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Reorganização Societária
Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão
Também é possível que uma empresa queira Vale lembrar que essas alterações têm
se juntar com outra para formar, no fim, implicações no Direito Empresarial, no
uma só empresa. A legislação também Direito Tributário e no Direito Econômico.
permite esse tipo de situação sem a Isso porque, a depender do tipo de
necessidade de que nenhuma delas precise movimentação, haverá um reenquadramento
liquidar o seu patrimônio ou deixar de existir. tributário da empresa. No âmbito do Direito
Econômico, existe a possibilidade de que
esses movimentos caracterizem
concentração de mercado e, por conta
disso, esse movimento precisará de
autorização prévia dos órgãos competentes.
01 Transformação
● Ou seja, para que ocorra essa reorganização societária, é preciso que exista decisão
unanime dos sócios, exceto nas situações em que o estatuto social já autoriza eventual
transformação a qualquer momento. Neste caso, caberá o direito de recesso ou retirada
ao sócio dissidente. Já se não houver a previsão em estatuto, a discordância de um dos
sócios já impede a transformação.
Transformação Societária
Código Civil
• Art. 1.116. Na incorporação, uma ou várias sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações,
devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os respectivos tipos
• Art. 1.117. A deliberação dos sócios da sociedade incorporada deverá aprovar as bases da operação e o projeto de reforma do ato
constitutivo.
§ 1º A sociedade que houver de ser incorporada tomará conhecimento desse ato, e, se o aprovar, autorizará os administradores a praticar o
necessário à incorporação, inclusive a subscrição em bens pelo valor da diferença que se verificar entre o ativo e o passivo.
§ 2º A deliberação dos sócios da sociedade incorporadora compreenderá a nomeação dos peritos para a avaliação do patrimônio líquido da
sociedade, que tenha de ser incorporada.
• Art. 1.118. Aprovados os atos da incorporação, a incorporadora declarará extinta a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no
registro próprio.
Exemplo
No Brasil, dois casos mais
A incorporação da Sadia foi um dos
recentes ficaram populares. A motivos que resultou na criação da
incorporação da Sadia pela holding Brasil Foods (BRF). Note-se
aqui a diferença, a empresa Sadia
BRF, em 2012. deixa de existir propriamente e passa
a ser incorporada, porém a MARCA
A rede de bancos Nossa Caixa, incorporados SADIA CONTINUA A SER UTILIZADA
pelo Banco do Brasil. NO MERCADO
03 Fusão
A fusão é a operação pela qual se unem Ou seja, na fusão, as sociedades que se unem
duas ou mais sociedades para formar são extintas e é criada uma nova sociedade.
sociedade nova, que lhes sucederá em todos Por conta disso, há direito de recesso ou
os direitos e obrigações. A característica da retirada para todos os dissidentes. No caso dos
fusão é o surgimento de uma sociedade nova, credores anteriores, será feito o mesmo
traço que a difere da incorporação, na qual procedimento da incorporação.
não há o
surgimento de uma sociedade nova.
Fusão
Código Civil
• Art. 1.119. A fusão determina a extinção das sociedades que se unem, para formar sociedade nova, que a elas sucederá nos direitos e
obrigações.
• Art. 1.120. A fusão será decidida, na forma estabelecida para os respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unir-se.
§ 1º Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, deliberada a fusão e aprovado
o projeto do ato constitutivo da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do capital social, serão nomeados os peritos para a
avaliação do patrimônio da sociedade.
§ 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão reunião ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento deles, decidindo
sobre a constituição definitiva da nova sociedade.
§ 3º É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do patrimônio da sociedade de que façam parte.
• Art. 1.121. Constituída a nova sociedade, aos administradores incumbe fazer inscrever, no registro próprio da sede, os atos relativos à
fusão.
