Você está na página 1de 28

MORFOLOGIA, ESTRUTURA E TAXONOMIA VIRAL

Vírus (Latim: veneno) → parasitas intracelulares


obrigatórios, acelulares, constituídos de material genético
(DNA ou RNA) e proteínas

https://www.nature.com/articles/d41586-021-02039-y
HISTÓRICO
Adolf Meyer (1876) → doença do mosaico do tabaco, tinha natureza
infecciosa
 Dimitri Ivanowsky (1892) & Martinus Beinjerinck (1898) → doença do
fumo causada por agentes filtráveis

Meceração
das folhas
Seiva
Planta do coada pelo
tabaco pano
doente

Planta
doente Passagem
Contaminação pelo filtro à
da planta prova de
saudável bactérias
HISTÓRICO

Relatos de viroses em Egípcios e Greco-Romanos (Séc XIX a.C)

Adolf Meyer (1876), Dimitri Ivanowsky (1892), Martinus Beijerinck


(1898)→ doença do mosaico do tabaco de natureza infecciosa,
causada por agente filtrável

Friedrich Loeffler & Paul Frosch (1898) → contagium vivum fluidum


em animais (febre aftosa)

Walter Reed et al. (1901) → contagium vivum fluidum em humanos


(febre amarela)

Felix d’Herelle (1915) “Pai da Virologia” → natureza particulada dos


bacteriófagos, titulação viral
HISTÓRICO

Kauche et al. (1939) → microscopia eletrônica do vírus do mosaico


do tabaco

Enders et al. (1955) → propagação do vírus da poliomielite em


células cancerosas

1966 → Comitê Internacional para Nomenclatura dos Vírus

1977 → Comitê Internacional para a Taxonomia dos Vírus

1980 → Biologia Molecular favoreceu o conhecimento sobre


taxonomia viral
MICROSCÓPIO ELETRÔNICO

Fonte: Madigan et al., 2016


PROPRIEDADES GERAIS DOS VÍRUS

1- Pequenos (entre 18 e 300 nm, exceção vírus gigantes de até 1,5


µm) → agentes filtráveis em membranas esterilizantes

2 - Parasitas intracelulares obrigatórios


3 - Necessitam da maquinária metabólica da célula para se
multiplicar

4- Possuem um único tipo de ácido nucléico → DNA ou RNA

5 - Possuem cobertura proteica envolvendo o ácido nucleico →


capsídeo (envelopado ou não envelopado)

6 – Crescimento, em cultura de células, em escala logarítimica


TAMANHO DOS VÍRUS
- Microscopia eletrônica → 20 nm a 1,5 µm
TAMANHO DOS VÍRUS
Microscopia eletrônica → 20 a 1000 nm
 “Vírus gigantes” : 0,2 µm a 1,5 µm (Ex: Filo Nucleocytoviricota)
https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.06.30.546935v1.full

Morphotypes of giant virus-like particles with unique structural


features from Harvard Forest soil.a) “Mimi-like”
morphotype. b) “Supernova” morphotype. c) “Haircut”
Virus-like particles with plain icosahedral capsids. morphotype. d) “Turtle” morphotype. e) “Plumber”
Shown capsid diameters ranging from 50 nm to 635 nm. All scale morphotype. f) “Christmas star” morphotype. g) “Flacon”
bars, 100 nm. morphotype. h) “Gorgon” morphotype. i)-k) Large VLPs with tail
structures.
ESPECTRO DE HOSPEDEIROS

BACTERIA E
ARCHAEA
MORFOLOGIA VIRAL

- Vírion → partícula viral completa (ácido nucléico, proteínas,

alguns com envelope) e infecciosa


MORFOLOGIA VIRAL

Capsídeo → composto de capsômeros

 Constituído de uma ou mais proteínas associadas

Simetria do Capsídeo: poliédrica/icosaédrica, helicoidal ou

complexa
 Critério para classificação

Funções

Proteção do genoma

Sítio de ligação a receptores

Determinantes antigênicos
Fonte: Madingan et al. 2016
Estimular a produção de Anticorpos
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À SIMETRIA DO CAPSÍDEO

20 Triângulos equiláteros e
12 vértices

http://s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABD-cAK-2.png
 Envelope viral → circunda o capsídeo (contém espículas)

- Constituição → glicoproteínas virais e membranas do hospedeiro


- Necessário para infecção
- Estimulam a produção de Anticorpos
- Antígenos usados em testes sorológicos

Fonte: Valencia, 2020


DOI: 10.7759/cureus.7386

https://www.news-medical.net/health/How-Does-the-SARS-Virus-
Genome-Compare-to-Other-Viruses-(Portuguese).aspx
GENOMA VIRAL

- DNA ou RNA

- Haploides (maioria) ou diploides (retrovírus)

