do “actum trium
personarum” (autor, juiz e réu)
-Na relação jurídica material não haverá a participação do órgão judicial, mas
tão somente dos sujeitos e do objeto
-A relação jurídica processual é de direito público com a atuação estatal
exercendo a função jurisdicional
-A relação jurídica material pode ser de direito público (ex: quando o Estado
cobra tributos) ou de direito privado (ex: contrato de compra e venda, pois não
precisa nem de advogado)
-A relação jurídica processual tem por objeto a prestação da tutela
jurisdicional visando a pacificação social
-A relação jurídica material tem por objeto o bem da vida (o bem da vida é o
que a pessoa quer receber/ ex: dinheiro) que irá satisfazer as necessidades
humanas
*Sujeitos da relação jurídica processual: são três os sujeitos da relação
jurídica processual: juiz, autor e réu (judicium est actum trium personarum:
judicis, actoris et rei- a existência de um processo depende de três pessoas:
juiz, autor e réu). Configuração da relação jurídica processual:
-Triangular: as relações jurídicas se estabelecem entre autor e Estado-juiz,
Estado-juiz e réu, autor e réu (teoria predominante)
-Angular: as relações jurídicas se estabelecem somente entre autor e
Estado-juiz, Estado-juiz e réu (não havendo relação entre autor e réu)
*Objeto da relação jurídica processual: na relação processual temos:
-Sujeito (aspecto subjetivo): sujeito ativo (autor) e sujeito passivo (réu)
-Objeto (aspecto objetivo): coincide com o objeto da relação jurídica material
(pois se alguém descumprir uma obrigação, o autor pode entrar com uma ação
para ter o seu direito reestabelecido), varia conforme o tipo de pretensão
formulada, objeto mediato (bem da vida que foi violado) e imediato (prestação
jurisdicional) (o objeto imediato garante o reestabelecimento do objeto mediato,
gerando a pacificação social)
*Pressupostos da relação jurídica processual:
-Noções gerais:
→O processo deve preencher requisitos para que possa existir e
desenvolver-se de forma válida e regular
→A ausência de pressupostos processuais acarreta a extinção sem
resolução de mérito (art. 485, IV, CPC)
→Trata-se de matéria de ordem pública (devem ser exigidos e cumpridos)
-Modalidades (obs: não existe uma uniformidade doutrinária quanto ao
enquadramento dos pressupostos processuais nos planos da existência e da
validade):
→Pressupostos de constituição ou de existência:
-Petição inicial (peça que dá início a um processo)
-Órgão jurisdicional
-Partes (alguém precisa exercer o direito de ação e reação)
-Citação válida (se não for citado, não integra a relação processual)
→Pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo:
-Petição inicial apta: que atenda aos requisitos legais
-Competência e imparcialidade: órgão jurisdicional competente e juiz
imparcial (impedimento e suspeição)
-Observância de determinado rito: previsão de procedimento específico
(deve ser utilizado um procedimento adequado para satisfazer uma pretensão)
-Capacidade de ser parte: aptidão para figurar em uma relação jurídica
processual na condição de autor ou de réu
-Capacidade processual ou de estar em juízo: aptidão para figurar como
parte, sem precisar ser representado ou assistido
-Capacidade postulatória: aptidão para postular (pedir) em juízo; ato
praticado sem capacidade postulatória será ineficaz, caso não seja ratificado
→Pressupostos processuais negativos:
-Litispendência: duas ou mais ações idênticas tramitando ao mesmo
tempo (o segundo processo é extinto)
-Coisa julgada: distribuição de ação idêntica a outra que já foi julgada
(avançou até a última instância com a interposição de todos os recursos) no
mérito (pois a decisão é imutável)
-Perempção: o autor, em razão de sua inércia, por três vezes, causa a
extinção do processo
-Compromisso de arbitragem: convenção por meio da qual as partes
submetem um litígio à arbitragem, onde as partes fizeram opção por outro
mecanismo que não o processo (se as partes optaram pela arbitragem e uma
delas ingressa no judiciário, a outra pode alegar que elas optaram pela
arbitragem e o processo será extinto)
*Características da relação jurídica processual:
-A relação processual possui as seguintes características:
→Nascimento: a relação jurídica processual nasce com o exercício do
direito de ação (alguém provoca o Estado-juiz para que ele exerça a jurisdição)
em atenção ao princípio da ação ou demanda, salvo exceções legais (ex: art.
