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Causas de obstrução das vias aéreas superiores

• Qualquer causa que provoca alteração severa do estado de consciência (coma):


isso provoca relaxamento da musculatura maxilar que causa queda ou
depressão da língua em posição retrograda com consequente oclusão da
laringofaringe.
• Epiglotite, Difteria. Abscesso peri-amigdalino (peritonsilar)
• Angina de Ludwig (celulite do soalho da boca ou espaço submandibular)
• Paralisia bilateral dos nervos laríngeos inferiores .
• Traumas cervicais. Espasmo da laringe. Corpo estranho na garganta
• Estrangulamento. Enforcamento. Afogamento. Tumores compressivos vizinhos.
• Edema angioneurótico (edema da glote e edema da laringe): queimaduras e
anafilaxia.
• Broncoconstrição severa: anafilaxia, estado de mal asmático, aspiração de
gases ou vapores venenosos.
Sintomas e sinais de obstrução
Sinais de obstrução parcial com ventilação mantida:
• Tosse seca e repetitiva. Fala presente.
• Taquipneia/dispneia. Estridor.
• Pieira (respiração sibilante, audível);
• Sinais de obstrução parcial severa ou total com ventilação alterada:
• Sensação de opressão torácica.
• Taquipneia/dispneia agravante.
• Apneia. Estridor agravante.
• Pieira (respiração sibilante, audível).
• Impossibilidade de falar (afonia).
• Cianose. Agitação, confusão, letargia até o coma.
Manobra de tracção do queixo
• Estenda a cabeça do paciente apoiando uma das mãos a testa da vítima
(evitando que a cabeça se mova) e a outra abaixo do pescoço.
• Segure o queixo da vítima com o polegar e o indicador da mão que estava abaixo do
pescoço evitando comprimir os tecidos moles da região sub-mentoniana.
• Traccione o queixo para cima e em seguida efectue a abertura da boca.
Manobra de elevação da mandíbula (para reposicionar
a língua na presença ou suspeita de lesão cervical)

• Posicione-se atrás da cabeça da vítima;


