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Pilates

NAS PATOLOGIAS
DA COLUNA VERTEBRAL
Os dez exercícios indicados para a escoliose
PILATES NAS
PATOLOGIAS DA
COLUNA VERTEBRAL
PILATES NAS PATOLOGIAS DA COLUNA VERTEBRAL:
Os dez exercícios indicados para a escoliose

sumario
Classificação das escolioses 01

Causas das escolioses 02

Escoliose funcional e estrutural 03

Teste de Adams 03

Exame imaginológico da escoliose 04

Comprovação científica do efeito do método Pilates nas escolioses 06

Os dez exercícios indicados para a escoliose 08

Referências bibliográficas 21
escoliose
A escoliose é considerada como uma inclinação lateral da
coluna com rotação das vertébras, também chamada de
alteração tridimensional da coluna vertebral, sendo altamente
prevalente nas mulheres (Lenssinck, Frijlink e Berge, 2005).
Pode ser classificada de acordo com a convexidade da curva:
a escoliose cuja convexidade é à esquerda chama-se de
sinistra convexa, já uma escoliose cuja convexidade é à
direita chama-se de destro convexa.

01
Hábitos incorretos, inatividade física e
atividades funcionais assimétricas,
podem causar desequilíbrios musculares e levar
à escoliose (Júnior e Tomaz, 2008). Além da
má postura, a discrepância de membros inferiores
também pode ser uma das causas de escoliose,
algumas vezes há queixa dor pela contratura
muscular (Schwab et al., 2002).

02
A escoliose também pode ser classificada conforme a
reversibilidade da curvatura, podendo ser funcional e
estrutural. A escoliose funcional conhecida como não
estrutural ou atitude escoliótica é reversível e, corrigida
através do posicionamento postural adequado. No teste de Adams
a curvatura da escoliose funcional desaparece (Figura
1). Já na escoliose estrutural a deformidade não pode ser
corrigida, porque há inclinação lateral com rotação fixa e
irreversível da curvatura, ocorre alteração do gradil costal e é
positiva no teste de Adams, produzindo a gibosidade
posterior do lado convexo. As causas mais comuns da
escoliose estrutural podem ser: genéticas, vértebras em
cunha, hemivértebra, evidenciando a alteração óssea na
estrutura da vértebra.

Coluna Vertebral Normal Deformidade de escoliose

Figura 1: Teste de Adams negativo à esquerda (escoliose


funcional) e positivo à direita (escoliose estrutural).

03
As curvaturas também são classificadas em primária ou secundária.
A curvatura primária é a deformidade mais significante (conhecida também
como escoliose em C), geralmente ocorre na região torácica entre os níveis
de T4-T12. A curvatura secundária se desenvolve para compensar a
curvatura primária na direção oposta, está localizada abaixo ou acima da
curvatura primária e apresenta menor angulação (conhecida como escoliose
em S). Quanto maior a curvatura lateral, maior o risco de rotação vertebral e
maior a possibilidade de surgir alteração cardiopulmonar, como a diminuição
da capacidade vital (soma do volume corrente, volume de reserva inspiratório
e volume de reserva expiratório), diminuição da capacidade pulmonar total
(soma da capacidade vital e volume residual) e hipertrofia do lado direito do
coração devido à hipertensão pulmonar.

04
A mensuração da curva é feita através do RX ântero-posterior e a angulação quantificada
através do Ângulo de Cobb. O ângulo é medido traçando-se duas retas: uma superior ao
corpo vertebral da primeira vértebra inclinada e outra reta inferior da última vértebra
inclinada. Em seguida, traça-se duas linhas perpendiculares a estas retas, formando o
ângulo de Cobb (Figura 2). Os graus de escolioses e tratamentos são:

< 10º: considerada normal e não requer tratamento;


< 20º: escoliose leve e o tratamento é conservador;

> 20 e < 40º: escoliose moderada e o tratamento é


conservador e/ou comuso de colete; e
> 40 a 50º: escoliose grave e o tratamento é cirúrgico.

Figura 2: Ângulo de Cobb para avaliar o


grau da escoliose

05
O estudo randomizado de Araújo et al., (2012) avaliou a eficácia do
método Pilates na curvatura escoliótica, na flexibilidade e na dor
de 20 mulheres sedentárias. Os exercícios foram realizados 2x por
semana, por 60 minutos, durante 12 semanas e concluíram que no
grupo experimental os exercícios do Pilates diminuíram 38% a
curvatura da escoliose não estrutural, 60% a dor e aumentou a
flexibilidade em 80% quando comparado ao grupo controle.

