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01 - Princípios - Devido Processo Legal, Efetividade, Tempestividade, Adequação, Lealdade, Cooperação
01 - Princípios - Devido Processo Legal, Efetividade, Tempestividade, Adequação, Lealdade, Cooperação
Bibliografia:
Muito importante, principalmente, para dois tipos de concurso: Juiz Federal e Procurador da
República. Principalmente o VOLUME II – volume muito importante e abrange o que
estudaremos neste semestre. O VOLUME I é sobre teoria geral do processo (neste curso não vale
a pena porque não é um livro básico. É para pessoas mais iniciadas). Quem for fazer para
Procurador da República, tem que ler o Volume I. Para qualquer outro, não é preciso, mesmo
porque o candidato pode se complicar.
Esta coleção é boa e se caracteriza por uma linguagem mais simples. É menos extensa. Não
tem o propósito de oferecer um conhecimento diferenciado do tema.
Toda escrita há menos de 3 anos, já depois das últimas reformas processuais. É extensa
(projeção de 7 volumes – mas só saíram 4 ou 5) e com uma pretensão didática muito
interessante. Esse autor tem um dos pensamentos mais representativos da nova geração de
processualistas, da PUC de SP.
Material de apoio:
Site do Professor: www.frediedidier.com.br – neste site ele escreve sobre o que vai
acontecendo ao longo do semestre. Quem é cadastrado, recebe atualizações sem ônus.
Desde 2003, sai todo ano um livro chamado Leituras Complementares de Processo Civil,
com textos de autores consagrados sobre temas relevantes de processo civil que o
professor recomenda como leitura complementar. Essa publicação vem ganhando uma
importância interessante. Um trecho desse livro, o do ano passado, caiu em concurso. São
temas que exigem uma atenção diferente da exigida pelos manuais.
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LFG – PROCESSO CIVIL – Aula 01 – Prof. Fredie Didier – Intensivo I – 26/01/2009
PRINCÍPIOS DO PROCESSO
Este item é um item que pode aparecer como tópico de uma prova dissertativa. Se
perguntarem: Explique a relação entre processo e direitos fundamentais, a idéia a ser
desenvolvida é a seguinte:
A partir da segunda metade do século XX, se desenvolveu uma teoria sobre o novo papel do
direito constitucional, o novo papel que a Constituição tende a exercer no sistema jurídico. Essa
teoria que se desenvolveu depois da II Grande Guerra se chama neoconstitucionalismo e hoje
está na crista da onda. Se caracteriza basicamente por uma revalorização do papel da
Constituição, que passa a ser vista como a principal fonte normativa. Até então, a Constituição
era vista como uma carta de intenções, como um projeto sem força normativa, sem densidade
para poder realizar. O que importava, era a lei. O Estado que vigorava até então era o Estado da
lei, o Estado legal ou o Estado legislativo. O Estado não pode ser um Estado legal, ele tem que
ser um Estado constitucional, em que a Constituição prepondere, tenha a força normativa. Tudo
isso parece simples, mas não é historicamente. O neoconstitucionalismo tem algumas
características bem marcantes. Foi ele que desenvolveu a teoria dos direitos fundamentais, que
desenvolveu a teoria dos princípios como espécies normativas. Os princípios, hoje, são normas.
Mas há 50 anos não eram encarados como normas. Eram vistos como valores, como objetivos
finais do direito, como forma de se integrar o direito, mas não como norma. Hoje todos sabem
que princípios são normas.
O art. 126, do CPC (de 1973) diz que o juiz decidirá com base na lei. Se não houver lei,
decidirá com base na analogia. Se não for possível a analogia, com base nos costumes. Se não
for possível faze-lo com base os costumes, então fará com base nos princípios. Os princípios
eram o pior possível para o juiz fundamentar. Isso mudou radicalmente. Quando se fala que o
juiz tem que decidir com base na lei, isso significa que ele tem que decidir com base na norma
(lei é norma) que pode ser constitucional, legal, regulamentar, que pode ser um princípio ou
uma regra. O princípio com força normativa é hoje inquestionável. Mas a questão foi entendida
dessa forma a partir da segunda metade do século XX. Foi o neoconstitucionalismo que
desenvolveu a:
teoria dos direitos fundamentais
teoria dos princípios
aprimorou a jurisdição constitucional, o papel do juiz no controle de constitucionalidade
das leis.
