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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA
___________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 001 – Realizada em 15/01/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO: 1500-026085/2010 e CTE nº 131/2012.
ANEXOS: 1500-009205/2009(05 vol.);030564/2010 e 037377/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.04760-001.
AUTUADA: SAN PAOLO CALÇADOS LTDA - EPP.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04523-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.258/2011.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Jorge Ricardo de Souza.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO VENCEDOR: Luciano Pontes de maya Gomes
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO 005/2013
EMENTA: ICMS. Levantamento Fiscal.
Confronto entre informações prestadas pelo
contribuinte por intermédio das declarações
fiscais e informações prestadas pelas
Administradoras de Cartão de Crédito,
Inobservância da Lei Complementar 105/2001.
Ausência de prévio processo ou procedimento
administrativo para o acesso às informações
protegidas sob sigilo. Nulidade da
Autuação. Recurso Ordinário conhecido e
provido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS pelo sujeito passivo devido à omissão de
vendas de mercadorias desacobertadas de documentação fiscal,
apuradas mediante confronto entre as vendas escrituradas em livros
fiscais próprios e os valores constantes em extratos fornecidos
por administradora de cartões de crédito e/ou débito, nos
exercícios de 2007, 2008 e janeiro a julho de 2009.

Acórdão CTE nº 005/2013 1


As provas trazidas pela fiscalização estão no processo
principal e em quatro volumes do processo anexo nº 1500-
009205/2009.

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas: art.


1º, art. 2º, § 9º, I ao III e V; art. 31 e art. 50, §§ 2º, I, II,
§ 3º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do Decreto
35.245/191 – Regulamento do ICMS. Aplicada a penalidade prevista
no artigo 97 da Lei nº 5.900/96.

Apresentadas a defesa pelo contribuinte e as Contrarrazões


pelo autuante, foi proferida a Decisão nº 18.258/2011, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com a
seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO


DECORRENTE DE DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO
PRINCIPAL. 1) Falta de recolhimento do imposto
decorrente da omissão de saídas de mercadorias
tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas
administradoras de cartão de crédito e débito,
confrontadas com as operações declaradas pelo
contribuinte. 2) Presunção “juris tantum”
referente à ocorrência de operações tributadas
sem pagamento do imposto (art. 2º, § 9º, V, da
Lei Estadual nº 5.900/96), não elidida por
prova em contrário. 3) Norma procedimental de
fiscalização: possibilidade de aplicação antes
de sua entrada em vigor – afastada a violação
ao princípio da irretroatividade. 4)
Inexistência de irregularidade relativamente à
quebra de sigilo bancário do contribuinte. 5)
Comprovada a materialidade da infração. 6)
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

Intimado da decisão supracitada, o autuado apresentou Recurso


Ordinário, requerendo a nulidade e o arquivamento do auto de
infração em tela, alegando para isso, entre citações doutrinárias
e jurisprudência, que:

1. pela importância da matéria não cabe qualquer


possibilidade de inversão do ônus da prova, e havendo
algum valor a ser cobrado, necessariamente deve estar
fundamentado em prova documental;

Acórdão CTE nº 005/2013 2


2. não foram anexadas provas suficientes e detalhadas que
tragam certeza da constituição do crédito tributário
aqui cobrado, incidindo assim o art. 7º da lei nº
6.771/2006;

3. a diferença encontrada na autuação foi por causa que as


vendas com cartões são feitas diariamente e a apuração
do ICMS realizada pela fiscalização foi mensal;

4. a informação prestada por terceiros não quer dizer


receitas, já que as administradoras de cartões cobram
percentagem pelo serviço. Ou seja, não se sabe se os
valores informados por elas “são valores líquidos ou
brutos”, só podendo responder a tal questionamento com
os “tíquetes de venda”, que não foram anexados pelo
fisco;

5. questiona onde estão os “tíquetes de venda”; se as vendas


foram a vista ou parceladas; se para pessoa física ou
jurídica; se foi com cartão empresa, corporativo ou
pessoal; se existe diferença no estoque; se existiu
vendas sem notas; e quais foram as mercadorias vendidas;

6. o juízo singular não levou em consideração à falta de


elementos probatórios, prejudicando o seu julgamento, já
que houve inúmeros questionamentos sem resposta,
acarretando uma insegurança jurídica.

Em resposta, pedindo pela improcedência dos pedidos de


nulidade do auto de infração e pela manutenção da decisão
recorrida, a Representante Fiscal argumenta que:

1. o recurso não contestou nenhum valor relativo às


operações de vendas de mercadorias omitidas apuradas no
levantamento fiscal, e que por isso, há presunção de
veracidade desses valores;

2. o procedimento de apuração mensal do ICMS obedece ao


disposto na legislação tributária, citando o art. 78 do
Regulamento do ICMS;

3. os relatórios das administradoras de cartão de


crédito/débito são individualizados em relação ao
estabelecimento da recorrente, constando a discriminação

Acórdão CTE nº 005/2013 3


dos valores de cada operação por data, bem como o número
do documento e identificação de cartão utilizado no
pagamento;

4. quanto aos questionamentos relativos os “tíquetes de


venda”, se as vendas foram à vista ou parceladas, se
para pessoa física ou jurídica, o tipo de cartão, se
existe diferença no estoque, e quais foram as
mercadorias vendidas, tais perguntas são irrelevantes
para o lançamento aqui analisado, já que a ocorrência da
infração está devidamente mostrada, pois a partir do
fato provado nos autos se tem a presunção da omissão de
saídas sem o pagamento do imposto;

5. a alegação de não ter tido acesso às provas relativas à


autuação é “absurda”, já que fora facilitado ao sujeito
passivo o acesso aos elemento probatórios, tanto que na
peça de impugnação, é citado o processo SF 1500-
009205/2009, que contém todo o conjunto probatório do
auto de infração em tela;

6. não há o que se falar em falta de fundamentação da


decisão de piso, pois a mesma está baseada nas provas
acostadas aos autos e nos precisos termos da legislação
tributária;

7. há provas documentais suficientes nos autos comprovando


que os valores de vendas informados pelas
administradoras de cartão são muito superiores aos
registrados nos livros fiscais da autuada, o que leva a
conclusão de que houve operações de saída de mercadorias
sem o registro fiscal e a falta de pagamento do imposto.
E por isso não há o que se alegar sobre inversão do ônus
da prova. Inclusive caberia à autuada afastar com
contraprovas, nesta fase processual, a acusação posta
pela fiscalização, o que não aconteceu;

8. sobre as informações prestadas pelas administradoras de


cartão não constituírem receitas, pois incluem
porcentagem de serviço, sendo necessários os tíquetes de
venda, a remessa dessas informações pelas
administradoras decorre da obrigação posta na legislação
tributária estadual, utilizando como padrão o modelo
constante de Protocolo ECF 04/01. Alem disso, a autuada

Acórdão CTE nº 005/2013 4


não indicou os supostos percentuais, nem datas e
valores, como também não anexou qualquer documento
comprovando a cobrança desses encargos de financiamento.

Assim, chegam os autos a este Conselho. É o relatório.

VOTO VISTA VENCEDOR

Conforme relato, como motivação para o ato


administrativo questionado, asseverou a autoridade fiscal haver o
contribuinte omitido receitas tributáveis, especificamente
relacionadas às suas operações com cartões de crédito, débito ou
similares.

A propugnada omissão de receitas fora firmada em


presunção. Segundo afirmação constante da peça acusatória,
presunção essa decorrente de uma suposta diferença apurada pela
fiscalização entre os valores das vendas registrados nos livros e
declarações próprias e as informações prestadas pelas
administradoras de cartões de crédito/débito.

Pois bem. Compulsando os autos do presente processo


administrativo, observa-se que as informações foram encaminhadas
pelas administradoras de cartões de crédito/débito após
regularmente intimadas para tanto pela DIPLAF – Diretoria de
Planejamento de Ação Fiscal (vide fl. ___ e ss.). Observe que
o expediente é datado de 17 de novembro de 2009.

Analisando o conteúdo dos ofícios citados, observa-


se que o procedimento em comento apresentou como fundamento o art.
6º, da LC n.º 105, de 10 de janeiro de 2001, o art. 197, II e VII,
do CTN, o art. 110, II e VIII, da Lei n.º 4.418/82, o art. 50,
§11º, da Lei n.º 5.900/96, e a IN SF n.º 34/2009. Em substância, a
ação fiscal se consubstanciou no já citado art. 6º, da LC n.º
105/2001, que atualmente disciplina a prestação de informações
sigilosas pelas instituições financeiras 1.

Acórdão CTE nº 005/2013 5


É aqui aonde observamos a impropriedade quanto ao
procedimento para a obtenção das informações junto as
administradoras de cartões de crédito/débito à partir da análise
do texto do próprio art. 6º, da LC 105, citado como motivação para
tal ação fiscal. Confira-se:

Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais


tributários da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios somente poderão examinar
documentos, livros e registros de instituições
financeiras, inclusive os referentes a contas de
depósitos e aplicações financeiras, quando houver
processo administrativo instaurado ou procedimento
fiscal em curso e tais exames sejam considerados
indispensáveis pela autoridade administrativa
competente. (grifamos)

Dá análise do destacado dispositivo de lei,


observamos que o próprio artigo que outorga as autoridades
fazendárias federal, estadual e municipal o poder de examinarem as
informações gravadas por sigilo fiscal perante as administradoras
de cartão de crédito, condiciona tal faculdade, no entanto: (i) a
existência de prévio procedimento fiscal visando a apuração
(constituição) de crédito tributário; e, (ii) que no bojo deste a
quebra do sigilo seja indispensável.

Partindo desta irrefutável premissa, salta aos olhos


o erro in procedendo da autoridade fiscal, que, somente veio
instaurar procedimento em face do
contribuinte _____________________________ (vide cópia do livro
termo de ocorrências ora anexado). Ou seja, há aproximadamente 01
(um) ano após a data do pedido de quebra de sigilo das operações
do contribuinte, invertendo, assim, a ordem cronológica dos
procedimentos ditados pela LC 105. E isto porque, ordenou,
primeiro, a quebra do sigilo da recorrente para, somente então e
muito posteriormente, iniciar o procedimento hábil a constituir o
crédito tributário.

Aliás, o próprio lançamento faz expressa referência


ao processo administrativo anterior.

Acórdão CTE nº 005/2013 6


Demonstrado o vício de procedimento, tem-se como
consectária a nulidade do auto de infração subsequente. Neste
sentido está a uníssona jurisprudência do STJ:

TRIBUTÁRIO – CPMF – QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO –


PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DISPOSTOS NO ART. 6º DA
LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001 – REEXAME DE MATÉRIA
FÁTICA – SÚMULA 7/STJ. 1. A Lei complementar n.
105/2001, em seu art. 6º, autoriza a quebra de
sigilo bancário para apuração de ilícitos
fiscais somente quando houver processo
administrativo instaurado ou processo fiscal em
curso, e se tal procedimento for indispensável. 2.
No caso dos autos, o Tribunal de origem, conhecedor
de todo o contexto fático-probatório dos autos,
entendeu que os requisitos descritos no artigo
supostamente violado foram preenchidos. 3. Não cabe
a esta Corte desconstituir o acórdão recorrido e
reconhecer a ausência de procedimento
administrativo, por indispensável revolvimento da
matéria fática - inviável em sede de recurso
especial por óbice da Súmula 7/STJ. Agravo
regimental improvido.(STJ. 2ªT. AgRg no Ag 1213848 /
SP. Rel. Min. Humberto Martins. DJe 24/03/2010)

Por outro lado, em data recente (dezembro/2010), em


julgamento com status de repercussão geral, o Plenário do SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL reconheceu a inconstitucionalidade da autorização
conferida às administrações fazendárias para quebrarem o sigilo
fiscal dos contribuintes, ainda que para subsidiar procedimento
fiscal em curso, exatamente a constante do art. 6º, da LC n.º
105/2001. Segundo o STF, a segurança das relações jurídicas impõe
o prévio exame de pertinência pelo Judiciário.

Confira-se:

Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal


Federal (STF) deu provimento a um Recurso
Extraordinário (RE 389808) em que a empresa GVA
Indústria e Comércio S/A questionava o acesso da
Receita Federal a informações fiscais da empresa,
sem fundamentação e sem autorização judicial. Por
cinco votos a quatro, os ministros entenderam que

Acórdão CTE nº 005/2013 7


não pode haver acesso a esses dados sem ordem do
Poder Judiciário.

O caso

A matéria tem origem em comunicado feito pelo Banco


Santander à empresa GVA Indústria e Comércio S/A,
informando que a Delegacia da Receita Federal do
Brasil com amparo na Lei Complementar nº 105/01
havia determinado àquela instituição financeira, em
mandado de procedimento fiscal, a entrega de
extratos e demais documentos pertinentes à
movimentação bancária da empresa relativamente ao
período de 1998 a julho de 2001. O Banco Santander
cientificou a empresa que, em virtude de tal
mandado, iria fornecer os dados bancários em
questão.

A empresa ajuizou o RE no Supremo contra acórdão


proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, que permitiu “o acesso da autoridade fiscal
a dados relativos à movimentação financeira dos
contribuintes, no bojo do procedimento fiscal
regularmente instaurado”. Para a GVA, “o poder de
devassa nos registros naturalmente sigilosos, sem a
mínima fundamentação, e ainda sem a necessária
intervenção judicial, não encontram qualquer
fundamento de validade na Constituição Federal”.
Afirma que foi obrigada por meio de Mandado de
Procedimento Fiscal a apresentar seus extratos
bancários referentes ao ano de 1998, sem qualquer
autorização judicial, com fundamento apenas nas
disposições da Lei nº 10.174/2001, da Lei
Complementar 105/2001 e do Decreto 3.724/2001, sem
qualquer respaldo constitucional.

Dignidade

O ministro Marco Aurélio (relator) votou pelo


provimento do recurso, sendo acompanhado pelos
ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Celso
de Mello e Cezar Peluso. O princípio da dignidade da
pessoa humana foi o fundamento do relator para votar
a favor da empresa. De acordo com ele, a vida em

Acórdão CTE nº 005/2013 8


sociedade pressupõe segurança e estabilidade, e não
a surpresa. E, para garantir isso, é necessário o
respeito à inviolabilidade das informações do
cidadão.

Ainda de acordo com o ministro, é necessário


assegurar a privacidade. A exceção para mitigar esta
regra só pode vir por ordem judicial, e para
instrução penal, não para outras finalidades.

“É preciso resguardar o cidadão de atos


extravagantes que possam, de alguma forma, alcançá-
lo na dignidade”, salientou o ministro.

Por fim, o ministro disse entender que a quebra do


sigilo sem autorização judicial banaliza o que a
Constituição Federal tenta proteger, a privacidade
do cidadão. Com esses argumentos o relator votou no
sentido de considerar que só é possível o
afastamento do sigilo bancário de pessoas naturais e
jurídicas a partir de ordem emanada do Poder
Judiciário.

Já o ministro Gilmar Mendes disse em seu voto que


não se trata de se negar acesso às informações, mas
de restringir, exigir que haja observância da
reserva de jurisdição. Para ele, faz-se presente, no
caso, a necessidade de reserva de jurisdição. Para o
ministro Celso de Mello, decano da Corte, o Estado
tem poder para investigar e fiscalizar, mas a
decretação da quebra de sigilo bancário só pode ser
feita mediante ordem emanada do Poder Judiciário.

Em nada compromete a competência para investigar


atribuída ao poder público, que sempre que achar
necessário, poderá pedir ao Judiciário a quebra do
sigilo.

Divergência

Os ministros Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Ayres


Britto e Ellen Gracie votaram pelo desprovimento do
RE. De acordo com o ministro Dias Toffoli, a lei que
regulamentou a transferência dos dados sigilosos das

Acórdão CTE nº 005/2013 9


instituições financeiras para a Receita Federal
respeita as garantias fundamentais presentes na
Constituição Federal. Para a ministra Cármen Lúcia,
não existe quebra de privacidade do cidadão, mas
apenas a transferência para outro órgão dos dados
protegidos.
(Disponívelem:http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNo
ticiaDetalhe.asp?idConteudo=168193&caixaB)

Convém ainda atentar para recente posicionamento do


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, que pelo aresto
colacionado acata as duas teses ora sustentadas. Segue-se sua
ementa:
EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL AÇÃO
ORDINÁRIA - EXCLUSÃO DO “SIMPLES PAULISTA”. PROCESSO
ADMINISTRATIVO INÍCIO E FUNDAMENTO EM INFORMAÇÕES
REPASSADAS POR ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO E
DÉBITO LEI ESTADUAL ILEGALIDADE. O processo
administrativo que desenquadrou o contribuinte do
Simples Paulista, com efeitos retroativos desde 1º
de abril de 2006, baseou-se unicamente em relações
de valores sobre pagamentos com cartões de crédito e
débito realizados pela microempresa passados à
Secretaria da Fazenda do Estado com base no art. 1º,
III, da Lei Paulista 12.186, de 5 de janeiro de
2006, que introduziu dentre os requisitos de adesão
ao programa a declaração de que “autoriza a empresa
administradora de cartão de crédito ou de débito a
fornecer, à Secretaria da Fazenda, relação dos
valores referentes às suas operações e prestações de
serviços” (art. 3º, II, “e”, da Lei Estadual 10.086,
de 19 de novembro de 1998). Por sua vez, a Lei
Complementar 105, de 10 de janeiro de 2001, que
dispõe sobre o sigilo das operações das instituições
financeiras, determina: “Art. 6º As autoridades e os
agentes fiscais tributários da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão
examinar documentos, livros e registros de
instituições financeiras, inclusive os referentes a
contas de depósitos e aplicações financeiras, quando
houver processo administrativo instaurado ou
procedimento fiscal em curso e tais exames sejam
considerados indispensáveis pela autoridade

Acórdão CTE nº 005/2013 10


administrativa competente” (grifo nosso). A Lei
Estadual 12.186/2006 simplesmente inverteu a lógica
do levantamento do sigilo das operações financeiras:
o contribuinte renuncia obrigatoriamente, desde
logo, ao segredo de suas operações de cartão de
crédito e débito, e, então, a Fazenda busca indícios
de irregularidades Ilegalidade dessa Lei em
confronto com o art. 6º, caput, da Lei Complementar
105/2001. Ademais, o Supremo Tribunal Federal
decidiu recentemente que o Fisco não pode quebrar o
sigilo fiscal sem prévia autorização judicial.
Decisão mantida Nega-se provimento ao recurso.
(TJ/SP. Apelação nº 0130457-83.2008.8.26.0053, da
Comarca de São Paulo. 5ª Câmara de Direito Público
do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a
seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V.U, em 14 de fevereiro de 2011).

Enfim, nesta esteira, o procedimento encampado pelo


fisco estadual, em constituir o crédito tributário a partir de
informações prestadas por administradoras de cartões de crédito
sem a autorização judicial, encontra-se eivado de vício de
nulidade.

Isto Posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do Recurso
Ordinário para dar-lhe provimento. Auto de Infração NULO.

Sala das Sessões do CTE , em Maceió, 15 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


VOTO VENCEDOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A.


FILHO
JULGADOR (VOTOU CONTRA RELATOR) JULGADOR (VOTOU CONTRA RELATOR)

Acórdão CTE nº 005/2013 11


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SESÃO ORDINÁRIA Nº 02 – 2º Câmara – Realizada em 18/01/2013


PROCESSO: 1500-006838/04 (08 VOLUMES); CTE-21/12
ANEXO: 1500-014924/06
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 041458/04
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA
AUTUAD0: MARINHO VEÍCULOS LTDA.
AUTUANTE: FRANCISCO J.S. DE MENDONÇA – Mat. 30.772
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA

ACÓRDÃO Nº10 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE O


CONTEÚDO DOS TERMOS DA PEÇA VESTIBULAR E
O DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXIGIDO. DÚVIDA NO TOCANTE A INFRAÇÃO
COMETIDA PELA EMPRESA E EM CONSEQUÊNCIA,
PREJUDICADO O CONTRADITÓRIO E A AMPLA
DEFESA DA AUTUADA. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E IMPROVIDA. DECISÃO DE
PRIMEIRA INSTÂNCIA MANTIDA.

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de


crédito tributário a título de ICMS, no montante de R$
5.843,18 (Cinco Mil, Oitocentos e Quarenta e Três Reais e
Dezoito Centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$
3.943,72(Três Mil, Novecentos e Quarenta e Três Reais e
Setenta e Dois Centavos), decorrente de diferença verificada
através da planilha de levantamento específico de sua
Movimentação de Combustíveis, no período de 01/01/03 a
30/11/03, conforme registros nos Livros de Movimentação de
Combustíveis (LMC).

Como instrução da presente autuação foram anexados


aos autos, Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte,
Declaração de Acompanhamento da Medição de Estoque,
Demonstrativo do Resumo de Movimentação de Combustível e
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cópias, da FAC, dos Termos de Início e Encerramento de


Fiscalização e do Livro de Movimentação de Combustíveis do
Edital.

Intimada da autuação a empresa apresentou defesa,


alegando que imotivadamente, o fiscal da SEFAZ concluiu que
havia uma diferença de 2.800 litros de AEHC, saldo este que
não possuía nota fiscal, segundo o agente autuador.

Percebendo-se, dessa maneira, que por não haver


apresentado as notas de saídas de mercadoria referentes ao
período em questão, o estabelecimento está sendo acusado de
haver sonegado ICMS relativo ao mesmo exercício.

Porém, ao lavrar o Auto de Infração ora guerreado,


o fiscal ignora completamente o fato de que nos
estabelecimentos revendedores de combustíveis, o ICMS
relativo a todos os produtos vendidos é recolhido através de
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA, o que significa dizer que quem deve
repassar ao Estado todo o valor referente a esse imposto são
os substitutos (distribuidores e refinarias) e não o
substituído (posto revendedor).

Nas contra razões da defesa o autuante insiste na


manutenção do lançamento, aduzindo que na presente Autuação
não ocorreu nenhuma “presunção” e sim, a falta de emissão de
documentos fiscais nas operações que realizou, admitindo-se a
não exigência do crédito tributário a título de ICMS,
cabendo, no entanto, a penalidade prevista no inc. II, do
Art. 110, da Lei nº. 5.900/96, segundo a qual consiste em 03
(três) UPFAL´S para cada valor inerente a 100 (cem) UPFAL´S,
resumindo-se assim o crédito tributário a R$ 226,94 (duzentos
e vinte e seis reais e noventa e quatro centavos), resultando
consequentemente em aditamento ao lançamento original,
conforme termo próprio à fl. 19 – Proc. 1500-014924/04.

Em ato contínuo fora expedida notificação do


respectivo aditamento via AR e por edital, conforme fls.
25/6; 29/31 e fl.36, sem a manifestação da empresa.

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Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, esta concluiu pela
nulidade do lançamento nos termos da seguinte ementa:

“ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. Lançamento de Ofício


do Crédito Tributário. 1. Diferença verificada através de
levantamento específico de estoque. 2. Indeterminação da
conduta descrita como infração tributária. 3. Ilícito não
demonstrado. 4. Procedentes as alegações da defesa. 5.
Ausência de motivo. 6. Lançamento NULO. 7. Reexame
necessário.”

Notificadas da decisão tanto a Representação Fiscal


quanto a empresa autuada, as mesmas não se manifestaram.

Em síntese é o relatório.

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VOTO

Está consignado na peça vestibular dos autos que o


presente lançamento teve como origem o seguinte fato:
“Diferença verificada através da Planilha de levantamento
específico de sua Movimentação de Combustíveis, fato
constatado conforme registro nos seus Livros de Movimentação
de Combustíveis (LMC), conforme documentação anexos.” Seguido
da discriminação dos tipos de combustíveis vendidos sem doc.
fiscal, como álcool carburante, gasolina comum, gasolina
aditivada e óleo diesel.

Da análise dos autos, notadamente dos docs. de fls.


07/09, intitulado de RESUMO DE MOVIMENTAÇÃO DE COMBUSTÍVEL,
verifica-se que ao invés de está consignado nos referidos
demonstrativos, diferença a título de saída, consta dos
mesmos diferença a título de compras, aquisições sem notas
fiscais, circunstâncias estas não compatíveis com a narrativa
constante da fl. inicial, quando está inserida na mesma que
as diferenças reportam-se as saídas (vendas) e não aquisições
(compras) sem nota fiscal, ensejando assim, dúvida acerca da
infração cometida pela empresa e por extensão acarretando
prejuízo ao contraditório e a ampla defesa.

Como se não bastasse tal discrepância na autuação,


o fiscal autuante ao apresentar as contra razões da defesa,
elabora um pseudo aditamento de fl. 19 – Proc. 1500-
014924/04, segundo o qual indica como total das operações, o
valor de R$ 23.372,70 (Vinte e Três Mil, Trezentos e Setenta
e Dois Reais e Setenta Centavos), sem identificar,
entretanto, o título, a rubrica das operações, ou melhor, se
as mesmas são relativas às entradas ou saídas.

Assim, o teor dos termos da presente autuação


apresenta-se de forma contraditória e em conseqüência
comprometendo o contraditório e a ampla defesa da autuada,
razões pelas quais a instância de piso decidiu acertadamente.

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIOESTADUAL, por unanimidade, conhecer da remessa para
negar-lhe provimento, mantendo in totum a decisão de primeira
instância.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 18 de janeiro


de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADORA JULGADOR

MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

CTE Nº 10/2013 5
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA Nº02 ‘’’’’’’’ ‘
-REALIZADA: 25/01/2013- 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-018595/2009 e CTE nº 390/2011.
ANEXO: 1500-002243/2011 (06 volumes).
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.89732-0001.
AUTUADA: JADSON BEZERRA DE LIRA ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.29305-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.967/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Raimundo Marques de Carvalho Neto.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº0 18/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Extravio de livros e notas
fiscais. Extravio parcialmente
suprimido, devido às provas em
contrário juntadas aos autos.
Correta a redução da penalidade
pela condição de microempresa do
contribuinte. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.
RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
JADSON BEZERRA DE LIRA ME, já devidamente qualificada nos
autos, do lançamento de crédito, derivado de multa, no valor
de R$ 165.747,25 (cento e sessenta e cinco mil, setecentos e
quarenta e sete reais e vinte e cinco centavos), pelo fato de,
em tese, o sujeito passivo ter extraviado 03 (três) livros e
500 (quinhentas) notas fiscais, sendo destas, 300 (trezentas)
modelo D-1 e 200 (duzentas) modelo 1.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, II e seu §
10, I da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III do Regulamento do

Mário Sérgio Martins de Castro


ACÓRDÃO CTE Nº 18/2013 RELATOR 1
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ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo aplicada a
penalidade prevista no artigo 119, I e II da Lei nº 5.900/96.
Sendo intimado por via postal com Aviso de Recebimento –
AR – e por Edital publicado no Diário Oficial do Estado, foi
lavrado o Termo de Revelia, já que a autuada não apresentou
defesa e nem recolheu o crédito tributário.
O processo foi então enviado para a Representação Fiscal
que, observando a condição de microempresa do contribuinte,
procedeu diligência para a Diretoria de Fiscalização – DIFIS –
com o intuito de que fosse dado o benefício da diminuição da
penalidade previsto no art. 135-A.
Em vista disso, o autuante aditou o auto de infração, no
qual reduziu a multa aplicada para R$ 46.401,13 (quarenta e
seis mil, quatrocentos e um reais e treze centavos).
Sendo notificado do referido aditamento, o sujeito
passivo, dessa vez, impugnou-o, afirmando que não houve
extravio e apresentando na peça defensória os 03 (três) livros
e 50 (cinquenta) notas fiscais modelo 1. Ao fim, pede pela
improcedência do lançamento de ofício.
A representação fiscal contrarrazou, opinando pela
procedência parcial do auto de infração, já que os livros e
parte dos documentos fiscais foram juntados na defesa, devendo
ser mantido o lançamento de ofício quanto aos não
apresentados.
Proferida a Decisão nº 17.967/2011, tendo a julgadora
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com a
seguinte ementa:
EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.
Extravio de documentos fiscais. Extravio
parcialmente elidido, à vista das provas
em contrário, acostadas aos autos.
Infração ao art. 53 da Lei nº 5.900/1996
c/c art. 49, inciso VI e art. 221 do
RICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/1991. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM
PARTE. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do art.
48, inciso I, da Lei Estadual n°
6.771/2006.

Mário Sérgio Martins de Castro


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Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da decisão singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.

É o relatório.

VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
17.967/2011, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
48 da Lei nº 6.771/06, que julgou procedente em parte o
lançamento de ofício de multa devido a suposto extravio de
livros e notas fiscais, baseado em presunção relativa contida
no art. 50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96, verbis:

Art. 50 (...)
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-se
prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual, não
tenha sido entregue no prazo máximo de 30
(trinta) dias;
(...)

Inicialmente, impende destacar que como o


contribuinte não interpôs Recurso Ordinário a esse Conselho
Tributário, o objeto deste julgamento limitar-se-á tão
somente ao reexame necessário da decisão de piso, ou seja, a
decisão pelo não extravio dos 03 (três) livros e 50

Mário Sérgio Martins de Castro


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(cinquenta) notas fiscais modelo 1, motivada pelas provas
apresentadas na defesa e a redução da multa pelo julgador
singular, no qual decidiu pela aplicação do art. 135-A, da
Lei Estadual 5.900/96, transcrito a seguir, pelo fato do
contribuinte estar cadastrado como Microempresa:

Art. 135-A. No caso de contribuinte


cadastrado como AMBULANTE - AMB,
MICROEMPRESA - ME ou EMPRESA DE PEQUENO
PORTE - EPP, as multas previstas nesta
subseção serão reduzidas,
respectivamente, em 70% (setenta por
cento), 50% (cinqüenta por cento) e 30%
(trinta por cento), em qualquer caso, não
podendo ser inferior a 1 (uma) UPFAL.
Quanto ao não extravio dos referidos livros e documentos
fiscais, sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:

“Presunções não são meios de prova, mas


forma de raciocínio pelas quais, por meio
de um fato, infere-se a existência de
outro, deduz-se de um fato conhecido e
provado outro, que se quer demonstrar...
A presunção geralmente parte de um
indício de prova. O indício é um sinal,um
vestígio, que em regra nada prova,mas que
por meio de presunções, pode levar à
convicção sobre determinada alegação...
Quando a presunção é absoluta não se
admite prova em contrário; quando
relativa, dispensa a produção de prova
por quem faz a alegação, mas permite a
prova em contrário pela parte adversa.”
grifo nosso. (GONÇALVES, Marcus Vinicius
Rios. Novo Curso de direito processual
civil, v 1. 5 ed., São Paulo: Saraiva,
2008,p.436) grifei

Constata-se, na defesa do contribuinte, a anexação dos


03 (três) livros e 50 (cinquenta) notas fiscais modelo 1 tidos
como extraviados à repartição fazendária. Portanto, afastada,
por meio de provas apresentadas a presunção juris tantum de
extravio desses livros e documentos fiscais.

Mário Sérgio Martins de Castro


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Quanto a multa pelo benefício da redução de 50%
(cinqüenta por cento) expresso no art. 135-A da mesma lei,
pelo fato do contribuinte estar cadastrado como Microempresa,
constata-se também o acerto na decisão da Coordenaria de
julgamento, pois o fato enquadra-se perfeitamente ao caso aqui
julgado.
Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL-CTE, por unanimidade de votos
conhecer da presente remessa necessária e negar-lhe provimento
para manter a decisão da CJ ora em reexame.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 25 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES.


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

Mário Sérgio Martins de Castro


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SESSÃO ORDINÁRIA N°: 01 – 2° CÂMARA – REALIZADA: 15/01/2013


PROCESSO Nº: SF 033442/2006; CTE 528/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.56661-001, de 27/11/2006.
RECORRENTE: HIDROFREIOS RECUPERAÇÃO E COMÉRCIO DE PEÇAS
LTDA.
RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO N° 02/2013

EMENTA: NORMAS PROCEDIMENTAIS.


ALEGAÇÕES DE EXTRAVIO DE LIVROS
FICAIS BASEADA EM NÃO ATENDIMENTO À
SOLICITAÇÃO FISCAL. FICÇÃO LEGAL
QUE SÓ SE CONFIGURA COM O RECURSO
DO LAPSO TEMPORAL DE 30 DIAS APÓS A
INTIMAÇÃO PARA A APRESENTAÇÃO
DOCUMENTAL. INTELIGÊNCIA DO
ART.50,§10°, DA LEI N°5.900/96.
EXIGÊNCIA ATENDIDA. CASO FORTUITO
QUE DEPENDE, ALÉM DO REGISTRO
PERANTE A AUTORIDADE COMPETENTE, DA
DEVIDA COMPROVAÇÃO DO SINISTRO.
REEXAME DE OFÍCIO CONHECIDO E
PROVIDO, DECISÃO SINGULAR
REFORMADA. AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário que move o


contribuinte epigrafado contrariado em sua pretensão pelo
teor da Decisão n. 16.512/10, da Douta Coordenadoria de
Julgamento, que diante da alegação da sinistro (roubo) em
relação à talonário de nota fiscal, rejeitou-a segundo os
argumentos bem resumidos pela ementa abaixo transcrita:

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EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS –


Extravio de documentos fiscais. (1)
Afasta a norma sobre extravio os
efeitos da denúncia espontânea da
infração pelo sujeito passivo (art.
119, p. único, da Lei 5.900/96, em
redação vigente à época do fato). 2)
Ausência de elementos a demonstrar a
comprovação e certificação, pela
autoridade competente, do fato
descrito pelo sujeito passivo como
suficiente a excluir a imputação
descrita. 3) Ilícito confessado nos
autos. 4) Lançamento PROCEDENTE.

Regularmente intimado, o contribuinte apresentou


oportuno recurso ordinário, pelo qual reitera os argumentos
deduzidos perante a primeira instância administrativa,
especialmente no que se refere a aplicabilidade dos
benefícios da denúncia espontânea, o que para si merecem
ser aplicados diante do fato de que, bem antes do início da
ação fiscal, teria registrado a ocorrência perante a
autoridade policial competente, comunicado ao órgão
fazendário, e ainda feito circular a ocorrência em jornal
de grande circulação da capital.

São estes os fatos, em essência.

VOTO

Compulsando os autos, de logo observamos que o


contribuinte, longe de confessar o fato, justifica a não
entrega da documentação solicitada pela intimação fiscal de
fl. 11 por fato que reputa já conhecido por parte da
autoridade fiscal. No caso, conforme sinistro registrado
perante a autoridade policial, comunicação deste a
autoridade fazendária e veiculação da notícia em jornal de
grande circulação.

Tais situações, no sentir deste julgador, já são


por si suficientes para afastar a materialidade da infração
imputada ao contribuinte, qual seja o extravio fundado no
não atendimento de intimação fiscal para a apresentação de
documentos.

E assim penso porque difícil imaginar que a


presunção legal possa continuar a ser aplicada quando

ACÓRDÃO Nº 02/2013 Página 2


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previamente justificado a perda da posse dos respectivos


documentos.

