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- GUI A D E L E I TU R A -

PA R A O P R O F E S S O R

O grande e
maravilhoso livro
das famílias

Mary Hoffman / Ros Asquith


Tradução Isa Mesquita
Faixa etária a partir de 6 anos
40 páginas

TEMAS  Pluralidade cultural / Comportamento /


Relações familiares

a autora Mary Hoffman nasceu em 1945, em Eastleigh, Inglater- o livro  Em linguagem simples e com
ra. Licenciou-se em Linguística pela University College London. ilustrações divertidas, O grande e ma-
É autora de mais de noventa livros infantojuvenis, entre álbuns e
romances, de sucesso internacional. Entre eles estão Meu primeiro ravilhoso livro das famílias oferece a
livro de contos de fadas (Companhia das Letrinhas, 2003) e Bem- oportunidade de o professor debater
-vindo à família! (Edições SM, 2014). Mary tem três filhas adultas, com alunos dos primeiros anos do En-
que trabalham na área de artes, e vive em Oxfordshire, Inglaterra,
com o marido e três gatos. sino Fundamental o conceito de família
a ilustradora Ros Asquith nasceu em Sussex, Inglaterra, e formou-se e as profundas modificações pelas quais
pela Camberwell School of Art, em Londres. Trabalhou como essa instituição tem passado nos últimos
designer gráfica e muralista antes de se tornar cartunista nos anos tempos. Os diversos modelos de família,
1980. De lá para cá, além dos cartuns que publica regularmente no
jornal inglês The Guardian, escreveu e ilustrou mais de sessenta li- apresentados com humor e sensibilidade,
vros para crianças e jovens: Eu era uma adolescente encanada (Edi- estimulam a identificação do leitor com
tora 34, 2004), Como sobreviver aos melhores anos da nossa vida o tema tratado, levando-o a refletir sobre
(Editorial Presença, 2001), Bem-vindo à família! (Edições SM, 2014),
entre outros. Tem dois filhos e vive em North London, Inglaterra. a própria história e os vários tipos de
cotidiano existentes, desafiando precon-
ceitos e convidando à discussão.
O grande e maravilhoso livro das famílias • Mary Hoffman / Ros Asquith

OBRA EM CONTEXTO

q u a l a o r i g e m da pa l av r a “ fa m í l i a ”?