738, CPC)
→Formação: relaciona-se à formação da relação jurídica processual que
ocorre com a citação (dar ciência ao réu sobra a existência de um processo em
face dele) do réu, do executado, do interessado, do acusado, do reclamado
(com a citação ocorre a relação jurídica processual triangular)
→Desenvolvimento: a relação jurídica processual desenvolve-se mediante
a prática de atos processuais (citação, ampla defesa, intimação do autor) pelas
partes e pelo juiz com a finalidade de solucionar o conflito de interesses
→Complexidade: relaciona-se à quantidade e diversidade de atos
processuais que são realizados na busca pela prestação da tutela jurisdicional
→Progressividade: o processo significa “marcha avante”, representando
uma sequência de atos processuais que caminham pra frente (para realizar a
solução de um conflito) e de forma progressiva, visando a solução do conflito
de interesses
→Unidade: significa que os atos processuais estão interligados entre si
(cada ato decorre do anterior), de maneira que cada ato constitui pré-requisito
para o ato subsequente que dele dependa ou decorra (ex: com a citação
permite-se o exercício do direito de defesa)
→Caráter tríplice: essa característica encontra fundamento na teoria
triangular (judicium est actum trium personarum: judicis, actoris et rei): a
existência de um processo depende de três pessoas: juiz, autor (exerce o
direito de ação) e réu (exerce o direito de defesa)
→Natureza pública: a atividade jurisdiciona tem natureza pública, pois
preponderam os interesses do Estado (é ele quem exerce a jurisdição) e da
sociedade na solução dos conflitos de interesse
→Relação concreta: a relação jurídica processual é uma relação concreta,
pois é instaurada para apreciação de um caso concreto (é apresentado ao
Estado, em virtude de um direito ameaçado ou violado)
→Disciplinada juridicamente: a relação processual que se desenvolveu
entre os sujeitos do processo, mediante a prática de atos processuais, é
regulamentada pelo direito
*Autonomia do Direito Processual
-O direito processual, como ciência autônoma, surgiu em tempos
relativamente recentes
-Até meados do séc. XIX não havia uma separação muito clara entre o
direito processual e o direito material, confundindo-se o direito de ação com o
direito material (o direito processual era visto como uma parte integrante do
direito material, sendo que a ação era o direito material depois de violado)
-Essa concepção perdurou até o surgimento da autonomia científica do
direito processual, que ocorreu no ano de 1868, com a publicação da obra
“Teoria dos pressupostos processuais e das exceções dilatórias” (Oskar Von
Bulow)
-Contribuições da obra “Teoria dos pressupostos processuais e das
exceções dilatórias” (Oskar Von Bulow):
→O processo, em essência, é uma relação jurídica (ligação entre sujeitos,
devido a um fato previsto em lei)
→A relação jurídica processual (possui autor, juiz e réu e assegura o
cumprimento das normas) é distinta da relação jurídica material (possui apenas
autor e réu)
→A relação jurídica processual é dinâmica (pois ela desenvolve-se)
→O processo não se confunde com o procedimento (estabelece a
sequência de atos que devem ser seguidos e realizados para a existência do
processo), sendo que este constitui mera exteriorização daquele
→A relação jurídica processual é unitária (uma só)
→A relação jurídica processual necessita de requisitos (pressupostos para
construção e desenvolvimento de forma válida e regular)
*Início e fim do processo
-Início do processo:
→Ocorrência: exercício do direito de ação (provocação do Estado pelo
autor da ação)
→Exemplos:
-CPC, art. 312: “considera-se proposta a ação quando a ação for
protocolada...
-CPP, art. 24: “nos crimes de ação pública, esta será promovida por
denúncia do Ministério Público...”
-CPP, art. 30: “ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo
caberá intentar a ação privada...”
