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ESTADO, ORIGEM E TIPOS DE ESTADOS

PROF. DR. ERIVALDO CAVALCANTI


 Está vinculada ao processo de modernização
dos territórios, desde o período da
Antiguidade, e tomou força especialmente
pela formação dos chamados Estados
nacionais.
Origem do  O termo Estado, do latim status (modo de
Estado estar, situação, condição) data do século XIII
e se refere a qualquer país soberano, com
estrutura própria e politicamente organizado,
bem como designa o conjunto das instituições
que controlam e administram uma nação.
 A principal função de um Estado é a administração de
determinado território por meio de ações governamentais
tomadas de forma unificada, visando ao beneficiamento
da população. Assim, a formação de um Estado necessita
de um governo, de um território e de uma população
(povo), para o estabelecimento das suas funções como
Função do unidade espacial, política, jurídica, administrativa e
fórum internacional.
Estado
 Ademais, o Estado possui como papéis o
estabelecimento de relações com outras entidades
espaciais bem como a defesa do seu território de poder,
marcando, desse modo, o conceito de soberania. O
Estado é a principal fundação para a formação do
conceito de país comumente adotado na atualidade.
 Estado unitário
 O Estado unitário ou Regime Unitário se
caracteriza pela centralização política,
isto é, existe apenas um único poder
Tipos de central, o qual é responsável por todas as
estado atribuições políticas, não havendo
compartilhamento de responsabilidades.
 Exemplos: França, Portugal, Itália,
Inglaterra e Uruguai.
 Estado federado ou federação
 É um Estado composto por diversas entidades
territoriais autônomas dotadas de governo
próprio.
 A maneira mais simples de definir Estado
Tipos de
Federal é caracterizá-lo como uma forma de
estado organização e de distribuição do poder estatal
em que a existência de um governo central não
impede que sejam divididas responsabilidades e
competências entre ele e os Estados-membros.
 Exemplos: Brasil, Alemanha e Estados Unidos
 Estado confederado
 É um Estado semi-soberano uma vez que a sua
capacidade jurídica internacional é limitada pela sua
presença numa confederação. Essa limitação
consubstancia-se em restrições no exercício dos direitos
Tipos de internacionais nas matérias que foram delegadas na

estado estrutura orgânica da confederação.

 Há muitos exemplos de países federados que passaram


por experiências confederadas anteriores, mas que não se
sustentaram: Suíça, Alemanha, Argentina, as 13 colônias
dos EUA e a Venezuela.
 Estado composto
 Designa uma associação de Estados que origina uma
nova entidade estatal, que pode corresponder a uma
federação ou a uma união real.

 Estes são divididos em compostos por coordenação


Tipos de (Estado Federal, Confederação de Estados, União de
estado Estados) e compostos por subordinação (Estado vassalo,
Estado satélite, Estado cliente, Estado exíguo*).

 (*) são aqueles que por possuírem um pequeno território


e população igualmente pequena, não têm meios de
exercer a sua soberania de modo completo. Ex.: Mônaco.
 União real
 É uma forma de Estado composto e corresponde ao
vínculo existente entre dois ou mais Estados em que se
fundem ou compartilham órgãos particulares de
cada Estado de modo a passarem a existir um ou mais
órgãos comuns (o Chefe de Estado é comum).

União real  Uma união pessoal corresponde à situação em que o


chefe de Estado é comum a dois ou mais estados. A
união pessoal é verdadeiramente uma associação de
estados, pois estes permanecem independentes entre si,
não existindo a instituição de um novo estado (não existe
uma União, como sucede nas uniões reais).
 Exemplos históricos:
 União pessoal das coroas que mais tarde formariam a
Espanha (Coroa de Castela e a Coroa de Aragão) com o
casamento da rainha Isabel I de Castela e o rei
Fernando II de Aragão, conhecido como
monarcas católicos. Sua filha Joana de Castela foi
julgada mentalmente instável e Carlos tornou-se rei de
União real Castela e após a morte de seu avô Fernando II, rei de
Aragão e, sendo posteriormente,
Imperador Romano-Germânico, tornou-se a cabeça do
Sacro Império Romano-Germânico, de 1519 a 1556.
Castela e Aragão mantiveram-se unidas de 1556-1707,
depois do qual foram formalmente unificados como
Espanha.
 Exemplo atual: Grã-Bretanha

a) O Reino da Inglaterra e o Reino da Escócia entraram em


uma União Política em 1707 para formar o Reino Unido.
b) União Pessoal com a Irlanda desde o seu início em 1707
até entrar em uma União política com a Irlanda em 1801.

União real c) União Pessoal com Hanôver na adesão de George I em


1714, em 1801, quando a Grã-Bretanha se tornou o
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda (e daí em diante até
1837).
d) Em 1922 a Irlanda se torna independente, menos a
Irlanda do Norte.
 Monarquia Dual
 Ocorre quando, no mínimo, dois reinos independentes
são governados pelo mesmo monarca, seguindo a mesma
política externa, uma união aduaneira e uma combinação
das forças armadas, mas são autorregulamentados.

