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Na abertura de sua obra política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”,
isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve
Aristóteles, possuem voz (“phone”) e, com ela, exprimem dor e prazer, mas o homem possui
palavra (“logos”) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em
comum esses valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os homens são
capazes.
Marilena Chauí. Convite a Filosofia.
I – O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
Se procuramos o significado da palavra ´comunicação`no dicionário Aurélio encontramos como
sendo: “ Ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou
processos,quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual. (...) A ação de utilizar
os meios necessários para realizar tal comunicação. (...)”(Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa”, Aurélio Buarque de Holanda Ferreira P.443)
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política, em que me
tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos.
Aceitei faze-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir aqui paras falar um
pouco da importância do ato de ler.
Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em
que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que me enseri enquanto ia
escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma concepção crítica do ato de ler,
que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se
antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí
que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e
realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançado por sua leitura
crítica implica a percepção das relações entre texto e contexto. Ao ensaiar escrever sobre a
importância do ato de ler eu me senti levado – e até gostosamente – a “reler” momentos
fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de
minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da
importância do ato de ler se veio em mim constituído. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando
distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência
existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura
da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular
em que me ouvia – e até onde sou traído pela memória – me é absolutamente significativa. Neste
esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no texto que escrevo, a experiência vivida no
momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife,
rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra
brincava em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos e aventuras
maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de
minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi meu primeiro mundo. Nele
engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim
como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras
leituras. Os “textos”, as “palavras” daquele contexto – em cuja percepção me experimentava e,
quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber – se encantavam numa série de
coisas, de objetos, de sinais,cuja compreensão eu ia aprendendo no meu trato com eles, nas minhas
relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais. Freire, Paulo. A importância do ato de ler.
SP, Cortez, 1986.p 11-3.
Ler o mundo significa mais do que ser capaz de ler um texto. É necessário aprender outras
linguagens além da escrita. Gráficos, estatísticas, desenhos geométricos, pinturas, desenhos e
outras manifestações artísticas, as ciências, as formas de expressão formais e coloquiais – tudo
deve ser lido e tem códigos e símbolos específicos de decifração. Quando um aluno está diante
de um problema matemático, precisa ser capaz de interpretar a pergunta para entender que tipo
de resposta é esperado. Idem para quem busca extrair conclusões de uma tabela de censo
demográfico. Se o professor pede para escrever cartas a destinatários diferentes, o estudante tem
de escolher o estilo e o vocabulário adequados a cada situação.
Portanto, a competência pode ser traduzida como uma espécie de “saber fazer”, isto é,
saber lidar com as diferentes situações e problemas que se colocam diante de nós no dia a
dia.
Se a competência está relacionada com o “saber fazer, as habilidades estão relacionadas com
o “como fazer”, isto é, como o indivíduo mobiliza recursos, toma decisões, adota
estratégias ou procedimentos e realiza ações concretas para resolver os problemas.
Portanto, competência e habilidade são duas dimensões interdependentes do “saber”, que
se completam mutuamente.
A palavra texto origina-se do latim “textum”, que significa “tecido, entrelaçamento”. Sua
etimologia nos dá a exata definição: texto é o resultado do entrelaçamento de unidades para formar
um todo.
Sua estrutura organiza-se de tal modo que as frases não têm significado autônomo; o sentido de uma
frase é dado pela correlação com as demais, ou seja, o significado global de um texto não é o
resultado da soma de suas partes, mas sim de uma combinação geradora de sentidos.
TEXTO E CONTEXTO
O sentido ou significado de uma frase dependo do contexto em que ela está inserida. Contexto é a
unidade maior em que uma unidade menor está inserida. Assim, o texto serve de contexto para a
frase; a frase serve de contexto para a palavra etc.
Além do contexto, devemos levar em consideração que, anterior ao texto, existe um motivo para
escrevê-lo. Por mais subjetivo ou ficcional que seja um texto, ele não pode ser desvinculado da
realidade que o produziu. O autor de um texto expõe através dele suas idéias e pontos de vista,
ambos vinculados a acontecimentos reais. Protanto, todo texto possui um “caráter histórico (...) na
medida em que revela os ideais e as concepções de um grupo social numa determinada época”.
1. Texto verbal é uma unidade lingüística concreta, percebida pela audição (na fala) ou pela
visão (na escrita), que tem unidade de sentido e intencionalidade comunicativa.
2. Discurso é a atividade comunicativa – constituída de texto e contexto – discurso (quem fala,
com quem fala, com que finalidade, etc) – capaz de gerar sentido desenvolvido entre
interlocutores.
3. Intertextualidade é a relação entre dois textos caracterizada por um citar o outro.
4. Interdiscursividade é a relação entre dois discursos caracterizada por um citar o outro.
Toda relação interdiscursiva é também uma relação intertextual. Contudo, a
interdiscursividade é mais ampla: é um tipo de citação entre discursos, ou seja, que faz
referência não apenas a um texto ou a partes dele, mas também á sua situação de produção
(quem fez, para que, em que momento histórico, com qual finalidade, em que gênero, etc.), à
ideologia nele subjacente e aos significados que ele foi assumindo historicamente.
Atividades
Leia os textos a seguir. O primeiro texto foi escrito no século XIX por Casimiro de Abreu,
poeta romântico. O segundo foi escrito por Oswald de Andrade, escritor modernista do
século XX.
Texto 1
Meus oito anos
Texto 2
Meus oito anos
A primeira leitura de um texto nos levará a sua estrutura superficial, isto é, aquilo que está claro e
explícito na sua organização. Essa primeira leitura trará uma noção ainda vaga do que pretende
dizer o autor.
Para uma leitura bem feita será preciso depreender do texto sua informação essencial, ultrapassando
sua superfície e inferindo seu sentido maior.
“Buscar as palavras mais importantes de cada parágrafo consitui uma boa maneira de chegar a sua
estrutura profunda, uma vez que, em torno delas, as outras se organizam para produzirem sentidos.
As palavras-chave aparecem ao longo do texto através de repetições ou sinônimos.
