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Anderson Lopes • Welma Maia • Márzio Ricardo • Edgard Antônio Lemos Alves

Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

Administração Pública • Contabilidade Pública • Orçamento Público • Administração


de Recursos Materiais • Direito Administrativo • Direito Constitucional

2017

Este eBook foi adquirido por PRISCILLA LOPES MARQUES - CPF: 616.958.743-15.
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© 2017 Vestcon Editora Ltda.

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Título da obra: Tribunal Regional Federal da 1ª Região – TRF 1ª


Analista Judiciário - Área Administrativa – Nível Superior
Conhecimentos Básicos e Específicos – Módulo 2
Atualizada até 8-2017 (AT718)

(De acordo com o Edital nº 1, de 5 de setembro de 2017 - Cebraspe)

Administração Pública • Contabilidade Pública


Orçamento Público • Administração de Recursos Materiais
Direito Administrativo • Direito Constitucional

Autores:
Anderson Lopes • Welma Maia • Márzio Ricardo
Edgard Antônio Lemos Alves • Fabrício Sarmanho • Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

GESTÃO DE CONTEÚDOS ASSISTENTE DE REVISÃO


Welma Maia Pedro Igor

PRODUÇÃO EDITORIAL EDITORAÇÃO ELETRÔNICA


Érida Cassiano Marcos Aurélio Pereira
Adenilton da Silva Cabral
REVISÃO
Érida Cassiano
Mariana Lacerda
Ylka Ramos

www.vestcon.com.br

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TRF

SUMÁRIO

Administração Pública

Características básicas das organizações formais modernas:


tipos de estrutura organizacional, natureza, finalidades e critérios de departamentalização............................................3

Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada.............................................................................. 10

Gestão de resultados na produção de serviços públicos..................................................................................................... 11

Comunicação na gestão pública e gestão de redes organizacionais................................................................................... 12

Gestão de desempenho........................................................................................................................................................ 12

Processo organizacional:
planejamento, direção, comunicação, controle e avaliação.............................................................................................. 15

Gestão estratégica:
planejamentos estratégico, tático e operacional.............................................................................................................. 16

Gestão de pessoas do quadro próprio e terceirizadas......................................................................................................... 12

Gestão por Processos........................................................................................................................................................... 24

Gestão por Projetos.............................................................................................................................................................. 31

Gestão de Contratos............................................................................................................................................................... *

Gestão da Qualidade:
excelência nos serviços públicos....................................................................................................................................... 37

Gestão Riscos........................................................................................................................................................................ 54

Gestão do Conhecimento..................................................................................................................................................... 67

* Este conteúdo encontra-se na matéria Direito Administrativo, nesta apostila.

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Administração Pública
Anderson Lopes / Welma Maia

Anderson Lopes Cada um de seus funcionários recebia uma tarefa específica


e repetitiva. Por exemplo, uma pessoa ficava encarregada
ESTRUTURA E ESTRATÉGIA apenas de instalar a roda dianteira direita, e outra, a porta
ORGANIZACIONAL. CULTURA dianteira direita. Ao dividir o trabalho em pequenas tarefas
padronizadas, que podiam ser repetidas muitas vezes, Ford
ORGANIZACIONAL E MUDANÇA NO SETOR foi capaz de produzir um carro com muita rapidez, ainda que
PÚBLICO. CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS empregando trabalhadores com habilidades relativamente
ENTRE A GESTÃO PÚBLICA E A GESTÃO limitadas.
PRIVADA. O PARADIGMA DO CLIENTE NA Ford demonstrou que o trabalho pode ser realizado mais
eficientemente se os funcionários forem especializados em
GESTÃO PÚBLICA cada tarefa. Hoje em dia, usamos o termo especialização do
A estrutura organizacional é a maneira pela qual as trabalho, ou divisão do trabalho, para descrever o grau em
atividades da organização são divididas, organizadas e coor- que as tarefas na organização são subdivididas em funções
denadas. Funciona como a espinha dorsal da organização, separadas.
o esqueleto que sustenta e articula suas partes integrantes. A essência da especialização do trabalho é que, em vez de
A criação da estrutura organizacional pode ser definida uma atividade ser completada inteiramente por uma única
como o conjunto de tarefas formais atribuídas às unidades pessoa, ela é dividida em certo número de etapas, cada qual
organizacionais; as relações de subordinação e as comuni- sendo realizada por um indivíduo.
cações para assegurar coordenação eficaz entre órgãos e Essencialmente, os  indivíduos se especializam em re-
pessoas ao longo das unidades organizacionais. alizar parte de uma atividade em vez de fazer a atividade
A estrutura organizacional é uma ferramenta para o ad- inteira. Quando a especialização do trabalho é exagerada,
ministrador utilizar no sentido de harmonizar os recursos, de normalmente os empregados se especializam em tarefas
modo que tudo seja feito por meio da estratégia estabelecida. simples e repetitivas.
De acordo com Robbins, existem seis elementos básicos A maioria dos administradores hoje em dia não vê a es-
a serem focados pelos administradores quando projetam a pecialização do trabalho nem como uma coisa obsoleta nem
estrutura das suas organizações. São eles: como uma fonte inesgotável de aumento de produtividade.
• especialização do trabalho; Sabe-se que ela pode gerar economias em certos tipos de
• departamentalização; trabalho, e problemas quando levadas a extremos.
• cadeia de comando; Apesar das aparentes vantagens da especialização,
• amplitude de controle; muitas organizações estão abandonando esse princípio.
• centralização e descentralização; Com tanta especialização, os empregados ficam isolados e
• formalização. realizam apenas uma tarefa simples, repetitiva e chata, o que
provoca fadiga psicológica e alienação.
O quadro abaixo mostra cada um desses elementos como
respostas a importantes questões estruturais.
Cadeia de Comando
Seis questões básicas às quais os administradores de-
vem responder ao planejar a estrutura organizacional A cadeia de comando é uma linha única de autoridade
apropriada. que vai do topo da organização até o escalão mais baixo,
determinando quem se reporta a quem na empresa.
A pergunta-chave A resposta é dada por
O princípio da unidade de comando ajuda a preservar
1. Até que ponto as atividades Especialização do tra- o conceito de linha única de autoridade. Ele determina que
podem ser subdivididas em tarefas balho cada pessoa deve ter apenas um superior a quem se repor-
separadas?
tar diretamente. Se a unidade de comando for quebrada,
2. Qual a base para o agrupamento Departamentalização o funcionário pode ter de enfrentar demandas ou prioridades
das tarefas? conflitantes vindas de diferentes chefias.
3. A quem os indivíduos e os grupos Cadeia de comando Os conceitos de cadeia de comando, autoridade e unida-
vão se reportar? de de comando têm hoje uma relevância substancialmente
4. Quantas pessoas cada adminis- Amplitude de controle menor, por causa dos avanços da tecnologia da computação
trador pode dirigir com eficiência e da tendência de autonomia dos funcionários.
e eficácia? Evidentemente, muitas organizações ainda acreditam
5. Onde fica a autoridade no pro- Centralização e des- que ficam mais produtivas quando reforçam sua cadeia de
cesso decisório? centralização comando, mas elas parecem estar se tornando minoria.
Administração Pública

6. Até que ponto haverá regras e Formalização


regulamentações para dirigir os Amplitude de Controle
funcionários e administradores?
Quadro adaptado de Stephen P. Robbins. Comportamento A amplitude administrativa ou amplitude de controle
Organizacional. 9ª Edição. significa o número de empregados que se devem reportar
a um administrador. Determina quanto um administrador
Especialização do Trabalho deve monitorar estreitamente seus subordinados. Quanto
maior a amplitude de controle, maior é o número de subor-
No início do século XX, Henry Ford tornou-se rico e fa- dinados para cada administrador, e vice-versa. A amplitude
moso por fabricar automóveis em uma linha de montagem. administrativa estreita provoca custo administrativo maior,

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porque existem mais administradores para cuidar de um Estrutura Informal
número menor de pessoas. Com a supervisão mais estreita,
as pessoas recebem maior atenção individual e suporte do Os funcionários das empresas pertencem automati-
chefe, mas tem menos autonomia e menos oportunidade camente e inevitavelmente à vida informal das mesmas.
para autodireção. A  amplitude estreita tende a produzir Desse relacionamento do cotidiano, surgem entendimentos
estruturas altas e alongadas, com mais níveis hierárquicos, extraestruturais, conceitos alheios às normas e também
comunicações mais lentas e mais dificuldade de coordena- desentendimentos.
ções entre os diferentes grupos. Delineamento da estrutura é a atividade que tem por obje-
Ao contrário, a  amplitude de controle larga permite tivo criar uma estrutura para uma empresa ou então aprimorar
custos administrativos menores, porque existem menos ad- a existente. Naturalmente, a estrutura organizacional não é
ministradores para cuidar de um número maior de pessoas. estática, o que poderia ser deduzido a partir de um estudo sim-
Como os subordinados são mais numerosos, a tarefa adminis- ples de sua representação gráfica: o organograma. A estrutura
trativa é mais difícil, pois o administrador deve dispersar seus organizacional é bastante dinâmica, principalmente quando
esforços entre maior número de subordinados. As pessoas são considerados os seus aspectos informais provenientes da
caracterização das pessoas que fazem parte de seu esquema.
são encorajadas a desenvolver mais habilidades e maior
A estrutura organizacional deve ser delineada, conside-
iniciativa, pois têm maior oportunidade para exercitar seu
rando as funções de administração como um instrumento
próprio julgamento na tomada de decisão a respeito de seu para facilitar o alcance dos objetivos estabelecidos.
trabalho. Uma maior amplitude de controle tende a produzir De acordo com o autor Ackoff, o planejamento organi-
estruturas organizacionais mais baixas e achatadas, nas quais zacional deveria estar voltado para os seguintes objetivos:
o número de níveis hierárquicos é menor, proporcionando • identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser
comunicação direta entre as pessoas situadas nos níveis mais desempenhadas;
baixos e mais altos da organização. • agrupar as tarefas em funções que possam ser bem de-
sempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas
Organizações ou grupos, isso é, organizar funções e responsabilidades;
• proporcionar aos empregados de todos os níveis:
Organização da Empresa é definida como a ordenação e – informação e outros recursos necessários para
agrupamento de atividades e recursos, visando os objetivos trabalhar de maneira tão eficaz quanto possível,
e resultados estabelecidos. incluindo o retorno sobre o seu desempenho real;
Estrutura Organizacional é o conjunto ordenado de res- – medidas de desempenho que sejam compatíveis
ponsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das com os objetivos e metas empresariais;
unidades organizacionais de uma empresa. – motivação para desempenhar tão bem quanto
A estrutura organizacional estabelece como as tarefas possível.
de trabalho são formalmente divididas, agrupadas e coor-
Alguns estudiosos da Teoria das Relações Humanas
denadas. Esses quesitos constituem a organização formal
verificam, com a Experiência de Hawthorne, desenvolvida
de uma empresa. Em contraposição à organização formal, por Elton Mayo, que o comportamento dos indivíduos no
cuja estrutura organizacional é composta de órgãos, cargos, trabalho não poderia ser perfeitamente compreendido sem
relações funcionais, níveis hierárquicos etc., a organização que as organizações informais fossem consideradas.
informal é formada por um conjunto de interações e de O comportamento e os tipos de relações que os funcio-
relacionamentos que são criados entre os funcionários de nários mantêm dentro de uma empresa, infelizmente, não
uma organização e prega a importância do relacionamento aparecem no organograma, como amizades ou inimizades,
interpessoal dentro e fora das organizações. grupos que se identificam ou não, e é justamente essa va-
O termo “Organização” frequentemente tem sido empre- riedade de comportamento que é denominada de organiza-
gado como sinônimo de arrumação, ordenação, eficiência, ção informal. Agora surge a pergunta: Qual a função dessa
porém, em nosso objetivo, organização deve ser entendida organização em uma empresa? A resposta é simples, todo
não apenas como o quadro estrutural de cargos definidos por indivíduo necessita de um mínimo de interação com outros
respectivos títulos, atribuições básicas, responsabilidades, indivíduos nesse sistema informal de relacionamentos. Caso
relações formais, nível de autoridade e aspectos culturais. não existissem os grupos informais, certamente algumas
Nesses termos, podemos definir como função básica de pessoas se sentiriam desmotivadas a ir trabalhar.
organização, o estudo cuidadoso da estrutura organizacional É importante observar que a organização informal possui
da empresa para que essa seja bem definida e possa atender alguns componentes que se entrelaçam. No quadro abaixo,
as necessidades reais e os objetivos estabelecidos de forma tais componentes estão listados para que possamos visualizar
integrada com a organização informal e as estratégias esta- de maneira clara e precisa.
belecidas na empresa.
Grupos Grupos criados por iniciativa de seus próprios
A Estrutura Formal informais membros, para defender seus interesses ou
atender às necessidades de convivência social.
Administração Pública

É aquela oficialmente definida na empresa com todas as Normas de Regras implícitas ou explícitas, criadas por
formalidades e padrões vigentes quanto à forma de prepara- conduta grupos, que determinam o comportamento
ção e divulgação de normas a respeito. Será encontrada em dos indivíduos.
simples comunicados, em instruções, em manuais de proce- Cultura Crenças, valores, preconceitos, cerimônias,
dimentos ou organização, em formas gráficas (organogramas organizacional rituais e símbolos adotados ou valorizados
empresariais), em forma descritiva (descrição de cargos). pela organização.
Embora necessária e tantas vezes desejada, a estrutura Clima Sentimentos positivos, negativos ou de indi-
formal poderá não ser adequada em determinadas em- organizacional ferença, produzidos pela organização sobre
seus integrantes.
presas, e mesmo sendo adequada terá que conviver com a
Estrutura Informal. Fonte: Maximiano, 2000, p. 253.

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Normas de Conduta

As normas de conduta regularmente conflitam com o


regulamento interno da organização, podendo acarretar
problemas.
Essas normas surgem de opiniões e entendimentos im- Fonte: Maximiano, 200, p. 257.
plícitos ou explícitos entre os funcionários da organização.
Imaginemos a seguinte situação. O expediente tem início às Não precisamos de muitos artifícios para a compreensão
8h, só que você começa a trabalhar sempre às 8h30min, pois desses componentes. Vejamos alguns exemplos de crenças,
esses 30 minutos são dedicados àquela boa conversa informal valores e preconceitos que ocorrem no nosso dia a dia.
com seus colegas de trabalho. Ao se comportar dessa maneira, • Funcionário ocupado é sinônimo de pessoa produtiva.
uma norma de conduta foi estabelecida no departamento ou • A empresa é uma grande família, com direito a desa-
sala na qual trabalha e, por meios implícitos, os colegas que venças e o chefe representa o pai.
mantêm essa conversa com você terão a mesma conduta. • A distinção dos funcionários de uma organização por
À medida que as normas de conduta ganham força nos meio dos elevadores. Elevador social para funcionários ad-
grupos organizacionais, as regras burocráticas perdem sua ministrativos e o elevador de serviço para os funcionários da
credibilidade entre esses funcionários. manutenção e limpeza.
Cultura Organizacional Crenças, valores e preconceitos estão na base das
normas de conduta, influenciando a maneira como
Pode‑se dizer que as normas de conduta estão entre os chefes tratam seus funcionários e, de forma ge-
os elementos mais significativos da cultura organizacional. ral, como as pessoas se relacionam. (MAXIMIANO,
2000, p. 258)
Cultura organizacional significa um modo de vida,
um sistema de crenças, expectativas e valores, uma Por fim, os símbolos. Esse elemento é formado por pa-
forma de interação e relacionamento típicos de lavras, objetos, ações ou eventos que significam algo para
determinada organização. Cada organização é um as pessoas e grupos da organização. Exemplos de símbolos:
sistema complexo e humano, com características uniformes, logotipos, decoração das instalações etc. Natu-
próprias, com a sua própria cultura e com um sistema ralmente, os símbolos são facilmente modificados em uma
de valores. (CHIAVENATO, 2000, p.531) cultura organizacional.

Além das normas de conduta, a cultura organizacional Clima Organizacional


abrange outros elementos que veremos em breve. Abaixo
constam alguns indicadores que identificam e analisam a Clima organizacional, o último componente a ser anali-
cultura das organizações. sado da organização informal, possui um importante papel
dentro de uma empresa.
Como os níveis de satisfação ou insatisfação são aprecia-
INDICADOR SIGNIFICADO
dos no seu trabalho? Por meio de questionários, reuniões
Grau de identificação das pessoas com ou não se fala no assunto?
a organização como um todo, mais do É necessário que os sentimentos em relação à realidade
Identidade
que um grupo imediato ou colegas de objetiva da organização formal sejam mensurados.
profissão. Questionários devem ser aplicados dentro da empresa
Medida da capacidade de organização com perguntas objetivas, para que os funcionários assinalem
de adaptar‑se a situações novas, em apenas uma alternativa, facilitando a mensuração da quali-
Tolerância ao dade percebida por cada funcionário.
contraposição a seu interesse em per-
risco e à inovação Todos os elementos que compõem a organização formal
manecer mantendo as tradições e as
estruturas vigentes. afetam os sentimentos dos funcionários, desde a localização
física até os objetivos organizacionais, não esquecendo‑se
Crença em que o indivíduo deve cuidar
dos salários, limpeza e integração com os colegas.
de si próprio e de sua família; crença em
Individualismo Cada funcionário terá uma realidade percebida, o que
que o indivíduo é dono de seu próprio produzirá sentimentos individuais, por isso há a necessida-
destino. de de aplicar questionários dentro da empresa com todos.
Crença em que os membros do grupo Contudo, os funcionários que assim desejarem não precisam
Coletivismo (parentes, organização, sociedade) pre- se identificar. Porém, é importante que participem, pois, por
ocupam‑se com o bem‑estar comum. meio dos resultados obtidos, algumas mudanças podem ser
Nível de participação das pessoas no trabalhadas de maneira direcionada ao foco.
Participação
Administração Pública

processo de administrar a organização.


Nível de preocupação da administração Características da Organização Informal
com os clientes, acionistas e emprega-
Adaptação • Relação de coesão ou de antagonismo: são as relações
dos, em contraposição à preocupação
criadas entre pessoas de diferentes níveis, podendo ser rela-
consigo mesma.
ções pessoais de simpatia ou de antipatia. A intensidade e du-
Fonte: Maximiano, 2000, p. 256. ração desses relacionamentos são extremamente variáveis.
• Status: os indivíduos se sentem mais prestigiados pela
Como as normas de conduta já mencionadas, os outros sua importância em uma organização informal do que pro-
componentes da cultura organizacional serão citados con- priamente pela sua posição na organização formal. Quando
forme dito. São eles: um indivíduo é solicitado em uma reunião de trabalho, ele

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sabe que o desejado no momento é simplesmente seus Autores clássicos da Administração, como por exem-
serviços e conhecimentos. Porém, quando é chamado para plo, Fayol (1841-1925), nos deixaram alguns princípios de
comparecer a uma reunião informal em um bar, certamente organização do trabalho que são aplicados universalmente
esse funcionário se sentirá querido pelo grupo. até os dias de hoje: divisão do trabalho, especialização,
• Colaboração espontânea: em uma organização informal hierarquia, amplitude administrativa e o racionalismo da
o nível de colaboração espontânea é infinitamente superior organização formal.
ao da organização formal. O porquê disso? O prazer e a sa- Para atender a essas características que mudam de
tisfação existentes na organização informal. acordo com o ambiente institucional, a organização formal
• A possibilidade da oposição à organização formal: pode ser estruturada por meio de três tipos de organização:
quando a organização informal é manipulada de forma ina- linear, funcional e linha‑staff.
dequada pode ocorrer uma oposição à organização formal, Seguindo os princípios gerais clássicos da Administração,
o que resulta desarmonia com os objetivos da empresa. as organizações podem ser estruturadas de acordo com a
• Padrões de relações e atitudes: existem pessoas que natureza do trabalho e de interesses ou necessidades es-
desenvolvem espontaneamente padrões de relações e de
pecíficas dos administradores em determinadas situações.
atitudes e que são aceitos e assimilados pelos seus compo-
Mais adiante aparece o organograma de uma organiza-
nentes, pois exprimem os interesses do grupo.
ção de estrutura linear. O organograma é um instrumento
• Mudanças de níveis e alterações dos grupos infor-
mais: os grupos informais tendem a se modificar com as gráfico que representa a estrutura organizacional da empresa
alterações realizadas na organização formal. Por exemplo, (COLENGHI, 1997).
um funcionário sofreu um remanejamento e foi lotado em
outro departamento, consequentemente, ele fará parte de Possui muitas utilidades, sendo a principal delas a
outro grupo informal. de servir de meio de comunicação discreta e incon-
• A organização informal transcende a organização for- teste para mostrar às pessoas como se posicionam
mal: a organização formal está presa a horários e normas. na empresa, a quem estão subordinadas e quais são
Já a organização informal escapa a essas limitações, estando os fluxos de mando e responsabilidade. (RICHERS,
“presa” apenas às vontades que cada indivíduo tem. 1986, p. 77)
• Padrões de desempenho nos grupos informais: nem
sempre esses padrões correspondem aos estabelecidos A seguir estudaremos cada tipo de organização:
pela administração. Podem ser maiores ou menores, bem
como podem estar em harmonia ou não com a organização. Organização Linear
A responsável pelos padrões de desempenho é a motivação
individual com relação aos objetivos da empresa.

As organizações informais são, simplesmente, os relacio-


namentos criados dentro de uma organização formal. Esses
relacionamentos ao mesmo tempo em que podem ser úteis
à empresa, podem trazer malefícios.
A organização informal tem sua origem na necessidade
que cada pessoa possui em conviver com os demais seres
humanos. Certamente, quando você começou a trabalhar
na empresa/instituição na qual está, um dos seus desejos
era estabelecer relações satisfatórias informais com seus Figura adaptada de Chiavenato, 2000, p. 216.
companheiros. Pois, quando uma relação agradável não é
estabelecida, pode afetar o ambiente formal da empresa A organização linear é o tipo de organização mais antiga
acarretando insatisfação pessoal. Ou seja, a necessidade de e simples, sendo indicada para pequenas empresas. Baseada
existir uma organização informal dentro de uma empresa é no princípio da unidade de comando, dentro da organiza-
imprescindível. ção linear existem linhas diretas e únicas de autoridade e
responsabilidade entre o superior e seus subordinados,
Elementos da Estrutura Organizacional caracterizada da seguinte forma:
• autoridade única com base na hierarquia do superior
Com vistas no delineamento da Estrutura Organizacional, para seus subordinados, tornando‑se típica das orga-
Eduardo P. G. Vasconcelos apresenta os Elementos: nizações militares e eclesiásticas;
• componentes da estrutura Organizacional; • linhas formais de comunicação, as  quais são feitas
• condicionantes para a formação e adaptação;
unicamente por meio das linhas existentes no orga-
• níveis de Influência existentes na estrutura.
nograma;
• centralização de comando, em uma autoridade má-
Tipos de Organização
Administração Pública

xima;
Uma organização começa quase sempre quando uma • controle da organização e seu aspecto piramidal, em
pessoa necessita de mais alguém para fazer alguma coisa, ou decorrência da centralização da autoridade no topo
seja, quando estabelecida, a organização é feita de pessoas da organização.
que se relacionam e cooperam para fazer algo em comum.
Com essas observações em mente, podemos buscar uma Consequentemente, à  medida em que evolui a escala
definição de organização que incorpore os elementos enun- hierárquica, diminui o número de cargos ou órgãos.
ciados. As organizações, segundo Hall (1984), são entidades Entre suas vantagens, destacamos sua estrutura sim-
complexas que contêm uma série de elementos e são afeta- ples e de fácil compreensão para o subordinado, que só se
das por fatores diversificados. relaciona hierarquicamente com seu superior. Há uma clara

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
fixação de limites das responsabilidades de cada órgão ou Organização Linha‑Staff
cargo, não havendo intervenção em área alheia, conferindo
a esse tipo de organização facilidade em sua implantação,
funcionamento, controle e disciplina.
Como desvantagem, ressaltamos que a estabilidade e a
constância das relações formais podem levar à rigidez e à
inflexibilidade, que dificultam a inovação e a adaptação às
novas situações. A autoridade linear de comando único e
direto pode tornar‑se autocrática e vir a prejudicar a coope-
ração e a iniciativa das pessoas, assim como a sobrecarga na
Figura adaptada de Chiavenato, 2000, p. 216.
função de chefia. A figura do chefe generalista, que tudo sabe
e faz (monopólio das comunicações), inibe a especialização,
O tipo de organização linha‑staff é o resultado da combi-
congestiona as linhas formais de comunicação, tornando‑as
demoradas. nação dos tipos de organização linear e funcional, maximizan-
do as vantagens de ambas e reduzindo as suas desvantagens,
Organização Funcional mas com a predominância das características lineares.
Normalmente são utilizadas em um tipo de organização
A organização funcional é baseada no princípio funcional, mais completa e complexa, para preservar a unidade de
na especialização, ou seja, os subordinados recebem ordens comando, sem desprezar a especialização.
de vários chefes, porém, sobre o seu campo específico. A au- A estrutura staff, ou simplesmente assessoria, é consti-
toridade (especializada) será aquela que melhor dominar o tuída por pessoas com conhecimento e domínio de assuntos
assunto em questão e dará a voz de comando. específicos, que complementam e reforçam os dirigentes de
A organização funcional apresenta as seguintes carac- uma organização. As pessoas não são investidas de autori-
terísticas: dade formal e, por essa razão, não dão ordens, apenas reco-
• a autoridade por conhecimento: cada subordinado mendam, aconselham, emitem pareceres ou, simplesmente,
reporta‑se a muitos superiores; informam os dirigentes para que estes tomem as decisões
• nenhum superior tem autoridade total sobre os su- que julgarem convenientes. Na organização linha‑staff coe-
bordinados; xistem órgãos de linha (órgãos de execução, caracterizados
• as comunicações são diretas e mais rápidas; pela autoridade linear e princípio escalar) e de assessoria
• as decisões são descentralizadas. (órgãos de apoio, consultoria e serviços especializados).
Principais características:
As vantagens residem em: • fusão da estrutura linear com a estrutura funcional,
• proporcionar o máximo de especialização nos di- permitindo a coexistência da hierarquia de comando
versos órgãos, permitindo a cada órgão ou cargo e da especialização técnica. Ou seja, cada órgão se
concentrar‑se total e unicamente sobre seu trabalho reporta a um e apenas um órgão superior, situação
e sua função; típica da organização linear. Porém, cada órgão rece-
• permitir a melhor supervisão técnica possível, pois be também assessoria e serviços especializados de
cada órgão ou cargo reporta‑se a experts em seu diversos órgãos de staff;
campo de especialização; • existência das linhas formais de comunicação entre
• desenvolver comunicações diretas, sem intermedia- superiores e subordinados e que representam a hie-
ção, mais rápidas e menos sujeitas a distorções de rarquia de autoridade. Existem também linhas diretas
transmissão; de comunicação que ligam os ór­­gãos e o staff e que
• separar funções de planejamento e de controle das representam a oferta de assessoria;
funções de execução. • manutenção do princípio da hierarquia (cadeia es-
calar). A hierarquia (linha) assegura o comando e a
As desvantagens consistem em:
disciplina, enquanto a especialização (staff) fornece
• diminuição da concentração de autoridade e con-
os serviços de consultoria e de asses­soria.
sequente perda de comando, dificultando assim,
o controle e o funcionamento dos órgãos ou cargos
Suas vantagens estão na oferta interna de assessoria
superiores;
especializada e inovadora, com a manutenção do princípio da
• subordinação múltipla, em que nem sempre as pesso-
as sabem a quem recorrer para resolver determinados unidade de comando e atividade conjunta, fator importante
assuntos, levando à perda de tempo e a confusões na especialização e competição.
imprevisíveis; Dentre suas desvantagens podemos destacar a possibi-
Administração Pública

• perda da visão de conjunto da organização e a uma lidade de conflitos entre a operação (linha) e a assessoria
tendência de defender o seu ponto de vista em detri- (staff) e dificuldade no equilíbrio dinâmico entre o poder de
mento dos pontos de vista dos outros especialistas; linha e o poder de staff. Em suma, é difícil alcançar e manter
• confusão quanto aos objetivos e à existência de ten- uma situação de equilíbrio dinâmico e perfeita sincronização
sões e de conflitos dentro da organização. entre linha e staff, de modo que ambos tenham um compor-
tamento cooperativo e integrativo.
Assim, a organização funcional é indicada quando a orga- Esse tipo de estrutura é o mais utilizado nas empresas
nização é pequena ou quando se pode delegar temporaria- de grande porte.
mente autoridade funcional a alguns órgãos para implantar A seguir, veja as diferenças entre as três estruturas
algo ou avaliar alguma atividade. apresentadas:

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Estrutura Linear Para os autores clássicos, a especialização pode dar‑se
em dois sentidos: vertical e horizontal. Assim, a especializa-
ção vertical caracteriza‑se sempre pelos níveis de controle
(chefia), impostos na cadeia escalar. Já a horizontal, também
denominada funcional, é mais conhecida por departamenta-
lização, pela tendência de criar departamentos especializa-
dos no mesmo nível hierárquico, cada qual em sua tarefa. A
conjunção de ambas as diferenciações dá o perfil da estrutura
organizacional.
Na medida em que ocorre a especialização do trabalho,
a organização passa a necessitar de coordenação para essas
diferentes atividades e as funções devem ser designadas às
Predominância da Autoridade Linear unidades organizacionais na base da homogeneidade, com o
objetivo de alcançar operações mais eficientes e econômicas.
Estrutura Funcional A departamentalização é uma característica das grandes
organizações. As pequenas empresas não requerem diferen-
ciação ou especialização para distinguir o trabalho de uma
pessoa ou unidade dos demais; mas na proporção em que
as empresas crescem e envolvem atividades mais diversifi-
cadas, elas necessitam dividir as tarefas e transformá‑las em
responsabilidades departamentais.
A departamentalização pode ser: funcional, por pro-
dutos e serviços, por base territorial, por clientela, por
processo e por projeto.
Cada tipo de departamentalização apresenta caracte-
Predomínio da Autoridade Funcional rísticas, vantagens e limitações que influirão nas decisões.
A departamentalização funcional é modelo de grande
Estrutura Linha‑Staff parte das estruturas organizacionais e é utilizada para orga-
nizar atividades empresariais, ajustando‑se bem ao princípio
da especialização e favorecendo o controle exercido pela alta
direção da empresa. Formada pelo somatório das atividades
semelhantes, e de acordo com os objetivos da organização,
suas vantagens consistem em adequar‑se às atividades con-
tinuadas, rotineiras, estabelecidas no longo prazo e na maior
utilização de pessoas especializadas e recursos.
Como desvantagem pode‑se destacar que a departamen-
talização funcional é contraindicada para circunstâncias de
cooperação interdepartamental muito pequena e ambientais
imprevisíveis e mutáveis.
Combinação da Autoridade Linear
Autoridade Funcional
Fonte: Chiavenato (2000) p. 234.

Comissões

As comissões surgem para resolver os assuntos de maior


importância e são constituídas por conselhos, comitês ou
grupos de trabalho, que analisam, aprovam e avaliam os re-
sultados gerais alcançados pela organização. Por constituírem
um órgão da estrutura organizacional, podem assumir uma Fonte: Chiavenato (2000) p. 248.
variedade de formas e existir em períodos variados.
Vantagens: proporcionar um processo de decisão e de A departamentalização por produto é própria de em-
julgamento em grupo, envolvimento e coordenação de presas que fabricam ou comercializam diversos artigos. Suas
pessoas e atividades diferenciadas, facilitando a transmissão vantagens são: facilitar a análise dos resultados diferenciados
rápida de informações. por produtos, possibilitar o melhor conhecimento do pro-
Desvantagens: perda de tempo na tomada de decisão na duto, suas falhas e pontos fortes, favorecer a diversificação
Administração Pública

medida em que seu tamanho aumenta; o custo de tempo e da produção e o estabelecimento da Administração por
de dinheiro das pessoas envolvidas; divisão da responsabi- Objetivos, facilitando a avaliação dos resultados, ser ideal
lidade e necessidade de um coordenador eficiente. para circunstâncias mutáveis e possuir a melhor coordenação
interdepartamental.
Departamentalização Sua principal desvantagem é a dificuldade para exercer
um controle eficaz sobre o conjunto da empresa.
Enquanto os estudiosos da Administração Científica A departamentalização geográfica, também conhecida
preocupavam‑se com a especialização do trabalho e os como territorial ou regional, requer diferenciação e agrupa-
clássicos com a estrutura organizacional, a Teoria Neoclássica mento das atividades de acordo com o local de realização
complementava essas duas teorias com abordagens sobre do trabalho ou com a área de mercado a ser atendida pela
departamentalização. empresa.

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A estratégia é a de que a eficiência pode ser melhorada 3. Princípio de Separação do Controle: as atividades
se todas as atividades relacionadas com um produto forem de controle devem estar dissociadas das atividades (seme-
agrupadas em uma área geográfica específica. Assim, as lhantes) a serem controladas. O agrupamento de atividade
funções e os produtos/serviços, similares ou não, deverão deve ser feito mediante a adoção de todas as técnicas de
ser agrupados com base nos interesses geográficos. departamentalização ou estruturação.
A departamentalização por base territorial é geralmente 4. Princípio da Supressão da Concorrência: eliminação
utilizada por empresas que abrangem grandes áreas geo- da concorrência entre departamentos, agrupando atividades
gráficas e cujos mercados são extensos. É especialmente diversas em um só departamento.
atrativa para empresas de larga escala, com atividades física A aplicação de uma técnica de departamentalização na
ou geograficamente dispersas. organização concorrente não significa, necessariamente, que
A departamentalização geográfica pode apresentar a mesma técnica deverá ser aplicada na sua organização. Há
as seguintes vantagens: fixa responsabilidade por local ou detalhes e peculiaridades que fazem com que as soluções
região, facilitando a avaliação; possibilita maior ajuste às não tenham, muitas vezes, o mesmo valor para todas as
condições locais ou regionais; e costuma ser ideal para firmas organizações.
de varejo. Como desvantagem pode‑se destacar o enfraque- É importante ressaltar que o processo decisório é que
cimento da especialização, bem como todo o planejamento, vai apontar a melhor técnica para as atividades em análise.
a execução e o controle da organização. A aplicação de uma só técnica de departamentalização
A departamentalização por clientela possui a estrutura nem sempre é suficiente, podendo existir uma aplicação
totalmente centrada na satisfação do cliente. É comum em mista das várias técnicas aqui apresentadas. O que diferencia
lojas de departamentos que visam um público determinado.
e qualifica o gerente que realiza algum tipo de estruturação é
Uma desvantagem é estar mais voltada para o cliente do que
a capacidade que este tem de saber usar adequadamente o
para si mesma, pois, assim, as outras atividades da empresa
dispositivo disponível. A técnica nada mais é do que a facilita-
se tornam secundárias e sacrificam outros objetivos, como
ção do ato de pensar na organização em termos estruturais.
lucro e produtividade. As vantagens consistem na predis-
posição que a organização tem para atender os clientes e
por permitir concentrar conhecimentos sobre as diferentes
exigências dos canais mercadológicos.
A departamentalização por processo, muito utilizada
em indústrias, é a quebra do produto em partes sequenciais,
de que se vão ocupar as pessoas encarregadas de sua ma-
nutenção e montagem. Como fator positivo, procura extrair
vantagens econômicas oferecidas pelo processo, sendo im-
portante ressaltar que sua estrutura organizacional é muito
influenciada pelos avanços tecnológicos.
Com a ênfase nos processos surgiu a reengenharia, que
procura reinventar as organizações por meio do total redese-
nho dos processos empresariais e costuma ser ideal quando
a tecnologia e os produtos são estáveis e permanentes. A
desvantagem relevante refere‑se à falta de flexibilidade e
adaptação a mudanças.
A última a ser destacada é a departamentalização por
projetos, que implica utilização de pessoal de alta qualifi-
cação técnica em virtude das exigentes demandas de cada Fonte: Chiavenato (2000) p. 266.
projeto.
Essa estratégia de organização adapta a estrutura da A departamentalização se refere à reunião das diversas
empresa aos projetos que ela se propõe a construir e, por- atividades da empresa em seções, departamentos, setores
tanto, requer estrutura organizacional flexível. Sua principal etc. Esse agrupamento pode obedecer a diferentes critérios,
vantagem é a enorme concentração de diferentes recursos
dos quais o mais comum é o do agrupamento por funções.
em uma atividade complexa e que exige prazos de início e
Mas também é possível adotar uma departamentalização
término bem determinados, além de ser ideal para produtos
mista que obedeça de forma simultânea a diversos critérios.
altamente complexos.
A departamentalização por projetos é contraindicada
quando a tecnologia é muito mutável. Além disso, quando Estratégia Organizacional
finaliza um projeto, a empresa pode ser obrigada a dispensar
o pessoal se não tiver outro projeto em vista, provocando Estratégia é a seleção dos meios, de qualquer natureza,
forte ansiedade e angústia nas pessoas pela imprevisibilidade empregados para realizar objetivos. O conceito de estratégia
de emprego. nasceu da necessidade de realizar objetivos em situações
Administração Pública

Podemos verificar quatro princípios de departamenta- complexas, principalmente nas quais um concorrente pro-
lização. Porém, apesar de não serem absolutos e apresen- cura frustrar o objetivo de outro. A finalidade da estratégia,
tarem alguns conflitos, permitem resolver o problema de segundo Aristóteles, é a vitória.
departamentalização. No campo da administração das organizações, a estraté-
1. Princípio de Maior Uso: a unidade que mais faz uso gia abrange os objetivos da organização na relação com seu
de determinada atividade deve ter a responsabilidade por ambiente: a seleção dos produtos e serviços e dos mercados
essa atividade. e clientes com os quais a organização pretende trabalhar.
2. Princípio de Maior Interesse: toda atividade deve ser Toda empresa deve elaborar estratégias, mas tendo clara
supervisionada pelo departamento mais interessado por a análise de todos os fatores que podem influenciar o seu
essa atividade. traçado e cumprimento.

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Tais fatores são variáveis existentes no ambiente de todos os conflitos dos particulares, garantindo, assim,
mercado, e  podem ser internas ou externas ao mercado, o bem estar comum.
determinando sua modelagem, além de mudar as inten- • Quanto aos recursos: a gestão privada lida com re-
sidades, os costumes e os acontecimentos do processo de cursos próprios ou de investidores, e a pública com
comercialização. recursos gerados pelos contribuintes.
Estas variáveis podem ser controláveis ou incontroláveis. • Quanto ao controle: a teoria das proteções especiais;
Para que se possa decidir sobre quais estratégias poderão segundo Weber, como os servidores públicos agem em
dar melhor cumprimento às metas da empresa, devemos nome do poder público, dispõem, em virtude disso,
antes conhecer cada uma destas variáveis mercadológicas. de certo poder de coação, independentemente de seu
As variáveis controláveis são aquelas sobre as quais a nível hierárquico; essa autoridade, para que não se
empresa pode exercer decisão e gerenciamento, resultando torne abusiva, necessita de controles, não só de seu
em ações táticas que determinem o comportamento no chefe, mas também dos colegas, dos subordinados,
mercado, quais sejam: o produto, a  concorrência, o  preço, do povo e do próprio servidor. A esse controle, Weber
a distribuição, a propaganda e a promoção. Tem relação com o denominou Teoria de proteções especiais.
microambiente. O microambiente é o ambiente específico (ou • Quanto aos objetivos: a gestão pública visa a conse-
ambiente de tarefa) que refere-se ao ambiente mais próximo cução de seus objetivos em prol do interesse coletivo,
e imediato de cada organização. É  no ambiente específico sem, contudo, buscar lucro em suas atividades.
que se situam os mercados servidos por uma organização: o
mercado de clientes, o mercado de fornecedores, o mercado A gestão privada visa o lucro. Vale ressaltar que as orga-
de concorrentes etc. Cada organização possui seu próprio e nizações públicas que oferecem serviços não exclusivos ao
específico microambiente como o nicho de suas operações. Estado (como as empresas públicas, por exemplo), podem
Já as variáveis incontroláveis são caracterizadas por auferir lucro. Assim, os  empresários são motivados pela
ocorrências que independem das ações da empresa, mas busca do lucro, as autoridades governamentais se orientam
provocam alterações substanciais no mercado. Tem relação pelo desejo de serem reeleitas.
com o macroambiente. O  macroambiente é o ambiente As empresas normalmente trabalham em regime de
geral, é o meio mais amplo que envolve toda a sociedade competição; os governos usam habitualmente o sistema
humana, as nações, organizações, empresas, comunidades de monopólio. No governo, todos os incentivos apontam
etc. Constitui o cenário mais amplo em que ocorrem todos
no sentido de não se cometerem erros. O governo é demo-
os fenômenos econômicos, tecnológicos, sociais, legais, cul-
crático e aberto; por isso seus movimentos são mais lentos
turais, políticos, demográficos e ecológicos que influenciam
comparados aos das empresas, cujos administradores podem
poderosamente as organizações.
tomar decisões rapidamente, a portas fechadas.
Planejamento estratégico é o processo de elaborar uma
• Quanto à privacidade: as empresas privadas podem
estratégia (ou plano estratégico), com base na análise do
ambiente e nos sistemas internos da organização. desejar não fornecer determinadas informações que
julgar necessário, por questões de competição, por
exemplo. Na gestão pública, salvo em áreas de segu-
Convergências e Diferenças entre a Gestão Pública
rança do Estado, não pode haver segredos.
e a Gestão Privada
• Quanto às carreiras e promoções: as carreiras e pro-
moções são mais flexíveis no setor privado, podendo
A grande diferença entre a gestão pública e privada é
que as organizações da Administração Pública regem-se ser revista e reestruturada a qualquer momento de
por regulamentos e normas dispostos de forma exaustiva, acordo com as necessidades da gestão, visando maior
uma vez que “só podem fazer o que a regra permite”. Já as satisfação e, consequentemente, maior rentabilidade
organizações do setor privado podem “fazer tudo, exceto o de seus funcionários. Na gestão pública as regras
que as regras coíbem”. Portanto, seus regulamentos e normas estipuladas para cada órgão devem ser seguidas
podem ser mais simples. estritamente.
É o chamado Princípio Administrativo da Legalidade, • Quanto à contratação: a gestão privada pode con-
decorrente do art.  5º da Carta Magna, aplicada ao setor tratar pessoal conforme seu interesse, sendo por
público, que significa que o agente público deverá agir em escolaridade, por experiência, por capacidade profis-
conformidade com a Lei, fazendo estritamente o que esta de- sional, por indicação. A gestão pública deve contratar
termina. É que alguns autores chamam de legalidade estrita. por meio de concursos (salvo situações especiais de
Diferentemente do particular, a quem é lícito fazer tudo o cargos de confiança.
que a Lei não proíbe (por exclusão, portanto), o servidor pode • Quanto à estrutura: a administração pública tem sua
e deve agir exatamente conforme o previsto, limitando-se, estrutura mais verticalizada e burocratizada, enquanto
assim, sua autonomia. A título de exemplo, pode-se citar a a gestão privada tende a ser mais horizontalizada e
conduta de um auditor-fiscal ao visitar determinado esta- flexível.
belecimento mercantil e constatar a existência de recursos
não contabilizados. Independentemente da peculiaridade do Adaptações: enquanto na gestão privada o conceito de
Administração Pública

contribuinte (rico, pobre, amigo, inimigo), deverá ser lavrado custo-benefício orienta o processo produtivo, na gestão
o auto de infração. pública tal conceito não pode ser utilizado em toda sua
Vejamos as principais divergências entre a gestão públi- plenitude, tendo em vista as funções sociais do Estado (alo-
ca e a gestão privada: cativa, distributiva etc.). Assim, nem sempre o mais barato
• Quanto ao interesse: a gestão pública procurará será o melhor para o ente público. Há de se considerar o
satisfazer o interesse e bem-estar geral (voltada para papel social do Estado. Embora as gestões pública e privada
o bem público), enquanto a gestão privada procura possuam muitas diferenças, algumas convergências podem
satisfazer os interesses de determinados indivíduos ou ser percebidas, tais como a necessidade de planejamento,
grupos (voltada para o bem privado). Como o governo foco no sucesso do cliente e uso de ferramentas de qualidade
detém a autoridade suprema, espera-se que resolva total, dentre outras.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Segundo Abrucio, a atividade governamental é entendida As organizações em rede são um conjunto de organiza-
como algo com uma natureza específica, que não pode ser ções independentes, que mantêm relações dinâmicas e bem
reduzida ao padrão de atuação do setor privado. Entre as específicas e precisam ser gerenciadas. A  motivação para
grandes diferenças, a motivação principal dos comandantes a conciliação da gestão do conhecimento e da governança
do setor público é a reeleição, enquanto os empresários têm de redes provém da crescente necessidade de colaboração
como fim último a busca do lucro; os recursos do governo entre organizações como forma de propiciar ganhos de
provêm do contribuinte – que exigem a realização de de- competitividade superiores aos advindos de esforços indi-
terminados gastos –, e na iniciativa privada os recursos são viduais isolados.
originados das compras efetuadas pelos clientes; as decisões A palavra rede é bem antiga e vem do latim retis, signi-
governamentais são tomadas democraticamente e o em- ficando o entrelaçamento de fios com aberturas regulares
presário decide sozinho ou no máximo com os acionistas da que formam uma espécie de tecido. A partir da noção de
empresa – a portas fechadas; por fim, o objetivo de ambos é entrelaçamento, malha e estrutura reticulada, a  palavra
diverso, isto é, o governo procura fazer “o bem” e a empresa “rede” foi ganhando novos significados ao longo dos tempos,
“fazer dinheiro”. (OSBORNE & GAEBLER, 1994 p. 21-23) passando a ser empregada em diferentes situações. Manuel
de Castells, sociólogo que teve seu trabalho definitivamente
Gestão por Resultados na Produção de Serviços identificado com a sociedade de redes, vê uma rede como
Públicos um conjunto de nós interconectados, partindo do conceito
de que nó é o ponto no qual uma curva se entrecorta. Uma
A busca por excelência na gestão, seja pública ou privada, estrutura em rede significa que seus integrantes se ligam
está ligada à capacidade gerencial de aferição de resultados. horizontalmente a todos os demais, diretamente ou por meio
“Quem não mede, não gerencia”. Essa é uma afirmação muito dos que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha
conhecida e ligada à gestão pela qualidade. Para a gestão de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para
pública, impregnada de valores e práticas burocráticas, todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser
é um desafio a transformação para uma gestão que opere considerado principal ou representante dos demais. Pode-
proativamente, valendo-se, para isso, da medição e melhoria -se dizer que no trabalho em rede não há um “chefe”, o que
contínuas. No centro desse modo de gerenciar está o indica- há é uma equipe trabalhando com uma vontade coletiva de
dor. Os indicadores de desempenho são dados objetivos que realizar determinado objetivo. Participar de uma rede orga-
descrevem uma situação de forma quantitativa. Resultados nizacional envolve mais do que apenas trocar informações a
vitais para a organização não ocorrem dentro dela, vêm e se respeito dos trabalhos que um grupo de organizações realiza
destinam, respectivamente, ao seu ambiente externo. Quan- isoladamente. Estar em rede significa comprometer-se a rea-
do tratamos de gestão pública orientada para resultados e lizar conjuntamente ações concretas, compartilhando valores
focada no cidadão, estamos tratando de resultados finais e atuando de forma flexível, transpondo, assim, fronteiras
referentes à missão da organização. geográficas, hierárquicas, sociais ou políticas.
No contexto da administração pública tradicional os É clara a incompatibilidade de organizações predominan-
modelos de controle focam insumos, o  que não tem sido temente burocráticas com o ambiente de rede. O modelo
suficiente para atender os anseios de uma sociedade de- racional-legal não consegue acompanhar a nova realidade
mocrática, havendo uma tendência de modernização dos de organizações mais ágeis e flexíveis, o que passa a ser uma
processos de controle no âmbito da gestão pública, nos quais condição básica de sobrevivência no mercado. Justamente
estão plenamente inseridos os conceitos de qualidade total aspectos como os da legalidade e da hierarquia acabam
e reengenharia. Faz parte desses modelos a avaliação focada inibindo a maior presença de redes, que são desordenadas,
em objetivos, metas e indicadores. no setor público, que vive o fetiche da ordem. Essa inibição,
O Modelo de Excelência em Gestão Pública brasileiro não obstante, está muito longe de ser impossibilidade.
representa o sistema referencial para a gestão pública e está Ao contrário, essa maior dificuldade apenas aguça a
alicerçado no “estado da arte” da gestão contemporânea e criatividade dos gerentes do setor público na busca de so-
alinhado com a natureza pública de nossas organizações. luções. Por exemplo, já é possível falar em rede de controle,
As sete partes que integram esse modelo são: a  despeito de TCU e CGU pertencerem, respectivamente,
1. Liderança; ao Poder Legislativo e Executivo.
2. Estratégias e planos; No setor privado, que não padece dessas amarras e no
3. Cidadãos e sociedade; qual, muitas vezes, empresas participam com interesses
4. Informação e conhecimento; mútuos da mesma cadeia produtiva, a necessidade de reu-
5. Processos; nir recursos tem forçado as organizações a formar alianças
6. Pessoas; cooperativas. Isso implica mudanças na estratégia das organi-
7. Resultados. zações, que podem assumir uma variedade de formas, entre
elas a atuação em redes, que tem sido uma efetiva resposta
Gestão de Redes Organizacionais estratégica às pressões ambientais. Também é imediata a
associação entre a organização em redes e o corte de custos.
Administração Pública

Uma rede é um formato organizacional com caracterís- No terceiro setor, as instituições têm procurado desen-
ticas particulares, que tem ganhado destaque nos últimos volver ações conjuntas, operando nos níveis local, regional,
anos, em virtude da procura por formas organizacionais que nacional e internacional, contribuindo para uma sociedade
sejam ao mesmo tempo flexíveis e efetivas na obtenção de mais justa e democrática. Para tanto, e a partir de diversas
melhores resultados globais, isto é, para um conjunto de causas, a sociedade civil se organiza em redes para a troca
organizações e não para cada uma individualmente. de informações, articulação institucional e política.
A obtenção desses objetivos é possível a partir da co- É famosa a atuação em rede das ONGs da Amazônia, que
ordenação do trabalho e do aproveitamento dos recursos se utilizam dessa arquitetura organizacional para exercerem
distribuídos entre as organizações, e do compartilhamento seus papéis em uma situação reconhecidamente difícil do
de todas as informações. ponto de vista logístico.

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Há duas formas clássicas de formação de uma rede: com a troca de governantes no poder e o esforço de comuni-
• equipes, nas quais pequenos grupos de pessoas traba- cação vem a reboque de campanhas em períodos eleitorais.
lham com objetivo, motivação e destreza para atingir O Governo Federal, os governos estaduais e municipais ainda
metas compartilhadas; precisam dar um passo gigantesco para que possam estar em
• redes, nas quais diferentes agrupamentos de pessoas situação de igualdade com as empresas privadas, sobretudo
e grupos ligam-se para trabalhar em conjunto com as líderes de mercado. Uma primeira medida seria, talvez,
base em um propósito comum. compartilhar, de imediato, as experiências acumuladas pelas
empresas e órgãos do próprio Governo que já descobriram
Para Karina Fernandes, redes de equipes são baseadas a importância estratégica da Comunicação Empresarial e a
em: objetivos específicos em comum, participantes defini- praticam com competência e profissionalismo.
dos, pessoas interligadas com ampla utilização da tecnologia Existe uma opinião de grande parte da sociedade brasi-
da informação, multiplicação de lideranças e interligação e leira que pensa ser desnecessária qualquer “propaganda”
livre trânsito entre os níveis hierárquicos da organização. governamental. Essa discussão esteve muito forte, por
Segundo o mesmo autor, para que uma rede organizacio- ocasião do caso “Mensalão”. O TCU participou dessa discus-
nal exerça todo o seu potencial, é preciso que sejam criadas são, realizando uma série de auditorias sobre os gastos do
equipes de trabalho que atendam a alguns princípios: Governo com publicidade.
• existência de um propósito unificador, que pode ser A posição de uma sociedade sensata deve ser a de
definido como o espírito da rede Pode ser expresso equilíbrio. O Governo, a parte de promoções pessoais e, ob-
como um alvo e um conjunto de valores comparti- viamente, de desvios de recursos, deve poder se comunicar
lhados pelos participantes, de forma esclarecedora, com a sociedade, mostrando suas realizações e interesses.
democrática e explícita;
• participantes independentes, automotivados, não Gestão de Desempenho e Gestão de Competências
limitados por hierarquias. É o equilíbrio entre a inde-
pendência de cada participante e a interdependência Para Chiavenato (1981), avaliação de desempenho,
cooperativa do grupo que dá força motriz a uma rede; muitas vezes, pode servir de base às políticas de promoção
• interligações voluntárias, ou seja, participantes que se das organizações. O processo é efetuado periodicamente,
relacionam e realizam tarefas de forma voluntária e normalmente, com caráter anual, e consiste na análise obje-
automotivada, podendo escolher seus interlocutores tiva do comportado do avaliado no seu trabalho, e posterior
e optar por trabalhar em projetos que os ajudem a na comunicação dos resultados. Tradicionalmente compete
cumprir seus objetivos pessoais e organizacionais; aos superiores avaliarem os seus subordinados, estando à
• multiplicidade de líderes, que podem ser caracteriza- avaliação sujeita a correções posteriores para que os resul-
dos como pessoas que assumem e mantêm compro- tados finais sejam compatíveis com a política de promoções.
missos, mas que também sabem atuar como segui- Alguns dos métodos tradicionalmente utilizados para
dores. Descentralização, independência, diversidade avaliar desempenho:
e fluidez de lideranças são atestados de autenticidade • Método da Escala Gráfica: é o método de Avaliação
de uma rede que visa à transposição de fronteiras; de desempenho mais utilizado, divulgado e simples.
• interligação e transposição de fronteiras, sejam elas Exige muitos cuidados, a fim de neutralizar a subje-
geográficas, hierárquicas, sociais ou políticas. O alcan- tividade e o pré‑julgamento do avaliador para evitar
ce dos objetivos e propósitos é prioridade. interferências. Trata‑se de um método que avalia o
desempenho das pessoas por meio de fatores de
Comunicação na Gestão Pública avaliação previamente definidos e graduados. Utiliza
De acordo com o site www.comunicacaoempresarial. um formulário de dupla entrada, no qual as linhas em
com.br, Comunicação Governamental compreende todas sentido horizontal representam os fatores de avaliação
as atividades e ações desenvolvidas pelo Governo Federal, de desempenho; enquanto as colunas em sentido
pelos Governos Estaduais e Municipais e pelos seus órgãos vertical, representam os graus de variação daqueles
(secretarias, ministérios) e empresas no sentido de colocar- fatores. Os  fatores são previamente selecionados
-se junto à opinião pública, democratizando as informações para definir em cada empregado as qualidades que
de interesse da sociedade e prestando contas de seus atos. se pretende avaliar.
• Método da Escolha Forçada: consiste em avaliar o
O Governo vem, gradativamente, profissionalizando a sua
desempenho dos indivíduos por intermédio e frases
estrutura de comunicação, embora ainda mais lentamente
descritivas de determinadas alternativas de tipos de
do que se poderia esperar, talvez porque se ressinta de alguns
desempenho individual. Em cada bloco, ou conjunto
problemas típicos da esfera política, em que nem sempre a
composto de duas, quatro ou mais frases, o avaliador
transparência e o interesse público prevalecem.
deve escolher, forçosamente, apenas uma ou duas
Pode-se, no entanto, apontar algumas empresas ou enti- alternativas, que mais se aplicam ao desempenho do
dades vinculadas ao Governo que realizam um excelente tra- empregado avaliado.
balho de Comunicação, como a Embrapa – Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária, hoje a maior fonte no setor, em
Administração Pública

As frases podem variar, porém basicamente existem duas


virtude de sua competência técnica, de seus pesquisadores formas de composição:
e técnicos e dos seus profissionais de comunicação. Podem- – Os blocos são formados por duas frases de significado
-se apontar, também, como exemplos o Banco do Brasil, positivo e de duas de significado negativo. O super-
a  Petrobras e muitas outras empresas, mas, com certeza, visor ou avaliador, ao julgar o empregado, escolhe a
os casos de excelência são exceção neste Setor. frase que mais se aplica e a que menos se aplica ao
Há, ainda, dificuldades enormes a superar porque nem desempenho do avaliado.
sempre a comunicação é vista, no Governo, como uma – Os blocos são formados apenas por quatro frases
atividade estratégica, pois, geralmente, é posicionada para com significado positivo. O supervisor ou avaliador,
atender aos interesses dos governantes, ávidos por legitima- ao julgar o empregado, escolhe as frases que mais se
ção e promoção pessoal. As estruturas costumam desfazer-se aplicam ao desempenho do avaliado.

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• Método de Pesquisa de Campo: é feito pelo chefe, Quando chega o momento do gestor comunicar a ava-
com assessoria de um especialista (staff) em Avalia- liação dos seus colaboradores, tanto um como o outro, têm
ção de Desempenho. O especialista vai a cada sessão consciência dos resultados que foram alcançados e se foram
para entrevistar a chefia sobre o desempenho de satisfeitos, ou não, os objetivos. Desta forma, o colaborador
seus respectivos subordinados. Embora a Avaliação sabe de antemão o que se espera dele, e sabe se a avaliação
seja responsabilidade de cada chefe, há uma ênfase que lhe foi atribuída é justa ou não, pois já recebeu previa-
na função de staff em assessorar da maneira mais mente o feedback do seu gestor. Por outro lado, não poderá
completa. pôr em causa a avaliação dos colegas, pois os objetivos são
• Métodos dos Incidentes Críticos: baseiam‑se no fato negociados individualmente.
de que no comportamento humano existem certas A política de progressão de carreiras, ou de aumentos sa-
características extremas, capazes de levar a resultados lariais, também pode estar incluída neste processo, podendo
positivos. Uma técnica sistemática, por meio da qual os colaboradores e o gestor negociar mediante o alcance dos
o supervisor imediato observa e registra os fatos ex- resultados esperados. Em todo e qualquer passo da Avaliação
cepcionalmente positivos e os fatos excepcionalmente de Desempenho, é fundamental que as informações sejam
negativos a respeito do desempenho dos seus subor- corretas e reais, para que se possa, ao final, obter resultados
dinados. Focaliza tanto as exceções positivas como as reais sobre os empregados.
negativas no desempenho das pessoas. Métodos Mistos: é muito comum organizações que se
• Método de Comparação aos Pares: consiste em com- caracterizam pela complexidade de seus cargos, recorrerem
parar dois a dois empregados de cada vez, e se anota a uma mistura de métodos na composição do modelo de
na coluna da direita, aquele que é considerado melhor, Avaliação de Desempenho.
quanto ao desempenho. Pode‑se ainda, utilizar fatores Como se pode ver, existem diversos métodos de Avalia-
de avaliação. Assim, cada folha do formulário seria ção de Desempenho, tanto nos aspectos relacionados com a
ocupada por um fator de avaliação de desempenho. própria avaliação e com as prioridades envolvidas, quanto na
• Método de Frases Descritivas: é um método que não sua mecânica de funcionamento, pois há uma tendência de
exige obrigatoriedade na escolha de frases. O  ava- cada organização ajustar os métodos às suas peculiaridades
liador assimila apenas as frases que caracterizam e necessidades.
o desempenho do subordinado (sinal (+) ou (s)) e Observa‑se que o leque de desvantagens é grande e pode
aquelas que realmente demonstram o oposto de seu comprometer os efeitos que se pretende com a avaliação
desempenho (sinal (-) ou (n)). de desempenho.
• Método da Autoavaliação: é o método por meio do
qual o próprio empregado é solicitado a fazer uma Avaliação
sincera análise de suas próprias características de
desempenho. Podem‑se utilizar sistemáticas variá- Uma das responsabilidades mais importantes de um
veis, inclusive formulários baseados nos esquemas gerente é avaliar o desempenho de seus funcionários. Por
apresentados nos diversos métodos de avaliação do que a avaliação de desempenho é tão importante? Porque
desempenho já descritos. ela atende a diversos objetivos cruciais.
• Método de Avaliação por Resultados: liga‑se aos pro- As avaliações são utilizadas para tomar decisões fun-
gramas de Administração por Objetivos. Este método damentais relativas às pessoas, tais como promoções,
baseia‑se numa comprovação periódica entre os resul- transferências e rescisões; para identificar necessidades
tados fixados (ou separados) para cada funcionário e de treinamento; para dar feedback aos funcionários sobre
os resultados efetivamente alcançados. As conclusões como a organização encara o seu desempenho e, frequente-
a respeito dos resultados permitem a identificação mente, como base para reajustes salariais. Na administração
dos pontos fortes e fracos do funcionário, bem como pública, a avaliação de desempenho está se tornando uma
as providências necessárias para o próximo período. obsessão, conquanto poucas vezes tenha alguma valia como
É considerado um método prático, embora seu fun- instrumento gerencial.
cionamento dependa sobremaneira das atitudes e dos Uma pergunta muito interessante em relação à avaliação
pontos de vista do supervisor a respeito da avaliação diz respeito a quem deveria fazer a avaliação? Quem deveria
do desempenho. avaliar o desempenho de um funcionário? A resposta óbvia
aparentemente seria: seu superior imediato!
Chiavenato (1981) propõe a Avaliação por objetivos: Por tradição, a autoridade de um gerente normalmente
Neste método de avaliação, o  gestor e o colaborador incluía a avaliação do desempenho dos subordinados. A ló-
negociem os objetivos a alcançar durante um período de gica por trás dessa tradição parece ser a de que os gerentes
tempo. Os objetivos devem ser específicos, mensuráveis e es- são considerados responsáveis pelo desempenho de seus
tar alinhados aos objetivos da organização. Periodicamente, subordinados; logo, é natural que esses gerentes avaliem tal
o gestor e o colaborador devem se reunir e discutir o nível de desempenho. Mas essa lógica pode ser errônea.
desempenho, podendo ser renegociados os objetivos. O co- Na verdade, outras pessoas podem ser capazes de rea-
laborador precisa estar motivado para apresentar planos, lizar essa tarefa melhor, ou pelo menos contribuir para ela.
Administração Pública

propor correções e sugerir novas ideias. Em contrapartida, Superior Imediato – Muitos chefes não se sentem con-
o gestor deve comunicar o seu agrado (ou desagrado) pe- fortáveis ou preparados para avaliarem seus subordinados.
rante os resultados alcançados e propor também correções. A avaliação causa problemas e tende a tornar tenso o am-
A avaliação vai assim tomando forma através da análise do biente de trabalho.
desempenho do colaborador. O  desempenho deve estar, Colegas – Avaliações de colegas são uma das fontes mais
contudo, limitado aos objetivos negociados. O gestor nunca confiáveis de dados de avaliação. Por quê? Primeiro, porque
deve ter em conta aspectos que não estavam previstos nos estão próximos da ação. Segundo, porque a utilização de
objetivos, ou que não tivessem sido comunicados ao colabo- colegas como avaliadores resulta em diversos julgamentos
rador. Deve ser permitido ao colaborador apresentar a sua independentes, ao passo que um chefe apenas pode ofere-
autoavaliação e discuti‑la com o gestor. cer uma única avaliação. Do lado negativo, essas avaliações

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podem sofrer da indisposição de colegas de trabalho em se acrescentando capacidades e aumentando as já existentes.
avaliarem reciprocamente e de desvios oriundos de amizade, Competências são aqui entendidas como as capacidades,
má vontade ou rivalidade. os conhecimentos e as características pessoais que distin-
Autoavaliações – Fazer com que os funcionários avaliem guem os profissionais de alto desempenho daqueles de
seu próprio desempenho é condizente com valores como desempenho regular em determinada função.
autogestão e participação na decisão. No entanto, como se O gerenciamento baseado em competências ou Gestão
pode imaginar, sofrem de uma pontuação excessivamente por Competências é uma ferramenta que identifica as com-
inflada e do viés da autopromoção. petências essenciais, as habilidades e os conhecimentos de-
Com o intuito de contornar esses problemas, muitas terminantes da eficácia profissional e também as lacunas de
organizações, no setor público, empresas estatais como a qualificação do funcionário para tarefas específicas e fornece
Caixa e Petrobras, estão adotando Avaliações de 360 Graus: recursos para aperfeiçoar suas capacidades. O resultado é um
Uma Abordagem Abrangente, que propicia o feedback de quadro de funcionários mais talentosos e mais produtivos.
desempenho a partir do círculo pleno de contatos cotidianos Prahalad (1997) afirma que, na maior parte das vezes,
passíveis de serem mantidos por um funcionário, desde o é a percepção do gerente sobre o funcionário que define a
pessoal da expedição até os clientes, chefes e colegas. competência deste. Se for uma percepção correta é ponto a
favor do funcionário. Geralmente, contudo, a percepção do
Feedback de Desempenho gerente é incompleta. Ou, então, não compreendida pelos
funcionários. Ou, ainda, as percepções dos outros podem
Para muitos gerentes, poucas atividades são mais desa- ser diferentes. Isso pode tornar confuso e traiçoeiro o pro-
gradáveis do que a de fornecer feedback de desempenho gresso de um funcionário pelo labirinto do desenvolvimento
aos funcionários. De fato, a  menos que pressionados por profissional, que é por si mesmo repleto de obstáculos.
políticas e controles organizacionais, os  gerentes tendem Também existem outras dificuldades, por exemplo, como os
a ignorar essa responsabilidade. Por que a relutância em funcionários aprendem o que é necessário para ser eficaz?
fornecer feedback? Parece haver pelo menos três motivos. Muitos por meio de tentativa e erro, outros de suposições e
O primeiro é que os gerentes muitas vezes não se sentem até por boatos e lendas. O resultado é que cada funcionário
à vontade para discutir deficiências de desempenho com os possui uma visão diferente e só parcialmente correta sobre
funcionários. O segundo motivo é que muitos funcionários o que é preciso para ser eficaz no trabalho.
tendem a ficar na defensiva quando suas deficiências são O gerenciamento baseado nas competências representa
apontadas, em vez de aceitarem o feedback como constru- uma mudança cultural em direção a um maior senso de
tivo e como base para melhorar o desempenho. Finalmente, responsabilidade e autogestão dos funcionários. É também
os funcionários tendem a fazer uma imagem inflada de seu uma maneira simples de melhorar o desempenho.
próprio desempenho. O primeiro passo é definir as competências técnicas,
as  conceituais e as interpessoais, dentro de cada função.
Avaliação por Competências É importante salientar que definir competência não é definir
tudo aquilo que o funcionário faz, mas determinar quais ca-
A premissa básica é a de que o funcionário sabe ou pacitações devem ser fomentadas, protegidas ou diminuídas.
pode aprender a identificar suas próprias competências, Para pensarmos em implantar um modelo de avaliação
necessidades, pontos fortes, pontos fracos e metas. Assim, que toma por base as competências pessoais, é imprescin-
ele é a pessoa mais capaz de determinar o que é melhor dível que tenhamos consciência da agilidade, mobilidade e
para si. O papel dos superiores e da área de RH passa a ser inovação que as organizações precisam para lidar com as mu-
o de ajudar o funcionário a relacionar seu desempenho às danças constantes, ameaças e oportunidades emergentes.
necessidades e à realidade da organização. São essas mudanças que levam a própria empresa a
Esse novo modelo desperta dúvidas e uma delas é sobre rever muitas de suas estratégias organizacionais e também
a conceituação do que são competências. Por ser um termo a levam a pensar em quais são as competências necessárias
amplamente utilizado e com diversas conotações, escolhe- ou desejáveis aos profissionais que integram seus quadros
mos a definição de Leboyer (1997, p. 35): no momento presente e também no futuro. As pessoas e
seus conhecimentos e competências passam a ser a base
Competências são repertórios de comportamentos principal da empresa. Assim, as  pessoas deixam de ser
que algumas pessoas e/ou organizações dominam, recursos e passam a ser tratadas como seres dotados de
o que as faz destacar de outras em contextos espe- habilidades, conhecimentos, atitudes, sentimentos, emo-
cíficos. ções, aspirações etc.
No modelo de Gestão por Competência, a avaliação é
É  importante ressaltar que o conceito destaca a exce- apenas uma ferramenta que auxilia o funcionário a escla-
lência, o  que torna necessário estabelecer um processo recer, para si mesmo e para a organização, quais as compe-
sistematizado, com metodologias específicas, passível de tências que possui e quais deverão buscar desenvolver ou
mensuração e comparação de performances entre os vários incrementar. Esse processo deverá sempre estar alinhado às
colaboradores de uma instituição, quando se deseja identi- competências essenciais da própria organização.
Administração Pública

ficar pessoas dentro do perfil desejado. A avaliação inicia‑se pelo mapeamento, que irá permitir
Gramignia (2002) alega ser possível pensar na avaliação colher dados relativos às competências necessárias para o
de desempenho por competências como um poderoso meio bom desempenho das atividades e ao perfil do funcionário
de identificar os potenciais dos funcionários, melhorar o quanto a essas competências, categorizando‑as em três
desempenho da equipe e a qualidade das relações dos blocos, que são: Competências conceituais (conhecimento
funcionários e superiores, assim como estimular os funcio- e domínio de conceitos e teorias que embasam as técnicas);
nários a assumirem a responsabilidade pela excelência dos Competências técnicas (domínio de métodos e ferramentas
resultados pessoais e empresariais. específicas para determinada área de trabalho) e Competên-
A gestão por competências é sistema gerencial que busca cias interpessoais (permitir que as pessoas se comuniquem
impulsionar os funcionários na competência profissional, e interajam de forma eficaz. Atitudes e valores pessoais).

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CONTROLE E AVALIAÇÃO • a efetividade, que se refere à relação entre os resul-
tados alcançados e os objetivos propostos ao longo
O controle e a avaliação é a terceira fase do planejamento do tempo; e
estratégico do pessoal de uma empresa, sendo os diagnósti- • a eficácia, que se refere à contribuição dos resultados
cos e os instrumentos considerados como as primeiras. É a obtidos para o alcance dos objetivos globais da em-
fase de verificação do comportamento dos colaboradores presa.
da instituição frente aos objetivos a serem cumpridos em
suas atividades. Para evitar que a eficiência, a  eficácia e a efetividade
De acordo com Oliveira (1995, p. 35), fiquem prejudicadas é fundamental que a organização fique
atenta aos sinais recebidos durante o levantamento das
O controle e avaliação pode ser definido, em termos seguintes informações:
simples, como a ação necessária para assegurar a • estruturas organizacionais inadequadas;
realização dos objetivos, desafios, metas, estratégias • incapacidade dos recursos humanos;
e projetos estabelecidos. • insuficiência de informações;
• lentidão e deficiência nas informações;
O controle, individualmente, é uma função do processo • planos mal elaborados e mal implantados; e
administrativo que procura medir e avaliar o desempenho • sistemas de controle complicados.
e o resultado das ações. Sua finalidade é a de prover infor-
mações para os tomadores de decisões em uma empresa. Pontos Críticos e Desvantagens dos Sistemas
Para cada passo da implantação dos planos de ação, tradicionais
existe a necessidade de controlar, avaliar e rever todos os
pontos do processo. Dessa forma, criam‑se bases para que Muitas das metodologias de avaliação evidenciam sua
uma avaliação permita testar o andamento dos planos. precária objetividade, provocando efeitos negativos. A sub-
Além disso, é  possível compará‑lo com outro e também, jetividade do processo pode ser atribuída a várias causas:
dimensioná‑lo. Independente do resultado, seja ele positivo julgamento, avaliadores, processo, política da organização e
ou negativo, é por meio da avaliação que torna‑se possível inflexibilidade do método.
determinar os pontos de não conformidade do processo e, Além disso, há o erro de julgamento, que é uma das
consequentemente, permitirá revisar e adequar a implemen- causas frequentes da subjetividade da avaliação. Pode existir
tação dos planos de ação. um erro constante, em que o avaliador tende a avaliar exage-
radamente alto ou exageradamente baixo ou ainda classificar
todos os colaboradores de igual forma. Pode‑se dar um
Finalidades do controle e avaliação
erro de viés, em que uma característica do colaborador, por
ser avaliada demasiadamente alta, influencie a apreciação
De acordo com Oliveira (1995), as finalidades do controle
global. O julgamento não meditado por parte do avaliador,
e avaliação são:
provocado por pressa, aversão à discriminação, ou outros
• identificar problemas, falhas e erros que se transfor-
motivos, penaliza os colaboradores injustamente avaliados.
mam em desvios do que foi planejado, corrigindo‑os
Também pode ocorrer o erro de prestígio, em que o avalia-
e evitando sua reincidência; dor tende a dar importância a determinadas características,
• fazer com que os resultados obtidos por meio das fugindo ao peso dos parâmetros estabelecidos.
operações estejam bem próximos dos resultados No que diz respeito aos avaliadores, pode também
esperados e possibilitem a consecução dos objetivos ocorrer ambiguidade na avaliação provocada por falta de
e o alcance dos desafios; informação ou informação errônea sobre os colaboradores.
• verificar se as políticas e estratégias estão apresen- Nem sempre o avaliador está presente para observar o com-
tando os resultados esperados; portamento dos colaboradores, fato que pode provocar uma
• oferecer informações periódicas, para a rápida inter- desigualdade injusta de avaliações. O método para medir o
venção no desempenho do processo; desempenho pode não ser adequado, os parâmetros especi-
• corrigir ou reforçar o desempenho apresentado; ficados podem não estar de acordo com o que se espera do
• informar sobre a necessidade de se alterar as fun- trabalhador, e a falta de feedback deixa o colaborador sem
ções administrativas de planejamento, organização noção do que se espera dele.
e direção; A política da organização também condiciona o efeito
• informar se estão utilizando os recursos humanos da da avaliação, em muitas organizações a avaliação de de-
melhor maneira possível; sempenho é apenas um mero ritual, sendo considerada
• informar se estão desenvolvendo programas, projetos uma perda de tempo. Noutras, a avaliação de desempenho
e planos de ação de acordo com o estabelecido e serve para definir a remuneração, e em alguns casos apenas
apresentando resultados desejados; e para atribuir um pequeno prêmio aos colaboradores melhor
• garantir a manutenção ou aumento de eficiência e efi- avaliados.
Administração Pública

cácia na consecução dos objetivos, metas e desafios. De fato, o que se passa entre os colaboradores é que a
desigualdade e as injustiças da avaliação de desempenho
A fim de evitar o aumento de custos ou mesmo perda de tiram a credibilidade de todo o processo e geram desmoti-
tempo, o sistema de controle e avaliação deve estar focali- vação. Este efeito assume dimensões consideráveis quando
zado em pontos críticos, além disso, deve estar bem claro a avaliação de desempenho está associada à política de pro-
para que seu entendimento e aceitação sejam facilitados. gressão de carreira. É comum a uniformidade de avaliações
Existem três conceitos básicos inerentes à ideia de con- individuais ao longo do tempo, o que condiciona a progressão
trole e avaliação: global dos colaboradores. Enquanto uns colaboradores vão
• a eficiência, que se refere à otimização dos recursos sendo promovidos gradualmente, outros que têm as mesmas
utilizados para a obtenção dos resultados; competências nunca são promovidos, criando um fosso nas

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equipes de trabalho. Esta desigualdade pode ser responsável Sun Tzu foi um profundo conhecedor das manobras mi-
por comportamentos altamente desmotivados naqueles que litares e escreveu, há mais de 2500 anos, o livro intitulado
obtiveram baixa classificação e por outro lado, desconforto A Arte da Guerra, no qual ensinava estratégias de combate
naqueles que obtiveram melhor avaliação. e táticas de guerra. Atualmente essas táticas ganharam um
Para acrescentar a estes efeitos negativos há ainda a contexto empresarial e são bastante utilizadas.
questão da periodicidade da avaliação de desempenho. Ape- Vários autores definem estratégia como sendo o cami-
sar de esta ser tradicionalmente anual, existe a tendência de nho a se seguir para posicionar, favoravelmente, a institui-
avaliar o desempenho como uma característica inerente ao ção em relação à conjuntura e/ou cenário.
avaliado, e não a considerar apenas o período estabelecido. Analisando apenas o significado da palavra em si, a pa-
Dessa forma gera‑se a uniformidade das avaliações indivi- lavra vem do grego antigo stratègós (de stratos, “exército”,
duais, referida acima, que se prolonga ao longo do tempo. e “ago”, “liderança” ou “comando”), que significava “a arte
É claramente constatável que qualquer das formas de do general” e designava o comandante militar, à época de
avaliação até então apresentadas implicam em processos democracia ateniense.
permeados pela subjetividade de ambos, avaliador e ava- O dicionário Aurélio define Estratégia como “Arte de pla-
liado. nejar operações de guerra.”, ou “Arte de combinar a ação das
Os métodos até agora apresentados, considerados tra- forças militares, políticas, morais, econômicas, implicadas na
dicionais, possuem uma característica comum que é olhar condução de uma guerra ou na preparação da defesa de um
quase que exclusivamente para o cargo e tarefas que o Estado” ou ainda “Arte de dirigir um conjunto de disposições:
funcionário desempenha, desconsiderando as competências estratégia política”.
pessoais. Tendências atuais apontam para a necessidade No ambiente empresarial, cabe a definição do autor
de mudanças nos parâmetros das avaliações, em que o Edson Gil de Mattos Júnior em seu livro “A Nova Gerência”:
mais importante a ser considerado é entendermos que a “Estratégia é a arte de alcançar resultados”.
apreciação de um fato sempre sofre influência dos valores
e crença de quem o julga. Estratégia sob a visão de Michael Porter
Para Souza (2002), a base da avaliação como vinha sendo
praticada, está em conceitos mecanicistas em que o dogma Michael Porter é consultor e professor da Harvard
central é a insistente busca do padrão e da objetividade, per- Business School. Ele, que é considerado uma autoridade
cebidos pelos dirigentes como indispensáveis para exercer o mundial em estratégia competitiva, definiu os fundamentos
controle sobre os resultados empresariais. da competição e da estratégia competitiva e é conhecido por
Entretanto, o panorama atual caracteriza‑se pelas con- estabelecer a ponte entre a teoria econômica da gestão e
tínuas mudanças de padrões de comportamento pessoal, a sua prática, conseguindo transmitir a verdadeira essência
profissional, cultural e organizacional. Para manter sua da competição.
competitividade, as  organizações necessitam reformular Com vários livros publicados na área, Michael Porter
seus modelos e práticas de gerenciamento de desempenho. acompanhou a evolução da estratégia. Seu último livro foi
Essa nova abordagem implica em mudar a ênfase da avalia- publicado em 2001 e se chama “Strategy and the Internet” –
ção passiva para centrar‑se na análise ou avaliação ativa do “A Estratégia e a Internet”.
desempenho. Porter iniciou a sua análise ao nível de uma indústria
Para Vroom (1997), o primeiro passo nessa nova aborda- singular, dissecando as fórmulas de negócio para diversifi-
gem consiste na reformulação do papel dos funcionários no cadas empresas.
sistema de avaliação. Eles devem fazer uma autoavaliação, A estrutura, a  evolução e os meios pelos quais as
identificando não apenas seus pontos fracos, mas seus pon- empresas ganham e mantêm a sua vantagem competitiva
tos fortes e seus potenciais. Deixam de ser objetos passivos e são pontos fundamentais da competição, sendo que a
passam a ser agentes ativos da avaliação de seu desempenho. diversificação deve interligar a competição nos negócios
Os talentos humanos nunca foram tão assediados e va- individuais.
lorizados quanto nesta década. As empresas voltam‑se cada
vez mais para a identificação da prata da casa. Afinal o que A Função do Planejamento Estratégico
é mais vantajoso? Investir naqueles que já estão engajados
na cultura e nos empreendimentos em andamento, que O planejamento estratégico constitui uma das mais im-
têm potencial para ir mais além ou contratar mais pessoas portantes funções administrativas, pois nele o gestor e sua
para ocupar as funções novas e cargos vagos? É evidente equipe estabelecem os caminhos para a organização da em-
que em algumas ocasiões, injetar sangue novo pode ser tão presa, a condução da liderança e o controle das atividades.
saudável quanto estratégico para a efetivação de mudan- Mas o que é planejamento estratégico?
ças. Porém, torna‑se cada vez mais comum reconhecer os É um processo gerencial que permite a uma organização
méritos dos colaboradores que se destacam no dia a dia de estabelecer um direcionamento a ser seguido e também
trabalho e dar‑lhes a oportunidades para ampliar seu campo permite instrumentalizar a resposta que a organização
de desafios. O retorno reflete‑se na motivação das pessoas precisa apresentar ao seu ambiente diante de um contexto
e no aumento do nível de competitividade da empresa que de mudanças.
Administração Pública

valoriza o potencial de suas equipes. O objetivo do planejamento é fornecer aos gestores e


suas equipes uma ferramenta de informações para a toma-
ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA da de decisão, ajudando‑os a atuar de forma a antecipar as
mudanças que ocorrem no mercado.
Michael Porter diz que uma empresa sem planejamento
Planejamento Estratégico: Visão, Missão e pode se transformar em uma folha seca, que se move ao
Análise Swot. Análise Competitiva e Estratégias capricho dos ventos da concorrência. De fato, o administra-
Genéricas. Redes e Alianças dor que não exerce a sua função de planejador acaba por
se concentrar no planejamento operacional, agindo como
A palavra estratégia é muito utilizada no ambiente em- um bombeiro que vive apagando incêndios, sem enxergar
presarial, mas o que ela significa? a causa do fogo.

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Mas como evitar a armadilha do imediatismo na admi- Definidas as áreas de negócio e as respectivas unidades
nistração? Como garantir um tempo, no corre‑corre do dia de negócio, pode‑se definir o negócio respondendo a 4
a dia, para planejamento dentro da empresa? Como definir perguntas:
um planejamento realista diante das mudanças que ocorrem a) A que necessidades, desejos e expectativas a organi-
numa velocidade tão grande? zação irá atender? Ou que problema humano se propõe a
As respostas para essas perguntas não são simples e resolver?
pode‑se afirmar que o crescimento das organizações está b) Atender às necessidades de quem? Qual a sua de-
cheio de acidentes e eventos imprevisíveis. É inegável que manda?
as empresas que crescem e conseguem competir no mer- c) Com que áreas de negócio?
cado possuem algo mais do que sorte e o que determina d) Por quais canais e em que regiões?
seu sucesso é a capacidade de se adaptar às mudanças do 3. Definir a missão institucional: é a razão de existência
ambiente, antecipando‑se aos seus concorrentes. da organização. Em outras palavras, a  organização existe
Saber utilizar os instrumentos do planejamento de forma para fazer o quê? É o objetivo maior da organização, que
coerente, adaptando‑os à realidade da empresa e às suas é conseguido por meio do entendimento e da prática dos
necessidades, pode ser uma excelente arma competitiva, princípios da organização. A missão da empresa Petrobras,
mas é importante que os gestores conheçam os elementos por exemplo, é: Atuar de forma segura e rentável, com res-
do planejamento, suas funções, as  mudanças que estão ponsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria
ocorrendo no contexto competitivo e as que influenciam de óleo, gás e energia, nos mercado nacional e internacional,
na prática do planejamento, lançando alguns desafios para fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades
a gestão nas empresas. dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do
Segundo Hax e Majluf (1984), o sistema de planejamento Brasil e dos países onde atua.
estratégico representa uma postura, cuja essência é organi- 4. Definir os princípios: é traçar quais são os valores,
zar, de maneira disciplinada, as maiores tarefas da empresa as crenças e as condutas esperadas de todos, na busca in-
e encaminhá‑las, visando a manter a eficiência operacional cessante de concretizar a missão institucional. Porém, não
nos seus negócios e a guiar a organização para um futuro basta identificar e escrever esses princípios. É  necessário
melhor e inovador. estabelecer que comportamentos observáveis e mensurados
Em um planejamento estratégico é fundamental esta- serão alvo de cada princípio.
belecer, antecipadamente, as diretrizes a serem seguidas, 5. Analisar os ambientes interno e externo: só conhe-
pois, assim, o alcance daquilo que foi almejado torna‑se uma cendo a atual e real conjuntura é que se tem condições de
tarefa mais fácil de ser alcançada. estabelecer uma visão clara, objetiva e factível do que se
Além do compromisso de conquista e retenção de quer. Essa análise é conhecida como Análise Swot.
clientes satisfeitos, as organizações bem‑sucedidas devem Na análise do ambiente interno devem‑se identificar os
estar sempre prontas a se adaptar a mercados em mudança pontos fortes e fracos de toda a estrutura física/material,
contínua. O planejamento estratégico orientado ao mercado humana e financeira e do mix de marketing (produto – pre-
ço – praça – promotion).
cumpre exatamente essa função, pois busca manter uma
Na análise do ambiente externo devem‑se identificar
flexibilidade viável de seus objetivos, habilidades e recursos
as oportunidades e ameaças das variáveis não controláveis
enquanto mantém um compromisso com o lucro, o cresci-
(concorrentes, percepção de consumo e de trocas, fatores
mento e sua missão organizacional.
ambientais).
O estabelecimento de um planejamento estratégico
Realizada essa análise, a  organização passa a ter seu
orientado ao mercado envolve uma metodologia com sete
verdadeiro diagnóstico.
atividades: 6. Definir a visão: é a projeção do queremos ser, com ba-
1. projetar uma visão de futuro; ses reais no diagnóstico realizado na análise dos ambientes.
2. definir o negócio; 7. Definir a missão operacional: é fazer a projeção
3. definir a missão institucional; numérica, quantificável e mensurável do que a organização
4. definir os princípios; pretende realizar. Essa missão projetada deve ser desmem-
5. analisar os ambientes interno e externo; brada em objetivos e metas, que, para serem conseguidos,
6. definir a visão; terão de passar pela identificação das estratégias e táticas a
7. definir a missão operacional. serem adotadas em cada objetivo a ser realizado.
Elaborado o planejamento estratégico, ele deve ser
1. Projetar uma visão de futuro: significa identificar uma divulgado e implementado, controlando e avaliando perma-
resposta para a pergunta: que necessidades humanas, expec- nentemente a organização.
tativas ou desejos a organização está apta ou tem vontade Muitas organizações não conseguem colocar em prática
de satisfazer ou resolver em sua área de atividade e até, seu planejamento estratégico porque não possuem, em seu
quem sabe, da sociedade brasileira? A visão da Petrobras, processo decisório, pessoas com cultura de pensamento es-
por exemplo, é: A Petrobras será uma empresa integrada de tratégico, preparadas, instruídas e principalmente educadas
energia com forte presença internacional e líder na América para perceber ocorrências e projetar tendências. É apenas
Latina, atuando com foco na rentabilidade e na responsabi-
Administração Pública

com essas pessoas que a organização conseguirá concretizar


lidade social e ambiental até o ano de 2015. a sua missão institucional e a sua missão operacional.
2. Definir o negócio: é determinar o que a organização é
e o que faz para mobilizar‑se na construção do futuro. Para Estratégia sob a visão de Henry Mintzberb
fazer isso é necessário identificar em que “áreas de negócio”
deseja atuar e quais “unidades de negócio” irão compor cada Henry Mintzberg é professor da McGill University, no
área. Uma área de negócio é entendida pela demanda que Canadá. Com Ph.D na área Gerencial. É autor de diversos
atende e pela infraestrutura, tecnologia ou competência livros na área de Estratégia e Planejamento Estratégico.
que utiliza, no caso de serviços. Já uma unidade de negócio Para Mintzberg, estratégias são planos da alta adminis-
caracteriza‑se por um produto ofertado e identificação do tração para atingir resultados. Mintzberg sugere ainda mais
público‑alvo e dos concorrentes desse produto. cinco definições para Estratégia:

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• Plano: direção, caminho que se pretende atingir. liderança em custos; diferenciação; foco em custo e foco na
• Padrão: olhar o comportamento realizado. diferenciação.
• Posição: local dos produtos nos mercados (para baixo A cadeia de valor genérico também de Porter avalia as
e para fora). atividades das empresas, como:
• Perspectiva: visão da empresa, para dentro e para • atividades primárias: fluxo de produtos até o cliente; e
cima. • atividades de suporte: existem para apoiar as ativida-
• Player: É um truque específico para enganar um con- des primárias.
corrente.
Escola Empreendedora – Shumpeter (1950) e Cole
Henry Mintzberg definiu a estratégia através de dez esco- (1959)
las de formação estratégica e cinco definições, já citadas aci-
ma. Nestas dez escolas, as três primeiras concentram-se em Um processo visionário. Foca no processo de visão exe-
“como devem” ser formuladas as estratégias, enquanto que cutiva, opondo-se à escola do planejamento por se basear
as demais escolas preocupam-se “como foram” formuladas. na intuição. O processo se baseia na visão do líder criativo,
em perspectivas e senso de longo prazo, embora exista uma
Escola do Desenho – Selznick (1957) crítica: o conselho para formar uma visão não é concreto o
suficiente para ser útil.
Um processo conceptivo. A estratégia é algo que alcança Para Joseph Shumpeter, empreendedor não é quem
a essência entre forças e fraquezas internas versus ameaças e coloca dinheiro na empresa ou inventa o produto, é aquele
oportunidades externas. As estratégias são claras, simples e que tem a ideia do negócio, estabelece novas combinações
únicas, no processo de pensamento consciente, sendo uma e faz coisas novas ou de maneira diferente.
estratégia muito usada nos anos 70 e até hoje usada como
método de ensino e prática. Escola Cognitiva – Simon (1947/1957) March e
Esta escola contribui com um modelo muito usado: Simon (1958)
“Análise SWOT”  – avaliação dos pontos forte (Strenghts),
dos pontos fracos (Weaknesses), da organização, contra- Um processo mental. É o mapeamento da estrutura do
posto com as oportunidades (Opportunities) e das ameaças
conhecimento utilizada para construir estratégias de forma
(Threats) em seu ambiente.
criativa em vez de ser um simples mapa da realidade. A ideia
é que os estrategistas utilizem o conhecimento para pensar
Escola do Planejamento – Ansoff (1965) estratégias através de experiências. Esta escola cognitiva é
moldada pela experiência e é dividida em duas:
Um processo formal. Paralelo à escola do desenho, deriva
• objetiva: estruturação do conhecimento  – recria o
do livro de H. Igor Ansoff (1965), que reflete alguns pressu-
mundo; e
postos da escola do desenho (exceto por ser um processo
• subjetiva: interpretação do mundo – cria o mundo.
formal) podendo ser decomposto em partes distintas, deli-
neadas por check-lists e sustentadas por técnicas (objetivos,
Compreender a mente humana e o cérebro humano, para
orçamentos, programas e planos operacionais). Um modelo
podermos compreender a formação da estratégia.
utilizado foi sugerido pelo Stanford Research Institute, onde
o plano estratégico divide-se em duas partes:
• plano corporativo – desinvestimentos, diversificação, Escola do Aprendizado – Vários (1959/1980)
aquisições e fusões, P&D (Pesquisa e Desenvolvimen- Prahalad e Hamel (1990)
to); e
• plano das operações – produtos, marketing e finan- Um processo emergente. A  formação estratégica de-
ceiro. senvolvida pelo aprendizado é que define a estratégia a ser
estabelecida e produzida. As organizações aprendem mais
Escola do Posicionamento – Purdue (1970) e Porter com o fracasso do que com o sucesso.
(1980/1985) Mintzeberg estabeleceu um modelo básico de estratégia
para transformá-las em organizacionais ao se tornarem cole-
Um processo analítico. Dominante para estratégia dos tivas. Gerenciar este processo não é estabelecer estratégia,
anos 80 e difundida nos meios acadêmicos e nas grandes mas reconhecer sua urgência e intervir quando necessário.
consultorias (BCG – Boston Consulting Group). O conceito O aprendizado como criação de conhecimento é a con-
de estratégia militar de Sun Tzu, em 400 a.C., resume-se traposição do conhecimento tácito com o conhecimento
a posições genéricas relacionadas através de análises de explícito, que pode ser avaliado através da socialização e da
conjunturas – o planejador torna-se analista. A consultoria exteriorização do conhecimento.
BCG contribuiu com duas técnicas muito utilizadas pelos
estrategistas: Escola do Poder – Vários (1971/1984)
• matriz de crescimento-participação (“planejamento
Um processo negocial. A estratégia só é obtida através
Administração Pública

de portifólio”); e
• curva de experiência. do poder, às vezes poder político interno ou externo (par-
cerias, alianças, join-ventures, fusões, aquisições ou outras
O modelo de análise competitiva (Porter) identifica relações onde se conseguem negociações coletivas para seu
cinco forças no ambiente de uma organização: ameaça próprio interesse).
de novos entrantes; poder de barganha dos fornecedores
da empresa; poder de barganha dos clientes da empresa; Escola Cultural – Final dos anos 60 na Suécia
ameaça de produtos substitutos e intensidade da rivalidade
entre empresas concorrentes. Um processo social. Na escola cultural, o interesse é co-
O modelo de Porter analisa o escopo competitivo x mum e o sistema é integrador, e é onde encontramos barreiras,
vantagem competitiva onde estabelece quatro posições: pois o interesse cultural quase sempre impede mudanças.

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Escola Ambiental – teóricos das contingências decorrem das decisões estratégicas que foram efetivamente
(1977) implementadas ao longo de sua vida.
Não podemos afirmar que uma estratégia é mais eficaz
Um processo reativo. Fala sobre as exigências do am- que a outra e sim, quando o assunto é empresa e objetivos,
biente, analisa as respostas esperadas pelas empresas frente utilizar a mais adequada para o tipo organizacional e analisar,
às condições ambientais, ou seja, “Quanto mais estável o também, o ambiente situacional.
ambiente externo mais formalizada a estrutura interna”.
Processos Associados: Formação de Estratégia,
Escola da Configuração – Chandler (1972) – grupo Análise, Formulação, Formalização, Decisão e
de McGill Implementação
Um processo transformador. A organização é a configura- A formação de estratégia pode ser um processo de
ção de agrupamentos de características e comportamentos. planejamento, análise e aprendizado. Pode ser ainda um
Integra as reivindicações das outras escolas e prevê saltos processo de negociação e concessões entre indivíduos,
de um estado para outro, sendo a preferida dos consultores. grupos e coalizões. Porém, não é possível formular, menos
• Configuração = estado da organização e todo seu con- ainda implementar, estratégias ótimas, onde as metas con-
texto; correntes das pessoas e/ou grupos de pessoas distorce a
• Transformação = processo de geração de estratégica. estratégia pretendida durante o caminho através de vários
tipos de “jogos políticos”.
Dessa forma, o equilíbrio numa empresa é o momento de De uma forma ampla podem ser considerados três pro-
criar uma estratégia para saltar para um estado superior. Em cessos básicos de formação de estratégia:
suma, entender qual o cenário e o tipo de empreendimento a) formação da estratégia como um processo racional
é um trabalho necessário para o sucesso das estratégias a e formal;
serem entendidas por todos. b) formação da estratégia como um processo nego-
A identificação pode levar o planejamento a seguir vários ciado; e
caminhos sem se perder. Conhecer o processo e o fundamen- c) formação da estratégia como um processo em evolu-
to teórico aplicado facilitará a sua prática. A organização atual ção permanente.
da empresa é o reflexo de sua estratégia, e todos os seus A figura abaixo ilustra o modelo da formação da estraté-
recursos (financeiros, equipamentos, pessoal, estrutura etc.) gia como um processo racional e formal.

A formação da estratégia é realizada através de um como uma unidade técnico-econômica, por isso, a formação
processo com uma série de etapas sequenciais, racionais e da estratégia é um processo de negociação entre grupos
analíticas, que envolvem um conjunto de critérios objetivos sociais internos à empresa, o que constitui uma exceção à
baseados na racionalidade econômica para auxiliar os ges- racionalidade econômica ou com atores do meio envolvente.
tores na análise das alternativas estratégicas e na tomada e O plano será assim um instrumento auxiliar, mas secundário.
decisão. Desta forma, existe um plano estruturado onde o O processo de negociação e a sua aceitação pela estrutura
processo se formaliza, conduzindo à explicitação das estra- organizacional são os aspectos mais importantes a serem
tégias aos vários níveis da empresa. considerados na formação da estratégia.
Para a formação da estratégia como um processo nego- A figura abaixo ilustra o modelo de formação da estraté-
ciado, a empresa é vista mais como um corpo social do que gia como um processo negociado:
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Essencialmente, as  diferenças entre a concepção da O processo vai se formando pela aprendizagem sobre o
estratégia como um processo racional e a concepção como meio ambiente, pelas capacidades internas da organização
um processo negociado são: e pela forma como se estabelece a relação entre esses dois
• no primeiro caso, é dada especial relevância à análise eixos. A estratégia tenderá a ser desenvolvida como decor-
objetiva do meio envolvente e dos recursos e capaci- rência das ações que vão se desencadeando, cujas impli-
dades internas, cujo confronto resultarão as estratégias cações para o futuro são impossíveis de serem conhecidas
possíveis. Os valores são fatores que seguidamente são antecipadamente.
levados em consideração nas escolhas das alternativas Isso significa, portanto, que esse processo pode conter
propostas. tanto o esforço de racionalização e de planejamento formal,
• no segundo caso, ao contrário, os sistemas de valores quanto um processo de negociação com atores internos e
internos e externos são os fatores determinantes na externos que o torne efetivo, e ainda ser suficientemente
definição das estratégias e as condições do meio en- flexível para não desprezar o processo de aprendizagem ge-
volvente. rado pelos agentes, a partir da interpretação que os mesmos
fazem de situações que emergem do ambiente interno e
A terceira linha básica de formação da estratégia é o externo à organização.
processo de evolução permanente, também chamado de es- Percebe-se que, enquanto os dois primeiros modelos
tratégia tateante, que aborda a não existência de um modelo caracterizam-se por comportarem etapas sequenciais,
a ser apresentado, pois o seu nome já explica a sua ideia, o  terceiro traz como aspecto-chave a simultaneidade da
que é de a estratégia se desenvolver aos poucos, ao longo ocorrência das etapas.
do tempo e através da experiência. Este tipo de formação Além do mais, o primeiro modelo está centrado no meio
da estratégia guarda pontos semelhantes com as estratégias ambiente e nas limitações organizacionais, o segundo, nos
emergentes propostas por, uma vez que se baseia em um valores internos e externos da organização, e  o terceiro
padrão evolutivo de ações flexíveis e sujeito a alterações ao modelo centra-se na capacidade de aprender dos agentes.
longo do tempo. O grande desafio do processo de elaboração de estra-
Nesta linha de estratégia, a estratégia tateante é cons- tégias é perceber as alterações, descontinuidades sutis
truída ao longo do caminho, sob a influência de vários atores que podem determinar um negócio no futuro. Para tanto,
estratégicos e caracterizada por idas e vindas, ou interações é necessário estar atento.
entre ação e visão estratégica. Em organizações complexas, é possível fazer surgir estra-
A estratégia tateante admite a possibilidade de idas e tégias emergentes a partir de alguns pressupostos advindos,
vindas entre o projeto e a ação, permitindo que estes se- entre outros, das interações entre os agentes participantes
jam construídos e mudados ao longo do tempo e que não do processo.
se prendam a elementos predeterminados. Ou seja, ainda Mintzberg foi quem deu início a uma nova linguagem para
que seja elaborado um plano de ação, nos moldes do plane- expressar o fenômeno da estratégia. Seus estudos destacaram
jamento estratégico, as decisões deliberadas são passíveis que estratégia emergente não é opositora da estratégia deli-
de questionamento, reelaboração, reconstrução ou mesmo berada, mas são tipos extremos de um continum, com casos
mudança total, incorporando novas experiências. intermediários. A partir daí identificou três aspectos básicos:
O importante nas três linhas de formação de estratégia 1. a formação da estratégia ocorre a partir da interação
é que, as empresas, ao enfrentar as cinco forças competiti- entre ambiente, liderança e burocracia;
vas, podem adotar três abordagens estratégicas genéricas, 2. a mudança estratégica obedece a padrões específicos;
potencialmente bem-sucedidas, para superar as outras 3. há composição entre estratégias emergentes e estra-
empresas. tégias deliberadas no conjunto observado de estratégias
Um dos requisitos para a formação ou formulação de uma realizadas.
estratégia é a avaliação do ambiente que cerca a empresa. Uma estratégia deliberada pode ser identificada tanto
Este processo muitas vezes parte do ângulo das perspectivas em termos prévios, quando ainda é uma estratégia preten-
de evolução do ambiente externo, que inclui o desenvolvi- dida, ou em termos posteriores, quando se transformou em
mento tecnológico, mudanças nos padrões de consumo, estratégia realizada.
mudanças culturais e sociais e a ação de agentes como o Para um padrão emergente ser qualificado como uma
governo e os concorrentes. Deste modo, a empresa realiza estratégia válida, ele precisa, necessariamente, ser reconhe-
alterações importantes nos processos internos, nas relações cido como tendo produzido resultados positivos para a orga-
entre a empresa e o ambiente externo e, principalmente, nização, e isto só acontece depois do evento haver ocorrido.
na cultura organizacional. A  análise do ambiente externo
visa identificar as oportunidades e ameaças no contexto da Processo Decisório
situação atual da empresa e de sua visão de futuro.
Existe uma diferença entre o ambiente real (objetivo) e As decisões possuem dois objetivos. De modo genérico,
aquele construído através da percepção das pessoas (subje- elas compreendem a ação de um momento e a decisão de um
tivo). O real consiste nas entidades, objetos e condições que futuro. Sendo assim, as decisões são tomadas em resposta
existem fora da empresa. Concentrando-se nos ambientes geral a algum problema a ser resolvido, alguma necessidade a ser
Administração Pública

(potencialmente relevante) e específico de cada organização, satisfeita ou algum objetivo a ser alcançado.
as pessoas podem ficar do lado de fora desse e, pelo uso de O processo da tomada de decisão em empresas envolve
indicadores objetivos, desenvolver uma descrição do ambiente. passos ou fases para se chegar à efetiva tomada de decisão
Sob o ponto de vista determinista, o meio envolvente de acordo com os objetivos da organização, sejam eles im-
é visto como fator determinante das estratégias organi- plícitos ou explícitos.
zacionais, isto é, perante as características e os sinais do Os principais mecanismos (instrumentos) que orientam
meio envolvente, as organizações deverão ajustar os seus o processo decisório e a tomada de decisão, seguindo um
comportamentos de modo a garantir o seu sucesso e a sua modelo genérico, são compostos de quatro etapas:
sobrevivência. As estratégias são formadas a partir das ca- 1 – decisão de decidir: assumir um comportamento que
racterísticas internas das empresas. leve a uma decisão qualquer é uma decisão;

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2 – uma vez decidido iniciar o processo decisório, a etapa procedimental, que têm por objetivo permitir a verificação da
seguinte é a definição do que se vai decidir. Há ocasiões em conformidade das tarefas e atividades realizadas em relação
que se trabalha na solução de problemas que não se definem, a padrões e parâmetros predefinidos.
mas, estatisticamente, o seu número é menos significativo;
3 – formulação de alternativas. As  diversas soluções Indicadores de Desempenho – Formulação e
possíveis para resolver o problema ou crise ou as alternativas Sistematização
que vão permitir aproveitar as oportunidades;
4 – escolha de alternativas que se julgam mais adequa- A formulação e sistematização de indicadores é uma
das. É a tomada de decisão. atividade inerente não apenas às atividades de controle e
avaliação de desempenho das organizações, mas também à
Implementação de Ações Planejadas função de planejamento, da qual depende as duas anteriores.
São justamente os indicadores que dão sentido e pos-
Não existe, necessariamente, uma distinção entre con- sibilitam os processos posteriores de controle e avaliação.
ceber e implementar uma estratégia. Ao mesmo tempo, são eles que estabelecem a ligação entre
As duas dimensões se autocompletam. Os responsáveis esses processos e a função de planejamento.
pela formulação das estratégias devem ser os mesmos que Aqui, pretende-se frisar mais especificamente a própria
irão implementá-las. Essa articulação (conceber e implemen- natureza desses indicadores e os fundamentos gerais que
tar) acaba, por fim, facilitando o processo de aprendizado os orientam.
organizacional. Como já se disse, a formulação e sistematização de indi-
cadores tem por objetivo a aferição futura do desempenho
Metas Estratégicas e Resultados Pretendidos organizacional, sob duas perspectivas:
• quanto à produção efetiva dos resultados que a orga-
Decisões e ações estratégicas visam sempre à produção nização se propõe a atingir;
de resultados, não importa quais sejam eles em cada caso • quanto à observância de padrões, de parâmetros
específico.
estabelecidos pela organização para a realização de
Trata-se sempre, em qualquer processo de ação estra-
seus programas, projetos, processos e atividades.
tégica, de se buscar a produção de um efeito sobre a reali-
dade (interna ou externa), transformando-a, melhorando-a,
Vale dizer: os indicadores podem se referir a fins ou a meios.
tornando-a mais satisfatória e adequada às necessidades da
organização. Os fins almejados pela organização correspondem aos
É a capacidade organizacional de produzir os resultados resultados que ela pretende obter, às transformações que
predefinidos que corresponde, aliás, o conceito de eficácia. ela visa a produzir na realidade, ou seja, aos seus objetivos.
Tais resultados, por sua vez, são estabelecidos por meio da Os indicadores de tais objetivos são as metas, que têm um
definição dos objetivos, coincidindo com eles. caráter preferencialmente quantitativo, mensurável, e são
Não basta, entretanto, definir descritivamente os obje- definidas com o propósito específico de indicar, de “traduzir”
tivos (resultados) estratégicos que a organização se propõe objetivamente para gerentes, supervisores e funcionários
a atingir. É  preciso dar-lhes indicadores claros e objetivos os resultados que devem ser perseguidos pela organização
que lhe permitam aferir, da maneira mais precisa possível, e por cada um de seus membros.
sua eficácia em atingi-los. Apenas dessa forma será possível É preciso aqui chamar a atenção para um cuidado funda-
avaliar o desempenho organizacional. mental que deve ser observado em relação às metas:
É exatamente este o papel das metas estratégicas: indicar Sua idoneidade em relação ao objetivo, ou seja, sua capa-
de maneira clara e precisa os resultados que se pretende cidade de efetivamente refletir a realização de um objetivo,
produzir. Pode-se, portanto, defini-las como os indicadores de modo que, alcançando-a, seja possível considerar que o
(preferencialmente quantitativos, numéricos) dos resultados objetivo foi cumprido.
(objetivos) perseguidos pela ação estratégica da organização. No caso de não haver essa idoneidade, corre-se o risco
O caráter preferencialmente quantitativo desses indi- (muito comum, aliás) de “bater a meta” e no entanto per-
cadores é devido à necessidade de objetividade e precisão, manecer a léguas do objetivo visado. É necessário, portanto,
além da decorrente possibilidade de mensuração do nível que haja não apenas a avaliação de desempenho (ex post),
de eficácia da organização. mas também um processo de avaliação ex ante, que se dirija
Tais metas não devem ser fixadas apenas em um nível orga- ao próprio planejamento organizacional, especialmente no
nizacional mais amplo, mas também no âmbito de cada instân- que diz respeito à definição de objetivos e metas.
cia envolvida na ação estratégica. Assim é que se torna possível Já em relação aos meios, a formulação e sistematização
a avaliação do desempenho mais abrangente e completa. de indicadores consiste, na definição de padrões, de parâ-
O acompanhamento e a análise crítica do desempenho metros e procedimentos que devem ser observados nas di-
é algo imprescindível, pois mediante a aferição do resultado ferentes atividades e ações por meio das quais a organização
alcançado (cujo indicador é a meta estabelecida), dão origem perseguirá seus objetivos, isto é, na realização de programas,
ações ou projetos para correção dos desvios, tendo sempre projetos e processos de trabalho.
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como foco as metas estratégicas ou seu desdobramento. Tal parametrização pode ser observada tipicamente nos
Outro ponto importante é a análise dos rumos definidos, processos de gestão de qualidade (especialmente no setor
por meio da revisão das estratégias em função das constantes de produção de bens), dos quais a definição de padrões
mudanças nos cenários externos e internos. procedimentais é uma das principais características.
Todas as decisões tomadas após a análise crítica devem
ser comunicadas a todos os níveis da organização.
A análise crítica deve ser realizada tanto em relação a indi- Análise Swot
cadores de resultados (metas estratégicas) quanto em relação
a indicadores tendência (o desdobramento das estratégias). A Análise Swot é uma ferramenta criada nas décadas
Além dos indicadores de resultados e de tendências, de 1960 e 1970 por Albert Humphrey, na Universidade de
devem ser mencionados ainda os indicadores de natureza Stanford, utilizada para criar análises de cenário e também

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como base para a gestão e o planejamento estratégico de trabalha com decomposições dos objetivos, estratégias e
uma organização. Por ser uma ferramenta muito simples, políticas estabelecidos no planejamento estratégico.
pode ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário, O planejamento tático é desenvolvido em níveis organi-
desde uma gestão de uma multinacional até a confecção de zacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível gerencial
uma loja virtual. ou departamental, tendo como principal finalidade a utili-
Auxilia no posicionamento e na verificação da posição zação eficiente dos recursos disponíveis para a consecução
estratégica da empresa no ambiente analisado. de objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia
O termo SWOT é um acrônimo, proveniente do idioma predeterminada, bem como as políticas orientadoras para
inglês, de Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), o processo decisório organizacional.
Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). Enquanto o planejamento estratégico envolve toda a or-
ganização, o planejamento tático envolve uma determinada
unidade organizacional: um departamento ou divisão. En-
quanto o primeiro se estende ao longo prazo, o planejamento
tático se estende pelo médio prazo, geralmente o exercício
de um ano. Enquanto o primeiro é desenvolvido pelo nível
institucional, o planejamento tático é desenvolvido pelo nível
intermediário. Na verdade, o  planejamento estratégico é
desdobrado em vários planejamentos táticos, enquanto estes
se desdobram em planos operacionais para sua realização.
Assim, o planejamento tático é o planejamento focado
no médio prazo e que enfatiza as atividades correntes das
várias unidades ou departamentos da organização. O médio
prazo é definido como o período que se estende por um ano.
O administrador utiliza o planejamento tático para delinear
o que as várias partes da organização, como departamentos
Essa análise de cenário se divide em ambiente interno ou divisões, devem fazer para que a organização alcance
(forças e fraquezas) e ambiente externo (oportunidades e sucesso no decorrer do período de um ano de seu exercício.
ameaças). Os planos táticos geralmente são desenvolvidos para as áreas
As forças e fraquezas são determinadas pela posição de produção, marketing, pessoal, finanças e contabilidade.
atual da empresa e se relacionam, quase sempre, a fatores Para ajustar‑se ao planejamento tático, o exercício contábil
internos. Já as oportunidades e ameaças são antecipações da organização e os planos de produção, de vendas, de
do futuro e estão relacionadas a fatores externos. investimentos etc., abrangem geralmente o período anual.
O ambiente interno pode ser controlado pelos dirigentes
da empresa, uma vez que ele é resultado das estratégias de Características principais:
atuação definidas pelos próprios membros da organização. • processo permanente e contínuo;
Durante a análise, quando for percebido um ponto forte, • aproxima o estratégico do operacional;
ele deve ser ressaltado ao máximo; e quando for percebido • aproxima os aspectos incertos da realidade;
um ponto fraco, a organização deve agir para controlá‑lo ou, • é executado pelos níveis intermediários da organização;
pelo menos, minimizar seu efeito. • pode ser considerado uma forma de alocação de
Já o ambiente externo está totalmente fora do controle recursos;
da organização. Mas, apesar de não poder controlá‑lo, • tem alcance mais limitado do que o planejamento
a empresa deve conhecê‑lo e monitorá‑lo com frequência, estratégico, ou seja, é de médio prazo;
de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as ameaças. • produz planos mais bem direcionados às atividades
Evitar ameaças nem sempre é possível, no entanto, pode‑se organizacionais.
fazer um planejamento para enfrentá‑las, minimizando seus
efeitos. A Matriz Swot deve ser utilizada entre o diagnóstico Os planos táticos geralmente envolvem:
e a formulação estratégica propriamente dita. • Planos de produção, envolvendo métodos e tecno-
logias necessárias para as pessoas em seu trabalho
arranjo físico do trabalho e equipamentos como
suportes para as atividades e tarefas.
• Planos financeiros, envolvendo captação e aplicação
do dinheiro necessário para suportar as várias ope-
rações da organização.
• Planos de marketing, envolvendo os requisitos de ven-
der e distribuir bens e serviços no mercado e atender
ao cliente.
• Planos de recursos humanos, envolvendo recruta-
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mento, seleção e treinamento das pessoas nas várias


atividades dentro da organização. Recentemente,
as organizações estão também se preocupando com a
aquisição de competências essenciais para o negócio
por meio da gestão do conhecimento corporativo.

Planejamento Tático Contudo, os planos táticos podem também se referir à


tecnologia utilizada pela organização (tecnologia da informa-
O planejamento tático tem por objetivo otimizar de- ção, tecnologia de produção etc.), investimentos, obtenção
terminada área, e não a organização como um todo, isto é, de recursos etc.

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Planejamento Operacional Orçamentos

O planejamento operacional é focalizado para o curto São planos operacionais relacionados com dinheiro
prazo e abrange cada uma das tarefas ou operações indivi- dentro de um determinado período de tempo. Também são
dualmente. Preocupa‑se com “o que fazer” e com o “como denominados budgets. São gráficos de dupla entrada: nas
fazer” as atividades quotidianas da organização. Refere‑se linhas estão os itens orçamentários e nas colunas os perío-
especificamente às tarefas e operações realizadas no ní- dos de tempo, em dias, semanas, meses ou anos. No nível
vel operacional. Como está inserido na lógica de sistema operacional, os orçamentos têm geralmente a extensão de
fechado, o planejamento operacional está voltado para a um ano, correspondendo ao exercício fiscal da organização.
otimização e maximização de resultados, enquanto o pla- Podem também se referir a um determinado e específico
nejamento tático está voltado para a busca de resultados serviço ou atividade. Quando os valores financeiros e os pe-
satisfatórios. ríodos de tempo se tornam maiores, ocorre o planejamento
O planejamento operacional é constituído de uma infi- financeiro, definido e elaborado no nível intermediário da
nidade de planos operacionais que proliferam nas diversas organização. Suas dimensões e seus efeitos são mais amplos
áreas e funções dentro da organização. Cada plano pode do que os orçamentos, cuja dimensão é meramente local e
consistir em muitos subplanos com diferentes graus de cuja temporalidade é limitada.
detalhamento. No fundo, os planos operacionais cuidam da O fluxo de caixa (cash flow), os  orçamentos departa-
administração da rotina para assegurar que todos executem mentais de despesas, os de encargos sociais referentes aos
as tarefas e operações de acordo com os procedimentos esta- funcionários, os de reparos e manutenção de máquinas e
belecidos pela organização, a fim de que esta possa alcançar equipamentos, os de custos diretos de produção, os de des-
os seus objetivos. Os  planos operacionais estão voltados pesas de promoção e propaganda etc. constituem exemplos
para a eficiência (ênfase nos meios), pois a eficácia (ênfase de orçamentos no nível operacional.
nos fins) é problema dos níveis institucional e intermediário
Programas
da organização.
Apesar de serem heterogêneos e diversificados, os pla-
Programas ou programações constituem planos opera-
nos operacionais podem ser classificados em quatro tipos,
cionais relacionados com o tempo. Consistem em planos que
a saber:
correlacionam duas variáveis: tempo e atividades que devem
• Procedimentos – São os planos operacionais relacio-
ser executadas ou realizadas. Os métodos de programação
nados com métodos.
variam amplamente, indo desde programas simples (em
• Orçamentos – São os planos operacionais relacionados
que pode utilizar apenas um calendário para agendar ou
com dinheiro. programar atividades) até programas complexos (que exigem
• Programas (ou programações) – São os planos opera- técnicas matemáticas avançadas ou processamento de dados
cionais relacionados com tempo. através de computador, para analisar e definir intrincadas
• Regulamentos – São os planos operacionais relacio- interdependências entre variáveis que se comportam de ma-
nados com comportamentos das pessoas. neiras diferentes). A programação, seja simples ou complexa,
constitui uma importante ferramenta de planejamento no
Cada um desses quatro tipos de planos operacionais nível operacional das organizações.
merece uma explicação. Os programas podem ser de vários tipos. Os mais im-
portantes são o cronograma, o gráfico de Gantt e o PERT.
Procedimentos
1. Cronograma. O programa mais simples é denominado
O procedimento é uma sequência de etapas ou passos cronograma (do grego cronos: tempo; grama: gráfico):
que devem ser rigorosamente seguidos para a execução de um gráfico de dupla entrada em que as linhas configu-
um plano. Constitui séries de fases detalhadas indicando ram as atividades ou tarefas a serem executadas, e as
como cumprir uma tarefa ou alcançar uma meta previamente colunas definem os períodos, geralmente dias, semanas
estabelecida. Assim, os  procedimentos são subplanos de ou meses. Os traços horizontais significam a duração
planos maiores. Devido ao seu detalhamento, são geral- das atividades ou tarefas, com início e término bem
mente escritos para perfeita compreensão daqueles que definidos, conforme sua localização nas colunas.
devem utilizá‑los.
Os procedimentos constituem guias para a ação e são mais O cronograma permite que os traços horizontais que
específicos do que as políticas. Em conjunto com outras formas definem a duração das atividades sejam sólidos para o que
de planejamento, os procedimentos procuram ajudar a dirigir foi planejado e cortados para o que foi realmente executado.
todas as atividades da organização para objetivos comuns, Isso permite uma fácil comparação visual entre o planeja-
a impor consistência ao longo da organização e fazer economias mento e a sua execução.
eliminando custos de verificações recorrentes e delegando
autoridade às pessoas para tomar decisões dentro de limites 2. Gráfico de Gantt. É um tipo de plano operacional
Administração Pública

impostos pela administração. Enquanto as políticas são guias igual ao cronograma simples, em que as colunas são
para pensar e decidir, os procedimentos são guias para fazer. predeterminadas em semanas, dispensando a utili-
Referem‑se aos métodos para executar as atividades quotidia- zação de calendário para a sua execução.
nas. Um método descreve o processo de executar um passo ou
uma etapa do procedimento e pode ser considerado, um plano 3. PERT (Progrom Evaluation Review Technique).
de ação, mas é geralmente um subplano do procedimento. A técnica de avaliação e revisão de programas é outro
Os procedimentos são geralmente transformados em modelo de planejamento operacional. É  bastante
rotinas e expressos na forma de fluxogramas. Fluxogramas utilizada em atividades de produção e projetos de
são gráficos que representam o fluxo ou a sequência de pesquisa e desenvolvimento. O  modelo básico de
procedimentos ou rotinas. PERT é um sistema lógico baseado em cinco elemen-

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tos principais, a saber: uma rede básica, a alocação de Todo trabalho desenvolvido nas empresas faz parte de
recursos, considerações de tempo e de espaço, a rede algum processo importante. Esses processos são responsá-
de caminhos e o caminho crítico. A rede básica é um veis pela execução das tarefas pretendidas, envolvendo as
diagrama de passos sequenciais que devem ser exe- pessoas que executam determinados procedimentos e utili-
cutados a fim de realizar um projeto ou tarefa. A rede zam tecnologias adequadas à sua realização. Na verdade, um
consiste em três componentes: eventos, atividades e processo empresarial pode ser entendido como a maneira
relações. Eventos representam os pontos de decisão que as coisas são feitas para se chegar a um determinado fim
ou cumprimento de alguma tarefa (são os círculos na forma de um produto ou serviço oferecido ao mercado.
do PERT com números dentro deles). As atividades Para Davenport (1994), um processo seria uma ordena-
ocorrem entre os eventos e constituem os esforços ção específica das atividades de trabalho no tempo e no es-
físicos ou mentais requeridos para completar um paço, com um começo, um fim, entradas e saídas claramente
evento e são representadas por flechas com números. identificadas, enfim, uma estrutura para ação.
As relações entre as tarefas básicas são indicadas pela Já Harrington (1993), o define como sendo um grupo de
sequência desejada de eventos e de atividades na tarefas interligadas logicamente, que utilizam os recursos da
rede. Para sua elaboração, o gráfico He PERT exige a organização para gerar os resultados definidos, de forma a
montagem inicial de um quadro preparatório. apoiar os seus objetivos.
Para Johansson et al. (1995), processo é o conjunto de
O PERT é um plano operacional que também permite atividades ligadas que tomam um insumo (entradas) e o
acompanhar e avaliar o progresso dos programas e projetos transformam para criar um resultado (saídas). Teoricamente,
em relação aos padrões de tempo predeterminados, consti- a transformação que nele ocorre deve adicionar valor e criar
tuindo, também, um esquema de controle e avaliação. Além um resultado que seja mais útil e eficaz ao recebedor acima
de uma ferramenta de planejamento, serve como ferramenta ou abaixo da cadeia produtiva.
de controle, por facilitar a localização de desvios e indicar Rummler e Brache (1994) afirmam ser uma série de eta-
as ações corretivas necessárias para redimensionar toda a pas criadas para produzir um produto ou serviço, incluindo
rede que ainda não foi executada. Embora não possa impedir várias funções e abrangendo o “espaço em branco” entre os
erros, atrasos, mudanças ou eventos imprevistos, o Pert dá quadros do organograma, sendo visto como uma “cadeia de
margem a ações corretivas imediatas. agregação de valores”.
Mapear os processos empresariais é importante porque
GESTÃO POR PROCESSOS permite conhecer e desenvolver os caminhos percorridos
no desenvolvimento do trabalho, até chegar ao resultado
pretendido, otimizando o tempo e minimizando os gargalos
Pensamento Sistêmico. Conceitos da Abordagem que atrapalham o dia a dia. Muitas vezes as pessoas realizam
por Processos. Técnicas de Mapeamento. Análise atividades, mas não conseguem enxergar o processo global
e Melhoria de Processos do qual o seu trabalho faz parte. E é importante ter a visão do
todo para poder chegar ao padrão desejado para o trabalho.
Conceitos Básicos É necessário que todo gestor conheça, pelo menos,
os macroprocessos da sua empresa para gerenciar melhor
Um Processo de Negócio é uma atividade, ou um con- e de forma sistêmica as atividades desenvolvidas. Assim ele
junto de atividades, realizada em uma empresa para criar poderá estruturá‑las de modo ordenado e numa lógica que
ou adicionar alguma espécie de valor para seus clientes. Um favoreça a busca contínua da eficiência na produção de um
processo tem pontos de início e fim bem definidos, cada um serviço ou produto oferecido aos clientes. Mapeando e aper-
dos quais associados com um cliente. feiçoando de forma adequada os seus processos, a empresa
Um cliente, no sentido aqui empregado, pode ser tanto poderá alcançar:
um cliente externo da empresa como uma área funcional 1. Aumento da competitividade: com a busca contínua
interna. por otimizar o tempo no trabalho e oferecer um produto ou
Pode ser útil visualizar os processos de negócio como serviço de maior qualidade, a empresa estará muito mais
uma estrutura hierárquica, com os principais processos preparada para competir no mercado.
no topo, cada um formado por subprocessos, e assim por 2. Maior entendimento dos procedimentos: entender
diante. Um negócio (empresa) pode ter entre cinco, nove ou os processos é ordenar os procedimentos, dando‑lhes um
mais processos de negócios principais, e esses podem atuar encadeamento lógico no trabalho. Quem gerencia por
através das divisões, departamentos ou áreas funcionais da resultados busca entender de forma global o processo no
organização. Este número depende muito do enfoque das qual está inserido.
pessoas que identificam os processos de negócios. 3. Maior rapidez nas soluções: se a empresa conhece to-
Qualquer coisa que se faz na organização pode ser vi- dos os seus processos, com os procedimentos bem definidos,
sualizada como um processo de negócio. Como exemplo, ela estará apta a identificar e solucionar os seus problemas
uma empresa pode ter definido como um processo principal mais rapidamente.
Administração Pública

“prover suprimentos para as atividades da empresa”. Neste 4. Aumento nos resultados da empresa: quem conhece
caso, alguns dos subprocessos podem ser: “efetuar compras”, bem o seu negócio consegue alcançar melhores resultados.
“administrar estoques” e “receber materiais comprados”. Mas não basta apenas conhecer, é preciso também cuidar
Cada um destes subprocessos pode ser subdivido, e assim de como alcançar esses resultados. E é, justamente, nesse
por diante. “como” que os processos estão inseridos.
Pensar em termos de Processos de Negócio permite criar Mapear e aperfeiçoar os processos nas empresas é, pen-
modelos que ajudam a entender o que acontece atual­mente sando estrategicamente, uma ação contínua e indispensável
na empresa. Com este entendimento, é mais fácil propor me- para que os produtos e serviços sejam oferecidos ao mercado
lhoramentos aos processos, ou mesmo desenhar processos de acordo com as exigências sempre mutantes do cliente.
totalmente novos. Uma questão de sobrevivência, portanto.

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Um processo empresarial é entendido como a maneira Mas como o gestor pode fazer um trabalho como esse?
pela qual as coisas são feitas, com procedimentos bem de- Será preciso, de início, ouvir a equipe e fazer uma pesquisa
finidos e acompanhados, para se chegar a um determinado para sentir o clima interno. Com essas informações coletadas,
fim na forma de um produto ou serviço oferecido ao merca- deve‑se então analisar, discutir e definir os mecanismos de
do. Quando a empresa mapeia os seus processos, entende melhoria.
melhor as suas atividades e percebe que elas obedecem a A resistência à mudança pode se encaixar em todos esses
um encadeamento lógico, dentro dos setores e entre eles. exemplos. Quando há algo novo, as  pessoas resistem em
Isso torna mais eficiente a realização das tarefas e a busca mudar, para não sair da “zona de conforto”, para não deixar
dos resultados pretendidos. de fazer o que já sabem e estão acostumadas. O  gestor,
Quando se faz um trabalho de mapeamento e mudanças como um agente de mudança, deve ser o responsável por
nos procedimentos de trabalho, nem sempre esses proces- trabalhar a equipe, monitorando, fazendo reuniões de ava-
sos são seguidos como deveriam ser, mesmo estando bem liação, observando o andamento do trabalho, questionando
definidos. As pessoas, muitas vezes, não fazem o que está as melhores formas de fazer acontecer determinada função,
estabelecido. A  pergunta que os gestores se fazem, uma até chegar a um processo mais adequado.
vez que já está tudo determinado para o trabalho ser bem Observando as diversas reações da equipe e definindo
executado, é: “Por que isso acontece?”. formas colegiadas de aperfeiçoamento, os gestores estarão
Pode haver muitas razões para isso: (1) as pessoas não trabalhando para assegurar os resultados pretendidos pela
estão bem treinadas para os novos procedimentos adotados; organização.
(2) os recursos continuam inadequados para o desempenho Identificar e mapear os processos internos são atitudes
do trabalho; (3) os funcionários “não querem” desempenhar que ajudam a empresa a se tornar mais competitiva – otimi-
a nova função por ser mais trabalhosa ou por discordarem zando o tempo e alcançando melhores resultados. Trata‑se
de determinadas atribuições; (4) o nível de relacionamento de uma ferramenta simples, que pode ser adotada por
dentro dos setores e entre eles (correlacionados com a organizações de qualquer porte ou área de atuação, com
atividade‑fim) não proporciona uma melhoria na qualidade inúmeros ganhos.
do serviço a ser feito; (5) as pessoas resistem, naturalmente, É importante para as empresas mapearem os seus
aos  novos processos de mudança adotados; entre várias processos porque, ao mapeá‑los, elas entendem que suas
outras. atividades devem obedecer a um encadeamento lógico,
Isso pode acontecer no dia a dia de muitas organizações
entre os setores e dentro deles, e conseguem se tornar mais
e se transformar numa dificuldade da gestão. Para evitar
eficientes na realização das tarefas e nos resultados.
esse risco, os  gestores não devem embarcar nas diversas
Para realizar esse mapeamento, o  gerente da área
reações da equipe, e  sim focar no resultado do trabalho.
normalmente fica à frente do trabalho, junto a um espe-
É importante trabalhar sua equipe e entender melhor suas
cialista em mapeamento de processos. O  primeiro passo
reações, para identificar os mecanismos de solução ou, até
é o diagnóstico da situação atual. É preciso conversar com
mesmo, reformular o processo.
toda a equipe para descrever como realmente são feitas as
Muitas vezes, as decisões são responsabilidade da própria
atividades, identificar as facilidades e dificuldades encon-
organização, como a falta de um treinamento adequado
tradas e as formas de alcançar melhor eficácia no trabalho.
para as pessoas executarem os novos processos. Nesse caso,
deve‑se ter um cuidado especial por parte dos gestores para Após o mapeamento e a definição de como serão feitas as
treinar a equipe com os novos procedimentos, visando pro- atividades na área, é importante que o gerente repasse as
duzir os resultados mais adequados à necessidade da orga- informações para sua equipe, faça um treinamento para as
nização. Ou então, investir mais para disponibilizar melhores novas atividades exigidas e monitore e negocie o tempo para
recursos para o desempenho do trabalho. obter resultados com as mudanças.
Em outros casos, é  importante que o gestor dê um Idealmente, todas as áreas devem ter procedimentos
tratamento especial à equipe, caso contrário, os problemas bem definidos e bem trabalhados, sempre focando no re-
internos aumentarão cada vez mais. sultado que se quer obter com a atividade‑fim. A definição
Caso a equipe aponte “dificuldades” para fazer o traba- do que deve ou não ser mapeado se dá quando, no dia a dia,
lho, é preciso que o gestor crie as melhores formas de solu- são percebidas dificuldades que atrapalham o processo. Por
ção. Se o “não querer” não tiver justificativas mais concretas, exemplo: atrasos na folha de pagamento, documentos não
será preciso questionar a necessidade de, ratificada a não entregues na data determinada etc. Quando se percebe que
adaptação aos novos processos, substituir a pessoa (ou as algo não está andando corretamente, fique certo, é preciso
pessoas) por outras que atendam às condições propostas. rever o processo.
Se houver discordância dos novos procedimentos, o ges- O gerente deve ser o responsável por monitorar o proces-
tor deverá rever o trabalho. Talvez a mudança não tenha sido so por intermédio de reuniões com a equipe ou observando
feita de uma forma participativa o suficiente para que os en- o andamento dos trabalhos no dia a dia. O importante é que
Administração Pública

volvidos pudessem apresentar alternativas mais satisfatórias. as atividades definidas sejam cumpridas. Mas, como todo
Nesse caso, é possível fazer os devidos ajustes no processo. trabalho, este deve ser feito de modo flexível, aberto a novos
Quando a resistência ocorre por causa do relacionamento ajustes, caso haja necessidade.
interno, é importante desenvolver, urgentemente, mecanis- O importante é que o trabalho seja feito de modo com-
mos de melhoria. Esse é um grande problema que tem efeitos partilhado, justamente para evitar que isso aconteça e, como
muito danosos para a organização. Boicote de informações, já foi dito, estar sempre aberto a ajustes, de acordo com a
caça a culpados, execução malfeita de atividades e desmo- necessidade do trabalho. Na realidade, o gestor deve unir
tivação no trabalho são algumas consequências possíveis se o conhecimento, a  criatividade e a iniciativa de todos ao
não for feito um trabalho voltado para a melhoria do clima trabalho para, com isso, tornar a empresa mais ágil e mais
interno da organização. competitiva no mercado.

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Benefícios do Mapeamento do Processo Em uma empresa de materiais de construção (vamos
• Fornecer uma experiência de aprendizado para a chamá-la de XYZ), o setor de compras realizou um pedido
equipe. de telhas, recebeu estes produtos e a nota fiscal. Essa nota
• Fornecer uma exibição visual do processo atual. fiscal foi encaminhada ao setor financeiro, que conferiu seus
• Facilitar o projeto de um novo processo. dados, lançou no sistema de gestão da empresa e armazenou
• Demonstrar papéis e relações entre as etapas e de- até a data do seu vencimento. No dia do seu vencimen-
partamentos envolvidos em um processo. to, realizou o pagamento ao fornecedor e encaminhou a
• Ajudar a explicar um processo a outras pessoas. nota fiscal com o comprovante de pagamento ao setor de
• Indicar áreas problemáticas, ciclos desnecessários, contabilidade.
complexidade e aqueles pontos onde o processo pode Nesta situação, temos:
ser simplificado. • Cliente: Empresa de Materiais de Construção XYZ;
• Ajudar a identificar o lugar para coletar dados e onde • Fornecedor: Setor de Compras;
uma investigação mais detalhada pode ser necessária. • Atividades do Processo: Recebimento da Nota Fiscal,
• Ajudar a identificar quais elementos de um processo Lançamento no Sistema de Gestão, Armazenamento
podem ter um impacto sobre o desempenho.
da Nota Fiscal, Pagamento ao Fornecedor, Envio da
• Documentar e padronizar o processo.
Nota Fiscal à Contabilidade;
• Missão do Processo: O processo existe para realizar
As etapas para uma boa gestão por processos são: todos os pagamentos da organização;
1. Mapeamento; • Fronteiras com Outros Processos: Existem duas
2. Análise;
fronteiras neste caso. A primeira, com o processo de
3. Propostas de Melhoria;
compras; a segunda, com o processo de Lançamentos
4. Redesenho;
Contábeis;
5. Implantação;
6. Gerenciamento do Processo (Melhoria Contínua). • Entrada do Processo: O processo se inicia com o
recebimento da Nota Fiscal;
• Saída do Processo: O processo se encerra com a
Identificação e Delimitação de Processos de
entrega da Nota Fiscal ao setor contábil;
Negócio • Nível de Automatização do Processo: No nosso exem-
plo, a automatização está dentro de um Sistema de
O processo de identificação de processos está dentro da
Gestão Empresarial, nas etapas de lançamento;
etapa de mapeamento. Nesta etapa, é necessário identificar
os seguintes pontos: • Itens de Controle: Recebimento da Nota Fiscal, Ar-
• Quem é o cliente do processo? mazenamento da Nota Fiscal, Entrega da Nota Fiscal
• Quem é o fornecedor do processo? à Contabilidade;
• Quais as atividades do processo? • Atividades Críticas: A Nota Fiscal não pode conter
• Qual a missão do processo, para que ele existe? nenhum erro tributário.
• Existe interface, fronteiras com outros processos/
áreas? Todos estes pontos devem ser levantados em cada setor
• Qual é a entrada do processo? Como ele inicia? da organização para que se possa identificar quais são os
• Qual a saída do processo? A que ele se destina? processos existentes.
• O processo é automatizado? Além de identificar os processos é preciso delimitá-los,
• Quais são seus itens de controle? ou seja, definir onde cada processo começa e onde termina.
• Existem atividades críticas? Muitas vezes, o término de um processo é o início de outro.
Para a realização das entrevistas de identificação dos
Para exemplificar, vamos imaginar um processo de contas processos, o ideal é a utilização de formulários, conforme
a pagar em uma empresa. o modelo abaixo:

Mapeamento de Processos
Finalizado em: __/__/__ Aprovado em: __/__/__
LOGOMARCA DA EMPRESA
Por: _________________ Por: __________________
Responsável: NOME DO RESPONSÁVEL Data:__/__/____
Departamento: Cargo: Atualizado em: __/__/____
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Atividades Quem solicita? A Quem se destina? O que Faz?


Nome da Atividade 1 Nome do Solicitante – Nome para quem se destina o 1. 1º Passo
Fornecedor do processo processo – Cliente do processo 2. 2º Passo
3. 3º Passo
Nome da Atividade 2 Nome do Solicitante – Nome para quem se destina o 1. 1º Passo
Fornecedor do processo processo – Cliente do processo 2. 2º Passo
3. 3º Passo

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Técnicas de Mapeamento de Processos (Modelos o mapa de processo pode registrar o andamento do processo
AS IS) através de um ou mais departamentos.
O estudo minucioso desse mapa, fornecendo a repre-
O modelo de mapeamento de processos conhecido sentação gráfica de cada passo do processo, certamente
como As Is (Como está) consiste em desenhar os processos sugerirá melhorias. Após a análise do mapa de processo,
atuais da empresa. É  a fotografia do momento atual dos é comum concluir que certas operações podem ser intei-
processos. ramente, ou em parte, eliminadas. Além disso, operações
Neste mapeamento são realizadas as entrevistas, utili- podem ser combinadas, máquinas mais econômicas po-
zando o modelo conforme o modelo mostrado na etapa de dem ser empregadas e esperas entre operações podem
identificação, procurando chegar ao menor nível de detalhe. ser eliminadas. Em suma, outros melhoramentos podem
A técnica de mapeamento de processo fornece uma re- ser feitos, contribuindo para a produção de um produto
presentação gráfica das operações sob análise, evidenciando a melhor a um custo mais baixo. O mapa de processo ajuda
sequência de atividades, os agentes envolvidos, os prazos e o fluxo a demonstrar que efeitos as mudanças, em uma parte do
de documentos em uma organização ou área. Isso permite iden- processo, terão em outras fases ou elementos. Além dis-
tificar mais facilmente oportunidades para a racionalização e o so, o mapa de processo poderá auxiliar na descoberta de
aperfeiçoamento dos processos de trabalho em uma organização. opera­ções particulares do processo produtivo que devam
Existem algumas técnicas de mapeamento com diferentes ser submetidas a uma análise mais cuidadosa.
enfoques. A  correta interpretação destas técnicas torna-se Para documentar todas as atividades realizadas por uma
fundamental no processo de mapeamento. Algumas técnicas pessoa, por uma máquina, numa estação de trabalho, com o
são citadas a seguir: consumidor, ou em materiais, padronizou-se agrupar essas
• Fluxograma: é uma técnica de mapeamento que atividades em cinco categorias, descritas no quadro ao lado:
permite o registro de ações de algum tipo e pontos de
tomada de decisão que ocorrem no fluxo real.
• Mapa de Processo: técnica para se registrar um proces- Operação
so de maneira compacta, através de alguns símbolos
padronizados. Transporte
• IDEF3: diagramas que representam a rede de “compor-
tamentos” do cliente. Inspeção
• UML: fluxograma que dá ênfase à atividade que ocorre
ao longo do tempo. Espera
• DFD: fluxo de informações entre diferentes processos
em um sistema.
Armazenamento
Mapa de Processo
A figura a seguir apresenta a utilização de um mapa de
O mapa de processo é uma técnica para se registrar um processo seguido por um material em uma atividade de ar-
processo de maneira compacta, a fim de tornar possível sua mazenamento. Primeiramente retira-se a caixa do caminhão.
melhor compreensão e posterior melhoria. O mapa repre- Logo depois esta é transportada para o desempacotamento.
senta os diversos passos ou eventos que ocorrem durante a Lá, ela fica aguardando desempacotamento até que um
execução de uma tarefa específica ou durante uma série de operador abra a caixa e confira seu conteúdo. A caixa per-
ações. O diagrama, usualmente, tem início com a entrada da manecerá muitas vezes em espera durante as atividades.
matéria-prima na fábrica, e se segue em cada um dos seus Alternadamente com essas esperas, a caixa passa pelas seguin-
passos, tais como transportes e armazenamentos, inspeções, tes atividades: transporte até a bancada de inspeção, inspeção
usinagens, montagens, até que ela se torne ou um produto dimensional, transporte para bancada de registro, registro do
acabado, ou parte de um subconjunto. Evidentemente, produto, transporte para prateleiras e, ao fim, estocagem.
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IDEF3 • Quais são as expectativas dos clientes internos?
• Que ferramentas são utilizadas? A estrutura está
O IDEF (Integration Definition) é baseado na Técnica de adequada?
Análise e Projetos Estruturados (Structured Analysis and
Design Technique  – SADT), que é uma abordagem gráfica Para responder a todas estas questões, é essencial simu-
para a descrição de um sistema. A  família integrada IDEF lar como está o funcionamento dos processos. Uma simula-
de métodos para modelagem baseada em representações ção de processos possibilita definir atributos como duração
de diagramas inclui uma grande variedade de técnicas, que de atividades, custos, utilização de recursos, executores,
focam não somente os processos, mas também todo o ciclo tempos de ciclo e outras variáveis dentro dos cenários pro-
de vida de desenvolvimento de um sistema. Em um primeiro postos. É possível ainda realizar uma análise mais concreta
momento, esta técnica permite modelar os processos “como do desempenho dos processos, em tempo real.
são” para, após uma análise, serem modelados “como deve- A análise de um processo é fundamental para entender
riam ser”. Isto faz com que estes mecanismos formais sejam e comparar seu relacionamento com outros processos.
essenciais para melhorar o fluxo de informações dentro de
uma empresa. Construção e Mensuração de Indicadores de
Os métodos IDEF mostram um excelente poder de comu- Processos
nicação, além de oferecer grande visibilidade aos processos
de negócios, através de uma notação simples que pode ser Depois de finalizar as entrevistas e o mapeamento dos
dominada tanto pelo escalão executivo quanto pelo grupo de- processos atuais, serão necessárias análises críticas dos
senvolvedor de software. Os resultados são visões do negócio processos, buscando encontrar falhas ou pontos críticos.
como um todo, possibilitando diversas abstrações de comple- Após a análise, o próximo passo é realizar o redesenho dos
xidade. Desta forma, pode-se tanto construir visões macro de processos de negócio da empresa, corrigindo as falhas e
integração entre as atividades que compõem o negócio como pontos críticos dos processos.
chegar ao detalhamento de cada atividade específica sem alte- A partir dos processos modelados, é  possível identi-
rar a notação base. Isso permite aos usuários a compreensão ficar eventos que disparam e encerram a mensuração de
do funcionamento e integração entre as diversas atividades indicadores de desempenho da organização. A utilização de
realizadas pelos diversos setores da empresa – e, portanto, aplicativos para monitoração permite o acompanhamento
sua crítica, visando à melhoria dos processos. automático do desempenho dos processos.
O método de descrição IDEF3 fornece um mecanismo Ao explicitar a forma como trabalho é executado, a Mode-
para coleta e documentação de processos. Este captura lagem de Processos facilita a identificação dos indicadores de
relações de procedência e de casualidade entre situações desempenho. Esta identificação, devido ao corte transversal
e eventos em um formulário natural aos peritos do domínio, dos processos, permite que sejam selecionados indicadores
fornecendo um método estruturado para expressar o conhe- globais. Não serão identificados somente indicadores locais
cimento sobre um sistema ou um processo de organização. que levam a desempenhos pontualmente desbalanceados e
O método captura os aspectos de um sistema existente a resultados globais, possivelmente, insatisfatórios. A seleção
ou proposto. O conhecimento do processo capturado é es- de indicadores multifuncionais que orientem as unidades
truturado dentro do contexto de um cenário, fazendo desse organizacionais para resultados compartilhados e integrados
um dispositivo intuitivo de aquisição de conhecimento para é a tônica desta aplicação.
descrever um sistema. Este captura todas as informações Após a modelagem, identificação e seleção dos indicado-
temporais, incluindo os relacionamentos de precedência e res, segue a etapa de monitoração dos mesmos para fins de
de casualidade associados com os processos da empresa. apoio à tomada de decisão nas organizações. Habitualmente,
A descrição do fluxo de processo IDEF3 captura a des- esta tarefa é considerada pelo nível operacional como uma
crição de um processo e da rede de relações que existem forma de controle e, por vezes, punição.
entre os processos dentro do contexto do cenário total em As medidas dos processos são grandezas associadas aos
que ocorrem. A intenção desta descrição é mostrar como indicadores de desempenho.
as coisas trabalham em uma organização particular, sendo Só se pode gerenciar aquilo que é medido.
vistas como parte de uma situação, resolvendo um problema Constituir uma relação entre as variáveis mensuráveis
particular. O método de desenvolvimento de uma descrição e o seu resultado deve estar associado a um objetivo de
do fluxo de processo consiste em expressar os fatos, coleta- desempenho preestabelecido (meta a ser alcançada) para
dos dos peritos do domínio, nos termos de cinco blocos de se ter clareza do que vamos medir e onde queremos chegar.
construção descritivas básicas.
Características Essenciais dos Indicadores dos Processos
Técnicas de Análise e Simulação de Processos
CARACTE-
A sequência de atividades para a análise e a solução FINALIDADE
RÍSTICAS
dos problemas deve ter um método, capaz de organizar o
Ser relacionado com a característica-chave de
planejamento e a solução desses problemas. Eficácia ou
satisfação do cliente do processo subsequente
seletividade
Administração Pública

Depois de identificadas as atividades da empresa e mape- ou final.


ados os processos com a sua situação atual, a próxima etapa
é realizar a análise dos processos e, na sequência, simulá-los. Custo de implementação compatível com o
Eficiência
esperado.
Na etapa de análise e simulação de processos, o objetivo
é responder às seguintes questões: Oportuni- Obtenção dos resultados de apuração no
• O processo/atividade é necessário? Agrega valor à dade tempo compatível às decisões.
empresa? Rastreabili- Permite o registro e a recuperação das infor-
• Qual o seu impacto para a empresa? Como está seu dade mações.
desempenho? Simplicidade Permite interpretação clara e simples.
• Poderia ser melhor? Existem gargalos? As responsa-
Generalidade Permite aplicação abrangente e genérica.
bilidades estão definidas?

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Comparabili- Permite comparações com referências ad- do conhecimento estatístico é, sem dúvida, muito importante
dade equadas. quando a organização possui um nível de gestão sofisticado.
Quando a organização necessita inserção em mercados
Sistematiza- Permite coleta de dados e processamento
mais competitivos e técnicos as decisões têm que ser mais
ção primário sistemático e, se possível, automatizado.
bem planejadas e estruturadas. Nesse caso, as análises
quantitativas dos resultados dos processos (indicadores de
Técnicas de Modelagem de Processos (Modelos desempenho) adquirem relevância cada vez maior, exigindo
TO-BE) profissionais que saibam como organizar e tratar a massa de
dados disponíveis e saber interpretar o que os números dizem.
O próximo passo, já com os processos atuais modelados O conhecimento de estatística tem naturalmente a sua signi-
(Modelos As Is) e analisados, é propor melhorias para indicar ficância organizacional reduzida à medida que a gestão praticada
como o trabalho passará a ser realizado (Modelos To Be). se torna mais simples, aproximando-se do nível “sobrevivência”,
A proposta de melhorias visa a eliminar:
no qual as prioridades tornam-se primárias e, por decorrên-
• Processos duplicados/repetidos/similares;
cia, predominantemente intuitivas. Para essas organizações,
• Retrabalho;
quando as decisões necessitaram de bases numéricas, muito
• Transferência de informações entre áreas muito ele-
vadas; provavelmente não haverá a consistência racional requerida,
• Gargalos/alto estoque ou muitas horas extras. aumentando consideravelmente o risco de insucesso.
Mesmo para os processos de prestação de serviços, nos
As mesmas técnicas de modelação podem ser utilizadas quais as especificações não são tão precisas nem justas, o
em diferentes fases. Nos métodos apresentados, os modelos mercado faz exigências cada vez mais fortes de regularidade
As Is e os modelos To Be, respectivamente os modelos dos de resultados. Vamos a alguns exemplos:
processos existentes e os modelos dos processos redefinidos, • Uma companhia aérea não pontual será, muito prova-
são representados com a mesma técnica de modelação. velmente, rejeitada pelos clientes (e, para ser pontual,
É natural que assim seja, pois entre as várias vantagens em os processos devem ser regulares).
manter a mesma linguagem de comunicação, destaca-se ain- • Nas sociedades organizadas, os transportes ferroviários
da a possibilidade de se efetuarem comparações quanto aos são rigorosamente pontuais.
ganhos a se obter antes da implementação dos processos. • Quem se resignaria se lhe fosse informado pela conces-
O objetivo é a busca e planejamento das mudanças ne- sionária de serviços que a entrega do seu automóvel,
cessárias para alcançar melhorias na forma como o trabalho em reparos, não terá um prazo definido?
passará a ser realizado. • Quem, de bom grado, aceitaria ouvir de um garçom a
É provável, que durante o desenho da solução futura, alegação de que não pode dar uma previsão de tempo
surjam necessidades de melhorias nos sistemas de infor- para servir um determinado prato?
mação da empresa ou a construção de um novo sistema
de informação para que se possa implantar a solução de Praticamente em todos os ramos de negócio a previsibi-
processo proposta. lidade e a regularidade – que andam juntas – são requisitos
De posse do mapeamento dos processos atuais e do evidentes de qualquer atividade econômica em um mundo
desenho de solução futura, será necessário submeter o globalizado.
trabalho à aprovação dos dirigentes da empresa. Para isto, Assim é que as boas organizações têm uma estimativa
deve-se estar bem preparado, com possíveis custos e ganhos muito precisa do tempo de clico dos seus processos. E, para
também mapeados. O  apoio e o comprometimento dos que isso aconteça, os processos têm que ter regularidade,
dirigentes da empresa são de extrema importância para ou, mais precisamente, regularidade estatística.
a implantação do redesenho de qualquer processo, pois,
sem seu comprometimento, será muito difícil trabalhar as Melhorando Estatisticamente um Processo
mudanças com os funcionários da empresa, principalmente
os que realizam trabalhos operacionais. Para melhorar os processos teremos de melhorar sua
Nesta fase também são utilizadas técnicas como a 5W2H média (aumentar ou reduzir o valor da média, conforme cada
para aperfeiçoar a forma que o trabalho é realizado nas or- caso específico) e sempre reduzir a sua variabilidade.
ganizações. Este aperfeiçoamento pode ser acompanhado Passo 1: a média nos informa o valor da posição média,
de estudos tanto de tempos para a identificação de gargalos
o valor esperado, o valor mais comum ou mais provável do
quanto de redundâncias de trabalho.
processo. Para melhorar os seus processos, a organização
Outros importantes estudos dos processos são as análises
de paralelismo, simultaneidade, sequenciamento e alocação deve inicialmente melhorar a média dos processos. A mé-
de recursos às atividades, inclusive pessoas. dia pode ser feita em dois sentidos, conforme o interesse
O passo seguinte é partir para a implantação dos proces- específico (quanto maior melhor ou quanto menor melhor):
sos no modelo To Be. • Aumentar o valor da média dos processos, quando
Esta fase compreende a implantação efetiva das mudanças o valor agregado pelo processo crescer direta e pro-
(melhorias) planejadas, com a preparação da documentação porcionalmente ao valor do indicador. Por exemplo:
que dará suporte ao trabalho e a divulgação do novo processo indicador de tempo de vida de pilhas ou de baterias
Administração Pública

e a realização de seu treinamento para todos os envolvidos. elétricas. Quanto maior for a média do tempo de vida
A última etapa também é uma etapa constante, perma- das pilhas ou de baterias elétricas. Quanto maior for
nente, que é o gerenciamento do Processo. Esta etapa cor- a média do tempo de vida das pilhas ou das baterias,
responde ao acompanhamento, controle e aperfeiçoamento maior será o valor agregado no seu processo de fabri-
contínuo do novo processo. cação.
• Reduzir a média do processo, quando o valor agregado
Noções de Estatística Aplicada ao Controle e à pelo processo crescer inversa e proporcionalmente ao
Melhoria de Processos valor do indicador. Por exemplo: indicador de tempo de
espera na fila de um banco. Quando menor o tempo
A estatística é fundamental, por ser a ciência que fornece médio de espera na fila, melhor será o processo de
o instrumental para organizar e tratar dados. A disponibilidade atendimento ao cliente.

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Passo 2: é de pouco valor termos um processo de ex- Além de melhorar a média, adicionalmente é necessário
celente média, mas de alta variabilidade. Particularizando reduzir a variabilidade dos processos, que é o mesmo que
para os dois exemplos anteriores, os clientes desprezariam reduzir o desvio-padrão, tornar o processo menos variado,
um fabricante de pilhas ou de baterias que fizesse um mais regular, mais previsível ou mais preciso.
lote de produção de pilha de alta durabilidade e outro de Melhorar a média é uma questão natural e facilmente
compreensível para a agregação de valor do produto resul-
durabilidade significativamente menor, uma verdadeira
tante de processo. Reduzir a variabilidade é, sobretudo, uma
loteria. Similarmente, os clientes não ficariam satisfeitos questão de economia de custos, seja porque produziremos
se em algumas situações o atendimento na fila do banco menos produtos fora das especificações, seja porque é muito
fosse extremamente rápido e muito demorado em outras mais fácil e barato entregar ao cliente produtos de qualidade
situações. regular e inquestionável.
Administração Pública

Visualizando com um exemplo prático: • Ação: melhorar o atual nível de desempenho da


1. Analisar a média do processo média do processo.
• Medida: determinar a média da demora na fila de – Exemplo: reduzir o tempo médio de espera na fila
pagamento. para doze minutos.
• Suposição: o tempo médio de espera na fila do caixa 2. Analisar a variabilidade do processo
do nosso supermercado é de quinze minutos. • Medida: determinar a variabilidade do processo.

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• Suposição: a diferença entre o menor e o maior tem- materiais, equipamentos e técnicas indispensáveis para o
po de espera na fila é de doze minutos. alcance do êxito de empreendimentos que possuam início
• Ação: reduzir a atual variabilidade do processo. e objetivos definidos, sempre que possível aliando os pa-
– Exemplo: reduzir a diferença máxima de tempo de râmetros mensuráveis de custo, tempo, risco e qualidade.
espera na fila para nove minutos.
Necessidade do Gerenciamento de Projetos
GESTÃO DE PROJETOS A maioria dos projetos envolve várias pessoas e em-
presas, assim como, as mais diversas tecnologias; por isso,
Elaboração, Análise e Avaliação de Projetos. uma única pessoa não pode possuir todo conhecimento
Principais Características dos Modelos de Gestão necessário para viabilizar um projeto. A função do Gerente
de Projetos. Projetos e suas Etapas de Projetos é justamente coordenar o trabalho das diversas
partes envolvidas no processo.
O que é um Projeto? Caso não existir a figura do gerente de projetos para fazer
Em um sentido amplo da palavra “projeto”, podemos ter o planejamento e a administração dos possíveis conflitos,
os seguintes significados: a tendência é que a organização envolvida no processo perca
• definição do dicionário: o que se tem a intenção de sua harmonia, ficando sem coordenação. Devido à comple-
fazer; plano de realizar qualquer coisa. xidade dos projetos, à interdependência entre participantes
• definição administrativa: reunião de esforços para se e as margens em geral cada vez mais reduzidas devido à
atingir objetivos pré‑determinados com comprome- concorrência, é necessário ter a visão do projeto como um
timento de prazos e recursos pré‑estabelecidos. todo e coordenar esforços interdisciplinares, para administrar
• do latim: Ação de lançar = ProjicereÆ ProjetarÆ Projeto. dirigindo para um fim, que é o objetivo do projeto.
Projetos têm magnitude muito variável, possuindo desde
Detalhando mais o conceito de projeto, para obter uma curtos prazos e uma dezena de tarefas, até projetos detalha-
maior exatidão em sua abrangência, temos essas duas de- dos, complexos e extensos, que envolvam muitos materiais
finições, das quais podemos partir para melhor defini‑lo: e pessoas. O objetivo do projeto, em qualquer dos casos,
é traçar o caminho ideal para perfazê‑lo.
Para Casarotto

define‑se projeto como um conjunto de atividades Gerenciamento de Projetos nas Organizações


interdisciplinares, interdependentes, finitas e não Segundo Kronmeyer (2003, p. 22)
repetitivas. Elas visam a um objetivo com cronograma
e orçamento pré‑estabelecido. A estratégia de mudança e inovação das organizações
é implementada através de projetos, a capacidade
Para Valeriano projeto é entendido como um conjunto de de implementar projetos com taxa de sucesso maior
ações, executadas de forma coordenada por uma organiza- que seus concorrentes pode ser considerada uma
ção transitória, ao qual são alocados os insumos necessários competência essencial de uma organização como
para, em um dado prazo, alcançar um objetivo determinado. definido por Hamel & Prahalad (1994).
Desta forma, por definição, um projeto é um conjunto
de atividades inter‑relacionadas, destinadas a atingir um Competência essencial, segundo Prahalad (1997), é o que
objetivo (escopo), com determinada qualidade, através da as empresas sabem fazer de melhor e aproveitá‑las ao má-
utilização de pessoas, equipamentos ou materiais (recursos), ximo. Isto ocorre quando a organização possui um conjunto
com datas de início e fim bem definidas (tempo). “único e exclusivo” de habilidades e encontram‑se presentes
Um Projeto é: em toda a empresa; os concorrentes têm dificuldades de imi-
• escopo; tar tais habilidades ou processos, que estão sendo utilizados
• recursos; para geração de novos serviços ou agregação de valor ao que
• determinação de Tempo. a empresa faz. Como exemplo, Kronmeyer (2003, p.22), diz

No contexto de um projeto, o fim é mais importante que o As competências essenciais situam‑se nos mais
seu início ou seu desenvolvimento, pois nele se encontra a meta. diversos campos empresariais, podendo estar no
O grande problema enfrentado por projetos é o tempo. Atrasos marketing, na capacidade de inovação, na entrega
ou aumento de custos momentâneos ou localizados durante rápida, e também, na capacidade de gerenciar e
o andamento do projeto não são críticos, desde que as metas implementar projetos com sucesso, os quais corres-
finais sejam mantidas. A qualidade do projeto é, normalmen- pondem aos planos de ação das melhorias propostas
te, avaliada pelo resultado final, tanto de eficácia e qualidade nos demais campos empresariais.
quanto de pontualidade de prazos, e este resultado devem ser Os projetos são dependentes dos processos, e os
mantidos. Um cronograma, portanto, deve ser traçado. processos dependem dos projetos. Devido a esta
Um projeto pode ser dividido em quatro fases bem dependência congênita entre o gerenciamento de
Administração Pública

definidas: processos e de projetos, à medida que os processos


• estabelecimento do objetivo do projeto; proliferam, o mesmo acontece com a necessidade
• criação do plano do projeto (a partir deste ponto, de gerenciar projetos relacionados a esses processos
começa o trabalho a partir do plano de projeto); (DINSMORE, 1999, p. 8).
• controle e gerenciamento de projeto;
• finalização do projeto. O uso de metodologias de gerenciamento, com suas
práticas e ferramentas relacionadas, pode determinar o
O que é Gerenciamento? sucesso ou fracasso de um projeto.
Segundo Dinsmore, (apud Paul Campbell, 1992), a Ge- Existem duas escolas de ensino de gerência de projetos: a
rência de Projetos é o estudo da coordenação de pessoas, primeira e mais antiga baseia‑se no conceito de ciclo de vida

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do projeto e parte de uma premissa “temporal”, dividindo o projetos, precisam ter qualificações em três áreas: gestão de
projeto em fases como concepção, planejamento, execução projeto, gestão de negócio e técnica. O ambiente do projeto
e fechamento. A segunda escola, chamada de Universo de dita as qualificações exigidas dos gerentes de projeto, suas
Conhecimento da Gerência de Projetos, bastante utilizada e competências podem variar de acordo com a área em que
testada é a metodologia do PMI – Project Management Insti- o projeto está sendo desenvolvido.
tue, que vem ganhando espaço desde o inicio dos anos 90 e O gerente de projetos deve ter conhecimento das nove
parte do pressuposto que existe uma série de disciplinas que áreas descritas no PMBOK Guide – PMI, conforme visto
precisam ser aplicadas em projetos para garantir seu sucesso. anteriormente, e nas as três dimensões de competência.
Estas disciplinas, fixadas no PMBOK (2000) (A Guide to the Somente a competência do gerente do projeto não garante
Project Management Body of Knowledge), são as seguintes: o sucesso do projeto. O resultado do projeto não depende
• gerenciar prazo, gerenciar custo, gerenciar quali- unicamente do gerente do projeto, depende também, da
dade, gerenciar escopo, gerenciar risco, gerenciar maturidade organizacional.
comunicação, gerenciar recursos humanos, gerenciar A maturidade da organização com respeito a sistemas de
suprimentos/contratação, assim como, gerenciar inte- gerência de projeto, cultura, estilo, estrutura organizacional e
gração (que inclui planejamento, acompanhamento e escritório de gerência de projetos podem também influenciar
controle de mudanças). o projeto. (PMBOK, 2000, p.18).
O PMI tem como missão promover o desenvolvimento do
Na prática, as duas escolas são complementares. A abor- profissionalismo na carreira de gerenciamento de projetos,
dagem moderna leva em conta tanto o aspecto de ciclo de definindo e divulgando as melhores práticas de gestão. Ele
vida do projeto quanto às disciplinas. Devido às mudanças desenvolve padrões e certifica as pessoas que comprovam
aceleradas no mundo dos negócios, as corporações se de- conhecimento e competência na aplicação destes padrões.
param com o gerenciamento de um portfólio de projetos O gerente de projeto atua como um catalisador – é aque-
em vez da simples operação de uma hierarquia corporativa. le que inicia e coloca em movimento o projeto, e seu desafio
A gestão por projetos nas empresas mostra como atingir é cumprir as metas de custos, cronograma e qualidade do
metas aplicando as técnicas de gerenciamento de projetos projeto sem causar danos às pessoas. Significa terminar o
não apenas a projetos isolados, mas também, no nível em- projeto com a moral da equipe em alta,clientes satisfeitos
presarial. Projetos exigem Gestão de Projetos. e que a equipe do projeto esteja querendo já um próximo
O gerenciamento do projeto, segundo Dinsmore (1999, projeto com ele (VERZUH, 2000).
p.22), pergunta: “Como podemos tornar o negócio mais Controlar projetos exige uma metodologia, organização
adaptável, sensível e lucrativo em um ambiente de múl- e disciplina muito grande. Nas empresas existem muitos
tiplos projetos, que muda rapidamente?” Ao passo que a projetos com diferentes níveis de complexidade. O gerente
gerência de projeto tradicional visa a responder a pergunta de projetos é responsável por conhecer e administrar de
“Como podemos conseguir que este projeto seja feito eficaz forma geral cada um destes projetos. Esta não é uma ativi-
e eficientemente?”. dade simples e também exige muita organização. Para suprir
Ambos os conceitos são complementares, trabalham esta demanda, as empresas estão utilizando cada vez mais
em conjunto para aumentar a produtividade e a eficácia da o conceito de Project Office – PO ou Project Management
empresa. A gestão por projetos é compatível com as filosofias Office – PMO.
gerenciais existentes, como o gerenciamento com foco no O Project Office é a área da empresa que possui uma
cliente, os movimentos da qualidade, a modernização dos pro- visão de todos os projetos. Conhecendo‑os, ele tem como
cessos do negócio e mesmo o gerenciamento dos processos. objetivos: a melhoria da eficiência no planejamento e con-
A aplicação do gerenciamento de projetos em uma base mais dução dos mesmos, a informação rápida sobre os projetos
ampla dentro da organização aumenta a velocidade e produti- existentes, a situação atual de cada um, auxílio nas decisões
vidade dos processos existentes. Portanto, segundo Dinsmore a serem tomadas sobre o futuro de cada projeto e suporte
(1999), os objetivos da gestão por projetos, que são baseados aos gerentes de projeto na forma de treinamento, software,
nos princípios sagrados do gerenciamento de projetos – prazo, padrões etc. (PMBOK, 2000, p. 21).
custo, qualidade e satisfação dos stakeholders – também são Como o Project Office pode contribuir na Gerência
coerentes com os objetivos globais das empresas. de Projetos? Existem cinco atividades principais que são
Em gerenciamento de projetos, a investida inicial recaiu desempenhadas pelo PO, de acordo com o Gartner Group,
em como gerenciar eficazmente um único projeto. Ultima- que muito contribuem para o gerenciamento de projetos.
mente, vem havendo mais preocupação com o gerencia- • Padronização de uma Metodologia para a empresa:
mento de múltiplos projetos. E o futuro aponta na direção esta atividade se resume a definir uma ferramenta
de uma visão mais holística (Dinsmore, 1999, p.244), como e métodos (padrões) de controle e acompanha-
a gestão empresarial por projetos. mento dos projetos, assim como, manter esta(s)
Essa versão atualizada do gerenciamento de projetos ferramenta(s) e métodos atualizados e adaptados às
permite que as organizações se vejam como organismos necessidades da empresa. Além disso, o Project Office
dinâmicos, compostos de inúmeros projetos cuja realização deve programar treinamentos para os funcionários e
é gerenciada simultaneamente, atingem necessidades es- mantê‑los atualizados na metodologia e ferramenta.
Administração Pública

tratégicas corporativas, ao invés de simplesmente realizar • Avaliação dos recursos de projetos: são analisados
projetos específicos e isolados. todos os recursos do projeto: humano, financeiro,
Gerir projetos complexos, que envolvam dezenas de tempo, material. Esta avaliação é muito importante
profissionais, equipes multidisciplinares e heterogêneas, com para a análise de desempenho dos projetos e priori-
alto impacto em diversas áreas ou departamentos de uma zação dos mesmos.
empresa é um grande desafio. A gestão de projetos, segundo • Planejamento de Projetos: este planejamento é
Verzuh (2000, p.35‑36), independe da área de aplicação – a centralizado e coordenado no PO. Esta atividade tem
teoria funciona em todas as áreas; os gerentes de projetos como objetivo manter organizado, priorizado, distri-
não – eles precisam ter boa qualificação técnica em sua área. buído em áreas e devidamente documentado cada
Para gerenciar projetos temporários e únicos, os gerentes de projeto. Através do Project Office é possível se obter

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também dados históricos que auxiliam a elaboração visando um melhor controle gerencial e uma ligação mais
de novos planos. adequada de cada projeto aos seus processos operacionais
• Gerenciamento de Projetos: o Project Office é respon- contínuos.
sável por prestar a consultoria durante todo o ciclo do O ciclo de vida do projeto é conhecido como o conjunto
projeto e definir melhores práticas de trabalho para das fases de um projeto.
facilitar o gerenciamento e conduzir este gerencia-
mento dentro das práticas. Características das Fases de um Projeto
• Revisão e Análise de Projetos: constante revisão das Cada fase do projeto é marcada pela conclusão de um
atividades, custo e prazo do projeto e impactos no ou mais produtos da fase. Um subproduto é um resultado
desempenho do mesmo. É necessário que a empresa do trabalho, tangível e verificável, tal como um estudo de
conheça se os objetivos do projeto estão sendo atingi- viabilidade, um design detalhado ou um protótipo.
dos e se há desvios para que sejam tomadas decisões Os subprodutos do projeto e também as fases, compõem
preventivas e não corretivas. uma sequência lógica, criada para assegurar uma adequada
definição do produto do projeto. A conclusão de uma fase é
O escritório de projetos, segundo Prado (2000), atua nas geralmente marcada pela revisão dos principais subprodutos
empresas como um centro de excelência em gerenciamento e pela avaliação do desempenho do projeto tendo em vista
de projetos e sua equipe passa a ser vista e respeitada como determinar se o projeto deve continuar na sua próxima fase e
formada por especialistas de alto nível. O relacionamento detectar e corrigir erros a um custo aceitável. Essas revisões
direto com a diretoria e com as metas da empresa passa a de fim de fase são comumente denominadas saídas de fase
ser rotineiro. Logo após sua criação, a dedicação do PMO (phase exits), passagens de estágio (stage gates) ou pontos
se prende mais a atividades de assessoria e treinamento de término (kill points).
na metodologia e no uso do software, mas, com o tempo, Cada fase inclui um conjunto de resultados de trabalho
estas tarefas tendem a diminuir conforme a empresa vai se específicos, projetados com o objetivo de estabelecer um
tornando autossuficiente. Outras funções começam a se controle gerencial desejado. A maioria destes itens estão
consolidar: assessoramento à alta diretoria e auditoria nos relacionados com o principal subproduto da fase. As fases,
projetos. Após pouco tempo de existência do PMO, os resul- tipicamente, adotam nomes provenientes destes itens: levan-
tados aparecem. O sucesso dos projetos passa a ter íntima tamento de necessidades, desenho ou especificação (design),
ligação com a atuação deste órgão. A organização se benefi- implementação ou construção, documentação, implantação
cia dele, por um permanente amadurecimento conjunto em
ou inauguração, manutenção, e outros.
gerenciamento de projetos, podendo atingir um patamar de
excelência. É comum ser reconhecido, pela diretoria, como
Características do Ciclo de Vida do Projeto
um dos “pontos fortes” da empresa.
O ciclo de vida do projeto serve para definir o início e o
O planejamento é uma necessidade, assim como uma
fim de um projeto. Quando uma organização identifica uma
liderança sintonizada no ambiente que a organização se situa.
Para sobrevivência, as empresas necessitam de estratégias oportunidade dentro de sua linha de atuação, normalmente
flexíveis, agilidade operacional, sistemas de informação ela solicita um estudo de viabilidade para decidir se deve
altamente eficientes e processos internos eficazes. É funda- criar um projeto. O ciclo de vida do projeto determina se o
mental para o sucesso da implantação da estratégia que a estudo de viabilidade constituirá a primeira fase do projeto
visão e objetivos corporativos contaminem e influenciem os ou se deve ser tratado como um projeto à parte.
objetivos individuais e departamentais, de modo que, todo A definição do ciclo de vida do projeto também determi-
movimento destas células contribua para o movimento global na os procedimentos de transição para o ambiente de opera-
da empresa, na direção certa. ção que serão incluídos ao final do projeto, distinguindo‑os
Se desejarmos tornar as empresas mais prósperas, temos dos que não serão. Desta forma, o ciclo de vida do projeto
que entender que a prosperidade depende de se agregar pode ser usado para ligar o projeto aos processos operacio-
valor ao negócio e que o valor é agregado implementando‑se, nais contínuos da organização executora.
sistematicamente, novos projetos. Quanto melhor gerencia- A sequência de fases, definida pela maioria dos ciclos
dos forem esses projetos, mais próspera será a empresa. de vida de projeto, tais como “solicitações” para “design”,
Os projetos necessitam de um foco cada vez mais estra- “construção para operações” ou “especificação” para “manu-
tégico, para garantir que estejam alinhados com a direção fatura”, geralmente envolve alguma forma de transferência
estratégica da empresa. de tecnologia. Os subprodutos oriundos de uma fase devem
Essa responsabilidade é compartilhada pelos gerentes de ser aprovados antes do início da próxima fase. Entretanto,
projeto, que devem ter consciência das estratégias, e pelo quando os riscos são considerados aceitáveis, a fase subse-
alto escalão da empresa, que deve, cada vez mais, pensar e quente pode iniciar antes da aprovação dos subprodutos
respirar projetos. da fase precedente. Essa prática de sobreposição de fases é
usualmente chamada de fast tracking.
O Contexto da Gerência de Projetos Os ciclos de vida dos projetos definem:
Tanto os projetos, quanto a gerência de projetos se • o trabalho técnico que deve ser realizado em cada
Administração Pública

inserem num ambiente bem mais amplo do que o Projeto fase;


propriamente dito. A equipe de gerência do projeto deve • quem deve estar envolvido em cada fase.
compreender este contexto mais amplo – a gerência das ati-
vidades diárias do projeto é necessária, mas não é suficiente As descrições do ciclo de vida de projeto podem ser ge-
para o seu sucesso. néricas ou detalhadas. Descrições muito detalhadas contêm
uma série de formulários, diagramas e checklists para prover
Fases do Projeto e o Ciclo de Vida do Projeto estrutura e consistência. Essas abordagens detalhadas são
Os projetos possuem um caráter único, e, a eles está chamadas de metodologias de gerência de projeto.
associado certo grau de incerteza. As organizações que de- A grande maioria das descrições do ciclo de vida de
senvolvem projetos usualmente os dividem em várias fases projeto apresentam algumas características em comum:

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• o custo e a quantidade de pessoas integrantes da equi- • patrocinador: indivíduo ou grupo, dentro da organi-
pe são baixos no início do projeto, sofre incrementos zação executora, que provê os recursos financeiros,
no decorrer do mesmo e se reduzem drasticamente em dinheiro ou espécie, para o projeto.
quando seu término é vislumbrado;
• no início do projeto, a probabilidade de terminá‑lo Existem diferentes nomes e categorias de partes en-
com sucesso é baixa e, portanto, o risco e a incerteza volvidas do projeto – interno e externo, proprietários e
são altos. Normalmente a probabilidade de sucesso acionistas, fornecedores e empreiteiros, membros da equipe
vai aumentando à medida que o projeto caminha em do projeto e seus familiares, agências do governo, agências
direção ao seu término; de publicidade, cidadãos, intermediadores permanentes ou
• a capacidade das partes envolvidas de influenciar as temporários e a sociedade em geral.
características finais do produto do projeto e o seu O ato de se dar nome, ou de se agrupar as partes en-
custo final é alta no início e vai se reduzindo com o volvidas, é um excelente auxílio para se identificar que tipo
andamento do projeto. Isto acontece, principalmente, de indivíduos ou organizações se autodefinem como partes
porque o custo de mudanças e correção de erros, envolvidas. Os papéis e responsabilidades das partes en-
geralmente aumenta à medida que o projeto se de- volvidas podem se sobrepor como no caso de uma firma de
senvolve. engenharia que financia, ao mesmo tempo, que desenvolve
o projeto de uma fábrica.
Deve‑se tomar cuidado para distinguir ciclo de vida de Gerenciar as expectativas das partes envolvidas pode
projeto de ciclo de vida do produto. ser uma tarefa difícil porque, frequentemente, as partes
Ainda que muitos ciclos de vida de projeto apresentem envolvidas possuem objetivos diferentes que podem entrar
nomes de fases similares com resultados de trabalho simila- em conflito.
res, poucos são idênticos. Embora a maioria tenha quatro ou De acordo com o PMBOK, o gerenciamento de projetos
cinco fases, alguns chegam a ter nove ou mais. Mesmo numa é realizado pela aplicação e integração apropriadas dos 42
mesma área de aplicação, temos variações significativas – processos agrupados logicamente e abrangendo os 5 grupos.
numa organização, o ciclo de vida para desenvolvimento de Os 5 grupos de processos são:
software pode ter uma única fase de design, enquanto em 1. Iniciação;
outra, pode apresentar duas fases, uma para especificação 2. Planejamento;
funcional e outra para design detalhado. 3. Execução;
Subprojetos, dentro dos projetos, podem ter ciclos de 4. Monitoramento e controle; e
vida separados. Por exemplo, uma empresa de arquitetura 5. Encerramento.
contratada para projetar um novo prédio de escritórios
estará inicialmente envolvida com a fase de definições do Gerenciar um projeto inclui:
contratante, quando da elaboração do projeto, e com a fase • Identificação dos requisitos;
de implementação, quando fornecendo suporte à constru- • Adaptação às diferentes necessidades, preocupações
ção. O projeto de desenho arquitetônico, no entanto, terá e expectativas das partes interessadas à medida que
sua própria série de fases desde a especificação conceitual, o projeto é planejado e realizado;
passando pela definição e implementação, até o encerra- • Balanceamento das restrições conflitantes do projeto
mento. O arquiteto pode, ainda, tratar o design do prédio e que incluem, mas não se limitam a:
o suporte à construção como projetos separados com suas • Escopo;
próprias fases. • Qualidade;
• Cronograma;
As Partes Envolvidas do Projeto • Orçamento;
As partes envolvidas são indivíduos e organizações dire- • Recursos; e
tamente envolvidas no projeto, ou aqueles cujos interesses • Risco.
podem ser afetados, de forma positiva ou negativa, no de-
correr do projeto ou mesmo após sua conclusão. A equipe A Estrutura do Guia PMBOK
de gerência do projeto deve identificar as partes envolvidas,
conhecer suas necessidades e expectativas e, então, geren- O Guia PMBOK (Project Management Body of Knowlodge –
ciar e influenciar estas expectativas de forma a garantir o Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos) foi
sucesso do projeto. A identificação das partes envolvidas desenvolvido pelo PMI e é um guia em que se descreve a
geralmente é tarefa difícil. Por exemplo, um trabalhador da somatória de conhecimento e as melhores práticas dentro
linha de montagem, cujo emprego depende do resultado da área de gerência de projetos.
de um projeto de design de um novo produto, seria uma Todo o conhecimento reunido neste guia é comprovado
parte envolvida? e não se restringe somente a práticas tradicionais, mas tam-
Em todo projeto existem alguns partes envolvidas prin- bém às inovadoras e avançadas. Ele é um material genérico
cipais: que serve para todas as áreas de conhecimento, ou seja,
• gerente do projeto: indivíduo responsável pela gerên- tanto para construção de edifício ou processo de fabricação
Administração Pública

cia do projeto; industrial como para a produção de software. Outro obje-


• cliente: indivíduo ou organização que fará uso do pro- tivo do PMBOK é a padronização de termos utilizados em
duto do projeto. Podem existir múltiplas camadas de gerência de projetos.
clientes. Por exemplo, os clientes de um novo produto O guia PMBOK descreve os processos, ferramentas e
farmacêutico incluem os médicos que o prescrevem, técnicas de gerenciamento de projetos usados até a obtenção
os pacientes que o tomam e as companhias de seguro de um resultado bem-sucedido.
que pagam por ele; Os dois primeiros capítulos do Guia PMBOK são uma
• organização executora: empresa cujos funcionários introdução aos principais conceitos no campo de gerencia-
estão mais diretamente envolvidos na exe­cução do mento de projetos. O Capítulo 3 é o padrão para o geren-
projeto; ciamento de projetos. Como tal, ele resume os processos,

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entradas e saídas que são consideradas boas práticas na – Definir atividades;
maioria dos projetos, a maior parte das vezes. Os Capítulos – Sequenciar atividades;
de 4 a 12 são o guia para o conjunto de conhecimentos em – Estimar recursos da atividade;
gerenciamento de projetos. Eles ampliam as informações – Estimar duração da atividade;
do padrão descrevendo as entradas e saídas, bem como as – Desenvolver o cronograma;
ferramentas e técnicas usadas no gerenciamento de projetos. – Controlar o cronograma.
O Guia PMBOK fornece diretrizes para o gerenciamento • Capítulo 7 – Gerenciamento dos Custos dos Projetos:
de projetos individuais. Ele define o gerenciamento e os Descreve os processos necessários para assegurar
conceitos relacionados e descreve o ciclo de vida do geren- que o projeto seja concluído dentro do orçamento
ciamento de projetos e os processos relacionados. aprovado. Este capítulo inclui:
O guia PMBOK é organizado em três seções: – Estimar custos;
• A seção 1 – A estrutura do gerenciamento de projetos: – Determinar o orçamento;
oferece uma base à compreensão do gerenciamento – Controlar custos.
de projetos. Há dois capítulos nesta seção. • Capítulo 8 – Gerenciamento da Qualidade do Projeto:
– Capítulo 1  – Introdução: apresenta uma base e o inclui todas as atividades da organização executora
objetivo da norma. Ele define em que consiste um que determinam as responsabilidades, objetivos e as
projeto e discute o gerenciamento de projetos e a políticas de qualidade, de forma que o projeta atenda
relação entre gerenciamento de projetos, de progra- as necessidades que motivaram a sua realização. Este
mas e de portfólios. O papel do gerente de projetos capítulo inclui:
também é discutido. – Planejar a qualidade;
– Capítulo 2 – Ciclo de vida e organização do projeto: – Realizar a garantia da qualidade;
fornece uma visão geral do ciclo de vida do projeto – Realizar o controle da qualidade.
e de sua relação com o ciclo de vida do produto. Ele • Capítulo 9 – Gerenciamento de Recursos Humanos do
descreve as fases e a relação não só entre elas, mas Projeto: inclui os processos que organizam e gerenciam
com o próprio projeto. Também inclui uma visão ge- a equipe do projeto. A equipe é composta por pessoas
ral da estrutura organizacional que pode influenciar com funções e responsabilidades atribuídas até o
o projeto e a maneira como este é gerenciado. término do projeto.
• A seção 2 – A norma de gerenciamento de projetos: – Desenvolver o plano de recursos humanos;
define os processos de gerenciamento de projetos, – Contratar ou mobilizar a equipe do projeto;
bem como as entradas e saídas de cada processo. – Desenvolver a equipe do projeto;
– Capítulo 3  – Processos de Gerenciamento de – Gerenciar a equipe do projeto.
projetos e um projeto, define os cinco grupos de • Capítulo 10  – Gerenciamento das comunicações do
processos: Iniciação, Planejamento, Execução, projeto: identifica os processos relativos à geração,
Monitoramento e Controle e Encerramento. Este coleta, disseminação, armazenamento e destinação
capítulo mapeia as áreas de conhecimento em ge- final das informações do projeto de forma oportuna
renciamento de projetos para os grupos específicos e apropriada. Este capítulo inclui:
de processos de gerenciamento. – Planejar as comunicações;
• A seção 3 – As áreas de conhecimento em gerencia-
– Distribuir informações;
mento de projetos: descreve as áreas de conhecimento
– Gerenciar as expectativas das partes interessadas.
em gerenciamento de projetos; lista os processos
• Capítulo 11  – Gerenciamento de riscos do projeto:
de gerenciamento de projetos e define as entradas,
descreve os processos envolvidos em identificação,
as ferramentas e técnicas e as saídas de cada área. Cada
análise e controle dos riscos do projeto. Este capítulo
um dos nove capítulos concentra‑se em uma Área de
inclui:
conhecimento específica.
• Capítulo 4 – Gerenciamento de integração do projeto: – Planejar o gerenciamento de riscos;
define os processos e as atividades que integram os – Realizar análise qualitativa de riscos;
diversos elementos do gerenciamento de projetos. – Realizar análise quantitativa de riscos;
Este capítulo inclui: – Planejar respostas aos riscos.
– Desenvolver o termo de abertura do projeto; • Capítulo 12  – Gerenciamento de aquisições do pro-
– Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto; jeto: descreve os processos envolvidos na compra ou
– Orientar e gerenciar a execução do projeto; aquisição de produtos, serviços ou resultados para o
– Monitorar e controlar o trabalho do projeto; projeto. Este capítulo inclui:
– Realizar o controle integrado de mudanças; – Planejar aquisições;
– Encerrar o projeto ou fase. – Administrar aquisições;
• Capítulo 5  – Gerenciamento do escopo do projeto: – Encerrar aquisições.
descreve os processos relativos à garantia de que o
projeto inclua todo o trabalho necessário, e apenas o Áreas de Especialização
Administração Pública

necessário, para que seja terminado com sucesso. Este


capítulo inclui: As áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos
– Coletar requisitos; descrevem as áreas de conhecimento em gerenciamento de
– Definir o escopo; projetos; lista os processos de gerenciamento de projetos e
– Criar EAP; definem as entradas, as ferramentas e técnicas e as saídas
– Verificar o escopo; de cada área.
– Controlar o escopo. • Gerenciamento de Integração;
• Capítulo 6  – Gerenciamento de tempo do projeto: • Gerenciamento de Escopo;
descreve os processos necessários para garantir que • Gerenciamento de Tempo;
o projeto seja implementado no tempo previsto. Este • Gerenciamento de Custo;
capítulo inclui: • Gerenciamento de Qualidade;

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• Gerenciamento de Recursos Humanos; com grandes desafios, de grande responsabilidade
• Gerenciamento de Comunicação; e com prioridades mutáveis. Ela requer flexibilidade,
• Gerenciamento de Risco; e bom senso, liderança forte e habilidades de negocia-
• Gerenciamento de Contratos. ção, além de um conhecimento sólido das práticas de
gerenciamento de projetos. Um gerente de projetos
As partes interessadas em projetos incluem: precisa ser capaz de entender os detalhes do projeto,
• Clientes/usuários  – Pessoas ou organizações que mas gerenciá‑lo com uma perspectiva global.
usarão o produto, serviço ou resultado do projeto. • Equipe do projeto – Uma equipe de projeto é composta
Os clientes/usuários podem ser internos e/ou externos pelo gerente do projeto, pela equipe de gerenciamen-
em relação à organização executora. Podem existir to do projeto e por outros membros da equipe que
também várias camadas de clientes. Por exemplo, executam o trabalho, mas não estão necessariamente
os clientes de um novo produto farmacêutico podem envolvidos com o gerenciamento do projeto. Essa
incluir os médicos que o receitam, os pacientes que o equipe é composta de pessoas de grupos diferentes,
utilizam e as empresas de saúde que pagam por ele. com conhecimento de um assunto específico ou com
Em algumas áreas de aplicação, os termos clientes e um conjunto específico de habilidades e que executam
usuários são sinônimos; enquanto em outras, clientes o trabalho do projeto.
se referem à entidade que adquire o produto do pro- • Gerentes funcionais  – Gerentes funcionais são pes-
jeto e usuários são os que o utilizarão diretamente. soas‑chave que desempenham uma função gerencial
• Patrocinador – A pessoa ou o grupo que fornece os dentro de uma área administrativa ou funcional do
recursos financeiros, em dinheiro ou em espécie, negócio, como recursos humanos, finanças, contabi-
para o projeto. Quando um projeto é concebido pela lidade ou aquisição. Eles têm o seu próprio pessoal
primeira vez, o  patrocinador o defende. Isso inclui permanente para executar o trabalho contínuo e têm
servir de porta‑voz para os níveis gerenciais mais ele- uma diretiva clara para gerenciar todas as tarefas
vados buscando obter o apoio de toda a organização dentro de sua área de responsabilidade funcional.
e promover os benefícios que o projeto trará. O pa- O gerente funcional pode fornecer consultoria sobre
trocinador conduz o projeto por meio do processo de determinado assunto ou serviços ao projeto.
comprometimento ou seleção até a autorização formal • Gerenciamento de operações – Os gerentes de ope-
e desempenha um papel significativo no desenvolvi- rações são indivíduos que têm uma função gerencial
mento do escopo inicial e do termo de abertura. em uma área de negócio principal, como pesquisa e
Nas questões que estão além do controle do gerente desenvolvimento, design, fabricação, aprovisiona-
de projetos, o patrocinador pode encaminhá‑las para mento, teste ou manutenção. Diferentemente dos
níveis hierárquicos superiores. O patrocinador também gerentes funcionais, este gerentes lidam diretamente
pode se envolver em outras questões importantes, com a produção e manutenção dos produtos ou ser-
como a autorização de mudanças no escopo, análises viços vendíveis da empresa. Dependendo do tipo de
de final de fase e decisões de continuação/cancela- projeto, uma entrega formal acontece no seu término
mento quando os riscos são particularmente altos. para passar a documentação técnica e outros registros
• Gerentes de portfólios/comitê de análise de portfó- permanentes do mesmo para as mãos do grupo de
lios – Os gerentes de portfólios são responsáveis pela gerenciamento de operações apropriado. O  geren-
governança de alto nível de um conjunto de projetos ciamento de operações incorpora então o projeto
ou programas, que podem ou não ser interdependen- entregue nas operações normais e fornece o suporte
tes. Os comitês de análise de portfólios são geralmente de longo prazo.
constituídos por executivos da organização que atuam • Fornecedores/parceiros comerciais  – Vendedores,
como um painel de seleção de projetos. Eles analisam fornecedores, ou contratadas, são empresas externas
cada projeto de acordo com o retorno sobre o investi- que assinam um contrato para fornecimento de com-
mento, o seu valor, os riscos associados à adoção do ponentes ou serviços necessários ao projeto. Parceiros
projeto e outros atributos do mesmo. comerciais são também empresas externas, mas têm
• Gerentes de programas  – São responsáveis pelo uma relação especial com a empresa, às vezes obtida
gerenciamento de projetos relacionados de forma
por um processo de certificação. Os parceiros comer-
coordenada visando obter benefícios e controle não
ciais fornecem consultoria especializada ou preenchem
disponíveis no gerenciamento individual. Os gerentes
um papel específico, como instalação, personalização,
de programas interagem com cada gerente de projetos
treinamento ou suporte.
para oferecer apoio e orientação em projetos indivi-
duais.
• Escritório de projetos  – Um escritório de projetos
(Project Management Office, PMO) é um corpo ou
entidade organizacional à qual são atribuídas várias
responsabilidades relacionadas ao gerenciamento cen-
Administração Pública

tralizado e coordenado dos projetos sob seu domínio.


As responsabilidades de um PMO podem variar desde
o fornecimento de funções de apoio ao gerenciamento
de projetos até a responsabilidade real pelo geren-
ciamento direto de um projeto. O PMO pode ser uma
parte interessada se ele tiver responsabilidade direta
ou indireta pelo resultado do projeto.
• Gerentes de projetos – Os gerentes de projetos são
designados pela organização executora para atingir
os objetivos do projeto. Este é um papel conspícuo

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GESTÃO DA QUALIDADE E MODELO DE e preferência.
EXCELÊNCIA GERENCIAL
Liderança
Excelência nos Serviços Públicos. Gestão por
A alta direção da organização pública deve adotar uma
Resultados na Produção de Serviços Públicos. política orientada para os clientes, criando valores claros e
Gestão de Desempenho elevando as expectativas quanto à qualidade.
O reforço dos valores e das expectativas requer um subs-
A razão de ser da existência de um Estado, qualquer que tancial engajamento e envolvimento pessoal.
seja o seu modelo, se ditatorial ou democrático, se federal Os valores básicos e o engajamento da alta direção
ou unitário ou em qualquer outra classificação que se deseje devem incluir áreas de responsabilidade pública e espírito
utilizar, é a prestação de serviços públicos aos seus cidadãos, comunitário da empresa, consubstanciados na criação de
como forma de aumentar o bem-estar de sua população.
estratégias, sistemas e métodos para alcançar a excelência.
Unindo-se a própria razão da existência do Estado ao
conceito estratégico de qualidade, chega-se ao que moder-
namente se entende como a excelência em serviços públicos. Melhoria Contínua
Longe de ser algo acabado, a  excelência na prestação de
serviços públicos é um valor a ser buscado, continuamente Atingir os mais altos níveis de qualidade e competitivi-
buscado. dade requer um enfoque bem definido e bem executado
Não há, portanto, uma excelência em serviços públicos, para a melhoria contínua. A expressão “melhoria contínua”
o que há é uma contínua busca por essa excelência. refere-se tanto a melhorias incrementais quanto a melhorias
“revolucionárias”.
Excelência nos Serviços Públicos A focalização na melhoria deve fazer parte de todas as
operações e de todos os setores da empresa.
O conceito de excelência insere-se no atual cenário
mundial, com a globalização dos mercados e das teleco- Participação e Desenvolvimento dos Funcionários
municações, com administração com o foco no cliente e a
reengenharia nas estruturas organizacionais. O êxito é alcançado por uma organização por meio da
É definido como o estágio final dos programas de qua- realização de seus objetivos quanto à qualidade e ao envol-
lidade total, isto é, o  momento no qual todas as funções vimento da força de trabalho.
básicas da organização ou como a produção de serviços O vínculo estreito entre a satisfação dos servidores e a
públicos, que é o caso do setor público, que é ofertante de satisfação dos clientes ou usuários cria uma relação de cor-
serviços públicos, funciona com o máximo de produtividade responsabilidade entre a empresa e os funcionários.
e qualidade. Em função disso, a medida da satisfação dos funcioná-
Antes uma prerrogativa para as empresas que queriam rios proporciona um importante indicador dos esforços da
sobreviver em contexto competitivo, os serviços públicos en- empresa no sentido de melhorar a satisfação dos clientes e
caixam-se também no conceito de excelência, pois dirigentes e o desempenho operacional.
mesmo órgãos ou empresas governamentais também sofrem Essa característica é aquela sobre a qual as organizações
alguma espécie de competição e devem provar a sua utilidade públicas brasileiras talvez mais tenham com que se preo-
ou o seu potencial de agregação de valor para a sociedade. cupar. A  situação dos servidores públicos que interagem
Com o aprimoramento de técnicas de medição de resul- diretamente com a população é, na maioria das vezes, muito
tados, com a adoção de parâmetros de responsabilização precária, seja em termos de treinamento ou preparação para
pelas organizações públicas e com a tendência de maior a função, seja em termos de remuneração.
transparência e possibilidades de controle social e de con-
trole externo da administração, a busca por excelência no Resposta Rápida
serviço público deixa de ser apenas uma espécie de carta de
intenções ou de slogan e passa a ser determinante para a O sucesso em qualquer atividade requer sempre ciclos
continuação das atividades de dirigentes e de organizações. cada vez menores de introdução de novos produtos e ser-
Os valores chaves de um produto ou serviço de excelência
viços no mercado. O advento da TI e do Governo Eletrônico
são, pois, uma projeção da qualidade desses produtos ou
confirmam e possibilitam essa tendência.
serviços, levando em conta a percepção do usuário, que, no
Além disso, uma resposta mais rápida e flexível no aten-
caso do serviço público, nunca é demais repetir, também é
dono do negócio e tem “direito”, via cidadania, a ser tratado dimento aos clientes constitui hoje um requisito crucial da
de forma adequada. gestão.
Melhorias relevantes no tempo de resposta frequen-
Qualidade Centrada no Cliente temente exigem que as organizações, os  processos e as
etapas de trabalho sejam simplificados e encurtados. Daí
a importância de se trabalhar com revisão de processos,
Administração Pública

A qualidade é julgada pelo cliente. Todos os atributos de


produtos e serviços que têm valor para o cliente elevam sua casos da qualidade total ou mesmo do enfoque mais radical
satisfação, determinam sua preferência e devem constituir da reengenharia e do benchmarking, com a absorção de
o fundamento do sistema da qualidade da organização. No competências de outras organizações.
caso público, o cliente não tem “escolha”. Mas a democracia
impõe o controle eleitoral. Valor, satisfação e preferência Qualidade no Projeto e Prevenção de Problemas
podem ser influenciados por muitos fatores por meio das
experiências globais vividas pelos clientes na compra ou no A excelência certamente está ligada a um bom desenho
uso dos produtos e serviços. da produção de um serviço ou da definição de uma política
Esses fatores incluem o relacionamento da organização pública. Um bom desenho leva a um bom processo, facilita
com o usuário do serviço, que conduz à confiança, fidelidade a aferição de resultados e possibilita correções rápidas.

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Por isso, os sistemas da qualidade devem dar maior ênfa- parações do desempenho quanto à qualidade em relação aos
se à qualidade do projeto, isto é, à prevenção de problemas e referenciais de excelência (Benchmarking).
desperdício mediante o embutimento da qualidade nos pro- Desenvolvimento de Parcerias
dutos e serviços e nos processos pelos quais são produzidos. As organizações devem procurar desenvolver parcerias
Em geral, os custos da prevenção de problemas no está- internas e externas que melhor atendam à realização de
gio de projeto são muito mais baixos que os custos ligados suas metas globais. As parcerias internas poderiam incluir
à correção de problemas que ocorrem no estágio final de esquemas que promovam a cooperação entre a direção e
produção e entrega. A qualidade introduzida no projeto inclui os funcionários, tais como acordos com sindicatos, geren-
a criação de processos e produtos robustos em termos de ciamento e participação em redes de administração, com
capacidade de tolerar falhas. compartilhamento de recursos. Tais acordos poderão prever
o desenvolvimento dos funcionários, treinamento interfun-
Perspectivas de Longo Prazo cional ou novas organizações de trabalho, tais como equipes
de trabalho de alto desempenho.
Conquistar o reconhecimento dos usuários com relação Exemplos de parcerias externas incluem ligações estreitas
à qualidade requer da organização pública uma orientação com clientes e fornecedores e com outras organizações.
voltada para o futuro e a disposição de assumir compromis- Um tipo de parceria externa cada vez mais importante é
sos de longo prazo com os funcionários, fornecedores e a a parceria ou aliança estratégica. Essas parcerias oferecem
comunidade usuária dos serviços. a uma empresa o ingresso em novos produtos ou serviços
O planejamento deve determinar ou antecipar muitos ou mesmo mercados.
tipos de mudança, inclusive fatores que possam afetar as
expectativas dos usuários e mudanças nas exigências regula­
Responsabilidade Pública e Espírito Comunitário
mentares e nas expectativas da comunidade/sociedade.
É necessário que os planos, estratégias e alocações de recur-
sos reflitam esses compromissos e mudanças. Parte relevante Os objetivos do sistema da qualidade de uma organização
de tal compromisso a longo prazo refere-se ao desenvolvimento devem considerar a responsabilidade pública e o espírito
de servidores e fornecedores, ao cumprimento de responsabi- comunitário que lhe competem.
lidades públicas e ao fortalecimento do papel da organização A responsabilidade pública refere-se às expectativas
como modelo na promoção do espírito comunitário. básicas da organização: ética de negócios, segurança, saúde
pública e proteção ambiental.
Gestão Baseada em Fatos
Gestão da Qualidade e Modelo de Excelência
A realização das metas de melhoria da qualidade e do de-
sempenho de uma organização requer que a gestão de proces-
Gerencial. Principais Teóricos e suas Contribuições
sos seja baseada em dados, informações e análises confiáveis. para a Gestão da Qualidade. Ferramentas de Gestão
Os fatos e dados necessários à avaliação e melhoria da da Qualidade
qualidade são de muitos tipos, podendo incluir os relacio-
nados ao cliente, ao desempenho de produtos e serviços, A Evolução da Qualidade da Gestão, do Final da
às  operações, ao  mercado, às  comparações de competiti- Década de Oitenta até os Dias de Hoje
vidade, aos fornecedores, aos funcionários e aos aspectos
financeiros e de custo.
Fatos, dados e análise servem de base a uma variedade Conceitos de Qualidade
de propósitos da organização, como planejamento, análise Existem muitas formas de mostrar o que é qualidade. O
crítica de seu desempenho, melhorias das operações e com- termo é geralmente empregado para significar “excelência”
de um produto e/ou serviço. O próprio conceito evoluiu ao longo das décadas.

Na sequência abaixo, podemos observar algumas das explicações mais comuns:

1. Conformidade com Quando os produtos possuem comprovadamente as características que estão


especificações descritas nos projetos, catálogos ou listas de especificações.
2. “Valor” por Quando você recebe um beneficio compensador (tecnicamente denominado por
Dinheiro “valor”) em troca do dinheiro que gastou para comprar alguma coisa, tangível ou
intangível.
3. Adequação Quando aquilo que você compra é capaz de fazer, pelo menos, o que dele se
espera para uso.
Administração Pública

4. Atratividade de Mercado Quando você livremente usa o seu direito de escolher um determinado produto
dentre vários outros concorrentes. É o que acontece quando você decide por um
produto em uma prateleira de supermercado. Por alguma razão, você escolhe o
mais atrativo do mercado, seja pelo preço, pela aparência, pelo conteúdo, pela
marca ou por qualquer outra razão.
5. Satisfação do Um produto é realizado por uma sucessão de atividades, todas interligadas,
cliente conhecidas como processos. A satisfação do cliente final é obtida quando em
cada um dos processos intermediários existir a preocupação de satisfazer a
necessidade do cliente do próximo processo. É mais ou menos como uma
“cadeia de sucesso”.

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Vamos ver agora alguns dos principais conceitos para qualidade:

Definições de Qualidade
Excelência Filósofos gregos Qualidade significa o melhor que se pode fazer, o padrão mais
elevado de desempenho em qualquer campo de atuação.
Valor Meados do século XVIII Qualidade significa ter mais atributos; usar materiais ou
serviços raros, que custam mais caro.

Qualidade como valor é conceito relativo, que depende


do cliente e seu poder aquisitivo.
Especificações Engenharia Qualidade planejada; projeto do produto ou serviço;
definição de como o produto ou serviço deve ser.
Conformidade Qualidade real Produto ou serviço de acordo com as especificações do
projeto.
Regularidade Confiabilidade Uniformidade; produtos ou serviços idênticos.
Adequação ao Uso Joseph M. Juran Qualidade de projeto e ausência de deficiências: projeto
excelente e produto/serviço de acordo com o projeto.
Normatização Normas de Qualidade ISO Um conjunto de propriedades e característica de serviço,
processo ou produto, que lhes forneçam a capacidade de
satisfazer as necessidades explícitas ou implícitas das pessoas.

Esses conceitos apresentados no quadro acima foram evoluindo conforme mudava a percepção da humanidade sobre
o que era Qualidade e foram apresentados pelos principais participantes do movimento da qualidade.

Autores Principais Ideias e Contribuições


Shewhart, Dodge e Romig • Cartas de Controle.
• Controle estatístico da qualidade e controle estatístico do processo.
• Técnicas de Amostragem.
• Ciclo PDCA.
Feigenbaum • Departamento de controle da qualidade.
• Sistema da Qualidade.
• Qualidade Total.
Deming • 14 Pontos.
• Ênfase no fazer certo da primeira vez.
• Corrente de Clientes.
• Qualidade desde os Fornecedores até o Cliente Final.
Juran • Trilogia da Qualidade (Planejamento, Controle, Aprimoramento).
Ishikawa • Qualidade Total.
• Círculos da Qualidade.

Custos da Qualidade
De acordo com Maximiano (2000), “custando mais ou menos, a qualidade dos produtos e serviços requer investimentos
para ser alcançada e mantida. Esses investimentos compõem os custos da qualidade, necessários para manter funcionando
o sistema da qualidade e evitar os custos da não qualidade. Os custos da qualidade agrupam-se em duas categorias: custos
de prevenção e custos de avaliação”.

Custos de evitar a ocorrência de erros e defeitos:


• Planejamento do processo de controle da qualidade.
• Treinamento para a qualidade.
Custos de • Desenvolvimento de fornecedores.
Prevenção • Desenvolvimento de produtos com qualidade.
Administração Pública

• Desenvolvimento do sistema de produção.


• Manutenção preventiva.
• Implantação e manutenção de outros componentes do sistema de qualidade.

Custos de aferição da qualidade do sistema de produção de bens e serviços:


• Mensuração e teste de matérias-primas e insumos da produção.
Curstos de • Aquisição de equipamentos especiais para avaliação de produtos.
Avaliação • Realização de atividades de controle estatístico do processo.
• Inspeção.
• Elaboração de Relatórios.

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Custos da Não Qualidade
De acordo com Maximiano (2000),

a falta de adequação ao uso acarreta prejuízos para o cliente e para a organização e gera os custos da não qualidade,
outra idéia importante dentro do moderno enfoque da qualidade na administração. Os custos da não qualidade
também se agrupam em duas categorias: custos internos e custos externos dos defeitos. Aumentar a adequação
ao uso significa reduzir ou eliminar esses custos, o que implica maior eficiência dos recursos produtivos. É por isso
que “mais qualidade custa menos”.

Custos dos defeitos que não são apanhados antes de os produtos e serviços serem expedidos para
o cliente:
Custos • Matérias-primas e produtos refugados.
Internos dos • Produtos que precisam ser retrabalhados.
Defeitos • Modificações nos processos produtivos.
• Tempo de espera dos equipamentos parados enquanto se fazem correções.
• Pressa e tensão para entregar os produtos corrigidos ou consertados.

Custos dos defeitos que são apanhados depois que chegam ao cliente:
• Cumprimento das Garantias oferecidas ao Cliente.
Custos • Perda de Encomendas.
Externos dos • Processamento de Devoluções.
Defeitos • Custos de Processos nos organismos de defesa do consumidor.
• Comprometimento da Imagem
• Perda de clientes e de mercado.

Evolução dos Conceitos de Qualidade


Vamos entender agora como ocorreu a evolução dos conceitos de qualidade.

ERAS DA QUALIDADE
Era da Era do Controle Era da
Inspeção Estatístico Qualidade Total
• Observação direta do produto ou • Observação direta do produto ou • Produtos e serviços definidos com base
serviço pelo fornecedor ou consumidor. serviço pelo fornecedor, ao final do nos interesses do consumidor.
• Produto e serviços inspecionados um processo produtivo. • Observações de produtos e serviços
a um ou aleatoriamente. • Produtos e serviços inspecionados com durante o processo produtivo.
a base em amostras. • Qualidade garantida do fornecedor ao
cliente.

dos e no comércio de produtos artesanais, com a finalidade


1ª era: a era da inspeção de encontrar o que melhor atende a suas necessidades e
O produto era verificado (inspecionado) pelo produtor interesses.
e pelo cliente, o que ocorreu pouco antes da Revolução A preocupação com a qualidade de bens e serviços não
Industrial. Os principais responsáveis pela inspeção eram é recente. Os consumidores sempre tiveram o cuidado de
os próprios “artesãos”. Nessa época, o foco principal estava inspecionar os bens e serviços que recebiam em uma relação
na detecção de eventuais defeitos de fabricação, sem haver de troca. Essa preocupação caracterizou a chamada era da
metodologia preestabelecida para executá-la. A ênfase da inspeção, que se voltava para o produto acabado, não pro-
inspeção é separar o produto bom do produto defeituoso duzindo, assim, qualidade, apenas encontrando produtos
por meio da observação direta. Desde antes da Revolução defeituosos na razão direta da intensidade da inspeção.
Industrial, sempre se praticou alguma espécie de controle
da qualidade com esse objetivo, ou seja, separar o “joio do 2ª era: a era do controle estatístico da qualidade
trigo.” O controle da inspeção foi aprimorado por meio da
Nos primórdios da indústria moderna, a inspeção era utilização de técnicas estatísticas. Em razão do crescimen-
feita pelo próprio artesão, que tinha interesse genuíno to da demanda mundial por produtos manufaturados,
em fazer produtos segundo especificações rigorosas, que inviabilizou-se a execução da inspeção produto a produto,
Administração Pública

atendessem a suas próprias exigências estéticas, ou que como na era anterior, e a técnica de amostragem passou a
impressionassem positivamente os clientes. ser utilizada. Nesse novo sistema, que obedecia a cálculos
É a modalidade de controle que vai existir enquanto estatísticos, certo número de produtos era selecionado
existirem os mercados em que o cliente relaciona-se dire- aleatoriamente para ser inspecionado, de forma que re-
tamente com o produtor, ou nos quais o cliente é atraído presentasse todo o grupo e, a partir dele, verificava-se a
por produtos em exposição, cuja qualidade ele pode aferir qualidade de todo o lote.
objetivamente ou subjetivamente pela simples observação Com a ascensão das empresas industriais e da produção
e manuseio. massificada, tornou-se impraticável inspecionar a totali-
A inspeção do produto desta forma continua sendo pra- dade dos produtos que saíam aos milhares das linhas de
ticada pelos consumidores nas feiras livres, nos supermerca- montagem. Por causa disso, o contexto tornou-se favorável

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ao surgimento do controle estatístico da qualidade, que se as expectativas do cliente.
baseia em amostragem. Em lugar de inspecionar todos os
produtos, seleciona-se por amostragem certa quantidade Princípio de Deming
para inspeção.
No início dessa era, o enfoque também recaía sobre William Edwards Deming é amplamente reconhecido
o produto, como no caso anterior. Porém, com o passar pela melhoria dos processos produtivos nos Estados Unidos,
do tempo, foi se deslocando para o controle do processo sendo, porém, mais conhecido pelo seu trabalho no Japão
de produção, possibilitando o surgimento das condições após a Segunda Guerra Mundial. Lá, a partir de 1950, ele
necessárias para o início da era da qualidade total. A ne- ensinou altos executivos como melhorar projetos, qualida-
cessidade de mudar a ênfase da correção para a prevenção de de produto, teste e vendas através de vários métodos,
de defeitos é sintetizada na frase “fazer certo da primeira incluindo a aplicação de métodos estatísticos como a análise
vez”, que, apesar de sua simplicidade, viria a influenciar de variantes e teste de hipóteses.
profundamente o estudo e a prática da administração da Deming fez contribuições significativas para o Japão
qualidade. Feigenbaum defendeu a ideia de que as empre- tornar-se notório pela fabricação de produtos inovadores de
sas deveriam criar um departamento para cuidar exclusi- alta qualidade. Ele é considerado o estrangeiro que gerou
vamente da qual idade, tendo como principal atribuição o maior impacto sobre a indústria e a economia japonesa
preparar e ajudar a administrar o programa de qualidade. no século XX.
Esse programa deveria ter quatro etapas: estabelecer Alguns conceitos de Deming até hoje são difundidos por
todo o mundo, mas sua filosofia de qualidade, que ficou
padrões: definir os padrões de custo e desempenho do
conhecida como “Os 14 pontos de Deming para a melhoria
produto; avaliar o desempenho: comparar o desempenho
da qualidade”, tornou-se uma referência universal no ensino
dos produtos com os padrões; agir quando necessário:
e na prática da qualidade.
tomar providências corretivas quando os padrões fossem
violados; planejar aprimoramentos: realizar esforços para Os 14 Pontos da Filosofia de Deming
aprimorar os padrões de custo e desempenho.
• Estabelecer a constância de propósitos para a me-
3ª era: era da qualidade total lhoria dos bens e serviços: a alta administração deve
Na era da qualidade total, na qual se enquadra o período demonstrar constantemente seu comprometimento
em que estamos vivendo, a ênfase passa a ser o cliente, com os objetivos e metas da organização, gerando um
tornando-se o centro das atenções das organizações que propósito maior. Este deve incluir, também, os acionis-
dirigem seus esforços para satisfazer as suas necessidades tas, clientes, fornecedores, funcionários, a comunidade
e expectativas. e a sociedade em torno da Filosofia Empresarial. A
Portanto, qualidade não é apenas a conformidade com Filosofia Empresarial é um documento constantemente
as especificações, que era a acepção tradicional, na qual em mudança que requer a colaboração de todos para o
predominava a atividade de inspeção. Nem tampouco qua- seu atingimento. As organizações devem desenvolver
lidade seria a ausência de defeitos. Deveria a qualidade ser uma visão de futuro e planejar a manutenção e o cres-
embutida no produto ou serviço desde o começo, a partir dos cimento do negócio, fixando metas de longo alcance.
desejos e interesses do cliente. A concepção do produto ou Para isso, devem ser alocados recursos para pesquisa,
serviço começaria daí, e, em seguida, viriam outros aspectos treinamento e educação permanente para atingir os
que fariam parte do conjunto total das características do objetivos propostos. A inovação é promovida para
produto ou serviço, tais como a confiabilidade. assegurar que os produtos e serviços não se tornem
A qualidade total abrangeria, assim, no caso de produtos, obsoletos. Essa filosofia deverá ser divulgada a todos
todos os estágios do ciclo industrial, que são: marketing: que fazem parte da organização.
avalia o nível de qualidade desejado pelo cliente e o custo • Adotar a nova filosofia: a alta administração e toda
que ele está disposto a pagar; engenharia: transforma as a força de trabalho devem adotar a nova filosofia. As
expectativas e os desejos do cliente em especificações; pro- organizações devem procurar a melhoria contínua e
dução: a supervisão e os operadores têm a responsabilidade não aceitar não conformidades. A prioridade número
importante pela qualidade durante a fabricação. um é a satisfação do cliente, porque clientes insatis-
Com essa nova dimensão, a qualidade deixa de ser atri- feitos não irão adquirir bens e serviços não conformes.
A organização deve concentrar-se na prevenção dos
buto apenas do produto ou serviço. Deixa de ser, também,
defeitos mais do que na detecção dos defeitos. Me-
responsabilidade exclusiva do departamento da qualidade.
lhorando os processos, a qualidade e a produtividade
A qualidade exige visão sistêmica e holística para integrar
melhorarão como uma consequência natural desse
as ações das pessoas, máquinas, informações e estratégias
esforço. Todos na organização devem estar envolvi-
envolvidas na administração da qualidade. dos nessa jornada de qualidade e mudança de sua
Administração Pública

atitude perante a qualidade. Os fornecedores devem


Foco no cliente ser auxiliados para aumentar a sua qualidade, sendo
Segundo Feigenbaum, solicitadas evidências estatísticas de conformidade de
seus fornecimentos e dividindo informações relativas
a qualidade quem estabelece é o cliente e não os às expectativas dos clientes. A alta administração deve
engenheiros, nem o pessoal de marketing ou da conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir
alta administração. A qualidade de um produto ou a liderança no processo de transformação proposto
serviço pode ser definida como o conjunto total das pela nova filosofia.
características de marketing, engenharia, fabricação • Compreender o propósito da inspeção: a alta ad-
e manutenção do produto ou serviço que satisfazem ministração deve compreender que o propósito da

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inspeção é a melhoria do processo e a redução de envolve administrar para o sucesso. A alta administra-
seus custos, introduzindo a qualidade no produto ção pode iniciar proporcionando aos funcionários o
desde o seu primeiro estágio. Para a maior parte das treinamento adequado, boa supervisão e ferramentas
organizações, a inspeção é onerosa e não confiável. apropriadas para executarem suas tarefas. Quando as
Por isso, quando apropriado, deve ser substituída pessoas são tratadas com dignidade o medo pode ser
pela melhoria contínua por meio do uso de técnicas eliminado e elas trabalharão para o bem comum da
estatísticas. Assim, devem ser feitas tentativas para organização. Neste clima, elas estarão mais abertas
reduzir e depois eliminar a aceitação de amostragem. para dar ideias inovadoras para as melhorias.
Inspeção em massa é gerenciar as falhas e defeitos, e • Otimizar o trabalho das equipes, áreas e da própria
prevenção é gerenciar pelo sucesso. alta administração: a alta administração deve otimizar
• Parar de avaliar as transações com base somente os esforços de suas equipes para alcançar as metas e
no preço: a alta administração deve parar de avaliar os propósitos da organização. Existem, internamente,
as transações baseadas na proposta de preço mais barreiras entre níveis da administração, entre depar-
baixo porque o preço não tem significado sem qua- tamentos, dentro dos departamentos e entre grupos.
lidade. O objetivo é ter fornecedores únicos para Externamente as barreiras existem entre a organização
cada item, e desenvolver com eles, a longo prazo, e seus clientes e fornecedores. Estas barreiras existem
um relacionamento de lealdade e confiança e, por devido à pobre comunicação, ignorância da filosofia
meio disso, fornecer bens e serviços melhores. Os da organização, competição, medo, ciúmes e rancores
compradores devem ser treinados em negociação e pessoais. Para quebrar esta barreira, a alta adminis-
controles estatísticos e exigir o mesmo dos fornece- tração necessita de uma perspectiva de longo prazo.
dores. Eles devem rastrear os materiais durante todo As atitudes necessitam ser mudadas; os canais de co-
o ciclo de vida do produto a fim de examinar como municação devem ser abertos; as equipes de projetos
as expectativas dos clientes são afetadas e dar um devem ser organizadas; e implementado treinamento
feedback aos fornecedores com relação à qualidade para toda a força de trabalho. Equipes multifuncionais
do que foi comprado deles. como as utilizadas em engenharia simultânea são um
• Melhorar continuamente os produtos e serviços: a método excelente para isso.
alta administração deve ter mais responsabilidade • Eliminar slogans, exortações para a força de trabalho:
pelos problemas detectando ativamente e corrigindo- slogans e exortações que pedem por um aumento de
-os para que a qualidade e a produtividade sejam produtividade sem fornecer métodos específicos de
permanentemente e continuamente melhoradas e os melhoria podem dificultar uma organização. Eles não
custos sejam reduzidos. O foco é prevenir os proble- fazem nada, mas expressam os desejos da alta adminis-
mas antes que eles aconteçam. É esperada e admitida tração; eles não produzem um bem ou serviço melhor
uma variação, mas deve haver um empenho contínuo porque os funcionários estão limitados pelo sistema.
para sua redução utilizando ferramentas estatísticas. Metas alcançáveis e que estejam comprometidas
As responsabilidades são designadas a equipes para com o sucesso a longo prazo da organização devem
remover as causas dos problemas e continuamente ser estabelecidas. Melhorias no processo não podem
melhorar o processo. ser realizadas a menos que as ferramentas e métodos
• Instituir o treinamento: toda a força de trabalho estejam disponíveis.
deve ser orientada na filosofia da organização e ser • Eliminar metas numéricas para a força de trabalho:
comprometida com a melhoria contínua. A alta admi- em vez de metas numéricas somente, a alta admi-
nistração deve alocar recursos para treiná-la para de- nistração deve aprender e instituir métodos para a
sempenhar suas funções da melhor maneira possível. melhoria contínua. Focar metas e padrões de trabalho
Todos devem ser treinados em métodos estatísticos em qualidade em vez de quantidade. Assim, desenco-
e estes métodos devem ser utilizados para monitorar rajará a execução apenas para a obtenção de metas
a necessidade de treinamento posterior. numéricas. As metas numéricas devem ser substituídas
• Adotar e instituir a liderança: melhorar as lideranças por métodos estatísticos de controle de processos. A
é responsabilidade da alta administração. Ela deve dar alta administração deve fornecer e implementar uma
treinamento para os líderes em métodos estatísticos estratégia para o aprendizado e a melhoria contínua
e nestes 14 pontos. Assim, a nova filosofia pode ser e trabalhar com a força de trabalho para refletir essas
implementada. Em vez de focar em uma atmosfera novas políticas. A alta administração deve aprender
negativa, apontando erros, os líderes poderão criar as capacidades dos processos e como melhorá-los.
uma atmosfera positiva onde o orgulho naquilo que Objetivos internos estabelecidos pela alta administra-
fazem possa ser desenvolvido. Toda comunicação deve ção, sem um método, são burlescos. Administrar por
ser clara desde a alta administração, passando pelos objetivos numéricos é um esforço de administrar sem
líderes até os funcionários operacionais. conhecimento do que fazer.
Administração Pública

• Afastar o medo, criar confiança e um clima para a • Remover as barreiras ao orgulho pelo trabalho: a
inovação: a alta administração deve encorajar uma perda de orgulho do trabalho existe em todas as
comunicação aberta e efetiva, bem como o trabalho organizações porque (1) a força de trabalho não sabe
em equipe. O medo é causado por um sentimento geral como está relacionada com a missão da empresa; (2) é
de ser impotente para controlar aspectos importantes responsabilizada por problemas do sistema de gestão;
da vida de cada um, pessoal ou profissionalmente. Isto (3) projetos inadequados levam à produção de “lixo”;
é causado pela ausência de segurança no trabalho, (4) são estabelecidos treinamentos inadequados; (5)
avaliação de desempenho, ignorância dos objetivos da existência de uma liderança fraca e punitiva; e (6) são
organização, lideranças fracas e desconhecimento do fornecidos recursos inadequados ou ineficazes para a
próprio trabalho. Afastar o medo do local de trabalho realização das tarefas. Restaurar o orgulho exigirá da

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alta administração um compromisso de longo prazo. serviço. Por isso, é relevante definir o que é, para o cliente,
Quando os funcionários têm orgulho do seu trabalho o serviço esperado e o serviço previsto.
eles irão crescer na mais completa dimensão de sua O serviço previsto é conforme Christopher e Wright
função. A alta administração deve fornecer à força de (2006), o que os clientes esperam receber do prestador de
trabalho a descrição de seus cargos operacionais, os serviço durante um determinado encontro de serviço. Ou
recursos adequados, e enfatizar a compreensão dos o grau de qualidade do serviço que um cliente crê que a
funcionários do seu papel dentro do processo. Para organização possa lhe entregar.
restaurar o orgulho, todos na organização trabalharão Os consumidores usam critérios que se enquadram em
para o bem comum. dez categorias gerais chamadas “determinantes da qualidade
• Estimular a formação e o autoaprimoramento de dos serviços”. Esses determinantes não são independentes
todos: o que uma organização necessita são pessoas entre si. E, segundo Zeithaml (1990), o prestador de serviços
que cresçam através da educação e do treinamento. A precisa fazer aquilo que ele realmente disse que iria fazer.
alta administração deve assumir um compromisso de • Acesso: é a agilidade e facilidade de contato, princi-
longo prazo para educar e treinar as pessoas. A filosofia palmente no que se diz respeito a telefones, o que
da organização e os 14 pontos devem ser os funda- é comum nas empresas os atendentes demorarem
mentos do programa de treinamento. Todos devem muito para atender ou deixar o cliente esperando,
ser retreinados quando os requisitos da organização horários flexíveis e localização adequada.
mudam para satisfazer as mudanças do ambiente. • Comunicação: manter os clientes informados numa
• Agir para concretizar a transformação: a alta adminis- linguagem que possam entender, ajustando a lingua-
tração tem que aceitar a responsabilidade primordial gem do atendente/vendedor a linguagem dos clientes.
de melhorar continuamente os processos, produtos e Uma linguagem formal aos clientes mais instruídos e
serviços da organização. Ela tem que criar uma equipe uma linguagem mais coloquial aos clientes de menos
para implantar a filosofia. Uma mudança cultural é ne- instrução. Deixar claro quanto custa o serviço, explicar
cessária a partir da atitude anterior de “negociar como o serviço e passar a garantia ao cliente que o serviço
sempre se fez”. A organização deve estar comprometi- será devidamente executado.
da, envolvida e acessível se a alta administração quiser • Competência: é ter habilidade e conhecimento para
ter sucesso na implantação da nova filosofia. executar tal serviço, com o pessoal de contato, com o
pessoal do suporte.
Atualmente, percebe-se uma intensa movimentação • Cortesia: respeito, comportamento amigável com o
em busca da qualidade. As organizações têm de produzir pessoal de contato, consideração pelos colegas de
serviços e produtos de qualidade, não mais pensando em trabalhos e, principalmente, pelo cliente e seus bens,
uma estratégia que as diferencie no mercado, mas também aparência limpa e arrumada.
como uma condição de sobrevivência. A preocupação com a • Credibilidade: ser confiante, ser honesto, ter em
qualidade dos serviços prestados não é coisa recente, tanto mente os interesses do cliente.
que foram desenvolvidos padrões de qualidade, métodos e • Confiabilidade: é a empresa prestando serviço correto
ferramentas específicas para a execução desses serviços. da primeira vez, cumprindo com o que prometeu.
Uma cobrança correta, manutenção correta e serviço
A qualidade na prestação de serviços visa o alcance da
concluído dentro do prazo estipulado.
satisfação do cliente através de um processo de melhoria
• Sensibilidade: disposição dos funcionários para prestar
contínua dos serviços gerados pela empresa. A qualidade
serviço ao cliente. Resposta imediata ao cliente no
total tem como necessidade a participação de todos os
telefone, pronta prestação de serviço, remessa rápida
membros da empresa, incluindo supervisores, gerentes,
de algum produto.
trabalhadores e seus executivos, na busca do objetivo de
• Segurança: não ter risco, não ter dúvidas. Segurança
melhoria contínua dos produtos e serviços.
física, segurança financeira, sigilo de dados de clientes.
É importante ressaltar a continuidade do processo • Tangíveis: evidências físicas do serviço, instalações
da qualidade na prestação de serviços, tendo em vista a físicas, aparência pessoal, ferramentas utilizadas para
sobrevivência da organização. A maior dificuldade está no realizar o serviço.
comportamento do consumidor, pois suas necessidades • Compreensão: é esforçar-se para entender e atender
mudam constantemente e o esforço visando o aperfeiço- as necessidades dos clientes. Dar atenção individual
amento diante de situações que se modificam torna mais para o cliente, reconhecer clientes habituais.
difícil a excelência na prestação dos serviços.
Para se desenvolver uma cultura de qualidade na or- O modelo básico de Gestão da Qualidade utilizado
ganização, é necessário estimular em todos os envolvidos atualmente rejeita a visão simplificada do homem que a
na prestação do serviço a responsabilidade em relação às Administração Científica propõe. A ideia do incentivo básico
atividades e tarefas desenvolvidas, e que os problemas sejam está consolidada como mecanismo de motivação. Há duas
Administração Pública

resolvidos com eficiência. características fundamentais associadas a este mecanismo,


Uma política de feedback pode ajudar no aproveitamento porém, que devem ser consideradas:
das reclamações dos consumidores, como uma forma de • Os reflexos deste tipo de incentivo são imediatos,
melhorar o padrão dos serviços prestados. visíveis e envolvem pronta resposta, em curto prazo.
Enfim, todos os esforços despedidos de forma a prestar • Trata-se de resultados pouco consistentes, que trazem
serviços de qualidade não serão em vão. O retorno é certo, contribuição restrita e limitada para a organização.
e a empresa dificilmente será esquecida pelos consumidores
e concorrentes. Dificilmente a ideia de Taylor de que o homem é “pré-
Os clientes comparam o que esperam obter com aquilo -programável” seria acatada pela moderna Gestão da Qua-
que de fato recebem durante a etapa de pós-compra do lidade. A noção de que o homem tem valores pré-fixados

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e, por isso, pode-se conhecer antecipadamente como ele A qualidade total é uma decorrência da aplicação da me-
reagirá em determinados casos, não é aceita. Isto facilitaria lhoria contínua. Enquanto a melhoria contínua da qualidade é
as relações com os operários de uma fábrica, mas conduzi- aplicável no nível operacional, a qualidade total estende o con-
ria à acomodação e à redução do processo de gestão a um ceito de qualidade para toda a organização, abrangendo todos
conjunto de movimentos ação-reação, ambas definidas e os níveis organizacionais, desde o pessoal de escritório e chão
conhecidas. de fábrica até a cúpula em um envolvimento total. A melhoria
Os benefícios da adoção de um Sistema de Gestão de contínua e a qualidade total são abordagens incrementais para
Qualidade são: obter excelência em qualidade dos produtos e processos. O
• com qualidade a produtividade é maior e o gasto é objetivo é fazer acréscimos de valor continuamente.
menor; O gerenciamento da Qualidade Total (Total Quality
• o que vai em qualidade, volta multiplicado em lucro; Management – TQM) é um conceito de controle que atri-
• com qualidade mantêm-se os clientes atuais e con- bui às pessoas, e não somente aos gerentes e dirigentes a
quistam-se novos; responsabilidade pelo alcance de padrões de qualidade. A
• qualidade não é um diferencial, mas, sim, uma neces- qualidade total está baseada no empoderamento (empo-
sidade; werment) das pessoas. Empowerment significa proporcionar
• a empresa não terá qualquer desvantagem em ter aos funcionários as habilidades e a autoridade para tomar
qualidade; decisões que tradicionalmente eram dadas aos gerentes.
• Qualidade + Produtividade = Competitividade → Lucro Significa, também, a habilitação dos funcionários para re-
sustentado; solverem os problemas dos clientes sem consumir tempo
• Sistema de Gestão da Qualidade + Gestão de Pessoas para aprovação do gerente.
= Qualidade Total (TQC). Um Sistema de Gestão da Qualidade representa a par-
te do sistema de gestão da organização que visa alcançar
E os principais objetivos são: resultados, em relação aos objetivos da Qualidade, para
• Incentivar a equipe de colaboradores a trabalhar com satisfazer às necessidades, expectativas e requisitos das
qualidade; partes interessadas, conforme apropriado. Os objetivos da
– aumentar a motivação (motivos para ação); qualidade complementam outros requisitos das partes inte-
– melhorar empregabilidade; ressadas, conforme apropriado. Os objetivos da Qualidade
– melhorar qualidade de vida; complementam outros objetivos da organização , tais como
– autodesenvolvimento da equipe. os relacionados a crescimento, financiamento, lucratividade,
meio ambiente e segurança.
Qualidade é mudança, e os empreendedores e em- Para o desenvolvimento de um Sistema de Gestão da
presários que estão dispostos a mudar devem assumir a Qualidade, a organização deve:
liderança do todo o processo onde está inserido, inclusive • identificar os processos necessários para o sistema e
no que se refere a serviços. sua aplicação por toda a organização;
Trabalhar com serviços realmente não é fácil, trabalhar • determinar a sequência e a interação desses processos;
em contato direto com cliente também não é. Mas qual • determinar critérios e métodos necessários para as-
empresa hoje trabalha sem clientes? Se não tem clientes, segurar que a operação e o controle desses processos
não é empresa. Valorizar a imagem da sua organização, sejam eficazes;
a imagem do seu serviço, da sua equipe de atendentes, • assegurar a disponibilidade de recursos e informações
pessoas essas fundamentais para a prosperidade de um necessárias para apoiar a operação e o monitoramento
negócio, envolvidas com os clientes. desses processos;
Não existe fórmula para prestar um serviço de qualida- • monitorar, medir e analisar esses processos; e
de, como pode existir nos produtos, o que existe é um bom • implementar ações necessárias para atingir os re-
planejamento, uma boa liderança, um bom treinamento sultados planejados e a melhoria contínua desses
e programas motivacionais. processos.

Estrutura do Fluxo do SGQ


Personalize o produto ou serviço para que satisfa- Produzir qualidade nada mais é do que realizar cada
çam minhas necessidades processo da cadeia interna de uma organização em absoluta
Instrua-me quando eu encontrar um serviço ou conformidade com os requisitos estabelecidos. Produzir
produto em uma situação que eu não entenda. qualidade é “entregar qualidade 100%” ao cliente.
Ajude-me, volte atrás às vezes para mostrar que O forte alinhamento da ISO 9000 com processos é de-
você se importa comigo. (CRAWFOR; MATHEWS, monstrado pela observação de que dos oito princípios da
2002, p. 24). qualidade listados nesta norma, dois deles dizem respeito
ao assunto processos. São eles:
Qualidade – Melhoria Contínua • Princípio 4: Abordagem por processos;
Administração Pública

• Princípio 5: Abordagem sistêmica para a gestão.


A melhoria contínua é uma técnica de mudança organi-
zacional suave e contínua, centrada nas atividades em grupo Controle da Qualidade é:
das pessoas. Visa à qualidade dos produtos e serviços dentro • definir seus padrões com base nas necessidades das
de programas a longo prazo, que privilegiam a melhoria pessoas;
gradual e o passo a passo por meio da intensiva colaboração • trabalhar conforme os padrões;
e participação das pessoas. A filosofia de melhoria contínua • melhorar constantemente os padrões para satisfação
deriva do Kaizen. O Kaizen é uma filosofia de contínuo me- das pessoas.
lhoramento de todos os empregados da organização, de ma-
neira que realizem suas tarefas um pouco melhor a cada dia. A figura abaixo demonstra o conceito de garantia da

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qualidade conforme a disposição dos diversos processos que garantem o atendimento ao cliente do processo.

nas organizações. Foi desenvolvido na década de 1930 pelo


Dentro da Gestão de Processos, o mapeamento e a mo- norte-americano Walter Andrew Shewhart, mas foi com
delagem de processos são atividades primordiais antes de Willian Edwards Deming que o método foi mais divulgado.
iniciar qualquer processo de organização empresarial, tais Tornou-se mundialmente conhecido ao aplicá-lo nos con-
como a implementação de um SGQ (ISO 9000 ou outro), a ceitos de qualidade no Japão.
implementação de um software de gestão integrada (ERP –
Enterprise Resource Planning) e a implementação de custeio
de atividades etc.
A Gestão de Processos constitui o mapa que orientará
as atividades das melhorias posteriores. Sem ela, o trabalho
é feito no escuro, e, como consequência, as tentativas de
informatizar atividades podem ter como resultado a auto-
matização da ineficiência e da ineficácia.

Principais Ferramentas da Qualidade


Administração Pública

Como suporte para a análise dos processos, existem di-


versas ferramentas computacionais que podem ser utilizadas
com este fim. Dentre as principais estão: O PDCA é uma ferramenta que não é aplicada apenas
uma vez durante o processo, mas, sim, sucessivas vezes,
Ciclo PDCA de forma continuada, para que a mudança seja concre-
tizada e possa levar a novas melhorias, para atingir o
O método PDCA de controle de processos, também próximo momento. No plano pessoal, trabalha talentos
conhecido como ciclo de Deming: “Planejar, Fazer, Verifi- e habilidades.
car e Agir” ou Plan, Act, do and Check em inglês, é um dos As medições e análises dos processos sempre são rele-
principais métodos da Administração pela Qualidade Total vantes para a manutenção e melhoria dos mesmos, contem-

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plando o planejamento, a padronização e a documentação delo mental muito simples, mas seu ciclo completo exige
destes. Vale ressaltar que o ciclo deve sempre começar com muita fundamentação, análise de cenários, diagnósticos,
a definição de uma meta a ser atingida. treinamento e desenvolvimento, execução de tarefas com
registros de dados e fatos, medição para obter controle,
Etapas do Ciclo PDCA análise e ações corretivas, padronização e reconhecimento
• Plan (Planejar) – Neste passo são traçados os planos de trabalhos bem feitos. Girá-lo de fato significa construir
com base nos problemas da organização: uma gestão baseada em etapas que caracterizam iniciativa
– definir de forma clara e objetiva os problemas e ação do gestor
existentes;
– estabelecer os objetivos sobre os itens definidos; 5w2h
– decidir os métodos a serem utilizados a fim de O método 5w2h atua como uma ferramenta auxiliar na
atingir o resultado desejado; utilização do PDCA, principalmente na fase “planejar”.
– utilizar os “5 porquês” para definir a causa do pro- O mais antigo registro encontrado na utilização desse
blema. método “Tratado sobre Oratória” foi escrito por Marcus
• Do (Fazer) – Neste passo são executadas as tarefas Fabius Quintilianus (entre os anos 30 e 100 d.C.). Esse
previstas nos planos: tratado refere-se a textos para discursos. Quintilianus
– treinar o método a ser empregado; observava que, para se obter a compreensão do público
– executar o método; sobre qualquer tema, era necessária a utilização do hexá-
– realizar as mudanças necessárias, caso não fique gono de perguntas (e respostas) contido em seu tratado.
bom, continuar alterando até que esteja melhor;
As seis perguntas básicas a serem respondidas para o êxito
– tentar fazer pequenas coisas que possam ser fei-
da comunicação eram: o que, quem, quando, onde, por
tas com mais rapidez, em vez de esperar por uma
quê e como.
solução perfeita,
• What (O Que?) – Que ação será executada?
– coletar dados para verificação do processo.
• Who (Quem?) – Quem irá executar/participar da ação?
• Check (Verificar) – Neste passo são verificados o pro-
• Where (Onde?) – Onde será executada a ação?
cesso e avaliados os resultados obtidos:
• When (Quando?) – Quando a ação será executada?
– verificar se o trabalho está sendo executado con-
• Why (Por Quê?) – Por que a ação será executada?
forme o padrão estabelecido;
• How (Como?) – Como será executada a ação?
– refletir cuidadosamente sobre o que funcionou e o
• How much (Quanto custa?) – Quanto custa para exe-
que não funcionou com os métodos empregados;
– perguntar “por que?”, em cada caso, até que haja cutar a ação?
uma clara compreensão do que foi eficaz e o que
não foi; O método 5W2H é uma ferramenta simples, porém
– treinar o método a ser empregado. poderosa, para auxiliar a análise e o conhecimento sobre de-
• Act (Agir) – Neste passo são tomadas ações baseadas terminado processo, problema ou ação a serem efetivados.
no passo da verificação:
– manter o novo método de trabalho, de forma que Brainstorming
possam ser controlados, caso as contramedidas Brainstorming (“tempestade cerebral”) é uma técnica
tenham sido eficazes; de criatividade em grupo, na qual ele busca a geração de
– tomar ações para prevenir e corrigir caso o trabalho ideias que, isoladamente ou associadas, estimulem novas
desvie do padrão estabelecido; ideias e subsídios direcionados à solução parcial ou total
– melhorar o sistema de trabalho e o método; de um problema.
– utilizar um método que tenha dado um resultado Pode e deve ser documentado, por meio de Diagramas
satisfatório para solucionar problemas semelhan- de Causa e Efeito e Pareto.
tes;
– reiniciar o ciclo pela fase de planejamento caso
as contramedidas estabelecidas não tenham sido TIPO
VANTA- DESVANTA-
eficazes. DE BRAINS- FINALIDADE
GEM GEM
TORMING
Depois de concluída a última fase do processo, é inte-
ABERTO Reunião de 2 a 8 Riqueza Desorganiza-
ressante planejar ações futuras para “girar” novamente o pessoas, com um de inte- ção
PDCA. Um PDCA poderá iniciar outro, imediatamente, de facilitador que rações
forma que a última etapa (Agir) de um ciclo vai dar origem
Administração Pública

tem a tarefa de
à primeira etapa (Planejar) de um novo PDCA, garantindo a conectar e docu-
manutenção da qualidade ao longo do tempo. mentar as ideias.
Por vezes, pode acontecer que a lógica PDCA não seja
aplicada sistematicamente, concentrando-se demais numa
série de “tentativas” da fase “agir” sem ter analisado sufi-
cientemente a situação em fase “planejar”, com um conse-
quente “salto às conclusões” e surgimento de uma espécie
de “curto circuito”.
O PDCA – Planejar, Fazer, Verificar e Agir – é um mo-

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ESCRITO Reunião de um Organi- Lento / fati-
grupo onde as zação gante
ideias são escri-
tas sem comen-
tários oral (6 pes-
soas –3 ideias – 5
passadas entre
as pessoas).
COM RECU- É interrompido Aprofun- Perda da “pe-
PERAçãO quando o grupo damento gada”
se sente can-
sado. A sessão
é retomada
após o amadu-
recimento das
ideias.

Matriz GUT
Quando não se têm dados quanti fi cáveis para priorizar
ações, uti liza-se o Método GUT.
G – Gravidade – custo – quanto se perderia pelo fato
de não se tomar uma ação para solucionar um problema.
U – Urgência – prazo em que é necessário agir para
evitar o dano.
T – Tendência – propensão que o problema poderá
assumir se a ação não for tomada.
Deve-se atribuir pesos de 1 a 5 para as variáveis G/U/T, apli-
cadas a cada uma das ações listadas. É um trabalho em grupo.

Processo de Planejamento e
Implementação de Melhorias
Fatores de avaliação da matriz GUT
Pontos G U T
Gravidade Urgência Tendência
5 Os prejuízos ou É necessária Se nada for
difi culdades são uma ação ime- feito, o agra-
extremamente diata va m e nto d a
graves situação será
imediato
4 Muito Graves Com alguma Vai piorar a
urgência curto prazo
3 Graves O mais cedo Vai piorar a
possível médio prazo
2 Pouco Graves Pode esperar Vai piorar a
um pouco longo prazo
1 Sem Gravidade Não tem pres- Não vai piorar
sa ou pode até
melhorar

Fluxograma
É uma das formas mais simples e poderosas de conhecer
AdMInISTRAçãO PúblICA

os processos.
Permite:
• visão do conjunto e detalhes do processo;
• identi fi cação do fl uxo do processo;
• identi fi cação dos pontos de controles potenciais;
diagrama de Causa e Efeito
• identi fi cação das inconsistências e pontos frágeis.
Esse arranjo foi criado por Kaoru Ishikawa. É conhecido,
É feito com símbolos padronizados e textos devidamente também, pelos nomes de Diagramas de Espinhas de Peixe
arrumados para mostrar a sequência lógica dos passos de ou Diagramas de Ishikawa.
realização dos processos ou das ati vidades. O diagrama de causa e efeito foi desenvolvido para re-

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presentar a relação entre o “efeito” e todas as possibilidades a) Seiri: classificar, mantendo somente o necessário na
de “causa” que podem contribuir para esse efeito. área de trabalho, manter, em local distante, itens com uso
É desenhado para ilustrar claramente as várias causas menos frequente e descartar em definitivo itens desneces-
que afetam um processo, por classificação e relação das cau- sários. O Seiri luta contra o hábito de manter objetos ao seu
sas. Para cada efeito existem, seguramente, inúmeras causas lado somente porque serão úteis algum dia. O Seiri ajuda
dentro de categorias como as 6 M’s: método, mão de obra, a manter a área de trabalho arrumada, melhora a busca e
matéria-prima, máquinas, mensuração e meio ambiente. eficiência no retorno de informações e geralmente amplia
Nas áreas de serviços e processos transacionais, utilizam-se espaço no local de trabalho.
como categorias básicas: procedimentos, pessoas, ponto, b) Seiton: arranjo sistemático para o mais eficiente
políticas, medição e meio ambiente. retorno. Um bom exemplo do Seiton é um painel de ferra-
Um diagrama de causa e efeito bem detalhado tomará mentas. Efetivar o Seiton significa identificar locais, desenhar
a forma de uma espinha de peixe – daí o nome alternativo mapas de localização, indexar arquivos físicos e virtuais de
de diagrama espinha de peixe. A partir de uma definida lista forma que todos os funcionários tenham e conheçam a
de possíveis causas, as mais prováveis são identificadas e forma de acesso, ou seja, é necessário que todos tenham
selecionadas para uma melhor análise. Quando examinar as ferramentas as mãos. “Um lugar para tudo e tudo em
cada causa, observe fatos que mudaram, como, por exemplo, seu devido lugar”.
desvios de norma ou dos padrões. Lembre-se de eliminar a c) Seiso: Limpar. Após o primeiro processo de limpeza,
causa, e não o sintoma do problema. Investigue a causa e quando implementado o 5S, a permanência da limpeza diária
seus contribuidores tão fundo quando possível. é necessária para manter o desenvolvimento do programa.
A limpeza facilita a localização imediata de irregularidades
no ambiente; fator o qual passaria sem ser notado antes da
implantação. A limpeza regular é uma espécie de inspeção.
d) Seiketsu: Padronizar. Está é a ordem. Manter a saúde
funcional. Uma vez que os primeiros três S foram implanta-
dos, este é o momento da padronização, ou seja, manter as
CAUSAS EFEITO boas práticas de trabalho na área. Sem isto, a situação cairá
Defeito no Falha no em um processo de abandono e os velhos hábitos retorna-
subsistema subsistema rão. É importante um processo simples de padronização para
mecânico humano
desenvolver a estrutura e dar suporte a ela. É importante
permitir que os funcionários juntem-se ao desenvolvimento
MOTOR
dos processos de padronização. É comum e providencial
NÃO PEGA adotar neste momento atividades que aprimorem aspectos
Filtro entupido

Tubulação amassada
Falta de combustível de saúde e qualidade de vida para o corpo de funcionários.
Bico injetor defeituoso
Bomba defeituosa Os três primeiros S são executados em ordem. O período
de duração de cada um pode ser definido pela Equipe de
Defeito no Defeito no
subsistema de subsistema coordenação do 5S. O Seiketsu ajuda a transformar o pro-
alimentação elétrico cedimento padrão em uma coisa natural, ou seja, um novo
e salutar hábito de comportamento.
e) Shitsuke: finalmente, manter vivos os 4S. Isto é neces-
Pareto sário para manter o corpo funcional em educação constante
Pareto foi um economista e sociólogo italiano que esta- visando a manter os processos padronizados. Mostrar a me-
beleceu o “princípio” ou Regra 80-20. A regra diz que: lhora dos resultados através de gráficos, promover e agregar
• 80% das causas triviais respondem por cerca de apenas novas ideias, assegurará que o processo mantenha-se vivo,
20% dos resultados mais significativos. expandindo-se para outros pontos da empresa. O efeito da
• 20% das causas essenciais respondem por 80% dos melhora contínua proporcionará menor desperdício, melhor
resultados mais importantes. qualidade e ganhos expressivos na administração do tempo.

5S Sugestões para o 5S
O Programa “5S” e um pré-requisito para qualquer pro- O princípio do 5S é gradual e, necessariamente, nesta
grama de Gestão da Qualidade Total. O 5S foca o ambiente de ordem. 5S é para todos, ou seja, é impossível pensar no
trabalho da organização, simplifica o ambiente de trabalho e Programa 5S sendo aplicado pela equipe operacional sem
reduz o desperdício, melhorando os aspectos de qualidade que a equipe gerencial participe ou apoie. O 5S mostra a
e segurança. Não há esperança de eficiência ou melhora eficiência na condução do tempo, transformando a área física
de trabalho e o comportamento de todos os níveis hierár-
de qualidade em um ambiente sujo e desorganizado onde
quicos da empresa. Realmente, nada disto parece novidade
impera a má administração do tempo e o desperdício. O
ou tão complicado, no entanto, tente aplicar os conceitos
Programa 5S é originário do Japão e refere-se, na realidade,
Administração Pública

do 5S em sua vida pessoal (em sua casa). Serão encontradas


a 5 letras iniciais de palavras japonesas:
dificuldades e, principalmente, relutância em mudar. Neste
caso, chame a resistência para participar e opinar. Depois do
Seiri Descartar sucesso, nunca deixe de manter o processo vivo.
Seiton Organizar
Seiso Limpar Implementando o 5S
Como um pré-requisito para os métodos industriais japo-
Seiketsu Saudável E Seguro
neses, implementar o 5S é sempre um projeto fundamental
Shitsuke Autodisciplina para o início de um processo de Gestão da Qualidade Total:
O que são os 5S?

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• Treinar a Equipe Gerencial: o primeiro treinamento Com a proposta de propiciar a melhoria no ambiente
pode ser dado para os Gerentes e Coordenadores. de trabalho e na vida de um modo geral, os conceitos dos
Treinar equipes de base passa a ser uma segunda Novos 5S podem atuar diretamente no resgate da dignida-
etapa que pode ser multiplicada pelos gerentes e co- de do servidor como profissional e cidadão participante do
ordenadores de equipes. Este é o momento ideal para processo de mudança da comunidade onde vive.
memorizar o status inicial e coletar todas as ideias de
melhoria. Tirar fotos para manter na memória a situ- Modelo da Fundação Nacional da Qualidade
ação original, coletando cada vez mais fotos conforme
o processo for sendo conduzido, produz um excelente Com 20 anos de atuação, a  Fundação Nacional da
álbum do antes e depois. Qualidade (FNQ) é uma instituição sem fins lucrativos cuja
• O efetivo início do 5S: gerentes e coordenadores re- missão é disseminar conhecimento sobre a Excelência em
passam os ensinamentos e técnicas do 5S para suas Gestão para as organizações.
equipes. Primeiras explicações, primeiras ideias de Além de promover a capacitação por meio de cursos,
melhoria, enriquecimento com novas ideias prove- eventos, publicações e produtos específicos, a FNQ auxilia
nientes das equipes e o planejamento para ação. Cada as organizações na análise de suas práticas de gestão, con-
área pode ser dividida em setores de atuação onde tribuindo com o diagnóstico e aperfeiçoamento da admi-
membros da equipe atuarão e funcionarão como Fa- nistração do negócio e, consequentemente, a melhoria da
cilitadores do Programa. Durante cinco meses, sendo competitividade.
executado um S por mês, cada área deverá transformar O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG), dissemina-
ideias em realidade. O progresso e o cumprimento do pela FNQ, é estruturado em critérios e fundamentos de
das regras podem ser monitoradas por uma equipe excelência, constituindo a base de programas de melhoria
denominada “Patrulha do 5S”. da Gestão.
• Patrulha do 5S: alguns gerentes ou pessoas da equipe Como consequência a FNQ instituiu e promove o Prê-
são eleitos e responsáveis pelo processo de avaliação/ mio Nacional da Qualidade® (PNQ), que identifica e premia
auditoria das atividades e seu cumprimento. Utilizam anualmente as melhores práticas de gestão das organizações
um Check-List baseado em regras estabelecidas previa- brasileiras.
mente. No final, os pontos checados são verificados,
discutidos e expostos em quadro de avisos no formato PNQ – Prêmio Nacional da Qualidade®
de gráficos de desempenho.
• O 5S tornando-se uma tarefa diária: quando o 5S É o prêmio que reconhece a excelência da gestão das
passa a ser uma atividade entendida e regular, ela está organizações. A FNQ realiza, anualmente, o ciclo de avalia-
pronta para ser transformada em um trabalho diário. ção do PNQ, que reconhece as organizações que praticam a
Anualmente metas devem ser traçadas, planejadas e Excelência em Gestão no Brasil
cumpridas. Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ) reconhece em-
presas de nível Classe Mundial e ocupa uma posição central
Algumas Dificuldades do 5S dentro dos esforços da FNQ de ser um Centro de Referência
A condição essencial para o sucesso do programa é o de Classe Mundial sobre Excelência em Gestão.
comprometimento da Gerência e não só dos funcionários. Foi em torno da concessão do prestigioso prêmio que a
É importante pressionar para que comportamentos ruins, FNQ ganhou força para tocar suas atividades desde o início,
embora naturais, não arruínem as primeiras conquistas do em 1991. O PNQ representa um momento singular para o
Programa. Faça com que os críticos e menos interessados empresariado brasileiro, quando as empresas líderes em
participem do programa. qualidade, produtividade, competitividade e gestão são
devidamente reconhecidas.
Nova Versão
Em 1986, quando se imaginava que os 5S estivessem Modelo de Excelência da Gestão®
totalmente esgotados em suas aplicações, um grupo de
consultores especializados em Qualidade e Produtividade,
escreveu um livro aprimorando ainda mais essa técnica:
“Os Novos 5S”.
A diferença de abordagem, responsável pela melhoria
dos 5S, está concentrada nos 3º e 5º S – Seisso e Shitsuke.
Seisso, 3º passo dos 5S, passou a ter significado de limpeza
com inspeção, para verificar e garantir a funcionalidade.
Assim, não basta estar limpo. É preciso que tudo esteja
em condições de ser utilizado a qualquer momento. Em
relação ao 5º passo, Shitsuke, a disciplina passa a ter uma
interpretação diferente, mais autônoma e livre – educação
Administração Pública

e formação ética e moral. O ambiente onde convivo é parti-


lhado por outros. Portanto, toda e qualquer mudança deve
ocorrer tendo como princípio o bom senso. Assim, com esta
nova conotação, os Novos 5S preconizam a eliminação dos
problemas na origem, não nos efeitos. O que se busca não
é atenuar o efeito, mas eliminar a causa. Não se trata de
limpar sempre, mas evitar que se suje. Desta forma, pode-
-se dizer que os três primeiros S têm em sua aplicação o
sentido operacional, ficando os dois últimos com a função
de sustentar o que foi desenvolvido pelos primeiros.

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ções e conhecimento, retornam a toda a organização, com-
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) é baseado plementando o ciclo PDCA com a etapa referente à ação (A).
em 11 fundamentos e oito critérios. Esses fundamentos são Essas informações representam a inteligência da organi-
colocados em prática por meio dos oito critérios. São eles: zação, viabilizando a análise do desempenho e a execução
• Fundamentos: pensamento sistêmico; aprendizado das ações necessárias em todos os níveis. A gestão das in-
organizacional; cultura de inovação; liderança e cons- formações e dos ativos intangíveis é um elemento essencial
tância de propósitos; orientação por processos e infor- à jornada em busca da excelência.
mações; visão de futuro; geração de valor; valorização Os oito critérios de excelência estão subdivididos em
de pessoas; conhecimento sobre o cliente e o mercado; 23 itens, cada um possuindo requisitos específicos e uma
desenvolvimento de parcerias e responsabilidade pontuação máxima. Destes, 17 representam os aspectos de
social. enfoque e aplicação, e seis, os resultados.
• Critérios: liderança; estratégias e planos; clientes; Os oito Critérios de Excelência referem‑se a:
sociedade; informações e conhecimento; pessoas; 1. Liderança. Este Critério aborda os processos gerenciais
processos e resultados. relativos à orientação filosófica da organização e controle
externo sobre sua direção; ao engajamento, pelas lideranças,
A figura representativa do MEG simboliza a organização,
das pessoas e partes interessadas na sua causa; e ao controle
considerada como um sistema orgânico e adaptável ao am-
de resultados pela direção.
biente externo. O MEG é representado pelo diagrama acima,
2. Estratégias e Planos. Este Critério aborda os processos
que utiliza o conceito de aprendizado segundo o ciclo de
gerenciais relativos à concepção e à execução das estratégias,
PDCA (Plan, Do, Check, Action).
inclusive aqueles referentes ao estabelecimento de metas
O sucesso de uma organização está diretamente rela-
e à definição e ao acompanhamento de planos necessários
cionado à sua capacidade de atender às necessidades e
para o êxito das estratégias.
expectativas de seus clientes. Elas devem ser identificadas,
entendidas e utilizadas para que se crie o valor necessário 3. Clientes. Este Critério aborda os processos gerenciais
para conquistar e reter esses clientes. relativos ao tratamento de informações de clientes e mer-
Para que haja continuidade em suas operações, a em- cado e à comunicação com o mercado e clientes atuais e
presa também deve identificar, entender e satisfazer as potenciais.
necessidades e expectativas da sociedade e das comunidades 4. Sociedade. Este Critério aborda os processos gerenciais
com as quais interage – sempre de forma ética, cumprindo relativos ao respeito e tratamento das demandas da socie-
as leis e preservando o ambiente. dade e do meio ambiente e ao desenvolvimento social das
De posse de todas essas informações, a liderança estabe- comunidades mais influenciadas pela organização.
lece os princípios da organização, pratica e vivencia os fun- 5. Informações e Conhecimento. Este Critério aborda os
damentos da excelência, impulsionando, com seu exemplo, processos gerenciais relativos ao tratamento organizado da
a cultura da excelência na organização. Os líderes analisam demanda por informações na organização e ao desenvolvi-
o desempenho e executam, sempre que necessário, as ações mento controlado dos ativos intangíveis geradores de dife-
requeridas, consolidando o aprendizado organizacional. renciais competitivos, especialmente os de conhecimento.
As estratégias são formuladas pelos líderes para dire- 6. Pessoas. Este Critério aborda os processos gerenciais
cionar a organização e o seu desempenho, determinando relativos à configuração de equipes de alto desempenho,
sua posição competitiva. Elas são desdobradas em todos os ao desenvolvimento de competências das pessoas e à ma-
níveis da organização, com planos de ação de curto e longo nutenção do seu bem‑estar.
prazos. Recursos adequados são alocados para assegurar sua 7. Processos. Este Critério aborda os processos gerenciais
implementação. A organização avalia permanentemente a relativos aos processos principais do negócio e aos de apoio,
implementação das estratégias e monitora os respectivos tratando separadamente os relativos a fornecedores e os
planos e responde rapidamente às mudanças nos ambientes econômico‑financeiros.
interno e externo. 8. Resultados. Este Critério aborda os resultados da
Considerando os quatro critérios apresentados, tem‑se organização na forma de séries históricas e acompanhados
a etapa de planejamento (P) do ciclo PDCA. de referenciais comparativos pertinentes, para avaliar o
As pessoas que compõem a força de trabalho devem nível alcançado, e de níveis de desempenho associados aos
estar capacitadas e satisfeitas, atuando em um ambiente principais requisitos de partes interessadas, para verificar o
propício à consolidação da cultura da excelência. atendimento.
Com isso, é possível executar e gerenciar adequadamente
os processos criando valor para os clientes e aperfeiçoando Os oito Critérios de Excelência se subdividem em 23 Itens:
o relacionamento com os fornecedores. A  organização 1. Liderança
planeja e controla os seus custos e investimentos. Os riscos 1.1 Governança corporativa
financeiros são quantificados e monitorados. 1.2 Exercício da liderança e promoção da cultura da
Conclui‑se, neste momento, a etapa referente à execução excelência
Administração Pública

(D) no PDCA. 1.3 Análise do desempenho da organização


Para efetivar a etapa do Controle (C), são mensurados
os resultados em relação a: situação econômico‑financeira, 2. Estratégias e Planos
clientes e mercado, pessoas, sociedade, processos principais 2.1 Formulação das estratégias
do negócio e processos de apoio, e fornecedores. 2.2 Implementação das estratégias
Os efeitos gerados pela implementação sinérgica das
práticas de gestão e pela dinâmica externa à organização po- 3. Clientes
dem ser comparados às metas estabelecidas para eventuais 3.1 Imagem e conhecimento de mercado
correções de rumo ou reforços das ações implementadas. 3.2 Relacionamento com clientes
Esses resultados, apresentados sob a forma de informa-

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4. Sociedade tecnológico, em níveis acessíveis aos organismos envolvidos.
4.1 Responsabilidade socioambiental O escopo da ISO sobre normatização está estabelecido em
4.2 Desenvolvimento social todos os campos do conhecimento, exceto no de normas da
área de engenharia eletrônica e elétrica, que são de respon-
5. Informações e Conhecimento sabilidade da Internacional Eletrotechnical Commission (IEC).
5.1 Informações da organização A ISO concilia interesses de produtores, usuários, gover-
5.2 Ativos intangíveis e conhecimento organizacional nos e da comunidade científica na preparação de Normas
Internacionais. Suas ações são desenvolvidas por meio de
6. Pessoas (mais de) 2.600 grupos técnicos, compostos por mais de 20
6.1 Sistemas de trabalho mil especialistas de todo o mundo, e que participam anual-
6.2 Capacitação e desenvolvimento mente dos trabalhos técnicos da ISO, dos quais já resultou a
6.3 Qualidade de vida publicação de mais de 13 mil normas (desde sua fundação).
Seus principais objetivos são:
7. Processos • Economia: permitir a redução da crescente variedade
7.1 Processos principais do negócio e processos de apoio de produtos e procedimentos.
7.2 Processos relativos aos fornecedores • Comunicação: proporcionar meios mais eficientes de
7.3 Processos econômico‑financeiros troca de informações entre o fabricante e o cliente,
melhorando a confiabilidade das relações comerciais.
8. Resultados • Segurança: proteger a Vida e a Saúde.
8.1 Resultados econômico‑financeiros • Proteção do Consumidor: prover à sociedade meios
8.2 Resultados relativos aos clientes e ao mercado eficazes para aferir a qualidade dos bens e serviços.
8.3 Resultados relativos à sociedade • Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar
8.4 Resultados relativos às pessoas a existência de regulamentos conflitantes sobre bens
8.5 Resultados relativos aos processos e serviços em diferentes países, facilitando, assim,
8.6 Resultados relativos aos fornecedores o intercâmbio comercial.

Processos e Certificação ISO 9000:2000 Na realidade, a normatização está presente na fabricação


dos produtos, na transferência de tecnologia e na melhoria
Em 1946, representantes de 25 países criaram uma da qualidade de vida, por meio de normas relativas à saúde,
Organização Internacional com a finalidade de padronizar, à segurança e à preservação do meio ambiente.
divulgar e controlar Normas industriais. Em 23 de fevereiro Em 1987, a  ISO lançou a família de normas ISO 9000,
de 1947, sob a denominação de Internacional Organization fortemente baseadas nas normas britânicas da qualidade
for Standardization (ISO), ou Organização Internacional de e nas experiências e contribuições de especialistas e repre-
Normatização, esta entidade passou a operar. sentantes de diversos países, e que superaram divergências
A sigla ISO é derivada da palavra grega ISOS, que significa quanto à terminologia, conceitos e práticas, chegando a
“igual” (ou padrão). O prefixo “iso” é utilizado em inúmeras um resultado que deve ser considerado um marco histórico
palavras, sempre com o sentido de “igualdade”: Isométrico, na evolução da garantia e na gestão da qualidade. Criou as
isonomia, isoparamétrico etc. condições para a grande evolução e uso da padronização ISO.
A ISO é uma organização não governamental, de abrangên- Em 1994, foi realizada a primeira revisão geral da Nor-
cia internacional, que reúne mais de uma centena de organis- ma, com o objetivo de melhorar os conceitos interpretativos
mos nacionais de normatização. Representa países que respon- e garantir a inclusão dos aspectos preventivos da garantia
dem por 96% do PIB mundial e tem por objetivo promover o da qualidade. Em 2000, ocorreu a segunda revisão da nor-
desenvolvimento a padronização de atividades correlacionadas, ma, mais abrangente que a anterior, dando maior ênfase
de forma a possibilitar o intercâmbio econômico, científico e não apenas nos aspectos industriais como, também, nos
de serviços. De modo geral, parte significativa das normas requer revisões periódicas. Vários fatores provocam a sua
obsolescência, tais como: novos requisitos de qualidade e segurança. Considerando estes fatores, a ISO estabeleceu que
as normas devem ser revisadas em intervalos inferiores a 5 anos.
Estas revisões periódicas levam a uma constante adaptação nas atividades de certificação, já que as organizações certi-
ficadas precisam adaptar e melhorar seus sistemas de gestão para incluir os novos requisitos. A Certificação passa, então,
a ser uma atividade dinâmica, que proporciona à organização oportunidades de melhoria.
Administração Pública

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organização à Norma (auditoria de adequação) e verificação,
por meio de evidência objetiva, da efetiva implementação
dos procedimentos que compõem o sistema de qualidade de
uma empresa (auditoria de conformidade). As auditorias são
ainda classificadas em auditoria de primeira parte (auditoria
interna) e auditoria de segunda parte (cliente‑fornecedor) e
auditoria de terceira parte (sem relação comercial, feita por
um organismo independente).
Entre os vários organismos credenciados pelo Inmetro
para a realização de auditorias e certificações de empresas,
destaca‑se a Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).

Sobre as Normas ISO 9000 – Versão 2000

A Estrutura da ISO 9000 (série) é composta pelas seguin-


tes Normas:
• ISO 9000 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Fun-
damentos e Vocabulário (substituindo a ISO 8402 e
ISO 9000 – 1);
• ISO 9001 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requi-
sitos;
Certificações
• ISO 9004 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Dire-
trizes para melhorias no desempenho (substituindo
Em razão da necessidade das empresas comunicarem a ISO 9004 – 1);
aos seus clientes e ao mercado em geral a adequação de seu • ISO 19011 – Diretrizes sobre auditoria de sistemas de
sistema de qualidade aos padrões ISO, originou as atividades gestão da qualidade e ambiental.
de Certificação.
Certificação é um conjunto de atividades desenvolvidas A Norma NBR ISO 9001:2000 contempla oito princípios
por um organismo independente, sem relação comercial, de Gestão da Qualidade:
com o objetivo de atestar publicamente e formalmente, que a) foco no cliente;
determinado produto ou processo está em conformidade b) liderança;
com os requisitos especificados. Esses requisitos podem ser c) envolvimento de pessoas;
nacionais, estrangeiros ou internacionais. O processo de Cer- d) abordagem de processos;
tificação pode abranger análise de documentos; auditorias e) abordagem sistêmica de gestão;
e inspeções na empresa; coleta e ensaios de produtos, no f) abordagem da melhoria contínua;
mercado ou na fábrica, com os objetivos de avaliar a efetiva g) abordagem factual para a tomada de decisões;
conformidade e sua manutenção. h) relacionamento mutuamente benéfico com os for-
É o denominado: escrever como é feito e fazer conforme necedores.
o escrito.
A Certificação é efetuada por um órgão de certificação Em relação à versão anterior, da Norma ISO 9000, temos
que, no âmbito do modelo do Sistema Brasileiro de Avalia- uma grande diferença já que passou de Sistema da Qualidade
para Sistema de Gestão da Qualidade, enfatizando que além
ção da Conformidade (ABAC) determinado por resolução do
da garantia da qualidade para o cliente e para a própria ad-
Conselho Nacional e Metrologia, Normatização e Qualidade
ministração, busca‑se também o incremento dos indicadores
Industrial (Conmeto), deve estar credenciado no Instituto relativos à qualidade, ao processo e ao negócio.
Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Indus-
trial (Inmetro) para exercer tal atividade. O SBAC conceitua
esse tipo de atividade como certificação de terceira parte, a) Foco no cliente Uma organização depende de
na qual uma entidade independente das partes envolvidas seus clientes e deve, por esta
(fornecedor‑cliente) realiza a avaliação do sistema de qua- razão, conhecer e compre-
lidade da empresa. ender as necessidades atuais
O Inmetro, em conformidade com os requisitos estabele- e futuras dos seus clientes,
cidos pelo Comitê de Avaliação da Conformidade (ISO/ Casco) atenderem às suas exigências e
e em busca do reconhecimento internacional, estruturou seu tentar ao máximo superar suas
sistema de certificação, reunindo uma comissão com com- expectativas.
Administração Pública

posição equilibrada de representantes da sociedade. O que b) Liderança Os líderes estabelecem uma


distingue o Inmetro como organismo credenciador no país unidade de propósitos e dão
é a participação efetiva da sociedade no funcionamento de direcionamento a uma orga-
sua estrutura organizacional. Essa forma de atuação mantém nização. Devem criar e manter
a imparcialidade necessária na avaliação das concessões um ambiente interno no qual
dos certificados, para atribuir a credibilidade do processo as pessoas se tornem inteira-
de certificação. mente empenhadas em alcan-
A atividade de Auditoria, voltada à certificação, pode ser çar os objetivos da organização
dividida na verificação da conformidade da documentação da em questão.

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c) Envolvimento das As pessoas são, em qualquer • Seção 6 – Gestão de Recursos.
pessoas nível, a essência de uma organi- • Seção 7 – Realização do Produto.
zação e seu envolvimento total • Seção 8 – Medição, Análise e Melhoria.
permite que suas habilidades
sejam usadas em benefício da A norma exige que as organizações tenham um manual
organização. da qualidade que inclui os procedimentos documentados ou
d) Abordagem por Um resultado desejado é referências aos mesmos. Ele também deve incluir uma des-
processos atingido com maior eficiência crição da sequência e interação dos processos que compõem
quando os recursos e ativida- o sistema de gestão da qualidade. O escopo do sistema deve
des a ele associados são geri- ser definido incluindo‑se as bases para a utilização feita no
dos como um processo. item “Aplicações”.
e) Abordagem por Identificar, entender e gerir
Sistema de Gestão processos inter‑relacionados Participação da Alta Direção
como um sistema contribui
para que a organização atinja A fim de que este requisito seja atendido, as pessoas que
seus objetivos de maneira efi- criam a política, dirigem e controlam a organização devem
caz e eficiente. mostrar de que maneira elas participam do desenvolvimento
f) Melhoria contínua A melhoria contínua da per- e orientação do sistema. Isso pode significar um envolvimen-
formance global de uma orga- to direto no processo, participação em reuniões e encontros,
nização deve ser um objetivo apresentações e sessões de comunicações ou qualquer outra
permanente para a própria atividade que envolva liderança e diga respeito ao sistema
organização. da qualidade.
g) Abordagem factual Decisões eficazes são baseadas
para a tomada de em análises de dados e infor- Política da Qualidade e Objetivos
decisão mações (fatos).
h) Relações de parceria Uma organização e seus forne- A política da qualidade é a força motriz do sistema e faz
com fornecedores cedores são interdependentes com que a organização esteja comprometida em atender
e uma relação mutuamente tanto aos requisitos quanto às melhorias. Este é um dos
benéfica reforça a habilidade documentos chave perante o qual o desempenho do siste-
de ambos criarem valor. ma da qualidade é julgado. Colocar em prática a política da
qualidade se torna mais fácil pela definição dos objetivos de
A Norma ISO 9001:2000 sustentação. Os objetivos da qualidade são hoje em dia um
requisito claro por si só, ao contrário do que ocorre com parte
Os novos requisitos apresentam pouca coisa a mais do da política da qualidade. Eles devem ser estabelecidos ampla-
que uma organização bem dirigida e de sucesso já não esteja mente dentro da organização, dar sustentação à política, ser
fazendo formal ou informalmente. As revisões contidas são, mensuráveis e focalizar tanto o atendimento aos requisitos
entretanto, uma tentativa de mostrar que a aprovação pela dos produtos quanto à conquista da melhoria contínua.
ISO e a sua consequente certificação realmente significam
algo e que têm valor reconhecido. Planejamento da Qualidade
A terminologia de definições usada na ISO 9001:2000 está
contida na ISO 9000:2000, que também inclui os conceitos O planejamento da qualidade agora funciona em dois
nos quais a norma foi desenvolvida. níveis. Em um nível superior está uma responsabilidade da
Criar um Sistema da Qualidade de sucesso depende mui- alta direção para assegurar o planejamento do SGQ, conquis-
to de mais do que apenas ler as palavras contidas na norma. ta da melhoria contínua e o planejamento para a realização
A criação de um sistema de qualidade bem elaborado exige dos objetivos da qualidade.
entendimento e aplicação ponderada. Este planejamento está muito claro na norma da versão
Seus processos comerciais devem dirigir a estrutura e 2000. Em um nível inferior, o planejamento documentado de
definição do seu sistema de gestão, não as palavras contidas qualidade da organização para a realização dos processos é
na norma. Seu sistema também será influenciado por seus obrigatório embora o formato seja opcional. Há uma peque-
produtos, clientes, indústria etc. Dessa maneira, cada sistema na mudança no conteúdo deste nível, a parte da referência
de gestão deve ser único. de objetivos para produtos, projeto ou contrato, além disso,
Um sistema da qualidade pró‑ativo, focado no cliente, o conteúdo está menos prescritivo. O grande objetivo é fazer
é  quase uma necessidade para que se consiga sobreviver com que os requisitos sejam mais auditáveis.
Administração Pública

num ambiente tão competitivo como o dos dias de hoje.


Requisitos Legais
Estrutura e Características da ISO 9001:2000
A norma, agora, deixa mais claro que, na hora de se de-
A norma ISO 9001 foi reorganizada em cinco seções terminar as expectativas e necessidades do cliente, deve‑se
de requisitos. Elas refletem o ciclo Deming (PDCA). As  5 incluir requisitos legais e disposições regulamentares aplicá-
seções são: veis. A anuência com tais requisitos é, então, invocada através
da revisão de contrato, projeto, controle de processo etc.
• Seção 4 – Sistema de Gestão da Qualidade.
• Seção 5 – Responsabilidade da Direção.

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Treinamento e Competência babilidade de perigo, com ameaça física para o homem e/ou
para o meio ambiente. No ambiente corporativo esse conceito
A ênfase está, claramente, muito mais na competência é mais abrangente, dizendo que risco é a probabilidade de
do que somente no treinamento. insucesso de determinado empreendimento, em função de
A avaliação da eficácia do treinamento e a necessidade acontecimentos eventuais, incertos, cuja ocorrência não de-
de consciência dos funcionários são novos requisitos e itens pende exclusivamente da vontade dos interessados.
a serem revisados durante a verificação da transição. De uma maneira geral, os  estudiosos nessa área defi-
niram dois tipos de riscos: o risco sistemático ou comum,
Informação e Comunicação aquele que é inerente a qualquer negócio (por exemplo:
as condições econômicas do país, que afetam as decisões
A norma agora exige especificamente que a organiza- empresariais), e o outro tipo é o risco específico ou próprio
ção assegure comunicação interna efetiva entre funções (por exemplo: setor de serviços, quando se vê afetado por
relacionadas à eficácia do sistema de gestão da qualidade reclamações trabalhistas inerentes aos defeitos ou por situ-
e comunicação externa com clientes, não somente na fase ações próprias na relação com seus empregados).
do contrato, mas também com relação ao fornecimento É importante entender que o risco pode e deve ser:
de informações sobre o produto e na hora de se obter o • gerenciado;
feedback do cliente. • previsto;
• quantificado; e
Medição • minimizado (mitigado).

O requisito para o “monitoramento” de processos serve Baseado nisso, agora podemos abordar o tema Gestão
para toda a gestão, desde que a “medição” seja aplicada de Riscos, que, utilizando o conceito existente na ISO 31000,
apenas “onde possa ser aplicada”, uma vez que nem todos é a terminologia utilizada para definir um conjunto de ações
os processos são mensuráveis. A organização deve determi- estratégicas, como identificação, administração, condução e
nar quais os processos a serem monitorados utilizando‑se prevenção dos riscos ligados a uma determinada atividade.
resultados de tais processos, como auditoria interna, ou A gestão de riscos pode ser entendida como um processo
avaliação do nível de satisfação do cliente. A  organização que permite que uma organização atue de maneira preven-
também deve determinar quais os processos que podem tiva, de forma a erradicar possíveis perdas, sejam elas de
ser monitorados utilizando‑se os resultados das medições natureza humana ou mesmo material. É importante ressaltar
e o produto resultante. que a gestão de riscos não pode ser resumida simplesmente à
A percepção do cliente agora também faz parte da nova ação de detectar e controlar os possíveis riscos, mas também
norma. Este é um novo requisito que exige que se colete permite criar um ambiente de melhorias.
dados suficientes sobre a satisfação e descontentamento do A gestão de riscos é um processo contínuo que pode ser
cliente a fim de que a organização possa monitorar a percep- aplicada nas seguintes situações:
ção do cliente com o intuito de descobrir se as exigências de • necessidade de implementar controles não previsto
tais clientes estão sendo ou não atendidas. Quando não há inicialmente nos projetos;
nenhuma reclamação, isso só quer dizer que a organização • quando um novo trabalho for planejado;
não possui informações suficientes, e não que os clientes • quando forem realizadas mudanças significativas;
estejam totalmente satisfeitos. • após a concorrência de incidente com potencial  de
perda ou dano significativo;
Análise de Dados para Melhoria • periodicamente, no local de trabalho, envolvendo
atividades rotineiras, não rotineiras, emergenciais  e
Este item foi separado do conjunto de ações corretivas futuras;
e preventivas e passou a ser um requisito muito mais es- • quando existirem regulamentos técnicos e legais e suas
pecífico. modificações.

O risco mais preocupante é aquele que a empresa


Melhoria
não tem conhecimento. Para tanto, é primordial que toda
empresa possua um processo estabelecido para gestão de
O requisito para planejar e operar o sistema a fim de riscos visando gerar valor ao negócio. E esse processo pode
facilitar a conquista de melhorias torna mais específico um ser realizado com as seguintes estratégias, de acordo com o
requisito que, anteriormente, era apenas implícito. PMBOK (Guia de Gerenciamento de Projetos):
• Prevenir: a prevenção é uma estratégia de resposta ao
Welma Maia
Administração Pública

risco em que a organização age para eliminar a ameaça


ou proteger a organização contra o seu impacto.
GESTÃO DE RISCOS • Transferir: a transferência é uma estratégia de resposta
ao risco em que a organização transfere o impacto
Todo e qualquer empreendimento sempre está sujeito a de uma ameaça para terceiros, juntamente com a
algum tipo de risco. Quando tratamos sobre risco encontramos responsabilidade pela sua resposta. Transferir o risco
uma série de definições e até mesmo aplicações, mas podemos simplesmente passa a responsabilidade de gerencia-
aplica‑lo em projetos, em atividades ou ativos específicos, mento para outra parte, mas não o elimina. Transferir
e até mesmo na organização como um todo. Se pegarmos a não significa negar a existência do risco através da
definição de algum dicionário, o conceito de risco é de pro- sua transferência para lidar no futuro ou outra pessoa

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sem o seu conhecimento ou acordo. A transferência desenvolvam, implementem e melhorem continuamente
de riscos quase sempre envolve o pagamento de um uma estrutura2) cuja finalidade é integrar o processo para
prêmio à parte que está assumindo o risco. Transferir a gerenciar riscos na governança, estratégia e planejamento
responsabilidade pelo risco é mais eficaz quando se tra- gestão, processos de reportar dados e resultados, políticas
ta de exposição a riscos financeiros. As ferramentas de valores e cultura em toda a organização.
transferência podem ser bastante variadas e incluem, A gestão de riscos pode ser aplicada a toda uma organiza-
entre outras, o uso de seguros, seguros‑desempenho, ção, em suas várias áreas e níveis, a qualquer momento bem
garantias, fianças, etc. Podem ser usados contratos ou como a funções, atividades e projetos específicos.
acordos para transferir a responsabilidade de determi- Embora a prática de gestão de riscos tenha sido desen-
nados riscos para outra parte. Por exemplo, quando um volvida ao longo do tempo e em muitos setores a fim  de
comprador tem recursos que o vendedor não possui, atender às necessidades diversas, a  adoção de processos
pode ser prudente transferir uma parte do trabalho e o consistentes em uma estrutura abrangente pode ajudar a
risco correspondente de volta ao comprador por meio assegurar que o risco seja gerenciado de forma eficaz,
de um contrato. Em muitos casos, o uso de um contrato eficiente e coerentemente ao longo de uma organização. A
de custo mais remuneração pode transferir o risco do abordagem genérica descrita nesta Norma fornece os prin-
custo para o comprador, enquanto um contrato de cípios e diretrizes para gerenciar qualquer forma de risco de
preço fixo pode transferir o risco para o vendedor. uma maneira sistemática, transparente e confiável, dentro
• Mitigar: mitigação é uma estratégia de resposta ao risco de qualquer escopo e contexto.
em que organização age para reduzir a probabilidade de Cada setor específico ou aplicação da gestão de riscos
ocorrência, ou impacto do risco. Ela implica na redução traz consigo necessidades particulares, vários públicos,
da probabilidade e/ou do impacto de um evento de risco percepções e critérios. Portanto, uma característica‑chave
adverso para dentro de limites aceitáveis. Adotar uma desta Norma é a inclusão do estabelecimento do contexto
ação antecipada para reduzir a probabilidade e/ou o como uma atividade no início deste processo genérico de
impacto de um risco ocorrer no projeto em geral é mais gestão de riscos. O estabelecimento do contexto captura os
eficaz do que tentar reparar o dano depois de o risco objetivos da organização, o ambiente em que ela persegue
ter ocorrido. Adotar processos menos complexos, fazer esses objetivos, suas partes interessadas e a diversidade
mais testes ou escolher um fornecedor mais estável são de critérios de risco – o que auxiliará a revelar e avaliar a
exemplos de ações de mitigação. Quando não é possível natureza e a complexidade de seus riscos.
reduzir a probabilidade, a resposta de mitigação pode O relacionamento entre os princípios para gerenciar
abordar o impacto do risco concentrando em fatores riscos, a  estrutura na qual ocorre e o processo de gestão
que determinam sua gravidade. Por exemplo, a inclusão de riscos descritos nesta Norma são mostrados na Figura 1.
de redundância em um sistema pode reduzir o impacto Quando implementada e mantida de acordo com esta
de uma falha do componente original. Norma, a gestão dos riscos possibilita a uma organização,
• Aceitar: a aceitação é uma estratégia de resposta pela por exemplo:
qual a organização decide reconhecer a existência do • aumentar a probabilidade de atingir os objetivos;
risco e não agir, a menos que o risco ocorra. Essa estra- • encorajar uma gestão pro‑ativa;
tégia é adotada quando não é possível ou econômico • estar atento para a necessidade de identificar e tratar
abordar um risco específico de qualquer outra forma os riscos através de toda a organização;
• melhorar a identificação de oportunidades e ameaças;
Gestão de Risco Baseada na norma ABnT nBR • atender às normas internacionais e requisitos legais e
ISO 31001 regulatórios pertinentes;
• melhorar o reporte das informações financeiras;
Organizações de todos os tipos e tamanhos enfrentam • melhorar a governança;
influências e fatores internos e externos que tornam incerto • melhorar a confiança das partes interessadas;
se e quando elas atingirão seus objetivos. O efeito que essa • estabelecer uma base confiável para a tomada de
incerteza tem sobre os objetivos da organização é chamado decisão e o planejamento;
de “risco”. • melhorar os controles;
Todas as atividades de uma organização envolvem risco. • alocar e utilizar eficazmente os recursos para o trata-
As organizações gerenciam o risco, identificando‑o, analisando‑o mento de riscos;
e, em seguida, avaliando se o risco deve ser modificado pelo • melhorar a eficácia e a eficiência operacional;
tratamento do risco a fim de atender a seus critérios de risco. • melhorar o desempenho em saúde e segurança, bem
Ao longo de todo este processo, elas comunicam e consultam como a proteção do meio ambiente;
as partes interessadas e monitoram e analisam criticamente o • melhorar a prevenção de perdas e a gestão de inci-
Administração Pública

risco e os controles que o modificam, a fim de assegurar que dentes;


nenhum tratamento de risco adicional seja requerido. Esta • minimizar perdas;
Norma descreve este processo sistemático e lógico em detalhes. • melhorar a aprendizagem organizacional; e
Embora todas as organizações gerenciem os riscos em • aumentar a resiliência da organização.
algum grau, esta Norma estabelece um número de princí-
pios que precisam ser atendidos para tornar a gestão de Esta Norma é destinada a atender às necessidades de
riscos eficaz. Esta Norma recomenda que as organizações uma ampla gama de partes interessadas, incluindo:

1
Disponível em: http://iso31000.net/norma-iso-31000-de-gestao-de-riscos/. 2
Para os efeitos desta Norma Brasileira traduziu-se o termo framework por
Acesso em 22/06/2017. “estrutura”.

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a) os responsáveis pelo desenvolvimento da política de gestão de riscos no âmbito de suas organizações;
b) os responsáveis por assegurar que os riscos são eficazmente gerenciados na organização como um todo ou em uma
área, atividade ou projeto específicos;
c) os que precisam avaliar a eficácia de uma organização em gerenciar riscos; e
d) desenvolvedores de normas, guias, procedimentos e códigos de práticas que, no todo ou em parte, estabelecem
como o risco deve ser gerenciado dentro do contexto específico desses documentos.

As atuais práticas e processos de gestão de muitas organizações incluem componentes de gestão de riscos, e muitas
organizações já adotaram um processo formal de gestão de riscos para determinados tipos de risco ou circunstâncias.
Nesses casos, uma organização pode decidir conduzir uma análise crítica de suas práticas e processos existentes, tomando
como base esta Norma.
Nesta Norma, as expressões “gestão de riscos” e “gerenciando riscos” são ambas utilizadas. Em termos gerais, “gestão de
riscos” refere-se à arquitetura (princípios, estrutura e processo) para gerenciar riscos eficazmente, enquanto que “gerenciar
riscos” refere-se à aplicação dessa arquitetura para riscos específicos.
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tos, produtos, serviços e ativos.
Esta Norma pode ser aplicada a qualquer tipo de risco,
independentemente de sua natureza, quer tenha consequ-
ências positivas ou negativas.
Embora esta Norma forneça diretrizes genéricas, ela
não pretende promover a uniformidade da gestão de riscos
entre organizações. A  concepção e a implementação de
planos e estruturas para gestão de riscos precisarão levar em
consideração as necessidades variadas de uma organização
específica, seus objetivos, contexto, estrutura, operações,
processos, funções, projetos, produtos, serviços ou ativos e
práticas específicas empregadas.
Pretende‑se que esta Norma seja utilizada para harmoni-
zar os processos de gestão de riscos tanto em normas atuais
como em futuras. Esta Norma fornece uma abordagem co-
mum para apoiar Normas que tratem de riscos e/ou setores
específicos, e não substituí‑las.
Por fim, vale destacar que esta Norma não é destinada
para fins de certificação.

2. Termos e definições

Para os efeitos desta Norma, aplicam‑se os seguintes


termos e definições.

2.1. risco efeito da incerteza nos objetivos

NOTA 1: Um efeito é um desvio em relação ao esperado –


positivo e/ou negativo.
NOTA: 2 Os objetivos podem ter diferentes aspectos (tais
como metas financeiras, de saúde e segurança e ambientais)
e podem aplicar‑se em diferentes níveis (tais como estraté-
gico, em toda a organização, de projeto, de produto e de
processo).
NOTA 3: O risco é muitas vezes caracterizado pela re-
ferência aos eventos (2.17) potenciais e às consequências
(2.18), ou uma combinação destes.
NOTA 4: O risco é muitas vezes expresso em termos de
uma combinação de consequências de um evento (incluindo
mudanças nas circunstâncias) e a probabilidade (2.19) de
ocorrência associada.
NOTA 5: A incerteza é o estado, mesmo que parcial, da
deficiência das informações relacionadas a um evento, sua
compreensão, seu conhecimento, sua consequência ou sua
probabilidade.
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 1.1]
Figura 1 — Relacionamentos entre os princípios da gestão de riscos,
estrutura e processo 2.2. gestão de riscos
atividades coordenadas para dirigir e controlar uma
A seguir, disponibilizamos os princípios e diretrizes que organização no que se refere a riscos (2.1) [ABNT ISO GUIA
envolvem a gestão de riscos. 73:2009, definição 2.1]

Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes 2.3. estrutura da gestão de riscos


conjunto de componentes que fornecem os fundamentos
1. Escopo e os arranjos organizacionais para a concepção, implementa-
ção, monitoramento (2.28), análise crítica e melhoria contí-
Esta Norma fornece princípios e diretrizes genéricas para nua da gestão de riscos (2.2) através de toda a organização
Administração Pública

a gestão de riscos.
NOTA 1: Os fundamentos incluem a política, objetivos,
Esta Norma pode ser utilizada por qualquer empresa pública,
mandatos e comprometimento para gerenciar riscos (2.1).
privada ou comunitária, associação, grupo ou indivíduo. Portanto,
NOTA 2: Os arranjos organizacionais incluem planos,
esta Norma3 não é específica para qualquer indústria ou setor. relacionamentos, responsabilidades, recursos, processos
Esta Norma pode ser aplicada ao longo da vida de uma e atividades.
organização e a uma ampla gama de atividades, incluindo NOTA 3: A estrutura da gestão de riscos está incorporada
estratégias, decisões, operações, processos, funções, proje- no âmbito das políticas e práticas estratégicas e operacionais
de toda a organização.
3
Para conveniência, todos os diferentes usuários desta Norma são referidos pelo [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 2.1.1]
termo geral “organização”.

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2.4. política de gestão de riscos cessos de tomada de decisão (tanto formais como
declaração das intenções e diretrizes gerais de uma or- informais);
ganização relacionadas à gestão de riscos (2.2) • relações com partes interessadas internas, e  suas
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 2.1.2] percepções e valores;
• cultura da organização;
2.5. atitude perante o risco • normas, diretrizes e modelos adotados pela organiza-
abordagem da organização para avaliar e eventualmente ção; e
buscar, reter, assumir ou afastar‑se do risco (2.1) [ABNT ISO • forma e extensão das relações contratuais.
GUIA 73:2009, definição 3.7.1.1] [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.3.1.2]

2.6. plano de gestão de riscos 2.12. comunicação e consulta


esquema dentro da estrutura da gestão de riscos (2.3) processos contínuos e iterativos que uma organização
que especifica a abordagem, os componentes de gestão e conduz para fornecer, compartilhar ou obter informações e
os recursos a serem aplicados para gerenciar riscos (2.1) se envolver no diálogo com as partes interessadas (2.13) e
outros, com relação a gerenciar riscos (2.1)
NOTA 1: Os componentes de gestão tipicamente incluem
procedimentos, práticas, atribuição de responsabilidades, NOTA 1: As informações podem referir‑se à existência,
sequência e cronologia das atividades. natureza, forma, probabilidade (2.19), significância, ava-
NOTA 2: O plano de gestão de riscos pode ser aplicado a liação, aceitabilidade, tratamento ou outros aspectos da
um determinado produto, processo e projeto, em parte ou gestão de riscos.
em toda a organização. NOTA 2: A consulta é um processo bidirecional de comu-
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 2.1.3] nicação sistematizada entre uma organização e suas partes
interessadas ou outros, antes de tomar uma decisão ou
2.7. proprietário do  risco pessoa ou entidade com a direcionar uma questão específica. A consulta é:
responsabilidade e a autoridade para gerenciar um risco • um processo que impacta uma decisão através da
(2.1) [ABNT ISO GUIA 73:2009 definição 3.5.1.5] influência ao invés do poder; e
• uma entrada para o processo de tomada de decisão,
2.8. processo de gestão de riscos e não uma tomada de decisão em conjunto.
aplicação sistemática de políticas, procedimentos e prá- [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.2.1]
ticas de gestão para as atividades de comunicação, consulta
estabelecimento do contexto, e  na identificação, análise, 2.13. parte interessada pessoa ou organização que pode
avaliação, tratamento, monitoramento (2.28) e análise crítica afetar, ser afetada, ou perceber‑se afetada por uma decisão
dos riscos (2.1) ou atividade
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.1]
NOTA: Um tomador de decisão pode ser uma parte
2.9. estabelecimento do contexto interessada.
definição dos parâmetros externos e internos a serem [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.2.1.1]
levados em consideração ao gerenciar riscos, e estabeleci-
mento do escopo e dos critérios de risco (2.22) para a política 2.14. processo de avaliação de riscos4
de gestão de riscos (2.4) processo global de identificação de riscos (2.15), análise
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.3.1] de riscos (2.21) e avaliação de riscos (2.24) [ABNT ISO GUIA
73:2009, definição 3.4.1]
2.10. contexto externo 2.15. identificação de riscos
ambiente externo no qual a organização busca atingir processo de busca, reconhecimento e descrição de
seus objetivos riscos (2.1)

NOTA: O contexto externo pode incluir: NOTA 1: A identificação de riscos envolve a identificação
• o ambiente cultural, social, político, legal, regulatório das fontes de risco (2.16), eventos (2.17), suas causas e suas
financeiro, tecnológico, econômico, natural e compe- consequências (2.18) potenciais.
titivo, seja internacional, nacional, regional ou local; NOTA 2: A identificação de riscos pode envolver dados
• os fatores‑chave e as tendências que tenham impacto históricos, análises teóricas, opiniões de pessoas informadas
sobre os objetivos da organização; e e especialistas, e as necessidades das partes interessadas
• as relações com partes interessadas (2.13) externas (2.13).
e suas percepções e valores. [ABNT ISO GUIA 73:2009 [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.5.1]
definição 3.3.1.1]
2.16. fonte de risco
2.11. contexto interno elemento que, individualmente ou combinado, tem o
ambiente interno no qual a organização busca atingir potencial intrínseco para dar origem ao risco (2.1)
seus objetivos
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NOTA: Uma fonte de risco pode ser tangível ou intangível.


NOTA: O contexto interno pode incluir: [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.5.1.2]
• governança, estrutura organizacional, funções e res-
ponsabilidades; 2.17. evento
• políticas, objetivos e estratégias implementadas para ocorrência ou mudança em um conjunto específico de
atingi‑los; circunstâncias
• capacidades compreendidas em termos de recursos e
conhecimento (por exemplo, capital, tempo, pessoas, 4
NOTA DA TRADUÇÃO: Para os efeitos desta Norma Brasileira, o termo risk
processos, sistemas e tecnologias); assessment foi traduzido como “processo de avaliação de riscos” (2.14) para
• sistemas de informação, fluxos de informação e pro- evitar conflito com o termo risk evaluation, que foi traduzido como “avaliação
de riscos” (2.24).

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normas, leis, políticas e outros requisitos.
NOTA 1: Um evento pode consistir em uma ou mais [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.3.1.3]
ocorrências e pode ter várias causas. NOTA 2 Um evento
pode consistir em alguma coisa não acontecer. 2.23. nível de risco
NOTA 3: Um evento pode algumas vezes ser referido magnitude de um risco (2.1) ou combinação de riscos,
como um “incidente” ou um “acidente”. expressa em termos da combinação das consequências
NOTA 4: Um evento sem consequências (2.18) também (2.18) e de suas probabilidades (2.19)
pode ser referido como um “quase acidente”, ou um “inci- [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.6.1.8]
dente” ou “por um triz”.
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.5.1.3] 2.24. avaliação de riscos
processo de comparar os resultados da análise de riscos
2.18. consequência (2.21) com os critérios de risco (2.22) para determinar se o
resultado de um evento (2.17) que afeta os objetivos risco (2.1) e/ou sua magnitude é aceitável ou tolerável

NOTA 1: Um evento pode levar a uma série de conse- NOTA: A avaliação de riscos auxilia na decisão sobre o
quências. tratamento de riscos (2.25).
NOTA 2: Uma consequência pode ser certa ou incerta e [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.7.1]
pode ter efeitos positivos ou negativos sobre os objetivos.
NOTA 3: As consequências podem ser expressas qualita- 2.25. tratamento de riscos processo para modificar o
tiva ou quantitativamente. risco (2.1)
NOTA 4: As consequências iniciais podem desencadear
reações em cadeia NOTA 1: O tratamento de risco pode envolver:
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.6.1.3] • a ação de evitar o risco pela decisão de não iniciar ou
descontinuar a atividade que dá origem ao risco;
1.19. probabilidade (likelihood) • assumir ou aumentar o risco, a  fim de buscar uma
chance de algo acontecer oportunidade;
• a remoção da fonte de risco (2.16);
NOTA 1: Na terminologia de gestão de riscos, a palavra • a alteração da probabilidade (2.19);
”probabilidade” é utilizada para referir‑se à chance de algo • a alteração das consequências (2.18);
acontecer, não importando se definida, medida ou deter- • o compartilhamento do risco com outra parte ou partes
minada objetiva ou subjetivamente, qualitativa ou quanti- (incluindo contratos e financiamento do risco); e
tativamente, ou se descrita utilizando‑se termos gerais ou • a retenção do risco por uma escolha consciente.
matemáticos (tal como probabilidade ou frequência durante
um determinado período de tempo). NOTA 2: Os tratamentos de riscos relativos às consequ-
NOTA 2: O termo em Inglês “likelihood” não tem um ências negativas são muitas vezes referidos como “mitigação
equivalente direto em algumas línguas; em vez disso, de riscos”, “eliminação de riscos”, “prevenção de riscos” e
o  equivalente do termo “probability” é freqüentemente “redução de riscos”.
utilizado. Entretanto, em Inglês, “probability” é muitas vezes NOTA 3: O tratamento de riscos pode criar novos riscos
interpretado estritamente como uma expressão matemática. ou modificar riscos existentes.
Portanto, na terminologia de gestão de riscos, ”likelihood” é [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.8.1]
utilizado com a mesma ampla interpretação de que o termo
“probability” tem em muitos outros idiomas além do inglês. 2.26. controle medida que está modificando o risco (2.1)
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.6.1.1]
NOTA 1: Os controles incluem qualquer processo, política,
2.20. perfil de risco dispositivo, prática ou outras ações que modificam o risco.
descrição de um conjunto qualquer de riscos (2.1) NOTA 2 Os controles nem sempre conseguem exercer o efeito
de modificação pretendido ou presumido.
NOTA: O conjunto de riscos pode conter riscos que di- [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.8.1.1]
zem respeito a toda a organização, parte da organização, ou
referente ao qual tiver sido definido. 2.27. risco residual
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.8.2.5] risco (2.1) remanescente após o tratamento do  risco
(2.25)
2.21. análise de riscos
NOTA 1: O risco residual pode conter riscos não identi-
processo de compreender a natureza do risco (2.1) e
ficados.
determinar o nível de risco (2.23)
NOTA 2: O risco residual também pode ser conhecido
como “risco retido”.
NOTA 1: A análise de riscos fornece a base para a avalia- [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.8.1.6]
ção de riscos (2.24) e para as decisões sobre o tratamento
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de riscos (2.25). 2.28. monitoramento


NOTA 2: A análise de riscos inclui a estimativa de riscos. verificação, supervisão, observação crítica ou identifi-
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.6.1] cação da situação, executadas de forma contínua, a fim de
identificar mudanças no nível de desempenho requerido
2.22. critérios de risco termos de referência contra os ou esperado
quais a significância de um risco (2.1) é avaliada
NOTA: O monitoramento pode ser aplicado à estrutura
NOTA 1: Os critérios de risco são baseados nos objetivos da gestão de riscos (2.3), ao processo de gestão de riscos
organizacionais e no contexto externo (2.10) e contexto (2.8), ao risco (2.1) ou ao controle (2.26).
interno (2.11). [ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.8.2.1]
NOTA 2: Os critérios de risco podem ser derivados de

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3. Princípios
2.29. análise crítica
atividade realizada para determinar a adequação, su- Para a gestão de riscos ser eficaz, convém que uma or-
ficiência e eficácia do assunto em questão para atingir os ganização, em todos os níveis, atenda aos princípios abaixo
objetivos estabelecidos descritos.

NOTA: A análise crítica pode ser aplicada à estrutura da a) A gestão de riscos cria e protege valor.
gestão de riscos (2.3), ao processo de gestão de riscos (2.8), A gestão de riscos contribui para a realização demons-
ao risco (2.1) ou ao controle (2.26). trável dos objetivos e para a melhoria do desempenho
[ABNT ISO GUIA 73:2009, definição 3.8.2.2] referente, por exemplo, à segurança e saúde das pessoas,
à segurança, à conformidade legal e regulatória, à aceitação
pública, à proteção do meio ambiente, à qualidade do produto, ao gerenciamento de projetos, à eficiência nas operações
à governança e à reputação.

b) A gestão de riscos é parte integrante de todos os processos organizacionais.


A gestão de riscos não é uma atividade autônoma separada das principais atividades e processos da organização. A ges-
tão de riscos faz parte das responsabilidades da administração e é parte integrante de todos os processos organizacionais,
incluindo o planejamento estratégico e todos os processos de gestão de projetos e gestão de mudanças.

c) A gestão de riscos é parte da tomada de decisões.


A gestão de riscos auxilia os tomadores de decisão a fazer escolhas conscientes, priorizar ações e distinguir entre formas
alternativas de ação.

d) A gestão de riscos aborda explicitamente a incerteza.


A gestão de riscos explicitamente leva em consideração a incerteza, a natureza dessa incerteza, e como ela pode ser tratada.

e) A gestão de riscos é sistemática, estruturada e oportuna.


Uma abordagem sistemática, oportuna e estruturada para a gestão de riscos contribui para a eficiência e para os resul-
tados consistentes, comparáveis e confiáveis.

f) A gestão de riscos baseia‑se nas melhores informações disponíveis.


As entradas para o processo de gerenciar riscos são baseadas em fontes de informação, tais como dados históricos
experiências, retroalimentação das partes interessadas, observações, previsões, e  opiniões de especialistas. Entretanto
convém que os tomadores de decisão se informem e levem em consideração quaisquer limitações dos dados ou modelagem
utilizados, ou a possibilidade de divergências entre especialistas.

g) A gestão de riscos é feita sob medida.


A gestão de riscos está alinhada com o contexto interno e externo da organização e com o perfil do risco.

h) A gestão de riscos considera fatores humanos e culturais.


A gestão de riscos reconhece as capacidades, percepções e intenções do pessoal interno e externo que podem facilitar
ou dificultar a realização dos objetivos da organização.

i) A gestão de riscos é transparente e inclusiva. 4. Estrutura


O envolvimento apropriado e oportuno de partes interes-
sadas e, em particular, dos tomadores de decisão em todos 4.1 Generalidades
os níveis da organização assegura que a gestão de riscos O sucesso da gestão de riscos irá depender da eficácia
permaneça pertinente e atualizada. O envolvimento também da estrutura de gestão que fornece os fundamentos e os
permite que as partes interessadas sejam devidamente re- arranjos que irão incorporá‑la através de toda a organização,
presentadas e terem suas opiniões levadas em consideração em todos os níveis. A  estrutura auxilia a gerenciar riscos
na determinação dos critérios de risco. eficazmente através da aplicação do processo de gestão
de riscos (ver Seção 5) em diferentes níveis e dentro de
j) A gestão de riscos é dinâmica, iterativa e capaz de contextos específicos da organização. A estrutura assegura
reagir a mudanças. que a informação sobre riscos proveniente desse processo
A gestão de riscos continuamente percebe e reage às seja adequadamente reportada e utilizada como base para a
mudanças. Na medida em que acontecem eventos externos tomada de decisões e a responsabilização em todos os níveis
e internos, o  contexto e o conhecimento modificam‑se, organizacionais aplicáveis.
o mo nitoramento e a análise crítica de riscos são realiza- Esta seção descreve os componentes necessários da
Administração Pública

dos, novos riscos surgem, alguns se modificam e outros estrutura para gerenciar riscos e a forma como eles se
desaparecem. interrelacionam de maneira iterativa, conforme mostrado
k) A gestão de riscos facilita a melhoria contínua da na Figura 2.
organização.
Convém que as organizações desenvolvam e implemen-
tem estratégias para melhorar a sua maturidade na gestão
de riscos juntamente com todos os demais aspectos da sua
organização.
O Anexo A fornece informações adicionais para as
organizações que desejam gerenciar riscos de forma
mais eficaz.

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4.3 Concepção da estrutura para gerenciar riscos

4.3.1 Entendimento da organização e seu contexto


Antes de iniciar a concepção e a implementação da
estrutura para gerenciar riscos, é importante avaliar e com-
preender os contextos externo e interno da organização,
uma vez que estes podem influenciar significativamente a
concepção da estrutura.
A avaliação do contexto externo da organização pode
incluir, mas não está limitada a:
a) ambientes cultural, social, político, legal, regulatório
financeiro, tecnológico, econômico, natural e compe-
titivo quer seja internacional, nacional, regional ou
local;
b) fatores‑chave e tendências que tenham impacto sobre
os objetivos da organização; e
c) relações com partes interessadas externas e suas
percepções e valores.

A avaliação do contexto interno da organização pode


incluir, mas não está limitada a:
• governança, estrutura organizacional, funções e res-
ponsabilidades;
• políticas, objetivos e estratégias implementadas para
atingi‑los;
• capacidades, entendidas em termos de recursos e
conhecimento (por exemplo, capital, tempo, pessoas,
processos, sistemas e tecnologias);
• sistemas de informação, fluxos de informação e pro-
Figura 2 – Relacionamento entre os componentes da estrutura para cessos de tomada de decisão (formais e informais);
gerenciar riscos
• relações com partes interessadas internas e suas per-
cepções e valores;
Esta estrutura não pretende prescrever um sistema de • cultura da organização;
gestão, mas antes auxiliar a organização a integrar a gestão • normas, diretrizes e modelos adotados pela organiza-
de riscos em seu sistema de gestão global. Portanto, convém ção; e
que as organizações adaptem os componentes da estrutura • forma e extensão das relações contratuais.
a suas necessidades específicas.
Se as práticas e processos de gestão existentes em uma 4.3.2 Estabelecimento da política de gestão de riscos
organização incluirem componentes de gestão de riscos ou se Convém que a política de gestão de riscos estabeleça
a organização tiver já adotado um processo formal de gestão claramente os objetivos e o comprometimento da organi-
de riscos para determinados tipos ou situações de risco, então zação em relação à gestão de riscos e, tipicamente, aborde:
convém que estes sejam criticamente analisados e avaliados • a justificativa da organização para gerenciar riscos;
em relação a esta Norma, incluindo os atributos contidos no • as ligações entre os objetivos e políticas da organização
Anexo A, a fim de determinar sua suficiência e eficácia. com a política de gestão de riscos;
• as responsabilidades para gerenciar riscos;
4.2 Mandato e comprometimento • a forma com que são tratados conflitos de interesses;
A introdução da gestão de riscos, e  a garantia de sua • o comprometimento de tornar disponíveis os recursos
contínua eficácia requerem comprometimento forte e sus- necessários para auxiliar os responsáveis pelo geren-
tentado a ser assumido pela administração da organização, ciamento dos riscos;
bem como um planejamento rigoroso e estratégico para • a forma com que o desempenho da gestão de riscos
obter‑se esse comprometimento em todos os níveis. Convém será medido e reportado; e
que a administração: • o comprometimento de analisar criticamente e melho-
• defina e aprove a política de gestão de riscos; rar periodicamente a política e a estrutura da gestão
• assegure que a cultura da organização e a política de de riscos em resposta a um evento ou mudança nas
gestão de riscos estejam alinhadas; circunstâncias.
• defina indicadores de desempenho para a gestão de
riscos que estejam alinhados com os indicadores de Convém que a política de gestão de riscos seja comuni-
desempenho da organização; cada apropriadamente.
• alinhe os objetivos da gestão de riscos com os objetivos
Administração Pública

e estratégias da organização; 4.3.3 Responsabilização


• assegure a conformidade legal e regulatória; Convém que a organização assegure que haja res-
• atribua responsabilidades nos níveis apropriados den- ponsabilização, autoridade e competência apropriadas
tro da organização; para gerenciar riscos, incluindo implementar e manter o
• assegure que os recursos necessários sejam alocados processo de gestão de riscos, e  assegurar a suficiência,
para a gestão de riscos; a eficácia e a eficiência de quaisquer controles. Isto pode
• comunique os benefícios da gestão de riscos a todas ser facilitado por:
as partes interessadas; e • identificar os proprietários dos riscos que têm a res-
• assegure que a estrutura para gerenciar riscos continue ponsabilidade e a autoridade para gerenciar riscos;
a ser apropriada. • identificar os responsáveis pelo desenvolvimento,

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implementação e manutenção da estrutura para ge- • processos, métodos e ferramentas da organização para
renciar riscos; serem utilizados para gerenciar riscos;
• identificar outras responsabilidades das pessoas, em • processos e procedimentos documentados;
todos os níveis da organização no processo de gestão • sistemas de gestão da informação e do conhecimento; e
de riscos; • programas de treinamento.
• estabelecer medição de desempenho e processos de
reporte internos ou externos e relação com os devidos 4.3.6 Estabelecimento de mecanismos de comunicação
escalões; e e reporte internos
• assegurar níveis apropriados de reconhecimento. Convém que a organização estabeleça mecanismos de
comunicação interna e reporte a fim de apoiar e incentivar
4.3.4 Integração nos processos organizacionais a responsabilização e a propriedade dos riscos. Convém que
Convém que a gestão de riscos seja incorporada em todas tais mecanismos assegurem que:
as práticas e processos da organização, de forma que seja • componentes‑chave da estrutura da gestão de riscos,
pertinente, eficaz e eficiente. Convém que o processo de e quaisquer alterações subsequentes, sejam comuni-
gestão de riscos se torne parte integrante, e não separado cados adequadamente;
desses processos organizacionais. Em particular, convém que • exista um processo adequado de reporte interno sobre
a gestão de riscos seja incorporada no desenvolvimento de a estrutura, sua eficácia e os seus resultados;
políticas, na análise crítica, no planejamento estratégico e de • as informações pertinentes derivadas da aplicação da
negócios, e nos processos de gestão de mudanças. gestão de riscos estejam disponíveis nos níveis e nos
Convém que exista um plano de gestão de riscos para momentos apropriados; e
toda a organização, a  fim de assegurar que a política de • haja processos de consulta às partes interessadas
gestão de riscos seja implementada e que a gestão de internas.
riscos seja incorporada em todas as práticas e processos
da organização. Convém que estes mecanismos incluam processos para
O plano de gestão de riscos pode ser integrado em outros consolidar a informação sobre os riscos, conforme apro-
planos organizacionais, tais como um plano estratégico. priado, a  partir de uma variedade de fontes, levando em
consideração sua sensibilidade.
4.3.5 Recursos
Convém que a organização aloque recursos apropriados 4.3.7 Estabelecimento de mecanismos de comunicação
para a gestão de riscos. Convém que os seguintes aspectos e reporte externos
sejam considerados: Convém que a organização desenvolva e implemente um
• pessoas, habilidades, experiências e competências; plano sobre como se comunicará com partes interessadas
• recursos necessários para cada etapa do processo de externas. Convém que isto envolva:
gestão de riscos; • engajar as partes interessadas externas apropriadas e
assegurar a troca eficaz de informações;
• o reporte externo para atendimento de requisitos legais, regulatórios e de governança;
• fornecer retroalimentação e reportar sobre a comunicação e consulta;
• usar comunicação para construir confiança na organização; e
• comunicar as partes interessadas em evento de crise ou contingência.

