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Música e Iconografia Assíria

RESENHA

Bianca Macedo Silva


Maria Beatriz de Torres
Lucas Daniel de Oliveira
Thiago Pereira C. Comelli
O IMPÉRIO ASSÍRIO
• Duas etapas de formação: do século XIII a.C. até o ano 1.000 a.C., aproximadamente, e do
ano 1.000 a.C. até a queda de Nínive em 612 a.C;

• A primeira fase marcada emancipação local até as primeiras expedições militares fora do
território mesopotâmico.

• Destacam os reis Tukulti-Ninurta I (1243-1207 a.C.) e Tiglat-piliser I (1112-1074 a.C.);

• A segunda fase é marcada pela extensão da hegemonia política, cada vez mais profunda e
longínqua do império assírio, chegando ao Mediterrâneo.

• Vários soberanos colecionaram vitórias em campanhas militares, de Assurnazirpal II (883-


859 a.C.) à Assurbanipal (668-631 a.C.), narrando estes eventos em baixos-relevos nos
palácios;
Tiglate-Pileser III Senaqueribe
Assurnazirpal II (883-859
a.C.)
Assurbanipal (668-631
a.C.)
Representações
alegóricas de
contextos
bélicos assírios
• Decadência dos assírios após a morte do rei Assurbanípal II;

• Assurbanípal II havia controlado o império durante 42 anos de reinado, e seus


sucessores não conseguiram realizar o mesmo feito;

• Fragmentação do império assírio aconteceu de maneira rápida, aproximadamente 616


a.C;

• Medos e Caldeus coalizados com Citas e Cimérios, venceram os Assírios e


conquistaram a cidade de Nínive em 612 a.C;

• Corresponde atualmente ao território da Síria e do Iraque;


ICONOGRAFIA DA MÚSICA
ASSÍRIA
ICONOGRAFIA
 Origem da palavra
 Estudo descritivo da representação visual de símbolos e
imagens, sem levar em conta o valor estético que possam
ter.
Oxford Languages
Guernica – Pablo Picasso 1937
Importância da Iconografia
 A iconografia é importante, pois nos ajuda a entender a
história, ela nos conta o que estava sendo construído
naquela época e nos ajuda a reconstruir a realidade daquele
período.
 Por exemplo a colonização do Brasil
 As fonte sobre música na antiga Mesopotâmia se resumem
em tabletes cuneiformes em língua acádica e suméria
• A documentação iconográfica neoassíria é repleta de cenas de guerra, tortura,
aprisionamentos e decapitações de inimigos;

• Documentações textuais acompanham os baixos-relevos, trazendo discursos dos reis


assírios e empreendimentos bélicos realizados;
Representação da batalha contra os
elamitas
• Localizado nas paredes da sala XXXIII do palácio sudoeste, o relevo da
Batalha de Til-Tuba ou do Rio Ulai, mostra a vitória dos assírios sobre os
elamitas no sul do Irã;

• A mais refinada composição em larga escala da arte assíria, embora a parte


inicial do relevo tenha sido perdida;

• A derrota do exército elamita é composta por três painéis, numa série de dez
composições que narram a história completa da campanha militar;
Rendição dos elamitas e apresentação de Ummanigaš como novo governador.
Sala XXXIII, laje 5, Palácio nordeste, Nínive
Procissão de músicos elamitas e
representação em desenho por H.
Layard
• Relevos nos palácios reais e em objetos decorativos de marfim mostram músicos
estrangeiros e sua relação com a corte assíria;

• São retratados em pequenos grupos enfileirados, e sua performance, assim como seus
instrumentos, são similares aos músicos assírios;

• Dentre os diversos documentos iconográficos conhecidos, relevante é o conjunto de


lajes que ornamentavam o palácio de Senaqueribe, em Nínive;
Fragmento do painel de pedra do
sudoeste do palácio de Senaqueribe
Obra manuscrita em acádio e cuneiforme, relatando o ataque a Judá e o cerco a Jerusalém;
• Laje que mostra musicistas elamitas de ambos os sexos, acompanhados de mulheres e
crianças saudando os assírios fora das muralhas de Madaktu;

• Epígrafes acompanham as imagens, que nos dizem que o rei Assurbanipal conquistou
e humilhou os elamitas colocando Ummanigaš como novo governador;

Crianças e mulheres elamitas


participando da procissão
musical
• O fato dos músicos serem representados com o mesmo tipo de túnica denota que,
provavelmente, seriam músicos profissionais da corte elamita;

• Dos instrumentos representados, sete dos onze são harpas verticais executadas tanto
por instrumentistas masculinos e femininos;

• As harpas verticais provavelmente foram os instrumentos mais populares do Antigo


Oriente Próximo, o que explica elas aparecerem em maior amplitude dentre todos
os instrumentos representados nas cenas;

• Uma das mulheres deste agrupamento leva uma das mãos à garganta, demonstrando
uma prática de vocalização musical do Oriente Próximo (principalmente em
execuções vocais árabes e persas). Ao lado deste conjunto, está um grupo de nove
crianças que igualmente acompanham com palmas;
LINGUAGEM MUSICAL (suméria,
acádia e assíria)
• Vasta massa documental, representando valores culturais e religiosos da música;