Mesmo com o conceito já estabelecido em nosso imagi-


nário, vale a pena retomar a etimologia da palavra. Família é
derivada do latim famulus, que significa “escravo doméstico”,
“servo”. O termo era utilizado na Roma Antiga para designar
todos os que estavam sujeitos ao pater familias: não só escravos
e servos, mas também os animais. Portanto, em sua origem,
o termo família estava mais ligado ao patrimônio e à riqueza
laços de sangue do que aos laços de sangue. O vocábulo gens, de genere, que
É possível termos ideia do poder designado significa “gerar”, é que se referia às pessoas com parentesco
a um chefe de família na Roma Antiga, bem genético, tal como a família nuclear que conhecemos hoje:
como das diferentes leis que regiam seus
estatuto social e regras morais, ao acom- pai, mãe e filhos.
panhar a descrição feita pelo arqueólogo Só na idade pós-clássica a noção se ampliou, vindo a
e historiador francês Paul Veyne no ensaio representar não somente os escravos e o patrimônio, mas o
“Do ventre materno ao testamento” (em
História da vida privada 1. São Paulo: Com- grupo de pessoas que viviam juntas. Naquele período, por-
panhia das Letras, 2009). Nesse ensaio, tanto, o termo família passou a designar o conjunto de todos
Veyne discorre sobre algumas especificida- os que estavam subordinados ao potestas (ou seja, ao poder e
des da formação familiar e sobre o poder
dado ao chefe de família na Antiguidade, ao domínio) do pater familias, incluindo os servos, os filhos
cujas decisões levavam em consideração e a mulher do patriarca.
outras questões, além dos laços de sangue: O elemento aglutinador ainda não era a consanguinida-
“O nascimento de um romano não é ape-
nas um fato biológico. Os recém-nascidos de: uma filha que se casasse com uma pessoa de fora do clã
só vêm ao mundo, ou melhor, só são rece- familiar, por exemplo, deixava de pertencer à “família”. Do
bidos na sociedade em virtude de uma de- mesmo modo, segundo as leis de Direito de então, nem sequer
cisão do chefe de família. [...] Em Roma um
cidadão não ‘tem’ um filho: ele o ‘toma’, os laços de afeto contavam para transmissão da herança: um
‘levanta’ (tolkre); o pai exerce a prerrogati- pai poderia adorar sua filha, mas não lhe legar os bens.
va, tão logo nasce a criança, de levantá-la Já na Idade Média, o significado do termo voltou a ser res-
do chão, onde a parteira a depositou, para
tomá-la nos braços e assim manifestar que tringido: começou a se ater apenas ao grupo unido por laços de
a reconhece e se recusa a enjeitá-la”. sangue, estendido eventualmente para os laços formados por
adoção. Posteriormente, com a Revolução Francesa, surgiram
revolução francesa no Ocidente os casamentos laicos e, depois, com a Revolução
Durante os agitados anos da Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios
Francesa (1789-1799), pautados por inten- para cidades maiores, construídas ao redor dos complexos
sa agitação política e social, as fronteiras
entre vidas pública e privada sofreram industriais. Tamanhas mudanças demográficas estreitaram os
transformações expressivas. laços familiares e provocaram nova configuração das famílias
Nesse período, o domínio público (que se tornaram menores e mais nucleares), delineando um
ampliou-se sobremaneira sobre o privado,
a ponto de os interesses pessoais serem cenário similar ao que existe hoje. Parte das mulheres come-
vistos como ofensa aos ideais revolucioná- çou a sair de casa para trabalhar e, em consequência disso, a
rios (e, portanto, passíveis de penalidades). educação dos filhos passou a ser partilhada com as escolas. Os

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Como não poderia deixar de ser, a estrutura idosos também deixaram de contar com o apoio direto dos
familiar sofreu o impacto dessa crescente familiares, sendo, em muitos casos, entregues aos cuidados de
anulação da vida privada.
De acordo com historiador Lynn Hunt, instituições de assistência.
em seu ensaio “Revolução Francesa e vida O conceito de família, portanto, é algo fluido, que se trans-
privada” (em História da vida privada 4. forma ao longo dos tempos, acompanhando as mudanças
São Paulo: Companhia das Letras, 2009),
a família foi o âmbito em que, por exem- religiosas, políticas, econômicas e socioculturais do contexto
plo, a invasão da autoridade pública se de que faz parte.
fez mais evidente. Assim, “a legislação da
vida familiar mostrava as preocupações
heterogêneas dos governos revolucionários;
tratava-se de conservar o equilíbrio entre a qual o significado da palavra “ família ” hoje ?
proteção da liberdade individual, a preser-
vação da unidade familiar e a consolidação
do controle do Estado”. O conceito dicionarizado de “família” designa todo grupo
de pessoas ligadas pela descendência ou pela adoção, que se
inter-relacionam de forma regular e recorrente de acordo com
determinados comportamentos socialmente reconhecidos.
Hoje, papéis e funções são termos importantes para se pensar
o funcionamento familiar, porque são eles que estabelecem a
posição de cada membro no grupo.
Pai, mãe e filhos biológicos ou adotados: essa é a estrutura
nuclear com a qual a ideia de família costuma ser representada.