• Coloque as mãos espalmadas lateralmente a sua cabeça, com os
dedos indicadores e médios no ângulo da mandíbula;
• Posicione os dois dedos polegares sobre o mento (queixo) da vítima;
• Fixe a cabeça da vítima com as mãos, ao mesmo tempo que eleva a
mandíbula com os indicadores e médios, abrindo a boca com os
polegares.
Manobra de elevação da mandíbula
Posição lateral de segurança
• É a posição utilizada em várias situações que necessitam de
primeiros socorros, em que a vítima esteja consciente ou
inconsciente mas com pulso e a respirar.
Indicações
• Esta posição é indicada para evitar obstrução das vias aéreas,
permitindo assim a respiração da vítima, enquanto aguarda pelo
atendimento clínico.
Contra-indicações
• Fractura da coluna vertebral ou do pescoço.
• Ferimentos graves.
• Ausência de respiração.
As manobras de remoção de corpos estranhos das vias
aéreas superiores
1. Extracção de objecto através da manobra de “deslocação com dedo”
(quando visível);
2. Manobra de Heimlich;
3. Compressão torácica.
• Se a respiração artificial não conseguir manter uma ventilação adequada
para o paciente, deve-se recorrer a técnicas avançadas dependendo do
equipamento disponível, pessoal treinado na sua execução e indicações
específicas:
a) Entubação endotraqueal (fora das competências do TMG).
b) Cricotireoidotomia cirúrgica ou traqueotomia (fora das competências
do TMG).
1. Remoção do corpo estranho com a manobra de “deslocação com o
dedo” ( finger sweep)
• É um procedimento que consiste na introdução do dedo indicador na boca do
paciente para deslocar o corpo estranho e remove-lo manualmente. Esta
manobra é usada somente no paciente inconsciente e somente apos ter
identificado a presença de um corpo estranho.
• Usando o polegar e os outros dedos duma mão, agarre a língua e a mandíbula
e levante-os.
• Verifique se tem qualquer corpo estranho na boca.
• Caso haja, introduza o dedo indicador da outra mão na boca do paciente, atrás
da língua pondo-o em forma de gancho e retirando-o, com rapidez num
movimento firme e preciso, para tentar deslocar o corpo estranho na cavidade
oral e na orofaringe e remove-lo manualmente.
2. Manobra de Heimlich
• É um procedimento que consiste em realizar compressões a nível da parte
superior do abdómen, abaixo do apêndice xifóide, com objectivo de
desobstruir as vias aéreas superiores.
Paciente consciente
• De pé, posicione-se atrás da vítima e passe os seus braços ao redor da cintura
da vítima e prossiga da seguinte forma:
• Feche o punho da mão dominante e posicione o punho contra o abdómen da
vítima, acima do umbigo, abaixo do apêndice xifóide e segure a mão
dominante com a mão não dominante.
• Pressione o seu punho para dentro do abdómen da vítima, com movimentos
rápidos para dentro e para cima.
• Repita o movimento, pelo menos 4-5 vezes, e observe se a vítima expeliu o
corpo estranho.
Paciente inconsciente
• Posicione a vítima em decúbito dorsal.
• Ajoelhe-se ao lado da vítima, voltando-se para a cabeça da vítima.
• Coloque a palma da mão contra o abdómen da vítima, na linha média, acima do
umbigo, abaixo do apêndice xifóide, coloque a segunda mão sobre o ápice da
primeira.
• Pressione para dentro do abdómen da vítima, com movimentos rápidos para
dentro e para cima.
• Repita o movimento, pelo menos 4-5 vezes, e observe a boca da vítima se
expeliu o corpo estranho.
• Se conseguir observar o corpo estranho, extraia-o com dedo indicador, pela
lateral do objecto.
3. Compressão torácica
• É um procedimento que consiste em realizar compressões torácicas a nível do
corpo do esterno. É usado principalmente no paciente obeso ou na mulher
grávida cuja circunferência abdominal não permite a execução da manobra de
Heimlich.
Paciente consciente
• De pé, posicione-se atrás do paciente sentado e passe os seus braços ao redor
da cintura da vítima.
• Feche o punho da mão dominante e posicione o punho, do lado do polegar,
contra o esterno do paciente, em posição cranial ao apêndice xifóide.
• Segure a mão dominante com a mão não dominante e comprima o seu punho
para dentro do tórax do paciente, com movimentos rápidos.
• Repita o movimento, até a vítima expelir o corpo estranho ou ficar
inconsciente
Paciente inconsciente
• Posicione a vítima em decúbito dorsal numa superfície plana e firme.
• Ajoelhe-se ao lado do paciente, voltando-se para a sua cabeça.
• Coloque a palma da mão contra o abdómen e coloque a segunda
mão sobre o ápice da primeira.
• Posicionar as palmas das mãos sobrepostas no centro do peito da
vítima, 5 cm acima do apêndice xifóide, na linha entre os mamilos.
Manter os braços firmes e sem flexionar os cotovelos.
• Aplicar 4 compressões torácicas com o peso do seu tórax, o esterno
deve afundar-se por 5 cm aproximadamente (como na manobra de
ressuscitação cardiopulmonar – RCP).
TÉCNICA DE CRICOTIREOIDOTOMIA PERCUTÂNEA
• A cricotireoidotomia consiste na incisão transversal da pele e
da membrana cricotireoide situadas entre a cartilagem
tireóidea e a cartilagem cricoidea. É um procedimento de
emergência para restabelecer temporariamente o fluxo das
vias aéreas nas obstruções acima da laringe. A
cricotireoidotomia pode ser cirúrgica ou percutânea. O
método cirúrgico consiste na inserção de um tubo
endotraqueal ou um tubo de traqueostomia através da
membrana cricotireoidea enquanto o método percutâneo
consiste na inserção de um cateter (usualmente EV) através
da mesma membrana.
Indicações
• Obstrução das vias aéreas superiores em situações onde a ventilação não pode
ser mantida através dos métodos básicos de ventilação artificial (boca-boca,
boca-máscara, boca-máscara-ambu) e a entubação endotraqueal, não esta
indicada (corpo estranho temporariamente não removível, trauma maxilo
facial ou do pescoço, nas infecções como a epiglotite, no edema
angioneurótico ou nas queimaduras ) apesar da disponibilidade de um técnico
de saúde habilitado na execução deste procedimento (cirurgião/anestesista).
Limitações
• Permite a oxigenação do paciente adulto somente para aproximadamente 20-
30 minutos devido ao pequeno diâmetro do cateter. Por isso, após a execução
da técnica deve-se referir o paciente para o técnico de anestesia (ou outro
clínico habilitado) para executar de acordo com as indicações, uma entubação
endotraqueal ou uma cricotireoidotomia cirúrgica (o uma traqueostomia).
Complicações
• Sangramento no local da punção (não frequente).
• Perfuração da parede posterior da traqueia ou esófago (raros).
• Enfisema subcutâneo massivo secundário a ventilação.
Paragem Respiratória
É definida como sendo a ausência de fluxo de ar nos pulmões, por ausência de
movimentos respiratórios (imobilidade da caixa torácica). Ela provoca hipoxia,
hipercapnia e paragem cardíaca em 5-10 minutos e a paragem cardíaca provoca perda
de consciência após 10 segundos e dano cerebral irreversível após 5 minutos.
Causas:
• Todas as alterações que podem causar uma insuficiência respiratória grave e, por
conseguinte, uma oxigenação deficiente acabam também por provocar uma paragem
respiratória.
• Obstruções das vias aéreas superiores.
• Estado de mal asmático.Pneumonia severa. Pneumotórax. Hemotorax. Derrame pleural
massivo.
• DPOC severas descompensadas. Embolia pulmonar massiva.
• Insuficiência cardíaca aguda (infarto do miocárdio, arritmias entre outras).
• Estados de choque circulatório de diferentes tipos.
• Choque eléctrico. Anemia aguda. Envenenamento por monóxido de carbono (CO).
• Intoxicações por medicamentos (diazepam).
• Trauma severo/grave (abdominal, torácico, queimaduras entre outros).
TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO E VENTILAÇÃO ARTIFICIAL
Avaliação da Respiração
• Consiste em verificar se o paciente respira ou não. Para o efeito a técnica
utilizada é baseada nas inicias VOS (ver, ouvir e sentir).
• Métodos de Respiração Artificial
• O restabelecimento da respiração num paciente com paragem respiratória,
pode evitar uma possível lesão cerebral, portanto o tempo que se empreende
com vista a manter a vítima ventilada é de extrema importância.
• Os métodos de respiração artificial aos quais o clínico pode recorrer para
fornecer oxigénio ao paciente, são os seguintes:
• Respiração boca-a-boca.
• Respiração boca-a-nariz.
• Respiração boca-a-máscara.
• Respiração com Ambú.
Respiração boca-a-boca.

