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SENSACAO

Processos Psicologicos Basicos

Prof Júlio César Hoenisch

Salvador, 2024
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO

 A capacidade do Homem para identificar estímulos é imensa.

 A barreira entre a sensação e a percepção é ténue:

 SENSAÇÃO: estimulação dos órgãos dos sentidos;


 PERCEPÇÃO: interpretação, análise e integração dos
estímulos, envolvendo os nossos órgãos dos sentidos e o
cérebro; função cerebral que atribui significado a estímulos
sensoriais, a partir do histórico de vivências passadas.
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO

 Embora tradicionalmente se tenda a referir 5 sentidos – visão,


olfacto, tacto, paladar e audição -, as capacidades sensoriais do
Homem alargam-se a um leque de estímulos: dor, pressão,
temperatura e vibração.

 Estímulo – energia que produz uma resposta num órgão dos sentidos.

 Psicofísica – estudo da relação entre a natureza física dos estímulos e


as respostas sensoriais que eles desencadeiam.
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO

Limiar absoluto
 Quando é que um estímulo é suficientemente forte para que seja
perceptível pelos nossos órgãos sensoriais?

 intensidade mínima de um estímulo, necessária para que o


mesmo seja perceptível

 Teoria da detecção de sinais – utilizada para medir a exactidão dos


julgamentos sensoriais
CONCEITO DE SENSAÇÃO

 A sensação consiste em uma primeira resposta de nossa parte ao


mundo ao nossa redor, sendo desta forma, uma decodificação
sensorial e motora inicial em resposta a mensagens e estímulos que
nos estão sendo passados constantemente pelos sentidos.

 As sensações podem ser externas ou internas.


 Externa: estímulo luminoso
 Interno: dor de estomago.
CONCEITO DE SENSAÇÃO
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO
 Limiar diferencial ou diferença mínima significativa: diferença
mínima entre dois estímulos

Lei de Ernst Heinrich Weber: quanto mais


intenso for o estímulo inicial, maior terá de ser o segundo estímulo,
de modo que a diferença se torne perceptível. É uma das leis básicas
da psicofísica, que afirma que uma diferença mínima perceptível é
uma proporção constante da intensidade de um estímulo inicial.
SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO

 Adaptação sensorial

 Ajuste da capacidade sensorial após uma exposição


prolongada a um estímulo.
PERCEPÇÃO DO MUNDO À
NOSSA VOLTA

O comportamento é baseado na interpretação concebida da


realidade e não na realidade em si. Os indivíduos criam um
modelo mental de como o mundo funciona – o paradigma.
PERCEPÇÃO

• Factores externos:
• Intensidade;
• Contraste;
• Movimento;
• Incongruência.
PERCEPÇÃO

Factores internos:
• Motivação;
• Experiência;
• Expectativas;
• Atenção;
• Informações.
LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (1) Fechamento

• Ex.º: Triângulo de Kaniza


LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (2) Proximidade

• .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..
LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (3) Semelhança
• ●●●●●●●●●●●●
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LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (4) Bom prolongamento
LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (5) Simetria
LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (6) Segregação Figura-Fundo
LEIS DA GESTALT DA
ORGANIZAÇÃO PERCEPTIVA
• (7) Destino Comum: os objectos que compartilham de uma
característica comum são percebidos em conjunto.
ILUSÕES PERCEPTIVAS

 Ilusões Ópticas:
 Estímulos físicos que, de uma forma consistente,
produzem erros perceptivos.
ILUSÃO DE LUMINOSIDADE
ILUSÃO DE DISTÂNCIA
ILUSÃO DE TAMANHO
ILUSÃO DE TAMANHO – A ILUSÃO DE
MULLER-LYEN, NA QUAL A LINHA
INFERIOR PARECE MAIOR QUE A
SUPERIOR
ILUSÃO DE TAMANHO
ILUSÃO PERCEPTIVA
ILUSÃO PERCEPTIVA
IMAGEM MUTÁVEL
IMAGEM MUTÁVEL
VISAO -
IMAGEM MUTÁVEL
IMAGEM MUTÁVEL
IMAGEM MUTÁVEL
IMAGEM MUTÁVEL
IMAGEM MUTÁVEL
IMAGEM MUTÁVEL
AUSÊNCIA DE PERCEPÇÃO

• Assim como um objecto pode originar múltiplas


percepções, também pode observar-se a ausência de
qualquer percepção a partir de um objeto. Se o objeto não é
conhecido pelo sujeito observador, pode não ser percebido.

• Ex: Os esquimos distinguem varios tons de branco na neve.