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Mas não é sempre assim, dado que, como dito anteriormente,


o conceito de família, assim entendido, não é universal: os
grupos familiares se organizam e modificam-se conforme
cultura, o espaço e o tempo em que vivem. Por exemplo, em
determinadas tribos africanas as famílias são constituídas por
um homem e várias mulheres que coabitam a mesma casa. Já
em regiões como o Paquistão, existe a tradição de os familiares
escolherem os parceiros de seus filhos para a constituição de
uma nova família, e assim por diante.

que tipos de família existem ?

Além das famílias de estrutura nuclear tradicional (pai, mãe,


filhos), há as que se formam em torno do pai ou da mãe apenas.
Trata-se de variações da estrutura nuclear tradicional devido a
múltiplos fatores (escolha por criar sozinho/a um filho, óbito do
pai ou mãe, não reconhecimento da função parental, abandono
de lar ou adoção de crianças por uma só pessoa etc.).
Há, ainda, famílias que se constituem de forma mais ex-
tensa, unindo ao núcleo mais próximo os parentes diretos ou
colaterais, ou seja, não só as relações entre pais e filhos, mas
também entre avós, pais, enteados e netos.
Existem também as famílias comunitárias, nas quais o papel
parental é descentralizado e as crianças são de responsabili-
dade de todos os membros adultos, ao contrário dos sistemas
familiares tradicionais, em que a total responsabilidade pela
criação e educação das crianças cabe aos pais e à escola.

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matriz de identidade , com - Baseadas na ligação conjugal entre duas pessoas do mes-
portamento e socialização mo sexo, as famílias homoafetivas podem incluir crianças
As interações familiares constituem a adotadas ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros.
base de nossa socialização. Os pais ou as
figuras que ocupam funções parentais são
matrizes de identidade, sendo elementos
fundamentais para a “formação do eu”. pa r a q u e “ s e rv e ” u m a fa m í l i a ?
As dinâmicas do apego, envolvidas no
cuidado adulto aos bebês, são vitais para
seu desenvolvimento psicossocial. O À diferença do que acontece com os animais, o ser huma-
processo, complexo e deflagrado muito no nasce completamente indefeso: o bebezinho necessita de
precocemente, passa por uma série de cuidados e afeto, alguém que o alimente e lhe dê suporte para
mecanismos de identificação com as
figuras de apego, por meio das quais o mantê-lo vivo. A família, como rede significativa de pessoas
bebê irá aos poucos se reconhecer para, que lhe dão apoio, é fundamental no processo de desenvol-
num terceiro momento, delas se diferen- vimento, tanto no âmbito psicofísico – nutrição, conforto,
ciar, constituindo assim sua singularidade
ou, em outras palavras, as bases para a abrigo e proteção –, como no âmbito da sociabilidade, no que
construção da própria identidade. se refere aos primeiros ensinamentos morais e éticos repassa-
Mas não só os pais colaboram para dos a cada um dos indivíduos do grupo familiar de origem. É
isso. Em outro registro, e em tempos
diferentes, irmãos, avós, tios e outros a família que primeiro oferece e transmite os parâmetros de
membros significativos do núcleo familiar subjetivação e, também, de acomodação a determinada cultura,
expandem o universo afetivo da criança, sendo matriz de identidade, comportamento e socialização.
levando-a a jogos mais ampliados de
identificação/diferenciação (envolven-
do rivalidades, reciprocidade, valores,
empatia, afetos compartilhados etc.), por
meio dos quais ela poderá exercitar suas
habilidades sociais rumo ao amadureci-
mento psicossocial e ético.