• Mito do Deus Enki, final do III século a.C. Deus protetor da magia e da água;

• Música seria um dos talismãs do deus, também criador da civilização de Uruk;

• Civilização e arte musical assíria devem ser entendidas dentro de seu contexto bélico;

• Músicos aparecendo em contextos de celebração, pós-guerra, banquetes e na caça de


animais selvagens;
Representações do deus Enki, o
mais astuto e protetor da
sabedoria, água, fecundidade e da
criação. Criou a música para
aplacar Inanna;
Representações da deusa
Innana, associada ao amor,
guerra, erotismo e fecundidade
• Mais que um meio de expressão/sensibilidade, função social e religiosa da música;

• Músicos com status equivalente ao dos sábios assírios;

• Grande valor econômico e social dos músicos estrangeiro, vistos como preciosos espólios de
guerra e tributos de povos vassalos;

• Antropofagia musical. Assírios buscavam apreender os conhecimentos musicais dos povos


conquistados para aumentar seu saber musical;

• Sem distinção entre instrumentista ou vocalista (nãru, nãrtu/zammãru, zammãrtu);


• Iconografia assíria mostra práticas musicais conjuntas, com “orquestras” de até 150
instrumentistas e cantores;

• Havia tanto a execução profana (banquetes, festas) como religiosa (veneração de


divindades e ritos cúlticos);

• Templos possuindo orquestra e corais profissionais, com um vocabulário musical


específico;

• Composições em grande maioria anônimas. Temáticas que vão do amor, trabalho, batalhas
e hinos de louvor;
• Apropriação de concepções musicais já existentes na tradição mesopotâmica;

• Junção de instrumentos de cordas, percussão e canto;

• Sem distinção no vocabulário acádio-sumério entre música/júbilo/orgia/divertimento;

• Bilinguismo mesopotâmico também na música. Dois sistemas coexistiam (acádio e


sumério);

• Sumérios (modelos prescritos e acordes fixos) e Acádios (sete escalas e nove acordes);
• 8 textos cuneiformes demonstrando os termos técnicos dos acordes;
• SA/pitnu, entendido como acorde/intervalo ou escala/afinação;

1. acorde anterior
2. próximo acorde
3. terceiro acorde
4. quarto acorde
5. quinto acorde
6. quarto a partir da extremidade
7. terceiro a partir da extremidade
8. segundo a partir da extremidade
9. o último acorde
TIPOLOGIA DOS INTRUMENTOS
Instrumentos de Corda

• Harpa triangular, a lira e o alaúde;

• Tocados com ou sem plectrum (palheta);

• Grande parte da documentação a respeito destes tipos de instrumentos remonta da cidade


de Ur, do século XXVII a.C;
BALAG ou balaggu
(harpa)
ZÀ-MÍ ou
sammû (lira)
Gù-Di ou Inu
(alaúde)
Instrumentos de Sopro

• Corneta e a flauta (podendo ser de bronze, prata, ouro ou osso);

• Datados de períodos pré-históricos;

• Feitos em diversos tamanhos e materiais (junco, madeira, pedra ou metal);


GI-GÍD ou, embûbu Louis
(corneta) Armstrong
Bobbi
GI.DI.DA/malîlu (flauta) Humphrey
Instrumentos Percussivos
• Tambores, de diferentes tamanhos e formatos, quase que exclusivamente tocados por
mulheres nuas, conceitos ritualísticos (tanto para a guerra, quanto para os festejos).

• Tambores feitos de metal (ME.ZE), madeira (Á.LÁ) e os menores (ÙB).

• Músicos que tocavam ataúde e tambor não participavam da orquestra de templos ( mais
popularesco e sensual, com os músicos muitas vezes mantendo relações sexuais
enquanto tocavam)

• Percussão sem membrana (címbalos, triângulos, pratos e castanholas, feitos a partir de


madeira, argila, metal, e até conchas.
Percussão mesopotâmica Robertinho Silva
Riqq (tamborim, 4.000
A.c aproximadamente) Marcos Suzano
• https://www.youtube.com/watch?v=JU4QRxsZhjg&ab_channel=PeterPringle
PETER PRINGLE, DEMONSTRAÇÃO DA HARPA SUMÉRIA DE PRATA;

• https://www.youtube.com/watch?v=B3w1s5ff3Og&t=909s&ab_channel=Natal
iaAurea
NATÁLIA AUREA, HISTÓRIA DA MÚSICA (ASSÍRIOS E SUMÉRIOS);

• https://www.youtube.com/watch?v=GZvPoE0EH1o&ab_channel=KEXP
MDOU MOCTAR, músico inspirado na música de guitarra tuaregue
(escala cigana-maior/duplo harmônica);
FONTES

• https://www.britishmuseum.org/collection/galleries/assyria-nineveh;
• https://www.britannica.com/place/Assyria;
• https://www.worldhistory.org/assyria ;
• POZZER, Katia M. P., CERQUEIRA, Vergara. SILVA,Simone Silva.
Música e iconografia entre os assírios, p.1-18;

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