Esses três pilares marcam o neoconstitucionalismo. Tanto que hoje quem estuda direito
constitucional, qualquer livro tem um capítulo sobre cada um desses itens. É hoje o que há de
mais importante no estudo do direito constitucional. É claro que toda essa revolução teórica,
ocorrida desde a década de 50, hoje repercute no processo que passou a ser estudado de acordo
com essas premissas teóricas, com a idéia de que o que deve prevalecer é o Estado
constitucional, a Constituição com força normativa a ser concretizada.
Observação: No RS há uma concepção teórica que vem ganhando muitos adeptos que parte
dessas mesmas premissas, que sofre a influência desses mesmos marcos teóricos, mas lá ganhou
outro nome. Ao invés de chamar de neoprocessualismo, esse movimento teórico, apesar de partir,
frise-se, das mesmas premissas, recebeu o nome de formalismo-valorativo. Até dezembro era
com hífen. Isso vai ser cobrado em concurso. Vão perguntar o que é o formalismo-valorativo.
Tudo lá é formalismo-valorativo. Eles preferem esse nome porque dão um passo que, por
exemplo, Marinoni não dá. Eles se preocupam muito com a ética, com a boa-fé processual. O
reforço da ética processual é uma marca do formalismo valorativo a ponto de se poder dizer que
o formalismo-valorativo é o neoprocessualismo + uma preocupação ética do processo. O pessoal
do RS pega toda a construção sobre a boa-fé, lealdade e aplica isso ao processo. Marinoni não se
preocupa com isso. Então, formalismo-valorativo é uma concepção teórica dos juristas do Rio
Grande do Sul, que busca pensar o direito processual a partir do neoprocessualismo com o
reforço ético do papel dos sujeitos processuais (partes, juízes).
Como fica, nesse contexto, a relação entre o processo e os direitos fundamentais? Já que a
relação entre processo e direitos fundamentais é um marco do neoprocessualismo, já que o
neoconstitucionalismo desenvolve a teoria dos direitos fundamentais, como se deve examinar a
relação entre processo e direitos fundamentais. Para entender isso, é preciso lembrar do
seguinte:
Uma lei não pode ofender uma norma de direito fundamental. Direitos fundamentais não são
apenas direitos, situações jurídicas de alguém. São também normas e essa é a sua dimensão
objetiva. Normas que geram direitos.
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LFG – PROCESSO CIVIL – Aula 01 – Prof. Fredie Didier – Intensivo I – 26/01/2009
processuais têm que estar em conformidade com as normas de direito fundamentais (dimensão
objetiva) e, além disso, tem que ser adequado para tutelar um direito fundamental. A liberdade,
por exemplo, é um direito fundamental. É preciso que haja mecanismos processuais adequados
para tutelar a liberdade. É por isso que existe o habeas corpus. O HC nasceu dessa exigência.
Não é possível tutelar a liberdade, um direito fundamental, de qualquer maneira. Não basta que o
processo esteja em conformidade com a Constituição, com os direitos fundamentais enquanto
normas. É preciso que o próprio processo seja adequado a tutelar os direitos fundamentais
porque se não for assim, será inconstitucional já que não servirá de propósito aos direitos
havidos como mais importantes no nosso sistema. Se o objetivo do processo é proteger direitos,
os direitos fundamentais têm de ser os mais bem protegidos. Então, o processo tem que ser
construído de acordo com as normas de direitos fundamentais (dimensão objetiva) e tem que ser
adequado a bem tutelar os direitos fundamentais em sua dimensão subjetiva. É assim que a
questão deve ser respondida.
Feitas essas considerações, passemos ao segundo ponto da aula que é o exame dos princípios
em espécie.
É a grande estrela da aula de hoje. A Constituição diz: ninguém será privado dos seus bens ou
da sua liberdade sem o devido processo legal. Essa previsão normativa é muito vaga, aberta,
indeterminada, mas existe há muito tempo com o mesmo texto exatamente porque é
indeterminada, aberta. Por que? Porque o que era devido há 800 anos (sem exagero), em 1215,
não é o que é devido hoje e nem é o que é devido há 400 anos e não será o que será devido daqui
a 400 anos. Uma coisa é texto, outra coisa é norma. O texto (devido processo legal) é o mesmo
há 800 anos, a norma é completamente diferente porque o que era “devido” em 1215 (na época
dos feudos, das cruzadas, dos reis “enviados de Deus”) não é o que é “devido” hoje.
