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17/04/2019 Documento sem título - Documentos Google

Resenha crítica de SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Uma análise de


pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência – Tecnologia –
Sociedade) no contexto da educação brasileira. ENSAIO – Pesquisa em
Educação em Ciências, v. 2, n. 2, p. 133-162, 2002.

Com o desenvolvimento tecnológico, passamos a confiar na eficácia da ciência e da


tecnologia assim como confiamos em divindades religiosas, o que gerou a ilusão de que
todos os problemas humanos poderiam ser solucionados pelo cientificismo. Em conjunto
com o desenvolvimento do capitalismo, a cientificação da técnica passou também a ser
usada como forma de dominação do homem pelo homem, já que o domínio tecnológico
permitia uma eficácia maior em resultado. Esse conceito de dominação veio junto com as
guerras e as revoluções, que tiveram como demanda uma grande quantidade de mão de
obra tecnicista. Com o desenvolvimento de outras áreas de estudo como filosofia e
sociologia, foi colocado em cheque os efeitos do desenvolvimento e do consumo cientificista
e além disso, foi levado em conta também os fatores éticos desse processo, até então
deixados de lado pois a detenção do conhecimento científico está direcionado a elite,
somente.

De maneira bem resumida, atualmente, o currículo com ênfase em CTS é


desenvolvido de modo a integrar na vivência e na educação escolar dos alunos, análises e
estudos de caso sobre questionamentos que levam em conta tanto o aspecto histórico,
sócio-ambientais e ético quanto os aspectos científicos. Em um primeiro momento, as CTS
tinham como principal objetivo qualificar de forma tecnicista a população que se via no
pós-guerra, período onde a demanda de mão de obra era grande e a qualidade de vida era
colocada em segundo plano devido a necessidade básica imediata como alimentação e
moradia, que eram superficialmente garantidos pelos empregos que vierem juntos com o
excesso tecnológico dos países desenvolvidos. Ná década de 60, no Brasil, esse conceito
começa a ser discutido com um viés mais socioeconômico, cujo objetivo central era de
desenvolver no cidadão a análise social assim como o desenvolvimento de habilidades
técnico-científicas, além de ter como objetitvo também o desenvolvimento de valores sociais
de acordo com o com interesse do estado e o acesso cultural de cada um dos alunos.

De acordo com o texto, por definição, temos três vertentes principais que possuem
uma inter-relação para formar a estrutura conceitual dos cursos de CTS, segue abaixo o
resumo delas.

A ciência pode ser definida por diferentes perspectivas: de acordo com seus
teóricos, a ciência experimental não é a mais eficaz ou segura, visto que não há nenhuma
garantia de reprodutividade dos experimentos, o que torna eles muito subjetivos. Como uma
das bases de definição de ciência é a reprodutividade, um experimento que não pode ser
reproduzido com exatidão não pode ser contabilizado; já de acordo com os teóricos
sociológicos, a ciência, assim como qualquer outro eixo de estudo que está inserido em um
contexto social, é influenciada e influencia também toda a comunidade, sendo assim, não é
possível existir uma ciência neutra. O conhecimento científico sempre vai estar inserido em
um contexto social e de tal forma, ele será usado com um dado objetivo. Objetivo esse que

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pode ser definido pelo estado ou pelo próprio cientista que desenvolveu o experimento,
visto que ao estar na sociedade ele sofre influência da mesma, assim como qualquer outro
cidadão.

A tecnologia hoje em dia está diretamente relacionada com a ciência, mas de


maneira geral já existe antes mesmo dela. Utilizando o conceito de técnica, que
resumidamente pode ser definida como um procedimento que tem como objetivo atingir um
determinado resultado, pode-se considerar como uma utilização de uma técnica até os
instrumentos utilizados pelos primeiros hominídeos para sobrevivência. E ainda assim,
essas técnicas não são consideradas ciências pois não seguiam um padrão de reprodução
exato. Assim como exemplificado no parágrafo anterior, a ciência por experimentação não é
considerada válida pelos epistemólogos e filósofos da ciência.

Socialmente, os termos adotados pelas CTS são os que permeiam algum tipo de
conflito, seja no sentido ético gerando opiniões polarizadas como utilização de métodos
contraceptivos por mulheres; no sentido social realmente, como quando o questionamento é
voltado para um grupo social menos favorecido como saneamento básico ou acesso a
condições mínimas de saúde sanitária em comunidades carentes ou até mesmo países
emergentes; ou se o objeto de estudo está diretamente relacionado a tecnologia como o
desenvolvimento e o acesso de medicamentos ou a cirurgias a todos os cidadãos de
maneira igualitária.

Para que seja iniciada a discussão das CTS, os métodos de estudo podem ser
analisados de várias formas diferente. Um dos padrões que o texto segue é apresentando
em um primeiro momento a questão e a partir daí seguido com a análise do caso. Essa
análise precisa levar em conta o aspecto social do problema, assim como a tecnologia que
causou o problema quanto um tecnologia que possa gerar a solução do mesmo, e também
relacionar uma tecnologia que possa solucionar o problema para a questão social.

A aplicação das CTS em relação aos materiais didáticos precisa levar em conta que
os questionamentos e o desenvolvimento dos temas precisa ser feito de forma
interdisciplinar, visto que a inter-relação da ciência com a situação social e histórica do
aluno afeta diretamente a forma com o conteúdo será absorvido por ele. Além disso, afeta
também a forma como ele utilizará esse conteúdo posteriormente no cotidiano dele. Para
além da adoção somente de casos cotidianos no sentido de incluir de forma superficial as
CTS, há a necessidade de aprofundamento do estudo buscando também deixar claro aos
alunos como, por exemplo, um problema social/científico de outros países podem ser
usados aqui de forma a minimizar ou até mesmo prevenir um problema aqui, no Brasil.

Concluindo, não é possível tratar a ciência e a tecnologia retirando elas da realidade e do


contexto social. Ou seja, para que realmente haja um aproveitamento completo dos avanços
tecnológicos e para que a população como um todo, se beneficie desses avanços, é
necessário que se invista em uma alfabetização científica que gere autonomia e consciência
crítica nos cidadãos. Para isso, além de ensinar o que são as ferramentas tecnológicas e
qual a melhor forma de utilizá-las no dia a dia, o estado precisa também instruir a população
da forma de produção dessas ferramentas, dos seus impactos tanto sociais, no sentido de

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exploração de mão de obra e geração de emprego, quanto no sentido ambiental, com


transparência em relação ao processo de extração de matéria prima além da forma de
descarte correto.

Por Joana Procópio, ra: 100110, acadêmica de ciências biológicas pela UEM.
3282 - Instrumentação para Ensino de Ciências
Maringá, 17 de Abril de 2019

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