Convém que estes mecanismos incluam processos para consolidar a informação sobre os riscos, conforme apropriado,
a partir de uma variedade de fontes, levando em consideração sua sensibilidade.

4.4 Implementação da gestão de riscos

4.4.1 Implementação da estrutura para gerenciar riscos


Na implementação da estrutura para gerenciar riscos convém que a organização:
• defina a estratégia e o momento apropriado para implementação da estrutura;
• aplique a política e o processo de gestão de riscos aos processos organizacionais;
• atenda aos requisitos legais e regulatórios;
• assegure que a tomada de decisões, incluindo o desenvolvimento e o estabelecimento de objetivos, esteja alinhada com
os resultados dos processos de gestão de riscos;
• mantenha sessões de informação e treinamento; e
• consulte e comunique‑se com as partes interessadas para assegurar que a estrutura da gestão de riscos continue apro-
priada.

4.4.2 Implementação do processo de gestão de riscos


Convém que a gestão de riscos seja implementada para assegurar que o processo de gestão de riscos descrito na Seção 5
Administração Pública

seja aplicado, através de um plano de gestão de riscos, em todos os níveis e funções pertinentes da organização, como parte
de suas práticas e processos.

4.5 Monitoramento e análise crítica da estrutura


de forma periódica, para garantir sua adequação;
A fim de assegurar que a gestão de riscos seja eficaz e • meça periodicamente o progresso obtido, ou o desvio
continua a apoiar o desempenho organizacional, convém em relação ao plano de gestão de riscos;
que a organização: • analise criticamente de forma periódica se a política
• meça o desempenho da gestão de riscos utilizando in- o plano e a estrutura da gestão de riscos ainda são
dicadores, os quais devem ser analisados criticamente apropriados, dado o contexto externo e interno das

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organizações; fim de assegurar que os responsáveis pela implementação
• reporte sobre os riscos, sobre o progresso do plano de do processo de gestão de riscos e as partes interessadas
gestão de riscos e como a política de gestão de riscos compreendam os fundamentos sobre os quais as decisões
está sendo seguida; e são tomadas e as razões pelas quais ações específicas são
• analise criticamente a eficácia da estrutura da gestão requeridas.
de riscos. Uma abordagem de equipe consultiva pode:
• auxiliar a estabelecer o contexto apropriadamente;
4.6 Melhoria contínua da estrutura • assegurar que os interesses das partes interessadas
sejam compreendidos e considerados;
Com base nos resultados do monitoramento e das aná- • auxiliar a assegurar que os riscos sejam identificados
lises críticas, convém que decisões sejam tomadas sobre adequadamente;
• reunir diferentes áreas de especialização em conjunto
como a política, o plano e a estrutura da gestão de riscos
para análise dos riscos;
podem ser melhorados. Convém que essas decisões visem
• assegurar que diferentes pontos de vista sejam devida-
melhorias na capacidade de gerenciar riscos da organização mente considerados quando da definição dos critérios
e em sua cultura de gestão de riscos. de risco e na avaliação dos riscos;
• garantir o aval e o apoio para um plano de tratamento;
5. Processo • aprimorar a gestão de mudanças durante o processo
de gestão de riscos; e
5.1 Generalidades • desenvolver um plano apropriado para comunicação
e consulta interna e externa.
Convém que o processo de gestão de riscos seja
• parte integrante da gestão, A comunicação e consulta às partes interessadas são
• incorporado na cultura e nas práticas, e importantes na medida em que elas fazem julgamentos so-
• adaptado aos processos de negócios da organização. bre riscos com base em suas percepções. Essas percepções
podem variar devido às diferenças de valores, necessidades,
Ele compreende as atividades descritas em 5.2 a 5.6. suposições, conceitos e preocupações das partes interessa-
O processo de gestão de riscos é mostrado na Figura 3. das. Como os seus pontos de vista podem ter um impacto
significativo sobre as decisões tomadas, convém que as
percepções das partes interessadas sejam identificadas,
registradas e levadas em consideração no processo de to-
mada de decisão.
Convém que a comunicação e a consulta facilitem a
troca de informações verdadeiras, pertinentes, exatas e
compreensíveis, levando em consideração os aspectos de
confidencialidade e integridade das pessoas.

5.3 Estabelecimento do contexto

5.3.1 Generalidades
Ao estabelecer o contexto, a organização articula seus
objetivos, define os parâmetros externos e internos a serem
levados em consideração ao gerenciar riscos, e estabelece
o escopo e os critérios de risco para o restante do proces-
so. Mesmo que muitos destes parâmetros sejam similares
àqueles considerados na concepção da estrutura da gestão
de riscos (ver 4.3.1), ao  se estabelecer o contexto para o
processo de gestão de riscos, eles precisam ser considerados
com mais detalhe. Em particular, como eles se relacionam
com o escopo do respectivo processo de gestão de riscos.

5.3.2 Estabelecimento do contexto externo


O contexto externo é o ambiente externo no qual a
organização busca atingir seus objetivos.
Entender o contexto externo é importante para assegurar
Figura 3 — Processo de gestão de riscos
que os objetivos e as preocupações das partes interessadas
externas sejam considerados no desenvolvimento dos crité-
5.2 Comunicação e consulta
Administração Pública

rios de risco. O contexto externo é baseado no contexto de


toda a organização, porém com detalhes específicos sobre
Convém que a comunicação e a consulta às partes inte- requisitos legais e regulatórios, percepções de partes interes-
ressadas internas e externas aconteçam durante todas as sadas e outros aspectos dos riscos específicos para o escopo
fases do processo de gestão de riscos. Portanto, convém que do processo de gestão de riscos.
os planos de comunicação e consulta sejam desenvolvidos O contexto externo pode incluir, mas não está limitado a:
em um estágio inicial. Convém que estes planos abordem • ambientes cultural, social, político, legal, regulatório
questões relacionadas com o risco propriamente dito, suas financeiro, tecnológico, econômico, natural e compe-
causas, suas consequências (se conhecidas) e as medidas que titivo, quer seja internacional, nacional, regional ou
estão sendo tomadas para tratá‑los. Convém que comunica- local;
ção e consulta interna e externa eficazes sejam realizadas a • fatores‑chave e tendências que tenham impacto sobre

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os objetivos da organização; e calização;
• relações com as partes interessadas externas e suas • definição das relações entre um projeto, processo ou
percepções e valores. atividade específicos e outros projetos, processos ou
atividades da organização;
5.3.3 Estabelecimento do contexto interno • definição das metodologias de processo de avaliação
O contexto interno é o ambiente interno no qual a orga- de riscos;
nização busca atingir seus objetivos. • definição da forma como são avaliados o desempenho
Convém que o processo de gestão de riscos esteja ali- e a eficácia na gestão dos riscos;
nhado com a cultura, processos, estrutura e estratégia da • identificação e especificação das decisões que têm que
organização. O contexto interno é algo dentro da organização ser tomadas; e
que pode influenciar a maneira pela qual uma organização • identificação, definição ou elaboração dos estudos ne-
gerenciará os riscos. Convém que ele seja estabelecido, cessários, de sua extensão e objetivos, e dos recursos
porque: requeridos para tais estudos.
a) a gestão de riscos ocorre no contexto dos objetivos
da organização; A atenção para estes e outros fatores pertinentes pode
b) convém que os objetivos e os critérios de um deter- ajudar a assegurar que a abordagem adotada para a gestão
minado projeto, processo ou atividade sejam consi- de riscos seja apropriada às circunstâncias, à organização e
derados tendo como base os objetivos da organização aos riscos que afetam a realização de seus objetivos.
como um todo; e
c) algumas organizações deixam de reconhecer oportuni- 5.3.5 Definição dos critérios de risco
dades para atingir seus objetivos estratégicos, de pro- Convém que a organização defina os critérios a serem
jeto ou de negócios, o que afeta o comprometimento, utilizados para avaliar a significância do risco. Convém que
a credibilidade, a confiança e o valor organizacional. os critérios reflitam os valores, objetivos e recursos da
organização. Alguns critérios podem ser impostos por, ou
É necessário compreender o contexto interno. Isto pode derivados de requisitos legais e regulatórios e outros requi-
incluir, mas não está limitado a: sitos que a organização subscreva. Convém que os critérios
• governança, estrutura organizacional, funções e res- de risco sejam compatíveis com a política de gestão de riscos
da organização (ver 4.3.2), definidos no início de qualquer
ponsabilidades;
processo de gestão de riscos e analisados criticamente de
• políticas, objetivos e estratégias implementadas para
forma contínua.
atingi‑los;
Ao definir os critérios de risco, convém que os fatores a
• capacidades, entendidas em termos de recursos e
serem considerados incluam os seguintes aspectos:
conhecimento (por exemplo, capital, tempo, pessoas,
• a natureza e os tipos de causas e de consequências
processos, sistemas e tecnologias); que podem ocorrer e como elas serão medidas;
• sistemas de informação, fluxos de informação e pro- • como a probabilidade será definida;
cessos de tomada de decisão (formais e informais); • a evolução no tempo da probabilidade e/ou
• relações com as partes interessadas internas, e suas consequência(s);
percepções e valores; • como o nível de risco deve ser determinado;
• cultura da organização; • os pontos de vista das partes interessadas;
• normas, diretrizes e modelos adotados pela organi­ • o nível em que o risco se torna aceitável ou tolerável; e
zação, e • se convém que combinações de múltiplos riscos sejam
• forma e extensão das relações contratuais. levadas em consideração e, em caso afirmativo, como
e quais combinações convém que sejam consideradas.
5.3.4 Estabelecimento do contexto do processo de
gestão de riscos 5.4 Processo de avaliação de riscos
Convém que sejam estebelecidos os objetivos, as estraté-
gias, o escopo e os parâmetros das atividades da organização, 5.4.1 Generalidades
ou daquelas partes da organização em que o processo de O processo de avaliação de riscos é o processo global de
gestão de riscos está sendo aplicado. Convém que a gestão identificação de riscos, análise de riscos e avaliação de riscos.
dos riscos seja realizada com plena consciência da necessi-
dade de justificar os recursos utilizados na gestão de riscos. NOTA: A IEC 31010 fornece orientação sobre técnicas de
Convém que os recursos requeridos, as responsabilidades e processo de avaliação de riscos.
as autoridades, além dos registros a serem mantidos, tam-
bém sejam especificados. 5.4.2 Identificação de riscos
O contexto do processo de gestão de riscos irá variar de Convém que a organização identifique as fontes de
acordo com as necessidades de uma organização. Ele pode risco, áreas de impactos, eventos (incluindo mudanças nas
envolver, mas não está limitado a: circunstâncias) e suas causas e consequências potenciais.
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• definição das metas e objetivos das atividades de A  finalidade desta etapa é gerar uma lista abrangente de
gestão de riscos; riscos baseada nestes eventos que possam criar, aumentar,
• definição das responsabilidades pelo processo e dentro evitar, reduzir, acelerar ou atrasar a realização dos objeti-
da gestão de riscos; vos. É importante identificar os riscos associados com não
• definição do escopo, bem como da profundidade e da perseguir uma oportunidade. A identificação abrangente é
amplitude das atividades da gestão de riscos a serem crítica, pois um risco que não é identificado nesta fase não
realizadas, englobando inclusões e exclusões especí- será incluído em análises posteriores.
ficas; Convém que a identificação inclua todos os riscos, es-
• definição da atividade, processo, função, projeto, tando suas fontes sob o controle da organização ou não,
produto, serviço ou ativo em termos de tempo e lo- mesmo que as fontes ou causas dos riscos possam não ser

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evidentes. Convém que a identificação de riscos inclua o locais, grupos ou situações.
exame de reações em cadeia provocadas por consequências
específicas, incluindo os efeitos cumulativos e em cascata. 5.4.4 Avaliação de riscos
Convém que também seja considerada uma ampla gama A finalidade da avaliação de riscos é auxiliar na tomada
de consequências, ainda que a fonte ou causa do risco não de decisões com base nos resultados da análise de riscos
esteja evidente. Além de identificar o que pode acontecer, sobre quais riscos necessitam de tratamento e a prioridade
é necessário considerar possíveis causas e cenários que mos- para a implementação do tratamento.
trem quais consequências podem ocorrer. Convém que todas A avaliação de riscos envolve comparar o nível de risco
as causas e consequências significativas sejam consideradas. encontrado durante o processo de análise com os critérios
Convém que a organização aplique ferramentas e técnicas de risco estabelecidos quando o contexto foi considerado.
de identificação de riscos que sejam adequadas aos seus ob- Com base nesta comparação, a  necessidade do trata-
jetivos e capacidades e aos riscos enfrentados. Informações mento pode ser considerada.
pertinente e atualizadas são importantes na identificação de Convém que as decisões levem em conta o contexto mais
riscos. Convém que incluam informações adequadas sobre amplo do risco e considerem a tolerância aos riscos assumida
os fatos por trás dos acontecimentos, sempre que possível. por partes que não a própria organização que se beneficia
Convém que pessoas com um conhecimento adequado do risco. Convém que as decisões sejam tomadas de acordo
sejam envolvidas na identificação dos riscos. com os requisitos legais, regulatórios e outros requisitos.
Em algumas circunstâncias, a avaliação de riscos pode le-
5.4.3 Análise de riscos var à decisão de se proceder a uma análise mais aprofundada.
A análise de riscos envolve desenvolver a compreensão A avaliação de riscos também pode levar à decisão de não
dos riscos. A análise de riscos fornece uma entrada para a se tratar o risco de nenhuma outra forma que seja manter
avaliação de riscos e para as decisões sobre a necessidade os controles existentes. Esta decisão será influenciada pela
dos riscos serem tratados, e sobre as estratégias e métodos atitude perante o risco da organização e pelos critérios de
mais adequados de tratamento de riscos. A análise de ris- risco que foram estabelecidos.
cos também pode fornecer uma entrada para a tomada de
decisões em que escolhas precisam ser feitas e as opções 5.5 Tratamento de riscos
envolvem diferentes tipos e níveis de risco.
A análise de riscos envolve a apreciação das causas e as 5.5.1 Generalidades
fontes de risco, suas consequências positivas e negativas, e a O tratamento de riscos envolve a seleção de uma ou mais
probabilidade de que essas consequências possam ocorrer. opções para modificar os riscos e a implementação dessas
Convém que os fatores que afetam as consequências opções. Uma vez implementado, o tratamento fornece novos
e a probabilidade sejam identificados. O risco é analisado controles ou modifica os existentes.
determinando‑se as conseqüências e sua probabilidade, Tratar riscos envolve um processo cíclico composto por:
e outros atributos do risco. Um evento pode ter várias con- • avaliação do tratamento de riscos já realizado;
sequências e pode afetar vários objetivos. Convém que os • decisão se os níveis de risco residual são toleráveis;
controles existentes e sua eficácia e eficiência também sejam • se não forem toleráveis, a definição e implementação
levados em consideração. de um novo tratamento para os riscos; e
Convém que a forma em que as consequências e a • avaliação da eficácia desse tratamento.
probabilidade são expressas e o modo com que elas são
combinadas para determinar um nível de risco reflitam o As opções de tratamento de riscos não são necessaria-
tipo de risco, as informações disponíveis e a finalidade para a mente mutuamente exclusivas ou adequadas em todas as cir-
qual a saída do processo de avaliação de riscos será utilizada. cunstâncias. As opções podem incluir os seguintes aspectos:
Convém que isso tudo seja compatível com os critérios de a) ação de evitar o risco ao se decidir não iniciar ou
risco. É também importante considerar a interdependência descontinuar a atividade que dá origem ao risco;
dos diferentes riscos e suas fontes. b) tomada ou aumento do risco na tentativa de tirar
Convém que a confiança na determinação do nível de proveito de uma oportunidade;
risco e sua sensibilidade a condições prévias e premissas c) remoção da fonte de risco;
sejam consideradas na análise e comunicadas eficazmente d) alteração da probabilidade;
para os tomadores de decisão e, quando apropriado, a ou- e) alteração das consequências;
tras partes interessadas. Convém que sejam estabelecidos f) compartilhamento do risco com outra parte ou par-
e ressaltados fatores como a divergência de opinião entre tes (incluindo contratos e financiamento do risco); e
especialistas, a  incerteza, a  disponibilidade, a  qualidade, g) retenção do risco por uma decisão consciente e bem
a quantidade e a contínua pertinência das informações, ou embasada.
as limitações sobre a modelagem.
A análise de riscos pode ser realizada com diversos graus 5.5.2 Seleção das opções de tratamento de riscos
de detalhe, dependendo do risco, da finalidade da análise e Selecionar a opção mais adequada de tratamento de
das informações, dados e recursos disponíveis. Dependendo riscos envolve equilibrar, de um lado, os custos e os esforços
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das circunstâncias, a análise pode ser qualitativa, semiquan- de implementação e, de outro, os  benefícios decorrentes
titativa ou quantitativa, ou uma combinação destas. relativos a requisitos legais, regulatórios ou quaisquer outros
As consequências e suas probabilidades podem ser de- tais como o da responsabilidade social e o da proteção do
terminadas por modelagem dos resultados de um evento ambiente natural. Convém que as decisões também levem
ou conjunto de eventos, ou por extrapolação a partir de em consideração os riscos que demandam um tratamento
estudos experimentais ou a partir dos dados disponíveis. economicamente não justificável, como, por exemplo, riscos
As consequências podem ser expressas em termos de im- severos (com grande consequência negativa), porém raros
pactos tangíveis e intangíveis. Em alguns casos, é necessário (com probabilidade muito baixa).
mais que um valor numérico ou descritor para especificar as Várias opções de tratamento podem ser consideradas e
consequências e suas probabilidades em diferentes períodos, aplicadas individualmente ou combinadas. A  organização,

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normalmente, beneficia‑se com a adoção de uma combina- • obter informações adicionais para melhorar o processo
ção de opções de tratamento. de avaliação dos riscos;
Ao selecionar as opções de tratamento de riscos, convém • analisar os eventos (incluindo os “quase incidentes”),
que a organização considere os valores e as percepções das mudanças, tendências, sucessos e fracassos e aprender
partes interessadas, e  as formas mais adequadas para se com eles;
comunicar com elas. Quando as opções de tratamento de • detectar mudanças no contexto externo e interno,
riscos podem afetar o risco no resto da organização ou com incluindo alterações nos critérios de risco e no próprio
as partes interessadas, convém que todos os envolvidos risco, as quais podem requerer revisão dos tratamentos
participem da decisão. Embora igualmente eficazes, alguns dos riscos e suas prioridades; e
tratamentos podem ser mais aceitáveis para algumas das • identificar os riscos emergentes.
partes interessadas do que para outras.
Convém que o plano de tratamento identifique clara- O progresso na implementação dos planos de tratamento
mente a ordem de prioridade em que cada tratamento deva de riscos proporciona uma medida de desempenho. Os resul-
ser implementado. tados podem ser incorporados na gestão, na mensuração e
O tratamento de riscos, por si só, pode introduzir riscos. na apresentação de informações (tanto externa quanto inter-
Um risco significativo pode derivar do fracasso ou da ineficá- namente) a respeito do desempenho global da organização.
Convém que os resultados do monitoramento e da aná-
cia das medidas de tratamento de riscos. O monitoramento
lise crítica sejam registrados e reportados externa e interna-
precisa fazer parte do plano de tratamento de forma a ga-
mente conforme apropriado, e também convém que sejam
rantir que as medidas permaneçam eficazes. utilizados como entrada para a análise crítica da estrutura
O tratamento de riscos também pode introduzir riscos de gestão de riscos (ver 4.5).
secundários que necessitam ser avaliados, tratados, moni-
torados e analisados criticamente. Convém que esses riscos 5.7 Registros do processo de gestão de riscos
secundários sejam incorporados no mesmo plano de trata-
mento do risco original e não tratados como um novo risco. Convém que as atividades de gestão de riscos sejam
Convém que a ligação entre estes riscos seja identificada e rastreáveis. No processo de gestão de riscos, os  registros
preservada. fornecem os fundamentos para a melhoria dos métodos e
ferramentas, bem como de todo o processo.
5.5.3 Preparando e implementando planos para trata- Convém que as decisões relativas à criação de registros
mento de riscos levem em consideração:
A finalidade dos planos de tratamento de riscos é do- • a necessidade da organização de aprendizado contínuo;
cumentar como as opções de tratamento escolhidas serão • os benefícios da reutilização de informações para fins
implementadas. Convém que as informações fornecidas nos de gestão;
planos de tratamento incluam: • os custos e os esforços envolvidos na criação e manu-
• as razões para a seleção das opções de tratamento, tenção de registros;
incluindo os benefícios que se espera obter; • as necessidades de registros legais, regulatórios e
• os responsáveis pela aprovação do plano e os respon- operacionais;
sáveis pela implementação do plano; • o método de acesso, facilidade de recuperação e meios
• ações propostas; de armazenamento;
• os recursos requeridos, incluindo contingências; • o período de retenção; e
• medidas de desempenho e restrições; • a sensibilidade das informações.
• requisitos para a apresentação de informações e de
monitoramento; e Anexo A
• cronograma e programação. (infomativo)

Convém que os planos de tratamento sejam integrados Atributos de uma gestão de riscos avançada
com os processos de gestão da organização e discutidos com
as partes interessadas apropriadas. A.1 Generalidades
Convém que os tomadores de decisão e outras partes
interessadas estejam cientes da natureza e da extensão do Convém que as organizações visem um nível de de-
sempenho apropriado de sua estrutura da gestão de riscos
risco residual após o tratamento do risco. Convém que o risco
em consonância com a criticidade das decisões a serem
residual seja documentado e submetido a monitoramento,
tomadas. A  lista de atributos abaixo representa um nível
análise crítica e, quando apropriado, a tratamento adicional. alto de desempenho para gerenciar riscos. Para auxiliar
as organizações a medir seu próprio desempenho a partir
5.6 Monitoramento e análise crítica desses critérios, alguns indicadores tangíveis são fornecidos
para cada atributo.
Convém que o monitoramento e a análise crítica sejam
Administração Pública

planejados como parte do processo de gestão de riscos e A.2 Resultados‑chave


envolvam a checagem ou vigilância regulares. Podem ser
periódicos ou acontecer em resposta a um fato específico. A.2.1 A organização tem um entendimento atual, correto
Convém que as responsabilidades relativas ao monitora- e abrangente de seus riscos.
mento e à análise crítica sejam claramente definidas. A.2.2 Os riscos da organização estão dentro de seus
Convém que os processos de monitoramento e análise critérios de risco.
crítica da organização abranjam todos os aspectos do pro-
cesso da gestão de riscos com a finalidade de: A.3 Atributos
• garantir que os controles sejam eficazes e eficientes
no projeto e na operação; A.3.1 Melhoria contínua

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A ênfase é colocada sobre a melhoria contínua na gestão processo bidirecional, de tal forma que decisões bem infor-
de riscos através do estabelecimento de metas de desem- madas possam ser tomadas sobre o nível de riscos e sobre a
penho organizacional, através da mensuração e de análises necessidade de tratamento, de acordo com critérios de risco
críticas, além das subsequentes mudanças de processos abrangentes e adequadamente estabelecidos.
sistemas, recursos, capacidade e habilidades. Reportes externos e internos, abrangentes e freqüen-
Isso pode ser indicado pela existência de metas explí- tes, sobre os riscos significativos e sobre o desempenho da
citas de desempenho contra as quais o desempenho da gestão de riscos, contribuem substancialmente para uma
gerência individual e da organização é medido. O  desem- governança eficaz dentro de uma organização.
penho da organização pode ser publicado e comunicado.
Normalmente haverá pelo menos uma análise crítica anual A.3.5 Integração total na estrutura de governança da
de desempenho e, em seguida, uma revisão de processos e organização
o estabelecimento de objetivos de desempenho revisados A gestão de riscos é vista como central nos processos
para o período seguinte. de gestão da organização, de tal forma que os riscos sejam
Esta avaliação de desempenho da gestão dos riscos considerados em termos do efeito da incerteza sobre os ob-
é parte integrante do sistema corporativo de avaliação e jetivos. O processo e a estrutura de governança são baseados
mensuração do desempenho de departamentos e indivíduos. na gestão de riscos. A gestão de riscos eficaz é considerada
por gestores como sendo essencial para a realização dos
A.3.2 Responsabilização integral pelos riscos objetivos da organização.
Formas avançadas de gestão de riscos incluem uma forma Isto é indicado pela linguagem dos gestores e por im-
de responsabilização abrangente, integralmente aceita e portantes materiais escritos na organização que utilizam
muito bem definida, relativa aos riscos, controles e tarefas o termo “incerteza” em conexão com riscos. Esse atributo
do tratamento dos riscos. Indivíduos designados aceitam normalmente também aparece refletido nas declarações de
suas responsabilidades, são adequadamente qualificados, política da organização, em especial as relativas à gestão de
e  possuem recursos adequados para verificar controles, riscos. Normalmente, esse atributo é verificado por meio
monitorar riscos, melhorar os controles, e  comunicar‑se de entrevistas com gestores e da evidência de suas ações
eficazmente com as partes interessadas internas e externas e declarações.
sobre os riscos e sua gestão.
Isto pode ser indicado quando todos os membros de uma Anderson Lopes
organização estão totalmente conscientes dos riscos, contro-
les e tarefas para os quais são responsáveis. Normalmente GESTÃO DO CONHECIMENTO
isso estará registrado em descrições de cargo/posição, em
bancos de dados ou sistemas de informação. Convém que a A gestão do conhecimento, também chamada por alguns
definição das funções e responsabilidades relativas à gestão autores de gestão do capital intelectual, está entre os temas
dos riscos faça parte de todos os programas de formação da mais discutidos atualmente.
organização. Sua importância não é uma descoberta nova, pois,
A organização assegura que aqueles responsáveis estão ao longo da história mundial, os homens que se encontra-
equipados para desempenhar completamente as suas fun- vam na vanguarda do conhecimento sempre estiveram em
ções, fornecendo‑lhes a autoridade, tempo, treinamento destaque, não sendo desconhecido o fato de que, possuindo
recursos e habilidades suficientes para assumirem suas conhecimento, mais facilmente poder‑se‑ia triunfar e so-
responsabilidades. bressair perante os demais. Por que, então, os empresários,
consultores e acadêmicos cada vez mais vêm falando do
A.3.3 Aplicação da gestão de riscos em todas as tomadas conhecimento como o principal ativo das organizações e da
de decisão necessidade de compartilhá‑lo como a grande chave para
O processo de tomada de decisão dentro da organização, vantagens competitivas e sucesso empresarial?
seja qual for o nível de sua importância e significância, en- Entre os vários fatores que poderiam explicar esse movi-
volve explicitamente a consideração dos riscos e aplicação mento estão: as mudanças na economia global, a conhecida
da gestão de riscos em algum grau apropriado. globalização, a  preferência por organizações enxutas e o
Isto pode ser indicado por registros de reuniões e de- espetacular avanço da tecnologia, notadamente nos campos
da informação e das telecomunicações.
cisões que demonstrem que discussões explícitas sobre
Fatores preponderantes do processo de globalização
os riscos ocorreram. Além disso, convém que seja possível
como competição, demanda por qualidade, menores ciclos
ver que todos os componentes da gestão de riscos estão
de vida de produtos e mudanças tecnológicas fazem com
representados dentro dos processos‑chave para a tomada
que a administração tenha papel fundamental na obtenção
de decisão na organização, por exemplo, para as decisões
de sucesso ou fracasso de uma organização dentro desse
sobre a alocação de capital, sobre grandes projetos e sobre ambiente.
reestruturação e mudanças organizacionais. Por estas razões, Tanto a tecnologia como as informações são ferramentas
uma base sólida de gestão de riscos é vista dentro da orga- para o sucesso da administração. Principalmente pela união
nização como fornecendo a base para a governança eficaz.
Administração Pública

das telecomunicações com a informática, configuram recurso


básico na definição de rumos e objetivos da empresa – fi-
A.3.4 Comunicação contínua xação de estratégias e políticas, avaliação e decisão sobre
Formas avançadas de gestão de riscos incluem comu- alternativas e avaliação de resultados.
nicações contínuas com partes interessadas internas e ex A utilização da Tecnologia da Informação é parte integran-
ternas, incluindo informativos ou relatórios abrangentes e te do processo de transformação das organizações, sendo
freqüentes a respeito do desempenho da gestão de riscos, necessário, portanto, investir em inovações tecnológicas,
como parte da boa governança. utilizar sistemas de informações gerenciais, implementar o
Isto pode ser indicado pela comunicação com as partes processo de mudança organizacional, utilizar o conhecimento
interessadas como parte integrante e essencial da gestão como recurso estratégico e capacitar as pessoas para adap-
de riscos. A  comunicação é corretamente vista como um tação à nova realidade.

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A crescente internacionalização dos mercados e das competências que garantam tanto o sucesso da organiza-
economias tem produzido efeitos surpreendentes em ção quanto seu sucesso e felicidade pessoal, mediante uma
muitos âmbitos, como o acirramento da concorrência e a carreira que privilegie não apenas o simples desempenho
necessidade de manter vantagens competitivas sustentáveis. de funções mecânicas, mas também o desenvolvimento de
As organizações enxutas que emergiram dos processos de um trabalho que tenha sentido e do qual o trabalhador se
adoção indiscriminada de novas tecnologias (e terceiriza- orgulhe de estar participando.
ções não planejadas), em muitos casos fizeram ver que a “Se a taxa de mudanças dentro da empresa for menor do
redução generalizada de custos redundasse em perdas de que a taxa das ocorridas fora da mesma, o fim está à vista”,
grandes valores, como a experiência e o conhecimento tácito como disse Jack Welch numa palestra.
das pessoas. A  conjunção das tecnologias de informática Ao conceber os quatro pilares fundamentais da educação
e telecomunicações tornou viável um grande número de do futuro, a Unesco, por meio do Relatório Delors, apresenta
atividades antes sequer imaginadas, como as redes globais quatro perguntas fundamentais: Como Aprender a Fazer? a
e internas, os sistemas integrados, vídeo e teleconferências, Conhecer? a Ser? e a Conviver?
entre tantas outras. O encontro entre a aprendizagem e o trabalho está
Pode‑se, portanto, visualizar as organizações migrando baseado no duplo diálogo entre o conhecer e o fazer e
do velho modelo, no qual os insumos entravam numa espécie entre o ser e o conviver, ou seja, entre nossas motivações
de caixa‑preta e dela originavam‑se os produtos finais, para materiais de sobrevivência e nossas motivações espirituais
um modelo dinâmico que reconhece a força do material de transcendência. O abandono de nossa transcendência,
intelectual, dos relacionamentos e dos processos. A diferen- que caracterizou boa parte da ciência e da filosofia da mo-
ciação passa a vir do conhecimento, os produtos e serviços dernidade, brindou‑nos de um lado com o totalitarismo das
transformam‑se em agregados de ideias e o valor dos ativos utopias estatizantes e, de outro, com o individualismo das
intangíveis supera em muito os valores dos ativos financeiros. sociedades capitalistas liberais, hoje dominantes.
Vivemos um tempo de mudanças contínuas, numa época Ao repensarmos as organizações no contexto de uma
de desafios cada vez maiores, em que o conhecimento é a economia na qual o conhecimento passou a representar o
maior alavanca de riquezas em todas as áreas e, por isso, ativo de produção mais importante, precisamos de uma clara
seu aprendizado assume papel fundamental. A  busca da noção do papel que o trabalho representa em nossa vida.
melhoria do desempenho organizacional dentro desses E, ao lado do trabalho, precisamos também nos questionar
enfoques faz‑se por meio de um elemento fundamental – a sobre o novo papel da educação na vida de cada um de nós,
informação  – cuja gestão é ponto fundamental na gestão pois, no século XXI, a  capacidade de trabalho dependerá
do conhecimento. cada vez mais de um processo contínuo de aprendizagem.
A Gestão do Conhecimento reside, basicamente, na Vários modelos administrativos, atualmente em execu-
capacidade de relacionar informações estruturadas e não ção, ainda são um conjunto de princípios estabelecidos há
estruturadas com regras constantemente modificadas e praticamente dois séculos. São modelos que visavam um
aplicadas pelas pessoas na empresa e requer a distinção mercado pouco exigente e operam, por exemplo, em linhas
apresentada por Polanyi entre os dois tipos de conhecimento de produção para um mercado de massa – nos quais a pre-
existentes nas organizações: o conhecimento explícito e o ocupação era produzir, aumentar a capacidade de produção,
conhecimento tácito. rever canais de distribuição.
O conhecimento explícito é aquele que pode ser, ou A realidade, no entanto, é outra. O próprio pensamen-
está, registrado em computadores, manuais, normas etc., to de Max Weber já refletia sobre a mudança de foco das
e pode ser facilmente processado, transmitido ou armaze- organizações, quando afirmava termos “o mercado como a
nado. O conhecimento tácito, por sua vez, é aquele contido mais eficiente configuração para o fomento da capacidade
e decorrente das ações, experiências, emoções, valores ou produtiva de uma nação e para a escalada de seu processo
ideais dos indivíduos. de formação de capital” (apud Guerreiro Ramos, 1989).
De acordo com Nonaka e Takeuchi, a  essência para a Os antigos princípios não valem mais, tudo gira em torno
criação efetiva do conhecimento organizacional está, funda- das expectativas dos clientes, que determinam como diferen-
mentalmente, na conversão do conhecimento tácito em ex- cial competitivo das empresas suas estratégias de qualidade
plícito, com participação direta da tecnologia da informação (conformidade), tempo (velocidade) e custo, a serem, natu-
como elemento de apoio. “Numa Economia na qual a única ralmente, aplicadas em conjunto, e a serem desenvolvidas
certeza é a incerteza, a única fonte de vantagem competitiva adequadamente se tiverem como base informações com
é o conhecimento” (NONAKA, 1991). qualidade, atualizadas e no tempo certo.
Nesses tempos de grandes mudanças de mercado, pro- Na Era da Informação, a riqueza é o conhecimento, e os
liferação de tecnologias, multiplicidade de competidores e componentes determinantes do cenário do mercado são
produtos tornando‑se obsoletos rapidamente; as empresas avanços tecnológicos, comunicações, globalização, limitações
de sucesso são aquelas que conseguem, com consistência, de capital, reestruturações e menor lucro operacional.
criar novos conhecimentos, disseminá‑los por toda a or- O aspecto importante a ser ressaltado é a utilização do
ganização e transformá‑los em novas tecnologias e novos conhecimento como recurso estratégico: “Numa Econo­mia
produtos. Essas atividades definem a empresa “criadora do na qual a única certeza é a incerteza, a única fonte segura
Administração Pública

conhecimento”, cujo principal negócio é a contínua inovação. de vantagem competitiva duradoura é o conhecimento”
O conhecimento é criado apenas pelos indivíduos e a (NONAKA, 1997, p. 28).
eles pertence, e, portanto, uma organização não pode criar A natureza instrumental das organizações permanece,
conhecimento sem as pessoas  – o que pode é apoiar as assim como a eliminação de empregos, mas reafirma‑se a
pessoas criativas e prover contextos para que estas gerem chave para a produtividade – o conhecimento.
conhecimento. A Educação Corporativa trata exatamente de É importante ressaltar o papel da tecnologia da informa-
uma nova visão da educação profissional, não apenas como ção nesse ambiente competitivo, com a aplicação do racio-
preparação pontual para o desempenho de determinadas cínio sistêmico, pelo qual pode‑se visualizar a organização
tarefas. Trata‑se, portanto, da preparação da pessoa, vista como um conjunto de eventos interligados em um mesmo
como cidadão e trabalhador, para o desenvolvimento de esquema, conseguindo com que o processo de transforma-

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ção organizacional ocorra não por causa da tecnologia, mas bem educada. Conforme Peter Drucker (1999) é exatamente
com seu efetivo auxílio. na área econômica que está a grande diferença entre o tra-
Existe hoje a necessidade de “reinventar” as organiza- balhador manual e o trabalhador do conhecimento. Segundo
ções, principalmente em função do avanço tecnológico que o autor, a teoria econômica e a maior parte das empresas
permite, desde que bem utilizado, efetivarmos as mudanças veem o trabalhador manual como custo. Para que sejam
necessárias em face do novo panorama de mercado. produtivos, devem ser considerados ativos e, como qualquer
Algumas mudanças são inevitáveis, mas é importante re- ativo, precisam crescer. Os trabalhadores do conhecimento
conhecer que muitas forças agem no sentido de manter uma possuem os meios da produção. O conhecimento que eles
organização num estado de equilíbrio. As forças contrárias detêm é um ativo.
à mudança também são forças que apoiam a estabilidade Assim como o capital físico deprecia, o capital humano
das organizações. Em estudo sobre o processo de conseguir também. No entanto, o  problema maior é exatamente a
mudança efetiva, Lewin observou que as pessoas sentem rapidez com que o conhecimento e a tecnologia tornam‑se
dois grandes obstáculos à mudança. obsoletos.
Não se dispõem a modificar atitudes e comportamentos
antigos (ou simplesmente são incapazes disso). O único caminho para os trabalhadores da sociedade
Muitas vezes, a mudança dura pouco – após breve perío­ do conhecimento manterem suas habilidades e co-
do de tentativa de fazer as coisas de modo diferente, as pes- nhecimentos e atuarem efetivamente como capital
soas quase sempre procuram voltar a seu padrão anterior. humano é se comprometendo com um aprendizado
Para superar esses obstáculos, Lewin criou um modelo contínuo e vitalício, o que afetará todos os trabalha-
de três passos do processo de mudança, que foi refinado dores, tanto como indivíduo quanto como empre-
por Schein (1980), e pode ser aplicado a pessoas, grupos ou gados ou empregadores (CRAWFORD, 1994, p. 44).
a organizações inteiras:
Enquanto na sociedade industrial a educação era voltada
Passos Características exclusivamente para a alfabetização e o provimento de trei-
namento técnico, na sociedade do conhecimento a educação
• 1º Descongelamento: implica tornar a necessidade de passa a ser universal e os níveis de educação crescem para as
mudança tão óbvia que o indivíduo, o grupo ou a or- novas áreas de conhecimentos que requerem treinamentos
ganização possa vê‑la e aceitá‑la prontamente. Ocorre e educação atualizada para sua aplicação.
de forma natural em situações bastante pendentes, Outro ponto importante diz respeito ao valor do capital
em que as formas habituais de comportamento não humano, que cresce com o aumento do capital físico, uma
funcionam mais. vez que equipamentos mais sofisticados aumentam o valor
• 2º Mudança: estabelecimento de novos padrões de dos treinamentos especializados e da educação necessária.
comportamento que, normalmente, necessita de Isso quer dizer que os próprios capitais (físico e financeiro)
um agente de mudança treinado e capaz que ajude adicionam valor ao capital humano, pois permitem que este
a criar situações nas quais novos valores, atitudes e aumente sua produtividade e suas habilidades profissionais.
comportamentos serão apropriados. Entretanto, o capital humano é essencial para a produção
• 3º Nova Cristalização: firmar o novo padrão de do capital físico, seja na invenção de novos equipamentos,
comportamento por meio de mecanismos de apoio. novos produtos ou novos negócios.
Elogios, recompensas e outros reforços dos adminis- Durante a Revolução Industrial, as máquinas substituíram
tradores desempenham papel importante nos está- a força física. Na Economia do conhecimento, as máquinas
gios iniciais da nova cristalização do comportamento complementam a capacidade intelectual do ser humano.
dos indivíduos. É fundamental entender que o verdadeiro desenvolvi-
mento organizacional depende essencialmente da apren-
O capital humano significa pessoas estudadas e espe- dizagem organizacional e que um mundo em permanente
cializadas, que são o ponto central na transformação global. transformação exige pessoas e organizações com total
Segundo Richard Crawford, em seu livro “In the Era of Hu- disponibilidade para aprender a aprender.
man Capital”, a expressão “capital humano” apareceu pela É possível conquistar novos conhecimentos e criar novas
primeira vez na literatura econômica em 1961, no artigo sinapses em nosso cérebro privilegiado, mas também é pos-
“Investindo em Capital Humano”, publicado na American sível preservar valores do coração e da dignidade humana.
Economic Review, escrito pelo economista Theodore W.
Schultz, vencedor de Prêmio Nobel de Economia de 1979, Administração da Força de Trabalho
reforçando os conceitos formulados no século XVIII por Adam
Smith e outros. Força de trabalho pode ser conceituada como um con-
Tido como a característica mais marcante da Era do junto de pessoas que se aplicam em um determinado lugar
Conhecimento, o  surgimento do capital humano aparece com capacidade de trabalho e produção de riqueza material
como a força dominante da Economia. Embora na sociedade à organização.
industrial o capital físico e financeiro fosse um fator crítico O uso da força de trabalho é uma condição fundamental
Administração Pública

para o sucesso, na Economia do conhecimento a importância do processo produtivo em qualquer sociedade. A adminis-
relativa do capital físico diminui à medida que a tecnologia tração da força de trabalho tem como objetivo o trabalho
torna‑se mais barata e a qualificação, o conhecimento e as concreto, ou seja, a produção de valores de uso previamente
habilidades das pessoas crescem em importância. definidos.
O Japão é um exemplo clássico de Economia construída A administração da força de trabalho está baseada nas
com base no capital humano. Após a Segunda Guerra, sua particularidades de cada ramo de negócio e na criação de
estrutura física estava em ruínas e não havia nenhuma um modelo próprio de gestão capaz de identificar compe-
matéria‑prima de valor. Apesar disso, em menos de 50 anos, tências afins e determinar uma divisão justa de atividades.
desenvolveram a Economia de maior sucesso do mundo, Os colaboradores são supervisionados por coordenadores
como fruto de uma população trabalhadora e, acima de tudo, que avaliam desempenhos individuais.

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Para as empresas, administrar seu patrimônio mais valio- c) da qualidade.
so de forma eficiente e econômica requer a capacidade de d) social.
padronizar processos‑chave de recursos humanos ao longo e) por resultados.
de suas operações. A  administração da força de trabalho
oferece essa capacidade. 2. (Cespe/Prefeitura de São Luís-MA/Técnico de Nível
Médio/2017) No que se refere ao desenvolvimento
Planejamento e Sistema de Informação de RH sustentável, assinale a opção correta.
a) A reciclagem contribui com a sustentabilidade, mas
O principal objetivo de um Sistema de Informação Ge- gera prejuízos aos que nela investem, pois os pro-
rencial (SIG) é auxiliar na tomada de decisões do adminis- dutos reciclados são de má qualidade e pouco con-
trador. Para isso, a informação deve ser colhida, processada sumidos.
e armazenada. b) Mudanças nos padrões de consumo são desnecessá-
A tomada de decisão vem com o conhecimento oportuno rias para a eficácia do desenvolvimento sustentável.
gerado pelo sistema de informação. Esse conhecimento é c) A quantidade de lixo produzida atualmente pela
gerado por meio de dados trabalhados. Segundo Chiavenato humanidade se enquadra nos padrões de sustenta-
(1997, p. 108), dados são apenas índices, uma manifestação bilidade.
objetiva, passível de análise subjetiva. Informações são d) A sustentabilidade implica em ação conjunta entre
dados classificados, armazenados e relacio­nados entre si o Estado, por meio de suas políticas, e a sociedade,
que permitem gerar a própria informação, sendo ambas por meio de suas ações, em prol da preservação do
necessitadas de processamento. meio ambiente.
De acordo com Chiavenato (1997, p. 109), existem três e) A tecnologia necessária para o desenvolvimento de
tipos de processamento: energias renováveis é incipiente, de maneira que
• Manual: por meio de fichas, talões etc., sem auxílio o investimento nesse setor pouco contribui para o
de máquinas. desenvolvimento sustentável.
• Semiautomático: ainda há características dos sistemas
manuais, porém já existe uma máquina para auxiliar 3. (IDECAN/SEJUC-RN/Agente Penitenciário (Superior)/
as operações. 2017) “Os órgãos da Administração Pública podem
• Automático: o processo é totalmente automatizado, apresentar diversos tipos de estrutura organizacional.
geralmente auxiliado por máquinas, sem a necessida- As organizações lineares são caracterizadas pela forma-
de da intervenção humana. ção piramidal ou verticalizada, na qual é evidenciada
a clara hierarquização entre as linhas estruturais. São
Para a área de recursos humanos, é importante que o também marcadas pela centralização das tomadas de
Sistema de Informações de Recursos Humanos (SIRH) uti- decisões.” A afirmativa anterior é:
lizado forneça informações (que podem ser sobre cargos, a) Verdadeira, sendo clássicos exemplos desta estrutu-
cadastros, remuneração ou outras) para os demais órgãos ração organizacional as antigas entidades religiosas
sobre as pessoas que nela trabalham. Para Chiavenato (1997, medievais.
p. 111), “um sistema de informações recebe entradas (inputs) b) Verdadeira, podendo dar-se como exemplo deste
que são processadas e transformadas em saídas (outputs)”. modelo a estruturação departamentalizada em razão
Um fator importante a ser levado em consideração na da função.
hora de elaborar o SIG é o conceito de ciclo operacional c) Falsa, tendo em vista que as organizações lineares
(CHIAVENATO, 1997, p. 111), em que são localizadas cadeias são caracterizadas pela consideração da especiali-
de eventos que se iniciam fora da organização, passam por zação funcional, de acordo com a área de atuação.
dentro dela e terminam mais uma vez fora. A importância d) Falsa, uma vez que no modelo linear há posição de
se deve ao fato de que, se esse ciclo for seguido, nenhuma assessoria para atender aos departamentos de linha
parte do fluxo de informações fique de fora. Um sistema de básicos, primando por uma forma mais eficaz de se
informações é composto por sistemas operacionais. alcançar os objetivos da organização.
Para Chiavenato (1997, p. 117), um sistema de informa-
ções utiliza como fonte de dados elementos fornecidos por: 4. (INAZ do Pará/DPE-PR/Administrador/2017) “Controle
a) Banco de Dados de Recursos Humanos; dos formulários, simplificação do trabalho, emprego de
b) Recrutamento e Seleção de Pessoal; software atualizados em processamento de pedidos e
c) Treinamento e Desenvolvimento de Pessoal; preparação de relatórios”. (DIAS, 2015). O conceito em
d) Avaliação de Desempenho; destaque é correspondente a que função:
e) Administração de Salários; a) Estudo de materiais.
f) Higiene e Segurança; b) Análise de fornecedores.
g) Estatísticas de Pessoal; c) Análise administrativa.
h) Registros e Controles de Pessoal, a respeito de faltas, d) Análise econômica.
atrasos, disciplina etc. e) Análise de embalagem e transporte.
Administração Pública

EXERCÍCIOS 5. (COMPERVE/MPE-RN/Contador/2017) A Constituição


Federal de 1988 estabelece que, aos servidores titulares
1. (Cespe/TRE-PE/Analista Judiciário/Área Judiciária/2017) de cargos efetivos dos entes da Federação, é assegurado
Decisões descentralizadas, flexibilização de recursos, regime de previdência de caráter contributivo e solidá-
apuração de desempenho, monitoramento de execução rio, mediante contribuição do respectivo ente público,
de gestão e definição de indicadores são ações típicas dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas. Esse
da estratégia de gestão pública denominada gestão artigo foi regulamentado pela Lei nº 9.717/1998, que
a) da mudança. dispõe sobre regras gerais para a organização e o fun-
b) por competências. cionamento dos Regimes Próprios de Previdência Social

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(RPPS) dos servidores públicos, instituídos e organiza- b) desenho, implementação, monitoramento e otimi-
dos pelos respectivos entes federativos. Na implantação zação.
dos RPPS, é feita a segregação de massa de segurados, c) identificação, conceituação, execução e refinamento.
que consiste na separação destes em dois grupos dis- d) modelagem, simulação, emulação e encenação.
tintos, a partir da definição de uma data de corte. Os e) mapeamento, modelagem, implementação e moni-
servidores admitidos anteriormente à data de corte e os toramento.
admitidos após essa data integrarão, respectivamente,
os planos 10. (FUNECE/UECE/Assistente em Administração/2017)
a) orçamentário e financeiro. Atente ao seguinte enunciado: “Desenvolvimento
b) financeiro e previdenciário. sustentável é aquele que atende as necessidades do
c) patrimonial e previdenciário. presente sem comprometer a possibilidade de as ge-
d) orçamentário e patrimonial. rações futuras atenderem suas próprias necessidades”.
Assinale a opção cujos itens não são exemplos de de-
6. (OBJETIVA SAMAE de Caxias do Sul – RS/Assistente/ senvolvimento sustentável.
2017) Em relação às autarquias, analisar a sentença a) Reaproveitamento do lixo reciclável e reuso de água
abaixo: por indústrias.
As autarquias integram a Administração Indireta, repre- b) Reflorestamento de áreas que sofreram retirada de
sentando uma forma de descentralização administrati- vegetação e uso de fontes renováveis e limpas
va mediante a personificação de um serviço retirado da c) Pesca controlada de espécies marinhas em risco de
administração centralizada. Por esse motivo, em regra, extinção e uso de novas tecnologias capazes de re-
somente devem ser outorgados serviços públicos típicos duzir a poluição emitida por veículos automotores.
às autarquias, e não atividade econômicas em sentido d) Descarte de equipamentos eletrônicos, baterias e
estrito, ainda que estas possam ser consideradas de pilhas no sistema regular de coleta de lixo e extração
interesse social (1ª parte). Os bens das autarquias são de recursos naturais desconsiderando os impactos
considerados bens públicos, gozando dos mesmos pri- ambientais.
vilégios atribuídos aos bens públicos em geral, como a
imprescritibilidade e a impenhorabilidade (2ª parte). A 11. (Cespe/Prefeitura de São Luís – MA/Técnico de Nível
imunidade tributária de que as autarquias gozam tam- Médio/ 2017) No que se refere ao desenvolvimento
bém alcança a exploração de atividades estranhas aos sustentável, assinale a opção correta.
seus fins próprios, desde que a renda decorrente dessa a) A reciclagem contribui com a sustentabilidade, mas
exploração seja integralmente destinada à manutenção gera prejuízos aos que nela investem, pois os pro-
ou ampliação das finalidades essenciais da entidade (3ª dutos reciclados são de má qualidade e pouco con-
parte). sumidos.
A sentença está: b) Mudanças nos padrões de consumo são desnecessá-
a) Correta somente em sua 1ª parte. rias para a eficácia do desenvolvimento sustentável.
b) Correta somente em suas 1ª e 2ª partes. c) A quantidade de lixo produzida atualmente pela
c) Correta somente em suas 1ª e 3ª partes. humanidade se enquadra nos padrões de sustenta-
d) Correta somente em suas 2ª e 3ª partes. bilidade.
e) Totalmente correta. d) A sustentabilidade implica em ação conjunta entre
o Estado, por meio de suas políticas, e a sociedade,
7. (Cespe/TRE-PE/Analista Judiciário/Área Judiciária/2017) por meio de suas ações, em prol da preservação do
Decisões descentralizadas, flexibilização de recursos, meio ambiente.
apuração de desempenho, monitoramento de execução e) A tecnologia necessária para o desenvolvimento de
de gestão e definição de indicadores são ações típicas energias renováveis é incipiente, de maneira que
da estratégia de gestão pública denominada gestão o investimento nesse setor pouco contribui para o
a) da mudança. desenvolvimento sustentável.
b) por competências.
c) da qualidade. 12. (Quadrix/CRB 6ª Região/Auxiliar Administrativo/2017)
d) social. Um dos deveres fundamentais do servidor público é:
e) por resultados. tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aper-
feiçoando o processo de comunicação e contato com o
8. (IBEG/IPREV/Procurador/2017) Não integram a Admi- público. Quanto ao processo de comunicação, analise
nistração Pública Indireta: as seguintes afirmativas.
a) Autarquia e Fundação Pública. I – Para ter valor, a informação precisa ser seletiva.
b) Ministério Público e Defensoria Pública. II – A comunicação não deve ser direcionada como se
c) Fundação Pública e Empresa Pública. houvesse um único público. Portanto, há que se evitar o
d) Sociedade de economia mista e Autarquia. uso de uma linguagem restrita a determinados grupos.
Administração Pública

e) Empresa Pública e Sociedade de economia mista. III – A diversidade de opiniões é saudável no processo
de comunicação.
9. (FCC/ TRE-SP/Analista Judiciário/Área Judiciária/ 2017) IV – A uniformidade na comunicação não significa que
Segundo o Gespública (2011), a gestão de processos é haja unanimidade na interpretação.
um mecanismo utilizado para identificar, representar, V – A comunicação pode possibilitar divergência de
minimizar riscos e implementar processos de negócios, opiniões, mas a mensagem deve ser clara e precisa.
dentro e entre organizações. O modelo preconizado
pela Society for Design and Process Science – SDPS, Está correto o que se afirma em:
considera, como etapas do ciclo do processo: a) todas as afirmativas.
a) mapeamento, desenho, execução e monitoramento. b) somente quatro das afirmativas.

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c) somente três das afirmativas. c) padronizados.
d) somente duas das afirmativas. d) otimizados.
e) somente uma das afirmativas. e) emulados.

13. (FCC/PGE-MT/Analista – Administrador/2016) As organiza- 16. (Cespe/TCE-PR/Analista de Controle/2016) Assinale a


ções públicas, assim como as privadas, vêm enfrentando, opção correta, a respeito do ciclo de vida de um pro-
nas últimas décadas, grandes desafios de adaptação e bus- cesso, de acordo com o BPM CBOK (corpo comum de
ca da excelência na atuação e satisfação das expectativas conhecimentos em gerenciamento de processos de
dos consumidores e dos cidadãos. Nesse contexto, emer- negócio) e a literatura pertinente.
gem convergências e, também, importantes diferenças a) O conceito de gerenciamento do ciclo de vida do
entre a gestão pública e a privada, eis que processo é originário da reengenharia.
a) o modelo de administração gerencial somente é pas- b) As etapas planejamento, implementação, controle
sível de aplicação no setor privado, considerando a e melhorias compreendem todo o ciclo de vida de
supremacia do interesse público sobre o particular. um processo.
b) eficiência é um conceito próprio das instituições c) O gerenciamento do ciclo de vida de um processo
privadas, não aplicável ao âmbito público, eis que objetiva assegurar que a organização entenda as
a ação governamental é pautada pela legalidade. necessidades de seus clientes e, na expectativa de
c) os princípios aplicáveis à Administração pública e melhor atendê-los, modifique a forma de realizar o
o regime jurídico a que se submete inviabilizam a trabalho.
administração por resultados. d) Entre as causas que motivam a ocorrência de lacu-
d) a Administração pública pode melhorar suas práti- nas de desempenho em um processo inclui-se a má
cas utilizando metodologias desenvolvidas pelo setor execução de rotinas, problema que se soluciona com
privado com foco no cidadão-cliente. o redesenho do processo.
e) o objetivo da gestão pública é proporcionar o bem- e) O gerenciamento do ciclo de vida de um processo
-estar à coletividade, enquanto o da iniciativa pri- provoca alterações de vulto na estrutura organiza-
vada é o lucro, razão pela qual não se aplicam ao cional da empresa.
setor público os instrumentos de remuneração por
resultados. 17. (FCC/Prefeitura de Teresina-PI/Advogado/2016) O ge-
renciamento de projetos, o planejamento estratégico,
14. (FCC/PGE-MT/Analista – Administrador/2016) A ex- a governança de TI e o gerenciamento de serviços são
celência em serviços públicos corresponde ao grau instrumentos essenciais ao sucesso das organizações.
máximo – ótimo – dos serviços prestados ao cidadão É correto afirmar que
e atribui-se aos programas de qualidade a missão de a) o gerenciamento de projetos, de acordo com o PM-
atingir esse patamar. Nesse contexto, a Fundação Na- BOK 5a edição, é realizado através da aplicação e in-
cional da Qualidade – FNQ, desenvolveu um modelo tegração apropriadas dos 42 processos, logicamente
de excelência em gestão constituído por diversos fun- agrupados em 4 grupos.
damentos e critérios, sendo que b) os projetos são frequentemente utilizados como um
a) os fundamentos permitem medir o grau de excelên- meio de direta ou indiretamente alcançar os objeti-
cia atingido pela organização. vos do planejamento estratégico de uma organiza-
b) os critérios correspondem às diretrizes adotadas ção.
para aplicação da metodologia. c) o planejamento estratégico é responsável pelo de-
c) o pensamento sistêmico diz respeito ao entendi- senvolvimento, execução e monitoramento dos ser-
mento das relações de interdependência dentro da viços, em consonância com o órgão de governança
organização, bem como com o ambiente externo. de TI.
d) um dos principais fundamentos de tal metodologia d) a governança de TI é realizada pelos provedores de
consiste no sistema de pontuação que permite às serviço de TI por meio da combinação adequada de
organizações a obtenção da certificação de quali- pessoas, processos e gestão da informação.
dade pela FNQ. e) o gerenciamento de serviços precisa ser capaz de
e) entre os critérios de excelência aplicáveis às orga- equilibrar as demandas e manter uma comunicação
nizações públicas, figura a responsabilidade social, proativa com as partes interessadas a fim de entregar
pautada pela ética, sustentabilidade e transparência. um projeto bem sucedido.

15. (FCC/TRT 20ª Região (SE)/Analista Judiciário/Área Admi- 18. (FCM/IF Sudeste – MG/Gestão Pública/2016) Castro e
nistrativa/2016) Existem diferentes classificações pre- Castro (2014), explorando as premissas da reforma ge-
conizadas por instituições e publicações especializadas rencial segundo Bresser-Pereira, apontam dois pontos
no que diz respeito ao grau de maturidade no geren- de vistas para o processo. Um deles diz respeito à ado-
ciamento de processos verificado em uma organização. ção de planos estratégicos por um número crescente
Administração Pública

Nessa linha, costumam ser apontados diferentes níveis de organizações públicas. O outro refere-se à reforma
de maturidade, refletindo o estágio em que se encontra no núcleo estratégico do Estado e à valorização das
a organização e objetivando a evolução de acordo com carreiras públicas desse nível. Os dois ângulos da refor-
a aplicação das melhores práticas de gestão de pro- ma representam, especificamente, mudanças no(na) a)
cessos. Uma dessas classificações é apresentada pela centralização e na estratégia.
SDPS – Society for Design and Process Science, de acordo b) gestão e no plano estrutural.
com a qual, o Nível 1 de maturidade corresponde aos c) planejamento e na hierarquização.
denominados processos d) gestão por resultados e na cultura organizacional.
a) simulados. e) administração de pessoal e na estrutura organiza-
b) modelados. cional.

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19. (UFU-MG/Assistente em Administração/2016) De acor- 22. (Esaf/Anac/Analista Administrativo - Área 1/2016) In-
do com Abrucio (1997), o modelo gerencial cumpre um dique qual é o programa capitaneado pelo Ministério
papel importante na administração pública do século do Planejamento e Orçamento que disponibiliza tec-
XXI, ainda que não seja um paradigma, porque não nologias de gestão capazes de estimular e promover
substitui completamente o padrão burocrático we- a melhoria continuada de processos gerenciais e de
beriano, observando-se um pluralismo organizacional resultados aos órgãos e às entidades públicas que delas
vinculado a padrões institucionais e culturais de cada se apropriarem.
nação. Com base no texto, é correto afirmar que a a) Brasil Maior.
a) asserção está certa, e a razão está errada. b) Brasil Sem Miséria.
b) asserção está errada, e a razão está errada. c) Gestão da Informação.
d) Gestão Orçamentária.
c) asserção está certa, a razão está certa, mas a razão
e) GesPública.
não justifica a asserção.
d) asserção está certa, a razão está certa e a razão jus- 23. (Cespe/TCE-PR/Analista de Controle/2016) Assinale a
tifica a asserção. opção correta, a respeito do ciclo de vida de um pro-
cesso, de acordo com o BPM CBOK (corpo comum de
20. (FGV/MPE-RJ/Analista Administrativo/2016) Um gestor conhecimentos em gerenciamento de processos de
de uma organização da administração direta, durante seu negócio) e a literatura pertinente.
período de férias, inspirou-se em uma obra de arte que a) O conceito de gerenciamento do ciclo de vida do
observou em um museu para criar uma nova estratégia processo é originário da reengenharia.
para gerenciar suas equipes de trabalho e, sem saber se b) As etapas planejamento, implementação, controle
irá funcionar, ainda não a implementou totalmente. Essa e melhorias compreendem todo o ciclo de vida de
pode ser definida como uma estratégia: um processo.
a) deliberada. c) O gerenciamento do ciclo de vida de um processo
b) emergente. objetiva assegurar que a organização entenda as
c) planejada. necessidades de seus clientes e, na expectativa de
d) pretendida. melhor atendê-los, modifique a forma de realizar o
e) realizada. trabalho.
d) Entre as causas que motivam a ocorrência de lacu-
21. (Esaf/Anac/Especialista em Regulação de Aviação Ci- nas de desempenho em um processo inclui-se a má
vil/2016) Quanto à convergência e à diferença entre execução de rotinas, problema que se soluciona com
o redesenho do processo.
a gestão pública e a gestão privada, julgue os itens a
e) O gerenciamento do ciclo de vida de um processo
seguir, classificando-os como certos ou errados. A seguir
provoca alterações de vulto na estrutura organiza-
escolha a opção correta. cional da empresa.
I – Na Gestão Pública, a obtenção de receitas é deri-
vada de tributos (impostos, taxas e contribuições), de 24. (Cespe/TRT 8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área
caráter compulsório, sem a devida contrapartida em Administrativa/2016) No que se refere às convergências
termos de prestação direta de um serviço, enquanto na e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada,
Gestão Privada a receita advém da venda de produtos assinale a opção correta.
e serviços e é paga pelos clientes. a) Tanto na gestão pública quanto na privada, as práti-
II – Quanto aos destinatários das ações empreendidas, cas da transparência e da equidade são obrigatórias.
pode-se afirmar que na Gestão Pública é o cliente, in- b) Os princípios da legalidade, impessoalidade, morali-
divíduo que manifesta seus interesses no mercado, dade, publicidade e eficiência devem ser obedecidos
enquanto na Gestão Privada é o cidadão, membro da obrigatoriamente de forma igualitária pela adminis-
sociedade que possui direitos e deveres. tração pública e privada.
III – No que se refere aos mecanismos de controle, pode- c) O governo e as empresas públicas existem para servir
-se afirmar que, na Gestão Pública, o controle é políti- aos interesses gerais da sociedade, ao passo que as
co, por meio de eleições periódicas dos governantes, responsabilidades das empresas privadas são ineren-
enquanto na Gestão Privada, o controle é do mercado, tes à natureza e à dimensão do poder a elas atribuído
por meio da concorrência com outras organizações. legalmente.
IV – A tomada de decisão na Gestão Pública é mais d) Na administração pública, tal qual na iniciativa pri-
vada, o administrado / cliente só pode ser cobrado
rápida, buscando sempre a racionalidade, enquanto na
pelo bem ou serviço que efetivamente utilizar.
Gestão Privada as decisões são mais lentas, influencia-
e) No contexto das entidades públicas, a eficiência e
das por variáveis de ordem política. a eficácia ― mensuradas na iniciativa privada por
V – A sobrevivência das organizações na Gestão Pública fatores como aumento de receitas e expansão de
Administração Pública

tem tempo de existência indeterminado: o Estado não mercados ― estão relacionadas à correta utilização
vai à falência, enquanto na Gestão Privada a sobrevi- dos recursos e, primordialmente, à qualidade do
vência depende da eficiência organizacional. atendimento prestado ao cidadão e à sociedade.

Estão corretos apenas os itens: 25. (Cespe/TRT 8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área
a) I, II e III. Administrativa/2016) Assinale a opção correta com refe-
b) I, III e IV. rência à gestão de desempenho e à gestão de resultados
c) I, IV e V. na produção de serviços públicos.
d) II, III e V. a) Na gestão de desempenho por competências, o co-
e) I, III e V. nhecimento é o componente mais importante a ser

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observado no empregado, pois a entrega do serviço d) Na administração pública, tal qual na iniciativa pri-
final para a instituição depende de essa característica vada, o administrado / cliente só pode ser cobrado
estar presente no indivíduo. pelo bem ou serviço que efetivamente utilizar.
b) Na gestão de desempenho por competências, a prio- e) No contexto das entidades públicas, a eficiência e
ridade é avaliar, em detrimento de competências a eficácia ― mensuradas na iniciativa privada por
individuais, o alcance das competências organizacio- fatores como aumento de receitas e expansão de
nais, porque são estas últimas que contribuem para mercados ― estão relacionadas à correta utilização
a sobrevivência e a diferenciação da organização no dos recursos e, primordialmente, à qualidade do
segmento em que atua. atendimento prestado ao cidadão e à sociedade.
c) A gestão por resultados envolve o monitoramento
e a avaliação de desempenho da instituição para a 28. (Cespe/TRT 8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área
verificação dos resultados almejados, bem como a Administrativa/2016) Assinale a opção correta com refe-
retroalimentação e a adoção de medidas corretivas rência à gestão de desempenho e à gestão de resultados
decorrentes da avaliação. na produção de serviços públicos.
d) A administração gerencial no setor público absorveu a) Na gestão de desempenho por competências, o co-
características da administração burocrática por re- nhecimento é o componente mais importante a ser
munerar e promover servidores com base no tempo observado no empregado, pois a entrega do serviço
de serviço. final para a instituição depende de essa característica
e) A administração por resultados no setor público tem estar presente no indivíduo.
como foco o alcance de metas orçamentárias, inde- b) Na gestão de desempenho por competências, a prio-
pendentemente do grau de satisfação do cidadão. ridade é avaliar, em detrimento de competências
individuais, o alcance das competências organizacio-
26. (Cespe/TRE-PI/Analista Judiciário/2016) Assinale a op- nais, porque são estas últimas que contribuem para
ção correta quanto à gestão por resultados na produ- a sobrevivência e a diferenciação da organização no
ção de serviços públicos, às redes organizacionais e à segmento em que atua.
comunicação na gestão pública. c) A gestão por resultados envolve o monitoramento
a) Nos contratos de gestão celebrados entre a admi- e a avaliação de desempenho da instituição para a
nistração pública e os interessados em executar verificação dos resultados almejados, bem como a
determinado serviço público, o foco principal é o retroalimentação e a adoção de medidas corretivas
acompanhamento e o controle dos procedimentos decorrentes da avaliação.
legais, sendo facultativa a determinação de metas d) A administração gerencial no setor público absorveu
e resultados a serem alcançados. características da administração burocrática por re-
b) A administração pública burocrática, pautada na munerar e promover servidores com base no tempo
gestão por resultados, prioriza manter a proporcio- de serviço.
nalidade entre a entrada de recursos e os resultados e) A administração por resultados no setor público tem
por eles gerados, a fim de alcançar maior eficácia e como foco o alcance de metas orçamentárias, inde-
eficiência institucional. pendentemente do grau de satisfação do cidadão.
c) A gestão por resultados na produção de serviços
públicos contribui para o alinhamento entre o pla-
29. (FCC/TRT 14ª Região (RO e AC)/Analista Judiciário/2016)
nejamento, a execução, a avaliação e o controle das
Os indicadores são instrumentos metodológicos que
ações governamentais, bem como para a melhoria
permitem identificar e mensurar aspectos relaciona-
do processo de accountability da gestão pública.
dos a certo conceito, situação, fenômeno, problema ou
d) As redes organizacionais são representadas por ca-
mesmo resultado de uma determinada intervenção na
nais de informação implementados, exclusivamente,
quando a formulação de programas sociais envolve realidade social. Sobre os componentes básicos de um
múltiplas organizações que demandam agilidade na indicador, é correto afirmar:
troca de informações. a) Medida é o valor de um indicador em determinado
e) No desenvolvimento de parcerias público-privadas, momento.
a descentralização de decisões, o compartilhamento b) Fórmula é a grandeza qualitativa ou quantitativa que
de competências e a pouca disseminação dos objeti- permite classificar as características, os resultados
vos comuns dificultam a prestação de serviços com e as consequências dos produtos, processos ou sis-
excelência. temas.
c) Índice é o padrão matemático que expressa a forma
27. (Cespe/TRT 8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área de realização do cálculo.
Administrativa/2016) No que se refere às convergências d) Padrão de comparação é o padrão matemático que
e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada, expressa a forma de realização do cálculo.
assinale a opção correta. e) Meta é um número orientado por um indicador em
relação a um padrão de comparação a ser alcançado
Administração Pública

a) Tanto na gestão pública quanto na privada, as práti-


cas da transparência e da equidade são obrigatórias. durante certo período.
b) Os princípios da legalidade, impessoalidade, morali-
dade, publicidade e eficiência devem ser obedecidos 30. (Cespe/TRE-PI/Analista Judiciário/2016) Assinale a op-
obrigatoriamente de forma igualitária pela adminis- ção correta quanto à gestão por resultados na produ-
tração pública e privada. ção de serviços públicos, às redes organizacionais e à
c) O governo e as empresas públicas existem para servir comunicação na gestão pública.
aos interesses gerais da sociedade, ao passo que as a) Nos contratos de gestão celebrados entre a admi-
responsabilidades das empresas privadas são ineren- nistração pública e os interessados em executar
tes à natureza e à dimensão do poder a elas atribuído determinado serviço público, o foco principal é o
legalmente. acompanhamento e o controle dos procedimentos

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legais, sendo facultativa a determinação de metas 35. (Cespe/TRE-MT/Técnico Judiciário/Administrativo/2015)
e resultados a serem alcançados. Entre os fundamentos próprios da gestão de excelên-
b) A administração pública burocrática, pautada na cia contemporânea que fundamentam o modelo de
gestão por resultados, prioriza manter a proporcio- excelência em gestão pública inclui-se o princípio do
nalidade entre a entrada de recursos e os resultados aprendizado organizacional, que se caracteriza
por eles gerados, a fim de alcançar maior eficácia e a) pela busca de resultados consistentes, assegurando-
eficiência institucional. -se o aumento de valor tangível e intangível de forma
c) A gestão por resultados na produção de serviços sustentada para todas as partes interessadas.
públicos contribui para o alinhamento entre o pla- b) pela busca contínua de novos patamares de conhe-
nejamento, a execução, a avaliação e o controle das cimento, individuais e coletivos, por meio da per-
ações governamentais, bem como para a melhoria cepção, reflexão,avaliação e compartilhamento de
do processo de accountability da gestão pública. informações e experiências.
d) As redes organizacionais são representadas por ca- c) pela promoção de um ambiente favorável à criati-
nais de informação implementados, exclusivamente, vidade, à experimentação e à implementação de
quando a formulação de programas sociais envolve novas ideias que possam gerar um diferencial para
a atuação da organização.
múltiplas organizações que demandam agilidade na
d) pelo estímulo e comprometimento necessários para
troca de informações.
o alcance e a melhoria dos resultados organizacio-
e) No desenvolvimento de parcerias público-privadas,
nais e também pela atuação de forma aberta, de-
a descentralização de decisões, o compartilhamento mocrática, inspiradora e motivadora das pessoas, vi-
de competências e a pouca disseminação dos objeti- sando ao desenvolvimento da cultura da excelência,
vos comuns dificultam a prestação de serviços com à promoção de relações de qualidade e à proteção
excelência. do interesse público.
e) pela compreensão e segmentação do conjunto das
(Cespe/DPU/Técnico em Assuntos Educacionais/2016) Acerca atividades e processos da organização que agreguem
da administração pública contemporânea, julgue os itens valor às partes interessadas, devendo a tomada de
subsecutivos. decisões e a execução de ações ter como base a
31. Um ponto de convergência dos setores público e priva- medição e análise do desempenho.
do é o fato de os gestores de ambos os setores agirem
de acordo com as instruções apresentadas por seus 36. (FCC/DPE-RR/Administrador/2015) A gestão por re-
superiores. sultados, na Administração pública brasileira, esteve
32. Em relação ao aspecto organizacional, enquanto na relacionada com a seguinte mudança institucional e/
administração privada há risco para o gestor em caso ou legal:
de insucesso no emprego de capital, na administração a) descentralização das políticas sociais
pública esse risco não é assumido pelos gerentes. b) criação da burocracia.
c) criação do Departamento Administrativo do Serviço
33. (FGV/TJ-PI/Analista Judiciário/2015) O Ministério do Público.
Planejamento, Orçamento e Gestão estabeleceu um d) criação das Organizações Sociais.
Manual de Orientação para a Gestão do Desempenho e) expansão da Administração Indireta.
como um instrumento de gestão capaz de gerar melho-
ria contínua de resultados dos servidores e equipes de 37. (FCC/DPE-RR/Administrador/2015) A instrução dada a
trabalho. Esse manual especifica 4 níveis no processo um servidor sobre a execução de certas atividades é
de desmembramento de metas, conforme a sistemática feita por meio de
para avaliação de desempenho. Dentre esses níveis de a) ordem do dia.
desmembramento, não estão previstos: b) requerimento.
a) planejamento estratégico institucional de órgãos e c) ordem de serviço.
d) designação.
entidades da administração pública federal.
e) petição.
b) planejamento estratégico do órgão superior e o Pla-
no Plurianual.
38. (FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Ad-
c) políticas internacionais e metas do milênio da Orga- ministrativa/2015) De acordo com a definição do
nização das Nações Unidas. Gespública, o processo é um conjunto de decisões que
d) processos de rotina e compromissos e metas indivi- transformam insumos em valores gerados ao cliente/
duais de desempenho. cidadão. O grau de maturidade dos processos reflete a
e) compromissos pactuados com unidades de ações, transformação da organização na medida em que estes
projetos e programas executados pelas equipes de são aperfeiçoados e, nesse contexto, os denominados
trabalho. processos encenados correspondem:
Administração Pública

a) ao nível mais precário de maturidade identificado


34. (Cespe/TRE-MT/Técnico Judiciário/Administrativo/2015) na visão do Bussiness Process Maturity − CBOK.
Considerando a atual dinâmica da administração públi- b) ao nível 4, dentro dos 5 identificados, de acordo com
ca brasileira, assinale a opção que apresenta caracte- a visão da Society for Design and Process Science −
rística que difere a gestão pública da gestão privada. SDPS.
a) Existência de avaliação de desempenho individual. c) a uma fase preliminar da gestão por processos, onde
b) Utilização de indicadores de desempenho. o fluxo de atividades ainda precisa ser mapeado.
c) Gestão voltada para resultados. d) ao paradigma adotado pelo Business Process Mana-
d) Comando diluído e disperso. gement − BPM, que propõe o redesenho dos pro-
e) Descentralização de atividades e responsabilidades. cessos vigentes.

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e) ao resultado da aplicação da ferramenta conhecida
como workflow, que resulta na automação do fluxo
de trabalho.

39. (FCC/TRT 9ª Região (PR)/Técnico Judiciário/Área Admi-


nistrativa/2015) O contrato de gestão é um dos instru-
mentos passíveis de utilização na gestão por resultados
na administração de serviços públicos. O cerne de tal
instrumento consiste
a) no aumento de receitas próprias da entidade, em
relação àquelas oriundas do Orçamento Fiscal.
b) na gestão de pessoas mediante remuneração por
resultados.
c) no estabelecimento de mandato para os dirigentes,
que podem, contudo, ser destituídos caso a entidade
não alcance as metas pactuadas.
d) no comprometimento da entidade com metas de
desempenho, obtendo, em contrapartida, maior
autonomia gerencial.
e) na implantação de técnicas de gestão da iniciativa
privada, pautadas pela busca da eficiência e efetivi-
dade.

40. (VUNESP/Prefeitura de São Paulo – SP/Auditor de


Controle Interno/2015) A análise de redes de políticas
públicas, do ponto de vista do neoinstitucionalismo so-
ciológico, para o qual a variável cultural não é exógena
ao sistema político, deve:
a) considerar contextos relacionais e esquemas cogni-
tivos e morais para processos de implementação de
governança interativa.
b) considerar modelos morais e cognitivos que levam
os indivíduos a estabelecer redes de confiança e co-
operação para atingir objetivos úteis.
c) apreender práticas culturais, papéis e relações entre
posições dentro de estruturas políticas locais.
d) compreender particularidades do processo político
local em sua dinâmica específica, considerando a
presença de representantes de interesses econô-
micos, a grande pluralidade de interesses e a força
invariável das elites econômicas.
e) ser qualitativa, visando a negociação concreta em
situações de conflito de interesses e o acordo vo-
luntário de cooperação.

GABARITO
1. e 11. d 21. e 31. e
2. d 12. a 22. e 32. C
3. a 13. d 23. c 33. C
4. c 14. c 24. e 34. d
5. b 15. b 25. c 35. b
6. e 16. c 26. c 36. d
7. e 17. b 27. e 37. c
8. b 18. b 28. c 38. b
9. d 19. d 29. e 39. d
Administração Pública

10. d 20. b 30. c 40. a

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TRF

SUMÁRIO

Contabilidade Pública

Princípios de contabilidade sob a perspectiva do setor público........................................................................................... 3

Sistema de Contabilidade Federal.......................................................................................................................................... 7

Conceituação, objeto e campo de aplicação.......................................................................................................................... 3

Composição do Patrimônio Público:


Patrimônio Público. Ativo. Passivo. Saldo Patrimonial.................................................................................................... 10

Variações Patrimoniais:
Qualitativas. Quantitativas: receita e despesa sob o enfoque patrimonial. Realização da variação patrimonial.
Resultado patrimonial.....................................................................................................................................................10

Mensuração de ativos:
Ativo Imobilizado. Ativo Intangível. Reavaliação e redução ao valor recuperável. Depreciação, amortização e
exaustão.......................................................................................................................................................................... 13

Mensuração de passivos:
Provisões. Passivos Contingentes....................................................................................................................................26

Tratamento contábil aplicável aos impostos e contribuições.............................................................................................. 30

Sistema de custos:
Aspectos legais do sistema de custos. Ambiente da informação de custos. Características da informação de
custos. Terminologia de custos........................................................................................................................................36

Plano de contas aplicado ao Setor Público.......................................................................................................................... 39

Demonstrações contábeis aplicadas ao setor público:


Balanço orçamentário. Balanço Financeiro. Demonstração das variações patrimoniais. Balanço patrimonial.
Demonstração dos fluxos de caixa. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Notas explicativas
às demonstrações contábeis. Consolidação das demonstrações contábeis....................................................................49

Transações no setor público................................................................................................................................................. 75

Despesa pública:
conceito, etapas, estágios e categorias econômicas......................................................................................................... *

Receita pública:
conceito, etapas, estágios e categorias econômicas......................................................................................................... *

Execução orçamentária e financeira...................................................................................................................................... *

Conta Única do Tesouro Nacional........................................................................................................................................ 75

Sistema Integrado de Administração Financeira:


conceitos básicos, objetivos, características, instrumentos de segurança e principais documentos de entrada............75

Suprimento de Fundos........................................................................................................................................................... *

MCASP 7ª edição (Portaria Conjunta STN/SOF nº 2/2016 e Portaria STN nº 840/2016)...................................................... *

Regime contábil.................................................................................................................................................................... 79

* Estes tópicos encontram-se na matéria Orçamento Público, nesta apostila.

Este eBook foi adquirido por PRISCILLA LOPES MARQUES - CPF: 616.958.743-15.
A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
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Contabilidade Pública
Welma Maia

CONTABILIDADE PÚBLICA – quando naturais não são contabilizados como ativo;


– quando artificiais são contabilizados no ativo e incluí-
Conceito dos no patrimônio da instituição;
– quando naturais não são inventariados ou avaliados;
A contabilidade pública possui caráter restritivo e conser- – não podem ser alienados enquanto conservarem a
vador, e seus procedimentos são legalmente fundamentados. qualificação de uso comum do povo1;
De acordo com o Decreto‑Lei nº  200/1967, a  conta- – são impenhoráveis e imprescritíveis;
bilidade pública estuda, registra, controla e demonstra o – o uso pode ser oneroso ou gratuito, conforme estabe-
orçamento aprovado e acompanha a sua execução (art. 78). lecido em lei.
A Contabilidade é definida como a ciência que estuda
e pratica as funções de orientação, controle e registro dos As normas de contabilidade estabelecem que os bens de
atos e fatos da administração de qualquer entidade, seja ela uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos,
pública ou privada, com ou sem fins lucrativos. Entretanto, ou aqueles eventualmente recebidos em doação, devem ser
para melhor entendimento desse conceito, é  necessário incluídos no ativo não circulante da entidade responsável
distinguir o seu campo de aplicação e o objeto dos estudos pela sua administração ou controle, estejam, ou não, afetos
da ciência contábil. a sua atividade operacional. Assim, ao  realizarem investi-
mentos ou despesas de capital nesses bens a entidade deve
Objeto da Contabilidade Pública proceder ao seu registro no Ativo com o objetivo de acumular
o custo da construção ou reforma, bem como as perdas do
O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o valor em decorrência do uso (depreciação, amortização ou
patrimônio público. exaustão).
Com a introdução da contabilidade de custos no setor
público é inevitável a manutenção do registro desses investi-
Considera‑se Patrimônio Público o conjunto de direitos e
mentos como elemento permanente no ativo, seja para fins
bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos,
de controle das aplicações, seja porque muitos desses ativos
formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados
podem ser alienados mediante autorização legislativa ou ser
pelas entidades do setor público, que seja portador ou
explorados pelo Estado com o objetivo de auferir receitas em
represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, ine-
função do respectivo uso.
rente à prestação de serviços públicos ou à exploração eco-
Os bens de uso especial, ou do patrimônio administrativo
nômica por entidades do setor público e suas obrigações.
são os destinados à execução dos serviços públicos, como
Os bens que formam o patrimônio do Estado classifi- os edifícios ou terrenos utilizados pelas repartições ou es-
cam‑se segundo dois critérios: tabelecimentos públicos, bem como os móveis e materiais
• critério jurídico; indispensáveis ao seu funcionamento. Tais bens têm uma
• critério contábil. finalidade pública permanente, razão pela qual são deno-
minados bens patrimoniais indispensáveis.
Critério Jurídico Os bens do patrimônio administrativo têm as seguintes
características:
O Código Civil divide inicialmente os bens em públicos e • são contabilizados no ativo;
particulares conceituando como públicos os de domínio na- • são inventariados e avaliados;
cional, pertencentes à União, aos Estados e aos Municípios, • são inalienáveis quando empregados no serviço públi-
e como particulares todos os outros. co e enquanto conservarem esta condição.
No desenvolvimento de sua atividade, a Administração
tanto se serve de bens que se acham sujeitos ao seu domínio, Os bens dominicais, ou do patrimônio disponível, são os
como de bens dos cidadãos sobre os quais exerce determi- que integram o patrimônio das pessoas jurídicas de direito
nados poderes no interesse geral. público como objeto de direito pessoal ou real das entidades
Esses bens, segundo o critério jurídico, são assim clas- do setor público.
sificados: Os bens dominicais possuem as seguintes características:
• bens de uso comum do povo; • estão sujeitos à contabilização no ativo;
• bens de uso especial; • são inventariados e avaliados;
• bens dominicais. • podem ser alienados nos casos e na forma que a lei
estabelecer;
Os bens de uso comum do povo, também denominados • dão e podem produzir renda.
de domínio público, são divididos, segundo sua formação em:
Contabilidade Pública

• Naturais – Correspondem aos bens que não absorve- Ainda sob o aspecto jurídico, os  bens patrimoniais do
ram ou absorvem recursos públicos como mares, baías, Estado podem ser classificados em:
enseadas, rios, praias, lagos, ilhas etc.; • bens móveis;
• Artificiais – São aqueles bens de uso comum que ab- • bens imóveis.
sorveram ou absorvem recursos públicos e, portanto,
cuja existência supõe a intervenção do homem, como 1
Entre as diversas situações em que um bem de uso comum pode ser alienado
ruas, praças, avenidas, canais, fontes etc. São, portan- pode ser citado o caso de alienação aos proprietários de imóveis lindeiros
to, de uso comum todos os bens destinados ao uso da (vizinhos, limítrofe, fronteiriços) e que sejam remanescentes ou resultante de
comunidade quer individual ou coletivamente e por obra pública (modificação do alinhamento de áreas urbanas de uso comum,
tais como ruas e praças), na forma e nos limites prescritos na Lei de Licitações
isso apresentam as seguintes características: (Lei nº 8.666/1993 (art. 17, § 3º)

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Bens móveis §  2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, cré-
São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou ditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de
de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou autorização legislativa. Assim, como já observado em outra
da destinação econômico‑social. Por outro lado, são também oportunidade, os estudos do patrimônio indicam que o ter-
móveis por determinação legal as energias que tenham valor mo circulante deve ser utilizado por caracterizar, com maior
econômico, os direitos reais sobre objetos móveis e as ações precisão, a potencialidade dos ativos e da geração de futuros
correspondentes, bem como os direitos pessoais de caráter benefícios econômicos.
patrimonial e respectivas ações.
Assim, compreendem‑se entre os bens móveis os diver- Fazem parte do Ativo Circulante desde que atendidos
sos materiais para o serviço público, o numerário, os valores, os critérios acima:
os  títulos e, ainda, os  materiais destinados à construção, • numerário em tesouraria;
enquanto não empregados, mas podendo, no futuro, rea- • depósitos em bancos;
dquirir essa qualidade quando provenientes da demolição • aplicações financeiras de curto prazo;
de algum prédio. • valores a receber de qualquer natureza (lançamentos
tributários diretos, parcelamentos tributários, valores
inscritos em dívida ativa);
Bens imóveis
• valores entregues a servidores a título de adiantamen-
São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar
to ou suprimento de fundos e que estejam pendentes
natural ou artificialmente, sendo que para efeitos legais
de prestação de contas.
também se consideram imóveis:
• os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asse- No Ativo Permanente ou Não Circulante estão incluídos
guram; todos os demais itens do ativo cuja mobilização ou aliena-
• os direitos à sucessão aberta. Por outro lado, não ção dependa de autorização legislativa, entre os quais cabe
perdem o caráter de imóveis as edificações que, destacar:
separadas do solo, mas conservando a sua unidade, • os valores móveis que se integram no patrimônio como
forem removidas para outro local e, ainda, os materiais elementos instrumentais da administração;
provisoriamente separados de um prédio, para nele • os que, para serem alienados, dependam de autoriza-
mesmo serem reempregados. ção legislativa;
• todos aqueles que, por sua natureza produzam varia-
São, ainda, considerados bens imóveis, para efeito de ções positivas ou negativas no patrimônio financeiro;
organização dos inventários, os museus, as pinacotecas, as bi- • a dívida ativa, originada de tributos e outros créditos
bliotecas, os observatórios, os estabelecimentos industriais estranhos ao ativo financeiro, cujo prazo de recebi-
e agrícolas com os respectivos aparelhos e instrumentos, mento ultrapasse o exercício financeiro seguinte.
as estradas de ferro, conjuntamente com o material rodante
necessário ao serviço, os  quartéis, as  fábricas de pólvora, As contas representativas de bens, valores e créditos
de artefatos de guerra, os arsenais e demais bens de igual compreendem o que denominamos ativo real, ou seja, são
natureza do domínio privado do Estado. contas que registram a existência e a movimentação dos
bens e direitos, cuja realização não admite dúvidas, seja por
Critério Contábil sua condição de valores em espécie ou em títulos de poder
liberatório, seja por sua característica de créditos de liquidez
Segundo o critério contábil os bens públicos são classi- certa, seja, afinal, pela condição de patrimônio representado
ficados em: por inversões e investimentos.
• Ativo Circulante que compreende as próprias dispo- Quanto à contrassubstância, o patrimônio é considerado
nibilidades, os bens e direitos e os valores realizáveis em relação às dívidas e obrigações assumidas pela adminis-
desde que atendam a um dos seguintes critérios: tração em virtude de serviços, contratos, fornecimentos,
– estarem disponíveis para realização imediata; e cujo pagamento não é realizado no ato, ou então em face
– tiverem a expectativa de realização até o término de empréstimos contraídos no país ou no exterior A contra
do exercício seguinte. substância‑patrimonial é formada pelos seguintes grupos:
• Passivo Circulante que corresponde a valores:
• Ativo Permanente ou Não Circulante compreende
– exigíveis até o término do exercício seguinte;
todos os demais ativos e incluem os bens, direitos e
– de terceiros ou retenções em nome deles, quando
valores, cuja mobilização ou alienação dependa de
a entidade do setor público for fiel depositária,
autorização legislativa.
independentemente do prazo de exigibilidade.
• Passivo Permanente ou Não Circulante compreende as
No que se refere ao Ativo Circulante, é preciso não con- dívidas não incluídas no passivo financeiro, tais como:
fundir a visão orçamentária da visão contábil‑patrimonial, – as responsabilidades que, para serem pagas, depen-
pois na primeira deve prevalecer o conceito restrito de
Contabilidade Pública

dem de autorização orçamentária;


ativo financeiro com condição para a abertura de créditos – todas as que, por sua natureza, formam grupos
adicionais para fins de realização das despesas à conta do especiais de contas, cujos movimentos determinem
orçamento, enquanto na visão contábil‑patrimonial deve compensações, ou que produzam variações no pa-
ser o conceito de circulante que inclui, necessariamente, trimônio.
os valores numerários conforme comando dos § 1º e 2º do
artigo 105 da Lei nº 4.320/1964, a seguir transcritos: Sob o aspecto qualitativo, a contrassubstância patrimo-
§  1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e nial é apresentada em dois grupos:
valores realizáveis independentemente de autorização or- • Dívida Flutuante;
çamentária e os valores numerários. • Dívida Fundada.

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A dívida flutuante compreende os restos a pagar, o ser- • integralmente, as entidades governamentais, os ser-
viço da dívida a pagar, bem como os depósitos e os débitos viços sociais e os conselhos profissionais;
de tesouraria e, normalmente, tem origem nas atividades • parcialmente, as demais entidades do setor público,
operacionais decorrentes da execução orçamentária. para garantir procedimentos suficientes de prestação
A dívida fundada, por sua vez, pode ser desdobrada em: de contas e instrumentalização do controle social.
• Consolidada, quando decorrente do apelo ao crédito
público e representada por apólices, obrigações, cédu- Aplicação da Contabilidade Pública integralmente pelas
las ou títulos semelhantes, nominativas ou ao portador, Entidades Governamentais
de livre circulação e cotação em bolsas do país e do A contabilidade pública é aplicada para todos os entes
exterior; da administração pública direta e respectivas autarquias.
• Não consolidada, é proveniente de operações de crédi- Os entes da administração pública direta são constituídos
to contratadas com pessoas jurídicas de direito público administrativamente pelos órgãos dos poderes Executivo,
ou privado, cujos títulos são os próprios instrumentos Legislativo e Judiciário. Exemplos: Departamento de Polícia
de contrato, ou, quando for o caso notas promissórias Federal, Assembleia Legislativa do Estado do Acre, Supremo
ou confissões de dívidas a ele vinculadas. Tribunal Federal, Comando da Marinha do Brasil, Prefeitura
Municipal de Vitória, etc.
No estudo do passivo circulante e não circulante cabe As entidades da administração pública indireta possuem
a mesma reflexão realizada quando do estudo do ativo em personalidade jurídica e patrimônio próprios, sendo vincu-
relação ao ciclo operacional, vez que uma das classificações ladas a órgãos da administração direta
a ser produzida no balanço patrimonial está baseada nos
§§ 3º e 4º do art. 105 da Lei nº 4.320/1964: Aplicação da Contabilidade Pública integralmente pelos
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fun- Serviços Sociais
dadas e outras cujo pagamento independa de autorização Os serviços sociais, conhecidos como “sistema S” (SE-
orçamentária. BRAE, SENAI, SESI, SESC, SEST, etc.) são pessoas jurídicas de
§  4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas direito privado. Não fazem parte da Administração Pública
fundadas e outras que dependam de autorização legislativa (direta ou indireta), atuam como colaboradores do poder
para amortização ou resgate. público e prestam serviços à sociedade, realizando atividades
de interesse público, motivo pelo qual são destinatários de
As contas representativas da dívida pública compreen-
recursos públicos.
dem o denominado Passivo Real e registram a existência
Suas receitas são oriundas de contribuições sociais e dos
e a movimentação das obrigações e das responsabilidades
serviços prestados de consultorias, assessorias etc. Em virtu-
cuja exigibilidade não admite dúvida, visto representarem
de de serem financiados com recursos do estado (tributos),
dívidas líquidas e certas. O confronto do conjunto de Bens,
os serviços sociais devem aplicar integralmente as regras da
Valores e Créditos com as Dívidas evidencia a situação
contabilidade pública.
líquida patrimonial.
Aplicação da Contabilidade Pública integralmente pelos
Campo de Aplicação
Conselhos Profissionais
O campo de aplicação da Contabilidade Pública é restrito Os conselhos profissionais, federais ou regionais (CFC,
às entidades do setor público, nas três esferas de governo (fe- OAB, CFM etc.) são autarquias tidas como atípicas, pois
deral, estaduais e municipais) e suas respectivas autarquias. defendem os interesses privados de determinado grupo,
Entende‑se por campo de aplicação o espaço de atuação da respectiva categoria que representam, mas também são
do Profissional de Contabilidade que demanda estudo, in- entidades de interesse público, na medida em que fiscalizam
terpretação, identificação, mensuração, avaliação, registro, e normatizam o exercício profissional da categoria, possi-
controle e evidenciação de fenômenos contábeis, decorren- bilitando, assim, que sejam financiadas por contribuições
tes de variações patrimoniais em: instituídas pelo estado.
• entidades do setor público; e Diante da singularidade desse grupo de autarquias e da
• entidades que recebam, guardem, movimentem, ge- controvérsia jurisprudencial existente acerca de sua natureza
renciem ou apliquem recursos públicos, na execução jurídica, que o CFC foi explícito quanto à obrigatoriedade da
de suas atividades, no tocante aos aspectos contábeis aplicação das regras de contabilidade pública para os conse-
da prestação de contas. lhos profissionais, assim como fazem as demais autarquias,
a exemplo do INSS.
Atenção!
Aplicação da Contabilidade Pública de maneira parcial,
Considera‑se Entidade do Setor Público os órgãos, fundos e
pessoas jurídicas de direito público ou que, possuindo per- apenas para fins de Prestação de Contas
Aquele que receba pontualmente recursos públicos
Contabilidade Pública

sonalidade jurídica de direito privado, recebam, guardem,


movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, para aplicação em determinados projetos, deverá utilizar as
na execução de suas atividades. Equiparam‑se, para efeito regras de contabilidade pública de maneira parcial, ou seja,
contábil, as pessoas físicas que recebam subvenção, bene- apenas para registro e posterior prestação de contas desses
fício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. recursos específicos.
Portanto, uma entidade privada que receba recursos
As entidades abrangidas pelo campo de aplicação devem públicos nessa situação (para aplicação em determinados
observar as normas e as técnicas próprias da Contabilida- projetos específicos) deverá manter as normas da conta-
de Aplicada ao Setor Público, considerando‑se o seguinte bilidade privada como padrão de registro e análise de seu
escopo: patrimônio, utilizando‑se das regras da contabilidade públi-

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ca apenas para registro e prestação de contas dos valores Os princípios possuem o condão de declarar e consolidar
públicos recebidos. os altos valores da vida humana e, por isso, são considerados
pedras angulares e vigas‑mestras do sistema.
Importante!
A utilização parcial da contabilidade pública vale inclusive Princípio da Entidade
para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
a menos que elas estejam enquadradas como “empresa Reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e
estatal dependente”, situação em que deverão aplicar as afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferencia-
normas de contabilidade pública de maneira integral, para ção de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios
todos os atos e fatos, conforme já estudado. existentes, independente de pertencer a uma pessoa, um
conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituições de qual-
Pessoas Físicas que recebam Subvenção, Benefício, ou quer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por
Incentivo, Fiscal ou Creditício, de Órgão Público consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde
com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de
As pessoas físicas que recebam subvenção2, benefício, sociedade ou instituição.
ou incentivo fiscal3 ou creditício4, de órgão público equipa- O Patrimônio pertence à Entidade, mas a recíproca não
ram‑se, para efeito contábil, a entidades do setor público é verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios
(órgãos, fundos e pessoas jurídicas de direito público ou autônomos não resulta em nova Entidade, mas uma unidade
que, possuindo personalidade jurídica de direito privado, de natureza econômico‑contábil.
recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem
dinheiros, bens e valores públicos, na execução de suas Perspectiva do Setor Público
atividades).
O Princípio da Entidade se afirma, para o ente público,
Princípios de Contabilidade Sob a Perspectiva do pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele
Setor Público pertencente.
A autonomia patrimonial tem origem na destinação social
Com a revogação das resoluções do Conselho Federal do patrimônio e a responsabilização pela obrigatoriedade da
de Contabilidade que aprovaram as normas aplicáveis prestação de contas pelos agentes públicos.
ao setor público (NBCTSP 16.1 a 16.5, parte da NBCTSP
16.6; Resolução nº 750/1993 e Resolução nº 1.111/2007) Princípio da Continuidade
os Princípios de Contabilidade, sob o ponto de vista das
Estruturas Conceituais dos setores privado e público, pas- O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade
saram a ser comportados dentro de normas específicas, continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração
a NBC TG Estrutura Conceitual (Resolução nº 1.374/2011) e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em
e a NBC TSP EC. conta esta circunstância.
Em que pese os conceitos não sejam expressamente
descritos nessas duas novas Normas, eles estão de forma Perspectiva do Setor Público
implícita em todo o novo regramento. Adicionalmente, vale Sob a perspectiva do setor público, a continuidade está
destacar que a essência das resoluções revogadas perdurará vinculada ao estrito cumprimento da destinação social do
doutrinariamente, ao passo que continuaremos a elencar os seu patrimônio, ou seja, a continuidade da entidade se dá
seguintes princípios aplicáveis à contabilidade: enquanto perdurar sua finalidade
• Princípio da Entidade;
• Princípio da Continuidade; Princípio da Oportunidade
• Princípio da Oportunidade;
• Princípio do Registro pelo Valor Original; O Princípio da oportunidade refere‑se ao processo de
• Princípio da Competência; mensuração e apresentação dos componentes patrimoniais
• Princípio da Prudência. para produzir informações íntegras e tempestivas.
A falta de integridade e tempestividade na produção
Lembre‑se que o ponto de partida para qualquer área e na divulgação da informação contábil pode ocasionar a
do conhecimento humano deve ser sempre os princípios perda de sua relevância, por isso é necessário ponderar a
que a sustentam. Esses princípios espelham a ideologia de relação entre a oportunidade e a confiabilidade da infor-
determinado sistema, seus postulados básicos e seus fins. mação.
Vale dizer que os princípios são eleitos como fundamentos
e qualificações essenciais da ordem que institui. Perspectiva do Setor Público
Contabilidade Pública

O Princípio da Oportunidade para o Setor Público é


base indispensável à integridade e à fidedignidade dos
2
Do latim, subventio (socorrer, ajudar). Refere‑se a auxílio ou a ajuda pecuniária
que se dá a alguém ou a alguma instituição, no sentido de protegê‑los, ou para processos de reconhecimento, mensuração e evidenciação
que realizem ou cumpram os seus objetivos. da informação contábil, dos atos e dos fatos que afetam
3
Consideram‑se benefícios fiscais as medidas de caráter excepcional instituídas
para tutela de interesses públicos extrafiscais. São exemplos de benefícios fiscais ou possam afetar o patrimônio da entidade pública, ob-
as isenções de impostos, as reduções de taxas, as deduções, etc. servadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas
4
Incentivo Creditício – na prática funciona da seguinte forma: o governo financia
e aplica parte de determinado imposto, que depois retorna para seus cofres.
ao Setor Público.
Essas facilidades garantem que as empresas mantenham seus empregados e A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessi-
possam se expandir. Teoricamente o governo recebe menos impostos, porém, dade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade,
na verdade ganha de outra forma, com a geração de novos postos de trabalho
e a expansão das empresas. independentemente do cumprimento das formalidades le-

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gais para sua ocorrência, visando ao completo atendimento SISTEMA DE CONTABILIDADE FEDERAL
da essência sobre a forma.
O Sistema de Contabilidade Federal – SCF tem previsão
Princípio do Registro pelo Valor Original legal nos arts. 14 a 18 da Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de
O Princípio do Registro pelo Valor Original determina 2001, e foi regulamentado pelo Decreto nº 6.976, de 7 de
que os componentes do patrimônio devem ser inicialmente outubro de 2009.
registrados pelos valores originais das transações, expresso
em moeda nacional. Finalidades do SCF

Perspectiva do Setor Público O Sistema de Contabilidade Federal tem por finalidade,


Nos registros dos atos contábeis será considerado o valor utilizando as técnicas contábeis, registrar os atos e fatos
original dos componentes patrimoniais. relacionados com a administração orçamentária, financeira
e patrimonial da União e evidenciar:
Valor Original, que ao longo do tempo não se confunde
• as operações realizadas pelos órgãos ou entidades
com o custo histórico, corresponde ao valor resultante
governamentais e seus efeitos sobre a estrutura do
de consensos de mensuração com agentes internos ou patrimônio da União;
externos, com base em valores de entrada – a exemplo de • os recursos dos orçamentos vigentes e as alterações
custo histórico, custo histórico corrigido e custo corrente; correspondentes;
ou valores de saída  – a exemplo de valor de liquidação, • a receita prevista, a lançada, a arrecadada e a recolhi-
valor de realização, valor presente do fluxo de benefício da, e a despesa autorizada, empenhada, liquidada e
do ativo e valor justo. paga à conta dos recursos orçamentários, bem como
as disponibilidades financeiras;
Princípio da Competência • a situação, perante a Fazenda Pública, de qualquer
pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize,
O princípio da competência estabelece que as receitas arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,
e despesas deverão ser incluídas na apuração do resultado bens e valores públicos ou pelos quais a União respon-
do período em que ocorrerem, independentemente do da ou, ainda, que, em nome desta, assuma obrigações
recebimento ou pagamento. de natureza pecuniária;
• a situação patrimonial do ente público e suas varia-
ções, decorrentes ou não da execução orçamentária,
Perspectiva do Setor Público inclusive as variações patrimoniais aumentativas no
O Princípio da Competência aplica‑se integralmente ao momento do fato gerador dos créditos tributários;
Setor Público. • os custos dos programas e das unidades da adminis-
tração pública federal;
Princípio da Prudência • a aplicação dos recursos da União, por unidade da
Federação beneficiada; e
O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor • a renúncia de receitas de órgãos e entidades federais.
valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do
PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente Vale destacar, que as operações de que resultem débitos
válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que e créditos de natureza financeira não compreendidas na
alterem o patrimônio líquido. execução orçamentária serão, também, objeto de registro,
O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo individualização e controle contábil.
grau de precaução no exercício dos julgamentos necessários
às estimativas em certas condições de incerteza, no sentido Objetivos do SFC
de que ativos e receitas não sejam superestimados e que pas-
O Sistema de Contabilidade Federal tem como objetivo
sivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior promover:
confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação • a padronização e a consolidação das contas nacionais;
dos componentes patrimoniais. • a busca da convergência aos padrões internacionais
de contabilidade, respeitados os aspectos formais e
Perspectivas do Setor Público conceituais estabelecidos na legislação vigente; e
As estimativas de valores que afetam o patrimônio devem • o acompanhamento contínuo das normas contábeis
refletir a aplicação de procedimentos de mensuração que aplicadas ao setor público, de modo a garantir que
prefiram montantes, menores para ativos, entre alternativas os princípios fundamentais de contabilidade sejam
igualmente válidas, e valores maiores para passivos. respeitados no âmbito do setor público.
A prudência deve ser observada quando, existindo um
ativo ou um passivo já escriturado por determinados valores, Atividades do SFC
segundo o Princípio do Valor Original, surgir possibilidade de
Contabilidade Pública

nova mensuração. A contabilidade federal será exercida mediante atividades


A aplicação do Princípio da Prudência não deve levar a de reconhecimento, de mensuração, de registro e de con-
trole das operações relativas à administração orçamentária,
excessos ou a situações classificáveis como manipulação do
financeira e patrimonial da União, com vistas à elaboração
resultado, ocultação de passivos, super ou subavaliação de de demonstrações contábeis.
ativos. Pelo contrário, em consonância com os Princípios As atividades de contabilidade compreendem a formu-
Constitucionais da Administração Pública, deve constituir lação de diretrizes para orientação adequada, mediante o
garantia de inexistência de valores fictícios, de interesses de estabelecimento de normas e procedimentos que assegurem
grupos ou pessoas, especialmente gestores, ordenadores e consistência e padronização das informações produzidas
controladores. pelas unidades gestora.

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Organização do SFC Elaborar e divulgar
• balanços, balancetes e outras demonstrações contá-
O Sistema de Contabilidade Federal é composto pela beis dos órgãos da administração federal direta e das
Secretaria do Tesouro Nacional e pelos órgãos setoriais. entidades da administração indireta;
• Relatório Resumido da Execução Orçamentária do Go-
Secretaria do Tesouro Nacional – STN verno Federal e o Relatório de Gestão Fiscal do Poder
Executivo Federal nos termos da  Lei Complementar
A Secretaria do Tesouro Nacional – STN é o órgão central nº 101, de 4 de maio de 2000.
do Sistema.
Elaborar, Sistematizar e Estabelecer
Competências da STN • normas e procedimentos contábeis para a consolidação
das contas públicas da União, dos Estados, do Distrito
Adotar Federal e dos Municípios.
• os procedimentos necessários para atingir os objetivos
de convergência aos padrões internacionais de conta- Estabelecer
bilidade aplicados ao setor público. • normas e procedimentos contábeis para o adequado
registro dos atos e dos fatos da gestão orçamentária,
Articular‑se financeira e patrimonial dos órgãos e entidades da
• com os órgãos setoriais do Sistema de Contabilidade administração pública, promovendo o acompanha-
Federal para cumprimento das normas contábeis mento, a sistematização e a padronização da execução
pertinentes à execução orçamentária, financeira e contábil.
patrimonial.
Exercer
Buscar • as atribuições, a  saber: atender a consultas, coligir
• a harmonização dos conceitos e práticas relacionadas elementos, promover o intercâmbio de dados infor-
ao cumprimento dos dispositivos da Lei Complementar mativos, expedir recomendações técnicas, quando
nº 101, de 2000, e de outras normas gerais. solicitadas, e atualizar, sempre que julgar conveniente,
os anexos que integram a Lei nº 4.320/19645.
Dar
• suporte técnico aos entes da Federação quanto ao Identificar
cumprimento dos padrões estabelecidos no MCASP, • as necessidades de convergência aos padrões interna-
no MDF, e em normas gerais aplicáveis à União, aos Es- cionais de contabilidade aplicados ao setor público.
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
Instituir, Manter e Aprimorar,
Definir, Coordenar e Acompanhar • em conjunto com os órgãos do Sistema de Adminis-
• os procedimentos relacionados com a disponibilização tração Financeira Federal, sistemas de informação que
de informações da União, dos Estados, do Distrito permitam realizar a contabilização dos atos e fatos de
Federal e dos Municípios, para fins de transparência, gestão orçamentária, financeira e patrimonial da União
controle da gestão fiscal e aplicação de restrições; e gerar informações gerenciais que subsidiem o pro-
• os procedimentos contábeis com vistas a dar condições cesso de tomada de decisão e supervisão ministerial.
para a produção, sistematização, disponibilização das
estatísticas fiscais do setor público consolidado, em Manter
consonância com os padrões e regras estabelecidas • sistema de custos que permita a avaliação e o acom-
nos acordos e convênios internacionais de que a União panhamento da gestão orçamentária, financeira e
for parte. patrimonial.

Definir, Orientar e Acompanhar Manter e Aprimorar


• os procedimentos relacionados com a integração dos • o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e o
dados dos órgãos não‑integrantes do SIAFI. processo de registro padronizado dos atos e fatos da
administração pública.
Disseminar,
• por meio de planos de treinamento e apoio técnico, Prestar
os padrões estabelecidos no MCASP e no MDF para a • assistência, orientação e apoio técnico aos órgãos se-
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. toriais na utilização do SIAFI, na aplicação de normas
e na utilização de técnicas contábeis;
Editar • suporte técnico aos órgãos dos Estados e Municípios
• normas gerais para consolidação das contas públicas; para melhoria da qualidade do processo sistêmico e
• normativos, manuais, instruções de procedimentos organizacional da gestão contábil.
Contabilidade Pública

contábeis e plano de contas aplicado ao setor público,


objetivando a elaboração e publicação de demonstra- Promover
ções contábeis consolidadas, em consonância com os • a conciliação da Conta Única do Tesouro Nacional com
padrões internacionais de contabilidade aplicados ao as disponibilidades no Banco Central do Brasil;
setor público. • até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por
esfera de governo, das contas dos entes da Federação
Elaborar relativas ao exercício anterior, com vistas à elaboração
• as demonstrações contábeis consolidadas da União e
5 Esta Lei estabelece Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e
demais relatórios destinados a compor a prestação de controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e
contas anual do Presidente da República. do Distrito Federal.

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do balanço do setor público nacional e a sua divulga- Apoiar
ção, inclusive por meio eletrônico de acesso público; • o órgão central do Sistema na gestão do SIAFI.
• a harmonização com os demais Poderes da União e
das demais esferas de governo em assuntos de con- Efetuar
tabilidade; • com base em apurações de atos e fatos inquinados de
• a liberação ao pleno conhecimento e acompanha- ilegais ou irregulares, os registros pertinentes e adotar
mento da sociedade de informações sobre a execução as providências necessárias à responsabilização do
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de agente, comunicando o fato à autoridade a quem o
acesso público; responsável esteja subordinado e ao órgão ou unidade
• a adoção de normas de consolidação das contas pú- do Sistema de Controle Interno do Poder Executivo
blicas, padronização das prestações de contas e dos Federal a que estejam jurisdicionados;
relatórios e demonstrativos de gestão fiscal, por meio • nas unidades jurisdicionadas, quando necessário,
da elaboração, discussão, aprovação e publicação do registros contábeis;
Manual de Demonstrativos Fiscais - MDF e do Manual • garantir, em conjunto com a Unidade Setorial Orçamen-
de Contabilidade Aplicada ao Setor Público - MCASP; tária, a fidedignidade dos dados do Orçamento Geral da
• quando necessário, conferências ou reuniões técnicas, União publicado no Diário Oficial da União com os registros
com a participação de representantes dos órgãos e contábeis ocorridos no SIAFI, realizado em todas as unida-
entidades da administração pública. des orçamentárias dos órgãos da administração pública
federal direta e dos seus órgãos e entidades vinculados.
Supervisionar
• as atividades contábeis dos órgãos e entidades usuários Prestar
do SIAFI, com vistas a garantir a consistência das infor- • assistência, orientação e apoio técnicos aos ordena-
mações. dores de despesa e responsáveis por bens, direitos e
obrigações da União ou pelos quais responda.
Órgãos setoriais
Os órgãos setoriais são as unidades de gestão interna dos Promover
Ministérios, da Advocacia‑Geral da União, do Poder Legisla- • mensalmente a integração dos dados dos órgãos
tivo, do Poder Judiciário e do Ministério Público da União, não‑integrantes do SIAFI.
responsáveis pelo acompanhamento contábil no Sistema
Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – Realizar
• a conformidade contábil dos atos e fatos da gestão
SIAFI de determinadas unidades gestoras executoras ou
orçamentária, financeira e patrimonial praticados pelos
órgãos, podendo ser caracterizados nas seguintes formas:
ordenadores de despesa e responsáveis por bens públi-
cos, à vista dos princípios e normas contábeis aplicadas
Setorial Contábil de é a unidade responsável pelo acom- ao setor público, da tabela de eventos, do plano de
Unidade Gestora panhamento da execução contábil contas aplicado ao setor público e da conformidade
de um determinado número de dos registros de gestão da unidade gestora;
Unidades Gestoras Executoras e pelo • tomadas de contas dos ordenadores de despesa e
registro da respectiva conformidade demais responsáveis por bens e valores públicos e de
contábil. todo aquele que der causa a perda, extravio ou outra
Setorial Contábil de é a Unidade Gestora responsável irregularidade de que resulte dano ao erário.6
Órgão pelo acompanhamento da execução
Verificar
contábil de determinado órgão, com-
• a conformidade de gestão efetuada pela unidade
preendendo as Unidades Gestoras a
gestora.7
este pertencentes, e pelo registro da
respectiva conformidade contábil.
Atenção!
Setorial Contábil de é a unidade de gestão interna dos De acordo com o art. 9º do Decreto nº 6.976/2009, as com-
Órgão Superior Ministérios e órgãos equivalentes petências de órgão setorial poderão ser delegadas a órgão
responsáveis pelo acompanhamen- ou unidade que comprove ter condições de assumir as obri-
to contábil dos órgãos e entidades gações pertinentes, de acordo com normas emitidas pelo
supervisionados e pelo registro da órgão central do Sistema de Contabilidade Federal.8 As Se-
respectiva conformidade contábil. toriais de Contabilidade delegadas, consideradas, para os
fins do Decreto, Órgãos Seccionais de Contabilidade, ficarão
O órgão de controle interno da Casa Civil da Presidência subordinadas, tecnicamente, às  setoriais de contabilidade
da República exercerá as atividades de órgão setorial contábil delegantes, que deverão prestar, complementarmente, toda
de todos os órgãos integrantes da Presidência da República a assistência, orientação e apoio técnico quanto aos proce-
e da Vice‑Presidência da República, além de outros deter- dimentos e aspectos contábeis a serem observados, princi-
minados em legislação específica. palmente quando da realização da conformidade contábil.
Contabilidade Pública

Os órgãos setoriais ficam sujeitos à orientação norma- 8

tiva e à supervisão técnica do órgão central do Sistema de


Contabilidade Federal, sem prejuízo da subordinação ao ór- 6
As atribuições do Sistema de Contabilidade Federal quanto à realização de
gão em cuja estrutura administrativa estiverem integrados. tomadas de contas limitam‑se às seguintes atividades: efetuar o registro contábil
dos responsáveis pelo débito apurado; verificar o cálculo do débito; e efetuar
a baixa contábil, pelo recebimento ou cancelamento do débito.
Competências dos órgãos setoriais 7
A conformidade dos registros de gestão consiste na certificação dos registros
dos atos e fatos de execução orçamentária, financeira e patrimonial incluídos
no SIAFI e da existência de documentos hábeis que comprovem as operações.
Analisar 8
As competências serão exercidas pela unidade responsável pela atividade de
• balanços, balancetes e demais demonstrações con- finanças dos Ministérios, da Advocacia‑Geral da União, do Poder Legislativo, do
Poder Judiciário e do Ministério Público da União e dos órgãos da Presidência
tábeis das unidades gestoras jurisdicionadas. da República.

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PATRIMÔNIO LÍQUIDO (OU SITUAÇÃO de variação patrimonial aumentativa (VPA) e a despesa sob o
PATRIMONIAL LÍQUIDA) enfoque patrimonial será denominada de variação patrimonial
diminutiva (VPD). Ambas não devem ser confundidas com a
A situação patrimonial líquida é a diferença entre os receita e a despesa orçamentária que estudaremos na matéria
ativos e os passivos, após a inclusão de outros recursos e Orçamento Público.
a dedução de outras obrigações, reconhecida no Balanço
Patrimonial como patrimônio líquido. A situação patrimonial Reconhecimento das Variações Patrimoniais Aumentativas
líquida pode ser um montante positivo ou negativo. e Diminutivas
Integram o patrimônio líquido: patrimônio ou capital
social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, Variação Patrimonial Hipóteses
reservas de lucros, demais reservas, ações em tesouraria,
resultados acumulados e outros desdobramentos. Variação Patrimonial - Nas transações com contribuin‑
No patrimônio líquido, deve ser evidenciado o resul- Aumentativa (VPA) tes e terceiros, quando estes
tado do período segregado dos resultados acumulados de efetuarem o pagamento ou as-
períodos anteriores. O resultado patrimonial do período é sumirem compromisso firme de
a diferença entre as variações patrimoniais aumentativas efetivá‑lo, quer pela ocorrência
e diminutivas, apurada na Demonstração das Variações de um fato gerador de natureza
Patrimoniais, que evidencia o desempenho das entidades tributária, investidura na proprie-
do setor público. dade de bens anteriormente per-
tencentes à entidade, ou fruição
Variações Patrimoniais de serviços por esta prestados;
- Quando da extinção, parcial ou
É importante distinguir os conceitos de Variações Pa‑ total, de um passivo, qualquer
trimoniais Aumentativas (VPA) e Variações Patrimoniais que seja o motivo, sem o desa-
Diminutivas (VPD) dos conceitos de distribuição aos pro‑ parecimento concomitante de
prietários e contribuição dos proprietários, inclusive as um ativo de valor igual ou maior;
entradas que estabelecem inicialmente suas participações - Pela geração natural de novos
na entidade. Além do aporte de recursos e do pagamento de ativos independentemente da
dividendos que podem ocorrer, é relativamente comum que intervenção de terceiros;
ativos e passivos sejam transferidos entre entidades do setor - No recebimento efetivo de do-
público. Sempre que tais transferências satisfizerem as defi- ações e subvenções.
nições de contribuição dos proprietários ou de distribuição
Variação Patrimonial - Quando deixar de existir o
aos proprietários, elas devem ser contabilizadas como tal.
Contribuição dos proprietários corresponde a entrada de Diminutiva (VPD) correspondente valor ativo, por
recursos para a entidade a título de contribuição de partes transferência de sua propriedade
externas, que estabelece ou aumenta a participação delas para terceiro;
no patrimônio líquido da entidade. Exemplos: o aporte inicial - Diminuição ou extinção do valor
de recursos na criação da entidade ou o aporte de recursos econômico de um ativo;
subsequentes, inclusive quando da reestruturação. - Pelo surgimento de um passivo,
Distribuição aos proprietários, corresponde a saída sem o correspondente ativo.
de recursos da entidade a título de distribuição a partes
externas, a  qual representa retorno sobre a participação O reconhecimento da variação patrimonial pode ocorrer
ou a redução dessa participação no patrimônio líquido da em três momentos: para a variação patrimonial aumentati‑
entidade. Exemplos: o retorno sobre investimento ou, no va, antes, depois ou no momento da arrecadação da receita
caso da extinção ou reestruturação da entidade, o retorno orçamentária e para a variação patrimonial diminutiva,
de qualquer recurso residual. antes, depois ou no momento da liquidação da despesa
orçamentária, conforme os exemplos abaixo:
Variações Patrimoniais Aumentativas e Diminutivas
Reconhecimento da VPA antes da ocorrência da
As variações patrimoniais aumentativas e diminutivas arrecadação da receita orçamentária
são transações que promovem alterações nos elementos
patrimoniais da entidade do setor público e que afetam o Exemplo:
resultado. Considere que o fato gerador do Imposto sobre a Pro-
Essas variações patrimoniais podem ser definidas como:
priedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) ocorre no dia
• Variações Patrimoniais Aumentativas (VPA): corres-
1º de janeiro de cada ano. Nesse caso, o reconhecimento
Contabilidade Pública

ponde a aumentos na situação patrimonial líquida da


do direito e da VPA deve ser feito no momento do fato
entidade não oriundos de contribuições dos proprie-
tários; gerador e não no momento da arrecadação, que ocorrerá
• Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD): correspon- futuramente.
de a diminuições na situação patrimonial líquida da
entidade não oriundas de distribuições aos proprie- a. No momento do fato gerador (1º de janeiro):
tários.
Natureza da informação: patrimonial
Para fins do Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor D 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P)
Público, a receita sob o enfoque patrimonial será denominada C 4.1.1.2.x.xx.xx Impostos Sobre Patrimônio e a Renda

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Nesse caso, o registro da VPA aumenta o resultado pa- Natureza da informação: patrimonial
trimonial, constituindo um fato modificativo. D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
Nacional (F)
b. No momento da arrecadação: C 4.3.3.1.x.xx.xx Valor Bruto de Exploração de Bens e
Direitos e Prestação de Serviços
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda Natureza da informação: orçamentária
Nacional (F)
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
C 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P)
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar Natureza da informação: controle
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur
Natureza da informação: controle -sos (DDR)
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur- Reconhecimento da VPD antes da ocorrência da
sos (DDR) liquidação da despesa orçamentária

No momento da arrecadação há troca de um direito por O 13º salário, a ser pago no final do ano, deve ser re-
caixa, constituindo um fato permutativo. conhecido a cada mês trabalhado, ou seja, uma variação
patrimonial diminutiva deve ser reconhecida mensalmente,
Reconhecimento da VPA após a ocorrência da mas o empenho, liquidação e pagamento da despesa orça-
arrecadação da receita orçamentária mentária só acontecerá no mês do pagamento:
Considere o recebimento antecipado de valores prove- Natureza da informação: patrimonial
nientes da venda a termo de serviços. Nesse caso, a receita
D 3.1.1.1.x.xx.xx Remuneração a Pessoal Ativo Civil  –
orçamentária é registrada antes da ocorrência do fato gera-
dor, ou seja, a VPA ocorre em momento posterior à arrecada- Abrangidos pelo RPPS
ção da receita orçamentária. Há troca de um direito (entrada C 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (P)
antecipada dos valores) por uma obrigação de prestar o
serviço, constituindo uma variação patrimonial qualitativa. No mês do pagamento, então, haverá o registro da des-
pesa orçamentária.
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda a. No empenho da dotação orçamentária:
Nacional (F)
C 2.2.9.1.x.xx.xx Variação Patrimonial Aumentativa Dife- Natureza da informação: orçamentária
rida (P) D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar Natureza da informação: controle
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur
-sos (DDR)
Natureza da informação: controle
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur-
sos (DDR) Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
Quando o serviço for prestado, ocorrerá o fato gerador C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
da variação patrimonial aumentativa, causando impacto no
resultado da entidade pública: Natureza da informação: patrimonial
D 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (P)
Natureza da informação: patrimonial C 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (F)
D 2.2.9.1.x.xx.xx Variação patrimonial aumentativa (VPA)
diferida (P) b. Na liquidação:
Contabilidade Pública

C 4.3.3.1.x.xx.xx Valor bruto de exploração de bens e direitos


e prestação de serviços Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
Reconhecimento da VPA junto com a ocorrência da
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
arrecadação da receita orçamentária

Quando ocorrer o recebimento de valores provenientes Natureza da informação: controle


da venda de serviços, concomitantemente com a prestação D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
do serviço, a receita orçamentária é contabilizada junto com C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e
a ocorrência do fato gerador: Entradas Compensatórias

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
c. Na saída do recurso financeiro: d. Na prestação de contas:

Natureza da informação: patrimonial Natureza da informação: patrimonial


D 2.1.1.1.1.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (F) D 3.x.x.x.x.xx.xx Variação Patrimonial Diminutiva
C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda C 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal e a
Nacional (F) Terceiros (P)
2.4.2.6. Reconhecimento da VPD junto com a liquidação da
Natureza da informação: orçamentária despesa orçamentária
D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago Quando ocorrer liquidação da despesa orçamentária,
concomitantemente com a prestação do serviço, a despesa
Natureza da informação: controle orçamentária e o fato gerador da variação patrimonial dimi-
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e nutiva são contabilizados juntos:
Entradas Compensatórias
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada a. No empenho da dotação orçamentária:

Reconhecimento da VPD após a liquidação da despesa Natureza da informação: orçamentária


orçamentária D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
Quando há uma concessão de suprimento de fundos,
a despesa orçamentária é empenhada, liquidada e paga no Natureza da informação: controle
ato da concessão e só com a prestação de contas do suprido é D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur-
que há o efetivo registro da variação patrimonial diminutiva. sos (DDR)
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
a. No empenho da dotação orçamentária:
b. Liquidação e reconhecimento da variação patrimonial
Natureza da informação: orçamentária diminutiva:
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
Natureza da informação: controle C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur-
sos (DDR) Natureza da informação: controle
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e
b. Na liquidação: Entradas Compensatórias

Natureza da informação: orçamentária Natureza da informação: patrimonial


D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar D 3.x.x.x.x.xx.xx Variação Patrimonial Diminutiva
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar C 2.1.8.x.x.xx.xx Demais Obrigações a Curto Prazo (F)

Natureza da informação: controle c. Saída do recurso financeiro:


D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e Natureza da informação: patrimonial
Entradas Compensatórias D 2.1.8.x.x.xx.xx Demais Obrigações a Curto Prazo (F)
C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
Natureza da informação: Nacional (F)
D 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal e a
Terceiros (P) Natureza da informação: orçamentária
C 2.1.8.9.x.xx.xx Suprimento de Fundos a Pagar (F) D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago
c. Saída do recurso financeiro:
Natureza da informação: controle
Natureza da informação: patrimonial D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e
D 2.1.8.9.x.xx.xx Suprimento de Fundos a Pagar (F) Entradas Compensatórias
C 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
Nacional (F)
Contabilidade Pública

Resultado Patrimonial
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar O resultado patrimonial corresponde à diferença entre
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago o valor total das VPA e o valor total das VPD, apurado na
Demonstração das Variações Patrimoniais do período.
Natureza da informação: controle Caso o total das VPA sejam superiores ao total das VPD,
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e diz‑se que o resultado patrimonial foi superavitário ou que
Entradas Compensatórias houve um superávit patrimonial. Caso contrário, diz‑se que
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada Parte II – Procedimentos o resultado patrimonial foi deficitário ou que houve um
Contábeis Patrimoniais déficit patrimonial.

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MENSURAÇÃO DE ATIVOS E PASSIVOS • a capacidade operacional; e
• a capacidade financeira.
Mensuração é o processo que consiste em determinar
os valores pelos quais os elementos das demonstrações A seleção da base de mensuração também pressupõe a
contábeis devem ser reconhecidos e apresentados. avaliação do grau de observância das características qualita-
O objetivo da mensuração é selecionar bases que refli- tivas, enquanto considera as restrições sobre a informação
tam de modo mais adequado o custo dos serviços, a capa- nas demonstrações contábeis.
cidade operacional e a capacidade financeira da entidade, A NBC TSP – Estrutura Conceitual não propõe uma única
de forma que seja útil para a prestação de contas e respon- base de mensuração (ou a combinação de bases de mensura-
sabilização (accountability) e tomada de decisão. ção) para todas as transações, eventos e condições. Ao invés
A seleção da base de mensuração para ativos e passivos disso, apresenta bases de mensuração para ativos e passivos
contribui para satisfazer aos objetivos da elaboração e divul- que fornecem informações sobre o custo de serviços presta-
gação da informação contábil pelas entidades do setor público dos, a capacidade operacional e a capacidade financeira da
ao fornecer informação que possibilita aos usuários avaliarem: entidade, além da extensão na qual fornecem informação
• o custo dos serviços prestados no período, em termos que satisfaça as características qualitativas, dentre as quais
históricos ou atuais; tem‑se que:

Bases de mensuração dos ativos

Base de mensuração Descrição Entrada ou saída Observável, ou não, Específica, ou não,


no mercado à entidade
Custo histórico Valor para se adquirir ou Entrada Geralmente observável Específica para a en-
desenvolver um ativo, tidade
o  qual corresponde ao
caixa ou equivalentes de
caixa ou o valor de outra
importância fornecida à
época de sua aquisição
ou desenvolvimento.
Va l o r d e m e rc a d o Montante pelo qual um Entrada e saída Observável Não específica para a
(quando o mercado é ativo pode ser trocado entidade
aberto, ativo e orga- entre partes cientes
nizado) e dispostas, em tran-
sação sob condições
normais de mercado
Valor de mercado (em Saída Depende da técnica de Depende da técnica de Valor de mercado (em
mercado inativo) atribuição de valor atribuição de valor mercado inativo)
Custo de reposição ou Custo mais econômico Entrada Observável Específica para a en-
substituição exigido para a entidade tidade
substituir o potencial
de serviços de ativo (in-
clusive o montante que
a entidade recebe a
partir de sua alienação
ao final da sua vida útil)
na data do relatório.
Preço líquido de venda Montante que a enti- Saída Observável Específica para a en-
dade pode obter com tidade
a venda do ativo após
deduzir os gastos para
a venda.
Valor em uso Valor presente, para a Saída Não observável Específica para a en-
entidade, do potencial tidade
de serviços ou da capaci-
dade de gerar benefícios
Contabilidade Pública

econômicos remanes-
centes do ativo, caso
este continue a ser utili-
zado, e do valor líquido
que a entidade receberá
pela sua alienação ao
final da sua vida útil.
910

9
A capacidade operacional é a capacidade da entidade em dar suporte à prestação de serviços no futuro por meio de recursos físicos e outros.
10
A capacidade financeira é a capacidade da entidade em financiar as suas próprias atividades.

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Base para mensuração dos passivos

Base de mensuração Descrição Entrada ou saída Observável, ou não, Específica, ou não,


no mercado à entidade
Custo histórico Importância recebida Entrada Geralmente observável Específica para a en-
para se assumir uma tidade
obrigação, a  qual cor-
responde ao caixa ou
equivalentes de caixa,
ou ao valor de outra
importância recebida à
época na qual a entida-
de incorreu no passivo.
Custo de cumprimento Custos nos quais a Entrada Não observável Específica para a en-
da obrigação entidade incorre no tidade
cumprimento das obri-
gações representadas
pelo passivo, assumin-
do que o faz da maneira
menos onerosa.
Va l o r d e m e rc a d o Montante pelo qual Entrada e saída Observável Não específica para a
(quando o mercado é um passivo pode ser entidade
aberto, ativo e orga- liquidado entre partes
nizado) cientes e interessa-
das em transação sob
condições normais de
mercado.
Valor de mercado Saída Depende da técnica de Depende da técnica de
(em mercado inativo) atribuição de valor atribuição de valor

Custo de liberação Montante que corres- Saída Observável Específica para a en-
ponde à baixa imediata tidade
da obrigação. Montan-
te que o credor aceita
no cumprimento da sua
demanda, ou que ter-
ceiros cobrariam para
aceitar a transferência
do passivo do devedor.
Termo utilizado no con-
texto dos passivos para
se referir ao mesmo
conceito de preço líqui-
do de venda utilizado
no contexto dos ativos.
Preço presumido Montante que a enti- Entrada Observável Específica para a en-
dade racionalmente tidade
aceitaria na troca pela
assunção do passivo
existente.
Termo utilizado no con-
texto dos passivos para
se referir ao mesmo
Contabilidade Pública

conceito do custo de re-


posição para os ativos.

As bases de mensuração podem fornecer valores de en- economia diversificada, os valores de entrada e saída diferem
trada e valores de saída. Para o ativo, os valores de entrada à medida que as entidades, normalmente:
refletem o custo da compra. O  custo histórico e o custo • adquirem ativos concebidos para suas particularidades
de reposição são valores de entrada. Os  valores de saída operacionais para as quais outros participantes do mer-
refletem os benefícios econômicos da venda e também o cado não estariam dispostos a pagar valor semelhante; e
montante que será obtido com a utilização do ativo. Em • incorrem em custos de transação na aquisição.

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As bases de mensuração para o passivo também podem represente participação acionária, sem controlar de
ser classificadas em termos de valores de entrada ou de forma individual ou conjunta essas políticas.
saída. Os valores de entrada se relacionam à transação na • Mensuração: é a constatação de valor monetário para
qual a obrigação é contraída ou ao montante que a entida- itens do ativo e do passivo decorrente da aplicação
de aceitaria para assumir um passivo. Os valores de saída de procedimentos técnicos suportados em análises
refletem o montante exigido para cumprir a obrigação ou qualitativas e quantitativas.
o montante exigido para liberar a entidade da obrigação. • Reavaliação: é a adoção do valor de mercado ou de
Determinadas medidas podem ser classificadas como consenso entre as partes para bens do ativo.
sendo ou não observáveis em mercado aberto, ativo e or- • Redução ao valor recuperável (impairment): é a redu-
ganizado. As medidas observáveis em mercado são, prova- ção nos benefícios econômicos futuros ou no potencial
velmente, mais fáceis de serem compreendidas e verificadas de serviços de um ativo, que reflete um declínio na
do que as medidas não observáveis. Elas também podem sua utilidade além do reconhecimento sistemático por
representar mais fielmente os fenômenos que estejam meio da depreciação.
mensurando. • Perda por desvalorização: é o montante pelo qual o
As medidas podem ser também classificadas conforme o valor contábil de um ativo ou de unidade geradora de
fato de serem ou não específicas para a entidade. As bases caixa excede seu valor recuperável.
de mensuração que são específicas para a entidade refletem • Valor de aquisição: é a soma do preço de compra de
as restrições de cunho econômico ou político presentes, um bem com os gastos suportados direta ou indireta-
que afetam as utilizações possíveis de ativo e a extinção de mente para colocá‑lo em condição de uso.
passivo. • Valor justo (fair value): é o valor pelo qual um ativo
As medidas específicas para a entidade podem refletir as pode ser intercambiado ou um passivo pode ser
oportunidades econômicas que não estão disponíveis para liquidado entre partes interessadas que atuam em
outras entidades e os riscos que não são vivenciados por condições independentes e isentas ou conhecedoras
estas. As medidas não específicas para a entidade refletem do mercado.12
as oportunidades e os riscos gerais de mercado. A decisão • Valor bruto contábil: é o valor do bem registrado na
de se utilizar ou não uma medida específica para a entidade contabilidade, em uma determinada data, sem a de-
é tomada com base no objetivo da mensuração e nas carac- dução da correspondente depreciação, amortização
terísticas qualitativas. ou exaustão acumulada.
O patrimônio, o orçamento, a execução orçamentária e • Valor líquido contábil: é o valor do bem registrado
financeira e os atos administrativos das entidades do setor na contabilidade, em determinada data, deduzido da
público que provocam efeitos de caráter econômico e finan- correspondente depreciação, amortização ou exaustão
ceiro no patrimônio da entidade, devem ser mensurados ou acumulada.
avaliados monetariamente e registrados pela contabilidade. • Valor realizável líquido: é a quantia que a entidade
Os registros contábeis devem ser realizados e os seus do setor público espera obter com a alienação ou a
efeitos evidenciados nas demonstrações contábeis dos pe- utilização de itens de inventário quando deduzidos os
gastos estimados para seu acabamento, alienação ou
ríodos com os quais se relacionam, portanto, reconhecidos
utilização.
pelos respectivos fatos geradores, independentemente do
• Valor recuperável: é o valor de mercado de um ativo
momento da execução orçamentária.
menos o custo para a sua alienação, ou o valor que a
Os registros contábeis das transações das entidades do
entidade do setor público espera recuperar pelo uso
setor público devem ser efetuados, considerando as relações
futuro desse ativo nas suas operações, o que for maior.
jurídicas, econômicas e patrimoniais, prevalecendo, nos
conflitos entre elas, a essência sobre a forma. Avaliação e Mensuração
A entidade do setor público deve aplicar métodos de A avaliação e a mensuração dos elementos patrimoniais
mensuração ou avaliação dos ativos e dos passivos que nas entidades do setor público obedecem aos critérios des-
possibilitem o reconhecimento dos ganhos e das perdas critos a seguir:
patrimoniais.
O reconhecimento de ajustes decorrentes de omissões Disponibilidades
e erros de registros ocorridos em anos anteriores ou de
mudanças de critérios contábeis deve ser realizado à conta As disponibilidades são mensuradas ou avaliadas pelo
do patrimônio líquido e evidenciado em notas explicativas. valor original, feita a conversão, quando em moeda estran-
geira, à taxa de câmbio vigente na data das demonstrações
Definições contábeis.
As aplicações financeiras de liquidez imediata são men-
De acordo com a NBC T16.1011, que trata da avaliação suradas ou avaliadas pelo valor justo, atualizadas até a data
e mensuração de ativos e passivos em entidades do setor das demonstrações contábeis.
público, tem‑se as seguintes definições: As atualizações apuradas são contabilizadas em contas
• Avaliação patrimonial: é a atribuição de valor mone- de resultado.
Contabilidade Pública

tário a itens do ativo e do passivo decorrentes de jul-


gamento fundamentado em consenso entre as partes
e que traduza, com razoabilidade, a evidenciação dos 12
A NBC TSP – Estrutura Conceitual não propôs o valor justo (fair value) como
uma das bases de mensuração para ativos e passivos. Em substituição, propôs
atos e dos fatos administrativos. o valor de mercado, o qual foi definido do mesmo modo que o valor justo, ou
• Influência significativa: é o poder de uma entidade seja, o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo extinto, entre
do setor público participar nas decisões de políticas partes conhecedoras, dispostas a isso, em transação sem favorecimentos. No
entanto, ressalta‑se que a base de mensuração sob o valor justo ainda deverá
financeiras e operacionais de outra entidade que dela permanecer em algumas normas editadas pelo IPSASB/Ifac após a estrutura
receba recursos financeiros a qualquer título ou que conceitual e em algumas NBCs TSP convergidas, pois o IPSASB/Ifac, gradual-
mente, irá rever as bases de mensuração constante das IPSAS de modo a excluir
o valor justo. Trata‑se do projeto denominado Mensurações no Setor Público
11
Resolução CFC nº 1.133/2008 (Public Sector Measurement).

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Créditos e Obrigações Investimentos Permanentes

Os direitos, os  títulos de créditos e as obrigações são Método da Equivalência Patrimonial (MEP)


mensurados ou avaliados de acordo com as bases de men- As participações em empresas sobre cuja administração
suração dos ativos e dos passivos descritas neste capítulo, se tenha influência significativa, devem ser mensuradas ou
feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de avaliadas pelo método da equivalência patrimonial.
câmbio vigente na data das demonstrações contábeis, salvo O método da equivalência patrimonial será utilizado
se houver orientação diversa em capítulos específicos. para os investimentos em coligadas ou em controladas e em
Os riscos de recebimento de direitos, são reconhecidos outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou
em conta de ajuste, a qual será reduzida ou anulada quando estejam sob controle comum.
deixarem de existir os motivos que a originaram. Pelo método da equivalência patrimonial, o investimento
Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações prefixa- é inicialmente registrado a preço de custo e o valor contábil
das são ajustados a valor presente. é aumentado ou reduzido conforme o Patrimônio Líquido
Os direitos, os títulos de crédito e as obrigações pós‑fi- da investida aumente ou diminua em contrapartida à conta
xadas são ajustados considerando‑se todos os encargos de resultado .
incorridos até a data de encerramento das demonstrações O valor do investimento permanente avaliado pelo
método da equivalência patrimonial será obtido mediante
contábeis.
o seguinte cálculo:
O valor reconhecido como provisão deve corresponder
• Aplicação do percentual de participação no capital
à melhor estimativa de desembolso necessário para liquidar
social sobre o resultado da subtração do patrimônio
(ou extinguir) a obrigação presente na data das demonstra- líquido da investida do valor do adiantamento para
ções contábeis, que estudaremos. aumento de capital concedido a essa; e
As atualizações e os ajustes apurados são contabilizados • Subtração, do montante referido na alínea “a”, dos
em contas de resultado. lucros não realizados nas operações intercompanhias,
líquidos dos efeitos fiscais.
Estoques
Método do Custo
Os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo As demais participações devem ser mensuradas ou ava-
histórico ou pelo valor realizável líquido, dos dois o menor, liadas de acordo com o custo de aquisição. Pelo método do
exceto: custo, o investimento é registrado no ativo permanente a
• Os estoques adquiridos por meio de transação sem preço de custo. A entidade investidora somente reconhece
contraprestação, que devem ser mensurados pelo seu o rendimento na medida em que receber as distribuições
valor justo na data da aquisição; de lucros do item investido. As distribuições provenientes
• Os bens de almoxarifado, que devem ser mensurados de rendimentos sobre investimentos do ativo permanente
pelo preço médio ponderado das compras, em confor- são reconhecidas como receita patrimonial.
midade com o inciso III do art. 106 da Lei nº 4.320/1964. Os ajustes apurados são contabilizados em contas de
resultado.
Devem ser mensurados pelo custo histórico ou pelo Também são considerados investimentos permanentes
custo corrente de reposição, dos dois o menor, os estoques os ativos denominados propriedades para investimento,
mantidos para: como terrenos ou edifícios, mantidos com fins de renda e/
• Distribuição gratuita ou de valor irrisório; ou ganho de capital, desde que não usados:
• Consumo no processo de produção de bens a serem • Na produção ou suprimento de bens e serviços ou para
distribuídos gratuitamente ou por valor irrisório. propósitos administrativos; ou
• Como venda no curso ordinário das operações.
O valor de custo dos estoques deve incluir todos os gastos
de aquisição e de transformação, bem como outros gastos Imobilizado
incorridos para torná‑los disponíveis para uso.
O custo de aquisição compreende: O ativo imobilizado é reconhecido inicialmente com base
• O preço de compra; no valor de aquisição, produção ou construção.
Quando os elementos do ativo imobilizado tiverem vida
• Os impostos de importação e outros tributos não
útil econômica limitada, ficam sujeitos à depreciação, amor-
recuperáveis;
tização ou exaustão sistemática durante esse período, sem
• Frete (transporte);
prejuízo das exceções expressamente consignadas.
• Seguro; Quando se tratar de ativos do imobilizado, obtidos a título
• Manuseio; e gratuito, devem ser registrados pelo valor justo na data de
• Outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos sua aquisição, sendo que deverá ser considerado o valor
acabados, materiais e suprimentos. resultante da avaliação obtida com base em procedimento
técnico ou valor patrimonial, definido nos termos da doação.
Contabilidade Pública

Descontos comerciais, abatimentos e outros itens se- Deve ser evidenciado em notas explicativas, o critério de
melhantes devem ser deduzidos na determinação do custo mensuração ou avaliação dos ativos do imobilizado obtidos
de aquisição. a título gratuito, bem como a eventual impossibilidade de
O custo de transformação inclui aqueles relacionados sua valoração, devidamente justificada.
com as unidades produzidas ou com as linhas de produção, Após o reconhecimento inicial, a entidade detentora do
tais como: ativo deve optar entre valorá‑lo pelo modelo do custo ou
• Mão‑de‑obra direta; da reavaliação.
• Alocação sistemática de custos indiretos de produção, O modelo do custo consiste no valor de aquisição, pro-
variáveis e fixos, que sejam incorridos para transformar dução ou construção menos a depreciação acumulada e as
os materiais em produtos acabados. perdas acumuladas por imparidade.

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O modelo da reavaliação consiste no valor justo sujeito Após o reconhecimento inicial do ativo imobilizado
à reavaliação periódica menos a depreciação acumulada e e intangível, a  entidade deve mensurar as classes que o
as perdas acumuladas por imparidade. compõem, escolhendo entre o Modelo de Custo – em que
Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de um item do ativo é evidenciado pelo custo menos qualquer
elemento do ativo imobilizado devem ser incorporados ao depreciação e redução ao valor recuperável acumuladas – ou
valor desse ativo, quando houver possibilidade de geração Método de Reavaliação – em que o item do ativo, cujo valor
de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços. justo possa ser mensurado confiavelmente, deve ser apresen-
Qualquer outro gasto que não gere benefícios futuros deve tado pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor
ser reconhecido como despesa do período em que seja justo à data da reavaliação, menos qualquer depreciação e
incorrido. redução ao valor recuperável acumuladas subsequentes.
No caso de transferências de ativos, o  valor a atribuir A política escolhida deve ser aplicada para toda uma classe
deve ser o valor contábil líquido constante nos registros da de ativos imobilizados ou intangíveis.
entidade de origem. Em caso de divergência deste critério
com o fixado no instrumento de autorização da transferência, Reavaliação
este deve ser evidenciado em notas explicativas. Diversos fatores podem fazer com que o valor contábil de
um ativo não corresponda ao seu valor justo. Assim, se após
Intangível o reconhecimento inicial de uma classe de ativo imobilizado
ou intangível a entidade adotar esse método de mensuração,
Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos é necessário que periodicamente esses bens passem por um
destinados à manutenção da atividade pública ou exercidos processo visando adequar o seu valor contábil.
com essa finalidade, são mensurados ou avaliados com base A frequência com que as reavaliações são realizadas,
no valor de aquisição ou de produção, deduzido do saldo da depende das mudanças dos valores justos dos itens do ativo
respectiva conta de amortização acumulada e do montante que serão reavaliados. Quando o valor justo de um ativo di-
acumulado de quaisquer perdas do valor que hajam sofrido fere materialmente do seu valor contábil registrado, exige‑se
ao longo de sua vida útil por redução ao valor recuperável nova reavaliação. Os itens do ativo que sofrerem mudanças
(impairment). significativas no valor justo necessitam de reavaliação anual.
Um ativo intangível deve ser reconhecido somente Tais reavaliações frequentes são desnecessárias para itens do
quando: ativo que não sofrem mudanças significativas no valor justo.
• For provável que os benefícios econômicos futuros Em vez disso, pode ser necessário reavaliar o item apenas
esperados atribuíveis ao ativo serão gerados em favor a cada quatro anos.
da entidade; e As empresas estatais dependentes seguem normas es-
• O custo do ativo possa ser mensurado com segurança. pecíficas quanto à reavaliação.
O critério de mensuração ou avaliação dos ativos intangí- Reavaliação do Ativo Imobilizado
veis, obtidos a título gratuito, e a eventual impossibilidade de
Quando um item do ativo imobilizado é reavaliado, a de-
sua valoração, devem ser evidenciados em notas explicativas.
preciação acumulada na data da reavaliação deve ser elimi-
Os gastos posteriores à aquisição ou ao registro de
nada contra o valor contábil bruto do ativo, atualizando‑se
elemento do ativo intangível devem ser incorporados ao
o seu valor líquido pelo valor reavaliado.
valor desse ativo quando houver possibilidade de geração
O valor do ajuste decorrente da atualização ou da elimi-
de benefícios econômicos futuros ou potenciais de serviços.
nação da depreciação acumulada faz parte do aumento ou
Qualquer outro gasto deve ser reconhecido como despesa
da diminuição no valor contábil registrado.
do período em que tenha incorrido.
O ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura É importante salientar, que se um item do ativo imobili-
(goodwill) gerado internamente não deve ser reconhecido zado for reavaliado, é necessário que toda a classe de contas
como ativo. do ativo imobilizado à qual pertença, seja reavaliada.
Classe de contas do ativo imobilizado é um agrupamento
Reavaliação e Redução Ao Valor Recuperável de ativos de natureza e uso semelhantes nas operações da
entidade. São exemplos de classe de contas:
Os procedimentos descritos nesse tópico, só deverão a. Terrenos;
ser realizados após ajuste a valor justo no ativo imobilizado b. Edifícios operacionais;
e intangível, realizado no momento da adoção das novas c. Estradas;
normas contábeis, com base em um cronograma estabele- d. Maquinário;
cido pelo ente. e. Redes de transmissão de energia elétrica;
Esse primeiro ajuste a valor justo não se trata de rea- f. Navios;
valiação ou de redução a valor recuperável e não deve ser g. Aeronaves;
registrado como tal. Consiste em ajustes de exercícios ante- h. Equipamentos militares especiais;
riores, já que até a presente data não era realizada a devida i. Veículos a motor;
depreciação, nem ajustadas as valorizações e desvalorizações j. Móveis e utensílios;
Contabilidade Pública

ocorridas no valor dos bens. k. Equipamentos de escritório;


Deve‑se ressaltar a importância da definição de uma l. Plataformas de petróleo.
data de corte, que visa a separar os bens que serão objetos
de ajuste em seu valor contábil e os bens que poderão ser Os itens da classe de contas do ativo imobilizado são
depreciados diretamente, sem passar por um ajuste. A defi- reavaliados simultaneamente para que seja evitada a rea-
nição da data de corte, bem como a composição da comissão valiação seletiva de ativos e a divulgação de montantes nas
de servidores responsável pela realização dos trabalhos no demonstrações contábeis que sejam uma combinação de
setor de patrimônio, é um ato discricionário de cada ente, valores em datas diferentes.
devendo o gestor responsável efetivá‑las de acordo com Na reavaliação de bens imóveis específicos, a estimativa
sua realidade. do valor justo pode ser realizada utilizando‑se o valor de

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reposição do bem devidamente depreciado. Caso o valor de um controle patrimonial avançado, é possível a criação de
reposição tenha como referência a compra de um bem, esse uma reserva de reavaliação no patrimônio líquido, prevista
bem deverá ter as mesmas características e o mesmo estado nas normas internacionais de contabilidade do setor público.
físico do bem objeto da reavaliação. Outra possibilidade é Porém, em outros casos, em que os entes não possuam um
considerar como valor de reposição o custo de construção sistema de controle patrimonial adaptado para o registro da
de um ativo semelhante com similar potencial de serviço. reserva de reavaliação, poderão, facultativamente, reconhe-
A reavaliação pode ser realizada por meio da elaboração cer os aumentos ou diminuições relativas à reavaliação de
de um laudo técnico por perito ou entidade especializada, seus ativos no resultado patrimonial do período.
ou ainda por meio de relatório de avaliação realizado por Assim, se o valor contábil de uma classe do ativo aumen-
uma comissão de servidores. O laudo técnico ou relatório tar em virtude de reavaliação, esse aumento deve:
de avaliação conterá ao menos as seguintes informações: • ser creditado diretamente à conta de reserva de rea-
• documentação com a descrição detalhada referente a valiação. No entanto, o aumento deve ser reconhecido
cada bem que esteja sendo avaliado; no resultado do período quando se tratar da reversão
• a identificação contábil do bem; de decréscimo por reavaliação do mesmo ativo ante-
• quais foram os critérios utilizados para avaliação do riormente reconhecido no resultado, ou
bem e sua respectiva fundamentação; • ser creditado diretamente à conta de resultado do
• vida útil remanescente do bem, para que sejam esta- período.
belecidos os critérios de depreciação, a amortização
ou a exaustão; Se, por outro lado, o valor contábil de uma classe do ativo
• data de avaliação; e diminuir em virtude de reavaliação, essa diminuição deve
• a identificação do responsável pela reavaliação. ser reconhecida no resultado do período. Porém, se houver
saldo de reserva de reavaliação, a diminuição do ativo deve
Exemplos de fontes de informações para a avaliação do ser debitada diretamente à reserva de reavaliação até o
valor de um bem podem ser o valor do metro quadrado do limite de qualquer saldo existente na reserva de reavaliação
imóvel em determinada região, ou a tabela Fipe13, no caso referente àquela classe de ativo.
dos veículos. Os entes que reconhecerem a reavaliação de seus ativos
Caso seja impossível estabelecer o valor de mercado do em conta de reserva no patrimônio líquido deverão baixar a
ativo, pode‑se defini‑lo com base em parâmetros de referên- reserva de reavaliação:
cia que considerem bens com características, circunstâncias • pela baixa ou alienação do ativo;
e localizações assemelhadas. • pelo uso. Nesse caso, parte da reserva é transferida
enquanto o ativo é usado pela entidade. O valor da
Reavaliação do Ativo Intangível reserva de reavaliação a ser baixado é a diferença entre
Após o seu reconhecimento inicial, um ativo intangível a depreciação baseada no valor contábil reavaliado do
pode ser apresentado pelo seu valor reavaliado, corres- ativo e a depreciação que teria sido reconhecida com
pondente ao seu valor justo à data da reavaliação menos base no custo histórico original do ativo.
qualquer amortização acumulada. O  valor justo deve ser
apurado em relação a um mercado ativo. Nos casos em que o ente reconheceu o aumento rela-
O método de reavaliação não permite: tivo à reavaliação dos seus ativos diretamente em conta de
• a reavaliação de ativos intangíveis que não tenham resultado, não haverá registros posteriores.
sido previamente reconhecidos como ativos;
• o reconhecimento inicial de ativos intangíveis a valores Redução ao Valor Recuperável
diferentes do custo.
A entidade deve avaliar se há alguma indicação de que
Se um ativo intangível for reavaliado, a amortização acu- um ativo imobilizado ou intangível possa ter sofrido perda
mulada na data da reavaliação deve ser eliminada contra o por irrecuperabilidade.
valor contábil bruto do ativo, atualizando‑se o valor líquido Caso o valor contábil de um ativo imobilizado ou intan-
pelo seu valor reavaliado. gível apresente valor acima da quantia que será recuperada
Caso um item de uma classe de ativo intangível não possa por meio do uso ou de sua venda, é possível afirmar que
ser reavaliado porque não existe mercado ativo para ele, este esse ativo está em imparidade (impairment).
item deverá ser mensurado pelo custo menos a amortização Note que a execução de um teste de imparidade deve
acumulada e a perda por irrecuperabilidade. considerar primeiramente a utilidade do ativo, pois a maioria
dos ativos do setor público é mantida continuamente para
Registro Contábil da Reavaliação de Ativos fornecer serviços ou bens públicos, sendo o seu valor em
Inicialmente, cabe ressaltar que, uma vez adotado o uso provavelmente maior do que seu valor justo menos os
método da reavaliação, a  mesma não pode ser realizada custos de alienação.
de forma seletiva. Ou seja, deve‑se avaliar, na data das de- A redução ao valor recuperável não deve ser confun-
monstrações contábeis, se há necessidade de se proceder dida com a depreciação. Esta é entendida como o declínio
Contabilidade Pública

à reavaliação de todos os itens da mesma classe. Isso pode gradual do potencial de geração de serviços por ativos de
ensejar aumentos ou diminuições de valores contábeis de longa duração, ou seja, a perda do potencial de benefícios
ativos, já que o método tem por principal referência o valor de um ativo motivada pelo desgaste, uso, ação da natureza
de mercado. ou obsolescência. Já o impairment é a desvalorização de um
A contabilização dos aumentos referentes à reavaliação ativo quando seu valor contábil excede seu valor recuperável.
de ativos vai depender do nível de controle que cada ente Redução ao valor recuperável pode ser entendida como
possui sobre seu patrimônio. Em alguns casos, em que há uma perda dos futuros benefícios econômicos ou do po-
tencial de serviços de um ativo, além da depreciação. Se o
13
Tabela Fipe é o nome dado à divulgação realizada pela Fundação Instituto valor recuperável for menor que o valor líquido contábil, este
de Pesquisas Econômicas (Fipe) e expressa os preços médios de veículos no
mercado nacional. deverá ser ajustado.

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Destarte, a redução ao valor recuperável é um instrumen- sido previsto para ser de 150 estudantes. A entidade
to utilizado para adequar o valor contábil dos ativos à sua real determina que a demanda diminuiu e o valor de serviço
capacidade de retorno econômico. Assim, reflete um declínio recuperável da escola deve ser comparado com o seu
na utilidade de um ativo para a entidade que o controla. valor contábil; e
Quando o valor contábil for superior ao valor recuperável, • Uma linha ferroviária foi fechada devido à falta de in-
ocorrerá uma perda por redução ao valor recuperável do teresse na mesma (por exemplo, a população em uma
ativo que reflete, portanto, um declínio na utilidade de um área rural se deslocou substancialmente para a cidade
ativo para a entidade que o controla, conforme mencionado. devido aos anos sucessivos de seca e as pessoas que
Por exemplo, uma entidade pode ter uma instalação permaneceram usam o serviço de ônibus, que é mais
de armazenamento para fins militares que já não é mais barato).
utilizada. Além disso, devido à natureza especializada desta
instalação e de sua localização, é improvável que possa ser - Para os casos em que haja um mercado ativo e o bem
arrendada ou vendida e, portanto, a entidade é incapaz de não puder mais ser utilizado, o  valor de mercado desse
gerar fluxos de caixa por meio de arrendamento ou de venda bem caiu significativamente, mais do que seria esperado
do ativo. O ativo é considerado como tendo sofrido perda pela passagem do tempo ou uso normal.
por irrecuperabilidade porque não é mais capaz de prover - Mudanças significativas, de longo prazo, com efeito
à entidade com potencial de serviços, pois tem pouca ou adverso para a entidade ocorreram ou estão para ocorrer
nenhuma utilidade na contribuição para que ela atinja seus no ambiente tecnológico, legal ou de política de governo
objetivos. no qual a entidade opera.
Dessa forma, os ativos devem ser evidenciados nas de-
monstrações contábeis de forma a refletir os fluxos futuros • Ambiente Tecnológico: a utilidade do serviço de um
que a entidade espera obter em virtude de possuir tal ativo. ativo pode ser reduzida se a tecnologia avançou para
produzir alternativas que proporcionam um serviço
Classificação melhor ou mais eficiente. Exemplo: equipamento de
diagnóstico médico que raramente ou nunca é usado
A redução ao valor recuperável pode ser aplicada para porque uma máquina mais nova que possui uma tec-
ativo gerador de caixa (aquele mantido com o objetivo nologia mais avançada fornece resultados mais exatos.
principal de gerar retorno comercial), bem como a ativo • Ambiente legal ou de política de governo: o poten-
não‑gerador de caixa (aquele mantido com o objetivo prin- cial de serviço de um ativo pode ser reduzido em
cipal de prestar serviços). consequência de uma mudança em uma lei ou em um
A maioria dos ativos mantidos por entidades do setor regulamento. Exemplo: uma estação de tratamento de
público são ativos não‑geradores de caixa. Assim, as orienta- água que não pode ser usada porque não se encaixa
ções contidas neste material são, inicialmente, direcionadas à nos novos padrões ambientais, sendo seu custo de
contabilização de redução ao valor recuperável desses ativos. adequação superior ao valor recuperável.

Identificação de Perda por Irrecuperabilidade Fontes Internas de Informação

A entidade deve avaliar se há qualquer indicação de que • Evidência de danos físicos no ativo. Exemplos:
um ativo possa ter o seu valor reduzido ao valor recuperável, • Um edifício danificado por um incêndio, inundação ou
sem possibilidade de reversão desta perda em um futuro outros fatores;
próximo. Caso isso aconteça, deverá estimar o valor da perda • Um edifício fechado devido a deficiências estruturais; e
por meio de testes de recuperabilidade. Os ativos intangíveis • Equipamentos danificados e que já não podem ser
com vida útil indefinida e os ainda não disponíveis para uso consertados por não ser economicamente viável.
também devem ser testados. • Mudanças significativas de longo prazo, com efeito
Assim, ao avaliar se há alguma indicação de que um ativo adverso sobre a entidade, que ocorrem durante o
possa ter sofrido perda por irrecuperabilidade, a entidade período, ou que devem ocorrer em futuro próximo, na
deve considerar, no mínimo, os seguintes fatores: medida ou maneira em que um ativo é ou será usado.

Fontes Externas de Informação Essas mudanças incluem o ativo que deixa de gerar
benefícios econômicos futuros, a  existência de planos de
1) Cessação total ou parcial das demandas ou necessi‑ descontinuidade ou reestruturação da operação a qual um
dade dos serviços fornecidos pelo bem. ativo pertence, ou planos para alienação de um ativo antes
da data anteriormente esperada.
Exemplos:
• Uma escola fechada por causa da falta de demanda Exemplos:
de serviços escolares resultante do deslocamento • Se um ativo não está sendo usado da mesma maneira
da população a outras áreas. Não está antecipado que era usado quando foi originalmente colocado
o fato de que esta tendência demográfica que afeta em operação ou a sua vida útil prevista é mais curta
Contabilidade Pública

a demanda dos serviços escolares será revertida no do que a originalmente estimada, o  ativo pode ter
futuro próximo; sofrido perda por irrecuperabilidade. Exemplo disso
• Uma escola projetada para 1.500 estudantes conta é um mainframe, pouco utilizado porque muitas de
atualmente com a matrícula de 150 estudantes  – a suas aplicações foram convertidas ou desenvolvidas
escola não pode ser fechada porque a mais próxima para operação em servidores ou plataformas para
fica a 100 quilômetros. A  entidade não prevê o au- microcomputador;
mento de matrículas de estudantes. No momento do • um prédio escolar que não está sendo usado para fins
estabelecimento da escola, o registro de matrículas era educacionais; e
de 1.400 estudantes – a entidade teria adquirido uma • uma decisão de desativar a construção do ativo antes
instalação menor se o número de matriculas tivesse da sua conclusão, ou antes de estar apto para operar.

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Assim, um ativo que não vai ser terminado não pode que o valor contábil do ativo ao qual se relaciona, a entidade
proporcionar o serviço pretendido. Exemplo: a construção pode ter que reconhecer um passivo.
foi desativada devido à identificação de uma descoberta Depois do reconhecimento de uma perda por irrecupera-
arqueológica ou devido a fatores ambientais; e bilidade, a variação patrimonial diminutiva de depreciação,
amortização ou exaustão do ativo deve ser ajustada em
• Evidência disponível, proveniente de relatório interno, períodos futuros para alocar o valor contábil revisado do
que indique que o desempenho dos serviços de um ativo, menos seu valor residual, se houver, em uma base
ativo é ou será pior do que o esperado. Os relatórios sistemática sobre sua vida útil remanescente.
internos podem indicar que um ativo não está exe- A redução ao valor recuperável pode ser realizada por
cutando como esperado. Por exemplo, um relatório meio da elaboração de um laudo técnico por perito ou
interno da secretaria de saúde sobre operações de uma entidade especializada, ou ainda por meio de relatório de
clínica rural pode indicar que uma máquina de raio‑x, avaliação realizado por uma comissão de servidores. O laudo
usada pela clínica, sofreu perda por irrecuperabilidade técnico ou relatório de avaliação conterá ao menos, as se-
porque o custo de manter a máquina excedeu signifi- guintes informações:
cativamente aquele incluído no orçamento original. • documentação com descrição detalhada de cada bem
avaliado;
Estes fatores não são exaustivos, podendo a entidade
• a identificação contábil do bem;
identificar outros que podem ter sofrido perda por irrecu-
• critérios utilizados para avaliação e sua respectiva
perabilidade, exigindo que determine o seu valor de serviço
fundamentação;
recuperável.
Ao avaliar se houve ou não uma perda por irrecuperabili- • vida útil remanescente do bem;
dade, a entidade precisa avaliar as mudanças no potencial de • data de avaliação; e
serviços sobre o longo prazo. Isto enfatiza que as mudanças • a identificação do responsável pelo teste de recupera-
estão sendo consideradas dentro do contexto antecipado do bilidade.
uso do ativo no longo prazo. No entanto, essas expectativas
podem mudar e as avaliações realizadas pela entidade, em Reversão de uma Perda por Irrecuperabilidade
cada data de apresentação das demonstrações contábeis,
devem refleti‑las. A entidade deve avaliar, na data de encerramento das
A aplicação da perda por irrecuperabilidade pode indicar demonstrações contábeis, se há alguma indicação, com base
que a vida útil remanescente, o  método de depreciação nas fontes externas e internas de informação, de que uma
(amortização) ou o valor residual do ativo necessitem ser perda por irrecuperabilidade reconhecida em anos anteriores
revisados. deva ser reduzida ou eliminada. O registro será a reversão
de uma perda por irrecuperabilidade.
Mensuração do Valor Recuperável do Ativo
Fontes Externas de Informação
Valor recuperável é o maior valor entre o valor justo me- • O ressurgimento da demanda ou da necessidade de
nos os custos de alienação de um ativo e o seu valor em uso. serviços fornecidos pelo ativo;
O valor justo é o valor pelo qual o ativo pode ser tro- • A ocorrência, durante o período ou em futuro próximo,
cado, existindo um conhecimento amplo e disposição por de mudanças significativas de longo prazo, com efeito
parte dos envolvidos no negócio, em uma transação sem favorável sobre a entidade, no ambiente tecnológico,
favorecimentos. legal ou político no qual a entidade opera.
O preço de mercado mais adequado é normalmente o
preço atual de cotação. Caso o preço atual não esteja dis- Fontes Internas de Informação
ponível, o preço da transação mais recente pode oferecer • A ocorrência, durante o período ou em futuro próximo,
uma base a partir da qual se estimam o valor justo menos de mudanças significativas de longo prazo, com efeito
os custos de alienação. favorável sobre a entidade, na medida que o ativo
Para determinar o valor justo menos os custos de aliena- é usado ou previsto de ser usado. Estas mudanças
ção, deve‑se deduzir as despesas de venda, exceto as que já incluem os custos incorridos durante o período para
foram reconhecidas como passivo. Exemplos dessas despesas melhorar ou aumentar o desempenho de um ativo
são as despesas legais, impostos, despesas de remoção do ou para reestruturar a operação à qual este ativo está
ativo e despesas diretas incrementais para deixar o ativo em relacionado;
condição de venda. • Uma decisão para recomeçar a construção do ativo que
É importante destacar que a execução de um teste de foi previamente interrompida antes da conclusão, ou
imparidade não deve considerar como parâmetro único o va- antes de estar em capacidade de operar;
lor de mercado, mas também o valor em uso do ativo, pois a • Existe evidência nos relatórios internos que indica
maioria dos ativos do setor público é mantida continuamente
que o desempenho do ativo é ou será melhor do que
para fornecer serviços ou bens públicos, sendo o seu valor
o esperado.
em uso provavelmente maior do que seu valor justo menos
Contabilidade Pública

os custos de alienação.
Estes fatores não são exaustivos, podendo a entidade
Reconhecimento e Mensuração de uma Perda por identificar outras indicações de uma reversão de uma perda
Irrecuperabilidade por irrecuperabilidade, exigindo que a entidade determine
por estimativa, novamente, o valor de serviço recuperável
A perda por irrecuperabilidade do ativo deve ser re- do ativo.
conhecida no resultado patrimonial, podendo ter como A reversão reflete um aumento no valor recuperável es-
contrapartida diretamente o bem ou uma conta retificadora. timado para um ativo, seja pelo seu uso ou pela sua venda,
Entretanto, quando o valor estimado da perda for maior do desde a data em que a entidade reconheceu a última perda
por irrecuperabilidade para este ativo.

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A entidade deve identificar a mudança nas estimativas esse valor seja reconhecido no resultado do ente por meio
que causou o aumento no valor de serviço recuperável. de uma variação patrimonial diminutiva (VPD).
Seguem alguns exemplos de mudanças nas estimativas: Para efetuar‑se a depreciação é necessário que a base
• Se o valor de serviço recuperável foi baseado no valor monetária inicial seja confiável, ou seja, o valor registrado
em uso, uma mudança na estimativa dos componentes deve espelhar o valor justo.
do valor em uso; Os ativos imobilizados estão sujeitos à depreciação no
• Se o valor de serviço recuperável foi baseado no valor decorrer da sua vida útil. A manutenção adequada desses
justo menos os custos de alienação, uma mudança na ativos não interfere na aplicação da depreciação. A apura-
estimativa dos componentes do valor justo menos os ção da depreciação deve ser feita mensalmente, a  partir
custos de alienação. do momento em que o item do ativo se tornar disponível
para uso, ou seja, quando está no local e em condição de
O aumento do valor contábil de um ativo atribuível à funcionamento na forma pretendida pela administração. Por
reversão de perda por irrecuperabilidade não deve exceder outro lado, se o método de depreciação for o de unidades
o valor contábil que teria sido determinado (líquido de produzidas, a VPD de depreciação pode ser zero enquanto
depreciação ou amortização), caso nenhuma perda por irre- não houver produção.
cuperabilidade tivesse sido reconhecida em anos anteriores. A depreciação cessa quando do término do período de
A reversão da perda por irrecuperabilidade de um ativo vida útil do ativo ou quando ele é baixado. Ao final da vida
deve ser reconhecida diretamente no resultado. útil, o valor contábil do ativo será igual ao seu valor residual,
Depois que a reversão da perda por irrecuperabilidade ou na falta deste, igual a zero. A partir desse momento, o bem
é reconhecida, a variação patrimonial diminutiva de depre- somente poderá ser depreciado se houver uma reavaliação,
ciação ou amortização para o ativo deve ser ajustada em acompanhada de uma análise técnica que defina o seu tempo
períodos futuros para alocar o valor contábil revisado do ativo de vida útil restante.
menos, se aplicável, seu valor residual, em base sistemática A depreciação não cessa quando o ativo se torna ocioso
sobre sua vida útil remanescente. ou é retirado de uso.
Em função de suas características, alguns itens do ativo
Evidenciação não deverão ser depreciados. Como exemplos de bens que
não se encontram sujeitos à depreciação têm‑se os terrenos
Recomenda‑se à entidade evidenciar as seguintes infor- e os bens de natureza cultural.
mações para cada classe de ativos: A estimativa da vida útil econômica do item do ativo é
• O valor das perdas por irrecuperabilidade reconhecidas definida conforme alguns fatores:
no resultado durante o período; e • desgaste físico, pelo uso ou não;
• O valor das reversões de perdas por irrecuperabilidade • geração de benefícios futuros;
reconhecidas no resultado do período. • limites legais e contratuais sobre o uso ou a exploração
do ativo; e
A entidade deve evidenciar as seguintes informações para • obsolescência tecnológica.
cada perda por irrecuperabilidade ou reversão reconhecida
durante o período: Ao realizar a estimativa do tempo de vida útil de um
• Os eventos e as circunstâncias que levaram ao reconhe- determinado ativo, deve‑se verificar:
cimento ou reversão da perda por irrecuperabilidade; • o tempo pelo qual o ativo manterá a sua capacidade
• O valor da perda por irrecuperabilidade reconhecida para gerar benefícios futuros para o ente;
ou revertida; • os aspectos técnicos referentes ao desgaste físico e
• A natureza do ativo; a obsolescência do bem. Por exemplo, a  utilização
• O segmento ao qual o ativo pertence; ininterrupta do bem pode abreviar a sua vida útil;
• Se o valor recuperável do ativo é seu valor justo menos • o tempo de vida útil de um bem que possui a sua uti-
os custos de alienação ou seu valor em uso; lização ou exploração limitada temporalmente por lei
• Se o valor recuperável for determinado pelo valor justo e contrato não pode ser superior a esse prazo;
menos os custos de alienação (o valor foi determinado • a política de gestão de ativos da entidade, ao conside-
por referência a um mercado ativo); rar a alienação de ativos após um período determinado
• Se o valor recuperável for determinado pelo valor ou após o consumo de uma proporção específica de
em uso. benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços
incorporados no ativo, fazendo com que a vida útil de
Depreciação um ativo possa ser menor do que a sua vida econômica.

A depreciação é o declínio do potencial de geração de Assim, as tabelas de depreciação contendo o tempo de


serviços por ativos de longa duração, ocasionada pelos vida útil e os valores residuais a serem aplicadas pelos entes,
seguintes fatores: deverão por eles, serem estabelecidos, de acordo com as
• Deterioração física; características particulares da utilização desses bens pelo
Contabilidade Pública

• Desgastes com uso; e ente. Assim, um veículo, por exemplo, poderá ser depreciado
• Obsolescência. em período menor ou maior, devido às características do uso
desse bem. Ao final do período de vida útil, o veículo ainda
Em função desses fatores, faz‑se necessária a devida pode ter condições de ser utilizado, devendo ser feita uma
apropriação do consumo desses ativos ao resultado do reavaliação do bem, caso o valor residual não reflita o valor
período por meio da depreciação, atendendo ao regime de justo, atribuindo a ele um novo valor, baseado em dados
competência. técnicos. A partir daí, pode‑se iniciar um novo período de
Assim, é  importante verificar que o reconhecimento depreciação.
da depreciação se encontra vinculado à identificação das Dessa forma, a entidade deve utilizar o prazo de vida útil
circunstâncias que determinem o seu registro, de forma que e as taxas anuais de depreciação conforme as peculiaridades

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de sua gestão. Por exemplo, um veículo utilizado que se des- Valor Depreciável e Período de Depreciação
tina apenas a serviços burocráticos (levar correspondências,
transportar servidores para um determinado lugar) pode não O valor depreciável de um ativo deve ser alocado de
ter a mesma vida útil daquele utilizado pela ronda policial. forma sistemática ao longo da sua vida útil estimada,
Assim, não é necessário que o ente possua uma tabela sendo determinado após a dedução de seu valor residual.
única de depreciação, sendo possível que determinados Na prática, observa‑se que o valor residual de um ativo é
bens sejam depreciados a taxas diferentes, em função de usualmente insignificante e imaterial na determinação do
suas características, devendo também essa particularidade valor depreciável.
ser evidenciada em notas explicativas.
Terrenos e edifícios são ativos separáveis e são contabi-
Valor depreciável = valor contábil bruto – valor residual
lizados separadamente, mesmo quando sejam adquiridos
conjuntamente. Com algumas exceções, como as pedreiras
e os locais usados como aterro, os  terrenos têm vida útil Métodos de Depreciação
ilimitada e, portanto, não são depreciados. Os edifícios têm
vida útil limitada e por isso são ativos depreciáveis. O método de depreciação deve refletir o padrão em que
O aumento de valor de um terreno no qual um edifício os benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços
esteja construído não afeta a determinação do montante do ativo são consumidos pela entidade.
depreciável do edifício. Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para
Deve ser depreciado separadamente cada componente alocar de forma sistemática o valor depreciável de um ativo
de um item do ativo imobilizado com custo significativo ao longo da sua vida útil. Não é exigido que todos os bens
em relação ao custo total do item. Por exemplo, pode ser sejam avaliados pelo mesmo método. Dentre os métodos,
apropriado depreciar separadamente a estrutura de uma destaca‑se o da linha reta (ou cotas constantes), o da soma
aeronave e os motores da aeronave, sejam eles próprios ou dos dígitos e o de unidades produzidas.
sujeitos a um arrendamento financeiro. O método das cotas constantes utiliza‑se de taxa de
Um componente significativo de um item do ativo imo- depreciação constante durante a vida útil do ativo, caso o
bilizado pode ter a vida útil e o método de depreciação que seu valor residual não se altere.
sejam os mesmos que a vida útil e o método de depreciação O método da soma dos dígitos resulta em uma taxa de-
de outro componente significativo do mesmo item. Nesse crescente durante a vida útil. Esse é o método mais adequado
caso, os componentes podem ser agrupados no cálculo da para itens como, por exemplo, veículos, que costumam ter
depreciação. uma depreciação maior nos primeiros anos de uso.
À medida que a entidade deprecia separadamente O método das unidades produzidas resulta em uma taxa
alguns componentes de um item do ativo imobilizado, baseada no uso ou produção esperados. A vida útil do bem
também deprecia separadamente o remanescente do item. é determinada pela capacidade de produção.
Esse remanescente consiste em componentes de um item
que não são individualmente significativos. Se a entidade Caso Prático 1
possui expectativas diferentes para essas partes, técnicas
de aproximação podem ser necessárias para depreciar o Uma entidade pretende realizar a depreciação de um
remanescente de forma que represente fidedignamente o bem utilizando o método das cotas constantes. O valor bruto
padrão de consumo e/ou a vida útil desses componentes. contábil é R$ 2.600,00; foi determinado o valor residual de
A VPD de depreciação de cada período deve ser reconhe- R$ 600,00 e valor depreciável de R$ 2.000,00.
cida no resultado patrimonial em contrapartida a uma conta A vida útil do bem é de cinco anos, conforme a política da
retificadora do ativo. Entretanto, por vezes, os  benefícios entidade, assim, a taxa de depreciação ao ano é de 20%. Por
econômicos futuros ou potenciais de serviços incorporados questões didáticas a depreciação será calculada anualmente.
no ativo são absorvidos para a produção de outros ativos. A tabela abaixo demonstra os cálculos:
Nesses casos, a depreciação faz parte do custo de outro ati-
vo, devendo ser incluída no seu valor contábil. Por exemplo, Valor
a depreciação de ativos imobilizados usados para atividades Depreciação
Ano Depreciação Líquido
de desenvolvimento pode ser incluída no custo de um ativo Acumulada
intangível. Contábil
Em regra, observam‑se os seguintes efeitos nas demons- 1 R$ 400,00 R$ 400,00 R$ 2.200,00
trações: 2 R$ 400,00 R$ 800,00 R$ 1.800,00
3 R$ 400,00 R$ 1.200,00 R$ 1.400,00
Reflexos Patrimoniais da Depreciação, Amortização e 4 R$ 400,00 R$ 1.600,00 R$ 1.000,00
Exaustão 5 R$ 400,00 R$ 2.000,00 R$ 600,00
Demonstração das Varia‑ Balanço Patrimonial (BP) Valor Residual = R$ 600,00
ções Patrimoniais (DVP)
Contabilidade Pública

Variação Patrimonial Dimi- Conta Retificadora do Ativo Caso Prático 2


nutiva (VPD)
3.3.3.x.x.xx.xx 1.2.x.x.x.xx.xx Uma entidade pretende realizar a depreciação de um
bem utilizando o método da soma dos dígitos. O valor bruto
Depreciação, Exaustão e (-) Depreciação, Exaustão e
contábil é R$ 2.600,00; foi determinado o valor residual de
Amortização Amortização Acumuladas
R$ 600,00 e valor depreciável de R$ 2.000,00. A vida útil do
Diminui o Resultado Patri- Diminui o Ativo e o Patri- bem é de cinco anos, conforme a política da entidade, assim,
monial mônio Líquido, por meio a taxa de depreciação ao ano é de 20%.
da redução do resultado do Por questões didáticas, a  depreciação será calculada
exercício anualmente.

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A tabela abaixo demonstra os cálculos: • a taxa de depreciação do mês pode ser ajustada pro‑ra-
ta em relação a quantidade de dias corridos a partir da
Ano Depreciação Depreciação Valor data que o bem se tornou disponível para uso. Nesse
Acumulada Líquido caso, um bem disponível no dia 5, será depreciado em
Contábil uma função de 26/30 da taxa de depreciação mensal.
5/15*2000,00 = R$ 666,67 R$ 666,67 R$ 1.933,33 Também é possível que seja definida uma fração do
2 4/15*2000,00 = R$ 533,33 R$ 1.200,00 R$ 1.400,00 mês para servir como referência. Como exemplo desse
3 3/15*2000,00 = R$ 400,00 R$ 1.600,00 R$ 1.000,00 segundo caso, poderia ser definido como fração mínima
4 2/15*2000,00 = R$ 266,67 R$ 1.866,67 R$ 733,33 de depreciação o período de 10 dias. Nesse caso, o mesmo
5 1/15*2000,00 = R$ 133,33 R$ 2.000,00 R$ 600,00 bem, seria depreciado em uma função de 20/30 da taxa de
depreciação mensal.
Valor Residual = R$ 600,00
Caso o bem a ser depreciado já tenha sido usado ante-
riormente à sua posse pela Administração Pública, pode‑se
Caso Prático 3
estabelecer como novo prazo de vida útil para o bem:
• metade do tempo de vida útil dessa classe de bens;
Uma entidade pretende realizar a depreciação de um • resultado de uma avaliação técnica que defina o tempo
bem utilizando o método das unidades produzidas. O valor de vida útil pelo qual o bem ainda poderá gerar bene-
bruto contábil é R$ 2.600,00; foi determinado o valor residual fícios para o ente; e
de R$ 600,00 e valor depreciável de R$ 2.000,00. • restante do tempo de vida útil do bem, levando em
A vida útil do bem é determinada pela capacidade de consideração a primeira instalação desse bem.
produção que é igual a 5.000 unidades, sendo 500 unida-
des ao ano, conforme a política da entidade, assim, a taxa As opções apresentadas acima, podem também ser usa-
de depreciação ao ano é de 10%. Por questões didáticas, das nos casos em que o ente, após ajustar seu patrimônio a
a depreciação será calculada anualmente. valor justo, começará a depreciar os bens já usados. Nesse
A tabela abaixo demonstra os cálculos: caso, o controle patrimonial deverá ocorrer separadamente,
para os bens usados e para os bens adquiridos na condição
de novos, construídos, ou produzidos, já que possuirão vida
Valor
Depreciação útil diferenciadas.
Ano Depreciação Líquido
Acumulada
Contábil
AMORTIZAÇÃO
1 R$ 200,00 R$ 200,00 R$ 2.400,00
2 R$ 200,00 R$ 400,00 R$ 2.200,00 Determinação da Vida Útil
3 R$ 200,00 R$ 600,00 R$ 2.000,00
4 R$ 200,00 R$ 800,00 R$ 1.800,00 A entidade deve classificar a vida útil do ativo intangível
5 R$ 200,00 R$ 1.000,00 R$ 1.600,00 em definida e indefinida.
Se a vida útil for definida, a entidade deve avaliar também
6 R$ 200,00 R$ 1.200,00 R$ 1.400,00
a duração e o volume de produção ou outros fatores seme-
7 R$ 200,00 R$ 1.400,00 R$ 1.200,00 lhantes que formam essa vida útil. A entidade deve atribuir
8 R$ 200,00 R$ 1.600,00 R$ 1.000,00 vida útil indefinida a um ativo intangível quando, com base
9 R$ 200,00 R$ 1.800,00 R$ 800,00 na análise de todos os fatores relevantes, não existe um
10 R$ 200,00 R$ 2.000,00 R$ 600,00 limite previsível para o período durante o qual o ativo deverá
gerar fluxos de caixa líquidos positivos, ou fornecer serviços
Valor Residual = R$ 600,00 para a entidade. O termo “indefinida” não significa “infinita”.
A entidade deve considerar os seguintes fatores na de-
Aspectos Práticos da Depreciação terminação da vida útil de um ativo intangível:
• a utilização prevista de um ativo pela entidade e se o
A depreciação deverá ser realizada mensalmente em ativo pode ser gerenciado eficientemente por outra
quotas que representam um duodécimo da taxa de depre- equipe da administração;
ciação anual do bem. Embora o lançamento contábil possa • os ciclos de vida típicos dos produtos do ativo e as
ser realizado pelo valor total da classe dos bens depreciados informações públicas sobre estimativas de vida útil de
ao qual aquele item se refere, é  importante notar que o ativos semelhantes, utilizados de maneira semelhante;
cálculo do valor a depreciar deve ser identificado individu- • obsolescência técnica, tecnológica, comercial ou de
almente, item a item, em virtude da possibilidade de haver outro tipo;
bens similares com taxas de depreciação diferentes e bens • a estabilidade do setor em que o ativo opera e as
totalmente depreciados. mudanças na demanda de mercado para produtos ou
Também deve‑se verificar que, no caso dos imóveis, serviços gerados pelo ativo;
Contabilidade Pública

• o nível dos gastos de manutenção requerido para obter


somente a parcela correspondente à construção deve ser
os benefícios econômicos futuros ou serviços poten-
depreciada, não se depreciando o terreno.
ciais do ativo e a capacidade de intenção da entidade
Com relação aos bens que entrem em condições de uso para atingir tal nível;
no decorrer do mês, existem duas alternativas para a reali- • o período de controle sobre o ativo e os limites legais
zação da depreciação desse mês: ou contratuais para a sua utilização, tais como datas
• a depreciação inicia‑se no mês seguinte à colocação de vencimento dos arrendamentos/locações relacio-
do bem em condições de uso, não havendo para os nados; e
bens da entidade, depreciação em fração menor que • se a vida útil do ativo depende da vida útil de outros
um mês; ativos da entidade.

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A vida útil de um ativo intangível deve levar em conside- Se não for possível determinar, com segurança, o padrão
ração apenas a manutenção futura exigida para mantê‑lo no de consumo previsto pela entidade dos benefícios econô-
nível de desempenho avaliado no momento da estimativa micos futuros ou serviços potenciais, deve ser utilizado o
da sua vida útil e capacidade de intenção da entidade para método linear.
atingir tal nível. Os softwares e outros ativos intangíveis estão A amortização deve normalmente ser reconhecida no
sujeitos à obsolescência tecnológica. resultado. No entanto, por vezes os benefícios econômicos
Para tanto, a  entidade deve considerar o histórico de futuros ou serviços potenciais incorporados no ativo são
alterações tecnológicas. Assim, é provável que sua vida útil absorvidos para a produção de outros ativos. Nesses casos,
seja curta. a amortização faz parte do custo de outro ativo, devendo ser
A vida útil de um ativo intangível resultante de acordos incluída no seu valor contábil. Por exemplo, a amortização
obrigatórios (direitos contratuais ou outros direitos legais) de ativos intangíveis utilizados em processo de produção faz
não deve exceder a vigência desses direitos, podendo ser parte do valor contábil dos estoques.
menor dependendo do período durante o qual a entidade
espera utilizar o ativo. Caso os acordos obrigatórios sejam Determinação do Valor Residual
outorgados por um prazo limitado renovável, a vida útil do
ativo intangível só deve incluir o prazo de renovação se exis- Deve‑se presumir que o valor residual de ativo intangível
tirem evidências que suportem a renovação pela entidade com vida útil definida é zero, exceto quando:
sem custo significativo. • haja compromisso de terceiro para comprar o ativo ao
Podem existir fatores econômicos, políticos, sociais e final da sua vida útil; ou
legais influenciando a vida útil de ativo intangível. Os fatores • exista mercado ativo para ele e, cumulativamente:
econômicos, políticos e sociais determinam o período duran- – o valor residual possa ser determinado em relação
te o qual a entidade receberá benefícios econômicos futuros a esse mercado;
ou serviços, enquanto os fatores legais podem restringir o – seja provável que esse mercado continuará a existir
período durante o qual a entidade controla o acesso a esses ao final da vida útil do ativo.
benefícios ou serviços. A  vida útil a ser considerada deve
ser o menor dos períodos determinados por esses fatores. O valor amortizável de ativo com vida útil definida é de-
Os fatores a seguir, dentre outros, indicam que a enti- terminado após a dedução de seu valor residual. Um valor
dade está apta a renovar os acordos obrigatórios (direitos residual diferente de zero, implica que a entidade espera
contratuais ou outros direitos legais) sem custo significativo: a alienação do ativo intangível antes do final de sua vida
• existem evidências, possivelmente com base na ex- econômica.
periência, de que os acordos obrigatórios (direitos
contratuais ou outros direitos legais) serão renovados. Revisão do Período e do Método
Se a renovação depender de autorização de terceiros,
devem ser incluídas evidências de que essa autorização O período e o método de amortização de ativo intangível
será concedida; com vida útil definida devem ser revisados pelo menos ao
• existem evidências de que quaisquer condições neces- final de cada exercício. Caso a vida útil prevista do ativo seja
sárias para obter a renovação serão cumpridas; e diferente de estimativas anteriores, o prazo de amortização
• o custo de renovação para a entidade não é significa- deve ser devidamente alterado. Se houver alteração no
tivo se comparado aos benefícios econômicos futuros padrão de consumo previsto dos benefícios econômicos
ou serviços potenciais que se esperam fluir para a futuros ou serviços potenciais atrelados ao ativo, o método
entidade a partir dessa renovação. de amortização deve ser alterado para refletir essa mudança.
Tais mudanças devem ser consideradas como mudanças nas
Caso esse custo seja significativo, quando comparado estimativas.
aos benefícios econômicos futuros ou serviços potenciais
esperados, o  custo de “renovação” deve representar, em Ativo Intangível com Vida Útil Indefinida
essência, o custo de aquisição de um novo ativo intangível
na data da renovação. O ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser
amortizado. A  entidade deve testar a perda de valor dos
Amortização de Ativo Intangível (com Vida Útil Definida) ativos intangíveis com vida útil indefinida, ou aqueles ainda
A amortização de ativos intangíveis com vida útil definida não disponíveis para o uso, comparando o valor recuperável
deve ser iniciada a partir do momento em que o ativo estiver com o seu valor contábil sempre que existam indícios de que
disponível para uso. A amortização deve cessar na data em ativo intangível pode ter perdido valor.
que o ativo é classificado como mantido para venda, quan-
do estiver totalmente amortizado ou na data em que ele é Revisão da Vida Útil
baixado, o que ocorrer primeiro.
A amortização para cada período deve ser reconhecida A vida útil de um ativo intangível que não é amortiza-
no resultado, contra uma conta retificadora do ativo. do deve ser revisada periodicamente para determinar se
eventos e circunstâncias continuam a consubstanciar a
Contabilidade Pública

Métodos de Amortização avaliação de vida útil indefinida. Caso contrário, a mudança


na avaliação de vida útil de indefinida para definida deve ser
O método de amortização deve refletir o padrão em que contabilizada como mudança de estimativa contábil.
os benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços
do ativo são esperados a serem consumidos pela entidade. EXAUSTÃO
Vários métodos de amortização podem ser utilizados para
alocar de forma sistemática o valor amortizável de um ativo Determinados bens encontrados no ativo imobilizado
ao longo da sua vida útil. Dentre os métodos, destaca‑se o estarão sujeitos à exaustão, ao  invés da depreciação. Tais
método linear (ou cotas constantes), o da soma dos dígitos bens são aqueles explorados através da extração ou apro-
e o de unidades produzidas. veitamento mineral ou florestal, por exemplo, uma floresta

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mantida com fins de comercialização de madeira. Dessa aproveitamento realizado em cada período devem estar
forma, a exaustão permitirá ao ente que o custo do ativo seja bem documentadas, de forma a embasar adequadamente
distribuído durante o período de extração/aproveitamento. o registro contábil.
Para esse fim, é necessário que haja uma análise técnica
da capacidade de extração/aproveitamento do ativo em Esquema de Implementação da Avaliação e
questão, pois a exaustão se dará proporcionalmente à quan- Depreciação de Bens Públicos
tidade produzida pelo ativo. Por exemplo, no caso abaixo:
• Jazida com capacidade de produção de 500.000 A Administração Pública, de uma forma geral, não aplica-
toneladas, registrada contabilmente pelo ente em va os critérios de reconhecimento e mensuração dos ativos
1.000.000,00. imobilizado e intangível conforme descrito neste material.
• Extração realizada no mês de 40.000 toneladas. Dessa forma, a introdução de uma data de corte faz‑se neces-
sária para identificar o início da adoção dos procedimentos
O cálculo da exaustão da jazida nesse período será: de depreciação, amortização e exaustão pelo ente.
40.000 t / 500.000 t = 8% Assim, com a finalidade de auxiliar os entes, segue um
Exaustão = 8% de 1.000.000,00 = 80.000,00 esquema para a introdução das práticas de avaliação e de-
preciação/amortização/exaustão, com a descrição do passo
Todas as operações realizadas referentes à capacidade de a passo e das informações que devem ser divulgadas em
extração/aproveitamento, bem como os relativos a extração/ notas explicativas:

Legenda:
VC = Valor contábil
VJ = Valor justo
NE = nota explicativa

No primeiro exercício de implementação das normas depreciado sem que seja necessário realizar uma
descritas nesse material, por se tratar de uma mudança na avaliação de seu valor justo.
política contábil, será necessário realizar ajustes patrimo- – Bem adquirido antes do ano da implantação da de‑
niais, efetuando lançamento no ativo em contrapartida à preciação / amortização / exaustão no ente (antes
conta Ajustes de Exercícios Anteriores do grupo Resultados da data de corte): analisar se o valor contábil (VC)
Acumulados no PL. Após o ajuste inicial nos ativos e a imple- do bem está registrado no patrimônio da entidade
mentação dos procedimentos de depreciação, amortização acima ou abaixo do valor justo (VJ). Se o ativo estiver
e exaustão, poderão ocorrer valorizações ou desvalorizações registrado abaixo do valor justo, deve‑se realizar um
em contas de ativos, que deverão ser realizadas nas respec- ajuste a maior. Caso contrário (valor contábil acima
tivas contas de Reavaliação ou Redução a Valor Recuperável. do valor justo), o bem deve sofrer ajuste a menor.
Assim, caso o valor contábil do bem divirja de ma-
Passo a Passo neira relevante do valor justo, o seu valor deverá ser
ajustado para, após isto, serem implantados os pro-
Contabilidade Pública

• Realizar uma verificação no inventário (imobilizado cedimentos de depreciação, amortização e exaustão.


e intangível) da entidade no setor de patrimônio, de Para estes bens, os procedimentos de avaliação e
modo a separar as perdas. Os bens que não estejam depreciação/amortização/exaustão podem ser feitos
sendo utilizados e que não tenham valor de venda, por etapas, considerando as condições operacionais
em virtude de serem inservíveis (obsoleto, quebrado, de cada órgão e entidade.
inutilizado, etc.), deverão ser baixados como perda
diretamente em conta de resultado (VPD). Observação: o ajuste de exercícios anteriores, o  teste
• Analisar a data de aquisição do bem: de impairment, a  reavaliação de ativos e a depreciação/
– Bem adquirido no ano de início da implantação amortização/exaustão devem ser seguidos de notas expli-
da depreciação/ amortização/ exaustão: deve ser cativas (NE).

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Notas Explicativas NE 5 – Impairment:
a. Os eventos e as circunstâncias que levaram ao reco-
NE 1 – Perdas: nhecimento ou reversão da perda por desvalorização;
a. Os eventos e as circunstâncias que levaram ao reco- b. O valor da perda por desvalorização reconhecida ou
nhecimento da inservibilidade do bem. revertida;
c. Se o valor recuperável é seu valor líquido de venda ou
NE 2 – Ajuste de Exercícios Anteriores: seu valor em uso;
a. Data de corte adotada pelo ente; d. Se o valor recuperável for o valor líquido de venda
b. Período inicial e final em que a comissão realizou o (valor de venda menos despesas diretas e incrementais
estudo para o cálculo do ajuste; necessárias à venda), a base usada para determinar o valor
c. Montante total do impacto diminutivo causado no líquido de venda (por exemplo: se o valor foi determinado
patrimônio do ente de acordo com a respectiva desvalori- por referência a um mercado ativo);
zação estimada; e. Se o valor recuperável for o valor em uso, a (s) taxa (s)
d. Se foi ou não utilizado avaliador independente, e para de desconto usada (s) na estimativa atual e na estimativa
quais itens do ativo; anterior;
e. Base de mercado usada por classe de ativo. f. Para um ativo individual, a natureza do ativo.

NE 3 – Ajuste de Exercícios Anteriores: NE 6 – Reavaliação:


a. Data de corte adotada pelo ente; a. A data efetiva da reavaliação;
b. Período inicial e final em que a comissão realizou o b. Se foi ou não utilizado avaliador independente;
estudo para o cálculo do ajuste; c. Os  métodos e premissas significativos aplicados à
c. Montante total do impacto aumentativo causado no estimativa do valor justo dos itens;
patrimônio do ente de acordo com a respectiva valorização d. Se o valor justo dos itens foi determinado diretamente
estimada; a partir de preços observáveis em mercado ativo ou baseado
d. Se foi ou não utilizado avaliador independente, e para em transações de mercado realizadas sem favorecimento
qual ativo entre as partes ou se foi estimado usando outras técnicas
e. Base de mercado usada por classe de ativo. de avaliação;
e. Para cada classe de ativo imobilizado reavaliado, o va-
NE 4 – Depreciação: lor contábil que teria sido reconhecido se os ativos tivessem
A entidade deverá divulgar, para cada classe de ativo: sido contabilizados de acordo com o método de custo.
a. O  método utilizado, a  vida útil econômica e a taxa
utilizada; RELATÓRIO MENSAL DE BENS (RMB)
b. O valor contábil bruto e a depreciação, a amortização O relatório mensal de bens (RMB) deverá levar em consi-
e a exaustão acumuladas no início e no fim do período; deração, para apurar o valor líquido contábil, as reavaliações,
c. As  mudanças nas estimativas em relação a valores ajustes a valor recuperável, depreciação, amortização e exaus-
residuais, vida útil econômica, método e taxa utilizados. tão. A título de sugestão, é apresentado o seguinte modelo:

PROVISÕES, PASSIVOS CONTINGENTES E De acordo com o MCASP, o  objetivo deste capítulo é


conceituar provisões, passivos contingentes e ativos contin-
ATIVOS CONTINGENTES gentes, e normatizar os procedimentos para reconhecimen-
to, mensuração e evidenciação das provisões, dos passivos
Noções Introdutórias contingentes e dos ativos contingentes.
Os procedimentos nele descritos aplicam‑se a provisões,
Essa parte de Provisões, Passivos Contingentes e Ativos passivos contingentes e ativos contingentes de forma geral,
Contingentes está previsto no capítulo 10 da Parte II do incluindo a contabilização de contratos onerosos e provisões
MCASP, que trata dos Procedimentos Contábeis Patrimoniais. para reestruturação. Excluem‑se, todavia, do escopo do
Contabilidade Pública

A normatização dos procedimentos contábeis relativos capítulo os seguintes itens:


a provisões, passivos contingentes e ativos contingentes foi • Provisões e passivos contingentes oriundos de benefí-
elaborada pela Secretaria do Tesouro Nacional com base cios sociais para os quais a entidade não recebe com-
na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TSP) 03 – Pro- pensação dos beneficiários em valor aproximadamente
visões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, do igual ao dos produtos e serviços fornecidos;
Conselho Federal de Contabilidade, observando também • Contratos a executar14, quando não onerosos;
a International Public Sector Accounting Standards (IPSAS)
14 Considera‑se contrato a executar aquele em que nenhuma das partes cumpriu
19 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes quaisquer de suas obrigações ou as executaram apenas parcialmente. Um
do International Public Sector Accounting Standards Board contrato será considerado oneroso quando os custos inevitáveis de atender
(IPSASB) e a legislação aplicável. suas obrigações excederem os benefícios econômicos ou potencial de serviços
que se espera receber.

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• Contratos de seguro sujeitos a normas contábeis es- valores relacionados ao pagamento de férias e décimo
pecíficas; terceiro salário.
• Benefícios a empregados, exceto benefícios de rescisão Embora em certos momentos seja necessário estimar
contratual resultantes de um processo de reestrutura- o valor ou o prazo dos passivos derivados de apropriações
ção; por competência, a incerteza é geralmente muito menor que
• Instrumentos financeiros, incluindo garantias; nas provisões. Essas obrigações são geralmente divulgadas
• Contratos de execução; como parte das contas a pagar. Por sua vez, as provisões são
• Arrendamento mercantil, com exceção de arrenda- divulgadas separadamente.
mento mercantil que tenha se tornado oneroso. O processo de convergência às normas internacionais de
contabilidade ocasionou mudanças significativas na defini-
Além das exceções elencadas acima, sempre que houver ção de provisões. Com as mudanças adotadas, as provisões
norma para tratar de um tipo específico de provisão, ativo deixaram de se referir a ajustes dos valores contábeis de
contingente ou passivo contingente, deverá prevalecer a ativos e passaram a se referir apenas a passivos de prazo
norma específica. ou valor incertos.
Ressalta‑se que as provisões para repartição de crédito Dessa forma, embora sejam comumente conhecidos
tributário e o reconhecimento da provisão atuarial são tra- como “provisões”, não são provisões nos termos desse capí-
tados em item a parte, tendo em vista suas características tulo os ajustes de perdas estimadas com ativos, por exemplo,
específicas. os ajustes para perdas com investimentos e para créditos
de liquidação duvidosa, inclusive o ajuste para créditos de
Definições trazidas pelo MCASP dívida ativa. No PCASP, tais ajustes são reconhecidos como
contas redutoras do ativo.
Provisão – é um passivo de prazo ou valor incerto.
O termo provisão não deve remeter a elementos do Reconhecimento
ativo, como ajuste para perdas de recebíveis, por exemplo.
Passivo Contingente – é: As provisões devem ser reconhecidas quando estiverem
• uma obrigação possível resultante de eventos passados presentes os três requisitos abaixo:
e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrên- • Exista uma obrigação presente (formalizada ou não)
cia ou não de um ou mais eventos futuros incertos que resultante de eventos passados;
não estão totalmente sob o controle da entidade; ou • Seja provável uma saída de recursos que incorporam
• uma obrigação presente resultante de eventos passa- benefícios econômicos ou potencial de serviços para
dos, mas que não é reconhecida, porque é improvável a extinção da obrigação;
uma saída de recursos que incorporam benefícios • Seja possível fazer uma estimativa confiável do valor
econômicos ou potencial de serviços seja exigida para da obrigação.
a extinção da obrigação ou não é possível fazer uma
estimativa confiável do valor da obrigação. Para que exista uma obrigação presente resultante de
eventos passados é necessário que a entidade não possua
Ativo Contingente – é um ativo possível resultante de alternativa realista, senão liquidar a obrigação criada pelo
eventos passados e cuja existência será confirmada apenas evento. Esta situação existe quando a liquidação puder ser
pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros in- exigida por lei ou, no caso de obrigação não formalizada,
certos que não estão totalmente sob o controle da entidade. quando o evento cria expectativas válidas em terceiros acerca
Vista a noção introdutória e as definições trazidas pelo do cumprimento da obrigação pela entidade.
MCASP, passemos a análise dos tópicos objeto de estudo. Além disso, são reconhecidas como provisões apenas as
obrigações decorrentes de eventos passados que existam
Provisões independentemente das ações futuras da entidade. Assim,
uma decisão da entidade não origina uma obrigação, exceto
Provisões são obrigações presentes, derivadas de eventos se a decisão tenha sido comunicada a terceiros e gere uma
passados, cujos pagamentos que se esperam resultem para a expectativa válida de que a entidade cumprirá com suas
entidade em saídas de recursos capazes de gerar benefícios responsabilidades.
econômicos ou potencial de serviços, e que possuem prazo Por exemplo, uma entidade do setor público deve reco-
ou valor incerto. nhecer uma provisão para pagamento de multas ou custos
O Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) de reparação provenientes de danos ambientais, conforme
elenca alguns tipos de provisões, por exemplo: imposto pela legislação, na medida em que estiver obrigada
• Provisões para riscos trabalhistas; a restaurar os danos já causados. Já a decisão da entidade
• Provisões para riscos fiscais; de instalar filtros para evitar a emissão de gases poluentes
• Provisões para riscos cíveis; não enseja o registro de uma provisão, pelo fato de as en-
• Provisões para repartição de créditos tributários; e tidades poderem evitar o gasto futuro decorrente de suas
• Provisões para riscos decorrentes de contratos de ações futuras.
Contabilidade Pública

Parcerias Público‑Privadas (PPP). Uma saída de recursos é considerada como provável se


a probabilidade de o evento ocorrer for maior que a de não
As provisões se distinguem dos demais passivos porque ocorrer. Quando a probabilidade for baixa, deve‑se evidenciar
envolvem incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso um passivo contingente. Apenas se a possibilidade for remota
futuro necessário para a sua extinção. As provisões não se não será necessária a divulgação do evento.
confundem com os demais passivos, tais como passivos Cabe ressaltar que o uso de estimativas confiáveis é uma
derivados de apropriações por competência, decorrentes parte essencial da elaboração das demonstrações contábeis
de bens ou serviços recebidos, mas que não tenham sido e não prejudica a sua confiabilidade. Isso é especialmente
pagos, faturados ou formalmente acordados com o forne- válido no caso das provisões, que por natureza têm mais
cedor, incluindo os valores devidos aos empregados, como incerteza que a maior parte dos demais ativos e passivos.

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Com exceção de casos extremamente raros, uma entidade plos de taxas usualmente utilizadas para desconto a valor
é capaz de determinar um intervalo de possíveis resultados presente: Selic, IPCA e TJLP.
e, desse modo, pode realizar uma estimativa da obrigação Quando o desconto a valor presente for utilizado, o valor
que seja suficientemente confiável para o reconhecimento contábil da provisão aumenta a cada período para refletir o
da provisão. Nesses casos, em que nenhuma estimativa transcurso do tempo. Esse aumento é reconhecido como
confiável possa ser realizada, o  passivo, embora exista, uma despesa financeira.
não pode ser reconhecido, mas deverá ser divulgado como Reconhecimento da despesa financeira
passivo contingente. Natureza da informação: patrimonial
Atendidos os requisitos, as  provisões devem ser reco- D 3.4.x.x.x.xx.xx Variações Patrimoniais Diminutivas Finan
nhecidas no passivo, em contas patrimoniais específicas -ceiras
do PCASP. C 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P)

Reconhecimento da provisão Exemplo: o governo concedeu um benefício a pequenos


Natureza da informação: patrimonial agricultores na forma de redução de taxa de juros para a
D 3.9.7.x.x.xx.xx VPD de Constituição de Provisões aquisição de equipamentos agrícolas. Estima‑se que, em
C 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P) decorrência do subsídio concedido, o governo deverá pagar
os seguintes valores às instituições financeiras credoras,
Mensuração ao longo dos próximos cinco anos:

O valor reconhecido como provisão deve ser a melhor es- Prazo (ano) Valor estimado da obrigação
timativa do desembolso exigido para se extinguir a obrigação
1 R$ 180.000.000,00
presente na data das demonstrações contábeis.
A melhor estimativa do gasto necessário para a extinção 2 R$ 200.000.000,00
da obrigação presente corresponde ao valor que a entidade 3 R$ 250.000.000,00
racionalmente pagaria para, na data das demonstrações con- 4 R$ 380.000.000,00
tábeis, liquidar a obrigação ou para transferi‑la a um terceiro. 5 R$ 390.000.000,00
As estimativas dos resultados e efeitos financeiros são
determinadas pelo julgamento da administração da entida- Total R$ 1.400.000.000,00
de, complementados pela experiência de casos similares e,
Considerando uma taxa Selic de 13% a.a, o valor a ser
em alguns casos, por relatórios de peritos independentes.
provisionado em X0 será (em R$ milhões):
A evidência considerada inclui qualquer evidência adicional
180/(1,13) + 200/(1,13)² + 250/(1,13)³ + 380/(1,13)4 + 390/
fornecida por eventos subsequentes à divulgação das de-
(1,13)5 = R$ 933,92
monstrações contábeis.
Quando uma única obrigação estiver sendo mensurada,
Natureza da informação: patrimonial
o resultado individual mais provável pode ser a melhor es-
D 3.9.7.x.x.xx.xx VPD de Constituição de Provisões
timativa do passivo.
R$ 933,92
Quando a provisão mensurada envolve uma grande
C 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P) R$ 933,92
população de itens, a obrigação é estimada ponderando‑se
todos os possíveis resultados. Este método estatístico cor-
Ao longo do tempo, o valor da provisão deverá ser ajus-
responde ao “valor esperado”.
tado para refletir o transcurso do tempo. No exemplo acima,
Exemplo: o governo detectou que, devido a um erro no
considerando que nenhum pagamento tenha sido efetuado
sistema de cobrança, um tributo pode ter sido cobrado inde-
ainda, o valor provisionado ao final de X1 será o seguinte
vidamente de determinados contribuintes, sendo necessário
(em R$ milhões):
fazer a restituição. Caso se identifique que a totalidade dos
180 + 200/(1,13) + 250/(1,13)² + 380/(1,13)3 + 390/(1,13)4
valores cobrados deverá ser restituída, o desembolso espera-
= R$ 1.055,33
do será R$ 5 milhões. Caso se identifique que o erro resultou
1.055,33 – 933,92 = 121,41
apenas numa cobrança a maior do tributo, o desembolso
Reconhecimento da despesa financeira
esperado será R$ 2 milhões. Caso se identifique que o erro
do sistema não afetou a cobrança do tributo, não haverá
Natureza da informação: patrimonial
valor a restituir. Estima‑se que 10% dos contribuintes foram
D 3.4.x.x.x.xx.xx Variações Patrimoniais Diminutivas Finan-
indevidamente tributados, 30% tenham sido tributados a
ceiras R$ 121,41
maior e que 60% não foram afetados. Nessa situação, o valor
C 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P) R$ 121,41
esperado para a provisão com as restituições é:
(10% de R$ 5mi) + (30% de 2mi) + (60% de R$ 0) = R$
Mudanças nas Provisões
1.100.000
As provisões devem ser reavaliadas na data de apresen-
Ajuste a Valor Presente
tação das demonstrações contábeis e ajustadas para refletir
Contabilidade Pública

a melhor estimativa corrente.


Quando o efeito do tempo no dinheiro for material,
Quando não houver mais incertezas quanto ao valor e
o  valor da provisão deve corresponder ao valor presente
ao prazo de determinado passivo este deixará de ser uma
dos desembolsos que se espera que sejam exigidos para
provisão, devendo ser reconhecida a obrigação a pagar cor-
liquidar a obrigação.
respondente. O valor da obrigação a pagar poderá ser exata-
Assim, o  valor da provisão deverá ser descontado
mente igual ao valor provisionado, situação na qual haverá
utilizando‑se uma taxa que reflita as atuais avaliações de
o registro de um fato meramente permutativo. Entretanto,
mercado quanto ao valor do dinheiro no tempo e aos riscos
o valor da obrigação a pagar poderá ser inferior ou superior
específicos para o passivo. A taxa a ser utilizada pode variar
ao valor da provisão. Nesses casos, deverá ser registrada uma
a depender do tipo de provisão a ser registrada. São exem-

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variação patrimonial diminutiva com a complementação ou • uma indicação das incertezas sobre o valor ou a perio-
uma variação patrimonial aumentativa com a reversão da dicidade destas saídas. Quando for necessário fornecer
provisão, respectivamente. informação adequada, a  entidade deve evidenciar as
principais premissas feitas a respeito dos eventos futuros;
Lançamentos • o montante de algum reembolso previsto, declarando
o valor de qualquer ativo reconhecido para tal reem-
a. Quando o valor da obrigação for igual ao valor pro‑ bolso.
visionado:
Quando uma provisão e um passivo contingente surgirem
Baixa da provisão e registro do passivo correspondente de um mesmo conjunto de circunstâncias, a entidade deve
Natureza da informação: patrimonial divulgar a relação entre a provisão e os passivos contingentes.
D 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P)
C 2. Passivos Contingentes

b. Quando o valor da obrigação for maior que o valor Os passivos contingentes não devem ser reconhecidos
provisionado: em contas patrimoniais. No entanto, deverão ser registra-
dos em contas de controle do PCASP e divulgados em notas
Baixa da provisão e registro do passivo correspondente explicativas. A divulgação só é dispensada nos casos em que
a saída de recursos for considerada remota.
Natureza da informação: patrimonial Os passivos contingentes devem ser periodicamente
D 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P) avaliados para determinar se uma saída de recursos que
D 3.x.x.x.x.xx.xx VPD incorporam benefícios econômicos ou potencial de serviços
C 2.x.x.x.x.xx.xx Obrigações a Pagar (P) se tornou provável. Caso a saída se torne provável, uma pro-
visão deverá ser reconhecida nas demonstrações contábeis
c. Quando o valor da obrigação for menor que o valor do período em que ocorreu a mudança na probabilidade. Por
provisionado: exemplo, uma entidade do governo pode ter desobedecido
a uma lei ambiental, mas não está claro se algum dano foi
Registro do passivo e reversão da provisão causado ao meio ambiente. Quando, subsequentemente,
tornar‑se claro que o dano foi causado e que a reparação
Natureza da informação: patrimonial será exigida, a entidade deverá constituir uma provisão.
D 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P)
C 2.x.x.x.x.xx.xx Obrigações a Pagar (P) Registro de passivos contingentes
C 4.9.7.1.x.xx.xx Reversão de Provisões
Natureza de informação: típica de controle
D 7.1.2.x.x.xx.xx Atos Potenciais Passivos
Uma provisão somente poderá ser usada para os desem-
C 8.1.2.x.x.xx.xx Execução de Atos Potenciais Passivos
bolsos para os quais foi originalmente reconhecida. Ajustar
gastos contra uma provisão originalmente reconhecida para
Para cada tipo/classe de passivo contingente, a entidade
outros propósitos ocultaria o impacto de eventos diferentes.
deve evidenciar, em notas explicativas, uma breve descrição
Se já não for mais provável que será necessária uma
da natureza do passivo contingente e, quando aplicável:
saída de recursos que incorporam benefícios econômicos
• a estimativa de seu efeito financeiro;
futuros para o pagamento da obrigação, a  provisão deve
• a indicação das incertezas em relação à quantia ou
ser revertida. periodicidade da saída; e
• a possibilidade de algum reembolso.
Reversão da provisão
Ativos Contingentes
Natureza da informação: patrimonial
D 2.x.7.x.x.xx.xx Provisões (P) Ativos contingentes usualmente decorrem de even-
C 4.9.7.1.x.xx.xx Reversão de Provisões tos não planejados ou não esperados que não estejam
totalmente sob o controle da entidade e que acarretem a
Evidenciação possibilidade de um ingresso de recursos sob a forma de
benefícios econômicos ou potencial de serviços. Assim,
Para cada tipo\classe de provisão, a  entidade deve há incerteza quanto ao ingresso de recursos. É o caso, por
evidenciar: exemplo, de uma reivindicação por meio de processo judicial
• o valor contábil no início e no final do período; cujo resultado é incerto.
• provisões complementares feitas no período, incluindo Os ativos contingentes não devem ser reconhecidos em
aumentos nas provisões existentes; contas patrimoniais, uma vez que podem resultar no reco-
• montantes utilizados (isto é, incorridos e imputados nhecimento de receitas que nunca virão a ser realizadas. No
Contabilidade Pública

contra a provisão) durante o período; entanto, quando uma entrada de recursos for considerada
• as quantias não utilizadas revertidas durante o período; provável, eles deverão ser registrados em contas de controle
• o aumento no período do valor descontado decorrente do PCASP e divulgados em notas explicativas.
do transcurso do tempo e os efeitos de qualquer alte-
ração na taxa de desconto. Lançamentos

Adicionalmente, recomenda‑se que seja evidenciado (a): Registro de ativos contingentes


• uma breve descrição da natureza da obrigação e a
periodicidade prevista de qualquer saída resultante D 7.1.1.x.x.xx.xx Atos Potenciais Ativos
de benefícios econômicos ou potencial de serviços; C 8.1.1.x.x.xx.xx Execução de Atos Potenciais Ativos

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Os ativos contingentes deverão ser reavaliados conti- nalidades aplicadas em caso de infrações legais. De acordo
nuamente para assegurar que os reflexos de sua evolução com os art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN), tributo
sejam adequadamente apresentados nas demonstrações é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
contábeis. Se ocorrer algum evento que torne praticamen- valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de
te certo que uma entrada de benefícios econômicos ou ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
potencial de serviços surgirá, e desde que o valor do ativo administrativa plenamente vinculada.
possa ser mensurado corretamente, o ativo e a variação pa-
trimonial aumentativa relacionada deverão ser reconhecidas Transferências
nas demonstrações contábeis do período em que ocorrer a
mudança na probabilidade. São ingressos de benefícios econômicos ou potencial
Para cada classe de ativo contingente, a entidade deve de serviços futuros provenientes de transações sem con-
evidenciar, em notas explicativas, uma descrição da natureza traprestação diferentes de tributos, tais como repartições
do ativo contingente e, quando aplicável, a  estimativa de tributárias, transferências voluntárias, doações e multas.
seu efeito financeiro, mensurada em conformidade com os
critérios utilizados para a mensuração das provisões. Multas (penalidades pecuniárias)
São benefícios econômicos ou potencial de serviços
TRATAMENTO CONTÁBIL APLICÁVEL AOS recebidos ou a receber pelas entidades do setor público,
IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES conforme determinação judicial ou administrativa, como
consequência de infração da legislação.
Nas edições anteriores do MCASP havia, na Parte II, um
capítulo denominado “Tratamento Contábil aplicável aos im- Especificações sobre ativos transferidos
postos e contribuições”. Na sétima edição, aplicável ao exer- São termos legais ou regulamentares, ou contratuais, que
cício de 2017 este capítulo recebeu o nome de “Receita de se aplicam ao uso de um ativo transferido por entidades ex-
Transação Sem Contraprestação” e que trataremos a seguir. ternas à entidade que elabora as demonstrações contábeis.
A normatização dos procedimentos contábeis aplicáveis
à receita de transação sem contraprestação foi elaborada Condições sobre ativos transferidos
com base na Norma Brasileira de Contabilidade (NBC TSP) São especificações que determinam que os benefícios
01 – Receita de Transação sem Contraprestação, do Conse- econômicos futuros ou o potencial de serviços incorporados
lho Federal de Contabilidade (CFC), observando também a no ativo devam ser consumidos pelo recebedor conforme es-
International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) pecificado. Caso contrário, os benefícios econômicos futuros
23 – Revenue from Non‑Exchange Transactions (Taxes and ou o potencial de serviços incorporados no ativo devem ser
Transfers) of International Public Sector Accounting Standar- devolvidos ao transferente.
ds Board (IPSASB) e legislação brasileira aplicável.
O objetivo da Secretaria do Tesouro Nacional com a Restrições sobre ativos transferidos
elaboração deste capítulo foi normatizar o tratamento, para São especificações que limitam ou direcionam os objeti-
fins de demonstrações contábeis, conferido à variação patri- vos pelos quais um ativo transferido pode ser utilizado, mas
monial aumentativa (VPA) de transação sem contraprestação, que não determinam que benefícios econômicos ou poten-
particularmente relativo a tributos, transferências e multas. cial de serviços futuros devem ser devolvidos ao transferente
Vale destacar que estas regras devem deve ser obser- caso não utilizados conforme especificado.
vadas pelos órgãos e entidades abrangidos pelas normas
de contabilidade aplicada ao setor público e que elaboram Transações Sem Contraprestação
demonstrações contábeis, em matéria relativa a reconheci- Ao contrário do que ocorre no setor privado, a  maior
mento e mensuração da receita de transações sem contra-
parte das variações patrimoniais aumentativas (VPA) das
prestação, exceto quanto à combinação de entidades.
entidades do setor público decorrem de transações sem
contraprestação, principalmente as relativas a tributos,
Definições transferências e multas.
Os tributos são exemplos de transação sem contrapres-
Para entender as disposições relativas ao tratamento tação uma vez que:
contábil dado às receitas sem contraprestação, o MCASP
• são instituídos mediante lei (não cabe o estabeleci-
trouxe várias definições que disponibilizamos abaixo.
mento de tributos por meio de contratos ou outros
meios legais de acordo);
Transação sem contraprestação
• compulsoriedade de pagamento (ninguém pode se
Em geral, é aquela em que a entidade recebe ativos ou esquivar de pagar tributos, salvo nas permissões ins-
serviços ou tem passivos extintos e em contrapartida entre- tituídas mediante lei).
ga valor irrisório ou nenhum valor em troca. Considera‑se,
ainda, como transação sem contraprestação, a situação em Esclareça‑se que, embora o ente público forneça uma
Contabilidade Pública

que a entidade fornece diretamente alguma compensação variedade de serviços públicos aos contribuintes, ele não o
em troca de recursos recebidos, mas tal compensação não faz em retribuição ao pagamento dos tributos.
se aproxima do valor justo dos recursos recebidos. Por outro lado, não se deve confundir a desobrigação
de retribuição por tributos, multas ou transferências, em
Tributo termos de entrega de serviços ou benefícios diretamente
proporcionais a tais recursos recebidos pelo governo, com a
São benefícios econômicos ou potencial de serviços obrigação que o governo e responsáveis pela Administração
compulsoriamente pagos ou a pagar às entidades do setor Pública possuem de aplicação dos recursos públicos de acor-
público, de acordo com a lei, estabelecidos para gerar receita do com as possibilidades previstas em lei, bem como a devida
para o governo. Tributos não incluem multas ou outras pe- prestação de contas e responsabilização (accountability).

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Reconhecimento Passivos Oriundos de Transações sem Contraprestação
Uma transação sem contraprestação com entrada de Ativos recebidos na configuração de geradores de receita
recursos para o governo, via de regra, gera VPA para o ente sem contraprestação podem ser transferidos com base em
ou órgão recebedor. Em contrapartida, a entrada de recursos certas condições, isto é, podem não ser resultantes de uma
provoca a contabilização de um ativo. Contudo, a transação transação comercial, mas advêm para o ente com certo con-
pode gerar custos, o que implica na necessidade de contabi- dicionamento em seu uso ou destinação de seus benefícios.
lização de uma variação patrimonial diminutiva (VPD), como Nos casos em que houver especificações sobre ativos trans-
a exemplo a remuneração da rede bancária pela prestação feridos, deve‑se analisar se há necessidade de contabilização
de um passivo em conjunto com o ativo recebido pelo ente.
de serviço de recebimento dos pagamentos de tributos pelos
Quando se tratar apenas de restrições sobre ativos trans-
contribuintes. Nesses casos, deve‑se fazer a contabilização feridos, ou apenas restrições, em que pese a possibilidade
dos custos necessários ao recebimento ou funcionamento do ente recebedor ser responsabilizado ou demandado
do item do ativo por meio da VPD correspondente. administrativamente ou judicialmente a posteriori, não há
Ressalta‑se que há casos em que são observadas condi- necessidade de contabilização inicial de passivo. Nesses
ções sobre ativos transferidos, o que pode gerar obrigações casos, há apenas especificações que limitam ou direcionam
para o ente recebedor. Dessa forma, pode‑se observar a ne- os objetivos pelos quais um ativo transferido pode ser utili-
cessidade de registro de um passivo. Nesses casos, à medida zado, mas que não determinam que benefícios econômicos
que as condições forem sendo realizadas, deve‑se proceder ou potencial de serviços futuros devam ser devolvidos ao
à baixa do passivo com a correspondente realização da VPA. transferente caso não utilizados conforme especificado.
Todavia, ao se tratar de ativos transferidos que incluem
VPA e Custos Envolvidos em Transações sem Contra‑ uma exigência de que o ativo transferido, ou outros bene-
prestação fícios econômicos futuros ou potencial de serviços, sejam
A VPA de um ente público deve compreender o total de devolvidos ao transferente se não utilizados no modo espe-
ingressos brutos de benefícios econômicos ou de potencial cificado, estaremos diante do que se chama de condições
de serviços recebido ou a receber. Assim, a VPA configurada sobre ativos transferidos, ou apenas condições. Nesse caso,
observa‑se a obrigação de consumo ou utilização dos ativos
na receita sem contraprestação representa um aumento na
recebidos de forma determinada e, ainda, em caso de não
situação patrimonial líquida do ente. observância desses pré‑requisitos, tem‑se a necessidade
Quando o ente público não arrecada diretamente os de devolução dos ativos recebidos ou de outros benefícios
seus recursos, ou seja, a arrecadação se faz por intermédio econômicos ou potencial de serviços equivalentes.
de agentes arrecadadores (agente de governo ou terceiros), Na situação acima descrita, deduz‑se que o ente é inca-
os montantes arrecadados não devem ser registrados como paz de evitar uma saída de recursos ao receber o controle
aumento da situação patrimonial líquida ou da receita de tais de ativos sob condição. Nessas circunstâncias, a obtenção
agentes arrecadadores, pois estes não podem controlar o uso do controle sobre ativos gera uma obrigação presente de
dos recursos ou se beneficiar dos ativos arrecadados para transferência de recursos ou potencial de serviços a terceiros,
realizar seus objetivos próprios – a receita é do ente público. por isso deve ser constituído um passivo equivalente pelo
Quando necessário que haja gasto relativo à consecu- ente recebedor.
ção do recebimento de recursos sem contraprestação, tais Observe‑se que, muitas vezes, a  receita de transação
gastos devem ser contabilizados como custos relacionados sem contraprestação não se mostra de forma clara desde
à respectiva receita. o princípio. Por isso, deve‑se procurar determinar se uma
Assim, a receita deve ser registrada pelo ingresso bruto especificação é uma condição ou uma restrição, sendo
de benefícios econômicos ou de potencial de serviços futuros necessário que se considere a essência dos termos da
especificação e não meramente sua forma. A mera especi-
e, quando houver, os  custos necessários para seu recebi-
ficação, por exemplo, de que um ativo transferido deva ser
mento devem ser reconhecidos como custos da transação consumido no provimento de produtos e serviços a terceiros
ou variação patrimonial diminutiva (VPD). ou devolvido ao transferente não é, em si só, suficiente para
originar um passivo quando a entidade obtém o controle do
Ativos Oriundos de Transações sem Contraprestação ativo. Quando decide se uma especificação é uma condição
A entidade deve reconhecer o ativo oriundo de uma ou restrição, a entidade deve considerar se a exigência de
transação sem contraprestação quando obtiver o controle devolução do ativo ou dos outros benefícios econômicos
de recursos que se enquadrem na definição de um ativo e futuros ou do potencial de serviços é: (a) exequível; e (b) se
satisfaçam os critérios de reconhecimento a seguir: seria executada pelo transferente.
• seja provável que benefícios econômicos futuros e Isso ocorre, pois, se não for exequível, não há como se
potencial de serviços associados com o ativo fluam ter uma obrigação de fato. Esses procedimentos são neces-
para a entidade; e sários, pois, mesmo que exequível, caso o terceiro trans-
• o valor justo do ativo possa ser mensurado em con- feridor demonstre um histórico de não executar situações
formidade com as características qualitativas e com semelhantes ou se há intenção declarada de não executar a
observância das restrições da informação contábil. condição em comento, não há que se falar em obrigação a
Contabilidade Pública

registrar como passivo.


Observadas as situações acima expostas, a  obrigação
O ativo obtido por meio de uma transação sem contra-
presente derivada de transação sem contraprestação que
prestação deverá ser inicialmente mensurado pelo seu valor se enquadre na definição de passivo deve ser reconhecida
justo na data de aquisição. somente quando:
Caso o ente receba numa transação sem contraprestação • for provável que a saída de recursos que incorpora
um item que possua características essenciais de ativo, mas benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços
que não satisfaçam os critérios para o reconhecimento, essa seja exigida para liquidar a obrigação; e
situação pode justificar sua evidenciação em notas explica- • estimativa confiável do montante das obrigações puder
tivas como ativo contingente. ser realizada.

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Tributos A entidade deve constituir ajuste para perdas de créditos
relativos a tributos. A  metodologia utilizada para cálculo
A entidade deve reconhecer um ativo em relação a do ajuste para perdas deve ser aquela que melhor reflita
tributos quando seu respectivo fato gerador 15ocorrer e os a real situação do ativo e deve ser evidenciada em notas
critérios de reconhecimento forem satisfeitos. explicativas.
Fato gerador da obrigação principal, ou evento tributável,
é a situação definida em lei como necessária e suficiente à Lançamento Exemplificativo
ocorrência do tributo, de acordo com o art. 114 do CTN.
A obrigação tributária principal do contribuinte surge Ajuste para Perdas de Crédito Tributário
com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o paga-
mento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue‑se Natureza da informação: patrimonial
juntamente com o crédito dela decorrente, de acordo com D 3.6.1.7.x.xx.xx VPD com Ajuste para Perdas de Créditos
o § 1º do art. 113 do CTN. C 1.1.2.9.x.xx.xx (-) Ajuste para Perdas de Créditos a Curto
O crédito tributário do ente público decorre da obrigação Prazo (P)
tributária principal e é constituído por meio do procedimento
previsto no art. 142 do CTN – o lançamento: Reversão do Ajuste para Perdas de Crédito Tributário –
quando verificado o recebimento ou alteração nas bases
Art.  142. Compete privativamente à autoridade de mensuração (esta última com a devida evidenciação em
administrativa constituir o crédito tributário pelo notas explicativas)
lançamento, assim entendido o procedimento ad-
ministrativo tendente a verificar a ocorrência do fato Natureza da informação: patrimonial
gerador da obrigação correspondente, determinar a D 1.1.2.9.x.xx.xx (-) Ajuste para Perdas de Créditos a Curto
matéria tributável, calcular o montante do tributo Prazo (P)
devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, C 4.9.7.2.x.xx.xx VPA com Reversão de Ajuste para Perdas
propor a aplicação da penalidade cabível. de Créditos

Recebimentos Antecipados
Segundo a Lei nº 4.320/1964:
Os recebedores de ativos transferidos devem considerar
Art. 53. O lançamento da receita, o ato da repartição
se essas transferências são, em essência, recebimento ante-
competente, que verifica a procedência do crédito
cipado. Este Manual considera que recebimento antecipado
fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o
se refere a recursos recebidos previamente aos eventos tri-
débito desta. butáveis ou ao acordo de transferência se tornar obrigatório.
Os recebimentos antecipados relativos a tributos e trans-
Para fins de registro contábil, os  tributos devem ser ferências por meio de acordos que ainda não se tornaram
analisados individualmente, de acordo com a modalidade obrigatórios não são fundamentalmente diferentes de outros
de lançamento tributário aplicável, previstas nos arts. 147 recebimentos antecipados.
a 150 do CTN, quais sejam, de ofício, por declaração ou por Os recebimentos antecipados originam um ativo e
homologação. uma obrigação presente, obedecidas as demais condições
Para o reconhecimento tempestivo e confiável dos crédi- relativas a tais elementos patrimoniais, por isso, a VPA não
tos, é necessária a integração do setor de arrecadação com pode ser reconhecida nesse momento. Após a ocorrência
o setor de contabilidade, de modo a se conhecer o fluxo das do evento que torne o acordo obrigatório, e cumpridas as
informações para detecção dos momentos que ensejam o condições restantes do acordo, o passivo deve ser baixado
registro contábil. e a receita deve ser reconhecida.
De acordo com a NBC TSP 01, os ativos em geral devem Os recursos de tributos recebidos antes da ocorrência do
ser mensurados pelo seu valor justo na data de aquisição. fato gerador são reconhecidos como um ativo, pela entrada
Contudo, os ativos oriundos de transações tributárias, en- no caixa, e um passivo – recebimentos antecipados – porque
quanto não efetivamente arrecadados, devem ser mensu- o evento que origina o direito da entidade aos tributos não
rados pela melhor estimativa de entrada de recursos para ocorreu e o critério para o reconhecimento da VPA não foi
a entidade, que deve desenvolver políticas contábeis, em satisfeito, apesar de a entidade já ter recebido uma entrada
conformidade com as exigências da norma em comento, de recursos.
as quais devem levar em consideração tanto a probabilidade Desse modo, um passivo deve ser reconhecido até que o
de que os recursos oriundos de transações tributárias fluam evento tributável ocorra. Quando o evento tributável ocorrer,
para o governo quanto o valor justo dos ativos resultantes. o passivo deve ser baixado e a VPA deve ser reconhecida.
Observe, a seguir, exemplo de lançamento para recebimento
Lançamento Exemplificativo antecipado de tributos:

Reconhecimento do Crédito a Receber de Tributos Lançamentos Exemplificativos


Contabilidade Pública

Natureza da informação: patrimonial Recebimento Antecipado de Tributos no Curto Prazo


D 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P)
C 4.1.1.x.x.xx.xx VPA – Tributos Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.1.0.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
15 O registro da receita tributária por competência é esclarecido na IPC 02  –
Nacional (F)
Reconhecimento dos Créditos Tributários pelo Regime de Competência, C 2.1.8.8.1.xx.xx Demais Obrigações a Curto Prazo – Valores
disponível em: Restituíveis (F)
https://www.tesouro.fazenda.gov.br/images/arquivos/Responsabilidade_Fis-
cal/Contabilidade_Publica/arquivos/IPC02_ReconhecimentoCreditosTributa-
ou
riosRegimeCompetencia.pdf. C 2.1.8.9.1.xx.xx Outras Obrigações a Curto Prazo (F)

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Recebimento Antecipado de Tributos no Longo Prazo No ente recebedor, o valor do direito a ser reconhecido
deve corresponder à melhor estimativa, a  qual pode ser
Natureza da informação: patrimonial obtida mediante informação direta do ente transferidor,
D 1.1.1.0.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda estimativa histórica ou qualquer outro método que se mos-
Nacional (F) tre mais confiável, a depender da natureza do crédito em
C 2.2.8.8.1.xx.xx Demais Obrigações a Longo Prazo – Valores questão. Até o recebimento efetivo da transferência, quando
Restituíveis (P) deve observar o valor justo para o devido registro contábil.
ou
C 2.2.9.1.1.xx.xx VPA Diferida (P) Lançamentos Exemplificativos

Receita Orçamentária Decorrente da Arrecadação do a. No momento do lançamento, no ente arrecadador


Tributo Antecipadamente / transferidor:
Após a ocorrência do lançamento do tributo, o  ente
Natureza da informação: orçamentária arrecadador/transferidor deverá registrar um ativo – crédi-
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar tos a receber em contrapartida de uma VPA pelo valor da
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada arrecadação bruta.

Reconhecimento do Crédito Tributário


Controle da Disponibilidade por Destinação de Recursos
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: controle D 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P) 1.000
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recursos C 4.1.x.x.x.xx.xx VPA – Impostos, Taxas e Contribuições de
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur Melhoria 1.000
-sos (DDR) ou
C 4.2.x.x.x.xx.xx VPA – Contribuições 1.000
Transferências
No momento do reconhecimento do crédito tributário,
Para fins do MCASP, as transferências incluem, de forma pode haver incerteza sobre o montante a ser transferido,
não exaustiva: devido ao fato de que esse tributo pode não ser arrecadado,
• subsídios; justificando‑se o registro da provisão perdas.
• perdão de dívidas; O ente arrecadador/transferidor deverá registrar um
• multas; passivo – provisão para repartição tributária de créditos em
• heranças; contrapartida de uma VPD pela parcela do recurso a transferir
• presentes; e ao ente recebedor.
• doações. O cálculo da provisão para repartição tributária será
efetuado com base nos créditos de tributos ainda não ar-
Todos esses itens, e outros que venham a ser identifica- recadados sujeitos à repartição, deduzidos do respectivo
dos com a mesma natureza, apresentam o atributo comum ajuste para perdas. É importante ressaltar que o registro da
de transferência de recursos de uma entidade a outra sem provisão para repartição tributária somente pode ocorrer
fornecer valor aproximadamente igual em troca e de não quando for possível a realização de uma estimativa confiável
serem tributos conforme definido em lei. do valor da obrigação.
De acordo com a NBC TSP 01, os ativos em geral devem
ser mensurados pelo seu valor justo na data de aquisição. Constituição de Provisão para Repartição Tributária
Todavia, devido a possibilidades de tratamentos diversos
em relação a itens variados de transferências, a  entidade Natureza da informação: patrimonial
deve desenvolver políticas contábeis, em conformidade D 3.5.2.1.x.xx.xx Distribuição Constitucional ou Legal de
com as exigências da norma em comento como as demais Receitas (P) 250
NBC TSP vigentes. C 2.1.7.5.x.xx.xx Provisão para Repartição de Créditos
(P) 250
Repartição Tributária
b. No momento da arrecadação, no ente arrecadador
/ transferidor:
Apesar de cada ente possuir uma competência tributária
Somente na arrecadação do tributo ocorrerá a baixa do
específica, o produto da arrecadação não necessariamente ativo – créditos a receber, em contrapartida do montante de
pertencerá a ele em sua totalidade. Nesse sentido, a Cons- recurso que ingressou no caixa.
tituição Federal de 1988 define, na Seção VI, a repartição da
receita tributária. Ou seja, tendo em vista a melhor distribui- Arrecadação do Tributo
ção da receita pública entre os entes para consecução de suas
Contabilidade Pública

obrigações legais, a Constituição estabeleceu que o produto Natureza da informação: patrimonial


da arrecadação tributária fosse redistribuído por meio da D 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
repartição tributária, segundo as regras e parâmetros por Nacional (F) 1.000
ela estabelecidos. Como a Constituição não foi exaustiva C 1.1.2.1.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P) 1.000
nesse tema, leis especiais podem vir a tratar também sobre
repartição tributária. Assim, no Brasil temos as figuras de Reconhecimento da Receita Orçamentária
repartições tributárias constitucionais e legais.
O ente arrecadador deve realizar o registro da receita Natureza da informação: orçamentária
pelos valores brutos e o respectivo valor a transferir no D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar 1.000
passivo por meio de provisão. C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada 1.000

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Controle da Disponibilidade por Destinação de Recursos Liquidação:
Natureza da informação: controle
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recur- Natureza da informação: orçamentária
sos 1.000 D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar 250
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur- C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar 250
sos (DDR) 1.000
Natureza da informação: controle
Ainda nesse momento, é  baixada a provisão em con- D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho 250
trapartida do passivo registrado em conta de tributos a C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liq. e Entradas
transferir. Comp. 250

Baixa de Provisão e Reconhecimento da Obrigação de Pagamento:


Repartição Tributária
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: patrimonial D 2.1.5.x.x.xx.xx Obrigações de Repartição a Outros Entes
D 2.1.7.5.x.xx.xx Provisão para Repartição de Créditos (F) 250
(P) 250 C 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
C 2.1.5.x.x.xx.xx Obrigação de Repartição a Outros Entes Nacional (F) 250
(P) 250
Natureza da informação: orçamentária
c. Registro no ente recebedor, no momento da arreca‑ D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar 250
dação pelo transferidor: C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago 250
Somente após a arrecadação do tributo pelo ente trans-
feridor, e uma vez atendidos os requisitos para reconheci- Natureza da informação: controle
mento de um ativo, o ente recebedor deverá reconhecer o D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liq. e Entradas
crédito a receber em contrapartida de variação patrimonial Comp. 250
aumentativa. C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada 250
Destaca‑se que, caso o ente recebedor não possua
informação que suporte o registro contábil, o  registro do • Lançamentos exemplificativos para transferência por
ativo deverá ser realizado apenas quando da transferência meio de dedução da receita:
propriamente dita.
Natureza da informação: orçamentária
Reconhecimento do Direito a Receber D 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada 250
C 6.2.1.3.x.xx.xx (-) Deduções da Receita Orçamentária 250
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.2.3.x.xx.xx Créditos de Transferências a Receber Natureza da informação: patrimonial
(P) 250 D 2.1.5.x.x.xx.xx Obrigações de Repartição a Outros Entes
C 4.5.2.x.x.xx.xx Transferências Intergovernamentais 250 (F) 250
C 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
d. No momento da transferência, no ente arrecadador Nacional (F) 250
/ transferidor:
Ressalte‑se que, estritamente do ponto de vista orça- Natureza da informação: controle
mentário, a transferência poderá ser realizada por meio de D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur-
despesa ou dedução de receita. Do ponto de vista patrimo- sos (DDR) 250
nial, o fenômeno deve ser registrado com baixa do passivo C 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recur-
e equivalente em caixa. sos 250

• Lançamentos exemplificativos para a transferência por e. No momento da transferência, no ente recebedor:


meio de despesa:
Quando do ingresso do recurso no ente recebedor, deve
Empenho: ser efetuada a baixa do ativo – créditos a receber em contra-
partida do ingresso no banco, neste momento impactando
Natureza da informação: patrimonial o superávit financeiro.
D 2.1.5.x.x.xx.xx Obrigações de Repartição a Outros Entes Simultaneamente, deve‑se registrar a receita orça-
(P) 250 mentária realizada nas contas de controle da execução do
C 2.1.5.x.x.xx.xx Obrigações de Repartição a Outros Entes orçamento.
Contabilidade Pública

(F) 250 Esse procedimento, de registro da receita orçamentária


apenas quando da efetiva entrada de recursos, evita a forma-
Natureza da informação: orçamentária ção de um superávit financeiro superior ao lastro financeiro
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível 250 existente no ente recebedor.
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar 250
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: controle D 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur- Nacional (F) 250
sos (DDR) 250 C 1.1.2.3.x.xx.xx Créditos de Transferências a Receber
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho 250 (P) 250

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Natureza da informação: orçamentária Multas
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar 250
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada 250 Multas são benefícios econômicos ou potencial de servi-
ço recebidos ou a receber em consequência da violação de
Natureza da informação: controle exigências legais, regulamentares ou contratuais. Em que
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de Recur- pese se tratar de uma transferência, conforme o conceito
sos 250 adotado por este Manual, recebe tratamento especial devido
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur- a seu caráter de natureza punitiva e coercitiva.
sos (DDR) 250 As multas satisfazem a definição de transação sem con-
traprestação porque não impõem ao governo, em troca,
Transferências Voluntárias quaisquer obrigações que possam ser reconhecidas como
passivo. Normalmente, são cobradas em montante fixo pelo
Conforme o art. 25 da Lei Complementar nº 101/2000 – descumprimento de obrigações legais ou regulamentares,
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), entende‑se por trans- porém, podem ser arbitradas em certos casos, de acordo com
ferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de a relevância da infração ou reiteração da conduta indesejada,
capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, conforme legislação aplicada.
auxílio ou assistência financeira, que não decorra de deter- As multas devem ser reconhecidas no ente público como
minação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema VPA quando se encaixarem na definição de um ativo e sa-
Único de Saúde (SUS). tisfizerem os critérios para o reconhecimento de um ativo.
Para o reconhecimento contábil, o ente recebedor deve
registrar a receita orçamentária apenas no momento da Evidenciação
efetiva transferência financeira, pois, sendo uma transfe-
rência voluntária, não há garantias reais da transferência. A evidenciação, conforme preconizada pelo MCASP, au-
Por esse motivo, a regra para transferências voluntárias é o xilia a entidade a cumprir os objetivos das demonstrações
beneficiário não registrar o ativo relativo a essa transferência. contábeis, que é fornecimento de informações úteis sobre
Apenas nos casos em que houver cláusula contratual a entidade ou órgão público que elabora demonstrações
garantindo a transferência de recursos após o cumprimento contábeis, voltadas para os usuários dessas demonstrações
de determinadas etapas do contrato, o  ente beneficiário, para fins de prestação de contas e responsabilização (ac-
no momento em que já tiver direito à parcela dos recursos countability).
e enquanto não ocorrer o efetivo recebimento a que tem A evidenciação das principais classes de receita auxilia
direito, deverá registrar um direito a receber no ativo. os usuários a realizar julgamentos mais informados sobre a
exposição da entidade a fluxos específicos de receita.
Doações As condições e as restrições sobre os ativos impõem
limites sobre seu uso, o que impacta as operações da enti-
dade. A evidenciação do montante de passivos reconhecidos
Doações são transferências voluntárias de ativos incluin-
relativos às condições e às restrições auxiliam os usuários
do dinheiro ou outros ativos monetários e bens em espécie
nas avaliações sobre a capacidade de a entidade usar seus
para outra entidade.
ativos de forma discricionária.
Para doações em dinheiro ou outros ativos monetários
As entidades devem evidenciara existência de recebimen-
e bens em espécie, o evento passado que origina o controle
tos antecipados relativos às transações sem contraprestação.
de recursos que incorporam benefícios econômicos futuros
Esses passivos carregam o risco de que a entidade tenha que
ou potencial de serviço é normalmente o recebimento da
realizar um sacrifício dos benefícios econômicos futuros ou
doação. do potencial de serviços se o evento tributável não ocorrer
As doações são reconhecidas como ativos e variações ou se o acordo de transferência não se tornar obrigatório.
patrimoniais aumentativas quando for provável que os be- A evidenciação desses recebimentos antecipados ajuda os
nefícios econômicos futuros ou potencial de serviços fluam usuários a realizarem julgamentos sobre a receita futura e
para a entidade e que o valor justo dos ativos possa ser a posição do ativo líquido da entidade.
mensurado de maneira confiável. As entidades devem realizar evidenciações sobre a natu-
As doações recebidas em dinheiro, além de serem re- reza e o tipo das principais classes de presentes, doações e
conhecidas como variações patrimoniais aumentativas, por heranças que ela tenha recebido. Essas entradas de recursos
força do art. 57 da Lei nº 4.320/1964, também, deverão ser são recebidas pela discricionariedade do transferidor, que
reconhecidas como receitas orçamentárias. expõe a entidade ao risco de que em períodos futuros, tais
Os bens em espécie são reconhecidos como ativos quan- fontes de recursos, possam mudar significativamente. Tais
do são recebidos ou quando existe um acordo obrigatório evidenciações ajudam os usuários a fazerem julgamentos
para se receberem tais bens. Se os bens em espécie são sobre a receita futura e a posição da situação patrimonial
recebidos sem condições atreladas, a variação patrimonial líquida da entidade.
aumentativa é reconhecida imediatamente. Se condições Dessa forma, a entidade deve evidenciar em notas expli-
estão atreladas, um passivo é reconhecido, na medida em cativas ou apresentar nos relatórios contábeis de propósito
Contabilidade Pública

que as condições são satisfeitas o passivo é reduzido e a geral:


receita é reconhecida. • o montante de receita de transações sem contrapres-
No reconhecimento inicial, doações, incluindo bens em tação, reconhecido durante o período, pelas principais
espécie, devem ser mensurados por seu valor justo da data classes, demostrando separadamente Tributos e
de recebimento. Transferências (ambos demostrando separadamente
O compromisso de doação não se encaixa na definição suas principais classes);
de um ativo porque a entidade recebedora é incapaz de • o montante de recebíveis reconhecidos em relação à
controlar o acesso do transferente aos benefícios econômi- receita sem contraprestação;
cos futuros ou ao potencial de serviço incorporado no item • o montante dos passivos reconhecidos referentes aos
compromissado. ativos transferidos sujeitos a condições;

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• o montante dos passivos reconhecidos em relação aos Para regular o Sistema, o Conselho Federal de Contabi-
empréstimos subsidiados que são sujeitos a condições lidade editou a Resolução nº 1.366, de 25 de novembro de
sobre os ativos transferidos; 2011 que aprovou a NBC T 16.11 tratando do Sistema de
• o montante dos ativos reconhecidos que estão sujeitos Informação de Custos do Setor Público – SICSP.
a restrições e a natureza de tais restrições;
• a existência e os montantes de quaisquer recebimentos Aspectos legais
antecipados em relação às transações sem contrapres-
tação; O SICSP registra, processa e evidencia os custos de bens e
• o montante de quaisquer passivos perdoados. serviços e outros objetos de custos, produzidos e oferecidos
à sociedade pela entidade pública.
A entidade deve evidenciar em notas explicativas às
demonstrações contábeis: Objetivo
• as políticas contábeis adotadas para o reconhecimento
de receita de transações sem contraprestação; O SICSP de bens e serviços e outros objetos de custos
• para as principais classes de receita de transações sem públicos têm por objetivo:
contraprestação, as bases pelas quais o valor justo do • mensurar, registrar e evidenciar os custos dos produ-
ingresso de recursos foi mensurado; tos, serviços, programas, projetos, atividades, ações,
• para as principais classes de receita tributária que a órgãos e outros objetos de custos da entidade;
entidade não pode mensurar de maneira confiável • apoiar a avaliação de resultados e desempenhos, per-
durante o período no qual o fato gerador ocorre, a in- mitindo a comparação entre os custos da entidade com
formação sobre a natureza do tributo; e os custos de outras entidades públicas, estimulando a
• a natureza e o tipo das principais classes de heranças, melhoria do desempenho dessas entidades;
presentes e doações, demostrando separadamente as • apoiar a tomada de decisão em processos, tais como
principais classes de bens em espécie recebidos. comprar ou alugar, produzir internamente ou tercei-
rizar determinado bem ou serviço;
SISTEMA DE CUSTOS • apoiar as funções de planejamento e orçamento, for-
necendo informações que permitam projeções mais
O Sistema de Informações de Custos do Setor Público – aderentes à realidade com base em custos incorridos
SICSP – é um Data Warehouse que se utiliza da extração de e projetados;
dados dos sistemas estruturantes da administração pública • apoiar programas de controle de custos e de melhoria
federal, tal como SIAPE, SIAFI e SIGPlan, para a geração de da qualidade do gasto.
informações.
Tem por objetivo subsidiar decisões governamentais e A evidenciação dos objetos de custos pode ser efetuada
organizacionais que conduzam à alocação mais eficiente sob a ótica institucional, funcional e programática, com atu-
do gasto público; sendo essencial para a transformação de ação interdependente dos órgãos centrais de planejamento,
paradigmas que existem atualmente na visão estratégica do orçamento, contabilidade e finanças.
papel do setor público. Para atingir seus objetivos, o SICSP deve ter tratamento
A ferramenta verifica espaços para a melhoria de serviços conceitual adequado, abordagem tecnológica apropriada
destinados à população, bem como proporciona instrumen- que propicie atuar com as múltiplas dimensões (temporais,
tos de análise para a eficácia, a eficiência, a economicidade e numéricas e organizacionais, etc.), permitindo a análise de
a avaliação dos resultados do uso recursos públicos. séries históricas de custos sob a ótica das atividades‑fins ou
Sua existência atende ao art. 50, § 3º da Lei Complemen- administrativas do setor público.
tar nº 101, de 4 de maio de 2000 –  Lei de Responsabilidade É recomendável o uso de ferramentas que permitem
Fiscal (LRF), que obriga a Administração Pública a manter acesso rápido aos dados, conjugado com tecnologias de
sistema de custos que permita a avaliação e o acompanha- banco de dados de forma a facilitar a criação de relatórios
mento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial. E, e a análise dos dados.
conforme a Lei nº 10.180, de 06 de fevereiro de 2001, que
organiza e disciplina o Sistema de Contabilidade Federal do Alcance
Poder Executivo, compete à Secretaria do Tesouro Nacional
(STN) tratar de assuntos relacionados à área de custos na O SICSP é obrigatório em todas as entidades do setor
Administração Pública Federal. público.
Nesse sentido, a STN publicou em 9 de março de 2011 a Vários dispositivos legais determinam a apuração de
sua Portaria nº 157, que dispõe sobre a criação do Sistema custos no setor público como requisito de transparência
de Custos do Governo Federal, estruturado na forma de um e prestação de contas, seja para controle interno, externo
subsistema organizacional da administração pública federal ou controle social. Além dos aspectos legais, esta Norma
brasileira e vinculado ao Sistema de Contabilidade Federal, também destaca o valor da informação de custos para fins
Contabilidade Pública

uma vez que se encontra sob gestão da Coordenação‑Geral gerenciais. Sua relevância para o interesse público pode ser
de Contabilidade e Custos da União. entendida pelo seu impacto sobre a gestão pública, seja do
Por meio dessa estrutura matricial de gestão gover- ponto de vista legal ou de sua utilidade.
namental, integram‑se a  Secretaria do Tesouro Nacional,
como órgão central, e  as  unidades de gestão interna do Terminologia de custos
Poder Público da União, como órgãos setoriais; os quais
se tornam  responsáveis pelo uso do SICSP  – Sistema de A NBC T 16.11 estabelece os significados de variados
Informações de Custos,  enquanto ferramenta de suporte termos que disponibilizamos a seguir.
tecnológico, para acompanhamento dos custos em suas Objeto de custo é a unidade que se deseja mensurar e
organizações públicas. avaliar os custos. Os principais objetos de custos são identifi-

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cados a partir de informações dos subsistemas orçamentário Desembolso é o pagamento resultante da aquisição do
e patrimonial. bem ou serviço.
Informações do subsistema orçamentário a dimensão Investimento corresponde ao gasto levado para o Ativo
dos produtos e serviços prestados; função, atividades, em função de sua vida útil. São todos os bens e direitos
projetos, programas executados; centros de responsabilida- adquiridos e registrados no ativo.
de – poderes e órgãos, identificados e mensurados a partir Perdas correspondem a reduções do patrimônio que não
do planejamento público, podendo se valer, ou não, das estão associadas a qualquer recebimento compensatório
classificações orçamentárias existentes. ou geração de produtos ou serviços, que ocorrem de forma
Informações do subsistema patrimonial a dimensão dos anormal e involuntária.
produtos e serviços prestados, identificados e mensurados Custos são gastos com bens ou serviços utilizados para
a partir das transações quantitativas e qualitativas afetas a produção de outros bens ou serviços.
ao patrimonial da entidade consoante os Princípios de Custos da prestação de serviços são os custos incorridos
Contabilidade. no processo de obtenção de bens e serviços e outros objetos
Apropriação do custo é o reconhecimento do gasto de de custos e que correspondem ao somatório dos elementos
determinado objeto de custo previamente definido. de custo, ligados à prestação daquele serviço.
O SICSP é apoiado em três elementos: Sistema de acu‑ Custos reais são os custos históricos apurados a posteriori
mulação; Sistema de custeio e Método de custeio. e que realmente foram incorridos.
Sistema de acumulação corresponde à forma como os Custo direto é todo o custo que é identificado ou asso-
custos são acumulados e apropriados aos bens e serviços e ciado diretamente ao objeto do custo.
outros objetos de custos e está relacionado ao fluxo físico e Custo indireto é o custo que não pode ser identificado
real da produção. Os sistemas de acumulação de custos no diretamente ao objeto do custo, devendo sua apropriação
setor público ocorrem por ordem de serviço ou produção ocorrer por meio da utilização de bases de rateio ou dire-
e de forma contínua. Por ordem de serviço ou produção é cionadores de custos.
o sistema de acumulação que compreende especificações Custo fixo é o que não é influenciado pelas atividades
predeterminadas do serviço ou produto demandado, com desenvolvidas, mantendo seu valor constante em intervalo
tempo de duração limitado. As ordens são mais adequadas relevante das atividades desenvolvidas pela entidade.
para tratamento dos custos de investimentos e de projetos Custo variável é o que tem valor total diretamente pro-
específicos, por exemplo, as obras e benfeitorias. De forma porcional à quantidade produzida/ofertada.
contínua é o sistema de acumulação que compreende de- Custo operacional é o que ocorre durante o ciclo de
mandas de caráter continuado e são acumuladas ao longo produção dos bens e serviços e outros objetos de custos,
do tempo. como energia elétrica, salários, etc.
Sistema de custeio está associado ao modelo de men- Custo predeterminado é o custo teórico, definido a priori
suração e desse modo podem ser custeados os diversos para valorização interna de materiais, produtos e serviços
agentes de acumulação de acordo com diferentes unidades prestados.
de medida, dependendo das necessidades dos tomadores Custo padrão (standard) é o custo ideal de produção de
de decisões. No âmbito do sistema de custeio, podem ser determinado produto/serviço.
utilizadas as seguintes unidades de medida: custo histórico; Custo estimado é o custo projetado para subsidiar o
custo‑corrente; custo estimado; e custo padrão. processo de elaboração dos orçamentos da entidade para
Método de custeio se refere ao método de apropriação determinado período; pode basear‑se em simples estimativa
de custos e está associado ao processo de identificação e ou utilizar a ferramenta do custo padrão.
associação do custo ao objeto que está sendo custeado. Custo controlável utiliza centro de responsabilidade e
Os principais métodos de custeio são: direto; variável; por atribui ao gestor apenas os custos que ele pode controlar.
absorção; por atividade; pleno. Hora ocupada é o tempo despendido pela força do tra-
Custeio direto é o custeio que aloca todos os custos – balho nos departamentos de serviço destinados a atender
fixos e variáveis – diretamente a todos os objetos de custo às tarefas vinculadas com as áreas de produção de bens ou
sem qualquer tipo de rateio ou apropriação. serviços.
Custeio variável que apropria aos produtos ou serviços Hora máquina corresponde à quantidade de horas que as
apenas os custos variáveis e considera os custos fixos como máquinas devem funcionar para realizar a produção de bens
despesas do período. e serviços e outros objetos de custos do período. É aplicada
Custeio por absorção que consiste na apropriação de às unidades de produto ou serviço em função do tempo de
todos os custos de produção aos produtos e serviços. sua elaboração.
Custeio pleno que consiste na apropriação dos custos de Mão de obra direta corresponde ao valor da mão de
produção e das despesas aos produtos e serviços. obra utilizado para a produção de bens e serviços e outros
Custeio por atividade que considera que todas as ativida- objetos de custos.
des desenvolvidas pelas entidades são geradoras de custos Sobre aplicação é a variação positiva apurada entre os
e consomem recursos. Procura estabelecer a relação entre custos e metas estimados e os executados.
Contabilidade Pública

atividades e os objetos de custo por meio de direcionado- Sub aplicação é a variação negativa apurada entre os
res de custos que determinam quanto de cada atividade é custos e metas estimados e os executados.
consumida por eles. Custo de oportunidade é o custo objetivamente men-
A escolha do método deve estar apoiada na disponibili- surável da melhor alternativa desprezada relacionado à
dade de informações e no volume de recursos necessários escolha adotada.
para obtenção das informações ou dados. As  entidades Receita econômica é o valor apurado a partir de benefí-
podem adotar mais de uma metodologia de custeamento, cios gerados à sociedade pela ação pública, obtido por meio
dependendo das características dos objetos de custeio. da multiplicação da quantidade de serviços prestados, bens
Gasto é o dispêndio de um ativo ou criação de um passivo ou produtos fornecidos, pelo custo de oportunidade, custo
para obtenção de um produto ou serviço. estimado, custo padrão, etc.

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Características e atributos da informação de custos encaradas na maioria das vezes como direito social, em
muitas situações, têm apenas o estado como fornece-
Os serviços públicos devem ser identificados, medidos dor do serviço (monopólio do Estado). O  serviço público
e relatados em sistema projetado para gerenciamento de fornecido sem contrapartida ou por custo irrisório dire-
custos dos serviços públicos. tamente cobrado ao beneficiário tem (em sua grande
Os serviços públicos possuem características peculiares maioria) o orçamento como principal fonte de alocação de
tais como: universalidade e obrigação de fornecimento, recursos.

Os atributos da informação de custos são os seguintes:

Relevância entendida como a qualidade que a informação tem de influenciar as decisões de seus usuários
auxiliando na avaliação de eventos passados, presentes e futuros;
Utilidade deve ser útil à gestão tendo a sua relação custo benefício sempre positiva;
Oportunidade qualidade de a informação estar disponível no momento adequado à tomada de decisão;
Valor social deve proporcionar maior transparência e evidenciação do uso dos recursos públicos;
Fidedignidade referente à qualidade que a informação tem de estar livre de erros materiais e de juízos prévios,
devendo, para esse efeito, apresentar as operações e acontecimentos de acordo com sua
substância e realidade econômica e, não, meramente com a sua forma legal;
Especificidade informações de custos devem ser elaboradas de acordo com a finalidade específica pretendida
pelos usuários;
Comparabilidade entende‑se a qualidade que a informação deve ter de registrar as operações e acontecimentos de
forma consistente e uniforme, a fim de conseguir comparabilidade entre as distintas instituições
com características similares. É fundamental que o custo seja mensurado pelo mesmo critério no
tempo e, quando for mudada, esta informação deve constar em nota explicativa;
Adaptabilidade deve permitir o detalhamento das informações em razão das diferentes expectativas e
necessidades informacionais das diversas unidades organizacionais e seus respectivos usuários;
Granularidade sistema que deve ser capaz de produzir informações em diferentes níveis de detalhamento,
mediante a geração de diferentes relatórios, sem perder o atributo da comparabilidade.

Evidenciação das informações de custos custeio existentes, o faça respeitando as etapas naturais do
processo de formação dos custos dentro dos seus respec-
A entidade pública deve evidenciar ou apresentar, em no- tivos níveis hierárquicos (institucionais e organizacionais,
tas explicativas, os objetos de custos definidos previamente, funcionais e programáticos).
demonstrando separadamente: A etapa natural pode ser assim identificada: identificação
• o montante de custos dos principais objetos, demons- dos objetos de custos; identificação dos custos diretos; alo-
trando: a dimensão programática: programas e ações, cação dos custos diretos aos objetos de custos; evidenciação
projetos e atividades; dimensão institucional ou orga- dos custos diretos dentro da classe de objetos definidos;
nizacional e funcional; outras dimensões; identificação dos custos indiretos; escolha do modelo de alo-
• os critérios de comparabilidade utilizados, tais como: cação dos custos indiretos, observando sempre a relevância
custo padrão; custo de oportunidade; custo estimado; e, principalmente, a relação custo/benefício.
custo histórico;
• o método de custeio adotado para apuração dos cus- Variação da capacidade produtiva
tos para os objetos de custos; os principais critérios
de mensuração; e as eventuais mudanças de critérios As variações da capacidade produtiva podem ser das
que possam afetar à análise da comparabilidade da seguintes naturezas, entre outras:
informação. • variação do volume ou capacidade: deve‑se a sobre
ou subutilização das instalações em comparação com
Princípio de competência o nível de operação. Está representada pela diferença
entre os custos indiretos fixos orçados e os custos
Na geração de informação de custo, é  obrigatória a indiretos fixos alocados à produção de bens e serviços
adoção dos princípios de contabilidade em especial o da e outros objetos de custos;
competência, devendo ser realizados os ajustes necessários • variação de quantidade: reflete a variação nos elemen-
quando algum registro for efetuado de forma diferente. tos de custo em relação à quantidade empregada de
materiais e outros insumos para produção de produtos
Cota de distribuição de custos indiretos ou serviços.
Contabilidade Pública

As cotas de distribuição de custos indiretos, quando for o Integração com os demais sistemas organizacionais
caso, podem ser selecionadas entre as seguintes, de acordo
com as características do objeto de custo: área ocupada; do- O SICSP deve capturar informações dos demais sistemas
tação planejada disponível; volume ocupado em depósitos; de informações das entidades do setor público.
quantidade de ordens de compra emitida para fornecedo- O SICSP deve estar integrado com o processo de pla-
res; consumo de energia elétrica; número de servidores na nejamento e orçamento, devendo utilizar a mesma base
unidade administrativa responsável, etc. conceitual se se referirem aos mesmos objetos de custos,
É necessário e útil que a entidade que deseje evidenciar permitindo assim o controle entre o orçado e o executado.
seus custos unitários, utilizando‑se dos vários métodos de No início do processo de implantação do SICSP, pode ser

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que o nível de integração entre planejamento, orçamento Dessa forma, a necessidade de evidenciar com qualidade
e execução (consequentemente custos) não esteja em nível os fenômenos patrimoniais e a busca por um tratamento con-
satisfatório. O  processo de mensurar e evidenciar custos tábil padronizado dos atos e fatos administrativos no âmbito
deve ser realizado sistematicamente, fazendo da informação do setor público tornou imprescindível a elaboração de um
de custos um vetor de alinhamento e aperfeiçoamento do plano de contas com abrangência nacional, cuja metodologia,
planejamento e orçamento futuros. estrutura, regras, conceitos e funcionalidades permitissem
a obtenção de dados que atendessem aos diversos usuários
Implantação do subsistema de custos da informação contábil.
Visando a atender a essas necessidades, a STN editou o
O processo de implantação do SICSP deve ser sistemático Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) constante
e gradual e levar em consideração os objetivos organiza- na Parte IV do MCASP 7ª edição que estudaremos a seguir.
cionais pretendidos, os processos decisórios que usarão as
informações de custos segmentados por seus diferentes Conceito de Plano de Contas
grupos de usuários, bem como os critérios de transparência
e controle social. Plano de Contas é a estrutura básica da escrituração
contábil, formada por uma relação padronizada de contas
Responsabilidade pela informação de custos contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos
praticados pela entidade de maneira padronizada e siste-
A análise, a avaliação e a verificação da consistência das matizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais
informações de custos são de responsabilidade da entidade e demonstrações contábeis de acordo com as necessidades
do setor público, em qualquer nível da sua estrutura organi- de informações dos usuários.
zacional, a qual se refere às informações, abrangendo todas
as instâncias e níveis de responsabilidade. Objetivos do PCASP
A responsabilidade pela fidedignidade das informações
originadas de outros sistemas é do gestor da entidade onde O PCASP alinha‑se a esta finalidade por meio da padro-
a informação é gerada. nização da forma de registro contábil para a extração de
A responsabilidade pela consistência conceitual e apre- informações para estes usuários.
sentação das informações contábeis do subsistema de custos Dessa forma, podemos citar como objetivos do PCASP:
é do profissional contábil. • padronizar os registros contábeis das entidades do
setor público;
Demonstração do resultado econômico • distinguir os registros de natureza patrimonial, orça-
mentária e de controle;
As informações de custos descritas na NBC T 16.11 po- • atender à administração direta e à administração
dem subsidiar a elaboração de relatórios de custos, inclusive indireta das três esferas de governo, inclusive quanto
da Demonstração do Resultado Econômico (DRE). às peculiaridades das empresas estatais dependentes
A DRE evidencia o resultado econômico de ações do e dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS);
setor público. • permitir o detalhamento das contas contábeis, a partir
A DRE deve ser elaborada considerando sua interligação do nível mínimo estabelecido pela STN, de modo que
com o subsistema de custos e apresentar na forma dedutiva, possa ser adequado às peculiaridades de cada ente;
pelo menos, a seguinte estrutura: • permitir a consolidação nacional das contas públicas;
• receita econômica dos serviços prestados, dos bens e • permitir a elaboração das Demonstrações Contábeis
dos produtos fornecidos; Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos demonstrati-
• custos e despesas identificados com a execução da vos do Relatório Resumido de Execução Orçamentária
ação pública; e (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF);
• resultado econômico apurado. • permitir a adequada prestação de contas, o levanta-
mento das estatísticas de finanças públicas, a elabora-
ção de relatórios nos padrões adotados por organismos
PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR internacionais  – a exemplo do Government Finance
PÚBLICO Statistics Manual (GFSM) do Fundo Monetário Inter-
nacional (FMI), bem como o levantamento de outros
A contabilidade aplicada ao setor público (CASP) foi relatórios úteis à gestão;
estruturada, no Brasil, com foco no registro dos atos e fatos • contribuir para a adequada tomada de decisão e para
relativos ao controle da execução orçamentária e financeira. a racionalização de custos no setor público; e
No entanto, a  evolução da ciência contábil, marcada pela • contribuir para a transparência da gestão fiscal e para
edição das International Public Sector Accounting Standards o controle social.
(IPSAS) pelo International Public Sector Accounting Standards
Board (IPSASB) e das Normas Brasileiras de Contabilidade Competência para Instituição e Manutenção
Técnicas Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP) pelo Conselho do PCASP
Federal de Contabilidade (CFC), impulsionaram relevantes
Contabilidade Pública

mudanças na CASP. A competência para a edição de normas gerais para


Nesse processo, identificou‑se a necessidade de institui- consolidação das contas públicas foi atribuída pela LRF à
ção de um novo modelo de gestão pública, com a adoção STN, enquanto órgão central de contabilidade da União16.
de conceitos e procedimentos reconhecidos e utilizados Nesse sentido, dispõe o Decreto nº 6.976/2009:
internacionalmente, com foco na contabilidade patrimonial.
Outro fator que impactou a CASP foi a exigência de con- Art.  7º Compete ao órgão central do Sistema de
solidação nacional das contas públicas trazida pela Lei de Res- Contabilidade Federal:
ponsabilidade Fiscal (LRF). Essa competência é exercida pela [...]
Secretaria do Tesouro Nacional (STN), materializada por meio
da publicação do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN). 16
Lei Complementar nº 101/2000 art. 50 § 2º.

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II – manter e aprimorar o Plano de Contas Aplicado O PCASP está estruturado de acordo com as seguintes
ao Setor Público e o processo de registro padronizado naturezas das informações contábeis:
dos atos e fatos da administração pública; • Natureza de Informação Orçamentária: registra, pro-
[...] cessa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao
XXVIII – editar normativos, manuais, instruções de planejamento e à execução orçamentária.
procedimentos contábeis e plano de contas aplicado • Natureza de Informação Patrimonial: registra, proces-
ao setor público, objetivando a elaboração e publi- sa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros
cação de demonstrações contábeis consolidadas, relacionados com a composição do patrimônio público
em consonância com os padrões internacionais de e suas variações qualitativas e quantitativas.
contabilidade aplicados ao setor público; • Natureza de Informação de Controle: registra, proces-
sa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam
Dessa forma, cabe à STN criar, alterar, excluir, codificar, produzir modificações no patrimônio da entidade do
especificar, desdobrar e detalhar17 as contas contábeis. setor público, bem como aqueles com funções espe-
cíficas de controle.
Alcance do PCASP
O PCASP é dividido em 8 classes, sendo as contas con-
A utilização do PCASP é obrigatória para todos os órgãos
tábeis classificadas segundo a natureza das informações
e entidades da administração direta e da administração
indireta dos entes da Federação, incluindo seus fundos, au- que evidenciam:
tarquias, inclusive especiais, fundações, e empresas estatais
dependentes18. PCASP
A utilização do PCASP é facultativa para as demais en- Natureza da
tidades. Classes
informação
Prazo para Implantação do PCASP Patrimonial 1. Ativo 2. Passivo
3. Variações Patrimo- 4. Variações Patrimo-
Os entes e entidades obrigados a utilizar o PCASP tiveram niais Diminutivas niais Aumentativas
o prazo de até o término do exercício de 201419 para altera- Orçamentária 5. Controles da Apro- 6. Controles da Execu-
rem seus planos de contas. A partir de 2015, a consolidação vação do Planejamen- ção do Planejamento
nacional das contas públicas passou a ser realizada seguindo to e Orçamento e Orçamento
o novo padrão. Controle 7. Controles Deve- 8. Controles Credores
O PCASP é atualizado anualmente e publicado exclu- dores
sivamente na Internet20 para uso obrigatório no exercício
seguinte. Código da Conta Contábil
Observação: Estrutura do Código da Conta Contábil
Adicionalmente, a STN disponibiliza o PCASP Estendido,
As contas contábeis do PCASP são identificadas por
de adoção facultativa, para os entes que precisem de uma re-
códigos com 7 níveis de desdobramento, compostos por 9
ferência para o desenvolvimento de suas rotinas e sistemas.
Algumas contas desse PCASP Estendido servem como dígitos, de acordo com a seguinte estrutura:
base para captação das informações utilizadas pelo SICONFI. X . X . X . X . X . XX . XX
Portanto, mesmo que as informações não sejam represen-
tadas pela mesma codificação do PCASP Estendido, nem 1º Nível – Classe (1 dígito)
mesmo possuam o mesmo título, deverá realizar‑se uma
2º Nível – Grupo (1 dígito)
compatibilidade ou equivalência entre as informações dos
3º Nível – Subgrupo (1 dígito)
entes e a solicitada pelo SICONFI, procedimento ordinaria-
mente chamado de “de‑para”. 4º Nível – Título (1 dígito)
O Ministério da Previdência Social (MPS) determinou21 5º Nível – Subtítulo (1 dígito)
que os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) deve- 6º Nível – Item (2 dígitos)
rão adotar algumas contas específicas do PCASP Estendido. 7º Nível – Subitem (2 dígitos)
Nesse caso, a codificação e títulos das contas do PCASP Esten-
dido que sejam utilizadas pelos RPPS tornam‑se obrigatórios
para essas entidades. O PCASP possui a seguinte estrutura básica, em nível de
classe (1º nível) e grupo (2º nível):
Estrutura do PCASP
PCASP
Natureza da Informação Contábil 1 – Ativo 2  – Passivo e Patrimônio
A metodologia utilizada para a estruturação do PCASP 1.1 – Ativo Circulante Líquido
foi a segregação das contas contábeis em grandes grupos de 1.2 – Ativo Não Circulante 2.1 – Passivo Circulante
Contabilidade Pública

acordo com as características dos atos e fatos nelas registra- 2.2 – Passivo Não Circulante
dos. Essa metodologia permite o registro dos dados contábeis 2.3 – Patrimônio Líquido
de forma organizada e facilita a análise das informações de
acordo com sua natureza.   – Variação Patrimonial Di- 4 – Variação Patrimonial
minutiva Aumentativa
3.1 – Pessoal e Encargos 4.1 – Impostos, Taxas e Con-
17
STN estabelece nível mínimo a partir do qual os entes poderão detalhar as 3.2 – Benefícios Previdenci- tribuições de Melhoria
contas do PCASP de acordo com suas peculiaridades.
18
Lei Complementar nº 101/2000, art. 2º.
ários e Assistenciais 4.2 – Contribuições
19
Portaria STN nº 634/2013 art. 11. 3.3 – Uso De Bens, Serviços 4.3 – Exploração e venda de
20
Endereço eletrônico: https://www.tesouro.fazenda.gov.br/pcasp. e Consumo de Capital Fixo bens, serviços e direitos
21
Portaria MPS nº 509/2013 art. 2º.

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3.4 – Variações Patrimoniais 4.4 – Variações Patrimoniais dação. Quando o ente entender ser necessário e a conta não
Diminutivas Financeiras Aumentativas Financeiras estiver detalhada neste nível no PCASP, deverá seguir essa
3.5 – Transferências e Dele- 4.5 – Transferências e Dele- classificação, em tal nível. Caso o 5º nível seja detalhado, pelo
gações Concedidas gações Recebidas PCASP Federação, em Intra OFSS e Inter OFSS, as operações
3.6 – Desvalorização e Perda 4.6  – Valorização e Ganhos entre entidades relacionadas a tal classificação deve obe-
De Ativos e Incorporação de Com Ativos e Desincorpora- decer, obrigatoriamente, ao detalhamento a que pertence.
Passivos ção de Passivos Caso a conta não esteja detalhada até o quarto nível
3.7 – Tributárias 4.9 – Outras Variações Patri- e seja necessário utilizar o 5º nível (subtítulo), poderá ser
3.8  – Custo das Mercado- moniais Aumentativas utilizado o dígito 0 (zero) para chegar‑se ao nível de consoli-
rias Vendidas, dos Produtos dação, por exemplo: “3.4.4.0.1.00.00 Descontos Financeiros
Vendidos e dos Serviços Concedidos – Consolidação”.
Prestados Os planos de contas dos entes da Federação deverão ter pelo
3.9 – Outras Variações Patri- menos 7 níveis. Eventuais níveis não detalhados deverão ser
moniais Diminutivas codificados com o dígito 0 (zero).
5 – Controles da Aprovação 6 – Controles da Execução Caso algum ente entenda necessário, poderão, também,
do Planejamento e Orça‑ do Planejamento e Orça‑ desdobrar as contas contábeis além do 7º nível (subitem). Ou-
mento mento tros níveis poderão ser utilizados, por exemplo, para o registro
5.1  – Planejamento Apro- 6.1  – Execução do Planeja- de informações complementares na conta contábil. Exemplos:
vado mento • As naturezas de receitas e despesas orçamentárias
5.2 – Orçamento Aprovado 6.2  – Execução do Orça- não têm relação com a codificação das Variações Patri-
5.3  – Inscrição de Restos mento moniais Diminutivas – VPD ou Variações Patrimoniais
a Pagar 6.3  – Execução de Restos Aumentativas – VPA, tampouco com as contas de con-
a Pagar trole de execução do orçamento (classes 5 e 6). Esse
 – Controles Devedores 8 – Controles Credores tipo de informação deve ser controlado pelo sistema
7.1 – Atos Potenciais 8.1  – Execução dos Atos ou no detalhamento posterior ao 7º nível do PCASP.
7.2  – Administração Finan- Potenciais • O controle de disponibilidades por destinação de re-
ceira 8.2 – Execução da Adminis- cursos é realizado por meio das contas dos subgrupos
7.3 – Dívida Ativa tração Financeira 7.2.1 e 8.2.1. As fontes de recursos não são espelhadas
7.4 – Riscos Fiscais 8.3 – Execução da Dívida Ati- no código das contas contábeis desses subgrupos e sim
7.5 – Consórcios Públicos va em informações complementares.
7.8 – Custos 8.4  – Execução dos Riscos • A execução das deduções de receitas é realizada por
7.9 – Outros Controles Fiscais meio da conta 6.2.1.3.0.00.00 – Deduções da Receita
8.5 – Execução dos Consór- Orçamentária. A  informação complementar dessa
cios Públicos conta é a natureza de receita orçamentária. Ressalta‑se
8.8 – Apuração de Custos que a natureza de receita deve ser utilizada em sua
8.9 – Outros Controles codificação original, sem a introdução do dígito 9
na categoria econômica. Dessa forma, as  categorias
Detalhamento da Conta Contábil econômicas continuam sendo 1, 2, 7 e 810.

Os entes da Federação somente poderão detalhar a 5º Nível – Consolidação


conta contábil nos níveis posteriores ao nível apresentado
na relação de contas do PCASP. Por exemplo, caso uma conta A fim de possibilitar a consolidação das contas públicas
esteja detalhada no PCASP até o 6º nível (item), o ente po- nos diversos níveis de governo, com a adequada elaboração
derá detalhá‑la apenas a partir do 7º nível (subitem), sendo das DCASP e do BSPN, foi criado no PCASP um mecanismo
vedada a alteração dos 6 primeiros níveis. para a segregação dos valores das transações que serão inclu-
A única exceção a esta regra corresponde à abertura do ídas ou excluídas na consolidação. Este mecanismo consiste
5º nível (subtítulo) das contas de Natureza de Informação na utilização do 5º nível (Subtítulo) das classes 1, 2, 3 e 4 do
Patrimonial, que obrigatoriamente será classificado em Intra PCASP (contas de natureza patrimonial) para identificar os
OFSS, Inter OFSS (União, estados ou municípios) ou Consoli- saldos recíprocos, da seguinte forma:

5º Nível (Subtítulo) – Consolidação


x.x.x.x.1.xx.xx CONSOLIDAÇÃO Compreende os saldos que não serão excluídos nos demonstrativos conso-
lidados do orçamento fiscal e da seguridade social (OFSS).
x.x.x.x.2.xx.xx INTRA OFSS Compreende os saldos que serão excluídos nos demonstrativos consolida-
dos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social (OFSS) do mesmo ente.
Contabilidade Pública

x.x.x.x.3.xx.xx INTER OFSS – Compreende os saldos que serão excluídos nos demonstrativos consolida-
UNIÃO dos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social (OFSS) de entes públicos
distintos, resultantes das transações entre o ente e a União.
x.x.x.x.4.xx.xx INTER OFSS – ESTADO Compreende os saldos que serão excluídos nos demonstrativos consolida-
dos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social (OFSS) de entes públicos
distintos, resultantes das transações entre o ente e um estado.
x.x.x.x.5.xx.xx INTER OFSS – MUNICÍ- Compreende os saldos que serão excluídos nos demonstrativos consolida-
PIO dos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social (OFSS) de entes públicos
distintos, resultantes das transações entre o ente e um município.

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As contas identificadas no nível de consolidação com o Exemplos (os lançamentos evidenciam apenas os fenô-
dígito 1 (Consolidação) identificarão as operações decor- menos patrimoniais):
rentes de:
• transações entre uma entidade que pertence ao OFSS 1) Operações que utilizam o dígito 1 (Consolidação)
de um ente público e uma entidade privada, por no 5º nível:
exemplo: pessoas físicas; empresas, associações e a) Prestação de serviços ao ente por empresa privada.
fundações privadas; organizações sociais; organismos Trata‑se de uma operação com entidade que não pertence
internacionais; a nenhum OFSS. O passivo e a variação patrimonial dimi-
• transações entre uma entidade que pertence ao OFSS nutiva (VPD) serão incluídos na consolidação do ente e na
de um ente público e uma entidade pública que não consolidação nacional.
pertence ao OFSS de qualquer ente público, por exem-
plo: empresas estatais independentes; Lançamento na União:
• alterações patrimoniais dentro de uma mesma enti-
dade, por exemplo: depreciação; Reconhecimento da obrigação decorrente da prestação
• registro e a baixa de ativos, no caso de transferência de serviços
de ativos entre entidades públicas, por exemplo: do-
ação de bens de um ente a outro, transferência dos
Natureza da informação: patrimonial
créditos para inscrição em dívida ativa entre a unidade
D 3.3.2.3.1.xx.xx VPD – Serviços Terceiros – PJ – Consoli-
de origem e a unidade responsável por sua inscrição.
Observação: o registro das variações patrimoniais dação
referentes à transferência dos ativos serão Intra OFSS C 2.1.3.1.1.xx.xx
ou Inter OFSS, conforme o caso;
• transações entre uma entidade que pertence ao OFSS b) Doação de bem imóvel a um Estado pela União.
de um ente público e uma entidade que não pertença a Trata‑se de operação entre entidades pertencentes a OFSS
nenhum OFSS, porém, seja obrigada a utilizar o PCASP. distintos. O bem deve ser baixado pela União e incorporado
Exemplo: conselhos profissionais; pelo estado. As contas de bens sempre apresentarão o dígito
• registros de uma entidade que utilize o PCASP por 1 (Consolidação) no 5º nível. Caso contrário, na consolidação
exigência normativa ou voluntariamente, porém, não nacional, o bem não estaria registrado em nenhum dos entes.
faça parte do OFSS de nenhum dos entes. Exemplo: Ele também fará parte da consolidação do ente que tiver
conselhos profissionais e empresas estatais indepen- recebido o bem. As  variações patrimoniais aumentativas
dentes. (VPA) e diminutivas (VPD) serão incluídas na consolidação
de cada ente (operação Inter OFSS) e excluídas na consoli-
As contas com o dígito 2 (Intra OFSS) no nível de consoli- dação nacional.
dação identificarão as operações decorrentes de transações
entre entidades que pertencem ao OFSS do mesmo ente Lançamento na União:
público.
As contas com os dígitos 3, 4 e 5 (Inter OFSS) no nível Natureza da informação: patrimonial
de consolidação identificarão as operações decorrentes de D 3.5.2.3.4.xx.xx Transferências Voluntárias – Inter OFSS –
transações entre entidades que pertencem a OFSS de entes Estado
públicos distintos, tais como: C 1.2.3.2.1.xx.xx Bens Imóveis – Consolidação
• repartição dos créditos tributários do ente público
federal para o ente estadual ou municipal; Lançamento no estado:
• alterações patrimoniais decorrentes da transferência
de bens móveis ou imóveis entre entes públicos dis- Natureza da informação: patrimonial
tintos que utilizam o PCASP. D 1.2.3.2.1.xx.xx Bens Imóveis – Consolidação
C 4.5.2.3.3.xx.xx Transferências Voluntárias – Inter
O uso dos dígitos 3, 4 ou 5 dependerá de com quem a OFSS – União
transação está sendo realizada. Assim, numa transação entre
um estado e um município, o estado utilizará o dígito 5 (Inter c) Depreciação de bens imóveis. Trata‑se de um evento
OFSS – Município) e o município utilizará o dígito 4 (Inter
interno da entidade. A retificação da conta do ativo e a VPD
OFSS – Estado). Já numa transação entre um município e a
serão incluídas na consolidação do ente e na consolidação
União, o município utilizará o dígito 3 (Inter OFSS – União) e a
nacional.
União utilizará o dígito 5 (Inter OFSS – Município). Portanto,
quem vai realizar o lançamento deve considerar a qual esfera
pertence a pessoa do outro lado da transação e não sua Lançamento:
própria esfera de governo.
O PCASP restringiu o detalhamento do 5º nível às contas Natureza da informação: patrimonial
relevantes para fins de consolidação e seu uso é obrigatório. D 3.3.3.1.1.xx.xx Depreciação – Consolidação
Contabilidade Pública

As contas que não tiverem todo o 5º nível detalhado, por C 1.2.3.8.1.xx.xx (-) Depreciação, Exaustão e Amortização
exemplo, só previrem o dígito 1 (Consolidação), poderão Acumuladas – Consolidação
ser detalhadas com os demais dígitos, caso o ente entenda
ser necessário. 2) Operações que utilizam o dígito 2 (Intra OFSS) no
Caso o PCASP tenha detalhado uma conta até o 5º ní- 5º nível:
vel e o ente queria usá‑la, mas não preveja um detalhamento a) Contribuição patronal da Prefeitura ao Regime Próprio
maior para isso, ele pode transformar a conta de 5º nível de de Previdências Social (RPPS). Trata‑se de uma operação
não escriturável para escriturável, deixando o 6º e 7º níveis entre entidades pertencentes ao mesmo OFSS. O passivo e
com dígito zero. Isso acontece quando o 5º nível já descreve a VPD serão excluídos na consolidação do ente e na conso-
perfeitamente o fato que se deseja registrar. lidação nacional.

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Lançamento no Governo Municipal: C 4.2.1.2.5.xx.xx Contribuições Sociais – RGPS – Inter OFSS –
Município
Natureza da informação: patrimonial
D 3.1.2.1.2.xx.xx Encargos Patronais – RPPS – Intra OFSS b) Transferência de valores do Fundo de Participação
C 2.1.1.4.2.xx.xx Encargos Sociais a Pagar – Intra OFSS dos Estados (FPE) pela União ao estado. Trata‑se de uma
operação entre entidades pertencentes a OFSS distintos.
Lançamento no RPPS: O ativo, o passivo, a VPA e a VPD deverão ser incluídos na
consolidação do ente e excluídos na consolidação nacional.
Reconhecimento do direito a receber decorrente a con-
tribuição patronal ao RPPS Lançamento na União:
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.3.6.2.xx.xx Créditos Previdenciários a Receber a Curto
Prazo – Intra OFSS D 3.5.2.1.4.xx.xx Distribuição Constitucional ou Legal de
C 4.2.1.1.2.xx.xx Contribuições Sociais – RPPS – Intra OFSS Receitas – Inter OFSS – Estado
C 2.1.5.0.4.xx.xx Obrigações de Repartição a Outros Entes –
b) Transferência de bem imóvel pela Secretaria de Fa- Inter OFSS – Estado
zenda à Assembleia Legislativa do mesmo estado. Trata‑se
de uma operação entre entidades pertencentes ao mesmo Lançamento no estado:
OFSS. O bem deve ser baixado pela Secretaria de Fazenda e
incorporado pela Assembleia Legislativa. As contas de bens Natureza da informação: patrimonial
sempre apresentarão o dígito 1 (Consolidação) no 5º nível, D 1.1.2.3.3.xx.xx Créditos de Transferências a Receber  –
pois não impactam a consolidação. As  VPA e VPD serão Inter OFSS – União
excluídas no âmbito da consolidação do ente e não terão C 4.5.2.1.3.xx.xx Transferências Constitucionais e Legais de
impacto na consolidação nacional. Receitas – Inter OFSS – União

Lançamento na Secretaria de Fazenda: O processo de consolidação do ente deverá incluir as


contas cujo 5º nível apresenta os dígitos 1 (Consolidação),
Natureza da informação: patrimonial 3, 4 e 5 (Inter OFSS), e excluir as que apresentam o dígito 2
D 3.5.1.2.2.xx.xx Transferências Concedidas Independentes (Intra OFSS).
de Execução Orçamentária – Intra OFSS O processo de consolidação nacional deverá incluir as
C 1.2.3.2.1.xx.xx Bens Imóveis – Consolidação contas cujo 5º nível apresenta o dígito 1 (Consolidação),
e excluir as que apresentam os dígitos 2 (Intra OFSS), 3, 4 e
Lançamento na Assembleia Legislativa:
5 (Inter OFSS).
Natureza da informação: patrimonial
D 1.2.3.2.1.xx.xx Bens Imóveis – Consolidação Atributos da Conta Contábil
C 4.5.1.2.2.xx.xx Transferências Recebidas Independentes Atributos da conta contábil são características próprias
de Execução Orçamentária – Intra OFSS que as distinguem de outras contas do plano de contas.
Os atributos podem ser decorrentes de conceitos teóricos,
3) Operações que utilizam os dígitos 3, 4 ou 5 (Inter da lei ou do sistema operacional utilizado.
OFSS) no 5º nível:
As contas Inter OFSS serão identificadas conforme o ente Atributos Conceituais da Conta Contábil
execute uma operação com a União (3), com um estado ou • Código: estrutura numérica que identifica cada uma
Distrito Federal (4) ou com um município (5). das contas que compõem o plano de contas.
• Título / Nome: designação que identifica o objeto de
a) Contribuição patronal da Prefeitura para o Regime uma conta.
Geral de Previdência Social (RGPS). • Função: descrição da natureza dos atos e fatos regis-
Trata‑se de uma operação entre entidades pertencentes tráveis na conta.
a OFSS distintos. O ativo, o passivo, a VPA e a VPD deverão • Natureza do Saldo: identifica se a conta tem saldo
ser incluídos na consolidação do ente e excluídos na conso- devedor, credor ou ambos. Conta Devedora: possui
lidação nacional. saldo predominantemente devedor. Conta Credora:
possui saldo predominantemente credor. Conta Mista
Lançamento na Prefeitura: / Híbrida: possui saldo devedor ou credor.
Natureza da informação: patrimonial
Atributos Legais da Conta Contábil
D 3.1.2.2.3.xx.xx Encargos Patronais – RGPS – Inter OFSS –
Além do atributo legal citado a seguir, poderão ser cria-
União
Contabilidade Pública

C 2.1.1.4.3.xx.xx Encargos Sociais a Pagar – Inter OFSS – dos outros, de acordo com as necessidades do ente para o
União atendimento das normas vigentes, a exemplo do indicador
do superávit primário e da dívida consolidada líquida.
Lançamento no RGPS:
Indicador do Superávit Financeiro – Atributos Financeiro
Reconhecimento do direito (F) e Permanente (P)
A classificação do ativo e do passivo em financeiro e
Natureza da informação: patrimonial permanente permite a apuração do superávit financeiro no
D 1.1.3.6.5.xx.xx Créditos Previdenciários a Receber a Curto Balanço Patrimonial (BP) de acordo com a Lei nº 4.320/1964,
Prazo – Inter OFSS – Município que assim dispõe:

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Art. 43 Destaca‑se que ao final do exercício, o passivo financeiro
[...] poderá também contemplar os valores inscritos em Restos
§ 2º Entende‑se por superávit financeiro a diferença a Pagar Não Processados a liquidar.
positiva entre o ativo financeiro e o passivo finan- A conta de Créditos Empenhados a Liquidar compreendia
ceiro, conjugando‑se, ainda, os saldos dos créditos todas as despesas orçamentárias empenhadas, independen-
adicionais transferidos e as operações de credito a te da ocorrência ou não do fato gerador. Ocorre que para as
eles vinculadas. despesas orçamentárias empenhadas cujos fatos geradores
Art. 105 ocorreram, mas ainda não foi concluída a etapa da liquidação,
[...] já existe um passivo patrimonial correlato, diferentemente
§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e daquelas despesas orçamentárias cujos fatos geradores
valores realizáveis independentemente de autoriza- ainda não ocorreram.
ção orçamentária e os valores numerários. Esse fato dificultava a correta mensuração do passivo
§  2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, financeiro, uma vez que a soma dos saldos das contas da
créditos e valores, cuja mobilização ou alienação classe 2 (Passivo e Patrimônio Líquido) com o atributo (F)
dependa de autorização legislativa. com o saldo da conta Créditos Empenhados a Liquidar14
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas acarretaria duplicação de valores no Balanço Patrimonial para
fundadas e outras cujo pagamento independa de os casos em que o reconhecimento do passivo patrimonial
autorização orçamentária. (no momento do fato gerador) ocorre antes da liquidação.
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas Para identificar essa situação intermediária foi criada a
fundadas e outras que dependam de autorização conta Crédito Empenhado em Liquidação. O saldo das des-
legislativa para amortização ou resgate. pesas orçamentárias empenhadas cujos fatos geradores
ocorreram, mas que ainda não foi liquidado deverá ser
Os passivos que dependam de autorização orçamentária transferido da conta Créditos Empenhados a Liquidar para
para amortização ou resgate integram o passivo permanente. esta nova conta. Desta forma, foi possível identificar os cré-
Após o empenho, considera‑se efetivada a autorização orça- ditos que já foram contabilizados como passivo financeiro no
mentária, e os passivos passam a integrar o passivo financei- Balanço Patrimonial. O saldo dessa conta deve ser subtraído
ro. Também integram o passivo financeiro os passivos que do cálculo do superávit financeiro para não ser contado em
não são submetidos ao processo de execução orçamentária, duplicidade com seu correspondente passivo representado
a exemplo das cauções. na classe 2.
O controle da mudança do atributo permanente (P) Cabe ressaltar que os Créditos Empenhados a Liquidar
para o atributo financeiro (F) pode ser feito por meio da não são reconhecidos no quadro principal do balanço patri-
informação complementar da conta contábil ou por meio monial, mas compõem o passivo financeiro, de acordo com
da duplicação das contas, sendo uma permanente e outra o §3º do art. 105 da Lei nº 4.320/1964. Logo, no cálculo do
financeira.
passivo financeiro o valor dos créditos empenhados a liqui-
O PCASP e este Manual utilizam as letras (F) ou (P) para
dar22 deve ser somado ao saldo dos passivos patrimoniais
indicar se são contas de ativo ou passivo financeiro ou per-
com atributo (F). Deste modo, para apresentar os ativos e
manente, respectivamente. Quando a conta puder conter
passivos financeiros em sua totalidade, o Balanço Patrimonial
saldos com atributo (F) e (P), constará na descrição da conta
é acompanhado por um quadro específico com esta visão
do PCASP a letra (X).
conforme conceitos apresentados na Lei nº 4.320/1964.
Indicador da dívida consolidada líquida
Momento Da Ocorrência do Fato Gerador da Obrigação
Os passivos considerados no cálculo da Dívida Consolida- Patrimonial
da Líquida – DCL e que não tenham execução orçamentária • Quando o fato gerador do passivo ocorrer antes ou
associada serão controlados por esse indicador desde o no momento do empenho da despesa orçamentária,
momento do registro da obrigação. a transferência de saldo da conta Crédito Disponível
As obrigações consideradas na DCL serão controladas para a conta Crédito Empenhado a Liquidar e da conta
pelo atributo com valor zero (0) e Crédito Empenhado a Liquidar para a conta Crédito
as excluídas do cálculo serão controladas pelo atributo Empenhado em Liquidação deverão ocorrer simul-
com valor um (1). taneamente no momento do empenho. Exemplo:
reconhecimento de passivos relativos a precatórios.
Crédito Empenhado em Liquidação • Quando o fato gerador do passivo ocorrer após o em-
penho e antes da liquidação da despesa orçamentária,
Introdução a transferência de saldo da conta Crédito Empenhado
No Balanço Patrimonial (BP), o passivo financeiro cor- a Liquidar para a conta Crédito Empenhado em Li-
responde: quidação acontecerá de forma isolada. Dessa forma,
• às obrigações correlatas a despesas orçamentárias o controle “em liquidação” permitirá a identificação da
empenhadas, liquidadas ou não, que ainda não foram ocorrência do fato gerador da obrigação patrimonial
Contabilidade Pública

pagas; e durante o curso do processo de execução da despesa


• aos passivos que não são submetidos ao processo de orçamentária. Exemplo: recebimento provisório de
execução orçamentária, a exemplo das cauções. material permanente antes do ateste.
• Quando o fato gerador do passivo ocorrer simulta-
Dessa forma, o passivo financeiro não será composto ape- neamente à liquidação da despesa orçamentária não
nas pelas contas da classe 2 (Passivo e Patrimônio Líquido) é obrigatório o uso da conta Crédito Empenhado em
com atributo (F), pois a essas contas deve‑se somar o saldo Liquidação.
das despesas orçamentárias empenhadas cujos fatos gera-
dores da obrigação patrimonial ainda não tenham ocorrido, 22
Nas referências a Créditos Empenhados a Liquidar incluem‑se os Restos a Pagar
obtido na conta Crédito Empenhado a Liquidar. Não Processados a Liquidar.

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Momento da ocorrência do fato gerador da obrigação
Lançamentos de natureza orçamentária
patrimonial (momento do reconhecimento do passivo)
Fato gerador ocorre antes do empenho No momento do empenho:
ou no momento do empenho D Crédito Disponível
C Crédito Empenhado a Liquidar
D Crédito Empenhado a Liquidar
C Crédito Empenhado em Liquidação
No momento da liquidação:
D Crédito Empenhado em Liquidação
C Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
Fato gerador ocorre depois do empenho e antes da No momento do empenho:
liquidação D Crédito Disponível
C Crédito Empenhado a Liquidar
No momento da ocorrência do fato gerador (depois do
empenho e antes da liquidação):
D Crédito Empenhado a Liquidar
C Crédito Empenhado em Liquidação
No momento da liquidação:
D Crédito Empenhado em Liquidação
C Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
Fato gerador ocorre no momento da liquidação No momento do empenho:
D Crédito Disponível
C Crédito Empenhado a Liquidar
No momento da liquidação15:
D Crédito Empenhado a Liquidar
C Crédito Empenhado Liquidado a Pagar

Regras De Integridade do PCASP Nessa hipótese, apesar de ser utilizado o método das partidas
dobradas e de os valores lançados a débito e a crédito apre-
A fim de garantir a integridade dos procedimentos con- sentados no balancete contábil não apresentarem diferença,
tábeis, assim como a qualidade, consistência e transparência observa‑se uma inconsistência.
das informações geradas, este Manual dispõe sobre algumas Dessa forma, os totais lançados a débito e a crédito em
regras de integridade relativas ao PCASP: contas de mesma natureza de informação devem apresentar
• Lançamentos Contábeis valores iguais.
• Pagamento e Recebimento Também é necessário restringir os lançamentos pos-
• Desenvolvimento de Equações Contábeis síveis de modo que fatos iguais ou semelhantes sejam
• Consistência dos Registros e Saldos de Contas registrados por meio dos mesmos lançamentos e contas
contábeis.
Lançamentos Contábeis
Exemplo
O registro contábil deve ser feito pelo método das par- A fixação da despesa apenas poderá ser registrada por
tidas dobradas e os lançamentos devem debitar e creditar meio do seguinte lançamento:
contas que apresentem a mesma natureza de informação.
Assim, os lançamentos estarão fechados dentro das clas-
Fixação de despesa
ses 1 a 4 ou das classes 5 e 6 ou das classes 7 e 8:
• Lançamentos de natureza patrimonial: apenas debitam
e creditam contas das classes 1, 2, 3 e 4. Natureza da informação: orçamentária
• Lançamentos de natureza orçamentária: apenas debi- D 5.2.2.1.1.xx.xx Dotação Inicial
tam e creditam contas das classes 5 e 6. C 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
• Lançamentos de natureza de controle: apenas debitam
e creditam contas das classes 7 e 8. Sugere‑se o uso das tabelas abaixo para conferência
dos saldos de algumas contas. Elas apresentam contas de
Exemplo natureza devedora (lado esquerdo) e suas respectivas contas
Não é permitido um lançamento na conta Clientes (clas- de natureza credora (lado direito), as quais devem sempre
se 1) em contrapartida à conta Receita Realizada (classe 6). apresentar os mesmos saldos contábeis.

Contas de Natureza Orçamentária para Conferência de Saldos


Contabilidade Pública

Conta de Natureza Devedora Conta de Natureza Credora


5.0.0.0.0.00.00 Controles da Aprovação do Planejamento e 6.0.0.0.0.00.00 Controles da Execução do Planejamento e
Orçamento Orçamento
5.1.0.0.0.00.00 Planejamento Aprovado 6.1.0.0.0.00.00 Execução do Planejamento
5.1.1.0.0.00.00 PPA – Aprovado 6.1.1.0.0.00.00 Execução do PPA
5.1.2.0.0.00.00 PLOA 6.1.2.0.0.00.00 Execução do PLOA
5.2.0.0.0.00.00 Orçamento Aprovado 6.2.0.0.0.00.00 Execução do Orçamento
5.2.1.0.0.00.00 Previsão da Receita 6.2.1.0.0.00.00 Execução da Receita

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5.2.2.0.0.00.00 Fixação da Despesa 6.2.2.0.0.00.00 Execução da Despesa
5.3.1.7.0.00.00 Restos a Pagar Não Processados – Inscrição 6.3.1.7.0.00.00 Restos a Pagar Não Processados – Inscrição
no Exercício no Exercício
5.3.2.7.0.00.00 Restos a Pagar Processados  – Inscrição no 6.3.2.7.0.00.00 Restos a Pagar Processados  – Inscrição no
Exercício Exercício

Contas de Natureza de Controle para Conferência de Saldos


Conta de Natureza Devedora Conta de Natureza Credora
7.0.0.0.0.00.00 Controles Devedores 8.0.0.0.0.00.00 Controles Credores
7.1.0.0.0.00.00 Atos Potenciais 8.1.0.0.0.00.00 Execução dos Atos Potenciais
7.1.1.0.0.00.00 Atos Potenciais Ativos 8.1.1.0.0.00.00 Execução dos Atos Potenciais Ativos
7.1.1.1.0.00.00 Garantias e Contragarantias Recebidas 8.1.1.1.0.00.00 Execução de Garantias e Contragarantias
Recebidas
7.1.1.2.0.00.00 Direitos Conveniados e Outros Instrumentos 8.1.1.2.0.00.00 Execução de Direitos Conveniados e Outros
Congêneres Instrumentos Congêneres
7.1.1.3.0.00.00 Direitos Contratuais 8.1.1.3.0.00.00 Execução de Direitos Contratuais
7.1.1.9.0.00.00 Outros Atos Potenciais Ativos 8.1.1.9.0.00.00 Execução de Outros Atos Potenciais Ativos
7.1.2.0.0.00.00 Atos Potenciais Passivos 8.1.2.0.0.00.00 Execução dos Atos Potenciais Passivos
7.1.2.1.0.00.00 Garantias e Contragarantias Concedidas 8.1.2.1.0.00.00 Execução de Garantias e Contragarantias
Concedidas
7.1.2.2.0.00.00 Obrigações Conveniadas e Outros Instrumen- 8.1.2.2.0.00.00 Execução de Obrigações Conveniadas e Ou-
tos Congêneres tros Instrumentos Congêneres
7.1.2.3.0.00.00 Obrigações Contratuais 8.1.2.3.0.00.00 Execução de Obrigações Contratuais
7.1.2.9.0.00.00 Outros Atos Potenciais Passivos 8.1.2.9.0.00.00 Execução de Outros Atos Potenciais Passivos
7.2.0.0.0.00.00 Administração Financeira 8.2.0.0.0.00.00 Execução da Administração Financeira
7.2.1.0.0.00.00 Disponibilidades por Destinação 8.2.1.0.0.00.00 Execução das Disponibilidades por Destinação
7.2.2.0.0.00.00 Programação Financeira 8.2.2.0.0.00.00 Execução da Programação Financeira
7.2.3.0.0.00.00 Inscrição do Limite Orcamentário 8.2.3.0.0.00.00 Execução do Limite Orcamentário
7.2.4.0.0.00.00 Controles da Arrecadação 8.2.4.0.0.00.00 Controles da Arrecadação
7.3.0.0.0.00.00 Dívida Ativa 8.3.0.0.0.00.00 Execução da Dívida Ativa
7.3.1.0.0.00.00 Controle do Encaminhamento de Créditos 8.3.1.0.0.00.00 Execução do Encaminhamento de Créditos
para Inscrição em Dívida Ativa para Inscrição em Dívida Ativa
7.3.2.0.0.00.00 Controle da Inscrição de Créditos em Dívi- 8.3.2.0.0.00.00 Execução da Inscrição de Créditos em Dívi-
da Ativa da Ativa
7.4.0.0.0.00.00 Riscos Fiscais 8.4.0.0.0.00.00 Execução dos Riscos Fiscais
7.4.1.0.0.00.00 Controle de Passivos Contingentes 8.4.1.0.0.00.00 Execução de Passivos Contingentes
7.4.2.0.0.00.00 Controle dos Demais Riscos Fiscais 8.4.2.0.0.00.00 Execução dos Demais Riscos Fiscais
7.8.0.0.0.00.00 Custos 8.8.0.0.0.00.00 Apuração de Custos
7.9.0.0.0.00.00 Outros Controles 8.9.0.0.0.00.00 Outros Controles

As classes 5, 6, 7 e 8 foram concebidas para serem utili- Existem controles que não seguem a metodologia
zadas da seguinte forma: apresentada acima, como os controles de créditos
a) Quando lançamento representar o início de uma se- adicionais por tipo de origem dos recursos. Nesse
quência de fatos, a partida dobrada envolverá as duas caso e em alguns outros, toda a execução será feita
classes simultaneamente, ou seja, uma conta da classe nas classes 5 ou 7, ou seja, utilizando‑se somente de
5 com uma conta da classe 6 ou uma conta da classe lançamentos verticais desde o início.
7 com uma conta da classe 8. Esses são chamados de
lançamentos horizontais; c) Em regra, os  lançamentos de encerramento das
b) Depois do lançamento inicial, todos os lançamentos contas ao final do exercício ou ao final de todas as
posteriores serão realizados nas classes pares, ou seja, fases previstas para um determinado fato também
Contabilidade Pública

6 e 8. Esses são chamados de lançamentos verticais. são na horizontal, debitando‑se as contas credoras e
creditando‑se as contas devedoras. Assim, os saldos
Exemplo:
ficam zerados16.
A primeira fase da receita orçamentária será a pre-
visão. Para realizar esse lançamento, será utilizada Exemplos:
uma conta da classe 5 a débito e uma conta da classe 1) Ao final do exercício, as  contas de execução or-
6 a crédito. Quando a receita for realizada, o débito çamentária (classes 5 e 6) serão encerradas pelo
e o crédito envolverão duas contas da classe 6 para cancelamento das dotações ou pela inscrição em
registrar o lançamento contábil. restos a pagar.