- Fita simples, Fita dupla

- Linear ou circular

- Segmentado ou não segmentado

- Critério de classificação

- Associado com enzimas virais específicas


CLASSIFICAÇÃO DE BALTIMORE

Fonte: Madigan et al., 2016


PARTÍCULAS SUBVIRAIS

Vírus Satélites → precisam de outros vírus para se replicar


-Ácido nucléico “incompleto”, apenas codificador de proteínas
estruturais

Ex: Vírus associado ao adenovírus (AAV) ou adenossatélite só se


replicam em co-infecção com herpevírus ou adenovírus

Viróides → associados aos vírus de plantas


- Genoma pequeno (~200 a 400 pb de RNA fs circular) → não
codificam suas proteínas, tem forte estrutura secundária e
replicam-se independente do vírus helper, com auxílio da
célula hospedeira
Vírus defectivos → partículas virais com genomas
incompletos ou defeituosos
- Resultante da elevada quantidade de vírus infectantes (Ex:
Adenovíus)
- Replicam-se somente quando há um vírus completo na célula
- Estabelecem infecções persistentes
Prions → proteínas com funções alteradas
- Resistentes à inativação por agentes físicos e químicos

- Modificam proteínas normais (PRPc) em proteínas alteradas →

cérebro infectado torna-se esponjoso e cheio de vacúolos

- Agentes de encefalopatias espongiformes em humanos e animais


CLASSIFICAÇÃO VIRAL

- Primeiras classificações → baseadas na sintomatologia das


doenças

- Comitê Internacional para Nomenclatura dos Vírus (1966)

-Comitê Internacional para a taxonomia dos Vírus (1977)


-Organização: subcomitês (> 100 grupos de estudo)
1 – Vírus Animal de DNA e retrovírus;
2 – Virus Animal de RNA fitas dupla e simples negativa;
3 – Vírus de Animal de RNA fita simples positiva;
4 – Virus de Bacteria
5 – Vírus de Archaea;
6 – Virus de Fungos e Protistas;
7 – Vírus de Plantas.
Classificação Internacional (CITV)
https://ictv.global/report.
Baseada, principalmente, na estrutura genômica (tipo e similaridade
genética)

Propriedades do genoma → tipo e tamanho de AN, no de fitas, polaridade


(+ ou -), taxa de G+C; presença de terminais Cap ou poli-A no RNAm;
número e posição de ORFs, características da transcrição e tradução;

Morfologia→ tamanho e forma, envelope (presença/ausência); simetria


do capsídeo, número de capsômeros

Propriedades físico-químicas → massa molecular, estabilidade em pH,


termoestabilidade, susceptibilidade a agentes físicos e químicos

 Propriedades das proteínas → número, tamanho, atividade, sequência


de aa, tipos de modificações pós-traducionais, estrutura tridimensional da
proteína
Classificação Internacional (CITV)
https://ictv.global/report.

 ICTV (2023): 6 realms, 10 kingdoms, 17 phyla, 2 subphyla, 40


classes, 72 orders, 8 suborders, 264 families, 182 subfamilies,
2818 genera, 84 subgenera, 11273 species
Classificação Internacional (CITV)

Replicação e organização gênica → ordem dos genes, estratégia


de replicação, número e posição de ORF, características da
transcrição e tradução, processamento pós-traducional, sítio de
acúmulo de proteínas virais, sítio de montagem, maturação e
liberação do vírus etc;

Composição e teor de Lipídeos e Carboidratos

Propriedades antigênicas

Propriedades biológicas → hospedeiro, transmissão,


patogenicidade, vetores, patologia, tropismo tecidual etc.
Nomenclatura viral

Sufixos:
Reino → viria (Ex.: Riboviria)
Filo → viricota
Classe → viricetes
Ordem → virales
 Famílias → viridae (gêneros com características filogenéticas comuns)
Subfamílias  virinae
Gêneros → virus (propriedades físico-químicas ou sorológicas)

Espécie (Walker et al. 2021) → "um grupo monofilético de vírus cujas


propriedades podem ser distinguidas das de outras espécies por múltiplos
critérios“
- Walker et al. (2021), ICTV : Uma mudança notável é a adoção de formato
binomial uniforme para nomeação de espécies de vírus
-Nomes das espécies pode seguir formatos latinizados ou de forma livre
-Abolição da exigência de uma espécie-tipo, ou seja, um tipo
nomenclatural designado para cada gênero
Tabela 1. Sumário das mudanças taxonômicas aprovadas em março de 2021.

MSL-38 (2023)

40
72
264
182
2818
84
11273
Nature Reviews 2019. Vol 18: 358-378

 Vírus associados aos adenovírus utilizados como vetores para


terapia gênica: substituir genes mutantes com perda de função

 2012 – Glybera (AAV1 - alipogene tiparvovec - Europa) para


tratar deficiência de lipase

 2017 – Luxturna (AAV2 - voretigene neparvovec-rzyl – EUA)


tratar perda de visão causada pela mutação no gene RPE65

 2019 – Zolgensma (AAV9 - leva o gene normal SMN1 para


produção de proteína ausente em pacientes com AME – atrofia
muscular espinhal)
Nature Reviews 2019. Vol 18: 358-378

Você também pode gostar