De mais a mais, o sinistro se encontra


devidamente registrado perante a autoridade policial e
comunicado a esta autoridade fazendária, devendo-se
presumir a sua boa-fé até prova em contrário, sob pena de
invertermos a lógica das presunções legais para aplicação
de sanções por atos ilícitos.

Ou seja, o extravio aqui não seria presumido pelo


não atendimento à intimação fiscal, conforme consta do
texto da norma estadual, mas pela prática de um crime de
falsidade ideológica, sem qualquer indício neste sentido.

Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade, conhecer do
recurso para dar-lhe provimento, reformando a decisão
monocrática para julgar improcedente a autuação.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 15 de


janeiro de 2012.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR A. L. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO Nº 02/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 04 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 28/01/2013
PROCESSO: 1500-011398 e CTE nº 304/2012.
ANEXO: 1500-014215/08.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.75213-002.
AUTUADA: FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.02817-5
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.744/2012.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): José Tarciso Bispo dos Santos.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 20/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Suposto extravio de livros e notas
fiscais. Ausência de solicitação
prévia para apresentação das notas
fiscais. Remessa necessária conhecida
e improvida. Decisão singular
mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA, já devidamente qualificada nos
autos, do lançamento de crédito, derivado de multa, pelo fato
de, em tese, o sujeito passivo ter extraviado 54.000
(cinqüenta e quatro mil) notas fiscais, modelo 1.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, § 10, I
c/c art. 53 da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III e VI, “a” do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 119, II, “a”,
da Lei nº 5.900/96.
O autuado impugnou o lançamento de ofício, alegando, em
síntese, que:
a) os defendentes não são legitimados para a causa,
porquanto não mais integrariam o quadro societário da autuada
desde julho de 2007, e também, não há autorização legal para
responsabilização pessoal dos sócios, que somente ocorreria

ACÓRDÃO CTE Nº 020/2013 Página 1


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no caso de liquidação da sociedade com comprovada violação de
lei ou do estatuto social;
b) ocorreu vício formal do lançamento, uma vez que o
crédito tributário não foi devidamente especificado e
quantificado;
c) a penalidade imposta já foi cobrada em lançamentos
anteriores;
d) A multa é abusiva e desproporcional, violando os
princípios do não-confisco e da proporcionalidade.
Após, foi requisitada diligência (DILIGÊNCIA CRP
157/2010, fl. 50 do Processo Anexo), com o objetivo de
esclarecimento referente à alegação do autuado de que já
haviam sidos lavrados os autos de infração de nºs 99.75213-
003 e 99.76466-002 sobre o mesmo fato aqui julgado.
Sendo esclarecido pelo autuante que as autuações foram
distintas, já que o Auto de Infração nº 99.75213-003/2008,
refere-se a notas fiscais modelo 02 e a outra autuação,
referida pelo defendente, foi realizada por outro agente
fiscal, sobre outra matéria, de outra inscrição do
contribuinte (CACEAL: 241.05887-2).
Ocorreu, então, nova diligência (REQUISIÇÃO DE
DILIGÊNCIA Nº 088/2011, fls. 61 e 62 do Processo Anexo),
tendo o intuito de ser sanada a ausência nos autos da
intimação fiscal prévia ao auto de infração solicitando os
documentos fiscais, objeto da autuação, o que resultou em
nova intimação ao sujeito passivo para apresentação dos
documentos fiscais (Intimação Fiscal n.º 62150, de
16.08.2010, fl. 68 do processo anexo).
Conseguinte, o representante fiscal, em sede de
contrarrazões, observa que a autuação é decorrente da
presunção de extravio de documentos fiscais, tendo como
condicionante a solicitação de tal documentação previamente,
conforme o ditame legal do art. 50, § 10, I da Lei nº
5.900/96. E que não consta nos autos prova que o contribuinte
tenha sido solicitado a apresentar tais documentos fiscais.
Acrescenta que a falta dessa intimação anterior ao auto de
infração leva à sua nulidade, opinando pela improcedência do
lançamento de ofício.

ACÓRDÃO CTE Nº 020/2013 Página 2


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Proferida a Decisão nº 18.744/2012, tendo a julgadora
singular decidido pela nulidade por falta de motivo do
lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória.


Presunção legal de extravio de livros
fiscais – §10, inciso I, do art. 50 da
Lei nº 5.900/1996, com redação dada pela
Lei nº 6.331/2002. Inexistência de
intimação oficial prévia. Intimação
posterior não afasta a irregularidade.
Ilícito tributário não demonstrado.
Ausência de motivo. LANÇAMENTO NULO.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, ex vi do art. 48,
inciso I e 49, §1º, da Lei Estadual nº
6.771/2006.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 020/2013 Página 3


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VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
18.744/2012, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
48 da Lei nº 6.771/06, que julgou nulo por falta de motivo o
lançamento de ofício de multa devida a suposto extravio de
notas fiscais, baseado em presunção relativa contida no art.
50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96, verbis:
Art. 50 (...)
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-
se prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual,
não tenha sido entregue no prazo máximo
de 30 (trinta) dias;
(...)(grifos nosso)

Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves 1:


“Presunções não são meios de prova, mas
forma de raciocínio pelas quais, por
meio de um fato, infere-se a existência
de outro, deduz-se de um fato conhecido
e provado outro que se quer
demonstrar... A presunção geralmente
parte de um indício de prova...” (grifos
nosso)

Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de


um fato conhecido e provado para, então, se presumir o outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.
Observa-se da interpretação do dispositivo supracitado,
que essa presunção legal somente pode ser aplicada quando
previamente solicitado pelo Fisco ao contribuinte os seus
documentos fiscais, não houvesse ocorrida as suas entregas.

1
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de direito processual civil, v 1. 5 ed., São Paulo:
Saraiva, 2008,p.436
ACÓRDÃO CTE Nº 020/2013 Página 4
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Ou seja, conforme a própria natureza das presunções, a
fiscalização deve comprovar o motivo - não entrega das notas
fiscais solicitadas prévia e regularmente - para se presumir
o extravio da documentação objeto da autuação.
E como bem se referiu o representante fiscal e
demonstrou o julgador singular em sua fundamentação, não há
prova de que houve intimação prévia legalmente válida
solicitando os documentos fiscais, objeto da autuação, para o
contribuinte como determina o art. 11 da Lei nº 6.771/2006:

Art. 11. A intimação do sujeito passivo


ou de pessoa interessada acerca de
qualquer ato, fato ou exigência fiscal,
quando não estiver prevista forma
diversa na legislação tributária, será
feita:
I - pessoalmente, pelo autor do
procedimento ou outro servidor a quem
for conferida a atribuição, mediante
aposição de data e assinatura do sujeito
passivo ou interessado, seu
representante legal ou preposto, no
próprio instrumento que se deseja
comunicar ou em expediente, com entrega,
quando for o caso, de cópia do
documento;
II - mediante remessa, pelo órgão
encarregado do preparo do processo, por
via postal ou qualquer outro meio ou
via, com Aviso de Recebimento - AR ou
com prova de entrega no endereço do
sujeito passivo ou interessado, de cópia
do instrumento ou de comunicação de
decisão ou circunstância constante de
expediente, alternativamente à forma
prevista no inciso I;
III - por edital publicado no Diário
Oficial do Estado, no caso de:
a) o sujeito passivo ou interessado
encontrar-se em lugar ignorado, incerto
ou inacessível, caso em que no processo
deverão ser anexados documentos
comprobatórios do fato ou declaração

ACÓRDÃO CTE Nº 020/2013 Página 5


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fundamentada;
...
c) não se efetivar a comunicação pela
forma prevista no inciso II, ainda que
não precedida da prevista no inciso I.
...
§ 2º No caso de inatividade do sujeito
passivo, especialmente tratando-se de
empresas desaparecidas ou com inscrição
cancelada ou baixada, sua intimação será
também efetivada em nome do titular, do
diretor, do administrador ou do sócio
com poderes de representação.

Não havendo solicitação nesse sentido, condição sine


qua non, não há presunção de extravio. Não há motivo para se
presumir.
Também não se pode lavrar o auto de infração por
presunção de extravio e depois intimar o contribuinte para a
apresentação das notas fiscais como se tentou fazer
posteriormente, já em fase de lide administrativa tributária.
A presunção não surge antes do fato indiciário, pressuposto
essencial para o referido fato presumido. Apenas a título de
ilustração, guardada suas devidas proporções, seria como
denunciar alguém penalmente para depois abrir o inquérito
policial para se investigar se realmente o sujeito passivo
teria cometido o crime ou não. Inconcebível tal lógica.
Portanto, sem embargo do previsto no artigo 7º, IV, da
Lei Estadual nº. 6.771/06, exemplificativo, temos que o ato
de lançamento tratado nos autos é nulo por inexistência de
motivo, conforme o disposto no artigo 2º, d e seu parágrafo
único, d, da Lei Federal nº. 4.717/65 2, ora reproduzido:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao


patrimônio das entidades mencionadas no
artigo anterior, nos casos de:
(...)
d) inexistência dos motivos;
(...)

2
Regula a ação popular.
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Parágrafo único. Para a conceituação dos
casos de nulidade observar-se-ão as
seguintes normas:
(...)
d) a inexistência dos motivos se
verifica quando a matéria de fato ou de
direito, em que se fundamenta o ato, é
materialmente inexistente ou
juridicamente inadequada ao resultado
obtido;

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL - CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 28 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 020/2013 Página 7


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 04 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 28/01/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-014366/2007; CTE 113/2012 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.60767-001 DE 16/05/2007
RECORRENTE: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDA: CLAUDINETE DA SILVA – ME.
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS.
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS.
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO.
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 021/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO ICMS
REFERENTE AO ESTOQUE EXISTENTE QUANDO
DO PEDIDO DE BAIXA DA EMPRESA – NÃO
COMPROVAÇÃO DO QUANTITATIVO EM ESTOQUE
DA EMPRESA NO MOMENTO DA SUA BAIXA –
REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – LANÇAMENTO IMPROCEDENTE POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS.

RELATÓRIO

Cuida o processo evidenciado em epígrafe do Auto de


Infração nº. 99.60767-001 de 16/05/2007, no qual a autoridade
fiscal afirma que a contribuinte deixou de recolher ICMS
proveniente das mercadorias constantes no estoque da empresa,
quando do pedido de baixa da inscrição no CACEAL no valor de
R$ 59.775,16 (cinquenta e nove mil, setecentos setenta e cinco
reais e dezesseis centavos). Imputou-se, ainda, as penalidades
previstas nos artigos 80 e 81 da Lei nº. 5.900/96, no montante
de R$ 29.887,58 (vinte e nove mil, oitocentos e oitenta e sete
reais e cinqüenta e oito centavos), dando por infringidos os
artigos 3º, inciso I e 49, inciso VIII, ambos do Regulamento
do ICMS, além do artigo 2º, §2º, inciso I, da Lei nº.
5.900/96, totalizando crédito tributário no importe de R$
89.662,74 (oitenta e nove mil, seiscentos e sessenta e dois
reais e setenta e quatro centavos)

Instruem os autos, a cópia do cartão de autógrafo,


do livro registro de inventário e do livro de ocorrências.

Antes que se procedesse a sua intimação, a Autuada


apresentou defesa alegando que: por se tratar de microempresa,

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recolhe o ICMS em valor fixo pelo regime de estimativa,


independente das compras e vendas realizadas no período; que
antes da baixa da empresa o estoque foi diluído com vendas
promocionais a baixo custo no intuito de zerar o estoque; que
o Auto de Infração não se encontra acompanhamento de todos os
documentos necessários a sua comprovação.

Em suas contrarrazões, sustenta o fiscal autuante


que mesmo com o recolhimento do ICMS por estimativa, a
legislação tributária mantém o dever da Autuada em recolher o
ICMS das mercadorias pertencentes ao seu estoque final no
momento da sua baixa. Argumenta, também, que a Autuada não
comprovou a comercialização das mercadorias do estoque,
acrescentando que a contribuinte encontrava-se em débito com
algumas parcelas do ICMS estimativa.

Encaminhado os autos à Coordenadoria de Julgamento,


foi solicitada a intimação da contribuinte e do fiscal
autuante para que apresentasse as notas fiscais e documentos
referentes ao recolhimento do ICMS antecipado e juntasse aos
autos cópia do relatório de recolhimento do ICMS, entretanto o
fiscal autuante respondeu que não seria da sua competência
complementar as provas decorrentes de alegações do sujeito
passivo.

Devolvidos os autos à Coordenadoria de Julgamento,


o julgador singular, com base no princípio da verdade material
e diante da recusa do fiscal autuante em produzir novas
provas, decidiu pela improcedência do lançamento por
insuficiência no acervo probatório necessário para corroborar
o cometimento da infração descrita nos autos.

Intimadas as partes, transcorreu o prazo para


apresentação de recurso sem manifestação, logo os autos foram
encaminhados ao Conselho Tributário Estadual para apreciação
da remessa necessária.

É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, consiste a


presente análise em reexame necessário, nos moldes do art. 48,

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inciso I, da Lei nº. 6.771/06 1, na qual restou vencida


totalmente a Fazenda Pública.

Assim, nos casos de remessa necessária, importante


delimitarmos a matéria objeto da presente análise, sob pena de
estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já
decididas e preclusas, na medida em que depreende-se da
redação do art. 48, inciso I, da Lei do PAT, que apenas a
parte da decisão monocrática contrária aos interesses da
Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário.

No caso em apreço, entendeu o juízo de piso pela


improcedência do lançamento, na medida em que a autoridade
fiscal responsável não instruiu a autuação com os documentos
necessários à comprovação da infração supostamente cometida,
qual seja, ausência de recolhimento do ICMS das mercadorias
constantes no estoque, quando do pedido de baixa da inscrição
no CACEAL.

De fato, vislumbra-se dos autos não ser possível


comprovar a infração descrita a partir do acervo probatório
anexo. Isso porque enquanto o fiscal autuante apresentou o
levantamento de estoque da empresa Autuada referente ao dia
31/12/2006, mediante a juntada da cópia do Livro Registro de
Inventário, a Autuada somente encerrou suas atividades no dia
09/02/2007.

Notadamente, não há como se inferir que o estoque


armazenado pela Autuada no dia 31/12/2006 seja idêntico àquele
constante no momento da solicitação da baixa da empresa
ocorrida mais de 02 (dois) meses após o levantamento de
estoque apresentado nos autos.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 891, inciso


IV, do Decreto nº. 35.245/91:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

1
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
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IV - as provas necessárias à demonstração do


fato arguido, inclusive cópias dos documentos
que serviram de base para a apuração das
irregularidades.

Do mesmo modo, acrescenta o §1º, inciso II, do


artigo transcrito acima, que no caso das infrações referentes
ao encerramento das atividades da empresa, quando o estoque
remanescente não puder ser apurado com base nos documentos e
livros fiscais, deverão ser relatos os motivos impeditivos no
processo, o que parece não ser o caso dos autos, vejamos:

§ 1º Além das informações e documentos


previstos nos incisos do "caput" deste artigo,
deverá o processo administrativo fiscal
decorrente de Auto de Infração ser instruído
com:

II - quando a infração versar sobre


encerramento de atividade sem a devida
comunicação à Secretaria Executiva de Fazenda:
levantamento do estoque remanescente, tomando
por base os valores constantes em documentos e
livros fiscais a que tiver acesso;
impossibilitada a apuração do estoque em tais
moldes, os motivos pertinentes deverão ser
mencionados no processo;

Não obstante os atos administrativos gozem da


garantia da presunção de legitimidade, esta se denota
inequivocamente juris tantum, não isentando, pois, a
responsabilidade da autoridade fiscal comprovar os fundamentos
da autuação, consoante lição da professora Fabiana Del Padre
Tomé, vejamos:

Essa presunção, entretanto, não exime a


Administração do dever de comprovar a
ocorrência do fato jurídico, bem como das
circunstâncias em que este se verificou. É que,
sendo os atos de lançamento e aplicação de
penalidade vinculados e regidos, dentre outros,
pelos princípios da estrita legalidade e da
tipicidade, tais expedientes dependem,

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necessariamente, da cabal demonstração da


ocorrência dos motivos que os ensejaram. 2

Destarte, considerando-se que a autoridade fiscal


possuía os instrumentos necessários à apuração do estoque
remanescente da empresa Autuada no momento do pedido da sua
baixa, vez que poderia ter juntado as cópias dos Livros
Registro de Entrada e de Saída ou mesmo as respectivas notas
fiscais, mas não o fez, não há como se imputar à contribuinte
a infração descrita nos autos, restando prejudicado, em sua
totalidade, o lançamento tributário.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para, no mérito, negar-
lhe provimento, mantendo-se inalterada a decisão da
Coordenadoria de Julgamento no sentido de declarar a
improcedência total do lançamento tributário.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 28 de


janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A Prova no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 240.
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 04 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 28/01/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-031234/2004; CTE 014/2012 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 62163 DE 26/10/2004
RECORRENTES: JOSÉ GERALDO BARBOZA – ME
FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDOS: OS MESMOS
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 022/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA –


AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO DO LIVRO
REGISTRO DE INVENTÁRIO E NÃO ENVIO DOS
ARQUIVOS DO SINTEGRA NO PRAZO LEGAL –
REDUÇÃO DA PENALIDADE APLICADA EM 50% -
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 135-A, DA LEI
Nº. 5.900/96 – COMPROVAÇÃO DO ENVIO DO
RELATÓRIO DO SINTEGRA NO MÊS DE
NOVEMBRO DE 2003 E INEXISTÊNCIA DA
OBRIGAÇÃO QUANTO AO MÊS DE ABRIL DE
2004 – EXCLUSÃO DA PENALIDADE – RECURSO
ORDINÁRIO E REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDOS E IMPROVIDOS – DECISÃO
MANTIDA. LANÇAMENTO PARCIALMENTE
PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Tratam-se os autos de autuação fiscal, na qual a


autoridade responsável afirma que o contribuinte deixou de
escriturar o Livro Registro de Inventário dos exercícios de
2000 e 2001 no prazo legal, bem como não apresentou no prazo
regulamentar os arquivos do SINTEGRA dos meses de novembro de
2003 e fevereiro, março e abril de 2004, imputando-se as
penalidades previstas nos artigos 122 e 116-A, inciso I, da
Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no valor de
R$ 5.187,20 (cinco mil, cento e oitenta e sete reais e vinte
centavos)

Instruem os autos, a cópia do cartão de autógrafo,


do Livro de Ocorrências e do Livro Registro de Inventário,
além do relatório informativo da situação fiscal do

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contribuinte, das DAC’s dos anos de 2000 e 2001 e do resumo do


débito do Auto de Infração.

Devidamente intimado, o Autuado apresentou defesa


argumentando que: A) ingressou com pedido de baixa da empresa
em 25/03/2004, sendo deferido apenas em 26/10/2004; B) o Livro
de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001 não foi
escriturado, pois não houve estoque físico em 31/12/2000 e
31/12/2001, respectivamente; C) o relatório do SINTEGRA do mês
de novembro de 2003 foi enviado em 28/10/2004, dos meses de
fevereiro e março de 2004 em 30/08/2005 e que o relatório do
mês de abril de 2004 não foi enviado, porque a empresa
solicitou a sua baixa em 25/03/2004.

Remetido os autos à fiscal autuante, esta reitera a


procedência da autuação quanto à falta de escrituração do
Livro Registro de Inventário nos exercícios de 2000 e 2001 bem
como quanto à ausência de envio do relatório do SINTEGRA dos
meses de novembro de 2003, fevereiro e março de 2004.
Entretanto, concernente ao mês de abril de 2004, a fiscal
reconhece que o pedido de baixa da Autuada foi formalizado em
momento anterior à exigibilidade de entrega do relatório,
aditando o Auto de Infração para excluir a penalidade
referente ao citado período.

Intimada sobre o aditamento realizado, no valor de


R$ 4.863,00 (quatro mil, oitocentos e sessenta e três reais),
a Autuada reiterou os termos da sua defesa, acrescentando aos
autos novos documentos.

Após, os autos foram remetidos à Coordenadoria de


Julgamento, a qual, observando equívoco no cálculo da
penalidade imposta quanto à suposta não escrituração do Livro
Registro de Inventário nos exercícios de 2000 e 2001,
determinou a devolução do processo à fiscal responsável para
correção.

Realizado novo aditamento, totalizando crédito


tributário no valor de R$ 26.908,20 (vinte e seis mil,
novecentos e oito reais e vinte centavos), a Autuada foi
notificada, contudo não apresentou manifestação.

Em seguida, devolvidos os autos à Coordenadoria de


Julgamento, decidiu-se pela procedência em parte do
lançamento, na medida em que a julgadora refez os cálculos

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atinentes à penalidade imposta pela não escrituração do Livro


Registro de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001,
aplicando a redução de 50% prevista no artigo 135-A, da Lei
nº. 5.900/96, bem com excluiu a penalidade referente à
ausência de entrega do relatório do SINTEGRA dos meses de
novembro/2003 e abril/2004, condenando a Autuada ao pagamento
de crédito tributário no importe de R$ 12.968,00 (doze mil,
novecentos e sessenta e oito reais), correspondente a 800
(oitocentas) UPFAL’s.

Inconformada com a decisão, a Autuada apresentou


Recurso Ordinário alegando que o estoque dos exercícios de
2000 e 2001 foi “zero”, sendo devidamente registrado, conforme
cópia do Livro Registro de Inventário anexa aos autos.

Encaminhado os autos à representação fiscal, esta


afirma que os argumentados da Recorrente são idênticos aos
apresentados em sua defesa e que já foram rejeitados pela
Coordenadoria de Julgamento, razão pela qual pleiteia a
manutenção do julgado recorrido.

Após, os autos forma encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação do Recurso Ordinário e do
Reexame Necessário.

É, no essencial, o relatório.

VOTO

Do Recurso Ordinário

Inicialmente, importa destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada,
em especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei


do PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
Recurso Ordinário, vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao


CTE:

I - recurso ordinário; e

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§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Autuada foi intimada


da decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia 02/09/2011
(sexta-feira), conforme AR de fls. 95, tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 15/09/2011,
razão pela qual passamos a análise do recurso.

Sustenta a Recorrente que, conforme já demonstrado


em sua defesa, inclusive com a apresentação da cópia do Livro
Registro de Inventário, o estoque referente aos exercícios de
2000 e 2001 era “zero”, sendo estes devidamente escriturados
no Livro Registro de Inventário.

Consiste a autuação no descumprimento de obrigação


acessória pela Recorrente, qual seja, a não escrituração do
Livro de Registro de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001
no prazo legal, devidamente prevista nos artigos 49, inciso
III 1 e 286, §§ 6º e 7º 2, do Decreto nº. 35.245/91.

Nesse ponto, a obrigação do contribuinte registrar


as informações no Livro de Registro do Inventário persiste
mesmo quando o estoque a ser escriturado é “zero” ou
inexistente, consoante preconiza o artigo 286, §8º, do Decreto
nº. 35.245/91, vejamos:

Art. 286. O livro Registro de Inventário,


modelo 7, destina-se a arrolar, pelos seus

1
Art. 49. São obrigações dos contribuintes:
III - conservar em seu poder, devidamente escriturados, os livros e documentos fiscais:*
a) até que ocorra a decadência dos créditos tributários decorrentes das operações ou prestações a que se referem,
no caso de inexistência de Auto de Infração, observando que:
1 - em se tratando de livros, o prazo se contará a partir do último lançamento nele consignado, quando obedecido
o prazo legal de escrituração;
2 - em se tratando de documento fiscal, a partir da data da emissão;
b) até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações ou prestações a que se referem,
no caso de existência de Auto de Infração, observado que o prazo correrá a partir da data da inscrição na Dívida
Ativa;
2
Art. 286. O livro Registro de Inventário, modelo 7, destina-se a arrolar, pelos seus valores e com
especificações que permitirá sua perfeita identificação, mercadorias, matérias-primas, produtos intermediários,
materiais de embalagem, produtos manufaturados e produtos em fabricação, existentes no estabelecimento na
época do balanço.
§6º - Se a empresa não mantiver escrita contábil, o inventário será levantado em cada estabelecimento no último
dia do ano civil.
§7º - A escrituração deverá ser efetivada dentro de 60 (sessenta) dias, contados da data do balanço referido no
"caput" ou, no caso do parágrafo anterior, do último dia do ano civil.
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valores e com especificações que permitirá sua


perfeita identificação, mercadorias, matérias-
primas, produtos intermediários, materiais de
embalagem, produtos manufaturados e produtos em
fabricação, existentes no estabelecimento na
época do balanço.

§8º - Inexistindo estoque, o contribuinte


mencionará esse fato na primeira linha, após
preencher o cabeçalho da página. (grifo nosso)

Com efeito, a partir da análise dos autos, em que


pese as alegações da Recorrente e a juntada da cópia do Livro
Registro de Inventário as fls. 39/43, verifica-se que o
referido Livro não se encontrava com as suas anotações devidas
no momento da fiscalização pelo Fisco Estadual.

Para tanto, basta observar a documentação acostada


ao auto de infração as fls. 08, na qual o Livro Registro de
Inventário apresenta-se sem qualquer anotação e confrontá-la
com a cópia do Livro Registro de Inventário anexada pela
Recorrente as fls. 39/43 para se notar que os registros foram
efetuados após a lavratura deste Auto de Infração.

Registre-se, por oportuno, que a fiscal responsável


pela autuação teve o cuidado de rasurar as demais folhas do
Livro Registro de Inventário após registrar a ocorrência,
contudo isso não impediu que a Recorrente tentasse efetuar as
anotações devidas em momento posterior a fiscalização, o que
reforça a infração cometida.

Assim, evidenciando-se nos autos o descumprimento


da obrigação acessória pela Recorrente não há como se acolher
suas alegações recursais, razão pela qual deverá ser mantida a
decisão da Coordenadoria de Julgamento no sentido de condenar
a Recorrente ao pagamento de multa pela não escrituração do
Livro Registro de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001 no
prazo legal.

Do Reexame Necessário

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Em seguida, embora a julgadora singular tenha feito


a observação quanto à dispensa do Reexame Necessário no caso
em análise, entendo que devemos passar a sua apreciação.

Isso porque, levando-se em apreço o último


aditamento realizado nos autos, as fls. 56, no valor de R$
26.908,20 (vinte e seis mil, novecentos e oito reais e vinte
centavos) e o julgado proferido pela Coordenadoria de
Julgamento no sentido de condenar a Autuada ao pagamento de
crédito tributário no valor de R$ 12.968,00 (doze mil,
novecentos e sessenta e oito reais), resta demonstrado que a
decisão monocrática excluiu importância pecuniária superior a
400 (quatrocentas) UPFAL.

Nos casos de remessa necessária, importante


delimitarmos a matéria objeto da presente análise, sob pena de
estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já
decididas e preclusas, na medida em que depreende-se da
redação do art. 48, inciso I, da Lei do PAT, que apenas a
parte da decisão monocrática contrária aos interesses da
Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário.

No presente caso, entendeu o juízo de piso pela


aplicação da redução de 50% (cinquenta por cento) nas
penalidades imputadas a microempresas, nos termos do artigo
135-A da Lei nº. 5.900/96, assim redigido na época do fato:

Art. 135-A No caso de contribuinte cadastrado


como microempresa, as multas previstas nesta
subseção serão reduzidas em 50% (cinquenta por
cento).

*Artigo 135-A acrescentado pelo inciso IV do


artigo 2º da Lei nº 6.331/02.

De fato, com base no Relatório de Dados Cadastrais


constante nos autos, inexistem dúvidas quanto ao enquadramento
da Autuada como microempresa, logo plenamente aplicável a
citada redução na multa pela não escrituração do Livro
Registro de Inventário.

Do mesmo modo, não merece reforma a decisão


reexaminada no tocante à aplicação da anistia quanto ao não
envio dos documentos do SINTEGRA no mês de novembro de 2003.

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A Lei nº. 6.519/04 determinou a dispensa do


pagamento das multas aos contribuintes em situação irregular
quanto ao envio dos dados ao SINTEGRA, desde que estes
efetuassem a entrega ou retificação das informações até o
último dia do terceiro mês subsequente à entrada em vigor
desta Lei, ou seja, 31 de janeiro de 2005.

Destarte, como o contribuinte enviou os dados ao


SINTEGRA referentes ao mês de novembro de 2003 no dia
28/10/2004, acertadamente determinou a julgadora singular a
exclusão da penalidade então imputada, motivo pelo qual também
não merece reforma a decisão.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL - CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Recurso Ordinário e do Reexame Necessário
para, no mérito, negar-lhes provimento, mantendo-se sem
modificações a decisão da Coordenadoria de Julgamento no
sentido de decidir pela procedência parcial do lançamento e
condenar a Autuada pela não escrituração do Livro de Registro
de Inventário dos exercícios de 2000 e 2001 e pelo não envio
das informações do SINTEGRA dos meses de fevereiro e março de
2004, totalizando crédito tributário no valor de R$ 12.968,00
(doze mil, novecentos e sessenta e oito reais).

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 28 de


janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA N° 05 – Realizada: 01/02/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-010516/2011; 1500-090490/2009 (03 volumes),
1500-021667/2011, 1500-013332/2012 e CTE nº 201/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.06736-001.
AUTUADA: SOL COMERCIAL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.99296-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.579/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário e reexame necessário.
AUTUANTE(S): Marco Cesar Lira de Araujo.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: JOSÉ Pedro da Silva
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº029 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO DOS FATOS


TIDOS COMO INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM
DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES OS VÍCIOS
DE NULIDADES TANTO NA AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO
DECISÓRIO, TORNA-SE NECESSÁRIO O
RECONHECIMENTO, A DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE
DA PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA DECLARAÇÃO
DE NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA DE FORMA
ISOLADA. ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA CELERIDADE
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

Fundamentado o auto de infração na acusação fática de


não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de

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mercadorias relativas às operações detectadas pelos


pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

Para comprovar o fato foi juntado: a) Demonstrativo da


diferença do cartão de crédito e livro fiscal 2007, 2008 e
2009 (fls. 10-12); b) cópia do livro Registro de Apuração do
ICMS (fls. 13-89) e c) Processo n. 1500-090490/2009 – AÇÃO
FISCAL OMISSÃO DE SAÍDAS.

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:


art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31, I, II e art. 50, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade previstas no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que


nunca teria deixado de registrar as vendas mencionadas e que
todas as operações teriam sido lançadas nos livros fiscais
próprios, pedindo perícia técnica contábil para aferição
desses valores. Que seria indevida a apuração do ICMS normal
entre janeiro/2007 a dezembro/2008 por ser optante do SIMPLES
nos termos da lei 9.317/96 e LC n. 123/2006. Afirma também
que a multa aplicada teria caráter confiscatório.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que a autuada não apresentou nenhum cálculo que alegou na
defesa. Com relação ao SIMPLES, teria sido excluída por ato
administrativo pela Receita Federal do Brasil. Ainda que as
administradoras de cartão de crédito/debito foram as
provedoras das movimentações financeiras da empresa e que,

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por parte do sujeito passivo, não houve comprovação de


emissão de documentos fiscais relativas a tais operações.

Proferida a Decisão nº 18.579/2012, tendo o julgador


singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em fazer
o recolhimento de tributos por meio do
Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS nas operações de saídas de
mercadorias desacompanhada de documento
fiscal. 2. Não procede a alegação do
sujeito passivo de que teria registrado
a totalidade de suas vendas, uma vez que
todas aquelas lançadas no livro fiscal
Registro de Apuração do ICMS foram
consideradas e subtraídas do montante
recebido pelas Administradoras de
Cartões. 3. O conjunto probatório
acostado aos autos é suficiente para o
deslinde da questão não necessitando de
produção de prova pericial. 4. A
circunstância material que deu ensejo a
presunção legal foi provada com a
juntada de cópia do Extrato do SIMPLES,
do livro Reg. de Apuração do ICMS e dos
documentos recebidos das Administradoras
de Cartões, de onde foram extraídos e
confrontados os valores que resultou na

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Base de Calculo omitida do ICMS não


recolhido. 5. Não será acolhido o tipo
penal tributário sugerido do art. 83 da
lei 5.900/96, aplicação da penalidade
disposta no art. 79 da mesma Lei. 6.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por
via de Recurso Ordinário, a nulidade processual, com retorno
dos autos ao juízo administrativo singular devido à recusa do
seu pedido de perícia contábil, para que o faça, já que houve
agressão aos princípios constitucionais da ampla defesa e
produção de provas. Assevera que não houve omissão de vendas,
pois todas foram registradas em livro fiscal próprio, como se
demonstrou em cálculo apresentado pela recorrente. Que seria
indevida a apuração do ICMS normal entre janeiro/2007 a
dezembro/2008 por ser optante do SIMPLES nos termos da lei
9.317/96 e LC n. 123/2006. Afirma também que a multa aplicada
teria caráter confiscatório.
Em resposta, pedindo pela procedência da ação fiscal, o
Representante Fiscal argumenta que não houve cerceamento de
defesa quanto ao pedido de perícia contábil negado, pois
compete, conforme previsto na Lei nº 6.771/2006, à autoridade
julgadora rejeitar requerimento de diligência ou perícia

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desde que em decisão fundamentada. Afirma que a autuada não


apresentou nenhum cálculo que alegou em seu recurso. Com
relação ao SIMPLES, teria sido excluída por ato
administrativo pela Receita Federal do Brasil. Que resta
configurada a conduta descrita no lançamento de ofício devido
a robustez das provas e ferimento a dispositivo legal.

É o relatório.

PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, acarretando dificuldade na defesa da empresa
autuada, quando o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 10/12, os fáticos típicos da
infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de recolhimento
do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de diferença
das vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e, falta de
recolhimento do imposto ensejada pela falta de escrituração
dos documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem,
no entanto, identificar os respectivos documentos fiscais
(Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
indicando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.

5.900/96, segundo o qual disciplina in verbis: “Falta de


recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros

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fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por


cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do


voto proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de
Castro, concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da
mesma conter, também, vícios de nulidade, isto à luz do Art.
7º, inc. II, na sua segunda parte, tal nulidade não deve
sobrepor a nulidade prévia da própria autuação, do
lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer nulidade
subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da decisão
recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação
quando presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria
não só violação ao princípio da celeridade na tramitação do
próprio PAT, previsto no § 1º do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06,
mais também, um procedimento discrepante da praticidade, com
reiteradas e desnecessárias decisões, ao invés de uma só
decisão no âmbito de preliminares acerca de nulidades e a
partir daí repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório
de primeira instância.