Algumas vezes, as palavras-chave não serão suficientes para sintetizar um texto e teremos de buscar
isso através das idéias-chave. Essas idéias-chave deverão ser retiradas de cada parágrafo do texto.
Unindo essas idéias teremos a síntese do texto”. (in Roteiro de Redação – Lendo e Argumentando.
Antônio Carlos Viana e outros. Editora Scipione, 1998)
Um texto sempre nos remete a duas concepções diferentes: aquela que ele defende e aquela em
oposição à qual ele se constrói. Sempre há dois pontos de vista, duas vozes presentes no texto. No
entanto, esses dois pontos de vista não estão mostrados claramente.
Há diversos mecanismos lingüísticos que servem para mostrar diferentes vozes no interior de um
texto. O primeiro deles é a negação. Nela estão implicadas duas vozes: uma que afirma e outra que
contesta.
A organização fundamental de um texto baseia-se em oposições de sentido. Para detectá-las é
preciso listar os elementos que estão em oposição e depois encontrar um denominado semântico
comum para eles. Um dos lados dessa oposição sempre aparece de apreciação positiva, enquanto o
outro é valorizado negativamente.
TIPOLOGIA TEXTUAL
Características formais dos diversos tipos de textos. Assim, quando interagimos com outras pessoas
por meio da linguagem, seja a linguagem oral, seja linguagem escrita, produzimos certos tipos de
textos que, com poucas variações, se repetem no tipo de conteúdo, no tipo de linguagem e na
estrutura.
Esses tipos de textos constituem os chamados gêneros textuais e foram historicamente criados pelo
ser humano a fim de atender a determinadas necessidades de interação verbal. De acordo com o
momento histórico, pode nascer um gênero novo, podem desaparecer gêneros de pouco uso, ou
ainda, um gênero pode sofrer mudanças até transformar-se em um novo gênero.
O conteúdo exige coerência e clareza, ou seja, as idéias devem ser fundamentais e pertinentes ao
tema e sem abordagens fragmentadas ou diluídas ao longo da redação. Para a obtenção da clareza,
devemos ter uma linguagem simples, sem expressões vagas, evitar os pleonasmos e a ambigüidade.
Além disso, deve-se também evitar o uso de lugares-comuns, clichês e palavras repetidas.
VARIAÇÕES LINGÜISTICAS
“Como foi mencionado anteriormente, para que se efetue a comunicação é necessário haver um
código comum. Diz-se, em termos mais gerais, que é preciso `falar a mesma língua´: o português,
por exemplo, que é a língua que utilizamos. Mas trata-se de uma língua portuguesa ou várias
línguas portuguesas? O português da Bahia é o mesmo português do Rio Grande do Sul? Não está
cada um deles sujeito a influências diferentes – lingüísticas, climática, ambientais? O português de
um médico é igual ao de seu cliente? O ambiente social e o cultural não determinam a língua? Estas
questões levam a constatação de que existem níveis de linguagem. O vocabulário, a sintaxe e
mesmo a pronúncia variam segundo esses níveis.
Começaremos por distinguir a língua escrita da língua falada. Admitem os lingüistas que no interior
da língua falada existe uma língua comum, conjunto de palavras, expressões e construções mais
usuais, língua tida geralmente como simples, mas correta. A partir desse nível tem-se, em ordem
crescente do ponto de vista da elaboração, a linguagem cuidada (ou tensa) e a linguagem oratória. E
no sentido contrário, da informalidade, tem-se a linguagem familiar e a linguagem informal ou
“popular”.
(...)
De modo geral, a linguagem cuidada emprega um vocabulário mais preciso, mais raro, e uma
sintaxe mais elaborada que a da linguagem comum. A linguagem oratória cultiva os efeitos
sintáticos, rítmicos e sonoros, e utiliza imagens.
As linguagens familiar e popular recorrem às expressões pitorescas, à gíria, e muitas de suas
construções são tidas como `incorreções graves` nos níveis de maior formalidade.
A língua escrita é, geralmente, mais elaborada que a língua falada (...). Ai os níveis são menos
numerosos e diretamente relacionado com o condicionamento sociocultural.
(...) O essencial é ter consciência desses níveis de linguagem na medida em que determinam o bom
funcionamento da comunicação. Tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor já é efetuar
um ato de comunicação. É difícil imaginar como um professor daria suas aulas se não empregasse
uma linguagem acessível às crianças; entretanto, a preocupação de levar os alunos à utilização da
linguagem comum obriga o mestre a recorrer a uma linguagem um pouco mais trabalhada que a de
seus ouvintes, tanto no vocabulário quanto na sintaxe. A comunicação envolve, neste caso, uma
reelaboração.”
Como falantes da Língua Portuguesa, podemos perceber que há situações em que a língua se
apresenta de uma forma bastante diferente daquela que estamos acostumados a ouvir em casa ou
através dos meios de comunicação. Essas diferenças apresentam-se tanto no vocabulário como na
pronúncia ou na organização da frase. Isso é perfeitamente natural se entendemos a língua como um
sistema dinâmico e sensível a fatores como região geografia, idade, sexo, grupo social dos falantes e
o grau de formalidade de um contexto.
Do ponto de vista lingüístico, não há nada nessas variedades que permita classifica-las como boas
ou ruins, melhores ou piores, feias ou bonitas, certas ou erradas. As variedades constituem sistemas
lingüísticos adequados para expressões das necessidades comunicativas e cognitivas dos falantes,
dadas as práticas sociais e os hábitos culturais de suas comunidades.
O texto abaixo é uma transcrição de um vídeo exibido na Casa de Detenção, em São Paulo, escrito e
interpretado pelo ator e dramaturgo Plínio Marcos.
