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Manual de orientação

nutricional enteral
em domicílio.
Índice

01. Introdução 04

02. Alimentação enteral: o que é? 05

03. Tipos de nutrição enteral 06

04. Vias de administração da alimentação enteral 07

05. Tipos de administração 08

06. Equipamentos, materiais e utensílios necessários 08

07. Preparação para administração de dietas 09

08. Preparação do paciente 11

09. Como administrar medicamentos 14

10. O que fazer nas intercorrências? 15

11. Ficha de acompanhamento 18

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1 Introdução 2 Alimentação enteral:
o que é ?

O objetivo deste manual é ajudar você e sua família a compreender o Quando a alimentação pela boca é insuficiente
que é nutrição enteral, como se administra, os cuidados necessários e ou impossível de ser realizada, suas neces-
como atuar diante de algumas situações especiais. Durante sua estada sidades nutricionais podem ser satisfeitas a-
no hospital, tanto você quanto sua família devem ter tido a oportunidade través da nutrição enteral. A nutrição enteral é
de aprender como se administra e quais são os cuidados necessários uma alternativa para a ingestão de alimentos e
com a nutrição enteral. Mas sempre podem surgir dúvidas e esperamos pode ser feita através de uma sonda posicionada
que este manual os ajude a esclarecê-las. ou implantada no estômago, no duodeno ou no
jejuno. Os alimentos estão na forma líquida ou
A manutenção de um bom estado nutricional é fundamental para em pó e contêm o mesmo valor nutricional (pro-
assegurar uma resposta adequada a seu tratamento. Sem dúvida, a terapia teínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e mine-
nutricional enteral, quando utilizada em pacientes que não conseguem rais) que uma alimentação normal e equilibrada.
ingerir diariamente a quantidade de nutrientes necessários para atingir
suas necessidades nutricionais, constitui uma importante ferramenta Se você não está conseguindo se alimentar da
que a nutrição moderna utiliza em diversas situações clínicas. forma como fazia antes de ser hospitalizado,
saiba que é muito importante que a sua alimen-
Nos últimos tempos a terapia nutricional teve um grande avanço em tação seja adequada e suficiente para que não
relação às técnicas de administração de nutrição enteral, aos produtos haja perda de peso, infecções e para que você
de nutrição enteral industrializados e aos serviços prestados às pessoas se sinta mais forte e nutrido. A terapia nutricional
que fazem uso desses produtos, proporcionando a certeza de que a enteral é um método simples, seguro e eficaz,
nutrição enteral em domicílio é um suporte nutricional eficaz e seguro. que ajudará a manter o seu estado nutricional
adequado, com uma melhor qualidade de vida.

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3 Tipos de nutrição enteral 4 Vias de administração da
Alimentação enteral

A nutrição enteral pode apresentar-se das seguintes formas:

Via Nasogástrica Via Nasoentérica


ou Orogástrica : ou Oroentérica :
Caseira: dieta preparada à base de alimentos na sua forma original (in
natura) que deverá ser liquidificada, coada e ser administrada apenas em
pacientes que possuem gastrostomia. Caso seja administrada via sonda
nasoenteral, necessitará de maior diluição para passar pelo tubo fino e, a sonda é passada
a sonda é passada
neste caso, haverá perda de nutrientes. pelo nariz ou
pelo nariz ou pela
Deverá ser preparada seguindo uma série de recomendações, a fim de pela boca e se
boca e se direciona
evitar contaminação. direciona até o
até o intestino
estômago.
delgado.
Industrializada: é uma dieta pronta, completa em nutrientes e balan-
ceada, onde há menores chances de contaminação. Pode ser encon-
trada nas seguintes formas:
• Pó: necessitando de reconstituição ou diluição com água; Gastrostomia : Jejunostomia :
• Líquidas em Sistema Aberto: prontas para uso, devendo ser envasa- a sonda é implantada a sonda é
da em um frasco plástico (descartável); cirurgicamente ou implantada
• Líquidas em Sistema Fechado: prontas para uso, sendo necessário via endoscópica e cirurgicamente ou
somente conectar o equipo diretamente no frasco da dieta. permanece em um via endoscópica e
orifício (estoma) permanece em um
diretamente no orifício (estoma)
intestino delgado diretamente no

Seu nutricionista ou médico


(jejuno). estômago.
É importante que
as embalagens indicará qual a melhor alimentação
das dietas sejam
mantidas em lugar
enteral para o seu caso.
fresco e seco.