Imagens cortesia de Rama, Wikimedia Commons


Respiração Boca – a-nariz:

• Feche a boca da vítima e coloque a sua boca no nariz da vítima e


ventile.
• Abra a boca da vítima para permitir a saída do ar.
Respiração com Balão-válvula-máscara (Ambu)
• O Ambu é um balão autoinsuflante com uma válvula, que pode ser
conectado à uma máscara. A válvula impede que o paciente inspire
o ar expirado. Pode ser ligado a uma fonte de oxigénio com ou sem
bolsa acessória. A bolsa acessória é uma bolsa que actua como
reservatório para o acúmulo de oxigênio com concentração do 100%
quando o fluxo de oxigênio é de 15L/min. O Ambu é indicado na
ventilação manual de pacientes em paragem respiratória ou em
insuficiência respiratória severa.
Respiração com Balão-válvula-máscara (Ambu)
CANULA DE GUEDEL
•A
canula orofaringea (COF) ou de Guedel é um dispositivo rígido em for
ma de “C” destinado a manter a abertura das vias aéreas superiores
mantendo a língua e a epiglote posicionados anteriormente fora da pa
rede posterior da hipofaringe. Deve ser usado em pacientes inconscie
ntes com o reflexo do vomito abolido, pois a sua introdução em pacie
ntes conscientes pode desencadear vómito ou laringo-espasmo.

É necessário cuidado na colocação da cânula, porque a inserção incorr


eta pode empurrar a língua para trás, na faringe, e produzir obstrução
das vias aéreas.
• Vários tamanhos são encontrados e cabe ao profissional escolher o
tamanho adequado a cada paciente. No paciente adulto usa-se
cânulas de tamanho 3, 4, 5.
Procedimentos
• Há duas maneiras distintas de se inserir a cânula de Guedel:
• O método de inserção com elevação da mandíbula e da língua e
• O método de inserção com o abaixador de língua.
• O segundo método evita que o clínico rasgue a suas luvas com os dentes do
paciente e não corre risco de ser mordido.

