Você está na página 1de 117

Neuropsicologia dos Lobos Cerebrais

Cortex cerebral
• Constitui uma camada de 1 a 3 mm que
envolve a superfície do cérebro
• Determina directamente os nossos
pensamentos, emoções e motivações.
• Confere a capacidade de raciocinar, planear,
coordenar pensamentos e acções, perceber
padrões visuais e sonoros a fim de usar a
linguagem
Cortex Cerebral
6 camadas celulares
Lobos Cerebrais
• No córtex cerebral inúmeras circunvoluções
determinam três elementos diferentes:
• 1- Sulcos: Grandes ranhuras ou fendas
• 2-Fissuras: Pequenas ranhuras ou fendas e
• 3-Circunvoluções ou gyrus: Protuberâncias
entres os sulcos ou fissuras adjacentes.
• Os Sulcos e Fissuras permitem definir quatro
lobos: Lobos Frontal, Parietal, Temporal e
Occipital
Lateralização Hemisférica
Lobo Frontal
“Vivre, c´est choisir” (Bergson)
Lobo Frontal
• Face Lateral:
Para a frente do Sulco Central ou de Rolando
(que o separa do lobo parietal)
Por cima do Sulco lateral ou Rego de Sylvius
(que o separa do lobo temporal)
Gyrus Pré-Central ou Circunvolução frontal
ascendente: Cortex Motor Primário
Circunvoluções ou gyrus (plural: gyra) frontais
superior, média e inferior (ou F1,F2 e F3)
• Face inferior ou Orbitária:
Por cima do tecto da órbita
Sulcos Orbitários
Nervo e Bulbo Olfactivos
• Face interna:
Gyrus Cinguli, cingulado ou Circunvolução do
Corpo caloso (porque se situa por cima dele)
Lobo Frontal – Áreas Funcionais

1. Área Motora Primária


2. Área de Broca
3. Área Motora
Suplementar
4. Área Pré-Frontal
5. Lóbulo Paracentral
6. Área Olfactiva
Neuropsicologia do Lobo Frontal
• Função Motora
• Planeamento Motor / Apraxias
• Memória
• Linguagem
• Personalidade
• Olfacto
Lobo Frontal – Áreas Funcionais
1-Área Motora Primária
• Corresponde à área 4
de Brodman)
• Circunvolução frontal
ascendente
• Controla a Motricidade
do Hemicorpo e
Hemiface Contra-
laterais
• Doentes com lesões cerebrais: verificou-se que
quando as lesões atingem certas regiões do
cortex, perde-se o movimento do segmento do
corpo correspondente a essa região;

• Área motora primária ou Circunvolução


Frontal Ascendente:
É responsável pelos movimentos corporais (a
área no hemisfério esquerdo controla a zona
direita do corpo e vice-versa)
• Lesão “Paralisia cortical”
14
• Mapa do
“Homúnculo
cerebral”
• Arranjo
somático
proposto por
Winder Penfield
e sua equipa;
Representação do
“Homúnculo Cerebral
Motor” ao longo do
cortex frontal motor e
Reconstrução
Tridimensional
• Conexões entre as diversas regiões do Homúnculo :
• Permitem facilitar os movimentos compostos e
associados
• Grande plasticidade na representação, consoante o
uso excessivo ou desuso da região do corpo
(ex: mão conforme a profissão)
• Ex: Movimento com o braço direito→ Modificação da
postura da perna
( Ligações fáceis entre as duas regiões.)
Semiologia das
Lesões do Cortex Motor Primário
• Lesão “Paralisia cortical”
• Monoparésia / Monoplegia
• Hemiparésia / Hemiplegia
• Parésia regional / Plegia regional
• Corforme a extensão das lesões ao longo
da representação cortical motora primária,
i.é., ao longo do “Homúnculo cerebral
motor”
Via Piramidal ou Via Motora Principal
• Cortex → Músculo

• Ao ser interrompida esta via em qualquer ponto, o


movimento perde-se na região do corpo correspondente aos
axónios que foram lesados

• Os axónios das células piramidais do córtex motor têm um


trajecto descendente e convergem num estreito espaço entre
o núcleo lenticular e o tálamo: cápsula interna

• Ao existir uma lesão nesta zona, geralmente resultado de


doenças vasculares (sobretudo A.V.C. da Artéria Cerebral
Média): Hemiplegia, Hemiparésia, Monoplegia ou
Monoparésia
Representação Esquemática da Via Piramidal (1-2,8-10) e Vias Extra-piramidais (5-7)
3:Corpo caloso; 4:Ventriculo Lateral
As Vias “Extra-piramidais”, ou Vias motoras
secundárias
• Conjunto de estruturas que estabelecem relações
múltiplas entre si numa rede complexa que se
destina a aperfeiçoar o movimento.