Exemplo dado por Rogério Greco em uma palestra: Lá no Rio tinha uma praia e tinha uma
placa na década de 40: “proibida a utilização de biquini”. Quando as mulheres iam para a praia e
se deparavam com aquela placa, sabiam que teriam que ir vestidas para a praia. A placa ficou.
Ninguém tirou. Quase 70 anos depois, a mesma placa está lá. O que a mulher vai fazer? Se hoje,
em 2009, alguém encontra essa placa na praia significa: proibido usar biquíni. Ou seja, hoje,
significa o oposto: ficar nu. O texto é o mesmo, mas a norma extraída do texto é outra, oposta. Se
em 70 anos se extrai norma oposta do mesmo texto, imagine em 800 anos.
Do ponto de vista científico a norma do devido processo legal é uma cláusula geral. É uma
norma composta por termos vagos ou indeterminados e cujas conseqüências também são
indeterminadas. Uma cláusula geral é indeterminada nos fatos (no antecedente) e nas
conseqüências (no consequente). Ou seja, não se sabe exatamente o que é “devido” e também
não se sabe as exigências de um processo devido. Por conta dessa indeterminação é que, ao
longo da história, é que se foram e se seguem tirando coisas do devido processo legal. E ele não
esvazia nunca. Foi dele que se tirou o contraditório, a proibição de prova ilícita, juiz natural,
motivação das decisões. Tudo isso foi extraído do devido processo legal. Todos os princípios
processuais foram extraídos do devido processo legal, por isso é cláusula geral. E ele não
murchou por causa disso porque sempre que houver a necessidade histórica de proteção aos
direitos das pessoas, sempre que a história trouxer a necessidade de se proteger o cidadão, vamos
ao devido processo legal para buscar essa proteção.
Exemplo: até muito pouco tempo atrás, não havia na Constituição previsão de que o processo
tem que ser rápido, ter duração razoável. Isso quer dizer que tinha que ser demorado? A duração
razoável do processo era tirada do devido processo legal. Hoje, isso foi colocado no texto da
Constituição e se houver necessidade, outra necessidade poderá ser tirada do devido processo
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legal e levada ao texto constitucional. É o que acontece hoje com o processo eletrônico. Hoje
existe processo virtual, sem papel. O que é um processo eletrônico “devido”? Ainda não se sabe
porque ainda estamos aprendendo a lidar com isso.
Então, todos os princípios processuais decorrem do devido processo legal. Uns estão
expressos, como o contraditório e a ampla defesa, outros estão implícitos, mas que existem como
conseqüência do devido processo legal e que dele podem ser extraídos porque é cláusula geral.
O que significa a palavra “processo” na cláusula geral devido processo legal? Processo,
neste caso, é método, modo ou meio de formação de normas jurídicas. As normas jurídicas
sempre se formam processualmente. Toda norma se forma processualmente. Todas. Uma lei se
forma por um processo legislativo. Um ato administrativo se forma por um processo
administrativo. Uma sentença, que é uma norma, se forma por um processo jurisdicional. Tudo é
processo e tudo tem que ser “devido”. O processo legislativo tem que ser devido, o processo
administrativo tem que ser devido, o processo jurisdicional tem que ser devido. Há no STF ações
de inconstitucionalidade de leis sob o fundamento de que a lei violou o devido processo
legislativo. Há acusações de ato administrativo que viola o devido processo administrativo.
Então, o devido processo legal não é exclusivo de processo civil, processo penal e processo do
trabalho. O devido processo legal serve para qualquer atuação do Estado, seja ela administrativa,
legislativa e jurisdicional.
Vimos o que é processo. Vimos que devido é expressão indeterminada que terá sentido
diferente conforme o momento histórico. Agora é preciso distinguir o devido processo legal
formal (ou devido legal processual) e o devido processo legal substancial (ou devido processo
legal substantivo). Pode aparecer no concurso em Inglês.
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Todas essas garantias compõem o devido processo legal na sua dimensão processual.
Os americanos, que desenvolveram isso muito, tudo lá decorre do devido processo legal, eles
se estruturam no devido processo legal (o Estado não pode cometer arbitrariedade contra o
cidadão. Eles nasceram com essa idéia). Como o devido processo nasceu para impedir a
arbitrariedade, os americanos sempre remetem ao devido processo quando querem se resguardar
de abusos.
