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Gabriel Cunha Rodrigues

Advogado

EXCELENTÍSSIMO (A) JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DO SÉTIMO JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA ESPECIAL DE
BRASÍLIA/DF,

PROCESSO N.: 0733203-62.2018.8.07.0016

VICTOR HUGO MARTINS DOS SANTOS, já devidamente


qualificado nos autos do processo em epígrafe, movido em face do ITAÚ UNIBANCO
S/A, também já qualificado, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por
intermédio de seu advogado signatário, para tempestivamente1 apresentar suas inclusas

CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

nos moldes do artigo 42, parágrafo 2°, da Lei dos Juizados Especiais, com fundamento
nas razões de fato e de direito que passará a expor, requerendo o seu encaminhamento ao
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Distrito Federal e dos Territórios.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Brasília/DF, 24 de junho de 2019.

Assinado eletronicamente
GABRIEL CUNHA RODRIGUES
OAB/DF nº 35.297

1 A recorrida foi intimada a apresentar suas contrarrazões por meio de certidão publicada em 07/06/2019
(segunda-feira). Prazo de 15 dias úteis. Assim, tem-se como dies ad quem 24/06/2019 (segunda-
feira), em razão da suspensão da fluência dos prazos processuais em 20/06/2019 (quinta-feira),
dia do feriado nacional de Corpus Christi. Tempestivo assim é o presente petitório.

SHIS QI 19, Conjunto 13, Casa 25, Lago Sul, Brasília/DF - Telefone (61) 3312-5600
Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO


FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

Recorrido: VICTOR HUGO MARTINS DOS SANTOS

Recorrente: ITAÚ UNIBANCO S/A

Ilustre Desembargador(a) Relator(a),

Colenda Turma,

CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

I - BREVE ESCORÇO DOS FATOS

Trata-se de ação de restituição de valores bloqueados (com pedido


de tutela de urgência) ajuizado por VICTOR HUGO MARTINS DOS SANTOS, ora
recorrido, em face do ITAU UNIBANCO S.A., ora recorrente, com vistas a obter a
condenação da recorrente para seja restituído ao recorrido o montante de R$ 25.000,00
(vinte e cinco mil reais), bloqueados junto a instituição bancária.

Conforme exarado na exordial, o recorrido foi vítima de estelionato


quando visava adquirir um automóvel seminovo, consoante atesta relato fático declinado
no boletim de ocorrência nº 6.732/2018-1 (ID. 20243308).

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Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

Para a concretização do “suposto negócio” o recorrido realizou a


transferência no valor de R$ 45.400,00 (quarenta e cinco mil quatrocentos reais) para a
conta do estelionatário (ID. 20243318) junto à CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.

Ocorre que ao perceber que se tratava de um golpe, o recorrido se dirigiu


a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e, ao consultar o Gerente que ali se encontrava,
identificaram que cerca de R$ 5.500,00 (cinco mil e quinhentos reais) do montante
depositado já haviam sido sacados pelo estelionatário, que uma parte do valor restante
ainda estava vinculado a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e que o remanescente fora
rateado em duas contas bancárias vinculadas ao BANCO ITAÚ, veja-se:

i) R$ 14.000,00 (quatorze mil reais) permanece na conta


00040439-8, agência 0790, operação 13 – Caixa Econômica
Federal (conta essa que ocorreu a transferência originária);

ii) R$ 10.000,00 (dez mil reais) foram transferidos para a


agência 6655, conta 19874-2 - Banco Itaú e;

iii) R$ 15.000,00 (quinze mil reais) para a agência 8399, conta


18069-7 - Banco Itaú.

Neste sentido, visto que os referidos valores não haviam ainda sido
sacados pelo estelionatário, o recorrido solicitou o bloqueio de todas as quantias junto aos
bancos, o que de fato ocorreu junto as Instituições Financeiras.

Contudo, sucede que ao solicitar administrativamente a restituição do


valor bloqueado junto ao BANCO ITAÚ (ID. 20243356), o pedido sequer foi
respondido.