• Ao iniciar-se o movimento no córtex motor, a


programação é um pouco “grosseira”

• À medida que o movimento progride o Cerebelo e os


Núcleos da Base (Caudado e Lenticular) avaliam a sua
trajectória e comparam-a com os planos de
movimentos que já foram feitos no passado
(memória de trabalho).
21
Lobo Frontal – Áreas Funcionais
2-Área de Broca
• Apenas no Hemisfério
Dominante
• Quase sempre no
hemisfério esquerdo
• Área da Expressão
Verbal ou Área Motora
da Linguagem Oral
• Corresponde às áreas
6,8 e 44 - área da Broca e
ainda a 45)
• A Área de Broca, mais conhecida como o
centro da expressão da fala ou da linguagem
oral, fica localizada na circunvolução frontal
inferior do hemisfério cerebral esquerdo, nos
indivíduos em que o hemisfério dominante
para a linguagem é o esquerdo.

• Esta é uma das áreas mais importantes


relacionadas com as funções da linguagem,
nomeadamente a linguagem oral (fala)
Semiologia das Lesões
da Área de Broca

• Afasia de Broca
ou
• Afasia Cortical Motora
ou
• Afasia de Expressão
Afasia de Broca
• Predomínio claro dos transtornos da Expressão
sobre os da Compreensão
• Conforma a gravidade da lesão:
• Discurso não-fluente (Mutismo);
• Discurso Hesitante;
• Preserverança de Palavras ou sílabas
(Disprosódia), de natureza telegráfica, com
omissão de artigos e conjunções
• Compreensão mantida
• Distúrbios da Escrita (variável)
• Agrafia Apráxica: Perturbação da Organização
e Produção Voluntária dos gestos da escrita,
pode ser considerada um tipo de Apraxia
Ideomotora ou
• Agrafia Ideativa: Perturbação da selecção da
forma das letras: letra grande, mal desenhada
e com omissão de letras
Área de Broca
• A Afasia é a perda da capacidade para utilizar a linguagem
devida a uma lesão na área do cérebro que a controla.
• A Afasia confere uma incapacidade parcial ou total para
compreender ou expressar palavras.
• Na maioria dos indivíduos, o lobo temporal esquerdo e a
região vizinha do lobo frontal controlam as principais funções
da linguagem.
• Qualquer parte dessa pequena área que for lesada (por um
acidente vascular cerebral, um tumor, um traumatismo crânio-
encefálico ou uma infecção) produzirá uma interferência em
pelo menos um aspecto da função da linguagem
Área de Broca
• Um indivíduo pode perder apenas a
capacidade de compreender as palavras
escritas (Alexia) ou
• somente a capacidade de recordar ou nomear
objectos (Anomia ou Afasia Anómica)
• Alguns indivíduos com Anomia não
conseguem em absoluto se lembrar da palavra
correcta, outros podem tê-la na ponta da
língua, mas são incapazes de dizê-la
• Recordar que……A Disartria é a incapacidade
de articular adequadamente as palavras .
Apesar de parecer um problema de linguagem,
a disartria é causada por uma lesão da via
piramidal – área motora do cérebro que
controla os músculos utilizados na emissão de
sons ou noutro ponto qualquer da via
piramidal
• Afasias de tipo Broca ou anteriores:
Os indivíduos que sofrem de uma lesão da
parte anterior da zona da linguagem (área de
broca) apresentam uma afasia qualificada de
não fluente, isto é, essencialmente
caracterizada por uma redução do debito
verbal ou elocutório (diminuição do número
de palavras emitidas por unidade de tempo)
ou inclusivamente uma supressão de toda a
expressão oral.
• Afasia transcortical motora, também chamada
afasia dinâmica de Luria, caracteriza-se por uma
linguagem espontânea muito pouco fluente, às
vezes reduzida a um quase mutismo, ao passo
que a compreensão, as capacidades de
articulação e a repetição estão conservadas.