→Obs: instaurado o processo e presentes seus requisitos próprios, a
demanda prossegue até o seu termo final (sentença)
-Fim do processo:
→De forma normal:
-Quando há a solução do conflito de interesse (se a demanda for
procedente ou improcedente)
-Quando há a satisfação dos direitos de crédito (de uma obrigação)
→De forma anormal (quando o Estado não consegue cumprir com as suas
obrigações):
-Processo é extinto sem resolução de mérito (quando as condições da
ação não estiverem presentes e os pressuposto processuais não forem
atendidos)
-Processo é extinto sem satisfação dos direitos de crédito
-Obs: o autor pode ajuizar novamente a ação, buscando a prestação da
tutela jurisdicional
*Sujeitos do processo
-Sujeitos parciais (buscam a satisfação dos seus interesses):
→Autor (ativo) e o réu (passivo)
→Nomenclaturas conforme o tipo de processo:
-Interessados: no procedimento de jurisdição voluntária (sem litígio, feito
pela administração pública)
-Autor e réu: no procedimento de jurisdição contenciosa (com litígio)
-Reclamante e reclamado: no processo trabalhista
-Acusador e acusado: no processo penal
-Exequente e executado: no processo de execução
-Recorrente e recorrido: na fase recursal
-Do juiz ou magistrado:
→Trata-se do sujeito imparcial do processo
→Investido de jurisdição para solucionar a lide (aplica a lei ao caso concreto)
→Situa-se “super et inter partes” (acima e equidistante das partes)
→Tem o poder dever de prestar a tutela jurisdicional (art. 5°, XXXV, CF)
(inafastabilidade do controle jurisdicional)
→Detém os poderes administrativo ou de polícia (poder de manter a ordem)
e jurisdicional (se realiza pelo poder instrutório, ordinatório, executório,
decisório... são os poderes que viabilizam o exercício da jurisdição)
→Denominação de acordo com órgão que integra:
-Ministros: STF, STJ, TST, TSE, STM
-Desembargadores: Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais
-Juízes: Federais, do Trabalho, Eleitorais, Militares, de Direito dos Estados
(1° instância)
→Princípios que norteiam a atividade do juiz: independência, autoridade e
responsabilidade
-Independência (abrange os aspectos político, jurídico e econômico):
→Político: independência em relação aos demais poderes (executivo e
legislativo) e ao próprio judiciário
→Jurídico: liberdade de decisão fundada no critério do livre
convencimento motivado (o magistrado tem liberdade para apreciar as provas e
formar a sua convicção, devendo fundamentar a sua decisão)
→Econômico: garantia de que não sofrerá descontos na remuneração,
salvo legalmente previstos
-Autoridade:
→Refere-se aos poderes necessários para o exercício da atividade
jurisdicional (pois o Estado tem o poder dever de prestar a tutela jurisdicional,
sendo que ele faz isso através do juiz ou do magistrado investido de autoridade
estatal para exercer a atividade jurisdicional em nome do Estado)
-Responsabilidade (é inerente ao princípio da autoridade):
→Significa que os poderes recebidos pelo juiz tem por finalidade a
prestação da tutela jurisdicional em nome do Estado
→Ingresso na magistratura (concurso público, nomeação e quinto
constitucional):
-Concurso público:
→Método de ingresso na magistratura estadual, federal e do trabalho
→Realizado mediante provas e títulos (documentos podem ser
considerados, como por exemplo diplomas, certificados de pós-graudação...)
→Contará com a participação da Ordem do Advogados do Brasil (OAB)
em todas as fases
→O candidato deve ser bacharel em direito e contar com três anos de
atividade jurídica
-Nomeação:
→Método de ingresso na magistratura mediante nomeação para o
preenchimento de vagas no STF, STJ, TST, TSE E STM
→Livre indicação do Presidente da República, mediante aprovação em
sabatina pelo Senado Federal
-Quinto Constitucional: a nossa CF prevê que um quinto das vagas nos
tribunais de justiça dos TRFs e dos TRTs terá a ocupação por membros do
Ministério Público com mais de dez anos de carreira e por advogados de
notório saber jurídico e de reputação ilibada com mais de dez anos de efetiva
atividade profissional (são indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de
representação)
→Após a indicação da lista sêxtupla (seis nomes) pelo MP e pela OAB, o
Tribunal encaminha lista tríplice (dos seis nomes são escolhidos três pelo
Tribunal) ao Chefe do Poder Executivo (Presidente da República: TRF e TRT/
governador: TJ dos estados e Distrito Federal) para escolher um dos indicados
para nomeação
→Composição dos juízos e tribunais:
-Em regra: órgãos de 1° grau são monocráticos (atuação de um único juiz
ou magistrado) e órgãos de 2° grau são colegiados (atuação de três ou mais
julgadores)
-Exceção: órgão colegiado em 1° grau (ex: tribunal do júri)
-Exceção: decisão monocrática em 2° grau de jurisdição
→Da imparcialidade do juiz:
-Para assegurar a imparcialidade do juiz, a CF estabelece garantias (art.