Tipos de Estado  Exemplo clássico:


 Áustria-Hungria, a monarquia dual que existiu de 1867
até 1918 e a União Ibérica que houve durante a
Dinastia Filipina, de 1580 a 1640, que juntou o
Reino de Portugal com o Reino da Espanha.
 Há diversas classificações de Estados que
acompanham as dinâmicas históricas, políticas
e econômicas do mundo moderno. As
principais classificações de Estado, assim como
suas características marcantes, estão listadas
Classificação abaixo:
de Estado
 Estado absolutista: foi a primeira categoria
do Estado nacional moderno, calcada
especialmente na figura do rei, que administra
o poder estatal de forma absoluta. A unidade
territorial e o exercício do militarismo são
elementos da sua classificação.
 Estado de bem-estar social: remete à participação do
governo de forma ativa em setores como saúde e
educação, ao mesmo tempo em que promove a
capitalização da economia por meio da adoção do
sistema capitalista de produção.
Classificação de  Estado neoliberal: essa categoria tem forte viés
estado economicista e está vinculada à modernização do
conceito do liberalismo econômico. Essa modernização
recebe o nome de neoliberalismo,
uma doutrina que defende a ação pontual do Estado, ao
mesmo tempo em que há a ação privada
, como nos meios de produção.
 A presença de um poder central é fundamental para a
existência de um Estado. A palavra Estado, com letra
maiúscula, e estado, com letra minúscula, apontam para
conceitos diferentes na Geografia:
Diferença  Estado escrito com letra maiúscula, remete à unidade
entre Estado e administrativa de um governo exercida em uma unidade
espacial.
estado
 estado escrito com letra minúscula, remete ao tipo de
regionalização do território, formada por unidades
espaciais menores chamadas de unidades
administrativas, ou situação ou condição de algo.
 Estado é a forma central de administração de
um território que requer um conjunto de
legislações próprias que são gerenciadas por
meio de um governo.

Diferenças  Governo é transitório e é um agrupamento de


representantes da população (povo), que agem
entre Estado e de forma a contribuir para a administração dos
governo Estados. O governo, em sociedades
democráticas, é escolhido pela participação
popular, que elege seus representantes pelo
voto.
 Estado requer a ocupação de determinado território para
a sua formação. Nesse território, estão dispostos
diversos agrupamentos populacionais, que muitas vezes
compartilham aspectos culturais, como língua e
religião, fundamentais para a formação do sentimento
de pertencimento ao Estado, originando assim o
Diferenças conceito de nação.
entre Estado e  Nação é formada por um conjunto de pessoas que
nação compartilham determinadas características,
especialmente culturais. Há nações que não possuem
um Estado, ou seja, não têm soberania, como o caso do
povo curdo, que, apesar de grande tradição política e
cultural, não possui um Estado próprio.
 Curdos:
Com mais de 26 milhões de pessoas, os curdos são a maior
nação sem território do mundo. Esses indivíduos habitam a
Armênia, Azerbaijão, Irã, Iraque, Síria e Turquia. Essa
nação, vítima de perseguições e massacres, reivindica a
criação do Curdistão, entre o norte do Iraque, oeste da
Nações sem Turquia e noroeste do Irã.

territórios Palestinos:
Essa grande nação é composta por mais de 7 milhões de
pessoas que estão situadas no Oriente Médio. Os palestinos
lutam pela formação de um território autônomo e a
reincorporação de áreas ocupadas pelos israelenses. A
Organização para Libertação da Palestina (OLP) é o
principal grupo na busca pela criação de um Estado próprio.
 Tibetanos:
Os tibetanos ocupam o centro-leste do continente asiático,
um território dominado pelo governo chinês, que oprime de
forma violenta o movimento de autonomia dessa nação. Os
mais de 6 milhões de tibetanos, de tradição budista, não
aceitam a ocupação da China e solicitam a criação de um
Nações sem país.
territórios Caxemires:
A região da Caxemira é dominada pela Índia, Paquistão e
China, além de abrigar duas nações: muçulmanos (4 milhões)
e hindus (1 milhão). A maioria dos habitantes (muçulmanos)
deseja que o território seja anexado ao Paquistão, porém há
grande oposição por parte dos hinduístas.
 Bascos:
A nação basca, formada por mais de 2,3 milhões de indivíduos, ocupa
uma área na porção norte da Espanha e o sul da França. Esse grupo
apresenta cultura própria, com destaque para a língua (euskara) e a
religião católica romana. O movimento de criação de um território
próprio foi liderado pelo ETA (Pátria Basca e Liberdade), que, apesar de
enfraquecido e desarticulado politicamente, continua pressionando o

Nações sem governo espanhol.

territórios Chechenos:
Nação formada por aproximadamente 1,2 milhão de pessoas, os
chechenos vivem em uma área de domínio russo, nas montanhas do
Cáucaso. O movimento separatista ganhou força com a fragmentação da
União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a declaração de
independência e formação do Estado-Nação da Chechênia, em 1991.
Porém, os russos não aceitaram a formação do território checheno e
combatem o movimento com bastante violência: estima-se que mais de
120 mil chechenos foram mortos pelo exército da Rússia
 Estado, como já informado, explicita a organização
político-administrativa de um território e está ligado ao
conjunto de ordenamentos jurídicos que regem
determinada população.