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2) As contas de controle de disponibilidades de recur- 2) Na liquidação:
sos (classes 7 e 8), quando comprometidas, segui-
rão a execução dos restos a pagar até o momento Natureza da informação: orçamentária
do pagamento, independentemente do exercício D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
em que isso ocorrer. C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
3) As contas de obrigações contratuais (classe 8) que Natureza da informação: controle
foram executadas, deverão ser encerradas ao final D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
do contrato, independentemente do exercício em C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e
que isso ocorrer. Entradas Compensatórias

Os controles de atos potenciais ativos e passivos são 3) No pagamento:


realizados nas classes 7 e 8. Atos potenciais ativos são os
atos e fatos que possam vir a aumentar o ativo ou diminuir Natureza da informação: patrimonial
o passivo da entidade governamental e são registrados nas D 2.1.2.x.x.xx.xx Empréstimos e Financiamentos a Curto
contas 7.1.1.0.0.00.00 e 8.1.1.0.0.00.00. Os atos potenciais Prazo (F)
passivos são os atos e fatos que possam vir a aumentar o C 1.1.1.1.x.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em Moeda
passivo ou diminuir o ativo da entidade governamental e Nacional (F)
são registrados nas contas 7.1.2.0.0.00.00 e 8.1.2.0.0.00.00.
Dessa forma, os controles de atos potenciais ativos e passi- Natureza da informação: orçamentária
vos não são contrapartida um do outro e, pela metodologia D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a Pagar
do PCASP, em regra, não terão o mesmo saldo. Na classe C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Liquidado Pago
8, deve‑se observar o que foi executado e o que ainda está
por se executar. Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e
Pagamentos e Recebimentos Entradas Compensatórias
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
A natureza de informação patrimonial contempla os
registros financeiros e patrimoniais. Assim, uma atenção es- Observação:
pecial deve ser dada aos fatos financeiros que tenham como
Exclusivamente sob a ótica da teoria contábil, seria possí-
contrapartida uma conta que possua o atributo Permanente
vel efetuar a baixa do passivo permanente em contrapartida
(P), ou seja, que dependam de autorização legislativa para a
à conta Caixa e Equivalentes de Caixa. Entretanto, a legislação
sua realização ou liquidação.
proíbe o pagamento de passivo permanente sem a devida
autorização legislativa. Assim, deve‑se observar que uma
Exemplos:
conta do passivo permanente (P) não deve ser movimentada
em contrapartida a uma conta do passivo financeiro (F), salvo
a. Amortização de operação de crédito
para a respectiva troca de atributo.
O pagamento da dívida é um fato permutativo sob a
ótica patrimonial. No entanto, o  pagamento só poderá
ser efetuado se o passivo estiver marcado com o atributo b. Arrecadação de dívida ativa de créditos tributários
Financeiro (F). Para tanto, faz‑se necessário um lançamento Os valores a receber são registrados em uma conta de
de troca do passivo permanente (P) para passivo financeiro ativo com atributo Permanente (P). Qualquer recebimento
(F), concomitante à execução orçamentária. de recursos financeiros relativo a esses créditos só deve ser
reconhecido com o concomitante registro orçamentário,
Lançamentos ou seja, com o reconhecimento da receita orçamentária.
Assim, será garantida a observância dos preceitos legais,
1) No empenho: inclusive a repartição tributária prevista na Constituição
Federal de 1988.
Natureza da informação: patrimonial Dessa forma, como regra de integridade, deve‑se ob-
D 2.1.2.x.x.xx.xx Empréstimos e Financiamentos a Curto servar que as contas com o atributo Permanente (P) apenas
Prazo (P) poderão ser movimentadas em contrapartida a:
C 2.1.2.x.x.xx.xx Empréstimos e Financiamentos a Curto • Conta de Variação Patrimonial Aumentativa (VPA);
Prazo (F) • Conta de Variação Patrimonial Diminutiva (VPD);
• Outra conta marcada com o atributo Permanente (P),
Natureza da informação: orçamentária para reclassificação do ativo ou do passivo;
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível • Conta marcada com o atributo Financeiro (F), para
troca do atributo, exclusivamente quando houver a
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C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar


respectiva execução orçamentária da despesa;
Natureza da informação: orçamentária • Conta marcada com o atributo Financeiro (F), ex-
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar clusivamente quando houver a respectiva execução
C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação orçamentária da receita.

Natureza da informação: controle Equações Contábeis


D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Recur- Além das regras acima, algumas equações podem ser
sos (DDR) utilizadas para fins de conferência e validação das informa-
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho ções geradas.

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Conferência de Saldos das Contas de Natureza Patri‑ Conferência de Saldos das Contas de Disponibilidade
monial de Recursos

Conferência de Saldos das Contas de Natureza Patrimonial Conferência de Saldos das Contas de Disponibilidade de
Recursos
Contas de Natureza Deve- Contas de Natureza Credora
dora Contas da Classe 1 (Ativo) 8.2.1.1.1.00.00
marcadas com o atributo Disponibilidade por Destina-
Todas as contas da Classe 1 Todas as contas da Classe 2 Financeiro (F) ção De Recursos (DDR)
(Ativo) (Passivo) (-)
+ + Contas da Classe 2 (Passivo)
Todas as contas da Classe Todas as contas da Classe marcadas com o atributo
3 (Variações Patrimoniais 4 (Variações Patrimoniais Financeiro (F)
Diminutivas) Aumentativas) (-)
6.2.2.1.3.01.00
Observação: Crédito Empenhado a Li-
Ao final do exercício o Balanço Patrimonial (BP) apre- quidar
sentará os valores da Classe 1 (Ativo) iguais aos da Classe (-)
2 (Passivo e Patrimônio Líquido). Os valores registrados ao 6.3.1.7.1.00.00
longo do período na Classe 3 (VPD) e na Classe 4 (VPA) são Restos a Pagar Não Proces-
encerrados ao final do exercício, representando o resultado sados a Liquidar – Inscrição
patrimonial levado para a conta de patrimônio líquido. no Exercício
(-)
6.3.1.1.0.00.00
Conferência de Saldos das Contas de Passivo Financeiro Restos a Pagar Não Proces-
e de Execução Orçamentária sados a Liquidar )

Conferência de Saldos das Contas de Passivo Financeiro Ressalta‑se que a conta 6.2.2.1.3.01.00  – Crédito Em-
e de Execução Orçamentária penhado a Liquidar somente será utilizada ao longo do
Contas da Classe 2 (Passivo) 6.2.2.1.3.02.00 exercício. Ela será encerrada no final do exercício e, nesse
marcadas com o atributo Crédito Empenhado em Li- momento, o resultado dessas equações será equivalente ao
superávit financeiro previsto no parágrafo 2º do art. 43 da
Financeiro (F) quidação
Lei nº 4.320/1964.
+
6.2.2.1.3.03.00
Conferência da Fixação da Despesa Orçamentária
Crédito Empenhado Liqui-
dado
+ Conferência da Fixação da Despesa Orçamentária
6.3.1.7.2.00.00 C o n t a s d e N a t u r e z a Contas de Natureza Credora
Restos a Pagar Não Proces- Devedora
sados em Liquidação  – Ins-
crição no Exercício 5.2.2.1.0.00.00 6.2.2.1.0.00.00
+ Dotação Orçamentária Disponibilidades de Crédito
+ +
6.3.2.7.0.00.00
5.2.2.2.0.00.00 6.2.2.2.0.00.00
Restos a Pagar Processados –
Movimentação de Créditos Movimentação de Créditos
Inscrição no Exercício Recebidos Concedidos
+
6.3.1.2.0.00.00 Consistência dos Registros e Saldos de Contas
Restos a Pagar Não Proces- Cada unidade que realize a gestão de recursos públicos
sados em Liquidação deverá ser responsável pelo acompanhamento, análise e
+ consistência dos registros e saldos das contas contábeis, bem
6.3.1.3.0.00.00 como os reflexos causados nos respectivos demonstrativos.
Restos a Pagar Não Processa- A análise pode ser realizada, também, por meio do balancete,
dos Liquidados a Pagar conforme exemplos a seguir:
+ • Análise de saldos invertidos: no caso de contas que te-
6.3.2.1.0.00.00 nham saldo apenas devedor ou credor, de acordo com
Contabilidade Pública

Restos a Pagar Processados sua natureza, a apresentação de saldo invertido pode


a Pagar representar a execução de uma operação indevida.
+ • Classificação inadequada de receitas e despesas, tanto
Contas da Classe 2 (Passivo) para as contas de natureza orçamentária, nas fases de
marcadas com atributo o previsão e execução, quanto para as contas de natureza
atributo Financeiro (F) patrimonial (VPA e VPD).
que se refiram a depósitos • Utilização indevida de contas contábeis, por exemplo,
de terceiros (independentes uma escola de ensino básico, cuja atividade fim é
da execução orçamentária) educação, que apresente, em seu ativo imobilizado,

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saldo na conta “Aeronaves”, provavelmente realizou b) Quadro da Execução dos Restos a Pagar Não Proces-
uma classificação indevida. sados; e
• Saldos irrisórios ou residuais: devem ser analisadas as c) Quadro da Execução dos Restos a Pagar Processados.
contas que apresentem saldos com valores irrisórios
ou sem movimentação por um longo período. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas de-
• Existência de saldos em contas contábeis descritas talhadas por categoria econômica e origem, especificando
como “Outros (as)”: recomenda‑se que os registros a previsão inicial, a  previsão atualizada para o exercício,
nessas contas sejam limitados a 10% do total do grupo. a receita realizada e o saldo, que corresponde ao excesso
ou insuficiência de arrecadação. Demonstrará, também,
Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público as despesas por categoria econômica e grupo de natureza
As Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público da despesa, discriminando a dotação inicial, a dotação atu-
(DCASP) são compostas pelas demonstrações enumeradas alizada para o exercício, as despesas empenhadas, as des-
pela Lei nº 4.320/1964, pelas demonstrações exigidas pela pesas liquidadas, as despesas pagas e o saldo da dotação.
NBC T 16. 6 – Demonstrações Contábeis e pelas demons- É importante destacar que em decorrência da utilização
trações exigidas pela Lei Complementar nº  101/2000, do superávit financeiro de exercícios anteriores para aber-
as quais são: tura de créditos adicionais, apurado no Balanço Patrimonial
a) Balanço Orçamentário; do exercício anterior ao de referência, o Balanço Orçamen-
tário demonstrará uma situação de desequilíbrio entre a
b) Balanço Financeiro;
previsão atualizada da receita e a dotação atualizada. Essa
c) Balanço Patrimonial;
situação também pode ser causada pela reabertura de
d) Demonstração das Variações Patrimoniais;
créditos adicionais, especificamente os créditos especiais
e) Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC); e e extraordinários que tiveram o ato de autorização pro-
f) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido mulgado nos últimos quatro meses do ano anterior, caso
(DMPL). em que esses créditos serão reabertos nos limites de seus
saldos e incorporados ao orçamento do exercício financeiro
As estruturas das demonstrações contábeis contidas nos em referência24.
anexos da Lei nº 4.320/1964 foram atualizadas pela Portaria Esse desequilíbrio ocorre porque o superávit financeiro
STN nº 438/2012, em consonância com os novos padrões da de exercícios anteriores, quando utilizado como fonte de
Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP). Em função recursos para abertura de créditos adicionais, não pode
da atualização dos anexos da Lei nº 4.320/1964, somente ser demonstrado como parte da receita orçamentária do
os demonstrativos enumerados no parágrafo anterior serão Balanço Orçamentário que integra o cálculo do resultado
exigidos para fins de apresentação das demonstrações con- orçamentário. O  superávit financeiro não é receita do
tábeis nos termos deste Manual. exercício de referência, pois já o foi em exercício anterior,
A Parte V – Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Se- mas constitui disponibilidade para utilização no exercício
tor Público (DCASP) do Manual de Contabilidade Aplicada de referência. Por outro lado, as  despesas executadas à
ao Setor Público (MCASP) 7ª edição tem como objetivo conta do superávit financeiro são despesas do exercício de
padronizar a estrutura e as definições dos elementos que referência, por força legal, visto que não foram empenhadas
compõem as DCASP. Tais padrões devem ser observados pela no exercício anterior. Esse desequilíbrio também ocorre
União, estados, Distrito Federal e municípios, permitindo a pela reabertura de créditos adicionais porque aumentam
evidenciação, a análise e a consolidação das contas públicas a despesa fixada sem necessidade de nova arrecadação.
em âmbito nacional, em consonância com o Plano de Contas Tanto o superávit financeiro utilizado quanto a reabertura
Aplicado ao Setor Público (PCASP). de créditos adicionais estão detalhados no campo Saldo de
Para sua elaboração a Secretaria do Tesouro Nacio- Exercícios Anteriores, do Balanço Orçamentário.
nal observou a Lei nº  4.320/1964, a  Lei Complementar Dessa forma, no momento inicial da execução orça-
nº  101/2000  – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a  Lei mentária, tem‑se, em geral, o equilíbrio entre receita pre-
nº 10.180/2001 (Sistema de Administração Financeira e de vista e despesa fixada. No entanto, iniciada a execução do
Contabilidade Federal) e as Normas Brasileiras de Contabi- orçamento, quando há superávit financeiro de exercícios
lidade Aplicadas ao Setor Público (NBCT 16) editadas pelo anteriores, tem‑se um recurso disponível para abertura de
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). créditos para as despesas não fixadas ou não totalmente
A seguir disponibilizamos cada uma das demonstrações contempladas pela lei orçamentária.
contábeis cobradas pelo edital, além das Notas explicativas Dessa forma, o equilíbrio entre receita prevista e des-
e a sua Consolidação. pesa fixada no Balanço Orçamentário pode ser verificado
(sem influenciar o seu resultado) somando‑se os valores da
linha Total e da linha Saldos de Exercícios Anteriores, cons-
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO tantes da coluna Previsão Atualizada, e  confrontando‑se
Contabilidade Pública

esse montante com o total da coluna Dotação Atualizada.


Introdução Recomenda‑se a utilização de notas explicativas para
esclarecimentos a respeito da utilização do superávit
O Balanço Orçamentário23 demonstrará as receitas e financeiro e de reabertura de créditos especiais e extra-
despesas previstas em confronto com as realizadas. ordinários, bem como suas influências no resultado orça-
O Balanço Orçamentário é composto por: mentário, de forma a possibilitar a correta interpretação
a) Quadro Principal; das informações.

23
Lei nº 4.320/1964, Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas
e despesas previstas em confronto com as realizadas. 24
Constituição Federal de 1988, art. 167, §2º

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Estrutura
Quadro Principal
Contabilidade Pública

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Definições Se não ocorrerem eventos que ocasionem a reestimati-
va da receita, a coluna Previsão Atualizada apresentará os
Quadro Principal mesmos valores da coluna Previsão Inicial.

Receitas Orçamentárias Receitas Realizadas


Correspondem às receitas arrecadadas25 diretamente
Na coluna: Previsão Inicial pelo órgão, ou por meio de outras instituições como, por
Demonstra os valores da previsão inicial das receitas exemplo, a rede bancária.
conforme consta na Lei Orçamentária Anual (LOA).
Os valores registrados nessa coluna permanecerão inal- Na linha:
terados durante todo o exercício, pois refletem a posição
inicial do orçamento previsto na LOA. Receitas Correntes26
As atualizações monetárias autorizadas por lei, efetuadas Receitas Correntes são as receitas orçamentárias que
antes a data da publicação da LOA, também integrarão os aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são
valores apresentados na coluna. instrumentos de financiamento dos programas e ações orça-
mentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas e que,
Previsão Atualizada em geral, provocam efeito positivo sobre o Patrimônio Líquido.
Demonstra os valores da previsão atualizada das recei-
Contabilidade Pública

tas, que refletem a reestimativa da receita decorrente de, Receitas de Capital


por exemplo:
a. registro de excesso de arrecadação ou contratação de Receitas de Capital são as receitas orçamentárias que
operações de crédito, ambas podendo ser utilizadas aumentam as disponibilidades financeiras do Estado e são
para abertura de créditos adicionais; 25
Lei nº 4.320/1964
b. criação de novas naturezas de receita não previstas Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nêle arrecadadas; [...]
na LOA; 26
Lei nº 4.320/1964 Art. 11 [...]
c. remanejamento entre naturezas de receita; ou § 1º – São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimo-
nial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de
d. atualizações monetárias autorizadas por lei, efetuadas recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado,
após a data da publicação da LOA. quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes.

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instrumentos de financiamento dos programas e ações orça- como superávit financeiro no Balanço Orçamentário na
mentários, a fim de se atingirem as finalidades públicas e que, coluna de receita realizada (c).
em geral, não provocam efeito sobre o Patrimônio Líquido. Como exemplo, pode‑se citar a utilização de recursos
arrecadados em exercícios anteriores para o pagamento de
Operações de Crédito / Refinanciamento aposentadorias e pensões do RPPS. No caso do RPPS, inicial-
Demonstra o valor da receita decorrente da emissão de mente há mais receitas do que pagamentos de benefícios
títulos públicos e da obtenção de empréstimos, inclusive as (fase de capitalização). Para que haja equilíbrio orçamentá-
destinadas ao refinanciamento27 da dívida pública. rio, a diferença de valores é lançada como reserva do RPPS
Os valores referentes ao refinanciamento da dívida pública do lado da despesa orçamentária.
deverão ser segregados em operações de crédito internas e Entretanto, a partir de determinado momento, é provável
externas, e estas segregadas em dívida mobiliária e dívida que haja mais despesas do que receitas, fazendo‑se neces-
contratual. Este  nível de agregação também se aplica às sário utilizar os recursos que foram anteriormente capitali-
despesas com amortização da dívida e refinanciamento. zados. Assim, a parcela de recursos de exercícios anteriores
que será utilizada para complementar os pagamentos de
Déficit aposentadorias e pensões deverá constar do lado da receita
Demonstra a diferença negativa entre as receitas reali- orçamentária a fim de permitir o equilíbrio do orçamento.
zadas e as despesas empenhadas, se for o caso.
Equivale à diferença entre a linha Subtotal com Refinan- Despesas Orçamentárias
ciamento (V) das receitas e a linha Subtotal com Refinancia-
mento (XII) das despesas. Na coluna: Dotação Inicial
Se as receitas realizadas forem superiores às despesas Demonstra os valores dos créditos iniciais conforme
empenhadas, essa diferença será lançada na linha Superávit consta na Lei Orçamentária Anual (LOA).
(XIII). Nesse caso, a linha Déficit (VI) deverá ser preenchida Os valores registrados nessa coluna permanecerão inal-
com um traço (-), indicando valor inexistente ou nulo. terados durante todo o exercício, pois refletem a posição
O déficit é apresentado junto às receitas a fim de de- inicial do orçamento previsto na LOA.
monstrar o equilíbrio do Balanço Orçamentário.
Dotação Atualizada
Saldos de Exercícios Anteriores
Demonstra a dotação inicial somada aos créditos adicio-
Demonstra o valor dos recursos provenientes de su-
nais abertos ou reabertos durante o exercício de referência
perávit financeiro de exercícios anteriores que está sendo
e às atualizações monetárias efetuadas após a data da
utilizado como fonte para abertura de créditos adicionais.
publicação da LOA, deduzidos das respectivas anulações e
Demonstra, também, os  valores referentes aos créditos
cancelamentos.
adicionais autorizados nos últimos quatro meses do exer- Se não ocorrerem eventos que ocasionem a atualização
cício anterior ao de referência e reabertos no exercício de da despesa, a  coluna Dotação Atualizada apresentará os
referência. mesmos valores da coluna Dotação Inicial.
Apresenta valores somente nas colunas Previsão Atua-
lizada e Receita Realizada e deverá corresponder ao valor Despesas Empenhadas
utilizado para a abertura de créditos adicionais e valor
efetivamente utilizado para o empenhamento de despesas, Demonstra os valores das despesas empenhadas no
respectivamente. exercício, inclusive das despesas em liquidação, liquidadas
Tais valores não são considerados na receita orçamen- ou pagas.
tária do exercício de referência nem serão considerados no Considera‑se despesa orçamentária executada29 a des-
cálculo do déficit ou superávit orçamentário já que foram pesa empenhada.
arrecadados em exercícios anteriores.
Despesas Liquidadas
Recursos Arrecadados em Exercícios Anteriores
São recursos de exercícios anteriores que serão utilizados Demonstra os valores das despesas liquidadas no exer-
para custear despesas do exercício corrente, permitindo o cício de referência, inclusive das despesas pagas. Não inclui
equilíbrio na aprovação da Lei Orçamentária. os valores referentes à liquidação de restos a pagar não
A classificação orçamentária criada para essa finalidade é a processados.
“9990.00.00 – Recursos arrecadados em exercícios anterio-
res”, que se encontra disponível na relação de naturezas de Despesas Pagas
receitas, conforme estabelecido na Portaria Interministerial
STN/SOF nº 163/2001. Demonstra os valores das despesas pagas no exercício de
Deste modo, os  recursos arrecadados em exercícios referência. Não inclui os valores referentes ao pagamento de
anteriores poderão ser incluídos na previsão da receita para restos a pagar, processados ou não processados.
fins de equilíbrio orçamentário. Todavia, tais recursos não
Contabilidade Pública

são passíveis de execução, por já terem sido arrecadados Na linha:


em exercícios anteriores.
Quando da elaboração do projeto de lei orçamentária, Despesas Correntes
estes recursos arrecadados em exercícios anteriores ainda
não podem ser classificados como superávit financeiro28, já Despesas Correntes são as despesas que não contribuem,
que este só pode ser obtido ao final do exercício. Entretanto, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de
na execução do orçamento, estes recursos serão lançados capital.

27
O refinanciamento da dívida pública constitui a quitação de uma dívida anterior 29
Lei nº 4.320/1964
por meio de uma nova operação de crédito. Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: [...] II – as despesas nêle legalmente
28
Lei nº 4.320/1964, art.43 empenhadas.

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Despesas de Capital Inscritos em 31 de Dezembro do Exercício Anterior
Compreende o valor de restos a pagar não processados
Despesas de Capital são as despesas que contribuem, relativos ao exercício imediatamente anterior que não
diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de foram cancelados porque tiveram seu prazo de validade
capital. prorrogado.

Reserva de Contingência Liquidados

Reserva de Contingência é a destinação de parte das Compreende o valor dos restos a pagar não processados,
receitas orçamentárias para o atendimento de passivos liquidados após sua inscrição e ainda não pagos.
contingentes e outros riscos, bem como eventos fiscais
imprevistos, inclusive para a abertura de créditos adicionais. Pagos

Reserva do RPPS Compreende o valor dos restos a pagar não processados,


liquidados após sua inscrição e pagos.
Reserva do RPPS é a destinação de parte das receitas or-
çamentárias do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) Cancelados
para o pagamento de aposentadorias e pensões futuras.
Ressalta‑se que a diferença entre a reserva do RPPS e a Compreende o cancelamento de restos a pagar não
reserva de contingência está na subfunção, identificadas pe- processados por insuficiência de recursos, pela inscrição
los códigos 997 e 999, respectivamente, conforme a Portaria indevida ou para atender dispositivo legal.
Interministerial STN/SOF nº 163/2001.
Quadro da Execução de Restos a Pagar Processados
Amortização da Dívida/ Refinanciamento
Inscritos em Exercícios Anteriores
Demonstra o valor da despesa orçamentária decorrente Compreende o valor de restos a pagar processados relati-
do pagamento ou da transferência de outros ativos para vos aos exercícios anteriores, exceto os relativos ao exercício
a quitação do valor principal da dívida30, inclusive de seu imediatamente anterior, que não foram cancelados porque
refinanciamento31. tiveram seu prazo de validade prorrogado.
Os valores referentes à amortização da dívida pública
deverão ser segregados em operações de crédito internas e Inscritos em 31 de dezembro do Exercício Anterior
externas, e estas segregadas em dívida mobiliária e dívida Compreende o valor de restos a pagar processados relati-
contratual. Este nível de agregação também se aplica às vos ao exercício imediatamente anterior que não foram can-
receitas com operações de crédito e refinanciamento. celados porque tiveram seu prazo de validade prorrogado.

Superávit Pagos
Compreende o valor dos restos a pagar processados
Demonstra a diferença positiva entre as receitas realiza- pagos.
das e as despesas empenhadas, se for o caso.
Equivale à diferença entre a linha Subtotal com Refinan- Cancelados
ciamento (V) das receitas e a linha Subtotal com Refinancia- Compreende o cancelamento de restos a pagar proces-
mento (XII) das despesas. sados por insuficiência de recursos, pela inscrição indevida
Se as despesas empenhadas forem superiores às receitas ou para atender dispositivo legal.
realizadas, essa diferença será lançada na linha Déficit (VI).
Nesse caso, a linha Superávit (XIII) deverá ser preenchida com Elaboração
um traço (-), indicando valor inexistente ou nulo.
O superávit é apresentado junto às despesas a fim de O Balanço Orçamentário será elaborado utilizando‑se as
demonstrar o equilíbrio do Balanço Orçamentário. seguintes classes e grupos do Plano de Contas Aplicado ao
Setor Público (PCASP):
Quadro da Execução de Restos a Pagar Não a. Classe 5 (Orçamento Aprovado), Grupo 2 (Previsão da
Processados Receita e Fixação da Despesa); e
b. Classe 6 (Execução do Orçamento), Grupo 2 (Realiza-
Inscritos em Exercícios Anteriores ção da Receita e Execução da Despesa).
Compreende o valor de restos a pagar não processados
Contabilidade Pública

relativos aos exercícios anteriores, exceto os relativos ao Quadro Principal


exercício imediatamente anterior, que não foram cancelados O quadro principal apresentará as receitas e despesas
porque tiveram seu prazo de validade prorrogado. previstas em confronto com as realizadas. As  receitas e
despesas serão apresentadas conforme a classificação por
natureza. No caso da despesa, a  classificação funcional
30
Para fins de aplicação do MCASP, considera‑se amortização o pagamento do também será utilizada complementarmente à classificação
principal da dívida, que é classificado como despesa de capital. O termo não
abrange o pagamento dos juros e demais encargos, que são classificados como por natureza.
despesas correntes. As receitas deverão ser informadas pelos valores líquidos
31
Entende‑se como despesa de refinanciamento da dívida o pagamento das das respectivas deduções, tais como restituições, descontos,
operações de crédito anteriormente contratadas para o refinanciamento da
dívida. retificações, deduções para o Fundeb e repartições de receita

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tributária entre os entes da Federação, quando registradas Balanço Financeiro
como dedução, conforme orientação da Parte I – Procedi-
mentos Contábeis Orçamentários (PCO). Introdução

Quadro da Execução de Restos a Pagar Não Proces‑ O Balanço Financeiro (BF)32 evidencia as receitas e des-
sados pesas orçamentárias, bem como os ingressos e dispêndios
Neste quadro, deverão ser informados os restos a pagar extra orçamentários, conjugados com os saldos de caixa do
não processados inscritos até o exercício anterior e suas exercício anterior e os que se transferem para o início do
respectivas fases de execução. Os restos a pagar inscritos na exercício seguinte.
condição de não processados que tenham sido liquidados O Balanço Financeiro é composto por um único quadro
em exercício anterior ao de referência deverão compor o que evidencia a movimentação financeira das entidades do
Quadro da Execução de Restos a Pagar Processados. setor público, demonstrando:

a. a receita orçamentária realizada e a despesa orçamen-


Quadro da Execução de Restos a Pagar Processados
tária executada, por fonte / destinação de recurso,
Neste quadro, deverão ser informados os restos a pagar
discriminando as ordinárias e as vinculadas;
processados inscritos até o exercício anterior nas respecti- b. os recebimentos e os pagamentos extra orçamentá-
vas fases de execução. Deverão ser informados, também, rios;
os restos a pagar inscritos na condição de não processados c. as transferências financeiras recebidas e concedidas,
que tenham sido liquidados em exercício anterior. O ente decorrentes ou independentes da execução orça-
deverá ao final do exercício transferir os saldos de restos mentária, destacando os aportes de recursos para o
a pagar não processados liquidados para restos a pagar RPPS; e
processados. d. o saldo em espécie do exercício anterior e para o
Não se faz necessária a coluna Liquidados, uma vez que exercício seguinte.
todos os restos a pagar evidenciados neste quadro já passa-
ram pelo estágio da liquidação na execução orçamentária. O Balanço Financeiro possibilita a apuração do resultado
financeiro do exercício. Esse cálculo pode ser efetuado de
Notas Explicativas dois modos:

O Balanço Orçamentário deverá ser acompanhado de MODO 1


notas explicativas que divulguem, ao menos: Saldo em Espécie para o Exercício Seguinte
a. o detalhamento das receitas e despesas intra orça-
(-) Saldo em Espécie do Exercício Anterior.
mentárias, quando relevante;
b. o detalhamento das despesas executadas por tipos = Resultado Financeiro do Exercício
de créditos (inicial, suplementar, especial e extraor-
dinário); MODO 2
c. a utilização do superávit financeiro e da reabertura Receitas Orçamentárias
de créditos especiais e extraordinários, bem como (+) Transferências Financeiras Recebidas
suas influências no resultado orçamentário; (+) Recebimentos Extra orçamentários
d. as atualizações monetárias autorizadas por lei, efe- (-) Despesa Orçamentária
tuadas antes e após a data da publicação da LOA, (-) Transferências Financeiras Concedidas (-) Pagamentos
que compõem a coluna Previsão Inicial da receita Extra orçamentários
orçamentária; = Resultado Financeiro do Exercício
e. o procedimento adotado em relação aos restos a
pagar não processados liquidados, ou seja, se o ente O resultado financeiro do exercício não deve ser con-
transfere o saldo ao final do exercício para restos a fundido com o superávit ou déficit financeiro do exercício
pagar processados ou se mantém  o controle dos apurado no Balanço Patrimonial.
restos a pagar não processados liquidados separa- Em geral, um resultado financeiro positivo é um indicador
damente; de equilíbrio financeiro. No entanto, uma variação positiva
f. o detalhamento dos “recursos de exercícios ante- na disponibilidade do período não é sinônimo, necessa-
riores” utilizados para financiar as despesas orça- riamente, de bom desempenho da gestão financeira, pois
mentárias do exercício corrente, destacando‑se os pode decorrer, por exemplo, da elevação do endividamento
recursos vinculados ao RPPS e outros com destinação público. Da mesma forma, a variação negativa não significa,
vinculada. necessariamente, um mau desempenho, pois pode decor-
rer de uma redução no endividamento. Portanto, a análise
Além disso, os Balanços Orçamentários não consolida- deve ser feita conjuntamente com o Balanço Patrimonial,
Contabilidade Pública

dos (de órgãos e entidades, por exemplo), poderão apresen- considerando os fatores mencionados e as demais variáveis
tar desequilíbrio e déficit orçamentário, pois muitos deles orçamentárias e extra orçamentárias.
A discriminação por fonte / destinação de recurso permi-
não são agentes arrecadadores e executam despesas orça-
te evidenciar a origem e a aplicação dos recursos financeiros
mentárias para prestação de serviços públicos e realização
referentes à receita e despesa orçamentárias.
de investimentos. Esse fato não representa irregularidade,
devendo ser evidenciado complementarmente por nota 32
Lei nº 4.320/1964
explicativa que demonstre o montante da movimentação Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias
financeira (transferências financeiras recebidas e concedi- bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra orçamentária,
conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os
das) relacionado à execução do orçamento do exercício. que se transferem para o exercício seguinte.

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Definições b. Classe 3 (Variações Patrimoniais Diminutivas) para as
Transferências Financeiras Concedidas;
Receitas e Despesas Orçamentárias Ordinárias c. Classe 4 (Variações Patrimoniais Aumentativas) para
Compreendem as receitas orçamentárias, líquidas das as Transferências Financeiras Recebidas;
deduções, e despesas orçamentárias de livre alocação entre d. Classe 5 (Orçamento Aprovado) para a Inscrição de
a origem e a aplicação de recursos, para atender a quaisquer Restos a Pagar36; e
finalidades. e. Classe 6 (Execução do Orçamento) para a Receita
Orçamentária, Despesa Orçamentária e Pagamento
Receitas e Despesas Orçamentárias Vinculadas de Restos a Pagar.
Compreendem as receitas orçamentárias, líquidas das
deduções, e  despesas orçamentárias cuja aplicação dos Os Ingressos (Receitas Orçamentárias e Recebimentos
recursos é definida em lei, de acordo com sua origem. Extra orçamentários) e Dispêndios (Despesa Orçamentária
A identificação das vinculações pode ser feita por meio e Pagamentos Extra orçamentários) se equilibram por meio
do mecanismo fonte / destinação de recursos33. As fontes / da inclusão do Saldo em Espécie do Exercício Anterior na
destinações de recursos indicam como são financiadas as coluna dos Ingressos e do Saldo em Espécie para o Exercício
despesas orçamentárias, atendendo sua destinação legal. Seguinte na coluna dos Dispêndios.
As receitas e despesas orçamentárias deverão ser segre-
Transferências Financeiras Recebidas e Concedidas gadas quanto à destinação em ordinárias e vinculadas. Deve-
Refletem as movimentações de recursos financeiros rão ser detalhadas, no mínimo, as vinculações à educação,
entre órgãos e entidades da administração direta e indireta. saúde, previdência social (RPPS e RGPS) e assistência social.
Podem ser orçamentárias ou extra orçamentárias. Aquelas Como a classificação por fonte / destinação de recursos não
efetuadas em cumprimento à execução do Orçamento são as é padronizada para a Federação, cabe a cada ente adaptá‑la
cotas, repasses e sub‑repasses. Aquelas que não se relacio- à classificação por ele adotada, criando uma linha para cada
nam com o Orçamento em geral decorrem da transferência fonte / destinação de recursos existente.
de recursos relativos aos restos a pagar. Esses valores, quando Recomenda‑se que as vinculações agrupadas nas linhas
observados os demonstrativos consolidados, são compensa- Outras Destinações de Recursos não ultrapassem 10% do
dos pelas transferências financeiras concedidas. total da receita ou despesa orçamentária.

Recebimentos Extra orçamentários Notas Explicativas


Compreendem os ingressos não previstos no orçamento,
por exemplo: Algumas operações podem interferir na elaboração do
a. ingressos de recursos relativos a consignações em Balanço Financeiro, como, por exemplo, as retenções. De-
folha de pagamento, fianças, cauções, dentre outros; e pendendo da forma como as retenções são contabilizadas,
b. inscrição de restos a pagar34. os saldos em espécie podem ser afetados. Se o ente con-
siderar a retenção como paga no momento da liquidação,
Pagamentos Extra orçamentários então deverá promover um ajuste no saldo em espécie a fim
Compreendem os pagamentos que não precisam se sub- de demonstrar que há um saldo vinculado a ser deduzido.
meter ao processo de execução orçamentária, por exemplo: Entretanto, se o ente considerar a retenção como paga ape-
a. relativos a obrigações que representaram ingressos nas na baixa da obrigação, nenhum ajuste será promovido.
extra orçamentárias (ex. devolução de depósitos); e Dessa forma, eventuais ajustes relacionados às reten-
b. restos a pagar inscritos em exercícios anteriores e ções, bem como outras operações que impactem significa-
pagos no exercício. tivamente o Balanço Financeiro, deverão ser evidenciados
em notas explicativas.
Saldo do Exercício Anterior e Saldo para o Exercício As receitas orçamentárias serão apresentadas líquidas de
Seguinte deduções. O detalhamento das
Compreende os recursos financeiros, e  o valor das deduções da receita orçamentária por fonte/destinação
entradas compensatórias no ativo e passivo financeiros35, de recursos pode ser apresentado em quadros anexos ao
que serão demonstradas na linha Depósitos Restituíveis e Balanço Financeiro e em Notas Explicativas.
Valores Vinculados.
Balanço Patrimonial
Elaboração
Introdução
O Balanço Financeiro será elaborado utilizando‑se as
seguintes classes do Plano de Contas Aplicado ao Setor O Balanço Patrimonial37 é a demonstração contábil que
Público (PCASP): evidencia, qualitativa e quantitativamente, a situação patri-
a. Classes 1 (Ativo) e 2 (Passivo) para os Recebimentos monial da entidade pública por meio de contas representa-
e Pagamentos Extra orçamentários de Depósitos tivas do patrimônio público, bem como os atos potenciais,
Restituíveis e Valores Vinculados, Saldo em Espécie do que são registrados em contas de compensação (natureza
Contabilidade Pública

Exercício Anterior e Saldo em Espécie para o Exercício de informação de controle).


Seguinte; Os ativos e passivos são conceituados e segregados em
circulante e não circulante, conforme critérios estabelecidos
33
O mecanismo de fonte / destinação de recursos é descrito na Parte I – Proce- na Parte II  – Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP)
dimentos Contábeis Orçamentários (PCO) deste Manual. deste Manual.
34
Lei nº 4.320/1964 art. 103 parágrafo único.
35
Lei nº 4.320/1964
Art. 3º [...] 36
Lei nº 4.320/1964
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações Art. 103 [...]
de credito por antecipação da receita, as emissões de papel‑moeda e outras Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita
entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros. (Veto rejeitado no extra‑orçamentária para compensar sua inclusão na despesa orçamentária.
D.O. 05/05/1964) 37
Lei nº 4.320/1964 art. 105.

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A Lei nº 4.320/1964 confere viés orçamentário ao Balanço Assim, o Balanço Patrimonial é composto por:
Patrimonial ao separar o ativo e o passivo em dois grupos, a. Quadro Principal;
Financeiro e Permanente, em função da dependência ou não b. Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Perma-
de autorização legislativa ou orçamentária para realização nentes;
dos itens que o compõem. c. Quadro das Contas de Compensação (controle); e
Por isso, as estruturas das demonstrações contábeis con-
d. Quadro do Superávit / Déficit Financeiro.
tidas nos anexos da Lei nº 4.320/1964 foram alteradas pela
Portaria STN nº  438/2012, em consonância com os novos
padrões da Contabilidade Aplicada ao Setor Público (CASP). O Balanço Patrimonial permite análises diversas acerca
A partir de então, no Balanço Patrimonial tem‑se a visão patri- da situação patrimonial da entidade, como sua liquidez e
monial como base para análise e registro dos fatos contábeis. seu endividamento, dentre outros.

Estrutura

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Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e Permanentes

Quadro das Contas de Compensação


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Quadro do Superávit / Déficit Financeiro

Definições Integram o ativo não circulante: o ativo realizável a longo


prazo, os investimentos, o imobilizado, o intangível e eventual
Quadro Principal saldo a amortizar do ativo diferido.

Ativo Circulante Realizável a Longo Prazo


Compreende os ativos que satisfazem um dos dois se- Compreende os bens, direitos e despesas (VPD) anteci-
guintes critérios: padas realizáveis no longo prazo.
a. estarem disponíveis para realização imediata; ou
b. terem expectativa de realização até doze meses da Investimentos
data das demonstrações contábeis. Compreende as participações permanentes em outras
sociedades, bem como os bens e direitos não classificáveis
Compreende os ativos que atendam a qualquer um dos no ativo circulante nem no ativo realizável a longo prazo e
seguintes critérios: sejam caixa ou equivalente de caixa; se- que não se destinem a manutenção da atividade da entidade.
jam realizáveis ou mantidos para venda ou consumo dentro
do ciclo operacional da entidade; sejam mantidos primaria- Imobilizado
mente para negociação; sejam realizáveis no curto prazo. Compreende os direitos que tenham por objeto bens cor-
póreos destinados a manutenção das atividades da entidade
Caixa e Equivalentes de Caixa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes
Compreende o somatório dos valores em caixa e em de operações que transfiram a ela os benefícios, os riscos e
bancos, bem como equivalentes, que representam recursos o controle desses bens.
com livre movimentação para aplicação nas operações da en-
tidade e para os quais não haja restrições para uso imediato. Intangível
Compreende os direitos que tenham por objeto bens
Créditos a Curto Prazo incorpóreos destinados a manutenção da entidade ou exer-
Compreende os valores a receber por fornecimento de cidos com essa finalidade.
bens, serviços, créditos tributários, dívida ativa, transferên-
cias e empréstimos e financiamentos concedidos realizáveis Passivo Circulante
até doze meses da data das demonstrações contábeis. Compreende os passivos exigíveis até doze meses da data
das demonstrações contábeis.
Investimentos e Aplicações Temporárias a Curto Prazo Compreende as obrigações conhecidas e estimadas que
Compreendem as aplicações de recursos em títulos e atendam a qualquer um dos seguintes critérios: tenham
valores mobiliários, não destinadas à negociação e que não prazos estabelecidos ou esperados dentro do ciclo opera-
façam parte das atividades operacionais da entidade, resga- cional da entidade; sejam mantidos primariamente para
táveis no curto prazo, além das aplicações temporárias em negociação; tenham prazos estabelecidos ou esperados no
metais preciosos. curto prazo; sejam valores de terceiros ou retenções em
nome deles, quando a entidade do setor público for fiel
Estoques depositária, independentemente do prazo de exigibilidade.
Compreende o valor dos bens adquiridos, produzidos ou
em processo de elaboração pela entidade com o objetivo de Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais
venda ou utilização própria no curso normal das atividades. a Pagar a Curto Prazo
Contabilidade Pública

Compreende as obrigações referentes a salários ou re-


Variações Patrimoniais Diminutivas (VPD) Pagas Ante‑ munerações, bem como benefícios aos quais o empregado
cipadamente ou servidor tenha direito, aposentadorias, reformas, pensões
Compreende pagamentos de variações patrimoniais e encargos a pagar, benefícios assistenciais, inclusive os
diminutivas (VPD) de forma antecipada, cujos benefícios ou precatórios decorrentes dessas obrigações, com vencimento
prestação de serviço à entidade ocorrerão no futuro. no curto prazo.

Ativo Não Circulante Empréstimos e Financiamentos a Curto Prazo


Compreende os ativos que têm expectativa de realização Compreende as obrigações financeiras externas e in-
após doze meses da data das demonstrações contábeis. ternas da entidade a título de empréstimos, bem como as

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aquisições efetuadas diretamente com o fornecedor, com Demais Obrigações a Longo Prazo
vencimentos no curto prazo. Compreende as obrigações da entidade junto a terceiros
não inclusas nos subgrupos anteriores, inclusive os preca-
Fornecedores e Contas a Pagar a Curto Prazo tórios decorrentes dessas obrigações, com vencimento no
Compreende as obrigações junto a fornecedores de longo prazo.
matérias‑primas, mercadorias e outros materiais utilizados
nas atividades operacionais da entidade, bem como as Resultado Diferido
obrigações decorrentes do fornecimento de utilidades e da Compreende o valor das variações patrimoniais aumenta-
prestação de serviços, tais como de energia elétrica, água, tivas já recebidas que efetivamente devem ser reconhecidas
telefone, propaganda, aluguéis e todas as outras contas a em resultados em anos futuros e que não haja qualquer tipo
pagar, inclusive os precatórios decorrentes dessas obriga- de obrigação de devolução por parte da entidade. Compre-
ções, com vencimento no curto prazo. ende também o saldo existente na antiga conta resultado de
exercícios futuros em 31 de dezembro de 2008.
Obrigações Fiscais a Curto Prazo
Compreende as obrigações das entidades com o governo Patrimônio Líquido
relativas a impostos, taxas e contribuições com vencimento
Compreende o valor residual dos ativos depois de dedu-
no curto prazo.
zidos todos os passivos.
Obrigações de Repartições a Outros Entes
Compreende os valores arrecadados de impostos e ou- Patrimônio Social e Capital Social
tras receitas a serem repartidos aos estados, Distrito Federal Compreende o patrimônio social das autarquias, fun-
e municípios. dações e fundos e o capital social das demais entidades da
administração indireta.
Provisões a Curto Prazo
Compreende os passivos de prazo ou de valor incertos, Adiantamento Para Futuro Aumento de Capital
com probabilidade de ocorrerem no curto prazo. Compreende os recursos recebidos pela entidade de
seus acionistas ou quotistas destinados a serem utilizados
Demais Obrigações a Curto Prazo para aumento de capital, quando não haja a possibilidade
Compreende as obrigações da entidade junto a terceiros de devolução destes recursos.
não inclusas nos subgrupos anteriores, com vencimento no
curto prazo, inclusive os precatórios decorrentes dessas Reservas de Capital
obrigações, com vencimento no curto prazo. Compreende os valores acrescidos ao patrimônio que
não transitaram pelo resultado como variações patrimoniais
Passivo Não Circulante aumentativas (VPA).
Compreende os passivos exigíveis após doze meses da
data das demonstrações contábeis. Compreende as obriga- Ajustes de Avaliação Patrimonial
ções conhecidas e estimadas que não atendam a nenhum Compreende as contrapartidas de aumentos ou diminui-
dos critérios para serem classificadas no passivo circulante. ções de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo em
decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos previstos
Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assistenciais pela lei 6.404/76 ou em normas expedidas pela comissão de
a Pagar a Longo Prazo valores mobiliários, enquanto não computadas no resultado
Compreende as obrigações referentes a salários ou re- do exercício em obediência ao regime de competência.
munerações, bem como benefícios aos quais o empregado
ou servidor tenha direito, aposentadorias, reformas, pensões Reservas de Lucros
e encargos a pagar, benefícios assistenciais, inclusive os Compreende as reservas constituídas com parcelas do
precatórios decorrentes dessas obrigações, com vencimento lucro líquido das entidades para finalidades especificas.
no longo prazo.
Demais Reservas
Empréstimos e Financiamentos a Longo Prazo Compreende as demais reservas, não classificadas como
Compreende as obrigações financeiras da entidade a reservas de capital ou de lucro, inclusive aquelas que terão
título de empréstimos, bem como as aquisições efetuadas
seus saldos realizados por terem sido extintas pela legislação.
diretamente com o fornecedor, com vencimentos no longo
prazo.
Resultados Acumulados
Fornecedores e Contas a Pagar a Longo Prazo Compreende o saldo remanescente dos lucros ou prejuí-
Compreende as obrigações junto a fornecedores de zos líquidos das empresas e os superávits ou déficits acumula-
matérias‑primas, mercadorias e outros materiais utilizados dos da administração direta, autarquias, fundações e fundos.
nas atividades operacionais da entidade, inclusive os preca-
tórios decorrentes dessas obrigações, com vencimento no Ações / Cotas em Tesouraria
Contabilidade Pública

longo prazo. Compreende o valor das ações ou cotas da entidade que


foram adquiridas pela própria entidade.
Obrigações Fiscais a Longo Prazo
Compreende as obrigações das entidades com o governo Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e
relativas a impostos, taxas e contribuições com vencimento Permanentes
no longo prazo.
Ativo Financeiro
Provisões a Longo Prazo Compreende os créditos e valores realizáveis inde-
Compreende os passivos de prazo ou de valor incertos, pendentemente de autorização orçamentária e os valores
com probabilidade de ocorrerem no longo prazo. numerários.

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Ativo Permanente Patrimônio Líquido) do Plano de Contas Aplicado ao Setor
Compreende os bens, créditos e valores, cuja mobilização Público (PCASP). Os ativos e passivos serão apresentados em
ou alienação dependa de autorização legislativa. níveis sintéticos (3º nível ou 4º nível).
As contas do ativo devem ser dispostas em ordem de-
Passivo Financeiro crescente de grau de conversibilidade. As contas do passivo,
Compreende as dívidas fundadas e outros compromis- em ordem decrescente de grau de exigibilidade.
sos exigíveis cujo pagamento independa de autorização Os saldos das contas dos ativos e passivos são apre-
orçamentária. sentados no quadro principal por seus valores líquidos das
Caso o Balanço Patrimonial seja elaborado no decorrer respectivas deduções, como, por exemplo, as contas de ativo
do exercício, serão incluídos no passivo financeiro os créditos imobilizado líquidas das depreciações.
empenhados a liquidar. Os saldos das contas intragovernamentais deverão ser
excluídos para viabilizar a consolidação das contas no ente.
Passivo Permanente Nos casos em que o próprio ente abrir essas contas no 5º
Compreende as dívidas fundadas e outras que dependam nível (conforme possibilidade prevista no PCASP), ou seja,
de autorização legislativa para amortização ou resgate. em contas Intra‑OFSS que não estão na estrutura padrão do
PCASP Federação, o ente deverá proceder à exclusão dessas
Quadro das Contas de Compensação contas para obtenção do demonstrativo consolidado.
Contas de Compensação Quadro dos Ativos e Passivos Financeiros e
Compreende as contas representativas dos atos poten- Permanentes
ciais ativos e passivos.
Este quadro apresenta os ativos e passivos financeiros e
Atos Potenciais
permanentes, de acordo com o disposto no art. 105 da Lei
Compreende os atos a executar que podem vir a afetar o
patrimônio, imediata ou indiretamente, por exemplo: direitos nº 4.320/1964.
e obrigações conveniadas ou contratadas; responsabilidade Será elaborado utilizando‑se a classe 1 (Ativo), a classe 2
por valores, títulos e bens de terceiros; garantias e contra- (Passivo e Patrimônio Líquido) do PCASP, bem como as contas
garantias recebidas e concedidas. A definição é orientada que representem passivos financeiros, mas que não apre-
pelo fluxo de caixa a ser envolvido na execução futura do sentam passivos patrimoniais associados, como as contas da
ato potencial. classe 6 “Crédito Empenhado a Liquidar” e “Restos a Pagar
Não Processados a Liquidar”.
Atos Potenciais Ativos Os ativos e passivos financeiros e permanentes e o
Compreende os atos a executar que podem vir a afetar saldo patrimonial serão apresentados pelos seus valores
positivamente o patrimônio, imediata ou indiretamente. totais. É  facultativo o detalhamento dos saldos em notas
explicativas.
Atos Potenciais Passivos
Compreende os atos a executar que podem vir a afetar Quadro das Contas de Compensação
negativamente o patrimônio, imediata ou indiretamente.
Este quadro apresenta os atos potenciais do ativo e do
Quadro do Superávit / Déficit Financeiro passivo a executar, que potencialmente podem afetar o patri-
mônio do ente. Os valores dos atos potenciais já executados
Superávit Financeiro não devem ser considerados.
Corresponde à diferença positiva entre o ativo financeiro Será elaborado utilizando‑se a classe 8 (Controles Cre-
e o passivo financeiro. dores) do PCASP.
O superávit financeiro do exercício anterior é fonte de re- O PCASP não padroniza o desdobramento dos atos po-
cursos para abertura de créditos suplementares e especiais, tenciais ativos e passivos em nível que permita segregar os
devendo‑se conjugar, ainda, os saldos dos créditos adicionais atos executados daqueles a executar. Tal desdobramento
transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas, de deverá ser feito por cada ente, a nível de item e subitem
acordo com o artigo 43 da Lei nº 4.320/1964, caput, § 1º, (6º nível e 7º nível).
inciso I e § 2º.
Quadro do Superávit / Déficit Financeiro
Déficit Financeiro
Corresponde à diferença negativa entre o ativo financeiro Este quadro apresenta o superávit / déficit financeiro,
e o passivo financeiro. apurado conforme o § 2º do art. 43 da Lei nº 4.320/1964.
Será elaborado utilizando‑se o saldo da conta
Fonte de Recursos 8.2.1.1.1.00.00 – Disponibilidade por Destinação de Recur-
Mecanismo38 que permite a identificação da origem e so (DDR), segregado por fonte / destinação de recursos39.
destinação dos recursos legalmente vinculados a órgão, Como a classificação por fonte / destinação de recursos não
fundo ou despesa.
Contabilidade Pública

é padronizada, cabe a cada ente adaptá‑lo à classificação


por ele adotada.
Elaboração Poderão ser apresentadas algumas fontes com déficit e
outras com superávit financeiro, de modo que o total seja
Quadro Principal igual ao superávit / déficit financeiro apurado pela diferença
entre o Ativo Financeiro e o Passivo Financeiro conforme o
O Quadro Principal do Balanço Patrimonial será elabo- quadro dos ativos e passivos financeiros e permanentes.
rado utilizando‑se a classe 1 (Ativo) e a classe 2 (Passivo e
38
O mecanismo de fonte / destinação de recursos é tratado na Parte I – Proce- 39
O mecanismo de Fonte / Destinação de Recursos é tratado no Capítulo 01.05
dimentos Contábeis Orçamentários (PCO) deste Manual. da Parte I – Procedimentos Contábeis Orçamentários (PCO) deste Manual.

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Notas Explicativas contábeis no âmbito de cada ente. Entretanto, se as de-
monstrações contábeis se referirem apenas às contas de um
O Balanço Patrimonial deverá ser acompanhado de no- órgão, uma entidade ou uma empresa pública, então não há
tas explicativas em função da dimensão e da natureza dos exclusão das contas intraorçamentárias.
valores envolvidos nos ativos e passivos. Recomenda‑se o O resultado patrimonial do período é apurado na DVP
detalhamento das seguintes contas: pelo confronto entre as variações patrimoniais quantitativas
a. Créditos a Curto Prazo e a Longo Prazo; aumentativas e diminutivas. O valor apurado passa a compor
b. Imobilizado; o saldo patrimonial do Balanço Patrimonial (BP) do exercício.
c. Intangível; A DVP poderá ser elaborada de acordo com um dos dois
d. Obrigações Trabalhistas, Previdenciárias e Assisten- modelos apresentados neste Capítulo:
ciais a Curto Prazo e a Longo Prazo; a. Modelo Sintético: este modelo facilita a visualização
e. Provisões a Curto Prazo e a Longo Prazo; dos grandes grupos de variações patrimoniais que
f. Demais elementos patrimoniais, quando relevantes. compõem o resultado patrimonial. Esse modelo es-
pecifica apenas os grupos (2º nível de detalhamento
Também é recomendado que as políticas contábeis do PCASP), acompanhado de quadros anexos que
relevantes que tenham reflexos no patrimônio sejam evi- detalham sua composição.
denciadas, como as políticas de depreciação, amortização b. Modelo Analítico: este modelo detalha os subgrupos
e exaustão. (3º nível de detalhamento do PCASP) das variações
patrimoniais em um único quadro. Esse modelo auxilia
Demonstração Das Variações Patrimoniais o recebimento das contas anuais por meio do Siconfi
para fins de consolidação.
Introdução
Este Demonstrativo tem função semelhante à Demonstra-
A Demonstração das Variações Patrimoniais (DVP)40 evi- ção do Resultado do Exercício (DRE) do setor privado. Contu-
denciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes do, é importante ressaltar que a DRE apura o resultado em
ou independentes da execução orçamentária, e indicará o termos de lucro ou prejuízo líquido, como um dos principais
resultado patrimonial do exercício. indicadores de desempenho da entidade. Já no setor público,
A elaboração da DVP tem por base as contas contábeis o resultado patrimonial não é um indicador de desempenho,
do modelo de Plano de Contas Aplicado ao Setor Público mas um medidor do quanto o serviço público ofertado pro-
(PCASP), utilizando‑se as classes 3 (variações patrimoniais moveu alterações quantitativas dos elementos patrimoniais.
diminutivas – VPD) e 4 (variações patrimoniais aumentati- A DVP permite a análise de como as políticas adotadas
vas – VPA). Caso haja contas intraorçamentárias, estas devem provocaram alterações no patrimônio público, consideran-
ser excluídas para fins de consolidação das demonstrações do‑se a finalidade de atender às demandas da sociedade.
40

Estrutura
Modelo Sintético
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40
Lei nº 4.320/1964 Art. 104.

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Modelo Analítico

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Definições vantagens pecuniárias fixas ou variáveis estabelecidas em lei
decorrentes do pagamento pelo efetivo exercício do cargo,
Variações Patrimoniais Aumentativas emprego ou função de confiança no setor público, bem
como as variações patrimoniais diminutivas com contratos
Impostos, Taxas e Contribuições De Melhoria de terceirização de mão de obra que se refiram à substituição
Compreende toda prestação pecuniária compulsória, de servidores e empregados públicos. Compreende ainda,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não obrigações trabalhistas de responsabilidade do empregador,
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada incidentes sobre a folha de pagamento dos órgãos e demais
mediante atividade administrativa plenamente vinculada. entidades do setor público, contribuições a entidades fecha-
das de previdência e benefícios eventuais a pessoal civil e
Contribuições militar, destacados os custos de pessoal e encargos inerentes
Compreende as contribuições sociais, de intervenção no às mercadorias e produtos vendidos e serviços prestados.
domínio econômico e de iluminação pública.
Benefícios Previdenciários e Assistenciais
Exploração e Venda de Bens, Serviços e Direitos Compreendem as variações patrimoniais diminutivas
Compreende as variações patrimoniais auferidas com a relativas às aposentadorias, pensões, reformas, reserva
venda de bens, serviços e direitos, que resultem em aumento remunerada e outros benefícios previdenciários de caráter
do patrimônio líquido, independentemente de ingresso, contributivo, do Regime Próprio da Previdência Social (RPPS)
incluindo‑se a venda bruta e deduzindo‑se as devoluções, e do Regime Geral da Previdência Social (RGPS).
abatimentos e descontos comerciais concedidos. Compreendem, também, as  ações de assistência social,
que são políticas de seguridade social não contributiva,
Variações Patrimoniais Aumentativas Financeiras visando ao enfrentamento da pobreza, à garantia dos mí-
Representa o somatório das variações patrimoniais nimos sociais, ao provimento de condições para atender às
aumentativas com operações financeiras. Compreende: contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.
descontos obtidos, juros auferidos, prêmio de resgate de
títulos e debêntures, entre outros. Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo
Representa o somatório das variações patrimoniais di-
Transferências e Delegações Recebidas minutivas com manutenção e operação da máquina pública,
Compreende o somatório das variações patrimoniais au- exceto despesas com pessoal e encargos que serão registra-
mentativas com transferências intergovernamentais, transfe- das em grupo específico (Despesas de Pessoal e Encargos).
rências intragovernamentais, transferências de instituições Compreende: diárias, material de consumo, depreciação,
multigovernamentais, transferências de instituições privadas amortização etc.
com ou sem fins lucrativos, transferências de convênios e
transferências do exterior. Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras
Compreende as variações patrimoniais diminutivas com
Valorização e Ganhos com Ativos e Desincorporação operações financeiras, tais como: juros incorridos, descon-
de Passivos tos concedidos, comissões, despesas bancárias e correções
Compreende a variação patrimonial aumentativa com monetárias.
reavaliação e ganhos de ativos ou com a desincorporação
de passivos. Transferências e Delegações Concedidas
Compreende o somatório das variações patrimoniais
Outras Variações Patrimoniais Aumentativas diminutivas com transferências intergovernamentais, trans-
Compreende o somatório das demais variações patri- ferências intragovernamentais, transferências a instituições
Contabilidade Pública

moniais aumentativas não incluídas nos grupos anteriores, multigovernamentais, transferências a instituições privadas
tais como: resultado positivo da equivalência patrimonial, com ou sem fins lucrativos, transferências a convênios e
dividendos, etc. transferências ao exterior.

Variações Patrimoniais Diminutivas Desvalorização e Perda de Ativos e Incorporação de


Passivos
Pessoal e Encargos Compreende a variação patrimonial diminutiva com
Compreende a remuneração do pessoal ativo civil ou desvalorização e perdas de ativos, com redução a valor re-
militar, correspondente ao somatório das variações patri- cuperável, perdas com alienação e perdas involuntárias ou
moniais diminutivas com subsídios, vencimentos, soldos e com a incorporação de passivos.

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Tributárias b. Baixas de investimento;
Compreendem as variações patrimoniais diminutivas c. Constituição ou reversão de provisões.
relativas aos impostos, taxas, contribuições de melhoria,
contribuições sociais, contribuições econômicas e contri- Demonstração dos Fluxos de Caixa
buições especiais.
Introdução
Custo das Mercadorias e Produtos Vendidos, e dos
Serviços Prestados A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) apresenta as
Compreende as variações patrimoniais diminutivas re- entradas e saídas de caixa e as classifica em fluxos operacio-
lativas aos custos das mercadorias vendidas, dos produtos nal, de investimento e de financiamento.
vendidos e dos serviços prestados. A DFC identificará:
O Custo dos produtos vendidos ou dos serviços prestados a. as fontes de geração dos fluxos de entrada de caixa;
devem ser computados no exercício corresponde às respec-
b. os itens de consumo de caixa durante o período das
tivas receitas de vendas. A apuração do custo dos produtos
demonstrações contábeis; e
vendidos está diretamente relacionada aos estoques, pois
c. o saldo do caixa na data das demonstrações contábeis.
representa a baixa efetuadas nas contas dos estoques por
vendas realizadas no período.
Esta demonstração permite a análise da capacidade de a
Outras Variações Patrimoniais Diminutivas entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e da utilização
Compreende o somatório das variações patrimoniais de recursos próprios e de terceiros em suas atividades.
diminutivas não incluídas nos grupos anteriores. Compre- Pode ser analisada, também, mediante comparação dos
ende: premiações, incentivos, equalizações de preços e fluxos de caixa, gerados ou consumidos, com o resultado do
taxas, participações e contribuições, resultado negativo com período e com o total do passivo, permitindo identificar, por
participações, dentre outros. exemplo: a parcela dos recursos utilizada para pagamento da
dívida e para investimentos, e a parcela da geração líquida
Elaboração de caixa atribuída às atividades operacionais.
A DFC aplicada ao setor público é elaborada pelo método
A DVP será elaborada utilizando‑se as classes 3 (variações direto e utiliza as contas da classe 6 (Controles da Execução
patrimoniais diminutivas) e 4 (variações patrimoniais aumen- do Planejamento e Orçamento) do Plano de Contas Apli-
tativas) do PCASP, a fim de demonstrar as variações quan- cado ao Setor Público (PCASP), com filtros pelas naturezas
titativas ocorridas no patrimônio da entidade ou do ente. orçamentárias de receitas e despesas, bem como funções e
subfunções, assim como outros filtros e contas necessários
Notas Explicativas para marcar a movimentação extraorçamentária que even-
tualmente transita pela conta Caixa e Equivalentes de Caixa.
A DVP deverá ser acompanhada de notas explicativas A DFC é composta por:
quando os itens que compõem as VPA e as VPD forem a. Quadro Principal
relevantes. b. Quadro de Receitas Derivadas e Originárias
Algumas circunstâncias poderão ser apresentadas em c. Quadro de Transferências Recebidas e Concedidas
notas explicativas, ainda que seus valores não sejam rele- d. Quadro de Desembolsos de Pessoal e Demais Despe-
vantes, por exemplo: sas por Função
a. Redução ao valor recuperável no ativo imobilizado; e. Quadro de Juros e Encargos da Dívida

Estrutura
Quadro Principal
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Quadro de Receitas Derivadas e Originárias Contabilidade Pública

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Quadro de Transferências Recebidas e Concedidas

Quadro de Desembolsos de Pessoal e Demais Despesas por Função


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Quadro de Juros e Encargos da Dívida

Definições Receitas Originárias


Compreendem as receitas arrecadadas por meio da
Quadro Principal exploração de atividades econômicas pela Administração
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS Pública. Resultam, principalmente, de rendas do patrimônio
mobiliário e imobiliário do Estado (receita de aluguel), de
Ingressos das Operações preços públicos, de prestação de serviços comerciais e de
Compreendem as receitas relativas às atividades opera- venda de produtos industriais ou agropecuários.
cionais líquidas das respectivas deduções e as transferências
correntes recebidas. Quadro das Transferências Recebidas e Concedidas

Desembolsos das Operações Transferências Intergovernamentais


Compreendem as despesas relativas às atividades opera- Compreendem as transferências de recursos entre entes
cionais, demonstrando‑se os desembolsos de pessoal, os ju- da Federação distintos.
ros e encargos sobre a dívida, as transferências concedidas
e demais desembolsos das operações. Transferências Intragovernamentais
Compreendem as transferências de recursos no âmbito
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO de um mesmo ente da Federação.
Ingressos de Investimento Elaboração
Compreendem as receitas referentes à alienação de A DFC deve ser elaborada pelo método direto e deve
ativos não circulantes e de amortização de empréstimos e evidenciar as alterações de caixa e equivalentes de caixa
financiamentos concedidos. verificadas no exercício de referência, classificadas nos
Desembolsos de Investimento seguintes fluxos, de acordo com as atividades da entidade:
Compreendem as despesas referentes à aquisição de a. operacionais;
ativos não circulantes e as concessões de empréstimos e b. de investimento; e
financiamentos. c. de financiamento.
FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO A soma dos três fluxos deverá corresponder à diferença
entre os saldos iniciais e finais de Caixa e Equivalentes de
Ingressos de Financiamento Caixa do exercício de referência.
Compreendem as obtenções de empréstimos, financia-
mentos e demais operações de crédito, inclusive o refinan- Notas Explicativas
ciamento da dívida. Compreendem também a integralização
do capital social de empresas dependentes. A DFC deverá ser acompanhada de notas explicativas
quando os itens que compõem os fluxos de caixa forem
Desembolsos de Financiamento
relevantes.
Compreendem as despesas com amortização e refinan- O ente deverá divulgar os saldos significativos de caixa
ciamento da dívida. e equivalentes de caixa mantidos pelo ente, mas que não
estejam disponíveis para uso imediato. As circunstâncias da
CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA indisponibilidade desses recursos envolvem, por exemplo,
Compreende o numerário em espécie e depósitos ban- restrições legais ou controle cambial.
cários disponíveis, além das aplicações financeiras de curto As transações de investimento e financiamento que não
prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis envolvem o uso de caixa ou equivalentes de caixa, como
em um montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a aquisições financiadas de bens e arrendamento financeiro,
um insignificante risco de mudança de valor. Inclui, ainda, não devem ser incluídas na demonstração dos fluxos de caixa.
Contabilidade Pública

a receita orçamentária arrecadada que se encontra em poder Tais transações devem ser divulgadas nas notas explicativas à
da rede bancária em fase de recolhimento. demonstração, de modo que forneçam todas as informações
relevantes sobre essas transações.
Quadro das Receitas Derivadas e Originárias Algumas operações podem interferir na elaboração da
Receitas Derivadas Demonstração dos Fluxos de Caixa, como, por exemplo,
Compreendem as receitas obtidas pelo poder público as  retenções. Dependendo da forma como as retenções
por meio da soberania estatal. Decorrem de imposição são contabilizadas, os saldos de caixa e equivalente de caixa
constitucional ou legal e, por isso, auferidas de forma im- podem ser afetados. Basicamente a diferença será sob o
positiva, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de aspecto temporal. Se o ente considerar a retenção como
contribuições especiais. paga no momento da liquidação, então deverá promover um

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ajuste no saldo da conta caixa e equivalentes de caixa a fim a. os ajustes de exercícios anteriores;
de demonstrar que há um saldo vinculado a ser deduzido. b. as transações de capital com os sócios, por exemplo:
Entretanto, se o ente considerar a retenção como paga ape- o aumento de capital, a aquisição ou venda de ações
nas na baixa da obrigação, nenhum ajuste será promovido. em tesouraria e os juros sobre capital próprio;
Dessa forma, eventuais ajustes relacionados às retenções c. o superávit ou déficit patrimonial;
deverão ser evidenciados em notas explicativas. d. a destinação do resultado, por exemplo: transferências
para reservas e a distribuição de dividendos; e
Demonstração das Mutações no Patrimônio e. outras mutações do patrimônio líquido.
Líquido
A DMPL complementa o Anexo de Metas Fiscais (AMF), in-
Introdução tegrante do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)41.
A DMPL é obrigatória para as empresas estatais depen-
A Demonstração das Mutações no Patrimônio Líquido dentes, desde que constituídas sob a forma de sociedades
(DMPL) demonstrará a evolução do patrimônio líquido da anônimas, e facultativa para os demais órgãos e entidades
entidade. Dentre os itens demonstrados, podemos citar: dos entes da Federação.

41

Definições putadas no resultado do exercício em obediência ao regime


de competência.
Patrimônio Social / Capital Social
Reservas de Lucros
Compreende o patrimônio social das autarquias, fun- Compreende as reservas constituídas com parcelas do
dações e fundos e o capital social das demais entidades da lucro líquido das entidades para finalidades especificas.
administração indireta.
Demais Reservas
Adiantamento para Futuro Aumento de Capital Compreende as demais reservas, não classificadas
Compreende os recursos recebidos pela entidade de como reservas de capital ou de lucro, inclusive aquelas
seus acionistas ou quotistas destinados a serem utilizados que terão seus saldos realizados por terem sido extintas
para aumento de capital, quando não haja a possibilidade pela legislação.
de devolução destes recursos.
Resultados Acumulados
Reservas de Capital Compreende o saldo remanescente dos lucros ou
Compreende os valores acrescidos ao patrimônio que prejuízos líquidos das empresas e os superávits ou déficits
não transitaram pelo resultado como variações patrimoniais acumulados da administração direta, autarquias, fundações
aumentativas (VPA).
Contabilidade Pública

e fundos.
A conta Ajustes de Exercícios Anteriores, que registra
Ajustes de Avaliação Patrimonial os efeitos da mudança de critério contábil ou da retificação
Compreende as contrapartidas de aumentos ou diminui- de erro imputável a exercício anterior que não possam ser
ções de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo atribuídos a fatos subsequentes, integra a conta Resultados
em decorrência da sua avaliação a valor justo, nos casos Acumulados.
previstos pela Lei nº 6.404/1976 ou em normas expedidas
pela comissão de valores mobiliários, enquanto não com- Ações / Cotas em Tesouraria
Compreende o valor das ações ou cotas da entidade que
41
Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) art. 4º foram adquiridas pela própria entidade.
§ 1º e § 2º.

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Elaboração ii. Divulgações não financeiras, tais como: os obje-
tivos e políticas de gestão do risco financeiro da
A DMPL será elaborada utilizando‑se o grupo 3 (patrimô- entidade; pressupostos das estimativas;
nio líquido) da classe 2 (passivo) do PCASP. iii. Reconhecimento de inconformidades que podem
O preenchimento de cada célula do quadro deverá con- afetar a compreensão do usuário sobre o desempe-
jugar os critérios informados nas colunas (C) com os critérios nho e o direcionamento das operações da entidade
informados nas linhas (L). Os dados dos pares de lançamentos no futuro;
desses critérios poderão ser extraídos através de contas de iv. Ajustes decorrentes de omissões e erros de regis-
controle, atributos de contas, informações complementares tro.
ou outra forma definida pelo ente.
Nas colunas, são apresentadas as contas contábeis das Divulgação de Políticas Contábeis
quais os dados devem ser extraídos, enquanto as linhas deli- Políticas contábeis são os princípios, bases, convenções,
mitam o par de lançamento de tais contas. Por exemplo, su- regras e procedimentos específicos aplicados pela entidade
na elaboração e na apresentação de demonstrações con-
pondo um aumento de capital em dinheiro, o preenchimento
tábeis.
da coluna “Patrimônio Social / Capital Social” e da  linha
Ao decidir se determinada política contábil específica
“Aumento de Capital” deverá extrair os dados do respectivo
será ou não evidenciada, a administração deve considerar
par de lançamentos com as contas “1.1.1.0.0.00.00 – Caixa se sua evidenciação proporcionará aos usuários melhor
e Equivalentes de Caixa” e “2.3.1.0.0.00.00  – Patrimônio compreensão da forma em que as transações, condições e
Social e Capital Social”. outros eventos, estão refletidos no resultado e na posição
patrimonial relatados.
Notas Explicativas às Dcasp
Bases de Mensuração
Definição Quando mais de uma base de mensuração for utilizada
nas demonstrações contábeis, por exemplo, quando determi-
Notas explicativas são informações adicionais às apre- nadas classes de ativos são reavaliadas, é suficiente divulgar
sentadas nos quadros das DCASP. São consideradas parte uma indicação das categorias de ativos e de passivos à qual
integrante das demonstrações. cada base de mensuração foi aplicada.
Seu objetivo é facilitar a compreensão das demonstra- Um caso especial são os ativos obtidos a título gratuito
ções contábeis a seus diversos usuários. que devem ser registrados pelo valor justo na data de sua
Portanto, devem ser claras, sintéticas e objetivas. aquisição, sendo que deverá ser considerado o valor resul-
Englobam informações de qualquer natureza exigidas tante da avaliação obtida com base em procedimento téc-
pela lei, pelas normas contábeis e outras informações nico ou o valor patrimonial definido nos termos da doação.
relevantes não suficientemente evidenciadas ou que não A eventual impossibilidade de sua valoração também deve
constam nas demonstrações. ser evidenciada em notas explicativas.

Estrutura Alteração de Políticas Contábeis


A entidade deve alterar uma política contábil e divulgá‑la
As notas explicativas devem ser apresentadas de forma em nota explicativa apenas se a mudança:
sistemática. Cada quadro ou item a que uma nota explicativa a. for exigida pelas normas de contabilidade aplicá-
se aplique deverá ter referência cruzada com a respectiva veis; ou
nota explicativa. b. resultar em informação confiável e mais relevante
A fim de facilitar a compreensão e a comparação das sobre os efeitos das transações, outros eventos ou
condições acerca da posição patrimonial, do resultado
DCASP com as de outras entidades, sugere- se que as notas
patrimonial ou dos fluxos de caixa da entidade.
explicativas sejam apresentadas na seguinte ordem:
a. Informações gerais:
Julgamentos pela aplicação das políticas contábeis
i. Natureza jurídica da entidade. Os julgamentos exercidos pela aplicação das políticas
ii. Domicílio da entidade. contábeis que afetem significativamente os montantes reco-
iii. Natureza das operações e principais atividades da nhecidos nas demonstrações contábeis devem ser divulgados
entidade. em notas explicativas, por exemplo:
iv. Declaração de conformidade com a legislação e a. classificação de ativos;
com as normas de contabilidade aplicáveis. b. constituição de provisões;
b. Resumo das políticas contábeis significativas, por c. reconhecimento de variações patrimoniais; e
exemplo: d. transferência de riscos e benefícios significativos sobre
i. Bases de mensuração utilizadas, por exemplo: a propriedade de ativos para outras entidades.
custo histórico, valor realizável líquido, valor justo
Contabilidade Pública

ou valor recuperável. Divulgação de Estimativas


ii. Novas normas e políticas contábeis alteradas. As notas explicativas devem divulgar os pressupostos
iii. Julgamentos pela aplicação das políticas contábeis. das estimativas dos riscos significativos que podem vir a
c. Informações de suporte e detalhamento de itens causar um ajuste material nos valores contábeis dos ativos
apresentados nas demonstrações contábeis pela or- e passivos ao longo dos próximos doze meses. Devem ser
dem em que cada demonstração e cada rubrica sejam detalhadas a natureza e o valor contábil desses ativos e
apresentadas. passivos na data das demonstrações.
d. Outras informações relevantes, por exemplo: O uso de estimativas adequadas é parte da ciência
i. Passivos contingentes e compromissos contratuais contábil e não reduz a confiabilidade das demonstrações
não reconhecidos; contábeis.

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Uma mudança de método de avaliação é uma mudança Também se considera as classes de contas 5, 6, 7 e 8
na política contábil e não uma mudança na estimativa con- do PCASP para elaboração de informações orçamentárias e
tábil e deve ser evidenciada nas notas explicativas. quadros anexos do Balanço Patrimonial.
Se o montante não for evidenciado porque sua estimativa O PCASP indica as contas obrigatórias e o nível de deta-
é impraticável, a entidade também deve evidenciar tal fato. lhamento mínimo a ser utilizado pelos entes da Federação,
a fim garantir a consolidação das contas nacionais.
Consolidação das Demonstrações Contábeis Para fins de elaboração das demonstrações contábeis
consolidadas, devem ser excluídos os seguintes itens, por
Consolidação das demonstrações contábeis é o processo exemplo:
de agregação dos saldos das contas de mais de uma entidade, a. as participações nas empresas estatais dependentes;
excluindo‑se as transações recíprocas, de modo a disponibi- b. as transações e saldos recíprocos entre as entidades; e
lizar os macro agregados do setor público, proporcionando c. as parcelas dos resultados do exercício, do lucro /
uma visão global do resultado. prejuízo acumulado e do custo dos ativos que corres-
No setor público brasileiro, a consolidação pode ser feita ponderem a resultados ainda não realizados.
no âmbito intragovernamental (em cada ente da Federação)
ou em âmbito intergovernamental (consolidação nacional).
Exemplo de consolidação no ente (intragovernamental):
A consolidação nacional é de competência da Secretaria do
Tesouro Nacional (STN) e abrange todas as entidades incluídas
Considere a situação hipotética em que duas entidades –
no orçamento fiscal e da seguridade social (OFSS), a saber:
a. as esferas de governo (União, estados, Distrito Federal Prefeitura e Autarquia – de um mesmo município iniciam o
e municípios); exercício com todos os saldos zerados. Considere também
b. os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário); e as seguintes operações ocorridas no exercício X1:
c. a administração pública, direta e indireta, incluindo a. Recebimento do FPM pela Prefeitura (R$ 10.000).
fundos, autarquias, fundações e empresas estatais b. Compra de veículo de uma empresa privada pela
dependentes. Prefeitura (R$ 3.000), a prazo
c. Prestação de serviço de limpeza urbana pela autarquia
A fim de possibilitar a consolidação das contas públicas à Prefeitura (R$ 1.000), a prazo.
nos diversos níveis de governo, foi criado no Plano de Contas d. Publicação no Diário Oficial da União de edital de
Aplicado ao Setor Público (PCASP) um mecanismo para a licitação da Autarquia (R$ 1.500), a prazo.
segregação dos valores das transações que serão incluídas e. Consolidação no município (intragovernamental).
ou excluídas na consolidação. Este mecanismo consiste na
utilização do 5º nível (Subtítulo) das classes 1, 2, 3 e 4 do Segue a demonstração dos impactos das operações no
PCASP para identificar os saldos recíprocos nas contas de Balanço Patrimonial das entidades:
natureza patrimonial. a. Recebimento do FPM pela Prefeitura (R$ 10.000).

BALANÇO PATRIMONIAL
BP da Prefeitura BP da Autarquia
Ativo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa 10.000
Clientes – Intra OFSS -
Clientes – Inter OFSS -
Ativo Não Circulante
Veículos -
Total do Ativo 10.000
Passivo Circulante
Fornecedores – Consolidação -
Fornecedores – Intra OFSS -
Fornecedores – Inter OFSS -
Patrimônio Líquido
Resultados do Exercício X1 10.000
Total do Passivo e do Patrimônio Líquido 10.000

Ativo Financeiro 10.000


Contabilidade Pública

Ativo Permanente -
Passivo Financeiro -
Passivo Permanente -
Saldo Patrimonial 10.000
4243

42
Lei Complementar nº 101/2000 art. 50 § 2º.
43
Lei Complementar nº 101/2000 art. 15º § 3º.

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b. Compra de veículo de uma empresa privada pela Prefeitura (R$ 3.000), a prazo.

BALANÇO PATRIMONIAL
BP da Prefeitura BP da Autarquia
Ativo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa 10.000
Clientes – Intra OFSS -
Clientes – Inter OFSS -
Ativo Não Circulante
Veículos -
Total do Ativo 13.000
Passivo Circulante
Fornecedores – Consolidação 3.000
Fornecedores – Intra OFSS -
Fornecedores – Inter OFSS -
Patrimônio Líquido
Resultados do Exercício X1 10.000
Total do Passivo e do Patrimônio Líquido 13.000

Ativo Financeiro 10.000


Ativo Permanente 3.000
Passivo Financeiro 3.000
Passivo Permanente -
Saldo Patrimonial 10.000

c. Prestação de serviço de limpeza urbana pela autarquia à Prefeitura (R$ 1.000), a prazo.

BALANÇO PATRIMONIAL
BP da Prefeitura BP da Autarquia
Ativo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa 10.000 -
Clientes – Intra OFSS - 1.000
Clientes – Inter OFSS - -
Ativo Não Circulante
Veículos 3.000 -
Total do Ativo 13.000 1.000
Passivo Circulante
Fornecedores – Consolidação 3.000 -
Fornecedores – Intra OFSS 1.000 -
Fornecedores – Inter OFSS - -
Patrimônio Líquido
Resultados do Exercício X1 9.000 1.000
Contabilidade Pública

Total do Passivo e do Patrimônio Líquido 13.000 1.000

Ativo Financeiro 10.000 1.000


Ativo Permanente 3.000 -
Passivo Financeiro 4.000 -
Passivo Permanente - -
Saldo Patrimonial 9.000 1.000

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d. Autarquia contrata o Diário Oficial da União para publicação de edital (R$ 1.500), a prazo.

BALANÇO PATRIMONIAL
BP da Prefeitura BP da Autarquia
Ativo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa 10.000 -
Clientes – Intra OFSS - 1.000
Clientes – Inter OFSS - -
Ativo Não Circulante
Veículos 3.000 -
Total do Ativo 13.000 1.000
Passivo Circulante
Fornecedores – Consolidação 3.000 -
Fornecedores – Intra OFSS 1.000 -
Fornecedores – Inter OFSS - 1.500
Patrimônio Líquido
Resultados do Exercício X1 9.000 (500)
Total do Passivo e do Patrimônio Líquido 13.000 1.000

Ativo Financeiro 10.000 1.000


Ativo Permanente 3.000 -
Passivo Financeiro 4.000 1.500
Passivo Permanente - -
Saldo Patrimonial 9.000 (500)

e. Consolidação no município (intragovernamental).

BALANÇO PATRIMONIAL
BP da BP da Ajustes de
Prefeitura Autarquia consolidação Consolidado
Ativo Circulante
Caixa e Equivalentes de Caixa 10.000 - 10.000
(1.000)
Clientes – Intra OFSS - 1.000 -
Clientes – Inter OFSS - - -
Ativo Não Circulante
Veículos 3.000 - 3.000
Total do Ativo 13.000 1.000 13.000
Passivo Circulante
Fornecedores – Consolidação 3.000 - 3.000
Fornecedores – Intra OFSS 1.000 - (1.000) -
Fornecedores – Inter OFSS - 1.500 1.500
Patrimônio Líquido
Resultados do Exercício X1 9.000 (500) 8.500
Contabilidade Pública

Total do Passivo e do Patrimônio Líquido 13.000 1.000 13.000

Ativo Financeiro 10.000 1.000 (1.000) 10.000


Ativo Permanente 3.000 - 3.000
Passivo Financeiro 4.000 1.500 (1.000) 4.500
Passivo Permanente - -
Saldo Patrimonial 9.000 (500) 8.500

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TRANSAÇÕES NO SETOR PÚBLICO Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB e pela
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN;
As transações no Setor Público eram reguladas pela • DOCUMENTO DE ARRECADAÇÃO DE RECEITAS FEDE-
Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 16.4, que foi re- RAIS – DARF – utilizado para recolhimento de receitas
vogada pela NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL – que trouxe federais administradas pela Secretaria da Receita
a nova Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação Federal do Brasil – RFB e Procuradoria Geral da Fazenda
de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades Nacional – PGFN;
do Setor Público • GUIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – GPS – utilizada para
Entende‑se por transações no setor público os atos e os recolhimento de receitas da previdência social e da
fatos que promovem variações qualitativas ou quantitativas, contribuição do Salário Educação;
efetivas ou potenciais, no patrimônio das entidades do setor • DOCUMENTO DE RECEITAS DE ESTADOS E/OU MUNI-
público, conforme já estudado. CÍPIOS – DAR – utilizado para recolhimento de tributos
De acordo com suas características e os seus reflexos no dos Governos Estaduais e Municipais;
patrimônio público, as transações no setor público podem • GUIA DE RECOLHIMENTO DO FGTS E DE INFORMAÇÕES
ser classificadas nas seguintes naturezas: DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – GFIP – utilizada para reco-
lhimento de receitas do Fundo de Garantia por Tempo
Econômico‑financeira corresponde às transações origi- de Serviço;
nadas de fatos que afetam o patri- • NOTA DE SISTEMA – NS – utilizada para registro dos
mônio público, em decorrência, ou movimentos financeiros efetuados pelo BACEN na
não, da execução de orçamento, Conta Única mediante autorização da STN e registro
podendo provocar alterações qua- de depósito direto; e
litativas ou quantitativas, efetivas • NOTA DE LANÇAMENTO – NL – utilizada para lançamen-
ou potenciais. tos complementares da conciliação da Conta Única.
Administrativa corresponde às transações que
não afetam o patrimônio público,
originadas de atos administrativos, SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO
com o objetivo de dar cumprimen- FINANCEIRA: CONCEITOS BÁSICOS,
to às metas programadas e manter
em funcionamento as atividades
OBJETIVOS, CARACTERÍSTICAS,
da entidade do setor público. INSTRUMENTOS DE SEGURANÇA E
PRINCIPAIS DOCUMENTOS DE ENTRADA.
CONTA ÚNICA DO TESOURO NACIONAL
Conhecimentos básicos sobre o SIAFI
Conceito e Finalidade
O SIAFI é o Sistema Integrado de Administração Finan-
A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco ceira do Governo Federal que consiste no principal instru-
Central do Brasil, é utilizada para registrar a movimentação mento utilizado para registro, acompanhamento e controle
dos recursos financeiros de responsabilidade dos Órgãos e da execução orçamentária, financeira e patrimonial do
Entidades da Administração Pública e das pessoas jurídicas Governo Federal.
de direito privado que façam uso do SIAFI por meio de termo
de cooperação técnica firmado com a STN. História do SIAFI
A operacionalização da Conta Única é efetuada por meio
de documentos registrados no SIAFI. Até o exercício de 1986, o  Governo Federal convivia
com uma série de problemas de natureza administrativa
Movimentação da Conta Única que dificultavam a adequada gestão dos recursos públicos
e a preparação do orçamento unificado, o qual passaria a
A movimentação da Conta Única do Tesouro Nacional é vigorar em 1987:
efetuada por intermédio das Unidades Gestoras – UG inte- • emprego de métodos rudimentares e inadequados
grantes do SIAFI sob a forma de acesso on‑line, utilizando de trabalho, onde, na maioria dos casos, os controles
como Agente Financeiro, para efetuar os pagamentos e de disponibilidades orçamentárias e financeiras eram
recebimentos, o Banco do Brasil ou outros agentes finan- exercidos sobre registros manuais;
ceiros autorizados pelo Ministério da Fazenda em situações • falta de informações gerenciais em todos os níveis da
excepcionais e o Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB para Administração Pública e utilização da Contabilidade
transferências diretas às instituições financeiras. como mero instrumento de registros formais;
Os documentos utilizados pela conta única são os seguin- • defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45
Contabilidade Pública

tes, de acordo com as respectivas finalidades: dias entre o encerramento do mês e o levantamento
• ORDEM BANCÁRIA – OB – utilizada para pagamento das demonstrações Orçamentárias, Financeiras e Pa-
de obrigações da UG e demais movimentações finan- trimoniais, inviabilizando o uso das informações para
ceiras; fins gerenciais;
• GUIA DE RECOLHIMENTO DA UNIÃO – GRU – utilizada • inconsistência dos dados utilizados em razão da
para recolhimento de todas as receitas, depósitos e diversidade de fontes de informações e das várias
devoluções para órgãos, fundos, autarquias, fundações interpretações sobre cada conceito, comprometendo
e demais entidades integrantes do orçamento fiscal e o processo de tomada de decisões;
da seguridade social, excetuadas as receitas adminis- • despreparo técnico de parte do funcionalismo público,
tradas pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, que desconhecia técnicas mais modernas de admi-

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nistração financeira e ainda concebia a contabilidade
como mera ferramenta para o atendimento de aspec-
tos formais da gestão dos recursos públicos;
• inexistência de mecanismos eficientes que pudessem
evitar o desvio de recursos públicos e permitissem a
atribuição de responsabilidades aos maus gestores;
• estoque ocioso de moeda dificultando a administração
de caixa, decorrente da existência de inúmeras contas
bancárias, no âmbito do Governo Federal. Em cada
Unidade havia uma conta bancária para cada despesa.
Exemplo: Conta Bancária para Material Permanente,
conta bancária para Pessoal, conta bancária para Ma-
terial de Consumo, etc.

A solução desses problemas representava um verdadeiro


desafio à época para o Governo Federal. O primeiro passo
para resolução dos problemas foi dado com a criação da
Secretaria do Tesouro Nacional – STN, em 10 de março de
1986, para auxiliar o Ministério da Fazenda na execução de Cada subsistema tem uma função própria e bem deli-
um orçamento unificado a partir do exercício seguinte. mitada no SIAFI. Podemos organizá‑los informalmente em
A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informa- cinco grupos principais:
ções que permitissem aos gestores agilizar o processo deci-
sório, tendo sido essas informações qualificadas, à época, de Controle de Haveres e Obrigações:
gerenciais. Dessa forma, optou‑se pelo desenvolvimento e – Dívida Pública – DIVIDA
implantação de um sistema informatizado, que integrasse os – Haveres – HAVERES
sistemas de programação financeira, de execução orçamen- – Controle de Obrigações – OBRIGACAO
tária e de controle interno do Poder Executivo e que pudesse – Operações Oficiais de Crédito – O2C
fornecer informações gerenciais, confiáveis e precisas para
Administração do Sistema:
todos os níveis da Administração.
– Administração do Sistema – ADMINISTRA
Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto
– Auditoria – AUDITORIA
com o SERPRO, o  Sistema Integrado de Administração Fi- – Centro de Informação – CI
nanceira do Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, – Conformidade – CONFORM
implantando‑o em janeiro de 1987, para suprir o Governo – Manual – MANUALMF
Federal de um instrumento moderno e eficaz no controle e
acompanhamento dos gastos públicos. Execução Orçamentária e Financeira:
Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos – Contábil – CONTABIL
públicos que apontamos acima ficaram solucionados. Hoje – Documentos do SIAFI – DOCUMENTO
o Governo Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde – Orçamentário e Financeiro – ORCFIN
todas as saídas de dinheiro ocorrem com o registro de sua
aplicação e do servidor público que a efetuou. Trata‑se de Organização de Tabelas:
uma ferramenta poderosa para executar, acompanhar e – Tabelas administrativas – TABADM
controlar com eficiência e eficácia a correta utilização dos – Tabelas de apoio – TABAPOIO
recursos da União. – Tabelas do cadastro de obrigações – TABOBRIG
– Tabelas orçamentárias -TABORC
Estrutura – Tabelas de receitas orçamentárias – TABRECEITA

O SIAFI é um sistema de informações centralizado em Recursos Complementares com Aplicação Específica:


Brasília, ligado por teleprocessamento aos Órgãos do Go- – Programação orçamentária – PROGORCAM
verno Federal distribuídos no País e no exterior. Essa ligação, – Convênios – CONVENIOS
que é feita pela rede de telecomunicações do SERPRO e – Contas a pagar e a receber – CPR
também pela conexão a outras inúmeras redes externas, – Estados e Municípios – ESTMUN.
é que garante o acesso ao sistema às quase 17.874 Unidades
Objetivos
Gestoras ativas no SIAFI.
Para facilitar o trabalho de todas essas Unidades Gesto-
O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro,
ras, o SIAFI foi concebido para se estruturar por exercícios: acompanhamento e controle da execução orçamentária,
Contabilidade Pública

cada ano equivale a um sistema diferente, ou seja, a regra financeira e patrimonial do Governo Federal. Desde sua
de formação do nome do sistema é a sigla SIAFI acrescida de criação, o SIAFI tem alcançado satisfatoriamente seus prin-
quatro dígitos referentes ao ano do sistema que se deseja cipais objetivo:
acessar : SIAFI2000, SIAFI2001, SIAFI2002, etc. a) prover mecanismos adequados ao controle diário da
Por sua vez, cada sistema está organizado por subsis- execução orçamentária, financeira e patrimonial aos
temas – atualmente são 21 – e estes, por módulos. Dentro órgãos da Administração Pública;
de cada módulo estão agregadas inúmeras transações, que b) fornecer meios para agilizar a programação financei-
guardam entre si características em comum. Nesse nível de ra, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro
transação é que são efetivamente executadas as diversas Nacional, através da unificação dos recursos de caixa
operações do SIAFI, desde entrada de dados até consultas. do Governo Federal;

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c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura – Utilização por todos os órgãos da Administração Direta
e tempestiva de informações gerenciais destinadas a (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
todos os níveis da Administração Pública Federal; – Utilização por grande parte da Administração Indireta; e
d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à – Integração periódica dos saldos contábeis das enti-
gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou dades que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de
restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece consolidação das informações econômico‑financeiras
sob total controle do ordenador de despesa de cada do Governo Federal – à exceção das Sociedades de Eco-
unidade gestora; nomia Mista, que têm registrada apenas a participação
e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados acionária do Governo – e para proporcionar transpa-
e municípios e de suas supervisionadas; rência sobre o total dos recursos movimentados.
f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem
como o das transferências negociadas; Principais Atribuições
g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito
do Governo Federal; O SIAFI é um sistema informatizado que processa e con-
h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos trola, por meio de terminais instalados em todo o território
recursos públicos; e nacional, a execução orçamentária, financeira, patrimonial e
i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo contábil dos órgãos da Administração Pública Direta federal,
Federal. das autarquias, fundações e empresas públicas federais e das
sociedades de economia mista que estiverem contempladas
Vantagens no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da Seguridade
Social da União.
O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilida- O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas
de pública da União que hoje é reconhecido no mundo inteiro Federais, Estaduais e Municipais apenas para receberem,
e recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacio- pela Conta Única do Governo Federal, suas receitas (taxas de
nal. Sua performance transcendeu as fronteiras brasileiras água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam
e despertou a atenção no cenário nacional e internacional. o sistema. Entidades de caráter privado também podem utili-
Vários países, além de alguns organismos internacionais, zar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa
têm enviado delegações à Secretaria do Tesouro Nacional, utilização depende da celebração de convênio ou assinatura
com o propósito de absorver tecnologia para a implantação de termo de cooperação técnica entre os interessados e a
de sistemas similares. Veja os ganhos que a implantação do STN, que é o órgão gestor do SIAFI.
SIAFI trouxe para a Administração Pública Federal : Muitas são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Ad-
ministração Pública que dele faz uso, mas podemos dizer que
Contabilidade: o gestor ganha rapidez na informação, essas facilidades foram desenvolvidas para registrar as infor-
qualidade e precisão em seu trabalho; mações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública
Finanças: agilização da programação financeira, otimizan- federal dos recursos arrecadados legalmente da sociedade:
do a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio • Execução Orçamentária;
da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal na • Execução Financeira;
Conta Única no Banco Central; • Programação Financeira;
Orçamento: a execução orçamentária passou a ser reali- • Balanço Geral da União.
zada dentro do prazo e com transparência, completamente
integrada a execução patrimonial e financeira; Execução Orçamentária
Visão clara de quantos e quais são os gestores que
executam o orçamento: são mais de 4.000 gestores cadas- A execução orçamentária e financeira ocorrem concomi-
trados, que executam seus gastos através do sistema de tantemente, por estarem atreladas uma a outra. Havendo
forma “on‑line”; orçamento e não existindo o financeiro, não poderá ocorrer
Desconto na fonte de impostos: no momento do paga- a despesa. Por outro lado, pode haver recurso financeiro,
mento, já é recolhido o imposto devido; mas não se poderá gastá‑lo, se não houver a disponibilidade
Auditoria: facilidade na apuração de irregularidades com orçamentária.
o dinheiro público; Em consequência, pode‑se definir execução orçamen-
Transparência: detalhamento total do emprego dos tária como sendo a utilização dos créditos consignados no
gastos públicos disponível em relatórios publicados no site. Orçamento ou Lei Orçamentária Anual – LOA. Já a execução
Fim da multiplicidade de contas bancárias: os números financeira, por sua vez, representa a utilização de recursos
da época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de financeiros, visando atender à realização dos projetos e/
aproximadamente 9.000 documentos por dia. Com a im- ou atividades atribuídas às Unidades Orçamentárias pelo
plantação do SIAFI, constatou‑se que existiam em torno de Orçamento.
12.000 contas bancárias e se registravam em média 33.000 Todo o processo orçamentário tem sua obrigatoriedade
documentos diariamente. Hoje, 98% dos pagamentos são estabelecida na Constituição Federal, art.165, que determina
Contabilidade Pública

identificados de modo instantâneo na Conta Única e 2% deles a necessidade do planejamento das ações de governo por
com uma defasagem de, no máximo, cinco dias. meio do:
• Plano Plurianual de Investimentos – PPA;
Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens • Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO;
que o distinguem de outros sistemas em uso no âmbito do • Lei Orçamentária Anual – LOA.
Governo Federal:
– Sistema disponível 100% do tempo e on‑line; Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de exe-
– Sistema centralizado, o que permite a padronização cução orçamentária e de programação financeira da União
de métodos e rotinas de trabalho; estabelecidas para o exercício e lançadas as informações
– Interligação em todo o território nacional; orçamentárias, fornecidas pela Secretaria de Orçamento

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Federal, no SIAFI , por intermédio da geração automática cursos públicos para a realização dos programas de trabalho
do documento Nota de Dotação  – ND, cria‑se o crédito definidos. Lembre‑se de que RECURSO é dinheiro ou saldo de
orçamentário e, a  partir daí, tem‑se o início da execução disponibilidade bancária (enfoque da execução financeira)
orçamentária propriamente dita. e que CRÉDITO é dotação ou autorização de gasto ou sua
Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas descentralização (enfoque da execução orçamentária).
públicas nele previstas, seguindo à risca os três estágios da De acordo com a Lei nº 4.320/1964 o exercício financeiro
execução das despesas previstos na Lei nº 4.320/1964 – em- no Brasil é o espaço de tempo compreendido entre 1º de ja-
penho, liquidação e pagamento. neiro e 31 de dezembro de cada ano, no qual a administração
promove a execução orçamentária e demais fatos relaciona-
Primeiro Estágio: Empenho dos com as variações qualitativas e quantitativas que tocam
Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa os elementos patrimoniais da entidade ou órgão público.
e pode ser conceituado como sendo o ato emanado de au- O dispêndio de recursos financeiros oriundos do Orça-
toridade competente que cria para o Estado a obrigação de mento Geral da União se faz exclusivamente por meio de
pagamento, pendente ou não, de implemento de condição. Ordem Bancária – OB e da Conta Única do Governo Federal
Todavia, estando a despesa legalmente empenhada, nem e se destina ao pagamento de compromissos, bem como
assim o Estado se vê obrigado a efetuar o pagamento, uma a transferência de recursos entre as Unidades Gestoras,
vez que o implemento de condição poderá estar concluído tais como liberação de recursos para fins de adiantamento,
ou não. Seria um absurdo se assim não fosse, pois a Lei suprimento de fundos, cota, repasse, sub‑repasse e afins.
nº  4.320/1964 determina que o pagamento de qualquer A Ordem Bancária é, portanto, o único documento de trans-
despesa pública, seja ela de que importância for, passe pelo ferência de recursos financeiros.
crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da execução
O ingresso de recursos se dá quando o contribuinte efe-
da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou a
tua o pagamento de seus tributos por meio de DARF, junto à
entrega dos bens, ou ainda, a realização da obra, evitando,
dessa forma, o pagamento sem o implemento de condição. rede bancária, que deve efetuar o recolhimento dos recursos
arrecadados, ao BACEN, no prazo de um dia. Com o DARF
Segundo Estágio: Liquidação Eletrônico e a GRPS Eletrônica, os usuários do sistema podem
O segundo estágio da despesa pública é a liquidação, efetuar o recolhimento dos tributos federais e contribuições
que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, previdenciárias diretamente à Conta Única, sem trânsito pela
tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do rede bancária. Ao  mesmo tempo, a  Secretaria da Receita
respectivo crédito. Federal recebe informações da receita bruta arrecadada, que
Ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas é classificada decendialmente (ou seja, a cada 10 dias) no
as obrigações constantes do empenho. A finalidade é reco- SIAFI. Esse valor classificado deve corresponder ao montante
nhecer ou apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, registrado no BACEN no período.
a importância exata a pagar e a quem se deve pagar para Uma vez tendo recursos em caixa, começa a fase de saída
extinguir a obrigação e é efetuado no SIAFI pelo documento desses recursos, para pagamentos diversos. O pagamento
Nota de Lançamento – NL. entre Unidades Gestoras ocorre mediante a transferência
Ele envolve, portanto, todos os atos de verificação e de limite de saque, que é a disponibilidade financeira da UG
conferência, desde a entrega do material ou a prestação do on‑line, existente na Conta Única.
serviço até o reconhecimento da despesa. Ao fazer a entre-
ga do material ou a prestação do serviço, o credor deverá Balanço Geral da União
apresentar a nota fiscal, fatura ou conta correspondente,
acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo O SIAFI também desempenha importante papel na tarefa
o funcionário competente atestar o recebimento do material de elaboração das demonstrações das contas consolidadas
ou a prestação do serviço correspondente, no verso da nota no Balanço Geral da União – BGU, na medida em que con-
fiscal, fatura ou conta. tabiliza também os atos e fatos praticados pelos gestores
públicos ao longo do exercício que não estão relacionados
Terceiro Estágio: Pagamento exclusivamente a entradas e saídas de recursos e nem a
O último estágio da despesa é o pagamento e consiste movimentação de créditos.
na entrega de numerário ao credor do Estado, extinguindo O BGU representa a posição estática do patrimônio dos
dessa forma o débito ou obrigação. Esse procedimento órgãos e entidades que compõem a Administração Pública
normalmente é efetuado por tesouraria, mediante registro federal e é elaborado a partir de diversas informações ex-
no SIAFI do documento Ordem Bancária – OB, que deve ter
traídas do SIAFI , as quais, complementadas por outras, com
como favorecido o credor do empenho.
níveis diferenciados de detalhamento, passam a compor as
Este pagamento normalmente é efetuado por meio de
demonstrações obrigatórias que o Presidente da República
crédito em conta bancária do favorecido uma vez que a OB
especifica o domicílio bancário do credor a ser creditado deve apresentar anualmente ao Congresso Nacional, por
pelo agente financeiro do Tesouro Nacional, ou seja, o Ban- força de disposição constitucional.
co do Brasil S/ª. Se houver importância paga a maior ou Assim, o  Balanço Geral da União  – BGU para cada
Contabilidade Pública

indevidamente, sua reposição aos órgãos públicos deverá exercício tem por objetivo demonstrar as principais ações
ocorrer dentro do próprio exercício, mediante crédito à governamentais executadas pelos órgãos e entidades da Ad-
conta bancária da UG que efetuou o pagamento. Quando a ministração Pública Federal, vinculados ao Poder Executivo,
reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá bem como a execução dos Orçamentos Fiscal, da Seguridade
ser restituído por DARF ao Tesouro Nacional Social e de Investimento das Empresas Estatais. Essa pres-
tação de contas é elaborada em acordo com as diretrizes
Execução Financeira básicas estabelecidas pelo Tribunal de Contas da União para
o exercício financeiro e usualmente se compõe de 4 volumes:
A execução financeira representa o fluxo de recursos • Volume I : Relatório de Atividades do Poder Executivo
financeiros necessários à realização efetiva dos gastos dos re- Federal;

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• Volume II : Balanços e Demonstrativos da Execução Regime Misto
dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social;
• Volume III : Balanços da Administração Indireta; e
Até o ano de 2008 utilizava‑se o regime misto, pois eram
• Volume IV : Demonstrativos da Execução do Orçamento
aplicados os dois regimes:
de Investimento das Empresas Estatais. • regime de caixa = para as receitas;
• regime de competência = para as despesas.
A organização do conteúdo desses volumes, em sua qua-
se totalidade, fica a cargo da Coordenação‑Geral de Contabi- Tal entendimento advinha da interpretação doutrinária
lidade – CCONT, que conta com as informações registradas até então alcançada; para essa interpretação se dava o art. 35
no SIAFI e com a participação dinâmica dos Órgãos Centrais da Lei nº 4.320/1964, que assim dispõe:
de Contabilidade e de Controle e das Unidades Gestoras
Executoras para a realização de tal tarefa, a qual pressupõe Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
a elaboração do
I – as receitas nele arrecadadas;
• Balanço Orçamentário;
II – as despesas nele legalmente empenhadas.
• Demonstra as receitas e despesas previstas em con-
fronto com as realizadas;
• Balanço Financeiro; Desde 2009, todavia, a Secretaria do Tesouro Nacional
• Balanço Patrimonial; entende que a regra contida no art. 35 da Lei nº 4.310/1964
• Demonstrações das Variações Patrimoniais da União. refere‑se ao regime orçamentário, e não ao regime contábil.
O que de fato é verdade, pois, o  artigo 35 da Lei
nº  4.320/1964 está inserido na parte do texto legal que
REGIMES CONTÁBEIS disciplina regras orçamentárias e financeiras.
Assim, sob o enfoque orçamentário, para fins de admi-
O regime aplicado à contabilidade informa em que mo-
nistração financeira e orçamentária, acompanhamento da
mento deverão ser identificadas e reconhecidas as alterações
arrecadação das receitas e autorização para execução de
ocorridas no patrimônio. Para fins de registro e gestão do
patrimônio, existem dois regimes: o regime de caixa e o despesas e liberação de recursos financeiros, o administrador
regime de competência. público deve observar as receitas efetivamente arrecadadas e
Caso se queira analisar as receitas e despesas tendo por não pela ocorrência do fato gerador. Já as despesas, seguindo
base apenas o fluxo de caixa, ingresso e saída de dinheiro, a prudência fiscal, consideram‑se realizadas no empenho44
deve‑se aplicar o regime de caixa. (etapa de sua execução), momento ainda anterior ao do
Todavia, para que se tenha a perfeita avaliação de todo pagamento, conforme informa o art. 35 da Lei nº 4.320/1964.
o patrimônio e suas mutações, analisando os atos e fatos
não apenas pela simples movimentação financeira, mas EXERCÍCIOS
também sob o aspecto econômico, deve‑se aplicar o regime
de competência, motivo pelo qual este é o regime utilizado 1. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Contabilidade/2017)
na contabilidade pública e privada. As normas da contabilidade aplicada ao setor público
regulamentam as atividades contábeis de todas as en-
Regime de Caixa tidades desse setor, devendo, no entanto, ser adotadas
apenas de forma parcial
No regime de caixa consideram‑se incorridas as receitas a) nas fundações públicas.
e despesas com a simples movimentação financeira, ou seja, b) nos conselhos profissionais.
o que for recebido ou pago, mesmo que se trate de receitas c) nos serviços sociais.
e despesas referentes a exercícios anteriores. d) nas empresas públicas não dependentes.
e) nas autarquias.
Regime de Competência
2. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Contabilidade/2017)
No regime de competência, as receitas e despesas devem A contabilidade aplicada ao setor público tem como
ser incluídas na apuração do resultado do período em que objeto
ocorrerem, tendo por base o fato gerador, sempre simulta- a) o caixa do setor público.
neamente quando se correlacionarem, independentemente b) o balanço patrimonial do setor público.
de recebimento ou pagamento. Portanto, o  Princípio da c) a dívida pública.
Competência pressupõe a simultaneidade da confrontação d) o orçamento público.
de receitas e de despesas correlatas. e) o patrimônio público.
Assim, vale destacar que a contabilidade pública utiliza
o regime de competência na análise patrimonial, em função 3. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Contabilidade/2017)
desse Princípio de Contabilidade. No setor público, o passivo permanente distingue‑se do
A Secretaria do Tesouro Nacional, congruente com o en-
passivo financeiro por
Contabilidade Pública

tendimento do CFC, ratificou a aplicação integral do regime


a) consistir em valor exigível até doze meses após as
de competência para a contabilidade pública, por meio da
demonstrações contábeis.
Portaria Conjunta STN/SOF nº 3/2008.
b) corresponder a valor a ser exigido após o final do
Veja o que diz o art. 6º da Portaria em comento:
exercício financeiro seguinte.
Art.  6º A despesa e a receita serão reconhecidas c) demandar necessidade de caixa disponível para a
por critério de competência patrimonial, visando sua liquidação.
conduzir a contabilidade do setor público brasileiro 44
Empenho é a primeira fase de execução da despesa. É o momento em que o
aos padrões internacionais e ampliar a transparência estado reserva recursos orçamentários, já prevendo que futuramente terá que
sobre as contas públicas. cumprir com sua obrigação financeira de pagamento

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d) estar sujeito a contrapartida em variação patrimonial c) no mês subsequente ao da quitação do pagamento
diminutiva. à vista ou parcelado.
e) depender de autorização orçamentária para amor- d) no dia 31 de dezembro de 20X1.
tização ou para pagamento. e) quando da aprovação da lei orçamentária anual para
o exercício financeiro de 20X1.
4. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Contabilidade/2017)
No ativo imobilizado de uma entidade do setor público, 9. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Contabilidade/2017)
devem ser reconhecidos, obrigatoriamente, os O objetivo da mensuração é selecionar bases que
a) direitos que tenham por objeto bens incorpóreos. reflitam de modo adequado o custo dos serviços,
b) bens de uso comum do povo em cuja construção a  capacidade operacional e a capacidade financeira
tenham sido empregados recursos públicos. da entidade, de forma que seja útil para a prestação
c) estoques de material de consumo, cuja utilização de contas e responsabilização (accountability) e para
não deve ultrapassar dois anos. a tomada de decisão. As bases de mensuração podem
d) bens do patrimônio cultural, como monumentos, fornecer valores de entrada e valores de saída. Em se
prédios históricos e reservas naturais. tratando de bases de mensuração de ativos, os valores
e) custos de manutenção periódica de bens móveis,
a) de saída se relacionam à transação na qual a obri-
tais como veículos e equipamentos de informática.
gação foi contraída.
b) de entrada e de saída diferem, em uma economia
5. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Contabilidade/2017)
diversificada, à medida que as entidades incorrem
No setor público, ocorre o passivo a descoberto quando o
a) passivo deve ser liquidado até o final do exercício em custos de transação na aquisição.
seguinte. c) de entrada refletem os benefícios econômicos da
b) valor do passivo exigível é igual ao do patrimônio venda e também o montante que será obtido com
líquido. a sua utilização.
c) passivo exigível é nulo. d) de entrada refletem o montante exigido para cumprir
d) ativo total é nulo. a obrigação ou o montante exigido para liberar a
e) passivo exigível é maior que o ativo. entidade da obrigação.
e) de saída refletem o custo da compra.
6. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Contabilidade/2017)
No setor público, as variações patrimoniais são transa- 10. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Contabilidade/2017)
ções que promovem alterações nos elementos patrimo- Considere que as seguintes transações tenham sido
niais da entidade, mesmo em caráter compensatório, contabilmente registradas no primeiro exercício finan-
afetando ou não o seu resultado, e  distinguem‑se, ceiro já encerrado de determinada entidade do setor
primariamente, entre público.
a) aumentativas e diminutivas. I – Aprovação da lei orçamentária anual (LOA) no valor
b) qualitativas e permutativas. de R$ 200.000.
c) qualitativas e quantitativas. II – Lançamento de impostos no valor de R$ 140.000,
d) quantitativas e modificativas. tendo sido arrecadados 60% desse valor.
e) qualificativas e aumentativas. III – Recebimento de veículo em doação, no valor de
R$ 30.000.
7. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Contabilidade/2017) IV – Empenho e liquidação da folha de pessoal no valor
Previstas na estrutura conceitual, as características qua- de R$ 80.000 – 70% pagos e 30% inscritos em restos
litativas de melhoria da informação contábil incluem, a pagar.
além de comparabilidade, V – Recebimento de depósito de terceiros (caução) no
a) materialidade, representação fidedigna e verificabi- valor de R$ 20.000.
lidade.
b) compreensibilidade, relevância, representação fide- Com base nessas informações, assinale a opção correta.
digna. a) O resultado orçamentário do exercício foi superavi-
c) compreensibilidade, verificabilidade e tempestivi-
tário em R$ 60.000 no balanço orçamentário.
dade.
b) O resultado patrimonial do exercício apurado na
d) compreensibilidade, representação fidedigna e
demonstração das variações patrimoniais foi supe-
representatividade.
ravitário em R$ 54.000.
e) confiabilidade, tempestividade e verificabilidade.
c) A geração líquida de caixa foi de R$ 84.000 na de-
8. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Contabilidade/2017) monstração dos fluxos de caixa.
Lei orçamentária anual do estado da Bahia para o exercí- d) O resultado financeiro do exercício foi superavitário
em R$ 48.000 no balanço financeiro.
Contabilidade Pública

cio financeiro de 20X1 previu a arrecadação de imposto


sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA), e) O valor total do passivo circulante foi de R$ 24.000
com fato gerador no dia 1.º de janeiro de 20X1, para no balanço patrimonial.
pagamento à vista ou em três parcelas nesse mesmo
exercício financeiro. 11. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Contabilidade/2017)
Nessa situação hipotética, o  reconhecimento da va- A fim de possibilitar a consolidação das contas públicas
riação patrimonial aumentativa (VPA) deverá ser feito nos diversos níveis de governo, foi criado, no plano de
a) no dia 1.º de janeiro de 20X1. contas aplicado ao setor público (PCASP), um meca-
b) no momento do ingresso do valor à vista ou de cada nismo para a segregação dos valores das transações
parcela durante o exercício financeiro de 20X1. que serão incluídas ou excluídas na consolidação. Esse

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mecanismo consiste na utilização do 5.º nível (subtítulo) (Cespe/SEDF/Contador/2017) Acerca das demonstrações
das classes 1, 2, 3 e 4 do PCASP (contas de natureza financeiras e dos instrumentos necessários para a sua ela-
patrimonial), para identificar os saldos recíprocos boração, julgue o próximo item.
considerando‑se os seguintes dígitos: 1 (consolidação), 16. O balanço orçamentário pode demonstrar situação de
2 (intra OFSS) e 3, 4 e 5 (inter OFSS). OFSS significa desequilíbrio entre a previsão da receita e a dotação
orçamento fiscal e da seguridade social. da despesa.
Utilizando‑se esse mecanismo, o  processo de conso-
lidação do ente deverá incluir as contas cujo 5.º nível (Cespe/SEDF/Contador/2017) No que se refere à legislação
apresenta tributária básica e suas atualizações, julgue o item que se
a) o dígito 1 (consolidação) e excluir as contas cujo 5.º segue.
nível apresenta o dígito 2 (intra OFSS) e os dígitos 3, 17. Uma empresa domiciliada em Goiânia e prestadora, no
4 e 5 (inter OFSS). aeroporto de Brasília, de serviços logísticos relativos a
b) o dígito 1 (consolidação) e os dígitos 3, 4 e 5 (inter
mercadorias em trânsito será contribuinte do ISS no DF.
OFSS) e excluir as contas cujo 5.º nível apresenta o
dígito 2 (intra OFSS).
c) o dígito 2 (intra OFSS) e excluir as contas cujo 5.º 18. (Cespe/TCE‑PR/Analista de Controle/2016) No SIAFI,
nível apresenta o dígito 1 (consolidação) e os dígitos a  transação denominada Nota de Lançamento por
3, 4 e 5 (inter OFSS). Evento (NL) permite registrar
d) o dígito 2 (intra OFSS) e os dígitos 3, 4 e 5 (inter OFSS) a) créditos orçamentários pré‑compromissados, para
e excluir as contas cujo 5.º nível apresenta o dígito atender a objetivos específicos, nos casos em que
1 (consolidação). a despesa a ser realizada, por suas características,
e) os dígitos 3, 4 e 5 (inter OFSS) e excluir as contas cumpre etapas com intervalos de tempo desde a
cujo 5.º nível apresenta o dígito 1 (consolidação) e decisão administrativa até a efetivação da emissão
o dígito 2 (intra OFSS). da nota de empenho.
b) o comprometimento de despesas e as situações
12. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Contabilidade/2017) em que se faça necessário realizar o reforço ou a
A Conta Única do Tesouro Nacional é o mecanismo que anulação desse compromisso.
permite a movimentação online de recursos financeiros c) a movimentação de créditos interna e externa e
de órgãos e entidades ligados ao sistema integrado de suas anulações.
administração financeira (SIAFI) em conta unificada. Em d) apropriações de despesas e receitas, e outras si-
se tratando da Conta Única do Tesouro Nacional, ordens tuações não vinculadas a documentos específicos.
bancárias não compensadas em sete dias deverão ser e) o pagamento de compromissos, bem como a
canceladas automaticamente e seus recursos deverão
transferência de recursos entre unidades gestoras,
ser creditados à conta única da unidade gestora emitente
liberação de recursos para fins de adiantamento,
a) até o encerramento do exercício financeiro.
b) no terceiro dia útil seguinte à data de cancelamento. suprimento de fundos, repasse e sub‑repasse.
c) imediatamente após o cancelamento.
d) no primeiro dia útil seguinte à data de cancelamento. 19. (Cespe/TCE‑PR/Analista de Controle/2016) Acerca do
e) nos trinta dias seguintes à data de cancelamento. Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP),
assinale a opção correta.
13. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Contabilidade/2017) a) A natureza do saldo da conta é atributo das contas
A competência para criar, alterar, excluir, codificar, es- contábeis do PCASP, que somente admitem contas
pecificar, desdobrar e detalhar as contas contábeis do com saldo credor ou saldo devedor.
Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP) cabe b) Registrar, processar e evidenciar os atos de gestão
a) à Secretaria do Tesouro Nacional. cujos efeitos possam produzir modificações no
b) à unidade de controle interno de cada ente federado. patrimônio da entidade do setor público, bem
c) ao ordenador de despesas. como aqueles com funções específicas de controle
d) a cada ente federado. caracterizam a natureza de informação orçamen-
e) ao tribunal de contas ao qual a entidade usuária do tária.
PCASP se encontre jurisdicionada. c) Para possibilitar a consolidação das contas públi-
cas nos diversos níveis de governo, foi criado, no
(Cespe/SEDF/Contador/2017) Julgue o item a seguir, relativo
PCASP, um mecanismo para a segregação dos valo-
aos conceitos de contabilidade pública.
res das transações que serão incluídas ou excluídas
14. Se determinado órgão público deixar de atender à
finalidade de sua criação, o princípio contábil da con- na consolidação, que consiste na utilização do 4.º
tinuidade será necessariamente comprometido nesse nível (título) das contas de natureza patrimonial
para identificar os saldos recíprocos.
Contabilidade Pública

órgão.
d) O PCASP é dividido em seis classes de contas, clas-
(Cespe/SEDF/Contador/2017) Em relação aos mecanismos sificadas de acordo com as seguintes naturezas de
contábeis para avaliação de ativos, passivos, impostos e informação: orçamentária, patrimonial, financeira
custos, julgue o item que se segue. e controle.
15. Os recursos de impostos cuja arrecadação seja com- e) As contas contábeis do PCASP são identificadas por
partilhada entre mais de um ente federativo devem ser códigos com sete níveis de desdobramento, com-
registrados como ativos no âmbito de cada entidade postos por nove dígitos, de acordo com a seguinte
somente em relação à parcela que lhe couber na re- estrutura: classe, grupo, subgrupo, título, subtítulo,
partição da receita. item e subitem.

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20. (Cespe/TCE-PR/Analista de Controle/2016) (Cespe/TCE-PA/Auditor de Controle Externo/Ciências Contá-
beis/2016) As seguintes transações foram contabilizadas no
encerramento do primeiro exercício financeiro de determi-
nada entidade governamental:

Com base no que dispõe a Lei n.º 4.320/1964 e suas


atualizações, julgue o item a seguir, relativo à situação
hipotética apresentada.
22. O balanço orçamentário desse exercício apresentou
um resultado orçamentário superavitário no valor de
R$ 3.000.

(Cespe/TCE-PA/Auditor de Controle Externo/Ciências Contá-


O município W apresentou as informações da tabela pre- beis/2016) No que se refere aos aspectos gerais e à estrutura
cedente a respeito das variações patrimoniais ocorridas do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), julgue
no exercício de 2015, em reais. os itens subsecutivos.
Considerando-se as informações do texto 3A4BBB, é cor-
reto afirmar, na situação do município W, que o total de 23. Com a nova metodologia que reestruturou o PCASP,
os lançamentos não estão mais fechados (débito e
mutações ativas foi igual a crédito) em uma mesma natureza de informação.
a) R$ 890.000. 24. Com vistas à consistência dos registros e saldos de
b) R$ 475.000. contas, recomenda-se que as contas contábeis descri-
c) R$ 440.000. tas como outros(as) sejam limitadas a 10% do total do
d) R$ 595.000. grupo.
e) R$ 610.000. 25. Todos os órgãos e entidades da administração direta e
da administração indireta dos entes da Federação estão
21. (Cespe/TCE-PR/Analista de Controle/2016) Consi- obrigados a utilizar o PCASP.
derando que um ente tenha reduzido a alíquota de
26. (Cespe/Polícia Científica-PE/Perito Criminal/Ciências
determinado imposto, decorrendo disso uma redução Contábeis/2016) Conforme o disposto nas Normas
na receita arrecadada, assinale a opção correta acerca Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao setor público,
do registro da renúncia de receita. o objeto da CASP é
a) O balanço financeiro será afetado, pois haverá re- a) um conjunto de procedimentos administrativos que
gistro de saída de caixa do ente federado. objetivam adquirir materiais, contratar obras e ser-
b) No momento do reconhecimento do fato gerador, viços, alienar ou ceder bens a terceiros, observando
haverá um lançamento de natureza orçamentária e os princípios da administração pública.
um evento de natureza financeira e patrimonial. b) a mensuração, a estruturação e as variações que
c) Depois de reconhecido o fato gerador, será gerada geram reflexos no patrimônio público, além de
apresentar temas específicos, como o sistema de
uma informação de natureza orçamentária, pois
custos.
haverá um registro em créditos tributários a receber c) determinar os valores pelos quais os elementos pa-
(ativo) em contrapartida a impostos sobre patri- trimoniais devem ser reconhecidos e apresentados
mônio e renda (receita), para cumprir o regime de nas demonstrações contábeis.
CONTAbIlIdAde PÚblICA

competência, no valor da redução ou renúncia. d) o conjunto de direitos e de bens, tangíveis ou in-


d) No momento da arrecadação, deverá haver um tangíveis, onerados ou não, que seja portador ou
lançamento de natureza orçamentária e um evento represente um fluxo de benefícios, presente ou
de natureza financeira e patrimonial. futuro, inerente à prestação de serviços públicos
e) O reconhecimento da receita pelo regime de compe- ou a exploração econômica por entidades do setor
público e suas obrigações.
tência implicará um evento de natureza patrimonial,
e) o orçamento público, contendo a discriminação da
ao passo que, pelo regime da arrecadação, serão receita e da despesa de forma a evidenciar a política
envolvidos um evento patrimonial, um orçamentário econômico-financeira e o programa de trabalho do
e um de controle. governo.

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27. (Cespe/Polícia Científica‑PE/Perito Criminal/Ciências c) No cálculo da provisão para repartição tributária, não
Contábeis/2016) No âmbito do setor público, o balanço devem ser deduzidos eventuais ajustes para perdas.
financeiro demonstrará d) Um crédito a receber somente pode ser reconhecido
a) os fluxos de caixa das atividades operacionais, das no ente recebedor após a arrecadação do tributo
atividades de investimentos e das atividades de fi- pelo ente transferidor.
nanciamento, excluindo‑se as despesas de exercícios e) Caso haja a entrada de recursos, deve‑se registrar
anteriores empenhadas mas não pagas no exercício. os tributos como um ativo em contrapartida a uma
b) os fluxos de caixa das atividades operacionais, das variação patrimonial aumentativa, ainda que sejam
atividades de investimentos e das atividades de recebidos antes da ocorrência do fato gerador.
financiamento.
c) os fluxos de caixa das atividades operacionais, das (Cespe/DPU/Contador/2016) A respeito dos eventos perso-
atividades de investimentos e das atividades de nificados como regulares pela ciência contábil aplicada ao
financiamento, excluindo‑se os valores inscritos em setor público, julgue os itens a seguir.
restos a pagar no exercício. 31. É correto afirmar que um ente público desrespeita o
d) tanto a receita e a despesa orçamentárias como os princípio da oportunidade se sua demonstração das
recebimentos e pagamentos de natureza extraor- variações patrimoniais (DVP) evidenciar que o resulta-
çamentária, excluindo‑se as despesas de exercícios do patrimonial do período decorre exclusivamente do
anteriores empenhadas mas não pagas no exercício. confronto entre as variações patrimoniais quantitativas
e) tanto a receita e a despesa orçamentárias como os aumentativas e diminutivas, independentemente da
recebimentos e pagamentos de natureza extraorça- execução orçamentária.
mentária. 32. De acordo com o princípio da prudência, presume‑se
cautela para evitar que o grau variável das incertezas
(Cespe/TCE‑SC/Auditor de Controle Externo/Ciências Contá- contribua para diminuir a confiabilidade do processo
beis/2016) A respeito do campo de aplicação e dos objetivos de mensuração e de apresentação dos controles estru-
da contabilidade pública, julgue o item a seguir. turados contra fraudes nos registros patrimoniais.
28. Os objetivos da contabilidade aplicada ao setor público
incluem informar os usuários da informação contábil (Cespe/DPU/Contador/2016) Uma vez ajustados formal-
relativa às mutações do patrimônio das entidades do mente os valores dos componentes patrimoniais, é possível
setor público. reconhecer os efeitos da alteração do poder aquisitivo da
moeda nacional nos registros contábeis. Nesse sentido,
29. (Cespe/TRT-8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/ julgue o item seguinte, acerca de atualização monetária.
Área Administrativa/2016) A respeito do alcance e da 33. Se um ente público utiliza um índice de inflação acumu-
estrutura do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público lado de determinado período para corrigir a expressão
(PCASP), assinale a opção correta. formal do valor original de seus componentes patrimo-
a) Para permitir a apuração do superávit financeiro niais, então esse ente reconhece contabilmente uma
de acordo com a Lei n.º 4.320/1964, a  partir da nova avaliação, de modo a atender ao princípio do
classificação do ativo e do passivo em financeiro e registro pelo valor original.
permanente, são utilizadas as letras F e P, respecti-
vamente. (Cespe/DPU/Contador/2016) A respeito da convergência
b) Se os totais a débito e a crédito apresentarem valores das normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor
iguais, o lançamento em uma conta de natureza de público às normas internacionais, julgue o item a seguir.
informação orçamentária poderá ter como con- 34. A demonstração das variações patrimoniais é a peça
trapartida uma conta de natureza de informação contábil indicada para o usuário que deseja conhecer
patrimonial. e analisar, se for o caso, o  resultado patrimonial do
c) Visando facilitar a análise das informações de acordo exercício da entidade.
com a sua natureza, o PCASP está estruturado em
quatro sistemas de contas: orçamentário, financeiro, 35. (Cespe/TCE‑PR/Auditor/2016) No que se refere à ges-
patrimonial e de compensação. tão organizacional da contabilidade pública no Brasil,
d) O PCASP é de utilização obrigatória para todos os regulada pela Lei n.º 10.180/2001, bem como ao SIA-
órgãos e entidades dos entes da federação, inclusive FI, assinale a opção correta.
nas empresas estatais independentes. a) Como forma de  garantir a segurança do sistema,
e) O PCASP Estendido é de utilização obrigatória para as entidades de caráter privado estão impedidas de
os entes que precisem de referência para o desen- usar o SIAFI.
volvimento de suas rotinas e sistemas. b) Os tribunais de  contas são órgãos setoriais inte-
grantes do Sistema de Planejamento e Orçamento
30. (Cespe/TRT-8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área Federal.
Administrativa/2016) Considerando o relacionamento c) As competências da Secretaria do Tesouro Nacional
Contabilidade Pública

do regime orçamentário com o regime contábil, assinale incluem o subsídio à  formulação de políticas de
a opção correta acerca do tratamento contábil aplicável financiamento de despesas públicas.
aos impostos e contribuições. d) Embora figure como um dos principais objetivos do SIA-
a) Quando houver incerteza sobre o montante a ser FI, a padronização de métodos ainda não foi atingida,
transferido no momento do reconhecimento do em decorrência das diferentes rotinas de lançamentos
crédito tributário, nenhum registro contábil deve relativos à aplicação de recursos públicos.
ser efetuado. e) Embora o SIAFI promova relevante contribuição ao
b) Para evitar a formação de superávit financeiro supe- trabalho de auditoria na apuração de irregularida-
rior ao seu lastro financeiro, o ente recebedor deverá des, nem todos os órgãos da administração direta
constituir provisão para devedores duvidosos. o utilizam.

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36. (Cespe/TCE‑PR/Auditor/2016) De acordo com as dispo-
sições da Lei n.º 4.320/1964 a respeito da demonstra-
ção das variações patrimoniais, assinale a opção correta.
a) A atualização monetária da dívida é uma superve-
niência do passivo, pois  representa uma variação
passiva que independe da execução orçamentária
e provoca redução do patrimônio líquido.
b) A amortização da dívida, considerada pela legislação
uma despesa de capital, é um exemplo de despesa
efetiva.
c) As mutações ativas são provenientes da execução
das despesas orçamentárias efetivas.
d) A inscrição de  valores em dívida ativa representa
insubsistência do ativo.
e) A alienação de ativos por valores idênticos aos con-
tabilmente registrados representa  superveniência
do ativo.

GABARITO
1. d 19. e
2. e 20. e
3. e 21. e
4. b 22. E
5. e 23. E
6. c 24. C
7. c 25. E
8. a 26. d
9. b 27. e
10. d 28. C
11. b 29. a
12. d 30. d
13. a 31. E
14. C 32. E
15. E 33. E
16. C 34. C
17. C 35. c
18. d 36. a
Contabilidade Pública

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TRF

SUMÁRIO

Orçamento Público

Conceitos................................................................................................................................................................................ 3

Princípios orçamentários....................................................................................................................................................... 7

Orçamento-Programa:
conceitos e objetivos........................................................................................................................................................... 3

Orçamento na Constituição Federal...................................................................................................................................... 4

Proposta orçamentária:
Elaboração, discussão, votação e aprovação..................................................................................................................... 10

Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA.....................................10

Lei nº 4.320/1964:
Da Lei de Orçamento; Da receita; Da Despesa; Dos Créditos Adicionais; Da execução do Orçamento............................67

Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal):


Do Planejamento; Da Despesa Pública; Da Transparência, Controle e Fiscalização.......................................................... 78

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Orçamento Público
Welma Maia / Márzio Ricardo

Welma Maia A partir desse panorama, podemos citar as seguintes


características do orçamento clássico ou tradicional:
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E • tratava-se de uma peça simples, com a exposição dos
gastos estimados e dos recursos para cobertura;
ORÇAMENTÁRIA • representava uma solicitação do Executivo ao Legis-
lativo, para arrecadação tributária suficiente à manu-
Conceito tenção do aparato de Estado;
• não exigia esforços de planejamento para sua elabo-
O objeto de estudo da Administração Financeira e Or- ração, ou seja, não partia de objetivos a atingir com a
çamentária é a atividade financeira do Estado. Abrange, aplicação dos recursos;
portanto, o estudo do orçamento público, das receitas, das
• servia como instrumento legislativo de controle do
despesas e do crédito público. Vale destacar que uma das
tamanho e da ação do Estado.
fontes de receitas orçamentárias são os tributos. Antes de
tratarmos das receitas, faremos um breve relato sobre essas
espécies de receitas orçamentárias. Orçamento Funcional, de Desempenho ou de
As normas básicas referentes ao estudo da atividade fi- Realizações
nanceira do Estado são a Constituição Federal, a Lei nº 4.320,
de 17 de março de 1964; a Lei Complementar nº 101, de O orçamento de desempenho representou um salto na
4 de maio de 2000 (LRF); e o Decreto nº 93.872, de 24 de evolução do orçamento clássico/tradicional.
dezembro de 1986. No período em que o orçamento de desempenho foi
A Constituição Federal atribui aos entes federativos a com- adotado, aquela noção de que o aumento do gasto público
petência concorrente para legislar sobre os assuntos. Vejamos: era indesejável para a economia do país já tinha ido por
terra. As crises do capitalismo indicaram que, para o bom
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito funcionamento do mercado, seria necessária uma dose de
Federal legislar concorrentemente sobre: atuação do Estado, ora como agente executivo, ora como
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, eco- agente regulador das relações econômicas.
nômico e urbanístico; A depender da crise enfrentada pelo país, deveria ser
II – orçamento. autorizado ao Estado até mesmo assumir provisoriamente
alto grau de endividamento, para aplicação de recursos em
Começaremos estudando primeiramente o orçamento setores necessitados, em nome do bom funcionamento da
público, evolução, conceito e princípios. economia. Essas lições se basearam principalmente nas teo-
rias de um economista inglês chamado John Maynard Keynes.
Orçamento Público Nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial, com a
necessidade de recuperação dos países envolvidos, as ideias
A evolução do conceito de orçamento público acompa- de Keynes foram adotadas em massa. Numa economia em
nhou a necessidade do governo em definir objetivos, traçar frangalhos, o Estado agiria como propulsor de demandas e
metas e alcançar resultados. como incentivador da produção, a fim de controlar os preços
A peça orçamentária era bastante simples, primeiro por- e manter bom nível de emprego e crescimento.
que a participação do governo na vida econômica dos países Para essa intervenção mais forte do Estado na economia,
europeus (onde a lei orçamentária surgiu primeiro) não era era necessário que o orçamento público, seu instrumento de
muito ampla. Prestigiava‐se o liberalismo econômico, a livre ação, fosse também fortalecido. O orçamento de desempe-
iniciativa dos atores econômicos e a intromissão do Estado nho representa, portanto, uma complexificação e um forta-
nesse contexto era mal vista, porque, desde sempre, o setor lecimento do orçamento tradicional.
público foi visto como um mau gastador. Portanto, o melhor
Nesse novo estágio, atribuem-se aos gastos públicos ob-
que o governo poderia fazer seria gastar pouco e deixar os
jetivos a alcançar, não apenas objetos a adquirir. Ao invés
recursos financeiros fluírem nas relações entre atores priva-
de uma “lista de compras”, o orçamento passava a conter
dos, sem intervenções, sem tributação.
uma lista de objetivos, com metas atribuídas, para medir o
desempenho do governo. Dessa forma, pode-se dizer que
Orçamento Tradicional ou Clássico o orçamento de desempenho já apresentava programas de
trabalho para organizar a ação governamental, vinculados
O primeiro tipo de orçamento utilizado pelo Governo
às despesas do governo.
Federal era o chamado orçamento tradicional ou orçamento
clássico. O orçamento clássico caracterizava-se por ser um
simples documento de previsão de receita e de autorização Orçamento-Programa
de despesas, sem nenhuma espécie de planejamento das
ações do governo. Para a doutrina, a raiz do orçamento moderno atual
Orçamento Público

Nessa época, a autorização de despesas dada pelo Le- (orçamento-programa) foi o Sistema de Planejamento, Pro-
gislativo se relacionava, sobretudo, a aquisições de bens e gramação e Orçamento (na sigla em inglês, PPBS), adotado
pagamento de serviços, sem que maiores objetivos ou inter- nos Estados Unidos na década de 1960.
venções estatais pudessem ser efetivados. À época, a palavra Tendo o planejamento como atividade central, o PPBS
de ordem era conter o gasto público, pela crença de que recomendava a consideração de alternativas não só na fase
“dinheiro bom é dinheiro no mercado”. prévia, de preparação do orçamento, mas durante sua exe-
A ênfase dava-se no objeto do gasto, sem preocupação cução e na avaliação de seu desempenho.
com os objetivos econômicos ou sociais a serem alcançados As principais características do PPBS, nos dizeres da Se-
com esses gastos. cretaria do Tesouro Nacional, eram:

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• integração planejamento-orçamento; te o ano de 1969. Foi adotada pelo Estado de Geórgia
• quantificação de objetivos e fixação de metas; (gov. Jimmy Carter), com vistas ao ano fiscal de 1973.
• relações insumo-produto; Principais características: análise, revisão e avaliação
• alternativas programáticas; de todas as despesas propostas e não apenas das soli-
• acompanhamento físico-financeiro; citações que ultrapassam o nível de gasto já existente;
• avaliação de resultados; e gerência por objetivos. todos os programas devem ser justificados cada vez
que se inicia um novo ciclo orçamentário.
O PPBS fracassou nos Estados Unidos e deixou de ser
adotado como modelo orçamentário. Entretanto, seus pres- Uma observação inicial, para delimitar o tópico, é que, no
supostos foram espalhados mundo afora, principalmente a caso do OBZ, o fato de um programa já estar em andamento
partir da ação da Organização das Nações Unidas, que popu- não é justificativa suficiente para sua continuidade. É o que
larizou as características do orçamento-programa. se verifica no trecho “análise, revisão e avaliação de todas
Atualmente, o orçamento-programa é aceito como a as despesas propostas e não apenas das solicitações que
forma mais moderna de orçamentação. O “programa” é o ultrapassam o nível de gasto já existente”.
instrumento de organização da ação governamental que visa
Com o OBZ, é necessário que o objetivo do programa
à concretização dos objetivos pretendidos, sendo mensurado
esteja sendo alcançado com a realização da referida ação; ou,
por indicadores estabelecidos no plano plurianual.
Como se vê na definição, o orçamento-programa preocu- em outras palavras, faz-se uma avaliação de custo/benefício.
pa-se bastante com a efetividade das ações. Para avaliar em Nesse sentido, programas novos têm maior possibilidade
quanto o objetivo dos programas foi alcançado, e em quanto de terem execução iniciada, substituindo programas disfun-
o programa atendeu as necessidades sociais, é necessário cionais. Tanto os programas novos quanto os já existentes
ter formas confiáveis de medir os resultados. terão seus méritos e possibilidades avaliados a cada ciclo
A medição de resultados é normalmente associada a três orçamentário, em pé de igualdade. Daí o nome “base-zero”.
dimensões: eficácia, eficiência e efetividade. A eficiência está Para a adoção do OBZ, é necessário, previamente, estabele-
relacionada ao alcance dos resultados pretendidos a partir cer uma sistemática de avaliação bastante robusta e confiá-
dos recursos disponibilizados para tanto. Portanto, o foco vel, para que a decisão sobre a continuidade, a interrupção
está no uso racional dos recursos, tendo em vista sua limita- e o início de programas seja feita com critérios técnicos.
ção. A eficácia, por sua vez, trata do atingimento das metas Ressalte-se que o orçamento base-zero dificilmente pode
físicas de um programa/ação, o que representa o alcance do ser aplicado em escala nacional, ou até mesmo local. Vários
objetivo traçado. O foco da eficácia está na concretização da programas governamentais, pelo fato de atenderem a ne-
política de governo. Já a efetividade é uma nova dimensão cessidades prementes da população (mesmo que não com
levada em conta na avaliação e no controle do orçamento, todas as potencialidades), não podem ser “abandonados” em
atualmente. Ela tem a ver com o impacto da ação governa- virtude de uma avaliação de desempenho não tão positiva
mental nas necessidades da sociedade. – e vários outros devem ser executados até por força de lei
No Brasil, muito embora o marco legal do orçamento- (outra lei, que não a LOA).
-programa tenha sido em 1964, com a edição da Lei nº 4.320
e com o Decreto-Lei nº 200/1967, o seu marco gerencial
somente ocorreu a partir de 1998 com o Decreto nº 2.829 Orçamento Participativo
e com a publicação da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
Complementar nº 101/2000). O orçamento participativo é um importante instrumen-
A Constituição Federal de 1988, consolidou definitiva- to de complementação da democracia representativa, pois
mente o orçamento-programa no nosso ordenamento jurí- permite que o cidadão debata e defina os destinos de uma
dico ao vincular o processo orçamentário ao Plano Plurianual cidade. Nele, a população decide as prioridades de investi-
(PPA), à Lei de Diretrizes orçamentárias (LDO) e à Lei Orça- mentos em obras e serviços a serem realizados a cada ano,
mentária Anual (LOA). com os recursos do orçamento da prefeitura.
O orçamento-programa, portanto, um método de orça- Além disso, ele estimula o exercício da cidadania, o com-
mentação no qual as despesas públicas são fixadas a partir da promisso da população com o bem público e a corresponsa-
identificação das necessidades públicas sob a responsabilida- bilização entre governo e sociedade sobre a gestão da cidade.
de de um determinado nível de governo e da sua organização Alguns municípios e estados brasileiros adotam o Orça-
segundo níveis de prioridades e estruturas apropriadas de mento Participativo. A participação pode ocorrer durante a
classificação da programação, surgindo como um módulo fase de elaboração do Orçamento, quando o projeto de lei
integrador entre o plano e orçamento. está sendo preparado na Prefeitura ou no Governo do Esta-
O orçamento-programa, assim, põe em destaque os obje- do. A participação pode acontecer também em audiências
tivos, metas e prioridades do Governo. As despesas públicas públicas, realizadas nas Câmaras Municipais ou Assembleias
são discriminadas de modo a dar ênfase aos fins e não aos
Legislativas, quando os cidadãos são convidados a conhecer,
meios, indicando as ações que o governo deve realizar; os res-
em detalhe, o orçamento que está sendo elaborado, e opinar
ponsáveis pela execução e os resultados a serem alcançados.
sobre ele.
Importante destacar que o orçamento participativo não
Orçamento Público

Orçamento Base-Zero garante a execução das decisões tomadas em conjunto com


a população.
O orçamento base-zero (OBZ) é uma técnica de elabo-
ração orçamentária relacionada ao orçamento-programa,
muitas vezes cobrado em provas. Segue sua definição, dada FUNÇÕES DE GOVERNO
pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN):
O liberalismo econômico, especialmente em sua primei-
Abordagem orçamentária desenvolvida nos Estados ra fase – Inglaterra, final do século XVIII e início do século
Unidos da América, pela Texas Instruments Inc., duran- XIX – foi o laboratório das teorias econômicas clássicas, as

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quais previam poucas funções ao Estado. Para Adam Smith, Função Alocativa
por exemplo, o soberano deveria tratar dos seguintes as-
suntos: justiça, segurança, estradas, pontes, portos e canais O primeiro objetivo da Função Alocativa é assegurar o
e educação da juventude, além de cuidar da imagem e res- ajustamento da alocação dos recursos na economia, em
peitabilidade de seu cargo.1 Outro expoente do pensamento face das imperfeições inerentes à própria lógica do merca-
clássico, Jean Baptista Say, cunhou a expressão – rotulada de do aberto.
“princípio de ouro” por David Ricardo, igualmente celebre Conforme ensina Brown4, O sistema de preços de mer-
economista clássico: “o melhor de todos os planos financei- cado atua com razoável eficiência, proporcionando a oferta
ros e gastar pouco, e o melhor de todos os impostos e o que de uma grande variedade de bens e serviços no mercado.
for o menor possível”.2 O mecanismo de mercado, entretanto, é incapaz de alocar
Na maior parte do século XIX, a concepção capitalista cen- eficientemente os recursos da economia como um todo.
trada no mercado revitaliza-se com as sucessivas revoluções Assim, verifica-se a necessidade de intervenção do Esta-
industriais que fortaleciam o capitalismo concorrencial, tudo do, objetivando a obtenção de uma eficiente alocação de
dentro de um cenário de grande estabilidade monetária e de recursos.
extraordinários progressos científicos. Tal quadro econômico O segundo objetivo da Função Alocativa de recursos por
logicamente dispensava a ação estatal. parte do setor público é pertinente à oferta dos bens meri-
No final do século XIX e no início do século XX, come- tórios ou semipúblicos. Esses bens poderiam ter a questão
çaram a manifestar-se sintomas das crises periódicas in- de sua alocação e distribuição resolvida pelo sistema de
trínsecas do sistema capitalista. As grandes empresas, os mercado, porém, este não a resolve de forma eficiente, nem
monopólios, o protecionismo e os sindicatos iniciaram a socialmente justa, em razão do caráter social dos bens e
destruição inapelável do mercado como mecanismo regu- seu elevado conteúdo de externalidades positivas. Assim,
lador do sistema econômico. Quando a essa multiplicidade devem ser providos, direta ou indiretamente, pelo Estado.
de fatores extramercado se somaram as consequências da Comumente, em semelhantes situações, o Estado comple-
Primeira Guerra Mundial, a economia mundial passou a viver menta a oferta feita pelo setor privado desses bens, procu-
o clima de desequilíbrio que desembocaria na gravíssima rando atingir àqueles que, em situações normais, não po-
depressão dos anos trinta. deriam adquiri-los. Dentro dessa categoria de bens, temos
O economista inglês John Maynard Keynes foi o principal como exemplos clássicos os serviços de saúde e educação.
doutrinador na busca de uma fórmula salvadora do capitalis- O terceiro propósito da Função Alocativa relaciona-se
mo, ameaçado de um lado pela depressão, e de outro, não com os bens privados. Anteriormente, foi estudado que,
só pela ideologia marxista, como também pela forte simpatia por causa da formação de mercados imperfeitos e dos ris-
ainda dedicada a Revolução Russa. Para Keynes, antes da cos das incertezas, atividades econômicas fundamentais
perda total da liberdade individual num regime coletivista, para a sociedade e para o desenvolvimento do País não
era preferível a perda de parte da liberdade econômica. Para seriam ofertadas sem a intervenção do setor público. Dessa
quem? Para o Estado. sorte, atividades ligadas à energia elétrica, à siderurgia, ao
O tripé microeconômico dos clássicos – oferta, demanda transporte, às telecomunicações, à petroquímica, que têm
e preço – no modelo keynesiano cedeu lugar a outro tipo de características próprias de bens privados, deverão ser ofere-
sustentação, de cunho macroeconômico: a demanda global cidas mediante a participação do Estado, caso não o sejam
mais o investimento global determinam a renda global, e es- pelo setor privado, não apenas pela relevância que possuem
sas três variáveis responsabilizam-se pelo nível do emprego. para o desenvolvimento econômico, mas ainda em virtude
O controle dessas variáveis, compreensivelmente, só poderia de suas funções sociais. Alguns desses empreendimentos,
ser atribuído ao Estado. O sistema de Keynes deu respaldo seja pelo volume de recursos financeiros necessários para
doutrinário aos esforços governamentais visando tirar as desenvolvê-los, seja pela incerteza da sua viabilidade eco-
respectivas economias da crise depressiva dos anos trinta. nômica para o empresário, ou ainda pelos elevadíssimos
A partir daí a intervenção estatal passou a ser naturalmente riscos financeiros, não seriam fornecidos mediante o sistema
aceita, em especial na dinamização da demanda agregada e de mercado funcionado em intervenções externas. Dessa
na utilização dos instrumentos de política de estabilização forma, cabe ao Estado criar condições para que sejam ofer-
econômica. tados ou fazê-lo diretamente.
Foi quando Richard Musgrave propôs uma classificação
das funções econômicas do Estado, que se tomaram clássicas Em resumo:
no gênero.3 Denominadas de “funções fiscais”, o autor as A Função Alocativa, relaciona-se à alocação de recursos
considerou as próprias “funções do orçamento”, principal por parte do Governo, a fim de oferecer bens públicos,
instrumento de ação estatal na economia. São elas: bens semipúblicos ou meritórios e de desenvolvimento.
• Função Alocativa: cuja função principal é promover Dada a incapacidade do mercado de suprir a sociedade,
ajustamentos na alocação de recursos; o orçamento público destinará recursos para a produção
• Função Distributiva: cuja função primordial é promo- desses bens e serviços necessários à sociedade. Exem-
ver ajustamentos na distribuição de renda; e
Orçamento Público

plos:
• Função Estabilizadora: cuja função é manter a estabi- • Bens Públicos: rodovias, aeroportos etc.;
lidade econômica. • Semipúblicos ou Meritórios: educação, saúde, segu-
rança etc.;
• De Desenvolvimento: construção de usinas etc.
1
SMITH, Adam. Riqueza de las naciones. Barcelona: Bosh, 1954. v. 3, Livro V
Cap. 1.
2
RICARDO, David. Principios de economia politica e tributacao. São Paulo:
Abril, 1982. p. 166 e 169. Ribeiro, Renato Jorge Brown. AFO – Administração financeira e orçamentária
4
3
MUSGRAVE, Richard A. Teoria das financas publicas. São Paulo: Atlas, 1974. – 3.ed. – Brasília : Ed. Vestcon, 2006.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Função Redistributiva emprego e estabilidade dos preços que não são automati-
camente controlados pelo sistema de mercado.
Diversos fatores sociais e econômicos, como oportuni- Mediante a utilização de instrumentos fiscais (principal-
dade educacional, mobilidade social, estrutura de mercado, mente), cambiais e monetários, o governo intervém no nível
legislação, políticas econômicas anteriores, contribuem para de emprego, nos gastos privados, no nível de renda, tendo
que haja distribuição da renda e da riqueza de forma bastante como objetivo a manutenção da estabilidade dos empregos
desigual. Deve-se ressaltar que a lógica intrínseca ao sistema e preços. Paralelamente aos mecanismos citados, podem ser
capitalista é a concentração. Dessa forma, a função redistri- utilizados outros, tais como: a política monetária, a política
butiva do governo tem como desiderato utilizar ações que cambial, débitos, controle sobre preços e salários, estabele-
ajustem a distribuição da renda e da riqueza na sociedade, cimento de quotas de produção e importação para alcançar
tornando-a menos desigual, de sorte que seja socialmente seus objetivos de estabilização. Ainda que esses instrumentos
aceitável e economicamente funcional. possuam suas peculiares características e suas aplicações
Ademais, concentrações excessivas provocam dois pro- específicas, para que os objetivos estabilizadores do governo
blemas econômicos: deseconomias de escala e inibição ex- sejam alcançados, deverá haver eficiente coordenação na
cessiva da demanda agregada, visto que a propensão mar- execução desses instrumentos. Isso requer perfeita harmonia
ginal a consumir decresce ao passo que a renda pessoal se entre as políticas fiscais, monetárias e cambiais implemen-
eleva. É importante ainda dizer que a concentração excessiva tadas pelo governo.
da renda e da riqueza pode processar-se em três níveis: pes-
soal, regional e setorial (funcional). Em resumo:
A tributação e as transferências são usualmente os ins- A Função Estabilizadora busca ajustar o nível geral de pre-
trumentos mais utilizados e, de certa forma, aqueles que ços, do emprego e estabilizar a moeda mediante instru-
produzem resultados mais diretos e mais satisfatórios para mentos da política monetária, cambial e fiscal, ou outras
a questão. Pode ainda o Estado utilizar-se das legislações medidas de intervenção econômica (controles por leis,
específicas sobre a determinação do salário-mínimo, das pro- limites etc.). Para o exercício da função estabilizadora, o
governo tem à disposição dois principais instrumentos
teções tarifárias, dos subsídios, das renúncias fiscais, como
macroeconômicos: a política fiscal e a política monetária.
outros instrumentos de redistribuição da renda. Esses meca-
nismos têm a característica principal de redistribuir recursos
entre os agentes econômicos na sociedade. Assim, o governo, Falhas de Mercado e Produção de Bens Públicos
por um lado, retira recursos de um extrato da sociedade por
meio dos tributos e os transfere para outro extrato. De uma forma geral, a teoria das finanças públicas gira
A redistribuição da renda na Economia, todavia, pode em torno da existência das falhas de mercado que tornam
ocorrer de forma diversa, mediante a função de alocação. necessária a presença do Governo, o estudo das funções do
Assim, quando o governo aplica seus recursos em ativida- Governo, da teoria da tributação e do gasto público.
des ligadas à educação, saúde, transporte, assistência social, As falhas de mercado são fenômenos que impedem que
previdência social que beneficiem as camadas mais pobres a economia alcance o Ótimo de Pareto, ou seja, o estágio de
da sociedade, estará, indiretamente, também redistribuindo welfare economics, ou estado de bem-estar social por meio
do livre mercado, sem interferência do governo. São elas:
renda na sociedade.
• existência dos bens públicos: bens que são consumi-
dos por diversas pessoas ao mesmo tempo (ex. rua).
Em resumo:
Os bens públicos são de consumo indivisível (não ri-
A Função Distributiva visa tornar a sociedade menos de-
val) e não excludente. Assim, uma pessoa adquirindo
sigual em termos de renda e riqueza, através da tribu-
um bem público não tira o direito de outra adquiri-lo
tação e transferências financeiras, subsídios, incentivos
também. Os bens públicos surgem nas falhas de mer-
fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres
cado e passam a ter sentido quando essas falhas se
da população. Promove o ajustamento da distribuição
agravam ou se tornam mais claras;
de renda, visando o chamado ótimo ou ideal de Pareto,
• existência de monopólios naturais: monopólios que
que preconiza a melhoria do indivíduo sem que a situação tendem a surgir em razão do ganho de escala que o se-
dos demais seja deteriorada. tor oferece (ex. água, energia). O governo acaba sendo
obrigado a assumir a produção ou criar agências que
Mecanismos: impeçam a exploração dos consumidores;
• destinação de recursos tributários para as áreas da • as externalidades: uma fábrica pode poluir um rio e ao
saúde e educação, por meio do imposto progressivo mesmo tempo gerar empregos. Assim, a poluição é uma
(IR, IPVA, IPTU e outros); externalidade negativa porque causa danos ao meio am-
• programas sociais (Bolsa-Família, Minha Casa, Minha biente, e a geração de empregos é uma externalidade
Vida etc.). positiva por aumentar o bem-estar e diminuir a crimina-
Orçamento Público

lidade. O governo deverá agir no sentido de inibir ativi-


Função Estabilizadora dades que causem externalidades negativas e incentivar
atividades causadoras de externalidades positivas;
A função de estabilização do Estado utiliza instrumentos • desenvolvimento, emprego e estabilidade: principal-
macroeconômicos para manter adequado o nível de utili- mente em economias em desenvolvimento, a ação go-
zação dos recursos (nível de emprego), estabilizar o valor vernamental é muito importante no sentido de gerar
da moeda (nível de preços) e o fluxo de entrada e saída de crescimento econômico por meio de bancos de de-
recursos da economia (balanço de pagamentos). Assim, essa senvolvimento, criar postos de trabalho e de buscar a
função surge para assegurar um desejável nível de pleno estabilidade econômica.

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PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Princípio da Exclusividade

Os princípios orçamentários visam estabelecer diretrizes O princípio da exclusividade, previsto no § 8º do art. 165
norteadoras básicas, a fim de conferir racionalidade, efici- da CF, estabelece que a LOA não conterá dispositivo estranho
ência e transparência aos processos de elaboração, execu- à previsão da receita e à fixação da despesa.
ção e controle do orçamento público. Válidos para todos os
Art. 165.
Poderes e para todos os entes federativos – União, Estados,
[...]
Distrito Federal e Municípios –, são estabelecidos e disciplina-
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo
dos tanto por normas constitucionais e infraconstitucionais
estranho à previsão da receita e à fixação da despe-
quanto por doutrina.
sa, não se incluindo na proibição a autorização para
abertura de créditos suplementares e contratação de
Princípio da Unidade ou Totalidade operações de crédito, ainda que por antecipação de
receita, nos termos da lei.
De acordo com este princípio, o orçamento deve ser uno,
ou seja, cada ente governamental deve elaborar um único Ressalvam-se dessa proibição, a autorização para abertu-
orçamento. Este princípio é mencionado no caput do art. 2º ra de créditos suplementares e a contratação de operações
da Lei nº 4.320, de 1964, e visa evitar múltiplos orçamentos de crédito, nos termos da lei.
dentro da mesma pessoa política.
Princípio do Orçamento Bruto
Art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação
da receita e despesa de forma a evidenciar a política O princípio do orçamento bruto, previsto no art. 6º da
econômica financeira e o programa de trabalho do Lei nº 4.320, de 1964, preconiza o registro das receitas e
Governo, obedecidos os princípios de unidade uni- despesas na LOA pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer
versalidade e anualidade. deduções.

Dessa forma, todas as receitas previstas e despesas fixa- [...]


das, em cada exercício financeiro, devem integrar um único Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei
documento legal dentro de cada nível federativo: Lei Orça- de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer
mentária Anual (LOA)5. deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública
deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa,
Princípio da Universalidade no orçamento da entidade obrigada a transferência e,
como receita, no orçamento da que as deva receber.
Segundo este princípio, a LOA de cada ente federado § 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo
deverá conter todas as receitas e as despesas de todos os anterior, o calculo das cotas terá por base os dados
Poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas apurados no balanço do exercício anterior aquele em
e mantidas pelo poder público. Este princípio também é que se elaborar a proposta orçamentária do governo
mencionado no caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964, obrigado a transferência.
recepcionado e normatizado pelo § 5º do art. 165 da CF.
Princípio da Publicidade
Art. 165.
[...] Princípio básico da atividade da Administração Pública
§ 5º A lei orçamentária anual compreenderá: no regime democrático, está previsto no caput do art. 37 da
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, Magna Carta de 1988. Justifica‑se especialmente pelo fato
seus fundos, órgãos e entidades da administração de o orçamento ser fixado em lei, sendo esta a que autoriza
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e aos Poderes a execução de suas despesas.
mantidas pelo Poder Público;
II – o orçamento de investimento das empresas em Princípio da Transparência
que a União, direta ou indiretamente, detenha a
maioria do capital social com direito a voto; Aplica‑se também ao orçamento público, pelas disposi-
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo ções contidas nos arts. 48, 48-A e 49 da Lei de responsabilida-
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da ad- de Fiscal, que determinam ao governo, por exemplo: divulgar
ministração direta ou indireta, bem como os fundos e o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal;
disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a
Princípio da Anualidade ou Periodicidade arrecadação da receita e a execução da despesa.
Orçamento Público

Conforme este princípio, o exercício financeiro é o pe- Princípios da não Vinculação (Não afetação) da


ríodo de tempo ao qual se referem a previsão das receitas Receita de Impostos
e a fixação das despesas registradas na LOA. Este princípio
é mencionado no caput do art. 2º da Lei nº 4.320, de 1964. Estabelecido pelo inciso IV do art. 167 da CF, este princí-
Segundo o art. 34 dessa lei, o exercício financeiro coincidirá pio veda a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo
com o ano civil (1º de janeiro a 31 de dezembro). ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria CF:

Art. 167. São vedados:


Cada pessoa política tem competência para elaborar a sua própria LOA.
5 [...]

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IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, ção independente de qualquer atividade estatal específica,
fundo ou despesa, ressalvadas a repartição do pro- relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação
duto da arrecadação dos impostos a que se referem direta ou imediata pelo pagamento.
os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as O art. 167 da CF proíbe, ressalvadas algumas exceções,
ações e serviços públicos de saúde, para manutenção a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou des-
e desenvolvimento do ensino e para realização de pesa. Os impostos estão enumerados na CF, ressalvando-se
atividades da administração tributária, como deter- unicamente a possibilidade de utilização, pela União, da com-
minado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 petência residual prevista no art. 154, inciso I, e da compe-
e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações tência extraordinária, no caso dos impostos extraordinários
de crédito por antecipação de receita, previstas no de guerra externa, prevista no inciso II do mesmo artigo.
art. 165, § 8º, bem como o disposto no §4º deste
artigo; (Redação dada pela Emenda Constitucional Taxas
nº 42, de 19/12/2003)
[...] De acordo com o art. 77 do CTN:
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias
As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo
geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
e 156, e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158
suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o
e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia ou
exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,
contragarantia à União e para pagamento de débitos
efetiva ou potencial, de serviço público específico e
para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
nº 3, de 1993)
disposição.
São exemplos de ressalvas estabelecidas pela própria A taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva
Constituição as relacionadas à repartição do produto da legal e, sob a ótica orçamentária, classifica-se em: Taxas de
arrecadação dos impostos aos Fundos de Participação dos Fiscalização6 e Taxas de Serviço.
Estados (FPE) e Fundos de Participação dos Municípios (FPM),
Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte (FNO), Nor- Taxas de Fiscalização ou de Poder de Polícia
deste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), bem como à destinação
de recursos para as áreas de saúde e educação, além do As taxas de fiscalização ou de poder de polícia são defi-
oferecimento de garantias às operações de crédito por an- nidas em lei e têm como fato gerador o exercício do poder
tecipação de receitas. Ressalta-se, que há diversas receitas de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado
que são excetuadas à regra constitucional, e que não foram intervém em determinadas atividades, com a finalidade de
aqui, citadas. garantir a ordem e a segurança. A definição de poder de
polícia é estabelecida pelo art. 78 do CTN:
NOÇÕES BÁSICAS SOBRE TRIBUTOS
Considera-se poder de polícia atividade da admi-
Principal fonte de recursos do Governo Federal, tributos nistração pública que, limitando ou disciplinando
são origens de receita orçamentária corrente. Embora, atu- direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato
almente, os tributos englobem as contribuições, a classifica- ou abstenção de fato, em razão de interesse público
ção orçamentária por natureza de receita, faz uma distinção concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
entre as receitas de origem Tributária e as de Contribuições, costumes, à disciplina da produção e do mercado,
atendendo ao disposto na Lei nº 4.320, de 1964. ao exercício de atividades econômicas dependentes
Trata-se de receita derivada, cuja finalidade é obter re- de concessão ou autorização do poder público, à
cursos financeiros para o Estado custear as atividades que tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade
lhe são correlatas. Sujeita-se aos princípios da reserva legal e aos direitos individuais e coletivos.
e da anterioridade da Lei, salvo exceções.
O art. 3° do Código Tributário Nacional (CTN) define tri- Taxas de Serviço Público
buto da seguinte forma: As taxas de serviço público são as que têm como fato
gerador a utilização de determinados serviços públicos, sob
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
os pontos de vista material e formal. Nesse contexto, o ser-
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que
viço é público quando estabelecido em lei e prestado pela
não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei
Administração Pública, sob regime de direito público, de
e cobrada mediante atividade administrativa plena-
forma direta ou indireta.
mente vinculada.
A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalidade,
O art. 4º do CTN preceitua que a natureza específica ou seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. É re-
do tributo, ao contrário de outros tipos de receita, é deter- ceita derivada e os serviços têm que ser específicos e divisíveis.
minada pelo fato gerador da obrigação, sendo irrelevantes Conforme o art. 77 do CTN:
Orçamento Público

para qualificá-la: Os serviços públicos têm que ser específicos e divisí-


veis, prestados ao contribuinte, ou colocados à sua
I – a sua denominação; e
disposição. Para que a taxa seja cobrada, não há ne-
II – a destinação legal do produto de sua arrecadação.
cessidade de o particular fazer uso do serviço, basta
que o Poder Público coloque tal serviço à disposição
Impostos do contribuinte.
Os impostos, segundo o art. 16 do CTN, são espécies
tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situa- 6
Taxas de Fiscalização também são chamadas de Taxas de Poder de Polícia.

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Distinção entre Taxa e Preço Público • Demais Receitas: consideram-se receitas do Orçamen-
to da Seguridade Social aquelas que:
Taxas são compulsórias (decorrem de lei). O que legitima – sejam próprias das UOs que integrem o Orçamen-
o Estado a cobrar a taxa é a prestação ou a disponibilização de to da Seguridade Social; ou seja, das unidades que
serviços públicos específicos e divisíveis ou o regular exercício compõem os Ministérios da Saúde e da Previdência
do Poder de Polícia. A relação decorre de lei, sendo regida Social, a Assistência Social e o Fundo de Amparo ao
por normas de direito público. Trabalhador, subordinado ao Ministério do Trabalho;
Preço Público, sinônimo de tarifa, decorre da utilização – sejam originárias da prestação de serviços de saúde,
de serviços facultativos que a Administração Pública, de independentemente das entidades às quais perten-
forma direta ou por delegação (concessão ou permissão), çam; e
coloca à disposição da população, que poderá escolher se os – sejam vinculadas à seguridade social por determi-
contrata ou não. São serviços prestados em decorrência de nação legal.
uma relação contratual regida pelo direito privado.
Contribuições de Intervenção no Domínio
Contribuição de Melhoria Econômico
A contribuição de melhoria é espécie de tributo na clas-
A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
sificação da receita orçamentária e tem como fato gerador
(CIDE) é tributo classificado no orçamento público como uma
valorização imobiliária que decorra de obras públicas, con-
espécie de contribuição que alcança determinada atividade
tanto que haja nexo causal entre a melhoria ocorrida e a
econômica, como instrumento de sua atuação na área res-
realização da obra pública.
pectiva, conforme dispõe o art. 149 da CF.
De acordo com o art. 81 do CTN:
São exemplos dessa espécie a CIDE-Combustíveis, relativa
A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, às atividades de comercialização de petróleo e seus deriva-
pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de dos, gás natural e álcool carburante, e a CIDE-Tecnologia, re-
suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face lativa à exploração de patentes, uso de marcas, fornecimento
ao custo de obras públicas de que decorra valorização de conhecimentos tecnológicos ou prestação de assistência
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada técnica no caso de contratos que impliquem transferência
e como limite individual o acréscimo de valor que da de tecnologia.
obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Contribuição de Interesse das Categorias
Contribuições Sociais Profissionais ou Econômicas

Classificada como espécie de contribuição, por força da Esta espécie de contribuição caracteriza-se por atender a
Lei nº 4.320, de 1964, a contribuição social é tributo vincu- determinadas categorias profissionais ou econômicas, vincu-
lado a uma atividade estatal que visa atender aos direitos lando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não
sociais previstos na CF, tais como a saúde, a previdência, a transita pelo orçamento da União.
assistência social e a educação. Essas contribuições são destinadas ao custeio das or-
A competência para instituição das contribuições sociais ganizações de interesse de grupos profissionais, como, por
é da União, exceto das contribuições dos servidores estatu- exemplo, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Conselho
tários dos Estados, Distrito Federal e Municípios, que são Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), Conselho Re-
instituídas pelos respectivos entes. As contribuições sociais gional de Medicina (CRM), entre outros.
para a seguridade social (§ 6º do art. 195 da CF) estão sujeitas É preciso esclarecer que existe uma diferença entre as
ao princípio da anterioridade nonagesimal, ou seja, somente contribuições aludidas acima e as contribuições confedera-
poderão ser cobradas noventa dias após a publicação da lei tivas. Conforme o art. 8º da CF:
que as instituiu ou majorou.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
Seguridade Social observado o seguinte: [...]
IV – a assembleia geral fixará a contribuição que, em
Conforme dispõe o art. 195 da CF, a seguridade social será se tratando de categoria profissional, será descontada
financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, em folha, para custeio do sistema confederativo da
mediante recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal representação sindical respectiva, independente-
e dos Municípios e de contribuições sociais. Em complemen- mente da contribuição prevista em lei.
to, a composição das receitas que financiam a seguridade
social é discriminada nos arts. 11 e 27 da Lei nº 8.212, de Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição
24 de julho de 1991, que instituiu o Plano de Custeio da confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, além
Seguridade Social. da contribuição sindical, prevista em lei. A primeira não é tri-
buto, pois será instituída pela assembleia geral e não por lei. A
Orçamento Público

O Anexo II do Ementário de Receitas Orçamentárias da


União descreve o conjunto de receitas que integram o Or- segunda é instituída por lei, portanto compulsória, e encontra
çamento da Seguridade Social. Essas receitas classificam-se sua regra no art. 149 da CF, possuindo assim natureza de tributo.
como Contribuições Sociais e Demais Receitas, por meio da
seguinte metodologia: Contribuição para o Custeio de Serviço de
• Contribuições Sociais: para integrarem o Orçamento Iluminação Pública
da Seguridade Social, as receitas de contribuições so-
ciais devem ser destinadas para as áreas de saúde, Instituída pela Emenda Constitucional nº 39, de 19 de de-
previdência ou assistência social. zembro de 2002, que acrescentou o art. 149-A à CF, possui a

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finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A com- CICLO ORÇAMENTÁRIO
petência para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal.
O ciclo orçamentário é o período de tempo em que pro-
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal pode- cessam as atividades típicas do orçamento público.
rão instituir contribuição, na forma das respectivas
Tradicionalmente, o ciclo orçamentário compreende as
leis, para o custeio do serviço de iluminação pública,
etapas de elaboração/planejamento; aprovação; execução
observado o disposto no art. 150, I e III.
e controle/avaliação da programação dos gastos públicos.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribui-
ção a que se refere o caput, na fatura de consumo
de energia elétrica. Instrumentos do Processo Orçamentário

Sob a ótica da classificação orçamentária, a Contribuição O Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentá-
para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública é espécie rias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) são instrumentos
da origem Contribuições, que integra a categoria econômica previstos na Constituição Federal que compõem o processo
Receitas Correntes. orçamentário.

PLANO PLURIANUAL LDO LOA


O PPA é um planejamento A LDO define as metas e prioridades do Gover- A LOA, ou o orçamento propriamente dito, es-
de médio prazo, que define no, ou seja, as obras e serviços mais importan- tima as receitas que o Governo espera arreca-
as estratégias, diretrizes e tes a serem realizados no ano seguinte. É a lei dar ao longo do próximo ano e fixa as despesas
metas do Governo por um que estabelece a ligação entre o PPA e a LOA. a serem realizadas com tais recursos.
período de quatro anos.

Apesar desses instrumentos serem publicados em mo- Plano Plurianual (PPA)


mentos diferentes, as leis que os tornam públicos são estri-
tamente integradas e compatíveis entre si. O Plano Plurianual é o instrumento constitucional de
Dessa forma, o Ciclo Orçamentário compreende um con- planejamento governamental que espelha as diretrizes do
junto de quatro grandes etapas que se repetem a cada ano: governo para um período de quatro anos.
Previsto na Constituição Federal de 1988, o PPA, nos ter-
mos do § 1º do art. 165,

estabelecerá, de forma regionalizada, as diretrizes,


objetivos e metas da administração pública federal
para as despesas de capital e outras delas decor-
rentes e para as relativas aos programas de duração
continuada.

De acordo com o aqrt. 84, XXIII, da Constituição Federal,


compete privativamente ao Presidente da República enviar
ao Congresso Nacional o Plano Plurianual. Em que pese o
texto constitucional falar em competência privativa, a dou-
trina é uníssona que tal competência é exclusiva, visto que
é indelegável (art. 84, parágrafo único)
O Projeto de Lei do PPA 2016-2019 foi resultado de um
processo de construção coletiva entre órgãos do governo e
representações da sociedade, que envolveu mais de quatro
Modernamente, fala-se também do denominado ciclo mil pessoas, sendo realizadas 120 oficinas governamentais
orçamentário ampliado. Esse termo designa o ciclo, em para a formulação dos programas temáticos, dois Fórum In-
conjunto do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes or- terconselhos, seis fóruns regionais, quatro setoriais e amplo
çamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária (LOA). debate no Conselho Nacional de Secretários Estaduais de
Analisando a Constituição Federal, o ciclo orçamentário Planejamento (Conseplan).
compreende as seguintes fases: O novo PPA, instituído pela Lei nº 13.249, de 13 de janeiro
• formulação do planejamento plurianual, pelo Poder de 2016, reforça a opção por um modelo de desenvolvimento
Executivo; com inclusão social e redução das desigualdades, com foco na
• apreciação e adequação do plano pelo Poder Legislativo; qualidade dos serviços públicos e no equilíbrio da economia,
• proposição de metas e prioridades para a administra- e está organizado em duas partes: dimensão estratégica7,
composta pela visão de futuro, por quatro eixos estratégicos
Orçamento Público

ção e da política de alocação dos recursos pelo Poder


Executivo; e pelas 28 diretrizes estratégicas, e a dimensão tática8, que
• apreciação e adequação da Lei de Diretrizes Orçamen- 7
Dimensão Estratégica: precede e orienta a elaboração dos Programas Temáti-
tárias pelo Poder Executivo; cos. É composta por uma Visão de Futuro, Eixos e Diretrizes Estratégicas.
• elaboração da proposta de orçamento pelo Poder 8
Dimensão Tática: define caminhos exequíveis para as transformações da re-
Executivo; alidade que estão anunciadas nas Diretrizes Estratégicas, considerando as
variáveis inerentes à política pública e reforçando a apropriação, pelo PPA,
• apreciação, adequação e autorização legislativa; das principais agendas de governo e dos planos setoriais para os próximos
• execução dos orçamentos aprovados; quatro anos. A Dimensão Tática do PPA 2016-2019 é expressa nos Programas
Temáticos e nos Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado. Esta
• avaliação da execução e julgamento das contas. dimensão aborda as entregas de bens e serviços pelo Estado à sociedade.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
apresenta os 54 programas temáticos e os programas de Importante destacar que não há a possibilidade do Con-
gestão, manutenção e serviços ao Estado. gresso Nacional rejeitar o PPA e a LDO. Já a LOA pode ser
O novo PPA entra em vigor no 2º ano de mandato presi- rejeitado pelo Poder Legislativo, nos termos do § 8º do art.
dencial e encerra seus efeitos no final do 1º ano do manda- 165 da Constituição Federal. Vejamos:
to subsequente. Dessa forma, o primeiro ano de mandato
Presidencial executará o PPA do governo anterior, ao passo Art. 165
que terá a competência exclusiva de elaborar a proposta do [...]
PPA para o próximo mandato. § 8º Os recursos que, em decorrência de veto, emen-
da ou rejeição do projeto de lei orçamentária anual,
Prazo para encaminhamento da Proposta do PPA ao ficarem sem despesas correspondentes poderão
Congresso Nacional ser utilizadas, conforme o caso, mediante créditos
especiais ou suplementares, com prévia e específica
O projeto do plano plurianual, para vigência até o final do autorização legislativa.
primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subse-
quente, será encaminhado até quatro meses (31 de agosto Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
antes do encerramento do primeiro exercício financeiro).
Instituída pela CF, a LDO é o instrumento norteador da
Prazo para devolução pelo Congresso Nacional para elaboração da LOA na medida em que dispõe, para cada
sanção presidencial exercício financeiro sobre:
• as prioridades e metas da Administração Pública Fe-
O Projeto de Lei do Plano Plurianual deve ser devolvido deral;
para sanção presidencial até o encerramento da sessão le- • a estrutura e organização dos orçamentos;
gislativa (22 de dezembro). • as diretrizes para elaboração e execução dos orçamen-
tos da União e suas alterações;
Possibilidade de Alteração na Proposta do PPA • a dívida pública federal;
• as despesas da União com pessoal e encargos sociais;
Nos termos do § 5º do art. 166 da Constituição Federal • a política de aplicação dos recursos das agências finan-
é possível alteração no projeto de lei relativos ao Plano Plu- ceiras oficiais de fomento;
rianual, todavia tal modificação somente será aceita antes • as alterações na legislação tributária da União; e
de iniciada a votação na Comissão Mista de Orçamento, da • a fiscalização pelo Poder Legislativo sobre as obras e
parte cuja alteração é proposta. os serviços com indícios de irregularidades graves.

Lembre-se: A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) atribuiu à LDO a


A proposta de alteração, elaborada pelo Presidente da responsabilidade de tratar de outras matérias, tais como:
• estabelecimento de metas fiscais;
República, deve ser enviada por meio de Mensagem Presi-
• fixação de critérios para limitação de empenho e mo-
dencial ao Congresso Nacional.
vimentação financeira;
• publicação da avaliação financeira e atuarial dos regi-
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plu-
mes geral de previdência social e próprio dos servido-
rianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento
res civis e militares;
anual e aos créditos adicionais serão apreciados
• avaliação financeira do Fundo de Amparo ao Trabalha-
pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma
dor e projeções de longo prazo dos benefícios da LOAS;
do regimento comum.
• margem de expansão das despesas obrigatórias de
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de natureza continuada; e
Senadores e Deputados: • avaliação dos riscos fiscais.
I – examinar e emitir parecer sobre os projetos re-
feridos neste artigo e sobre as contas apresentadas De acordo com o art. 84, XXIII, da Constituição Federal,
anualmente pelo Presidente da República; compete privativamente ao Presidente da República enviar
II – examinar e emitir parecer sobre os planos e ao Congresso Nacional o Projeto de Lei de Diretrizes Orça-
programas nacionais, regionais e setoriais previstos mentárias. Pelos mesmos motivos assinalados no Plano Plu-
nesta Constituição e exercer o acompanhamento e rianual tem-se que a competência é exclusiva e não privativa.
a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação A Lei de Diretrizes Orçamentárias é um instrumento de
das demais comissões do Congresso Nacional e de conexão entre o Planejamento (PPA) e o Orçamento (LOA).
suas Casas, criadas de acordo com o art. 58. Sua principal função é orientar a elaboração, aprovação e
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão execução da Lei Orçamentaria Anual (LOA).
mista, que sobre elas emitirá parecer, e apreciadas,
Orçamento Público

Nesse contexto, podemos afirmar que a LDO funciona


na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas como filtro: priorizando quais ações, dos programas definidos
do Congresso Nacional. no PPA, serão realizados no exercício de execução da LOA.
[...]
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensa- Prazo para encaminhamento da Proposta do Projeto
gem ao Congresso Nacional para propor modificação de Lei de Diretrizes Orçamentárias ao Congresso Nacional
nos projetos a que se refere este artigo enquanto não O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será enca-
iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja minhado até 8 (oito) meses e meio antes do encerramento
alteração é proposta. do exercício financeiro, ou seja, até 15 de abril.

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Prazo para devolução pelo Congresso Nacional para Prazo para devolução pelo Congresso Nacional para
sanção presidencial sanção presidencial

O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias deve ser O Projeto de Lei Orçamentária deve ser devolvido para
devolvido para sanção presidencial até o encerramento do sanção presidencial até o encerramento da sessão legislativa,
primeiro período da sessão legislativa, ou seja, até 17 de ou seja, até 22 de dezembro.
julho.
Ciclo da LOA
Atenção:
Alguns autores afirmam que a vigência da LOA é de um
ano. Tal entendimento nos soa um tanto quanto equivo- O Ciclo da LOA compreende o período de dois anos, em
cado, haja vista que ela é aprovada até o encerramento que ocorrem as fases de elaboração (iniciativa), aprovação
do primeiro período da sessão legislativa (17 de julho), (autorização), execução (arrecadação de receitas e realização
para entrar em vigor em meados do segundo período do de despesas) e controle (avaliação) do orçamento.
ano, e ficando vigente até o término do exercício finan- A elaboração do Projeto de Lei Orçamentária se desen-
ceiro seguinte, servindo de base para nortear o processo volve no âmbito do Sistema de Planejamento e de Orça-
de elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual até mento Federal, composto pelo Ministério do Planejamento,
a execução da própria Lei Orçamentária Anual. Nota-se Orçamento e Gestão, por meio da Secretaria de Orçamento
com isso, que em determinado período do exercício fi- Federal, além de órgãos setoriais e específicos.
nanceiro teremos duas leis de Diretrizes Orçamentárias
vigentes. Inclusive, essa constatação já foi objeto de Secretaria de Orçamento Federal
avaliação na prova para o Cargo de Analista – Adminis-
trador do Ministério da Integração, em 2013, concurso O trabalho desenvolvido pela SOF, no cumprimento de
organizado pelo Cespe. Vejamos. sua missão institucional, tem sido norteado por um conjunto
de competências, descritas no art. 20 do Anexo I do Decreto
A respeito de orçamento público no Brasil, julgue o nº 8.189, de 21 de janeiro de 2014, e amparado no art. 8º
item a seguir. da Lei nº 10.180, de 2001, assim relacionadas:
Consoante o atual ordenamento jurídico brasileiro,
em determinado período do ano, duas leis de diretri-
Art. 20. À Secretaria de Orçamento Federal compete:
zes orçamentárias vigem simultaneamente.
Gabarito: Certo I – coordenar, consolidar e supervisionar a elaboração
da lei de diretrizes orçamentárias e da proposta orça-
Lei Orçamentária Anual (LOA) mentária da União, compreendendo os orçamentos
fiscal e da seguridade social;
A Lei orçamentaria Anual compreende a realização ope- II – estabelecer as normas necessárias à elaboração
racional das ações do Governo a serem executadas no prazo e à implementação dos orçamentos federais sob sua
de 1 (um) ano, mediante a arrecadação de receitas e a rea- responsabilidade;
lização de despesas. III – proceder, sem prejuízo da competência atribuída
A LOA viabiliza as diretrizes, objetivos e as metas traçadas a outros órgãos, ao acompanhamento da execução
no Plano Plurianual, concretizando-as em consonância com orçamentária;
as diretrizes estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentarias. IV – realizar estudos e pesquisas concernentes ao
A LOA, assim como o PPA e a LDO é de iniciativa do Pre- desenvolvimento e ao aperfeiçoamento do processo
sidente da República e estabelecerá a previsão da receita e orçamentário federal;
a fixação das despesas. V – orientar, coordenar e supervisionar tecnicamente
De acordo com o art. 165, § 5º, da Constituição Federal, os órgãos setoriais de orçamento;
a Lei Orçamentária Anual compreenderá: VI – exercer a supervisão da Carreira de Analista
de Planejamento e Orçamento, em articulação
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, com a Secretaria de Planejamento e Investimentos
seus fundos, órgãos e entidades da administração Estratégicos, observadas as diretrizes emanadas do
direta e indireta, inclusive fundações instituídas e Comitê de Gestão das Carreiras do Ministério do
mantidas pelo Poder Público;
Planejamento, Orçamento e Gestão;
II – o orçamento de investimento das empresas em
VII – estabelecer as classificações orçamentárias da
que a União, direta ou indiretamente, detenha a
receita e da despesa; e
maioria do capital social com direito a voto;
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo VIII – acompanhar e avaliar o comportamento da
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da ad- despesa pública e de suas fontes de financiamen-
Orçamento Público

ministração direta ou indireta, bem como os fundos e to, bem como desenvolver e participar de estudos
fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. econômico-fiscais, voltados ao aperfeiçoamento do
processo de alocação de recursos.
Prazo para encaminhamento da Proposta do Projeto
de Lei de Diretrizes Orçamentárias ao Congresso Nacional Essa missão pressupõe uma constante articulação com
os agentes envolvidos na tarefa de elaboração das propostas
O projeto de Lei Orçamentária será encaminhado até orçamentárias setoriais das diversas instâncias da Adminis-
31 de agosto. tração Pública Federal e dos demais Poderes da União.

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Órgão Setorial Art. 167. São vedados:
I – o início de programas ou projetos não incluídos
O órgão setorial desempenha o papel de articulador no na lei orçamentária anual;
âmbito da sua estrutura, coordenando o processo decisório II – a realização de despesas ou a assunção de obriga-
no nível subsetorial (UO). Sua atuação no processo orça- ções diretas que excedam os créditos orçamentários
mentário envolve: ou adicionais;
• estabelecimento de diretrizes setoriais para elaboração [...]
e alterações orçamentárias; VI – a transposição, o remanejamento ou a transfe-
• definição e divulgação de instruções, normas e pro- rência de recursos de uma categoria de programação
cedimentos a serem observados no âmbito do órgão para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
durante o processo de elaboração e alteração orça- autorização legislativa;
mentária; VII – a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
• avaliação da adequação da estrutura programática e VIII – a utilização, sem autorização legislativa es-
mapeamento das alterações necessárias; pecífica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
• coordenação do processo de atualização e aperfeiço- seguridade social para suprir necessidade ou cobrir
amento das informações constantes do cadastro de déficit de empresas, fundações e fundos, inclusive
programas e ações; dos mencionados no art. 165, § 5º;
• fixação, de acordo com as prioridades setoriais, dos X – a transferência voluntária de recursos e a conces-
são de empréstimos, inclusive por antecipação de
referenciais monetários para apresentação das pro-
receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas
postas orçamentárias e dos limites de movimentação
instituições financeiras, para pagamento de despesas
e empenho e de pagamento de suas respectivas UO;
com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados,
• análise e validação das propostas e das alterações or-
do Distrito Federal e dos Municípios.
çamentárias de suas UOs; e
• consolidação e formalização da proposta e das altera-
ções orçamentárias do órgão. RECEITA PÚBLICA E DESPESA PÚBLICA
A receita e a despesa orçamentárias assumem, na
Unidade Orçamentária
Administração Pública, fundamental importância, pois
representam o montante que o Estado se apropria da
As UOs, apesar de não integrarem o Sistema de Plane-
sociedade por intermédio da tributação e a sua contrapartida
jamento e Orçamento previsto no caput do art. 4º da Lei
aos cidadãos por meio da geração de bens e serviços.
nº 10.180, de 2001, ficam sujeitas à orientação normativa
Também se  torna importante em face de situações legais
e à supervisão técnica do órgão central e também, no que
específicas, como a distribuição e destinação da receita
couber, do respectivo órgão setorial, e desempenha o papel entre  as esferas governamentais e o cumprimento dos
de coordenação do processo de elaboração da proposta orça- limites legais para a realização de despesas, impostos pela
mentária no seu âmbito de atuação, integrando e articulando Lei Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade
o trabalho das suas unidades administrativas, tendo em vista Fiscal (LRF).
a consistência da programação de sua unidade. É relevante destacar que a relação entre a receita e
As UOs são responsáveis pela apresentação da progra- a despesa é fundamental para o processo orçamentário,
mação orçamentária detalhada da despesa por programa, visto que a previsão da receita dimensiona a capacidade
ação e subtítulo. Sua atuação no processo orçamentário governamental em autorizar  a despesa, entendendo a
compreende: receita orçamentária como o mecanismo de financiamento
• estabelecimento de diretrizes no âmbito da UO para do Estado,  sendo considerada também a decorrente de
elaboração da proposta e alterações orçamentárias; operações de crédito. Além disso, de acordo com o art. 9º
• estudos de adequação da estrutura programática; da  LRF, a  arrecadação é instrumento condicionante da
• formalização, ao órgão setorial, da proposta de altera- execução orçamentária da despesa.
ção da estrutura programática sob a responsabilidade O conhecimento dos aspectos relacionados à receita e à
de suas unidades administrativas; despesa no âmbito do setor público, principalmente diante
• coordenação do processo de atualização e aperfeiço- da Lei de Responsabilidade Fiscal, é de suma importância,
amento das informações constantes do cadastro de pois contribui para a transparência das contas públicas e para
ações orçamentárias; o fornecimento de informações de melhor qualidade  aos
• fixação dos referenciais monetários para apresen- diversos usuários, especialmente por intermédio do Relatório
tação das propostas orçamentárias e dos limites de Resumido de Execução Orçamentária (RREO) e o Relatório
movimentação e empenho e de pagamento de suas de Gestão Fiscal (RGF).
respectivas unidades administrativas; Nesse contexto, a Secretaria do Tesouro Nacional, edita,
• análise e validação das propostas orçamentárias das anualmente, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor
unidades administrativas; e Público que norteia a padronização das receitas e despesas
Orçamento Público

• consolidação e formalização de sua proposta orçamen- dos entes Públicos e que dispomos a seguir MCASP (7ª
tária. edição - Válido para o exercício de 2017).

Vedações Constitucionais Relativas ao Orçamento Receita Orçamentária


O art. 167 da CF/1988 traz algumas vedações que de- Conceito
vem ser observadas no tocante ao orçamento. As provas
de concursos têm verdadeira fixação por elas; assim, vale O orçamento é um importante instrumento de plane-
examiná-las e memorizá-las com especial ênfase. jamento de qualquer entidade, seja pública ou privada,

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e representa o fluxo previsto de ingressos e de aplicações moeda, e outras entradas compensatórias no ativo e passivo
de recursos em determinado período. financeiros11.
A matéria pertinente à receita vem disciplinada no art. 3º,
conjugado com o art. 57, e no art. 35 da Lei nº 4.320/1964: Receitas Orçamentárias
São disponibilidades de recursos financeiros que ingres-
Art.  3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas sam durante o exercício e que aumentam o saldo financeiro
as receitas, inclusive as de operações de crédito da instituição. Instrumento por meio do qual se viabiliza a
autorizadas em lei. execução das políticas públicas, as receitas orçamentárias
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em programas
artigo as operações de credito por antecipação da e ações cuja finalidade precípua é atender às necessidades
receita, as emissões de papel‑moeda e outras entra- públicas e demandas da sociedade.
das compensatórias, no ativo e passivo financeiros. Essas receitas pertencem ao Estado, transitam pelo
[...] patrimônio do Poder Público e, via de regra, por força do
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do princípio orçamentário da universalidade, estão previstas
artigo 3º desta lei serão classificadas como receita or- na Lei Orçamentária Anual – LOA.
çamentária, sob as rubricas próprias, tôdas as receitas Nesse contexto, embora haja obrigatoriedade de a LOA
arrecadadas, inclusive as provenientes de operações registrar a previsão de arrecadação, a mera ausência formal
de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. do registro dessa previsão, no citado documento legal, não
[...] lhes retira o caráter de orçamentárias, haja vista o art. 57
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: da Lei nº 4.320, de 1964, determinar classificar‑se como re-
I – as receitas nêle arrecadadas; ceita orçamentária toda receita arrecadada que porventura
II – as despesas nêle legalmente empenhadas. represente ingressos financeiros orçamentários, inclusive
se provenientes de operações de crédito, exceto:
12
operações
Para fins contábeis, quanto ao impacto na situação patri- de crédito por antecipação de receita – ARO , emissões de
monial líquida, a receita pode ser “efetiva” ou “não‑efetiva”: papel moeda e outras entradas compensatórias no ativo e
a. Receita Orçamentária Efetiva é aquela em que os in- passivo financeiros.
gressos de disponibilidade de recursos não foram precedidos
de registro de reconhecimento do direito e não constituem Classificações da Receita Orçamentária
obrigações correspondentes. A classificação da receita orçamentária é de utilização
b. Receita Orçamentária Não Efetiva é aquela em que os obrigatória para todos os entes da Federação, sendo facul-
ingressos de disponibilidades de recursos foram precedidos tado seu desdobramento para atendimento das respectivas
de registro do reconhecimento do direito ou constituem peculiaridades. Nesse sentido, as receitas orçamentárias são
obrigações correspondentes, como é o caso das operações classificadas segundo os seguintes critérios:
de crédito. a. Natureza; 13
b. Fonte/Destinação de Recursos ; e
Em sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros c. Indicador de Resultado Primário.
nos cofres do Estado denominam‑se receitas públicas, regis-
tradas como receitas orçamentárias, quando representam O detalhamento das classificações orçamentárias da
disponibilidades de recursos financeiros para o erário, ou receita, no âmbito da União, é  normatizado por meio de
ingressos extraorçamentários, quando representam apenas portaria da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), órgão do
entradas compensatórias. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).
Em sentido estrito, chamam‑se públicas apenas as recei-
tas orçamentárias9. Observação:
A doutrina classifica as receitas públicas, quanto à proce-
dência, em Originárias e Derivadas. Essa classificação possui
Ingressos de Recursos Financeiros nos Cofres Públicos uso acadêmico e não é normatizada; portanto, não é utilizada
(Receitas Públicas em sentido amplo) como classificador oficial da receita pelo Poder Público.
Receitas Orçamentárias Receitas Públicas Originárias, segundo a doutrina, seriam
Ingressos
(Receitas Públicas aquelas arrecadadas por meio da exploração de atividades
Extraorçamentários
em sentido estrito) econômicas pela Administração Pública. Resultariam, princi-
Representam entradas Representam disponibilidades palmente, de rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário14

compensatórias. de recursos. do Estado (receita de aluguel), de preços públicos , de


prestação de serviços comerciais e de venda de produtos
Ingressos Extraorçamentários industriais ou agropecuários.
Ingressos extraorçamentários são recursos financeiros Receitas Públicas Derivadas, segundo a doutrina, seria
de caráter temporário, do qual o Estado é mero agente a receita obtida pelo poder público por meio da soberania
depositário. Sua devolução não se sujeita a autorização le- estatal. Decorreriam de imposição constitucional ou legal15 e,
gislativa, portanto, não integram a Lei Orçamentária Anual por isso, auferidas de forma impositiva, como, por exemplo,
(LOA). Por serem constituídos por ativos e passivos exigíveis, as receitas tributárias e as de contribuições especiais.
os ingressos extraorçamentários, em geral, não têm reflexos 11
Lei nº 4.320/1964
no Patrimônio Líquido da Entidade.
Orçamento Público

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de


São exemplos de ingressos extraorçamentários: os de- operações de crédito autorizadas em lei.
pósitos em caução, as fianças, as operações de crédito por Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações
de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras
antecipação de receita orçamentária (ARO)10, a emissão de entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros.
12
Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária – ARO são
9
O MCASP adota a definição de receita no sentido estrito. Dessa forma, quando exceção às operações de crédito em geral. Classificam- se como “Receita Ex-
houver citação ao termo “Receita Pública”, implica referência às “Receitas traorçamentária” e não são item da “Receita Orçamentária”, por determinação
Orçamentárias”. do Parágrafo Único do art. 3º da Lei nº 4.320, de 1964.
10
Operações de crédito, em regra são receitas orçamentárias. As operações de cré- 13
Por se tratar de uma classificação que associa a receita com a despesa, o assunto
dito por antecipação de receita orçamentária (ARO) são exceção e classificam-se será tratado em um capítulo próprio sobre FONTE/DESTINAÇÃO DE RECURSOS.
como ingressos extraorçamentários, por determinação do parágrafo único do art. 14
Preço público e tarifa são vocábulos sinônimos.
3º da Lei nº 4.320/1964, por não representarem novas receitas no orçamento. 15
Princípio da Legalidade.

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Classificação da Receita Orçamentária por Natureza Como se depreende do nível de detalhamento apre-
O § 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/1964 define que os itens sentado, a classificação por natureza é a de nível mais ana-
da discriminação da receita, mencionados no art. 11 dessa lítico da receita; por isso, auxilia na elaboração de análises
lei, serão identificados por números de código decimal. Con- econômico‑financeiras sobre a atuação estatal.
vencionou‑se denominar este código de natureza de receita.
Em âmbito federal, a  codificação da classificação por Categoria Econômica
natureza da receita é normatizada por meio de Portaria da O §§1º e 2º do art. 11 da Lei nº 4.320/1964, classificam as
SOF, órgão do Ministério do Planejamento, Orçamento e receitas orçamentárias em “Receitas Correntes” e “Receitas
Gestão. Já para estados e municípios, é feita por meio de
de Capital”. A codificação correspondente seria:
Portaria Interministerial (SOF e STN).
Importante destacar que essa classificação é utilizada
por todos os entes da Federação e visa identificar a origem 1- Receitas Correntes
do recurso segundo o fato gerador: acontecimento real que Receitas Orçamentárias Correntes são arrecadadas den-
ocasionou o ingresso da receita nos cofres públicos. tro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades fi-
Assim, a natureza de receita é a menor célula de infor- nanceiras do Estado e constituem instrumento para financiar
mação no contexto orçamentário para as receitas públicas; os objetivos definidos nos programas e ações orçamentários,
por isso, contém todas as informações necessárias para as com vistas a satisfazer finalidades públicas.
devidas alocações orçamentárias. Classificam‑se como correntes as receitas provenientes
Na União, para o exercício de 2016, incluindo a elabo- de tributos; de contribuições; da exploração do patrimônio
ração do Orçamento, entrou em vigor a nova estrutura de estatal (Patrimonial); da exploração de atividades econô-
codificação das Naturezas de Receita, de forma a prover micas (Agropecuária, Industrial e de Serviços); de recursos
melhorias na estrutura de formação dos códigos da classifi- financeiros recebidos de outras pessoas de direito público
cação, aplicando lógica integralmente voltada para a gestão ou privado, quando destinadas a atender despesas classifi-
das receitas orçamentárias. A nova codificação estrutura os cáveis em Despesas Correntes (Transferências Correntes);
códigos de forma a proporcionar extração de informações por fim, demais receitas que não se enquadram nos itens
imediatas, a fim de prover celeridade, simplicidade e trans- anteriores, nem no conceito de receita de capital (Outras
parência, sem a necessidade de qualquer procedimento
Receitas Correntes).
paralelo para concatenar dados.
Tal alteração foi estabelecida pela Portaria nº 05, de 25
de agosto de 201516, que também determinou que os desdo- 2- Receitas de Capital
bramentos específicos para atendimento das peculiaridades Receitas Orçamentárias de Capital são arrecadadas den-
de estados, Distrito Federal e municípios serão promovidos tro do exercício financeiro, aumentam as disponibilidades
pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazen- financeiras do Estado e são instrumentos de financiamento
da. Ressalta‑se que para os referidos entes, tal codificação dos programas e ações orçamentários, a fim de se atingirem
é válida a partir do exercício financeiro de 2018, inclusive as finalidades públicas. Porém, de forma diversa das receitas
no que se refere à elaboração do respectivo projeto de lei correntes, as receitas de capital em geral não provocam efeito
orçamentária (que é elaborado durante o exercício de 2017). sobre o patrimônio líquido.
A estrutura da nova codificação cria possibilidade de Receitas de Capital são as provenientes tanto da realiza-
associar, de forma imediata, a receita principal com aquelas ção de recursos financeiros oriundos da constituição de dívi-
dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros das e da conversão, em espécie, de bens e direitos, quanto
da Dívida Ativa. A associação é efetuada por meio de um có- de recursos recebidos de outras pessoas de direito público
digo numérico de 8 dígitos, cujas posições ordinais passam a ou privado e destinados a atender despesas classificáveis
ter o seguinte significado: em Despesas de Capital.

C O E DDDD T Observação:
C a t e g o r i a Origem Espécie Desdobramentos Tipo Receitas de Operações Intraorçamentárias:
Econômica para identifica- Operações intraorçamentárias são aquelas realizadas
ção de peculiari- entre órgãos e demais entidades da Administração Pública in-
dades da receita tegrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade
social do mesmo ente federativo; por isso, não representam
Quando, por exemplo, o imposto de renda pessoa física novas entradas de recursos nos cofres públicos do ente, mas
é recolhido dos trabalhadores, aloca‑se a receita pública cor- apenas movimentação de receitas entre seus órgãos. As re-
respondente na natureza de receita código “1.1.1.3.01.1.1”, ceitas intraorçamentárias são a contrapartida das despesas
segundo esquema abaixo:
classificadas na Modalidade de Aplicação “91  – Aplicação
Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e En-
Categoria tidades Integrantes do Orçamento Fiscal e do Orçamento da
C 1 Receita Corrente
Econômica Seguridade Social” que, devidamente identificadas, possibi-
Impostos, Taxas e Contri- litam anulação do efeito da dupla contagem na consolidação
O Origem 1 das contas governamentais.
buições de Melhoria
Orçamento Público

E
Espécie 1 Impostos Dessa forma, a fim de se evitar a dupla contagem dos va-
lores financeiros objeto de operações intraorçamentárias na
Desdobramen- consolidação das contas públicas, a Portaria Interministerial
to para iden- Impostos sobre a Renda STN/SOF nº 338/2006, incluiu as “Receitas Correntes Intra-
DDDD 3011
tificação das de Pessoa Física - IRPF orçamentárias” e “Receitas de Capital Intraorçamentárias”,
peculiaridades representadas, respectivamente, pelos códigos 7 e 8 em
T Tipo 1 Principal suas categorias econômicas. Essas classificações, segundo
disposto pela Portaria que as criou, não constituem novas
Alterou a Portaria Interministerial STN/SOF nº 163, de 4 de maio de 2001.
16 categorias econômicas de receita, mas apenas especificações

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das Categorias Econômicas “Receita Corrente” e “Receita dita, cujo fato gerador é o decurso do prazo estipulado por
de Capital”. lei para pagamento da dívida ativa, sem que o pagamento
tenha ocorrido. (Ao buscar‑se o marco inicial dessa obrigação,
Categoria Econômica da Receita conclui‑se, novamente, que, na origem, há dependência da
existência da Receita Orçamentária propriamente dita).
1. Receitas Correntes 2. Receitas de Capital
Destaca‑se que o ponto de partida – a origem – de todo
7. Receitas Correntes 8. Receitas de Capital o processo relatado no parágrafo anterior, foi a existência da
Intraorçamentárias Intraorçamentárias Receita Orçamentária propriamente dita, e as demais arreca-
dações que se originaram a partir do não pagamento dessa
Origem da Receita
receita foram, na sequência temporal dos acontecimentos:
A Origem é o detalhamento das Categorias Econômicas
multas e juros da receita, dívida ativa da receita e multas
“Receitas Correntes” e “Receitas de Capital”, com vistas a
identificar a procedência das receitas no momento em que e juros da dívida ativa da receita. O raciocínio estruturado
ingressam nos cofres públicos. acima, explora o fato de que se a existência de multas, juros,
Os códigos da Origem para as receitas correntes e de dívida ativa e multas e juros da dívida ativa decorrem do
capital, de acordo com a Lei nº 4.320/1964, são: não pagamento da Receita Orçamentária propriamente dita
dentro dos prazos estabelecidos em lei, então dependem da
existência dessa receita e nela tiveram origem.
Origem da Receita O detalhamento e conceito das origens das receitas or-
1 Receitas Correntes 2 Receitas de Capital çamentárias constam em item específico do MCASP.
7 Receita Correntes Intraor- 8 Receitas de Capital
çamentárias Intraorçamentárias Espécie
1 Impostos, Taxas e Contri- 1 Operações de Crédito É o nível de classificação vinculado à Origem que permite
buições de Melhoria qualificar com maior detalhe o fato gerador das receitas. Por
2 Contribuições 2 Alienação de Bens exemplo, dentro da Origem Contribuições, identifica‑se as es-
pécies “Contribuições Sociais”, “Contribuições Econômicas”,
3 Receita Patrimonial 3 Amortização de Em-
“Contribuições para Entidades Privadas de Serviço Social e
préstimos de Formação Profissional” e “Contribuição para Custeio de
4 Receita Agropecuária 4 Transferências de Iluminação Pública”.
Capital
5 Receita Industrial 9 Outras Receitas de Desdobramentos para Identificação de Peculiaridades
Capital da Receita
6 Receita de Serviços Na nova estrutura de codificação foram reservados 4
dígitos para desdobramentos com o objetivo de identificar as
7 Transferências Correntes
particularidades de cada receita, caso seja necessário. Assim,
9 Outras Receitas Correntes esses dígitos podem ou não ser utilizados, observando‑se a
necessidade de especificação do recurso.
A atual codificação amplia o escopo de abrangência Quanto às receitas exclusivas de estados, Distrito Federal
do conceito de origem e passa a explorá‑lo na sequência
e municípios, serão identificadas pelo quarto dígito da codifi-
lógico‑temporal na qual ocorrem naturalmente atos e fatos
cação, que utilizará o número “8” (Ex.: 1.9.0.8.xx.x.x – Outras
orçamentários co‑dependentes. Nesse contexto, considera
Receitas Correntes Exclusivas de Estados e Municípios),
que a arrecadação das receitas ocorre de forma concatenada
respeitando a estrutura dos três dígitos iniciais. Assim, os de-
e sequencial no tempo, sendo que, por regra, existem arre-
mais dígitos (quinto, sexto e sétimo) serão utilizados para
cadações inter‑relacionadas que dependem da existência de
um fato gerador inicial a partir do qual, por decurso de prazo atendimento das peculiaridades e necessidades gerenciais
sem pagamento, originam‑se outros fatos, na ordem lógica dos entes.
dos acontecimentos jurídicos:
a. Primeiro, o  fato gerador da Receita Orçamentária Tipo
Propriamente Dita, que ocorre quando da subsunção do O tipo, correspondente ao último dígito na natureza de
fato, no mundo real, à norma jurídica; receita, tem a finalidade de identificar o tipo de arrecadação
b. Segundo, a obrigação de recolher multas e juros in- a que se refere aquela natureza, sendo:
cidentes sobre a Receita Orçamentária propriamente dita, “0”, quando se tratar de natureza de receita não valori-
cujo fato gerador é o decurso do prazo estipulado por lei para zável ou agregadora;
pagamento, sem que isso tenha ocorrido. (Esse fato gerador “1”, quando se tratar da arrecadação Principal da receita;
depende, fundamentalmente – na origem – , da existência “2”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da
da Receita Orçamentária propriamente dita); respectiva receita;
c. Terceiro, a obrigação de pagar a dívida ativa referente “3”, quando se tratar de Dívida Ativa da respectiva re-
à Receita Orçamentária propriamente dita e às multas e ceita; e
Orçamento Público

aos juros dessa receita, cujo fato gerador é a inscrição em “4”, quando se tratar de Multas e Juros de Mora da Dívida
dívida ativa, que decorre do transcurso de novo prazo e da Ativa da respectiva receita.
permanência do não pagamento da receita e das multas e
juros que lhe são afetos. (Novamente, ao remetermos para Assim, todo código de natureza de receita será finalizado
o início do processo – a origem – há dependência do fato com um dos dígitos mencionados, e as arrecadações de cada
gerador primeiro, inicial: a existência da Receita Orçamen- recurso – sejam elas da receita propriamente dita ou de seus
tária propriamente dita); e acréscimos legais – ficarão agrupadas sob um mesmo códi-
d. Quarto, a obrigação de recolher multas e juros inciden- go, sendo diferenciadas apenas no último dígito, conforme
tes sobre a dívida ativa da Receita Orçamentária propriamente detalhamento a seguir:

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Dígito: 1º 2º 3º 4º a 7º 8º

Desdobramentos
Descrição-Padrão dos Códigos de Tipo:

Espécie
Cat. Econômica

Origem

Tipo
Significado:

0 Natureza Agregadora

1 Receita Principal

Código: x x x x .xx. x 2 Multa e Juros da Receita Principal

3 Dívida Ativa da Receita Principal

4 Multa e Juros da Dívida Ativa da Receita Principal

Importante destacar, que as portarias SOF e STN que O art.  3º do Código Tributário Nacional (CTN) define
desdobrarão o Anexo I da Portaria Interministerial STN/ tributo da seguinte forma:
SOF nº 163, de 4 de maio de 2001, conterão apenas as na-
turezas de receita agregadoras, finalizadas com dígito “0”, Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
considerando criadas automaticamente, para todos os fins, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que
as naturezas valorizáveis, terminadas em “1”, “2”, “3” e “4”. não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei
Ressalta‑se ainda que, para fins de observância da classi- e cobrada mediante atividade administrativa plena-
ficação orçamentária em “Receita Corrente” e “Receita de mente vinculada.
Capital” estipulada pela Lei nº 4.320/64, deve‑se considerar
os seguintes códigos: O art. 4º do CTN preceitua que a natureza específica do
a. Receita Corrente: tributo, ao contrário de outros tipos de receita, é determina-
i. Todos os códigos cujo o primeiro dígito seja “1” da pelo fato gerador, sendo irrelevante para caracterizá‑lo:
(categoria econômica “receitas correntes”); e
ii. Códigos cujo o primeiro dígito seja “2” (categoria I – a sua denominação; e
econômica “receitas de capital”) e cujo o oitavo II – a destinação legal do produto de sua arrecadação.
dígito, tipo de natureza de receita, seja “2” (Multas
e Juros) ou “4” (Multas e Juros da Dívida Ativa). O art.  5º do CTN e os incisos I, II e III do art.  145 da
b. Receita de Capital: CF/1988 tratam das espécies tributárias impostos, taxas e
i. Códigos cujo o primeiro dígito seja “2” (categoria contribuições de melhoria.
econômica “receitas de capital”) e cujo o oitavo
dígito, tipo de natureza de receita, seja “1” (Prin- a. Código 1.1.1.0.00.0.0 – Receita Corrente – Impostos
cipal) ou “3” (Dívida Ativa).
Os impostos, segundo o art.  16 do CTN, são espécies
Origens e Espécies de Receita Orçamentária
tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situa-
A seguir a descrição das origens e espécies de receita or-
çamentária, de acordo com a nova estrutura de codificação. ção independente de qualquer atividade estatal específica
Ressalta‑se que os demais tópicos quando fizerem referência relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação
à natureza da receita orçamentária utilizarão as duas codifica- direta ou imediata pelo pagamento.
ções. Já que a estrutura anterior ainda é válida para estados, O art. 167 da CF/1988 proíbe, salvo em algumas exce-
Distrito Federal e municípios até 2017 (apenas para fins de ções, a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
execução orçamentária) e a nova estrutura já é válida para despesa. Os impostos estão enumerados na Constituição
União. Ressalta‑se que as duas estruturas de codificação se Federal, ressalvando‑se unicamente a possibilidade de
encontram como anexos do Manual de Contabilidade Aplica- utilização, pela União, da competência residual prevista
da ao Setor Público (MCASP - 7ª edição), disponível no site: no art.  154,  I, e da competência extraordinária, no caso
http://www.tesouro.fazenda.gov.br/mcasp. dos impostos extraordinários de guerra prevista no inciso
II do mesmo artigo.
Origens e Espécies de Receita Orçamentária Corrente
b. Código 1.1.2.0.00.0.0 – Receita Corrente – Taxas
Orçamento Público

Código 1.1.0.0.00.0.0  – Receita Corrente  – Impostos,


Taxas e Contribuições de Melhoria As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Dis-
trito Federal e pelos Municípios, no âmbito das respectivas
Tributo é uma das origens da Receita Corrente na clas- atribuições, são, também, espécie de tributo na classificação
sificação orçamentária por Categoria Econômica. Quanto à orçamentária da receita, tendo, como fato gerador, o exercí-
procedência, trata‑se de receita derivada cuja finalidade é cio regular do poder de polícia administrativa, ou a utilização,
obter recursos financeiros para o Estado custear as atividades efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
que lhe são correlatas. Sujeitam‑se aos princípios da reserva prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição – art. 77
legal e da anterioridade da lei, salvo exceções. do CTN:

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Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbi- entre a melhoria havida e a realização da obra pública. De
to de suas respectivas atribuições, têm como fato acordo com o art. 81 do CTN:
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados,
a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo
posto à sua disposição. de obras públicas de que decorra valorização imobiliária,
tendo como limite total a despesa realizada e como limite
Nesse contexto, taxas são tributos vinculados porque individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
o aspecto material do fato gerador é prestação estatal cada imóvel beneficiado.
específica diretamente referida ao contribuinte, em forma
de contraprestação de serviços. Porém, podem ser tributos Código 1.2.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições
de arrecadação não‑vinculada, pois as receitas auferidas
por meio das taxas não se encontram afetas a determinada Segundo a classificação orçamentária, Contribuições são
despesa, salvo se a lei que instituiu o referido tributo assim Origem da Categoria Econômica Receitas Correntes.
determinou. O art. 149 da Magna Carta estabelece competir exclusiva-
A taxa está sujeita ao princípio constitucional da reserva mente à União instituir contribuições sociais, de intervenção
legal e, sob a ótica orçamentária, classificam‑se em: Taxas de
no domínio econômico e de interesse das categorias profis-
Fiscalização17 e Taxas de Serviço.
sionais ou econômicas, como instrumento de atuação nas
respectivas áreas, e o §1º do artigo em comento estabelece
i. Código 1.1.2.1.00.0.0 – Receita Corrente – Taxas –
Taxas pelo Exercício do Poder de Polícia que estados, Distrito Federal e municípios poderão instituir
contribuição, cobrada de  seus servidores, para o custeio,
São definidas em lei e têm como fato gerador o exercício em benefício destes, de regimes de previdência de caráter
do poder de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o contributivo e solidário.
Estado intervém em determinadas atividades, com a finalida-
de de garantir a ordem e a segurança. A definição de poder As contribuições classificam‑se nas seguintes espécies:
de polícia está disciplinada pelo art. 78 do CTN:
a. Código 1.2.1.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribui-
Considera‑se poder de polícia atividade da admi- ções – Contribuições Sociais
nistração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de Classificada como espécie de Contribuição, por força da
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse pú- Lei nº 4.320/1964, a Contribuição Social é tributo vinculado
blico concernente à segurança, à higiene, à ordem, a uma atividade Estatal que visa atender aos direitos sociais
aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, previstos na Constituição Federal. Pode‑se afirmar que as
ao exercício de atividades econômicas dependentes contribuições sociais atendem a duas finalidades básicas: se-
de concessão ou autorização do poder público, à tran- guridade social (saúde, previdência e assistência social) e ou-
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos tros direitos sociais como, por exemplo: o salário educação.
direitos individuais e coletivos. A competência para instituição das contribuições sociais é
da União, exceto das contribuições dos servidores estatutá-
ii. Código 1.1.2.2.00.0.0 – Receita Corrente – Taxas  – rios dos estados, DF e municípios, que são instituídas pelos
Taxas pela Prestação de Serviços respectivos entes.  As contribuições sociais estão sujeitas
ao princípio da anterioridade nonagesimal, o que significa
São as que têm como fato gerador a utilização de deter- dizer que apenas poderão ser cobradas noventa dias após a
minados serviços públicos, sob ponto de vista material e for- publicação da lei que as instituiu ou majorou.
mal. Nesse contexto, o serviço é público quando estabelecido
em lei e prestado pela Administração Pública, sob regime de Observação:
direito público, de forma direta ou indireta. Conforme dispõe o art.  195 da Constituição, a  seguri-
A relação jurídica, nesse tipo de serviço, é de verticalida- dade social será financiada por toda a sociedade, de forma
de, ou seja, o Estado atua com supremacia sobre o particular. direta e indireta, mediante recursos da União, dos estados,
É receita derivada e os serviços têm que ser específicos e do Distrito Federal e dos municípios, e  de contribuições
divisíveis. Conforme o art. 77 do CTN:
sociais. Em complemento, a  composição das receitas que
financiam a Seguridade Social é discriminada nos arts. 11 e
Os serviços públicos têm que ser específicos e di-
visíveis, prestados ao contribuinte, ou colocados à 27 da Lei nº 8.212/1991, que “instituiu o Plano de Custeio
sua disposição. da Seguridade Social”.

Para que a taxa seja cobrada, não há necessidade de o b. Código 1.2.2.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribui-
particular fazer uso do serviço, basta que o Poder Público ções – Contribuições Econômicas
Orçamento Público

coloque tal serviço à disposição do contribuinte.


A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico
c. Código 1.1.3.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribui- (CIDE) é tributo classificado no orçamento público como uma
ção de Melhoria espécie de contribuição que atinge umdeterminado setor
da economia, com finalidade qualificada em sede consti-
É espécie de tributo na classificação da receita orçamen- tucional – intervenção no domínio econômico – instituída
tária e tem como fato gerador valorização imobiliária que mediante um motivo específico.
Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de
“Taxas de Fiscalização” também são chamadas de “Taxas de Poder de Polícia”.
17 fomento, como por exemplo, desenvolvimento de pesquisas

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para crescimento do setor e oferecimento de linhas de crédi- Código 1.3.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Patrimonial
to para expansão da produção. São exemplos dessa espécie a
CIDE-Combustíveis, relativa às atividades de comercialização São receitas provenientes da fruição do patrimônio de
de petróleo e seus derivados, gás natural e álcool carburante, ente público, como por exemplo, bens mobiliários e imobili-
e a CIDE-Tecnologia, relativa à exploração de patentes, uso ários ou, ainda, bens intangíveis e participações societárias.
de marcas, fornecimento de conhecimentos tecnológicos ou São classificadas no orçamento como receitas correntes e
prestação de assistência técnica no caso de contratos que de natureza patrimonial.
impliquem transferência de tecnologia. Quanto à procedência, trata‑se de receitas originárias.
Podemos citar como espécie de receita patrimonial as con-
c. 1.2.3.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições – cessões e permissões, cessão de direitos, dentre outras.
Contribuição para Entidades Privadas de Serviço Social e
de Formação Profissional Código 1.4.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Agropecuária

Espécie de contribuição que se caracteriza por atender São receitas correntes, constituindo, também, uma
a determinadas categorias profissionais ou econômicas, origem de receita específica na classificação orçamentária.
vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Quanto à procedência, trata‑se de uma receita originária,
Não transitam pelo Orçamento da União. com o Estado atuando como empresário, em pé de igualdade
Estas contribuições são destinadas ao custeio das or- como o particular.
ganizações de interesse de grupos profissionais, como, por Decorrem da exploração econômica, por parte do ente
exemplo: OAB, CREA, CRM e assim por diante. Visam também público, de atividades agropecuárias, tais como a venda de
ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no produtos: agrícolas (grãos, tecnologias, insumos etc.); pecu-
interesse das categorias, como SESI, SESC e SENAI. ários (sêmens, técnicas em inseminação, matrizes etc.); para
É preciso esclarecer que existe uma diferença entre as reflorestamento e etc.
contribuições sindicais aludidas acima e as contribuições
confederativas. Conforme esclarece o art. 8º da Constituição Código 1.5.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Industrial
Federal:
Registra as receitas provenientes das atividades in-
dustriais. Envolvem a extração e o beneficiamento de
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
matérias‑primas, bem como a produção e comercialização
observado o seguinte: [...]
bens relacionados às indústrias extrativa mineral, mecânica,
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em
química e de transformação em geral. Compreende a pro-
se tratando de categoria profissional, será desconta-
dução e comercialização de petróleo e demais hidrocarbo-
da em folha, para custeio do sistema confederativo
netos, produtos farmacêuticos e a fabricação de substâncias
da representação sindical respectiva, independente-
químicas e radioativas, de produtos da agricultura, pecuária
mente da contribuição prevista em lei.
e pesca em produtos alimentares, de bebidas e destilados,
de componentes e produtos eletrônicos, as  atividades de
Assim, há a previsão constitucional de uma contribuição edição, impressão ou comercialização de publicações em
confederativa, fixada pela assembleia geral da categoria, meio físico, digital ou audiovisual, além de outras atividades
e uma outra contribuição, prevista em lei, que é a contribui- industriais semelhantes.
ção sindical. A primeira não é tributo, pois será instituída pela
assembleia geral e não por lei. A segunda é instituída por lei, Código 1.6.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Serviços
portanto compulsória, e encontra sua regra matriz no art. 149
da Constituição Federal, possuindo assim natureza de tributo. São receitas correntes, cuja classificação orçamentária
constitui origem específica, abrangendo as receitas decor-
d. 1.2.4.0.00.0.0 – Receita Corrente – Contribuições – rentes das atividades econômicas na prestação de serviços
Contribuição para Custeio da Iluminação Pública por parte do ente público, tais como: comércio, transporte,
comunicação, serviços hospitalares, armazenagem, serviços
Instituída pela Emenda Constitucional nº 39/2002, que recreativos, culturais, etc. Tais serviços são remunerados
acrescentou o art. 149-A à Constituição Federal, possui a fina- mediante preço público, também chamado de tarifa. Exem-
lidade de custear o serviço de iluminação pública. A compe- plos de naturezas orçamentárias de receita dessa origem são
tência para instituição é dos municípios e do Distrito Federal. os seguintes: Serviços Comerciais; Serviços de Transporte;
Serviços Portuários, etc.
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal pode-
rão instituir contribuição, na forma das respectivas Observação:
leis, para o custeio do serviço de iluminação pública,
observado o disposto no art. 150, I e III. A distinção entre Taxa e Preço Público:
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribui- A distinção entre taxa e preço público, também chama-
ção a que se refere o caput, na fatura de consumo do de tarifa, está descrita na Súmula nº  545 do Supremo
Orçamento Público

de energia elétrica. Tribunal Federal (STF): “Preços de serviços públicos e taxas


não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles,
Municípios e DF, a partir dessa autorização constitucional, são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
iniciaram a regulamentação por lei complementar, visando autorização orçamentária, em relação à lei que a instituiu”.
a dar eficácia plena ao citado artigo 149-A da Constituição Assim, conforme afirmado anteriormente, preço público
da República Federativa do Brasil. (ou tarifa) decorre da utilização de serviços públicos facul-
Sob a ótica da classificação orçamentária, a “Contribuição tativos (portanto, não compulsórios) que a Administração
de Iluminação Pública” é Espécie da Origem “Contribuições”, Pública, de forma direta ou por delegação para concessio-
que integra a Categoria Econômica “Receitas Correntes”. nária ou permissionária, coloca à disposição da população,

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que poderá escolher se os contrata ou não. São serviços títulos públicos ou da contratação de empréstimos obtidas
prestados em decorrência de uma relação contratual regida junto a entidades públicas ou privadas, internas ou externas.
pelo direito privado. São espécies desse tipo de receita:
A taxa decorre de lei e serve para custear, naquilo que a. Operações de Crédito Internas
não forem cobertos pelos impostos, os  serviços públicos, b. Operações de Crédito Externas
essenciais à soberania do Estado (a lei não autoriza que
outros prestem alternativamente esses serviços), especí- Código 2.2.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Alienação
ficos e divisíveis, prestados ou colocados à disposição  do de Bens
contribuinte diretamente pelo Estado. O tema é regido pelas
normas de direito público. Origem de recursos da Categoria Econômica “Receitas de
Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço Capital”, são ingressos financeiros com origem específica na
é remunerado por taxa ou por preço público. Como exemplo, classificação orçamentária da receita proveniente da aliena-
podemos citar o caso do fornecimento de energia elétrica. ção de bens móveis, imóveis ou intangíveis de propriedade
Em localidades onde estes serviços forem colocados à dispo- do ente público.
sição do usuário, pelo Estado, mas cuja utilização seja de uso Nos termos do artigo 44 da LRF, é vedada a aplicação da
obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não permite que receita de capital decorrente da alienação de bens e direitos
se coloque um gerador de energia elétrica), a remuneração que integrem o patrimônio público, para financiar despesas
destes serviços é feita mediante taxa e sofrerá as limitações correntes, salvo as destinadas por lei aos regimes previden-
impostas pelos princípios gerais de tributação (legalidade, ciários geral e próprio dos servidores públicos.
anterioridade, etc). Por outro lado, se a lei permite o uso de
gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o serviço
Código 2.3.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Amortização
estatal oferecido pelo ente público, ou por seus delegados,
de Empréstimos
não teria natureza obrigatória, seria facultativo e, portanto,
seria remunerado mediante preço público.
São ingressos financeiros provenientes da amortização
de financiamentos ou empréstimos concedidos pelo ente
Código 1.7.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Transferên-
cias Correntes público em títulos e contratos.
Na classificação orçamentária da receita são receitas
Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos de capital, origem específica “amortização de empréstimos
de outras pessoas de direito público ou privado destinados concedidos” e representam o retorno de recursos anterior-
a atender despesas de manutenção ou funcionamento mente emprestados pelo poder público.
relacionadas a uma finalidade pública específica, mas que
não correspondam a uma contraprestação direta em bens Código 2.4.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Transferên-
e serviços a quem efetuou a transferência. Dentre as oito cias de Capital
espécies de transferências correntes, podemos citar, como
exemplos, as seguintes: Na ótica orçamentária, são recursos financeiros recebidos
de outras pessoas de direito público ou privado e destina-
a. Transferências da União e de suas Entidades dos para atender despesas em investimentos ou inversões
18
financeiras , a fim de satisfazer finalidade pública específica;
Recursos oriundos das transferências voluntárias, consti- sem corresponder, entretanto, a contraprestação direta ao
tucionais ou legais, efetuadas pela União em benefício dos es- ente transferidor.
tados, Distrito Federal ou municípios, como as transferências Os recursos da transferência ficam vinculados à finali-
constitucionais destinadas aos Fundos de Participação dos dade pública e não a pessoa. Podem ocorrer a nível intra-
Estados (FPE) e Fundos de Participação dos Municípios (FPM). governamental (dentro do âmbito de um mesmo governo)
ou intergovernamental (governos diferentes, da União
b. Transferências de Pessoas Físicas para estados, do estado para os municípios, por exemplo),
assim como recebidos de instituições privadas (do exterior
Compreendem as contribuições e doações que pessoas e de pessoas).
físicas realizem para a Administração Pública.
Código 2.9.0.0.00.0.0  – Receita de Capital  – Outras
Código 1.9.0.0.00.0.0 – Receita Corrente – Outras Re- Receitas de Capital
ceitas Correntes
São classificadas nessa origem as receitas de capital que
Constituem‑se pelas receitas cujas características não não atendem às especificações anteriores. Enquadram‑se
permitam o enquadramento nas demais classificações da nessa classificação, a integralização de capital social, a remu-
receita corrente, tais como indenizações, restituições, res- neração das disponibilidades do Tesouro Nacional, resgate
sarcimentos, multas administrativas, contratuais e judiciais, de títulos do Tesouro, entre outras.
Orçamento Público

previstas em legislações específicas, entre outras.


Tabela‑Resumo: Origens e Espécies de Receitas Orça-
Origens e Espécies de Receita Orçamentária de Capital mentárias na ótica da nova Estrutura de Codificação válida
para União a partir de 2016 e para Estados e Municípios a
Código 2.1.0.0.00.0.0 – Receita de Capital – Operações partir de 2018.
de Crédito

Origem de recursos da Categoria Econômica “Receitas de “Investimentos” e “Inversões Financeiras” são classificações da Despesa de
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Capital”, são recursos financeiros oriundos da colocação de Capital.

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Categoria Econômica, Origens e Espécies das Receitas Correntes
Categoria Econômica Origem Espécie Código
1. Receitas Correntes 1. Impostos, Taxas e Contri- 1. Impostos A partir de 1.1.1.0.00.0.0
7. Receitas Correntes buições de Melhoria 2. Taxas A partir de 1.1.2.0.00.0.0
Intraorçamentárias
3. Contribuições de Melhoria A partir de 1.1.3.0.00.0.0
2. Receita de Contribuições 19
1. Sociais A partir de 1.2.1.0.00.0.0
2. Econômicas A partir de 1.2.2.0.00.0.0
3. Para Entidades Privadas de Serviço A partir de 1.2.3.0.00.0.0
Social e de Formação Profissional
4. Para Custeio de Iluminação Pública A partir de 1.2.4.0.00.0.0
3. Receita Patrimonial 1. Exploração do Patrimônio Imobiliá- A partir de 1.3.1.0.00.0.0
rio do Estado
2. Valores Mobiliários A partir de 1.3.2.0.00.0.0
3. Concessões/Permissões/ Autoriza- A partir de 1.3.3.0.00.0.0
ção ou Licença
4. Exploração de Recursos Naturais A partir de 1.3.4.0.00.0.
5. Exploração do Patrimônio Intangível A partir de 1.3.5.0.00.0.0
6. Cessão de Direitos A partir de 1.3.6.0.00.0.0
9. Demais Receitas Patrimoniais A partir de 1.3.9.0.00.0.0
4. Receita Agropecuária 0. Agropecuária A partir de 1.4.0.0.00.0.0
5. Receita Industrial 0. Industrial A partir de 1.5.0.0.00.0.0
6. Receita de Serviços 1. Serviços Administrativos e Gerais A partir de 1.6.1.0.00.0.0
2. Serviços e Atividades referentes a A partir de 1.6.2.0.00.0.0
Navegação e Transporte
3. Serviços e Atividades referentes à A partir de 1.6.3.0.00.0.0
Saúde
4. Serviços e Atividades Financeiras A partir de 1.6.4.0.00.0.0
9. Outros Serviços A partir de 1.6.9.0.00.0.0
7. Transferências Correntes 1.Transferências da União e de suas A partir de 1.7.1.0.00.0.0
Entidades
2. Transferências dos Estados e do A partir de 1.7.2.0.00.0.0
Distrito Federal e de suas Entidades
3. Transferências dos Municípios e A partir de 1.7.3.0.00.0.0
suas Entidades
4. Transferências de Instituições A partir de 1.7.4.0.00.0.0
Privadas
5. Transferências de Outras Instituições A partir de 1.7.5.0.00.0.0
Públicas
6. Transferências do Exterior A partir de 1.7.6.0.00.0.0
7. Transferências de Pessoas Físicas A partir de 1.7.7.0.00.0.0
8.Transferências de Depósitos não A partir de 1.7.8.0.00.0.0
Identificados
9. Outras Receitas Correntes 1. Multas Administrativas, A partir de 1.9.1.0.00.00
Contratuais e Judiciais
2. Indenizações, Restituições e A partir de 1.9.2.0.00.0.0
Orçamento Público

Ressarcimentos
3. Bens, Direitos e Valores Incorpora- A partir de 1.9.3.0.00.0.0
dos ao Patrimônio Público
9. Demais Receitas Correntes A partir de 1.9.9.0.00.0.0
19

Para efeitos de classificação orçamentária, a “Receita de Contribuições” é diferenciada da origem “Receita Tributária”. A origem “Receita Tributária” engloba apenas
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as espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”.

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Categoria Econômica, Origens e Espécies das Receitas de Capital
Categoria Econômica Origem Espécie Código
1. Internas A partir de 2.1.1.0.00.0.0
1. Operações de Crédito
2. Externas A partir de 2.1.2.0.00.0.0
1. Bens Móveis A partir de 2.2.1.0.00.0.0
2. Receitas de Capital 2. Alienação de Bens 2. Bens Imóveis A partir de 2.2.2.0.00.00
8. Receitas de Capital 3. Bens Intangíveis A partir de 2.2.3.0.00.00
Intraorçamentárias 3. Amortização de
0. Amortizações A partir de 2.3.0.0.00.0.0
Empréstimos
1. Transferências da União e de suas
4. Transferências de Capital A partir de 2.4.1.0.00.0.0
Entidades
2. Transferências dos Estados e do A partir de 2.4.2.0.00.0.0
Distrito Federal e de suas Entidades
3. Transferências dos Municípios e suas A partir de 2.4.3.0.00.0.0
Entidades
4. Transferências de Instituições A partir de 2.4.4.0.00.0.0
Privadas
5. Transferências de Outras Instituições A partir de 2.4.5.0.00.0.0
Públicas
6. Transferências do Exterior A partir de 2.4.6.0.00.0.
7. Transferências de Pessoas Físicas A partir de 2.4.7.0.00.0.
8.Transferências de Depósitos não A partir de 2.4.8.0.00.0.0
Identificados
9. Outras Receitas de 1. Integralização do Capital Social A partir de 2.9.1.0.00.0.0
Capital 2. Resultado do Banco Central A partir de 2.9.2.0.00.0.0
3. Remuneração das Disponibilidades A partir de 2.9.3.0.00.0.0
do Tesouro
4. Resgate de Títulos do Tesouro A partir de 2.9.4.0.00.0.0
9. Demais Receitas de Capital A partir de 2.9.9.0.00.0.0

Tabela‑Resumo: Origens e Espécies de Receitas Orçamentárias na ótica da Estrutura de Codificação válida para Estados
e Municípios até 2017.

Categoria Econômica, Origens e Espécies das Receitas Correntes


Categoria Econômica Origem Espécie Código
De 1.1.1.0.00.0.0 até
1. Impostos
1.1.1.5.00.0.0
De 1.1.2.0.00.0.0 até
1. Tributária 2. Taxas
1.1.2.2.99.0.0
De 1.1.3.0.00.0.0 até
3. Contribuições de Melhoria
1.1.3.1.02.0.5
De 1.2.1.0.00.0.0 até
1. Sociais
1.2.1.0.99.0.0
2. Receita de
De 1.2.2.0.00.0.0 até
Contribuições20 2. Econômicas
1.2.2.0.99.0.2
3. Para Custeio da Iluminação Pública De 1.2.3.0.00.0.0
1. Receitas Correntes
7. Receitas Correntes 1. Exploração do Patrimônio De 1.3.1.0.00.0.0 até
Intraorçamentárias Imobiliário do Estado 1.3.1.9.00.0.0
De 1.3.2.0.00.0.0 até
2. Valores Mobiliários
1.3.2.9.00.0.0
3. Concessões/Permissões/ De 1.3.3.0.00.0.0 até
Autorização ou Licença 1.3.3.9.00.0.0
3. Receita Patrimonial De 1.3.4.0.00.0.0 até
4. Compensações Financeiras
1.3.4.4.32.2.0
Orçamento Público

5. Exploração de Bens Públicos em De 1.3.5.0.00.0.0 até


Áreas de Domínio Público 1.3.5.2.00.0.0
De 1.3.6.0.00.0.0 até
6. Cessão de Direitos
1.3.6.1.03.0.0
9. Outras Receitas Patrimoniais De 1.3.9.0.00.0.0
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Para efeitos de classificação orçamentária, a “Receita de Contribuições” é diferenciada da origem “Receita Tributária”. A origem “Receita Tributária” engloba apenas
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as espécies “Impostos”, “Taxas” e “Contribuições de Melhoria”.

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De 1.4.0.0.00.0.0 até
4. Receita Agropecuária 0. Agropecuária
1.4.9.0.00.0.0
De 1.5.0.0.00.0.0 até
5. Receita Industrial 0. Industrial
1.5.9.0.00.0.0
De 1.6.0.0.00.0.0 até
6. Receita de Serviços 0. Serviços
1.6.0.0.99.0.0
De 1.7.2.0.00.0.0 até
2. Transferências Intergovernamentais
1.7.2.4.99.0.0
3. Transferências de Instituições
1.7.3.0.00.0.0
Privadas
4. Transferências do Exterior 1.7.4.0.00.0.0
7. Transferências Correntes
5. Transferências de Pessoas 1.7.5.0.00.0.0
De 1.7.6.0.00.0.0 até
6. Transferências de Convênios
1.7.6.5.00.0.0
7. Transferências para Combate à De 1.7.7.0.00.0.0 até
Fome 1.7.7.4.00.0.0
De 1.9.1.0.00.00 até
1. Multas e Juros de Mora
1.9.1.9.99.0.0
2. Indenizações, Restituições e Ressar- De 1.9.2.0.00.0.0 até
cimentos 1.9.2.3.01.0.0
De 1.9.3.0.00.0.0 até
3. Dívida Ativa
9. Outras Receitas Corren- 1.9.3.2.99.0.2
tes 4. Aportes Periódicos para Amortiza-
1.9.4.0.00.0.0
ção de Déficit Atuarial do RPPS
5. Decorrentes de Compensações ao
1.9.5.0.00.0.0
RGPS
De 1.9.9.0.00.0.0 até
9. Demais Receitas Correntes
1.9.9.0.99.0.2

Categoria Econômica, Origens e Espécies das Receitas de Capital


Categoria
Origem Espécie Código
Econômica
De 2.1.1.0.00.0.0 até
1. Internas (espécie)
1. Operações de 2.1.1.9.00.0.0
Crédito De 2.1.2.0.00.0.0 até
2. Receitas de 2. Externas (espécie)
2.1.2.9.00.0.0
Capital
De 2.2.1.0.00.0.0 até
8. Receitas 1. Bens Móveis
2.2.1.9.00.0.0
de Capital 2. Alienação de Bens
Intraorçamentárias De 2.2.2.0.00.00 até
2. Bens Imóveis
2.2.2.9.00.0.0
3. Amortização de De 2.3.0.0.00.0.0 até
0. Amortizações
Empréstimos 2.3.0.0.99.0.0
De 2.4.2.0.00.0.0 até
2. Transferências Intragovernamentais
2.4.2.3.99.0.0
3. Transferências de Instituições
2.4.3.0.00.0.0
Privadas
4. Transferências do Exterior 2.4.4.0.00.0.0
4. Transferências de 5. Transferências de Pessoas 2.4.5.0.00.0.0
2. Receitas de Capital 6. Transferências de outras
Capital 2.4.6.0.00.0.
instituições públicas
8. Receitas
De 2.4.7.0.00.0.0 até
Orçamento Público

de Capital 7. Transferências de Convênios


Intraorçamentárias 2.4.7.5.00.0.0
8. Transferências para Combate à De 2.4.8.0.00.0.0 até
Fome 2.4.8.4.00.0.0
De 2.5.2.0.00.0.0 até
2. Integralização Do Capital
5. Outras Receitas de 2.5.2.2.00.0.0
Capital De 2.5.3.0.00.0.0 até
3. Resultado do BCB
2.5.3.0.20.0.0

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4. Remuneração Disponibilidades do 2.5.4.0.00.0.0
TN
5. Dívida Ativa da Amortização de 2.5.5.0.00.0.0
Empréstimos e Financiamentos
6. Dívida Ativa da Alienação de Esto- 2.5.6.0.00.0.0
ques de Café-Funcafé
7. Detentores de Títulos do TN Res- 2.5.7.0.00.0.0
gatados
8.Alienação de Certificados de Poten- 2.5.8.0.00.0.0
cial Adicional de Construção - CEPAC
9. Outras 2.5.9.0.00.0.0

Recursos Arrecadados em Exercícios Anteriores (RAEA) Classificação da Receita para Apuração do Resultado
referente aos RPPS Primário
Para que a lei orçamentária seja aprovada de modo equi-
librado, a classificação “9990.00.00 – Recursos arrecadados Esta classificação orçamentária da receita não tem ca-
em exercícios anteriores” encontra‑se disponível na relação ráter obrigatório para todos os entes e foi instituída para a
de naturezas de receitas, conforme estabelecido Portaria União com o objetivo de identificar quais são as receitas e
Interministerial STN/SOF nº 163/2001. Somente para suprir as despesas que compõem o resultado primário do Governo
a excepcionalidade dos Regimes Próprios de Previdência Federal, que é representado pela diferença entre as receitas
Social (RPPS), o Balanço Orçamentário destes entes poderá primárias e as despesas primárias.
incluir recursos arrecadados em exercícios anteriores para As receitas do Governo Federal podem ser divididas entre
fins de equilíbrio orçamentário. Quando da execução do primárias e financeiras. O primeiro grupo refere‑se predomi-
orçamento, estes recursos serão identificados por meio de nantemente a receitas correntes (exceto receitas de juros)
e é composto daquelas que advêm dos tributos, das contri-
superávit financeiro, fonte para suportar as despesas orça-
buições sociais, das concessões, dos dividendos recebidos
mentárias previamente orçadas.
pela União, da cota‑parte das compensações financeiras, das
Para fins de contabilização dos valores previstos no decorrentes do próprio esforço de arrecadação das unidades
Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), o ente poderá orçamentárias, das provenientes de doações e convênios
efetuar facultativamente os registros em contas orçamentá- e outras também consideradas primárias. Além disso, há
rias e de controle de disponibilidade de recursos, conforme receitas de capital primárias, decorrentes da alienação de
demonstrado a seguir: bens e transferências de capital.
Já as receitas financeiras são aquelas que não contribuem
Natureza da informação: orçamentária para o resultado primário no exercício financeiro correspon-
D 5.2.2.1.1.xx.xx Dotação Inicial – (RAEA) C dente, uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um
6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor privado
interno e/ou externo, alterando concomitantemente o ativo
Natureza da informação: controle e o passivo financeiros. São adquiridas junto ao mercado
D 8.2.1.1.1.01.xx DDR – Recursos Disponíveis financeiro, decorrentes da emissão de títulos, da contratação
para o Exercício de operações de crédito por organismos oficiais, das receitas
C 8.2.1.1.1.02.xx DDR – Recursos de Exercícios de aplicações financeiras da União (juros recebidos, por
Anteriores exemplo), das privatizações, amortização de empréstimos
concedidos e outras.
A conta 8.2.1.1.1.02.xx DDR  – Recursos de Exercícios
Anteriores registra o valor das disponibilidades provenien- Registro da Receita Orçamentária
tes de recursos de exercícios anteriores, cuja execução
depende de autorização. Essa conta tem natureza credora O registro da receita orçamentária ocorre no momento
e não inverte saldo. Quando da utilização desses recursos da arrecadação, conforme art.  35 da Lei nº  4.320/1964
no exercício corrente, além dos registros nas contas de exe- e decorre do enfoque orçamentário dessa Lei, tendo por
cução orçamentária, registra‑se os valores autorizados em objetivo evitar que a execução das despesas orçamentárias
ultrapasse a arrecadação efetiva.
contas de controle.
Considerando‑se, a título de exemplo, a aprovação de
um orçamento de uma determinada entidade pública e a
Natureza da informação: controle
arrecadação de certa receita, os registros contábeis sob a
D 8.2.1.1.1.02.xx DDR – Recursos de Exercícios An- ótica do Plano de Contas
teriores Aplicado ao Setor Público seriam os seguintes:
C 8.2.1.1.1.01.xx DDR – Recursos Disponíveis para o
Orçamento Público

a. Registro da previsão da receita no momento da


Exercício aprovação da Lei Orçamentária: Natureza da informação:
orçamentária
Destaca‑se, contudo, que outra forma alternativa de
registro corresponderia a não incluir no PLOA as despesas D 5.2.1.1.x.xx.xx Previsão Inicial da Receita
que seriam suportadas pelos RAEA. Ao optar por esta prática, C 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
no início do exercício seguinte o ente poderia abrir créditos
adicionais, agora já suportados pelo Superávit Financeiro no b. Registro da arrecadação da receita durante a execu-
Balanço Patrimonial do exercício anterior. ção do orçamento: Natureza da informação: orçamentária

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar execução orçamentária, o conhecimento da compo-
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada sição patrimonial, a determinação dos custos dos
serviços industriais, o levantamento dos balanços
Natureza da informação: controle gerais, a análise e a interpretação dos resultados
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de econômicos e financeiros. [...]
Recursos Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de administração orçamentária, financeira, patrimonial
Recursos (DDR) e industrial. [...]
Art. 100. As alterações da situação líquida patri-
Não devem ser reconhecidos como receita orçamentária monial, que abrangem os resultados da execução
os recursos financeiros oriundos de: orçamentária, bem como as variações independentes
a. Superávit Financeiro – a diferença positiva entre o dessa execução e as superveniências e insubsistências
ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, ativas e passivas, constituirão elementos da conta
os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações patrimonial. [...]
de créditos neles vinculadas. Portanto, trata-se de saldo fi- Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimo-
nanceiro e não de nova receita a ser registrada. O superávit niais evidenciará as alterações verificadas no patri-
financeiro pode ser utilizado como fonte para abertura de mônio, resultantes ou independentes da execução
créditos suplementares e especiais; orçamentária, e indicará o resultado patrimonial
b. Cancelamento de Despesas Inscritas em Restos a Pa- do exercício.
gar – consiste na baixa da obrigação constituída em exercícios
anteriores, portanto, trata-se de restabelecimento de saldo Observa‑se que, além do registro dos fatos ligados à
de disponibilidade comprometida, originária de receitas execução orçamentária, deve‑se proceder à evidenciação
arrecadadas em exercícios anteriores e não de uma nova re- dos fatos ligados à administração financeira e patrimonial,
ceita a ser registrada. O cancelamento de restos a pagar não de maneira que os fatos modificativos sejam levados à conta
se confunde com o recebimento de recursos provenientes de resultado e que as informações contábeis permitam o
do ressarcimento ou da restituição de despesas pagas em conhecimento da composição patrimonial e dos resultados
exercícios anteriores devem ser reconhecidos como receita econômicos e financeiros de determinado exercício.
orçamentária do exercício. Nesse sentido, a contabilidade deve evidenciar, tempes-
tivamente, os fatos ligados à administração orçamentária,
Relacionamento do Regime Orçamentário com o financeira e patrimonial, gerando informações que permitam
Regime Contábil o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados
econômicos e financeiros.
A contabilidade aplicada ao setor público mantém um Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no
processo de registro apto para sustentar o dispositivo legal patrimônio, deve haver o registro da variação patrimonial
do regime da receita orçamentária, de forma que atenda a aumentativa, independentemente da execução orçamentá-
todas as demandas de informações da execução orçamentá- ria, em função do fato gerador.
ria, conforme dispõe o art. 35 da Lei nº 4.320/1964: O reconhecimento do crédito apresenta como principal
dificuldade a determinação do momento de ocorrência do
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: fato gerador. No entanto, no âmbito da atividade tributária,
I – as receitas nele arrecadadas; pode‑se utilizar o momento do lançamento como referência
II – as despesas nele legalmente empenhadas. para o seu reconhecimento, pois é por esse procedimen-
to que:
No entanto, há de se destacar que o art. 35 se refere ao a. Verifica‑se a ocorrência do fato gerador da obrigação
regime orçamentário e não ao regime contábil (patrimonial) correspondente;
e a citada Lei, ao abordar o tema “Da Contabilidade”, deter- b. Determina‑se a matéria tributável;
mina que as variações patrimoniais devam ser evidencia- c. Calcula‑se o montante do tributo devido; e
das, sejam elas independentes ou resultantes da execução d. Identifica‑se o sujeito passivo.
orçamentária.
Ocorrido o fato gerador, pode‑se proceder ao registro
Título IX – Da Contabilidade [...] contábil do direito a receber em contrapartida de variação
Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organiza- patrimonial aumentativa, o  que representa o registro da
dos de forma a permitirem o acompanhamento da variação patrimonial aumentativa por competência.

Regimes da Contabilidade Aplicada ao Setor Público


Regime Orçamentário Regime Contábil (Patrimonial)
Lei nº Variação Resolução
Receita Orça-
Orçamento Público

Arrecadação 4.320/1964 Patrimonial Competência CFC nº


mentária
art. 35 Aumentativa 750/1993

Por exemplo, a  legislação que regulamenta o Imposto Lançamento no momento do fato gerador (dia 1º de
sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) es- janeiro):
tabelece, de modo geral, que o fato gerador deste tributo Natureza da informação: patrimonial
ocorrerá no dia 1º de janeiro de cada ano. Nesse momento, D 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P)
os registros contábeis sob a ótica do Plano de Contas Aplicado C 4.1.1.2.x.xx.xx Impostos Sobre o Patrimônio e a
ao Setor Público são os seguintes: Renda

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Esse registro provoca o aumento do ativo e do resultado Lançamento
do exercício, atendendo ao disposto nos arts. 100 e 104 da O art. 53 da Lei nº 4.320/1964, define o lançamento como
Lei nº 4.320/1964. ato da repartição competente, que verifica a procedência
Na arrecadação, registra‑se a receita orçamentária e do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o
procede‑se à baixa do ativo registrado. débito desta. Por sua vez, para o art. 142 do CTN, lançamento
é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência
Natureza da informação: patrimonial do fato gerador da obrigação correspondente, determina a
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em matéria tributável, calcula o montante do tributo devido,
Moeda Nacional (F) identifica o sujeito passivo e, sendo o caso, propõe a aplica-
C 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a Receber (P) ção da penalidade cabível. Uma vez ocorrido o fato gerador,
procede‑se ao registro contábil do crédito tributário em
Natureza da informação: orçamentária favor da fazenda pública em contrapartida a uma variação
D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar patrimonial aumentativa.
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada Observa‑se que, segundo o disposto nos arts. 142 a 150
do CTN, a etapa de lançamento situa‑se no contexto de cons-
Natureza da informação: controle tituição do crédito tributário, ou seja, aplica‑se a impostos,
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de taxas e contribuições de melhoria.
Recursos Além disso, de acordo com o art. 52 da Lei nº 4.320/1964,
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de são objeto de lançamento as rendas com vencimento deter-
Recursos (DDR) minado em lei, regulamento ou contrato.

Etapas da Receita Orçamentária Arrecadação


Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro
As etapas da receita orçamentária podem ser resumidas pelos contribuintes ou devedores, por meio dos agentes arre-
em: previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. cadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente.
Vale destacar que, segundo o art. 35 da Lei nº 4.320/1964,
Previsão pertencem ao exercício financeiro as receitas nele arrecada-
Compreende a previsão de arrecadação da receita das, o que representa a adoção do regime de caixa para o
orçamentária constante da Lei Orçamentária Anual (LOA), ingresso das receitas públicas.
resultante de metodologias de projeção usualmente adota-
das, observada as disposições constantes na Lei de Respon- Recolhimento
sabilidade Fiscal (LRF). É a transferência dos valores arrecadados à conta espe-
A previsão implica planejar e estimar a arrecadação das cífica do Tesouro, responsável pela administração e controle
receitas orçamentárias que constarão na proposta orçamen- da arrecadação e programação financeira, observando‑se
tária21. Isso deverá ser realizado em conformidade com as o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa, confor-
normas técnicas e legais correlatas e, em especial, com as me determina o art. 56 da Lei no 4.320, de 1964, a seguir
disposições constantes na LRF. Sobre o assunto, vale citar o transcrito:
art. 12 da referida norma:
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far‑se‑á
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas em estrita observância ao princípio de unidade de
técnicas e legais, considerarão os efeitos das altera- tesouraria, vedada qualquer fragmentação para
ções na legislação, da variação do índice de preços, do criação de caixas especiais.
crescimento econômico ou de qualquer outro fator
relevante e serão acompanhadas de demonstrativo Cronologia das Etapas da Receita Orçamentária
de sua evolução nos últimos três anos, da projeção As etapas da receita orçamentária seguem a ordem
para os dois seguintes àquele a que se referirem, e de ocorrência dos fenômenos econômicos, levando‑se em
da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. consideração o modelo de orçamento existente no país e
a tecnologia utilizada. Dessa forma, a  ordem sistemática
No âmbito federal, a  metodologia de projeção de inicia‑se com a previsão e termina com o recolhimento,
receitas orçamentárias busca assimilar o comportamento conforme fluxograma apresentado abaixo.
da arrecadação de determinada receita em exercícios an- No momento da classificação da receita, dependendo da
teriores, a fim de projetá‑la para o período seguinte, com sistematização dos processos dos estágios da arrecadação e
o auxílio de modelos estatísticos e matemáticos. A busca do recolhimento, deverão ser compatibilizadas as arrecada-
deste modelo dependerá do comportamento da série his- ções classificadas com o recolhimento efetivado.
tórica de arrecadação e de informações fornecidas pelos Há de se observar, contudo, que nem todas as etapas
Orçamento Público

órgãos orçamentários ou unidades arrecadadoras envolvi- apresentadas ocorrem para todos os tipos de receitas orça-
das no processo. mentárias. Como exemplo, apresenta‑se o caso da arrecada-
A previsão de receitas é a etapa que antecede à fixação ção de receitas orçamentárias que não foram previstas, não
do montante de despesas que irão constar nas leis de orça- tendo, naturalmente, passado pela etapa da previsão.  Da
mento, além de ser base para se estimar as necessidades de mesma forma, algumas receitas orçamentárias não passam
financiamento do governo. pelo estágio do lançamento, como é o caso de uma doação
em espécie recebida pelos entes públicos.
Em termos didáticos, a  ordem das etapas da Receita
Existem receitas que, embora arrecadadas, podem não ter sido previstas.
21 Pública Orçamentária é a seguinte:

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Procedimentos Contábeis Referentes à Receita Lei nº 4.862/1965:
Orçamentária
Art. 18. A restituição de qualquer receita da União,
Deduções da Receita Orçamentária descontada ou recolhida a maior será efetuada
mediante anulação da respectiva receita, pela auto-
O critério geral utilizado para registro da receita orça- ridade incumbida de promover a cobrança originária,
mentária é o do ingresso de disponibilidades. a qual, em despacho expresso, reconhecerá o direito
No âmbito da administração pública, a  dedução de creditório contra a Fazenda Nacional e autorizará a
receita orçamentária é utilizada nas seguintes situações, entrega da importância considerada indevida. [...]
entre outras: § 4º Para os efeitos deste artigo, o regime contábil
a. Recursos que o ente tenha a competência de arrecadar, fiscal da receita será o de gestão, qualquer que seja
mas que pertencem a outro ente, de acordo com a lei vigente o ano da respectiva cobrança.
(se não houver a previsão como despesa); e § 5º A restituição de rendas extintas será efetuada
b. Restituição de tributos recebidos a maior ou indevi- com os recursos das dotações consignadas no Orça-
damente. mento da Despesa da União, desde que não exista
receita a anular.
Se a receita arrecadada possuir parcelas destinadas a
outros entes (repartição tributária), a transferência poderá Decreto‑Lei nº 1.755/1979:
ser registrada como dedução de receita ou como despesa
orçamentária, de acordo com a legislação em vigor. Art. 5º A restituição de receitas federais e o ressarci-
Se houver parcelas a serem restituídas, em regra, esses mento em espécie, a título de incentivo ou benefício
fatos não devem ser tratados como despesa orçamentária, fiscal, dedutíveis da arrecadação, mediante anulação
mas como dedução de receita orçamentária, pois correspon- de receita, serão efetuados através de documento
dem a recursos arrecadados que não pertencem à entidade próprio a ser instituído pelo Ministério da Fazenda.
pública e não são aplicáveis em programas e ações gover-
namentais sob a responsabilidade do ente arrecadador, não Decreto nº 93.872/1986:
necessitando, portanto, de autorização orçamentária para a
sua execução. Art. 14 A restituição de receitas orçamentárias, des-
A contabilidade utiliza conta redutora de receita orça- contadas ou recolhidas a maior, e o ressarcimento em
mentária para evidenciar o fluxo de recursos da receita or- espécie a título de incentivo ou benefício fiscal, dedu-
çamentária bruta até a líquida, em função de suas operações tíveis da arrecadação, qualquer que tenha sido o ano
econômicas e sociais. da respectiva cobrança, serão efetuados como anu-
lação de receita, mediante expresso reconhecimento
Restituições de Receitas Orçamentárias do direito creditório contra a Fazenda Nacional, pela
Depois de reconhecidas as receitas orçamentárias, po- autoridade competente, a qual, observado o limite
dem ocorrer fatos supervenientes que ensejem a necessida- de saques específicos estabelecido na programação
de de restituições, devendo‑se registrá‑los como dedução da financeira de desembolso, autorizará a entrega da
receita orçamentária, possibilitando maior transparência das respectiva importância em documento próprio.
informações relativas à receita orçamentária bruta e líquida. Parágrafo único. A restituição de rendas extintas será
O processo de restituição consiste na devolução total efetuada com os recursos das dotações consignadas
ou parcial de receitas orçamentárias que foram recolhidas a na Lei de Orçamento ou em crédito adicional, desde
maior ou indevidamente, as quais, em observância aos princí- que não exista receita a anular.
pios constitucionais da capacidade contributiva e da vedação
Orçamento Público

ao confisco, devem ser devolvidas. Não há necessidade de Portanto, com o objetivo de possibilitar uma correta
autorização orçamentária para sua devolução. Na União, consolidação das contas públicas, recomenda‑se que a res-
a restituição é tratada como dedução de receita. Se fosse tituição de receitas orçamentárias recebidas em qualquer
registrada como despesa orçamentária, a receita corrente exercício seja feita por dedução da respectiva natureza de
líquida ficaria com um montante maior que o real, pois não receita orçamentária. Para as rendas extintas no decorrer do
seria deduzido o efeito dessa arrecadação imprópria. exercício, deve ser utilizado o mecanismo de dedução até o
Com o objetivo de proceder a uma padronização contá- montante de receita orçamentária passível de compensação.
bil e dar maior transparência ao processo de restituição de O valor que ultrapassar o saldo da receita a deduzir deve ser
receitas, a legislação federal assim estabelece: registrado como despesa. Entende‑se por rendas extintas

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aquelas cujo fato gerador da receita orçamentária não re- desobediência ao princípio do orçamento bruto, segundo o
presenta mais situação que gere arrecadações para o ente. qual receitas e despesas devem ser incluídas no orçamento
No caso de devolução de saldos de convênios, contratos em sua totalidade, sem deduções.
e congêneres, deve‑se adotar os seguintes procedimentos: No entanto, alguns entes podem optar pela inclusão
a. Se a restituição ocorrer no mesmo exercício em que dessa receita no orçamento, e nesse caso o recebimento será
foram recebidas transferências do convênio, contrato ou integralmente computado como receita, sendo efetuada uma
congênere, deve‑se contabilizar como dedução de receita despesa quando da entrega ao beneficiário.
orçamentária até o limite de valor das transferências rece- Importante destacar que esses procedimentos são apli-
bidas no exercício; cáveis apenas para recursos que não pertençam ao ente
b. Se o valor da restituição ultrapassar o valor das trans- arrecadador.
ferências recebidas no exercício, o montante que ultrapassar
esse valor deve ser registrado como despesa orçamentária. Renúncia de Receita Orçamentária
c. Se a restituição for feita em exercício em que não O art.  14 da LRF trata especialmente da renúncia de
houve transferência do respectivo convênio/contrato, deve receita, estabelecendo medidas a serem observadas pelos
ser contabilizada como despesa orçamentária. entes públicos que decidirem pela concessão ou ampliação
de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual
Exemplos: Convênio/contrato 1: decorra renúncia de receita, a saber:
Exercício X1 – receita R$ 100,00, restituição a ser efetu-
ada: R$ 20,00: Contabilização como dedução de receita, no Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou
valor de R$ 20,00 benefício de natureza tributária da qual decorra
renúncia de receita deverá estar acompanhada de
Convênio/contrato 2: estimativa do impacto orçamentário‑financeiro no
Exercício X1 – receita R$ 60,00; exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois
Exercício X2 – receita R$ 40,00, restituição a ser efetuada: seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes
R$ 30,00. Contabilização como dedução de receita, no valor orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes
de R$ 30,00. condições:
I – demonstração pelo proponente de que a renúncia
Convênio/contrato 3: foi considerada na estimativa de receita da lei orça-
Exercício X1 – receita R$ 60,00; mentária, na forma do art. 12, e de que não afetará
Exercício X2 – receita R$ 40,00; restituição a ser efetuada: as metas de resultados fiscais previstas no anexo
próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
R$ 50,00. Contabilização como dedução de receita no valor
II – estar acompanhada de medidas de compensa-
de R$ 40,00 e contabilização como despesa orçamentária
ção, no período mencionado no caput, por meio
no valor de R$ 10,00.
do aumento de receita, proveniente da elevação de
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração
Convênio/contrato 4:
ou criação de tributo ou contribuição.
Exercício X1 – receita R$ 100,00;
§1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsí-
Exercício X2 – não houve receita. Restituição a ser efetu- dio, crédito presumido, concessão de isenção em ca-
ada: R$ 30,00. Contabilização como despesa orçamentária ráter não geral, alteração de alíquota ou modificação
no valor de R$ 30,00. de base de cálculo que implique redução discrimina-
da de tributos ou contribuições, e outros benefícios
A retificação consiste em corrigir dados informados que correspondam a tratamento diferenciado.
erroneamente pelos contribuintes, que geraram registros §2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo
incorretos na contabilidade do órgão. Exemplo: identificação ou benefício de que trata o caput deste artigo decor-
do contribuinte, tipo de receita etc. A correção desses dados rer da condição contida no inciso II, o benefício só
deve ser feita mediante registro de dedução de receita e, entrará em vigor quando implementadas as medidas
após isso, deve‑se proceder ao lançamento correto. referidas no mencionado inciso.
No caso de lançamentos manuais em que ocorram erros §3º O disposto neste artigo não se aplica:
de escrituração do ente (não motivados por informações I – às alterações das alíquotas dos impostos previstos
incorretas dos contribuintes), a correção deve ser feita por nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na
meio de estorno e novo lançamento correto. forma do seu §1°;
II – ao cancelamento de débito cujo montante seja
Recursos cuja Tributação e Arrecadação Competem inferior ao dos respectivos custos de cobrança.
a um Ente da Federação, mas São Atribuídos a Outro (s)
Ente (s) Sobre as espécies de renúncia de receita, tem‑se que:
No caso em que se configure em orçamento apenas o
valor pertencente ao ente arrecadador, deverá ser registrado A anistia22é o perdão da multa, que visa excluir o crédito
o valor total arrecadado, incluindo os recursos de terceiros. tributário na parte relativa à multa aplicada pelo sujeito ativo
Orçamento Público

Após isso, estes últimos serão registrados como dedução ao sujeito passivo, por infrações cometidas por este anterior-
da receita e será reconhecida uma obrigação para com o mente à vigência da lei que a concedeu. A anistia não abrange
“beneficiário” desses valores. o crédito tributário já em cobrança, em débito para com a
A adoção desse procedimento está fundamentada no Fazenda, cuja incidência também já havia ocorrido. Neste
fato de que não há necessidade de aprovação parlamentar caso, o  controle é patrimonial por não envolver fluxo de
para transferência de recursos a outros entes que decorra caixa, provocando a baixa de eventuais ativos já constituídos.
da legislação.  As transferências constitucionais ou legais
constituem valores que não são passíveis de alocação em
despesas pelo ente público arrecadador. Assim, não há Código Tributário Nacional, artigos 180 a 182.
22

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A remissão23 é o perdão da dívida, que se dá em de- Natureza da informação: patrimonial
terminadas circunstâncias previstas na lei, tais como valor D 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a
diminuto da dívida, situação difícil que torna impossível ao Receber (P) R$ 800,00
sujeito passivo solver o débito, inconveniência do proces- C 4.1.1.2.x.xx.xx Impostos Sobre o
samento da cobrança dado o alto custo não compensável Patrimônio e a Renda R$ 800,00
com a quantia em cobrança, probabilidade de não receber,
erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, equidade, No momento da arrecadação:
etc. Não implica em perdoar a conduta ilícita, concretizada
na infração penal, nem em perdoar a sanção aplicada ao
Natureza da informação: orçamentária
contribuinte. Contudo, não se considera renúncia de receita
o cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar R$ 800,00
24
respectivos custos de cobrança . Neste caso, o controle é D 6.2.1.3.x.xx.xx * Dedução da Receita Reali-
patrimonial por não envolver fluxo de caixa, provocando a zada (IPTU) R$ 200,00
baixa de eventuais ativos já constituídos. C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada R$ 1.000,00
O crédito presumido é aquele que representa o mon-
tante do imposto cobrado na operação anterior e objetiva Obs: * Dedução de renúncia de IPTU – Retificadora da
neutralizar o efeito de recuperação dos impostos não cumu- Receita Realizada.
lativos, pelo qual o Estado se apropria do valor da isenção
nas etapas subsequentes da circulação da mercadoria. É o Natureza da informação: controle
caso dos créditos referentes a mercadorias e serviços que D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade
venham a ser objeto de operações e prestações destinadas de Recursos R$ 1000,00
25
ao exterior . Todavia, não é considerada renúncia de receita C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destina-
o crédito real ou tributário do ICMS previsto na legislação ção de Recursos (DDR) R$ 1000,00
instituidora do tributo.
26
A isenção é a espécie mais usual de renúncia e define-
Natureza da informação: controle
-se como a dispensa legal, pelo Estado, do débito tributário
devido. Neste caso, o montante da renúncia será considerado D 8.2.1.1.1.xx.xx Controle da Disponibilidade
no momento da elaboração da LOA, ou seja, a estimativa da de Recursos R$ 200,00
receita orçamentária já contempla a renúncia e, portanto, C 7.2.1.1.x.xx.xx Disponibilidade por Destina-
não há registro orçamentário ou patrimonial. ção de Recursos (DDR) R$ 200,00
A modificação de base de cálculo que implique redução
discriminada de tributos ou contribuições é o incentivo Natureza da informação: patrimonial
fiscal por meio do qual a lei modifica para menos sua base D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa
tributável pela exclusão de quaisquer de seus elementos em Moeda Nacional (F) R$ 800,00
constitutivos. Pode ocorrer isoladamente ou associada a C 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a
uma redução de alíquota, expressa na aplicação de um Receber (P) R$ 800,00
percentual de redução.
O conceito de renúncia de receita da LRF é exemplificati- Registro da renúncia de receita em momento posterior
vo, abarcando também, além dos instrumentos mencionados ao de arrecadação. Valor arrecadado R$ 800,00.
expressamente, quaisquer “outros benefícios que correspon-
dam a tratamento diferenciado”.
No momento do reconhecimento do fato gerador:
A evidenciação de renúncia de receitas poderá ser efe-
tuada de diversas maneiras, sendo contabilizada somente
nos casos em que seja possível mensurar um valor confiável. Natureza da informação: patrimonial
Em geral, é utilizada a metodologia da dedução de receita D 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a
orçamentária para evidenciar as renúncias. Dessa forma, Receber (P) R$ 800,00
deve haver um registro na natureza de receita orçamentária C 4.1.1.2.x.xx.xx Impostos Sobre o Patrimônio
objeto da renúncia, em contrapartida a uma dedução de e a Renda R$ 800,00
receita (conta redutora de receita).
Ressalta‑se que, sob o ponto de vista patrimonial, haven- Quando da arrecadação:
do renúncia de receitas após o registro do ativo pelo regime
de competência, deve haver os registros patrimoniais dos Natureza da informação: patrimonial
valores renunciados. D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa
Exemplo  – Diminuição de alíquota do Imposto Predial em Moeda Nacional (F) R$ 800,00
Territorial Urbano, IPTU: C 1.1.2.2.x.xx.xx Créditos Tributários a
Suponha que um município, ao diminuir a alíquota do Receber R$ 800,00
IPTU, causou redução de 20% na sua receita arrecadada.
Nessa situação, poderá optar por uma das formas de registro
Natureza da informação: orçamentária
Orçamento Público

abaixo:
Registro, no município, da renúncia de receita no momen- D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar R$ 800,00
to da arrecadação. Valor arrecadado: R$ 800,00. C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada R$ 800,00
No momento do reconhecimento do fato gerador:
Natureza da informação: controle
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade
23
Código Tributário Nacional, art. 172. de Recursos R$ 800,00
24
LRF, art. 14, §3º, II. C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destina-
25
LC 87/96, art. 20, §3º.
26
Código Tributário Nacional, artigos 176 a 179. ção de Recursos (DDR) R$ 800,00

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Lançamento complementar para registrar a renúncia Contabilização no Município X:
de receita:
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: orçamentária D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de
D 6.2.1.3.x.xx.xx * Dedução da Receita Reali- Caixa em Moeda Nacio-
zada (IPTU) R$ 200,00 nal (F) R$ 106.000,00
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada R$ 200,00 C 4.5.2.x.x.xx.xx Transferências Intergover-
namentais R$ 106.000,00
Imposto de Renda Retido na Fonte

A Constituição Federal, nos arts. 157, inciso I, e 158, inciso Natureza da informação: orçamentária
I, determina que pertençam aos Estados, Distrito Federal D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar R$ 106.000,00
e aos Municípios o imposto de renda e os proventos de D 6.2.1.3.x.xx.xx * Dedução da Receita
qualquer natureza, incidentes na fonte, pagos por eles, suas Realizada (FPM) R$ 30.000,00
autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada R$ 136.000,00
De acordo com a Portaria STN nº 212, de 04 de junho de
2001, os valores descritos no parágrafo anterior deverão ser Obs.: * Dedução de FPM – Retificadora da Receita Orça-
contabilizados como receita tributária. Para isso, utiliza‑se a mentária Realizada.
natureza de receita 1112.04.31 – “Imposto de Renda Retido
nas Fontes sobre os Rendimentos do Trabalho”.
Desse modo, a contabilidade espelha o fato efetivamente Natureza da informação: orçamentária
ocorrido: mesmo correspondendo à arrecadação de um D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade
tributo de competência da União, tais recursos não transi- de Recursos R$ 106.000,00
tam por ela, ficando diretamente com o ente arrecadador. C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Desti-
Desse modo, não há de se falar em registro de uma receita nação de Recursos R$ 106.000,00
de transferência nos Estados, DF e Municípios, uma vez que
não ocorre a efetiva transferência do valor pela União. A parcela resultado da redistribuição dos redutores
financeiros, denominada cota, deverá ser registrada conta-
Redutor Financeiro – FPM bilmente como receita de transferência da União, pois esse
O Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é transfe- valor também foi considerado despesa de transferência na
rência constitucional composta por 22,5% da arrecadação dos União, conforme exemplo hipotético abaixo:
impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e
sobre os produtos industrializados, de acordo com art. 159 da Distribuição de Arrecadação Federal
Constituição Federal. FPM – Município Y
A Lei Complementar nº 91/97, alterada pela Lei Com-
plementar nº 106/01, estabelece que os coeficientes do
FPM, exceto para as capitais estaduais, serão calculados com Data Parcela Valor Distribuído
base no número de habitantes de cada município e revistos 10.01.2005 Parcela de IPI 6.000,00 C
anualmente. Parcela de IR 130.000,00 C
Entretanto, ficam mantidos, a partir do exercício de 1998, Redutor LC 91/97 30.000,00 C
os coeficientes do FPM atribuídos, a partir de 1997, aos
TOTAL: 166.000,00 C
municípios que apresentaram redução de seus coeficientes
pela aplicação do disposto no art. 1º da Lei Complementar
Contabilização no Município Y:
nº 91/97. Os ganhos adicionais em cada exercício decorren-
tes da manutenção dos coeficientes atribuídos em 1997 têm
Natureza da informação: patrimonial
aplicação de redutor financeiro, o qual será redistribuído aos
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixas e Equivalentes de
demais participantes do FPM.
Caixa e Moeda Nacio-
O redutor financeiro é entendido como valor resultado
nal (F) R$ 166.000,00
do percentual incidente sobre a diferença positiva apurada
C 4.5.2.x.x.xx.xx Transferências Intergover-
entre o valor do FPM, utilizando o coeficiente atribuído em
namentais R$ 166.000,00
1997, e o valor caso fosse utilizado o coeficiente do ano de
distribuição do recurso.
Para melhor evidenciar os fatos contábeis envolvidos, Natureza da informação: orçamentária
a receita de transferência do FPM será contabilizada pelo valor D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar R$ 166.000,00
bruto e o redutor financeiro será registrado como dedução C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada R$ 166.000,00
da receita em questão, conforme exemplo hipotético abaixo:
Natureza da informação: controle
Distribuição de Arrecadação Federal: FPM – Município X D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibili-
Orçamento Público

dade de Recursos R$ 166.000,00


C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Desti-
Data Parcela Valor Distribuído nação de Recursos R$ 166.000,00
10.01.2005 Parcela de IPI 6.000,00 C
Observação:
Parcela de IR 130.000,00 C Caso o município possua conta de nível hierárquico infe-
Redutor LC 91/97 30.000,00 D rior, poderá registrar em separado a parcela do acréscimo do
FPM – Lei Complementar nº 91/1997, desdobrando a conta
TOTAL: 106.000,00 C em transferência do FPM e Cota Lei nº 91/1997.

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Para os municípios que efetuaram registro contábil, Transferências Voluntárias
de acordo com Portaria STN nº  327, de 27 de agosto de Conforme o art. 25 da Lei Complementar nº 101/2000,
2001, o passivo ou ativo registrado deverá ser baixado em entende‑se por transferência voluntária a entrega de re-
contrapartida com a variação aumentativa ou diminutiva cursos correntes ou de capital a outro ente da Federação,
respectivamente. Sendo o valor relevante, justificar mudança a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que
de procedimento em nota explicativa. não decorra de determinação constitucional, legal ou os
destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Transferências de Recursos Intergovernamentais Em termos orçamentários, a transferência voluntária da
União para os demais entes deve estar prevista no orçamento
Conceito do ente recebedor (convenente), conforme o disposto no
As Transferências Intergovernamentais compreendem art. 35 da Lei nº 10.180/2001, que dispõe:
a entrega de recursos, correntes ou de capital, de um ente
(chamado “transferidor”) a outro (chamado “beneficiário”, Art. 35. Os órgãos e as entidades da Administração
ou “recebedor”). Podem ser voluntárias, nesse caso desti- direta e indireta da União, ao celebrarem compro-
nadas à cooperação, auxílio ou assistência, ou decorrentes missos em que haja a previsão de transferências
de determinação constitucional ou legal. de recursos financeiros, de seus orçamentos, para
Ainda sobre o conceito de transferência intergoverna- Estados, Distrito Federal e Municípios, estabelecerão
mental, é importante destacar que, como seu próprio nome nos instrumentos pactuais a obrigação dos entes
indica, essas transferências ocorrem entre esferas distintas recebedores de fazerem incluir tais recursos nos seus
de governo, não guardando relação, portanto, com as opera- respectivos orçamentos.
ções intraorçamentárias ocorridas no âmbito do orçamento
de cada ente. No entanto, para o reconhecimento contábil, o  ente
recebedor deve registrar a receita orçamentária apenas no
Registros das Transferências Intergovernamentais momento da efetiva transferência financeira, pois sendo
As transferências intergovernamentais constitucionais ou uma transferência voluntária não há garantias reais da
legais podem ser contabilizadas pelo ente transferidor como transferência. Por esse motivo, a regra para transferências
uma despesa ou como dedução de receita, dependendo da voluntárias é o beneficiário não registrar o ativo relativo a
forma como foi elaborado o orçamento do ente. No entanto, essa transferência.
em se tratando de transferências voluntárias, a contabiliza- Apenas nos casos em que houver cláusula contratual
ção deve ser como despesa, visto que não há uma determi- garantindo a transferência de recursos após o cumprimento
nação legal para a transferência, sendo necessário haver, de determinadas etapas do contrato, o  ente beneficiário,
de acordo com o disposto no art. 25 da LRF, existência de no momento em que já tiver direito à parcela dos recursos
dotação específica que permita a transferência. e enquanto não ocorrer o efetivo recebimento a que tem
Para contabilização no ente recebedor, faz‑se necessário direito, deverá registrar um direito a receber no ativo. Nesse
distinguir os dois tipos de transferências: as constitucionais caso não há impacto no superávit financeiro, pois ainda está
e legais e as voluntárias. pendente o registro da receita orçamentária para que esse
recurso possa ser utilizado, conforme definições constantes
Transferências Constitucionais e Legais no art. 105 da Lei nº 4.320/1964:
Enquadram‑se nessas transferências aquelas que são ar-
recadadas por um ente, mas devem ser transferidas a outros Art. 105. [...]
entes por disposição constitucional ou legal. §1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e
Exemplos de transferências constitucionais: Fundo de valores realizáveis independentemente de autoriza-
Participação dos Municípios (FPM), Fundo de Participação ção orçamentária e os valores numerários.
dos Estados (FPE), Fundo de Compensação dos Estados §2º O Ativo Permanente compreenderá os bens,
Exportadores (FPEX) e outros. créditos e valores, cuja mobilização ou alienação
Exemplos de transferências Legais: Transferências da Lei dependa de autorização legislativa.
Complementar nº 87/96 (Lei Kandir), Transferências do FNDE
como: Apoio à Alimentação Escolar para Educação Básica, Transferências a consórcios públicos
Apoio ao Transporte A Lei nº 11.107/2005, dispõe sobre normas gerais relati-
Escolar para Educação Básica, Programa Brasil Alfabeti- vas à contratação de consórcios públicos para a realização de
zado, Programa Dinheiro Direto na Escola. objetivos de interesse comum e estabelece que a execução
O ente recebedor deve reconhecer um direito a receber das receitas e despesas do consórcio público deverá obede-
(ativo) no momento da arrecadação pelo ente transferidor cer às normas de direito financeiro aplicáveis às entidades
em contrapartida de variação patrimonial aumentativa, não públicas. Ou seja, os registros na execução da receita e da
impactando o superávit financeiro. despesa do consórcio serão efetuados de acordo com a
No momento do ingresso efetivo do recurso, o ente re- classificação constante da Portaria Interministerial STN/SOF
Orçamento Público

cebedor deverá efetuar a baixa do direito a receber (ativo) n° 163/2001, e das demais normas aplicadas aos entes da
em contrapartida do ingresso no banco, afetando neste Federação. Desse modo, o  consórcio deverá elaborar seu
momento o superávit financeiro. Simultaneamente, deve‑se orçamento próprio. Ademais, a classificação orçamentária
registrar a receita orçamentária realizada em contrapartida da receita e da despesa pública do consórcio deverá manter
da receita a realizar nas contas de controle da execução do correspondência com as dos entes consorciados.
orçamento. No consórcio público, deverão ser classificados como
Esse procedimento evita a formação de um superávit receita orçamentária de transferência correspondente ao
financeiro superior ao lastro financeiro existente no ente ente transferidor, nas seguintes naturezas, codificação válida
recebedor. para Estados e municípios até 2017:

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1721.37.00  – Transferências Correntes a Consórcios lidade, a contabilidade deve evidenciar as diferentes vincu-
Públicos, no caso de transferência da União; lações dessas remunerações. A forma de se evidenciar é de
1722.37.00  – Transferências Correntes a Consórcios escolha do ente público.
Públicos, no caso de transferência dos Estados;
1723.37.00 – Transferências Correntes a Consórcios Pú- Receita Orçamentária Por Baixa de Dívida Ativa Inscrita
blicos, no caso de transferência dos Municípios. O recebimento de dívida ativa corresponde a uma recei-
2421.37.00  – Transferências de Capital a Consórcios ta, pela ótica orçamentária, com simultânea baixa contábil
Públicos, no caso de transferência da União; do crédito registrado anteriormente no ativo, sob a ótica
2422.37.00  – Transferências de Capital a Consórcios patrimonial.
Públicos, no caso de transferência dos Estados; As formas de recebimento da dívida ativa são defini-
2423.37.00  – Transferências de Capital a Consórcios das em lei, destacando‑se o recebimento  em espécie e o
Públicos, no caso de transferência dos Municípios. recebimento na forma de bens, tanto pela adjudicação
quanto pela dação em pagamento, sendo que o recebi-
Codificação nova: mento na forma de bens também poderá corresponder a
uma receita orçamentária no momento do recebimento do
1.7.1.8.07.1.0  – Transferências Correntes a Consórcios bem, efetuando‑se o registro da execução orçamentária da
Públicos, no caso de transferência da União; despesa com a sua aquisição, mesmo que não tenha havido
1.7.2.8.04.1.0  – Transferências Correntes a Consórcios fluxo financeiro. Esse procedimento permite a observância
Públicos, no caso de transferência dos Estados; da legislação quanto à destinação dos recursos recebidos
1.7.3.8.02.1.0  – Transferências Correntes a Consórcios de dívida ativa. Observe‑se que, mesmo que não se efetue
Públicos, no caso de transferência dos Municípios; a execução orçamentária da receita e da despesa decorrente
2.4.1.8.01.1.0 – Transferências de Capital a Consórcios desse procedimento, a administração deve propiciar os meios
Públicos, no caso de transferência da União; para que a destinação dos recursos recebidos em dívida ativa,
2.4.2.8.01.1.0 – Transferências de Capital a Consórcios mesmo que na forma de bens, seja garantida.
Públicos, no caso de transferência dos Estados;
2.4.3.8.01.1.0 – Transferências de Capital a Consórcios Atenção:
Públicos, no caso de transferência dos Municípios. O registro das receitas orçamentárias oriundas do rece-
bimento da dívida ativa deve ser discriminado em contas
A classificação dos recursos transferidos aos consórcios contábeis de acordo com a natureza do crédito original.
públicos como despesa pelo ente transferidor e receita Também devem ser classificados em classificações es-
pelo consórcio público justifica‑se pelo fato de que, assim, pecíficas os recebimentos referentes a multas, juros e
possibilita‑se o aperfeiçoamento do processo de consolida- outros encargos.
ção dos balanços e demais demonstrações contábeis, com
vistas a excluir as operações entre os consorciados e o con- Lançamentos:
sórcio público da entidade contábil considerada. Essa foi a
recomendação do Tribunal de Contas da União apresentada
Seguem os registros contábeis da baixa por recebimento
no Anexo a Ata n° 22 da Sessão Extraordinária do Plenário,
do principal no órgão competente para inscrição:
de 12 de junho de 2003, válida contabilmente para todos os
entes da Federação.
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em
Remuneração de Depósitos Bancários
Moeda Nacional (F)
No cálculo dos percentuais de aplicação de determi-
nados recursos vinculados, a  legislação dispõe que sejam C 1.2.1.1.x.xx.xx Créditos a Longo Prazo (P)
levados em consideração os rendimentos dos seus depósitos
bancários. Para tal, é necessário que os registros contábeis Natureza da informação: orçamentária
permitam identificar a vinculação de cada depósito. Essa D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
identificação poderá ser efetuada de duas formas: C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
a. Por meio do mecanismo da destinação, controlando
as disponibilidades financeiras por fonte de recursos; ou Natureza da informação: controle
b. Por meio do desdobramento da natureza de receita D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de
1325.00.00 – Remuneração de Depósitos Bancários (codifi- Recursos
cação anterior) ou 1321.00.1.1 – Remuneração de Depósitos C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de
Bancários (codificação nova). Recursos (DDR)

Se o ente utiliza o mecanismo da destinação de recursos, Despesa Orçamentária


também conhecido como fonte de recursos, a informação
da destinação associada à natureza de receita 1325.00.00 – Conceito
Remuneração de Depósitos Bancários (codificação anterior)
Orçamento Público

ou 1321.00.1.1 – Remuneração de Depósitos Bancários (co- O orçamento é o instrumento de planejamento de qual-


dificação nova) – possibilita a identificação da remuneração quer entidade, pública ou privada, e representa o fluxo de
dos diversos recursos vinculados, separados nas respectivas ingressos e aplicação de recursos em determinado período.
destinações. Para esses entes, não é necessário desdobrar as Para o setor público, é de vital importância, pois é a lei
respectivas naturezas da receita para se obter a informação orçamentária que fixa a despesa pública autorizada para
da remuneração dos recursos vinculados, uma vez que a um exercício financeiro. A despesa orçamentária pública é
conta de receita realizada estaria detalhada por vinculação. o conjunto de dispêndios realizados pelos entes públicos
Salienta‑se que se a legislação obriga a vinculação da para o funcionamento e manutenção dos serviços públicos
remuneração dos depósitos bancários a determinada fina- prestados à sociedade.

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Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipificados A despesa não efetiva normalmente se enquadra como
em orçamentários e extraorçamentários. Segundo o art. 35 despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que
da Lei nº 4.320/1964: é efetiva como, por exemplo, as transferências de capital,
que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso,
Pertencem ao exercício financeiro: classificam‑se como despesa efetiva.
I – as receitas nele arrecadadas;
II – as despesas nele legalmente empenhadas. Classificações da Despesa Orçamentária
Dessa forma, despesa orçamentária é toda transação que Classificação Institucional
depende de autorização legislativa, na forma de consignação A classificação institucional reflete a estrutura de aloca-
de dotação orçamentária, para ser efetivada. ção dos créditos orçamentários e está estruturada em dois
Dispêndio extraorçamentário é aquele que não consta níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orça-
na lei orçamentária anual, compreendendo determinadas
mentária. Constitui unidade orçamentária o agrupamento
saídas de numerários decorrentes de depósitos, pagamen-
de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição
tos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por
antecipação de receita e recursos transitórios. a que serão consignadas dotações próprias (art. 14 da Lei
Para fins contábeis, a  despesa orçamentária pode ser nº 4.320/1964). Os órgãos orçamentários, por sua vez, cor-
classificada quanto ao impacto na situação patrimonial respondem a agrupamentos de unidades orçamentárias.
líquida em: As  dotações são consignadas às unidades orçamentárias,
a. Despesa Orçamentária Efetiva – aquela que, em ge- responsáveis pela realização das ações.
ral, o  comprometimento do orçamento (empenho) não é No caso do Governo Federal, o código da classificação
constitui o reconhecimento de um bem, um direito ou uma institucional compõe‑se de cinco dígitos, sendo os dois pri-
obrigação correspondente. meiros reservados à identificação do órgão e os demais à
b. Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, em unidade orçamentária. Não há ato que a estabeleça, sendo
geral, o  comprometimento do orçamento (empenho) é definida no contexto da elaboração da lei orçamentária anual
constitui o reconhecimento de um bem, um direito ou uma ou da abertura de crédito especial.
obrigação correspondente.
X X X X X
Em geral, a  despesa orçamentária efetiva é despesa Órgão Orçamentário Unidade Orçamentária
corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não
efetiva como, por exemplo, a despesa com a aquisição de
materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que Exemplos de Órgão Orçamentário e Unidade Orçamen-
representam fatos permutativos. tária do Governo Federal:

Órgão Unidade Orçamentária


26242 Universidade Federal de Pernambuco
26277 Fundação Universidade Federal de Ouro Preto
26000 Ministério da Educação 26403
Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Amazonas (IFAM)
30107 Departamento de Polícia Rodoviária Federal
30000 Ministério da Justiça 30109 Defensoria Pública da União
30911 Fundo Nacional de Segurança Pública
39250 Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT
39000 Ministério dos Transportes 39252 Departamento Nacional de Infraestrutura de Trans-
portes – DNIT

Cabe ressaltar que um órgão orçamentário ou uma unida- A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria
de orçamentária não correspondem necessariamente a uma nº 42/1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão, e é
estrutura administrativa, como ocorre, por exemplo, com composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que
alguns fundos especiais e com as unidades orçamentárias servem como agregador dos gastos públicos por área de ação
“Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, governamental nas três esferas de Governo. Trata‑se de uma
Orçamento Público

“Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de classificação independente dos programas e de aplicação
Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária comum e obrigatória, no âmbito da União, dos Estados, do
Federal” e “Reserva de Contingência”. Distrito Federal e dos Municípios, o que permite a consoli-
dação nacional dos gastos do setor público.
Classificação Funcional A classificação funcional é representada por cinco dígitos.
A classificação funcional segrega as dotações orçamen- Os dois primeiros referem-se à função, enquanto que os três
tárias em funções e subfunções, buscando responder basi- últimos dígitos representam a subfunção, que podem ser tra-
camente à indagação “em que área” de ação governamental duzidos como agregadores das diversas áreas de atuação do
a despesa será realizada. setor público, nas esferas legislativa, executiva e judiciária.

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X X X X X nicípios estabelecerão, em atos próprios, suas estruturas de
Função Subfunção programas, códigos e identificação, respeitados os conceitos
e determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes de-
Função vem ter seus trabalhos organizados por programas e ações,
A função é representada pelos dois primeiros dígitos da mas cada um estabelecerá seus próprios programas e ações
classificação funcional e pode ser traduzida como o maior de acordo com a referida Portaria.
nível de agregação das diversas áreas de atuação do setor
público. A função quase sempre se relaciona com a missão Programa
institucional do órgão, por exemplo, cultura, educação, Programa é o instrumento de organização da atuação
saúde, defesa, que, na União, de modo geral, guarda relação governamental que articula um conjunto de ações que
com os respectivos Ministérios. concorrem para a concretização de um objetivo comum
A função “Encargos Especiais” engloba as despesas orça- preestabelecido, visando à solução de um problema ou ao
mentárias em relação às quais não se pode associar um bem atendimento de determinada necessidade ou demanda da
ou serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais sociedade.
como: dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins, O orçamento Federal está organizado em programas,
representando, portanto, uma agregação neutra A utilização a partir dos quais são relacionadas às ações sob a forma de
dessa função irá requerer o uso das suas subfunções típicas. atividades, projetos ou operações especiais, especificando
Nesse caso, na União, as ações estarão associadas aos pro- os respectivos valores e metas e as unidades orçamentárias
gramas do tipo “Operações Especiais” que constarão apenas responsáveis pela realização da ação. A  cada projeto ou
do orçamento, não integrando o PPA. atividade só poderá estar associado um produto, que, quan-
A dotação global denominada “Reserva de Contingência”, tificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
permitida para a União no art. 91 do Decreto‑Lei nº 200, de As informações mais detalhadas sobre os programas da
25 de fevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de União constam no Plano Plurianual e podem ser visualizados
Governo, a ser utilizada como fonte de recursos para abertura no sítio www.planejamento.gov.br.
de créditos adicionais e para o atendimento ao disposto no
art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de 2000, sob Ação
coordenação do órgão responsável pela sua destinação, As ações são operações das quais resultam produtos
bem como a Reserva do Regime Próprio de Previdência do (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo
Servidor  – RPPS, quando houver, serão identificadas nos de um programa. Incluem‑se também no conceito de ação as
orçamentos de todas as esferas de Governo pelos códigos transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da
“99.999.9999.xxxx.xxxx” e “99.997.9999.xxxx.xxxx”, respec- Federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsí-
tivamente, no que se refere às classificações por função e dios, subvenções, auxílios, contribuições e financiamentos,
subfunção e estrutura programática, onde o “x” representa dentre outros.
a codificação da ação e o respectivo detalhamento. Tais As ações, conforme suas características podem ser clas-
reservas serão identificadas, quanto à natureza da despesa, sificadas como atividades, projetos ou operações especiais.
pelo código “9.9.99.99.99”.
a. Atividade
Subfunção É um instrumento de programação utilizado para alcan-
A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da çar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto
classificação funcional, representa um nível de agregação de operações que se realizam de modo contínuo e perma-
imediatamente inferior à função e deve evidenciar cada área nente, das quais resulta um produto ou serviço necessário
da atuação governamental, por intermédio da agregação à manutenção da ação de Governo. Exemplo: “Fiscalização
de determinado subconjunto de despesas e identificação e Monitoramento das Operadoras de Planos e Seguros Pri-
da natureza básica das ações que se aglutinam em torno vados de Assistência à Saúde”.
das funções.
As subfunções podem ser combinadas com funções dife- b. Projeto
rentes daquelas às quais estão relacionadas na Portaria MOG É um instrumento de programação utilizado para alcançar
nº 42/1999. Deve‑se adotar como função aquela que é típica o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de
ou principal do órgão. Assim, a programação de um órgão, via operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto
de regra, é classificada em uma única função, ao passo que que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da
a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade de ação de Governo. Exemplo: “Implantação da rede nacional
cada ação governamental. A exceção à combinação encon- de bancos de leite humano”.
tra‑se na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções
típicas que só podem ser utilizadas conjugadas. c. Operação Especial
Despesas que não contribuem para a manutenção, ex-
Exemplo: pansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das quais
não resulta um produto, e não gera contraprestação direta
Função Subfunção sob a forma de bens ou serviços.
Orçamento Público

12 Educação 365 Educação Infantil Subtítulo / Localizador de Gasto


A Portaria MOG nº  42/1999 não estabelece critérios
Classificação por Estrutura Programática
para a indicação da localização física das ações, todavia,
Toda ação do Governo está estruturada em programas
considerando a dimensão do orçamento da União, a Lei de
orientados para a realização dos objetivos estratégicos de-
Diretrizes Orçamentárias tem determinado a identificação da
finidos no Plano Plurianual (PPA) para o período de quatro
localização do gasto, o que se faz por intermédio do Subtítulo.
anos. Conforme estabelecido no art.  3º da Portaria MOG
O subtítulo permite maior controle governamental e
nº 42/1999, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
social sobre a implantação das políticas públicas adotadas,

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além de evidenciar a focalização, os custos e os impactos da O conjunto de informações que constitui a natureza de
ação governamental. despesa orçamentária forma um código estruturado que
No caso da União, as atividades, projetos e operações agrega a categoria econômica, o  grupo, a  modalidade de
especiais são detalhadas em subtítulos, utilizados espe- aplicação e o elemento. Essa estrutura deve ser observada
cialmente para especificar a localização física da ação, não na execução orçamentária de todas as esferas de governo.
podendo haver, por conseguinte, alteração da finalidade da De acordo com o art. 5º da Portaria Interministerial STN/
ação, do produto e das metas estabelecidas. Vale ressaltar SOF nº 163/2001, a estrutura da natureza da despesa a ser
que o critério para priorização da localização física da ação observada na execução orçamentária de todas as esferas de
em território é o da localização dos beneficiados pela ação. governo será “c.g.mm.ee.dd”, onde:
A localização do gasto poderá ser de abrangência nacional, a. “c” representa a categoria econômica;
no exterior, por Região (NO, NE, CO, SD, SL), por estado ou b. “g” o grupo de natureza da despesa;
município ou, excepcionalmente, por um critério específico, c. “mm” a modalidade de aplicação;
quando necessário. A LDO da União veda que na especifica- d. “ee” o elemento de despesa; e
ção do subtítulo haja referência a mais de uma localidade, e. “dd” o desdobramento, facultativo, do elemento de
área geográfica ou beneficiário, se determinados. despesa.
Na União, o  subtítulo representa o menor nível de
categoria de programação e será detalhado por esfera O código da natureza de despesa orçamentária é compos-
orçamentária (fiscal, seguridade e investimento), grupo de to por seis dígitos, desdobrado até o nível de elemento ou,
opcionalmente, por oito, contemplando o desdobramento
natureza de despesa, modalidade de aplicação, identificador
facultativo do elemento.
de resultado primário, identificador de uso e fonte de recur-
sos, sendo o produto e a unidade de medida os mesmos da
Observação: Reserva de Contingência e Reserva do RPPS
ação orçamentária.
A classificação da Reserva de Contingência, destinada ao
Componentes da Programação Física atendimento de passivos contingentes e outros riscos, bem
Meta física é a quantidade de produto a ser ofertado como eventos fiscais imprevistos, e da Reserva do Regime
por ação, de forma regionalizada, se for o caso, num deter- Próprio de Previdência Social, quanto à natureza da despesa
minado período e instituída para cada ano. As metas físicas orçamentária, serão identificadas com o código “9.9.99.99”,
são indicadas em nível de subtítulo e agregadas segundo conforme estabelece o parágrafo único do art. 8º da Portaria
os respectivos projetos, atividades ou operações especiais. Interministerial STN/SOF nº 163, de 2001. Todavia, não são
Ressalte‑se que a territorialização das metas físicas é passíveis de execução, servindo de fonte para abertura de
expressa nos localizadores de gasto previamente definidos créditos adicionais, mediante os quais se darão efetivamente
para a ação. Exemplo: No caso da vacinação de crianças, a despesa que será classificada nos respectivos grupos.
a  meta será regionalizada pela quantidade de crianças a
serem vacinadas ou de vacinas empregadas em cada esta- Categoria Econômica
do (localizadores de gasto), ainda que a campanha seja de A despesa orçamentária, assim como a receita orçamen-
âmbito nacional e a despesa paga de forma centralizada. tária, é classificada em duas categorias econômicas, com os
Isso também ocorre com a distribuição de livros didáticos. seguintes códigos:

Classificação da Despesa Orçamentária por Natureza Categoria Econômica


A classificação da despesa orçamentária, segundo a sua
3 Despesas Correntes
natureza, compõe‑se de:
a. Categoria Econômica 4 Despesas de Capital
b. Grupo de Natureza da Despesa
3 – Despesas Correntes
c. Elemento de Despesa
Classificam‑se nessa categoria todas as despesas que não
contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de
A natureza da despesa será complementada pela infor- um bem de capital.
mação gerencial denominada “Modalidade de Aplicação”,
a qual tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados 4 – Despesas de Capital
diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma Classificam‑se nessa categoria aquelas despesas que
esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de
respectivas entidades, e objetiva, precipuamente, possibilitar um bem de capital.
a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos
ou descentralizados. Observação:
As despesas orçamentárias de capital mantêm uma cor-
Estrutura da Natureza da Despesa Orçamentária relação com o registro de incorporação de ativo imobilizado,
Orçamento Público

Os arts. 12 e 13 da Lei nº 4.320/1964, tratam da classi- intangível ou investimento (no caso dos grupos de natureza
ficação da despesa orçamentária por categoria econômica da despesa 4 – investimentos e 5 – inversões financeiras)
e elementos. Assim como na receita orçamentária, o art. 8º ou o registro de desincorporação de um passivo (no caso do
estabelece que os itens da discriminação da despesa orça- grupo de despesa 6 – amortização da dívida).
mentária mencionados no art.  13 serão identificados por
números de código decimal, na forma do Anexo IV daquela Grupo de Natureza da Despesa (GND)
Lei, atualmente consubstanciados no Anexo II da Portaria É um agregador de elementos de despesa orçamentária
Interministerial STN/SOF nº  163/2001, e  constantes do com as mesmas características quanto ao objeto de gasto,
MCASP - 7ª edição. conforme discriminado a seguir:

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Grupo de Natureza da Despesa
1 Pessoal e Encargos Sociais
2 Juros e Encargos da Dívida
3 Outras Despesas Correntes
4 Investimentos
5 Inversões Financeiras
6 Amortização da Dívida

1 – Pessoal e Encargos Sociais 5 – Inversões Financeiras


Despesas orçamentárias com pessoal ativo e inativo e Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis ou
pensionistas, relativas a mandatos eletivos, cargos, funções bens de capital já em utilização; aquisição de títulos repre-
ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com sentativos do capital de empresas ou entidades de qualquer
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e espécie, já constituídas, quando a operação não importe
vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposenta- aumento do capital; e com a constituição ou aumento do
doria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, capital de empresas, além de outras despesas classificáveis
horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem neste grupo.
como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às
entidades de previdência, conforme estabelece o caput do 6 – Amortização da Dívida
art. 18 da Lei Complementar nº 101, de 2000. Despesas orçamentárias com o pagamento e/ou refinan-
ciamento do principal e da atualização monetária ou cambial
2 – Juros e Encargos da Dívida da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária.
Despesas orçamentárias com o pagamento de juros, co-
missões e outros encargos de operações de crédito internas e Modalidade de Aplicação
externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. Trata‑se de informação gerencial que tem por finalidade
indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos
3 – Outras Despesas Correntes ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por
Despesas orçamentárias com aquisição de material de outro ente da Federação e suas respectivas entidades. Indica
consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, se os recursos serão aplicados diretamente pela unidade
auxílio‑alimentação, auxílio‑transporte, além de outras des- detentora do crédito ou mediante transferência para enti-
pesas da categoria econômica “Despesas Correntes” não dades públicas ou privadas. A modalidade também permite
classificáveis nos demais grupos de natureza de despesa. a eliminação de dupla contagem no orçamento.
Observa‑se que o termo “transferências”, utilizado nos
4 – Investimentos arts. 16 e 21 da Lei nº 4.320/1964, compreende as subven-
Despesas orçamentárias com softwares e com o plane- ções, auxílios e contribuições que atualmente são identifi-
jamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição cados em nível de elementos na classificação da natureza
de imóveis considerados necessários à realização destas da despesa. Não se confundem com as transferências  de
últimas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e recursos financeiros, representadas pelas modalidades de
material permanente. aplicação, de acordo com a seguinte codificação:

Modalidade de Aplicação
20 Transferências à União
22 Execução Orçamentária Delegada à União
30 Transferências a Estados e ao Distrito Federal
31 Transferências a Estados e ao Distrito Federal - Fundo a Fundo
32 Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao Distrito Federal
35 Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os
§§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
36 Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Distrito Federal à conta de recursos de que trata o art. 25
da Lei Complementar nº 141, de 2012
40 Transferências a Municípios
41 Transferências a Municípios - Fundo a Fundo
42 Execução Orçamentária Delegada a Municípios
45 Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24
da Lei Complementar nº 141, de 2012
Orçamento Público

46 Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à conta de recursos de que trata o art.  25 da Lei
Complementar nº 141, de 2012
50 Transferências a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos
60 Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos
67 Execução de Contrato de Parceria Público-Privada – PPP
70 Transferências a Instituições Multigovernamentais
71 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio

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72 Execução Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos
73 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que tratam os
§§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
74 Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de que trata o
art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012
75 Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do
art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
76 Transferências a Instituições Multigovernamentais à conta de recursos de que trata o art. 25 da
Lei Complementar nº 141, de 2012
80 Transferências ao Exterior
90 Aplicações Diretas
91 Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos
Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social
93 Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Participe
94 Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos
Fiscal e da Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Não Participe
95 Aplicação Direta à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar
nº 141, de 2012
96 Aplicação Direta à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012
99 A definir

20 – Transferências à União ou prescritos, de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei


Despesas orçamentárias realizadas pelos Estados, Mu- Complementar nº 141, de 2012.
nicípios ou pelo Distrito Federal, mediante transferência de
recursos financeiros à União, inclusive para suas entidades 36 – Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao
da administração indireta. Distrito Federal à conta de recursos de que trata o art. 25
da Lei Complementar nº 141, de 2012
22 – Execução Orçamentária Delegada à União Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
Despesas orçamentárias realizadas mediante transfe- cia de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos
rência de recursos financeiros, decorrentes de delegação Estados e ao Distrito Federal por intermédio da modalidade
ou descentralização à União para execução de ações de fundo a fundo, à conta de recursos referentes à diferença da
responsabilidade exclusiva do delegante. aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde que
deixou de ser aplicada em exercícios anteriores, de que trata
30 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012.
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
cia de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos 40 – Transferências a Municípios
Estados e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades Despesas orçamentárias realizadas mediante transferência
da administração indireta. de recursos financeiros da União ou dos Estados aos Municí-
pios, inclusive para suas entidades da administração indireta.
31 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal –
Fundo a Fundo 41 – Transferências a Municípios – Fundo a Fundo
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- Despesas orçamentárias realizadas mediante transfe-
cia de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos rência de recursos financeiros da União, dos Estados ou do
Distrito Federal aos Municípios por intermédio da modali-
Estados e ao Distrito Federal por intermédio da modalidade
dade fundo a fundo.
fundo a fundo.
42 – Execução Orçamentária Delegada a Municípios
32 – Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao
Despesas orçamentárias realizadas mediante transfe-
Distrito Federal rência de recursos financeiros, decorrentes de delegação
Despesas orçamentárias realizadas mediante transfe- ou descentralização a Municípios para execução de ações
rência de recursos financeiros, decorrentes de delegação ou de responsabilidade exclusiva do delegante.
descentralização a Estados e ao Distrito Federal para execu-
ção de ações de responsabilidade exclusiva do delegante. 45 – Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à
conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da
Orçamento Público

35 – Transferências Fundo a Fundo aos Estados e ao Lei Complementar nº 141, de 2012


Distrito Federal à conta de recursos de que tratam os §§ 1º Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 cia de recursos financeiros da União, dos Estados ou do Dis-
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- trito Federal aos Municípios por intermédio da modalidade
cia de recursos financeiros da União ou dos Municípios aos fundo a fundo, à conta de recursos referentes aos restos a
Estados e ao Distrito Federal por intermédio da modalidade pagar considerados para fins da aplicação mínima em ações
fundo a fundo, à conta de recursos referentes aos restos a e serviços públicos de saúde e posteriormente cancelados
pagar considerados para fins da aplicação mínima em ações ou prescritos, de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei
e serviços públicos de saúde e posteriormente cancelados Complementar nº 141, de 2012.