A arbitrariedade pode ser cometida com violência processual (prova ilícita, sem motivar, sem
garantir o contraditório), mas o abuso pode ocorrer no conteúdo das decisões, que é um abuso
não mais no exercício do poder, que é o processo. É preciso impedir decisões desproporcionais,
arbitrárias, irrazoáveis. Porque é possível que a decisão tenha respeitado todas as garantias
processuais e seja absurda. Não é possível garantir o processo, evitando prova ilícita, decisões
imotivadas etc., se qualquer decisão for possível. Basta respeitar o devido processo que tudo o
que acontecer é justo, é correto, é devido?
É preciso que as decisões também sejam devidas, por isso, substancial. O princípio do
devido processo legal substancial é para eles, o princípio da proporcionalidade e o da
razoabilidade. Aquilo que para nós, no Brasil, chega e se desenvolve como princípio da
proporcionalidade ou da razoabilidade, para os americanos é apenas a dimensão substancial do
devido processo legal.
Devido processo legal substancial é a exigência de proporcionalidade e razoabilidade das
decisões (que têm que ser proporcionais e razoáveis).
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Veremos mais quatro princípios, todos eles decorrentes do devido processo legal, que devem
ser estudados conjuntamente. Quando se fala em processo devido, logo quatro adjetivos vêm à
mente para qualificar o processo como devido: o processo para ser devido tem que ser um
processo EFETIVO, um processo para ser devido tem que ser TEMPESTIVO, tem que ser
ADEQUADO e tem que ser LEGAL. Falando só isso numa prova, o examinador gosta. Cada
adjetivo desse corresponde a um princípio:
Processo devido: “TELA” (TEMPESTIVO, EFETIVO, LEGAL ADEQUADO)
PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
O princípio da efetividade é aquele que diz simplesmente que todos têm o direito a que
seus direitos se efetivem, se realizem, se concretizem. Existe o direito fundamental à efetividade
que decorre do devido processo legal e que curiosamente não tem previsão expressa na
Constituição. Isso não significa que não exista o princípio da efetividade. Existe como
consequencia do devido processo legal.
PRINCÍPIO DA TEMPESTIVIDADE
O problema é saber: o que é uma duração razoável? É claro que um processo de Juizado
não pode demorar como em alguns lugares demora. ACP na Bahia para discutir as 350 barracas
de praia de Salvador. Muitos réus para discutir um tema ultra-complexo. Esse processo,
naturalmente, terá que demorar mais do que os outros. É preciso, pois, ponderar as circunstâncias
do caso.
O que os europeus fizeram? Eles, que já têm esse direito há muitos anos. Há jurisprudência
consolidada na Europa sobre duração razoável. O Tribunal Europeu de Direitos Humanos há
muitos anos já consolidou o que é duração razoável. Estabeleceu alguns critérios para aferir a
razoabilidade da demora:
1) Complexidade da causa;
2) Comportamento do juiz – é preciso verificar se o juiz fez o que tinha que fazer para o
processo andar, ou se colaborou para que o processo não andasse.
3) Comportamento das partes – é preciso ver se a demora não é culpa das próprias partes
(ex.: “inventam” testemunhas distantes via carta precatória).
4) Estrutura do juízo – às vezes o processo não anda por absoluta falta de estrutura. Às
vezes, a despeito do excesso de estrutura, o processo não anda.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO
O princípio da adequação não tem previsão expressa, mas existe como decorrência do devido
processo legal. Significa que o processo, além de ser efetivo, além de demorar de forma
razoável é preciso que seja adequado. As regras processuais têm que ser adequadas. Mas a idéia
de adequação sempre remete a outra coisa. Então, o processo tem que ser adequado, mas a quê?
A doutrina cria, então, três níveis de adequação:
1) Adequação objetiva do processo – o processo tem que ser adequado ao direito material
discutido. Cada direito material tem as suas peculiaridades. Não se pode dar o mesmo
tratamento à cobrança de um cheque e à cobrança de alimentos. São direitos que
precisam ser tutelados de maneira adequada. Existe prisão civil de alimentos. De devedor,
não. O processo tem que ser adequado às peculiaridades do direito material discutido.
Isso se chama adequação objetiva.