• Por outras palavras: a linguagem do indivíduo é


estritamente normal, mas ele não a consegue
utilizar espontaneamente, perdeu toda a
iniciativa para falar.
Lobo Frontal – Áreas Funcionais
3-Área Motora Suplementar
• Centro do controlo
voluntário dos
movimentos conjugados
dos olhos
• No caso de lesão origina
um desvio conjugado do
olhar para o lado da
lesão e uma parésia do
olhar para o lado oposto
• O Cortex Frontal é
responsável pelo
movimento pois
contém as Áreas
Motoras
• Primária e
• Secundária.
Área Motora Suplementar
ou
Secundária
ou
Psicomotora

• É responsável pela coordenação dos


movimentos, assegurando a sua eficácia;
• Lesão Apraxia
Semiologia da Área Motora
Suplementar :
1- Apraxias
• Apraxia: Alteração neurológica da
capacidade do movimento aprendido e
proposicional, que não pode ser
explicado através de defeitos
elementares da motricidade nem dos
sistemas sensoriais
2 - Paralisia dos Movimentos
Conjugados da cabeça e dos olhos
3 - Cabeça inclinada para o hemisfério
afectado e olhos dirigidos para o
mesmo lado
Área Motora Suplementar
• O papel desta região cortical situada a frente da área motora
primaria na face interna do hemisfério pode ser conhecido
graças as experiências de estimulação cortical efectuadas por
PENFIELD.

• A estimulação desta zona provoca com efeito uma perturbação


da linguagem, que do tipo de paragem duma produção em
curso, que pelo contrário do tipo de vocalização .

• Pode assistir-se por vezes a um fenómeno de «iteração


palilálica», isto é, o individuo repete de maneira continua uma
sucessão idêntica de sílabas, com ou sem significado,
enquanto dura a crise.
Lobo Frontal – Áreas Funcionais
4-”Lobo” Pré-Frontal

• Não está
relacionado com a
“Motricidade”
mas sim com o
“Comportamento”
Phineas Cage
• Um dos casos mais conhecidos que nos relatam o efeito de
lesões no lobo frontal nos comportamentos afectivos é o
extraordinário caso de Phineas Cage.

• Uma grande explosão fez com que uma barra de ferro de 6kg
e 1m de comprimento fosse projectada em direcção à cabeça
deste, um pouco abaixo do olhos esquerdo, atravessando o
lobo frontal e saindo depois pela parte superior do crânio.

• O impacto da barra provocou a destruição de uma boa parte


do crânio e do lobo frontal esquerdo.
Phineas Cage
• Phineas Cage
sobreviveu
miraculosamente a
este acidente. ANTES DO ACIDENTE: DEPOIS DOACIDENTE:
Eficiente; Mal humorado;
• Contudo notou-se Inteligente; Agressivo;
que este tinha Meticuloso; Indeciso;
Persistente e empenhado na Caprichoso;
mudado
Execução dos seus planos; Pouco critico em
completamente de Estimado por todos. Relação ao Trabalho;
carácter: Mudava constantemente
de planos;
• A sua Não conseguia terminar
aquilo que começava.
personalidade
estava
completamente
alterada
Phineas Cage
• Alguns anos mais tarde após a
sua morte mediu-se novamente
o crânio utilizando técnicas
computorizadas para reconstruir
a lesão no cérebro de Cage

• A barra de ferro lesou com


gravidade o cortex cerebral nos
dois hemisférios e em particular
o lobo frontal.

• Foi esta lesão que provocou um


comportamento mal-humorado
por parte de Cage, provocando
uma sucessão de emoções
fortes.
Lobo Frontal e Personalidade
• Devido à sua estreita relação com o resto do
sistema límbico e hipotálamo, o córtex orbito
frontal seria o ponto central da junção e
memorização de um determinado contexto
social.
• Cada acto ou decisão vai reactivar as sensações
somáticas que estão associadas a experiências
passadas semelhantes e determinar assim o
comportamento adequado.
Lobo Frontal e Personalidade
• No caso de lesão órbito-frontal estes
processos não podem ser reactivados de
maneira apropriada
• Daí a incapacidade de um individuo que sofra
deste tipo de lesão de se comportar segundo
as regras da sociedade.
Lobo Frontal e Personalidade
• Assim, o córtex orbito frontal parece desempenhar o papel de
corrigir as respostas emocionais quando ocorre uma certa
modificação do valor afectivo de um estimulo e também de
alterar o comportamento em função e de acordo com o
ambiente.

• isto pode explicar as perturbações a nível do comportamento


de Phineas Cage, que se tornou incapaz de adaptar as suas
respostas emocionais à variedade de contextos ambientais.