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NA SALA DE AULA

a n t e s da l e i t u r a

Hoje sabe-se que as crianças entram em contato com o mundo


da escrita antes mesmo de saberem ler, atribuindo significados
ao que veem a partir do que já conhecem. Portanto vale a
pena deixar a criança manipular o livro, saboreá-lo livremente,
especialmente as imagens, despertando assim sua curiosidade
sobre o assunto. Esse contato corpo a corpo com o objeto-livro é
sempre bem-vindo, ainda mais para aquelas crianças que estão
em fase inicial de leitura.
Além da observação do livro, vale estimular o pequeno leitor
a criar hipóteses, a antecipar o conteúdo que vai ler. Pode-se,
por exemplo, lançar perguntas a partir da observação livre da
capa: “O que as ilustrações indicam?”, “O que pode nos contar
um livro com esse título?”, “De que assunto ele trata?”, “Quem
são o autor e o ilustrador?”, “Você os conhece?”. Em seguida,
folheando o livro, pode-se perguntar: “O texto é longo ou
curto?”, “De que modo as palavras se apresentam no papel?”.
Perguntas como essas, além de atiçar a curiosidade dos alunos,
certamente vão estimulá-los a criar hipóteses.
O ideal é combinar diversas “estratégias de leitura”, fazendo
também uma sondagem inicial sobre os recursos visuais do
texto (extensão, tamanho dos tipos, disposição das palavras
na página, título, subtítulo...) e ativando, também, conhe-
cimentos pessoais sobre o tema: “O que é uma família para
você?”, “Como é a sua família?”, “Em sua opinião, por que o
nome deste livro é O grande e maravilhoso livro das famílias?”
e assim por diante.
Organizando o espaço Realizar previsões sobre o que se lerá, fazer ligações com
da sala de aula o dia a dia e, posteriormente, reter o significado geral do tex-
Uma forma divertida de trabalhar o livro é to, concordando ou discordando dele, lançando hipóteses e
alterar a organização da sala, criando um fundamentando-as são caminhos importantes para conduzir
espaço agradável de conversa. Para isso, o aluno em direção ao tema tratado. Um modo de oferecer-lhe
por que não propor a mudança da posi-
ção das carteiras, incentivando todos a se recursos de leitura de que poderá lançar mão quando estiver
sentar em roda? Que tal no chão? Além diante não apenas deste, mas de qualquer texto. Uma forma
de possibilitar o surgimento de um clima de ajudá-lo a perceber, a exemplo de Paulo Freire (1921-1997),
mais acolhedor, garante-se um momento
em que todos do grupo poderão se olhar que a leitura do mundo precede a leitura da palavra.
e se ouvir.

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Por que ler para os alunos? durante a leitura


Como explica o educador Rubem Alves
(1933-2014): “todo texto literário é uma Nem sempre a produção oral do aluno é trabalhada de forma
partitura musical. As palavras são as notas.
Se aquele que lê é um artista, se ele domi- sistemática em sala de aula. Isso decorre da visão de que a criança
na a técnica, se ele surta sobre as palavras, adquire essa habilidade espontaneamente no contato cotidiano
se ele está possuído pelo texto – a beleza com os outros, sem necessidade de mediação do professor. En-
acontece. E o texto se apossa do corpo de
quem ouve. Mas se aquele que lê não do- tretanto, é possível ensinar o aluno a colocar-se oralmente em
mina a técnica, se ele luta com as palavras, situações diversas, como as requeridas em uma apresentação
se ele não desliza sobre elas, a leitura não ou em uma roda de história. Quando falamos sobre oralidade,
produz prazer: queremos que ela termine
logo. Assim, quem ensina a ler, isto é, falamos sobre a necessidade de estimular o aluno a preparar
aquele que lê para que seus alunos tenham seu discurso e nele mergulhar, ou seja, sobre a importância de
prazer no texto, tem de ser um artista. Só atentar para a articulação ordenada daquilo que vai dizer.
deveria ler aquele quer está possuído pelo
texto que lê. Por isso acho que deveria ser Nesse sentido, proponha uma leitura compartilhada. Ini-
estabelecida em nossas escolas a prática cialmente o professor pode ler o livro em voz alta e os alunos
de ‘concertos de leitura’”. acompanham a leitura. Depois, sugira a eles que leiam em voz
baixa e escolham trechos que serão lidos para a turma. Se, por
um lado, a leitura em voz alta é um instrumento importante
para se chegar ao sentido, ressaltando o ritmo, a sonoridade, a
musicalidade, a expressividade da palavra, por outro, a leitura
silenciosa é a maneira mais habitual no cotidiano, devendo
ser igualmente estimulada, pois potencializa a introspecção e
a reflexão sobre o texto.