2) Adequação subjetiva do processo – o processo tem que ser adequado aos sujeitos que vão
se valer do processo. É preciso criar regras processuais adequadas aos sujeitos do
processo. Todos sabem que a Fazenda Pública tem prazos diferenciados. Essa
diferenciação é uma tentativa de adequação subjetiva do processo, cria-se regras
adequadas a um dos sujeitos do processo que é a Fazenda Pública. É o mesmo que
acontece com relação ao incapaz. Quando está em juízo, há exigência de intervenção do
MP. É uma forma de adequar subjetivamente o processo às peculiaridades de um dos seus
sujeitos, no caso, o incapaz. A adequação subjetiva do processo também é uma exigência
do princípio da igualdade. O princípio da igualdade no processo se concretiza na
adequação subjetiva das regras processuais.
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3) Adequação teleológica do processo – é preciso que o processo seja adequado às suas
finalidades, aos seus propósitos. Se o processo é um processo de execução, não pode
permitir muita discussão. Se o propósito é executar, não pode criar regras que dêem
margem a muita discussão, sob pena de desvirtuar o seu propósito de uma execução para
discussão. Por isso, nos Juizados o processo é mais simples. Se o propósito dos Juizados
é a celeridade, as regras processuais têm que atender a esse propósito.
Atenção !!!
A doutrina, sobre o princípio da adequação, costuma dizer o seguinte: que o legislador tem
que observar esse princípio quando vai criar uma regra processual. A doutrina mais tradicional,
quando fala desse princípio, o remete ao legislador (cabe a ele criar regras processuais
adequadas, objetivas, subjetivas ou teleologicamente). Então, o princípio da adequação teria
como destinatário o legislador.
O problema (atenção com isso que é novidade!) é que atualmente muito se fala na
necessidade de o juiz (não mais o legislador) proceder à adequação da regra processual ao caso
concreto. Hoje, fala-se muito na adequação jurisdicional do processo. O princípio da
adequação, importantíssimo, que sempre foi dirigido ao legislador, começa a ser aplicado como
também dirigido ao juiz.
Cabe ao juiz, diante do caso concreto, constatando que a regra processual é inadequada. O
juiz, diz a doutrina, pode afastar aquela regra processual e colocar a regra adequada. Isso
acontece todos os dias.
O professor vai dar um exemplo:
Um autor junta 10 mil documentos à inicial. O réu tem, pelo CPC, 15 dias para se defender.
Se o autor juntasse um documento só, teria 15 dias. Juntando 10 mil documentos, também 15
dias. 15 dias é um bom prazo de defesa e não fez uma tabela para os dias de resposta, segundo a
quantidade dos documentos. Mas num caso concreto como esse, o prazo de 15 dias são
insuficientes para que o réu possa se defender. O juiz, numa situação como essa, poderia dobrar,
por exemplo, o prazo para o réu defender-se. A lei pensou na média, na situação básica.
Situações excepcionais exigem uma adequação jurisdicional. Admite-se isso? Sim, acontece
direto. Nos Juizados, o réu contesta em audiência e o autor tem que falar em audiência. Só que,
às vezes, o réu junta 700 documentos. O autor não tem como se pronunciar em audiência neste
caso. O juiz, então, suspende a audiência, dá um prazo para o autor se manifestar e marca de
novo. Isso é adequação.
O juiz pode afastar uma regra processual que, no caso concreto, se revele inadequada.
Há um caso no Sul em que o juiz mandou o réu, que havia apresentado uma petição inicial de
750 páginas, diminuir o tamanho da peça.
PRINCÍPIO DA LEALDADE
Processo devido é processo leal porque é daqui que se extrai o princípio da boa-fé
processual. O princípio da boa-fé processual impõe o comportamento leal, ético, das partes. O
princípio da boa-fé é um dos princípios mais importantes, sem sombra de dúvida. É preciso que
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se veja se o comportamento processual está em conformidade com o princípio da boa-fé, senão
será um comportamento ilícito.
A boa-fé aparece nos livros, ora como princípio, ora como norma que impõe condutas, cria
direitos, deveres. Só que boa-fé também aparece nos livros como fato; “o sujeito estava de boa-
fé”. Neste caso, se fala da boa-fé como fato, como elemento psíquico (não é norma, é fato, boa
intenção). Muitas vezes o legislador exige a boa-fé fato. Exige que se esteja de boa-fé: “só tem
direito a isso se estiver de boa-fé.” Exige, neste caso, a boa-fé como um fato que gera
consequencia. A boa-fé é, ora fato, ora norma que impõe condutas.
Quando a doutrina se refere à boa-fé como princípio fala-se na chamada boa-fé objetiva.
O que é a boa-fé objetiva?