1- Considerando as diferenças entre língua oral e língua escrita, assinale a opção que representa
também uma inadequação da linguagem usada ao contexto:
a) “ o carro bateu e capoto, mas num deu pra vê direito”. ( um pedreste que Assistiu ao
acidente comenta com outro que vai passando)
b) “ E aí, ô meu! Como vai essa força?” ( um jovem que fala para um amigo)
c) “ Só um instante, por favor. Eu gostaria de fazer uma observação”. (alguém comenta em
uma reunião de trabalho)
d) “ Venho manifestar meu interesse em candidatar-me ao cargo de Enfermeiro Chefe deste
conceituado hospital”. (alguém que escreve uma carta candidatando-se a um emprego)
e) “ Porque a gente corre o risco de temos, num futuro próximo, muito pouca comida nos lares
brasileiros”. ( um professor universitário em um congresso)
Palavras-chave
Texto II
II - ORTOGRAFIA
Professora Ms. Ivete Vidigoi – 2011
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Língua Portuguesa
A competência para escrever corretamente as palavras está diretamente ligadas à freqüência do uso,
o que acaba trazendo a memorização da grafia correta. Além disso, as consultas ao dicionário
devem acontecer todas as vezes que surgirem dúvidas.
Entre os sons das palavras e também entre as letras que os representam podem ocorrer
coincidências. Isso acontece quando duas, às vezes três, palavras apresentam identidades total ou
parcial quanto à grafia e à pronúncia . Essas palavras recebem o nome de Homônimas (quando
apresentam a mesma grafia e a mesma pronúncia) e Parônimas (quando a grafia e a pronúncia são
apenas semelhantes). O conhecimento das diferenças de significado entre essas palavras
semelhantes e o maior delas trará a memorização; além, é claro, da sempre boa ajuda do dicionário.
Observe os exemplos abaixo:
• absolver/absorver • delatar/dilatar
acento/assento • despensa/dispensa
• acender/ascender • emergir/imegir
eminente/iminente
• área/ária • Flagrante/ fragrante
• censo/senso • Inflingir/infringir
• cessão/ceção /secção/sessão • Incipiente/ insipiente
• concerto/conserto • Peão/pião
• comprimento/cumprimento • Soar/suar
• deferir/diferir • Tráfego/tráfico
• descrição/discrição • Trás/traz
• descriminar/discriminar • Vultoso/vultuoso
• despercebido/desapercebido
Regras de ortografia
- A letra X é usada:
)a após um ditongo: paixão
)b após o grupo inicial em; enxada
)c após o grupo inicial em: mexerico
- As letras G/J
Usa-se a letra G: a) nos substantivos terminas em – agem, -igem, -ugem
b) nas palavras terminadas em –ágio, -égio, -igio, -ógio, -úgio
Usa-se a letra J: a) nas formas dos verbos terminados em –jar
b) nas palavras derivadas de outras que já apresentam j
- As letras S/Z
- Usa-se a letra S
a) nas palavras que derivam de outras que já existe s
b) nos sufixos –ês e –esa quando indicam nacionalidade, titulo ou origem
c) nos sufixos –ense –oso quando formam adjetivos
d) nosufixo –isa indicador de ocupação feminina
e) após ditongo
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Língua Portuguesa
f) nas formas do verbo pôr (e derivados) e querer
- Usa-se a letra Z
a) nas palavras derivadas de outras em que já exista z
b) nos sufixos –ez e –eza formados de substantivos abstrato
e) no sufixo –izar formado de verbos
d) no sufixo –ização formador de substantivos
Observe:
− adolescência, ascensorista, consciente, obsceno, rescisão, siscentos.
− Abuso, atrás, através, maisena
− Bege, gengiva, monge, tigela, vagem
− Berinjela, cafajeste, laje, majestade, traje
− Brecha, brocha, chalé, chope, chuchu, flecha, linchar, pichar
− Expectativa, expor, extravagante, texto
− Exceção, excesso, excêntrico, excepcional, exceto
III ACENTUAÇÃO
Regras básicas:
− Proparoxítonas são todas acentuadas
− Paroxítonas: são as mais numerosas da língua e justamente por isso as que recebem
menos acentos. São acentuadas as que terminam em:
i, is, u, us, um, uns, ã, ãs, ao, aos
r, x, n, l, os
ditongo oral seguido ou não de s
− Oxítonas: são acentuadas as que terminam em:
a, e, o seguidos ou não de s
em, ens
1. POR QUE / POR QUÊ: equivale a por qual razão. Usa-se por que no início
ou meio de frases. Já por quê deve ser usado no final das frases.
2. POR QUE: equivale também a pelo qual a pelo qual, pela qual, pelos quais,
pelas quais.
3. PORQUE: tem valor aproximadamente a, pois, uma vez que.
4. PORQUÊ: significa o motivo, a razão e vem sempre precedido do artigo o
Para mim: o pronome mim não pode ser usado com sujeito. Simplificando, não devemos usá-lo
antes de verbo como na expressão Traga o carro para mim fazer a revisão, o correto é dizer para eu
fazer a revisão. Podemos usá-los apenas como objeto, por exemplo, Traga o carro para mim/ Faça
um favor para mim. Ou ainda: Para mim, a preocupação com o meio ambiente é fundamental.
Intervir/vir/ver: Esses verbos merecem cuidado no seu uso. Observe :
Eu intervim/Ele interveio/Eles intervieram.
Tem/Têm: a forma verbal tem refere-se a 3° p.s. Ele tem bastante cuidado ao falar com os outros.
A forma verbal têm refere-se ao plural. Eles têm muitos problemas de relacionamento.
ATENÇÃO ao empregar essas formas!!!
Outras palavras que devem ser observadas na pronúncia e na grafia:
• Asterisco (e não asteristico) • Meteorologia (e não metereologia)
• Bandeja (e não bandeija) • Mendigo (e não mendingo)
• Beneficente (e não beneficiente) • Misto (e não mixto)
• Cabeleireira (e não cabeleleira) • Mortadela (e não mortandela)
• Cinqüenta (e não cincoenta) • Pátio (e não páteo)
• Disenteria (e não disinteria ou • Por isso (e não porisso)
desinteria) • Privilégio (e não previlégio)
• Empecilho (e não impecilho) • Problema (e não pobrema)
• Estupro (e não estrupo) • Questão (e não questã)
• Frustrado (e não frustado)
As idéias de algumas orações são similares, portanto deve haver correspondência similar entre as
formas verbais. Isso é o que chamamos paralelismo gramatical. O paralelismo evita construção
incorretas e inadequadas.
ex.:” Não fui ao trabalho por estar chovendo e porque era ponto facultativo.”
“Sua atitude foi aplaudida não só pelo povo mas também pelos companheiros de farda lhe
hipotecaram inteira solidariedade.”