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5 Tipos de administração

As dietas enterais podem ser administradas de forma intermitente ou


2- Gravitacional
contínua, de acordo com a tolerância digestiva do paciente e dos meios
Administração da dieta em frasco por gotejamento, suspenso em
que se encontram disponíveis no domícílio. A forma intermitente é mais
suporte.Permite uma utilização mais lenta que o bolus e muitas vezes é
parecida com a alimentação habitual. Consiste em administrar cerca de
melhor tolerada.
250 mL de dieta enteral de 5 a 8 vezes ao dia. O volume de cada etapa
deverá ser proposto em função do volume total no dia e da tolerância Procedimento: conectar o equipo ao frasco plástico descartável ou dire-
digestiva do paciente. tamente no frasco da dieta (se for o sistema fechado). A pinça do equipo
deve estar fechada. Suspender o frasco pelo menos 60 cm acima da
A administração intermitente pode ser realizada de 2 cabeça do paciente. Abrir a pinça para permitir que o líquido escorra até
maneiras: o outro extremo do equipo, fechar a pinça, conectar o extremo do equipo
1- Bolus na sonda e regular a velocidade de administração com o equipo.
Administração da dieta enteral com o auxílio de uma seringa de 50 mL
A administração contínua
Método que deve ser utilizado com muito rigor para evitar transtornos
digestivos devido a uma administração rápida demais. A forma contínua consiste numa administração por gotejamento contí-
nuo com bomba de infusão. A dieta pode ser administrada em períodos
Procedimento: aspirar a dieta com a seringa; conectar a seringa na
de 12 a 24h, em função da necessidade do paciente.
sonda. Lentamente, empurrar o êmbolo da seringa, para que aos poucos
a dieta seja infundida. Não ultrapassar 20 mL por minuto. Procedimento: conectar o equipo da bomba com a pinça fechada ao
frasco da dieta enteral. Suspender o frasco pelo menos 60 cm acima
Após a administração de cada etapa da dieta enteral, aspirar 20 mL de
da cabeça do paciente. Abrir a pinça para permitir que a dieta corra até
água com a seringa e injetar na sonda para lavá-la.
o outro extremo do equipo. Fechar a pinça. Colocar o equipo na bomba
de infusão e seguir as instruções corretas de cada bomba. Conectar o
extremo do equipo à sonda e regular a velocidade de administração da
dieta enteral. Abrir a pinça do equipo e iniciar a infusão.

Observação geral: as dietas enterais devem ser armazenadas em local


100 mL
seco, fresco, à temperatura ambiente e longe do calor. Mantenha fora
do alcance de crianças. Uma vez envasadas no frasco plástico, devem
ser imediatamente utilizadas, caso contrário, devem ir para a geladeira,
preferencialmente em prateleira exclusiva, por um prazo máximo de
até 24h após sair da embalagem original. Depois deste período, a dieta
enteral já preparada deve ser desprezada.
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6 Equipamentos, materiais 7 Preparação para
e utensílios necessários administração das dietas

Sonda: tubo fino (sonda gástrica ou entérica) ou mais calibroso (sonda É muito importante que alguns cuidados com a higiene sejam tomados
de gastrostomia ou jejunostomia) e flexível, de material tipo poliuretano para que a sua dieta não se contamine e possa ocasionar algum tipo de
ou silicone que permite ao alimento chegar ao estômago ou instestino. problema. Essa contaminação pode ser proveniente dos equipamentos,
utensílios e superfícies higienizadas inadequadamente, de ingredientes
Frasco plástico (para dietas de sistema aberto): recipiente mal armazenados e utilizados na preparação da dieta, do armazena-
de plástico, graduado, com capacidade para 300 ou 500 mL, para mento inadequado da dieta enteral e das condições higiênicas dos ma-
acondicionamento da dieta enteral. nipuladores.