Diferença  Estado-nação é o mais comum entre as sociedades

entre Estado e mundiais na atualidade. Ele contempla tanto o conceito


de Estado, ou seja, o ordenamento jurídico e
Estado-nação administrativo próprio que requer um território para o
estabelecimento de um governo, como, ainda, o
conceito parcial de nação, que indica o
compartilhamento de hábitos culturais entre a
população de um território.
 O conceito de Estado é comumente apresentado como
sinônimo de país, como uma forma de designar
determinado território.

 Por sua vez, o conceito de país é mais amplo, visto que


Relação entre considera não somente a estrutura político-administrativa
de um Estado mas também os aspectos geográficos
Estado e país básicos de um território, como suas caracterizações
física, demográfica e econômica.

 Tanto na definição de um Estado quanto na definição de


um país, é necessária a presença de elementos como
território, população, governo e soberania.
 É uma cidade, um local independente, que possui seu próprio
governo. A cidade-estado é uma cidade dentro de outra cidade,
onde ela sobrevive independente do local onde está inserida,
com suas próprias leis.

 As cidades-estados existem desde a Antiguidade, como na


Cidade-estado Grécia Antiga, onde as mais famosas eram Atenas, Esparta e
Tróia. Essas cidades ficavam dentro da Grécia, mas
funcionavam de forma independente, tinham seu próprio
regime político e suas leis. Na Antiguidade, as cidades-estados
na Grécia eram chamadas de pólis, termo utilizado para
designar um sistema político.
 A cidade do Vaticano, denominada oficialmente de Estado da
Cidade do Vaticano ou Santa Sé fica localizada dentro da
cidade de Roma, na Itália mas, é uma cidade eclesiástica,
soberana e governada pelo PAPA.

 Outros exemplos:

Cidade-estado  Singapura (malásia)

 Hong Kong (China)

 Macau (Macau)

 Mônaco (França)
Unidade federadas com
autonomia na Alemanha:
Cidade-estado
Hamburg
Bremen
 DIREITO DIVINO DOS REIS
 A ascensão do sistema do Estado moderno estava relacionado a
mudanças nos pensamentos políticos, especialmente no que

Teorias da concerne à forma de compreender as mudanças no modo de


legitimar a mudança estatal. Defensores do Estado tradicionais
legitimação do como Thomas Hobbes e Jean Bodin seguiram as linhas do
Estado direito divino dos reis para explicar as mudanças.

 Esta doutrina baseou-se na crença de que o monarca tem o


direito de reinar por vontade de Deus, e não devido à vontade
de seus súditos.
 ESTADO NATURAL
 Antecessor à constituição da sociedade civil. Todos os autores
contratualistas admitem, de certa forma, um "
estado de natureza". Alguns dos autores contratualistas, apesar
Teorias da de descreverem um "estado de natureza", admitem que ele

legitimação do possa nunca ter existido, mas que era preciso fazer essa

Estado construção para entender a formação da sociedade civil.

 O que difere a sociedade humana das sociedades formadas por


outras criaturas é a necessidade de regras para que haja
organização dos interesses. A cultura faz com que o homem se
emancipe dos outros animais. O ser humano, sendo dotado de
razão, torna-se livre.
 CONTRATO SOCIAL

 No âmbito do Estado, seria um acordo entre os membros da sociedade,


pelo qual reconhecem a autoridade, igualmente sobre todos, de um
conjunto de regras, de um regime político ou de um governante.

Teorias da  O ponto inicial da maior parte dessas teorias é o exame da condição


humana na ausência de qualquer ordem social estruturada,
legitimação do normalmente chamada de "estado de natureza". Nesse estado, as ações

Estado dos indivíduos estariam limitadas apenas por seu poder e sua
consciência. Difundiram-se entre os séculos XVI a XVIII como forma
de explicar ou postular a origem legítima dos governos e, portanto, das
obrigações políticas dos governados ou súditos. Thomas Hobbes
(1651), John Locke (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762) são os
mais famosos filósofos do contratualismo.
 AUTORIDADE LEGAL-RACIONAL
 Max Weber identificou três fontes de legitimidade política. A
legitimidade com base em motivos tradicionais é derivada
de uma crença de que as coisas deveriam ser como foram no

Teorias da passado. Já a legitimidade baseada em liderança carismática


é a devoção a um líder ou grupo que é visto como
legitimação do excepcionalmente heroico ou virtuoso. Por último, a terceira
Estado forma de legitimidade é a autoridade racional-legal na qual a
legitimidade é derivada da crença de que um determinado
grupo tenha sido colocado no poder de forma legal, e que
seus atos são justificáveis de acordo com um código
específico de leis escritas.

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