“Na época de eleição, tanto para prefeito, governador ou presidência, as pessoas ficam sem
memória.”
“O governo deveria investir mais na saúde pública, não só em atendimento, mas em transmitir
informações.”
Nos exemplos acima, a falta de paralelismo causa uma falha estilística, o que torna o texto pouco
claro.
Dentro de uma frase também deve haver paralelismo, ao que chamamos de paralelismo semântico.
As palavras que se ligam devem caber no mesmo plano de significação, caso contrário a frase
parecerá ilógica como no exemplo abaixo.
“fiz duas operações: uma em São Paulo e outra no ouvido.”
5. Reescreva as frases seguintes, corrigindo os erros de paralelismo:
1. Gostaria de saber seu nome e onde ela mora.
2. O chanceler declarou estar propenso a reatar relações com aquele país, ou seja,
reiniciando o intercâmbio cultural e o de comércio.
3. Aja discretamente, com prudência e use o tato.
4. Ao encontrar com a tia, já bastante idosa, e vendo-a tão abatida, logo deduziu que
estava doente.
5. Vemos, portanto, o processo de execução forçada a fazer parte da demanda e
pertencente ao processo.
6. O jovem Newton não só inventou o cálculo infinitesimal, mas também os
fundamentos da ótica moderna foram lançados por ele.
7. Embora ele seja conhecido por todos e apesar de conviverem com João há dez anos
ninguém sabe se ele gosta de futebol.
8. Depois que surgiu a Internet, a impressão que se tem é de que o mundo diminuiu de
tamanho, não no sentido literal, apenas porque as distâncias parecem não existir
mais.
9. Fiquei decepcionado com o resultado do jogo e quando o meu irmão me disse que eu
não iria poder sair com ele aquela noite.
10. Escutamos uma pessoa forçando a janela da saída e um barulho.
1. Os pronomes o, os, a, as, são empregados como objetos diretos, ou seja, substituem nomes
que vem completar o sentido do verbo sem preposição:
Luís contava as boas notícias./ Luís contava-as
Carla bateu o carro. / Carla bateu-o
Essas formas sofrem modificações com os verbos terminados em R, -S, -Z, (lo, los, la, las), ou –
AM, -EM, -ÃO, ÕES (no, nos, na, nas): Julgar o réu./Julgá-lo – Compramos os livros./ Compramo-
los.
Cuidado: Não use Ele/Ela como objeto direto.
Acordei ele logo cedo. O correto é Acordei-o logo cedo.
2. Os pronomes lhe, lhes são empregados como objetos indireto, ou seja,, substituem nomes
que vem completar o sentido do verbo sempre com preposição:
Ofereci ajuda ao rapaz./ ofereci-lhe ajuda.
Eles pediram auxilio aos bombeiros,/ eles pediram-lhes ajuda.
8. Os pronomes pessoais são muito importantes para a retomada de dados e conceito ao longo
de um texto. No trecho abaixo, há asteriscos no lugar dos pronomes pessoais. Substitua-os
pelas formas pronominais apropriadas.
“Levado, ao espelho, o brasileiro dá de cara com uma imagem pertubadora – a sua própria
identidade em desordem. Certamente por força da crise que há longo tempo (*) invade por
todos oslados, (*) vê desmancharem-se diante (*) conhecias e reconfortantes fantasias. A
realidade atropela as ilusões nacionais, a começar pela matriz de todas elas, a de que Deus é
brasileiro.
Como um saltinbanco entre um trapézio e outro, o brasileiro parece ter perdido a confiança
na mitologia de suas gostosas qualidades, mas ainda não conseguiu (*) agarrar uma cadeia
de novas crenças, capazes de proteger (*) do absmo.” (Superinteressante, nov.1991)
IX – CONCORDÂNCIA VERBAL
SUJEITO COMPOSTO (anteposto ao verbo)
Professora Ms. Ivete Vidigoi – 2011
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Língua Portuguesa
1. O combustível e ogás de cozinha subiram de preço.
-Sujeito composto anteposto ao verbo, a concordância se faz no plural.
2. O amor e a paixão mora/moram naquele coração.
-Sujeitos composto por núcleos sinônimos, a concordância se faz no singular ou no plural.
3. Uma foto, uma imagem, uma lembrança bastava/bastavam para reviver aquele tempo.
- Sujeito composto por núcleos em gradação, a concordância se faz no plural ou no singular.
4. Massas, carnes, salgados, doces, tudo era servido na festa.
- Sujeito composto recuperado por expressões de resumo, a concordância é feita com esse
termo.
5. Nem o pai nem ofilho lembraram de fechar aporta.
Osvaldoou Osmar representam a empresa.
- Núcleo do sujeito unidos por ou ou nem, a concordância se faz no plural se o
predicadopuder ser atribuído a todos os núcleos.
Europa ou África será lugar de nossas próximas férias.
- Sefor excludente, o verbo fica no singular.
6. Eu, tu e ele viajaremos amanhã.
Tu e ele viajareis amanhã.
- sujeito composto por pessoas gramaticais diferentes: a primeira prevalece sobre a Segunda,
a Segunda sobre a terceira, ficando o verbo no plural correspondente a essas pessoas
gramaticais.
SUJEITO COMPOSTO ( posposto ao verbo)
1. Subiu/subiram de preço o combustível e o gás de cozinha.
2. Iremos à Europa meus filhos e eu.
Irei/iremos à Europa eu e meus filhos.
- Sujeito composto posposto ao verbo, a concordância pode ser feita no plural ou concordar
com o núcleo mais próximo. (exemplos 1 e 2)
SUJEITO SIMPLES
1. A maioria dos participantes concordou/concordaram com a decisão.
-Sujeito formado por expressões partitivas (parte de, uma porção de,metade de, a maioria de,
a mair parte de, grande parte de) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar no plural ou no singular.
2. -
a. Cerca de mil pessoas estiveram no comício.
b. Mais de um aluno cabulou a aula.
c. 25% do orçamento do país deve destinar-se a saúde.
d. 80% dos brasileiros discordam do FHC.
e. 19% aceitam o governo do FHC.
f. 1% não respondeu à pesquisa.