• Uma outra teoria acerca do papel do córtex orbito frontal na


adaptação social foi proposta por António Damásio.
Lobo Frontal e Personalidade

Egas Moniz e
a Leucotomia
Lobo Frontal e Personalidade
• Egas Moniz (1874-1955) ,um conceituado
neurologista, desenvolveu um importante
trabalho à volta do sistema nervoso e idealizou
também uma cirurgia para o tratamento de
algumas doenças que constituíam um dos
pontos prioritários da medicina neurológica da
época, antes do desenvolvimento da
farmacologia.
Lobo Frontal e Personalidade
• Egas Moniz pensou ser possível possível tratar
algumas doenças através de meios físicos, fazendo
um corte das fibras de ligação entre neurónios

Lobos
Lobos Frontais
frontais

• Esta técnica foi classificada como Leucotomia pelo


próprio Egas Moniz, o que lhe valeu o Prémio
Nobel da Medicina.
Lobo Frontal e Personalidade:
A Leucotomia pré-frontal
• Consistia numa cirurgia em que, com a ajuda de um
instrumento especial concebido pelo próprio designado
por leucótomo, eram seccionadas fibras do lobo frontal
através de uma trepanação.
• Produzia nos doentes alivio de tensão emocional severa,
com melhoria dos sintomas externos da doença
psiquiátrica.
• Tinha por objectivo controlar os comportamentos
agressivos e violentos dos doentes, dada a relação
existente entre o córtex pré-frontal e as faculdades
intelectuais dos humanos
Lobo Frontal e Personalidade
• Apesar de muitos pacientes submetidos a esta técnica
não terem sobrevivido e de outros ficarem com algumas
alterações na personalidade, foi praticada em muitos
outros países, principalmente nos Estados Unidos.
• Walter Freeman e a Lobotomia: ganhou tal
popularidade que foi inclusivamente praticada em
crianças com mau comportamento.
• Estes métodos criaram muita controvérsia
principalmente a partir dos anos 50, quando
começaram a surgir os primeiros fármacos
antipsicóticos.
• Durante muito tempo, este foi considerado
como um episódio bárbaro na história da
Psiquiatria.
• É complicado para algumas pessoas, nos dias
de hoje, entender que a destruição de uma
parte do cérebro já foi considerada
terapêutica.
• Actualmente, o tratamento com fármacos
específicos é o mais usado nos transtornos
emocionais graves.
“Lobo” Pré-Frontal
• Alterações da
personalidade e
Alterações afectivas
Semiologia das
Lesões do “Lobo Pré-Frontal”
• O Cortex do lobo pré- • Esta divisão tem
frontal pode dividir-se essencialmente a ver
em: com os distintos
1- Cortex Dorso-lateral quadros clínicos /
(convexidade pré- neuropsicológicos
frontal) originados pela lesão ou
2- Cortex Frontal Interno disfunção de cada uma
destas áreas
3- Cortex Orbito-Frontal
1-Síndrome da Convexidade Pré-frontal
• Apatia/Indiferença • Problemas
• Abulia organizacionais
• Inércia • Alterações das funções
• Distractibilidade Fácil executivas
• Depressão • Pobreza de Pensamento
abstracto
• Afasia (se hemisfério
dominante)
2-Síndrome Frontal Interno
• Apatia • Incontinência de
• Acinésia Esfincteres
• Mutismo Acinético (se • Afasia (se hemisfério
lesão bilateral) dominante)
3-Síndrome Órbito-Frontal
• Euforia • Sociopatia
• Desinibição • Impulsividade
• Labilidade Emocional • Afasia (se hemisfério
• Irritabilidade dominante)
• Mania
Lobo Frontal e Memória
• Estudos de Joaquim Futer e
Patrícia Goldman- Rakic:

• O macaco tinha que fixar


pontos que apareciam num
ecrã de televisão em que mais
tarde apareceria um quadrado
luminoso numa das metades
do campo visual. • Os neurónios pré frontais
estavam activos durante toda
• Depois de alguns segundos o a experiência.
macaco focava o seu olhar para
o sitio onde iria aparecer o
quadrado.
Lobo Frontal e Memória
• No homem também foram feitos estudos.
• Os colaboradores de Leslie Ungerleider, realizaram uma
experiência em que o sujeito teria que observar rostos.
• Para poder analisar a actividade cerebral usavam PET
• O Reconhecimento do rosto activou uma grande parte da região
bilateral occipitotemporal e ainda uma região frontal inferior.
• A situação de recordação de localização das fotografias provocou
uma activação parietal superior e inferior e também do sulco
frontal superior.
• Outras experiências desta equipa também mostram que existe
um equilíbrio entre as zonas frontais e visuais, o córtex visual
trata a informação e o córtex pré-frontal guarda-a na memória.
Lobo Frontal – Áreas Funcionais
5-Lóbulo Paracentral
• Inibição Cortical do
Esvaziamento da
Bexiga e Recto
(Funções
Esfincterianas)
Semiologia das Lesões do Lóbulo
Paracentral
• Incontinência de • Presente nos quadros
Esfincteres por “Perda clínicos de Hidrocefalias
da Inibição Cortical” Agudas e Crónicas
Lobo Frontal – Áreas Funcionais
6 - Olfacto
• A maior parte dos sujeitos consegue
distinguir 3000 cheiros mas existe
quem consiga triplicar este valor.