Desta forma, ante a falta de resposta e prestação de serviço da instituição


financeira, não restou alternativa senão o ajuizamento da presente ação de restituição de
valores bloqueados.

Intentada ação judicial, decorrida a marcha processual, sobreveio


sentença que julgou improcedente o pleito da recorrida. Veja-se:

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Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

Ante o exposto, condeno a ré a pagar o autor o valor de R$


25.000,00, acrescido de juros de 1% ao mês a contar da
citação e correção monetária do desembolso. Resolvo o
mérito da demanda, nos termos do art. 487, I, do CPC. Sem
custas e honorários advocatícios, conforme disposto no
artigo 55, "caput" da Lei n° 9.099/95.
Transitada em julgado, intime-se a requerida para efetuar o
pagamento, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de
aplicação da multa prevista no art. 523, § 1º, do Código de
Processo Civil c/c art. 52, inciso III da Lei nº 9.099/95.
Após, não havendo provimentos jurisdicionais pendentes,
arquivem-se os autos com as cautelas de estilo. Publique-se.
Sentença registrada eletronicamente. Intimem-se.
FLAVIO FERNANDO ALMEIDA DA FONSECA
Juiz de Direito

Irresignada, a recorrente interpôs recurso visando a reforma da r.


sentença para que seja julgado improcedente o pleito autoral.

II – CAPÍTULOS DA SENTENÇA

Conforme restou verificado na decisão acima tracejada, o juízo a quo


formou sua convicção para julgar procedente o pleito autoral formulado pelo recorrido
baseando-se nas seguintes premissas:

i) na fase probatória, o juízo a quo determinou a inversão do ônus


probatório para que a recorrente comprovasse as transferências
realizadas de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e R$ 10.000,00 (dez mil
reais) para duas contas administradas pelo banco, demonstrando
inclusive se houve o bloqueio ou o levantamento desses valores, no
entanto, o recorrente não se manifestou.

ii) Assim, diante da inércia da recorrente, formou-se convicção que o


recorrido conseguiu realizar o bloqueio dos valores reclamados que
somam a monta de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), motivo
esse para a condenação do banco em proceder a devolução da
susodita quantia;

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Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

Assim, com o fito de impugnar as razões postas na peça recursal, devem


ser observadas as razões fáticas-jurídicas a seguir delineadas que evidenciam a necessidade
do desprovimento do recurso inominado apresentado, para que seja mantido incólume a
decisão de mérito que julgou procedente o pleito autoral.

III - RAZÕES PARA O DESPROVIMENTO DO RECURSO INOMINADO


III. I - PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA

A recorrente formula inicialmente a tese recursal de que é parte ilegítima


para figurar como parte na presente ação, como supedâneo dessa afirmação, alega que o
recorrido realizou o depósito da quantia de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), em duas
contas do banco recorrente, assim, afirma que é apenas o mantenedor das contas
bancárias em que foram efetuados os depósitos pelo recorrido.

No entanto, não merecem prevalecer os frágeis e genéricos argumentos


articulados pela recorrente, visto ser o banco parte legítima para figurar como parte nesta
ação.

Isso porque, diferentemente do alegado, deve ser esclarecido que não foi
o recorrido que, de forma livre e espontânea realizou os depósitos nas contas bancárias
do recorrente, as transferências ocorreram pelo fato do recorrido ter sido vítima de crime
de estelionato, sendo que foi o fraudador quem realizou as aplicações financeiras junto ao
Banco recorrente.

Refutando-se esse argumento, deve ser asseverado que a legitimidade do


recorrente em figurar como parte nesta demanda demonstra-se na exata medida que a
instituição bancária, está com a posse do montante de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil
reais), ao qual é de titularidade do recorrido, não tendo até o momento de ingresso desta
ação, realizado a devolução do montante, fato jurídico esse que demonstra a abusividade
da conduta do Banco para com o consumidor.