após a leitura

Terminada as rodadas de leitura, passemos a mais perguntas:


“De qual trecho você mais gostou e por quê?”, “Quais as passa-
gens mais engraçadas e por quê?”, “Que trecho o intrigou mais
e por quê?”, “Quais aspectos de sua família lhe vieram à cabeça
durante a leitura?”, “Que imagens mais lhe chamaram a atenção?”.
Isso pode ser feito inicialmente em duplas e depois abrindo
a discussão para toda a turma, com mediação do professor, que
pode aproveitar a ocasião para naturalizar as diferenças entre
os variados tipos de família – tema central do livro.
Esta também é uma boa oportunidade para estimular as
crianças a ouvir com atenção, intervir, formular e responder
a perguntas, manifestar opiniões e acolher as dos outros. E
também o momento de adequar intervenções precedentes, de
estimular as crianças a relatar experiências, ideias e opiniões
de forma clara e ordenada em ambientes que extrapolam os
vivenciados no âmbito privado e familiar.

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Depois desse amplo trabalho com o livro, os alunos certa-


mente terão um entendimento global do que foi lido e visto.
Estarão aptos a desenvolver as habilidades de reflexão, inter-
pretação e síntese, avaliando melhor o que leram e, certamente,
desenvolvendo ferramentas para leituras vindouras.

Atividade 1  Cenas de família

Sugira que cada aluno desenhe ou pinte, em uma grande


cartolina, a cena de uma família (a própria ou alguma do
livro), a partir das questões listadas a seguir. Esta atividade
pode ser feita em parceria com a área de Artes:
Para saber mais
Livros para o aluno • Quem faz parte de sua família? Sua família é grande ou
pequena?
• ALBERGARIA, Lino de. Álbum de famí- • Em que tipo de casa vive sua família?
lia. São Paulo: Edições SM, 2005. • Em sua família, todos foram ou vão para a escola?
A convivência entre gerações como
• Em sua família, todos trabalham?
modo de resgate do passado e de cons-
trução de futuro. • Para onde sua família costuma ir durante as férias?
• HOFFMAN, Mary e ASQUITH, Ros. • Como são as refeições em sua casa? Quem as prepara? Onde
Bem-vindo à família! São Paulo: Edições compram os alimentos?
SM, 2014. • Você tem animais de estimação? Você os considera parte
Há muitas formas de as crianças chegarem
de sua família?
à sua família, como mostra este livro infor-
mativo de forma leve e bem-humorada. • Há festas e celebrações em sua casa? Como são essas co-
• MARTINS, Georgina. Minha família é memorações?
colorida. São Paulo: Edições SM, 2005. • Como sua família se locomove na cidade?
Somos fruto da mistura de etnias, hábitos e • Como vocês compartilham os sentimentos alegres e tristes?
tradições, como mostra a família de Ânge-
lo, em que todos diferem entre si.
• PARR, Todd. O livro da família. São
Depois de finalizados os trabalhos, proponha que cada um
Paulo: Panda Books, 2006. apresente a família desenhada – uma boa oportunidade de
As diferenças entre famílias, apresentadas retomar as discussões sobre diferenças. Os trabalhos poderão
em frases curtas e abordando temas como
ser expostos em um mural, em lugar visível na escola, para
adoção e diferença raciais e socioculturais.
que crianças de outras turmas possam apreciá-los.
• ZAKZUK, Maísa. A árvore da família.
São Paulo, Panda Books, 2007.
Um convite para o pequeno leitor des-
cobrir as origens familiares e construir a Atividade 2  Do livro ao sujeito
própria árvore genealógica.
• ZIRALDO. Um amor de família. São
Refletir sobre o lugar ao qual se pertence, resgatando sua
Paulo: Melhoramentos, 2009.
Rivalidades e afetos familiares demons-
origem e aproximando-se dos familiares e responsáveis, é
trados com graça e humor na família do algo fundamental para que os alunos estabeleçam relações
bichinho da maçã. com o livro que acabaram de ler, indo, portanto, do livro ao