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Portanto, como se vislumbra no caso vertente,


tanto a autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de
nulidades à luz do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e
assim sendo, é de bom alvitre que se reconheça que se declare
previamente a nulidade do próprio lançamento e por extensão
os demais atos subseqüentes.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria dos votos, conhecer
do recurso ordinário, para dar-lhe provimento, no sentido de
declarar nula por vício formal, previamente, a própria
autuação por ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01 de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

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SESSÃO ORDINÁRIA N° 05 – Realizada: 01/02/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO: 1500-012384/11; CTE-263/12
ANEXOS: 1500-090929/09 (03 VOLUMES); 1500-015000/11; 1500-
017563/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.00958-001
RECORRENTE: N. H. DA SILVA GÁS-ME
AUTUANTE: RONALDO GUEDES DE ARAUJO - Mat. 30.962
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COLHEO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO N° 030/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, o autuante assim
consignou: (...cujos documentos fiscais relativos a estas
operações de saídas não foram emitidos, nem seus valores
foram escriturados nos livros fiscais próprios, ficando
autuado a recolher o valor de montante de R$ 48.763,68
(quarenta e oito mil, setecentos e sessenta e três reais e
sessenta e oito centavos, sendo R$ 30.477,30 (trinta mil,

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quatrocentos e setenta e sete reais e trinta centavos) de


ICMS e R$ 18.286,38 (dezoito mil, duzentos e oitenta e seis
reais e trinta e oito centavos) de multa, conforme
demonstrativo de débito-anexo.”

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, intimação fiscal de nº 7000958,
demonstrativos do débito, termos de início e encerramento de
fiscalização e cópias, do cartão de autógrafos, da Declaração
Anual do Simples Nacional e do Proc. nº. 1500-090929/09.

Intimada da autuação, a empresa limita-se a


afirmar que não tem condições de recolher o débito levantado
pelo Fisco e que é micro-empresa, optante do Simples
Nacional.
Por ocasião da contestação da defesa, a
eminente Representante Fiscal insiste em afirmar que o
presente lançamento decorreu da falta de emissão de
documentos fiscais e ao mesmo tempo os respectivos valores
não foram escriturados nos livros fiscais próprios e que de
conformidade com o art. 26 da Lei Complementar nº 123/06, as
empresas de pequeno porte e as microempresas optantes pelo
Simples Nacional ficam obrigadas a emitir documento fiscal de
venda ou prestação de serviço.

Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. Lançamento de crédito tributário decorrente de
descumprimento de obrigação principal. 1) Falta de
recolhimento do imposto decorrente da omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas administradoras de
cartão de crédito e débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2) Alíquota aplicável em
estrita obediência à legislação pertinente – Comprovada a
materialidade da infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando os questionamentos da sua

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defesa e acrescenta que o maior valor das suas vendas está


sujeita ao regime de substituição tributária, segundo o qual
encerra a fase de tributação, tais como: Gás e Água mineral,
não cabendo assim a exigência do ICMS.

Por ocasião das contra razões do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da decisão recorrida, aduzindo
inclusive o seu acerto mediante a correção da tipificação da
penalidade com a aplicação do art. 97 ao invés do art. 83,
todos da Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

Voto.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 09,11,12 e 13, os fatos
típicos da infração, faz constar a falta de recolhimento do
ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de diferença
das vendas realizadas mediante cartões de crédito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo
tempo falta de recolhimento do ICMS em razão da falta de
escrituração dos documentos fiscais relativos às operações de
saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos docs.
fiscais (Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro
próprio, apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei
nº. 5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros

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fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por


cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem bastante
instruídas, o que não se verificou.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 1º de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MARIO SERGIO MARTINS DE CASTRO ÀLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/02/2013
PROCESSO: 1500-026911/2011; 1500-091075/2009 e 1500-38469/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00979-001.
AUTUADA: GILDEANE LIMA DE OLIVEIRA-ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.42212-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.670/2012.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE(S): JOSÉ MAURICIO FIRMINO DA COSTA.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO Nº 31/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Materialidade dos fatos narrados de
maneira contraditória, ambígua e
imprecisa no auto de infração. Nulidade
formal do auto de infração por
cerceamento de defesa. Reexame
necessário conhecido e não provido.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

No entanto, no campo “Complemento” da descrição dos


fatos, do auto de infração em tela, o autuante também assim
estabeleceu: “... cujos documentos fiscais relativos a estas
operações de saídas não foram emitidos, nem seus valores
foram escriturados nos livros fiscais próprios...”

Como conjunto probatório foi juntado: a) cópia da


intimação fiscal n. 70966, 13/07/2011 (fl.08); b) Consulta
Exclusão do Simples Nacional (fl.10); c) Demonstrativo
Confronto com a planilha apresentada pela Sefaz e os valores
que constam no processo (fls. 14-16); d) Resumo Geral de AIDF
por contribuinte (fl.17); e) Relatório de cruzamento da DAC
com arrecadação do ICMS e débitos fiscais (fl.18); f) cópia
ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 1
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do livro Registro de Apuração do ICMS (fls. 19-25); g)
Extrato do Simples Nacional (fls. 26); h) Declaração Anual do
Simples Nacional- DASN (fls. 27- 29), i) Relatório de
Movimentações Financeiras Visanet, Redecard, Hipercard (fls.
28-83, 111-135); j) Transferências eletrônicas de fundos
(cartão credito/debito) comparadas com faturamento (fls.84-
89).
Foram apontados como transgredidos as seguintes
normas: art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I,
II e §§ 2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do
RICMS/91. Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei
nº 5.900/96.
Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que
gozaria dos direitos diferenciados do Simples Nacional LC n.
123/2006. E, por isso, pede correção do débito para dar
início ao pagamento.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que constatou a idoneidade do procedimento fiscal e base de
calculo do imposto previsto no art. 50, §11º, art. 6º, I, da
lei 5.900/96, respectivamente. Asseverou que deixando de
cumprir as normas do Simples Nacional LC 123/2006 ficou
sujeito à exclusão e ao pagamento do imposto com alíquota do
contribuinte normal sobre a omissão de receitas presumidas
resultante do confronto das informações obtidas junto as
Administradoras de Cartões com aquelas contidas na declaração
anual do Simples Nacional.
Proferida a Decisão nº 18.670/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do Simples


Nacional não exclui a incidência do ICMS
nas operações de saídas de mercadorias
desacompanhada de documento fiscal. 2. A
circunstância material que dá ensejo a
presunção legal foi devidamente provada
com a juntada do relatório das
Administradoras de Cartões, DASN,
Extrato do Simples Nacional. 3.
Aplicação da penalidade disposta no art.
79 da lei 5.900/96. 4. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte.
5. Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual.

ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 2


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A autuada intimada foi e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO

Primeiramente, observando as seguintes normas:

Lei Estadual nº. 6.161/2000, que regula o


processo administrativo no âmbito da
administração pública estadual:
Art. 53. A Administração deve anular seus
próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos.

Lei Estadual nº 6.771/2006, que dispõe sobre


o processo administrativo tributário - PAT,
e dá outras providências:
Art. 97-A. Aplicam-se subsidiariamente ao
processo administrativo tributário as normas
da Lei Estadual n° 6.161, de 26 de junho de
2000, e da Lei Federal n° 5.869, de 11 de
janeiro de 1973, - "Código de Processo
Civil.

Súmula do STF nº 346: A Administração


Pública pode declarar a nulidade dos seus
próprios atos.

Súmula do STF nº 473: A administração pode


anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles
não se originam direitos; ou revogá-los, por
motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação
judicial.

Temos explicitado o princípio da autotutela, que é o


controle pela Administração Pública da legalidade de atos e
decisões administrativas, anulando-os quando vão de encontro
à lei.

ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 3


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Partindo dessa premissa e analisando o auto de
infração objeto desse julgamento, verifico houve erro na
colocação das duas materialidades posta no lançamento de
ofício, o que implicaria em sua nulidade por cerceamento de
defesa.

Explico. Analisando a peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos imputados ao contribuinte
tidos como infração à legislação tributária apresenta-se de
forma incoerente e imprecisa, dificultando assim a defesa da
empresa autuada.

Isto porque, o autuante ao consignar na peça inicial,


assim como nos demonstrativos e outras provas trazidas aos
autos, os fatos típicos da infração, faz constar a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão
de diferença das vendas realizadas mediante cartões de
crédito em confronto com as vendas efetivamente registradas
e, ao mesmo tempo, falta de recolhimento do ICMS em razão da
falta de escrituração dos documentos fiscais relativos às
operações de saídas, sem, no entanto, identificar as notas
fiscais sem a devida escrituração no livro próprio, apontando
como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo
o qual disciplina, in verbis: “Falta de recolhimento do
imposto, no todo ou em parte, quando os documentos fiscais
relativos às respectivas operações de saídas não estejam
escriturados regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA
– equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica


da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do
registro de vendas inferior ao montante do faturamento
mediante cartão de crédito/débito, infração típica do inc. V,
§ 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79, todos da Lei nº.
5.900/96, ou bem se defenderia da acusação da falta de
recolhimento do ICMS decorrente da omissão de registro das
notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado
art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente autuação


contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de infrações,
desde que as mesmas estivessem bastante instruídas, o que não
se verificou.

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Portanto, havendo cerceamento de defesa pela
ambiguidade posta no auto de infração em tela, este é nulo
formalmente por determinação legal:

Lei 6.771/2006
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;
...

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário para negar-lhe provimento, no
sentido de declarar nula a autuação por ofensa ao princípio
da ampla defesa.

Sendo o lançamento anulado por vício formal, fica


reaberto o prazo decadencial para uma nova ação fiscal do
objeto aqui tratado conforme previsto no art. 173, II, do
Código Tributário Nacional.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de fevereiro


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 31/2013 Página 5


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/02/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-016980/2004.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 043256, de 02/07/2004.
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: FEIJÓ E TEIXEIRA LTDA-ME.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO Nº 32/2013

EMENTA: NORMAS PROCEDIMENTAIS.


ALEGAÇÃO DE EXTRAVIO DE LIVROS
FISCAIS BASEADA EM NÃO ATENDIMENTO
À SOLICITAÇÃO FISCAL. INTIMAÇÃO QUE
INOBSERVOU A NORMA DE REGÊNCIA (LEI
5.900/96). PRESUNÇÃO DE EXTRAVIO
ILIDIDA. NULIDADE DA AÇÃO FISCAL.
Remessa Necessária Conhecida e não
Provida.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para


análise deste Colegiado Administrativo por força da norma
do art. 48 da Lei n ° 16.204/2009, em face da sucumbência
da Fazenda Estadual declarada pela Decisão n ° 16.439/2010,
da Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu por
decretar improcedente o lançamento fiscal que imputou ao
contribuinte o extravio de livros e documentos fiscais.

A razão da sucumbência da Fazenda Estadual foi


devido à ausência de pressuposto de constituição válida da
presunção de extravio, que não teria observado os ditames
legais.

Eis a respectiva ementa:

EMENTA: ICMS. 1. Ação Administrativa Fiscal. 2.


Imposição de penalidade por extravio de livros e
documentos fiscais. 3. Ausência de pressuposto de
constituição válida do crédito tributário. 4.
Lançamento NULO. 5. Duplo grau de jurisdição

ACÓRDÃO CTE Nº 32/2013 Página 1


administrativa necessário – art. 48, Lei Estadual
n. 6.771/06.

Intimados, contribuinte e representação fiscal se


quedaram silentes.

São este os fatos que interessam ao julgamento.

VOTO

Compulsando os autos, observa-se que a


materialidade afastada do lançamento inicial reporta-se ao
extravio de livros e documentos fiscais, sendo este o
objeto da presente revisão.

Quanto à materialidade afastada pela Douta


Coordenadoria de Julgamento e ora em revisão, na esteira de
como já vem reiteradamente decidindo este Conselho
Tributário Estadual por julgamentos de suas duas Câmaras,
para fins de intimação do contribuinte deverá a autoridade
exatora observar, seja a intimação pessoal, seja a por
carta com aviso de recebimento. A opção editalícia é
excepcional e pressupõe a verificação de situações
definidas em lei, qual seja a negativa de assinatura pelo
contribuinte em caso de intimação pessoal ou a
impossibilidade de se efetivar por carta. Eis o que
estabelece o PAT sobre o assunto, mantendo o espírito da
lei que o antecedeu (Lei n ° 4.418/82):
Art. 11. A intimação do sujeito passivo ou de pessoa
interessada acerca de qualquer ato, fato ou exigência
fiscal, quando não estiver prevista forma diversa na
legislação tributária, será feita:
I - pessoalmente, pelo autor do procedimento ou outro
servidor a quem for conferida a atribuição, mediante
aposição de data e assinatura do sujeito passivo ou
interessado, seu representante legal ou preposto, no
próprio instrumento que se deseja comunicar ou em
expediente, com entrega, quando for o caso, de cópia do
documento;
II - mediante remessa, pelo órgão encarregado do preparo do
processo, por via postal ou qualquer outro meio ou via, com
Aviso de Recebimento - AR ou com prova de entrega no
endereço do sujeito passivo ou interessado, de cópia do
instrumento ou de comunicação de decisão ou circunstância
constante de expediente, alternativamente à forma prevista
no inciso I;

2
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III - por edital publicado no Diário Oficial do Estado, no


caso de:
a) o sujeito passivo ou interessado encontrar-se em lugar
incerto e não sabido;

b) recusa do sujeito passivo ou interessado, em assinar a


intimação pessoal, hipótese em que será lavrada declaração
nesse sentido, da qual constarão as assinaturas de 2 (duas)
testemunhas;
c) não se efetivar a comunicação pela forma prevista no
inciso II, ainda que não precedida da prevista no inciso I.

As normas acima apresentadas foram desrespeitadas


no procedimento de intimação do contribuinte, situação que,
sendo antecedente ao próprio auto de infração, macula sua
validade, pois lavrado com fundamento em premissa falsa,
qual seja o extravio baseado na inércia quanto ao
atendimento da solicitação (em edital) para a apresentação
de livros e documentos fiscais.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer da remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo incólume a Decisão n.º 16.439/2010, da
Coordenadoria de Julgamento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de


fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 06 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/02/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-011599/1997
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 014874
AUTUADA: FCC – FERRAGENS CONSTRUÇÕES E CONEXOES LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 034/2013

EMENTA: Processo Administrativo


tributário. Recurso de Ofício.
Importância pecuniária excluída
inferior a 400 (quatrocentas) UPFAL.
Art. 48 Lei nº 6.771//2006. Recurso de
Ofício não conhecido.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a


decisão singular nº 18.563/2011. Esta, por sua vez, julgou
pela procedência parcial do lançamento do crédito tributário
do Auto de Infração nº 014874 de 30-05-1997.

Consta no Auto de Infração que o contribuinte deixou


de recolher os saldos devedor de ICMS normal, no todo ou em
parte, relativo ao período que compreende 1994 à 1996. Em
10/06/1997, a autoridade autuante propõe um aditamento
passando o crédito tributário para um montante de R$ 6.158,40.

A coordenadoria de julgamento, por seu turno, julgou


procedente em parte o lançamento nos termos da ementa abaixo:

EMENTA – ICMS – Obrigação principal. 1) Falta de


recolhimento do imposto referente ao saldo devedor
devidamente escriturado no livro fiscal próprio. 2)
Ausência de parte das provas materiais, in casu,
cópia do livro de registro de apuração do Icms do
período de apuração: 11 à 20-091994. 3) Ausência de
saldo devedor nos períodos de apuração “21 à 31-10-
94” e”01 à 10-03-95”. 4) Extrato de arrecadação
indicando recolhimentos, no todo ou em parte
concernente a diversos períodos de apuração exigidos
na inicial. 5) Aplicada a tipificação pena
tributárias de 50%(cinquenta por cento) do imposto

ACÓRDÃO CTE Nº 034/2013 Página 1


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devido, prevista no art. 81 da lei 5900 de 27-12-96,


por ser mais benéfica ao sujeito passivo, visto o
disposto no artigo 13 da lei 4418 de 27-12-82.
Infração caracterizada. Lançamento PROCEDENTE EM
PARTE...

De acordo com o voto do julgado singular o crédito


tributário foi reduzido para R$ 1.679,60(hum mil, seiscentos e
setenta e nove reais e sessenta centavos).

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo a analise decisão recorrida, observando apenas a parte
improcedente do lançamento, já que, apesar de regularmente
intimado, o contribuinte não apresentou recurso ordinário ao
CTE.

No presente caso, antes de analisar o mérito da


questão, em atenção o posicionamento adotada na decisão
recorrida, importante observar o que dispõe a Lei nº. 6771/06
em seu art. 48:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,


ficam sujeitas a reexame necessário:

I - por uma das câmaras do CTE, as decisões


proferidas por julgador de primeira instância;

§ 2° O disposto no inciso I do caput deste


artigo não se aplica:
II - quando a importância pecuniária excluída
não exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado
de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação
aumentar este valor limite.

ACÓRDÃO CTE Nº 034/2013 Página 2


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Ora, observando a decisão recorrida, percebe que o


julgador singular reduziu o crédito tributário de R$ 6.158,40
para R$ 1.119,72, perfazendo uma redução de R$ 5.038,68(cinco
mil, trinta e oito reais e sessenta e oito centavos), assim
com o valor da UPFAL para o exercício de 2013 é de R$ 18,27,
400 UPFAL’s corresponde a R$ 7.308,00(sete mil trezentos e
oito reais).

Diante do exposto, como a importância pecuniária


excluída não ultrapassa 400(quatrocentas) UPFA´s, ACORDAM OS
MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por
unanimidade de votos, não conhecer do presente recurso de
ofício.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05/02/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. D CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:07/02/2013


PROCESSO: 1500-015613/2011; 1500-091116/2009, 1500- 027165/2011; 1500-
015997/2012 e CTE 245/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.01147-001.
AUTUADA: N S RACÕES LTDA ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.39064-3.
AUTUANTE: Jorge Ricardo de Souza.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº035/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES
OS VÍCIOS DE NULIDADES TANTO NA
AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O RECONHECIMENTO,
A DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE DA
PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO
RECORRIDA DE FORMA ISOLADA.
ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA CELERIDADE
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.
RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
CTE Nº035/2013 Página 1
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crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a


estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.

Como conjunto probatório, foi juntado: a) cópia da


intimação fiscal n. 7001147/002, (fl.10); b) Demonstrativo
fiscal (fls. 12-13); c) cópia da declaração anual do Simples
Nacional (fls. 14-35); d) Processo 1500-091116/2009
(Relatórios Administradora Cartões, Extrato do Simples
Nacional).

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:


art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.

Apresentada a defesa pelo contribuinte e as


Contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.616/2012, tendo o julgador singular decidido pela
procedência parcial do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. O cerceamento do


direito de defesa e contraditório não
ficou configurado porque os autos do PAT
ficaram disponíveis ao representante
legal da pessoa jurídica. 2. As
operações

de vendas com recebimento por meio de


cartão de credito e/ou débito são
passíveis de averiguações fiscais. 3. A
opção do Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de
saídas de mercadorias desacompanhada de

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documento fiscal. 4. Os documentos


enviados pelas Administradoras de cartão
de crédito e débito não contém nenhuma
macula. 5. O conjunto probatório
acostado aos autos é suficiente para o
deslinde da questão. 6. A instituição
legal de novo critério de apuração
posterior a ocorrência do fato gerador
não está obrigado a observância do
principio da irretroatividade e da
anterioridade. 7. A circunstância
material que dá ensejo a presunção legal
foi constatada por valores informados
pelas Administradoras de Cartões sem a
respectiva emissão de documento fiscal.
8. Não será acolhido o tipo penal
tributário sugerido do art. 83 da Lei n.
5900/96, mas aplicada a penalidade
disposta no art. 79 da mesma Lei. 9.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 10. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimada da decisão supracitada, a autuada pede, por
via de Recurso Ordinário, a reforma na íntegra da decisão de
piso e a declaração de “sem efeito” o lançamento fiscal
objeto dos autos, alegando, com os mesmos termos utilizados
em sua impugnação, em síntese: a) cerceamento de defesa por
não ter tido acesso às provas do auto de infração; b) por ser
optante do Simples Nacional, deveria ser aplicada, no máximo,

CTE Nº035/2013 Página 3


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a alíquota de 3,95% nos termos do Anexo I da Lei Complementar


n. 123/2006; c) provas seriam ilegais, pois teve sua
movimentação financeira indevidamente quebrada pelo fisco sem
qualquer formalidade legal ou autorização judicial ferindo
seu direito ao sigilo bancário e d) o auto de infração
abarcou os períodos de 2007, 2008 e 2009 em descompasso com
os princípios tributário da anterioridade e da
irretroatividade da lei, uma vez que a lei n. 6.970, de
04/08/2008 teria instituído novo fato gerador. Caso não haja
esse entendimento, que seja mantida a multa aplicada pelo
julgador da Coordenaria de Julgamento.

A Representação fiscal apresentou suas contrarrazões


solicitando a manutenção da decisão recorrida, apoiadas nos
fundamentos de que: a) o recurso é tempestivo, mas nao
deveria ser conhecido, já que repete os argumentos da
impugnação, todos rebatidos na decisão a quo; b) que foi
respeitado o princípio da anterioridade pois já estava em
vigor tanto a lei nº 5.900/96 quanto a de nº6.846/2007; c)
nao houve quebra de sigilo financeiro, pois as informações
fornecidas pelas administradoras de cartão se limitam ao
faturamento por meio de pagamento de crédito/débito; c)
correta exigência do imposto e penalidade à margem do regime
do Simples Nacional (art. 13, §1º, XIII, f, da LC n.
123/2006); d) o contribuinte não afastou a presunção com
contraprovas; e) as provas são lícitas e seriam suficientes
para demonstrar a infração arguida.

É o relatório.

CTE Nº035/2013 Página 4


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VOTO
PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se constatar


que a descrição dos fatos tidos como infração à legislação
tributária apresenta-se de forma incoerente e imprecisa,
acarretando dificuldade na defesa da empresa autuada, quando
o autuante ao consignar na fl. inicial, assim como nos
demonstrativos de fls. 10/12, os fáticos típicos da infração,
faz constar ao mesmo tempo a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e, falta de
recolhimento do imposto ensejada pela falta de escrituração
dos documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem,
no entanto, identificar os respectivos documentos fiscais
(Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
indicando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da


autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do
registro de vendas inferior ao montante do faturamento
mediante cartão de crédito/débito, infração típica do inc. V,
§ 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79, todos da Lei nº.
5.900/96, ou bem se defenderia da acusação da falta de
recolhimento do ICMS decorrente da omissão de registro das

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notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado


art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do


voto proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de
Castro, concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da
mesma conter, também, vícios de nulidade, isto à luz do Art.
7º, inc. II, na sua segunda parte, tal nulidade não deve
sobrepor a nulidade prévia da própria autuação, do
lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer nulidade
subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da decisão
recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação
quando presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria
não só violação ao princípio da celeridade na tramitação do
próprio PAT, previsto no § 1º do Art. 2º, da Lei nº 6.771/06,
mais também, um procedimento discrepante da praticidade, com
reiteradas e desnecessárias decisões, ao invés de uma só
decisão no âmbito de preliminares acerca de nulidades e a
partir daí repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório
de primeira instância.

Portanto, como se vislumbra no caso vertente, tanto a


autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de
nulidades à luz do Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e
assim sendo, é de bom alvitre que se reconheça que se declare
previamente a nulidade do próprio lançamento e por extensão
os demais atos subseqüentes.

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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CAMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer
do recurso para dar-lhe provimento, porém, com a devida vênia
do nobre relator, no sentido de declarar nula por vício
formal, previamente, a própria autuação por ofensa ao
princípio da ampla defesa.

Sala de Sessões do CTE., em Maceió, 07 de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

CTE Nº035/2013 Página 7


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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 07/02/2013


PROCESSO: 1500-019958/11; CTE-270/12
ANEXOS: 1500-090620/09 (02 VOL.); -015021/09;-031300/11 e
022031/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.01172-001
RECORRENTE: ALVES & CIA. LTDA.
AUTUANTE: JOSÉ ARNALDO ROCHA BARBOSA
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº036/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
EM DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA
TIPICIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO
DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO
NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não

CTE Nº036/2013 Página 1


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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

estavam escriturados regularmente nos livros fiscais


próprios.”

Como dispositivos transgredidos o autuante aponta


o art. 83 e ao mesmo tempo os incs. II e V do § 9º do artigo
2º,todos da Lei nº 5.900/96.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, intimação fiscal de nº
7001172,relatórios de movimentações financeiras das
Administradoras de Cartões de Crédito, relação de
transferências eletrônicas de fundos – Cartões de Crédito e
de Débito, Demonstrativo do Débito e Extrato do Simples
Nacional e cópias,dos termos de início e encerramento de
fiscalização,dos ofícios DIPLAF de nºs.
023/2009,024/2009,025/2009,026/2009,027/2009,028/2009,029/200
9,030/2009,031/2009,032/2009 e 033/200/09,da consulta fiscal
formulada pela DIPLAF e do PARECER PGE/PFE nº. 855/2010.

Intimada da autuação, a empresa suscita


preliminares de nulidades em decorrência: do não atendimento
do disposto no art. 5º, da CGSN 30/2008; da incompetência do
agente autuador; da documentação irregular; do excesso de
exação; quebra do sigilo bancário; inobservância do
procedimento legal pelo agente autuador; do cerceamento do
direito de defesa e da insubsistência das informações
utilizadas para autuação.

Por ocasião da contestação da defesa, o eminente


Representante Fiscal rebate os questionamentos feitos pela
empresa, acerca das nulidades, aduzindo que no caso dos
autos, a infração apurada cinge-se na saída de mercadoria
desacompanhada de documento fiscal e sem pagamento do
imposto.
Submetido o presente litígio fiscal a julgamento
por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. Lançamento de crédito tributário decorrente de
descumprimento de obrigação principal. 1) Falta de

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recolhimento do imposto decorrente da omissão de saídas de


mercadorias tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas administradoras de
cartão de crédito e débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2) Alíquota aplicável em
estrita obediência à legislação aplicável– Comprovada a
materialidade da infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando os questionamentos da sua
defesa e em seguida pugna pelo julgamento totalmente
improcedente do auto de infração com a sua conseqüente
extinção e arquivamento.

Por ocasião da contestação do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da autuação, reiterando que a infração
indicada na autuação consiste em falta de emissão de
documentos fiscais por ocasião das saídas, apontando como
dispositivo transgredido, o art. 97 da Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

Voto

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 12,13 e 14, os fatos típicos
da infração, faz constar a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito em confronto
com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo tempo falta

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de recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos


documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no
entanto, identificar os respectivos docs. fiscais (Notas
Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Enquanto o Art. 97 da Lei nº. 5.900/96, reportado


pelo nobre Representante Fiscal, não só quando da contestação
da defesa mais também na contestação do presente recurso,
assim preconiza: “Art. 97 – Entregar, remeter, transportar,
receber, estocar ou depositar mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais, ou sendo estes inidôneos:

MULTA – equivalente a 200% (duzentos por cento)


do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem bastante
instruídas, o que não se vislumbra nos autos do processo.
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Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÃMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecero do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 07 de fevereiro de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIO:Nº07 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 07/02/2012


PROCESSO: 1500-026704/11; CTE-298/12
ANEXOS: 1500-090395/09 (03 VOLUMES); 1500-000306/12; 1500-
02323/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.020690-001
RECORRENTE: ARTCOLLOR ARTIGOS FOTOGRÁFICOS LTDA-ME
AUTUANTE: LOUISE AMARAL DE ARAUJO – 52.903
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº037/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
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estavam escriturados regularmente nos livros fiscais


próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, a autuante assim
consignou: (O contribuinte omitiu receitas à tributação do
ICMS que foram detectadas através da comparação entre as
saídas declaradas e o faturamento em operações com cartões de
crédito e/ou débito, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009,
tudo conforme planilhas demonstrativas anexas.”

Como instrução da autuação foram anexados,


cópias, da intimação fiscal de nº 7002069, dos termos de
início e encerramento de fiscalização, dos Ofícios DIPLAF de
nºs. 023/2009, 024/2009, 025/2009, 026/2009, 027/2009,
028/2009, 029/2009, 030/2009, 031/2009, 032/2009,033/2009 e
do PARECER PGE/PFE nº. 855/2010, além dos demonstrativos do
débito,Relatório de Movimentações Financeiras das
administradoras VisaNet, REDECARD, AMERICAN EXPRESS,
HIPERCARD, TRANSFERÊNCIAS ELETRÔNICAS DE FUNDOS (CARTÃO DE
CRÉDITO/DÉBITO) COMPARADA COM FATURAMENTO e Extrato do
Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa contesta a


autuação, aduzindo em sede de preliminar a dificuldade a
ponto de impossibilitar a sua defesa, com menção ao art. 12
da Lei Complementar nº. 123/06, assim como a Resolução nº 30,
de 07 de fevereiro de 2008, do Comitê Gestor de Tributação
das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte, além do Art.
5º, inc. LV da Constituição Federal.

Quanto ao mérito, alega inocorrência do fato


gerador, ilegalidade da alíquota aplicada, inadequação da
multa proposta, falta de prova, princípio da anterioridade da
lei e encerramento da fase de tributação mediante a
sistemática da substituição tributária.

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Por ocasião da contestação da defesa, a eminente


Representante Fiscal insiste em afirmar que o presente
lançamento decorreu da falta de emissão de documentos fiscais
e ao mesmo tempo os respectivos valores não foram
escriturados nos livros fiscais próprios e que de
conformidade com o art. 26 da Lei Complementar nº 123/06, as
empresas de pequeno porte e as microempresas optantes pelo
Simples Nacional ficam obrigadas a emitir documento fiscal de
venda ou prestação de serviço.

Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. Lançamento de crédito tributário decorrente de
descumprimento de obrigação principal. 1) Falta de
recolhimento do imposto decorrente da omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas, apurada com
base em informações fornecidas pelas administradoras de
cartão de crédito e débito, confrontadas com as operações
declaradas pelo contribuinte. 2) Alíquota aplicável em
estrita obediência à legislação pertinente – Comprovada a
materialidade da infração. 3) LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando os questionamentos da sua
defesa e acrescenta que o maior valor das suas vendas está
sujeita ao regime de substituição tributária, segundo o qual
encerra a fase de tributação, não cabendo assim a exigência
do ICMS.

Por ocasião das contra razões do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da decisão recorrida com enfrentamento
das preliminares suscitadas pela recorrente e no mérito,
reitera como dispositivos transgredidos dentre outros, o inc.
V, do § 9º, do Art. 2º e ao mesmo tempo o Art. 83, todos da
Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

ACÓRDÃO Nº037/2013 Página 3


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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Voto.

PRELIMINAR DE NULIDADE

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 08, 09 e 10, os fatos típicos
da infração, faz constar a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito em confronto
com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo tempo falta
de recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos
documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no
entanto, identificar os respectivos docs. fiscais (Notas
Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

ACÓRDÃO Nº037/2013 Página 4


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem bastante
instruídas, o que não se verificou.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 07 de fevereiro de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO Nº037/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº13 – 2ª CAMARA – REALIZADA:05/04/2013


PROCESSO: SF 1500-004491/1991; CTE 1247/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 049217, de 17/04/91
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: ALONÇO SANTINO DOS SANTOS.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 04/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DO RECOLHIMENTO DO


IMPOSTO. DEFICIÊNCIA NA INSTRUÇÃO DO
LANÇAMENTO FISCAL. INVIABILIDADE DA SUA
MANUTENÇÃO. INTELIGÊNCIA DO ART. 118,
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 4418/82 - NULIDADE DA
AUTUAÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO
PROVIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado Administrativo conforme
imposição da norma jurídica contida no art. 48, da Lei n ° 6.771/2006 (PAT), isto em vista da decisão da Douta
Coordenadoria de Julgamento, donde resultou na sucumbência da Fazenda Estadual em face da decisão pela
improcedência do lançamento.

Em momento prévio ao anunciado reexame, convém destacarmos que o auto de infração


imputou ao contribuinte as seguintes condutas anti-jurídicas: (i) omitiu vendas de mercadorias no exercício de
1990; (ii) não recolhimento do ICMS no mês de 08/90; (iii) crédito indevido de ICMS por registro em
duplicidade de notas fiscais de entradas; (iv) não apresentação de balanço econômico no exercício de 1990; e, (v)
não escrituração do Livro De Inventário no exercício de 1990.

A despeito de regularmente intimado, o contribuinte não impugnou o lançamento contra si


lavrado, tendo sido lavrado o termo de revelia em 11/06/91.

Em junho de 1995, a então Coordenadora da primeira instância de julgamento, a saldosa


Conselheira Célia Braga de Albuquerque, determinou ao autuante que anexasse as provas da materialidade das
infrações relatadas na peça inicial.

ACÓRDÃO 004/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Em resposta, fora informado que o auto teria sido apropriadamente instruído à época do
lançamento, mas que em ato de má-fé retirados do processo, informando, ao final, pela inviabilidade da instrução
no momento.
O próximo ato praticado no curso do processo administrativo foi a decisão ora em reexame,
que entendeu pela nulidade do lançamento por ausência de provas.

Intimados, representação fiscal e contribuinte quedaram-se silentes.

É o que interessa ao julgamento.

VOTO

De fato, exsurge dos autos a total ausência de documentos que instruam a materialidade
informada pela fiscalização como hábil a fazer irromper o vínculo jurídico que estabelece ao contribuinte o dever
de recolher determinada quantia a título de tributo ao Estado.

Ademais, o fiscal não logrou êxito em sanar o defeito inicial da autuação quando instado a
fazê-lo em diligência.

O mesmo ocorre em relação ao suposto extravio, pois em momento algum dos autos foi trazido
à colação a intimação do contribuinte para apresentação dos respectivos documentos, o que autorizaria o
lançamento por presunção, se desatendida aquela.

Tais situações contrariam o que exige o art. 118, parágrafo único, da Lei n. 4.418/82, que exige
a regular instrução com elementos que sirvam a demonstrar a certeza e liquidez do crédito tributário, situação
que não se percebe dos autos. Confira-se o texto do preceptivo:

Art. 118 - As ações ou omissões contrárias à Legislação Tributária, serão apuradas em


Processo Administrativo Fiscal (PAF).

Parágrafo único - O Processo Administrativo Fiscal inicia na repartição fiscal competente,


mediante autuação dos documentos necessários à apuração da liquidez e certeza do crédito
tributário não regularmente recolhido, organizando-se à semelhança de autos forenses, com
folhas devidamente numeradas e rubricadas. (grifamos)

No mesmo sentido o art. 891, IV, do RICMS/AL, in vebis:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve ser instruído
com: (...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos documentos


que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Enfim, a deficiência da instrução prejudica a autuação, isto em virtude da impossibilidade deste


Órgão Julgador aferir os fatos relatados.

Sobre a matéria, e destacando a importância da regular instrução do lançamento fiscal,


abalizadas são as lições da professora Doutora MARIA RITA FERRAGUT, em artigo publicado no livro Curso
de Especialização em Direito Tributário. Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de Barros Carvalho.

ACÓRDÃO 004/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Editora Forense. Rio de Janeiro. 2005, p. 314/315, as quais recortamos algumas passagens e abaixo
reproduzimos:

“O distanciamento entre o objeto e o juízo, construído pelo ser cognoscente a seu respeito, é
inevitável. (...)

A verdade encontra-se ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar
idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificar-se de sua exatidão jurídica.
Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. (...)

