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A EDUCAÇÃO NA

DITADURA MILITAR
EDUCAÇÃO BÁSICA: PANORAMA
A educação básica foi profundamente afetada pela ditadura militar.
Logo de início, educadores e estudantes foram perseguidos, calados,
expulsos, presos, exilados e alguns assassinados. Com isso, o governo
autoritário abria caminho para a aplicação de suas políticas
educacionais, que possuíam dois grandes objetivos:

•a formação da mão de obra adequada ao modelo de desenvolvimento


econômico dos militares.
•a difusão de uma ideologia favorável ao regime entre as crianças e
adolescentes, começando por impor aos jovens um padrão de
comportamento regrado e obediente.

Estes aspectos se interligavam, pois uma rígida disciplina escolar poderia


fortalecer a obediência social no ambiente de trabalho e promover o
aumento da produtividade na economia.
REFORMA DO ENSINO
Para efetivar o seu projeto educacional, a ditadura se utilizou
da violência, mas também promulgou leis e decretos
buscando criar uma aparência de legitimidade. Nesse
contexto, três leis foram fundamentais:

• a Lei nº 5379/67, que criou o Movimento Brasileiro pela


Alfabetização – Mobral;
• o Decreto-lei nº 869/69, que instituiu a obrigatoriedade do
ensino de disciplinas da área de Educação Moral e Cívica
nas escolas;
• a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – 5692/71, que
normatizou a reforma do ensino de 1º e 2º graus.
REFORMA DO ENSINO E CAPITALISMO
• Os militares se preocuparam em criar um sistema de ensino que
atendesse às necessidades do desenvolvimento capitalista, por
meio da qualificação técnica da mão de obra, ainda que em
patamares mínimos.

• Ao mesmo tempo, pretendia-se garantir que a escola fosse uma


difusora privilegiada dos valores conservadores do regime, desde o
início da escolarização.

• Para receber essa qualificação mínima, as crianças, adolescentes e


jovens das camadas mais pobres da população precisavam estar na
escola – mas não estavam. Assim, os militares se propuseram a
universalizar o ensino de 1º grau, dos 7 aos 14 anos (equivalente ao
atual Ensino Fundamental), com a ampliação do número de vagas
nas escolas, mas não se preocuparam em aumentar as verbas para
a educação básica. Foi o início do processo de precarização da
escola pública, que ainda tem reflexos nos dias atuais.
REFORMA DO ENSINO E CAPITALISMO

O ensino de 2º grau, correspondente ao atual


Ensino Médio, não era obrigatório e muito menos
universalizado, e também foi reestruturado. A
ditadura realizou sua expansão com destaque
para o ensino técnico. Esperava-se que os alunos
dos cursos profissionalizantes, em sua maioria
jovens pobres, pudessem atender a demanda das
novas fábricas que se instalavam no país e
precisavam de “peões” mais qualificados.
A deterioração da escola público e o
desenvolvimento da escola privada
A deterioração da qualidade da educação pública fomentava o desenvolvimento da rede
privada de ensino, espaço ocupado historicamente pela Igreja Católica, mas que se abria
para uma maior participação do empresariado laico.

Em busca de uma escola de “melhor qualidade” para seus filhos, as camadas médias e as
elites, antes beneficiárias dos sistemas públicos de ensino, começaram a buscar as
escolas privadas.

O enaltecimento da escola particular em detrimento da escola pública representava


uma inversão do sistema educacional anterior. Antes de 1964, a escola pública era
considerada de maior qualidade e muito disputada. Para conquistar uma vaga, as
crianças se preparavam em cursinhos e prestavam os chamados “exames de admissão”
ou “vestibulinhos”. Mesmo assim, muitos ficavam de fora, pois as vagas eram limitadas.
Nesse contexto, a escola privada era percebida como um simples atalho para obtenção
de diplomas fáceis.