É o princípio da boa-fé, como norma que impõe condutas leais. Pouco importa se bem ou
mal intencionadas. O princípio da boa-fé impõe que o comportamento seja ético mesmo que não
se saiba que se estava agindo aeticamente. Ele exige que o comportamento esteja em
conformidade com a boa-fé e não a sua vontade. Saber se a pessoa está ou não mal intencionado
é muito difícil.
A boa-fé enquanto fato é chamada de boa-fé subjetiva = boa intenção
No processo, as condutas têm que ser leais. Os comportamentos têm que ser éticos, mesmo
que a parte estivesse ali de boa-fé, mas se comportou contra a boa-fé, o comportamento é ilícito.
Se é antiético, tem que ser reprimido. Se o comportamento é antiético, contrário à lealdade ou à
boa-fé, ele é ilícito, mesmo que se estivesse imbuído de boa-fé.
STF: o processo é regido pelo princípio da boa-fé como corolário do devido processo legal.
O processo devido é processo leal.
De todo modo, mesmo que não houvesse na Constituição previsão quanto ao princípio da
boa-fé, ele existe expressamente no CPC:
Não é proceder bem ou mal intencionado. Não é saber se a pessoa é um anjo ou um demônio,
perverso ou bondoso. A análise é objetiva. O comportamento está em conformidade com a
lealdade e a boa-fé? Quem tem uma decisão contra si, cumpre a decisão e depois recorre,
arrependido, esse recurso não será aceito. Por que? Porque o comportamento foi desleal porque
ao aceitar a decisão, não é possível recorrer dela, por ser contraditório. Não dá para oferecer a
geladeira para penhora e depois dizer que é impenhorável. Isso é deslealdade, viola a boa-fé
objetiva.
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próprias atitudes”. Se você se comporta contraditoriamente, está velando a boa-fé. A chamada
proibição do “venire” cai em qualquer prova.
Este princípio da boa-fé, aliado com outro princípio, o do contraditório gerou um outro
princípio, o princípio da cooperação.
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
O diálogo processual, garantido pelo contraditório é iluminado pela boa-fé. Essa boa-fé que
ilumina o contraditório gerou o chamado dever de cooperação. As partes e o juiz têm de
cooperar entre si, como se fosse uma comunidade de trabalho, para que o processo chegue ao
resultado mais justo possível.
Os livros de direito civil tratam a boa-fé dizendo que gera o dever de cooperação no contrato.
Se é assim no direito civil, no direito processual, gera o dever de cooperação no processo. Se o
réu diz que o autor está errado em algum ponto, eu tenho que apontar o ponto. Não dá para dizer:
tudo o que falou é mentira. Esse não é um comportamento cooperativo. Se é para discutir o que
o autor está colocando, que se diga o que está errado para que ele possa se contrapor.
O que é mais relevante é como ela se aplica ao juiz. Como é o comportamento do juiz em um
processo cooperativo. É muito importante anotar isso. O princípio da cooperação gera para o juiz
três deveres:
2) Dever de consulta – o juiz tem o dever de consultar as partes sobre ponto de fato ou de
direito sobre o qual as partes ainda não puderam manifestar-se. Imagine-se um
processo em andamento sem que ninguém tenha alegado que a lei é inconstitucional.
O juiz, ao julgar, percebe que a lei é inconstitucional e decide não aplicá-la. Será que
ele pode decidir com base neste ponto, da inconstitucionalidade da lei, sem dar às
partes a oportunidade de elas se manifestarem? Uma sentença baseada na
inconstitucionalidade da lei a respeito da qual a parte não se manifestou é uma
violência ao sujeito. É fundamental respeitar as pessoas. O juiz tem o dever de
consultar as partes sobre a questão se se trata de ponto relevante. E se for um ponto
que ele pode conhecer de ofício? Se ele pode fazer isso, não precisa consultar as
partes. Conhecer de ofício é conhecer do tema sem que ninguém provoque, mas poder
conhecer de ofício não significa dizer que fará isso sem consultar. Ele pode reconhecer
uma incompetência absoluta de ofício. Ele faz isso, mas antes determina que as partes
se manifestem acerca da possível incompetência absoluta do Juízo. A LEF diz que o
juiz pode conhecer de ofício da prescrição tributária. Mas só pode fazer isso se ouvir
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antes a Fazenda Pública (ela se manifesta, se há ou não, para que o juiz, então,
decida).
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