Ao referir-se a fatos, a prova deverá evidenciar a correspondência entre o enunciado e a


manifestação do evento. (...) Atingir o evento, que é passado, é impossível, bastando para o
mundo jurídico construí-lo de forma a provar sua existência ou inexistência.”

Não tendo assim se dado, correta a motivação da Coordenadoria de Julgamento, apenas


discordando este relator da suas conclusões, pois entendemos que deveriam ser pela nulidade em relação à
referida materialidade.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da presente remessa
necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 15 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO 004/2013 Página 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO Nº: 1500-007568/1996; CTE 162/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 069563, de 21/11/1995.
RECORRENTE: FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO: A INSINUANTE COMÉRCIO LTDA.
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 053/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DO RECOLHIMENTO


DO IMPOSTO. DEFICIÊNCIA NA
INSTRUÇÃO DO LANÇAMENTO FISCAL.
INVIABILIDADE DA SUA MANUTENÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART. 118, PARÁGRAFO
ÚNICO, DA LEI 4418/82 -
IMPROCEDÊNCIA DA AUTUAÇÃO. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO PROVIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise


deste Colegiado Administrativo conforme imposição da norma
jurídica contida no art. 48, da Lei n. 6.771/2006 (PAT),
isto em vista da Decisão n. 17.263/2010, da Douta
Coordenadoria de Julgamento, donde resultou na sucumbência
da Fazenda Estadual em face do reconhecimento da
improcedência da autuação.

Segundo a decisão em reexame, o autuante haveria


deixado de instruir suficientemente o seu trabalho com
documentos de onde teriam sido extraídas as respectivas
informações, especialmente a contagem física do estoque,
invalidando, assim, a presunção de omissão de receitas.

Regularmente intimados, fiscais autuantes e


contribuinte se quedaram silentes.

Este é o relatório.

Passo a decidir.

VOTO

De início, convém delimitarmos o exato objeto de


exame por parte desta instância administrativa ad quem.

ACÓRDÃO CTE Nº 053/2013 Página 1


Pois bem. Em se tratando de reexame de ofício, a
matéria a qual devemos nos debruçar refere-se,
exclusivamente, àquela em que a Fazenda Estadual fora
sucumbente, salvo temas cujo reconhecimento seja de ofício.

No caso, a proposta de reexame deve perpassar pelas


conclusões da instância singela dispostas no relato supra.

Assim como bem pontuado pela Coordenadoria de


Julgamento, a autuação não foi instruída com uma série de
informações essenciais a legitimar o levantamento. Não há
cópias da contagem física do estoque, por exemplo.

De fato, exsurge dos autos a ausência de documentos


que instruam suficientemente a materialidade informada pela
fiscalização como hábil a fazer irromper o vínculo jurídico
que estabelece ao contribuinte o dever de recolher
determinada quantia a título de tributo ao Estado.

Tais situações contrariam o que exige o art. 118,


parágrafo único, da Lei n. 4.418/82, que exige a regular
instrução com elementos que sirvam a demonstrar a certeza e
liquidez do crédito tributário, situação que não se percebe
dos autos. Confira-se o texto do preceptivo:

Art. 118 - As ações ou omissões contrárias à


Legislação Tributária, serão apuradas em Processo
Administrativo Fiscal (PAF).

Parágrafo único - O Processo Administrativo


Fiscal inicia na repartição fiscal competente,
mediante autuação dos documentos necessários à
apuração da liquidez e certeza do crédito
tributário não regularmente recolhido,
organizando-se à semelhança de autos forenses,
com folhas devidamente numeradas e rubricadas.
(grifamos)

No mesmo sentido o art. 891, IV, do RICMS/AL, in


vebis:

Art. 891 O processo administrativo fiscal


decorrente de Auto de Infração deve ser instruído
com: (...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato


argüido, inclusive cópias dos documentos que
serviram de base para a apuração das
irregularidades.

ACÓRDÃO CTE Nº 053/2013 Página 2


Enfim, a deficiência da instrução prejudica a
autuação, isto em virtude da impossibilidade deste Órgão
Julgador aferir os fatos relatados.

Sobre a matéria, e destacando a importância da


regular instrução do lançamento fiscal, abalizadas são as
lições da professora Doutora MARIA RITA FERRAGUT, em artigo
publicado no livro Curso de Especialização em Direito
Tributário. Estudos Analíticos em Homenagem a Paulo de
Barros Carvalho. Editora Forense. Rio de Janeiro. 2005, p.
314/315, as quais recortamos algumas passagens e abaixo
reproduzimos:

“O distanciamento entre o objeto e o juízo,


construído pelo ser cognoscente a seu respeito, é
inevitável. (...)

A verdade encontra-se ligada à prova, pois é por


meio desta que se torna possível afirmar idéias
verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou
certificar-se de sua exatidão jurídica. Ao
direito somente é possível conhecer a verdade por
meio das provas. (...)

Ao referir-se a fatos, a prova deverá evidenciar


a correspondência entre o enunciado e a
manifestação do evento. (...) Atingir o evento,
que é passado, é impossível, bastando para o
mundo jurídico construí-lo de forma a provar sua
existência ou inexistência.”

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, no sentido de conhecer da presente remessa
necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de março de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 053/2013 Página 3


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-030472/2004; CTE 533/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 041686, de 03/09/2004.
RECORRENTE: AUTO POSTO CAMELO LTDA
AUTUANTE: GENIVAL LIMA DE CARVALHO
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 054/2013

EMENTA: ICMS.OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.DECURSO


DO PRAZO QUÍNQUENAL ENTRE O FATO GERADOR
APONTADO E A INTIMAÇÃO DO SUJEITO
PASSIVO. DECADÊNCIA. INCIDÊNCIA DA REGRA
DO ART. 150, §4 DO CTN. REEXAME DE
OFÍCIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. EXTINÇÃO
DO CREDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame ex ofício que chega para


análise deste Colegiado Administrativo em atenção à regra do
art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face do teor da Decisão n
° 18.294/2011, da Douta Coordenadoria de Julgamento, que
declinou pela improcedência da autuação.

Antes do reavaliação proposto, prudente uma breve


incursão nos atos e fase já vencidos.

Pois bem.

A peça de lançamento relatou a omissão de vendas e


a consequente falta de recolhimento do imposto, o que teria
sido apurado mediante levantamento de estoque de
mercadorias, em que se considerou o lucro bruto acumulado
dos exercícios de 1999 e 2000.

Após tentativa infrutífera de intimar o


contribuinte em sua sede social, este foi finalmente

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notificado com a intimação do sócio da empresa em


07/07/2006.

A defesa tempestivamente apresentada sustentou


exclusivamente a decadência dos créditos tributários,
resguardando-se o contribuinte a discutir o mérito após a
devolução dos documentos referentes ao período do
lançamento, os quais sustentou estar de posse do fiscal
autuante.

O processo então seguiu para julgamento,


tendo a Coordenadoria de Julgamento entendido pela
improcedência do auto de infração, sob a justificativa de
serem insuficientes para confirmar a materialidade da
conduta relatada os documentos que instruíram a peça
acusatória.

Intimados, contribuinte e representação


fiscal quedaram-se silentes.

Em essência, são esses os fatos relevantes ao


julgamento do reexame de ofício.

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VOTO

Embora concordando com as conclusões a que chegou


a Douta Coordenadoria de Julgamento ao retratar a ausência
de elementos fáticos probatórios suficientes à conformação
da materialidade da autuação, entendo, em que pese o §1º do
art. 23 do PAT (Lei n ° 6.771/2006), que trata da defesa
administrativa do contribuinte, prescrever que “A matéria
relacionada com a situação que constitua o objeto da lide
deverá ser alegada de uma só vez.”, partimos da premissa de
que existem matérias que deverão ser objeto de apreciação de
ofício e preliminar pelo julgador, entre elas a existência
de eventual decadência dos créditos lançados pelo auto de
infração.

Nesta esteira estão, inclusive, os precedentes dos


Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda, o que,
aliás, se colhe de passagem do acórdão da 3ª Câmara do
Segundo Conselho lavrado nos autos do processo n °
13964.000083/00-18, de relatoria do Conselheiro,
representante fazendário, o Prof. Emanuel Dantas de Assis:

“Decadência é matéria de ordem pública, a ser reconhecida de


ofício quando estabelecida por lei, como, aliás, já
determina o art. 210 do Código Civil de 2002. Somente a
decadência convencional é que não é suprida de ofício,
embora possa ser requerida a qualquer época, não se
submetendo à preclusão (art. 211 do mesmo Código).”

Neste sentido está também a recente jurisprudência


do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

RECURSO ORDINÁRIO – MANDADO DE SEGURANÇA – ADMINISTRATIVO –


REDUÇÃO DE PROVENTOS – DECADÊNCIA – MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA
– RECONHECIMENTO DE OFÍCIO – 1. Consoante orientação firmada
por esta corte, o ato que implica na redução de proventos é
de efeitos concretos, razão pela qual a impetração de
mandado de segurança contra tal ato deve ocorrer no prazo
legal de cento e vinte dias, sob pena de decadência.
Ressalva do entendimento da relatora. 2. A decadência,
matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de ofício em
sede de recurso ordinário. Precedentes. 3. Processo extinto
com julgamento do mérito. (STJ – ROMS 200201435897 – (15463)
– SC – 6ª T. – Relª. Min.Maria Thereza de Assis Moura – DJU
19.11.2007 – p. 00291)

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Também assim vem entendendo este Colegiado


Administrativo em diversos de seus julgados.

Portanto, em razão da competência desta instância


administrativa julgadora para apreciar de ofício a questão
da decadência de eventuais créditos tributários lançados na
ação fiscal, assim passamos a proceder.

A decadência em matéria tributária possui regime


jurídico próprio, e é regida, por delegação constitucional
(CF, art. 146, inciso III, alínea ‘b’), pelo Código
Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu


regras sobre o comentado instituto jurídico (decadência), em
vista, precipuamente, da modalidade de lançamento adotada
para cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento


por homologação, ao qual está sujeito o ICMS, o prazo
decadencial é regido pelo 4º do art. 150 do CTN, cuja
redação se transcreve:

Art. 150. (...)

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5


(cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador;
expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Assim, em sendo o marco inicial do prazo


decadencial fixado, em lei, pela ocorrência do fato gerador,
ou seja, pela realização no mundo fenomênico da hipótese
normativa contida na regra matriz de incidência tributária,
o que se efetiva com a saída da mercadoria do sujeito
passivo (saída do gás para Sergipe), deduz-se que observados
05 (cinco) anos sem que o Fisco se pronuncie sobre os
procedimentos/recolhimentos fixados no caput e demais §§ do
citado art. 150, estariam estes tacitamente homologados,
logo, decaída a faculdade da autoridade fazendária de revê-
los. Isto diante da extinção do crédito, por homologação
tácita, na dicção dos citados dispositivos legais.

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Sobre o assunto cumpre atentarmos para a sempre


abalizada lição de JOSÉ EDUARDO SOARES DE MELO, para quem
“tendo sido realizados os fatos geradores do IPI, ICMS, ISS,
Cofins, PIS, o Fisco só poderá efetuar o lançamento no prazo de
cinco anos contados de cada fato, ou período de apuração (mensal,
se for o caso). Tendo a empresa vendido mercadorias em 20 de
setembro de 2001, sem considerar o ICMS, o Fisco só poderá lançar
este tributo dentro de cinco anos contados a partir de 1º de
outubro de 2001, com termo final em 30 de setembro de 2006.” 1.

No caso em apreço, em tendo sido o sujeito


passivo, ora Recorrente, notificado da lavratura do auto de
infração em 07 (sete) de julho de 2006 (dois mil e cinco) 2 ,
tem-se como consectário que eventuais créditos tributários
apurados em 1999 e 2000 estão decaídos, logo, extintos, na
esteira do art. 156, inciso V, do CTN.

Isto posto, ACORDÃO OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO


CONSELHO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
integrando as razões acima às da instância singela, conhecer
do reexame de ofício, para negar-lhe provimento.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 05 de março


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

1
In Lançamento Tributário e Decadência. Dialética. Fortaleza: 2002, p. 361.
2
“Até que o sujeito passivo seja notificado, o auto de infração carece de eficácia, como título
hábil para afastar a decadência do direito de constituir o crédito tributário.” (REsp
73.594/PR. STJ, 1ª T, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. DJU 04.03.96)

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-009229/2004
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 009785 de 13/04/2004
AUTUADA: DUMONT BEBIDAS LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 056/2013

Ementa: Recurso de ofício. Redução da


penalidade descrita no art. 79 da lei
n. 5.900de 1996. Penalidade mais
benéfica ao contribuinte Art. 106, II
“C”. Recurso conhecido e improvido.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a decisão


singular nº 18.433/2001. Esta, por sua vez, julgou pela
procedência parcial do lançamento do crédito tributário do
Auto de Infração em epigrafe.

No referido Auto de Infração, consta que a empresa


recorrida deixou de recolher ICMS incidentes sobre as
exportações, assim foi determinando o recolhimento de R$
50.113,03(cinquenta mi, cento e treze reais e três centavos)
sendo imputada a multa descrita no art. 79 da lei nº 5.900/96,
que a época da lançamento correspondia a 100%(cem por cento)
do crédito lançado.

A Coordenadoria de Julgamento, após analisar a defesa do


contribuinte, julgou parcialmente procedente o lançamento do
crédito tributário, nos termos da ementa abaixo:

EMENTA: ICMS. Falta de recolhimento do


imposto incidente na importação de
mercadorias no estabelecimento
importador, não se comprova a
existência de qualquer medida judicial
suspendendo a exigência fiscal. Ilícito
fiscal comprovado. Redução da
penalidade, em vista de alteração
legislativa. PROCEDÊNCIA PARCIAL DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

ACÓRDÃO CTE Nº 056/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

Reexame necessário pelo Conselho


Tributário Estadual, nos termos do art.
48 da Lei Estadual nº 6.771/06 (duplo
grau de jurisdição administrativa
necessário).

Percebe-se que o lançamento foi mantido em sua


integralidade, com exceção do crédito decorrente da sanção
imposta que reduziu em razão da mudança da legislação.

Intimado o contribuinte e a representação fiscal do teor


da decisão esses quedaram silentes.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 056/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto acerca do reexame necessário da decisão nº
18.433/2012, que decidiu pela procedência parcial do crédito
tributário em tela.

Ora, quanto à aplicação da multa, deve-se observar que no


caso em liça sequer houve alteração da capitulação da multa,
pois o julgador singular manteve o art. 79 da lei nº 5.900/96,
alterando apenas o percentual da multa que passou de 100% para
50%. Logo, observando-se o princípio da retroatividade da lei
mais benéfica, previsto no art. 106, II “C” do CTN, vê-se o
acerto do julgado singular.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso, para negar-lhe provimento, mantendo a
decisão singular e, pois, pela procedência em parte do
lançamento do crédito tributário.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió, 22/02/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – Realizada em 05/03/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO N º.: SF 1500-005122/1996 – CTE 134/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 070693 de 04/10/1995
RECORRIDO: Mapel – Maceió e Peças – Ltda.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo

ACÓRDÃO Nº 057/2013

EMENTA: PROCEDIMENTO ESPECIAL. Não


conhecimento do recurso voluntário.
Art. 46 da Leil 6.771/2006

Relatório

Trata-se de recurso voluntário com a finalidade de


reformar a decisão nº. 18.282/2011 proferida pela
Coordenadoria de Julgamento, a qual entendeu pela procedência
total.

Consoante o Auto de Infração dispõe, o contribuinte


não recolheu o ICMS decorrente de substituição tributária,
pois foi constatado em operações de aquisição de mercadorias
sujeitas ao regime de substituição que não houve a retenção
antecipada do tributo devido pelo remetente.

O julgado singular ao observar que os argumentos de


defesa se prendiam exclusivamente a inconstitucionalidade da
norma que fundamente a o lançamento, entendeu pela
procedência do mesmo, sem apreciar o mérito, consoante se
observa da ementa abaixo:

EMENTA – ICMS – Obrigação principal – Falta de


recolhimento do imposto em operações de aquisição
de produtos sujeitos ao regime de substituição
tributária sem a retenção antecipada, pelo
recorrente, do tributo devido – Defesa versada em
arguição de inconstitucionalidade de legislação
infraconstitucional – Impossibilidade exame do
mérito (ex vi art. 23, §3º da Lei 6.771/06) –
Autuação PROCEDENTE.

Em sede de Recurso voluntário, o contribuinte


arguiu, primeiramente, a prescrição intercorrente, ao afirmar

Acórdão CTE 057//2013


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que a partir da lavratura do auto de infração tem inicio o


prazo prescricional, e como transcorreram mais de cinco anos
entre a constituição do crédito(04/10/1995) e a ciência da
decisão que julgou procedente o lançamento
tributário(17/11/2011), teria decorrido a prescrição
intercorrente, alega ainda que:

1. A nulidade do lançamento por vício de


forma, sob o argumento de que não foram
cumpridos os requisitos do decreto nº
35.245/1991, ao não ser identificada a
atividade econômica do contribuinte, bem
como por não constar o dia, hora e local da
lavratura;

2. O lançamento é nulo por ser baseado em


legislação revogada, ao demonstrar que a
auto de infração descreve com infringidos
os arts. 15, XIII e art. 17, III § 1º e §
2º do decreto nº 35.245/1991, os quais
foram revogados pelo art. 57 do decreto
1.147/2003;

3. As operações interestaduais de compra de


petróleo, lubrificantes e combustíveis
líquidos são imunes;

4. A multa de 100%(cem por cento) seria


confiscatória;

Ao se manifestar sobre as razões recursais a


representação fiscal afirmar que:

1. Reconhece a morosidade do trâmite


processual, porém não há norma que
reconheça a prescrição intercorrente;

2. As nulidades arguidas não preenchem as


hipóteses da norma estadual descritas no
art. 7º da lei nº 6.771/2006;

3. A norma que fundamenta o lançamento estava


em vigor quando da lavratura do auto,
portanto aplicada ao caso concreto;

4. Não há imunidade nas operações, pois as


notas fiscais não demonstram o recolhimento
do imposto pelo remetente;

Acórdão CTE 057//2013


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É o relatório

Pelo exposto, ACORDAM OS MENBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
observando que o valor do crédito tributário não ultrapassa o
valor de 400(quatrocentos) UPFAL, nos termos do art. 36 do
inciso II da Lei nº 6.771/2006, vê-se que o procedimento
aplicado ao caso em liça é o especial, portanto em atenção ao
art. 46 da Lei nº 6.771/2006, não conhecer do Recurso
Ordinário.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de março de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

Acórdão CTE 057//2013


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO: 1500-014040/11; CTE-198/12
ANEXOS: 1500-090011/09 (04 VOLUMES); 1500-021128/11; 1500-
013679/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.00947-001
RECORRENTE: A.S.DOS SANTOS - PAPELARIA
AUTUANTE: WELLINGTON VASCONCELOS DE SOUZA – Mat. 51.602
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 058/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, o autuante mencionou:
“PLANILHA COM O DEMONSTRATIVO DO DÉBITO ANEXA AO AUTO DE
INFRAÇÃO”, segundo a qual consiste no confronto de valores
fornecidos pelas Administradoras de Cartões de Crédito e os
valores efetivamente registrados a título de saídas pela
empresa autuada, conforme fls. 06 e 07.

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Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, demonstrativo do débito, DAC,
Relatórios de Movimentações Financeiras das Administradoras
de Cartões de Crédito VisaNet, Hipercard e cópias, dos
termos de início e encerramento de fiscalização, da Intimação
Fiscal de nº 7000947/002, dos Ofícios DIPLAF de Nºs. 023 a
033/2009, seguidos das Intimações Fiscais de Nºs. 56.702 a
56.713 e Extratos do Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa requer em sede de


preliminar a nulidade da autuação em razão do cerceamento de
defesa, assim como em decorrência da quebra do sigilo fiscal
sem autorização judicial.

Por ocasião da contestação da defesa, o eminente


Representante Fiscal alega que o Dec. nº. 3.724/01 instituiu
um procedimento administrativo fiscal para a “quebra” do
sigilo fiscal onde duas condições são indispensáveis,
procedimento de fiscalização em curso e indispensabilidade da
violação de dados. Condições estas observadas na presente
autuação.

Submetido o presente litígio fiscal a julgamento


por parte da instância monocrática, a mesma concluiu pela
procedência do lançamento nos termos da seguinte ementa:
“ICMS. 1. A argüição de cerceamento do direito de defesa e
contraditório será rejeitada porque os autos do PAT ficaram
disponíveis ao representante legal da pessoa jurídica. 2. As
operações de vendas com recebimento por meio de cartão de
crédito e/ou débito são passíveis de averiguações fiscais. 3.
A opção do Simples Nacional não exclui a incidência do ICMS
nas operações de saídas de mercadorias desacompanhada de
documento fiscal. 4. A instituição legal de novo critério de
apuração posterior a ocorrência do fato gerador não está
obrigado a observância do princípio da irretroatividade e da
anterioridade. 5. A circunstância material que dá ensejo a
presunção legal de saídas de mercadorias tributadas em
operação interna sem o pagamento do imposto foi devidamente
caracterizada e provada tendo embasamento na diferença de

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valores entre o relatório das Administradoras de cartão de


crédito e débito com o Extrato do Simples. 6. Não será
acolhido o tipo penal tributário sugerido do art. 83 da Lei
n. 5900/96, mas aplicada a penalidade disposta no art. 79 da
mesma Lei. 7. Lançamento do crédito tributário PROCEDENTE em
parte. 8. Reexame necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, ratificando os termos da sua defesa na
primeira instância, requerendo a nulidade do processo e da
decisão recorrida em razão da quebra ilegal do sigilo
bancário e do cerceamento de defesa.

Por ocasião das contra razões do recurso, o Fisco


insiste na manutenção da decisão recorrida, aduzindo
inclusive o seu acerto mediante a correção da tipificação da
penalidade com a aplicação do art. 97 ao invés do art. 83,
todos da Lei nº. 5.900/96.

Em síntese é o relatório.

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Voto.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração a
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 09,11,12 e 13, os fatos
típicos da infração, faz constar a falta de recolhimento do
ICMS decorrente de omissão de saídas em razão de diferença
das vendas realizadas mediante cartões de crédito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo
tempo falta de recolhimento do ICMS em razão da falta de
escrituração dos documentos fiscais relativos às operações de
saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos docs.
fiscais (Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro
próprio, apontando como embasamento legal o Art. 83 da Lei
nº. 5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de

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infrações, desde que as mesmas estivessem bastante


instruídas, o que não se verificou.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01/02/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/032/2013


PROCESSO: 1500-015694/11; CTE-281/12
ANEXOS: 1500-090667/09 (03 VOLUMES); 1500-033813/11; 1500-
020317/12
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 70.01221-001
RECORRENTE: CACAU SHOW ALAGOAS COMÉRCIO DE CHOCOLATES LTDA-
EPP
AUTUANTE: JORGE RICARDO DE SOUZA – Mat. 51.572
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 059/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, o autuante assim
consignou: “Deixou de recolher o ICMS, decorrente da omissão
de saídas relativas às operações/prestações, cujos pagamentos
foram realizados, por meio de crédito/débito, fato comprovado
através do confronto entre os valores de vendas, informados
pelas Administradoras de cartão de crédito/débito (VISANET,
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REDECARD, AMERICAN EXPRESS e HIPERCARD)/ Livro de Apuração do


ICMS (Período: 01/01/2007 a 30/06/2007) e DASN(Período:
01/07/2007 a 31/07/2009)”.

Como dispositivos transgredidos foram apontados


dentre outros, os incs. II e V do § 9º do Art. 2º e o Art.
83, todos da Lei nº. 5.900/96.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, demonstrativo do débito,
Relatórios de Movimentações Financeiras das Administradoras
de Cartões de Crédito VisaNet, Redecard, Hipercard e cópias,
da Intimação Fiscal de nº 7001221/002, do Livro Reg. de
Apuração do ICMS, dos Termos de início e encerramento de
fiscalização, dos Ofícios DIPLAF de Nºs. 023 a 033/2009,
seguidos das Intimações Fiscais de Nºs. 56.702 a 56.713, das
Declarações Anual do Simples Nacional e dos Extratos do
Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa requer em


sede de preliminar a nulidade da autuação em razão da ofensa
ao princípio da legalidade tributária, quando da aplicação da
alíquota de 17% (dezessete por cento) ao invés da alíquota
entre 1.25% a 3.95%, cerceamento de defesa, assim como em
decorrência da quebra do sigilo bancário sem autorização
judicial.

Por ocasião da contestação da defesa, o


eminente Representante Fiscal alega que a omissão de vendas
foi observada mediante confronto entre as vendas declaradas
ao Fisco pela impugnante e os valores constantes nos extratos
fornecidos por administradoras de cartões de crédito/débito,
cujo fornecimento das informações tem como embasamento legal,
o § 11, incs. I e II, do Art. 50 da Lei nº. 5.900/96.

Submetido o presente litígio fiscal a


julgamento por parte da instância monocrática, a mesma
concluiu pela procedência do lançamento nos termos da
seguinte ementa: “ICMS – PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1.

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Lançamento de ofício de crédito tributário e impositivo de


penalidade. 2. Descumprimento de obrigação tributária
principal. Omissão de saídas. 3. Revelia. 4. Supressão legal
da jurisdição administrativa fiscal pelos efeitos da revelia.
Envio dos autos à Diretoria de Representação Fiscal-DIRF,
por força do artigo 13, § 2º, da Lei nº 6.771/06.

Não obstante a recomendação para remessa dos


autos à Representação Fiscal por parte do julgador de
primeira instância, diante da suposta revelia da autuada, a
mesma não fora atendida e em ato contínuo efetivou-se a
devida notificação da empresa da decisão de piso.

Notificada da decisão, a empresa impetra recurso


para este Colegiado, reiterando o requerimento de nulidade da
autuação em razão da ofensa ao princípio da legalidade, da
amplitude da defesa, assim como em decorrência da quebra do
sigilo bancário e do cerceamento de defesa consistente no não
conhecimento da sua defesa sob o fundamento de
intempestividade da mesma por parte do julgador monocrático,
quando à luz do EDITAL-DIRAC Nº 186/2011, de 06.09.2011, a
defesa foi apresentada tempestivamente, pelo menos levando em
consideração a sua boa-fé diante dos termos do reportado
edital, segundo o qual padece de invalidez diante dos artigos
11, incs. II e III, “c” e 12, III, todos da Lei nº. 6.771/06
não comportando assim a conclusão pela revelia da autuada.

Por ocasião da contestação do recurso, A


Representação Fiscal, preliminarmente, admite erro da
Administração ao publicar o EDITAL-DIRAC Nº 186/2011,
conforme mandamento contido no Art. 12, § 1º, da Lei do PAT,
concluindo pela análise da defesa apresentada pela autuada,
apontando como dispositivo legal o Art. 14, parágrafo único,
da Lei nº. 6.771/06 e no mérito, reitera os mesmos argumentos
quando da contestação da defesa da recorrente.

Em síntese é o relatório.

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VOTO.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 13 e 14 os fatos típicos da
infração, faz constar a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das
vendas realizadas mediante cartões de crédito/débito em
confronto com as vendas efetivamente registradas e ao mesmo
tempo aponta no lançamento falta de recolhimento do ICMS em
razão da falta de escrituração dos documentos fiscais
relativos às operações de saídas, sem, no entanto,
identificar os respectivos docs. fiscais (Notas Fiscais) sem
a devida escrituração no livro próprio, indicando como
embasamento legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o
qual disciplina, in verbis: “Falta de recolhimento do
imposto, no todo ou em parte, quando os documentos fiscais
relativos às respectivas operações de saídas não estejam
escriturados regularmente nos livros fiscais próprios: MULTA
– equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do
imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

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De forma que, os atos praticados com preterição


do direito de defesa no Processo Administrativo Tributário
são nulos, conforme mandamento previsto no Art. 7º, inc. II,
da Lei nº. 6.771/06, verbis:

“Art. 7º São nulos:”

I – (...)

“II – os atos praticados e as decisões proferidas


com preterição do direito de defesa;”

Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem instruídas, o que
não se verifica.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula por vicio formal a autuação por ofensa ao
princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05/03/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 02 – REALIZADA: 18/01/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-013203/2011 e CTE nº 206/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00871-001.
AUTUADA: Zenite Almeida de Azevedo ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.38188-1
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.603/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário e reexame necessário.
AUTUANTE(S): Louise Amaral de Araújo.
RELATOR: Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho.
VOTO DE VISTA VENCEDOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS

ACÓRDÃO Nº06 /2013

EMENTA- ICMS. Obrigação


Principal. falta de recolhimento
de ICMS pelo sujeito passivo
devido à omissão de saídas
relativas às operações/prestações
realizadas nos quais os
pagamentos foram feitos pelos
adquirentes por meio de cartão de
crédito/débito ou similares,
cujos documentos fiscais
relativos a estas operações de
saídas não estavam escriturados
regularmente nos livros fiscais
próprios. Defeso ao julgador
alterar a materialidade dos fatos
narrados no auto de infração.
Nulidade da decisão recorrida.
Recurso conhecido e provido. Retorno
dos autos à primeira instância para
novo julgamento.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação fática de
não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
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crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.
Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:
art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31, I, II e art. 50, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada as penalidades previstas nos artigos 83 e 93 da Lei
nº 5.900/96.
Em síntese, a autuada apresentou defesa alegando que o
levantamento fiscal seria inconsistente, pois a empresa
estaria no regime do Simples Nacional no período fiscalizado,
estando suas vendas comprovadas por meio de notas fiscais D-
1.
A autoridade fiscal, em sede de contrarrazões, afirma
que o conjunto probatório trazido pela fiscalização comprova
que os pagamentos das vendas por via de cartão de
crédito/débito foram muito maiores que os montantes de vendas
declarados pelo contribuinte.
Proferida a Decisão nº 18.603/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A opção do sujeito


passivo em determinado período em fazer
o recolhimento de tributos por meio do
Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS nas operações de saídas de
mercadorias desacompanhada de documento
fiscal. 2. Não procede a alegação do
sujeito passivo uma vez que todas as
vendas com documento fiscal e declaradas
no Extrato do Simples Nacional foram
consideradas e subtraídas do montante
recebido pelas Administradoras de
Cartões. 3. A circunstância material que
deu ensejo a presunção legal foi provada
com a juntada de cópia do Extrato do
Simples, e dos documentos recebidos das
Administradoras de Cartões, de onde
foram extraídos e confrontados os
valores que resultou na Base de Calculo
omitida do ICMS não recolhido. 4. Não
será acolhido o tipo penal tributário

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sugerido do art. 83 da lei 5.900/96,
aplicação da penalidade disposta no art.
79 da mesma Lei. 5. Lançamento do
crédito tributário PROCEDENTE em parte.
6. Reexame necessário para o Conselho
Tributário Estadual.

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimado da decisão supracitada, por via de Recurso
Ordinário, a autuada pede a nulidade ou a “insubsistência”
tanto do auto de infração quanto da decisão de piso devido à
falta de comprovação material do ilícito fiscal, não havendo
fato gerador nem multa a serem cobrados. Também há de se
considerar os créditos pertinentes às entradas e os
antecipados já pagos.
Em resposta, pedindo pela procedência da ação fiscal, o
Representante Fiscal argumenta que pelo acervo probatório
acostado nos autos ficou constatada a presunção legal de
falta de recolhimento do imposto pelas saídas de mercadorias
tributáveis sem a documentação fiscal correspondente,
conforme confronto de informações declaradas pelo autuado e
os fornecidos pelas administradoras de cartão de
crédito/débito. Além do que o sujeito passivo não trouxe
provas que afastasse a acusação e crédito tributário aqui
cobrado.
É o relatório.

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VOTO

Tratando primeiramente do recurso ordinário, correta


está a defesa recursal colocada pelo contribuinte ao afirmar
a falta de comprovação da materialidade posta na decisão a
quo, o que implicaria em sua nulidade.

Isso porque a descrição fática narrada na peça inicial


é o não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas
de mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios” (grifo nosso) (pg.
02 do processo principal).

O que se extrai do lançamento de ofício é que no plano


dos fatos existiam notas fiscais relativas a essas operações
e que elas não foram escrituradas nos livros próprios. Até
porque só se pode escriturar notas fiscais já emitidas

Tal fato tem sua individualidade bem delineada,


inclusive com seu correspondente abstrato previsto na norma
do art. 83 da Lei nº 5.900/96 1

Porém o que se vê na decisão de piso é que houve


alteração da realidade material, uma nova descrição dos fatos
imputados ao contribuinte pelo julgador monocrático, quando
afirma que “... os documentos fiscais das operações de saídas
não escriturados regularmente nos livros fiscais mencionados
na descrição fática se referem aqueles documentos que
deixaram de ser emitidos e escriturados em razão da omissão
de receitas...”. Ou seja, diversamente do exposto na peça
vestibular, onde haveria a existência de documentos fiscais,
o julgador de piso conclui que não houve a emissão das notas
fiscais quando da ocorrência das operações em que incidiriam
o ICMS.

1
Art. 83 - Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os documentos fiscais relativos às
respectivas operações de saídas não estejam escriturados regularmente nos livros fiscais próprios:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.

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Não cabe ao julgador dar nova interpretação ao fato
material em que se baseia o lançamento de ofício. Pode sim
configurar definição jurídica diversa da que constar no auto
de infração. Uma decisão administrativa que altera
materialidade dos fatos lançados de ofício agride os
princípios da segurança jurídica e da legalidade 2, além de
ocorrer arbitrariedade e cerceamento de defesa em prejuízo ao
contribuinte 3.

Temos aqui que o livre convencimento do julgador não


pode ser confundido com arbítrio para modificação da
realidade dos fatos. Como bem leciona Neder e Lopez 4:
“Afinal, o contribuinte não se defende da capitulação legal
da infração e sim, da descrição fática, dos fatos, nela,
narrados”.

Tanto é assim que a lei que rege o nosso processo


administrativo tributário claramente proíbe que o julgador
modifique as circunstâncias matérias que originaram o auto de
infração 5.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por maioria de votos,no sentido de
conhecer do recurso ordinário dando-lhe provimento, de forma
que, à luz do Art. 7º e 30, da Lei nº. 6.771/06, a decisão
prolatada pelo julgador monocrático é nula por alterar a
materialidade dos fatos narrados no auto de infração nº
70.00871-001. Pelo motivo da nulidade da decisão, também
acordam pelo não conhecimento do reexame necessário.

2
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade, da verdade material, da
ampla defesa e do contraditório, sem prejuízo de outros princípios de direito.
3
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
...
4
Marcos Vinícius Neder, Maria Teresa Martinez Lópes. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3ª
ed. São Paulo: Dialética, 2010. Pg 285.
5
Art. 30. Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em que se fundou o ato original de
constituição do crédito tributário, poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da que
constar no auto de infração, inclusive relativamente: (grifo nosso)
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Intime-se a recorrente e em seguida retornem os autos à
primeira instância para uma nova decisão, observando que a
lei que rege o nosso processo administrativo tributário
claramente proíbe que o julgador modifique as circunstâncias
matérias que originaram o auto de infração.