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46 – Transferências Fundo a Fundo aos Municípios à 74 – Transferências a Consórcios Públicos mediante
conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar contrato de rateio à conta de recursos de que trata o art. 25
nº 141, de 2012. da Lei Complementar nº 141, de 2012
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
cia de recursos financeiros da União, dos Estados ou do Dis- cia de recursos financeiros a entidades criadas sob a forma
trito Federal aos Municípios por intermédio da modalidade de consórcios públicos nos termos da Lei nº 11.107, de 6
fundo a fundo, à conta de recursos referentes à diferença da de abril de 2005, por meio de contrato de rateio, à conta
aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde que de recursos referentes à diferença da aplicação mínima em
deixou de ser aplicada em exercícios anteriores de que trata ações e serviços públicos de saúde que deixou de ser apli-
o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012. cada em exercícios anteriores, de que trata o art. 25 da Lei
Complementar nº 141, de 2012, observado o disposto no
50  – Transferências a Instituições Privadas sem Fins § 1º do art. 11 da Portaria STN nº 72, de 2012.
Lucrativos
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- 75 – Transferências a Instituições Multigovernamentais à
cia de recursos financeiros a entidades sem fins lucrativos conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da
que não tenham vínculo com a administração pública. Lei Complementar nº 141, de 2012
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
60  – Transferências a Instituições Privadas com Fins cia de recursos financeiros a entidades criadas e mantidas
Lucrativos por dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- países, inclusive o Brasil, exclusive as transferências relativas
cia de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos à modalidade de aplicação 73 (Transferências a Consórcios
que não tenham vínculo com a administração pública. Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos
de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar
67  – Execução de Contrato de Parceria Público‑Priva- nº 141, de 2012), à conta de recursos referentes aos restos a
da – PPP pagar considerados para fins da aplicação mínima em ações
Despesas orçamentárias do Parceiro Público decorrentes e serviços públicos de saúde e posteriormente cancelados
de Contrato de Parceria Público-Privada – PPP, nos termos da ou prescritos, de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei
Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e da Lei nº 12.766, Complementar nº 141, de 2012.
de 27 de dezembro de 2012.
76 – Transferências a Instituições Multigovernamentais à
70 – Transferências a Instituições Multigovernamentais conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei Complementar
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- nº 141, de 2012
cia de recursos financeiros a entidades criadas e mantidas Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
por dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais cia de recursos financeiros a entidades criadas e mantidas
países, inclusive o Brasil, exclusive as transferências relativas por dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais
à modalidade de aplicação 71 (Transferências a Consórcios
países, inclusive o Brasil, exclusive as transferências relativas
Públicos mediante contrato de rateio).
à modalidade de aplicação 74 (Transferências a Consórcios
Públicos mediante contrato de rateio à conta de recursos de
71 – Transferências a Consórcios Públicos mediante
que trata o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012),
contrato de rateio
à conta de recursos referentes à diferença da aplicação mí-
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên-
nima em ações e serviços públicos de saúde que deixou de
cia de recursos financeiros a entidades criadas sob a forma
ser aplicada em exercícios anteriores, de que trata o art. 25
de consórcios públicos nos termos da Lei nº 11.107, de 6
de abril de 2005, mediante contrato de rateio, objetivando da Lei Complementar nº 141, de 2012.
a execução dos programas e ações dos respectivos entes
consorciados, observado o disposto no § 1º do art. 11 da 80 – Transferências ao Exterior
Portaria STN nº 72, de 2012. Despesas orçamentárias realizadas mediante transfe-
rência de recursos financeiros a órgãos e entidades gover-
72 – Execução Orçamentária Delegada a Consórcios namentais pertencentes a outros países, a organismos inter-
Públicos nacionais e a fundos instituídos por diversos países, inclusive
Despesas orçamentárias realizadas mediante transfe- aqueles que tenham sede ou recebam os recursos no Brasil.
rência de recursos financeiros, decorrentes de delegação
ou descentralização a consórcios públicos para execução de 90 – Aplicações Diretas
ações de responsabilidade exclusiva do delegante. Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos
a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras
73 – Transferências a Consórcios Públicos mediante con- entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da
trato de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera de governo.
2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012
Despesas orçamentárias realizadas mediante transferên- 91 – Aplicação Direta Decorrente de Operação entre
Orçamento Público

cia de recursos financeiros a entidades criadas sob a forma Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos
de consórcios públicos nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de Fiscal e da Seguridade Social
abril de 2005, por meio de contrato de rateio, à conta de Despesas orçamentárias de órgãos, fundos, autarquias,
recursos referentes aos restos a pagar considerados para fins fundações, empresas estatais dependentes e outras entida-
da aplicação mínima em ações e serviços públicos de saúde des integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social
e posteriormente cancelados ou prescritos, de que tratam decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pa-
§§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 13 de gamento de impostos, taxas e contribuições, além de outras
janeiro de 2012, observado o disposto no § 1º do art. 11 da operações, quando o recebedor dos recursos também for
Portaria STN nº 72, de 1º de fevereiro de 2012. órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal depen-

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dente ou outra entidade constante desses orçamentos, no à conta de recursos referentes aos restos a pagar considera-
âmbito da mesma esfera de Governo. dos para fins da aplicação mínima em ações e serviços pú-
blicos de saúde e posteriormente cancelados ou prescritos,
93 – Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar
Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Se- nº 141, de 2012.
guridade Social com Consórcio Público do qual o Ente Participe
Despesas orçamentárias de órgãos, fundos, autarquias, 96 – Aplicação Direta à conta de recursos de que trata o
fundações, empresas estatais dependentes e outras enti- art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012.
dades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos
social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras
além de outras operações, exceto no caso de transferências, entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da
delegações ou descentralizações, quando o recebedor dos Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera de Governo,
recursos for consórcio público do qual o ente da Federação à conta de recursos referentes à diferença da aplicação mí-
participe, nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. nima em ações e serviços públicos de saúde que deixou de
ser aplicada em exercícios anteriores, de que trata o art. 25
94 – Aplicação Direta Decorrente de Operação de Órgãos, da Lei Complementar nº 141, de 2012.
Fundos e Entidades Integrantes dos Orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social com Consórcio Público do qual o Ente 99 – A Definir
Não Participe Modalidade de utilização exclusiva do Poder Legislativo
Despesas orçamentárias de órgãos, fundos, autarquias, ou para classificação orçamentária da Reserva de Contingên-
fundações, empresas estatais dependentes e outras enti- cia e da Reserva do RPPS, vedada a execução orçamentária
dades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade enquanto não houver sua definição.
social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços,
além de outras operações, exceto no caso de transferências, Elemento de Despesa Orçamentária
delegações ou descentralizações, quando o recebedor dos re- Tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais
cursos for consórcio público do qual o ente da Federação não como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material
participe, nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer
forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamen-
95 – Aplicação Direta à conta de recursos de que tratam tos e material permanente, auxílios, amortização e outros
os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 que a administração pública utiliza para a consecução de
Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos seus fins. A descrição dos elementos pode não contemplar
a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras todas as despesas a eles inerentes, sendo, em alguns casos,
entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da exemplificativa. A  relação dos elementos de despesa é
Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera de Governo, apresentada a seguir:

Elementos de Despesa
01 Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e Reformas dos Militares
03 Pensões do RPPS e do Militar
04 Contratação por Tempo Determinado
05 Outros Benefícios Previdenciários do Servidor ou do Militar
06 Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso
07 Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência
08 Outros Benefícios Assistenciais do Servidor ou do Militar
10 Seguro Desemprego e Abono Salarial
11 Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil
12 Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar
13 Obrigações Patronais
14 Diárias – Civil
15 Diárias – Militar
16 Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil
17 Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar
18 Auxílio Financeiro a Estudantes
19 Auxílio-Fardamento
20 Auxílio Financeiro a Pesquisadores
Orçamento Público

21 Juros sobre a Dívida por Contrato


22 Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato
23 Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária
24 Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária
25 Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita
26 Obrigações decorrentes de Política Monetária
27 Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares

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28 Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos
29 Distribuição de Resultado de Empresas Estatais Dependentes
30 Material de Consumo
31 Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras
32 Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita
33 Passagens e Despesas com Locomoção
34 Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização
35 Serviços de Consultoria
36 Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física
37 Locação de Mão de Obra
38 Arrendamento Mercantil
39 Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica
41 Contribuições
42 Auxílios
43 Subvenções Sociais
45 Subvenções Econômicas
46 Auxílio-Alimentação
47 Obrigações Tributárias e Contributivas
48 Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
49 Auxílio-Transporte
51 Obras e Instalações
52 Equipamentos e Material Permanente
53 Aposentadorias do RGPS – Área Rural
54 Aposentadorias do RGPS – Área Urbana
55 Pensões do RGPS – Área Rural
56 Pensões do RGPS – Área Urbana
57 Outros Benefícios do RGPS – Área Rural
58 Outros Benefícios do RGPS – Área Urbana
59 Pensões Especiais
61 Aquisição de Imóveis
62 Aquisição de Produtos para Revenda
63 Aquisição de Títulos de Crédito
64 Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado
65 Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
66 Concessão de Empréstimos e Financiamentos
67 Depósitos Compulsórios
70 Rateio pela participação em Consórcio Público
71 Principal da Dívida Contratual Resgatado
72 Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
73 Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada
74 Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada
75 Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por Antecipação de Receita
76 Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
77 Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
81 Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas
82 Aporte de Recursos pelo Parceiro Público em Favor do Parceiro Privado Decorrente de
Contrato de Parceria Público-Privada – PPP
83 Despesas Decorrentes de Contrato de Parceria Público-Privada - PPP, exceto Subvenções
Orçamento Público

Econômicas, Aporte e Fundo Garantidor


84 Despesas Decorrentes da Participação em Fundos, Organismos, ou Entidades Assemelhadas, Nacionais
e Internacionais
91 Sentenças Judiciais
92 Despesas de Exercícios Anteriores
93 Indenizações e Restituições
94 Indenizações e Restituições Trabalhistas
95 Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo

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96 Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
97 Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS
98 Compensações ao RGPS
99 A Classificar

01 – Aposentadorias do RPPS, Reserva Remunerada e 11 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil


Reformas dos Militares Despesas orçamentárias com: Vencimento; Salário
Despesas orçamentárias com pagamento de aposentado- Pessoal Permanente; Vencimento ou Salário de Cargos de
rias dos servidores inativos do Regime Próprio de Previdência Confiança; Subsídios; Vencimento de Pessoal em Disponibi-
do Servidor – RPPS, e de reserva remunerada e reformas lidade Remunerada; Gratificações, tais como: Gratificação
dos militares. Adicional Pessoal Disponível; Gratificação de Interiorização;
Gratificação de Dedicação Exclusiva; Gratificação de Regên-
03 – Pensões do RPPS e do Militar cia de Classe; Gratificação pela Chefia ou Coordenação de
Despesas orçamentárias com pagamento de pensões Curso de Área ou Equivalente; Gratificação por Produção
civis do RPPS e dos militares. Suplementar; Gratificação por Trabalho de Raios X ou
Substâncias Radioativas; Gratificação pela Chefia de Depar-
04 – Contratação por Tempo Determinado tamento, Divisão ou Equivalente; Gratificação de Direção
Despesas orçamentárias com a contratação de pessoal Geral ou Direção (Magistério de 1º e 2º Graus); Gratificação
por tempo determinado para atender à necessidade tem- de Função‑Magistério Superior; Gratificação de Atendi-
porária de excepcional interesse público, de acordo com mento e Habilitação Previdenciários; Gratificação Especial
legislação específica de cada ente da Federação, inclusive de Localidade; Gratificação de Desempenho das Atividades
obrigações patronais e outras despesas variáveis, quando Rodoviárias; Gratificação da Atividade de Fiscalização do
for o caso. Trabalho; Gratificação de Engenheiro Agrônomo; Gratificação
de Natal; Gratificação de Estímulo à Fiscalização e Arrecada-
5 – Outros Benefícios Previdenciários do Servidor ou ção de Contribuições e de Tributos; Gratificação por Encargo
do Militar de Curso ou de Concurso; Gratificação de Produtividade do
Despesas orçamentárias com benefícios previdenciários Ensino; Gratificação de Habilitação Profissional; Gratificação
do servidor ou militar, tais como auxílio- reclusão devido à de Atividade; Gratificação de Representação de Gabinete;
família do servidor ou do militar afastado por motivo de Adicional de Insalubridade; Adicional Noturno; Adicional de
prisão, e salário-família, exclusive aposentadoria, reformas Férias 1/3 (art. 7º, inciso XVII, da Constituição); Adicionais
e pensões. de Periculosidade; Representação Mensal; Licença‑Prêmio
por assiduidade; Retribuição Básica (Vencimentos ou Salário
6 – Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso no Exterior); Diferenças Individuais Permanentes; Vantagens
Despesas orçamentárias decorrentes do cumprimento Pecuniárias de Ministro de Estado, de Secretário de Estado
do art. 203, inciso V, da Constituição Federal, que dispõe: e de Município; Férias Antecipadas de Pessoal Permanente;
Aviso Prévio (cumprido); Férias Vencidas e Proporcionais;
Art. 203. A assistência social será prestada a quem Parcela Incorporada (ex‑quintos e ex‑décimos); Indenização
dela necessitar, independentemente de contribuição de Habilitação Policial; Adiantamento do 13º Salário; 13º
à seguridade social, e tem por objetivos: [...] Salário Proporcional; Incentivo Funcional – Sanitarista; Abono
V – a garantia de um salário mínimo de benefício Provisório; “Pró‑labore” de Procuradores; e outras despesas
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso correlatas de caráter permanente.
que comprovem não possuir meios de prover a pró-
pria manutenção ou de tê-la provida por sua família, 12 – Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar
conforme dispuser a lei. Despesas orçamentárias com: Soldo; Gratificação de Lo-
calidade Especial; Gratificação de Representação; Adicional
7 – Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência de Tempo de Serviço; Adicional de Habilitação; Adicional de
Despesas orçamentárias com os encargos da entidade Compensação Orgânica; Adicional Militar; Adicional de Per-
patrocinadora no regime de previdência fechada, para com- manência; Adicional de Férias; Adicional Natalino; e outras
plementação de aposentadoria.
despesas correlatas, de caráter permanente, previstas na
estrutura remuneratória dos militares.
8 – Outros Benefícios Assistenciais do Servidor ou do
Militar
13 – Obrigações Patronais
Despesas orçamentárias com benefícios assistenciais,
Despesas orçamentárias com encargos que a administra-
inclusive auxílio-funeral devido à família do servidor ou do
militar falecido na atividade, ou do aposentado, ou a terceiro ção tem pela sua condição de empregadora, e resultantes
que custear, comprovadamente, as despesas com o funeral de pagamento de pessoal ativo, inativo e pensionistas, tais
do ex-servidor ou do ex-militar; auxílio-natalidade devido como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e contribui-
a servidora ou militar, por motivo de nascimento de filho, ções para Institutos de Previdência, inclusive a alíquota de
Orçamento Público

ou a cônjuge ou companheiro servidor público ou militar, contribuição suplementar para cobertura do déficit atuarial,
quando a parturiente não for servidora; auxílio-creche ou bem como os encargos resultantes do pagamento com atraso
assistência pré-escolar devido a dependente do servidor ou das contribuições de que trata este elemento de despesa.
militar, conforme regulamento; e auxílio-doença.
14 – Diárias – Civil
10 – Seguro Desemprego e Abono Salarial Despesas orçamentárias com cobertura de alimentação,
Despesas orçamentárias com pagamento do seguro- pousada e locomoção urbana, do servidor público estatu-
-desemprego e do abono de que tratam o inciso II do art. 7º tário ou celetista que se desloca de sua sede em objeto de
e o § 3º do art. 239 da Constituição Federal, respectivamente. serviço, em caráter eventual ou transitório, entendido como

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sede o Município onde a repartição estiver instalada e onde 27 – Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros
o servidor tiver exercício em caráter permanente. e Similares
Despesas orçamentárias que a administração é compe-
15 – Diárias – Militar lida a realizar em decorrência da honra de avais, garantias,
Despesas orçamentárias decorrentes do deslocamento do seguros, fianças e similares concedidos.
militar da sede de sua unidade por motivo de serviço, desti-
nadas à indenização das despesas de alimentação e pousada. 28 – Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos
Despesas orçamentárias com encargos decorrentes da re-
16 – Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil muneração de cotas de fundos autárquicos, à semelhança de
Despesas orçamentárias relacionadas às atividades do dividendos, em razão dos resultados positivos desses fundos.
cargo/emprego ou função do servidor, e  cujo pagamento
só se efetua em circunstâncias específicas, tais como: 29 – Distribuição de Resultado de Empresas Estatais
hora‑extra; substituições; e outras despesas da espécie, de- Dependentes
correntes do pagamento de pessoal dos órgãos e entidades Despesas orçamentárias com a distribuição de resultado
da administração direta e indireta. positivo de empresas estatais dependentes, inclusive a título
de dividendos e participação de empregados nos referidos
17 – Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar
resultados.
Despesas orçamentárias eventuais, de natureza remunera-
tória, devidas em virtude do exercício da atividade militar, exceto
aquelas classificadas em elementos de despesas específicos. 30 – Material de Consumo
Despesas orçamentárias com álcool automotivo; gasolina
18 – Auxílio Financeiro a Estudantes automotiva; diesel automotivo; lubrificantes automotivos;
Despesas orçamentárias com ajuda financeira concedi- combustível e lubrificantes de aviação; gás engarrafado;
da pelo Estado a estudantes comprovadamente carentes, outros combustíveis e lubrificantes; material biológico,
e concessão de auxílio para o desenvolvimento de estudos farmacológico e laboratorial; animais para estudo, corte ou
e pesquisas de natureza científica, realizadas por pessoas abate; alimentos para animais; material de coudelaria ou de
físicas na condição de estudante, observado o disposto no uso zootécnico; sementes e mudas de plantas; gêneros de ali-
art. 26 da Lei Complementar nº 101/2000. mentação; material de construção para reparos em imóveis;
material de manobra e patrulhamento; material de proteção,
19 – Auxílio‑Fardamento segurança, socorro e sobrevivência; material de expediente;
Despesas orçamentárias com o auxílio‑fardamento, pago material de cama e mesa, copa e cozinha, e  produtos de
diretamente ao servidor ou militar. higienização; material gráfico e de processamento de dados;
aquisição de disquete; material para esportes e diversões;
20 – Auxílio Financeiro a Pesquisadores material para fotografia e filmagem; material para instalação
Despesas Orçamentárias com apoio financeiro concedido a elétrica e eletrônica; material para manutenção, reposição e
pesquisadores, individual ou coletivamente, exceto na condição aplicação; material odontológico, hospitalar e ambulatorial;
de estudante, no desenvolvimento de pesquisas científicas e material químico; material para telecomunicações; vestuário,
tecnológicas, nas suas mais diversas modalidades, observado o uniformes, fardamento, tecidos e aviamentos; material de
disposto no art. 26 da Lei Complementar nº 101/2000. acondicionamento e embalagem; suprimento de proteção
ao voo; suprimento de aviação; sobressalentes de máquinas
21 – Juros sobre a Dívida por Contrato e motores de navios e esquadra; explosivos e munições;
Despesas orçamentárias com juros referentes a opera- bandeiras, flâmulas e insígnias e outros materiais de uso
ções de crédito efetivamente contratadas. não duradouro.
22 – Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato 31 – Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Des-
Despesas orçamentárias com outros encargos da dívida portivas e Outras
pública contratada, tais como: taxas, comissões bancárias, Despesas orçamentárias com a aquisição de prêmios,
prêmios, imposto de renda e outros encargos. condecorações, medalhas, troféus, etc., bem como com o
pagamento de prêmios em pecúnia, inclusive decorrentes
23 – Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária
de sorteios lotéricos.
Despesas orçamentárias com a remuneração real devida
pela aplicação de capital de terceiros em títulos públicos.
32 – Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gratuita
24 – Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária Despesas orçamentárias com aquisição de materiais,
Despesas orçamentárias com outros encargos da dívida bens ou serviços para distribuição gratuita, tais como livros
mobiliária, tais como: comissão, corretagem, seguro, etc. didáticos, medicamentos, gêneros alimentícios e outros
materiais, bens ou serviços que possam ser distribuídos
25 – Encargos sobre Operações de Crédito por Anteci- gratuitamente, exceto se destinados a premiações culturais,
pação da Receita artísticas, científicas, desportivas e outras.
Orçamento Público

Despesas orçamentárias com o pagamento de encargos


da dívida pública, inclusive os juros decorrentes de operações 33 – Passagens e Despesas com Locomoção
de crédito por antecipação da receita, conforme art. 165, Despesas orçamentárias, realizadas diretamente ou por
§8º, da Constituição. meio de empresa contratada, com aquisição de passagens
(aéreas, terrestres, fluviais ou marítimas), taxas de embar-
26 – Obrigações decorrentes de Política Monetária que, seguros, fretamento, pedágios, locação ou uso de veícu-
Despesas orçamentárias com a cobertura do resultado los para transporte de pessoas e suas respectivas bagagens,
negativo do Banco Central do Brasil, como autoridade mone- inclusive quando decorrentes de mudanças de domicílio no
tária, apurado em balanço, nos termos da legislação vigente. interesse da administração.

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34 – Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contra- observado, respectivamente, o  disposto nos arts.  25 e 26
tos de Terceirização da Lei Complementar nº 101/2000.
Despesas orçamentárias relativas à mão de obra constan-
tes dos contratos de terceirização, de acordo com o art. 18, 43 – Subvenções Sociais
§1º, da Lei Complementar nº  101, de 2000, computadas Despesas orçamentárias para cobertura de despesas de
para fins de limites da despesa total com pessoal previstos instituições privadas de caráter assistencial ou cultural, sem
no art. 19 dessa Lei. finalidade lucrativa, de acordo com os arts.  16, parágrafo
único, e 17 da Lei nº 4.320/1964, observado o disposto no
35 – Serviços de Consultoria art. 26 da LRF.
Despesas orçamentárias decorrentes de contratos com
pessoas físicas ou jurídicas, prestadoras de serviços nas 45 – Subvenções Econômicas
áreas de consultorias técnicas ou auditorias financeiras ou Despesas orçamentárias com o pagamento de subvenções
jurídicas, ou assemelhadas. econômicas, a qualquer título, autorizadas em leis específicas,
tais como: ajuda financeira a entidades privadas com fins
36 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física lucrativos; concessão de bonificações a produtores, distribui-
Despesas orçamentárias decorrentes de serviços pres- dores e vendedores; cobertura, direta ou indireta, de parcela
tados por pessoa física pagos diretamente a esta e não de encargos de empréstimos e financiamentos e dos custos
enquadrados nos elementos de despesa específicos, tais de aquisição, de produção, de escoamento, de distribuição, de
como: remuneração de serviços de natureza eventual, pres- venda e de manutenção de bens, produtos e serviços em geral;
tado por pessoa física sem vínculo empregatício; estagiários, e, ainda, outras operações com características semelhantes.
monitores diretamente contratados; gratificação por encargo
de curso ou de concurso; diárias a colaboradores eventuais; 46 – Auxílio‑Alimentação
locação de imóveis; salário de internos nas penitenciárias; e Despesas orçamentárias com auxílio‑alimentação pagas
outras despesas pagas diretamente à pessoa física. em forma de pecúnia, de bilhete ou de cartão magnético,
diretamente aos militares, servidores, estagiários ou empre-
37 – Locação de Mão de Obra gados da Administração Pública direta e indireta.
Despesas orçamentárias com prestação de serviços por
pessoas jurídicas para órgãos públicos, tais como limpeza e 47 – Obrigações Tributárias e Contributivas
higiene, vigilância ostensiva e outros, nos casos em que o Despesas orçamentárias decorrentes do pagamento de
contrato especifique o quantitativo físico do pessoal a ser tributos e contribuições sociais e econômicas (Imposto de
utilizado. Renda, ICMS, IPVA, IPTU, Taxa de Limpeza Pública, COFINS,
PIS/PASEP, etc.), exceto as incidentes sobre a folha de salá-
rios, classificadas como obrigações patronais, bem como os
38 – Arrendamento Mercantil
encargos resultantes do pagamento com atraso das obriga-
Despesas orçamentárias com contratos de arrendamento
ções de que trata este elemento de despesa.
mercantil, com opção ou não de compra do bem de proprie-
dade do arrendador.
48 – Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
Despesas orçamentárias com a concessão de auxílio fi-
39 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica nanceiro diretamente a pessoas físicas, sob as mais diversas
Despesas orçamentárias decorrentes da prestação de ser- modalidades, tais como ajuda ou apoio financeiro e subsídio
viços por pessoas jurídicas para órgãos públicos, tais como: ou complementação na aquisição de bens, não classificados
assinaturas de jornais e periódicos; tarifas de energia elétrica, explícita ou implicitamente em outros elementos de despe-
gás, água e esgoto; serviços de comunicação (telefone, telex, sa, observado o disposto no art. 26 da Lei Complementar
correios, etc.); fretes e carretos; locação de imóveis (inclusi- nº 101/2000.
ve despesas de condomínio e tributos à conta do locatário,
quando previstos no contrato de locação); locação de equi- 49 – Auxílio‑Transporte
pamentos e materiais permanentes; software; conservação Despesas orçamentárias com auxílio‑transporte pagas
e adaptação de bens imóveis; seguros em geral (exceto os em forma de pecúnia, de bilhete ou de cartão magnético,
decorrentes de obrigação patronal); serviços de asseio e diretamente aos militares, servidores, estagiários ou empre-
higiene; serviços de divulgação, impressão, encadernação e gados da Administração Pública direta e indireta, destinado
emolduramento; serviços funerários; despesas com congres- ao custeio parcial das despesas realizadas com transporte
sos, simpósios, conferências ou exposições; vale‑refeição; coletivo municipal, intermunicipal ou interestadual nos des-
auxílio‑creche (exclusive a indenização a servidor); habilita- locamentos de suas residências para os locais de trabalho e
ção de telefonia fixa e móvel celular; e outros congêneres, vice‑versa, ou trabalho‑trabalho nos casos de acumulação
bem como os encargos resultantes do pagamento com atraso lícita de cargos ou empregos.
das obrigações não tributárias.
51 – Obras e Instalações
41 – Contribuições Despesas com estudos e projetos; início, prosseguimento
Despesas orçamentárias às quais não correspondam e conclusão de obras; pagamento de pessoal temporário não
Orçamento Público

contraprestação direta em bens e serviços e não sejam reem- pertencente ao quadro da entidade e necessário à realização
bolsáveis pelo recebedor, inclusive as destinadas a atender a das mesmas; pagamento de obras contratadas; instalações
despesas de manutenção de outras entidades de direito pú- que sejam incorporáveis ou inerentes ao imóvel, tais como:
blico ou privado, observado o disposto na legislação vigente. elevadores, aparelhagem para ar condicionado central, etc.

42 – Auxílios 52 – Equipamentos e Material Permanente


Despesas orçamentárias destinadas a atender a despesas Despesas orçamentárias com aquisição de aeronaves;
de investimentos ou inversões financeiras de outras esferas aparelhos de medição; aparelhos e equipamentos de comu-
de governo ou de entidades privadas sem fins lucrativos, nicação; aparelhos, equipamentos e utensílios médico, odon-

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tológico, laboratorial e hospitalar; aparelhos e equipamentos 65 – Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
para esporte e diversões; aparelhos e utensílios domésticos; Despesas orçamentárias com a constituição ou aumento
armamentos; coleções e materiais bibliográficos; embarcações, de capital de empresas industriais, agrícolas, comerciais ou
equipamentos de manobra e patrulhamento; equipamentos financeiras, mediante subscrição de ações representativas
de proteção, segurança, socorro e sobrevivência; instrumentos do seu capital social.
musicais e artísticos; máquinas, aparelhos e equipamentos de
uso industrial; máquinas, aparelhos e equipamentos gráficos 66 – Concessão de Empréstimos e Financiamentos
e equipamentos diversos; máquinas, aparelhos e utensílios Despesas orçamentárias com a concessão de qualquer
de escritório; máquinas, ferramentas e utensílios de oficina; empréstimo ou financiamento, inclusive bolsas de estudo
máquinas, tratores e equipamentos agrícolas, rodoviários e de reembolsáveis.
movimentação de carga; mobiliário em geral; obras de arte e
peças para museu; semoventes; veículos diversos; veículos fer- 67 – Depósitos Compulsórios
roviários; veículos rodoviários; outros materiais permanentes. Despesas orçamentárias com depósitos compulsórios
exigidos por legislação específica, ou determinados por
53 – Aposentadorias do RGPS – Área Rural decisão judicial.
Despesas orçamentárias com pagamento de aposentado-
rias dos segurados do plano de benefícios do Regime Geral 70 – Rateio pela participação em Consórcio Público
de Previdência Social – RGPS, relativos à área rural. Despesa orçamentária relativa ao rateio das despesas
decorrentes da participação do ente Federativo em Consór-
54 – Aposentadorias do RGPS – Área Urbana cio Público instituído nos termos da Lei nº 11.107, de 6 de
Despesas orçamentárias com pagamento de aposen- abril de 2005.
tadorias dos segurados do plano de benefícios do Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, relativos à área urbana.
71 – Principal da Dívida Contratual Resgatado
Despesas orçamentárias com a amortização efetiva do
55 – Pensões do RGPS – Área Rural
Despesas orçamentárias com pagamento de pensionis- principal da dívida pública contratual, interna e externa.
tas do plano de benefícios do Regime Geral de Previdência
Social – RGPS, inclusive decorrentes de sentenças judiciais, 72 – Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
todas relativas à área rural. Despesas orçamentárias com a amortização efetiva do
valor nominal do título da dívida pública mobiliária, interna
56 – Pensões do RGPS – Área Urbana e externa.
Despesas orçamentárias com pagamento de pensionis-
tas do plano de benefícios do Regime Geral de Previdência 73 – Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual
Social – RGPS, inclusive decorrentes de sentenças judiciais, Resgatada
todas relativas à área urbana. Despesas orçamentárias decorrentes da atualização do
valor do principal da dívida contratual, interna e externa,
57 – Outros Benefícios do RGPS – Área Rural efetivamente amortizado.
Despesas orçamentárias com benefícios do Regime Geral
de Previdência Social – RGPS relativas à área rural, exclusive 74 – Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária
aposentadoria e pensões. Resgatada
Despesas orçamentárias decorrentes da atualização do
58 – Outros Benefícios do RGPS – Área Urbana valor nominal do título da dívida pública mobiliária, efetiva-
Despesas orçamentárias com benefícios do Regime mente amortizado.
Geral de Previdência Social – RGPS relativas à área urbana,
exclusive aposentadoria e pensões. 75 – Correção Monetária da Dívida de Operações de
Crédito por Antecipação de Receita Despesas orçamentárias
59 – Pensões Especiais com correção monetária da dívida decorrente de operação
Despesas orçamentárias com pagamento de pensões de crédito por antecipação de receita.
especiais, inclusive as de caráter indenizatório, concedidas
por legislação específica, não vinculadas a cargos públicos. 76 – Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
Despesas orçamentárias com o refinanciamento do prin-
61 – Aquisição de Imóveis cipal da dívida pública mobiliária, interna e externa, inclusive
Despesas orçamentárias com a aquisição de imóveis correção monetária ou cambial, com recursos provenientes
considerados necessários à realização de obras ou para sua
da emissão de novos títulos da dívida pública mobiliária.
pronta utilização.

62 – Aquisição de Produtos para Revenda 77 – Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
Despesas orçamentárias com a aquisição de bens desti- Despesas orçamentárias com o refinanciamento do prin-
nados à venda futura. cipal da dívida pública contratual, interna e externa, inclusive
correção monetária ou cambial, com recursos provenientes
Orçamento Público

63 – Aquisição de Títulos de Crédito da emissão de títulos da dívida pública mobiliária.


Despesas orçamentárias com a aquisição de títulos de
crédito não representativos de quotas de capital de empresas. 81 – Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas
Despesas orçamentárias decorrentes da transferência a
64 – Aquisição de Títulos Representativos de Capital já órgãos e entidades públicos, inclusive de outras esferas de
Integralizado governo, ou a instituições privadas, de receitas tributárias,
Despesas orçamentárias com a aquisição de ações ou de contribuições e de outras receitas vinculadas, prevista
quotas de qualquer tipo de sociedade, desde que tais títulos na Constituição ou em leis específicas, cuja competência de
não representem constituição ou aumento de capital. arrecadação é do órgão transferidor

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82 - Aporte de Recursos pelo Parceiro Público em Favor de natureza indenizatória não classificadas em elementos
do Parceiro Privado Decorrente de Contrato de Parceria de despesas específicos.
Público‑Privada – PPP
Despesas orçamentárias relativas ao aporte de recursos 94 – Indenizações e Restituições Trabalhistas
pelo parceiro público em favor do parceiro privado, conforme Despesas orçamentárias resultantes do pagamento
previsão constante do contrato de Parceria Público‑Privada – efetuado a servidores públicos civis e empregados de
PPP, destinado à realização de obras e aquisição de bens entidades integrantes da administração pública, inclusive
reversíveis, nos termos do § 2º do art. 6º e do § 2º do art. 7º, férias e aviso‑prévio indenizados, multas e contribuições
ambos da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004. incidentes sobre os depósitos do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço etc., em função da perda da condição de
83 - Despesas Decorrentes de Contrato de Parceria Pú- servidor ou empregado, podendo ser em decorrência da
blico‑Privada – PPP, exceto Subvenções Econômicas, Aporte participação em programa de desligamento voluntário, bem
e Fundo Garantidor como a restituição de valores descontados indevidamente,
Despesas orçamentárias com o pagamento, pelo parceiro quando não for possível efetuar essa restituição mediante
público, do parcelamento dos investimentos realizados pelo compensação com a receita correspondente.
parceiro privado com a realização de obras e aquisição de
bens reversíveis, incorporados no patrimônio do parceiro 95 – Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo
público até o início da operação do objeto da Parceria Despesas orçamentárias com indenizações devidas aos
Público‑Privada – PPP, bem como de outras despesas que não servidores que se afastarem de seu local de trabalho, sem
caracterizem subvenção (elemento 45), aporte de recursos direito à percepção de diárias, para execução de trabalhos
do parceiro público ao parceiro privado (elemento 82) ou de campo, tais como os de campanha de combate e controle
participação em fundo garantidor de PPP (elemento 84). de endemias; marcação, inspeção e manutenção de marcos
decisórios; topografia, pesquisa, saneamento básico, inspe-
84 - Despesas Decorrentes da Participação em Fundos, ção e fiscalização de fronteiras internacionais.
Organismos, ou Entidades Assemelhadas, Nacionais e In-
ternacionais 96 – Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
Despesas orçamentárias relativas à participação em Despesas orçamentárias com ressarcimento das despesas
fundos, organismos, ou entidades assemelhadas, Nacionais realizadas pelo órgão ou entidade de origem quando o ser-
e Internacionais, inclusive as decorrentes de integralização vidor pertencer a outras esferas de governo ou a empresas
de cotas. estatais não dependentes e optar pela remuneração do cargo
efetivo, nos termos das normas vigentes.
91 – Sentenças Judiciais
Despesas orçamentárias resultantes de: 97 – Aporte para Cobertura do Déficit Atuarial do RPPS
a. Pagamento de precatórios, em cumprimento ao dispos- Despesas orçamentárias com aportes periódicos desti-
nados à cobertura do déficit atuarial do Regime Próprio de
to no art. 100 e seus parágrafos da Constituição, e no art. 78
Previdência Social – RPPS, conforme plano de amortização
do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias -ADCT;
estabelecido em lei do respectivo ente Federativo, exceto
b. Cumprimento de sentenças judiciais, transitadas em
as decorrentes de alíquota de contribuição suplementar.
julgado, de empresas públicas e sociedades de economia mis-
ta, integrantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social;
98 – Compensações ao RGPS
c. Cumprimento de sentenças judiciais, transitadas em
Despesas orçamentárias com compensação ao Fundo do
julgado, de pequeno valor, na forma definida em lei, nos Regime Geral de Previdência Social em virtude de desonera-
termos do §3º do art. 100 da Constituição; ções, como a prevista no inciso IV do art. 9º da Lei nº 12.546,
d. Cumprimento de decisões judiciais, proferidas em de 14 de dezembro de 2011, que estabelece a necessidade
Mandados de Segurança e Medidas Cautelares; e de a União compensar o valor correspondente à estimativa
e. Cumprimento de outras decisões judiciais. de renúncia previdenciária decorrente dessa Lei.
92 – Despesas de Exercícios Anteriores 99 – A Classificar
Despesas orçamentárias com o cumprimento do disposto Elemento transitório que deverá ser utilizado enquanto
no art. 37 da Lei nº 4.320/1964, que assim estabelece: se aguarda a classificação em elemento específico, vedada
a sua utilização na execução orçamentária.
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as
quais o orçamento respectivo consignava crédito pró- Desdobramento Facultativo do Elemento da Despesa
prio, com saldo suficiente para atendê‑las, que não Conforme as necessidades de escrituração contábil e
se tenham processado na época própria, bem como controle da execução orçamentária fica facultado por parte
os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os de cada ente o desdobramento dos elementos de despesa.
compromissos reconhecidos após o encerramento do
exercício correspondente, poderão ser pagas à conta Orientação para a Classificação quanto à Natureza da
de dotação específica consignada no orçamento, Despesa Orçamentária
Orçamento Público

discriminada por elemento, obedecida, sempre que No processo de aquisição de bens ou serviços por parte
possível, a ordem cronológica. do ente da Federação, é necessário observar alguns passos
para que se possa proceder à adequada classificação quanto
93 – Indenizações e Restituições à natureza de despesa orçamentária e garantir que a infor-
Despesas orçamentárias com indenizações, exclusive as mação contábil seja fidedigna.
trabalhistas, e restituições, devidas por órgãos e entidades a 1º Passo – Identificar se o registro do fato é de caráter
qualquer título, inclusive devolução de receitas quando não orçamentário ou extraorçamentário.
for possível efetuar essa devolução mediante a compensação a. Orçamentário – as despesas de caráter orçamentário
com a receita correspondente, bem como outras despesas necessitam de recurso público previsto para sua realização e

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devem ser autorizados pelo Poder Legislativo, exceto quan- grupos de natureza da despesa 4 – investimentos e 5 – inversões
do se tratar de créditos adicionais do tipo extraordinário27, financeiras) ou o registro de desincorporação de um passivo (no
os quais, por sua natureza, não carecem de determinação da caso do grupo de despesa 6 – amortização da dívida).
origem de recursos para sua cobertura. Assim, as despesas 3º Passo – O próximo passo é verificar o grupo de natu-
orçamentárias constituem instrumento para alcançar os fins reza da despesa orçamentária:
dos programas governamentais. É exemplo de despesa de 1 – Pessoal e Encargos Sociais;
natureza orçamentária a contratação de bens e serviços para 2 – Juros e Encargos da Dívida;
realização de determinação ação, como serviços de terceiros, 3 – Outras Despesas Correntes;
pois se faz necessária a emissão de empenho para suportar 4 – Investimentos;
esse contrato. 5 – Inversões Financeiras; ou
b. Extraorçamentário – são aqueles decorrentes de: 6 – Amortização da Dívida.
i. Saídas compensatórias no ativo e no passivo financei-
ro – representam desembolsos de recursos de terceiros em 4º Passo – Por fim, far‑se‑á a identificação do elemento
poder do ente público, tais como: de despesa, ou seja, o objeto fim do gasto. Normalmente,
• Devolução dos valores de terceiros (cauções/depósi- os elementos de despesa guardam correlação com os gru-
tos) – a caução em dinheiro constitui uma garantia for- pos de natureza de despesa, mas não há impedimento para
necida pelo contratado e tem como objetivo assegurar que alguns elementos típicos de despesa corrente estejam
a execução do contrato celebrado com o poder público. relacionados a um grupo de despesa de capital.
Ao  término do contrato, se o contratado cumpriu
com todas as obrigações, o valor será devolvido pela Exemplos (não exaustivos):
administração pública. Caso haja execução da garantia
contratual, para ressarcimento da Administração pelos Grupo de Natureza de Elemento de Despesa
valores das multas e indenizações a ela devidos, será Despesa
registrada a baixa do passivo financeiro em contrapar- 1 – Pessoal e Encargos 01 – Aposentadorias do
tida a receita orçamentária; Sociais RPPS, Reserva Remunerada e
• Recolhimento de Consignações / Retenções – são re- Reformas dos Militares
colhimentos de valores anteriormente retidos na folha 3 – Pensões do RPPS e do Militar
de salários de pessoal ou nos pagamentos de serviços 4 – Contratação por Tempo
de terceiros; Determinado
• Pagamento das operações de crédito por antecipação 5 – Outros Benefícios
de receita orçamentária (ARO) – conforme determina Previdenciários do Servidor ou
a LRF, as antecipações de receitas orçamentárias para do Militar
atender a insuficiência de caixa deverão ser quitadas 11 – Vencimentos e Vantagens
até o dia 10 de dezembro de cada ano. Tais pagamentos Fixas – Pessoal Civil
não necessitam de autorização orçamentária para que 13 – Obrigações Patronais
sejam efetuados; 16 – Outras Despesas Variáveis –
Pessoal Civil
• Pagamentos de Salário‑Família, Salário‑Maternidade
17 – Outras Despesas Variáveis –
e Auxílio‑Natalidade  – os benefícios da Previdência
Pessoal Militar
Social adiantados pelo empregador, por força de lei,
têm natureza extraorçamentária e, posteriormente, 2 – Juros e Encargos 21 – Juros sobre a Dívida por
serão objeto de compensação ou restituição. da Dívida Contrato
22 – Outros Encargos sobre a
ii. Pagamento de restos a pagar – são as saídas para paga-
Dívida por Contrato
mentos de despesas empenhadas em exercícios anteriores.
23 – Juros, Deságios e Descontos
Ou seja, pertencem a exercícios anteriores, de acordo com da Dívida Mobiliária
seu respectivo empenho, de forma que nos seguintes serão 24 – Outros Encargos sobre a
consideradas extraorçamentárias. Dívida Mobiliária
3 – Outras Despesas 30 – Material de Consumo
Quando o dispêndio é extraorçamentário, não há registro
Correntes 32 – Material, Bem ou Serviço
de despesa orçamentária, mas apenas uma desincorporação para Distribuição Gratuita
de passivo ou uma apropriação de ativo, este com atributo 33 – Passagens e Despesas com
de cálculo do superávit/déficit financeiro “P” – Permanente28. Locomoção
Quando o dispêndio é orçamentário, observar o próximo 35 – Serviços de Consultoria
passo. 36 – Outros Serviços de Terceiros
2º Passo – Identificar a categoria econômica da despesa – Pessoa Física
orçamentária, verificando se é uma despesa orçamentária 37 – Locação de Mão-de-Obra
corrente ou de capital: 38 – Arrendamento Mercantil
3 – Despesas Correntes; ou 39 – Outros Serviços de Terceiros
Orçamento Público

4 – Despesas de Capital. – Pessoa Jurídica


É importante observar que as despesas orçamentárias de 4 – Investimentos 30 – Material de Consumo
capital mantêm uma correlação com o registro de incorporação 33 – Passagens e Despesas com
de ativo imobilizado, intangível ou investimento (no caso dos Locomoção
51 – Obras e Instalações
27
Lei 4.320/1964, art. 41, inciso III, c/c caput do art. 43; e Constituição Federal 52 – Equipamentos e Material
de 1988, art. 167, § 3º. Permanente
28
Para maiores esclarecimentos, verificar a parte IV deste manual (PCASP), em 61 – Aquisição de Imóveis
seu item 3.3, que trata de atributos da conta contábil.

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5 – Inversões Finan- 61 – Aquisição de Imóveis 39 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica e pudesse
ceiras 63 – Aquisição de Títulos de realizar esse serviço com uma pessoa física, por um preço
Crédito inferior, uma alteração orçamentária por meio de lei deman-
64 – Aquisição de Títulos Repre- daria tempo e esforço de vários órgãos, o que poderia levar
sentativos Capital já Integralizado em alguns casos, a contratação de um serviço mais caro. No
entanto, sob o enfoque de resultado, pouco deve interessar
6 – Amortização da 71 – Principal da Dívida Contratu-
para a sociedade a forma em que foi contratado o serviço,
Dívida al Resgatado
72 – Principal da Dívida Mobiliá- se com pessoa física ou jurídica, mas se o objetivo do gasto
ria Resgatado foi alcançado de modo eficiente.
73 – Correção Monetária ou Observa‑se que a identificação, nas leis orçamentárias,
Cambial da Dívida Contratual das funções, subfunções, programas, projetos, atividades
Resgatada e operações especiais, em conjunto com a classificação do
crédito orçamentário por categoria econômica, grupo de
Créditos Orçamentários Iniciais e Adicionais natureza de despesa e modalidade de aplicação, atende ao
princípio da especificação.
A autorização legislativa para a realização da despesa Por meio dessa classificação, evidencia‑se como a Ad-
constitui crédito orçamentário, que poderá ser inicial ou ministração Pública está efetuando os gastos para atingir
adicional. determinados fins.
Por crédito orçamentário inicial, entende‑se aquele apro- O orçamento anual pode ser alterado por meio de crédi-
vado pela lei orçamentária anual, constante dos orçamentos tos adicionais. Por crédito adicional, entendem‑se as autori-
fiscal, da seguridade social e de investimento das empresas zações de despesas não computadas ou insuficientemente
estatais não dependentes. dotadas na Lei Orçamentária.
O orçamento anual consignará importância para atender Conforme o art.  41 da Lei nº  4.320/1964, os  créditos
determinada despesa a fim de executar ações que lhe caiba adicionais são classificados em:
realizar. Tal importância é denominada de dotação. I – suplementares, os destinados a refôrço de dotação
Conforme estabelece o art. 6º da Portaria Interministerial orçamentária;
STN/SOF nº 163/2001, na lei orçamentária anual, a discrimi- II – especiais, os destinados a despesas para as quais não
nação da despesa quanto à sua natureza far‑se‑á, no mínimo, haja dotação orçamentária específica;
por categoria econômica, grupo de natureza de despesa e III – extraordinários, os destinados a despesas urgentes
modalidade de aplicação. e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou
A Lei nº 4.320/1964, apesar de não instituir formalmente calamidade pública.
o orçamento‑programa, introduziu  em seus dispositivos a
necessidade de o orçamento evidenciar os programas de O crédito suplementar incorpora‑se ao orçamento,
governo. adicionando‑se à dotação orçamentária que deva reforçar,
enquanto que os créditos especiais e extraordinários conser-
Art. 2º. A Lei do Orçamento conterá a discriminação vam sua especificidade, demonstrando‑se as despesas reali-
da receita e despesa de forma a evidenciar a políti- zadas à conta dos mesmos, separadamente. Nesse sentido,
ca econômico‑financeira e o programa de trabalho entende- se que o reforço de um crédito especial ou de um
do governo, obedecidos aos princípios de unidade, crédito extraordinário deve dar‑se, respectivamente, pela re-
universalidade e anualidade. gra prevista nos respectivos créditos ou, no caso de omissão,
pela abertura de novos créditos especiais e extraordinários.
A partir da edição da Portaria MOG nº 42/1999 aplicada A Lei nº 4.320/1964 determina, nos arts. 42 e 43, que os
à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, passou a ser créditos suplementares e especiais serão abertos por decreto
obrigatória a identificação, nas leis orçamentárias, das ações do poder executivo, dependendo de prévia autorização legis-
em termos de funções, subfunções, programas, projetos, lativa, necessitando da existência de recursos disponíveis e
atividades e operações especiais: precedida de exposição justificada. Na União, para os casos
em que haja necessidade de autorização legislativa para os
Art.  4º Nas leis orçamentárias e nos balanços, créditos adicionais, estes são considerados autorizados e
as ações serão identificadas em termos de funções, abertos com a sanção e a publicação da respectiva lei.
subfunções, programas, projetos, atividades e ope- Consideram‑se recursos disponíveis para fins de abertura
rações especiais. de créditos suplementares e especiais, conforme disposto no
§1º do art. 43 da Lei nº 4.320/1964:
Dessa forma, é consolidada a importância da elaboração
do orçamento por programa com a visão de que o legislativo I – o superávit financeiro apurado em balanço patri-
aprova as ações de governo buscando a aplicação efetiva do monial do exercício anterior;
gasto, e não necessariamente os itens de gastos. A ideia é II – os provenientes de excesso de arrecadação;
mostrar à população e ao legislativo o que será realizado em III – os resultantes de anulação parcial ou total de
um determinado período, por meio de programas e ações dotações orçamentárias ou de créditos adicionais,
Orçamento Público

e quanto eles irão custar à sociedade e não o de apresentar autorizados em Lei;


apenas objetos de gastos que isoladamente não garantem IV – o produto de operações de credito autorizadas,
a transparência necessária. em forma que juridicamente possibilite ao poder
A aprovação e a alteração da lei orçamentária elaborada executivo realizá‑las.
até o nível de elemento de despesa poderá ser mais buro-
crática e, consequentemente, menos eficiente, pois exige A Constituição Federal de 1988, no §8º do art. 166, esta-
esforços de planejamento em um nível de detalhe que nem belece que os recursos objeto de veto, emenda ou rejeição
sempre será possível ser mantido. Por exemplo, se um ente do projeto de lei orçamentária que ficarem sem destinação
tivesse no seu orçamento um gasto previsto no elemento podem ser utilizados como fonte hábil para abertura de

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créditos especiais e suplementares, mediante autorização a. Não modificam a programação ou o valor de suas
legislativa. dotações orçamentárias (créditos adicionais); e
A reserva de contingência destinada ao atendimento de b. Não alteram a unidade orçamentária (classificação
passivos contingentes e outros riscos, bem como eventos institucional) detentora do crédito orçamentário aprovado
fiscais imprevistos, poderá ser utilizada para abertura de cré- na lei orçamentária ou em créditos adicionais.
ditos adicionais, visto que não há execução direta da reserva.
O art. 44 da Lei nº 4.320/1964 regulamenta que os crédi- Quando a descentralização ocorrer da unidade central
tos extraordinários devem ser abertos por decreto do poder de programação orçamentária para órgãos setoriais con-
executivo e submetidos ao poder legislativo correspondente. templados diretamente no orçamento, tem‑se a figura da
Na União, esse tipo de crédito é aberto por medida provisória dotação. Quando envolver unidades gestoras de um mesmo
do Poder Executivo e submetido ao Congresso Nacional. órgão tem‑se a descentralização interna, também chamada
de provisão. Se, porventura, ocorrer entre unidades gestoras
A vigência dos créditos adicionais restringe‑se ao exercí-
de órgãos ou entidades de estrutura diferente, ter‑se‑á uma
cio financeiro em que foram autorizados, exceto os créditos
descentralização externa, também denominada de destaque.
especiais e extraordinários abertos nos últimos quatro Na descentralização, as  dotações serão empregadas obri-
meses do exercício financeiro, que poderão ter seus saldos gatória e integralmente na consecução do objetivo previsto
reabertos por instrumento legal apropriado, situação na pelo programa de trabalho pertinente, respeitadas fielmente
qual a vigência fica prorrogada até o término do exercício a classificação funcional e a estrutura programática. Portanto,
financeiro subsequente (art. 167, § 2º, Constituição Federal). a única diferença é que a execução da despesa orçamentária
Ressalte‑se que, na União, as alterações dos atributos será realizada por outro órgão ou entidade.
do crédito orçamentário, constantes da Lei Orçamentária da A execução de despesas da competência de órgãos e
União, tais como modalidade de aplicação, identificador de unidades do ente da Federação poderá ser descentralizada
resultado primário (RP), identificador de uso (IU) e fonte de ou delegada, no todo ou em parte, a órgão ou entidade de
recursos (FR) não são caracterizadas como créditos adicionais outro ente da Federação, desde que não haja legislação
por não alterarem o valor das dotações. Essas alterações contrária e demonstre viabilidade técnica.
são denominadas “outras alterações orçamentárias” e são Tendo em vista o disposto no art. 35 da Lei nº 10.180, de
realizadas por meio de atos infra legais, observadas as au- 6 de fevereiro de 2001, a execução de despesas mediante
torizações constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias do descentralização a outro ente da Federação processar‑se‑á
exercício financeiro correspondente. de acordo com os mesmos procedimentos adotados para as
transferências voluntárias, ou seja, com realização de empe-
Etapas da Despesa Orçamentária nho, liquidação e pagamento na unidade descentralizadora
do crédito orçamentário e inclusão na receita e na despesa
do ente recebedor dos recursos‑objeto da descentralização,
Planejamento
identificando‑se como recursos de convênios ou similares.
A etapa do planejamento abrange, de modo geral, toda a
Ressalte‑se que ao contrário das transferências voluntárias
análise para a formulação do plano e ações governamentais realizadas aos demais entes da Federação que, via de regra,
que servirão de base para a fixação da despesa orçamentária, devem ser classificadas como operações especiais, as des-
a descentralização/movimentação de créditos, a programa- centralizações de créditos orçamentários devem ocorrer em
ção orçamentária e financeira, e o processo de licitação e projetos ou atividades. Assim, nas transferências voluntárias
contratação. devem ser utilizados os elementos de despesas típicos destas,
quais sejam 41 – Contribuições e 42 – Auxílios, enquanto
Fixação da Despesa nas descentralizações de créditos orçamentários devem ser
A fixação da despesa refere‑se aos limites de gastos, inclu- usados os elementos denominados típicos de gastos, tais
ídos nas leis orçamentárias com base nas receitas previstas, como 30 – Material de Consumo, 39 – Outros Serviços de
a  serem efetuados pelas entidades públicas. A  fixação da Terceiros – Pessoa Jurídica, 51 – Obras e Instalações, 52 –
despesa orçamentária insere‑se no processo de planejamen- Material Permanente, etc.
to e compreende a adoção de medidas em direção a uma
situação idealizada, tendo em vista os recursos disponíveis e Programação Orçamentária e Financeira
observando as diretrizes e prioridades traçadas pelo governo. A programação orçamentária e financeira consiste na
Conforme art.  165 da Constituição Federal de 1988, compatibilização do fluxo dos pagamentos com o fluxo dos
os  instrumentos de planejamento compreendem o Plano recebimentos, visando ao ajuste da despesa fixada às novas
Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei Orça- projeções de resultados e da arrecadação.
mentária Anual. Se houver frustração da receita estimada no orçamento,
O processo da fixação da despesa orçamentária é conclu- deverá ser estabelecida limitação de empenho e movimenta-
ção financeira, com objetivo de atingir os resultados previstos
ído com a autorização dada pelo poder legislativo por meio
na LDO e impedir a assunção de compromissos sem respaldo
da lei orçamentária anual, ressalvadas as eventuais aberturas
financeiro, o que acarretaria uma busca de socorro no mer-
de créditos adicionais no decorrer da vigência do orçamento. cado financeiro, situação que implica em encargos elevados.
Orçamento Público

A LRF definiu procedimentos para auxiliar a programação


Descentralizações de Créditos Orçamentários orçamentária e financeira nos arts 8º e 9º:
As descentralizações de créditos orçamentários ocorrem
quando for efetuada movimentação de parte do orçamento, Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamen-
mantidas as classificações institucional, funcional, programá- tos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
tica e econômica, para que outras unidades administrativas orçamentárias e observado o disposto na alínea c do
possam executar a despesa orçamentária. inciso I do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a
As descentralizações de créditos orçamentários não se programação financeira e o cronograma de execução
confundem com transferências e transposição, pois: mensal de desembolso. [...]

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Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a Em Liquidação
realização da receita poderá não comportar o cumpri- O PCASP incluiu a fase da execução da despesa – “em
mento das metas de resultado primário ou nominal liquidação”, que busca o registro contábil no patrimônio de
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes acordo com a ocorrência do fato gerador, não do empenho.
e o Ministério Público promoverão, por ato próprio Essa regra possibilita a separação entre os empenhos não
e nos montantes necessários, nos trinta dias subse- liquidados que possuem fato gerador dos que não possuem,
quentes, limitação de empenho e movimentação evitando assim a dupla contagem para fins de apuração do
financeira, segundo os critérios fixados pela lei de passivo financeiro. Quanto aos demais lançamentos no sis-
diretrizes orçamentárias. tema orçamentário e de controle, permanecem conforme a
Lei nº 4.320/1964.
Execução O passivo financeiro é calculado a partir das contas crédi-
A execução da despesa orçamentária se dá em três es- to empenhado a liquidar e contas do passivo que represen-
tágios, na forma prevista na Lei nº 4.320/1964: empenho, tem obrigações independentes de autorização orçamentária
liquidação e pagamento. para serem realizadas. Ao se iniciar o processo de execução
da despesa orçamentária, caso se tenha ciência da ocorrência
Empenho do fato gerador, a conta crédito empenhado a liquidar deve
Empenho, segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato ser debitada em contrapartida da conta crédito empenhado
emanado de autoridade competente que cria para o Estado em liquidação no montante correspondente à obrigação já
obrigação de pagamento pendente ou não de implemento existente no passivo.
de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária
para um fim específico. Natureza da informação: orçamentária
O empenho será formalizado mediante a emissão de D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
um documento denominado “Nota de Empenho”, do qual C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
deve constar o nome do credor, a especificação do credor
e a importância  da despesa, bem como os demais dados Caso esse procedimento não seja feito, o passivo finan-
necessários ao controle da execução orçamentária. ceiro será contado duplamente, pois seu montante será
Embora o art.  61 da Lei nº  4.320/1964 estabeleça a considerado tanto na conta crédito empenhado a liquidar
obrigatoriedade do nome do credor no documento Nota de (tendo em vista a liquidação muitas vezes ocorrer somente
Empenho, em alguns casos, como na Folha de Pagamento, depois de certo prazo de ocorrido o fato gerador) quanto na
conta de obrigação anteriormente contabilizada no passivo
torna‑se impraticável a emissão de um empenho para cada
exigível (o passivo exigível é afetado imediatamente com a
credor, tendo em vista o número excessivo de credores
ocorrência do fato gerador).
(servidores).
Tal inclusão de fase torna possível o processo de con-
Caso não seja necessária a impressão do documento
vergência às normas contábeis internacionais, IPSAS. Isso
“Nota de Empenho”, o empenho ficará arquivado em banco
demonstra‑se com a desvinculação do reconhecimento do
de dados, em tela com formatação própria e modelo oficial,
fato gerador da execução orçamentária, empenho ou liqui-
a ser elaborado por cada ente da Federação em atendimento
dação da despesa.
às suas peculiaridades.
Quando o valor empenhado for insuficiente para atender Liquidação
à despesa a ser realizada, o empenho poderá ser reforçado. Conforme dispõe o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liqui-
Caso o valor do empenho exceda o montante da despesa dação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor
realizada, o  empenho deverá ser anulado parcialmente. tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do
Será anulado totalmente quando o objeto do contrato não respectivo crédito e tem por objetivo apurar:
tiver sido cumprido, ou ainda, no caso de ter sido emitido
incorretamente. § 1º Essa verificação tem por fim apurar:
Os empenhos podem ser classificados em: I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
a. Ordinário: é o tipo de empenho utilizado para as II – a importância exata a pagar;
despesas de valor fixo e previamente determinado, cujo III – a quem se deve pagar a importância, para extin-
pagamento deva ocorrer de uma só vez; guir a obrigação.
b. Estimativo: é o tipo de empenho utilizado para as des- § 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos
pesas cujo montante não se pode determinar previamente, ou serviços prestados terá por base:
tais como serviços de fornecimento de água e energia elé- I – o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo;
trica, aquisição de combustíveis e lubrificantes e outros; e II – a nota de empenho;
c. Global: é o tipo de empenho utilizado para despesas III – os comprovantes da entrega de material ou da
contratuais ou outras de valor determinado, sujeitas a parce- prestação efetiva do serviço.
lamento, como, por exemplo, os compromissos decorrentes
de aluguéis. Pagamento
Orçamento Público

O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor


É recomendável constar no instrumento contratual o por meio de cheque nominativo, ordens de pagamentos ou
número da nota de empenho, visto que representa a garantia crédito em conta, e  só pode ser efetuado após a regular
ao credor de que existe crédito orçamentário disponível e liquidação da despesa.
suficiente para atender a despesa objeto do contrato. Nos A Lei nº 4.320/1964, no art. 64, define ordem de paga-
casos em que o instrumento de contrato é facultativo, a Lei mento como sendo o despacho exarado por autoridade com-
nº  8.666/1993 admite a possibilidade de substituí‑lo pela petente, determinando que a despesa liquidada seja paga.
nota de empenho de despesa, hipótese em que o empenho A ordem de pagamento só pode ser exarada em docu-
representa o próprio contrato. mentos processados pelos serviços de contabilidade.

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Procedimentos Contábeis Referentes à Despesa do empenho e a receita orçamentária pela arrecadação, de
Orçamentária acordo com a Lei nº 4.320/64.

A Lei nº 4.320/1964 estabelece a vinculação da despesa Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:


orçamentária a determinado exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas;
II – as despesas nele legalmente empenhadas.
Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: [...]
II – as despesas nele legalmente empenhadas. Entretanto, a ótica implementada pela Lei nº 4.320/1964
não é suficiente para a correta mensuração, avaliação e re-
Observa‑se que o ato da emissão do empenho, na ótica gistro dos fatos contábeis do setor público. A Contabilidade
orçamentária, constitui a despesa orçamentária e o passivo Aplicada ao Setor Público, assim como qualquer outro ramo
financeiro para fins de cálculo do superávit financeiro. da ciência contábil, obedece aos princípios de contabilidade.
Os registros contábeis, orçamentários e de controle, Dessa forma, aplica‑se o regime da competência em sua
sob a ótica do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público integralidade, ou seja, os  efeitos das transações e outros
(PCASP), são exemplificados, de forma não exaustiva, a se- eventos sobre o patrimônio são reconhecidos quando ocor-
guir: Lançamentos: rem, independentemente de recebimento ou pagamento.
a. No momento do empenho da despesa orçamentária
Nessa lógica, também não há exigência de que as despesas
(ocorrência do fato gerador depois do empenho):
orçamentárias sejam empenhadas ou que as receitas orça-
mentárias sejam efetivamente arrecadadas para que haja o
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível devido reconhecimento sob o ponto de vista patrimonial.
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Destarte, apesar do art. 35 da Lei nº 4.320/1964 referir‑se
ao regime orçamentário, ressalte‑se que o regime contábil
Natureza da informação: controle (patrimonial) deve ser aplicado ao setor público em sua
D 8.2.1.1.x.xx.xx Execução da Disponibilidade de integralidade para reconhecimento de fatos contábeis.
Recursos No estudo e acompanhamento de seu objeto – o patrimônio
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho público – , a Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve
evidenciar as variações patrimoniais, sejam elas indepen-
b. No momento da ocorrência do Fato Gerador: dentes ou resultantes da execução orçamentária, conforme
prevê a Lei nº 4.320/1964:
Natureza da informação: patrimonial
D 3.x.x.x.x.xx.xx Variação Patrimonial Diminutiva Título IX – Da Contabilidade [...]
C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo Circulante (F) Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organiza-
dos de forma a permitirem o acompanhamento da
Natureza da informação: orçamentária execução orçamentária, o conhecimento da compo-
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar sição patrimonial, a  determinação dos custos dos
C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação serviços industriais, o  levantamento dos balanços
gerais, a  análise e a interpretação dos resultados
c. No momento da liquidação da despesa orçamentária: econômicos e financeiros. [...]
Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à
Natureza da informação: orçamentária administração orçamentária, financeira, patrimonial
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação e industrial. [...]
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado Art.  100. As  alterações da situação líquida patri-
a Pagar monial, que abrangem os resultados da execução
orçamentária, bem como as variações independentes
Natureza da informação: controle dessa execução e as superveniências e insubsistências
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho ativas e passivas, constituirão elementos da conta
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação patrimonial. [...]
e Entradas Compensatórias Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais
evidenciará as alterações verificadas no patrimônio,
Observa‑se que o comprometimento da disponibilidade
resultantes ou independentes da execução orçamen-
por destinação de recursos (DDR) foi realizado no momento
tária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.
do empenho, considerando‑se esse o momento da geração
do passivo financeiro, conforme o §3º do art.  105 da Lei
nº 4.320/64: Observa‑se que, além do registro dos fatos ligados à
execução orçamentária, exige‑se que sejam evidenciados os
§3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fatos ligados à execução financeira e patrimonial, bem como
fundadas e outros pagamentos independa de auto- à apuração de custos, exigindo que os fatos modificativos
Orçamento Público

rização orçamentária. sejam levados à conta de resultado e que as informações


contábeis permitam o conhecimento da composição patri-
Adicionalmente, deve haver o controle da destinação de monial, dos custos envolvidos e dos resultados econômicos
recursos no momento da liquidação. e financeiros de determinado exercício.
Ressalta‑se que as despesas antecipadas seguem as Portanto, com o objetivo de evidenciar o impacto no
mesmas etapas de execução das outras despesas, ou seja: patrimônio, deve haver o registro da variação patrimonial
empenho, liquidação e pagamento. diminutiva (VPD) ou aumentativa (VPA) em razão do fato
No setor público, o  regime orçamentário reconhece a gerador e de sua consequência para o patrimônio, conforme
despesa orçamentária no exercício financeiro da emissão trata a Parte II do MCASP.

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Registros Contábeis – Contabilidade Aplicada ao Setor Público

Contas de Natureza de Informação Contas de Natureza de Informação


Orçamentária Patrimonial

Evento Critério Base Normativa Evento Critério Base


Normativa
Variação NBC TSP –
Lei nº 4.320/1964
Receita Orçamentária Arrecadação Patrimonial Competência Estrutura
art. 35
Aumentativa Conceitual
Variação NBC TSP –
Lei nº 4.320/1964
Despesa Orçamentária Empenho Patrimonial Competência Estrutura
art. 35
Diminutiva Conceitual

Para fins de contabilidade patrimonial, verifica‑se a Natureza da informação: controle


existência de três tipos de relacionamentos entre o segundo D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
estágio da execução da despesa orçamentária (liquidação) e C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação
o reconhecimento da VPD: antes da liquidação; simultânea e Entradas Compensatórias
à liquidação; e após a liquidação.
d. Momento do pagamento:
Apropriação da VPD antes da liquidação
No exemplo a seguir, o fato gerador da obrigação exigível Natureza da informação: patrimonial
ocorre antes da liquidação e a conta “crédito empenhado em D 2.1.1.1.x.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (F)
liquidação” é utilizada para evitar que o passivo financeiro C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em
seja contabilizado em duplicidade, até o momento da devida Moeda Nacional (F)
liquidação.
Natureza da informação: orçamentária
Exemplo: D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a
No registro da apropriação mensal para 13º salário, re- Pagar
ferente aos direitos do trabalhador em decorrência do mês C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Pago
trabalhado, e o empenho, liquidação e pagamento ocorrem,
em geral, nos meses de novembro e dezembro. Natureza da informação: controle
a. Apropriação mensal (1/12 do 13º salário): D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação
e Entradas Compensatórias
Natureza da informação: patrimonial C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
D 3.1.1.x.x.xx.xx Remuneração a Pessoal
C 2.1.1.1.x.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (P)
Apropriação da VPD simultaneamente à liquidação
Existem situações em que o fato gerador da obrigação
Execução Orçamentária nos meses do pagamento:
exigível ocorre concomitante à liquidação. Nesses casos,
b. Empenho e transferência do passivo patrimonial para é  facultativo o uso da conta “créditos empenhados em
o financeiro: liquidação”.

Natureza da informação: orçamentária Exemplo:


D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível No fornecimento de prestação de serviço de limpeza e
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar conservação.
a. No momento do empenho: Natureza da informação:
Natureza da informação: controle orçamentária
D 8.2.1.1.x.xx.xx Execução da Disponibilidade de
Recursos D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar

Natureza da informação: patrimonial Natureza da informação: controle


D 2.1.1.1.x.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (P) D 8.2.1.1.x.xx.xx Execução da Disponibilidade de
C 2.1.1.1.x.xx.xx Pessoal a Pagar – 13º Salário (F) Recursos
C 8.2.1.1.2.xx.xx Disponibilidade por destinação
Natureza da informação: orçamentária de recursos Comprometida por
Orçamento Público

D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar Empenho


C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação
b. Recebimento da nota fiscal de serviços e liquidação:
c. Momento da liquidação:
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: orçamentária D 3.3.2.x.x.xx.xx Variação Patrimonial Diminutiva –
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação Serviços
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a C 2.1.3.x.x.xx.xx Fornecedores e Contas a Pagar a
Pagar Curto Prazo (F)

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Natureza da informação: orçamentária Natureza da informação: controle
D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação
Pagar e Entradas Compensatórias

Natureza da informação: controle d. No momento do pagamento:


D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação Natureza da informação: patrimonial
e Entradas Compensatórias D 2.1.3.x.x.xx.xx Fornecedores e Contas a Pagar a
Curto Prazo (F)
c. No momento do pagamento: C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em
Moeda Nacional (F)
Natureza da informação: patrimonial
D 2.1.3.x.x.xx.xx Fornecedores e Contas a Pagar a Natureza da informação: orçamentária
Curto Prazo(F) D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a
Pagar
C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Pago
Moeda Nacional (F)
Natureza da informação: controle
Natureza da informação: orçamentária D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação
D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado e Entradas Compensatórias
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Pago C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
Natureza da informação: controle e. No momento do reconhecimento da variação patri-
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação monial diminutiva por competência (no momento da saída
e Entradas Compensatórias do estoque):
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
Natureza da informação: patrimonial
Apropriação da VPD após a liquidação D 3.3.1.1.1.xx.xx Consumo de Material – Consolidação
Há situações em que o fato gerador da obrigação exigível C 1.1.5.6.x.xx.xx Estoques – Almoxarifado (P)
ocorre antes ou concomitante à liquidação, porém, a apro-
priação da VPD ocorre após a liquidação. Dúvidas Comuns Referentes à Classificação
Orçamentária
Exemplo:
Na aquisição de material de consumo que será estocado Neste tópico, são tratados procedimentos típicos da
em almoxarifado para uso em momento posterior, no qual administração pública que visam à padronização da classi-
será reconhecida a despesa orçamentária: ficação orçamentária das despesas por todas as esferas de
a. No momento do empenho: governo, enfatizando determinadas situações que geram
mais dúvidas quanto à classificação por natureza da despesa.
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível Natureza de Despesa
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
Material Permanente X Material de Consumo
Natureza da informação: controle Entende‑se como material de consumo e material per-
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de manente:
Recursos (DDR) a. Material de Consumo: aquele que, em razão de seu
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho uso corrente e da definição da Lei nº  4.320/1964, perde
normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização
b. No momento do recebimento e incorporação ao limitada a dois anos;
b. Material Permanente: aquele que, em razão de seu
estoque:
uso corrente, não perde a sua identidade física, e/ou tem
uma durabilidade superior a dois anos.
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.5.6.x.xx.xx Estoque – Almoxarifado Além disso, na classificação da despesa com aquisição
C 2.1.3.x.x.xx.xx Fornecedores e Contas a Pagar a de material devem ser adotados alguns parâmetros que
Curto Prazo (F) distinguem o material permanente do material de consumo.
Um material é considerado de consumo caso atenda um,
Natureza da informação: orçamentária e pelo menos um, dos critérios a seguir:
Orçamento Público

D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar a. Critério da Durabilidade: se em uso normal perde ou


C 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em liquidação tem reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo
máximo de dois anos;
c. No momento da liquidação e incorporação ao estoque: b. Critério da Fragilidade: se sua estrutura for quebradiça,
deformável ou danificável, caracterizando sua irrecuperabili-
Natureza da informação: orçamentária dade e perda de sua identidade ou funcionalidade;
D 6.2.2.1.3.02.xx Crédito Empenhado em Liquidação c. Critério da Perecibilidade: se está sujeito a modifi-
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a cações (químicas ou físicas) ou se deteriora ou perde sua
Pagar característica pelo uso normal;

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d. Critério da Incorporabilidade: se está destinado à normais de uso, sem com isso aumentar sua capacidade de
incorporação a outro bem, e  não pode  ser retirado sem produção ou período de vida útil. Por sua vez, uma melhoria
prejuízo das características físicas e funcionais do principal. ocorre em consequência do aumento de vida útil do bem do
Pode ser utilizado para a constituição de novos bens, me- ativo, do incremento em sua capacidade produtiva, ou da
lhoria ou adições complementares de bens em utilização diminuição do custo operacional. Desse modo, uma melhoria
(sendo classificado como 4.4.90.30), ou para a reposição de pode envolver uma substituição de partes do bem ou ser
peças para manutenção do seu uso normal que contenham resultante de uma reforma significativa, de um complemento
a mesma configuração (sendo classificado como 3.3.90.30); ou acréscimo. Assim, como regra, uma melhoria aumenta o
e. Critério da Transformabilidade: se foi adquirido para valor contábil do bem se o custo das novas peças for maior
fim de transformação. que o valor líquido contábil das peças substituídas. Caso
contrário, o valor contábil não será alterado.
Observa‑se que, embora um bem tenha sido adquirido Portanto, a despesa orçamentária com a troca da placa
como permanente, o  seu controle patrimonial deverá ser de memória de um computador para outra de maior capa-
feito baseado na relação custo‑benefício desse controle. cidade representa uma melhoria por substituição e deve ser
Nesse sentido, a Constituição Federal prevê o princípio da classificada na categoria econômica 4 – “despesa de capital”,
economicidade (art. 70), que se traduz na relação custo‑be- no grupo de natureza de despesa 4 – “investimentos” e no
nefício. Assim, os controles devem ser simplificados quando elemento de despesa 30 – “Material de Consumo”. Observe
se apresentam como meramente formais ou cujo custo seja que se a troca ocorrer por outro processador de mesma
evidentemente superior ao risco. capacidade, havendo apenas a manutenção regular do seu
Desse modo, se um material for adquirido como per- funcionamento, deve ser classificada na categoria econômica
manente e ficar comprovado que possui custo de controle 3 – “despesa corrente”, no grupo da natureza da despesa
superior ao seu benefício, deve ser controlado de forma 3 – “outras despesas correntes” e no elemento de despesa
simplificada, por meio de relação-carga, que mede apenas 30 – “Material de Consumo”.
aspectos qualitativos e quantitativos, não havendo neces- As melhorias complementares, por sua vez, não envol-
sidade de controle  por meio de número patrimonial. No vem substituições, mas aumentam o tamanho físico do ativo
entanto, esses bens deverão estar registrados contabilmente por meio de expansão, extensão, etc., e  geralmente são
no patrimônio da entidade. agregadas ao valor contábil do bem.
Da mesma forma, se um material de consumo for con- A inclusão da leitora de CD na unidade também deve ser
siderado como de uso duradouro, devido  à durabilidade, classificada na categoria econômica 4 – despesa de capital,
quantidade utilizada ou valor relevante, também deverá no grupo de natureza de despesa 4 – “investimentos” e no
ser controlado por meio de relação‑carga, e incorporado ao elemento de despesa 30 – “Material de Consumo”, pois se
patrimônio da entidade. trata de melhoria complementar, ou seja, novo componen-
A classificação orçamentária, o controle patrimonial e o te não registrado no ativo imobilizado.
reconhecimento do ativo seguem critérios distintos, devendo c. Classificação de despesa com aquisição de material
ser apreciados individualmente. A classificação orçamentária bibliográfico.
obedecerá aos parâmetros de distinção entre material per- Os livros e demais materiais bibliográficos apresentam
manente e de consumo. O controle patrimonial obedecerá características de material permanente (durabilidade supe-
ao princípio da racionalização do processo administrativo. rior a dois anos, não é quebradiço, não é perecível, não é
Por sua vez, o  reconhecimento  do ativo compreende os incorporável a outro bem, não se destina a transformação).
bens e direitos que possam gerar benefícios econômicos ou Porém, o art. 18 da Lei nº 10.753/2003, considera os livros
potencial de serviço. adquiridos para bibliotecas públicas como material de con-
A seguir são apresentados alguns exemplos de como pro- sumo. “Art. 18. Com a finalidade de controlar os bens patri-
ceder à análise da despesa, a fim de verificar se a classificação moniais das bibliotecas públicas, o livro não é considerado
será em material permanente ou em material de consumo: material permanente.”
a. Classificação de peças não incorporáveis a imóveis As demais bibliotecas devem classificar a despesa com
(despesas com materiais empregados em imóveis e que aquisição de material bibliográfico como material perma-
possam ser removidos ou recuperados, tais como: biombos, nente. A Lei nº 10.753/2003 ainda determina:
cortinas, divisórias removíveis, estrados, persianas, tapetes
e afins): Art.  2º Considera‑se livro, para efeitos desta Lei,
A despesa com aquisição de peças não incorporáveis a a publicação de textos escritos em fichas ou folhas,
imóveis deve ser classificada observando os critérios acima não periódica, grampeada, colada ou costurada, em
expostos (durabilidade, fragilidade, perecibilidade, incorpo- volume cartonado, encadernado ou em brochura, em
rabilidade e transformabilidade). Geralmente os itens elen- capas avulsas, em qualquer formato e acabamento.
cados acima são considerados material permanente, mas a Parágrafo único. São equiparados a livro:
depender da situação podem não precisar de ser tombados. I – fascículos, publicações de qualquer natureza que
No caso de despesas realizadas em imóveis alugados, representem parte de livro;
o ente deverá registrar como material permanente e pro- II – materiais avulsos relacionados com o livro, im-
Orçamento Público

ceder à baixa quando entregar o imóvel, se os mesmos se pressos em papel ou em material similar;
encontrarem deteriorados, sem condições de uso. III  – roteiros de leitura para controle e estudo de
b. Classificação de despesa com aquisição de placa de literatura ou de obras didáticas;
memória para substituição em um computador com maior IV – álbuns para colorir, pintar, recortar ou armar;
capacidade que a existente e a classificação da despesa V – atlas geográficos, históricos, anatômicos, mapas
com aquisição de uma leitora de CD para ser instalada num e cartogramas;
Computador sem Unidade Leitora de CD. VI – textos derivados de livro ou originais, produzidos
Gastos de manutenção e reparos correspondem àqueles por editores, mediante contrato de edição celebrado
incorridos para manter ou recolocar os ativos em condições com o autor, com a utilização de qualquer suporte;

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VII – livros em meio digital, magnético e ótico, para car a consecução de seus objetivos: demonstrar as variações
uso exclusivo de pessoas com deficiência visual; ocorridas no patrimônio e controlar o orçamento.
VIII – livros impressos no Sistema Braille. Portanto, a despesa orçamentária deverá ser classificada
independentemente do tipo  de documento fiscal emitido
Biblioteca Pública é uma unidade bibliotecária destina- pela contratada, devendo ser classificada como serviços de
da indistintamente a todos os segmentos da comunidade, terceiros ou material mediante a verificação do fornecimento
com acervos de interesse geral, voltados essencialmente ou não da matéria‑prima.
à disseminação da leitura e hábitos associados entre um Um exemplo clássico dessa situação é a contratação de
público amplo definido basicamente em termos geográfi- confecção de placas de sinalização. Nesse caso, será emi-
cos, sem confundir com as bibliotecas destinadas a atender tida uma nota fiscal de serviço e a despesa orçamentária
um segmento da comunidade com um propósito específico”. será classificada no elemento de despesa 30 – material de
(Acórdão 111/2006  – 1ª Câmara  – Tribunal de Contas da consumo, pois não houve fornecimento de matéria‑prima.
União – TCU)
Assim, as bibliotecas públicas devem efetuar o controle Obras e Instalações X Serviços de Terceiros
patrimonial dos seus livros, adquiridos como material de Serão considerados serviços de terceiros as despe-
consumo, de modo simplificado via relação do material sas com:
(relação‑carga) e/ou verificação periódica da quantidade de a. Reparos, consertos, revisões, pinturas, reformas e
itens requisitados, não sendo necessária a identificação do adaptações de bens imóveis sem que ocorra a ampliação
número do registro patrimonial. do imóvel;
Essas bibliotecas definirão instruções internas que esta- b. Reparos em instalações elétricas e hidráulicas;
belecerão as regras e procedimentos de controles internos c. Reparos, recuperações e adaptações de biombos,
com base na legislação pertinente. carpetes, divisórias e lambris; e
As aquisições que não se destinarem às bibliotecas d. Manutenção de elevadores, limpeza de fossa e afins.
públicas deverão manter os procedimentos de aquisição e
classificação na natureza de despesa 4.4.90.52  – Material Quando a despesa ocasionar a ampliação relevante do
Permanente – incorporando ao patrimônio. Portanto, devem potencial de geração de benefícios econômicos futuros do
ser registradas em conta de ativo imobilizado. imóvel, tal despesa deverá ser considerada como obras e
d. Classificação de despesa com serviços de remodelação, instalações, portanto, despesas com investimento.
restauração, manutenção e outros.
Quando o serviço se destina a manter o bem em con- Despesa de Exercícios Anteriores (DEA) X Indenizações
dições normais de operação, não resultando em aumento e Restituições X Elemento Próprio
relevante da vida útil do bem, a  despesa orçamentária é Algumas situações suscitam dúvidas quanto ao uso do
corrente. elemento 92 (Despesa de Exercícios Anteriores), 93 (Inde-
Caso as melhorias decorrentes do serviço resultem nizações e Restituições) e, ainda, o  elemento próprio da
em aumento significativo da vida útil do  bem, a despesa despesa realizada.
orçamentária é de capital, devendo o valor do gasto ser Sempre que o empenho se tratar de despesas cujo fato
incorporado ao ativo. gerador ocorreu em exercícios anteriores, deve‑se utilizar
e. Classificação de despesa com aquisição de pen‑drive, o elemento 92, sem exceções, não eximindo a apuração de
responsabilidade pelo gestor, se for o caso.
canetas ópticas, token e similares.
O elemento 93 deve ser utilizado para despesas or-
A aquisição será classificada como material de consu-
çamentárias com indenizações, exclusive as trabalhistas,
mo, na natureza da despesa 3.3.90.30, tendo em vista que
e restituições, devidas por órgãos e entidades a qualquer
são abarcadas pelo critério da fragilidade. Os  bens serão
título, inclusive devolução de receitas quando não for pos-
controlados como materiais de uso duradouro, por simples
sível efetuar essa devolução mediante a compensação com
relação‑carga, com verificação periódica das quantidades de
o crédito correspondente, bem como outras despesas de
itens requisitados, devendo ser considerado o princípio da natureza indenizatória não classificadas em elementos de
racionalização do processo administrativo para a instituição despesas específicos.
pública, ou seja, o custo do controle não pode exceder os O elemento de despesa específico deve ser utilizado
benefícios que dele decorram. na maioria das despesas cujo fato gerador tenha ocorrido
no exercício, possibilitando o conhecimento do objeto das
Serviços de Terceiros X Equipamentos/Bens Permanen- despesas da entidade. Já o uso dos elementos 92 e 93 são
tes/Material de Consumo utilizados eventualmente.
Na classificação da despesa de material por encomenda, Seguem alguns exemplos práticos para classificação nos
a  despesa orçamentária somente deverá ser classificada elementos 92, 93 e no elemento próprio:
como serviços de terceiros – elemento de despesa 36 (PF) a. Uma equipe de alunos e professores realiza uma via-
ou 39 (PJ)  – se o próprio órgão ou entidade fornecer a gem, para fins de pesquisa acadêmica, em ônibus de uma
matéria‑prima. Caso contrário, deverá ser classificada no universidade. Durante a viagem, o ônibus apresenta defeitos
elemento de despesa 52, em se tratando de confecção de e a despesa para o seu conserto ultrapassa o valor conce-
Orçamento Público

material permanente, ou no elemento de despesa 30, se dido a título de suprimentos de fundos. O motorista, para
material de consumo. dar continuidade à viagem, paga com seu próprio recurso a
Algumas vezes ocorrem dúvidas, em virtude de divergên- diferença entre o valor total do conserto e o suprimento con-
cias entre a adequada classificação da despesa orçamentária cedido. Nessa situação, ao retornar à Universidade, o gestor
e o tipo do documento fiscal emitido pela contratada (Ex.: responsável deve restituir o servidor, por meio de despesa
Nota Fiscal de Serviço, orçamentária, empenhada no elemento 93.
Nota Fiscal de Venda ao Consumidor etc.). Nesses casos, b. Moradores de uma comunidade solicitam diversas
a contabilidade deve procurar bem informar, seguindo, se for vezes que a prefeitura corte uma árvore que está com sua
necessário para tanto, a essência ao invés da forma e bus- estrutura ameaçada. Após dois meses da primeira solicita-

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ção, a prefeitura não atende à demanda da comunidade e As modalidades de aplicação utilizadas para a entrega de
a árvore cai em cima de um carro de um cidadão, que pede recursos financeiros por meio de transferências são:
uma indenização à prefeitura. Nessa situação, constatada a • 20 – Transferências à União
responsabilidade da prefeitura, é emitido um empenho no • 30 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal
elemento 93, por caracterizar‑se uma indenização. • 31 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal –
c. Uma entidade contrata uma prestação de serviços de Fundo a Fundo
limpeza para o período de janeiro a outubro, empenhando • 40 – Transferências a Municípios
a respectiva despesa no elemento próprio 39 (serviços de • 41 – Transferências a Municípios – Fundo a Fundo
terceiros – pessoa jurídica). Em novembro, a entidade não • 50  – Transferências a Instituições Privadas sem Fins
renova em tempo o contrato e a empresa contratada mantém Lucrativos
a prestação de serviços sem o suporte orçamentário. Somen- • 60  – Transferências a Instituições Privadas com Fins
te em dezembro é realizado novo contrato, regularizando Lucrativos
a situação. Sem deixar de considerar os impactos legais,
a entidade deve empenhar a despesa relativa à prestação Essas modalidades de aplicação devem ser associadas
de serviços em novembro (dentro do exercício), realizada com os elementos de despesa que não representem contra-
sem contrato, no elemento próprio que retrate a prestação prestação direta em bens ou serviços. Tais elementos são:
de serviços, ou seja, no elemento 39. Nesse caso, não deve • 41  – Contribuições  – utilizado para transferências
ser utilizado o elemento 93, pois a despesa está sendo paga correntes e de capital aos entes da Federação e a
diretamente à empresa contratada por conta de uma rela- entidades privadas sem fins lucrativos, exceto para
ção contratual, mesmo observado que a relação contenha os serviços essenciais de assistência social, médica e
vícios de legalidade e que se saliente o dever dos mesmos educacional;
serem sanados, visto que não deve a Administração Pública • 42 – Auxílios – utilizado para transferências de capital
locupletar‑se com o serviço prestado por outrem. Assim, aos entes da Federação e a entidades privadas sem
resta claro que não há natureza de restituição decorrente fins lucrativos;
de valores pagos a maior ou mesmo indevidos por parte da • 43 – Subvenções Sociais – utilizado para transferên-
empresa prestadora de serviços, nem ação ou omissão do cias às entidades privadas sem fins lucrativos para
ente público que mereça reparação por danos morais ou ma- os serviços essenciais de assistência social, médica e
teriais. Caso tal despesa venha a ser empenhada no exercício educacional;
seguinte à prestação de serviços, utilizar‑se‑á o elemento 92. • 45 – Subvenções Econômicas – utilizado para transfe-
d. Em janeiro, um servidor percebe que não recebe o rências, exclusivamente, a entidades privadas com fins
auxílio alimentação por 10 meses e requer que a entidade lucrativos;
• 81 – Distribuição Constitucional ou Legal de Receitas –
realize o pagamento retroativo. Nessa situação, a entidade
utilizado para transferências aos entes da Federação
deverá empenhar a respectiva despesa no elemento 92, por
em decorrência de determinação da Constituição ou
caracterizar uma despesa de exercício anterior.
estabelecida em lei.
Classificação Orçamentária das Transferências e Dele-
É importante destacar que, em âmbito Federal, o art. 63
gações de Execução Orçamentária (Exceto para Instituições
do Decreto nº  93.872/1986 associa, em seus §§  1º e 2º,
Multigovernamentais e Consórcios)
respectivamente, os auxílios à Lei de Orçamento e as con-
As duas formas de movimentação de recursos financeiros tribuições a lei especial.
entre entes da Federação ou entre estes e entidades privadas Observa‑se também que, em âmbito da Federação,
ou consórcios públicos são: as transferências propriamente geralmente as contribuições são associadas a despesas
ditas; e delegações de execução orçamentária. Algumas correntes, juntamente com as subvenções, e os auxílios a
vezes ocorrem dúvidas quanto à classificação orçamentária despesas de capital.
dessas movimentações nos entes transferidores. Nesses
casos, é preciso detalhar a situação específica para que a Delegação
classificação seja determinada. Para fins deste tópico, entende‑se por delegação a en-
É importante destacar que os arts. 25 e 26 da LRF esta- trega de recursos financeiros a outro ente da Federação ou
belecem regras, respectivamente, para transferências volun- a consórcio público para execução de ações de responsabi-
tárias (entre entes da Federação) e destinação de recursos lidade ou competência do ente delegante. Deve observar
para entidades privadas que devem ser observadas pelos a legislação própria do ente e as designações da Lei de
referidos entes transferidores. Diretrizes Orçamentárias, materializando‑se em situações
O tratamento dado à movimentação de recursos para em que o recebedor executa ações em nome do transferidor.
consórcios públicos ou instituições multigovernamentais, Os bens ou serviços gerados ou adquiridos com a apli-
decorrente ou não de contrato de rateio, é apresentado na cação desses recursos pertencem ou se incorporam ao
seção seguinte. patrimônio de quem os entrega, ou seja, do transferidor.
As modalidades de aplicação utilizadas para a entrega de
Transferência recursos financeiros por meio de delegação orçamentária,
Orçamento Público

A designação “transferência”, nos termos do art.  12 em geral, são:


da Lei nº  4.320/1964, corresponde à entrega de recursos • 22 – Execução Orçamentária Delegada à União
financeiros a outro ente da Federação, a consórcios públicos • 32 – Execução Orçamentária Delegada a Estados e ao
ou a entidades privadas, com e sem fins lucrativos, que não Distrito Federal
corresponda contraprestação direta em bens ou serviços • 42 – Execução Orçamentária Delegada a Municípios
ao transferidor.
Os bens ou serviços gerados ou adquiridos com a apli- As modalidades de aplicação de delegação orçamentária
cação desses recursos pertencem ou se incorporam ao (22, 32 e 42) não podem estar associadas com os elementos
patrimônio do ente ou da entidade recebedora. de despesa de contribuições (41), auxílios (42), subvenções

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(43 e 45) ou distribuição constitucional ou legal de receitas • 51 – Obras e Instalações
(81), visto que os referidos elementos pressupõem a ine- • 52 – Equipamentos e Material Permanente
xistência de contraprestação direta em bens ou serviços.
As naturezas de despesas formadas com tais modalidades É importante dissociar a forma de pactuação da movimen-
de aplicação deverão conter os elementos de despesa es- tação de recursos do meio ou instrumento pelo qual ela se
pecíficos (EE), representativos de “gastos efetivos”, como os materializa. Deste modo, uma delegação (forma) pode ser ma-
relacionados abaixo, de forma exemplificativa: terializada por meio de um convênio (meio ou instrumento).
• 30 – Material de Consumo Ressalte‑se que, em geral, as transferências, de que trata
• 31 – Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Des- o art.  12 da Lei nº  4.320/1964, devem ser realizadas, em
portivas e Outras termos de ação orçamentária, por meio de operações es-
• 32 – Material, Bem ou Serviço para Distribuição Gra- peciais, enquanto as delegações devem referir‑se a projetos
tuita e atividades. Com vistas a facilitar o entendimento sobre a
• 33 – Passagens e Despesas com Locomoção forma de classificação orçamentária das entregas de recur-
• 34 – Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Con- sos, apresenta‑se quadro esquemático a seguir. Destaca‑se
tratos de Terceirização que, aparte da grande utilidade prática do quadro, nem
• 35 – Serviços de Consultoria todas as situações passíveis de ocorrência no setor público
• 36 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Física encontram‑se nele contempladas.
• 37 – Locação de Mão‑de‑Obra A seguir, apresentamos quadro demonstrativo de proce-
• 38 – Arrendamento Mercantil dimentos para classificação orçamentária das transferências
• 39 – Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica e delegações de execução orçamentária.

Classificação Orçamentária das Movimentações para Instituições Multigovernamentais, Consórcios Públicos e sua
Contratação Direta
As instituições multigovernamentais e os consórcios públicos recebem recursos por meio de execução orçamentária
dos entes consorciados ou mesmo de entidades externas à sua composição. Para tal, os entes fazem uso das modalidades
de aplicação apresentadas a seguir.

Classificação Orçamentária das Movimentações para Instituições Multigovernamentais, Consórcios Públicos e


sua Contratação Direta
Modalidade de Aplicação Situação de uso
70 – Transferências a instituições multigovernamentais Utilizada para a entrega de recursos a consórcios públicos
e instituições multigovernamentais, que não seja decor-
rente de delegação ou de rateio pela participação do ente.
Orçamento Público

71  – Transferências a Consórcios Públicos mediante Utilizada para entrega de recursos exclusivamente aos con-
contrato de rateio sórcios públicos dos quais o ente transferidor faça parte,
correspondente ao rateio das despesas decorrentes da
participação do ente no respectivo consórcio, conforme
previsto no correspondente contrato de rateio, e que não
guarde relação com as transferências decorrentes de res-
tos a pagar cancelados e de complementação de aplica-
ções mínimas de que tratam, respectivamente, os artigos
nº 24 e 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012.

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72  – Execução orçamentária delegada a consórcios Utilizada, exclusivamente, no caso de delegação da execu-
públicos ção de ações de competência ou responsabilidade do ente
delegante (ente transferidor), seja para instituição multi-
governamental ou para consórcio do qual participe como
consorciado ou não.
73  – Transferências a Consórcios Públicos mediante Utilizada para entrega de recursos aos consórcios públicos
contrato de rateio à conta de recursos de que tratam dos quais o ente transferidor faça parte, correspondente
os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, ao rateio das despesas decorrentes da participação do
de 2012 ente, à  conta de recursos referentes aos restos a pagar
considerados para fins da aplicação mínima em ações e
serviços públicos de saúde e posteriormente cancelados
ou prescritos, de que tratam os dos §§ 1º e 2º do artigo
nº 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012.
74  – Transferências a Consórcios Públicos mediante Utilizada para entrega de recursos aos consórcios públicos
contrato de rateio à conta de recursos de que trata o dos quais o ente transferidor faça parte, correspondente
art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012 ao rateio das despesas decorrentes da participação do
ente, à  conta de recursos referentes à diferença da apli-
cação mínima em ações e serviços públicos de saúde que
deixou de ser aplicada em exercícios anteriores, de que
trata o artigo nº 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012.
75  – Transferências a Instituições Multigovernamen- Utilizada, exclusivamente, para situações relacionadas à
tais à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º do transferência de recursos financeiros a entidades criadas
art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012 e mantidas por dois ou mais entes da Federação, exclusi-
ve as transferências relativas à modalidade de aplicação 73
(Transferências a Consórcios Públicos mediante contrato
de rateio à conta de recursos de que tratam os §§ 1º e 2º
do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 2012), à con-
ta de recursos referentes aos restos a pagar considerados
para fins da aplicação mínima em ações e serviços públicos
de saúde e posteriormente cancelados ou prescritos, de
que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar
nº 141, de 13 de janeiro de 2012.
76  – Transferências a Instituições Multigovernamen- Utilizada, exclusivamente, para as transferências de recur-
tais à conta de recursos de que trata o art. 25 da Lei sos financeiros a entidades criadas e mantidas por dois
Complementar nº 141, de 2012 ou mais entes da Federação, exclusive as transferências
relativas à modalidade de aplicação 74 (Transferências a
Consórcios Públicos mediante contrato de rateio à conta
de recursos de que trata o art.  25 da Lei Complementar
nº 141, de 2012), à conta de recursos referentes à diferen-
ça da aplicação mínima em ações e serviços públicos de
saúde que deixou de ser aplicada em exercícios anteriores,
de que tratam o art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 13
de janeiro de 2012.
93 – Aplicação direta decorrente de operação de ór- Corresponde a um desdobramento  da modalidade de
gãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos aplicação 90, utilizada quando da aplicação direta de re-
fiscal e da seguridade social com consórcio público do cursos decorrentes de contratação de consórcio público
qual o ente participe do qual o ente participe, conforme regramento legal (Lei
nº 8.666/93).
94 – Aplicação direta decorrente de operação de ór- Corresponde a um desdobramento da modalidade de apli-
gãos, fundos e entidades integrantes dos orçamentos cação 90, utilizada quando da aplicação direta de recur-
fiscal e da seguridade social com consórcio público do sos decorrentes de contratação de consórcio público do
qual o ente não participe qual o ente não participe, conforme regramento legal (Lei
nº 8.666/93).

Desse modo, para efetuar a classificação orçamentária por natureza da despesa dos recursos movimentados para os
consórcios públicos e a sua contratação direta, deve‑se levar em consideração sua relação com o ente. Com isso, tais mo-
vimentações serão classificadas conforme o quadro a seguir:
Orçamento Público

Classificação Orçamentária das Movimentações para Instituições Multigovernamentais, Consórcios


Públicos e sua Contratação Direta
É Aporte de Recur-
Ato Praticado Classificação por Natureza da
Quem é o sos, Contratação
Junto ao Despesa no Ente Transferidor dos
Recebedor? Direta, Delegação
Recebedor Recursos Financeiros
ou Transferência?
3.1.71.70 3.3.71.70
Aporte (Rateio)
4.4.71.70 4.5.71.70

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Transferência 3.1.73.70 3.3.73.70
Saúde – RP Cance-
lados 4.4.73.70 4.5.73.70
(LC nº 141/2012)
Consórcio Público Via
Contrato de Rateio Transferência 3.1.74.70 3.3.74.70
Saúde – Comple-
mentaçã o de Apli-
Transferência de cação Mínima 4.4.74.70 4.5.74.70
Recursos Finan- (LC nº 141/2012)
ceiros
Transferência Saúde 3.3.75.41
OU – RP Cancelados
(LC nº 141/2012) 4.4.75.41/42 4.5.75.41/42

Entrega de Recur- Transferência Saú- 3.3.76.41


sos Financeiros de – Complementa-
çã o de Aplicação
Mínima 4.4.76.41/42 4.5.76.41/42
OU
(LC nº 141/2012)
Repasse de Recur- 3.3.70.41
Demais Consórcios e Transferência
sos Financeiros 4.4.70.41/42 4.5.70.41/42
Instituições Multigo-
vernamentais 3.3.72.EE
OU Delegação
4.4.72.EE 4.5.72.EE
Contratação Direta Contratação Direta 3.3.94.EE
de Consórcio do
Qual o Ente Não 4.4.94.EE 4.5.94.EE
Participe
Contratação 3.3.93.EE
Direta de Consór-
cio do Qual o Ente 4.4.93.EE 4.5.93.EE
Participe

Assim, para a correta classificação orçamentária da Por fim, há a possibilidade de contratação direta de
entrega de recursos a consórcios públicos e instituições consórcio público, diferenciando‑se aqueles dos quais o
multigovernamentais, faz‑se necessário identificar inicial- ente participa (modalidade de aplicação 93) daqueles dos
mente se a movimentação de recursos se refere a contrato quais o ente não participa (modalidade de aplicação 94).
de rateio por participação em consórcio público ou não. Em ambos os casos, o elemento de despesa a ser associado
Sendo relativos a contrato de rateio, há de ser observado se à modalidade de aplicação deverá individualizar o objeto do
o recurso guarda relação com os limites mínimos de saúde, gasto. Caso o consórcio público seja contratado à conta dos
conforme definições da Lei Complementar nº  141/2012, recursos de que trata os §§ 1º e 2º do art. 24 e o art. 25 da
separando‑se, nesse caso, aqueles relacionados aos restos Lei Complementar nº 141, de 2012, não serão utilizadas as
a pagar cancelados (modalidade de aplicação 73) dos recur- modalidades de aplicação “93” e “94”, mas as “95” e “96”,
sos relacionados à complementação de aplicações mínimas descritas na seção seguinte.
em saúde referentes ao exercício anterior (modalidade de
aplicação 74). Os  demais aportes relativos a contrato de Classificação Orçamentária das despesas para fins de
rateio serão classificados na modalidade de aplicação 71. aplicação em Saúde – Lei Complementar nº 141/2012
Ressalta‑se que todas essas modalidades de aportes de A Lei Complementar nº 141/2012, que dispõe, dentre
recursos são associadas ao elemento de despesa 70 (Rateio outros assuntos, sobre os valores mínimos a serem aplicados
pela participação em Consórcio Público). pelo setor público em ações e serviços de saúde, estabeleceu
Não havendo relação com o contrato de rateio, há de critérios para a evidenciação da aplicação mínima desses
se observar se a situação corresponde a uma transferência recursos. Desse modo, conforme apresentado em seu art. 24,
conforme disposições dos arts. 24 e 25 da Lei Complementar faz uso da execução da despesa orçamentária para apuração
nº  141/2012, separando‑se, nesse caso, as  transferências do cumprimento destes limites:
decorrentes da cobertura de restos a pagar cancelados
(modalidade de aplicação 75) daquelas decorrentes da com- Art. 24. Para efeito de cálculo dos recursos mínimos
plementação de aplicações mínimas em saúde referentes ao a que se refere esta Lei Complementar, serão con-
exercício anterior (modalidade de aplicação 76). Os demais sideradas:
aportes são classificados na modalidade de aplicação 70. I - as despesas liquidadas e pagas no exercício; e
Orçamento Público

Essas três modalidades são associadas a elementos de con- II - as despesas empenhadas e não liquidadas, inscri-
tribuições (41) ou auxílios (42). tas em Restos a Pagar até o limite das disponibilidades
Ainda, nos casos em que não haja relação com o con- de caixa ao final do exercício, consolidadas no Fundo
trato de rateio, há de se observar se há ou não delegação de Saúde.
ou descentralização orçamentária. Havendo, a classificação
será composta pela modalidade de aplicação 72 (Execução Tal critério, contudo, faz com que haja a possibilidade de
Orçamentária Delegada a Consórcios Públicos), conjugada cancelamento de restos a pagar, particularmente dos não
com um elemento de despesa específico que represente processados, que se encontravam computados nos limites
gasto efetivo (30, 39, 51 etc.). mínimos de saúde do exercício de sua inscrição. Ademais,

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também existe a possibilidade do não cumprimento dos mínimos previstos nesta Lei Complementar deverá,
limites mínimos de aplicação em saúde por meio da não observado o disposto no inciso II do parágrafo único
aplicação tempestiva dos recursos destinados à saúde. Nesse do art. 160 da Constituição Federal, ser acrescida ao
sentido, a  Lei estabeleceu mecanismos de compensação, montante mínimo do exercício subsequente ao da
expostos a seguir: apuração da diferença, sem prejuízo do montante
mínimo do exercício de referência e das sanções
Art. 24. Para efeito de cálculo dos recursos mínimos cabíveis.
a que se refere esta Lei Complementar, serão consi-
deradas: [...] Para evidenciar essas aplicações, faz‑se uso das moda-
§ 1º A disponibilidade de caixa vinculada aos Restos lidades “95” e “96”, quando se referir à aplicação direta à
a Pagar, considerados para fins do mínimo na forma conta dos recursos de que trata os §§ 1º e 2º do art. 24 e o
do inciso II do caput e posteriormente cancelados ou art. 25 da Lei Complementar nº 141, de 2012. Além disso,
prescritos, deverá ser, necessariamente, aplicada em pode ser necessária a utilização de modalidades de aplicação
ações e serviços públicos de saúde. específicas relativas a transferências. Tais modalidades de
Art. 25. Eventual diferença que implique o não aten- aplicação, direta ou por meio de transferência, são apre-
dimento, em determinado exercício, dos recursos sentadas a seguir:

Classificação Orçamentária das Despesas para Fins de Aplicação em Saúde


Lei Complementar nº 141/2012
Modalidade de Aplicação Situação de uso
35 – Transferência fundo a fundo aos estados e ao dis- Modalidade de aplicação utilizada,
trito federal à conta de recursos referentes aos restos a exclusivamente, para transferência de recursos finan-
pagar considerados para fins da aplicação mínima em ceiros da União ou dos Municípios aos Estados e ao
ações e serviços públicos de saúde e posteriormente Distrito Federal por intermédio da modalidade fundo a
cancelados ou prescritos. fundo, à conta de recursos referentes aos restos a pagar
considerados para fins da aplicação mínima em ações e
serviços públicos de saúde e posteriormente cancela-
dos ou prescritos, de que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24
da Lei Complementar nº 141, de 2012.”
36 – Transferência fundo a fundo aos estados e ao dis- Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
trito federal à conta recursos referentes à diferença da para transferência de recursos financeiros da União ou
aplicação mínima em ações e serviços públicos de saú- dos Municípios aos Estados e ao Distrito Federal por
de que deixou de ser aplicada em exercícios anteriores. intermédio da modalidade fundo a fundo, à  conta de
recursos referentes à diferença da aplicação mínima em
ações e serviços públicos de saúde que deixou de ser
aplicada em exercícios anteriores, de que trata o art. 25
da Lei Complementar nº 141, de 2012.
45 – Transferência fundo a fundo aos municípios à con- Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
ta de recursos referentes aos restos a pagar considera- para transferência de recursos financeiros da União,
dos para fins da aplicação mínima em ações e serviços dos Estados ou do Distrito Federal aos Municípios por
públicos de saúde e posteriormente cancelados ou intermédio da modalidade fundo a fundo, à conta de re-
prescritos. cursos referentes aos restos a pagar considerados para
fins da aplicação mínima em ações e serviços públicos
de saúde e posteriormente cancelados ou prescritos, de
que tratam os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complemen-
tar nº 141, de 2012.
46 – Transferência fundo a fundo aos municípios à con- Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
ta de recursos referentes à diferença da aplicação míni- para transferência de recursos financeiros da União,
ma em ações e serviços públicos de saúde que deixou dos Estados ou do Distrito Federal aos Municípios por
de ser aplicada em exercícios anteriores. intermédio da modalidade fundo a fundo, à  conta de
recursos referentes à diferença da aplicação mínima em
ações e serviços públicos de saúde que deixou de ser
aplicada em exercícios anteriores de que trata o art. 25
da Lei Complementar nº 141, de 2012.
73  – Transferências a Consórcios Públicos median- Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
te contrato de rateio para fins da Lei Complementar para transferência de recursos financeiros a entidades
nº 141/2012 – art. 24 criadas sob a forma de consórcios públicos nos termos
Orçamento Público

da Lei nº  11.107, de 6 de abril de 2005, por meio de


contrato de rateio, à conta de recursos referentes aos
restos a pagar considerados para fins da aplicação míni-
ma em ações e serviços públicos de saúde e posterior-
mente cancelados ou prescritos, de que tratam §§  1º
e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141, de 13 de
janeiro de 2012, observado o disposto no § 1º do art. 11
da Portaria STN nº 72, de 1º de fevereiro de 2012.

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74  – Transferências a Consórcios Públicos median- Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
te contrato de rateio para fins da Lei Complementar para transferência de recursos financeiros a entidades
nº 141/2012 – art. 25 criadas sob a forma de consórcios públicos nos ter-
mos da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, por meio
de contrato de rateio, à conta de recursos referentes
à diferença da aplicação mínima em ações e serviços
públicos de saúde que deixou de ser aplicada em exer-
cícios anteriores, de que trata o art. 25 da Lei Comple-
mentar nº 141, de 2012, observado o disposto no § 1º
do art. 11 da Portaria STN no 72, de 2012.
75 – Transferências a instituições multigovernamentais Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
à conta de recursos referentes aos restos a pagar consi- para transferência de recursos financeiros a entidades
derados para fins da aplicação mínima em ações e servi- criadas e mantidas por dois ou mais entes da Fede-
ços públicos de saúde e posteriormente cancelados ou ração ou por dois ou mais países, inclusive o Brasil,
prescritos. exclusive as transferências relativas à modalidade de
aplicação 73 (Transferências a Consórcios Públicos me-
diante contrato de rateio à conta de recursos de que
tratam os §§  1º e 2º do art.  24 da Lei Complemen-
tar nº  141, de 2012), à  conta de recursos referentes
aos restos a pagar considerados para fins da aplicação
mínima em ações e serviços públicos de saúde e pos-
teriormente cancelados ou prescritos, de que tratam
os §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Complementar nº 141,
de 2012.
76 – Transferências a instituições multigovernamentais Modalidade de aplicação utilizada, exclusivamente,
à conta de recursos referentes à diferença da aplicação para transferência de recursos financeiros a entidades
mínima em ações e serviços públicos de saúde que dei- criadas e mantidas por dois ou mais entes da Fede-
xou de ser aplicada em exercícios anteriores. ração ou por dois ou mais países, inclusive o Brasil,
exclusive as transferências relativas à modalidade de
aplicação 74 (Transferências a Consórcios Públicos me-
diante contrato de rateio à conta de recursos de que
trata o art. 25 da Lei Complementar no 141, de 2012),
à  conta de recursos referentes à diferença da aplica-
ção mínima em ações e serviços públicos de saúde
que deixou de ser aplicada em exercícios anteriores,
de que trata o art.  25 da Lei Complementar nº  141,
de 2012.
95 – Aplicação Direta à conta de recursos referentes aos Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos
restos a pagar considerados para fins da aplicação míni- créditos a ela alocados ou oriundos de descentra-
ma em ações e serviços públicos de saúde e posterior- lização de outras entidades integrantes ou não dos
mente cancelados ou prescritos Orçamentos Fiscal ou da Seguridade Social, no âmbi-
to da mesma esfera de governo, à conta de recursos
referentes aos restos a pagar considerados para fins
da aplicação mínima em ações e serviços públicos de
saúde e posteriormente cancelados ou prescritos,
nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 24 da Lei Comple-
mentar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Os consór-
cios públicos também podem utilizar esta modalida-
de de aplicação.
96 – Aplicação Direta à conta de recursos referentes à Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos cré-
diferença da aplicação mínima em ações e serviços pú- ditos a ela alocados ou oriundos de descentralização
blicos de saúde que deixou de ser aplicada em exercí- de outras entidades integrantes ou não dos Orçamen-
Orçamento Público

cios anteriores tos Fiscal ou da Seguridade Social, no âmbito da mes-


ma esfera de governo, à conta de recursos referentes
à diferença da aplicação mínima em ações e serviços
públicos de saúde que deixou de ser aplicada em exer-
cícios anteriores, nos termos do art. 25 da Lei Comple-
mentar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Os consór-
cios públicos também podem utilizar esta modalidade
de aplicação.

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A composição das naturezas de despesa relativas a tais transferências é apresentada no quadro a seguir:

O ente partícipe de um consórcio público formado à luz A inscrição de restos a pagar deve observar as disponibi-
da Lei nº 11.107/2005, quando da reposição de restos a pagar lidades financeiras e condições da legislação pertinente, de
cancelados ou prescritos ou da aplicação adicional em ações modo a prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar
e serviços públicos de saúde deverá utilizar as modalidades o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na
de aplicação “73” ou “74”, caso se refira a contrato de rateio. Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Ressalta‑se que a apuração do limite de saúde em consórcios Assim, observa‑se que, embora a LRF não aborde o mé-
públicos desse tipo se dá na execução pelo consórcio público, rito do que pode ou não ser inscrito em restos a pagar, veda
o  qual utilizará as modalidades de aplicação “95” e “96”, contrair obrigação no último ano do mandato do governante
quando for o caso. Caso as transferências tratadas neste tó- sem que exista a respectiva cobertura financeira, eliminando
pico sejam direcionadas a instituições multigovernamentais desta forma as heranças fiscais onerosas, conforme disposto
(exceto consórcios públicos), as modalidades de aplicação no seu art. 42:
correspondentes serão as “75” e “76”.
Caso o consórcio público seja contratado diretamente, Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão refe-
à conta dos recursos de que trata os §§ 1º e 2º do art. 24 rido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do
e o art.  25 da Lei Complementar nº  141/2012, não serão seu mandato, contrair obrigação de despesa que
utilizadas as modalidades de aplicação “93” e “94”, mas as não possa ser cumprida integralmente dentro dele,
“95” e “96”. ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício
seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de
Restos a Pagar caixa para este efeito.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade
São Restos a Pagar todas as despesas regularmente em- de caixa serão considerados os encargos e despesas
penhadas, do exercício atual ou anterior, mas não pagas ou compromissadas a pagar até o final do exercício.
canceladas até 31 de dezembro do exercício financeiro vigen-
te. Distingue‑se dois tipos de restos a pagar: os processados De tal forma, a norma estabelece que, no encerramento
(despesas já liquidadas); e os não processados (despesas a do exercício, a parcela da despesa orçamentária que se en-
liquidar ou em liquidação). contrar empenhada, mas ainda não paga, poderá ser inscrita
A continuidade dos estágios de execução dessas despesas em restos a pagar.
ocorrerá no próximo exercício, devendo ser controlados em O raciocínio implícito na lei é de que, de forma geral,
contas de natureza de informação orçamentária específicas. a  receita orçamentária a ser utilizada para pagamento da
Orçamento Público

Nessas contas constarão as informações de inscrição, exe- despesa orçamentária já deve ter sido arrecadada em deter-
cução (liquidação e pagamento) e cancelamento. Também, minado exercício, anteriormente à realização dessa despesa.
haverá tratamento específico para o encerramento, transfe- Com base nessa premissa, assim como a receita orçamentária
rência e abertura de saldos entre o exercício financeiro que que ampara o empenho da despesa orçamentária pertence
se encerra e o que inicia. ao exercício de sua arrecadação e serviu de base, dentro do
princípio do equilíbrio orçamentário, para a fixação da des-
Inscrição dos Restos a Pagar pesa orçamentária pelo Poder Legislativo, a despesa que for
No fim do exercício, as despesas orçamentárias empe- empenhada com base nesse crédito orçamentário também
nhadas e não pagas serão inscritas em restos a pagar. deverá pertencer ao referido exercício.

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Observe‑se, no entanto, que o critério de definição do que serão, ao  encerramento do exercício, inscritas como
exercício financeiro para alocar a despesa orçamentária não restos a pagar não processados; e
será o pagamento da mesma, e sim o seu empenho. Despesas liquidadas: consideradas aquelas empenhadas
Considerando‑se que determinada receita tenha sido ar- e em que houve a entrega do material ou serviço, nos termos
recadada e permaneça no caixa, integrando o ativo financeiro do art. 63 da Lei nº 4.320/1964.
do ente público ao fim do exercício, e que exista, concomi- O impacto da inscrição em restos a pagar no Balanço Pa-
tantemente, despesa empenhada com a ocorrência de fato trimonial é abordado na Parte V – Demonstrações Contábeis
gerador, mas sem a correspondente liquidação, deverá ser Aplicadas ao Setor Público do MCASP.
registrado o passivo financeiro correspondente ao empenho,
atendidos os demais requisitos legais. Caso contrário, o ente Restos a Pagar Não Processados (RPNP)
público apresentará no balanço patrimonial, sob a ótica da Serão inscritas em restos a pagar não processados as
Lei nº 4.320/1964, ao fim do exercício, superávit financeiro despesas não liquidadas, nas seguintes condições:
indevido. Se este procedimento não for realizado, tal superá- O serviço ou material contratado tenha sido prestado
vit financeiro indevido poderá servir de fonte para abertura ou entregue e que se encontre, em  31 de dezembro de
de crédito adicional no ano seguinte, na forma prevista na cada exercício financeiro em fase de verificação do direito
29
lei . Porém, a receita que permaneceu no caixa na abertura adquirido pelo credor (despesa em liquidação); ou
do exercício seguinte estará comprometida com o empenho O prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo
que foi inscrito em restos a pagar e, portanto, não poderá
credor estiver vigente (despesa a liquidar).
ser utilizada para abertura de novo crédito, o que ocasionará
A inscrição de despesa em restos a pagar não proces-
problemas para a Administração.
sados é realizada após a anulação dos empenhos que não
Dessa forma, para atendimento da Lei nº 4.320/1964,
é necessário o reconhecimento do passivo financeiro quando serão inscritos em virtude de restrição em norma do ente
verificada a ocorrência do fato gerador da obrigação patrimo- da Federação, ou seja, verifica‑se quais despesas devem
nial, mesmo não se tratando de obrigação presente por falta ser inscritas em restos a pagar e anula‑se as demais. Após,
do implemento de condição, o qual somente se verificará inscreve-se os restos a pagar não processados do exercício.
com a devida liquidação. As despesas empenhadas e ainda não liquidadas, para efeito
Como exemplo, considere‑se os seguintes fatos a serem do adequado tratamento contábil, são divididas entre “a li-
registrados na contabilidade de determinado ente público: quidar” e “em liquidação”. Essa distinção depende da correta
identificação da ocorrência do fato gerador da obrigação a
Recebimento de receitas tributárias no valor de R$ ser reconhecida.
1.000,00; Para maior compreensão sobre a ocorrência da obriga-
Empenho da despesa no valor de R$ 900,00; ção patrimonial e seu respectivo fato gerador, bem como a
Liquidação de despesa corrente no valor de R$ 700,00; e estrutura e funcionamento da fase da despesa orçamentária
Inscrição de Restos a Pagar, sendo R$ 700,00 de Restos “em liquidação”, deve‑se consultar o item 4.4 deste capítulo,
a Pagar Processado e R$ 200,00 de Restos a Pagar Não Pro- bem como o item 3.4 – Crédito Empenhado em Liquidação,
cessado (900-700). da Parte IV – PCASP do MCASP.
As despesas empenhadas a liquidar são aquelas cujo
O ingresso no caixa corresponderá a receita orçamentá- prazo para cumprimento da obrigação, assumida pelo
ria. O empenho da despesa é ato que potencialmente afetará credor (contratado), encontra‑se vigente, ou seja, ainda
o patrimônio. Deverá ser criado um passivo financeiro que não ocorreu o fato gerador da obrigação patrimonial para
comprometerá o ativo financeiro, diminuindo o valor do o ente, estando pendente de entrega do material ou do
superávit financeiro, caso se verifique a realização do fato serviço adquirido.
gerador patrimonial. Após o implemento de condição e a As despesas empenhadas em liquidação são aquelas em que
verificação do direito adquirido pelo credor, deve‑se verificar houve o adimplemento da obrigação pelo credor (contrata-
os possíveis efeitos sobre o patrimônio. do), caracterizado pela entrega do material ou prestação do
Seguindo o procedimento acima descrito, o registro da serviço, estando na fase de verificação do direito adquirido,
despesa orçamentária ao longo do exercício deve ser reali- ou seja, tem‑se a ocorrência do fato gerador da obrigação
zado nas contas de natureza de informação orçamentária no patrimonial, todavia, ainda não se deu a devida liquidação.
momento do empenho, ao passo que nas contas de natureza O cancelamento das despesas empenhadas em liqui-
de informação patrimonial deve‑se verificar a necessidade de dação deve ser criterioso, tendo em vista que o fornecedor
assunção de passivo financeiro, de acordo com a ocorrência de bens/serviços cumpriu com a obrigação de fazer e a
do fato gerador da obrigação patrimonial. Administração está em fase de avaliação da prestação do
Dessa forma, na situação acima descrita, todas as des- serviço ou entrega do material. Tal cancelamento pode gerar
pesas serão inscritas em restos a pagar, segregadas entre
a devolução do material recebido, indenização ou não dos
“liquidadas e não pagas” e “não liquidadas”. Assim, o total
serviços já realizados, observada a legislação pertinente.
de restos a pagar inscrito será de R$ 900,00, sendo R$ 700,00
referentes a restos a pagar processados (liquidados) e R$
200,00 (900-700) referentes a restos a pagar não processados Restos a Pagar Processados (RPP)
(não liquidados). Com isso, para o exemplo acima, tem‑se Serão inscritas em restos a pagar processados as despe-
Orçamento Público

superávit financeiro de R$ 100,00, que corresponde à dife- sas liquidadas e não pagas no exercício financeiro, ou seja,
rença entre a receita arrecadada de R$ 1.000,00 e a despesa aquelas em que o serviço, a obra ou o material contratado
empenhada de R$ 900,00. tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante,
Assim, para maior transparência, as despesas executadas nos termos do art. 63 da Lei nº 4.320/1964.
devem ser segregadas em: No caso das despesas orçamentárias inscritas em restos
Despesas não liquidadas: aquelas empenhadas, mas que a pagar processados, verifica‑se na execução o cumprimento
não cumpriram os termos do art. 63 da Lei nº 4.320/1964, dos estágios de empenho e liquidação, restando pendente
apenas  o pagamento. Neste caso, em geral, não podem
Lei nº 4.320/1964, art. 43, §1º, inciso I.
29 ser cancelados, tendo em vista que o fornecedor de bens

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ou serviços satisfez a obrigação de fazer e a Administração Natureza da informação: orçamentária
conferiu essa obrigação. Portanto, não poderá deixar de D 5.3.1.7.x.xx.xx RP não processados – inscrição no
exercer a obrigação de pagar, salvo motivo previsto na le- exercício
gislação pertinente. C 6.3.1.7.2.xx.xx RP não processados em liquidação –
inscrição no exercício
Estágios da Execução dos Restos a Pagar
A execução da despesa orçamentária ocorre em três está- Inscrição De Restos a Pagar Processados
gios: empenho, liquidação e pagamento, na forma prevista na Ocorrido o fato gerador da obrigação e procedido o
Lei nº 4.320/1964. A despesa orçamentária inscrita em restos estágio da liquidação antes do término do exercício em
a pagar também atenderá esses estágios, considerando que: curso, as despesas deverão ser registradas ao fim do exer-
Restos a Pagar Não Processados: foram empenhados, cício como RP Processados “a pagar”, conforme modelo de
pendentes de liquidação e pagamento; Restos a Pagar Pro- contabilização:
cessados: foram empenhados e liquidados, pendentes de
Natureza da informação: orçamentária
pagamento.
D 6.2.2.1.3.03.xx Credito empenhado liquidado a
Considerando a inclusão da fase “em liquidação”, as des-
pagar
pesas inscritas em restos a pagar não processados a liquidar C 6.2.2.1.3.07.xx Empenhos liquidados inscritos em
(não houve o fato gerador) poderão passar pela fase “em restos a pagar processados
liquidação”, caso o fato gerador ocorra antes da liquidação.
Registra‑se que os empenhos inscritos em restos a Natureza da informação: orçamentária
pagar ao final do exercício serão contabilizados nas contas: D 5.3.2.7.x.xx.xx RP processados  – inscrição no
6.3.1.7.1.xx.xx (RPNP a liquidar), 6.3.1.7.2.xx.xx (RPNP em exercício
liquidação) ou 6.3.2.7.x.xx.xx (RPP). No exercício seguinte, C 6.3.2.7.x.xx.xx RP processados  – inscrição no
os respectivos saldos serão transferidos paras as contas: exercício
6.3.1.1.x.xx.xx (RPNP a liquidar), 6.3.1.2.x.xx.xx (RPNP em
liquidação) e 6.3.2.1.x.xx.xx (RPP), quando então ocorrerá a Evidenciação da Ocorrência do Fato Gerador
execução das demais fases da despesa e registros contábeis. Ocorrido o fato gerador em exercício seguinte à inscri-
Ressalta‑se que os modelos apresentados não esgotam os ção, sem o registro da liquidação, o  RPNP a liquidar será
lançamentos contábeis para o tipo de operações em aná- reclassificado para “em liquidação”, conforme modelo de
lise. Para os demais procedimentos e registros contábeis, contabilização:
deve‑se seguir as regras estabelecidas na Parte IV – PCASP
do MCASP. Natureza da informação: patrimonial
D 1.x.x.x.x.xx.xx Ativo (P)
C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
Inscrição de Restos a Pagar Não Processados a Liquidar
ou
Registrado o empenho, mas não ocorrido o fato gerador
D 3.x.x.x.x.xx.xx VPD
da obrigação, e caso comprovadas as condições necessárias C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
para inscrição de restos a pagar, dar‑se‑á a inscrição de Restos
a Pagar Não Processados a liquidar, conforme modelo de Natureza da informação: orçamentária
contabilização: D 6.3.1.1.x.xx.xx RP não processados a liquidar
C 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquidação
Natureza da informação: orçamentária
D 6.2.2.1.3.01.xx Credito empenhado a liquidar Liquidação de Restos a Pagar Não Processados em
C 6.2.2.1.3.05.xx Empenhos a liquidar inscritos em Liquidação
restos a pagar não processados Ocorrida a liquidação em exercício seguinte à inscrição,
o RPNP em liquidação será reclassificado para “liquidado”,
Natureza da informação: orçamentária conforme modelo de contabilização:
D 5.3.1.7.x.xx.xx RP não processados – inscrição no
exercício Natureza da informação: orçamentária
C 6.3.1.7.1.xx.xx RP não processados a liquidar  – D 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquidação
inscrição no exercício C 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a
pagar
Inscrição De Restos a Pagar Não Processados em Li-
quidação Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR comprometida por empenho
Ocorrido o fato gerador da obrigação antes do término
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação e
do exercício em curso, sem que se tenha procedido o estágio
entradas compensatórias
da liquidação, deve‑se reconhecer o impacto patrimonial da
Orçamento Público

despesa. Nesse sentido, as despesas deverão ser registradas Observa‑se que ao final do exercício, se não houver paga-
ao fim do exercício como RP não processados “em liquida- mento, o RPNP “liquidado” deverá ser reclassificado para RPP.
ção”, conforme modelo de contabilização:
Pagamento de Restos a Pagar
Natureza da informação: orçamentária As despesas inscritas em restos a pagar, processadas
D 6.2.2.1.3.02.xx Credito empenhado em liquidação ou não, serão pagas em exercícios seguintes, desde que
C 6.2.2.1.3.06.xx Empenhos em liquidação inscritos liquidadas. Para tanto, apresentamos os seguintes modelos
em restos a pagar não processados de contabilização:

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Registro do pagamento de RPNP liquidado a pagar: Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.2.xx.xx
Natureza da informação: patrimonial C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de
D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F) recursos
C 1.1.1.x.x.xx.xx Caixa e equivalente de caixa (F)
Registro do cancelamento de RPNP liquidado a pagar:
Natureza da informação: orçamentária
D 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a Natureza da informação: patrimonial
pagar
C 6.3.1.4.x.xx.xx RP não processados pagos D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (P)
Natureza da informação: controle
Natureza da informação: orçamentária
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação D 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a
e entradas compensatórias pagar
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR utilizada C 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados
Registro do pagamento de RPP a pagar: Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação
Natureza da informação: patrimonial e entradas compensatórias
D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F) C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de
C 1.1.1.x.x.xx.xx Caixa e equivalente de caixa (F) recursos

Natureza da informação: orçamentária Registro do cancelamento de RPP a pagar:


D 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a paga
C 6.3.2.2.x.xx.xx RP processados pagos Natureza da informação: patrimonial
D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F)
Natureza da informação: controle C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (P)
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação
e entradas compensatórias Natureza da informação: orçamentária
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR utilizada D 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar
C 6.3.2.9.x.xx.xx RP processados cancelados
Cancelamento de Restos a Pagar
O cancelamento de despesas empenhadas e inscritas em Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR comprometida por liquidação
restos a pagar deve observar rotinas específicas quanto às in-
e entradas compensatórias
formações de natureza patrimonial, orçamentária e controle. C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de
Essa rotina terá tratamento específico, conforme o está- recursos
gio em que a despesa se encontrar, podendo estar pendente
de liquidação (“a liquidar” ou “em liquidação”) ou liquidado. Encerramento, Transferência e Abertura dos Saldos de
Os lançamentos em contas de natureza de informação Restos a Pagar
patrimonial dependerão de informações quanto à pertinên- Do encerramento do exercício:
cia da obrigação, portanto, não serão tratados neste capítulo. Ao encerrar o exercício, quanto aos saldos em contas
Nos casos em que houver obrigação a pagar, como já de restos a pagar, grupo contábil 5.3 – Inscrição de Restos a
houve autorização orçamentária, o  atributo do superávit Pagar e 6.3 – Execução de Restos a Pagar, deve‑se proceder
financeiro é “F”. Assim, no cancelamento de restos a pagar, o encerramento das seguintes contas contábeis:
deve‑se alterar o atributo financeiro “F” para atributo “P”.
Os lançamentos a seguir consideram a manutenção da obri- Natureza da informação: orçamentária
gação da entidade, conforme demostrado: D 6.3.1.4.x.xx.xx RP não processados pagos
D 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados
Registro do cancelamento de RPNP a liquidar: C 5.3.1.x.x.xx.xx Inscrição de RP não processados

Natureza da informação: orçamentária Natureza da informação: orçamentária


D 6.3.1.1.x.xx.xx RP não processados a liquidar D 6.3.2.2.x.xx.xx RP processados e pagos
C 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados D 6.3.2.9.x.xx.xx RP processados cancelados
C 5.3.2.x.x.xx.xx Inscrição de RP processados
Natureza da informação: controle
Da transferência de saldos no processo de encerramento
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR comprometida por empenho
e abertura entre exercícios:
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por destinação de
recursos Registro do cancelamento Os RPNP liquidados no exercício, mas não pagos, de-
Orçamento Público

de RPNP em liquidação: vem ser transferidos para RPP. Essa rotina pode ocorrer
no encerramento, abertura ou processo de transferência
Natureza da informação: patrimonial entre os exercícios. Para isso, deve‑se efetuar os seguintes
D 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (F) lançamentos:
C 2.1.x.x.x.xx.xx Passivo circulante (P)
Natureza da informação: orçamentária
Natureza da informação: orçamentária D 6.3.1.3.x.xx.xx RP não processados liquidados a
D 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liquidação pagar
C 6.3.1.9.x.xx.xx RP não processados cancelados C 5.3.1.x.x.xx.xx Inscrição de RP não processados

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Natureza da informação: orçamentária Despesas de Exercícios Anteriores
D 5.3.2.x.x.xx.xx Inscrição de RP processados
C 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar São despesas cujos fatos geradores ocorreram em exer-
cícios anteriores àquele em que deva ocorrer o pagamento.
Da abertura de saldos ao iniciar o exercício: O art. 37 da Lei nº 4.320/1964 dispõe que as despesas de
No processo de abertura de saldos haverá transferên- exercícios encerrados, para as quais o orçamento respec-
cia dos restos a pagar que estavam em contas de controle tivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para
da aprovação do planejamento e orçamento, inscritos atendê‑las, que não se tenham processado na época própria,
em exercício imediatamente anterior, pelos saldos finais bem como os restos a pagar com prescrição interrompida
constantes em contas de título 5.3.1.1  – “RPNP inscritos” e os compromissos reconhecidos após o encerramento do
e 5.3.2.1 – “RPP inscritos” para os títulos 5.3.1.2 – “RPNP exercício correspondente, poderão ser pagos  à conta de
exercícios anteriores” e 5.3.2.2 – “RPP exercícios anteriores”, dotação específica consignada no orçamento, discriminada
respectivamente. Por outro lado, os títulos 5.3.1.7 – “RPNP por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem
inscritos no exercício” e 5.3.2.7 – “RPP inscritos no exercício” cronológica.
deverão ser transferidos para compor os novos saldos dos Para fins de identificação como despesas de exercícios
títulos 5.3.1.1 – “RPNP inscritos” e 5.3.2.1 – “RPP inscritos”.
anteriores, considera‑se:
Da mesma forma, nas contas de controle de execução do
a. Despesas que não se tenham processado na época
planejamento e orçamento, os restos a pagar inscritos no
própria, como aquelas cujo empenho tenha sido conside-
exercício imediatamente anterior devem ser transferidos
para o que se inicia pelos saldos finais das contas de título rado insubsistente e anulado no encerramento do exercício
6.3.1.7  – “RPNP inscritos no exercício” e 6.3.2.7  – “RPP correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido,
inscritos no exercício”, de acordo com sua situação quanto o credor tenha cumprido sua obrigação;
à liquidação, para os títulos 6.3.1  – “RPNP” ou 6.3.2.1  – b. Restos a pagar com prescrição interrompida, a despesa
“RPP a pagar”. cuja inscrição como restos a pagar tenha sido cancelada, mas
Primeiramente, deve‑se transferir os saldos finais ad- ainda vigente o direito do credor;
vindos do exercício anterior ao que se inicia, das seguintes c. Compromissos reconhecidos após o encerramento do
contas: exercício, a obrigação de pagamento criada em virtude de
lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante após
Natureza da informação: orçamentária o encerramento do exercício correspondente.
D 5.3.1.2.x.xx.xx RP não processados  – exercícios
anteriores O reconhecimento da obrigação de pagamento das
C 5.3.1.1.x.xx.xx RP não processados – inscritos despesas com exercícios anteriores, pela autoridade compe-
tente, deverá ocorrer em procedimento administrativo espe-
Natureza da informação: orçamentária cífico, sendo necessário, no mínimo, os seguintes elementos:
D 5.3.2.2.x.xx.xx RP processados – exercícios ante- a. Identificação do credor/favorecido;
riores b. Descrição do bem, material ou serviço adquirido/
C 5.3.2.1.x.xx.xx RP processados – inscritos contratado;
c. Data de vencimento do compromisso;
Após os lançamentos anteriores, deve‑se efetuar trans- d. Importância exata a pagar;
ferências dos saldos dos RP inscritos no exercício anterior ao e. Documentos fiscais comprobatórios;
que se inicia, das seguintes contas: f. Certificação do cumprimento da obrigação pelo credor/
favorecido;
Natureza da informação: orçamentária g. Motivação pelo qual a despesa não foi empenhada ou
D 5.3.1.1.x.xx.xx RP não processados – inscritos paga na época própria.
C 5.3.1.7.x.xx.xx RP não processados – inscrição no
exercício O reconhecimento da obrigação de pagamento das
despesas com exercícios anteriores cabe à autoridade com-
Natureza da informação: orçamentária petente para empenhar a despesa.
D 6.3.1.7.1.xx.xx RP não processados a liquidar  –
inscrição no exercício
Suprimentos de Fundos (Regime de Adiantamento)
C 6.3.1.1.x.xx.xx RP não processados a liquidar
O suprimento de fundos é caracterizado por ser um
Natureza da informação: orçamentária
D 6.3.1.7.2.xx.xx RP não processados em liqui- adiantamento de valores a um servidor para futura prestação
dação – inscrição no exercício de contas. Esse adiantamento constitui despesa orçamentá-
C 6.3.1.2.x.xx.xx RP não processados em liqui- ria, ou seja, para conceder o recurso ao suprido é necessário
dação percorrer os três estágios da despesa orçamentária: empe-
nho, liquidação e pagamento. Apesar disso, não representa
Orçamento Público

Natureza da informação: orçamentária uma despesa pelo enfoque patrimonial, pois, no momento
D 5.3.2.1.x.xx.xx RP processados – inscritos da concessão, não ocorre redução no patrimônio líquido. Na
C 5.3.2.7.x.xx.xx RP processados  – inscrição no liquidação da despesa orçamentária, ao mesmo tempo em
exercício que ocorre o registro de um passivo, há também a incorpo-
ração de um ativo, que representa o direito de receber um
Natureza da informação: orçamentária bem ou serviço, objeto do gasto a ser efetuado pelo suprido,
D 6.3.2.7.x.xx.xx RP processados  – inscrição no ou a devolução do numerário adiantado. Os registros contá-
exercício beis, conforme o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público,
C 6.3.2.1.x.xx.xx RP processados a pagar apresentam‑se abaixo.

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a. Momento do empenho da despesa: Natureza da informação: controle
D 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada
Natureza da informação: orçamentária C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação
D 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível e Entradas Compensatórias
C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
Natureza da informação: orçamentária
Natureza da informação: controle D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a
D 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de Pagar
Recursos (DDR) C 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
C 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
Natureza da informação: orçamentária
b. Momento da liquidação e reconhecimento do direito: D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar
C 6.2.2.1.1.xx.xx Crédito Disponível
Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal Natureza da informação: controle
e a Terceiros (P) D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho
C 2.1.8.9.x.xx.xx Outras Obrigações de Curto Prazo – C 8.2.1.1.x.xx.xx Execução da Disponibilidade de
Suprimento de Fundos (F) Recursos

Natureza da informação: orçamentária f. Devolução de valores não aplicados (exercício seguinte


D 6.2.2.1.3.01.xx Crédito Empenhado a Liquidar ao da concessão):
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a
Pagar Natureza da informação: patrimonial
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa e
Natureza da informação: controle Moeda Nacional (F)
D 8.2.1.1.2.xx.xx DDR Comprometida por Empenho C 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal
C 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação e a Terceiros (P)
e Entradas Compensatórias
Natureza da informação: orçamentária
c. Momento do pagamento ao suprido: D 6.2.1.1.x.xx.xx Receita a Realizar
C 6.2.1.2.x.xx.xx Receita Realizada
Natureza da informação: patrimonial
Natureza da informação: controle
D 2.1.8.9.x.xx.xx Outras Obrigações de Curto Prazo –
D 7.2.1.1.x.xx.xx Controle da Disponibilidade de
Suprimento de Fundos (F)
Recursos
C 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes de Caixa em
C 8.2.1.1.1.xx.xx Disponibilidade por Destinação de
Moeda Nacional (F) Recursos (DDR)
Natureza da informação: orçamentária Em suma, suprimento de fundos consiste na entrega de
D 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado a numerário a servidor, sempre precedida de empenho na
Pagar dotação própria, para o fim de realizar despesas que não
C 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Pago possam subordinar‑se ao processo normal de aplicação.
Os arts. 68 e 69 da Lei nº 4.320/1964 definem e estabe-
Natureza da informação: controle lecem regras gerais de observância obrigatória para a União,
D 8.2.1.1.3.xx.xx DDR Comprometida por Liquidação Estados, Distrito Federal e Municípios aplicáveis ao regime
e Entradas Compensatórias de adiantamento.
C 8.2.1.1.4.xx.xx DDR Utilizada Segundo a Lei nº 4.320/1964, não se pode efetuar adian-
tamento a servidor em alcance e nem a responsável por dois
d. Prestação de contas do saldo utilizado: adiantamentos. Por servidor em alcance, entende‑se aquele
que não efetuou, no prazo, a  comprovação dos recursos
Natureza da informação: patrimonial recebidos ou que, caso tenha apresentado a prestação de
D 3.x.x.x.x.xx.xx VPD contas dos recursos, a mesma tenha sido impugnada total
C 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal ou parcialmente.
e a Terceiros (P) Cada ente da Federação deve regulamentar o seu regi-
me de adiantamento, observando as peculiaridades de seu
e. Devolução de valores não aplicados (mesmo exercício sistema de controle interno, de forma a garantir a correta
da concessão): aplicação do dinheiro público. Destacam‑se algumas regras
estabelecidas para esse regime.
Orçamento Público

Natureza da informação: patrimonial O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguintes
D 1.1.1.1.1.xx.xx Caixa e Equivalentes em Moeda casos:
Nacional (F) a. Para atender a despesas eventuais, inclusive em via-
C 1.1.3.1.x.xx.xx Adiantamentos Concedidos a Pessoal gem e com serviços especiais, que exijam pronto pagamento;
e a Terceiros (P) b. Quando a despesa deva ser feita em caráter sigiloso,
conforme se classificar em regulamento; e
Natureza da informação: orçamentária c. Para atender a despesas de pequeno vulto, assim en-
D 6.2.2.1.3.04.xx Crédito Empenhado Pago tendidas aquelas cujo valor, em cada caso, não ultrapassar
C 6.2.2.1.3.03.xx Crédito Empenhado Liquidado limite estabelecido em ato normativo próprio.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Não se concederá suprimento de fundos: centralizada, ou que, por intermédio deles se devam realizar,
a. A responsável por dois suprimentos; observado o disposto no artigo 2º.
b. A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização Art.  5º A Lei de Orçamento não consignará dotações
do material a adquirir, salvo quando não houver na repartição globais destinadas a atender indiferentemente a despesas
outro servidor; de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências
c. A servidor declarado em alcance, ou seja, aquele que ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e
não prestou contas no prazo regulamentar ou o que teve seu parágrafo único.
suas contas recusadas ou impugnadas em virtude de desvio, Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de
desfalque, falta ou má aplicação de dinheiro, bens ou valores. Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva
LEI N O 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964 transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento
da entidade obrigada a transferência e, como receita, no
Estatui Normas Gerais de Di- orçamento da que as deva receber.
reito Financeiro para elaboração § 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo ante-
rior, o cálculo das cotas terá por base os dados apurados no
e controle dos orçamentos e ba-
balanço do exercício anterior aquele em que se elaborar a
lanços da União, dos Estados, dos
proposta orçamentária do governo obrigado a transferência.
Municípios e do Distrito Federal.
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
Art. 7º A Lei de Orçamento poderá conter autorização
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu san-
ao Executivo para:
ciono a seguinte Lei;
I – Abrir créditos suplementares até determinada impor-
tância obedecidas às disposições do artigo 43; (Veto rejeitado
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
no D.O. 05/05/1964)
II – Realizar em qualquer mês do exercício financeiro,
Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro operações de crédito por antecipação da receita, para aten-
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da der a insuficiências de caixa.
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, § 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as
de acordo com o disposto no art. 5º, inciso XV, letra b, da fontes de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a
Constituição Federal. utilizar para atender a sua cobertura.
§ 2º O produto estimado de operações de crédito e de
TÍTULO I alienação de bens imóveis somente se incluirá na receita
DA LEI DE ORÇAMENTO quando umas e outras forem especificamente autorizadas
pelo Poder Legislativo em forma que juridicamente possibilite
CAPÍTULO I ao Poder Executivo realizá-las no exercício.
Disposições Gerais § 3º A autorização legislativa a que se refere o parágrafo
anterior, no tocante a operações de crédito, poderá constar
Art. 2º A Lei do Orçamento conterá a discriminação da da própria Lei de Orçamento.
receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa de
financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos cada órgão do Governo ou unidade administrativa, a que se
os princípios de unidade universalidade e anualidade. refere o artigo 2º, § 1º, incisos III e IV obedecerá à forma
§ 1º Integrarão a Lei de Orçamento: do Anexo nº 2.
I – Sumário geral da receita por fontes e da despesa por § 1º Os itens da discriminação da receita e da despesa,
funções do Governo; mencionados nos artigos 11, § 4º, e 13, serão identificados
II – Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo por números de códigos decimal, na forma dos Anexos nºs
as Categorias Econômicas, na forma do Anexo nº 1; 3 e 4.
III – Quadro discriminativo da receita por fontes e res- § 2º Completarão os números do código decimal referi-
pectiva legislação; do no parágrafo anterior os algarismos caracterizadores da
IV – Quadro das dotações por órgãos do Governo e da classificação funcional da despesa, conforme estabelece o
Administração. Anexo nº 5.
§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento: § 3º O código geral estabelecido nesta lei não prejudicará
I – Quadros demonstrativos da receita e planos de apli- a adoção de códigos locais.
cação dos fundos especiais;
II – Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos CAPÍTULO II
Anexos nºs 6 a 9; Da Receita
III – Quadro demonstrativo do programa anual de tra-
balho do Governo, em termos de realização de obras e de Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas en-
prestação de serviços. tidades de direito público, compreendendo os impostos, as
Art.  3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis
Orçamento Público

receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto
em lei. ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste essas entidades. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
artigo as operações de crédito por antecipação da receita, Art. 10. (Vetado)
as emissões de papel-moeda e outras entradas compensa- Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias
tórias, no ativo e passivo financeiros. (Veto rejeitado no D.O. econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (Re-
05/05/1964) dação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982)
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as des- § 1º São Receitas Correntes as receitas tributária, de
pesas próprias dos órgãos do Governo e da administração contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de

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serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos fi- I – subvenções sociais, as que se destinem a instituições
nanceiros recebidos de outras pessoas de direito público ou públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem
privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis finalidade lucrativa;
em Despesas Correntes. (Redação dada pelo Decreto Lei nº II – subvenções econômicas, as que se destinem a em-
1.939, de 1982) presas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial,
§ 2º São Receitas de Capital as provenientes da realização agrícola ou pastoril.
de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; § 4º Classificam-se como investimentos as dotações para
da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos o planejamento e a execução de obras, inclusive as destina-
recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, das à aquisição de imóveis considerados necessários à reali-
destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de zação destas últimas, bem como para os programas especiais
Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. (Reda- de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e ma-
ção dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) terial permanente e constituição ou aumento do capital de
§ 3º O superávit do Orçamento Corrente resultante do empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.
balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, § 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dota-
apurado na demonstração a que se refere o Anexo nº 1, não ções destinadas a:
constituirá item de receita orçamentária. (Redação dada pelo I – aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em
Decreto Lei nº 1.939, de 1982) utilização;
§ 4º A classificação da receita obedecerá ao seguinte II – aquisição de títulos representativos do capital de em-
esquema: (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) presas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas,
quando a operação não importe aumento do capital;
RECEITAS CORRENTES III – constituição ou aumento do capital de entidades ou
RECEITA TRIBUTÁRIA empresas que visem a objetivos comerciais ou financeiros,
Impostos. inclusive operações bancárias ou de seguros.
Taxas. § 6º São Transferências de Capital as dotações para inves-
Contribuições de Melhoria. timentos ou inversões financeiras que outras pessoas de di-
RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES reito público ou privado devam realizar, independentemente
RECEITA PATRIMONIAL de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo
RECEITA AGROPECUÁRIA essas transferências auxílios ou contribuições, segundo de-
RECEITA INDUSTRIAL rivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especial-
RECEITA DE SERVIÇOS mente anterior, bem como as dotações para amortização
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES da dívida pública.
OUTRAS RECEITAS CORRENTES Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art. 12,
RECEITAS DE CAPITAL a discriminação ou especificação da despesa por elementos,
OPERAÇÕES DE CRÉDITO em cada unidade administrativa ou órgão de governo, obe-
ALIENAÇÃO DE BENS decerá ao seguinte esquema:
AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL DESPESAS CORRENTES
OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
Despesas de Custeio
CAPÍTULO III
Da Despesa
Pessoa Civil
Pessoal Militar
Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes catego-
Material de Consumo
rias econômicas: (Vide Decreto-Lei nº 1.805, de 1980)
Serviços de Terceiros
DESPESAS CORRENTES Encargos Diversos

Despesas de Custeio Transferências Correntes


Transferências Correntes
Subvenções Sociais
DESPESAS DE CAPITAL Subvenções Econômicas
Inativos
Investimentos Pensionistas
Inversões Financeiras Salário Família e Abono Familiar
Transferências de Capital Juros da Dívida Pública
Contribuições de Previdência Social
§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dota- Diversas Transferências Correntes.
ções para manutenção de serviços anteriormente criados,
inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e DESPESAS DE CAPITAL
Orçamento Público

adaptação de bens imóveis.


§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as do- Investimentos
tações para despesas as quais não corresponda contrapresta-
ção direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições Obras Públicas
e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras Serviços em Regime de Programação Especial
entidades de direito público ou privado. Equipamentos e Instalações
§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, Material Permanente
as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das Participação em Constituição ou Aumento de Capital de
entidades beneficiadas, distinguindo-se como: Empresas ou Entidades Industriais ou Agrícolas

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Inversões Financeiras b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações
a produtores de determinados gêneros ou materiais.
Aquisição de Imóveis Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda finan-
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de ceira, a qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo
Empresas ou Entidades Comerciais ou Financeiras quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha sido
Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Em- expressamente autorizada em lei especial.
presa em Funcionamento
Constituição de Fundos Rotativos Seção II
Concessão de Empréstimos Das Despesas de Capital
Diversas Inversões Financeiras
Subseção Primeira
Transferências de Capital Dos Investimentos

Amortização da Dívida Pública Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de


Auxílios para Obras Públicas Orçamento segundo os projetos de obras e de outras apli-
Auxílios para Equipamentos e Instalações cações.
Auxílios para Inversões Financeiras Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que,
Outras Contribuições. por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente
às normas gerais de execução da despesa poderão ser cus-
Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento teadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas
de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a de Capital.
que serão consignadas dotações próprias. (Veto rejeitado
no D.O. 05/05/1964) Subseção Segunda
Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consigna- Das Transferências de Capital
das dotações a unidades administrativas subordinadas ao
mesmo órgão. Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa investimentos que se devam incorporar ao patrimônio das
far-se-á no mínimo por elementos. (Veto rejeitado no D.O. empresas privadas de fins lucrativos.
05/05/1964) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da des- transferências de capital à conta de fundos especiais ou do-
pesa com pessoal, material, serviços, obras e outros meios tações sob regime excepcional de aplicação.
de que se serve a administração pública para consecução dos
seus fins. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) TÍTULO II
§ 2º Para efeito de classificação da despesa, considera- DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA
-se material permanente o de duração superior a dois anos.
CAPÍTULO I
Seção I Conteúdo e Forma da Proposta Orçamentária
Das Despesas Correntes
Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo
Subseção Única
encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabeleci-
Das Transferências Correntes
dos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios,
compor-se-á:
I) Das Subvenções Sociais
I – Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada
Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilida-
da situação econômico-financeira, documentada com de-
des financeiras a concessão de subvenções sociais visará a
prestação de serviços essenciais de assistência social, médica monstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos
e educacional, sempre que a suplementação de recursos de especiais, restos a pagar e outros compromissos financeiros
origem privada aplicados a esses objetivos, revelar-se mais exigíveis; exposição e justificação da política econômica-
econômica. -financeira do Governo; justificação da receita e despesa,
Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que particularmente no tocante ao orçamento de capital;
possível, será calculado com base em unidades de serviços II – Projeto de Lei de Orçamento;
efetivamente prestados ou postos à disposição dos interes- III – Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas
sados obedecidos os padrões mínimos de eficiência previa- de receita e despesa, constarão, em colunas distintas e para
mente fixados. fins de comparação:
Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcio- a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios ante-
namento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de riores àquele em que se elaborou a proposta;
fiscalização serão concedidas subvenções. b) A receita prevista para o exercício em que se elabora
II) Das Subvenções Econômicas a proposta;
Art.  18. A cobertura dos déficits de manutenção das c) A receita prevista para o exercício a que se refere a
Orçamento Público

empresas públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á proposta;


mediante subvenções econômicas expressamente incluídas d) A despesa realizada no exercício imediatamente an-
nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, terior;
do Município ou do Distrito Federal. e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora
Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como sub- a proposta; e
venções econômicas: f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a
a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os proposta.
preços de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, IV – Especificação dos programas especiais de trabalho
de gêneros alimentícios ou outros materiais; custeados por dotações globais, em termos de metas visadas,

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decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demons-
dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econô- trações a que se refere o artigo anterior à arrecadação dos
mica, financeira, social e administrativa. três últimos exercícios, pelo menos bem como as circuns-
Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para tâncias de ordem conjuntural e outras, que possam afetar a
cada unidade administrativa, descrição sucinta de suas prin- produtividade de cada fonte de receita.
cipais finalidades, com indicação da respectiva legislação. Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão re-
vistas e coordenadas na proposta geral, considerando-se a
CAPÍTULO II receita estimada e as novas circunstâncias.
Da Elaboração da Proposta Orçamentária
TÍTULO III
Seção Primeira DA ELABORAÇÃO DA LEI DE ORÇAMENTO
Das Previsões Plurienais
Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo
Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto de fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municí-
um Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado pios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de
por decreto do Poder Executivo, abrangendo, no mínimo Orçamento vigente.
um triênio.
Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de
Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de
Orçamento que visem a:
Capital será anualmente reajustado acrescentando-se-lhe as
a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio,
previsões de mais um ano, de modo a assegurar a projeção
contínua dos períodos. salvo quando provada, nesse ponto a inexatidão da proposta;
Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto
abrangerá: não esteja aprovado pelos órgãos competentes;
I – as despesas e, como couber, também as receitas pre- c) conceder dotação para instalação ou funcionamento
vistas em planos especiais aprovados em lei e destinados de serviço que não esteja anteriormente criado;
a atender a regiões ou a setores da administração ou da d) conceder dotação superior aos quantitativos previa-
economia; mente fixados em resolução do Poder Legislativo para con-
II – as despesas à conta de fundos especiais e, como cessão de auxílios e subvenções.
couber, as receitas que os constituam;
III – em anexos, as despesas de capital das entidades TÍTULO IV
referidas no Título X desta lei, com indicação das respec- DO EXERCÍCIO FINANCEIRO
tivas receitas, para as quais forem previstas transferências
de capital. Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
e de Aplicação de Capital sempre que possível serão corre- I – as receitas nele arrecadadas;
lacionados a metas objetivas em termos de realização de II – as despesas nele legalmente empenhadas.
obras e de prestação de serviços. Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas em-
Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que penhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro distin-
se pretendem obter com a realização de cada programa. guindo-se as processadas das não processadas.
Art.  26. A proposta orçamentária conterá o programa Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de
anual atualizado dos investimentos, inversões financeiras e créditos com vigência plurienal, que não tenham sido liqui-
transferências previstos no Quadro de Recursos e de Apli- dados, só serão computados como Restos a Pagar no último
cação de Capital. ano de vigência do crédito.
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as
Seção Segunda quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio,
Das Previsões Anuais com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham pro-
cessado na época própria, bem como os Restos a Pagar com
Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos
estrita conformidade com a política econômica-financeira,
após o encerramento do exercício correspondente poderão
o programa anual de trabalho do Governo e, quando fixado,
ser pagos à conta de dotação específica consignada no orça-
o limite global máximo para o orçamento de cada unidade
mento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que
administrativa.
Art.  28. As propostas parciais das unidades adminis- possível, a ordem cronológica. (Regulamento)
trativas, organizadas em formulário próprio, serão acom- Art.  38. Reverte à dotação a importância de despesa
panhadas de: anulada no exercício; quando a anulação ocorrer após o
I – tabelas explicativas da despesa, sob a forma estabe- encerramento deste considerar-se-á receita do ano em que
lecida no artigo 22, inciso III, letras d, e e f; se efetivar.
II – justificação pormenorizada de cada dotação solici- Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tri-
tada, com a indicação dos atos de aprovação de projetos e butária ou não tributária, serão escriturados como receita
Orçamento Público

orçamentos de obras públicas, para cujo início ou prossegui- do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas
mento ela se destina. rubricas orçamentárias. (Redação dada pelo Decreto Lei nº
Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arreca- 1.735, de 1979)
dação organizar demonstrações mensais da receita arrecada- § 1º Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo
da, segundo as rubricas, para servirem de base a estimativa transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na
da receita, na proposta orçamentária. forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro
Parágrafo único. Quando houver órgão central de orça- próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva
mento, essas demonstrações ser-lhe-ão remetidas mensal- receita será escriturada a esse título. (Incluído pelo Decreto
mente. Lei nº 1.735, de 1979)

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§ 2º Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Públi- § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença posi-
ca dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa tiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugan-
a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa do-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos
não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, e as operações de credito a eles vinculadas. (Veto rejeitado
tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, no D.O. 05/05/1964)
contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer ori- § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins
gem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês
alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, conside-
de serviços prestados por estabelecimentos públicos, inde- rando-se, ainda, a tendência do exercício. (Veto rejeitado no
nizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis D.O. 05/05/1964)
definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes § 4º Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, prove-
de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hi- nientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-a a importân-
poteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral cia dos créditos extraordinários abertos no exercício. (Veto
ou de outras obrigações legais. (Incluído pelo Decreto Lei nº rejeitado no D.O. 05/05/1964)
1.735, de 1979) Art.  44. Os créditos extraordinários serão abertos por
§ 3º O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda decreto do Poder Executivo, que deles dará imediato conhe-
estrangeira será convertido ao correspondente valor na mo- cimento ao Poder Legislativo.
eda nacional à taxa cambial oficial, para compra, na data da Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao
notificação ou intimação do devedor, pela autoridade admi- exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa
nistrativa, ou, à sua falta, na data da inscrição da Dívida Ativa, disposição legal em contrário, quanto aos especiais e extra-
incidindo, a partir da conversão, a atualização monetária e ordinários.
os juros de mora, de acordo com preceitos legais pertinentes Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a im-
aos débitos tributários. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, portância, a espécie do mesmo e a classificação da despesa,
de 1979) até onde for possível.
§ 4º A receita da Dívida Ativa abrange os créditos men-
cionados nos parágrafos anteriores, bem como os valores TÍTULO VI
correspondentes à respectiva atualização monetária, à multa DA EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO
e juros de mora e ao encargo de que tratam o art. 1º do
Decreto-Lei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art. CAPÍTULO I
3º do Decreto-Lei nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. Da Programação da Despesa
(Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979)
§ 5º A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de
Procuradoria da Fazenda Nacional. (Incluído pelo Decreto Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder Exe-
Lei nº 1.735, de 1979) cutivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa
que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.
TÍTULO V Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo an-
DOS CRÉDITOS ADICIONAIS
terior atenderá aos seguintes objetivos:
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de des-
a soma de recursos necessários e suficientes a melhor exe-
pesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei
cução do seu programa anual de trabalho;
de Orçamento.
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:
equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada,
I – suplementares, os destinados a reforço de dotação
de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de
orçamentária;
II – especiais, os destinados a despesas para as quais não tesouraria.
haja dotação orçamentária específica; Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para
III – extraordinários, os destinados a despesas urgentes efeito do disposto no artigo anterior, levará em conta os
e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou ca- créditos adicionais e as operações extraorçamentárias.
lamidade pública. Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas du-
Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão au- rante o exercício, observados o limite da dotação e o com-
torizados por lei e abertos por decreto executivo. portamento da execução orçamentária.
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e espe-
ciais depende da existência de recursos disponíveis para ocor- CAPÍTULO II
rer a despesa e será precedida de exposição justificativa. Da Receita
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, Art.  51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado
desde que não comprometidos: (Veto rejeitado no D.O. sem que a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em cada
05/05/1964) exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvados
I – o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial a tarifa aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.
Orçamento Público

do exercício anterior; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e
II – os provenientes de excesso de arrecadação; (Veto quaisquer outras rendas com vencimento determinado em
rejeitado no D.O. 05/05/1964) lei, regulamento ou contrato.
III – os resultantes de anulação parcial ou total de dota- Art.  53. O lançamento da receita é ato da repartição
ções orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a
em Lei; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.
IV – o produto de operações de credito autorizadas, Art. 54. Não será admitida a compensação da obrigação
em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo de recolher rendas ou receitas com direito creditório contra a
realiza-las. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) Fazenda Pública.

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Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer re- I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
cibos das importâncias que arrecadarem. II – a nota de empenho;
§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga III – os comprovantes da entrega de material ou da pres-
a soma arrecadada, proveniência e classificação, bem como tação efetiva do serviço.
a data a assinatura do agente arrecadador. (Veto rejeitado Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado
no D.O. 05/05/1964) por autoridade competente, determinando que a despesa
§ 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via. seja paga.
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser
estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, ve- exarada em documentos processados pelos serviços de con-
dada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais. tabilidade (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do arti- Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por te-
go 3, desta lei serão classificadas como receita orçamentária, souraria ou pagadoria regularmente instituídos por estabe-
sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclu- lecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais,
sive as provenientes de operações de crédito, ainda que não por meio de adiantamento.
previstas no Orçamento. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades or-
çamentárias poderão quando expressamente determinado
CAPÍTULO III na Lei de Orçamento ser movimentadas por órgãos centrais
Da Despesa de administração geral.
Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas
Art.  58. O empenho de despesa é o ato emanado de das dotações de pessoal, de uma para outra unidade orça-
autoridade competente que cria para o Estado obrigação de mentária, quando considerada indispensável à movimenta-
pagamento pendente ou não de implemento de condição. ção de pessoal dentro das tabelas ou quadros comuns às
(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964) unidades interessadas, a que se realize em obediência à
Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o legislação específica.
limite dos créditos concedidos. (Redação dada pela Lei nº Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública,
6.397, de 1976) em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de
§ 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respec-
Federal, é vedado aos Municípios empenhar, no último mês tivos, sendo proibida a designação de casos ou de pessoas
do mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo da des- nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos
pesa prevista no orçamento vigente. (Incluído pela Lei nº para esse fim.
6.397, de 1976) Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos
§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo de despesas expressamente definidos em lei e consiste na
período, assumir, por qualquer forma, compromissos finan- entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empe-
ceiros para execução depois do término do mandato do Pre- nho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que
feito. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976) não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.
§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se apli- Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance
cam nos casos comprovados de calamidade pública. (Incluído nem a responsável por dois adiantamento. (Veto rejeitado
pela Lei nº 6.397, de 1976) no D.O. 05/05/1964)
§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a ad-
e atos praticados em desacordo com o disposto nos parágra- judicação de obras e serviços serão regulados em lei, respei-
fos 1º e 2º deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade tado o princípio da concorrência.
do Prefeito nos termos do Art. 1º, inciso V, do Decreto-Lei
nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. (Incluído pela Lei nº TÍTULO VII
6.397, de 1976) DOS FUNDOS ESPECIAIS
Art.  60. É vedada a realização de despesa sem prévio
empenho. Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas
§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica especificadas que por lei se vinculam à realização de deter-
será dispensada a emissão da nota de empenho. minados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas
§ 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo peculiares de aplicação.
montante não se possa determinar. Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas
§ 3º É permitido o empenho global de despesas contra- a fundos especiais far-se-á através de dotação consignada na
tuais e outras, sujeitas a parcelamento. Lei de Orçamento ou em créditos adicionais.
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o
denominado “nota de empenho” que indicará o nome do instituiu, o saldo positivo do fundo especial apurado em ba-
credor, a representação e a importância da despesa bem lanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do
como a dedução desta do saldo da dotação própria. mesmo fundo.
Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quan- Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá deter-
do ordenado após sua regular liquidação. minar normas peculiares de controle, prestação e tomada de
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação contas, sem de qualquer modo, elidir a competência especí-
do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e fica do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
Orçamento Público

documentos comprobatórios do respectivo crédito.


§ 1º Essa verificação tem por fim apurar: TÍTULO VIII
I – a origem e o objeto do que se deve pagar; DO CONTROLE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
II – a importância exata a pagar; (Vide Medida Provisória
nº 581, de 2012) CAPÍTULO I
III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir Disposições Gerais
a obrigação.
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos Art. 75. O controle da execução orçamentária compre-
ou serviços prestados terá por base: enderá:

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I – a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação a determinação dos custos dos serviços industriais, o levan-
da receita ou a realização da despesa, o nascimento ou a tamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos
extinção de direitos e obrigações; resultados econômicos e financeiros.
II – a fidelidade funcional dos agentes da administração, Art. 86. A escrituração sintética das operações financei-
responsáveis por bens e valores públicos; ras e patrimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas
III – o cumprimento do programa de trabalho expresso dobradas.
em termos monetários e em termos de realização de obras Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações
e prestação de serviços. oriundos de ajustes ou contratos em que a administração
pública for parte.
CAPÍTULO II Art.  88. Os débitos e créditos serão escriturados com
Do Controle Interno individuação do devedor ou do credor e especificação da
natureza, importância e data do vencimento, quando fixada.
Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de con- Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à ad-
trole a que se refere o artigo 75, sem prejuízo das atribuições ministração orçamentária, financeira patrimonial e industrial.
do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução CAPÍTULO II
orçamentária será prévia, concomitante e subsequente. Da Contabilidade Orçamentária e Financeira
Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual,
quando instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, Art. 90. A contabilidade deverá evidenciar, em seus re-
a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de gistros, o montante dos créditos orçamentários vigentes,
contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos. a despesa empenhada e a despesa realizada, à conta dos
Art. 79. Ao órgão incumbido da elaboração da proposta mesmos créditos, e as dotações disponíveis.
orçamentária ou a outro indicado na legislação, caberá o Art. 91. O registro contábil da receita e da despesa far-
controle estabelecido no inciso III do artigo 75. -se-á de acordo com as especificações constantes da Lei de
Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, Orçamento e dos créditos adicionais.
em termos de unidades de medida, previamente estabele- Art. 92. A dívida flutuante compreende:
cidos para cada atividade. I – os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos II – os serviços da dívida a pagar;
equivalentes verificar a exata observância dos limites das III – os depósitos;
cotas trimestrais atribuídas a cada unidade orçamentária, IV – os débitos de tesouraria.
dentro do sistema que for instituído para esse fim. Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á
por exercício e por credor distinguindo-se as despesas pro-
CAPÍTULO III cessadas das não processadas.
Do Controle Externo Art.  93. Todas as operações de que resultem débitos
e créditos de natureza financeira, não compreendidas na
Art. 81. O controle da execução orçamentária, pelo Poder execução orçamentária, serão também objeto de registro,
Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da admi- individuação e controle contábil.
nistração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos
e o cumprimento da Lei de Orçamento. CAPÍTULO III
Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas Da Contabilidade Patrimonial e Industrial
ao Poder Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições
ou nas Leis Orgânicas dos Municípios. Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de
§ 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao caráter permanente, com indicação dos elementos necessá-
Poder Legislativo, com Parecer prévio do Tribunal de Contas rios para a perfeita caracterização de cada um deles e dos
ou órgão equivalente. agentes responsáveis pela sua guarda e administração.
§ 2º Quando, no Munícipio não houver Tribunal de Con- Art. 95. A contabilidade manterá registros sintéticos dos
tas ou órgão equivalente, a Câmara de Vereadores poderá bens móveis e imóveis.
designar peritos contadores para verificarem as contas do Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imó-
prefeito e sobre elas emitirem parecer. veis terá por base o inventário analítico de cada unidade
administrativa e os elementos da escrituração sintética na
TÍTULO IX contabilidade.
DA CONTABILIDADE Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos de-
vedores, ter-se-á o registro contábil das receitas patrimoniais,
CAPÍTULO I fiscalizando-se sua efetivação.
Disposições Gerais Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos
de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para aten-
Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda der a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e
Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arre- serviços públicos. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)
Orçamento Público

cadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com
bens a ela pertencentes ou confiados. individuação e especificações que permitam verificar, a qual-
Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas quer momento, a posição dos empréstimos, bem como os
ou órgão equivalente, a tomada de contas dos agentes res- respectivos serviços de amortização e juros.
ponsáveis por bens ou dinheiros públicos será realizada ou Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não
superintendida pelos serviços de contabilidade. organizados como empresa pública ou autárquica, manterão
Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados contabilidade especial para determinação dos custos, ingres-
de forma a permitirem o acompanhamento da execução sos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial
orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, e financeira comum.

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Art. 100. As alterações da situação líquida patrimonial, TÍTULO X
que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem DAS AUTARQUIAS E OUTRAS ENTIDADES
como as variações independentes dessa execução e as su-
perveniências e insubsistência ativas e passivas, constituirão Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclu-
elementos da conta patrimonial. sive de previdência social ou investidas de delegação para
arrecadação de contribuições parafiscais da União, dos Es-
CAPÍTULO IV tados, dos Municípios e do Distrito Federal terão seus orça-
Dos Balanços mentos aprovados por decreto do Poder Executivo, salvo se
disposição legal expressa determinar que o sejam pelo Poder
Art. 101. Os resultados gerais do exercício serão demons- Legislativo. (Vide Decreto nº 60.745, de 1967)
trados no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Parágrafo único. Compreendem-se nesta disposição as
Balanço Patrimonial, na Demonstração das Variações Patri- empresas com autonomia financeira e administrativa cujo
moniais, segundo os Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os capital pertencer, integralmente, ao Poder Público.
quadros demonstrativos constantes dos Anexos números 1, Art. 108. Os orçamentos das entidades referidas no artigo
6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17. anterior vincular-se-ão ao orçamento da União, dos Estados,
Art.  102. O Balanço Orçamentário demonstrará as re- dos Municípios e do Distrito Federal, pela inclusão:
ceitas e despesas previstas em confronto com as realizadas. I – como receita, salvo disposição legal em contrário, de
Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e saldo positivo previsto entre os totais das receitas e despesas;
a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os II – como subvenção econômica, na receita do orçamento
pagamentos de natureza extraorçamentária, conjugados com da beneficiária, salvo disposição legal em contrário, do saldo
os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e negativo previsto entre os totais das receitas e despesas.
os que se transferem para o exercício seguinte. § 1º Os investimentos ou inversões financeiras da União,
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados
computados na receita extraorçamentária para compensar por intermédio das entidades aludidas no artigo anterior,
sua inclusão na despesa orçamentária. serão classificados como receita de capital destas e despesa
de transferência de capital daqueles.
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evi-
§ 2º As previsões para depreciação serão computadas
denciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes
para efeito de apuração do saldo líquido das mencionadas
ou independentes da execução orçamentária, e indicará o
entidades.
resultado patrimonial do exercício. Art. 109. Os orçamentos e balanços das entidades com-
Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará: preendidas no artigo 107 serão publicados como comple-
I – O Ativo Financeiro; mento dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
II – O Ativo Permanente; Municípios e do Distrito Federal a que estejam vinculados.
III – O Passivo Financeiro; Art. 110. Os orçamentos e balanços das entidades já re-
IV – O Passivo Permanente; feridas, obedecerão aos padrões e normas instituídas por
V – O Saldo Patrimonial; esta lei, ajustados às respectivas peculiaridades.
VI – As Contas de Compensação. Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os
§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e va- balanços serão remetidos ao órgão central de contabilidade
lores realizáveis independentemente de autorização orça- da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
mentária e os valores numerários. para fins de incorporação dos resultados, salvo disposição
§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, cré- legal em contrário.
ditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de
autorização legislativa. TÍTULO XI
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fun- DISPOSIÇÕES FINAIS
dadas e outras, pagamento independa de autorização or-
çamentária. Art. 111. O Conselho Técnico de Economia e Finanças do
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas Ministério da Fazenda, além de outras apurações, para fins
fundadas e outras que dependam de autorização legislativa estatísticos, de interesse nacional, organizará e publicará o
para amortização ou resgate. balanço consolidado das contas da União, Estados, Municí-
§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os pios e Distrito Federal, suas autarquias e outras entidades,
bens, valores, obrigações e situações não compreendidas bem como um quadro estruturalmente idêntico, baseado
nos parágrafos anteriores e que, imediata ou indiretamente, em dados orçamentários.
possam vir a afetar o patrimônio. § 1º Os quadros referidos neste artigo terão a estrutura
Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obe- do Anexo nº 1.
decerá às normas seguintes: § 2º O quadro baseado nos orçamentos será publicado
I – os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, até o último dia do primeiro semestre do próprio exercício e o
pelo seu valor nominal, feita a conversão, quando em moeda baseado nos balanços, até o último dia do segundo semestre
estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço; do exercício imediato àquele a que se referirem.
II – os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou Art. 112. Para cumprimento do disposto no artigo pre-
pelo custo de produção ou de construção; cedente, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fe-
III – os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponde- deral remeterão ao mencionado órgão, até 30 de abril, os
Orçamento Público

rado das compras. orçamentos do exercício, e até 30 de junho, os balanços do


§ 1º Os valores em espécie, assim como os débitos e exercício anterior.
créditos, quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao Parágrafo único. O pagamento, pela União, de auxílio
lado das correspondentes importâncias em moeda nacional. ou contribuição a Estados, Municípios ou Distrito Federal,
§ 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, cuja concessão não decorra de imperativo constitucional,
créditos e valores em espécie serão levadas à conta patri- dependerá de prova do atendimento ao que se determina
monial. neste artigo.
§ 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e Art. 113. Para fiel e uniforme aplicação das presentes
imóveis. normas, o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Mi-

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nistério da Fazenda atenderá a consultas, coligirá elementos, • a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
promoverá o intercâmbio de dados informativos, expedirá • a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Con-
recomendações técnicas, quando solicitadas, e atualizará tas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando
sempre que julgar conveniente, os anexos que integram a houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal
presente lei. de Contas do Município.
Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, po-
derão ser promovidas, quando necessário, conferências ou Os entes mencionados e seus órgãos deverão estabelecer
reuniões técnicas, com a participação de representantes das metas fiscais para garantir o equilíbrio entre receita e des-
entidades abrangidas por estas normas. pesa no Orçamento e realizar a gestão responsável da coisa
Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1º pública, tendo como valores fundamentais o planejamento,
de janeiro de 1964 para o fim da elaboração dos orçamentos o controle, a transparência e a responsabilização.
e a partir de 1º de janeiro de 1965, quanto às demais ativi- Os principais objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal são:
dades estatuídas. (Redação dada pela Lei nº 4.489, de 1964) • permitir ação planejada e transparente;
Art. 115. Revogam-se as disposições em contrário. • prevenir riscos e correção de desvios capazes de afetar
Brasília, 17 de março de 1964; 143º da Independência o equilíbrio das contas públicas;
e 76º da República. • permitir cumprimento de metas de resultados entre
receitas e despesas;
JOÃO GULART • estabelecer limites e condições (renúncia de receita,
Abelardo Jurema geração de despesas com pessoal, da seguridade social
Sylvio Borges de Souza Motta
e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações
Jair Ribeiro
de crédito, inclusive por antecipação de receita, con-
João Augusto de Araújo Castro
cessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar);
Waldyr Ramos Borges
• combater o déficit limitando as despesas de pessoal,
Expedito Machado
Oswaldo Costa Lima Filho dificultando a geração de novas despesas, impondo
Júlio Forquim Sambaquy ajustes de compensação para a renúncia de receitas e
Amaury Silva exigindo mais condições para repasses entre governos
Anysio Botelho e destes para instituições privadas;
Wilson Fadul • reduzir o nível da dívida pública induzindo a obten-
Antonio Oliveira Brito ção de superávits primários, restringindo o processo
Egydio Michaelsen de endividamento, nele incluído o dos Restos a Pagar,
requerendo limites máximos, de observância contínua,
para a dívida consolidada.
Márzio Ricardo
Limites para Despesa com Pessoal
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL – LRF
O disposto na LRF atende, também, ao requerido pelo
A LRF se presta, em especial, à regulamentação dos in- art. 169 da CF, que determina o estabelecimento de limites
cisos do art. 163 da Constituição Federal que estabelece: para as despesas com pessoal ativo e inativo da União, a
Lei complementar disporá sobre: partir de Lei Complementar.
• finanças públicas; Para os efeitos da LRF, entende-se como despesa total
• dívida pública externa e interna, incluída a das autar- com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federa-
quias, fundações e demais entidades controladas pelo ção com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos
poder público; a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis,
• concessão de garantias pelas entidades públicas; militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies
• emissão e resgate de títulos da dívida pública. remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e
variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas
Nela, encontram-se normas de finanças públicas voltadas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e
para a responsabilidade na gestão fiscal. Seus dispositivos, vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encar-
em última análise, procuram constranger o gestor a buscar gos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades
uma gestão responsável por meio do emprego de ações em de previdência.
que se previnam riscos e se corrijam também os desvios ca- Os valores dos contratos de terceirização de mão de
pazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Sua edição, obra que se referem à substituição de servidores e empre-
apesar de constitucionalmente prevista, somente ocorreu gados públicos serão contabilizados como “Outras Despesas
de fato em 2000 por pressão externa do Fundo Monetário de Pessoal”. Não significa que a LRF admita contratos de
Internacional (FMI) que condicionou a concessão de emprés- terceirização de, já que estes seriam ilegais por burlarem a
timos ao Brasil à edição da lei. obrigatoriedade de concurso público. Apenas significa que,
A LRF obriga a União, os Estados, o Distrito Federal e os por respeito à realidade, se estes ocorrerem o pagamento
Municípios, compreendidos: do pessoal deverá ser contabilizado na rubrica “outras des-
Orçamento Público

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangi- pesas de pessoal”. A despesa total com pessoal será apurada
dos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério somando-se a realizada no mês escolhido como referência
Público; com as dos onze imediatamente anteriores (regime de com-
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autar- petência).
quias, fundações e empresas estatais dependentes30; Nesse sentido, para os fins do disposto no caput do
mencionado art. 169 da Constituição, a despesa total com
Neste caso, entendida como aquelas empresas controladas que recebam do
30
pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da
ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pes-
soal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles
Federação, não poderá exceder os percentuais da receita
provenientes de aumento de participação acionária. corrente líquida, a seguir discriminados:

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• União: 50%; II – na esfera estadual:
• Estados: 60%; e a) 3%32 para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas
• Municípios: 60%. do Estado;
b) 6% para o Judiciário;
Na verificação do atendimento destes limites, não serão c) 49%33 para o Executivo;
computadas as despesas: d) 2% para o Ministério Público dos Estados;
• de indenização por demissão de servidores ou empre- III – na esfera municipal:
gados; a) 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do
• relativas a incentivos à demissão voluntária; Município, quando houver;
• derivadas da convocação extraordinária do Congresso b) 54% para o Executivo.
Nacional (inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição)31; Para maior clareza, entende-se como órgão:
• decorrentes de decisão judicial e da competência de I – o Ministério Público;
período anterior ao da apuração (§ 2º do art. 18 da II – no Poder Legislativo:
LRF); a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas
• com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Ama- da União;
pá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela b) Estadual, a Assembleia Legislativa e os Tribunais de
União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Contas;
Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal
nº 19; de Contas do Distrito Federal;
• com inativos, ainda que por intermédio de fundo es- d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de
pecífico, custeadas por recursos provenientes: Contas do Município, quando houver;
a) da arrecadação de contribuições dos segurados; III – no Poder Judiciário:
b) da compensação financeira de que trata o § 9º do a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constitui-
art. 201 da Constituição (contagem recíproca de tempo ção, incluído o Conselho Nacional de Justiça;
entre o serviço público e a iniciativa privada, com a b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
devida compensação financeira entre si);
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por Nos termos do art. 168 da CF e do § 5º do art. 20 da
fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto LRF, os recursos correspondentes às dotações orçamentá-
da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu rias, compreendidos os créditos suplementares e especiais,
superávit financeiro. destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário,
do Ministério Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão
Com exceção das despesas decorrentes de decisão judi- entregues até o dia 20 de cada mês, em duodécimos, em
cial e da competência de período anterior ao da apuração montantes calculados a partir da aplicação dos percentu-
(inciso IV do § 1º do art. 19 da LRF) as despesas com pessoal ais definidos acima, ou daqueles fixados na lei de diretrizes
decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite orçamentárias.
do respectivo Poder ou órgão.
A repartição dos limites globais citados (União: 50%; Es- Regra de Ouro
tados/Distrito Federal/Municípios: 60%) não poderá exceder
os seguintes percentuais: O disposto no § 2º do art. 12 é conhecido como regra de
I – na esfera federal: ouro orçamentária: “O montante previsto para as receitas
a) 2,5% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas de operações de crédito não poderá ser superior ao das des-
da União; pesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária.”
b) 6% para o Judiciário; Este dispositivo, no entanto, está suspenso desde 2002 por
c) 40,9% para o Executivo, destacando-se 3% para as força de decisão do STF na ADIN 2238-5 que deferiu medida
despesas com pessoal decorrentes da determinação consti- acauteladora nesse sentido.
tucional de a União organizar e manter: o Poder Judiciário, o Ocorre que a regra de ouro também consta da CF e, neste
Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal caso, encontra-se em vigor nos termos do art. 167, inciso III,
e dos Territórios; e a polícia civil, a polícia militar e o corpo que estabelece:
de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar
assistência financeira ao Distrito Federal para a execução Art. 167. São vedados:
de serviços públicos, por meio de fundo próprio (incisos [...]
XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda III – a realização de operações de créditos que exce-
Constitucional nº 19), repartidos de forma proporcional à dam o montante das despesas de capital, ressalvadas
média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, as autorizadas mediante créditos suplementares ou
em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Po-
três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da der Legislativo por maioria absoluta;
publicação desta Lei Complementar. É de se ressaltar que
estas despesas com pessoal do DF cuja responsabilidade de A ressalva constante do art. 167 da CF não foi repetida no
Orçamento Público

pagamento é da União são contabilizadas para efeito de ve- § 2º do art. 12 da LRF, tornando o dispositivo mais restritivo
rificação do limite da União, mas não interferem no limite que o da Constituição. É por esta razão que foi interposta a
do DF com gastos de pessoal; ação direta de inconstitucionalidade mencionada.
d) 0,6% para o Ministério Público da União; No sentido da regulamentação da regra de ouro, o Sena-
do Federal editou a Resolução RSF nº 43/2001 que dispõe
Ocorre que, apesar de constar da LRF, esta despesa não é mais permitida por
31

força do disposto no art. 57, § 7º da CF: “Na sessão legislativa extraordinária,


o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi con- Para o Legislativo, nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municí-
32

vocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de pios, este percentual é de 3,4%.
parcela indenizatória, em razão da convocação”. (Redação dada pela Emenda Para o Executivo, nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municí-
33

Constitucional nº 50, de 2006) pios, este percentual é de 48,6%.

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sobre as operações de crédito interno e externo dos Estados, Conforme recentes alterações dadas pela Lei Comple-
do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive concessão de mentar nº 131/2009, a transparência será assegurada tam-
garantias, seus limites e condições de autorização. bém mediante:
• incentivo à participação popular e realização de audi-
Dos Limites para Dívida ências públicas, durante os processos de elaboração e
discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
Dívida pública consolidada ou fundada é o montante to- orçamentos;
tal, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do • liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento
ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, da sociedade, em tempo real, de informações porme-
convênios ou tratados e da realização de operações de cré- norizadas sobre a execução orçamentária e financeira,
dito, para amortização em prazo superior a doze meses. Já em meios eletrônicos de acesso público;
a dívida pública mobiliária é dívida pública representada por • adoção de sistema integrado de administração fi-
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do nanceira e controle, que atenda a padrão mínimo de
Brasil, Estados e Municípios; qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da União
A definição dos limites globais da divida pública consoli- e aos requisitos de disponibilização de informações
dada e mobiliária é estabelecida, respectivamente, pelo Se- estabelecidos na LRF.
nado Federal e pelo Congresso Nacional mediante proposta
do Presidente da República, atendido o seguinte: No sentido da máxima transparência, os entes da Fede-
• demonstração de que os limites e condições guardam ração disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o
coerência com as normas estabelecidas nesta Lei Com- acesso a informações referentes a:
plementar e com os objetivos da política fiscal; • Quanto à despesa: todos os atos praticados pelas uni-
• estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada dades gestoras no decorrer da execução da despesa,
uma das três esferas de governo; no momento de sua realização, com a disponibilização
• razões de eventual proposição de limites diferenciados mínima dos dados referentes ao número do corres-
por esfera de governo; pondente processo, ao bem fornecido ou ao serviço
• metodologia de apuração dos resultados primário e prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do
nominal. pagamento e, quando for o caso, ao procedimento
licitatório realizado;
Os limites serão fixados em percentual da receita corren- • quanto à receita: o lançamento e o recebimento de
te líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente toda a receita das unidades gestoras, inclusive refe-
a todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, rente a recursos extraordinários.
para cada um deles, limites máximos. Para fins de verificação
do atendimento do limite, a apuração do montante da dívida As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
consolidada será efetuada ao final de cada quadrimestre. ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo
Sempre que alterados os fundamentos das propostas de Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
limites da dívida, em razão de instabilidade econômica ou elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e
alterações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente instituições da sociedade.
da República poderá solicitar a revisão dos limites. A prestação de contas da União conterá demonstrativos
Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de
do orçamento em que houverem sido incluídos integram a fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco-
dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites. Será nômico e Social, especificando os empréstimos e financia-
incluída na dívida pública consolidada da União a relativa mentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos
à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central fiscal e da seguridade social e, no caso das agências finan-
do Brasil. Também integram a dívida pública consolidada as ceiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas
operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas atividades no exercício.
receitas tenham constado do orçamento. Como importante adição à LRF, também recente, foi in-
O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não cluída a possibilidade de qualquer cidadão, partido político,
excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montan- associação ou sindicato ser parte legítima para denunciar
te do final do exercício anterior, somado ao das operações ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente
de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efe- do Ministério Público o descumprimento das prescrições
tivamente realizadas, acrescido de atualização monetária. estabelecidas na LRF.
Na regulamentação da questão do endividamento pú- A LRF estabelece que a concessão ou ampliação de in-
blico este em vigor a resolução do senado federal RSF nº centivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra
40/2001, que dispõe sobre os limites globais para o montante renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimati-
da dívida pública consolidada e da dívida pública mobiliária va do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em atendi- deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao
mento ao disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal. disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos
uma das seguintes condições:
Orçamento Público

Mecanismos de Transparência Física a) demonstração de que a renúncia foi considerada na


estimativa de receita da lei orçamentária e de que não afetará
São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da
quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios ele- lei de diretrizes orçamentárias; ou
trônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de b) estar acompanhada de medidas de compensação,
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o res- no período mencionado, por meio do aumento de receita,
pectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de
Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. Se
simplificadas desses documentos. o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício

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decorrer desta última condição, o benefício só entrará em c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição
vigor quando implementadas as medidas referidas. dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e
assistência social e as receitas provenientes da compensação
Lei Complementar nº 101, de 4 de Maio de 2000 financeira citada no § 9º do art. 201 da Constituição.
§ 1º Serão computados no cálculo da receita corrente
Estabelece normas de finanças líquida os valores pagos e recebidos em decorrência da Lei
públicas voltadas para a respon- Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo
sabilidade na gestão fiscal e dá previsto pelo art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
outras providências. Transitórias.
§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Con- do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Com- recursos recebidos da União para atendimento das despesas
plementar: de que trata o inciso V do § 1º do art. 19.
§ 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se
CAPÍTULO I as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze
Disposições Preliminares anteriores, excluídas as duplicidades.

Art.  1º Esta Lei Complementar estabelece normas de CAPÍTULO II


finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão Do Planejamento
fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação Seção I
planejada e transparente, em que se previnem riscos e corri- Do Plano Plurianual
gem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públi-
cas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre Art. 3º (Vetado).
receitas e despesas e a obediência a limites e condições no
que tange a renúncia de receita, geração de despesas com Seção II
pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada Da Lei de Diretrizes Orçamentárias
e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação
de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o dis-
Pagar. posto no § 2º do art. 165 da Constituição e:
§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a I – disporá também sobre:
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. a) equilíbrio entre receitas e despesas;
§ 3º Nas referências: b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efe-
I – à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni- tivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste
cípios, estão compreendidos: artigo, no art. 9º e no inciso II do § 1º do art. 31;
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangi- c) (vetado);
dos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério d) (vetado);
Público; e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autar-
dos resultados dos programas financiados com recursos dos
quias, fundações e empresas estatais dependentes;
orçamentos;
II – a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;
f) demais condições e exigências para transferências de
III – a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de
recursos a entidades públicas e privadas;
Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando
II – (vetado);
houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de
Contas do Município. III – (vetado);
Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende- § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias
-se como: Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas
I – ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito anuais, em valores correntes e constantes, relativas a recei-
Federal e cada Município; tas, despesas, resultados nominal e primário e montante da
II – empresa controlada: sociedade cuja maioria do ca- dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os
pital social com direito a voto pertença, direta ou indireta- dois seguintes.
mente, a ente da Federação; § 2º O Anexo conterá, ainda:
III – empresa estatal dependente: empresa controlada I – avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano
que receba do ente controlador recursos financeiros para anterior;
pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral II – demonstrativo das metas anuais, instruído com me-
ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes mória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados
de aumento de participação acionária; pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exer-
IV – receita corrente líquida: somatório das receitas tribu- cícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com
Orçamento Público

tárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecu- as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
árias, de serviços, transferências correntes e outras receitas III – evolução do patrimônio líquido, também nos últi-
também correntes, deduzidos: mos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Mu- recursos obtidos com a alienação de ativos;
nicípios por determinação constitucional ou legal, e as con- IV – avaliação da situação financeira e atuarial:
tribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos
do art. 195, e no art. 239 da Constituição; servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios b) dos demais fundos públicos e programas estatais de
por determinação constitucional; natureza atuarial;

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V – demonstrativo da estimativa e compensação da re- § 3º Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil
núncia de receita e da margem de expansão das despesas conterão notas explicativas sobre os custos da remuneração
obrigatórias de caráter continuado. das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção
§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de das reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de
Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes títulos, destacando os de emissão da União.
e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, infor-
mando as providências a serem tomadas, caso se concre- Seção IV
tizem. Da Execução Orçamentária e
§ 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União do Cumprimento das Metas
apresentará, em anexo específico, os objetivos das políticas
monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos,
e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias
ainda as metas de inflação, para o exercício subsequente. e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4º, o
Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e
Seção III o cronograma de execução mensal de desembolso. (Vide
Da Lei Orçamentária Anual Decreto nº 4.959, de 2004) (Vide Decreto nº 5.356, de 2005)
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a
Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de finalidade específica serão utilizados exclusivamente para
forma compatível com o plano plurianual, com a lei de diretri- atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício
zes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
I – conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a re-
da programação dos orçamentos com os objetivos e metas alização da receita poderá não comportar o cumprimento
constantes do documento de que trata o § 1º do art. 4º; das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas
II – será acompanhado do documento a que se refere no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público
o § 6º do art. 165 da Constituição, bem como das medidas promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários,
de compensação a renúncias de receita e ao aumento de nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e mo-
despesas obrigatórias de caráter continuado; vimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei
III – conterá reserva de contingência, cuja forma de uti- de diretrizes orçamentárias.
lização e montante, definido com base na receita corrente § 1º No caso de restabelecimento da receita prevista,
líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentá- ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos em-
rias, destinada ao: penhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às
a) (vetado); reduções efetivadas.
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que cons-
e eventos fiscais imprevistos. tituam obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive
§ 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobili- aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as
ária ou contratual, e as receitas que as atenderão, constarão ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.
da lei orçamentária anual.
§ 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o
§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará sepa-
Ministério Público não promoverem a limitação no prazo es-
radamente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
tabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar
§ 3º A atualização monetária do principal da dívida mo-
os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de
biliária refinanciada não poderá superar a variação do índice
diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)
de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em
§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro,
legislação específica.
o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das
§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com
finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada. metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública
§ 5º A lei orçamentária não consignará dotação para in- na comissão referida no § 1º do art. 166 da Constituição ou
vestimento com duração superior a um exercício financeiro equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.
que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que § 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de
autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1º do art. cada semestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em
167 da Constituição. reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do
§ 6º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos obje-
na lei orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a tivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial,
pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e
os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a os resultados demonstrados nos balanços.
investimentos. Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará
§ 7º (Vetado). os beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por
Art. 6º (Vetado). meio de sistema de contabilidade e administração financeira,
Art. 7º O resultado do Banco Central do Brasil, apurado para fins de observância da ordem cronológica determinada
após a constituição ou reversão de reservas, constitui receita no art. 100 da Constituição.
Orçamento Público

do Tesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil


subsequente à aprovação dos balanços semestrais. CAPÍTULO III
§ 1º O resultado negativo constituirá obrigação do Te- Da Receita Pública
souro para com o Banco Central do Brasil e será consignado
em dotação específica no orçamento. Seção I
§ 2º O impacto e o custo fiscal das operações realizadas Da Previsão e da Arrecadação
pelo Banco Central do Brasil serão demonstrados trimes-
tralmente, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabi-
orçamentárias da União. lidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arre-

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cadação de todos os tributos da competência constitucional I  – às alterações das alíquotas dos impostos previstos
do ente da Federação. nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências do seu § 1º;
voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, II – ao cancelamento de débito cujo montante seja infe-
no que se refere aos impostos. rior ao dos respectivos custos de cobrança.
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas
técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na CAPÍTULO IV
legislação, da variação do índice de preços, do crescimen- Da Despesa Pública
to econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão
acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últi- Seção I
mos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a Da Geração da Despesa
que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas
utilizadas. Art.  15. Serão consideradas não autorizadas, irregula-
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legis- res e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa
lativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos
ordem técnica ou legal. arts. 16 e 17.
§ 2º O montante previsto para as receitas de operações Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação
de crédito não poderá ser superior ao das despesas de ca- governamental que acarrete aumento da despesa será acom-
pital constantes do projeto de lei orçamentária. (Vide ADIN panhado de:
2.238-5) I  – estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposi- exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subse-
ção dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo quentes;
trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas II – declaração do ordenador da despesa de que o au-
propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das mento tem adequação orçamentária e financeira com a lei
receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual
líquida, e as respectivas memórias de cálculo. e com a lei de diretrizes orçamentárias.
Art. 13. No prazo previsto no art. 8º, as receitas previstas § 1º Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais I – adequada com a lei orçamentária anual, a despesa ob-
jeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abran-
de arrecadação, com a especificação, em separado, quando
gida por crédito genérico, de forma que somadas todas as
cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da
despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas
quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da
no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos
estabelecidos para o exercício;
tributários passíveis de cobrança administrativa.
II – compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes
orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes,
Seção II objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos
Da Renúncia de Receita e não infrinja qualquer de suas disposições.
§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou be- acompanhada das premissas e metodologia de cálculo uti-
nefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de lizadas.
receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto § 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa con-
orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua siderada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de
vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias.
diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes § 4º As normas do caput constituem condição prévia
condições: (Vide Medida Provisória nº 2.159, de 2001) (Vide para:
Lei nº 10.276, de 2001) I  – empenho e licitação de serviços, fornecimento de
I – demonstração pelo proponente de que a renúncia foi bens ou execução de obras;
considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na II – desapropriação de imóveis urbanos a que se refere
forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resul- o § 3º do art. 182 da Constituição.
tados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes
orçamentárias; Subseção I
II  – estar acompanhada de medidas de compensação, Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
no período mencionado no caput, por meio do aumento
de receita, proveniente da elevação de alíquotas, amplia- Art.  17. Considera-se obrigatória de caráter continua-
ção da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou do a despesa corrente derivada de lei, medida provisória
contribuição. ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a
§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsí- obrigação legal de sua execução por um período superior
dio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter a dois exercícios.
Orçamento Público

não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de
cálculo que implique redução discriminada de tributos ou que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa
contribuições, e outros benefícios que correspondam a tra- prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos
tamento diferenciado. recursos para seu custeio.
§ 2º Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acom-
benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condi- panhado de comprovação de que a despesa criada ou au-
ção contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando mentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas
implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. no anexo referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos
§ 3º O disposto neste artigo não se aplica: financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo

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aumento permanente de receita ou pela redução perma- VI – com inativos, ainda que por intermédio de fundo
nente de despesa. específico, custeadas por recursos provenientes:
§ 3º Para efeito do § 2º, considera-se aumento perma- a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
nente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, b) da compensação financeira de que trata o § 9º do art.
ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tri- 201 da Constituição;
buto ou contribuição. c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fun-
§ 4º A comprovação referida no § 2º, apresentada pelo do vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação
proponente, conterá as premissas e metodologia de cálcu- de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
lo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da § 2º Observado o disposto no inciso IV do § 1º, as des-
despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei pesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão
de diretrizes orçamentárias. incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será execu- no art. 20.
tada antes da implementação das medidas referidas no § 2º, Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não
as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar. poderá exceder os seguintes percentuais:
§ 6º O disposto no § 1º não se aplica às despesas des- I – na esfera federal:
tinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de re- a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o
muneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
Constituição. b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento)
daquela criada por prazo determinado. para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as
despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos
Seção II XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda
Das Despesas com Pessoal Constitucional nº 19, repartidos de forma proporcional à
média das despesas relativas a cada um destes dispositivos,
Subseção I em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos
Definições e Limites três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da
publicação desta Lei Complementar; (Vide Decreto nº 3.917,
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-
de 2001)
-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gas-
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Pú-
tos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os
blico da União;
pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções
II – na esfera estadual:
ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com
quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tri-
e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da apo- bunal de Contas do Estado;
sentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratifi- b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
cações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natu- c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
reza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Es-
pelo ente às entidades de previdência. tados;
§ 1º Os valores dos contratos de terceirização de mão-de- III – na esfera municipal:
-obra que se referem à substituição de servidores e empre- a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tri-
gados públicos serão contabilizados como “Outras Despesas bunal de Contas do Município, quando houver;
de Pessoal”. b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
§ 2º A despesa total com pessoal será apurada somando- § 1º Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera,
-se a realizada no mês em referência com as dos onze imedia- os limites serão repartidos entre seus órgãos de forma pro-
tamente anteriores, adotando-se o regime de competência. porcional à média das despesas com pessoal, em percentual
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios
Constituição, a despesa total com pessoal, em cada perío- financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta
do de apuração e em cada ente da Federação, não poderá Lei Complementar.
exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir § 2º Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
discriminados: I – o Ministério Público;
I – União: 50% (cinquenta por cento); II – no Poder Legislativo:
II – Estados: 60% (sessenta por cento); a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas
III – Municípios: 60% (sessenta por cento). da União;
§ 1º Na verificação do atendimento dos limites definidos b) Estadual, a Assembleia Legislativa e os Tribunais de
neste artigo, não serão computadas as despesas: Contas;
I – de indenização por demissão de servidores ou em- c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal
pregados; de Contas do Distrito Federal;
II – relativas a incentivos à demissão voluntária; d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de
Orçamento Público

III – derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § Contas do Município, quando houver;


6º do art. 57 da Constituição; III – no Poder Judiciário:
IV – decorrentes de decisão judicial e da competência a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Consti-
de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2º tuição;
do art. 18; b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
V – com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do § 3º Os limites para as despesas com pessoal do Poder
Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art.
União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constitui- 21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação
ção e do art. 31 da Emenda Constitucional nº 19; da regra do § 1º.

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§ 4º Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos § 4º As restrições do § 3º aplicam-se imediatamente se
Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro
inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e re- quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de
duzidos em 0,4% (quatro décimos por cento). Poder ou órgão referidos no art. 20.
§ 5º Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a
entrega dos recursos financeiros correspondentes à despesa Seção III
total com pessoal por Poder e órgão será a resultante da Das Despesas com a Seguridade Social
aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles
fixados na lei de diretrizes orçamentárias. Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguri-
§ 6º (Vetado). dade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art.
Subseção II 195 da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17.
Do Controle da Despesa Total com Pessoal § 1º É dispensada da compensação referida no art. 17 o
aumento de despesa decorrente de:
Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque au- I – concessão de benefício a quem satisfaça as condições
mento da despesa com pessoal e não atenda:
de habilitação prevista na legislação pertinente;
I – as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar,
II – expansão quantitativa do atendimento e dos serviços
e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1º do art. 169
prestados;
da Constituição;
II – o limite legal de comprometimento aplicado às des- III – reajustamento de valor do benefício ou serviço, a
pesas com pessoal inativo. fim de preservar o seu valor real.
Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato § 2º O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou
de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido serviço de saúde, previdência e assistência social, inclusive
nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e
titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. inativos, e aos pensionistas.
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites esta-
belecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada CAPÍTULO V
quadrimestre. Das Transferências Voluntárias
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder
a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se
ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido por transferência voluntária a entrega de recursos correntes
no excesso: ou de capital a outro ente da Federação, a título de coo-
I – concessão de vantagem, aumento, reajuste ou ade- peração, auxílio ou assistência financeira, que não decorra
quação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de determinação constitucional, legal ou os destinados ao
de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, Sistema Único de Saúde.
ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Cons- § 1º São exigências para a realização de transferência
tituição; voluntária, além das estabelecidas na lei de diretrizes or-
II – criação de cargo, emprego ou função; çamentárias:
III – alteração de estrutura de carreira que implique au- I – existência de dotação específica;
mento de despesa; II – (vetado);
IV – provimento de cargo público, admissão ou contra- III – observância do disposto no inciso X do art. 167 da
tação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição Constituição;
decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores IV – comprovação, por parte do beneficiário, de:
das áreas de educação, saúde e segurança; a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos,
V – contratação de hora extra, salvo no caso do disposto empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor,
no inciso II do § 6º do art. 57 da Constituição e as situações bem como quanto à prestação de contas de recursos ante-
previstas na lei de diretrizes orçamentárias. riormente dele recebidos;
Art.  23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à
órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no
educação e à saúde;
mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art.
c) observância dos limites das dívidas consolidada e mo-
22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois
biliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no pri-
meiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total
nos §§ 3º e 4º do art. 169 da Constituição. com pessoal;
§ 1º No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Consti- d) previsão orçamentária de contrapartida.
tuição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção § 2º É vedada a utilização de recursos transferidos em
de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles finalidade diversa da pactuada.
atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5) § 3º Para fins da aplicação das sanções de suspensão
§ 2º É facultada a redução temporária da jornada de tra- de transferências voluntárias constantes desta Lei Comple-
Orçamento Público

balho com adequação dos vencimentos à nova carga horária. mentar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação,
(Vide ADIN 2.238-5) saúde e assistência social.
§ 3º Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e
enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá: CAPÍTULO VI
I – receber transferências voluntárias; Da Destinação de Recursos
II – obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; Públicos para o Setor Privado
III – contratar operações de crédito, ressalvadas as des-
tinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indire-
visem à redução das despesas com pessoal. tamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits

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de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específi- deração, sem prejuízo do cumprimento das exigências dos
ca, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes arts. 15 e 16.
orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus § 2º Será incluída na dívida pública consolidada da União
créditos adicionais. a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco
§ 1º O disposto no caput aplica-se a toda a administração Central do Brasil.
indireta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, § 3º Também integram a dívida pública consolidada as
exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as insti- operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas
tuições financeiras e o Banco Central do Brasil. receitas tenham constado do orçamento.
§ 2º Compreende-se incluída a concessão de emprésti- § 4º O refinanciamento do principal da dívida mobiliária
mos, financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respec- não excederá, ao término de cada exercício financeiro, o
tivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão montante do final do exercício anterior, somado ao das ope-
de subvenções e a participação em constituição ou aumento rações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e
de capital. efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação
a pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle Seção II
direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e des- Dos Limites da Dívida Pública
pesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei e das Operações de Crédito
ou ao custo de captação.
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei espe-
Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta
cífica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes
Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao:
de operações de crédito, bem como a concessão de emprés-
timos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo I – Senado Federal: proposta de limites globais para o
o subsídio correspondente consignado na lei orçamentária. montante da dívida consolidada da União, Estados e Muni-
Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser cípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da
utilizados recursos públicos, inclusive de operações de cré- Constituição, bem como de limites e condições relativos aos
dito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Na- incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;
cional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de II – Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça
recuperação ou financiamentos para mudança de controle limites para o montante da dívida mobiliária federal a que se
acionário. refere o inciso XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado
§ 1º A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a da demonstração de sua adequação aos limites fixados para
cargo de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas a dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso
instituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei. I do § 1º deste artigo.
§ 2º O disposto no caput não proíbe o Banco Central do § 1º As propostas referidas nos incisos I e II do caput e
Brasil de conceder às instituições financeiras operações de suas alterações conterão:
redesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos I – demonstração de que os limites e condições guardam
e sessenta dias. coerência com as normas estabelecidas nesta Lei Comple-
mentar e com os objetivos da política fiscal;
CAPÍTULO VII II  – estimativas do impacto da aplicação dos limites a
Da Dívida e do Endividamento cada uma das três esferas de governo;
III – razões de eventual proposição de limites diferencia-
Seção I dos por esfera de governo;
Definições Básicas IV – metodologia de apuração dos resultados primário
e nominal.
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são ado- § 2º As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput
tadas as seguintes definições: também poderão ser apresentadas em termos de dívida líqui-
I  – dívida pública consolidada ou fundada: montante da, evidenciando a forma e a metodologia de sua apuração.
total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras § 3º Os limites de que tratam os incisos I e II do caput
do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contra- serão fixados em percentual da receita corrente líquida para
tos, convênios ou tratados e da realização de operações de
cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os
crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;
entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada
II – dívida pública mobiliária: dívida pública representada
um deles, limites máximos.
por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central
do Brasil, Estados e Municípios; § 4º Para fins de verificação do atendimento do limite, a
III – operação de crédito: compromisso financeiro assu- apuração do montante da dívida consolidada será efetuada
mido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e ao final de cada quadrimestre.
aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento § 5º No prazo previsto no art. 5º, o Presidente da Repú-
antecipado de valores provenientes da venda a termo de blica enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional,
bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações conforme o caso, proposta de manutenção ou alteração dos
Orçamento Público

assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros; limites e condições previstos nos incisos I e II do caput.
IV – concessão de garantia: compromisso de adimplência § 6º Sempre que alterados os fundamentos das propostas
de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da de que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica
Federação ou entidade a ele vinculada; ou alterações nas políticas monetária ou cambial, o Presi-
V  – refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de dente da República poderá encaminhar ao Senado Federal
títulos para pagamento do principal acrescido da atualização ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão dos limites.
monetária. § 7º Os precatórios judiciais não pagos durante a execu-
§ 1º Equipara-se a operação de crédito a assunção, o ção do orçamento em que houverem sido incluídos integram
reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Fe- a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.

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Seção III contribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, ten-
Da Recondução da Dívida aos Limites do por base tributo de competência do ente da Federação,
se resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste;
Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação II – se o empréstimo ou financiamento a que se refere o
ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, inciso I for concedido por instituição financeira controlada
deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subse- pelo ente da Federação, o valor da operação será deduzido
quentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte das despesas de capital;
e cinco por cento) no primeiro. III – (vetado);
§ 1º Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele hou- § 4º Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado
ver incorrido: Federal e do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda
I – estará proibido de realizar operação de crédito interna efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das
ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária; às informações, que incluirão:
II – obterá resultado primário necessário à recondução I – encargos e condições de contratação;
da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, li- II – saldos atualizados e limites relativos às dívidas con-
mitação de empenho, na forma do art. 9º. solidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de
§ 2º Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e garantias.
enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido § 5º Os contratos de operação de crédito externo não
de receber transferências voluntárias da União ou do Estado. conterão cláusula que importe na compensação automática
§ 3º As restrições do § 1º aplicam-se imediatamente se o de débitos e créditos.
montante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimes- Art. 33. A instituição financeira que contratar operação
tre do último ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. de crédito com ente da Federação, exceto quando relativa à
§ 4º O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de
a relação dos entes que tenham ultrapassado os limites das que a operação atende às condições e limites estabelecidos.
dívidas consolidada e mobiliária. § 1º A operação realizada com infração do disposto nesta
§ 5º As normas deste artigo serão observadas nos casos Lei Complementar será considerada nula, procedendo-se ao
de descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das seu cancelamento, mediante a devolução do principal, ve-
operações de crédito internas e externas. dados o pagamento de juros e demais encargos financeiros.
§ 2º Se a devolução não for efetuada no exercício de
Seção IV ingresso dos recursos, será consignada reserva específica
Das Operações de Crédito na lei orçamentária para o exercício seguinte.
§ 3º Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortiza-
ção, ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas
Subseção I nos incisos do § 3º do art. 23.
Da Contratação § 4º Também se constituirá reserva, no montante equi-
valente ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimen- do art. 167 da Constituição, consideradas as disposições do
to dos limites e condições relativos à realização de operações § 3º do art. 32.
de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas
por eles controladas, direta ou indiretamente. Subseção II
§ 1º O ente interessado formalizará seu pleito funda- Das Vedações
mentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos,
demonstrando a relação custo-benefício, o interesse eco- Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da
nômico e social da operação e o atendimento das seguintes dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta
condições: Lei Complementar.
I  – existência de prévia e expressa autorização para a Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito en-
contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adi- tre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de
cionais ou lei específica; fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente,
II – inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos e outro, inclusive suas entidades da administração indireta,
recursos provenientes da operação, exceto no caso de ope- ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou pos-
rações por antecipação de receita; tergação de dívida contraída anteriormente.
III  – observância dos limites e condições fixados pelo § 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as
Senado Federal; operações entre instituição financeira estatal e outro ente
IV – autorização específica do Senado Federal, quando da Federação, inclusive suas entidades da administração in-
se tratar de operação de crédito externo; direta, que não se destinem a:
V – atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
Constituição; II  – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria
VI  – observância das demais restrições estabelecidas instituição concedente.
nesta Lei Complementar. § 2º O disposto no caput não impede Estados e Municí-
§ 2º As operações relativas à dívida mobiliária federal pios de comprar títulos da dívida da União como aplicação
Orçamento Público

autorizadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adi- de suas disponibilidades.


cionais, serão objeto de processo simplificado que atenda Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma ins-
às suas especificidades. tituição financeira estatal e o ente da Federação que a con-
§ 3º Para fins do disposto no inciso V do § 1º, considerar- trole, na qualidade de beneficiário do empréstimo.
-se-á, em cada exercício financeiro, o total dos recursos de Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe institui-
operações de crédito nele ingressados e o das despesas de ção financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da
capital executadas, observado o seguinte: dívida pública para atender investimento de seus clientes,
I  – não serão computadas nas despesas de capital as ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de
realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a recursos próprios.

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Art.  37. Equiparam-se a operações de crédito e estão tente na carteira das instituições financeiras, que pode ser
vedados: refinanciado mediante novas operações de venda a termo.
I – captação de recursos a título de antecipação de receita § 2º O Banco Central do Brasil só poderá comprar direta-
de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha mente títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida
ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7º do art. 150 da mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.
Constituição; § 3º A operação mencionada no § 2º deverá ser reali-
II – recebimento antecipado de valores de empresa em zada à taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão
que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a público.
maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e § 4º É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da
dividendos, na forma da legislação; dívida pública federal existentes na carteira do Banco Central
III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para
ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mer- reduzir a dívida mobiliária.
cadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de
título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas Seção V
estatais dependentes; Da Garantia e da Contragarantia
IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentá-
ria, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em opera-
e serviços.
ções de crédito internas ou externas, observados o disposto
neste artigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, tam-
Subseção III
Das Operações de Crédito por bém os limites e as condições estabelecidos pelo Senado
Antecipação de Receita Orçamentária Federal.
§ 1º A garantia estará condicionada ao oferecimento de
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita contragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a
destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício ser concedida, e à adimplência da entidade que a pleitear
financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às
e mais as seguintes: entidades por este controladas, observado o seguinte:
I – realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início I – não será exigida contragarantia de órgãos e entidades
do exercício; do próprio ente;
II – deverá ser liquidada, com juros e outros encargos II – a contragarantia exigida pela União a Estado ou Mu-
incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano; nicípio, ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na
III – não será autorizada se forem cobrados outros encar- vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e
gos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente provenientes de transferências constitucionais, com outorga
prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier de poderes ao garantidor para retê-las e empregar o respec-
a esta substituir; tivo valor na liquidação da dívida vencida.
IV – estará proibida: § 2º No caso de operação de crédito junto a organismo
a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza financeiro internacional, ou a instituição federal de crédito
não integralmente resgatada; e fomento para o repasse de recursos externos, a União só
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no §
ou Prefeito Municipal. 1º, as exigências legais para o recebimento de transferências
§ 1º As operações de que trata este artigo não serão voluntárias.
computadas para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 § 3º (Vetado).
da Constituição, desde que liquidadas no prazo definido no § 4º (Vetado).
inciso II do caput. § 5º É nula a garantia concedida acima dos limites fixados
§ 2º As operações de crédito por antecipação de recei- pelo Senado Federal.
ta realizadas por Estados ou Municípios serão efetuadas § 6º É vedado às entidades da administração indireta,
mediante abertura de crédito junto à instituição financeira inclusive suas empresas controladas e subsidiárias, conceder
vencedora em processo competitivo eletrônico promovido garantia, ainda que com recursos de fundos.
pelo Banco Central do Brasil. § 7º O disposto no § 6º não se aplica à concessão de
§ 3º O Banco Central do Brasil manterá sistema de acom- garantia por:
panhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso I – empresa controlada a subsidiária ou controlada sua,
de inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à
nem à prestação de contragarantia nas mesmas condições;
instituição credora.
II – instituição financeira a empresa nacional, nos termos
da lei.
Subseção IV
Das Operações com o Banco Central do Brasil § 8º Excetua-se do disposto neste artigo a garantia pres-
tada:
Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Ban- I – por instituições financeiras estatais, que se submete-
co Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do rão às normas aplicáveis às instituições financeiras privadas,
art. 35 e mais às seguintes: de acordo com a legislação pertinente;
I – compra de título da dívida, na data de sua colocação II – pela União, na forma de lei federal, a empresas de
Orçamento Público

no mercado, ressalvado o disposto no § 2º deste artigo; natureza financeira por ela controladas, direta e indiretamen-
II – permuta, ainda que temporária, por intermédio de te, quanto às operações de seguro de crédito à exportação.
instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da § 9º Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de
Federação por título da dívida pública federal, bem como a garantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar
operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo as transferências constitucionais ao ressarcimento daquele
efeito final seja semelhante à permuta; pagamento.
III – concessão de garantia. § 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honra-
§ 1º O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao esto- da pela União ou por Estado, em decorrência de garantia
que de Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, exis- prestada em operação de crédito, terá suspenso o acesso a

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novos créditos ou financiamentos até a total liquidação da penho, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, or-
mencionada dívida. çamentária e financeira, sem prejuízo do disposto no inciso
II do § 5º do art. 165 da Constituição.
Seção VI Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus
Dos Restos a Pagar balanços trimestrais nota explicativa em que informará:
I – fornecimento de bens e serviços ao controlador, com
Art. 41. (Vetado). respectivos preços e condições, comparando-os com os pra-
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido ticados no mercado;
no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, II – recursos recebidos do controlador, a qualquer título,
contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida especificando valor, fonte e destinação;
integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem III – venda de bens, prestação de serviços ou concessão
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente dispo- de empréstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos
nibilidade de caixa para este efeito. ou condições diferentes dos vigentes no mercado.
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de
caixa serão considerados os encargos e despesas compro- CAPÍTULO IX
missadas a pagar até o final do exercício. Da Transparência, Controle e Fiscalização

CAPÍTULO VIII Seção I


Da Gestão Patrimonial Da Transparência da Gestão Fiscal

Seção I Art.  48. São instrumentos de transparência da gestão


Das Disponibilidades de Caixa fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em
meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e
Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Fede- leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
ração serão depositadas conforme estabelece o § 3º do art. respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução
164 da Constituição. Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões
§ 1º As disponibilidades de caixa dos regimes de previ- simplificadas desses documentos.
dência social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda Parágrafo único. A transparência será assegurada tam-
que vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. bém mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº
249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta se- 131, de 2009)
parada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas I – incentivo à participação popular e realização de audi-
nas condições de mercado, com observância dos limites e ências públicas, durante os processos de elaboração e discus-
condições de proteção e prudência financeira. são dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos;
§ 2º É vedada a aplicação das disponibilidades de que (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009)
trata o § 1º em: II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento
I – títulos da dívida pública estadual e municipal, bem da sociedade, em tempo real, de informações pormenoriza-
como em ações e outros papéis relativos às empresas con- das sobre a execução orçamentária e financeira, em meios
troladas pelo respectivo ente da Federação; eletrônicos de acesso público; (Incluído pela Lei Complemen-
II – empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados tar nº 131, de 2009)
e ao Poder Público, inclusive a suas empresas controladas. III – adoção de sistema integrado de administração finan-
ceira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade
Seção II estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no
Da Preservação do Patrimônio Público art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009)
(Vide Decreto nº 7.185, de 2010)
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital deriva- Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do pará-
da da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio grafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão
público para o financiamento de despesa corrente, salvo se a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações re-
destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e ferentes a: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009)
próprio dos servidores públicos. I  – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas
Art. 45. Observado o disposto no § 5º do art. 5º, a lei orça- unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no
mentária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos momento de sua realização, com a disponibilização mínima
após adequadamente atendidos os em andamento e contem- dos dados referentes ao número do correspondente pro-
pladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos cesso, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for
Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente enca- o caso, ao procedimento licitatório realizado; (Incluído pela
minhará ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei Lei Complementar nº 131, de 2009)
de diretrizes orçamentárias, relatório com as informações II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de
necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a
qual será dada ampla divulgação. recursos extraordinários. (Incluído pela Lei Complementar
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de nº 131, de 2009)
Orçamento Público

imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no Art.  49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder
§ 3º do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no
do valor da indenização. respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável
pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cida-
Seção III dãos e instituições da sociedade.
Das Empresas Controladas pelo Setor Público Parágrafo único. A prestação de contas da União con-
terá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências
Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional
gestão em que se estabeleçam objetivos e metas de desem- de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os

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empréstimos e financiamentos concedidos com recursos a) receitas por fonte, informando as realizadas e a reali-
oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no zar, bem como a previsão atualizada;
caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do b) despesas por grupo de natureza, discriminando a do-
impacto fiscal de suas atividades no exercício. tação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;
II – demonstrativos da execução das:
Seção II a) receitas, por categoria econômica e fonte, especifican-
Da Escrituração e Consolidação das Contas do a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício,
a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabi- previsão a realizar;
lidade pública, a escrituração das contas públicas observará b) despesas, por categoria econômica e grupo de nature-
as seguintes: za da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para
I – a disponibilidade de caixa constará de registro pró- o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre
prio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou e no exercício;
despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de c) despesas, por função e subfunção.
forma individualizada; § 1º Os valores referentes ao refinanciamento da dívida
II – a despesa e a assunção de compromisso serão re- mobiliária constarão destacadamente nas receitas de opera-
gistradas segundo o regime de competência, apurando-se, ções de crédito e nas despesas com amortização da dívida.
em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros
§ 2º O descumprimento do prazo previsto neste artigo
pelo regime de caixa;
sujeita o ente às sanções previstas no § 2º do art. 51.
III – as demonstrações contábeis compreenderão, isolada
e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demons-
fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fun- trativos relativos a:
dacional, inclusive empresa estatal dependente; I – apuração da receita corrente líquida, na forma definida
IV – as receitas e despesas previdenciárias serão apre- no inciso IV do art. 2º, sua evolução, assim como a previsão
sentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários de seu desempenho até o final do exercício;
específicos; II – receitas e despesas previdenciárias a que se refere
V – as operações de crédito, as inscrições em Restos a o inciso IV do art. 50;
Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção de III – resultados nominal e primário;
compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas IV – despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4º;
de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida V – Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido
pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e
o tipo de credor; o montante a pagar.
VI  – a demonstração das variações patrimoniais dará § 1º O relatório referente ao último bimestre do exercício
destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes será acompanhado também de demonstrativos:
da alienação de ativos. I – do atendimento do disposto no inciso III do art. 167
§ 1º No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão da Constituição, conforme o § 3º do art. 32;
as operações intragovernamentais. II – das projeções atuariais dos regimes de previdência
§ 2º A edição de normas gerais para consolidação das social, geral e próprio dos servidores públicos;
contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da III – da variação patrimonial, evidenciando a alienação de
União, enquanto não implantado o conselho de que trata ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
o art. 67. § 2º Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
§ 3º A Administração Pública manterá sistema de custos I – da limitação de empenho;
que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão II – da frustração de receitas, especificando as medidas de
orçamentária, financeira e patrimonial. combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar,
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o e as ações de fiscalização e cobrança.
dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera
de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao Seção IV
exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio ele- Do Relatório de Gestão Fiscal
trônico de acesso público.
§ 1º Os Estados e os Municípios encaminharão suas con- Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos
tas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos:
titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório
I – Municípios, com cópia para o Poder Executivo do res-
de Gestão Fiscal, assinado pelo:
pectivo Estado, até trinta de abril;
II – Estados, até trinta e um de maio. I – Chefe do Poder Executivo;
§ 2º O descumprimento dos prazos previstos neste artigo II – Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou
impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos
Federação receba transferências voluntárias e contrate ope- dos órgãos do Poder Legislativo;
rações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento III – Presidente de Tribunal e demais membros de Con-
do principal atualizado da dívida mobiliária. selho de Administração ou órgão decisório equivalente, con-
forme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;
Seção III IV – Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Orçamento Público

Do Relatório Resumido da Parágrafo único. O relatório também será assinado pe-


Execução Orçamentária las autoridades responsáveis pela administração financeira
e pelo controle interno, bem como por outras definidas por
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.
da Constituição abrangerá todos os Poderes e o Ministério Art. 55. O relatório conterá:
Público, será publicado até trinta dias após o encerramento I – comparativo com os limites de que trata esta Lei Com-
de cada bimestre e composto de: plementar, dos seguintes montantes:
I – balanço orçamentário, que especificará, por categoria a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos
econômica, as: e pensionistas;

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b) dívidas consolidada e mobiliária; tos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as
c) concessão de garantias; demais medidas para incremento das receitas tributárias e
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de de contribuições.
receita;
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4º; Seção VI
II – indicação das medidas corretivas adotadas ou a ado- Da Fiscalização da Gestão Fiscal
tar, se ultrapassado qualquer dos limites;
III – demonstrativos, no último quadrimestre: Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de
e um de dezembro; cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumpri-
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: mento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no
1) liquidadas; que se refere a:
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem I – atingimento das metas estabelecidas na lei de dire-
a uma das condições do inciso II do art. 41; trizes orçamentárias;
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite II – limites e condições para realização de operações de
do saldo da disponibilidade de caixa; crédito e inscrição em Restos a Pagar;
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e III – medidas adotadas para o retorno da despesa total
cujos empenhos foram cancelados; com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b e 23;
do inciso IV do art. 38. IV – providências tomadas, conforme o disposto no art.
§ 1º O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada
incisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações e mobiliária aos respectivos limites;
relativas à alínea a do inciso I, e os documentos referidos V – destinação de recursos obtidos com a alienação de
nos incisos II e III. ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta
§ 2º O relatório será publicado até trinta dias após o Lei Complementar;
encerramento do período a que corresponder, com amplo VI – cumprimento do limite de gastos totais dos legisla-
acesso ao público, inclusive por meio eletrônico. tivos municipais, quando houver.
§ 3º O descumprimento do prazo a que se refere o § 2º § 1º Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou ór-
sujeita o ente à sanção prevista no § 2º do art. 51. gãos referidos no art. 20 quando constatarem:
§ 4º Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser I – a possibilidade de ocorrência das situações previstas
elaborados de forma padronizada, segundo modelos que no inciso II do art. 4º e no art. 9º;
poderão ser atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. II – que o montante da despesa total com pessoal ultra-
passou 90% (noventa por cento) do limite;
Seção V III – que os montantes das dívidas consolidada e mobi-
Das Prestações de Contas liária, das operações de crédito e da concessão de garantia
se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos res-
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Exe-
pectivos limites;
cutivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes
IV – que os gastos com inativos e pensionistas se encon-
dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do
tram acima do limite definido em lei;
Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão
V – fatos que comprometam os custos ou os resultados
parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de
Contas. dos programas ou indícios de irregularidades na gestão or-
§ 1º As contas do Poder Judiciário serão apresentadas çamentária.
no âmbito: § 2º Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os
I  – da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada
Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos Poder e órgão referido no art. 20.
respectivos tribunais; § 3º O Tribunal de Contas da União acompanhará o cum-
II – dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Jus- primento do disposto nos §§ 2º, 3º e 4º do art. 39.
tiça, consolidando as dos demais tribunais.
§ 2º O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas CAPÍTULO X
será proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão Disposições Finais e Transitórias
mista permanente referida no § 1º do art. 166 da Constituição
ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais. Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites
§ 3º Será dada ampla divulgação dos resultados da apre- inferiores àqueles previstos nesta Lei Complementar para
ciação das contas, julgadas ou tomadas. as dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio concessão de garantias.
conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do rece- Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devida-
bimento, se outro não estiver estabelecido nas constituições mente escriturados em sistema centralizado de liquidação
estaduais ou nas leis orgânicas municipais. e custódia, poderão ser oferecidos em caução para garantia
§ 1º No caso de Municípios que não sejam capitais e que de empréstimos, ou em outras transações previstas em lei,
Orçamento Público

tenham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de pelo seu valor econômico, conforme definido pelo Ministério
cento e oitenta dias. da Fazenda.
§ 2º Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso Art.  62. Os Municípios só contribuirão para o custeio
enquanto existirem contas de Poder, ou órgão referido no de despesas de competência de outros entes da Federação
art. 20, pendentes de parecer prévio. se houver:
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempe- I – autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei
nho da arrecadação em relação à previsão, destacando as orçamentária anual;
providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas II  – convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme
e combate à sonegação, as ações de recuperação de crédi- sua legislação.

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Art. 63. É facultado aos Municípios com população infe- de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas
rior a cinqüenta mil habitantes optar por: representativas da sociedade, visando a:
I – aplicar o disposto no art. 22 e no § 4º do art. 30 ao I – harmonização e coordenação entre os entes da Fe-
final do semestre; deração;
II – divulgar semestralmente: II  – disseminação de práticas que resultem em maior
a) (vetado); eficiência na alocação e execução do gasto público, na ar-
b) o Relatório de Gestão Fiscal; recadação de receitas, no controle do endividamento e na
c) os demonstrativos de que trata o art. 53; transparência da gestão fiscal;
III – elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano pluria- III – adoção de normas de consolidação das contas públi-
nual, o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais cas, padronização das prestações de contas e dos relatórios
da lei de diretrizes orçamentárias e o anexo de que trata o e demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Com-
inciso I do art. 5º a partir do quinto exercício seguinte ao da plementar, normas e padrões mais simples para os pequenos
publicação desta Lei Complementar. Municípios, bem como outros, necessários ao controle social;
§ 1º A divulgação dos relatórios e demonstrativos de- IV – divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
verá ser realizada em até trinta dias após o encerramento § 1º O conselho a que se refere o caput instituirá formas
do semestre. de premiação e reconhecimento público aos titulares de Po-
§ 2º Se ultrapassados os limites relativos à despesa total der que alcançarem resultados meritórios em suas políticas
com pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta de desenvolvimento social, conjugados com a prática de uma
situação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de gestão fiscal pautada pelas normas desta Lei Complementar.
verificação e de retorno ao limite definidos para os demais § 2º Lei disporá sobre a composição e a forma de funcio-
entes. namento do conselho.
Art.  64. A União prestará assistência técnica e coope- Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o
ração financeira aos Municípios para a modernização das Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao
respectivas administrações tributária, financeira, patrimonial Ministério da Previdência e Assistência Social, com a finali-
e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas dade de prover recursos para o pagamento dos benefícios
desta Lei Complementar. do regime geral da previdência social.
§ 1º A assistência técnica consistirá no treinamento e § 1º O Fundo será constituído de:
desenvolvimento de recursos humanos e na transferência I – bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto
de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instru- Nacional do Seguro Social não utilizados na operacionaliza-
mentos de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo ção deste;
acesso público. II – bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adju-
§ 2º A cooperação financeira compreenderá a doação de dicados ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;
III – receita das contribuições sociais para a seguridade
bens e valores, o financiamento por intermédio das institui-
social, previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art.
ções financeiras federais e o repasse de recursos oriundos
195 da Constituição;
de operações externas.
IV – produto da liquidação de bens e ativos de pessoa
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida
física ou jurídica em débito com a Previdência Social;
pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assem-
V – resultado da aplicação financeira de seus ativos;
bleias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios,
VI – recursos provenientes do orçamento da União.
enquanto perdurar a situação: § 2º O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Se-
I – serão suspensas a contagem dos prazos e as disposi- guro Social, na forma da lei.
ções estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a insti-
II – serão dispensados o atingimento dos resultados fis- tuir regime próprio de previdência social para seus servidores
cais e a limitação de empenho prevista no art. 9º. conferir-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de em normas de contabilidade e atuária que preservem seu
estado de defesa ou de sítio, decretado na forma da Cons- equilíbrio financeiro e atuarial.
tituição. Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa
Art.  66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 total com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta
serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou ne- Lei Complementar estiver acima dos limites estabelecidos nos
gativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo limite em até
estadual por período igual ou superior a quatro trimestres. dois exercícios, eliminando o excesso, gradualmente, à razão de,
§ 1º Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação pelo menos, 50% a.a. (cinquenta por cento ao ano), mediante a
real acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.
por cento), no período correspondente aos quatro últimos Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput,
trimestres. no prazo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3º
§ 2º A taxa de variação será aquela apurada pela Funda- do art. 23.
ção Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da
órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia Constituição, até o término do terceiro exercício financeiro
para apuração dos PIB nacional, estadual e regional. seguinte à entrada em vigor desta Lei Complementar, a des-
§ 3º Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas pesa total com pessoal dos Poderes e órgãos referidos no
Orçamento Público

as medidas previstas no art. 22. art. 20 não ultrapassará, em percentual da receita corrente
§ 4º Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas líquida, a despesa verificada no exercício imediatamente
na condução das políticas monetária e cambial, reconhecidas anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), se esta for
pelo Senado Federal, o prazo referido no caput do art. 31 inferior ao limite definido na forma do art. 20.
poderá ser ampliado em até quatro quadrimestres. Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes
Art.  67. O acompanhamento e a avaliação, de forma e órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em per-
permanente, da política e da operacionalidade da gestão centual da receita corrente líquida, a do exercício anterior
fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, cons- à entrada em vigor desta Lei Complementar, até o término
tituído por representantes de todos os Poderes e esferas do terceiro exercício seguinte.

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Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Comple- EXERCÍCIOS
mentar serão punidas segundo o Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei nº 1.079, de 10 1. (FCC/TRT-11ª Região (AM e RR)/Analista Judiciário/Área
de abril de 1950; o Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro Administrativa/2017) De acordo com a Lei nº 4.320/64
de 1967; a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992; e demais e a Lei n° 101/2000, as despesas
normas da legislação pertinente. a) relativas a incentivos à demissão voluntária são
Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação computadas como despesa com pessoal para fins
ou sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo de verificação dos limites estabelecidos pela Lei de
Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Responsabilidade Fiscal.
Público o descumprimento das prescrições estabelecidas b) com a aquisição de equipamentos de informática,
nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei Complementar com vida útil estimada de 3 anos, são despesas
nº 131, de 2009) correntes.
Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para c) com pessoal do Poder Judiciário Federal não poderão
o cumprimento das determinações dispostas nos incisos II ultrapassar o limite de 3,6% da Receita Corrente
e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído Líquida em cada período de apuração.
pela Lei Complementar nº 131, de 2009) d) com energia elétrica, combustível e material de
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal
consumo de um Tribunal Regional do Trabalho são
e os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes;
despesas de custeio.
(Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009)
e) com aquisição de veículos que serão utilizados pelos
II  – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham en-
servidores de um Tribunal Regional do Trabalho em
tre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes;
suas atividades são despesas obrigatórias de caráter
(Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009)
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até continuado.
50.000 (cinquenta mil) habitantes. (Incluído pela Lei Com-
plementar nº 131, de 2009) 2. (FCC/TRE‑SP/Analista Judiciário  – Área Administrati-
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo se- va/2017) A Lei Orçamentária Anual, para o exercício de
rão contados a partir da data de publicação da lei comple- 2017, de determinado ente público previu receitas e fixou
mentar que introduziu os dispositivos referidos no caput des- despesas no valor de R$ 2.750.600.000. Não constou
te artigo. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009) na Lei Orçamentária as despesas com pessoal a serem
Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos realizadas pelo respectivo Poder Legislativo, sob a alega-
prazos previstos no art. 73-B, das determinações contidas ção de que muitos servidores seriam demitidos a partir
nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A de janeiro de 2017, portanto, não seria possível fixar o
sujeita o ente à sanção prevista no inciso I do § 3º do art. 23. montante exato de tais despesas. Nestas condições, a Lei
(Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009) Orçamentária não atendeu ao princípio orçamentário da
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data a) universalidade.
da sua publicação. b) moralidade.
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar nº 96, de 31 de c) transparência.
maio de 1999. d) exclusividade.
e) unidade.
Brasília, 4 de maio de 2000; 179º da Independência e
112º da República. 3. (FCC/TRE‑SP/Analista Judiciário  – Área Administra-
tiva/2017) Para responder à questão, considere as
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO seguintes informações relativamente à execução da
Pedro Malan Lei Orçamentária de determinado ente público, no
Martus Tavares exercício de 2016, segundo a Lei Federal nº 4.320/1964.
Orçamento Público

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Informações complementares 6. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário  – Área Administra-
− Não havendo dotação orçamentária específica, no tiva/2017) A respeito de despesa pública, assinale a
mês de outubro de 2016, foi aberto um crédito opção correta.
adicional no valor de R$ 120.000, destinado à aqui- a) Restos a pagar são despesas pendentes de empenho
sição de dois veículos novos, utilizando recursos por e pagamento quando do encerramento do exercício
anulação parcial de dotação orçamentária. financeiro.
− Do total das despesas correntes empenhadas no b) A despesa com inscrição em restos a pagar cancelada
exercício de 2016 foi pago no próprio exercício o constitui uma despesa de exercício anterior se o
valor de R$ 480.000. direito do credor ainda estiver em vigor.
− O total das Receitas de Capital previstas na Lei Orça- c) Os restos a pagar e os serviços da dívida são exem-
mentária para o exercício de 2016 foi de R$ 650.000. plos de dívida fundada.
d) Obras públicas, subvenções econômicas e juros da
O crédito adicional aberto no valor de R$ 120.000, nos dívida pública são despesas de capital.
termos da Lei Federal nº 4.320/1964, classifica‑se na e) Empenho é ato contábil que registra a obrigação do
modalidade Estado de efetuar pagamento a terceiro, pendente
a) suplementar. ou não de implemento de condições.
b) reforço de dotação.
c) especial. 7. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário  – Área Administra-
d) extraordinário. tiva/2017) Acerca de transparência, controle e fiscali-
e) despesas de capital. zação das contas públicas, conforme estabelece a Lei
Complementar nº 101/2000 – Lei de Responsabilidade
4. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administrati- Fiscal (LRF) – , assinale a opção correta.
va/2017) Relativamente ao orçamento público brasi- a) As contas do Poder Judiciário serão apresentadas,
leiro, assinale a opção correta. no âmbito da União, pelos presidentes dos tribunais
a) O orçamento anual deve incorporar os orçamentos de justiça.
fiscal, de investimentos, da seguridade social e das b) O orçamento público é instrumento de transparência
empresas nas quais o poder público tenha partici- da gestão fiscal.
pação. c) A despesa pública e o resultado dos fluxos financei-
b) Na classificação orçamentária segundo a fonte dos ros devem obedecer ao regime de competência.
recursos, os resultados obtidos pelo Banco Central d) O balanço orçamentário deve conter as receitas por
do Brasil são considerados outras fontes. grupo de natureza e as despesas, por fonte.
c) Os programas contidos no orçamento público divi- e) O relatório de gestão fiscal deve conter o total da
dem‑se em temáticos; de gestão, manutenção e ser- despesa com pessoal, excluídos os pensionistas.
viços ao Estado; e operações especiais, incluindo‑se
nesta última categoria os serviços da dívida externa. 8. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário – Área Administrati-
d) Enquanto o crédito especial é incorporado ao or- va/2017) Tendo como referência a LRF, assinale a opção
çamento, por adição da importância autorizada à correta.
dotação orçamentária, a despesa com crédito suple- a) A proposta de aperfeiçoamento da ação governa-
mentar apresenta‑se separadamente do orçamento. mental dispensa a elaboração de estimativa de im-
e) O plano plurianual estabelece diretrizes nacionais pacto financeiro, mas exige a estimativa de impacto
para as despesas de capital e para os programas de orçamentário.
duração continuada. b) Dívida pública mobiliária é o total de obrigações
financeiras do ente público, resultante de leis, con-
5. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administrati- tratos e convênios.
va/2017) Com relação à receita pública, assinale a opção c) Um dos objetivos da LRF é fixar normas que estimu-
correta. lem a responsabilidade na gestão orçamentária.
a) São receitas de capital os recursos financeiros rece- d) Na lei de diretrizes orçamentárias, o anexo de metas
bidos por ente público para custear despesas com fiscais deve conter avaliações atuariais.
pessoal, com serviços de terceiros ou com material e) Receita corrente líquida é o montante bruto de recei-
de consumo. tas tributárias, de contribuições e patrimoniais, depois
b) Um dos estágios da receita pública é o recolhimento, de efetuadas as deduções legalmente previstas.
que consiste na entrega dos recursos devidos pelos
contribuintes ou devedores ao Tesouro Nacional. 9. (Fundep (Gestão de Concursos)/CRM‑MG/Conta-
c) A classificação da receita pública por fonte de recur- dor/2017) De acordo com a classificação de despesas
sos indica a origem do recurso segundo o seu fato públicas por categorias econômicas (Despesas Corren-
gerador, quer seja recurso do Tesouro Nacional, quer tes e Despesas de Capital), assinale a alternativa correta.
Orçamento Público

de outras fontes. a) Considera‑se obrigatória de caráter continuado a


d) As dívidas da União dividem‑se em dívidas ativas despesa corrente derivada de lei, medida provisória
e dívidas passivas, conforme a etapa da execução ou ato administrativo normativo que fixem para
orçamentária em que se encontre o pagamento da o ente a obrigação legal de sua execução por um
obrigação da União. período superior a um exercício.
e) A receita pública origina‑se tanto da exploração de b) De acordo com a Lei Complementar nº 101 / 2000,
patrimônio de pessoa jurídica de direito público a despesa total com pessoal, em cada período de
quanto do poder do Estado de exigir prestações apuração, não poderá exceder 50% da receita cor-
pecuniárias dos cidadãos. rente líquida dos estados.

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c) Classificam‑se como despesas de custeio as dota- créditos, a  programação orçamentária e financeira,
ções para manutenção de serviços anteriormente e o processo de licitação e contratação. Em relação aos
criados, inclusive as destinadas a atender a obras de instrumentos de planejamento é correto afirmar:
conservação e adaptação de bens imóveis. O valor a) O PPA conterá as metas e prioridades da Administra-
referente ao pagamento de juros da dívida pública é ção Pública Federal, incluindo as despesas de capital
classificado como despesa corrente – transferência. para o exercício financeiro subsequente.
d) A aquisição de imóveis ou de bens de capital já em b) A LDO estabelecerá a política de aplicação das agên-
utilização se classificam como transferências finan- cias financeiras oficiais de fomento.
ceiras. c) A LOA orientará a elaboração para os programas de
duração continuada.
10. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) De acordo d) A duração do PPA é de 3 anos.
com a Constituição Federal de 1988, em seu Art. 165, e) A LOA é constituída por três orçamentos: fiscal,
que institui o PPA (Plano Plurianual), estabelece que o contábil e investimentos das empresas.
plano:
a) Deverá conter as despesas correntes e outras delas 15. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) Supõe‑se
decorrentes. que o prédio da Defensoria Pública do Estado do Para-
b) Deve ser de forma não regionalizada. ná possui um espaço que aluga para eventos e feiras,
c) Deverá conter as diretrizes e metas da administração na qual a receita auferida é classificada, segundo sua
pública federal. origem, como:
d) Contemplará os programas de duração não conti- a) Receita de serviços.
nuada. b) Receita industrial.
e) Disporá sobre as alterações na legislação tributária. c) Receita agropecuária.
d) Receita de contribuições.
11. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) Segundo e) Receita patrimonial.
a ONU (1959), o Orçamento Programa é um sistema
em que se presta particular atenção às coisas que um 16. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) Os bens
governo realiza mais do que às coisas que adquire. São permanentes consistem nos bens móveis de uma orga-
características do Orçamento Programa exceto: nização que, em razão do seu uso corrente, não perdem
a) Utilização sistemática de indicadores e padrões de sua identidade física ou tem uma durabilidade superior
medição de trabalho e de resultados. a dois anos. Na gestão patrimonial são considerados
b) A alocação de recursos que visam à consecução de como bens permanentes artefatos do tipo: móveis em
objetivos e metas. geral, computadores, veículos, dentre outros. Quanto
c) Controle visando avaliar a eficiência e eficácia das à baixa dos bens do ativo é correto afirmar:
ações governamentais. a) Os ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um
item do ativo imobilizado devem ser determinados
d) Na elaboração do orçamento são consideradas as
pela diferença entre o valor líquido da alienação, se
necessidades financeiras das unidades organizacio-
houver, e o valor de mercado do item.
nais.
b) Quando o bem é baixado os ganhos ou perdas de-
e) As decisões orçamentarias são tomadas com base
correntes desta baixa não devem ser reconhecidos
em avaliações técnicas das alternativas possíveis.
no resultado patrimonial.
c) Quando os elementos do ativo imobilizado tiverem
12. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) As etapas vida útil econômica limitada, ficam sujeitos à amorti-
da receita orçamentária seguem a ordem de ocorrência zação ou à exaustão sistêmica durante esse período.
dos fenômenos econômicos, levando‑se em conside- d) A baixa do valor contábil de um item do ativo imo-
ração o modelo de orçamento existente no país e a bilizado deve ocorrer por sua alienação ou quando
tecnologia utilizada. Dessa forma, a ordem sistemática não há expectativa de benefícios econômicos futuros
inicia‑se com: ou potencial de serviços com a sua utilização ou
a) Planejamento, previsão, lançamento e recolhimento. alienação.
b) Previsão, arrecadação, lançamento e recolhimento. e) Os ganhos ou perdas decorrentes da baixa de um
c) Previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. item do ativo imobilizado devem ser determinados
d) Previsão, lançamento, recolhimento e arrecadação. pela diferença entre o valor de mercado da aliena-
e) Lançamento, previsão, recolhimento e arrecadação. ção, se houver, e o valor de mercado do item.
13. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) Supõe‑se 17. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Economista/2017) 16. Assinale a
que o prédio da Defensoria Pública do Paraná teve o seu alternativa incorreta, do Cap. III da seção I, sobre previ-
telhado destruído por um forte vendaval. Diante deste são e arrecadação da Lei Complementar nº 101/2000.
fato deverá ser usado para o conserto do telhado: a) Constituem requisitos essenciais da responsabilida-
a) Créditos suplementares. de na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva
b) Créditos especiais. arrecadação de todos os tributos da competência
Orçamento Público

c) Créditos complementares. constitucional do ente da Federação.


d) Créditos extraordinários. b) As previsões de receita observarão as normas técni-
e) Créditos ordinários. cas e legais, considerarão os efeitos das alterações
na legislação, da variação do índice de preços, do
14. (INAZ do Pará/DPE‑PR/Administrador/2017) A etapa do crescimento econômico ou de qualquer outro fator
planejamento abrange, de modo geral, toda a análise relevante e serão acompanhadas de demonstrativo
para a formulação do plano e ações governamentais de sua evolução nos últimos três anos da projeção
que servirão de base para a fixação da despesa or- para os dois seguintes àquele a que se referirem,
çamentária, a  descentralização/movimentação de e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

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c) Na concessão de crédito por ente da Federação a II  – Uma atividade é um agrupamento de tarefas
pessoa física, ou jurídica que não esteja sob seu executadas em nível secundário em uma unidade
controle direto ou indireto, os encargos financeiros, administrativa para o alcance de metas do programa
comissões e despesas congêneres não serão inferio- desta unidade.
res aos definidos em lei ou ao custo de captação. III – O orçamento‑programa foi previsto no Brasil pela
d) No prazo previsto no art.  8º, as  receitas previstas Lei nº 4.320/64 e teve seus princípios delineados pelo
serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas Decreto‑Lei nº  200/67 como ferramenta para defini-
bimestrais de arrecadação, com a especificação, em ção das ações homogêneas do governo que visam ao
separado, quando cabível, das medidas de combate mesmo fim.
à evasão e à sonegação, da quantidade e valores
de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, Está correto o que se afirma apenas em
bem como da evolução do montante dos créditos a) I.
tributários passíveis de cobrança administrativa. b) II e III.
e) O Poder Executivo de cada ente colocará à dispo- c) I e III.
sição dos demais Poderes e do Ministério Público, d) I e II.
no mínimo trinta dias antes do prazo final para e) II.
encaminhamento de suas propostas orçamentárias,
os estudos e as estimativas das receitas para o exer- 21. (FCC/PGE‑MT/Analista/Contabilidade/2016) A Receita
cício subsequente, inclusive da corrente líquida, e as Pública é classificada em categorias que a agregam em
respectivas memórias de cálculo. grupos e subgrupos conforme a Categoria Econômica,
a Origem, a Espécie, a Rubrica, a Alínea e a Sub alínea.
18. (Fundep (Gestão de Concursos)/UFVJM‑MG/Admi- São contas da Origem da Receita Orçamentária Pública:
nistrador/2017) Sobre restos a pagar no contexto do a) Receita Corrente e Receita de Capital.
processo orçamentário público, considere as afirmativas b) Receita Tributária e Receita Agropecuária.
a seguir. c) Receita de Impostos e Receita de Taxas.
I  – A despesa orçamentária inscrita em restos a pa- d) Receita de Contribuição de Melhoria e Receita Tri-
gar não processados foi empenhada e liquidada e butária.
encontra‑se pendente de pagamento, enquanto a e) Receita de Serviço e Receita de Capital.
inscrita em restos a pagar processados foi empenhada
22. (FCC/PGE‑MT/Analista/Contabilidade/2016) Segundo a
e encontra‑se pendente de liquidação e de pagamento.
Lei de Responsabilidade Fiscal, não são instrumentos
II – Embora não aborde o mérito do que pode ou não
de transparência da gestão fiscal que devem ter ampla
ser inscrito em restos a pagar, a Lei de Responsabili-
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso
dade Fiscal veda contrair obrigação no último ano do
público,
mandato do governante sem que exista a respectiva
a) os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamen-
cobertura financeira. tárias.
III – São restos a pagar todas as despesas regularmente b) as prestações de contas e o respectivo parecer pré-
empenhadas, do exercício atual ou anterior, mas não vio.
pagas ou canceladas até 31 de dezembro do exercício c) o Relatório Resumido da Execução Orçamentária.
financeiro vigente. d) o Relatório de Gestão Fiscal.
e) a Demonstração do Valor Adicionado.
Estão corretas as afirmativas:
a) I e II, apenas. 23. (FCC/TRT-20ª Região‑SE/Analista Judiciário/Área
b) I e III, apenas Administrativa/2016) De acordo com as disposições
c) II e III, apenas. constitucionais e legais que regulam a matéria, a Lei
d) I, II e III. de Diretrizes Orçamentárias – LDO
a) deve ser aprovada conjuntamente com a Lei Orça-
19. (FCC/PGE‑MT/Analista/Administrador/2016) O princípio mentária Anual, complementando‑a, no que diz res-
orçamentário a que se refere o seguinte texto legal: peito à execução, no decorrer do exercício financeiro
A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas em curso.
próprias dos órgãos do Governo e da administração b) compõe o Plano Plurianual, contendo os principais
centralizada, ou que, por intermédio deles se devam programas e ações que extrapolam o exercício finan-
realizar (BRASIL, Lei Federal nº 4.320/64, artigo 4º), é o ceiro subsequente.
princípio da c) constitui a peça subsequente à Lei Orçamentária
a) Não‑Afetação da Despesa. Anual, disciplinando a abertura de créditos suple-
b) Discriminação. mentares e, quando necessário, o contingenciamen-
c) Unidade. to de despesas.
d) Anualidade. d) precede e orienta a elaboração da Lei Orçamentária
Orçamento Público

e) Universalidade. Anual, estabelecendo, entre outros temas, metas e


prioridades para o exercício financeiro subsequente.
20. (FCC/PGE‑MT/Analista/Administrador/2016) Tendo e) substitui a Lei Orçamentária Anual no último ano
em vista os conceitos e as características inerentes ao de mandato do Chefe do Executivo, não podendo
orçamento‑programa, considere: contemplar restos a pagar não processados.
I  – O programa é o nível mínimo de classificação do
trabalho executado por uma unidade administrativa 24. (FCC/TRT-20ª Região‑SE/Analista Judiciário/Contabili-
de nível superior no desempenho das funções que lhes dade/2016) A Despesa Líquida com Pessoal, no valor
são atribuídas pela lei que a cria. de R$ 578.580.000 do período de janeiro a dezembro

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de 2015 de determinado órgão federal, está de acordo atender as regras básicas dos princípios orçamentários,
com o limite máximo permitido. Segundo a Lei Com- a fim de conferir racionalidade, eficiência e transparên-
plementar nº 101/2000: cia aos processos de elaboração, execução e controle.
a) Serão contabilizados como “Locação de Mão de Quanto aos princípios orçamentários, é certo afirmar:
Obra” os valores dos contratos de terceirização a) A não afetação das receitas − veda a vinculação
de mão‑de‑obra que se referem à substituição de da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa,
servidores e empregados públicos. exceto para reajuste de servidores e pagamento da
b) A despesa total com pessoal será apurada soman- dívida pública.
do‑se a realizada no mês em referência com as dos b) O orçamento bruto − preconiza o registro das recei-
onze imediatamente anteriores, adotando‑se o tas e despesas na Lei Orçamentária Anual − LOA pelo
regime de caixa. valor total e bruto, permitindo apenas as deduções
c) Na verificação do atendimento dos limites definidos, de receitas pertencentes a outras entidades públicas.
não será computada a despesa relativa a incentivo c) A exclusividade − estabelece que a LOA não conterá
à demissão voluntária. dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
d) A verificação do cumprimento dos limites será rea- da despesa. Ressalvam‑se dessa proibição a autori-
lizada ao final de cada bimestre. zação para abertura de créditos suplementares e a
e) O limite prudencial corresponde a 75% sobre o limite contratação de operações de crédito, ainda que por
máximo. Antecipação de Receitas Orçamentárias − ARO, nos
termos da lei.
25. (FCC/TRT  – 20ª Região‑SE/Analista Judiciário/Conta-
d) A anualidade ou periodicidade − apregoa que a
bilidade/2016) No mês de outubro de 2016, deter-
previsão das receitas e a fixação das despesas deve
minada entidade do setor público obteve receitas
referir a um período de tempo que corresponda,
orçamentárias com a alienação de imóveis, no valor
de R$ 90.500.000,00. Segundo a Lei Complementar pelo menos, um exercício financeiro.
nº 101/2000, a origem e o destino dos recursos prove- e) A universalidade − determina que nos orçamentos
nientes da alienação de ativos devem ser destacados dos entes públicos a despesa fixada não pode ser
a) na demonstração das variações patrimoniais. superior a receita prevista.
b) no balanço patrimonial.
c) no balanço orçamentário. 28. (FCC/TRT – 20ª REGIÃO (SE)/Analista Judiciário/Conta-
d) no balanço financeiro. bilidade/2016) Para o exercício de 2016, determinado
e) na demonstração das receitas e despesas de capital ente público estimou as receitas e fixou as despesas,
realizadas. no valor de R$ 8.648.788.500. Com relação à Lei Orça-
mentária Anual é correto afirmar:
26. (FCC/TRT-20ª Região‑SE/Analista Judiciário/Contabili- a) É vedado consignar crédito com finalidade imprecisa
dade/2016) De acordo com a Lei de Responsabilidade ou com dotação ilimitada, exceto para as despesas
Fiscal − Lei Complementar nº 101/2000, a escrituração de caráter continuado.
das contas públicas, além de obedecer às demais nor- b) O envio do projeto de lei ao Congresso Nacional é
mas de contabilidade pública deverá também observar de competência do Presidente da República, apenas,
as seguintes normas: para o orçamento do Poder Executivo.
a) as demonstrações contábeis compreenderão, isolada c) É permitida, nos casos de despesas imprevistas,
e conjuntamente, as transações e operações de cada a transposição, o remanejamento ou a transferên-
órgão, fundo ou entidade da administração direta, cia de recursos de uma categoria de programação
autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
dependente. autorização legislativa.
b) nos casos de guerra, ou de sua iminência, bem como d) Compreenderá, o anexo de metas fiscais elaborado
de grave convulsão social, as operações de crédito pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
poderão deixar de ser escrituradas, para não evi- e) As receitas orçamentárias pertencem ao Estado, inte-
denciar o montante e a variação da dívida pública gram o patrimônio do Poder Público, aumentam‑lhe
no período. o saldo financeiro e, via de regra, estão previstas
c) a despesa e a assunção de compromisso serão re- na LOA.
gistradas segundo o regime de caixa, apurando‑se,
em caráter complementar, o  resultado dos fluxos
29. (FCC/TRT-20ª Região‑SE/Analista Judiciário/Contabili-
financeiros pelo mesmo regime.
dade/2016) As despesas com serviços realizadas nos
d) mediante previsão expressa em resolução do Sena-
meses de novembro e dezembro de 2015 com a ma-
do Federal, e desde que limitada a dois exercícios
consecutivos ou a três intercalados, em um período nutenção dos elevadores instalados no prédio central
de cinco exercícios, a demonstração das variações de determinado órgão público, embora o orçamento
patrimoniais poderá deixar de dar destaque à origem respectivo consignasse crédito próprio, com saldo
e ao destino dos recursos provenientes da alienação suficiente para atendê‑las, não foram empenhadas
Orçamento Público

de ativos. no respectivo exercício. Na execução orçamentária do


e) as receitas e despesas previdenciárias poderão, exercício de 2016, segundo a Lei Federal nº 4.320/1964,
nos termos de lei específica, ser apresentadas, as despesas serão empenhadas no elemento de despe-
temporariamente, em demonstrativos financeiros sa denominado de
e orçamentários gerais e genéricos. a) indenizações e restituições.
b) despesas de exercícios anteriores.
27. (FCC/TRT-20ª Região‑SE/Analista Judiciário/Contabilida- c) locação de mão de obra.
de/2016) O orçamento público, um dos instrumentos de d) obrigações de exercícios anteriores.
planejamento previstos na Constituição Federal, deve e) ressarcimentos de exercícios anteriores.

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30. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Contador/2016) Con- c) LOA, LOA e PPA.
sidere: d) LOA, PPA e LDO.
I – Receita tributária. e) LDO, LOA e LOA.
II  – Superávit do orçamento corrente resultante do
balanceamento dos totais das receitas e despesas 34. (FCC/Prefeitura de Teresina  – PI/Analista de Orça-
correntes. mento/2016) A Lei de Diretrizes Orçamentárias é um
III  – Realização de recursos financeiros oriundos de elemento fundamental para as atividades financeiras
constituição de dívidas. públicas. No campo federal, ela
IV – Receita de contribuição. a) estabelece diretrizes para a Administração pública
V – Receita industrial. observar nos quatro anos seguintes.
b) mantém independência do Plano Plurianual, tendo
No termos regulados pela Lei n° 4.320/1964, são recei- em vista que as prioridades contidas nas duas não
tas orçamentárias o que consta apenas em se comunicam.
a) I, II, III e IV. c) fixa as metas e prioridades da Administração pública
b) I, II, III e V. Federal para o exercício financeiro subsequente.
c) I, II, IV e V. d) inclui a fixação das despesas correntes e exclui as
d) I, III, IV e V. despesas de capital, que estão fixadas no Plano
e) II, III, IV e V. Plurianual.
e) deve contemplar o resultado fiscal nominal, que
31. (FCC/Prefeitura de Teresina  – PI/Contador/2016) considera as receitas e as despesas, excluindo as
Durante o planejamento orçamentário da Prefeitura despesas com juros da dívida pública.
de Teresina para o exercício de 2017 foi verificada a
necessidade de inclusão na proposta do orçamento de 35. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista de Orçamen-
dotações para a manutenção de serviços anteriormente to/2016) Nos termos da Lei nº 4.320/64, a discrimina-
criados, inclusive algumas destinadas a atender a obras ção da despesa nos orçamentos será feita, no mínimo,
de conservação e adaptação de bens imóveis. Segundo a) pelo desdobramento da despesa com pessoal,
a Lei nº 4.320/64, essas dotações correspondem a material, serviços, obras e outros meios de que se
a) despesas de capital.
serve a Administração pública para consecução dos
b) transferências de capital.
seus fins.
c) subvenções econômicas.
b) pelo agrupamento de serviços subordinados ao
d) investimentos.
mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas
e) despesas de custeio.
dotações próprias.
c) por dotações a unidades administrativas subordina-
32. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Contador/2016) Con-
sidere: das ao mesmo órgão.
I – Cobertura dos déficits de manutenção das empresas d) por dotações para o planejamento e a execução de
públicas, exclusivamente de natureza autárquica. obras, inclusive as destinadas à aquisição de imó-
II – Inclusão nas despesas de capital do orçamento. veis considerados necessários à realização destas
III  – Ajuda financeira a empresas com fins lucrativos últimas, bem como para os programas especiais de
autorizadas em lei especial. trabalho.
IV – Cobertura da diferença entre os preços de merca- e) por dotações para investimentos ou inversões
do e os preços de revenda, pelo governo, de gêneros financeiras que outras pessoas de direito público
alimentícios ou outros materiais. ou privado devam realizar, independentemente de
V – Pagamento de bonificações a produtores de deter- contraprestação direta em bens ou serviços.
minados gêneros ou materiais.
36. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista de Orçamen-
Nos termos da Lei nº 4.320/64, são características das to/2016) Em um caso hipotético, a Prefeitura de Tere-
subvenções econômicas o contido apenas em sina deixou de prever a efetiva arrecadação do IPTU no
a) I, II e IV. orçamento para o exercício de 2016. Nesse caso, a Lei
b) I e V. de Responsabilidade Fiscal prevê como punição
c) II e III. a) o não recebimento de transferência voluntária no
d) III, IV e V. que se refere aos impostos, salvo para ações de
e) II, III, IV e V. educação, saúde e assistência social.
b) impossibilidade de contratação de operação de
33. (FCC/Prefeitura de Teresina  – PI/Contador/2016) crédito.
Consoante disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal, c) bloqueio de repasses constitucionais.
as normas relativas ao controle de custos, às condições d) obrigatoriedade de cortes de cargos em comissão.
para transferência de recursos a entidades privadas e e) impossibilidade de concessão de garantia.
Orçamento Público

critérios e forma de limitação de empenho são itens


relacionados, respectivamente, à 37. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista de Orçamen-
Dados: to/2016) A Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu
LOA – Lei Orçamentária Anual regramentos para a criação, expansão e aperfeiçoa-
LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias mento de ação governamental que acarrete aumento
PPA – Plano Plurianual de despesa, mas excepcionou aquelas consideradas
de pequena monta. Esse tipo de despesa, cuja norma-
a) LDO, LDO e LDO. tização deve estar na Lei de Diretrizes Orçamentárias,
b) LDO, LDO e LOA. é denominada

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a) mínima. 39. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista de Orçamen-
b) insignificante. to/2016) Considere:
c) não produtora de efeitos patrimoniais. I – As despesas devem estar expressamente definidas
d) irrelevante. em lei.
e) não vinculada. II – Consiste na entrega de numerário a servidor.
III – O empenhamento pode ser prévio ou a posteriori,
38. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista de Orçamen- se a despesa for urgente.
to/2016) Considere: IV – Destinado a casos que não podem subordinar‑se
I – Autorização por lei. ao processo normal de aplicação.
II – Abertura por decreto executivo. V – Cada responsável pode receber, no máximo, dois
III – Dependência da existência de recursos disponíveis adiantamentos concomitantes.
para ocorrer a despesa.
IV – Precedência de exposição justificativa. Nos termos da Lei nº  4.320/64, são regras afetas ao
V  – Vigência adstrita ao exercício financeiro em que regime de adiantamento o que consta apenas em
forem abertos, salvo expressa disposição legal em a) I, II, III e IV.
contrário. b) I, II, III e V.
c) I, II, IV e V.
Nos termos da Lei nº 4.320/64, os itens I a IV correspon- d) I, III, IV e V.
dem à normatização legal afeta aos créditos adicionais e) II, III, IV e V.
a) suplementares, especiais e extraordinários.
b) suplementares e especiais, apenas. 40. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista de Orçamen-
c) suplementares, apenas. to/2016) No que se refere aos gastos com pessoal e à
d) especiais, apenas. receita corrente líquida apuradas pela Prefeitura de
e) especiais e extraordinários, apenas. Teresina, considere a hipotética tabela abaixo.

Mês Despesa com Pessoal Receita Corrente Líquida


DEZEMBRO/2014 1.000,00 500,00
JANEIRO/2015 500,00 1.000,00
FEVEREIRO/2015 500,00 1.000,00
MARÇO/2015 500,00 1.000,00
ABRIL/2015 500,00 1.000,00
MAIO/2015 500,00 1.000,00
JUNHO/2015 500,00 1.000,00
JULHO/2015 500,00 1.000,00
AGOSTO/2015 500,00 1.000,00
SETEMBRO/2015 500,00 1.000,00
OUTUBRO/2015 500,00 1.000,00
NOVEMBRO/2015 200,00 1.200,00
DEZEMBRO/2015 800,00 800,00

Nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal, os valo- c) os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária
res constantes da tabela revelam que o percentual de ou não tributária, serão escriturados como receita
gastos com pessoal sobre a receita corrente líquida, do exercício em que foram previstos.
tomando‑se como referência o mês de dezembro de d) os créditos da Fazenda Pública exigíveis serão inscri-
2015 foi tos como dívida ativa processada e não processada.
a) 50%, abaixo, portanto, do limite do Executivo muni- e) a importância de despesas anuladas no exercício
cipal, que é de 60%. deve ser revertida à respectiva dotação.
b) 100%, acima, portanto, do limite do Executivo mu-
nicipal, que é de 60%. 42. (FCC/Prefeitura de Teresina  – PI/Analista  – Gestão
c) 56%, acima, portanto, do limite do Executivo muni- Pública/2016) Nos termos da Lei nº  4.320/1964, “a
cipal, que é de 54%. diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo
d) 100%, acima, portanto, do limite do Executivo mu- financeiro, conjugando‑se, ainda, os saldos dos créditos
nicipal, que é de 54%. adicionais transferidos e as operações de credito a eles
e) 50%, abaixo, portanto, do limite do Executivo muni-
vinculadas”, bem como “o saldo positivo das diferenças
cipal, que é de 54%.
acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista
Orçamento Público

41. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista – Gestão Públi- e a realizada, considerando‑se, ainda, a tendência do
ca/2016) No que se refere às regras estabelecidas na Lei exercício”, representam recursos disponíveis para a
nº 4.320/1964 para o exercício financeiro, tem‑se que abertura de créditos adicionais
a) pertencem ao exercício financeiro as receitas nele a) suplementares, especiais e extraordinários.
previstas e as despesas nele legalmente pagas. b) suplementares e especiais, apenas.
b) os restos a pagar são despesas empenhadas e não c) suplementares, apenas.
pagas até 31 de dezembro, distinguindo‑se em tri- d) especiais, apenas.
butários e não tributários. e) suplementares e extraordinários, apenas.

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43. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista – Gestão Pú- limites de despesas com pessoal. É dedução legal que
blica/2016) Considere: deve ser feita para obtenção desse valor
I – estar acompanhada de estimativa do impacto orça- a) nos Municípios, as receitas industriais.
mentário‑financeiro no exercício em que deva iniciar b) nos Estados, as receitas agropecuárias.
sua vigência e nos dois seguintes. c) na União, as concessões de garantia.
II – atender ao disposto na lei de diretrizes orçamen- d) nos Municípios, as receitas patrimoniais.
tárias. e) nos Estados, as parcelas entregues aos municípios
III – demonstração pelo proponente de que a renúncia por determinação constitucional.
foi considerada na estimativa de receita da lei orça-
mentária e de que não afetará as metas de resultados 47. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Contador/2016) Con-
fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes siderando a difícil situação econômica do país e com
orçamentárias.
vistas a garantir os recursos destinados às obras de
IV – estar acompanhada de medidas de compensação,
infraestrutura de saneamento para o exercício de 2017,
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois
seguintes, por meio do aumento de receita, proveniente o Secretário de Planejamento do Município de Fidalgo
da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, recomendou ao Prefeito a inserção de dispositivo na Lei
majoração ou criação de tributo ou contribuição. Orçamentária Anual − LOA para garantir a destinação de
5% das receitas de IPTU – Imposto Predial e Territorial
Conforme o estabelecido na Lei de Responsabilidade Urbano – para despesas de capital na função Saneamen-
Fiscal, é  condição para a concessão de renúncia de to. A recomendação do Secretário de Planejamento é
receita o que consta em inviável porque fere os princípios orçamentários da
a) I, II e III, apenas. a) exclusividade e da não‑vinculação das receitas de
b) I e II e, alternativamente, III ou IV. impostos
c) II e III e, alternativamente, I ou IV. b) exclusividade e do orçamento bruto.
d) III e IV, apenas. c) não‑vinculação das receitas de impostos e da uni-
e) II, III e IV, apenas. versalidade.
d) universalidade e da periodicidade.
44. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista – Gestão Pú- e) economicidade e da publicidade.
blica/2016) Considere:
I – tem por finalidade cobrir déficit de pessoas jurídicas. 48. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Contador/2016) O pa-
II – não tem como propósito atender necessidades de gamento pelo contribuinte, na rede bancária creden-
pessoas físicas. ciada, do valor do principal constante em documento
III – necessita de autorização por lei específica. emitido pelo órgão competente da prefeitura referente
IV – deve atender ao previsto na Lei de Diretrizes Or-
à dívida ativa de Imposto sobre Serviços − ISS corres-
çamentárias.
ponde ao estágio de
V  – deve estar prevista na lei do orçamento ou em
créditos adicionais. a) lançamento da receita orçamentária classificada na
espécie Impostos sobre a Produção e a Circulação.
A  Prefeitura de Teresina pretende destinar recursos b) arrecadação da receita orçamentária classificada na
públicos para o setor privado. Segundo a Lei de Res- origem Outras Receitas Correntes.
ponsabilidade Fiscal, é regra atinente a esse fim o que c) recolhimento da receita orçamentária classificada
consta apenas em na espécie Receita Patrimonial.
a) I, II, III e IV. d) arrecadação da receita orçamentária classificada na
b) I, II, III e V. espécie Receita Tributária.
c) I, II, IV e V. e) lançamento da receita orçamentária classificada na
d) I, III, IV e V. categoria econômica Receita de Capital.
e) II, III, IV e V.
49. (FCC/Prefeitura de Teresina  – PI/Contador/2016) Em
45. (FCC/Prefeitura de Teresina  – PI/Analista  – Gestão uma prefeitura municipal, a confrontação do contrato,
Pública/2016) Consoante prevê a Lei nº  4.320/1964, nota de empenho e comprovante de entrega de livros
é regra afeta à despesa pública que didáticos a serem distribuídos aos alunos da rede mu-
a) o ato emanado de autoridade competente que cria nicipal de ensino é realizada no estágio de
para o Estado obrigação de pagamento somente se a) pagamento da despesa classificada no grupo de
pendente de implemento de condição. natureza de despesa Aquisição de Bens.
b) será sempre vedada a realização de despesa sem a b) liquidação da despesa classificada no elemento de
emissão da nota de empenho.
despesa Material de Consumo.
c) é permitido o empenhamento global das despesas,
c) pagamento da despesa classificada na função Edu-
mas não por estimativa.
d) o pagamento da despesa consiste na verificação do cação.
Orçamento Público

direito adquirido pelo credor. d) liquidação da despesa classificada no grupo de na-


e) o pagamento da despesa será efetuado por tesou- tureza de despesa Outras Despesas Correntes.
raria ou pagadoria regularmente instituídos por e) empenho da despesa classificada no elemento de
estabelecimentos bancários credenciados e, em despesa Equipamentos e Material Permanente.
casos excepcionais, por meio de adiantamento.
50. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Contador/2016) Consi-
46. (FCC/Prefeitura de Teresina – PI/Analista – Gestão Públi- dere as seguintes informações extraídas do Subsistema
ca/2016) A Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu de Informação Orçamentária de uma entidade pública
a receita corrente líquida como base de cálculo para os referentes ao exercício financeiro de 2015:

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Receita Prevista ............................. R$ 125.000.000,00
Excesso de Arrecadação .................... R$ 7.000.000,00
Despesa Liquidada .......................... R$ 98.000.000,00
Despesa Paga .................................. R$ 75.000.000,00
Restos a Pagar não Processados
inscritos em 31/12/2015 ................ R$ 30.000.000,00.

De acordo com a Lei nº 4.320/64, os valores da receita


realizada e da despesa realizada em 2015 foram, res-
pectivamente, em reais
a) 132.000.000,00 e 128.000.000,00
b) 132.000.000,00 e 98.000.000,00.
c) 118.000.000,00 e 128.000.000,00.
d) 125.000.000,00 e 105.000.000,00.
e) 125.000.000,00 e 98.000.000,00.

GABARITO
1. d 18. c 35. a
2. a 19. e 36. a
3. c 20. b 37. d
4. c 21. b 38. d
5. e 22. e 39. c
6. b 23. d 40. e
7. b 24. c 41. e
8. d 25. a 42. b
9. c 26. a 43. b
10. c 27. c 44. d
11. d 28. e 45. e
12. c 29. b 46. e
13. d 30. d 47. a
14. b 31. e 48. b
15. e 32. d 49. d
16. d 33. a 50. a
17. c 34. c
Orçamento Público

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TRF

SUMÁRIO

Administração de Recursos Materiais

Introdução à Administração de Material e Patrimônio. Conceituação de Material e Patrimônio.......................................3

O Patrimônio das empresas e órgãos públicos. O Patrimônio Imobiliário. O Patrimônio Mobiliário. Atividades
básicas da Administração de Material e Patrimônio. O controle dos materiais e do patrimônio. A movimentação
do patrimônio. Sistema Patrimonial.................................................................................................................................... 22

Previsão e Controle de Estoque.............................................................................................................................................. 6

As compras nas Organizações:


Aquisição dos materiais e do patrimônio.......................................................................................................................... 15

Arquivamento, recebimento, proteção, conservação e distribuição, classificação, padronização, codificação e
inventário. Análise do valor e Alienação.............................................................................................................................. 20

Estoques:
planejamento, processos e políticas de administração de estoques; determinação de níveis de estoque, tempo de
ressuprimento e estoques de segurança; avaliação de estoques - métodos; inventário de material.................................4

Almoxarifado:
funções, princípios e objetivos; controle, registro, conservação e recuperação de material; técnicas de
armazenamento; utilização de espaço; segurança............................................................................................................ 20

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Administração de Recursos Materiais
Anderson Lopes

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO DE necessitam ainda de algum detalhe de acabamento


MATERIAL E PATRIMÔNIO (retoque, pintura, inspeção etc.);
– Produtos Acabados: materiais que já estão prontos;
seus processamentos foram completados, poden-
Função Armazenagem
do ser estocados, utilizados ou vendidos.
Seleção e Classificação de Materiais: Especificação,
• Quanto ao Aspecto Contábil:
Classificação e Codificação
– Materiais Imobilizados: itens pertencentes ao
patrimônio (ativo imobilizado), os quais são arma-
Catalogação de Materiais
zenados ou utilizados, tendo aplicação já definida.
Para um melhor controle do material em estoque, e
Seu gerenciamento e controle são feitos de forma
também para um atendimento mais rápido ao consumidor,
distinta dos demais materiais;
cada item em estoque deve possuir um código próprio.
Esse código pode se referir, por exemplo, ao número da – Material em Estoque: referentes aos materiais es-
prateleira, estante, armário ou depósito onde o material tocados pela empresa; são destinados à produção
esteja armazenado. ou revenda, compõem o ativo circulante. Podem
ser classificados em três tipos:
Normatização e Padronização de Material a) Matéria-prima;
• Normatização: a normatização trata da forma pela b) Material para revenda;
qual os materiais devem ser utilizados em suas c) Material de consumo. Os materiais de consu-
diversas finalidades, tornando-os “normais” à sua mo estocados figuram, contabilmente, como
aplicação, ou seja, é o seu uso adequado. despesa.
• Padronização: objetiva facilitar a identificação do
material, bem como a sua aplicação (vários compri- • Quanto à Demanda:
mentos de pilha). – Materiais de Demanda Permanente: sempre são
movimentados no estoque, nunca devem faltar;
Classificação do Material – Materiais de Demanda Eventual: são aqueles
Classificar um material é agrupá-lo segundo sua forma, que possuem movimentação em determinados
dimensão, peso, utilidade, tipo etc. A classificação não deve períodos, normalmente para atender à demanda
gerar confusão, ou seja, um produto não pode ser classifica- de determinada época. Sua compra deve ser cui-
do de forma a ser confundido com outro, mesmo havendo dadosamente planejada para que não ocorram
semelhança entre eles. sobras nem faltas, que certamente acarretarão
Classificar é ordenar os produtos, segundo critérios em redução da margem de lucro. São comuns na
previamente adotados, agrupando-os de acordo com a comercialização de produtos de demanda even-
semelhança, sem causar dispersão no espaço ou alteração tual, acordos de consignação entre as empresas
na qualidade. revendedoras e fornecedoras.
Os materiais podem ser agrupados de várias formas,
conforme a necessidade de cada empresa, tais como: estado • Quanto à Movimentação:
de conservação, utilização, natureza, marca, características – Materiais Ativos: são itens estocados que possuem
etc. Cada classificação deve atender aos objetivos desejados, sua movimentação ativa;
para que seja possível realizar uma grande variação de classi- – Materiais Inativos: são itens estocados sem mo-
ficações. A atividade de classificação é muito importante no vimentação. Estes devem ser identificados e sua
momento do cadastro do material em um sistema de controle permanência em estoque analisada, caso não seja
Administração de Recursos Materiais

do estoque, em que os materiais devem ser classificados compensadora, devemos retirá‑los do estoque,
em grupos e subgrupos, criados conforme as necessidades pois somente representam capital de giro parado
de classificação e de agrupamento dos materiais de cada e em desvalorização;
empresa. – Materiais Descontinuados: são itens que a em-
Existem diversas formas para realizar classificações de presa não mais movimenta. Como não é possível
materiais. Dentre as mais clássicas, estão: excluí‑los do sistema de controle de estoque, por
• Quanto à Industrialização: possuírem movimentações registradas, os mesmos
– Matérias-Primas: materiais destinados à transfor- são classificados como descontinuados.
mação em outros produtos, com consumo direta-
mente proporcional ao volume de produção; Codificação de Materiais
– Produtos em Processo: materiais que estão em
diferentes etapas da produção. Representam a Codificar um material significa representar todas as
transição de matéria‑prima para produto acabado; informações necessárias, suficientes e desejadas por meio
– Produtos semiacabados: materiais procedentes da de números ou letras, com base na classificação obtida do
produção que, para serem considerados acabados, material.

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A tecnologia de computadores está revolucionando a Uma vez obtida a sequência dos itens e sua classificação
identificação de materiais e acelerando o seu manuseio. ABC, disso resulta, imediatamente, a aplicação preferencial
A chave para a rápida identificação do produto, das das técnicas de gestão administrativas, conforme a impor-
quantidades e do fornecedor é o código de barras lineares tância dos itens. A curva ABC é utilizada para a administração
ou código de distribuição. Esse código pode ser lido com de estoques, para definição de políticas de vendas, estabe-
leitores óticos (scanners). Os fabricantes codificam esse lecimento de prioridades para a programação da produção
símbolo em seus produtos e o computador, no depósito, e uma série de outros problemas usuais na empresa. Após
decodifica a marca, convertendo-a em informação utilizável
os itens terem sido ordenados pela importância relativa,
para a operação dos sistemas de movimentação interna,
as classes da curva ABC podem ser definidas das seguintes
principalmente os automatizados.
maneiras:
• Classe A: grupo de itens mais importantes que devem
Classificação ABC
ser trabalhados com uma atenção especial pela admi-
A curva ABC é um importante instrumento para o nistração.
administrador. Ela permite identificar aqueles itens que • Classe B: grupo intermediário.
justificam atenção e tratamento adequados quanto à sua • Classe C: grupo de itens menos importantes em ter-
administração. Obtém-se a curva ABC com a ordenação dos mos de movimentação, no entanto, requerem atenção
itens conforme a sua importância relativa. pelo fato de gerarem custo para manter estoque.

Exemplo:

FATURAMENTO
100
90
80
70
CLASSE
60 “C”
50
CLASSE
40 “B”
30
20 CLASSE
10 “A”
0
200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
Nº DE ITENS

CLASSE A = 620 itens


CLASSE B = 1.000 itens
CLASSE C= 1.900 itens

A Classe A corresponde aos itens que, nesse caso, dão GESTÃO DE ESTOQUES
a sustentação de vendas. Podemos perceber que apenas
20% dos itens correspondem a 80% do faturamento (alta Introdução
rotatividade).
A Classe B responde por 30% dos itens em estoque e 15% Recursos Materiais e Patrimoniais: definição e
Administração de Recursos Materiais

do faturamento (rotatividade média). objetivos


A Classe C compreende sozinha a 50% dos itens em esto-
que, respondendo por apenas 5% do faturamento. A administração de recursos escassos é uma grande
Passos para montar a Classe ABC: preocupação dos gerentes, engenheiros, administradores
• relacionar os itens analisados no período que estiver e praticamente todas as pessoas direta ou indiretamente
sendo analisado; ligadas às atividades produtivas, tanto na produção de bens
• definir o valor total do consumo; tangíveis quanto na prestação de serviços. As  empresas
possuem e precisam de cinco tipos de recursos:
• arrumar os itens em ordem decrescente de valor;
1. Materiais;
• somar o total do faturamento; 2. Patrimoniais;
• definir os itens da Classe A = 80% do faturamento; 3. De Capital ou Financeiros;
• faturamento Classe A = Faturamento Total x 80; 4. Humanos; e
• definir os itens da Classe B = 15% do faturamento; 5. Tecnológicos.
• definir os itens da Classe C = 5% do faturamento;
• após conhecidos esses valores, identificar os itens de A administração dos recursos materiais engloba a se-
cada classe. quência de operações que tem seu inicio na identificação do

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fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o
processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado, e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor final.
A figura abaixo demostra este ciclo.

A Administração de recursos patrimoniais trata da se­ Definições


quência de operações que, assim como a administração dos
recursos materiais, tem início na identificação do fornecedor, Estoque:
passando pela compra e recebimento do bem, para depois • Todo sortimento de materiais destinado à manutenção
lidar com sua conservação, manutenção ou, quando for o das atividades de uma empresa;
caso, alienação. • Conjunto de materiais adquiridos com o objetivo de
A Administração de Materiais tem por finalidade principal armazenamento para uso futuro, para atender às
assegurar o contínuo abastecimento de artigos necessários necessidades da empresa;
para comercialização direta ou capaz de atender aos serviços • Todo sortimento de materiais que a empresa possui e
executados pela empresa. As empresas objetivam diminuir utiliza em seu processo produtivo.
os custos operacionais para que elas e seus produtos possam
ser competitivos no mercado. Administração de Materiais:
Mais especificamente, os materiais precisam ser de qua- • Conjunto de atividades que objetivam garantir o fluxo
lidade produtiva para assegurar a aceitação do produto final. uniforme e contínuo das compras, produção e vendas
Precisam estar na empresa pronta para o consumo na data de mercadorias e serviços;
desejada e com um preço de aquisição acessível, a fim de • Conjunto de ações que objetivam dar continuidade aos
que o produto possa ser competitivo e assim, dar à empresa suprimentos necessários a manutenção das atividades
um retorno satisfatório do capital investido. da empresa;
A administração de materiais é um conceito vital que • Ação conjunta das atividades de compra, armazena-
pode resultar no aperfeiçoamento do desempenho e na mento, produção e vendas, com fins de manter as
redução de custos de uma organização, quando é adequa- atividades da empresa, estas, por sua vez, em sintonia
damente entendida e executada. com as atividades financeiras e contábeis.
Em geral, os materiais representam a maior parcela do
Administração de Recursos Materiais

custo de produtos acabados, mostrando que são responsá- O Setor de Administração de materiais interage direta-
veis por aproximadamente 52% do custo do produto numa mente com outras áreas da empresa em nível processual,
média empresa e, em alguns casos, podem chegar a 85%. as  quais possuem vínculo estreito e dependente entre si.
O investimento em estoque de materiais é tipicamente de Internamente, no setor de materiais, as áreas de compras
1/3 do ativo de uma empresa. e armazenamento precisam estar em perfeita sintonia para
A Administração de Materiais é uma das atividades de obter resultados satisfatórios.
gestão mais importantes para as empresas. A manutenção Em relação aos demais setores, os setores de produção
da competitividade depende diretamente da maneira com e vendas precisam do apoio logístico da área de materiais
que os materiais são geridos, os quais devem possuir níveis para executarem suas atividades. Por outro lado, o  setor
compatíveis com suas demandas como também as compras financeiro assegura os pagamentos das compras efetuadas
necessitam ser cada vez mais ágeis, para que possam atender pelo setor de materiais.
às necessidades de aumento da velocidade da renovação dos É muito comum que a direção da empresa questione o
estoques. O grande desafio da gestão de materiais é girar o setor de Administração de Materiais sobre a situação atual
mais rápido possível, reduzindo os níveis de armazenamento, dos estoques, cabendo ao responsável pela área administrar
sem que isso acarrete em desabastecimento. os estoques de forma eficiente e promover a manutenção

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dos sistemas de informação e controle, com fins de obter res- • Aperfeiçoamento de Pessoal – Toda unidade deve es-
postas adequadas para as seguintes perguntas, entre outras: tar interessada em aumentar a aptidão de seu pessoal;
• Qual o valor do estoque atual da empresa? • Bons Registros – São considerados como o objetivo
• Quantas unidades de cada produto existem em esto- primário, pois contribuem para o papel da Adminis-
que? tração de Material, na sobrevivência e nos lucros da
• Quais são os materiais de maior valor no estoque? empresa, de forma indireta.
• Quais materiais estão tendo maior saída?
• Qual a rotação do estoque? Estoque
• Que materiais devem ser eliminados do estoque?
• Que estratégias de gerenciamento devem ser adotadas Métodos de Previsão de Estoque
para controle dos estoques?
• Qual o melhor momento para comprar? A demanda de materiais comprados deriva da demanda
do produto final. Na maioria das empresas o gerente de ma-
Os estoques, quando estão bem administrados e ade- teriais é o responsável pela previsão da demanda dos produ-
quados, podem trazer benefícios como: tos finais. Mas em outras, esta responsabilidade é delegada
• Redução ou anulação de perdas e/ou furtos de mate- pela alta administração, porque consideram que o gerente de
riais; materiais deve ter disponível tudo o que a Produção precisa
• Permitir obter conhecimento prévio das quantidades para atender a todos os pedidos que vem da área de Vendas.
de materiais necessárias para atender a demanda para Assim, a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso para ter
período de tempo futuro; o material disponível é do gerente de materiais.
• Evitar compras desnecessárias; É necessário ressaltar que infelizmente prever é um
• Favorecer o suprimento de materiais no momento processo falível. A fábrica que esperava vender um milhão
oportuno; de televisões descobrirá frequentemente que a demanda
• Permitir traçar, de forma eficiente, estratégias de real é diferente de sua previsão. Se ela exceder a previsão,
compras e de vendas; o gerente tem que ter em mãos uma quantidade que per-
mita satisfazer a demanda maior. Se a demanda cair, poderá
• Reduzir a necessidade de capital de giro para manter
haver excesso de material. Então, o que fazer? O gerente de
as atividades da empresa;
materiais toma suas próprias decisões, autorizados pela alta
• Promover o aumento da rotação dos estoques;
administração, que dará a previsão da demanda de produto
• Propiciar maior competitividade da empresa em rela- final para materiais e não para Vendas (que deve vender
ção a sua concorrência; tanto quanto for possível), enquanto as áreas de Materiais
• Favorecer o estreitamento das parcerias comerciais e Produção devem estar prontas para suprir o quanto possa
entre a empresa e seus principais fornecedores. ser vendido.
O suprimento de materiais comprados está igualmente
Seguem os principais objetivos da área de Administração sujeito às flutuações da demanda dos mesmos. No geral,
de Recursos Materiais e Patrimoniais: o  problema básico da gerência de materiais consiste na
• Preço Baixo – Reduzir o preço de compra implica em rapidez com que os fornecedores possam responder as va-
aumentar os lucros, se mantida a mesma qualidade; riações de demanda, e não na sua capacidade em responder.
• Alto Giro de Estoques – Implica em melhor utilização Quase todos os fornecedores ficam encantados em dobrar
do capital, aumentando o retorno sobre os investimen- as remessas para seus clientes, porém, dificilmente seriam
tos e reduzindo o valor do capital de giro; capazes de dobrar sua produção sem semanas ou mesmo
• Baixo Custo de Aquisição e Posse – Dependem fun- meses, de aviso prévio.
damentalmente da eficácia das áreas de Controle de Assim o problema chave do gerente de materiais rara-
Estoques, Armazenamento e Compras; mente é sua capacidade de obter os produtos que necessita,
• Continuidade de Fornecimento – É resultado de uma mas sim a maneira de obtê‑lo na data correta.
análise criteriosa quando da escolha dos fornecedores. O gerente de materiais preocupa‑se com três tipos fun-
Os custos de produção, expedição e transportes são damentais de previsões:
afetados diretamente por este item; 1. Demanda de materiais comprados: em geral deriva
• Consistência de Qualidade  – A área de materiais é diretamente da demanda pelos produtos finais da
Administração de Recursos Materiais

responsável apenas pela qualidade de materiais e empresa.


serviços provenientes de fornecedores externos. Em 2. Suprimento de materiais comprados: na maioria dos
algumas empresas a qualidade dos produtos e/ou casos, a  preocupação básica é o prazo de entrega,
serviços constitui‑se no único objetivo da Gerência de o número de semanas ou meses que precisa esperar
Materiais; pela entrega de materiais específicos, depois de terem
• Despesas com Pessoal – Obtenção de melhores re- sido encomendados.
sultados com a mesma despesa ou, mesmo resultado 3. Preços pagos pelos materiais comprados: tem relação
com menor despesa – em ambos os casos o objetivo direta com o sucesso da empresa, pois muitas poucas
é obter maior lucro final. “Às vezes compensa investir podem ignorar as flutuações nos preços dos materiais
mais em pessoal porque pode‑se alcançar com isto comprados.
outros objetivos, propiciando maior benefício com
relação aos custos”; A previsão de demanda logística abrange tanto fatores
• Relações Favoráveis com Fornecedores – A posição de natureza espacial quanto temporal, incluindo também a
de uma empresa no mundo dos negócios é, em alto extensão de sua variabilidade e seu grau de aleatoriedade.
grau, determinada pela maneira como negocia com Pois os profissionais de logística necessitam saber onde e
seus fornecedores; quando irá ocorrer a demanda, para que possa planejar a

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localização de armazéns, determinarem o balanceamento Abaixo a esquematização do comportamento dinâmico
dos estoques ao longo da cadeia de suprimento e alocar do processo de previsão.
geograficamente os recursos de transporte.
Devido a diversos fatores de mercado com os quais a
demanda está relacionada, o seu comportamento pode apre-
sentar dois padrões principais: demanda regular e demanda
irregular ou incerta. E podem ser divididos em componentes
de tendência sazonais ou aleatórios.

Aspectos da Previsão

Toda teoria dos estoques está pautada na previsão do


consumo do material. A previsão de consumo ou da demanda
estabelece estas estimativas futuras dos produtos acabados
comercializados pela empresa. Estabelece, portanto, quais
produtos, quanto desses produtos e quando serão compra-
dos ou consumidos pelos clientes.
A previsão possui algumas características básicas que são:
• é o ponto de partida de todo planejamento empresa-
rial;
• não é uma meta de vendas; e
• sua precisão deve ser compatível com o custo de
obtê‑la.

As informações básicas que permitem decidir quais


serão as dimensões e a distribuição no tempo da demanda Análise da Evolução do Consumo
dos produtos acabados podem ser classificadas em duas
categorias: quantitativas e qualitativas. Evolução de Consumo Constante (ECC)

Nesse caso, o  volume de consumo permanece cons-


Quantitativas tante, sem grandes variações no decorrer do tempo, e não
• Influência da propaganda; sofre influências conjunturais, ambientais e mercadológicas,
• Evolução das vendas no tempo; mantendo‑se um valor médio no decorrer do tempo.
• Variações decorrentes de modismo e/ou situação
econômica; e Modelo de evolução de consumo constante
• Crescimento populacional.
40

Qualitativas
Consumo (Q)

30

• Opinião de gerentes, vendedores e compradores; 20


• Pesquisa de mercado; 10
• Influências conjunturais; 0
• Influências sazonais; 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
• Alteração no comportamento dos clientes; Tempo (m)
• Inovações técnicas;
• Tipos retirados da linha de produção; e
• Preços competitivos dos concorrentes. Evolução de Consumo Sazonal (ECS)
Administração de Recursos Materiais

Nesse caso, o volume de consumo passa por oscilações


Quando da Previsão do Consumo é importante conside- regulares no decorrer de certo período ou do ano, e é influen-
rar os seguintes fatores, que podem alterar o comportamento ciado por fatores culturais e ambientais, acarretando desvios
do mesmo: de demanda superiores a 30% de valores médios. Exemplos:
• Influências políticas; sorvetes, cervejas, enfeites de natal, fogos de artifícios etc.
• Opinião dos compradores;
• Pesquisa de mercado; Modelo de evolução de consumo sazonal
• Opinião dos vendedores; e
• Opinião dos gerentes. 40
Consumo (Q)

30

Tanto as informações quantitativas como qualitativas, por 20

si sós não são suficientes, sendo necessário um conjunto de 10


modelos matemáticos para nos levar a uma melhor precisão 0
dos dados desejados. E conceitua a tarefa de previsão de de- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

manda como uma tentativa de acertar o desejo do mercado Tem po (m )


num futuro próximo.

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Evolução de Consumo de Tendência (ECT) Utilizando o mesmo exemplo anterior, temos:

Nesse caso, o volume de consumo aumenta ou diminui


Ppp (MMA)= (C1+C2+C3+...............+ Cn) : n
drasticamente no decorrer de um período ou do ano, e  é
influenciado por fatores culturais, ambientais, conjunturais e
econômicos, acarretando desvios de demanda positiva ou ne- Onde:
gativamente. Como exemplo, podemos citar desvios negativos, Ppp (MMA) = Previsão próximo período  – Método da
produtos que ficam ultrapassados no mercado (enceradeira, Média Aritmética
máquina de escrever) ou que sofrem forte ação dos concor- C1,C2,C3,Cn = Consumo nos períodos anteriores
rentes, perdendo mercado (globalização) ou por motivos n = Número de períodos
financeiros, fazendo com que a empresa perca seu crédito e
passe a reduzir sua produção. Como desvios positivos, temos Para cálculo da previsão de agosto, nesse caso do exem-
as indústrias de hardware e software (computadores) plo anterior, utilizaremos os dados de janeiro a julho que
correspondem a sete períodos.
Modelo de evolução de consumo de tendência Ppp(MMA)= (C1+C2+C3+...............+ Cn) : n
Pagosto(MMA)= 5.000+4.400+5.300+5.600+5.700+5.800+6.000
40 7
Consumo (Q)

30 Pagosto(MMA)= 5.400
20 Como podemos observar temos uma tendência crescen-
10 te, porém o resultado foi menor, neste caso mostra a não
0 precisão deste método. Para amenizar a fragilidade de tal
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
sistema poderíamos usar os dados mais recentes, ou seja,
Tem po (m )
os últimos quatro, como calcularemos a seguir:
Pagosto (MMA)=(C1+C2+C3........+Cn) : n
Pagosto (MMA)=5.600+5.700+5.800+6.000 : 4
Conhecendo a evolução da demanda, fica mais fácil Pagosto (MMM)= 5.775 Unidades
elaborarmos a previsão da demanda e para isso podemos
utilizar as seguintes técnicas:
1. Método do Último Período (MUP); Caso não tenhamos outro método e tivermos de optar,
2. Método da Média Móvel (MMM), também conhecida o segundo caso (os 4 últimos meses) traz maior credibilidade
como Método da Média Aritmética; para previsão de agosto.
3. Método da Média Móvel Ponderada (MMMP);
4. Método da Média com Suavização Exponencial Método da média móvel ponderada
(MMSE);
5. Método da Média dos Mínimos Quadrados (MMMQ).
Método da Média Ponderada (MMP)
Método do último período A previsão é dada através de ponderação dada a cada
período, de acordo com a sensibilidade do administrador,
Método do Último Período (MUP) obedecendo algumas regras:
1ª O período mais próximo recebe peso de maior pondera-
É o método mais simples e sem fundamento matemático e
ção entre 40% a 60%, e para os outros haverá uma redução
consiste em utilizar como previsão para o período seguinte
gradativa para os mais distantes.
o valor ocorrido no período anterior.
2ª O período mais antigo recebe peso de menor pondera-
Exemplo: ção e deve ser igual a 5%.
A empresa VESTPEÇAS, teve neste ano o volume de 3ª A soma das ponderações deve ser sempre 100% (40 a
vendas de vidros: Janeiro, 5.000; Fevereiro, 4.400; Março, 60 % para o mais recente e para o ultimo, 5%).
5.300; Abril, 5.600; Maio, 5.700, Junho, 5.800 e Julho, 6.000. Este modelo elimina em parte algumas precariedades dos
Calcule a previsão de demanda para agosto. modelos anteriores, mas mesmo assim verifica alguns
Pagosto (MUP) = o último período foi julho, 6.000 unida- problemas, como a alocação dos percentuais, que será
des, portanto, a previsão para agosto será de 6.000 unidades. sempre função da sensibilidade do responsável pela pre-
O procedimento é pegar a demanda do último mês e visão. Portanto, se as variáveis não forem bem analisadas,
Administração de Recursos Materiais

utilizar para o mês seguinte; no caso, a demanda do último poderão ocasionar erros de previsão.
mês (julho) foi de 6.000 unidades, e é o que utilizaremos
para agosto: 6.000 unidades. A determinação dos pesos, ou fatores de importância,
deve ser de tal ordem que a soma perfaça 100%, como no
Método da média móvel exemplo a seguir:

Método da Média Móvel (MMM) Período Peso Consumo Quantidade


Este método é uma extensão do anterior, em que a previsão Ponderada
para o próximo período é obtida por meio do cálculo da média 1 5% 5.000 250
dos valores de consumo nos n períodos anteriores. A previsão
do próximo período é obtida por meio do cálculo da média 2 10% 4.400 440
aritmética do consumo dos períodos anteriores. O resultado 3 10% 5.300 530
desse modelo nos mostrará valores menores que os ocorridos 4 15% 5.600 840
caso o consumo tenha a tendência crescente, e maiores se o
5 20% 5.700 1.140
consumo tiver tendência decrescente nos últimos períodos.
Esse modelo também é bastante utilizado por empresas peque- 6 40% 5.800 2.320
nas e por administradores sem maior conhecimento técnico. 7 100% 6.000 6.000

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Usando os mesmos parâmetros dos consumos nos exem- Exemplo: Usando os mesmos valores dos exemplos
plos anteriores teremos: anteriores e sabendo‑se que a previsão de julho foi de
Janeiro 5.000, Fevereiro 4.400, Março 5.300, Abril 5.600, 6.200 (calculada anteriormente no final de junho), calcule
Maio 5.700, Junho 5.800, Julho 6.000 a previsão para agosto com uma constante de suavização
exponencial de 15%.
Ppp(MMP)= (C1 x P1) + (C2xP2) + (C3xP3)+ ........+(CnxPn) Ppp(MMSE) = [(Ra x@) + (1 – @) x Pa]
Ppp(MMSE) = [(6.000x0,15)+(1-0,15)x 6.200]
Onde: Ppp(MMSE) = [900+(0,85x6.200)]
Ppp(MMP)= Previsão próximo período através do método Ppp(MMSE) = 900+5.270)
da média ponderada. Ppp(MMSE) = 6.170 Unidades
C1,C2,C3,Cn= Consumo nos períodos anteriores. A previsão para agosto será 6.170 Unidades.
P1,P2,P3,Pn = Ponderação dada a cada período.
Este método permite que obtenhamos um padrão de
Para exemplo em questão daremos as ponderações para condução das previsões com valores próximos da realidade.
cada período, conforme o enunciado (regramencionada): Assim as vendas reais e as previsões seguem uma tendência
Julho 40%; Junho 20%; Maio 15%; Abril 8%; Março 7%; que facilita as projeções do administrador. Este modelo é
Fevereiro 5%; Janeiro 5%; Total 100% eficaz quando apenas trabalhamos com ele.
Obs.: Reforçando o enunciado anterior, as ponderações
são fundamentadas de acordo com influência do mercado. Método dos mínimos quadrados
A soma deverá ser 100% sendo o maior valor para o último
período (o anterior ao que será calculado), para o período
mais recente (40% a 60%) e para o último (5%). Método dos mínimos Quadrados
P(MMP)=(C1xP1)+(C2xP2)+(C3xP3)+(C4xP4)+(C5+P5)+ Esse modelo é o que melhor nos orienta para fazermos
(C6xP6)+(C7+P7) uma previsão, pois é um processo de ajuste que tende a
Pagosto(MMP) = (6.000x0,4) + (5.800x0,2) + (5.700x0,15) + aproximar‑se dos valores existentes, minimizando as distân-
(5.600x0,08) + (5.300x0,07) + (4.400x0,05) + (5.000x05) cias entre cada consumo realizado. Baseia‑se na equação
Pagosto (MMP)=(2.400)+(1160)+(855)+(448)+(371)+ da reta [Y=a+bx] para o cálculo da previsão de demanda,
(220)+(250) portanto permite um traçado bem realista do que poderá
Pagosto(MMP)=5.704 (Previsão para Agosto) ocorrer, com a projeção da reta. Usando a equação da reta,
teremos que calcular a, b e x. Para o cálculo dos mesmos
Podemos também para melhor aprimoramento da pre- usaremos as equações normais, onde os dados são obtidos
visão usarmos os 4 últimos períodos, principalmente pela da tabulação dos dados existentes.
tendência positiva observada.
Ponderações: Ppp(MMMQ) = a + bx
Julho 6.000 50%
Junho 5.800 30% Onde: a = valor a ser obtido na equação normal por meio
Maio 5.700 15% da tabulação de dados;
Abril 5.600 5% b = valor a ser obtido na equação normal mediante a
tabulação de dados;
Ppp(MMP)=(6.000x0,50)+(5.800x0,30)+(5.700x0,15)+
x = quantidades de períodos de consumo utilizados para
(5.600x0,05)Ppp(MMP)=3.000+1740+855+280
calcular a previsão.
Pagosto(MMP)=5.875 (Previsão para Agosto)
Para calcularmos os termos a e b, é necessário tabular-
Método da média com ponderação exponencial mos os dados existentes para preparar as equações normais,
dadas por:
ΣY= (n x a) + (Σ x b)
Método da Média c/ Ponderação Exponencial ΣXY= (Σx x a) + (Σx² x b)
Neste método, a previsão é obtida de acordo com o con- Exemplo: Usando os mesmos dados dos exemplos an-
sumo do último período, e teremos que utilizar também teriores teremos:
a previsão do último período. Ele procura fazer a elimina-
ção das situações exageradas que ocorreram em período n
anteriores. É simples de usar e necessita de poucos dados Períodos Y X X2 X Y
Quant. Per.
Administração de Recursos Materiais

acumulados sendo auto‑adaptável, corrigindo‑se cons-


tantemente de acordo com as mudanças dos volumes das 1 Janeiro 5.000 0 0 0
vendas. A ponderação utilizada é denominada constante 2 Fevereiro 4.400 1 1 4.400
de suavização exponencial que tem o símbolo (@) e pode 3 Março 5.300 2 4 10.600
variar de 1>@>0. 4 Abril 5.600 3 9 16.800
Na prática @ tem uma variação de 0,1 a 0,3 dependendo 5 Maio 5.700 4 16 22.800
dos fatores que afetam a demanda. 6 Junho 5.800 5 25 29.000
7 Julho 6.000 6 36 36.000
Para melhor entendimento teremos: 7 Σ 37.800 21 91 119.600

P(MMSE)= [(Ra x @) + (1 @) x P a] ΣY= (n x a) + (Σ x b)


ΣXY= (Σx x a) + (Σx² x b)
Onde: P(MMSE)= Previsão próximo período através do 37.800 = (7 x a) + (21 x b) (1ª) – (1ª) 37.800 = 7a + 21b
método da média com suavização exponencial 119.600 = (21 x a) + (91 x b) (2ª) – (2ª) 119.600 = 21a + 91b
Ra = Consumo real no período anterior
Pa = Previsão do período anterior Como temos duas equações com duas incógnitas (a e b)
@ = Constante de suavização exponencial (desvio – padrão) teremos que resolvê‑las simultaneamente. Portanto preci-

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samos eliminar uma das incógnitas; para isso teremos que Cálculo do Custo de Armazenagem:
igualar, numericamente, o coeficiente de a ou b, o que for O cálculo para o custo da armazenagem é composto das
mais fácil, porém com sinais opostos. Neste exemplo, ire- seguintes variáveis:
mos igualar o coeficiente a multiplicando toda a equação • Q= Quantidade de Material em estoque no tempo
(1ª) por – 3. considerado;
• P = Preço Unitário;
(1) 37.800 = 7a + 21 b x (-3) • I = Taxa de armazenamento expressa geralmente em
(1) 119.600 = 21 a + 91 b termos de porcentagem do custo unitário; e
-113.400 = -21 a – 63 b • T = Tempo considerado de armazenagem.
119.600 = 21 a + 91 b Estas variáveis compõem a seguinte fórmula:
6.200 = 0 + 28 b
b= 6.200 : 28 b = 221,43 CA=(Q/2) x T x P x i
Como achamos uma das incógnitas basta agora achar Exemplo:
a outra: Vamos calcular o custo de armazenagem anual de um
item de estoque, a engrenagem xyz e de todo o estoque de
37.800 = 7a + 21 b uma empresa que nos forneceu os seguintes dados:
37.800 = 7a + 21(221,43) • 200 engrenagens xyz em estoque, que custa R$ 25,00
37.800= 7a + 4650,03 a unidade;
37.800 – 4650,03 = 7a • R$ 1.250.000,00 de estoques (matéria‑prima, WIP e
33.149,97 = 7a estoque acabado);
a = 33.149,00/7 • R$ 85.000,00 mensais de gastos gerais da área de
a = 4.735,71 materiais;
• R$ 15.000,00 mensais de gastos com pessoal (sem
P(MMMQ) = a + bx encargos);
a = 4.735,71 • R$ 25.000,00 de despesas gerais de compras;
b = 221,43 • 80% de encargos da folha salarial;
x = 7 (Quantidade de Períodos) • 22% de custo do dinheiro ao ano.
P (MMMQ) = 4.735,71 + 221,43 x 7
P(MMMQ)= 4.735,71 + 1.550,01 1. Cálculo do custo de armazenagem da engrenagem xyz:
Pagosto (MMMQ)= 6.285,72 ou CA=(Q/2) x T x P x i
Pagosto(MMMQ)= 6.286 unidades CA = (200/2) x R$ 25,00 x 1 x 0,22
CA = 100 x R$ 25,00 x 0,22
Custo de Estoque CA = R$ 550,00

Custo de armazenagem Portanto, o custo anual de armazenagem das engrena-


gens é de R$ 550,00.
Basicamente os custos de armazenagem são caracteriza-
Com relação a este tipo de indicador três questões devem
dos por serem fixos e indiretos, ou seja, existe uma obrigação
ser abordadas: a diferença entre valor e custo de estoque,
contábil que acompanhará todo o processo ou em quanto du-
as deficiências do monitoramento de valores contábeis e a
rar sua utilização, e à alocação é realizada por rateio, os itens necessidade da utilização de mais de um indicador para se
são contabilizados por sua função (ex.: acondicionamento) ter uma informação de qualidade.
e não por contas naturais (ex.: depreciação). Sendo assim, 1. Referente à diferença entre valor de estoque e custo
esses custos fixos se comparados à capacidade instalada, de estoque – O valor do estoque informa o quanto “vale” o
tornam‑se proporcionais. Afinal, mesmo que existam poucos estoque, ou seja, o somatório total do valor dos produtos
produtos no armazém ou sua movimentação esteja abaixo acabados e dos insumos de posse da empresa, mas não o
do planejado, os custos de armazenagem continuarão cons- quanto isto “custa” para a mesma. Isto deve ser mensurado
tantes, pois na grande maioria esses são dependentes dos em função do custo de oportunidade deste estoque, ou seja,
equipamentos de movimentação, de pessoal, espaço físico qual seria o retorno para a empresa caso o valor investido
e de novos investimentos, se tratando de uma atividade de em estoque fosse aplicado de alguma outra forma, ou por
demanda não constante. outro lado, quanto se deixa de ganhar pelo fato daquele valor
Administração de Recursos Materiais

Os custos de armazenagem podem ser divididos em: estar imobilizado. Este custo é alcançado multiplicando‑se
• Custos de Materiais: valor de todos os materiais que o valor do estoque pelo taxa mínima de atratividade da em-
estão estocados na empresa (é importante observar presa em questão, ou seja, qual o retorno mínimo que um
que com o crescente processo de terceirização parte projeto ou investimento necessita para que a empresa decida
destes estoques pode estar em poder de terceiro e por investir no mesmo. Como muitas vezes este valor não é
poderá ser contabilizada como consignação ou estoque conhecido, é comum o uso de taxas do mercado financeiro,
em trânsito). CDI e SELIC, para se obter este custo.
• Custo de Pessoal: é o custo mensal de toda mão de 2. Referente à utilização de indicadores contábeis para
obra envolvida na atividade de estoques (manuten- o monitoramento do estoque. Como estes indicadores são
ção, controle e gerenciamento, inclusive os encargos construídos baseados em normas e princípios contábeis,
trabalhistas). muitas vezes não são uma representação fiel do fluxo físico de
• Custos de Equipamentos e Manutenção: são as des- materiais na empresa. Isto é particularmente verdadeiro com
pesas mensais para manter estoques, incluindo a de- relação à prática de reduções bruscas no valor contábil do
preciação dos equipamentos, máquinas e instalações estoque às vésperas de fechamento de balanços trimestrais.
e despesas a eles associados. Estas reduções podem ser alcançadas, entre outros artifícios,
• Custos de Edificação: refere‑se ao custo anual do metro pela postergação do pagamento de insumos para após o
quadrado (m²) de armazenamento. fechamento do balanço, mas com o produto já recebido.

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3. O terceiro ponto é com relação à necessidade de mais Custo de Pedido
de um indicador para um monitoramento completo do custo
de manutenção do estoque. Por monitoramento completo A quantidade de estoques que uma empresa mantém
consideramos que é necessário não apenas a informação é determinada por três variáveis básicas: a quantidade dos
do quanto custa o estoque, aspecto coberto pelo indicador pedidos nas ordens de compra; o prazo de entrega e os
apresentado anteriormente, mas também se este custo está Estoques de Segurança.
adequado às características da empresa. Uma das informações básicas de que necessitamos para
Exemplo: Uma empresa com um valor de estoque de calcular o Estoque Mínimo é o tempo de reposição, isto é,
R$ 4 milhões e com custo de oportunidade de 20% ao ano o tempo gasto desde a verificação de que o estoque precisa
possui um custo de estoque de R$ 800 mil/ano. Entretanto ser reposto até a chegada efetiva do material no almoxarifado
este valor pode possuir relevância diferente de uma em- da empresa. Ele é desmembrado em três partes:
presa para outra. Por exemplo, para uma empresa com a) Emissão do pedido  – Tempo que se leva desde a
faturamento anual de R$ 48 milhões, este valor indica que emissão do pedido de compras até ele chegar ao
o estoque é suficiente apenas para um mês, por outro lado, fornecedor;
para uma empresa com faturamento anual de R$ 8 milhões b) Preparação do pedido – Tempo que leva o fornecedor
este estoque é suficiente para seis meses. para fabricar os produtos, separar, emitir faturamento
Desta forma um mesmo valor de estoque pode repre- e deixá‑los em condições de serem transportados;
sentar um nível bastante baixo, caso do primeiro exemplo c) Transportes – Tempo que leva da saída do fornecedor
mencionado, como também pode ser um sinal de alerta, até o recebimento pela empresa dos materiais enco-
caso do segundo exemplo. mendados.

Identifica‑se que um determinado item do estoque necessita de um novo suprimento quando o estoque atingiu o PONTO
DE PEDIDO ( P.P.), ou seja, quando o saldo disponível estiver abaixo ou igual a determinada quantidade.
P.P.= (C x TR ) + E.M. (Ponto de Pedido = (Consumo Médio X Tempo de Reposição) + Estoque Mínimo)

O consumo médio mensal é a quantidade referente à variações ocorridas durante esse tempo podem alterar toda
média aritmética das retiradas mensais de estoque (consumo a estrutura do sistema de estoques.
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dos últimos 6 meses por exemplo). Parte‑se do pressuposto


que não existem flutuações na demanda nem alterações do Custo de falta de estoque
consumo médio mensal. Não havendo modificação, este
valor será válido e expressará a quantidade a ser consumida. Os custos associados à falta de estoque estão intima-
O Estoque Médio é o nível médio de estoque em torno mente associados ao nível de serviço atingido, sendo sua
do qual as operações de compra e consumo se realizaram. quantificação financeira. Apesar de sua grande importância,
Se considerarmos o estoque mínimo agregado ao estoque raramente são utilizados.
médio, teremos a seguinte expressão: Produtos acabados e insumos devem possuir indicado-
E. Médio = E. Mínimo + (Quantidade Comprada / 2)
res diferenciados, apesar de baseados no mesmo conceito.
O Estoque Máximo é igual a soma do estoque mínimo
mais o lote de compra. No caso dos produtos acabados, o custo da falta é medido
E. Máximo = E. Mínimo + Lote de Compra através da margem de contribuição de cada venda perdida
O Intervalo de Ressuprimento é o intervalo de tempo entre por indisponibilidade do produto. Ou seja, o quanto de
dois ressuprimentos. Estes intervalos podem ser fixados em lucro a empresa deixa de ganhar por não conseguir atender
qualquer limite, dependendo das quantidades compradas. uma demanda existente. Para casos de produtos com alta
Em virtude de sua grande importância, este tempo deve margem, o custo da falta tende a ser bastante significativo,
ser determinado de modo mais realista possível, pois as impactando o nível de estoque desejado.