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Documentários para o professor sujeito – apreendendo o conteúdo não apenas na teoria,


mas a partir de aspectos importantes da própria história.
• Camelos também choram (Die Geschichte Uma boa dica de atividade é levar os alunos a trabalhar
vom Weinenden Kamel). Direção: Byam- a origem de seu nome próprio. O nome é o que temos de
basuren Davaa e Luigi Faloni. Alemanha,
“mais nosso, mais forte”, trata-se da primeira marca que
Mongólia, 2003. 93 min.
Uma família de pastores viaja em busca de nos identifica como indivíduos pertencentes a uma família.
um músico para resolver a rejeição de um Além disso, o estudo do nome é conteúdo privilegiado
camelo pelo seu filhote. Nessa travessia, para os alunos das fases iniciais do Ensino Fundamental
os hábitos dessa comunidade familiar são
revelados. I, pois está diretamente ligado à história de vida de cada
• Bebês (Babies). Direção: Thomas Balmès.
um de nós: trata-se de uma palavra carregada de signifi-
França, 2010. 80 min. cado e, por isso, ideal para o início da aprendizagem da
Mostra o primeiro ano de vida de quatro linguagem escrita.
bebês pertencentes a diferentes regiões
Proponha então que cada aluno volte-se para a origem
do mundo, demonstrando as várias pers-
pectivas culturais que influem na criação do próprio nome, partindo das seguintes questões: “Como
das crianças. meus pais escolheram o nome que tenho?”; “Qual a história
do meu nome? Há algum significado nele?”; “Gosto dele?
Por quê?”; “Tenho algum apelido? Qual? De onde veio?”.
Os textos listados a seguir, embora destinados a leitores
mais velhos, podem ser usados como apoio, com mediação
do professor, para a “investigação” dos nomes próprios.
Eles tratam, de maneiras diversas (inclusive por serem de

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gêneros diferentes), da importância que os nomes car-


regam e seu determinismo na história de cada um deles.
Utilize-os, lendo em voz alta os trechos mais acessíveis
durante a atividade:

• “Nasceu uma ninfa”, Carlos Drummond de Andrade (em


Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das letras, 2012).
• Morte e vida Severina (Auto de Natal pernambucano), João
Cabral de Melo Neto (Rio de Janeiro: Alfaguara, 2007).
• “Nomes de gente”, Geraldo Azevedo e Renato Rocha (Adi-
vinha o que é, MPB4. São Paulo: Ariola,1983).

Uma atividade complementar a essa é trabalhar a iden-


tidade familiar pela via dos documentos pessoais. Peça
para as crianças trazerem a certidão de nascimento e o RG
pessoal e/ou dos pais. Em duplas, sugira que comparem os
dados de seus documentos com os de um colega (nome,
data de nascimento, sexo, estado, cidade, números). Esta
é uma boa ocasião para explicar que todas as pessoas têm
um nome e um sobrenome, que deverão ser registrados
em cartório, algo fundamental para a inclusão social
(matricular-se no posto de saúde, na creche, na escola...).
Como finalização, proponha a construção de uma
árvore genealógica – uma maneira sempre interessante de
registrar a história da família.

elaboração do guia Luciana Marques Ferraz (doutora em Teoria Literária


e Literatura Comparada pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo, psicóloga e professora do
Ensino Fundamental); preparação Malu Rangel; edição e redação do boxe
“matriz de identidade, comportamento e socialização” Graziela R. S. Costa
Pinto; revisão Carla Mello Moreira.

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