Ikemitsu et al., (2006) afirmou que 27 % dos pacientes


com disfunção temporomandibular também apresentaram
escoliose com um ângulo de Cobb > 10°, mostrando uma
correlação entre ambas disfunções.

06
Yongnam e Youngsook (2014) avaliou a escoliose e a alteração na amplitude de
movimento da ATM de 31 indivíduos antes e após a prática do Pilates. Os
exercícios foram realizados 3 vezes por semana, durante 8 semanas. Quando
comparado ao grupo controle (n=12) os autores sugeriram que no grupo
experimental (n=19) houve melhora no grau da escoliose e no desvio da ATM
após os exercícios do método Pilates.

Gouveia e Gouveia (2008) enfatizou a importância do músculo transverso do abdome na


estabilização da coluna vertebral durante os exercícios abdominais, podendo prevenir ou
minimizar as alterações posturais como a escoliose. Blum (2002) corroborou afirmando
que a escoliose pode ser causada por um desequilíbrio corporal e por padrões de
preferência de movimentos, portanto, é evidente que o método Pilates leva a um
reequilíbrio muscular e que, a natureza simétrica dos exercícios do método é uma
excelente abordagem para os indivíduos com escoliose.

‘’
...é evidente que o metodo Pilates leva a um reequilíbrio muscular
e que, a natureza simétrica dos exercícios do método é uma
excelente abordagem para os indivíduos
com escoliose.

‘’
07
OS DEZ EXERCÍCIOS INDICADOS PARA A

ESCOLIOSE

08
1. Respiração direcionada no mermaid

1
1A

OBJETIVOS

Direcionar a expansão torácica para o lado côncavo da curvatura escoliótica.

INSTRUÇÕES
Em sedestação, MMII em flexão e rotação externa dos quadris, coluna neutra, inclinar o tronco para
o lado convexo da curvatura escoliótica, apoiar a mão ipsilateral na nuca e a outra mão apoiar nas
últimas costelas do lado côncavo, realizar a respiração e progredir com o aumento do tempo
respiratório.

INDICAÇÕES

Escoliose, alunos tensos, Padrão respiratório apical e Diferença de expansão entre o pulmão direito
e esquerdo.

DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS

Permanecer com o crescimento axial durante os ciclos respiratórios e progredir com a resistência à
medida que a capacidade respiratória aumentar.

ERROS MAIS COMUNS

Inclinar apenas a coluna lombar ou cervical e perder a estabilidade escapular da mão que está na nuca.

09
2. Roll up com tonning ball

2
2A

OBJETIVOS
Mobilizar a coluna em flexão e rotação, fortalecer os músculos abdominais e o manguito rotador e
melhorar a coordenação motora.

INSTRUÇÕES
Em decúbito dorsal, MMII estendidos e MMSS em flexão de ombros a 180° (sem elevar as costelas) e
uma tonning ball nas mãos, realizar a flexão de tronco e de ombros simultaneamente elevar um MI,
flexionando o quadril, uma mão segura a tonning ball, realizando a abdução de ombro com rotação de
tronco, a mão oposta segura a perna que eleva, mantendo o crescimento axial. Alternar os lados.

INDICAÇÕES
Hiperlordose, epondilolistese, escoliose, dor lombar crônica e hipomobilidade da coluna.

CONTRA-INDICAÇÕES
Fraqueza abdominal.

ERROS MAIS COMUNS

Solavanco durante a subida e perder a estabilidade escapular.

COMENTÁRIO DO PROFESSOR

O aluno que não conseguir elevar o tronco a partir dos MMII em extensão, pode apoiar 1 MI no solo.
Este exercício também pode ser realizado sem acessório.

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3. Swan na chair

3
3A

OBJETIVOS

Fortalecer os músculos paravertebrais, glúteo máximo, isquiotibiais e tríceps sural.

INSTRUÇÕES

Em decúbito ventral (DV) no solo com MMII em extensão, colocar as mãos no pedal e realizar a
hiperextensão do tronco à medida que desce o pedal.
VARIAÇÕES
Extensão de quadril e de tronco.

INDICAÇÕES
Hipercifose e Escoliose.

CONTRA-INDICAÇÕES
Lesão no(s) ombro(s) como a síndrome do impacto; e espondilolistese.

ERROS MAIS COMUNS

Perder a estabilidade escapular; Diminuir a contração do powerhouse e sentir dor nos paravertebrais.