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No caso de insumos, o custo da falta deve ser mensurado teriais. Muitas vezes estes se mostram tão relevantes quanto
em função do impacto que a indisponibilidade causa para a os custos manutenção de estoque ou de falta de produto.
empresa, utilizando‑se o mesmo conceito utilizado para os Um exemplo deste tipo de custo é o custo de destruição
produtos acabados: o quanto se deixa de ganhar, ou lucro de medicamentos na industria farmacêutica. Esta indústria
cessante. Este lucro cessante pode ser alcançado estiman- se caracteriza por produtos de alto valor agregado e com
do‑se paradas de produção devidas à falta de produtos. Por altíssima perecibilidade. Desta forma, altas coberturas de
este raciocínio, a falta de um único insumo pode resultar estoque geradas por gestão de estoque ineficiente podem
na interrupção de produção de um produto acabado. Isto resultar na perda de produtos por perecibilidade. Quando
implica que mesmo insumos com baixíssimo valor agregado isto ocorre, além da perda do custo do produto, incorre‑se
podem possuir um alto custo de falta, em função de sua também no custo de destruição dos medicamentos, que
dependência no processo produtivo. Esta lógica também devem ser obrigatoriamente incinerados.
pode ser utilizada para peças de manutenção. Outro exemplo é o de empresas que possuem forne-
Muitas vezes ao se mensurar o custo da falta, percebe‑se cimento importado, sendo as compras planejadas com
que o nível de estoque deve ser elevado com o objetivo de antecedência e o transporte realizado pelo modal marítimo.
se reduzir perda de margem de contribuição. Na realidade, Nos casos de falta de estoque, com necessidade de rápida
a ponderação dos dois tipos de custo básicos presentes na reposição, pode‑se optar pelo transporte aéreo, que possui
gestão de estoques é um dos principais direcionadores de um custo bastante superior ao marítimo. Neste caso, a dife-
todo o processo. Através da comparação dos dois custos rença de frete pago é decorrência direta de falhas de gestão.
determina‑se qual o nível de estoque que resultará no me-
nor custo total, sendo este a soma do custo de manutenção Níveis de estoque
de estoque e do custo referente ao lucro cessante por
indisponibilidade de produto. A  figura abaixo exemplifica Curva dente de serra
esta relação, sendo a curva de custo total igual à soma das Um problema importante é a determinação do nível de
outras duas curvas. estoque mais econômico possível para a empresa. Os custos de
estoques são influenciados por diversos fatores, tais como vo-
lume, disponibilidade, movimentação, mão de obra e o próprio
recurso financeiro, e, dependendo da situação, cada variável
tem pesos que podem ter diversas magnitudes em razão da
situação específica. Uma das técnicas utilizadas é o enfoque da
dimensão do lote econômico para manutenção de níveis de es-
toques satisfatórios denominados “Sistema Máximo‑Mínimo”.
O funcionamento do sistema máximo‑mínimo tem a
seguinte ação: cada produto ou material receberá quatro
informes básicos – estoque mínimo que seja manter (Emin),
o momento em que novas quantidades da peça podem ser
compradas (PP), tempo necessário para repor a peça (TR),
a quantidade de peças que devem compradas, ou seja, o lote
de compras (LC), e quando este lote comprado chega à fabrica,
temos o estoque máximo (Emax). E isto nos possibilita a manu-
Custo total tenção dos níveis de estoques estabelecidos e que configurem
um sistema automático de suprimentos da manutenção de
Como a gestão de estoque abrange uma grande gama estoques onde novas ordens são emitidas, em função das
de atividades de uma empresa, normalmente existem cus- variações do próprio nível de estoque. Assim toda vez que o
tos, que não os de manutenção de estoque ou associados estoque fique abaixo do nível de ponto de pedido é emitida
diretamente à falta de produto, que são impactados pelo uma requisição de compras para a peça em específico.
processo de gestão. A definição de quais custos devem ser A representação da movimentação (entrada e saída) de
considerados é função das características operacionais de uma peça dentro de um sistema de estoque pode ser feita por
cada empresa, devendo ser identificados seus principais um gráfico, em que a abscissa é o tempo decorrido (T) para o
impactos na gestão de estoque. consumo, normalmente em meses e a ordenada é a quantidade,
Estes custos devem ser monitorados para que seja possí- em unidades, destas peças em estoque no intervalo de tempo T,
vel a avaliação do custo total do processo de gestão de ma- conforme pode ser observado a partir da figura a seguir.
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Onde: TR = Tempo de Reposição da peça


PP = Ponto de Colocação de um Pedido de Compra
LC = Quantidade a ser comprada para repor estoque
Emax = Volume máximo de peças em estoque
Emax = Volume máximo de peças em estoque
Emin = Volume mínimo de peças em estoque

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Na figura acima podemos verificar que o Lote de compras Estoque mínimo
é de 350 Unidades, o  Ponto de Pedido de 200 unidades, O estoque mínimo também é conhecido como estoque
o Tempo de Reposição de 3,5 unidades de tempo, o Estoque de segurança ou estoque reserva, é a quantidade de produto
mínimo de zero e o Estoque máximo de 350 unidades. necessária para cobrir as possíveis variações do sistema,
Para podermos trabalhar e administrar adequadamente garantindo o funcionamento ininterrupto das operações e
o “sistema máximo‑mínimo”, é  necessário calcularmos o principalmente evitando transtornos aos clientes por falta
tempo de reposição, o ponto de pedido, o lote de compra e de produto. Entre os vários motivos que ocasionam estas
o estoque de segurança. possíveis faltas podemos citar as seguintes:
• Oscilação do consumo.
Ponto de pedido • Oscilação nas épocas de aquisição (atraso no tempo
Segundo POZO (2004), o ponto de pedido é a quantidade de reposição).
necessária para garantir a continuidade das operações, en- • Variação na qualidade, quando o Controle de Qualida-
quanto aguardamos a chegada do lote de compra, durante de rejeita um lote.
• Remessas por parte do fornecedor, divergente do
o tempo de reposição. Ou seja, quando o saldo do estoque
solicitado.
de um determinado produto estiver igual ou menor do que
• Diferenças de inventário.
seu ponto de pedido, deveremos realizar o ressuprimento
do seu estoque, colocando‑se um novo pedido de compra. Segundo POZO (2004), o  ideal seria termos nível de
Devemos considerar os seguintes fatores para calcular estoque de segurança igual a zero, porém sabemos que na
do saldo disponível: prática o fluxo de produtos não tem um comportamento
• Estoque físico disponível. uniforme devido aos fatores mercadológicos e operacionais
• Os fornecimentos em atraso. anteriormente abordados. Sendo assim, torna‑se muito difícil
• Os fornecimentos em aberto ainda dentro do prazo. estabelecer um nível de estoque de segurança igual a zero,
mas não impossível.
Na prática, podemos agrupar os dois a respeito de for- Conforme POZO (2004), a situação mais cômoda seria
necimento em apenas um item, denominado de saldo de adotar um estoque de segurança que supra toda e qualquer
fornecedores. variação do sistema, porém isso implicaria em custos ele-
Também se pode acrescentar ao estoque virtual a quan- vadíssimos que a empresa poderia não suportar. Portanto,
tidade em posse do controle de qualidade para inspeção a solução é determinar um nível de estoque de segurança
no momento do recebimento. Geralmente este estoque capaz de otimizar os recursos disponíveis e minimizar os
disponível é chamado de estoque virtual, representado por: custos envolvidos.
A determinação do nível do estoque de segurança é uma
das mais importantes informações para a administração do
EV = EF + SF + EI
estoque, pois essa importância está diretamente relacionada
Onde: com o grau de imobilização financeira da empresa. A deter-
minação do estoque de segurança é o risco que a empresa
ES = Estoque Virtual.
está disposta a assumir em face da falta de estoque.
EF = Estoque Físico.
Para definirmos o nível do estoque de segurança, existem
SF = Saldo de Fornecimento. alguns modelos matemáticos para essa finalidade. Iremos
EI = Estoque em inspeção. abordar três métodos:
• Método do Grau de Risco (MGR)
Segundo Pozo (2004), o ponto de ressuprimento ou ponto • Método com Variação de Consumo e/ou Tempo de
de pedido é calculado pela seguinte fórmula: Reposição (MVC)
• Método com Grau de Atendimento Definido (MGAD)
PP = (C x TR) x ES
Método do Grau de Risco (MGR)
Onde:
Este é o modelo mais simples e fácil de utilizar, e não re-
PP = Ponto de Pedido.
quer nenhum conhecimento profundo de matemática. Tal
C = Consumo médio mensal.
modelo usa um fator de risco dado em porcentagem, que
TR = Tempo de Reposição.
é definido pelo administrador em função de sua sensibili-
ES = Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo. dade de mercado e informações que colhe junto a vendas
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e a suprimentos.
Abaixo temos um exemplo para o cálculo.
Exemplo:
Determinada peça é consumida em 2.500 unidades ES = C x k
mensalmente e sabemos que seu tempo de reposição é de
Onde:
45 dias. Então, qual é seu Ponto de Pedido (PP), uma vez que ES = Estoque de Segurança
seu estoque de segurança é de 400 unidades? C = Consumo médio no período
PP = (C x TR) + ES k = Coeficiente de grau de risco
C = 2.500 unidades por mês
Exemplo: Uma empresa necessita definir o Estoque de
TR = 45 dias = 1,5 mês (como o consumo está sendo Segurança de determinado produto que tem uma demanda
medido por mês, deveremos usar a mesma unidade para média mensal de 600 unidades e, para tanto, o gerente de
o tempo de reposição. Portanto, 45 dias é igual a 1,5 mês). logística definiu em grau de risco de 35%. Nesse caso, qual
ES = 400 unidades seria o estoque de segurança?
PP = (2.500 x 1,5) + 400 ES = C x k
PP = 3.750 + 400 ES = 600 x 0,35
PP = 4.150 Unidades ES = 210 unidades

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Método com Variação de Consumo e/ou Tempo de Re- Para tanto deveremos utilizar 3 etapas:
posição (MVC) 1. Calcular o consumo médio (venda).
Este modelo somente é utilizado quando as variações de ∑C
demanda e/ou o tempo de reposição forem maiores que os C md =
dados definidos, ou seja, quando houver atrasos na entrega n
no pedido e/ou aumento nas vendas.
2. Calcular o desvio‑padrão do consumo.

ES = (Cm – Cn) + Cm x Ptr n

∑ (C − C md )2
Onde: δ= i −1

ES = Estoque de Segurança n −1
Cn = Consumo normal do produto
Cm = Consumo maior previsto do produto 3. Calcular o Estoque de Segurança (ES)
Ptr = Porcentagem de atraso no tempo de reposição
ES= δ × k
Exemplo:
Onde:
Uma empresa necessita definir o Estoque de Segurança Cmd = Consumo médio mensal
de determinado produto que tem uma demanda média men- C = Consumo mensal
sal de 600 unidades e o gerente de logística está prevendo n = Número de períodos
um aumento na demanda de 25% e recebeu informações de δ = Desvio‑padrão
seu fornecedor que haverá um atraso de 10 dias na entrega k = Coeficiente de risco (Tabela Abaixo).
do pedido, cujo prazo normalmente é de um mês. Qual será
o estoque de segurança? Risco % k Risco % k Risco % k
ES = (Cm – Cn) + Cm x Ptr 52,00 0,102 80,00 0,842 90,00 1,282
Cm = (600 X 1,25) = 750 55,00 0,126 85,00 1,036 95,00 1,645
TR = 1 mês = 30 dias 60,00 0,253 86,00 1,085 97,50 1,960
Ptr = 10 dias / 30 dias = 33,33% 65,00 0,385 87,00 1,134 98,00 2,082
ES = (Cm – Cn) + Cm x Ptr 70,00 0,524 87,50 1,159 99,00 2,326
ES = (750 – 600) + (750 x 0,333) 75,00 0,674 88,00 1,184 99,50 2,576
ES = 150 + 250 78,00 0,775 89,00 1,233 99,90 3,090
ES = 400 unidades
Exemplo: A empresa Fabricadora de Peças S.A., obteve neste
ano o seguinte volume de vendas para seu produto “Bomba
Se, no mesmo exemplo, ocorressem: a) atraso na entrega Injetora YZ”: janeiro, 2.500; fevereiro, 2.200; março, 2.650;
do pedido; ou (b) aumento da demanda, qual seria o estoque abril, 2.800; maio, 2.850; junho, 2.900; e julho, 3.000. Calcule
de segurança? Consideremos o exemplo anterior, e calcule- o estoque de segurança com o grau de atendimento de 90%.
mos o estoque de segurança para os dois casos separados. Para calcularmos o estoque de segurança, seguiremos
a) Atraso no tempo de reposição as três etapas, sendo:
ES = (Cm – Cn) + Cm x Ptr 1. Calcular o consumo médio
Não ocorrendo o aumento nas vendas, Cm = Cn, ou Cmd = (∑ C) : n
Cmd = (2.500 + 2.200 + 2.650 + 2.800 + 2.850 +
seja, (Cm‑Cn)=0 2.900 + 3.000) : 7
ES = 600 X 0,333 Cmd = (18.900):7
ES = 200 Unidades Cmd = 2.700 unidades

b) Aumento nas vendas 2. Calcular o desvio‑padrão


ES = (Cm – Cn) + Cm x Ptr
n
Como o tempo de reposição não terá atraso, Ptr = 0,
ou seja, 750 x 0 = 0 ∑ (C − C md )2
ES = (Cm – Cn) + 0 δ= i −1

n −1
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Como estão previstos 25% a mais nas vendas, en-


tão: Cm = (600 x 1,25) = 750
Para este cálculo, necessitamos tabular os dados, con-
ES = (750 – 600) + 0 forme Tabela Abaixo:
ES = 150 unidades
Período C (C – Cmd) (C – Cmd)²
Método com grau de Atendimento Definido (MGAD) 1 janeiro 2.500 -200 40.000
Este modelo visa determinar um nível de estoque baseado 2 fevereiro 2.200 -500 250.000
em um consumo médio do produto em um determinado 3 março 2.650 -50 2.500
intervalo de tempo sem atender na totalidade a deman- 4 abril 2.800 100 10.000
da, mas sim em um determinado grau de atendimento. 5 maio 2.850 150 22.500
Através deste método podemos comparar em termos 6 junho 2.900 200 40.000
percentuais e financeiros as diversas alternativas de grau 7 julho 3.000 300 90.000
de atendimento, de posse das quais, deveremos decidir Cmd 2.700 ∑ 455.000
pelo que melhor atenda as políticas da organização e o δ = √455.000/6
que causará menor impacto negativo por não entregar à δ = √75.833,33
empresa todos os pedidos. δ = 275,38

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3. Calcular o Estoque de Segurança COMPRAS
ES = δ x k
ES = 275,38 x 1,282 Compras é a função responsável pela obtenção do ma-
ES = 353 unidades terial no mercado fornecedor, interno ou externo, através
da mais correta tradução das necessidades em termos de
Definindo o estoque de segurança, e  considerando o fornecedor ou requisitante.
estoque normal igual ao consumo médio, podemos calcular A área de compras é essencial para garantir que a em-
com essas informações, e com um grau de atendimento de- presa adquira seus produtos levando em conta o material
finido em 90%, qual será o volume máximo desse produto certo, ao preço certo, na hora certa, na quantidade certa e
que poderemos vender, utilizando um lote de compra de da fonte certa. Esses são seus objetivos.
2.700 unidades (consumo médio no período) e um estoque • Material certo – É importante que o comprador esteja
de segurança de 353 unidades. Para o cálculo, faremos uso em situação de certificar‑se se o material comprado,
da fórmula derivada do cálculo de estoque de segurança com de um fornecedor está de acordo com o solicitado.
variação de demanda. O comprador deve ter condições de reconhecer, em
ES = (C – Cmd) uma eventual alternativa de cotação, uma economia
353 = (C – Cmd) do custo potencial ou a ideia de melhoria do produto.
353 + 2.700 = C ∴ C = 3.053 unidades Em hipótese alguma o comprador deve der inicio a um
processo de compras, sem ter idéia exata de que quer
Resumo: O volume máximo de vendas dessa peça, comprar. O comprador, sempre que possível, deverá
com grau de atendimento de 90%, será de 3.053 unidades. entrar em contato com os setores que utilizam ou que
Ou seja, possivelmente, deixaremos de atender a 10% de vão utilizar o material ou serviço a ser adquirido.
demanda. • Preço certo – A área de compras deve calcular o “preço
objetivo” do item. O cálculo deste “preço objetivo” é
Com esse modelo é possível comparar valores para aten- feito baseando‑se no tempo de execução do item, na
der ao mercado com maior ou menor grau de atendimento mão de obra direta, no custo da matéria prima com
ao cliente, tomando decisão sobre custos e benefícios dos mão de obra média no mercado; a este valor deve‑se
volumes de estoques. Considerando o exemplo anterior, acrescentar um valor, pré‑calculado, de mão de obra
vamos comparar o resultado obtido com os 90% de grau de indireta. Ao valor encontrado deve‑se somar o lucro.
atendimento com outros graus de atendimento, sendo um Todos estes valores podem ser obtidos através de valo-
de 95% e outro de 98%. Nessa análise, avaliaremos o percen- res médios do mercado, e do balanço e demonstrações
tual do incremento do volume de vendas. Para tomada de de lucros e perdas dos diversos fornecedores. O “preço
decisão, comparam‑se os custos dessas variações e decide‑se objetivo” é que vai servir de orientação ao comprador
sobre o menor custo. quando de uma concorrência. Se o preço for muito
90% de atendimento, ES = 353 unidades mais baixo que o preço objetivo, o fornecedor deve ser
a) Calcular para 95% de atendimento chamado, a fim de prestar esclarecimentos. Deve‑se
δ = 275,38 (conforme desvio padrão calculado) sempre partir do princípio fundamental de que toda
k = 1,645 (obtido na tabela de coeficiente de risco) empresa deve ter lucro, evidentemente um lucro
ES = δ x k comedido, e que, portanto, não nos interessa que
ES = 275,38 x 1,645 qualquer fornecedor tenha prejuízos. Se a empresa
ES = 453 unidades não tiver condições de determinar esse preço objetivo,
pelo menos, o comprador deve abrir a concorrência
b) Calcular para 98% de atendimento tendo uma idéia de que vai encontrar pela frente.
δ= 275,38 Nessas circunstâncias, ele deve tomar como base ou
k = 2,082 o último preço, ou, se o item for um item novo, deverá
ES = δ x k fazer uma pesquisa preliminar de preços.
ES = 275,38 x 2,082 • Hora certa – O desenvolvimento industrial atual e o
ES = 573 unidades aumento cada vez maior do numero de empresas de
produção em série, torna o tempo de entrega, ou os
Comparando os três valores temos: prazos de entrega, um dos fatores mais importantes
90% : ES = 353 e vendas máximas = 3.053 unidades no julgamento de uma concorrência. As diversas flu-
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ES = C – Cm tuações de preços do mercado e o perigo de estoques


353 = C – 2.700 excessivos fazem cem que e comprador necessite
C = 2.700 + 353, portanto, C = 3.053 coordenar esses dois fatores da melhor maneira pos-
95% : ES = 453 e vendas máximas = 3.153 unidades sível, a fim de adquirir na hora certa o material para a
ES = C – Cm empresa.
453 = C – 2.700 • Quantidade certa  – A quantidade a ser adquirida é
C = 2.700 + 453, portanto, C = 3.153 cada vez mais importante por ocasião da compra. Até
98%: ES = 573 e vendas máximas = 3.273 unidades pouco tempo atrás se aumentava a quantidade a ser
ES = C – Cm adquirida objetivando melhorar e preço; entretanto
573 = C – 2.700 outros fatores como custo de armazenagem, capital
C = 573 + 2.700, portanto, C = 3.273 investido em estoques etc., fizeram com que maio-
res cuidados fossem tornados na determinação da
Como podemos perceber, a função do estoque reserva é quantidade certa ou na quantidade mais econômica
prover condições de atendimento adequado ao mercado e a ser adquirida. Para isso foram deduzidas fórmulas
um retorno de capital satisfatório aos acionistas, em razão de matemáticas objetivando facilitar a determinação da
aumento inesperado da demanda e/ou atrasos nas entregas quantidade a ser adquirida. Entretanto, qualquer que
de ressuprimento. seja a fórmula ou método a ser adotado não elimina

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a decisão final da Gerência de Compras com eventuais As compras poderão ser de dois tipos básicos:
alterações destas quantidades devido as situações • adquiridas no mercado interno;
peculiares do mercado. • adquiridas no mercado externo (importação).
• Fonte certa – De nada adiantará ao comprador saber
exatamente o material a adquirir, o preço certo, o prazo Seleção de Fornecedores e Propostas
certo e a quantidade certa, se não puder encontrar
uma fonte de fornecimento que possa agrupar todas A escolha por um fornecedor é uma das atividades
as necessidades. A  avaliação dos fornecedores e o fundamentais e é uma prerrogativa exclusiva de compras.
desenvolvimento de novas fontes de fornecimento O  bom fornecedor é aquele que vai garantir que todas
são fatores fundamentais para o funcionamento de aquelas cláusulas solicitadas, no momento de uma compra,
compras. Devido a essas necessidades o comprador, sejam cumpridas. Deve o comprador procurar, de todas as
exceto o setor de vendas da empresa, é o elemento que maneiras, aumentar o número de fornecedores em potencial
mantém e deve manter o maior número de contatos a serem consultados, de maneira que se tenha certeza de que
externos na busca cada vez mais intensa de ampliar o o melhor negócio foi executado em benefício da empresa.
mercado de fornecimento. O número limitado de fornecedores a serem consultados
constituem uma limitação das atividades de compras.
A Função Compras é uma das engrenagens de uma empre- O processo de seleção das fontes de fornecimento não se
sa ou organização e deve ser devidamente considerado no con- restringe a uma única ocasião, ou seja, quando é necessária
texto, para que deficiências não venham a ocorrer, provocando a aquisição de um determinado material ou serviço. A ati-
produção ineficiente, produtos inferiores, o não cumprimento vidade deve ser exercida de forma permanente e contínua,
de promessas de entregas e clientes insatisfeitos. através de várias etapas, as quais listamos abaixo:
A competitividade no mercado, quanto a vendas, e em • ETAPA 1 – Levantamento e Pesquisa de Mercado – Esta-
grande parte, assim como a obtenção de lucros satisfatórios, belecida a necessidade da aquisição para determinado
devido à realização de boas compras, e para que isto ocorra é material ou serviço, é necessário levantar e pesquisar
necessário que se adquira materiais com o mais baixo custo, fornecedores em potencial. O levantamento poderá
desde que satisfaçam as exigências de qualidade. ser realizado através dos seguintes instrumentos:
O custo de aquisição e o custo de manutenção dos esto- – Cadastro de Fornecedores do órgão de Compras;
ques de material devem, também, ser mantidos em um nível – Edital de Convocação;
econômico. Essas considerações elementares são a base de – Guias Comerciais e Industriais;
toda a função e ciência de Compras. – Catálogos de Fornecedores;
A função Compras compreende: – Revistas especializadas;
• Cadastramento de Fornecedores; – Catálogos Telefônicos;
• Coleta de Preços; – Associações Profissionais e Sindicatos Industriais.
• Definição quanto ao transporte do material; • ETAPA 2 – Análise e Classificação – Compreende a aná-
• Julgamento de Propostas; lise dos dados cadastrais do fornecedor e a respectiva
• Diligenciamento do preço, do prazo e da qualidade classificação quanto aos tipos de materiais a fornecer,
do material  – A atividade de diligenciamento com- bem como, a eliminação daqueles fornecedores que
preende todas as ações necessárias para permitir não satisfizerem as exigências da empresa.
que o produto a ser fornecido, montado ou colocado – Envolve o recebimento de ofertas ou propostas e a
em funcionamento seja entregue no prazo, de acordo aplicação de critérios de avaliação para selecionar
com as especificações técnicas aplicáveis e dentro dos um fornecedor;
padrões de qualidade esperados pelo Cliente; e – As propostas devem conter os valores e condições
• Recebimento e Colocação da Compra. de pagamento oferecidos;
– O pretenso Fornecedor deve possuir capacidade
De forma sintética, o fluxo de compras compreende: técnica comprovada e de cumprimento de prazos.
• Recebimento da Requisição de Compras; • ETAPA 3 – Avaliação de Desempenho – Esta etapa é
• Escolha dos Fornecedores; efetuada pós-cadastramento e nela faz‑se o acompa-
• Consulta aos Fornecedores; nhamento do fornecedor quanto ao cumprimento do
• Recebimento das Propostas; contratado, servindo não raras vezes como elemento
• Montagem do Mapa Comparativo de Preços; de eliminação das empresas fornecedoras.
Administração de Recursos Materiais

• Análise das propostas e escolha;


• Emissão do documento contratual; Licitação
• Diligenciamento;
• Recebimento. Licitação é o procedimento administrativo formal em que
uma empresa privada ou, em geral, a Administração Pública
Competência do Departamento de Compras convoca, mediante condições estabelecidas em ato próprio
(edital ou convite), empresas interessadas na apresentação
A função de comprar implica na aquisição de materiais de propostas para o oferecimento de bens e serviços.
na qualidade certa, na época certa, ao preço certo, na quan- O objetivo da licitação é garantir a observância do prin-
tidade certa e da fonte certa. cípio constitucional da isonomia e selecionar a proposta
Um cadastro de fornecedores deverá ser mantido sempre mais vantajosa para a Administração, de forma a assegurar
atualizado de forma que nos permita obter informações a oportunidade igual a todos os interessados e possibilitar o
tempo e à hora. Deverá conter todos os dados e a história comparecimento ao certame do maior número possível de
do fornecedor junto à empresa. concorrentes.
Devemos detectar e registrar o aparecimento de novos A Lei nº 8.666, de 1993, ao regulamentar o art. 37, inci-
fornecedores e de novas organizações prestadoras de serviço, so XXI, da Constituição Federal, estabeleceu normas gerais
que poderão vir nos atender no futuro. sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a

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obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações do convite em quadro de avisos do órgão ou entidade,
e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do localizado em lugar de ampla divulgação.
Distrito Federal e dos Municípios. No convite é possível a participação de interessados
Conforme essa Lei, a celebração de contratos com ter- que não tenham sido formalmente convidados, mas
ceiros na Administração Pública deve ser, obrigatoriamente, que sejam do ramo do objeto licitado, desde que
precedida de licitação, ressalvadas as hipóteses de dispensa cadastrados no órgão ou entidade licitadora ou no
e de inexigibilidade de licitação. Os seguintes princípios Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores
básicos que norteiam os procedimentos licitatórios devem – Sicaf. Esses interessados devem solicitar o convite
ser observados: com antecedência de até 24 horas da apresentação
• Princípio da Legalidade: esse princípio vincula os das propostas.
licitantes e a Administração Pública às regras estabe- No convite, para que a contratação seja possível, são
lecidas, às normas e aos princípios em vigor. necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é,
• Princípio da Isonomia: significa dar tratamento igual que atendam a todas as exigências do ato convocató-
a todos os interessados. É condição essencial para rio. Não é suficiente a obtenção de três propostas. É
garantir todas as fases da licitação. preciso que as três sejam válidas. Caso isso não ocorra,
• Princípio da Impessoalidade: esse princípio obriga a a Administração deve repetir o convite e convidar
Administração a observar, nas suas decisões, critérios mais um interessado, enquanto existirem cadastrados
objetivos, previamente estabelecidos, afastando a não convidados nas últimas licitações, ressalvadas
discricionariedade e o subjetivismo na condução dos as hipóteses de limitação de mercado ou manifesto
procedimentos da licitação. desinteresse dos convidados, circunstâncias essas que
• Princípio da Moralidade e da Probidade Administrati- devem ser justificadas no processo de licitação.
va: a conduta dos licitantes e dos agentes públicos tem • Pregão: é a modalidade de licitação em que a disputa
de ser, além de lícita, compatível com a moral, a ética, pelo fornecimento de bens e serviços comuns é feita
os bons costumes e as regras da boa administração. em sessão pública. Os licitantes apresentam suas
• Princípio da Publicidade: qualquer interessado deve propostas de preço por escrito e por lances verbais, in-
ter acesso às licitações públicas e ao seu controle, dependentemente do valor estimado da contratação.
mediante divulgação dos atos praticados pelos admi- Ao contrário do que ocorre em outras modalidades, no
nistradores em todas as fases da licitação. Pregão a escolha da proposta é feita antes da análise
• Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório: da do­cumentação, razão maior de sua celeridade.
obriga a Administração e o licitante a observarem as
normas e condições estabelecidas no ato convoca- A escolha ente as modalidades concorrência, tomada de
tório. Nada poderá ser criado ou feito sem que haja preços e convite é definida pelos seguintes limites:
previsão no ato convocatório. • Concorrência:
• Princípio do Julgamento Objetivo: esse princípio – Obras e serviços de engenharia acima de
significa que o administrador deve observar critérios R$ 1.500.000,00.
objetivos definidos no ato convocatório para o jul- – Compras e outros serviços acima de R$ 650.000,00.
gamento das propostas. Afasta a possibilidade de o • Tomada de preços:
julgador utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios – Obras e serviços de engenharia acima de R$ 150.000,00
não previstos no ato convocatório, mesmo que em até R$ 1.500.000,00.
benefício da própria Administração. • Convite
– Obras e serviços de engenharia acima de R$ 15.000,00
Modalidades de Licitação até R$ 150.000,00.
– Compras e outros serviços acima de R$ 8.000,00
Modalidade de licitação é a forma específica de conduzir até R$ 80.000,00.
o procedimento licitatório, a partir de critérios definidos em
lei. O valor estimado para contratação é o principal fator para Dispensa e Inexigibilidade
escolha da modalidade de licitação, exceto quando se trata
de pregão, que não está limitado a valores. A licitação é regra para a Administração Pública quando
Além do leilão e do concurso, as demais modalidades de contrata obras, bens e serviços. No entanto, a lei apresenta
licitação admitidas são exclusivamente as seguintes: exceções a essa regra. São os casos em que a licitação é
Administração de Recursos Materiais

• Concorrência: modalidade da qual podem participar legalmente dispensada, dispensável ou inexigível.


quaisquer interessados que na fase de habilitação A possibilidade de compra ou contratação sem a realiza-
preliminar comprovem possuir requisitos mínimos ção de licitação se dará somente nos casos previstos em lei.
de qualificação exigidos no edital para execução do
objeto da licitação. Tipos de Licitação
• Tomada de preços: modalidade realizada entre inte-
ressados devidamente cadastrados ou que atenderem O tipo de licitação não deve ser confundido com moda-
a todas as condições exigidas para cadastramento lidade de licitação. Modalidade é o procedimento. Tipo é
até o terceiro dia anterior à data do recebimento das o critério de julgamento utilizado pela Administração para
propostas, observada a necessária qualificação. seleção da proposta mais vantajosa.
• Convite: modalidade realizada entre interessados do Os tipos de licitação mais utilizados para o julgamento
ramo de que trata o objeto da licitação, escolhidos e das propostas são os seguintes:
convidados em número mínimo de três pela Admi- • Menor preço: critério de seleção em que a proposta
nistração. O convite é a modalidade de licitação mais mais vantajosa para a Administração é a de menor pre-
simples. A Administração escolhe quem quer convidar, ço. É utilizado para compras e serviços de modo geral
entre os possíveis interessados, cadastrados ou não. A e para contratação e bens e serviços de informática,
divulgação deve ser feita mediante afixação de cópia nos casos indicados em decreto do Poder Executivo.

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• Melhor técnica: critério de seleção em que a proposta – Envolve o recebimento de ofertas ou propostas e a
mais vantajosa para a Administração é escolhida com aplicação de critérios de avaliação para selecionar
base em fatores de ordem técnica. É usado exclusiva- um fornecedor.
mente para serviços de natureza predominantemente – As propostas devem conter os valores e as condi-
intelectual, em especial na elaboração de projetos, ções de pagamento oferecidos.
cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e – O pretenso fornecedor deve possuir capacidade
de engenharia consultiva em geral, e, em particular, técnica comprovada e de cumprimento de prazos.
para elaboração de estudos técnicos preliminares e • Etapa 3 – Avaliação de Desempenho: esta etapa é efe-
projetos básicos e executivos. tuada após o cadastramento e nela faz-se o acompa-
• Técnica e Preço: critério de seleção em que a proposta nhamento do fornecedor quanto ao cumprimento do
mais vantajosa para a Administração é escolhida com contratado, servindo, não raras vezes, como elemento
base na maior média ponderada, considerando-se as de eliminação das empresas fornecedoras.
notas obtidas nas propostas de preço e de técnica.
É obrigatório na contratação de bens e serviços de Sistemas Registro de Preços, Pregão e Pregão
informática, nas modalidades tomada de preços e Eletrônico
concorrência.
A administração de compras e materiais relativas às
Fases da Licitação compras e contratações efetuadas pela Administração Pú-
blica federal, visam atender as exigências das Leis Federais
Os atos da licitação devem desenvolver-se em sequência nos 8.666/1993 e 10.520/2002.
lógica, a partir da existência de determinada necessidade A primeira lei estabelece as normas gerais sobre licitações
pública a ser atendida. O procedimento tem início com o e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços,
planejamento e prossegue até a assinatura do respectivo inclusive de publicidade, compras, alienações e locações
contrato ou a emissão de documento correspondente, em no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
duas fases distintas: Federal e dos Municípios.
• Fase interna ou preparatória: delimita e determina as Já a segunda lei estabelece normas para aquisição de
condições do ato convocatório antes de trazê-las ao bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na
conhecimento público. modalidade de pregão.
• Fase externa ou executória: inicia-se com a publicação Para tratarmos desse tema, precisamos inicialmente
do edital ou com a entrega do convite e termina com entender alguns conceitos de administração de materiais e
a contratação do fornecimento do bem, da execução também de compras:
da obra ou da prestação do serviço. • a Administração de Materiais tecnicamente bem
aparelhada é uma das condições fundamentais para
Seleção de Fornecedores e Propostas o equilíbrio econômico e financeiro de uma empresa;
• a Administração de Materiais possui importantes
A escolha de um fornecedor é uma das atividades fun- tarefas, principalmente a administração de compras,
damentais e é uma prerrogativa exclusiva de compras. O o planejamento e controle da produção, e a distribui-
bom fornecedor é aquele que vai garantir que todas aquelas ção e tráfego;
cláusulas solicitadas, no momento de uma compra, sejam • a Administração de Materiais verifica as requisições,
cumpridas. Deve o comprador procurar, de todas as manei- provê a disponibilidade, determina os níveis de valor
ras, aumentar o número de fornecedores em potencial a e de preços e controla o fluxo de materiais, desde
serem consultados, de forma que se tenha certeza de que o início do desenvolvimento das necessidades da
o melhor negócio foi executado em benefício da empresa. produção, até à entrega final do produto ao referido
O número limitado de fornecedores a serem consultados cliente;
constitui uma limitação das atividades de compras. • as Compras coordenam seus esforços com os departa-
O processo de seleção das fontes de fornecimento não se mentos especializados, e, no real processo de integrar
restringe a uma única ocasião, ou seja, quando é necessária suas operações com as dos outros grupos interessados
a aquisição de um determinado material ou serviço. A ati- no ciclo dos materiais, as compras pode conduzir a
vidade deve ser exercida de forma permanente e contínua, um cruzamento de linhas de autoridade em algumas
através de várias etapas, as quais listamos abaixo: empresas e em determinadas circunstâncias;
Administração de Recursos Materiais

• Etapa 1 – Levantamento e Pesquisa de Mercado: esta- • para uma adequada administração de compras é pre-
belecida a necessidade da aquisição de determinado ciso levar em consideração os fatores Preço X Prazo
material ou serviço, é necessário levantar e pesquisar de Entrega X Qualidade;
fornecedores em potencial. O levantamento poderá • o Departamento de Compras pode determinar, com a
ser realizado com os seguintes instrumentos: ajuda da organização de materiais, os programas de
– cadastro de fornecedores do órgão de compras; entrega, baseado em seu conhecimento dos níveis
– edital de convocação; dos estoques e das necessidades da produção.
– guias comerciais e industriais;
– catálogos de fornecedores; O processo de compras governamentais está envolvi-
– revistas especializadas; do por um aparato legal e normativo mais complexo e de
– catálogos telefônicos; cumprimento mais difícil que o aplicável ao setor privado,
– associações profissionais e sindicatos industriais. o que impõe custos administrativos adicionais aos processos.
• Etapa 2 – Análise e Classificação: compreende a análi- As exigências de transparência é também um requisito que
se dos dados cadastrais do fornecedor e a respectiva é peculiar ao setor público.
classificação quanto aos tipos de materiais a fornecer, Para controlar seu processo de compras o Governo
bem como a eliminação daqueles fornecedores que Federal criou um Portal de Compras. É um sítio na internet
não satisfizerem às exigências da empresa. (www.comprasnet.gov.br), instituído pelo Ministério do

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Planejamento, Orçamento e Gestão – MP, que disponibiliza fornecedores, uma categorização das compras e a geração
para a sociedade informações referentes às licitações e de documentos eletrônicos que habilitam – ou não – os for-
contratações promovidas pelo Governo Federal, bem como necedores a participarem dos processos licitatórios.
permitir a realização de processos eletrônicos de aquisição.
Ele é um módulo do Sistema Integrado de Administração de Como funciona um Pregão Eletrônico?
Serviços Gerais – Siasg, que é composto por diversos subsis- Inicialmente é divulgado o aviso de que o Pregão Eletrôni-
temas com atribuições específicas voltadas à modernização co será realizado, com a data e o horário para o recebimento
dos processos administrativos dos órgãos públicos federais eletrônico das propostas dos interessados. No dia e hora
integrantes do Sistema de Serviços Gerais – Sisg. marcados para o pregão, o pregoeiro abre a licitação, ou
O Ministério do Planejamento controla por meio do seja, o sistema começa a receber e examinar as propostas
Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – e selecionar quem poderá participar. Encerrado o prazo
Siasg – a gestão de aquisição de bens e serviços, a gestão de de recebimento, o sistema fecha a lista de participantes e
fornecedores, licitações, pregões e o controle de estoque. fornece um pseudônimo fazendo com que ninguém, nem
A implantação de sistemas de compras governamentais mesmo o pregoeiro, conheça a identidade dos participantes.
eletrônicas é um caminho promissor que tem sido trilhado A disputa é de quem vende mais barato e se desenvolve
pela administração pública para a melhoria e eficiência das em torno de um preço referência, previamente aceitável,
compras. Há um conjunto de impactos com encadeamentos sobre o qual não pode ser oferecido preço superior. Na tela
diretos e indiretos que se traduzem em benefícios para o do fornecedor é sinalizado o menor preço do momento e a
processo de compras, para os projetos de governo eletrôni- indicação verde ou vermelha para que ele saiba se aquele
co e para o mercado de fornecedores governamentais. De preço que colocou está ganhando ou perdendo. O ambiente
uma forma geral, considera-se que a adoção das compras virtual é semelhante ao de um chat onde todas as mensagens
eletrônicas pode concorrer para a diminuição de preços e enviadas são lidas por todas as pessoas. Ou seja, quando
a alavancagem do poder de compra do governo, além da um fornecedor oferecer um lance, essa informação será de
redução de custos administrativos. conhecimento de todos os presentes na sala.
Os impactos sobre o controle e a transparência das O pregoeiro acompanha os lances pela sua tela no com-
compras governamentais decorrem da melhoria de pro-
putador e, pelo decréscimo da disputa, vai saber a hora de
cedimentos, da ampliação da disponibilidade de informa-
parar e fechar os lances – o menor preço ganha a licitação.
ções gerenciais e da introdução de controles de novo tipo,
Em seguida, examina se foram colocados recursos dos
baseados na aplicação dos recursos do Siasg/Comprasnet.
fornecedores e, se considerá-los improcedente, homologa
Evidência de avanço no controle por meio de sistemas ele-
a compra, revelando o nome, endereço e CGC de quem ga-
trônicos é a implantação de diversas funcionalidades dos
nhou. Todas as mensagens que circularam se transformam
Siasg/Comprasnet que promovem o controle automático
sobre erros e/ou ilegalidades nos procedimentos de com- automaticamente em ata de sessão da licitação depois que
pras e contratações. Assim, a descrição técnica precisa do o leiloeiro declara encerrada a sessão. Pode participar – mas
produto ou serviço fornecida pelos Catálogos (Catmat e não se manifestar – qualquer entidade pública ou privada
Catser), dificulta o descumprimento do contrato pelo forne- ou pessoas físicas interessadas em acompanhar o processo.
cedor e permite a comparação rigorosa entre as propostas O Pregão Eletrônico é um aprimoramento do pregão
apresentadas. A consulta ao histórico de preços praticados presencial. A diferença entre os dois é que o pregão reali-
(SISPP) nas contratações estabelece um limite dinâmico à zado na Internet oferece maior velocidade e facilidade para
prática de valores superfaturados. Em ambos os casos, são a participação dos fornecedores. No pregão convencional,
mecanismos de controle de simples e imediata utilização os fornecedores disputam quem venderá serviços ou produ-
que incidem sobre a contratação durante o seu transcurso tos pelo menor preço através de lances, num local público,
e não a posteriori. com a presença dos interessados, num rito conduzido por
um pregoeiro do Governo.
Pregão Eletrônico É bom ressaltar que o Pregão Eletrônico consiste no
mesmo rito, sem necessidade do deslocamento dos forne-
Esta inovadora mudança teve início com a realização de cedores, portanto eles podem participar de qualquer ponto
dois pregões eletrônicos, sob a modalidade de leilão reverso, do país, porque todo o processo acontece via Internet, até
e foi impulsionada com a Lei nº 10.520/2002. a definição do vencedor.
Os leilões são realizados pelo já citado Portal ComprasNet,
Administração de Recursos Materiais

que atua como instrumento de divulgação de Convites, To- Evolução do Processo de Compras no Brasil
madas de Preços e Concorrências da Administração Federal Até o ano de 1993 os cadastros dos fornecedores eram
direta. isolados, já que a operacionalização das compras era realiza-
Os objetivos do Pregão Eletrônico são vários e podem da de forma manual. Com a Lei nº 8.666/1993 as licitações e
ser sintetizados e um conceito: agregar valor às atividades contratos passaram a ser regulados, porém a divulgação era
de compras feitas pelo governo. Como consequência direta realizada exclusivamente na imprensa oficial.
tem-se os ganhos de escala e o maior controle nos preços Em 1994, os cadastros de fornecedores foram unifica-
praticados ao diminuir a diferença entre preços pagos pelos dos e iniciou-se a primeira fase do Catálogo de Materiais
órgãos por produtos semelhantes. e serviços.
Cadastrados no ComprasNet, os fornecedores podem Em 1995, entrou em vigor a divulgação eletrônica no
fechar negócio de qualquer parte do país, bem como adquirir Diário Oficial da União.
informações gerenciais de cotações de preços praticados Em 1997, o governo passou a ter um canal informativo
pelo governo, as  quais poderão aumentar sua vantagem de seus processos de compras com a criação do portal de
competitiva. compras.
O Pregão Eletrônico pressupõe a integração de informa- Em 2000, foi instituído o Pregão Presencial.
ções do Sistema de Materiais e o de Fornecedores que tem Em 2001, o Pregão Eletrônico, além da integração com o
seu potencial gerencial aprimorado no cadastramento dos Siafi e com a base de débitos para com o governo.

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Em 2002, passou-se a utilizar a cotação eletrônica, o sis- Este setor deve ter um controle geral, para fornecer
tema de registro de preços e a segunda fase do catálogo de elementos reais de orientação, com reflexos na produção
materiais. ou distribuição.
Em 2005, o Pregão Eletrônico passou a ser obrigatório.
Em 2006, foi instituída a Lei nº 123/2006 que determina Movimentação de Materiais
o tratamento preferencial para as chamadas MPEs (Micro e
Pequenas Empresas) e foram implantados novas ferramentas Todas as movimentações de materiais devem ser efetu-
tecnológicas e gerenciais para auxiliar o processo de compras. adas através das notas fiscais ou documentos internos para
movimentação de materiais.
RECEBIMENTO E ARMAZENAGEM Existem três tipos de movimentações: Entrada, Saída e
Transferência.
Armazenagem de Materiais • Entrada: é a movimentação de materiais que entram
no estoque da empresa. Estas entradas são registradas
O espaço e o layout de uma área de armazenamento através do cadastro das notas fiscais emitidas pelos
deve ser estruturado de forma que seja possível utilizar ao fornecedores.
máximo a sua área total. Os espaços devem ser aproveita- • Saídas: é a baixa do estoque registrada através da emis-
dos inteiramente, mediante o uso de prateleiras, estruturas são de notas fiscais de vendas ou, em se tratando de
porta‑paletes, empilhamento de materiais ou a combinação movimentações internas, via requisições de materiais.
destas formas de armazenamento. • Transferências: são movimentações de materiais efetu-
Na implantação do layout de um almoxarifado/depósito adas entre almoxarifados ou filiais da mesma empresa.
deve‑se prever e programar o seguinte: Esta operação gera débito e crédito entre as unidades
• A disponibilidade dos equipamentos adequados para da empresa, mas não afeta o resultado final do saldo
facilitar a carga e descarga dos materiais (empilhadei- do estoque geral. O registro desta operação é efetuado
via emissão de notas fiscais de transferência ou por
ras, guindastes, carregadores, paletes, docas, escadas
documento interno de requisição de materiais.
móveis etc.);
• A técnica de armazenagem a ser utilizada;
Os documentos que comprovam as movimentações dos
• A quantidade e os tipos de materiais a armazenar;
materiais dão origem a lançamentos no cadastro de movi-
• Os espaços das portas devem ser suficientemente
mento do sistema de controle do estoque, que deve possuir
largos e altos;
opções específicas para digitação de cada uma das modali-
• Altura da plataforma de desembarque de forma a
dades de movimentação de materiais. Por outro lado, estes
facilitar a carga e descarga, em conformidade com a
documentos fornecem elementos de controle aos órgãos de
altura dos caminhões;
custo e/ou à contabilidade da empresa.
• Resistência do piso suficiente para a movimentação de
equipamentos e o empilhamento de materiais; Recebimento e Localização dos Materiais
• A altura máxima permitida para as pilhas;
• Fluxo de trânsito dos materiais em veículos transpor- O recebimento verifica o cumprimento do acordo fir-
tadores; mado entre a Área de Compras e o fornecedor. Por esse
• Dimensionamento e instalação de equipamentos para motivo é uma rotina de grande importância para gestão dos
combate a incêndios, conforme normas da ABNT e do estoques. Para isso é necessário que seja obedecida a rotina
Corpo de Bombeiros; de recebimento de materiais estabelecida pela empresa.
• Medidas de segurança para evitar acidentes de trabalho; O recebimento inclui todas as atividades envolvidas no
• Altura adequada que permita ventilação do ambiente. fato de aceitar materiais para serem estocados. O proces-
samento imediato é o principal objetivo desta função, que
Normas de Estocagem geralmente envolve:
• Controle e programação das entregas;
Cada material tem suas características próprias e, con- • Obtenção e processamento de todas as informações
sequentemente, normas apropriadas, alguns necessitam para o controle de estocagem especial, localização do
de ambientes especiais para sua conservação (carnes, ex- estoque existente, considerações contábeis (PEPS  –
plosivos, produtos químicos, gazes etc.), outros podem ser Primeira que Entra e Primeira que Sai ou UEPS – Último
acondicionados sem a necessidade de cuidados especiais, no a Entrar Primeiro a Sair);
Administração de Recursos Materiais

entanto, é de fundamental importância que sejam respeita- • Análise dos documentos envolvidos;
das as características individuais de cada um dos materiais. • Programação e controle;
A princípio deve‑se armazenar obedecendo a classifi- • Sinalização para a descarga;
cação dos grupos de materiais, depois deve‑se observar as • Descarga.
normas de armazenamento inerentes a cada produto.
No recebimento dos materiais solicitados, alguns princi-
Competências do Setor de Controle de Materiais pais aspectos deverão ser considerados como:
• Especificação técnica: conferência das especificações
No almoxarifado, entendemos por “Controle de Mate- pedidas com as recebidas;
riais” a forma pela qual é possível verificar com exatidão a • Qualidade dos materiais: conferencia física do material
entrada, estoque e saída de material. recebido;
O controle de material, abrangendo os mínimos detalhes, • Quantidade: executar contagem física dos materiais,
permite a tranquilidade setorial, pois envolve internamente ou utilizar técnicas de amostragem quando for inviável
todos os elementos que fornecem dados para os setores a contagem um a um;
externos. Sem esse controle rígido, integral e contínuo, • Preço;
jamais conseguiremos igualar a conta almoxarifado com a • Prazo de entrega: conferência se o prazo está dentro
contabilidade. do estabelecido no pedido.

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Na definição da localização adequada para o armazena- Estoque de produtos É o local onde são armazenados
mento devemos considerar: acabados os produtos manufaturados ou
• Volume das mercadorias / espaço disponível; comprados para disponibilizar
• Resistência / tipo das mercadorias (itens de fino aca- para o mercado.
bamento);
• Número de itens; Embalagens de pro- São embalagens especiais para
• Temperatura, umidade, incidência de sol, chuva etc.; teção proteger o produto no manuseio
• Manutenção das embalagens originais / tipos de em- em depósitos e nos transportes.
balagens; Depósito de distri- É utilizado para armazenar os
• Velocidade necessária no atendimento; buição produtos em locais muito dis-
• O sistema de estocagem escolhido deve seguir algumas tantes da origem e próximo aos
técnicas imprescindíveis na Administração de Mate- clientes.
riais. As principais técnicas de estocagem são:
– Carga unitária: dá‑se o nome de carga unitária à Transporte Envolve diversos métodos de
carga constituída de embalagens de transporte que movimentar o produto fora da
arranjam ou acondicionam uma certa quantidade de empresa, podendo ser enviado
material para possibilitar o seu manuseio, transpor- para depósitos, centros distri-
te e armazenamento como se fosse uma unidade. buidores, atacadistas, varejistas
A formação de carga unitária se dá através de pallets ou ao cliente final.
(Pallet é um estrado de madeira padronizado, de
diversas dimensões. Suas medidas convencionais Os sistemas básicos para transporte são cinco:
básicas são 1.100mm x 1.100mm, como padrão • sistema por ferrovias;
internacional para se adequar aos diversos meios • sistema por rodovias;
de transportes e armazenagem); • sistema por hidrovias;
• sistema por dutos; e
– Caixas ou Gavetas: é a técnica de estocagem ideal
• sistema por aerovias
para materiais de pequenas dimensões, como pa-
rafusos, arruelas, e alguns materiais de escritório;
materiais em processamento, semi acabados ou Ferroviário É um sistema de transporte lento, de maté-
acabados. Os  tamanhos e materiais utilizados na rias‑primas ou manufaturados, porém, de
sua construção serão os mais variados em função baixo valor para longas distâncias.
das necessidades específicas de cada atividade; Rodoviário Serviço de rotas curtas de produtos aca-
– Prateleiras: é uma técnica de estocagem destinada bados ou semiacabados, oferece entregas
a materiais de tamanhos diversos e para o apoio de razoavelmente mais rápidas e confiáveis
gavetas ou caixas padronizadas. Também como as de cargas parceladas. Assim, é  o sistema
caixas poderão ser construídas de diversos materiais mais competitivo do mercado de pequenas
conforme a conveniência da atividade. As prateleiras cargas.
constituem o meio de estocagem mais simples e
econômico. Hidroviário A disponibilidade e a confiabilidade são
fortemente influenciadas pelas condições
Empilhamento: trata‑se de uma variante da estocagem meteorológicas. Além de manusear mer-
de caixas para aproveitamento do espaço vertical. As caixas cadorias a granel, esse meio de transporte
ou pallets são empilhados uns sobre os outros, obedecendo também leva bens de alto valor, princi-
a uma distribuição equitativa de cargas. palmente operadores internacionais, que
costumam transportar contêineres.
DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS Dutoviário Sua movimentação é bastante lenta, mas
a lentidão é compensada pelas 24 horas
Modalidade de Transporte por dia de trabalho sem descanso. Fato-
res meteorológicos não são significativos,
Administração de Recursos Materiais

Transportes, para a maioria das organizações, é a ativi- envolvendo elevado custo capital e baixo
dade logística mais importante, simplesmente porque ela custo operacional.
absorve, em média, de um a dois terços dos custos logísticos. Aeroviário Apesar de ser um transporte caro, sua
É essencial, pois nenhuma firma moderna pode operar sem vantagem se dá por sua velocidade princi-
providenciar a movimentação de suas matérias‑primas ou palmente em longas distâncias, sem calcular
de seus produtos acabados de alguma forma. o tempo de coleta e entrega e também o
Transporte refere‑se aos vários métodos para movimen- manuseio no solo. Sua vantagem em termos
tar produtos. Algumas das alternativas mais populares são os de perdas e danos é bastante segura, não
modos rodoviários, ferroviários e aeroviários. A administra- há necessidade de reforços de embalagens,
ção da atividade de transporte geralmente envolve decidir desde que o trecho terrestre não exponha a
quanto ao método de transporte, aos roteiros e à utilização carga e que no aeroporto elas não estejam
da capacidade dos veículos. Enquanto o transporte adiciona sujeitas a roubo.
valor de lugar ao produto, o estoque agrega valor de tempo.
As atividades do sistema de distribuição são compostas Cada um dos cinco sistemas possui uma estrutura de
de quatro etapas importantes para o sucesso do processo, custo envolvida com diversos fatores, conforme exemplifi-
que são: cado a seguir:

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SISTEMA CUSTO FIXO CUSTO VARIÁVEL
Ferroviário Alto em equipamentos, terminais, vias férreas. Baixo.
Rodoviário Baixo (rodovias estabelecidas e construídas Médio.
com fundos públicos).
Hidroviário Médio (Navios e Equipamentos). Baixo (capacidade de transportar grande quantidade de
tonelagem).
Dutoviário Alto (direitos de acesso, construção, requisitos Baixo (nenhum custo de mão de obra de grande impor-
para controles das estações e capacidade de tância).
bombeamento).
Aeroviário Alto (aeronaves e manuseio e sistemas de Alto (combustível, mão de obra, manutenção etc).
cargas).

Estes custos podem ser pesquisados para identificar qual se adéqua melhor a situação, mas existem fatores determinantes:

Negociação de fretes Se o gerente de transporte considera que existe uma condição que favorece as circuns-
tâncias operacionais, é o caso de solicitar redução nos fretes.
Competição Na existência de diferenças significativas entre serviços de transportes diferentes ou
entre fretes de modais (sistemas), o gerente de tráfego pode usar da ameaça de mu-
dança para obter fretes mais favoráveis. Isso só funciona se o cliente for importante e
tiver bom relacionamento com o prestador de serviço.
Produtos semelhantes Pode ser negociado o preço de fretes de produtos semelhantes, isto é, no peso, no
volume, na fragilidade e no risco. Podem se comparar também com produtos similares,
se não houver frete específico.
Maior volume de carga Com os fretes menores o gerente pode argumentar o aumento do volume de cargas para
o transportador. Dessa forma, tanto o usuário como os transportadores se beneficiam
com a diminuição de taxas. Para grandes volumes, a diminuição nos preços é justificada
com base no maior fluxo transportado.
Auditoria de cobrança de fretes O gerente de transporte deve ter sempre o controle dos fretes, para que nada seja
cobrado a mais do combinado, pois os transportadores contratados não podem cobrar
nada a mais nem a menos pelos serviços prestados.
Rota ou plano de viagem Para a montagem da rota, é necessário um cálculo para direcionar os veículos pelas vias,
rios ou corredores aéreos. É necessário combinar mínima distância e mínimo tempo.
Esse cálculo pode ser feito manualmente quando se trata de rotas curtas e conhecidas.
É seguro calcular por meio de computadores.
Roteirização e programação O despachar o veículo da base central, para uma série de paradas, devendo então
de veículos retornar à base central, é um problema que as empresas de frota própria enfrentam.
É comum nas rotas aéreas de cargas regionais, operação de entregas de mercadorias,
roteiros de ônibus escolar ou abastecimento de supermercados.

GESTÃO PATRIMONIAL – Incorpóreos, imateriais e intangíveis: são exem-


plos: direitos de uso e marcas, fórmulas químicas,
registro de jazidas, projetos de produtos, patentes
Função Administração Patrimonial
e direitos autorais.
A importância de se analisar os recursos patrimoniais de
• Quanto a sua mobilidade
Administração de Recursos Materiais

uma organização está no fato de que a produção de bens e – Móveis: quando podem ser deslocados sem alte-
serviços se dá por meio de matéria-prima (não para serviços), ração em sua forma física.
mão de obra e instalações. Com o passar do tempo e com – Imóveis: quando não podem ser deslocados sem
o uso, as instalações vão necessitando de uma manutenção perder sua forma física ou simplesmente não po-
sistemática, sendo necessário o estudo e acompanhamento dem ser deslocados.
de sua vida econômica, de forma que a otimização do capital
empregado seja maximizado. • Quanto a sua divisibilidade
Os recursos patrimoniais ou bens patrimoniais possuem di- – Divisíveis: quando podem ser divididos sem que as
versas formas de classificação e podem assim serem divididos: partes percam suas características iniciais.
– Indivisíveis: quando não têm a possibilidade de
• Quanto à matéria divisão, constituindo uma unidade.
– Corpóreos: quando possuem uma forma identifi-
cável, um corpo. Outro fator muito importante na administração dos re-
– Materiais: quando possuem substância material, cursos patrimoniais ou bens patrimoniais é o que diz respeito
são palpáveis. à sua depreciação, que é a perda de seu valor, com o passar
– Tangíveis: quando possuem substância ou massa. do tempo, decorrente do uso, deterioração ou obsolescência

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tecnológica. Podemos dividir a depreciação em duas catego- A norma determina as seguintes definições:
rias básicas: uma técnica (que é a forma como as empresas • Valor contábil: é o valor pelo qual um ativo é reconhe-
alocam esses valores em seus custos) e uma linear (que é a cido após a dedução da depreciação e da perda por
forma como a Receita Fe­deral aceita o valor a ser depreciado redução ao valor recuperável acumuladas.
em cada período, por meio de instruções normativas). • Custo: é o montante de caixa ou equivalente de caixa
pago ou o valor justo de qualquer outro recurso dado
O Ativo Imobilizado para adquirir um ativo na data da sua aquisição ou
construção, ou ainda, se for o caso, o valor atribuído
O ativo imobilizado é formado pelo conjunto de bens e di- ao ativo quando inicialmente reconhecido de acordo
reitos necessários à manutenção das atividades da empresa, com as disposições específicas de outras normas.
caracterizados por apresentar-se na forma tangível (edifícios, • Valor depreciável: é o custo de um ativo ou outro valor
máquinas etc.). O imobilizado abrange, também, os custos que substitua o custo, menos o seu valor residual.
das benfeitorias realizadas em bens locados ou arrendados. • Depreciação: é a alocação sistemática do valor depre-
São classificados, ainda, no imobilizado, os recursos ciável de um ativo ao longo da sua vida útil.
aplicados ou já destinados à aquisição de bens de natureza • Valor específico para a entidade (valor em uso): é o
tangível, mesmo que ainda não em operação, tais como cons- valor presente dos fluxos de caixa que a entidade es-
truções em andamento, importações em andamento etc. pera (I) obter com o uso contínuo de um ativo e com a
alienação ao final da sua vida útil ou (II) incorrer para
Características e Valor Contábil a liquidação de um passivo.
O ativo imobilizado compreende os ativos tangíveis: • Valor justo: é o valor pelo qual um ativo pode ser ne-
• que são mantidos por uma entidade para uso na gociado entre partes interessadas, conhecedoras do
produção ou na comercialização de mercadorias ou negócio e independentes entre si, com ausência de
serviços, para locação ou para finalidades administra- fatores que pressionem para a liquidação da transação
tivas; ou que caracterizem uma transação compulsória.
• que têm a expectativa de serem utilizados por mais • Perda por redução ao valor recuperável: é o valor pelo
de doze meses; qual o valor contábil de um ativo ou de uma unidade
• que têm a expectativa de auferir benefícios econômi- geradora de caixa excede seu valor re­cuperável.
cos em decorrência da sua utilização; e • Ativo imobilizado: é o item tangível que: a) é mantido
• cujo custo possa ser mensurado com segurança. para uso na produção ou fornecimento de mercado-
rias ou serviços, para aluguel a outros ou para fins
Custo é o valor de aquisição ou construção do ativo administrativos; e b) se espera utilizar por mais de
imobilizado ou o valor atribuído ou de mercado, no caso um período.
de doações. • Valor recuperável: é o maior valor entre o valor justo
O custo de um bem do imobilizado compreende: menos os custos de venda de um ativo e seu valor em
a) preço de compra, inclusive impostos de importação uso.
e impostos não recuperáveis sobre a compra, deduzidos de • Valor residual de um ativo: é o valor estimado que a
descontos comerciais e abatimentos; entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir
b) custos diretamente atribuíveis para instalar e colocar as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse
a idade e a condição esperada para o fim de sua vida
o ativo em condições operacionais para o uso pretendido;
útil.
c) custo estimado para desmontar e remover o ativo e
restaurar o local no qual está localizado, quando existir a
A resolução determina ainda que as demonstrações con-
obrigação futura para a entidade.
tábeis devem divulgar, para cada classe de ativo imobilizado:
• os critérios de mensuração utilizados para determinar
O custo de um bem do imobilizado é o preço pago ou
o valor contábil bruto;
equivalente na data da aquisição. • os métodos de depreciação utilizados;
Os encargos financeiros de empréstimos e financiamen- • as vidas úteis ou as taxas de depreciação utilizadas;
tos de terceiros para a construção ou montagem de bens do • o valor contábil bruto e a depreciação acumulada
imobilizado devem ser capitalizados até o momento em que (mais as perdas por redução ao valor recuperável
o bem estiver em condições de operação. acumuladas) no início e no final do período;
Administração de Recursos Materiais

• a conciliação do valor contábil no início e no final do


Administração, Contabilização e Controle do período demonstrando;
Ativo Imobilizado • a existência e os valores contábeis de ativos cuja
titularidade é restrita, como os ativos imobilizados
A contabilização do ativo imobilizado é regulado pela NBC formalmente ou na essência oferecidos como garantia
T 19.1. (Norma Brasileira de Contabilidade) pela resolução de obrigações e os adquiridos mediante operação de
CFC Nº 1.177, de 24 de julho de 2009. leasing;
A resolução estabelece o tratamento contábil para ativos • o valor dos gastos reconhecidos no valor contábil de um
imobilizados, de forma que os usuários das demonstrações item do ativo imobilizado durante a sua construção;
contábeis possam separar a informação sobre o investimento • o valor dos compromissos contratuais advindos da
da entidade em seus ativos imobilizados, bem como suas aquisição de ativos imobilizados; e
mutações. Os principais pontos a serem considerados na • se não for divulgada separadamente no corpo da de-
contabilização do ativo imobilizado são o reconhecimento monstração do resultado, o valor das indenizações de
dos ativos, a determinação dos seus valores contábeis e os terceiros por itens do ativo imobilizado que tenham
valores de depreciação e perdas por desvalorização a serem sido desvalorizados, perdidos ou abandonados, incluí­
reconhecidas em relação aos mesmos. do no resultado.

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Depreciação despesa baseada no uso ou produção esperados. A entidade
seleciona o método que melhor reflita o padrão do consumo
Depreciação é a despesa operacional sem desembolso. dos benefícios econômicos futuros esperados incorporados
Conforme o balanço patrimonial, os ativos imobilizados con- no ativo. Esse método é aplicado consistentemente entre
tabilizados terão seu registro correspondente ao seu valor períodos, a não ser que exista alteração nesse padrão.
de aquisição, descontado seu percentual de depreciação,
exaustão ou amortização. Esse valor de depreciação será Tombamento e Baixa Patrimonial
registrado periodicamente, em sucessão nas contas de de-
preciação, até que haja depreciação total, se o item chegar A etapa do tombamento consiste na formalização da
a obsolescência ou desgaste total. inclusão física de um bem patrimonial de uma empresa.
Na manutenção e controle das depreciações, o proce- Esse tombamento é realizado através da atribuição de um
dimento de desgaste é computado anualmente em contas número de tombamento, da marcação física e do cadastra-
acumuladoras de saldo e, desse modo, o processo segue com mento de dados.
tais valores contabilizados como custo de despesa operacio- O Tombamento atribui uma conta patrimonial do Plano
nal. No processo de depreciação total, quando a depreciação de Contas a cada material de acordo com a finalidade para
alcança 100% e, nesse caso, o bem ainda existe fisicamente a qual foi adquirido. O valor do bem a ser registrado é o
dentro do empreendimento, o ativo é baixado contabilmente valor constante do respectivo documento de incorporação.
ao efetuar sua venda, doação ou finalização de utilidade. O Tombamento identifica cada material permanente
A depreciação não é considerada como um custo no com um número único de registro patrimonial, denomina-
ponto de vista econômico, mas sim como uma fonte de re- do número de tombamento. O material permanente cuja
cursos para utilização dentro do empreendimento. Porém, identificação seja impossível ou inconveniente em face às
no geral, sua caracterização é de despesa operacional sem suas características físicas será tombado sem a fixação da
desembolso. plaqueta, devendo essa ser afixada em controle à parte.
A seleção do método de depreciação e a estimativa da Exemplo: celulares e ferramentas.
vida útil dos ativos são questões de julgamento. Por isso, A identificação se dá pela aplicação, no bem, de plaqueta
a divulgação dos métodos adotados e das estimativas das de identificação, revestida de cola ou arrebite, na qual con-
vidas úteis ou das taxas de depreciação fornece aos usuários terá o número de tombamento ou código de barra.
das demonstrações contábeis informação que lhes permite
revisar as políticas selecionadas pela administração e facilita
comparações com outras entidades.
Cada componente de um item do ativo imobilizado com
custo significativo em relação ao custo total do item deve
ser depreciado separadamente. A entidade aloca o valor
inicialmente reconhecido de um item do ativo imobilizado
aos componentes significativos desse item e os deprecia se-
paradamente. Por exemplo, pode ser adequado depreciar se-
paradamente a estrutura e os motores de aeronave, seja ela
de propriedade da entidade ou obtida por meio de operação Na colocação da plaqueta deverão ser observados os
de arrendamento mercantil financeiro. De forma similar, se o seguintes aspectos:
arrendador adquire um ativo imobilizado que esteja sujeito 1. fácil visualização para efeito de identificação;
a arrendamento mercantil operacional, pode ser adequado 2. evitar áreas que possam curvar ou dobrar a plaqueta;
depreciar separadamente os montantes relativos ao custo 3. evitar fixar a plaqueta em partes que não ofereçam
daquele item que sejam atribuíveis a condições do contrato boa aderência;
de arrendamento mercantil favoráveis ou desfavoráveis em 4. evitar áreas que possam acarretar a deterioração da
relação a condições de mercado. plaqueta;
5. não fixar a plaqueta apenas por uma das extremidades;
Método de Depreciação 6. observar se a plaqueta não está sendo fixada sobre
alguma indicação importante do bem.
O método de depreciação utilizado reflete o padrão de A operação de baixa de um bem pertencente ao acervo
Administração de Recursos Materiais

consumo pela entidade dos benefícios econômicos futuros. patrimonial é sua retirada do seu valor do ativo imobilizado.
Ele deve ser aplicado a um ativo, deve ser revisado pelo Considera-se baixa patrimonial a retirada de bem da carga
menos ao final de cada exercício e, se houver alteração patrimonial mediante registro da transferência deste, para
significativa no padrão de consumo previsto, o método de o controle de bens baixados feita exclusivamente pelo setor
depreciação deve ser alterado para refletir essa mudança. Tal responsável pelo patrimônio.
mudança deve ser registrada como mudança na estimativa O número de patrimônio de um bem baixado não será
contábil. aproveitado para qualquer outro bem. A baixa patrimonial
Vários métodos de depreciação podem ser utilizados pode ocorrer por quaisquer das formas a seguir:
para apropriar de forma sistemática o valor depreciável de • alienação;
um ativo ao longo da sua vida útil. Tais métodos incluem o • permuta;
Método da Linha Reta, o Método dos Saldos Decrescentes e o • perda total;
Método de Unidades Produzidas. A depreciação pelo Método • comodato;
Linear resulta em despesa constante durante a vida útil do • destruição;
ativo, caso o seu valor residual não se altere. O Método dos • transferência;
Saldos Decrescentes resulta em despesa decrescente durante • sinistro; e
a vida útil. O Método de Unidades Produzidas resulta em • exclusão de bens no cadastro.

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Administração e Manutenção de Imóveis e é, quebra zero, para a garantia da competitividade e do
Prestação de Serviços Gerais sucesso da empresa.
Qualquer equipamento, do mais simples ao mais sofis-
O ingresso de bens imóveis no que tange à administração ticado, apresenta problemas inesperados mesmo dentro de
patrimonial é realizada por meio de processo de aquisição, seu tempo de vida útil. Eles são causados por defeitos de
que deverá conter, no mínimo: fabricação, por manuseio incorreto e/ou por manutenção
• escritura do imóvel; deficiente.
• certidão de registro do imóvel;
• projeto arquitetônico, quando edificações; Tipos de Manutenção
• nota de empenho, quando adquirido por compra;
• termo de doação, cessão, comodato ou permuta (se • Manutenção preventiva – A manutenção preventiva
for o caso); e é realizada com a intenção de reduzir a probabilidade
• processo de desapropriação ou usucapião, quando de falhas de um equipamento, instalação ou serviço
adquirido por esse meio. prestado, antes que elas apareçam. São os serviços
podem ser previstos e programados antes do apare-
De posse do processo de aquisição do bem, o setor com- cimento dos problemas. Essa previsão é indicada pelo
petente para registro de imóveis procederá à inclusão em fabricante, construtor ou histórico do equipamento
sistema específico de gerenciamento de imóveis. ou da instalação.
São possibilidades de ingresso de bens imóveis nos • Manutenção corretiva – É a manutenção realizada
órgãos: depois de ocorrida uma falha. Neste caso, o problema
• compra; já aconteceu e precisa ser reparado ou corrigido.
• construção; • Manutenção preditiva – É a manutenção feita, em
• cessão ou doação; componentes ou equipamentos, por meio de análises
• permuta; com sensores ou parâmetros específicos. O objetivo é
• comodato; detectar futuras falhas e evitá-las. É ela que visa reali-
• transferência; zar ajustes no maquinário ou no equipamento apenas
• locação; quando eles precisarem, porém, sem deixá-los quebrar
• avaliação; ou falhar. Com um acompanhamento direto e constante
• usucapião; e é possível prever falhas, saber quando será necessário
• desapropriação. fazer uma intervenção e, claro, entrar em ação.

Executar os serviços de manutenção e conservação dos


bens imóveis, suas instalações e equipamentos, bem como EXERCÍCIOS
manter e conservar os sistemas elétricos, hidráulicos e de
comunicação são responsabilidade da administração patri- (Cespe/SEDF/Apoio Administrativo/2017) Julgue os próximos
monial, que deve assegurar a preservação do seu patrimônio itens, relativo aos critérios de classificação de materiais, à
por meio de manutenção preventiva e vistorias constantes. gestão de estoques e à armazenagem de materiais.
Compete ainda à administração patrimonial os serviços 1. A finalidade do controle de estoques consiste em verifi-
internos de limpeza e de copa e cozinha; coordenar o contro- car a obediência aos critérios de estocagem e o alcance
le, a adequada utilização de materiais e serviços; promover de objetivos nas diversas fases de elaboração de um
o controle patrimonial, compreendendo a localização e produto ou serviço.
identificação de todos os e imóveis; operacionalizar sistemas 2. A determinação de limites mínimos e máximos para
informatizados de controle patrimonial. cada item de material em estoque é uma condição bá-
sica para qualquer controle de estoque.
3. É adequado classificar pelo critério de aplicação os
Sistemas Prediais: Manutenções Preventiva, materiais didáticos considerados materiais auxiliares
Corretiva e Preditiva utilizados na secretaria de um órgão público.

Sistemas prediais, por definição, são um conjunto de 4. (Fadesp/Cosanpa/Administrador/2017) Os estoques


insumos e serviços necessários para o desenvolvimento das representam um investimento destinado a atender e
Administração de Recursos Materiais

atividades em um edifício, ou seja, um bem imóvel. facilitar as atividades de produção e a servir os clientes
Esse conjunto é composto por: da empresa. Por esse motivo, é importante considerar
• insumos energéticos; que
• água (higiene); a) a redução dos custos de estoque permite que a mar-
• segurança ao fogo e patrimonial; gem de lucro da empresa seja menor.
• conforto Ambiental; b) é altamente recomendável, como prática empresarial,
• transporte e circulação; aplicar bastante recursos financeiros em estoque.
• comunicação e informação; c) a organização de estoques não consome capital de
• automação. giro da empresa.
d) os estoques são recursos ociosos que possuem valor
Sistemas prediais são sistemas físicos, integrados a um econômico para a empresa.
edifício e que têm por finalidade dar suporte às atividades
dos usuários, suprindo-os com os insumos prediais neces- 5. (Fadesp/Cosanpa/Agente Administrativo/2017) A vi-
sários e propiciando os serviços requeridos. gilância sobre o estoque e o controle de mínimos e
Esses sistemas exigem uma grande manutenção para máximos, bem como sobre o bom estado de segurança
retardar sua depreciação. Um bom sistema de manutenção dos materiais e do inventário físico, consiste no exame
deve visar ao aproveitamento total dos equipamentos, isto periódico, entre outros documentos, das/do

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a) anotações do protocolo de saída. (Cespe/DPU/Agente Administrativo/2016) A respeito da clas-
b) variações dos preços dos produtos. sificação de materiais, julgue os itens a seguir.
c) prazo de validade das prateleiras. 12. Classificar materiais é um ato de agrupá-los segundo
d) notas de entradas e requisições de compra. a forma, a dimensão, o peso e o tipo, respeitando sua
natureza e eliminando-se qualquer confusão.
6. (Fadesp/Cosanpa/Agente Administrativo/2017) Em re- 13. O sistema alfanumérico de classificação de materiais é
lação à organização física de um almoxarifado, é correto uma combinação de letras e de números que permite
afirmar que o(os) uma classificação inferior ao sistema alfabético.
a) carregamento e descarregamento de materiais de-
vem ser feitos lenta e gradualmente, pois os veículos (Cespe/DPU/Agente Administrativo/2016) Com relação à
transportadores devem ser usados por outros setores. gestão de estoques, julgue o item seguinte.
b) vãos de entrada e saída dos materiais devem possuir 14. O custo médio de um estoque é útil para equilibrar as
bloqueios fixos, para que os produtos em circulação flutuações das condições de oferta e de suprimento.
estejam sempre protegidos. 15. O estabelecimento de uma política de estoques deve
c) pé direito do espaço destinado ao almoxarifado não determinar o nível de flutuação dos montantes desti-
deve ser muito alto, para que seja compatível com nados ao atendimento das demandas.
qualquer tipo de produto a ser estocado.
(Cespe/DPU/Agente Administrativo/2016) A respeito dos
d) pavimentos devem ser projetados de maneira a su-
procedimentos de compras e aquisições nas organizações,
portar empilhamentos e/ou o peso dos materiais
julgue o item que se segue.
estocados. 16. Uma das vantagens do processo descentralizado de
compras é a economia de escala, em função das nego-
7. (Fadesp/Cosanpa/Agente Administrativo/2017) Quan- ciações distintas para a contratação de fornecimento.
to à movimentação de cargas e transportes internos, 17. Apenas os fornecedores de determinado produto cons-
antes da equipe começar a fazer os deslocamentos do tantes de um cadastro devem ser contatados para a
material, é irrelevante considerar cotação no caso de eventual fornecimento.
a) quantas vezes a operação será repetida.
b) o material que deve ser removido, seu peso e volume. (Cespe/DPU/Agente Administrativo/2016) A respeito de re-
c) em que direção será removido e a distância a ser cebimento e armazenagem de recursos materiais, julgue os
percorrida. próximos itens.
d) o valor do produto e a documentação do operador 18. A escolha do melhor sistema de estocagem de merca-
da empilhadeira. dorias depende da disponibilidade de equipamentos
para movimentação dessas mercadorias.
8. (CS-UFG/UFG/Auxiliar de Administração/2017) Nas eta- 19. O responsável pelo recebimento de mercadorias, no ato
pas do processo de compras, cabe ao setor responsável da entrega, deverá inspecionar os produtos, verificar se
pela aquisição de produtos as notas fiscais estão de acordo com os pedidos bem
a) selecionar pessoal para realizar tomada de preços. como avaliar se os lançamentos contábeis foram feitos
b) gerar receitas e lucros para expandir os negócios. corretamente.
c) estabelecer contato e manter relacionamento com
fornecedores. 20. (FGV/MPE-RJ/Analista Administrativo/2016) Uma loja
d) gerenciar obras e tratar dos aspectos relacionais da de varejo mantém um estoque anual médio no valor
empresa. de R$ 3.000.000,00. A empresa estima que o custo de
capital é de 12% ao ano, os custos de armazenagem são
9. (UFMT/UFSBA/Administrador/2017) Na Gestão de de 8% ao ano e os custos de risco de manutenção do
Materiais, o _____________ é um método racional de estoque (associados a danos, perdas, obsolescência e
fabricação por meio da completa eliminação de elemen- deterioração) são de 5% ao ano. O custo médio de emis-
tos desnecessários na produção, com o propósito de são de um pedido é de 150 reais e são emitidos 1200
reduzir custos. A ideia básica, neste sistema, é produzir pedidos ao ano. Na situação descrita, o custo anual de
os tipos de unidades necessárias, no tempo necessário se manter o estoque, em reais, é de:
a) 750.000;
e na quantidade necessária.
b) 930.000;
Assinale a alternativa que preenche corretamente a
Administração de Recursos Materiais

c) 3.430.000;
lacuna.
d) 3.750.000;
a) Método PEPS e) 3.930.000.
b) MRP (Material Requirement Planning)
c) Método UEPS 21. (FCM/Prefeitura de Barbacena-MG/Tecnólogo/2016)
d) Just-in-time Fagundes (1996), com base nas orientações da Lei
8.666, de 21 de junho de 1993, discute a relação entre
(Cespe/Anvisa/Técnico Administrativo/2016) Julgue os itens legalidade e eficiência nos processos de administração
a seguir, relativos à administração de materiais. de materiais na administração pública. Com base nessa
10. O estoque atinge o nível de segurança quando os itens relação e no processo de compras de materiais na ad-
estocados atingem um quantitativo que exige emissão ministração pública, analise as seguintes afirmativas:
de solicitação de compra para reposição. I – A compra dentro da legalidade é suficiente para que
11. Na subdivisão materiais de estoque, da classificação de não haja ineficiência e perdas significativas no setor
materiais por tipo demanda, os materiais existentes no público.
estoque devem ser submetidos a critérios e parâmetros II – O processo de compras pressupõe mudança de men-
de ressuprimento automático com base na demanda talidade dos gestores e responsáveis pela administração
prevista e na sua importância para a empresa. de materiais.

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III – Para um processo de compras mais eficiente, é pre- Uma atividade a ser desenvolvida no nível operacional
ciso investimento em instalações e em equipamentos do Almoxarifado é o(a) a) controle de indicadores fi-
para o setor de materiais. nanceiros
IV – Além das observações acerca das condições de ar- b) desenho de tarefas e procedimentos
mazenagem dos produtos adquiridos, é preciso planejar c) desenvolvimento de novos softwares
e controlar quantidades e distribuições. d) planejamento estratégico da empresa
e) direção de negociações com acionistas
São corretas as afirmativas
a) I e II. 26. (Cesgranrio/ANP/Técnico de Administração/2016) No
b) II e III. dimensionamento do nível ideal de estoques de uma
c) I, III e IV. empresa, têm surgido diversos conflitos entre as áre-
d) II, III e IV. as de compras e finanças, pois cada área defende um
determinado aspecto que considera mais importante
22. (Cespe/TRT-8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área para a empresa. Nesse caso, é um interesse do Setor
Administrativa/2016) Em relação aos recursos patrimo- de Compras:
niais, assinale a opção correta. a) capital investido inferior
a) Os bens fungíveis podem ser divididos sem que as b) maiores riscos de falta e perdas
partes percam sua característica inicial. c) melhores qualificações técnicas
b) A vida útil e a vida econômica dos recursos patrimo- d) menor custo de estocagem
niais são medidas equivalentes. e) pagamentos reduzidos de juros
c) Na operação do empreendimento, o ativo imobili-
zado ou fixo de natureza permanente destina-se à (Cespe/MPOG/Analista Técnico/Administrativo/2015) No
venda. que se refere à classificação de materiais, julgue o próximo
d) Os bens patrimoniais totalmente depreciados devem item.
ter seu uso descontinuado. 27. A abrangência, um atributo para a classificação de mate-
e) Patentes e direitos autorais são considerados bens riais, consiste nos modos direto e simples de classificar
patrimoniais intangíveis. os materiais.

(Cespe/MPOG/Analista Técnico/Administrativo/2015) O ar-


23. (Cespe/TRT-8ª Região (PA e AP)/Analista Judiciário/Área
ranjo físico da área de armazenagem consiste em um controle
Administrativa/2016) Em relação à gestão de estoques
do ambiente que equaliza a ocupação volumétrica da área,
e armazenamento, assinale a opção correta.
o acesso e manuseio dos materiais, bem como a segurança
a) Entre os componentes da classificação de materiais,
dos materiais e das pessoas envolvidas no processo de ar-
incluem-se a catalogação, a simplificação e a espe- mazenagem. Acerca de armazenagem de materiais, julgue
cificação. o item a seguir.
b) A curva ABC pode ser representada por um gráfico 28. Arranjo físico tem o mesmo significado de leiaute e pode
de distribuição normal. ser descrito pelas palavras desenho, plano de ocupação
c) A taxa de cobertura, ou antigiro, é representada pelo e esquema de funcionamento do armazém.
consumo anual dividido pelo estoque médio do pro-
duto. (Cespe/MPOG/Analista Técnico/Administrativo/2015) Julgue
d) As embalagens em forma de cubo são as mais indi- o item subsequente, relativo à gestão de estoque.
cadas para paletização. 29. Ao se considerar a inclusão de itens no estoque para que
e) Os containers flexíveis são inapropriados para esto- sua gestão seja eficaz, a previsão de demanda deverá
cagem e movimentação de líquidos. ser elaborada pelo usuário, o qual é responsável pelo
setor solicitante da empresa, apenas sob a supervisão
24. (Cespe/TRT-8ª Região (PA e AP)/Técnico Judiciário/Área e interlocução do gestor de estoques.
Administrativa/2016) Considerando-se que, na gestão 30. Entre as condições para que um material passível de
de estoque, o tempo de reposição pode ser dividido alienação seja considerado alienável incluem-se a de
nas fases emissão do pedido, preparação do pedido e que esse material seja de consumo irregular e que tenha
transporte, é correto afirmar que a fase de preparação sido substituído por outro de tecnologia mais avançada.
do pedido refere-se ao tempo que compreende
Administração de Recursos Materiais

31. O termo estoque significa algo inflexível e preciso, sen-


a) a verificação do estoque, a emissão do pedido e a do correto afirmar que sua abrangência engloba pon-
chegada do produto ao cliente final. tualmente as representações de matérias-primas e os
b) a emissão e a entrega do pedido ao fornecedor. produtos semiacabados.
c) a saída e o transporte do produto para o cliente, o
recebimento e o armazenamento do produto. (Cespe/MPOG/Analista Técnico/Administrativo/2015) Julgue
d) o recebimento do pedido, a fabricação e a separação o item subsecutivo, referente a compras.
do produto, a emissão do faturamento e o armaze- 32. Os procedimentos para cadastro de fornecedores são
namento do produto para o transporte. compostos de duas fases de análise, a preliminar e a
e) o envio do produto pelo fornecedor até a sua entrega complementar, nas quais a análise técnica, presente
ao cliente final. em ambas as fases, tem papel relevante.

25. (Cesgranrio/ANP/Técnico de Administração/2016) Um (Cespe/FUB/Farmacêutico/2015) No que diz respeito à ges-


técnico em Administração assumiu um posto de traba- tão de estoque, julgue o item a seguir.
lho no Departamento de Almoxarifado. Lá, ele foi infor- 33. A ordenação do estoque pode seguir diferentes modos:
mado de que terá de assumir atividades relacionadas ordem alfabética; forma farmacêutica ou Curva ABC de
ao nível operacional do Departamento. consumo. A curva ABC de consumo é uma classificação

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estatística de materiais, com base no princípio de Wilfredo c) Em órgãos públicos, é ideal manter estoque zero de
Pareto, em que se considera a importância dos materiais materiais.
em relação às quantidades utilizadas e ao seu valor. d) A definição dos critérios de armazenagem dos ma-
teriais de consumo de um órgão público está dire-
34. (Cespe/TRE-MT/Técnico Judiciário/Administrativo/2015) tamente relacionada aos critérios de licitação.
Sabendo que administração de compras é uma ativida- e) A redução dos custos de materiais é diretamente
de de fundamental importância para o suprimento das influenciada pela proximidade entre os centros de
necessidades de materiais de uma instituição, assinale distribuição e os centros consumidores.
a opção correta.
a) A existência de um fluxo contínuo de suprimento de 37. (Instituto AOCP/Prefeitura de Angra dos Reis-RJ/Agente
materiais é suficiente para garantir que os objetivos Administrativo/2015) Para que um sistema de movi-
de um departamento de compras sejam alcançados. mentação de materiais seja eficiente, existem certas
b) A centralização do processo de compras garante a leis que, dentro das possibilidades, devem ser levadas
negociação de melhores preços, a redução do tempo em consideração. Quais são algumas dessas leis de um
necessário para a aquisição de materiais e a facilida- sistema de movimentação de materiais eficiente?
de de diálogo entre compradores e fornecedores a) Otimização das cargas, melhoramento contínuo, de-
c) Prazo, quantidade e qualidade dos materiais são signação de tarefas específicas para cada indivíduo,
parâmetros inerentes ao suprimento de materiais respeito aos acordos, equilíbrio entre concentração
no setor industrial, mas que não se aplicam à admi- e centralização, ordem e equidade.
nistração de materiais em instituições públicas. b) Manutenção de equipes multifuncionais, conjunto
d) Pesquisas de mercado, análises de custos e inves- de partes, elementos ou componentes e sua inte-
tigações de fontes de fornecimento são atividades ração, processo e feedback contínuos, profissiona-
típicas do departamento de compras; outras ativida- lização, objetivos e tempos definidos.
des, entretanto, podem ser partilhadas com outros c) Obediência ao fluxo das operações, mínimas distân-
setores da instituição. cia e manipulação, máximas utilização do equipa-
e) A qualificação dos compradores é de grande impor- mento, da gravidade e do espaço disponível, padro-
tância no processo de gestão de materiais, embora nização e flexibilidade.
esses profissionais não interfiram no processo de- d) Uniformidade das operações e dos produtos, espe-
cisório de compras. cificações técnicas dos equipamentos, eliminação de
desperdícios, produção enxuta, aprendizagem orga-
35. (Cespe/TRE-MT/Técnico Judiciário/Administrativo/2015) nizacional com desenvolvimento de competências.
A eficiência na gestão de estoque contribui com o pla- e) Competitividade, liderança no processo de trans-
nejamento, o desenvolvimento e a administração das formação, estabelecimento de relacionamento com
atividades de uma instituição. A respeito desse assunto, único fornecedor, melhoria constante do sistema de
assinale a opção correta. produção e prestação de serviços, qualidade e pro-
a) A boa relação com fornecedores é importante para o dutividade.
processo de compras e para atendimento aos prazos
de fornecimento de materiais, porém não afeta a 38. (Ieses/CRM-SC/Assistente Administrativo/2015) Al-
eficiência na gestão do estoque. moxarifado é o local destinado à guarda, localização,
b) O correto controle de estoques envolve a determi- segurança e preservação do material adquirido, a fim
nação de limites mínimos e máximos para cada item de suprir as necessidades operacionais dos setores
do estoque, a estocagem de materiais em locais pre- integrantes da estrutura organizacional. É função do
viamente designados e a existência de um sistema almoxarifado:
de controle de estoque. a) Desenvolver novos canais de distribuição.
c) O inventário contínuo de materiais, importante para b) Negociar preços e condições de pagamento com
a adequada gestão de estoques, consiste no deta- fornecedores.
lhamento das características específicas de cada c) Receber, conferir, armazenar e registrar os materiais
material existente. em estoque.
d) O controle de entrada e saída de materiais em esto- d) Promover a aquisição dos materiais sob sua guarda,
que é irrelevante para instituições públicas, uma vez com itens iguais ou equivalentes, sempre que seu
Administração de Recursos Materiais

que o material consumido nas atividades profissio- estoque chegar ao nível zero.
nais não é computado no custo do serviço prestado.
e) Em comparação ao inventário contínuo em meio 39. (Comperve/UFRN/Assistente em Administração/2015)
eletrônico, o inventário físico de materiais é mais Toda organização possui um almoxarifado que desem-
adequado para a conferência do estoque de mate- penha funções importantes para a boa gestão orga-
riais em uma instituição. nizacional. Sobre as atividades desempenhadas pelo
responsável por um almoxarifado, considere as ações
36. (Cespe/TRE-MT/Técnico Judiciário/Administrativo/2015) a seguir:
No que se refere à armazenagem de materiais, assinale I – Realizar o inventário de materiais.
a opção correta. II – Receber, para guarda e proteção, os materiais ad-
a) Em órgãos públicos, a armazenagem dos materiais quiridos pela organização.
por agrupamento é mais vantajosa que a armazena- III – Estabelecer a política de compras da organização.
gem por frequência de uso, pois facilita a localização IV – Entregar os materiais solicitados pelos setores,
dos materiais. mediante requisições.
b) Facilitar o acesso aos itens do depósito, proteger
os materiais e maximizar o uso da mão de obra são São ações desempenhadas pelo responsável de um
objetivos da armazenagem. almoxarifado as que es tão presentes nos itens

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a) I, II e III. do-as e, assim, não correndo o risco de parar sua
b) I, II e IV. produção por falta de material.
c) II e IV apenas. e) os produtos necessários estejam disponíveis na área
d) III e IV apenas. de produção, na hora certa, na quantidade certa e
em conformidade com as especificações.
40. (Vunesp/SAEG/Almoxarife/2015) As principais funções
do almoxarifado são: GABARITO
a) administrar os recursos financeiros, manter os con-
troles em dia e informar o departamento de vendas 1. C 12. C 23. a 34. d
das mercadorias estocadas. 2. C 13. E 24. d 35. b
b) receber para guarda os materiais produtivos e con- 3. C 14. E 25. b 36. b
troles das vendas dos produtos no mercado interno 4. d 15. C 26. c 37. c
e externo. 5. d 16. E 27. E 38. c
c) receber para a guarda e proteção os materiais adqui- 6. d 17. C 28. C 39. b
ridos, entregá-los mediante requisições autorizadas 7. d 18. E 29. C 40. c
aos usuários e manter atualizados os registros ne- 8. c 19. e 30. C 41. e
cessários. 9. d 20. a 31. E 42. e
d) entregar o inventário todo mês ao setor de expedi- 10. E 21. d 32. C
ção, distribuir materiais recebidos a todos os usuá- 11. C 22. e 33. C
rios, manter o depósito sempre limpo e usar todos
os equipamentos disponíveis.
e) receber para a guarda e proteção os materiais imobi-
lizados e patrimoniais, informando ao departamento
financeiro os valores a serem pagos.

41. (Cesgranrio/Liquigás/Assistente Administrativo/2016)


Uma empresa, em função de seu recente crescimento
e ampliação de negócios, está estruturando seu almo-
xarifado para que possa guardar e conservar os seus
materiais adequadamente.
Para ajudar o gestor da área nesta função, um estagiário
está realizando uma pesquisa sobre as funções de um
almoxarifado na empresa.
São funções do almoxarifado, exceto
a) assegurar que o material adequado esteja na quan-
tidade devida e no local certo, quando necessário.
b) impedir que haja divergências de inventário e perdas
de qualquer natureza.
c) preservar a qualidade e as quantidades exatas dos
materiais.
d) possibilitar recursos de movimentação e distribuição
suficientes a um atendimento rápido e eficiente.
e) transformar matéria-prima, energia e informação em
bens e/ou produto.

42. (Cesgranrio/Liquigás/Assistente Administrativo/2016)


Uma empresa do setor industrial, que atua no segmento
de varejo, está com problemas de produtividade e re-
solveu estabelecer novas diretrizes para organizar sua
área de estoques.
Administração de Recursos Materiais

A expectativa em relação ao aumento da produtivida-


de é grande, porque uma gestão de estoques eficiente
pressupõe que
a) a área de compras da empresa fique diretamente
vinculada ao setor de produção, de modo a atendê-la
prioritariamente, garantindo, assim, a demanda da
produção.
b) a área de produção fique subordinada à área de ma-
teriais que, necessariamente, tem sob sua respon-
sabilidade a área de estoques, priorizando, assim,
suas necessidades.
c) a área de materiais esteja subordinada à área de
vendas, uma vez que a produção somente será re-
alizada após a venda ter sido efetivada e informada
da quantidade de material disponível em estoque.
d) a empresa passe a adquirir mercadorias em grande
quantidade com bastante antecedência, armazenan-

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TRF

SUMÁRIO

Direito Administrativo

Estado, governo e Administração Pública:


Conceitos. Elementos........................................................................................................................................................ 3

Direito Administrativo:
Conceito. Objeto. Fontes................................................................................................................................................... 6

Ato administrativo:
Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Extinção do ato administrativo: cassação, anulação,
revogação e convalidação. Decadência administrativa................................................................................................... 11

Agentes públicos:
Legislação pertinente. Lei nº 8.112/1990, e suas alterações. Disposições constitucionais aplicáveis. Disposições
doutrinárias. Conceito. Espécies. Cargo, emprego e função pública. Provimento. Vacância. Efetividade,
estabilidade e vitaliciedade. Remuneração. Direitos e deveres. Responsabilidade. Processo administrativo disciplinar..... *

Poderes da Administração Pública:


Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia. Uso e abuso do poder.................................................................... 25

Regime jurídico administrativo:


Conceito.......................................................................................................................................................................... 33
Princípios expressos e implícitos da Administração Pública............................................................................................ 34

Responsabilidade civil do Estado:


Evolução histórica. Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro. Responsabilidade por ato comissivo
do Estado. Responsabilidade por omissão do Estado. Requisitos para a demonstração da responsabilidade do
Estado. Causas excludentes e atenuantes da responsabilidade do Estado. Reparação do dano. Direito de regresso........38

Serviços públicos:
Conceito. Elementos constitutivos. Formas de prestação e meios de execução.
Delegação: concessão, permissão e autorização. Classificação. Princípios..................................................................... 41

Organização administrativa:
Centralização, descentralização, concentração e desconcentração. Administração direta e indireta. Autarquias,
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista. Entidades paraestatais e terceiro setor: serviços
sociais autônomos, entidades de apoio, organizações sociais, organizações da sociedade civil de interesse público...44

Controle da Administração Pública:


Controle exercido pela Administração Pública. Controle judicial. Controle legislativo...................................................52
Improbidade administrativa: Lei nº 8.429/1992, e suas alterações................................................................................ 56

Processo administrativo:
Lei nº 9.784/1999............................................................................................................................................................ 62

Licitações e contratos administrativos:


Legislação pertinente:
Lei nº 8.666/1993, e suas alterações
Lei nº 10.520/2002 e demais disposições normativas relativas ao pregão.
Decreto nº 7.892/2013, e suas alterações (Sistema de Registro de Preços)
Lei nº 12.462/2011, e suas alterações (Regime Diferenciado de Contratações Públicas)
Decreto nº 6.170/2007, Portaria Interministerial CGU/MF/MP nº 507/2011, e suas alterações
Fundamentos constitucionais.............................................................................................................................67/85/103

* Este conteúdo encontra-se na matéria Ética no Serviço Público, nesta apostila.

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Direito Administrativo
Edgard Antônio Lemos Alves

ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO Elementos do Estado


PÚBLICA
O Estado é constituído de três elementos originários e
indissociáveis: Povo, Território e Governo Soberano, sendo
Considerações Gerais assim definidos:

Antes de iniciarmos o estudo da Administração Pública, Povo É o componente humano do Estado, ou seja,
faz-se necessário estabelecermos o conceito de Estado, o conjunto de nacionais ligados por laços de
pois é nele que encontramos toda a concepção moderna de tradição, idioma e crenças. É composto so-
organização e funcionamento dos serviços públicos a serem mente de cidadãos que pertencem ao Estado,
prestados aos administrados. estejam no país ou em território estrangeiro.
Diferente de população que é o conglomerado
de indivíduos estatisticamente considerados,
Conceito de Estado num dado momento, dentro do território,
sejam eles nacionais ou estrangeiros.
O termo Estado vem do latim status, com o sentido “estar Território É a sua base física, onde se estabelece o povo
firme”. Já o seu conceito pode variar segundo o ângulo em e o limite de atuação jurisdicional do Estado.
que é considerado. Governo É o elemento condutor do Estado, que detém
Porém, encontrar um conceito de Estado que satisfaça Soberano e exerce o poder supremo e absoluto emana-
todas as correntes doutrinárias é absolutamente impossível, do do povo, de fazer leis e de obrigar o seu
pois o Estado é um ente complexo, que pode ser abordado cumprimento. Dentro dos limites territoriais
sob diversos pontos de vista e, além disso, sendo extrema- do Estado é poder superior a todos os demais,
mente variável quanto à forma por sua própria natureza, tanto dos indivíduos quanto dos grupos so-
ciais, com relação aos demais Estados, tem a
haverá tantos pontos de partida quantos forem os ângulos
significação de independência, admitindo que
de preferência dos observadores. E, em função do elemento haja outros poderes iguais; porém, nenhum
ou do aspecto considerado primordial pelo estudioso, é que que lhe seja superior.
este desenvolverá o seu conceito. Assim, por mais que os
autores se esforcem para chegar a um conceito objetivo, Dessa forma, para fazer valer esse Poder de Império é
haverá sempre um quantum de subjetividade, vale dizer, que foram adotados, nos Estados de Direito, os denominados
haverá sempre a possibilidade de uma grande variedade de Poderes de Estado.
conceitos. (DALLARI, 2006) Visto pelo prisma positivista, Estado de Direito é aquele
Seguem os conceitos mais usuais: que se submete às leis por ele próprio criadas, voltadas para
a promoção do interesse social. É aquele que prima pela de-
mocracia, zela pela moralidade pública e administrativa, pro-
Malberg “Comunidade de homens, fixada sobre move a Justiça, a segurança pública e o bem-estar coletivo.
(Político) um território com poder de mando, ação
e coerção”. Poderes ou Funções do Estado
Jellinek “Corporação territorial dotada de um
(Jurídico) poder de mando originário”. Os Poderes ou Funções do Estado, na clássica tripartição
Paolo Biscaretti “Pessoa jurídica territorial soberana”. de Montesquieu, são o Legislativo, o Executivo e o Judiciário,
Di Ruffia independentes e harmônicos entre si e com suas funções
(Constitucional) reciprocamente indelegáveis (art. 2º da CF).
Código Civil, “Pessoa jurídica de Direito Público Quando Montesquieu escreveu em seu livro O Espírito
art. 41 Interno”. Aqui o Estado como ente fe- das Leis as três funções básicas do Estado, ele individualizou
(Legal) derativo representa um compartimento cada uma delas, “para que não se possa abusar do poder”.
interno do Estado federativo brasileiro. Também conhecido como Checks and balances (sistemas de
Enquadra-se também como um conceito freios e contrapesos), postulação norte‑americana.
jurídico. Segundo o filósofo:

Analisando os conceitos ora apresentados, nota-se que quando na mesma pessoa ou no mesmo corpo de
magistratura o poder legislativo está reunido ao
Direito Administrativo

ou se dá mais ênfase a um elemento concreto ligado à noção


poder executivo, não existe liberdade, pois pode‑se
de força (Político e Jurídico) ou se realça a natureza jurídica
temer que o mesmo monarca ou o mesmo senado
(Constitucional e Legal). apenas estabeleçam leis tirânicas para executá‑las
Foi a partir da concepção da teoria da personalidade jurí- tiranicamente. Não haverá também liberdade se o
dica do Estado (de Jellinek) como algo real e não fictício que poder de julgar não tivesse separado do poder legisla-
o interesse coletivo consagrou-se como um dos principais tivo e do poder executivo. Se tivesse ligado ao poder
fundamentos do direito público. legislativo, o poder sobre a vida e a liberdade dos
Com essa consagração, tem-se que o Estado, no desem- cidadãos seria arbitrário, pois o juiz seria legislador.
penho da atividade administrativa, existe para realizar o Se estivesse ligado ao poder executivo, o juiz poderia
bem comum. ter a força de um opressor. Tudo estaria perdido se

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o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, • a participação em organizações internacionais;
ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três • declarar guerra e celebrar a paz;
poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções • assegurar a defesa nacional;
públicas e o de julgar os crimes ou as divergências • decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
dos indivíduos. intervenção federal;
• autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de ma-
Dessa forma, cada Poder tem a sua função precípua, terial bélico;
assim determinada: • emitir moeda;
• administrar as reservas cambiais do País;
PODER FUNÇÃO • fiscalizar as operações de natureza financeira, em
especial as de crédito, câmbio, capitalização, seguros
Executivo Função administrativa, ou seja, conversão da e previdência privada;
lei em ato individual e concreto. • manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
Legislativo Função normativa, ou seja, elaboração da lei. • organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério
Judiciário Função jurisdicional, ou seja, aplicação coativa Público do Distrito Federal e dos Territórios e a De-
da lei aos litigantes. fensoria Pública dos Territórios, bem como a Polícia
Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar
Embora o ideal fosse a exclusividade de cada função para do Distrito Federal;
cada um dos Poderes, sabemos que isso não ocorre, uma vez • organizar e manter os serviços oficiais de estatística,
que todos os Poderes praticam atos administrativos, ainda geografia, geologia e cartografia;
que restritos à sua organização e ao seu funcionamento ou • organizar, manter e executar a inspeção do trabalho.
desempenham funções, que em caráter excepcional, são
admitidos pela Constituição Federal, e que a rigor, seriam Cumpre ressaltar, que essas competências são indelegá-
de outro Poder, por exemplo, quando o Executivo expede veis, ou seja, cabem somente à União.
decretos e regulamentos (art. 84, IV), o Legislativo processa Por outro lado, existem competências que, apesar de
e julga o Presidente da República (art. 52, I) ou quando o serem exclusivas da União, podem ser outorgadas à uma
Judiciário elabora seu regimento interno (art. 96, I, a), de entidade integrante de sua Administração Indireta (uma
modo que o quadro acima adquire a seguinte forma: Autarquia, por exemplo) ou delegadas a terceiros (um con-
cessionário, por exemplo) não integrantes de sua Adminis-
FUNÇÃO tração. Entre estas, destacam-se as seguintes:
PODER FUNÇÕES RESIDUAIS • explorar, diretamente ou mediante autorização,
PRINCIPAL
concessão ou permissão, os serviços de radiodifusão
Executivo Administrar Legislar/Julgar
sonora, e de sons e imagens;
Legislativo Legislar Administrar/Julgar • explorar, diretamente ou mediante autorização,
Judiciário Julgar Administrar/Legislar concessão ou permissão, os serviços e instalações de
energia elétrica e o aproveitamento energético dos
cursos de água, em articulação com os Estados onde
Organização do Estado se situam os potenciais hidroenergéticos;
• explorar, diretamente ou mediante autorização, con-
Apesar de ser matéria constitucional, veremos tão cessão ou permissão, os serviços de navegação aérea,
somente como está organizado politicamente (art. 18, CF). aeroespacial e a infraestrutura aeropor­tuária;
• explorar, diretamente ou mediante autorização, con-
Entidades que Compõem o Estado Federal cessão ou permissão, os serviços de transporte ferro-
viário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras
A organização político‑administrativa do Brasil compre- nacionais, ou que transponham os limites de Estado
ende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ou Território;
todos autônomos, cabendo à União exercer as prerrogativas • explorar, diretamente ou mediante autorização, con-
de soberania do Estado brasileiro no âmbito internacional cessão ou permissão, os serviços de transporte rodo-
(art. 18 da CF). viário interestadual e internacional de passageiros;
Por autonomia, entende‑se que a entidade tem capaci- • explorar, diretamente ou mediante autorização, con-
dade de auto‑organização (pode criar seu próprio diploma cessão ou permissão os portos marítimos, fluviais e
constitutivo), autogoverno (organizar seu próprio governo e lacustres.
eleger seus dirigentes) e autoadministração (organizar seus
próprios serviços). Competências Privativas da União
Por soberania, entende-se a capacidade de autodeter-
minação; superioridade; não se submete a nenhuma outra
Cabe à União, privativamente, legislar sobre matérias
Direito Administrativo

vontade; é ilimitada; não se admite poder superior no plano


específicas, entre as quais destacam‑se as seguintes (art. 22
internacional, nem igual no plano interno.
da CF):
Quem detém a soberania é a República Federativa do
• Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral,
Brasil, a União apenas a representa.
Agrário, Marítimo, Aeronáutico, Espacial e do Trabalho;
• desapropriação;
Competências Exclusivas da União • atividades nucleares de qualquer natureza;
• água, energia (inclusive nuclear), informática, teleco-
Destacam‑se, dentre outras competências de caráter municações e radiodifusão;
exclusivo da União, as seguintes (art. 21 da CF): • comércio exterior e interestadual;
• manter relações com países estrangeiros; • serviço postal;

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• nacionalidade, cidadania, naturalização e direitos Além da competência residual, encontramos algumas
referentes aos estrangeiros; poucas hipóteses de competência enumerada dos Estados:
• população indígena; 1) Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante
• organização judiciária, do Ministério Público e da De- concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
fensoria Pública do Distrito Federal e Territórios, bem forma da lei, vedada a edição de medida provisória
como a organização administrativa destes; para a sua regulamentação (§ 2º do art. 25).
• seguridade social; 2) Os Estados poderão, mediante lei complementar, ins-
• diretrizes e bases da educação nacional; tituir regiões metropolitanas, aglomerações ur­banas
• normas gerais de licitação e contratação para a Ad- e microrregiões, constituídas por agrupamentos de
ministração Pública nas diversas esferas de governo e municípios limítrofes, para integrar a organização, o
empresas sob seu controle. planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum (§ 3º do art. 25).
Competências Comuns da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios Competências do Distrito Federal
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios lativas reservadas aos Estados e Municípios, nos termos do
possuem competências comuns (concomitantes), que são art. 32, § 1º, da Constituição Federal.
exercidas de modo que cada unidade restrinja‑se a um de-
terminado espaço de atuação.
Dentre estas competências, destacam‑se as seguintes
Competências dos Municípios
(art. 23 da CF):
Aos Municípios competem legislar (competência residu‑
• zelar pela guarda da Constituição, das leis e das insti-
al) sobre assuntos de interesse local e ainda suplementar a
tuições democráticas; legislação federal e estadual, no que couber (art. 30 da CF).
• conservação do patrimônio público;
• saúde e assistência públicas;
• proteção dos bens de valor histórico, das paisagens
Governo X Administração Pública
naturais notáveis e dos sítios arqueológicos;
Um dos sentidos da palavra administrar é “governar”, por
• proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação,
isso Administração e Governo muitas vezes se confundem,
à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;
até mesmo como sinônimos. Na verdade, são criações abs-
• proteção ao meio ambiente e controle da poluição; tratas da Constituição e das leis, sendo assim definidos pela
• preservar a fauna e a flora; doutrina (MEIRELLES, 2005):
• combate às causas da pobreza e da marginalização,
promovendo a integração dos setores desfavorecidos.
Governo É a expressão política de comando, de ini-
Competências Concorrentes ciativa, de fixação de objetivos, do Estado e
da manutenção da ordem jurídica vigente.
O art. 24 da Constituição Federal possibilita à União, Administração É o instrumental de que dispõe o Estado
aos Estados e ao Distrito Federal legislarem de forma con‑ para pôr em prática as opções políticas
corrente em matérias específicas, tais como: do governo.
• Direito Tributário, Financeiro, Penitenciário, Econômico
e Urbanístico; O Governo ora se identifica com os Poderes e órgãos
• orçamento; supremos do Estado, ora se apresenta nas funções originárias
• custas dos serviços forenses; desses Poderes e órgãos, como manifestação da soberania.
• produção e consumo; Já a Administração Pública, atua por intermédio de suas
• florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, entidades (pessoas jurídicas), de seus órgãos (centros de
proteção do meio ambiente e controle da poluição; competência/decisão) e de seus agentes (pessoas físicas
• proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e investidas em cargos e funções), gerindo o Estado, com vistas
paisagístico; na satisfação das necessidades coletivas.
• educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnolo- Para ficar mais fácil diferenciá‑los, observe o quadro e o
gia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; que eles abrangem em seus três sentidos.
• previdência social, proteção e defesa da saúde;
• assistência jurídica e defensoria pública; GOVERNO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• proteção à infância e à juventude. Formal É o conjunto de É o conjunto de órgãos ins-
Poderes e órgãos tituídos para a consecução
Neste âmbito, a União limita‑se a estabelecer normas constitucionais. dos objetivos do Governo.
Direito Administrativo

gerais. Caso inexista norma geral, os Estados poderão exer- Material É o conjunto de É o conjunto de funções/
cer a competência legislativa plena, para atender às suas funções estatais atribuições, necessárias aos
peculiaridades. básicas. serviços públicos em geral,
a serem desempenhadas
Competências dos Estados por órgãos ou entidades do
Estado.
Os Estados têm a denominada competência remanescen- Operacional Governar é con- Administrar é desempenhar;
te ou residual, uma vez que a Carta Magna (§ 1º do art. 25) duzir politicamen- regular, continua­m ente,
dispõe que: “São reservados aos Estados as competências te os negócios e os  serviços do Estado em
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.” serviços públicos. benefício da coletividade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO Critério do Serviço Público

O estudo do Direito Administrativo parte, necessaria- Seus defensores definiam o Direito Administrativo
mente, da noção geral de Direito. como sendo a disciplina jurídica que regulava a instituição,
a organização e o funcionamento dos serviços públicos e o
Direito oferecimento aos administrados. Também é inadequado,
visto que muitos serviços públicos, tais como os de utilidade
O Direito, objetivamente considerado, é um conjunto de pública, são prestados por meio de concessionários ou per-
normas – regras e princípios – impostas coercitivamente pelo missionários, utilizando o regime jurídico de Direito Privado.
Estado para disciplinar a vida em sociedade, restringindo
de certa forma a liberdade individual, porém garantindo o Critério da Administração Pública
bem‑estar coletivo.
Uma das características naturais do homem é a vida Os autores que o adotaram diziam que o Direito Admi-
gregária, isto é, o homem é um ser que vive em sociedade. nistrativo é o conjunto de princípios que regem a Adminis-
Vivendo em sociedade, pessoas tendem a entrar em conflito tração Pública.
para predomínio de seus interesses pessoais. Daí surge a
necessidade das regras de Direito: para que não haja desor- Critério Teleológico ou Finalístico
dem, mas harmonia.
O Direito, portanto, mantém equilíbrio nas relações O Direito Administrativo seria o sistema de princípios que
humanas para que a sociedade se conserve e não pereça. regulam a atividade do Estado para o cumprimento de seus
Por isso é que se costuma simbolizar o direito com uma fins. Também é insuficiente, uma vez que o Estado não se
balança – que representa o equilíbrio – e uma espada que utiliza só de princípios para reger a atividade administrativa.
sustém a balança e que garante, pela força (ou sanção),
o cumprimento das normas jurídicas. (MONTEIRO, 1954)
Critério Negativo ou Residual
O Direito foi tradicionalmente dividido em dois grandes
ramos: o Direito Público e o Direito Privado. Este último
regula as relações individuais, privadas, fazendo valer, em De acordo com este critério, o  Direito Administrativo
regra, o princípio da autonomia da vontade. Temos como tem por objeto as atividades desenvolvidas para a conse-
ramos do Direito Privado, o Direito Civil, o Direito Comercial cução dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição
e o Direito do Trabalho (Teoria dominante no Brasil). Já o ou somente esta.
Direito Público, subdividindo‑se em dois – interno e exter- Dada a dificuldade de se conceituar o que é o Direito
no – regula, respectivamente, as relações do Estado com a Administrativo, ora pela insuficiência, ora pela limitação das
coletividade e suas relações com outros Estados. Como ramos definições, vejamos os conceitos mais utilizados:
do Direito Público, temos o Direito Constitucional, o Direito
Administrativo, o Direito Tributário, o Direito Internacional, Hely Lopes Meirelles
o Direito Financeiro, o Direito Penal e Processual (Penal, Civil “Conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem
e Trabalhista), o Direito Eleitoral, entre outros. os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a
realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados
Conceito de Direito Administrativo pelo estado”. Utiliza o critério da Administração Pública.

Há vários critérios para se conceituar o Direito Adminis- José Cretella Júnior


trativo. Cada doutrinador, em busca de fornecer a conceitu- “É o ramo do Direito Público interno que regula a ativida-
ação exata do Direito Administrativo, vale-se desses critérios de e as relações jurídicas das pessoas públicas e a instituição
para embasar o seu próprio conceito, seja combinando‑os, de meios e órgãos relativos à ação dessas pessoas”. Utiliza o
seja dando ênfase a um em especial. critério da atividade jurídica e social do Estado.

Critério do Poder Executivo Maria Sylvia Z. Di Pietro


“É o ramo do Direito Público que tem por objeto os
Resumia o estudo do Direito Administrativo ao estudo órgãos, agentes e pessoas jurídicas administrativas que
dos atos do Poder Executivo, limitando-o, pois sabemos que integram a Administração Pública, a atividade jurídica não
o Poder Judiciário e o Poder Legislativo também exercem contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
atividades administrativas. consecução de seus fins, de natureza pública”. Combina
vários critérios, tais como o da atividade jurídica e social
do Estado, o  critério teleológico e o critério negativo ou
Critério das Relações Jurídicas
residual.
Pelo critério das relações jurídicas, o Direito Administra-
tivo é o conjunto de regras jurídicas que disciplinam o rela- Celso Antônio B. de Mello
Direito Administrativo

cionamento da Administração Pública com os administrados. “É o ramo do Direito Público que disciplina a função
Também não é suficiente, pois o Estado não se relaciona administrativa e os órgãos que a exercem”. Utiliza o critério
juridicamente apenas com seus administrados, relaciona-se da atividade jurídica e social do Estado.
também com seus agentes e com outros Estados.
Diógenes Gasparini
Critério da Atividade Jurídica e Social do Estado “É a sistematização de normas de direito (conjunto
harmônico de princípios jurídicos), destinadas a ordenar a
Seus defensores definem o Direito Administrativo consi- estrutura e o pessoal (órgãos e agentes) e os atos e atividades
derando, de um lado, o tipo de atividade exercida (a atividade da Administração Pública, praticadas ou desempenhadas
não contenciosa) e de outro, os órgãos que a regulam. enquanto Poder Público”. Utiliza o critério teleológico.

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Objeto do Direito Administrativo Zanella Di Pietro, integrante da comissão de juristas que
elaborou o anteprojeto do qual resultou a Lei nº 9.784/1999,
Tamanha é a amplitude do Direito Administrativo que que regula o processo administrativo no âmbito da Adminis-
somente podemos compreender seu objeto se analisarmos tração Pública Federal (Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 21ª
a relação existente entre a Administração Pública e seus edição, p. 80).
administrados, agentes e órgãos.
Uma de suas vertentes tem como objeto o estudo dos Jurisprudência
órgãos públicos administrativos do Estado, bem como a
estrutura, a organização e a regulamentação das atividades Traduz‑se na reiteração de decisões de órgãos judicantes
e serviços públicos que serão prestados aos administrados. em um mesmo sentido, influenciando de forma relevante
Hoje, também abrange toda a matéria atinente à intervenção a construção do Direito Administrativo. Mesmo não tendo
do Estado no domínio econômico e na propriedade privada. caráter obrigatório, acaba por nortear os profissionais do
Direito, bem como o cidadão, quanto à interpretação e
Fontes do Direito Administrativo aplicação das leis. Cabe ressaltar que, com o advento da
Súmula Vinculante (Lei nº 11.417/2006), o Supremo Tribunal
Fonte, na concepção mais antiga e ainda em vigor, é o Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas
lugar de onde nasce, provém, brota. No Direito Administra- decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de
tivo, é a sua origem, a sua base fundamental. súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial,
De acordo com a doutrina dominante, quatro são as terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
fontes do Direito Administrativo: a Lei, a Doutrina, a Juris- Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta, nas
prudência e os Costumes. A  primeira fonte é primária ou esferas Federal, Estadual e Municipal.
imediata. As demais são secundárias ou mediatas. Assim, a jurisprudência transformada em súmula vincu-
lante passará a ser fonte primária do Direito Administrativo.
Lei Vale lembrar também que, diferentemente da doutrina,
a jurisprudência não é universal; a jurisprudência estrangeira
Em sentido amplo, é a fonte primária do Direito Adminis- não é fonte do Direito Administrativo, apesar de poder servir
trativo. É o conjunto de normas de conduta geral, impessoal de inspiração.
e abstrata, que, impondo o seu poder normativo, traça os Por fim, diga‑se que, como forma de garantir o princípio
limites de atuação dos indivíduos e do próprio Estado nas da segurança jurídica, a alteração jurisprudencial no âmbito
atividades administrativas. Abrange desde a Constituição até do Direito Administrativo não atinge situações já consolida-
os regulamentos executivos. das: só vale para o futuro.
A lei como fonte principal do Direito Administrativo tem Nessa linha, prescreve o art.  2º, inciso XIII, parágrafo
papel fundamental na aplicação do princípio da legalidade único, da Lei nº 9.784/1999, que é critério a ser observado
previsto no art. 5º, II, da Constituição Federal, segundo o
na tramitação do processo administrativo:
qual o cidadão pode praticar todos os atos não vedados pela
lei, diferentemente do Estado, que só pode agir dentro dos
a interpretação da norma administrativa da forma
parâmetros fixados expressamente na lei (entendida em suas
que melhor garanta o atendimento do fim público a
várias espécies – Constituição, lei, medida provisória, lei com-
que se dirige, vedada a aplicação retroativa de nova
plementar, lei delegada, tratado, portaria, regulamento, reso-
lução, entre outras). Ressalte‑se que algumas dessas espécies interpretação.
têm assegurada a apreciação pelo Poder Legislativo para sua
plena eficácia; outras, porém, constituem‑se em meros atos A adoção da súmula vinculante no nosso ordenamento
unilaterais, originados de autoridades administrativas, seja jurídico, contribuirá decisivamente para desafogar a máquina
impondo condutas para os administrados, seja organizando judiciária, uma que vez que facilitará e simplificará o julga-
internamente a estrutura da própria Administração. mento de infinitos processos que possuam causas idênticas
A lei é fundamental na conduta do agente público. ou semelhantes.
Enquanto o parti­cular pode fazer tudo aquilo que a lei não Atualmente, temos 56 Súmulas Vinculantes. A Súmula
proíbe, o agente público só pode praticar os atos determi- Vinculante nº 30, todavia, encontra-se suspensa pelo Ple-
nados por lei ou por ela permitidos. nário do STF.
São elas:
Doutrina
Súmula Vinculante nº 1
Formando o sistema teórico de princípios aplicáveis ao Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfei-
Direito Positivo, é elemento construtivo do Direito Admi- to a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso
nistrativo, pois emana de grandes estudiosos da matéria concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo
que, fornecendo poderosos argumentos para sustentar constante de termo de adesão instituído pela Lei Comple-
Direito Administrativo

opiniões jurídicas ou servindo de base para a formação ou mentar nº 110/2001. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
interpretação das leis, usufruem a condição de autoridade de 30/5/2007; Fonte de Publicação: DJe nº 31/2007, p. 1,
no assunto. em 6/6/2007, DJ de 6/6/2007, p. 1, DOU de 6/6/2007, p. 1)
A doutrina resulta de trabalho de pesquisas e elaboração
de estudos. Ressalte‑se que, por ser a doutrina universal, é Súmula Vinculante nº 2
possível recorrer tanto a doutrinadores brasileiros quanto a É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou dis-
estrangeiros para sua formação, sendo comum a lei incorpo- trital que disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios,
rar em seu texto normas extraídas dessas doutrinas ou até inclusive bingos e loterias. (Data de Aprovação: Sessão Plená-
mesmo contar com participação de algum doutrinador em ria de 30/5/2007; Fonte de Publicação: DJe nº 31/2007, p. 1,
sua elaboração. Como exemplo disso, temos Maria Sylvia em 6/6/2007, DJ de 6/6/2007, p. 1, DOU de 6/6/2007, p. 1)

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Súmula Vinculante nº 3 física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
asseguram‑se o contraditório e a ampla defesa quando da de- responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
cisão puder resultar anulação ou revogação de ato adminis- autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual
trativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, Estado. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 13/8/2008;
reforma e pensão. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de Fonte de Publicação: DJe nº 157/2008, p. 1, em 22/8/2008,
30/5/2007; Fonte de Publicação: DJe nº 31/2007, p. 1, em DOU de 22/8/2008, p. 1)
6/6/2007, DJ de 6/6/2007, p. 1, DOU de 6/6/2007, p. 1)
Súmula Vinculante nº 12
Súmula Vinculante nº 4 A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públi-
Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário míni- cas viola o disposto no art. 206, IV, da Constituição Federal.
mo não pode ser usado como indexador de base de cálculo de (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 13/8/2008; Fonte
vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser subs- de Publicação: DJe nº 157/2008, p. 1, em 22/8/2008, DOU
tituído por decisão judicial. (Data de Aprovação: Sessão Plená- de 22/8/2008, p. 1)
ria de 30/4/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 83/2008, p. 1,
em 9/5/2008, DOU de 9/5/2008, p. 1) Súmula Vinculante nº 13
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em
Súmula Vinculante nº 5 linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
A falta de defesa técnica por advogado no processo inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mes-
admi­nistrativo disciplinar não ofende a Constituição. (Data de ma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou
Aprovação: Sessão Plenária de 7/5/2008; Fonte de Publicação: assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
DJe nº 88/2008, p. 1, em 16/5/2008, DOU de 16/5/2008, p. 1) confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União,
Súmula Vinculante nº 6 dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compre-
Não viola a constituição o estabelecimento de remune- endido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
ração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras Constituição Federal. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
de serviço militar inicial. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 21/8/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 162/2008, p. 1,
de 7/5/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 88/2008, p. 1, em em 29/8/2008, DOU de 29/8/2008, p. 1)
16/5/2008, DOU de 16/5/2008, p. 1)
Súmula Vinculante nº 14
Súmula Vinculante nº 7 É direito do defensor, no interesse do representado, ter
A norma do § 3º do art. 192 da Constituição, revogada pela acesso amplo aos elementos de prova que, já documen-
Emenda Constitucional nº 40/2003, que limitava a taxa de ju- tados em procedimento investigatório realizado por órgão
ros reais a 12% ao ano, tinha sua aplicação condicionada à edi-
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
ção de Lei Complementar. (Data de Aprovação: Sessão Plená-
exercício do direito de defesa. (Data de Aprovação: Sessão
ria de 11/6/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 112/2008, p. 1,
Plenária de 2/2/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 26/2009,
em 20/6/2008, DOU de 20/6/2008, p. 1)
p. 1, em 9/2/2009, DOU de 9/2/2009, p. 1)
Súmula Vinculante nº 8
São inconstitucionais o parágrafo único do art.  5º Súmula Vinculante nº 15
do Decreto‑Lei nº  1.569/1977 e os arts.  45 e 46 da Lei O cálculo de gratificações e outras vantagens do servidor
nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de público não incide sobre o abono utilizado para se atingir
crédito tributário. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de o salário mínimo. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
12/6/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 112/2008, p. 1, em 25/6/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 121/2009, p. 1, em
20/6/2008, DOU de 20/6/2008, p. 1) 1/7/2009, DOU de 1º/7/2009, p. 1)

Súmula Vinculante nº 9 Súmula Vinculante nº 16


O disposto no art. 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Exe- Os art. 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC nº 19/1998), da
cução Penal) foi recebido pela ordem constitucional vigente, Constituição, referem‑se ao total da remuneração percebida
e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do pelo servidor público. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
art. 58. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 12/6/2008; de 25/6/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 121/2009, p. 1,
Fonte de Publicação: DJe nº 112/2008, p. 1, em 20/6/2008, em 1º/7/2009, DOU de 1º/7/2009, p. 1)
DOU de 20/6/2008, p. 1)
Súmula Vinculante nº 17
Súmula Vinculante nº 10 Durante o período previsto no § 1º do art. 100 da Consti-
Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art.  97) a tuição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que
Direito Administrativo

decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não nele sejam pagos. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 210/2009, p. 1, em
ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1)
todo ou em parte. (Data de Aprovação; Sessão Plenária de
18/6/2008; Fonte de Publicação: DJe nº 117/2008, p. 1, em Súmula Vinculante nº 18
27/6/2008, DOU de 27/6/2008, p. 1) A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no
curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no
Súmula Vinculante nº 11 § 7º do art. 14 da Constituição Federal. (Data de Aprovação:
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência Sessão Plenária de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe
e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade nº 210/2009, p. 1, em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1)

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Súmula Vinculante nº 19 Fonte de Publicação DJe nº 238, p. 1, em 23/12/2009. DOU
A taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços pú- de 23/12/2009, p. 1.)
blicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo
ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o art. 145, II, Súmula Vinculante nº 27
da Constituição Federal. (Data de Aprovação: Sessão Plenária Compete à Justiça estadual julgar causas entre con-
de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 210/2009, p. 1, sumidor e concessionária de serviço público de telefonia,
em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1) quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária,
assistente, nem opoente. (Data de Aprovação: Sessão Ple-
Súmula Vinculante nº 20 nária de 18/12/2009. Fonte de Publicação: DJe nº 238, p. 1,
A Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico‑Admi­ em 23/12/2009. DOU de 23/12/2009, p. 1.)
nistrativa – GDATA, instituída pela Lei nº 10.404/2002, deve
Súmula Vinculante nº 28
ser deferida aos inativos nos valores correspondentes a 37,5
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como
(trinta e sete vírgula cinco) pontos no período de fevereiro
requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pre-
a maio de 2002 e, nos termos do art. 5º, parágrafo único,
tenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. (Data de
da Lei nº 10.404/2002, no período de junho de 2002 até a
Aprovação: Sessão Plenária de 3/2/2010. Fonte de Publicação
conclusão dos efeitos do último ciclo de avaliação a que se
DJe nº 28, p. 1, em 17/2/2010. DOU de 17/2/2010, p. 1.)
refere o art. 1º da Medida Provisória nº 198/2004, a partir da
qual passa a ser de 60 (sessenta) pontos. (Data de Aprovação: Súmula Vinculante nº 29
Sessão Plenária de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa,
nº 210/2009, p. 1, em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1) de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identi-
Súmula Vinculante nº 21 dade entre uma base e outra. (Data de Aprovação: Sessão
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrola- Plenária de 3/2/2010. Fonte de Publicação: DJe nº 28, p. 1,
mento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de em 17/2/2010. DOU de 17/2/2010, p. 1.)
recurso administrativo1. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
de 29/10/2009; Fonte de Publicação: DJe nº 210/2009, p. 1, Súmula Vinculante nº 31
em 10/11/2009. DOU de 10/11/2009, p. 1) É inconstitucional a incidência do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de
Súmula Vinculante nº 22 locação de bens móveis. (Data de Aprovação: Sessão Ple-
A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar nária de 4/2/2010. Fonte de Publicação: DJe nº 28, p. 1, em
as ações de indenização por danos morais e patrimoniais de- 17/2/2010. DOU de 17/2/2010, p. 1.)
correntes de acidente de trabalho propostas por empregado
contra empregador, inclusive aquelas que ainda não possuíam Súmula Vinculante nº 32
sentença de mérito em primeiro grau quando da promulgação O ICMS não incide sobre alienação de salvados de sinistro
da Emenda Constitucional nº 45/2004. (Data de Aprovação: pelas seguradoras. Data de Aprovação: Sessão Plenária de
Sessão Plenária de 2/12/2009; Fonte de Publicação: DJe 16/2/2011. Fonte de Publicação: DJe nº 37 de 24/2/2011,
nº 232/2009, p. 1, em 11/12/2009. DOU de 11/12/2009, p. 1) p. 1. DOU de 24/2/2011, p. 1.)

Súmula Vinculante nº 23 Súmula Vinculante nº 33


A Justiça do Trabalho é competente para processar e Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras
julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do regime geral da previdência social sobre aposentadoria
do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III, da Constituição
(Data de Aprovação: Sessão Plenária de 2/12/2009; Fonte Federal, até a edição de lei complementar específica. (Data de
de Publicação: DJe nº 232/2009, p. 1, em 11/12/2009. DOU Aprovação: Sessão Plenária de 9/4/2014. Fonte de Publicação:
de 11/12/2009, p. 1) DJe nº 77, de 24/4/2014, p. 1. DOU, de 24/4/2014, p. 1).

Súmula Vinculante nº 24 Súmula Vinculante nº 34


Se tipifica crime material contra a ordem tributária, A Gratificação de Desempenho de Atividade de Segu-
previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/1990, antes ridade Social e do Trabalho (GDASST), instituída pela Lei
do lançamento definitivo do tributo. (Data de Aprovação: 10.483/2002, deve ser estendida aos inativos no valor cor-
Sessão Plenária de 2/12/2009; Fonte de Publicação: DJe respondente a 60 (sessenta) pontos, desde o advento da Me-
nº 232/2009, p. 1, em 11/12/2009. DOU de 11/12/2009, p. 1) dida Provisória 198/2004, convertida na Lei nº 10.971/2004,
quando tais inativos façam jus à paridade constitucional (EC
Súmula Vinculante nº 25 nº 20/1998, 41/2003 e 47/2005). (Data de Aprovação: Sessão
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que Plenária de 16/10/2014. Fonte de Publicação: DJE nº 210 de
seja a modalidade do depósito. (Data de Aprovação: Sessão 24/10/2014, p. 1. DOU de 24/10/2014, p. 1.)
Plenária de 16/12/2009. Fonte de Publicação: DJe nº 238, p. 1,
em 23/12/2009. DOU de 23/12/2009, p. 1.) Súmula Vinculante nº 35
A homologação da transação penal prevista no artigo
Direito Administrativo

Súmula Vinculante nº 26 76 da Lei nº 9.099/1995 não faz coisa julgada material e,
Para efeito de progressão de regime no cumprimento descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da
execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar requisição de inquérito policial. (Data de Aprovação: Sessão
se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e Plenária de 16/10/2014. Fonte de Publicação: DJE nº 210,
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de 24/10/2014, p. 1. DOU de 24/10/2014, p. 1.)
de modo fundamentado, a realização de exame criminoló-
gico. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 16/12/2009. Súmula Vinculante nº 36
Compete à justiça federal comum processar e julgar ci-
Cespe/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Ministério Público/2010.
1 vil denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de do­

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cumento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta Súmula Vinculante nº 47
de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação Os honorários advocatícios incluídos na condenação ou
de Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do destacados do montante principal devido ao credor consubs-
Brasil. (Data de Aprovação: sessão Plenária de 16/10/2014. tanciam verba de natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá
Fonte de Publicação: DJE nº 210, de 24/10/2014, p. 1. DOU com a expedição de precatório ou requisição de pequeno va-
de 24/10/2014, p. 1. lor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa na-
tureza. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 27/5/2015).
Súmula Vinculante nº 37 Fonte de Publicação: DJe nº 104, de 2/6/2015, p. 1,
Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legis- DOU de 2/6/2015, p. 1)
lativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia. (Data de Aprovação: Sessão Ple- Súmula Vinculante nº 48
nária de 16/10/2014. Fonte de Publicação: DJE nº 210, de Na entrada de mercadoria importada do exterior, é legí-
24/10/2014, p. 2. DOU de 24/10/2014, p. 1. tima a cobrança do ICMS por ocasião do desembaraço adu-
aneiro. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de 27/5/2015;
Súmula Vinculante nº 38 Fonte de Publicação: DJe nº 104, de 2/6/2015, p. 1, DOU de
É competente o Município para fixar o horário de fun- 2/6/2015, p. 1)
cionamento de estabelecimento comercial. (Data de Apro-
vação: Sessão Plenária de 11/3/2015. Fonte de Publicação:
Súmula Vinculante nº 49
DJe nº 55 de 20/3/2015, p. 1. DOU de 20/3/2015, p. 1).
Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal
Súmula Vinculante nº 39 que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do
Compete privativamente à União legislar sobre venci- mesmo ramo em determinada área. (Data de Aprovação:
mentos dos membros das polícias civil e militar e do Corpo Sessão Plenária de 17/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº
de Bombeiros Militar do Distrito Federal. (Data de Aprova- 121, de 23/6/2015, p. 1, DOU de 23/6/2015, p. 1)
ção: Sessão Plenária de 11/3/2015. Fonte de Publicação:
DJe nº 55, de 20/3/2015, p. 1. DOU de 20/3/2015, p. 1). Súmula Vinculante nº 50
Norma legal que altera o prazo de recolhimento de obriga-
Súmula Vinculante nº 40 ção tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade. (Data
A contribuição confederativa de que trata o art. 8º, IV, de Aprovação: Sessão Plenária de 17/6/2015; Fonte de Publica-
da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindi- ção: DJe nº 121, de 23/6/2015, p. 1, DOU de 23/6/2015, p. 1)
cato respectivo. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
11/3/2015. Fonte de Publicação: DJe nº 55, de 20/3/2015, Súmula Vinculante nº 51
p. 1. DOU de 20/3/2015, p. 1). O reajuste de 28,86%, concedido aos servidores milita-
res pelas Leis nºs 8.622/1993 e 8.627/1993, estende-se aos
Súmula Vinculante nº 41 servidores civis do Poder Executivo, observadas as eventuais
O serviço de iluminação pública não pode ser remune- compensações decorrentes dos reajustes diferenciados con-
rado mediante taxa. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de cedidos pelos mesmos diplomas legais. (Data de Aprovação;
11/3/2015. Fonte de Publicação: DJe nº 55, de 20/3/2015, Sessão Plenária de 18/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº
p. 2. DOU de 20/3/2015, p. 1). 121, de 23/6/2015, p, 1, DOU de 23/6/2015, p. 1)

Súmula Vinculante nº 42 Súmula Vinculante nº 52


É inconstitucional a vinculação do reajuste de venci- Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao
mentos de servidores estaduais ou municipais a índices fe- IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
derais de correção monetária. (Data de Aprovação: Sessão pelo art. 150, VI, c, da Constituição Federal, desde que o valor
Plenária de 11/3/2015. Fonte de Publicação: DJe nº 55, de dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
20/3/2015, p. 2. DOU de 20/3/2015, p. 2). entidades foram constituídas. (Data de Aprovação: Sessão
Plenária de 18/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº 121, de
Súmula Vinculante nº 43 23/6/2015, p. 2, DOU de 23/6/2015, p. 2)
É inconstitucional toda modalidade de provimento que
propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em Súmula Vinculante nº 53
concurso público destinado ao seu provimento, em cargo
A competência da Justiça do Trabalho prevista no art. 114,
que não integra a carreira na qual anteriormente investido.
VIII, da Constituição Federal alcança a execução de ofício das
(Data de Aprovação: Sessão Plenária de 8/4/2015).
contribuições previdenciárias relativas ao objeto da conde-
Súmula Vinculante nº 44 nação constante das sentenças que proferir e acordos por
Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a ha- ela homologados. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de
bilitação de candidato a cargo público. (Data de Aprovação: 18/6/2015; Fonte de Publicação: DJe nº 121, de 23/6/2015,
Sessão Plenária de 8/4/2015). p. 2, DOU de 23/6/2015, p. 2)
Direito Administrativo

Súmula Vinculante nº 45 Súmula Vinculante nº 54


A competência constitucional do Tribunal do Júri pre- A medida provisória não apreciada pelo congresso nacio-
valece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido nal podia, até a Emenda Constitucional nº 32/2001, ser reedi-
exclusivamente pela Constituição Estadual. (Data de Apro- tada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos
vação: Sessão Plenária de 8/4/2015). os efeitos de lei desde a primeira edição. (Data de Aprovação:
Sessão Plenária de 17/3/2016. Fonte de Publicação: DJe nº
Súmula Vinculante nº 46 54, de 28/3/2016, p. 1. DOU de 28/3/2016, p. 134)
A definição dos crimes de responsabilidade e o estabe-
lecimento das respectivas normas de processo e julgamen- Súmula Vinculante nº 55
to são de competência legislativa privativa da União. (Data O direito ao auxílio-alimentação não se estende aos
de Aprovação: Sessão Plenária de 9/4/2015). servidores inativos. (Data de Aprovação: Sessão Plenária de

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17/3/2016. Fonte de Publicação: DJe nº 54, de 28/3/2016, ATOS ADMINISTRATIVOS
p. 1. DOU de 28/3/2016, p. 134)
Introdução
Súmula Vinculante nº 56
A falta de estabelecimento penal adequado não autori- Os atos administrativos são instrumentos por meio dos
za a manutenção do condenado em regime prisional mais quais se vale a Administração Pública para realizar a sua
gravoso, devendo‑se observar, nessa hipótese, os parâme- função executiva. É por meio de atos administrativos que
tros fixados no RE 641.320/RS. (Data de Aprovação: Sessão ela se comunica com os seus administrados.
Plenária de 29/06/2016. Fonte de Publicação: Dje nº 165, de O estudo do ato administrativo parte da sua inserção na
8/8/2016, p.1. DOU de 8/8/2016, p. 134) Teoria Geral do Direito, com as distinções entre ato jurídico
e fato jurídico:
Costumes

A regra é a legalidade, mas diante de situações em que Fato Jurídico É um acontecimento material involuntário
não exista norma jurídica para reger o caso concreto, o cos- (pode ser ordinário: nascimento, morte, ou
tume poderia ainda exercer influência. O costume não pode extraordinário: caso fortuito, força maior),
ser acolhido, se e quando contrário à lei, porém pode ser que produz efeitos no mundo jurídico.
utilizado ante a sua omissão, como ocorre com a Analogia e Ato Jurídico É uma manifestação de vontade destinada
com os Princípios Gerais do Direito (art. 4º da LICC). a produzir efeitos jurídicos.
O costume pode ser admitido como fonte do Direito,
mas seu uso é restritivo. Somente na ausência de norma Essa distinção é transplantada para o Direito Adminis-
escrita é que poderia ser admitido. No caso de divergência trativo, colocando‑se, de um lado, o ato administrativo e,
entre normas costumeiras e a norma positivada, sempre do outro, o fato administrativo:
prevalecerá esta última.
O costume acaba por funcionar como elemento informa- Fato Administrativo É o acontecimento material da Admi-
tivo da doutrina e, por conseguinte, da própria elaboração nistração, que produz consequências
da lei, não ganha muito espaço no Direito Administrativo por jurídicas. No entanto, não traduz uma
prevalecer o princípio da legalidade, restando‑lhe apenas a manifestação de vontade voltada
condição de resumir‑se a mera praxe administrativa. para produção dessas consequências,
na verdade tem sentido de ativida-
Outras fontes secundárias do Direito de material no exercício da função
Administrativo administrativa, visando ao efeito de
ordem prática, como, por exemplo,
Regulamentos administrativos: os regulamentos são a construção de uma obra pública,
atos administrativos, postos em vigência por Decreto, para a desapropriação de bens privados,
especificar os mandamentos da lei ou prover situações a apreensão de mercadorias.
ainda não disciplinadas. Desta conceituação ressaltam os Acrescente-se ainda que até fenô-
caracteres marcantes do regulamento: é ato administrativo menos naturais, quando repercutem
(e não legislativo); ato explicativo ou supletivo da lei; ato hie- na esfera administrativa, constituem
rarquicamente inferior à lei; ato de eficácia externa. Existem fatos administrativos, como é o
leis que dependem de regulamento para serem executadas; caso, por exemplo, de um raio que
outras, porém, que são autoexecutáveis. Qualquer delas destrói um bem público ou de uma
entretanto, pode ser regulamentada, com a só diferença de enchente que inutiliza equipamen-
que nas primeiras o regulamento é condição de sua aplicação, tos pertencentes ao serviço público.
e nas segundas é ato facultativo do Executivo. Por outro lado, se o fato administra‑
tivo não produz qualquer efeito jurí-
Estatutos: normalmente regulam relações juridicas de dico no Direito Administrativo, ele é
determinadas pessoas com o Estado. chamado de fato da Administração.

Regimentos: atos internos referentes à organização de Diferentemente do fato administrativo, o ato adminis-
órgãos colegiados. Podem existir nos três Poderes, em qual- trativo caracteriza‑se como uma manifestação unilateral da
quer das pessoas políticas, e nas entidades da administração Administração, preordenada à produção de efeitos jurídicos,
descentralizada. sendo o conceito mais usual o de Meirelles (2005, p. 149):

Instruções: atos normativos ou ordinatórios destinados Conceito de Ato Administrativo – É a manifestação unilate-
à orientação da própria Administração e subordinados hie- ral de vontade da Administração Pública que, agindo nessa
rárquicos, no cumprimento de lei ou outra norma jurídica e
Direito Administrativo

qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,


ao desempenho das atribuições funcionais. transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigação aos administrados ou a si própria.
Tratados internacionais: tratado é todo acordo formal
e escrito, celebrado entre Estados e/ou organizações inter-
nacionais, que busca produzir efeitos numa ordem jurídica Quando se diz que um ato administrativo é a manifesta-
de direito internacional. No Brasil, os tratados e convenções ção unilateral de vontade da administração, diz‑se que ela
internacionais que versem sobre direitos humanos que está fazendo uso de suas prerrogativas de Poder Público,
forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, agindo com o poder de império de que dispõe em relação ao
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos particular. Esse ponto é o que distingue o ato administrativo
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. do ato de direito privado praticado pela Administração.

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O ato de direito privado (Civil ou Comercial) praticado Estudaremos detalhadamente os cinco elementos ou
pela Administração, não dá a ela a prerrogativa de superiori- requisitos apontados pela doutrina dominante.
dade em relação ao particular; ela se nivela com ele, abrindo
mão de sua supremacia de poder. Ocorre, por exemplo, A Competência
quando ela emite um cheque ou assina uma escritura pública
de compra e venda, sujeitando em tudo às normas do Direito É o poder que a lei outorga ao agente público para de-
Privado, inclusive às regras que antecedem o negócio jurídico sempenho de suas funções. Constitui o primeiro requisito
almejado, tais como a autorização legislativa, avaliação, de validade do ato administrativo. Inicialmente, é necessário
licitação, entre outras. Por essa razão, a Administração não verificar se a lei atribuiu aquela competência para o agente.
pode alterar, revogar, anular, nem rescindir, unilateralmente, Não basta que o sujeito tenha capacidade, é necessário que
os  atos de direito privado; dependerá sempre da concor- tenha competência. A competência decorre sempre de lei.
dância da outra parte ou da via judicial cabível, que, neste Sendo um requisito de ordem pública, tem duas caracterís-
caso, será o único privilégio que ainda lhe resta. As ações ticas básicas: é intransferível (não se transfere a outro órgão
correspondentes devem ser propostas no juízo privativo da por acordo entre as partes; fixada por lei deve ser rigida-
Administração interessada, ou seja, o foro eleito para dirimir mente observada) e improrrogável (não se transmuda, ou
conflitos deverá ser sempre o da Administração. seja, um órgão que não é competente não poderá vir a sê‑lo
A prática de atos administrativos cabe normalmente superveniente). Entretanto, pode haver a delegação (atribuir
aos órgãos executivos, mas as autoridades judiciárias e as a outrem uma competência tida como própria) e a avocação
Mesas legislativas também os praticam quando, por exem- (chamar para si competência atribuída a subordinado) de
plo, ordenam seus serviços, dispõem sobre seus servidores competências, sendo, em regra, esses institutos resultantes
ou expedem instruções sobre matéria de sua competência da hierarquia. Nesse sentido, a competência administrativa,
privativa; sujeitos, portanto, a toda disciplina dos atos admi- sendo requisito de ordem pública, é intransferível e impror-
nistrativos praticados pela Administração Pública (requisitos, rogável pela vontade dos interessados. Pode, entretanto,
atributos, extinção etc.). ser delegada e avocada, desde que o permitam as normas
reguladoras da Administração4.
Elementos ou Requisitos do Ato Administrativo
Para Di Pietro (2008), a regra é a possibilidade de dele-
Parte da doutrina emprega a expressão “elementos”; gação; a exceção é a impossibilidade, que só ocorre quando
outra parte, prefere utilizar a expressão “requisitos”. De uma se trata de competência outorgada com exclusividade a
forma ou de outra, o importante é sabermos que todos são determinado órgão. A autora cita os arts. 11, 12, 13 e 15 da
pressupostos necessários para a existência e validade de Lei nº 9.784/1999 para corroborar sua afirmação:
todo e qualquer ato administrativo.
A doutrina dominante aponta cinco elementos ou Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce
requisitos dos atos administrativos: competência, forma, pelos órgãos administrativos a que foi atribuída como
finalidade, motivo e objeto2. Porém, Celso Antônio Bandeira própria, salvo os casos de delegação e avocação
de Melo acrescenta outro, a causa. legalmente admitidos.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular pode-
Competência – Forma – Finalidade rão, se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares,
São elementos ou requisitos sempre vinculados em ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
qualquer ato administrativo, mesmo naqueles chamados subordinados, quando for conveniente, em razão de
discricionários3. Em relação a eles, a lei não oferece qualquer circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
margem para a apreciação do Administrador, que está preso jurídica ou territorial.
ao seu conteúdo legal. Parágrafo único. O  disposto no caput deste artigo
Equivalem aos requisitos de validade do ato jurídico, no aplica-se à delegação de competência dos órgãos
Direito Civil: colegiados aos respectivos presidentes.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer I – a edição de atos de caráter normativo;
agente capaz, objeto lícito possível, determinado ou II – a decisão de recursos administrativos;
determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. III – as matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade.
Motivo – Objeto
Cabe ressaltar que o ato de delegação e a sua revogação
Esses requisitos podem vir predeterminados rigorosa- deverão ser publicados em meio oficial, conforme estabele-
mente na lei ou não. Quando estão, ocorre o ato vinculado. cido no art. 14 do diploma em comento:
Quando, diferentemente, a lei confere uma margem de
liberdade ao Administrador no que tange a esses elementos,
Direito Administrativo

Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão


estamos diante do que chamamos de ato discricionário.
ser publicados no meio oficial.
§  1º O ato de delegação especificará as matérias
Causa
e poderes transferidos, os  limites da atuação do
delegado, a duração e os objetivos da delegação e o
É a relação de adequação entre o motivo e o conteúdo
recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício
do ato, em função da finalidade.
da atribuição delegada.
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo
2
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar pela autoridade delegante.
Administrativo/2010.
3
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
Administrativa/2010. FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010.
4

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§ 3º As decisões adotadas por delegação devem men- Por fim, observe o que o Decreto-Lei nº 200, de 25 de
cionar explicitamente esta qualidade e considerar-se- fevereiro de 1967, estabelece sobre a delegação de com-
-ão editadas pelo delegado. petência:
Art.  15. Será permitida, em caráter excepcional e
por motivos relevantes devidamente justificados, Art. 11. A delegação de competência será utilizada
a avocação temporária de competência atribuída a como instrumento de descentralização administra-
órgão hierarquicamente inferior. tiva, com o objetivo de assegurar maior rapidez e
objetividade às decisões, situando-as na proximidade
Outros exemplos de modificação de competência
dos fatos, pessoas ou problemas a atender.
A delegação pode ser apreciada no art. 84, incisos VI, Art.  12. É  facultado ao Presidente da República,
XII e XXV, da Constituição Federal, conforme disposto no aos Ministros de Estado e, em geral, às autoridades
parágrafo único do texto constitucional. da Administração Federal delegar competência para a
prática de atos administrativos, conforme se dispuser
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da em regulamento.
República: Parágrafo único. O ato de delegação indicará com pre-
[...] cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada
VI – dispor, mediante decreto, sobre: e as atribuições objeto de delegação.
a) organização e funcionamento da administração
federal, quando não implicar aumento de despesa Regulamentando os arts. 11 e 12 do Decreto-Lei nº 200,
nem criação ou extinção de órgãos públicos; de 25 de fevereiro de 1967, referente à delegação de com-
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando petência, temos o Decreto nº 83.937, de 6 de setembro de
vagos; 1979, que assim dispõe:
[...]
XII – conceder indulto e comutar penas, com audi- Art.  1º A delegação de competência prevista nos
ência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
artigos 11 e 12 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fe-
[...]
XXV – prover e extinguir os cargos públicos federais, vereiro de 1967, terá por objetivo acelerar a decisão
na forma da lei; dos assuntos de interesse público ou da própria
Parágrafo único. O Presidente da República poderá administração.
delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, Art.  2º O ato de delegação, que será expedido a
XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, critério da autoridade delegante, indicará a autori-
ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado- dade delegada, as atribuições objeto da delegação
-Geral da União, que observarão os limites traçados e, quando for o caso, o prazo de Vigência, que, na
nas respectivas delegações. omissão, ter-se-á por indeterminado.
Parágrafo único. A  delegação de competência não
Como o parágrafo único só menciona esses três incisos, envolve a perda, pelo delegante, dos corresponden-
pressupõe-se que os demais sejam indelegáveis. tes poderes, sendo-lhe facultado, quando entender
Outro exemplo de delegação de competência está no conveniente, exercê-los mediante avocação do caso,
art. 93, inciso XIV, da Constituição Federal, que assim estabelece: sem prejuízo da validade da delegação.
Art. 3º A delegação poderá ser feita a autoridade não
XIV  – os servidores receberão delegação para a diretamente subordinada ao delegante.
prática de atos de administração e atos de mero
Art. 4º A mudança do titular do cargo não acarreta a
expediente sem caráter decisório.
cessação da delegação.
Também temos modificação de competência no art. 103-B, Art.  5º Quando conveniente ao interesse da Ad-
§ 4º, inciso III, da Constituição, que admitiu a possibilidade ministração, as  competências objeto de delegação
de avocação pelo Conselho Nacional de Justiça de proces- poderão ser incorporadas, em caráter permanente,
sos disciplinares em curso instaurados contra membros do aos  regimentos ou normas internas dos órgãos e
Poder Judiciário: entidades interessados.
Art. 6º O ato de delegar pressupõe a autoridade para
§  4º Compete ao Conselho o controle da atuação subdelegar, ficando revogadas as disposições em
administrativa e financeira do Poder Judiciário e contrário constantes de decretos, regulamentos ou
do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, atos normativos em vigor no âmbito da Administra-
cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe ção Direta e Indireta.
forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura: Art. 7º Cabe ao Ministro Extraordinário para a Des-
[...] burocratização orientar e acompanhar as medidas
III  – receber e conhecer das reclamações contra constantes deste Decreto, assim como dirimir as
Direito Administrativo

membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive dúvidas suscitadas em sua execução.


contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos
prestadores de serviços notariais e de registro que
atuem por delegação do poder público ou oficiali- Vícios Relativos ao Sujeito
zados, sem prejuízo da competência disciplinar e
correicional dos tribunais, podendo avocar proces- Partindo-se do pressuposto de que não basta que o
sos disciplinares em curso e determinar a remoção, agente tenha capacidade e que é necessário que tenha
a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios competência, têm-se duas categorias de vícios: o de incom-
ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e petência e o de incapacidade.
aplicar outras sanções administrativas, assegurada O vício de incompetência está previsto no art. 2º, pará-
ampla defesa; grafo único, a, da Lei nº 4.717/1965:

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A incompetência fica caracterizada quando o ato O  art.  18 da Lei prevê expressamente aqueles que estão
não se incluir nas atribuições legais do agente que impedidos de atuar no processo:
o praticou.
Art. 18. É impedido de atuar em processo adminis-
Visto que a competência vem sempre definida em lei, trativo o servidor ou autoridade que:
I – tenha interesse direto ou indireto na matéria;
será nulo o ato praticado por quem não seja detentor ou
II  – tenha participado ou venha a participar como
pratique o ato exorbitando o uso dessas atribuições. perito, testemunha ou representante, ou se tais
Os principais vícios quanto à competência são: situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro
• Usurpação de função: ocorre quando a pessoa que ou parente e afins até o terceiro grau;
pratica o ato não foi investida no cargo, emprego ou III – esteja litigando judicial ou administrativamente
função, ou seja, ela se apossa, por conta própria, com o interessado ou respectivo cônjuge ou com-
do exercício das atribuições de agente público, sem panheiro.
ter essa qualidade. O ato é considerado inexistente. Art.  19. A  autoridade ou servidor que incorrer em
É tipificado como crime no art. 328, CP. impedimento deve comunicar o fato à autoridade
competente, abstendo-se de atuar.
Usurpação de função pública Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar
Art. 328. Usurpar o exercício de função pública: o impedimento constitui falta grave, para efeitos
Pena – detenção, de três meses a dois anos, e multa. disciplinares.
Parágrafo único. Se do fato o agente aufere vantagem: Já a suspeição gera a presunção relativa de incapacidade,
Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. razão pela qual o vício fica sanado se não for arguido pelo
interessado no momento oportuno. O art. 20 também dispõe
• Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o expressamente sobre quem poderá ser arguida a suspeição:
ato está irregularmente investida no cargo, emprego
ou função, mas tem toda aparência de legalidade. Um Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade
exemplo claro ocorre quando um chefe substituto ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade
exerce funções além do prazo fixado. notória com algum dos interessados ou com os res-
• Excesso de poder: ocorre quando o agente ultrapassa pectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins
até o terceiro grau.
os limites de sua competência, comete um plus. Ex.:
quando a autoridade policial excede no uso da força.
A Forma
O excesso de poder constitui juntamente com o desvio de É o meio pelo qual se exterioriza o ato. Em regra,
poder ou desvio de finalidade espécies de abuso de poder. exige‑se a forma escrita para a sua prática. Excepcional‑
Tanto o excesso de poder como o desvio de finalidade mente, admitem‑se as ordens verbais, gestos, apitos, sinais
podem configurar crime de abuso de autoridade (art. 4º da luminosos (como são feitos no trânsito)5.
Lei nº 4.898/1965). A forma como requisito de existência e validade do ato
administrativo, se estabelecida em lei e não observada,
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: gera sua nulidade. Assim, sempre que a lei expressamente
[...] exigir determinada forma para que um ato administrativo
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa seja considerado válido, a inobservância dessa exigência
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou acarretará a nulidade do ato6.
A exigência da observância da forma é garantia dos ad-
desvio de poder ou sem competência legal.
ministrados contra a arbitrariedade e fator de estabilidade
e segurança nas relações jurídicas. Nesse sentido, temos
Além dos vícios de incompetência, existem os de incapa‑ o disposto no inciso VIII, parágrafo único, art.  2º, da Lei
cidade, previstos no Código Civil, arts. 3º e 4º, e os previstos nº 9.784/1999, que assim estabelece:
na Lei nº 9.784/1999, arts. 18 e 20.
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer observados, entre outros, os critérios de:
pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 [...]
(dezesseis) anos. VIII  – observância das formalidades essenciais à
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou garantia dos direitos dos administrados;
à maneira de os exercer:
I  – os maiores de dezesseis e menores de dezoi- Visando à proteção dos direitos dos administrados e
to anos; ao melhor cumprimento dos fins da Administração, a Lei
II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; nº 9.784/1999 estabeleceu em seu art. 22:
III – aqueles que, por causa transitória ou permanen-
Os atos do processo administrativo não dependem
te, não puderem exprimir sua vontade;
Direito Administrativo

de forma determinada senão quando a lei expressa-


IV – os pródigos. mente a exigir.
Parágrafo único. A  capacidade dos indígenas será
regulada por legislação especial. Se o Administrador puder escolher a forma, haverá dis-
cricionariedade, porém, em alguns casos, a forma escrita é
No que se refere aos vícios de incapacidade previstos particularizada e exige‑se um determinado tipo de forma
na Lei nº 9.784/1999, temos o impedimento e a suspeição. escrita para que o ato seja válido. Ocorre, por exemplo, no
O impedimento gera a presunção absoluta de incapaci- decreto de expropriação. O decreto é uma das formas que
dade, razão pela qual o agente público fica proibido de atuar
no processo, devendo obrigatoriamente comunicar o fato à
5
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– I/2010.
autoridade competente, sob pena de ser responsabilizado. 6
Cespe/TCU/AUFC/2010.

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deve revestir o ato do Chefe do Poder Executivo que declara A grande dificuldade com relação ao desvio de finalidade
a expropriação (a outra é a lei); qualquer outra forma tornará é a sua comprovação, pois o agente não declara sua verda-
o ato nulo. deira intenção; ele procura ocultá-la para produzir enganosa
impressão de que o ato é legal. Por isso mesmo, o desvio
Vícios Relativos à Forma de finalidade comprova-se por meio de indícios, como, por
exemplo, a falta de motivo ou a discordância dos motivos
Como garantia do princípio da legalidade e da segurança com o ato praticado.
jurídica, a forma deve ser rigorosamente respeitada. Caso
não seja observada, estaremos diante de um ato ilegal, O Motivo
portanto nulo.
O vício de forma está previsto no art. 2º, parágrafo único,
São as razões de fato e de direito que levam à prática
b, da Lei nº 4.717/1965:
do ato. Pressuposto de fato corresponde ao conjunto de
O vício de forma consiste na omissão ou na obser- circunstâncias, de acontecimentos, de situações que levam
vância incompleta ou irregular de formalidades indis- a Administração a praticar o ato; o pressuposto de direito
pensáveis à existência ou seriedade do ato. é o dispositivo legal em que se baseia o ato. Em alguns
casos, esses motivos já estão traçados na lei, sem margem
A Finalidade de liberdade para o Administrador. Nesses casos, temos o
motivo vinculado. Em outros, a lei permite ao Administra-
O ato deve alcançar a finalidade expressa ou implicita- dor certa margem de liberdade, sendo assim seu motivo é
mente prevista na norma que atribui competência ao agente discricionário.
para a sua prática, sendo o resultado que se busca alcançar Adquire relevância o aspecto de vinculação aos motivos
com a prática do ato. O Administrador não pode fugir da a partir da presunção de legitimidade, em que o particular
finalidade que a lei imprimiu ao ato, sob pena de nulidade interessado em invalidar o ato é que tem o ônus de provar
por desvio de finalidade7. a sua ilegalidade. É justamente a partir da demonstração da
Dessa forma, podemos falar em finalidade ou fim em inexistência dos motivos declinados para a prática do ato
dois sentidos diferentes: que se poderá conseguir a sua invalidação.
• Em sentido amplo: a finalidade sempre corresponde à A efetiva existência do motivo é sempre um requisito
consecução de um resultado de interesse público, ou para a validade do ato. Se o Administrador invoca deter‑
seja, o ato administrativo tem que ter sempre finali- minados motivos, a validade do ato fica subordinada à
dade pública. efetiva existência desses motivos invocados para a sua
• Em sentido estrito: a finalidade é o resultado específico prática. É a teoria dos motivos determinantes8. Em outras
que cada ato deve produzir, conforme definido na lei, palavras, se a Administração motiva o ato mesmo que a
ou seja, a finalidade do ato administrativo é sempre a lei não exija sua motivação, ele só será válido se os motivos
que decorre explícita ou implicitamente da lei. forem verdadeiros.
A finalidade não se confunde com nenhum outro Ressalte-se que motivo não se confunde com moti‑
elemento. Enquanto o objeto é o efeito jurídico ime- vação. O motivo é um fato, um dado real e objetivo que
diato que o ato produz (adquirir, transferir, extinguir), autoriza ou impõe a prática do ato9, já a motivação é a ex‑
a finalidade é o efeito mediato (indireto). posição dos motivos, ou seja, é a demonstração, por escrito,
Distingue do motivo, porque este antecede a prática do de que os pressupostos de fato realmente existiram. O ato
ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que
sem motivo é nulo; o ato sem motivação só será nulo se
levaram a Administração a praticar o ato. Já a finalidade
está for obrigatória10.
sucede a prática do ato, porque é justamente o que a
Administração quer alcançar com a sua edição. A Lei nº 9.784/1999, elevando a motivação à categoria
Tanto o motivo como a finalidade contribuem para a de princípio a ser obedecido pela Administração Pública
formação de vontade da Administração que diante de (art. 2º), tornou-a obrigatória:
certa situação de fato ou de direito (motivo) a autori-
dade (sujeito competente) pratica certo ato (objeto) Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre
para alcançar determinado resultado (finalidade). outros, aos princípios da legalidade, finalidade, mo-
tivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida-
Vícios Relativos à Finalidade de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
interesse público e eficiência.
Visto que a finalidade pode ter duplo sentido (amplo
e estrito), pode-se dizer que ocorre o desvio de finalidade E ainda foi mais além, determinou, em seu art. 50, quais
quando o agente pratica o ato com inobservância do interes- os atos administrativos que devem ser motivados.
se público ou com objetivo diverso daquele previsto explícita
ou implicitamente na lei. Art.  50. Os  atos administrativos deverão ser moti-
Está previsto no art. 2º, parágrafo único, e, da Lei
Direito Administrativo

vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos


nº 4.717/1965: jurídicos, quando:
I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
O desvio de finalidade se verifica quando o agente II  – imponham ou agravem deveres, encargos ou
pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, sanções;
explícita ou implicitamente, na regra de competência.
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário
7 8
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tec- – I/2010.
nologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia, 9
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis-
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio trativa/2013.
Especializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado 10
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis-
– Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010. trativa/2013.

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III – decidam processos administrativos de concurso O Objeto
ou seleção pública;
IV  – dispensem ou declarem a inexigibilidade de É o conteúdo do ato, ou seja, é o que ele prescreve ou dis-
processo licitatório; põe. Nota-se que, neste requisito, a Administração manifesta
V – decidam recursos administrativos; seu poder e sua vontade ou atesta simplesmente situações
VI – decorram de reexame de ofício; preexistentes. Ele só existe quando produz efeito jurídico,
VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre ou seja, quando em decorrência dele, nasce, extingue-se,
a questão ou discrepem de pareceres, laudos, pro- transforma-se um determinado direito. No chamado ato
postas e relatórios oficiais; vin­culado, o objeto já está predeterminado na lei (ex.: apo-
VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou sentadoria do servidor). Nos chamados atos discricionários,
convalidação de ato administrativo. há uma margem de liberdade do Administrador para pre-
encher o conteúdo do ato (ex.: desapropriação – cabe ao
A Constituição Federal também vinculou as suas decisões Administrador escolher o bem, de acordo com os interesses
à regra da motivação: da Administração), por isso, o objeto pode ser discricionário.
Considerando-se constituir o ato administrativo em espé-
Art. 93, IX, da CF: Todos os julgamentos dos órgãos cie do gênero ato jurídico, seu objeto também deve ser lícito
do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas (conforme a lei e a moral), possível (realizável no mundo dos
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo fatos e do direito), determinado (quando o ato enuncia seu
a lei limitar a presença, em determinados atos, objeto de modo certo, definindo, por exemplo, seus destina-
às próprias partes e a seus advogados, ou somente tários, seus efeitos etc.) ou pelo menos determinável (quando
a estes, em casos nos quais a preservação do direito adotar algum critério a ser observado subsequentemente,
à intimidade do interessado no sigilo não prejudique
por exemplo: uma condição).
o interesse público à informação;
O objeto do ato administrativo, como no direito privado,
também pode ser natural ou acidental. O objeto natural é
Art. 93, X, da CF: As decisões administrativas dos tri-
o efeito que o ato produz, sem necessidade de expressa
bunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta menção. Ele decorre da própria natureza do ato, tal como
de seus membros; definido na lei.
Já o objeto acidental é o efeito jurídico que o ato produz
Entretanto, sabemos que em determinados casos a mo- em decorrência de cláusulas acessórias apostas ao ato pelo
tivação pode ser dispensada (art. 37, II, da CF, por exemplo), sujeito que o pratica, trazendo alguma alteração no objeto
restando então como exceções a esse princípio quando a lei natural. Refere-se ao termo, ao encargo ou modo e à condição:
assim a dispensar ou quando a natureza do ato for com ela • Pelo termo, indica-se o dia em que inicia ou termina a
incompatível. eficácia do ato.
• O modo ou encargo é um ônus imposto ao destinatário
Art.  37. A  administração pública direta e indireta do ato.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, • A condição é a cláusula que subordina a eficácia do ato
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos a evento futuro e incerto. Pode ser suspensiva (quan-
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, do suspende o início da eficácia do ato) ou resolutiva
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (quando verificada, faz cessar a produção de efeitos
[...] jurídicos do ato).
II  – a investidura em cargo ou emprego público
de­pende de aprovação prévia em concurso público Vícios Relativos ao Objeto
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na São nulos os atos administrativos de conteúdo ou objeto
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para ilícito, não sendo possível, portanto, sua convalidação11.
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação A ilicitude do objeto se configura quando ele está em
e exoneração; desacordo com as normas jurídicas pertinentes ou então
quando não corresponde ao interesse público que motivou
Vícios Relativos ao Motivo a declaração de vontade, motivo este que, se ilícito ou ine-
xistente, comunicará o defeito à finalidade.
Para o ato administrativo, a inexistência de um motivo O vício relativo ao objeto está previsto no art. 2º, pará-
atribuível à Administração ao cuidar do interesse público grafo único, c, da Lei nº 4.717/1965:
configura vício insanável, pela inexistência exatamente de
interesse público que determine sua finalidade. Para alguns A ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado
doutrinadores, como Di Pietro (2008), além da hipótese de do ato importa em violação de lei, regulamento ou
inexistência, existe a falsidade do motivo, que da mesma for- outro ato normativo.
Direito Administrativo

ma torna o ato nulo. A autora cita como exemplo o seguinte


caso: se a Administração pune um funcionário (servidor), mas O conceito acima não abrange todas as hipóteses possí-
este não praticou qualquer infração, o motivo é inexistente, veis, pois, como visto acima, o objeto do ato administrativo
porém, se ele praticou infração diversa, o motivo é falso. corresponde ao do ato jurídico. Assim, haverá vício quando
O vício relativo ao motivo está previsto no art. 2º, pará- a declaração sobre o objeto for ilícita ou imoral, impossível,
grafo único, d, da Lei nº 4.717/1965: indeterminada ou indeterminável.
Obs.: Motivo e Objeto, nos chamados atos discricionários,
A inexistência dos motivos se verifica quando a ma- caracterizam o que denominamos de Mérito Administrativo.
téria de fato ou de direito, em que se fundamenta o
ato, é materialmente inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido. Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – II/2010.
11

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Mérito Administrativo XXXIV – são a todos assegurados, independentemen-
te do pagamento de taxas:
Corresponde à esfera de discricionariedade reservada a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
ao Administrador, ou seja, o mérito administrativo parte da de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder.
análise da valoração dos motivos e da escolha do objeto,
quando a Administração encontra-se devidamente autori- Decorridos o “prazo legal” e o “razoável”, caso o adminis-
zada a decidir sobre a conveniência e a oportunidade do trado não obtenha êxito na via administrativa, não restará
ato administrativo. alternativa senão recorrer à via judicial adequada (mandado
Não pode o Poder Judiciário pretender substituir a dis- de segurança, mandado de injunção etc.).
cricionariedade do administrador pela discricionariedade Por fim, cabe ressaltar que, dependendo da natureza
do Juiz, pois a ele é vedado adentrar nesta área. Pode, no do silêncio ou omissão, o administrador omisso poderá ser
entanto, examinar os motivos invocados pelo Administrador responsabilizado administrativa, civil e penalmente.
para verificar se eles efetivamente existem. Ao Poder Judici-
ário somente é facultado discutir a respeito da competência, Atributos e/ou Privilégios dos Atos
da finalidade e da forma. Administrativos
O Silêncio no Direito Administrativo e seus Efeitos A palavra atributo significa qualidade própria, que, neste
caso, são aquelas outorgadas pelo ordenamento jurídico ao
No direito privado, a aplicação normativa sobre o silêncio ato administrativo, como decorrência do princípio da supre-
encontra solução no art. 111 do Código Civil. De acordo com macia do interesse público sobre o privado.
esse dispositivo, o silêncio, como regra, importa consen- Essas qualidades não se apresentam em todos os atos
timento tácito, considerando os usos ou as circunstâncias administrativos, mas somente naqueles regidos pelo Direito
normais. Só não valerá como anuência se a lei declarar Público e que tenham por finalidade condicionar ou restringir
indispensável a manifestação expressa. a situação jurídica dos administrados ou impor obrigações.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for Presunção de Legitimidade
necessária a declaração de vontade expressa.
A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade
No Direito Administrativo, o silêncio administrativo não do ato com a lei. Decorre do princípio da legalidade, sendo,
constitui ato administrativo, eis que inexiste manifestação portanto, legais e verdadeiros os fatos alegados (presunção
formal de vontade. É sim mero fato administrativo, o que não de veracidade). Essa presunção, porém, é relativa (juris tan-
impede a produção de efeitos no mundo jurídico. tum), pois cabe prova em contrário. É a inversão do ônus da
Nesse sentido, é o ensinamento de Meirelles (2005, p. 114): prova, cabendo ao particular demonstrar tal irregularidade.
Ex.: Execução de Dívida Ativa – cabe ao particular o ônus de
A omissão da Administração pode representar apro- provar que não deve ou que o valor está errado.
vação ou rejeição da pretensão do administrado, tudo Um ato emanado do administrador goza de presunção
dependendo do que dispuser a norma pertinente. de legitimidade, independentemente de lei que expresse
atributo.12
Ocorre que a Administração pode ser omissa e não fazer Presume-se que os atos administrativos são legítimos,
qualquer referência sobre o efeito que produza tal silêncio. visando assegurar a eficiência e a segurança nas atividades
Cumpre então distinguir, de um lado, a hipótese em que a do Poder Público, autorizando a execução imediata ou ope-
lei aponta a consequência da omissão e, de outro, aquela ratividade dos atos administrativos, ainda que haja arguição
em que a lei não aponta quais os efeitos que decorrem de de vício.
sua omissão. Em todo e qualquer ato administrativo pode-se observar
No primeiro caso, a lei pode indicar dois efeitos: a presença da presunção de legitimidade13.
• o silêncio importa manifestação positiva (anuência O ato administrativo ilegal praticado por agente ad-
tácita); ou ministrativo corrupto, produz efeitos normalmente, pois
• o silêncio importa manifestação negativa (denegatória). traz em si o atributo da presunção, ainda que relativa, de
legitimidade.14
Quando o efeito retrata manifestação positiva, conside- A presunção de legitimidade é conferida ao ato até o
ra‑se que a Administração pretendeu emitir vontade com momento em que for declarada sua nulidade.
caráter de anuência, de modo que o interessado decerto terá Não obstante os atos administrativos gozarem desta presun-
sua pretensão satisfeita. Por outro lado, quando a Adminis- ção, faz-se necessário que a Administração motive (indicação
tração emite manifestação com efeito denegatório, deve‑se dos pressupostos de fato e de direito que ensejaram a prática
entender que ela contrariou o interesse do administrado, do ato) sempre o ato, para fins de controle de legalidade.
o que o habilita a postular a invalidação do ato, se julgar que
tem vício de legalidade. Autoexe­cutoriedade
No segundo caso, é o mais comum, a omissão pode
Direito Administrativo

ocorrer também de duas maneiras: É atributo do ato administrativo, entre outros, a


• com a ausência de manifestação volitiva no prazo autoexecutoriedade.15
fixado na lei; ou É a possibilidade que tem a Administração de, por seus
• com a demora excessiva na prática do ato quando a lei próprios meios, exigir o cumprimento das obrigações impostas
não estabeleceu prazo (considera‑se excessiva aquela aos administrados, independentemente de ordem judicial.
que foge dos padrões de razoabilidade).
12
Cespe/AE ES/Seger-ES/Administração/2013.
Nas duas situações o interessado faz jus a uma definição 13
FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/Procurador do Estado de 3ª
por parte da Administração, valendo‑se, inclusive, do direito Classe/2010.
14
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013.
de petição (art. 5º, XXXIV, da CF). 15
FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2010.

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Não se confunde executoriedade com exigibilidade, pois Outras vezes, contudo, a  Administração deve trilhar
aquela é a possibilidade de exigir o cumprimento do ato, procedimento previamente estabelecido na lei, que exige
independentemente da via judicial, enquanto exigibilidade o trânsito pelo Judiciário. É o caso de um tributo que não
pode ser feita por Ação Judicial ou não. pago pelo administrado exige que a Administração promova
Nos atos em que se vai envolver o patrimônio do admi- a competente execução fiscal.
nistrado (cobrança de uma multa, por exemplo), a Adminis-
tração tem de se utilizar da via judicial, não podendo utilizar Tipicidade
a força pública pelos seus próprios meios.
Só é possível a autoexecutoriedade quando permitida por É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corres-
lei ou para atender situações urgentes, como, por exemplo, ponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas
a interdição de um prédio que ameaça desabar, entretanto, a produzir determinados resultados, ou seja, para cada
o administrado não fica impossibilitado de recorrer ao Poder finalidade que a Administração pretende alcançar existe um
Judiciário para se insurgir contra o uso da autoexecutorieda- ato definido em lei.
de. É possível, inclusive, que por meio de medidas preventi- Conforme ensina Di Pietro (2008), esse atributo repre-
vas (Mandado de Segurança Preventivo, Ações Cautelares, senta uma garantia para o administrado, pois impede que
Antecipação de Tutela) venha o executado evitar que se a Administração pratique atos dotados de imperatividade e
realize a autoexecutoriedade ou até mesmo após a prática executoriedade, vinculando unilateralmente o particular sem
do ato, o administrado pode ingressar em juízo pedindo a que haja previsão legal, e também fica afastada a possibili-
reconstituição do estado anterior, se for possível, inclusive, dade de ser praticado ato totalmente discricionário, pois a
as indenizações cabíveis. lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricio-
Este requisito normalmente é verificável nos atos ad- nariedade poderá ser exercida.
ministrativos decorrentes do poder de polícia, nos quais
a Administração impõe coercitivamente seu cumprimento Discricionariedade e Vinculação
independentemente de mandado judicial (interdição de
atividades, inutilização de gêneros alimentícios). A discricionariedade e vinculação com que são expedi-
Se do atributo da executoriedade do ato administrativo dos os atos administrativos estão relacionadas diretamente
resultar dano ao particular em razão de ilegitimidade ou com os poderes de que dispõe a Administração Pública para
abuso, o Estado estará obrigado a indenizar o lesado, uma praticá-los.
vez configurados a conduta danosa, o dano e o nexo causal.16 Para o desempenho de suas funções, a Administração
dispõe de poderes para a prática de seus atos que lhe asse-
Imperatividade guram posição de supremacia sobre o particular e sem os
quais não conseguiria atingir os seus fins. Esses poderes, no
É o atributo pelo qual os atos administrativos se im‑ Estado Democrático de Direito como o nosso, têm como pos-
põem a terceiros, independentemente de sua concordân‑ tulado básico o princípio da legalidade, sendo limitados pela
cia17. É uma consequência da ascendência da Administração lei, sob pena de ilegalidade por abusos ou arbitrariedades.
Pública sobre o particular, justificada pelo interesse público. No entanto, esse regramento pode atingir os vários as-
É o denominado poder extroverso da Administração, porém pectos de uma atividade determinada. Nesse caso, o poder
não existe em todos os atos administrativos, mas somente da Administração é vinculado, porque a lei não deixou opções
naqueles que impõem uma obrigação ao administrado, para a prática do ato, estabelecendo que diante de determina-
como, por exemplo, os que decorrem do poder de polícia, dos requisitos a Administração deve agir de tal ou qual forma.
do poder hierárquico, e  os que regulam condutas gerais Em outras hipóteses, o regramento não atinge todos os
e abstratas18. Nos atos enunciativos (certidões, atestados, aspectos da atuação administrativa; a lei deixa certa margem
pareceres) e nos que conferem direitos aos administrados de liberdade de decisão diante do caso concreto, de tal
(licença, autorização, permissão) a imperatividade não existe. modo que a autoridade poderá optar por uma dentre várias
A imperatividade autoriza a produção imediata de seus soluções possíveis, todas válidas perante o direito. Nesses
efeitos até a declaração de possível invalidade, tornando casos, o poder da Administração é tido como discricionário;
obrigatória a sua observância pelo particular. a adoção de uma ou outra solução é feita segundo critérios
de oportunidade, conveniência, justiça, equidade, próprios
Exigibilidade da autoridade, pois não foram definidos pelo legislador.
É a possibilidade de a Administração, coercitivamente, Mesmo aí, entretanto, o  poder de ação administrativa,
exigir o cumprimento da obrigação imposta ao administrado, embora discricionário, não é totalmente livre, porque sob
utilizando‑se de meios indiretos, como, por exemplo, a multa, alguns aspectos a lei impõe limitações19.
para induzir o acatamento dos seus atos. Fonte e Âmbito de Aplicação da Discricionariedade
A exigibilidade permite que a Administração Pública
objetive o cumprimento efetivo da obrigação por ela esta- A fonte da discricionariedade é a própria lei. A discricio-
belecida, socorrendo-se ou não da interferência do Poder nariedade só existe nos espaços deixados pela lei. Normal-
Judiciário. mente ocorre:
As determinações para que o particular construa muro no • de forma expressa: quando a lei confere à Adminis-
Direito Administrativo

alinhamento da rua, apare árvores cujos galhos ameaçam a tração o seu uso. Como exemplo, temos a remoção ex
segurança da rede elétrica ou a dissolução de passeatas com officio (de ofício). O servidor é removido pela Adminis-
o fim de resguardar o interesse da coletividade são exemplos tração e no interesse dela, para atender à conveniência
de atos que possuem esse atributo. Nesses casos, a Admi- do serviço (art. 36, I, da Lei nº 8.112/1990).
nistração não necessita da participação do Poder Judiciário
para seu cumprimento. Art.  36. Remoção é o deslocamento do servidor,
a pedido ou de ofício, no âmbito do mesmo quadro,
16
Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
17
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/ com ou sem mudança de sede.
Analista Judiciário/Área Administrativa/2010.
18
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciá- Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – II/
19

ria/2013. 2010.

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Parágrafo único. Para fins do disposto neste artigo, o motivo e o objeto. A competência, a forma e a finalidade
entende-se por modalidades de remoção: são sempre vinculadas, até mesmo nos atos discricionários.
I – de ofício, no interesse da Administração. A partir da ideia de que certos atos administrativos são
sempre vinculados (competência, forma, finalidade), afirma-
• quando a lei é omissa: por não ser possível prever -se que não existe ato administrativo inteiramente discricio-
todas as situações supervenientes no momento de sua nário. É também por isso que se diz que o ato vinculado é
promulgação, a autoridade deverá decidir de acordo analisado sob o aspecto da legalidade (de acordo com a lei)
com princípios extraídos do ordenamento jurídico. e que o ato discricionário pode ser analisado sob os aspectos
• quando a lei prevê determinada competência, mas da legalidade e do mérito (conveniência e oportunidade
não estabelece a conduta a ser adotada: ocorre, por diante do interesse público a atingir).
exemplo, no âmbito do poder de polícia onde a razoa-
bilidade e a proporcionalidade devem ser observadas Limites da Discricionariedade e Controle pelo
na aplicação das sanções. Poder Judiciário

A discricionariedade também encontra limites na própria


Por ser muito amplo o âmbito de incidência da discri-
lei. O  legislador, ao definir determinado ato, intencional-
cionariedade, cumpre, pois, analisarmos onde é possível
mente deixa um espaço para livre decisão da Administração
localizá-la. Pública; legitimando previamente a sua opção, qualquer uma
O primeiro aspecto a ser observado concerne ao mo- delas será válida.
mento da prática do ato: se a lei nada estabelece a respeito, Como forma de fixar limites ao exercício do poder discri-
a Administração escolhe o momento que lhe pareça mais cionário, algumas teorias têm sido adotadas de modo a am-
adequado para atingir a consecução de determinado fim. pliar a possibilidade de sua apreciação pelo Poder Judiciário.
Como nem sempre é possível para o legislador fixar um Uma delas é a que se refere ao abuso de poder na espécie
momento preciso para a prática do ato, normalmente ele desvio de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder
estabelece um prazo para que a Administração adote deter- ou desvio de finalidade ocorre quando a autoridade usa do
minadas decisões, com ou sem sanções para o caso de seu poder discricionário para atingir fim diverso daquele que a lei
descumprimento. Ocorre, por exemplo, com o prazo de 15 fixou. Quando isso ocorre, fica o Poder Judiciário autorizado
dias de que dispõe o Executivo para vetar ou sancionar um a decretar a nulidade do ato, já que a Administração fez
projeto de lei aprovado pelo Legislativo; decorrido o prazo, uso indevido da discricionariedade, ao desviar-se dos fins
o silêncio do Executivo implica sua sanção (art. 66 da CF). de interesse público definidos na lei20.
A outra é a teoria dos motivos determinantes. Quando
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação a Administração indica os motivos que a levaram a praticar
enviará o projeto de lei ao Presidente da República, o ato, este somente será válido se os motivos forem verda-
que, aquiescendo, o sancionará. deiros. Para apreciar esse aspecto, o Poder Judiciário terá
§ 1º Se o Presidente da República considerar o proje- que examinar os motivos, ou seja, os pressupostos de fato
e as provas de sua ocorrência, para verificar se o motivo
to, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário
realmente existiu. Se não existiu ou se não for verdadeiro,
ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente,
anulará o ato.
no prazo de quinze dias úteis, contados da data do O controle feito pelo Poder Judiciário ganha fundamental
recebimento, e  comunicará, dentro de quarenta importância após a distinção entre atos discricionários e
e oito horas, ao  Presidente do Senado Federal os atos vinculados.
motivos do veto. Nos atos vinculados, não existe restrição quanto aos
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral elementos que sofrem o chamado controle de legalidade,
de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea. visto que todos devem estar de acordo com a lei.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Com relação aos atos discricionários, o  controle de
Presidente da República importará sanção. legalidade é possível, mas terá que respeitar a discriciona-
riedade administrativa nos limites em que ela é assegurada
Outro aspecto a ser considerado diz respeito à escolha pela lei, ou seja, o Judiciário só pode apreciar os aspectos
entre agir e não agir. Se diante de certa situação a Admi- da legalidade e verificar se a Administração não ultrapassou
nistração está obrigada a adotar determinada providência, os limites da discricionariedade.
a atuação é vinculada; se ela tem possibilidade de escolher
entre atuar ou não, existe a discricionariedade. Como Classificação dos Atos Administrativos
exemplo de atuação vinculada, temos que a Administração
é obrigada a apurar e punir ilícitos administrativos, sob pena Quanto ao Alcance
de condescendência criminosa (art. 320 do Código Penal).
Atos Internos
Direito Administrativo

Condescendência criminosa São os destinados a produzir efeitos no recesso das


Art. 320. Deixar o funcionário, por indulgência, de repartições administrativas, e por isso mesmo incidem,
responsabilizar subordinado que cometeu infração no normalmente, sobre os órgãos e agentes da Administração
exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, que os expediram.
não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente: Atos Externos
Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. São todos aqueles que alcançam os administrados,
os contratantes e, em certos casos, os próprios servidores,
Referindo-se aos elementos ou requisitos dos atos
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
20

admi­nistrativos, a discricionariedade abrange tão somente – II/2010.

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provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou condu- Ato Nulo
ta perante a Administração. Tais atos, pela sua destinação, só É o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou
entram em vigor ou execução depois de divulgados pelo ór- defeito substancial em seus elementos constitutivos ou no
gão oficial, dado o interesse do público no seu conhecimento. procedimento formativo. Não produz qualquer efeito válido
entre as partes, pela evidente razão de que não se adquire
Quanto aos Destinatários direito de ato ilegal.
Atos Gerais Ato Inexistente
Destinam‑se a pessoas indeterminadas, atingindo todos É o que apenas tem aparência de manifestação regular
aqueles que estiverem em uma determinada situa­ção. É o da Administração, mas não chega a se aperfeiçoar como ato
caso do regulamento que estabelece normas para todos que
administrativo. É o que ocorre, por exemplo, com o “ato”
estiverem no âmbito das regras ali previstas. Ex.: o edital de
um concurso público.  praticado por um usurpador de função pública. Tais atos
equiparam‑se, em nosso Direito, aos atos nulos, sendo,
Atos Individuais assim, irrelevante e sem interesse prático a distinção entre
Atingem uma situação determinada. Há um destinatário nulidade e inexistência, porque ambas conduzem ao mesmo
certo, podendo ser mais de uma pessoa (pluralidade de resultado – a invalidade – e subordinam-se às mesmas regras
destinatários). Ex.: a nomeação. de invalidação. Ato inexistente ou ato nulo é ato ilegal.

Quanto ao Objeto Quanto à Formação

Atos de Império Atos Simples


O Poder Público atua com supremacia sobre o admi- Resultam da manifestação de vontade de apenas um
nistrado, coercitiva e unilateralmente. Ex.: atos de polícia único órgão, sendo ele unipessoal ou colegiado. Ex.: nomea­
(interdição de atividade, apreensão de bens). ção, exoneração, demissão de um servidor, despacho de
autoridade.
Atos de Gestão
São aqueles em que o Poder Público se coloca em Atos Complexos
situação de igualdade com o particular. Atos de gestão Resultam da manifestação de vontade de dois ou mais
correspondem aos atos de direito privado que a Adminis- órgãos, sejam singulares ou colegiados, cuja vontade soma-se
tração Pública pratica. Ex.: locação de imóvel para funcionar à outra para a prática de um único ato. Ex.: nomeação de
repartição pública.
Ministro do STF depende da aprovação do Senado.
Os atos normativos editados conjuntamente por diver-
Atos de Expediente
sos órgãos da administração federal, como as portarias
São todos aqueles que se destinam a dar andamento
aos processos e papéis que tramitam nas repartições pú- conjuntas ou instruções normativas conjuntas da Secretaria
blicas. São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e da Receita Federal do Brasil e da Procuradoria da Fazenda
sem forma especial, geralmente, praticados por servidores Nacional, são exemplos de ato administrativo complexo.23
subalternos, sem competência decisória.
Atos Compostos
Quanto ao Regramento São aqueles praticados por um órgão, mas que exigem a
aprovação de outro órgão. Um pratica o ato e o outro confir-
Atos Vinculados ma. O ato só produz efeito depois de aprovado pelo último
São aqueles que possuem todos os seus requisitos órgão. Geralmente, os atos que dependem de autorização
pré‑determinados na lei, não oferecendo margem de esco‑ ou homologação são compostos (um depende do outro).
lha para apreciação do administrador21. Cabe a este somente Ex.: nomeação de um dos indicados em lista tríplice para
verificar se esses requisitos estão em conformidade com a lei. Desembargador Federal.
Se estiverem, o administrador estará obrigado a praticar o ato.
Se faltar qualquer deles, o administrador não poderá praticar o Quanto à Exequibilidade
ato. Ex.: aposentadoria do servidor, nomea­ção de cargo efetivo. 
Ato Perfeito
Atos Discricionários É aquele que reúne todos os elementos necessários à
Existem dois requisitos (motivo e objeto) em que a sua exequibilidade ou operatividade, apresentando‑se apto
lei oferece, na prática do ato, uma margem de opção ao
e disponível para produzir seus regulares efeitos.
administrador, que irá fazer sua escolha de acordo com
as razões de conveniên­cia e oportunidade, mas sempre
visando ao interesse público.22 Ato Imperfeito
É aquele que se apresenta incompleto na sua formação
Quanto à Eficácia ou carente de um ato complementar para tornar‑se exequí-
Direito Administrativo

vel e operante. Para se tornar perfeito, necessita de um ato


Ato Válido complementar que o torne operativo.
É o que provém de autoridade competente para prati-
cá‑lo e contém todos os requisitos necessários à sua eficácia. Ato Pendente
É aquele que, embora perfeito, por reunir todos os
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis-
21
elementos de sua formação, não produz seus efeitos, por
trativa/2010. não verificado o termo ou a condição de que depende sua
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário
22

– Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tec- exequibilidade ou operatividade.
nologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia,
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio
Especializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado
– Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010. Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
23

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Ato Consumado Quanto ao Modo de Execução
É o que produziu todos os seus efeitos, tornando‑se, por
isso mesmo, irretratável ou imodificável por lhe faltar objeto. Ato Autoexecutório
É aquele que traz em si a possibilidade de ser exe­cutado
Quanto ao Conteúdo pela própria Administração, independentemente de ordem
judicial.
Ato Constitutivo
É o que cria uma situação jurídica individual para seus
Ato não Autoexe­cutó­rio
destinatários, em relação à Administração. Ex.: licença, no-
meação, sanção administrativa. É o que depende de pronunciamento judicial para produ-
ção de seus efeitos finais, tal como ocorre com a dívida fiscal,
Ato Extintivo ou Desconstitutivo cuja execução é feita pelo Judiciário, quando provocado pela
É o que põe termo a situações jurídicas individuais, Administração interessada na sua efetivação.
como a cassação de autorização, a encampação de serviço
de utilidade pública. Quanto ao Objetivo Visado pela Administração

Ato Declaratório Ato Principal


É o que visa preservar direitos, reconhecer situações É o que encerra a manifestação de vontade final da
preexistentes ou, mesmo, possibilitar seu exercício. São Administração. O ato principal pode resultar de um único
exemplos dessa espécie a apostila de títulos de nomeação, órgão (ato simples) ou da conjugação de vontades de mais
a expedição de certidões e demais atos fundados em situa- de um órgão (ato complexo) ou, ainda, de uma sucessão de
ções jurídicas anteriores. atos intermediários (procedimento administrativo).
Ato Alienativo
É o que opera a transferência de bens ou direitos de um Ato Complementar
titular para outro. Ex.: venda de imóvel da Administração É o que aprova ou ratifica o ato principal, para dar‑lhe
para o particular. exequibilidade. O ato complementar atua como requisito de
operatividade do ato principal, embora este se apresente
Ato Modificativo completo em sua formação desde a sua edição.
É o que tem por fim alterar situa­ções preexistentes, sem
suprimir direitos ou obrigações, como ocorre com aqueles Ato Inter­mediário
que alteram horários, percursos, locais de reunião e outras É o que concorre para a formação de um ato principal e
situações anteriores estabelecidas pela Administração. final. Assim, em uma concorrência, são atos intermediários
o edital, a habilitação e o julgamento das propostas, porque
Ato Abdicativo desta sucessão é que resulta o ato principal e final objetivado
É aquele pelo qual o titular abre mão de um direito. pela Administração, que é a adjudicação da obra ou do ser-
A peculiaridade desse ato é seu caráter incondicionável e viço ao melhor proponente. O ato intermediário é sempre
irretratável. Desde que consumado, o ato é irreversível e autônomo em relação aos demais e ao ato final, razão pela
imodificável, como são as renúncias de qualquer tipo. qual pode ser impugnado e invalidado isoladamente (o que
não ocorre com o ato complementar), no decorrer do pro-
Quanto à Retratabilidade
cedimento administrativo.
Ato Irrevogável
É aquele que se tornou insuscetível de revogação, por Ato‑Con­dição
ter produzido seus efeitos ou gerado direito subjetivo para É todo aquele que se antepõe a outro para permitir a sua
o beneficiário ou, ainda, por resultar de coisa julgada admi- realização. O ato‑condição destina‑se a remover um obstá-
nistrativa. Neste último, cabe considerar que a coisa julgada culo à prática de certas atividades públicas ou particulares,
administrativa só o é para a Administração, uma vez que não para as quais se exige a satisfação prévia de determinados
impede a reapreciação judicial do ato. requisitos. Assim, o concurso é ato‑condição da nomeação
efetiva; a concorrência é ato‑condição dos contratos adminis-
Ato Revogável trativos. Como se vê, o ato‑condição é sempre um ato‑meio
É aquele que a Administração, e somente ela, pode in- para a realização de um ato‑fim. A ausência do ato‑condição
validar, por motivos de conveniência, oportunidade. Nesses invalida o ato final, e essa nulidade pode ser declarada pela
atos devem ser respeitados todos os efeitos já produzidos, própria Administração ou pelo Judiciário, porque é matéria
porque decorrem de manifestação válida da Administração. de legalidade, indissociável da prática administrativa.
A revogação só atua ex nunc. Em princípio, todo ato admi-
nistrativo é revogável até que se torne irretratável para a
Administração, quer por ter exaurido seus efeitos ou seus Ato de Jurisdição
Direito Administrativo

recursos, quer por ter gerado direito subjetivo para o bene- É todo aquele que contém decisão sobre matéria contro-
ficiário, interessado na sua manutenção. vertida. No âmbito da Administração, resulta, normalmente,
da revisão de ato do inferior pelo superior hierárquico ou
Ato Suspensível tribunal administrativo, mediante provocação do interessa-
É aquele em que a Administração pode fazer cessar os do, ou de ofício. O ato administrativo de jurisdição, embora
seus efeitos, em determinadas circunstâncias ou por certo decisório, não se confunde com o ato judicial propriamente
tempo, embora mantendo o ato, para oportuna restauração dito (despacho, sentença, acórdão em ação e recurso), nem
de sua operatividade. Difere a suspensão da revogação, produz coisa julgada no sentido processual da expressão, mas
porque esta retira o ato do mundo jurídico, ao passo que quando proferido em instância final torna‑se imodificável
aquela susta, apenas, a sua exequibilidade. pela Administração.

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Espécies de Atos Administrativos Entre os atos ordinatórios merecem apreciação:

Atos Normativos Instruções


São ordens escritas e gerais a respeito do modo e forma
São aqueles que contêm um comando geral do Exe­cutivo, de execução de determinado serviço público, expedidas pelo
visando à correta aplicação da lei24; o objetivo imediato é superior hierárquico com o escopo de orientar os subalternos,
explicitar a norma legal a ser observada pela Administração no desempenho das atribuições que lhes estão apresentadas
e pelos administrados; estabelecem regras gerais e abstratas e assegurar a unidade de ação no organismo administrativo.
de conduta; têm a mesma normatividade da lei e a ela equi-
param-se para fins de controle judicial; quando individualizam Circulares
situações e impõem encargos específicos a administrados, São ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a de-
podem ser atacados e invalidados direta e imediatamente por terminados funcionários incumbidos de certo serviço, ou de
via judicial comum, ou por mandado de segurança. desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais.

Principais Atos Normativos Avisos


São atos emanados dos Ministros de Estado a respeito
Decretos de assuntos dedicados aos seus ministérios.
São atos administrativos da competência exclusiva dos
Chefes do Executivo, destinados a prover situações gerais Portarias
ou individuais, abstratamente previstas de modo expresso, São atos administrativos internos pelos quais os chefes
explícito ou implícito pela legislação. Como ato adminis- de órgão, repartições ou serviços expedem determinações
trativo, está sempre em situação inferior à lei, por isso não gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam ser-
pode contrariá‑la. vidores para função e cargos secundários.

Regulamentos Ordens de Serviço


São atos administrativos, postos em vigência por decreto, São determinações especiais dirigidas aos responsáveis
para especificar os mandamentos da lei ou prover situações por obra ou serviços públicos autorizando seu início, ou
ainda não disciplinadas por elas. Como ato inferior à lei, não contendo imposições de caráter administrativo, ou especi-
pode contrariá‑la ou ir além do que ela permite. ficações técnicas sobre o modo e forma de sua realização.

Instruções Normativas Ofícios


São atos administrativos expedidos pelos Ministros de São comunicações escritas que as autoridades fazem
Estado para a execução das leis, decretos e regulamentos entre si, entre subalternos e superiores e entre Administra-
(art. 87, parágrafo único, II, da CF). Podem ser utilizadas por ção e particulares.
outros órgãos superiores para o mesmo fim.
Despachos
Regimentos Os despachos podem ser:
São atos administrativos normativos de atuação interna • Administrativos: são decisões que as autoridades
que se destinam a reger o funcionamento de órgãos co- executivas proferem em papéis, requerimentos e
legiados e de corporações legislativas, por esse motivo só processos sujeitos à sua apreciação; ou
se dirigem aos que devem executar o serviço ou realizar a • Normativos: é aquele que, embora proferido indivi-
atividade funcional regimentada. dualmente, a autoridade competente determina que
se aplique aos casos idênticos, passando a vigorar
Resoluções como norma interna da Administração para situa­ções
São atos administrativos normativos expedidos pelas análogas subsequentes.
altas autoridades do Executivo (exceto Presidente, pois este
só pode expedir decreto) ou pelos presidentes de tribunais, Atos Negociais
órgãos legislativos e colegiados administrativos, para admi-
nistrar matéria de sua competência específica. São todos aqueles que contêm uma declaração de von‑
tade da Administração, apta a concretizar determinado ne‑
Deliberações gócio jurídico ou a deferir certa faculdade ao parti­cular, nas
São atos administrativos normativos ou decisórios, ema- condições impostas ou consentidas pelo Poder Público.26
nados de órgãos colegiados. Quando normativos, são atos Enquadram‑se nessa categoria os seguintes atos admi-
gerais; quando decisórios, atos individuais. Devem sempre nistrativos:
obediência ao regulamento e ao regimento que houver para
a organização e funcionamento do colegiado. Licença
É o ato administrativo vinculado e definitivo pelo qual o
Atos Ordinatórios Poder Público, verificando que o interessado atendeu todas
Direito Administrativo

as exigências legais, faculta‑lhe o desempenho de atividades


São os que visam a disciplinar o funcionamento da ou a realização de fatos materiais antes vedados ao particular.
Administração e a conduta funcional de seus agentes; No mesmo sentido, a licença é ato administrativo editado
emanam do poder hierárquico; só atuam no âmbito interno no exercício de competência vinculada; preenchidos os
das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados requisitos necessários a sua concessão, ela não poderá ser
à chefia que os expediu.25 negada pela administração pública27. Ex.: o exercício de
uma profissão.
24
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. 26
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
25
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010.
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. 27
Cespe/DPE-TO/2013.

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A licença concedida ao administrado para o exercício Entre os mais comuns, estão os seguintes:
de direito poderá ser revogada pela administração pública
por critério de conveniência e oportunidade.28 Certidões
São cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou
Autorização fatos constantes no processo, livro ou documento que se
É o ato administrativo discricionário e precário pelo qual encontra nas repartições públicas; o fornecimento de certi-
o Poder Público torna possível ao pretendente a rea­lização dões é obrigação constitucional de toda repartição pública,
de certa atividade, serviço ou utilização de determinados desde que requerida pelo interessado; devem ser expedidas
bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou predomi- no prazo improrrogável de 15 dias, contados do registro do
nante interesse, que a lei condiciona à aquiescência prévia pedido (Lei nº 9.051/1995).
da Administração, tais como o uso especial de bem público,
o porte de arma etc.
Atestados
Permissão São os atos pelos quais a Administração comprova um
É o ato administrativo, discricionário e precário, pelo qual fato ou uma situação de que tenha conhecimento por seus
o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços órgãos competentes.
de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos,
a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas Pareceres
pela Administração. São manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos
submetidos à sua consideração; tem caráter meramente
Aprovação opinativo30. Podem ser:
É o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a a) Normativos: é aquele que, ao ser aprovado pela
legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realiza- autoridade competente, é convertido em norma de proce-
ções materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades dimento interno; ou
ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente
na sua execução ou manutenção. b) Técnicos: é o que provém de órgão ou agente espe-
cializado na matéria, não podendo ser contrariado por leigo
Admissão ou por superior hierárquico.
É o ato administrativo vinculado pelo qual o Poder
Público, verificando a satisfação de todos os requisitos legais Apostilas
pelo particular, defere‑lhe determinada situação jurídica de São atos enunciativos ou declaratórios de uma situa­ção
seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no anterior criada por lei. Equivale a uma averbação.
ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso
de habilitação. Atos Punitivos
Visto
É o ato pelo qual o Poder Público controla outro ato da São os que contêm uma sanção imposta pela Adminis‑
própria Administração ou do administrado, aferindo sua tração àqueles que infringem disposições legais, regula‑
legitimidade formal para dar‑lhe exequibilidade. mentares ou ordinatórias dos bens e serviços públicos31.
Visam punir e reprimir infrações administrativas ou condutas
Homologação irregulares dos servidores ou dos particulares, perante a
É o ato de controle pelo qual a autoridade superior Administração. Exemplos:
examina a legalidade e a conveniência de ato anterior da
própria Administração, de outra entidade, ou de particular, Multa
para dar‑lhe eficácia. É toda imposição pecuniária a que sujeita o administrado
a título de compensação do dano presumido da infração; é
Dispensa de natureza objetiva e se torna devida in­dependentemente
É o ato que exime o particular do cumprimento de deter- da ocorrência de culpa ou dolo do infrator.
minada obrigação até então exigida por lei. Ex.: a prestação
do serviço militar. Interdição de Atividade
É o ato pelo qual a Administração veda a alguém a prática
Renúncia de atos sujeitos ao seu controle ou que incidam sobre seus
É o ato pelo qual o Poder Público extingue unilateral­ bens; deve ser precedida de processo regular e do respectivo
mente um crédito ou um direito próprio, liberando definiti- auto, que possibilite defesa do interessado.
vamente a pessoa obrigada perante a Administração.
Protocolo Administrativo Destruição de Coisas
É o ato pelo qual o Poder Público acerta com o particular É o ato sumário da Administração pelo qual se inutilizam
a realização de determinado empreendimento ou atividade alimentos, substâncias, objetos ou instrumentos imprestáveis
ou a abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da ou nocivos ao consumo ou de uso proibido por lei.
Direito Administrativo

Administração e do administrado signatário do instrumento


protocolar. Desfazimento do Ato Administrativo – Cessação
Atos Enunciativos da Eficácia

São todos aqueles em que a Administração se limita a A forma normal de extinção do ato administrativo é o
certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre esgotamento do seu conteúdo.
determinado assunto, sem se vincular ao seu enunciado.29
30
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
28
Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013. – I/2010.
29
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de 31
Assunto cobrado na prova do Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de
Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
No entanto, existem vários casos de extinção do ato Judiciário41, produzindo uma eficácia retroativa (ex tunc),
administrativo, entre eles: pois deles não se originam direitos.42
Súmula nº 346, 1963/STF: “A Admi­nistração Pública pode
Revogação declarar a nulidade dos seus próprios atos.”
A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 53, estabelece que:
É o ato pelo qual a Administração extingue um ato admi‑
nistrativo revestido de legitimidade, em razão de interesse Art. 53. A Administração deve anular seus próprios
público, buscando o bem‑estar coletivo. Os efeitos da revo‑ atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode
gação operam a partir de sua edição (ex nunc), respeitando revogá‑los por motivo de conveniência ou oportuni‑
os já produzidos32, conforme Súmula nº 473, 1969/STF: dade, respeitados os direitos adquiridos.43

A Administração pode anular seus próprios atos, Aqui, a anulação não seria pelo princípio da autotutela
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, e sim pelo princípio da legalidade.
porque deles não se originam direitos; ou revogá‑los, Admite-se a anulação de concurso público, pela própria
por motivo de conveniência ou oportunidade, respei- administração, ante a ocorrência de vício insanável e ofen-
tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos sivo aos princípios da igualdade, da competitividade, da
os casos, a apreciação judicial. moralidade, da impessoalidade e da publicidade.44
Deve‑se ressaltar que em alguns casos, quando terceiros
A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 53, estabelece que: de boa-fé são atingidos por atos nulos, a doutrina reconhece
a possibilidade de preservação dos seus efeitos, de forma
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios a garantir a estabilidade das relações jurídicas (DI PIETRO,
atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode 2008). Um exemplo bastante claro é o do funcionário de fato
revogá‑los por motivo de conveniência ou oportuni- (alguém irregularmente investido no serviço público), que
dade, respeitados os direitos adquiridos. praticou atos que tenham atingido terceiro de boa-fé. Estes
efeitos devem ser preservados. Por esse motivo, a aplicação
Ademais, caso a Administração revogue várias autori- da Súmula nº  473/STF tem recebido temperamentos na
zações de porte de arma, invocando como motivo o fato jurisprudência, não sendo aplicável quando for possível a
de um dos autorizados ter se envolvido em brigas, referida convalidação ou, ainda, diante de situações consolidadas,
revogação só será válida em relação àquele que perpetrou que não trouxeram efetiva lesão para o interesse público.
a situação fática geradora do resultado do ato.33 Nesse sentido:
O poder de revogar, como em qualquer ato discricionário,
encontra limites; portanto, não podem ser revogados: Embora o princípio da legalidade imponha a anulação
• atos vinculados34: pois não existe margem para dis- dos atos viciados, as  relações jurídicas hão de ter
cricionariedade nesses atos. segurança e as situações constituídas há muito re-
• atos que exauriram seus efeitos35: se o ato já exauriu querem a manutenção do ato. Segundo Miguel Reale,
seus efeitos não há que se falar em revogação, pois ela é possível a convalidação de atos administrativos ei-
surte efeito a partir de sua edição. Assim, não podem ser vados de nulidade que não firam legítimos interesses
revogados atos que exauriram os seus efeitos, pois a re‑ de terceiros ou do Estado, quando da inexistência de
vogação supõe ato que ainda esteja produzindo efeitos, dolo. É a sanatória excepcional do nulo em homena-
como ocorre na autorização para porte de armas.36 gem à boa-fé. Ademais, há interesse público em se
• atos que geraram direitos adquiridos37: conforme proteger a boa-fé e a confiança dos administrados,
Súmula nº 473/STF. garantindo-lhes a proteção da segurança jurídica,
Obs.: Os atos administrativos individuais são re- que não pode ser atingida por ilações relativas a uma
vogáveis desde que seus efeitos se revelem incon- suposta atuação de má-fé por parte do administrador.
venientes ou contrários ao interesse público, mas REO nº 1997.39.00.010815-2/PA-TRF.
ocorre que esses atos podem se tornar irrevogáveis A título de exemplo: Simão, comerciante estabelecido na
por circunstâncias supervenientes a sua emissão, capital do Estado, requereu, perante a autoridade compe-
quando por exemplo geram direitos subjetivos para tente, licença para funcionamento de um novo estabeleci-
os destinatários.38 mento. Embora o interessado não preenchesse os requisitos
• meros atos administrativos39: pois seus efeitos decor- fixados na normatização aplicável, a Administração, levada
rem de lei. Ex.: certidões, atestados, pareceres. a erro por falha cometida por funcionário no procedimento
• atos integrantes de procedimento administrativo40: correspondente, concedeu a licença. Posteriormente, cons-
pois a cada novo ato ocorre a preclusão do anterior. tatado o equívoco, a Administração deverá anular o ato,
produzindo a anulação efeitos retroativos à data em que foi
Anulação emitido o ato eivado de vício não passível de convalidação.45
Ainda em matéria de anulação, vale também lembrar,
É a extinção do ato administrativo por motivo de ilega‑ a questão do prazo de que dispõe o poder público para anular
lidade, feita pela Administração (autotutela) ou pelo Poder seus atos. Em regra, pelo princípio da legalidade, a anulação
pode ser feita a qualquer momento, não existe prazo, entre-
Direito Administrativo

32
Assunto cobrado na prova da Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR/
Analista Municipal/Procurador Municipal/2010.
33
FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010. 41
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área
34
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. Administrativa/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário – Apoio Especia-
35
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. lizado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tecnologia da
36
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia, Analista
– Apoio Especializado – Medicina, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Tec- Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio Es-
nologia da Informação, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Fisioterapia, pecializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado
Analista Judiciário – Apoio Especializado – Estatística, Analista Judiciário – Apoio – Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010.
Especializado – Medicina do Trabalho, Analista Judiciário – Apoio Especializado 42
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis-
– Enfermagem, Analista Judiciário – Apoio Especializado – Psicologia/2010. trativa/2010.
37
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. 43
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto
38
Soluções Concursos/Prefeitura Municipal de Mato Grosso-PB/Advogado/2010. de Conselheiro/2010.
39
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. 44
Cespe/TJ CNJ/CNJ/Apoio Especializado/Programação de Sistemas/2013.
40
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013. 45
FCC/AFR SP/Sefaz SP/Gestão Tributária/2013.

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tanto é possível que haja exceção à regra se devidamente gação propriamente dita, uma vez que não existem efeitos
previsto em norma, foi o que fez a Lei nº 9.784/1999, em a serem preservados. Ex.: Houve nomeação para cargo pú-
seu art. 54, que diz o seguinte: blico e não houve posse. É retirado do mundo jurídico o ato
de nomeação para que outro seja nomeado e tome posse.
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos
administrativos de que decorram efeitos favoráveis Conversão
para os destinatários decai em cinco anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada Aproveita‑se, com outro conteúdo, o ato que inicialmen-
má-fé.46 te foi considerado nulo. Ex.: Nomeação de alguém para cargo
público sem aprovação em concurso, mas poderá haver a
Convalidação ou Sanatória nomeação para cargo comissionado. A conversão dá ao ato a
conotação que deveria ter tido no momento da sua criação.
A convalidação é o processo de que se vale a Administra‑ Produz efeito ex tunc.
ção para aproveitar atos administrativos que possuam vícios
sanáveis, de forma a confirmá-los no todo ou em parte.47 Contraposição ou Derrubada
É a prática de um ato posterior que vai conter todos os re-
quisitos de validade, inclusive, aquele que não foi observado É a retirada de um ato pelo exercício de competência
no ato anterior e determinar a sua retroatividade à data de diversa que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são con-
vigência do ato tido como anulável. Os efeitos passam a con- traposto aos daqueles. Ex.: exoneração de um servidor, que
tar da data do ato anterior (ex tunc); é editado um novo ato. aniquila os efeitos do ato de nomeação.
Normalmente as leis que tratam de direito público silen-
ciam sobre o instituto da convalidação. Entretanto, indicando Renúncia
avanço decorrente da jurisprudência, a Lei nº 9.784/1999,
em seu art. 55, assim se pronuncia: Consiste na extinção dos efeitos do ato ante a rejeição
pelo beneficiário de uma situação jurídica favorável de que
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acar- desfrutava em consequência daquele ato. Ex.: a renúncia
retarem lesão ao interesse público nem prejuí­zo a a um cargo de Secretário de Estado, um beneficiário de
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis um título honorífico (se desinteressando, a ele renuncia).
poderão ser convalidados pela própria Administração. Geralmente, não investe o beneficiário no direito de ser
indenizado.
O poder de convalidar também encontra limites, portanto
não podem ser convalidados: Recusa
• atos válidos ou inexistentes: não existe a possibilidade
de convalidar atos que não sejam inválidos ou que não Ao recusar o que o ato outorga, seu beneficiário o ex-
existam no mundo jurídico; tingue, dado que a aceitação era elemento necessário para
• atos absolutamente nulos: não podem ser convali- que o ato pudesse produzir os efeitos para os quais estava
dados atos que apresentem vícios insanáveis, como, preordenado. A recusa não se confunde com a renúncia, pois
por exemplo, o ato comprovadamente praticado com na recusa rejeita o que não se possui, na renúncia, rejeita
desvio de poder ou desvio de finalidade; o que já se possui. Também não investe o beneficiário no
• atos impugnados judicial ou administrativamente: não direito de ser indenizado.
é possível inovar sobre situação jurídica contestada ou
mesmo resistida;
• atos que geraram direito subjetivo ao beneficiá­rio, PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
entre outros.
Introdução
Cassação
Para realizar suas atividades, a Administração Pública
Ocorre em decorrência do descumprimento das condi- detém prerrogativas ou poderes que permitem à autoridade
ções que deveriam ser atendidas pelo administrado para remover os interesses particulares que se opõem ao interesse
continuar merecedor do desfrute. Ex.: alguém obteve uma público. Os poderes e deveres do Administrador Público são os
permissão para explorar um serviço público, porém des- expressos em lei, os impostos pela moral administrativa e os
cumpriu uma das condições para a prestação desse serviço. exigidos pelo interesse da coletividade. Cada agente público é
investido da necessária parcela de poder para o desempenho
Caducidade de suas atribuições. Esse poder é para ser usado normalmente
como atributo do cargo ou da função, e não como privilégio da
É a cessação dos efeitos do ato em razão de uma lei su- pessoa que o exerce. É esse poder que empresta autoridade
perveniente, com a qual esse ato é incompatível. Ex.: reti­rada ao agente público quando recebe da lei competência decisória
da licença para dirigir, outorgada a menor de idade, em face e força para impor suas decisões aos administrados.
Direito Administrativo

da vigência de lei que impede o menor de dirigir. Nessas condições, o poder de agir se converte no dever
de agir. Assim, se no Direito Privado o poder de agir é uma
Mera Retirada faculdade, no Direito Público é uma imposição, um dever
para o agente que o detém, pois não se admite a omissão
É a revogação de um ato administrativo que ainda não da autoridade diante de situações que exijam sua atuação.
começou a produzir efeitos. Não se confunde com a revo-
Poder-Dever de Agir
46
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciá-
ria/2013. O poder do agente significa um dever diante da socie-
47
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
Administrativa/2010. dade. Só aquele que o detém está sempre na obrigação de

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exercitá‑lo. Pelo princípio da indisponibilidade do interesse cargo de servidor público estável que não seja eficiente (art. 41,
público podemos afirmar que ele é irrenunciável, consti- III, da CF), a promoção obrigatória de juízes por merecimento,
tuindo múnus público (encargo) para o agente, ou seja, ele conforme o desempenho (art. 93, II, c, e III, da CF).
é obrigado a agir na defesa dos interesses coletivos.
Corroborando tal afirmação, Meirelles (2005, p. 105) Dever de Probidade
assim manifestou:
É dever do agente agir com honestidade e moralidade.
Se para o particular o poder de agir é uma faculdade, Está constitucionalmente integrado na conduta do agente pú-
para o administrador público é uma obrigação de blico como elemento necessário à legitimidade de seus atos.
atuar, desde que se apresente o ensejo de exercitá‑lo Esse dever impõe ao administrador o desempenho de
em benefício da comunidade. É que o Direito Pú- suas atribuições pautadas em atitudes retas, leais, justas e
blico ajunta ao poder do administrador o dever de honestas, sob pena de ilegitimidade de suas ações.
administrar. Para aqueles que praticam atos de improbidade, a Consti-
tuição Federal prevê punições civis e político‑administrativas,
Confirma tal posição Di Pietro (2008, p. 81): sem prejuízo das sanções penais cabíveis (art. 37, § 4º).
A Lei nº 8.429/1992, que dispõe a respeito das sanções
Embora o vocábulo “poder” dê a impressão de que aplicáveis a agentes públicos que cometem atos de impro-
se trata de “faculdade” da Administração, na reali- bidade administrativa, classifica tais atos em três espécies:
dade trata‑se de “poder‑dever”, já que reconhecido os que importam enriquecimento ilícito (art. 9º), os que
ao poder público para que o exerça em benefício da causam prejuízo ao erário (art. 10) e os que atentam contra
coletividade; os poderes são, pois, irrenunciáveis. os princípios da Administração Pública, sujeitando seus au-
tores a penalidades previamente estabelecidas na própria lei
A liberdade do administrador em deixar de praticar atos (art. 12), além de outras previstas em legislação específica.
de sua competência é muito pouca ou nenhuma. Daí por
que a omissão da autoridade ou o silêncio da administração, Dever de Prestar Contas
quando deve agir ou manifestar‑se, pode gerar a responsabi-
lidade administrativa, civil e até penal para o agente omisso. O dever do agente público que decorre diretamente do
Ainda referindo‑se aos poderes, Meirelles (2005) ensina: princípio da indisponibilidade do interesse público, sendo
inerente à função daquele que administra a coisa pública,
Aos poderes administrativos contrapõem alguns de- denomina-se dever de prestar contas.48
veres, como a eficiência, a probidade e, uma vez que O agente deve prestar contas de todos os seus atos,
a prestação de contas que o administrador não é pro- não só da gestão de dinheiros públicos (art. 70, CF) como
prietário e sim gestor dos negócios públicos, razão pela de todos os atos de governo (arts. 49, IX, e 71, I, da CF) e
qual não constituir‑se mera faculdade, mas poder‑dever. de administração (art. 5º, XXXIV, c, da CF). É da essência da
gestão de bens, direitos e serviços alheios o dever de prestar
Basicamente, são três os principais deveres do adminis- contas. Com a Administração Pública não poderia ser dife-
trador público: o dever de eficiência, o dever de probidade rente, trata‑se da prestação de contas sobre a gestão de um
e o dever de prestar contas. Vejamos: patrimônio pertencente à coletividade.
O dever de prestar contas alcança não só os administra-
Dever de Eficiência dores de entidades e órgãos públicos como, também enti-
dades paraestatais ou até mesmo particulares que recebam
Cabe ao agente agir com a máxima eficiência funcional. subvenções. A regra é universal: quem utilize, arrecade,
O desempenho da atividade administrativa deve ser rápido e guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores
oferecido de forma que satisfaça o interesse do administrado. públicos deve prestar contas (art. 70, parágrafo único).
Reside na necessidade de se tornar cada vez mais qualitativa De acordo com a Constituição Federal, essa prestação de
a atividade administrativa. contas deve ser feita ao órgão legislativo de cada entidade
A eficiência inicialmente foi acolhida pelo ordenamento estatal por meio do Tribunal de Contas competente, que é o res-
jurídico no Decreto-Lei nº 200/1967 ao submeter toda a ati- ponsável pelo controle externo (no âmbito federal, o controle é
vidade administrativa da Administração Federal ao controle feito pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Con-
de resultado (arts. 13 e 25, V), ao fortalecer o sistema de tas da União), e ao sistema de controle interno de cada poder.
mérito (art. 25, VII), e ao sujeitar a Administração Indireta
à supervisão ministerial quanto à eficiência administrativa
(art. 26, III). Atualmente promovida a princípio, a eficiência Uso e Abuso do Poder
é de observância obrigatória em toda a Administração Direta
e Indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, Em um Estado democrático de Direito como o nosso, no
do Distrito Federal e dos Municípios (art. 37, caput, da CF). qual a Constituição Federal assim o declara em seu art. 1º,
O princípio da efi­ciência pressupõe o dever de bem adminis- impõe-se à Administração que somente atue nos estritos
Direito Administrativo

trar, impondo ao administrador a obrigação de realizar suas limites da legalidade.


atribuições com rapidez, perfeição e rendimento. Nada justi- O uso de poderes administrativos tem por objetivo im-
fica qualquer procrastinação, aliás, é justamente essa atitude pedir o arbítrio, a violência, as perseguições ou favoritismos
do agente público que pode levar o Estado a indenizar os governamentais, que são desnecessários para atingir a finali-
prejuízos que o atraso possa vir a ocasionar ao administrado. dade do Estado e, por conseguinte da própria Administração,
Após a EC nº 19/1998, que adicionou a efi­ciência no texto sendo justamente por esse motivo que devem estar submeti-
constitucional, vários dispositivos foram adicionados à Carta dos à lei e principalmente ao princípio da proporcionalidade.
Magna objetivando o seu cumprimento, tais como a razoável du- Nesse sentido, Gasparini (2006, p. 142) pronunciou-se:
ração do processo e os meios que garantem a celeridade de sua
tramitação (art. 5º, LXXVIII, da CF), a possibilidade de perda do Esaf/TSIET/DNIT/Estradas/2013.
48

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Destarte, o  uso do poder só se legitima quando legislador utilizando-se de meios ou motivos imorais para
normal, isto é, quando aplicado para a consecução agir. Este ato é sempre consumado às escondidas ou se apre-
de interesses públicos e na medida em que for ne- senta disfarçado sob o manto da legalidade e do interesse
cessário para satisfazer tais interesses. público. Pode-se citar como exemplo uma desapropriação
por utilidade pública visando atender interesses próprios ou
O uso do poder é prerrogativa da autoridade, porém a favorecer interesses parti­culares ou, ainda, como instru-
deve guardar conformidade com o que a lei dispuser; não é mento de vingança. Entre os elementos indiciários do desvio
incondicionado ou ilimitado. de finalidade está a falta de motivo ou a discordância dos
O uso anormal do poder é o que caracteriza o abuso motivos com o ato praticado.
de poder; é a circunstância que torna ilegal, total (desvio No desvio de finalidade o ato administrativo é ilegal, não
de finalidade) ou parcialmente (excesso de poder), o  ato há como aproveitá-lo, é nulo.
administrativo, ou irregular sua execução (abuso de poder). É um vício que pode ser atacado por meio de ação po-
O abuso de poder ocorre na fase executória do ato ad- pular (art. 2º, parágrafo único, d e e, da Lei nº 4.717/1965),
ministrativo e diz respeito somente aos aspectos materiais e  mandado de segurança (art.  5º, LXIX, da CF e Lei
de sua concretude. nº 12.016/2009), constituindo também abuso de autoridade
Ocorre o abuso de poder quando a autoridade, embora (Lei nº 4.898/1965).
competente para a prática do ato, ultrapassa os limites de
sua atribuição (excesso) ou se desvia das finalidades admi- Abuso de Autoridade – Lei nº 4.898/1965
nistrativas (desvio).
O abuso de poder, pela própria natureza do fato em si, A Lei nº 4.898/1965 regula o direito de representação e
configura-se como ilegalidade, por isso pode ser revisto tanto o processo de responsabilidade administrativa, civil e penal,
administrativa (direito de petição – art. 5º, XXXIV, a, da CF) nos casos de abuso de autoridade.
quanto judicialmente (habeas data – art. 5º, LXXI, da CF e Considera-se autoridade (art.  5º) para efeitos dessa
Lei nº 9.507/1997; mandado de segurança – art. 5º, LXIX, da lei: “quem exerce cargo, emprego ou função pública, de
CF e Lei nº 12.016/2009; ação popular – art. 5º, LXXIII, e Lei natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem
nº 4.717/1965; direito de representação nos casos de abuso remuneração.”
de autoridade – Lei nº 4.898/1965). Cabe lembrar que o abuso de poder pode ocorrer de
O uso do poder é lícito; o abuso, sempre ilícito. Daí por duas formas:
que todo ato abusivo é nulo, por excesso ou desvio de poder. a) Por excesso de poder: quando a autoridade, embora
O abuso de poder pode ocorrer de duas formas: competente para praticar o ato, vai além do permitido
(comete um plus) e exorbita no uso de suas faculdades
Excesso de Poder administrativas.
b) Por desvio de poder ou desvio de finalidade: quando a
Ocorre quando a autoridade, embora competente para autoridade, embora atuando nos limites de sua competência,
praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetiva-
suas faculdades administrativas. Essa conduta provoca a dos pela lei ou exigidos pelo interesse público.
ilegitimidade do ato de forma parcial ou total, incidindo
sempre durante a execução do ato autorizado por lei. Pode
Direito de Representação
ser caracterizada pelo descumprimento frontal da lei (quan-
do a autoridade age claramente além de sua competência)
Para exercer esse direito de representação, nos crimes de
ou quando contorna dissimuladamente as limitações da
abuso de autoridade, o interessado representará mediante
lei (quando a autoridade se arroga poderes que não lhe
são atribuídos legalmente). Para Gasparini (2006, p. 145), petição dirigida à autoridade (civil ou militar) superior que
o conceito de excesso de poder é o seguinte: tiver atribuição legal para apurar e aplicar a respectiva sanção
ou ao órgão do Ministério Público que tiver competência para
Há excesso de Poder quando o próprio conteúdo (o iniciar o processo (art. 2º).
que o ato decide) vai além dos limites legais fixados.
O excesso amplia ou restringe o conteúdo. Condutas que Caracterizam Abuso de Autoridade

Embora aparente semelhança com o vício conhecido por Segundo a Lei nº  4.898/1965 (arts.  3º e 4º), constitui
“desvio de finalidade”, com ele não se confunde. No desvio abuso de autoridade qualquer atentado:
de finalidade o ato administrativo é ilegal, portanto nulo.
No excesso de poder o ato praticado não é nulo por inteiro; a) à liberdade de locomoção;
prevalece naquilo que não exceder. b) à inviolabilidade do domicílio;
O excesso de poder é uma forma de abuso que retira a c) ao sigilo da correspondência;
legitimidade da conduta do administrador, colocando-o na d) à liberdade de consciência e de crença;
ilegalidade (art. 5º, LXIX, da CF) e até mesmo no crime de e) ao livre exercício do culto religioso;
Direito Administrativo

abuso de autoridade, quando incidir nas previsões penais f) à liberdade de associação;


da Lei nº 4.898/1965. g) aos direitos e garantias legais assegurados ao
exercício do voto;
Desvio de Poder ou Desvio de Finalidade h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
Verifica‑se esta espécie de abuso quando a autoridade, j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exer-
embora atuando nos limites de sua competência, pratica o cício profissional;
ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela k) ordenar ou executar medida privativa da liberdade
lei ou exigidos pelo interesse público. Constitui-se na vio- individual, sem as formalidades legais ou com abuso
lação ideológica da lei, pois busca fins não desejados pelo de poder;

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l) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a finalidade do Estado e, por conseguinte, da própria Adminis-
vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; tração, que é o bem comum.
m) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz com- Nesse sentido, ensina Hely Lopes Meirelles (2005, p. 116):
petente a prisão ou detenção de qualquer pessoa;
n) deixar o juiz de ordenar o relaxamento de prisão Os poderes administrativos nascem com a Adminis-
ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; tração e se apresentam diversificados segundo as
o) levar à prisão e nela deter quem quer que se pro- exigências do serviço público, o interesse da coleti-
ponha a prestar fiança, permitida em lei; vidade e os objetivos a que se dirigem.
p) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial
carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra Os poderes administrativos são inerentes à Administra-
despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em ção de todas as entidades estatais (União, Estados, Distrito
lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; Federal e Municípios) na proporção e limites de suas com-
q) recusar o carcereiro ou agente de autoridade petências institucionais. Podem ser utilizados isoladamente
policial recibo de importância recebida a título de ou em conjunto para a consecução do mesmo ato, como
carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer ocorre, por exemplo, com o ato de polícia administrativa,
outra despesa; que normalmente é precedido de uma regulamentação
r) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa do Executivo (poder regulamentar), em que a autoridade
natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou escalona e distribui as funções dos agentes fiscalizadores
desvio de poder ou sem competência legal; (poder hierárquico), concedendo-lhes atribuições vinculadas
s) prolongar a execução de prisão temporária, de (poder vinculado) ou discricionárias (poder discricionário)
pena ou de medida de segurança, deixando de para a imposição de sanções aos infratores (poder de polícia).
expedir em tempo oportuno ou de cumprir imedia- Nesse sentido, ensina Di Pietro (2008):
tamente ordem de liberdade.
Todos eles encerram prerrogativas da autoridade,
Sanções as  quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas
nos limites da lei.
Segundo a lei, aquele que pratica abuso de autoridade
está sujeito à responsabilidade administrativa, civil e penal; Feitas essas considerações, agora vamos estudar os
autônoma ou cumulativamente (art. 6º). poderes administrativos um a um:

Poder Vinculado
Sanção Administrativa (art. 6º, § 1º)
As sanções administrativas consistem em:
É aquele cujos requisitos (competência, forma, finalida-
a) advertência;
de, motivo e objeto) estão previamente estabelecidos na
b) repreensão;
lei. A norma legal condiciona a expedição do ato aos dados
c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de constantes de seu texto. A administração fica sem liberdade
cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e para a expedição do ato. É a lei que regula o comportamento
vantagens; a ser seguido. Ex.: aposentadoria compulsória aos 70 anos.
d) destituição de função; A atuação vinculada impõe ao administrador a obrigação
e) demissão; de conduzir-se rigorosamente em conformidade com os
f) demissão, a bem do serviço público. parâmetros legais, diferentemente do poder discricionário,
em que o administrador tem a prerrogativa de decidir qual
A pena deverá ser aplicada de acordo com a gravidade a conduta mais adequada à satisfação do interesse público.
do abuso cometido. Se todos os elementos do ato têm previsão legal, bastará
para o controle da legalidade. Havendo adequação entre os
Sanção Civil (art. 6º, § 2º) seus elementos, o ato será válido; se não houver, haverá vício
A sanção civil será aplicada de acordo com a extensão de legalidade passível de controle pela própria Administração
do dano. ou pelo Poder Judiciário.
O controle de legalidade feito pela própria Administração
Sanção Penal (art. 6º, § 3º) pode atingir todos os elementos/requisitos (competência,
A sanção penal será aplicada de acordo com as regras do forma, finalidade, motivo e objeto) do ato administrativo,
Código Penal e consistirá em: porém o controle de legalidade feito pelo Poder Judiciário
a) multa; abrange apenas os requisitos que são sempre vinculados
b) detenção; em todos os atos administrativos (competência, forma e
c) perda do cargo e inabilitação para o exercício de finalidade), inclusive naqueles que são discricionários.
qualquer outra função pública por prazo de até três anos
(quando a autoridade for policial-civil ou militar, poderá ser Poder Discricionário
Direito Administrativo

cominada a pena autônoma ou acessória de não poder o


acusado exercer funções de natureza policial ou militar no É a faculdade conferida à autoridade administrativa para,
município da culpa, por prazo de um a cinco anos). diante de certa circunstância, optar entre várias soluções
possíveis por aquela que melhor atenda ao interesse público.
Poderes Administrativos Há um juízo de conveniência e oportunidade49. Ex.: pedido
de porte de armas (a Administração pode ou não deferir o
É o conjunto de prerrogativas conferidas aos agentes pedido após analisar o caso).
públicos que permitem ao Estado que alcance os seus fins.
Os poderes administrativos nascem com a Administração Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá-
49

e constituem-se em instrumentos necessários para atingir a ria/2010.

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Acontece que, muitas vezes, a lei não é capaz de traçar competem ao delegante. As  delegações são admissíveis,
todas as condutas de um agente público. Por mais que se pro- desde que expressamente prevista em lei. No âmbito admi-
cure definir elementos que lhe restringem a atuação, é certo nistrativo, as delegações são frequentes e, como emanam
que, em algumas situações, a própria lei lhe oferece a opor- do poder hierárquico, não podem ser recusadas pelo subor-
tunidade de avaliar a conveniência e oportunidade dos atos dinado. Não podem ser objeto de delegação as atribuições
que vai praticar na qualidade de administrador dos interesses de caráter exclusivo do órgão ou da autoridade. (Art. 13, I,
coletivos. É justamente nessa prerrogativa de valoração que da Lei nº 9.784/1999).
se situa o poder discricionário. Conveniência e oportunidade Avocar é chamar a si funções originariamente atribuí­
são os elementos nucleares do poder discricionário. das a um subordinado. Só pode ser adotada pelo superior
A conveniência indica em que condições vai se conduzir hierárquico e quando houver motivos relevantes para tal
o agente; a oportunidade diz respeito ao momento em que (art. 15 da Lei nº 9.784/1999).52
a atividade deve ser produzida, ressaltando-se que essa Rever atos de inferiores é apreciá-los em todos os seus
liberdade de escolha tem que se conformar com a finalida- elementos (competência, forma, finalidade, motivo, objeto),
de, sob pena de não ter sido atingido seu objetivo, que é o a fim de mantê-los ou invalidá-los, de ofício ou por provoca-
interesse coletivo. ção do interessado. A revisão hierárquica é possível enquanto
A discricionariedade tanto pode concretizar-se no mo‑ o ato não se tornou definitivo para a administração, ou não
mento em que o ato é praticado, quanto a posteriori, no criou direito subjetivo para o interessado.
momento em que a Administração decide por sua revoga‑ c) decidir conflitos de atribuições (choque de competência).
ção50. Entretanto, não pode ser exercida arbitrariamente. Não existe hierarquia no judi­ciário e no legislativo em
É  necessário que haja adequação (razoabilidade) entre a suas funções essenciais. A hierarquia é privativa da função
conduta escolhida pelo agente e a finalidade exigida pela executiva.
norma. Se a conduta escolhida não está de acordo com a
finalidade da norma, ela é ilegítima e deve ser objeto de Poder Disciplinar
controle judicial.
Outro fator importante para se evitar o uso indevido da É o poder atribuído a autoridades administrativas, com
discricionariedade é a verificação dos motivos inspiradores o objetivo de apurar e punir faltas funcionais53. O poder
da conduta. Se o agente não permite o exame dos fundamen- disciplinar não se confunde com o poder punitivo do Esta-
tos de fato ou de direito que basearam sua decisão, haverá, do por meio da justiça penal. Ele só abrange as infrações
no mínimo, fundada suspeita de má utilização do poder relacionadas com o serviço54. O poder de aplicar a pena é o
discricionário e de desvio de finalidade. Tanto a razoabilidade poder‑dever, ou seja, o superior não pode ser condescenden-
quanto a verificação dos motivos constituem meios de evitar te na punição, ele não pode deixar de punir. É considerada a
o uso indevido da discricionariedade, possibilitando a revisão condescendência, na punição, crime contra a Administração
da conduta administrativa no âmbito da própria administra- Pública (art. 320 do Código Penal).
ção ou pelo Poder Judiciário. O que se veda ao Judiciário é O poder disciplinar aplica-se aos servidores públicos
apenas a aferição da conveniência e oportunidade firmados hierarquicamente subordinados, bem como àqueles dota-
em parâmetros legais; a ilegalidade sempre será passível de dos de autonomia funcional.55
sua revisão (art. 5º, XXXV, da CF). A doutrina aponta o poder disciplinar como discricio-
nário, o que deve ser entendido em seus devidos termos.
Súmula nº 346, 1963/STF: A Administração Pública A Administração não tem liberdade de escolha entre punir e
pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. não punir, a discricionariedade está justamente na natureza
e gravidade da penalidade a ser aplicada.
Súmula nº 473, 1969/STF: A Administração pode Por outro lado, no mesmo diploma legal, temos casos
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios vinculados, afirmando expressamente os casos em que será
que os tornam ilegais, porque deles não se originam aplicada a penalidade de demissão:
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência É certo que a discricionariedade existe, mas é limita‑
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, da, uma vez que nenhuma penalidade pode ser aplicada
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. sem prévia apuração por meio de procedimento legal,
sem a devida motivação (art. 128, parágrafo único, da Lei
Poder Hierárquico nº 8.112/1990)56 e sem os meios que lhe assegurem o con‑
traditório e a ampla defesa (art. 5º, LV, da CF).57
É o poder por meio do qual “os órgãos e respectivas
funções são escalonados numa relação de subordinação Poder Regulamentar (ou Normativo)
e de crescente responsabilidade”51. Do poder hierárquico
decorrem faculdades para o superior, tais como: É o poder conferido aos Chefes do Executivo para editar
a) Dar ordens e fiscalizar seu cumprimento: dar ordens é decretos e regulamentos com a finalidade de oferecer fiel
determinar, especificamente, aos subordinados os atos que execução à lei, ou completá‑las, se for o caso58. Decorre de
devem praticar ou a conduta a ser seguida em caso concreto; disposição constitucional (art. 84, IV, CF/1988). Por viabilizar
Direito Administrativo

fiscalizar é vigiar permanentemente os atos praticados pelos


subordinados, com o intuito de mantê-los dentro dos pa- 52
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
drões legais regulamentares instituídos para cada atividade – I/2010.
53
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá-
administrativa. Impõe ao administrado obediência, sob pena ria/2010.
de responsabilização. 54
FCC/TCE-SP/Auditor/2013.
b) Delegar e avocar atribuições e rever atos dos inferiores: 55
FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto de Conselheiro/2010.
56
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
delegar é conferir a outrem atribuições que originariamente – I/2010.
57
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
Cespe/AJ/CNJ/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013.
50
– I/2010.
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá-
51 58
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TCE-SP/Auditor/2013 e FCC/TRE-RS/
ria/2010. Analista Judiciário/Área Judiciária/2010.

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sua execução, ao poder regulamentar não cabe contrariar administração pública que, limitando ou disciplinan-
a lei, sob pena se sofrer invalidação. Seu exercício somente do direito, interesse ou liberdade, regula a prática
pode dar‑se em conformidade com o conteúdo da lei e nos de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
limites que ela impuser. público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
No poder de chefiar a Administração, o poder de regu- aos costumes, à disciplina da produção e do mercado,
lamentar a lei e suprir com normas próprias as omissões do ao exercício de atividades econômicas dependentes
Legislativo (desde que esteja no âmbito de sua competência) de concessão ou autorização do Poder Público, à tran-
faz‑se necessário, uma vez que a imprevisibilidade de certos quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
fatos e circunstâncias, que surgem, reclamam providências direitos individuais ou coletivos.
imediatas da Administração, impondo aos Chefes do Executi-
vo o poder de regulamentar, por meio de decreto, as normas A competência para exercer o poder de polícia é, em prin-
legislativas incompletas, ou de prover situações não previstas cípio, da pessoa federativa (arts. 21, 22, 25 e 30 da CF) à qual
pelo legislador, mas que ocorrem na prática administrativa. a Constituição Federal atribuiu o poder de regular a matéria
Tal poder compreende a edição de decretos autônomos, (poder de polícia originário), ou seja, os assuntos de interesse
restringindo-se estes às hipóteses decorrentes de exercício nacional ficam sujeitos a regulamentação e a policiamento
de competência própria, outorgada diretamente pela da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às
Constituição.59 normas e à polícia estadual; e os assuntos de interesse local
O regulamento é ato administrativo geral e normativo, subordinam-se às normas e à polícia municipal. Aquelas
expedido privativamente pelos Chefes do Executivo, por em que a competência for concorrente ensejam o exercício
meio de decreto, com o fim de explicar o modo e forma conjunto do poder de polícia (art. 24 da CF).
de execução da lei (regulamento de execução) ou prover Por fim, o poder de polícia pode ser originário ou dele-
situações não disciplinadas em lei (regulamento autônomo gado. O poder de polícia originário é, conforme visto acima,
ou independente). aquele exercido pelas pessoas federativas; nascem com
Na omissão da lei o regulamento supre a lacuna, até que elas. Já o poder de polícia delegado é aquele outorgado às
o legislador a complete. Enquanto não fizer, o regulamento pessoas administrativas do Estado, integrantes da chamada
tem plena validade, desde que não invada matéria reservada Administração Indireta. Cabe ressaltar que a doutrina, em
à lei. sua maioria, não admite a delegação do poder de polícia
Caso contrário, quando a lei trouxer a recomendação de a pessoas da iniciativa privada, ainda que prestadores de
ser regulamentada, ela não será exequível antes da expe- serviços de titularidade do Estado, porque o poder de im-
dição do decreto regulamentar. Caso a lei estabeleça prazo pério é próprio e privativo do Poder Público. Nesse sentido,
para a expedição da regulamentação, decorrido este sem a temos o disposto no art. 4º, III, da Lei nº 11.079, que regula
publicação do decreto, os destinatários da norma podem as denominadas parcerias público-privadas:
invocar seus preceitos e auferir todas as vantagens dela
decorrentes. Todavia, se o regulamento for imprescindível Art. 4º Na contratação de parceria público-privada
para a execução da lei, o beneficiário poderá utilizar‑se de serão observadas as seguintes diretrizes:
mandado de injunção para obter a norma regulamentadora [...]
(art. 5º, LXXI). III – indelegabilidade das funções de regulação, juris-
Cabe ao Congresso Nacional sustar os atos normativos dicional, do exercício do poder de polícia e de outras
dos Chefes do Executivo que exorbitem do poder regula‑ atividades exclusivas do Estado.
mentar60 (art. 49, V, da CF).
Há também outros atos normativos que, editados por O que autoriza o Poder Público a condicionar ou res-
outras autoridades administrativas, se caracterizam como tringir o exercício de direitos e a atividade dos parti­culares
inseridos no poder regulamentar. É o caso de instruções é a supremacia do interesse público sobre o interesse
normativas, resoluções, portarias, regimento, entre outros. particular; eis a sua finalidade (razão) e o seu fundamento.
Tais atos têm um círculo de aplicação mais restrito. A finalidade do poder de polícia é o interesse coletivo e o seu
fundamento está na supremacia geral que o Estado exerce
Poder de Polícia em seu território sobre todas as pessoas, bens e atividades,
supremacia que se revela nos mandamentos constitucionais
É o poder conferido à Administração para condicionar, e nas normas de ordem pública, que a cada passo opõem
restringir, frenar o exercício de direitos e atividades dos condicionamentos e restrições aos direitos individuais em
particulares em nome dos interesses da coletividade. Essa favor da coletividade, incumbindo ao Poder Público o seu
é uma definição construída pela doutrina. Existe, no entan- policiamento administrativo.
to, uma definição legal do poder de polícia que também
surge como fato gerador do gênero tributo, a taxa. Está Finalidade
prevista nos arts. 77 e 78, do Código Tributário Nacional (Lei A finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse
nº 5.172/1966), que assim dispõem: público no seu sentido mais amplo. Nesse interesse superior
da coletividade, entram não só os valores materiais como,
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, também, o patrimônio moral e espiritual do povo, expresso
Direito Administrativo

pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbi- na tradição, nas instituições e nas aspirações nacionais da
to de suas respectivas atribuições, têm como fato maioria que sustenta o regime político adotado e consagra-
gerador o exercício regular do poder de polícia, ou do na Constituição e na ordem jurídica vigente. Desde que
a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público ocorra um interesse púbico relevante, justifica-se o exercício
específico e divisível, prestado ao contribuinte ou do poder de polícia da Administração para a contenção de
posto à sua disposição. atividades particulares antissociais.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da
59
FCC/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Ministério Público Junto ao Tribunal
Condições de Validade
de Contas/2010. As condições de validade do ato de polícia são as mesmas
60
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho do ato administrativo comum: a competência, a finalidade e a
Substituto – I/2010 e FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área Judiciá­ria/2010.

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forma, acrescidas da proporcionalidade da sanção e da lega- • Polícia dos logradouros públicos: destinada à proteção
lidade dos meios empregados pela Administração. da tranquilidade pública.
A competência, a finalidade e a forma são condições • Polícia sanitária: voltada à defesa da saúde pública e
gerais de eficácia de todo ato administrativo, a cujo gênero incidente em vários campos, como a polícia de medica-
pertence a espécie ato de polícia. mentos, das condições de higiene nas casas de pasto,
A proporcionalidade entre a restrição imposta pela dos índices acústicos toleráveis.
Administração e o benefício social que se tem em vista • Polícia da atmosfera e das águas: para impedir suas
constitui requisito específico de validade do ato de polícia, respectivas poluições.
como também a correspondência entre a infração cometida • Polícia edilícia: relativa às edificações, entre outras.
e a sanção aplicada, quando se tratar de medida punitiva.
Sacrificar um direito ou uma liberdade do indivíduo sem Note que todos os setores acima citados são apenas
vantagem para a coletiva invalida o fundamento social do exemplificativos, outros, portanto existem. O importante,
ato de polícia, pela desproporcionalidade da medida. Des- entretanto, é saber que todos esses campos estão marcados
proporcional também é o ato que aniquila a propriedade pelas características aqui estudadas, referente ao pode de
ou a atividade a pretexto de condicionar o uso do bem ou polícia.
de regular a profissão.
Polícia Administrativa X Polícia Judiciária
Já a legalidade dos meios empregados pela Administra-
O poder de polícia pode ser exercido de duas formas
ção é o último requisito para a validade do ato de polícia. distintas: a polícia administrativa e a polícia judiciária. Antes
Na escolha do modo de efetivar as medidas de polícia, não de traçar as diferenças entre cada um desses setores, cabe
se compreende o poder de utilizar meios ilegais para sua ressaltar que ambos se enquadram no âmbito da função
consecução, embora lícito e legal o fim pretendido. administrativa, ou seja, representam atividades de gestão
de interesses públicos.
Liberdades Públicas e Poder de Polícia A polícia administrativa é atividade da Administração
O exercício dos direitos individuais deve ser compatível que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se completa no
com o bem estar-social ou com o próprio interesse da Ad- âmbito da função administrativa, e é executada por órgãos
ministração Pública. Por vezes, os direitos individuais encon- administrativos de caráter mais fiscalizador. O mesmo não
tram-se plenamente delineados na lei, outras vezes, cabe à ocorre com a polícia judiciária, que, embora seja atividade
Administração Pública, nos limites legais, reconhecê-los e administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional e
aplicá-los ao caso concreto. é executada por órgãos de segurança.
Convém destacar, todavia, que cabe ao Poder Legislati- O objeto do poder de polícia administrativa é todo bem,
vo criar as limitações administrativas, porém sua aplicação direito ou atividade individual que possa afetar a coletivi-
concreta compete à Administração Pública que determinará, dade ou pôr em risco a segurança nacional.61
segundo as circunstâncias. Alguns doutrinadores tentam atribuir como traço mar-
Desse modo, a Administração Pública regulamenta as cante para a polícia administrativa atuar preventivamente e
leis e controla sua aplicação, por meio de ordens, licenças, para a polícia judiciária agir repressivamente. Essa afirmação,
autorizações e notificações, agindo de forma repressiva ou entretanto, não é absoluta, pois as duas podem agir das
preventiva. duas formas.
Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, há o poder Senão vejamos:
de polícia em sentido amplo, sendo uma atividade estatal, A polícia administrativa age preventivamente, quando,
abrangendo tanto os atos do Legislativo quanto do Executivo, por exemplo, visita um estabelecimento comercial e orienta
que condicionam a liberdade e a propriedade, se ajustando os comerciantes quanto à proibição de expor à venda produ-
aos interesses coletivos, e o conceito de poder de polícia em tos impróprios para o consumo, mas na maioria das vezes a
vemos agindo repressivamente, geralmente motivada por
sentido restrito, que compreende apenas atos do Poder Exe-
denúncia, pois quando chega ao estabelecimento já se depa-
cutivo, sendo destinado a alcançar o mesmo fim de prevenir
ra com mercadorias sendo vendidas sem a higiene adequada,
e obstar ao desenvolvimento de atividades particulares que devendo então proceder à apreensão da mercadoria, à apli-
contrastam com os interesses sociais, relacionando-se, assim, cação de multa e a interdição da atividade, chegando até
unicamente com as intervenções quer gerais e abstratas, mesmo a fechar o estabelecimento no caso de reincidência.
como os regulamentos, quer concretas e específicas, como Já a polícia judiciária, em regra, age repressivamente,
as autorizações, licenças e injunções. investigando delitos cometidos e aplicando a devida sanção,
mas também pode atuar preventivamente, por exemplo,
Principais Setores de Atuação da Polícia quando faz policiamento de rotina em locais de risco,
Administrativa evitando‑se assim a prática de futuros crimes.
A polícia administrativa manifesta-se em diferentes se- Provada a impropriedade da referida aplicação, procedere-
tores: mos a uma diferenciação que não deixa margem para dúvidas:
• Polícia de caça: destina-se à proteção da fauna ter-
restre.
Direito Administrativo

Polícia Administrativa X Polícia Judiciária


• Polícia de pesca: destinada à proteção da fauna aquá-
Atua sobre bens, direitos e X Atua sobre pessoas.
tica.
atividades.
• Polícia de divertimentos públicos: visando à defesa
dos valores sociais suscetíveis de serem feridos por Direito Administrativo. X Direito Penal/Proces­
sual112.
espetáculos teatrais, cinematográficos.
• Polícia de pesos e medidas: para a fiscalização dos pa- Inicia e encerra sua atividade X Inicia na Administração
drões de medida, em defesa da economia popular. na Administração. e prepara a atuação dos
órgãos jurisdicionais.
• Polícia de tráfego e trânsito: para garantia da ordem e
segurança nas vias e rodovias, afetável por motivo de
circulação nelas. Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
61

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Ex.: qualquer setor onde as É privativa de corporações regulamento pertinente. Não se confunde discricionarie-
normas de polícia se fazem especializadas (Polícia Civil dade com arbitrariedade. Discricionariedade é liberdade
sentir: Polícia de trânsito, Po- e Militar). de agir dentro dos limites legais; arbitrariedade é ação
lícia sanitária, Polícia de pesca, fora ou excedente da lei, com abuso ou desvio de poder
até a própria Polícia Militar. (desvio de finalidade).
62

Abrangência do Poder de Polícia Autoexecutorie­dade


O seu âmbito de incidência é amplo. Pode‑se dizer que É prerrogativa que tem a Administração Pública de exe-
onde houver relevante interesse da coletividade, ou até mes- cutar o ato, por seus meios próprios, sem a necessidade de
mo do Poder Público, há de haver o poder de polícia para dar intervenção do Poder Judiciário. Com efeito, no uso desse
provimento a tais interesses. Ocorre, por exemplo, quando poder, a Administração impõe diretamente as medidas ou
atuar sobre o direito da livre manifestação do pensamento, sanções de polícia administrativa necessárias à contenção
na intervenção da propriedade, no combate ao abuso do antissocial que ela visa impedir64. Se o particular se sentir
poder econômico, a esta ou aquela liberdade, entre outros. prejudicado em seus direitos, poderá reclamar, pela via
adequada, ao Judiciário, que intervirá oportunamente para
Limites do Poder de Polícia a correção de eventual ilegalidade administrativa ou fixação
O exercício do poder de polícia encontra limites no pró- da indenização que for cabível. A autoexecutoriedade auto-
prio princípio da legalidade, uma vez que o setor encarregado riza a prática do ato de polícia administrativa pela própria
de exercer o poder deve ter regulamentação legal, embora administração, independentemente de mandado judicial.
os atos materiais e administrativos em sua maioria guardem A multa de trânsito é uma exceção à regra da autoexecu-
boa dose de discricionariedade. toriedade. Para ser executada, deverá aguardar o prazo para
Outro aspecto, no que concerne aos limites do poder de a defesa de quem foi multado, e sua execução só poderá ser
polícia, diz respeito aos requisitos de validade: competência, efetivada pela via judicial.
forma e finalidade, que são requisitos vinculados em todos os
atos administrativos e surgem como limites para o exercício Coercibilidade
do poder de polícia. Quanto aos requisitos que podem ser Implica a imposição coativa das medidas ou decisões
discricionários, motivo e objeto, deverão sempre atender ao adotadas pela Administração ao administrado, admitindo o
princípio da proporcionalidade dos meios empregados, ou emprego da força – se houver oposição do infrator – dentro
seja, adequação e necessidade entre a restrição imposta e o dos limites da legalidade.
benefício coletivo que será colhido com tal medida. Não existe ato de polícia facultativo para o particular,
Alguns doutrinadores costumam indicar regras a serem todos eles admitem a coerção estatal para torná-los efetivos,
observadas pela polícia administrativa, com o fim de não e essa coerção também independe de autorização judicial.
eliminar os direitos individuais: É a própria Administração que determina e faz executar
as medidas de força necessárias para a execução do ato ou
Necessidade O poder de polícia só deve ser adotado aplicação da penalidade administrativa resultante do exer-
para evitar ameaças reais ou prováveis cício do poder de polícia. A coercibilidade do ato de polícia
de perturbação ao interesse público. justifica o emprego da força física quando houver oposição
do infrator, mas não legaliza a violência desnecessária ou des-
Proporcionalidade É a exigência de uma relação entre proporcional à resistência, que em tal caso pode caracterizar
a limitação ao direito individual e o o excesso de poder e o abuso de autoridade nulificadores do
prejuízo a ser evitado. ato praticado e ensejadores das ações civis e criminais para
Eficácia A medida deve ser adequada para reparação do dano e punição dos culpados.
impedir o dano ao interesse público. Há doutrinadores que sustentam outro atributo:
É por isso que os meios diretos de coação só devem ser Atividade negativa – É atividade negativa no sentido de que
utilizados quando não houver outro meio eficaz para alcançar sempre impõe uma abstenção ao particular; uma obrigação
o mesmo objetivo; se forem desproporcionais ou excessivos de não fazer (BANDEIRA DE MELO, 2008, p.817).
deverão ser invalidados.

Atributos do Poder de Polícia Meios de Atuação


O poder de polícia possui três atributos específicos e No exercício do poder de polícia, a Administração age,
inerentes ao seu exercício: preventivamente, não só por meio de ordens e proibições,
mas, sobretudo, por meio de normas limitadoras e sancio-
Discricionariedade nadoras da conduta daqueles que utilizam bens ou exercem
No poder de polícia, a discricionariedade traduz‑se na atividades que possam afetar a coletividade, estabelecendo
opção legítima que a Administração Pública tem de escolher as denominadas limitações administrativas (obrigação de
o melhor momento para agir, o meio de atuação necessário e fazer, de não fazer, deixar fazer; suportar).
Direito Administrativo

a sanção que mais se enquadra para atingir o fim colimado. Para tanto, o  Poder Público edita leis e os órgãos
Cabe ressaltar que o ato de polícia é, em princípio, executivos expedem regulamentos e instruções fixando
discricionário, mas passará a ser vinculado se a norma as condições e requisitos para o uso da propriedade e o
legal que o rege estabelecer o modo e a forma de sua exercício das atividades que devam ser policiadas. Após as
rea­lização63. Nesse caso, a autoridade só poderá praticá-lo verificações necessárias, é outorgado o respectivo alvará de
validamente atendendo a todas as exigências da lei ou do licença ou autorização.
Os alvarás de licença ou autorização são denominados
62
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área na doutrina de atos de consentimento da Administração
Administrativa/2010.
63
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/
Área Administrativa/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Admi- Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
64

nistrativa/201030. Administrativa/2010.

32

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(atos concretos), ou seja, representam a resposta positiva REGIMES JURÍDICOS DA ADMINISTRAÇÃO
da Administração Pública aos pedidos formulados pelos PÚBLICA
indivíduos que tenham interesse em exercer determinada
atividade que dependa do referido consentimento para ser
considerada legítima. Noções Gerais
Convém, entretanto, estabelecermos a diferença entre
alvará de licença e alvará de autorização. A Administração Pública pode submeter-se a regime
O alvará de licença é ato vinculado e, como regra, defi- jurídico de Direito Público ou de Direito Privado.
nitivo. Consubstancia um direito subjetivo do requerente e A obrigatoriedade de instituir-se um regime ou outro, em
regra, é feito pela própria Constituição Federal ou pela lei.
deve ser expedido desde que satisfeitas todas as exigências
Como exemplo básico, temos o art. 173, § 1º, II, e o art. 175,
estabelecidas nas normas. Só pode ser anulado por ilegalida-
ambos da Constituição Federal.
de na sua expedição; revogado por interesse público super-
Observe o que diz o texto legal:
veniente, devidamente justificado e mediante indenização
caso já iniciadas as obras; ou cassado por descumprimento Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
das normas legais na sua execução. Como exemplo, temos tituição, a exploração direta de atividade econômica
o alvará para construção; satisfeitas as normas edilícias, pelo Estado só será permitida quando necessária aos
necessariamente deve ser expedido. imperativos da segurança nacional ou a relevante
Já o alvará de autorização constitui ato discricionário e interesse coletivo, conforme definidos em lei.
precário. A Administração o concede por liberalidade e desde § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa
que não haja impedimento legal para a sua expedição. Por pública, da sociedade de economia mista e de suas
sua vez, pode ser revogado a qualquer momento e sem in- subsidiárias que explorem atividade econômica de
denização. Como exemplo, temos o uso de um bem público, produção ou comercialização de bens ou de presta-
a autorização para compra de arma de fogo e também para ção de serviços, dispondo sobre:
o seu porte. (Art. 4º e 10 da Lei nº 10.826/2003). I – [...]
Além dos atos normativos e dos atos concretos (atos de II – a sujeição ao regime jurídico próprio das em‑
consentimento), a Administração pode manifestar-se por meio presas privadas, inclusive quanto aos direitos e
de atos de fiscalização. De nada adiantaria a ela poder impor obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
restrições aos indivíduos se não dispusesse de mecanismos III – [...]
necessários à fiscalização de suas condutas. Essa fiscalização Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da
restringe-se à verificação da normalidade do uso do bem pú- lei, diretamente ou sob regime de concessão ou
blico ou da atividade policiada, ou seja, se a sua utilização ou permissão, sempre através de licitação, a prestação
realização condiz com estabelecido no respectivo alvará. Caso de serviços públicos.65
se depare com irregularidade ou infringência legal, é inevitável Parágrafo único. A lei disporá sobre:
que o agente fiscalizador imponha ao administrado alguma I – o regime das empresas concessionárias e per‑
obrigação de fazer ou de não fazer ou aplique-lhe uma sanção, missionárias de serviços públicos, o caráter especial
que deverá ser formalizada por meio do respectivo auto de de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
infração constando a sanção cabível para oportuna execução condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
pela própria Administração, salvo nos casos de multa, que só concessão ou permissão.
poderá ser executada por via judicial.
No art. 173, a Constituição prevê a sujeição ao regime de
Sanções direito privado às empresas públicas, sociedades de economia
Como sanções decorrentes de atos de fiscalização do mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica,
poder de polícia, temos a multa, a demolição de construção, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
a interdição de atividade, a destruição de coisa, a inutilização balhistas e tributárias. Nesse caso, a Constituição não deixou
de bens privados, a cassação de patentes, a proibição de fa- à Administração Pública nem ao legislador infraconstitucional
bricar produtos e tudo o mais que houver de ser impedido em qualquer opção sobre o regime a ser instituído. Já determinou
defesa da moral, da saúde e da segurança pública, bem como que fosse o regime jurídico de direito privado.
da segurança nacional, ou seja, em benefício do interesse O art. 175, por sua vez, outorga ao Poder Público a
coletivo,desde que estabelecidos em lei ou regulamento. incumbência de prestar serviços públicos, podendo fazê-lo
Essas sanções, por ser o ato de polícia autoexecutável, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão e
são impostas e executadas pela própria Administração em o parágrafo único deixa à lei a tarefa de fixar o regime das
procedimentos administrativos compatíveis com as exigên- empresas concessionárias e permissionárias de serviços
cias do interesse público. públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorro-
O que se requer é a legalidade da sanção e a proporcio- gação, bem como as condições de caducidade, fiscalização
nalidade à infração cometida ou ao dano que a atividade e rescisão da concessão ou permissão. Aqui, a Constituição
causa à coletividade ou ao próprio Estado. deixou à lei a opção de adotar entre um regime e outro.
Na esfera federal a Lei nº 9.873/1999 (art. 1º), estabelece Apesar de a Constituição ter deixado ao legislador a opção
Direito Administrativo

o prazo prescricional de cinco anos para a Administração de escolher entre um regime e outro, isso não quer dizer que
apurar infrações no exercício do poder de polícia: a Administração não participe da decisão, muito pelo contrá-
A prescrição também incide no procedimento administra- rio, normalmente é dentro dos órgãos administrativos que
tivo parado por mais de três anos, pendente de julgamento são feitos os estudos técnicos e financeiros que precedem o
encaminhamento do projeto de lei ao Poder Legislativo e res-
ou despacho (§1º do art. 1º da Lei nº 9.873/1999).
pectivamente ao Poder Executivo para sanção e promulgação.
Todavia, quando o fato constituir crime, a prescrição reger-
-se-á pelo Código Penal (§2º do art. 1º da Lei nº 9.873/1999). O que não pode acontecer, de forma alguma, é a Admi-
Por fim, importante saber que o disposto nessa lei não nistração Pública, por ato próprio, optar entre um regime
se aplica a infrações de natureza funcional nem tributária. 65
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto
(§ 5º do art. 1º da Lei nº 9.873/1999) de Conselheiro/2010.

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e outro, se isso não estiver autorizado em lei. Sua atuação Para Maria Sylvia, muitas dessas prerrogativas e restri-
deve sempre estar pautada na lei. É o princípio da legalidade. ções são expressas sob a forma de princípios que informam
É importante também ressaltar que, quando a Administra- o direito público e, em especial, o Direito Administrativo.
ção Pública se submete ao regime jurídico de direito privado, Como o Direito Administrativo não é codificado, os princí‑
em regra, ela se nivela ao particular, mas nunca se despe de pios representam papel relevante nesse ramo do direito, per-
determinados privilégios, como o juízo privativo, por exemplo; mitindo à Administração Pública e ao Judiciário estabelecer
e sempre se submete a restrições concernentes a prática de o equilíbrio necessário entre os direitos dos administrados
seus atos, como a competência, a forma, a finalidade, o pro- e as prerrogativas da administração.
cedimento (da licitação, por exemplo) e a publicidade oficial.
Estabelecidos os regimes jurídicos aos quais a Administra-
Outras vezes, mesmo submetidas às regras privadas, a Admi-
nistração conserva algumas de suas prerrogativas, que der- ção Pública pode sujeitar-se, estudaremos agora os princípios
rogam parcialmente o direito comum, na medida necessária inerentes ao regime jurídico administrativo.
para adequar o meio utilizado ao fim público desejado pela lei.
Em outras palavras, é o entendimento de Maria Sylvia PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Zanella Di Pietro (2008, p. 59):
Noções Gerais
A norma de direito público sempre impõe desvios
ao direito comum, para permitir à Administração
Conforme ensina Diógenes Gasparini, princípios são
Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que
o ordenamento jurídico lhe atribui, e ao mesmo tem- proposições que alicerçam ou embasam um sistema e lhe
po, preservar os direitos dos administrados, criando garantem a validade. Geralmente não estão hierarquizados
limitações à atuação do Poder Público. nem positivados, mas devem ser observados em toda atua­
ção administrativa.
Regime Jurídico Administrativo e sua Relação Corroborando o entendimento do ilustre doutrinador, tem-
com os Direitos Individuais -se a jurisprudência de Pretório Excelso, que assim acentuou:

A expressão regime jurídico da Administração Pública é Os princípios podem estar ou não explicitados em
utilizada para indicar, em sentido amplo, os regimes jurídicos normas. Normalmente sequer constam de texto
de direito público e o regime jurídico de direito privado que regrado. Defluem no todo do ordenamento jurídico.
a Administração Pública pode se submeter. Já a expressão
Encontram-se ínsitos, implícitos no sistema, perme-
regime jurídico administrativo decorre das regras do Direito
ando as diversas normas regedoras de determinada
Administrativo, onde a Administração Pública é colocada
numa posição privilegiada, de superioridade, na relação matéria. O  só fato de um princípio não figurar no
jurídico-administrativa, porém está sujeita às regras impostas texto constitucional não significa que nunca teve
pela lei (princípio da legalidade). relevância de princípio (RE nº 160.381/SP).
Daí poder se dizer que o regime jurídico administrativo ca-
racteriza-se por duas ideias opostas: prerrogativas e sujeições. Princípios Constitucionais Explícitos que Regem a
As prerrogativas são conferidas à Administração Pública Administração Pública – art. 37, caput
em nome da supremacia do interesse público sobre o inte‑
resse privado. Com base nessa supremacia, o Poder Público
pode, por exemplo, desapropriar bens particulares, requisitar L EGALIDADE
bens e serviços, instituir servidão, ocupar temporariamente I MPESSOALIDADE
imóvel alheio, impor medidas de polícia. Além das prerrogati- M ORALIDADE
vas, a Administração ainda goza de determinados privilégios P UBLICIDADE
como a imunidade tributária, prazos em quádruplo para
contestar e em dobro para recorrer, juízo privativo, processo E FICIÊNCIA
especial de execução (precatórios – art. 100, da CF), além da
presunção da legitimidade dos atos que pratica. Princípios Informativos ou Implícitos
Já as sujeições são impostas para que ela atue estritamen-
te de acordo com a legalidade, a moralidade administrativa e Supremacia do Interesse Público sobre o Privado
a finalidade pública que deve perseguir e da qual não pode Indisponibilidade do Interesse Público
dispor, pois o interesse não é dela, e sim da coletividade. Continuidade do Serviço Público
Dentre tais sujeições, temos a obrigatoriedade de dar pu-
blicidade aos atos administrativos e, como decorrência dos Finalidade
mesmos, a sujeição à realização de concurso público para Autotutela
seleção de pessoal e de concorrência pública para contratar Razoabilidade
com particulares. Se não observadas implicam em desvio de Proporcionalidade
Direito Administrativo

poder e, por conseguinte a nulidade dos atos praticados. Motivação


Neste sentido é o ensinamento de Maria Sylvia Di Pietro
(2008, p. 61), que assim dispõe: Segurança Jurídica
Hierarquia
Ao mesmo tempo em que as prerrogativas colocam a Especialidade
Administração em posição de supremacia perante o
particular, sempre com o objetivo de atingir o beneficio Controle ou Tutela
da coletividade, as restrições a que está sujeita limi- Probidade Administrativa
tam a sua atividade a determinados fins e princípios
que, se não observados, implicam desvio de poder O princípio da moralidade e o da eficiência estão
e consequente nulidade dos atos da Administração. expressamente previstos na CF, ao passo que o da propor-

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cionalidade constitui princípio implícito, não positivado no Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
texto constitucional.66 contra os Princípios da Administração Pública negar publici-
dade aos atos oficiais.
Princípios Constitucionais da Administração Pública
Exceções ao princípio da publicidade:
Legalidade (art. 37, caput, da CF; art. 5º, II, da CF)
São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
É princípio básico de todo Estado de Direito e também de e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
toda Administração Pública na execução de suas atividades. denização pelo dano material ou moral decorrente
A atuação administrativa deve estar pautada na lei. A doutrina de sua violação (Art. 5º, X da CF).
costuma usar a seguinte expressão: enquanto na atividade
particular tudo o que não está proibido é permitido, na Admi- É assegurado a todos o acesso à informação e res-
nistração Pública é o inverso, ela só pode fazer o que a lei per- guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
mite, desse modo tudo o que não está permitido é proibido. exercício profissional (Art.5º, XIV).
Se “ninguém será obrigado a fazer ou a deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei”, o  agente público Informações de interesse particular ou coletivo quan-
atuan­do de acordo com ela estará cumprindo sua finalidade. do imprescindíveis para a segurança da sociedade ou
Caso contrário, desviando-se de sua finalidade cometerá do Estado (Art. 5º, XXXIII da CF).
ato ilícito, expondo-se à responsabilização administrativa,
civil e criminal, conforme o caso. Garantias contra a negativa injustificada:
Habeas data (art.  5º, LXXII): tem cabimento quan­do
Impessoalidade (art. 5º, caput, da CF; art. 37, § 1º, a informação negada injustificadamente é personalíssima.
da CF) Mandado de segurança (art.  5º, LXIX): não sendo
prestada por meio de habeas data, é possível impetrar
Significa que o administrador deve orientar‑se por crité- mandado de segurança, para obter o direito líquido e certo
rios objetivos, não devendo fazer distinções fundamentadas à informação negada.
em critérios pessoais. Todos são iguais perante a lei. É em de-
corrência desse princípio que se criou o concurso e a licitação. Eficiência (art. 37, caput, da CF; art. 41, § 1º, III, da CF)
Cabe ressaltar também que os agentes públicos, no
exercício de suas funções, não praticam atos em seu próprio Impõe ao agente público que realize suas atribuições com
nome, mas no da Administração, por esse motivo se faz perfeição, presteza e rendimento funcional.
presente a restrição constitucional à publicidade dos atos A eficiência é a capacidade de obtenção dos objetivos
oficiais que caracterizem promoção pessoal. fixados em razão dos meios disponíveis. A  eficiência está
vinculada aos princípios da legalidade, impessoalidade,
Moralidade (art. 37, § 1º, da CF) moralidade e publicidade, nunca acima deles; ela veio para
somar. A violação a qualquer um desses princípios implica
O administrador deve atuar com ética e moralidade, violação à eficiência, uma vez que será eficiente a Adminis­
isto é, de acordo com a lei. Tendo em vista que tal princípio tração Pública que cumprir com excelência a lei e a moral, de
integra o conceito de legalidade, decorre a conclusão de forma impessoal e pública. A eficiência também configura
que ato imoral é ato ilegal, e, portanto, sujeito ao controle meio de controle da própria Administração Pública, quando
do Poder Judiciário. exige avaliação periódica de desempenho funcional dos seus
A moralidade veio para dar coe­rência ao nosso ordena- servidores (art. 41, § 1º, III, da CF).
mento jurídico. Foi consagrada não só pela Constituição Fe-
deral, mas também pela doutrina e jurisprudência, estando Igualdade ou Isonomia
intimamente ligada à probidade administrativa – “ao agente O princípio da igualdade é, também, um dos princípios
público não basta ser honesto e probo, tem que mostrar que das Ciências Jurídicas em geral, mas que para o Direito
possui tal qualidade”. O que se exige (indisponibilidade do Público e em especial para o Direito Administrativo adqui-
interesse público) no presente Estado Democrático de Direito re coloração especial, dada a particular subordinação da
é a legalidade moral e ética, ou seja, a legalidade legítima da Administração ao princípio da legalidade estrita, segundo
conduta administrativa, visando ao atendimento do interesse a qual só é dado fazer somente o que a lei determina ou
público e não à satis­fação pessoal do agente. expressamente permite.
Ademais, a CF confere aos particulares o poder de exi- A igualdade perante a lei costuma ser chamada de isono-
gir, por meio da ação popular, que a administração pública mia. Sempre foi, desde a antiguidade, associada à democracia,
respeite o princípio da moralidade.67 como uma de suas características fundamentais, bem como
princípio interpretativo e limitação ao legislador. Mas a dife-
Publicidade (art. 5º, XXXIII, da CF; art. 37, § 3º, II, renciação de tratamento às pessoas, em condições diferentes,
da CF; art. 11, IV, da Lei nº 8.429/1992) ou seja, o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida
Direito Administrativo

em que se desigualam, é exigência da própria conceituação


É requisito de eficácia e moralidade dos atos administra‑
de Justiça. Isto se dá porque o princípio da igualdade, previsto
tivos. Entretanto, não é requisito de forma, pois o ato para
da Constituição Federal, significa que, na verdade, todos são
estar formado basta ser legal, impessoal, moral e eficiente,
iguais, mas mesmas condições, pois não de pode, a título
para ser eficaz é que se faz necessária a sua publicação68.
de isonomia, ser-lhe dada abrangência com o fim de que se
Propicia ao Administrador a transparência em suas atuações
promova o nivelamento de desiguais. Ora se todos são iguais
e possibilita aos administrados a defesa de seus direitos.
perante a lei, nas mesmas condições, todos são iguais em
idêntica situação, perante a Administração, executora da lei.
66
Cespe/Ibama/Analista Ambiental/2013. Com efeito, todos têm o direito de, nas mesmas condições,
67
Cespe/TCU/AUFC/2010.
68
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área ter as mesmas oportunidades e o mesmo tratamento pela
Judiciária e Execução de Mandatos/2010. Administração. Resultam deste princípio, por exemplo, a obri-

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gatoriedade de realização de concurso público para ingresso ser atingido pela Administração Pública. Daí se falar que o
em cargo público efetivo, de licitação para as contratações ad- princípio da finalidade é inerente ao princípio da legalidade.
ministrativas, da isonomia fiscal, da responsabilidade objetiva Se o administrador se desvia de tal finalidade, praticando
do Estado por ato de seus agentes, entre outras. ato diverso do previsto na regra de competência, comete ato
ilícito, o que em Direito Administrativo chamamos de abuso de
Princípios Informativos da Administração Pública poder, podendo sofrer o controle popular, exercido por meio
de ação popular, além da correspondente ação civil pública.
Supremacia do Interesse Pú­blico
Autotutela
É a essência do regime jurídico administrativo. O poder A Administração tem o dever de zelar pela legalidade e
é dado para que a Administração o exerça, buscando fina- eficiência dos seus próprios atos. É por isso que se reconhece
lidades de interesses gerais, por isso há de haver sempre a à Administração o poder/dever de declarar a nulidade dos
sua prevalência. Pelo princípio da supremacia do interesse seus próprios atos, praticados em desacordo com a Lei. É,
público, temos que os atos administrativos são presumidos ainda, em consequência da Autotutela que existe a possibi‑
legítimos e, em regra, imperativos e autoexecutáveis. lidade de a Administração revogar os atos administrativos
É por meio dele que houve uma ampliação das atividades que não mais atendam às finalidades públicas (sejam ino‑
assumidas pelo Estado para atender às necessidades coleti- portunos ou inconvenientes), embora legais.69
vas, com a consequente ampliação do próprio conceito de A capacidade da Administração Pública de poder sanar
serviço público. Ocorreu o mesmo com o poder de polícia os seus atos irregulares ou de reexaminá-los à luz da con-
do Estado, que deixou de impor apenas obrigações negativas veniência e oportunidade, reconhecida nas Súmulas nº 346
(de não fazer), visando resguardar a ordem pública, e passou e 473 do Supremo Tribunal Federal, está em consonância
a impor obrigações positivas, uma vez que ampliou o seu direta com o princípio da autotutela.70
campo de atuação (além da ordem pública agora também
a ordem econômica e social – arts. 173, § 4º, e 182 da CF), Súmula nº 346, 1963/STF: A Administração Pública
condicionando o uso da propriedade ao bem-estar social, pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
regulando e fiscalizando as atividades de forma a reprimir o
abuso do poder econômico. Súmula nº 473, 1969/STF: A administração pode anular
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
Indisponibili­da­de do Interesse Público tornam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá‑los, por motivo de conveniência ou oportuni-
Conforme visto no princípio da supremacia do interesse dade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
público, o poder é dado ao Administrador para que ele o em todos os casos, a apreciação judicial.71
exerça. Portanto, não é lícito dispor desse interesse ou fazer Caso se verifique, durante a realização de um concurso
prevalecer interesse próprio, uma vez que não possui sua público, a utilização, por candidatos, de métodos fraudu-
titularidade, só mera guarda. lentos para a obtenção das respostas corretas das provas, a
É justamente por não poder dispor desses interesses, cuja administração pública poderá anular o concurso embasada
guarda lhe é atribuída por lei, que não poderá renunciá-los diretamente no princípio da autotutela.72
nem total, nem parcialmente, sob pena de responder pela
omissão. Constituem-se em poder-dever de agir. Assim, Razoabilidade
a autoridade não pode deixar de punir, quando constatada
a prática de ilícito administrativo; não pode deixar de exercer Os poderes concedidos à Administração devem ser exer-
o poder de polícia para coibir o exercício dos direitos indivi- cidos na medida necessária ao atendimento do interesse
duais que estejam em conflito com o interesse coletivo; não coletivo, sem excessos, ou seja, adequação entre os fins e
pode deixar de exercer os poderes decorrentes da hierarquia. os meios (art. 2º, VI, da Lei nº 9.784/1999).
Atualmente, esse princípio é citado no art. 2º, caput, da A razoabilidade é um dos principais limites à discricio-
Lei nº 9.784/1999 e especificado no parágrafo único, com a nariedade, uma vez que o agente público deve pautar sua
seguinte exigência: “Atendimento a fins de interesse geral, conduta em critérios racionais, sensatos e coerentes, fun-
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competên- damentados sempre no atendimento ao interesse público.
cias, salvo autorização em lei.” O princípio da razoabilidade também foi preconizado
pela EC nº 45/2004, que acrescentou novo inciso no art. 5º
da Constituição Federal, assegurando a todos, no âmbito
Continuidade dos Serviços Públicos
judicial e administrativo, a razoável duração do processo.
Este princípio está diretamente ligado ao serviço público Proporcionalidade
e destina‑se a atender necessidades sociais; portanto, não
pode parar. Era com fundamento nesse princípio que nos É um desdobramento da razoabilidade. Adotando a
contratos administrativos não se permitia a invocação pelo medida necessária para atingir o interesse público almejado,
Direito Administrativo

particular da exceção do contrato não cumprido. Hoje, o Administrador age com proporcionalidade, sendo vedada
a legislação já permite que o particular a invoque no caso de a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
suspensão de sua execução, por ordem escrita da adminis- superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento
tração, por mais de 120 dias ou atraso superior a 90 dias dos do interesse público.73
pagamentos devidos (art. 78, XIV e XV, da Lei nº 8.666/1993).
69
Assunto cobrado na prova da FCC/TCE-SP/Auditor/2013.
Finalidade 70
FCC/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010.
71
Cespe/TCU/AUFC/2010.
Toda atuação do administrador destina‑se a atender o
72
Cespe/AE ES/Seger-ES/Direito/2013.
73
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis-
interesse público. É a Lei que vai indicar qual o interesse a trativa/2010.

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Art. 2º, VI, da Lei nº 9.784/1999: Adequação entre Segurança Jurídica
meios e fins, vedada a imposição de obrigações,
restrições e sanções em medida superior àquelas É um dos alicerces do Estado de Direito, está relacionada
estritamente necessárias ao atendimento do inte- com a previsibilidade e a estabilidade das relações jurídicas,
resse público. de forma a garantir que a norma não retroagirá em situações
já constituídas (art. 5º, XXXVI, da CF), sendo considerada
Motivação válida somente a partir do momento em que foi adotada.
Se o administrado teve reconhecido determinado di-
É a exposição ou a indicação por escrito dos fatos e reito com base em interpretação adotada uniformemente
fundamentos jurídicos que ensejaram a prática do ato. para todos, torna-se claro que houve boa-fé e esta deve
A regra geral é a motivação, para que a atuação ética do ser respeitada, inclusive quanto a seus efeitos que devem
administrador fique demonstrada, na exposição dos motivos, ser preservados. Entretanto, recomenda-se cautela em sua
e o administrado tenha garantida a ampla defesa e o con- aplicação para não impedir que a Administração anule seus
traditório. Somente ficaria desobrigada nos casos em que a atos ilegais.
lei a dispensasse ou a natureza do ato praticado fosse, com No Direito Administrativo, esse princípio foi inserido
ela, incompatível. na Lei nº 9.784/1999, art. 2º, parágrafo único, XIII, que diz:
A Lei nº 9.784/1999 determina, em seu art. 2º, parágrafo
único, VII, que: “A Administração Pública obedecerá, den- Nos processos administrados, serão observados,
tre outros, ao princípio da motivação [...] com a indicação entre outros, o critério de: interpretação da norma
administrativa da forma que melhor garanta o aten-
dos pressupostos de fato e de direito que determinarem
dimento do fim público a que se dirige, sendo vedada
a decisão”. Já no art. 50, estabelece a obrigatoriedade de
a aplicação retroativa de nova interpretação.
motivação, com indicação dos fatos e fundamentos, quando:
• neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; Hierarquia
imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
• decidam processos administrativos de concurso ou Em consonância com o princípio da hierarquia, os órgãos
seleção pública; da Administração Pública são estruturados de tal forma que
• dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo se cria uma relação de coordenação e subordinação entre
licitatório; uns e outros, cada qual com suas atribuições definidas na
• decidam recursos administrativos; decorram de ree- lei. (DI PIETRO,Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.
xame de ofício; 22. ed. São Paulo: Atlas, p. 70).
• deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas Especialidade
e relatórios oficiais;
• importem anulação, revogação, suspensão ou conva- O princípio da especialidade está ligado diretamente
lidação de ato administrativo. à ideia de descentralização administrativa. Quando o Es-
tado cria pessoas jurídicas públicas administrativas – as
Conforme o disposto acima, a motivação, em regra, se faz autarquias, por exemplo – como forma de descentralizar a
obrigatória quando os atos afetam direitos ou interesses indi- prestação de serviços públicos, com vistas à especialização
viduais. A lei se preocupa mais com os administrados do que de função, a lei cria a entidade, estabelece com precisão as
com a própria Administração. Todavia, as hipóteses previstas finalidades que lhe incube, de tal modo que não cabe aos
não necessariamente constituem rol taxativo, uma vez que seus administradores afastar-se dos objetivos definidos na
podem surgir outras em que a motivação será obrigatória, lei. (DI PIETRO,Maria Sylvia. Direito Administrativo. 22. ed.
para fins de controle da legalidade. Como exemplo, temos São Paulo: Atlas, p. 68)
no art. 64-A, do mesmo diploma, a exigência de que o órgão
competente para decidir recurso administrativo explicite as Controle ou tutela
razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade de súmula vin-
Para assegurar que as entidades da Administração Indi‑
culante, quando o recorrente alegar a sua violação.
reta observem o Princípio da Especialidade, elaborou-se o
Princípio do Controle ou Tutela, em consonância com o qual
Art. 64-A da Lei nº 9.784/1999: Se o recorrente alegar
a Administração Pública Direta fiscaliza as atividades dos
violação de enunciado da súmula vinculante, o órgão referidos entes, com o objetivo de garantir a observância
competente para decidir o recurso explicitará as ra- de suas finalidades institucionais.74
zões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula,
conforme o caso. Probidade Administrativa

Motivação nas Decisões Proferidas pelo Poder Judiciário A probidade administrativa está diretamente atrelada ao
Direito Administrativo

princípio da legalidade e da moralidade administrativa. Pelo


Art. 93, IX, da CF: Todos os julgamentos dos órgãos princípio da legalidade, o administrador deve atuar em confor-
do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas midade com a lei. Pelo princípio da moralidade, o administrador
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a deve atuar com ética e moralidade. Já a probidade administra-
lei, se o interesse público o exigir, limitar em deter- tiva exige do administrador que atue, não só de acordo com a
minados atos às próprias partes e seus advogados, legalidade, a ética e a moral, mas com a honestidade.
A probidade administrativa recebeu tratamento consti-
ou somente a estes.
tucional em vários dispositivos, tais como o art. 37, § 4º e
Art. 93, X, da CF: As decisões administrativas dos tri-
o art. 85, V, bem como em legislações infraconstitucionais.
bunais serão motivadas, sendo as disciplinares toma-
das pelo voto da maioria absoluta de seus membros. Assunto cobrado na prova da FCC/TCE-SP/Auditor/2013.
74

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Regulamentando o art. 37, § 4º, temos a Lei nº 8.429, Teoria da Culpa Administrativa
de 2 de junho de 1992, também conhecida como Lei de Im-
probidade Administrativa. Essa lei dispõe sobre as sanções O Estado respondia pelos danos causados a terceiros,
aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento desde que houvesse culpa no serviço: inexistência do serviço,
ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função o serviço não foi prestado e causou prejuízo; o serviço foi
na Administração Pública. prestado de forma deficiente e causou prejuízo.
A Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, disciplina os crimes
de responsabilidade do Presidente da República. De acordo Teoria do Risco Administrativo
com a norma, são crimes de responsabilidade do Presidente
da República atos que atentarem contra a Constituição Fede- O Estado indeniza independentemente de dolo ou culpa do
ral, e, especialmente, contra a probidade na Administração. agente, porém, deve a vítima comprovar o nexo causal entre
Convém, entretanto, ressaltar que os atos eivados de a ação ou omissão do Estado e o dano sofrido. Admite exclu‑
vícios de improbidade poderão sofrer invalidação pela dente ou atenuante de responsabilidade, por exemplo, culpa
própria Administração, exercitando o poder de autotutela da vítima, culpa concorrente, caso fortuito ou força maior.76
como através do Poder Judiciário, quando devidamente
provocado. Teoria do Risco Integral

RESPONSABILIDADE CIVIL A teoria do risco integral é a modalidade extremada da


teoria do risco administrativo. Por essa teoria o Estado teria
EXTRACONTRATUAL DO ESTADO que indenizar os danos causados a terceiro, mesmo que não
os tivesse causado, não podendo alegar nenhuma excludente
Considerações Iniciais ou atenuante de responsabilidade.
Há doutrinadores, que não admitem a existência dessa
A Responsabilidade Civil teve sua origem no âmbito do teoria no nosso ordenamento jurídico, porém, a Constituição
Direito Privado, em que a obrigação de indenizar derivava Federal, em seu art. 21, XXXIII, a, diz que: “a responsabilidade
de um contrato. civil por danos nucleares independe da existência de culpa.”
No Direito Administrativo chamamos de Responsabilida-
de Civil Extracontratual, pois não decorre de um contrato. A Responsabilidade Civil do Estado na
A Responsabilidade Extracontratual que aqui se evidencia Constituição Federal de 1988
importa no reparo que o Poder Público deverá oferecer ao
lesado pelo dano que, voluntária ou involuntariamente,
Assim dispôs a Constituição Federal, em seu art. 37, § 6º:
o tenha causado.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
Conceito privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau-
A Responsabilidade Civil do Estado é a obrigação im‑ sarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
posta ao Poder Público para ressarcir os danos causados a contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
terceiros pelos seus agentes, quando no exercício de suas
atribuições.75 Por meio desse dispositivo, com auxílio da jurisprudência e
da doutrina, temos que o nosso ordenamento jurídico adotou
Evolução da Responsabilidade do Estado a Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado, na modali-
dade risco administrativo, segundo a qual o Estado responde
Irresponsabilidade do Estado objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a
terceiros, independentemente de dolo ou culpa, bastando
Nos Governos absolutos prevalecia a irresponsabilidade apenas que se comprove o nexo de causalidade entre a ação
do Estado, uma vez que não era possível que o rei, represen- ou omissão do Estado e o dano sofrido pelo administrado.
tante do Estado, pudesse lesar seus súditos. (The King can do No mesmo sentido, no ordenamento jurídico brasileiro, a
no Wrong – O rei não erra). Quanto aos seus agentes, estes responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se
sim, poderiam ser responsabilizados pes­soalmente por atos a teoria do risco administrativo, fundada na ideia de soli-
ilícitos que viessem a cometer. dariedade social, na justa repartição dos ônus decorrentes
da prestação dos serviços públicos, exigindo-se a presença
Teoria da Responsabilidade com Culpa dos seguintes requisitos: dano, conduta administrativa e
nexo causal. Admite-se abrandamento ou mesmo exclusão
Previam‑se dois tipos de atitudes, que poderiam distin- da responsabilidade objetiva, se coexistirem atenuantes
guir em quais atos o rei poderia ser responsabilizado ou não. ou excludentes que atuem sobre o nexo de causalidade.77
Quando o Estado praticar atos de gestão em regime de Para configurar a responsabilidade civil do Estado, o
igualdade com os particulares, amparados, portanto, no
Direito Administrativo

agente público causador do prejuízo a terceiros deve ter


direito privado estaria sujeito à responsabilidade civil, entre- agido na qualidade de agente público, sendo irrelevante o
tanto quando praticasse atos de império, ou seja, aqueles fato de ele atuar dentro, fora ou além de sua competência
pelos quais desempenha prerrogativa de manutenção da legal.78
ordem e do bem comum, bem como relacionados ao geren- Exs.: Um servidor público, condutor de uma viatura
ciamento de seus bens e serviços, não haveria a possibilidade oficial, deu causa a acidente de trânsito com veículo de
de ser responsabilizado por tais atos. particular. Foram apurados danos materiais de grande
Diante da dificuldade em distinguir na prática tais situações,
adotou‑se a teoria civilista da culpa ou culpa administrativa. 76
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis-
trativa/2013.
77
Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Apoio Especializado/2013.
75
Assunto cobrado na prova do Cespe/DPE-TO/2013. 78
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.

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vulto, equivalentes aos reparos promovidos no veículo tidões, por se tratar de atos de terceiros que caracterizam
particular e às despesas médicas geradas pelo atendimento uma excludente de causalidade, salvo quando se verificar
ao motorista particular. O condutor da viatura particular omissão do poder público em garantir a integridade do
tem pretensão indenizatória para ressarcimento dos danos patrimônio danificado, hipótese em que a responsabilidade
materiais. Nesse caso, o Estado responde sob a modalidade civil é subjetiva.
objetiva, presumindo-se a culpa do servidor, que poderá
ser penalizado também disciplinarmente na esfera admi- Culpa Exclusiva da Vítima
nistrativa.79
Um agente público, pertencente aos quadros de uma Inexiste responsabilidade do Estado84. Ocorre, por
empresa pública federal prestadora de serviço público, no exemplo, quando uma pessoa, com o intuito de suicidar‑se,
exercício de suas atribuições, veio a causar dano a terceiro se atira diante de veículo em movimento. Não tem como ela
usuário do serviço em decorrência de conduta culposa requerer indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que
comissiva. Nesse caso, responderá pelo dano causado ao ela concorreu para que o evento acontecesse.
terceiro a empresa pública federal, sendo a responsabi-
lidade civil de natureza objetiva por tratar-se de pessoa Culpa Concorrente
jurídica de direito privado prestadora de serviço público,
assegurado o direito de regresso contra o responsável.80 O Estado e o lesado contribuem para o resultado danoso,
Carlos, proprietário de um veículo licenciado na Capital desse modo, a indenização do Estado deverá atingir apenas
do Estado de São Paulo, teve seu nome inscrito, indevida- o limite dos prejuízos que tenha causado, arcando o lesado
mente, no cadastro de devedores do Estado (“Cadin”), em com o restante.
face do suposto não pagamento de IPVA. Constatou-se,
subsequentemente, que o débito objeto do apontamento Caso Fortuito e Força Maior
fora quitado tempestivamente pelo contribuinte, decorren-
do a inscrição no Cadin de um erro de digitação de dados Podem ocorrer também fatos imprevisíveis, que fogem
incorrido pelo servidor responsável pela alimentação do ao controle do Estado e das pessoas, são o que a doutrina
sistema de informações. Em razão dessa circunstância, costuma chamar de caso fortuito e força maior. Há diver-
Carlos, que é consultor, sofreu prejuízos financeiros, entre gência na doutrina com relação à caracterização de cada
os quais a impossibilidade de participar de procedimento um, pois alguns entendem que caso fortuito são eventos
licitatório instaurado pela Administração para contratação produzidos pela natureza (um terremoto ou uma inundação,
de serviços de consultoria, bem como o impedimento de ob- por exemplo) e força maior como o acontecimento originário
tenção de financiamento de projeto que estava conduzindo da vontade humana (por exemplo, no caso de uma greve),
pela Agência de Fomento do Estado, que dispunha de linha e outros já falam que é exatamente o contrário, considerando
de crédito com juros subsidiados, sendo obrigado a tomar a força maior os eventos produzidos pela natureza e caso
financiamento junto a instituição financeira privada em fortuito decorrente de ato humano. Nesses casos, como
condições mais onerosas. Diante da situação narrada, de eram imprevisíveis e inevitáveis, inexiste a responsabilidade
acordo com o disposto na Constituição Federal sobre a res- do Estado.
ponsabilidade civil do Estado, o Estado responde objetiva-
mente pelos prejuízos sofridos por Carlos, podendo exercer Responsabilidade Civil do Estado por Atos
o direito de regresso em face do servidor, se comprovada
Legislativos
conduta culposa ou dolosa do mesmo.81
Determinada professora da rede pública de ensino re-
Em regra, não acarretam a responsabilidade do Estado,
cebeu ameaças de agressão por parte de um aluno e, mais
entretanto, podem surgir situações específicas que poderiam
de uma vez, alertou à direção da escola, que se manteve
ensejá‑la, tal como leis inconstitucionais, que durante a sua
omissa. Nessa situação hipotética, caso se consumem as
vigência e eficácia poderiam acarretar dano, ou leis de efeitos
agressões, a indenização será devida pelo Estado, desde
concretos, aquelas que atingem uma categoria de pessoas
que presentes os elementos que caracterizem a culpa.82
ou número exíguo de pessoa. Nesses casos, o lesado pode
O ônus da prova não cabe à vítima e sim ao Estado, de-
responsabilizar o Estado com o fim de obter a indenização
vendo a vítima apenas provar o nexo de causalidade. Cabe
pelos prejuízos sofridos.
ação regressiva do Estado contra o agente, mas como sua
responsabilidade é subjetiva, o Estado deverá comprovar sua
conduta dolosa ou culposa. A ação regressiva é uma ação Responsabilidade Civil do Estado por Atos
judicial de natureza civil que a Administração tem contra Jurisdicionais
o agente público ou o particular prestador de serviços pú-
blicos causador do dano a terceiros.83 Em regra, a responsabilidade do Estado não se aplica aos
atos praticados pelo Poder Judiciário, porém, como garantia
Excludentes ou Atenuantes da Responsabilidade fundamental estabelecida no art. 5º, LXXV, temos que o Es-
tado indenizará o condenado por erro judiciário, bem como
Direito Administrativo

Atos de Multidões aquele que ficar preso além do tempo fixado na sentença.
Um caso notório ocorrido no Brasil quanto a erro judiciário
O Estado não responde civilmente pelos danos causados foi o dos irmãos Naves em 1937.
por atos praticados por agrupamentos de pessoas ou mul-
A Reparação do Dano
79
FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto de Conselheiro/2010.
80
Cesgranrio/Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social/Advoga-
A existência de dano indenizável, quantificado e deta-
do/2010. lhado em sua expressão econômica é requisito indispen-
81
FCC/AFR-SP/Sefaz SP/Gestão Tributária/2013.
82
Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Administrativa/2013. Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Mi-
84
83
FCC/TRE-Acre/Analista Judiciário/Área Judiciária/2010. nistério Público Junto ao Tribunal de Contas/2010.

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sável para a reparação do prejuízo decorrente da lesão quinquenal, ou seja, o prazo de cinco anos contados a partir
que empenha a responsabilidade civil do Estado, ou seja, do fato danoso.
inexiste obrigação se não puder ser identificado o dano, O Decreto nº 20.910/1932, em seu art. 1º, estabelece
pois é exatamente dele que resulta o dever de indenizar que:
do Estado.
O dano indenizável deve decorrer de ato ou omissão, As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Mu-
atividades, coisas ou fatos imputáveis ao Estado (nexo de nicípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação
causalidade), lícitos ou ilícitos, sem ocorrência de excludentes contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal,
da responsabilidade, pois, caso contrário, embora existente, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco
o dano não será indenizável. Também não basta que o dano anos contados da data do ato ou fato do qual se
seja certo e real, para que seja indenizável é necessário que originarem.
a ordem jurídica reconheça o direito lesado e o direito ao
ressarcimento como direitos do indivíduo. Já a Lei nº 9.494/1997, em seu art. 1º‑C, determina que:
Indiscutível é, pois, que a indenização deve ser completa,
devendo abranger o que a vítima perdeu (o dano efetivo, Prescreverá em cinco anos o direito de obter inde-
ocorrido, emergente), o que despendeu (o que gastou) e o nização dos danos causados por agentes de pessoas
que deixou de ganhar em razão do evento danoso (lucros jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas
cessantes), bem como honorários advocatícios, correção de direito privado prestadoras de serviços públicos.
monetária e juros de mora, se houver atraso no pagamento.
O Direito de Regresso (ação regressiva)
Meios de Reparação do Dano e a Ação de
De acordo com o sistema constitucional da responsabili-
Indenização dade objetiva do Estado, este indenizará o dano causado ao
particular, desde que seja configurado o nexo de causalidade
A reparação do dano causado pela Administração a entre a ação ou omissão do Estado e o prejuízo sofrido pelo
terceiros dá-se de duas formas: administrativa (amigável) administrado.
ou judicialmente. Quando identificado o agente causador do dano, a par-
• Administrativa – Se for proposta no âmbito adminis- te final do § 6º, art. 37, da CF assegura que, caso tenha o
trativo, o lesado formulará reclamação administrativa agente agido com dolo ou culpa, o Estado deve promover o
com pedido indenizatório junto ao órgão competente ressarcimento ao erário das despesas havidas com a men-
da pessoa jurídica civilmente responsável, formando cionada indenização, intentando ação regressiva contra o
assim o processo administrativo no qual os interessa- responsável.
dos se manifestarão, produzirão provas e chegarão a A ação regressiva é, pois, medida judicial de rito ordinário
um resultado final sobre o pedido. que propicia ao Estado reaver o que desembolsou à custa do
• Judicial  – Se não houver acordo, caberá ao lesado patrimônio do agente causador direto do dano, que agiu com
propor a adequada ação de indenização perante a dolo ou culpa no desempenho de suas funções.
Fazenda Pública. Esta será processada de acordo com A aplicação de tal medida pressupõe o trânsito em
os preceitos comuns do Código de Processo Civil (Título julgado de sentença que condenou a Administração ao
VIII) e paga na forma do art. 100 da Constituição Fede- pagamento da indenização, pois somente depois desse ato
ral (precatórios). Se a ação de indenização for contra consuma-se o efetivo prejuízo da Administração Pública, ou
a União, entidades autárquicas federais e empresas após esse pagamento, nos casos de acordo.
públicas, a justiça competente para se propor a referida Serão, portanto, requisitos para o ajuizamento da ação
ação é a Justiça Federal (art. 109, I, da CF); se for pessoa regressiva:
jurídica de Direito Privado, será competente a Justiça • a condenação da Administração Pública a indenizar;
Estadual ou, conforme o caso, deve ser examinado o • o pagamento do valor da indenização;
disposto na Lei de Organização Judiciária do local. • a conduta lesiva, dolosa ou culposa, do agente causa-
dor do dano.
Para eximir-se do dever de indenizar, caberá à Fazenda
Pública comprovar que a vítima concorreu para o evento Desse modo, se não houver o pagamento, não há como
danoso (dolo ou culpa). Enquanto não evidenciar a culpa- justificar o pedido de regresso, mesmo que haja sentença
bilidade da vítima, subsiste a responsabilidade objetiva da condenatória com trânsito em julgado e o agente tenha
Administração. Se, por outro lado, ficar comprovada a culpa agido com dolo ou culpa. O primeiro requisito pode até não
ou dolo exclusivo da vítima, ficará excluída a responsabi- existir, quando, por exemplo, a satisfação do prejuízo tenha
lidade da Fazenda Pública; se restar comprovada a culpa ocorrido de forma amigável. Entretanto, os  dois últimos
concorrente, o Estado arcará apenas no limite dos prejuízos devem estar devidamente comprovados, fato que deverá
que tenha causado. ser feito pelo Poder Público.
Cabe ainda ressaltar que como ação civil destinada
Direito Administrativo

a promover a reparação patrimonial, a  ação regressiva


Prescrição
transmite-se aos herdeiros e sucessores do servidor culpado
e contra eles será executada até o limite do valor da herança
O direito do lesado à reparação dos prejuízos tem natu- (Lei nº 8.112/1990, art. 122, § 3º).
reza obrigacional e pessoal, portanto, como qualquer direito O direito de regresso no âmbito do direito privado en-
subjetivo não pode ser objeto da inércia do seu titular, sob contra fundamento no art. 934 do Código Civil. Já o prazo
pena do surgimento da prescrição. A prescrição nada mais para proposição da competente ação regressiva é de três
é do que a perda do direito de ação. anos nos termos do art. 206, § 3º, V, do mesmo diploma.
A União, Estados, Distrito Federal e Municípios bem Já no âmbito do direito público, as ações de ressarcimen-
como suas Autarquias e Fundações Públicas, Empresas Pú- to ao erário são imprescritíveis conforme disposto no art. 37,
blicas e Sociedades de Economia Mista gozam da prescrição § 5º, da Constituição Federal.

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SERVIÇOS PÚBLICOS • delegação: implica a mera transferência da execução
do serviço. Realiza‑se por ato ou contrato administra-
O serviço público compreende uma das atividades que tivo, por meio de:
a Administração Pública presta em seu sentido objetivo ou – concessão: é a delegação da prestação de servi-
material. ços públicos feita pelo poder concedente (União,
Estado, Distrito Federal ou Município), mediante
licitação, na modalidade concorrência, à  pessoa
Conceito jurídica ou consórcio de empresas que evidencie
aptidão para seu desempenho, por sua conta e risco
É uma atividade do Estado ou de seus delegados visando
e por prazo determinado. É formalizada por meio
à satisfação de necessidades essenciais ou secundárias da
de contrato (art. 2º, II, e 4º da Lei nº 8.987/1995).
coletividade ou do próprio Estado. – permissão: é a delegação, a título precário, me-
diante licitação, da prestação de serviços públicos,
Características dos Serviços Públicos feita pelo poder concedente à pessoa física ou
jurídica que demonstre capacidade para seu de-
Elemento Subjetivo sempenho, por sua conta e risco. É formalizada por
meio de contrato de adesão (arts. 2º, IV, e 40 da Lei
O serviço público é sempre incumbência do Estado nº 8.987/1995).
(art. 175 da CF), sendo permitido ao Estado delegar de‑ – autorização: é a delegação de serviços públicos
terminados serviços públicos, sempre por meio de lei e de fácil execução, por meio de ato administrativo
de licitação, sob o regime de concessão ou permissão85. precário e discricionário.
Ex.: correios, telecomunicações e energia elétrica.
No mesmo sentido, considera-se serviço público toda ati‑ Princípios
vidade exercida pelo Estado ou por seus delegados, sob regi‑
me total ou parcial de direito público, com vistas à satisfação A doutrina francesa elenca três princípios como sendo
de necessidades essenciais e secundárias da coletividade.86 comuns à generalidade dos serviços públicos: o da conti-
nuidade, o da mutabilidade e o da igualdade dos usuários.
Elemento Formal
Princípio da segundo esse princípio o serviço público
O regime jurídico, a princípio, é de Direito Público. continuidade não pode parar. Esse princípio tem apli‑
Quando, porém, particulares prestam serviço em colabo‑ cação especial com relação aos contratos
ração com o Poder Público, o regime jurídico é híbrido, administrativos e ao exercício da função
podendo prevalecer o Direito Público ou o Direito Privado, pública.
dependendo do que dispuser a lei87. Em ambos os casos,
a responsabilidade do Estado é objetiva (art. 37, § 6º, CF). Princípio da autoriza mudanças no regime de execução
mutabilidade do serviço para adaptá-lo ao interesse
Elemento Material público, que é sempre variável no tempo.
Princípio da os usuários dos serviços públicos têm di‑
O serviço público deve corresponder a uma atividade de igualdade reito a prestação do serviço, sem qualquer
interesse público. Não basta que haja interesse público para distinção de caráter pessoal.
caracterizar serviço público, é necessário que a lei atribua
a atividade ao Estado, uma vez que particulares também No Brasil, Hely Lopes Meirelles elenca como princípios
podem exercer atividades de interesse geral. do serviço público os requisitos estabelecidos no art. 6º da
Lei nº 8.987/1995.
Para o autor, todo serviço público deve ser prestado da
Formas e Meios de Execução dos Serviços Públicos forma adequada, satisfazendo às exigências estabelecidas na
lei, nas normas e no respectivo contrato. Para que isso ocorra,
Centralização a lei criou alguns requisitos que devem ser observados. Fal-
tando qualquer um deles, é dever da Administração intervir
É a prestação ou a execução dos serviços, diretamente para restabelecer seu regular funcionamento ou retomar sua
pelo Estado, por meio de seus órgãos, em nome próprio e prestação. São, portanto, princípios dos serviços públicos:
sob sua inteira responsabilidade.
Continuidade e Regularidade
Descentralização
Impõe continuidade no serviço, não podendo sofrer
É a transferência, por lei, da execução do serviço ou da interrupções e em quantidade necessária para atender os
titularidade do serviço para outra pessoa, quer de direito usuários.
público ou de direito privado. São meios de descentralização:
Direito Administrativo

• outorga: implica a transferência da própria titularidade Generalidade


do serviço. Ocorre quando, por exemplo, a União cria
uma Autarquia e transfere para esta a titularidade e a Impõe o seu oferecimento igual para todos; sem discri-
execução de um serviço público. É sempre feita por lei minação.
e somente por outra lei pode ser mudada ou retirada.
Atualidade
85
Assunto cobrado na prova da FCC/Tribunal de Contas-RO/Auditor/Substituto
de Conselheiro/2010. Exige a atualização do serviço, ou seja, a utilização de téc-
86
Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto – I/2010. nicas modernas, que garantam a segurança, a conservação,
87
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
– I/2010. bem como a melhoria e a expansão do serviço.

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Modicidade Industrial

Exige que os serviços sejam prestados mediante taxas São os que produzem renda para quem os presta. Por
ou tarifas justas, razoáveis, de modo a equilibrar o benefício consubstanciarem atividade econômica, somente podem ser
recebido com o valor pago. explorados diretamente pelo Estado quando necessários aos
imperativos da segurança nacional ou por relevante interesse
Cortesia público (são serviços impróprios do Estado).

Traduz‑se em oferecer bom tratamento para seus usuários. Uti Universi


Remuneração
São aqueles que não têm destinatário ou usuário de-
terminado, é indivisível e não pode ser mensurado, por
Os serviços públicos podem ser remunerados por meio de:
isso devem ser mantidos por imposto (tributo) e não tarifa.
Não gera direito subjetivo à fruição (não pode ser exigido).
Taxa Sempre que sua utilização pelo adminis- É dirigido à coletividade em geral. Ex.: polícia, iluminação
(tributo) trado for compulsória, não importando pública, calçamento.
se há ou não efetiva utilização. Ex.: coleta
de lixo, esgoto. Uti Singuli
Tarifa Sempre que sua utilização for fa­cultativa,
(preço público) ou seja, se assim desejarem a sua presta- São aqueles mensuráveis, divisíveis, têm destinatário
ção. Ex.: telefonia, energia elétrica*, água. ou usuário certo e determinado. Quando disponibilizados
e atendidos os seus requisitos, geram direito subjetivo à
Classificação dos Serviços Públicos fruição. São remunerados por taxa ou tarifa. Ex.: o telefone,
a água e a energia elétrica domiciliares.
Nesse sentido, os serviços que têm por finalidade a sa‑
De Utilidade Pública
tisfação individual e direta das necessidades dos cidadãos,
como os de energia elétrica e gás, são exemplos de serviços
São os que a Administração, reconhecendo sua co‑ públicos uti singuli.90
modidade para os membros da coletividade, presta‑os
diretamente ou aquiesce que terceiros (concessionários,
permissionários e autorizatários) o façam, por sua conta e
Competência para Prestação dos Serviços
risco, mediante remuneração dos usuários, mas nas condi‑ Públicos
ções regulamentadas e sob fiscalização do poder delegan‑
te88. Ex.: transporte coletivo, energia elétrica, gás, telefone. O legislador utilizou‑se do critério da predominância do
interesse ao dispor no texto constitucional a qual ente da
Federação caberia a prestação do serviço público, ou seja,
Próprios do Estado sendo o serviço de interesse nacional a competência para
prestá‑lo é da União, se o interesse for de âmbito regional
São aqueles que se relacionam intimamente com as a competência será dos Estados‑membros, e no caso do
atribuições do Estado, são prestados diretamente por ele, interesse predominante ser local a competência será dos
mantendo sua condição de titular e prestador do serviço, Municípios.
uma vez que são indelegáveis e intransferíveis89. Ex.: defesa Como sabemos, todos os entes são autônomos, ou seja,
nacional, polícia, saúde pública. possuem o poder de organizar seus próprios serviços, de
modo que as competências foram assim repartidas:
Impróprios do Estado
Competências da União
São aqueles que não são inerentes às funções básicas do
Estado, mas satisfazem interesses comuns de seus membros, A competência da União em matéria de serviços públicos
e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por abrange as que lhe são exclusivas (art. 21), as que lhe priva-
seus órgãos ou entidades (Autarquias, Fundações Públicas, Em- tivas (art. 22), as que lhe são comuns (art. 23), bem como,
presas Públicas e Sociedade de Economia Mista) ou delega sua as que lhe são concorrentes (art. 24).
prestação (concessionários, permissionários ou autorizatários).
Competências Exclusivas da União
Administrativo São competências exclusivas (material ou administrativa)
da União as constantes no art. 21 da Constituição Federal.
São os que a Administração executa para atender as suas A característica marcante com relação a essas competên-
necessidades internas ou preparar outros serviços que serão cias é a sua indelegabilidade para outros entes federados.
Direito Administrativo

prestados ao público. Porém essa impossibilidade de delegação não quer dizer


Ex.: Imprensa oficial. que será necessariamente a União quem exercerá por meio
de seus órgãos (Administração Direta) tal competência, uma
vez que ela pode outorgar a titularidade dessas competências
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
88 a uma entidade da Administração Indireta (uma Autarquia,
– I/2010. por exemplo) ou delegar a terceiros não integrantes da Ad-
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
89

– I/2010. ministração Pública (um concessionário).