Ressalva-se que os Conselheiros Álvaro Almeida Filho e


Luciano Maya Gomes concordam com as razões acima delineadas,
entretanto, em atenção ao art. 249, p. 2º, do CPC, entendiam
desde já pela possibilidade do julgamento do mérito do
lançamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 18 de janeiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUUR LOPES DE ALMEIDA


PRESIDENTE(acompanhou voto de vista) RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR(voto de vista vencedor)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR(acompanhou relator) JULGADOR(acompanhou voto de vista)

CTE Nº06/2013 6
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 09 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 05/03/2013


PROCESSO: 1500-018816/2001 E CTE 556/2011.
ANEXO(S): 1500-021673/2001 E 1500-001224/2003.
AUTO DE INFRAÇÃO: 067439.
AUTUADA: L F TELEINFORMÁTICA LTDDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.98242-8-6
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.346/11.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE(S): MARIA DAS GRAÇAS T. CORTEZ.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 060/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Omissão de entradas e saídas de
mercadorias apurada através de
levantamento físico de estoque. Valor
excluído em julgamento singular não
excede a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL. Remessa necessária não
conhecida. Decisão de piso mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração do lançamento de crédito
tributário composto de imposto e multa originariamente no
valor de R$ 4.418,31 (quatro mil, quatrocentos e dezoito
reais e trinta e um centavos), pelos fatos de, em tese, o
sujeito passivo, conforme levantamento específico de estoque
no exercício de 2000 e no período entre 01/01/2001 e
25/06/2001, ter adquirido e vendido mercadorias tributáveis
sem documentação fiscal.
Foram considerados infringidos o art.50, I da Lei
5.900/96 e o art. 49, II, III e IV do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto n.º 35.245/91. Aplicaram-se as
penalidades dos art. 84 e 97 da Lei 5.900/96.
Instruem os autos, como provas principais da infração:
cópia dos termos de inicio e encerramento de fiscalização
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lavrados em livro fiscal próprio, demonstrativo do débito,
planilhas de “Controle Físico de Estoque de Mercadorias”
relativas aos exercícios de 2000 e 2001, relatórios de
Movimentação de Mercadorias referentes às entradas e saídas
no período fiscalizado, Termo de Contagem de Estoque, lavrado
em 21 de junho de 2001, cópia do Livro Registro de Inventário
relativo ao final do exercício de 2000.
Em sua defesa, o contribuinte requer diligência, pois o
levantamento fiscal feito conteria diversas irregularidades,
embasando tal argumento, em síntese, nos seguintes fatos:
1. No levantamento físico de estoque de 2000, a
fiscalização considerou 07 (sete) aparelhos
celulares kit fone Gradiente Chroma adquiridos
pela nota fiscal nº 58112 e 07 (sete) aparelhos
Gradiente Chroma vendidos sem nota fiscal, sendo
que são o mesmo produto, o que regularizaria o
saldo de estoque dele cobrado;
2. Houve problemas nas referências de notas fiscais e
seus produtos relacionados, listando diversos
casos nesse sentido, que influenciariam nas
quantidades encontradas no levantamento fiscal;
3. Ocorreram vendas e aquisições de mercadorias com
notas fiscais lançadas nos livros fiscais e
descriminadas na impugnação que não foram
consideradas;
4. Ocorreram erro de estoque final em 2000 e 2001
relativos às capas de celular Chroma ca 7000
Em breve resumo, nas contrarrazões, a autuante revisa o
lançamento e responde da seguinte maneira:
1. O contribuinte não apresentou nenhum documento que
comprovasse a igualdade dos celulares defendida
pelo sujeito passivo ;
2. Corrigiu o lançamento em relação à diferença do
item 6 da planilha de 2000, e que o restante do
levantamento desse ano está correto;
3. Corrige, como defendido pelo contribuinte, também
alguns itens do período fiscalizado de 2001, e
acrescenta outros;
4. O estoque final encontrado em 2001 foi ratificado
pelo sujeito passivo no termo de contagem.

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Depois da juntada de novos documentos pelo autuado,
onde se destaca a Declaração emitida em nome da Norteldata e
Celular Brasil, sobre os celulares Ericsson T18 e Chorma
Gradiente TD-700, a autoridade fiscal, outra diferente da que
lançou originariamente de ofício, se manifesta pela preclusão
da apresentação desses documentos.
Em três diligências requisitadas pela Coordenadoria de
Julgamento, no sentido de revisão de itens, análise de
documentos apresentados pelo contribuinte, obtenção de
declarações de fabricantes de celular para melhor
identificação destes, juntada de notas fiscais mencionadas na
defesa e nas contrarazões, comprovação dos preços unitários
dos produtos objeto da autuação, e intimação ao contribuinte,
ocorreu como resposta um aditamento ao auto de infração,
passando o crédito tributário cobrado para R$ 4.924,73
(quatro mil, novecentos e vinte e quatro reais e setenta e
três centavos), sendo apensas novas planilhas do “Controle
físico da mercadoria” e a efetivação da intimação da revisão
do lançamento.
Decidiu, então, com o nº 18.346/11, a julgadora
singular pela improcedência do auto de infração. A decisão
foi ementada da seguinte forma:

EMENTA: ICMS – (1) Aquisição de


mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais. (2) Não recolhimento
de ICMS por omissão de saídas de
mercadorias tributáveis. (A)
Inexistência de provas a sustentar as
conclusões encontradas, não contendo os
autos as cópias das notas fiscais
relacionadas nos autos a demonstrar as
conclusões apontadas pelos servidores e
a base de cálculo da exigência
tributária. (B) Por se tratar de
elemento constitutivo do lançamento,
cabe a prova acerca dos fatos à Fazenda
Estadual nos termos do art. 142, da Lei
Federal 5.172/66 - Código Tributário
Nacional; e art. 49, da Lei Estadual
4.418/82 - Código Tributário do Estado
de Alagoas, respondendo esta pelo ônus
de sua não produção, nos termos do art.
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333 da Lei Federal 5.869/73 - Código de
Processo Civil. (C) Lançamento
IMPROCEDENTE. (D) Remessa dos autos ao
Conselho Tributar Estadual para reexame
necessário, nos termos do art. 48, I, da
Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada, não se manifestando, e a


Comissão de Representação Fiscal dado ciência da Decisão
Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 18.346/11,
de Primeira Instância, conforme disposto no art. 48, I da Lei
nº 6.771/06.
Em sede preliminar, compulsando os autos, constata-se
que não é possível o reexame necessário por essa Corte
Administrativa. Embora tenha constado da ementa e da parte
dispositiva do julgado o reexame necessário do lançamento de
ofício, a Fazenda Estadual, pela Decisão nº 18.346/11, restou
sucumbente em importância pecuniária que não excedeu, na data
da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas – UPFAL - (art. 48, I e § 2º, II, da Lei nº
6.771/2006) 1.
Também não houve impetração de Recurso Ordinário por
parte do sujeito passivo no prazo legal, conforme facultado
pela referida decisão singular ao contribuinte.

1
Lei 6.771/06:
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário: (NR)
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância; (NR)
...
§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica: (AC)
...
II - quando a importância pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor limite.
ACÓRDÃO CTE Nº 060/2013 Página 4
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Logo, o feito NÃO está abrangido pela competência do
Conselho Tributário do Estado de Alagoas.
Diante do exposto, bem como do dispositivo acima
elencado, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não conhecer
do reexame necessário em tela, mantendo a decisão de piso.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 05 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 060/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 10- Realizada em 08/03/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO N º: SF 1500-019571/2001
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 013405 de 12/07/2001
RECORRIDO: P. J. DOS SANTOS SILVA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 061/2013

EMENTA- ICMS – Lançamento de ofício de


crédito tributário. Ausência de Provas.
Impossibilidade de caracterização do
Ilícito Fiscal. Recurso de Ofício
conhecido e improvido. Decisão Singular
mantida.

Trata-se de reexame necessário da decisão


administrativa nº 18.618/2012, que julgou pela procedência
parcial lançamento do crédito tributário constante do Auto de
Infração em epígrafe, que em sua descrição fática o
contribuinte não teria escriturado o livro de registro de
inventário do exercício de 2000, e extraviado os livros
fiscais de registro de entrada e saída e de apuração do ICMS.

Com base na descrição acima, fora lançado o crédito


tributário no valor de R$ 16.858,40(dezesseis mil, oitocentos
e cinquenta e oito reais e quarenta centavos).

Regulamente notificada, a contribuinte apresentou


defesa, enquanto a autoridade autuante defendeu a manutenção
do lançamento. Ao analisar os autos a coordenadoria de

1
Acórdão CTE 061/2013
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julgamento, por sua vez, entendeu pela procedência parcial,


consoante se depreende da ementa abaixo:

EMENTA: ICMS. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. 1. Imposição de


penalidade por descumprimento de obrigação tributária
acessória. 2. Não escrituração do livro fiscal de
Registro de Inventário e extravio dos livros Registro de
Entrada, Registro de Saídas e Apuração do IMCS, de
numeração 01. 3. Demonstrado somente a não escrituração
do livro. 4. Ausência de provas com relação ao extravio
de livros fiscais. 5. Devida aplicação da penalidade pela
não escrituração de livro fiscal. 6. Acertamento do valo
da multa. 7. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE. 9. Reexame
necessário.

VOTO

Como não há recurso voluntário, em face da


procedência parcial do lançamento, e observando que não é
hipótese de pedido de recisão decisão, através da
representação fiscal, nos termos do art. 51 da lei nº
6.771/2006, resta realizar o reexame da parte da decisão que
julgou improcedente o lançamento.
Observa-se que o julgador singular ao afasta a
acusação de extravio de livros fiscais, sustenta seu
posicionamento no fato de não haver provas que demonstrem que
os livros realmente existiam, pois apenas foram juntadas
cópias dos termos de abertura dos livros fiscais.
Outro ponto, que demonstra o acerto do julgado
singular, é a ausência de regular intimação para apresentação
dos livros, ora, realmente não como presumir o extravio de
livros, quando o contribuinte não é intimado para apresenta-
los, portanto não há provas da infração excluída pelo julgador
singular.

O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente


ao processo administrativo tributário, prescreve em seu art.
333, I, que o autor é responsável pela produção da prova
quando buscar demonstrar o fato constitutivo do seu direito,
nos seguintes termos: art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

2
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I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do


seu direito;

No caso em deslinde, como já explicitado, seria


necessário intimar o contribuinte para apresentar os livros e
assim presumir o extravio, portanto não há como transferir
esse ônus ao contribuinte, já que sequer foi intimado para
apresentar os livros fiscais. Neste passo se depreende do
RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos


documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Ora, diante das normas acima, é bastante dizer que


referido ônus de juntar os documentos necessários para
corroborar a infração indicada recai sobre o fisco, haja vista
que alegou suposto ato constitutivo de um direito da Fazenda,
qual seja, o crédito tributário. Lastreia-se, assim, a
irregularidade fiscal presente.
Em razão do exposto, vê-se que a autoridade fiscal
falhou no que diz respeito à instrução probatória da parte
julgada improcedente e ora em análise.

Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a


infração consubstanciada, há, pois, a necessidade de que
demais cópias dos documentos fiscais sejam acostadas a fim de
dirimir as dúvidas concernentes às supostas divergências de
informações apresentadas.

Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de


Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera da


tributação, por exemplo, exigem que a relação
obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese de
incidência tributaria, razão pela qual faz-se
imprescindível que tanto os atos de lançamento e de
aplicação de penalidades como as decisões proferidas no
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curso de processo administrativo tributário sejam


pautados em provas. É mediante a linguagem das provas que
se alcança a verdade lógica...” 1

Pelas razões acima, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame e manter a decisão recorrida, que
considerou PROCEDENTE EM PARTE a ação fiscal

Sala de Sessões do CTE, em 18/01/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A, FILHO


JULGADOR JULGADOR

1
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros
Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 10 – Realizada em 08/03/2013


PROCESSO N º.: SF 1500-016491/2006
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.51247-001
RECORRENTE: Liga Metal Comércio e Representações Ltda
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
VOTO VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 62/2013

EMENTA: ICMS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO


DE NOTAS FISCAIS RELATIVAS AO
EXERCÍCIO ANTERIOR NO LIVRO
PRÓPRIO. PROVAS DA INFRAÇÃO
MEDIANTE IDENTIFICAÇÃO DO
RESPECTIVO FORNECEDOR, ALÉM DAS
CÓPIAS DOS DOCS. FISCAIS E DO LIVRO
REG. DE ENTRADAS. INVERSÃO DO ÔNUS
DA PROVA PARA O CONTRIBUINTE NOS
TERMOS DO ART. 333, INC. II DO CPC.
RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO SINGULAR MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso voluntário, visando a reforma da


decisão administrativa nº 18.552/2012 proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, a qual se posicionou pela procedência do lançamento
do crédito tributário constante do Auto de Infração em epigrafe, nos
termos a ementa abaixo:

EMENTA: ICMS. FALTA DE ESCRITURAÇÃO DE MERCADORIAS


REALIZADAS EM EXERCÍCIOS ANTERIORES. 1) Incidência da
norma veiculada no art. 2º, § 9º, II, da Lei Estadual nº
5.900/96. 2) Viabilizados ao sujeito passivo o
contraditório e ampla defesa, sob a perspectiva da
disposição normativa invocada. 3) Ilícito fiscal
comprovado. 4) PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

De acordo com a descrição apresentada no Auto de Infração


1
Acórdão CTE nº 62/2013
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a recorrente “Deixou de escriturar no Livro de Registro de Entradas


de Mercadorias documentos(s) fiscal(ais) referente(s) a entrada(s)
tributáveis realizadas em exercícios(s) anteriores(s) a este,
conforme abaixo discriminado.”, segundo a descrição dos fatos as
notas não registradas foram emitidas pela empresa BOEHLER THYSSEN
TÉCNICA DE SOLDAGEM LTDA, durante específicos meses dos exercícios
de 2002 e 2003, sendo portanto lançado um crédito tributário no
valor de R$ 247.112,04(duzentos e quarenta e sete mil, cento e doze
reais e quatro centavos), sendo R$ 82.370,68(oitenta e dois mil,
trezentos e setenta reais e sessenta e oito centavos) relativos ao
ICMS e o restante à multa de 200%(duzentos por cento) aplicada nos
termos do art. 107 da lei nº 5.900/96.

Por oportuno, transcreve-se o relato da decisão recorrida


a partir da síntese da impugnação até o fim da instrução para
decisão da coordenadoria de julgamento, nos seguintes termos:

5. A autuada apresentou impugnação ao feito em 03/08/2006, conforme inicial do Processo SF


1500-019757/2006 (processo anexo), pugnando-se nulidade do feito fiscal, arguindo, em
substância: a) que teria havido cerceamento do direito de defesa, por não ter sido feita as
juntadas das vias das Notas Fiscais retiradas na repartição de fronteira, e dos canhotos do
recebimento das mercadorias, com data de recebimento mais identificação e assinatura do
recebedor, o que configura infração ao art. 889-B do RICMS/91, porque a infração não teria
sido descrita de forma “precisa”; b) que se caracterizaria, por consequência, ofensa ao devido
processo legal, à ampla defesa e ao contraditório; c) que não constaria nos autos nem uma
prova clara de que teria havido a entrada em seu estabelecimento relativamente às mercadorias
constantes nas Notas Fiscais arroladas no feito, questionando a materialidade do lançamento, e
aduzindo que teria havido descumprimento no que concerne à previsão do art. 891,V, do
RICMS/91, porquanto, segundo afirma, o autuante teria baseado a ação fiscal em documento
do arquivo do emitente, ou seja, nas vias das Notas Fiscais reservadas para arquivo do
emitente, “quando deveria fazer a juntada das vias das Notas Fiscais retiradas pelo posto
fiscal de fronteira do estado onde está estabelecido o adquirente ou destinatário das
mercadorias, ou os CTRC nas transportadoras credenciadas com a identificação e assinaturas
de quem recebeu e conferiu as mercadorias por quem realmente recebeu as referidas
mercadorias e cópias dos documentos que comprovam os pagamentos das duplicatas referente
a aquisição das mercadorias, para que proporcionem plena e clara convicção da
materialidade da inflação a Legislação Tributária” (sic; fl. 09 dos autos do processo anexo).
6. A Fiscalização Estadual, em sede de contrarrazões, por meio do agente fiscal que
promoveu o lançamento, rechaça as alegações da defesa, na forma do excerto a seguir
transcrito “ipsis verbis” (fls. 19 e 20 dos autos do processo anexo): “A prova maior de que o
contribuinte adquiriu as mercadorias são as cópias das Notas Fiscais constantes dessa
autuação, todas em seu nome, endereço e telefone do Sr. Genival, que é um dos sócios
gerentes da LIGA METAL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA. / Todas as Notas
Fiscais foram enviadas pelo remetente, via SEDEX, (cópia) folha 125 do processo. / Vale
ressaltar que todas mercadorias foram adquiridas da empresa BOEHLER THYSSEN
TÉCNICA EM SOLDAGEM LTDA, sediada em São Paulo – SP, e constatamos quando da
fiscalização, que resultou nessa autuação, que em média 70% do total de compras mensais
registradas no seu livro de entradas, referente ao período fiscalizado, foram efetuadas da
empresa supracitada. Daí temos a certeza que essas mercadorias foram mesmo adquiridas
pela empresa LIGA METAL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.” (sic)
7. Aportando o processo na Coordenadoria de Julgamento, foi solicitado o saneamento
processual, mediante “Requisição de Diligência n° 104/2007” (fls. 23 a 24 do processo anexo),
especificamente para apensação de elementos probatórios do recebimento, por parte da
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autuada, das mercadorias constantes Notas Fiscais de cópias acostadas nos autos, e intimação
da autuada para fazer prova das providências tomadas relativamente à negativa da condição de
adquirente dessas mercadorias.
8. Retornando à instância julgadora sem solução, foram emitidas as “Requisições de
Diligência” 038/2008 e 047/2009 (fls. 31 e 41 do processo anexo), reiterativas da “Requisição
de Diligência n° 104/2007”.
9. Não tendo sido obtida resposta adequada, e sobrevindo inovação legislativa de
natureza procedimental, a primeira instância, valendo-se da “Requisição de Diligência n°
139/2011” (fl. 48 dos autos do processo anexo), requestou a intimação do sujeito passivo “para
fazer prova da improcedência da presunção firmada a partir do art. 2°, § 9°, II, da Lei Estadual
n° 5.900/96 – presunção da ocorrência de operações internas, tributadas, sem pagamento do
imposto, a partir da omissão do registro referente à entrada onerosa das mercadorias, originada
em documento por outro sujeito passivo – restaurando-se, com a intimação, o devido processo
legal”.
10. Em atendimento à “Requisição de Diligência n° 139/2011”, a Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário – DIRAC, emitiu a “Notificação 296/2011” (fls. 61, 63 e 65
do processo anexo), encaminhada ao estabelecimento da pessoa jurídica e aos endereços dos
sócios.
11. Na sequência, tem-se a anexação de cópia do “Edital DIRAC n° 269/2011”,
emitido para mesmo fim intimatório (fl. 72 dos autos do processo em anexo).
12. Transcorrido o prazo para manifestação do sujeito passivo sem pronunciamento de
sua parte, forma os autos encaminhados a esta Coordenadoria de Julgamento, por conduto do
“Despacho DIRAC n° 056/2012”, de 02/02/2012 (fl. 77 do processo anexo).

Regularmente intimado da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, o contribuinte apresenta, tempestivamente, recurso
ordinário, alegando em síntese que:

a)O lançamento decorre do procedimento fiscal, através do


qual foi solicitada da recorrente seus livros, notas de entradas e
saída, duplicatas, documentos de arrecadação, balanço patrimonial,
e, ao mesmo tempo, foi requerido à empresa Boehler Thyssen Técnica
de Soldagem Ltda., as notas emitidas para a recorrente durante
01/01/2002 a 31/12/2003.

b)O julgador singular “desde de setembro de 2007”


apresenta requisições de diligências com a finalidade de comprovar o
ingresso das mercadorias em Alagoas e no estoque da recorrente, o
que demonstra que as provas dos autos não são capazes de comprovar a
infração;

c) As notas fiscais anexas aos autos não comprovam o seu


ingresso no Estado de Alagoas, pois não há carimbo do posto fiscal,
nem sequer o recebimento da recorrente;

d) Em fevereiro de 2010 foi sugerido o arquivamento dos


autos até que a SEFAZ-SP atendesse a diligência solicitada;

e) Não resta provado nos autos que a recorrente recebeu


as mercadorias, já que as notas apresentadas correspondem à segunda
via, proveniente do arquivo da recorrente e, portanto, não comprovam
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Acórdão CTE nº 62/2013
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o ingresso no Estado de Alagoas e sequer no estabelecimento da


recorrente;

f) Caberia a Sefaz-AL requisitar no seu próprio sistema a


prova do ingresso da mercadoria no Estado;

g) O comando do art. 2ª, § 9º da Lei nº 5.900/96 não é


norma processual e sim material, portanto estaria “equivocada a
interpretação” do julgador singular ao aplicar a lei ao presente
caso, pois a alteração ocorreu em 2008, enquanto o período do fato
gerador compreende alguns meses dos exercícios de 2002 e 2003;

h)A presunção apenas pode ser admitida quando existir um


fato certo, enquanto no caso dos autos não há certeza da omissão do
registro das mercadorias, pois não restou provado sua entrada no
Estado nem na empresa;

Encaminhado os autos à representação fiscal, a mesma ao


contrarrazoar o recurso defendeu a manutenção da decisão recorrida,
nos seguintes termos:

a) O contribuinte deixou de escriturar no livro de


registro de entrada de mercadorias notas relativas à mercadorias
tributáveis;

b) É “totalmente admissível” a presunção sustentada


pela decisão recorrida, nos termos da legislação aplicada;

c)Restou provado o descumprimento da obrigação


acessória, pois não foram escriturados corretamente o livro de
registro de entrada de mercadorias;

É o relatório

VOTO DISSIDENTE VENCEDOR

A regra geral do ônus da prova compete ao autor, quanto ao fato


constitutivo do seu direito, como bem afirmou o eminente relator no seu voto, tendo como
respaldo legal para tanto, o inc. I, do Art. 333 do CPC.

No entanto, atentando-se para a descrição dos fatos constante da peça


vestibular dos autos, o autuante não só apontou o emitente das notas fiscais destinadas ao
estabelecimento da autuada, mais também, a discriminação das respectivas notas fiscais,
conforme fls. 11/12, além das cópias das referidas notas fiscais e do próprio Livro Reg. de
Entradas (fls. 13 usque 99,vol.01 e fls. 101/124, vol. 02)

Portanto, é de se concluir que as referidas infrações estão devidamente


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Acórdão CTE nº 62/2013
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caracterizadas diante da identificação da empresa emitente dos docs. fiscais, assim como
diante das cópias dos documentos fiscais, acarretando assim a inversão do ônus da prova,
conforme previsão do inc. II, do Art. 333 do CPC. Logo, competiria a empresa recorrente
buscar provas junto ao fornecedor e apresentá-las no sentido de elidir a pretensão do Fisco, o
que não fez, limitando-se a afirmar que não restou comprovado o recebimento das
mercadorias, até porque, seria mais cômodo, menos oneroso com relação ao mesmo encargo
atribuído ao Fisco.

Ante o Exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos,
conhecer do recurso para negar-lhe provimento, mantendo a
decisão singular.

Sala de Sessões do CTE., em Maceió, 08 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


VOTO VENCEDOR JULGADOR (Votou Contra Relator)

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Acórdão CTE nº 62/2013
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 10 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/03/2013


PROCESSO: 1500-006179/2007 e CTE 354/211.
ANEXO(S): 1500-009111/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00069-001.
AUTUADA: DISTRIBUIDORA SANTA CLARA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04544-4.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.857/2011.
ASSUNTO: Reexame necessário.
AUTUANTE(S): Manoel Alves Feitosa Filho.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº063 /2013

EMENTA- ICMS.Mercadoria entrada


como bonificação, brinde ou doação.
Falta da 1ª via da nota fiscal.
Multa reclassificada pelo Julgador
singular. REEXAME NECESSÁRIO. VALOR
EXCLUÍDO PELO JUÍZO SINGULAR
INFERIOR A 400 UPFAL. NÃO
CONHECIMENTO DA REMESSA NECESSÁRIA.
DECISÃO SINGULAR MANTIDA.

RELATÓRIO
Trata-se de Auto de Infração, lavrado contra a empresa
DISTRIBUIDORA SANTA CLARA LTDA., já devidamente qualificada,
que tem por objeto a cobrança de crédito tributário, composto
de imposto e multa, no valor total de R$ 19.681,11 (dezenove
mil e seiscentos e oitenta e um reais e onze centavos).
Alega o autuante que a autuada utilizou crédito
indevido decorrente de:

Acórdão CTE Nº 063/2013 1


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a) notas fiscais registradas fora do prazo, sem a
autorização da SEFAZ;
b) registro superior ao constante do documento fiscal;
c) mercadoria sujeita à substituição tributária;
d) mercadoria entrada como bonificação, brinde ou
doação;
e) documento fiscal emitido por ME ou EPP;
f) falta da 1ª via da nota fiscal; e
g) nota fiscal inidônea (utilizando selo fiscal
autorizado para outro contribuinte.
Atribuída infração aos artigos: 39, § 2º, c/c com o
caput do 34, e o 93, da Lei nº 5.900/1996, com as alterações
da Lei nº 6.348/2002, 35 e 36, da Lei nº 5.900/1996, alterada
pela Lei nº 5.979/1997 c/c o 207, inciso IX, 250, 251, 275,
280, § 2º, 774, inciso VII e 971, todos do Regulamento do
ICMS aprovado pelo Decreto nº 35.245/1991. Como penalidade,
foi aplicada a prevista no artigo 93 da Lei nº 5.900/1996.
Inconformada com a infração imputada, a autuada
contesta aduzindo, basicamente, que:
a) as notas fiscais nºs 000679, 000710, 011614, 039642,
001702, 438146, 438147 foram registradas dentro do prazo;
b) em relação às notas fiscais 002260 (emitida por J B
da Silva Alimentos) e 000228 (emitida por José Carlos dos
Santos Irmãos), a alegação não tem consistência, visto que
cabe a DMT, juntamente com a DICAD, a fiscalização e não a
autuada;
c) a empresa Comercial Novo Brasil não é cadastrada
como ME e nem como EPP;
d) no que diz respeito à utilização de crédito relativo
à mercadoria - “sidra valenciana - maçã” e “álcool” - sujeita
a substituição tributária, que o produto é sujeito a este
tipo de tributação;
e) no que tange ao crédito proveniente de
“bonificação”, remete ao art. 664/665 do Regulamento
doICMS/AL.

Acórdão CTE Nº 063/2013 2


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Pede, ao final, que seja desconsiderado o lançamento de
ofício.
Nas contra-razões, o autuante alega que:
a) a escrituração deve ser realizada dentro do período,
mês a mês, e ainda, o documento só tem validade de 24 (vinte
e quatro) horas dentro do Estado de Alagoas, por força de
legislação;
b) se a autuada pesquisasse na internet a situação
cadastral de J B da Silva Alimentos, teria visto que ela se
encontra cancelada desde 09 de janeiro de 2004;
c) quanto ao fornecedor José Carlos dos Santos Irmãos,
o mesmo não faz parte desse Processo;
d) em momento algum chamou a empresa Comercial Novo
Brasil como empresa de pequeno porte. O único caso citado
como crédito de EPP está contido na nota fiscal 000014,
emitida em 05/09/2005;
e) no que pertine à utilização de crédito de mercadoria
sujeitas a substituição tributária, a mesma afirma, de forma
incoerente, que o produto “sidra valenciana - maçã” e
“álcool”, são produtos sujeitos a este tipo de tributação,
mas contesta a autuação;
f) encerrada a fase administrativa, devem os autos
seguir para o Ministério Público.
O autuante finaliza, solicitando a procedência do
lançamento.
Proferida a Decisão nº 17.857/2011, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento,
reduzindo o crédito tributário cobrado para R$ R$ 17.579,30
(dezessete mil e quinhentos e setenta e nove reais e trinta
centavos, com a seguinte ementa:

EMENTA. ICMS. UTILIZOU CRÉDITO INDEVIDO


DECORRENTE DE:
a) notas fiscais registradas fora do
prazo, sem a devida autorização da
SEFAZ. Ilícito configurado (§ 4º, do
art. 34, e art. 55, da Lei nº
5.900/1996, c/c o art. 93 do
RICMS/1991);

Acórdão CTE Nº 063/2013 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
b) registro superior ao constante do
documento fiscal. Configurada a acusação
(§ 2º do art. 34 da Lei nº 5.900/1996);
c) mercadoria sujeita a substituição
tributária. Infração devidamente
demonstrada (§ 8º, do art. 2º, da Lei nº
5.900/1996, c/c o § 3º, do art. 280 do
RICMS/1991);
d) mercadoria entrada como bonificação,
brinde ou doação. Infração inexistente.
e) documento fiscal emitido por ME ou
EPP. Comprovado o ilícito (inciso II, do
art. 22, da Lei nº 6271/2001);
f) falta da 1ª via da nota fiscal.
Infração não demonstrada, ausência de
provas; e
g) nota fiscal inidônea (utilizando selo
fiscal autorizado para outro
contribuinte). Ilícito configurado (o
art. 34 da Lei nº 5.900/1996, c/c o 207
do RICMS/1991).
Multa reclassificada pelo Julgador.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE.
Remessa ao CTE para o Reexame Necessário
(art. 48, da Lei nº 6.771/2006).

A autuada foi intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO

Acórdão CTE Nº 063/2013 4


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________

Em sede preliminar, verifico que não foi atendido o


requisito para conhecimento da remessa necessária.
Isso porque, como dispõem o inciso II, do art. 43 e
inciso II, do §2º, do artigo 48, da Lei 6.771/2006, não serão
objeto de reapreciação pelo Conselho Tributário Estadual os
julgados singulares em que a quantia excluída, na data da
decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas) UPFAL:
Art. 43. A competência para julgamento
do processo administrativo tributário
decorrente de Auto de Infração, após
julgamento de primeira instância, é do
CTE, exceto:
...
II – na decisão contrária à Fazenda
Estadual quando a importância pecuniária
excluída não exceder, na data da
decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda


Estadual, ficam sujeitas à reexame
necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput


deste artigo não se aplica:

II - quando a importância pecuniária


excluída não exceder, na data da
decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL, podendo a regulamentação aumentar
este valor limite.

No caso aqui julgado, considerando que o montante


excluído é menor que o piso de alçada estabelecido pelas
normas acima citadas, entendemos não ser o caso em exame
hipótese de reexame de ofício.
Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não conhecer
da remessa necessária, uma vez que a quantia excluída pelo
julgado singular é inferior ao limite de 400 (quatrocentas)

Acórdão CTE Nº 063/2013 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
UPFAL previsto nos artigos 43, II e 48, §2º, inciso II, da
Lei nº. 6.771/06.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de fevereiro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE Nº 063/2013 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 10 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/03/2013
PROCESSO: 1500-005030/2009 (05 volumes) e CTE nº 29/2012.
ANEXO(S): 1500-012059/2009 (02 volumes).
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.89346-002.
AUTUADA: DISBALA – DISTRIBUIDORA DE BALAS LTDA - ME.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.04706-4
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.293/11.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE(S): Mônica Lima de Aquino.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº064/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


ICMS. Obrigação Principal. Falta de
recolhimento do ICMS antecipado de
mercadorias. Aditamento julgado
procedente. Remessa necessária não
conhecida. Decisão de piso mantida.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa
DISBALA – DISTRIBUIDORA DE BALAS LTDA - ME, já devidamente
qualificada nos autos, do lançamento de crédito tributário
relativo a imposto e multa no valor de R$ 30.627,54 (trinta
mil, seiscentos e vinte e sete reais e cinqüenta e quatro
centavos), pelos fatos de, em tese, o sujeito passivo não ter
recolhido o “ICMS ANTECIPADO” na aquisição de mercadorias
efetuada em outras unidades da Federação entre 2005 e 2007.
Imputadas as infrações ao art. 1.º c/c art. 3.º da Lei
Estadual 6.474/04 e art. 13, § 1º, XIII, “g”, da Lei
Complementar nº 123/2006, foi aplicada a sanção prevista no
art. 90-A da Lei Estadual 5.900/96.

Acórdão CTE Nº64/2013


GOVERNO DO ESTADO
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___________________________________________________________________________________________
A autuada impugna o lançamento, requerendo mais uma
oportunidade para apresentação de outras provas, já que houve
pouco tempo para analisar os autos. Alega também que todas as
notas fiscais estão carimbadas pela SEFAZ e escrituradas no
Livro Registro de Entradas. Ou, se não houve o recolhimento
antecipado, foi porque não foram incluídas pela SEFAZ na sua
cobrança corriqueira. Que já houve o pagamento de quatro
notas fiscais relacionadas pela fiscalização, citando-as e
trazendo o documento de arrecadação e o Termo de Apreensão nº
34635 como provas.
Em sede de Contrarrazões e diligência, o representante
da Fazenda Estadual responde que, com a publicação do Edital
DIRAC nº 125/2009, foi concedido mais trinta dias para a
impugnação, havendo prazo suficiente para que o autuado se
defendesse. E com relação ao termo de apreensão citado, o
mesmo se refere às notas fiscais com mercadorias sujeitas à
substituição tributária desacompanhadas da Guia Nacional de
Recolhimento Substituição Tributária – GNRS, enquanto que a
autuação diz respeito ao não recolhimento do ICMS antecipado.
Em nova diligência, o auto de infração foi aditado
devido à impossibilidade de se exigir o pagamento do ICMS
antecipado para as mercadorias sujeitas à substituição
tributária referidas no termo de apreensão supracitado. O
novo valor lançado foi R$ 28.844,92 (vinte e oito mil
oitocentos e quarenta e quatro reais e noventa e dois
centavos).
Então houve o pagamento do aditamento do auto de
infração pelo contribuinte.
Daí foi proferida a Decisão nº 18.293/11, tendo o
julgador singular decidido pela procedência parcial do
lançamento com a seguinte ementa:
EMENTA: ICMS – Não recolhimento do ICMS
Antecipado previsto na Lei Estadual
6.474/04. (1) Inexistência de lesão ao
exercício das garantias constitucionais
relativas ao exercício do contraditório
e da ampla defesa, sendo franqueada ao
sujeito passivo livre vista dos autos

Acórdão CTE Nº64/2013


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nos termos do art. 893, § 3º do RICMS.
(2) Constatado nos autos que alguns dos
documentos relacionados nos autos
continham mercadorias sujeitas à
sistemática de tributação por
substituição tributária, ou seja, não
sujeitas à tributação nos termos da Lei
Estadual 6.474/04, razão que motivou a
revisão do lançamento, nos termos do
art. 149 do CTN. (3) Reconhecimento pelo
sujeito passivo da existência da
infração em relação aos fatos
remanecentes, procedendo este com o
pagamento. (4) Lançamento PROCEDENTE EM
PARTE. (5) Dispensado reexame necessário
pelo Conselho Tributário Estadual das
decisões contrárias à Fazenda Estadual
cuja importância pecuniária excluída não
exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas – UPFAL, nos termos do
art. 48, § 2º, II da Lei 6.771/06, em
sua redação dada pela Lei 7.078/09.