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Língua Portuguesa
- Sujeito formado por expressões que indicam quantidade aproximada (cerca de,
mais de, perto de) seguida de um numeral e substantivo, o verbo concorda com o
substantivo (ex. a. b). O mesmo acontece coma indicação de porcentagem (ex. c. d).
Quando a expressão não é seguida de substantivo, o verbo concorda com o número
(ex. E, f).
3. Vassouras fica no estado do Rio de Janeiro.
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Os Sertões Glorificaram Euclides da Cunha.
- Sujeito composto por nomes próprios em plural, a concordância deve levar em conta a
presença do artigo. Se houver artigo, o verbo fica no plural. Sem a presença do artigo, o
verbo fica no singular.
Os Sertões é a obra máxima de Euclides da Cunha.
- Com o verbo ser pode ficar no singular se o predicativo também estiver no singular.
4. Quanto de nós são/somos capazes?
-Sujeito formado por pronome interrogativo ou indefinido plural ( quais, quantos, alguns,
poucos, muitos, vários) seguidos de nós ou vós, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (3° pessoa plural) ou com o pronome pessoal.
5. Fui eu que fiz o trabalho/Fomos nós que vimos o crime.
-Sujeito formado por pronome relativo que, a concordância se faz como antecedente.
6. Ele é um dos que pensam que a lei só existe para alguns.
- Sujeito formado pela expressão um dos que, a concordância se faz no plural.
7. Fui eu quem pagou/paguei a conta.
-Sujeito formado pelo pronome relativo quem, pode-se utilizar o verbo na terceira pessoa do
singular ou concordar com o antecedente do pronome.
VERBOS HAVER/FAZER/SER
1. Haverá protestos/houve protestos.
-Verbo na indicação de acontecimento ou existência é impessoal, devendo permanecer
sempre na terceira pessoa do singular.
2. Maria não viaja há dois anos/ Faz dois meses que o vi.
-Verbos haver e fazer ficam na terceira pessoa do singular quando indicam idéia de tempo.
3. O mundo são essas verdades.
-Verbo ser colocado entre um substantivo comum num singular e outro no plural, o verbo
tende a ir para o plural.
4. Pelé foi o mais incrível dribles./O homem é cinzas.
- Verbo sercolocadoentre um nome próprio e comum, o verbo ser tende a concordar com o
nome próprio.
5. Quatro anos é muito./Duas horas é pouco.
X – CONCORDÂNCIA NOMINAL
Regras básicas: o adjetivo deve concordar com osubstantivo
genero e número
1. A empresa oferece perfeita localização e atendimento.
A empresa oferece perfeito atendimento e localização.
A empresa oferece localização e atendimento perfeitos.
A empresa oferece localização e atendimento perfeito.
A empresa oferece atendimento e localização perfeita.
A empresa oferece atendimentos e localização perfeitos.
REGÊNCIA VERBAL
- Aspirar
1. Não exige preposição quando significa “sorver”, “cheirar”.
2. Quando significa “desejar”, “ pretender” exige preposição a.
- Assistir
1. Exige preposição a quando significa “ver”, “presenciar”.
2. Quando significar “socorrer” não exige preposição.
- Chegar/ir
Pedem preposição a quando indicam “lugar para onde”.
- Custar
1. uando significa “ser difícil”, “ser penoso”, exige a preposição a.
- Esquecer/Lembrar
1. Não pedem preposição quando não estão acompanhados de pronomes oblíquos.
• Implicar
1. Não exige a preposição quando significa “Ter como conseqüência”, “acarretar”;
2. Exige preposição com quando significa “Ter implicância”.
• Informar:
Admite a regência com as preposições a, de e sobre.
• Obedecer/Desobedecer
Exigem preposição a
• Pagar/Perdoar/Agradecer
1. Não exige preposição quando o complemento se refere a coisa;
2. Exige preposição a quando o complemento se refere a pessoa.
• Preferir
Exige dois complementos: um sem preposição e outro com preposição a;
• Proceder
1. Exige preposição de quando significa “Ter origem”, “provir';
2. Não exige preposição ou complemento quando significa “Ter cabimento”.
• Querer
1. Não exige preposição quando significa “desejar”;
2. Quando significa “gostar”, “Ter afeto”, exige a preposição a.
• Responder
Exige preposição a.
• Visar
1. Não exige preposição quando significa “apontar” ou “pôr visto”;
2. Exige preposição a quando significa “Ter em vista”, “desejar”.
XII – CRASE
CRASE é a fusão de duas vogais idênticas, sendo graficamente transicrita pelo acento grave (`)
Para verificar a ocorrência de um artigo feminino após a preposição a, existem duas formas práticas.
1. Colocar um termo masculino sinônimo (ou quase sinônimo) no lugar do termo feminino. Se
surgir a forma AO, ocorrerá a crase:
2. Substituir o termo regente da preposição a por um que reja outra preposição (de, em, por).
Se surgirem as formas da(s), na(s) ou pela(s), ocorrerá crase.
Obs.: Deve-se usar o mesmo recurso para verificar a ocorrência da crase antes de nomes de cidades,
países e estados.
a. antes dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo deve-se verificar a presença da preposição:
b. antes do demonstrativo a e dos relativos a qual/as quais deve-se substituir o termo feminino
por um termo masculino:
18 – Nos trechos abaixo, o acento indicador de crase não foi usado. Observe sua ocorrência e
acentue-a devidamente nos negritos.
a. Linus Pauling que faleceu esse ano, aos 94 anos de idade, de uma patologia que costuma
ocorrer aos 65-70 anos, (ou seja, adiou em 30 anos uma patologia a qual era predisposto,
devido ao uso que fazia das vitaminas e minerais) era um entusiasta do uso de grandes doses
de vitaminas diariamente.
b. Uma mulher morre a cada duas horas no Brasil por motivos relacionados a gravidez. Das
3000 a 5000 mortes por ano, 90% poderiam ser evitadas com a melhoria do atendimento às
gestantes e com o acesso aos cuidados básicos.
c. Não precisa muito esforço para perceber que há um vasto campo a ser explorado: a cada dia,
novas áreas são descobertas, apesar da carência de maior exploração no âmbito da pesquisa
científica.
d. Analisando o mercado de trabalho atual, há poucas oportunidades explícitas nas
especialidades mais difundidas, e quando ocorre, por existir uma fila de profissionais a sua
procura, o mercado fica retraído e os salários, rebaixados. Esta é uma realidade com a qual
os recém-formados irão deparar-se. Até então, discutir a retração de mercado restringia-se a
outras áreas da saúde, face ao grande número de profissionais colocados no mercado. Não
tardou para chegar a vez da fisioterapia.