Método de inserção com elevação da mandíbula e da língua (2


reanimadores)
• Mantenha a cabeça e o pescoço do paciente alinhados em posição neutra,
enquanto abre as vias aéreas com a manobra de tracção da mandíbula.
• Escolha e meça apropriadamente a cânula de Guedel: a distância da
comissura labial até o lobo da orelha é uma boa estimativa do tamanho
adequado.
Paragem Cardíaca e Cardiorrespiratória
• Define-se paragem cardíaca a interrupção da função de bombeamento do
coração com consequente interrupção da circulação sanguínea. Define-se
paragem cardiorrespiratória a interrupção da funcionalidade cardíaca (e
circulatória) e respiratória. A associação dos dois tipos de paragem é muito
frequente pois a paragem respiratória provoca paragem cardíaca e vice-
versa.

Causas
• No adulto as principais causas de paragem cardíaca são as seguintes:
• Doenças cardíacas (enfarte do miocárdio, arritmias entre outras).
• Anemia grave.
• Choque circulatório de qualquer causa.
• Paragem respiratória com hipoxia.

Sinais de paragem cardíaca e cardiorrespiratória
• O paciente com paragem cardiorrespiratoria apresenta perda de consciência
em 10-15 segundos devido a paragem da circulação sanguínea cerebral. Os
sinais que demonstram que a vítima está em paragem cardiorrespiratoria são:
1. Ausência de pulso nas artérias de grande calibre (carotídea, e femoral)
2. TA não mensurável.
3. Ausência de batimento cardíaco à auscultação ou presença de batimentos
cardíacos irregulares de frequência muito elevada ou muito baixa.
4. Ausência de movimentos respiratórios (paragem respiratória).
• A presença de paragem respiratória ou cardíaca ou cardiorrespiratória
representa indicação para o início imediato da ressuscitação cardiopulmonar.
Medicamentos usados na paragem cardiorrespiratória

• A terapia medicamentosa pode acompanhar as manobras de


ressuscitação cardiopulmonar mas não pode substitui-las. Isso
significa que não se deve interromper a ressuscitação
cardiopulmonar (massagem cardíaca e ventilação artificial) para a
administração de medicamentos abaixo mencionados.
• Adrenalina.
• Atropina.
• Bicarbonato de sódio.
• Adrenalina Inj. 1mg/ml (1:1000)
• Indicações:
• Em caso de paragem cardíaca com ausência de batimentos cardíacos ou batimentos
escassos; anafilaxia, reacções alérgicas severas; obstrução da via aérea alta (estridor)
para reduzir o edema da mucosa
• Posologia:
• Paragem cardíaca: 1 mg (uma ampola de 1ml diluída em 9 ml de soro fisiológico) EV
cada 3-5 minutos (fazer um flush de 20 ml com soro fisiológico após cada
administração) durante a ressuscitação. Se não houver resposta a doses repetidas de
1mg, tentar com doses de até 0.2 mg/kg.
• Em caso de impossibilidade de acesso EV pode-se usar a via endotraqueal: dose de 2-
2.5 mg diluída em 10 mL de Soro fisiológico, com tempo de repetição igual a dose EV.
• Anafilaxia: 0.3 a 0.5 ml (1:1000) via IM, associada a anti-histamínicos.
• Obstrução alta da via aérea (estridor): 1 mg em 4 ml de soro fisiológico
• Contraindicações: taquiarritmia (presença de batimentos irregulares de frequência
elevada).
Atropina, sulfato Inj. 0.5 mg/ml - Amp
• Indicação:
• Em caso de paragem cardíaca com ausência de batimentos cardíacos ou batimentos escassos.
• Pode-se usar quando não houver uma resposta a doses repetidas de adrenalina.
• Posologia
• Dose única de 3mg EV acompanhada das outras medidas de ressuscitação cardiorrespiratória
(ventilação artificial e massagem cardíaca)

