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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE ANÁPOLIS/GO

Autos nº 201301802

JORGE IANCONVICH FILHO, brasileiro, união estável, autônomo, nascido no dia


25/09/1982, natural de Ceres-GO, filho de Jorge Ianconvich e Maria de Fátima
Ianconvich, com residência na Rua 01, Quadra 02, lote 16, Habitacional Esperança II
etapa, Anápolis-GO (atualmente encontra-se preso na 1º Delegacia Distrital e Polícia
de Anápolis-GO) vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por seus advogados
infra-assinados – procuração anexa – apresentar sua

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

com fulcro no art. 396 do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito a
seguir expostas:
I – BREVE SÍNTESE PROCESSUAL

Conforme a denuncia, no dia 14 de Agosto de 2010, às 8 horas e 48 minutos, em


Anápolis/GO, a acusado foi preso (auto de prisão em flagrante 180/2010) com base no
art. 180 Caput pelo crime de receptação, crime que em tese teria sido consumado no
dia 13/08/2010 na Rua Suely Bitencourt, Qd. 16, Lt. 11 Vivian Parque, onde teria
comprado uma maquina de lavar roupas e um tanquinho pelo valor de R$ 100,00 (cem
reais) de Weverson da Silva Borges.

II – PRELIMINARMENTE

1. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

Diz o artigo 89, da lei 9.099/95, que a suspensão condicional do processo cabe
nos “crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 1 (um) ano.

O crime de Receptação previsto no art. 180 do Código Penal diz:

Art. 180 – Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou


alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influi para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Mostra-se claramente que a sanção da conduta se enquadra dentro do


requisito para aplicação da suspensão do processo.

Se o legislador previu tal pena como alternativa possível é porque, no seu


entender, o delito não é daqueles que necessariamente devam ser punidos com pena
de prisão. Se, para os efeitos de prevenção geral, contentou-se a lei, em nível de
cominação abstrata, com a multa alternativa, é porque, conforme seu entendimento,
não se trata de delito de alta reprovabilidade. Na essência da suspensão condicional,
ademais, outros interesses estão presentes: reparação da vítima, desburocratização da
Justiça etc.

III – DO MÉRITO

1. EXCLUSÃO DA TIPICIDADE

Conforme versa o art. 180 caput do Código Penal, o qual é acusado o réu:
Art. 180 – Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influi para que terceiro, de boa-fé, a
adquira, receba ou oculte:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

O artigo em questão afirma que para que seja caracterizada a infração, há necessidade
que o sujeito ativo tenha conhecimento da procedência criminosa da mercadoria
comprada. Assim descaracteriza o crime o fato de que o acusado não tinha
conhecimento algum sobre a procedência criminosa dos objetos. O acusado sequer
tinha conhecimento sobre o vício em drogas de Weverson da Silva Borges, pois este
sempre conversou normalmente e aparentava estar sóbrio e saudável.

O acusado não conhece Weverson há tempos e não mantem vinculo de amizade com
este, assim não poderia saber sobre o suposto vício dele com as drogas. Também não
foram apresentados nenhum documento de interdição confirmando a dependência
química de Weverson, o que nos leva a questionar a veracidade das alegações de sua
dependência química.

O acusado assim foi induzido ao erro, pois no momento da compra da máquina de


lavar e do tanquinho, Weverson disse que eram dele e não de sua mãe, que ele tinha
comprado, mas queria revender para comprar uma máquina de lavar mais nova. Não
tinha como o acusado saber que eram de outra pessoa, pois o acusado é uma pessoa
humilde e de pouca formação e conhecimento, e esta acostumado a comprar, vender
ou trocar objetos usados de amigos, conhecidos e vizinhos. Assim, o acusado estava
agindo com total boa-fé.

Conforme exposto, falta um elemento do tipo para que este seja caracterizado, Pelo
exposto, requer seja declarada inepta a denúncia, rejeitando-a, por falta de elemento
essencial para caracterização do tipo.

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a defesa primeiramente a rejeição da denúncia face a inépcia


da inicial acusatória nos termos do art. 395, I c/c art. 41 do CPP.

Ainda que superada a questão preliminar anteriormente ventilada, requer a defesa a


absolvição sumária da acusada, com base no art. 397, III, do Código de Processo Penal.

Por fim, caso não seja acolhido nenhum dos dois pedidos antecedentes, se digne Vossa
Excelência em receber a presente resposta escrita à acusação para os fins acima
expostos, de forma que provará por oportunidade da instrução a inocência da
Acusada, por todos os meios de prova em direito admitidas, inclusive prova
testemunhal, requerendo para tanto a intimação pessoal das testemunhas a seguir
arroladas:

Rol de Testemunhas
Testemunha: Fulano de Tal, qualificada às fls. 12 com endereço **************

Testemunha: Beltrano de Tal, qualificado às fls. 17 com endereço **************

Pede deferimento.

Anápolis, 08 de março de 2012.

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CHRYSTIANO SILVA MARTINS

ADVOGADO CRIMINALISTA – OAB/GO 21.204

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