Assim, maiores esclarecimentos não merecem ser tecidos, sendo certo


ser inegável a legitimidade do recorrente de ser parte na presente lide, pelo que requer o
desprovimento da preliminar aventada.
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Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

III.II - IRRESIGNAÇÃO AO MÉRITO RECURSAL

Em suas razões de mérito, alega o recorrente que a ausência de ato ilícito


ensejador de sua responsabilidade de civil em ter que restituir o recorrido no montante
em que foi vítima de estelionato, qual seja, R$ 25.000,00 (vinte cinco mil reais).

Como fundamento dessa afirmação, expõe ser mero mantenedor das


contas bancárias destinatárias da quantia acima mencionada, não tendo o banco
participado da realização da transação financeira.

Ademais, expõe que assim que foi cientificado da situação vivenciada


pelo recorrido, tomou a providência de bloquear o valor de R$ 14.935,47 (quatorze mil
novecentos e trinta e cinco reais e quarenta e sete centavos), não tendo a devolução sido
realizada pelo fato do recorrido não ter assinado o “termo de restituição” de valor.

Ao fim, expõe que inexiste falha na prestação de serviço, pelo que requer
a improcedência do pedido de restituição da quantia de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil
reais).

No entanto, completamente inócuos foram os argumentos postos na


peça recursal ora impugnada.

Explica-se.

Conforme salientado no tópico “ II ” deste petitório, a sentença


condenou o banco na obrigação de restituir o valor cobrado pelo recorrido, porque foi
invertido o ônus probatório na decisão de ID. 29099023 para que o recorrente
comprovasse as transferências realizadas de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) e R$ 10.000,00
(dez mil reais) para duas contas administradas pelo banco, demonstrando inclusive se
houve o bloqueio ou o levantamento desses valores, não se manifestou acerca da
determinação judicial.

SHIS QI 19, Conjunto 13, Casa 25, Lago Sul, Brasília/DF - Telefone (61) 3312-5600
Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

Deste modo, como a recorrente não cumpriu o ônus probatório


determinado pelo juízo a quo, formou-se convicção que o recorrido conseguiu realizar o
bloqueio dos valores reclamados que somam a monta de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil
reais), motivo esse para a condenação do banco em proceder a devolução da susodita
quantia.

Excelência, esse é o cerne da discussão nestes autos, ou seja, incumbia


ao recorrente demonstrar a regularidade das transferências bancárias realizadas nas contas
administradas pela instituição financeira, demonstrando se houve o bloqueio ou o
levantamento da quantia de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), não tendo a recorrente
cumprido esse ônus processual, sendo este o motivo para sua condenação.

Com efeito, analisando a presente peça recursal, verifica-se que não


houve impugnação quanto aos capítulos da r. sentença que culminaram na procedência
do pleito autoral, sendo que o recurso inominado apenas repisa argumentos já articulados
em sede de contestação.

Ademais, completamente descabido é o argumento de que não deve


ocorrer a correção monetária dos valores de titularidade do recorrido, aos quais estão em
posse do banco, isso porque, a atualização da quantia de R$ 25.000,00 (vinte cinco mil
reais), deve ocorrer justamente porque o recorrente não cumpria a obrigação que lhe
incumbia, qual seja, providenciar a devolução da referida soma ao recorrido, motivo esse
que, conforme art. 389 do CC2. necessária se faz a atualização do débito.

Portanto, forte nas razões postas, requer o desprovimento do recurso


interposto, devendo ser mantida incólume os termos exarados na r. sentença.

2Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

SHIS QI 19, Conjunto 13, Casa 25, Lago Sul, Brasília/DF - Telefone (61) 3312-5600
Gabriel Cunha Rodrigues
Advogado

IV - CONCLUSÃO

Desta forma e com base nas razões de direito já expendidas, protesta a


apelada pelo desprovimento do recurso interposto pelo recorrido/recorrente.

Nestes termos,
Pede deferimento
Brasília - DF, 24 de junho de 2019.

Assinado eletronicamente
GABRIEL CUNHA RODRIGUES
OAB/DF 35.297

SHIS QI 19, Conjunto 13, Casa 25, Lago Sul, Brasília/DF - Telefone (61) 3312-5600

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