• Odores Básicos: floral, mentolado,


canforado, almiscarado, picante,
pútreo e etéreo.

• As Mulheres: mais sensíveis aos


cheiros do que os homens

• Ovulação: capacidade pode


aumentar ainda mais.
60
Olfacto
• Os receptores: dendrites de neurónios
bipolares.
• Cerca de 20 milhões de células ciliadas
• Mucosa que reveste a parte superior
das fossas nasais.
• Únicos neurónios que se encontram
em contacto com o ar.
• Axónios das células bipolares
continuam pelos nervos olfactivos
• Renovação a cada 60 dias.
• Nervo olfactivo: terminações na
mucosa das fossas nasais.
• Este trajecto termina no bulbo
olfactivo na região inferior dos lobos
frontais (e também nos lobos
temporais)
• As ligações do sistema
olfactivo ao hipotálamo e
à amígdala podem
desencadear reacções
emocionais.

• Quando existe perda de


olfacto, estamos na
presença de uma Anósmia
Lobo Frontal: Sede da “Inteligência” ?

• O Lobo Frontal é responsável pela Conduta


Organizada e Inteligente que nos deve
caracterizar,
• Estar consciente implica antes de mais,
hesitação e escolha!
• A Conduta básica Humana é assim regulada
pelo Lobo frontal com base em 4 operações
fundamentais:
Controlo do Comportamanto pelo Lobo
Frontal
1. Sequenciação: Mantém presente a informação
considerada significativa e que possa ser
correlacionada; é uma função que tem a ver com a
Cognição, com as Emoções e com os aspectos
visuoespaciais da informação;

2. Activação / Inibição: É a capacidade para iniciar,


modular ou inibir as actividades cerebrais.
Depende da Memória, da Motricidade e do
estado de Alerta.
3. Controlo: Capacidade para manter de forma
ordenada o processamento sequencial correcto dos
processos cognitivos.
Trata-se de controlar e modular o desenvolvimento
das actividades cognitivas já em marcha.
Esta operação depende, de forma conjugada, das
capacidades individuais de Antecipação, Planificação,
Monitorização e Retroalimentação (da
monitorização)

4. Análise: Capacidade de transcender a própria


informação
Lobo Frontal e Funções Executivas
• O conceito de funções executivas foi
introduzido por Luria (1966) tendo sido
retomado mais recentemente pela
Neuropsicologia que o considera central no
que diz respeito à análise dos processos de
resolução de problemas.
• Luria encontrou problemas a nível executivo
nos doentes com lesões dos lobos frontais
• Estes doentes eram incapazes de fazer uma análise
sistemática do espaço/dimensão de um
determinado problema e das suas relações mais
relevantes, sendo totalmente desprovidos da
capacidade de elaboração de uma estratégia
sequencial necessária à sua resolução
• Quando colocados perante um problema
hipotético, não conseguiam visualizar um plano de
acção para o resolver
• A Planificação da acção era substituida por acções
de tipo impulsivo, que em princípio, não estavam
minimamente relacionadas com o estado final da
resolução do problema
• Segundo Mateer (1991), este tipo de doentes
pode até ter uma capacidade intelectual normal
ou elevada, têm a memória mantida e a
capacidade atencional pode estar igualmente
preservada.
• O seu grande problema reside ao nível
Organizacional e de Conduta, falhando na altura
exacta em que é necessário alcançar um
determinado objectivo (até mesmo a nível de
tarefas simples)
• Falha pois a Planificação, a Organização e o
Controlo da Acção
• O lobo Frontal é imprescindível para as
Funções Executivas, criando antecipadamente
estratégias condutoras de um plano
antecipador dos objectivos a alcançar-
• Conceptualiza a acção, tarefa a executar,
delineando o plano que melhor a executará
• Funciona também como “Distribuidor”, porque
é ele quem distribui o “trabalho” pelas
diferentes áreas cerebrais implicadas na
resolução do dito problema.
Lobo Parietal
• Atrás do Sulco central ou Rego de Rolando, que o
separa do lobo frontal