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4. Abs obliques

4
4A

OBJETIVOS
Fortalecer os músculos abdominais com ênfase nos oblíquos internos e externos; Fortalecer os
quadríceps em isometria e alongar peitorais.
INSTRUÇÕES
Em sedestação de costas no assento da chair com joelhos em extensão, apoiar uma mão no pedal e
outro MS em flexão de ombro a 90°. Realizar a descida do pedal, estendendo e rodando o tronco para
o lado do MS que está apoiado no pedal. A cervical acompanha o movimento.
INDICAÇÕES
Hipercifose; Escoliose; Cervicalgia; Espondilolistese, Dor lombar crônica e Hiperlordose.
11
CONTRA-INDICAÇÕES
Instabilidade de ombro como subluxação e luxação; Lesão de punhos como síndrome do túnel
do carpo.
DICAS E CUIDADOS:
Alunos com hiperlordose podem executar o exercício apoiando o sacro na chair.

ERROS MAIS COMUNS

Perder a ativação dos MMII; Hiperativar o m. trapézio superior; Diminuir a contração do powerhouse e
sentir dor na lombar.

COMENTÁRIOS DO PROFESSOR

Para facilitar o exercício colocar a caixa de extensão da chair ou bola suíça para apoiar os MMII.
Cuidado com os alunos com dor lombar crônica e hiperlordose, alguns sentem aumento da dor durante
este exercício.

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5. Sit up

5
5A

OBJETIVOS

Aumentar a mobilidade da coluna e fortalecer os músculos abdominais e manguito rotador.

INSTRUÇÕES

Sentado sobre os ísquios no barrel, pés no espadar com MMII flexionados a aproximadamente 90° de
joelhos e quadril, ombros flexionados a 90°, cotovelos estendidos. Realizar o enrolamento da coluna
em flexão simultaneamente com a abdução horizontal dos ombros com a faixa elástica e retornar à
posição inicial.

INDICAÇÕES
Hiperlordose; Hipercifose; Espondilolistese e Escoliose.

CONTRA-INDICAÇÕES
Alunos com síndrome do túnel do carpo podem segurar a tonning ball.

DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS


Certifique-se de que o aluno realiza o enrolamento da coluna lombossacra, permitindo a mobilidade.

ERROS MAIS COMUNS

Realizar desvios de punhos e fazer o movimento em bloco.

COMENTÁRIO DO PROFESSOR
Pode ser realizado a rotação da coluna associada com a abdução unilateral de ombro, a cervical
acompanha o movimento.

VARIAÇÃO

13
6. Back Extension

6
6A

OBJETIVOS

Fortalecer os músculos paravertebrais e glúteos; Mobilizar a coluna cervical e torácica em extensão e


rotação.
INSTRUÇÕES

Decúbito ventral com abdome apoiado no barrel, pés no espaldar, mãos na nuca, realizar a extensão
com rotação de tronco associada com a abdução horizontal de ombro. A cervical acompanha o
movimento. Alternar os lados.

INDICAÇÕES
Escoliose; Hipercifose e Cervicalgia.

CONTRA-INDICAÇÕES
Espondilolistese e hiperlordose lombar.

DICAS E CUIDADOS ESPECIAIS


Manter as EIAS apoiadas no barrel.

ERROS MAIS COMUNS

Perder a coluna neutra e rodar a pelve.

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7. Abs obliques

7
7A

OBJETIVOS

Fortalecimento de abdome com ênfase nos músculos oblíquos externos e internos.

INSTRUÇÕES
Em decúbito lateral (DL), com a mão superior no centro da barra, outro MS à frente do tronco, MMII
nas barras verticais, inclinar o tronco em direção à barra móvel.
INDICAÇÕES
Escoliose, espondilolistese e dor lombar crônica.

CONTRA-INDICAÇÕES
Tendinose do glúteo mínimo ou médio e bursite trocantérica. Alguns alunos com cervicalgia podem
sentir aumento da dor durante ou após a execução.
ERROS MAIS COMUNS

Realizar a inclinação com solavancos ou impulsionar com o cotovelo do MS abaixo; Inclinar a cervical e
puxar a barra.

COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Molas colocadas mais superiormente ou quanto maior a resitência das molas, mais fácil será para
executar o movimento. O MI acima deverá estar na barra da frente e o MI abaixo deverá estar na
barra de trás para evitar a rotação da pelve. Para aumentar a complexidade, pode colocar o MS abaixo
com abdução de ombro a 180°.

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8. Abdominal no Cadillac

8
8A

OBJETIVOS
Fortalecer os músculos reto do abdome, oblíquos internos e externos, transverso do abdome e
quadríceps.
INSTRUÇÕES

Em decúbito dorsal com antepé na barra fixa (ou barra torre), mãos na nuca, cotovelos e ombros em
rotação externa, simultaneamente estender os MMII e flexionar o tronco. Ou permanecer com o tronco
flexionado e estender os MMII.