* Súmula Vinculante nº 41:
O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa. (Data
de Aprovação: Sessão Plenária de 11/3/2015.Fonte de Publicação: DJe nº 55, Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
90

de 20/3/2015, p. 2. DOU de 20/3/2015, p. 1). – I/2010.

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Destacam‑se entre as competências exclusivas da União, Neste âmbito, a União limita‑se a estabelecer normas
as seguintes: gerais. Caso inexista norma geral, os estados poderão exer-
• assegurar a defesa nacional; cer a competência legislativa plena, para atender às suas
• emitir moeda; peculiaridades.
• administrar as reservas cambiais do País;
• manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; Competências dos Estados
• explorar, mediante concessão ou permissão, os servi-
ços de telecomunicações;
Os Estados ficaram com as competências remanescentes
• explorar, diretamente ou mediante autorização,
(art. 25, § 1º), ou seja, por exclusão, pertencem aos Estados
concessão ou permissão: os serviços de radiodifusão
sonora, e de sons e imagens; os serviços e instalações todos os serviços públicos não reservados à União nem atri-
de energia elétrica e o aproveitamento energético dos buídos aos Municípios, e que sejam de interesse regional.
cursos de água, em articulação com os Estados onde A única exceção feita com relação a essa distribuição de
se situam os potenciais hidroenergéticos; a navegação competência diz respeito à exploração e distribuição dos
aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeroportuária; serviços de gás canalizado, que não podem ser atribuídos ao
os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre Município (art. 25, § 2º); devem ser prestados diretamente
portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans- pelo Estado.
ponham os limites de Estado ou Território; os serviços
de transporte rodoviário interestadual e internacional Competências dos Municípios
de passageiros; os portos marítimos, fluviais e lacustres;
• organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Pú- Os Municípios ficaram com a competência residual, ou
blico do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria seja, aquelas afetas aos assuntos de interesse local, bem
Pública dos Territórios; como suplementar a legislação federal e estadual, no que
• organizar e manter os serviços oficiais de estatística, couber; dentre elas destacam‑se as seguintes (art. 30):
geografia, geologia e cartografia;
• instituir e arrecadar os tributos de sua competência,
• organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
bem como aplicar suas rendas;
• exercer a classificação, para efeito indicativo, de diver-
sões públicas e de programas de rádio e televisão; • organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
• planejar e promover a defesa permanente contra as concessão ou permissão, os serviços públicos de inte-
calamidades públicas, especialmente as secas e as resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
inundações; caráter essencial;
• instituir sistema nacional de gerenciamento de recur- • prestar, com a cooperação técnica e financeira da
sos hídricos e definir critérios de outorga de direitos União e do Estado, serviços de atendimento à saúde
de seu uso. da população;
• promover, no que couber, adequado ordenamento
Competências Comuns territorial, mediante planejamento e controle do uso,
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
possuem competências comuns (concomitantes), que são • promover a proteção do patrimônio histórico‑cultural
exercidas de modo que cada unidade restrinja‑se a um local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
determinado espaço de atuação; visam ao equilíbrio do federal e estadual.
desenvolvimento e ao bem‑estar em âmbito nacional.
Dentre estas competências, destacam‑se as seguintes Competências do Distrito Federal
(art. 23, da CF):
• conservação do patrimônio público;
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legis-
• saúde e assistência pública;
• proteção dos bens de valor histórico, das paisagens lativas reservadas aos Estados e Municípios, nos termos do
naturais notáveis e dos sítios arqueológicos; art. 32, § 1º, da Constituição Federal.
• acesso à cultura, à educação, à ciência, à tecnologia,
à pesquisa e à inovação; Regulamentação dos Serviços Públicos
• proteção ao meio ambiente e controle da poluição;
• preservar a fauna e a flora; A regulamentação do serviço público caberá sempre ao
• combate às causas da pobreza e da marginalização, Poder Público, qualquer que seja a modalidade de sua pres-
promovendo a integração dos setores desfavore­cidos. tação aos usuários. O fato de tais serviços serem delegados
a terceiros não retira do Estado seu poder indeclinável de
Competências Concorrentes regulamentá-los. Dessa forma, podemos enumerar os passos
No âmbito da legislação concorrente (art. 24), foram a serem seguidos na regulamentação dos serviços públicos
atribuídas, dentre outras, as seguintes competências: da seguinte forma:
Direito Administrativo

• custas dos serviços forenses; • A Constituição Federal discrimina as competências


• produção e consumo;
originárias e genéricas das atividades de cada esfera
• florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
proteção do meio ambiente e controle da poluição; do Poder Público (art. 21).
• proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico e • A Lei nº 8.987/1995 disciplina as normas e condições
paisagístico; gerais para a descentralização por meio de delegação,
• educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnolo- pois se trata de uma lei federal.
gia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; • Lei específica (federal, estadual distrital e municipal)
• previdência social, proteção e defesa da saúde; autoriza a delegação e delimita sua amplitude.
• assistência jurídica e defensoria pública; • O regulamento estabelece as condições de execução
• proteção à infância e à juventude. do serviço.

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• E o contrato administrativo, nos casos de concessão e ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURA DA
permissão, consubstancia a delegação da execução ao ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
particular que venceu a licitação.
Noções Gerais
Controle e Fiscalização dos Serviços Públicos
O Estado atua por meio de órgãos, agentes e pessoas jurí-
O controle e a fiscalização são feitos pelo Poder con- dicas, sua organização engloba três situações fundamentais:
cedente responsável pela delegação, porém a sua fiscali-
zação pode contar com a ajuda dos usuários (art. 3º da Lei Centralização – Na centralização, o Estado executa
nº 8.987/1995). suas tarefas diretamente por meio dos órgãos e agentes
administrativos que compõem sua estrutura funcional.91
DELEGAÇÃO: CONCESSÃO, PERMISSÃO E A chamada centralização desconcentrada é a atribuição
AUTORIZAÇÃO administrativa cometida a uma única pessoa jurídica divi-
dida internamente em diversos órgãos.92
O Poder Público pode realizar centralizadamente seus Descentralização – Na descentralização, ele o faz in‑
próprios serviços, por meio dos órgãos da Administração diretamente por meio de outras pessoas jurídicas93. Pode
direta, ou prestá-los descentralizadamente, por meio das ser por meio de outorga ou delegação. Há outorga quando
entidades autárquicas, fundacionais, empresas públicas o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, a titu-
ou sociedades de economia mista que integram sua Ad- laridade e a execução de determinado serviço público. Há
ministração indireta, ou, ainda, por meio de entes paraes- delegação, quando o Estado transfere, por contrato (con-
tatais de cooperação que não compõem a Administração cessão ou consórcio público) ou ato unilateral (permissão
direta nem a indireta (também conhecidos como Terceiro ou autorização), unicamente a execução do serviço, para
Setor) e finalmente, por empresas privadas e particula- que o ente delegado o preste à coletividade, em nome
res individualmente (concessionários, permissionários e próprio e por sua conta e risco, mas nas condições e sob o
autorizatários). controle do Estado.
Quando a Administração Pública executa seus próprios Desconcentração  – Na desconcentração temos uma
serviços, o faz como titular dos mesmos, quando os comete distribuição de competências no âmbito interno da própria
a outrem, pode transferir-lhes a titularidade (outorga) ou entidade encarregada de executar um ou mais serviços.
simplesmente a execução (delegação) Com os conceitos expostos, podemos traçar o seguinte
Aqui, vamos tratar especialmente da delegação de ser- quadro:
viços públicos sob as modalidades de concessão, permissão
e autorização.

Concessão
Concessão de serviço público é a delegação de sua presta-
ção, feita pelo poder concedente, mediante licitação (art. 175
da Constituição Federal), na modalidade de concorrência, à
pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco,
por prazo determinado. A concessão é formalizada por meio
de contrato administrativo e remunerada mediante tarifa “A concentração, por outro lado, é uma técnica admi-
cobrada dos usuários. nistrativa que promove a extinção de órgãos públicos. Veja
A concessão comum está regulada pela Lei nº 8.987/1995 o exemplo de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino para
e a concessão especial (administrativa e patrocinada) pela caracterizar a concentração administrativa: “Pessoa jurídica
Lei nº 11.079/2004 (Parcerias Público-Privadas). integrante da administração pública extingue órgãos antes
existentes em sua estrutura, reunindo em um número menor
Permissão de unidade as respectivas competências. Imagine-se, como
exemplo, que a secretaria da fazenda de um município tivesse
Permissão de serviço público é a delegação, a título pre- em sua estrutura superintendências, delegacias, agências e
cário, mediante licitação (art. 175 da Constituição Federal), postos de atendimento, cada um desses órgãos incumbidos
da prestação de serviços públicos, feita pelo poder conce- de desempenhar específicas competências da referida se-
dente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade cretaria. Caso a administração pública municipal decidisse,
para seu desempenho, por sua conta e risco. A permissão é em face de restrições orçamentárias, extinguir os postos de
formalizada por meio de termo de adesão e remunerada por atendimento, atribuindo às agências as competências que
Direito Administrativo

meio de tarifa cobrada aos usuários do serviço. aqueles exerciam, teria ocorrido concentração administra-
A permissão também é regulada pela Lei nº 8.987/1995. tiva. Importante ressaltar que tanto a concentração quanto
a desconcentração podem ser utilizadas na administração
Autorização direta e indireta.

Serviços autorizados são aqueles que o Poder Público,


por ato unilateral, precário e discricionário, consente na sua 91
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Adminis-
execução por particular para atender a interesses coletivos trativa/2013.
92
Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
instáveis ou emergência transitória. A remuneração de tais 93
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Apoio
serviços também é tarifada pela Administração. Especializado/2013.

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Administração Pública Desconcentrada de uma chefia mais alta. Não gozam de autonomia adminis‑
Centralizada Direta trativa nem financeira94. Ex.: Gabinetes, Secretarias Gerais,
Coordenadorias, Departamentos etc.
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas federati-
vas, aos quais foi atribuída a competência para o exercício, de Subalternos
forma centralizada, das atividades administrativas do Estado. São órgãos subordinados hierarquicamente. Detêm reduzi-
Sua abrangência não se limita, somente, ao Executivo, ape- do poder decisório, pois se destinam basicamente à realização
de serviços de rotina e tem predominantemente atribuições
sar de ser o incumbido da função administrativa em geral,
de execução. Ex.: Portarias e seções de expediente.
alcança também o Legislativo e o Judiciário, pois precisam
se organizar no desempenho de suas atividades típicas –
b) Quanto à Estrutura
normativa e jurisdicional. É composta na esfera Federal pela
Presidência da República e Ministérios. Na esfera Estadual, Simples
pelo princípio da simetria, temos a Governadoria do Esta- São constituídos por um único centro de competência.
do, os órgãos de Assessoria ao Governador e as Secretarias O órgão simples constitui uma única unidade. Ex.: Portaria,
Estaduais com seus órgãos internos. E na esfera municipal, Agência da Secretaria da Receita.
temos as Prefeituras e seus órgãos de Assessoria ao Prefeito
e as Secretarias Municipais com seus órgãos internos. Compostos
São aqueles que reúnem, na sua estrutura, outros órgãos
Estruturação em Órgãos menores, com função principal idêntica ou com funções
auxiliares diversificadas. Ex.: Secretaria de Educação (esco-
Necessariamente, a Administração Pública centralizada las – órgãos menores).
deve utilizar‑se de uma estrutura interna, em que se dividem
atribuições e poderes, de modo a permitir a efetiva prestação c) Quanto à Atuação Funcional
de serviços e a materialização de sua função. A tal estrutura
interna damos o nome de órgãos. Singulares
São aqueles que atuam e decidem por meio de um único
Conceito de Órgãos Públicos agente, que é seu chefe e representante. Pode ter vários
auxiliares, mas só um representante. Ex.: Presidência da
São centros de competência despersonificados, criados República (Presidente), Governadorias dos Estados, Prefei-
por lei (art. 48, XI, da CF), instituídos para o desempenho turas Municipais etc.
de funções estatais, por meio de seus agentes, cuja atuação
é imputada à pessoa jurídica a que pertencem (Teoria do Colegiados
órgão). São todos aqueles que atuam e decidem pela manifes-
A principal característica da teoria do órgão consiste no tação conjunta e majoritária da vontade de seus membros.
princípio da imputação volitiva, ou seja, a vontade do órgão Ex.: Tribunal.
público é imputada à pessoa jurídica que eles integram, en-
tretanto, quando se tratar da chamada função de fato, se a Administração Pública Desconcentrada
atividade provém de um órgão, é irrelevante que tenha sido Descentralizada Indireta
praticado por um agente que não tenha competência, basta
a aparência de investidura e o exercício pelo órgão para que É o conjunto de entidades, criadas ou autorizadas por
os efeitos da conduta sejam imputados à pessoa jurídica. lei, que, vinculadas à respectiva Administração Direta, têm
o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de
Classificação dos Órgãos Públicos forma descentralizada. Em regra, abrange o Poder Executivo
Federal, Estadual e Municipal. De acordo com o Decreto‑Lei
a) Quanto à Posição Estatal nº 200/1967, compreende as seguintes entidades: Autar-
quias, Fundações Públicas, Empresas Públicas e Sociedades
de Economia Mista.
Independentes
São os órgãos originários da Constituição, e represen-
tativos dos Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Ju- Autarquias
diciário). Não possuem qualquer subordinação hierárquica
e seus agentes são denominados de Agentes Políticos. Ex.: Conceito
Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Presidência As Autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público,
integrantes da Administração Indireta, criadas por lei95 para
da República etc.
desempenhar funções que, despidas de caráter econômico,
sejam próprias e típicas do Estado.
Autônomos
As autarquias, pessoas administrativas que gozam de
São os órgãos localizados na cúpula da administração;
Direito Administrativo

liberdade administrativa nos limites da lei que as criou, só


tem autonomia administrativa, financeira e técnica. Carac- podem ser extintas por lei.96
terizam‑se como órgãos diretivos, com funções precípuas de
planejamento, supervisão, coordenação e controle das ativi- Objeto
dades que constituem sua área de competência. Ex.: Minis- As Autarquias destinam‑se à execução de serviços pú-
térios, Secretarias de Estado, Advocacia Geral da União etc. blicos de natureza administrativa. Por desempenharem ati-
Superiores 94
Assunto cobrado na prova da Esaf/TSIET/DNIT/Estradas/2013.
São os que detêm poder de direção, controle, decisão e 95
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-RS/Técnico Judiciário/Área Administra-
comando de assuntos de sua competência específica, mas tiva/Analista Judiciário/Área Administrativa/2010.
96
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
sempre sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico – II/2010.

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vidades típicas do Estado, a descentralização administrativa autônomos com a finalidade de aplicação e concretização
ocorre por meio de outorga. dos textos legais (MORAES, 2002, p. 22).
Posteriormente, em virtude da influência do direito
Autoadminis­tra­ção anglo‑saxão, os Estados Unidos criaram, em 1887, a Inters-
As Autarquias não possuem autonomia política para tate Commerce Comission, órgão inicialmente destinado a
criar suas próprias normas, elas possuem apenas autonomia regular o transporte ferroviário.
administrativa, ou seja, auto‑organização.97 As agências reguladoras, porém, só passaram a intervir
Controle fortemente no Direito Administrativo norte‑americano após
Institucional: não há subordinação hierárquica da autar- a grande depressão (1929). No ápice da crise, já em 1933,
quia com o ente que a criou e sim vinculação, cabendo a este o Presidente americano Franklin Delano Roosevelt aprovou
apenas o controle finalístico (supervisão ministerial), que visa uma série de medidas político‑econômicas para restabelecer
mantê‑la no estrito cumprimento de suas finalidades (tutela). a economia e assistir os prejudicados. Essas medidas ficaram
Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja, conhecidas como New Deal (novo acordo). Como resultado
poder de rever seus próprios atos. do New Deal, foram criadas, por meio de leis, várias agências
Judicial: os atos praticados pelas Autarquias e por seus federais destinadas a regular os vários setores da economia,
agentes são considerados atos administrativos, portanto, cada qual com seus procedimentos decisórios.
estão sujeitos ao controle pelo Poder Judiciário. Diante disso, tornou‑se necessária a padronização desse
Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio sistema e, em 1946, foi editado o Administrative Procedure
do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF). Act (Lei de Procedimento Administrativo), estabelecendo‑se,
assim, procedimentos uniformes a serem adotados por todas
Regime de Pessoal as agências, conferindo‑lhes maior legitimidade.
Em regra, é o estatutário, da Lei nº 8.112/1990. No Direito Administrativo brasileiro, diferentemente do
modelo norte‑americano, as agências reguladoras tiveram
Patrimônio forte e decisiva influência francesa e, consequentemente,
As Autarquias possuem orçamento, patrimônio e receita incorporaram as ideias de centralização administrativa e
próprios.
forte hierarquia. No entanto, ao  adaptarmos as agências
O patrimônio das autarquias é formado inicialmente a
reguladoras ao Direito Administrativo brasileiro, devemos
partir da transferência de bens móveis e imóveis do ente
federado que as criou.98 levar em conta as diferentes características decorrentes de
O patrimônio das autarquias goza dos mesmos privilégios cada ordenamento jurídico.
atribuídos aos bens públicos em geral, é imprescritível, não po- Natureza
dendo ser adquirido mediante usucapião, bem como não pode
No Brasil, as agências reguladoras foram constituí­das
ser objeto de penhora a fim de garantir a execução judicial.99
como autarquias de regime especial integrantes da ad‑
Foro Competente ministração indireta, vinculadas (não é subordinada) ao
Nos litígios comuns, sendo autoras, rés, assistentes ou Ministério competente para tratar da respectiva ativida‑
opoentes, o foro competente é a justiça federal, conforme de101. O regime especial vem definido nas respectivas leis
determina o art. 109, I, da CF. instituidoras e diz respeito, em regra, à  maior autonomia
em relação à Administração Direta; à estabilidade de seus
Responsabilidade Civil dirigentes, garantida pelo exercício de mandato fixo, que
A Autarquia responde objetivamente pelos danos que eles somente podem perder nas hipóteses expressamente
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, asse- prevista, afastada a possibilidade de exoneração ad nutum;
gurado o direito de regresso contra o responsável nos casos ao caráter final das suas decisões que, a princípio, não são
de dolo ou culpa (art. 37, § 6º, CF). passíveis de apreciação por outros órgãos ou entidades
da Administração, exceto no que se refere à legalidade.102
Privilégios Vistas por outro ângulo, foram criadas para realizar as tra-
Imunidade tributária; prescrição quinquenal de suas dicionais atribuições da Administração Direta, na qualidade
dívidas; prazo em dobro para todas as suas manifestações de Poder Público concedente, nas concessões, permissões
processuais; impenhorabilidade e imprescritibilidade de e autorizações de serviços públicos. Derivam, pois da ideia
bens; não estão sujeitas à falência. de descentralização administrativa (art.  10, Decreto‑Lei
nº 200/1967) e têm como função a regulação das matérias
Exemplos afetas a sua área de atuação e a permanente missão de fis-
Bacen, INSS, CVM, Incra, Ibama, Detran.
calizar a eficiência na prestação dos serviços públicos pelos
concessionários, permissionários e autorizados.
Obs.: Os Conselhos Profissionais, além de possuírem
personalidade jurídica própria, são autarquias.100 Ou, ainda, em sentido amplo, agência reguladora no
Direito brasileiro seria qualquer órgão da Administração
Agências Reguladoras Direta ou entidade da Administração Indireta com a função
Direito Administrativo

As Agências Reguladoras surgiram na Inglaterra, a partir de regular matéria específica que lhe está afeta. Se for enti-
da criação pelo Parlamento, em 1834, de diversos órgãos dade da Administração indireta, está sujeita ao princípio da
especialidade, significando que cada qual exerce e é espe-
cializada na matéria que lhe foi atribuída por lei. A regulação
97
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/Prefeitura Municipal de Boa
Vista-RR/Analista Municipal/Procurador Municipal/2010 e Fepese/Conselho Re- engloba toda forma de organização da atividade econômica
gional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar Administrativo/2010. pelo Estado, seja a intervenção por meio da concessão de
98
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar
Administrativo/2010.
99
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar 101
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
Administrativo/2010. – II/2010.
100
Fepese/Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina/Fiscal/Auxiliar 102
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
Administrativo/2010. – II/2010.

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serviço público, seja pelo exercício do poder de polícia, ou Características
seja, o Estado está ordenando ou regulando a atividade eco- As agências reguladoras distinguem‑se das demais au-
nômica tanto quando concede ao particular a prestação de tarquias porque suas leis instituidoras lhes outorgam certas
serviços públicos e regula sua utilização – impondo preços, prerrogativas que não são encontráveis na maioria das enti-
quantidade produzida, qualidade – como quando edita regras dades autárquicas comuns. Segundo alguns doutrinadores,
no exercício do poder de polícia administrativo. suas características podem envolver:
Dentro dessa função regulatória, podemos considerar a • Serem criadas por lei; a criação por lei é exigência que
existência de dois tipos de agências reguladoras no direito vem desde o Decreto‑Lei nº 6.016/1943, repetindo‑se
brasileiro: no Decreto‑Lei nº  200/1967 e agora constando na
• As que exercem, com base em lei, típico poder de po- Constituição Federal, art. 37, XIX.
lícia, com a imposição de limitações administrativas, • Serem dotadas de autonomia financeira, administrativa
previstas em lei, fiscalização, repressão; é o caso, por e poderes normativos complementares à legislação
exemplo, da Anvisa, ANS e ANA. própria do setor. A autonomia financeira é assegurada
• As que regulam e controlam atividades que constituem pela disponibilidade de recursos humanos e infraes-
trutura material fixados em lei, além da previsão de
objeto de concessão, permissão ou autorização de
dotações consignadas no orçamento geral da União,
serviço público (teleco­municações, energia elétrica, créditos especiais, transferências e repasses que lhe
transportes etc.) ou de concessão para exploração forem conferidos. A autonomia administrativa significa
de bem público (petróleo e outras riquezas minerais, que, dada a personalidade jurídica própria, a autarquia
rodovias etc.). contrata e administra em seu próprio nome, contrai
obrigações e adquire direitos, mas dentro das regras do
As primeiras não são muito diferentes das autarquias ordenamento vigente; como exemplo, seus servidores
comuns que nós conhecemos, tais como o Banco Central, devem ingressar no quadro funcional por meio de
o  Cade, o  Conselho Monetário Nacional ou a Comissão concurso público. Com relação aos poderes normati-
de Valores Mobiliários. Já as segundas é que constituem vos, não abrange o poder de regulamentar leis, suas
novidade maior no Direito brasileiro, pelo papel que vêm de- normatizações deverão ser operacionais, no sentido
sempenhando, ao assumirem os poderes que, na concessão, de regular a própria atividade da agência por meio de
permissão ou autorização de serviços públicos, eram antes normas de efeitos internos, e conceituar, interpretar ou
desempenhados pela própria Administração Pública Direta, explicitar conceitos jurídicos indeterminados contidos
na qualidade de poder concedente. na lei, sem inovar na ordem jurídica. Por conceito jurídi-
co indeterminado entende‑se aquele que permite mais
As primeiras agências de uma interpretação, ou seja, mutável em função da
Em 1995, as Emendas Constitucionais nºs 8 e 9 previram valoração que se proceda diante dos pressupostos da
a criação de um órgão regulador para o setor de teleco- norma; geralmente seu sentido necessita de definição
municações (art.  21, XI) e outro para o setor de petróleo por órgão técnico especializado.
(art. 177, § 2º, III), o que foi implementado pelas Leis nºs O grau de autonomia da agência reguladora depende
9.472/1997 e 9.478/1997, as quais instituíram respectiva- dos instrumentos específicos que a respectiva lei
instituidora estabeleça.103
mente a Agência Nacional de Telecomunicações  – Anatel
• Operam como instância administrativa final nos litígios
e a Agência Nacional do Petróleo – ANP. Porém a primeira
sobre matérias de sua competência. Isso significa que,
agência reguladora brasileira tem origem infraconstitucional. em princípio, não cabe recurso hierárquico de suas
Trata‑se da Agência Nacional de Energia Elétrica, instituída decisões, exceto quanto ao controle de legalidade.
pela Lei nº 9.427/1996. • Possuírem direção colegiada, sendo os membros no-
meados pelo Presidente da República, com aprovação
A desestatização do Estado do Senado Federal (Lei nº 9.986/2000, art. 5º).
Em 1997, foi instituído o Plano Nacional de desestati- • Seus dirigentes possuírem mandato com prazo de
zação (Lei nº 9.491), com o objetivo estratégico de, entre duração determinado (Lei nº 9.986/2000, art. 8º).
outros fins, reduzir o déficit público e sanear as finanças • Após cumprido o mandato, seus dirigentes ficarem im-
públicas, transferindo para a iniciativa privada atividades pedidos, por um prazo certo e determinado (quarente-
indevidamente exploradas pelo setor público e permitindo, na), de atuar no setor atribuído à agência, sob pena de
dessa forma, que a Administração Pública concentrasse seus incidirem em crime de advocacia administrativa, sem
esforços nas atividades em que a presença do Estado fosse prejuízo das demais sanções cabíveis, administrativas
fundamental para a consecução das prioridades nacionais. e civis (Lei nº 9.986/2000, art. 8º, § 4º).
Com o afastamento do Estado da execução dessas ati- • Especialização técnica: refere‑se à especialização de
vidades, seria necessário que se instituíssem mais órgãos cada agência em relação à sua atribuição técnica. Este
reguladores. A partir daí, diversos órgãos da mesma natureza grau de especialização técnica das agências, emprega-
do em suas decisões, fundamenta não só a criação da
Direito Administrativo

foram criados por lei infraconstitucionais como é o caso da


própria agência, como também boa parte do poder
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, instituída
normativo a ela conferido. Na verdade, as  impede
pela Lei nº 9.782/1999. Em 2000, as Leis nºs 9.661 e 9.984 de exercer atividades diversas daquelas para as quais
instituíram respectivamente a Agência Nacional de Saúde foram instituídas.
Suplementar – ANS e a Agência Nacional de Águas – ANA. Em • Sujeição a controle ou tutela: como nas autarquias
2001, a Lei nº 10.233 criou a Agência Nacional de Transportes comuns, o controle feito pelo Ministério é um controle
Terrestres – ANTT e a Agência Nacional de Transportes Aquá- finalistico (supervisão ministerial), que visa mantê‑la
ticos – Antaq. No mesmo ano, a Medida Provisória nº 2.281 no estrito cumprimento de suas finalidades (tutela).
criou a Agência Nacional do Cinema – Ancine. Em 2005, a Lei
nº 11.182, criou a Agência Nacional de Aviação Civil – Anac. Esaf/TSIET/DNIT/Estradas/2013.
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É claro que sendo decorrentes de lei criadora, compatível ministerial), que visa mantê‑la no estrito cumprimento de
com o ordenamento constitucional, as prerrogativas e auto- suas finalidades (tutela).
nomias podem variar de uma agência para outra. No entanto Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja,
as suas atribuições encontram certo consenso na doutrina. poder de rever seus próprios atos.
Judicial: assim como nas Autar­quias, as Fundações Pú-
Atribuições blicas, também, sofrem o controle de legalidade feito pelo
As atribuições das agências, no que diz respeito à conces- Poder Judiciário.
são, permissão e autorização de serviço público resumem‑se Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio
ou deveriam resumir‑se às funções que o poder concedente do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF).
exerce nesses tipos de contratos ou atos de delegação, ou seja: Obs.: O MP é curador das Fundações.
• regulamentar os serviços que constituem objeto da
delegação; Regime de Pessoal
• realizar o procedimento licitatório para escolha do Em regra, é o estatutário, da Lei nº 8.112/1990.
concessionário/ permissionário;
• celebrar o contrato de concessão ou permissão ou Patrimônio
praticar ato unilateral de outorga da autorização; As Fundações Públicas possuem orçamento, patrimônio
• definir o valor da tarifa e da sua revisão ou reajuste; e receita próprios.
• controlar a execução dos serviços;
• aplicar sanções; Foro Competen­te
• encampar; O foro competente, assim como nas Autarquias, é a
• decretar a caducidade; Justiça Federal.
• intervir;
• fazer rescisão amigável; Responsabilidade Civil
• fazer a reversão de bens ao término da concessão; As Fundações Públicas, também, respondem objeti-
• exercer o papel de ouvidor de denúncias e reclamações vamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
dos usuários. causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra
o responsável nos casos de dolo ou culpa (art. 37, § 6º, CF).
Enfim, exercer todas as prerrogativas que a lei outorga
ao Poder Púbico na concessão, permissão e autorização. Privilégios
As Fundações Públicas gozam dos mesmos privilégios que
Regime de pessoal as Autarquias, ou seja, imunidade tributária, prazo em dobro
O regime jurídico de pessoal é o da Lei nº 8.112/1990, para todas as suas manifestações processuais, prescrição
assim determinado pela Lei nº  10.871/2004, que dispõe quinquenal, seus bens são considerados bens públicos, não
sobre a criação de carreiras e organização de cargos efe‑ estão sujeitas à falência.
tivos das autarquias especiais denominadas Agências
Reguladoras.104 Exemplos
Ipea, IBGE, Fundação Nacional de Saúde, Funai, Enap,
Fundações Públicas Caje.

Conceito Quadro Comparativo


Com propriedade, Di Pietro (2008) define a Fundação
instituída (autorização legislativa) pelo Poder Público como: Autarquia Fundação Pública
o patrimônio, total ou parcialmente público, dotado Criada por lei específica. Autorizada por lei específica.
de personalidade jurídica, de direito público ou Pessoa Jurídica de Direito Pessoa Jurídica de Direito
privado, e destinado, por lei, ao desempenho de Público (SEMPRE). Público ou Privado.
atividades do Estado na ordem social, com capaci- Exerce atividades típicas Exerce atividades atípicas.
dade de autoadministração e mediante o controle da do Estado.
Administração Pública, nos limites da lei. Possui natureza adminis‑ Possui natureza social (educa-
trativa. tiva, recreativa e assistencial).
Objeto Obs.: As autarquias e as fundações públicas não são
As Fundações Públicas destinam‑se às atividades de cará- consideradas entidades políticas.105
ter social, tais como, assistência social, assistência médica e
hospitalar, educação e ensino, pesquisa e atividades culturais. Empresa Pública
Autoadministração Conceito
Direito Administrativo

As Fundações Públicas também não possuem autonomia As Empresas Públicas são pessoas jurídicas de Direito
política para criar suas próprias normas, elas possuem apenas Privado, integrantes da Administração Indireta, criadas por
autonomia administrativa, ou seja, auto‑organização. autorização legal106, sob qualquer forma (Ltda., S.A) e capital
exclusivamente público para que o Governo exerça atividades
Controle gerais ou prestação de serviços públicos.
Institucional: não há subordinação hierárquica da É admitida a participação de outras pessoas jurídicas de
Fundação Pública com o ente que a criou e sim vinculação, Direito Público Interno, bem como de entidades da Admi‑
cabendo a este apenas o controle finalístico (supervisão
Assunto cobrado na prova do Cespe/TCU/AUFC/2010.
105

Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto


104
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
106

– II/2010. Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010.

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nistração Indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal Exemplos
e dos Municípios, desde que a maioria do capital votante ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos); CEF
permaneça de propriedade da União (art. 5º, Decreto‑Lei (Caixa Econômica Federal); Embrapa (Empresa Brasileira de
nº 900/1969).107 Pesquisa Agropecuária); Emater‑DF (Empresa de Assistência
A pessoa jurídica de direito privado criada por autoriza- Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal); Caesb (Compa-
ção legislativa específica, com capital formado unicamente nhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal).
por recursos de pessoas de direito público interno ou de
pessoas de suas administrações indiretas, para realizar Sociedade de Economia Mista
atividades econômicas ou serviços públicos de interesse
da administração instituidora, nos moldes da iniciativa Conceito
particular, é denominada empresa pública.108 Sociedades de Economia Mista são pessoas jurídicas de
Direito Privado, integrantes da Administração Indireta109,
Objeto criadas por autorização legal110, sob a forma de Sociedades
As Empresas Públicas têm por objeto o desempenho Anônimas, cujo controle acionário pertença ao Poder Público,
de atividades de caráter econômico ou de prestação de tendo por objetivo, como regra, a exploração de atividades
serviços públicos. de caráter econômico ou a prestação de serviços públicos,
não exclusivos do Estado.
Subsidiárias Após a autorização de sua criação, promoverão a apro-
A lei que autorizou a criação da Empresa Pública pode vação de seu estatuto, e o respectivo Registro, observando
prever, desde logo, a possibilidade de posterior instituição o que determina a Lei das Sociedades por Ações.
de subsidiárias. Caso contrário, será necessária nova lei au- A título de exemplo, o Estado pretende descentralizar a
torizando sua criação (art. 37, XX, CF). As subsidiárias serão execução de atividade atualmente desempenhada no âmbito
instituídas com o objetivo de se dedicar a um dos seguimen- da Administração direta, consistente nos serviços de ampliação
tos da entidade primária, sendo a subsidiária controlada pela e manutenção de hidrovia estadual, em face da especialidade
primária, e ambas pelo Estado. de tais serviços. Estudos realizados indicaram que será possível
a cobrança de outorga pela concessão, a particulares, do uso
Controle de portos fluviais que serão instalados na referida hidrovia,
Institucional: as empresas públicas não possuem subor- recursos esses que serão destinados a garantir a autossu-
dinação hierárquica com o ente que as criou e sim vinculação, ficiência financeira da entidade a ser criada. Considerando
cabendo a este apenas o controle finalístico (supervisão os objetivos almejados, poderá ser instituída sociedade de
ministerial), que visa mantê‑la no estrito cumprimento de economia mista, caracterizada como pessoa jurídica de direito
suas finalidades (tutela). privado, submetida aos princípios aplicáveis à Administração
Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja, pública, e cuja criação é autorizada por lei.111
poder de rever seus próprios atos. Em face de convênio de delegação celebrado com a
Judicial: as empresas públicas sofrem o controle de União, o Estado obrigou-se a constituir entidade integrante
legalidade feito pelo Poder Judiciário. de sua Administração indireta para atuar como delegatária
Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio de serviço público federal, tendo por objeto a exploração
do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF). comercial do Porto de São Sebastião. Optou pela criação de
uma sociedade de economia mista. Essa opção afigura-se
Regime de Pessoal correta, salvo se a delegação envolver, também, exercício
Submetem‑se ao regime trabalhista comum, previsto no de poder normativo e sancionador, que não se coaduna com
Decreto nº 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). o regime de direito privado da entidade.112

Patrimônio Objeto
As empresas públicas possuem orçamento, patrimônio As Sociedades de Economia Mista têm por objeto o
e receita próprios. desempenho de atividades de caráter econômico ou a pres-
tação de serviços, assim como as Empresas Públicas.
Foro Competente
O juízo competente nos litígios comuns é a Justiça Fe­ Capital Social
deral, conforme determina o art. 109, I, da CF. O Capital social das Sociedades de Economia Mista é
Responsabilidade Civil formado pela composição de recursos públicos e privados,
As empresas públicas que exercem atividade econômica sendo que o controle acionário pertence ao Poder Público,
estão isentas da responsabilidade civil decorrente do art. 37, independentemente de serem exploradoras de atividades
§ 6º, da CF. Dessa forma, os prejuízos que seus empregados econômicas ou prestadoras de serviços públicos.
causarem a terceiros deverão ser tratados pelo Código Civil.
Se forem prestadoras de serviços públicos, responderão Controle
Direito Administrativo

objetivamente por tais prejuízos. Institucional: as Sociedades de Economia Mista não


possuem subordinação hierárquica com o ente que as criou
Privilégios e sim vinculação, cabendo a este apenas o controle finalís-
As Empresas Públicas exploradoras de atividade econô- tico (supervisão ministerial), que visa mantê‑la no estrito
mica não dispõem de qualquer privilégio fiscal não extensivo cumprimento de suas finalidades (tutela).
ao setor privado (art. 173, § 2º, da CF).
109
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Técnico Judiciário/Área Administra-
tiva/2013.
110
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
107
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010.
Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. 111
FCC/AFR SP/Sefaz SP/Gestão Tributária/2013.
108
Cespe/Seger-ES/Direito/2013. 112
FCC/TCE-SP/Auditor/2013.

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Administrativo: controle interno ou autotutelar, ou seja, Formação do capital social: Formação do capital social:
poder de rever seus próprios atos. 100% patrimônio público. capital social dividido entre o
Judicial: as Sociedades de Economia Mista sofrem o poder público e particula­res
controle de legalidade feito pelo Poder Judiciário. (privado); com maioria do ca-
Financeiro: é feito pelo Congresso Nacional com auxílio pital votante (ações ordinárias)
do Tribunal de Contas da União (arts. 70 e 71 da CF). em poder do Estado.
Forma de constituição: qual- Forma de constituição: somen‑
Regime de Pessoal quer forma. te S/A (Sociedade Anônima).86
Submetem‑se ao regime trabalhista comum, previsto no Tem seus feitos (processos) Tem seus feitos (processos)
julgados pela Justiça Federal julgados pela Justiça Esta­dual,
Decreto nº 5.452/1943 (Consolidação das Leis do Trabalho).
(exceto trabalhistas / elei- mesmo se forem federais.
torais), no caso de Empresa
Subsidiárias Pública Federal.
A lei que autorizou a criação da Sociedade de Economia Bens não podem ser penho- Bens podem ser penhorados
Mista, também, pode prever desde logo a possibilidade de rados, se forem prestadoras ou executados (até o limite do
posterior instituição de subsidiárias. de serviços públicos. particular).
Prestação de serviços públi- Exploração de atividade econô-
Patrimônio cos ou atividades econômicas mica de utilidade pública.
As Sociedades de Economia Mista possuem orçamento, de interesse do Estado, ou
patrimônio e receita próprios. consideradas como conve-
Respeitados os requisitos e trâmites legais, é possível nientes à coletividade.
116
ao Estado-membro desapropriar, mediante prévia e justa
indenização em dinheiro, imóvel não utilizado pertencente Obs.: O pessoal das empresas públicas e das sociedades
a sociedade de economia mista federal exploradora de de economia mista são considerados agentes públicos,
atividade econômica em sentido estrito.113 para os fins de incidência das sanções previstas na Lei de
Improbidade Administrativa.117
Foro Competente
O juízo competente nos litígios comuns é a Justiça Estadual. O regime jurídico das empresas públicas e sociedades
de economia mista que desempenham atividade econômica
em sentido estrito estabelece que a remuneração de seus
Súmula nº 517/STF: As Sociedades de Economia
agentes não está sujeita ao teto constitucional, a menos que
Mista só têm foro na justiça federal, quando a União
a entidade receba recursos orçamentários para pagamento
intervém como assistente ou opoente.114
de despesa de pessoal ou de custeio em geral.118
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista,
Súmula nº 556/STF: É competente a justiça comum
os servidores ocupam empregos públicos, ao passo que,
para julgar as causas em que é parte Sociedade de na administração direta, há servidores titulares de cargos
Economia Mista. efetivos e ocupantes de empregos públicos.119
Responsabilidade Civil Agências Executivas
As Sociedades de Economia Mista que exercem atividade As Agências Executivas, diferentemente das Agências
econômica, também, estão isentas da responsabilidade civil Reguladoras, não têm por objetivo a regulamentação,
decorrente do art. 37, § 6º, da CF. Dessa forma, os prejuízos controle e fiscalização, mas sim a execução de atividades
que seus empregados causarem a terceiros deverão ser administrativas.
tratados pelo Código Civil. É apenas um qualificativo atribuído às autarquias e às
Se forem prestadoras de serviços públicos, responderão fundações da Administração Pública Federal, por iniciativa
objetivamente por tais prejuízos. do Ministério supervisor ao qual está vinculada, que tive‑
rem com ele celebrado contrato de gestão e possuam plano
Privilégios estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional
As Sociedades de Economia Mista exploradoras de ativi- voltado para a melhoria da qualidade de sua gestão e para
dade econômica não dispõem de qualquer privilégio fiscal a redução de custos (art. 51 da Lei nº 9.649/1998).120
não extensivo ao setor privado (art. 173, § 2º, da CF). O termo contrato de gestão tem sido utilizado tanto para
designar acordos celebrados entre entidades públicas, como
Exemplos entidades privadas que atuam paralelamente ao Estado, mais
Banco do Brasil; Banco da Amazônia; Petrobras; Banco especificamente às organizações sociais.
de Brasília. No âmbito da Administração Pública Federal foi criado
como uma das formas de materializar o princípio constitucio-
Quadro Comparativo115 nal da eficiência (art. 37, § 8º, da CF), garantindo a amplia-
Empresa Pública Sociedade de ção da autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
Direito Administrativo

Economia Mista órgãos e entidades da Administração direta e indireta. Seu


Pessoa jurídica de direito Pessoa jurídica de direito pri‑ objeto é a fixação de metas de desem­penho para os órgãos
privado.85 vado. e entidades. Nela, devem estar previstos, além das metas
116
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Apoio
Especializado/2013.
113
FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/Procurador do Estado de 3ª 117
FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista Judiciário/Área
Classe/2010. Judiciária/Execução de Mandatos/2010.
114
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho 118
FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/Procurador do Estado de 3ª
Substituto – II/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/ Classe/2010.
Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. 119
Cespe/AE ES/Seger-ES/Direito/2013.
115
Assunto cobrado na prova do Cespe/CNJ/Analista Judiciário/Área Administra- 120
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
tiva/2013. – II/2010.

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a serem alcançadas, mecanismos de controle e critérios de Entidades Paraestatais: são pessoas jurídicas de Direito
avaliação (controle de resultados), o prazo de sua duração, Privado que, por lei, são autorizadas a prestar serviços ou
remuneração do pessoal, bem como direitos, obrigações e realizar atividades de interesse coletivo ou público, mas não
responsabilidades dos administradores. exclusivos do Estado. As entidades paraestatais são autôno-
No âmbito da Administração indireta ressalte-se que as mas, administrativa e financeiramente, têm patrimônio e
autarquias e fundações que tenham um plano estratégico operam em regime da iniciativa particular, na forma de seus
de reestruturação e de desenvolvimento institucional em estatutos, ficando sujeitas apenas à supervisão do órgão da
andamento e que celebrem contrato de gestão com o respec- entidade estatal a que se encontrem vinculadas, para o con-
tivo Ministério supervisor, serão qualificadas como Agências trole de desempenho estatuário. São também denominadas
Executivas (art. 51 da Lei nº 9.649/1998). de “entes de cooperação” com o Estado. São espécies de
Fora do âmbito da Administração indireta, os contratos de entidades paraestatais os serviços sociais autônomos (Sesc,
gestão estão previstos como modalidade de ajuste a ser celebra- Sesi, Senai, Sebrae entre outros), as organizações sociais e as
do com instituições não governamentais passíveis de serem qua- Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público).
lificadas pelo Poder Executivo como Organizações Sociais, para
fins de fomento. As Organizações Sociais são necessariamente Entidades Paraestatais (Terceiro Setor)
pessoas jurídicas de direito privado, sem finalidade lucrativa,
cujas atividades estão dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, Integram o terceiro setor as pessoas jurídicas de direito
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do privado, sem fins lucrativos, que exercem atividades de
meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos interesse público, não exclusivas de Estado, recebendo
previstos no art. 2º da Lei nº 9.637/1998. fomento do Poder Público.121
O terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que é o
Entidades Políticas e Administrativas próprio Estado e com o segundo setor, que é o mercado.122
É composto por particulares, portanto, pessoa jurídica
Entidade é pessoa jurídica, pública ou privada; órgão é de direito privado, que não integram a estrutura da Admi-
elemento despersonalizado incumbido da realização das ativi- nistração Pública, mas que com ela mantém, por razões
dades da entidade a que pertence, por meio de seus agentes. diversas e por meio de formas diferenciadas, parcerias com
Na organização política e administrativa brasileira, as en- o intuito de preservar o interesse público. São exemplos de
tidades classificam-se em estatais, autárquicas, fundacionais, entidades paraestatais:
empresariais e paraestatais.
Entidades Estatais: são as pessoas jurídicas de direito
Organizações Sociais123
público que integram a estrutura constitucional do Estado e Após o Plano de desestatização do Estado em 1997,
têm poderes políticos e administrativos, tais como a União, o Governo, com a necessidade de ampliar a descentraliza-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Destas, a única ção de serviços públicos, instituiu o Programa Nacional de
soberana é a União, as demais têm apenas autonomia polí- Publicização – PNP (Lei nº 9.637/1998), por meio do qual o
tica, administrativa e financeira. Poder Executivo poderia qualificar como organização social
Entidades Autárquicas: são pessoas jurídicas de Direito pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas
Público, de natureza meramente administrativa, criadas atividades fossem dirigidas ao ensino, à pesquisa científica,
por lei específica, para a realização de atividades, obras ou ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação
serviços descentralizados da entidade estatal que as criou. do meio ambiente, à cultura e à saúde.
Funcionam e operam na forma estabelecida na lei instituido- A parceria é concretizada por meio de um contrato
ra e nos termos de seu regulamento. Podem desempenhar de gestão, no qual constam discriminadas as atribuições,
atividades econômicas, educacionais, previdenciárias e responsabilidades e obrigações do Poder Público e da orga-
quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, nização social, bem como os incentivos que essas pessoas
mas sem a subordinação hierárquica, sujeitas apenas ao receberão do Estado para sua execução (recursos orça-
controle finalístico de sua administração (conhecido como mentários e bens públicos necessários ao cumprimento do
supervisão ministerial) e da conduta de seus dirigentes. Na contrato de gestão).
verdade, a autarquia é o próprio braço do Estado apesar de Na hipótese de decretação de indisponibilidade de bens
pertencente à administração indireta.
das Organizações Sociais ou de sequestro de bens dos diri-
Entidades Fundacionais: são pessoas jurídicas de Direito
gentes, o poder público será o depositário e gestor desses
Público ou pessoas jurídicas de Direito Privado, devendo a lei
bens até o término da ação.124
definir as respectivas áreas de atuação, conforme disposto
no art. 37, inciso XIX, da Constituição Federal.
Serviços Sociais Autônomos
Art. 37, inciso XIX: somente por lei específica poderá
ser criada autarquia e autorizada a instituição de São todos aqueles instituídos por lei com personalidade
empresa pública, de sociedade de economia mista jurídica de direito privado (possuem CNPJ), para ministrar
e de fundação, cabendo à lei complementar, neste assistência ou ensino a certas categorias sociais ou grupos
Direito Administrativo

último caso, definir as áreas de sua atuação; profissionais, e que não tenham finalidade lucrativa; atuam
ao lado do Estado em caráter de cooperação, sendo mantidos
Entidades Empresariais: são pessoas jurídicas de Direito por dotações orçamentárias ou por contribuições parafiscais.
Privado, instituídas sob a forma de sociedade de economia Exemplos: constituem basicamente o sistema S – Sesi,
mista ou empresa pública, com a finalidade de prestar serviço Sesc, Senai, Senac, Sebrae.
público que possa ser explorado no modelo empresarial,
ou de exercer atividade econômica de relevante interesse 121
Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
coletivo. Sua criação deve ser autorizada por lei específica, 122
Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
123
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
cabendo ao Poder Executivo as providências complementa- 124
Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/
res para sua instituição. Assistente Jurídico/2010.

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Organizações da Sociedade Civil de Interesse Espécies de Controle
Público125
Quanto à Extensão do Controle
É outro qualificativo atribuído às pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais Interno
tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: pro- É todo aquele realizado pela entidade ou órgão respon-
moção da assistência social; promoção da cultura, defesa e sável pela atividade controlada, no âmbito de sua própria
conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção administração.
gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; pro-
moção da segurança alimentar e nutricional126; defesa, Externo
preservação e conservação do meio ambiente e promoção Ocorre quando o órgão fiscalizador se situa em Admi-
do desenvolvimento sustentável; promoção do voluntariado; nistração diversa daquela de onde a conduta administrativa
promoção do desenvolvimento econômico e social e com- se originou.
bate à pobreza; experimentação, não lucrativa, de novos
Externo Popular
modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de pro- É o que determina que as contas públicas fiquem durante
dução, comércio, emprego e crédito; promoção de direitos sessenta dias, anualmente, à disposição de qualquer contri-
estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria ju- buinte, para exame e apreciação, podendo ser questionada
rídica gratuita de interesse suplementar; promoção da ética, por meio de mandado de segurança ou ação popular.
da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e
de outros valores universais; estudos e pesquisas, desenvol- Quanto ao Momento em que se Efetua
vimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação
de informações e conhecimentos técnicos e científicos que Prévio ou Preventivo
digam respeito às atividades mencionadas acima (art. 3º da É o controle exercido antes de consumar‑se a conduta
Lei nº 9.790/1999). administrativa, como ocorre, por exemplo, com aprovação
Para serem consideradas OSs ou OSCIPs, as instituições prévia, por parte do Senado Federal, do Presidente e de
não devem ter fins lucrativos, ou seja, não podem distribuir Diretores do Banco Central.
entre os seus sócios, conselheiros, diretores, empregados ou A necessidade de obtenção de autorização do Senado
doadores, eventuais excedentes operacionais, dividendos, Federal para que os estados possam contrair empréstimos
bonificações, participações ou parcelas do seu patrimônio, externos configura controle preventivo da administração
auferidos mediante o exercício de suas atividades, os quais pública.128
devem ser aplicados integralmente na consecução de seu
objeto social.127 Concomitante
Diferentemente das organizações sociais, a parceria é Acompanha a situação administrativa no momento em
firmada por meio de termo de parceria, no qual deverão que ela se verifica. É o que ocorre, por exemplo, com a fis-
estar formalizados, de modo detalhado, os direitos e as calização de um contrato em andamento.
obrigações dos pactuantes.
Posterior ou corretivo
Tem por objetivo a revisão de atos já praticados, para
Súmulas Aplicáveis corrigi‑los, desfazê‑los ou, somente, confirmá‑los. Abrange
atos como os de aprovação, homologação, anulação, revo-
Súmula nº 516/STF: “O Serviço Social da Indústria – Sesi – gação ou convalidação.
está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual”.
Súmula nº 517/STF: “As Sociedades de Economia Mista Quanto à Natureza do Controle
só têm foro na justiça federal, quando a União intervém como
assistente ou opoente”. Legalidade
Súmula nº 556/STF: “É competente a justiça comum É o que verifica a conformidade da conduta administrativa
para julgar as causas em que é parte Sociedade de Economia com as normas legais que a regem. Vale dizer que a Admi-
Mista.” nistração exercita‑o de ofício (controle interno) ou mediante
provocação (controle externo); o Legislativo só o efetiva nos
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA casos constitucionalmente previstos (art. 71 da CF); e o Judi-
ciário por meio da ação adequada. Por esse controle, o ato
BRASILEIRA ilegal e ilegítimo somente pode ser anulado, e não revogado.
Mérito
Conceito É o que se consuma pela verificação da conveniência e
da oportunidade da conduta administrativa. A competência
Ora aparece como o poder/dever de fiscalização e revi- para exercê‑lo é da Administração, e, em casos excepcionais,
são, ora aparece como a faculdade de vigilância, orientação expressos na Constituição, ao Legislativo (art. 49, IX e X), mas
Direito Administrativo

e correção que um Poder, órgão, ou autoridade exerce sobre nunca ao Judiciário.


a conduta funcional de outro.
Em razão da amplitude do conceito, inúmeros são os Quanto ao Órgão que o Exerce
critérios adotados pela doutrina para identificar as espécies
de controle. No exercício de suas funções, a administração pública se
sujeita ao controle dos Poderes Legislativo e Judiciário, além
de exercer, ela mesma, o controle sobre os próprios atos.129
125
Assunto cobrado na prova da Esaf/AIET/DNIT/Ambiental/2013.
126
Vunesp/Ministério Público do Estado de São Paulo/Analista de Promotoria I/
Assistente Jurídico/2010. Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Judiciária/2013.
128
127
Cespe/JF TRF5/TRF 5/2013. Cespe/TRE-MS/Técnico Judiciário/Área Administrativa/2013.
129

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
Controle Administrativo – Recurso Hierárquico Impróprio: dirigido à autoridade
É exercido pelo Executivo, mas também pode ser ou órgão estranho à repartição que expediu o ato
exercido pelos órgãos administrativos do Legislativo e do recorrido, mas com competência julgadora expres‑
Judiciário, sob os aspectos de legalidade e mérito, por sa133. Ocorre esse tipo de recurso impróprio no caso
iniciativa própria (autotutela) ou mediante provocação.130 da reclamação administrativa, proposta perante o
Supremo Tribunal Federal, pois é órgão diverso do
Meios de Controle qual a decisão foi emanada.
• Fiscalização Hierárquica – É a exercida pelos órgãos – Revisão: é o recurso de que se utiliza o servidor
superiores sobre os inferiores integrantes da mesma público, punido pela Administração, para reexame
Administração. É meio de controle inerente ao poder da decisão, em caso de surgirem fatos novos ou
hierárquico (autotutela).131 circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a
• Supervisão Ministerial  – Aplicável geralmente nas inadequação da sanção aplicada ou de demonstrar a
entidades de administração indireta vinculadas a sua inocência (art. 65 da Lei nº 9.784/1999 e art. 174
um Ministério (Decreto‑Lei nº 200/1967, art. 19). da Lei nº 8.112/1990).134
Observe‑se que supervisão não é a mesma coisa que
subordinação, trata‑se de controle finalístico (tutela). Prescrição Administrativa
A tutela corresponde ao controle exercido pela Admin- Significa a perda do prazo, diferente da decadência, que
istração sobre entidade integrante da Administração é a perda do direito. Administrativamente, pode ser, entre
indireta, com o objetivo de garantir a observância de outros, a perda do prazo para recorrer da decisão adminis-
suas finalidades institucionais.132 trativa; a perda do prazo para a Administração rever seus
• Recursos Administrativos  – São meios hábeis que próprios atos; a perda do prazo para aplicação de penalida-
podem ser utilizados para provocar o reexame do ato des administrativas.
administrativo, pela própria Administração Pública. Em
regra, o efeito é devolutivo, ou seja, devolve o exame Coisa Julgada Administrativa
da matéria à autoridade competente para decidir. Se Significa apenas que a decisão se tornou irretratável
for suspensivo, deve estar previsto em lei, pois, como pela própria Administração, podendo ser revista pelo Poder
o próprio nome já diz, suspende os efeitos do ato até Judiciário.
a decisão do recurso, podendo ser atacado pelas vias
Controle Legislativo
judiciais somente se ocorrer omissão.
É o exercido pelos órgãos legislativos ou por Comis‑
sões Parlamentares sobre determinados atos do Poder
Nesse sentido:
Executivo.135
Súmula nº 429/STF: A existência de recurso adminis- Meios de Controle
trativo com efeito suspensivo não impede o uso do • Controle Político – Tem por base a possibilidade de
mandado de segurança contra omissão da autoridade. fiscalização sobre atos ligados à função administrativa
• Direito de Petição – É o direito que toda pessoa tem, pe- e organizacional do Poder Executivo e do Poder Judi-
rante a autoridade administrativa competente, de defender ciário. A instauração de CPIs, a oitiva de testemunhas
seus direitos ou noticiar ilegalidade ou abuso de autoridade e indiciados, a competência do Congresso Nacional
pública (art. 5º, XXXIV, da CF). Dentro do direito de petição, para sustar os atos do Poder Executivo que exorbitem
encontramos os seguintes recursos: do poder regulamentar ou dos limites de delegação
legislativa (art. 49, V, da CF) e outros procedimentos
– Representação: constitui‑se em denúncia de irregu- apuratórios fazem parte do rol do controle político do
laridades feita perante a própria Administração, o Tri- Poder Legislativo (art. 58, § 3º, da CF).
bunal de Contas ou outros órgãos de controle, como • Controle financeiro – É o controle exercido pelo Con-
o Ministério, por exemplo. Quando for representação gresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da
por abuso de autoridade, aplica‑se o disposto na Lei União, sobre os atos do Executivo e do Judiciário (controle
nº 4.898/1995. externo) e sobre sua própria administração (controle
– Reclamação administrativa: oposição expressa a atos interno) no que se refere à gestão dos recursos públicos.
da Administração que afetem direitos ou interesses
legítimos do interessado. Está prevista no Decreto Áreas fiscalizadas: contábil, financeira, orçamentária,
nº 20.910/1932. Caberá reclamação administrativa, operacional e patrimonial da União e das entidades da admi-
perante o Supremo Tribunal Federal, quando ato admi- nistração direta e indireta quanto à legalidade, legitimidade,
nistrativo contrariar enunciado de súmula vinculante ou economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de
que indevidamente a aplicar. Se a reclamação for julgada receitas (art. 70 da CF).
procedente, anulará o ato administrativo e determinará
que outro seja proferido com ou sem a aplicação da Subvenções Valores repassados pelo Poder Público para subsídio e
súmula, conforme o caso (art. 103‑A da CF). incremento de atividades de interesse social, tais como
assistência social, hospitalar e educacional.
– Pedido de Reconsideração: solicitação de reexame
Renúncia de Por meio da renúncia fiscal (perdão de dívidas).
Direito Administrativo

dirigida à mesma autoridade que praticou o ato.


receitas
– Recurso Hierárquico Próprio: por decorrer da hie-
rarquia, deve ser dirigido à autoridade ou instância Abrangência do Controle
superior do mesmo órgão administrativo em que foi O controle abrange não só os Poderes Constitucionais,
praticado o ato (Lei nº 9.784/1999). mas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
130
Assunto cobrado nas seguintes provas: FCC/TRE-RS/Analista Judiciário/Área 133
Assunto cobrado na prova da FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/
Judiciária/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista Procurador do Estado de 3ª Classe/2010.
Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. 134
Assunto cobrado na prova da FCC/TRE-Acre/Técnico Judiciário/Área Adminis-
131
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRE-MS/Analista Judiciário/Área Adminis- trativa/2010.
trativa/2013. 135
Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
132
FCC/TCE-SP/Auditor/2013. Judiciária/Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010.

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que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinhei- que solicitará, de imediato, ao  Poder Executivo as
ro, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, medidas cabíveis.
ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
pecuniária (art. 70, parágrafo único, da CF). prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previs-
tas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
As Atribuições dos Tribunais de Contas § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
No controle externo da administração financeira, orça- de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
mentária e da gestão fiscal é que se inserem as principais § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
atribuições dos nossos Tribunais de Contas, como órgãos in- trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
dependentes, mas auxiliares dos Legislativos e colaboradores
dos Executivos. A Constituição Federal elencou, no art. 71, Salvo no tocante ao controle da gestão fiscal e na forma
as atribuições dos Tribunais de Contas da União. São elas: da Lei Complementar nº 101/2000, a atuação dos Tribunais
de Contas deve ser a posteriori, não tendo apoio constitu-
Art.  71. O  controle externo, a  cargo do Congresso cional qualquer controle prévio sobre atos ou contratos da
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Administração direta ou indireta, nem sobre a conduta de
Contas da União, ao qual compete: particulares que tenham gestão de bens ou valores públicos,
I  – apreciar as contas prestadas anualmente pelo salvo as inspeções e auditorias in loco, que podem ser rea-
Presidente da República, mediante parecer prévio lizadas a qualquer tempo.
que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar As atividades dos Tribunais de Contas expressam-se
de seu recebimento; fundamentalmente em funções técnicas opinativas, verifi-
II  – julgar as contas dos administradores e demais cadoras, assessoradoras e jurisdicionais administrativas, de-
responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos sempenhadas simetricamente tanto pelo Tribunal de Contas
da administração direta e indireta, incluídas as funda- da União quanto pelos Tribunais dos Estados-membros, do
ções e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Distrito Federal e dos Municípios que os tiverem.
Público federal, e  as contas daqueles que derem
causa a perda, extravio ou outra irregula­ridade de Controle Judicial
que resulte prejuízo ao erário público; É o poder de fiscalização que o Judiciário exerce especifica-
III  – apreciar, para fins de registro, a  legalidade dos mente sobre a atividade administrativa do Estado. Alcança, ba‑
atos de admissão de pessoal, a  qualquer título, na sicamente, os atos administrativos do Exe­cutivo, mas também
administração direta e indireta, incluídas as fundações examina os atos do Legislativo e do próprio Judiciário quando
instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas realiza atividade administrativa136. É vedado ao Judiciário apre‑
as nomeações para cargo de provimento em comissão, ciar o mérito administrativo, restringe‑se apenas ao controle
bem como a das concessões de aposentadorias, refor- da legalidade e da legitimidade do ato impugnado.137
mas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores O controle judicial da administração pública, no Brasil, é
que não alterem o fundamento legal do ato concessório; realizado com base no sistema da unidade de jurisdição.138
IV  – realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Assim, apesar de a decisão executória da administração
Deputados, do Senado Federal, de Comissão técnica pública dispensar a intervenção prévia do Poder Judiciário,
ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza não há impedimento para que ocorra o controle judicial
contábil, financeira, orçamentária, operacional e pa- após a realização do ato.139
trimonial, nas unidades administrativas dos Poderes De acordo com a doutrina, os atos administrativos podem
Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades estar sujeitos a controle comum ou especial.
referidas no inciso II;
V – fiscalizar as contas nacionais das empresas suprana- Atos sujeitos a controle comum
cionais de cujo capital social a União participe, de forma Os atos sujeitos a controle judicial comum são os admi-
direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; nistrativos em geral. No nosso sistema de jurisdição única
VI  – fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos consagrado pelo preceito constitucional de que não se pode
repassados pela União mediante convênio, acordo, excluir da apreciação do poder judiciário qualquer lesão
ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ou ameaça a direito (art.  5, inciso XXXV), a  justiça tem a
ao Distrito Federal ou a Município; faculdade de julgar todo ato de administração praticado por
agente de qualquer dos órgãos ou Poderes de Estado. Sua
VII  – prestar as informações solicitadas pelo Con-
limitação é apenas quanto ao objeto do controle, que há de
gresso Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por
ser unicamente a legalidade, sendo-lhe vedado pronunciar-se
qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscali-
sobre conveniência, oportunidade ou eficiência do ato em
zação contábil, financeira, orçamentária, operacional exame, ou seja, sobre o mérito administrativo.
e patrimonial e sobre resultados de auditorias e Atos sujeitos a controle especial
inspeções realizadas; Enquanto os atos administrativos em geral expõem-se à
VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade revisão comum da justiça, outros existem que, por sua ori-
de despesa ou irregularidade de contas, as sanções gem, fundamento, natureza ou objeto, ficam sujeitos a um
previstas em lei, que estabelecerá, entre outras comi- controle especial do Poder Judiciário, e tais são os chamados
nações, multa proporcional ao dano causado ao erário;
Direito Administrativo

atos políticos, os atos legislativos e os atos interna corporis.


IX – assinar prazo para que o órgão ou entidade adote Atos políticos: atos políticos são os que, praticados por
as providências necessárias ao exato cumprimento agentes do Governo, no uso de competência constitucional,
da lei, se verificada ilegalidade; se fundam na ampla liberdade de apreciação da conveniência
X  – sustar, se não atendido, a  execução do ato ou oportunidade de sua realização, sem se aterem a critérios
impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
Deputados e ao Senado Federal; 136
Assunto cobrado na prova do Cespe/TRT 1ª Região/Juiz do Trabalho Substituto
XI – representar ao Poder competente sobre irregula­ – II/2010.
137
Assunto cobrado na prova do Cespe/Tribunal de Contas-RO/Procurador do
ridades ou abusos apurados. Ministério Público/2010.
§  1º No caso de contrato, o  ato de sustação será 138
Cespe/DPE-TO/2013.
adotado diretamente pelo Congresso Nacional, 139
Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR/Analista Municipal/Procurador
Municipal/2010.

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jurídicos preestabelecidos. São atos governamentais por exce- Meios de Controle
lência, e não apenas de administração. São atos de condução • Ação Popular (art. 5º, LXXIII, CF)  – Objetiva a anu-
dos negócios públicos, e não simplesmente de execução de lação ou a declaração de nulidade de atos lesivos
serviços públicos. Daí seu maior discricionarismo e, conse- ao Patrimônio Público, à moralidade Administrativa,
quentemente, as maiores restrições para o controle judicial. ao Meio Ambiente, ao Patrimônio Histórico e Cultural.
Mas nem por isso afastam a apreciação da justiça quando ar- A propositura cabe a qualquer cidadão (brasileiro) no
guidos de lesivos a direito individual ou ao patrimônio público. exercício de seus direitos políticos.
Todos os poderes de Estado são autorizados constitucio- • Ação Civil Pública (art. 129, III, CF – Lei nº 7.347/1985) –
nalmente a praticar determinados atos, em determinadas Visa proteger o patrimônio público e social, o meio am-
circunstâncias, com fundamento político. Nesse sentido, biente e outros direitos difusos e coletivos; é ajuizada
pratica ato político o Executivo quando veta um projeto de pelo Ministério Público.
lei, quando nomeia Ministro de Estado, quando concede • Habeas Corpus (art. 5º, LXVIII, CF  – Visa proteger
indulto. O legislativo pratica-o quando rejeita veto, aprova o direito de locomoção. Sempre que alguém sofrer
contas. O judiciário pratica-o quando propõe a criação de (HC Repressivo) ou se achar ameaçado de sofrer (HC
tribunais inferiores, quando escolhe advogado e membro Preventivo) violência ou coação em sua liberdade de
do Ministério Público para compor o quinto constitucional. locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
Em todos esses exemplos são as conveniências do Estado • Habeas Data (art. 5º, LXXII, CF) – Visa proteger o direi-
que comandam o ato e infundem caráter político que o to a ter informações relativas à pessoa do impetrante,
torna insuscetível de controle judicial quanto à valoração de constante de registro ou banco de dados de entidades
seus motivos. Nenhum ato do Poder Público deixará de ser governamentais ou de caráter público; serve também
examinado pelo poder judiciário quando arguida sua incons- para retificação de dados, quando não se prefira fazê‑lo
titucionalidade ou for lesivo de direito subjetivo de alguém. por processo sigiloso, judicial ou administrativamente.
Não basta a simples alegação de que se trata de ato político A propositura da ação é gratuita. É uma ação persona-
para tolher o controle judicial, pois será sempre necessário líssima.
que a própria justiça verifique a natureza do ato e suas conse- • Mandado de Injunção (art. 5º, LXXI, CF) – Utilizado
quências perante o direito individual do postulante. O que se sempre que a falta de norma regulamentadora torne
nega ao Poder Judiciário é, depois de ter verificado a natureza inviável o exercício dos direitos e liberdades constitu-
e os fundamentos políticos do ato, adentre seu conteúdo e cionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
valore seus motivos. Necessário se faz, portanto, que não à soberania e à cidadania. Qualquer pessoa (física ou
sejam excedidos os limites discricionários demarcados ao jurídica) pode impetrar, sempre por intermédio de um
órgão ou autoridade para a prática do ato. advogado.
Atos Legislativos: os atos legislativos, ou seja, as  leis • Mandado de Segurança Individual (art. 5º, LXIX,
propriamente ditas (normas em sentido formal e material), CF – Lei nº 12.016/2009)  – Visa proteger direito lí-
não ficam sujeitos à anulação judicial pelos meios proces- quido e certo não amparado por HC ou HD, quando
suais comuns, mas sim pela via especial da ação direta de o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
inconstitucionalidade bem como pela ação declaratória de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais
constitucionalidade, tanto para leis em tese como para atos forem as funções que exerça.
normativos.Somente pela via constitucional da represen- Líquido e Certo: o direito não suscita dúvidas, está
tação de inconstitucionalidade (art. 102, I, a) e através do isento de obscuridades.
processo especial estabelecido pela Lei nº 4.337, de 1º de Qualquer pessoa física ou jurídica pode impetrar, mas
junho de 1964, promovido pelas pessoas e órgãos indicados somente por intermédio de um advogado.
(art. 103), é que o STF pode declarar a inconstitucionalidade • Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º, LXX, CF –
da lei em tese ou de qualquer outros ato normativo. Lei nº 12.016/2009) – Instrumento que visa proteger
Atos interna corporis: os atos interna corporis das Câ- direito líquido e certo de uma coletividade, quando o
maras também são vedados a revisto judicial comum, mas responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for au-
é preciso que se entenda em seu exato conceito e nos seus toridade, seja de que categoria for e sejam quais forem
justos limites, o significado de tais atos. Em sentido técnico- as funções que exerça. Legitimidade para impetrar MS
-jurídico, interna corporis não é tudo que provém do seio Coletivo: Organização Sindical, entidade de classe ou
da Câmara ou de suas deliberações. Interna corporis são só associação legalmente constituída e em funcionamen-
aquelas questões ou assuntos que entendem direta e imedia- to a pelo menos 1 ano, assim como partidos políticos
tamente com a economia interna da corporação legislativa, com representação no Congresso Nacional. Objetivo:
com seus privilégios e com a formação ideológica da lei, defesa do interesse dos seus membros ou associados.
que, por sua própria natureza, são reservados à exclusiva
apreciação e deliberação do Plenário da Câmara. Tais são os Súmulas Aplicáveis
atos de escolha da Mesa (eleições internas), os de verificação
de poderes e incompatibilidade de seus membros (cassação Súmula nº 266/STF: “Não cabe mandado de segurança
de mandatos, concessão de licenças etc.) e os de utilização contra lei em tese.”
de suas prerrogativas institucionais (modo de funcionamento Súmula nº 267/STF: “Não cabe mandado de segurança
Direito Administrativo

da Câmara, elaboração de regimento, constituição de comis- contra ato judicial passível de recurso ou correição.”
sões, organização de serviços auxiliares etc.) e a valoração Súmula nº 268/STF: “Não cabe mandado de segurança
das votações. contra decisão judicial com trânsito em julgado.”
Daí não podemos concluir que tais assuntos afastam, por Súmula nº 429/STF: “A existência de recurso administra-
si sós, a revisão judicial. O que o Poder Judiciário não pode é tivo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado
substituir a deliberação da Câmara por um pronunciamento de segurança contra omissão da autoridade.”
judicial sobre o que é da exclusiva competência discricionária Súmula nº 430/STF: “Pedido de reconsideração na via
do Plenário, da Mesa ou da Presidência. Mas pode confrontar administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
sempre o ato praticado com as prescrições constitucionais, segurança.”
legais ou regimentais que estabeleçam condições, forma ou Súmula nº 2/STJ: “Não cabe habeas data se não houve re-
rito para seu cometimento. cusa de informações por parte da autoridade administrativa.”

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IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA II – quando for aprovado requerimento para a vota-
LEI Nº 8.429/1992 ção de qualquer emenda destacadamente.
Parágrafo único. Proceder-se-á da mesma forma com
relação a substitutivo do Senado a projeto da Câmara.
Introdução
Em conclusão, o que ocorreu foi o seguinte: o Senado
A Lei de Improbidade Administrativa nasceu do Projeto Federal apresentou ao projeto originário da Câmara Fe­deral
de Lei nº 1.446, de 14 de agosto de 1991, enviado pelo Po- emenda substitutiva. Em consequência, não o rejeitou,
der Executivo ao Congresso Nacional através da Mensagem apenas o alterou. Voltando à Câmara, foi o substitutivo re-
nº 406. jeitado, mantida a redação originária, com os destaques da
A proposta legislativa tinha por finalidade combater a proposição substitutiva que foram devidamente analisadas
prática desenfreada e a impunidade dos atos de corrupção pelas Comissões Técnicas respectivas. Cumprindo dessa
que tanto assolavam o País na época, definindo os casos que forma, o iter procedimental, o projeto subiu à sanção. Não
constituíam enriquecimento ilícito e disciplinando o proce- há pois, a meu ver, qualquer ofensa ao artigo 65 do Texto
dimento administrativo e judicial que deveria ser seguido Fundamental.
para apurar tais casos.
O processo legislativo teve início na Câmara Federal (Casa A Improbidade na Constituição Federal de 1988
Iniciadora, conforme disposição constitucional  – art.  64),
onde foi aprovado o Projeto de Lei e encaminhado ao Senado O art. 37, § 4º, da Constituição Federal, dispõe que:
Federal para revisão.
Os atos de improbidade administrativa importarão
Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função
iniciativa do Presidente da República, do Supremo pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarci-
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão mento ao erário, na forma e gradação previstas em
início na Câmara dos Deputados.
lei, sem prejuízo da ação penal cabível.140
No Senado Federal, sofreu emenda substitutiva e ne-
cessariamente voltou à Casa Iniciadora. A Câmara Federal, Atendendo ao mandamento constitucional, foi promul-
examinando o substitutivo, aprovou apenas alguns de seus gada a Lei nº 8.429, em 2 de junho de 1992, definindo três
dispositivos e remeteu-os em seguida à sanção presidencial, espécies de atos de improbidade, estabelecendo seus sujeitos
obedecendo ao disposto no art. 65 da Constituição Federal. ativos e passivos, bem como elencando as penalidades a serem
aplicadas àqueles que incorrerem nas condutas caracterizado-
Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será ras dos atos de improbidade; além do procedimento adminis-
trativo e judicial para sua apuração, a Lei nº 8.429/1992, por
revisto pela outra, em um só turno de discussão e
sua vez, veio regulamentar o disposto na Constituição Federal,
votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a
classificando os atos de improbidade, os  sujeitos ativos e
Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar.
passivos, as penalidades cabíveis, bem como o procedimento
administrativo e judicial para sua apuração.
Alguns doutrinadores sustentam a tese de que a Lei
Trata-se de lei que pune apenas condutas não com-
nº 8.429/1992 já nasceu inconstitucional (vício de forma),
patíveis com a probidade e a moralidade administrativa.
pois a Câmara Federal, após aprovar apenas alguns dos
As sanções possuem natureza civil ou político-administrativa,
dispositivos constantes do substitutivo do Senado Federal,
entretanto, serão julgadas pelo Poder Judiciário (não confun-
deveria a ele retornar para nova revisão. dir com o processo administrativo da Lei nº 8.112/1990, no
Este, porém, não é o entendimento proferido em acór- qual quem processa e julga é a autoridade administrativa).
dão na ADI nº  2.182-6, de 31 de maio de 2000, onde foi
Podemos então conceituar o ato de improbidade admi-
negada a arguição de inconstitucionalidade da referida lei
nistrativa, como sendo todo aquele praticado por agente
por vício de forma. público, que seja contrário às normas da moral e à lei, com
Eis trecho do voto do relator Min. Maurício Corrêa: visível falta de honradez e de retidão de conduta em seu
modo de agir perante a Administração Pública Direta, Indi-
De fato, aprovada a emenda substitutiva no Senado reta ou Fundacional e demais entidades protegidas pela lei.
Federal, tenho que pode a Câmara dos Deputados,
retomando o projeto inicial, do qual se originou o
substitutivo, nele incorporar destaques da emenda Princípios Obrigatórios a Serem Observados pelos
substitutiva da Casa Revisora, visto que cumprida a Agentes Públicos
plena realização do processo legislativo, com a ma-
nifestação de vontade das duas Casas do Congresso Repetindo mandamento constitucional do art. 37, caput,
Nacional. o art. 4º desta Lei dispõe que os agentes públicos, de qual-
Aproveitar partes do substitutivo e fazê-las inserir no quer nível ou hierarquia, são obrigados a velar pela estrita
observância dos seguintes princípios:
Direito Administrativo

projeto de lei final constitui prerrogativa da Casa Inicia-


dora consoante está definido no artigo 190 do Regimen-
to interno da Câmara dos Deputados, que transcrevo:
Legalidade Subordina a atividade administrativa
à lei.
Art.  190. O  substitutivo da Câmara a projeto do
Senado será considerado como série de emendas e Impessoalidade O agente público administra para
votado em globo, exceto: todos, não podendo privilegiar nem
I – se qualquer Comissão, em seu parecer, se manifes- desmerecer ninguém em especial.
tar favoravelmente a uma ou mais emendas e contra-
riamente a outra ou outras, caso em que a votação FCC/Tribunal de Contas-RO/Procurador do Ministério Público Junto ao Tribunal
140

se fará em grupos, segundo o sentido dos pareceres; de Contas/2010.

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Moralidade Impõe ao agente público a observân- Ato Danoso Previsto como Improbidade
cia da lei de acordo com o interesse
público. Atos que importam enriquecimento ilícito.
Publicidade Impõe aos agentes públicos trans- Atos que causam prejuízo ao erário.
parência na gestão da coisa pública.
Eficiência Apesar de não figurar na “LIA”, é de Atos que atentam contra os princípios da Administração
observância obrigatória para os agen- Pública.
tes públicos após a EC nº  19/1998.
Impõe ao agente público a persecu- Classificação dos Atos de Improbidade
ção do bem comum de forma eficaz,
sempre em busca da qualidade. A Lei nº  8.429/1992 classificou os atos de improbidade
A  eficiência, como princípio, evita administrativa em três espécies: atos que importam enri-
desperdícios e garante maior renta- quecimento ilícito, atos que causam prejuízo ao erário e
bilidade funcional. atos que atentam contra os princípios da Administração Pública.
A seguir veremos cada uma das espécies e as penalidades
aplicáveis aos agentes públicos que nelas incidam.
Elementos Necessários para Configurar o Ato de
Improbidade Administrativa Atos que Importam Enriquecimento Ilícito (art. 9º)
Sujeito Ativo Constitui ato de improbidade administrativa que importa
enriquecimento ilícito, auferir qualquer tipo de vantagem pa-
Podem ser sujeitos ativos nos atos de improbidade: trimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato,
função, emprego ou atividade nas entidades enquadradas
Agente público Todo aquele que exerce, ainda que como sujeito passivo.
transitoriamente ou sem remuneração,
por eleição, nomeação, designação, Elementos Formadores
contratação ou qualquer outra forma de Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, ainda são
investidura ou vínculo, mandato, cargo, necessários os seguintes elementos para caracterizar o
emprego ou função pública (art. 2º). enriquecimento ilícito:
Terceiros São aqueles que, não sendo agentes Elemento • Ação dolosa (comissiva ou omissiva).
públicos, na qualidade de coautores dos subjetivo
atos de improbidade administrativa, in- Pressupostos • Vantagem patrimonial indevida;
duzam ou concorram para sua prática ou exigíveis • Nexo de causalidade entre a vantagem
deles se beneficiem sob qualquer forma, patrimonial indevida e o exercício de
seja ela direta ou indireta (art. 3º).
cargo, mandato, função ou atividade.
Sujeito Passivo Atos de Improbidade Administrativa que Importam
Enriquecimento Ilícito
Podem ser sujeitos passivos nos atos de improbidade A lei, ao elencar os atos de improbidade administrativa
(art. 1º): que importam enriquecimento ilícito, o faz de forma exem-
plificativa, constituindo apenas parâmetro orientador para
Administração • Ministérios; aqueles que deverão interpretar e aferir a responsabilidade
Direta • Presidência da República. do agente público.
Administração • Autarquias; São atos de improbidade administrativa que importam
Indireta • Fundações Públicas; enriquecimento ilícito:
• Empresas Públicas; • receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
• Sociedades de Economia Mista, de ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,
qualquer dos Poderes da União, dos direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
Estados, do DF, dos Municípios. gratificação ou presente de quem tenha interesse, di‑
reto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado
Outras entida‑ • Empresa incorporada ao patrimônio
por ação ou omissão decorrente das atribuições do
des público;
agente público (art. 9º, I);141
• Entidade para cuja criação ou custeio
• perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
o erário haja concorrido ou concorra
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
com mais de 50% do patrimônio ou da
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
receita anual;
entidades referidas no art. 1º por preço superior ao
Direito Administrativo

• Entidades que recebem subvenção,


valor de mercado (art. 9º, II);
benefício ou incentivo (fiscal ou cre-
• perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
ditício) de Órgão Público;
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem
• Entidade para cuja criação ou custeio
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
o erário haja concorrido ou concorra
por preço inferior ao valor de mercado (art. 9º, III);
com menos de 50% do patrimônio ou
• utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máqui-
da receita anual (nesse caso, a sanção
nas, equipamentos ou material de qualquer natureza,
patrimonial limita-se à repercussão do
ilícito sobre a contribuição dos cofres
públicos). Assunto cobrado na prova da FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área
141

Administrativa/2010.

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de propriedade ou à disposição de qualquer das enti- • proibição de contratar com o poder público pelo prazo
dades mencionadas no art. 1º, bem como o trabalho de 10 anos;
de servidores públicos, empregados ou terceiros • proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
contratados por essas entidades (art. 9º, IV); ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que

receber vantagem econômica de qualquer natureza, por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prá- majoritário, pelo prazo de 10 anos.
tica de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade Atos que Causam Prejuízo ao Erário (art. 10)
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem (art. 9º, V);

receber vantagem econômica de qualquer natureza, Constitui ato de improbidade administrativa que causa
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,
medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbara-
outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, tamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
qualidade ou característica de mercadorias ou bens enquadradas como sujeito passivo.
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no
art. 1º (art. 9º, VI); Elementos Formadores

adquirir, para si ou para outrem, no exercício de Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, ainda são
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de necessários os seguintes elementos para caracterizar pre-
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à juízo ao erário:
evolução do patrimônio ou à renda do agente público
(art. 9º, VII); Elemento • Ação ou omissão (dolosa ou culposa).

aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de subjetivo
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou Pressuposto • Ocorrência de dano ao patrimônio público:
jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido exigível perda patrimonial, desvio, apropriação,
ou amparado por ação ou omissão decorrente das malbarateamento ou dilapidação dos bens
atribuições do agente público, durante a atividade
ou haveres das entidades previstas como
(art. 9º, VIII);
sujeitos passivos dos atos de improbidade.

perceber vantagem econômica para intermediar a
• Nexo de causalidade entre a ocorrência do
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer
dano ao patrimônio público e o exercício
natureza (art. 9º, IX);
de cargo, mandato, função ou atividade.

receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, Atos de Improbidade Administrativa que Causam Pre‑
providência ou declaração a que esteja obrigado juízo ao Erário
(art. 9º, X); A lei, ao elencar os atos de improbidade administrativa

incorporar, por qualquer forma, ao  seu patrimônio que causam prejuízo ao erário, também o faz de forma
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo exemplificativa.
patrimonial das entidades mencionadas no art.  1º São atos de improbidade administrativa que causam
(art. 9º, XI); prejuízo ao erário:

usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou va- • facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incor-
lores integrantes do acervo patrimonial das entidades poração ao patrimônio particular, de pessoa física ou
mencionadas no art. 1º (art. 9º, XII). jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial das entidades mencionadas no
Penalidades (art. 12, I) art. 1º desta lei (art. 10, I);
O agente público recebe poderes para cumprir deveres • permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurí-
e não para se locupletar ou permitir que outro se locuplete. dica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
Como forma de assegurar o correto direcionamento das integrantes do acervo patrimonial das entidades
condutas dos agentes públicos a serviço do interesse público, mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
a lei estabelece sanções para aquele que vier a cometer ato das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
de improbidade que importe enriquecimento ilícito. à espécie (art. 10, II);
Na aplicação das penalidades, o juiz deve levar em conta a • doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
extensão do dano causado, bem como o proveito patrimonial despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assis-
obtido pelo agente público. tências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio
Independentemente das sanções previstas abaixo, que de qualquer das entidades mencionadas no art.  1º
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente desta lei, sem observância das formalidades legais e
público também pode vir a ser responsabilizado penal, civil regulamentares aplicáveis à espécie (art. 10, III);
e administrativamente conforme disposição prevista em • permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
Direito Administrativo

legislação específica. de bem integrante do patrimônio de qualquer das


Sanções aplicáveis àqueles que praticam atos de impro- entidades referidas no art.  1º desta lei, ou ainda a
bidade que importa enriquecimento ilícito: prestação de serviço por parte delas, por preço inferior
• perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao ao de mercado (art. 10, IV);
patrimônio; • permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
• ressarcimento integral do dano, quando houver; de bem ou serviço por preço superior ao de mercado
• perda da função pública; (art. 10, V);
• suspensão dos direitos políticos de 8 a 10 anos; • realizar operação financeira sem observância das
• pagamento de multa civil de até 3 vezes o valor do normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
acréscimo patrimonial; insuficiente ou inidônea (art. 10, VI);

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• conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob- Para a aplicação das penalidades, o juiz deve levar em
servância das formalidades legais ou regulamentares conta a extensão do dano causado, bem como o proveito
aplicáveis à espécie (art. 10, VII); patrimonial obtido pelo agente público.
• frustrar a licitude de processo licitatório ou de processo Sanções aplicáveis àqueles que causam prejuízo ao
seletivo para celebração de parcerias com entidades erário:
sem fins lucrativos, ou dispensá-los indevidamente • ressarcimento integral do dano;
(art. 10, VIII); • perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
• ordenar ou permitir a realização de despesas não patrimônio (somente se concorrer esta circunstância);
autorizadas em lei ou regulamento (art. 10, IX); • perda da função pública;
• agir negligentemente na arrecadação de tributo ou • suspensão dos direitos políticos de 5 a 8 anos;
renda, bem como no que diz respeito à conservação • pagamento de multa civil de até 2 vezes o valor do dano;
do patrimônio público (art. 10, X); • proibição de contratar com o poder público pelo prazo
• liberar verba pública sem a estrita observância das de 5 anos;
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para
• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais
a sua aplicação irregular (art. 10, XI);
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
• permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
enriqueça ilicitamente (art. 10, XII);
• permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, majoritário, pelo prazo de 5 anos.
veículos, máquinas, equipamentos ou material de
qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de Atos que decorrem de Concessão ou Aplicação
qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta Indevida de Benefício Financeiro ou Tributário
lei, bem como o trabalho de servidor público, empre-
gados ou terceiros contratados por essas entidades A Lei Complementar nº 157, de 29 de dezembro de 2016,
(art. 10, XIII); acrescentou uma nova modalidade de ato de improbidade
• celebrar contrato ou outro instrumento que tenha administrativa. De acordo com o art. 10-A, constitui ato de
por objeto a prestação de serviços públicos por meio improbidade administrativa qualquer ação ou omissão para
da gestão associada sem observar as formalidades conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou tributá-
previstas na lei (art. 10, XIV); rio inferior à alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de
• celebrar contrato de rateio de consórcio público sem Qualquer Natureza, que é de 2% (dois por cento), salvo os
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem casos expressamente previstos em lei.*
observar as formalidades previstas na lei (art. 10, XV);
• facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in- Penalidades (Art. 12, inciso IV)
corporação, ao patrimônio particular de pessoa física Independentemente das sanções previstas abaixo, que
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente
transferidos pela administração pública a entidades público que comete ato de improbidade que concede, aplica
privadas mediante celebração de parcerias, sem a ou mantem benefício financeiro ou tributário contrário ao
observância das formalidades legais ou regulamentares que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º‑A da Lei Comple-
aplicáveis à espécie (art. 10, XVI); mentar nº 116/2003, também pode vir a ser responsabilizado
• permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica penal, civil e administrativamente conforme disposição
privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos
prevista em legislação específica:
transferidos pela administração pública a entidade
• perda da função pública;
privada mediante celebração de parcerias, sem a ob-
• suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; e
servância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie (art. 10, XVII); • multa civil de até três vezes o valor do benefício finan-
• celebrar parcerias da administração pública com en- ceiro ou tributário concedido.
tidades privadas sem a observância das formalidades
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie (art. 10, Atos que Atentam contra os Princípios da
XVIII); Administração Pública (art. 11)
• frustrar a licitude de processo seletivo para celebração
de parcerias da administração pública com entidades Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
privadas ou dispensá-lo indevidamente (art. 10, XIX); contra os princípios da administração pública qualquer ação
• agir negligentemente na celebração, fiscalização e ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcia-
análise das prestações de contas de parcerias firmadas lidade, legalidade e lealdade às instituições.
pela administração pública com entidades privadas
(art. 10, XX); * O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios
tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito
• liberar recursos de parcerias firmadas pela administra- presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta
ção pública com entidades privadas sem a estrita ob-
Direito Administrativo

ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação


servância das normas pertinentes ou influir de qualquer da alíquota mínima, exceto para os serviços a que se referem os subitens
7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa à Lei Complementar nº 116/2003. São eles:
forma para a sua aplicação irregular (art. 10, XXI). 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras
de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes,
Penalidades (art. 12, inciso II) inclusive sondagem, perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação,
terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de
Independentemente das sanções previstas abaixo, que produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação dos serviços,
público que comete ato de improbidade que causa prejuízo que fica sujeito ao ICMS); 7.05 – Reparação, conservação e reforma de edifícios,
ao erário também pode vir a ser responsabilizado penal, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias
produzidas pelo prestador dos serviços, fora do local da prestação dos serviços,
civil e administrativamente conforme disposição prevista que fica sujeito ao ICMS); 16.01 – Serviços de transporte coletivo municipal
em legislação específica. rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros.

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Elementos Formadores cionou sua posse e exercício à apresentação de declaração
Além do sujeito ativo e do sujeito passivo, ainda são de bens e valores que compõem o seu patrimônio privado.
necessários os seguintes elementos para caracterizar a A declaração também será exigida na data em que o agente
violação de princípios: público deixar o cargo. Ambas devem ser arquivadas no
serviço de pessoal do órgão ou entidade. A apresentação da
Elemento Ação ou omissão (dolosa), que viole os declaração foi regulamentada pelo Decreto nº 5.483 de 30
de junho de 2005 (vide legislação a seguir).
subjetivo deveres de honestidade, imparcialidade,
A declaração compreenderá imóveis, móveis, semo-
legalidade e lealdade às instituições.
ventes, dinheiro, títulos, ações e qualquer outra espécie de
Pressuposto Nexo de causalidade entre o exercício bens e valores patrimoniais (excluindo apenas os objetos
exigível funcional e o desrespeito aos princípios da e utensílios de uso doméstico), localizados no país ou no
Administração Pública. exterior, podendo, quando for o caso, abranger os bens e
valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro e filhos,
Atos de Improbidade que Atentam contra os Princípios ou de outras pessoas que vivam sob a sua dependência
da Administração Pública econômica (Ex.: pai, mãe, irmão inválido, e outros).
A lei, ao elencar os atos de improbidade administrativa O agente público que se recusar a apresentar a declara-
que atentam contra os princípios da Administração Pública, ção de bens no prazo determinado pela Administração ou a
também o faz de forma exemplificativa. prestar falsa, será demitido a bem do serviço público.
São atos de improbidade administrativa que atentam
contra os princípios da Administração Pública: O Procedimento Administrativo e o Processo
• praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamen-
to ou diverso daquele previsto, na regra de competên- Judicial para Apuração de Ato de Improbidade
cia (art.11, I);
• retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
ofício (art.11, II); competente para que seja instaurado procedimento admi-
• revelar fato ou circunstância de que tem ciência em nistrativo investigatório, com vistas a colher elementos que
razão das atribuições e que deva permanecer em se- comprovem a prática de atos de improbidade. A represen-
gredo (art.11, III); tação poderá ser escrita ou reduzida a termo e assinada.
• negar publicidade aos atos oficiais (art.11, IV); Como forma de se evitar denúncias infundadas ou fal-
• frustrar a licitude de concurso público (art.11, V); sas, a lei estabeleceu alguns requisitos que deverão estar
• deixar de prestar contas quando esteja obrigado a presentes na representação:
fazê-lo (art.11, VI); 1º) a qualificação do representante;
• revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de 2º) as informações sobre o fato;
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de 3º) a sua autoria;
medida política ou econômica capaz de afetar o preço 4º) a indicação das provas de que tenha conhecimento.
de mercadoria, bem ou serviço (art.11, VII); Caso a autoridade administrativa rejeite a representação
• descumprir as normas relativas à celebração, fiscaliza- por não atender aos requisitos estabelecidos acima, deverá,
ção e aprovação de contas de parcerias firmadas pela em despacho, fundamentar a decisão. A rejeição pela auto-
administração pública com entidades privadas (art.11, ridade administrativa, não impede o autor da denúncia de
VIII); fazê-la diretamente ao Ministério Público.
• deixar de cumprir a exigência de requisitos de acessi- Por outro lado, se forem atendidos os requisitos da
bilidade previstos na legislação (art. 11, IX). representação, a  autoridade determinará a apuração dos
fatos. Caso o denunciado seja servidor federal, a apuração
Penalidades (art. 12, inciso III) será processada de acordo com os arts.  148 a 182 da Lei
Independentemente das sanções previstas abaixo, que nº 8.112 de 11 de dezembro de 1990, se for servidor militar,
podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, o agente será processada de acordo com os respectivos regulamentos
público também pode vir a ser responsabilizado penal, civil e disciplinares.
administrativamente conforme disposição prevista em legisla- A comissão encarregada de dar andamento ao procedi-
ção específica. Na aplicação das penalidades, o juiz deve levar mento administrativo deverá dar conhecimento ao Ministério
em conta a extensão do dano causado pelo agente público. Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas de que existe
Sanções aplicáveis àqueles que atentam contra os prin- um procedimento em curso, que visa apurar ato de impro-
cípios da Administração Pública: bidade administrativa. O Ministério Público e o Tribunal ou
• ressarcimento integral do dano, se houver; Conselho de Contas, por sua vez, poderão, a requerimento,
• perda da função pública; designar um representante para acompanhar o referido
• suspensão dos direitos políticos de 3 a 5 anos; procedimento administrativo.
• pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor da Havendo fundados indícios de responsabilidade, a  lei,
remuneração percebida pelo agente; em seus arts. 7º e 16, estabeleceu a possibilidade de medida
• proibição de contratar com o poder público pelo prazo cautelar de indisponibilidade dos bens do indiciado, devendo
de 3 anos;
Direito Administrativo

a comissão processante, representar junto ao Ministério


• proibição de receber benefícios ou incentivos fiscais Público ou à Procuradoria do órgão, para que requeira ao
ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou
majoritário, pelo prazo de 3 anos. causado dano ao erário.
O pedido de sequestro poderá incluir a investigação,
Controle Patrimonial do Agente Público – Art. 13, o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
1º a 4º financeiras que por ventura o indiciado mantenha no exterior.
Vale acrescentar também, que para fins de instrução
Como forma de possibilitar o controle da evolução pa- processual, a autoridade judicial ou administrativa compe-
trimonial do agente público pela Administração, a lei condi- tente poderá determinar o afastamento do agente público do

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exercício do cargo, emprego ou função. A Lei nº 8.112/1990 VI – quando não concorrer qualquer das condições
trata do assunto no art. 147, que assim dispõe: da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade
das partes e o interesse processual;
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o VII – pela convenção de arbitragem; (Redação dada
servidor não venha a influir na apuração da irre‑ pela Lei nº 9.307, de 23/9/1996)
gularidade, a autoridade instauradora do processo VIII – quando o autor desistir da ação;
disciplinar poderá determinar o seu afastamento IX – quando a ação for considerada intransmissível
do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessen‑ por disposição legal;
ta) dias, sem prejuízo da remuneração.142 X – quando ocorrer confusão entre autor e réu;
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorro- XI – nos demais casos prescritos neste Código.
gado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus
efeitos, ainda que não concluído o processo. A sentença que julgar procedente a ação civil de repa‑
ração de dano ou que decretar a perda dos bens havidos
A ação principal (rito ordinário) será proposta pelo Mi- ilicitamente, determinará o pagamento ou a reversão dos
nistério Público ou pela pessoa jurídica interessada, em até bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica preju‑
trinta dias da efetivação da medida cautelar, sendo vedada dicada pelo Ilícito.143
a transação, acordo ou conciliação. O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio
Quando a ação principal for proposta pelo Ministério público ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às comi-
nações desta lei até o limite do valor da herança.144
Público, a  pessoa jurídica interessada poderá, a  juízo do
A perda da função pública e a suspensão dos direitos
respectivo representante legal ou dirigente, abster-se de
políticos só se materializam com o trânsito em julgado da
contestar o pedido ou atuar ao lado do MP como litisconsor-
sentença condenatória (princípio da presunção de inocência,
te, e desde que comprovadamente útil ao interesse público. estabelecido no art. 5º, LVII, da CF).
(Lei nº 4.717/1965, art. 6º, § 3º).
LVII – ninguém será considerado culpado até o trân-
§ 3º A pessoa jurídica de direito público ou de direito sito em julgado de sentença penal condenatória.
privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá
abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar Prescrição – Art. 23
ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao
interesse público, a juízo do respectivo representante A lei prevê três hipóteses de prescrição:
legal ou dirigente. • Pelo inciso I, a prescrição ocorre cinco anos após o tér-
mino do exercício de mandato, de cargo em comissão
Se a ação for proposta pela pessoa jurídica, o Ministério ou de função de confiança;
Público atuará, obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena • Para aqueles que exercem cargo ou emprego efeti-
de nulidade do processo. A ação judicial deverá ser instruída vo, o inciso II estabelece que a prescrição ocorre no
com os do­cumentos que fundamentaram a representação mesmo prazo prescricional previsto em lei específica
ou as razões fundamentadas da impossibilidade de apresen- para faltas disciplinares puníveis com demissão a bem
tação dessas provas. do serviço público. No caso da Lei nº  8.112/1990,
Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá- o prazo prescricional para punir os servidores com a
-la e ordenará a notificação do requerido para oferecer penalidade de demissão é de cinco anos, art. 142, I.
manifestação por escrito dentro do prazo de quinze dias.
O juiz tem o prazo de trinta dias para rejeitar a ação se Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
estiver convencido da inexistência do ato de improbidade, I – em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis
da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita com demissão, cassação de aposentadoria ou dispo-
(ação). nibilidade e destituição de cargo em comissão;
Recebida a petição inicial, o réu será citado para apre-
sentar contestação. Da decisão que receber a petição inicial Outro inciso, acrescentado pela Lei nº 13.019, de 2014
caberá agravo de instrumento. prevê que as ações destinadas a levar a efeitos as sanções
Em qualquer fase do processo, se o juiz reconhecer a previstas na Lei de Improbidade podem ser propostas até
inadequação da ação de improbidade extinguirá a ação sem cinco anos da data da apresentação à administração pública
julgamento (resolução do mérito – art. 267 do CPC) do mérito. da prestação de contas final pelas entidades referidas no
parágrafo único do art. 1º dessa Lei.
Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de Por fim, cabe ressaltar, que prescreve a propositura de
mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005) ação destinada a apurar a responsabilização de agente pú‑
I – quando o juiz indeferir a petição inicial; blico pela prática de atos de improbidade, contudo, as ações
II – quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano para a obtenção de ressarcimento por dano causado ao
por negligência das partes; erário público são imprescritíveis (art. 37, § 5º, da CF).145
III – quando, por não promover os atos e diligências
Direito Administrativo

que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
de 30 (trinta) dias; ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
IV – quando se verificar a ausência de pressupostos
respectivas ações de ressarcimento.
de constituição e de desenvolvimento válido e regular
do processo;
V – quando o juiz acolher a alegação de perempção, 143
Assunto cobrado na prova do Vunesp/Ministério Público do Estado de São
litispendência ou de coisa julgada; Paulo/Analista de Promotoria I/Assistente Jurídico/2010.
144
FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/Analista Judiciário/Área
Judiciária/Execução de Mandatos/2010.
Assunto cobrado na prova da Cespe/Prefeitura Municipal de Boa Vista-RR/
142 145
Assunto cobrado na prova da FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/
Analista Municipal/Procurador Municipal/2010. Procurador do Estado de 3ª Classe/2010.

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PROCESSO ADMINISTRATIVO administrativos; equivale a rito, a forma de proceder;
o procedimento se desenvolve dentro de um proces-
LEI Nº 9.784/1999 so administrativo.
Introdução
Diferenças Básicas entre Processo Judicial e
A Lei nº 9.784/1999 veio suprir a omissão antes sentida Processo Administrativo
no ordenamento jurídico, passando-se a ter regras, princípios
e critérios a serem observados nos processos administrativos PROCESSO PROCESSO
no âmbito da Administração Pública Federal. JUDICIAL ADMINISTRATIVO
Com propriedade, a  lei estabelece suas finalidades, É instaurado mediante pro- É instaurado mediante pro-
quais sejam: vocação das partes. vocação do interessado ou
• proteção dos direitos dos administrados; de ofício, pela própria Ad-
• melhor cumprimento dos fins da Administração. ministração.
A lei é de observância obrigatória para a Administração Estabelece-se uma relação Estabelece-se uma relação
Federal direta e indireta e aos órgãos dos Poderes Legislati‑ trilateral: partes (autor e réu) bilateral, pois a Administra-
vo e Judiciário da União, quando no desempenho de função e o terceiro imparcial (o juiz). ção é parte interessada.
administrativa146. Por conseguinte, os Estados, o Distrito Fe- Em regra, é oneroso. Em regra é gratuito, exceto
deral e os Municípios podem editar leis específicas a respeito quando a lei o exigir.
da matéria. Caso não possuam, podem valer-se das normas Faz coisa julgada. Não faz coisa julgada. Podem
aqui previstas (analogia). ser revistos pelo Poder Judi-
Segundo o Decreto-Lei nº 200, de 1967 (art. 4º), a Admi- ciário (art. 5º, XXXV).
nistração Pública Federal compreende:
• a Administração Federal direta: Presidência da Repú-
blica e Ministérios; e Critérios a Serem Observados nos Processos
• a Administração Federal indireta (Autarquias, Funda- Administrativos
ções, Empresas Públicas e Sociedades de Economia
Mista). A lei arrola, em seu art. 2º, alguns dos princípios a serem
obedecidos pela Administração Pública, dispondo, em seu
Art. 4º A Administração Federal compreende: parágrafo único, sobre os critérios que devem ser observados
I  – A Administração Direta, que se constitui dos nos processos administrativos.
serviços integrados na estrutura administrativa da Ressalta-se que todos os critérios previstos no parágrafo
Presidência da República e dos Ministérios. único do artigo em comento constituem princípios da Ad-
II  – A Administração Indireta, que compreende as ministração Pública. Entre estes, alguns são princípios que
seguintes categorias de entidades, dotadas de per- advêm da teoria geral do direito, mas comuns aos processos
sonalidade jurídica própria: administrativos. Identificaremos, pois, os princípios inseridos
a) Autarquias; em cada critério e devidas considerações.
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista; Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre
d) Fundações Públicas. outros, aos princípios da legalidade, finalidade, mo-
tivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralida-
Por fim, a  lei foi cuidadosa em respeitar normas que de, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
disciplinam processos específicos, dispondo que estas con- interesse público e eficiência.
tinuarão a ser regidas por lei própria. A Lei nº 9.784/1999
será aplicada apenas subsidiariamente (art. 69). • Atuação Conforme a Lei e o Direito (Princípio da
Legalidade)
Art.  69. Os  processos administrativos específicos Como princípio básico de toda atuação administrativa,
continuarão a reger-se por lei própria, aplicando-se- é também de observância obrigatória no processo adminis-
-lhes apenas subsidiariamente os preceitos desta Lei. trativo. O  processo administrativo só pode ser instaurado
com base na lei e para preservá-la, caso contrário será nulo.
Processo X Procedimento É também conhecido na doutrina como princípio da
legalidade objetiva ou da legalidade estrita.
Processo administrativo é o conjunto de atos coor-
denados para a solução de uma controvérsia no âmbito • Atendimento a Fins de Interesse Geral, Vedada a Re‑
administrativo. núncia Total ou Parcial de Poderes ou Competências, Salvo
Procedimento é o modo de realização do processo, Autorização em Lei (Princípio da Finalidade ou Interesse
Público)
Direito Administrativo

a forma de proceder; o rito processual.


Os dois não se confundem, uma vez que pode haver Trata-se do princípio da supremacia do interesse público
procedimento sem processo, mas nunca processo sem sobre o interesse privado, abordado na lei com o nome de
procedimento. interesse público e finalidade. Toda atuação do administrador
Nesse sentido, ensina Di Pietro (2008, p. 589): destina-se a atender o interesse público; esta é a finalidade
de toda e qualquer norma.
O procedimento é o conjunto de formalidades que Como decorrência do princípio da supremacia do interes-
devem ser observadas para a prática de certos atos se público sobre o interesse privado tem-se a indisponibilida-
de do interesse público, segundo a qual a Administração não
Assunto cobrado nas seguintes provas: Cespe/TCU/Auditor Federal de Controle
146

Externo – AUFC/2010 e FCC/TRT 9ª Região/Analista Judiciário/Área Judiciária/


pode dispor desse interesse geral nem renunciar a poderes
Analista Judiciário/Área Judiciária/Execução de Mandatos/2010. que a lei lhe deu a fim de cumpri-lo.

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• Objetividade no Atendimento do Interesse Público, processual não estiver fixada em lei, o agente público com-
Vedada a Promoção Pessoal de Agentes ou Autoridades petente poderá dispor sobre a forma mais oportuna e con-
(Princípio da Eficiência e da Impessoa­lidade) veniente (desde que não prejudique o curso do processo).
O princípio da eficiência exige do administrador que
atue com perfeição, presteza e rendimento funcional. Já o • Garantia dos Direitos à Comunicação, às Alegações
princípio da impessoalidade impede que o administrador Finais, à Produção de Provas e à Interposição de Recur‑
pratique atos em seu interesse próprio. sos, nos Processos de que Possam Resultar Sanções e
nas Situações de Litígios (Princípio da Ampla Defesa e do
• Atuação Segundo Padrões Éticos de Probidade, Decoro Contraditório)
e Boa-fé (Princípio da Moralidade) Na Lei nº 9.784/1999, temos estes princípios presentes
A moralidade administrativa constitui pressuposto de em vários dispositivos, tais como: o direito de ter ciência
validade de todo ato da Administração. Impõe ao adminis- da tramitação dos processos administrativos; ter vistas dos
trador decidir não somente entre o legal e o ilegal, o justo e autos; obter cópias de documentos; conhecer decisões pro-
o injusto, mas principalmente entre o honesto e o desonesto. feridas; formular alegações; apresentar documentos antes da
decisão final; fazer-se assistir facultativamente por advogado,
• Divulgação Oficial dos Atos Administrativos, Res‑ salvo quando a lei assim o exigir; entre outros.
salvadas as Hipóteses de Sigilo Previstas na Constituição
(Princípio da Publicidade) • Proibição de Cobrança de Despesas Processuais,
Todos os atos do processo administrativo devem estar Ressalvadas as Previstas em Lei (Princípio da Gratuidade)
abertos ao conhecimento dos interessados, salvo previsões Diferentemente dos atos dos processos judiciais, que,
constitucionais. em regra, são onerosos, os atos do processo administrativo
são gratuitos, salvo disposição legal.
Exceções ao princípio da publicidade
• Impulsão, de Ofício, do Processo Administrativo,
– São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e sem Prejuízo da Atuação dos Interessados (Princípio da
a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni- Oficialidade)
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua O processo administrativo pode ser instaurado de ofí-
violação (art. 5º, X, da CF). cio, ou seja, por iniciativa da própria Administração, inde-
– É assegurado a todos o acesso à informação e resguar- pendente de provocação do interessado. Esse princípio se
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício aplica apenas aos processos administrativos. Nos processos
profissional (art. 5º, XIV, da CF). judiciais, o Estado-Juiz deve ser provocado, para só depois
– Informações de interesse particular ou coletivo quando agir de ofício.
imprescindíveis para a segurança da sociedade ou do
Estado (art. 5º, XXXIII, da CF). • Interpretação da Norma Administrativa da Forma que
Melhor Garanta o Atendimento do Fim Público a que se
• Adequação entre Meios e Fins, Vedada a Imposição de Dirige, Vedada Aplicação Retroativa de Nova Interpretação
Obrigações, Restrições e Sanções em Medida Superior àque‑ (Princípio da Segurança Jurídica)
las Estritamente Necessárias ao Atendimento do Interesse Como forma de garantir aos administrados um mínimo de
Público (Princípio da Razoabilidade e da Proporcionalidade) segurança em suas relações com a Administração, é vedada
Nos processos administrativos, a  Administração deve a aplicação retroativa de nova interpretação.
observar a razoabilidade e a proporcionalidade, ou seja, Assim dispõe o art. 5º, XXXVI, da CF: “A lei não prejudicará
a adequação entre a penalidade a ser aplicada e o fim a ser o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”.
alcançado.
Direitos do Administrado
• Indicação dos Pressupostos de Fato e de Direito que
Determinarem a Decisão (Princípio da Motivação) Os administrados têm os seguintes direitos perante a
É a exposição ou a indicação por escrito dos fatos e fun- Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam asse-
damentos jurídicos que ensejaram a prática do ato. Os atos gurados (art. 3º):
administrativos que devem ser motivados estão previstos • ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores;
no art. 50. • ter facilitado o exercício de seus direitos e o cumpri-
mento de suas obrigações;
• Observância das Formalidades Essenciais à Garantia • ter ciência da tramitação dos processos administrativos
dos Administrados (Princípio da Instrumentalidade das em que tenha a condição de interessado;
Formas) • ter vista dos autos;
Princípio advindo do processo civil e utilizado também • obter cópias de documentos;
no processo administrativo. Significa que, se a forma pres- • conhecer decisões proferidas;
crita não for atendida, o ato é ilícito; constitui segurança nas • formular alegações e apresentar documentos antes de
relações entre a Administração e o administrado. decisão;
Direito Administrativo

O art. 26 prevê que, para dar ciência de decisão ou para • faculdade de ser assistido por advogado, salvo quando
efetivar diligências, o interessado deve ser intimado (a forma obrigatória a representação.
a ser utilizada é a intimação).
Súmula Vinculante nº  5/STF: A falta de defesa
técnica por advogado no processo administrativo
• Adoção de Formas Simples, Suficientes para Pro‑
disciplinar não ofende a Constituição147. (Data de
piciar Adequado Grau de Certeza, Segurança e Respeito
Aprovação: Sessão Plenária de 7/5/2008; Fonte de
aos Direitos Adquiridos (Princípio do Informalismo e da
Publicação: DJe nº 88/2008, p. 1, em 16/5/2008, DOU
Segurança Jurídica)
de 16/5/2008, p. 1.)
Os atos do processo administrativo não dependem de
forma determinada. Entende-se que, se a forma para o ato FCC/Defensoria Pública do Estado de São Paulo/Defensor Público/2010.
147

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Deveres do Administrado • sobre o território de sua jurisdição;
• em relação às matérias indicadas na norma;
São deveres do Administrado perante a Administra- • no momento adequado;
ção, sem prejuízo de outros previstos em atos normativos • à vista de ocorrência dos fatos indicados na norma;
(art. 4º): • para atingir a finalidade que levou à outorga do poder.
• atuar conforme a verdade, lealdade, urbanidade e
boa-fé; A competência é irrenunciável (art. 11), ressalvados os
• não agir de modo temerário; casos de delegação e avocação, mediante ato publicado
• prestar as informações solicitadas e colaborar para o oficialmente, constando (art. 14, § 1º):
esclarecimento dos fatos. • as matérias e poderes transferidos;
• os limites de atuação do delegado;
Instauração do Processo • a duração e os objetivos da delegação;
• o recurso cabível e eventual, ressalva que poderá advir
O processo administrativo pode iniciar-se (arts. 5º e 6º): da atribuição delegada.
• de ofício: pela própria Administração.
• a pedido de interessado: qualquer pessoa que tiver Delegar é atribuir a outrem competência tida como
ciência de irregularidades. própria; avocação é chamar para si competência atribuída
a subordinado.
A solicitação pode ser: Segundo a lei, pode haver delegação de competência de
• oral; ou um órgão para outro ou entre seus titulares, mesmo que não
• escrita: quando for escrita deve conter os seguintes haja subordinação hierárquica. Necessário se faz que não
dados: haja impedimento legal, e desde que seja conveniente em
1) a quem se dirige; razão de circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
2) identificação do requerente ou de quem este repre-
jurídica ou territorial, podendo tal delegação ser revogada a
sente;
qualquer momento pela autoridade delegante148. As deci-
3) local para receber comunicação;
sões adotadas por delegação devem mencionar explicitamen-
4) o pedido fundamentado;
5) data e assinatura. te essa qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.
Já a avocação somente será permitida em caráter excep-
O que fazer se não houver competência legal específica cional, temporário e por motivos relevantes, devidamente
para dar início ao processo? Deverá ser iniciado perante a justificados (art. 15).
autoridade de menor grau hierárquico para decidir (art. 17).
Considera-se autoridade para efeitos dessa lei o servidor ou Atos que não podem ser Objeto de Delegação
agente público dotado de poder de decisão. (Art. 13)
É proibido, à Administração, recusar imotivadamente o
recebimento de documentos, devendo o servidor orientar • atos de caráter normativo;
o interessado quanto ao suprimento de eventuais falhas. • atos que decidam recursos administrativos;
Os órgãos e entidades administrativos deverão elaborar • atos de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
modelos ou formulários padronizados para assuntos que
importem pretensões equivalentes.
Considera-se órgão, para efeitos desta lei, a unidade de Impedimentos
atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
estrutura da Administração indireta; e entidade, a unidade Estão impedidos de atuar no processo (art. 18):
de atuação dotada de personalidade jurídica. • servidor ou autoridade que tenha interesse direto ou
indireto na matéria;
Legitimidados para Atuar no Processo como • servidor ou autoridade que tenha participado ou venha
Interessados a participar como perito, testemunha ou representan-
te, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge,
São legitimados como interessados no processo (art. 9º): companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
• titulares de direitos ou interesses individuais ou repre- • servidor ou autoridade que esteja litigando judicial ou
sentantes; administrativamente com o interessado ou respectivo
• terceiros que podem ser afetados pela decisão; cônjuge ou companheiro.
• organizações e associações representativas (direitos
coletivos); Observação: O servidor tem o dever de comunicar o im-
• pessoas ou associações legalmente constituídas (direi- pedimento, constituindo falta grave a sua omissão (art. 19).
tos difusos).
Direito Administrativo

Suspeições
Para efeitos desta lei, são capazes os maiores de dezoito
anos, ressalvada previsão especial em ato normativo próprio A autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou
(art. 10). inimizade notória com algum dos interessados ou com os
respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o
Competência terceiro grau podem ser declarados suspeitos; se isso acon-
tecer, não poderão atuar no processo (art. 20).
Conceito: limite de atuação da autoridade, cujo exercício
só é lícito se obedecidos os seguintes requisitos: Assunto cobrado na prova da FCC/Procuradoria Geral do Estado do Amazonas/
148

• se for praticado pelo sujeito previsto; Procurador do Estado de 3ª Classe/2010.

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Forma, Tempo e Lugar dos Atos Processuais siste em debates sobre determinada matéria que tenham
comprovada relevância).
• Não exige forma determinada (art. 22), salvo previsão Quando for necessário ouvir órgão consultivo, o parecer
legal (princípio do informalismo). deverá ser emitido no prazo máximo de quinze dias, salvo
• Deverão preferencialmente realizar-se na sede do norma especial ou comprovada necessidade de maior prazo.
órgão, em dias úteis, no horário normal de funciona- Se o parecer for obrigatório e vinculante, e não for emitido no
mento das repartições, por escrito, em vernáculo, com prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respec-
data, local e assinatura da autoridade; reconhecimento tiva apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao
de firma só quando houver dúvida de autenticidade. atraso. Porém, se for obrigatório e não vinculante, e não for
• Não havendo prazo específico para a prática dos atos, emitido no prazo fixado, o processo poderá prosseguir e ser
este será de 5 dias; se devidamente justificado, o prazo decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade
pode ser dilatado até o dobro, ou seja, até 10 dias. de quem se omitiu no atendimento (art. 42).

Comunicação dos Atos São inadmissíveis no processo:


• provas ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou pro-
A comunicação dos atos é feita por meio de intimação telatórias (art. 38, §2º).
com antecedência mínima de 3 dias úteis; visa dar ciência
ao interessado de decisões ou efetivar diligências (arts. 26, Obs.: Cabe aos interessados a prova dos fatos que alegar.
39, 41). Constituem, portanto, objeto de intimação os atos
do processo administrativo que imponham deveres, ônus, Finalizada a instrução, o  interessado tem o prazo de
sanções ou restrições ao exercício de direitos e atividades e 10 dias para manifestar-se, salvo se outro for estipulado
os atos de outra natureza, de seu interesse (art. 28). (art. 44).
O desatendimento da intimação não importa o reco- Administração Pública poderá motivadamente adotar
nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito providências acauteladoras, em caso de risco iminente, sem
pelo administrado. a prévia manifestação do interessado (art. 45).
Se a intimação não for atendida, o  órgão competente
poderá (se entender relevante) suprir de ofício a omissão, Do Dever de Decidir
não se eximindo de proferir decisão (art. 39, parágrafo único).
• A Administração tem o dever de emitir decisão explícita
Meios: em processos, solicitações e reclamações quando a
• ciência no processo: quando ocorre nos próprios matéria for de sua competência (art. 48).
autos; normalmente na própria audiência; • Prazo: até 30 dias, se devidamente motivada, pode
• carta com AR (aviso de recebimento); ser prorrogada por igual período, ou seja, até 60 dias
• telegrama; ou (art. 49).
• qualquer outro meio que assegure a certeza da ciência
do interessado. Atos que Devem ser Motivados (Art. 50)

No caso de interessados indeterminados, desconhecidos Os atos administrativos deverão ser motivados, com
ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser feita por indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
meio de publicação oficial (art. 26, § 4º). • atos que neguem, limitem ou afetem direitos ou inte-
resses;
Instrução do Processo • atos que imponham ou agravem deveres, encargos ou
sanções;
As instruções (atividades destinadas a averiguar e com- • atos que decidam processos administrativos de con-
provar dados necessários à tomada de decisões) realizar- curso ou seleção pública;
-se-ão (art. 29): • atos que dispensem ou declarem a inexigibilidade de
• de ofício; ou processo licitatório;
• o interessado propõe atuação probatória (juntar • atos que decidam recursos administrativos;
documentos e pareceres, requerer diligências e perí- • atos que decorram de reexame de ofício;
cias, bem como aduzir alegações referentes à matéria • atos que deixem de aplicar jurisprudência firmada
objeto do processo). sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
propostas e relatórios oficiais;
Quando dados, atuações ou documentos solicitados • atos que importem anulação, revogação, suspensão
aos interessados forem necessários à apreciação de pe- ou convalidação de ato administrativo.
Direito Administrativo

dido formulado, o  não atendimento no prazo fixado pela


Administração para a respectiva apresentação implicará o Desistência do Processo
arquivamento do processo (art. 40).
Quando a matéria do processo envolver assunto de inte- O interessado poderá desistir (total ou parcialmente)
resse geral (art. 31), o órgão competente poderá (mediante do pedido formulado, mediante manifestação por escrito,
despacho motivado) abrir período de consulta pública (devi- ou, ainda, renunciar direitos disponíveis. Se houver vários
damente publicada nos meios oficiais) para manifestação de interessados, a desistência ou renúncia atinge somente quem
terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo tenha formulado o pedido, e, conforme o caso, não prejudica
para a parte interessada, ou, ainda, a critério da autoridade o curso do processo, se a Administração considerar que o
competente, poderá ser realizada audiência pública (con- interesse público assim o exige.

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Extinção do Processo Na via administrativa, esgotadas as instâncias, só será
possível o pedido de revisão de sanções, no caso de fatos
O órgão competente poderá declarar extinto o processo novos ou circunstâncias relevantes, suscetíveis de justificar
quando: a inadequação da sanção aplicada. Nesse caso, o pedido de
• exaurida sua finalidade; ou revisão pode ser feito a qualquer tempo (art. 65).
• o objeto da decisão se tornar impossível, inútil ou Cabe ressaltar que do pedido de reconsideração e do
prejudicado por fato superveniente. recurso hierárquico cabe agravamento de sanção (art. 64,
parágrafo único), diferentemente do pedido de revisão,
que não poderá resultar agravamento de sanção (art.  65,
Também extinguem o ato: parágrafo único).
A Anulação • Hierarquia: o recurso será dirigido inicialmente à
autoridade que proferiu a decisão, a  qual, se não a
• É a extinção do ato administrativo por motivo de ile- reconsiderar no prazo de 5 dias, o encaminhará à au-
galidade, feita pela Administração (autotutela) ou pelo toridade superior (art. 56, § 1º). Se o recorrente alegar
Poder Judiciário. Efeitos: Ex tunc (retroage à data em que a decisão administrativa contraria enunciado de
que o ato foi praticado, anulando-o). súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da
• É dever da Administração Pública anular seus próprios decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar,
atos, quando eivados de vício de legalidade (art. 53 e antes de encaminhar o recurso à autoridade superior,
Súmulas nºs 346 e 473 do STF). as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da sú-
• Prazo de decadência para a anulação: 5 anos, para atos mula, conforme o caso (art. 56, § 1º).
que decorram efeitos favoráveis para os destinatários.
Se houver má-fé: imprescritível. • Legitimidade para interpor recurso administrativo
(art. 58):
– os titulares de direitos e interesses que forem parte
A Revogação no processo;
– aqueles cujos direitos ou interesses forem indire-
• É a extinção de um ato administrativo legal e legítimo tamente afetados pela decisão recorrida;
em razão de conveniência e oportunidade. Efeitos: Ex – as organizações e associações representativas no
nunc (não retroage; seus efeitos são válidos a partir da tocante a direitos e interesses coletivos;
data em que foi praticado o ato). – os cidadãos ou associações quanto a direitos ou
• A Administração pode revogar seus próprios atos por interesses difusos.
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos (art. 53). • Situações em que o recurso não será conhecido quan‑
do interposto (art. 63):
A Convalidação – fora do prazo;
– perante órgão incompetente;
– por quem não seja legitimado;
• É a prática de um novo ato pelo qual é suprido o vício
– após exaurida a esfera administrativa.
existente em um ato ilegal. Efeito: Ex tunc (retroage à
data em que o ato foi praticado, anulando-o). Obs.1: Se o recurso for interposto perante órgão incom-
• Os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão petente, será indicada ao recorrente a autoridade compe-
ser convalidados pela própria Administração, desde tente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
que fique evidenciado que não acarretam lesão ao
interesse público nem prejuízo a terceiros (art. 55). Obs.2: O não conhecimento do recurso pela Administra-
ção não a impede de rever de ofício o ato ilegal, desde que
Recursos Administrativos não ocorrida preclusão administrativa (art. 63, § 2º).

• Cabimento: por razões de legalidade e de mérito Prazo para interposição: 10 dias, contados da data

(art.  56), por meio de requerimento contendo os de ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida,
fundamentos do pedido de reexame. O  interessado salvo disposição legal específica (art. 59).
pode juntar os documentos que julgar convenientes
(art. 60). Prazo para julgamento: máximo de 30 dias, contados

do recebimento dos autos pelo órgão competente, se
Em regra, o recurso não tem efeito suspensivo (art. 61), a lei não fixar prazo diferente (art. 59, § 1º). Poderá
haver prorrogação por igual período, ante justificativa
porém, se houver justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
explícita (art. 59, § 2º).
reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
Direito Administrativo

ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, Obs.1: O órgão competente para decidir o recurso poderá
dar efeito suspensivo ao recurso (art. 61, parágrafo único). confirmar, modificar, anular ou revogar (total ou parcialmen-
te) a decisão recorrida (art. 64).
• Tramitação: 03 instâncias administrativas, no máximo,
salvo disposição legal (art. 57). O que não as tornam Obs.2: Caso ocorra agravamento de sanção, o recorrente
obrigatórias, uma vez que a penalidade pode ser será cientificado para que formule suas alegações antes da
aplicada pela autoridade máxima do órgão, cabendo decisão (art. 64, parágrafo único).
a este apenas pedido de reconsideração; em caso de
negativa, caberá somente ao Poder Judiciário a sua Obs.3: Se o recorrente alegar violação de enunciado de
revisão. súmula vinculante, o  órgão deverá explicitar as razões de

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aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, e, se for aco- LICITAÇÕES – LEI Nº 8.666/1993
lhida pelo STF a reclamação fundada em sua violação, será
dada ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente
pelo julgamento do recurso, para que adéquem à futuras
Conceito e Objetivo
decisões administrativas em casos semelhantes, sob pena de
responsabilização pessoal nas esferas cível, administrativa e A licitação é o procedimento administrativo formal exi-
penal (arts. 64-A e 64-B). gido constitucionalmente em que a Administração Pública,
mediante condições estabelecidas em ato próprio (edital
Prazos (Arts. 66 e 67) ou carta‑convite) convoca interessados na apresentação de
propostas, com dois objetivos: celebração de contrato ou a
• Começam a correr a partir da data da cientificação obtenção do melhor trabalho técnico, artístico ou científico.
oficial.
• Exclui-se da contagem o dia do começo e inclui-se o Competência Legislativa
do vencimento.
• Prorroga-se o prazo até o 1º dia útil seguinte, se o Segundo a Constituição Federal de 1988, a União tem
vencimento cair em dia em que não houver expediente competência privativa para legislar sobre normas gerais de
ou este for encerrado antes da hora normal. licitação e contratação, em todas as modalidades, para as
• Os prazos expressos em dias contam-se de modo administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais
contínuo. da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Tendo em
• Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de vista que o texto constitucional em seu art. 24, § 2º, diz que a
data a data. Se no mês do vencimento não houver o competência da União para legislar sobre normas gerais não
dia equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
exclui a competência suplementar dos Estados, e o art. 30, II,
termo o último dia do mês.
prevê que compete aos Municípios suplementar a legislação
Os prazos processuais não se suspendem, salvo motivo federal e a estadual no que couber, a doutrina entende que a
de força maior devidamente comprovado (art. 67). competência é concorrente: União instituindo normas gerais;
Estados e Municípios suplementando a legislação federal no
Sanções (Art. 68) que couber para atender suas regionalidades.

As sanções possuem natureza pecuniária ou obrigação de Finalidades


fazer ou de não fazer e devem ser aplicadas pela autoridade
competente. Garantir a observância do princípio da isonomia;
Considera-se autoridade para efeitos dessa lei o servidor
Selecionar a proposta mais vantajosa para a Adminis-
ou agente público dotado de poder de decisão.
tração;
Ademais, cumpre observar que, em processo adminis‑
trativo disciplinar, a remoção de ofício de um servidor não Promover o desenvolvimento nacional sustentável;
pode ser utilizada como forma de punição.149 Mostrar a eficiência e a moralidade nos negócios
administrativos.
Súmulas Aplicáveis
Princípios a Serem Observados na Licitação
Súmula nº 429
A existência de recurso administrativo com efeito sus- • Gerais
pensivo não impede o uso do mandado de segurança contra
omissão da autoridade. (Data de Aprovação: Sessão Plenária
Legalidade
de 1º/6/1964).
O princípio da legalidade, dentro da licitação, impõe ao
Súmula nº 430 administrador a fiel observância dos procedimentos estabe-
Pedido de reconsideração na via administrativa não in- lecidos na Lei nº 8.666/1993.
terrompe o prazo para o mandado de segurança. (Data de
Aprovação: Sessão Plenária de 1º/6/1964). Impessoalidade
Não deve haver fatores de natureza subjetiva ou pessoal
Súmula Vinculante nº 3 interferindo nos atos dos procedimentos licitatórios.
Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando Moralidade
da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato Significa que o procedimento licitatório deve pautar‑se em
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a padrões éticos, impondo ao administrador comportamento
Direito Administrativo

apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de apo- legal e honesto, no exercício da atividade administrativa.
sentadoria, reforma e pensão. (Data de Aprovação: Sessão
Plenária de 30/5/2007). Publicidade
Para garantir a transparência da atuação administrativa
Súmula Vinculante nº 5 os atos da licitação devem ser públicos, excetuando‑se dessa
A falta de defesa técnica por advogado no processo regra apenas o conteúdo das propostas, até a sua respectiva
administrativo disciplinar não ofende a Constituição. (Data abertura. Abrange, por exemplo, os avisos de sua abertura
de Aprovação: Sessão Plenária de 7/5/2008). até a publicação do edital e seus anexos e o exame da do-
cumentação e das propostas pelos interessados sempre em
Assunto cobrado na prova do Cespe/TCU/Auditor Federal de Controle Externo
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– AUFC/2010.
ato público (arts. 3º, 16, 21 e 44).

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Eficiência ato administrativo próprio (portaria), para integrar a comis-
Trata‑se de mais um limite à atuação discricionária do são de licitação, ser pregoeiro ou para realizar licitação na
Administrador, uma vez que está vinculado à escolha da modalidade convite, com a função de receber, examinar e
melhor proposta para a Administração. julgar os documentos referentes à licitação.
É constituída por, no mínimo, três membros, sendo pelo
Isonomia menos dois deles servidores qualificados, pertencentes
Igualdade de tratamento para todos aqueles que preten- aos quadros permanentes dos órgãos da Administração
dam participar da licitação, vedada qualquer discriminação responsáveis pela licitação, sendo que, no caso de convite,
(art. 3º, caput). a comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas
unidades administrativas e em face da falta de pessoal dis-
• Específicos ponível, poderá ser substituída por servidor formalmente
designado pela autoridade competente (art. 51).
Competitividade A comissão de licitação pode ser:
Não pode haver regras (ilegais) que impeçam o acesso
de interessados ao certame, constituindo crime (detenção, Permanente Quando a designação abranger a realização
de 6 meses a 2 anos, e multa), obstar, impedir ou dificultar, de licitações por período determinado.
injustamente, a inscrição de qualquer interessado nos regis-
tros cadastrais (art. 3º, § 1º, II e art. 98 da Lei nº 8.666/1993). Especial No caso de licitações específicas e nos casos
de concurso.
Probidade administrativa
A probidade tem o sentido de honestidade, boa‑fé, morali- A investidura dos membros das comissões permanentes
dade por parte dos administradores. Exige que o administrador não excederá a um ano. Quando da renovação da comissão
atue com honestidade para com os licitantes e, sobretudo, para o período subsequente, será possível apenas a recondu-
para com a própria Administração, concorrendo para que sua ção parcial desses membros, pois a lei proíbe a recondução
atividade esteja, de fato, voltada para o interesse administra- em sua totalidade (art. 51, § 4º).
tivo, que é o de promover a seleção mais acertada possível. A comissão encarregada do julgamento dos pedidos de
inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancela-
Sigilo na apresentação das propostas mento, será integrada por profissionais legalmente habilita-
De forma a garantir o princípio da isonomia, exige‑se que dos no caso de obras, serviços ou aquisição de equipamento
as propostas, até a sua respectiva abertura, sejam sigilosas, (art. 51, § 2º).
pois poderia deixar em posição vantajosa o concorrente que Os membros das Comissões de licitação respondem
disponha de tal informação, sendo que constitui crime (de- solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão,
tenção, de 2 a 3 anos, e multa) devassar o sigilo de proposta salvo se posição individual divergente estiver devidamente
apresentada em procedimento licitatório ou proporcionar a fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em
terceiro o ensejo de devassá‑lo (art. 3º, § 3º, e art. 94 da Lei que tiver sido tomada a decisão.
nº 8.666/1993).
Formas de Execução dos Serviços
Vinculação ao instrumento convocatório
Impõe à Administração o cumprimento de todas as nor- Execução Direta
mas e condições que haja previamente estabelecido no edital
ou carta convite (art. 41 da Lei nº 8.666/1993). É a feita pelos órgãos e entidades da Administração, pelos
próprios meios (art. 6º, VII).
Julgamento objetivo
Significa que os critérios e fatores seletivos indicados no Execução Indireta
edital devem ser observados pela comissão de licitação ou
pelo responsável pelo convite, evitando‑se qualquer surpresa É a que o órgão ou entidade contrata com terceiros
para seus participantes. Visa afastar o discricionarismo na (art. 6º, VIII).
escolha das propostas (art. 45, caput, da Lei nº 8.666/1993).
Regimes que Podem ser Utilizados na Execução Indireta
Adjudicação compulsória
Impede que a Administração, concluído o procedimento
licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo Empreitada Quando se contrata a execução da obra ou
vencedor, entretanto, não há direito subjetivo à adjudicação, por preço do serviço por preço certo e total (art. 6º,
podendo a Administração revogar motivadamente o procedi- global VIII, a).
mento a qualquer momento, desde que haja finalidade pública. Empreitada Quando se contrata a execução da obra ou
por preço do serviço por preço certo de unidades de-
Objeto da Licitação unitário terminadas (art. 6º, VIII, b).
Direito Administrativo

Tarefa Quando se ajusta mão de obra para peque-


O objeto da licitação é a execução de obras, a prestação nos trabalhos por preço certo, com ou sem
de serviços, o fornecimento de bens para atendimento de fornecimento de materiais (art. 6º, VIII, d).
necessidades públicas, as alienações e locações da Adminis-
tração Pública, que, quando contratadas com terceiros, serão Empreitada Quando se contrata um empreendimento
necessariamente precedidas de licitação (art. 2º). integral em sua integralidade, compreendendo todas
as etapas das obras, serviços e instalações
necessárias, sob inteira responsabilidade da
Responsáveis pela Licitação
contratada até a sua entrega ao contratan-
Consideram‑se responsáveis pela licitação os agentes te em condições de entrada em operação
públicos designados pela autoridade competente, mediante (art. 6º, VIII, e).

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Requisitos para a Licitação ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) do capital
com direito a voto ou controlador, responsável técnico
Obras e Serviços ou subcontratado.
• Servidor, dirigente de órgão ou entidade contratante
São requisitos vinculados, ou seja, não podem faltar, pois ou responsável pela licitação.
acarretaria a nulidade dos atos e contratos realizados, e a • Os membros da Comissão de Licitação.
responsabilidade dos envolvidos (art. 7º, §§ 2º e 6º):
Contratação Direta (Exceção à Regra que é Licitar)
• existência de projeto básico;
A regra é licitar, porém existem casos em que a Admi-
• existência de orçamento detalhado; nistração se vê impossibilitada de fazê‑la, seja pela demora
• existência de Recursos Orçamentários; do procedimento licitatório que poderia causar um prejuízo
para o interesse público, seja pela inviabilidade do procedi-
• previsão no Plano Plurianual.
mento, ou por que a lei determina que não haja a licitação.
São três, os casos:
Considera‑se obra: toda construção, reforma, fabricação,
recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou Licitação Dispensada
indireta (art. 6º, I).
Considera‑se serviço: toda atividade destinada a obter A própria lei ordena (é vinculado) que não haja o proce-
determinada utilidade de interesse para a Administração, dimento licitatório. São para casos específicos de alienação
tais como: demolição, conserto, instalação, montagem, (venda) de Bens Públicos (art. 17).
operação, conservação, reparação, adaptação, manutenção,
transporte, locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos Quando o Bem a Ser Alienado for Imóvel
técnico‑profissionais (art. 6º, II). Quando o bem a ser alienado for imóvel, a licitação será
dispensada nos seguintes casos:
Compras a) dação em pagamento;
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão
Aqui, os quatro primeiros requisitos são vinculados, ou ou entidade da Administração Pública, de qualquer
seja, são obrigatórios, sob pena de nulidade do ato e respon- esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas
sabilidade de que lhe tiver dado causa, já os demais, sempre f, h e i;
que possível, deverão ser observados (art. 15): c) permuta, por outro imóvel cuja necessidade de
instalação e localização satisfaça o atendimento das
finalidades precípuas da administração;
• caracterização de seu objeto, sem indicação de marca; d) investidura. Considera‑se investidura para os fins desta
• existência de recursos orçamentários; lei (art. 17, § 3º):
• a definição das unidades e das quantidades a serem ad- – a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros
quiridas em função do consumo e utilização prováveis; de área remanescente ou resultante de obra públi-
• as condições de guarda e armazenamento que não ca, se esta se tornar inaproveitável isoladamente;
permitam a deterioração do material; – a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou,
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para
• atender ao princípio da padronização; fins residenciais construídos em núcleos urbanos
• ser processadas por meio de sistema de registro de anexos a usinas hidrelétricas, desde que conside-
preços; rados dispensáveis na fase de operação dessas
• submeter‑se às condições de aquisição e pagamento unidades e não integrem a categoria de bens
semelhantes às do setor privado; reversíveis ao final da concessão.
• ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces- e) venda a outro órgão ou entidade da administração
sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, pública, de qualquer esfera de governo;
visando economicidade; f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
de direito real de uso, locação ou permissão de uso
• balizar‑se pelos preços praticados no âmbito dos
de bens imóveis residenciais construídos, destinados
órgãos e entidades da Administração Pública. ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
habitacionais ou de regularização fundiária de inte-
Considera‑se compra: toda aquisição remunerada de
resse social desenvolvidos por órgãos ou entidades
bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente
da administração pública;
(art. 6º, III).
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
Licitante mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Admi-
Direito Administrativo

nistração Pública em cuja competência legal inclua-se


É quem se habilitou e participa do procedimento licitatório, tal atribuição;
atendendo ao ato da convocação (Edital ou Carta‑convite).
Veja o que diz o art. 29 da Lei nº 6.383/1976:
Não Podem ser Licitantes – Art. 9º
• O autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física O ocupante de terras públicas, que as tenha
ou jurídica. tornado produtivas com o seu trabalho e o de
• A empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável sua família, fará jus à legitimação da posse de
pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da área contínua até 100 (cem) hectares, desde que
qual o autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista preencha os seguintes requisitos:

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I – não seja proprietário de imóvel rural; Exige‑se, ainda, no que couber, a instrução do processo
II – comprove a morada permanente e cultura com a caracterização da situação emergencial ou calamitosa
efetiva, pelo prazo mínimo de 01 (um) ano. que justifique a dispensa, a razão da escolha do fornecedor
§ 1º A legitimação da posse de que trata o pre- ou executante, a justificativa do preço e o documento de
sente artigo consistirá no fornecimento de uma aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão
Licença de Ocupação, pelo prazo mínimo de alocados (art. 26, parágrafo único).
mais 4 (quatro) anos, findo o qual o ocupan­te A Lei nº 9.784/1999 em seu art. 50, III, dispõe que: “Os
terá a preferência para aquisição do lote, pelo atos administrativos devem ser motivados, com indicação
valor histórico da terra nua, satisfeitos os requi- dos fatos e fundamentos jurídicos quando dispensar o pro-
sitos de morada permanente e cultura efetiva e cesso licitatório”.
comprovada a sua capacidade para desenvolver Os casos de licitação dispensável são taxativos, ou seja, es-
a área ocupada; tão todos expressos no art. 24, de modo que o Administrador
está impedido de dispensar a licitação fora dos casos previstos.
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de Casos em que a Licitação é Dispensável
• Para obras e serviços de engenharia de valor até 10%
bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
(dez por cento) do limite previsto na modalidade convite
área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros
(R$ 150.000,00), ou seja, até R$ 15.000,00 (art. 24, I).
quadrados) e inseridos no âmbito de programas de
regularização fundiária de interesse social desenvolvi-
dos por órgãos ou entidades da Administração Pública; Atenção!
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou Quando as obras e serviços forem contratados por
onerosa, de terras públicas rurais da União e do Incra, consórcios públicos, sociedade de economia mista,
onde incidam ocupações até o limite de 2.500 ha (dois empresa pública e por autarquia ou fundação qua-
mil e quinhentos hectares), para fins de regularização lificadas, na forma da lei, como Agências Exe­cutivas,
fundiária, atendidos os requisitos legais. o limite é de 20% do previsto na modalidade convite
A Administração também poderá conceder título de (R$ 150.000,00), ou seja, até R$ 30.000,00 (art. 24,
propriedade ou de direito real de uso de imóveis, § 1º).
dispensada licitação, quando o uso destinar‑se (art.
17, § 2º): • Para outros serviços e compras de valor até 10%
– a outro órgão ou entidade da Administração Públi- do limite previsto na modalidade carta‑convite
ca, qualquer que seja a localização do imóvel; (R$ 80.000,00), ou seja, até R$ 8.000,00 (art. 24, II).
– a pessoa natural que, nos termos de lei, regulamen-
to ou ato normativo do órgão competente, haja Atenção!
implementado os requisitos mínimos de cultura, Quando as compras e outros serviços forem con-
ocupação mansa e pacífica e exploração direta tratados por consórcios públicos, sociedade de
sobre área rural, observado o limite de 2.500 ha economia mista, empresa pública e por autarquia
(dois mil e quinhentos hectares). ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
Agências Executivas, o limite é de 20% do previsto
Quando o Bem a ser Alienado for Móvel na modalidade convite (R$ 80.000,00), ou seja, até
Quando o bem a ser alienado for móvel, a licitação será R$ 16.000,00 (art. 24, § 1º).
dispensada nos seguintes casos:
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de • Nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem
interesse social; (art. 24, III).
b) permuta permitida exclusivamente entre órgãos ou • Nos casos de emergência ou de calamidade pública,
entidades da Administração Pública; quando caracterizada urgência de atendimento de
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa; situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
d) venda de títulos; a segurança de pessoas, obras, serviços, públicos ou
e) venda de bens produzidos ou comercializados por particulares, e somente para os bens necessários ao
órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude atendimento da situação emergencial ou calamitosa
de suas finalidades; e para as parcelas de obras e serviços que possam
f) venda de materiais e equipamentos para outros ór- ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oi-
gãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização tenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da
previsível por quem deles dispõe. ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a
prorrogação dos respectivos contratos (art. 24, IV).
• Quando não acudirem interessados à licitação anterior
Licitação Dispensável e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
Na licitação dispensável existe a possibilidade de com-
Direito Administrativo

todas as condições preestabelecidas (art. 24, V). É CO-


petição que justifique a licitação, mas não é obrigatória NHECIDA NA DOUTRINA COMO LICITAÇÃO DESERTA.
(discricionário), de modo que a lei faculta ao administrador • Quando a União tiver que intervir no domínio econômi-
que use o seu juízo de oportunidade e conveniência ao avaliar co para regular preços ou normalizar o abastecimento
se deverá dispensar ou não a licitação. São casos em que o (art. 24, VI).
interesse público poderia ser prejudicado pela demora no • Quando as propostas apresentarem preços manifes-
procedimento ou em razão de seu valor. tamente superiores ou incompatíveis aos praticados
A dispensa deverá ser justificada (princípio da motiva- no mercado nacional ou forem incompatíveis com
ção), e comunicada dentro de três dias a autoridade superior, os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos
para publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, em que, a Administração poderá fixar aos licitantes o
como condição para eficácia dos atos (art. 26, caput). prazo de oito dias úteis para a apresentação de nova

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documentação ou de outras propostas escoimadas das que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão
causas que as inabilitaram ou desclassificaram, facul- ou entidade (art. 24, XV).
tada, no caso de convite, a redução deste prazo para • Para a impressão dos diários oficiais, de formulários
três dias úteis. Persistindo a situação, será admitida padronizados de uso da administração, e de edições téc-
a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor nicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
não superior ao constante do registro de preços, ou informática a pessoa jurídica de direito público interno,
dos serviços (art. 24, VII). É CONHECIDA NA DOUTRINA por órgãos ou entidades que integrem a Administração
COMO LICITAÇÃO FRACASSADA (art. 48, § 3º). Pública, criados para esse fim específico (art. 24, XVI).
• Para a aquisição, por pessoa jurídica de Direito Público • Para a aquisição de componentes ou peças de origem
Interno, de bens produzidos ou serviços prestados por nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de
órgão ou entidade que integre a Administração Pública equipamentos durante o período de garantia técnica,
e que tenha sido criado para esse fim específico em junto ao fornecedor original desses equipamentos,
data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço quando tal condição de exclusividade for indispensável
contratado seja compatível com o praticado no mer- para a vigência da garantia (art. 24, XVII).
cado (art. 24, VIII). • Nas compras ou contratações de serviços para o abas-
tecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em
Atenção!
estada eventual de curta duração em portos, aeropor-
O limite temporal previsto neste inciso não se aplica
tos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo
aos órgãos ou entidades que produzem produtos es-
tratégicos para o SUS. Conforme Portaria nº 3.089, de de movimentação operacional ou de adestramento,
11 de dezembro de 2013, os produtos estratégicos para quando a exiguidade dos prazos legais puder compro-
o SUS são classificados em 2 (dois) segmentos: I - Seg- meter a normalidade e os propósitos das operações
mento Farmacêutico; e II - Segmento de Produtos para e desde que seu valor não exceda ao limite previsto
a Saúde e Dispositivos em Geral de Apoio à Saúde. O na alínea a do inciso II do art. 23 desta lei, ou seja, até
Segmento Farmacêutico é composto por produtos que R$ 80.000,00 (art. 24, XVIII).
atendem aos critérios de alta significação social, tais • Para as compras de material de uso pelas Forças Ar-
como as doenças negligenciadas, os de alto valor tec- madas, com exceção de materiais de uso pessoal e
nológico e econômico e os produtos biotecnológicos. administrativo, quando houver necessidade de manter a
Já o Segmento de Produtos para a Saúde e Dispositivos padronização requerida pela estrutura de apoio logístico
em Geral de Apoio à Saúde é composto por produtos dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer
que atendem aos critérios de alta significação social, de comissão instituída por decreto (art. 24, XIX).
tais como as doenças negligenciadas, os de alto valor • Na contratação de associação de portadores de de-
tecnológico e econômico. Importante ressaltar que, ficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
anualmente, o Ministério da Saúde publica uma lista idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração
de produtos estratégicos para o ano subsequente. Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento
de mão de obra, desde que o preço contratado seja
• Quando houver possibilidade de comprometimento compatível com o praticado no mercado (art. 24, XX).
da segurança nacional, nos casos estabelecidos em • Para a aquisição ou contratação de produto para pes-
Decreto, do Presidente da República, ouvido o Conse- quisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras
lho de Defesa Nacional (art. 24, IX). e serviços de engenharia, a R$ 300.000,00 (Trezentos
• Para a compra ou locação de imóvel destinado ao mil reais) (art. 24, XXI).
atendimento das finalidades precípuas da Adminis-
tração, cujas necessidades de instalação e localização Atenção!
condicionem a sua escolha, desde que o preço seja A documentação relativa à habilitação jurídica, à re-
compatível com o valor de mercado, segundo avaliação gularidade fiscal e trabalhista, à qualificação técnica
prévia (art. 24, X). e econômica-financeira poderá ser dispensada, nos
• Na contratação de remanescente de obra, serviço ou termos de regulamento, no todo ou em parte, para
fornecimento, em consequência de rescisão contratual, a contratação de produto para pesquisa e desen-
desde que atendida a ordem de classificação da licita- volvimento, desde que para pronta entrega ou até
ção anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
devidamente corrigido (art. 24, XI). • Na contratação de fornecimento ou suprimento de
• Nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêne- energia elétrica e gás natural com concessionário,
ros perecíveis, no tempo necessário para a realização permissionário ou autorizado, segundo as normas da
dos processos licitatórios correspondentes, realizadas legislação específica (art. 24, XXII).
diretamente com base no preço do dia (art. 24, XII). • Na contratação realizada por empresa pública ou socieda-
• Na contratação de instituição brasileira incumbida re- de de economia mista com suas subsidiárias e controla-
gimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino
Direito Administrativo

das, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou


ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja
dedicada à recuperação social do preso, desde que a compatível com o praticado no mercado (art. 24, XXIII).
contratada detenha inquestionável reputação ético‑pro- • Para a celebração de contratos de prestação de serviços
fissional e não tenha fins lucrativos (art. 24, XIII). com as organizações sociais, qualificadas no âmbito
• Para a aquisição de bens ou serviços nos termos de das respectivas esferas de governo, para atividades
acordo internacional específico aprovado pelo Congresso contempladas no contrato de gestão (art. 24, XIV).
Nacional, quando as condições ofertadas forem manifes- • Na contratação realizada por Instituição Científica e Tec-
tamente vantajosas para o Poder Público (art. 24, XIV). nológica – ICT ou por agência de fomento para a transfe-
• Para a aquisição ou restauração de obras de arte e rência de tecnologia e para o licenciamento de direito de
objetos históricos, de autenticidade certificada, desde uso ou de exploração de criação protegida (art. 24, XXV).

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• Na celebração de contrato de programa com ente da Fe- Inexigibilidade de Licitação
deração ou com entidade de sua administração indireta,
para a prestação de serviços públicos de forma associada Quando houver impossibilidade jurídica de competição,
nos termos do autorizado em contrato de consórcio quer pela natureza do objeto a ser licitado ou pelo objetivo a
público ou em convênio de cooperação (art. 24, XXVI). ser alcançado pela Administração, estaremos diante de um
• Na contratação da coleta, processamento e comer- caso de inexigibilidade de licitação.
cialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou Assim como na licitação dispensável, a inexigibilidade
reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva também deverá ser justificada e comunicada, dentro de três
de lixo, efetuados por associações ou cooperativas for- dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
madas exclusivamente por pessoas físicas de baixa ren- imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição para
da reconhecidas pelo poder público como catadores eficácia dos atos (art. 26, caput).
de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos A Lei nº 9.784/1999, em seu art. 50, III, dispõe que: “os
compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de atos administrativos devem ser motivados, com indicação
saúde pública (art. 24, XXVII). dos fatos e fundamentos jurídicos quando declarem a ine-
• Para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou xigibilidade de processo licitatório”.
prestados no País, que envolvam, cumulativamente, Os casos de licitação inexigível constituem um rol exem‑
alta complexidade tecnológica e defesa nacional, me- plificativo, o que quer dizer que podem existir outros.
diante parecer de comissão especialmente designada
pela autoridade máxima do órgão (art. 24, XXVIII). Casos Especiais em que a Licitação é Inexigível
• Na aquisição de bens e contratação de serviços para • Para aquisição de materiais, equipamentos; ou gêneros
atender aos contingentes militares das Forças Singu- que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
lares brasileiras empregadas em operações de paz no ou representante comercial exclusivo (art. 25, I).
exterior, necessariamente justicadas quanto ao preço Nesse caso a comprovação de exclusividade deve ser feita
e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do
pelo Comandante da Força (art.24, XXIX). comércio do local em que se realizará a licitação ou a obra
• Na contratação de instituição ou organização, pública ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a presta- Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes.
ção de serviços de assistência técnica e extensão rural • Para a contratação de serviços técnicos de natureza
no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica singular, com profissionais ou empresas de notória
e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma especialização, vedada a inexigibilidade para serviços
Agrária, instituído por lei federal (art. 24, XXX). de publicidade e divulgação (art. 25, II).
• Nas contratações visando ao cumprimento do dispos- Considera‑se notória especialização o profissional ou a
to nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de empresa cujo conceito, no campo de sua especialidade,
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de decorrente de desempenho anterior, estudos, expe-
contratação dela constantes (art. 24, XXXI). riências, publicações, organização, aparelhamento,
• Na contratação em que houver transferência de tec- equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados
nologia de produtos estratégicos para o Sistema Único com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho
de Saúde – SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à
setembro de 1990, conforme elencados em ato da plena satisfação do objeto do contrato (art. 25, § 1º).
direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aqui- • Para contratação de profissional de qualquer setor
sição destes produtos durante as etapas de absorção artístico, diretamente ou por meio de empresário
tecnológica (art. 24, XXXII). exclusivo, desde que consagrado pela crítica especia-
• Na contratação de entidades privadas sem fins lucra- lizada ou pela opinião pública (art. 25, III).
tivos, para a implementação de cisternas ou outras
tecnologias sociais de acesso à água para consumo Por fim, vale ressaltar que assim como nos casos de
humano e produção de alimentos, para beneficiar as dispensa de licitação, se restar comprovado que houve su-
famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou perfaturamento em contratação realizada pelo processo de
falta regular de água (art. 24, XXXIII). inexigibilidade, responderá solidariamente pelo dano causa-
• Para a aquisição por pessoa jurídica de direito público do à Fazenda Pública, tanto o fornecedor ou o prestador de
interno de insumos estratégicos para a saúde produ- serviços, quanto o agente público responsável, sem prejuízo
zidos ou distribuídos por fundação que, regimental ou de outras sanções legais cabíveis.
estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
da administração pública direta, sua autarquia ou
fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, Sanções Aplicáveis a Quem Dispensar ou Inexigir
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico Licitação Fora das Hipóteses Previstas na Lei,
e estímulo à inovação, inclusive na gestão administra- Deixar de Observar suas Formalidades ou der
tiva e financeira necessária à execução desses proje- Causa a Qualquer Irregularidade no Procedimento
tos, ou em parcerias que envolvam transferência de Licitatório
tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
Direito Administrativo

Único de Saúde – SUS, e que tenha sido criada para


esse fim específico em data anterior à vigência desta Crime Pena
Lei, desde que o preço contratado seja compatível com Dispensar ou inexigir licitação fora das Detenção de
o praticado no mercado (art. 24, XXXIV). hipóteses previstas em lei, ou deixar de 3 a 5 anos
observar suas as formalidades (art. 89).
Importante ressaltar que, caso fique comprovado em Incorre na mesma pena, aquele que, tendo
um processo de dispensa de licitação que houve superfa- comprovadamente concorrido para a con-
turamento na contratação, responderá solidariamente pelo sumação da ilegalidade, beneficiou‑se da
dano causado à Fazenda Pública, tanto o fornecedor ou o dispensa ou da inexigibilidade ilegal, para
prestador de serviços, quanto o agente público responsável, celebrar contrato com o Poder Público
sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis. (art. 89, parágrafo único).

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Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, com- Detenção de Procedimentos/Fases da Licitação
binação ou qualquer outro expediente, 2 a 4 anos.
o caráter competitivo do procedimento Formalização
licitatório, com o intuito de obter, para si
ou para outrem, vantagem decorrente da O procedimento será iniciado com a abertura de processo
adjudicação do objeto da licitação (art. 90). administrativo, devidamente autuado, protocolado e nume-
Patrocinar, direta ou indiretamente, inte- Detenção de rado, contendo a autorização para o certame, a indicação
resse privado perante a Administração, 6 meses a 2 sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa
dando causa à instauração de licitação ou anos (art. 38), e ao qual serão juntados oportunamente o edital
à celebração de contrato, cuja invalidação ou convite e seus respectivos anexos, os comprovantes de
vier a ser decretada pelo Poder Judiciário sua publicação, o ato de designação da comissão de licita-
(art. 91). ção, do leiloeiro ou do responsável pelo convite, o original
Impedir, perturbar ou fraudar a realização Detenção de das propostas e dos documentos que as instruírem, atas,
de qualquer ato de procedimento licitató- 6 meses a 2 relatórios e deliberações da Comissão julgadora, pareceres,
rio (art. 93). anos atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua homolo-
gação, recursos, se houver, despachos, termo de contrato ou
Devassar o sigilo de proposta apresentada Detenção de equivalente, e outros que se fizerem necessário.
em procedimento licitatório, ou propor- 2 a 3 anos Possui duas fases: a interna e a externa.
cionar a terceiro o ensejo de devassá‑lo
(art. 94).
Fase Interna
Afastar ou procurar afastar licitante, por Detenção de É a elaboração do Edital. O edital é feito pela Adminis-
meio de violência, grave ameaça, fraude 2 a 4 anos tração para levar ao conhecimento do público o seu propó-
ou oferecimento de vantagem de qualquer sito de licitar um objeto determinado. Em seu preâmbulo
tipo, além da pena correspondente à vio- conterá o nome da repartição interessada e de seu setor,
lência, incorrendo na mesma pena quem a modalidade, o regime de sua execução, o tipo de licitação,
se abstém ou desiste de licitar, em razão a menção de que será regida por essa lei, o local, dia e hora
da vantagem oferecida (art. 95). para recebimento da documentação e proposta, bem como
Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, Detenção de para início da abertura dos envelopes, com indicação obri-
licitação instaurada para aquisição ou ven- 3 a 6 anos gatória dos seguintes requisitos, todos constantes no art. 40
da de bens ou mercadorias, ou contrato da Lei nº 8.666/1993:
dela decorrente (art. 96). • o objeto da licitação;
Admitir à licitação ou celebrar contrato Detenção de 6 • os prazos e condições para assinatura do contrato ou
com empresa ou profissional declarado meses a retirada do instrumento equivalente para execução do
inidôneo, incidindo na mesma pena aquele 2 anos contrato e para entrega do objeto da licitação;
que, declarado inidôneo, venha a licitar ou • as sanções para o caso de inadimplemento;
a contratar com a Administração (art. 97). • o local onde poderá ser examinado e adquirido o pro-
jeto básico e o executivo, este último, se houver;
Para todos os crimes previstos anteriormente, além da san- • as condições para participação na licitação;
ção penal, aplica‑se multa em quantia fixada na sentença, cuja • os critérios para julgamento;
base corresponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida • os locais, horários e códigos de acesso dos meios de
ou potencialmente auferível pelo agente, não podendo ser in- comunicação à distância em que serão fornecidos
ferior a 2%, nem superior a 5% do valor do contrato licitado ou
elementos, informações e esclarecimentos relativos
celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação (art. 99).
à licitação;
Respondem ainda solidariamente pelo dano causado à
• as condições de pagamento;
Fazenda Pública o fornecedor ou o prestador do serviço e o
agente público responsável pelo procedimento da dispensa • os critérios de aceitabilidade dos preços unitário e
e da inexigibilidade, se for comprovado superfaturamento global, conforme o caso;
(art. 25, § 2º). • o critério de reajuste;
Os agentes administrativos que praticarem atos em de- • os limites para pagamento de instalação e mobilização
sacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frustrar os para execução de obras ou serviços;
objetivos da licitação sujeitam‑se às sanções previstas nesta • as instruções e normas para os recursos;
lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das respon- • as condições de recebimento do objeto da lici­tação;
sabilidades civil e criminal que seu ato ensejar (art. 82). Se • outras indicações específicas ou peculiares da licitação.
os autores forem ocupantes de cargo em comissão ou de
função de confiança, a pena imposta será acrescida da terça Fase Externa
parte (art. 84, § 2º). A fase externa começa com a publicação do edital.
Os crimes definidos nesta Lei, ainda que simplesmente
Direito Administrativo

Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências,


tentados, sujeitam os seus autores, quando servidores pú- das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, devem
blicos, além das sanções penais, à perda do cargo, emprego, conter a indicação do local em que o interessado poderá ler e
função ou mandato eletivo (art. 83). obter o texto integral do edital e todas as informações sobre
Todos os crimes previstos nessa lei são de ação penal a licitação (art. 21, § 1º) e ser publicados com antecedência,
pública incondicionada a ser promovida pelo Ministério Pú- e no mínimo, por uma vez (art. 21):
blico, mas qualquer pessoa poderá provocar a sua iniciativa, • no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
fornecendo‑lhe, por escrito ou verbalmente (caso em que feita por órgão ou entidade da Administração Pública
deverá ser reduzida a termo), informações sobre o fato e a Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
sua autoria, bem como as circunstâncias em que se deu a parcial ou totalmente com recursos federais ou garan-
ocorrência (arts. 100 e 101). tidas por instituições federais;

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• no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quan- ção por irregularidade na aplicação da lei, devendo protocolar
do se tratar, respectivamente, de licitação feita por o pedido até 5 dias úteis antes da data fixada para a abertura
órgão ou entidade da Administração Pública Estadual dos envelopes de habilitação, devendo a Administração julgar
ou Municipal, ou do Distrito Federal; e responder à impugnação em até 3 dias úteis (art. 41, § 1º).
• em jornal diário de grande circulação no Estado e tam-
bém, se houver, em jornal de circulação no Município Habilitação – Art. 27
ou na região onde será realizada a obra, prestado o ser- É a fase do procedimento em que a Administração verifica
viço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo as condições dos licitantes para celebrar e executar o futuro
ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, contrato. As exigências não podem ultrapassar os limites da
utilizar‑se de outros meios de divulgação para ampliar razoabilidade e estabelecer cláusulas desnecessárias e res-
a área de competição. tritivas ao caráter competitivo. Devem restringir‑se apenas
ao necessário para cumprimento do objeto licitado.
O aviso com o resumo do convite geralmente é colocado No convite, leilão e concurso não existe a habilitação.
na portaria do órgão que irá realizá‑lo. Na Tomada de Preços, o interessado que não tiver ca-
A lei veda que sejam cobradas, a título de taxas ou emolu- dastro pode se cadastrar até o terceiro dia anterior à data
mentos, importância superior ao custo efetivo da reprodução do recebimento das propostas (art. 22, § 2º). Vale observar
gráfica da documentação fornecida (art. 32, § 5º). que na Tomada de Preços é obrigatório o cadastro, o que não
O prazo mínimo exigido pela lei, quando da publicação ocorre, por exemplo, com a concorrência, pois nela existe
até o recebimento das propostas ou da realização do evento uma fase preliminar de habilitação.
é de (art. 21, § 2º): A abertura dos envelopes, contendo a habilitação, é feita
em ato público, podendo ser apresentados em original, por
qualquer processo de cópia autenticada por cartório com-
45 dias para a Concorrência, para o Concurso.
petente ou por servidor da Administração ou publicação em
quando o contrato a ser
celebrado contemplar:
órgão da imprensa oficial.
• o regime de empreita- Nessa fase, são abertos os envelopes contendo os docu-
da integral; mentos relativos à habilitação jurídica, qualificação técnica,
• ou quando a licitação for qualificação econômico‑financeira, regularidade fiscal e o
do tipo “melhor técnica” cumprimento do disposto no art. 7º, XXXIII, da CF, sendo que
ou “técnica e preço”. todos deverão ser rubricados pelos licitantes e pela Comissão
de licitação, dando validade às respectivas documentações.
30 dias para a Concorrência, nos para a Tomada de preços: É facultado ao licitante substituir os documentos neces-
casos em que o contrato a • Quando a licitação sários à sua habilitação, por registro cadastral emitido por
ser celebrado contemplar: for do tipo “melhor
órgão ou entidade pública, e desde que esteja previsto no
• o regime de empreita- técnica” ou “técnica e
edital tal substituição, obrigando‑se, entretanto, a declarar
da por preço unitário, preço”.
empreitada por preço
a superveniência de fato impeditivo da habilitação, sob pena
global ou tarefa; de ser responsabilizado penalmente (art. 32, §§ 2º e 3º).
• ou quando a licitação A documentação relativa à habilitação jurídica, conforme
for do tipo “menor pre- o caso, consistirá em (art. 28):
ço” ou “maior lance ou
oferta”. cédula de identidade;
15 dias para o Leilão. para a Tomada de preços: registro comercial, no caso de empresa individual;
• Quando a licitação for ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor;
do tipo “menor preço” inscrição do ato constitutivo (no caso de sociedades civis)
ou “maior lance ou acompanhada de prova de diretoria em exercício;
oferta”. decreto de autorização, em se tratando de empresa ou
5 dias para o Convite. _________________ sociedade estrangeira e ato de registro ou autorização
úteis para funcionamento.
8 dias para o Pregão presencial _________________
úteis ou eletrônico. A documentação relativa à regularidade fiscal, conforme
o caso, consistirá em (art. 29):
O edital é a lei interna da licitação. A Administração não
pode descumprir as normas e condições nele expressas inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou no Ca-
(art. 41). dastro Geral de Contribuintes (CGC);
Se, por fato superveniente, for necessária alguma alteração, inscrição no Cadastro de Contribuintes Estadual ou Muni-
ela deverá divulgar a modificação pela mesma forma em que cipal, se houver;
se deu o texto original e reabrir o prazo estabelecido no início
regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e
se a alteração afetar a formulação da proposta (art. 21, § 4º).
Municipal;
Direito Administrativo

O licitante pode, antes da abertura dos envelopes de


habilitação, apontar falhas ou irregularidades que viciariam regularidade relativa à Seguridade Social e ao Fundo de
o edital, sem que isso represente causa de impedimento de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
sua participação no certame, até a decisão administrativa final A documentação relativa à qualificação técnica limi-
sobre a questão, entretanto, se não o impugnar até o segundo tar‑se‑á a (art. 30):
dia útil que antecede a abertura dos envelopes de habilitação
na concorrência e a abertura dos envelopes com a proposta
no convite, tomada de preços ou concurso, ou a realização registro ou inscrição na entidade profissional competente;
do leilão, decaíra o seu direito de impugná‑lo (art. 21, § 2º). comprovação de aptidão para desempenho de atividade
Para garantir ampla fiscalização quanto ao seu conteú­do, pertinente e compatível e indicação das instalações e do
é dado, também, a qualquer cidadão, impugnar edital de licita- aparelhamento e do pessoal técnico;

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comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que rece- no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda,
beu os documentos e das condições locais para o cumpri- se está de acordo com o constante no sistema de registro de
mento das obrigações objeto da licitação; preços, sendo que todas as propostas devem ser rubricadas
prova de atendimento de requisitos previstos em lei espe- pelos licitantes presentes e pela Comissão (art. 43, IV).
cial, quando for o caso. Não será admitida proposta que apresente preços simbó-
licos, irrisórios, ou de valor zero, incompatíveis com os preços
A documentação relativa à qualificação econômico‑fi- dos insumos e dos salários de mercado, ou seja, inexequí-
nanceira limitar‑se‑á a (art. 31): veis, exceto quando se referirem a materiais e instalações
pertencentes ao próprio licitante, para os quais ele renuncie
a parcela ou à totalidade da remuneração (art. 44, § 3º).
balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último Ultrapassada a fase de habilitação dos licitantes e abertos
exercício social, que comprovem a boa situação financeira os envelopes com as propostas, não cabe desclassificá‑los
da empresa; por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de
certidão negativa de falência ou concordata ou de execução fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento
patrimonial; (art. 43, § 5º).
No julgamento das propostas, a comissão levará em
exigência de garantia (caução em dinheiro ou títulos da consideração os critérios objetivos definidos no edital ou
dívida pública, seguro garantia ou fiança bancária) limitada convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios
a 1% do valor estimado do objeto da contratação; estabelecidos pela lei (art. 44, caput).
nas compras para entrega futura e na execução de obras Se todos os licitantes forem desclassificados, a Admi-
e serviços, a Administração poderá estabelecer, no ins- nistração poderá conceder o prazo de oito dias úteis para a
trumento convocatório da licitação, a exigência de capital apresentação de nova documentação, facultada, no caso do
mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, não excedente convite, a redução deste prazo para três dias úteis (Licitação
Fracassada – art. 48, § 3º).
a 10% (dez por cento) do valor estimado da contratação;
Se houver recurso, aplicar‑se‑á o mesmo procedimento
poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos da habilitação, ou seja, a sessão será suspensa, até o seu
assumidos pelo licitante que importem diminuição da capa- julgamento. O prazo para sua interposição é de cinco dias
cidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, úteis a contar da lavratura da ata, podendo a autoridade
calculada esta em função do patrimônio líquido atualizado que praticou o ato reconsiderar a sua decisão em cinco dias
e sua capacidade de rotação. úteis e, não a reconsiderando, submetê‑lo à autoridade
superior para que profira a decisão no prazo de cinco dias
O cumprimento do disposto no art. 7º, XXXIII, da CF, úteis, contado do recebimento do recurso (art. 109, I e § 4º).
impõe que o licitante declare que não emprega em trabalho Se todas as propostas forem classificadas, realiza‑se o
noturno, insalubre ou perigoso, menores de 18 anos e, em julgamento, no qual se confrontam as propostas classifica-
qualquer trabalho, menores de 16 anos, salvo na condição das procedendo‑se à seleção daquela que se afigura mais
de aprendiz, a partir dos 14 anos. vantajosa para a Administração.
Se todos os documentos atenderem às exigências legais, Segundo o critério adotado no ato convocatório e para o
os licitantes serão considerados habilitados. fim de julgamento, os tipos de licitação para obras, serviços
Os concorrentes inabilitados perderão o direito de par- e compras, exceto para o concurso, são os seguintes (art. 45):
ticipar das fases subsequentes (art. 41, § 4º). Menor preço – O critério de julgamento é o menor preço
Caso algum licitante inabilitado interponha recurso, este ofertado.
terá efeito suspensivo, ou seja, a sessão só deverá continuar Melhor técnica – O parâmetro de julgamento é o ofere-
após o seu julgamento (art. 109, § 2º). cimento de melhor técnica para executar o objeto do futuro
O prazo para interpor recurso é de cinco dias úteis a con- contrato. Esse tipo de licitação é destinado exclusivamente
tar da lavratura da ata, podendo a autoridade que praticou para serviços de natureza predominantemente intelectual,
o ato reconsiderar a sua decisão em cinco dias úteis e não a em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
reconsiderando submetê‑lo a autoridade superior para que supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em
profira a decisão no prazo de cinco dias úteis, contado do geral e em particular para a elaboração de estudos técnicos
recebimento do recurso (art. 109, I e § 4º). preliminares, projetos básicos e executivos, exceto para a
Caso não haja recurso ou após o seu indeferimento, contratação de bens e serviços de informática, em que a
os envelopes contendo as propostas dos licitantes inabilita- modalidade obrigatória é a “técnica e preço”.
dos serão devolvidos (art. 43, II). Técnica e preço  – Por esse critério, a classificação e o
Se todos os licitantes forem inabilitados, a Adminis- julgamento se efetuam de acordo com a média ponderada
tração poderá conceder o prazo de oito dias úteis para a (art. 46, § 2º) das valorizações técnicas e do preço ofertado,
apresentação de nova documentação, facultada, no caso do segundo pesos que deverão ser fixados no ato convocatório.
convite, a redução deste prazo para três dias úteis. (Licitação Maior lance ou oferta – O próprio nome já diz, o critério
Fracassada – art. 48, § 3º). é o maior lance ou a maior oferta. É utilizado nos casos de
Após a fase de habilitação, não cabe desistência de pro- alienação de bens ou concessão de direito real de uso.
Direito Administrativo

posta, salvo motivo justo decorrente de fato superveniente


e aceito pela Comissão (art. 43, § 6º). Critérios de Desempate
Em igualdade de condições, será assegura a preferência,
Classificação e Julgamento sucessivamente, aos bens e serviços (art. 3º, § 2º):
É a fase em que a comissão, em ato público, abre os envelo-
pes contendo as propostas dos licitantes habilitados e verifica produzidos no País;
se o teor de cada proposta atende aos requisitos do edital ou produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
do instrumento convocatório. É neste momento que é verifi-
cado se o preço ofertado está acima do limite legal previsto produzidos ou prestados por empresas que invistam em
para a modalidade, se está adequado aos preços praticados pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País;

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produzidos ou prestados por empresas que comprovem lei, sendo facultado à Administração convocar os licitantes
cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para remanescentes, na ordem de classificação, para fazê‑lo em
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primei-
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas ro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de
conformidade com o ato convocatório ou revogá‑la, indepen-
na legislação.
dentemente das cominações prevista no art. 81.
Decorridos 60 dias da data da entrega das propostas, sem
Permanecendo o empate entre duas ou mais empresas, a convocação para a contratação, ficam os licitantes liberados
a classificação far‑se‑á, obrigatoriamente, por sorteio, em
dos compromissos assumidos (art. 64, § 3º).
ato público, em que todos os licitantes serão convocados a
comparecer (art. 45, § 2º).
Quando a licitação for do tipo “menor preço”, a classifi- Modalidades de Licitação – Art. 22
cação dar‑se‑á pela ordem crescente dos preços propostos,
e, em caso de empate, será decidido exclusivamente por CONCORRÊNCIA
sorteio (art. 45, § 3º). TOMADA DE PREÇOS
No caso do concurso, o julgamento é feito por uma co-
missão especial, integrada por pessoas de reputação ilibada e CONVITE
reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores CONCURSO
públicos ou não (art. 51,§ 5º). LEILÃO
Após o julgamento, emerge o vencedor da licitação, ou PREGÃO
seja, aquele que foi classificado em primeiro lugar.
Concorrência
Homologação
É o ato pelo qual a autoridade competente, após exami- Modalidade de licitação entre quaisquer interessados
nar todos os atos pertinentes ao seu desenvolvimento pode que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem pos-
decidir de acordo com um das alternativas abaixo: suir os requisitos mínimos exigidos no edital para execução
de seu objeto. Não há necessidade de cadastro prévio, pois
homologar a licitação, pois não se verificou nenhuma visa a alcançar o maior número de interessados.
irregularidade; A concorrência objetiva a celebração de contratos de
determinar o retorno dos autos à comissão de licitação grande vulto por causa de seus valores que são os maiores,
para correção de irregularidades sanáveis; mas há casos que, independentemente do valor do objeto a
revogar a licitação por razões de interesse público, decorren- ser contratado, é obrigatório o seu uso, como, por exemplo,
nas compras ou alienações de bens imóveis, nas concessões
te de fato superveniente devidamente comprovado, perti-
de direito real de uso, na concessão de serviços públicos e
nente e suficiente para justificar tal conduta (art. 49, caput); para licitações internacionais, nos casos em que não se apli-
anular o processo, no todo ou em parte, se verificar a car a tomada de preços e o convite (art. 23, § 3º).
ocorrência de ilegalidade (art. 49, § 1º). A concorrência também pode ser utilizada no lugar do
convite e da tomada de preços (art. 23, § 4º).
Quando a autoridade homologa o julgamento, confirma a
validade da licitação e o interesse da Administração em ver • Valores que Exigem Concorrência:
executada a obra ou o serviço, ou contratada a compra.
A consequência jurídica da homologação é a adjudicação.
obras e serviços de engenharia acima de R$ 1.500.000,00.
Adjudicação compras e serviços acima de R$ 650.000,00.
É o ato pelo qual a Administração, por meio da autoridade
competente para homologar, atribui ao vencedor o objeto No caso de Consórcios Públicos, as faixas de valores serão
da licitação. dobradas se o consórcio for formado por até três entidades
Trata‑se de ato vinculado, uma vez que a autoridade federativas e triplicada se o número de pactuantes for su-
competente para a aprovação do procedimento somente perior a três (art. 23, § 8º).
poderá deixar de efetuar a adjudicação por motivo de ile-
galidade (anulação) ou interesse público decorrente de fato Tomada de Preços
superveniente (revogação).
Da adjudicação decorrem alguns efeitos: Modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas
aquisição do direito de contratar: presume‑se que, se a para o cadastramento até o 3º dia anterior à data do rece-
Administração adjudicou, ela tem o interesse em contratar. bimento das propostas. Admite‑se a tomada de preços nas
Excetuando‑se os casos de anulação e revogação (art. 49); licitações internacionais quando o órgão ou entidade dispu-
ser de cadastro internacional de fornecedores (art. 23, § 3º).
Direito Administrativo

o impedimento de a Administração contratar o objeto


É a modalidade adequada para celebração de contratos
licitado com qualquer outro que não seja o adjudicatário,
de vulto médio.
salvo se este não quiser (art. 50);
A tomada de preços pode ser utilizada no lugar do convite
vinculação do adjudicatário aos encargos, termos e con- (art. 23, § 4º).
dições fixados no edital.
• Valores que exigem Tomada de Preços:
Feita a adjudicação, a Administração convocará o adju-
dicatário para assinar o contrato, caso em que se este não
obras e serviços de engenharia até R$ 1.500.000,00.
assinar no prazo e condições estabelecidos, perderá o direito
à contratação e ficará sujeito às penalidades previstas na compras e serviços até R$ 650.000,00.

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Convite que os bens arrematados serão pagos à vista ou no per-
centual estabelecido no edital (não inferior a 5%) e, após
É a modalidade de licitação entre interessados do ramo a assinatura da respectiva ata lavrada no local do leilão,
pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos imediatamente entregue ao arrematante, o qual se obrigará
e convidados em número mínimo de três pela unidade ao pagamento do restante no prazo estipulado no edital de
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia convocação, sob pena de perder em favor da Administração
do instrumento convocatório e o estenderá aos demais o valor já recolhido (art. 53, § 2º).
cadastrados na correspondente especialidade que manifes- O leilão pode ser realizado por leiloeiro oficial ou por
tarem seu interesse com antecedência de até 24 horas da servidor designado pela Administração (art. 53).
apresentação das propostas.
Admite‑se o convite nas licitações internacionais quando Registros Cadastrais
não houver fornecedor do bem ou serviço no país (art. 23,
§ 3º). Os órgãos e entidades da Administração Pública, que
No lugar do convite, pode ser utilizada a tomada de realizem frequentemente licitações, manterão registros
preços e concorrência (art. 23, § 4º). cadastrais para efeito de habilitação de fornecedores em
licitação, dispensa e inexigibilidade, válidos por, no máximo,
• Valores que Exigem Convite um ano (art. 34 da Lei nº 8.666/1993 c/c art. 1º, 1º, do De-
creto nº 3.772/2001).
obras e serviços de engenharia até R$ 150.000,00. No âmbito Federal, o responsável pelo registro cadastral
do Poder Executivo é o SICAF (Sistema de Cadastramento
compras e serviços até R$ 80.000,00 Unificado de Fornecedores), conforme previsto no Decreto
nº 3.722/2001.
Deliberações do TCU: O interessado, ao requerer sua inscrição no cadastro, ou
para fins de atualização deste, a qualquer tempo, deverá for-
Não se obtendo o número legal mínimo de três pro- necer os documentos necessários à sua habilitação (art. 35).
postas aptas à seleção, na licitação sob a modalidade Aos inscritos será fornecido certificado, renovável sempre
Convite, impõe‑se a repetição do ato, com a convo- que atualizarem o registro (art. 36).
cação de outros possíveis interessados, ressalvadas
as hipóteses previstas no parágrafo 7º, do art. 22, da Pregão
Lei nº 8.666/1993. SÚMULA Nº 248.
Ao realizar licitações sob a modalidade de convite, Introdução
somente convide as empresas do ramo pertinente ao
objeto licitado, conforme exigido pelo art. 22, § 3º, da O Pregão foi instituído como modalidade de licitação pela
Lei nº 8.666/1993 e repita o certame quando não ob- primeira vez por meio da Medida Provisória nº 2.026, de 4
tiver três propostas válidas, ressalvadas as hipóteses de maio de 2000, que dizia em seu art. 1º:
de limitação de mercado ou manifesto desinteresse
dos convidados, circunstâncias essas que devem estar Para aquisição de bens e serviços comuns, a União
justificadas no processo, consoante § 7º do mesmo poderá adotar licitação na modalidade de pregão,
artigo. Acórdão nº 819/2005. Plenário. que será regida por esta Medida Provisória.
Concurso Em agosto de 2000, o Decreto nº 3.555/2000 detalhou os
procedimentos previstos na Medida Provisória e especificou
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessa- os bens e serviços comuns.
dos para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, Após várias reedições, a última em agosto de 2001
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos (MP nº 2.182), a Medida Provisória foi convertida na Lei nº
vencedores. 10.520/2002, aplicando-se a todos os entes da Federação,
O concurso deve ser precedido de regulamento próprio, ou seja, União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
a ser obtido pelos interessados no local indicado no edital,
contendo a qualificação exigida dos participantes, as diretri- Conceito
zes e a forma de apresentação do trabalho e as condições
de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos, É a modalidade de licitação para aquisição de bens e
sendo que, quando se tratar de projeto, o vencedor deve serviços comuns pela União, Estados, Distrito Federal e
autorizar a Administração a executá‑lo quando julgar con- Municípios, conforme disposto em regulamento, qualquer
veniente (art. 52). que seja o valor estimado da contratação, na qual a disputa
pelo fornecimento é feita por meio de propostas e lances
Leilão em sessão pública.
Para habilitação dos licitantes, será exigida a documen-
É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados tação relativa à habilitação jurídica, à qualificação técnica,
Direito Administrativo

para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração à  qualificação econômico‑financeira; à regularidade fiscal
ou de produtos legalmente apreendidos. com a Fazenda Nacional, o sistema da seguridade social e o
O leilão também pode ser utilizado para a alienação de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS; à regularida-
bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de procedimentos de fiscal perante as Fazendas Estaduais e Municipais, quando
judiciais ou de dação em pagamento. Não há necessidade for o caso; e cumprimento do disposto no art. 33 da CF.
de habilitação, permitindo a qualquer interessado sua par-
ticipação. Todo bem a ser leiloado deverá ser avaliado pre- Bens e Serviços Comuns
viamente pela Administração para fixação do preço mínimo
de arrematação (art. 53, § 1º). Bens e serviços comuns são aqueles cujos padrões de de-
É considerado vencedor do leilão aquele que oferecer o sempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos
maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação, sendo pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

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Trata‑se, portanto, de bens e serviços geralmente ofere- possibilidade de relacionar todos os bens e serviços
cidos por diversos fornecedores e facilmente comparáveis comuns utilizados pela Administração. Decisão nº
entre si, de modo a permitir a decisão de compra com base 343/2002 Plenário (Relatório do Ministro Relator).
no menor preço.
O Decreto nº 3.555/2000 estabeleceu, em seu Anexo Considerações Gerais
II, quais bens e serviços se enquadram nessa tipificação,
porém a lista não se exaure somente nesses, podem ser O Pregão veio para permitir maior celeridade nas aqui-
acrescentados outros conforme o interesse público reclame: sições, redução dos custos, pois o critério será sempre o de
menor preço e facilidade na participação de competidores,
Bens Comuns pois inverte as fases de habilitação e classificação dos lici-
• Bens de consumo (água mineral, combustível e lubrifi- tantes, dessa forma somente serão analisadas as propostas
cante, gás, gênero alimentício, material de expediente, que ofereceram os menores preços.
material hospitalar, médico e de laboratório, medica- O prazo fixado para apresentação das propostas, con-
mentos, drogas e insumos farmacêuticos, material de tados a partir da publicação do aviso, não será inferior a 8
limpeza e conservação, oxigênio, uniforme); dias úteis (art. 4º, V).
• bens permanentes (mobiliário, equipamentos em ge- Em dia, hora e local marcados, será aberta a sessão
ral, utensílios de uso geral, exceto bens de informática, que dará início ao pregão, devendo o interessado ou seu
veí­culos automotivos em geral, microcomputador de representante legal apresentar declaração de que cumpre os
mesa ou portátil (“notebook”), monitor de vídeo e requisitos de habilitação e entregar os envelopes contendo
impressora).
a indicação do objeto e do preço oferecido, o qual será ime-
diatamente verificado se atende os requisitos estabelecidos
Serviços Comuns
no edital (art. 4º, VI e VII).
• Serviços de apoio administrativo;
• serviços de apoio à atividade de informática (digitação No curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo
e manutenção); e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) superio-
• serviços de assinaturas de jornal (periódico, revista, res àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos,
televisão via satélite, televisão a cabo); até a proclamação do vencedor (art. 4º, VIII).
• serviços de assistência (hospitalar, médica, odontoló- Analisadas as propostas, surgirá a classificada em pri-
gica); meiro lugar, e assim sucessivamente, cabendo ao pregoeiro
• serviços de atividades auxiliares (ascensorista, auxiliar decidir sobre sua aceitabilidade (art. 4º, XI). Nessa fase o
de escritório, copeiro, garçom, jardineiro, mensageiro, pregoeiro pode negociar diretamente com o licitante para
motorista, secretária, telefonista); que seja obtido o preço melhor (art. 4º, XVII).
• serviços de confecção de uniformes; Encerrando‑se a fase competitiva, dar‑se‑á a análise
• serviços de copeiragem; dos envelopes contendo os documentos de habilitação.
• serviços de eventos; Verificado o atendimento das exigências fixadas no edital,
• serviços de filmagem; o licitante que apresentou a melhor proposta será declarado
• serviços de fotografia; vencedor (art. 4º, XV).
• serviços de gás natural; Homologado o pregão pela autoridade competente,
• serviços de gás liquefeito de petróleo; o adjudicatário será convocado para assinar o contrato no
• serviços gráficos; prazo definido em edital (art. 4º, XXII).
• serviços de hotelaria; O prazo de validade das propostas será de 60 dias,
• serviços de jardinagem; se outro não for fixado no edital; se o licitante vencedor,
• serviços de lavanderia; convocado dentro do prazo de validade da sua proposta,
• serviços de limpeza e conservação; não celebrar o contrato, o pregoeiro examinará as ofertas
• serviços de locação de bens móveis; subsequentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de
• serviços de manutenção de bens imóveis; classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma
• serviços de manutenção de bens móveis; que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado
• serviços de remoção de bens móveis; vencedor (art. 4º, XXIII).
• serviços de microfilmagem; O pregão não se aplica às contratações de obras de en-
• serviços de reprografia; genharia, bem como às locações imobiliárias e alienações
• serviços de seguro saúde; em geral (art. 5º do Decreto nº 3.555/2000).
• serviços de degravação;
• serviços de tradução; Deliberações do TCU:
• serviços de telecomunicações de dados;
• serviços de telecomunicações de imagem;
A Lei nº 10.520, de 2002, não exclui previamente a
• serviços de telecomunicações de voz;
utilização do Pregão para a contratação de obra e
• serviços de telefonia fixa;
serviço de engenharia. O que exclui essas contrata-
• serviços de telefonia móvel;
ções é o art. 5º do Decreto 3.555, de 2000. Todavia,
Direito Administrativo

• serviços de transporte;
• serviços de vale refeição; o item 20 do Anexo II desse mesmo Decreto autoriza
• serviços de vigilância e segurança ostensiva; a utilização do Pregão para a contratação de serviços
• serviços de fornecimento de energia elétrica; de manutenção de imóveis, que pode ser considerado
• serviços de apoio marítimo; serviço de engenharia. Não satisfeito em pesquisar
• serviço de aperfeiçoamento, capacitação e treinamento. este assunto na jurisprudência desta Casa, consultei
diversos doutrinadores e constatei que nenhum
Deliberações do TCU: traz a definição objetiva e clara do que seja ‘serviço
de engenharia’, portanto, do ponto de vista doutri-
A lista de serviços constante do Anexo II do Decreto nário, concluo que permanece o impasse. Acórdão
nº 3.555, de 2000, não é exaustiva, haja vista a im- nº 195/2003 Plenário (Voto do Ministro Relator).

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O pregão também não se aplica à contratação de bens e ta, observado o critério de julgamento, não se admitindo
serviços de informática (exceto Microcomputador de mesa negociar condições diferentes daquelas previstas no edital
ou portátil – notebook, monitor de vídeo e impressora), pois, (art. 24, § 8º).
para esse tipo de contratação, deverá ser adotada, obrigato- Encerrada a etapa de lances, o pregoeiro examinará a
riamente, modalidade de licitação do tipo “técnica e preço”, proposta classificada em primeiro lugar quanto à compati-
conforme estabelece art. 45, § 4º, da Lei nº 8.666/1993 e bilidade do preço em relação ao estimado para contratação
o Decreto nº 1.070/1994, que regulamenta o art. 3º da Lei e verificará a habilitação do licitante conforme disposições
nº 8.248/1991. do edital. Constatado o atendimento às exigências, o licitante
Deliberação do TCU: será declarado vencedor (art. 25, § 9º).
Após a homologação, o adjudicatário será convocado
Realize procedimento licitatório na modalidade pregão para assinar o contrato ou a ata de registro de preços no
sempre que os produtos e serviços de informática prazo definido no edital, devendo apresentar a comprovação
possuam padrões de desempenho e de qualidade das condições de habilitação (art. 27, § 1º).
objetivamente definidos pelo edital, com base em Caso o vencedor da licitação não comprove as condições
especificações usuais no mercado, conforme prevê o de habilitação ou recuse‑se, injustificadamente, a assinar o
art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 10.520/2002, haja contrato ou a ata de registro de preços, o pregoeiro poderá
vista a experiência que a Administração Pública vem convocar outro licitante, desde que respeitada a ordem de
granjeando na redução de custos e do tempo de aquisi- classificação, para, após comprovados os requisitos habilita-
ção de bens, adquiridos por intermédio daquela espécie tórios e feita a negociação, assinar o contrato ou a ata de re-
de certame público. Acórdão nº 1.182/2004. Plenário. gistro de preços, sem prejuízo das multas previstas em edital
e no contrato e das demais cominações legais (art. 27, § 2º).
Utilize a modalidade de licitação pregão estrita- O prazo de validade das propostas será de 60 dias, salvo
mente para aquisição e/ou contratação dos bens disposição específica do edital (art. 27, § 4º).
ou serviços comuns listados no anexo II do Decreto Aquele que, convocado dentro do prazo de validade de
nº 3.555/2000, em especial, para compra de somente sua proposta, não assinar o contrato ou ata de registro de
os seguintes bens de informática: microcomputador preços, deixar de entregar documentação exigida no edital,
apresentar documentação falsa, ensejar o retardamento da
de mesa ou portátil (notebook), monitor de vídeo e
execução de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar ou
impressora, nos termos do item 2.5, do Anexo II, do
fraudar na execução do contrato, comportar‑se de modo
citado decreto. Acórdão nº 740/2004. Plenário.
inidôneo, fizer declaração falsa ou cometer fraude fiscal,
garantido o direito à ampla defesa, ficará impedido de lici-
Adote obrigatoriamente, nas licitações para a aquisição tar e de contratar com a União, e será descredenciado no
de bens e serviços de informática, o tipo “técnica e SICAF, pelo prazo de até cinco anos, sem prejuízo das multas
preço”, em obediência ao disposto no art. 45, § 4º, da previstas em edital e no contrato e das demais cominações
Lei nº 8.666/1993, ressalvados os casos previstos no De- legais (art. 28).
creto nº 1.070/1994. Acórdão nº 1.292/2003. Plenário. O pregão eletrônico também não se aplica às contrata-
ções de obras de engenharia, bem como às locações imobiliá-
Pregão Eletrônico rias e alienações em geral (art. 6º do Decreto nº 5.450/2005).
O pregão eletrônico, regulamentado pelo Decreto Anulação e Revogação
nº 5.450/2005, destina‑se também à aquisição de bens e
serviços comuns, como modalidade de licitação do tipo Como todo ato administrativo, a licitação é suscetível
menor preço (art. 2º). de invalidação, ou seja, sua retirada do mundo jurídico, ora
Para habilitação dos licitantes, será exigida, exclusi- por motivo de legalidade ora mediante um juízo de valor
vamente, a documentação relativa à habilitação jurídica, (conveniência e oportunidade).
à qualificação técnica, à qualificação econômico‑financeira;
à regularidade fiscal com a Fazenda Nacional, o sistema Revogação
da seguridade social e o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço – FGTS; à regularidade fiscal perante as Fazendas A autoridade competente para a aprovação do proce-
Estaduais e Municipais, quando for o caso; e cumprimento dimento somente poderá revogar a licitação por razões de
do disposto no art. 33 da CF. interesse público, decorrentes de fato superveniente devida-
É realizado em sessão pública na internet e será condu- mente comprovado, pertinente e suficiente (motivado), para
zido pelo órgão ou entidade promotora da licitação, com justificar tal conduta (efeito ex nunc), devendo, entretanto,
apoio técnico e operacional da Secretaria de Logística e indenizar o licitante se houver prejuízo comprovado (art. 49).
Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, que atuará como provedor do sistema Anulação
eletrônico para os órgãos integrantes do Sistema de Serviços
Gerais – SISG (art. 2º, § 4º). A autoridade competente somente poderá anulá‑la
É um procedimento que permite aos licitantes, estando por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
Direito Administrativo

aberta a etapa competitiva (a partir do horário previsto no mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
edital), encaminhar lances exclusivamente por meio do Poderá ser anulada também pelo Poder Judiciário, desde
sistema eletrônico (art. 24). que devidamente provocado (efeito ex tunc).
Durante o transcurso da sessão pública, os licitantes são A anulação pode ser declarada em qualquer fase e a qual-
informados, em tempo real, do valor do menor lance oferecido quer tempo do procedimento, podendo incidir sobre deter-
até o momento, podendo oferecer outro de menor valor, recu- minado ato, aproveitando‑se os demais, desde que estes não
perando a vantagem sobre os demais licitantes (art. 24, § 5º). estejam viciados pela ilegalidade e não causem prejuízos aos
Após o encerramento da etapa de lances da sessão participantes da licitação, justifica‑se tal possibilidade pela
pública, o pregoeiro poderá encaminhar, pelo sistema ele- incidência do principio da economia processual. A anulação
trônico, contraproposta ao licitante que tenha apresentado do procedimento licitatório por motivo de ilegalidade não
lance mais vantajoso, para que seja obtida melhor propos- gera obrigação de indenizar.

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CONTRATOS ADMINISTRATIVOS Alteração Unilateral
LEI Nº 8.666/1993 Confere à Administração a prerrogativa de alterar uni-
lateralmente o contrato visando a melhor adequação às
Contrato finalidades de interesse público, respeitados os direitos do
contratado (art. 65).
É todo acordo de vontades, firmado livremente pelas
partes, para criar obrigações e direitos recíprocos. Equação Financeira
Todo contrato – privado ou público – é dominado por dois
princípios: o da lei entre as partes (lex inter partes) e o da Refere‑se ao equilíbrio econômico‑financeiro do contra-
observância do pactuado (pacta sunt servanda). O primeiro to, significa a proporção entre os encargos do contratado e a
impede a alteração do que as partes convencionaram; o sua remuneração (art. 65, III).
segundo obriga‑as a cumprir fielmente o que avençaram e
prometeram reciprocamente. Inoponibilidade de Exceção de Contrato não
Cumprido
Contrato Administrativo Significa que o contratado não pode invocar o descumpri-
mento pela Administração de cláusulas contra­tuais (exceptio
É todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da non adimpleti contractus) para eximir‑se do cumprimento
Administração Pública e particulares em que haja um acordo de seus encargos. A justificativa dessa cláusula encontra‑se
de vontades para a formação de vínculo e a estipulação de principalmente no princípio da continuidade dos serviços
obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada públicos que não podem parar. Porém a Lei contempla dois
(art. 2º, parágrafo único). casos em que o particular pode invocar a exceção de contrato
não cumprido (art. 78, XIV e XV). São elas:
Interpretação do Contrato Administrativo a) a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
Administração, por prazo superior a 120 dias, salvo em caso
Os contratos administrativos regulam‑se pelas normas de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna
de Direito Público, suplementadas pelos princípios da Teoria ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem
Geral dos Contratos e das disposições de Direito Privado o mesmo prazo;
(art. 54). b) o atraso de pagamentos, superior a 90 dias, pela
Administração, salvo em caso de calamidade pública, grave
perturbação da ordem interna ou guerra.
Características dos Contratos Administra­tivos
Fiscalização
É sempre:
Além de direito, é dever da Administração fiscalizar e
Consensual Pois consubstancia um acordo de von- acompanhar a execução do contrato, por meio de represen-
tades, portanto, bilateral. tante no local de execução, sendo permitida a contratação
de terceiros para assisti‑lo e subsidiá‑lo de informações
E em regra: pertinentes a essa atribuição (art. 67).

Imposição de Sanções
Formal Por escrito e com requisitos especiais.
Oneroso Remunerado da forma convencionada. A lei prevê a aplicação de sanções por atraso (art. 86) ou
inexecução total ou parcial do contrato (art. 87).
Comutativo Direitos e obrigações recíprocas entre
contratante e contratado. Ocupação Provisória
Intuito Personae Obriga o contratado a realizar pessoal­
mente o objeto do contrato, sem trans­ Nos casos de serviços essenciais, a Administração pode-
ferência de responsabilidade ou sub- rá ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal
contratações não autorizadas (art. 72). e serviços vinculados ao objeto do contrato, a título de
cautela, para apurar faltas administrativas cometidas pelo
Podem ser de: contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato
administrativo (art. 58, V).
Colaboração É todo aquele em que o particular se obriga Retomada do Objeto
a prestar ou realizar algo para a Administra-
ção, como ocorre nos contratos de obras, Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos,
serviços ou fornecimentos. a Administração pode retomar o objeto do contrato, no
Atribuição É o que a Administração confere determi- estado e local em que se encontrar (art. 80, I).
Direito Administrativo

nadas vantagens ou certos direitos ao parti- Rescisão Unilateral


cular, tal como os de uso de bens públicos.
Confere à Administração a prerrogativa de rescindi‑lo
Peculiaridades do Contrato Administrativo pelo descumprimento de cláusulas ou por razões de interesse
público, sempre com motivação (art. 58, II).
Constituem, genericamente, as chamadas cláusulas exor-
bitantes, explícitas ou implícitas em todo contrato administra- Formalização do Contrato Administrativo
tivo. São as que excedem do Direito Comum para consignar
uma vantagem à Administração, colocando‑a em posição de Após a adjudicação do objeto ao licitante vencedor,
supremacia sobre o contratado. Eis algumas delas (art. 58): a Administração o convocará para assinar o futuro contrato,

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dentro do prazo e nas condições estabelecidas no instrumen- Carta‑contrato, Nota de Empenho, Autorização de
to convocatório (art. 64). Esse prazo pode ser prorrogado Compra, Ordem de Execução de Serviço
uma vez por igual período, quando solicitado pelo licitante São aplicáveis, conforme o caso, nas hipóteses em que
vencedor durante o seu transcurso e desde que ocorra mo- puderem ser substituídas pelo termo de contrato, e no caso
tivo justificado e aceito pela Administração (art. 64, § 1º). de compras, qualquer que seja o valor, das quais não resul-
O local de sua formalização, em regra, é na repartição tem obrigações futuras, com a entrega imediata e integral
interessada, que deverá manter arquivo cronológico dos seus do bem adquirido, inclusive assistência técnica (art. 62, § 4º).
autógrafos e registro sistemático do seu extrato. Quando
tratar‑se de contratos de direitos reais sobre imóveis, a for- Cláusulas Essenciais
malização se efetuará necessariamente em cartório, por meio
de escritura pública (art. 60). São aquelas que não podem faltar, estão previstas nos
Se o licitante classificado em primeiro lugar não com- arts. 55 e 61. Entre outras, merecem destaque:
parecer para assinar o termo de contrato ou não aceitar ou • nome das partes e os seus representantes; sua finali-
retirar o instrumento equivalente, decairá o seu direito à dade; o ato que autorizou a sua lavratura; o número do
contratação (art. 64). processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade;
Se isso ocorrer, a Administração tem duas alternativas: a sujeição dos contratantes às normas desta Lei (ou
outras em casos omissos) e às cláusulas contratuais;
• o crédito pelo qual correrá a despesa;
1ª) Poderá convocar os licitantes remanescentes, na • o objeto e seus elementos característicos;
ordem de classificação, para fazê‑lo em igual prazo • as garantias oferecidas para assegurar sua plena exe-
e nas mesmas condições da proposta vencedora, cução, se exigidas;
inclusive quanto aos preços atualizados, conforme • o regime de execução ou a forma de forneci­mento;
previsão no ato convocatório. • o preço e as condições de pagamento;
2ª) Revogar a licitação. • os prazos de início de etapas de execução, de con-
clusão, de entrega, de observação e de recebimento
Cabe lembrar que, se decorridos 60 dias da data da en- definitivo;
trega das propostas, a Administração não convocar para a • a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a
contratação, ficam os licitantes liberados dos compromissos dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do
licitante vencedor;
assumidos (art. 64, § 3º).
• a obrigação do contratado de manter, durante toda
a execução do contrato, em compatibilidade com as
Penalidades Aplicáveis para quem Recusar obrigações por ele assumidas, todas as condições de
Injustificadamente Assinar o Termo de Contrato, habilitação e qualificação exigidas na licitação.
Aceitar ou Retirar o Instrumento Equivalente
Garantias para a Execução do Contrato
A recusa injustificada em assinar o termo de contrato,
aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo A escolha da garantia, caso exigida pela Administração,
estabelecido pela Administração, caracteriza descumpri‑ fica a critério do contratado dentre as modalidades enume-
mento total da obrigação assumida (art. 81) e está sujeita radas na lei (art. 56).
às seguintes penalidades (art. 87): O seu valor não excederá a 5% do valor do contrato, e em
• multa; até 10% para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto
envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
• suspensão temporária de participação em lici­tação; consideráveis, que deverão ser demonstrados por meio de
• impedimento de contratar com a Administração, parecer técnico aprovado pela autoridade competente. São
por até 2 anos; modalidades de garantia:
• declaração de inidoneidade.
Caução
Forma dos Contratos Administrativos É toda garantia em dinheiro ou em títulos da dívida
pública; é uma reserva de numerário ou de valores que a
Administração pode usar sempre que o contratado faltar a
Exceção (art. 60, seus compromissos.
Regra geral
parágrafo único)
Os contratos administra- Pequenas compras de pronto Seguro‑Garantia
tivos devem apresentar a pagamento, feitas em regime É a garantia oferecida por uma companhia seguradora
forma escrita. de adiantamento, com valor para assegurar a plena execução do contrato, tais como
máximo de até R$ 4.0000,00. seguro de bens e de pessoas, entre outros.
Qualquer outro será nulo de
pleno direito. Fiança Bancária
É a garantia fidejussória fornecida por um banco que se
Direito Administrativo

Instrumento de Contrato responsabiliza perante a Administração pelo cumprimento


das obrigações do contratado.
Termo de Contrato A devolução da garantia é feita após a execução do con-
É obrigatório nos casos de concorrência e de tomada trato (atualizada monetariamente) ou caso haja rescisão do
de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos contrato nas formas do art. 78, XII a XVII, e art. 80, III.
preços estejam compreendidos nos limites dessas duas
modalidades de licitação (art. 62), nas compras, qualquer Vigência dos Contratos Administrativos
que seja o valor, das quais resultem obrigações futuras, com
entrega futura ou parcelada do bem adquirido, inclusive A vigência do contrato tem início com a sua formalização
assistência técnica (art. 62, § 4º), e no pregão. (data e assinatura), salvo se outra for estipulada no contrato. Não

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necessariamente compreende o prazo de duração do contrato, Execução do Contrato Administrativo
pois a vigência pode se estender além desse prazo, quando, por
exemplo, existe cláusula de garantia técnica de equipamentos. Executar o contrato é cumprir fielmente as cláusulas acorda-
das, conforme explícito no art. 66, caput, da Lei nº 8.666/1993.
Eficácia dos Contratos Administrativos
Direitos e Obrigações da Administração
Já a eficácia pode coincidir com a vigência, pois corres-
ponde à possibilidade de produção de seus efeitos. O principal direito da Administração é o de exercer suas
prerrogativas, bem como obter o objeto do contrato. O dever
Prazo de Duração da Administração, em regra, resume‑se ao pagamento do
preço ajustado.
Em regra, coincide com a vigência do crédito orçamen-
tário (art. 57), porém, como a Administração celebra vários
Direitos e Obrigações do Contratado
tipos de contratos, há casos em que a execução do objeto O principal direito do contratado é receber o preço
vai além da vigência do crédito orçamentário, cujo prazo, ajustado ou a prestação devida pela Administração. Entre
na Administração Direta, encerra‑se em 31 de dezembro de os deveres do contratado, destacamos:
cada ano (corresponde ao ano civil). Exceções:
Execução Pessoal
Projetos Contemplados no Plano Plurianual Em regra, todo contrato é firmado intuito personae, ou seja,
São aqueles cuja duração ultrapassa um exercício finan- deve ser executado pessoalmente pelo contratado, no entanto,
ceiro (art. 57, I). sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o
Prestação de Serviços Contínuos limite admitido, em cada caso, pela Administração (art. 72).
O prazo de duração do contrato pode ser prorrogado por
até 60 meses, admitindo‑se, em caráter excepcional e desde Manutenção de Preposto
que devidamente justificado, o seu prolongamento por mais O contratado é obrigado a manter preposto credenciado
12 meses (art. 57, § 4º). pela Administração, no local da obra ou serviço (art. 68).

Aluguel de Equipamentos e Utilização de Programas Encargos da Execução


de Informática Independente de cláusula contratual, o contratado é res-
O prazo de duração desses contratos pode estender‑se ponsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais
pelo prazo de até 48 meses após o início da vigência do e comerciais decorrentes da execução do contrato (art. 71).
contrato.
Recebimento do Objeto do Contrato
Alteração dos Contratos Administrativos Constitui etapa final da execução do ajuste para a libe-
ração do contratado (art. 73, I e II). Pode ser provisória ou
Os contratos administrativos podem ser alterados com as definitiva:
devidas justificativas, nos seguintes casos (art. 65):
Unilateralmente pela Administração
• quando houver modificação do projeto ou das espe- Em se tratando de obras e Em se tratando de compras
cificações; serviços, pode ser feita: ou de locação de equipamen‑
• quando necessária a modificação do valor contratual tos, pode ser feita:
em decorrência de acréscimo ou supressão quantita- Provisoriamente – será feito Provisoriamente – para efei-
tiva de seu objeto (o contratado é obrigado a aceitar, pelo responsável por seu to de posterior verificação da
nas mesmas condições contratuais – art. 65, § 1º): acompanhamento e fiscali- conformidade do material
– para obras, serviços ou compras: até o limite de zação, mediante termo cir- com a especificação.
25%, do valor inicial do contrato (atualizado), para cunstanciado, assinado pelas
partes por período
acréscimos ou supressões;
determinado (no máximo
– para reforma de edifício ou equipamento: até o 90 dias – art. 73, § 3º) para
limite de 50%, para seus acréscimos. a verificação da perfeição do
objeto do contrato.
Acordo entre as partes
Definitivamente – feito por Definitivamente – após a
• quando conveniente a substituição da garantia de
servidor ou comissão desig- verificação da qualidade e
execução; nada pela autoridade com- quantidade do material e
• quando necessária a modificação do regime de exe- petente, mediante termo consequente aceitação.
cução da obra ou serviço, bem como do modo de circunstanciado, assinado
fornecimento;
Direito Administrativo

pelas partes, após o decurso


• quando necessária a modificação da forma de paga- do prazo de observação e
mento; vistoria que comprove a ade-
• para restabelecer o equilíbrio econômico‑financeiro quação do objeto aos termos
do contrato, nos casos de: contratuais.
– fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de conse-
quências incalculáveis, retardadores ou impeditivos Extinção dos Contratos Administrativos
da execução do ajustado;
– força maior; É a cessação do vínculo obrigacional entre as partes pelo
– caso fortuito; integral cumprimento de suas cláusulas ou pelo seu rompi-
– fato do príncipe. mento, por meio de rescisão ou de anulação.

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Reajuste de Preços [...]
XIV – condições de pagamento, prevendo:
Em contratos com prazo de duração igual ou superior [...]
a um ano, é admitida cláusula com previsão de reajuste de c)  critério de atualização financeira dos valores
preços ou correção monetária. a serem pagos, desde a data final do período de
O reajuste dos preços contratuais só pode ocorrer quan- adimplemento de cada parcela até a data do efetivo
do a vigência do contrato ultrapassar doze meses, contados pagamento;
a partir da data-limite para apresentação da proposta ou do ....................................................................
orçamento a que essa se referir. Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato
A Lei nº  10.192, de 14 de fevereiro de 2001, admite, as que estabeleçam:
para reajustar os contratos, a utilização de índices de preços I – o objeto e seus elementos característicos;
gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de II  –  o regime de execução ou a forma de forneci-
produção ou dos insumos utilizados. Esses índices devem mento;
estar previamente estabelecidos no contrato. De acordo com III – o preço e as condições de pagamento, os crité-
a citada lei, são nulos de pleno direito quaisquer expedientes rios, data‑base e periodicidade do reajustamento de
que, na apuração do índice de reajuste, produzam efeitos preços, os critérios de atualização monetária entre a
financeiros equivalentes aos de reajuste de periodicidade data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
inferior a anual. pagamento;

Reequilíbrio Econômico e Financeiro Inexecução do Contrato Administrativo


É possível à Administração, nas hipóteses expressamente É o descumprimento de suas cláusulas, no todo ou em
previstas em lei, mediante acordo com o contratado, res- parte. A inexecução pode ser:
tabelecer o equilíbrio econômico‑financeiro do contrato.
O equilíbrio econômico‑financeiro consiste na manutenção
das condições de pagamento estabelecidas inicialmente no Culposa É a que resulta de ação ou omissão da parte,
contrato, a fim de que se mantenha estável a relação entre as decorrente da negligência, imprudência ou
obrigações do contratado e a retribuição da Administração, imperícia no atendimento das cláusulas.
para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento. Sem Culpa É a que decorre de atos ou fatos estranhos à
O reequilíbrio econômico‑financeiro do contrato se jus- conduta da parte, retardando ou impedindo
tifica nas seguintes ocorrências: totalmente a execução do contrato.
• fato imprevisível, ou previsível porém de conse­quên­
cias incalculáveis, retardadores ou impeditivos da Teoria da Imprevisão
execução do que foi contratado;
• caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, Consiste no reconhecimento de que eventos novos,
configurando álea econômica (probabilidade de perda imprevistos, imprevisíveis e inevitáveis pelas partes, e a elas
concomitante à probabilidade de lucro) extraordinária não imputáveis, refletindo sobre a economia ou execução
e extracontratual. do contrato, autorizam sua revisão, de forma a ajustá‑lo às
circunstâncias supervenientes.
Para que possa ser autorizado e concedido o reequilíbrio
econômico e financeiro do contrato, normalmente pedido Causas Justificadoras da Inexecução
pelo contratado, a Administração tem que verificar:
• os custos dos itens constantes do proposto contratado Fato do Príncipe
com a planilha de custos que acompanha o pedido do É a medida de ordem geral não relacionada diretamente
reequilíbrio; com o contrato, mas que nele repercute, provocando o seu
• o contratado, ao encaminhar à Administração pedido desequilíbrio econômico‑financeiro.
de reequilíbrio, deve demonstrar quais os itens da
planilha de custos estão economicamente defasados, Fato da Administração
inclusive com a taxa de administração, e  que estão É toda ação ou omissão do Poder Público que, incidindo
ocasionando o desequilíbrio do contrato; direta e especificamente sobre o contrato, retarda ou impede
• a ocorrência de fato imprevisível, ou previsível porém a sua execução. É falta contratual cometida pela Administra-
de consequências incalculáveis, que justifique as mo- ção (art. 78, XVI). Ex.: não desapropriação de terreno para
dificações do contrato para mais ou para menos. início da obra.
Da Correção Monetária Caso Fortuito
É o evento da natureza, inevitável e imprevisível, que
A correção monetária constitui cláusula obrigatória e impossibilita o cumprimento do contrato (art. 78, XVII). Ex.:
necessária em todos os contratos administrativos confor- inundação.
me art.  40, inciso XIV, alínea c, e art.  55, inciso III, da Lei
Direito Administrativo

nº 8.666/1993 que assim dispõem: Força Maior


É o acontecimento humano, imprevisível e inevitável, que
Art.  40. O  edital conterá no preâmbulo o número impossibilita a execução do contrato (art. 78, XVII). Ex.: greve.
de ordem em série anual, o  nome da repartição
interessada e de seu setor, a modalidade, o regime Se ocorrer a rescisão, com base nesses motivos (sem
de execução e o tipo da licitação, a menção de que culpa), o contratado deverá ser ressarcido dos prejuízos regu-
será regida por esta Lei, o local, dia e hora para re- larmente comprovados, com direito a ter devolvido o valor da
cebimento da documentação e proposta, bem como garantia prestada (se for caso), os pagamentos devidos pela
para início da abertura dos envelopes, e  indicará, execução do contrato até a data da rescisão e o pagamento
obrigatoriamente, o seguinte: do custo da desmobilização (art. 79, § 2º).

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Consequências da Inexecução Principais Contratos Administrativos
Responsabilidade Civil Contrato de Obra Pública
É a que impõe a obrigação de reparar o dano patrimonial;
pode provir de lei, do ato ilícito e da inexecução do contrato É todo aquele cujo objeto é uma construção, uma refor-
(art. 86). ma ou uma ampliação de imóvel público ou destinado a fins
públicos. Comete ao particular a execução da obra por sua
Responsabilidade Administrativa conta e risco, mediante remuneração previamente ajustada,
É a que resulta da infringência de norma da Adminis- mas sob controle e fiscalização da Administração. Admite
tração estabelecida em lei (art. 87) ou no próprio contrato, dois regimes de execução:
impondo um ônus ao contratado para com qualquer órgão
público. São elas: Empreitada
• advertência; A empreitada pode ser:
• multa; • Por preço global: é aquela em que se ajusta a exe­cução
• suspensão temporária de participação em licitação e por preço certo, embora reajustável, previamente
impedimento de contratar com a Administração por estabelecido para a totalidade da obra; o pagamento
prazo não superior a 2 anos; pode efetuar-se parceladamente nas datas prefixadas
• declaração de inidoneidade para licitar ou contratar ou na conclusão da obra ou de cada etapa.
com a administração pública enquanto perdurarem • Por preço unitário: é a em que se contrata a execução
os motivos determinantes da punição ou até que seja por preço certo de unidades determinadas.
promovida a reabilitação perante a própria autoridade • Integral: ocorre quando se contrata o empreendimento
que aplicou a penalidade. em sua integralidade, compreendendo todas as etapas
das obras, serviços e instalações necessárias, sob in-
Rescisão do Contrato teira responsabilidade do contratado até sua entrega
ao contratante.
É o desfazimento do contrato durante sua execução por
inadimplência de uma das partes, pela superveniência de Tarefa
eventos que impeçam ou tornem inconveniente o prossegui- É aquele em que a execução de pequenas obras ou de
mento do ajuste ou pela ocorrência de fatos que acarretem parte de uma obra maior é ajustada por preço certo, com
seu rompimento de pleno direito. ou sem fornecimento de material. O pagamento também é
efetuado periodicamente, após a verificação pelo fiscal do
Pode ser: órgão contratante.
• Administrativa – É a efetivada por ato próprio e unilate-
ral da Administração, precedida de autorização escrita Regime de execução – É o modo pelo qual nos contratos de
e fundamentada, por descumprimentos das cláusulas colaboração estabelecem as relações entre as partes, tendo
contratuais ou por interesse do serviço (art. 78); deve em vista a realização de seu objeto pelo contratado e a
ser precedida de autorização escrita e fundamentada respectiva contraprestação pecuniária pela Administração.
da autoridade competente, pois o contratante tem
direito a ampla defesa e ao contraditório (art.78, pa-
Contrato de Serviço
rágrafo único), pois a rescisão não é discricionária, mas
vinculada aos motivos ensejadores desse excepcional É todo ajuste administrativo que tem por objeto uma
distrato (art. 79, I). Opera efeitos a partir da data de sua atividade prestada à Administração, para atendimento de
publicação ou ciência oficial ao interessado (ex nunc). suas necessidades ou de seus administrados, mediante
• Amigável – É a que se realiza por mútuo acordo das remuneração da própria Administração. São três os tipos
partes, desde que haja interesse para a Administração de serviços:
(art. 79, II); também deve ser precedida de autorização
escrita e fundamentada da autoridade competente Serviços Comuns
(art. 78, parágrafo único). Opera efeitos a partir da São todos aqueles que não exigem habilitação especial
data em que foi firmada (ex nunc). para sua execução. Ex.: limpeza. Devem ser contratados
• Judicial – É decretada pelo Poder Judiciário (art. 79, mediante prévia licitação.
III) em ação proposta pela parte que tiver direito à
extinção do contrato; a ação para rescindir o contrato Serviços Técnicos Profissionais
é de rito ordinário e admite pedidos cumulados de São os que exigem habilitação específica, mas não neces-
indenização, retenção, compensação e demais efeitos sariamente especializada. Exige‑se apenas a formação supe-
decorrentes das relações contratuais, processando‑se rior ou o registro nos órgãos de fiscalização da profissão. Ex.:
sempre no juízo privativo da Administração interessada um serviço de engenharia. Em regra, a licitação é obrigatória.
(art. 55). A declaração de nulidade do contrato admi-
Direito Administrativo

nistrativo opera retroativamente (ex tunc). A nulidade Serviços Técnicos Profissionais Especializados
não exonera a Administração do dever de indenizar São os que exigem habilitação específica e notória espe-
o contratado pelo que este houver executado até a cialização. Ex.: estudos técnicos, planejamentos e projetos
data em que ela for declarada e por outros prejuízos básicos ou executivos; pareceres, perícias e avaliações em
regularmente comprovados, contanto que não lhe seja geral; assessorias ou consultorias técnicas e auditorias finan-
imputável os motivos da rescisão (art. 59). ceiras ou tributárias; fiscalização, supervisão ou gerencia-
• De pleno direito  – É a que se verifica independen- mento de obras ou serviços; patrocínio ou defesa de causas
temente de manifestação de vontade de qualquer judiciais ou administrativas; treinamento e aperfeiçoamento
das partes, diante da ocorrência de fato extintivo do de pessoal; restauração de obras de arte e bens de valor
contrato, previsto na lei, no regulamento ou no próprio histórico. A licitação é inexigível, quando considerados os
texto do ajuste. Ex.: morte do contratado, falência. atributos pessoais da pessoa ou da empresa (art. 25, II).

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Caso estes não sejam considerados, os contratos deverão, Concessões Especiais
preferencialmente, ser celebrados mediante a realização de Parcerias Público‑Privadas (Lei nº 11.079/2005)
concurso, com estipulação prévia de prêmios ou remunera- • Concessão patrocinada: constitui modalidade de
ção (art. 13, § 1º). concessão de serviço público ou de obra pública (Lei
nº 8.987/1995) quando envolver, adicionalmente à ta-
Contrato de Gerenciamento rifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária
do parceiro público (concedente) ao parceiro privado
Insere‑se dentro dos contratos de serviços técnicos (concessionário).
especializados, uma vez que tem por objeto auxiliar a • Concessão administrativa: tem por objeto a prestação
Administração na fiscalização e controle dos contratos por de serviço de que a Administração Pública seja a usuária
ela celebrados. Neste caso, a Administração comete ao direta ou indireta, podendo envolver a execução de obra
gerenciador a condução de um empreendimento, inclusive ou fornecimento e instalação de bens. A remuneração
auxiliando o contratado na execução do contrato, reservando básica é constituída por contraprestação feita pelo
para si a competência decisória final e responsabilizando‑se parceiro público ao parceiro privado (art. 2º, § 2º).
pelos encargos financeiros da execução das obras e serviços
projetados. Também pode haver a inexigibilidade de licitação,
desde que com profissional ou empresa de notória especia- LEI DO PREGÃO
lização (art. 13, IV e art. 25, II).
Lei nº 10.520, de 17 de Julho de 2002
Contrato de Fornecimento

É o ajuste pelo qual a Administração adquire coisas mó- Institui, no âmbito da União,
veis e semoventes necessárias à realização de suas obras ou Estados, Distrito Federal e Municí-
à manutenção de seus serviços. Sujeitam‑se aos mesmos pios, nos termos do art. 37, inciso
princípios que disciplinam a formação e execução dos demais XXI, da Constituição Federal, mo-
contratos administrativos. Admite três modalidades: dalidade de licitação denominada
pregão, para aquisição de bens
Integral e serviços comuns, e  dá outras
A entrega da coisa é feita de uma só vez; em uma só providências.
parcela.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres-
Parcelado so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
O que se faz por partes. Exaure‑se com a entrega final Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá
da quantidade contratada. ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será
regida por esta Lei.
Contínuo
A entrega é periódica, pois visa suprir as necessidades Parágrafo único. Consideram‑se bens e serviços comuns,
diárias da Administração Pública. para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões
de desempenho e qualidade possam ser objetivamente
Contrato de Concessão definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no
mercado.
É o ajuste pelo qual a Administração delega ao particular Art. 2º (Vetado)
a execução remunerada de serviço ou de obra pública ou lhe § 1º Poderá ser realizado o pregão por meio da utilização
cede o uso de um bem público, para que explore por sua con- de recursos de tecnologia da informação, nos termos de
ta e risco, mas sempre sob controle e fiscalização do Poder regulamentação específica.
Público delegante. Com o advento da Lei nº 11.079/2005, § 2º Será facultado, nos termos de regulamentos próprios
será necessário dividir a concessão de serviço público em da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, a participa-
duas categorias: ção de bolsas de mercadorias no apoio técnico e operacional
aos órgãos e entidades promotores da modalidade de pre-
Concessões Comuns (Lei nº 8.987/1995)
gão, utilizando‑se de recursos de tecnologia da informação.
• Contrato de concessão de serviço público: é o que tem
por objeto a transferência da execução de um serviço §  3º As bolsas a que se referem o §  2º deverão estar
do Poder Público ao particular, mediante licitação, organizadas sob a forma de sociedades civis sem fins lucra-
na modalidade concorrência, que se remunerará dos tivos e com a participação plural de corretoras que operem
gastos com o empreendimento, por sua conta e risco, sistemas eletrônicos unificados de pregões.
por meio de tarifa cobrada dos usuários (art. 175, CF Art. 3º A fase preparatória do pregão observará o se-
e Lei nº 8.987/1995). guinte:
• Contrato de concessão de obra pública: é o ajuste I – a autoridade competente justificará a necessidade de
Direito Administrativo

que tem por objeto a delegação a um particular da contratação e definirá o objeto do certame, as exigências de
execução e exploração de uma obra pública, mediante habilitação, os critérios de aceitação das propostas, as san-
licitação na modalidade concorrência, com remune- ções por inadimplemento e as cláusulas do contrato, inclusive
ração paga pelo beneficiário da obra, ou usuários dos com fixação dos prazos para fornecimento;
serviços que ela proporciona, por meio de tarifa. (Lei
II – a definição do objeto deverá ser precisa, suficiente e
nº 8.987/1995). Ex.: Pe­dágio.
clara, vedadas especificações que, por excessivas, irrelevan-
• Contrato de concessão de uso de um bem público:
é o destinado a outorgar ao particular a faculdade de tes ou desnecessárias, limitem a competição;
utilizar um bem da Administração segundo a sua des- III – dos autos do procedimento constarão a justificativa
tinação específica, tal como um hotel, para fomentar das definições referidas no inciso I deste artigo e os indis-
o turismo. pensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem

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apoiados, bem como o orçamento, elaborado pelo órgão XI  – examinada a proposta classificada em primeiro
ou entidade promotora da licitação, dos bens ou serviços a lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir
serem licitados; e motivadamente a respeito da sua aceitabilidade;
IV  – a autoridade competente designará, dentre os XII – encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofer-
servidores do órgão ou entidade promotora da licitação, tas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo
o  pregoeiro e respectiva equipe de apoio, cuja atribuição os documentos de habilitação do licitante que apresentou
inclui, dentre outras, o  recebimento das propostas e lan- a melhor proposta, para verificação do atendimento das
ces, a análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem condições fixadas no edital;
como a habilitação e a adjudicação do objeto do certame XIII – a habilitação far‑se‑á com a verificação de que o
ao licitante vencedor. licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacio-
§ 1º A equipe de apoio deverá ser integrada em sua maio- nal, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de
ria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da Serviço – FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando
administração, preferencialmente pertencentes ao quadro for o caso, com a comprovação de que atende às exigências
permanente do órgão ou entidade promotora do evento. do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica
e econômico‑financeira;
§ 2º No âmbito do Ministério da Defesa, as funções de
pregoeiro e de membro da equipe de apoio poderão ser XIV  – os licitantes poderão deixar de apresentar os
desempenhadas por militares. documentos de habilitação que já constem do Sistema de
Cadastramento Unificado de Fornecedores – Sicaf e siste-
Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a mas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou
convocação dos interessados e observará as seguintes regras: Municípios, assegurado aos demais licitantes o direito de
I – a convocação dos interessados será efetuada por meio acesso aos dados nele constantes;
de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente XV – verificado o atendimento das exigências fixadas no
federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, edital, o licitante será declarado vencedor;
e facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto XVI – se a oferta não for aceitável ou se o licitante desa-
da licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do tender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará
regulamento de que trata o art. 2º; as ofertas subsequentes e a qualificação dos licitantes,
II – do aviso constarão a definição do objeto da licitação, na ordem de classificação, e  assim sucessivamente, até a
a indicação do local, dias e horários em que poderá ser lida apuração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo
ou obtida a íntegra do edital; licitante declarado vencedor;
III – do edital constarão todos os elementos definidos XVII – nas situações previstas nos incisos XI e XVI, o pre-
na forma do inciso I do art. 3º, as normas que disciplinarem goeiro poderá negociar diretamente com o proponente para
o procedimento e a minuta do contrato, quando for o caso; que seja obtido preço melhor;
IV – cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas XVIII – declarado o vencedor, qualquer licitante poderá
à disposição de qualquer pessoa para consulta e divulgadas manifestar imediata e motivadamente a intenção de re-
na forma da Lei nº 9.755, de 16 de dezembro de 1998; correr, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias
V – o prazo fixado para a apresentação das propostas, para apresentação das razões do recurso, ficando os demais
contado a partir da publicação do aviso, não será inferior a licitantes desde logo intimados para apresentar contrarra-
8 (oito) dias úteis; zões em igual número de dias, que começarão a correr do
VI – no dia, hora e local designados, será realizada ses- término do prazo do recorrente, sendo‑lhes assegurada vista
são pública para recebimento das propostas, devendo o imediata dos autos;
interessado, ou seu representante, identificar‑se e, se for o XIX – o acolhimento de recurso importará a invalidação
caso, comprovar a existência dos necessários poderes para apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;
formulação de propostas e para a prática de todos os demais XX  – a falta de manifestação imediata e motivada do
atos inerentes ao certame; licitante importará a decadência do direito de recurso e a ad-
VII – aberta a sessão, os interessados ou seus represen- judicação do objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor;
tantes, apresentarão declaração dando ciência de que cum- XXI – decididos os recursos, a autoridade competente fará
prem plenamente os requisitos de habilitação e entregarão a adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor;
os envelopes contendo a indicação do objeto e do preço XXII – homologada a licitação pela autoridade competen-
oferecidos, procedendo‑se à sua imediata abertura e à ve- te, o adjudicatário será convocado para assinar o contrato
rificação da conformidade das propostas com os requisitos no prazo definido em edital; e
estabelecidos no instrumento convocatório; XXIII  – se o licitante vencedor, convocado dentro do
VIII – no curso da sessão, o autor da oferta de valor mais prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato,
baixo e os das ofertas com preços até 10% (dez por cento) aplicar‑se‑á o disposto no inciso XVI.
superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e Art. 5º É vedada a exigência de:
sucessivos, até a proclamação do vencedor; I – garantia de proposta;
Direito Administrativo

IX – não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas con- II – aquisição do edital pelos licitantes, como condição
dições definidas no inciso anterior, poderão os autores das para participação no certame; e
melhores propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer III – pagamento de taxas e emolumentos, salvo os refe-
novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os rentes a fornecimento do edital, que não serão superiores ao
preços oferecidos; custo de sua reprodução gráfica, e aos custos de utilização
X – para julgamento e classificação das propostas, será de recursos de tecnologia da informação, quando for o caso.
adotado o critério de menor preço, observados os prazos Art. 6º O prazo de validade das propostas será de 60
máximos para fornecimento, as  especificações técnicas e (sessenta) dias, se outro não estiver fixado no edital.
parâmetros mínimos de desempenho e qualidade definidos Art. 7º Quem, convocado dentro do prazo de validade
no edital; da sua proposta, não celebrar o contrato, deixar de entregar

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ou apresentar documentação falsa exigida para o certame, Sistema de Registro de Preços
ensejar o retardamento da execução de seu objeto, não man-
tiver a proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato, Decreto nº 7.892, de 23 de Janeiro de 2013
comportar‑se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal,
ficará impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Regulamenta o Sistema de
Distrito Federal ou Municípios e, será descredenciado no Registro de Preços previsto no
Sicaf, ou nos sistemas de cadastramento de fornecedores art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de
a que se refere o inciso XIV do art. 4º desta Lei, pelo prazo junho de 1993.
de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas em
edital e no contrato e das demais cominações legais. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
Art. 8º Os atos essenciais do pregão, inclusive os de- lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo
correntes de meios eletrônicos, serão documentados no em vista o disposto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
processo respectivo, com vistas à aferição de sua regulari- de 1993, e no art. 11 da Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002,
dade pelos agentes de controle, nos termos do regulamento DECRETA:
previsto no art. 2º.
Art. 9º Aplicam‑se subsidiariamente, para a modalida- CAPÍTULO I
de de pregão, as normas da  Lei nº 8.666, de 21 de junho Disposições Gerais
de 1993.
Art. 10. Ficam convalidados os atos praticados com base Art. 1º As contratações de serviços e a aquisição de bens,
quando efetuadas pelo Sistema de Registro de Preços – SRP,
na Medida Provisória nº 2.182-18, de 23 de agosto de 2001.
no âmbito da administração pública federal direta, autárquica
Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços e fundacional, fundos especiais, empresas públicas, sociedades
comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal de economia mista e demais entidades controladas, direta ou in-
e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro diretamente pela União, obedecerão ao disposto neste Decreto.
de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho Art. 2º Para os efeitos deste Decreto, são adotadas as
de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, conforme seguintes definições:
regulamento específico. I – Sistema de Registro de Preços – conjunto de procedi-
Art. 12. A Lei nº 10.191, de 14 de fevereiro de 2001, passa mentos para registro formal de preços relativos à prestação
a vigorar acrescida do seguinte artigo: de serviços e aquisição de bens, para contratações futuras;
II – ata de registro de preços – documento vinculativo,
“Art.  2-A. A  União, os  Estados, o  Distrito Federal obrigacional, com característica de compromisso para futura
e os Municípios poderão adotar, nas licitações de contratação, em que se registram os preços, fornecedores,
registro de preços destinadas à aquisição de bens e órgãos participantes e condições a serem praticadas, con-
serviços comuns da área da saúde, a modalidade do forme as disposições contidas no instrumento convocatório
pregão, inclusive por meio eletrônico, observando‑se e propostas apresentadas;
o seguinte: III – órgão gerenciador – órgão ou entidade da administra-
I  – são considerados bens e serviços comuns da ção pública federal responsável pela condução do conjunto
de procedimentos para registro de preços e gerenciamento
área da saúde, aqueles necessários ao atendimento
da ata de registro de preços dele decorrente;
dos órgãos que integram o Sistema Único de Saúde,
IV  – órgão participante  – órgão ou entidade da admi-
cujos padrões de desempenho e qualidade possam
nistração pública que participa dos procedimentos iniciais
ser objetivamente definidos no edital, por meio de
do Sistema de Registro de Preços e integra a ata de registro
especificações usuais do mercado. de preços; (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
II  – quando o quantitativo total estimado para a V – órgão não participante – órgão ou entidade da ad-
contratação ou fornecimento não puder ser atendido ministração pública que, não tendo participado dos proce-
pelo licitante vencedor, admitir‑se‑á a convocação dimentos iniciais da licitação, atendidos os requisitos desta
de tantos licitantes quantos forem necessários norma, faz adesão à ata de registro de preços.
para o atingimento da totalidade do quantitativo, VI – compra nacional – compra ou contratação de bens
respeitada a ordem de classificação, desde que os e serviços, em que o órgão gerenciador conduz os procedi-
referidos licitantes aceitem praticar o mesmo preço mentos para registro de preços destinado à execução des-
da proposta vencedora. centralizada de programa ou projeto federal, mediante prévia
III – na impossibilidade do atendimento ao disposto indicação da demanda pelos entes federados beneficiados;
no inciso II, excepcionalmente, poderão ser regis- e (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
trados outros preços diferentes da proposta ven- VII – órgão participante de compra nacional – órgão ou
cedora, desde que se trate de objetos de qualidade entidade da administração pública que, em razão de parti-
ou desempenho superior, devidamente justificada e cipação em programa ou projeto federal, é contemplado no
comprovada a vantagem, e que as ofertas sejam em registro de preços independente de manifestação formal.
(Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
Direito Administrativo

valor inferior ao limite máximo admitido.”


Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser ado-
Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. tado nas seguintes hipóteses:
I  – quando, pelas características do bem ou serviço,
houver necessidade de contratações frequentes;
Brasília, 17 de julho de 2002; 181º da Independência e II  – quando for conveniente a aquisição de bens com
114º da República. previsão de entregas parceladas ou contratação de serviços
remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO III – quando for conveniente a aquisição de bens ou a
Pedro Malan contratação de serviços para atendimento a mais de um
Guilherme Gomes Dias órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou

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IV – quando, pela natureza do objeto, não for possível VI – realizar o procedimento licitatório;
definir previamente o quantitativo a ser demandado pela VII – gerenciar a ata de registro de preços;
Administração. VIII  – conduzir eventuais renegociações dos preços
registrados;
CAPÍTULO II IX – aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório,
Da Intenção para Registro de Preços as penalidades decorrentes de infrações no procedimento
licitatório; e
Art. 4º Fica instituído o procedimento de Intenção de X – aplicar, garantida a ampla defesa e o contraditório,
Registro de Preços – IRP, a ser operacionalizado por módulo
as penalidades decorrentes do descumprimento do pactuado
do Sistema de Administração e Serviços Gerais – SIASG, que
deverá ser utilizado pelos órgãos e entidades integrantes do na ata de registro de preços ou do descumprimento das obri-
Sistema de Serviços Gerais – SISG, para registro e divulgação gações contratuais, em relação às suas próprias contratações.
dos itens a serem licitados e para a realização dos atos previs- XI – autorizar, excepcional e justificadamente, a prorro-
tos nos incisos II e V do caput do art. 5º e dos atos previstos gação do prazo previsto no § 6º do art. 22 deste Decreto,
no inciso II e caput do art. 6º. respeitado o prazo de vigência da ata, quando solicitada
§  1º A divulgação da intenção de registro de preços pelo órgão não participante. (Incluído pelo Decreto nº 8.250,
poderá ser dispensada, de forma justificada pelo órgão de 2.014)
gerenciador. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014) § 1º A ata de registro de preços, disponibilizada no Portal
§ 2º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão de Compras do Governo federal, poderá ser assinada por
editará norma complementar para regulamentar o disposto certificação digital.
neste artigo. § 2º O órgão gerenciador poderá solicitar auxílio técnico
§ 3º Caberá ao órgão gerenciador da Intenção de Registro aos órgãos participantes para execução das atividades pre-
de Preços – IRP: (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) vistas nos incisos III, IV e VI do caput.
I – estabelecer, quando for o caso, o número máximo de
participantes na IRP em conformidade com sua capacidade CAPÍTULO IV
de gerenciamento; (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
Das Competências do Órgão Participante
II – aceitar ou recusar, justificadamente, os quantitativos
considerados ínfimos ou a inclusão de novos itens; e (Incluído
pelo Decreto nº 8.250, de 2014) Art. 6º O órgão participante será responsável pela ma-
III – deliberar quanto à inclusão posterior de participan- nifestação de interesse em participar do registro de preços,
tes que não manifestaram interesse durante o período de providenciando o encaminhamento ao órgão gerenciador
divulgação da IRP. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) de sua estimativa de consumo, local de entrega e, quando
§ 4º Os procedimentos constantes dos incisos II e III do couber, cronograma de contratação e respectivas especifica-
§ 3º serão efetivados antes da elaboração do edital e de seus ções ou termo de referência ou projeto básico, nos termos
anexos. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e da Lei nº 10.520,
§ 5º Para receber informações a respeito das IRPs dispo- de 17 de julho de 2002, adequado ao registro de preços do
níveis no Portal de Compras do Governo Federal, os órgãos qual pretende fazer parte, devendo ainda:
e entidades integrantes do SISG se cadastrarão no módulo I – garantir que os atos relativos a sua inclusão no registro
IRP e inserirão a linha de fornecimento e de serviços de seu de preços estejam formalizados e aprovados pela autoridade
interesse. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) competente;
§ 6º É facultado aos órgãos e entidades integrantes do II  – manifestar, junto ao órgão gerenciador, mediante
SISG, antes de iniciar um processo licitatório, consultar as a utilização da Intenção de Registro de Preços, sua concor-
IRPs em andamento e deliberar a respeito da conveniência
dância com o objeto a ser licitado, antes da realização do
de sua participação. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
procedimento licitatório; e
CAPÍTULO III III – tomar conhecimento da ata de registros de preços,
Das Competências do Órgão Gerenciador inclusive de eventuais alterações, para o correto cumprimen-
to de suas disposições.
Art. 5º Caberá ao órgão gerenciador a prática de todos § 1º Cabe ao órgão participante aplicar, garantida a am-
os atos de controle e administração do Sistema de Registro pla defesa e o contraditório, as penalidades decorrentes do
de Preços, e ainda o seguinte: descumprimento do pactuado na ata de registro de preços ou
I – registrar sua intenção de registro de preços no Portal do descumprimento das obrigações contratuais, em relação
de Compras do Governo federal; às suas próprias contratações, informando as ocorrências ao
II  – consolidar informações relativas à estimativa indi- órgão gerenciador. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
vidual e total de consumo, promovendo a adequação dos § 2º No caso de compra nacional, o órgão gerenciador
respectivos termos de referência ou projetos básicos en- promoverá a divulgação da ação, a  pesquisa de mercado
caminhados para atender aos requisitos de padronização e e a consolidação da demanda dos órgãos e entidades da
racionalização; administração direta e indireta da União, dos Estados, do
Direito Administrativo

III – promover atos necessários à instrução processual Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pelo Decreto
para a realização do procedimento licitatório;
nº 8.250, de 2014)
IV  – realizar pesquisa de mercado para identificação
§ 3º Na hipótese prevista no § 2º, comprovada a vantajo-
do valor estimado da licitação e, consolidar os dados das
pesquisas de mercado realizadas pelos órgãos e entidades sidade, fica facultado aos órgãos ou entidades participantes
participantes, inclusive nas hipóteses previstas nos §§ 2º e de compra nacional a execução da ata de registro de preços
3º  do art.  6º  deste Decreto; (Redação dada pelo Decreto vinculada ao programa ou projeto federal. (Incluído pelo
nº 8.250, de 2.014) Decreto nº 8.250, de 2014)
V – confirmar junto aos órgãos participantes a sua con- § 4º Os entes federados participantes de compra nacional
cordância com o objeto a ser licitado, inclusive quanto aos poderão utilizar recursos de transferências legais ou volun-
quantitativos e termo de referência ou projeto básico; tárias da União, vinculados aos processos ou projetos objeto

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de descentralização e de recursos próprios para suas deman- VI – prazo de validade do registro de preço, observado o
das de aquisição no âmbito da ata de registro de preços de disposto no caput do art. 12;
compra nacional. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) VII  – órgãos e entidades participantes do registro de
§ 5º Caso o órgão gerenciador aceite a inclusão de novos preço;
itens, o órgão participante demandante elaborará sua espe- VIII – modelos de planilhas de custo e minutas de con-
cificação ou termo de referência ou projeto básico, conforme tratos, quando cabível;
o caso, e a pesquisa de mercado, observado o disposto no IX – penalidades por descumprimento das condições;
art. 6º. (Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) X – minuta da ata de registro de preços como anexo; e
§ 6º Caso o órgão gerenciador aceite a inclusão de novas XI – realização periódica de pesquisa de mercado para
localidades para entrega do bem ou execução do serviço, comprovação da vantajosidade.
o órgão participante responsável pela demanda elaborará, § 1º O edital poderá admitir, como critério de julgamento,
ressalvada a hipótese prevista no § 2º, pesquisa de merca- o menor preço aferido pela oferta de desconto sobre tabela
do que contemple a variação de custos locais ou regionais. de preços praticados no mercado, desde que tecnicamente
(Incluído pelo Decreto nº 8.250, de 2014) justificado.
§  2º Quando o edital previr o fornecimento de bens
CAPÍTULO V ou prestação de serviços em locais diferentes, é facultada
Da Licitação para Registro de Preços a exigência de apresentação de proposta diferenciada por
região, de modo que aos preços sejam acrescidos custos
Art. 7º A licitação para registro de preços será realizada variáveis por região.
na modalidade de concorrência, do tipo menor preço, nos § 3º A estimativa a que se refere o inciso III do caput não
termos da Lei nº 8.666, de 1993, ou na modalidade de pre- será considerada para fins de qualificação técnica e qualifica-
gão, nos termos da Lei nº 10.520, de 2002, e será precedida ção econômico‑financeira na habilitação do licitante.
de ampla pesquisa de mercado. § 4º O exame e a aprovação das minutas do instrumento
§ 1º O julgamento por técnica e preço, na modalidade convocatório e do contrato serão efetuados exclusivamente
concorrência, poderá ser excepcionalmente adotado, a cri- pela assessoria jurídica do órgão gerenciador. (Incluído pelo
tério do órgão gerenciador e mediante despacho fundamen- Decreto nº 8.250, de 2014)
tado da autoridade máxima do órgão ou entidade. (Redação Art. 10. Após o encerramento da etapa competitiva,
dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014) os licitantes poderão reduzir seus preços ao valor da proposta
§ 2º Na licitação para registro de preços não é necessário do licitante mais bem classificado.
indicar a dotação orçamentária, que somente será exigida Parágrafo único. A apresentação de novas propostas na
para a formalização do contrato ou outro instrumento hábil. forma do caput não prejudicará o resultado do certame em
Art. 8º O órgão gerenciador poderá dividir a quantidade relação ao licitante mais bem classificado.
total do item em lotes, quando técnica e economicamente
CAPÍTULO VI
viável, para possibilitar maior competitividade, observada
Do Registro de Preços e da Validade da Ata
a quantidade mínima, o prazo e o local de entrega ou de
prestação dos serviços.
Art. 11. Após a homologação da licitação, o registro de
§ 1º No caso de serviços, a divisão considerará a unidade
preços observará, entre outras, as seguintes condições:
de medida adotada para aferição dos produtos e resultados,
I  – serão registrados na ata de registro de preços os
e será observada a demanda específica de cada órgão ou en-
preços e quantitativos do licitante mais bem classificado
tidade participante do certame. (Redação dada pelo Decreto durante a fase competitiva; (Redação dada pelo Decreto
nº 8.250, de 2014) nº 8.250, de 2014)
§ 2º Na situação prevista no § 1º, deverá ser evitada a II – será incluído, na respectiva ata na forma de anexo,
contratação, em um mesmo órgão ou entidade, de mais de o registro dos licitantes que aceitarem cotar os bens ou servi-
uma empresa para a execução de um mesmo serviço, em ços com preços iguais aos do licitante vencedor na sequência
uma mesma localidade, para assegurar a responsabilidade da classificação do certame, excluído o percentual referente
contratual e o princípio da padronização. à margem de preferência, quando o objeto não atender
Art. 9º O edital de licitação para registro de preços ob- aos requisitos previstos no art. 3º da Lei nº 8.666, de 1993;
servará o disposto nas Leis nº 8.666, de 1993, e nº 10.520, (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
de 2002, e contemplará, no mínimo: III – o preço registrado com indicação dos fornecedores
I – a especificação ou descrição do objeto, que explicitará será divulgado no Portal de Compras do Governo Federal e
o conjunto de elementos necessários e suficientes, com ficará disponibilizado durante a vigência da ata de registro
nível de precisão adequado para a caracterização do bem de preços; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
ou serviço, inclusive definindo as respectivas unidades de IV – a ordem de classificação dos licitantes registrados na
medida usualmente adotadas; ata deverá ser respeitada nas contratações. (Redação dada
II – estimativa de quantidades a serem adquiridas pelo pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
órgão gerenciador e órgãos participantes; § 1º O registro a que se refere o inciso II do caput tem
Direito Administrativo

III – estimativa de quantidades a serem adquiridas por por objetivo a formação de cadastro de reserva no caso de
órgãos não participantes, observado o disposto no § 4º do impossibilidade de atendimento pelo primeiro colocado da
art. 22, no caso de o órgão gerenciador admitir adesões; ata, nas hipóteses previstas nos arts. 20 e 21. (Redação dada
IV – quantidade mínima de unidades a ser cotada, por pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
item, no caso de bens; § 2º Se houver mais de um licitante na situação de que
V – condições quanto ao local, prazo de entrega, forma de trata o inciso II do caput, serão classificados segundo a ordem
pagamento, e nos casos de serviços, quando cabível, frequ- da última proposta apresentada durante a fase competitiva.
ência, periodicidade, características do pessoal, materiais e (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
equipamentos a serem utilizados, procedimentos, cuidados, §  3º A habilitação dos fornecedores que comporão o
deveres, disciplina e controles a serem adotados; cadastro de reserva a que se refere o inciso II do caput será

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efetuada, na hipótese prevista no parágrafo único do art. 13 registrados, cabendo ao órgão gerenciador promover as ne-
e quando houver necessidade de contratação de fornecedor gociações junto aos fornecedores, observadas as disposições
remanescente, nas hipóteses previstas nos arts.  20 e 21. contidas na alínea d do inciso II do caput do art. 65 da Lei
(Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014) nº 8.666, de 1993.
§  4º O anexo que trata o inciso II do  caput consiste Art. 18. Quando o preço registrado tornar‑se superior ao
na ata de realização da sessão pública do pregão ou da preço praticado no mercado por motivo superveniente, o ór-
concorrência, que conterá a informação dos licitantes que gão gerenciador convocará os fornecedores para negociarem
aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais ao a redução dos preços aos valores praticados pelo mercado.
do licitante vencedor do certame. (Incluído pelo Decreto §  1º  Os fornecedores que não aceitarem reduzir seus
nº 8.250, de 2014) preços aos valores praticados pelo mercado serão liberados
Art. 12. O prazo de validade da ata de registro de pre- do compromisso assumido, sem aplicação de penalidade.
ços não será superior a doze meses, incluídas eventuais § 2º A ordem de classificação dos fornecedores que acei-
prorrogações, conforme o inciso III do § 3º do art. 15 da Lei tarem reduzir seus preços aos valores de mercado observará
nº 8.666, de 1993. a classificação original.
§ 1º É vedado efetuar acréscimos nos quantitativos fixa- Art. 19. Quando o preço de mercado tornar‑se superior
dos pela ata de registro de preços, inclusive o acréscimo de aos preços registrados e o fornecedor não puder cumprir o
que trata o § 1º do art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993. compromisso, o órgão gerenciador poderá:
§ 2º A vigência dos contratos decorrentes do Sistema de I – liberar o fornecedor do compromisso assumido, caso
Registro de Preços será definida nos instrumentos convocató- a comunicação ocorra antes do pedido de fornecimento,
rios, observado o disposto no art. 57 da Lei nº 8.666, de 1993. e sem aplicação da penalidade se confirmada a veracidade
§  3º Os contratos decorrentes do Sistema de Registro dos motivos e comprovantes apresentados; e
de Preços poderão ser alterados, observado o disposto II – convocar os demais fornecedores para assegurar igual
no art. 65 da Lei nº 8.666, de 1993. oportunidade de negociação.
§ 4º O contrato decorrente do Sistema de Registro de Parágrafo único. Não havendo êxito nas negociações,
Preços deverá ser assinado no prazo de validade da ata de o  órgão gerenciador deverá proceder à revogação da ata
registro de preços. de registro de preços, adotando as medidas cabíveis para
obtenção da contratação mais vantajosa.
CAPÍTULO VII Art. 20. O registro do fornecedor será cancelado quando:
Da Assinatura da Ata e da Contratação I – descumprir as condições da ata de registro de preços;
com Fornecedores Registrados II  – não retirar a nota de empenho ou instrumento
equivalente no prazo estabelecido pela Administração, sem
Art. 13. Homologado o resultado da licitação, o fornecedor justificativa aceitável;
III  – não aceitar reduzir o seu preço registrado, na
mais bem classificado será convocado para assinar a ata de
hipótese deste se tornar superior àqueles praticados no
registro de preços, no prazo e nas condições estabelecidos no
mercado; ou
instrumento convocatório, podendo o prazo ser prorrogado
IV – sofrer sanção prevista nos incisos III ou IV do caput
uma vez, por igual período, quando solicitado pelo fornecedor
do art.  87 da Lei nº 8.666, de 1993, ou no  art.  7º  da Lei
e desde que ocorra motivo justificado aceito pela administra-
nº 10.520, de 2002.
ção. (Redação dada pelo Decreto nº 8.250, de 2014)
Parágrafo único. O cancelamento de registros nas hipó-
Parágrafo único. É facultado à administração, quando o teses previstas nos incisos I, II e IV do caput será formalizado
convocado não assinar a ata de registro de preços no prazo e por despacho do órgão gerenciador, assegurado o contradi-
condições estabelecidos, convocar os licitantes remanescen- tório e a ampla defesa.
tes, na ordem de classificação, para fazê‑lo em igual prazo e Art. 21. O cancelamento do registro de preços poderá
nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado. ocorrer por fato superveniente, decorrente de caso fortuito
Art. 14. A ata de registro de preços implicará compro- ou força maior, que prejudique o cumprimento da ata, de-
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, após vidamente comprovados e justificados:
cumpridos os requisitos de publicidade. I – por razão de interesse público; ou
Parágrafo único. A  recusa injustificada de fornecedor II – a pedido do fornecedor.
classificado em assinar a ata, dentro do prazo estabelecido
neste artigo, ensejará a aplicação das penalidades legalmente CAPÍTULO IX
estabelecidas. Da Utilização da Ata de Registro de Preços
Art. 15. A contratação com os fornecedores registrados por Órgão ou Entidades não Participantes
será formalizada pelo órgão interessado por intermédio de
instrumento contratual, emissão de nota de empenho de Art. 22. Desde que devidamente justificada a vantagem,
despesa, autorização de compra ou outro instrumento hábil, a ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser
conforme o art. 62 da Lei nº 8.666, de 1993. utilizada por qualquer órgão ou entidade da administração
Art. 16. A  existência de preços registrados não obriga pública federal que não tenha participado do certame licita-
a administração a contratar, facultando‑se a realização de
Direito Administrativo

tório, mediante anuência do órgão gerenciador.


licitação específica para a aquisição pretendida, assegura- §  1º Os órgãos e entidades que não participaram do
da preferência ao fornecedor registrado em igualdade de registro de preços, quando desejarem fazer uso da ata de
condições. registro de preços, deverão consultar o órgão gerenciador
da ata para manifestação sobre a possibilidade de adesão.
CAPÍTULO VIII § 2º Caberá ao fornecedor beneficiário da ata de regis-
Da Revisão e do Cancelamento dos Preços Registrados tro de preços, observadas as condições nela estabelecidas,
optar pela aceitação ou não do fornecimento decorrente de
Art. 17. Os preços registrados poderão ser revistos em adesão, desde que não prejudique as obrigações presentes e
decorrência de eventual redução dos preços praticados no futuras decorrentes da ata, assumidas com o órgão geren-
mercado ou de fato que eleve o custo dos serviços ou bens ciador e órgãos participantes.

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§ 3º As aquisições ou contratações adicionais a que se re- Regime Diferenciado de Contratações Públicas
fere este artigo não poderão exceder, por órgão ou entidade,
a cem por cento dos quantitativos dos itens do instrumento Lei nº 12.462, de 4 de Agosto de 2011
convocatório e registrados na ata de registro de preços para
o órgão gerenciador e órgãos participantes. Institui o Regime Diferenciado
§  4º O instrumento convocatório deverá prever que o
de Contratações Públicas - RDC; al-
quantitativo decorrente das adesões à ata de registro de pre-
tera a Lei no 10.683, de 28 de maio
ços não poderá exceder, na totalidade, ao quíntuplo do quanti-
tativo de cada item registrado na ata de registro de preços para de 2003, que dispõe sobre a orga-
o órgão gerenciador e órgãos participantes, independente do nização da Presidência da Repúbli-
número de órgãos não participantes que aderirem. ca e dos Ministérios, a legislação
§ 5º (Revogado pelo Decreto nº 8.250, de 2014) da Agência Nacional de Aviação
§ 6º Após a autorização do órgão gerenciador, o órgão Civil (Anac) e a legislação da Em-
não participante deverá efetivar a aquisição ou contrata- presa Brasileira de Infraestrutura
ção solicitada em até noventa dias, observado o prazo de Aeroportuária (Infraero); cria a
vigência da ata. Secretaria de Aviação Civil, cargos
§ 7º Compete ao órgão não participante os atos relativos de Ministro de Estado, cargos em
à cobrança do cumprimento pelo fornecedor das obrigações comissão e cargos de Controlador
contratualmente assumidas e a aplicação, observada a ampla de Tráfego Aéreo; autoriza a con-
defesa e o contraditório, de eventuais penalidades decorren- tratação de controladores de trá-
tes do descumprimento de cláusulas contratuais, em relação fego aéreo temporários; altera as
às suas próprias contratações, informando as ocorrências ao Leis nos 11.182, de 27 de setembro
órgão gerenciador. de 2005, 5.862, de 12 de dezembro
§ 8º É vedada aos órgãos e entidades da administração de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de
pública federal a adesão a ata de registro de preços geren- 1992, 11.526, de 4 de outubro de
ciada por órgão ou entidade municipal, distrital ou estadual. 2007, 11.458, de 19 de março de
§  9º É facultada aos órgãos ou entidades municipais, 2007, e 12.350, de 20 de dezem-
distritais ou estaduais a adesão a ata de registro de preços bro de 2010, e a Medida Provisória
da Administração Pública Federal. no 2.185-35, de 24 de agosto de
2001; e revoga dispositivos da Lei
CAPÍTULO X no 9.649, de 27 de maio de 1998.
Disposições Finais e Transitórias
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congres-
Art. 23. A  Administração poderá utilizar recursos de
so Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
tecnologia da informação na operacionalização do disposto
neste Decreto e automatizar procedimentos de controle e
atribuições dos órgãos gerenciadores e participantes. CAPÍTULO I
Art. 24. As atas de registro de preços vigentes, decor- Do Regime Diferenciado de
rentes de certames realizados sob a vigência do  Decreto Contratações Públicas – RDC
nº 3.931, de 19 de setembro de 2001, poderão ser utilizadas
pelos órgãos gerenciadores e participantes, até o término Seção I
de sua vigência. Aspectos Gerais
Art. 25. Até a completa adequação do Portal de Compras
do Governo federal para atendimento ao disposto no § 1º do Art. 1o É instituído o Regime Diferenciado de Contrata-
art. 5º, o órgão gerenciador deverá: ções Públicas (RDC), aplicável exclusivamente às licitações e
I – providenciar a assinatura da ata de registro de preços contratos necessários à realização:
e o encaminhamento de sua cópia aos órgãos ou entidades I – dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, cons-
participantes; e tantes da Carteira de Projetos Olímpicos a ser definida pela
II – providenciar a indicação dos fornecedores para aten- Autoridade Pública Olímpica (APO); e
dimento às demandas, observada a ordem de classificação e II – da Copa das Confederações da Federação Internacio-
os quantitativos de contratação definidos pelos órgãos e nal de Futebol Associação - Fifa 2013 e da Copa do Mundo
entidades participantes. Fifa 2014, definidos pelo Grupo Executivo - Gecopa 2014 do
Art. 26. Até a completa adequação do Portal de Compras Comitê Gestor instituído para definir, aprovar e supervisionar
do Governo federal para atendimento ao disposto nos inci- as ações previstas no Plano Estratégico das Ações do Governo
sos I e II do caput do art. 11 e no inciso II do § 2º do art. 11, Brasileiro para a realização da Copa do Mundo Fifa 2014 -
a  ata registrará os licitantes vencedores, quantitativos e CGCOPA 2014, restringindo-se, no caso de obras públicas, às
respectivos preços. constantes da matriz de responsabilidades celebrada entre
Art. 27. O Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- a União, Estados, Distrito Federal e Municípios;
tão poderá editar normas complementares a este Decreto. III – de obras de infraestrutura e de contratação de servi-
Direito Administrativo

Art. 28. Este Decreto entra em vigor trinta dias após a


ços para os aeroportos das capitais dos Estados da Federação
data de sua publicação.
distantes até 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros)
Art. 29. Ficam revogados:
I – o Decreto nº 3.931, de 19 de setembro de 2001; e das cidades sedes dos mundiais referidos nos incisos I e II.
II – o Decreto nº 4.342, de 23 de agosto de 2002. IV – das ações integrantes do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) (Incluído pela Lei nº 12.688, de 2012)
Brasília, 23 de janeiro de 2013; 192º da Independência V  – das obras e serviços de engenharia no âmbito do
e 125º da República. Sistema Único de Saúde - SUS. (Incluído pela Lei nº 12.745,
de 2012)
DILMA ROUSSEFF VI – das obras e serviços de engenharia para construção,
Miriam Belchior ampliação e reforma e administração de estabelecimentos

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penais e de unidades de atendimento socioeducativo; (In- II  – soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
cluído pela Lei nº 13.190, de 2015) mente detalhadas, de forma a restringir a necessidade de
VII – das ações no âmbito da segurança pública; (Incluído reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração
pela Lei nº 13.190, de 2015) do projeto executivo e de realização das obras e montagem
VIII – das obras e serviços de engenharia, relacionadas a situações devidamente comprovadas em ato motivado da
a melhorias na mobilidade urbana ou ampliação de infra- administração pública;
estrutura logística; e (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) III – identificação dos tipos de serviços a executar e de
IX – dos contratos a que se refere o art. 47-A. (Incluído materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem como
pela Lei nº 13.190, de 2015) especificações que assegurem os melhores resultados para
X – das ações em órgãos e entidades dedicados à ciência, à o empreendimento;
tecnologia e à inovação. (Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016) IV – informações que possibilitem o estudo e a dedução
§ 1o O RDC tem por objetivos: de métodos construtivos, instalações provisórias e condições
I – ampliar a eficiência nas contratações públicas e a com- organizacionais para a obra;
petitividade entre os licitantes; V – subsídios para montagem do plano de licitação e ges-
II – promover a troca de experiências e tecnologias em tão da obra, compreendendo a sua programação, a estratégia
busca da melhor relação entre custos e benefícios para o de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados
setor público; necessários em cada caso, exceto, em relação à respectiva
III – incentivar a inovação tecnológica; e licitação, na hipótese de contratação integrada;
IV – assegurar tratamento isonômico entre os licitantes VI – orçamento detalhado do custo global da obra, fun-
e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração damentado em quantitativos de serviços e fornecimentos
pública. propriamente avaliados.
§ 2o A opção pelo RDC deverá constar de forma expressa Art. 3o As licitações e contratações realizadas em confor-
do instrumento convocatório e resultará no afastamento das midade com o RDC deverão observar os princípios da lega-
normas contidas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, lidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da
exceto nos casos expressamente previstos nesta Lei. publicidade, da eficiência, da probidade administrativa, da
§ 3o Além das hipóteses previstas no caput, o RDC tam- economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável,
bém é aplicável às licitações e aos contratos necessários à da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento
realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos objetivo.
sistemas públicos de ensino e de pesquisa, ciência e tecno- Art. 4o Nas licitações e contratos de que trata esta Lei
logia. (Redação dada pela Lei nº 13.190, de 2015) serão observadas as seguintes diretrizes:
Art. 2o Na aplicação do RDC, deverão ser observadas as I – padronização do objeto da contratação relativamente
seguintes definições: às especificações técnicas e de desempenho e, quando for
I – empreitada integral: quando se contrata um empreen- o caso, às condições de manutenção, assistência técnica e
dimento em sua integralidade, compreendendo a totalidade de garantia oferecidas;
das etapas de obras, serviços e instalações necessárias, sob II – padronização de instrumentos convocatórios e minu-
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao tas de contratos, previamente aprovados pelo órgão jurídico
contratante em condições de entrada em operação, atendidos competente;
os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições III – busca da maior vantagem para a administração pú-
de segurança estrutural e operacional e com as características blica, considerando custos e benefícios, diretos e indiretos,
adequadas às finalidades para a qual foi contratada; de natureza econômica, social ou ambiental, inclusive os re-
II  – empreitada por preço global: quando se contrata lativos à manutenção, ao desfazimento de bens e resíduos,
a execução da obra ou do serviço por preço certo e total; ao índice de depreciação econômica e a outros fatores de
III – empreitada por preço unitário: quando se contrata a igual relevância;
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades IV – condições de aquisição, de seguros, de garantias e
determinadas; de pagamento compatíveis com as condições do setor priva-
IV – projeto básico: conjunto de elementos necessários do, inclusive mediante pagamento de remuneração variável
e suficientes, com nível de precisão adequado, para, obser- conforme desempenho, na forma do art. 10; (Redação dada
vado o disposto no parágrafo único deste artigo: pela Lei nº 12.980, de 2014)
a) caracterizar a obra ou serviço de engenharia, ou com- V  – utilização, sempre que possível, nas planilhas de
plexo de obras ou serviços objeto da licitação, com base nas custos constantes das propostas oferecidas pelos licitantes,
indicações dos estudos técnicos preliminares; de mão de obra, materiais, tecnologias e matérias-primas
b) assegurar a viabilidade técnica e o adequado tratamen- existentes no local da execução, conservação e operação do
to do impacto ambiental do empreendimento; e bem, serviço ou obra, desde que não se produzam prejuízos
c) possibilitar a avaliação do custo da obra ou serviço e a à eficiência na execução do respectivo objeto e que seja res-
definição dos métodos e do prazo de execução; peitado o limite do orçamento estimado para a contratação; e
V – projeto executivo: conjunto dos elementos necessá- VI – parcelamento do objeto, visando à ampla participa-
rios e suficientes à execução completa da obra, de acordo ção de licitantes, sem perda de economia de escala.
Direito Administrativo

com as normas técnicas pertinentes; e VII – ampla publicidade, em sítio eletrônico, de todas as
VI – tarefa: quando se ajusta mão de obra para peque- fases e procedimentos do processo de licitação, assim como
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento dos contratos, respeitado o art. 6o desta Lei. (Incluído pela
de materiais. Lei nº 13.173, de 2015)
Parágrafo único. O projeto básico referido no inciso IV do § 1o As contratações realizadas com base no RDC devem
caput deste artigo deverá conter, no mínimo, sem frustrar o respeitar, especialmente, as normas relativas à:
caráter competitivo do procedimento licitatório, os seguintes I – disposição final ambientalmente adequada dos resí-
elementos: duos sólidos gerados pelas obras contratadas;
I  – desenvolvimento da solução escolhida de forma a II – mitigação por condicionantes e compensação am-
fornecer visão global da obra e identificar seus elementos biental, que serão definidas no procedimento de licencia-
constitutivos com clareza; mento ambiental;

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III  – utilização de produtos, equipamentos e serviços I – empreitada por preço unitário;
que, comprovadamente, reduzam o consumo de energia e II – empreitada por preço global;
recursos naturais; III – contratação por tarefa;
IV – avaliação de impactos de vizinhança, na forma da IV – empreitada integral; ou
legislação urbanística; V – contratação integrada.
V – proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueoló- § 1o Nas licitações e contratações de obras e serviços de
gico e imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto engenharia serão adotados, preferencialmente, os regimes
direto ou indireto causado pelas obras contratadas; e discriminados nos incisos II, IV e V do caput deste artigo.
VI – acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência § 2o No caso de inviabilidade da aplicação do disposto
ou com mobilidade reduzida. no § 1o deste artigo, poderá ser adotado outro regime pre-
§ 2o O impacto negativo sobre os bens do patrimônio visto no caput deste artigo, hipótese em que serão inseridos
cultural, histórico, arqueológico e imaterial tombados deverá nos autos do procedimento os motivos que justificaram a
ser compensado por meio de medidas determinadas pela exceção.
autoridade responsável, na forma da legislação aplicável. § 3o O custo global de obras e serviços de engenharia
deverá ser obtido a partir de custos unitários de insumos ou
Seção II serviços menores ou iguais à mediana de seus correspon-
Das Regras Aplicáveis às Licitações dentes ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices
no Âmbito do RDC da Construção Civil (Sinapi), no caso de construção civil em
geral, ou na tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias
Subseção I (Sicro), no caso de obras e serviços rodoviários.
Do Objeto da Licitação § 4o No caso de inviabilidade da definição dos custos con-
soante o disposto no § 3o deste artigo, a estimativa de custo
Art. 5o O objeto da licitação deverá ser definido de for- global poderá ser apurada por meio da utilização de dados
ma clara e precisa no instrumento convocatório, vedadas contidos em tabela de referência formalmente aprovada por
especificações excessivas, irrelevantes ou desnecessárias. órgãos ou entidades da administração pública federal, em
Art. 6o Observado o disposto no § 3o, o orçamento pre- publicações técnicas especializadas, em sistema específico
viamente estimado para a contratação será tornado público instituído para o setor ou em pesquisa de mercado.
apenas e imediatamente após o encerramento da licitação, § 5o Nas licitações para a contratação de obras e serviços,
sem prejuízo da divulgação do detalhamento dos quantitati- com exceção daquelas onde for adotado o regime previsto
vos e das demais informações necessárias para a elaboração no inciso V do caput deste artigo, deverá haver projeto bá-
das propostas.
sico aprovado pela autoridade competente, disponível para
§ 1o Nas hipóteses em que for adotado o critério de jul-
exame dos interessados em participar do processo licitatório.
gamento por maior desconto, a informação de que trata o
§ 6o No caso de contratações realizadas pelos governos
caput deste artigo constará do instrumento convocatório.
municipais, estaduais e do Distrito Federal, desde que não
§ 2o No caso de julgamento por melhor técnica, o valor
envolvam recursos da União, o custo global de obras e servi-
do prêmio ou da remuneração será incluído no instrumento
ços de engenharia a que se refere o § 3o deste artigo poderá
convocatório.
§ 3o Se não constar do instrumento convocatório, a infor- também ser obtido a partir de outros sistemas de custos já
mação referida no caput deste artigo possuirá caráter sigiloso adotados pelos respectivos entes e aceitos pelos respectivos
e será disponibilizada estrita e permanentemente aos órgãos tribunais de contas.
de controle externo e interno. § 7o É vedada a realização, sem projeto executivo, de
Art. 7o No caso de licitação para aquisição de bens, a obras e serviços de engenharia para cuja concretização tenha
administração pública poderá: sido utilizado o RDC, qualquer que seja o regime adotado.
I  – indicar marca ou modelo, desde que formalmente Art. 9o Nas licitações de obras e serviços de engenharia,
justificado, nas seguintes hipóteses: no âmbito do RDC, poderá ser utilizada a contratação integra-
a) em decorrência da necessidade de padronização do da, desde que técnica e economicamente justificada e cujo
objeto; objeto envolva, pelo menos, uma das seguintes condições:
b) quando determinada marca ou modelo comercializado (Redação dada pela Lei nº 12.980, de 2014)
por mais de um fornecedor for a única capaz de atender às I – inovação tecnológica ou técnica; (Incluído pela Lei nº
necessidades da entidade contratante; ou 12.980, de 2014)
c) quando a descrição do objeto a ser licitado puder ser II – possibilidade de execução com diferentes metodolo-
melhor compreendida pela identificação de determinada gias; ou (Incluído pela Lei nº 12.980, de 2014)
marca ou modelo aptos a servir como referência, situação III – possibilidade de execução com tecnologias de domí-
em que será obrigatório o acréscimo da expressão “ou similar nio restrito no mercado. (Incluído pela Lei nº 12.980, de 2014)
ou de melhor qualidade”; § 1o A contratação integrada compreende a elaboração
II – exigir amostra do bem no procedimento de pré-qua- e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a exe-
lificação, na fase de julgamento das propostas ou de lances, cução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a
Direito Administrativo

desde que justificada a necessidade da sua apresentação; realização de testes, a pré-operação e todas as demais opera-
III – solicitar a certificação da qualidade do produto ou do ções necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
processo de fabricação, inclusive sob o aspecto ambiental, § 2o No caso de contratação integrada:
por qualquer instituição oficial competente ou por entidade I – o instrumento convocatório deverá conter antepro-
credenciada; e jeto de engenharia que contemple os documentos técnicos
IV – solicitar, motivadamente, carta de solidariedade emi- destinados a possibilitar a caracterização da obra ou serviço,
tida pelo fabricante, que assegure a execução do contrato, incluindo:
no caso de licitante revendedor ou distribuidor. a) a demonstração e a justificativa do programa de ne-
Art. 8o Na execução indireta de obras e serviços de en- cessidades, a visão global dos investimentos e as definições
genharia, são admitidos os seguintes regimes: quanto ao nível de serviço desejado;

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b) as condições de solidez, segurança, durabilidade e II – publicação do instrumento convocatório;
prazo de entrega, observado o disposto no caput e no § 1o III – apresentação de propostas ou lances;
do art. 6o desta Lei; IV – julgamento;
c) a estética do projeto arquitetônico; e V – habilitação;
d) os parâmetros de adequação ao interesse público, à VI – recursal; e
economia na utilização, à facilidade na execução, aos impac- VII – encerramento.
tos ambientais e à acessibilidade; Parágrafo único. A fase de que trata o inciso V do caput
II – o valor estimado da contratação será calculado com deste artigo poderá, mediante ato motivado, anteceder as
base nos valores praticados pelo mercado, nos valores pagos referidas nos incisos III e IV do caput deste artigo, desde
pela administração pública em serviços e obras similares ou que expressamente previsto no instrumento convocatório.
na avaliação do custo global da obra, aferida mediante or- Art. 13. As licitações deverão ser realizadas preferencial-
çamento sintético ou metodologia expedita ou paramétrica. mente sob a forma eletrônica, admitida a presencial.
(Redação dada pela Lei nº 12.980, de 2014) Parágrafo único. Nos procedimentos realizados por meio
III – (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.980, de eletrônico, a administração pública poderá determinar, como
2014) condição de validade e eficácia, que os licitantes pratiquem
§ 3o Caso seja permitida no anteprojeto de engenharia a seus atos em formato eletrônico.
apresentação de projetos com metodologias diferenciadas de Art. 14. Na fase de habilitação das licitações realizadas
execução, o instrumento convocatório estabelecerá critérios em conformidade com esta Lei, aplicar-se-á, no que couber,
objetivos para avaliação e julgamento das propostas. o disposto nos arts. 27 a 33 da Lei nº 8.666, de 21 de junho
§ 4o Nas hipóteses em que for adotada a contratação de 1993, observado o seguinte:
integrada, é vedada a celebração de termos aditivos aos I – poderá ser exigida dos licitantes a declaração de que
contratos firmados, exceto nos seguintes casos: atendem aos requisitos de habilitação;
I – para recomposição do equilíbrio econômico-financeiro II – será exigida a apresentação dos documentos de ha-
decorrente de caso fortuito ou força maior; e bilitação apenas pelo licitante vencedor, exceto no caso de
II – por necessidade de alteração do projeto ou das espe- inversão de fases;
cificações para melhor adequação técnica aos objetivos da III – no caso de inversão de fases, só serão recebidas as
contratação, a pedido da administração pública, desde que propostas dos licitantes previamente habilitados; e
não decorrentes de erros ou omissões por parte do contra- IV – em qualquer caso, os documentos relativos à regu-
tado, observados os limites previstos no § 1o do art. 65 da laridade fiscal poderão ser exigidos em momento posterior
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. ao julgamento das propostas, apenas em relação ao licitante
§ 5o Se o anteprojeto contemplar matriz de alocação mais bem classificado.
de riscos entre a administração pública e o contratado, o Parágrafo único. Nas licitações disciplinadas pelo RDC:
valor estimado da contratação poderá considerar taxa de I – será admitida a participação de licitantes sob a forma
risco compatível com o objeto da licitação e as contingên- de consórcio, conforme estabelecido em regulamento; e
cias atribuídas ao contratado, de acordo com metodologia II – poderão ser exigidos requisitos de sustentabilidade
predefinida pela entidade contratante. (Incluído pela Lei nº ambiental, na forma da legislação aplicável.
13.190, de 2015) Art. 15. Será dada ampla publicidade aos procedimentos
Art. 10. Na contratação das obras e serviços, inclusive licitatórios e de pré-qualificação disciplinados por esta Lei,
de engenharia, poderá ser estabelecida remuneração vari- ressalvadas as hipóteses de informações cujo sigilo seja im-
ável vinculada ao desempenho da contratada, com base em prescindível à segurança da sociedade e do Estado, devendo
metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ser adotados os seguintes prazos mínimos para apresentação
ambiental e prazo de entrega definidos no instrumento con- de propostas, contados a partir da data de publicação do
vocatório e no contrato. instrumento convocatório:
Parágrafo único. A utilização da remuneração variável I – para aquisição de bens:
será motivada e respeitará o limite orçamentário fixado pela a) 5 (cinco) dias úteis, quando adotados os critérios de
administração pública para a contratação. julgamento pelo menor preço ou pelo maior desconto; e
Art. 11. A administração pública poderá, mediante justi- b) 10 (dez) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas pela
ficativa expressa, contratar mais de uma empresa ou institui- alínea a deste inciso;
ção para executar o mesmo serviço, desde que não implique II – para a contratação de serviços e obras:
perda de economia de escala, quando: a) 15 (quinze) dias úteis, quando adotados os critérios
I – o objeto da contratação puder ser executado de forma de julgamento pelo menor preço ou pelo maior desconto; e
concorrente e simultânea por mais de um contratado; ou b) 30 (trinta) dias úteis, nas hipóteses não abrangidas
II – a múltipla execução for conveniente para atender à pela alínea a deste inciso;
administração pública. III – para licitações em que se adote o critério de julga-
§ 1o Nas hipóteses previstas no caput deste artigo, a ad- mento pela maior oferta: 10 (dez) dias úteis; e
ministração pública deverá manter o controle individualizado IV  – para licitações em que se adote o critério de jul-
da execução do objeto contratual relativamente a cada uma gamento pela melhor combinação de técnica e preço, pela
Direito Administrativo

das contratadas. melhor técnica ou em razão do conteúdo artístico: 30 (trinta)


§ 2o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos dias úteis.
serviços de engenharia. § 1o A publicidade a que se refere o caput deste artigo,
sem prejuízo da faculdade de divulgação direta aos fornece-
Subseção II dores, cadastrados ou não, será realizada mediante:
Do Procedimento Licitatório I – publicação de extrato do edital no Diário Oficial da
União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, ou,
Art. 12. O procedimento de licitação de que trata esta no caso de consórcio público, do ente de maior nível entre
Lei observará as seguintes fases, nesta ordem: eles, sem prejuízo da possibilidade de publicação de extrato
I – preparatória; em jornal diário de grande circulação; e

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II – divulgação em sítio eletrônico oficial centralizado de § 1o Os custos indiretos, relacionados com as despesas
divulgação de licitações ou mantido pelo ente encarregado de manutenção, utilização, reposição, depreciação e impacto
do procedimento licitatório na rede mundial de computa- ambiental, entre outros fatores, poderão ser considerados
dores. para a definição do menor dispêndio, sempre que objeti-
§ 2o No caso de licitações cujo valor não ultrapasse R$ vamente mensuráveis, conforme dispuser o regulamento.
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para obras ou R$ § 2o O julgamento por maior desconto terá como refe-
80.000,00 (oitenta mil reais) para bens e serviços, inclusive rência o preço global fixado no instrumento convocatório,
de engenharia, é dispensada a publicação prevista no inciso sendo o desconto estendido aos eventuais termos aditivos.
I do § 1o deste artigo. § 3o No caso de obras ou serviços de engenharia, o per-
§ 3o No caso de parcelamento do objeto, deverá ser con- centual de desconto apresentado pelos licitantes deverá
siderado, para fins da aplicação do disposto no § 2o deste incidir linearmente sobre os preços de todos os itens do or-
artigo, o valor total da contratação. çamento estimado constante do instrumento convocatório.
§ 4o As eventuais modificações no instrumento con- Art. 20. No julgamento pela melhor combinação de técni-
vocatório serão divulgadas nos mesmos prazos dos atos e ca e preço, deverão ser avaliadas e ponderadas as propostas
procedimentos originais, exceto quando a alteração não técnicas e de preço apresentadas pelos licitantes, mediante
comprometer a formulação das propostas. a utilização de parâmetros objetivos obrigatoriamente inse-
Art. 16. Nas licitações, poderão ser adotados os modos ridos no instrumento convocatório.
de disputa aberto e fechado, que poderão ser combinados § 1o O critério de julgamento a que se refere o caput deste
na forma do regulamento. artigo será utilizado quando a avaliação e a ponderação da
Art. 17. O regulamento disporá sobre as regras e procedi- qualidade técnica das propostas que superarem os requisitos
mentos de apresentação de propostas ou lances, observado mínimos estabelecidos no instrumento convocatório forem
o seguinte: relevantes aos fins pretendidos pela administração pública,
I – no modo de disputa aberto, os licitantes apresentarão e destinar-se-á exclusivamente a objetos:
suas ofertas por meio de lances públicos e sucessivos, cres- I – de natureza predominantemente intelectual e de ino-
centes ou decrescentes, conforme o critério de julgamento vação tecnológica ou técnica; ou
adotado; II – que possam ser executados com diferentes meto-
II – no modo de disputa fechado, as propostas apresen- dologias ou tecnologias de domínio restrito no mercado,
tadas pelos licitantes serão sigilosas até a data e hora desig- pontuando-se as vantagens e qualidades que eventualmente
nadas para que sejam divulgadas; e forem oferecidas para cada produto ou solução.
III – nas licitações de obras ou serviços de engenharia, § 2o É permitida a atribuição de fatores de ponderação
após o julgamento das propostas, o licitante vencedor deverá distintos para valorar as propostas técnicas e de preço, sendo
reelaborar e apresentar à administração pública, por meio o percentual de ponderação mais relevante limitado a 70%
eletrônico, as planilhas com indicação dos quantitativos e dos (setenta por cento).
custos unitários, bem como do detalhamento das Bonifica- Art. 21. O julgamento pela melhor técnica ou pelo melhor
ções e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais (ES), conteúdo artístico considerará exclusivamente as propostas
com os respectivos valores adequados ao lance vencedor. técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes com base
§ 1o Poderão ser admitidos, nas condições estabelecidas
em critérios objetivos previamente estabelecidos no instru-
em regulamento:
mento convocatório, no qual será definido o prêmio ou a
I – a apresentação de lances intermediários, durante a
remuneração que será atribuída aos vencedores.
disputa aberta; e
Parágrafo único. O critério de julgamento referido no ca-
II  – o reinício da disputa aberta, após a definição da
put deste artigo poderá ser utilizado para a contratação de
melhor proposta e para a definição das demais colocações,
projetos, inclusive arquitetônicos, e trabalhos de natureza
sempre que existir uma diferença de pelo menos 10% (dez
técnica, científica ou artística, excluindo-se os projetos de
por cento) entre o melhor lance e o do licitante subsequente.
§ 2o Consideram-se intermediários os lances: engenharia.
I – iguais ou inferiores ao maior já ofertado, quando ado- Art. 22. O julgamento pela maior oferta de preço será
tado o julgamento pelo critério da maior oferta; ou utilizado no caso de contratos que resultem em receita para
II – iguais ou superiores ao menor já ofertado, quando a administração pública.
adotados os demais critérios de julgamento. § 1o Quando utilizado o critério de julgamento pela
Art. 18. Poderão ser utilizados os seguintes critérios de maior oferta de preço, os requisitos de qualificação técnica
julgamento: e econômico-financeira poderão ser dispensados, conforme
I – menor preço ou maior desconto; dispuser o regulamento.
II – técnica e preço; § 2o No julgamento pela maior oferta de preço, poderá
III – melhor técnica ou conteúdo artístico; ser exigida a comprovação do recolhimento de quantia a
IV – maior oferta de preço; ou título de garantia, como requisito de habilitação, limitada a
V – maior retorno econômico. 5% (cinco por cento) do valor ofertado.
§ 1o O critério de julgamento será identificado no instru- § 3o Na hipótese do § 2o deste artigo, o licitante vencedor
perderá o valor da entrada em favor da administração pública
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mento convocatório, observado o disposto nesta Lei.


§ 2o O julgamento das propostas será efetivado pelo caso não efetive o pagamento devido no prazo estipulado.
emprego de parâmetros objetivos definidos no instrumen- Art. 23. No julgamento pelo maior retorno econômico,
to convocatório. utilizado exclusivamente para a celebração de contratos
§ 3o Não serão consideradas vantagens não previstas no de eficiência, as propostas serão consideradas de forma a
instrumento convocatório, inclusive financiamentos subsi- selecionar a que proporcionará a maior economia para a
diados ou a fundo perdido. administração pública decorrente da execução do contrato.
Art. 19. O julgamento pelo menor preço ou maior des- § 1o O contrato de eficiência terá por objeto a prestação
conto considerará o menor dispêndio para a administração de serviços, que pode incluir a realização de obras e o forne-
pública, atendidos os parâmetros mínimos de qualidade cimento de bens, com o objetivo de proporcionar economia
definidos no instrumento convocatório. ao contratante, na forma de redução de despesas correntes,

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sendo o contratado remunerado com base em percentual Art. 27. Salvo no caso de inversão de fases, o procedi-
da economia gerada. mento licitatório terá uma fase recursal única, que se seguirá
§ 2o Na hipótese prevista no caput deste artigo, os licitan- à habilitação do vencedor.
tes apresentarão propostas de trabalho e de preço, conforme Parágrafo único. Na fase recursal, serão analisados os
dispuser o regulamento. recursos referentes ao julgamento das propostas ou lances
§ 3o Nos casos em que não for gerada a economia prevista e à habilitação do vencedor.
no contrato de eficiência: Art. 28. Exauridos os recursos administrativos, o procedi-
I – a diferença entre a economia contratada e a efeti- mento licitatório será encerrado e encaminhado à autoridade
vamente obtida será descontada da remuneração da con- superior, que poderá:
tratada; I – determinar o retorno dos autos para saneamento de
II – se a diferença entre a economia contratada e a efeti- irregularidades que forem supríveis;
vamente obtida for superior à remuneração da contratada, II – anular o procedimento, no todo ou em parte, por
será aplicada multa por inexecução contratual no valor da vício insanável;
diferença; e III – revogar o procedimento por motivo de conveniência
III – a contratada sujeitar-se-á, ainda, a outras sanções e oportunidade; ou
cabíveis caso a diferença entre a economia contratada e a IV – adjudicar o objeto e homologar a licitação.
efetivamente obtida seja superior ao limite máximo estabe-
lecido no contrato. Subseção III
Art. 24. Serão desclassificadas as propostas que: Dos Procedimentos Auxiliares
I – contenham vícios insanáveis; das Licitações no Âmbito do RDC
II – não obedeçam às especificações técnicas pormeno-
rizadas no instrumento convocatório; Art. 29. São procedimentos auxiliares das licitações re-
III – apresentem preços manifestamente inexequíveis ou gidas pelo disposto nesta Lei:
permaneçam acima do orçamento estimado para a contra- I – pré-qualificação permanente;
tação, inclusive nas hipóteses previstas no art. 6o desta Lei; II – cadastramento;
IV – não tenham sua exequibilidade demonstrada, quan- III – sistema de registro de preços; e
do exigido pela administração pública; ou IV – catálogo eletrônico de padronização.
V – apresentem desconformidade com quaisquer outras Parágrafo único. Os procedimentos de que trata o caput
exigências do instrumento convocatório, desde que insaná-
deste artigo obedecerão a critérios claros e objetivos defi-
veis.
nidos em regulamento.
§ 1o A verificação da conformidade das propostas poderá
Art. 30. Considera-se pré-qualificação permanente o
ser feita exclusivamente em relação à proposta mais bem
procedimento anterior à licitação destinado a identificar:
classificada.
I – fornecedores que reúnam condições de habilitação
§ 2o A administração pública poderá realizar diligências
exigidas para o fornecimento de bem ou a execução de ser-
para aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos lici-
viço ou obra nos prazos, locais e condições previamente
tantes que ela seja demonstrada, na forma do inciso IV do
estabelecidos; e
caput deste artigo.
§ 3o No caso de obras e serviços de engenharia, para II – bens que atendam às exigências técnicas e de quali-
efeito de avaliação da exequibilidade e de sobrepreço, serão dade da administração pública.
considerados o preço global, os quantitativos e os preços § 1o O procedimento de pré-qualificação ficará perma-
unitários considerados relevantes, conforme dispuser o re- nentemente aberto para a inscrição dos eventuais interes-
gulamento. sados.
Art. 25. Em caso de empate entre 2 (duas) ou mais pro- § 2o A administração pública poderá realizar licitação
postas, serão utilizados os seguintes critérios de desempate, restrita aos pré-qualificados, nas condições estabelecidas
nesta ordem: em regulamento.
I – disputa final, em que os licitantes empatados pode- § 3o A pré-qualificação poderá ser efetuada nos grupos
rão apresentar nova proposta fechada em ato contínuo à ou segmentos, segundo as especialidades dos fornecedores.
classificação; § 4o A pré-qualificação poderá ser parcial ou total, con-
II  – a avaliação do desempenho contratual prévio dos tendo alguns ou todos os requisitos de habilitação ou téc-
licitantes, desde que exista sistema objetivo de avaliação nicos necessários à contratação, assegurada, em qualquer
instituído; hipótese, a igualdade de condições entre os concorrentes.
III – os critérios estabelecidos no art. 3o da Lei no 8.248, de § 5o A pré-qualificação terá validade de 1 (um) ano, no
23 de outubro de 1991, e no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666, máximo, podendo ser atualizada a qualquer tempo.
de 21 de junho de 1993; e Art. 31. Os registros cadastrais poderão ser mantidos
IV – sorteio. para efeito de habilitação dos inscritos em procedimentos
Parágrafo único. As regras previstas no caput deste artigo licitatórios e serão válidos por 1 (um) ano, no máximo, po-
Direito Administrativo

não prejudicam a aplicação do disposto no art. 44 da Lei dendo ser atualizados a qualquer tempo.
Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006. § 1o Os registros cadastrais serão amplamente divulga-
Art. 26. Definido o resultado do julgamento, a adminis- dos e ficarão permanentemente abertos para a inscrição de
tração pública poderá negociar condições mais vantajosas interessados.
com o primeiro colocado. § 2o Os inscritos serão admitidos segundo requisitos pre-
Parágrafo único. A negociação poderá ser feita com os vistos em regulamento.
demais licitantes, segundo a ordem de classificação inicial- § 3o A atuação do licitante no cumprimento de obrigações
mente estabelecida, quando o preço do primeiro colocado, assumidas será anotada no respectivo registro cadastral.
mesmo após a negociação, for desclassificado por sua pro- § 4o A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou
posta permanecer acima do orçamento estimado. cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as

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exigências de habilitação ou as estabelecidas para admissão Subseção VI
cadastral. Das Condições Específicas para
Art. 32. O Sistema de Registro de Preços, especificamente a Participação nas Licitações
destinado às licitações de que trata esta Lei, reger-se-á pelo
disposto em regulamento. e para a Contratação no RDC
§ 1o Poderá aderir ao sistema referido no caput deste Art. 36. É vedada a participação direta ou indireta nas
artigo qualquer órgão ou entidade responsável pela execução licitações de que trata esta Lei:
das atividades contempladas no art. 1o desta Lei. I  – da pessoa física ou jurídica que elaborar o projeto
§ 2o O registro de preços observará, entre outras, as se- básico ou executivo correspondente;
guintes condições: II – da pessoa jurídica que participar de consórcio res-
I – efetivação prévia de ampla pesquisa de mercado; ponsável pela elaboração do projeto básico ou executivo
II – seleção de acordo com os procedimentos previstos correspondente;
em regulamento; III – da pessoa jurídica da qual o autor do projeto bási-
III – desenvolvimento obrigatório de rotina de controle co ou executivo seja administrador, sócio com mais de 5%
e atualização periódicos dos preços registrados; (cinco por cento) do capital votante, controlador, gerente,
IV – definição da validade do registro; e responsável técnico ou subcontratado; ou
V – inclusão, na respectiva ata, do registro dos licitantes IV – do servidor, empregado ou ocupante de cargo em
que aceitarem cotar os bens ou serviços com preços iguais comissão do órgão ou entidade contratante ou responsável
ao do licitante vencedor na sequência da classificação do pela licitação.
certame, assim como dos licitantes que mantiverem suas § 1o Não se aplica o disposto nos incisos I, II e III do caput
propostas originais. deste artigo no caso das contratações integradas.
§ 3o A existência de preços registrados não obriga a ad- § 2o O disposto no caput deste artigo não impede, nas
ministração pública a firmar os contratos que deles poderão licitações para a contratação de obras ou serviços, a previsão
advir, sendo facultada a realização de licitação específica, de que a elaboração de projeto executivo constitua encar-
assegurada ao licitante registrado preferência em igualdade go do contratado, consoante preço previamente fixado pela
de condições. administração pública.
§ 3o É permitida a participação das pessoas físicas ou
Art. 33. O catálogo eletrônico de padronização de com-
jurídicas de que tratam os incisos II e III do caput deste artigo
pras, serviços e obras consiste em sistema informatizado,
em licitação ou na execução do contrato, como consultor ou
de gerenciamento centralizado, destinado a permitir a pa-
técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou geren-
dronização dos itens a serem adquiridos pela administração
ciamento, exclusivamente a serviço do órgão ou entidade
pública que estarão disponíveis para a realização de licitação.
pública interessados.
Parágrafo único. O catálogo referido no caput deste artigo
§ 4o Para fins do disposto neste artigo, considera-se parti-
poderá ser utilizado em licitações cujo critério de julgamento cipação indireta a existência de qualquer vínculo de natureza
seja a oferta de menor preço ou de maior desconto e con- técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre
terá toda a documentação e procedimentos da fase interna o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou
da licitação, assim como as especificações dos respectivos responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-
objetos, conforme disposto em regulamento. -se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários.
§ 5o O disposto no § 4o deste artigo aplica-se aos membros
Subseção IV da comissão de licitação.
Da Comissão de Licitação Art. 37. É vedada a contratação direta, sem licitação,
de pessoa jurídica na qual haja administrador ou sócio com
Art. 34. As licitações promovidas consoante o RDC serão poder de direção que mantenha relação de parentesco, in-
processadas e julgadas por comissão permanente ou espe- clusive por afinidade, até o terceiro grau civil com:
cial de licitações, composta majoritariamente por servidores I – detentor de cargo em comissão ou função de confiança
ou empregados públicos pertencentes aos quadros perma- que atue na área responsável pela demanda ou contratação; e
nentes dos órgãos ou entidades da administração pública II – autoridade hierarquicamente superior no âmbito de
responsáveis pela licitação. cada órgão ou entidade da administração pública.
§ 1o As regras relativas ao funcionamento das comissões Art. 38. Nos processos de contratação abrangidos por
de licitação e da comissão de cadastramento de que trata esta Lei, aplicam-se as preferências para fornecedores ou
esta Lei serão estabelecidas em regulamento. tipos de bens, serviços e obras previstos na legislação, em
§ 2o Os membros da comissão de licitação responderão especial as referidas:
solidariamente por todos os atos praticados pela comissão, I – no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991;
salvo se posição individual divergente estiver registrada na II – no art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993; e
ata da reunião em que houver sido adotada a respectiva III – nos arts. 42 a 49 da Lei Complementar no 123, de 14
decisão. de dezembro de 2006.
Direito Administrativo

Subseção V Seção III


Da Dispensa e Inexigibilidade de Licitação Das Regras Específicas Aplicáveis aos
Contratos Celebrados no Âmbito do RDC
Art. 35. As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de
licitação estabelecidas nos arts. 24 e 25 da Lei nº 8.666, de Art. 39. Os contratos administrativos celebrados com
21 de junho de 1993, aplicam-se, no que couber, às contra- base no RDC reger-se-ão pelas normas da Lei nº 8.666, de
tações realizadas com base no RDC. 21 de junho de 1993, com exceção das regras específicas
Parágrafo único. O processo de contratação por dispensa previstas nesta Lei.
ou inexigibilidade de licitação deverá seguir o procedimento Art. 40. É facultado à administração pública, quando o
previsto no art. 26 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar

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ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições f) da rescisão do contrato, nas hipóteses previstas no
estabelecidos: inciso I do art. 79 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
I – revogar a licitação, sem prejuízo da aplicação das co- g) da aplicação das penas de advertência, multa, declara-
minações previstas na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, ção de inidoneidade, suspensão temporária de participação
e nesta Lei; ou em licitação e impedimento de contratar com a administra-
II – convocar os licitantes remanescentes, na ordem de ção pública; e
classificação, para a celebração do contrato nas condições III – representações, no prazo de 5 (cinco) dias úteis con-
ofertadas pelo licitante vencedor. tados a partir da data da intimação, relativamente a atos de
Parágrafo único. Na hipótese de nenhum dos licitantes que não caiba recurso hierárquico.
aceitar a contratação nos termos do inciso II do caput deste § 1o Os licitantes que desejarem apresentar os recursos
artigo, a administração pública poderá convocar os licitantes de que tratam as alíneas a, b e c do inciso II do caput deste
remanescentes, na ordem de classificação, para a celebração artigo deverão manifestar imediatamente a sua intenção de
do contrato nas condições ofertadas por estes, desde que o recorrer, sob pena de preclusão.
respectivo valor seja igual ou inferior ao orçamento estimado § 2o O prazo para apresentação de contrarrazões será o
para a contratação, inclusive quanto aos preços atualizados mesmo do recurso e começará imediatamente após o en-
nos termos do instrumento convocatório. cerramento do prazo recursal.
Art. 41. Na hipótese do inciso XI do art. 24 da Lei no 8.666, § 3o É assegurado aos licitantes vista dos elementos in-
de 21 de junho de 1993, a contratação de remanescente de dispensáveis à defesa de seus interesses.
obra, serviço ou fornecimento de bens em consequência de § 4o Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Lei,
rescisão contratual observará a ordem de classificação dos excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimento.
licitantes remanescentes e as condições por estes oferta- § 5o Os prazos previstos nesta Lei iniciam e expiram ex-
das, desde que não seja ultrapassado o orçamento estimado clusivamente em dia de expediente no âmbito do órgão ou
para a contratação. entidade.
Art. 42. Os contratos para a execução das obras previstas § 6o O recurso será dirigido à autoridade superior, por
no plano plurianual poderão ser firmados pelo período nele intermédio da autoridade que praticou o ato recorrido, ca-
compreendido, observado o disposto no caput do art. 57 da bendo a esta reconsiderar sua decisão no prazo de 5 (cinco)
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. dias úteis ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente
Art. 43. Na hipótese do inciso II do art. 57 da Lei no 8.666, informado, devendo, neste caso, a decisão do recurso ser
de 21 de junho de 1993, os contratos celebrados pelos entes proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contados do
públicos responsáveis pelas atividades descritas nos incisos I seu recebimento, sob pena de apuração de responsabilidade.
a III do art. 1o desta Lei poderão ter sua vigência estabelecida Art. 46. Aplica-se ao RDC o disposto no art. 113 da Lei nº
até a data da extinção da APO. (Redação dada pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
12.688, de 2012)
Art. 44. As normas referentes à anulação e revogação Seção V
das licitações previstas no art. 49 da Lei no 8.666, de 21 de Das Sanções Administrativas
junho de 1993, aplicar-se-ão às contratações realizadas com
base no disposto nesta Lei.
Art. 47. Ficará impedido de licitar e contratar com a
Art. 44-A. Nos contratos regidos por esta Lei, poderá ser
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, pelo prazo
admitido o emprego dos mecanismos privados de resolução
de até 5 (cinco) anos, sem prejuízo das multas previstas no
de disputas, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil
instrumento convocatório e no contrato, bem como das de-
e em língua portuguesa, nos termos da Lei no 9.307, de 23
mais cominações legais, o licitante que:
de setembro de 1996, e a mediação, para dirimir conflitos
I – convocado dentro do prazo de validade da sua propos-
decorrentes da sua execução ou a ela relacionados. (Incluído
ta não celebrar o contrato, inclusive nas hipóteses previstas
pela Lei nº 13.190, de 2015)
no parágrafo único do art. 40 e no art. 41 desta Lei;
Seção IV II – deixar de entregar a documentação exigida para o
Dos Pedidos de Esclarecimento, certame ou apresentar documento falso;
Impugnações e Recursos III – ensejar o retardamento da execução ou da entrega
do objeto da licitação sem motivo justificado;
Art. 45. Dos atos da administração pública decorrentes IV – não mantiver a proposta, salvo se em decorrência
da aplicação do RDC caberão: de fato superveniente, devidamente justificado;
I – pedidos de esclarecimento e impugnações ao instru- V – fraudar a licitação ou praticar atos fraudulentos na
mento convocatório no prazo mínimo de: execução do contrato;
a) até 2 (dois) dias úteis antes da data de abertura das VI – comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude
propostas, no caso de licitação para aquisição ou alienação fiscal; ou
de bens; ou VII – der causa à inexecução total ou parcial do contrato.
b) até 5 (cinco) dias úteis antes da data de abertura das § 1o A aplicação da sanção de que trata o caput deste
artigo implicará ainda o descredenciamento do licitante,
Direito Administrativo

propostas, no caso de licitação para contratação de obras


ou serviços; pelo prazo estabelecido no caput deste artigo, dos sistemas
II – recursos, no prazo de 5 (cinco) dias úteis contados a de cadastramento dos entes federativos que compõem a
partir da data da intimação ou da lavratura da ata, em face: Autoridade Pública Olímpica.
a) do ato que defira ou indefira pedido de pré-qualifica- § 2o As sanções administrativas, criminais e demais regras
ção de interessados; previstas no Capítulo IV da Lei nº 8.666, de 21 de junho de
b) do ato de habilitação ou inabilitação de licitante; 1993, aplicam-se às licitações e aos contratos regidos por
c) do julgamento das propostas; esta Lei.
d) da anulação ou revogação da licitação; Art. 47-A. A administração pública poderá firmar contra-
e) do indeferimento do pedido de inscrição em registro tos de locação de bens móveis e imóveis, nos quais o locador
cadastral, sua alteração ou cancelamento; realiza prévia aquisição, construção ou reforma substancial,

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com ou sem aparelhamento de bens, por si mesmo ou por IV – a Secretaria-Executiva; e
terceiros, do bem especificado pela administração. (Incluído V – até 3 (três) Subchefias.” (NR)
pela Lei nº 13.190, de 2015) “Art. 3o [...]
§ 1o A contratação referida no caput sujeita-se à mesma [...]
disciplina de dispensa e inexigibilidade de licitação aplicável § 1o À Secretaria-Geral da Presidência da República
às locações comuns. (Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) compete ainda:
§ 2o A contratação referida no caput poderá prever a I – supervisão e execução das atividades administra-
reversão dos bens à administração pública ao final da loca- tivas da Presidência da República e, supletivamente,
ção, desde que estabelecida no contrato. (Incluído pela Lei da Vice-Presidência da República; e
nº 13.190, de 2015) II – avaliação da ação governamental e do resultado
§ 3o O valor da locação a que se refere o caput não poderá da gestão dos administradores, no âmbito dos órgãos
exceder, ao mês, 1% (um por cento) do valor do bem locado. integrantes da Presidência da República e Vice-Pre-
(Incluído pela Lei nº 13.190, de 2015) sidência da República, além de outros determinados
em legislação específica, por intermédio da fiscaliza-
CAPÍTULO II ção contábil, financeira, orçamentária, operacional
Outras Disposições e patrimonial.
§ 2o A Secretaria-Geral da Presidência da República
Seção I tem como estrutura básica:
Alterações da Organização da Presidência I – o Conselho Nacional de Juventude;
da República e dos Ministérios II – o Gabinete;
III – a Secretaria-Executiva;
Art. 48. A Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, passa a IV – a Secretaria Nacional de Juventude;
vigorar com as seguintes alterações: V – até 5 (cinco) Secretarias; e
VI – 1 (um) órgão de Controle Interno.
“Art. 1o A Presidência da República é constituída, es- § 3o Caberá ao Secretário-Executivo da Secretaria-
sencialmente: -Geral da Presidência da República exercer, além da
I – pela Casa Civil;
supervisão e da coordenação das Secretarias inte-
II – pela Secretaria-Geral;
grantes da estrutura da Secretaria-Geral da Presidên-
III – pela Secretaria de Relações Institucionais;
cia da República subordinadas ao Ministro de Estado,
IV – pela Secretaria de Comunicação Social;
as funções que lhe forem por este atribuídas.” (NR)
V – pelo Gabinete Pessoal;
“Art. 6o Ao Gabinete de Segurança Institucional da
VI – pelo Gabinete de Segurança Institucional;
Presidência da República compete:
VII – pela Secretaria de Assuntos Estratégicos;
VIII – pela Secretaria de Políticas para as Mulheres; I – assistir direta e imediatamente ao Presidente da
IX – pela Secretaria de Direitos Humanos; República no desempenho de suas atribuições;
X – pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igual- II – prevenir a ocorrência e articular o gerenciamen-
dade Racial; to de crises, em caso de grave e iminente ameaça à
XI – pela Secretaria de Portos; e estabilidade institucional;
XII – pela Secretaria de Aviação Civil. III – realizar o assessoramento pessoal em assuntos
§ 1o [...] militares e de segurança;
[...] IV – coordenar as atividades de inteligência federal
X – o Conselho de Aviação Civil. e de segurança da informação;
[...]” (NR) V – zelar, assegurado o exercício do poder de polícia,
“Art. 2o À Casa Civil da Presidência da República com- pela segurança pessoal do Chefe de Estado, do Vice-
pete: -Presidente da República e respectivos familiares, dos
I – assistir direta e imediatamente ao Presidente da titulares dos órgãos essenciais da Presidência da Re-
República no desempenho de suas atribuições, es- pública e de outras autoridades ou personalidades
pecialmente: quando determinado pelo Presidente da República,
a) na coordenação e na integração das ações do Go- bem como pela segurança dos palácios presidenciais
verno; e das residências do Presidente e do Vice-Presidente
b) na verificação prévia da constitucionalidade e le- da República.
galidade dos atos presidenciais; § 1o (Revogado).
c) na análise do mérito, da oportunidade e da com- § 2o (Revogado).
patibilidade das propostas, inclusive das matérias em [...]
tramitação no Congresso Nacional, com as diretrizes § 4o O Gabinete de Segurança Institucional da Presi-
governamentais; dência da República tem como estrutura básica:
d) na avaliação e monitoramento da ação governa- I – a Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Direito Administrativo

mental e da gestão dos órgãos e entidades da admi- II – o Gabinete;


nistração pública federal; III – a Secretaria-Executiva; e
II – promover a publicação e a preservação dos atos IV – até 3 (três) Secretarias.” (NR)
oficiais. “Art. 11-A. Ao Conselho de Aviação Civil, presidido
Parágrafo único. A Casa Civil tem como estrutura pelo Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Avia-
básica: ção Civil da Presidência da República, com composi-
I – o Conselho Deliberativo do Sistema de Proteção ção e funcionamento estabelecidos pelo Poder Exe-
da Amazônia; cutivo, compete estabelecer as diretrizes da política
II – a Imprensa Nacional; relativa ao setor de aviação civil.”
III – o Gabinete; “Art. 24-D. À Secretaria de Aviação Civil compete:

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I – formular, coordenar e supervisionar as políticas de usuários e dependentes e ao Plano Integrado de
para o desenvolvimento do setor de aviação civil e Enfrentamento ao Crack e outras Drogas;
das infraestruturas aeroportuária e aeronáutica civil, n) política nacional de arquivos; e
em articulação, no que couber, com o Ministério da o) assistência ao Presidente da República em matérias
Defesa; não afetas a outro Ministério;
II – elaborar estudos e projeções relativos aos assun- [...]” (NR)
tos de aviação civil e de infraestruturas aeroportuária “Art. 29.[...]
e aeronáutica civil e sobre a logística do transporte [...]
aéreo e do transporte intermodal e multimodal, ao VI – do Ministério da Cultura: o Conselho Superior
longo de eixos e fluxos de produção em articulação do Cinema, o Conselho Nacional de Política Cultural,
com os demais órgãos governamentais competentes, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura e até 6
com atenção às exigências de mobilidade urbana e (seis) Secretarias;
acessibilidade; VII  – do Ministério da Defesa: o Conselho Militar
III – formular e implementar o planejamento estra- de Defesa, o Comando da Marinha, o Comando do
tégico do setor, definindo prioridades dos programas Exército, o Comando da Aeronáutica, o Estado-Maior
de investimentos; Conjunto das Forças Armadas, a Escola Superior de
IV – elaborar e aprovar os planos de outorgas para Guerra, o Centro Gestor e Operacional do Sistema
exploração da infraestrutura aeroportuária, ouvida a de Proteção da Amazônia (Censipam), o Hospital das
Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Forças Armadas, a Representação Brasileira na Junta
V – propor ao Presidente da República a declaração Interamericana de Defesa, até 3 (três) Secretarias e
de utilidade pública, para fins de desapropriação ou um órgão de Controle Interno;
instituição de servidão administrativa, dos bens ne- [...]
cessários à construção, manutenção e expansão da XIV – do Ministério da Justiça: o Conselho Nacional de
infraestrutura aeronáutica e aeroportuária; Política Criminal e Penitenciária, o Conselho Nacional
VI – administrar recursos e programas de desenvol- de Segurança Pública, o Conselho Federal Gestor do
vimento da infraestrutura de aviação civil; Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, o Conselho
VII  – coordenar os órgãos e entidades do sistema Nacional de Combate à Pirataria e Delitos contra a
de aviação civil, em articulação com o Ministério da Propriedade Intelectual, o Conselho Nacional de Ar-
Defesa, no que couber; e
quivos, o Conselho Nacional de Políticas sobre Dro-
VIII – transferir para Estados, Distrito Federal e Mu-
gas, o Departamento de Polícia Federal, o Departa-
nicípios a implantação, administração, operação,
mento de Polícia Rodoviária Federal, o Departamento
manutenção e exploração de aeródromos públicos,
de Polícia Ferroviária Federal, a Defensoria Pública da
direta ou indiretamente.
União, o Arquivo Nacional e até 6 (seis) Secretarias;
Parágrafo único. A Secretaria de Aviação Civil tem
como estrutura básica o Gabinete, a Secretaria-Exe- [...]
cutiva e até 3 (três) Secretarias.” § 3o (Revogado).
“Art. 25. [...] [...]
[...] § 8o Os profissionais da Segurança Pública Ferroviária
Parágrafo único. São Ministros de Estado: oriundos do grupo Rede, Rede Ferroviária Federal
I – os titulares dos Ministérios; (RFFSA), da Companhia Brasileira de Trens Urbanos
II  – os titulares das Secretarias da Presidência da (CBTU) e da Empresa de Trens Urbanos de Porto
República; Alegre (Trensurb) que estavam em exercício em 11
III – o Advogado-Geral da União; de dezembro de 1990, passam a integrar o Departa-
IV – o Chefe da Casa Civil da Presidência da República; mento de Polícia Ferroviária Federal do Ministério
V – o Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Justiça.” (NR)
da Presidência da República;
VI – o Chefe da Controladoria-Geral da União; Art. 49. São transferidas as competências referentes à
VII – o Presidente do Banco Central do Brasil.” (NR) aviação civil do Ministério da Defesa para a Secretaria de
“Art. 27. [...] Aviação Civil.
[...] Art. 50. O acervo patrimonial dos órgãos transferidos,
VII – Ministério da Defesa: incorporados ou desmembrados por esta Lei será transferido
[...] para os Ministérios, órgãos e entidades que tiverem absor-
y) infraestrutura aeroespacial e aeronáutica; vido as correspondentes competências.
z) operacionalização do Sistema de Proteção da Ama- Parágrafo único. O quadro de servidores efetivos dos
zônia (Sipam); órgãos de que trata este artigo será transferido para os Mi-
[...] nistérios e órgãos que tiverem absorvido as correspondentes
XII – i) [...] competências.
Direito Administrativo

[...] Art. 51. O Ministério da Defesa e o Ministério do Pla-


6. (revogado); nejamento, Orçamento e Gestão adotarão, até 1o de junho
[...] de 2011, as providências necessárias para a efetivação das
XIV  – m) articulação, coordenação, supervisão, in- transferências de que trata esta Lei, inclusive quanto à movi-
tegração e proposição das ações do Governo e do mentação das dotações orçamentárias destinadas aos órgãos
Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas nos as- transferidos.
pectos relacionados com as atividades de prevenção, Parágrafo único. No prazo de que trata o caput, o Minis-
repressão ao tráfico ilícito e à produção não autoriza- tério da Defesa prestará o apoio administrativo e jurídico
da de drogas, bem como aquelas relacionadas com necessário para garantir a continuidade das atividades da
o tratamento, a recuperação e a reinserção social Secretaria de Aviação Civil.