Bicarbonato de Sódio a 8.4%


• Inj. – Amp. 10 ml contendo 1 mEq de bicarbonato (HCO3-)/ml
• Indicações
• Fase avançada de ressuscitação cardiopulmonar quando pode-se ter instaurado um estado de
acidose. A eficácia desta medida terapêutica é duvidosa. Lembrar-se que a melhor medida para
corrigir a acidose é a reposição da ventilação. Outras indicações: hipercaliémia pré-existente,
intoxicação por antidepressivos tricíclicos.
• Posologia: 1mEq/kg EV em “bólus”. Repetir metade da dose após 10min. Não usar a via
endotraqueal.
AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO E PARAGEM CARDIORRESPIRATÓRIA
• Avaliação da Circulação
• Avaliação do Pulso incluem análise dos três pulsos:
• Radial
• Carotídeo
• Femoral
Escolha do pulso a ser avaliado:
• Vítima consciente: verifica-se pulso radial. Caso o mesmo não esteja presente,
avaliar pulso femoral ou carotídeo;
• Vítima inconsciente: verifica-se pulso carotídeo ou femoral.
Pulso Radial
• Avalia-se na artéria radial com os dedos indicador e médio fazendo leve pressão
contra o rádio e o polegar atrás do pulso do paciente.
• Nota: não palpar a artéria com o dedo polegar para evitar confundir a sua
pulsação com a do utente.
Pulso Carotídeo

• Avalia-se na artéria carótida palpando-a delicadamente com dois


dedos sob o bordo anterior do músculo esternoclidomastóideo. Não
deve-se palpar simultaneamente as duas artérias, pois numa condição
de baixa TA isso poderá provocar uma ulterior diminuição do fluxo
cerebral.

Imagens cortesia de Dr. Thomas Gest,


University of Michigan
Pulso Femoral
• Avalia-se na artéria femoral, localizada na virilha justamente abaixo
da prega inguinal, aproximadamente no ponto médio entre a espinha
ilíaca ântero-superior e o tubérculo púbico. A localização e a palpação
são feitas com o dedo indicador e médio exercendo uma leve
pressão. Não palpar a artéria com o dedo polegar para evitar
confundir a sua pulsação com a do doente.
• Este pulso geralmente avalia-se em vítima de queimaduras extensas
ou noutras situações que inviabilizam a verificação do pulso
carotídeo.
• Qualquer que seja o pulso avaliado, a ausência de pulso à palpação
por um período de 10 segundos é indicação para iniciar a massagem
cardíaca em conjunto com a ventilação artificial se houver também
paragem respiratória (ressuscitação cárdiopulmonar).
Massagem cardíaca
Técnica
• Inicie a compressão torácica, caso não sinta o pulso, da seguinte forma:
• Posicione as palmas das mãos sobrepostas no terço inferior do esterno, 5 cm
acima do apêndice xifóide, na linha entre os mamilos. Os dedos devem ficar
abertos e não tocar a parede do tórax;
• Mantenha os braços firmes e sem flexionar os cotovelos
• Realize compressões torácicas com o peso do seu tórax, o esterno deve afundar-se por 4- 5
cm aproximadamente.
• Realize 80-100 compressões por minuto (Sobre a frequencia da ventilação artificial
acompanhada vide embaixo)
• Verifique de 2 em 2 minutos a respiração e o pulso, caso a vítima não responda continue
com a manobra.
Complicações
• A mal execução da massagem cardíaca pode provocar lesões graves a nível da caixa torácica
e dos órgãos toraco-abdominais. Dito isso, é preciso sublinhar que a execução correcta deste
procedimento pode minimizar, mas não evitar completamente a possibilidade do
surgimento das complicações. Contudo, o risco iminente de morte num paciente com
paragem cardiorrespiratória, justifica plenamente o recurso a este procedimento.
Enumeram-se, de seguida as complicações possíveis:
• Laceração do fígado com grande hemorragia interna por compressão do processo xifóideo.
• Fracturas de costelas pela pressão exercida pelos dedos nos arcos costais na execução da
massagem cardíaca.
• Fractura do esterno. Separação das costelas do esterno.
• Outras: contusão pulmonar, pneumotórax, contusão miocárdica e hemorragia pericárdica.
Causas de Paragem Respiratória em
crianças
• As causas de paragem respiratória na criança e lactente são diferentes das do
adulto. Nas crianças é fundamentalmente por causas respiratórias: por
obstrução das vias aéreas, inflamações e infecções respiratórias. As causas
cardíacas observam-se quase que exclusivamente em crianças com cardiopatia
congénita.
• As causas de paragem respiratória na infância podem-se classificar em duas
grandes categorias:
Lactentes:
• Síndrome de morte súbita
• Obstrução das Vias Aéreas (incluindo aspiração de corpo estranho)
• Aspiração de mecónio (em recém-nascidos)
• Doenças respiratórias
Métodos de Respiração Artificial