Foi a autuada intimada, não se pronunciando, e a


Comissão de Representação Fiscal dado ciência da Decisão
Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho. É o relatório.
VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 18.293/11,
de Primeira Instância, conforme disposto no art. 48, I da Lei
nº 6.771/06.
Em sede preliminar, compulsando os autos, constata-se
que não é possível o reexame necessário por essa Corte
Administrativa. Inclusive tal fato está acertadamente
registrado na ementa (fl. 101 do processo anexo) e na parte
dispositiva do julgado (fl. 105 do processo anexo).
Isso porque, como dispõem o inciso II, do art. 43 e
inciso II, do §2º, do artigo 48, da Lei 6.771/2006, não serão

Acórdão CTE Nº64/2013


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
objeto de reapreciação pelo Conselho Tributário Estadual os
julgados singulares que não sejam contrárias a Fazenda
Pública ou que quando contrárias, a quantia excluída, na data
da decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas) UPFAL:

Art. 43. A competência para


julgamento do processo administrativo
tributário decorrente de Auto de
Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:
...
II – na decisão contrária à Fazenda
Estadual quando a importância
pecuniária excluída não exceder, na
data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas – UPFAL.
...
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda
Estadual, ficam sujeitas à reexame
necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput


deste artigo não se aplica:

II - quando a importância pecuniária


excluída não exceder, na data da
decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas - UPFAL, podendo a
regulamentação aumentar este valor
limite.

No caso aqui julgado, considerando que o aditamento foi


julgado procedente, não havendo montante do crédito
tributário excluído menor que o piso de alçada estabelecido
pelas normas acima citadas, entendo da mesma maneira da

Acórdão CTE Nº64/2013


GOVERNO DO ESTADO
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___________________________________________________________________________________________
julgadora de piso, ou seja, não ser o caso em exame hipótese
de reexame de ofício.
Também não houve impetração de Recurso Ordinário por
parte do sujeito passivo no prazo legal, conforme facultado
pela referida decisão singular ao contribuinte.
Logo, o feito NÃO está abrangido pela competência do
Conselho Tributário do Estado de Alagoas.
Diante do exposto, bem como do disposto na norma acima
elencado, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não conhecer
do reexame necessário em tela, mantendo a decisão de piso.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE Nº64/2013


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 11 – Realizada em 19/03/2013 – 1ª Câmara


PROCESSO:SF-1500-017207/04;ANEXO:1500-032559/04 e CTE-413/11
AUTO DE INFRAÇÃO: 041047, PROTOCOLADO EM 05/07/2004
AUTUADA: LARANJA PÊRA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.
AUTUANTE: MÔNICA LIMA DE AQUINO
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 078/2013

EMENTA: ICMS – OMISSÃO DE SAÍDAS DE


MERCADORIAS E AQUISIÇÃO DE
MERCADORIAS SEM DOCUMENTOS FISCAIS
DESCARECTERIZADA PELA FALTA DE
COMPROVAÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
PROCEDIDO E NÃO PROVIDO. DECISÃO DE
1ª INSTÂNCIA MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário, ao


CTE, nos termos do art. 48 E 49,§ 1º, da Lei Estadual
6771/06 relativo à Decisão nº 17634/2011, referente ao Auto
de Infração nº041047, protocolado em 5/7/2004, lavrado
contra a empresa Laranja Pêra Comércio e Representações
Ltda. com alegação da autuante de que nos exercícios de 2002
e 2003 omitiu vendas de mercadorias e adquiriu mercadorias
sem documentação fiscal, e em conseqüência deixou de
recolher o ICMS pertinente.

DA DECISÃO DA COORDENADORIA DE JULGAMENTO

O julgador singular informa que, a autuada


apresentou defesa no dia 12/11/2004, conforme processo, em
anexo, SF 1500 02559/2004 requerendo improcedência do Auto
de Infração para fins de anulação e arquivamento, em razão
da ausência de materialidade e desobediência aos arts. 889
B, VIII; 891, incisos I a V, todos do RICMS/91.

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 1
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FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

O julgador singular fundamenta sua decisão


ressaltando que a defesa é tempestiva porque nos autos não
se tem prova da intimação do lançamento.

Observa o julgador monocrático, que no Auto de


Infração, embora simples, contem elementos suficientes que
não prejudicam a defesa, não cabendo sua nulidade na forma
do art. 7º, II, da Lei 6771/06.

Ressalta o julgador de 1ª instância que procede


a arguição da defesa, relativa a não identificação precisa
dos itens levantados na planilha de Controle físico de
mercadoria. Em 2003 foi identificado produto na planilha já
referida, com a qualificação de diversos. Continua o
julgador, dizendo que não há nos autos obediência ao art.
891, IV e § 1º, I do RICMS.

Conclui, julgando improcedente o Auto de


Infração, em demanda.

DILIGENCIA DO CTE

Constatado por esta conselheira que houve engano


da Coordenadoria de Julgamento quanto à intimação do autuado
e que a Representação Fiscal deveria tomar conhecimento
solicitei diligência para as devidas providências, e estas
foram atendidas (fls. 55 a 61), porém o contribuinte e
Representação Fiscal não se manifestaram.
Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que no processo


consta, observa-se que o Auto de Infração nº nº014047
protocolado em 5/7/2004 foi lavrado contra a empresa, em
evidência, com alegação da autuante de que omitiu saídas de
mercadorias tributáveis e adquiriu mercadorias sem
documentação nos exercícios de 2002 e 2003, e, em
conseqüência não recolheu o ICMS devido.

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 2
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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

Concordo com o julgador singular que não houve


prejuízo à defesa, tanto é que esta ataca ponto por ponto o
que foi acusado pela fiscalização.

Observe-se o art. 7, II da Lei Estadual 6771/06:

Art. 7º São nulos:


(...)
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito
de defesa;
(...)

Houve, porém, por parte da fiscalização relativa


desobediência ao art. 889B, IV do RICMS, nas planilhas tanto
de 2002 e 2003 há itens qualificados como “diversos”,
unificando os preços unitários. Observe-se o que diz o
artigo em referência:
Art. 889-B O Auto de Infração deve
conter:
(...)
IV - a descrição dos fatos
considerados infrações a obrigações
tributárias principal e/ou acessórias,
de forma clara, precisa e sucinta;
(...)

O processo também não foi devidamente instruído,


conforme o regramento do art. 891, IV, e § 1º, I do RICMS,
aprovado pelo Dec. 35245/91, com a nova redação dada Decreto
1.599/03, cuja redação assim diz:
Art. 891 O processo administrativo
fiscal decorrente de Auto de Infração
deve ser instruído com:
(...)
IV - as provas necessárias à
demonstração do fato argüido,
inclusive cópias dos documentos que
serviram de base para a apuração das
irregularidades.

No caso não foram anexadas cópias das Notas


fiscais que serviram de base para a apuração das
irregularidades apontadas no Auto de Infração, objeto da
lide.

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 3
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

Por tudo o que foi dito concordo com o julgador


singular que caberia ao Fisco fazer provas das acusações, e
esta não ocorrendo “o que prevalece é a incerteza, a
insuficiência de provas”.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário para negar-lhe
provimento, mantendo a decisão da 1ª Instância que deu como
improcedente a ação fiscal.

Sala das Sessões do CTE, em 09 de Março de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

CARLOS HENRIQUE MENDONÇA BRANDÃO


JULGADOR

___________________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 078/2013 4
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª. CÂMARA
______________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 02 – REALIZADA: 18/01/2013 – 2ª


CÂMARA.
PROCESSO N º : SF 1500-029937/2007; CTE.
AUTO DE INFRAÇÃO N : 99.70589-001, de 01/11/2007.
RECORRENTE : FAZENDA ESTADUAL.
RECORRIDO : O Borrachão Ltda.
AUTUANTE : Orival José França
RELATOR : Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE : Patrícia Melo Messias.

ACÓRDÃO 08/2013

EMENTA. PAT. NORMAS


PROCEDIMENTAIS. A NORMA DO ART. 43,
INCISO II, DA LEI N. 6.771/2006,
INTRODUZIDA PELA LEI N. 7.078/2009,
DISPENSOU O REEXAME NECESSÁRIO
QUANDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXCLUÍDO PELA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO (1A. INSTÂNCIA DE
JULGAMENTO) NÃO ULTRAPASSAR O
VALOR CORRESPONDENTE A 400
UPFAL’S. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS À
INSTÂNCIA A QUO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado


Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face de suposta
sucumbência parcial da Fazenda Estadual imposta pela Decisão n ° 17.622/2011, da

ACÓRDÃO CTE N° 08/2013


Página 1
Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu pela manutenção apenas em parte da
autuação.

Antes de empreendermos o reexame legal, convém apresentarmos os atos


e fases já vencidas nos autos.

Pois bem.

O auto de infração propôs-se a lançar o ICMS mais a multa regulamentar


no valor total de R$ 11.995,58, sob a motivação de que o contribuinte haveria feito uso
de crédito fiscal indevido.

O processo administrativo foi instaurado a partir de impugnação do


sujeito passivo, que culminou com a decisão que ora é reavaliada em reexame de ofício,
esta, que por sua vez, manteve quase que integralmente a autuação.

A suposta sucumbência da Fazenda Estadual estaria fundada


exclusivamente no fato de que a instância de piso teria rejeitado a presunção de omissão
relativa ao mês de maio de 2007, vez que os recolhimentos do contribuinte teriam
superado o suposto creditamento indevido.

Regularmente intimados, representação fiscal e contribuinte silenciaram.

Nada mais a relatar. Passo a decidir, então.

VOTO

De início, convém esclarecer que o reexame de ofício não se propõe a


reexaminar toda a decisão de piso, devendo se ater apenas a parte em que foi a Fazenda
Pública sucumbente.

Ocorre, entretanto, que o art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006, com as
inserções promovidas pela Lei n. 7.078/09, restringiu a subida dos autos em sede de
reexame necessário ao Conselho Tributário quando a redução do crédito tributário for
superior ao valor correspondente a 400 (quatrocentas) UPFAL’s.

Confira-se a redação do art. 43, inciso II, do PAT:


2
Art. 43. A competência para julgamento do processo administrativo
tributário decorrente de Auto de Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:

I – nos casos de procedimento especial; ou

II – na decisão contrária à Fazenda Estadual quando a importância


pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

No caso, considerando que a suposta parcela excluída está aquém do piso


de alçada estabelecido pelo supra destacado inciso II do art. 43 do PAT, entendo não ser
o caso em exame hipótese de reexame de ofício.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, não conhecer do
reexame necessário, pois incabível em espécie, à luz do art. 43, inciso II, da Lei n.
6.771/2006.

Voltem os autos, com os nossos cumprimentos, à Douta Coordenadoria


de Julgamento para as providências cabíveis.

Sala de Sessões do CTE. Maceió – AL, 18 de janeiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE N° 08/2013


Página 3
4
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 13 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 05/04/2013


Processo n.º 1500-039947/2002 CTE 134/2009
Auto de Infração n.º 030735, 21/11/2002
Contribuinte – SALVE CONFECÇOES LTDA.
Autuante – MARCOS GUEDES
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIA
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO Nº082/2013

EMENTA - LEVANTAMENTO FISCAL.


ELABORAÇÃO DE NOVA PLANILHA, CORREÇÃO
DE VALORES. DÉBITO FISCAL DEVIDAMENTE
APURADO. RECURSO ORDINÁRIO NÃO
CONHECIDO POR EXTEMPORANEIDADE.
REMESSA NECESSÁRIA A QUAL SE NEGA
PROVIMENTO, CONFIRMANDO A DECISÃO DA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Remessa Necessária e Recurso Ordinário,


quanto a decisão da Coordenadoria de Julgamento n.º 17.885/2011,
que entendera por fixar, ainda que reduzindo o valor
originariamente previsto no Auto de Infração (R$ 78.422,98), a
quantia devida pelo Contribuinte para R$ 10.756,90 (dez mil,
setecentos e cinquenta e seis reais e noventa centavos).

Representado na composição final como sendo R$ 4.302,76


(quatro mil, trezentos e dois reais e setenta e seis centavos) à
título de imposto relativo ao ICMS; além de R$ 6.454,14 (seis
mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e quatorze
centavos), no tocante a multa no percentual de cento e cinquenta
por cento nos termos do art. 87 da Lei n.º 5.900/1996, por
alegada ausência de não recolhimento de imposto quando da saída
da mercadoria.

ACÓRDÃO Nº082/2013 Página 1


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O lançamento fora no sentido de que o Contribuinte


efetivara vendas de mercadorias, mas sem que recolhesse o
imposto devido. Tendo sido a constatação mediante levantamento
fiscal. Acompanha o auto de infração cópia de: Livro de Registro
de Entrada; Livro de Registro de Apuração; folha de pagamento de
funcionários e recibos de pagamentos; termo de rescisão de
trabalho e recolhimento de encargos sociais; boletos de
aquisição de mercadoria; contas de consumo da CASAL e CEAL.

Intimado o contribuinte apresentou impugnação ao Auto de


Infração argumentando distorção no trabalho de levantamento,
quando os números postos na planilha que serviu para a imputação
apresentam diferenças de valores com a apuração de entrada e
saída de mercadorias. Além da falta de consideração de saldo de
caixa do ano anterior ao analisado. Pedindo então a
improcedência parcial do auto.

Em contestação, o então agente fazendário, em princípio,


afirmou que nada teria a acrescentar ao já constante nos autos
(fls. 318), todavia posteriormente efetivando o aditamento ao
mesmo as fls. 327/328. Então com encaminhamento ao setor próprio
para intimação.

Procedendo-se aí na decisão aqui submetida a apreciação,


onde restara reduzido o valor originário em acatamento ao
aditamento lançado, haja vista as incorreções defendidas pelo
Contribuinte, qual seja, o valor de R$ 10.756,90 (dez mil,
setecentos e cinquenta a seis reais e noventa centavos).

Em razão de existência de advogados habilitados, e nova


indicação de endereço do contribuinte existente no processo,
houve a determinação de procedência de nova intimação para
ciência ao contribuinte de todos os atos até então praticados.
Quando então autuada a decisão com os mesmos termos daquela
anteriormente proposta de n.º 15.996/2009, pela de n.º
17.885/2011.

Apresentado Recurso Ordinário argumentando em sede de


preliminar que o débito já estaria parcelado, mas que mesmo
assim o fisco o impunha como devido; e, que o fato gerador
deveria ter sido somente a circulação da mercadoria (ICMS), não
podendo se ter como fluxo de caixa despesas administrativas em
sua composição. Requerendo o cancelamento do débito e/ou mesmo
a suspensão do processo até o término do parcelamento.

Neste recurso, se fazendo o contribuinte representar


através de advogado legalmente habilitado por meio de procuração
acostada (fls. 06/07 – volume do recuso ordinário).

ACÓRDÃO Nº082/2013 Página 2


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Em contrarrazões, defende o agente fazendário a ocorrência


de perda de prazo quando a data de recebimento do “AR” fora em
09/04/2012, e a chancela de recebimento do recurso somente em
09/05/2012, em muito extrapolado o prazo de quinze dias.

Era o que se tinha relatar.

Passo a decidir.

No que relativo à afirmação de parcelamento do débito,


posto como uma ‘preliminar recursal’, já está esclarecido pelos
registros mantidos nos sistemas da SEFAZ, que este Contribuinte
realmente possui um parcelamento, mas para o “Auto de Infração
n.º 037734” e não o aqui sob exame.

Sendo clara também a existência deste citado auto, quando


afirma o agente fazendário em referência a solicitações
efetivadas ao contribuinte: “(...) Na tentativa de dificultar o
julgamento do mesmo, não apresentou a documentação solicitada
através da Intimação fiscal de n.º 189617/06.06.03, em anexo, o
não atendimento ensejou na lavratura do Auto de Infração de n.º
037734, de 12.06.03, por embaraço à ação fiscal.” (fls. 318).

Ultrapassada esta explanação para com esta preliminar do


Contribuinte, passa-se a ofertada nas contrarrazões pelo Agente
Fazendário.

Passa-se agora à apreciação da preliminar de


intempestividade suscitada, em relação ao Recurso Ordinário
(titulado como voluntário). Veja-se que a peça recursal
transcreve em sua justificativa a menção de haver protocolizado
o mesmo em atenção aos artigos 45, 46, e 48 da Lei 6.771/2006.

O qual, no que condizendo ao prazo recursal, se tem:


Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I - recurso ordinário; e

II - recurso especial.
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias,
contados da ciência da decisão.

Verificando os autos percebe-se a chancela de recebimento a


carta de intimação em 09/04/2012 (fls. 453). Contudo, o
protocolo do recurso, a chancela de recebimento apenas em
09/05/2012 (fls. 02 – recurso ordinários).

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Ou seja, quando transcorrido bem mais do que os quinze dias


conferidos na lei. Então, o que faz denotar a intempestividade
recursal para o manejo do Contribuinte.

Assim, não há como conhecer, por perda de prazo o recurso


ordinário:

EMEN: ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.


LICITAÇÃO. HABILITAÇÃO. JULGAMENTO DAS PROPOSTAS.
RECURSO ADMINISTRATIVO. INTEMPESTIVIDADE. INÍCIO DO
PRAZO DECADENCIAL. DECADÊNCIA RECONHECIDA. SEGURANÇA
DENEGADA. 1. (...) 3. Reconhecida a intempestividade
dos recursos administrativos apresentados pela
impetrante, devem ser considerados como não
apresentados, motivo pelo qual o prazo de decadência
para impetração de mandado de segurança teve início a
partir do último dia do prazo recursal, ou seja,
13/11/08. Desta forma, tendo o mandamus sido
impetrado apenas em 24/4/09, forçoso reconhecer a
decadência da impetração. 4. Segurança denegada.(MS
200900738300, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRA
SEÇÃO, DJE DATA:02/08/2011 ..DTPB:.)

Muito embora das arguições nele transcritas a mais


relevante trata da possível existência de parcelamento (que como
visto não se trata do auto de infração aqui tratado); sendo as
demais questões ali lançadas, genericamente postas em relação a
não observação pelo agente fazendário, dos requisitos de
constituição do auto.

Passando então para a análise da remessa necessária ante a


redução dos valores originários (R$ 78.422,98), quando a decisão
da Coordenadoria de Julgamento n.º 17.885/2011, a fixou em R$
10.756,90 (dez mil, setecentos e cinquenta e seis reais e
noventa centavos).

Como bem espelha o julgado, em razão das argumentações


traçadas pelo Contribuinte quando de sua impugnação, houve a
efetivação de nova planilha corretiva – aditamento ao auto –,
onde se relocou os valores destacados pelo Contribuinte como
incorretos (vez que a impugnação se deu de forma parcial); ao
mesmo tempo que fez incluir saldo de caixa do ano
anterior/valores, para o mês de janeiro de cada.

Diga-se mais, como não poderia deixar de ser diferente, que


cada uma destas correções foram feitas todas dos dados contidos
no livro de registros de mercadoria. E a própria defesa válida
do contribuinte antes da via recursal, com a ressalva de
verdadeiramente ter alcançado seu objetivo quando da diminuição

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do lançamento originário, pugnou para que fosse julgado o feito


apenas: IMPROCEDENTE EM PARTE, com a validação/confissão da
planilha corrigida de fls. 288.

Diante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não
conhecer o recurso ordinária e reexame necessário conhecido
improvido, diante das correções justificadamente efetivadas,
mostra-se correto a decisão perpetrada pela Coordenadoria de
Julgamento, quando com base dos valores constantes nos livros de
registro de mercadoria do Contribuinte, julgou por correto o
aditivo posto ao lançamento originário, com a redução do valor
para R$ 10.756,90 (dez mil, setecentos e cinquenta e seis reais
e noventa centavos), representado na composição final como sendo
R$ 4.302,76 (quatro mil, trezentos e dois reais e setenta e seis
centavos) à título de imposto relativo ao ICMS; além de R$
6.454,14 (seis mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e
quatorze centavos), nos termos do art. 87 da Lei n.º 5.900/1996,
devidamente corrigidos até a data do efetivo pagamento.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió (AL), 05 de abril de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SERGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº13 – 2ª CAMARA – REALIZADA:05/04/2013


PROCESSO Nº.: SF 1500-010674/2008 CTE 56/2011 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 9977139-003 de 19/06/2008
RECORRENTE: ELOHIM COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. - ME
RECORRIDA: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 084/2013

EMENTA: ICMS – FALTA DE


RECOLHIMENTO DO IMPOSTO EM VIRTUDE
DA UTILIZAÇÃO DE DOCUMENTAÇÃO
INIDÔNEA. SIMULAÇÃO DE DESISTÊNCIA
DA OPERAÇÃO COM O CANCELAMENTO DOS
DOCUMENTOS FISCAIS CHANCELADOS NOS
POSTOS FISCAIS, SEM QUALQUER
INFORMAÇÃO SOBRE O SEU
CANCELAMENTO OU SUBSTITUIÇÃO.
MATERIALIDADE DA INFRAÇAO
DEVIDAMENTE COMPROVADA NOS AUTOS.
3AFASTADA A PRELIMINAR DE NULIDADE
DO AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA DE
OFÍCIO DE 300%. ALEGAÇÃO DE
PENALIDADE CONFISCATÓRIA.
INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL PARA
APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS QUE
IMPLIQUEM A DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DO
DISPOSITIVO NORMATIVO QUESTIONADO.
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO. LANÇAMENTO PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário, visando a reforma da


decisão administrativa nº 16.705/2010 proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, a qual se posicionou pela procedência do lançamento
do crédito tributário constante do Auto de Infração em epigrafe, nos
termos da seguinte ementa:

ACÓRDÃO 084/2013 Página 1


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“EMENTA: ICMS. 1- Lançamento de ofício do crédito


tributário decorrente do não recolhimento nas
saídas de mercadorias tributáveis; 2- Situação
comprovada pela ocorrência do fato gerador do
imposto, que se dá no momento da saída, art. 2º, I,
da Lei nº. 5.900/96; 3- Caracterizada a
dissimulação de cancelamento das notas fiscais de
saídas, porque não respeitadas as prescrições
regulamentares; 4- Apresentados pela defesa,
documentos que revelam atitude em total descompasso
com a legislação; 5- Infração aos artigos 101, I;
131, §15 e 207, IX, do Regulamento do ICMS,
aprovado pelo Decreto nº. 35.245/91, com redação
dada pelos Decretos 36.493/95 e 37.202/97; 6-
Rejeitadas as preliminares de nulidade do
lançamento suscitadas pela defesa; 6.1- Porque
presentes os elementos q1ue determinam a infração e
o infrator, art. 7º, IV, “a”, da Lei nº.
6.771/2006; 6.2- Porque privilegiados os princípios
do contraditório e da ampla defesa; 7- Subsunção do
fato à penalidade do art. 105 da Lei nº. 5.900/96;
8- PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.”

Segundo discriminação fática relatada no Auto de


Infração, a Recorrente “deixou de recolher o ICMS sobre as operações
realizadas no(s) período(s) discriminado(s), em virtude de ter
utilizado documentação fiscal inidônea”, na medida em que, de acordo
com o relato inicial, “o contribuinte simulou a desistência da
operação, cancelando os documentos fiscais anexos aos autos, tendo
alguns chancelados nos postos fiscais, sem o canhoto de recebimento,
sem qualquer informação sobre o cancelamento ou informando o
documento que o substituiu”, imputando-se o recolhimento de ICMS no
valor de R$ 26.171,33 (vinte e seis mil, cento e setenta e um reais
e trinta e três centavos), além de multa de 300%, com base no artigo
105, da Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no montante
de R$ 104.685,32 (cento e quatro mil, seiscentos e oitenta e cinco
reais e trinta e dois centavos)

Devidamente intimada no dia 25 de julho 2008, a


Recorrente apresentou defesa, tempestiva, na qual alega a nulidade
do Auto de Infração por ausência da indicação precisa dos
dispositivos legais infringidos e, no mérito, aponta a falta de
provas da materialidade da infração cominada, bem como a
inocorrência do fato gerador, pois não houve circulação jurídica da
mercadoria, vez que as notas fiscais emitidas foram canceladas por
motivos diversos. Por fim, assevera que a multa de 300% aplicada é
confiscatória, logo inconstitucional, concluindo pela improcedência
da autuação.

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Após, aditou-se o auto de infração, alterando-se o


campo da infração por artigos no sentido de “onde lê-se artigo 207,
do Regulamento do ICMS, leia-se artigo 207, incisos III e IX, do
Regulamento do ICMS”.

Em suas contrarrazões, informa a autoridade fiscal que


os dispositivos legais infringidos foram detalhados no próprio auto
de infração e no aditamento de fls. 241. No mais, ratifica a
robustez das provas carreadas aos autos, acrescendo que a
fiscalização ocorreu por ordem judicial e que “a sonegação se dava
com a venda da mercadoria, a saída do produto para outro Estado,
entregava o produto, retornava com o documento fiscal e cancelava o
mesmo, simulando assim a desistência da compra do produto” (fl.
258). Por fim, reitera a força probatória dos documentos acostados,
bem como que a multa imputada não é confiscatória.

Remetido os autos para a Coordenadoria de Julgamento,


esta julgou pela procedente do Auto de Infração, nos termos da
ementa já transcrita.

Inconformada com a decisão, a Recorrente apresentou


Recurso Ordinário no qual alega a nulidade do Auto de Infração, na
medida em que a autoridade fiscal não instruiu os autos com os
documentos necessários à comprovação da infração e que o aditamento
efetuado foi extemporâneo, não sendo possível acrescentar documentos
ao processo após a lavratura do auto de infração, sob pena de
infração ao princípio da ampla defesa e ao artigo 149, do CTN.
Aponta, ainda, o caráter confiscatório da multa de 300% aplicada.

Nas contrarrazões, pleiteia a representação fiscal pela


manutenção da decisão recorrida, tendo em vista que desde o
lançamento o auto de infração encontra-se devidamente acompanhado
das provas e que a juntada posterior de documentação complementar
não prejudicou a defesa da Recorrente, vez que fora devidamente
intimada para se manifestar acerca do aditamento. Quanto à alegação
de penalidade confiscatória, assevera que esta não merece prosperar,
pois a multa de 300% encontra-se prevista na legislação vigente,
sendo aplicada com o condão de reprimir a sonegação fiscal.

Após, os autos foram encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para julgamento.

É o relatório.

VOTO

I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ORDINÁRIO

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Inicialmente, cumpre destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em
especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do


PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do Recurso
Ordinário, vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Autuada foi intimada da


decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia 19/06/2010, conforme
AR de fls. 28 (processo nº. 1500-019086/2008), tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 05/07/2010.

Cumprido os requisitos de admissibilidade, passamos a


análise dos argumentos alegados pela Recorrente.

II. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO –


AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO

Preliminarmente, alega a Autuada a nulidade do Auto de


Infração nº. 9977139-003 de 19/06/2008 sob a justificativa de que a
autoridade fiscal não apresentou nos autos as provas da
materialidade da infração apontada, bem como sustenta a
impossibilidade de juntada posterior de documentação pela
fiscalização, em afronta ao princípio da ampla defesa e ao disposto
no artigo 145, do CTN.

Não assiste razão.

Como se observa da discriminação dos fatos, fl. 02, a


autoridade fiscal descreve, com clareza, a infração imputada à
Autuada, vejamos:

“Deixou de recolher o ICMS sobre as operações realizadas


no período discriminado, em virtude de ter utilizado
documentação fiscal inidônea, de acordo com o
detalhamento abaixo e documentos anexos.” (fl. 02)

“O contribuinte simulou a desistência da operação,


cancelando os documentos fiscais anexos, tendo alguns
chancelados nos postos fiscais, sem o canhoto de
recebimento, sem qualquer informação sobre o

ACÓRDÃO 084/2013 Página 4


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cancelamento ou informando o documento que o


substituiu.” (fl. 02)

Outrossim, acompanha a presente autuação documentação


suficiente para fundamentar a lavratura do Auto de Infração em
comento, tendo em vista que em diversas das notas fiscais de saída
apresentadas no momento da autuação, consta o carimbo do posto
fiscal, identificando a circulação da mercadoria, destacando-se o
canhoto de recebimento do produto, sem qualquer informação
concernente ao cancelamento da nota fiscal ou a sua substituição. A
título de exemplo citamos as notas fiscais nº. 38, 48, 113, 153, 162
e 189 (fls. 27, 28, 46, 59, 62 e 63).

Nesse ponto, insta destacar que a anotação de


“cancelamento” não está registrada nas próprias notas fiscais,
encontrando-se devidamente comprovada a infração descrita nos autos,
na medida em que a Recorrente utilizou-se de documentação sem
qualquer efeito probatório para simular a desistência da
comercialização das mercadorias, no intuito de eximir-se do
pagamento do tributo, em total inobservância ao procedimento legal
exigido, em especial às normas previstas no Regulamento do ICMS
(Decreto 35.245/91), vejamos:

Art. 49. São obrigações dos contribuintes:

XVI - conservar nos talonários, todas as vias das


Notas Fiscais canceladas, tendo observado no corpo
das mesmas o número, série, subsérie, a data e o
valor da operação da Nota Fiscal que a substituiu;

Art. 131. A Nota Fiscal conterá, nos quadros e


campos próprios, observada a disposição gráfica dos
modelos 1 e 1-A (Anexo VI) as seguintes indicações:
§15 - Na nota fiscal emitida relativamente à saída
de mercadorias em retorno ou em devolução deverão
ser indicados, ainda, no campo “Informações
Complementares”, o número, a data da emissão e o
valor da operação do documento original.

Art. 143. Os contribuintes, excetuado o produtor


agropecuário, emitirá nota fiscal sempre que em seu
estabelecimento entrarem bens ou mercadorias, real
ou simbolicamente:

§3º - A nota fiscal será também emitida pelos


contribuintes nos casos de retorno de mercadorias
não entregues ao destinatário, hipótese em que
conterá as indicações do número, da série, da data
da emissão e do valor da operação do documento
original.
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Art. 219. Conservar-se-ão no talonário, no


formulário contínuo ou nos jogos soltos, todas as
vias, quando o documento fiscal:

I - for cancelado, com declaração dos motivos


determinantes do cancelamento e referencia, se for
o caso, ao novo documento emitido;

Art. 285. O livro Registro de Utilização de


Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências, modelo
6, destina-se à escrituração da entrada de
impressos de documentos fiscais previstos no artigo
129, confeccionados por estabelecimentos gráficos
ou pelo próprio contribuinte usuário, bem como a
lavratura, pelo fisco, de termos de ocorrências.

IX - coluna "Observações": informações diversas,


incluindo referências a:

a) extravio, perda ou inutilização de impressos de


documentos fiscais;

De fato, ao proceder com o cancelamento da nota fiscal,


é dever do contribuinte guardar todas as vias dos documentos
cancelados e registrar as informações correspondentes ao
cancelamento. E mais, é sua obrigação registrar novamente a entrada
da mercadoria devolvida, bem como apontar o documento que substituiu
a nota fiscal cancelada.

Entretanto, no caso em apreço, a Recorrente expedia as


notas fiscais e, após a circulação das mercadorias pelos postos
fiscais, registrava o cancelamento das notas fiscais em controle
próprio, por instrumento inidôneo, sem qualquer comprovação de que
os produtos comercializados tenham realmente retornado ao
estabelecimento comercial, no intuito de eximir-se do pagamento do
tributo, assim, as provas acostadas aos autos demonstram claramente
o modus operandi da Recorrente. Frise-se, por ser de valor, que
foram destacados os canhotos de entrega dos produtos em algumas
notas fiscais, conforme citado inicialmente, o que denota o
recebimento dos produtos pelos seus destinatários.

Nesse ínterim, o questionamento da Recorrente sobre a


imaterialidade da infração apontada não é suficiente para ensejar a
nulidade do Auto de Infração, levando-se em apreço os elementos
probatórios presentes nos autos.

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Por sua vez, no tocante a alegação de afronta aos


artigos 145 e 149, do CTN 1, depreende-se dos citados dispositivos
legais a vedação à alteração do lançamento fiscal, o que não é o
caso dos autos.

Com efeito, o aditamento efetuado pela autoridade


fiscal (fls. 241 a 247) não alterou em nada o lançamento consolidado
no auto de infração. Pelo contrário, teve o intuito tão somente de
esclarecer a tipificação da infração, sem modificar, reitere-se, a
materialidade e a descrição dos atos imputados inicialmente, não
causando prejuízo à defesa da Recorrente, nos termos do artigo 7º,
§§ 1º e 2º da Lei nº. 6.771/06.

Aliás, importante frisar que a Recorrente foi intimada


de todos os atos processuais, manifestando-se, inclusive sobre o
aditamento efetuado nos autos, conforme petição de fls. 02 a 04 do
processo nº. 1500-019086/2008.

Destarte, conclui-se pela observância aos princípios do


contraditório e ampla defesa, bem como aos requisitos formais para a
lavratura do auto de infração, razão pela qual se afasta a
preliminar suscitada.

III. DA INCOMPETÊNCIA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL


PARA APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS CONCERNENTES À INCONSTITUCIONALIDADE DA
EXAÇÃO.

No mérito, sustenta a Recorrente que a penalidade de


300% ora imputada afronta o princípio constitucional do não

1
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149.

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender,
no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a
prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo
de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se
refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de
penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou
omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

ACÓRDÃO 084/2013 Página 7


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confisco, insculpido no artigo 150, inciso IV, da Carta


Constitucional.

Conquanto relevantes os argumentos delineados pela


Recorrente, a análise do mérito da matéria então arguida esbarra em
impedimento de ordem processual, qual seja, a incompetência do
Conselho Tributário Estadual para apreciação de questão, entre
outras, que implique na declaração de inconstitucionalidade de
dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da Lei


nº. 6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo


administrativo tributário decorrente de Auto de
Infração compete, em primeira instância
administrativa, à Coordenadoria de Julgamento - CJ,
e, em segunda instância, ao Conselho Tributário
Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador


afastar a aplicação de norma sob alegação de
inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese em que
tenha havido a declaração nesse sentido pelo
Supremo Tribunal Federal, em ação direta ou
declaratória, após a publicação da decisão, ou pela
via incidental, após a publicação da Resolução do
Senado Federal que suspender a execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo ora


transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação de norma
pelo Conselho Tributário Estadual sob a justificativa da sua afronta
à Constituição Federal, razão pela qual deixo de apreciar o

ACÓRDÃO 084/2013 Página 8


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

argumento concernente ao princípio do não-confisco, previsto no


artigo 150, inciso IV, da Constituição Federal.