• Gyrus Pós-Central ou Circunvolução Parietal


ascendente: Cortex Sensitivo primário

• À frente do lobo occipital, de que está separado


por um imaginário sulco parieto-occipital

• Por cima do lobo temporal, do qual está separado


à frente pelo Rego de Sylvius, a atrás de limites mal
definidos.
• Dois sulcos principais, que o dividem em três
giros ou circunvoluções.
• Sulco pós-central : paralelo ao sulco central
• Gyrus parietais superiores e inferiores
• Sulco intra-parietal: desde o meio do sulco
pós-central normalmente até ao lobo occipital
• A parte anterior do Lobo Parietal (áreas 3,2 e 1 de
Brodmann), corresponde ao córtex somato-sensitivo
que constitui a área receptora ou de projecção
primária para as diferentes sensibilidades.

• A parte posterior do Lobo Parietal, P.1 e os dois


lábios do sulco intra-parietal (áreas 5 e 7 de
Brodmann), correspondem à área somestésico-
psíquica, onde se elaboram as sensações brutas.

• O restante Lobo Parietal (áreas 40 e 39 de


Brodmann), correspondem à área tactognósica, que
permite o reconhecimento dos objectos pelo tacto e,
em parte, à zona de Wernicke (que compartilha com
o lobo temporal)
• O Lobo Parietal é responsável pela
percepção / sensação de dor, tacto,
paladar, temperatura e pressão.

• Também está relacionado com a Lógica/


Matemática;
Lobo Parietal
1-Gyrus Pós-central ou
Circunvolução Parietal
Ascendente: Cortex Sensitivo
Primário (Cortex Granular)

2-Gyrus Angular e Supra-


marginal (lado
dominante)Integram a Área
de Wernicke: Áreas
receptoras que integram
informações auditivas e
visuais
3-Não-Dominante:
Imagem corporal
Percepção do ambiente
Capacidade construtiva

4-Dominante:
Capacidade Numérica e
Cálculo

5-Fibras das Radiações


Ópticas
Lobo Parietal: Processos sensoriais
• O sistema sensorial fornece ao cérebro informações
selectivas mediante o ambiente e as condições internas e
externas da situação, captando e tratando somente a
informação relevante para o bom funcionamento do
organismo.

• Um sistema sensorial ideal distingue determinadas formas de


energia entre o vasto conjunto das que se lhe apresentam,
responde adequadamente ao seu grau de intensidade, é
extremamente sensível a qualquer alteração de estímulos,
reage de forma fiável e rápida e exclui a informação não
desejada.
Semiologia do Lobo Parietal
• A Semiologia Parietal centra-se na Percepção:
• Perturbações Sensitivas
• Perturbações Sensoriais
• Perturbações do Esquema Corporal
• Perturbações Práxicas
• Perturbações da Linguagem
SEMIOLOGIA DO LOBO PARIETAL: Manifestações Neurológicas e Neuropsicológicas
ALTERAÇÕES:

Sensitivas Subjectivas Parestesias


Sensitivas Objectivas Hipostesia, Anestesia
Tácteis Agnosia Táctil Secundária ou
Assimbolia Táctil
Sensoriais Vestibulares, Paladar, Visuais e
Oculo-motoras
Esquema Corporal Hemiasomatognosia, Anosognosia,
Anosodiaforia, Agnosia Digital,
Autotopoagnosia
Práxicas Apraxias Ideomotora bilateral,
Ideatória/Ideativa, Construtiva, do Vestir

Linguagem Afasia de Wernicke, Afasias Puras ou


dissociadas, Agrafia, Alexia
Semiologia da Lesões do Gyrus Pós-central
ou Cortex Sensitivo Primário
• Distúrbios na sensibilidade do Hemicorpo
contralateral (Postural, Táctil, Térmica,
Dolorosa; Estereognósica): Extensão segundo
o “Homúnculo” Sensitivo
• Hemi-inatenção sensorial: Face a 2 estímulos
simultâneos, há a percepção apenas do
contra-lateral ao lobo parietal normal
Semiologia das Lesões do Gyrus Angular e
Supra-marginal

• Afasia de Wernicke
• Apraxias Ideomotoras
Semiologia das Lesões do Lobo Parietal Não
Dominante

• Anosognosia
• Apraxia do Vestir
• Agnosia Geográfica
• Apraxia construtiva
Semiologia das Lesões do Lobo Parietal
Dominante

• Confusão Direito/Esquerdo
• Agnosia Digital
• Acalculia
• Agrafia
(Síndrome de Gerstmann)
Lobo Parietal
Semiologia das Lesões das Radiações
Opticas Parietais

• Quadrantópsias
Homónimas
Inferiores
Lobo Temporal
• O lobo temporal que tem a forma de um
ângulo diedro aberto para cima e para dentro,
localiza-se na parte inferior do hemisfério
cerebral.