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Art. 52. Os servidores e militares requisitados pela Pre- Seção III
sidência da República em exercício, em 31 de dezembro de Da Adaptação da Legislação da Infraero
2010, no Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção
da Amazônia, no Arquivo Nacional e na Secretaria Nacional Art. 54. O art. 2o da Lei no 5.862, de 12 de dezembro de
de Políticas sobre Drogas, poderão permanecer à disposição, 1972, passa a vigorar com a seguinte redação:
respectivamente, do Ministério da Defesa e do Ministério
da Justiça, para exercício naquelas unidades, bem como ser “Art. 2o A Infraero terá por finalidade implantar, admi-
novamente requisitados caso tenham retornado aos órgãos nistrar, operar e explorar industrial e comercialmente
ou entidades de origem antes de 18 de março de 2011. (Pro- a infraestrutura aeroportuária que lhe for atribuída
dução de efeitos) pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da
§ 1o Os servidores e militares de que trata o caput pode- República.
rão ser designados para o exercício de Gratificações de Repre- [...]” (NR)
sentação da Presidência da República ou de Gratificação de
Exercício em Cargo de Confiança nos órgãos da Presidência Seção IV
da República devida aos militares enquanto permanecerem Da Adaptação do Programa
nos órgãos para os quais foram requisitados. Federal de Auxílio a Aeroportos
§ 2o (Revogado pela Lei nº 12.702, de 2012)
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo único do art. 2o
Art. 55. O art. 1o da Lei no 8.399, de 7 de janeiro de 1992,
da Lei no 9.007, de 17 de março de 1995, aos servidores
passa a vigorar com as seguintes alterações:
referidos neste artigo.

Seção II “Art. 1o [...]


Das Adaptações da Legislação da Anac § 2o A parcela de 20% (vinte por cento) especificada
neste artigo constituirá o suporte financeiro do Pro-
Art. 53. A Lei no 11.182, de 27 de setembro de 2005, grama Federal de Auxílio a Aeroportos a ser proposto
passa a vigorar com as seguintes alterações: e instituído de acordo com os Planos Aeroviários Es-
taduais e estabelecido por meio de convênios cele-
“Art. 3o A Anac, no exercício de suas competências, brados entre os Governos Estaduais e a Secretaria de
deverá observar e implementar as orientações, dire- Aviação Civil da Presidência da República.
trizes e políticas estabelecidas pelo governo federal, § 3o Serão contemplados com os recursos dispos-
especialmente no que se refere a: tos no § 2o os aeroportos estaduais constantes dos
[...]” (NR) Planos Aeroviários e que sejam objeto de convênio
“Art. 8o [...] específico firmado entre o Governo Estadual interes-
[...] sado e a Secretaria de Aviação Civil da Presidência
XXII – aprovar os planos diretores dos aeroportos; da República.
XXIII – (revogado); [...]” (NR)
[...]
XXVII – (revogado); Seção V
XXVIII – fiscalizar a observância dos requisitos técni- Dos Cargos Decorrentes da
cos na construção, reforma e ampliação de aeródro- Reestruturação da Secretaria de Aviação Civil
mos e aprovar sua abertura ao tráfego;
[...] Art. 56. É criado o cargo de Ministro de Estado Chefe
XXXIX – apresentar ao Ministro de Estado Chefe da da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.
Secretaria de Aviação Civil da Presidência da Repú- Art. 57. É criado o cargo em comissão, de Natureza Es-
blica proposta de orçamento; pecial, de Secretário-Executivo da Secretaria de Aviação Civil
XL – elaborar e enviar o relatório anual de suas ati- da Presidência da República.
vidades à Secretaria de Aviação Civil da Presidência Art. 58. São criados, no âmbito da administração pública
da República e, por intermédio da Presidência da federal, os seguintes cargos em comissão do Grupo-Direção
República, ao Congresso Nacional; e Assessoramento Superiores destinados à Secretaria de
[...] Aviação Civil:
XLVII – (revogado); I – 2 (dois) DAS-6;
[...]” (NR)
II – 9 (nove) DAS-5;
“Art. 11. [...]
III – 23 (vinte e três) DAS-4;
I  – propor, por intermédio do Ministro de Estado
IV – 39 (trinta e nove) DAS-3;
Chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência
da República, ao Presidente da República, alterações V – 35 (trinta e cinco) DAS-2;
do regulamento da Anac; VI – 19 (dezenove) DAS-1.
Direito Administrativo

[...]” (NR) Art. 59. É transformado o cargo, de Natureza Especial, de


“Art. 14. .[...] Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas no cargo, de
[...] Natureza Especial, de Assessor Chefe da Assessoria Especial
§ 2o Cabe ao Ministro de Estado Chefe da Secretaria do Presidente da República.
de Aviação Civil da Presidência da República instaurar Art. 60. A Tabela a do Anexo I da Lei no 11.526, de 4 de
o processo administrativo disciplinar, que será condu- outubro de 2007, passa a vigorar acrescida da seguinte linha:
zido por comissão especial constituída por servidores
públicos federais estáveis, competindo ao Presidente Assessor Chefe da Assessoria Especial do
da República determinar o afastamento preventivo, 11.179,36
Presidente da República
quando for o caso, e proferir julgamento.” (NR)

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Seção VI pela Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC e pela Se-
Do Pessoal Destinado ao cretaria de Aviação Civil da Presidência da República - SAC,
Controle de Tráfego Aéreo observadas as respectivas competências. (Incluído pela Lei
nº 12.648, de 2012)
Art. 61. O art. 2o da Lei no 11.458, de 19 de março de § 6o Os recursos do FNAC, enquanto não destinados às
2007, passa a vigorar com a seguinte redação: finalidades previstas no art. 63-A, ficarão depositados na
“Art. 2o A contratação de que trata esta Lei será de, no Conta Única do Tesouro Nacional. (Incluído pela Lei nº 12.833,
máximo, 160 (cento e sessenta) pessoas, com validade de de 2013)
até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogada por sucessivos Art. 63-A. Os recursos do FNAC serão geridos e admi-
períodos até 18 de março de 2013. nistrados pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da
§ 1o Prorrogações para períodos posteriores à data pre- República ou, a seu critério, por instituição financeira pública
vista no caput deste artigo poderão ser autorizadas, por ato federal, quando destinados à modernização, construção, am-
conjunto dos Ministros de Estado da Defesa e do Planeja- pliação ou reforma de aeródromos públicos. (Incluído pela
mento, Orçamento e Gestão, mediante justificativa dos mo- Lei nº 12.833, de 2013)
tivos que impossibilitaram a total substituição dos servidores § 1o Para a consecução dos objetivos previstos no caput,
temporários por servidores efetivos admitidos nos termos a Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República,
do inciso II do art. 37 da Constituição Federal. diretamente ou, a seu critério, por intermédio de instituição
§ 2o Na hipótese do § 1o deste artigo, regulamento esta- financeira pública federal, realizará procedimento licitatório,
belecerá critérios de substituição gradativa dos servidores podendo, em nome próprio ou de terceiros, adquirir bens,
temporários. contratar obras e serviços de engenharia e de técnicos es-
§ 3o Nenhum contrato de que trata esta Lei poderá supe- pecializados e utilizar-se do Regime Diferenciado de Contra-
rar a data limite de 1o de dezembro de 2016.” (NR) tações Públicas - RDC. (Incluído pela Lei nº 12.833, de 2013)
Art. 62. São criados, no Quadro de Pessoal do Comando § 2o Ato conjunto dos Ministros da Fazenda e da Secre-
da Aeronáutica, 100 (cem) cargos efetivos de Controlador taria de Aviação Civil da Presidência da República fixará a
de Tráfego Aéreo, de nível intermediário, integrantes do remuneração de instituição financeira que prestar serviços,
Grupo-Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, código na forma deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.833, de 2013)
Dacta-1303.
CAPÍTULO III
Seção VII Disposições Finais
Da Criação do Fundo Nacional
de Aviação Civil (FNAC) Art. 64. O Poder Executivo federal regulamentará o dis-
posto no Capítulo I desta Lei.
Art. 63. É instituído o Fundo Nacional de Aviação Civil Art. 65. Até que a Autoridade Pública Olímpica defina a
- FNAC, de natureza contábil e financeira, vinculado à Se- Carteira de Projetos Olímpicos, aplica-se, excepcionalmente,
cretaria de Aviação Civil da Presidência da República, para o disposto nesta Lei às contratações decorrentes do inciso I
destinação dos recursos do sistema de aviação civil. (Redação do art. 1o desta Lei, desde que sejam imprescindíveis para o
dada pela Lei nº 12.833, de 2013) cumprimento das obrigações assumidas perante o Comitê
§ 1o São recursos do FNAC: (Redação dada pela Lei nº
Olímpico Internacional e o Comitê Paraolímpico Internacio-
12.648, de 2012)
nal, e sua necessidade seja fundamentada pelo contratante
I – (Revogado pela Lei nº 13.319, de 2016) (Vigência)
da obra ou serviço.
II – os referidos no art. 1º da Lei nº 9.825, de 23 de agosto
Art. 66. Para os projetos de que tratam os incisos I a III
de 1999; (Incluído pela Lei nº 12.648, de 2012)
do art. 1o desta Lei, o prazo estabelecido no inciso II do § 1o
III – os valores devidos como contrapartida à União em
do art. 8o da Medida Provisória no 2.185-35, de 24 de agosto
razão das outorgas de infraestrutura aeroportuária; (Incluído
pela Lei nº 12.648, de 2012) de 2001, passa a ser o de 31 de dezembro de 2013.
IV – os rendimentos de suas aplicações financeiras; (In- Art. 67. A Lei no 12.350, de 20 de dezembro de 2010,
cluído pela Lei nº 12.833, de 2013) passa a vigorar acrescida do seguinte art. 62-A:
V – os que lhe forem atribuídos para os fins de que trata “Art. 62-A. Para efeito da análise das operações de cré-
o art. 63-A; e (Redação dada pela Lei nº 12.833, de 2013) dito destinadas ao financiamento dos projetos para os Jogos
VI – outros que lhe forem atribuídos. (Incluído pela Lei Olímpicos e Paraolímpicos, para a Copa das Confederações da
nº 12.833, de 2013) Federação Internacional de Futebol Associação - Fifa 2013 e
§ 2o Os recursos do FNAC serão aplicados exclusivamente para a Copa do Mundo Fifa 2014, a verificação da adimplência
no desenvolvimento e fomento do setor de aviação civil e das será efetuada pelo número do registro no Cadastro Nacional
infraestruturas aeroportuária e aeronáutica civil. (Redação da Pessoa Jurídica (CNPJ) principal que represente a pessoa
dada pela Lei nº 12.648, de 2012) jurídica do mutuário ou tomador da operação de crédito.”
§ 3o As despesas do FNAC correrão à conta de dotações Art. 68. O inciso II do § 1o do art. 8o da Medida Provisória
orçamentárias específicas alocadas no orçamento geral da no 2.185-35, de 24 de agosto de 2001, passa a vigorar com
União, observados os limites anuais de movimentação e em- a seguinte redação:
Direito Administrativo

penho e de pagamento.
§ 4o Deverão ser disponibilizadas, anualmente, pela Se- “Art. 8o [...]
cretaria de Aviação Civil da Presidência da República, em seu [...]
sítio eletrônico, informações contábeis e financeiras, além § 1o [...]
de descrição dos resultados econômicos e sociais obtidos [...]
pelo FNAC. II – os empréstimos ou financiamentos tomados pe-
§ 5o Os recursos do FNAC também poderão ser aplicados rante organismos financeiros multilaterais e institui-
no desenvolvimento, na ampliação e na reestruturação de ções de fomento e cooperação ligadas a governos
aeroportos concedidos, desde que tais ações não constitu- estrangeiros, o Banco Nacional de Desenvolvimento
am obrigação do concessionário, conforme estabelecido no Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica
contrato de concessão, nos termos das normas expedidas Federal, que tenham avaliação positiva da agência

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financiadora, e desde que contratados no prazo de Estados, Distrito Federal ou Municípios), com personalidade
2 (dois) anos, contados a partir da publicação da Lei de direito público ou de direito privado, criadas mediante
de conversão da Medida Provisória no 527, de 18 de autorização legislativa, para a gestão associada de serviços
março de 2011, e destinados exclusivamente à com- públicos.
plementação de programas em andamento; Na definição do Decreto nº  6.107/2007, considera‑se
[...]” (NR) consórcio público a pessoa jurídica formada exclusivamente
por entes da Federação, na forma da Lei nº 11.107, de 2005,
CAPÍTULO IV para estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive
Das Revogações a realização de objetivos de interesse comum, constituída
como associação pública, com personalidade jurídica de di-
Art. 69. Revogam-se: reito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica
I – os §§ 1o e 2o do art. 6o, o item 6 da alínea i do inciso de direito privado sem fins econômicos.
XII do art. 27 e o § 3o do art. 29, todos da Lei no 10.683, de Gestão associada de serviços públicos é o exercício das
28 de maio de 2003; atividades de planejamento, regulação ou fiscalização de ser-
II – os §§ 4o e 5o do art. 16 da Lei no 9.649, de 27 de maio viços públicos por meio de consórcio público ou de convênio
de 1998; e de cooperação entre entes federados, acompanhadas ou não
III – os incisos XXIII, XXVII e XLVII do art. 8º e o § 2º do art. da prestação de serviços públicos ou da transferência total
10 da Lei nº 11.182, de 27 de setembro de 2005. ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, continuidade dos serviços transferidos (art. 2º, IX, do Decreto
produzindo efeitos financeiros, no tocante ao art. 52 desta nº 6.017/2007).
Lei, a contar da transferência dos órgãos ali referidos. O planejamento, a  regulação e a fiscalização, como
atividades integrantes da gestão associada são tratados da
Brasília, 4 de agosto de 2011; 190o da Independência e seguinte forma no Decreto nº 6.017/2007:
123o da República. O planejamento compreende as atividades atinentes
à identificação, qualificação, quantificação, organização e
DILMA ROUSSEFF orientação de todas as ações, públicas e privadas, por meio
Jose Eduardo Cardozo das quais um serviço público deve ser prestado ou colocado
Nelson Henrique Barbosa Filho à disposição de forma adequada.
Iraneth Rodrigues Monteiro A regulação compreende todo e qualquer ato, normativo
Orlando Silva de Jesus Júnior ou não, que discipline ou organize um determinado serviço
Luís Inácio Lucena Adams público, incluindo suas características, padrões de qualidade,
Wagner Bittencourt de Oliveira impacto socioambiental, direitos e obrigações dos usuários
e dos responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e
CONSÓRCIOS PÚBLICOS  revisão do valor de tarifas e outros preços públicos.
Já a fiscalização compreende atividades de acompanha-
Doutrinariamente, consórcio administrativo é o acordo mento, monitoramento, controle ou avaliação, no sentido de
de vontades entre duas ou mais pessoas jurídicas da mesma garantir a utilização, efetiva ou potencial, do serviço público.
natureza e mesmo nível de governo ou entre entidades da Os consórcios públicos surgem como entidades integran-
administração indireta para a consecução dos objetivos co- tes da Administração indireta de todos os entes federados
muns. Esse era o entendimento pacífico em toda doutrina. que deles participem. Quando constituídos sob a forma de
Com o advento da Lei nº 11.107/2005, o instituto ganhou associação pública terão todas as prerrogativas e privilégios
novos rumos, uma vez que a União pode consorciar‑se, próprios das pessoas jurídicas de direito público (possuem
apesar de pertencer a nível diferente de governo. natureza autárquica); por outro lado, se forem constituídos
com a personalidade jurídica de direito privado (sem fins
lucrativos), o consórcio atenderá aos requisitos da legislação
Introdução civil, entretanto, deverá observar as normas de direito pú-
blico no que concerne à realização de licitação, celebração
Atendendo o disposto no art. 241 da Constituição Fede-
de contratos, prestação de contas, admissão de pessoal, que
ral, a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, veio dispor sobre
será regido pela Consolidação das Leis do Trabalho conforme
normas gerais para a União, os Estados, o Distrito Federal e os
determina o art. 6º, § 2º, da Lei.
Municípios contratarem consórcios públicos para a realização
Para o cumprimento de seus objetivos, a lei concedeu
de objetivos de interesse comum. Cada entidade política
alguns privilégios aos consórcios públicos. Podem, portanto
poderá, entretanto, legislar a respeito da matéria, devendo
(art. 2º):
somente observar as normas gerais dessa lei.
• firmar convênios, contratos, acordos de qualquer na-
Com propriedade, a lei estabeleceu que a União somente
tureza, receber auxílios, contribuições e subvenções
participe de consórcios públicos em que também façam parte
sociais ou econômicas de outras entidades e órgãos
Direito Administrativo

todos os Estados em cujos territórios estejam situados os


do governo;
Municípios consorciados.
• nos termos do contrato de consórcio de direito público,
O Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007, regula­
promover desapropriações e instituir servidões nos ter-
mentando a Lei nº  11.107/2005, estabeleceu as normas mos de declaração de utilidade ou necessidade pública,
para sua execução. ou interesse social, realizada pelo Poder Público;
• ser contratado pela administração direta ou indireta
Conceito e Natureza Jurídica dos entes da Federação consorciados, com dispensa
de licitação (art. 24, inciso XXVI, da Lei nº 8.666/1993),
Podemos conceituar os consórcios públicos como as- além de possuir o dobro dos valores para as dispensas
sociações formadas por pessoas jurídicas políticas (União, previstas nos incisos I e II, do mesmo diploma legal;

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• podem, ainda, emitir documentos de cobrança e X – as condições para que o consórcio público celebre
exercer atividades de arrecadação de tarifas e outros contrato de gestão ou termo de parceria;
preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso XI – a autorização para a gestão associada de serviços
ou outorga de uso de bens públicos por ele administra- públicos, explicitando:
dos ou, ainda, mediante autorização especifica, pelo a) as competências cujo exercício se transferiu ao
ente da Federação consorciado; e outorgar concessão, consórcio público;
permissão ou autorização de obras e serviços públicos, b) os serviços públicos objeto da gestão associada e
mediante autorização prevista no contrato de consór- a área em que serão prestados;
cio público, que deverá indicar de forma específica o c) a autorização para licitar ou outorgar concessão,
objeto da concessão, permissão ou autorização e as permissão ou autorização da prestação dos serviços;
condições a que deverá atender, observada a legislação d) as condições a que deve obedecer o contrato de
de normas gerais em vigor. programa, no caso de a gestão associada envolver
também a prestação de serviços por órgão ou enti-
Constituição do Consórcio dade de um dos entes da Federação consorciados;
e) os critérios técnicos para cálculo do valor das tari-
A constituição do consórcio público se dará por meio de fas e de outros preços públicos, bem como para seu
contrato, cuja celebração dependerá da prévia subscrição de reajuste ou revisão; e
protocolo de intenções, devidamente publicado na imprensa XII – o direito de qualquer dos contratantes, quando
oficial e ratificado, mediante lei de cada um dos entes contra- adimplente com suas obrigações, de exigir o pleno
tantes. É dispensado da ratificação o ente da Federação que, cumprimento das cláusulas do contrato de consórcio
antes de subscrever o protocolo de intenções, disciplinar por público.
lei a sua participação no consórcio público (art. 5º).
Protocolo de intenções na definição do Decreto O Decreto nº 6.017/2007, ao abordar o assunto, assim dis-
nº 6.017/2007 é o contrato preliminar que, ratificado pelos pôs sobre as cláusulas necessárias do protocolo de intenções:
entes da Federação interessados, converte‑se em contrato de
consórcio público (art. 2º, III). Já a ratificação é a aprovação Art. 5º O protocolo de intenções, sob pena de nulidade,
pelo ente da Federação, mediante lei, do protocolo de inten- deverá conter, no mínimo, cláusulas que estabeleçam:
ções ou do ato de retirada do consórcio público (art. 2º, IV) I – a denominação, as finalidades, o prazo de duração
Constituem cláusulas necessárias do protocolo de in- e a sede do consórcio público, admitindo‑se a fixação
tenções: de prazo indeterminado e a previsão de alteração da
sede mediante decisão da Assembleia Geral;
I – a denominação, a finalidade, o prazo de duração II – a identificação de cada um dos entes da Federação
e a sede do consórcio; que podem vir a integrar o consórcio público, poden-
II – a identificação dos entes da Federação consor- do indicar prazo para que subscrevam o protocolo
ciados; de intenções;
III  – a indicação da área de atuação do consórcio III  – a indicação da área de atuação do consórcio
(considera‑se área de atuação para o consórcio pú- público;
blico, independentemente de figurar a União como IV – a previsão de que o consórcio público é associa-
consorciada, a  que corresponde à soma dos terri- ção pública, com personalidade jurídica de direito
tórios: dos Municípios, quando o consórcio público público e natureza autárquica, ou pessoa jurídica de
for constituído somente por Municípios ou por um direito privado;
Estado e Municípios com territórios nele contidos; V – os critérios para, em assuntos de interesse co-
dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal, mum, autorizar o consórcio público a representar
quando o consórcio público for, respectivamente, os entes da Federação consorciados perante outras
constituído por mais de 1 (um) Estado ou por 1 (um) esferas de governo;
ou mais Estados e o Distrito Federal; dos Municípios VI – as normas de convocação e funcionamento da
e do Distrito Federal, quando o consórcio for consti- assembleia geral, inclusive para a elaboração, aprova-
tuído pelo Distrito Federal e os Municípios; e ção e modificação dos estatutos do consórcio público;
IV – a previsão de que o consórcio público é asso- VII – a previsão de que a assembleia geral é a instância
ciação pública ou pessoa jurídica de direito privado máxima do consórcio público e o número de votos
sem fins econômicos; para as suas deliberações;
V – os critérios para, em assuntos de interesse co- VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do
mum, autorizar o consórcio público a representar representante legal do consórcio público que, obri-
os entes da Federação consorciados perante outras gatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo
esferas de governo; de ente da Federação consorciado;
VI – as normas de convocação e funcionamento da IX – o número, as formas de provimento e a remune-
assembleia geral, inclusive para a elaboração, aprova- ração dos empregados do consórcio público;
ção e modificação dos estatutos do consórcio público; X – os casos de contratação por tempo determinado
VII – a previsão de que a assembleia geral é a instância para atender a necessidade temporária de excepcio-
Direito Administrativo

máxima do consórcio público e o número de votos nal interesse público;


para as suas deliberações; XI – as condições para que o consórcio público cele-
VIII – a forma de eleição e a duração do mandato do bre contrato de gestão, nos termos da Lei nº 9.649,
representante legal do consórcio público que, obri- de 1998, ou termo de parceria, na forma da Lei nº
gatoriamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo 9.790, de 1999;
de ente da Federação consorciado; XII – a autorização para a gestão associada de serviço
IX – o número, as formas de provimento e a remu- público, explicitando:
neração dos empregados públicos, bem como os a) competências cuja execução será transferida ao
casos de contratação por tempo determinado para consórcio público;
atender a necessidade temporária de excepcional b) os serviços públicos objeto da gestão associada e
interesse público; a área em que serão prestados;

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c) a autorização para licitar e contratar concessão, que um ente da Federação, inclusive sua administração
permissão ou autorizar a prestação dos serviços; indireta, tenha para com outro ente da Federação, ou para
d) as condições a que deve obedecer o contrato de com consórcio público, no âmbito da prestação de serviços
programa, no caso de nele figurar como contratante públicos por meio de cooperação federativa (art. 2º do De-
o consórcio público; e creto nº 6.017, de 2007).
e) os critérios técnicos de cálculo do valor das tarifas e É prevista inicialmente no art. 4º, inciso XI, alínea d, da
de outros preços públicos, bem como os critérios ge- Lei, ao mencionar as cláusulas necessárias do protocolo de
rais a serem observados em seu reajuste ou revisão; intenções, a inclusão da autorização para a gestão associa-
XIII – o direito de qualquer dos contratantes, quan- da de serviços públicos, explicitando, entre outras coisas,
do adimplentes com as suas obrigações, de exigir as condições a que deve obedecer o contrato de programa,
o pleno cumprimento das cláusulas do contrato de no caso de a gestão associada envolver também a prestação
consórcio público. de serviços por órgãos ou entidades de um dos entes da
Federação consorciado.
Tipos de Contratos Firmados Pelos Consórcios Depois, é novamente citado no art. 13 como instrumento
a ser utilizado para a constituição e regulação de obrigações
A Lei nº  11.107/2005 prevê dois tipos de contratos a que um ente da Federação constituir para com outro ente
serem firmados pelos entes consorciados: o contrato de da Federação ou para com consórcio público no âmbito de
rateio e o contrato de programa. gestão associada em que haja a prestação de serviços públi-
O contrato de rateio constitui o instrumento pelo qual os cos ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços,
entes consorciados entregarão recursos ao consórcio público. pessoal ou de bens necessários à continuidade dos serviços
Na definição do Decreto nº 6.017/2007, o contrato de transferidos, excluídas dessa prescrição as obrigações cujo
rateio é contrato por meio do qual os entes consorciados descumprimento não acarrete qualquer ônus, inclusive
comprometem‑se a fornecer recursos financeiros para a financeiro, a ente da Federação ou a consórcio público.
realização das despesas do consórcio público (art. 2º, VII). Para Di Pietro (2008), é justamente da combinação desses
O ente consorciado que não consignar em sua lei orçamen- dois dispositivos que surge a conclusão de que a gestão as-
tária ou em créditos adicionais as dotações suficientes para sociada pode ser feita mediante a constituição de consórcio
suportar as despesas assumidas por meio de contrato de público, como pessoa jurídica, na forma disciplinada pela
rateio, poderá, após prévia suspensão, ser excluído do con- lei ou mediante acordos de vontade, como o convênio de
sórcio (art. 8º, §5º). cooperação, o contrato de programa ou outro instrumento
Os entes consorciados somente entregarão recursos ao que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por
consórcio público mediante contrato de rateio, o qual será meio da gestão associada.
formalizado em cada exercício financeiro, e  seu prazo de Considera‑se convênio de cooperação entre entes federa-
vigência não será superior ao das dotações que o suportam, dos o pacto firmado exclusivamente por entes da Federação,
com duas exceções (art. 8º, §1º). com o objetivo de autorizar a gestão associada de serviços
1ª) no caso de contratos que tenham por objeto projetos públicos, desde que ratificado ou previamente disciplinado
contemplados no plano plurianual (art. 57, inciso I, da Lei por lei editada por cada um deles (art. 2º, VIII, do Decreto
nº  8.666/1993)  – refere‑se à execução de projetos cujos nº 6.017/2007).
produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas O contrato de programa, para a doutrinadora, pode ser
no plano plurianual; hipótese em que o contrato pode ul- celerado em duas hipóteses:
trapassar o prazo de vigência dos créditos orçamentários. 1ª) no próprio âmbito do consórcio público; nesse caso
2ª) no caso de gestão associada de serviços públicos
o contrato de programa será celebrado entre o consórcio
custeados por tarifas ou outros preços públicos. Justifica‑se
e um de seus consorciados, quando este último assumir
a exceção uma vez que, neste caso, os  recursos não são
a obrigação de prestar serviços por meio de seus próprios
provenientes do orçamento do ente consorciado.
órgãos (Administração Direta) ou por meio de entidade da
Como é natural nos contratos, o art. 8º, § 3º, prevê que
os entes consorciados, isolados ou em conjunto, bem como Administração Indireta;
o consórcio público, são partes legítimas para exigir o cum- 2ª) forma do âmbito do consórcio; neste caso, a gestão
primento das obrigações previstas no contrato de rateio. associada não exigirá a constituição de consórcio público,
Para fins de cumprimento da Lei de Responsabilidade como pessoa jurídica de direito público ou privado, sendo
Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), o § 4º do art. 8º exige a gestão associada disciplinada por meio de contrato de
que o consórcio público forneça as informações necessárias programa.
para que sejam consolidadas, nas contas dos entes consorcia- Porém, em qualquer das suas hipóteses, o instrumento
dos, todas as despesas realizadas com os recursos entregues utilizado deverá indicar, como condição de validade, as obri-
em virtude de contrato de rateio, de forma que possam ser gações que um ente da Fe­deração constituir para com o outro
contabilizadas nas contas de cada ente da Federação na ente da Federação ou para com consórcio público quando
conformidade dos elementos econômicos e das atividades haja a prestação de serviços públicos ou a transferência
ou projetos atendidos. total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens
Obviamente, por se tratar de entidades públicas que necessários à continuidade dos serviços transferidos (art. 13).
estão gerindo verbas públicas, a  execução das receitas e No caso de a gestão associada originar a transferência total
Direito Administrativo

despesas do consórcio público deverá obedecer às normas ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais
de direito financeiro. Assim, o consórcio público está sujeito à à continuidade dos serviços transferidos, o  contrato de
fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal programa, sob pena de nulidade, deverá conter cláusulas
de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do que estabeleçam:
Poder Executivo – representante legal do consórcio –, inclu-
sive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das I  – os encargos transferidos e a responsabilidade
despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo subsidiária da entidade que os transferiu;
do controle externo a ser exercido em razão de cada um dos II  – as penalidades no caso de inadimplência em
contratos de rateio (art. 9º). relação aos encargos transferidos;
O contrato de programa, por sua vez, é o instrumento III – o momento de transferência dos serviços e os
pelo qual devem ser constituídas e reguladas as obrigações deveres relativos a sua continuidade;

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IV  – a indicação de quem arcará com o ônus e os créditos adicionais, as dotações suficientes para suportar as
passivos do pessoal transferido; despesas assumidas por meio de contrato de rateio, poderá
V – a identificação dos bens que terão apenas a sua ser excluído do consórcio. O Decreto nº 6.017/2007, disci-
gestão e administração transferidas e o preço dos plinando a matéria, assim determinou:
que sejam efetivamente alienados ao contratado;
VI – o procedimento para o levantamento, cadastro Art. 26. A exclusão de ente consorciado só é admis-
e avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser sível havendo justa causa.
amortizados mediante receitas de tarifas ou outras § 1º Além das que sejam reconhecidas em procedi-
emergentes da prestação dos serviços. mento específico, é justa causa a não inclusão, pelo
ente consorciado, em sua lei orçamentária ou em
No caso de estar vinculado a consórcio público ou a con- créditos adicionais, de dotações suficientes para
vênio de cooperação que venham a ser extintos, o contrato suportar as despesas que, nos termos do orçamento
de programa poderá continuar vigorando (art. 13, § 4). do consórcio público, prevê‑se devam ser assumidas
A Lei nº  11.107/2005 não estabelece formalidades a por meio de contrato de rateio.
serem observadas para a celebração de convênios de coo- § 2º A exclusão prevista no § 1º deste artigo somente
peração e contratos de programa. ocorrerá após prévia suspensão, período em que o
Com relação aos convênios aplica‑se o que foi estudado ente consorciado poderá se reabilitar.
no tópico sobre convênios. Art.  27. A  exclusão de consorciado exige processo
No caso de contrato de programa, tem‑se que fazer algu- administrativo onde lhe seja assegurado o direito à
mas observações: se ele estiver vinculado a consórcio, deverá ampla defesa e ao contraditório.
estar previsto no protocolo de intenções a ser ratificado por Art. 28. Mediante previsão do contrato de consórcio
lei, e em consequência, deverá constar do contrato de cons- público, poderá ser dele excluído o ente que, sem auto-
tituição. Se por, outro lado, estiver vinculado a convênio de rização dos demais consorciados, subscrever protocolo
cooperação, deverá estar previsto em suas cláusulas. de intenções para constituição de outro consórcio com
No caso de não estar vinculado nem a consórcio nem a finalidades, a  juízo da maioria da assembleia geral,
convênio de cooperação, o contrato de programa reger‑se‑à iguais, assemelhadas ou incompatíveis.
pelo art. 116 da Lei nº 8.666/1993 e independe, como regra
geral, de autorização legislativa, tendo em vista que isso Quanto à alteração ou extinção do consórcio público,
implicaria o controle do Poder Legislativo sobre atos admi- o art. 12 da Lei nº 11.107/2005 determina que dependerá
nistrativos do Poder Executivo, em hipótese não prevista na de instrumento aprovado pela assembleia geral, ratificado,
Constituição Federal. No entanto, se o contrato de programa mediante lei, por todos os entes consorciados. Nem poderia
envolver repasse de verbas não previstas na lei orçamentária, ser de outra forma, já que isso é instituído mediante lei,
então seria necessária autorização legislativa. somente devendo ser alterado ou extinto. Os bens, direitos,
encargos e obrigações decorrentes da gestão associada de
Da Retirada, Exclusão, Alteração e Extinção do serviços públicos custeados por tarifas ou outra espécie de
Consórcio preço público serão atribuídos aos titulares dos respectivos
serviços. Até que haja decisão que indique os responsáveis
A retirada do ente da Federação do consórcio público por cada obrigação, os  entes consorciados responderão
dependerá de ato formal de seu representante na assembleia solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantindo
geral, na forma previamente disciplinada por lei. Os  bens o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos
destinados ao consórcio público pelo consorciado que se que deram causa à obrigação.
retira somente serão revertidos ou retrocedidos no caso de Além do disposto acima, o Decreto nº 6.017/2007, ao tra-
expressa previsão no contrato de consórcio público ou no tar do assunto em seu art. 29, também determina que com
instrumento de transferência ou de alienação. A  retirada a extinção o pessoal cedido ao consórcio público retornará
do consórcio público não prejudicará as obrigações já cons- aos seus órgãos de origem, e os empregados públicos terão
tituídas, inclusive os contratos de programa, cuja extinção automaticamente rescindidos os seus contratos de trabalho
dependerá do prévio pagamento das indenizações eventual­ com o consórcio.
mente devidas (art. 11 e §§).
O Decreto nº 6.017/2007, ao tratar do assunto, chama Da Responsabilidade dos Consorciados
a retirada de recesso e assim estabelece, em seu art. 25:
Quanto à responsabilidade dos consorciados, o caput do
Art. 25. A retirada do ente da Federação do consórcio art. 10 foi corretamente vetado, porque previa uma respon-
público dependerá de ato formal de seu represen- sabilidade solidária dos consorciados, quando, em verdade,
tante na assembleia geral, na forma previamente ordinariamente, essa responsabilidade do ente consorciado
disciplinada por lei. deve ser subsidiária, conforme consta nas razões do veto
§ 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo transcrito abaixo:
consorciado que se retira somente serão revertidos
ou retrocedidos no caso de expressa previsão do Razões do veto
Direito Administrativo

contrato de consórcio público ou do instrumento de A intenção do legislador, aparentemente, era dizer


transferência ou de alienação. que os consorciados respondem subsidiariamente;
§  2º A retirada não prejudicará as obrigações já contudo, constou que os consorciados respondem
constituídas entre o consorciado que se retira e o solidariamente.
consórcio público. Na responsabilidade subsidiária, a  administração
§ 3º A retirada de um ente da Federação do consórcio direta somente responde por obrigações quando
público constituído por apenas dois entes implicará comprovada a insolvência patrimonial do ente que
a extinção do consórcio. integra a administração indireta. Ou seja, a entida-
de da administração indireta responde por si e, no
Conforme visto, o  ente consorciado que, após prévia caso de ter assumido obrigações maiores que seu
suspensão, não consignar, em sua lei orçamentária ou em patrimônio é que, liquidado primeiro este, poderá a

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administração direta ser demandada pelas eventuais Art. 2º Para os fins deste Decreto, consideram‑se:
obrigações remanescentes. I – consórcio público: pessoa jurídica formada exclusiva-
Já na responsabilidade solidária, como previsto mente por entes da Federação, na forma da Lei nº 11.107, de
no art. 10, o credor pode exigir o cumprimento da 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa,
obrigação tanto do consórcio como dos entes con- inclusive a realização de objetivos de interesse comum, cons-
sorciados. Isso fará que dívidas do consórcio sejam tituída como associação pública, com personalidade jurídica
automaticamente transferidas para os consorciados, de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa
num evidente prejuízo aos princípios da segurança jurídica de direito privado sem fins econômicos;
jurídica e da estabilidade fiscal. II – área de atuação do consórcio público: área correspon-
Com o veto, o regime a ser aplicado aos consórcios dente à soma dos seguintes territórios, independentemente
públicos será o da responsabilidade subsidiária, que de figurar a União como consorciada:
é o ordinário da administração indireta. Esse conceito a) dos Municípios, quando o consórcio público for consti-
é manso, pacífico e não deixa margens para nenhuma tuído somente por Municípios ou por um Estado e Municípios
dúvida, como deixa clara a doutrina brasileira, de com territórios nele contidos;
onde se destaca a lição do professor Celso Antônio b) dos Estados ou dos Estados e do Distrito Federal,
Bandeira de Mello: quando o consórcio público for, respectivamente, constitu-
ído por mais de um Estado ou por um ou mais Estados e o
[...] doutrina e jurisprudência sempre conside- Distrito Federal; e
raram, outrossim, que quaisquer pleitos admi- c) dos Municípios e do Distrito Federal, quando o con-
nistrativos ou judiciais de atos que lhe fossem sórcio for constituído pelo Distrito Federal e Municípios.
imputáveis, perante elas mesmas ou contra elas III  – protocolo de intenções: contrato preliminar que,
teriam que ser propostos – e não contra o Estado. ratificado pelos entes da Federação interessados, converte‑se
Disto se segue igualmente que, perante terceiros, em contrato de consórcio público;
as  autarquias são responsáveis pelos próprios IV – ratificação: aprovação pelo ente da Federação, me-
atos. A responsabilidade do Estado, em relação a diante lei, do protocolo de intenções ou do ato de retirada
eles, é apenas subsidiária. do consórcio público;
V – reserva: ato pelo qual ente da Federação não ratifica,
O parágrafo único, porém, foi mantido e assim determina: ou condiciona a ratificação, de determinado dispositivo de
protocolo de intenções;
Os agentes públicos incumbidos da gestão de consór- VI – retirada: saída de ente da Federação de consórcio
cio não responderão pessoalmente pelas obrigações público, por ato formal de sua vontade;
contraídas pelo consórcio público, mas responderão VII  – contrato de rateio: contrato por meio do qual os
pelos atos praticados em desconformidade com a
entes consorciados comprometem‑se a fornecer recursos fi-
lei ou com as disposições dos respectivos estatutos.
nanceiros para a realização das despesas do consórcio público;
VIII  – convênio de cooperação entre entes federados:
O Decreto nº  6.017/2007, acertadamente, corrigiu a
pacto firmado exclusivamente por entes da Federação,
impropriedade vetada e assim dispôs:
com o objetivo de autorizar a gestão associada de serviços
públicos, desde que ratificado ou previamente disciplinado
Art. 9º Os entes da Federação consorciados respon-
por lei editada por cada um deles;
dem subsidiariamente pelas obrigações do consórcio
IX – gestão associada de serviços públicos: exercício das
público.
Parágrafo único. Os dirigentes do consórcio público atividades de planejamento, regulação ou fiscalização de ser-
responderão pessoalmente pelas obrigações por ele viços públicos por meio de consórcio público ou de convênio
contraídas caso pratiquem atos em desconformidade de cooperação entre entes federados, acompanhadas ou não
com a lei, os  estatutos ou decisão da assembleia da prestação de serviços públicos ou da transferência total
geral. ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais
à continuidade dos serviços transferidos;
Por fim, o consórcio público distingue‑se do convênio em X – planejamento: as atividades atinentes à identificação,
razão de este (o convênio) não possuir personalidade jurídica. qualificação, quantificação, organização e orientação de
todas as ações, públicas e privadas, por meio das quais um
Decreto nº 6.017, de 17 de Janeiro de 2007 serviço público deve ser prestado ou colocado à disposição
de forma adequada;
Regulamenta a Lei nº 11.107, XI – regulação: todo e qualquer ato, normativo ou não,
de 6 de abril de 2005, que dispõe que discipline ou organize um determinado serviço público,
sobre normas gerais de contrata- incluindo suas características, padrões de qualidade, impacto
ção de consórcios públicos. sócio‑ambiental, direitos e obrigações dos usuários e dos
responsáveis por sua oferta ou prestação e fixação e revisão
Direito Administrativo

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que do valor de tarifas e outros preços públicos;
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista XII – fiscalização: atividades de acompanhamento, mo-
o disposto no art. 20 da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, nitoramento, controle ou avaliação, no sentido de garantir a
Decreta: utilização, efetiva ou potencial, do serviço público;
XIII – prestação de serviço público em regime de gestão
CAPÍTULO I associada: execução, por meio de cooperação federativa, de
Do Objeto e das Definições toda e qualquer atividade ou obra com o objetivo de permitir
aos usuários o acesso a um serviço público com característi-
Art. 1º Este Decreto estabelece normas para a execução cas e padrões de qualidade determinados pela regulação ou
da Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005. pelo contrato de programa, inclusive quando operada por

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transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal vedado que os recursos arrecadados em um ente federativo
e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos; sejam utilizados no pagamento de benefícios de segurados de
XIV – serviço público: atividade ou comodidade material outro ente, de forma a atender o disposto no art. 1º, inciso
fruível diretamente pelo usuário, que possa ser remunerado V, da Lei nº 9.717, de 1998;
por meio de taxa ou preço público, inclusive tarifa; XI  – o fornecimento de assistência técnica, extensão,
XV – titular de serviço público: ente da Federação a quem treinamento, pesquisa e desenvolvimento urbano, rural e
compete prover o serviço público, especialmente por meio agrário;
de planejamento, regulação, fiscalização e prestação direta XII  – as ações e políticas de desenvolvimento urbano,
ou indireta; sócio‑econômico local e regional; e
XVI – contrato de programa: instrumento pelo qual de- XIII – o exercício de competências pertencentes aos entes
vem ser constituídas e reguladas as obrigações que um ente da Federação nos termos de autorização ou delegação.
da Federação, inclusive sua administração indireta, tenha §  1º Os consórcios públicos poderão ter um ou mais
para com outro ente da Federação, ou para com consórcio objetivos e os entes consorciados poderão se consorciar em
público, no âmbito da prestação de serviços públicos por relação a todos ou apenas a parcela deles.
meio de cooperação federativa; § 2º Os consórcios públicos, ou entidade a ele vincula-
XVII – termo de parceria: instrumento passível de ser fir- da, poderão desenvolver as ações e os serviços de saúde,
mado entre consórcio público e entidades qualificadas como obedecidos os princípios, diretrizes e normas que regulam
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, destina- o Sistema Único de Saúde - SUS.
do à formação de vínculo de cooperação entre as partes para
o fomento e a execução de atividades de interesse público Seção II
previstas no art. 3º da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999; e Do Protocolo de Intenções
XVIII – contrato de gestão: instrumento firmado entre a
administração pública e autarquia ou fundação qualificada Art. 4º A constituição de consórcio público dependerá da
como Agência Executiva, na forma do art. 51 da Lei nº 9.649, prévia celebração de protocolo de intenções subscrito pelos
de 27 de maio de 1998, por meio do qual se estabelecem representantes legais dos entes da Federação interessados.
objetivos, metas e respectivos indicadores de desempenho Art. 5º O protocolo de intenções, sob pena de nulidade,
da entidade, bem como os recursos necessários e os critérios deverá conter, no mínimo, cláusulas que estabeleçam:
e instrumentos para a avaliação do seu cumprimento.
I – a denominação, as finalidades, o prazo de duração e
Parágrafo único. A área de atuação do consórcio públi-
a sede do consórcio público, admitindo‑se a fixação de prazo
co mencionada no inciso II do caput deste artigo refere‑se
indeterminado e a previsão de alteração da sede mediante
exclusivamente aos territórios dos entes da Federação que
decisão da Assembleia Geral;
tenham ratificado por lei o protocolo de intenções.
II – a identificação de cada um dos entes da Federação
que podem vir a integrar o consórcio público, podendo in-
CAPÍTULO II
Da Constituição dos Consórcios Públicos dicar prazo para que subscrevam o protocolo de intenções;
III – a indicação da área de atuação do consórcio público;
Seção I IV – a previsão de que o consórcio público é associação
Dos Objetivos pública, com personalidade jurídica de direito público e
natureza autárquica, ou pessoa jurídica de direito privado;
Art. 3º Observados os limites constitucionais e legais, V – os critérios para, em assuntos de interesse comum,
os  objetivos dos consórcios públicos serão determinados autorizar o consórcio público a representar os entes da
pelos entes que se consorciarem, admitindo‑se, entre outros, Federação consorciados perante outras esferas de governo;
os seguintes: VI  – as normas de convocação e funcionamento da
I – a gestão associada de serviços públicos; assembleia geral, inclusive para a elaboração, aprovação e
II  – a prestação de serviços, inclusive de assistência modificação dos estatutos do consórcio público;
técnica, a execução de obras e o fornecimento de bens à VII – a previsão de que a assembleia geral é a instância
administração direta ou indireta dos entes consorciados; máxima do consórcio público e o número de votos para as
III – o compartilhamento ou o uso em comum de instru- suas deliberações;
mentos e equipamentos, inclusive de gestão, de manutenção, VIII  – a forma de eleição e a duração do mandato do
de informática, de pessoal técnico e de procedimentos de representante legal do consórcio público que, obrigato-
licitação e de admissão de pessoal; riamente, deverá ser Chefe do Poder Executivo de ente da
IV – a produção de informações ou de estudos técnicos; Federação consorciado;
V – a instituição e o funcionamento de escolas de governo IX – o número, as formas de provimento e a remuneração
ou de estabelecimentos congêneres; dos empregados do consórcio público;
VI – a promoção do uso racional dos recursos naturais e X – os casos de contratação por tempo determinado para
a proteção do meio‑ambiente; atender a necessidade temporária de excepcional interesse
Direito Administrativo

VII – o exercício de funções no sistema de gerenciamen- público;


to de recursos hídricos que lhe tenham sido delegadas ou XI – as condições para que o consórcio público celebre
autorizadas; contrato de gestão, nos termos da Lei nº 9.649, de 1998, ou
VIII – o apoio e o fomento do intercâmbio de experiências termo de parceria, na forma da Lei nº 9.790, de 1999;
e de informações entre os entes consorciados; XII – a autorização para a gestão associada de serviço
IX  – a gestão e a proteção de patrimônio urbanístico, público, explicitando:
paisagístico ou turístico comum; a) competências cuja execução será transferida ao con-
X  – o planejamento, a  gestão e a administração dos sórcio público;
serviços e recursos da previdência social dos servidores de b) os serviços públicos objeto da gestão associada e a
qualquer dos entes da Federação que integram o consórcio, área em que serão prestados;

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c) a autorização para licitar e contratar concessão, per- § 3º Caso a lei mencionada no caput deste artigo preveja
missão ou autorizar a prestação dos serviços; reservas, a admissão do ente no consórcio público dependerá
d) as condições a que deve obedecer o contrato de pro- da aprovação de cada uma das reservas pelos demais subs-
grama, no caso de nele figurar como contratante o consórcio critores do protocolo de intenções ou, caso já constituído o
público; e consórcio público, pela assembleia geral.
e) os critérios técnicos de cálculo do valor das tarifas e § 4º O contrato de consórcio público, caso assim esteja
de outros preços públicos, bem como os critérios gerais a previsto no protocolo de intenções, poderá ser celebrado por
serem observados em seu reajuste ou revisão; apenas uma parcela dos seus signatários, sem prejuízo de
XIII  – o direito de qualquer dos contratantes, quando que os demais venham a integrá‑lo posteriormente.
adimplentes com as suas obrigações, de exigir o pleno cum- § 5º No caso previsto no § 4º deste artigo, a ratificação
primento das cláusulas do contrato de consórcio público. realizada após dois anos da primeira subscrição do proto-
§ 1º O protocolo de intenções deve definir o número de colo de intenções dependerá da homologação dos demais
votos que cada ente da Federação consorciado possui na as- subscritores ou, caso já constituído o consórcio, de decisão
sembleia geral, sendo assegurado a cada um ao menos um voto. da assembleia geral.
§ 2º Admitir‑se‑á, à exceção da assembleia geral: § 6º Dependerá de alteração do contrato de consórcio
I – a participação de representantes da sociedade civil público o ingresso de ente da Federação não mencionado
nos órgãos colegiados do consórcio público; no protocolo de intenções como possível integrante do
II – que órgãos colegiados do consórcio público sejam consórcio público.
compostos por representantes da sociedade civil ou por § 7º É dispensável a ratificação prevista no caput deste
representantes apenas dos entes consorciados diretamente artigo para o ente da Federação que, antes de subscrever o
interessados nas matérias de competência de tais órgãos. protocolo de intenções, disciplinar por lei a sua participação
§ 3º Os consórcios públicos deverão obedecer ao prin- no consórcio público, de forma a poder assumir todas as
cípio da publicidade, tornando públicas as decisões que obrigações previstas no protocolo de intenções.
digam respeito a terceiros e as de natureza orçamentária,
financeira ou contratual, inclusive as que digam respeito à Seção IV
admissão de pessoal, bem como permitindo que qualquer Da Personalidade Jurídica
do povo tenha acesso a suas reuniões e aos documentos que
produzir, salvo, nos termos da lei, os considerados sigilosos Art. 7º O consórcio público adquirirá personalidade
por prévia e motivada decisão. jurídica:
§  4º O mandato do representante legal do consórcio I  – de direito público, mediante a vigência das leis de
público será fixado em um ou mais exercícios financeiros ratificação do protocolo de intenções; e
e cessará automaticamente no caso de o eleito não mais II  – de direito privado, mediante o atendimento do
ocupar a Chefia do Poder Executivo do ente da Federação previsto no inciso I e, ainda, dos requisitos previstos na
que representa na assembleia geral, hipótese em que será legislação civil.
sucedido por quem preencha essa condição. §  1º Os consórcios públicos, ainda que revestidos de
§ 5º Salvo previsão em contrário dos estatutos, o repre- personalidade jurídica de direito privado, observarão as
sentante legal do consórcio público, nos seus impedimentos normas de direito público no que concerne à realização de
ou na vacância, será substituído ou sucedido por aquele que, licitação, celebração de contratos, admissão de pessoal e à
nas mesmas hipóteses, o substituir ou o suceder na Chefia prestação de contas.
do Poder Executivo. § 2º Caso todos os subscritores do protocolo de intenções
§ 6º É nula a cláusula do protocolo de intenções que pre- encontrem‑se na situação prevista no § 7º do art. 6º deste
veja determinadas contribuições financeiras ou econômicas Decreto, o aperfeiçoamento do contrato de consórcio público
de ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação, e a aquisição da personalidade jurídica pela associação pública
destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e dependerão apenas da publicação do protocolo de intenções.
as transferências ou cessões de direitos operadas por força §  3º Nas hipóteses de criação, fusão, incorporação ou
de gestão associada de serviços públicos. desmembramento que atinjam entes consorciados ou subscri-
§ 7º O protocolo de intenções deverá ser publicado na tores de protocolo de intenções, os novos entes da Federação,
imprensa oficial. salvo disposição em contrário do protocolo de intenções, serão
§  8º A publicação do protocolo de intenções poderá automaticamente tidos como consorciados ou subscritores.
dar‑se de forma resumida, desde que a publicação indique
o local e o sítio da rede mundial de computadores - internet Seção V
em que se poderá obter seu texto integral. Dos Estatutos

Seção III Art. 8º O consórcio público será organizado por estatutos


Da Contratação cujas disposições, sob pena de nulidade, deverão atender a
Direito Administrativo

todas as cláusulas do seu contrato constitutivo.


Art. 6º O contrato de consórcio público será celebrado § 1º Os estatutos serão aprovados pela assembleia geral.
com a ratificação, mediante lei, do protocolo de intenções. § 2º Com relação aos empregados públicos do consórcio
§ 1º A recusa ou demora na ratificação não poderá ser público, os estatutos poderão dispor sobre o exercício do
penalizada. poder disciplinar e regulamentar, as atribuições administra-
§  2º A ratificação pode ser realizada com reserva que tivas, hierarquia, avaliação de eficiência, lotação, jornada de
deverá ser clara e objetiva, preferencialmente vinculada à trabalho e denominação dos cargos.
vigência de cláusula, parágrafo, inciso ou alínea do protocolo § 3º Os estatutos do consórcio público de direito público
de intenções, ou que imponha condições para a vigência de produzirão seus efeitos mediante publicação na imprensa
qualquer desses dispositivos. oficial no âmbito de cada ente consorciado.

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§ 4º A publicação dos estatutos poderá dar‑se de forma §  3º As cláusulas do contrato de rateio não poderão
resumida, desde que a publicação indique o local e o sítio da conter disposição tendente a afastar, ou dificultar a fiscali-
rede mundial de computadores - internet em que se poderá zação exercida pelos órgãos de controle interno e externo
obter seu texto integral. ou pela sociedade civil de qualquer dos entes da Federação
consorciados.
CAPÍTULO III §  4º Os entes consorciados, isolados ou em conjunto,
Da Gestão dos Consórcios Públicos bem como o consórcio público, são partes legítimas para
exigir o cumprimento das obrigações previstas no contrato
Seção I de rateio.
Disposições Gerais Art. 14. Havendo restrição na realização de despesas,
de empenhos ou de movimentação financeira, ou qualquer
Art. 9º Os entes da Federação consorciados respondem outra derivada das normas de direito financeiro, o ente con-
subsidiariamente pelas obrigações do consórcio público. sorciado, mediante notificação escrita, deverá informá‑la ao
Parágrafo único. Os dirigentes do consórcio público res- consórcio público, apontando as medidas que tomou para
ponderão pessoalmente pelas obrigações por ele contraídas regularizar a situação, de modo a garantir a contribuição
caso pratiquem atos em desconformidade com a lei, os es- prevista no contrato de rateio.
tatutos ou decisão da assembleia geral. Parágrafo único. A eventual impossibilidade de o ente
Art. 10. Para cumprimento de suas finalidades, o con- consorciado cumprir obrigação orçamentária e financeira
sórcio público poderá: estabelecida em contrato de rateio obriga o consórcio público
I – firmar convênios, contratos, acordos de qualquer na- a adotar medidas para adaptar a execução orçamentária e
tureza, receber auxílios, contribuições e subvenções sociais financeira aos novos limites.
ou econômicas; Art. 15. É  vedada a aplicação dos recursos entregues
II  – ser contratado pela administração direta ou indi- por meio de contrato de rateio, inclusive os oriundos de
reta dos entes da Federação consorciados, dispensada a transferências ou operações de crédito, para o atendimento
licitação; e de despesas classificadas como genéricas.
III – caso constituído sob a forma de associação pública, ou § 1º Entende‑se por despesa genérica aquela em que a
mediante previsão em contrato de programa, promover desa- execução orçamentária se faz com modalidade de aplicação
propriações ou instituir servidões nos termos de declaração indefinida.
de utilidade ou necessidade pública, ou de interesse social. §  2º Não se considera como genérica as despesas de
Parágrafo único. A contratação de operação de crédito administração e planejamento, desde que previamente
por parte do consórcio público se sujeita aos limites e condi- classificadas por meio de aplicação das normas de conta-
ções próprios estabelecidos pelo Senado Federal, de acordo bilidade pública.
com o disposto no art. 52, inciso VII, da Constituição. Art. 16. O prazo de vigência do contrato de rateio não
será superior ao de vigência das dotações que o suportam,
Seção II com exceção dos que tenham por objeto exclusivamente
Do Regime Contábil e Financeiro projetos consistentes em programas e ações contemplados
em plano plurianual.
Art. 11. A  execução das receitas e das despesas do Art. 17. Com o objetivo de permitir o atendimento dos
consórcio público deverá obedecer às normas de direito dispositivos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de
financeiro aplicáveis às entidades públicas. 2000, o  consórcio público deve fornecer as informações
Art. 12. O consórcio público está sujeito à fiscalização financeiras necessárias para que sejam consolidadas, nas
contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas contas dos entes consorciados, todas as receitas e despesas
competente para apreciar as contas do seu representante realizadas, de forma a que possam ser contabilizadas nas
legal, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economi- contas de cada ente da Federação na conformidade dos ele-
cidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, mentos econômicos e das atividades ou projetos atendidos.
sem prejuízo do controle externo a ser exercido em razão de
cada um dos contratos que os entes da Federação consorcia- Seção IV
dos vierem a celebrar com o consórcio público. Da Contratação do Consórcio por Ente Consorciado

Seção III Art. 18. O consórcio público poderá ser contratado por


Do Contrato de Rateio ente consorciado, ou por entidade que integra a adminis-
tração indireta deste último, sendo dispensada a licitação
Art. 13. Os entes consorciados somente entregarão re- nos termos do art. 2º, inciso III, da Lei nº 11.107, de 2005.
cursos financeiros ao consórcio público mediante contrato Parágrafo único. O contrato previsto no caput, preferen-
de rateio. cialmente, deverá ser celebrado sempre quando o consórcio
Direito Administrativo

§ 1º O contrato de rateio será formalizado em cada exer- fornecer bens ou prestar serviços para um determinado ente
cício financeiro, com observância da legislação orçamentária consorciado, de forma a impedir que sejam eles custeados
e financeira do ente consorciado contratante e depende da pelos demais.
previsão de recursos orçamentários que suportem o paga-
mento das obrigações contratadas. Seção V
§  2º Constitui ato de improbidade administrativa, nos Das Licitações Compartilhadas
termos do disposto no  art.  10, inciso XV, da Lei nº 8.429,
de 2 de junho de 1992, celebrar contrato de rateio sem Art. 19. Os consórcios públicos, se constituídos para tal
suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar fim, podem realizar licitação cujo edital preveja contratos a
as formalidades previstas em Lei. serem celebrados pela administração direta ou indireta dos

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entes da Federação consorciados, nos termos do  §  1º  do Seção II
art. 112 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Do Recesso

Seção VI Art. 25. A retirada do ente da Federação do consórcio


Da Concessão, Permissão ou Autorização de Serviços público dependerá de ato formal de seu representante
Públicos ou de Uso de Bens Públicos na assembleia geral, na forma previamente disciplinada
por lei.
Art. 20. Os consórcios públicos somente poderão outor- § 1º Os bens destinados ao consórcio público pelo con-
gar concessão, permissão, autorização e contratar a presta-
sorciado que se retira somente serão revertidos ou retroce-
ção por meio de gestão associada de obras ou de serviços
públicos mediante: didos no caso de expressa previsão do contrato de consórcio
I – obediência à legislação de normas gerais em vigor; e público ou do instrumento de transferência ou de alienação.
II – autorização prevista no contrato de consórcio público. § 2º A retirada não prejudicará as obrigações já constitu-
§  1º A autorização mencionada no inciso II do caput ídas entre o consorciado que se retira e o consórcio público.
deverá indicar o objeto da concessão, permissão ou autori- § 3º A retirada de um ente da Federação do consórcio
zação e as condições a que deverá atender, inclusive metas público constituído por apenas dois entes implicará a extin-
de desempenho e os critérios para a fixação de tarifas ou de ção do consórcio.
outros preços públicos.
§ 2º Os consórcios públicos poderão emitir documentos Seção III
de cobrança e exercer atividades de arrecadação de tarifas e Da Exclusão
outros preços públicos pela prestação de serviços ou pelo uso
ou outorga de uso de bens públicos ou, no caso de específica Art. 26. A exclusão de ente consorciado só é admissível
autorização, serviços ou bens de ente da Federação consorciado. havendo justa causa.
Art. 21. O consórcio público somente mediante licitação § 1º Além das que sejam reconhecidas em procedimento
contratará concessão, permissão ou autorizará a prestação
específico, é justa causa a não inclusão, pelo ente consor-
de serviços públicos.
ciado, em sua lei orçamentária ou em créditos adicionais,
§ 1º O disposto neste artigo aplica‑se a todos os ajustes
de natureza contratual, independentemente de serem deno- de dotações suficientes para suportar as despesas que, nos
minados como convênios, acordos ou termos de cooperação termos do orçamento do consórcio público, prevê‑se devam
ou de parceria. ser assumidas por meio de contrato de rateio.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica ao contrato § 2º A exclusão prevista no § 1º deste artigo somente
de programa, que poderá ser contratado com dispensa de ocorrerá após prévia suspensão, período em que o ente
licitação conforme o art. 24, inciso XXVI, da Lei nº 8.666, de consorciado poderá se reabilitar.
21 de junho de 1993. Art. 27. A exclusão de consorciado exige processo admi-
nistrativo onde lhe seja assegurado o direito à ampla defesa
Seção VII e ao contraditório.
Dos Servidores Art. 28. Mediante previsão do contrato de consórcio pú-
blico, poderá ser dele excluído o ente que, sem autorização
Art. 22. A criação de empregos públicos depende de pre- dos demais consorciados, subscrever protocolo de intenções
visão do contrato de consórcio público que lhe fixe a forma e para constituição de outro consórcio com finalidades, a juízo
os requisitos de provimento e a sua respectiva remuneração, da maioria da assembleia geral, iguais, assemelhadas ou
inclusive quanto aos adicionais, gratificações, e quaisquer
incompatíveis.
outras parcelas remuneratórias ou de caráter indenizatório.
Art. 23. Os entes da Federação consorciados, ou os com
eles conveniados, poderão ceder‑lhe servidores, na forma e CAPÍTULO V
condições da legislação de cada um. Da Alteração e da Extinção
§ 1º Os servidores cedidos permanecerão no seu regime dos Contratos de Consórcio Público
originário, somente lhe sendo concedidos adicionais ou
gratificações nos termos e valores previstos no contrato de Art. 29. A alteração ou a extinção do contrato de con-
consórcio público. sórcio público dependerá de instrumento aprovado pela
§ 2º O pagamento de adicionais ou gratificações na forma assembleia geral, ratificado mediante lei por todos os entes
prevista no § 1º deste artigo não configura vínculo novo do consorciados.
servidor cedido, inclusive para a apuração de responsabili- § 1º Em caso de extinção:
dade trabalhista ou previdenciária. I – os bens, direitos, encargos e obrigações decorrentes
§ 3º Na hipótese de o ente da Federação consorciado as- da gestão associada de serviços públicos custeados por ta-
sumir o ônus da cessão do servidor, tais pagamentos poderão rifas ou outra espécie de preço público serão atribuídos aos
ser contabilizados como créditos hábeis para operar com-
Direito Administrativo

titulares dos respectivos serviços;


pensação com obrigações previstas no contrato de rateio.
II  – até que haja decisão que indique os responsáveis
por cada obrigação, os  entes consorciados responderão
CAPÍTULO IV
Da Retirada e da Exclusão de Ente Consorciado solidariamente pelas obrigações remanescentes, garantido
o direito de regresso em face dos entes beneficiados ou dos
Seção I que deram causa à obrigação.
Disposição Geral §  2º Com a extinção, o  pessoal cedido ao consórcio
público retornará aos seus órgãos de origem, e os empre-
Art. 24. Nenhum ente da Federação poderá ser obrigado gados públicos terão automaticamente rescindidos os seus
a se consorciar ou a permanecer consorciado. contratos de trabalho com o consórcio.

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CAPÍTULO VI Seção III
Do Contrato de Programa Das Cláusulas Necessárias

Seção I Art. 33. Os  contratos de programa deverão, no que


Das Disposições Preliminares couber, atender à legislação de concessões e permissões
de serviços públicos e conter cláusulas que estabeleçam:
Art. 30. Deverão ser constituídas e reguladas por contrato I  – o objeto, a  área e o prazo da gestão associada de
de programa, como condição de sua validade, as obrigações serviços públicos, inclusive a operada por meio de transfe-
contraídas por ente da Federação, inclusive entidades de sua rência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens
administração indireta, que tenham por objeto a prestação essenciais à continuidade dos serviços;
de serviços por meio de gestão associada ou a transferência II – o modo, forma e condições de prestação dos serviços;
total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de bens III  – os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros
necessários à continuidade dos serviços transferidos. definidores da qualidade dos serviços;
§ 1º Para os fins deste artigo, considera‑se prestação de IV – o atendimento à legislação de regulação dos serviços
serviço público por meio de gestão associada aquela em que objeto da gestão associada, especialmente no que se refere
um ente da Federação, ou entidade de sua administração à fixação, revisão e reajuste das tarifas ou de outros preços
indireta, coopere com outro ente da Federação ou com públicos e, se necessário, as normas complementares a essa
consórcio público, independentemente da denominação que regulação;
venha a adotar, exceto quando a prestação se der por meio V – procedimentos que garantam transparência da gestão
de contrato de concessão de serviços públicos celebrado econômica e financeira de cada serviço em relação a cada
após regular licitação. um de seus titulares, especialmente de apuração de quanto
§ 2º Constitui ato de improbidade administrativa, a partir foi arrecadado e investido nos territórios de cada um deles,
de 7 de abril de 2005, celebrar contrato ou outro instrumento em relação a cada serviço sob regime de gestão associada
que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por de serviço público;
VI – os direitos, garantias e obrigações do titular e do
meio de cooperação federativa sem a celebração de contrato
prestador, inclusive os relacionados às previsíveis necessi-
de programa, ou sem que sejam observadas outras forma-
dades de futura alteração e expansão dos serviços e con-
lidades previstas em lei, nos termos do disposto no art. 10,
seqüente modernização, aperfeiçoamento e ampliação dos
inciso XIV, da Lei nº 8.429, de 1992.
equipamentos e instalações;
§ 3º Excluem‑se do previsto neste artigo as obrigações
VII – os direitos e deveres dos usuários para obtenção e
cujo descumprimento não acarrete qualquer ônus, inclusive
utilização dos serviços;
financeiro, a ente da Federação ou a consórcio público. VIII – a forma de fiscalização das instalações, dos equi-
Art. 31. Caso previsto no contrato de consórcio público pamentos, dos métodos e práticas de execução dos servi-
ou em convênio de cooperação entre entes federados, ços, bem como a indicação dos órgãos competentes para
admitir‑se‑á a celebração de contrato de programa de ente da exercê‑las;
Federação ou de consórcio público com autarquia, empresa IX – as penalidades contratuais e administrativas a que se
pública ou sociedade de economia mista. sujeita o prestador dos serviços, inclusive quando consórcio
§ 1º Para fins do caput, a autarquia, empresa pública ou público, e sua forma de aplicação;
sociedade de economia mista deverá integrar a administra- X – os casos de extinção;
ção indireta de ente da Federação que, por meio de consórcio XI – os bens reversíveis;
público ou de convênio de cooperação, autorizou a gestão XII – os critérios para o cálculo e a forma de pagamento
associada de serviço público. das indenizações devidas ao prestador dos serviços, inclusive
§ 2º O contrato celebrado na forma prevista no caput deste quando consórcio público, especialmente do valor dos bens
artigo será automaticamente extinto no caso de o contratado reversíveis que não foram amortizados por tarifas e outras
não mais integrar a administração indireta do ente da Fede- receitas emergentes da prestação dos serviços;
ração que autorizou a gestão associada de serviços públicos XIII – a obrigatoriedade, forma e periodicidade da pres-
por meio de consórcio público ou de convênio de cooperação. tação de contas do consórcio público ou outro prestador
§  3º É lícito ao contratante, em caso de contrato de dos serviços, no que se refere à prestação dos serviços por
programa celebrado com sociedade de economia mista ou gestão associada de serviço público;
com empresa pública, receber participação societária com XIV – a periodicidade em que os serviços serão fiscaliza-
o poder especial de impedir a alienação da empresa, a fim dos por comissão composta por representantes do titular do
de evitar que o contrato de programa seja extinto na con- serviço, do contratado e dos usuários, de forma a cumprir o
formidade do previsto no § 2º deste artigo. disposto no art. 30, parágrafo único, da Lei nº 8.987, de 13
§  4º O convênio de cooperação não produzirá efeitos de fevereiro de 1995;
entre os entes da Federação cooperantes que não o tenham XV – a exigência de publicação periódica das demonstra-
disciplinado por lei. ções financeiras relativas à gestão associada, a qual deverá
Direito Administrativo

ser específica e segregada das demais demonstrações do


Seção II consórcio público ou do prestador de serviços; e
Da Dispensa de Licitação XVI – o foro e o modo amigável de solução das contro-
vérsias contratuais.
Art. 32. O contrato de programa poderá ser celebrado § 1º No caso de transferência total ou parcial de encar-
por dispensa de licitação nos termos do art. 24, inciso XXVI, gos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos
da Lei nº 8.666, de 1993. serviços transferidos, o contrato de programa deverá conter
Parágrafo único. O  termo de dispensa de licitação e a também cláusulas que prevejam:
minuta de contrato de programa deverão ser previamente exa- I – os encargos transferidos e a responsabilidade subsi-
minados e aprovados por assessoria jurídica da Administração. diária do ente que os transferiu;

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II – as penalidades no caso de inadimplência em relação CAPÍTULO VIII
aos encargos transferidos; Das Disposições Finais e Transitórias
III – o momento de transferência dos serviços e os deve-
res relativos à sua continuidade; Art. 40. Para que a gestão financeira e orçamentária dos
IV – a indicação de quem arcará com o ônus e os passivos consórcios públicos se realize na conformidade dos pressu-
do pessoal transferido; postos da responsabilidade fiscal, a Secretaria do Tesouro
V  – a identificação dos bens que terão apenas a sua Nacional do Ministério da Fazenda:
gestão e administração transferidas e o preço dos que sejam I – disciplinará a realização de transferências voluntárias
efetivamente alienados ao prestador dos serviços ou ao ou a celebração de convênios de natureza financeira ou
consórcio público; e similar entre a União e os demais Entes da Federação que
VI  – o procedimento para o levantamento, cadastro e envolvam ações desenvolvidas por consórcios públicos;
avaliação dos bens reversíveis que vierem a ser amortiza-
II – editará normas gerais de consolidação das contas dos
dos mediante receitas de tarifas ou outras emergentes da
consórcios públicos, incluindo:
prestação dos serviços.
§ 2º O não pagamento da indenização prevista no inciso a) critérios para que seu respectivo passivo seja distri-
XII do caput, inclusive quando houver controvérsia de seu buído aos entes consorciados;
valor, não impede o titular de retomar os serviços ou adotar b) regras de regularidade fiscal a serem observadas pelos
outras medidas para garantir a continuidade da prestação consórcios públicos.
adequada do serviço público. Art. 41. Os consórcios constituídos em desacordo com
§ 3º É nula a cláusula de contrato de programa que atri- a  Lei nº 11.107, de 2005, poderão ser transformados em
buir ao contratado o exercício dos poderes de planejamento, consórcios públicos de direito público ou de direito privado,
regulação e fiscalização dos serviços por ele próprio prestados. desde que atendidos os requisitos de celebração de proto-
colo de intenções e de sua ratificação por lei de cada ente
Seção IV da Federação consorciado.
Da Vigência e da Extinção Parágrafo único. Caso a transformação seja para con-
sórcio público de direito público, a  eficácia da alteração
Art. 34. O  contrato de programa continuará vigente estatutária não dependerá de sua inscrição no registro civil
mesmo quando extinto o contrato de consórcio público ou das pessoas jurídicas.
o convênio de cooperação que autorizou a gestão associada Art. 42. Este Decreto entra em vigor na data de sua
de serviços públicos. publicação.
Art. 35. A extinção do contrato de programa não preju-
dicará as obrigações já constituídas e dependerá do prévio Brasília, 17 de janeiro de 2007; 186º da Independência
pagamento das indenizações eventualmente devidas. e 119º da República.
CAPÍTULO VII LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Das Normas Aplicáveis à União Márcio Thomaz Bastos
Guido Mantega
Art. 36. A União somente participará de consórcio públi-
José Agenor Álvares da Silva
co em que também façam parte todos os Estados em cujos
territórios estejam situados os Municípios consorciados. Paulo Bernardo Silva
Art. 37. Os  órgãos e entidades federais concedentes Marcio Fortes de Almeida}
darão preferência às transferências voluntárias para Estados, Dilma Rousseff
Distrito Federal e Municípios cujas ações sejam desenvolvi- Tarso Genro
das por intermédio de consórcios públicos.
Art. 38. Quando necessário para que sejam obtidas as Súmulas Aplicáveis
escalas adequadas, a  execução de programas federais de
caráter local poderá ser delegada, no todo ou em parte, Súmula nº 545/STF: “Preços de serviços públicos e taxas
mediante convênio, aos consórcios públicos. não se confundem, porque estas, diferentemente daqueles,
Parágrafo único. Os Estados e Municípios poderão exe- são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia
cutar, por meio de consórcio público, ações ou programas a autorização orçamentária, em relação à lei que as instituiu.”
que sejam beneficiados por meio de transferências volun- Súmula nº 670/STJ: “O serviço de iluminação pública não
tárias da União. pode ser remunerado mediante taxa.”
Art. 39. A partir de 1º de janeiro de 2008 a União somente
celebrará convênios com consórcios públicos constituídos Portaria Interministerial nº 507, de 24 de
sob a forma de associação pública ou que para essa forma
tenham se convertido. Novembro de 2011
§ 1º A celebração do convênio para a transferência de
Os MINISTROS DE ESTADO DO PLANEJAMENTO, ORÇA‑
recursos da União está condicionado a que cada um dos entes
MENTO E GESTÃO, DA FAZENDA e CHEFE DA CONTROLADO‑
Direito Administrativo

consorciados atenda às exigências legais aplicáveis, sendo


RIA-GERAL DA UNIÃO, no uso da atribuição que lhes confere
vedada sua celebração caso exista alguma inadimplência
o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e
por parte de qualquer dos entes consorciados.
tendo em vista o disposto no art. 18 do Decreto nº 6.170,
§ 2º A comprovação do cumprimento das exigências para
de 25 de julho de 2007, resolvem:
a realização de transferências voluntárias ou celebração de
convênios para transferência de recursos financeiros, deverá
TÍTULO I
ser feita por meio de extrato emitido pelo subsistema Ca- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
dastro Único de Exigências para Transferências Voluntárias -
CAUC, relativamente à situação de cada um dos entes con- Art. 1º Esta Portaria regula os convênios, os contratos de
sorciados, ou por outro meio que venha a ser estabelecido repasse e os termos de cooperação celebrados pelos órgãos e
por instrução normativa da Secretaria do Tesouro Nacional.

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entidades da Administração Pública Federal com órgãos ou XI – mandatária da União: instituições e agências financei-
entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos para a ras controladas pela União que celebram e operacionalizam,
execução de programas, projetos e atividades de interesse em nome da União, os instrumentos jurídicos de transferên-
recíproco, que envolvam a transferência de recursos finan- cia de recursos aos convenentes;
ceiros oriundos do Orçamento Fiscal e da Seguridade Social XII – fornecedor: pessoa física ou jurídica de direito pú-
da União. blico ou privado, responsável pela realização de obra ou for-
§ 1º Aplicam-se aos contratos de repasse as normas re- necimento de bem ou serviço, nos termos da Lei nº 8.666,
ferentes a convênios previstas nesta Portaria. de 1993, e demais normas pertinentes à matéria, a partir de
§ 2º Para os efeitos desta Portaria, considera-se: contrato administrativo firmado com órgão ou entidade da
I – concedente: órgão ou entidade da administração pú- administração pública direta ou indireta, de qualquer esfera
blica federal, direta ou indireta, responsável pela transfe- de governo, consórcio público ou entidade privada sem fins
rência dos recursos financeiros e pela descentralização dos lucrativos; (Redação dada pela Portaria Interministerial nº
créditos orçamentários destinados à execução do objeto do 495, de 2013)
convênio; XIII – beneficiários finais: população diretamente favo-
II  – convenente: órgão ou entidade da administração recida pelos investimentos;
pública direta ou indireta, de qualquer esfera de governo, XIV – dirigente: aquele que possua vínculo com entidade
consórcio público ou entidade privada sem fins lucrativos, privada sem fins lucrativos e detenha qualquer nível de poder
com a qual a administração pública federal pactua a execução decisório, assim entendidos os conselheiros, presidentes, di-
de programas, projetos e atividades de interesse recíproco; retores, superintendentes, gerentes, dentre outros;
também entendido como contratado no âmbito do Contrato XV – empresa estatal dependente: empresa controlada
de Repasse; que receba do ente controlador recursos financeiros para
III  – contratante: órgão ou entidade da administração pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral
pública direta ou indireta da União que pactua a execução ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes
de programa, projeto, atividade ou evento, por intermédio de aumento de participação acionária;
de instituição financeira federal (mandatária) mediante a XVI  – etapa ou fase: divisão existente na execução de
celebração de contrato de repasse; uma meta;
IV  – contrato de repasse: instrumento administrativo XVII – interveniente: órgão ou entidade da administração
por meio do qual a transferência dos recursos financeiros pública direta ou indireta de qualquer esfera de governo, ou
processa-se por intermédio de instituição ou agente finan- entidade privada que participa do convênio para manifestar
ceiro público federal, atuando como mandatária da União; consentimento ou assumir obrigações em nome próprio;
V – contrato de prestação de serviços - CPS: instrumento XVIII – meta: parcela quantificável do objeto descrita no
jurídico que regula a prestação de serviços realizados pela plano de trabalho;
mandatária da União a favor do concedente, que deve conter XIX – objeto: produto do convênio, contrato de repasse
as atribuições delegadas, as limitações do mandato e a forma ou termo de cooperação, observados o programa de trabalho
de remuneração pelos serviços; e as suas finalidades;
VI – convênio: acordo ou ajuste que discipline a transfe- XX  – padronização: estabelecimento de critérios e in-
rência de recursos financeiros de dotações consignadas nos dicadores a serem seguidos nos convênios com o mesmo
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha objeto, definidos pelo concedente, especialmente quanto
como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da administra- às características do objeto e ao seu custo;
ção pública federal, direta ou indireta, e, de outro lado, órgão XXI – projeto básico: conjunto de elementos necessários
ou entidade da administração pública estadual, do Distrito e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac-
Federal ou municipal, direta ou indireta, consórcios públicos, terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços,
ou ainda, entidades privadas sem fins lucrativos, visando à elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos pre-
execução de programa de governo, envolvendo a realização liminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
de projeto, atividade, serviço, aquisição de bens ou evento tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e
de interesse recíproco, em regime de mútua cooperação; que possibilite a avaliação do custo da obra ou serviço de en-
VII – consórcio público: pessoa jurídica formada exclusi- genharia e a definição dos métodos e do prazo de execução;
vamente por entes da Federação, na forma da Lei nº 11.107, XXII – proponente: órgão ou entidade pública ou priva-
de 6 de abril de 2005; da sem fins lucrativos credenciada que manifeste, por meio
VIII – contrato administrativo de execução ou fornecimento de proposta de trabalho, interesse em firmar instrumento
– CTEF: instrumento jurídico que disciplina a execução de regulado por esta Portaria;
obra, fornecimento de bem ou serviço, regulado pela Lei nº XXIII – termo aditivo: instrumento que tenha por objetivo
8.666, de 21 de junho de 1993, e demais normas pertinentes a modificação do convênio já celebrado, vedada a alteração
à matéria, tendo como contratante o ente que figura como do objeto aprovado;
convenente; XXIV – termo de cooperação: instrumento por meio do
IX – órgãos de controle: instituições vinculadas aos Pode- qual é ajustada a transferência de crédito de órgão ou en-
res Executivo e Legislativo da União, dos estados, do Distrito tidade da Administração Pública Federal para outro órgão
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Federal e dos municípios, que possuem designação cons- federal da mesma natureza ou autarquia, fundação pública
titucional para orientar, auditar, fiscalizar e acompanhar a ou empresa estatal dependente;
execução dos programas, projetos e atividades de governo XXV – termo de parceria: instrumento jurídico previsto
nos aspectos de legalidade, economicidade e eficiência; na Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, para transferência
X – obras e serviços de interesse local: objeto cuja exe- de recursos para organizações sociais de interesse público;
cução é atribuída ao convenente mediante disponibilização (Redação dada pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013)
orçamentária e financeira do concedente para estruturação XXVI  – termo de referência: documento apresentado
de serviços públicos de interesse local, a exemplo dos de quando o objeto do convênio, contrato de repasse envol-
transporte coletivo, saneamento básico, bem como obras de ver aquisição de bens ou prestação de serviços, que deverá
habitação de interesse social e de infraestrutura; conter elementos capazes de propiciar a avaliação do custo

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pela Administração, diante de orçamento detalhado, consi- c) do Programa Dinheiro Direto na Escola - PDDE, insti-
derando os preços praticados no mercado da região onde tuído pela Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agosto
será executado o objeto, a definição dos métodos e o prazo de 2001;
de execução do objeto; (Redação dada pela Portaria Inter- d) do Programa Nacional de Apoio do Transporte Escolar
ministerial nº 495, de 2013) - PNATE, instituído pela Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004;
XXVII – unidade executora: órgão ou entidade da admi- e) do Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para
nistração pública, das esferas estadual, distrital ou municipal, Atendimento de Jovens e Adultos, instituído pela Lei nº
sobre o qual pode recair a responsabilidade pela execução 10.880, de 9 de junho de 2004;
dos objetos definidos nos instrumentos de que trata esta f) do Programa Brasil Alfabetizado, instituído pela Lei nº
Portaria, a critério do convenente, desde que aprovado pre- 10.880, de 9 de junho de 2004; e
viamente pelo concedente, devendo ser considerado como g) do Programa Nacional de Inclusão de Jovens, instituído
partícipe no instrumento. (Incluído pela Portaria Interminis- pela Lei nº 11.692, de 10 de junho de 2008.
terial nº 495, de 2013) III – aos contratos de gestão celebrados com Organizações
§ 3º A descentralização da execução por meio de con- Sociais - OS, na forma estabelecida pela Lei nº 9.637, de 15
vênios somente poderá ser efetivada para entidades públi- de maio de 1998;
cas ou privadas para execução de objetos relacionados com IV – às transferências a que se referem:
suas atividades e que disponham de condições técnicas para a) a Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004;
executá-lo. b) o art. 3º da Lei n 8.142, de 28 de dezembro de 1990;
§ 4º Os órgãos ou entidades da administração pública de c) os arts. 29 e 30 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro
qualquer esfera de governo que recebam as transferências de 1993;
de que trata o caput deverão incluí-las em seus orçamentos. d) a Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010.
§ 5º A União não está obrigada a celebrar convênios. V  – a outros casos em que lei específica discipline de
§ 6º Na hipótese de o convênio vir a ser firmado por enti- forma diversa a transferência de recursos para execução de
dade dependente ou órgão de Estado, do Distrito Federal ou programas em parceria do Governo Federal com governos
de Município, o Chefe do Poder Executivo desse ente deverá estaduais, municipais e do Distrito Federal ou entidade pri-
participar no instrumento a ser celebrado como intervenien- vada sem fins lucrativos.
te, caso não haja delegação de competência. VI – relativos às transferências formalizadas sob a abran-
§ 7° Os convênios referentes a projetos financiados com gência da Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, e dos Decretos
recursos de origem externa deverão contemplar, no que nº 3.518, de 20 de junho de 2000, nº 6.044 de 12 de fevereiro
couber, além do disposto nesta Portaria, os direitos e obri- de 2007 e nº 6.231, de 11 de outubro de 2007;
gações constantes dos respectivos Acordos de Empréstimos VII – às transferências para execução de ações no âmbito
ou Contribuições Financeiras não reembolsáveis celebrados do Programa de Aceleração do Crescimento - PAC, regula-
pela União com Organismos Internacionais, agências gover- mentadas pela Lei nº 11.578, de 26 de novembro de 2007,
namentais estrangeiras, organizações multilaterais de crédito exceto o disposto no Capítulo I do Título I desta Portaria.
ou organizações supranacionais. Parágrafo único. Aplicam-se as disposições desta Porta-
Art. 2º Não se aplicam as exigências desta Portaria: ria, relativas à liberação de recursos, aos instrumentos ce-
I – aos convênios: lebrados antes da data da sua publicação, especialmente o
a) cuja execução não envolva a transferência de recursos disposto no § 1º do art. 38 e nos arts. 78 e seguintes, dispen-
entre os partícipes; sada a celebração de termo aditivo. (Incluído pela Portaria
b) celebrados anteriormente à data da sua publicação, Interministerial nº 274, de 2013)
devendo ser observadas, neste caso, as prescrições norma- Art. 3º Os atos e os procedimentos relativos à forma-
tivas vigentes à época da sua celebração, podendo, todavia, lização, execução, acompanhamento, prestação de contas
se lhes aplicar naquilo que beneficiar a consecução do objeto e informações acerca de tomada de contas especial dos
do convênio; convênios e termos de parceria serão realizados no Sistema
c) destinados à execução descentralizada de programas de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse - SICONV,
federais de atendimento direto ao público, nas áreas de assis- aberto à consulta pública, por meio do Portal dos Convênios.
tência social, médica e educacional, ressalvados os convênios § 1º Os atos que, por sua natureza, não possam ser rea-
em que for prevista a antecipação de recursos; lizados no SICONV, serão nele registrados.
d) que tenham por objeto a delegação de competência § 2º Para a celebração dos instrumentos regulados por
ou a autorização a órgãos ou entidades de outras esferas esta Portaria, os órgãos, entidades e entes a que se refere o
de governo para a execução de atribuições determinadas art. 1º devem estar cadastrados no SICONV.
em lei, regulamento ou regimento interno, com geração de § 3º O convenente deverá manter os documentos rela-
receita compartilhada; e cionados ao convênio pelo prazo de 10 (dez) anos, contados
e) homologados pelo Congresso Nacional ou autoriza- da data em que foi aprovada a prestação de contas.
dos pelo Senado Federal naquilo em que as disposições dos § 4º Na hipótese de digitalização, os documentos origi-
tratados, acordos e convenções internacionais, específicas, nais serão conservados em arquivo, pelo prazo de 5 (cinco)
conflitarem com esta Portaria, quando os recursos envol- anos do julgamento das contas dos responsáveis concedentes
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vidos forem integralmente oriundos de fonte externa de e contratantes pelo Tribunal de Contas da União, findo o qual
financiamento; poderão ser incinerados mediante termo.
II – às transferências celebradas no âmbito: Art. 4º Os órgãos e entidades da Administração Pública
a) do Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Tes- Federal que pretenderem executar programas, projetos e
temunhas Ameaçadas, instituído pela Lei nº 9.807, de 13 de atividades que envolvam transferências de recursos finan-
julho de 1999, e regulamentado pelos Decretos nº 3.518, de ceiros deverão divulgar anualmente no SICONV a relação
20 de junho de 2000, nº 6.044, de 12 de fevereiro de 2007, e dos programas a serem executados de forma descentralizada
nº 6.231, de 11 de outubro de 2007; e, quando couber, critérios para a seleção do convenente.
b) do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, § 1º A relação dos programas de que trata o caput será
instituído pela Medida Provisória nº 2.178-36, de 24 de agos- divulgada em até 60 (sessenta) dias após a sanção da Lei
to de 2001; Orçamentária Anual e deverá conter:

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I – a descrição dos programas; g) análise e aprovação da prestação de contas dos re-
II – as exigências, padrões, procedimentos, critérios de cursos aplicados;
elegibilidade e de prioridade, estatísticas e outros elementos h) notificação do convenente, quando não apresentada a
que possam auxiliar a avaliação das necessidades locais; e prestação de contas dos recursos aplicados ou constatada a
III – tipologias e padrões de custo unitário detalhados, má aplicação dos recursos públicos transferidos, e instauran-
de forma a orientar a celebração dos convênios. do, se for o caso, a competente Tomada de Contas Especial.
§ 2º Os critérios de elegibilidade e de prioridade deverão § 1º A União poderá delegar as atribuições contidas nas
ser estabelecidos de forma objetiva, com base nas diretri- alíneas constantes do inciso II deste artigo a instituição fi-
zes e objetivos dos respectivos programas, visando atingir nanceira oficiais mediante celebração de contrato de pres-
melhores resultados na execução do objeto, considerando, tação de serviços - CPS específico, competindo também à
entre outros aspectos, a aferição da qualificação técnica e mandatária escolhida:
da capacidade operacional do convenente. I – assegurar a fiel observância de seus atos normativos
§ 3º O concedente deverá adotar procedimentos claros, internos e aos expedidos pelos concedentes;
objetivos, simplificados e padronizados que orientem os inte- II – manter o concedente informado sobre o andamento
ressados, de modo a facilitar o seu acesso direto aos órgãos dos convênios e encaminhar as informações necessárias ao
da administração pública federal. processo de acompanhamento e avaliação da execução e
dos resultados das ações;
CAPÍTULO I III – observar as disposições contidas no contrato de pres-
Das Definições de Competências e Responsabilidades tação de serviços - CPS assinado com o concedente para
no Âmbito das Transferências da União para Execução operacionalização dos programas, projetos e atividades.
de Obras e Serviços de Interesse Local § 2º A fiscalização pelo concedente consistirá em:
I – ateste da aquisição de bens e da execução dos serviços
Art. 5º Ao concedente caberá promover: realizados no âmbito do convênio a cada medição, por meio
I – a gestão dos programas, projetos e atividades, me- da verificação da compatibilidade dos quantitativos apre-
diante: sentados nas medições com os quantitativos efetivamente
a) monitoramento, acompanhamento e fiscalização do executados, ressalvado o disposto no Título V, Capítulo VII
convênio, além da avaliação da execução e dos resultados; - Do procedimento Simplificado de Fiscalização, Contratação,
b) definição das diretrizes gerais e os procedimentos Execução e Acompanhamento para Obras e Serviços de En-
operacionais para a sua implementação; genharia de Pequeno Valor; e
c) análise de enquadramento e seleção das propostas II – análise e aprovação das eventuais reformulações de
apresentadas pelos órgãos ou entidades da administração projetos básicos quando houver modificação dos projetos
pública, direta ou indireta, de qualquer esfera de governo, de engenharia e das especificações dos serviços, desde que
consórcio público ou entidade privada sem fins lucrativos, fundamentadas e justificadas em relatórios técnicos de en-
com vistas à celebração de convênio; genharia elaborados pelo convenente, preferencialmente
d) descentralização dos créditos orçamentários e finan- aprovadas pelo responsável técnico pela elaboração dos
ceiros a favor do convenente. projetos de engenharia, observando todas as exigências
II – a operacionalização da execução dos programas, pro- estabelecidas pela Lei nº 8.666, de 1993, para alteração de
jetos e atividades, mediante: contratos administrativos.
a) divulgação de atos normativos e orientações aos con- § 3º O concedente deverá verificar a existência de Ano-
venentes; tação de Responsabilidade Técnica - ART, quando se tratar
b) análise e aprovação da documentação técnica, ins- de obras e serviços de engenharia.
titucional e jurídica das propostas selecionadas, inclusive Art. 6º Ao convenente compete:
projeto básico; I – encaminhar à concedente suas propostas, na forma
c) celebração dos convênios decorrentes das propostas e prazos estabelecidos;
selecionadas; II – definir por etapa/fase a forma de execução, direta ou
d) verificação de realização do procedimento licitatório indireta, do objeto conveniado;
pelo convenente, atendo-se à documentação no que tange: III – elaborar os projetos técnicos relacionados ao objeto
à contemporaneidade do certame; aos preços do licitante pactuado, reunir toda documentação jurídica e institucional
vencedor e sua compatibilidade com os preços de referência; necessária à celebração do convênio, de acordo com os nor-
ao respectivo enquadramento do objeto conveniado com o mativos do programa, bem como apresentar documentos
efetivamente licitado; e, ao fornecimento pelo convenente de titularidade dominial da área de intervenção, licenças e
de declaração expressa firmada por representante legal do aprovações de projetos emitidos pelo órgão ambiental com-
órgão ou entidade convenente, ou registro no SICONV que petente, órgão ou entidade da esfera municipal, estadual, do
a substitua, atestando o atendimento às disposições legais Distrito Federal ou federal e concessionárias de serviços pú-
aplicáveis; blicos, conforme o caso, e nos termos da legislação aplicável;
e) execução orçamentária e financeira necessária aos IV – executar e fiscalizar os trabalhos necessários à con-
convênios, providenciando os devidos registros nos siste- secução do objeto pactuado no convênio, observando pra-
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mas da União, além de comunicar às câmaras municipais e zos e custos, designando profissional habilitado no local da
assembléias legislativas da assinatura do termo e da liberação intervenção com a respectiva Anotação de Responsabilidade
de recursos financeiros que tenham efetuado, a qualquer Técnica - ART;
título, para os municípios, no prazo de dois dias úteis, con- V – assegurar, na sua integralidade, a qualidade técnica
tado da data da liberação, em conformidade com a Lei nº dos projetos e da execução dos produtos e serviços conve-
9.452, de 1997; niados, em conformidade com as normas brasileiras e os nor-
f) acompanhamento e ateste da execução do objeto mativos dos programas, ações e atividades, determinando
conveniado, assim como verificação da regular aplicação a correção de vícios que possam comprometer a fruição do
das parcelas de recursos, condicionando sua liberação ao benefício pela população beneficiária, quando detectados
cumprimento de metas previamente estabelecidas; pelo concedente ou pelos órgãos de controle;

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VI – selecionar as áreas de intervenção e os beneficiá- § 1º O descumprimento de quaisquer das obrigações
rios finais em conformidade com as diretrizes estabelecidas dispostas nos incisos anteriores acarretará ao convenente a
pela concedente, podendo estabelecer outras que busquem prestação de esclarecimentos perante o concedente.
refletir situações de vulnerabilidade econômica e social, in- § 2º Prestados os esclarecimentos de que trata o pará-
formando a concedente sempre que houver alterações; grafo anterior, o concedente, aceitando-os, fará constar nos
VII – realizar, sob sua inteira responsabilidade, o processo autos do processo a justificativa prestada e dará ciência à
licitatório nos termos da Lei nº 8.666, de 1993, e demais Controladoria-Geral da União.
normas pertinentes à matéria, assegurando a correção dos § 3º Ao tomar conhecimento de qualquer irregularida-
procedimentos legais, a suficiência do projeto básico, da de ou ilegalidade, dela dará ciência aos órgãos de controle
planilha orçamentária discriminativa do percentual de Bo- e, havendo fundada suspeita de crime ou de improbidade
nificação e Despesas Indiretas - BDI utilizado e o respectivo administrativa, cientificará o Ministério Público.
detalhamento de sua composição, por item de orçamento ou § 4º A fiscalização pelo convenente consiste na atividade
conjunto deles, e a disponibilidade de contrapartida, quan- administrativa realizada de modo sistemático, prevista na Lei
do for o caso, sempre que optar pela execução indireta de nº 8.666, de 1993, com a finalidade de verificar o cumpri-
obras e serviços, ressalvada a exceção contida no art. 57 mento das disposições contratuais, técnicas e administrativas
em todos os seus aspectos.
desta Portaria.
§ 5º A fiscalização pelo convenente deverá:
VIII – apresentar declaração expressa firmada por repre-
I – manter profissional ou equipe de fiscalização constitu-
sentante legal do órgão ou entidade convenente, ou regis-
ída de profissionais habilitados e com experiência necessária
tro no SICONV que a substitua, atestando o atendimento ao acompanhamento e controle das obras e serviços;
às disposições legais aplicáveis ao procedimento licitatório; II – apresentar ao concedente a Anotação de Responsabi-
IX – exercer, na qualidade de contratante, a fiscalização lidade Técnica - ART da prestação de serviços de fiscalização
sobre o contrato administrativo de execução ou fornecimen- a serem realizados, quando se tratar de obras e serviços de
to - CTEF; engenharia; e
X – estimular a participação dos beneficiários finais na III – verificar se os materiais aplicados e os serviços re-
elaboração e implementação do objeto do convênio, bem alizados atendem os requisitos de qualidade estabelecidos
como na manutenção do patrimônio gerado por estes in- pelas especificações técnicas dos projetos de engenharia
vestimentos; aprovados;
XI – no caso dos entes municipais e do Distrito Federal,
notificar os partidos políticos, os sindicatos de trabalhado- CAPÍTULO II
res e as entidades empresariais com sede no município ou Do Chamamento Público ou Concurso de Projetos
Distrito Federal quando ocorrer a liberação de recursos fi-
nanceiros pelo concedente, como forma de incrementar o Art. 7º Para a celebração dos instrumentos regulados
controle social, em conformidade com a Lei nº 9.452, de por esta Portaria com entes públicos, o órgão ou entidade da
1997, facultada a notificação por meio eletrônico; Administração Pública Federal poderá, com vista a selecionar
XII – operar, manter e conservar adequadamente o pa- projetos e órgãos ou entidades públicas que tornem mais
trimônio público gerado pelos investimentos decorrentes do eficaz a execução do objeto, realizar chamamento público
convênio, após a execução do convênio; no SICONV, que deverá conter, no mínimo:
XIII – prestar contas dos recursos transferidos pela con- I – a descrição dos programas a serem executados de
cedente destinados à consecução do objeto do convênio; forma descentralizada; e
XIV – fornecer à concedente, a qualquer tempo, informa- II – os critérios objetivos para a seleção do convenente
ções sobre as ações desenvolvidas para viabilizar o acompa- ou contratado, com base nas diretrizes e nos objetivos dos
nhamento e avaliação do processo; respectivos programas.
XV – prever no edital de licitação e no contrato de exe- Parágrafo único. Deverá ser dada publicidade ao chama-
cução ou fornecimento - CTEF que a responsabilidade pela mento público, pelo prazo mínimo de 15 (quinze) dias, espe-
qualidade das obras, materiais e serviços executados/forne- cialmente por intermédio da divulgação na primeira página
cidos é da empresa contratada para esta finalidade, inclu- do sítio oficial do órgão ou entidade concedente, bem como
sive a promoção de readequações, sempre que detectadas no Portal dos Convênios.
impropriedades que possam comprometer a consecução do Art. 8º A formação de parceria para execução descen-
tralizada de atividades, por meio de convênio ou termo de
objeto conveniado;
parceria, com entidades privadas sem fins lucrativos deverá
XVI  – realizar no SICONV os atos e os procedimentos
ser precedida de chamamento público ou concurso de pro-
relativos à formalização, execução, acompanhamento, pres-
jetos a ser realizado pelo órgão ou entidade concedente,
tação de contas e informações acerca de tomada de contas visando à seleção de projetos ou entidades que tornem efi-
especial dos convênios, quando couber; caz o objeto do ajuste.
XVII – instaurar processo administrativo apuratório, inclu- § 1º O edital do chamamento público ou concurso de
sive processo administrativo disciplinar, quando constatado projetos conterá, no mínimo, as seguintes informações:
o desvio ou malversação de recursos públicos, irregularidade
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I – especificação do objeto da parceria;


na execução do contrato ou gestão financeira do convênio, II – datas, prazos, condições, local e forma de apresen-
comunicando tal fato ao concedente; tação das propostas;
XVIII – registrar no SICONV o extrato do edital de licitação, III – datas e critérios objetivos de seleção e julgamento
o preço estimado pela Administração para a execução do das propostas;
serviço e a proposta de preço total ofertada por cada licitan- IV – exigência de declaração da entidade proponente de
te com o seu respectivo CNPJ, o termo de homologação e que apresentará, para celebração do instrumento, compro-
adjudicação, o extrato do CTEF e seus respectivos aditivos, vante do exercício, nos últimos 3 (três) anos de atividades
a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART dos projetos, referentes à matéria objeto do convênio ou termo de parceria
dos executores e da fiscalização de obras, e os boletins de que pretenda celebrar com órgão ou entidade, nos termos
medições. do § 7º deste artigo;

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V  – valor previsto para a realização do objeto da par- caso de execução de obras e serviços de engenharia, exceto
ceria; e elaboração de projetos de engenharia, nos quais o valor da
VI – previsão de contrapartida, quando cabível. transferência da União seja inferior a R$ 250.000,00 (duzen-
§ 2º A análise das propostas submetidas ao chamamento tos e cinquenta mil reais);
público ou concurso de projetos deverá observar os seguintes II – com entidades privadas sem fins lucrativos que te-
aspectos, dentre outros que poderão ser fixados pelo órgão nham como dirigente agente político de Poder ou do Minis-
ou entidade concedente: tério Público, tanto quanto dirigente de órgão ou entidade
I – a capacidade técnica e operacional do proponente da administração pública, de qualquer esfera governamental,
para a execução do objeto da parceria; e ou respectivo cônjuge ou companheiro, bem como parente
II – a adequação da proposta apresentada ao objeto da em linha reta, colateral ou por afinidade, até o segundo grau;
parceria, inclusive quanto aos custos, cronograma e resul- III – entre órgãos e entidades da Administração Pública
tados previstos. federal, casos em que deverão ser firmados termos de co-
§ 3º O resultado do chamamento público ou concurso de operação;
projetos deverá ser devidamente fundamentado pelo órgão IV – com órgão ou entidade, de direito público ou privado,
ou entidade concedente. que esteja em mora, inadimplente com outros convênios
§ 4º Deverá ser dada publicidade ao chamamento público celebrados com órgãos ou entidades da Administração Pú-
ou concurso de projetos, inclusive ao seu resultado, espe- blica Federal, ou irregular em qualquer das exigências desta
cialmente por intermédio da divulgação na primeira página Portaria;
do sítio oficial do órgão ou entidade concedente, bem como V – com pessoas físicas ou entidades privadas com fins
no Portal dos Convênios. lucrativos;
§ 5º As informações previstas no § 4º deverão permane- VI  – visando à realização de serviços ou execução de
cer acessíveis no Portal de Convênios por um período não obras a serem custeadas, ainda que apenas parcialmente,
inferior a 5 (cinco) anos, contados da data da divulgação do com recursos externos sem a prévia contratação da operação
resultado do chamamento público ou concurso de projetos. de crédito externo;
§ 6º A celebração do convênio ou termo de parceria com VII  – com entidades públicas ou privadas cujo objeto
entidades privadas sem fins lucrativos será condicionada à social não se relacione às características do programa ou
apresentação pela entidade do comprovante do exercício, que não disponham de condições técnicas para executar o
nos últimos três anos, de atividades referentes à matéria convênio; e
objeto da parceria. VIII  – com entidades privadas sem fins lucrativos que
§ 7º A comprovação a que se refere o § 6º poderá ser não comprovem ter desenvolvido, nos últimos três anos,
efetuada mediante a apresentação de instrumentos similares atividades referentes à matéria objeto do convênio; e
firmados com órgãos e entidades da Administração Pública, IX – com entidades privadas sem fins lucrativos que te-
relatórios de atividades desenvolvidas, declarações de con- nham, em suas relações anteriores com a União, incorrido
selhos de políticas públicas, secretarias municipais ou esta- em pelo menos uma das seguintes condutas:
duais responsáveis pelo acompanhamento da área objeto a) omissão no dever de prestar contas;
da parceria, dentre outras. b) descumprimento injustificado do objeto de convênios,
§ 8º A comprovação a que se refere o § 6º deverá ser re- contratos de repasse ou termos de parceria;
lativa aos três anos anteriores à data prevista para a celebra- c) desvio de finalidade na aplicação dos recursos trans-
ção do convênio, termo de parceria ou contrato de repasse, feridos;
devendo ser esta data previamente divulgada por meio do d) ocorrência de dano ao Erário; ou
edital de chamamento público ou de concurso de projetos. e) prática de outros atos ilícitos na execução de convê-
Art. 9º O titular do órgão ou da entidade concedente nios, contratos de repasse ou termos de parceria.
poderá, mediante decisão fundamentada, excepcionar a § 1° Para fins de alcance do limite estabelecido no inciso
exigência prevista no art. 8º nas seguintes situações: I do caput, é permitido:
I  – nos casos de emergência ou calamidade pública, I – consorciamento entre os órgãos e entidades da ad-
quando caracterizada situação que demande a realização ministração pública direta e indireta dos Estados, Distrito
ou manutenção de convênio, termo de parceria ou contra- Federal e Municípios; e
to de repasse pelo prazo máximo de 180 (cento e oitenta) II  – celebração de convênios com objeto que englobe
dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da vários programas e ações federais a serem executados de
emergência ou calamidade, vedada a prorrogação da vigência forma descentralizada, devendo o objeto conter a descrição
do instrumento; pormenorizada e objetiva de todas as atividades a serem
II – para a realização de programas de proteção a pes- realizadas com os recursos federais.
soas ameaçadas ou em situação que possa comprometer § 2° Os órgãos e as entidades concedentes procederão,
sua segurança; e segundo normas próprias e sob sua exclusiva responsabi-
III – nos casos em que o projeto, atividade ou serviço lidade, às inclusões no Cadastro Informativo de Créditos
objeto do convênio ou contrato de repasse já seja realizado não Quitados do Setor Público Federal - CADIN, de pessoas
adequadamente mediante parceria com a mesma entidade físicas ou jurídicas que se enquadrem na hipótese prevista
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há pelo menos cinco anos e cujas respectivas prestações de no inciso IV do caput, observando-se as normas vigentes a
contas tenham sido devidamente aprovadas. respeito desse cadastro, em especial a Lei n° 10.522, de 19
de julho de 2002.
CAPÍTULO III § 3º Os valores relativos à tarifa de serviços da manda-
Das Vedações tária da União, correspondentes aos serviços para operacio-
nalização da execução dos programas, projetos e atividades
Art. 10. É vedada a celebração de convênios: estabelecidos no inciso II do caput do art. 5º desta Portaria,
I – com órgãos e entidades da administração pública dire- compõem o valor da transferência da União a que se refere
ta e indireta dos Estados, Distrito Federal e Municípios cujo o inciso I deste artigo.” (Incluído pela Portaria Interministerial
valor seja inferior a R$ 100.000,00 (cem mil reais) ou, no nº 205, de 2012)

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CAPÍTULO IV até que sejam exauridas todas as obrigações referentes ao
Do Protocolo de Intenções convênio.
§1º Após o cadastramento de que trata o caput e antes da
Art. 11. O Protocolo de Intenções é um instrumento apresentação de proposta de trabalho poderá ser realizado o
com objetivo de reunir vários programas e ações federais empenho da despesa necessária à celebração do instrumen-
a serem executados de forma descentralizada, devendo o to. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 274, de 2013)
objeto conter a descrição pormenorizada e objetiva de todas §2º No caso do § 1º, o concedente deverá fixar prazo para
as atividades a serem realizadas com os recursos federais. a apresentação de proposta de trabalho pelo convenente.
Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput, os órgãos (Incluído pela Portaria Interministerial nº 274, de 2013)
e entidades da administração pública federal que decidirem §3º O descumprimento do prazo estabelecido na forma
implementar programas em um único objeto deverão for- do §2º implicará cancelamento do empenho. (Incluído pela
malizar protocolo de intenções, que conterá, entre outras, Portaria Interministerial nº 274, de 2013)
as seguintes cláusulas:
I – descrição detalhada do objeto, indicando os progra- CAPÍTULO I
mas por ele abrangidos; Do Credenciamento
II – indicação do concedente responsável pelo protocolo;
III – o montante dos recursos que cada órgão ou entidade Art. 18. O credenciamento será realizado diretamente
irá repassar; no SICONV e conterá, no mínimo, as seguintes informações:
IV – definição das responsabilidades dos partícipes, in- I – nome, endereço da sede, endereço eletrônico e nú-
clusive quanto ao acompanhamento e fiscalização na forma mero de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídi-
prevista nesta Portaria; e cas - CNPJ, bem como endereço residencial do responsável
V – a duração do ajuste. que assinará o instrumento, quando se tratar de instituições
públicas; e
CAPÍTULO V II – razão social, endereço, endereço eletrônico, número
Da Plurianualidade de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas - CNPJ,
transcrição do objeto social da entidade atualizado, relação
Art. 12. Nos instrumentos regulados por esta Portaria, nominal atualizada dos dirigentes da entidade, com endere-
cuja duração ultrapasse um exercício financeiro, indicar-se-
ço, número e órgão expedidor da carteira de identidade e CPF
-á o crédito e respectivo empenho para atender à despesa
de cada um deles, quando se tratar das entidades privadas
no exercício em curso, bem como cada parcela da despesa
sem fins lucrativos.
relativa à parte a ser executada em exercício futuro, mediante
registro contábil.
CAPÍTULO II
Parágrafo único. O registro a que se refere o caput acar-
retará a responsabilidade de o concedente incluir em suas Da Proposta de Trabalho
propostas orçamentárias dos exercícios seguintes a dotação
necessária à execução do convênio. Art. 19. O proponente credenciado manifestará seu inte-
resse em celebrar instrumentos regulados por esta Portaria
CAPÍTULO VI mediante apresentação de proposta de trabalho no SICONV,
Do Consórcio Público em conformidade com o programa e com as diretrizes dis-
poníveis no sistema, que conterá, no mínimo:
Art. 13. Os órgãos e entidades da Administração Públi- I – descrição do objeto a ser executado;
ca Federal darão preferência às transferências voluntárias II – justificativa contendo a caracterização dos interes-
para Estados, Distrito Federal e Municípios cujas ações se- ses recíprocos, a relação entre a proposta apresentada e os
jam desenvolvidas por intermédio de consórcios públicos, objetivos e diretrizes do programa federal e a indicação do
constituídos segundo o disposto na Lei nº 11.107, de 2005. público alvo, do problema a ser resolvido e dos resultados
Art. 14. A celebração do convênio com consórcio público esperados;
para a transferência de recursos da União está condicionada III – estimativa dos recursos financeiros, discriminando
ao atendimento, pelos entes federativos consorciados, das o repasse a ser realizado pelo concedente e a contrapartida
exigências legais aplicáveis, sendo vedada sua celebração prevista para o proponente, especificando o valor de cada
caso exista alguma irregularidade por parte de qualquer dos parcela e do montante de todos os recursos, na forma es-
entes consorciados. tabelecida em lei;
Art. 15. Os Estados, os Municípios e o Distrito Federal po- IV – previsão de prazo para a execução; e
derão executar o objeto do convênio celebrado com a União V – informações relativas à capacidade técnica e gerencial
por meio de consórcio público a que estejam associados. do proponente para execução do objeto.
Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput, o con- Parágrafo único. Os concedentes poderão exigir o pré-
vênio poderá indicar o consórcio público como responsável vio cadastramento para encaminhamento das propostas de
pela execução, sem prejuízo das responsabilidades dos con- trabalho.
Direito Administrativo

venentes. Art. 20. O concedente analisará a proposta de trabalho e:


I – no caso da aceitação:
TÍTULO II a) o concedente realizará o pré-empenho, que será vin-
DO CREDENCIAMENTO, DA PROPOSTA culado à proposta e só poderá ser alterado por intermédio
DE TRABALHO E DO CADASTRAMENTO do SICONV; (Revogado pela Portaria Interministerial nº 274,
de 2013);
Art. 16. Para apresentar proposta de trabalho, o interes- b) o proponente atenderá às exigências para efetivação
sado deverá estar credenciado no SICONV. do cadastro e incluirá o Plano de Trabalho no SICONV; e
Art. 17 As informações prestadas no credenciamento e c) informará ao proponente das exigências e pendências
no cadastramento devem ser atualizadas pelo convenente verificadas.

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II – no caso de recusa, o concedente: (Redação dada pela VII – comprovante do exercício nos últimos 3 (três) anos,
Portaria Interministerial nº 274, de 2013) pela entidade privada sem fins lucrativos, de atividades refe-
a) registrará o indeferimento no SICONV; (Redação dada rentes à matéria objeto do convênio ou contrato de repasse
pela Portaria Interministerial nº 274, de 2013) que pretenda celebrar com órgãos e entidades da adminis-
b) comunicará ao proponente o indeferimento da pro- tração pública federal.
posta; e (Redação dada pela Portaria Interministerial nº 274, § 1º A comprovação do requisito constante no inciso VII
de 2013) deste artigo deverá ser aprovada pelo órgão ou entidade
c) cancelará o empenho realizado. (Incluído pela Portaria da administração pública federal responsável pela matéria
Interministerial nº 274, de 2013) objeto do convênio ou contrato de repasse que se pretenda
celebrar.
CAPÍTULO III § 2º A comprovação das exigências previstas no inciso
Do Cadastramento VII deste artigo e no art. 6º, bem como a vedação prevista
no inciso IX do art. 10, não se aplicam às transferências do
Art. 21. O cadastramento dos proponentes oriundos do Ministério da Saúde destinadas a serviços de saúde integran-
Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União será re- tes do Sistema Único de Saúde - SUS.
alizado em órgão ou entidade concedente ou nas unidades § 3º Os órgãos e entidades da administração pública fede-
cadastradoras do Sistema de Cadastro Unificado de Fornece- ral deverão registrar e manter atualizada no SICONV relação
dores - SICAF a ele vinculadas, e terá validade de 1 (um) ano, de todas as entidades privadas sem fins lucrativos aptas a
sem prejuízo do disposto no art. 16 desta Portaria. receber transferências voluntárias de recursos por meio de
§ 1º O representante do proponente responsável pela convênios e termos de parceria.
entrega dos documentos e das informações para fins de ca- § 4º Serão consideradas aptas as entidades privadas sem
dastramento, deverá comprovar seu vínculo com o cadastra- fins lucrativos cujas exigências previstas no cadastramento
do, demonstrando os poderes para representá-lo neste ato. tenham sido aprovadas pelo órgão ou entidade da adminis-
§ 2º A comprovação a que se refere o parágrafo anterior, tração pública federal.
sem prejuízo da apresentação adicional de qualquer docu- § 5º Deverá ser dada publicidade à relação de que trata
mento hábil, poderá ser feita mediante apresentação de: o inciso II deste artigo por intermédio da sua divulgação na
I – cópia autenticada dos documentos pessoais do repre- primeira página do Portal dos Convênios.
sentante, em especial, Carteira de Identidade e com Cadastro Art. 23. Para o cadastramento dos órgãos e entidades
de Pessoas Físicas - CPF; públicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
II – cópia autenticada do diploma eleitoral, acompanhada será exigida a atualização das informações constantes do
da publicação da portaria de nomeação ou outro instrumento credenciamento, respeitadas as exigências do art. 18 desta
equivalente, que delegue competência para representar o Portaria.
ente, órgão ou entidade pública, quando for o caso; e
III – cópia autenticada da ata da assembléia que elegeu o TÍTULO III
corpo dirigente da entidade privada sem fins lucrativos, devi- DA CONTRAPARTIDA, DO PLANO DE
damente registrada no cartório competente, acompanhada TRABALHO E DO PROJETO BÁSICO
de instrumento particular de procuração, com firma reco-
nhecida, assinada pelo dirigente máximo, quando for o caso. CAPÍTULO I
§ 3º Nos casos em que o cadastramento for realizado pelo Da Contrapartida
concedente, os documentos referidos no art. 22 desta Por-
taria poderão ser encaminhados antecipadamente ao órgão Art. 24. A contrapartida, quando houver, será calculada
repassador dos recursos, inclusive via postal, pelo dirigente sobre o valor total do objeto e poderá ser atendida por meio
máximo da entidade privada sem fins lucrativos. de recursos financeiros e de bens ou serviços, se economi-
Art. 22. Para a realização do cadastramento das entidades camente mensuráveis.
privadas sem fins lucrativos será exigido: § 1º A contrapartida, quando financeira, deverá ser de-
I  – cópia do estatuto ou contrato social registrado no positada na conta bancária específica do convênio em con-
cartório competente e suas alterações; formidade com os prazos estabelecidos no cronograma de
II – relação nominal atualizada dos dirigentes da entida- desembolso.
de, com Cadastro de Pessoas Físicas - CPF; § 2º A contrapartida por meio de bens e serviços, quando
III – declaração do dirigente máximo da entidade acerca aceita, deverá ser fundamentada pelo concedente e ser eco-
da inexistência de dívida com o Poder Público e de inscrição nomicamente mensurável devendo constar do instrumento,
nos bancos de dados públicos ou privados de proteção ao cláusula que indique a forma de aferição do valor correspon-
crédito; dente em conformidade com os valores praticados no mer-
IV – declaração da autoridade máxima da entidade in- cado ou, em caso de objetos padronizados, com parâmetros
formando que nenhuma das pessoas relacionadas no inciso previamente estabelecidos.
II é agente político de Poder ou do Ministério Público, tanto § 3º A contrapartida, a ser aportada pelo convenente,
Direito Administrativo

quanto dirigente de órgão ou entidade da administração será calculada observados os percentuais e as condições es-
pública, de qualquer esfera governamental, ou respectivo tabelecidas na lei federal anual de diretrizes orçamentárias.
cônjuge ou companheiro, bem como parente em linha reta, § 4º O proponente deverá comprovar que os recursos,
colateral ou por afinidade, até o segundo grau; bens ou serviços referentes à contrapartida proposta estão
V – prova de inscrição da entidade no Cadastro Nacional devidamente assegurados.
de Pessoas Jurídicas - CNPJ pelo prazo mínimo de 3 (três) § 5º A contrapartida a ser aportada pelos entes públicos,
anos, quando vier a celebrar o instrumento; quando financeira, deverá ser comprovada por meio de pre-
VI – prova de regularidade com as Fazendas Federal, Es- visão orçamentária.
tadual, do Distrito Federal e Municipal e com o Fundo de § 6º A contrapartida não financeira para os entes públicos
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, na forma da lei; e poderá ser aceita, salvo disposição legal em contrário.

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CAPÍTULO II § 1º O custo de referência será obtido a partir de com-
Do Plano de Trabalho posições de custos unitários, previstas no projeto, menores
ou iguais à mediana de seus correspondentes no Sistema
Art. 25. O Plano de Trabalho, que será avaliado após a Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
efetivação do cadastro do proponente, conterá, no mínimo: - SINAPI, mantido e divulgado, na internet, pela Caixa Eco-
I – justificativa para a celebração do instrumento; nômica Federal, e, no caso de obras e serviços rodoviários,
II – descrição completa do objeto a ser executado; à tabela do Sistema de Custos de Obras Rodoviárias - SICRO.
III – descrição das metas a serem atingidas; § 2º O percentual do BDI de referência aceitável deverá
IV – definição das etapas ou fases da execução; ser estabelecido pelo concedente.
V – cronograma de execução do objeto e cronograma Art. 31. O preço global orçado, bem como o preço global
de desembolso; e contratado não poderão ultrapassar o preço de referência
VI  – plano de aplicação dos recursos a serem desem- em qualquer regime de execução indireta.
bolsados pelo concedente e da contrapartida financeira do Art. 32. No regime de execução indireta por preço unitá-
proponente, se for o caso. rio, o preço de cada item da planilha vencedora do processo
Art. 26. O Plano de Trabalho será analisado quanto à sua licitatório deverá ser igual ou inferior ao de referência.
viabilidade e adequação aos objetivos do programa e, no caso Art. 33. O acompanhamento da execução pelo conce-
das entidades privadas sem fins lucrativos, será avaliada sua dente será realizado por metas componentes do Plano de
qualificação técnica e capacidade operacional para gestão Trabalho e de acordo com o orçamento e o cronograma de
do instrumento, de acordo com critérios estabelecidos pelo execução do objeto aprovado pelo concedente e não por
órgão ou entidade repassador de recursos. serviços unitários ou insumos aplicados.
§ 1º Será comunicada ao proponente qualquer irregula- Art. 34. Os aditivos ao Contrato Administrativo de Exe-
ridade ou imprecisão constatadas no Plano de Trabalho, que cução ou Fornecimento - CTEF relativos a quantitativos de
deverá ser sanada no prazo estabelecido pelo concedente. serviços ou preços decorrentes de diferenças entre o projeto
§ 2º A ausência da manifestação do proponente no pra- aprovado pelo concedente e a execução ou reajustamento/
zo estipulado implicará a desistência no prosseguimento do realinhamento de preços não acarretarão nova análise ou
processo. reprogramação no convênio por parte do concedente.
§ 3º Os ajustes realizados durante a execução do obje-
§ 1º Outros sistemas de referência poderão ser utilizados
to integrarão o Plano de Trabalho, desde que submetidos e
nos casos de incompatibilidade de adoção daqueles de que
aprovados previamente pela autoridade competente.
trata o § 1º do art. 30 desta Portaria, devendo sua neces-
sidade ser demonstrada por justificação técnica elaborada
CAPÍTULO III
pelo órgão mantenedor do novo sistema, o qual deve ser
Da Composição de Preços
aprovado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e
Art. 27. O preço para a contratação de obras e serviços Gestão e divulgado pela Internet.
de engenharia executados com recursos do orçamento da § 2º Nos casos de itens não constantes dos sistemas de
União será obtido a partir do custo acrescido da parcela de referência mencionados neste artigo, o custo será apurado
Benefícios e Despesas Indiretas - BDI. por meio de pesquisa de mercado e justificado pela Admi-
Parágrafo único. O BDI deverá evidenciar em sua com- nistração.
posição, exclusivamente: § 3º Na elaboração dos preços de referência, serão ado-
I – taxa de rateio da administração central; tadas variações locais dos custos, desde que constantes do
II – percentuais de tributos incidentes sobre o preço do sistema de referência utilizado.
serviço, excluídos aqueles de natureza direta e personalística § 4º Deverá constar do projeto básico a que se refere o
que oneram o contratado; art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666, de 1993, inclusive de suas
III – taxa de risco, seguro e garantia do empreendimento; eventuais alterações, a anotação de responsabilidade técnica
IV – taxa de lucro; e pelas planilhas orçamentárias, as quais deverão ser compa-
V – taxa das despesas financeiras. tíveis com o projeto e os custos do sistema de referência,
Art. 28. O preço orçado será proposto pelo convenente nos termos deste artigo.
com vistas à execução do objeto conveniado. § 5º Ressalvado o regime de empreitada por preço glo-
Art. 29. A análise do preço orçado deverá considerar: bal, os demais regimes de execução deverão observar as
I – a análise do custo orçado, realizada por meio da se- seguintes disposições:
leção das parcelas de custos mais relevantes, identificadas I – a diferença percentual entre o valor global do con-
por meio da aplicação do método denominado curva ABC, trato e o obtido a partir dos custos unitários do sistema de
contemplando no mínimo 10% (dez por cento) do número referência utilizado não poderá ser reduzida, em favor do
de itens da planilha que somados correspondam ao valor contratado, em decorrência de aditamentos que modifiquem
mínimo de 80% (oitenta por cento) do valor total das obras a planilha orçamentária;
e serviços de engenharia orçados; e II – o licitante vencedor não está obrigado a adotar os
II – o BDI orçado, devidamente detalhado na forma es- custos unitários ofertados pelos licitantes vencidos; e
Direito Administrativo

tabelecida nesta Portaria, que não poderá ser superior ao III – somente em condições especiais, devidamente justi-
BDI de referência estabelecido pelo concedente, salvo em ficadas em relatório técnico circunstanciado, elaborado por
condições especiais devidamente justificadas em relatório profissional habilitado e aprovado pelo órgão gestor dos re-
técnico circunstanciado, elaborado por profissional habili- cursos ou seu mandatário, poderão os custos unitários do
tado e aprovado pelo concedente. orçamento base da licitação exceder o limite fixado no § 1º
Parágrafo único. O custo global orçado pelo convenente do art. 30, sem prejuízo da avaliação do controle.
não poderá ultrapassar o custo global de referência. § 6º No caso de adoção do regime de empreitada por
Art. 30. O preço de referência é o parâmetro de admis- preço global, previsto no art. 6º, inciso VIII, alínea “a”, da
sibilidade do concedente para aprovação do preço orçado Lei nº 8.666, de 1993, devem ser observadas as seguintes
e do contratado. disposições:

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I – o preço contratado pelo convenente poderá utilizar IV – que o objeto da licitação deve guardar compatibili-
parâmetros de custos unitários diferentes daqueles fixados dade com o objeto do convênio, caracterizado no Plano de
no § 1º do art. 30, desde que o preço global e o de cada Trabalho, sendo vedada a utilização de objetos genéricos
uma das etapas previstas no cronograma físico-financeiro ou indefinidos; e
do contrato, observado o caput deste artigo, fique igual ou V – que a empresa vencedora da licitação venha man-
abaixo do preço de referência, assegurado aos órgãos de tendo durante a execução do contrato, todas as condições
controle o acesso irrestrito a essas informações para fins de de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
verificação da observância deste inciso;
II – o CTEF deverá conter cronograma físico-financeiro CAPITULO IV
com a especificação física completa das etapas necessárias Do Projeto Básico e do Termo de Referência
à medição, ao monitoramento e ao controle das obras, não
se aplicando, a partir da assinatura do CTEF e para efeito de Art. 37. Nos convênios, o projeto básico ou o termo de
execução, medição, monitoramento, fiscalização e auditoria, referência deverá ser apresentado antes da celebração do
os custos unitários da planilha de formação do preço; instrumento, sendo facultado ao concedente exigi-lo depois,
III – mantidos os critérios estabelecidos no caput des- desde que antes da liberação da primeira parcela dos re-
te artigo, deverá constar do edital e do contrato cláusula cursos.
expressa de concordância do contratado com a adequação § 1º O projeto básico ou o termo de referência poderá
do projeto básico, sendo que as alterações contratuais sob ser dispensado no caso de padronização do objeto, a crité-
alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças, rio da autoridade competente do concedente, em despacho
orçamentos, plantas, especificações, memoriais e estudos fundamentado.
técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no § 2º O projeto básico ou o termo de referência deverá
seu conjunto, 10% (dez por cento) do valor total do contrato, ser apresentado no prazo fixado no instrumento, prorrogável
computando- se esse percentual para verificação do limite uma única vez por igual período, a contar da data da cele-
do art. 65, § 1º, da Lei nº 8.666, de 1993; bração, conforme a complexidade do objeto.
IV – a formação do preço dos aditivos contratuais con- § 3º O prazo de que trata o § 2º não poderá ultrapassar
tará com orçamento específico detalhado em planilhas ela- 18 (dezoito) meses, incluída a prorrogação, se houver.
boradas pelo órgão ou entidade responsável pela licitação, § 4º O projeto básico ou o termo de referência será apre-
mantendo-se, em qualquer aditivo contratual, a proporciona- ciado pelo concedente e, se aprovado, ensejará a adequação
lidade da diferença entre o valor global estimado pela admi- do Plano de Trabalho
nistração nos termos deste artigo e o valor global contratado, § 5º Constatados vícios sanáveis no projeto básico ou no
mantidos os limites do art. 65, § 1º, da Lei nº 8.666, de 1993; termo de referência, estes serão comunicados ao convenen-
V – na situação prevista no inciso IV deste parágrafo, uma te, que disporá de prazo para saná-los.
vez formalizada a alteração contratual, não se aplicam, para § 6º Caso o projeto básico ou o termo de referência não
efeito de execução, medição, monitoramento, fiscalização seja entregue no prazo estabelecido no parágrafo anterior
e auditoria, os custos unitários da planilha de formação do ou receba parecer contrário à sua aprovação, proceder-se-á
preço do edital, assegurado ao controle interno e externo o à extinção do convênio, caso já tenha sido assinado.
acesso irrestrito a essas informações para fins de verificação
§ 7º Quando houver, no Plano de Trabalho, a previsão
da observância dos incisos I e IV deste parágrafo; e
de transferência de recursos para a elaboração do projeto
VI – somente em condições especiais, devidamente justi-
básico ou do termo de referência, é facultada a liberação do
ficadas em relatório técnico circunstanciado, elaborado por
montante correspondente ao custo do serviço.
profissional habilitado e aprovado pelo órgão gestor dos
recursos ou seu mandatário, poderão os custos das etapas
TÍTULO IV
do cronograma físico-financeiro exceder o limite fixado nos
DA CELEBRAÇÃO
incisos I e IV deste parágrafo, sem prejuízo da avaliação dos
órgãos de controle interno e externo.
Art. 35. Os editais de licitação para consecução do objeto CAPÍTULO I
conveniado somente poderão ser publicados após a assina- Das Condições para a Celebração
tura do respectivo convênio e aprovação do projeto técnico
pelo concedente. Art. 38. São condições para a celebração de convênios,
Parágrafo único. A publicação do extrato do edital de a serem cumpridas pelo convenente, conforme previsto na
licitação deverá ser feita no Diário Oficial da União, em aten- Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, na Lei de
dimento ao art. 21, inciso I, da Lei nº 8.666, de 1993, sem Diretrizes Orçamentárias e nas demais normas aplicáveis:
prejuízo ao uso de outros veículos de publicidade usualmente I  – Demonstração do exercício da Plena Competência
utilizados pelo convenente. Tributária, que se constitui no cumprimento da obrigação
Art. 36. Poderá ser aceita licitação realizada antes da de instituir, prever e arrecadar os impostos de competência
assinatura do convênio, desde que observadas as seguintes constitucional do Ente Federativo a que se vincula o conve-
condições: nente, conforme dispõe o parágrafo único do art. 11 da Lei
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, comprovada
Direito Administrativo

I – que fique demonstrado que a contratação é mais van-


tajosa para o convenente, se comparada com a realização por meio de apresentação de declaração do chefe do exe-
de uma nova licitação; cutivo de que instituiu, previu e arrecadou os impostos de
II – que a licitação tenha seguido as regras estabelecidas competência constitucional, juntamente com o comprovante
na Lei nº 8.666, de 1993, inclusive quanto à obrigatorieda- de remessa da declaração para o respectivo Tribunal de Con-
de da existência de previsão de recursos orçamentários que tas por meio de recibo do protocolo, aviso de recebimento
assegurassem o pagamento das obrigações decorrentes de ou carta registrada; com validade até 30 de abril do exercício
obras ou serviços a serem executadas; subseqüente, para os Municípios, e até 31 de maio do exer-
III – que o projeto básico, no caso de obras de engenharia, cício subseqüente, para os Estados e para o Distrito Federal;
tenha sido elaborado de acordo com o que preceitua a Lei II – Regularidade Previdenciária, constituída pela obser-
nº 8.666, de 1993; vância dos critérios e das regras gerais para a organização e o

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funcionamento dos regimes próprios de previdência social IX – aplicação mínima de recursos na área da Educação,
dos servidores públicos, cujo Certificado de Regularidade em atendimento ao disposto no art. 212, da Constituição
Previdenciária - CRP é emitido pela Secretaria de Políticas Federal, e no art. 25, § 1º, inciso IV, alínea “b”, da Lei Com-
de Previdência Social - SPPS do Ministério da Previdência plementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e que se constitui
Social - MPS, em atendimento ao disposto no art. 7º da Lei na aplicação anual, na manutenção e desenvolvimento do
nº 9.717, de 27 de novembro de 1998, e no Decreto nº 3.788, ensino, do percentual mínimo de vinte e cinco por cento da
de 11 de abril de 2001, sendo válida no prazo e condições receita resultante de impostos, compreendida a proveniente
da respectiva certidão; de transferências, cujos dados do exercício encerrado devem
III – regularidade quanto a Tributos e Contribuições Fe- ser fornecidos pelo Ente Federativo ao Fundo Nacional de
derais e à Dívida Ativa da União, conforme dados da Certi- Desenvolvimento da Educação (FNDE), para processamento
dão Conjunta de Débitos relativos a Tributos e Contribuições pelo Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em
Federais e à Dívida Ativa da União, fornecida pelos sistemas Educação (SIOPE), comprovado por meio do seu extrato, com
da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB e da Procu- validade até a apresentação dos dados de um novo exercício,
radoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN, em atendimento limitado às datas de 30 de abril do exercício subsequente,
ao disposto no art. 25, § 1º, inciso IV, alínea “a”, da Lei Com- para Municípios, e de 31 de maio do exercício subsequente,
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e art. 27, inciso IV, para os Estados e para o Distrito Federal, ou, na impossibi-
art. 29 e art. 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, lidade de verificação por meio desse sistema, apresentação
sendo válida no prazo e condições da respectiva certidão; de certidão emitida pelo Tribunal de Contas competente;
IV – regularidade quanto a Contribuições Previdenciá- (Redação dada pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013)
rias, conforme dados da Certidão Negativa de Débito (CND), X – aplicação mínima de recursos na área da Saúde, em
fornecida pelo sistema da Secretaria da Receita Federal do atendimento ao disposto no art. 198, § 2º, da Constituição
Brasil, relativamente às contribuições previdenciárias e às Federal, no art. 77, do Ato das Disposições Constitucionais
contribuições devidas, por lei, a terceiros, incluindo as inscri- Transitórias, nos arts. 6º e 7º da Lei Complementar nº 141, de
ções em Dívida Ativa do INSS, em atendimento ao disposto no 13 de janeiro e 2012, e no art. 25, § 1º, inciso IV, alínea “b”,
art. 195, § 3º, da Constituição Federal, e art. 25, § 1º, inciso IV, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, e que
alínea “a” da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, se constitui na aplicação anual, em ações e serviços públicos
sendo válida no prazo e condições da respectiva certidão; de saúde, dos percentuais mínimos da receita resultante de
V – regularidade perante o Poder Público Federal, con- impostos, compreendida a proveniente de transferências,
forme consulta ao Cadastro Informativo dos Créditos não cujos dados do exercício encerrado devem ser fornecidos
Quitados do Setor Público Federal (CADIN), cuja verificação pelo Ente Federativo ao Ministério da Saúde (MS), para pro-
da existência de débitos perante os órgãos e entidades do cessamento pelo Sistema de Informações sobre Orçamentos
Poder Público Federal atende ao disposto no art. 6º da Lei Públicos em Saúde (SIOPS), comprovado por meio do seu
nº 10.522, de 19 de julho de 2002, sendo sua comprovação extrato, com validade até a apresentação dos dados de um
verificada por meio da informação do cadastro mantido no novo exercício, limitado à data de 30 de janeiro do exercí-
Sistema de Informações do Banco Central do Brasil - SISBA- cio subsequente, ou, na impossibilidade de verificação por
CEN, do Banco Central do Brasil (BACEN), e de acordo com meio desse sistema, apresentação de certidão emitida pelo
os procedimentos da referida Lei; Tribunal de Contas competente; (Redação dada pela Portaria
VI – regularidade quanto a Contribuições para o FGTS, Interministerial nº 495, de 2013)
conforme dados do Certificado de Regularidade do Fundo XI – publicação do Relatório de Gestão Fiscal - RGF, no
de Garantia do Tempo de Serviço - CRF/FGTS, fornecido pelo prazo de até 30 dias após o encerramento de cada quadri-
Sistema de Controle da Caixa Econômica Federal (CAIXA), mestre ou semestre, a ser apresentado a gestor de órgão ou
cuja comprovação de regularidade, quanto ao depósito das entidade concedente, ou ainda à Caixa Econômica Federal
parcelas devidas ao Fundo, atende ao disposto nos arts. 29, (CAIXA), na forma da lei, em atendimento ao disposto nos
inciso IV, e 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, e arts. 54, 55 e 63, inciso II, alínea “b”, da Lei Complementar nº
art. 25, inciso IV da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio 101, de 4 de maio de 2000, com validade até a data-limite de
de 2000, sendo válida no prazo e condições do respectivo publicação do Relatório subseqüente, verificada por meio de
certificado; comprovação de publicação, podendo ser utilizados os rela-
VII – regularidade quanto à Prestação de Contas de Re- tórios disponíveis no Sistema de Coleta de Dados Contábeis
cursos Federais Recebidos Anteriormente, em atendimento dos Entes da Federação (SIsTN), gerido pela Caixa Econômica
ao disposto no art. 25, § 1º, inciso IV, alínea “a” da Lei Com- Federal (CAIXA) e pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN),
plementar nº 101, de 4 de maio de 2000, mediante consulta: em regime de cooperação, de cada um dos Poderes e órgãos
a) ao Subsistema TRANSFERÊNCIAS do Sistema de Admi- elencados no art. 20, da Lei Complementar nº 101, de 4 de
nistração Financeira do Governo Federal - SIAFI, da Secretaria maio de 2000, ou por meio de declaração do secretário de
do Tesouro Nacional (STN), para os convênios firmados sob a finanças ou do secretário responsável pela divulgação de
égide da Instrução Normativa STN nº 1, de 15 de janeiro de informações contábeis e fiscais atestando a publicação dos
1997; titulares dos Poderes e órgãos, juntamente com o compro-
b) ao SICONV, para aqueles firmados sob a égide da Por- vante de remessa da declaração para o respectivo Tribunal
Direito Administrativo

taria Interministerial MP/MF/MCT nº 127, de 2008, dos Mi- de Contas por meio de recibo do protocolo, aviso de recebi-
nistérios do Planejamento, Orçamento e Gestão, da Fazenda mento ou carta registrada;
e do Controle e Transparência, e sob a égide desta Portaria; XII – inexistência de vedação ao recebimento de trans-
VIII – regularidade em relação à Adimplência Financeira ferência voluntária por descumprimento dos seguintes limi-
em Empréstimos e Financiamentos concedidos pela União, e tes, em atendimento ao disposto no art. 23, § 3º, e art. 25,
administrados pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em inciso IV, alínea “c”, da Lei Complementar nº 101, de 4 de
atendimento ao disposto no art. 25, § 1º, inciso IV, alínea maio de 2000, mediante análise das informações declaradas,
“a”, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, de acordo com as orientações previstas no Manual de De-
comprovada mediante informação de adimplência prestada monstrativos Fiscais da Secretaria do Tesouro Nacional, nos
pela STN; Relatórios de Gestão Fiscal (RGF), de cada um dos Poderes e

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órgãos elencados no art. 20 da Lei Complementar nº 101, Contas competente por meio de recibo do protocolo, aviso
de 4 de maio de 2000, disponíveis no Sistema de Coleta de de recebimento ou carta registrada com validade até 30 de
Dados Contábeis dos Entes da Federação (SIsTN), gerido pela janeiro do ano subseqüente;
Caixa Econômica Federal (CAIXA) e pela Secretaria do Tesouro XVI – comprovação da regularidade quanto ao Pagamen-
Nacional (STN), em regime de cooperação, ou entregue pelo to de Precatórios Judiciais, segundo regramento aposto na
Ente Federativo, ou mediante a declaração do secretário de alínea “b” do inciso IV do § 10 do art. 97 do Ato das Dispo-
finanças ou do secretário responsável pela divulgação de sições Constitucionais Transitórias, comprovado por meio
informações contábeis e fiscais atestando o cumprimento de certificado emitido pelo Cadastro de Inadimplentes do
pelos Poderes e órgãos, juntamente com o comprovante de Conselho Nacional de Justiça (CEDIN), disponível na Inter-
remessa da declaração para o respectivo Tribunal de Contas net, ou por meio de declaração de regularidade quanto ao
por meio de recibo do protocolo, aviso de recebimento ou pagamento de precatórios judiciais do chefe do executivo
carta registrada; com validade até a data de publicação do ou do secretário de finanças juntamente com a remessa da
RGF subseqüente: declaração para o Tribunal de Justiça competente por meio
a) limites de despesa total com pessoal; constante do de recibo do protocolo, aviso de recebimento ou carta re-
Anexo I, do RGF; gistrada;
b) limites das dívidas consolidada e mobiliária; constante XVII – comprovação de divulgação da execução orçamen-
do Anexo II, do RGF; tária e financeira por meio eletrônico de acesso ao público
c) limite de operações de crédito, inclusive por antecipa- e de informações pormenorizadas relativas à receita e à
ção de receita; constante do Anexo IV, do RGF; despesa em atendimento ao disposto no art. 73-C da Lei
d) limite de inscrição em Restos a Pagar, aplicável para Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, comprovado
o último ano do mandato, constante do Anexo VI, do RGF. por meio de declaração de cumprimento, juntamente com a
XIII – encaminhamento das Contas Anuais (Demonstra- remessa da declaração para o respectivo Tribunal de Contas
tivos Contábeis citados na Lei nº 4.320, de 17 de março de por meio de recibo do protocolo, aviso de recebimento ou
1964), para a consolidação das contas dos Entes da Federação carta registrada;
relativas ao exercício anterior, em atendimento ao disposto XVIII  – inexistência de situação de vedação ao recebi-
no art. 51 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de mento de transferências voluntárias nos termos do art. 33,
2000, cujo registro é procedido pela própria Secretaria do combinado com o inciso I do § 3º do art. 23, ambos da Lei
Tesouro Nacional (STN), com base no Sistema de Coleta de Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, comprovado
Dados Contábeis dos Entes da Federação (SIsTN), gerido pela por meio de declaração de que não realizou operação de
Caixa Econômica Federal (CAIXA) e pela STN, em regime de crédito enquadrada no § 1º do art. 33 da Lei Complementar
cooperação, o que deverá ocorrer até as datas-limite de 30 nº 101, de 2000, juntamente com o comprovante de remes-
de abril do exercício subseqüente, para os Municípios, e de sa da declaração para o respectivo Tribunal de Contas por
31 de maio, para Estados ou Distrito Federal, comprovada meio de recibo do protocolo, aviso de recebimento ou carta
mediante informação de adimplência prestada pela STN; registrada.
XIV  – publicação do Relatório Resumido da Execução § 1º A verificação dos requisitos fiscais para o recebi-
Orçamentária (RREO), no prazo de até 30 dias após o en- mento de transferências voluntárias deverá ser feita no mo-
cerramento de cada bimestre, em atendimento ao disposto mento da assinatura do respectivo convênio, bem como na
nos arts. 52 e 53 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio assinatura dos correspondentes aditamentos de valor, não
de 2000, a ser apresentado a gestor de órgão ou entidade sendo necessária nas liberações financeiras de recurso, que
concedente, ou ainda à Caixa Econômica Federal (CAIXA), na devem obedecer ao cronograma de desembolso previsto no
forma da lei, com validade até a data-limite de publicação convênio.
do relatório subseqüente, podendo ser utilizado o relatório § 2º A demonstração do cumprimento das exigências, por
disponível no Sistema de Coleta de Dados Contábeis dos parte dos Estados, Distrito Federal e Municípios, respectivas
Entes da Federação (SIsTN), gerido pela Caixa Econômica Administrações Indiretas e entidades privadas sem fins lucra-
Federal (CAIXA) e pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), tivos, deverá ser feita por meio de apresentação pelo pro-
em regime de cooperação, ou a declaração de publicação ponente, ao concedente, de documentação comprobatória
do secretário de finanças ou do secretário responsável pela de sua regularidade e da unidade executora, quando houver.
divulgação de informações contábeis e fiscais juntamente (Redação dada pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013)
com a remessa da declaração para o respectivo Tribunal de § 3º A critério do beneficiário, poderá ser utilizado, para
Contas por meio de recibo do protocolo, aviso de recebimen- fins do § 1º, extrato emitido por sistema de consulta de requi-
to ou carta registrada; sitos fiscais para recebimento de transferências voluntárias
XV – comprovação de que as Despesas de Caráter Conti- disponibilizado pela Secretaria do Tesouro Nacional, apenas
nuado Derivadas do Conjunto das Parcerias Público-Privadas com relação aos requisitos fiscais que estiverem espelhados
já contratadas no ano anterior limitam-se a 3% (três por no referido extrato.
cento) da receita corrente líquida do exercício e se as des- § 4º A verificação do atendimento das exigências contidas
pesas anuais dos contratos vigentes nos 10 (dez) anos subse- neste artigo, dar-se-á pela consulta:
qüentes limitam-se a 3% (três por cento) da receita corrente a) ao número de inscrição constante do Cadastro Nacio-
Direito Administrativo

líquida projetada para os respectivos exercícios, conforme nal de Pessoa Jurídica (CNPJ), mantido pelo Ministério da
disposto no art. 28, da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro Fazenda (MF), do Ente Federativo (interveniente) e do órgão
de 2004; comprovado por meio de análise do anexo XVII do da Administração direta (convenente), para convênios com
Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) do 6º a Administração direta; ou b) exclusivamente, ao número de
bimestre, de acordo com as orientações previstas no Manual inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da
de Demonstrativos Fiscais da Secretaria do Tesouro Nacional entidade da Administração indireta beneficiária da transfe-
(STN), ou por meio de declaração de regularidade quanto aos rência voluntária.
limites estabelecidos na Lei nº 11.079, de 30 de dezembro § 5º O registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
de 2004, do chefe do executivo ou do secretário de finanças (CNPJ) do Ente Federativo (interveniente) será o número de
juntamente com a remessa da declaração para o Tribunal de inscrição cadastrado como “CNPJ principal”.

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§ 6º A comprovação de cumprimento das obrigações 1. da União, do Estado, do Município ou do Distrito Fe-
legais descritas nos incisos I, IX, X, XI, XIII, XIV, XV e XVII, deral, já aprovada em lei, conforme o caso, e, se necessária,
ainda que praticadas fora do prazo estipulado em lei para inclusive quando o processo de registro de titularidade do
seu exercício, não impedirá a celebração de convênio para imóvel ainda se encontrar em trâmite; e
transferência voluntária ou de aditamento de valor de suas 2. de pessoa física ou jurídica, inclusive quando o proces-
parcelas de recursos, a partir da data em que se der a referida so de registro de titularidade do imóvel ainda se encontrar
comprovação. em trâmite, neste caso, com promessa formal de doação
§ 7º Não se aplicam aos convênios celebrados com en- irretratável e irrevogável;
tidades privadas sem fins lucrativos, as exigências previstas d) que, embora ainda não haja sido devidamente consig-
nos incisos I, II, VII, VIII, IX, X, XI, XII e XIII do caput. nado no cartório de registro de imóveis competente, perten-
§ 8º Para fins da aplicação das sanções de suspensão de ce a Estado que se instalou em decorrência da transformação
transferências voluntárias constantes da Lei Complementar de Território Federal, ou mesmo a qualquer de seus Muni-
nº 101, de 2000, excetuam-se aquelas relativas a ações de cípios, por força de mandamento constitucional ou legal;
educação, saúde e assistência social. e) pertencente a outro ente público que não o propo-
§ 9º Fica suspensa a restrição para transferência de recur- nente, desde que a intervenção esteja autorizada pelo pro-
sos federais a Estados, Distrito Federal e Municípios destina- prietário, por meio de ato do chefe do poder executivo ou
dos à execução de ações sociais e ações em faixa de fronteira, titular do órgão detentor de delegação para tanto;
em decorrência de inadimplementos objeto de registro no f) que, independentemente da sua dominialidade, esteja
CADIN e no Sistema Integrado de Administração Financeira inserido em Zona Especial de Interesse Social - ZEIS, insti-
do Governo Federal - SIAFI. tuída na forma prevista na Lei nº 10.257, de 10 de julho de
§ 10. É condição para a celebração de convênios, a exis- 2001, devendo, neste caso, serem apresentados os seguintes
tência de dotação orçamentária específica no orçamento do documentos:
concedente, a qual deverá ser evidenciada no instrumento, 1. cópia da publicação, em periódico da Imprensa Oficial,
indicando-se a respectiva nota de empenho. da lei estadual, municipal ou distrital federal instituidora da
§ 11. Eventuais indícios de irregularidade em relação à ZEIS;
contratação de operações de créditos com instituições finan- 2. demonstração de que o imóvel beneficiário do inves-
timento encontra-se na ZEIS instituída pela lei referida no
ceiras, consoante citado no art. 33, combinado com o inciso
item anterior; e
I, do § 3º, do art. 23, ambos da Lei Complementar nº 101, de
3. declaração firmada pelo Chefe do Poder Executivo
4 de maio de 2000, deverão ser remetidos ao Banco Central
(Governador ou Prefeito) do ente federativo a que o con-
do Brasil e ao respectivo Tribunal de Contas.
venente seja vinculado de que os habitantes da ZEIS serão
§ 12 Aplicam-se à unidade executora as exigências con-
beneficiários de ações visando à regularização fundiária da
tidas neste artigo, relativas ao proponente, quando este for área habitada para salvaguardar seu direito à moradia;
órgão ou entidade da administração pública. (Incluído pela g) objeto de sentença favorável aos ocupantes, transitada
Portaria Interministerial nº 495, de 2013) em julgado, proferida em ação judicial de usucapião ou con-
Art. 39. Sem prejuízo do disposto nos art. 38 desta Por- cessão de uso especial para fins de moradia, nos termos do
taria, são condições para a celebração de convênios: art. 183 da Constituição Federal, da Lei nº 10.257, de 2001, e
I – cadastro do convenente atualizado no SICONV - Portal da Medida Provisória nº 2.220, de 4 de setembro de 2001; e
de Convênios no momento da celebração, nos termos dos h) tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-
arts. 19 a 21 desta Portaria; tístico Nacional - IPHAN, desde que haja aquiescência do
II – Plano de Trabalho aprovado; Instituto;
III – licença ambiental prévia, quando o convênio envolver II – contrato ou compromisso irretratável e irrevogável
obras, instalações ou serviços que exijam estudos ambien- de constituição de direito real sobre o imóvel, na forma de
tais, na forma disciplinada pelo Conselho Nacional do Meio cessão de uso, concessão de direito real de uso, concessão
Ambiente - CONAMA; e de uso especial para fins de moradia, aforamento ou direito
IV – comprovação do exercício pleno dos poderes ine- de superfície; ou
rentes à propriedade do imóvel, mediante certidão emitida III – comprovação de ocupação da área objeto do con-
pelo cartório de registro de imóveis competente, quando o vênio:
convênio tiver por objeto a execução de obras ou benfeito- a) por comunidade remanescente de quilombos, certifi-
rias no imóvel; cadas nos termos do § 4º do art. 3º do Decreto nº 4.887, de
§ 1º Poderá ser aceita, para autorização de início do obje- 20 de novembro de 2003, pelo seguinte documento:
to conveniado, declaração do Chefe do Poder Executivo, sob 1. ato administrativo que reconheça os limites da área
as penas do art. 299 do Código Penal, de que o convenente ocupada pela comunidade remanescente de quilombo, ex-
é detentor da posse da área objeto da intervenção, quando pedido pelo órgão do ente federativo responsável pela sua
se tratar de área pública, devendo a regularização formal titulação; ou
da propriedade ser comprovada até o final da execução do 2. declaração de órgão, de quaisquer dos entes federati-
objeto do convênio. vos, responsável pelo ordenamento territorial ou regulariza-
Direito Administrativo

§ 2º Alternativamente à certidão prevista no inciso IV, ção fundiária, de que a área objeto do convênio é ocupada
admite- se, por interesse público ou social, condicionadas à por comunidade remanescente de quilombo, caso não tenha
garantia subjacente de uso pelo prazo mínimo de 20 (vinte) sido expedido o ato de que trata a alínea anterior;
anos, o seguinte: b) por comunidade indígena, mediante documento ex-
I – comprovação de ocupação regular de imóvel: pedido pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI.
a) em área desapropriada por Estado, por Município, pelo § 3° Nas hipóteses previstas na alínea “a” do inciso I do
Distrito Federal ou pela União, com sentença transitada em § 2º, quando o processo de desapropriação não estiver con-
julgado no processo de desapropriação; cluído, é permitida a comprovação do exercício pleno dos
b) em área devoluta; poderes inerentes à propriedade do imóvel via Termo de
c) recebido em doação: Imissão Provisória de Posse ou alvará do juízo da vara onde o

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processo estiver tramitando, admitindo- se, ainda, caso esses V – a vigência, fixada de acordo com o prazo previsto
documentos não hajam sido emitidos, a apresentação, pelo para a consecução do objeto e em função das metas esta-
proponente do convênio ou contrato de repasse, de cópia da belecidas;
publicação, na Imprensa Oficial, do decreto de desapropria- VI – a obrigação de o concedente prorrogar “de ofício” a
ção e do Registro Geral de Imóveis (RGI) do imóvel, acompa- vigência do instrumento antes do seu término, quando der
nhado do acordo extrajudicial firmado com o expropriado. causa a atraso na liberação dos recursos, limitada a prorro-
§ 4º Na hipótese prevista na alínea “c”, do inciso I, do gação ao exato período do atraso verificado;
§ 2º, é imperativa a apresentação da promessa formal de VII – a prerrogativa do órgão ou entidade transferidor
doação (termo de doação), irretratável e irrevogável, caso o dos recursos financeiros assumir ou transferir a responsa-
processo de registro da doação ainda não haja sido concluído. bilidade pela execução do objeto, no caso de paralisação
§ 5º Quando o convênio tiver por objeto obras habitacio- ou da ocorrência de fato relevante, de modo a evitar sua
nais ou de urbanização de interesse público ou social, deverá descontinuidade;
constar no instrumento de autorização ou, se for o caso, no VIII – a classificação orçamentária da despesa, mencio-
contrato ou compromisso, de que tratam a alínea “f”, do nando se o número e data da Nota de Empenho ou Nota de
inciso I e o inciso II, ambos do § 2º, a obrigação de se realizar Movimentação de Crédito e declaração de que, em termos
a regularização fundiária em favor das famílias moradoras aditivos, indicar-se-ão os créditos e empenhos para sua co-
ou a cessão do imóvel ao proponente do convênio a fim de bertura, de cada parcela da despesa a ser transferida em
que este possa promovê-la. exercício futuro;
§ 6º A critério do concedente, os documentos previstos IX – o cronograma de desembolso conforme o Plano de
nos incisos III e IV do caput poderão ser encaminhados junta- Trabalho, incluindo os recursos da contrapartida pactuada,
mente com o projeto básico, após a celebração, aplicando-se quando houver;
os §§ 2º e 6º do art. 37 desta Portaria em relação aos prazos. X – a obrigatoriedade de o convenente ou contratado
Art. 40. Poderá ser realizada a celebração de convênio ou incluir regularmente no SICONV as informações e os docu-
termo de parceria com previsão de condição a ser cumprida mentos exigidos por esta Portaria, mantendo-o atualizado;
pelo convenente, e enquanto a condição não se verificar não XI  – a obrigatoriedade de restituição de recursos, nos
terá efeito à celebração pactuada. casos previstos nesta Portaria;
Parágrafo único. O prazo fixado no instrumento para o XII – no caso de órgão ou entidade pública, a informação
cumprimento da condição, desde que feitas as adequações de que os recursos para atender às despesas em exercícios
no plano de trabalho e apresentadas as justificativas, poderá futuros, no caso de investimento, estão consignados no plano
ser prorrogado, nos termos de ato regulamentar da autori- plurianual ou em prévia lei que os autorize;
XIII – a obrigação do convenente de manter e movimen-
dade máxima do concedente, por uma única vez, de igual
tar os recursos na conta bancária específica do convênio ou
período, não ultrapassando vinte quatro meses, incluída a
contrato de repasse em instituição financeira controlada pela
prorrogação, se houver, devendo ser o convênio extinto no
União, quando não integrante da conta única do Governo
caso do não cumprimento da condição.
Federal;
Art. 41. Será obrigatória a estipulação do destino a ser
XIV – a definição, se for o caso, do direito de propriedade
dado aos bens remanescentes do convênio.
dos bens remanescentes na data da conclusão ou extinção
§ 1º Consideram-se bens remanescentes os equipamen- do instrumento, que, em razão deste, tenham sido adquiri-
tos e materiais permanentes adquiridos com recursos do dos, produzidos, transformados ou construídos, respeitado
convênio necessários à consecução do objeto, mas que não o disposto na legislação pertinente;
se incorporam a este. XV – a forma pela qual a execução física do objeto será
§ 2º Os bens remanescentes adquiridos com recursos acompanhada pelo concedente, inclusive com a indicação
transferidos poderão, a critério do Ministro de Estado super- dos recursos humanos e tecnológicos que serão empregados
visor ou autoridade equivalente ou do dirigente máximo da na atividade ou, se for o caso, a indicação da participação
entidade da administração indireta, ser doados quando, após de órgãos ou entidades previstos no § 2° do art. 67 desta
a consecução do objeto, forem necessários para assegurar Portaria;
a continuidade de programa governamental, observado o XVI  – o livre acesso dos servidores dos órgãos ou en-
disposto no respectivo termo e na legislação vigente. tidades públicas concedentes e os do controle interno do
Poder Executivo Federal, bem como do Tribunal de Contas
CAPÍTULO II da União aos processos, documentos, informações referen-
Da Formalização do Instrumento tes aos instrumentos de transferências regulamentados por
esta Portaria, bem como aos locais de execução do objeto;
Art. 42. O preâmbulo do instrumento conterá a nume- XVII – a faculdade dos partícipes rescindirem o instru-
ração sequencial no SICONV, a qualificação completa dos mento, a qualquer tempo;
partícipes e a finalidade. XVIII – a previsão de extinção obrigatória do instrumento
Art. 43. São cláusulas necessárias nos instrumentos re- em caso de o Projeto Básico não ter sido aprovado ou apre-
gulados por esta Portaria as que estabeleçam: sentado no prazo estabelecido, quando for o caso;
Direito Administrativo

I – o objeto e seus elementos característicos, em con- XIX – a indicação do foro para dirimir as dúvidas decor-
sonância com o Plano de Trabalho, que integrará o termo rentes da execução dos convênios, contratos ou instrumen-
celebrado independentemente de transcrição; tos congêneres, estabelecendo a obrigatoriedade da prévia
II – as obrigações de cada um dos partícipes; tentativa de solução administrativa com a participação da
III – a contrapartida, quando couber, e a forma de sua Advocacia-Geral da União, em caso de os partícipes serem
aferição quando atendida por meio de bens e serviços; da esfera federal, administração direta ou indireta, nos ter-
IV  – as obrigações do interveniente, quando houver, mos do art. 11 da Medida Provisória nº 2.180-35, de 24 de
sendo vedada execução de atividades previstas no Plano de agosto de 2001;
Trabalho; (Redação dada pela Portaria Interministerial nº XX – a obrigação de o convenente ou o contratado inserir
495, de 2013) cláusula nos contratos celebrados para execução do convê-

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nio ou contrato de repasse que permitam o livre acesso dos caso previsto no caput deste artigo. (Incluído pela Portaria
servidores dos órgãos ou entidades públicas concedentes, Interministerial nº 495, de 2013)
bem como dos órgãos de controle, aos documentos e regis-
tros contábeis das empresas contratadas, na forma do art. CAPÍTULO III
56 desta Portaria; Da Análise e Assinatura do Termo
XXI – a sujeição do convênio ou contrato de repasse e sua
execução às normas do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de Art. 44. A celebração do convênio será precedida de aná-
2007, bem como do Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro lise e manifestação conclusiva pelos setores técnico e jurídico
de 1986, e a esta Portaria; do órgão ou da entidade concedente, segundo suas respec-
XXII – a previsão de, na ocorrência de cancelamento de tivas competências, quanto ao atendimento das exigências
Restos a Pagar, que o quantitativo possa ser reduzido até a formais, legais e constantes desta Portaria.
etapa que apresente funcionalidade; Art. 45. Assinarão, obrigatoriamente, o convênio ou con-
XXIII – a forma de liberação dos recursos ou desbloqueio, trato de repasse os partícipes e o interveniente, se houver.
quando se tratar de contrato de repasse; § 1º Os convênios com entidades privadas sem fins lu-
XXIV – a obrigação de prestar contas dos recursos rece- crativos deverão ser assinados pelo Ministro de Estado ou
bidos no SICONV; pelo dirigente máximo da entidade da administração pública
XXV – o bloqueio de recursos na conta corrente vinculada, federal concedente.
quando se tratar de contrato de repasse; § 2º O Ministro de Estado e o dirigente máximo da enti-
XXVI  – a responsabilidade solidária dos entes consor- dade da administração pública federal não poderão delegar
ciados, nos instrumentos que envolvam consórcio público; a competência prevista no §1º.
(Redação dada pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013)
XXVII – o prazo para apresentação da prestação de con- CAPÍTULO IV
tas; e (Redação dada pela Portaria Interministerial nº 495, Da Publicidade
de 2013)
XXVIII – as obrigações da unidade executora, quando hou- Art. 46. A eficácia de convênios, acordos, ajustes ou
ver. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013) instrumentos congêneres fica condicionada à publicação
Art. 43-A. A execução dos objetos definidos nos instru- do respectivo extrato no Diário Oficial da União, que será
mentos de que trata esta Portaria, no caso de o convenente providenciada pelo concedente, no prazo de até 20 (vinte)
ser ente público, poderá recair sobre unidade executora es-
dias a contar de sua assinatura.
pecífica, desde que: (Incluído pela Portaria Interministerial
Parágrafo único. Somente deverão ser publicados no Di-
nº 495, de 2013)
ário Oficial da União os extratos dos aditivos que alterem o
I – haja previsão no Plano de Trabalho aprovado; (Incluído
valor ou ampliem a execução do objeto, vedada a alteração
pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013)
da sua natureza, quando houver, respeitado o prazo esta-
II – exista cláusula nesse sentido no instrumento celebra-
do; e (Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013) belecido no caput.
III – a unidade executora pertença ou esteja vinculada à Art. 47. Aos atos de celebração, alteração, liberação de
estrutura organizacional do convenente. (Incluído pela Por- recursos, acompanhamento e fiscalização da execução e a
taria Interministerial nº 495, de 2013) prestação de contas dos convênios será dada publicidade em
§ 1º No caso descrito no caput, o convenente continuará sítio eletrônico específico denominado Portal dos Convênios.
responsável pela execução do convênio, sendo que a unidade Art. 48. O concedente notificará, facultada a comuni-
executora responderá solidariamente na relação estabeleci- cação por meio eletrônico, no prazo de até 10 (dez) dias,
da. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013) a celebração do instrumento à Assembléia Legislativa ou à
§ 2º Quando constatado o desvio ou malversação de re- Câmara Legislativa ou à Câmara Municipal do convenente,
cursos públicos, irregularidade na execução do contrato ou conforme o caso.
gestão financeira do convênio, responderão solidariamente Parágrafo único. No caso de liberação de recursos, o prazo
os titulares do convenente e da unidade executora, na me- a que se refere o caput será de dois dias úteis.
dida de seus atos, competências e atribuições. (Incluído pela Art. 49. Os convenentes deverão dar ciência da celebra-
Portaria Interministerial nº 495, de 2013) ção ao conselho local ou instância de controle social da área
§ 3º A responsabilização prevista nos parágrafos 1º e vinculada ao programa de governo que originou a transfe-
2º deverá constar no instrumento celebrado, como cláusula rência, quando houver.
necessária. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, Parágrafo único. As entidades privadas sem fins lucra-
de 2013) tivos deverão notificar, se houver, o conselho municipal ou
§ 4º A unidade executora deverá atender a todos os dis- estadual responsável pela respectiva política pública onde
positivos desta Portaria que sejam aplicáveis ao convenente, será executada a ação.
inclusive os requisitos de credenciamento, cadastramento e
condições de celebração. (Incluído pela Portaria Interminis- CAPÍTULO V
terial nº 495, de 2013) Da Alteração
Direito Administrativo

§ 5º Os empenhos e a conta bancária do convênio deve-


rão ser realizados ou registrados em nome do convenente. Art. 50. O convênio poderá ser alterado mediante propos-
(Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013) ta, devidamente formalizada e justificada, a ser apresentada
§ 6º Os atos e procedimentos relativos à execução serão ao concedente em, no mínimo, 30 (trinta) dias antes do tér-
realizados no SICONV pelo convenente ou unidade executora, mino de sua vigência ou no prazo nele estipulado.
no caso previsto no caput, conforme definição no Plano de Art. 51. A prorrogação “de ofício” da vigência do convênio
Trabalho. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, de ou contrato de repasse, acordo, ajuste ou instrumento con-
2013) gênere, estabelecida no inciso VI do art. 43 desta Portaria,
§ 7º O acompanhamento e fiscalização e a prestação prescinde de prévia análise da área jurídica do concedente
de contas do convênio caberão ao convenente inclusive no ou ao contratante.

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TÍTULO V consonância com as metas e fases ou etapas de execução do
DA EXECUÇÃO objeto do instrumento.
§ 1º Os recursos serão depositados e geridos na conta
CAPÍTULO I bancária específica do convênio exclusivamente em insti-
Das Disposições Gerais tuições financeiras controladas pela União e, enquanto não
empregados na sua finalidade, serão obrigatoriamente apli-
Art. 52. O convênio deverá ser executado em estrita ob- cados:
servância às cláusulas avençadas e às normas pertinentes, I – em caderneta de poupança de instituição financeira
inclusive esta Portaria, sendo vedado: pública federal, se a previsão de seu uso for igual ou superior
I – realizar despesas a título de taxa de administração, a um mês; e
de gerência ou similar; II – em fundo de aplicação financeira de curto prazo, ou
II – pagar, a qualquer título, servidor ou empregado pú- operação de mercado aberto lastreada em título da dívida
blico, integrante de quadro de pessoal de órgão ou entidade pública, quando sua utilização estiver prevista para prazos
pública da administração direta ou indireta, por serviços de menores;
consultoria ou assistência técnica, salvo nas hipóteses previs- § 2º Os rendimentos das aplicações financeiras somente
tas em leis específicas e na Lei de Diretrizes Orçamentárias; poderão ser aplicados no objeto do convênio, estando su-
III – alterar o objeto do convênio ou contrato de repasse, jeitos às mesmas condições de prestação de contas exigidas
exceto no caso de ampliação da execução do objeto pactu- para os recursos transferidos.
ado ou para redução ou exclusão de meta, sem prejuízo da § 3º As receitas oriundas dos rendimentos da aplicação
funcionalidade do objeto contratado; no mercado financeiro não poderão ser computadas como
IV – utilizar, ainda que em caráter emergencial, os recur- contrapartida devida pelo convenente.
sos para finalidade diversa da estabelecida no instrumento, § 4º As contas referidas no § 1º serão isentas da cobrança
ressalvado o custeio da implementação das medidas de pre- de tarifas bancárias.
servação ambiental inerentes às obras constantes do Plano Art. 55. Para recebimento de cada parcela dos recursos,
de Trabalho; o convenente deverá:
V – realizar despesa em data anterior à vigência do ins- I – comprovar o cumprimento da contrapartida pactuada
trumento; que, se financeira, deverá ser depositada na conta bancária
VI  – efetuar pagamento em data posterior à vigência específica do instrumento em conformidade com os prazos
do instrumento, salvo se expressamente autorizada pela estabelecidos no cronograma de desembolso, ou depositada
autoridade competente do concedente e desde que o fato na Conta Única do Tesouro Nacional, na hipótese do convênio
gerador da despesa tenha ocorrido durante a vigência do ou contrato de repasse ser executado por meio do Sistema
instrumento pactuado; Integrado de Administração Financeira - SIAFI;
VII – realizar despesas com taxas bancárias, multas, juros II – atender às exigências para contratação e pagamento
ou correção monetária, inclusive referentes a pagamentos ou previstas nos arts. 56 a 64 desta Portaria; e
recolhimentos fora dos prazos, exceto, no que se refere às III – estar em situação regular com a execução do Plano
multas, se decorrentes de atraso na transferência de recursos de Trabalho.
pelo concedente, e desde que os prazos para pagamento
CAPÍTULO III
e os percentuais sejam os mesmos aplicados no mercado;
Da Contratação com Terceiros
VIII  – transferir recursos para clubes, associações de
servidores ou quaisquer entidades congêneres, exceto para
Art. 56. Os contratos celebrados à conta dos recursos de
creches e escolas para o atendimento pré-escolar; e
convênios ou contratos de repasse deverão conter cláusula
IX – realizar despesas com publicidade, salvo a de caráter
que obrigue o contratado a conceder livre acesso aos do-
educativo, informativo ou de orientação social, da qual não
cumentos e registros contábeis da empresa, referentes ao
constem nomes, símbolos ou imagens que caracterizem pro-
objeto contratado, para os servidores dos órgãos e entidades
moção pessoal e desde que previstas no Plano de Trabalho. públicas concedentes e dos órgãos de controle interno e
Parágrafo único. Os convênios celebrados com entidades externo.
privadas sem fins lucrativos, poderão acolher despesas ad-
ministrativas até o limite de 15% (quinze por cento) do valor Seção I
do objeto, desde que expressamente autorizadas e demons- Da Contratação por Entidades Privadas sem Fins Lucrati‑
tradas no respectivo instrumento e no plano de trabalho. vos
Art. 53. Os convenentes deverão disponibilizar, por meio
da internet ou, na sua falta, em sua sede, em local de fácil Art. 57. Para a aquisição de bens e contratação de ser-
visibilidade, consulta ao extrato do convênio ou outro instru- viços, as entidades privadas sem fins lucrativos deverão
mento utilizado, contendo, pelo menos, objeto, a finalidade, realizar, no mínimo, cotação prévia de preços no mercado,
os valores e as datas de liberação e detalhamento da aplica- observados os princípios da impessoalidade, moralidade e
ção dos recursos, bem como as contratações realizadas para economicidade.
a execução do objeto pactuado.
Direito Administrativo

Parágrafo único. A entidade privada sem fins lucrativos


Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput, e dis- deverá contratar empresas que tenham participado da co-
ponibilização do extrato na Internet poderá ser suprida com tação prévia de preços, ressalvados os casos em que não
a inserção de link na página oficial do órgão ou entidade con- acudirem interessados à cotação, quando será exigida pes-
venente que possibilite acesso direito ao Portal de Convênios. quisa ao mercado prévia à contratação, que será registrada
no SICONV e deverá conter, no mínimo, orçamentos de três
CAPÍTULO II fornecedores.
Da Liberação dos Recursos Art. 58. A cotação prévia de preços prevista no art. 11
do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, será realizada
Art. 54. A liberação de recursos obedecerá ao cronogra- por intermédio do SICONV, conforme os seguintes proce-
ma de desembolso previsto no Plano de Trabalho e guardará dimentos:

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I – o convenente registrará a descrição completa e de- Art. 61. Nas contratações de bens, obras e serviços as
talhada do objeto a ser contratado, que deverá estar em entidades privadas sem fins lucrativos poderão utilizar-se do
conformidade com o Plano de Trabalho, especificando as sistema de registro de preços dos entes federados.
quantidades no caso da aquisição de bens;
II – a convocação para cotação prévia de preços perma- Seção II
necerá disponível no SICONV pelo prazo mínimo de 5 (cinco) Da Contratação por Órgãos e
dias e determinará: Entidades da Administração Pública
a) prazo para o recebimento de propostas, que respeitará
os limites mínimos de 5 (cinco) dias, para a aquisição de bens, Art. 62. Os órgãos e entidades públicas que receberem re-
e 15 (quinze) dias para a contratação de serviços; cursos da União por meio dos instrumentos regulamentados
b) critérios para a seleção da proposta que priorizem o por esta Portaria estão obrigados a observar as disposições
menor preço, sendo admitida a definição de outros crité- contidas na Lei Federal de Licitações e Contratos Adminis-
rios relacionados a qualificações especialmente relevantes trativos e demais normas federais pertinentes ao assunto,
do objeto, tais como o valor técnico, o caráter estético e quando da contratação de terceiros.
funcional, as características ambientais, o custo de utilização, § 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, será obri-
a rentabilidade; e gatório o uso da modalidade pregão, nos termos da Lei nº
c) prazo de validade das propostas, respeitado o limite 10.520, de 17 de julho de 2002, e do regulamento previsto
máximo de sessenta dias. no Decreto nº 5.450, de 31 de maio de 2005, sendo utilizada
III – o SICONV notificará automaticamente, quando do preferencialmente a sua forma eletrônica.
registro da convocação para cotação prévia de preços, as § 2º A inviabilidade da utilização do pregão na forma ele-
empresas cadastradas no SICAF que pertençam à linha de trônica deverá ser devidamente justificada pela autoridade
fornecimento do bem ou serviço a ser contratado; competente do convenente.
IV – a entidade privada sem fins lucrativos, em decisão § 3º As atas e as informações sobre os participantes e
fundamentada, selecionará a proposta mais vantajosa, se- respectivas propostas das licitações, bem como as informa-
gundo os critérios definidos no chamamento para cotação ções referentes às dispensas e inexigibilidades, deverão ser
prévia de preços; e registradas no SICONV.
Art. 63. Nos convênios celebrados pela União com Esta-
V – o resultado da seleção a que se refere o inciso anterior
dos, Distrito Federal e municípios deverá ser previsto com-
será registrado no SICONV.
promisso do convenente de realizar processo seletivo para
§ 1º A cotação prévia de preços no SICONV será desne-
fins de escolha de entidade privada sem fins lucrativos, nos
cessária:
moldes dos arts. 8º e 9º desta Portaria, nos casos em que a
I – quando o valor for inferior a R$ 8.000,00 (oito mil
execução do objeto, conforme prevista no plano de trabalho,
reais), desde que não se refiram a parcelas de uma mesma envolver parceria.
obra, serviço ou compra ou ainda para obras, serviços e com-
pras da mesma natureza e no mesmo local que possam ser CAPÍTULO IV
realizadas conjunta e concomitantemente; e Dos Pagamentos
II – quando, em razão da natureza do objeto, não houver
pluralidade de opções, devendo comprovar tão-só os pre- Art. 64. Os recursos deverão ser mantidos na conta ban-
ços que aquele próprio fornecedor já praticou com outros cária específica do convênio e somente poderão ser utilizados
demandantes. para pagamento de despesas constantes do Plano de Traba-
§ 2º O registro, no SICONV, dos convênios celebrados lho ou para aplicação no mercado financeiro, nas hipóteses
pelo beneficiário na execução do objeto é condição indis- previstas em lei ou nesta Portaria.
pensável para sua eficácia e para a liberação das parcelas §1º Os recursos destinados à execução de contratos de
subsequentes do instrumento, conforme previsto no art. 3º repasse deverão ser mantidos bloqueados em conta espe-
desta Portaria. cífica, somente sendo liberados, na forma ajustada, após
§ 3º Nos casos em que o SICONV não permitir o aces- verificação da regular execução do objeto pela mandatária,
so operacional para o procedimento de que trata o caput, observando-se os seguintes procedimentos:
deverá ser realizada cotação prévia de preços mediante a I – na execução por regime de execução direta, a liberação
apresentação de no mínimo, 3 (três) propostas. dos recursos relativos à primeira parcela será antecipada
Art. 59. Cada processo de compras e contratações de ao convenente na forma do cronograma de desembolso
bens, obras e serviços das entidades sem fins lucrativos de- aprovado;
verá ser realizado ou registrado no SICONV contendo, no II – a liberação da segunda parcela e seguintes, na hipó-
mínimo, os seguintes elementos: tese do inciso anterior, fica condicionada à aprovação pelo
I – os documentos relativos à cotação prévia ou as razões concedente de relatório de execução com comprovação da
que justificam a sua desnecessidade; aplicação dos recursos da última parcela liberada.
II – elementos que definiram a escolha do fornecedor ou § 2° Os atos referentes à movimentação e ao uso dos re-
executante e justificativa do preço; cursos a que se refere o caput serão realizados ou registrados
Direito Administrativo

III – comprovação do recebimento da mercadoria, serviço no SICONV, observando-se os seguintes preceitos:


ou obra; e I  – movimentação mediante conta bancária específica
IV – documentos contábeis relativos ao pagamento. para cada convênio;
Art. 60. A entidade privada sem fins lucrativos benefi- II  – pagamentos realizados mediante crédito na conta
ciária de recursos públicos deverá executar diretamente a bancária de titularidade dos fornecedores e prestadores
integralidade do objeto, permitindo-se a contratação de de serviços, facultada a dispensa deste procedimento nos
serviços de terceiros quando houver previsão no plano ou seguintes casos, em que o crédito poderá ser realizado em
programa de trabalho ou em razão de fato superveniente e conta bancária de titularidade do próprio convenente, deven-
imprevisível, devidamente justificado, aprovado pelo órgão do ser registrado no SICONV o beneficiário final da despesa:
ou entidade concedente. a) por ato da autoridade máxima do concedente;

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b) na execução do objeto pelo convenente por regime de Habitação de Interesse Social (FNHIS), executadas por
direto; e regime de administração direta, poderá haver liberação do
c) no ressarcimento ao convenente por pagamentos repasse de recursos para pagamento de materiais/equipa-
realizados às próprias custas decorrentes de atrasos na li- mentos postos em canteiro desde que seja apresentado pelo
beração de recursos pelo concedente e em valores além da convenente Termo de Fiel Depositário.
contrapartida pactuada.
III – transferência das informações relativas à movimen- CAPÍTULO V
tação da conta bancária, a que se refere o inciso I deste Do Acompanhamento e da Fiscalização
parágrafo, ao SIAFI e ao SICONV, em meio magnético, a ser
providenciada pelas instituições financeiras a que se refere Art. 65. A execução será acompanhada e fiscalizada de
o § 1º do art. 54 desta Portaria. forma a garantir a regularidade dos atos praticados e a ple-
§ 3º Antes da realização de cada pagamento, o convenen- na execução do objeto, respondendo o convenente pelos
te incluirá no SICONV, no mínimo, as seguintes informações: danos causados a terceiros, decorrentes de culpa ou dolo
I – a destinação do recurso; na execução do convênio.
II – o nome e CNPJ ou CPF do fornecedor, quando for § 1º Os agentes que fizerem parte do ciclo de transferên-
o caso; cia de recursos são responsáveis, para todos os efeitos, pelos
III – o contrato a que se refere o pagamento realizado; atos que praticarem no acompanhamento e fiscalização da
IV – a meta, etapa ou fase do Plano de Trabalho relativa execução do convênio.
ao pagamento; e § 2º Os processos, documentos ou informações referen-
V – a comprovação do recebimento definitivo do objeto tes à execução de convênio não poderão ser sonegados aos
do convênio, mediante inclusão no Sistema das notas fiscais servidores dos órgãos e entidades públicas concedentes e
ou documentos contábeis. dos órgãos de controle interno do Poder Executivo Federal
§ 4º Excepcionalmente, mediante mecanismo que permi- e externo da União.
ta a identificação pelo banco, poderá ser realizado uma única § 3º Aquele que, por ação ou omissão, causar embaraço,
vez no decorrer da vigência do instrumento o pagamento constrangimento ou obstáculo à atuação do concedente e
a pessoa física que não possua conta bancária, observado dos órgãos de controle interno e externo do Poder Executi-
o limite de R$ 800,00 (oitocentos reais) por fornecedor ou vo Federal, no desempenho de suas funções institucionais
prestador de serviço. relativas ao acompanhamento e fiscalização dos recursos
§ 5º Para obras de engenharia com valor superior à R$ federais transferidos, ficará sujeito à responsabilização ad-
10.000.000,00 (dez milhões de Reais) poderá haver libera- ministrativa, civil e penal.
ção do repasse de recursos para pagamento de materiais/ Art. 66. O concedente deverá prover as condições neces-
equipamentos postos em canteiro, que tenham peso signi- sárias à realização das atividades de acompanhamento do
ficativo no orçamento da obra conforme disciplinado pelo
objeto pactuado, conforme o Plano de Trabalho e a metodo-
concedente, desde que:
logia estabelecida no instrumento, programando visitas ao
I – seja apresentado pelo convenente Termo de Fiel De-
local da execução com tal finalidade que, caso não ocorram,
positário;
deverão ser devidamente justificadas.
II  – a aquisição de materiais/equipamentos constitua
Parágrafo único. No caso de realização de obras por
etapa específica do plano de trabalho;
III – a aquisição destes tenha se dado por procedimento convênio, o concedente deverá comprovar que dispõe de
licitatório distinto do da contratação de serviços de engenha- estrutura que permita acompanhar e fiscalizar a execução do
ria ou, no caso de única licitação, o percentual de BDI aplicado objeto, de forma a garantir a regularidade dos atos praticados
sobre os materiais/ equipamentos tenha sido menor que o e a plena execução do objeto, nos termos desta Portaria, em
praticado sobre os serviços de engenharia. especial o cumprimento dos prazos de análise da respectiva
§ 6º No caso de fornecimento de equipamentos/ma- prestação de contas.
teriais especiais de fabricação específica, bem como de Art. 67. A execução do convênio será acompanhada por
equipamentos/materiais que tenham peso significativo no um representante do concedente, especialmente designado
orçamento das obras, o desbloqueio de parcela para paga- e registrado no SICONV, que anotará em registro próprio
mento da respectiva despesa far-se-á na forma do art. 38 do todas as ocorrências relacionadas à consecução do objeto,
Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, observadas adotando as medidas necessárias à regularização das falhas
as seguintes condições: observadas.
I – esteja caracterizada a necessidade de adiantar recur- § 1º O concedente deverá registrar no SICONV os atos
sos ao fornecedor para viabilizar a produção de material/ de acompanhamento da execução do objeto e fiscalização
equipamento especial, fora da linha de produção usual, e do convênio, conforme disposto no art. 3º.
com especificação singular destinada a empreendimento § 2º O concedente, no exercício das atividades de fisca-
específico; lização e acompanhamento do convênio, poderá:
II – os equipamentos/materiais que tenham peso signi- I – valer-se do apoio técnico de terceiros;
ficativo no orçamento das obras estejam posicionados nos II – delegar competência ou firmar parcerias com outros
Direito Administrativo

canteiros; órgãos ou entidades que se situem próximos ao local de


III  – o pagamento antecipado das parcelas tenha sido aplicação dos recursos, com tal finalidade; e
previsto no edital de licitação e no CTEF dos materiais/equi- III  – reorientar ações e decidir quanto à aceitação de
pamentos; e justificativas sobre impropriedades identificadas na execução
IV – o fornecedor ou o concedente apresentem uma car- do instrumento.
ta fiança bancária ou instrumento congênere no valor do § 3º Além do acompanhamento de que trata o § 2º, a
adiantamento pretendido. Controladoria Geral da União - CGU realizará auditorias pe-
§ 7º No caso de convênios firmados com entidades priva- riódicas nos instrumentos celebrados pela União.
das sem fins lucrativos, cujo objeto seja a produção de unida- Art. 68. No acompanhamento e fiscalização do objeto
des habitacionais amparadas por recursos do Fundo Nacional serão verificados:

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I – a comprovação da boa e regular aplicação dos recur- § 3º Se, ao término do prazo estabelecido, o convenente
sos, na forma da legislação aplicável; não apresentar a prestação de contas nem devolver os re-
II – a compatibilidade entre a execução do objeto, o que cursos nos termos do § 1º, o concedente registrará a inadim-
foi estabelecido no Plano de Trabalho, e os desembolsos e plência no SICONV por omissão do dever de prestar contas
pagamentos, conforme os cronogramas apresentados; e comunicará o fato ao órgão de contabilidade analítica a
III – a regularidade das informações registradas pelo con- que estiver vinculado, para fins de instauração de tomada
venente no SICONV; e de contas especial sob aquele argumento e adoção de ou-
IV – o cumprimento das metas do Plano de Trabalho nas tras medidas para reparação do dano ao erário, sob pena de
condições estabelecidas. responsabilização solidária.
Art. 69. A execução e o acompanhamento da implemen- § 4º Cabe ao prefeito e ao governador sucessor prestar
tação de obras não enquadradas no conceito de pequeno contas dos recursos provenientes de convênios firmados
valor deverá ser realizado por regime especial de execução, pelos seus antecessores.
disciplinado pelo concedente, que deverá prever: § 5º Na impossibilidade de atender ao disposto no pará-
I – estratificação das formas de acompanhamento por grafo anterior, deverá apresentar ao concedente justificati-
faixa de valor do convênio; vas que demonstrem o impedimento de prestar contas e as
II – requisitos e condições técnicas necessárias para apro-
medidas adotadas para o resguardo do patrimônio público.
vação dos projetos de engenharia;
§ 6º Quando a impossibilidade de prestar contas decorrer
III – elementos mínimos a serem observados na formação
de ação ou omissão do antecessor, o novo administrador
dos custos do objeto do convênio;
IV – mecanismos e periodicidade para aferição da exe- solicitará ao concedente a instauração de tomada de contas
cução das etapas de obra; e especial.
V – dispositivos para verificação da qualidade das obras. § 7º Os documentos que contenham as justificativas e
Parágrafo único. O concedente terá o prazo de 12 (doze) medidas adotadas serão inseridos no SICONV.
meses contados da publicação desta Portaria para disciplinar § 8º No caso do convenente ser órgão ou entidade públi-
o disposto neste artigo. ca, de qualquer esfera de governo, a autoridade competente,
Art. 70. O concedente comunicará ao convenente quais- ao ser comunicada das medidas adotadas, suspenderá de
quer irregularidades decorrentes do uso dos recursos ou ou- imediato o registro da inadimplência, desde que o adminis-
tras pendências de ordem técnica, e suspenderá a liberação trador seja outro que não o faltoso, e seja atendido o disposto
dos recursos, fixando prazo de até 30 (trinta) dias para sane- nos §§ 5º, 6º e 7º deste artigo.
amento ou apresentação de informações e esclarecimentos, § 9º Os convenentes deverão ser notificados previamente
podendo ser prorrogado por igual período. sobre as irregularidades apontadas, via notificação eletrônica
§ 1º Recebidos os esclarecimentos e informações solici- por meio do SICONV, devendo ser incluída no aviso a respec-
tados, o concedente apreciara e decidira quanto à aceitação tiva Secretaria da Fazenda ou secretaria similar.
das justificativas apresentadas. § 10. Enquanto não disponível a notificação eletrônica,
§ 2º Caso não haja a regularização da pendência, o con- a notificação prévia será feita por meio de carta registrada
cedente: com declaração de conteúdo, com cópia para a respectiva
I – realizará a apuração do dano; e Secretaria da Fazenda ou secretaria similar, devendo a noti-
II – comunicará o fato ao convenente para que seja res- ficação ser registrada no SICONV.
sarcido o valor referente ao dano. § 11. O registro da inadimplência no SICONV só será efe-
§ 3º O não atendimento das medidas saneadoras pre- tivado 45 (quarenta e cinco) dias após a notificação prévia.
vistas no § 2º ensejará a instauração de tomada de contas Art. 73. Os saldos financeiros remanescentes, inclusive os
especial. provenientes das receitas obtidas nas aplicações financeiras
Art. 71. O concedente deverá comunicar ao Ministério realizadas, não utilizadas no objeto pactuado, serão devolvi-
Público competente quando detectados indícios de crime dos à entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo
ou improbidade administrativa. estabelecido para a apresentação da prestação de contas.
Parágrafo único. A devolução prevista no caput será
CAPÍTULO VI realizada observando-se a proporcionalidade dos recursos
Da Prestação de Contas transferidos e os da contrapartida previstos na celebração
independentemente da época em que foram aportados pelas
Art. 72. O órgão ou entidade que receber recursos na for-
partes.
ma estabelecida nesta Portaria estará sujeito a prestar contas
Art. 74. A prestação de contas será composta, além dos
da sua boa e regular aplicação, observando-se o seguinte:
documentos e informações apresentados pelo convenente
I – o prazo para apresentação das prestações de contas
será de ate 60 (sessenta) dias após o encerramento da vi- no SICONV, do seguinte:
gência ou a conclusão da execução do objeto, o que ocorrer I – Relatório de Cumprimento do Objeto;
primeiro; e II – Notas e comprovantes fiscais, quanto aos seguintes
II – o prazo mencionado na alínea anterior constará no aspectos: data do documento, compatibilidade entre o emis-
sor e os pagamentos registrados no SICONV, valor, aposição
Direito Administrativo

convênio.
§ 1º Quando a prestação de contas não for encaminhada de dados do convenente, programa e número do convênio;
no prazo estabelecido no convênio, o concedente estabelece- III – Relatório de prestação de contas aprovado e regis-
rá o prazo máximo de 30 (trinta) dias para sua apresentação, trado no SICONV pelo convenente;
ou recolhimento dos recursos, incluídos os rendimentos da IV – declaração de realização dos objetivos a que se pro-
aplicação no mercado financeiro, atualizados monetariamen- punha o instrumento;
te e acrescidos de juros de mora, na forma da lei. V – relação de bens adquiridos, produzidos ou constru-
§ 2º Para os convênios em que não tenha havido qualquer ídos, quando for o caso;
execução física, nem utilização dos recursos, o recolhimento VI – a relação de treinados ou capacitados, quando for
â conta única do Tesouro deverá ocorrer sem a incidência o caso;
dos juros de mora. VII – a relação dos serviços prestados, quando for o caso;

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VIII – comprovante de recolhimento do saldo de recursos, c) na medição que apresentar execução física acumulada
quando houver; e de 100% (cem por cento) do objeto do contrato de repasse;
IX – termo de compromisso por meio do qual o conve- IV – dispensa do aporte de contrapartida financeira obri-
nente será obrigado a manter os documentos relacionados gatória;
ao convênio, nos termos do § 3º do art. 3º desta Portaria. V – devolução de todos os rendimentos provenientes da
§ 1º O concedente deverá registrar no SICONV o recebi- aplicação dos recursos das contas correntes dos contratos
mento da prestação de contas. de repasse à conta única do Tesouro ao final da execução do
§ 2º A análise da prestação de contas será feita no encer- objeto contratado.
ramento do convenio, cabendo este procedimento ao con- Parágrafo único. O concedente somente poderá autorizar
cedente com base na documentação registrada no SICONV, o início de execução do objeto contratado após a liberação
não se equiparando a auditoria contábil. dos recursos referentes à primeira parcela de repasse da
§ 3º A análise da prestação de contas, além do ateste da União.
conclusão da execução física do objeto, constará da verifica- Art. 79. No caso de irregularidades e descumprimento
ção dos documentos relacionados no art. 59 desta Portaria. pelo convenente das condições estabelecidas no Contrato
Art. 75. Incumbe ao órgão ou entidade concedente de- de Repasse, o concedente, por intermédio de suas unidades
cidir sobre a regularidade da aplicação dos recursos trans- gestoras, suspenderá a liberação das parcelas previstas, bem
feridos e, se extinto, ao seu sucessor. como determinará a suspensão do desbloqueio dos valores
Art. 76. A autoridade competente do concedente terá da conta vinculada do Contrato de Repasse, até a regulari-
o prazo de noventa dias, contado da data do recebimento, zação da pendência.
para analisar a prestação de contas do instrumento, com § 1º A utilização dos recursos em desconformidade com
fundamento nos pareceres técnico e financeiro expedidos o Contrato de Repasse ensejará obrigação do convenente
pelas áreas competentes. devolvê-los devidamente atualizados, conforme exigido para
§ 1º O ato de aprovação da prestação de contas deverá a quitação de débitos para com a Fazenda Nacional, com
ser registrado no SICONV, cabendo ao concedente prestar base na variação da Taxa Referencial do Sistema Especial de
declaração expressa de que os recursos transferidos tiveram Liquidação e de Custódia - SELIC, acumulada mensalmente,
boa e regular aplicação. até o último dia do mês anterior ao da devolução dos re-
§ 2º Caso a prestação de contas não seja aprovada, exau- cursos, acrescido esse montante de 1% (um por cento) no
ridas todas as providências cabíveis para regularização da mês de efetivação da devolução dos recursos à Conta Única
pendência ou reparação do dano, a autoridade competente, do Tesouro.
sob pena de responsabilização solidária, registrará o fato no § 2º Para fins de efetivação da devolução dos recursos à
SICONV e adotará as providências necessárias à instauração União, a parcela de atualização referente à variação da SE-
da Tomada de Contas Especial, com posterior encaminha- LIC será calculada proporcionalmente à quantidade de dias
mento do processo à unidade setorial de contabilidade a compreendida entre a data da liberação da parcela para o
que estiver jurisdicionado para os devidos registros de sua convenente e a data de efetivo crédito, na Conta Única do
competência. Tesouro, do montante devido pelo convenente.
§ 3º O concedente notificará o convenente cuja utilização
CAPÍTULO VII dos recursos transferidos for considerada irregular, para que
Do Procedimento Simplificado de apresente justificativa no prazo de 30 (trinta) dias.
Acompanhamento e Fiscalização de Obras e § 4º Caso não aceitas as razões apresentadas pelo con-
Serviços de Engenharia de Pequeno Valor venente, o concedente fixará prazo de 30 (trinta) dias para a
devolução dos recursos, findo o qual encaminhará denúncia
Art. 77. Para efeito desta Portaria, entende-se como ao Tribunal de Contas da União.
obras e serviços de engenharia de pequeno valor aquelas Art. 79-A. O Procedimento Simplificado de Acompanha-
apoiadas financeiramente por contratos de repasse cujo mento e Fiscalização de Obras e Serviços de Engenharia de
valor de repasse seja inferior a R$ 750.000,00 (setecentos e pequeno valor, previsto nos arts. 77 a 79, poderá abranger
cinquenta mil reais). contratos de repasse celebrados antes da vigência dessa Por-
Art. 78. O procedimento simplificado de contratação, taria. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 205, de 2012)
execução e acompanhamento para obras e serviços de en-
genharia de baixo valor implica na adoção das seguintes CAPÍTULO VIII
medidas: Da Denúncia e da Rescisão
I – liberação dos recursos pela concedente na conta do
contrato, de acordo com o cronograma de desembolso e em Art. 80. O convênio poderá ser denunciado a qualquer
no máximo três parcelas de valores correspondentes a 50% tempo, ficando os partícipes responsáveis somente pelas
(cinqüenta por cento), 30% (trinta por cento) e 20% (vinte obrigações e auferindo as vantagens do tempo em que par-
por cento) do valor de repasse da União, respectivamente; ticiparam voluntariamente da avença, não sendo admissível
II – desbloqueio de recursos após apresentação do rela- cláusula obrigatória de permanência ou sancionadora dos
tório de execução de cada etapa do objeto do contrato de re- denunciantes.
Direito Administrativo

passe devidamente atestada pela fiscalização do convenente; § 1º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex-
III – aferição, pelo concedente, da execução do objeto do tinção do convênio, os saldos financeiros remanescentes,
contrato de repasse após o recebimento da documentação inclusive os provenientes das receitas obtidas das aplicações
descrita no inciso anterior, mediante visita aos locais das financeiras realizadas, serão devolvidos à entidade ou órgão
intervenções, nas seguintes ocasiões: repassador dos recursos, no prazo improrrogável de trinta
a) na medição que apresentar execução física acumu- dias do evento, sob pena da imediata instauração de tomada
lada de 50% (cinqüenta por cento) do objeto do contrato de contas especial do responsável, providenciada pela autori-
de repasse; dade competente do órgão ou entidade titular dos recursos.
b) na medição que apresentar execução física acumulada § 2º Em sendo evidenciados pelos órgãos de controle ou
de 80% (oitenta por cento) do objeto do contrato de repasse; Ministério Publico vícios insanáveis que impliquem nulida-

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de da licitação realizada, adotar as medidas administrativas II – o registro daqueles identificados como causadores do
necessárias à recomposição do erário no montante atuali- dano ao erário na conta “DIVERSOS RESPONSÁVEIS” do SIAFI.
zado da parcela já aplicada, o que pode incluir a reversão da § 4º Os convenentes deverão ser notificados previamente
aprovação da prestação de contas e a instauração de Tomada sobre as irregularidades apontadas, via notificação eletrônica
de Contas Especial, independentemente da comunicação do por meio do SICONV, devendo ser incluída no aviso a respec-
fato ao Tribunal de Contas da União e ao Ministério Público. tiva Secretaria da Fazenda ou secretaria similar.
Art. 81. Constituem motivos para rescisão do convênio: § 5º Enquanto não disponível a notificação eletrônica,
I – o inadimplemento de qualquer das cláusulas pactu- a notificação prévia será feita por meio de carta registrada
adas; com declaração de conteúdo, com cópia para a respectiva
II – constatação, a qualquer tempo, de falsidade ou incor- Secretaria da Fazenda ou secretaria similar, devendo a noti-
reção de informação em qualquer documento apresentado; e ficação ser registrada no SICONV.
III – a verificação que qualquer circunstância que enseje § 6º O registro da inadimplência no SICONV só poderá
a instauração de tomada de contas especial. ser realizado 45 dias após a notificação prévia.
Parágrafo único. A rescisão do convênio, quando resulte Art. 83. No caso da apresentação da prestação de con-
dano ao erário, enseja a instauração de tomada de contas tas ou recolhimento integral do débito imputado, antes do
especial. encaminhamento da tomada de contas especial ao Tribunal
de Contas da União, deverá ser retirado o registro da inadim-
CAPÍTULO IX plência no SICONV, procedida a análise da documentação e
Da Tomada de Contas Especial adotados os seguintes procedimentos:
I  – aprovada a prestação de contas ou comprovado o
Art. 82. A Tomada de Contas Especial é um processo de- recolhimento do débito, o concedente deverá:
vidamente formalizado, dotado de rito próprio, que objetiva a) registrar a aprovação no SICONV;
apurar os fatos, identificar os responsáveis e quantificar o b) comunicar a aprovação ao órgão onde se encontre
dano causado ao Erário, visando ao seu imediato ressarci- a tomada de contas especial, visando o arquivamento do
mento. processo;
§ 1º A Tomada de Contas Especial somente deverá ser c) registrar a baixa da responsabilidade; e
instaurada depois de esgotadas as providências administra- d) dar conhecimento do fato ao Tribunal de Contas da
tivas a cargo do concedente pela ocorrência de algum dos União, em forma de anexo, quando da tomada ou prestação
seguintes fatos: de contas anual do concedente;
I – a prestação de contas do convênio não for apresentada II – não aprovada a prestação de contas, o concedente
no prazo fixado no inciso I do art. 72, observado o § 1º do deverá:
referido artigo desta Portaria; e a) comunicar o fato ao órgão onde se encontre a To-
II – a prestação de contas do convênio não for aprovada mada de Contas Especial para que adote as providências
em decorrência de: necessárias ao prosseguimento do feito, sob esse novo fun-
a) inexecução total ou parcial do objeto pactuado; damento; e
b) desvio de finalidade na aplicação dos recursos trans- b) reinscrever a inadimplência do órgão ou entidade con-
venente e manter a inscrição de responsabilidade.
feridos;
Art. 84. No caso da apresentação da prestação de con-
c) impugnação de despesas, se realizadas em desacordo
tas ou recolhimento integral do débito imputado, após o
com as disposições do termo celebrado ou desta Portaria;
encaminhamento da tomada de contas especial ao Tribunal
d) não utilização, total ou parcial, da contrapartida pac-
de Contas da União, procederse- á a retirada do registro da
tuada, na hipótese de não haver sido recolhida na forma
inadimplência, e:
prevista no parágrafo único do art. 73 desta Portaria;
I  – aprovada a prestação de contas ou comprovado o
e) não utilização, total ou parcial, dos rendimentos da
recolhimento integral do débito imputado:
aplicação financeira no objeto do Plano de Trabalho, quando a) comunicar-se-á o fato à respectiva unidade de controle
não recolhidos na forma prevista no parágrafo único do art. interno que certificou as contas para adoção de providências
73 desta Portaria; junto ao Tribunal de Contas da União; e
f) inobservância do prescrito no § 1º do art. 54 desta b) manter-se-á a baixa da inadimplência, bem como a
Portaria ou não devolução de rendimentos de aplicações inscrição da responsabilidade apurada, que só poderá ser
financeiras, no caso de sua não utilização; alterada mediante determinação do Tribunal;
g) não devolução de eventual saldo de recursos federais, II – não sendo aprovada a prestação de contas:
apurado na execução do objeto, nos termos do art. 73 desta a) comunicar-se-á o fato à unidade de controle interno
Portaria; e que certificou as contas para adoção de providências junto
h) ausência de documentos exigidos na prestação de con- ao Tribunal de Contas da União; e
tas que comprometa o julgamento da boa e regular aplicação b) reinscrever-se-á a inadimplência do órgão ou entida-
dos recursos. de convenente ou contratado e manter-se-á a inscrição de
§ 2º A Tomada de Contas Especial será instaurada, ainda, responsabilidade.
por determinação dos órgãos de Controle Interno ou do Tri-
Direito Administrativo

§ 1º Os convenentes deverão ser notificados previamente


bunal de Contas da União, no caso de omissão da autoridade sobre as irregularidades apontadas, via notificação eletrônica
competente em adotar essa medida. por meio do SICONV, devendo ser incluída no aviso a respec-
§ 3º A instauração de Tomada de Contas Especial en- tiva Secretaria da Fazenda ou secretaria similar.
sejará: § 2º Enquanto não disponível a notificação eletrônica,
I – a inscrição de inadimplência do respectivo instrumen- a notificação prévia será feita por meio de carta registrada
to no SICONV, o que será fator restritivo a novas transferên- com declaração de conteúdo, com cópia para a respectiva
cias de recursos financeiros oriundos do Orçamento Fiscal e Secretaria da Fazenda ou secretaria similar, devendo a noti-
da Seguridade Social da União mediante convênios, contratos ficação ser registrada no SICONV.
de repasse e termos de cooperação, nos termos do inciso V § 3º O registro da inadimplência no SICONV só poderá ser
do art. 10 desta Portaria; e realizado 45 (quarenta e cinco) dias após a notificação prévia.

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TÍTULO VI Art. 93. A Instrução Normativa nº 01, de 15 de janeiro
DA PADRONIZAÇÃO DOS OBJETOS de 1997, da Secretaria do Tesouro Nacional, não se aplica
aos convênios celebrados a partir de 30 de maio de 2008.
Art. 85. A padronização de objetos prevista no art. 14 (Redação dada pela Portaria Interministerial nº 274, de 2013)
do Decreto nº 6.170, de 2007, atenderá aos seguintes pro- Art. 93-A. O art. 43-A desta Portaria poderá ser aplicado
cedimentos: aos convênios vigentes que tenham sido celebrados a partir
I – os órgãos responsáveis pelos programas deverão cons- de 30 de maio de 2008, mediante a celebração de termo adi-
tituir, anualmente, comissão especial que elaborará relatório tivo. (Incluído pela Portaria Interministerial nº 495, de 2013)
conclusivo sobre a padronização dos objetos; Art. 94. As funcionalidades do SICONV deverão estar
II – o relatório será submetido à aprovação da autoridade implementadas no sistema até o dia 01 de julho de 2012.
competente, que deverá decidir pela padronização ou não Art. 95. Os casos omissos serão dirimidos na forma do
dos objetos, registrando no SICONV a relação dos objetos art. 13, § 4º, do Decreto nº 6.170, de 2007.
padronizáveis até 31 de outubro de cada ano; e Art. 96. Fica revogada a Portaria Interministerial MP/MF/
III  – os órgãos responsáveis pelos programas deverão CGU Nº 127, de 29 de maio de 2008.
registrar no SICONV, até 15 de dezembro de cada ano, o Art. 97. Esta Portaria entra em vigor em 1º de janeiro de
detalhamento das características dos objetos padronizados. 2012, com exceção dos arts. 77 a 79 que entram em vigor na
§ 1º Os órgãos responsáveis pelos programas utilizarão data de sua publicação.
as informações básicas contidas nas atas das licitações e das
cotações de preço relativas às contratações realizadas com os MIRIAM BELCHIOR
recursos repassados como forma de subsidiar a composição Ministra de Estado do Planejamento,
dos objetos padronizados. Orçamento e Gestão
§ 2º A impossibilidade de padronização de objetos deverá
ser justificada no SICONV pela autoridade competente. GUIDO MANTEGA
Ministro de Estado da Fazenda
TÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS JORGE HAGE SOBRINHO
Ministro de Estado Chefe da
Art. 86. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta Por- Controladoria-Geral da União
taria, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimen-
to, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando EXERCÍCIOS
for explicitamente disposto em contrário.
Art. 87. O SICONV disponibilizará acesso privilegiado às (Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/2017)
suas funcionalidades ao Tribunal de Contas da União, Minis- Acerca do Direito Administrativo, julgue os itens que se seguem.
tério Público Federal, ao Congresso Nacional e à Controla- 1. Considerando os princípios constitucionais explícitos
doria-Geral da União. da administração pública, o STF estendeu a vedação
Art. 88. Aos respectivos Tribunais de Contas dos Estados, da prática do nepotismo às sociedades de economia
Tribunais de Contas dos Municípios e, quando houver, Tribu- mista, embora elas sejam pessoas jurídicas de direito
nal de Contas do Município, é facultado informar à Secretaria privado.
Executiva do SICONV sobre eventuais descumprimentos do 2. A possibilidade de realização de obras para a passagem
disposto nessa Portaria, devendo ser adotadas as medidas de cabos de energia elétrica sobre uma propriedade pri-
cabíveis, se necessário, até que uma nova comunicação do vada, a fim de beneficiar determinado bairro, expressa
tribunal reverta a situação. a concepção do regime jurídico-administrativo, o qual
Art. 89. Os termos de cooperação serão regulados na dá prerrogativas à administração para agir em prol da
forma do art. 18 do Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007. coletividade, ainda que contra os direitos individuais.
Parágrafo único. Os Secretários-Executivos dos Ministé- 3. A regulação das relações jurídicas entre agentes públi-
rios da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão e da cos, entidades e órgãos estatais cabe ao direito admi-
Controladoria- Geral da União, aprovarão em ato conjunto, nistrativo, ao passo que a regulação das relações entre
minuta-padrão do termo de cooperação, a fim de orientar Estado e sociedade compete aos ramos do direito pri-
os órgãos e entidades envolvidos na celebração deste ins- vado, que regulam, por exemplo, as ações judiciais de
trumento, enquanto não for regulamentado. responsabilização civil do Estado.
Art. 90. É obrigatória a utilização dos indicadores de efici- 4. Conforme a doutrina, diferentemente do que ocorre no
ência e eficácia para aferição da qualificação técnica e capaci- âmbito do direito privado, os costumes não constituem
dade operacional das entidades privadas sem fins lucrativos, fonte do direito administrativo, visto que a adminis-
a que se refere os arts. 8º e 9º desta Portaria. tração pública deve obediência estrita ao princípio da
Parágrafo único. Os indicadores a que se refere o caput legalidade.
deverão ser utilizados como critério de seleção das entidades 5. O exercício do poder de polícia reflete o sentido objetivo
privadas sem fins lucrativos.
Direito Administrativo

da administração pública, o qual se refere à própria


Art. 91. Todos os atos referentes à celebração, execução, atividade administrativa exercida pelo Estado.
acompanhamento e fiscalização dos termos de parceria ce-
lebrados deverão ser realizados ou registrados em módulo (Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/2017)
específico do SICONV. Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma situação
Art. 92. Os órgãos e entidades da Administração Pública hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito
Federal, repassadores de recursos financeiros oriundos do da organização administrativa e dos atos administrativos.
Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União, referidos 6. O prefeito de um município brasileiro delegou deter-
no art. 1º desta Portaria, deverão disponibilizar no SICONV minada competência a um secretário municipal. No
seus programas, projetos e atividades, conforme previsto no exercício da função delegada, o secretário emitiu um
art. 4º desta Portaria. ato ilegal. Nessa situação, a responsabilidade pela ilega-

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lidade do ato deverá recair apenas sobre a autoridade Municipal nº 6.794/1990, que dispõe sobre o Estatuto dos
delegada. Servidores do Município de Fortaleza.
7. A prefeitura de determinado município brasileiro, sus- 16. Caso o referido servidor seja demitido por decisão de
citada por particulares a se manifestar acerca da cons- processo administrativo disciplinar, poderá o Poder Ju-
trução de um condomínio privado em área de proteção diciário revogar esse ato administrativo se ficar compro-
ambiental, absteve-se de emitir parecer. Nessa situação, vado o cerceamento de defesa, ainda que exista recurso
a obra poderá ser iniciada, pois o silêncio da administra- administrativo pendente de decisão.
ção é considerado ato administrativo e produz efeitos
jurídicos, independentemente de lei ou decisão judicial. (Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/2017)
8. Removido de ofício por interesse da administração, sob A respeito de bens públicos e responsabilidade civil do Esta-
a justificativa de carência de servidores em outro se- do, julgue os próximos itens.
tor, determinado servidor constatou que, em verdade, 17. De acordo com o entendimento do STF, empresa con-
existia excesso de servidores na sua nova unidade de cessionária de serviço público de transporte responde
exercício. Nessa situação, o ato, embora seja discricio- objetivamente pelos danos causados à família de vítima
nário, poderá ser invalidado. de atropelamento provocado por motorista de ônibus
9. Ao instituir programa para a reforma de presídios fe- da empresa.
derais, o governo federal determinou que fosse criada 18. Situação hipotética: Um veículo particular, ao trans-
uma entidade para fiscalizar e controlar a prestação passar indevidamente um sinal vermelho, colidiu com
dos serviços de reforma. Nessa situação, tal entidade, veículo oficial da Procuradoria-Geral do Município de
devido à sua finalidade e desde que criada mediante Fortaleza, que trafegava na contramão. Assertiva: Nes-
lei específica, constituirá uma agência executiva. sa situação, não existe a responsabilização integral do
Estado, pois a culpa concorrente atenua o quantum
(Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/2017) indenizatório.
Com relação a processo administrativo, poderes da admi-
nistração e serviços públicos, julgue os itens subsecutivos. (Cespe/SEDF/Professor da Educação Básica/2017) A respeito
10. No processo administrativo, vige o princípio do forma- dos princípios da administração pública e da organização
lismo moderado, rechaçando-se o excessivo rigor na administrativa, julgue os itens a seguir.
tramitação dos procedimentos, para que se evite que 19. Uma autarquia é entidade administrativa personaliza-
a forma seja tomada como um fim em si mesma, ou da distinta do ente federado que a criou e se sujeita a
seja, desligada da verdadeira finalidade do processo. regime jurídico de direito público no que diz respeito
11. O exercício do poder regulamentar é privativo do chefe a sua criação e extinção, bem como aos seus poderes,
do Poder Executivo da União, dos estados, do DF e dos prerrogativas e restrições.
municípios. 20. Embora sejam entidades dotadas de personalidade ju-
12. Situação hipotética: Um secretário municipal removeu rídica de direito privado, as empresas públicas, como
determinado assessor em razão de desentendimentos regra geral, estão obrigadas a licitar antes de celebrar
pessoais motivados por ideologia partidária. Assertiva: contratos destinados à prestação de serviços por ter-
Nessa situação, o secretário agiu com abuso de poder, ceiros.
na modalidade excesso de poder, já que atos de remo- 21. Se uma autoridade pública, ao dar publicidade a deter-
ção de servidor não podem ter caráter punitivo. minado programa de governo, fizer constar seu nome
13. Conforme a doutrina, a União pode firmar contrato de de modo a caracterizar promoção pessoal, então, nes-
concessão com empresa privada, com prazo indetermi- se caso, haverá, pela autoridade, violação de preceito
nado, para, por exemplo, a construção e manutenção relacionado ao princípio da impessoalidade.
de rodovia federal com posterior cobrança de pedágio.
14. Nos termos da jurisprudência do STF, caso um particular (Cespe/SEDF/Professor da Educação Básica/2017) No que se
interponha recurso administrativo contra uma multa de refere aos poderes administrativos, aos atos administrativos
trânsito, por se tratar do exercício do poder de polícia e ao controle da administração, julgue os itens seguintes.
pela administração, a admissibilidade do recurso admi- 22. Ato praticado por usurpador de função pública é con-
nistrativo dependerá de depósito prévio a ser efetuado siderado ato irregular.
pelo administrado. 23. O poder de fiscalização que a Secretaria de Estado de
Educação do DF exerce sobre fundação a ela vinculada
(Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/2017) configura controle administrativo por subordinação.
Acerca da intervenção do Estado na propriedade, das licita- 24. É garantido ao Poder Judiciário o controle de mérito
ções e dos contratos administrativos, julgue o seguinte item. administrativo dos atos administrativos, pois lesão ou
15. No caso de parceria a ser firmada entre a administra- ameaça a direito não podem ser excluídas da apreciação
ção pública e organização da sociedade civil, se não de juiz.
houver transferências voluntárias de recursos, deverá 25. A avocação se verifica quando o superior chama para si
ser utilizado o instrumento jurídico estabelecido em lei a competência de um órgão ou agente público que lhe
Direito Administrativo

denominado acordo de cooperação. seja subordinado. Esse movimento, que é excepcional


e temporário, decorre do poder administrativo hierár-
(Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/2017) quico.
Um servidor da Procuradoria-Geral do Município de Fortale- 26. O poder de polícia administrativo é uma atividade que
za, ocupante exclusivamente de cargo em comissão, foi preso se manifesta por meio de atos concretos em benefício
em flagrante, em operação da Polícia Federal, por fraudar li- do interesse público. Por conta disso, a administração
citação para favorecer determinada empresa. Com referência pode delegar esse poder a pessoas da iniciativa privada
a essa situação hipotética, julgue o item subsequente tendo não integrantes da administração pública.
como fundamento o controle da administração pública e as 27. A administração, ao editar atos normativos, como reso-
disposições da Lei de Improbidade Administrativa e da Lei luções e portarias, que criam normas estabelecedoras

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de limitações administrativas gerais, exerce o denomi- gressou com ação judicial contra a autarquia requerendo a
nado poder regulamentar. reparação dos danos materiais sofridos. A autarquia instau-
28. Presunção de legitimidade é atributo universal aplicável rou procedimento administrativo disciplinar contra João para
a todo ato administrativo. apurar suposta violação de dever funcional. No que se refere
à situação hipotética apresentada, julgue o item a seguir.
(Cespe/SEDF/Professor da Educação Básica/2017) Acerca 41. João é servidor de entidade integrante da administração
de administração pública, organização do Estado e agentes indireta.
públicos, julgue os itens a seguir. 42. A autarquia tem direito de regresso contra João.
29. O direito de petição é um dos instrumentos para a con-
cretização do princípio da publicidade. (Cespe/SEDF/Nível Médio/2017) Julgue o próximo item,
30. O abuso de poder pelos agentes públicos pode ocorrer relativo a poderes, organização administrativa do Estado e
tanto nos atos comissivos quanto nos omissivos. controle da administração.
31. As autarquias e as empresas públicas têm personalidade 43. As secretarias municipais de determinado município
jurídica de direito público, e as sociedades de economia integram a administração indireta desse ente federado.
mista têm personalidade jurídica de direito privado.
32. Somente as pessoas administrativas, seja qual for seu (Cespe/SEDF/Nível Médio/2017) Maurício, chefe imediato
nível federativo ou sua natureza jurídica, podem parti- de João (ambos servidores públicos distritais), determinou
cipar do capital das empresas públicas. que este participasse de reunião de trabalho em Fortaleza –
CE nos dias nove e dez de janeiro. João recebeu o valor das
(Cespe/SEDF/Professor da Educação Básica/2017) Com rela- diárias. No dia oito de janeiro, João sofreu um acidente de
ção aos poderes e atos administrativos, julgue os próximos carro e, conforme atestado médico apresentado para Mau-
itens. rício, teve de ficar de repouso por três dias, razão pela qual
33. A construção irregular de um prédio pode ser o motivo não pôde viajar. Essa foi a primeira vez no bimestre que João
para a prática de um ato administrativo com o objetivo teve de se afastar do serviço por motivo de saúde. Acerca
de paralisar a atividade de construir. dessa situação hipotética e de aspectos legais e doutrinários
34. Ato administrativo declaratório é aquele que implanta a ela relacionados, julgue os itens a seguir.
uma nova situação jurídica ou modifica ou extingue uma 44. A competência de Maurício para determinar que João
situação existente. participasse da reunião de trabalho decorre do poder
35. A coercibilidade, uma característica do poder de polícia, hierárquico.
evidencia-se no fato de a administração não depender 45. A concessão de diária é ato vinculado da administração
da intervenção de outro poder para torná-lo efetivo. pública.

(Cespe/SEDF/Professor da Educação Básica/2017) No que (Cespe/SEDF/Nível Médio/2017) Em relação aos princípios da


se refere ao controle e à responsabilidade da administração, administração pública e à organização administrativa, julgue
julgue os itens subsequentes. os itens que se seguem.
36. Se um agente público, nessa qualidade, causar dano a 46. Por terem personalidade jurídica de direito privado,
terceiro, a responsabilidade civil do Estado será obje- as sociedades de economia mista não se subordinam
tiva. hierarquicamente ao ente político que as criou. Exata-
37. A legalidade de qualquer ato administrativo pode ser mente por isso elas não sofrem controle pelos tribunais
submetida à apreciação judicial. de contas.
47. O administrador, quando gere a coisa pública conforme
(Cespe/SEDF/Professor Administração/2017) Acerca da es- o que na lei estiver determinado, ciente de que desem-
trutura administrativa do Estado e de assuntos correlatos, penha o papel de mero gestor de coisa que não é sua,
julgue o próximo item. observa o princípio da indisponibilidade do interesse
38. A concessão de serviço público é um contrato admi- público.
nistrativo pelo qual a administração pública delega a 48. Quando a União cria uma nova secretaria vinculada
outrem a execução de determinado serviço com ca- a um de seus ministérios para repassar a ela algumas
racterísticas específicas, sem, entretanto, transferir a de suas atribuições, o ente federal descentraliza uma
titularidade do serviço. atividade administrativa a um ente personalizado.

(Cespe/SEDF/Tecnologia da Informação/2017) José, chefe (Cespe/SEDF/Nível Médio/2017) No que se refere aos pode-
do setor de recursos humanos de determinado órgão pú- res administrativos, aos atos administrativos e ao controle
blico, editou ato disciplinando as regras para a participação da administração, julgue os itens seguintes.
de servidores em concurso de promoção. A respeito dessa 49. Situação hipotética: Antônio, servidor que ingressou
situação hipotética, julgue os itens seguintes. no serviço público mediante um ato nulo, emitiu uma
39. O veículo normativo adequado para a edição do referido certidão negativa de tributos para João. Na semana se-
ato é o decreto. guinte, Antônio foi exonerado em função da nulidade
Direito Administrativo

40. A edição do referido ato é exemplo de exercício do po- do ato que o vinculou à administração. Assertiva: Nessa
der regulamentar. situação, a certidão emitida por Antônio continuará vá-
lida.
(Cespe/SEDF/Tecnologia da Informação/2017) João, servidor 50. Situação hipotética: A autoridade administrativa Y, no
público ocupante do cargo de motorista de determinada au- exercício de competência que lhe foi delegada pela
tarquia do DF, estava conduzindo o veículo oficial durante autoridade X e que lhe conferia poder decisório para
o expediente quando avistou sua esposa no carro de um a prática de determinado ato de autoridade, praticou
homem. Imediatamente, João dolosamente acelerou em determinado ato administrativo que o administrado Z
direção ao veículo do homem, provocando uma batida e, entendeu ser-lhe prejudicial. Nessa situação, caso quei-
por consequência, dano aos veículos. O homem, então, in- ra obstar os efeitos do referido ato mediante mandado

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de segurança, o administrado Z deverá dirigir sua peça (Cespe/SEDF/Administrador/2017) À luz da legislação que
contra a autoridade delegada, e não contra a autoridade rege os atos administrativos, a requisição dos servidores dis-
delegante. tritais e a ética no serviço público, julgue os seguintes itens.
51. O fato de a administração pública internamente aplicar 59. Legalidade e publicidade são princípios constitucionais
uma sanção a um servidor público que tenha praticado expressos aplicáveis à administração pública direta e
uma infração funcional caracteriza o exercício do poder indireta do DF.
de polícia administrativo. 60. A competência — ou sujeito —, a finalidade, a forma,
o motivo e o objeto — ou conteúdo — são elementos
(Cespe/SEDF/Direito/2017) O prefeito de determinado muni- que integram os atos administrativos.
cípio utilizou recursos do Fundo de Manutenção e Desenvol-
vimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissio- (Cespe/Prefeitura de Fortaleza-CE/Procurador Municipal/
nais da Educação (FUNDEB) para pagamento de professores 2017) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, das
e para a compra de medicamentos e insumos hospitalares licitações e dos contratos administrativos, julgue os seguin-
destinados à assistência médico-odontológica das crianças tes itens.
em idade escolar do município. Mauro, chefe do setor de 61. Caso, em decorrência de uma operação da Polícia Fede-
aquisições da prefeitura, propositalmente permitia que o ral, venha a ser apreendida grande quantidade de equi-
estoque de medicamentos e insumos hospitalares chegasse pamentos com entrada ilegal no país, a administração
a zero para justificar situação emergencial e dispensar inde- poderá realizar leilão para a venda desses produtos.
vidamente a licitação, adquirindo os produtos, a preços su- 62. Situação hipotética: A Procuradoria-Geral do Município
perfaturados, da empresa Y, pertencente a sua sobrinha, que de Fortaleza decidiu ceder espaço de suas dependên-
desconhecia o esquema fraudulento. A respeito da situação cias para a instalação de lanchonete que atendesse aos
hipotética apresentada e de aspectos legais e doutrinários a procuradores, aos servidores e ao público em geral.
ela relacionados, julgue o item a seguir. Assertiva: Nessa situação, por se tratar de ato regido
52. A criação de um órgão denominado setor de aquisições pelo direito privado, não será necessária a realização de
na citada prefeitura constitui exemplo de desconcen- processo licitatório para a cessão de uso pelo particular
tração. a ser contratado.
63. Situação hipotética: Pretendendo contratar determi-
(Cespe/SEDF/Direito/2017) A exploração e operação de de- nado serviço por intermédio da modalidade convite,
terminado aeroporto foi transferida pelo governo federal a administração convidou para a disputa cinco empre-
para um consórcio de empresas pelo prazo de vinte anos. sas, entre as quais apenas uma demonstrou interesse
Em determinado dia, durante a vigência da execução desse apresentando proposta. Assertiva: Nessa situação, a
serviço público pelo consórcio, uma passageira sofreu um administração poderá prosseguir com o certame, desde
acidente grave em esteira rolante do aeroporto, a qual se que devidamente justificado.
encontrava em manutenção devidamente sinalizada. A pas-
(Cespe/SEDF/Professor da Educação Básica/2017) A respeito
sageira, por estar enviando mensagem no aparelho celular,
dos princípios da administração pública e da organização
não observou a sinalização relativa à manutenção da esteira.
administrativa, julgue o item a seguir.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais e
64. Embora sejam entidades dotadas de personalidade ju-
doutrinários a ela relacionados, julgue os itens subsequentes.
rídica de direito privado, as empresas públicas, como
53. Caso se comprove que o acidente decorreu de culpa
regra geral, estão obrigadas a licitar antes de celebrar
exclusiva da passageira, o consórcio de empresas não contratos destinados à prestação de serviços por ter-
responderá civilmente pelo acidente. ceiros.
54. Na situação descrita, a transferência do referido serviço
público para o consórcio terá obedecido à legislação (Cespe/SEDF/Administrador/2017) Acerca de licitações, con-
pertinente se tiver sido realizada por meio de contrato tratos e convênios na administração pública, julgue os itens
de permissão de serviço público. que se seguem.
65. Concorrência, pregão e parcerias são, segundo a Lei nº
(Cespe/SEDF/Direito/2017) Mauro editou portaria discipli- 8.666/1993, as modalidades de licitação.
nando regras de remoção no serviço público que beneficia- 66. Nos casos em que couber o pregão eletrônico, a admi-
ram, diretamente, amigos seus. A competência para a edição nistração poderá utilizar a carta-convite e, em qualquer
do referido ato normativo seria de Pedro, superior hierár- caso, a concorrência.
quico de Mauro. Os servidores que se sentiram prejudica- 67. A estrita observância ao edital constitui princípio bási-
dos com o resultado do concurso de remoção apresentaram co de toda licitação. Assim, o descumprimento desse
recurso quinze dias após a data da publicação do resultado. requisito enseja nulidade do certame.
55. Nessa situação hipotética, a portaria editada por Mauro 68. A aquisição de produtos e serviços com recursos trans-
contém vício nos elementos competência e objeto. feridos pela União, por meio de convênios com entida-
56. Nessa situação hipotética, ao editar a referida portaria, des públicas ou privadas sem fins lucrativos, deve ser
Direito Administrativo

Mauro violou os princípios da legalidade e da impesso- precedida de licitação, ressalvados os casos previstos
alidade. pela legislação própria.
57. Nessa situação hipotética, de acordo com a Lei nº
9.784/1999 — que regula o processo administrativo 69. (Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-
no âmbito da administração pública federal —, o re- va/2017) Conforme a legislação pertinente, a licitação
curso apresentado pelos servidores que se sentiram na modalidade pregão
prejudicados não deverá ser conhecido pela autoridade a) deverá ser conduzida por equipe de apoio integrada
competente em razão da sua intempestividade. exclusivamente por servidores públicos.
58. Nessa situação hipotética, Mauro não agiu com abuso b) veda a negociação direta entre a administração e os
de poder. participantes da licitação.

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c) deverá proporcionar prazo de, no mínimo, oito dias a) do critério preço superior ao de referência para a
úteis para a apresentação de propostas. desclassificação de propostas.
d) tem de basear-se no critério da melhor técnica para b) da modalidade concorrência.
o julgamento e a classificação das propostas. c) do critério preço inexequível para a desclassificação
e) demanda, obrigatoriamente, a participação presen- de propostas.
cial dos concorrentes. d) do tipo de licitação técnica e preço.
e) do prazo insuficiente para a divulgação do edital.
70. (Cespe/TRE-BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-
va/2017) Se o diretor de um museu público tiver de 74. (Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário/Engenharia Civil/2017)
contratar a restauração de um objeto histórico, de au- Durante o processo licitatório de uma obra pública, re-
tenticidade certificada, com o objetivo de aprimorar gido pela Lei nº 8.666/1993, determinado licitante, em
o acervo da instituição, a licitação para a restauração data oportuna, questionou à comissão de licitação a
desse objeto, nos termos da legislação pertinente, será ausência de preços na planilha de orçamento de refe-
considerada rência do edital, a qual apresentava apenas os serviços
a) dispensável. e suas quantidades. Nessa situação hipotética, caberá
b) recusável. à comissão de licitação
c) inexigível. a) manter o edital, já que, na fase de divulgação do
d) dispensada. edital, questionamentos relacionados ao conteúdo
e) inviável. do projeto básico só podem ser feitos pelos órgãos
de controle.
71. (Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário/2017) De acordo b) manter o edital, já que, até a homologação da licita-
com a Lei de Licitações e Contratos, o prazo para inter- ção, somente a planilha com serviços e quantidades
posição de do orçamento de referência deve ser pública.
a) recurso e representação será de dez dias úteis. c) rever o edital, já que a planilha com serviços e quan-
b) representação e pedido de reconsideração será de tidades também deve ser mantida em sigilo até a
cinco dias úteis. homologação da licitação.
c) representação e pedido de reconsideração será de d) rever o edital, já que é obrigatória a divulgação com-
dez dias úteis. pleta do orçamento de referência.
d) recurso e representação será de cinco dias úteis. e) manter o edital, já que cabe à comissão de licitação
e) recurso e pedido de reconsideração será de cinco definir se o orçamento da licitação deve ser sigiloso
dias úteis. ou não.

72. (Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário/Área Administrati- 75. (Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário/Engenharia Civil/2017)


va/2017) Empresa vencedora de processo licitatório, Durante a execução de uma obra pública, a auditoria
na modalidade concorrência, para a reforma de um constatou que havia uma exigência ilegal no edital de
imóvel pertencente à administração pública deixou de licitações, o que, na época de divulgação do referido
realizar 30% da obra licitada, parte equivalente ao valor edital, tornaria a licitação nula. Nessa situação, como
de R$ 250.000, em decorrência de graves problemas o contrato está assinado e a obra está em fase de exe-
financeiros. Por esse motivo, o contrato foi rescindido. cução, é necessário
Conforme previsto pela Lei nº 8.666/1993 — Lei de Li- a) paralisar o contrato até que o vício processual seja
citações e Contratos —, nessa situação hipotética, novo sanado e até que a contratada apresente uma com-
processo licitatório para a contratação de empresa que pensação financeira para a manutenção contratual.
finalize a obra remanescente será b) paralisar a obra, solicitar novas propostas aos lici-
a) inexigível, por se tratar da conclusão de obra rema- tantes e, se surgir proposta mais vantajosa que a da
nescente. contratada, realizar a cessão contratual em favor da
b) dispensável, devendo a nova contratada obedecer de menor valor.
à ordem de classificação e aos mesmos termos ofe- c) anular o contrato e, caso não seja imputado à con-
recidos à licitante vencedora. tratada a causa da nulidade, indenizá-la tanto pelos
c) dispensável, devendo a nova contratada estabelecer serviços executados quanto por prejuízos regular-
o preço dos serviços que serão realizados. mente comprovados.
d) aberto obrigatoriamente na modalidade concorrência. d) manter o contrato vigente, desde que a empresa
e) aberto preferencialmente na modalidade convite. contratada tenha executado mais de 50 % da obra.
e) rescindir o contrato e convidar as demais licitantes,
73. (Cespe/TRE-BA/Analista Judiciário/Engenharia Civil/ na ordem de classificação, para concluir a execução
2017) No processo licitatório para a contratação de da obra, nas mesmas condições contratuais da pri-
uma empresa para construir um prédio público, cujo meira colocada.
Direito Administrativo

preço de referência foi orçado em trinta milhões de


reais, estabeleceu-se o prazo de cinquenta dias corridos 76. (Cespe/MPE-RR/Promotor de Justiça/2017) Com refe-
para a divulgação do edital; adotou-se a modalidade rência aos crimes, às penas e ao processo judicial previs-
concorrência; e determinou-se que o tipo de licitação tos na Lei de Licitações e Contratos, julgue os seguintes
seria técnica e preço. Ademais, definiu-se que deveriam itens.
ser desclassificadas as propostas que apresentassem I – Dispensa de licitação em situação estranha às hipó-
preços superiores ao de referência bem como aquelas teses taxativas previstas em lei constitui crime passível
que apresentassem preços inexequíveis. Nessa situação de punição com pena de detenção e multa fixada na
hipotética, a licitação está em desacordo com o disposto sentença a ser revertida à fazenda federal, distrital, es-
na Lei nº 8.666/1993 devido à adoção tadual ou municipal, conforme o caso.

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II – Em casos de crimes previstos na lei em apreço, a c) A inexigibilidade de licitação é prevista para situa-
ação penal é pública incondicionada e a sua promoção ções excepcionais em que a realização da licitação
cabe ao MP. violaria o interesse público em razão da extrema
III – Em relação aos crimes previstos na lei em questão, urgência em obter determinados bens ou serviços.
não será admitida ação penal privada subsidiária da d) Comprovada a ocorrência de superfaturamento, o
pública. fornecedor ou o prestador de serviços e o agente
IV – Quando os autores dos crimes previstos na referida público responsável responderão solidariamente
lei forem ocupantes de cargo em comissão ou exerce- pelo dano causado ao erário.
rem função de confiança em órgão da administração e) É inexigível a licitação em situações em que a com-
pública direta ou indireta, a pena imposta será acrescida petição é possível, mas a sua realização pode não
da terça parte. ser conveniente e oportuna para a administração,
à luz do interesse público.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens III e IV estão certos. 80. (Cespe/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Judiciária/2017)
b) Apenas os itens I, II e III estão certos.
Determinado município pretende contratar empresa
c) Apenas os itens I, II e IV estão certos.
para a prestação de serviço de divulgação institucional
d) Todos os itens estão certos.
de políticas públicas, sendo o objeto da contratação
77. (Cespe/Prefeitura de Belo Horizonte-MG/Procurador avaliado em cinco mil reais. Nessa situação hipotética,
Municipal/2017) Tendo como referência as disposições a licitação
da Lei nº 8.666/1993 e a legislação referente ao RDC, a) será inexigível, por tratar-se de serviço técnico es-
assinale a opção correta. pecializado de natureza singular.
a) No âmbito do RDC, definido o resultado do julgamen- b) deverá ser realizada na modalidade concorrência.
to, a administração pública poderá negociar com o c) poderá ser realizada, por exemplo, na modalidade
primeiro colocado condições mais vantajosas. convite, embora seja dispensável.
b) Os contratos administrativos celebrados com base d) deverá ser realizada na modalidade tomada de preços.
no RDC regem-se pelas regras específicas previstas e) estará automaticamente dispensada devido ao baixo
na Lei nº 12.462/2011, sendo-lhes inaplicáveis, por valor do objeto da contratação.
disposição expressa dessa lei, as regras da Lei nº
8.666/1993. 81. (Cespe/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Judiciária/2017)
c) A legislação referente ao RDC, assim como a Lei nº O edital de licitação terá de conter, obrigatoriamente,
8.666/1993, veda a indicação de marca ou modelo a) indicação das sanções para o caso de inadimplemento.
nas aquisições de bens. b) a descrição técnica detalhada, minuciosa e exaurien-
d) Em se tratando de contratação de obras e serviços, te do objeto da licitação.
inclusive os de engenharia, a remuneração utilizada c) a indicação de que os critérios para julgamento serão
será a fixa, vinculada ao desempenho da contratada, informados após a fase de habilitação.
e respeitará o limite orçamentário fixado pela admi- d) condições de pagamento que estabeleçam preferên-
nistração pública para a contratação. cia para empresas brasileiras.
e) a previsão de irrecorribilidade das decisões da co-
78. (Cespe/TRE-PE/Analista Judiciário/Área Administrati- missão de licitação.
va/2017) Determinada comissão de servidores, desig-
nada para a condução de procedimento licitatório, ao 82. (Cespe/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Judiciária/2017)
final de seus trabalhos, homologou o resultado e adju- No caso da necessidade de consertos prediais no edifí-
dicou o objeto ao vencedor. Nessa situação hipotética, cio de um tribunal, em que a obra esteja orçada em R$
os atos administrativos de homologação do resultado 250.000,
e de adjudicação do objeto classificam-se,
a) a licitação será inexigível.
a) quanto à forma de exteriorização, como parecer,
b) a modalidade de licitação aplicável a essa situação
sendo possível sua revogação judicial.
é a tomada de preços.
b) quanto à forma de exteriorização, como deliberação,
sendo impossível revogá-los após a celebração do c) a modalidade de licitação aplicável a essa situação
correspondente contrato administrativo. é o convite.
c) quanto aos seus efeitos, como declaratórios, poden- d) haverá a dispensa de licitação.
do a administração revogá-los. e) a modalidade de licitação aplicável a essa situação
d) quanto à intervenção da vontade administrativa, é o pregão eletrônico.
como complexos, podendo ser anulados judicial-
mente. 83. (Cespe/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Judiciária/2017)
e) quanto ao conteúdo, como admissão, podendo a Será realizado pregão para a aquisição de 700 exempla-
Direito Administrativo

administração anulá-los. res atualizados da Constituição da República Federativa


do Brasil para suprir as unidades vinculadas ao tribu-
79. (Cespe/TRE-PE/Analista Judiciário/Área Judiciária/2017) nal regional eleitoral de determinado estado. O valor
Acerca da inexigibilidade de licitação, assinale a opção estimado da contratação é de R$ 30.000. Existem 50
correta. concorrentes e a proposta inicial de menor valor é de
a) As hipóteses de inexigibilidade de licitação estão R$ 30 por exemplar, apresentada por apenas um dos
taxativamente previstas na lei. concorrentes. Nessa situação,
b) A lei prevê hipótese de contratação direta por inexi- a) a garantia de proposta exigida será no valor de R$
gibilidade em caso de guerra ou grave perturbação 420, correspondentes a 2% do montante da oferta
da ordem. de valor mais baixo.

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b) todos os concorrentes com propostas iguais ou in- GABARITO
feriores a R$ 33 poderão fazer lances iguais e suces-
sivos até que o vencedor seja proclamado. 1. C 23. E 45. C 67. C
c) caso a próxima proposta de menor valor seja de R$ 2. C 24. E 46. E 68. C
35 por exemplar, então até 10% dos concorrentes 3. E 25. C 47. C 69. c
poderão fazer lances iguais e sucessivos até que o 4. E 26. E 48. E 70. a
vencedor seja proclamado. 5. C 27. E 49. C 71. d
d) o pregão será impugnado pelo fato de o montante 6. C 28. C 50. C 72. b
da licitação ser inferior a R$ 80.000, cujo valor é 7. E 29. C 51. E 73. d
contemplado pela modalidade convite. 8. C 30. C 52. C 74. d
e) todas as propostas com valores superiores a R$ 36 9. E 31. E 53. C 75. c
por exemplar serão desconsideradas. 10. C 32. C 54. E 76. c
11. C 33. C 55. C 77. a
84. (Cespe/TRE-PE/Técnico Judiciário/Área Judiciária/2017) 12. E 34. E 56. C 78. b
Na licitação para a aquisição de armários de aço para 13. E 35. E 57. C 79. d
suprir as unidades de um órgão público, dez empresas 14. E 36. C 58. E 80. c
15. C 37. C 59. C 81. a
apresentaram, em igualdade de condições, armários
16. E 38. C 60. C 82. b
da mesma marca, com as mesmas especificações téc-
17. C 39. E 61. C 83. b
nicas e com o mesmo preço. Na situação apresentada, 18. C 40. C 62. E 84. b
de acordo com as disposições da Lei nº 8.666/1993 e 19. C 41. C 63. C 85. d
suas alterações, a preferência recairá, sucessivamente, 20. C 42. C 64. C 86. e
aos bens 21. C 43. E 65. E
a) produzidos por empresas brasileiras; produzidos por 22. E 44. C 66. E
empresas que invistam em pesquisa e no desenvol-
vimento de tecnologia no país; produzidos no país.
b) produzidos no país; produzidos por empresas bra-
sileiras; produzidos por empresas que invistam em
pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no
país.
c) produzidos no país; produzidos por empresas que
invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tec-
nologia no país; produzidos por empresas brasileiras.
d) produzidos por empresas que invistam em pesquisa
e no desenvolvimento de tecnologia no país; produ-
zidos no país; produzidos por empresas brasileiras.
e) produzidos por empresas brasileiras; produzidos no
país; produzidos por empresas que invistam em pes-
quisa e no desenvolvimento de tecnologia no país.

85. (Cespe/PC-GO/Delegado de Polícia/2017) Determinado


órgão público pretende dar publicidade a um instru-
mento convocatório com objetivo de comprar armas de
fogo do tipo pistola, de calibre 380, usualmente vendi-
das no mercado brasileiro. O valor orçado da aquisição
dos produtos é de R$ 700.000. Nessa situação, a compra
poderá ser efetuada mediante licitação na modalidade
a) tomada de preço do tipo técnica e preço.
b) concorrência do tipo melhor técnica.
c) concorrência do tipo técnica e preço.
d) pregão do tipo menor preço.
e) tomada de preços do tipo menor preço.

86. (Cespe/Prefeitura de São Luís-MA/Engenheiro Civil/


2017) Em edital para a realização de licitação de uma
Direito Administrativo

obra pública cujo valor orçado pela administração tenha


sido de R$ 500 mil, é permitido
a) adotar a modalidade de licitação carta convite.
b) exigir garantia contratual de R$ 100 mil.
c) prever a desclassificação de propostas cujos preços
sejam inferiores a R$ 250 mil.
d) exigir que a licitante apresente registro no sindicato
da indústria da construção.
e) exigir comprovante de aptidão para execução da
obra mediante apresentação de atestados técnicos.

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TRF

SUMÁRIO

Direito Constitucional

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Princípios fundamentais............................................................. 3

Aplicabilidade das normas constitucionais. Normas de eficácia plena, contida e limitada. Normas programáticas..........4

Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de
nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos.............................................................................................................. 6

Organização político-administrativa do Estado. Estado federal brasileiro, União, estados, Distrito Federal,
municípios e territórios........................................................................................................................................................ 31

Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos......................................................................................... 37

Poder executivo. Atribuições e responsabilidades do presidente da República................................................................. 58

Poder legislativo.Estrutura. Funcionamento e atribuições. Processo legislativo. Fiscalização contábil, financeira


e orçamentária. Comissões parlamentares de inquérito.................................................................................................... 44

Poder judiciário. Disposições gerais. Órgãos do poder judiciário. Organização e competências, Conselho Nacional
de Justiça. Composição e competências.............................................................................................................................. 61

Funções essenciais à justiça. Ministério Público, Advocacia Pública. Defensoria Pública..................................................65

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Direito Constitucional
Fabrício Sarmanho / Eduardo Muniz Machado Cavalcanti

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Separação dos Poderes

Fundamentos Visando à limitação dos poderes estatais, desenvolveu‑se


a teoria da tripartição dos poderes. Parte‑se do pressuposto
Nosso País é denominado República Federativa do Brasil. de que a divisão das principais funções estatais para serem
República representa nossa forma de governo. Na repú- exercidas separadamente, evita a formação de poderes ab-
blica a figura estatal possui um caráter público, deixando, solutos. Sendo assim, desenvolveu‑se, inspirada nas ideias
assim, de pertencer a uma monarca. A forma de governo de Montesquieu, a técnica de separação das três principais
republicana pressupõe alguns elementos que a diferenciam funções do Estado (admi­nistrar, legislar e julgar) para que
da forma monárquica: sejam exercidas por três poderes.
• temporariedade dos cargos; No Brasil foi adotada uma separação que, podemos
• eletividade; dizer, não se mostra absoluta, já que as funções não são
• responsabilidade dos governantes. exercidas de maneira exclusiva por um dos agentes estatais.
Define o art. 2º da Constituição Federal que “são Poderes da
Federação é nossa forma de estado. A forma fe­derativa União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo,
de estado traduz‑se na descentralização política do país, o Executivo e o Judiciário”. Um poder não poderá, dessa
tornando‑o uma reunião de entes autônomos, que não po- forma, intervir nas atividades do outro, mas a atuação dos
dem se desvincular dessa união, ou seja, não podem exercer poderes será harmônica, envolvendo todos os poderes na
direito de secessão. A autonomia dos entes fe­derados não execução das políticas públicas.
pode ser confundida com a soberania que possui o país. Tendo em vista que a execução de uma função não
A soberania pressupõe a não sujeição a qualquer vontade é atribuída de forma exclusiva a nenhum dos poderes,
externa. A autonomia, por sua vez, apenas impõe a existência desenvolveu‑se a divisão de funções em típicas e atípicas.
de três elementos: As funções típicas são aquelas para as quais um determinado
• auto‑organização (capacidade de estabelecer legisla- poder é criado, representando a vocação dessa estrutura
ção própria); política. A função atípica representa uma atribuição exercida
• autogoverno (eleição de seus representantes); de maneira excepcional por um determinado poder, dado
• autoadministração (prestação de serviços públicos). que é concebida como uma função típica de outro poder.
O Poder Judiciário possui a função típica de julgar, exer-
No Brasil, a federação compõe‑se pela união indissolúvel cendo, porém, a função atípica de administrar quando, por
dos Estados, Municípios e Distrito Federal. exemplo, realiza um concurso público.
É também um princípio fundamental de nosso país o fato O Poder Legislativo possui as funções típicas de legislar
de constituirmos um Estado Democrático de Direito, o que e de fiscalizar, exercendo, por outro lado, a função atípica
significa que o Estado obedece às imposições legais, que de julgar, quando julga os crimes de responsabilidade, bem
são elaboradas de maneira democrática (feitas pelo povo como a função atípica de administrar, quando, por exemplo,
e para o povo). realiza uma licitação. Nesse sentido, observe a seguinte as-
O art. 1º da Constituição Federal define cinco fundamen- sertiva de prova: no Brasil, as funções atípicas, relacionadas
tos, quais sejam: à teoria da separação de poderes, possibilitam ao Senado
a) Soberania; Federal julgar o Presidente da República por crime de res-
b) Cidadania; ponsabilidade.
c) Dignidade da Pessoa Humana; O Poder Executivo exerce função típica de administrar,
d) Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa; mas também exerce atividade atípica ao legislar, editando
Observe a seguinte assertiva cobrada em prova: caso o medidas provisórias ou leis delegadas.
Governo Federal decidisse adotar medidas a partir das quais A busca pela harmonia das funções exercidas pelo
o Estado passasse a planejar e dirigir, de forma determinante, Estado levou à adoção de um mecanismo denominado
a ordem econômica do país, inclusive em relação ao setor checks and balances, checks and counter checks, ou freios
privado, essas medidas violariam o valor constitucional da e contrapesos. O referido sistema consiste na previsão de
livre iniciativa. freios mútuos, que servem à manutenção do equilíbrio de
e) Pluralismo Político. forças entre os Poderes.

Importante observar que pluralismo político não é Objetivos Fundamentais


Direito Constitucional

sinônimo de pluripartidarismo político. Pluralismo Políti-


co significa liberdade de adoção de concepções políticas. De acordo com o art. 3º da Constituição Federal, são
O pluripartidarismo, por sua vez, que está previsto no art. objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
17 da Constituição Federal, traduz‑se na possibilidade de se • construir uma sociedade livre, justa e solidária;
criar, no País, mais de um partido político. • garantir o desenvolvimento nacional;
No art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal já se • erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
encontra traduzida a soberania popular. Segundo a Consti- desigualdades sociais e regionais;
tuição Federal, todo poder emana do povo, que o exerce • promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
nos termos desta Constituição. de discriminação.

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As normas definidoras dos objetivos fundamentais são, Eficácia Limitada: são normas que possuem aplicabilida-
por sua natureza, normas programáticas. Isso não significa de mediata, indireta, diferida. Possuem uma eficácia reduzida
que elas possam ser esquecidas pelo poder público. As nor- enquanto não regulamentadas. Tal norma somente produzirá
mas programáticas vinculam o Estado mas são sujeitas à todos os efeitos após uma normatividade ulterior (exemplo:
reserva do possível, que significa a necessidade de o Estado art. 37, VII, da CF). As normas programáticas são exemplos
implementar políticas públicas dentro do que é considerado de normas de eficácia limitada. Tais normas apenas definem
economicamente viável. O princípio da reserva do possível metas, objetivos do Estado, sem indicar, porém, os meios de
não pode servir de estímulo ao total desprezo das normas sua concretização. Exemplo dessas normas é encontrado
programáticas, já que há um mínimo existencial a vincular a no art. 3º da Constituição Federal, que define os objetivos
implementação de tais objetivos. Quando o Poder Judiciário fundamentais.
intervém na atuação administrativa para determinar o respeito Eficácia Contida: são normas que possuem aplicabilidade
a tais objetivos, tem‑se o que é denominado ativismo judicial. imediata, direta, mas que deixam margem para que o legis-
lador infraconstitucional venha a reduzir seu alcance. Essas
Princípios Aplicáveis às Relações Internacionais normas possuem eficácia redutível ou restringível, já que lei
pode vir a reduzir seu campo de atuação. São exemplos os
Os princípios aplicáveis nas relações internacionais estão incisos XIII e XXII do art. 5º.
definidos no art. 4º da Constituição Federal. Tais princípios As normas possuem como característica básica a sua
são sempre aplicáveis com vistas à reciprocidade, princípio coercitividade. Possuem, portanto, um caráter obrigatório e
geral que incide em nossas relações internacionais. Estão vinculativo, funcionando como fonte primária do Direito. As
listados no referido artigo os seguintes princípios: normas podem ser classificadas como em sentido estrito, e
• independência nacional; formal, ou em sentido amplo, e material. As normas formais
• prevalência dos direitos humanos; são aquelas que se submetem a um processo legislativo.
• autodeterminação dos povos; São exemplos as leis ordinárias, as medidas provisórias etc.
• não intervenção; Normas em sentido material têm caráter coercitivo, mas não
• igualdade entre os Estados; passam por um processo formal de elaboração, tal qual os
• defesa da paz; regimentos internos.
• solução pacífica dos conflitos;
• repúdio ao terrorismo e ao racismo; Análise do Princípio Hierárquico das Normas
• cooperação entre os povos para o progresso da huma-
nidade; A adoção da concepção jurídica de constituição fez com
• concessão de asilo político. que o texto da constituição fosse encarado com uma norma
de superior hierarquia frente às demais normas. Segundo a
A República Federativa do Brasil buscará a integração estrutura escalonada ou piramidal das normas de um mesmo
econômica, política, social e cultural dos povos da América sistema jurídico, no qual cada norma busca sua validade em
Latina, visando à formação de uma comunidade latino‑ame- outra, situada em plano mais elevado, a norma constitucio-
ricana de nações. nal situa-se no ápice da pirâmide, caracterizando-se como
norma-origem, porque não existe outra que lhe seja superior.
Normas Constitucionais – Conceito e Funções Assim, o ordenamento jurídico ficou dividido em normas
constitucionais e normas infraconstitucionais, sendo estas
As normas constitucionais são aquelas que possuem de hierarquia inferior.
status constitucionais, seja porque inseridas no texto cons-
titucional positivado (normas formalmente constitucionais), Normas Programáticas
seja por tratarem de matérias eminentemente constitucio-
nais (normas materialmente constitucionais). As normas de eficácia limitada são subdivididas entre
A norma constitucional é uma sobre-norma, porque trata normas de eficácia limitada de princípio institutivo e de
do conteúdo ou das formas que as demais normas devem princípio programático. As  normas programáticas são
conter, apresentando princípios que servem de guias supre- aquelas que expressam valores, objetivos, direções que
mos ao exercício das competências dos órgãos. devem ser seguidas pelo Estado. A aplicação dessas normas
Tais normas podem assumir diversas funções, como a de é diferida no tempo, não acontece de forma imediata. Por
orientar as políticas públicas (normas programáticas) ou de exemplo, quando a Constituição prevê, no art.  23, que é
criarem institutos jurídicos (normas institutivas). É possível dever do Estado preservar as florestas, a  fauna e a flora,
ainda, que assumam diversas denominações segundo o grau isso não se reflete em uma ação imediata e definida, mas,
de especificação ou de abstração. As normas que cuidam de sim, em um “norte”, uma indicação de que as ações go-
temas de conteúdo princípiológico, abstratos, serão chama- vernamentais devem sempre se pautar na defesa do meio
das normas-princípio, já que apenas definem uma linha de ambiente. A terminologia utilizada é bem didática: sempre
atuação, deixando o intérprete livre para adequar esse valor que ouvirmos “normas programáticas”, devemos nos lembrar
constitucional a uma situação concreta. de programas, programações, que nos reportam à ideia de
A norma que especifica a atuação do intérprete, definin- algo futuro, não imediato.
Direito Constitucional

do em pormenores a sua forma de agir, por outro lado, será As normas programáticas são voltadas a todos os Poderes
chamada norma-regra. da República, podendo ser alcançadas por meio de atuação
legislativa ou por políticas públicas. Há que se ressaltar, po-
Classificação das Normas Constitucionais rém, que papel destacado terá o Poder Legislativo, que terá
uma maior liberdade de escolha, no caso concreto, das ações
As normas constitucionais podem ser classificadas se- capazes de tornar a norma realmente efetiva.
gundo sua eficácia em normas de eficácia plena, contida A jurisprudência tem caminhado para, cada vez mais,
ou limitada. reconhecer uma eficácia mínima imediata das normas pro-
Eficácia Plena: são normas que possuem aplicabilidade gramáticas, o que permitiria ao indivíduo reivindicar, junto
imediata, direta, sendo aptas a produzir efeitos desde a sua ao Judiciário, efeitos concretos. Essa tendência é plenamente
edição. justificável, já que o Estado não pode simplesmente se omitir

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diante de uma reivindicação constitucional, sob o argumento da norma programática, não sendo admissível reconhecer a
de falta de regulamentação. O fato de a Constituição não existência de um direito público subjetivo aos jurisdicionados
normatizar todos os aspectos necessários para a sua plena que venham a reivindicar a execução de políticas públicas
aplicação não impede que, desde já, surtam efeitos na esfera além desse limite.
normativa. Tal conclusão é reforçada pela redação do § 1º Por outro lado, não se pode simplesmente desprezar as
do art. 5º da CF, ao dispor que “as normas definidoras dos normas programáticas sob o fundamento de que o Estado
direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”. não possui condições para concretizá-las. Há um parâmetro
As normas de princípio institutivo, por sua vez, consubs- mínimo de respeito a tais normas, denominado mínimo
tanciam regras que efetivamente serão aplicadas tão logo re- existencial. Caso o Estado não esteja cumprindo com esse
cebam uma peça essencial: a regulamentação. Cuida-se de um mínimo existencial, abre margem para a atuação do Poder
instituto, não de uma meta. É o caso, por exemplo, da norma Judiciário, que, por meio do que se denomina ativismo judi-
que estabelece a imposição, por lei complementar, de sanções cial, tem interferido em políticas públicas para determinar o
contra a despedida involuntária ou sem justa causa (art. 7º, cumprimento dessas promessas constitucionais.
I, da CF). Tais normas somente se tornam completas com os Um clássico exemplo desse tipo de atuação, diz respeito
elementos que são inseridos pelas leis que regulam o tema. ao fornecimento de medicamentos, quando o Judiciário
determina o fornecimento imediato, independentemente
Normas Programáticas: Limites Mínimos e Máximos de trânsito em julgado ou da expedição de precatórios, dos
Não se pode exigir que o Estado cumpra de forma ime- recursos para o tratamento de saúde. Nessa hipótese não
diata e em mais alto grau todas as promessas constitucionais se verifica, segundo o entendimento do Supremo Tribunal
expressas em termos de normas programáticas. Há uma Federal, uma ofensa à Separação dos Poderes, já que se cuida
reserva do que é financeira e tecnicamente possível. Essa de injustificável inércia estatal a configurar uma abusividade
reserva do possível constitui um limite máximo de exigência governamental.

Hierarquia das Leis

Como é possível verificar no quadro acima, são normas internacional, com a solução pacífica das controvérsias,
constitucionais aquelas que compõem o texto principal da promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte
constituição, bem como as normas constantes do Ato das CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Disposições Constitucionais Transitórias (dispositivo no qual
são depositadas as normas que devem ter aplicabilidade ape- Normas Supralegais: são normas que se situam abaixo da
nas por um espaço de tempo), as emendas constitucionais, Constituição, mas acima das demais normas legais. Cuidam-
as emendas constitucionais de revisão e os tratados e con- -se dos tratados internacionais de direitos humanos que
venções internacionais de direitos humanos aprovados por não tenham sido internalizados por meio do procedimento
três quintos de cada uma das Casas do Congresso Nacional, do §3º do art. 5º da CF (que concederia ao tratado status
em dois turnos de votação em cada Casa. constitucional), tal qual o pacto de São José da Costa Rica,
que derrogou todas as normas legais, a ele submissas, que
Preâmbulo Constitucional: esse texto, que introduz a disciplinavam a prisão civil do depositário infiel.
Constituição, não tem força de norma constitucional, segun- Normas Legais: essas normas inovam no ordenamento
do o Supremo Tribunal Federal. Não precisa, portanto, sequer jurídico, criando, modificando ou extinguindo direitos. Elas
ser reproduzido nas constituições estaduais. formam, com as normas constitucionais, o que se deno-
Direito Constitucional

O preâmbulo constitucional está assim redigido: mina normas primárias. São normas de cunho legal as leis
ordinárias, as leis complementares, as medidas provisórias,
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em as leis delegadas, os decretos legislativos, as resoluções e os
Assembleia Nacional Constituinte para instituir um tratados internacionais que não disponham sobre direitos
Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício humanos. Também podem ser incluídos aqui os decretos
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segu- autônomos, que são previstos no art. 84, VI, da CF.
rança, o bem‑estar, o desenvolvimento, a igualdade Normas Infralegais: não podem inovar no ordenamento.
e a justiça como valores supremos de uma sociedade Somente servem à fiel execução da lei. São consideradas
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na atos normativos secundários. São os decretos, instruções
harmonia social e comprometida, na ordem interna e normativas, portarias, regulamentos etc.

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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS representam um impedimento à atividade estatal, uma
omissão, um não fazer. Trata‑se dos direitos civis e políticos.
Os direitos fundamentais ganham destaque principal-
mente após a Revolução Francesa, momento em que diversas Segunda Geração
correntes filosóficas e políticas como o racionalismo e o
contratualismo inspiram a vontade popular de impor limites Desenvolvem‑se no Século XIX, inspirados pela Revolu-
ao Estado, reconhecendo um núcleo mínimo de proteção do ção Industrial, sendo reconhecidos constitucionalmente no
indivíduo perante o Estado. A ideia de direitos fundamentais Século XX. Tais direitos possuem um caráter positivo (status
surge da tentativa de se estabelecer um rol de direitos que positivus) e exigem uma prestação do Estado. Inserem, assim,
seria inerente à própria condição humana, que não depen- uma obrigação de fazer, uma ação do ente estatal. São os
desse de uma vontade política. São, por isso, considerados direitos sociais, econômicos e culturais.
direitos naturais.
Nossa Constituição relaciona os direitos fundamentais Terceira Geração
em seu Título II, denominado “Dos Direitos e Garantias
Fundamentais”. A posição “geográfica” desse título, logo Os direitos de terceira geração, desenvolvidos no Sé-
no início do texto constitucional, demonstra a importância culo XX, voltam‑se à defesa dos interesses de titularidade
dos direitos fundamentais em nossa ordem constitucional. coletiva, denominados interesses difusos. Esses direitos
Partindo do pressuposto de que o constituinte não utiliza são supraindividuais, já que não pertencem a um indivíduo
palavras inúteis, podemos concluir que direitos e garantias especificamente, mas sim a uma coletividade. São exemplos
o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado
possuem diferenças axiológicas. Os direitos possuem um ca-
e a proteção do idoso.
ráter declaratório, enquanto as garantias possuem um nítido
A primeira geração remonta ao ideal de liberdade.
sentido assecuratório. Os direitos se declaram, enquanto as
A segunda geração volta‑se à igualdade. Por fim, a terceira
garantias se estabelecem, demonstrando que as garantias
geração preocupa‑se com a fraternidade ou solidariedade.
são elementos instrumentais que garantem o respeito aos
Temos, assim, a célebre frase, que marcou a Revolução Fran-
direitos que são declarados na Constituição Federal.
cesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Há quem defenda a existência de quarta e quinta geração
Titularidade dos Direitos Fundamentais de direitos fundamentais. Não há, porém, um consenso sobre
quais sejam esses direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais podem ser exercidos tanto
pelas pessoas físicas quanto pelas pessoas jurídicas. Apesar Características dos Direitos Fundamentais
de o art. 5º, caput, da Constituição Federal referir‑se tão
somente aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, Relatividade – Os direitos não são absolutos: eles podem
entende‑se que os estrangeiros em geral, ainda que apenas ser relativizados, principalmente quando entram em choque.
visitando a República Federativa do Brasil, também são Até mesmo o direito à vida, que pode ser considerado o mais
titulares desses direitos. fundamental dos direitos, pode ser relativizado. Exemplo
A título de exemplo: Pablo, argentino e residente na de relativização do direito à vida é encontrado no caso da
Argentina, solteiro, de dezoito anos de idade, de passagem pena de morte, autorizada na hipótese de guerra declarada.
pelo Brasil, com destino aos Estados Unidos da América, foi A relativização dos direitos fundamentais pode advir da
interceptado em operação da PRF. Nessa situação hipotéti- capacidade de conformação que é dada ao legislador. Assim,
ca, não obstante Pablo não seja residente no Brasil, todos mesmo nos casos em que não existe uma reserva legal, ou
os direitos individuais fundamentais elencados no caput seja, mesmo quando a constituição não faz referência à lei
do art. 5º da CF devem ser respeitados durante a referida é possível que o legislador venha a delimitar a forma de
operação policial. utilização dos direitos fundamentais.
As pessoas jurídicas também podem ser titulares de No caso de choque de direitos fundamentais, teremos
direitos fundamentais, mas apenas daqueles direitos que de observar certos parâmetros. Em primeiro lugar, deve ser
são com elas compatíveis. São, assim, impedidas de exercer observado o princípio da legalidade. Segundo esse princípio,
certos direitos como os direitos políticos (votar, ser votado a atuação do intérprete deve ser pautada nos critérios de
etc.). Até mesmo as pessoas jurídicas de direito público são necessidade e adequação. Além disso, a hipótese de choque
titulares de direitos fundamentais. de direitos fundamentais também inspira a utilização do
princípio da harmonização ou da concordância prática, que
Geração dos Direitos Fundamentais requer que o aplicador adote uma interpretação que evite
o sacrifício total de um dos direitos em conflito.
Os direitos fundamentais não surgiram de forma instantâ- Inalienabilidade – Não é possível transferir um direito
nea. A conquista dos direitos fundamentais ocorreu ao longo fundamental.
da história, de tal forma que podemos identificar diversas Irrenunciabilidade – Não é possível renunciar totalmente
gerações de direitos, que nada mais são do que a represen- a um direito fundamental.
tação de momentos históricos e os direitos ali conquistados.
Direito Constitucional

Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais não são


As gerações de direitos também podem ser denominadas alcançados pela prescrição. A prescrição corresponde à perda
dimensões de direitos fundamentais, termo que deixa mais de uma pretensão em virtude do decurso do tempo.
claro o fato de que as gerações não são superadas, mas sim Historicidade – Os direitos e garantias fundamentais
incorporadas às novas gerações de direitos fundamentais. possuem origem histórica.
Inviolabilidade – Não podem ser violados os direitos
Primeira Geração fundamentais.
Efetividade – O Estado deve primar por garantir o res-
Surge no Século XVIII, no âmbito da Revolução Fran- peito e a efetividade dos direitos fundamentais.
cesa. Os direitos fundamentais conquistados nessa época Universalidade – Os direitos fundamentais alcançam a
configuram liberdades negativas (status negativus), já que todos.

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Obs.: os direitos e as garantias fundamentais consagra- da Constituição Federal. O referido artigo, ao estipular a
dos constitucionalmente não são ilimitados, uma vez que necessidade de observância da legalidade, impõe que o
encontram seus limites nos demais direitos igualmente administrador público apenas faça o que está previsto em
consagrados na mesma Carta Magna. lei. Podemos assim distinguir as duas legalidades:

Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Autonomia das vontades Legalidade estrita (art. 37 da CF)
(art. 5º, II, da CF)
Assim dispõe o art. 5º da Constituição Federal: Vincula os particulares. Vincula o administrador público.
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- Permite que se faça tudo Apenas admite que se faça o que
quer natureza, garantindo‑se aos brasileiros e aos o que a lei não proíba. a lei prevê.
estrangeiros residentes no País a inviolabi­lidade do
O princípio da legalidade não pode ser confundido com
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança o princípio da reserva legal. A reserva legal impõe que certas
e à propriedade, nos termos seguintes: matérias sejam regidas apenas por lei em sentido estrito. É o
caso, por exemplo, da previsão de crimes e cominação de
Em primeiro lugar, há que se frisar que o dispositivo acima penas, que somente pode ser feita por lei.
transcrito reproduz o princípio da isonomia, que consiste
na proibição de criação de distinções que não sejam funda- III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
mentadas. Assim, impõe a Constituição que os iguais sejam desumano ou degradante;
tratados de forma igual e que os desiguais sejam tratados de
forma desigual. Assim, por exemplo, justifica‑se a existência Comentário: cuida o dispositivo da dignidade da pessoa
de critérios diferenciados para homens e mulheres em uma humana. Este inciso está em consonância com o que dispõe
prova física em um concurso público ante as nítidas diferen- o art. 1º, III, da Constituição Federal.
ças fisiológicas entre os gêneros.
Denomina‑se igualdade material aquela que permite IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
a existência de diferenciações, desde que devidamente o anonimato;
justificadas. A igualdade formal que impede a estipulação
de distinções em qualquer hipótese muitas vezes resultará Comentário: a liberdade de expressão, como todo di-
em injustiças, pois deixa de considerar as peculiaridades de reito fundamental, não é absoluta. Diversos limites serão
certas formações sociais. encontrados no exercício concreto de tais direitos. Primei-
A igualdade em nossa ordem constitucional deve ser le- ramente, não se pode utilizar a liberdade de expressão para
vada em conta tanto na lei quanto perante a lei. A igualdade cometer atos ilícitos, ofendendo os direitos fundamentais.
na lei é verificada quando da elaboração legislativa, impondo Assim, impede‑se, por exemplo, a utilização desse direito
a formação de leis que tenham como pilar a inexistência de com a intenção de ofender alguém. A repressão contra a má
diferenciações odiosas. A igualdade perante a lei impõe o utilização dos direitos fundamentais somente é efetiva se
tratamento igualitário por parte do aplicador do direito, ou acompanhada de identificação do responsável. O anonimato
seja, por parte daquele que venha a interpretar a norma e a é vedado justamente por impossibilitar a responsabilização
aplicar a disposição abstrata a um caso concreto. daqueles que venham a utilizar o direito fora dos limites
constitucionais.
Passamos a comentar os setenta e oito incisos que com-
põem o art. 5º da Constituição Federal. V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
agravo, além da indenização por dano material, moral ou
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- à imagem;
ções, nos termos desta Constituição;
Comentário: duas possíveis punições contra quem uti-
Comentário: trata‑se de mais uma decorrência do prin- liza de forma errada sua liberdade de expressão estão aqui
cípio da isonomia. A previsão acima, porém, não impede dispostas. Primeiramente, temos o direito de resposta, que
a existência de distinções entre homens e mulheres. Tais exige do ofensor a concessão de meios para que o ofendido
venha a defender‑se publicamente. A segunda forma de
diferenciações podem ser feitas tanto no âmbito constitu-
punição corresponde à indenização por dano material, moral
cional quanto na órbita legal. A Constituição Federal de 1988
ou à imagem. A Constituição não define parâmetros para a
estabelece uma série de prerrogativas para as mulheres,
fixação do valor da indenização, que deverá ser fixado, em
como a proteção de seu mercado de trabalho, prazo dife- regra, pelo Poder Judiciário.
renciado para a licença à gestante, prazo reduzido para a
aposentadoria e inexistência de obrigação de alistamento VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
militar em tempos de paz. sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
Direito Constitucional

a suas liturgias;
alguma coisa senão em virtude de lei;
Comentário: a liberdade acima descrita alcança os fenô-
Comentário: traduz esse inciso o princípio da legalidade. menos, possibilitando o livre exercício das crenças religiosas e
Todos nós podemos fazer tudo o que a lei não proíba, o que a livre adoção de concepções científicas, filosóficas, políticas
exprime a nossa capacidade de autodeterminação, também etc. Sendo o Brasil um país laico, não é mais aceita a previsão
chamada autonomia das vontades. de religião oficial no País.

A autonomia das vontades definida no art. 5, II, da Cons- VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
tituição Federal não pode ser confundida com o princípio da assistência religiosa nas entidades civis e militares de inter-
legalidade estrita ou restrita, que está descrito no art. 37 nação coletiva;

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Comentário: são considerados locais de internação O conceito de casa para efeito de inviolabilidade de do-
coletiva os hospitais, as prisões e os quartéis, por exemplo. micílio não se limita ao conceito civil, alcançando os locais
habitados de maneira exclusiva. São incluídos no conceito
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de os escritórios, as oficinas, os consultórios e, ainda, os locais
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se de habitação coletiva, como hotéis e motéis.
as invocar para eximir‑se de obrigação legal a todos imposta A título de exemplo: no curso de uma investigação cri-
e recusar‑se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; minal, a autoridade policial competente encontra indícios
de que bens furtados há um ano de uma repartição pública
Comentário: são consideradas obrigações a todos im- estejam guardados na residência dos pais de um dos inves-
postas, a obrigação de votar e o alistamento militar, que em tigados. A autoridade policial dirige-se, então, ao imóvel,
tempos de paz obriga a todos os homens de nacionalidade durante o dia, onde, sem o consentimento dos moradores
brasileira. Se alguém oferecer uma excusa de consciência e independentemente de determinação judicial, efetua
para deixar de cumprir uma obrigação a todos imposta, busca que resulta na localização dos bens furtados. Nessa
terá de se sujeitar ao ônus de uma obrigação alternativa. hipótese, será inadmissível, no processo, por ter sido obtida
Se, porém, a obrigação alternativa não for cumprida, será de maneira ilícita.
aplicada, por exemplo, a pena de perda dos direitos políticos,
nos termos do art. 15, IV, da Constituição Federal. XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-
cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas,
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
científica e de comunicação, independentemente de censura forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou licença; ou instrução processual penal;

Comentário: a proibição da censura não impede que o Comentário: os sigilos, assim como todos os demais
Estado venha a limitar a atividade de comunicação social, direitos fundamentais, não são absolutos. Eles podem
impedindo que os meios de comunicação venha a oferecer sofrer limitação legal ou judicial. Em relação ao sigilo das
programação que não seja condizente com os valores da comunicações telefônicas, verifica‑se a previsão de uma
sociedade ou que sejam ofensivos a determinados grupos. reserva jurisdicional. Sendo assim, somente por ordem ju-
A classificação indicativa de diversões públicas e a limitação à dicial é possível quebrar o referido sigilo. Outra imposição
publicidade de tabaco, bebidas alcoólicas, remédios, terapias posta em relação ao sigilo das comunicações telefônicas é
e agrotóxicos são exemplos desse tipo de atividade, que é a necessidade de que somente seja determinada a quebra
plenamente legítima. para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal. Não é possível quebrar o referido sigilo em causas
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra cíveis. Além disso, é necessário que seja observada a forma
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização estabelecida em lei.
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; O sigilo das comunicações telefônicas não pode ser
confundido com o sigilo dos dados telefônicos. O extrato das
Comentário: a proteção ao direito de intimidade pode ligações telefônicas é protegido pelo sigilo de dados, que não
ser relativizado quando entra em choque com outros direi- está sujeito à reserva jurisdicional. O conteúdo das ligações
tos, como o direito de informação, que será estudado mais é o que se denomina sigilo telefônico e está protegido pela
à frente. A proteção da intimidade, como veremos a seguir, reserva jurisdicional.
é apta até mesmo para justificar o segredo de justiça, que O sigilo de dados engloba, por exemplo, os dados ban-
impede a publicidade de atos processuais. cários, fiscais e telefônicos.
O direito de imagem envolve aspectos físicos, inclusive Não estão sujeitos à reserva jurisdicional o sigilo da cor-
a voz. Fica configurada a proteção, por exemplo, com a utili- respondência, das comunicações telegráficas e de dados. As-
zação comercial da imagem sem a autorização do titular do sim, é possível que a quebra seja determinada, nesses casos,
direito. Pessoas públicas possuem uma tendência à relativi- por ordem de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito.
zação do direito de imagem frente ao direito de informação
da sociedade. XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela estabelecer;
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, Comentário: esse inciso dispõe sobre norma de eficácia
ou, durante o dia, por determinação judicial; contida, já que a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou
profissão pode ser restringida pela lei que venha a estabele-
Comentário: a penetração sem o consentimento do mo- cer qualificações profissionais para determinada profissão.
rador pode ocorrer a qualquer hora do dia quando se tratar Dessa forma, a inexistência de uma lei regulamentadora de
Direito Constitucional

de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. certa profissão não é impedimento ao seu exercício, mas
Para que o ingresso no domicílio seja realizado mediante sim a garantia de uma ampla liberdade de acesso à atividade
determinação judicial, porém, é necessário que ele ocorra profissional.
durante o dia, considerado esse o período entre a aurora e A liberdade profissional não engloba, porém, atividades
o crepúsculo, ou seja, aquele em que há luz solar. ilícitas. O princípio da legalidade, anteriormente estudado,
O ingresso por determinação judicial está limitado por permite que se faça tudo que não seja proibido por meio de
reserva jurisdicional, o que significa que não poderá ocorrer lei. Assim, não se pode exercer a “profissão” de traficante de
por determinação de qualquer outra autoridade (polícia, drogas porque tal atividade é ilícita, proibida pela legislação.
Ministério Público etc.) ou por comissão parlamentar de Por outro lado, a prostituição é totalmente livre em nosso
inquérito. País porque não existe lei regulamentando a atividade.

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XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e res- possuam caráter paramilitar. Para que uma associação tenha
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício caráter paramilitar, é necessário que ela venha a ter carac-
profissional; terísticas similares às estruturas militares, tais como o uso
de uniformes, palavras de ordem, hierarquia militarizada,
Comentário: o direito de informação pode ser encarado táticas militares etc.
sobre duas óticas.
Sob o ponto de vista privado, o direito de informação da XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de
sociedade englobará, por exemplo, a atividade jornalística, cooperativas independem de autorização, sendo vedada a
que pode divulgar informações, ainda que pessoais, que interferência estatal em seu funcionamento;
sejam de interesse da sociedade. Admite‑se, nessa atividade,
porém, o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício Comentário: como visto no inciso anterior, é livre a
profissional. Esse sigilo não impede, porém, a responsabi- criação de associações. A associação de pessoas em um
lização do responsável pela informação no caso de ela ser regime de cooperativa, porém, pressupõe o preenchimen-
inverídica, por exemplo. to de diversos requisitos legais, tendo em vista os diversos
O direito de informação sob o aspecto privado será es- benefícios que são concedidos a esse tipo de associativismo.
tudado adiante, no inciso XXXIII deste artigo. Não é permitida a interferência do estado no funcionamento
das associações, o que não impede que o Poder Judiciário
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo venha a suspender ou dissolver uma associação no caso de
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele se verificar a prática de uma atividade ilícita.
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; A título de exemplo: cinco amigos, moradores de uma fa-
vela, decidem criar uma associação para lutar por melhorias
Comentário: o direito de locomoção, como os demais nas condições de saneamento básico do local. Um político
direitos fundamentais, não é absoluto. da região, sabendo da iniciativa, informa-lhes que, para
Primeiramente, há que se observar, para o seu exercício, tanto, será necessário obter, junto à Prefeitura, uma autori-
a prevalência da paz. Em hipóteses de guerra, que suscitam zação para sua criação e funcionamento. Nesta hipótese, a
a instituição de Estado de Sítio, é possível a restrição da informação que receberam está errada, pois a Constituição
liberdade de locomoção no território nacional. Além desse Federal estabelece que a criação de associações independe
aspecto, há que se observar que o direito de locomoção de autorização.
inclui os bens pertencentes ao seu titular. Isso não significa,
porém, que os bens possuam de forma autônoma o direito XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente
de locomoção, mas sim que eles possam acompanhar o dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão
proprietário que esteja se locomovendo. judicial, exigindo‑se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
O direito de locomoção é protegido pelo habeas corpus
e somente é garantido dentro do território nacional. Comentário: como estudado no inciso anterior, as as-
sociações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou
XVI – todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas, terem suas atividades suspensas por uma decisão judicial.
em locais abertos ao público, independentemente de autori- A hipótese de dissolução, porém, mostra uma medida mais
zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente drástica, o que impõe que a decisão judicial seja revestida de
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio um caráter definitivo, sem possibilidade de reforma por meio
aviso à autoridade competente; de recurso. Por conta disso, exige‑se o trânsito em julgado
de uma decisão judicial para que ela possa dissolver uma
Comentário: o direito de reunião, como se pode perce- associação. Uma decisão terá trânsito em julgado quando
ber, depende do preenchimento de uma série de requisitos: não for mais cabível a interposição de recurso contra ela.
a) ser realizada de forma pacífica;
b) seus participantes não podem estar armados; XX – ninguém poderá ser compelido a associar‑se ou a
c) a reunião deve ocorrer em locais abertos ao públicos; permanecer associado;
d) exige um prévio aviso à autoridade competente, sem Comentário: assim como há a liberdade de criação de
a necessidade, porém, de autorização dessa autoridade; associações, temos também a liberdade individual de inte-
e) não pode frustrar uma reunião anteriormente convo- grar ou deixar de integrar a associação. Os integrantes da
cada para o mesmo local. associação, portanto, não poderão ser compelidos a ingressar
Outro requisito que pode ser inserido nesse rol é o de na entidade ou de continuar compondo a associação.
que a reunião seja temporária e episódica, como nos ensina
o autor Alexandre de Moraes. XXI – as entidades associativas, quando expressamente
O direito de reunião também engloba passeatas, carrea- autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
tas, comícios, desfiles, assim como cortejos e banquetes de judicial ou extrajudicialmente;
caráter político, que são formas legítimas de reunião. Caso
o direito de reunião seja desrespeitado, o remédio cabível Comentário: a principal finalidade de uma associação é,
Direito Constitucional

será o mandado de segurança, ação cabível para a proteção sem dúvida, a defesa de interesses dos associados. A defesa
de direito líquido e certo. dos interesses pode ocorrer perante o poder judiciário ou
de forma extrajudicial. A defesa de interesses por meio da
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, associação, porém, depende de autorização dos associados,
vedada a de caráter paramilitar; que podem se expressar de forma individualizada ou conce-
der uma autorização genérica.
Comentário: o direito de associação permite que pes- A defesa de interesses dos associados é realizada por
soas físicas e jurídicas se agrupem em prol de um interesse meio do instituto da representação processual. Na represen-
comum. Segundo o texto constitucional, é livre a formação tação processual a associação fala em nome do associado e,
de associações, desde que elas tenham um fim lícito e não por tal razão, precisa da autorização desse associado.

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Existe uma situação em que a associação atua de forma Comentário: a penhora consiste na utilização de bens do
extraordinária por meio da substituição processual. Trata‑se devedor para a quitação de sua dívida. O Poder Judiciário,
da hipótese de impetração de mandado de segurança porém, não poderá utilizar‑se desse instituto para penhorar
coletivo. A associação, nesse caso, defende interesses dos propriedades rurais se estiverem presentes alguns requisitos:
associados em nome próprio, razão pela qual não necessita – tratar‑se de uma propriedade pequena, tal qual defi-
de autorização. nido em lei;
– for a propriedade trabalhada pela família;
XXII – é garantido o direito de propriedade; – a obrigação objeto do inadimplemento referir‑se a
dívida contraída para a produção.
Comentário: o núcleo de direitos enumerados no caput
do art. 5º já dispõe sobre o direito de propriedade, consi- Tendo em vista a impossibilidade de penhora dessas
derado pela doutrina como inserido em norma de eficácia terras, torna‑se pouco interessante o empréstimo de valores
contida. Isso significa que é possível que o legislador venha a aos respectivos produtores rurais. Por tal razão, dispõe a
restringir certos aspectos da propriedade, desde que não ve- Constituição que a lei disporá sobre os meios de financiar seu
nha a reduzi‑la aquém de seu núcleo mínimo, ou seja, desde desenvolvimento, que muitas vezes é fomentado pelo Estado.
que não venha a desconfigurar esse direito de propriedade.
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Comentário: a propriedade, como qualquer direito
fundamental, não é absoluta, devendo ser garantida na pro- Comentário: a propriedade intelectual também é pro-
porção em que também garante o bem‑estar da sociedade. tegida no âmbito constitucional. Aqui estamos a tratar dos
O descumprimento da função social da propriedade pode direitos autorais, que protegem bens imateriais destinados
levar, por exemplo, à desapropriação do bem, destinando‑o essencialmente a uma função estética (obras literárias,
a uma finalidade que atenda ao interesse social, como a músicas, pinturas etc.). Compete à legislação a definição
reforma agrária. do prazo o qual os herdeiros poderão usufruir dos direitos
patrimoniais da propriedade intelectual.
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, a) a proteção às participações individuais em obras co-
ressalvados os casos previstos nesta Constituição; letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive
nas atividades desportivas;
Comentário: a desapropriação não pode ser confundida b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico
com o confisco, que é uma forma de expropriação definida das obras que criarem ou de que participarem aos criadores,
no art. 243 da Constituição Federal. A desapropriação resulta aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e
na aquisição compulsória de uma propriedade por parte do associativas;
Estado, que deverá fundamentar tal ato de força na neces-
sidade pública, na utilidade pública ou no interesse social.
Comentário: a coautoria, por exemplo, também deve ser
Essa previsão demonstra bem a ideia do inciso anterior, que
protegida, tendo em vista que o texto constitucional protege
demonstra que o interesse do Estado está acima de interes-
as participações individuais em obras coletivas. A imagem e
ses particulares quando se trata de dar à propriedade uma
a voz humanas também são protegidas, independentemente
função social. A indenização devida pelo ente estatal será,
de sua utilização comercial. Cabe lembrar, porém, que tanto a
de regra, justa, prévia e em dinheiro. A própria Constituição
imagem quanto a voz podem sofrer divulgação, independen-
Federal, porém, excepciona tal previsão, dispondo, em seus
arts. 182, §4º, III, e 184, acerca da desapropriação‑sanção, temente de autorização, quando houver um interesse público
na qual a indenização é recolhida com base em títulos da de informação. Nesse caso, a relativização desse dispositivo
dívida pública e títulos da dívida agrária. encontra amparo no art. 5º, XIV, da Constituição Federal, que
trata do direito de informação. O direito de fiscalização do
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade aproveitamento econômico das obras é feito, por exemplo,
competente poderá usar de propriedade particular, assegu- por meio do ECAD – Escritório Central de Arrecadação e Dis-
rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; tribuição, entidade que arrecada e distribui direitos autorais.

Comentário: esse inciso trata da requisição adminis- XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus-
trativa, que permite ao Estado a utilização compulsória da triais privilégio temporário para sua utilização, bem como
propriedade particular. Existem duas diferenças quanto à proteção às criações industriais, à propriedade das marcas,
indenização paga na requisição e na desapropriação. Pri- aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
meiramente, a indenização na requisição administrativa não em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico
e econômico do País;
Direito Constitucional

representará o valor total do bem, mas apenas o valor do


dano eventualmente causado. Em segundo lugar, tendo em
vista que o perigo iminente não é previsível, temos que o pro- Comentário: apesar de se relacionar também com a
prietário somente será indenizado posteriormente ao uso, propriedade intelectual, a propriedade industrial se difere
e não de forma prévia, como acontece na desapropriação. do direito autoral em virtude do caráter pragmático da in-
venção, que se volta à utilidade da atividade criativa. Como
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em a utilidade deve ser regulada segundo o interesse social e o
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de desenvolvimento tecnológico e econômico do País, o privilé-
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati- gio de utilização dessa propriedade será apenas temporário.
vidade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar Após um determinado período, uma invenção, por exemplo,
o seu desenvolvimento; poderá ser produzida e comercializada sem necessidade de

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licença de seu inventor ou do detentor do direito de pro- Outro dispositivo de grande interesse para o direito do
priedade industrial. consumidor é o que garante o esclarecimento acerca dos
impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Assim
XXX – é garantido o direito de herança; dispõe o art. 150, § 5º, da CF:

Comentário: o direito de herança, como todos os de- A lei determinará medidas para que os consumidores
mais direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam
relativizado, por exemplo, quando a ele se opõem débitos sobre mercadorias e serviços.
decorrentes de atividades ilícitas praticadas pelo de cujus,
como estudaremos no dispositivo a seguir. Essa disposição constitucional ganha destaque pelo fato
de consistir em obrigação destinada ao ente Estatal, que
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no institui tributos. Demonstra-se, assim, que o Direito do Con-
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônju- sumidor não se restringe a impor obrigação ao fornecedor de
ge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais bens ou serviços, mas também a todos aqueles que possam
favorável a lei pessoal do de cujus; atingir a categoria dos consumidores.
Por fim, destacamos a disposição expressa no
Comentário: a Constituição brasileira tenta proteger art. 170, V, que estabelece a defesa do consumidor como um
cônjuge e filhos brasileiros quando da partilha de bens de dos princípios da ordem econômica. A inserção do direito
estrangeiros situados no Brasil. Para tanto, dispõe que deve consumerista em nossa ordem econômica representa um
ser aplicada a lei mais favorável aos familiares brasileiros, contrapeso ao liberalismo econômico, destacado pela liber-
mesmo que, para tanto, seja necessário afastar a legislação dade de iniciativa. Demonstra que a atividade econômica,
civil brasileira para que seja aplicada a legislação do país de apesar de livre, não se situa em posição de anarquia, tendo
origem do de cujus, ou seja, do estrangeiro falecido. Impor- em vista o papel cogente dos direitos fundamentais, como
tante salientar que essa regra, por questões de soberania, do consumidor.
somente é aplicável aos bens situados no Brasil. Essas são as disposições constitucionais relacionadas ao
Direito do Consumidor.
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
do consumidor; XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse
Comentário: o Direito Constitucional constitui a base de coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
diversos ramos do Direito, instituindo as diretrizes necessá- pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo
rias para que o legislador venha a criar a base legal necessária seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
à plena eficácia de seus preceitos.
Isso é exatamente o que ocorre com o Direito do Con- Comentário: o direito de informação pode ser encarado
sumidor. Estudar o Direito Consumerista sob a ótica cons- sob ótica pública ou privada. Sob o aspecto privado, refere‑se
titucional é visitar os preceitos que servem de base para a ao direito de ser informado, independentemente de censu-
instituição de diversas garantias, tal qual aquelas definidas ra. Sob a ótica pública, podemos entender tal prerrogativa
no Código de Defesa do Consumidor.
como o direito que possuímos de obter, junto aos órgãos
Sendo assim, não se cuida aqui de estudar o Direito do
públicos, informações de interesse particular, ou de interesse
Consumidor, mas sim as disposições inseridas dentro da
coletivo ou geral. Esse direito é essencial, tendo em vista a
ótica constitucional. Esse é um ponto que merece destaque
adoção de forma de governo republicana, que insere a ideia
no presente estudo.
de que o Estado é uma coisa pública, de todos, razão pela
A Constituição Federal começa a referir-se ao consumidor
qual deve imperar o princípio da publicidade. A lei definirá o
em seu art. 5º, XXXII, que assim determina: “XXXII – o Estado
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”. prazo no qual, sob pena de responsabilidade, a informação
Verifica-se que a Constituição Federal não elabora lista- será prestada. Há, porém, exceções a esse princípio e que
gem sobre o que venha a ser o direito do consumidor. Por possibilitam a existência de informações sigilosas nos órgãos
outro lado, traz a obrigação constitucional de sua proteção públicos. Esse sigilo deverá estar amparado na segurança da
pelo Estado. Tal defesa será efetivada por meio da edição de sociedade e do Estado.
leis, como se verifica no Código de Defesa do Consumidor Interessante notar que os fundamentos para o sigilo das
(Lei nº 8.078/1990). informações constantes dos órgãos públicos recebeu funda-
O referido código também possui previsão no Ato das mento diverso do segredo de justiça, que, segundo o art. 5º,
Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). O ADCT, LX, da CF, será possível nos casos de proteção do interesse
em seu art. 48, determina que o Congresso Nacional deveria social ou da intimidade.
elaborar o Código de Defesa do Consumidor dentro de cento
e vinte dias após a promulgação da Constituição Federal. XXXIV – são a todos assegurados, independentemente
Esse dispositivo possui grande importância, já que criou a do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de
Direito Constitucional

obrigação de legislar sobre a matéria, reduzindo, assim, a


discricionariedade do Poder Legislativo. direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
O referido prazo não foi respeitado, visto a data de edição b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para
da Lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990. defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
Os consumidores também são protegidos pelo texto pessoal;
constitucional quando é estabelecida, no art. 24, VIII, da
Constituição Federal, a competência concorrente para a Comentário: trata o presente inciso de uma gratuidade
edição de lei que disponha sobre a responsabilidade por constitucional incondicionada, o que significa dizer que a
dano causado ao consumidor. Amplia-se, assim, a gama de cobrança de taxas para o exercício do direito de petição ou
normas que podem ser editadas nesse sentido, nas órbitas do direito de obter certidões será sempre inconstitucional.
federal e estadual. Há que se ressaltar que a constituição dispõe também

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sobre a gratuidade de duas certidões específicas: de óbito Comentário: a proibição da existência de juízo ou tribunal
e de nascimento, no art. 5º, LXXVI, da CF, que no âmbito de exceção impede que alguém seja julgado por um órgão
constitucional alcança apenas os reconhecidamente pobres, judicial que não seja aquele ordinariamente competente para
nos termos da lei. o julgamento da causa. A vedação do dispositivo, porém, não
se limita a esse aspecto, relativo à competência. A proibição
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciá- também visa a evitar que no processo seja utilizado proce-
rio lesão ou ameaça a direito; dimento diverso daquele previsto em lei, ofendendo, assim,
a legislação processual.
Comentário: cuida‑se da inafastabilidade da jurisdição
ou do princípio do amplo acesso ao Poder Judiciário, que XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a orga-
demonstra a intenção do constituinte de submeter ao Poder nização que lhe der a lei, assegurados:
Judiciário toda lesão ou amea­ça de lesão a direito, afastando, a) a plenitude de defesa;
assim, o modelo francês de contencioso administrativo, ou b) o sigilo das votações;
seja, de submissão de questões administrativas a tribunais c) a soberania dos veredictos;
específicos. Sendo assim, seria inconstitucional, por exemplo, d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
a estipulação de taxas judiciárias elevadas ou fixadas em per- contra a vida;
centuais sobre o valor da causa, sem limite, pois impedem o
amplo acesso da população ao Poder Judiciário. Comentário: o júri configura uma forma de exercício direto
Em certos casos é possível transacionar acerca do direito da soberania popular, tendo em vista que assegura ao povo
de acesso à máquina judiciária, por exemplo, nas hipóteses o julgamento de crimes dolosos contra a vida. No tribunal do
de convenção de arbitragem livremente acordada em um júri, o conselho de sentença, formado por pessoas leigas, do
negócio jurídico. É possível também que a Fazenda Pública povo, será o juiz de fato, sendo que o juiz de direito, togado,
venha a condicionar um parcelamento tributário à renúncia apenas terá a função de coordenar os atos processuais.
do direito de discutir o débito perante o Poder Judiciário. Como foi dito, o tribunal do júri possui competência para
Em alguns casos, o prévio acesso à via recursal adminis- julgar os crimes dolosos contra a vida, que são aqueles crimes
trativa se mostra necessário para a configuração do interesse cometidos intencionalmente e que se voltam diretamente
de agir, condição para o ajuizamento de uma ação. Para contra o bem “vida”. São exemplos de crimes contra a vida o
a impetração de habeas data, por exemplo, é necessário homicídio, o aborto, auxílio ou a instigação ao suicídio e o in-
que o interessado em obter acesso ou a retificação de seus fanticídio. Para que o crime seja julgado pelo júri, é necessário
dados pessoais comprove a existência de prévia negativa do que ele se volte diretamente contra a vida, não sendo cabível
detentor do banco de dados. o julgamento de crimes que se destinam a ofender outros
A justiça desportiva possui uma precedência sobre o valores, mas que acabam por atingir também a vida da vítima,
sistema judicial no que se refere às causas relativas à dis- tais como o latrocínio e a lesão corporal seguida de morte.
ciplina e às competições desportivas. Nesse caso, a justiça No júri, é admitida a utilização de quaisquer meios lícitos
desportiva terá o prazo de 60 dias, a partir da instauração para o convencimento do conselho de sentença, garantia que
do processo, para proferir sua decisão final. Somente após a Carta Maior denomina plenitude de defesa. Também será
garantido o sigilo da votação, o que impede que os juízes
o esgotamento da instância desportiva é que será possível
leigos sejam ameaçados ou que sejam feitas tentativas de
submeter a causa ao Poder Judiciário.
suborno, por exemplo. Por fim, cabe lembrar que o vere-
dicto resultante do julgamento do conselho de sentença é
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
soberano, o que impede que o juiz‑presidente do tribunal
jurídico perfeito e a coisa julgada;
venha a alterar alguma conclusão decorrente da votação. Isso
não impede, por outro lado, que sejam interpostos recursos
Comentário: nosso sistema constitucional adota a ideia
contra a decisão proferida pelo tribunal do júri, ocasião na
de irretroatividade da lei, impedindo, assim, que uma nova qual é possível que o julgamento seja desconstituído.
lei produza efeitos sobre atos anteriormente realizados, até XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem
mesmo sobre os efeitos futuros desses atos. A irretroativida- pena sem prévia cominação legal;
de, porém, não é total. A proibição constitucional limita‑se
aos casos em que a aplicação retroativa da lei prejudica o Comentário: trata‑se do princípio da reserva legal ou da
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. anterioridade da lei penal. A definição de crimes e a comina-
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, ção de penas somente é possível por meio de lei em sentido
o Decreto‑Lei nº 4.657/1942, define o alcance dos referidos estrito, excluindo‑se portanto atos normativos primários,
termos da seguinte forma: como as medidas provisórias. A previsão constitucional
desse inciso, porém, não impede a existência de leis penais
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, em branco, que admitem a existência de complemento a ser
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido veiculado por normas infraconstitucionais, como a Lei de
e a coisa julgada. Tóxicos, por exemplo, que possui regulamento infraconstitu-
§ 1º Reputa‑se ato jurídico perfeito o já consumado
Direito Constitucional

cional no intuito de disciplinar quais substâncias devem ser


segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. consideradas entorpecentes para efeitos penais.
§ 2º Consideram‑se adquiridos assim os direitos
que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo
pré‑fixo, ou condição preestabelecida inalterável, Comentário: trata‑se do princípio da irretroatividade da
a arbítrio de outrem. lei penal mais maléfica, da retroatividade da lei penal mais
§ 3º Chama‑se coisa julgada ou caso julgado a decisão benéfica ou da ultratividade da lei penal mais benéfica.
judicial de que já não caiba recurso. Segundo o referido princípio, a legislação penal não pode
ser aplicada a fatos produzidos antes de sua vigência, salvo
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; quando tratar‑se de aplicação que beneficie o réu.

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Dessa forma, se uma pessoa comete um crime quando No caso de a lei posterior ser mais benéfica, a condena-
da vigência de uma Lei A e, posteriormente, surge uma lei ção aplicar‑lhe‑á, ainda que não vigente à época da conduta
B, mais maléfica, a data do julgamento será aplicada a Lei A, delitiva. Essa retroação pode até mesmo desconstituir deci-
ainda que não mais tenha vigência, tendo em vista que não sões que já tenham transitado em julgado.
se trata de retroatividade em prol do réu. Cabe nota de que não se admite a Combinação de Leis.
Se a lei posterior for em parte melhor e em parte pior que a
anterior, o juiz não pode se utilizar da parte benéfica de uma
Lei W e da parte benéfica da Lei K, sob pena de agir como
um legislador positivo, já que criará uma terceira lei. O juiz
deverá, portanto, analisar qual das leis é mais branda para
beneficiar o réu no caso concreto.

Ex. 1:

Crime Permanente
Na hipótese de crime permanente, a prática criminosa se alonga no tempo. Como na extorsão mediante sequestro, a lei
será aplicada levando‑se em conta o último momento em que praticado ato executório do crime. Vejamos.

Ex. 2:

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a
direitos e liberdades fundamentais; ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático;
Comentário: trata‑se de cláusula genérica de proteção
ao próprio sistema de garantias fundamentais do cidadão. Comentário: o presente inciso disciplina o terceiro grupo
de crimes que mereceram do constituinte uma repressão
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e especial. Tal qual no racismo, foi excluída a possibilidade de
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; pagamento de fiança e de prescrição de tais delitos.
Sendo assim, temos o seguinte panorama no que se
Comentário: primeiramente, há que se asseverar que o refere aos crimes com repressão especial, definidos cons-
racismo consiste em atitude de segregação, não se limitando titucionalmente:
a ofensas verbais de conteúdo discriminatório. Ademais, – inafiançáveis: racismo, crimes hediondos, tráfico,
o racismo não precisa estar atrelado a critérios biológicos, tortura, terrorismo e ação de grupos armados contra
englobando qualquer forma de discriminação baseada em a ordem constitucional e o Estado Democrático;
critérios étnicos, religiosos etc. A inafiançabilidade impede – imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados
a concessão de liberdade provisória mediante pagamento contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
de fiança. A imprescritibilidade impede que o Estado venha – sujeitos a reclusão: racismo;
a perder sua pretensão punitiva em virtude do decurso do – insuscetíveis de graça ou anistia: hediondos, tráfico,
tempo. Por fim, a pena de reclusão impõe a aplicação de tortura e terrorismo.
regime de pena inicialmente fechado, sendo cabível, porém,
a progressão de regime. Cabe lembrar que nada impede que a legislação venha a
ampliar as características aqui listadas, prevendo, por exem-
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí- plo, que outros crimes também sejam sujeitas a prescrição.
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito
Direito Constitucional

de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan- podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
tes, os executores e os que, podendo evitá‑los, se omitirem; perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
Comentário: os delitos definidos nesse inciso não admi- patrimônio transferido;
tem o pagamento de fiança com a finalidade de se obter a
liberdade provisória, bem como a concessão dos benefícios Comentário: o princípio da pessoalidade da pena impede
da graça ou da anistia. Interessante notar que será cabível que a condenação penal venha a ser estendida, subjetiva-
a modalidade omissiva em relação àqueles que puderem mente, extrapolando a figura do autor. Nosso sistema repudia
evitar esses crimes. a responsabilidade de pena objetiva, razão pela qual a pena

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somente pode ser aplicada a quem seja culpado (em sentido mas uma medida de resguardo da soberania do país. Se fosse
lato) pela conduta delitiva. A referida limitação, porém, não considerada uma pena, seríamos obrigados a obedecer a um
se aplica aos reflexos patrimoniais da atividade criminosa. devido processo legal para poder expulsar um estrangeiro,
A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento o que não ocorre. Na expulsão, o estrangeiro é retirado do
de bens pode alcançar os herdeiros, desde que a execução País por ter cometido ato contrário aos interesses nacionais.
da dívida se limite ao patrimônio efetivamente transferido. Também não pode ser confundida com banimento a ex-
Dessa forma, ainda que os reflexos patrimoniais sejam tradição, que consiste na entrega de um estrangeiro ou de um
transferidos aos sucessores, a obrigação nunca poderá ser brasileiro naturalizado a um país estrangeiro, permitindo‑se,
cobrada em montante superior ao valor do patrimônio assim, seu julgamento e a aplicação de pena naquele Estado.
transferido, o que, de certa forma, impede a existência de Por fim, registramos que o banimento não pode ser
uma responsabilidade penal objetiva. confundido com a deportação, que decorre da retirada do
território brasileiro daqueles estrangeiros que não cumprem
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, com os requisitos legais migratórios.
entre outras, as seguintes: Resumindo:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

Comentário: as penas descritas no presente inciso for-


malizam um rol meramente exemplificativo das penas que
podem ser adotadas em nosso ordenamento jurídico. Estabe-
lece a Constituição, ainda, o princípio da individualização da
pena, que impõe a pena adequada ao réu, segundo elemen- Por fim, registra a Constituição do Brasil a proibição
tos objetivos (relacionados à conduta criminosa) e subjetivos de aplicação de penas cruéis, já que ferem a dignidade da
(relativos ao perfil do réu). Segundo esse preceito, deve o juiz, pessoa humana.
ao proceder à dosimetria da pena, adequar a pena de forma
a amoldar‑se perfeitamente à situação segundo critérios de XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos
quantidade, tipo e regime de cumprimento. distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
Por conta desse preceito já foi considerada inconstitu- sexo do apenado;
cional a tentativa de se proibir a progressão de regime, que
permite ao réu progredir, passando do regime fechado, mais Comentário: a medida acima visa a resguardar a figura do
grave, para os regimes semiaberto e aberto. A imposição de preso, evitando abusos em virtude da maior suscetibilidade
regime integralmente fechado retira do juiz a possibilidade de certos presos. Evita também que a prisão deixe de ser
de individualizar a pena segundo as peculiaridades existentes um local de ressocialização para se tornar uma verdadeira
no caso, aplicando o mesmo regime de pena em qualquer escola de crime, já que os presos de menor periculosidade
situação. poderiam ser influenciados pelos presos de maior tendência
à criminalidade.
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade
termos do art. 84, XIX; física e moral;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; Comentário: o preso fica sob a tutela do Estado, devendo
d) de banimento; ter resguardada sua integridade física e moral. O Estado será
e) cruéis; responsável tanto pelos danos gerados por seus agentes,
quanto por aqueles que sejam gerados pelos demais presos,
Comentário: a pena de morte, como podemos perceber, tendo em vista o dever de cuidar da integridade daqueles
somente é cabível quando o Presidente da República declara que estão sob sua custódia.
guerra, sendo aplicada nas hipóteses previstas na legislação
penal específica. L – às presidiárias serão asseguradas condições para
Apesar de a Constituição Federal proibir a condenação que possam permanecer com seus filhos durante o período
em relação a penas de caráter perpétuo, é possível que uma de amamentação;
sentença condenatória venha a impor pena de duzentos anos
de reclusão, por exemplo. Ocorre que, apesar de a sentença Comentário: o direito à amamentação assegura, de certa
impor pena que provavelmente extrapola a prazo de vida forma, a obediência ao princípio da pessoa­lidade da pena,
de um ser humano, impõe o Código Penal que a execução já que a criança não será afetada nem sofrerá prejuízo em
virtude do fato cometido pela mãe.
Direito Constitucional

dessa pena não poderá ultrapassar o prazo de trinta anos,


o que acaba por impedir que a condenação resulte em uma
penalidade de caráter perpétuo. LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
A pena de trabalhos forçados impede que o condenado lizado, em caso de crime comum, praticado antes da natu-
seja obrigado a trabalhar de forma desumana, sendo obri- ralização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
gado a empreender esforços que extrapolem o limite da de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
capacidade humana.
O banimento significa o exílio, o desterro de um nacional. Comentário: cuida‑se, aqui, da primeira distinção trazida
Consiste na proibição de permanência no território de seu no texto constitucional acerca dos brasileiros natos e dos na-
país. Não pode ser confundido com a expulsão, que se refere turalizados. Graficamente podemos representar a disposição
apenas aos estrangeiros e não é propriamente uma pena, acima da seguinte maneira:

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LII – não será concedida extradição de estrangeiro por A ampla defesa pressupõe a possibilidade de se produzir
crime político ou de opinião; provas no processo, juntando elementos fáticos à argumen-
tação feita em sua defesa.
Comentário: o disposto neste inciso impede que o ins-
tituto da extradição venha a ser utilizado como forma de LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
perseguição política. É respeitado, portanto, o pluralismo por meios ilícitos;
político, que é a liberdade de se optar por determinadas
concepções políticas. Cabe lembrar, ainda, que a Constituição Comentário: no exercício da ampla defesa, não é possível
Federal, em seu art. 4º, X, prevê a concessão de asilo políti- juntar aos autos provas que tenham sido obtidas por meios
co, que nada mais é do que um impedimento à extradição, ilícitos. A presente medida busca evitar que a atividade de
concedido àqueles que sofrem de perseguição política em produção de provas se torne um estímulo à prática de atos
país estrangeiro. ilícitos.
Em certos casos, porém, essa proibição é relativizada,
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão
desde que a prova obtida por meio ilícito seja o único meio
pela autoridade competente;
de prova capaz de garantir o direito de defesa de pessoa que
esteja na condição de acusada.
Comentário: cuida‑se do princípio do juiz natural, que
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a regra da
garante ao jurisdicionado o direito a receber a prestação
jurisdicional segundo as regras rigidamente estabelecidas em prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore en-
lei. Se uma causa é julgada em juiz incompetente, por exem- venenada). Segundo tal regra, também serão inadmitidas no
plo, estamos diante de nítida ofensa ao referido princípio. processo as provas que forem obtidas a partir de uma prova
Há quem defenda a existência do princípio do promotor obtida por meio ilícito. Vamos supor, por exemplo, que um
natural, que também seria um consectário do presente inci- policial faça uma escuta clandestina, descobrindo que um
so. Esse princípio diz respeito à impossibilidade de alteração, crime será cometido no dia seguinte, em tal lugar, em tal
de forma arbitrária, do membro do Ministério Público desig- hora. Se esse policial presenciar o crime e fotografar a cena,
nado para uma causa, buscando‑se, dessa forma, a garantia tais fotos também serão ilícitas, pois somente foram obti-
da independência funcional, já que impede que os membros das a partir das informações colhidas na escuta clandestina,
do parquet sofram qualquer pressão. atividade criminosa que contamina as provas subsequentes.
Por fim, ressaltamos que o simples fato de existirem
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens provas obtidas por meios ilícitos em um processo não signi-
sem o devido processo legal; fica que haverá absolvição do réu. É possível, dessa forma,
a condenação se existirem no processo outras provas inde-
Comentário: estamos diante do princípio do devido pro- pendentes e capazes de fundamentar eventual sentença
cesso legal, que impõe a observância das normas processuais condenatória.
vigentes para que alguém seja privado de sua liberdade
ou de seus bens. A presente regra também é denominada LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito
“devido processo legal substancial” e impõe a observância em julgado de sentença penal condenatória;
da proporcionalidade de da razoabilidade.
Comentário: cuida o presente inciso do que comumente
Direito Constitucional

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrati- se denomina princípio da presunção de não culpabilidade
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório ou da presunção de inocência. Com base nesse dispositivo,
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; somente após o trânsito em julgado da sentença condenató-
ria, o réu poderá ser considerado culpado. Isso não significa,
Comentário: este inciso explicita o conteúdo do devido porém, que ele não poderá ser preso antes disso. A prisão
processo legal processual, estipulando duas regras básicas, não é atrelada à culpa, já que pode ser uma medida de cau-
que são o contraditório e a ampla defesa. tela, evitando‑se a fuga do preso ou o risco de cometimento
O contraditório consiste no direito de con­tra‑argumen­tar, de novos delitos.
ou seja, de apresentar uma versão que conteste as alegações São exemplos de prisões cautelares as temporárias,
feitas pela parte adversa. preventivas, por pronúncia etc.