IV. CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do
Recurso Ordinário, pois preenchidos os requisitos de admissibilidade
para rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no
mérito, julgá-lo improcedente, mantendo-se incólume a decisão da
Coordenadoria de Julgamento.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de abril de


2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

ACÓRDÃO 084/2013 Página 9


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 02 – 2ªCÂMARA – REALIZADA EM: 18/01/2013


PROCESSO N.º 1500-015293/2008 – CTE 55/2012
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 9980886-001
RECORRENTE: MOBILI ART INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
AUTUANTE: ROSELANI CARDOSO DE ARAUJO
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 09/2013

EMENTA: OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA –


COMPROVADO NOS AUTOS O FATO MAIOR
POR AÇÃO CLIMÁTICA (INUNDAÇÃO),
ATRAVÉS DE MEIO INDONEO. REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDA E IMPROVIDA E
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
PROVIDO, PARA REFORMAR A DECISÃO
SINGULAR E CONSIDERAR IMPROCEDENTE
A AÇÃO FISCAL.

RELATÓRIO

Tratam os auto de Remessa Necessária e também de


Recurso Ordinário proposto pela empresa Contribuinte contra
a decisão de n.º 18.211/2011, que julgou pela procedência
em parte da autuação por haver inutilizado/extraviado
livros fiscais, decorrendo com a imposição da Coordenadoria
de Julgamento, no dever punitivo ao pagamento de multa de
R$ 24.315,00 (vinte e quatro mil, trezentos e quinze
reais).

A imputação originária fora no sentido de impor a


punibilidade correspondente a R$ 60.787,50 (sessenta mil,
setecentos e oitenta e sete reais e cinqüenta centavos), em
razão da confirmação pelo contribuinte quanto a
deterioração aos respectivos documentos a que caberia no
dever de guarda por parte desta; imputando o art. 119,
inciso I, alínea ‘a’, que prevê a aplicação de 300 UPFAL

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 1


por livro extraviado , cumulado com o art. 96, inciso II .
Sendo que este último citado estabelece que em se tratando
de multa por obrigação acessória – caso dos autos – , a
readequação para vinte por cento do valor que lhe seria
imputável.

Contudo, e do que se depreende dos autos


administrativos, ao mesmo tempo busca a imposição da
aplicação punitiva pela da Lei n.º 6.165/2000, por seu art.
6.º, § 5.º, inciso II: “a comunicação do extravio à Fazenda
Estadual e a publicação no Diário Oficial do Estado
ensejará a redução de 50%(cinqüenta por cento);” .

Isto, por conta da comunicação feita pelo contribuinte


através do processo administrativo n.º 1500-019305/2004,
protocolizado em 21/07/2004. De onde fora gerado o
respectivo auto de infração, lançado em 10/09/2008.

Em sua defesa, que igualmente se repete na dos termos


do Recuso Voluntário a ser apreciado, vem o contribuinte
indicar que foram os referidos documentos inutilizados por
conta de fortes chuvas em 31/05/2004 e 01/06/2004 tanto no
parque industrial, como nos arquivos de contábeis. Galgando
sua defesa no comunicado da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC,
subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil, donde se constatam as fotografias
confirmatórias da inundação (fls. 14/19).

Destaca-se ainda que procedeu o Contribuinte a


comunicação à Junta Comercial de Alagoas (fls.13); Corpo de
Bombeiros (fls.14); comunicação no Diário Oficial de Maceió
(fls.20); Diário Oficial do Estado de Alagoas (fls. 21);
publicação no Jornal Tribuna de Alagoas (fls.21);
comunicação a Secretaria da Receita Federal (fls.22).

Nas contrarrazões a defesa, pugna o agente autuado


pela manutenção do lançamento por suas razões próprias
lançadas, mas que cumpriria em ser afastada a denúncia
espontânea para que fosse refeito o cálculo, elevando o
valor final para R$ 121.575,00 (cento e vinte e um mil,
quinhentos e setenta e cinco reais).

Ou seja, aquele valor posto no lançamento e diminuído


na metade por força da comunicação em Diário Oficial,
deveria ser restabelecido em sua integralidade.

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 2


Já, a decisão da Coordenadoria, fora no intento de que
cumpria a aplicação da punibilidade, mas com a aplicação da
dicção expressa do art. 119, § 2.º, cumulado com o art. 96,
II da Lei 5900, acatando sim a denúncia espontânea, e por
isto reduzida a 20% (vinte por cento) do valor originário
total.

Intimado o contribuinte, recorre para defender que


efetivou a comunicação aos órgãos competentes, e
inegavelmente a SEFAZ, ante o extravio/perecimento de seus
documentos se dera por evento da natureza (inundação
decorrente de chuvas), sem que lhe restasse qualquer
imposição punitiva. Mas que, acaso mantida, que fosse
aplicada corretamente o benefício da denuncia espontânea.

Era o que se tinha relatar.

VOTO

Passo a Decidir.

Para este Julgador o cerne a ser aqui analisado condiz


com a análise sobre a questão da comunicação da inundação
por conta da ocorrência de fortes chuvas em 31/05/2004 e
01/06/2004, confirmada pela autoridade competente do
Estado, através do Secretário Adjunto da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil, possuiria o condão de mitigar
qualquer aplicação de multa ao Contribuinte, frente o dever
de guarda dos respectivos documentos.

Ora, do que se colhe da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC,


subscrita pelo Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual
de Defesa Civil, não restam dúvidas, inclusive por conta
das fotografias confirmatórias da inundação que, de fato,
fora a empresa atingida em decorrência das chuvas, tendo
sido inundada.

Inclusive, há expressamente por afirmado na mesma


“esta Coordenadoria Estadual constatou inundação em toda
área do referido Distrito Industrial incluindo a Empresa
MOBILI ART INDUSTRIA E COMERCIO LTDA, que teve seu parque
industrial, área administrativa e arquivo de documentos
diversos, conforma levantamento fotográfico anexo (10
fotos).” (fls. 14/19).

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 3


E, também, seguindo este documento do órgão oficial do
Estado, procedeu o Contribuinte na comunicação aos demais
órgãos, a saber: Junta Comercial de Alagoas (fls.13); Corpo
de Bombeiros (fls.14); comunicação no Diário Oficial de
Maceió (fls.20); Diário Oficial do Estado de Alagoas (fls.
21); publicação no Jornal Tribuna de Alagoas (fls.21);
comunicação a Secretaria da Receita Federal (fls.22).

Neste ínterim, como bem destaca o recurso, não poderia


a mesma vir a ser punida, quando cumpriu todos os
procedimentos que lhe cabiam.

Para formação de convicção, veja-se o posicionamento


dos Tribunais integrantes do Judiciário para o caso:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. LIVROS


CONTÁBEIS. MULTA. AUSÊNCIA DE APRESENTAÇÃO. INFRAÇÃO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. EXTRAVIO. EXCLUDENTE DE
RESPONSABILIDADE. ADMISSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE.1. Em matéria de infração tributária
incide a responsabilidade objetiva, a teor do artigo
136 do Código Tributário Nacional. 136, Código
Tributário Nacional.

2. Tal responsabilidade, no entanto, admite a


comprovação das excludentes de responsabilidade
previstas no campo privado, com as peculiaridades do
ramo.

3. O extravio de livros fiscais devidamente comprovado


pode ser caracterizado como caso fortuito ou força
maior e se mostra apto a elidir a presunção de
veracidade da multa exigida pela não apresentação de
tais documentos, ante o princípio da razoabilidade.

4. Recurso voluntário e remessa oficial improvidos.

(14796 SP 2000.03.99.014796-2, Relator: JUIZ CONVOCADO


MARCELO DUARTE, Data de Julgamento: 02/12/2009, TURMA
SUPLEMENTAR DA PRIMEIRA SEÇÃO)

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. MP-1.798/99.


AUTARQUIA. INTIMAÇÃO PESSOAL. ADVOGADO CREDENCIADO.
PRERROGATIVA NÃO APLICÁVEL. AVERBAÇÃO DO TEMPO DE
SERVIÇO. FORÇA MAIOR CARACTERIZADA. ADMISSÃO DE PROVA
EXCLUSIVAMENTE TESTEMUNHAL.1.798

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 4


1. A prerrogativa de intimação pessoal ou por carta
registrada com AR, prevista na MP 1.798/99, não se
aplica aos advogados credenciados da autarquia
previdenciária, mas somente aos seus procuradores
autárquicos.

2. Configura força maior a inundação do escritório


contábil, com destruição dos livros da empresa à
época, demonstrada por prova contemporânea e reiterada
prova oral.

3. Considerada a unânime prova testemunhal da relação


de emprego no período controvertido, bem como a
condição de força maior, é de ser deferida a averbação
do período de trabalho pretendido.

(138814 RS 1999.04.01.138814-2, Relator: NÉFI CORDEIRO


Data de Julgamento: 09/10/2000, QUINTA TURMA, Data de
Publicação: DJ 01/11/2000 PÁGINA: 388)

Veja-se que tais decisões, alinham-se perfeitamente a


acostada no recurso. Mostram querência.

E, para buscar a fulminar tal tese, retrata apenas o


Agente Autuado que mesmo a prova cabal ter demonstrado a
inundação em 31/05/2004 e 01/06/2004, apenas havia sido
feita a comunicação a SEFAZ no mês de julho.

Tal argüição não se mostra capaz de elidir as provas


robustas da CERTIDÃO N.º 001/04-CEDEC, subscrita pelo
Secretário Adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa
Civil; inclusive se deram em datas diversas, já no próprio
mês de junho, e imediatas ao fato danoso.

De outro lado, não consta qualquer demonstração de


diligência em contrário ao infortúnio produzida; tais como:
visita ao local para constatação das condições dos livros
(se ainda existentes); que tenha a empresa em qualquer
situação utilizados os livros ou dados neles contidos em
seu benefício; e mesmo que haja procedido na solicitação de
novos livros para continuidade de sua atividade.

Assim, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer a Remessa Necessária para negar-lhe
provimento; e pelo conhecimento do RECURSO ORDINÁRIO, mas

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 5


para PROVER este último, desconstituindo a aplicação da
multa, neste caso específico, por conta da comprovada
inundação das dependências da empresa através da CERTIDÃO
N.º 001/04-CEDEC, subscrita pelo Secretário Adjunto da
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e fotografias nela
existentes, com a conseqüente comunicação aos órgãos
diversos, como se deu. Reformada a decisão singular que
entendeu pela Procedência do lançamento, para julgar
IMPROCEDENTE o auto de infração

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 18 de janeiro


de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 09/2013 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 14 – 1ª CÂMARA – REALIZADA EM: 16/04/2013


PROCESSO: SF-13.115/97; CAF-16328/98 E CTE-65/2012.
ANEXO: SF-1500-013210/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 2773, PROTOCOLADO EM 12/12/1997.
DECISÃO MONOCRÁTICA: Nº 11.324/98 DE 09/07/1998.
AUTUADO: N. C. INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA.
AUTUANTE: CÍCERO HONÓRIO DA SILVA.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA.

ACÓRDÃO Nº 093/2013

EMENTA: ICMS – DÉBITO DO IMPOSTO


ADVINDO DA ACUSAÇÃO DE OMISSÃO DE
REGISTRO DE OPERAÇÕES TRIBUTÁVEIS.
DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
COMPROVADA. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO
E PROVIDO. EXTINÇÃO DO CREDITO
TRIBUTÁRIO.

I – RELATÓRIO

Cuida o presente Processo Administrativo Tributário –


PAT, do lançamento fiscal lastreado no AI acima referido, em
desfavor do contribuinte N. C. INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA,
acusado de haver, em tese, deixado de registrar vendas de
mercadorias nos exercícios fiscais de 1994 e 1995, detectado
por levanto fiscal quando do seu pedido de baixa da Inscrição
Estadual.

Foram dados como infringidos os artigos 35 e 136-I, do


RICMS aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, sendo sugerido o

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 1


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apenamento previsto no art. 827 do mesmo mandamento legal


(fls. 02 e 02-v).

Os autos estão instruídos com a Planilha de Digitação do


AI; Movimento Econômico; Cartão de Autógrafos e Dados
Cadastrais da Empresa (fls. 03 usque 09).

Tendo sido frustrada a ciência do procedimento fiscal


através de correspondência (fls. 11/12), o contribuinte foi
citado por conduto do Edital nº 10-98/0.37, publicado no
D.O.E., edição de 27/02/98 (fls. 13) e, não tendo sido
atendida dita citação, foi lavrado o Termo de Revelia em
30/05/98 (fls. 14) e remetidos os autos ao então Departamento
de Documentação e Divulgação – DDD para a adoção das
providências preconizadas no art. 893 do RICMS/91, o que não
foi atendido (fls. 17).

Direcionados os autos à então CAF, a ilustre Coordenadora


entendeu pela Procedência do AI sub-judice, prolatando a
Decisão a seguir ementada, em 29/07/1998 (grifamos):

“EMENTA: ICMS – Levantamento Fiscal. Débito


do imposto decorrente de omissão de
registro de operações tributáveis. São
tributáveis os recursos com origem não
comprovada. Prática ilícita caracterizada.
Auto de infração PROCEDENTE” (fls. 18/19)

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 2


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Constatando que a notificação da decisão acima referida


foi feita somente em nome da empresa, a Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário, atendendo para o fato de que
a mesma encontra-se na posição de baixada, sugeriu que os
sócios fossem devidamente citados, providência que foi
atendida em 28/05/2010, (notificação de 28/04/2010
recepcionada em 13/05/2010 (fls. 41/42).

A autuada apresentou suas razões de defesa, alegando em


síntese que:

1) A prescrição do débito fiscal, tendo como motivo o


tempo decorrido entre a notificação de decisão
monocrática e a nova intimação;
2) A sua impossibilidade de apresentar sua defesa por não
haver sido citado, o que configura cerceamento de
defesa;
3) Pede pela anulação da autuação (fls. 02 usque 08-
anexo).

A Representação Fiscal, instada a se manifestar ao tempo


em que entendeu não poder prosperar a preliminar de
cerceamento de defesa alegada pela defendente, uma vez que a
citação deve ser considerada válida. Observou que existem,
vários e fortes indicadores de que o crédito tributário está
extinto pela inércia do Estado. (grifamos)

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 3


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Ao final, o ilustre Representante Fiscal opina no sentido


da procedência da ação fiscal, caso sejam ultrapassadas as
preliminares de nulidade e/ou extinção do crédito tributário.
(grifamos) (fls. 23/26 – anexo)

Assim chegam os autos a este CTE para o devido exame do


Recurso Ordinário apresentado pelo contribuinte.

Em síntese, é este o relatório.

II – VOTO.

Trata-se do Recurso Ordinário a este colegiado pelo


contribuinte, tendo em vista a sua irresignação à Decisão
Monocrática que entendeu pela Procedência da ação fiscal
objetivando o recebimento do crédito tributário baseado no AI
nº 002773, lavrado em 04/12/97.

Bem examinados os autos e de tudo quanto neles consta,


verifico que não pode ser acatada a primeira preliminar de
cerceamento de defesa alegado pelo contribuinte que, apesar de
devidamente notificado, não ofereceu Recurso Voluntário ao
procedimento fiscal, determinando, como dispõe a Legislação em
voga, a lavratura do competente Termo de Revelia.

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 4


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Ocorre que, a partir desta providência, a Fazenda


Estadual, quedou-se paralisada e não foi o crédito tributário
inscrito em Dívida Pública.

Concordo com a Representação Fiscal da existência, nos


autos, das omissões praticadas pelo Fisco Estadual, omissões
estas que, no meu entender, aliadas ao transcurso do prazo
determinado pela legislação fiscal de mais de 05(cinco) anos
da instauração do procedimento fiscal, fulmina a pretensão
fiscal pela comprovada existência da extinção do crédito
tributário.

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário e dar-lhe provimento, com
espeque no art. 156, inciso V, c/c 174 do CTN, decidindo pela
extinção do crédito tributário consubstanciado no AI citado na
inicial.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 16 de Abril de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADORA JULGADORA

ACÓRDÃO CTE Nº 093/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 19 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 24/05/2013
PROCESSO: 1500-00014/1989 e CTE nº 440/2011.
ANEXO(S): 1500-030219/1989; 1500-00035/1992, 1500-017893/2009
e 1500-017452/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 040412.
AUTUADA: Indústria de Frios e Pesca Ltda - IFRIL.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.060.836-4
DECISÃO MONOCRÁTICA: 16.898/10.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): George F. R. Damasceno e outra.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECREÁTIRIA: GENILZA COELHO

ACÓRDÃO Nº 133/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. DECURSO DO


PRAZO QUÍNQUENAL DA REGULAR INTIMAÇÃO DO
SUJEITO PASSIVO. INCIDÊNCIA DA REGRA DO ART. 174 DO
CTN. ADEMAIS. CARECE O AUTO DE INFRAÇÃO DE PROVAS
SUFICIENTES DA MATERIALIDADE APONTADA RECURSO
VOLUNTÁRIO CONHECIDO E PROVIDO. EXTINÇÃO DO
CREDITO TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado em 08/08/1989 e


protocolado na repartição fazendária em 09/08/1989, contra a
empresa INDÚSTRIA DE FRIOS E PESCA LTDA, já devidamente
qualificada nos autos, do lançamento de crédito tributário,
composto de imposto e multa, originariamente no valor de NCz$
5.873,37 (cinco mil, oitocentos e setenta e três cruzados
novos e trinta e sete centavos), pelo fato de, em tese, o
sujeito passivo não ter recolhido o ICMS devido pela omissão
de vendas efetuadas e pela estocagem de mercadorias
desacompanhadas de documentação fiscal durante o exercício de
1988, conforme levantamento físico do estoque.

ACÓRDÃO CTE Nº 133/2013 Página 1


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___________________________________________________________________________________________
Apontada infração aos artigos: 82, 142, 201 e 206 do
RICM, aprovado pelo Dec. 6.148/84, sendo aplicada a
penalidade prevista no artigo 461 do mesmo diploma legal.
Notificado pessoalmente em 08/08/1989 do lançamento, o
sujeito passivo apresentou defesa em 08/09/1989, afirmando
que suas mercadorias comercializadas são isentas, com o
imposto antecipadamente recolhido sobre as entradas. Alegou
também não haver provas nem demonstrativos de apuração do
crédito tributário prejudicando sua defesa e que por isso não
é justo cobrar o tributo por analogia ou presunção,
solicitando no final o arquivamento do Auto de Infração.
Em sede de contrarrazões, a autoridade fiscal informa
que o posto de venda do contribuinte também comercializa
mercadorias tributadas (camarão, figado e lingüiça - objetos
do levantamento em 1988) conforme Notas Fiscais de saídas
transladas. Também alega que a mencionada portaria (SF-
595/79) e o Termo de Acordo celebrado pela SEFAZ com o
segmento empresarial dispensou do recolhimento do imposto
apenas o peixe frigorificado, mercadoria não considerada no
levantamento fiscal. Junta aos autos os demonstrativos,
cópias dos livros e Notas Fiscais relativos à ação fiscal
pedindo que o Auto de Infração seja julgado procedente.
Após dois pedidos de diligências determinados pela
Coordenadoria de Julgamento, com o escopo de novo prazo para
defesa devido ao translado de novos documentos, sendo o
último para 30 dias, a autuada manifestou-se em 12/08/2009,
no sentido de ter ocorrido decadência e prescrição do crédito
tributário.
Decidiu, então, com o nº 16.898/10, o julgador singular
pela procedência do auto de infração, tendo ementado da
seguinte forma:
EMENTA: ICMS – Falta de recolhimento do
imposto detectada através de auditoria
realizada no estoque de mercadorias
existente no período fiscalizado.
Ilícito fiscal não elidido por meio de
prova. Infração caracterizada. Auto de
Infração PROCEDENTE.

ACÓRDÃO CTE Nº 133/2013 Página 2


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___________________________________________________________________________________________
Também decidiu pela não ocorrência da decadência e da
prescrição, além de não ser hipótese de remissão prevista na
alínea “a”, IV, art. 11, da Lei estadual º 6.765/06, pois
esta só teria eficácia após o exercício de 2005.
Intimado do julgado, o autuado apresentou Recurso
Ordinário, alegando que após vinte e um anos é informado da
decisão supracitada, não tendo a Fazenda Pública cumprido os
prazos previstos na Lei nº 6.771/2006, que trata do processo
administrativo tributário. E que devido a esse fato é injusto
ser penalizado com a atualização dos encargos aqui cobrados.
Além do que, foi deferida a baixa de sua inscrição estadual
pela Secretaria de Fazenda em 28/07/2006, já que não havia
nenhum impedimento fiscal. Anexou Termo de Encerramento de
Fiscalização lavrado no livro fiscal próprio.
Em resposta, pedindo pelo não provimento do recurso
voluntário, a Representante Fiscal argumenta que o Auto de
infração possui todos os requisitos de validade necessários
para a autuação por omissão de vendas sem recolhimento do
tributo quando do levantamento fiscal, estando embasado por
provas documentais e comparações de aquisições e vendas de
mercadorias. Inclusive quando acostadas as provas e
demonstrativos do lançamento de ofício, foi aberto novo prazo
de defesa ao contribuinte e ele não demonstrou existir erros
na fiscalização.
Quanto ao período decadencial, declara a representante
do Fisco estadual que, como o lançamento ocorreu em 1989
referentes a fatos de 1988, não há o que se falar da
decadência. Também afirma que não ocorreu a prescrição,
estando a mesma suspensa (art. 151, III, CTN), pois não houve
a constituição definitiva do crédito tributário pelo
lançamento (art. 142, CTN). Ou seja, ainda não ocorreu o
julgamento final no processo administrativo tributário.
Quanto à prescrição intercorrente, assevera que não existe
previsão legal para tal instituto. Cita jurisprudência do STF
(RE nº 94.462-1) que entre a lavratura do auto de infração e
a última decisão administrativa não corre prazo, nem
decadencial, nem prescricional.
É o relatório.

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VOTO-VENCEDOR

O presente processo administrativo fiscal tem


início com a lavratura do Auto de Infração de nº. 040412 de
08/08/1989, no qual consta no campo “Discriminação dos Fatos”
a seguinte narrativa:

“Quando do exercício da nossas funções, constatamos


que o contribuinte acima qualificado deixou de
recolher ICM, no valor de NCZ$ 3.262,97, referente a
omissão vendas no montante de NCZ$ 13.620,80 e
mercadorias estocadas desacompanhadas de documentação
fiscal no montante de NCZ$ 1.144,00, NO EXERCÍCIO DE
1988.”

Não obstante claramente oriundo de uma ação fiscal,


verifica-se, pela compulsão dos autos, que o aludido Auto de
Infração não está acompanhado de qualquer documento ou
demonstrativo para embasar o valor do tributo apurado, sendo
seguido, apenas, por mero Cartão de Autógrafo da empresa
Contribuinte.

Nesses termos, vislumbra-se que tal conduta das


autoridades fiscais constitui-se em afronta ao artigo 891 do
RICMS, o qual prescreve que:

“Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente


de Auto de Infração deve ser instruído com:
I - as informações econômico-fiscais acerca do sujeito
passivo;
II - as cópias dos termos lavrados na ação fiscal;
III - os demonstrativos do levantamento, cuja
configuração mínima poderá ser definida por ato
normativo do Secretário Executivo da Fazenda;
IV - as provas necessárias à demonstração do fato
argüido, inclusive cópias dos documentos que serviram
de base para a apuração das irregularidades.
(…)
§ 3º A documentação referidas nos incisos do "caput" e
do § 1º deverá ser anexada ao Auto de Infração por
ocasião de sua protocolização na repartição
fazendária.”

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Pela leitura desse artigo, observa-se que a


autoridade fiscal deveria ter juntado os documentos
comprobatórios necessários para que se comprovasse aquilo que
ora arguiu no Auto de Infração, estando, portanto, este
marcado por flagrante nulidade, tal como já é reiterado nas
decisões de ambas as Turmas desse Conselho.

Corroborando com tal entendimento, precisa é a


lição de Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera


da tributação, por exemplo, exigem que a relação
obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese
de incidência tributária, razão pela qual se faz
imprescindível que tanto os atos de lançamento e de
aplicação de penalidades como as decisões proferidas
no curso de processo administrativo tributário sejam
pautados em provas.” (TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso
de Especialização em Direito Tributário: estudos
analíticos em homenagem a Paulo de Barros Carvalho.
Coordenador Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de
Janeiro: Forense. p. 559.)

No mesmo sentido se tem os precedentes do Conselhos


de Contribuintes do Ministério da Fazenda, tal como se colhe
da ementa abaixo:
“ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA -
IRPF Exercício: 2003 NULIDADE. NÃO DISPONIBILIZAÇÃO AO
CONTRIBUINTE DE TODAS AS INFORMAÇÕES QUE LASTREARAM A
AÇÃO FISCAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO
COMPROVADA. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA PRESUNÇÃO DO ART.
42 DA LEI Nº 9.430/96. Toda a documentação que
lastreou o procedimento fiscal deve ser
disponibilizada ao contribuinte, sob pena de
inaceitável cerceamento do direito de defesa. Ademais,
no caso da presunção da omissão de rendimentos
caracterizada por depósitos bancários de origem não
comprovada, o contribuinte deve ser intimado a
comprovar a origem dos depósitos bancários, na fase
prévia à autuação fiscal, sob pena de não se
aperfeiçoar a presunção legal. (...) (CARF. Nº Recurso
169550. Número do Processo 10580.011403/2007-39.
Órgão Julgador Primeira Câmara/Segunda Seção de

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Julgamento. Relator(a) GIOVANNI CHRISTIAN NUNES
CAMPOS. Data da Sessão 14/03/2012.)”

A própria Contribuinte em sua peça inicial vem


arguir a presente nulidade, demonstrando que não poderia se
defender do lançamento e dos levantamentos realizados na Ação
Fiscal simplesmente com base na breve narrativa vazia contida
no Auto de Infração.

Pelo exposto, já se mostram motivos suficientes


para a reforma da decisão de primeira instância, pois nulo o
lançamento do crédito tributário através do Auto de Infração
040412 em virtude da ausência de elementos probatórios acerca
das acusações fáticas ora suscitadas.

Todavia, é possível, para aqueles que assim


admitem, argumentar que o oferecimento das contrarrazões pela
Autoridade Fiscal, que se fez acompanhada dos documentos
faltosos no Auto de Infração, teria “sanado” o lançamento
nulo.

Não obstante a nulidade seja vício insanável, pode-


se fazer um esforço para compreender a conduta da Fazenda
Estadual, em sua peça contestatória, como uma revisão de
ofício do Auto de Infração, a qual se classifica como
hipótese de lançamento de ofício, devendo seguir todas normas
jurídicas prescritas para os lançamentos originário,
inclusive respeitando o seu prazo decadencial.

O lançamento de tributos, como ato administrativo


plenamente vinculado, deve sempre ser feito de acordo com o
que lei determina, respeitando os critérios, elementos e
requisitos previstos pela lei para que possa ser
complementado. Nesse sentido, os artigos 894 e 895 do RICMS
prescrevem que:

“Art. 894. Os atos dos representantes fazendários e


das autoridades julgadoras, serão levados ao
conhecimento do sujeito passivo por meio de
intimação.

Art. 895. A intimação deve conter:

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(...)
II - tratando-se de Auto de Infração, decisão da
primeira instância ou de segunda instância, o prazo
para pagamento e apresentação da defesa ou recurso,
conforme o caso; (...)”

A comunicação do lançamento de ofício (revisão) ao


Contribuinte e a oportunização do prazo de defesa são, por
logo, elementos integrantes do procedimento de lançamento e
devem ser praticados no prazo decadencial, pois somente findo
o processo administrativo fiscal (com ou sem a apresentação
de defesa) é que se pode considerar constituído o crédito
tributário.

O mesmo sentido se extrai da lição de Luciano


Amaro:
“O ato da autoridade, para que gere efeitos, deve ser
objeto de notificação ao sujeito passivo. O efeito
primordial dessa notificação é fazer atuar o dever do
sujeito passivo de proceder ao recolhimento do
tributo, que, antes, era inexigível por falta da
condição legal de exigibilidade”. (AMARO, Luciano.
Direito Tributário Brasileiro. 15. ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. P.347.)

No presente caso, observa-se que os fatos geradores


remetem ao exercício de 1988, contudo, a “correção” do Auto
de Infração nulo, ou o novo lançamento, como se prefira
denominar, só teria sido iniciada com a apresentação da
Contestação à Defesa em 09 de outubro de 1990.

Este lançamento, todavia, não foi acompanhado de


intimação da Contribuinte para a apresentação de sua defesa
ou para o pagamento no prazo legal.

Como resposta a essa petição e para sanar e dar


prosseguimento aos procedimentos de lançamento do tributo, em
05 de junho de 2009, a Autoridade Administrativa veio abrir o
prazo de 30 (trinta) dias para a defesa nos termos dos
artigos 136 da Lei 4.418/82 e 23 da Lei 6.771/06.

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Nesse ponto, entretanto, observa-se o transcurso do
prazo decadencial para a constituição do crédito tributário,
haja vista o transcurso de meros 21 (vinte e um) anos entre a
ocorrência dos fatos geradores e a intimação para a
apresentação da defesa ou do pagamento.

A existência de eventual decadência dos créditos


lançados pelo auto de infração é matéria que deverá ser
objeto de apreciação de ofício pelo julgador. Nesta esteira
estão, inclusive, os precedentes dos Conselhos de
Contribuintes do Ministério da Fazenda, o que, aliás, se
colhe de passagem do acórdão da 3ª Câmara do Segundo Conselho
lavrado nos autos do processo n ° 13964.000083/00-18, de
relatoria do Conselheiro, representante fazendário, o Prof.
Emanuel Dantas de Assis:
“Decadência é matéria de ordem pública, a ser
reconhecida de ofício quando estabelecida por lei,
como, aliás, já determina o art. 210 do Código Civil
de 2002. Somente a decadência convencional é que não é
suprida de ofício, embora possa ser requerida a
qualquer época, não se submetendo à preclusão (art.
211 do mesmo Código).”

Neste sentido está também a recente jurisprudência


do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:

“RECURSO ORDINÁRIO – MANDADO DE SEGURANÇA –


ADMINISTRATIVO – REDUÇÃO DE PROVENTOS – DECADÊNCIA –
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO –
1. Consoante orientação firmada por esta corte, o ato
que implica na redução de proventos é de efeitos
concretos, razão pela qual a impetração de mandado de
segurança contra tal ato deve ocorrer no prazo legal
de cento e vinte dias, sob pena de decadência.
Ressalva do entendimento da relatora. 2. A decadência,
matéria de ordem pública, pode ser reconhecida de
ofício em sede de recurso ordinário. Precedentes. 3.
Processo extinto com julgamento do mérito. (STJ – ROMS
200201435897 – (15463) – SC – 6ª T. – Relª. Min.Maria
Thereza de Assis Moura – DJU 19.11.2007 – p. 00291)”

Também assim vem entendendo este Colegiado


Administrativo em diversos de seus julgados.

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Portanto, em razão da competência desta instância


administrativa julgadora para apreciar de ofício a questão da
decadência de eventuais créditos tributários lançados na ação
fiscal, assim passamos a proceder.

A decadência em matéria tributária possui regime


jurídico próprio, e é regida, por delegação constitucional
(CF, art. 146, inciso III, alínea ‘b’), pelo Código
Tributário Nacional.

O legislador complementar, então, estabeleceu


regras sobre o comentado instituto jurídico (decadência), em
vista, precipuamente, da modalidade de lançamento adotada
para cada espécie tributária.

Para o caso dos tributos sujeitos ao lançamento por


homologação, ao qual está sujeito o ICMS, o prazo decadencial
é regido pelo 4º do art. 150 do CTN, cuja redação se
transcreve:

“Art. 150. (...)


§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele
de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública
se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo
se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.”

Assim, em sendo o marco inicial do prazo


decadencial fixado, em lei, pela ocorrência do fato gerador,
ou seja, pela realização no mundo fenomênico da hipótese
normativa contida na regra matriz de incidência tributária, o
que se efetiva com a saída da mercadoria do sujeito passivo
deduz-se que observados 05 (cinco) anos sem que o Fisco se
pronuncie sobre os procedimentos/recolhimentos fixados no
caput e demais §§ do citado art. 150, estariam estes
tacitamente homologados, logo, decaída a faculdade da
autoridade fazendária de revê-los. Isto diante da extinção do

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crédito, por homologação tácita, na dicção dos citados
dispositivos legais.

No caso em apreço, em tendo sido o sujeito passivo,


ora Recorrente, notificado do novo lançamento da para a
apresentação da defesa ou pagamento somente em 05 (cinco) de
junho de 2009 (dois mil e nove), tem-se como consectário que
eventuais créditos tributários apurados em período anterior a
05/06/2004 estão decaídos, logo, extintos, na esteira do art.
156, inciso V, do CTN.

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


manifesta-se no sentido de corroborar com o entendimento ora
manejado:

“Até que o sujeito passivo seja notificado, o auto de


infração carece de eficácia, como título hábil para
afastar a decadência do direito de constituir o
crédito tributário.” (STJ. REsp 73.594/PR. STJ, 1ª T,
Rel. Min. Humberto Gomes de Barros. DJU 04.03.96)”

Mais uma vez está plenamente justificada a reforma


da decisão de primeira instância, em face da ocorrência de
decadência do crédito tributário, o que gera a consequente
improcedência do Auto de Infração 040412.

Todavia, apenas à título argumentativo, caso não


seja reconhecida a decadência do crédito tributário em
comento, reputando-se válido e completo o Auto de Infração
revisado, ou seja, considerando-se que o lançamento
aperfeiçoou-se e constituiu o crédito tributário, é possível,
ainda, destacar que este encontra-se prescrito.

Pois bem. Caso se repute por completo o lançamento,


deve-se adotar como fim do processo administrativo
tributário, ou seja como termo inicial da contagem do prazo
prescricional para o ajuizamento da Execução Fiscal, o Termo
de Revelia lavrado em 12 de agosto de 1992, nos termos do
artigo 903 do RICMS.

“Art. 903 Findo o prazo previsto na intimação e não


havendo o pagamento ou início do pagamento do débito

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ou apresentação de defesa ou recurso, será
providenciada a lavratura do Termo de Revelia e o
encaminhamento do débito para inscrição na Dívida
Ativa.
§1º A revelia do autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito de decisão final
no processo administrativo fiscal.
§2º No caso de impugnação parcial, não cumprida a
exigência relativa à parte não litigiosa do crédito, o
órgão preparador, antes da remessa dos autos a
julgamento, providenciará a formação de autos
apartados para imediata cobrança da parte não
contestada, consignando essa circunstância no processo
original.
§3º Verificada a hipótese do parágrafo anterior, dá-se
a revelia do autuado, no que se referir à parte do
crédito que não tiver sido impugnada.”