Fusão
Um exemplo de fusão horizontal foi o acordo Um bom exemplo de fusão vertical seria um fabricante de
autopeças optar por fundir-se com uma empresa que
firmado entre Sadia e Perdigão para formar a fornece as matérias-primas necessárias para fabricar essas
Brasil Foods (BRF) em 2009. Ambas as peças. A fusão ou aquisição vertical pode ser também
companhias atuavam no setor de alimentos estendida além dos fornecedores para incluir clientes. Por
frigoríficos, de modo que sua fusão constituiu exemplo, nas indústrias de entretenimento e fast food é
prática comum de fabricantes de fast food e bebidas se
uma fusão horizontal. integrarem a estabelecimentos como cinemas e
restaurantes de fast food, de modo que apenas sua marca
específica de comida ou bebida seja oferecida para venda
nesses estabelecimentos. Um exemplo real é do Santander
Brasil que formou uma joint venture com a Hyundai para a
criação do Banco Hyundai Capital Brasil e uma corretora
de seguros
Fusão
Fusão é uma estratégia corporativa na qual duas ou A fusão ocorre voluntariamente pelas
mais empresas se juntam para formar uma nova empresas, enquanto que a aquisição é um
01 03
empresa. Em outras palavras: duas ou mais processo que pode ocorrer de forma voluntária
empresas deixam de existir legalmente e formam
uma nova empresa, com nova identidade.
ou involuntária.
● CISÃO TOTAL:
• A empresa A é dividida, gerando as empresas B e C, que são novas empresas, que levam
para si o patrimônio da empresa anterior (cisão total pura);
• O patrimônio da empresa A é dividido em B e C, contudo, esse patrimônio destacado será
somado a uma empresa D e uma empresa E, que já existiam (cisão seguida de fusão ou
incorporação) (cisão total por absorção).
● CISÃO PARCIAL:
• Uma empresa A tem parte de seu patrimônio retirado para formar a empresa B (cisão
parcial pura). Também é possível que essa empresa B se junte ao patrimônio de uma
empresa C, já existente (cisão parcial por absorção).
Cisão
Transformação A→B
Incorporação A+b=A
Fusão A+B=C
Aquisição A+b=A&B
Cisão A = b e c ou A = A – a → A e “a” ou a + B
Direito de Recesso e
06 Retirada
O Sócio não está obrigado a permanecer associado contrariamente à sua vontade
Princípio da Liberdade de Associação
O Princípio da Liberdade de associação Previsto no inciso XVII, do artigo 5º da constituição federal de 1988,
trata-se de um princípio que garante o Direito de entrar ou não em grupos societários simples ou empresários.
Também garante o direito de se retirar de uma sociedade se assim desejar. Apesar disso, no caso da
dissociação de uma sociedade, é necessário observar as condições estabelecidas pelo Direito Societário.
Direito de Retirada ou Recesso
O direito de retirada é a possibilidade de um sócio, sócio dissidente, sair da sociedade empresária que participa,
requerendo os haveres que lhe forem de direito, conforme artigo 1031 do Código Civil, sendo
consequentemente excluído do quadro social.
Nas Sociedades Limitadas
A leitura fria do artigo 1.077 do Código Civil não deixa dúvidas que o
direito de retirada do sócio de sociedade limitada está expressamente
previsto, abarcando apenas as hipóteses de modificação do contrato,
fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra.
Nas Sociedades Limitadas
Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se
da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com
antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente
justa causa.
Nas Sociedades Limitadas
Na sociedade limitada por prazo determinado, quando, em regra, o contrato celebrado por
prazo determinado não pode ser extinto antes do transcurso deste, salvo por justo motivo,
pois as partes se comprometeram a permanecer vinculadas durante todo o tempo
estipulado e este vínculo deve prevalecer sobre a liberdade do sócio anuente
Nas Sociedades Limitadas
• Aprovação da criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais existentes, sem guardar proporção com as
demais classes de ações preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto;
• Aprovação da alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais,
ou criação de nova classe mais favorecida;
• Determinação da redução de dividendo obrigatório;
• Aprovação da fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;
• Aprovação da participação em grupo de sociedades;
• Aprovação da mudança do objeto da companhia;
• Aprovação da cisão da companhia;
• Dissolução da companhia ou cessação do estado de liquidez;
• Transformação da sociedade;
• Redução do capital social;
• Constituição de sociedade de economia mista;
• Compra de subsidiária integral;
Nas Sociedades Anônimas
HIPÓTESES DE CABIMENTO DO DIREITO DE RETIRADA NA COMPANHIA
(ARTIGO 137 DA LEI DAS S/A)
No Código Civil:
Art. 1.122. Até noventa dias após publicados os atos relativos à incorporação, fusão ou
cisão, o credor anterior, por ela prejudicado, poderá promover judicialmente a anulação deles.