• Encontra-se separado pela fenda de Sylvius do


lobo frontal à frente, e do lobo parietal acima.

• Os seus limites posteriores com o lobo


occipital são imprecisos.
• Descreve-se no lobo temporal um polo anterior e
duas faces, uma externa e outra infero-interna.

• Na face externa podem distinguir-se as


Circunvoluções Temporais Superior, Média e Inferior
(T1, T2 e T3)

• No fundo da Fenda de Sylvius encontra-se o lobo


temporal profundo que é como uma “ilha” de cortex
na profundidade – é o chamado “Lobo da Insula”

• Na face infero-interna identificam-se o Uncus e o


Gyrus ou Circunvolução Parahipocâmpica
Lobo Temporal
Áreas Funcionais
1. O Neocortex temporal é formado pelas
quatro primeiras circunvoluções
temporais com o gyrus de Heschl, área
de projecção primária com a terminação
das vias acústicas, e o corredor temporo-
parieto-occipital que tem um papel
importante na linguagem, nas Apraxias e
nas Agnosias.
2. A porção que faz parte do sistema
límbico, também chamado lobo
límbico que é constituído pela quinta
circunvolução temporal e pelas
formações que lhe são anexas,
desempenha um papel importante na
organização de condutas e de
comportamentos instintivos
(alimentação, defesa, sexualidade e
emoções).
Neuropsicologia do Lobo Temporal
Áreas Funcionais

1. Área de Wernicke
2. Cortex Auditivo
3. Circunvoluções Temporais Média e
Superior
4. “Lobo Límbico”
5. Vias Ópticas
Lobo Temporal – Áreas Funcionais
1- Área de Wernicke
• A Área de
Wernicke situa-
se na porção
posterior do
lobo temporal,
relacionando-se
de perto com a
Área Auditiva
primária o com
o lobo parietal
• Afasia de Wernicke:
• Área da
• Compreensão
Compreensão comprometida
da Linguagem • Discurso Fluente
• Neologismos
Oral • Parafrasias
• Por vezes com Agrafia
Lobo Temporal – Áreas Funcionais
2- Cortex Auditivo
• Situa-se em T1,
Parcialmente escondida
no Rego de Sylvius
• Também chamado
“Circunvolução de
Heschl”
• Lobo Dominante:
Audição da Linguagem
Oral
•Função Labiríntica:
• Lobo Não-Dominante:
Representada junto ao Cortex
Audição dos Sons, Auditivo
Ritmo e Música
SEMIOLOGIA DAS LESÕES

Àrea de Heschl Surdez Cortical (raro)


(Lesões Bilaterais)
Áreas Associativas Vizinhas no Surdez Verbal
Hemisfério dominante

Áreas Associativas Vizinhas no Amusia – Incapacidade para a


Hemisfério não-dominante Apreciação dos Ritmos e Música

Áreas Associativas Vizinhas em Alucinações Auditivas


Ambos Hemisférios
Lobo Temporal – Áreas Funcionais
3 - Circunvoluções Temporais Média
e Superior
Função Lesão

Envolvidas nos Distúrbios da Memória e


Processos da Aprendizagem
Epilepsia do Lobo
Aprendizagem e temporal:
Memória Amnésia Pós-crise,
“Déja Vu”
Lobo Temporal – Áreas Funcionais
4 -“Lobo Límbico”
Função Lesão
Hipocampo e Circunvolução Disfunção da Memória Recente
Parahipocâmpica

Função Olfactiva: Alucinações Olfactivas na


As fibras Olfactivas terminam epilepsia do Lobo Temporal
no Uncus

“Lobo Límbico” (esta Comportamento Agressivo ou


terminologia designa áreas Anti-Social
temporais ,frontais e parietais )
Lobo Temporal – Áreas Funcionais
5 - Vias Ópticas
• As Radiações
Ópticas passam
na profundidade,
junto ao corno
posterior do
ventrículo lateral

Quadrantópsias
Homónimas
Superiores
Semiologia do Lobo Temporal
1- Perturbações Sensoriais e Agnosias
a) Perturbações Auditivas: Surdez Cortical, Agnosias
Auditivas, Agnosia dos Ruídos ou Surdez Psíquica,
Agnosias Musicais ou Amusia, Agnosia das palavras
ou Surdez Verbal
b) Perturbações Olfactivas
c) Perturbações Gustativas
d) Hemianópsia lateral homónima
e) Perturbações Vestibulares (do equilíbrio e vertigens)
2- Perturbações da Linguagem
a) Perturbações Auditivas
b) Afasia de Wernicke