• Os métodos de respiração artificial aos quais o socorrista pode


recorrer para fornecer oxigénio à vítima, enquanto se aguarda
pelo atendimento clínico são os seguintes:
• Respiração boca-a-boca – crianças > 1 ano
• Respiração boca-a-nariz – lactentes e neonatos
• Respiração boca-a-nariz-boca – lactentes e neonatos
• Respiração boca-a-máscara – todas crianças
• Respiração com ambú – todas crianças
AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO E PARAGEM
CARDIORESPIRATÓRIA
Causas de Paragem Cardíaca e Cardiorrespiratória
• O mais comum em crianças é apresentar paragem cardíaca devido à
paragem respiratória. Outra causa de PCR é o choque. Poucos casos
se devem a fibrilação ventricular, sendo geralmente associados a
doenças cardíacas congénitas.
• Como a falência respiratória é a causa fundamental da PCR na
criança, prevenir a insuficiência respiratória e, principalmente
observar muito de perto crianças com insuficiência respiratória,
diminuirão a necessidade de medidas de ressucitação, nesta faixa
etária.
• A presença de paragem cardíaca ou PCR é indicação imediata para
início de ressucitação cardiopulmonar (RCP).
Medicamentos Usados na PCR
• Atropina, Adrenalina e Bicarbonato de sódio.
• Outros medicamentos como a glicose podem ser úteis na suspeita de hipoglicémia e como
coadjuvante da RCP medicamentosa.
• Adrenalina: 1ª dose – 0.01 mg/kg (ou 0.1 ml/kg de solução 1:10.000). Esta solução de 1:10.000
é obtida através da diluição de 1 ml de adrenalina (1:1000) em 9 ml de água destilada ou soro
fisiológico. Administre por via EV. A mesma dose se repete a cada 3-5 minutos se persiste a
PCR. Administrar adrenalina sempre diluída.
• Atropina: a dose recomendada é de 0.02 mg/kg/dose, sendo a dose mínima de 0.1 mg e
máxima de 0.5 mg na criança e 1.0 mg no adolescente. A mesma dose pode ser repetida em 5
minutos.
• Bicarbonato de sódio – indicado nas PCR de mais de 10 minutos de duração, acidose
metabólica instaurada, hipercaliemia grave e intoxicação por antidepressivos tricíclicos.
• Dose: 1 mEq/kg diluído em soro fisiológico, a ser repetido a cada 10 minutos.
Outros medicamentos usados:
• Se suspeita de hipovolémia, inciar com adminsitração de cristalóides (soro
fisiológico ou ringer) em bolus EV de 20 ml/kg em menos de 20 minutos.
• Dextrose – se suspeita de hipoglicémia ou hipoglicémia comprovada. 5 a 10 ml
de dextrose a 10%. Na ausência de dextrose a 10% junte 1/5 de dextrose a
30% e 4/5 de dextrose a 5%. Exemplo: criança de 10 kg, deve ser administrada
50 a 100 ml de dextrose a 10%. Na ausência de dextrose a 10%, use 10 ml ou
20 ml de dextrose a 30% (1/5) associado a 40 ml ou 80 ml (4/5) de dextrose a
5%.
AVALIAÇÃO DA CIRCULAÇÃO E PARAGEM CARDIORESPIRATÓRIA
• A avaliação da circulação é feita após a avaliação das vias aéreas e respiração
(A e B do ABCDE), e é efectuada através da palpação do pulso durante 10
segundos.
• Neonatos – pulso umbilical
• Lactentes (< 1 ano) – pulso braquial (zona interna do braço, com braço da
criança em abdução e rotação externa
• Crianças > de 1 ano – pulso carotídeo ou femoral
Massagem cardíaca
Duração da RCP
• A RCP deve cessar quando:
• A criança recupera a circulação e respiração
• Chegue uma equipa qualificada que continua com a RCP
• Após pelo menos 45 minutos de RCP sem resposta
(continuar mais tempo no caso dos pacientes afogados em
água gelada, hipotérmicos ou intoxicados por drogas
depressoras do SNC)
• Se existe informação fiável de ser uma doença terminal e
irreversível

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