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LVIII – o civilmente identificado não será submetido a Comentário: nesse ponto do texto constitucional, come-
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; ça a ser tratado o instituto da prisão. A utilização do termo
“ninguém será preso senão...” dá a entender que se trata
Comentário: em nosso país, privilegiando‑se a presun- de um rol taxativo, motivo pelo qual não há que se aceitar
ção de legitimidade e a fé pública, adota‑se como regra a hipóteses de prisão que não se ajustem às hipóteses previstas
identificação feita por meio de documentos civis. Em casos constitucionalmente.
excepcionais, porém, desde que haja previsão legal, poderá O presente inciso inicialmente dispõe sobre duas hipóte-
ser feita a identificação criminal, papiloscópica ou fotográfica, ses de prisão: prisão em flagrante e prisão por ordem judicial
por exemplo. escrita e fundamentada.
Assim, quando alguém é detido, somente será obrigado A prisão em flagrante, primeira hipótese tratada, pode
a proceder a uma identificação criminal se, por exemplo, ser feita por “qualquer do povo”, nos termos do que dispõe
não possuir identificação civil, tiver identificação civil em o art. 301 do Código de Processo Penal. Está em situação
mau estado de conservação ou cometer delitos específicos, de flagrante quem:
previstos em lei. • está cometendo a infração penal;
• acaba de cometê‑la;
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação
• é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen-
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
Comentário: esse é o caso da ação penal privada sub- presumir ser autor da infração;
sidiária da pública. Vamos aqui, de forma sintética, resumir • é encontrado logo depois com instrumentos, armas,
esse trâmite. objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
O Poder Judiciário somente age quando é provocado. infração.
A isso chamamos princípio da inércia. Dessa forma, para
que o Estado possa condenar alguém pelo cometimento de Atenção! Nas infrações permanentes, como na de ex-
um crime, é necessário que o Judiciário seja provocado por torsão mediante sequestro, entende‑se o agente em fla-
meio de uma ação penal. grante delito enquanto não cessar a permanência. Dessa
As ações penais podem ser ajuizadas pela vítima (ação forma, é possível sua prisão durante todo o período do
penal privada) ou pelo Ministério Público (ação penal pú- sequestro, sem necessidade de autorização judicial.
blica), quando for o caso. Quando proposta pela vítima,
denominamos queixa‑crime; quando iniciada pelo Ministério Como a prisão em flagrante pode ser feita por qualquer
Público, denominamos denúncia. do povo, ela será a única possibilidade de prisão que é con-
A lei penal possui o papel de definir qual será a forma de cedida às Comissões Parlamentares de Inquérito.
propositura da ação, sendo mais comum a propositura pelo A segunda hipótese de prisão diz respeito à ordem
Ministério Público. Nesse caso, se o Ministério Público não judicial escrita e fundamentada. Nesse caso, deverá o juiz
apresentar denúncia no prazo legal, abrir‑se‑á oportunidade determinar a expedição do respectivo mandado, que poderá
de a vítima substituir o Ministério Público, por meio da ação instrumentalizar diversos tipos de prisão (preventiva, tem-
penal privada subsidiária da pública.
porária etc.). Cabe notar o fato de que essa prisão, por ser
escrita, nada tem a ver com a voz de prisão, que pode ser
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
dada pelo juiz em uma audiência, por exemplo.
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
A terceira hipótese de prisão refere‑se à transgressão
social o exigirem;
militar ou crime propriamente militar, que, no caso, pres-
cindem de ordem judicial. Ressalte‑se que a Constituição
Comentários: os atos processuais, via de regra, são
expressamente proíbe a impetração de habeas corpus, que
públicos, assim como os julgamentos realizados no âmbito
do Poder Judiciário (art. 93, IX, da CF). Excepcionalmente, é uma medida destinada à proteção do direito de ir e vir,
porém, teremos o chamado “segredo de justiça”, que impõe nas hipóteses de punição disciplinar militar (art. 142, § 2º).
restrição à publicidade dos atos processuais. A Constituição Por fim, cabe registrar uma hipótese bem específica de
Federal traz duas hipóteses de restrição do acesso aos atos prisão, que será criada no caso de decretação de Estado de
processuais: Defesa. Trata‑se da prisão por crime contra o Estado, que
a) defesa da intimidade; tem previsão no art. 136, § 3º, da Constituição do Brasil.
b) interesse social.
É importante que o aluno não confunda esse segredo LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en-
com o segredo relativo às informações de caráter público. contre serão comunicados imediatamente ao juiz competente
O art. 5º, XXXIII, da CF dispõe sobre o acesso às informações e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
constantes de órgãos públicos. Naquele caso, as hipóteses de
sigilo são as relacionadas à defesa do Estado e da sociedade. Comentário: duas são, portanto, as comunicações obri-
Interessante notar que a Constituição defenda a possi- gatórias relativas à prisão de uma pessoa e ao local onde
Direito Constitucional

bilidade de um julgamento ser sigiloso para a proteção da se encontre:


intimidade, mas dispõe que não será possível restringir a a) ao juiz competente. Essa comunicação justifica‑se, por
publicidade se a sua divulgação for necessária para o res- exemplo, pelo fato de esse juiz possuir o poder de relaxar a
guardo do direito de informação (art. 5º, XIV, da CF), que prisão, quando ilegal.
possui titularidade coletiva. b) à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A co-
municação à família ou a pessoa indicada é essencial para
LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou que o direito à assistência seja prontamente exercido.
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária Se, porém, o preso não indicar nenhuma pessoa, torna‑se
competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime irrelevante a previsão da segunda comunicação, segundo o
propriamente militar, definidos em lei; entendimento do Supremo Tribunal Federal.

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LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre a) inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
os quais o de permanecer calado, sendo‑lhe assegurada a alimentícia;
assistência da família e de advogado; b) depositário infiel.
A prisão por obrigação alimentícia somente ocorrerá
Comentário: o presente dispositivo garante ao preso três nos casos em que a dívida é voluntária, ou seja, quando não
prerrogativas: permanecer calado, assistência da família e houver um motivo de força maior para o inadimplemento
assistência de advogado. da obrigação.
O direito de permanecer calado deve ser garantido a O depositário infiel é responsável pelo bem, devendo
todos, independentemente de serem presos. As testemu- devolvê-lo imediatamente nas hipóteses legais.
nhas, porém, somente possuem direito de permanecerem Tais hipóteses eram definidas em nosso ordenamento
caladas em relação às informações que possam servir para jurídico. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal veio a consi-
sua incriminação. Essa determinação protege o direito que derar o Pacto de São José da Costa Rica, tratado internacional
temos contra autoincriminação (princípio do nemo tenetur que impede esse tipo de prisão, uma norma supralegal, ou
se detegere). seja, superior às demais normas legais. Isso fez com que
O direito de permanecer calado pode ser estendido fossem derrogadas as normas legais que dispunham sobre
para alcançar também o direito de mentir sem incorrer em a prisão civil do depositário infiel.
atividade ilícita. Antes desse entendimento, a prisão do depositário infiel
A assistência da família impede, por exemplo, que o preso era justificada por uma obrigação processual ou por uma
fique incomunicável. A assistência do advogado é irrestrita, obrigação contratual. Na primeira situação, estando o bem
devendo ser assegurada proteção da defensoria pública ao em discussão perante o Poder Judiciário, determinava-se que
preso que não possua condições de contratar um advogado o detentor fosse nomeado depositário infiel. Na segunda si-
às suas expensas. tuação, o depositário recebia o bem em virtude de uma obri-
gação contratual, como no contrato de alienação fiduciária.
LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsá- Em resumo, a situação que temos hoje é a seguinte:
veis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; a prisão civil do depositário infiel é prevista na Constituição
nos casos previstos em lei. O Pacto de São José da Costa
Comentário: a identificação dos responsáveis pela prisão Rica, porém, com seu status supralegal, derrogou todas as
ou pelo interrogatório do preso é um instrumento necessário previsões legais de prisão do depositário, de tal forma que
à proteção contra abusos, já que intimida o agente público tornou, na prática, inviável a utilização do instrumento de
quanto às práticas abusivas ou ilícitas. Importante notar que prisão nessas hipóteses.
a identificação será obrigatória mesmo nas hipóteses de cri-
minosos de alto grau de periculosidade, independentemente LXVIII – conceder‑se‑á habeas corpus sempre que alguém
de supostamente oferecerem risco de retaliação em relação sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
aos agentes públicos.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder;
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária;
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Remédios Constitucionais”.
Comentário: como já ressaltado, cabe ao juiz analisar
a legalidade da prisão, podendo, de ofício, determinar o
LXIX – conceder‑se‑á mandado de segurança para prote-
relaxamento da prisão.
ger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
fiança; jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Comentário: a liberdade provisória consiste no direito de Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
o preso responder ao processo em liberdade. A lei definirá “Remédios Constitucionais”.
quais são as hipóteses em que a liberdade provisória será
admitida, casos em que o acusado não poderá ser levado à LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impe-
prisão ou nela mantido. trado por:
Existem duas modalidades de liberdade provisória: sem a) partido político com representação no Congresso
pagamento de fiança e mediante pagamento de fiança. Com- Nacional.
pete à lei definir quais serão as hipóteses em que a liberdade b) organização sindical, entidade de classe ou associa-
provisória exigirá o pagamento de fiança, que é um valor ção legalmente constituída e em funcionamento há pelo
dado em garantia pelo preso, assegurando sua colaboração menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
nas investigações e na instrução. ou associados.
Direito Constitucional

Não admitem fiança: racismo, crime de grupos armados


contra o Estado Democrático e contra a ordem constitucional, Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo. “Remédios Constitucionais”.

LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do LXXI – conceder‑se‑á mandado de injunção sempre que
responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
Comentário: a prisão civil é aquela utilizada na cobrança inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
de dívidas. Não tem um caráter punitivo, mas sim coerciti-
vo, voltado ao adimplemento da obrigação. A prisão civil é Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
admitida em duas hipóteses: “Remédios Constitucionais”.

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LXXII – conceder‑se‑á habeas data: A conclusão a que chegamos, portanto, é a de que se trata
a) para assegurar o conhecimento de informações de uma norma‑princípio, que exigirá concretização por meio
relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros de políticas públicas e da atividade legislativa.
ou bancos de dados de entidades governamentais ou de O judiciário, em caráter excepcional, tem deferido pedi-
caráter público. dos de julgamento imediato da causa em respeito ao direito
b) para a retificação de dados, quando não se prefira à razoável duração do processo.
fazê‑lo por processo sigiloso, judicial ou administra­tivo.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun-
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico damentais têm aplicação imediata.
“Remédios Constitucionais”.
Comentário: o fato de as normas desse artigo terem apli-
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor cação imediata significa dizer que podem ser aplicadas a um
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio pú- caso concreto imediatamente, sem necessidade de norma
blico ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade regulamentadora, por exemplo. Essa é a razão pela qual di-
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico versos remédios constitucionais, ainda que não tivessem seu
e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má‑fé, isento papel bem definido pela legislação, puderam ser utilizados
de custas judiciais e do ônus da sucumbência; imediatamente, como é o caso do mandado de segurança.
A aplicação imediata, porém, não impede que uma nor-
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico ma tenha eficácia contida, ou seja, que admita a restrição
“Remédios Constitucionais”. de sua eficácia por meio da atuação do legislador ordinário.
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico
“Gratuidades Constitucionais”. Comentário: o presente dispositivo deixa claro que o rol
de direitos do art. 5º não possui caráter exaustivo, mas sim,
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judi- exemplificativo. Fica, portanto, aberta a oportunidade de
ciário, assim como, o que ficar preso além do tempo fixado reconhecimento de novos direitos e garantias decorrentes
na sentença; do regime e dos princípios constitucionais, bem como de
tratados internacionais.
Comentário: essa indenização não poderá ser plei­teada Nesse sentido, já foi reconhecida a existência de direitos
pela via do habeas corpus. Será necessário portanto que, e garantias individuais até mesmo no art.150 da Constituição
além do habeas corpus liberatório, seja ajuizada ação ordi- Federal, que estabelece as limitações constitucionais ao
nária para demonstração da responsabilidade civil do Estado. poder de tributar.
Cabe lembrar que os tratados internacionais que apenas
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, disponham de direitos e garantias fundamentais, sem se
na forma da lei: submeter ao procedimento de aprovação similar ao da pro-
a) o registro civil de nascimento; posta de emenda constitucional, não terá status de emenda
b) a certidão de óbito. constitucional, mas força de norma supralegal.

Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre
“Gratuidades Constitucionais”. direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habe- votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emen-
as data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício das constitucionais.
da cidadania.
Comentário: o presente dispositivo, inserido pela Emen-
Comentário: esse dispositivo será tratado no tópico da Constitucional nº 45/2004, abriu a possibilidade de trata-
“Gratuidades Constitucionais”. dos e convenções internacionais possuírem força de emenda
constitucional. Para tanto, será necessário preencher os dois
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são requisitos, de forma cumulada: tratar de direitos humanos
assegurados a razoável duração do processo e os meios que e ser aprovado por três quintos de cada Casa do Congresso
garantam a celeridade de sua tramitação. Nacional em dois turnos de votação.
Os tratados que não cumprirem tais requisitos, como
Comentário: esse dispositivo foi inserido na reforma vimos, terão forma de lei ordinária ou força supralegal.
constitucional de 2004 que, por meio da Emenda Constitucio-
Direito Constitucional

nal nº 45, realizou a chamada “reforma do Poder Judiciário”. § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
No caso, os processos judicial e administrativo passam a ter Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
a garantia da razoável duração do processo.
Dois problemas surgem em relação a tal dispositivo. Comentário: essa importante determinação acaba por
Primeiramente, temos a dificuldade em definir qual será a colocar em discussão a noção clássica de soberania, que vê no
duração razoável do processo, principalmente pelo fato de Estado Soberano um ente totalmente independente. Passa
que as ações possuem múltiplos graus de complexidade. o Brasil, a partir da inserção desse dispositivo pela Emenda
Em segundo lugar, a dificuldade encontrada reside no fato Constitucional nº 45/2004, a submeter‑se à jurisdição de um
de o dispositivo possuir uma redação muito ampla, que não organismo internacional se houver manifestado adesão ao
especifica, no caso concreto, as medidas a serem adotadas. ato de criação. Cumpre ressaltar, porém, que essa previsão

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se limita aos tribunais penais, não podendo ser estendida a Inquérito e requer, por meio de um habeas corpus, a expe-
outras áreas como a do comércio internacional. dição de um salvo conduto para garantia de seu direito de
permanecer calado. Poderá o Supremo Tribunal Federal,
Remédios Constitucionais nesse caso, conceder o remédio para que o paciente não
seja preso caso venha a legitimamente exercer seu direito
Os remédios constitucionais são garantias definidas no sem que incida, portanto, em crime, caso recaia em falso
corpo do art. 5º da Constituição Federal, que visam à prote- testemunho.
ção de valores também definidos na Carta Maior. Apesar de No writ repressivo, já existe a situação de coação e o
a maioria dos remédios tramitar perante o Poder Judiciário, paciente requer, portanto, a sua soltura, por exemplo. Tanto
existem remédios, como o direito de petição, que podem no habeas corpus preventivo quanto no repressivo, há a
tramitar perante órgãos administrativos. Consideraremos, possibilidade de concessão de medida liminar.
em nosso estudo, os seguintes remédios constitucionais: A liminar é uma medida precária, que busca a proteção
• habeas corpus; do bem quando exista perigo de dano irreparável ao bem
• habeas data; tutelado. Somente será concedida a liminar se houver a fu-
• mandado de segurança; maça do bom direito, ou seja, a plausibilidade das alegações
• mandado de injunção; feitas pelo impetrante.
• ação popular; Por fim, o habeas corpus ex officio é aquele que é
• direito de petição. concedido pelo juiz independentemente de provocação.
Imaginemos que um impetrante ingressa com um recurso
Habeas Corpus requerendo a atipicidade da conduta do réu. Nesse caso,
o magistrado, ainda que não concorde com o impetrante
Finalidade: este remédio constitucional, previsto no no que toca à atipicidade da atitude do réu, pode conceder
art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, visa à proteção da habeas corpus de ofício, para reconhecer que o crime está
liberdade de locomoção (direito de ir, vir e permanecer) prescrito.
contra lesão ou ameaça causada por abusos de poder ou
ilegalidade. Como se percebe, não há uma necessária cor- Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
relação desse remédio ao Direito Penal, motivo pelo qual mente de qualquer condição.
o habeas corpus poderá ser impetrado até mesmo no caso Habeas Data
de prisão civil por dívida, já que está envolvida, nesse caso,
a liberdade de locomoção. Finalidade: o presente remédio constitucional, previsto
Como já salientamos anteriormente, este remédio no art. 5º, LXXII, da Constituição do Brasil possui uma dupla
constitucional não se presta a discutir punições disciplinares finalidade. Vejamos no quadro abaixo.
militares.
O habeas corpus não se submete a prazo prescricional de informações relativas à pessoa do
ou decadencial, sendo cabível enquanto durar a lesão ou acesso impetrante, constantes de registros
Visa a
ameaça de lesão ao direito que se pretende proteger. ou  ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter
assegurar retificação público.
Legitimidade ativa: possui legitimidade ativa aquele
que pode impetrar o habeas corpus, chamado, portanto, Portanto, uma das finalidades do habeas data é a possibi-
de impetrante. Esse remédio é dos mais informais, já que lidade de retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
pode ser impetrado por qualquer pessoa, física ou jurídica, por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
independentemente de capacidade civil, de advogado e de A impetração do habeas data exige, ainda, a demonstra-
mandato outorgado pelo paciente. Exige‑se, porém, como ção de que houve uma prévia negativa administrativa. Em
um formalismo mínimo, que a petição seja assinada, já que outras palavras, o impetrante deve demonstrar que buscou
é considerado inexistente o habeas corpus apócrifo. previamente o acesso às informações diretamente junto ao
banco de dados, sem obter, porém, sucesso.
Paciente: será considerado paciente aquele que estiver a
sofrer lesão ou ameaça a seu direito de locomoção e venha Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode impetrar o
a ser protegido pelo remédio constitucional. O paciente habeas data, desde que as informações pleiteadas se refiram
será necessariamente uma pessoa física, já que as pessoas exclusivamente ao impetrante. Trata‑se, dessa forma, de uma
jurídicas não possuem liberdade de locomoção, prerrogativa ação personalíssima.
que é incompatível com elas.
Legitimidade passiva: apenas pode ser impetrado o
Legitimidade passiva: a legitimidade passiva é conferida banco de dados de caráter público (Serasa, SPC etc.) ou
àquele que age como coator, praticando atos ilícitos ou em respectiva entidade governamental (INSS, Receita Federal
abuso de poder, razão pela qual será considerado impetrado. do Brasil, Polícia Federal etc.).
Direito Constitucional

Tipos: podemos classificar o habeas corpus como pre- Gratuidade: trata‑se de ação gratuita, independente-
ventivo, que é aquele impetrado quando há uma amea­ça ao mente de qualquer condição.
direito de locomoção, ou repressivo, impetrado quando já
se configura a ilegalidade ou o abuso de poder, e “de ofício”, Mandado de Segurança
concedido pelo juiz independentemente de impetração.
No habeas corpus preventivo, pode ser expedido salvo Finalidade: o mandado de segurança se presta à proteção
conduto, que é instrumento que impede a prisão do pacien- de direito líquido e certo contra abuso de poder ou ilegalidade.
te nas hipóteses descritas na ordem judicial concessiva da Direito líquido e certo é aquele que se mostra delimitado
ordem. Imaginemos uma situação em que o paciente será quanto à extensão e inquestionável quanto à existência. De
ouvido como acusado em uma Comissão Parlamentar de forma simplificada, podemos dizer que o direito líquido e

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certo é aquele que não demanda ampla instrução probatória, É possível a concessão de mandado de segurança cole-
motivo pelo qual a única prova admitida no mandado de tivo impetrado por partido político com representação no
segurança é a de caráter documental. Congresso Nacional, para proteger direito líquido e certo
No mandado de segurança, o direito é facilmente aferí- não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando
vel a partir da leitura das normas legais aplicáveis ao caso. o responsável pelo abuso de poder for ministro de Estado.
Compete à parte, portanto, apenas demonstrar que se Destaca‑se que a entidade de classe possui legitimidade
enquadra na situação descrita na lei. Cabe mandado de se- para impetrar o mandado de segurança ainda que a preten-
gurança, portanto, para pleitear aposentadoria por tempo de são veiculada interesse apenas a uma parte da categoria
serviço, quando bastar a certidão de tempo de serviço para (Súmula nº 630/STF).
comprovar que o impetrante preenche os requisitos legais
para usufruir do benefício. No caso, porém, de aposentadoria Atenção! O mandado de segurança coletivo é hipótese iso-
por invalidez, quando é necessário realizar perícias e ouvir lada em que as associações fazem substituição processual.
testemunhas, o direito não é líquido e certo, motivo pelo qual Nas demais ações ajuizadas pelas associações, o que se
não será possível, a priori, impetrar mandado de segurança. pratica é a representação processual, que exige autorização
Dessa forma, no mandado de segurança não se discute dos representados.
matéria probatória, de cunho fático. Por outro lado, mos-
tra‑se plenamente possível discutir questões de direito, de Prazo Decadencial: a impetração do mandado de se­
cunho abstrato. Nesse sentido, a Súmula nº 625/STF dispõe gurança deve ser feita no prazo de cento e vinte dias, con-
que “a controvérsia sobre matéria de direito não impede tados da data da ciência do ato ilegal ou cometido em abuso
concessão de mandado de segurança”. de poder. A perda desse prazo, porém, não leva à perda do
A impetração do mandado de segurança não está vincu- direito, já que o seu titular poderá pleitear seu direito por
lado ao esgotamento da instância administrativa. Por conta meio de uma ação ordinária. Cabe lembrar que, no mandado
disso, dispõe a Súmula nº 430/STF que “pedido de reconsi- de segurança preventivo, não há prazo decadencial, tendo
deração na via administrativa não interrompe o prazo para em vista que o ato coator sequer foi produzido.
o mandado de segurança”.
Súmula nº 512/STF: segundo entendimento jurispru-
Legitimidade ativa: o mandado de segurança pode ser dencial do Supremo Tribunal Federal, não cabe condenação
ajuizado por qualquer pessoa, física ou jurídica. em pagamento de honorários advocatícios em Mandado
de Segurança. Em outras palavras, a parte que sucumbente
Legitimidade passiva: somente pode ser impetrado em não será obrigada a pagar à parte vencedora uma parcela
do valor da causa para pagamento do advogado responsável
um mandado de segurança quem seja autoridade pública
pelo êxito.
ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público, ou seja, a ela equiparado por atuar em função
eminentemente pública, mediante delegação. Atenção! O prazo decadencial para impetração do man-
dado de segurança foi considerado constitucional pelo
Tipos: o mandado de segurança pode ser classificado em Supremo Tribunal Federal, o que resultou na edição da
preventivo ou repressivo, e ainda em individual ou coletivo. Súmula nº 632/STF.
O mandado de segurança preventivo presta‑se a evitar
ofensa a direito líquido e certo que seja e que se ache ame- Jurisprudência: vejamos alguns entendimentos jurispru-
açado, ainda que não exista o ato lesivo. denciais acerca do cabimento do mandado de segurança.
O mandado de segurança repressivo volta‑se a afastar
ofensa já perpetrada contra direito líquido e certo. Já existe, Cabe mandado de se­gurança Não cabe mandado de se­­
nesse caso, lesão ao bem jurídico que se quer tutelar. gurança
O mandado de segurança individual busca a proteção Para a proteção do direito de Contra lei em tese.
dos interesses do impetrante. O mandado de segurança será reunião.
individual ainda que vários impetrantes optem por ajuizar Para proteção do direito de Contra decisão judicial transi-
certidão. tada em julgado.
uma só ação, na condição de litisconsortes.
No mandado de segurança coletivo, previsto no art. 5º, Para a proteção de direito que Contra ato judicial passível
esteja na pendência de decisão de recurso.
LXIX, da Constituição Federal, o impetrante defende, em na esfera administrativa.
nome próprio, um direito alheio. Cuida‑se de forma de subs-
tituição processual, razão pela qual não há necessidade de Mandado de Injunção
autorização dos titulares do direito protegido. Nesse sentido,
a Súmula nº 629/STF, que determina que a “impetração de Cabimento: o mandado de injunção, previsto no art. 5º,
LXXI, da Constituição Federal, pode ser impetrado sempre
mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exer-
favor dos associados independe da autorização destes”. cício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerro-
São legitimados a impetrar o mandado de se­gurança
Direito Constitucional

gativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.


coletivo: Cuida‑se, assim, de ação voltada à supressão de omissão
• partido político com representação no Congresso legislativa relativa à regulamentação de direitos previstos
Nacional; constitucionalmente. Se tivermos uma norma de eficácia
• organização sindical, entidade de classe ou associação limitada, por exemplo, que ainda não produza totalmente
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos seus efeitos porque ainda não foi produzida lei regulamen-
um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou tadora, será cabível o mandado de injunção contra o órgão
associados. responsável pela omissão, buscando‑se a edição da norma.
Um partido político com representação no Congresso Durante muito tempo defendeu‑se que o mandado de
Nacional possui legitimidade para impetrar mandado de injunção não poderia dar ao Poder Judiciário o poder de, per-
segurança coletivo apenas em defesa de seus filiados. sistindo a omissão, determinar qual será a disciplina legal a

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ser aplicada ao caso concreto. Entendia‑se, nesse caso, que as físicas que não estejam no pleno gozo de seus direitos
estaríamos ferindo o princípio da separação dos poderes, políticos.
motivo pelo qual era necessário adotar posicionamento não
concretista. Esse não é, porém, o atual entendimento do Su- Legitimidade passiva: a ação popular deve ser ajuizada
premo Tribunal Federal, que já admite que o Poder Judiciário contra a autoridade pública autora do ato impugnado.
indique, no caso de omissão, quais serão as regras aplicáveis
para que os impetrantes possam usufruir de forma plena os Gratuidade: a ação popular será gratuita, mas sua gra-
direitos que lhe foram conferidos pela Constituição do Brasil. tuidade é condicionada à boa‑fé. Se a ação for ajuizada com
O desrespeito à determinação de regulamentação de um má‑fé, o autor será condenado ao pagamento das custas
dispositivo constitucional é denominada inconstitucionalida- judiciais.
de por omissão, e também pode ser combativa por meio da
ação direta de inconstitucionalidade por omissão, que será Direito de Petição
posteriormente tratada.
Finalidade: o direito de petição, previsto no art. 5º, XX-
Legitimidade ativa: o mandado de injunção pode ser XIV, da CF, também considerado um remédio constitucional,
impetrado por qualquer pessoa que possua interesse direto difere‑se dos demais por não consistir em uma ação judicial.
na regulamentação do dispositivo constitucional. Trata‑se de instrumento exercido perante o Poder Público
com o objetivo de:
Legitimidade passiva: será considerado impetrado aque-
• defesa de direitos;
le que seja responsável pela omissão legislativa.
• representação contra ilegalidade ou abuso de poder.
Tipos: são cabíveis o mandado de injunção individual e
Qualquer pessoa pode utilizar‑se do direito de petição,
o mandado de injunção coletivo. O mandado de injunção
que não pode ser impedido por meio de obstáculos legais.
não possuía regulamentação até a edição da Lei 13.300/2017,
Dessa forma, segundo o novo entendimento do Supremo
que estabeleceu diversas regras novas e também consagrou
Tribunal Federal, é inconstitucional exigir depósito prévio ou
construções da jurisprudência, como o mandado de injunção
arrolamento de bens e direitos como condição de admissi-
coletivo.
bilidade de recurso administrativo.
Uma das maiores contribuições da lei nesse aspecto
foi a ampliação do rol de legitimados para o mandado de
Gratuidades Constitucionais
injunção coletivo, que, além de fazer referência aos mesmos
O texto constitucional trata de diversas hipóteses de
legitimados para o mandado de segurança coletivo, que já
gratuidade, sendo de suma importância que o candidato
eram previstos no art. 5, LXX, da CF, incluíram o Ministério
identifique quais as condicionantes para a fruição desse
Público e a Defensoria Pública dentre as autoridades capazes
direito. Vamos esquematizar.
de impetrar esse remédio.
Dispositivo Gratuidade Observações
Ação Popular
5º, XXXIV Direito de peti- Incondicionada – independe
Finalidade: a ação popular é voltada à anulação de ato ção do pagamento de taxas
lesivo: 5º, XXXIV Direito de certi- Incondicionada – independe
• ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado dão do pagamento de taxas
participe; 5º, LXXIII Ação Popular Condicionada à boa-fé do autor
• à moralidade administrativa; 5º, LXXIV Assistência jurídi-Condicionada à comprovação
• ao meio ambiente; ca integral da insufi­ciência de recursos
• ao patrimônio histórico e cultural. 5º, LXXVI Certidão de nas- Condicionada à comprovação
cimento de pobreza, na forma da lei
Cumpre notar que a ação popular só se presta à anulação 5º, LXXVI Certidão de óbito Condicionada à comprovação
desses atos, não sendo o instrumento adequado à punição de pobreza, na forma da lei
do agente público que causou um dano a interesses da socie- 5º, LXXVII Habeas corpus Incondicionada
dade. A punição, no caso, poderá ser discutida em eventual
ação de improbidade. 5º, LXXVII Habeas data Incondicionada
É possível declarar a inconstitucionalidade de uma lei 5º, LXXVII Atos necessários Gratuitos na forma da lei
por meio da ação popular, desde que essa declaração não ao exercício da
seja o objeto principal da ação popular. Assim, a declaração cidadania
de inconstitucionalidade da lei pode ser um meio, nunca a
finalidade precípua da ação. Direitos Sociais
A ação popular deverá ter por objeto um ato adminis-
trativo. Não é cabível essa ação contra uma decisão judicial. A Constituição dedica um capítulo inteiro aos direitos
Direito Constitucional

Por permitir que o cidadão defenda diretamente os sociais, quais sejam: a educação, a saúde, a alimentação
interesses do povo, pode‑se considerar a ação popular uma o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a
forma de exercício da democracia direta. previdência social, a proteção à maternidade e à infância e
Não existe foro por prerrogativa de função em relação à a assistência aos desamparados.
ação popular. Assim, ainda que a ação seja ajuizada contra Esses direitos, delineados no art. 6º da CF, possuem um
o Presidente da República, não será julgada pelo Supremo caráter protetivo, assistencial. Trata‑se de direitos funda-
Tribunal Federal. mentais de segunda geração (introduzidos em larga escala
Legitimidade ativa: só podem ajuizar ações populares os no Brasil com a política social introduzida por Getúlio Vargas,
cidadãos, ou seja, aqueles que possuam direitos políticos. principalmente em 1934). Outros direitos sociais podem ser
Ficam excluídas, portanto, as pessoas jurídicas e as pesso- encontrados no Título VIII do texto constitucional.

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Os direitos sociais consubstanciam, em sua grande maio- Proteção da Relação de Trabalho
ria, normas programáticas. Esse tipo de norma possui eficácia
limitada, exigindo, para seu alcance, a construção de políticas • Proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa
públicas pelo legislador constituído. Questão tormentosa causa, a ser definida em lei complementar, que deve
que hoje se apresenta é aquela relativa à possibilidade de prever indenização compensatória, entre outros di-
se limitar a efetividade dos direitos fundamentais em nome reitos: atualmente, uma indenização compensatória
do princípio da reserva do possível. Em outras palavras, isso imposta ao empregador que promove a demissão
resulta em saber se o Estado pode deixar de cumprir com arbitrária ou sem justa causa é a multa de 40% sobre
seu papel de garantir os direitos sociais à população, sob a o saldo do FGTS do trabalhador, autorizada pelo art. 10
alegação de não possuir recursos materiais para tanto. do ADCT.
Em contraposição à limitação da reserva do possível, • Seguro-desemprego, no caso de despedida involuntá-
encontra‑se a previsão de um mínimo existencial no que ria do trabalhador.
tange à concretização dos direitos sociais. Esse contraponto • Aviso prévio proporcional, no mínimo de trinta dias,
é reforçado pela proibição do retrocesso, outra teoria que proporcional ao tempo de serviço, nos termos da lei.
também impede que a reserva do possível sirva de justificati- • Proteção em face da automação: a evolução de ramos
va ao abandono das previsões constitucionais programáticas. da ciência, tal qual a mecatrônica, pode levar a uma
A proibição do retrocesso impede que venha a reduzir demissão em massa (exemplo: uso de catracas ele-
o montante de recursos voltados à execução de políticas trônicas em ônibus coletivos). Deve o Estado cuidar
públicas concretizadoras dos direitos fundamentais. Essa para que os trabalhadores se preparem para as novas
teoria, porém, pode desenvolver um perigoso efeito colate- tecnologias e não se tornem “obsoletos” no mercado
ral. Caso reconhecida a proibição da diminuição dos recursos de trabalho.
alocados em determinada atividade, é possível que o gestor
evite aumentar a parcela orçamentária destinada à política Prestações Pecuniárias
pública desenvolvida, com vistas a evitar uma vinculação nos
orçamentos vindouros. • Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, obri-
Sobre a eficácia das normas programáticas, o Supremo gatório aos trabalhadores.
Tribunal Federal vem expedindo alguns pronunciamentos no • Salário mínimo, fixado em lei e nacionalmente uni-
sentido de que o Estado não pode deixar de atender à popu- ficado. Mesmo aqueles que recebem remuneração
lação sob a alegação de que não possui receita orçamentária. variável não podem receber nunca salário inferior ao
A maioria dos casos se relaciona à atuação do Estado na área mínimo.
da saúde, nos quais o Tribunal tem julgado procedentes re-
O salário mínimo deve ter aumentos periódicos, de modo
cursos interpostos com o objetivo de se autorizar a compra
a manter seu poder aquisitivo. O reajuste, porém, deve ser
de medicamentos.
veiculado por lei, nada impedindo que a matéria seja tratada
Conforme estudamos, o Brasil terá como um de seus fun-
também por meio de medida provisória.
damentos a busca da função social do trabalho e, para tanto,
O salário mínimo atender às necessidades básicas do
prevê a Constituição Federal alguns direitos do trabalhador.
trabalhador e de sua família, com moradia, alimentação,
Os direitos dos trabalhadores podem ser divididos em
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e
duas categorias: direitos individuais e direitos coletivos do
previdência social.
trabalho. Os trabalhadores urbanos e rurais são tratados A economia não pode ser indexada ao salário mínimo. Em
de forma igualitária, sendo que a maioria dos seus direitos outras palavras, o salário mínimo não pode servir de valor
individuais está descrita no art. 7º da CF, que passaremos de referência, vinculando reajustes de preços e serviços. Isso
a estudar. evita que os reajustes periódicos deixem de surtir efeitos
Antes de visualizarmos os direitos em espécie, devemos reais, já que, ao mesmo tempo em que o salário mínimo
registrar que para o Direito do Trabalho não há uma total aumentasse, toda a economia sofreria um fenômeno infla-
coincidência entre os termos “trabalhador” e “emprega- cionário automático.
do”, sendo que o segundo pressupõe o preenchimento de A Suprema Corte entende que o salário mínimo não pode
diversos requisitos, como a habitualidade, a onerosidade, servir de base de cálculo de nenhum adicional, inclusive do
a subordinação e a pessoalidade. Para o Direito Constitu- adicional de insalubridade. Nesse julgamento foi aprovada a
cional, porém, de natureza marcantemente principiológica, quarta súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal, que
essa distinção deixa de ter importância, de tal forma que recebeu a seguinte redação:
utilizaremos os dois termos indiscriminadamente.
Salvo os casos previstos na Constituição, o salário
Isonomia Trabalhista mínimo não pode ser usado como indexador de base
de cálculo de vantagem de servidor público ou de
A Constituição Federal se preocupou com a discriminação empregado, nem ser substituído por decisão judicial.
Direito Constitucional

entre os trabalhadores que apresentam formas diferentes


de contratos. Sendo assim, cuidou o texto de impor o trata- Nada impede que pensões, estipuladas em virtude de
mento igualitário entre os trabalhadores: ato ilícito (morte de um pai de família, por exemplo), sejam
• urbanos e rurais; fixadas com base no salário mínimo, já que essas prestações
• portador de deficiência; buscam satisfazer as necessidades básicas tratadas pelo
• trabalhador manual, técnico e intelectual; art. 7º, IV, da CF. Então, se alguém atropela um trabalhador,
• trabalhadores com vínculo empregatício permanente pode ser obrigado a pagar um salário mínimo à viúva, du-
e trabalhador avulso; rante o prazo provável em que a vítima teria de sobrevida,
• não pode, ainda, haver diferenças por motivos de sexo, sem que isso signifique ofensa à proibição de vinculação ao
idade, cor ou estado civil. salário mínimo.

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• Piso salarial: é aquele valor considerado como o mí- visando à flexibilização das relações trabalhistas, no
nimo a ser pago por determinada empresa. Não deve ponto, sequer exigiria a edição de norma constitucio-
ser confundido com o salário mínimo profissional. nal, bastando uma reforma legislativa.
• Irredutibilidade do salário: não é possível ao em-
pregador diminuir o salário, salvo por meio acordo Proteção à Saúde do Trabalhador
ou convenção coletiva de trabalho, que são acordos
firmados entre o sindicato e o empregador ou entre o • Licença-gestante, com garantia de manutenção do
sindicato patronal e os sindicatos dos trabalhadores, emprego e do salário, pelo período de 120 (cento
respectivamente. e vinte) dias e licença‑paternidade de acordo com
• Décimo terceiro salário. o que a lei estabelecer, que é atualmente de cinco
• Remuneração do trabalho noturno superior ao dias. A licença‑paternidade pode, sob determinados
diurno. Para cumprir tal determinação a legislação aspectos, se afastar de uma literal medida de proteção
infraconstitucional prevê, além de um percentual à saúde do trabalhador. Sua manutenção neste tópico
a mais no salário daquele que trabalha no período se faz sob o ponto de vista didático.
noturno, também uma redução na contagem da hora • Redução dos riscos de acidentes de trabalho, utilizan-
trabalhada, que se reduz a 52 minutos e 30 segundos. do‑se de medidas eficazes na prevenção de acidentes
• Proteção contra a retenção dolosa do salário, cons- e de doenças profissionais.
tituindo crime o não pagamento sem justificativa. • Seguro contra acidentes de trabalho, que deverá ser
Proíbem‑se, assim, descontos no salário que não sejam pago pelo empregador, sem que isso exclua a possibili-
autorizados pelos trabalhadores. No caso de a empresa dade de sua responsabilização civil quando houver culpa
estar passando por sérios problemas financeiros, o não desse no acidente. As ações acidentárias atualmente são
pagamento do salário pode não ser doloso, e sim, julgadas na Justiça do Trabalho (art. 114 da CF).
culposo, não constituindo, portanto, crime.
• Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada Prescrição Trabalhista
da remuneração, e participação na gestão da empre-
sa, conforme definido em lei, sendo que a participa- • A prescrição resulta da perda de uma pretensão em
ção na gestão tem um caráter excepcional. virtude da inércia de seu titular. O direito de ação, vi-
• Salário‑família, pago por cada dependente do traba- sando ao recebimento de créditos trabalhistas, existe
lhador de baixa renda, nos termos da lei. desde que o empregado busque a proteção jurisdi-
• Remuneração das horas extras em pelo menos cin- cional no prazo de cinco anos após o surgimento do
quenta por cento superior à hora normal. A legislação, direito reclamado, limitado tal prazo a dois anos após
porém, pode determinar a aplicação de hora extra em o término do contrato de trabalho. Anteriormente,
percentual superior em casos específicos. havia uma diferenciação para o prazo prescricional dos
• Remuneração paga em virtude do gozo de férias, trabalhadores rurais. Porém, com a Emenda Constitu-
correspondente a 1/3 (um terço) do salário normal, cional nº 28/2000, o prazo passou a ser único para os
independentemente da remuneração ordinariamente trabalhadores urbanos e rurais.
devida no período. Interessante notar que, no caso de morte do trabalha-
• Pagamento de adicional para as atividades penosas dor, se aplica apenas o prazo de cinco anos, sem se le-
(que exigem muito esforço do trabalhador), insalubres var em conta o prazo de dois anos. Assim, a prescrição
(que oferecem risco à saúde do trabalhador) ou peri- total dos direitos ocorrerá apenas cinco anos após a
gosas (que apresentam risco de morte ao trabalhador). morte do trabalhador.

Jornada de Trabalho Vejamos alguns exemplos de prescrição.

• Jornada de trabalho não superior a oito horas diá­rias


de forma a não ultrapassar, no total, quarenta e quatro
horas semanais. Por meio de acordo ou convenção
coletiva é possível a compensação de horários ou
redução de jornada.
O turno ininterrupto de revezamento, hipótese na qual
o empregado não desfruta do intervalo intrajornada,
exige jornada de trabalho máxima de seis horas, salvo
negociação coletiva. O STF, no julgamento do RE nº
205.815/RS firmou o entendimento de que o fato de a
empresa conceder intervalo para descanso e refeição
não descaracteriza o turno ininterrupto de reveza-
mento, com direito a jornada de seis horas, prevista
Direito Constitucional

no art. 7º, XIV, da Constituição Federal.


• Repouso semanal remunerado. Tal repouso deve ser Maioridade Trabalhista
concedido preferencialmente aos domingos.
• Férias anuais remuneradas, com o pagamento de um • Os menores de 18 anos não podem exercer trabalho
adicional correspondente a 1/3 do salário normal, noturno, perigoso ou insalubre. Somente a legislação
conforme tratado anteriormente. Interessante notar infraconstitucional restringe o exercício de atividade
que, apesar de o direito de férias possuir fundamento penosa pelo menor, não havendo, portanto, previsão
constitucional, o período de gozo das férias não tem constitucional. Os menores de 16 anos só podem tra-
cunho constitucional, sendo definido pela legislação. balhar na condição de aprendiz, que é um contrato de
Assim, uma eventual redução do período de férias, trabalho específico, o qual busca a profissionalização

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do educando. Por fim, temos que os menores de 14 • seguro-desemprego, em caso de desemprego involun-
anos não podem exercer nenhum trabalho. tário;
• fundo de garantia do tempo de serviço;
Em resumo, temos o seguinte quadro: • remuneração do trabalho noturno superior à do diur-
no;
Menores de Menores de Menores de • salário-família;
18 anos 16 anos 14 anos
• assistência gratuita aos filhos e dependentes desde
Proibição de trabalho Somente podem exer- o nascimento até cinco anos de idade, em creches e
Não podem exercer
noturno, perigoso ou cer trabalho na condi-
insalubre. ção de aprendiz.
atividade laborativa. pré-escolas;
• seguro contra acidentes do trabalho, a cargo do em-
Outros direitos pregador, sem excluir a indenização no caso de dolo
ou culpa;
• Incentivo ao mercado de trabalho da mulher. • integração à previdência social.
• Aposentadoria, desde que preenchidos os critérios
previstos na legislação. Continuaram sem previsão o piso salarial, a participa-
• Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde ção nos lucros, jornada reduzida para turnos ininterruptos,
o nascimento até cinco anos de idade em creches e proteção do mercado de trabalho da mulher, adicional por
pré‑escolas. atividades penosas, insalubres ou perigosas, proteção em
face da automação, ação trabalhista com prazo prescricional
Com a nova redação do art. 7º, parágrafo único, dada de cinco anos, proibição de distinção entre trabalho manual,
pela EC nº 72/2013, foram assegurados aos trabalhadores técnico ou intelectual e igualdade entre trabalhador com
domésticos os seguintes direitos em total equiparação aos vínculo permanente e trabalhador avulso. Alguns desses não
demais trabalhadores: são previstos, pois são incompatíveis com o vínculo domés-
• salário mínimo; tico, como a distribuição de lucros e o trabalhador avulso.
• irredutibilidade de salário; O rol de direitos aqui apresentado é meramente exem-
• garantia de salário mínimo a quem percebe remune- plificativo, sendo que outros podem ser previstos na própria
ração variável; Constituição ou pela legislação infraconstitucional. Nesse
• décimo terceiro salário; sentido, o Supremo Tribunal Federal julgou constitucional
• proteção do salário, constituinte crime sua retenção o art. 118 da Lei nº 8.213/1991, que garante a manutenção
dolosa; do contrato de trabalho, em caso de acidente de trabalho,
• jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias e pelo prazo mínimo de doze meses.
quarenta e quatro semanais;
• repouso semanal remunerado; Sindicatos
• hora extra; Em nosso País, é livre a associação profissional ou sin-
• férias anuais remuneradas; dical, constituindo uma importante forma de proteção dos
• licença à gestante; direitos sociais. Assim, seria inconstitucional a estipulação
• licença-paternidade; por meio da legislação de restrições à liberdade de criação
• aviso prévio proporcional; de sindicatos ou associação profissional. Isso não significa,
• redução dos riscos inerentes ao trabalho; porém, que não existam na Constituição inúmeras restrições
• aposentadoria; à sua atuação. O texto constitucional, por exemplo, estipula
• reconhecimento das convenções e acordos coletivos que somente é permitida a criação de uma única organiza-
de trabalho; ção sindical, para cada categoria profissional ou econômica,
• proibição de diferença de salários, de exercício de em cada base territorial, que nunca será inferior à área de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, um Município. Não existe, portanto, concorrência entre
idade, cor ou estado civil; sindicatos, já que cada trabalhador estará vinculado a uma
• proibição de discriminação do trabalhador portador categoria, que, por sua vez, terá um único sindicato na base
de deficiência; territorial.
• proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a Os sindicatos não dependem de autorização do Estado
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores para sua fundação, porém a Constituição impõe que sejam
de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a registrados no órgão competente. Dispõem, assim, de direito
partir dos quatorze anos. de auto‑organização, que impede a interferência e a inter-
venção estatal na organização sindical.
Outros direitos foram estendidos, porém com ressal- Além disso, cabe registro de que os trabalhadores tam-
vas. A Constituição define que os direitos a seguir devem bém são livres para decidir se serão ou não inscritos nos
ser conferidos às empregadas domésticas se atendidas as quadros do sindicato. Mesmo que não inscrito no sindicato,
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação o trabalhador possui direito de ser protegido por essa ins-
tituição. A filiação ao sindicato pode trazer algumas prer-
Direito Constitucional

do cumprimento das obrigações tributárias, decorrentes da


relação de trabalho doméstico e suas peculiaridades. Em rogativas que não são previstas em lei como, por exemplo,
outras palavras, podemos dizer que são direitos que depen- a utilização de serviços assistenciais (clubes de recreação,
dem de regulamentação específica, que levará em conta as planos de saúde etc.), que são um atrativo à filiação.
características e peculiaridades da relação doméstica, que é O objetivo do sindicato é a defesa dos interesses da
marcada por um grau de informalidade e pela simplicidade categoria, razão pela qual, por exemplo, é obrigatória a parti-
do empregador, que não possui tanto aparato econômico e cipação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.
burocrático quanto uma empresa. São eles: Essa defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais da
• relação de emprego protegida contra a despedida ar- categoria envolve tanto questões judiciais quanto administra-
bitrária ou sem justa causa, inclusive com indenização tivas. Na defesa no âmbito judicial, os sindicatos exercem o
compensatória, dentre outros direitos; que se denomina direito de substituição processual, no qual

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se defende em nome próprio direito alheio. A substituição Nacionalidade
processual é feita sem a necessidade de autorização de seus
filiados ou dos integrantes da categoria. Nacionalidade é o laço de caráter político e jurídico
Quanto à substituição processual, cabe notar que se for- que liga um indivíduo a um determinado Estado, de forma
maram duas correntes. A primeira entendia que os sindicatos a qualificá‑lo como parte integrante do povo. Esse laço
poderiam defender interesses coletivos (supraindividuais) traz em si muitos direitos e muitos deveres àqueles que se
e individuais homogêneos, mas não teria a capacidade de enquadram nos requisitos necessários à aquisição de uma
executar a sentença, papel que caberia individualmente aos nacionalidade.
beneficiados. A segunda corrente, mais ampliativa, defendia
a possibilidade ampla de os sindicatos defenderem os inte- Origem da Nacionalidade
resses da categoria. No julgamento do RE nº 210.029‑STF,
a Suprema Corte, em votação por maioria, definiu a preva- A nacionalidade pode ser adquirida por um critério terri-
lência em nosso País da segunda corrente, findando, assim, torial ou por critério hereditário. No primeiro caso, trata‑se
a discussão a respeito da amplitude do art. 8º, III, da CF. do ius soli, hipótese na qual se adquire uma nacionalidade em
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o art. 8º, III, virtude do nascimento dentro do território de determinado
da CF, assegura ampla legitimidade ativa ad causam dos Estado. Por outro lado, a aquisição de uma nacionalidade
sindicatos como substitutos processuais das categorias que pode decorrer da nacionalidade dos pais do indivíduo, caso
representam na defesa de direitos e interesses coletivos ou em que teremos um direito transferido de maneira consan-
individuais de seus integrantes. guínea, hereditária, o que a doutrina denomina ius sanguinis.
A contribuição confederativa/assistencial, destinada Na maioria dos países, os critérios utilizados para a con-
à manutenção do sistema confederativo, será fixada em cessão do vínculo da nacionalidade combinam os critérios
assembleia, tem incidência facultativa aos trabalhadores consanguíneo e territorial, como no caso do Brasil, que
da categoria e não se confunde com a contribuição sindical, veremos à frente.
fixada em lei e de pagamento obrigatório por todos aqueles Cabe notar que o Direito Constitucional tem um caráter
que integram a categoria. histórico muito marcante, decorrente da evolução gradativa
Os aposentados têm direito de votar e serem votados nas nos negócios do Estado. Dessa maneira, conseguimos per-
organizações sindicais. A Carta Maior traz ainda a estabilida- ceber fatores históricos que influenciam demasiadamente
de sindical, que significa que o empregado sindicalizado não na adoção dos critérios de nacionalidade. Por exemplo,
pode ser dispensado a partir do registro da candidatura a em países que tiveram forte movimento emigratório ou
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que apresentam baixa densidade demográfica, percebe‑se
que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se uma tendência à adoção do critério do ius sanguinis (ex.:
cometer falta grave. Itália e Japão). Em outros, porém, que recebem um grande
Por fim, note‑se que as disposições constitucionais contingente de imigrantes ou que possuem alta densidade
acerca dos sindicatos também se aplicam à organização de demográfica, nota‑se que o critério do ius soli ganha mais
sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as força (ex.: Estados Unidos da América).
condições que a lei estabelecer.
Espécies de Nacionalidade
Considerações Finais
A Constituição Federal de 1988 assegura aos trabalha- Destacam‑se duas espécies de nacionalidade: a primária
dores o direito de greve, que não deve, no entanto, ser e a secundária. A primária ou originária é aquela que resulta
confundido com o direito de greve dos servidores públicos, do nascimento, por mais que o reconhecimento somente
o qual possui fundamento em norma de eficácia limitada, ocorra posteriormente. Em nosso país denominamos bra-
prescrita no art. 37, VII, da Constituição Federal. sileiro nato aquele que possui esse tipo de nacionalidade.
Essa prerrogativa deverá ser utilizada segundo a vontade A nacionalidade secundária, derivada ou adquirida, se forma
dos trabalhadores, não sendo admitida a greve do empre- após o nascimento do indivíduo, caso em que brasileiros são
gador, chamada lock out. Dessa forma, compete aos traba- denominados naturalizados.
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercer o direito
de greve e os interesses que devam por meio dele defender. Polipátridas e Apátridas
A lei deve definir os serviços ou atividades essenciais, dis-
pondo sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da É possível que uma pessoa possua mais de uma nacio-
comunidade, bem como deve prever penalidades para o caso nalidade. Trata‑se do polipátrida, indivíduo que adquire,
de cometimento de abusos no exercício do direito de greve. de forma primária ou de forma secundária, nacionalidades
Dispõe ainda o texto constitucional, que é assegurada diversas, mantendo‑as. No caso do Brasil, as hipóteses de
a participação dos trabalhadores e dos empregadores nos dupla (ou múltipla) nacionalidade estão prevista no art. 12,
colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses § 4º, II, que estudaremos a seguir.
profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão Por sua vez, os apátridas, também chamados heimatlos,
Direito Constitucional

e deliberação. não possuem qualquer nacionalidade. Tal situação ocorrerá,


Finalizando o rol do Capítulo II do Título II, dispõe o texto por exemplo, no caso de os pais possuírem a nacionalidade
constitucional que é assegurada, nas empresas com mais de um país que adota exclusivamente o critério do ius soli e
de duzentos empregados, a eleição de um representante terem seu filho em um país que apenas aceita o ius sanguinis.
dos trabalhadores com a finalidade exclusiva de promover A criança não possuirá a nacionalidade do país de origem
o entendimento direto com os empregadores. Seria assim, de seus pais nem a nacionalidade do país em que nasceu.
um verdadeiro representante eleito pelos empregados para O art. 15 da Declaração Universal dos Direitos Humanos
a defesa de seus direitos junto ao empregador. Cabe ressal- estatui que todos têm direito a uma nacionalidade e proíbe
var que isso não retira a obrigatoriedade da intervenção do que as pessoas sejam privadas de sua nacionalidade ou que
sindicato nas negociações coletivas de trabalho. sejam obrigados a mudar a nacionalidade de forma arbitrária.

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Formas de Aquisição de Nacionalidade no Brasil outras hipóteses de naturalização, que são previstas em lei,
mas não possuem cunho constitucional, estando afetas à
Primária (brasileiros natos) matéria Direito Internacional Público. Deixaremos de tratar
A Constituição brasileira denominou natos aqueles bra- das hipóteses legais, referindo‑nos apenas às hipóteses
sileiros que adquirem a nacionalidade primária. A naciona- previstas expressamente no texto constitucional.
lidade primária pode ser estabelecida pelo ius soli (critério São brasileiros naturalizados:
territorial), que é aquele determinado pelo local de nasci- 1º Caso (naturalização ordinária)
mento, ou pelo ius sanguinis (critério hereditário), quando • ser um estrangeiro originário de país de língua portu-
a aquisição se dá pela ascendência, ou seja, pelo sangue. guesa;
No Brasil os critérios de ius soli e ius sanguinis foram • residir há pelo menos um ano, sem interrupção, no
adotados de forma mesclada, de tal maneira que diversas Brasil;
hipóteses descritas no texto constitucional envolvem ques- • possuir idoneidade moral, ou seja, ter uma conduta
tões territoriais e hereditárias ao mesmo tempo. moralmente correta perante a sociedade.
2º Caso (naturalização extraordinária)
São brasileiros natos: • ser estrangeiro, de qualquer nacionalidade;
1º caso: • residir no Brasil há pelo menos quinze anos, sem in-
• nascidos no Brasil; terrupção;
• excetuando‑se os filhos de pais estrangeiros a serviço • não possuir condenação penal;
de seu país de origem. • requerer a naturalização.
2º caso:
• nascidos no estrangeiro, filho de pai ou mãe brasileiro O primeiro caso de naturalização depende de um ato
(não importa se nato ou naturalizado), a serviço do discricionário do Presidente da República, enquanto o se-
Brasil. Por exemplo, o filho de uma diplomata brasileira gundo caso configura um direito subjetivo do estrangeiro,
a serviço do Brasil em Cuba. A utilização do termo ou ficando o Estado brasileiro obrigado a concedê‑la caso todos
deixa claro que basta que um dos genitores esteja na os requisitos estejam preenchidos. A concessão da naturali-
situação descrita para que o filho receba a nacionali- zação, portanto, não está sujeita a juízo de conveniência da
dade brasileira. administração, sendo um ato vinculado.
Ex.: conforme disposição da CF, será brasileiro nato o Importante lembrar que a naturalização sempre depen-
filho, nascido em Paris, de mulher alemã e de embaixa- derá de requerimento do estrangeiro, não existindo mais
dor brasileiro que esteja a serviço do governo brasileiro previsão para a naturalização automática, como a grande
naquela cidade quando do nascimento do filho. naturalização que ocorreu no governo provisório do marechal
3º caso: Deodoro da Fonseca (1889‑1891).
• nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiros, O STF decidiu que o requerimento de naturalização
desde que: possui caráter meramente declaratório. O que isso traz de
– sejam registrados em repartição brasileira compe- efeito prático? Na prática, isso leva ao entendimento de que
tente; ou os efeitos da naturalização retroagem à data da solicitação.
– venham a residir na República Federativa do Brasil e Assim, um estrangeiro que possua os 15 anos de residência
optem, em qualquer tempo, após atingida a maiorida- ininterrupta e não tenha sido condenado criminalmente,
de, pela nacionalidade brasileira. A jurisprudência do nos termos do art. 12, II, b, da CF, poderá ser investido em
STF diz que, nesse caso, a nacionalidade é primária, um cargo público, mesmo que sua posse tenha ocorrido
pois existe desde o nascimento, ficando apenas sujeita antes da naturalização, desde que ele já tenha solicitado a
a uma condição para o seu implemento. nacionalidade brasileira.
A título de exemplo: Eulina, nascida em 18 de novembro
de 2011 no Brasil, é filha de cidadão espanhol e de cidadã Observação: aos portugueses residentes no Brasil
croata que estavam passando suas férias em passeio turístico podem ser atribuídos os mesmos direitos reservados
no Piauí. Carmem, nascida em 22 de fevereiro de 2012 na aos brasileiros naturalizados107. Tal instituto, chamado
Grécia, é filha de cidadãos brasileiros que estavam a serviço de quase nacionalidade (a ser estudado a seguir), não
da República Federativa do Brasil no mencionado país. Neste pode ser confundido com a naturalização ordinária.
caso, Eulina e Carmem são brasileiras natas.
Segundo o Supremo Tribunal Federal, a opção pela na-
cionalidade tem caráter personalíssimo (só pode ser exercida Quase Nacionalidade
pelo titular do direito), só podendo ser exercida quando o
indivíduo adquirir a capacidade civil, ou seja, o menor não É possível que os portugueses possuam todas as prerro-
pode ser representado ou assistido pelos pais para exercer gativas dos brasileiros naturalizados, caso em que teremos a
a opção. Assim sendo, depois de atingir a maioridade civil, figura do português equiparado. Para obter um certificado de
a opção passa a ser condição suspensiva da nacionalidade equiparação, é necessário que o português venha a residir
brasileira, isto é, o direito só vale a partir do implemento da no Brasil e que haja reciprocidade em relação aos brasileiros
que venham a residir em Portugal. Não há, como se pode
Direito Constitucional

condição. O menor, antes da opção, é, portanto, brasileiro


nato, sendo que, após a maioridade, a opção passa a cons- perceber, um prazo mínimo de residência e sequer critérios
tituir condição para a continuidade do vínculo do indivíduo quanto à índole do português que requer a naturalização.
com o Brasil. A necessidade da maioridade para a realiza- Cabe ressaltar que a quase nacionalidade não é concedida
ção da opção foi positivada pela Emenda Constitucional a todos aqueles que sejam oriundos de países que adotem
nº 54/2007, que inseriu, ainda, a possibilidade de registro o idioma português como língua oficial, mas apenas àqueles
em repartição brasileira no exterior. que sejam oriundos da República de Portugal.
Nesse caso, não teremos um português naturalizado
Secundária brasileiro, mas sim, um português que, mesmo sem se natu-
Existem duas formas de se adquirir a nacionalidade ralizar, possui todos os direitos que são conferidos aos brasi-
brasileira, que estão previstas na Constituição Federal. Há leiros naturalizados, bastando um certificado de equiparação.

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Distinções entre Natos e Naturalizados toda a população de um território. Desse modo, o mandato
é considerado livre e geral.
Não poderá haver distinções entre brasileiros natos e A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal
naturalizados, salvo nos casos previstos na Constituição, e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos.
a saber: Deve‑se ter muito cuidado com esses termos:
• possibilidade de extradição apenas dos brasileiros • Sufrágio é o núcleo básico do direito político, que se
naturalizados (art. 5º, LI, da CF); exprime pela capacidade de atuar politicamente, vo-
• restrições quanto à propriedade de empresas de tando, sendo votado etc. O sufrágio aqui adotado é o
comunicação social para os brasileiros naturalizados, universal, que garante a todos o direito do voto com
consistente na exigência de um mínimo de dez anos peso único, contrapondo‑se ao sufrágio censitário ou
de naturalização (art. 222 da CF); capacitário, em que há critérios discriminatórios para
• previsão de cargos privativos de brasileiros natos o acesso à cidadania.
(art. 12, § 3º, da CF). • Voto representa o próprio exercício do poder decisório.
O voto é direto, secreto e tem valor igual.
São cargos privativos, ou seja, reservados apenas aos • Escrutínio é o modo de exercício do direito de voto.
brasileiros natos:
• Presidente e Vice‑Presidente da República; Segundo o art. 60, § 4º, o voto direto, secreto, universal
• Presidente da Câmara dos Deputados; e periódico é cláusula pétrea, ou seja, algo que não pode
• Presidente do Senado Federal; ser extinto por meio de emenda constitucional. Cabe res-
• Ministro do Supremo Tribunal Federal; saltar que não é cláusula pétrea o voto obrigatório, o que
• Carreira diplomática; nos leva a pensar que podemos, por meio de uma emenda
• Oficial das Forças Armadas; constitucional, instituir o voto facultativo como regra. Voto
• Ministro de Estado da Defesa; universal significa o fim do voto censitário ou capacitário,
• Membros do Conselho da República (art. 89, VII), que no qual apenas aqueles que tinham riquezas podiam votar.
define a existência de seis brasileiros natos a serem Outras formas de exercício da soberania popular são o
indicados para esse Conselho. plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Tais instrumen-
tos se apresentam como emanações da democracia direta,
Perda da Nacionalidade aquela por meio da qual os cidadãos definem diretamente
suas pretensões, sem a intervenção de representantes.
Perderá a nacionalidade o brasileiro que: Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de
• tiver contra si sentença judicial que cancele a naturali- perguntar aos cidadãos o que eles pensam sobre determi-
zação, por haver o brasileiro cometido atividade nociva nada opção política do Estado (lei ou ato administrativo a ser
ao interesse nacional (não alcança os natos). adotado). Tais formas de consulta pública, porém, não são
• adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos em que idênticas. A grande diferença entre o plebiscito e o referendo
é admitida a dupla nacionalidade: é que, naquele, o Estado realiza a consulta pública antes de
– concessão de nacionalidade estrangeira de forma ori- editar o ato, enquanto no referendo, o ato é instituído an-
ginária pela lei estrangeira, ou seja, o brasileiro não te- teriormente à consulta pública. Tanto no plebiscito quanto
no referendo a decisão popular é soberana.
nha optado por adquiri‑la. Ainda que o brasileiro se es-
Um exemplo prático de plebiscito decorreu da previsão
force por reconhecer essa nacionalidade, esse reconhe-
contida no art. 2º do ADCT. Em tal dispositivo, havia a pre-
cimento não pode ser confundido com pedido de natu-
visão de um plebiscito a ser realizado com a finalidade de
ralização, já que se trata de nacionalidade originária.
se estipular a forma de governo (república ou monarquia
Tal situação é muito comum com os descendentes
constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo
de italianos, caso em que a nacionalidade italiana é
ou presidencialismo). Tal plebiscito, que fora previsto ini-
concedida pelo critério do ius sanguinis, tornando o
cialmente para o dia 7 de setembro de 1993, acabou sendo
brasileiro um polipátrida. transferido para a data de 21 de abril de 1993 pela Emenda
– exigência da aquisição da nacionalidade estrangeira Constitucional nº 2/1992.
para que o brasileiro exerça seus direitos civis no país Quanto ao referendo, podemos citar aquele realizado em
estrangeiro, ou para que permaneça no território desse outubro de 2005, com a finalidade de decidir a respeito do
país. fim do comércio de armas e munição no Brasil.
De acordo com o art. 49, XV, da Constituição, compete
Direitos Políticos exclusivamente ao Congresso Nacional, independentemente
de sanção do Presidente da República, autorizar o referendo
Essa parte da Constituição prevê uma série de regras e convocar plebiscito. A Lei nº 9.709/1998 regulamentou o
destinadas a delimitar a forma de atuação do indivíduo nas exercício do referendo e do plebiscito, assim definindo os
decisões políticas do Estado. Aquele que se enquadra nos institutos em seu art. 2º:
requisitos impostos pela Constituição para atuar ativamente
na vida política do País recebe a denominação “cidadão”.
Direito Constitucional

Art. 2º Plebiscito e referendo são consultas formu-


A atuação política é um direito público subjetivo que ladas ao povo para que delibere sobre matéria de
confirma a opção feita no parágrafo único do art. 1º da acentuada relevância, de natureza constitucional,
Constituição Federal, de um regime político democrático, legislativa ou administrativa.
no qual “o poder emana do povo, que o exerce por meio de § 1º O plebiscito é convocado com anterioridade a
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo,
Constituição”. pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido
A participação indireta do povo no poder ocorre com a submetido.
representação. Nesta, o representante exerce um mandato § 2º O referendo é convocado com posterioridade a
e não fica vinculado à vontade dos representados. Além ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo
disso, o eleito não representa apenas os seus eleitores, mas a respectiva ratificação ou rejeição.

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A iniciativa popular de lei é uma forma de os cidadãos • Filiação partidária. Não é permitida a candidatura
iniciarem um projeto de lei, que será votado pelo Congresso de candidato não filiado a partido político. Existem
Nacional, pelas Assembleias Legislativas ou pelas Câmaras regras próprias para a candidatura daqueles que não
Municipais de Vereadores, conforme a iniciativa seja de ato podem exercer atividade político‑partidária, tais como
legislativo federal, estadual ou municipal, respectivamente. os militares.
Cabe ressaltar que o termo “iniciativa popular” não é o mais • Idade mínima. A idade mínima será definida de acor-
adequado, pois não é qualquer um do povo que pode iniciar do com o cargo que o candidato pretende ocupar.
o processo legislativo, mas tão somente os cidadãos. Segundo o art. 11, § 2º, da Lei nº 9.504/1997, o preen-
Os requisitos para a iniciativa popular variam segundo a chimento desse requisito será verificado com base na
esfera, conforme quadro abaixo: data da posse, não do registro da candidatura. Vejamos
quais são as idades relativas a cada cargo eletivo de
Iniciativa popular nossa república:
Ato normativo requisitos – trinta e cinco anos para Presidente da República,
Assinatura de 1% do eleitorado nacional, Vice‑Presidente da República e senador;
dividido em pelo menos cinco Estados, – trinta anos para governador e vice‑governador;
Federal sendo que em cada Estado deve ser re- – vinte e um anos para deputado federal, estadual e
colhida assinatura de 0,3% (três décimos distrital, prefeito, vice‑prefeito e juiz de paz; e
por cento) do eleitorado estadual. – dezoito anos para vereador.
Os requisitos devem ser definidos em lei Inelegibilidade
Estadual
estadual.
Assinatura de 5% (cinco por cento) do As inelegibilidades são condições impeditivas do exercício
Municipal
eleitorado do Município. da capacidade eleitoral passiva. A Constituição traz algumas
hipóteses de inelegibilidade e prevê que uma lei complemen-
Capacidade Eleitoral Ativa tar deverá estabelecer
Para votar é necessário o alistamento eleitoral. O alis- outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua ces-
tamento eleitoral é um procedimento administrativo feito sação, a fim de proteger a probidade administrativa,
junto à Justiça Eleitoral e que irá permitir a aquisição dos
a moralidade para o exercício do mandato, conside-
direitos políticos àquele que preencher os requisitos legais
para ser eleitor. rada a vida pregressa do candidato, e a normalidade
É obrigado a se alistar e a votar o brasileiro que possua e legitimidade das eleições contra a influência do
mais de dezoito anos. poder econômico ou o abuso do exercício da função,
Podem ou não se alistar e votar, ou seja, possuem alis- cargo ou emprego na administração direta e indireta.
tamento e voto facultativo o analfabeto, o maior de setenta
anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Esse papel é exercido pela Lei Complementar nº 64/1990.
Cabe lembrar que tanto o alistamento eleitoral quanto o voto Não é possível a criação de inelegibilidade por lei ordi-
são facultativos. Assim, um cidadão que se aliste aos dezesse- nária ou medida provisória. Não cabe à lei complementar
te anos, ainda assim, mantém a sua opção de votar ou não. a criação de inelegibilidades absolutas, papel reservado à
Não podem se alistar, sendo considerados, portanto, própria Constituição.
inalistáveis, os estrangeiros e, durante o serviço militar Há vários tipos de inelegibilidade:
obrigatório, os militares conscritos. • absoluta: são impedimentos para a eleição em qual-
quer cargo.
Capacidade Eleitoral Passiva – Condições de São absolutamente inelegíveis os inalistáveis (como os
Elegibilidade estrangeiros e militares conscritos) e os analfabetos.
O rol de inelegibilidades absolutas é taxativo, sendo
Para que um cidadão possa se candidatar é necessário impossível o seu implemento por meio de lei.
comprovar sua elegibilidade. Para tanto, são necessários • relativa: não são impedimentos relativos à própria
alguns requisitos: pessoa, mas a uma condição circunstancial que restrin-
• Nacionalidade brasileira. A nacionalidade brasi­leira ge o exercício da capacidade eleitoral passiva no que
nata só é exigível para a candidatura a Presidente da tange a certos cargos. A Constituição Federal admite
República e Vice‑Presidente da República. Nos cargos a criação de novas inelegibilidades relativas por meio
de senador e deputado federal, a nacionalidade nata de lei complementar. Tratando dessas inelegibilidades
só é exigida do presidente da respectiva Casa.
legais, temos a Lei Complementar nº 64/1990.
• Pleno exercício dos direitos políticos. Se o cidadão
sofre uma suspensão ou perda dos direitos políticos,
por exemplo, não está apto a ocupar um cargo público Inelegibilidades Relativas
eletivo. O doutrinador Alexandre de Moraes, em seu Direito
Constitucional, sintetizou com grande clareza as possíveis
Direito Constitucional

• Alistamento eleitoral. É possível o exercício isola­do da


capacidade eleitoral ativa, ou seja, é possível que uma inelegibilidades relativas. Ousamos, porém, em discordar
pessoa possa votar sem ter capacidade de ser votado, quanto à suposta inelegibilidade relativa referente aos mi-
tal qual os analfabetos. Por outro lado, o exercício da litares. As regras distintas, aplicadas aos militares com mais
capacidade eleitoral passiva depende do alistamento ou com menos de dez anos de serviço, não são, em verdade,
como eleitor, de tal forma que não é possível ser votado inelegibilidades, tendo em vista que não impedem de ne-
sem ter a capacidade de votar. nhuma forma o exercício da capacidade eleitoral passiva por
• Domicílio eleitoral na circunscrição. O domicílio parte daquele que compõe as forças armadas ou as forças
eleitoral, que não se confunde com o domicílio civil, militares estaduais. Trata‑se, como veremos, de uma regra
é aquela região onde o cidadão se alista e mantém funcional castrense, que somente definirá a possibilidade de
algum vínculo. permanência do candidato nas forças armadas.

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A primeira inelegibilidade que encontramos é a inele- afastamento. Essa renúncia é o que a doutrina chama de nor-
gibilidade por motivos funcionais. Nesse caso, temos que ma de desincompatibilização do chefe do Poder Executivo, já
os chefes do Poder Executivo federal, estadual, distrital e que tem a função de retirar uma incompatibilidade, evitando
municipal e quem os houver sucedido ou substituído ao o uso da máquina pública para favorecimento do candidato.
longo do mandato somente poderão ser reeleitos para um O vice que deseja se candidatar ao cargo de titular não
único período subsequente. tem obrigação de proceder à desincompatibilização.
Essa possibilidade foi inserida pela Emenda Constitucio- A renúncia ou licença para o exercício de outros cargos
nal nº 16/1997, beneficiando o então Presidente da Repúbli- pode ser requerida, mas não é obrigatória e nem gerará
ca, Fernando Henrique Cardoso (1995‑1998 e 1999‑2002). inelegibilidade do renunciante.
Também foi reeleito o Presidente da República Luiz Inácio O Vice‑Presidente, vice‑governador e vice‑prefeito po-
Lula da Silva (2003‑2006 e 2007‑2010). A experiência mos- derão concorrer para outros cargos sem a necessidade de
trou que há forte tendência de que o povo venha a prefe- renunciar, desde que nos seis meses antes das eleições não
rir a estabilidade, evitando a quebra do ciclo iniciado pelo tenham sucedido ou substituído o titular.
Presidente da República em seu primeiro mandato. Essa Outra inelegibilidade relativa é aquela que aparece por
tendência também pode ser verificada em outros países, motivo de casamento, parentesco ou afinidade. No território
como os Estados Unidos da América do Norte. de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíne-
O que se proíbe não é o exercício de mais de dois man- os ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente
datos, mas que se exerça mais de dois mandatos de forma da República, de governador de Estado ou Território, do
sucessiva. Nesse ponto, a Constituição brasileira se distingue Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído
da Norte Americana, que proíbe que alguém exerça o car- dentro dos seis meses anteriores não poderão ser eleitos.
go de Presidente da República mais de uma vez, de forma No caso de reeleição do cônjuge ou parente, não há esse
sucessiva ou não. impedimento, ou seja, se o cônjuge ou parente já é titular de
A renúncia antes do término do mandato não retira a mandato eletivo e está concorrendo ao mesmo cargo, não
vedação a um terceiro mandato sucessivo, já que, do con- haverá tal impedimento, que é denominado inelegibilidade
trário, a norma poderia ser facilmente burlada, bastando reflexa.
que se renunciasse em períodos muito próximos ao fim Como consequência de estar restrita à jurisdição do chefe
do mandato. Além disso, essa vedação também alcança as do Executivo, os parentes do prefeito não podem se eleger
eleições previstas no art. 81 da CF, que são aquelas abertas para cargos no Município, os parentes do governador ficam
no caso de vacância dos cargos de Presidente da República e impedidos de se elegerem pelo próprio Estado e os paren-
Vice‑Presidente da República antes do término do mandato. tes do Presidente da República não podem se eleger para
Também não é possível que o titular de dois mandatos qualquer cargo no território brasileiro. Já houve decisão do
presidenciais sucessivos venha a se candidatar a Vice‑Presi- TSE que estendeu esse impedimento não só para o cônjuge,
dente, ainda que realize a desincompatibilização, pois o vice mas também para o companheiro, ou seja, aquele a que se
substitui e sucede o presidente. Assim, teríamos a possibilida- une por meio de uma união estável. Interessante notar que
de de um indivíduo exercer o cargo três vezes consecutivas. a união estável entre pessoas do mesmo sexo, denominada
Diferente é a situação do vice, que possui interessantes homoafetiva ou homossexual, também resulta em inelegi-
posicionamentos jurisprudenciais. Vejamos: bilidade, equiparando‑se ao casamento para tais efeitos.
• O vice, reeleito ou não, pode se candidatar ao cargo do A desincompatibilização (afastamento do cargo nos
titular, mesmo se houver substituído o titular durante seis meses anteriores ao pleito) também traz reflexos para
o mandato. a inelegibilidade reflexa. Assim, de acordo com o entendi-
• Se o vice houver substituído o titular nos últimos seis mento do Tribunal Superior Eleitoral, caso o titular do cargo
meses anteriores à eleição, poderá se candidatar ao eletivo executivo renuncie ao mandato seis meses antes das
cargo do titular, mas não poderá buscar, posterior- eleições, seus parentes e cônjuge (ou companheiro) poderão
mente, a reeleição. A substituição já terá contado se candidatar para cargos eletivos no mesmo território de
como um primeiro mandato. Essa mesma regra, com jurisdição.
maior razão, também é aplicada no caso de sucessão, Cabe, porém, uma ressalva no sentido de que o parente
a qualquer tempo. somente poderá ocupar o mesmo cargo preenchido pelo
• Se o vice desejar disputar cargo que não seja o do seu renunciante por uma vez consecutiva. Então, se João, pai de
respectivo titular, deverá obedecer à norma descrita Marília, é prefeito de uma cidade e realiza a desincompati-
no art. 1º, § 2º, da LC nº 64/1990, que assim dispõe: bilização, Marília somente poderá ocupar o cargo por um
mandato. Essa regra se mostra de extrema importância, pois
o Vice‑Presidente, o Vice‑Governador e o Vice‑Pre- considera os parentes como um único candidato, mesmo que
feito poderão candidatar‑se a outros cargos, preser- pela via reflexa, evitando assim a perpetuação de oligarquias
vando os seus mandatos respectivos, desde que, no poder pela técnica do revezamento entre membros da
nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não mesma família. A possibilidade de ocupar o cargo de chefe
tenham sucedido ou substituído o titular. do Poder Executivo não será concedida ao parente, porém,
se o atual ocupante estiver no segundo mandato, caso em
Direito Constitucional

• Se o vice houver sucedido o titular, ele ocupará de que, efetuada a desincompatibilização por um prefeito, por
forma plena esse cargo e, com isso, recebe também exemplo, o parente fica elegível, não podendo, entretanto, se
todas as incompatibilidades. Dessa forma, caso queira candidatar ao cargo de prefeito, nem mesmo de vice‑prefeito,
se candidatar a cargo diverso, deverá proceder à de- em respeito ao art. 14, § 5º e 7º, da CF.
sincompatibilização. Dessa forma, se o renunciante ao mandato for o prefeito
reeleito do Município de Cabrobró, sua companheira poderá
Estes mesmos chefes do Executivo, caso queiram se ele- se candidatar a deputada federal, mas não a prefeita do
ger para outros cargos, deverão renunciar ao mandato seis referido Município.
meses antes das eleições. Esta norma não se aplica para o O Supremo Tribunal Federal decidiu que não subsiste a
caso de reeleição para o mesmo cargo, em que é inexigível tal inelegibilidade se havia separação de fato do cônjuge antes

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do início do mandato, já que o que a norma busca é evitar A perda/suspensão dos direitos políticos implica a im-
o monopólio do poder político por grupos hegemônicos possibilidade de votar, de ser votado e, se já detentor de
ligados por laços familiares. No caso concreto analisado mandato eletivo, de perder o cargo.
pela Suprema Corte, a separação de fato foi reconhecida na São hipóteses de perda dos direitos políticos:
sentença que decidiu o pedido de divórcio. • cancelamento da naturalização por sentença transitada
Outra inelegibilidade é a denominada inelegibilidade por em julgado; e
motivo de domicílio, que deriva da condição para exercício • recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou pres-
da cidadania passiva e envolve a exigência de que, na forma tação alternativa (art. 5º, VIII, da CF).
da lei, o requisito do domicílio eleitoral seja preenchido. As-
sim sendo, a legislação eleitoral determina um prazo mínimo São hipóteses de suspensão:
de domicílio na circunscrição eleitoral em que se pretende • condenação criminal com trânsito em julgado, enquan-
concorrer. Isso acaba gerando um obstáculo ao cidadão que to durarem os efeitos da pena;
deseja alterar seu domicílio para se candidatar em uma outra • improbidade administrativa (art. 37, § 4º, da CF); e
circunscrição, por exemplo. • incapacidade civil absoluta.
Por fim, cabe registro de que as inelegibilidades e as
condições de elegibilidade são aferidas ao tempo do registro Basta a verificação judicial da incapacidade civil abso-
da candidatura. luta, mediante decretação de interdição de incapaz, para a
imediata suspensão dos direitos políticos.
Militares A suspensão por condenação criminal com trânsito em
julgado se aplica inclusive aos casos de condenação por con-
O militar das Forças Armadas e os militares dos Estados, travenções penais. No caso de o condenado ser beneficiado
Distrito Federal e Territórios são plenamente alistáveis, desde com a suspensão condicional da pena, o sursis, não ocorre
que não estejam na condição de conscritos. Por outro lado, a reaquisição dos direitos políticos, continuando suspensos
o art. 142, § 3º, V, da Constituição Federal, determina que até a extinção da punibilidade.
o “militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado É necessária uma sentença judicial para a decretação da
a partidos políticos”. perda dos direitos políticos, de uma forma geral.
Diante desse quadro surgiu um problema: como permitir Existem outras hipóteses previstas na Constituição
o registro da candidatura do militar se, para comprovar a Federal que acabarão por resultar em perda e suspensão
elegibilidade, é necessário comprovar filiação partidária? A dos direitos políticos, por também resultarem na perda da
resposta foi dada pelo Tribunal Superior Eleitoral. nacionalidade, por exemplo, a perda da nacionalidade pela
O TSE entendeu que o militar da ativa, sendo alistável e aquisição de outra (art. 12, § 4º, II).
elegível, mas não filiável, em função de sua condição excep-
cional, não precisa comprovar a prévia filiação partidária, Princípio da Anualidade da Lei Eleitoral
bastando demonstrar o pedido do registro da candidatura,
apresentado pelo partido e autorizado pelo candidato. Para evitar mudanças de última hora nas regras do “jogo”,
Interessante notar que a mesma regra não será aplica- a Constituição Federal prevê que uma lei editada para alterar
da ao servidor da Justiça Eleitoral, tendo em vista que se o processo eleitoral só se aplicará às eleições que ocorram
trata de situação diversa. O referido servidor, em respeito à pelo menos um ano após sua vigência. A vigência dessas leis
moralidade que deve ser preservada nos pleitos eleitorais, coincidirá com a sua publicação, não existindo, via de regra,
para candidatar‑se deverá pedir exoneração do cargo público vacatio legis, ou seja, período de tempo entre a publicação
em tempo hábil para o cumprimento da exigência legal de e a vigência.
filiação partidária.
A partir do registro da candidatura o militar será: Partidos Políticos
• afastado da atividade se tiver menos de dez anos de
serviço; ou Os partidos políticos podem ser livremente criados,
• agregado pela autoridade superior se contar com mais fundidos, incorporados ou extintos, desde que se resguarde:
de dez anos de serviço. O militar ficará na condição de • a soberania nacional;
agregado a partir do registro da candidatura até a diplo- • o regime democrático;
mação, caso eleito, ou até o regresso à força armada, • o pluripartidarismo;
caso não seja eleito. Na hipótese de ser eleito, o militar • os direitos fundamentais da pessoa humana.
que estava agregado, passará para a inatividade no ato
da diplomação. Existem alguns preceitos que devem ser observados
pelos partidos políticos. São eles:
O afastamento da atividade do militar que possui menos • caráter nacional;
de dez anos de serviço é considerado definitivo, sem possi- • proibição de recebimento de recursos financeiros de
bilidade de retorno à atividade, portanto. entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes;
Direito Constitucional

• prestação de contas à Justiça Eleitoral;


Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos
• funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
Não existe mais no Brasil a cassação de direitos políticos, Os partidos políticos são dotados de autonomia no que
utilizada como instrumento político de repressão em tempos tange à sua estrutura interna. Os estatutos, que devem ser
passados. Atualmente, somente é permitida a perda (tempo registrados no Tribunal Superior Eleitoral após a aquisição da
indefinido) ou suspensão (tempo definido) desses direitos. personalidade civil, devem estabelecer normas de fidelidade
O fato de a perda não ter tempo definido de duração não e disciplina partidárias.
significa que ela seja perpétua. Haverá sempre a possibi- O Supremo Tribunal Federal entende que a fidelidade
lidade de se afastar a causa da perda, restaurando‑se os partidária emana da Constituição e impede que os candida-
direitos políticos. tos eleitos venham a migrar de partido. Entendeu‑se que o

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caráter partidário é particularmente verificado no sistema • instrumento que perfaz o vínculo: a federação é
proporcional e que a mudança de partido quebra um voto formada por uma Constituição, enquanto a confederação é
de confiança que é dado pelo cidadão‑eleitor e gera uma re- formada por um tratado internacional;
lação desequilibrada de forças no parlamento. Ressaltou‑se, • (in)dissolubilidade do vínculo: enquanto na federação
na hipótese, que não se tratava de impor sanções como as é vedado o direito de separação (secessão), este é plenamen-
descritas no art. 55 da Constituição Federal, mas de reco- te acolhido na confederação;
nhecer que não há direito subjetivo a manter‑se no cargo, • na federação, os entes abrem mão de sua soberania,
que, em essência, pertence ao partido. Considera‑se, assim, ou seja, de sua independência interna e externa, em favor
a desfiliação ou a transferência injustificada um ato culposo do poder central para, juntando‑se aos demais, cada um
incompatível com a função representativa do ideário político preservar parcela de seu poder sob a forma de autonomia. Já
responsável pelo ingresso do parlamentar na sua função na confe­deração, os entes que a constituem são soberanos.
representativa. Destaca‑se que o poder autônomo, ao contrário do soberano,
Ainda em relação à fidelidade partidária, entendeu a Su- fica limitado a um outro poder superior, como ocorre no
prema Corte que o reconhecimento da fidelidade partidária Brasil, com os Municípios e os Estados‑membros em relação
não implicava atividade legiferante do Poder Judiciário, mas à nossa República Federativa.
sim conferir a máxima efetividade das normas constitucio- A forma federativa de Estado tem sua origem nos EUA,
nais. Asseverou‑se, ainda, que não haveria nulidade nos atos com a Constituição de 1787. Visando ao fortalecimento
praticados pelos parlamentares tidos por infiéis, tendo em contra as frequentes ofensivas britânicas, cada um dos
vista a aplicação da teoria do agente estatal de fato. treze Estados Norte‑Americanos cedeu sua soberania para
Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo um órgão central, responsável pela unificação, formando
partidário e a horários gratuitos na televisão e no rádio. os Estados Unidos da América, como forma de fortalecer‑se
É proibida a formação de partidos políticos de caráter contra as frequentes ofensivas britânicas. Ou seja, passou‑se
de uma Confederação à Federação, em um movimento,
paramilitar. Aliás, toda forma de associação é proibida de
chamado pela doutrina, de centrípeto (por agregação), de
possuir tal caráter. Uma associação de caráter paramilitar é
fora para dentro, em que os Estados cedem parcela de sua
aquela que se caracteriza, por exemplo, pelo uso de unifor- soberania. Em contraposição, denomina‑se o movimento
mes, patentes e palavras de ordem com fins militares. centrífugo quando o Estado principal transfere aos entes
menores certo nível de autonomia.
Verticalização É nesse panorama, de Estados Federados, que se en-
quadra a República Federativa do Brasil, em que, como dito,
A Emenda Constitucional nº 52, de 8 de março de 2006, um ente federado principal guarda soberania, enquanto as
acabou com o instituto denominado verticalização, ou unidades federadas são autônomas entre si, conforme as
seja, a obrigação de que as coligações de âmbito nacional regras previstas constitucionalmente, inclusive quanto aos
encontrassem paralelo nas coligações feitas no âmbito es- limites de competência material e legislativa.
tadual, municipal e distrital. Essa regra, apesar de constituir Isso significa que as unidades federadas são autônomas,
importante norma de moralização do sistema partidário, mas não soberanas, ou seja, possuem capacidade política
impedindo a utilização do partido para efeitos eleitorais que (elaboração de suas próprias leis pelo Poder Legislativo
subvertessem as diferentes ideologias por eles defendidas, próprio) sem, contudo, terem independência. É a chamada
limitava a atuação dos partidos, o que levou o Congresso descentralização política, com pluralidade de entes políticos.
Nacional a promulgar a EC nº 52/2006, com a intenção de Não quer dizer que há um ente hierarquicamente superior
que ela tivesse validade para as eleições que ocorreriam no em face dos demais, mas, simplesmente, repartição de
mesmo ano. competências, dentro dos limites traçados pela Constituição
A tentativa de fazer com que a verticalização já se extinguis- Federal.
se no ano de 2006 feria o art. 16 da Constituição Federal, que Esses entes autônomos são dotados de auto‑organização
prevê o princípio da anterioridade da lei eleitoral, o que foi reco- e normatização própria, ou seja, Legislativo próprio e estru-
nhecido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI tura organizacional do Poder Executivo.
No Federalismo clássico, ou dual, a repartição do poder
nº 3.685/DF–STF, em que se entendeu que o § 1º do art. 17
é rigidamente dividida entre a União (Poder Central) e os
alterava profundamente o processo eleitoral em nosso País,
Estados (Poder Regional). No Federalismo contemporâneo,
razão pela qual somente deve incidir sobre as eleições que ou cooperativo, as entidades federativas compartilham par-
ocorram após um ano da sua inserção no texto constitucional. cela das respectivas competências. No Brasil, o federalismo
apresenta‑se de forma peculiar, posto ser tricotômico, ou
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO seja, engloba três unidades federativas: a União (Poder
Central), os Estados (Poder Regional), o Distrito Federal e
Da Organização Político‑Administrativa os Municípios (Poder local).
A República Federativa do Brasil, portanto, tem sua
organização político‑administrativa composta pela União,
Os Estados, enquanto agrupamentos humanos, estabe-
Direito Constitucional

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo como


lecidos em um certo território e sob um Poder Soberano,
capital federal Brasília.
podem ser divididos em Unitários e Compostos. São Unitá- Segundo a CF, a capital federal não é um ente autônomo
rios os Estados em que há apenas um ente com capacidade da Federação.
política no território, embora se admita sua descentralização Pode‑se sistematizar os entes políticos da seguinte forma:
administrativa. Já os Estados Compostos são aqueles que • União: pessoa jurídica de direito público, sob uma
comportam mais de um ente político, distinguindo‑se entre perspectiva interna, relativa às demais unidades federadas,
Federados e Confederados, em razão do grau de autonomia e uma visão externa, em face dos Estados estrangeiros. In-
dos entes que os integram. ternamente, a União não apresenta nenhuma hierarquia ou
As diferenças principais entre as ditas modalidades de vantagem com os demais entes federativos, com igualdade
Estados Compostos são as seguintes: de deveres e prerrogativas. No âmbito externo, a União re-

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presenta a República Federativa do Brasil, como se fosse um plebiscito, à população diretamente interessada, após divul-
Estado unitário, já que o direito internacional não reconhece gação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
a personalidade jurídica dos Estados‑membros e Municípios publicados na forma da lei.
naquele âmbito. A título de exemplo: no ano de 2010, realizou-se no
• Estados federados: são pessoas jurídicas de direito Município de Porto Velho, em Rondônia, uma consulta
público como regiões autônomas, sem soberania, mas mera plebiscitária sobre a criação do Município de Extrema de
autonomia. Deve ser destacado que entre os Estados e a Rondônia, na região então conhecida como Ponta do Abunã,
União não há hierarquia, um não é superior ao outro como que abrange quatro distritos da capital do Estado. O resulta-
costuma‑se pensar na visão de um leigo, estando, portanto, do do plebiscito foi favorável à criação do novo Município.
no mesmo nível jurídico. A autonomia pode ser caracterizada Considerada a disciplina constitucional da matéria, devem
pelo poder de auto‑organização, autogoverno, autoadmi- ter sido divulgados Estudos de Viabilidade Municipal, apre-
nistração e autolegislação, da qual decorre a autonomia sentados e publicados na forma da lei, antes da realização do
tributária, financeira e orçamentária, todos definidos pela plebiscito, devendo a criação ser feita por lei estadual, dentro
Constituição. do período determinado por Lei Complementar Federal.
– auto‑organização e autolegislação: atribuição que tem A Constituição Federal de 1988 ao passo em que esta-
o Estado‑membro de elaborar sua própria constituição e sua beleceu a estrutura e funcionamento dos entes federados,
legislação, delineando os contornos da organização política, retirou‑lhes certa autonomia no que tange à vedação aos en-
por exemplo, quando a constituição de um Estado‑membro tes federados de estabelecerem cultos religiosos ou criarem
cria uma Secretaria de Industrialização definindo e estimu- igrejas, subvencioná‑los, ou embaraçar‑lhes o funcionamen-
lando polos industriais; to, ou ainda, manter relações de dependência ou qualquer
– autogoverno: significa a atribuição à sociedade local tipo de aliança, salvo, na forma da lei, de colaboração de
de eleger seus próprios representantes; interesse público. Também proibiu o estabelecimento de
– autoadministração: capacidade de organizar a forma distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
em que serão prestados seus serviços, instituindo seus órgãos Em síntese: especificou, no âmbito orgânico da ad-
e repartições, ao tempo em que delimita as atribuições de ministração pública brasileira, o princípio do Estado laico
seus agentes públicos; (leigo), em que o Estado não se confunde com a Igreja, e
– autonomia financeira e orçamentária: os Estados‑mem- ainda o princípio da igualdade ao se referir à indispensável
bros possuem fontes de arrecadação próprias, as quais ga- necessidade de tratamento isonômico entre brasileiros que
rantem sua manutenção, com a competência de elaborar leis se apresentem nas mesmas condições.
orçamentárias próprias, prevendo suas receitas e despesas.
• Municípios: a Constituição Federal de 1988, inovadora-
mente, considerou os Municípios como componentes da es- Da União
trutura federativa. Os municípios, que antes faziam parte dos
Estados, passam a possuir autonomia política, administrativa A Constituição Federal de 1988 traz expressamente os
e financeira, em moldes similares ao dos Estados‑membros. bens considerados da União, constantes no seu art. 20 e
• Distrito Federal: antes considerado uma mera descen- seguintes. Destaca‑se, apenas a título ilustrativo, aqueles
tralização territorial, a Constituição Federal de 1988 elevou‑o que são considerados de maior relevância. Logo em seguida,
à qualidade de pessoa política, integrante da federação, transcreve‑se a literalidade do dispositivo:
detentor de auto‑organização, autogoverno, autolegislação
e autoadministração, embora sofra certas limitações (como a a) as terras devolutas, que são aquelas indispensáveis
organização e manutenção, pela União, do Poder Judiciário, à defesa das fronteiras, das fortificações e constru-
do Ministério Público, das Polícias Civil e Militar, além do ções militares, das vias federais, de comunicação e à
Corpo de Bombeiros Militar). A competência legislativa do preservação ambiental, definidas em lei;
DF abrange as atribuídas aos Estados e Municípios: o Poder b) os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa (espécie de terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de
mistura entre Câmara Municipal e Assembleia Legislativa); um Estado, sirvam de limites com outros países,
o Poder Executivo, pelo governador. O Poder Judiciário do ou se estendam a território estrangeiro ou dele
DF, assim como do Ministério Público do Distrito Federal e provenham, bem como os terrenos marginais e as
dos Territórios, faz parte dos respectivos entes da União. Há praias fluviais;
ainda a peculiaridade de não poder ser o Distrito Federal c) as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
dividido em municípios. outros países; as praias marítimas;
• Territórios: são descentralizações administrativas d) o mar territorial;
ligadas à União. Não são pessoas políticas, possuindo ape- e) terrenos de marinha e seus acrescidos;
nas capacidade administrativa. Não integram a federação. f) potenciais de energia hidráulica;
A CF/1988 transformou os territórios até então existentes g) recursos minerais, inclusive os do subsolo;
em Estados, à exceção de Fernando de Noronha, que foi h) cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueo­
reincorporado a Pernambuco. lógicos e pré‑históricos;
Direito Constitucional

A Constituição Federal de 1988 admitiu a incorporação i) terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
entre estados, sua subdivisão ou até seu desmembramento
para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Competência
Territórios Federais, dependendo, para tanto, de plebiscito da
população diretamente interessada, e de Lei Complementar A forma federativa de Estado tem como uma de suas
a ser elaborada pelo Congresso Nacional. principais características a repartição de competências entre
A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento os entes federados que a compõem.
de Municípios, por sua vez, são estabelecidos mediante lei Pode‑se dizer que a competência é o conjunto de atribui-
estadual, dentro do período determinado por lei comple- ções traçadas pela Constituição que respaldam a autonomia
mentar federal, dependendo de consulta prévia, mediante da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

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A divisão da competência estabelece a repartição de IV – permitir, nos casos previstos em lei complemen-
funções para que os entes federativos realizem as atribuições tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
públicas de forma harmoniosa, com o objetivo de se alcançar nacional ou nele permaneçam temporariamente;
maior eficiência. V – decretar o estado de sítio, o estado de defesa e
A dificuldade que pode surgir é em relação ao critério de a intervenção federal;
repartição da competência, ou seja, qual o ente federativo VI – autorizar e fiscalizar a produção e o comércio
tem exclusividade ou predominância na matéria. Tem‑se de material bélico;
como regra geral: se o interesse for predominantemente VII – emitir moeda;
nacional, cabe à União; se for estadual, ao Estado; se for VIII – administrar as reservas cambiais do País e
municipal, ao Município; o Distrito Federal, por sua vez, fiscalizar as operações de natureza financeira, espe-
acumula a competência estadual e municipal. Todos atuam cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem
na conjugação de esforços para a realização do bem comum. como as de seguros e de previdência privada;
Na verdade, o critério é essencialmente político, partin- IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais
do‑se do pressuposto de que as matérias que necessitam de de ordenação do território e de desenvolvimento
maiores recursos financeiros ou de uniformidade legislativa econômico e social;
X – manter o serviço postal e o correio aéreo nacional;
na federação devem ficar ao encargo da União.
XI – explorar, diretamente ou mediante autorização,
A Constituição Federal de 1988, formalmente, tentou
concessão ou permissão, os serviços de telecomuni-
implantar um federalismo cooperativo, segundo o qual
cações, nos termos da lei, que disporá sobre a organi-
os entes federativos teriam atribuições, em certa medida zação dos serviços, a criação de um órgão regulador
isonômica, construindo‑se a prestação eficiente de serviços e outros aspectos institucionais;
públicos cada um na medida de suas atribuições políticas. XII – explorar, diretamente ou mediante autorização,
Acontece, entretanto, que, na prática, o federalismo brasi- concessão ou permissão:
leiro é centrípeto, havendo uma concentração de funções e a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
prerrogativas a cargo da União. imagens;
A Constituição Federal estabeleceu sistema de repartição b) os serviços e instalações de energia elétrica e o
de competências entre os entes político-administrativos que aproveitamento energético dos cursos de água, em
combina competências exclusivas, privativas e principiológi- articulação com os Estados onde se situam os poten-
cas com competências comuns e concorrentes, com vistas ciais hidroenergéticos;
ao equilíbrio federativo. c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
As competências constitucionais podem ser classificadas aeroportuária;
como atividades administrativas (materiais), legislativas d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
(formais) e tributárias. As primeiras caracterizam‑se pela entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
organização de serviços, na realização de uma obra, na que transponham os limites de Estado ou Território;
proteção de um bem, entre outras atividades desenvolvidas e) os serviços de transporte rodoviário interestadual
pelo Poder Executivo. As segundas são caracte­rizadas pela e internacional de passageiros;
confecção de normas que regulamentará um objeto espe- f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
cífico. A competência tributária, por sua vez, caracteriza‑se XIII – organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
pela conjugação dos dois postulados: material, na medida em tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
que arrecada tributos e, ainda, legislativo, quando elabora Defensoria Pública dos Territórios;
normas de fiscalização e arrecadação de tributos. XIV – organizar e manter a polícia civil, a polícia
A competência material pode ser exclusiva ou comum, militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito
enquanto que a competência legislativa pode ser privativa, Federal, bem como prestar assistência financeira ao
concorrente, suplementar e residual. Distrito Federal para a execução de serviços públicos,
A competência exclusiva está descrita no art. 21 da por meio de fundo próprio;
Constituição Federal de 1988 e pertence à União, sem ne- XV – organizar e manter os serviços oficiais de esta-
nhuma possibilidade de delegação para os Estados e para os tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
Municípios. Ela é material ou administrativa. Caracteriza‑se nacional;
por ser de grande vulto, de valor mais elevado (construção XVI – exercer a classificação, para efeito indicativo,
de rodovias federais, exploração de aeroportos etc.) ou ati- de diversões públicas e de programas de rádio e
vidades administrativas que exigem uniformidade em todo televisão;
o território brasileiro (emitir moeda, serviço postal etc.). XVII – conceder anistia;
A Constituição Federal também outorgou algumas com- XVIII – planejar e promover a defesa permanente
petências exclusivas a outros entes fe­derativos, por exemplo, contra as calamidades públicas, especialmente as
a competência exclusiva dos Estados‑membros (art. 25, § 1º) secas e as inundações;
e a competência exclusiva dos Municípios (art. 30, I, da CF). XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento
Esse tipo de competência caracteriza‑se pela impossibilidade de recursos hídricos e definir critérios de outorga de
Direito Constitucional

de delegação, ou o exercício de competência suplementar direitos de seu uso;


ou complementar. XX – instituir diretrizes para o desenvolvimento
São competências exclusivas da União, ou seja, compe- urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
tências materiais ou administrativas (art. 21 da CF): transportes urbanos;
XXI – estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
Art. 21. Compete à União: ma nacional de viação;
I – manter relações com Estados estrangeiros e par- XXII – executar os serviços de polícia marítima, aero-
ticipar de organizações internacionais; portuária e de fronteiras;
II – declarar a guerra e celebrar a paz; XXIII – explorar os serviços e instalações nucleares de
III – assegurar a defesa nacional; qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre

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a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessa- XIX – sistemas de poupança, captação e garantia da
mento, a industrialização e o comércio de minérios poupança popular;
nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes XX – sistemas de consórcios e sorteios;
princípios e condições: XXI – normas gerais de organização, efetivos, mate-
a) toda atividade nuclear em território nacional so- rial bélico, garantias, convocação e mobilização das
mente será admitida para fins pacíficos e mediante polícias militares e corpos de bombeiros militares;
aprovação do Congresso Nacional; XXII – competência da polícia federal e das polícias
b) sob regime de permissão, são autorizadas a co- rodoviária e ferroviária federais;
mercialização e a utilização de radioisótopos para XXIII – seguridade social;
a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais; XXIV – diretrizes e bases da educação nacional;
c) sob regime de permissão, são autorizadas a produ- XXV – registros públicos;
ção, comercialização e utilização de radioisótopos de XXVI – atividades nucleares de qualquer natureza;
meia‑vida igual ou inferior a duas horas; XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em
d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde- todas as modalidades, para as administrações pú-
pende da existência de culpa; blicas diretas, autárquicas e fundacionais da União,
XXIV – organizar, manter e executar a inspeção do Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas
trabalho;
e sociedades de economia mista, nos termos do
XXV – estabelecer as áreas e as condições para o
art. 173, § 1º, III; (Redação dada pela Emenda Cons-
exercício da atividade de garimpagem, em forma
titucional nº 19, de 1998)
associativa. XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
marítima, defesa civil e mobilização nacional;
Perceba‑se que o mais importante é entender que o XXIX – propaganda comercial.
art. 21, anteriormente transcrito, trata de uma atividade Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
material, ou seja, um fazer do Estado, no caso da União. os Estados a legislar sobre questões específicas das
A competência privativa é a chamada legislativa, que matérias relacionadas neste artigo.
pertence a um ente federativo, mas que pode ser delegada
a outro. As competências privativas estabelecidas no art. 22 A competência comum consiste na competência mate-
da Constituição Federal pertencem à União, mas podem ser rial conferida aos entes federados: União, Estados, Distrito
delegadas para os Estados‑membros e para o Distrito Federal, Federal e Municípios. Refere‑se às atividades de prestação
por intermédio de Lei Complementar, a depender de sua con- de um serviço, como a assistência à saúde, as medidas de
veniência política em transferir as atribuições enumeradas acesso à cultura, educação e ciência, entre outros. Consistem
neste dispositivo a outro ente federado. em um fazer por parte do ente federativo.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar Art. 23. É competência comum da União, dos Estados,
sobre: do Distrito Federal e dos Municípios:
I – direito civil, comercial, penal, processual, elei- I – zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
toral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do instituições democráticas e conservar o patrimônio
trabalho; público;
II – desapropriação; II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
III – requisições civis e militares, em caso de iminente e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
perigo e em tempo de guerra; III – proteger os documentos, as obras e outros
IV – águas, energia, informática, telecomunicações bens de valor histórico, artístico e cultural, os mo-
e radiodifusão; numentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
V – serviço postal; arqueológicos;
VI – sistema monetário e de medidas, títulos e ga- IV – impedir a evasão, a destruição e a descaracte-
rantias dos metais; rização de obras de arte e de outros bens de valor
VII – política de crédito, câmbio, seguros e transfe- histórico, artístico ou cultural;
rência de valores; V – proporcionar os meios de acesso à cultura, à
VIII – comércio exterior e interestadual; educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à
IX – diretrizes da política nacional de transportes; inovação; (Redação dada pela Emenda Constitucional
X – regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, nº 85/2015)
marítima, aérea e aeroespacial; VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição
XI – trânsito e transporte; em qualquer de suas formas;
XII – jazidas, minas, outros recursos minerais e me- VII – preservar as florestas, a fauna e a flora;
talurgia; VIII – fomentar a produção agropecuária e organizar
XIII – nacionalidade, cidadania e naturalização; o abastecimento alimentar;
Direito Constitucional

XIV – populações indígenas; IX – promover programas de construção de mora-


XV – emigração e imigração, entrada, extradição e dias e a melhoria das condições habitacionais e de
expulsão de estrangeiros; saneamento básico;
XVI – organização do sistema nacional de emprego e X – combater as causas da pobreza e os fatores de
condições para o exercício de profissões; marginalização, promovendo a integração social dos
XVII – organização judiciária, do Ministério Público setores desfavorecidos;
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões
Pública dos Territórios, bem como organização ad- de direitos de pesquisa e exploração de recursos
ministrativa destes; hídricos e minerais em seus territórios;
XVIII – sistema estatístico, sistema cartográfico e de XII – estabelecer e implantar política de educação
geologia nacionais; para a segurança do trânsito.

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Parágrafo único. Leis complementares fixarão nor- X – criação, funcionamento e processo do juizado de
mas para a cooperação entre a União e os Estados, pequenas causas;
o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o XI – procedimentos em matéria processual;
equilíbrio do desenvolvimento e do bem‑estar em XII – previdência social, proteção e defesa da saúde;
âmbito nacional. XIII – assistência jurídica e Defensoria pública;
XIV – proteção e integração social das pessoas por-
Por fim, a Constituição Federal estabelece a competência tadoras de deficiência;
concorrente para legislar acerca das matérias enumeradas XV – proteção à infância e à juventude;
no art. 24, entre as quais podem‑se destacar as matérias XVI – organização, garantias, direitos e deveres das
de direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico, polícias civis.
urbanístico, orçamento, produção e consumo, entre outras. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe-
Compete aos entes federados legislar sobre as referidas tência da União limitar‑se‑á a estabelecer normas
matérias, podendo‑se dizer que dois entes federativos atuam gerais.
em um mesmo campo de incidência, normatizando a mesma § 2º A competência da União para legislar sobre
matéria, mas com atribuições distintas. De fato, a União tem normas gerais não exclui a competência suplementar
a competência para legislar normas gerais, enquanto que os dos Estados.
Estados‑membros e Distrito Federal legislam sobre questões § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais,
específicas. É o chamado modelo vertical de competência. os Estados exercerão a competência legislativa plena,
É importante destacar que a União não pode elaborar a para atender a suas pe­culiaridades.
norma geral de forma exaustiva, devendo deixar uma zona § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
para atuação das normas específicas, no sentido de que os gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
Estados‑membros possam adequar as normas gerais às suas lhe for contrário.
realidades regionais.
A norma específica pode ser complementar ou suple- Por fim, faz‑se referência à competência residual,
mentar: complementar é quando os Estados‑membros ou o que consiste, como regra geral, na permissão dada aos
Distrito Federal produzem normatizações para especificar a Estados‑membros e ao DF de legislarem sobre todos os as-
legislação geral da União, enquanto é suplementar quando suntos que não tenham sido vedados ou não especificados
há uma omissão da União em produzir a legislação geral, pela Constituição Federal, em síntese, tudo aquilo que não
possibilitando que os Estados possam elaborar normas está discriminado após a enumeração de competência para
gerais e específicas acerca dos temas constantes do art. 24 os entes federados.
da Constituição Federal. Não é necessária uma delegação
expressa da União para se transmitir o poder de legislar de Art. 25. Os Estados organizam‑se e regem‑se pelas
forma suplementar, pois a simples ausência de norma geral Constituições e leis que adotarem, observados os
da União faz com que haja o imediato poder de confecção princípios desta Constituição.
das normas pelos Estados‑membros. § 1º São reservadas aos Estados as competências
Na competência concorrente suplementar, voltando a que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
União a legislar sobre assuntos gerais, as normas produzidas
pelos Estados que estiverem em colisão com as normas da Os municípios, como entes autônomos que são, mesmo
União serão suspensas do ordenamento jurídico. inseridos geograficamente no âmbito dos Estados‑membros
têm, de forma geral, a competência referente a assuntos de
Atenção! Aqui se trata de suspensão da norma, e não de interesse local.
revogação, o que implica retorno de eficácia da norma
estadual anterior, se revogada a norma federal posterior. Art. 30. Compete aos Municípios:
A razão desse fato deve‑se ao federalismo, que impos- I – legislar sobre assuntos de interesse local;
sibilita a União de revogar uma norma produzida pelo II – suplementar a legislação federal e a estadual no
outro ente federado. Note‑se que os Estados‑membros e que couber;
o Distrito Federal não poderão produzir normas contrárias III – instituir e arrecadar os tributos de sua compe-
à norma geral que foi elaborada pela União. tência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo
da obrigatoriedade de prestar contas e publicar
balancetes nos prazos fixados em lei;
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito IV – criar, organizar e suprimir distritos, observada a
Federal legislar concorrentemente sobre: legislação estadual;
I – direito tributário, financeiro, penitenciário, eco- V – organizar e prestar, diretamente ou sob regime
nômico e urbanístico; de concessão ou permissão, os serviços públicos de
II – orçamento; interesse local, incluído o de transporte coletivo, que
III – juntas comerciais; tem caráter essencial;
IV – custas dos serviços forenses; VI – manter, com a cooperação técnica e financeira
V – produção e consumo; da União e do Estado, programas de educação infantil
VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
Direito Constitucional

e de ensino fundamental;
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, VII – prestar, com a cooperação técnica e financeira
proteção do meio ambiente e controle da poluição; da União e do Estado, serviços de atendimento à
VII – proteção ao patrimônio histórico, cultural, ar- saúde da população;
tístico, turístico e paisagístico; VIII – promover, no que couber, adequado ordena-
VIII – responsabilidade por dano ao meio ambiente, mento territorial, mediante planejamento e controle
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
estético, histórico, turístico e paisagístico; urbano;
IX – educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec- IX – promover a proteção do patrimônio históri-
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Re- co‑cultural local, observada a legislação e a ação
dação dada pela Emenda Constitucional nº 85/2015) fiscalizadora federal e estadual.

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Estados‑Membros § 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
Estaduais, aplicando‑sê‑lhes as regras desta Consti-
Os Estados‑membros podem ainda, como decorrência tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imu-
natural do federalismo adotado pela Constituição Fe­deral, nidades, remuneração, perda de mandato, licença,
respeitados seus limites territoriais, estruturar sua organi- impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
zação administrativa. A Constituição Federal faz referência
expressa aos bens dos Estados‑membros. Os deputados estaduais recebem remuneração definida
por meio de lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, sendo
Art. 25. Os Estados organizam‑se e regem‑se pelas denominada subsídio. Este tipo de remuneração é fixada em
Constituições e leis que adotarem, observados os parcela única, extinguindo as gratificações, auxílios ou qual-
quer outra parcela remuneratória, salvo os casos de verbas
princípios desta Constituição.
indenizatórias, as quais não possuem natureza salarial, mas,
§ 1º São reservadas aos Estados as competências
de ressarcimento de despesas efetuadas, como, por exemplo,
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
o caso de indenização transporte, moradia etc.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, Art. 39. [...]
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
para a sua regulamentação. tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, e Municipais serão remunerados exclusivamente por
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- subsídio fixado em parcela única, vedado o acrés-
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos cimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
de municípios limítrofes, para integrar a organização, prêmio, verba de representação ou outra espécie
o planejamento e a execução de funções públicas de remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o dis-
interesse comum. posto no art. 37, X e XI.
Art. 26. Incluem‑se entre os bens dos Estados:
I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, Importante destacar que a Emenda Constitucional
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, nº 50/2006 vedou o pagamento de parcela indenizatória em
na forma da lei, as decorrentes de obras da União; caso de convocação para sessão legislativa extraordinária.
II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- Esse subsídio corresponde a 75% (setenta e cinco
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio por cento) do subsídio estabelecido, em espécie, para os
da União, Municípios ou terceiros; deputados federais.
III – as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
União; Municípios
IV – as terras devolutas não compreendidas entre
as da União. O Município é regido por lei orgânica, diferentemente
dos Estados‑membros, que possuem Constituição Estadual.
A organização político‑administrativa dos Estados‑mem- Diz‑se lei orgânica porque o Estado‑federado brasileiro
bros segue, por simetria, a estrutura da União, diferencian- é fragmentado em unidades federativas (União, Estados,
do‑se em questões pontuais que a Constituição Federal faz Municípios e DF), restando apenas a competência relacio-
expressa menção, como no caso do número de deputados nada ao interesse local, a ser disciplinado pelos Municípios,
que irão compor a Assembleia Legislativa. Vejamos o que inclusive porque os mesmos devem obedecer, por simetria,
diz o caput do art. 27. a estrutura organizacional da União e Estados‑membros.
Os municípios contam com os Poderes Legislativo e
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Le- Executivo, com cargos para os quais há eleição, na qual
gislativa corresponderá ao triplo da representação votam seus eleitores, mas não com Poder Judiciário próprio.
do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o O prefeito, vice‑prefeito e vereadores são eleitos para
número de trinta e seis, será acrescido de tantos mandatos de quatro anos, em pleito direto e simultâneo
em todo o País.
quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
O número de vereadores é proporcional à população do
município, observando‑se os limites fixados pela CF:
Por exemplo: um Estado com oito deputados federais terá
vinte e quatro deputados estaduais. Com doze, terá trinta e
seis deputados federais. Com vinte deputados federais, terá Número de
População (em número de habitantes)
quarenta e quatro deputados estaduais (36 + 8). vereadores
O mandato dos deputados estaduais será de quatro anos, Até 15.000 9
aplicando, como dito, o paralelismo em relação à configu- Mais de 15.000 – até 30.000 11
Direito Constitucional

ração no âmbito da União, respeitando o sistema eleitoral, Mais de 30.000 – até 50.000 13
a inviolabilidade, as imunidades, a remuneração, a perda
Mais de 50.000 – até 80.000 15
de mandato, a licença, os impedimentos e a incorporação
às Forças Armadas. Mais de 80.000 – até 120.000 17
Mais de 120.000 – até 160.000 19
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Le- Mais de 160.000 – até 300.000 21
gislativa corresponderá ao triplo da representação
Mais de 300.000 – até 450.000 23
do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o
número de trinta e seis, será acrescido de tantos Mais de 450.000 – até 600.000 25
quantos forem os Deputados Federais acima de doze. Mais de 600.000 – até 750.000 27

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Mais de 750.000 – até 900.000 29 • autolegislação: elaboração de leis próprias por meio
da Câmara Legislativa, acumulando as competências
Mais de 900.000 – até 1.050.000 31
legislativas e tributárias conferidas pela CF aos Estados
Mais de 1.050.000 – até 1.200.000 33 e Municípios;
Mais de 1.200.000 – até 1.350.000 35 • autogoverno e autoadministração: decisões políticas
Mais de 1.350.000 – até 1.500.000 37 tomadas no âmbito do DF, com Poder Executivo próprio
Mais de 1.500.000 – até 1.800.000 39 exercido pelo governador do Distrito Federal. O Poder
Legislativo é exercido por uma Câmara Legislativa
Mais de 1.800.000 – até 2.400.000 41
composta por deputados distritais. O Poder Judiciário é
Mais de 2.400.000 – até 3.000.000 43 exercido por juízes aprovados em concurso de provas e
Mais de 3.000.000 – até 4.000.000 45 títulos, com Tribunal de Justiça próprio (Distrito Federal
Mais de 4.000.000 – até 5.000.000 47 e Territórios).
Mais de 5.000.000 – até 6.000.000 49
Mais de 6.000.000 – até 7.000.000 51 Importante destacar, por se tratar de uma exceção cobra-
da em concursos públicos, que compete à União organizar
Mais de 7.000.000 – até 8.000.000 53
e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia
Mais de 8.000.000 55 Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Distrito
Federal.
O prefeito, o vice‑prefeito e os vereadores recebem Apenas para fixar: o DF tem Lei Orgânica e Câmara
subsídio em parcela única fixado pela Câmara Municipal em Legislativa, enquanto os Estados‑membros são regidos por
cada legislatura para a subsequente, ou seja, em seu man- Constituições Estaduais e Assembleia Legislativa.
dato, o vereador não pode aumentar o próprio vencimento É vedada a divisão do DF em municípios, devendo‑se
e de seus pares, mas apenas da próxima legislatura, que é estabelecer sua repartição em administrações regionais,
de quatro anos. por indicação do governador, que nomeará administradores
A remuneração dos vereadores corresponde a até 75% para as diferentes regiões, como no caso de Brasília e das
(setenta e cinco por cento) do subsídio estabelecido para os cidades-satélites.
deputados estaduais, devendo‑se observar os limites fixados
na CF para os habitantes do Município.
O total da despesa com remuneração dos vereadores
Territórios
não poderá ultrapassar o montante de 5% (cinco por cento)
da receita do Município. Os territórios são entidades que possuem natureza
Os vereadores possuem imunidade por suas opiniões, jurídica de autarquias, ou seja, não possuem autonomia
palavras e votos no exercício do mandato e desde que sejam política, administrativa e judiciária. São apenas pessoas
proferidos na circunscrição do Município. jurídicas de natureza de direito público vinculadas à União.
Não confundir território como mais uma espécie de enti-
dade federativa.
Distrito Federal
O território assemelha‑se, por exemplo, a uma autarquia
como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou mesmo
Em alguns países, como no caso do Brasil e Estados Uni-
a uma Universidade Federal, que são autarquias (pessoas
dos da América, a sede do Estado Federal, conhecida como
jurídicas de direito público) vinculadas à União – entidades
a Capital Federal, é estabelecida em um território à parte,
administrativas da União.
desvinculado dos demais Estados‑membros.
No Brasil, existiam os territórios de Roraima, Amapá e
A Constituição de 1988 instituiu Brasília como Capital Fe-
Fernando de Noronha. Os dois primeiros foram transforma-
deral, estando inserida no Distrito Federal (DF). É importante
dos em unidades federadas (Estados‑membros), enquanto
destacar que o Distrito Federal não se confunde com Brasília,
pois aquele tem a natureza jurídica de entidade federativa que o território de Fernando de Noronha foi reincorporado
com autonomia político‑administrativa, competências espe- ao Estado de Pernambuco (ADCT, arts. 14 e 15).
cíficas, receitas, despesas e atribuições próprias, enquanto Assim é que, atualmente, não existem territórios no
que Brasília é a cidade conhecida como capital federal. Brasil, nada impedindo a sua criação por meio de lei federal,
Mesmo não sendo estado nem município, o Distrito admitindo sua divisão em municípios, com representação
Federal (DF) possui autonomia, parcialmente tutelada pela fixa de quatro deputados na Câmara dos Deputados.
União.
O Distrito Federal (DF) é uma unidade‑federativa diferen- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ciada das demais, pois absorve tanto a competência legislati-
Direito Constitucional

va dos Estados‑membros, como a dos Municípios, possuindo A legislação brasileira ordenou a administração pública
as características principais de uma unidade‑federada, quais em direta e indireta.
sejam, autonomia política, auto‑organização, autolegislação, Administração pública direta: é formada pela União,
autogoverno e autoadministração. Estados-Membros, Distrito Federal e Municípios.
• autonomia política: tem seus próprios Parlamentares Administração pública indireta: é formada pelas au-
e Chefe de Governo; tarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
• auto‑organização: tem sua estrutura organizacional economia mista.
definida nos termos de sua Lei Orgânica, aprovada por A administração pública direta corresponde à entidade
2/3 dos votos e promulgada pela Câmara Legislativa, política (unidade-federada) centralizada, já a administração
respeitando a simetria constitucional; pública indireta compõe-se das entidades descentralizadas.

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A Constituição Federal estabeleceu cinco princípios de uma obra. O que não pode acontecer, nesse exemplo, é
expressos (não significa que outros não existam) a serem eleger uma empresa (particular) sem a licitação necessária
obedecidos pela administração pública. São eles: legalida- – concorrência pública.
de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
(L.I.M.P.E). Atenção! O fato de haver políticas públicas voltadas para
o desenvolvimento de determinado setor econômico, ou
Atenção! Os concursos costumam trocar os princípios mesmo políticas públicas sociais direcionadas para certas
acima, como impessoalidade por isonomia. Mas é preciso regiões, não significa, necessariamente, violação ao prin-
ficar atento, pois, embora possuam conceitos muito próxi- cípio da impessoalidade, pois se estiver em consonância
mos, às vezes, a questão exige a literalidade do dispositivo. com o princípio da igualdade (isonomia) – tratar os iguais
de forma igualitária e os desiguais de forma desigual na
medida de sua desigualdade – não haverá afronta à norma
Vejamos o conceito de cada um: constitucional.
• Legalidade: a noção de legalidade para a administração
pública pode ser bem resumida na expressão usada pelo
• Moralidade: o agente público deve atuar com hones-
direito administrativo: o particular pode fazer tudo aquilo tidade, lealdade, retidão, integridade, boa-fé, norteando-se
que não estiver vedado em lei, enquanto a administração pelos princípios éticos e morais. A aplicação do princípio da
pública somente pode fazer o que determina o ordenamen- moralidade ao agente público deve ser revestida de boa
to jurídico. Isso não significa que os cidadãos não estejam administração (bom administrador), buscando as melhores
submetidos à imperatividade das normas, pelo contrário, condutas gerenciais.
ambos – Estado e sociedade – estão sob a sujeição da Cons- O princípio da moralidade administrativa, que deve reger
tituição e das leis infraconstitucionais. Contudo, o Estado tem a atuação do poder público, confere substância e dá expres-
rigidamente controlada sua conduta de administrar, desde são a uma pauta de valores éticos sobre os quais se funda a
o Presidente da República até o mais modesto servidor. ordem jurídica do Estado. Nesse contexto, a inobservância do
É uma forma de preservar o patrimônio público ao impor referido princípio pode configurar improbidade administrati-
procedimentos de atuação. va e acarretar, para o agente público, a suspensão dos direitos
O agente público tem o poder-dever de agir conforme o políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
ordenamento jurídico. bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal
Essa distinção é chamada por Hely Lopes Meirelles de cri- cabível, se sua conduta configurar, também, a prática de ato
tério de subordinação à lei (o agente público somente pode tipificado como crime.
fazer o que a lei determina) e critério de não contradição A moralidade na administração pública deve ser vista
à lei (o particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe). não só sobre o resultado, mas no procedimento realizado
para alcançá-lo.
Cuidado! Pelo princípio da legalidade, a conduta do agente
• Publicidade: o agente público deve agir com transpa-
público não precisa estar descrita totalmente na lei. É o
rência, fazendo com que os administrados (cidadãos) tomem
que acontece nos atos discricionários, em que a lei confere
conhecimento (ciência/informação) dos atos praticados.
certa margem de liberdade de atuação, segundo um juízo
Como exemplos, podem ser citados: o oferecimento de
de conveniência e oportunidade do agente público, obser-
certidões quando requeridas; a publicação dos contratos
vados os parâmetros fixados no ordenamento jurídico.
celebrados pela administração pública na Imprensa Oficial,
Exemplo: quando o município concede permissão de uso
dentre outros meios.
de bem público para que seja realizada uma festa de bairro.
Esse princípio representa uma forma de tornar possível
a fiscalização dos atos (e contratos) públicos pela sociedade
Caso o agente público venha a desrespeitar o princípio e órgãos oficiais de controle, assim como uma forma de
da legalidade, estará sujeito à responsabilidade disciplinar se exigir da sociedade e do Estado o cumprimento dos co-
(administrativa), civil e criminal, conforme o caso. mandos administrativos, já que, após a publicidade, não há
A doutrina faz uma distinção decorrente do princípio justificativa para alegação de desconhecimento da existência
da legalidade. de determinado ato administrativo.
– princípio da legalidade em sentido estrito: nos termos Em curtas palavras, o dinheiro público é do povo, que tem
explicados acima; direito a saber o que está sendo feito com as verbas públicas.
– princípio da reserva de lei: quando a Constituição
faz referência à determinada matéria que venha a ser re­ Atenção! O princípio da publicidade pode sofrer exceções,
gulamentada por certa espécie legislativa, ou seja, o assunto considerando que os princípios, de uma maneira geral, não
X deve ser tratado por meio de lei ordinária, ou que o tema são rígidos em sua aplicação. A doutrina aponta a situação
Y deve ser abordado por meio de lei complementar. na qual o direito à informação sobre atos administrativos
pode acarretar insegurança nacional. Por isso, deve haver
• Impessoalidade: por este princípio, o agente público uma ponderação de interesses: informação x segurança.
Direito Constitucional

deve conduzir suas atividades de forma genérica e abstrata, Mas, a regra é de publicidade dos atos públicos.
sem visar interesses pessoais próprios ou de terceiros. Ou
seja, a administração pública não pode agir com o intuito de • Eficiência: este princípio foi incorporado via emenda
beneficiar ou prejudicar pessoas ou grupos. A impessoalida- constitucional (EC nº 19/1998). Significa agilidade, sem
de representa o interesse público, e a pessoalidade significa desperdício de dinheiro público, ao tempo em que venha
o interesse particular (subjetivo). atender ao interesse do bem comum. Deve ser visto como
Nada impede, contudo, que em determinadas situa­ qualidade no serviço público, ou seja, celeridade com resul-
ções o interesse público também represente um interesse tado satisfatório.
particular, como ocorre, por exemplo, nos casos de contratos O administrador deve obter um bom resultado, com o
entre particulares e administração pública para realização menor custo possível.

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Observações: • Autarquia: lei específica cria a autarquia.
a) Os atos que venham a violar os princípios nortea­dores • Empresas públicas, sociedade de economia mista
da administração pública podem caracterizar improbidade e fundação: lei específica autoriza a criação dessas
administrativa. Importarão como penalidades: a suspen- entidades.
são dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, Depende de autorização legislativa, em cada caso, a
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da criação de subsidiárias das entidades mencionadas ante-
ação penal cabível. riormente, assim como a participação de qualquer delas em
b) Os cidadãos, usuários dos serviços públicos, têm o empresa privada.
direito de reclamar indenização das pessoas jurídicas de A Administração Pública direta e indireta, como regra,
direito público e das de direito privado prestadoras de deve fazer licitação para contratação de obras, serviços,
serviços públicos, pelos danos que seus agentes, nessa compras e alienações, que assegure igualdade de condições
qualidade, causarem, assegurado o direito de regresso a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
da proposta, nos termos da lei. A licitação exigirá somente
a qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia
Estrutura da Administração Pública do cumprimento das obrigações.
A licitação corresponde ao processo de concorrência para
Administração Pública direta: União, Estados-Mem­bros, que a administração pública realize, de forma impessoal, a
Distrito Federal e Municípios. contratação de obras, serviços, compras e alienações.
A administração pública não pode se valer da publicidade
A Administração Pública direta foi objeto de estudo no de seus atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
capítulo pertinente à organização político-administrativa. órgãos públicos, constando nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridade e servidores
Administração Pública indireta: Autarquias, Fundações, públicos. A publicidade deve ter caráter educativo, informa-
Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista. tivo ou de orientação social.
A Constituição prevê que a administração pública direta
• Autarquias: segundo Maria Sylvia Di Pietro, é a pessoa e indireta venha a oferecer condições, re­gulamentadas por
jurídica de direito público, criada por meio de lei, com aptidão lei, para a participação do usuário (cidadão), especialmente:
de autoadministração, para o desempenho de serviço público • reclamações relativas à prestação de serviços públicos
descentralizado, mediante controle administrativo exercido em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendi-
nos limites da lei. Um exemplo é o Instituto Nacional do mento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna,
Seguro Social – INSS; ou o Instituto Nacional de Colonização da qualidade dos serviços;
e Reforma Agrária – INCRA. • acesso dos usuários a registros administrativos e às
informações sobre atos de governo, observado o disposto
• Fundações: podem ser de direito privado ou de direito no art. 5º, X e XXXIII;
público. As fundações de direito privado são entes dotados • disciplina da representação contra o exercício negligen-
de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucra- te ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração
tivos, com patrimônio próprio. Têm o intuito de desenvolver pública.
atividades em que não seja necessária a execução por órgão
ou entidade de direito público. Como exemplo, temos a SERVIDORES PÚBLICOS
Fundação Roberto Marinho. As fundações também podem
ostentar natureza jurídica de direito público, assemelhando- Regime Jurídico
-se às autarquias. Um exemplo é a Fundação Universidade
de Brasília. A denominação “servidores públicos” atende, de forma
estrita, àqueles que se vinculam à administração pública por
• Empresas públicas: possuem personalidade jurídica uma relação estatutária. As empresas públicas e as socie-
de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclu- dades de economia mista, que se enquadram no conceito
sivamente público. São criadas para exploração de atividade de administração indireta, podem contratar por vínculo
econômica ou prestação de serviço, em razão da necessária trabalhista aqueles que virão a cumprir suas funções, que
intervenção do poder público, principalmente como forma são denominados empregados públicos.
de fomentar determinado setor. Como exemplo, pode-se A Emenda Constitucional nº 19, de 1998, excluiu do art. 39
citar a Caixa Econômica Federal e a Empresa Brasileira de da Constituição Federal a previsão de regime jurídico único de
Correios e Telégrafos. contratação, que era obrigatório para os entes da administração
direta, fundações e autarquias. Dessa forma, ficavam autoriza-
dos a contratar com base na Consolidação das Leis do Trabalho
• Sociedades de economia mista: assim como as em-
– CLT. Contudo, foi identificado um vício formal na emenda,
presas públicas, possuem personalidade jurídica de direito
que teria recebido votos favoráveis de número insuficiente de
privado, tendo como objetivo a exploração de atividade parlamentares, inferior ao quórum constitucional (três quintos).
econômica, sob a forma de sociedade anônima. Constitu­
Direito Constitucional

Assim, o Supremo Tribunal Federal considerou, cautelarmente,


i-se por parte do capital público e parte do capital privado, inconstitucional a alteração do caput do art. 39 da Constituição
ou seja, colaboração do Estado e do particular. Pode-se Federal, o que gerou o retorno da obrigatoriedade de contra-
citar como exemplo a Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A) e o tação exclusivamente por meio do regime jurídico único – no
Banco do Brasil S.A. âmbito federal, é regulamentado pela Lei nº 8.112/1990.
Segundo a Constituição, somente por lei específica pode- Investidura na Administração Pública
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as aos brasileiros e estrangeiros, nos termos da lei, depen-
áreas de sua atuação. dendo, como regra, de aprovação em concurso público de

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provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e direta estadual realiza concurso público para o preenchi-
a complexidade do cargo ou emprego, salvo as nomeações mento de cinquenta cargos de seu quadro de pessoal, sendo
para cargo em comissão declarado por lei como de livre o prazo de validade do concurso de dois anos, prorrogável
nomeação e exoneração. uma vez por igual período. Trinta candidatos são aprovados,
Portanto, é exceção à regra do concurso público o provi- mas apenas quinze são convocados para assumir os cargos
mento para os cargos em comissão e de confiança, os quais nos dois primeiros anos. O concurso tem sua validade pror-
podem ser de livre nomeação e exoneração, conforme o rogada, mas, passado um ano, ninguém mais é convocado,
interesse da administração pública. a despeito de ainda haver necessidade de preenchimento
O concurso público é a forma de consagração do princípio da totalidade das vagas remanescentes. Nessa hipótese, o
da igualdade, pois oferece oportunidade, indistintamente, órgão da administração poderá realizar novo concurso, para
aos candidatos. A jurisprudência do Supremo Tribunal o preenchimento das vagas remanescentes, mesmo durante
Federal entende que é possível fazer exigências específicas o prazo de validade do concurso anterior, mas deverá dar
em certos concursos públicos em razão do cargo a ser ocu- prioridade aos aprovados naquele, sobre novos concursados,
pado, como ocorre, por exemplo, nos concursos públicos para assumirem os cargos.
para policial, em que se fazem imperiosas determinadas Apesar da natureza jurídica de Direito Privado, as em-
condições. Para citar um exemplo: em um concurso público presas públicas e as sociedades de economia mista pre-
para o cargo de mergulhador policial, seria praticamente cisam contratar os seus empregados por meio de concurso
inviável o ingresso de candidato com idade mais avançada. É público.
por isso que os requisitos estipulados no edital do concurso
público devem corresponder, diante da proporcionalidade, Cargos de Confiança e em Comissão
à natureza do serviço a ser prestado.
Destaca-se que é ilegal a reprovação em con­curso pú- Não se faz necessário o concurso público. Seus ocupan-
blico com base em critério subjetivo, como pode ocorrer tes são demitidos conforme a vontade do administrador –
pelo exame psicotécnico, sem lei que preveja essa etapa de ad nutum. Entretanto, é de se ressaltar que esses cargos
seleção, assim como seus critérios. devem estar limitados às funções de direção, chefia e asses-
A admissão para cargo sem concurso público, salvo as ex- soramento. Há também um limite de cargos em comissão a
ceções constitucionais, implica a nulidade do ato e a punição serem ocupados por servidores públicos efetivos, que será
da autoridade responsável, nos termos da lei. indicado pela lei, assim como suas condições e percentuais
A lei reserva percentual dos cargos e empregos públicos mínimos para preenchimento.
para as pessoas portadoras de deficiência e também define • cargo de confiança: preenchidos por pessoas que já
os critérios de sua admissão. são servidores públicos;
• cargo em comissão: preenchidos por pessoas que não
Concurso Público e Prazo de Validade fazem parte do serviço público.

Será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual pe- Direitos dos Servidores
ríodo. Durante esse prazo previsto no edital do concurso pú-
blico, o candidato aprovado será convocado com prioridade Além dos direitos já abordados, como a greve e a sindi-
sobre novos concursados para assumir o cargo ou emprego calização, outros direitos, originalmente atribuídos a outros
na carreira. A título de exemplo: órgão da administração trabalhadores, são estendidos aos servidores públicos.

Descrição resumida Texto constitucional Dispositivo


Salário mí­nimo salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a 7º, IV
suas necessidades vitais básicas e às de sua família como moradia, alimen-
tação, edu­cação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
social, com reajustes perió­dicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo
vedada sua vinculação para qualquer fim;
Salário mínimo aos que perce- garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remu- 7º, VII
bem remuneração variável neração variável;
Décimo-ter­ceiro décimo-terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 7º, VIII
aposentadoria;
Remuneração superior para o remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 7º, IX
trabalho noturno
Salário-fa­mília salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda 7º, XII
nos termos da lei;
Jornada de trabalho de oito duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta 7º, XIII
horas e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da
Direito Constitucional

jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;


Repouso semanal remunerado repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 7º, XV
Hora extra remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta 7º, XVI
por cento à do normal;
Férias gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do 7º, XVII
que o salário normal;
Licença à gestante licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração 7º, XVIII
de cento e vinte dias;
Licença-paternidade licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 7º, XIX

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Proteção do mercado de traba- proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especí- 7º, XX
lho da mulher ficos, nos termos da lei;
Redução dos riscos redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, 7º, XXII
higiene e segurança;
Isonomia salarial proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de 7º, XXX
admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

Estabilidade cargo na administração pública, até que foi aprovada uma


lei federal extinguindo o referido cargo. Nesse caso, Bruno
A estabilidade do servidor público garante que o ocupan- ficará em disponibilidade com remuneração proporcional
te somente perderá o cargo em quatro hipóteses: ao tempo de serviço.
• sentença judicial transitada em julgado;
• processo administrativo em que seja assegurada a Livre Associação Sindical e Direito de Greve
ampla defesa;
• avaliação periódica de desempenho; Aos servidores públicos civis é garantido o direito de
• adequação dos gastos públicos à lei complementar associarem-se às entidades de classe (sindicatos), assim
que define o limite de gastos com o funcionalismo público como ocorre na iniciativa privada. Os membros das Forças
(art. 169, § 4º, da CF). Armadas, das Polícias Militares e do Corpo de Bombeiros
Militar têm seus direitos associativos restringidos em razão
O dispositivo estabelece, portanto, hipóteses de relati- do grau de hierarquia e disciplina exigidas na carreira. É de
vização das regras de estabilidade. Essas regras, porém, não se destacar que o direito de greve dos servidores públicos
podem ser estendidas àqueles agentes que sejam dotados de exige lei específica para sua regulamentação. Trata-se de
vitaliciedade. No caso da vitaliciedade, as hipóteses de perda norma constitucional de eficácia limitada.
são as taxativamente estabelecidas no art. 95 e no art. 128.
O direito de a Administração Pública Federal punir seus Contratação por Tempo Determinado
servidores prescreve em cinco anos em relação às infrações
passíveis de demissão, cassação de aposentadoria ou dispo- Essa é mais uma forma de exceção à regra do concurso
nibilidade e destituição de cargo em comissão, contados a público, pois a contratação se faz independentemente desse
partir da data em que o fato tornou-se conhecido. processo. São dois os requisitos para contratação temporária:
A estabilidade será alcançada após três anos de efetivo a) excepcional interesse público, de forma que não se possa
exercício, sendo exigida, como condição obrigatória, a ava- aguardar todo o processo de realização de um concurso público;
liação especial de desempenho por comissão instituída para b) por tempo determinado; c) hipóteses expressamente
essa finalidade. previstas em lei. Um exemplo é a contratação de médicos
As três primeiras hipóteses de perda do cargo por servi- para sanar uma epidemia.
dor estável podem ser encontradas no art. 41 da Constitui-
ção Federal. A quarta hipótese encontra-se no art. 169 da Remuneração dos Servidores Públicos
Constituição Federal e refere-se à necessidade de adequação
das finanças do Estado aos percentuais previstos na Lei de Pode ocorrer de duas formas: a) vencimento; e b) sub-
Responsabilidade Fiscal, podendo alcançar inclusive servi- sídio.
dores já estáveis. • vencimentos: admite várias parcelas, como indeni-
Nesse caso, deverão ser reduzidos primeiramente 20% zações, adicionais, gratificações, abonos, dentre outras,
dos cargos em comissão e os servidores não estáveis. Não acrescido do vencimento (vencimento + parcelas extras);
sendo o bastante para adequar os gastos aos limites estabele- • subsídios: é fixado em parcela única, vedado o acrés-
cidos na lei complementar, deverão ser exonerados também cimo de qualquer verba extra;
os servidores já estáveis, sendo devida indenização corres- Já o salário é a remuneração paga aos empregados pú-
pondente a uma remuneração por ano de serviço prestado. blicos da administração pública direta e indireta regidos pela
Outra hipótese de perda do cargo, não vinculada, nesse CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
caso, à estabilidade, foi inserida pela Emenda Constitucional A remuneração ou subsídio, como veremos, deve levar
nº 51/2006 e refere-se à possibilidade de o agente comunitá- em consideração o grau de complexidade e responsabilida-
rio de saúde ou de combate às endemias perder o cargo caso de, suas peculiaridades, a natureza do cargo e os requisitos
não cumpra os requisitos específicos para o seu exercício, para ingresso.
que serão previstos em lei. A remuneração é irredutível, salvo exceções previstas na
O servidor público efetivo possui a prerrogativa da rein- própria Constituição, como o caso de aumento na alíquota
tegração. Se a demissão do servidor estável for invalidada do imposto de renda.
por sentença judicial, esse servidor será reintegrado, sendo Alguns cargos obrigatoriamente devem receber remu-
que o eventual ocupante da vaga, se também estável, será: neração por subsídio, como os políticos, os juízes, os procu-
• reconduzido ao cargo de origem, sem direito à inde- radores, os promotores, os Ministros de Estado e os Secre-
Direito Constitucional

nização; tários Estaduais e Municipais. Mas nada impede que outras


• aproveitado em outro cargo; ou carreiras também recebam por meio de subsídio, desde que
• posto em disponibilidade com remuneração propor- haja previsão em lei específica.
cional ao tempo de serviço. Deve-se observar a legitimação para apresentar projetos
de lei que visem a fixar ou alterar vencimentos ou subsídios
Se o cargo público for extinto ou for declarada a sua dos servidores públicos, como no caso do Poder Executivo,
desnecessidade, o servidor estável deve ficar em disponibi- em que se exige iniciativa privativa do Chefe do Poder Exe-
lidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço, cutivo. Também deve-se atinar para a iniciativa privativa em
até seu adequado aproveitamento em outro cargo. Ex.: Bru- cada caso: Chefe do Executivo, Tribunais, Ministério Público
no, servidor público federal, ocupou por exatos 5 anos um e Tribunais de Contas. Cada órgão remete ao legislativo pro-

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jeto de lei, devendo todos observar os limites estabelecidos em lei. A indenização considera-se como ressarcimento por
para os servidores do Executivo (art. 37, XII). A Constituição dinheiro gasto pelo servidor.
assegura revisão geral e anual, sempre na mesma data e sem
distinção de índices da remuneração dos servidores públicos. Acumulação de Cargos Públicos
Ao contrário da iniciativa privada, é vedada a vin­culação
ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
o efeito de remuneração de pessoal do serviço público, cos, exceto quando houver compatibilidade de horários,
salvo, em alguns casos, em que a própria Constituição faz e observando-se sempre o teto do funcionalismo público:
vinculação ou equiparação: é o que ocorre com os Ministros • a de dois cargos de professor;
dos Tribunais de Contas, que são equiparados aos Ministros • a de um cargo de professor com outro técnico ou
do Superior Tribunal de Justiça, com a vinculação entre científico;
os subsídios dos Ministros do STF com os do STJ e demais • a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais
magistrados. de saúde, com profissões regulamentadas.
A Constituição Federal fixa um teto remuneratório para
o funcionalismo público, tendo como parâmetro limite o Ex.: Joaquim, servidor público federal, é médico, ocupa
subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo cargo privativo de profissional de saúde, com profissão regu-
Tribunal Federal. Nos Municípios, o teto, no âmbito do Poder lamentada, tendo ingressado no serviço público por concurso
há dez anos. Joaquim pretende prestar novo concurso públi-
Executivo, é o subsídio dos prefeitos. Nos Estados e no Distri-
co com o objetivo de cumular, de forma remunerada, dois
to Federal, da mesma forma, no âmbito do Poder Executivo,
cargos públicos. A Constituição Federal admite, em situações
o  subsídio mensal do governador, e  no âmbito do Poder
excepcionais, a acumulação remunerada de cargos públicos,
Legislativo, o teto é os subsídios dos deputados estaduais desde que haja compatibilidade de horários. No caso narra-
e distritais. No Poder Judiciário Estadual, o teto do subsídio do, Joaquim somente poderá cumular se o segundo cargo
é o fixado para os desembargadores do Tribunal de Justiça público for privativo de profissional de saúde, com profissão
(que corresponde a 90,25% do subsídio do Ministro do STF), regulamentada.
sendo esse mesmo limite aplicado aos membros do Minis-
tério Público, aos procuradores e aos defensores públicos. É de se destacar que a acumulação de aposentadorias
somente é permitida nos cargos em que haja possibilidade
Teto Remuneratório de acumulação na ativa.
O Supremo Tribunal Federal entende que não pode haver
acumulação de proventos com remuneração na atividade,
UNIÃO

Executivo, Legislativo e Judiciário: quando os cargos efetivos de que decorrem ambas as remu-
Subsídio mensal em espécie, dos Ministros do STF. nerações não sejam acumuláveis na atividade.
Executivo: o subsídio mensal do governador. A proibição de acúmulo da remuneração estende-se a
Legislativo: o subsídio mensal dos deputados estaduais empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
ESTADOS E DF

presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-


ou distritais.
diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
Judiciário: o subsídio dos desembargadores do Tribunal
pelo poder público.
de Justiça, limitados a 90,25% dos subsídios dos Minis-
tros do STF; assim como aos membros do Ministério Política Remuneratória
Público, procuradores e defensores públicos.
A política de remuneração dos servidores deverá, na
MUNICÍPIOS

fixação dos padrões de vencimento e vantagens, observar:


Executivo e Legislativo: • natureza, grau de responsabilidade e complexidade
Subsídio do prefeito. da função;
• requisitos para investidura;
• peculiaridades dos cargos.
Observações:
• Todas as categorias devem observar a norma que esta- O valor das remunerações e dos subsídios deve ser pu-
belece o teto remuneratório previsto no art. 37, XI, CF: “[...] blicado anualmente (princípio da publicidade).
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ademais, devem ser previstos cursos e programas de
aperfeiçoamento dos servidores públicos, o  que deve ser
Ministros do Supremo Tribunal Federal [...]”. Por isso que, no
requisito para promoção na carreira.
âmbito Estadual e Municipal, deve-se observar os subtetos.
• É facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em
Servidor Público e Mandato Eletivo
seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições
e Lei Orgânica, como limite único, o  subsídio mensal dos O servidor público da administração direta, autárquica e
desembargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado fundacional, no exercício do mandato eletivo, tem o seguinte
a 90,25% do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tri-
Direito Constitucional

regimento:
bunal Federal, não se aplicando aos subsídios dos deputados • tratando-se de mandato eletivo federal, esta­dual ou
estaduais e distritais e dos vereadores. distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
• Os salários dos empregados públicos das empresas pú- • investido no mandato de prefeito, será afastado do
blicas e das sociedades de economia mista, assim como suas cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
subsidiárias, só estarão submetidas ao teto geral se essas sua remuneração;
pessoas jurídicas receberem recursos da União, dos Estados, • investido no mandato de vereador, havendo compati-
do DF ou dos municípios para pagamento das despesas de bilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
pessoal ou de custeio em geral (CF, art. 37, § 9º). emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
• Não serão computadas, para efeito dos limites remune- eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
ratórios citados, as parcelas de caráter indenizatório previstas norma do inciso anterior;

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• em qualquer caso que exija o afastamento para o geral (art. 201) + 70 % do excedente (se houver) caso
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será já aposentado à época do óbito;
contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção • ao valor integral da remuneração do servidor, até o
por merecimento; limite dos benefícios concedidos pelo regime geral
• para efeito de benefício previdenciário, no caso de (art.  201) + 70 % do excedente (se houver) caso o
afastamento, os  valores serão determinados como se no servidor esteja em atividade na data do óbito.
exercício estivesse.
Vamos entender, demonstrando matematicamente,
Aposentadoria dos Servidores Públicos como isso ocorre. Imagine que o servidor ganhe R$ 13.000
e o teto seja R$ 3.000. O excedente será R$ 10.000; 70 % do
Os servidores titulares de cargos efetivos, incluí­dos os excedente será, então, 7.000, que, somados aos R$ 3.000 ini-
de autarquias ou fundações, terão direito a um regime de ciais, referentes ao teto, totalizará uma pensão de R$ 10.000.
previdência de caráter contributivo e solidário, observado o Antes da reforma da previdência de 2003, havia a pre-
equilíbrio financeiro e atuarial. Apesar do caráter contribu- visão de que os proventos das aposentadorias e pensões
tivo do regime próprio de previdência, é cabível a aplicação seriam reajustados na mesma proporção e data da remu-
da penalidade de cassação de aposentadoria em virtude de neração dos servidores da ativa, incluindo reclassificações
faltas cometidas pelo servidor quando em atividade. ou alteração dos cargos e quaisquer outras vantagens. Havia
A aposentadoria pode ser concedida em três hipóteses: uma vinculação, portanto, entre o valor das remunerações
• por invalidez permanente. Nesse caso, os proventos e o valor das aposentadorias. Com a reforma, alterou-se o
serão proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se §  8º do art.  40 para que se assegurasse o reajustamento
decorrer de acidente em serviço, moléstia profissional ou dos benefícios em caráter permanente apenas de modo a
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei. Caso preservar o seu valor real. Há, portanto, a possibilidade de se
o servidor seja aposentado em virtude de doença ou moléstia reajustar de forma diferenciada os proventos dos ativos e dos
não especificada na lei, os proventos serão proporcionais; inativos. Cabe ressaltar que esse reajuste pode ser veiculado
• compulsoriamente. Quando completar setenta anos de por medida provisória editada pelo Presidente da República.
idade ou, nos termos de lei complementar, quando completar A partir da Emenda Constitucional nº 47/2005, podem ser
setenta e cinco anos de idade. Os proventos também serão privilegiados com regras especiais de aposentadoria, median-
proporcionais ao tempo de contribuição; te lei complementar, servidores portadores de deficiência,
• voluntariamente. A aposentadoria voluntária poderá os que exercem atividades de risco e aqueles cujas atividades
ser integral ou proporcional ao tempo de contribuição. An- sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem
tes de tratarmos, porém, dos requisitos para cada tipo de a saúde ou a integridade física. Outro benefício concedido
aposentadoria voluntária, vamos enumerar dois requisitos àqueles que possuem doença incapacitante consiste no di-
genéricos, aplicáveis às duas formas de aposentadoria volun- reito de pagar contribuição sobre aposentadoria ou pensão,
tária. São requisitos genéricos: 10 anos no serviço público e imposição criada pela Emenda Constitucional nº 41/2003,
5 anos no cargo em que se requer a aposentadoria. Vejamos que cabe apenas quando os proventos excederem o dobro
os requisitos específicos para a aposentadoria voluntária: do limite estabelecido para os benefícios do regime geral da
– integral: 60 anos de idade e 35 anos de contribuição previdência social.
para homens; ou 55 anos de idade e 30 anos de contribuição Há a possibilidade de contagem recíproca das contribui-
para as mulheres; ções pagas a instituições previdenciárias federais, estaduais
– proporcional: 65 anos de idade, se homem; 60 anos, ou municipais.
se mulher. Não poderá haver contagem fictícia de tempo. Um exem-
Os valores pagos a título de aposentadoria não podem plo muito comum que acontecia era o de leis que permitiam
exceder a remuneração do cargo efetivo. Os proventos de a servidores públicos terem o tempo de licença-prêmio não
aposentadoria serão equivalentes à base de cálculo da sua gozada em dobro ou em triplo, para efeitos de aposentadoria.
contribuição previdenciária. Para aqueles servidores que O Poder Executivo deve iniciar processo legislativo visan-
não ingressaram no serviço público antes da Emenda Cons- do instituir regime de previdência complementar, formado
titucional nº 41 de 2003, será aplicado o teto diferenciado por entidades fechadas de previdência, de natureza pública,
das aposentadorias, desde que instituída a previdência que oferecerão planos de benefícios na moda­lidade de con-
complementar (art. 40, § 3º). Esse teto deve ser revisto de tribuição definitiva, optativos aos servidores.
modo a preservar-lhe o seu valor real, equivalendo ao teto Com a reforma da previdência (Emenda Constitucional
dos benefícios pagos aos beneficiários do regime geral de nº 41/2003), começou a incidir contribuição previdenciária
previdência. sobre os proventos de aposentadoria e pensão que superem
Os professores que se dedicam ao magistério terão uma o limite do Regime Geral da Previdência, o que era vedado
diminuição de cinco anos nos prazos específicos de conces- pela ordem constitucional anterior.
são da aposentadoria voluntária integral. A Suprema Corte O servidor que já tenha tempo para se aposentar volun-
mudou o entendimento de que o professor que trabalha em tariamente com proventos integrais, mas opte por continuar
cargos burocráticos dentro da Secretaria de Educação não trabalhando, terá um abono de permanência correspondente
faz jus ao referido benefício (Súmula nº 726/STF). A partir do ao valor da contribuição previdenciária.
Direito Constitucional

julgamento proferido na ADI nº 3.772, o STF decidiu que as Por fim, a Emenda Constitucional nº 41/2003 trouxe a
funções de direção, coordenação e assessoramento pedagó- estipulação de que deve haver apenas um regime de previ-
gico integram a carreira do magistério, desde que exercidos dência social para as carreiras públicas, bem como a exis-
em estabelecimentos de ensino básico, por professores de tência de uma única unidade gestora para cada ente estatal.
carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo Em qualquer caso, será preservado o direito adquirido
jus aqueles que as desempenham ao regime especial de dos servidores que já estavam em condições de se aposentar
aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 4º, e 201, § 1º, à data das reformas. Não está incluído dentre o rol de direitos
da Constituição Federal. adquiridos o regime jurídico aplicável aos já aposentados,
O valor das pensões por morte corresponderá: que, por exemplo, não poderão arguir o disposto no art. 5º,
• ao valor integral dos proventos do servidor falecido, XXXVI, da CF, para se eximirem de recolher contribuição
até o limite dos benefícios concedidos pelo regime previdenciária.

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As aposentadorias e pensões daqueles que exercem Ou quando o Presidente da República (Chefe do Executivo)
cargos em comissão será concedida pelo Regime Geral de edita uma medida provisória. Ou, ainda, quando o Legislativo,
Previdência Social (RGPS). por meio do Senado Federal, julga o Presidente da República
Cabe lembrar que as regras do art. 40 da Constituição em crimes de responsabilidade – processo de impeachment,
Federal são de observância obrigatória aos Estados, o que sob a presidência do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
significa que será eivada de inconstitucionalidade uma nor- As situações de controle que um Poder pode exercer
ma estadual que disponha de modo diverso do disposto na sobre o outro não está ao livre dispor de cada um, mas
Carta Maior. literalmente estipuladas no texto da Constituição Federal,
pois são consideradas como uma forma de exceção à regra
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES da Separação dos Poderes.
São exemplos extraídos da Constituição Federal os
O sistema de Separação dos Poderes estabelece a tri- seguintes:
partição de Poderes: Poder Executivo, Poder Legislativo e
Poder Judiciário. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presiden-
Alguns autores costumam não aceitar a divisão dos Pode- te da República poderá adotar medidas provisórias,
res, considerando que o Poder Político do Estado é uno e indi- com força de lei, devendo submetê‑las de imediato
visível. Entendem que a divisão seria das funções do Estado, ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda
entre órgãos diferentes e especializados, preferindo‑se falar Constitucional nº 32, de 2001);
em Função Executiva, Função Legislativa e Função Judiciária. Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de
A Separação de Poderes é um sistema pensado por seus membros ou dos membros do respectivo órgão
especial poderão os tribunais declarar a inconstitu-
Montesquieu, que evita a concentração de forças na mão de
cionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.
uma única pessoa ou instituição. Este sistema surgiu com o
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
escopo de derrubar os Estados Absolutistas, que consistiam
I – processar e julgar o Presidente e o Vice‑Presidente
na concentração de poderes no Monarca, acabando por
da República nos crimes de responsabilidade, bem
consagrar os Modelos Liberais de Estado. É um sistema que
como os Ministros de Estado e os Comandantes da
privilegia os direitos individuais dos cidadãos.
Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes
• Poder Legislativo (Função Legislativa): elaboração de
da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação
leis gerais e abstratas.
dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 2/9/1999)
• Poder Executivo (Função Executiva): administração
do Estado. Cabe destacar, ainda, que o sistema de Separação de
• Poder Judiciário (Função Judiciária): aplicação da lei Poderes está consagrado no art. 2º da Constituição Fe­deral,
ao caso concreto nas disputas judiciais. ao estabelecer que os Poderes Executivo, Legislativo e
A característica principal da Separação de Poderes está Judiciário da União são independentes e harmônicos entre si.
no sistema de freios e contrapesos, ou seja, até mesmo para
não se concentrar funções específicas em um único Poder, Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmô-
admite‑se que haja interferências recíprocas como forma de nicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
controle de um Poder sobre o outro. Essa denominação de
freios e contrapesos vem do direito norte‑americano (checks
and balances), significando que a separação de poderes não
Poder Legislativo
é absoluta (rígida). No mesmo sentido, a função típica do
A Constituição Federal determina que o Poder Legislativo
Poder Legislativo é legislar, do Poder Executivo, administrar
da União é exercido pelo Congresso Nacional, dividido em
e do Poder Judiciário, exercer a jurisdição. Contudo, cada
duas casas – Câmara dos Deputados e Senado Federal –
um dos poderes exerce, em pequena proporção, função que a quem incumbe a função típica de elaboração de leis (sen-
seria originariamente de outro. Isso ocorre para assegurar-se tido amplo). Esse modelo é denominado bicameral.
a própria autonomia institucional de cada poder e para que O modelo bicameral é uma forma de se prestigiar o equi-
um poder exerça, em última instância, um controle sobre o líbrio federativo, pois a Câmara dos Deputados representa o
outro, evitando-se o arbítrio e o desmando. povo, enquanto o Senado representa os Estados‑membros.
Assim é que, por exemplo, o Poder Executivo pode A sede, Congresso Nacional, desenhada pelo arquiteto
exercer a edição de medidas provisórias, mesmo conside- Oscar Niemeyer, reflete o espírito idealizado do modelo
rando que a função típica de legislar é do Poder Legislativo. bicameral ao formar‑se por duas cúpulas distintas, uma
Outro exemplo é quando um tribunal vem a declarar a voltada para baixo, local de reflexão da autonomia política
inconstitucionalidade de uma lei, excluindo‑a do mundo dos Estados‑membros da Federação, em que se reúnem
jurídico, fazendo nada mais que legislar negativamente, os senadores, enquanto que a outra é voltada para cima,
ao “revogar” determinada norma jurídica, função típica do está aberta aos anseios populares, local de reunião dos
Poder legislativo. deputados federais.
Nesse sentido é que se fala em função típica e atípica.
Direito Constitucional

No âmbito estadual, o modelo seguido é o unicameral,


Típica quando o órgão exerce suas atribuições específicas correspondendo o Poder Legislativo na Assembleia Legisla-
definidas pela Constituição e atípicas quando o órgão exerce tiva, que é formada apenas por deputados estaduais.
uma função que, em princípio, é de outro Poder. No âmbito municipal, também, se adota o modelo
Função típica é quando o Poder Legislativo elabora leis, unicameral, ou seja, com a existência de uma única Casa
gerais e abstratas, dotadas de impositividade a todos os Legislativa.
cidadãos, ou quando o Judiciário julga os casos que lhes são • União: Congresso Nacional, composto pela Câmara dos
apresentados, ou, ainda, quando o Executivo administra o Deputados e pelo Senado.
Estado. • Estados: Assembleia Legislativa.
Função atípica é quando, por exemplo, o Judiciário, por • Distrito Federal: Câmara Legislativa.
meio do Tribunal de Justiça, elabora o seu regimento interno. • Municípios: Câmara Municipal.

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Câmara dos Deputados de 1/3 e 2/3, ou seja, votação de um para determinada
eleição e votação de dois para a próxima eleição e assim
A Câmara dos Deputados, como dito, representa a socie- sucessivamente.
dade brasileira, de uma forma geral, tendo a sua composição Todos os Estados‑membros possuem o mesmo número
definida pela Constituição por meio de eleição proporcional, de representantes (três), ou seja, 26 Estados‑membros e do
em que o candidato, para ser eleito, deve alcançar certo Distrito Federal x 3 = 81 senadores.
número de votos, que será definido pelo quociente eleitoral.
Por meio desse sistema, tanto partidos maiores, como os Atribuições Privativas da Câmara dos Deputados e do
menores, ou seja, com pouca reper­cussão eleitoral, podem Senado Federal
compor a casa legislativa.
É assegurado a cada Estado, pelo sistema proporcional, Determinadas atribuições são exclusivas de cada Casa
o número mínimo de oito e o máximo de setenta deputados Legislativa do Congresso Nacional, não necessitando ser
federais, bem como o fixo de quatro para cada Território, aprovadas pela outra para que sejam consideradas válidas.
caso venha a ser criado. Podem ser destacadas algumas atribuições privativas
O número de deputados que irá representar os Estados da Câmara dos Deputados: autorização da instauração de
e o Distrito Federal é fixado por meio de lei complementar, processo contra o Presidente e o Vice‑Presidente da Re-
conforme a população. O Tribunal Superior Eleitoral, após pública e os Ministros de Estado (art. 51, I, CF); proceder à
as informações do IBGE acerca das estatísticas demográficas tomada de contas do Presidente da República, quando não
das unidades federadas, estabelecerá o número de cargos apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta
que cada Estado e o Distrito Federal possui, observando‑se dias após a abertura da sessão legislativa (art. 51, II, CF);
o limite acima apontado. elaborar seu regimento interno (art. 51, III, CF). O Senado
Federal tem como importante atribuição o julgamento no
Senado Federal processo de impeachment de autoridades como o Presi-
dente e Vice‑Presidente nos crimes de responsabilidade
O Senado Federal é composto por três representantes (art. 52, I).
dos Estados e do Distrito Federal, sendo eleitos pelo sistema Percebe‑se, como regra geral, que o Senado Federal tem
majoritário, ou seja, ganha o candidato que obtiver o maior como competências: a) o julgamento por crimes de respon-
número de votos. sabilidade; b) a aprovação de nomeação para determinados
Os senadores são eleitos para mandatos de oitos anos, cargos públicos; c) operações financeiras. Trata‑se apenas
com dois suplentes. A renovação obedece à forma alternada de uma forma mais simples de se entender todas as com-
de quatro em quatro anos, significando, portanto, que haverá petências fixadas pelo texto da Constituição, não evitando,
eleições para senadores de quatro em quatro anos, porém contudo, a leitura do texto constitucional, a seguir transcrito:

Câmara dos Deputados Senado Federal


I – autorizar, por dois terços de seus I – processar e julgar o Presidente e o Vice‑Presidente da República nos crimes
membros, a instauração de processo de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da
contra o Presidente e o Vice‑Presidente Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos
da República e os Ministros de Estado; com aqueles;
II – proceder à tomada de contas do II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros
Presidente da República, quando não do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público,
apresentadas ao Congresso Nacional o Procurador‑Geral da República e o Advogado‑Geral da União nos crimes de
dentro de sessenta dias após a abertura responsabilidade;
da sessão legislativa; III – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de:
III – elaborar seu regimento interno; a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
IV – dispor sobre sua organização, b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da Re-
funcionamento, polícia, criação, trans- pública;
formação ou extinção dos cargos, c) Governador de Território;
empregos e funções de seus serviços, d) Presidente e diretores do Banco Central;
e a iniciativa de lei para fixação da e) Procurador‑Geral da República;
respectiva remuneração, observados f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
os parâmetros estabelecidos na lei de
IV – aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta,
diretrizes orçamentárias;
a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V – eleger membros do Conselho da
V – autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União,
República, nos termos do art. 89, VII.
dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI – fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante
Direito Constitucional

da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;


VII – dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo
e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII – dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em
operações de crédito externo e interno;
IX – estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X – suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;

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XI – aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do
Procurador‑Geral da República antes do término de seu mandato;
XII – elaborar seu regimento interno;
XIII – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transforma-
ção ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa
de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros esta-
belecidos na lei de diretrizes orçamentárias;
XIV – eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
XV – avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em
sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributá-
rias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente
o do Supremo Tribunal Federal, limitando‑se a condenação, que somente será
proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com
inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das
demais sanções judiciais cabíveis.

Atribuições do Congresso Nacional presidida pelo Presidente do Senado Federal, enquanto os


demais cargos são exercidos, alternadamente, pelos ocupan-
A doutrina classifica em grupos as atribuições mais rele- tes de cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no
vantes do Congresso Nacional: Senado Federal. A importância do cargo está na direção dos
• Legislativa: trata‑se da função típica de legislar, obe- trabalhos, a elaboração da pauta, a condução das votações,
decendo aos passos de elaboração do texto, discussão e a proclamação do resultado.
aprovação de projetos, que ainda serão submetidos à sanção Há a Mesa da Câmara dos Deputados, a Mesa do Senado
ou veto do Presidente da República, resguardando a compe- Federal e a Mesa do Congresso Nacional. São órgãos dire-
tência legislativa da União; tores das Casas do Congresso. Sua composição é matéria
• Fiscalização e controle: tem como função fiscalizar e regimental e cada Casa disciplina como melhor lhe parecer.
controlar os atos do Poder Executivo, seja da Administração O art. 58, § 1º, da Constituição Federal, todavia, impõe que
direta (União), seja da indireta (autarquias, fundações, na constituição das Mesas seja assegurada, tanto quanto
empresas públicas e sociedades de economia mista). possível, a representação proporcional dos partidos ou dos
A título exemplificativo, a fiscalização pode ocorrer por blocos parlamentares que participam da respectiva casa.
meio de: As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
– pedidos de informações aos Ministros ou diretores de serão eleitas respectivamente pelos deputados e senadores,
órgãos diretamente subordinados ao Presidente da para mandato de dois anos, vedada a recondução para o
República; mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente. Tal
– convocação de Ministros para esclarecimentos sobre regra (art. 57, § 4º, CF) não é de reprodução obrigatória nas
assuntos relevantes no âmbito do Ministério relacio- Constituições Estaduais, que poderão estabelecer normas
nado; diversas, inclusive com a possibilidade de reeleição.
– Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs); As comissões são órgãos constituídos para exame de
– controle externo do dinheiro público com o auxílio do determinadas matérias, antes da votação em Plenário.
Tribunal de Contas da União. Podem ser:
• Comissões permanentes: são instituídas em razão da
• Julgamento de crimes de responsabilidade: compete matéria. Destaca‑se a Comissão de Constituição e Justiça e
à Câmara dos Deputados autorizar a instauração do proces- de Orçamento. São várias as especializações das comissões
so no caso de crimes comuns e de responsabilidade, e ao como a de Ciên­cia e Tecnologia, de Comunicação e Infor-
Senado Federal processar e julgar a acusação no processo mática; de Finanças e Tributação; de Meio Ambiente e de
de impeachment. Desenvolvimento Sustentável etc.
– Câmara dos Deputados: autoriza a instauração do • Comissão temporária ou especial: é instituída para
processo; uma determinada finalidade, extinguindo‑se pela conclusão
– Senado Federal: julgar altas autoridades no caso de dos trabalhos, pelo decurso do prazo ou pelo término da
acusação por processo de impeachment. legislatura. A principal forma é a Comissão Parlamentar de
• Constituinte: ao Congresso Nacional compete a Inquérito (CPI).
aprovação de emendas à Constituição, ou seja, reformar a • Comissão mista: é composta por membros da Câmara
Constituição; dos Deputados e do Senado Federal. Há uma previsão ex-
• Deliberativa: tal atribuição está prevista nos arts. 49, 51 pressa de Comissão Mista de Orçamento (art. 166, § 1º, CF).
Direito Constitucional

e 52 da CF, destacando‑se a aceitação de acordos, tratados • Comissão representativa: é formada no período de


ou atos internacionais; sustar os atos do Poder Executivo recesso parlamentar para representar o Congresso Nacional
que exorbitem do seu poder regulamentar ou dos limites da (art. 58, § 4º, CF).
delegação legislativa, sendo realizada por meio de resolução • Comissão Parlamentar de Inquérito: é uma comissão
ou decreto legislativo. instituída para investigar e apurar fato determinado, por
prazo certo, com poderes de investigação próprios das au-
Mesas Diretoras e Comissões toridades judiciais, sendo as conclusões encaminhadas ao
Ministério Público analisar a viabilidade de se interpor ação
As mesas são órgãos de direção do Congresso Nacional e cível ou criminal contra os infratores. Trata‑se de importante
de suas Casas Legislativas. A Mesa do Congresso Nacional é função de fiscalização pelo Poder Legislativo.

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– Requisitos para instauração da CPI: nal e pelo entendimento da doutrina e da jurisprudên-
a) requerimento de 1/3 dos membros da respectiva cia. Assim, é vedado à CPI:
Casa Legislativa; a) decretar prisão, salvo em flagrante delito;
b) deve ter prazo certo para terminar; b) decretar mandado de busca e apreensão domiciliar;
c) investigação e apuração de fato determinado. Não c) decretar a quebra do sigilo telefônico em se tra-
pode haver investigação sobre assuntos genéricos, tando de conversas telefônicas, admitindo‑se,
como queria se abrir uma CPI do Judiciário, sem exclusivamente, quanto aos registros de chamadas
delimitar fato(s) específico(s). já realizadas;
– Poderes da CPI: as CPIs possuem poderes semelhantes d) a punição de delitos, considerando que a mesma
ao de um juiz em se tratando de investigação judicial. apenas tem poder de investigação, competindo
ao Ministério Público, em sendo o caso, oferecer
Atenção! Não se trata dos mesmos poderes de um juiz mas denúncia contra os acusados, restando ao Poder
de poderes próprios (ainda que semelhantes), o que não Judiciário eventual punição.
significa necessariamente os mesmos. Portanto, podem
colher depoimentos, ouvir indiciados, inquirir testemunhas, Estatuto dos Congressistas
requisitar documentos e buscar todos os meios de prova
legalmente admitidos. Importante saber que os dados, infor- Algumas garantias são reservadas aos parlamentares,
mações e do­cumentos, mesmo que resguardados por sigilo, como membros do Poder Legislativo, no sentido de res-
podem ser objeto de investigação pela CPI, observando as guardar a liberdade de atuação sem pressões políticas e
cautelas legais, ou seja, pode haver quebra do sigilo fiscal, econômicas existentes na sociedade. Tais garantias, como
bancário, e de dados, incluindo‑se também o telefônico regra, não podem ser renunciadas, como no caso das imu-
(apenas os registros relacionados com chamadas telefônicas nidades, haja vista não ser direito do parlamentar, mas da
realizadas), além de poder determinar buscas e apreensões, função que ele exerce.
resguardando‑se o princípio da inviolabilidade domiciliar. A Constituição estabelece uma série de prerrogativas,
direitos, imunidades e incompatibilidades direcionadas aos
– Limites da CPI: a CPI não tem poder ilimitado, estando deputados federais e senadores, sendo conhecidos pela
sujeita a restrições estabelecidas no texto constitucio- doutrina de Estatuto dos Congressistas.

PRERROGATIVAS INCOMPATIBILIDADES OU IMPEDIMENTOS


• Imunidade material: inviolabilidade por opiniões, palavras Os parlamentares não podem:
e votos. Os parlamentares devem exercer seu mandato A partir da expedição do diploma:
com independência e tranquilidade, sem estarem ame- • Impedimentos funcionais: aceitar ou exercer cargo,
açados por represálias contra denúncias que fizer, votos função ou emprego remunerado em entidades da Admi-
que apresentar, entre outros. É importante dizer que o nistração Pública direta e indireta.
parlamentar pode se pronunciar na Casa Legislativa, ou • Impedimentos negociais: firmar ou manter contrato com
mesmo fora dela (na imprensa, por exemplo) – desde que órgãos da Administração Pública direta e indireta, salvo
no exercício do mandato legislativo – sem sofrer futuras quando obedecer a cláusulas uniformes.
ações civis e criminais pelo que foi dito. Essa imunidade • Impedimentos políticos: ser titulares de mais de um cargo
existe até mesmo em situação excepcional (como o estado ou mandato político eletivo. Contudo, podem ser nomeados
de sítio), só podendo ser suspensa mediante o voto de 2/3 para exercer o cargo de Ministro de Estado, Governador
da Casa respectiva, no caso de atos praticados fora do re- de Território, Secretário de Estado, Prefeitura Municipal
cinto do Congresso Nacional que sejam incompatíveis com ou Chefe de Missão Diplomática, sem perder o cargo de
a execução da medida. parlamentar. O deputado ou senador opta por uma das
• Imunidade formal, processual ou relativa: atualmente, remunerações, assumindo o suplente seu lugar durante o
o parlamentar pode ser processado pelo STF sem a prévia período em que esteja afastado.
licença da Casa Legislativa, mas se admite que seja sustado
o andamento do processo caso assim entendam seus pa- Os parlamentares não podem:
res. A iniciativa de votar acerca da suspensão do processo A partir da posse:
é do partido político e pelo voto da maioria absoluta dos • ser proprietários, controladores ou diretores de empresa
membros. O pedido de sustação deve ser apreciado pela que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurí-
Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias de seu dica de direito público, ou nela exercer função remunerada;
recebimento pela Mesa Diretora. Sendo suspenso o pro- • ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad
cesso pela Casa Legislativa, o prazo prescricional para a nutum (demissão de cargos em comissão ou confiança) na
condenação criminal pelo STF não correrá. Administração Pública direta, indireta e concessionária de
Direito Constitucional

• Não podem ser presos, salvo em flagrante de crime serviços públicos;


inafiançável: caso venha a ser preso por crime inafiançável, • patrocinar causa em que seja interessada a Administra-
os autos do processo serão remetidos em 24 horas à Casa ção Pública direta, indireta e concessionária de serviços
respectiva para que ela resolva sobre a prisão, mediante o públicos;
voto da maioria dos seus membros. • ser titulares de mais de um cargo ou mandato público
• Foro por prerrogativa de função: os deputados e senados eletivo.
são processados criminalmente perante o Supremo Tribunal
Federal durante o exercício do seu mandato, retornando o
processo para os juízes das instâncias inferiores ao término
do mandato.

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A sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição é vedada, sujeitando-se aos infratores à responsabilidade civil e criminal.
• Limitação ao poder de testemunhar sobre as informa-
ções recebidas e sobre as fontes: os parlamentares não
podem ser obrigados a prestar esclarecimentos acerca
de informações recebidas, nem sobre pessoas que lhes
confiaram ou deles receberam informações em razão do
exercício do mandato.
• Isenção do serviço militar: os parlamentares não estão
obrigados, ainda que já sejam militares, a incorporar‑se às
Forças Armadas, mesmo em tempo de guerra, salvo licença
da Casa Legislativa a que estejam vinculados.
• Vencimento: o Congresso Nacional fixará idêntico subsídio
para depu­tados e senadores, não podendo ultrapassar o
subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.
• Licença: pode ser licenciado pela respectiva Casa por
motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de
interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento
não ultrapasse 120 dias por sessão legislativa. O suplente
será convocado nos casos de vaga, de investidura em fun-
ções de Ministro, Secretário de Estado etc., ou de licença
superior a cento e vinte dias. Ocorrendo vaga e não havendo
suplente, far‑se‑á eleição para preenchê‑la se faltarem mais
de quinze meses para o término do mandato.

PERDA DO MANDATO
Perderá o mandato o deputado ou senador que:
1. infringir as proibições sobre incompatibilidades ou impedimentos;
2. praticar ato que seja atentatório ao decoro parlamentar (considera‑se decoro parlamentar os casos previstos no regimento
interno da Casa Legislativa, o abuso das prerrogativas asseguradas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vanta-
gens indevidas);
3. deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença
ou missão por esta autorizada;
4. perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
5. quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos na Constituição;
6. sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
Nos casos previstos de nos 1, 2 e 6, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, asse-
gurada ampla defesa.
* Nos casos previstos de nºs 3 a 5, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de
qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
* A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato terá seus efeitos suspensos até
as deliberações finais do mesmo. Em outras palavras, o parlamentar que tentar renunciar para manter seus direitos políticos
na próxima eleição terá seu requerimento de renúncia suspenso até que se decida sobre o processo que possa levar à perda do
mandato. Nada impede, por sua vez, que, na iminência de se abrir processo contra o parlamentar, o mesmo venha a requerer a
renúncia, a qual deverá ser acatada por não haver ainda processo instaurado.
* No caso de renúncia ou de perda do mandato de deputado federal ou senador, o suplente deverá ser chamado para assumir
a vaga na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.

Atenção!
A infidelidade partidária não é causa de perda do mandato por não haver previsão expressa na Constituição nesse sentido. Contudo,
o Supremo Tribunal Federal admitiu que os partidos políticos têm o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema proporcional
se, não ocorrendo razão política que justifique a troca de partido (como a perseguição política), venha o parlamentar a modificar
sua legenda. Ou seja, a vaga no Congresso Nacional não é do membro eleito, mas do partido pelo qual se elegeu. Caso venha a
ocorrer a infidelidade, o partido político, para recuperar a vaga, deve pugnar pela instauração de procedimento perante a Justiça
Eleitoral, assegurando‑se a ampla defesa e o devido processo legal.
Direito Constitucional

É importante destacar que as mesmas regras de invio- O Congresso Nacional reunir‑se‑á, anualmente, na Capital
labilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas se 22 de dezembro.
estendem para os depu­tados estaduais. Já em relação aos Poderá ocorrer convocação extraordinária do Congresso
vereadores, aplicam‑se as mesmas proibições e incompati- Nacional pelo presidente do Senado Federal, por exemplo,
em caso de decretação de estado de defesa ou de interven-
bilidades, mas, ao se tratar de prerrogativas, a Constituição
ção federal, de pedido de autorização para a decretação de
Federal somente assegura a imunidade material (opinião, estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente
palavras e votos) no exercício do mandato e na circunscrição e do Vice‑Presidente da República, assim como nas demais
do Município. situações previstas na Constituição Federal.

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TERMOS EMPREGADOS NO FUNCIONAMENTO DO PODER LEGISLATIVO
QUORUM: consiste no número mínimo exigido para reunião e votação nos órgãos colegiados, nos termos da CF: “salvo disposição
constitucional em contrário, as deliberações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria de votos, presente a
maioria absoluta de seus membros” (art. 47).
MAIORIA: representa mais da metade dos membros de um órgão colegiado até alcançar o primeiro número inteiro. Isso não significa que
maioria é a metade mais um, devendo‑se levar em consideração o número de membros do órgão, se par ou ímpar. Veja que, no caso de
número par de membros do órgão colegiado, realmente a maioria significa a metade mais um. Já no caso de órgão colegiado com número
ímpar, a maioria será representada pela metade até se chegar ao número inteiro mais próximo. Por exemplo, a maioria no Supremo Tribunal
Federal (11 Ministros) é de 6, ou seja, a metade (5,5) até se alcançar o primeiro número inteiro após 5, que é 6. Se fôssemos considerar
a regra de que a maioria é a metade mais um, teríamos 5,5 + 1 = 6 pessoas e meia, sendo impensável computar um voto pela metade.
– simples ou relativa: importa saber a quantidade de parlamentares em plenário. É necessária a presença de metade mais um
parlamentar. No caso de deputados, são 257 (metade mais um de 513); no caso de senadores, são 41 (metade mais um de 81).
Em seguida, contam‑se os votos, que podem ser a favor da matéria, contra a matéria e de abstenção. Para aprovação, basta o
número de votos favoráveis superar o de votos contrários. Segundo o Supremo Tribunal Federal, as expressões “simples” ou
“relativa” são sinônimas.
– absoluta: nesse caso, além da necessária presença de metade mais um parlamentar, 257 deputados e 41 senadores, faz‑se
imprescindível que, para a aprovação, tenham‑se 257 deputados favoráveis ou 41 senadores favoráveis no cômputo dos votos,
conforme a votação seja na Câmara dos Deputados ou no Senado Federal.
– qualificada ou fracionária: podem ser de 2/3 (dois terços) e 3/5 (três quintos). Para encontrar esses quóruns, basta multiplicá‑los
pelo número total de senadores (81) ou pelo número de deputados (513). Exemplo: para encontrar o quorum de três quintos de
deputados, deve‑se multiplicar 3/5 por 513 = 308 deputados.
* Regra geral de maioria: a regra geral das votações na Câmara dos Deputados, no Senado Federal e nas respectivas comissões,
bem como nas comissões do Congresso Nacional, é a maioria simples.
* Caso o texto constitucional não preveja o quorum a ser utilizado, deve ser usado o quorum de maioria simples, mediante lei
ordinária, lei delegada ou medida provisória. Caso seja por meio de lei complementar, que exige maioria absoluta, deve vir pre-
visão expressa na CF, assim como nos casos de maioria qualificada, por exemplo, em se tratando de emendar à CF com exigência
do quorum de 3/5 para aprovação.

Processo Legislativo • Quanto à sequência das fases procedi­mentais


– comum ou ordinário: mais extenso, elaboração de
Processo é um conjunto de atos com uma finalidade leis ordinárias.
específica, seja para solucionar um problema (processo judi- – sumário ou “regime de urgência constitucional”: cada
cial), seja para a elaboração de algo, como uma lei (processo casa do CN tem o prazo de 45 dias para deliberar sobre
legislativo). É uma consagração do Estado Democrático de o assunto em pauta, e de 10 dias para apreciação de
Direito e, consequentemente, do princípio da legalidade. eventuais emendas (art. 64, §§ 1º ao 4º).
Estado e cidadãos estão sujeitos aos ritos processuais esta-
belecidos pelas normas constitucionais ou legais. Requisitos:
O processo legislativo tem com objetivo delimitar a forma a) projetos de iniciativa do Presidente da República;
como as normas serão elaboradas pelo Poder Legislativo, b) solicitação de urgência ao CN.
ao instituir um procedimento que deve ser seguido para Sanção: o projeto de lei será incluído na ordem do dia,
sua realização. sobrestando‑se a deliberação quanto aos demais assuntos,
A Constituição tem a função de definir qual o procedimen- com exceção das matérias que tenham prazo constitucional
to a ser seguido pelo Poder legislativo para que uma norma determinado (ex.: medidas provisórias).
seja produzida, sob pena de se ter uma norma inconstitucional Limitação circunstancial: durante o recesso do CN.
formalmente, ou seja, seu conteúdo pode estar de acordo com Limitação material: para apreciação de projetos de
os parâmetros constitucionais, mas, caso não venha a seguir código.
os trâmites definidos pela Constituição para sua elaboração, – especiais: procedimentos para espécies normativas
terá sua inconstitucionalidade formal evidenciada. diferenciadas como emendas, leis com­plementares,
A CF estabelece (art. 59) os tipos de disposições norma- delegadas, medidas provisórias, decretos‑legislativos,
tivas existentes no ordenamento jurídico brasileiro: resoluções, leis financeiras, leis orgânicas dos municí-
I – emendas à Constituição; pios e do DF.
II – leis complementares;
III – leis ordinárias; Fases do Processo Legislativo Ordinário
IV – leis delegadas; O processo legislativo ordinário é utilizado para a ela-
V – medidas provisórias; boração de leis ordinárias. É decomposto em três fases:
VI – decretos legislativos; introdutória, constitutiva e complementar que, por sua vez,
VII – resoluções. compreende o seguinte conjunto de atos:
• iniciativa;
• emendas;
Direito Constitucional

A doutrina, de uma forma geral, apresenta a seguinte


classificação do processo legislativo: • votação ou deliberação;
• Quanto às formas de organização política • sanção ou veto;
– autocrático: expressão do próprio governante. • promulgação;
– direto: discutido e votado pelo povo. • publicação.
– indireto ou representativo: (Brasil) o povo escolhe
seus mandatários, que receberão de forma autôno- A fase introdutória trata da iniciativa da proposta. A fase
ma poderes para decidir sobre os assuntos de sua constitutiva abrange desde a apresentação de emendas,
competência constitu­cional. a votação ou deliberação (discussão do projeto), até a sanção
– semidireto: órgão representativo + referendo po- ou veto do chefe do Poder Executivo. A fase complementar
pular. diz respeito à promulgação e publicação da lei.

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Fase Introdutória Pode ocorrer a usurpação de iniciativa, acarretando o
A iniciativa (fase introdutória) corresponde à legitimi- vício de inconstitucionalidade formal, em razão de apresen-
dade para apresentação de processos legislativos, ou seja, tação de projeto de lei versando sobre matéria por quem não
quem pode propor o projeto de lei. Pode ser reservada (ex- tem legitimidade para tanto. Um exemplo dessa situação é
clusiva/privativa), popular, conjunta, concorrente (comum/ quando o Presidente do Supremo Tribunal Federal apresenta
geral), parlamentar ou extraparlamentar: projeto de lei que trata da criação de cargos, funções ou
• Reservada/exclusiva/privativa: reservada a deter­ empregos públicos na Administração direta ou indireta e o
minado agente ou órgão. Exemplo: Presidente da Repúbli- aumento de sua remuneração.
ca – art. 61, § 1º da CF (fixem ou modifiquem os efetivos das A controvérsia pode existir se, mesmo apresentado o
Forças Armadas; criação de cargos, funções ou empregos projeto de iniciativa privativa do Presidente da República por
públicos na administração direta e autárquica ou aumento quem não tem a atribuição, vier aquele a sancionar dito proje-
de sua remuneração; organização administrativa e judiciária, to de lei, ou seja, demonstrando sua concordância. A posição
matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pes- doutrinária e jurisprudencial (STF) é de que a sanção não supre
soal da administração dos Territórios; servidores públicos o defeito de iniciativa, pois aquilo que nasce nulo não pode vir
da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de a ser convalidado, em razão de ser um vício insanável.
cargos, estabilidade e aposentadoria; organização do Minis-
tério Público e da Defensoria Pública da União, bem como Iniciativa do Poder Judiciário
normas gerais para a organização do Ministério Público e
da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo
dos Territórios; criação e extinção de Ministérios e órgãos Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura,
da administração pública, observado o disposto no art. 84, observados os seguintes princípios:
VI; militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, pro-
vimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, Iniciativa Privativa do Presidente da República
reforma e transferência para a reserva).
É uma forma que a CF encontrou para reservar, em razão Art. 61.
das consequências políticas e orçamentárias, de determinar [...]
a titularidade do Presidente da República em propor projeto § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República
de lei. as leis que:
• Popular: quando a população pode apresentar projeto I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
de lei. Configura um instrumento da democracia participa- II – disponham sobre:
tiva adotado pela CF. Exemplo: A CF estabelece que a) criação de cargos, funções ou empregos públicos
na administração direta e autárquica ou aumento de sua
A iniciativa popular pode ser exercida pela apre- remuneração;
sentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei b) organização administrativa e judiciária, matéria
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da
nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, administração dos Territórios;
com não menos de três décimos por cento dos elei- c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime
tores de cada um deles (art. 61, § 2º da CF). jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pú-
• Conjunta: a CF estabelecia que os subsídios dos Mi- blica da União, bem como normas gerais para a organização
nistros do Supremo Tribunal Federal dependeriam de uma do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados,
lei de iniciativa conjunta (simultânea) dos Presidentes da do Distrito Federal e dos Territórios;
República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da adminis-
e do Supremo Tribunal Federal (Chefes do Poder Executivo,
tração pública, observado o disposto no art. 84, VI;
Legislativo e Judiciário). Após cinco anos, sem ter sido editada
f) militares das Forças Armadas, seu regime ju­rídico, pro-
a proposta de lei, a Emenda nº 41/2003 revogou‑a. Exemplo
vimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração,
art. 48, XV, da CF:
reforma e transferência para a reserva.
fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribu-
nal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos Pre- Observações:
sidentes da República, da Câmara dos Deputados, • Matéria tributária não é objeto de iniciativa
do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, exclusiva, mas concorrente. Quando a CF faz menção
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; de que compete privativamente ao Presidente da Repú-
153, III; e 153, § 2º, I. blica a iniciativa em matéria tributária, isto se restringe
ao caso de aplicação aos Territórios (art. 61, § 1º, II, b).
• Concorrente (comum/geral): vários legitimados podem • Emendas parlamentares a projetos de lei de
apresentar o projeto de lei. Diferencia‑se da conjunta porque iniciativa privativa do Presidente da República: em
podem ser exercidas de forma conjunta ou isolada. regra são aceitas, salvo se versarem sobre aumento
• Parlamentar: apresentada por membro do Poder de despesa (fere o princípio da independência e har-
Direito Constitucional

Legislativo. Exemplo: monia dos Poderes), a qual não se aplica em matéria


orçamentária, por força do art. 166, §§ 3º e 4º, da CF.
A iniciativa das leis complementares e ordinárias • Vício de iniciativa e sanção: não é possível suprir
cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara o vício de iniciativa com a sanção. Ou seja, caso a ma-
dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso téria de iniciativa privativa do Presidente da República
Nacional... (art. 61) seja deflagrada por parlamentar, a sanção do Chefe do
Executivo não supre o defeito. Essa é a posição atual do
• Extraparlamentar: apresentada por quem não seja
STF. Houve o cancelamento da Súmula nº 5 do STF: “A
membro do Poder Legislativo. Exemplo: Presidente da
sanção de projeto supre a falta de iniciativa do Poder
República, Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores,
Procurador‑Geral da República e cidadãos (art. 61). Executivo”.

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Iniciativa do Ministério Público • deliberação legislativa: o projeto de lei passa pela Casa
Legislativa que se iniciou e pela a Casa Revisora;
Art. 127. • deliberação executiva: corresponde à sanção ou veto
[...] do projeto de lei pelo Presidente da República.
§ 2º Ao Ministério Público é assegurada autonomia
funcional e administrativa, podendo, observado o disposto Deliberação Legislativa
no art. 169, propor ao Poder Legislativo a criação e extin- Projeto de lei ordinária – inicia‑se pela Câmara dos
ção de seus cargos e serviços auxiliares, provendo‑os por Deputados ou Senado Federal.
concurso público de provas ou de provas e títulos, a política
remuneratória e os planos de carreira; a lei disporá sobre 1. Casa deliberativa principal (iniciou o projeto de lei):
sua organização e funcionamento.
Fase de instrução – comissões
Art. 128. • Análise de constitucionalidade pelas comissões
[...] – Câmara dos Deputados: comissão de constituição,
§ 5º Leis complementares da União e dos Estados, cuja justiça e redação.
iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores‑Gerais, – Senado Federal: comissão de constituição, justiça e
estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cidadania.
• Análise do mérito: comissões temáticas da Câmara
cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus
e do Senado: possibilidade de apresentação de emendas.
membros [...]
Deliberação Principal
Iniciativa Popular
Fase de instrução

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio


universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para Análise de Análise do Mérito
todos, e, nos termos da lei, mediante: Constitucionalidade Comissões temáticas
[...] Comissão de
III – iniciativa popular. constituição e justiça

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordiná- • Aprovação do projeto nas comissões.
rias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos • Plenário da casa deliberativa principal (se necessário –
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, art. 58, § 2º, I, CF).
ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal,
aos Tribunais Superiores, ao Procurador‑Geral da República Quorum: art. 47, CF.
e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Cons- • para instalação da sessão:
tituição. – lei ordinária: maioria absoluta.
[...] • para votação:
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresen- – lei ordinária: maioria simples dos membros.
tação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, – lei complementar: maioria absoluta.
no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído – emenda constitucional: 3/5.
pelo menos por cinco Estados, com não menos de três déci-
mos por cento dos eleitores de cada um deles. 2. Casa revisora – art. 65, caput, CF.

Atenção! Comparando-se os textos abaixo transcritos • análise nas comissões;


(revogado e em vigor), percebe-se que a iniciativa • discussão e votação;
legislativa para fixação do subsídio dos Ministros do • aprovação: segue para o Presidente da República;
Supremo Tribunal Federal deixou de ser conjunta. • rejeição: o projeto deverá ser arquivado. A matéria
somente poderá ser objeto de novo projeto na próxima
sessão legislativa, salvo no caso da reapresentação mediante
Art. 48. proposta da maioria absoluta dos deputados federais ou
[...] senadores, nos termos do art. 67, CF;
XV – fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri- • aprovação com alterações;
bunal Federal, por lei de iniciativa conjunta dos Presidentes • parte aprovada;
da República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal • alterações: (princípio do bicameralismo) vão para
e do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem a casa deliberativa principal (que iniciou o projeto de lei)
os arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. (Revogado) para exame e votação em um único turno. Não podem ser
alteradas por subemendas, a discussão e votação são feitas
Direito Constitucional

XV – fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tri- globalmente, salvo se a emenda for suscetível de divisão e se
bunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; qualquer comissão manifestar‑se favorável a uma e contrária
150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Em Vigor) a outra (votação em grupos), ou se for aprovado destaque
para a votação de qualquer emenda;
• autógrafo: instrumento formal, o qual consubstanciará
Fase Constitutiva
o texto definitivamente aprovado pelo Poder Legislativo,
A fase constitutiva, que envolve desde a discussão, de- devendo representar, com fidelidade, o resultado da deli-
liberação e votação, propostas de emendas ao projeto de beração parlamentar, antes de ser remetido ao Presidente
lei até a sanção ou veto, pode ser dividida em deliberação da República. Cópia autêntica da aprovação parlamentar do
legislativa e executiva. projeto de lei;

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• Emenda: é a proposição apresentada, com exclusivi- Ferreira Filho), poder‑dever (Pontes de Miranda, Bernard
dade, pelos parlamentares como acessória de outra, com o Schwartz). Pode ser jurídico, político ou ambos. É irretratável.
objetivo de alterar o projeto de lei. É uma faculdade exclusiva Outras características: expresso, motivado ou formalizado
dos parlamentares. (ao vetar um projeto de lei, o Presidente da República deverá
– Espécies: apresentar seus motivos, considerando que esse veto será
a) supressiva: exclusão de qualquer parte da propo- apreciado posteriormente pelo Congresso Nacional – os
sição principal; motivos podem ser jurídicos pela inconstitucionalidade ou
b) aditiva: acrescenta algo à proposição inicial; políticos em razão de contrariedade ao interesse público),
c) aglutinativa: resultam da fusão de outras emendas total ou parcial (texto integral de artigo, parágrafo, inciso
ou a destas com o texto original por transação ten- ou alínea), supressivo (nunca poderá ser aditivo), superável
dente à aproximação dos objetos; ou relativo (poderá ser afastado pela maioria absoluta dos
d) modificativa: alteram a proposição sem a modificar deputados e senadores, em sessão conjunta). Tramitação:
substancialmente; segue para o Congresso Nacional para reapreciação. Se for
e) substitutiva: outra proposta com alterações subs- parcial, somente o texto vetado volta para o Congresso Na-
tanciais da anterior, ou seja, que visa substituir todo cional. O texto aprovado segue para a fase complementar. A
o projeto de lei; reapreciação ocorrerá no prazo de 30 dias da apresentação.
f) subemenda: apresentada em comissão a outras Veto mantido: arquivamento. Veto superado: quorum de
emendas; maioria absoluta, o texto segue para a fase complementar.
g) de redação: sanar vício de linguagem, incorreção
de técnica legislativa ou lapso manifesto. Fase Complementar
A fase complementar compreende a promulgação e
Observação: a regra geral é que, em projetos de inicia- publicação.
tiva exclusiva do Presidente da República, não se aceita • Promulgação: é o atestado de que a ordem jurídica foi
emenda de parlamentares que importe em aumento de inovada, declarando que uma lei existe e, em conse­quência,
despesas. (art. 63, I, CF). Somente em projetos de leis deverá ser cumprida. A promulgação incide sobre a própria
orçamentárias podem ser acolhidas emendas que gerem lei, sendo mera certificação de existência da lei e promulga-
aumento de gastos, desde que observadas as restrições ção de sua executoriedade, no entendimento de (José Afonso
estabelecidas no próprio texto constitucional (art. 63, I, da Silva, Michel Temer, Manoel G. Ferreira Filho, Pontes de
e 166, §§ 3º e 4º, da CF). Miranda). Nelson Sampaio assume posição contrária, en-
tendendo que a promulgação incide sobre o projeto de lei.
3. Procedimento legislativo sumário, abreviado ou em É ato do Presidente da República, que será transferido para
regime de urgência. o Presidente do Senado Federal e para o Vice‑Presidente do
Senado Federal na hipótese de não promulgação no prazo
O Presidente da República poderá solicitar urgência na de 48 horas.
apreciação dos projetos de sua iniciativa. Nesse procedimen- • Publicação: condição de eficácia da lei; compete ao
to, tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal, Presidente da República. Vigência: vacatio legis ou imediata.
devem se pronunciar, sucessivamente, em no máximo 45 Assim, uma lei pode não ser obrigatória após sua publicação,
dias sobre o projeto de lei. Caso o prazo venha a ser esgotar, pois depende da vacatio legis (“férias” da lei) que, caso não
haverá o trancamento da pauta do dia até que se conclua seja estipulada pelo texto da norma, será de 45 dias. Nada
o processo de votação da proposta que seguiu com regime impede que a lei determine que sua obrigatoriedade se dê
de urgência. Caso existam emendas no processo legislativo imediatamente após a publicação.
sumário, a Câmara dos Depu­tados (Casa em que se inicia esse
tipo de procedimento de urgência) deverá fazer apreciação Processos Legislativos Especiais
no prazo de 10 dias. Não se aplica o regime de urgência
quando a matéria em análise for relacionada a projetos de A CF estabelece procedimentos especiais para determi-
Código. nados projetos, como no caso das emendas constitucionais,
leis delegadas, medidas provisórias, leis complementares e
Prazo máximo no regime de urgência: leis financeiras. Ao analisar cada ato legislativo em separado,
Projeto de lei do Presidente da República = Câmara dos iremos pontuar o procedimento específico de tramitação no
Deputados (45 dias) + Senado Federal (45 dias) + emendas Congresso Nacional.
pelo Senado + Câmara dos Deputados (10 dias) = 100 dias.
Controle Judicial do Processo Legislativo
Deliberação Executiva
a) incidirá sobre o autógrafo; Pode haver, em situação de exceção, o controle judicial
b) finalidade: controle entre os Poderes. em face da tramitação do projeto de lei no Congresso Na-
cional. Isso ocorrerá quando houver vício no procedimento
Direito Constitucional

Espécies: ou sequência dos atos legislativos, cabendo exclusivamente


• Sanção: é a aquiescência do Presidente da República ao parlamentar, como membro do Poder Legislativo, impe-
aos termos de um projeto de lei aprovado pelo Congresso trar mandado de segurança no sentido de ver resguardado
Nacional. Pode ser expressa ou tácita (15 dias), total ou seu direito de participar de um processo legislativo de acordo
parcial. Havendo sanção, segue para a fase complementar. com os parâmetros definidos pela CF. Assim, não é possível
• Veto: é a manifestação de discordância do Presidente que um cidadão venha a interpor mandado de segurança,
da República com o projeto de lei aprovado pelo Congresso ou mesmo um Chefe do Executivo, pois a legitimidade é
Nacional, no prazo de 15 dias úteis a partir do recebimento, exclusiva do membro do Poder Legislativo em exercício de
excluindo‑se o dia inicial e incluindo‑se o final. Natureza seu mandato. Esse é o entendimento do Supremo Tribunal
jurídica: direito (Pinto Ferreira), poder (Manoel Gonçalves Federal.

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Aplicação das Regras do Processo Legislativo Federal parte imutável da Constituição, não se admitindo emendas à
às Demais Unidades Federadas constituição tendentes a aboli‑las. Importante frisar que são
possíveis emendas constitucionais que acresçam direitos
O entendimento é que, em razão do princípio da si- ligados às cláusulas pétreas, mas não sua supressão.
metria (paralelismo), adotado pela Federação Brasileira, Há de se falar ainda em limites temporais, que significam
as Constituições Estaduais e Leis Orgânicas devem seguir determinados lapsos de tempo em que estão proibidas alte-
os parâmetros definidos na CF em relação aos trâmites e rações no texto constitucional. No Brasil, a única Constituição
iniciativas dos projetos de leis nas Assembleias Legislativas a adotar esse tipo de limitação foi a de 1824, que impedia
(Câmara Legislativa no caso do DF) e Câmaras Municipais. modificações pelo prazo mínimo de quatro anos. A atual CF
Em verdade, as normas básicas sobre processo legislativo não incorporou o limite temporal. Por fim, a doutrina tam-
inseridas na CF são de observância obrigatória para as Cons- bém menciona os limites circunstanciais, que representam
tituições Estaduais e Leis Orgânicas. situações fático‑jurídicas impeditivas quanto à alteração da
Constituição. Pretendem evitar modificações na constituição
Atos Legislativos em Espécie em certas ocasiões anormais e excepcionais do país a fim de
evitar perturbações na liberdade e independência dos órgãos
São sete espécies de atos legislativos: incumbidos da reforma. A CF adotou o limite circunstancial
• emendas à Constituição; quando houver intervenção federal, estado de defesa ou
• leis complementares; estado de sítio.
• leis ordinárias;
• leis delegadas; Cláusulas pétreas:
• medidas provisórias; I – a forma federativa de Estado;
• decretos legislativos; II – o voto direto, secreto, universal e periódico;
• resoluções. III – a separação dos Poderes;
IV – os direitos e garantias individuais.
Emendas à Constituição
Assim, não pode ser objeto de emenda constitucional a
As emendas à CF são modificações, supressões ou adi- proposta tendente a abolir o direito de petição aos poderes
ções ao próprio texto constitucional. É uma decorrência do públicos ou a obtenção de certidões em repartições públicas.
poder constituinte reformador, ou seja, significa a atribui-
ção conferida pelo constituinte originário (que elaborou a Leis Complementares
constituição) ao Poder Legislativo (Congresso Nacional) no
sentido de que a constituição possa vir a ser alterada, con- Leis complementares são leis aprovadas por maioria
siderando que as normas são mutáveis ao sabor dos anseios absoluta em hipóteses previstas pela Constituição. Trata‑se
e da evolução social. de espécie legislativa diferenciada da lei ordinária sob dois
As emendas constitucionais podem ser introduzidas no aspectos:
texto constitucional como parte efetivamente integrante – • material: a Constituição reserva matérias para serem
“inserção”, ou no seu final, como um anexo – “anexação”.
tratadas por lei complementar, o que não faz em relação às
A CF adotou o princípio da incorporação, ou seja, a emenda
leis ordinárias;
é inserida no próprio texto constitucional, o que não exclui
• formal: quorum de aprovação é de maioria absoluta
a possibilidade, principalmente quando se tratar de norma
(257 deputados /41 senadores). O procedimento legislativo
constitucional transitória, em ser anexada ao final do texto
será determinado pela matéria a ser disciplinada, se houver
constitucional, sem necessariamente alterar o texto da
exigência constitucional.
constituição. Peculiaridade a ser apontada é de que as novas
O procedimento das leis complementares segue o
normas constitucionais, quando resultarem de modificações
de dispositivos anteriores, devem vir com a indicação (NR). mesmo das leis ordinárias para serem aprovadas, desde
A iniciativa de propor emendas à CF é concorrente, pois a iniciativa até a fase de sanção ou veto do Presidente da
podem assim proceder: República, mas possui o diferencial de um quorum mais
• 1/3, no mínimo, dos deputados ou senadores; exigente, de maioria absoluta, ou seja, faz necessário mais
• Presidente da República; da metade da totalidade da Casa Legislativa, considerando
• mais da metade das Assembleias Legislativas das uni- os parlamentares presentes e ausentes. A exigência de
dades da Federação, manifestando‑se, cada uma delas, por maioria absoluta é uma forma de dotar certas matérias de
maioria simples. maior importância e estabilidade, dificultando alterações
O procedimento para a aprovação de uma emenda cons- constantes em seu texto.
titucional é de discussão, votação e aprovação em ambas as Uma questão que muito se discute em relação à lei com-
Casas do Congresso Nacional em dois turnos, exigindo‑se plementar e lei ordinária é acerca da existência ou não de
maioria qualificada de 3/5. hierarquia entre as mesmas. A pergunta que se faz é: a lei
O procedimento de tramitação das emendas à constitui- complementar, por exigir um quorum maior para aprovação,
sobrepõe‑se à lei ordinária quando esta lhe for contrária,
Direito Constitucional

ção dispensa a sanção ou veto do Presidente da República


que, quando aprovadas, são promulgadas conjuntamente revogando‑a?
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e Senado Federal. Há duas correntes doutrinárias:
A publicação, após promulgação, ocorrerá por meio do Existe hierarquia entre lei complementar e lei ordinária?
Diário Oficial. • Existe: Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Haroldo Va-
Há dois limites principais em relação ao poder de reforma ladão, Pontes de Miranda, Wilson Accioli, Nelson Sampaio,
da constituição: formais e materiais. Os limites formais cor- Geraldo Ataliba, Alexandre de Moraes, e outros. O argumen-
respondem à observância das regras exigidas para tramitação to é que, por necessitar de um quorum mais elevado para
do processo legislativo pertinente às emendas constitucio- aprovação da lei complementar, haveria então a hierarquia,
nais, enquanto os limites materiais significam o respeito não se admitindo que lei ordinária superveniente possa alte-
às cláusulas pétreas (cláusula de pedra), que consistem na rar uma lei complementar aprovada por um quorum maior.

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• Não existe: Celso Bastos, Michel Temer, e outros. O ar- • Natureza jurídica: espécie normativa primária.
gumento é de que ambas as espécies tiram seu fundamento • A delegação tem caráter temporário: jamais poderá
de validade da Constituição e possuem diferentes campos ultrapassar a legislatura.
materiais de competência, e por isso estariam no mesmo • A delegação tem caráter precário: nada impede que,
plano hierárquico, impossibilitando o conflito entre essas mesmo durante o prazo concedido ao Presidente,
duas espécies de normas, pois certos assuntos só podem ser o Congresso Nacional discipline a matéria por lei,
tratados legislativamente por leis complementares e outros bem como é possível que o Poder Legislativo desfaça
assuntos por leis ordinárias. É a ideia de que as leis comple- a delegação.
mentares e as leis ordinárias possuem diferentes campos • Processo legislativo especial:
de incidência normativo, cada um com o seu definido pela – Iniciativa solicitadora do Presidente da República:
Constituição, que, no caso, quanto às leis ordinárias, seria deverá indicar o assunto (vide limitações materiais
residual (o que não for de competência de lei complementar). no art. 68, §1º).
Um argumento contrário a essa tese é que todas as espécies – Congresso Nacional (votação – sessão bicameral
normativas têm na Constituição seu fundamento de validade; conjunta ou separadamente, quorum de maioria
determinada matéria reservada à lei complementar poderá simples): aprovação em forma de resolução, a qual
ser subdividida, ocasionando aparente conflito com maté- deverá estabelecer as restrições de conteúdo e exer-
ria residual a ser disciplinada por lei ordinária (ex.: art. 79, cício que entender necessárias, tais como termo
parágrafo único, CF e art. 90, §2º, da CF). Nesses casos, de caducidade da habilitação, linhas gerais da lei,
não há como admitir‑se que a lei ordinária possa revogar período de vigência, entre outras.
a lei complementar. Observação: Celso Bastos reconhece
– Retornando a resolução ao Presidente, este ela-
que lei ordinária não poderá invadir campo material da lei
borará o texto normativo, promulgando‑o e deter-
complementar.
minando sua publicação, na hipótese de não ser
O Supremo Tribunal Federal, ao tratar do tema, definiu
exigida a ratificação parlamentar (delegação típica
que se uma lei complementar invadir um assunto que não
ou própria).
lhe é conferido pela Constituição como de sua atribuição,
esses dispositivos, embora advindos de lei complementar, – Delegação atípica ou imprópria: é a denominação
podem ser revogados por lei ordinária, pois são apenas dada ao processo legislativo que exige que o projeto
formalmente leis complementares (o conteúdo é de lei ordi- elaborado pelo Presidente retorne ao Legislativo
nária), acarretando a retomada de seu campo de incidência para apreciação em votação única, vedada apresen-
normativo. Em verdade, o Supremo Tribunal Federal acolheu tação de emenda, podendo ser aprovado (hipótese
a tese de que não existe hierarquia entre lei complementar em que o projeto seguirá para promulgação e pu-
versus lei ordinária. blicação a ser feita pelo Presidente) ou rejeitado
Para ficar bem clara a questão, exemplificamos: se a (sendo arquivado e, se for reapresentado, será nos
Constituição expressar que o conteúdo X deverá ser regula- termos do art. 67, da CF).
mentado por lei complementar e esta, em vez de disciplinar – O Presidente poderá não editar a lei delegada,
apenas esse conteúdo, extrapola sua função, regulamentado apesar da autorização legislativa. Manoel Gonçalves
o conteúdo de X + Y, a parcela que exorbita – X + Y – poderá Ferreira Filho sustenta ser possível a edição de mais
ser revogada por lei ordinária, enquanto que o espaço X, que de uma lei delegada sobre a matéria autorizada
deveria ser regulamentado por lei complementar, somente durante o prazo fixado pelo Congresso Nacional.
poderá ser revogado por outra norma da mesma espécie. As- Porém, esta tese não é acolhida por Clèmerson
sim, pode‑se dizer que uma lei ordinária pode revogar uma lei Merlin Clève. Já Alexandre de Moraes entende que
complementar, desde que esta última tenha exorbitado o seu a resolução deverá disciplinar essa questão, sendo
campo de incidência normativo definido pela Constituição. que o silêncio indicará proibição.
• O Congresso Nacional tem o poder de sustar a lei
Leis Ordinárias delegada como forma de controle político, pois essa
função não é exercida pelo Poder Judiciário.
As leis ordinárias representam o ato legislativo típico mais – A sustação opera efeitos ex nunc (para frente, ou
comum. São aprovadas por meio de procedimento legislativo seja, a invalidade opera efeitos somente a partir
definido pela Constituição, por maioria simples. A principal da sustação, conservando os efeitos já produzidos)
característica da lei ordinária, pode‑se dizer, é a competência a partir da publicação do decreto legislativo, porque
para dispor sobre toda e qualquer matéria, salvo as reserva- não houve declaração de nulidade.
das às leis complementares e às de competência exclusiva do – A lei delegada pode ser objeto de Ação Direta de
Congresso Nacional ou de suas Casas Legislativas, que são Inconstitucionalidade, e se for declarada sua in-
tratadas por decretos legislativos e resoluções (competência constitucionalidade, os efeitos serão ex tunc (para
residual). É costume afirmar que, quando o texto da Consti- frente e para trás, ou seja, desfaz todos os efeitos
tuição faz referência apenas à “lei”, trata‑se de lei ordinária. então produzidos).
Direito Constitucional

Leis Delegadas
Cuidado! Importante distinguir que o Congresso Nacional
delega a competência ao Presidente da República por
É ato normativo elaborado e editado pelo Presidente da
meio de resolução e não lei delegada. A lei delegada é
República, em razão de autorização do Poder Legislativo,
editada pelo Presidente da República, nos limites dispos-
e nos limites postos por este, constituindo‑se verdadeira
tos na resolução. Caso a lei delegada venha a extrapolar
delegação externa da função de legislar. É um mecanismo
os limites definidos pela resolução, o Congresso Nacional
necessário para possibilitar a eficiência do Estado e sua
poderá sustar os efeitos daquilo que exorbitou por meio
necessidade de maior agilidade e celeridade, desde que
de nova resolução.
observados os limites impostos pelo Poder Legislativo.

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Medidas Provisórias Observação: a Emenda Constitucional nº 32/2001 modi-
ficou bastante o regime das medidas provisórias, princi-
A medida provisória é ato legislativo emanado pelo Presi- palmente no tocante à vedação de reedições indefinidas,
dente da República, como uma forma excepcional e célere para mas trouxe um detalhe curioso: as medidas provisórias
situações de relevância e urgência. Não é lei, mas tem força de existentes na data de publicação da emenda tiveram sua
lei, tendo eficácia imediata e devendo ser submetida ao Con- prorrogação indefinida, não necessitando de novas reedi-
gresso Nacional para apreciação e possível conversão em lei. ções. Aguardam uma medida provisória que as modifique
A medida provisória tem como pressupostos a relevência ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional,
e a urgência. aprovando ou rejeitando expressamente.
A doutrina questiona a natureza da medida provisória
como ato político, lei ou ato administrativo. O Supremo
É importante dizer que o controle sobre a relevância e
Tribunal Federal destacou que se trata de ato político, pois
urgência da medida provisória é conferido, como regra geral,
é praticado com uma margem grande de discricionariedade.
ao Presidente da República no momento de sua edição, mas
As medidas provisórias seguem um procedimento distinto
se admite que, ao ser apreciada pelo Congresso Nacional,
dos demais atos legislativos, principalmente porque elas têm
este possa aferir os referidos pressupostos, antes mesmo de
um prazo de validade para serem apreciadas pelo Congresso
cada uma das Casas do Congresso Nacional se pronunciar
Nacional, sob pena de perda de eficácia. O referido prazo, de até
sobre o mérito das medidas provisórias. Em verdade, a re-
sessenta dias, é prorrogável, uma única vez, por igual período.
levância e urgência constituem pressupostos conjuntos
Esse prazo foi resultado de alteração no texto constitucional,
para sua validade. Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal
que, até pouco tempo, admitia a reedição de medidas provisó-
admite que o Poder Judiciário realize o controle de consti-
rias pelo Presidente da República por prazos indeterminados.
tucionalidade quanto à relevância e urgência em casos de
manifesto abuso.
• Efeitos da medida provisória:
A noção de relevância e urgência deve partir do pres-
– vigência temporária: devendo ser apreciada no
suposto de que, em caso de se aguardar o procedimento
prazo de sessenta dias, prorrogáveis uma vez, sob
normal do processo legislativo, a edição da norma não faria
pena de perda de eficácia. O prazo de 60 dias será
mais sentido, em razão da ineficácia que o ato teria. Um
contado da publicação da Medida Provisória, porém
exemplo, sem sombra de dúvidas, seria a edição de medida
ficará suspenso durante os períodos de recesso do
provisória para regulamentar crédito extraordinário para o
Congresso Nacional (antes o Congresso Nacional
orçamento da União em se tratando de calamidade pública.
era convocado extraordinariamente para reunir‑se
Na prática, houve um desvirtuamento desse ato legislativo,
no prazo de 5 dias e deliberar sobre a matéria).
chegando‑se à edição de três medidas provisórias por dia,
– suspensão da eficácia de leis anteriores com ela
em determinada época.
conflitantes: tão só haja aprovação pelo Congresso
Nacional, a medida provisória transformar‑se‑á em
• Procedimento para edição de Medida Provisória:
lei, revogando as disposições legais em contrário.
– edição exclusiva do chefe do Poder Executivo
Caso a medida provisória seja rejeitada pelo Con-
(a Constituição Federal prevê que o Presidente da
gresso Nacional, a lei anterior, que estava com seus
República tem essa prerrogativa, mas o Supremo
efeitos suspensos, volta a produzir efeitos. É impor-
Tribunal Federal entende que a regra é para os
tante destacar que durante o período em que esteve
chefes do Executivo, incluindo‑se, portanto, o go-
vigendo a medida provisória – posteriormente não
vernador e o prefeito. Contudo, deve haver previsão
convertida em lei no prazo de sessenta dias, pror-
expressa na Constituição Estadual e Lei Orgânica,
rogável por igual período –, esta deve ser objeto
respectivamente, admitindo essa possibilidade).
de deliberação do Congresso Nacional a respeito
Em relação aos Estados‑membros não há muita dú-
das relações jurídicas travadas nesse período, por
vida, porque a própria Constituição Federal prevê,
meio de decreto legislativo. Porém, se o Congresso
a contrário senso, no § 2º, art. 25, a possibilidade
Nacional não editar o referido decreto legislativo,
de os Estados‑membros explorarem diretamente,
as relações jurídicas constituídas e decorrentes de
ou mediante concessão, os serviços locais de gás
atos praticados durante sua vigência continuarão
canalizado, vedando a edição de medida provisória
por ela regidas.
para sua regulamentação, ou seja, se proíbe em de-
• vedações de medidas provisórias: tratam de limites
terminada hipótese é porque em outras é possível;
materiais expressos no texto da Constituição.
– as medidas provisórias devem ser convertidas
em lei no prazo de sessenta dias, a contar de sua
Observação: é importante dizer que é possível a edição publicação, prorrogável uma única vez, por igual
de medida provisória ao se tratar de matéria tributária, período. Ou seja, caso a medida provisória não seja
que, em princípio, pode levar a entender ser inviável em apreciada em sessenta dias, ocorre sua prorrogação
Direito Constitucional

razão do princípio da estrita legalidade que permeia esse pela reedição. Esse prazo é suspenso no período
ramo do Direito. Fazem‑se, entretanto, algumas ressalvas: de recesso do Congresso Nacional (sendo assim,
volta‑se a contar o período, computando‑se o que
Art. 62. [...] já transcorreu por se tratar de suspensão);
§ 2º Medida provisória que implique instituição – a medida provisória, chegando ao Congresso Na-
ou majoração de impostos, exceto os previstos nos cional, será apreciada por uma comissão mista,
arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos formada por deputados e senadores, que emitirão
no exercício financeiro seguinte se houver sido parecer, para em seguida ser apreciada pelo Ple-
convertida em lei até o último dia daquele em nário de cada Casa Legislativa, começando pela
que foi editada. Câmara dos Deputados;

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– a medida provisória aprovada integralmente pelas VI – mudar temporariamente sua sede;
duas Casas do Congresso Nacional será convertida VII – fixar idêntico subsídio para os Depu­tados Fe-
em lei, promulgada e publicada pelo Presidente do derais e os Senadores, observado o que dispõem
Senado; os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º,
– caso haja modificações na medida provisória, quan- I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
do for submetida ao Congresso Nacional, o projeto de 1998)
de conversão em lei deve retornar ao Presidente VIII – fixar os subsídios do Presidente e do Vice‑Pre-
da República para sanção ou veto (este pode ser sidente da República e dos Ministros de Estado, ob-
derrubado pelo Congresso Nacional); servado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150,
– caso não haja alterações na medida provisória, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda
quando ainda se constitui em projeto de conversão Constitucional nº 19, de 1998)
em lei pelo Congresso Nacional, ou seja, quando IX – julgar anualmente as contas prestadas pelo Pre-
não há emendas, ela vai à Presidência da República sidente da República e apreciar os relatórios sobre a
a fim de providenciar a publicação. Portanto, a san- execução dos planos de governo;
ção só é exigível se houver alteração, com supres- X – fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual-
são ou acréscimo, no texto da medida provisória; quer de suas Casas, os atos do Poder Exe­cutivo,
– a lei de conversão deve ser relacionada ao assunto incluídos os da administração indireta;
tratado na medida provisória, ou seja, não pode XI – zelar pela preservação de sua competência le-
obviamente tratar de matéria diversa; gislativa em face da atribuição normativa dos outros
– não pode haver reedição, na mesma sessão legisla- Poderes;
tiva, de medida provisória que tenha sido rejeitada XII – apreciar os atos de concessão e renovação de
(rejeição expressa) ou que tenha perdido a eficácia
concessão de emissoras de rádio e televisão;
por decurso de prazo (rejeição tácita), nem mesmo
XIII – escolher dois terços dos membros do Tribunal
se houver um quórum muito grande para aprova-
de Contas da União;
ção. Trata‑se de vedação constitucional;
XIV – aprovar iniciativas do Poder Executivo referen-
– caso a medida provisória não seja convertida em
tes a atividades nucleares;
lei, seja pelo decurso de prazo ou pela sua rejeição,
e caso ela tenha revogado dispositivo anterior, este XV – autorizar referendo e convocar plebiscito;
volta a viger normalmente, considerando que a XVI – autorizar, em terras indígenas, a exploração e
medida provisória apenas suspende a eficácia da o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa
norma pretérita; e lavra de riquezas minerais;
– em caso de rejeição expressa ou por decurso de XVII – aprovar, previamente, a alienação ou conces-
prazo, cabe ao Congresso Nacional regulamentar as são de terras públicas com área superior a dois mil e
relações jurídicas constituídas durante o período de quinhentos hectares.
vigência da medida provisória por meio de decreto
legislativo, e, caso assim não o faça, mantêm‑se as O art. 62, § 3º, também contempla mais uma hi­pótese
relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos de matéria a ser tratada por decreto legislativo:
praticados durante sua vigência.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto
Decreto Legislativo nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição, se
não forem convertidas em lei no prazo de sessenta
Os decretos legislativos são instrumentos utilizados pelo dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por
Poder Legislativo para regulamentar atos com efeitos exter- igual período, devendo o Congresso Nacional disci-
nos, sendo de competência exclusiva (privativa) do Congresso plinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas
Nacional, e que não se sujeitam à apreciação de sanção e delas decorrentes.
veto do Presidente da República.
As matérias tratadas pelo decreto legislativo envolvem: Cuidado! Não confundir o decreto legislativo com o antigo
decreto‑lei (não mais em vigor) e o decreto expedido pelo
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Presidente da República (faculdade do Chefe do Poder
Nacional: Executivo de expedir decretos e regulamentos para fiel
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos execução das leis; trata‑se de ato normativo, que não pode
ou atos internacionais que acarretem encargos ou contrariar leis nem criar direitos e obrigações aos cidadãos
compromissos gravosos ao patrimônio nacional; face ao princípio da legalidade).
II – autorizar o Presidente da República a declarar
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças es-
trangeiras transitem pelo território nacional ou nele Resoluções
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos
Direito Constitucional

previstos em lei complementar; Assim como os decretos, as resoluções são atos exclu-
III – autorizar o Presidente e o Vice‑Presidente da Re- sivos (privativos) do Congresso Nacional – Senado Federal
pública a se ausentarem do País, quando a ausência e Câmara dos Deputados. Entretanto, são voltadas, como
exceder a quinze dias; regra, para efeitos internos do Parlamento.
IV – aprovar o estado de defesa e a intervenção
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender Lei Federal e Lei Nacional
qualquer uma dessas medidas;
V – sustar os atos normativos do Poder Executivo que A Constituição não institui no rol dos atos legislativos
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de em espécie a lei federal e lei nacional, porque essas não
delegação legislativa; representam um novo tipo, mas propriamente um campo

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de incidência (a quem se dirige a lei), seja ela lei ordinária receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante
ou lei complementar. controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada
A lei federal é aquela que alcança os órgãos que perten- Poder. Isso significa que em todos os atos públicos deve ser
cem à União, Administração Pública direta e indireta (fun- observada a economia do dinheiro público, atendendo a seus
cionários, autarquias, fundações, empresas públicas etc.). objetivos com o menor preço possível.
Por sua vez, a lei nacional é aquela que se dirige não só à É importante fazer a distinção entre a fiscalização do
União, mas também aos Estados‑membros, Municípios e o erário público em controle interno e externo:
Distrito Federal. • controle interno: é o controle exercido pelo próprio
Dois exemplos para bem distingui‑las são a Lei órgão administrativo, em que cada um dos poderes
nº 8.112/1990 (Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores internamente atua na fiscalização de seus atos. É uma
públicos civis da União, das autarquias e das fundações pú- espécie de controle realizado dentro do próprio órgão
blicas federais) – Lei Federal – e o Código Civil – Lei Nacional. (intraórgão), limitando-se à sua estrutura, com carac-
É importante dizer que não há hierarquia entre lei federal terísticas meramente administrativas e não judicial,
e lei nacional, admitindo‑se que lei nacional possa revogar lei que os superiores hierárquicos exercem sobre os fun-
federal e vice‑versa, desde que se respeite a autonomia do cionários subordinados quando atuam no exercício de
ente federado, assim como a competência delimitada pela suas atribuições, essencialmente por envolver verbas
Constituição Federal. públicas. Esse controle não se restringe apenas ao
ângulo financeiro, mas também tem o intuito de coibir
Tratados Internacionais práticas que afrontem os princípios da Administração
Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-
Os tratados internacionais constituem acordos realiza- blicidade e eficiência. O  controle interno é exercido
dos no âmbito externo entre o Brasil e outro(s) Estado(s). nos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário,
A produção de efeito no âmbito interno, segundo a doutrina nas esferas municipal, estadual e federal;
preponderante, dá‑se a partir do momento em que é editado • controle externo: é o controle realizado por órgãos
um decreto legislativo e pela promulgação mediante decreto estranhos ao órgão fiscalizado, ou seja, por outro órgão
presidencial, em um verdadeiro ato complexo – Poder Exe- (interórgão). A  doutrina, com base na Constituição
cutivo + Poder Legislativo. Essa é a forma de internalização Federal, faz a subdivisão entre controle parlamentar
das normas advindas de um acordo ou tratado internacional. direto, controle exercido pelo Tribunal de Contas
Aprova‑se o conteúdo do acordo internacional por decreto (órgão auxiliar do legislativo no controle) e controle
legislativo (Poder Legislativo) e o Presidente irá promulgá‑lo jurisdicional. É  de fundamental importância para a
e publicá‑lo, conferindo executoriedade ao acordo. configuração do Estado Democrático de Direito, pois
consagra a fórmula da teoria dos freios e contrapesos
Validade = celebração do tratado + decreto (checks and balances), em que os Poderes (funções)
legislativo + decreto presidencial Executivo, Legislativo e Judiciário devem “conter” uns
aos outros, de forma harmônica e nos casos devida-
O tratado internacional entrará no ordenamento jurídico mente previstos na Constituição Federal. O controle
brasileiro com status (qualidade) de lei ordinária, como regra externo é exercido principalmente pelo Poder Legis-
geral. Mas se admite que o referido ingresso possa ostentar lativo auxiliado pelo Tribunal de Contas.
envergadura equivalente à emenda constitucional quando
versar sobre direitos humanos e for aprovado, em cada Casa O controle interno ou externo poderá ser exercido quan-
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos do qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
votos dos respectivos membros. Cabe ao tratado, ainda, o utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar dinheiro,
status supralegal, quando tratar de direitos humanos e não bens e valores públicos ou pelos quais a União responda,
for aprovado pelo quorum qualificado de três quintos. ou que, em nome deste ente político, assuma obrigações de
natureza pecuniária.
Leis Orçamentárias Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co-
nhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela
As leis orçamentárias também não constam expressa- darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de
mente como parte do processo legislativo inserido no âmbito responsabilidade solidária.
comum da Constituição Federal. Trata‑se de leis que exigem Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindica-
um procedimento específico para sua edição. Matéria estu- to é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregulari-
dada com profundidade pelo direito financeiro. dades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
São basicamente três espécies de leis orçamentárias: O controle pelo Congresso Nacional será exercido com o
• Lei do plano plurianual; auxílio do Tribunal de Contas da União, este com as seguintes
• Lei de diretrizes orçamentárias; atribuições:
• Lei do orçamento anual. • apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presi-
dente da República, mediante parecer prévio que deverá ser
Da Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária
Direito Constitucional

elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;


• julgar as contas dos administradores e demais respon-
O Estado Democrático de Direito consubstancia-se na sáveis por dinheiro, bens e valores públicos da Administração
harmonização entre os Poderes (funções) Executivo, Legislati- direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades insti-
vo e Judiciário, de forma que os três poderes vigiem-se de for- tuídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
ma mútua, tanto externa quanto internamente, sempre nos daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irre-
casos expressamente delineados pela Constituição Federal. gularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera- • apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
cional e patrimonial da União e das entidades da Administra- admissão de pessoal, a  qualquer título, na Administração
ção Direta e Indireta, no tocante à legalidade, legitimidade, direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e manti-
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de das pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo

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de provimento em comissão, bem como a das concessões • um terço pelo Presidente da República, com aprovação
de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as me- do Senado Federal, sendo dois alternadamente entre audi-
lhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do tores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,
ato concessório; indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios
• realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Depu- de antiguidade e merecimento;
tados, do Senado Federal, de comissão técnica ou de inqué- • dois terços pelo Congresso Nacional.
rito, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades ad- Observação: as Constituições Estaduais disporão
ministrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário sobre os Tribunais de Contas respectivos, que serão
e demais entidades; integrados por sete Conselheiros.
• fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacio-
nais de cujo capital social a União participe, de forma direta
ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; Sede: Distrito Federal.
• fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados Jurisdição: de regra, exercerá suas atividades em todo
pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros o território nacional quando envolver verbas públicas de
instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou âmbito federal.
a Município; O Tribunal de Contas tem a competência de julgar os
• prestar as informações solicitadas pelo Congresso Na- responsáveis pelos recursos públicos, sendo administrativas
cional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das res- as decisões proferidas nesse âmbito, pois somente consti-
pectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, tuem decisões judiciais as emanadas do Poder Judiciário,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados considerando que a Constituição Federal adota o princípio
de auditorias e inspeções realizadas; da unicidade de jurisdição.
• aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de As normas constantes da Constituição Federal referen-
despesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas tes ao Tribunal de Contas da União devem ser aplicadas às
em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa Constituições dos Estados, naquilo que couber.
proporcional ao dano causado ao erário;
• assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as Poder Executivo
providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se
verificada ilegalidade; Ao Poder Executivo compete a administração e gerencia-
• sustar, se não atendida, a execução do ato impugna- mento do Estado, desenvolvendo as mais variadas políticas
do, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao públicas – educação, saúde, habitação, saneamento, obras
Senado Federal; de infraestrutura – exercer atividade econômica, desenca-
• representar ao Poder competente sobre irregularidades dear determinados projetos de lei, enfim, governar toda a
ou abusos apurados. máquina estatal.
Importante observar que, ao se tratar de contrato O Poder Executivo, no âmbito federal, é exercido pelo
firmado pela administração pública em que se vislumbre Presidente da República, auxiliado pelos Ministros de Estado.
irregularidade, o  ato de sustação do contrato será feito Na esfera estadual, é exercido pelo governador e na munici-
diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de pal, pelo prefeito, com o auxílio de secretários.
imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. A Constituição faz referência ao tratar do Poder Executivo
O Tribunal de Contas encaminhará ao Congresso Nacio- ao Presidente da República (chefe do Poder Exe­cutivo), mas
nal, trimestral e anualmente, relatório de suas atividades. em razão do princípio da simetria, estende‑se, como regra
É uma forma de concretização do princípio da publicidade. geral, aos chefes do Poder Executivo nos âmbitos estaduais
Em caso de indícios de despesas não autorizadas, a Co- e municipais.
missão Mista de Deputados e Senadores poderá solicitar à
autoridade governamental responsável que, no prazo de Processo Eleitoral do Presidente da República
cinco dias, preste os esclarecimentos necessários. Caso esses
esclarecimentos não sejam prestados ou sejam considerados A eleição do Presidente e do Vice‑Presidente da Repú-
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal de Contas da blica realizar‑se‑á, simultaneamente, no primeiro domingo
União pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de
de trinta dias. O Tribunal de Contas entendendo irregular a outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao
despesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa causar dano do término do mandato presidencial vigente.
irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao Será considerado eleito Presidente o candidato que,
Congresso Nacional sua sustação. registrado por partido político, obtiver a maioria absoluta de
votos, não computados os em branco e os nulos. A eleição
Composição do Tribunal de Contas da União: é integrado do Presidente da República importará a do Vice‑Presidente
por nove Ministros, que serão nomeados entre brasileiros com ele registrado.
que satisfaçam os seguintes requisitos: Importante lembrar que para assumir o cargo de Presi-
Direito Constitucional

• mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco dente da República fazem‑se necessários alguns requisitos:
anos de idade; a) ser brasileiro nato (CF, art. 12, § 3º); b) estar em pleno
• idoneidade moral e reputação ilibada; gozo de direitos políticos (CF, art. 14, § 3º); c) possuir mais
• notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econô­ de trinta e cinco anos (CF, art. 14, § 3º, VI, a)
micos e financeiros ou de administração pública; A eleição poderá ocorrer em dois turnos. O segundo tur-
• mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva no só ocorrerá se nenhum candidato alcançar maioria absolu-
atividade profissional que exija os conhecimentos mencio- ta na primeira votação, caso em que se fará nova eleição em
nados acima. até vinte dias após a proclamação do resultado, concorrendo
Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão os dois candidatos mais votados e considerando‑se eleito
escolhidos: aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.

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Se, antes de realizado o segundo turno, ocorrer morte, Ou seja, há duas possibilidades:
desistência ou impedimento legal de candidato, convo- • organização e funcionamento da administração federal
car‑se‑á, entre os remanescentes, o de maior votação. Se (não pode haver aumento de despesa, nem criação ou
remanescer em segundo lugar mais de um candidato com a extinção de órgãos públicos);
mesma votação, qualificar‑se‑á o mais idoso. • extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos.
O Presidente e o Vice‑Presidente da República tomarão
posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o com-
promisso de manter, defender e cumprir a Constituição, Cuidado! Como regra geral, a Constituição Federal não
observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, admite o decreto autônomo, salvo nas duas hipóteses
sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. citadas.
Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presi-
dente ou o Vice‑Presidente, salvo motivo de força maior, não Atribuições do Vice‑Presidente da República
tiver assumido o cargo, este será declarado vago.
Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, As funções do Vice‑Presidente, de acordo com Alexan-
e suceder‑lhe‑á, no caso de vaga, o Vice‑Presidente. dre de Moraes, podem ser classificadas em próprias ou
A função do Vice‑Presidente, além de outras atribuições
impróprias. Funções próprias: substituição e sucessão do
que lhe forem conferidas por lei complementar, é auxiliar o
Presidente da República, participação no Conselho da Repú-
Presidente sempre que for por ele convocado para missões
blica, participação no Conselho de Defesa Nacional. Funções
especiais.
A substituição do Presidente da República ou do Vice‑Pre- impróprias: auxílio ao Presidente em caso de convocação
sidente far‑se‑á, sucessivamente, pelo Presidente da Câmara para missões especiais.
dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal
Federal para o exercício do cargo de Presidente da República. Responsabilidade do Presidente da República
Caso restem vagos os cargos de Presidente e Vice‑Presi-
dente da República, far‑se‑á eleição noventa dias depois de A Constituição brasileira não faz referência expressa ao
aberta a última vaga. Se essa vacância ocorrer nos últimos vocábulo impeachment, de origem inglesa, com tradução de
dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os “impedimento”, expressão também não utilizada no sentido
cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Con- aqui designado, preferindo chamar de “responsabilidade”.
gresso Nacional, na forma da lei, para completar o período A responsabilidade do Presidente da República ocorre
de seus antecessores. com sua destituição do mandato, por ter praticado crime
O mandato do Presidente da República é de quatro anos de responsabilidade ou crime tipificado em lei penal. Em
e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da curtas palavras, trata‑se da perda do cargo do Chefe do
sua eleição. Poder Executivo.
O Presidente e o Vice‑Presidente da República não po- Os crimes de responsabilidade são as infrações praticadas
derão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar‑se do contra a Constituição (de forma geral, os crimes previstos
País por período superior a quinze dias, sob pena de perda no art. 85), enquanto que a Lei nº 1.079/1950 estabelece
do cargo. situações mais específicas (tipos penais). Por sua vez, a res-
ponsabilidade do Presidente da República pelos crimes
Atribuições do Presidente da República tipificados em lei penal é, simplesmente, a prática de crimes
comuns definidos no âmbito do direito penal (código penal
As atribuições do Presidente da República estão traçadas + legislação específica).
no texto constitucional (art. 84). Podem ser funções de chefe A doutrina debate se a natureza jurídica do impeachment
de Estado e chefe de Governo. A função de chefe de Estado é penal ou política. A maioria dos autores sustenta que se
caracteriza‑se por exercer tarefas no âmbito externo, trava- trata de natureza política, isso porque o processo de perda do
das com outros Estados (países), considerando a República cargo do Presidente da República somente pode ser realizado
Fe­derativa do Brasil como Estado soberano. A função de após a aceitação pela Câmara dos Deputados, responsável
chefe de Governo condiz com atividades no âmbito interno – pelo juízo de admissibilidade.
basicamente são funções relacionadas à administração da
máquina pública.
Procedimento nos Crimes de Responsabilidade
Entre as atribuições como Chefe de Governo, destaca‑se,
em razão da constante exigência em provas de concursos, A Lei nº 1.079/1950 estabelece o procedimento nos
a faculdade de regulamentar. crimes de responsabilidade, o qual se divide em duas fases:
Trata‑se da forma pela qual o Chefe do Poder Executivo acusação e julgamento. A primeira fase é feita pela Câmara
vem dotar de cumprimento uma determinada lei, expedindo dos Deputados, enquanto a segunda é realizada pelo Senado.
para tanto um decreto no sentido de imprimir maior nível O processo na Câmara dos Deputados se inicia a partir de
de executoriedade. O decreto irá pormenorizar o conteúdo notitia criminis (notícia do crime) por parte de um cidadão.
da lei, explicando em maior detalhe, no intuito de facilitar Assim, é permitido a qualquer cidadão denunciar o Presi-
o processo de eficácia da lei, sem, contudo, obviamente, dente da República ou Ministro de Estado por crime de res-
Direito Constitucional

contrariá‑la, sob pena de ilegalidade. ponsabilidade perante a Câmara dos Deputados. Quando a
Há uma exceção no texto constitucional que admite legislação menciona “cidadão”, significa que os estrangeiros,
a edição de um decreto sem a existência de uma lei que os que não podem votar e aqueles que tiverem, por qualquer
regulamente primariamente a matéria, chamado, por parte motivo, com seus direitos políticos perdidos ou suspensos
da doutrina, de decreto autônomo. Trata‑se de autorização não podem apresentar a imputação penal. Percebe‑se que os
ao Presidente da República para dispor, mediante decreto, partidos políticos ou pessoas jurídicas não podem apresentar
sobre a organização e funcionamento da administração notitia criminis, no intuito de se evitar denúncias arbitrárias
federal, quando não implicar aumento de despesa, nem e abusivas, com mero interesse eleitoreiro.
criação ou extinção de órgãos. Também é possível extinguir A Câmara dos Deputados irá receber a acusação pelo
funções ou cargos públicos, quando vagos. Presidente da Casa, que submeterá a uma comissão escolhida

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para discussão e votação, no sentido de decidir se é caso de As prerrogativas elencadas na Constituição ao Presidente
levar a Plenário ou não o juízo de admissibilidade (decidirá da República não se estendem aos governadores dos esta-
se a acusação irá a julgamento pelo Senado). Ou seja, se o dos e do Distrito Federal, pois, segundo a jurisprudência do
parecer for negativo, será arquivada a notícia criminal, caso Supremo Tribunal Federal, foram conferidas ao Presidente
contrário, submete‑se ao Plenário a acusa­ção. É importante da República como chefe de Estado e não como chefe de
destacar que essa votação é aberta, sem possibilidade de governo.
voto secreto. A regra geral na Constituição é a transparência A única ressalva, feita pelo Supremo Tribunal Federal,
das votações no Parlamento, resguardando‑se a publicidade é quanto à imunidade formal, em que, para que possa ser
dos atos públicos, sendo exceção a previsão de voto secre- processado o Governador por crimes cometidos durante o
to somente nos casos expressamente definidos no texto exercício do mandato, deve haver licença prévia da Assem-
constitucional. bleia Legislativa (votos de 2/3), e desde que tenha previsão
Após esse período (primeira fase), sendo o caso de expressa nesse sentido na Constituição Estadual.
deliberação para se dar continuidade ao julgamento do Nos crimes comuns, enquanto o Presidente da República
Presidente da República pelo Senado Federal (é necessário é julgado pelo Supremo Tribunal Federal, os governadores de
obter 2/3 dos votos), fica o Presidente afastado de suas fun- estado e do Distrito Federal são julgados perante o Superior
ções, por no máximo 180 dias. Em caso de não conclusão do Tribunal de Justiça.
julgado, este terá direito de ser restituído ao cargo. Não se Os governadores dos estados e do Distrito Fe­deral, em
trata de sanção preliminar, mas apenas de medida cautelar regra, nos crimes de responsabilidade, são julgados pela
no sentido de evitar que o Presidente da República utilize‑se respectiva Assembleia Legislativa, ou mesmo por um Tribunal
de expedientes que venham a tumultuar o andamento do Especial, mas sempre havendo licença prévia da Assembleia
processo de impeachment. Legislativa. Esse Tribunal Especial ou o julgamento pela
A segunda fase é realizada pelo Senado Fe­deral, que própria Assembleia Legislativa deve estar previsto expres-
atuará como uma função julgadora. Serão convocados vários samente na Constituição do Estado.
parlamentares, dos mais diversos partidos, que participarão
do preparatório para julgamento pelo Plenário do Senado. Ministros de Estado
A preparação constitui-se na oportunidade conferida ao Pre-
sidente da República para se defender (contraditório e ampla Os Ministros de Estado são auxiliares do Presidente da
defesa). O Presidente do Supremo Tribunal Federal é quem República na função de governar. São nomeados de acordo
presidirá o julgamento pelo Senado Federal, com a função com a livre vontade do Presidente da República (cargo de
de assegurar a aplicação do contraditório, ampla defesa e livre nomeação e exoneração). São requisitos para o exercí-
devido processo legal no julgamento, o que não significa que cio do cargo de Ministro de Estado ser brasileiro, maior de
vinte e um anos e em pleno gozo dos direitos políticos. As
o Presidente do Supremo Tribunal Federal votará.
atribuições dos Ministros de Estado estão destacadas em
Se o Senado julgar procedente, ou seja, pela condenação,
negrito nos incisos do art. 87, logo abaixo.
o Presidente do Supremo Tribunal Federal fará a proclamação
É importante destacar uma função em especial: a de “refe-
do resultado do julgamento (também se exige um quorum
rendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da Repúbli-
de 2/3).
ca” na faculdade de regulamentar lei, conferindo fiel execução
O Presidente da República, na vigência de seu mandato,
à lei. Isso significa que os decretos editados pelo Presidente da
não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercí-
República devem vir acompanhados do referendo do Ministro
cio de suas funções. É uma responsabilidade relativa, porque da respectiva Pasta Ministerial pertinente à matéria tratada.
só exclui os atos estranhos ao exercício de suas funções. Como exemplo o Decreto nº 6.445/2008 (dispõe sobre os efe-
A sanção nos crimes de responsabilidade corresponda: tivos do pessoal Militar do Exército, em serviço ativo, a vigorar
a) perda do cargo; e b) inabilitação por oito anos para o em 2008), em que assinam o Presidente da República Luiz Inácio
exercício de função pública. Lula da Silva e o Ministro de Estado Nelson Jobim.
Caso venha o Presidente da República a renunciar a Os Ministros de Estado também podem cometer crimes
seu mandato no cargo quando já instaurada a sessão de de responsabilidade e crimes comuns, ambos julgados pelo
julgamento, isso não acarretará a extinção do processo de Supremo Tribunal Federal, salvo os crimes de responsabilida-
impeachment. É uma forma de evitar que o Presidente venha de conexos aos cometidos pelo Presidente e Vice‑Presidente
a burlar a condenação de inabilitação por oito anos para o da República, os quais serão julgados pelo Senado Federal.
exercício da função pública. Esse foi o entendimento profe-
rido pelo Supremo Tribunal Federal no caso do ex‑presidente Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional
Fernando Collor de Mello.
O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional
Procedimento nos Crimes Comuns têm a função de assessorar o Presidente da República na
Da mesma forma que nos crimes de responsabilidade, tomada de decisões estratégicas, consideradas essenciais
a Câmara dos Deputados deliberará acerca do juízo de admis- para o País. O Presidente da República é quem presidirá
sibilidade do Presidente da República, e posteriormente, em as reuniões do Conselho, tendo os pareceres emitidos por
Direito Constitucional

caso positivo, será enviada a acusação ao Supremo Tribunal esses órgãos caráter meramente opinativo, não vinculando
Federal, o qual julgará o caso. Nos crimes comuns, o Supremo o Presidente da República.
Tribunal Federal é o responsável pelo julgamento. Participam do Conselho da República:
• o Vice‑Presidente da República;
Prerrogativas do Presidente da República • o Presidente da Câmara dos Deputados;
• o Presidente do Senado Federal;
As prerrogativas do Presidente da República não cons- • os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos
tituem privilégios, mas uma forma jurídica de se alcançar Deputados;
um grau maior de estabilidade ao mais alto cargo do Poder • os líderes da maioria e da minoria no Senado Federal;
Executivo. • o Ministro da Justiça;

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• seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trinta e • os Tribunais e Juízes Eleitorais;
cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Pre- • os Tribunais e Juízes Militares;
sidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal • os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com e Territórios.
mandato de três anos, vedada a recondução.
O Poder Judiciário brasileiro existe no âmbito federal e
A competência do Conselho da República cinge‑se no estadual, utilizando‑se os municípios da justiça federal ou
pronunciamento sobre: estadual. Essa foi uma opção do constituinte, que não con-
• intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio; cedeu aos Municípios um Judiciário próprio. Por isso, diz‑se
• as questões relevantes para a estabilidade das institui- que a justiça brasileira é dualista.
ções democráticas.
Funções do Poder Judiciário
O Conselho de Defesa Nacional tem a função principal de
resguardar a soberania nacional e deliberar sobre questões Podem ser típicas e atípicas. Isso porque nem toda a
vinculadas a esse tema. atividade jurisdicional é exclusiva do Judiciário, ao passo
Participam do Conselho de Defesa Nacional: em que nem toda a atividade do Judiciário é jurisdicional.
• o Vice‑Presidente da República; • função típica: atividade jurisdicional de julgar as de-
• o Presidente da Câmara dos Deputados; mandas que lhe são apresentadas;
• o Presidente do Senado Federal; • função atípica: atividade de elaboração do Regimento
• o Ministro da Justiça; Interno de um Tribunal (função de legislar); atividade
• o Ministro de Estado da Defesa; do juiz de administrar a vara judiciária, coordenando
• o Ministro das Relações Exteriores; as atividades dos servidores (função executiva) etc.
• o Ministro do Planejamento;
• os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero- Por sua vez, é de se reconhecer atividade jurisdicional nos
náutica. demais Poderes: a Câmara, ao ser responsável em examinar a
procedência de acusação contra o Presidente, Vice‑Presiden-
São atribuições do Conselho de Defesa Nacional: te e Ministros de Estado, esses últimos nos crimes conexos
• opinar nas hipóteses de declaração de guerra e de com os primeiros (art. 51, I, CF); o Senado, ao julgar crimes de
celebração da paz, nos termos desta Constituição; responsabilidade do Presidente, Vice‑Presidente, Ministros
• opinar sobre a decretação do estado de defesa, do do STF, Procurador‑Geral da República, Advogado‑Geral da
estado de sítio e da intervenção federal; União e Ministros de Estado e Comandantes da Marinha,
• propor os critérios e condições de utilização de áreas Exército e Aeronáutica, esses últimos em crimes conexos
indispensáveis à segurança do território nacional e com os dois primeiros. (art. 52, I e II, da CF).
opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa
de fronteira e nas relacionadas com a preservação e a Classificação
exploração dos recursos naturais de qualquer tipo;
• estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de A doutrina clássica aponta a jurisdição como uma só. Ela
iniciativas necessárias para garantir a independência não é nem federal, nem estadual, como expressão do poder
nacional e a defesa do Estado democrático. estatal, que é uno, não comportando divisões. Entretanto,
essa divisão dogmática é racional como forma de melhor
Observação: em relação ao estado de sítio, ao estado de estruturar e compreender.
defesa e à intervenção federal deve haver parecer tanto São duas as esferas jurisdicionais: justiça comum e justiça
do Conselho da República como do Conselho de Defesa especial. A justiça comum é dividida em justiça estadual e
Nacional. Isso porque aquele analisará sob o ângulo da federal. Da justiça especial fazem parte: militar, eleitoral e
defesa das instituições democráticas, enquanto esse últi- trabalhista.
mo fará sua observação sob o enfoque da preservação da • Justiça comum: justiça estadual e federal.
soberania nacional. • Justiça especial: justiça militar, eleitoral e trabalhista.

Garantias do Poder Judiciário


Poder Judiciário
A Constituição Federal, no intuito de assegurar maior
O Poder Judiciário é um dos três Poderes que compõem independência ao Poder Judiciário para que se estabeleça
a República Federativa do Brasil, ao lado do Poder Executivo uma harmonia entres os poderes (Executivo, Legislativo e
e do Poder Legislativo. São poderes independentes e harmô- Judiciário), define algumas garantias aos Tribunais e aos
nicos, cada um com capacidade financeira e administrativa membros do Poder Judiciário, ao passo em que propõe algu-
próprias. É a consagração do princípio da separação dos mas vedações. Esse modelo é imprescindível para o Estado
poderes, na qual se conferiu ao Poder Judiciário a função Democrático de Direito.
jurisdicional, ou seja, aplicação da lei aos conflitos de inte- As garantias são divididas em institucionais e aos mem-
Direito Constitucional

resses submetidos a sua apreciação, com o intuito primordial bros do Poder Judiciário:
de difundir a justiça, essencial para o Estado Democrático • garantias institucionais: resguardam a independência
de Direito. do Judiciário em relação aos demais Poderes.
São órgãos do Poder Judiciário: – autonomia funcional, administrativa e financeira –
• o Supremo Tribunal Federal; art. 99, CF.
• o Conselho Nacional de Justiça; Os Tribunais possuem autonomia funcional. Isso significa
• o Superior Tribunal de Justiça; que eles têm a prerrogativa de apresentar projetos para
• o Tribunal Superior do Trabalho; estabelecer o número de juízes e desembargadores que
• os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; irão compor o seu quadro funcional, assim como estabele-
• os Tribunais e Juízes do Trabalho; cer a organização de secretarias, serviços auxiliares e dos

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juízes que lhe forem vinculados, inclusive atividade corre- de deliberação do Tribunal a que esteja vinculado. Isso não
cional, propor a criação de novas varas judiciárias, prover, acontece com os magistrados de Tribunais Superiores, que
por concurso público de provas, ou de provas e títulos, os independem do transcurso do período, adquirindo a vitali-
cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de ciedade quando são empossados.
confiança, entre outros. – inamovibilidade: o juiz ingressa na carreira como juiz
Se, por acaso, for aprovado projeto de lei que permite substituto. A titularidade é adquirida com a promoção,
ao Chefe do Executivo estabelecer, por exemplo, o número e quando assim conquistada o juiz só poderá ser removido
de desembargadores de um Tribunal de Justiça, essa norma por iniciativa própria, nunca por iniciativa de outra auto-
fatalmente será declarada inconstitucional por ofensa a ridade, salvo no caso de decisão por maioria absoluta do
separação dos poderes, posto ser aquela matéria reservada respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, por
ao próprio Poder Judiciário. interesse público, assegurada ampla defesa. Até para que
É uma forma de os Tribunais administrarem seu próprio haja promoção deve haver iniciativa do magistrado.
funcionamento, dentro de um parâmetro orçamentário pro- – irredutibilidade de subsídios: a irredutibilidade signifi-
posto pelos mesmos, tendo como limite a lei de diretrizes ca que não pode haver redução de “salário” (a Constituição
orçamentárias demarcada pela Constituição. estabelece que os magistrados serão remunerados por
– modo de escolha dos dirigentes dos Tribunais: art. subsídios). Isso não impede que a remuneração venha a ser
96, I, a, da CF. corroída pela inflação, nem mesmo a incidência de tributos.
A autonomia funcional de um Tribunal só é alcançada – garantia de imparcialidade: o magistrado tem a garan-
quando não há ingerências de outros Poderes, por isso é tia de ser imparcial, impedindo que outros intercedam em
imprescindível que os dirigentes sejam escolhidos dentro seu trabalho. Na verdade, trata‑se não só de uma garantia,
do âmbito do próprio Poder Judiciário. mas de um dever do juiz de ser imparcial, ou seja, não se
deixar levar por influências externas ou psíquicas que possam
• garantias aos membros: comprometer um julgamento justo. É por isso que é vedado
– vitaliciedade: somente decisão judicial transitada em aos juízes ser filiado a atividades político‑partidárias, assim
julgado faz com que o juiz venha a perder o cargo. A vita- como receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par-
liciedade não é adquirida quando ingressa no cargo, mas ticipação em processo, bem como auxílios ou contribuições
após dois anos de exercício. Nesse período, antes de com- de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, salvo
pletar os dois anos, o juiz pode perder o cargo a depender exceção prevista em lei.

Organograma do Poder Judiciário

Supremo Tribunal Federal Peixoto nomeasse o médico Barata Ribeiro e os generais Ino-
cêncio Galvão de Queiroz e Raymundo Ewerton de Quadros.
Trata‑se de órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro, Os Ministros são escolhidos pelo Presidente da República,
Direito Constitucional

sendo composto por onze Ministros, escolhidos entre cida- devendo ainda obter a aprovação do Senado Federal, com
dãos brasileiros natos, com mais de trinta e cinco e menos o quorum de maioria absoluta, mediante resolução, com
de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico prévia sabatina pelos senadores.
e reputação ilibada. Compete ao Supremo Tribunal Federal, guardião da Cons-
Percebe‑se que para ser Ministro do Supremo Tribunal tituição, julgar as causas que diretamente atinjam normas
Federal não se faz necessário o requisito de ser formado Ba- (regras e princípios) inseridas no texto constitucional.
charel em Direito, sendo suficientes os requisitos da idade e Esta competência pode ser originária e recursal, aquela
do notável saber jurídico e reputação ilibada. Sob a vigência quando a ação for iniciada diretamente no Supremo Tribunal
da Constituição de 1891, na qual fazia exigência apenas do Federal, como no caso de ação direta de inconstitucionali-
“notável saber”, sem o “jurídico”, o então presidente Floriano dade (ADI), ação declaratória de constitucionalidade (ADC),

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conflito de competência, entre tantas outras. Já a competên- Superior Tribunal de Justiça
cia recursal decorre de decisões proferidas nas instâncias or-
dinárias, no caso os Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais O Superior Tribunal de Justiça também é órgão do Poder
Federais (no âmbito da justiça comum), por exemplo, quando Judiciário e foi criado para julgar os recursos em face das
houver afronta direta ao texto constitucional. decisões proferidas no âmbito da justiça comum (Tribunal de
Justiça e Tribunal Regional Federal) referentes às questões de
Controle do Poder Judiciário natureza infraconstitucional, concernentes às leis federais.
Tem a atribuição de conferir uniformidade de interpretação
A Constituição prevê uma forma de controle do Poder
Judiciário, assegurando a noção de freios e contrapesos acerca das leis federais.
entre os poderes. Este controle é pertinente à fiscalização O Superior Tribunal de Justiça é composto de, no mínimo,
contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial trinta e três Ministros nomeados pelo Presidente da Repúbli-
das unidades administrativas do Poder Judiciário, que deve ca, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de
ser realizada pelo Poder Legislativo, e por meio do Congresso sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e
Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União. Não reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria
se trata de um controle quanto à atuação do magistrado no absoluta do Senado Federal. É formado por:
julgamento dos casos, pois não pode afetar propriamente a I – um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Fede-
atividade jurisdicional. rais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de
A Emenda Constitucional nº 45/2004 criou o Conselho Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio
Nacional de Justiça, que se trata de um novo órgão introdu-
Tribunal;
zido na estrutura do Poder Judiciário, com sede na Capital
Federal, de natureza estritamente administrativa, ou seja, II – um terço, em partes iguais, dentre advogados e
sem poder jurisdicional, com a finalidade de controle interno membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito
do Poder Judiciário. Tem o controle da atuação administrativa Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma
e financeira do Poder Judiciário e dos deveres funcionais dos do art. 94.
juízes, além de indicar políticas institucionais de melhoria da
atuação do Poder Judiciário. Justiça Federal
No mesmo sentido, o Conselho Nacional de Justiça é
o órgão, sem competência jurisdicional, responsável pelo A Justiça Federal Comum é composta pelos Tribunais
controle administrativo do Poder Judiciário, podendo, in- Regionais Federais e pelos juízes federais. São cinco Tribu-
clusive, atuar de ofício, independentemente de provocação, nais Regionais Federais. Cada Estado, assim como o Distrito
para desconstituir atos administrativos ilegais praticados no Federal, constitui uma seção judiciária, com sede na Capi-
âmbito do citado poder. tal e varas localizadas de acordo com a lei de organização
judiciária. Os juí­zes federais são membros da Justiça Federal
Cuidado! Não se trata de controlar as decisões pro­feridas de primeira instância.
pelos magistrados, pois eles possuem independência
Competência
funcional.
A competência da Justiça Federal é marcada por julgar
as causas em que houver interesse da União ou de suas
O Conselho Nacional de Justiça tem a seguinte formação
(15 membros): entidades descentralizadas, seja quando atuar como auto-
I – Presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal ras, assistentes ou oponentes, com exceção das causas que
Federal; versarem sobre falência, acidente do trabalho, relacionadas
II – um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado à Justiça Eleitoral e do Trabalho.
pelo respectivo tribunal; Importante destacar que a Justiça Federal poderá assu-
III – um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indi- mir a competência para julgar demandas que versem sobre
cado pelo respectivo tribunal; graves violações de direitos humanos previstos em tratados
IV – um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado internacionais dos quais o Brasil seja parte. O procedimento
pelo Supremo Tribunal Federal; para deslocamento da competência para a Justiça Federal
V – um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal inicia‑se após a verificação da omissão ou ineficácia dos
Federal; órgãos da Justiça Estadual, quando o Procurador‑Geral da
VI – um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo República poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de
Superior Tribunal de Justiça; Justiça, o referido incidente.
VII – um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de
Justiça; Justiça do Trabalho
VIII – um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado
pelo Tribunal Superior do Trabalho; A Justiça do Trabalho é o órgão do Poder Judiciário in-
IX – um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior cumbido de apreciar as demandas referentes ao direito do
do Trabalho; trabalho, como, por exemplo, reclamações trabalhistas em
Direito Constitucional

X – um membro do Ministério Público da União, indicado que se pleiteiam horas extras, décimo terceiro salário, férias,
pelo Procurador‑Geral da República; entre outros direitos laborais. A Constituição utiliza a expres-
XI – um membro do Ministério Público estadual, escolhi- são “relações de trabalho” para denotar a competência da
do pelo Procurador‑Geral da República dentre os nomes in- Justiça do Trabalho, abrangendo, inclusive, as controvérsias
dicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; trabalhistas dos entes da Administração Pública direta e
XII – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da indireta, não se incluindo nessas situações as relações es-
Ordem dos Advogados do Brasil; tatutárias da administração pública. Nesse sentido, só as
XIII – dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação relações celetistas (decorrentes da Consolidação das Leis
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro do Trabalho – CLT) e não estatutárias serão julgadas pela
pelo Senado Federal. Justiça do Trabalho.

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São órgãos da Justiça do Trabalho: I – mediante eleição, pelo voto secreto:
I – o Tribunal Superior do Trabalho; a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal
II – os Tribunais Regionais do Trabalho; Federal;
III – Juízes do Trabalho. b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal
O Tribunal Superior do Trabalho será composto de vinte de Justiça;
e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de II – por nomeação do Presidente da República, dois juízes
trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade
pelo Presidente da República após aprovação pela maioria moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.
absoluta do Senado Federal, sendo: O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos Vice‑Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer- Superior Tribunal de Justiça.
cício, observado o disposto no art. 94; O Tribunal Regional Eleitoral será instalado em cada
II – os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Estado e no Distrito Federal, elegendo seu Presidente e o
Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados Vice‑Presidente dentre os desembargadores, compondo‑se:
pelo próprio Tribunal Superior. I – mediante eleição, pelo voto secreto:
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem‑se de, a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal
no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na de Justiça;
respectiva região e nomeados pelo Presidente da República b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo
entre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e Tribunal de Justiça;
cinco anos, sendo: II – de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na
I – um quinto dentre advogados com mais de dez anos Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo,
de efetiva atividade profissional e membros do Ministério de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exer- Regional Federal respectivo;
cício, observado o disposto no art. 94; III – por nomeação, pelo Presidente da República,
II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico
por antiguidade e merecimento, alternadamente. e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.
Destaca‑se na Constituição que os Tribunais Regionais Os juízes estaduais acumulam as funções de juízes
do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização eleitorais.
de audiências e demais funções de atividade jurisdicional,
nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo‑se Justiça Militar
de equipamentos públicos e comunitários. Destaca-se tam-
bém que os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcio- A Justiça Militar foi criada para julgar os crimes militares
nar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, definidos em lei.
a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça São órgãos da Justiça Militar definidos na Constituição:
em todas as fases do processo. I – o Superior Tribunal Militar;
Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por II – os Tribunais e Juízes Militares instituídos por lei.
um juiz singular. O Superior Tribunal Militar compor‑se‑á de quinze Mi-
nistros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República,
Competência depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo
Em regra, abrange o julgamento de dissídios individuais três dentre oficiais‑generais da Marinha, quatro dentre
e coletivos, sendo aqueles compostos pelo trabalhador de oficiais‑generais do Exército, três dentre oficiais‑generais
um lado e pela empresa de outro, enquanto que os dissídios da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da
coletivos são demandas entre sindicato dos trabalhadores carreira, e cinco dentre civis.
versus empresas/sindicatos econômicos de outro, ou seja, Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da
esses últimos objetivam solucionar interesse de uma cate- República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos,
goria determinada de trabalhadores. sendo:
• dissídio individual: decisão de interesse direto de I – três dentre advogados de notório saber jurídico e
um trabalhador específico – julgamento pelo juiz de conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade
primeira instância; profissional;
• dissídio coletivo: sentença normativa que podem es- II – dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e
tabelecer novos direitos à determinada categoria de membros do Ministério Público da Justiça Militar.
trabalhadores – julgamento pelos Tribunais da Justiça
do Trabalho (segunda instância). Competência
A Justiça Militar tem a competência para julgar os crimes
Justiça Eleitoral militares definidos em lei, que são elencados no Código
Penal Militar.
A Justiça Eleitoral tem por incumbência julgar as deman- Importante destacar que os civis podem ser julgados
Direito Constitucional

das relacionadas ao processo eleitoral, ao mesmo tempo em no âmbito da Justiça Militar da União quando cometerem
que estabelece, como função peculiar, atividades adminis- crimes tipificados como militares. Isso não ocorre no âmbito
trativas, a qual coordena a totalidade dos procedimentos dos Estados, em que a Justiça Militar abrange somente o
necessários para a realização da eleição. julgamento dos policiais e bombeiros militares.
São órgãos da Justiça Eleitoral:
I – o Tribunal Superior Eleitoral; Justiça Estadual
II – os Tribunais Regionais Eleitorais;
III – os Juízes Eleitorais; Os Estados‑membros possuem autonomia para organiza-
IV – as Juntas Eleitorais. rem seu Poder Judiciário próprio, competindo à organização
O Tribunal Superior Eleitoral compor‑se‑á, no mínimo, de sua estrutura, sempre atendendo aos limites traçados
de sete membros, escolhidos: pela Constituição Federal.

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Competência c) o Ministério Público Militar;
A competência dos tribunais será definida na Consti- d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;
tuição do Estado, sendo a lei de organização judiciária de II – os Ministérios Públicos dos Estados.
iniciativa do Tribunal de Justiça.
Em regra, a competência dos Tribunais de Justiça e dos Atribuições do Ministério Público
Juízes Estaduais corresponde àquela que não for de atribui-
ção das justiças especializadas e justiça federal. Trata‑se de O Ministério Público tem as seguintes funções, entre
competência residual, ou seja, o que sobrar será de compe- outras:
tência da Justiça Estadual. I – promover, privativamente, a ação penal pública, na
forma da lei;
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA II – zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados
São funções essenciais à justiça: o Ministério Público, nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a
a Advocacia Pública, a Advocacia (no âmbito privado) e a sua garantia;
Defensoria Pública. III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para
a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente
Ministério Público e de outros interesses difusos e coletivos;
IV – promover a ação de inconstitucionalidade ou repre-
O Ministério Público, por definição constitucional, sentação para fins de intervenção da União e dos Estados,
é instituição permanente, essencial à função jurisdicional nos casos previstos nesta Constituição;
do Estado, incumbindo‑lhe a defesa da ordem jurídica, do V – defender judicialmente os direitos e interesses das
regime democrático e dos interesses sociais e individuais populações indígenas;
indisponíveis. É, portanto, uma instituição voltada para a VI – expedir notificações nos procedimentos adminis-
defesa da sociedade e do Estado Democrático de Direito. trativos de sua competência, requisitando informações e
O fortalecimento dessa instituição ocorreu com a Consti- documentos para instruí‑los, na forma da lei complementar
tuição Federal de 1988, pois resguardou a importante missão respectiva;
de defender os interesses sociais, fiscalizar o cumprimento da VII – exercer o controle externo da atividade policial, na
lei (função custus legis) e defender os interesses individuais forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
indisponíveis. VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração
• Interesses sociais. Exemplo: combater a criminalidade, de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de
pois o Ministério Público, por meio de seu membro (Promo- suas manifestações processuais;
tor de Justiça ou Procurador da República), apresenta denún- IX – exercer outras funções que lhe forem conferidas,
cia judicial; resguardar o patrimônio público contra desvios desde que compatíveis com sua finalidade, sendo‑lhe vedada
de verbas públicas; evitar danos ao meio ambiente por meio a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades
de ação civil pública, entre tantas outras atribuições. públicas.
• Fiscal da lei. Exemplo: quando o Ministério Público
é intimado para apresentar parecer sobre determinada
Observação: o art. 129 da CF enumera as funções do
questão em processo judicial, como no caso de mandado
Ministério Público, que, por sua vez, não são taxativas, ou
de segurança.
seja, outras funções desempenhadas não estão expressas
• Defender interesses individuais indisponíveis. Exemplo:
no referido dispositivo.
defesa de menores e incapazes.

O Ministério Público não é um quarto Poder, embora Garantias e Vedações Aplicadas aos Membros do
popularmente faça‑se menção como se assim o fosse, em Ministério Público
razão das muitas atribuições que lhe são confiadas pela
Constituição, desenvolvendo um relevante papel social. As garantias conferidas pela Constituição aos membros
Para o desempenho de suas funções, a Constituição as- do Ministério Público são semelhantes às garantias atribuídas
segura a autonomia funcional e administrativa, delimitando aos membros do Poder Judiciário:
os princípios institucionais do Ministério Público como sendo • vitaliciedade: após dois anos de cumprido o estágio
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional. probatório, o membro do Ministério Público somente pode
• Unidade: os membros do Ministério Público fazem perder o cargo por decisão judicial transitada em julgado;
parte de um só órgão, sob o comando do Procurador‑Geral • inamovibilidade: os membros do Ministério Público
da República (âmbito federal) e do Procurador‑Geral de não podem ser transferidos compulsoriamente de seus car-
Justiça (âmbito estadual). gos, exceto se for em razão do interesse público, mediante
• Indivisibilidade: os membros do Ministério Público decisão do órgão colegiado da instituição, por maioria ab-
atuam em nome da instituição. soluta dos votos, sendo assegurados o contraditório, ampla
Direito Constitucional

• Independência funcional: os membros do Ministério defesa e devido processo legal;


Público não estão subordinados à Chefia da instituição, • irredutibilidade do subsídio: a remuneração dos mem-
estando apenas submetidos à lei e a sua consciência com bros do Ministério Público não podem sofrer reduções, salvo
seu dever funcional. se decorrer de inflação ou tributação.
Estrutura do Ministério Público
As vedações aos membros do Ministério Público são:
O Ministério Público tem como estrutura organizacional: • receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
I – o Ministério Público da União, que compreende: honorários, percentagens ou custas processuais;
a) o Ministério Público Federal; • exercer a advocacia;
b) o Ministério Público do Trabalho; • participar de sociedade comercial, na forma da lei;

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• exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra Advocacia Pública
função pública, salvo uma de magistério;
• exercer atividade político‑partidária; A Advocacia Pública compreende a função de consul-
toria e assessoramento do Poder Executivo, incluindo‑se o
A título de exemplo: dois irmãos são membros do âmbito Federal, Estadual e Municipal, no qual representará
Ministério Público estadual desde 2006, em virtude de os interesses em juízo e extrajudicialmente.
aprovação em concurso público para ingresso na carreira. • Federal: a Advocacia‑Geral da União;
O mais velho, no exercício da função, prestou concurso para • Estadual: Procuradoria‑Geral do Estado;
professor efetivo de Universidade pública, em que logrou • Municipal: Procuradoria‑Geral do Município.
ser aprovado; o mais novo, a seu turno, recebeu convite
para filiar-se a partido político cuja principal bandeira é A Advocacia‑Geral da União compreende os Advogados
a defesa da ordem jurídica e do Estado Democrático de da União e os Procuradores da Fazenda Nacional. Os Advo-
Direito. Consideradas as normas da Constituição da Repú- gados da União exercem a função de consultoria e asses-
blica aplicáveis ao caso, o irmão mais velho poderá exercer soramento da administração pública direta, envolvendo a
cumulativamente as funções no Ministério Público e de Presidência da República e os Ministérios. Os Procuradores
magistério público, mas o mais novo não poderá filiar-se da Fazenda Nacional têm a atribuição de recuperação da
ao partido político. dívida ativa de natureza tributária, assim como a represen-
tação e consultoria da União nessa esfera.
• receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou con-
É de se destacar que a carreira de Procurador Federal
tribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas,
não está inserida na Advocacia‑Geral da União como parte
ressalvadas as exceções previstas em lei;
integrante, mas apenas vinculada por meio da Procurado-
• exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se ria‑Geral Federal. Entretanto, em razão da semelhança de
afastou antes de decorridos três anos do afastamento do atribuições, prerrogativas e vedações, em breve a Procu-
cargo por aposentadoria ou exoneração. radoria‑Geral Federal será integrada à Advocacia‑Geral da
União por uma questão de coerência jurídica.
Observação: a doutrina majoritária classifica os membros O chefe da instituição é o Advogado‑Geral da União,
do Ministério Público (Promotor de Justiça e Pro­curador da cargo de livre nomeação do Presidente da República, sendo
República) de agentes políticos, excluindo‑se da qualificação escolhido entre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
de servidor público em sentido estrito. Isso porque a Cons- notável saber jurídico e reputação ilibada.
tituição possui normas específicas para o cargo, ao tempo A Procuradoria‑Geral do Estado e a do Distrito Federal
em que reserva atribuições de alta relevância para o Estado têm a atribuição de representar judicial e extrajudicialmente
Democrático de Direito. os Estados‑membros, além da atividade de consultoria e
assessoramento.
A chefia da Procuradoria‑Geral do Estado é feita pelo Pro-
Conselho Nacional do Ministério Público
curador‑Geral do Estado, de livre nomeação do Governador.
Da mesma forma que foi criado o Conselho Nacional A Constituição não faz menção expressa às Procura­dorias
de Justiça ao Poder Judiciário, a Emenda Constitucional Municipais, embora por simetria, nos termos do modelo fe-
nº 45/2004 trouxe o Conselho Nacional de Justiça com a deral adotado pelo Brasil, deve‑se reconhecer a mesma ideia
função primordial de controle da atividade administrativa de Procuradoria do Estado às Procuradorias de Municípios.
O ingresso na carreira da Advocacia Pública ocorre por
e financeira do Ministério Público, assim como dos deveres
meio de concurso público de provas e títulos, com a parti-
funcionais dos seus membros.
cipação da Ordem dos Advogados do Brasil. A estabilidade
Não se trata de interferir na independência funcional dos
é adquirida após três anos de efetivo exercício, mediante
membros, sendo vedada qualquer atividade que submeta o avaliação de desempenho.
Promotor de Justiça ou Procurador da República a vontades
políticas de autoridades ou da própria Chefia da instituição.
A estrutura do Conselho Nacional do Ministério Público
Defensoria Pública
tem sua composição formada por quatorze membros no- A Defensoria Pública é instituição com a missão de
meados pelo Presidente da República, depois de aprovada orientar e realizar a defesa em juízo, em qualquer grau, dos
a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um necessitados.
mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo: O Estado tem o dever de prestar assistência jurídica gra-
I – o Procurador‑Geral da República, que o preside; tuita às pessoas carentes, ou seja, quem não puder dispor de
II – quatro membros do Ministério Público da União, recursos para custear um advogado particular sem privar‑se
assegurada a representação de cada uma de suas carreiras; do indispensável para o seu sustento e de sua família.
III – três membros do Ministério Público dos Estados; A Defensoria Pública abrange os dois níveis da fe­deração:
IV – dois juízes, indicados um pelo Supremo Tribunal União e Estados‑membros.
Federal e outro pelo Superior Tribunal de Justiça; Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas
Direito Constitucional

V – dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua
Ordem dos Advogados do Brasil; proposta orçamentária, dentro dos limites estabelecidos na
VI – dois cidadãos de notável saber jurídico e reputação lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto
ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro no art. 99, § 2º. Tal autonomia, nos termos da Emenda Cons-
pelo Senado Federal. titucional nº 74/2013, foi estendida à Defensoria Pública da
União e à Defensoria Pública do Distrito Federal
O ingresso na carreira ocorre por meio de concurso
Observação: os membros do Conselho oriundos do Minis-
público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a
tério Público serão indicados pelos respectivos Ministérios garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advo-
Públicos, na forma da lei. cacia fora das atribuições institucionais.

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Advocacia (Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici-
pal/2017) Acerca de assuntos relacionados à disciplina da
O Advogado assume a função de representar as partes saúde e da educação na CF, julgue os itens que se seguem.
em juízo, assim como prestar consultoria acerca dos direitos 11. É permitida a intervenção do estado nos seus municí-
de que dispõem. A Advocacia deve ser entendida como um pios nas situações em que não for aplicado o mínimo
dever a serviço da distribuição de justiça, considerando que exigido da receita municipal nas ações e nos serviços
é uma função essencial nesse mister. públicos de saúde.
Tem como prerrogativa a inviolabilidade por seus atos e 12. Desenvolver políticas públicas para a redução da ocor-
manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. rência de doenças e a proteção da saúde da população
é competência concorrente da União, dos estados, do
EXERCÍCIOS DF e dos municípios.

(Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici- (Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici-


pal/2017) Acerca dos direitos fundamentais, do regime pal/2017) A respeito das funções essenciais à justiça, julgue
jurídico aplicável aos prefeitos e do modelo federal brasileiro, os itens seguintes à luz da CF.
julgue o item que se segue. 13. Aos defensores públicos é garantida a inamovibilidade
1. De acordo com o STJ, é exigida prévia autorização do e vedada a advocacia fora das atribuições institucionais.
Poder Judiciário para a instauração de inquérito ou 14. Em decorrência do princípio da unidade, membro do
procedimento investigatório criminal contra prefeito, já MP não pode recorrer de decisão proferida na segunda
que prefeitos detêm foro por prerrogativa de função e instância se o acórdão coincidir com o que foi preco-
devem ser julgados pelo respectivo tribunal de justiça, nizado pelo promotor que atuou no primeiro grau de
TRF ou TRE, conforme a natureza da infração imputada. jurisdição.
15. De acordo com o entendimento do STF, são garantidas
(Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Muni- ao advogado público independência funcional e inamo-
cipal/2017) A respeito das normas constitucionais, do vibilidade.
mandado de injunção e dos municípios, julgue os itens
subsequentes. 16. O ente federado tanto pode optar pela constituição de
2. Os municípios não gozam de autonomia para criar novos defensoria pública quanto firmar convênio exclusivo
tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais. com a OAB para prestar assistência jurídica integral aos
3. Pessoa jurídica pode impetrar mandado de injunção. hipossuficientes.
4. O princípio da legalidade diferencia‑se do da reserva
legal: o primeiro pressupõe a submissão e o respeito à (Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici-
lei e aos atos normativos em geral; o segundo consiste pal/2017) De acordo com a jurisprudência dos tribunais
na necessidade de a regulamentação de determinadas superiores, julgue os itens subsecutivos, relativos a servi-
matérias ser feita necessariamente por lei formal. dores públicos.
17. Os reajustes de vencimentos de servidores municipais
(Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici- podem ser vinculados a índices federais de correção
pal/2017) Acerca dos remédios constitucionais, julgue os monetária.
próximos itens. 18. Caso um procurador municipal assuma mandato de de-
5. Pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus. putado estadual, ele deve, obrigatoriamente, se afastar
6. Embora não tenham personalidade jurídica própria, de seu cargo efetivo, devendo seu tempo de serviço ser
os  órgãos públicos titulares de prerrogativas e atri- contado para todos os efeitos legais durante o afasta-
buições emanadas de suas funções públicas – como, mento, exceto para promoção por merecimento.
por exemplo, as câmaras de vereadores, os tribunais 19. Havendo previsão no edital que regulamenta o concur-
de contas e o MP  – têm personalidade judiciária e, so, é legítima a exigência de exame psicotécnico para a
por conseguinte, capacidade ativa de ser parte em habilitação de candidato a cargo público.
mandado de segurança para defender suas atribuições 20. É inconstitucional a supressão do auxílio‑alimentação
constitucionais e legais. em decorrência da aposentadoria do servidor.

(Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici- (Cespe/Prefeitura de Fortaleza‑CE/Procurador Munici-


pal/2017) A respeito do poder constituinte, julgue os itens pal/2017) Com fundamento na disciplina que regula o direito
a seguir. financeiro e nas normas sobre orçamento constantes na CF,
7. Não foram recepcionadas pela atual ordem jurídica julgue os itens a seguir.
leis ordinárias que regulavam temas para os quais a CF 21. A adoção do federalismo cooperativo equilibrado pela
passou a exigir regramento por lei complementar. CF visa à redução das desigualdades regionais.
8. Os  direitos adquiridos sob a égide de Constituição 22. No que diz respeito ao direito financeiro, a CF pode ser
anterior, ainda que sejam incompatíveis com a Cons- classificada como semirrígida, uma vez que restringe
Direito Constitucional

tituição atual, devem ser respeitados, dada a previsão a regulação de certos temas de finanças públicas a lei
do respeito ao direito adquirido no próprio texto da CF. complementar e deixa outros à disciplina de lei ordinária.
9. O poder constituinte derivado reformador manifesta‑se
por meio de emendas à CF, ao passo que o poder cons- (Cespe/SEDF/Direito/2017) O governo de determinado
tituinte derivado decorrente manifesta‑se quando da estado da Federação publicou medida provisória (MP) que
elaboração das Constituições estaduais. altera dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
10. Com a promulgação da CF, foram recepcionadas, de Nacional. Em protesto contra a referida MP, alguns estu-
forma implícita, as  normas infraconstitucionais an- dantes do ensino médio do estado ocuparam as escolas
teriores de conteúdo compatível com o novo texto públicas, impedindo que os demais alunos frequentassem
constitucional. as aulas. O  Ministério Público estadual ingressou com

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medida judicial requerendo a imediata reintegração e (Cespe/FUB/Auxiliar de Administração/2016) Com referên-
desocupação das escolas invadidas. A  medida judicial cia à Constituição Federal de 1988 e às disposições nela inscri-
requerida foi deferida por um juiz de primeiro grau que tas relativamente a direitos sociais e políticos, administração
tomou posse há vinte meses. A respeito dessa situação pública e servidores públicos, julgue o item subsequente.
hipotética e de aspectos constitucionais a ela relaciona- 35. No Brasil, o alistamento eleitoral e o voto são facultati-
dos, julgue os itens a seguir. vos para os analfabetos, os maiores de setenta anos de
23. O direito à educação, previsto pela Constituição Federal idade e os maiores de dezesseis e menores de dezoito
de 1988, é norma de direito fundamental de eficácia anos de idade.
plena e de execução imediata, pois não necessita da
atuação do legislador para produzir todos os seus 36. (Cespe/Seres‑PE/Agente Penitenciário (Superior)/2017)
efeitos. É dispensável licença, autorização ou referendo do
24. A MP é inconstitucional por usurpar competência pri- Congresso Nacional para que o presidente da República
vativa da União federal. a) sancione e promulgue leis.
b) fique ausente do país por mais de quinze dias.
(Cespe/SEDF/Direito/2017) Julgue os próximos itens, relati- c) firme tratados ou convenções internacionais.
vos ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo. d) declare guerra, caso haja agressão estrangeira.
25. No exercício de atividade investigatória, caso se de- e) celebre a paz.
parem com a necessidade de quebra do sigilo fiscal
de alguém, as comissões parlamentares de inquérito 37. (Cespe/Seres‑PE/Agente Penitenciário (Superior)/2017)
Agente de segurança penitenciário que cause prejuízo
deverão requerer tal quebra ao Poder Judiciário, pois
a terceiros por exercer irregularmente suas atribuições
elas não possuem poderes de investigação próprios das
será responsabilizado na esfera
autoridades judiciais.
a) civil, salvo se o prejuízo for decorrente de ato culposo.
26. Na hipótese de o presidente da República, antes da b) administrativa, ainda que o prejuízo seja decorrente
vigência do seu mandato, praticar um homicídio, a acu- de ato omissivo.
sação terá de ser admitida por dois terços da Câmara de c) administrativa, desde que também haja prejuízo à
Deputados para, posteriormente, poder ser submetida respectiva fazenda estadual.
a julgamento perante o Senado Federal. d) civil, desde que também haja prejuízo à fazenda
estadual.
(Cespe/SEDF/Nível Médio/2017) Considerando os dispositi- e) administrativa, salvo se o dano for ressarcido.
vos constitucionais relativos ao exercício do serviço público
no Brasil, julgue os itens a seguir. 38. (Cespe/Seres‑PE/Agente Penitenciário (Superior)/2017)
27. Para solicitar aposentadoria voluntária, o servidor pú- Com relação à organização político‑administrativa do
blico deverá contar com: dez anos de efetivo exercício Estado, julgue os itens subsecutivos.
no serviço público e cinco anos no cargo efetivo, no I – É atribuição exclusiva da União representar a Repú-
mínimo; sessenta anos de idade e trinta e cinco anos blica Federativa do Brasil nas relações internacionais.
de contribuição, se homem; cinquenta e cinco anos de II  – Os estados‑membros são entes autônomos, de
idade e trinta anos de contribuição, se mulher. modo que têm capacidade de autogoverno, autoadmi-
28. O regime normal de trabalho do servidor público não nistração, autolegislação e auto‑organização.
terá duração superior a oito horas diárias e quarenta e III  – A autonomia dos municípios não lhes confere
quatro horas semanais, sendo assegurada ao servidor capacidade de autoadministração e de autolegislação.
a mesma remuneração em diferentes turnos. IV – O Poder Legislativo estadual é bicameral, formado
29. A estabilidade para servidores públicos se dará após por mais de uma assembleia legislativa composta de
dois anos de efetivo exercício no serviço público. deputados eleitos para mandatos de quatro anos.
30. Um dos requisitos utilizados para a promoção de servi-
dores públicos na carreira consiste na participação em Estão certos apenas os itens:
cursos de formação e de aperfeiçoamento nas escolas de a) I e II.
governo mantidas pela União, pelos estados e pelo DF. b) I e III.
c) II e IV.
(Cespe/FUB/Assistente de Tecnologia da Informação/2016) d) III e IV.
À luz das disposições constitucionais relativas aos direitos e) I, II, III e IV.
sociais, julgue os itens a seguir.
39. (Cespe/Seres‑PE/Agente Penitenciário (Superior)/2017)
31. Aos trabalhadores compete decidir sobre os interesses
A respeito do Ministério Público, julgue as asserções
que devam defender por meio do exercício do direito
que se seguem.
de greve. I – É garantida aos membros do Ministério Público a
32. Cabe ao sindicato da categoria definir, no caso de irredutibilidade de subsídios, de modo a se evitar a
Direito Constitucional

greve, os serviços ou atividades essenciais que serão redução nominal da remuneração.


disponibilizados à coletividade, assim como dispor II  – É permitido que promotor de justiça receba ho-
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da norários de sucumbência e custas processuais nos
comunidade. processos em que o Ministério Público for o vencedor
33. É livre a associação sindical, desde que o poder público na demanda.
autorize, previamente, a fundação do sindicato.
34. É assegurada a participação dos trabalhadores e em- Assinale a opção correta, a respeito das asserções I e II.
pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que a) As asserções I e II são erradas.
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam b) As asserções I e II são certas, e a II é uma justificativa
objeto de discussão e deliberação. da I.

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c) As asserções I e II são certas, mas a II não é uma a) Tal lei deve ser complementar, e vigerá e se aplicará
justificativa da I. a partir da data da sua publicação.
d) A asserção I é certa, e a II é errada. b) Tal lei deve ser complementar e não se aplicará às
e) A asserção I é errada, e a II é certa. referidas eleições.
c) Tal lei deve ser ordinária estadual e não se aplicará
às referidas eleições.
40. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Judiciá- d) Tal lei deve ser ordinária distrital, e vigerá e se apli-
ria/2017) Acerca das normas constitucionais que regem cará a partir da data da sua publicação.
os direitos políticos e os partidos políticos, assinale a e) Tal lei deve ser ordinária federal, e se aplicará a partir
opção correta, conforme a Constituição Federal de 1988 da data de sua publicação.
e o entendimento do Supremo Tribunal Federal.
a) É inelegível para o cargo de vereador ex‑cônjuge 43. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Administrati-
de governador do estado, ainda que se trate de va/2017) Conforme a Constituição Federal de 1988,
reeleição e a dissolução do vínculo conjugal tenha o servidor público adquirirá a estabilidade
ocorrido antes do início do mandato de governador. a) independentemente de ter sido investido no cargo
b) Não se aplica a regra da perda de mandato por em decorrência de aprovação prévia em concurso
infidelidade partidária a governador que, depois público.
de eleito pelo sistema majoritário, resolva mudar b) mesmo se ocupar cargo comissionado.
de partido político. c) após 3 anos do efetivo exercício do cargo.
c) A condenação de servidor público federal por ato d) ainda que não realize avaliação especial de desem-
de improbidade administrativa não impede sua penho.
candidatura ao cargo de deputado federal, uma vez e) após os 4 anos do estágio probatório.
que tal situação não se inclui entre as hipótese de
suspensão de direitos políticos. 44. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Administrati-
d) O voto é obrigatório para o cidadão brasileiro natu- va/2017) Conforme a Constituição Federal de 1988,
ralizado que seja analfabeto. os senadores da República são
e) Ação para impugnação do mandato de prefeito elei- a) eleitos, cada qual, com um suplente.
to graças a esquema de compra de votos deve ser b) invioláveis, civil e penalmente, por suas opiniões,
ajuizada na justiça federal, dentro do prazo de seis palavras e votos.
meses, e instruída com provas do abuso do poder c) representantes dos estados, do Distrito Federal e
econômico. dos municípios.
d) eleitos para mandato de quatro anos.
41. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Judiciá- e) submetidos a julgamento perante o Superior Tribu-
ria/2017) Acerca das normas constitucionais que regem nal de Justiça a partir da expedição do diploma.
a administração pública, assinale a opção correta.
45. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Administrati-
a) Advogado concursado de órgão público federal que
va/2017) Para a criação da Comissão Parlamentar de
seja aprovado em concurso público para o cargo de
Inquérito (CPI), é indispensável
professor em universidade estadual estará impedido
a) que o fato não esteja em apuração em instância
de tomar posse enquanto estiver no exercício do car-
policial ou judicial.
go no órgão federal, ainda que haja compatibilidade
b) o requerimento de, no mínimo, dois terços dos
de horários.
membros da casa legislativa.
b) Após o estágio probatório, o  servidor público so- c) o apontamento de fato determinado a ser investi-
mente perderá seu cargo em razão de processo gado.
administrativo disciplinar ou de decisão judicial d) que a iniciativa seja da Câmara dos Deputados, não
condenatória transitada em julgado. podendo ser de outra casa legislativa.
c) Ao ocupante de cargo público federal efetivo eleito e) a fixação de prazo improrrogável para a conclusão
vereador será garantida a investidura no mandato do trabalho, independentemente da complexidade
eletivo, não havendo necessidade de afastamento do do fato investigado.
cargo que exerce nem prejuízo de sua remuneração,
desde que haja compatibilidade de horários. 46. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Adminis-
d) Servidor público de sessenta e cinco anos de idade trativa/2017) Na elaboração do orçamento público,
e em exercício, há trinta anos, no cargo para o qual devem‑se respeitar determinados princípios. Um deles,
foi aprovado por concurso público tem direito à re- previsto no caput do artigo 37 da Constituição Federal
quisição da aposentadoria com proventos integrais, de 1988, é basilar e refere‑se à obrigação de fixação do
independentemente do tempo de contribuição. orçamento em lei que autorize os poderes a executar
e) Cidadão estrangeiro, ainda que residente no Brasil a despesa, para o fim específico de torná‑lo conhecido
há mais de dez anos, não pode ser nomeado para
Direito Constitucional

dos interessados. Esse princípio é o da


exercer cargo em comissão, uma vez que a natureza a) exclusividade.
desse cargo exige a condição de brasileiro nato ou b) periodicidade.
naturalizado. c) publicidade.
d) legalidade.
42. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Área Judiciária/2017) e) transparência.
Determinada lei, publicada seis meses antes da data da
realização de eleições estaduais, criou hipótese de ine- 47. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-
legibilidade para dificultar abuso do poder econômico. va/2017) Acerca do controle exercido pelos tribunais
Assinale a opção correta a respeito da classificação da de contas sobre o Poder Executivo, assinale a opção
referida lei e de sua vigência e aplicação. correta.

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a) A fiscalização exercida pelos tribunais de contas 51. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-
dispensa a existência de controle interno nos órgãos va/2017) Ao ser procurada para responder pesquisa
públicos. relativa às eleições estaduais, Maria Lúcia, professora
b) As decisões dos tribunais de contas que resultarem aposentada, então com sessenta e seis anos de idade,
em imputação de débito ou multa terão eficácia de recusou‑se a responder aos questionamentos e alegou
título executivo. que, por ser idosa, não era mais obrigada a votar. As-
c) Os tribunais de contas têm competência para apre- sim, afirmou que, como tem a intenção de utilizar essa
ciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal, prerrogativa, sua opinião quanto aos candidatos não
incluindo nomeações para cargo de provimento em seria relevante à pesquisa. Nessa situação hipotética,
comissão. à luz da Constituição Federal de 1988, o entendimento
d) O controle externo é exercido exclusivamente pelos de Maria Lúcia está
tribunais de contas. a) correto, porque a sua idade faz presumir a incapaci-
e) A fiscalização exercida pelos tribunais de contas dade civil absoluta, o que acarreta a perda de direitos
restringe‑se ao aspecto legal dos atos públicos. políticos.
b) correto, tendo em vista que a sua situação de idosa
48. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati- lhe garante o voto facultativo.
va/2017) A Constituição Federal de 1988 estabelece c) correto, porque a aposentadoria torna seu voto
que “todo o poder emana do povo”, que pode exercê‑lo facultativo.
diretamente. Nesse sentido, o  instrumento constitu- d) equivocado, porque o voto é facultativo apenas para
cional que materializa uma consequência advinda do os analfabetos.
princípio invocado é o(a) e) equivocado, porque, para cidadãos com a sua idade,
a) plebiscito. o voto é obrigatório.
b) filiação partidária.
c) greve. 52. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-
d) alistamento militar. va/2017) Quanto à competência e à organização dos
e) livre expressão da atividade intelectual. órgãos da justiça eleitoral e à legislação pertinente a
esse segmento da justiça, julgue os itens a seguir.
I – Compete privativamente aos estados legislar sobre
direito eleitoral.
49. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-
II – Os juízes eleitorais são órgãos da justiça eleitoral.
va/2017) O remédio constitucional que representa, no
III  – O presidente da República poderá, em caso de
plano institucional, a mais expressiva reação jurídica do
relevância e urgência, editar medida provisória sobre
Estado às instituições que lesem, efetiva ou potencial-
matéria eleitoral.
mente, os  direitos de conhecimento de informações
IV – O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu presidente
relativas à pessoa interessada constantes de registros
e seu vice‑presidente entre os desembargadores que
ou bancos de dados de entidades governamentais ou
o compõem.
de caráter público, bem como de retificação de dados
e complementação de registros existentes, é o(a) Estão certos apenas os itens:
a) habeas data. a) I e II.
b) mandado de segurança. b) I e III.
c) habeas corpus. c) II e IV.
d) ação popular. d) I, III e IV.
e) mandado de injunção. e) II, III e IV.

53. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati-


50. (Cespe/TRE‑BA/Técnico Judiciário/Área Administrati- va/2017) No que tange às funções essenciais à justiça,
va/2017) O governador de um estado da Federação, nos termos da Constituição Federal de 1988, julgue os
durante o cumprimento de seu mandato, foi aprovado próximos itens.
em concurso público para o cargo de analista judiciário I  – A Advocacia‑Geral da União representa a União
de um tribunal e convocado para a respectiva posse. apenas judicialmente, mas pode prestar atividade de
Nessa situação hipotética, conforme a Constituição consultoria ao Poder Executivo.
Federal de 1988, o governador II – É assegurada autonomia funcional e administrativa
a) não poderá tomar posse no cargo por ser chefe do às Defensorias Públicas estaduais e do Distrito Federal.
Poder Executivo estadual, o que feriria o princípio III – A Procuradoria‑Geral da Fazenda Nacional repre-
da indissolubilidade do pacto federativo. senta a União na execução da dívida ativa de natureza
Direito Constitucional

b) poderá tomar posse no cargo e perderá, automati- tributária.


camente, o mandato. IV – A defesa dos interesses sociais e individuais indis-
c) poderá tomar posse no cargo, mas, para continuar poníveis é competência do Ministério Público.
cumprindo seu mandato eletivo, terá de manter‑se
afastado do cargo de analista judiciário. Estão certos apenas os itens:
d) não poderá tomar posse no cargo em razão de veda- a) I e II.
ção constitucional que visa evitar ofensa ao princípio b) I e III.
da separação dos poderes. c) II e IV.
e) poderá tomar posse no cargo e, ao entrar em exer- d) I, III e IV.
cício, cumular as duas atividades. e) II, III e IV.

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54. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Engenharia Ci- b) poderá ocupar o cargo de ministro de Estado da
vil/2017) Conforme a Constituição Federal de 1988, Defesa.
o servidor público adquirirá a estabilidade c) não poderá ocupar cargo da carreira diplomática.
a) após 3 anos do efetivo exercício do cargo. d) perderá a nacionalidade brasileira no caso de re-
b) ainda que não realize avaliação especial de desem- conhecimento de nacionalidade originária pela lei
penho. estrangeira.
c) após os 4 anos do estágio probatório. e) poderá ocupar o cargo de ministro do Supremo
d) independentemente de ter sido investido no cargo Tribunal Federal.
em decorrência de aprovação prévia em concurso
público. 60. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administrati-
e) mesmo se ocupar cargo comissionado.
va/2017) De acordo com a Constituição Federal de 1988
(CF), a perda ou a suspensão dos direitos políticos se
55. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Engenharia Ci-
vil/2017)Conforme a Constituição Federal de 1988, dará em caso de
os senadores da República são a) condenação criminal por decisão de tribunal contra
a) submetidos a julgamento perante o Superior Tribu- a qual caiba recurso.
nal de Justiça a partir da expedição do diploma. b) incapacidade civil relativa.
b) eleitos, cada qual, com um suplente. c) condenação em ação de improbidade administrativa,
c) invioláveis, civil e penalmente, por suas opiniões, nos termos da lei.
palavras e votos. d) cancelamento da naturalização por decisão judicial
d) representantes dos estados, do Distrito Federal e de primeira instância.
dos municípios. e) condenação criminal por decisão judicial de primeira
e) eleitos para mandato de quatro anos. instância.

56. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Engenharia Ci- 61. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administra-


vil/2017) Para a criação da Comissão Parlamentar de tiva/2017) A respeito das competências dos entes
Inquérito (CPI), é indispensável federados, assinale a opção correta.
a) o requerimento de, no mínimo, dois terços dos a) Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os es-
membros da casa legislativa. tados exercerão a competência legislativa residual
b) o apontamento de fato determinado a ser investi- para atender às suas peculiaridades.
gado. b) A eficácia de lei estadual vigente não será suspensa
c) que a iniciativa seja da Câmara dos Deputados, não
na hipótese de superveniência de lei federal sobre
podendo ser de outra casa legislativa.
normas gerais, mesmo que a lei federal traga dispo-
d) a fixação de prazo improrrogável para a conclusão
sições contrárias à lei estadual.
do trabalho, independentemente da complexidade
do fato investigado. c) Compete privativamente à União zelar pela guarda
e) que o fato não esteja em apuração em instância da CF, das leis e das instituições democráticas.
policial ou judicial. d) A competência da União para legislar sobre normas
gerais afasta a competência suplementar dos estados.
57. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Engenharia Elétri- e) No âmbito da legislação concorrente, a competência
ca/2017) Conforme a Constituição Federal de 1988, da União limitar‑se‑á a estabelecer normas gerais.
o servidor público adquirirá a estabilidade
a) ainda que não realize avaliação especial de desem- 62. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administrati-
penho. va/2017) De acordo com a CF, na fixação do vencimento
b) após os 4 anos do estágio probatório. e da remuneração dos servidores públicos, deve‑se
c) independentemente de ter sido investido no cargo observar
em decorrência de aprovação prévia em concurso a) se o ocupante do cargo é afrodescendente.
público. b) a complexidade dos cargos componentes de cada
d) mesmo se ocupar cargo comissionado. carreira.
e) após 3 anos do efetivo exercício do cargo. c) se o ocupante do cargo é portador de deficiência.
d) se o cargo é destinado a hipossuficiente.
58. (Cespe/TRE‑BA/Analista Judiciário/Engenharia Elétri- e) se o cargo é destinado a indígena.
ca/2017) Conforme a Constituição Federal de 1988,
os senadores da República são
63. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administra-
a) invioláveis, civil e penalmente, por suas opiniões,
tiva/2017) Os servidores abrangidos pelo regime da
palavras e votos.
b) representantes dos estados, do Distrito Federal e previdência
Direito Constitucional

dos municípios. a) poderão se aposentar voluntariamente, desde que


c) eleitos para mandato de quatro anos. cumpridos tempo mínimo de dez anos de efetivo
d) submetidos a julgamento perante o Superior Tribu- exercício no serviço público e dez anos no cargo
nal de Justiça a partir da expedição do diploma. efetivo em que se dará a aposentadoria.
e) eleitos, cada qual, com um suplente. b) serão aposentados compulsoriamente, com pro-
ventos proporcionais ao tempo de contribuição,
59. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administrati- aos setenta e dois anos de idade.
va/2017) O brasileiro naturalizado c) serão aposentados por invalidez permanente, com
a) poderá ocupar o cargo de presidente do Senado proventos proporcionais ao tempo de contribuição,
Federal. caso a invalidez decorra de acidente em serviço.

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d) poderão se aposentar voluntariamente, aos sessenta 68. (Cespe/TRE‑PE/Técnico Judiciário/Área Administra-
anos de idade e trinta e cinco anos de contribuição, tiva/2017) Compete privativamente à Câmara dos
se homem. Deputados
e) poderão se aposentar voluntariamente, aos  cin- a) processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal
quenta e cinco anos de idade e vinte e cinco anos Federal, nos crimes de responsabilidade.
de contribuição, se mulher. b) elaborar o regimento interno do Senado Federal.
c) aprovar, previamente, a  escolha de ministros do
64. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Administra- Tribunal de Contas da União.
tiva/2017) O servidor público titular de cargo efetivo d) autorizar a instauração de processo contra o presi-
de determinada autarquia federal que passe a exercer dente da República.
mandato de deputado estadual e) processar e julgar o presidente e o vice‑presidente
a) ficará afastado do cargo efetivo e receberá apenas da República nos crimes de responsabilidade.
a remuneração do cargo eletivo.
b) ficará afastado do cargo efetivo, podendo optar pela 69. (Cespe/TRE‑PE/Técnico Judiciário/Área Administrati-
remuneração do cargo efetivo ou do cargo eletivo. va/2017) De acordo com a CF, ao juiz
c) poderá desempenhar os dois cargos se houver a) é garantida a inamovibilidade, ainda que haja motivo
compatibilidade de horários, caso em que perce- de interesse público que recomende sua remoção.
berá as vantagens do cargo efetivo, sem prejuízo da b) é permitido dedicar‑se à atividade político‑partidá-
remuneração do cargo eletivo, independentemente ria, desde que ele esteja em disponibilidade.
de submissão ao teto remuneratório. c) que esteja em disponibilidade é permitido exercer
d) poderá desempenhar os dois cargos mesmo se qualquer outro cargo público.
houver incompatibilidade de horários, caso em que d) é permitido receber custas em processo judicial,
perceberá as vantagens do cargo efetivo, sem pre- desde que ele esteja em disponibilidade.
juízo da remuneração do cargo eletivo, observado e) é garantida a vitaliciedade, que, no primeiro grau,
o teto remuneratório. será adquirida após dois anos de exercício.
e) poderá ou não se licenciar do cargo efetivo, mas,
caso não se licencie, perceberá apenas a remune- 70. (Cespe/TRE‑PE/Técnico Judiciário/Área Administrati-
ração do cargo efetivo. va/2017) Com referência à organização político‑admi-
nistrativa do Estado, assinale a opção correta.
65. (Cespe/TRE‑PE/Analista Judiciário/Área Judiciária/2017) a) De acordo com a CF, o  Distrito Federal  – unidade
O habeas corpus é cabível federada indivisível em municípios  – é a capital
a) para discutir excessivo valor exigido a título de ali- federal do país.
mentos em decisão que tenha decretado a prisão b) Os municípios são subordinados administrativamen-
civil do devedor. te aos estados em que estiverem localizados.
b) em favor de pessoa jurídica, pois tem como objetivo c) Do ponto de vista político‑administrativo, os estados
fazer cessar todo e qualquer constrangimento ilegal. federados são subordinados à União.
c) contra a aplicação de pena de multa em sentença d) É permitido à União, mas vedado aos estados, recu-
penal condenatória, pois a pena pecuniária pode ser sar fé aos documentos públicos.
convertida em prisão. e) É vedado a todos os entes da Federação estabelecer
d) para afastar pena acessória de perda de cargo pú- cultos religiosos.
blico imposta em sentença penal condenatória.
e) em casos de flagrante ilegalidade da prisão civil por GABARITO
dívida de alimentos.
1. E 25. E 49. a
66. (Cespe/TRE‑PE/Técnico Judiciário/Área Administrati- 2. C 26. E 50. c
va/2017) O alistamento eleitoral e o voto são obriga- 3. C 27. E 51. e
tórios para 4. C 28. E 52. c
a) maiores de setenta e cinco anos de idade. 5. C 29. E 53. e
b) maiores de dezoito anos de idade. 6. C 30. C 54. a
c) maiores de dezesseis e menores de dezoito anos de 7. E 31. C 55. c
idade. 8. E 32. E 56. b
d) analfabetos. 9. C 33. E 57. e
e) maiores de setenta anos de idade. 10. C 34. C 58. a
11. C 35. C 59. c
67. (Cespe/TRE‑PE/Técnico Judiciário/Área Administrati- 12. E 36. a 60. c
va/2017) De acordo com o que estabelece a Constitui- 13. C 37. b 61. e
ção Federal de 1988 (CF), os partidos políticos 14. E 38. a 62. b
Direito Constitucional

a) podem receber recursos financeiros de entidade ou 15. E 39. d 63. d


governo estrangeiros. 16. E 40. b 64. a
b) não são obrigados a registrar seus estatutos no Tri- 17. E 41. c 65. e
bunal Superior Eleitoral, se, antes, eles adquirirem 18. C 42. b 66. b
personalidade jurídica. 19. E 43. c 67. d
c) podem utilizar organização paramilitar. 20. E 44. b 68. d
d) têm autonomia para definir sua estrutura interna, 21. C 45. c 69. e
sua organização e seu funcionamento. 22. E 46. c 70. e
e) têm, em regra, de pagar pelo acesso ao rádio e à 23. E 47. b
24. C 48. a
televisão.

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