• Não é possível viver em sociedade sem respeito _________ direitos dos outros.
• Tenho profunda aversão _________ egoístas.
• Aquele político não teve capacidade _________ governar o país.
• Não tenho devoção _________ futebol.
• A ditadura é um verdadeiro atentado _________ dignidade humana.
• Ele não está acostumado _________ linha da liberdade.
• É um assunto pouco acessível _________ leigos.
• É uma substância necessária _________ vida.
• É preferível fechar a boca _________ falar asneiras.
• Fui contrário _________ que incluíssem meu nome no manifesto.
• Era um pequeno cão, _________ cuja presença estávamos habituados.
A palavra texto origina-se do latim “textum”, que significa “tecido, entrelaçamento”. Sua
etimologia nos dá a exata definição: texto é o resultado do entrelaçamento de unidades para formar
um todo.
Sua estrutura organiza-se de tal modo que as frases não têm significado autônomo; o sentido de uma
frase é dado pela correlação com as demais, ou seja, o significado global de um texto não é o
resultado da soma de suas partes, mas sim de uma combinação geradora de sentidos.
TEXTO E CONTEXTO
O sentido ou significado de uma frase dependo do contexto em que ela está inserida. Contexto é a
unidade maior em que uma unidade menor está inserida. Assim, o texto serve de contexto para a
frase; a frase serve de contexto para a palavra etc.
Além do contexto, devemos levar em consideração que, anterior ao texto, existe um motivo para
escrevê-lo. Por mais subjetivo ou ficcional que seja um texto, ele não pode ser desvinculado da
realidade que o produziu. O autor de um texto expõe através dele suas idéias e pontos de vista,
ambos vinculados a acontecimentos reais. Protanto, todo texto possui um “caráter histórico (...) na
medida em que revela os ideais e as concepções de um grupo social numa determinada época”.
Um texto é uma manifestação lingüística produzida por alguém, em alguma situação concreta (um
contexto), com determinada intenção. Ele é sempre dirigido a alguém, ou seja, a situação de
produção de um texto supõe a existência de um interlocutor a quem ele se dirige. A interação entre
o locutor de um texto e seu interlocutor é o que vai construir o sentido desse texto.
A primeira leitura de um texto nos levará a sua estrutura superficial, isto é, aquilo que está claro e
explícito na sua organização. Essa primeira leitura trará uma noção ainda vaga do que pretende
dizer o autor.
Para uma leitura bem feita será preciso depreender do texto sua informação essencial, ultrapassando
sua superfície e inferindo seu sentido maior.
“Buscar as palavras mais importantes de cada parágrafo consitui uma boa maneira de chegar a sua
estrutura profunda, uma vez que, em torno delas, as outras se organizam para produzirem sentidos.
As palavras-chave aparecem ao longo do texto através de repetições ou sinônimos.
Algumas vezes, as palavras-chave não serão suficientes para sintetizar um texto e teremos de buscar
isso através das idéias-chave. Essas idéias-chave deverão ser retiradas de cada parágrafo do texto.
Unindo essas idéias teremos a síntese do texto”. (in Roteiro de Redação – Lendo e Argumentando.
Antônio Carlos Viana e outros. Editora Scipione, 1998)
Um texto sempre nos remete a duas concepções diferentes: aquela que ele defende e aquela em
oposição à qual ele se constrói. Sempre há dois pontos de vista, duas vozes presentes no texto. No
entanto, esses dois pontos de vista não estão mostrados claramente.
Há diversos mecanismos lingüísticos que servem para mostrar diferentes vozes no interior de um
texto. O primeiro deles é a negação. Nela estão implicadas duas vozes: uma que afirma e outra que
contesta.
A organização fundamental de um texto baseia-se em oposições de sentido. Para detectá-las é
preciso listar os elementos que estão em oposição e depois encontrar um denominado semântico
comum para eles. Um dos lados dessa oposição sempre aparece de apreciação positiva, enquanto o
outro é valorizado negativamente.
XV – TIPOLOGIA TEXTUAL
Características formais dos diversos tipos de textos
Tipos de texto
1. Descrição
Descrição é a representação verbal de um objeto sensível. Pode ser comparada à fotografia, mas
admite interpretação, a não ser que se trate de descrição técnica.
A descrição pode ser de pessoas, animais, objeto, ambiente, paisagem ou cena. Sua estrutura
compreende três tipos de processo: nomear ou identificar, localizar, situar e qualificar. Ela poderá
ser literária ou técnica, segundo sua finalidade. A descrição literária é mais subjetiva, admitindo o
uso de figuras de linguagem. Já a descrição técnica apresenta maior objetividade. Normalmente, a
2. Narração
3. Dissertação
1. Declaração inicial: o autor afirma ou nega alguma coisa para, em seguida, justificar ou
fundamentar a declaração, apresentando argumentos através de exemplos, confrontos,
analogias etc.
Exemplo: “O contribuinte brasileiro precisa receber um melhor tratamento das autroridades fiscais.
Ele é vítima constante de um Leão sempre descontente de sua mordida. Não há ano em que se sinta
a salvo. É sempre surpreendido por novas regras, novas alíquotas, novos assaltos ao seu bolso.”
3. Divisão: consiste em apresentar o tópico frasal sob a forma de divisão ou descriminação das
idéias a serem desenvolvidas.