A política educacional do regime militar foi responsável por inverter essa percepção,
fazendo das escolas particulares lugares elitistas e prestigiados, e das escolas públicas, o
espaço educacional deteriorado das classes trabalhadoras.
Nesse processo, tanto as escolas públicas quanto as particulares foram afetadas por
uma série de imposições do governo sobre o cotidiano pedagógico, trazendo a
perseguição, a vigilância e a obediência militarista para dentro das instituições de
Autoritarismo no cotidiano escolar
• No cotidiano das escolas, persistiam as práticas de violência física
contra os alunos e uma série de outras arbitrariedades, como notas
por “comportamento”, avaliações a partir de questionários decorados,
“pontos extras” para alunos que participassem de atividades como o
desfile cívico de 7 de setembro. Além do estímulo à competição e à
fiscalização entre os próprios alunos.

• A entoação do hino e o hasteamento da bandeira tornaram-se


obrigatórios. Nas escolas públicas e particulares, reproduzia-se uma
ritualística militar desprovida de sentido para muitos jovens. Pelo
menos uma vez por semana, crianças e adolescentes eram obrigados a
marchar como soldados, bater continência e louvar um símbolo pátrio.

• Além disso, as direções escolares eram nomeadas pelos políticos


locais, reforçando o controle ideológico sobre currículos e a vigilância
contra professores.
Perseguições Políticas na Educação

Paulo Freire

Anísio Teixeira

Darcy Ribeiro
Lista de livros sob censura
Caio Prado Jr. – O mundo do socialismo; A revolução brasileira
Darcy Ribeiro – A universidade necessária
José Serra (coord.) – América Latina: Ensaios de interpretação econômica
Fernando Henrique Cardoso – Autoritarismo e democratização
J. A. Guilhon de Albuquerque – Classes médias e política no Brasil; Movimento estudantil e consciência social na América Latina
José Álvaro Moisés e outros – Contradições urbanas e movimentos sociais
Oduvaldo Viana Filho – Rasga coração; Papa Highirte
Fidel Castro e outros – A aventura boliviana
Plínio Marcos – Abajur lilás, Barrela
Márcio Moreira Alves – Torturas e torturados; O despertar da revolução brasileira
Artur José Poerner – O poder jovem
Che Guevara – Socialismo y el hombre en Cuba; Nossa luta em Sierra Maestra
Lenin – A catástrofe iminente e os meios de a conjurar; Sobre a caricatura do marxismo e A economia imperialista; O esquerdismo, a
doença infantil do comunismo; O imperialismo e a cisão do socialismo; Citações de Lenine sobre a revolução proletária e a ditadura do
proletariado
Mao Tsé-Tung – Obras escogidas; Citações do presidente Mao Tse Tung
Nguyen Giap – Guerra de Pueblo, ejercito del pueblo
Nélson Werneck Sodré – História militar do Brasil
Movimento Comunista Internacional – La guerra popular en el Brasil
Ricardo Rojo – Meu amigo Che
Leo Huberman e Paul Sweezy – Socialismo em Cuba
Trotski – La Internacional Comunista desde la muerte de Lenin
Franz Fanon – Os condenados da terra; Sociologia de uma revolução
Nicos Poulantzas – A crise das ditaduras
Kurt Mirow – A ditadura dos carteis
Louis Althusser – La filosofia como arma de la revolución; Marxismo
Adolf Hitler – Mein Kampf
Regis Debray – Revolução na revolução
Álvaro Cunhal – Rumo à vitória
A Educação e o fim da Ditadura
Ao final da ditadura, a rede pública
de ensino somava contradições. O
número de matrículas no ensino
de 1o e 2o graus tinha se
ampliado, mas ainda estava longe
da universalização. Não há dúvida
de que muitas das mazelas de
nossas instituições públicas de Tínhamos uma rede física expandida, mas
ensino são heranças da “escola da totalmente sucateada; os investimentos em
ditadura”. educação foram reduzidos; os professores
estavam com seus salários corroídos e sua
formação, desprezada; a carreira docente
estava desvalorizada e não havia incentivo à
formação continuada. A escola pública de
massas depauperou-se, ao passo que as
escolas privadas cresciam, passando a atrair
inclusive setores com maior poder aquisitivo
dentro das classes trabalhadoras.
Vídeos:

https://www.youtube.com/watch?v=YqDgaGND
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https://www.youtube.com/watch?v=C6m7EYM
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