Equipo: tubo de PVC que permite o transporte da dieta enteral do


frasco à sonda do paciente.
Lave sempre as mãos

Seringa de 50 mL: para higienização da sonda. A higiene é com água e sabão antes
de manusear qualquer

Esparadrapo hipoalergênico: para fixação da sonda. fundamental para utensílio. Depois seque-
as bem com papel

Bomba de infusão
o preparo da dieta enteral. toalha descartável.
O local do preparo da
dieta deverá ser limpo
(se solicitado pela equipe com álcool 70%.
que acompanhará o paciente):
equipamento que controla o volume
de dieta enteral a ser infundido no
paciente. A) No caso de dieta em pó: separe os utensílios necessários (fu-
nil, liquidificador, colher, copo graduado). Higienize todo o material com
Água filtrada e/ou fervida: álcool 70% antes de usá-lo e espere secar. Preparar apenas a quanti-
em temperatura ambiente. dade de dieta em pó prescrita pelo seu nutricionista e a quantidade
de água filtrada e/ou fervida recomendada em temperatura ambiente.
Verificar a data de validade do produto.

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7 Preparação para 8 Preparação do paciente
administração das dietas

Mínimo
B) No caso de uma dieta líquida pronta para uso: Orientações para uma administração 60 cm

• embalagens de sistema aberto (necessitam de envase no frasco


correta da dieta enteral
descartável): verificar a data de validade do produto, higienizar a
Coloque o paciente na posição correta.
embalagem da dieta com água, sabão e álcool 70% e agitar o produto
antes do envase;
Se o paciente estiver acamado:
• embalagens de sistema fechado (dieta que não necessita envase): 45º
• eleve a cabeceira da cama de 30 a
verifique a data de validade e agite o produto antes de usá-lo. 45 graus, durante a administração da dieta;

• mantenha o paciente nesta posição


Nunca utilize produtos com data de validade vencida
de 20 a 30 minutos após a infusão da
Independente do tipo de dieta que você vai utilizar, a administração deve dieta, se a administração for intermitente
ser feita à temperatura ambiente. Se a dieta estiver guardada na gela- ou por bolus (com seringa);
deira, é preciso retirar o frasco e deixá-lo em temperatura ambiente por
• se o paciente estiver recebendo nutrição
30 minutos antes de administrá-lo. Agite antes de usar. Anote no frasco
enteral de forma contínua, mantenha a
a data e o horário em que a dieta começou a ser administrada, para que
cabeceira da cama elevada durante todo
não ultrapasse o prazo de validade microbiológica que o fabricante reco-
o tempo de 30 a 45 graus.
menda.

Se houver orientação da equipe, deve-se aspirar o resíduo gástrico antes


de cada etapa de administração da dieta enteral. Esta manobra não
precisa ser realizada em pacientes com alimentação duodenal ou jejunal.
As dietas em sistema aberto (envasadas no
frasco plástico descartável) devem ficar à
temperatura ambiente para serem infudidas
por um período máximo de 4h. No caso do Se o paciente não estiver acamado:
sistema fechado, verificar o período de in- • mantenha-o sentado durante toda a administração da dieta.
fusão com o fabricante.

Dieta em
sistema fechado
Dieta em
12 sistema aberto 13
9 Como administrar 10 O que fazer nas
medicamentos intercorrências?

A administração de medicamentos triturados ou na forma líquida através Causa Recomendação


da sonda, em conjunto com a dieta enteral, poderá causar algumas
alterações nas características e na estabilidade da dieta enteral ou nas
propriedades químicas dos medicamentos. Além disso, pode causar A diarreia caracteriza-se Vários são os motivos Entrar em contato
obstrução da sonda e desconforto digestivo no paciente. Para evitar que pela presença de fezes que podem gerar com seu médico ou
líquidas em grande quanti- diarreia (uso de anti- nutricionista.
isto ocorra, alguns cuidados deverão ser tomados:
dade, três vezes ou mais bióticos, medicações
por dia, gerando descon- que aumentam os

Diarreia
• a administração deverá ser sempre feita forto, perda de nutrientes movimentos intestinais,
e estado de má nutrição. etc), no entanto, o
por bolus com seringa. Dê preferência
não cumprimento das
aos medicamentos na forma líquida; recomendações de
• caso o medicamento se apresente da higiene, administração
e conservação da dieta
forma sólida (comprimidos/drágeas), ele
enteral também pode
deverá ser triturado até virar pó e deve propiciar a diarreia.
ser reconstituído em água. Aspirar o
conteúdo com uma seringa e injetar na
sonda; Verique com seu
Deve-se tomar cuidado Posição do paciente
• administrar a medicação lentamente na para que o paciente não incorreta, posição médico a posição
aspire as secreções elimi- da sonda incorreta, correta da sonda,

Náuseas e vômitos
sonda;
nadas e tenha compli- administração rápida mantenha o paciente
• lavar a sonda com água antes e após cações respiratórias. da dieta enteral. em posição de 45
a administração dos medicamentos para graus durante a admi-
nistração da nutrição
evitar a obstrução da mesma;
enteral, administre a
• recomenda-se administrar 1 hora antes dieta lentamente e
ou 2 horas depois da dieta enteral. certique-se quanto ao

Existem medicamentos esvaziamento gástrico


através da aferição do

que não devem ser administrados resíduo gástrico.

pela sonda ou junto com a dieta.