PERCEPÇÃO DO OUTRO

• O Homem é um animal social

• Se o objeto da percepção é uma pessoa, e se essa pessoa “se


move”, o. s., se comporta, como a percepcionamos? Que
forças internas, pessoais (aspirações, desejos, necessidades)
e físicas ou ambientais (coacção, p. ex.º) actuam sobre o
comportamento manifesto?
PERCEPÇÃO DO OUTRO

Estudo iniciado com o livro de Charles Darwin “The


expression of the emotions in man and animals”
(1872).

• Tese de Darwin: certas expressões relacionam-se com


emoções, que evoluíram de comportamentos
funcionais anteriores. O riso pode ter-se derivado do
sentimento de triunfo, que acompanhou a derrota do
inimigo.
PERCEPÇÃO DO OUTRO

• Depois de Darwin, os psicólogos sociais


supuseram que certas expressões e gestos
acompanhavam um estado emocional.
CATEGORIZAÇÃO

• Bombardeamento de informações

• Solução: CATEGORIZAÇÃO: perante o confronto


com uma informação nova, procede-se à sua
identificação, o. s., à sua comparação com outras já
conhecidas e classificação numa categoria.
CATEGORIZAÇÃO
• Esta operação poderia ser fácil se todas as informações fossem
suficientes e necessárias: para se ser professor é suficiente ter
vontade? E é necessário ser um bom expositor?

• Exemplares ou instâncias (pessoas definidas);


• Esquema (ideia abstracta, em que sobressai o
protótipo, que seria o melhor exemplar da categoria).
CATEGORIZAÇÃO

• Consequências: o funcionamento por


exemplares implica a permanente correção das
categorias; o funcionamento por esquemas
supõe a conservação do categorizador às suas
categorias, que dificilmente as mudará.
CATEGORIZAÇÃO

• Critérios que presidem à definição das categorias:


(1) semelhança;
• (2) coerência – “as teorias ingénuas do mundo”: insuflação da
essência das categorias, o seu “código genético”, é o cimento
que une e justifica todos os estereótipos;
• (3) saliência perceptiva: efeito solo, aspecto divergente em
relação aos demais. Ex.º: se todos os colaboradores são
pontuais menos um, este arrisca-se a ser percepcionado como
irresponsável.
CATEGORIZAÇÃO

• (4) Objectivos: a minha pretensão, intenção num momento


poderá direccionar a minha impressão;
• (5) Acessibilidade temporária ou crónica dos conceitos: a maior
acessibilidade de uns conceitos em detrimentos de outros, num
dado momento;
• (6) Heurística: um atalho, um curto-circuito de raciocínio que
permite a economia de tempo e energia ainda que com o risco
de engano.
FUNÇÕES DA CATEGORIZAÇÃO:
(1) simplificação: em vez de referir cada aspecto, referir a categoria;
• (2) conservação do que é aprendido: evitar equacionar a informação
transacta perante a nova;
• (3) direcção da acção: orientar ou evitar a conduta;
• (4) ordem e significado: organização do pensamento: cada categoria,
mediante as suas semelhanças ou diferenças, liga-se com outras num todo
coerente.
PERSONALIDADE COMO
CATEGORIA PRIVILEGIADA

• Várias pesquisas demonstraram que a categoria dos traços


de personalidade é a mais recorrente para descrever alguém.

• Esta propensão para recorrer à personalidade aumenta com


a familiaridade.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES

• (1) Teorias implícitas de personalidade:

• Tendência para os indivíduos ostentarem certa compreensão a


respeito de quais os traços da personalidade que se coadunam
com outros.

• Efeito de Halo (Thorndike, 1920): Supõe-se que se uma pessoa


possui uma série de traços positivos também possui outros
positivos. Ex.º presume-se que um indivíduo sadio e rico é
também sábio.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)

• Bruner e Perlmutter (1957):


• As impressões acerca dos outros assentam mais nos
atributos que lhes são distintivos do que os comuns.
• Uma forte familiaridade com um atributo específico torna
menor a probabilidade de as impressões se basearem nesse
atributo.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• Designa crenças gerais sobre a frequência de um traço (todos os
directores de empresa são capitalistas), a sua variabilidade
(todos os directores de empresas privadas são capitalistas, e os
das empresas públicas não), e a sua relação com outros traços
(os capitalistas são inteligentes, mas egoístas). Apesar de
“implícitas”, não são inconscientes: quer dizer que não
assentam em qualquer critério objectivo de validade e que os
seus defensores não são capazes de as expor de maneira formal.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES

(CONT.)
(2) Efeito da Primazia:

Os primeiros traços que se conhece deveriam imprimir uma direcção à


organização da impressão; os primeiros traços ditam a tonalidade e indicam
como devem ser entendidos os seguintes.
• Ex.º: um sujeito é “inteligente, trabalhador, afável, mas é invejoso…
ninguém é perfeito!”. O outro é “invejoso - ai que qualidade terrível! –,
agressivo, trabalhador e inteligente! Meu Deus, como é cretino!”.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• (3) Coerência Avaliativa:

• A utilização espontânea que os sujeitos fazem de “e” e de


“mas”. É a diferença entre o aspecto denotativo ou
descritivo e o aspecto conotativo ou avaliativo. E é também
“brincar com o sentido das palavras”.
• Ex.º: os portugueses não são preguiçosos: não gostam é de
trabalhar.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• (4) Experiência passada:

• Leeper (1935): Emprego de uma figura ambígua, na qual se


podia observar uma jovem atraente ou uma velha.
Mostraram-se, a diferentes indivíduos, figuras
redesenhadas, que acentuavam a jovem ou a velha. Depois,
apresentou-se a figura ambígua. Os participantes, aos quais
só se tinha mostrado a jovem, viam apenas esta no desenho
ambíguo, e aqueles, a quem só se tinha mostrado a velha,
viam apenas esta.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• Bagby (1957): Mostra de pares de fotografias a
mexicanos e norte-americanos igualados quanto a
sexo, idade, educação e classe social. Em cada par,
uma foto mostrava uma cena mexicana típica – como
uma tourada –, e a outra mostrava uma norte-
americana - como uma partida de basebol. Um visor
especial de slides apresentava, por breves períodos de
tempo, uma foto para cada olho: rivalidade binocular:
duas imagens são apresentadas ao cérebro, mas a
maioria dos sujeitos revela estar a ver apenas uma.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)

• Resultados:
• 74% dos mexicanos viu apenas os slides que mostravam
cenas típicas mexicanas;
• Mais de 84% dos norte-americanos viu apenas as imagens
que mostravam temas nacionais.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• (5) Motivação:

• Quando os indivíduos estão motivados podem escolher


diferentes estratégias, tais como a suficiência (prevalência
das informações de confirmação) e a necessidade (destaque
das informações pouco firmes e utilização em situações de
perigo).
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)

• (6) Atenção:

• A posse de um estereótipo fiável em relação a um indivíduo


possibilita a canalização dos recursos cognitivos noutros.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• (7) Informações:
• O julgamento social consiste na combinação equilibrada de
informações categoriais e individualizadas.
• Informações individualizadas privilegiadas:
• (1) traços centrais;
• (2) primeiras informações;
• (3) informação concreta, figurada;
• (4) características raras;
• (5) características incoerentes.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• (8) Expectativas:

• São as concepções prévias sobre um comportamento a


apresentar-se futuramente

• e Auto-realização da profecia: transformação de uma


hipótese em realidade e comprovação de que a confirmação
não é inocente.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• Processo experimental (Rosenthal e Jacobson, 1968):
expectativas de professores a respeito do crescimento
intelectual dos seus alunos.

• Seleccionou-se ao acaso 20% dos alunos de uma escola


primária. Os professores foram informados de que, com
base em testes, estava prevista uma manifestação de QI
elevado, por parte desses alunos, durante o ano escolar. No
fim do ano, os alunos, identificados como possíveis
“revelações”, obtiveram melhores resultados que os outros.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)

(9) Norma de internalidade (Beauvois, 1995):

Atribuição a causas internas, e não a externas ou de índole


situacional, os seus comportamentos e os dos outros.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)
• Nicole Dubois (1994):
“quando, durante a aula, as crianças conversam com o colega do lado,
1) algumas dizem: é porque o meu colega tem sempre qualquer coisa
para contar”; 2) outras dizem: é porque sou muito faladora”.

As crianças tinham que escolher, para cada item, uma das soluções. A
algumas crianças fez-se crer que era a sua professora que estaria a
fazer-lhes aquelas perguntas, pelo que se esperava que respondessem
de modo a ficarem bem vistas. Outras teriam de responder, dando uma
má auto-imagem.
FORMAÇÃO DE IMPRESSÕES
(CONT.)

• Resultados:
• Quando querem dar de si a imagem de “diabrete”, as
crianças dão 2 vezes mais respostas internas (“sou faladora”
em vez de “é o meu vizinho”) do que quando se trata de dar
uma boa imagem de si próprias.
JULGAMENTO SOCIAL

• 4 níveis:

• (1) realidade objectiva – aquela a que os indivíduos se


referem, quando dizem que têm razão;
• (2) cultural: o peso da cultura e da época;
• (3) integridade pessoal e integridade social;
• (4) teoria.

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