3-Alucinações Complexas e de tipo variado


c) Auditivas
d) Olfactivas
e) Visuais – Complexas, Deja Vu

4-Epilepsia Temporal
f) Modificações Paroxísticas da Consciência
g) Manifestações Motoras: Crises Mastigatórias,
Automatismos Buco-nasais, Vocalizações
h) Grandes Automatismos Psico-motores
Lobo Occipital
• Constitui o polo posterior do hemisfério
cerebral

• Relaciona-se com os lobos temporal e parietal


com os quais tem limites mal definidos na face
externa

• Tem a forma de uma pirâmide triangular de


base anterior e descrevem-se-lhe três faces:
interna, externa e inferior.
• Na face interna do
lobo identificam-se:
1- Sulco ou Rego
Calcarino
2- Sulco Parieto-occipital
Neuropsicologia do Lobo Occipital:
Função Visual.
Vias Ópticas
Neuropsicologia do Lobo Occipital
o Cortex Occipital contém o chamado Cortex Visual

o Cortex occipital: três áreas (Citoarquitectura)

• Cortex Estriado: Cortex Visual Primário, situado nas


margens do Rego Calcarino (Área 17 de
Brodman)

• Cortex Para-estriado e Peri-estriado: Áreas


Visuais Associativas

• As Áreas Visuais Associativas estabelecem


conexões com as áreas Frontais, Temporais e
Parietais Homolaterais e ainda com as contra-
laterais através do corpo caloso
• Só assim a informação visual pode ser
1-Défices Campimétricos
• Hemianópsia Homónima – com
ou sem envolvimento da macula
(zona mais central do campo
visual) segundo a extensão da
lesão

• Se a lesão é só ao nível do polo


occipital: Hemianópsia Central
com visão periférica normal
2. Cegueira Cortical
• Lesões extensas do cortex visual
• Destruição bilateral da Área 17
• Inexistência de Percepção à Luz com Reflexo pupilar à luz
normal (depende do tronco cerebral)

• Síndrome de Anton: Lesões do Cortex Motor Primário e


áreas associativas; O doente nega a sua cegueira, da qual
não tem consciência

• Síndrome de Balint: Lesões Parieto-occipitais;


Incapacidade para o olhar directo, voluntário, associado a
Agnosia visual
3. Alucinações Visuais
• Alucinações: percepções visuais sem objecto
• Observam-se no decurso das lesões das áreas para e peri –
estriadas (Áreas Visuais Secundárias): Alucinações visuais e
metamorfoses.

• Alucinações elementares: Amorfas, “zig-zags”, flashes, não


preenchendo a totalidade do campo visual

• Ocorrem na Enxaqueca com Aura (Migraine) e Epilepsia do


lobo occipital

• (Alucinações do lobo temporal são complexas, com formas


bem definidas preenchendo a totalidade do campo visual)
4. Ilusões de Óptica ou Metamorfoses
• percepção modificada
do objecto em que a
imagem percebida sofre
uma distorção:
Distorção das Formas
dos Objectos ,
desdobra-se ou apresenta
modificações no
tamanho ( Macrópsias e
Micrópsias).
5. Agnosias Visuais
 Perturbação do reconhecimento dos objectos,
das pessoas ou dos símbolos gráficos sob o
controle único da visão
 na ausência de déficit importante da função
visual.
 Traduzem uma lesão das circunvoluções
occipitais externas nas áreas para e peri-
estriadas
1- Agnosia das Cores ou
Cegueira das Cores

2- Agnosia das Fisionomias


ou Prosopagnosia

3- Agnosia dos Objectos ou


Cegueira Psíquica
Prosopagnosia
• Impossibilidade de
reconhecer os Rostos
Familiares
• Associa-se a outros distúrbios
cognitivos de interpretação e
de nomeação com a visão
preservada, como a Agnosia
das Cores
• Lesões bilterais da junção
parieto-occipital
Conclusão - Lobos Cerebrais
• O Cortex cerebral está distribuido por lobos, no
entanto os lobos não são unidades distintas, mas
sim regiões anatomicamente contínuas,
arbitrariamente divididas para efeitos didácticos
e descritivos

• Funções especificas foram identificadas em cada


lobo, mas na maioria das funções cognitivas os
lobos interagem entre si.

Você também pode gostar