INDICAÇÕES
Espondilolistese, dor lombar crônica e escoliose.

ERROS MAIS COMUNS

Fechar os cotovelos durante a flexão do tronco.


COMENTÁRIO DO PROFESSOR

As variações podem ser com os MMII em extensão e flexionar tronco e pernas simultaneamente,
como realizar footworks em V position, apoio unilateral do MI e rotação do tronco.

VARIAÇÃO

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9. Side plank

9
9A

OBJETIVOS

Fortalecer os oblíquos e aumentar a estabilizade de ombros.

INSTRUÇÕES
Colocar a prancha extensora no reformer e apoiar o cotovelo, cada MI apoiado na ombreira, o MI acima,
na ombreira da frente. Elevar a pelve e realizar flexo-extensão de quadris e joelhos sem perder a
estabilidade de tronco e pelve.
INDICAÇÕES
Escoliose, espondilolistese, cervicalgia e dor lombar crônica.

CONTRA-INDICAÇÕES
Lesão de ombros.
DICAS E CUIDADOS
Colocar antiderrapante sob o cotovelo.
ERROS MAIS COMUNS
Perder a estabilidade escapular e pélvica.

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10. Side Bridge

10
10A

OBJETIVOS
Fortalecer a cadeia posterior, com ênfase em glúteos, isquiotibiais e tríceps sural, fortalecer oblíquos
internos e externos e mobilizar a coluna em torção.

INSTRUÇÕES
Em decúbito dorsal, com um pé apoiado na barra de pés, ou outro pé abaixo, realizar a elevar da pelve
simultaneamente com a rotação de tronco e quadril. Progressão: realizar a flexo-extensão de joelhos.

INDICAÇÕES
Escoliose e dor lombar crônica.

CONTRA-INDICAÇÕES
Hérnia de disco (aguda) e espondilolistese.
DICAS E CUIDADOS
O joelho da perna que está apoiada, deve permanecer parado, apontado para o teto.

ERROS MAIS COMUNS

Elevar a pelve sem rodar o tronco.


COMENTÁRIO DO PROFESSOR

Alunos com hipomobilidade da torácica sentem desconforto para realizar este exercício.

VARIAÇÃO

18
sobre a autora

Ft Érika Barroso Batista


CREFITO 3/167261-F
Érika Batista é Fisioterapeuta. Possui Pós-graduação em
Traumato-ortopedia e dermatofuncional e Mestrado em
Ciências da Reabilitação. Fez formação em Pilates Clássico
Científico e Formação completa em Pilates. Fez formação
em Pilates aplicado à reabilitação, Pilates avançado, Pilates
aplicado à gestante, Pilates funcional com acessórios e
Pilates Suspensus. Possui formação em RPG. É professora
dos cursos de Pilates da Voll. Desenvolveu o curso de Pilates
nas patologias da coluna vertebral.
19
referencias
Lenssinck ML, Frijlink AC, Berger MY, et al. Effect of bracing and other conservative
interventions in the treatment of idiopathic scoliosis in adolescents: a systematic review
of clinical trials. Phys Ther, 85: 1329–1339, 2005.
Junior, JR, Tomaz, C. Effects of reeducation posture global by the method (RPG/RFL) of
corretion posture and reequilibrum muscle. Fisioterapia em Movimento, 21 (3), 127 e
137, 2008.
Schwab FJ, Smith VA, Biserni M, et al. Adult scoliosis: a quantitative radiographic and
clinical analysis. Spine, 27: 387–392, 2002.
Araújo, MEA, Silva EB, Mello DB, Cader SA, Salgado ASI, Dantas DHM. The effectiveness
of the Pilates method: Reducing the degree of non-structural scoliosis, and improving
flexibility and pain in female college students. Journal of Bodywork & Movement
Therapies, 16, 191 e 198, 2012.
Ikemitsu H, Zeze R, Yuasa K, et al. The relationship between jaw deformity and scoliosis.
Oral Radiol, 22: 14–17, 2002.
Yongnam P, Youngsook B. Change of Range of Motion of the Temporomandibular Joint
after Correction of Mild Scoliosis. J. Phys. Ther. Sci. v. 26, n. 8, 2014.
Gouveia KMC, Gouveia EC. The transversus abdominais muscle and its function on the
lumbar spine stabilization. Fisioterapia em Movimento, 21 (3), 45 e 50, 2008.
Blum CL. Chiropractic and pilates therapy for the treatment of adult scoliosis. Journal of
Manipulative and Physiological Therapeutics, v. 25, n. 4, 2002.

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