§ 1º A consignação em pagamento prejudicará a anulação pleiteada.
§ 2º Sendo ilíquida a dívida, a sociedade poderá garantir-lhe a execução, suspendendo-
-se o processo de anulação.
§ 3º Ocorrendo, no prazo deste artigo, a falência da sociedade incorporadora, da sociedade
nova ou da cindida, qualquer credor anterior terá direito a pedir a separação dos patrimônios,
para o fim de serem os créditos pagos pelos bens das respectivas massas.
Nas Sociedades Anônimas
O TAG ALONG como direito potestativo
O direito de retirada permite ao sócio sair da sociedade de forma unilateral e voluntária, levando,
consigo, o patrimônio social correspondente à sua participação no capital social. É certo que somente
haverá pagamento de haveres caso a sociedade empresária possua patrimônio líquido positivo.
Interpretações Divergentes
1ª 2ª 3ª
Assegura que o sócio pode Leva em consideração a regência Restringe o direito de retirada aos
exercer o direito de retirada na supletiva da sociedade. Caso a casos de modificação do contrato
sociedade limitada: (i) se sociedade seja regida supletivamente social, fusão, incorporação, cisão
contratada por prazo pela Lei das Sociedades Anônimas, ou transformação da sociedade
indeterminado, a qualquer tempo, admite-se o direito de retirada por ato (CC, arts. 1.077 e 1.114), não
mediante notificação dos demais unilateral apenas nos casos de importando a regência supletiva
sócios; e (ii) se contratada por modificação do contrato social, fusão, da sociedade
prazo determinado, provando incorporação, cisão ou transformação
judicialmente justa causa”. da sociedade, nos termos dos arts.
1.077 e 1.114 do Código Civil
Primeira Interpretação
• A segunda corrente leva em consideração a regência supletiva da sociedade [6]. Caso a sociedade
seja regida supletivamente pela Lei das Sociedades Anônimas, admite-se o direito de retirada por
ato unilateral apenas nos casos de modificação do contrato social, fusão, incorporação, cisão ou
transformação da sociedade, nos termos dos arts. 1.077 e 1.114 do Código Civil
• Não adotada a regência supletiva regendo-se a sociedade limitada subsidiariamente pelas normas
da sociedade simples, tem-se duas situações: (i) no caso de sociedade contratada por prazo
indeterminado, o sócio poderá retirar-se a qualquer tempo mediante notificação dos demais sócio
(CC, art. 1.029); e (ii) no caso de sociedade contratada por prazo determinado, o sócio somente
poderá retirar-se nas hipóteses de modificação do contrato social, fusão, incorporação, cisão ou
transformação da sociedade (CC, arts. 1.077 e 1.114).
Jurisprudência
• "[...] 1) Ao eleger a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima (art. 1.053 do Código
Civil), o contrato social restringiu às hipóteses de direito de retirada àquelas previstas no art.
1.077 do Código Civil (modificação do contrato social, fusão ou incorporação), inserto no
capítulo que trata da sociedade limitada. 2) O motivo invocado pela apelante (quebra da affectio
societatis) não se enquadra em quaisquer das hipóteses de direito de retirada previstas no art.
1.077 do Código Civil, de modo que as únicas vias possíveis para obter o seu desligamento do
quadro societário seriam a alienação da participação societária ou a dissolução parcial, sendo esta
última a eleita pela apelante. [...]" (TJRJ, Apelação 0128904-16.2012.8.19.0001, Relator: Des.
Heleno Ribeiro Pereira Nunes, Julgamento: 07.10.2014).
Terceira Interpretação
• Por fim, a terceira interpretação restringe o direito de retirada aos casos de modificação do contrato social,
fusão, incorporação, cisão ou transformação da sociedade (CC, arts. 1.077 e 1.114), não importando a regência
supletiva da sociedade
• Segundo Tavares Borba, “[...] o disposto no art. 1.029 (direito de retirada – sociedade simples) não se aplica
subsidiariamente à sociedade limitada, a qual, nessa matéria, encontra-se regida por norma própria (art. 1.077)”
• o direito de retirada não se afigura amplo, como nas sociedades simples, ou restrito a determinadas hipóteses,
como nas sociedades por ação
Conclusão