Exemplo: “Predominam ainda no Brasil duas convicções errôneas sobre o problema da exclusão
social: a de que ela deve ser enfrentada apenas pelo poder público e a de que sua superação envolve
muitos recursos e esforços extraordinários. Experiências relatadas nesta Folha mostram que o
combate à marginalidade social em Nova Iorque vem contando com intensivos esforços do poder
público e ampla participação da iniciativa privada.” (Folha de São Paulo)
semelhança (igualdade)
comparação
contraste (mais/menos)
“O comportamento humano é de dois tipos diferentes: simbólico e não simbólico. O homem boceja,
espreguiça, tosse, coça-se, grita quando sente dor, encolhe-se com medo, arrepia-se etc. O
comportamento não simbólico deste tipo não é peculiar ao homem. Ele apresenta isto não só como
os outros primatas, mas como muitas outras espécies animais. Mas o homem pode comunicar-se
pela palavra, usa amuletos, confessa feitas, faz leis, observa códigos de etiqueta, expõe seus sonhos,
classifica seus parentes em distintas categorias etc. Essa forma de comportamento é única. Só o
homem é capaz de realizá-la e ela é peculiar aos símbolos. O comportamento não simbólico do
homem animal; e o simbólico, é do homem ser humano” (Hayakawa, S.I.)
SÍNTESE:
Coesão é a ligação entre os elementos de um texto, que ocorre no interior das frases, entre as
próprias frases e entre os parágrafos. A coesão manifesta-se através de elementos formais que criam
o vínculo entre os componentes do texto. A coesão pode ser feita através da antecipação ou
retomada de termos, expressões ou frases e pelo encadeamento de segmentos do texto.
Coerência diz respeito à ordenação das idéias e dos argumentos. Para criar uma unidade de sentido
no texto é preciso que haja uma seqüência lógica entre esses elementos. Um texto coerente é aquele
em que as idéias harmonizam-se, sem a presença de contradições. Isso é que o diferencia de um
amontoado de frases.
A coerência apresenta-se através da repetição (ou retomada), da progressão, da não-contradição e da
relação. A repetição (ou retomada) ocorre pel uso de expressões sinônimas (ou equivalentes) e pelo
uso de pronomes. A progressão é o acréscimo de novas informações sem que elas se contradigam
ao que já foi colocado. Todos os fatos e conceitos expostos em um texto devem estar relacionados
para que se justifique sua presença. Portanto, um texto deve ser: uma seqüência de dados não-
contraditórios e relacionáveis, apresentados gradativamente por meio da repetição e da progressão.
(Do texto ao texto, Ulisses Infante, Ed. Scipione, p. 94)
O encaminhamento do tema é sempre produto de uma escolha que se dá dentro de uma ordem. O
que escrever? Como escrever? Para que escrever? Tais perguntas delimitam este ato e fazem o
recorte necessário para que o texto não se apresente como um aglomerado de afirmações sem um
objetivo definido.
Assim como as palavras ordenam-se em frases, as frases, em parágrafos, estes devem ordenar-se
para produzir um texto. Ao escrever, devemos procurar manter-nos fiéis ao tema, produzir sentidos
e mostrar sua relação com a realidade.
Uma das maiores preocupações de quem escreve é a de não se perder dentro do tema que lhe foi
proposto. A manutenção da unidade do texto e a produção de sentidos só acontecem se soubermos
argumentar. Escrever bem é saber argumentar bem.
Ao expor um tema, é preciso pensar de antemão que direção pretendemos tomar, para onde
queremos conduzir nossa argumentação. Para isso, é preciso ter uma posição definida em relação ao
assunto, criar um pressuposto a partir do qual vamos encaminhá-lo, a fim de deixar bem claro nosso
ponto de vista. Diante de um tema tão amplo como saúde, por exemplo, a primeira atitude é recortá-
lo, ou seja, delimitar nosso campo de questionamento, cuja base está no pressuposto.
Quem pretende escrever de forma coerente tem de partir de um pressuposto claro, bem definido.
Isso vai depender do conhecimento que temos do mundo, das leituras que viemos fazendo ao longo
do tempo. Antes mesmo de escrever, já devemos saber o que queremos passar ao leitor. A atividade
escrita é uma atividade planejada.
O texto começa, portanto, bem antes de se colocar a caneta no papel. As primeiras palavras escritas
são fruto de uma reflexão. Ninguém deve escrever intempestivamente. Qualquer afirmação que
fazemos deve resultar de um conhecimento partilhado com outras pessoas, senão corremos o risco
de não sermos compreendidos. É difícil escrever sem ter convicção do qje enunciamos. Se não
conhecemos os fatos com propriedade, podemos chegar à incoerência, cair em contradição. Um
texto começa a mostrar sua fragilidade quando partimos de um pressuposto mal formulado, que não
dá margem a uma boa argumentação. É muito difícil escrever sem saber de onde estamos partindo.
E o ponto de partida é o pressuposto, que é o modo como cada um de nós vê e problematiza o tema.
O pressuposto tem de dar margem a divergências, senão fica difícil argumentar.
Voltemos ao tema saúde. Para começar, não basta saver como anda a saúde no Brasil, é preciso
formular um presuposto para orientar toda nossa argumentação. Ele é uma espécie de “idéia fixa”
que nos vai acompanhar do princípio ao fim do texto. Significa que estamos sendo fiéis à idéia que
defendemosw e demonstra que temos uma posição firmada diante do assunto.
Eis alguns presupostos possíveis:
• O Brasil só resolverá seus problemas quando a saúde for preocupação prioritária do
governo.
• Não se pode pensar em desenvolvimento sem antes pensar em saúde pública.
• A ansiada passagem do Brasil para o Primeiro Mundo só se dará quando resolverem os
problemas da saúde.
• Cada um desses presupostos criará um tipo de desenvolvimento de texto. A segunda etapa
será procurar os argumentos que o sustentem. Antes, porém, Transformá-se o presuposto
• argumentos de valor universal: aqueles que são irrefutáveis, com os quais conquistamos a
adesão incontinenti dos leitores. Se você diz, por exemplo, que sem resolver os problemas
da família não se resolverão os das crianças de rua, vai ser difícil alguém contradizê-lo.
Trata-se de um argumento forte. Por isso, evite afirmações baseadas em emoções,
sentimentos, preconceitos, crenças, porque são argumentos muito pessoais. Podem
convencer algumas pessoas, mas não todas.
• Dados colhidos na realidade: as informações têm de ser exatas e do conhecimento de todos.