95) e vedações (§ único do art. 95)
-Garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios
(art. 95, I, II e III, CF)
→Vitaliciedade: após dois anos de exercício, o juiz se torna vitalício,
somente podendo perder o cargo por sentença judicial transitada em julgado
(art. 95, I, CF)
→Inamovibilidade: o juiz não será removido para outro local sem o seu
consentimento, salvo por motivo de interesse público, mediante decisão da
maioria absoluta do respectivo tribunal ou do CNJ, com direito a ampla defesa
(art. 95, II, CF)
→Irredutibilidade de subsídios: significa a impossibilidade de redução
dos valores recebidos pelos magistrados, que são denominados de subsídios,
mas estão sujeitos aos impostos em geral, como no caso do imposto de renda
(art. 95, III, CF)
-Vedações (art. 95, § único, I, II e III, IV e V)
→Exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo
uma de magistério (inc I)
→Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em
processo (inc II)
→Dedicar-se à atividade político-partidária (inc III)
→Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas física, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções legais
(inc IV)
→Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração (inc V)
-Do Ministério Público (arts. 127/130 da CF):
→O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica
(constitucional e infraconstitucional), do regime democrático e dos interesses
sociais e individuais indisponíveis
→Defesa da ordem jurídica: como a sociedade é regida por normas, o
Ministério Público promove a sua defesa, em especial ao texto constitucional,
em prol do bem comum
→Defesa do regime democrático: regime no qual a tomada de decisões
está a cargo do povo, cabendo ao Ministério Público a defesa dos mecanismos
de participação popular, tutelando os procedimentos democráticos
→O Ministério público é instituição permanente, essencial à função
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime
democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis
→Defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis: tratando-se da
defesa dos interesses da sociedade e também dos interesses individuais
indisponíveis, como o direito à vida, à liberdade, à proteção da integridade
física ou psíquica, também na defesa do meio ambiente, dos valores estéticos,
artísticos e paisagísticos, dos consumidores, dos incapazes, dentre outros
→O Ministério Público da União e dos estados:
-Ministério Público dos estados: em razão da forma federativa de Esta, a
CF outorga competência aos estados-membros para organizarem os poderes e
também o Ministério Público
-Ministério Público da União: abrange o Ministério Público Federal, o
Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar e o Ministério Público
do Distrito Federal e territórios
→Ingresso no Ministério Público:
-Concurso público: é um método de ingresso no Ministério Público
Federal e no Ministério Público Estadual, deve ser realizado mediante prova e
títulos. O processo contará com a participação da Ordem dos Advogados do
Brasil em todas as fases. O candidato deve ser bacharel em Direito contar com
três anos de atividade jurídica
→Princípios institucionais (art. 127, §1°, CF): são princípios institucionais
do Ministério Público a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional
-Unidade: significa que os membros do Ministério Público integram um só
órgão sob a direção de uma só chefia. O chefe do Ministério público da União é
o procurador geral da República, enquanto o do Ministério Público dos Estados
é o procurador geral de justiça. Dessa forma, só há de se falar no princípio da
unidade dentro de cada Ministério Público
-Indivisibilidade: decorre do princípio da unidade, compreendendo-se o
Ministério Público como um todo, dentro de cada unidade, não devendo ser
considerado de forma isolada. Significa a possibilidade de que um membro do
Ministério Público possa substituir outro, sem que haja qualquer prejuízo, pois a
atuação dos seus membros representa o desempenho da própria instituição
-Independência funcional: significa que no exercício das suas atribuições
os membros do Ministério Público não estão sujeitos a qualquer subordinação
jurídica, pois eles são dotados de liberdade e de independência para analisar
se uma determinada situação enseja ou não a atuação ministerial, sem que
possam sofrer qualquer controle ou interferência na sua atuação (só são
subordinados às suas chefias, sem qualquer subordinação entre si)
→Garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio
-Vitaliciedade: significa que após dois anos de exercício, o membro do
Ministério Público se torna vitalício, somente podendo perder o cargo por
sentença judicial transitada em julgado
-Inamovibilidade: significa que o membro do Ministério Público não será
removido do local onde exerce suas atribuições, salvo motivo de interesse
público, mediante decisão do órgão colegiado competente, pelo voto da maioria
absoluta de seus membros, assegurada ampla defesa
-Irredutibilidade de subsídio: significa impossibilidade de redução dos
subsídios recebidos pelos membros do Ministério Público, mas estão sujeitos
aos impostos em geral, como no caso do imposto de renda
→Vedações:
-Receber, a qualquer título ou pretexto honorários, percentagens ou
custas processuais
-Exercer advocacia
-Participar de sociedade comercial, na forma da lei (não pode ser gerente
administrativo, mas pode comprar ações)
-Exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública,
salvo uma de magistério
-Exercer a atividade político-partidária
-Receber a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de
pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções
previstas em lei
-Exercer a advocacia, no juízo ou tribunal no qual se afastou, antes de
decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou
exoneração
→Conselho Nacional do Ministério Público:
-Trata-se de órgão de natureza administrativa, destinado ao controle da
atuação administrativa e financeira do Ministério público e do cumprimento dos
deveres funcionais de seus membros
-Composição do CNMP: procurador geral da república (que o preside),
quatro membros do Ministério Público da União, assegurada a representação
de cada uma das carreiras, três membros do Ministério Público dos Estados,
dois juízes, indicado um pelo STF e outro pelo STJ, dois advogados, indicados
pelo Conselho Federal da OAB, dois cidadão de notável saber jurídico e
reputação ilibada, indicados um pela câmara dos deputados e outro pelo
senado federal (observa-se que a composição é eclética, pois não são só
membros do MP que compõem o CNMP)
-Defensoria Pública (arts. 134 e 135 da CF):
→Art. 134: “A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento
do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção
dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos
direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados,
na forma do Inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal”
→Abrangência (art. 2°, Lei Complementar 80/94): Defensoria Pública da
União, Defensoria Pública do Distrito Federal e dos territórios e Defensoria
Pública do Estados
→Ingresso na carreira: mediante concurso público de provas e títulos,
contará com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as
fases. Dentre outros, o candidato deve ser bacharel em direito e contar com
dois anos de atividade jurídica
→Princípios institucionais:
-Unidade: os membros da Defensoria Pública integram um só órgão, sob a
chefia de um defensor público geral, considerando cada defensoria pública em
separado
-Indivisibilidade: os membros de cada defensoria pública podem ser
substituídos uns pelo outros em conformidade com as normas que disciplinam
as substituições (decorre do princípio da unidade)
-Independência funcional: significa que cada membro da instituição tem
liberdade de atuação funcional nos termos da lei, sem qualquer ingerência no
exercício da sua função (não estão sujeitos à qualquer subordinação de
qualquer instituição, só são subordinados à CF)
→Garantias:
-Inamovibilidade: o membro da defensoria pública é inamovível, salvo se
apenado com remoção compulsória, com prévio parecer do Conselho Superior,
assegurada ampla defesa
-Irredutibilidade de vencimentos: os vencimentos dos defensores públicos
não podem sofrer redução, salvo as decorrentes da lei (ex: imposto de renda)
-Estabilidade: os membros da defensoria pública adquirem a estabilidade
após três anos de efetivo exercício no cargo público (mas podem perder o
cargo mediante processo administrativo, não sendo necessário sentença
judicial, diferentemente da vitaliciedade)
-Independência funcional: a independência funcional busca assegurar a
liberdade de convicção e o livre exercício das funções institucionais do
defensor público
-Da advocacia (art. 133 da CF):
→Art 133: “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo
inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites
da lei”
→O texto constitucional doi disciplinado pela Lei 8.906/94- Estatuto da
Ordem dos Advogados do Brasil
→A postulação em juízo, em regra, é privativa dos advogados, salvo
exceções, como por exemplo as ações de “habeas corpus” e os pedidos
formulados nos juizados especiais nas causas de até 20 salários mínimos
→O advogado exercita um serviço público indispensável à administração
da justiça quando representa as partes em juízo. Essa atuação é fundamental,
pois a atividade processual é complexa e técnica, necessitando de um
profissional para que possa ser realizada de forma eficaz. Daí a
indispensabilidade da presença do advogado na defesa do direito das partes,
atendendo-se ao interesse público na boa administração da justiça
→A advocacia pode ser:
-Judicial: característica de contencioso
-Extrajudicial: considerada preventiva
Vale lembrar que não há hierarquia e tampouco subordinação entre
advogados, magistrados, membros do Ministério Público, devendo todos tratar-
se com consideração e respeito recíprocos
→No exercício da advocacia, o advogado deve fazer prova do mandato
(juntar a procuração aos autos, comprovando que ele está representando
alguém), não obstante:
-Poderá atuar sem procuração para a prática de atos urgentes ou para
evitar decadência ou prescrição
-Devendo juntar a procuração no prazo de 15 dias, prorrogável por igual
período
-Não juntando a procuração, os atos processuais serão considerados
ineficazes, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos
→O advogado pode postular em causa própria (se auto defender),
incumbindo-lhe:
-Declarar na petição inicial ou na contestação, o endereço, número de
inscrição na OAB e nome da sociedade de advogados da qual participa, para
receber intimações. A inobservância dessa regra deverá ser suprida no prazo
de 5 dias, sob pena de indeferimento da petição
-Comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. Não informando a
alteração de endereço, serão consideradas válidas as intimações enviadas ao
endereço que consta dos autos
→Ordem dos Advogados do Brasil:
-A OAB é uma entidade não governamental, dotada de personalidade
jurídica, tendo as seguintes finalidades:
→Defender a CF, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os
direitos humanos, a justiça social, pugnar pela boa aplicação das leis, pela
rápida administração da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das
instituições jurídicas
→Promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e
a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil

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