Verifiique sempre com seu médico.
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10 O que fazer nas Chame seu médico,
intercorrências? nutricionista ou enfermeiro caso:

• as náuseas, vômitos, diarreia e dor abdominal não cessarem em


Causa Recomendação 24 horas;

Limpeza inadequada • o paciente tenha febre acima de 38ºC;


Interfere no fluxo Manter os cuidados de
Obstrução da sonda

adequado da da sonda e adminis- limpeza e higiene da


alimentação enteral. tração incorreta de sonda, injetando 50 mL • ocorra o rompimento ou a saída da sonda de alimentação;
medicamentos. de água à temperatura
ambiente após cada • haja inchaço excessivo da face ou das pernas;
administração da dieta
enteral e dos medica-
mentos. • ocorra arroxeamento ou ferimento na região onde a sonda
está instalada;

• ocorra prisão de ventre por mais de 5 dias;


Prejudica a oferta da Náuseas, vômitos e Repassagem da sonda
dieta enteral proposta. saída acidental. por uma pessoa ca- • haja suspeita de bronco-
Saída da sonda

pacitada ou contactar aspiração.


o médico/enfermeiro
responsável. Não há motivos para
Nunca tente fazer este
procedimento sem a assustar-se, mas entre em contato
ajuda de um profis-
sional.
Nome do profissional:
com o seu médico, enfermeiro
ou nutricionista.
Refere-se à perda exces- Diarreia, vômitos ou Controle da adminis-
siva de líquidos do corpo. febre. Pacientes com tração e eliminação dos
Desidratação

idade avançada ou líquidos, ter atenção nas


crianças requerem alterações da pele (pele Hospital:
maior atenção. seca) e administrar a
quantidade de líquidos
recomendada pelo seu Telefone:
médico.

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11 Ficha de acompanhamento
Prescrição
Dieta prescrita:
Volume a ser administrado: ______ mL _____ vezes ao dia de dieta enteral.
Hidratação: ______ mL de água _____ vezes ao dia.

Volume de dieta Volume de Número de Consistên- Maior tempe-


Peso administrada outros líquidos evacuações cia das ratura do corpo Apresentou
Data (kg) em 24h administrados em 24h fezes nas últimas 24h vômitos?

Renata Penetti CRN: 6590


Nara Lopes CRN: 981003800
Maria Rosa dos Santos CRN: 2655

Flávia Lopes Fonseca CRN: 99100137/0


Cleide Menezes Salvador COREN: 83266
Este manual foi elaborado com o apoio de:

Ana Cristina Teixeira dos Santos CRN: 94100185/7


Observações

19
Indicações:
Dieta líquida pronta para uso
Alimentação entera
l padrão
Geriatria
Desnutrição

Mais nutrição, menos complicação.


Tabela Nutricional IsoSource® Soya
Quantidade por 1000 mL

Valor Energético 1200 kcal


Carboidratos 170 g
Proteínas 44 g
Gordura total 41 g
Sódio 1200 g
Cálcio 1000 g
Ferro 12 mg
Potássio 1640 mg
Fósforo 700 mg
Magnésio 260 mg
Zinco 8,0 mg
Manganês 2,4 mg
Cobre 900 mg
Molibdênio 48 mg
Iodo 132 mg
Cromo 36 mg
Selênio 36 mg
Vitamina A 600 mg
Vitamina D 6,8 mg
Vitamina E 20 mg
Vitamina C 48 mg
Niacina 16 mg
Ácido Pantotênico 5,2 mg
Vitamina B6 1,4 mg
Vitamina B2 1,4 mg
Vitamina B1 1,2 mg
Biotina 30 mg
Ácido Fólico 400 mg
Vitamina K 65 mg
Vitamina B12 2,4 mg
Colina 552 mg
Osmolalidade: 360 mOsm/kg de H2O

Apresentação: 1 litro, embalagem Tetra Square.

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