Você não conseguirá convencer ninguém com informações falsas, que não têm respaldo na
realidade.
• Citações de autoridades no assunto: procure ler os pricipais autores sobre o assunto de que
você vai falar. Ler revistas e jornais ajuda muito.
• Exemplos e ilustrações: para fortalecer sua argumentação recorra a exemplos conhecidos, a
fatos que a ilustrem.
• Dados estatísticos e pesquisas: utilizar fontes de pesquisas como Ibope, por exemplo, ou
dados estatísticos confere ao argumento maior veracidade.
Esta estória é meio lenda meio fato, mas merece ser contada como se fosse real.
Quando Bill Gates estudava em Harvard, ele tinha um professor de matemática fantástico e muito
exigente. Tanto isso é verdade que Bill Gates se classificou em 18º lugar num teste nacional de
matemática. Esse professor dava uma prova final dificílima e poucos alunos conseguiam acertar
todas as questões.
"Se alguém conseguir acertar completamente esta prova, eu renunciarei ao meu cargo de Professor
de matemática e trabalharei para ele", dizia o professor no início da prova, com total seriedade.
Em inglês esta frase soa bem mais forte, tipo "eu serei seu subordinado para sempre", uma forma
simpática de dizer que se aceita a derrota e que finalmente se encontrou alguém superior.
Bill Gates foi o aluno que mais próximo chegou de encontrar todas as soluções, tendo errado uma
questão, somente no finalzinho da dedução.
Passados vinte anos, se alguém for para Boston poderá encontrar o tal professor batendo a cabeça
na parede de Harvard Square, balbuciando : "Por que eu fui tão rígido? Por que que eu fui tão
rígido?’’
Tivesse sido menos rigoroso, o agora anônimo professor seria hoje, provavelmente, o segundo
homem mais rico do mundo.
O interessante dessa estória é o fato de que alunos de Harvard ouvem de seus professores o seguinte
conselho: "Se um dia você encontrar alguém, um colega ou um subordinado, mais competente que
você, faça dele o seu chefe, e suba na vida com ele".
No Brasil, um colega de trabalho que comece a despontar é imediatamente tachado de picareta,
enganador e puxa-saco. Em vez de fazê-lo chefe, começa um lento e certeiro boicote ao talento.
Nossa mania de boicotar chefes lembra a mentalidade do "Se hay gobierno soy contra". Nestas
Professora Ms. Ivete Vidigoi – 2011
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Língua Portuguesa
condições, equipes dificilmente conseguem ser formadas no Brasil, e temos um excesso de prima-
donas, donos da verdade sem nenhuma equipe para colocar as idéias em prática.
Se não aprendermos a escolher os nossos chefes imediatos, como iremos escolher deputados,
governadores e presidentes da República ?
Milhares de jovens acreditam ingenuamente que, apesar de ter cabulado a maioria das aulas, quando
adultos contratarão pessoas inteligentes que suprirão o que não aprenderem. Ledo engano, pessoas
inteligentes são as primeiras a procurar parceiros competentes para trabalhar.
Melhor do que procurar as melhores empresas para trabalhar é procurar os melhores chefes e trocar
de emprego quantas vezes seu chefe trocar o dele. Como fizeram as dezenas de programadores que
decidiram trabalhar para a Microsoft, na época em que ela era dirigida por um fedelho de 19 anos e
totalmente desconhecido.
Achar um bom chefe não é fácil. Temos muito mais informações sobre empresas do que sobre
pessoas com capacidade de liderança.
Mas, na próxima vez que encontrar um amigo para saber se o emprego dele paga bem, pergunte
quem são os bons chefes e líderes da empresa em que ele trabalha,
É muito melhor promover um subordinado a seu chefe se ele for claramente mais competente do
que você, do que ficar atravancando a carreira dele e a sua.
Subordinar-se a um chefe competente não é sinal de submissão nem de servilismo, mas uma das
melhores coisas que você poderá fazer para sua carreira. Embora ser o número 1 de uma
organização seja o sonho de muitos jovens, a realidade é que 95% de sua carreira será desenrolada
como o número 2 de algum cargo.
A pior decisão na vida do professor de Bill Gates foi a de não seguir o seu próprio conselho.
Portanto fique de olho nos seus colegas de trabalho e faculdade que parecem ser brilhantes e tente
trabalhar com eles no futuro. Eles poderão ser o caminho para o seu sucesso.
Publicado na Revista Veja de 24 de junho de 1998
O que foi dito para a música se aplica igualmente às áreas acadêmicas. Nelas, também há um
relógio biológico que vai fechando as portas para o desenvolvimento cognitivo. Ao chegar à
universidade, é tarde demais para consertar a devastação feita por um ensino que não
conseguiu estimular nem exercitar a inteligência. Claro, existem sobreviventes que superam as
deficiências de um ensino pobre. Mas são as exceções, como se pode verificar pela
modestíssima proporção de pobres – brancos e negros – que chegam ao fim do ensino médio e
pelo número ínfimo dos que podem enfrentar os vestibulares mais competitivos.
O MEC faria muito melhor se redirecionasse grande parte dos professores dos departamentos
universitários de música para formar jovens instrumentistas a partir
de 7 anos. Se fizesse isso, certamente suas vagas no ensino superior de música seriam
preenchidas por futuros virtuosos e os cursos estariam cheios de alunos (no Conservatório
Popular de Genebra há 22 alunos por professor). E, como os dons musicais não conhecem
classe social, a música erudita poderia ser um magnífico canal de mobilidade para jovens
pobres, de qualquer raça. Os países do Leste Europeu produzem tantos músicos clássicos
justamente porque têm escolas para capturar os talentos mais jovens. As escolas públicas
americanas, igualmente, oferecem formação instrumental desde muito cedo. Não há
novidades, não há segredos.
Se queremos que nossos médicos e violinistas de primeira linha venham de todas as classes
sociais, é preciso que comece cedo seu aprendizado. O país deveria oferecer oportunidades
para que desabrochassem plenamente os talentos precocemente detectados. O relógio
biológico não espera os burocratas da educação.
Claudio de Moura Castro é economista
(claudiodmc@attglobal.net)