Aceitando-se que houve a revisão do Auto Infração


pela peça contestatória e que a Contribuinte teria tido prazo
suficiente para a apresentação de sua defesa ou pagamento,
mas não a ofereceu, ter-se-ia operado, consoante o artigo
supramencionado do RICMS, a constituição definitiva do
crédito tributário com a lavratura do Termo de Revelia em 12
de agosto de 1992, passando a contar o prazo prescricional
quinquenal para o ajuizamento do feito executivo fiscal
previsto no artigo 174 do Código Tributário Nacional.

Nesses termos, teria o Fisco Estadual 5 (cinco)


anos para ajuizar a Execução Fiscal com vistas à cobrança dos
créditos em discussão, prazo que findaria em 12 de agosto de
1997. Contudo, não foi o que ocorreu no presente caso, já que
até à presente data não há feito executivo ou inscrição em
Dívida Ativa.

Demonstra-se, mais uma vez, a improcedência do Auto


de Infração e a necessidade de reforma da decisão de primeira
instância, já que o crédito tributário encontra-se prescrito
deste 1997, não podendo mais ser ajuizada a sua ação de
cobrança.

Por fim, em uma breve análise do mérito do Auto de


Infração, cabe apontar que, pela compulsão dos documentos e

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notas fiscais trazidas aos autos pela Contestação da
autoridade fiscal, todas as operações retratadas dizem
respeito a transferências de mercadorias entre
estabelecimentos da mesma empresa, o que não é pode
constituir fato gerador de ICMS, apesar da autonomia
existente entre estabelecimentos.

Assim, a mera saída da mercadoria de uma


estabelecimento para outro do mesmo contribuinte “não
materializa o ICMS por não tipificar a realizações jurídicas,
mas simples circulações físicas que sequer denotam relevância
para o Direito”. (MELO, José Eduardo Soares de. ICMS: teoria
e prática. 8. Ed. São Paulo: Dialética, 2005. P. 29)

Esse entendimento é majoritário na doutrina e


jurisprudência nacional, tendo inclusive motivado a edição da
súmula 166 do Superior Tribunal de Justiça:
“Súmula 166: Não constitui fato gerador do ICMS o
simples deslocamento de mercadoria de um para outro
estabelecimento do mesmo contribuinte.”

No mesmo sentido se postam as seguintes decisões do


Supremo Tribunal Federal:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO.


TRIBUTÁRIO. ICMS. SIMPLES DESLOCAMENTO DE MERCADORIA.
PRECEDENTES. OFENSA AOS INCISOS LIV E LV DO ART. 5º,
AO INCISO IX DO ART. 93 E AO INCISO III DO ART. 105 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INSUBSISTÊNCIA. AFRONTA AO ART.
97 DO MAGNO TEXTO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. 1. O
ICMS não incide no simples deslocamento da mercadoria
entre estabelecimentos de uma mesma empresa.
Precedentes. 2. A jurisdição foi prestada de forma
completa pelo Superior Tribunal de Justiça, em acórdão
devidamente fundamentado, embora em sentido contrário
aos interesses da parte recorrente, sem afronta aos
incisos LIV e LV do art. 5º, ao inciso IX do art. 93 e
ao inciso III do art. 105 da Constituição Federal. 3.
A suposta ofensa ao art. 97 do Magno Texto não foi
apreciada pelo aresto impugnado. Tampouco foi
suscitada nos embargos declaratórios opostos. Falta,
portanto, o necessário prequestionamento, nos termos
das Súmulas 282 e 356/STF. 4. Agravo regimental
desprovido.
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(STF. AI 769897 AgR, Relator(a): Min. AYRES BRITTO,
Segunda Turma, julgado em 08/02/2011, DJe-075 DIVULG
19-04-2011 PUBLIC 25-04-2011 EMENT VOL-02507-02 PP-
00245)

EMENTA: AGRAVOS REGIMENTAIS NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


TRIBUTÁRIO. REPARTIÇÃO DO ICMS. VALOR ADICIONADO
FISCAL - VAF. MUNICÍPIOS DE BASE EXTRATIVA. REEXAME DE
FATOS E PROVAS. DESLOCAMENTO DE MERCADORIAS.
ESTABELECIMENTOS DO MESMO TITULAR. 1. O acórdão
recorrido não se distanciou da jurisprudência do STF
ao afirmar que, ocorrendo o fato gerador do tributo -
ICMS - no território do Município de Ouro Preto, local
de saída final dos produtos beneficiados, não existe
motivo para a participação dos municípios de base
extrativa na receita proveniente da arrecadação do
ICMS com base no valor adicionado fiscal - VAF, vez
que não houve agregação de valor às mercadorias nos
referidos municípios. 2. Reexame de fatos e provas.
Incidência da Súmula n. 279 do STF. Impossibilidade em
recurso extraordinário. 3. O Supremo Tribunal Federal
fixou entendimento no sentido de que o simples
deslocamento da mercadoria de um estabelecimento para
outro da mesma empresa, sem a transferência de
propriedade, não caracteriza a hipótese de incidência
do ICMS. Precedente. Agravos regimentais a que se nega
provimento. (STF. RE 422051 AgR, Relator(a): Min.
EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 08/06/2010, DJe-
116 DIVULG 24-06-2010 PUBLIC 25-06-2010 EMENT VOL-
02407-04 PP-00817 LEXSTF v. 32, n. 380, 2010, p. 201-
207 RT v. 99, n. 900, 2010, p. 168-172)
EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO. SAÍDA FÍSICA DE BENS DE UM
ESTABELECIMENTO PARA OUTRO DE MESMA TITULARIDADE. NÃO
INCIDÊNCIA DO ICMS. PRECEDENTES DA CORTE. AGRAVO
IMPROVIDO. I - A jurisprudência da Corte é no sentido
de que o mero deslocamento físico de bens entre
estabelecimentos, sem que haja transferência efetiva
de titularidade, não caracteriza operação de
circulação de mercadorias sujeita à incidência do
ICMS. II - Recurso protelatório. Aplicação de multa.
III - Agravo regimental improvido. (STF. AI 693714
AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira
Turma, julgado em 30/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-
2009 PUBLIC 21-08-2009 EMENT VOL-02370-13 PP-02783)”.

Ou seja, mesmo que superadas todos os pontos


previamente expostos sobre a nulidade do Auto de Infração,

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decadência, prescrição e remissão do crédito tributário, o
imposto em cobrança não é devido já que diz respeito a
operações não inclusas entre os fatos geradores do ICMS, o
que, novamente, impõe o reconhecimento da nulidade do Auto de
Infração.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para DAR-LHE PROVIMENTO, para
anular a Decisão n.º 16.898/2010.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 24 de maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


VOTO VISTA VENCEDOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR
(ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR) (ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 20 – REALIZADA em 27/05/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO Nº: 1500-036340/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 90.00099-001
RECORRIDO: JAM DISTRIBUIDORA LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

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EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO.


PRELIMINAR DE NULIDADE. AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO
CONTRADITÓRIO. Comprovado que o
contribuinte solicitou cópia de
documentação que instruiu o
lançamento, com a finalidade de
apresentar impugnação, e demonstrado
que as copais não foram entregues.
Deve ser acolhida a preliminar, para
anular os atos praticados a partir
do requerimento do pedido de cópias.
Recurso conhecido e provido.

RELATÓRIO

Trata-se de exame de recurso ordinário, cujo objeto é a


reforma da decisão administrativa n° 18.187/11, esta, por sua vez,
julgou pela procedência do lançamento do crédito tributário presente
no auto de infração n° 90.00099-001.

No supracitado Auto, consta que: “o contribuinte adquiriu


no período de junho de 2005 a novembro de 2009, mercadorias
acompanhadas notas fiscais emitidas por empresas com situação
cadastral cancelada, notas fiscais falsas com selo fiscal
adulterado, emitidas antes da AIDF e com selos fiscais
confeccionados por scanner”.

Desse modo, infringindo o disposto nos art. 97 da Lei

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5.900/96, assim, a autoridade fiscal aplicou a penalidade prevista


no art. 97 da Lei 5.900/96. Fixando o crédito tributário no valor de
R$: 3.013.133,13(três milhões, treze mil, cento e trinta e três
reais e treze centavos).

Em sua defesa, a autuada, tempestivamente, alegou de


forma preliminar a nulidade do feito, por afronta aos princípios da
ampla defesa e do contraditório, alegando que não lhe fora concedido
acesso aos livros e documentos fiscais, de sua propriedade, que
fundaram o auto.

No mérito, impugnou a autuação alegando que: 1) o ICMS


foi destacado e recolhido na saída das mercadorias; 2) constituiria
abuso puni-lo em virtude de erro ou suspensão da inscrição do seu
fornecedor; 3) Não tinha competência para auferir a autenticidade
das Notas Fiscais; 4) Nada é confeccionado por scanner, o qual é uma
ferramenta de aquisição de imagens; 5) As alegações foram baseadas
em presunções, anexando estudo doutrinário sobre o tema; 6) a
cobrança do imposto configuraria Bis in Idem; 7) Caberia
interpretação mais benéfica ao contribuinte, configurando assim uma
falha administrativa, que estaria sujeita a multa acessória; 8) que
os fiscais cometeram o crime de exação; e por fim solicitou a
nulidade ou improcedência do Auto.

Nas contrarrazões, a representação fiscal,


preliminarmente arguiu que a autuação ocorreu dentro de todas as
formalidades legais e que o contribuinte fora formalmente intimado,
nos termos do art. 11 da Lei 6.771/2006.

Já no mérito, ratificou os termos do Auto, afirmando que:


1) este continha todos os documentos solicitados e apresentados pelo
contribuinte e constituiria meio de prova inequívocos; 2) o
exercício do direito de defesa, previsto no art. 23 da Lei
6.771/2006, pelo impugnante, tem caráter protelatório; 3) o

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administrador é pessoalmente responsável pelas obrigações


tributárias da sociedade limitada; 4) toda a atividade fiscal foi
minuciosamente detalhada, facilitando inclusive a defesa do Autuado;
5) no caso específico, segundo entendimento doutrinário, é possível
a produção de provas via presunção; 6) respeitados os preceitos
legais, previstos no art. 141, não restaria outra conduta, por parte
dos autuantes, se não proceder com a autuação; 7) foi respeitado o
contraditório, mas que este não foi devidamente exercido pela outra
parte; e por fim solicitou que o juiz, seguindo sua convicção e de
forma motivada, determinasse a norma a ser aplicado no referido
caso.

Na decisão ora em análise, a Coordenadoria de Julgamento:


1) Derrubou a alegação de cerceamento de defesa, por considerá-la
frágil e sem fundamento probatório, seguido entendimento do art.
891, IV RICMS, instituído pelo Dec. Lei 35.245/91; e 2) considerou
que a autuação não se baseava em mera presunção, fundamentando a
decisão da seguinte forma: art. 43 da Lei 441/82, art. 21, IX, da
Lei 5900/96, arts. 49, VIII e 207, IX e X do RICMS; 3) alegou que
não houve cumulatividade a cobrança dos tributos, por incidir o art.
34 da Lei 5.900/96; 4) considerou ser possível a apuração da
responsabilidade tributária, via esfera administrativa, por amparo
ao art. 43 da lei 4418/82 e art. 136 do CRT ; 5)ante as provas
acostadas aos autos,considerou que houve aquisição de mercadorias
por meio de documentos fiscais inidôneos, art. 207, IX e X do RICMS,
devendo incidir a penalidade prevista no art. 97 da Lei 5.900/96; e
6) afirmou que a responsabilidade tributária e penal estariam
intrinsecamente vinculadas, e que segundo art. 814, caput e § 3° do
RICMS, com o julgamento definitivo do lançamento administrativo, os
autos devem ser levados a conhecimento do Ministério Público;

Assim, decidiu a Coordenadoria pela procedência do


lançamento tributário consignado no Auto de Infração 90.00099-001,
nos termos do art. 21, IX e X da Lei 5.900/96, cominando a

3
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penalidade aplicada no art. 97 da mesma Lei, totalizando o crédito


tributário em R$: 3.013.133,13(três milhões, treze mil, cento e
trinta e três reais e treze centavos), dos quais 1.004.377,71(um
milhão, quatro mil, trezentos e setenta e sete reais e setenta e um
centavos), relativos ao ICMS e 2.008.755,42(dois milhões, oito mil,
setecentos e cinquenta e cinco reais e quarenta e dois centavos)
correspondente a multa aplicada.

Intimada da decisão, a contribuinte apresenta,


tempestivamente, recurso ordinário, no qual, transcreve a defesa
apresentada no juízo singular, acrescentando crítica ao julgamento
singular, por este ir de encontro ao entendimento dos tribunais
superiores, acrescentando jurisprudência. Por fim requereu a
nulidade ou a improcedência do Autor de Infração.

Já nas contrarrazões, a representação fiscal, arguiu que:


o autuado praticou o tipo ilícito da evasão fiscal e fez uso de
negócios aparentemente válidos, mas constituídos com fraude à lei
civil, se enquadrando no disposto pelo art. 1° da Lei 8137/90, no
mais reiterou os termos da contrarrazão inicial, recomendando que a
procedência do auto de infração seja mantida.

DA NULIDADE

Como demonstrado no relato acima a recorrente


praticamente reitera, em suas razões recursais, os fundamentos de
sua impugnação, dentre eles argui mais uma vez a nulidade do
lançamento, sob argumento de cerceamento do direito de defesa, ao
explicitar que ao ser intimado da autuação “via correio”, recebeu
apenas o auto acrescido de 18(dezoito) páginas, o que motivou o
pleito administrativo para fornecimento de cópia dos autos, o qual
segundo a recorrente continha 673(seiscentos e setenta e três
folhas).

Compulsando o volume 07 dos autos, vê-se que a

4
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contribuinte foi intimada em 15/02/2011 do lançamento, através do


“AR” fls. 690, intimação essa que também foi publicado no DOE/AL em
01/03/2011, neste ínterim a recorrente protocolou em 22/02/2011,
requerimento(fls. 62)volume 08, no qual solicita junto a SEFAZ/AL
cópia dos autos do processo administrativo, para assim ter acesso
aos documentos que o instruem.

Compulsando a decisão recorrida, percebe-se que o


julgador singular também constatar o pedido para entrega de
documentos, apesar de não acatar os argumentos de defesa, sobre a
nulidade, ao afirmar que “a defesa revelou pleno conhecimento da
autuação, não restando dúvida, portanto, quanto à acusação feita,
estando esta embasada em cópias dos documentos tidos por emitidos
com inobservância das disposições regulamentares”.

Vê-se, diante da síntese acima, que inicialmente a


presente análise queda sobre a violação ao princípio da ampla defesa
e contraditório.

É oportuno ressaltar que apesar da legislação processual


tributária Estadual e Federal, estabelecerem hipóteses de nulidades,
tais não são taxativas, podendo ocorrer situações outras, que também
leve a nulidade do lançamento ou de qualquer ato processual.

Entretanto, no caso dos autos, a hipótese arguida,


encontra-se prevista em lei, mais especificamente na norma do art.
7º da lei nº 6.771/2006, nos seguintes termos:

Art. 7º São nulos:


I - ...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de
defesa;

Já o decreto nº 70.235/72, o qual disciplina sobre o


processo administrativo fiscal no âmbito federal, também define que

5
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são nulos os atos praticados com “preterição do direito de defesa”,


nos termos do inciso II do art. 59 1.

Ora, no caso em deslinde o contribuinte prova que


solicitou ao Fisco Estadual cópia dos documentos que instruíram o
auto de infração, fato evidenciado na própria decisão recorrida e
não refutado pelo fisco, o qual não demonstra nem argumenta que
houve a entrega dos aludidos documentos.

Percebe-se, portanto que o Recorrente, ao propor sua


impugnação, não teve acesso à documentação solicitada, a qual
lastreou o lançamento. O fato do contribuinte, ter conhecimento dos
fatos que lhe são imputados e apresentar sua defesa, não tem o
condão de afastar o cerceamento do direito de defesa, até porque,
caso inerte quedasse, ou seja, se não apresentasse sua impugnação,
seria lavrado o competente termo de revelia e realizada a inscrição
em dívida ativa.

Os princípios do devido processo legal, contraditório e da


ampla defesa, estão consagrados em nossa constituição, no 5º, nos
incisos LIV e LV 2. Autores renomados ao lecionarem sobre o processo
administrativo tributário, defendem o amplo conhecimento da ação
fiscal, como forma de propiciar ao contribuinte um defesa adequada,
legitimando suas pretensões. Eis as palavras de Eduardo Domingos
Bottallo e Gordillo:

1
Art. 59. São nulos:
I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;
II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de
defesa
2
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes

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BOTTALLO
“o contencioso deve ser estruturado de modo que possa
propiciar aos contribuintes as garantias processuais
retro apontadas já que elas expressam a obrigatoriedade
da observância de um tipo de processo legalmente
previsto antes de alguém ser privado da vida, da
liberdade e da propriedade”. 3

GORDILLO

“o devido processo legal (na acepção que ora importa


destacar) compreende dois aspectos essenciais, a saber:
o direito de ser ouvido e o direito de oferecer e
produzir provas. O direito de ser ouvido pressupõe: (a)
a publicidade do procedimento (direito de conhecimento),
manifestada pelo leal e integral conhecimento da ação
administrativa; (b) a oportunidade de o administrativo
expressar suas razões antes da decisão e também depois
(dupla instância de julgamento); (...) 4

No caso dos autos, observando o já relatado, no se identifica


nulidade do lançamento, entretanto a partir do momento que se
apresenta uma impugnação demonstrando que foi solicitado cópias de
documentos que instruíram a autuação, para assim ser proferida sua
defesa, e tais documentos não foram entregues e em seguida foi
proferida a decisão mantendo o lançamento, percebe-se o vício na
decisão e não no lançamento.

Sobre o tema, são oportunas as palavras de Marcos Vincius Neder


e Maria Teresa Martiínez López:
“as decisões administrativas devem ser emitidas sempre
em respeito aos princípios do contraditório e da ampla
defesa, sob pena de serem consideradas nulas pela falta
de elemento essencial a sua formação” 5

3 
BOTTALLO, Eduardo Domingos. Curso de processo administrativo tributário. São Paulo, Malheiros: 2006 (P.41)

4
GORDILLO, Agustín A.“ La garantía de defensa como principio de eficacia en el procedimento administrativo”. RDP 10/16-24.
São Paulo. Ed. RT.

5
NEDER, Marcos Vinicius; LÓPEZ, Maria Teresa Martínez. Processo administrativo fiscal federal comentado. 3ª. Ed. São Paulo:
Dialética, 2010 (P.573)

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O então Conselho de Contribuintes, hoje CARF – Conselho


Administrativo de Recursos Fiscais, já se posicionou sobre as
hipóteses de nulidade da decisão recorrida, quando constado o
cerceamento do direito de defesa, nos seguintes termos:
Acórdão nº 30334313 do Processo 10314006202200336
Assunto: Regimes Aduaneiros Exercício: 1998 Ementa: PAF.
Nulidade da decisão recorrida. É nula a decisão proferida com
cerceamento do direito de defesa e com inobservância do
princípio da verdade material, caracterizados tanto pela recusa
na prorrogação de prazo para apresentar impugnação, após o
acesso aos autos pela empresa, quanto pela falta de apreciação
de documentos posteriormente anexados.
Analisando os fundamentos acima e o § 3º 6 do art. 7º da
Lei nº 6.771/2006, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário para dar
provimento e acolher a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de
defesa, para declarar nulo todos os atos praticados a partir do
requerimento da recorrente (fls. 62 volume 08), que solicitou cópia dos
documentos que instruíram o lançamento.

Decide-se ainda, que devem ser disponibilizados, pela


SEFAZ, meios para que o contribuinte tenha acesso à cópia de todos os
documentos que instruem o lançamento, e a partir de obtidas e certificado
nos autos a entrega, será iniciado prazo para ser apresentada nova
impugnação, no prazo legal de 30(trinta) dias.

Sala de Sessões do CTE, em 27/05/2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

6
§ 3º As irregularidades que tiverem causado prejuízo à defesa, quando devidamente identificadas e justificadas, só
acarretarão a nulidade dos atos que não puderem ser supridos ou retificados.

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 20- Realizada em 27/05/2013 – 2ª Câmara
PROCESSO: 1500-016008/2008 e CTE nº 169/2012.
ANEXO: 1500-018187/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.80750-001.
AUTUADA: MERVIL – MERCANTIL VIEIRA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.101820-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.601/12.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): José Adelson Felix de Freitas.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº135 /2013

EMENTA- ICMS. Não escrituração de


notas fiscais de entradas de
mercadorias sob o regime de
substituição tributária.
Infração descaracterizada pela
defesa mediante o acostamento aos
autos de acervo probatório
pertinente. Documentos fiscais
destinados a outros
contribuintes. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO
Trata-se de Auto de Infração lavrado contra MERVIL –
MERCANTIL VIEIRA LTDA - pessoa jurídica devidamente
qualificada, para exigência de crédito referente à multa,
por, em tese, ter o contribuinte deixado de registrar notas
fiscais de entradas de mercadorias sujeitas à substituição

Acórdão CTE Nº135/2013.


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tributária, no período compreendido entre os meses de
Janeiro/2006 a Dezembro/2007.
Como infração legal, foram apontados os artigos 2º, §
2º, II e 50 da Lei nº 5900/96 e os artigos 49, VI, “a” e 280,
caput, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto
35.245/91. Foi sugerida a penalidade do artigo 107 da Lei nº
5900/96.
Instruem a inicial como principais elementos
probatórios: relação das notas fiscais substituição
tributária não registradas tendo como emitentes as empresas
Cia. Alagoana de Refrigerantes e Souza Cruz S/A, cópias dos
livros fiscais de entradas de mercadorias relativos aos
exercícios de 2006 e 2007,relatório SINTEGRA – Sistema
Integrado de Informações Interestaduais com Mercadorias e
Serviços – Omissão de Saída (informação de terceiros)
O sujeito passivo apresentou impugnação à exigência
fiscal alegando, em síntese, não ter ocorrido a infração
apontada em virtude de, como asseveram as declarações dos
fornecedores (fls. 19 e 20 do processo anexo) mais
documentação probatória também acostada (fls. 21 a 33 do
mesmo processo), os emitentes das referidas notas venderam as
mercadorias para outros clientes, porém, por erro, com o
número da inscrição estadual do autuado. Finalizou requerendo
que seja julgado improcedente o Auto de Infração.
Em contrarrazões, a autoridade fiscal aduzindo que
embora o autuado tenha anexado à sua defesa declarações de
fornecedores sobre os equívocos cometidos pelos mesmos, não
houve a escrituração das notas fiscais no livro próprio, pelo
que requereu a procedência do auto de infração.
Requisitada diligência fiscal pelo órgão julgador
singular, objetivando a conferência da autenticidade dos
documentos fiscais acostados pela defesa, bem como a juntada
das outras notas fiscais relacionadas na autuação, tendo
ocorrido o acostamento das cópias das mesmas.
Após, foi proferida a Decisão nº 18.601/12, tendo o
julgador singular decidido pela improcedência do lançamento
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. Lançamento de


ofício do crédito tributário. 2. Não

Acórdão CTE Nº135/2013.


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escrituração de Notas Fiscais de
entradas de mercadorias sujeitas a
substituição tributária. 3. Infração
descaracterizada pela defesa
mediante o acostamento aos autos de
acervo probatório pertinente. 4.
Documentos fiscais apresentando como
destinatários outros contribuintes.
5. Lançamento IMPROCEDENTE. 6.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, em atendimento
ao art. 48, I, da Lei Estadual nº
6.771/06.
Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.

VOTO

Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº 18.601/12,


de Primeira Instância, conforme ordenado no art. 48 da Lei nº
6.771/06, que julgou improcedente o lançamento de ofício de
multa devido à suposta falta de registro de notas fiscais em
livro fiscal próprio.
Conforme elementos de prova trazidos tanto pelo
contribuinte quanto pela requisição fiscal – declarações dos
fornecedores sobre o erro de emitirem as notas fiscais com a
inscrição estadual do autuado, mas destinadas para outros
clientes e as respectivas cópias das notas fiscais com
destinatário diverso da razão social do autuado, mas com a
sua inscrição estadual – verifico acertada a decisão de piso.
Ficou comprovado nos autos que as mercadorias
relacionadas nas notas fiscais objetos da autuação não foram
destinadas ao estabelecimento do autuado, como se pode
verificar ao se examinar as mesmas. Tal fato foi reforçado
pelas declarações emitidas pelos seus fornecedores, admitindo

Acórdão CTE Nº135/2013.


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o erro cometido. Ou seja, o defendente não poderia registrar
no livro fiscal de entrada de mercadorias, documentos fiscais
destinados a outros contribuintes nem mercadorias nunca
recebidas.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária para NEGAR-LHE PROVIMENTO,
mantendo na íntegra a decisão singular ora em reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 27 de maio de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M.DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A, FILHO


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

Acórdão CTE Nº135/2013.


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2ª. CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 21– REALIZADA: 07/06/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO: SF . 03506/99 – CTE Nº 09/2010
AUTO DE INFRAÇÃO: . 06691/99
RECORRENTE: . ESTADO DE ALAGOAS
RECORRIDO: MOTOCANA S/A MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS.
SECRETARIA:GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 142/2013

EMENTA: ICMS APURADO MEDIANTE


LEVANTAMENTO FISCAL.
DIVERGÊNCIA ENTRE AS
INFORMAÇÕES ADOTADAS PELA
FISCALIZAÇÃO E A ISCRITA FISCAL DO
CONTRIBUINTE. IMPRUCEDÊNCIA DA
AUTUAÇÃO. REEXAME CONHECIDO E
NÃO PROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste


Colegiado Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006,
em face da sucumbência da Fazenda Estadual declarada pela Decisão n °
16.285/2009, da Douta Coordenadoria de Julgamento, que entendeu por decretar
a nulidade do lançamento.

Segundo a instância singular, o levantamento efetuado pela


fiscalização que apontou para crédito tributário não recolhido aos cofres
estaduais haveria, afora a utilização de legislação superveniente para fatos
pretéritos para fins de aplicação de margem de lucro presumida, também houve a
inserção de dados no trabalho fiscal de valores divergentes aos dos livros fiscais.
Por estas razões, conclui a Douta Coordenadoria de Julgamento pela nulidade da
autuação.

Intimados, contribuinte e representação fiscal quedaram-se silentes,


tendo sido, então, e como já anotado, os autos encaminhados a este Órgão
Colegiado para o respectivo reexame legal.

É o que interessa ao julgamento.

Acórdão N° 142_2013 Página 1


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2ª. CÂMARA

VOTO

De uma análise dos autos infere-se que assiste razão a instância


singular.

Tal assertiva é resultado da observação, já constatada no


julgamento ora revisado e anteriormente em duas diligências, de que dos autos
não se logra êxito em encontrar as informações lançadas pela autoridade
lançadora em seu trabalho de levantamento. Ou seja, não se sabe a origem dos
respectivos dados.

Conforme afirmado, aos fiscais autuantes foram dadas, inclusive,


mais de uma oportunidade para que esclarecessem de onde teriam eles extraído
as ditas informações, sem que a diligência fosse esclarecida.

A ressalva que fazemos é que a constatação feita pela instância a


quo não conduziria a nulidade, já que não conseguimos vislumbrar norma que
subsidie tal conclusão. Pensamos, com a devida vênia, que foi a dialética
processual, inclusive com a juntada de elementos probatórios pelo contribuinte,
que permitiu a constatação da ilegitimidade dos dados utilizados no lançamento.
Por esta razão, entendemos pela improcedência da autuação.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da
remessa necessária para negar-lhe provimento, com a ressalva de que concluímos
pela improcedência da autuação.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 07 de junho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão N° 142_2013 Página 2


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº23 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 21/06/2013


PROCESSO N º.: SF 1500-015342/2005; CTE – 417/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 9981242001
RECORRIDO: SEVENTY - COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº149/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS –


Apresentação da Declaração de
Atividades do Contribuinte fora do
prazo. A entrega posterior não exclui
a pena pela entrega extemporânea.
Recursos conhecidos e improvidos

RELATÓRIO

Trata-se de recurso voluntário e reexame necessário da


decisão administrativa nº 16.679/2010, que julgou pela procedência
em parte do lançamento do crédito tributário constante do Auto de
Infração nº 9981242001.

ACÓRDÃO Nº149/2013 Página 1


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No Auto de Infração supracitado consta que o contribuinte


SEVENTY - COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA apresentou a DAC fora do
prazo legal no que atine aos meses de janeiro a abril e de junho a
setembro de 2006.

Assim, teria infringido o art. 56 da Lei nº 5.900/96 e o


art. 272 do RICMS, sendo aplicada a multa constante do Inciso V do
art. 115 da Lei nº 5.900/96. Por conseguinte, fora determinado o
crédito tributário no valor de R$ 5.025,10 (cinco mil vinte e cinco
reais e dez centavos).

O sujeito passivo, em contrapartida, apresentou


impugnação administrativa alegando nulidade e ilegalidade do Auto de
Infração nos seguintes termos: não observância do art. 889-B do
RICMS e que o auto em comento refere-se às declarações apresentadas
tempestivamente com informações errôneas, de modo que,
posteriormente, tais erros foram retificados. Ademais, sustenta que
restam evidentes os requisitos que ensejam à autoridade lançadora
ficar obrigada a não cobrar a multa de mora.

Transcreve ainda ementas no sentido de que a entrega da


declaração é obrigação acessória, porquanto caracteriza a exclusão
da responsabilidade pela simples entrega voluntária da mesma, assim
como que o Fisco não teria considerado as declarações retificadoras
apresentadas pelo contribuinte.

Por outro lado, o fisco, em sede de contrarrazão, pugnou


pela manutenção do lançamento, especificando os termos que continham
a comprovação dos meses a que se referem as DAC mencionadas na
inicial, assim como afirma que o único modo de elidir a presente
ação fiscal seria com a comprovação do pagamento das multas pela
entrega em atraso das DACs.

A autoridade julgadora, a seu turno, afirma que a


imputação realizada ao contribuinte é procedente com vistas a
entrega extemporânea das Declarações de janeiro a abril de 2006,
consoante se deduz do documento “Informações”, fls. 34/35.

Todavia, no tocante aos meses de junho, julho, agosto e


setembro, a coordenadoria de julgamento denotou que o sujeito
passivo entregou as ditas declarações tempestivamente, embora
contivessem erros. Ademais, o contribuinte retificou-as no mesmo
exercício, bem quanto antes do procedimento fiscalizatório, em 2008.
Assim, detectou-se a infração praticada tendo em vista que no prazo
legal não foram apresentadas as informações condizentes com o Livro
Fiscal.

ACÓRDÃO Nº149/2013 Página 2


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Entretanto, enfatizou-se que dita infração não fora a


constante da inicial, razão pela qual solicitou que fosse comunicado
à Superintendência da Receita Estadual para as providências
necessárias. Ainda ressalta que tal entrega extemporânea não
configura denúncia espontânea.

Ao fim, aplica o art. 116, V, da Lei Estadual nº 5.900/96


ao presente caso, alterando o montante do crédito tributário para R$
2.917,80 (dois mil novecentos e dezessete reais e oitenta centavos).
Desta feita, decida pela procedência em parte do lançamento
tributário.

Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente pugna por


reforçar os mesmos argumentos expostos quando da interposição da
defesa administrativa, excluindo apenas aqueles que atinem aos
requisitos para a denúncia espontânea. De tal modo, requer que seja
deferido o pedido de nulidade do Auto de Infração e, sendo superado,
solicita que se julgue ilegal o crédito tributário em espeque em
razão da retificação realizada com as DAC´s.

No pedido de revisão da Decisão da coordenadoria de


julgamento, sustenta o Fisco pela procedência total do crédito
constante do Auto de Infração ante o descumprimento de obrigação
acessória.

Argumenta ainda no sentido de que a situação presente não


preenche os requisitos para a denúncia espontânea, alegando,
ademais, que o mesmo tratamento é dado a entrega extemporânea da DAC
bem quanto às DAC retificadora, pedindo, logo, que seja revista a
decisão da Coordenadoria de Auditoria Fiscal pela retirada dos
cálculos dos meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro de
2006, em face da IN SF nº 029/2002.

É o relatório.

VOTO

PRELIMINAR – NULIDADE DO LANÇAMENTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto do recurso voluntário interposto.

O Recorrente sustenta, primeiramente, a preliminar de


nulidade do Auto de Infração ante a inobservância do art. 889-B,
Inciso VI do RICMS, para além de afirmar acerca da exclusão de sua
responsabilidade tributária no caso em espeque e pela inaplicação da

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multa com vistas aos tributos recolhidos supostamente conforme


previsto pela legislação, sendo, pois, ilegal.

Ora, no que atine à acusação de nulidade do Auto de


Infração com base no dispositivo supracitado, necessário se faz
observá-lo:

Art. 889-B O Auto de Infração deve conter:


(...)
VI - a descrição dos fatos considerados infrações a obrigações
tributárias principal e/ou acessórias, de forma clara, precisa e sucinta;

Neste passo, suscita-se que o Fisco não disponibilizou as


informações imprescindíveis para a Defesa do Recorrente, além de que
a tipificação da conduta do contribuinte teria sido equivocada,
conforme se depreenderia da decisão recorrida.

Não obstante tais alegações, verifica-se, por planilhas


juntadas ao auto, que foram discriminados todos os valores das
multas correspondentes ao atraso. No ínterim do erro na tipificação
da infração, necessário observar que o julgador pode aplicar
dispositivo atinente à multa diverso daquele estipulado pela
inicial, o que faz com que se afaste dito argumento.

Pelas razões acima rejeito a preliminar arguida.

MÉRITO

Superada a dita preliminar, passa-se a analisar o mérito.

Como demonstrando o lançamento decorre do descumprimento


da obrigação acessória, por falta de entrega das DAC’S, consoante
prescreve o art. 116 da Lei nº 5.900/96:

Art. 116. Deixar de entregar ou apresentar, no prazo regulamentar, os


seguintes documentos, inclusive em arquivo magnético, quando for o caso:

V - Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC ou documento que venha


a substituí-la:

MULTA - equivalente a 20 (vinte) vezes o valor da UPFAL, se paga até 30


(trinta) dias após o prazo regulamentar, devendo ser acrescida de 10 (dez)
UPFAL's para cada mês adicional em atraso, até o limite total de 500
(quinhentas) vezes o valor da UPFAL.

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Resta incontroverso nos autos que a entrega dos DAC’S foi


extemporânea, portanto não assiste qualquer razão dos argumentos do
Recorrente, já que as DAC´s relativas aos meses de janeiro a abril
foram entregues fora do prazo, desrespeitando, logo, a obrigação
acessória.

No ínterim das alegações de exclusão de responsabilidade


para com o contribuinte, frise-se que a conduta do mesmo não se
lastreia pela denúncia espontânea, haja vista o não preenchimento
dos requisitos que se perfazem necessários, conforme se depreende do
art. 138 do Código Tributário Nacional. O fato de apresentar os
documentos antes do lançamento, não afasta a conduta de
inobservância do prazo regulamentar.

Sobre o tem o então Conselho de Contribuintes assim já se


posicionou:

Ementa
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS
DE IRPF - A apresentação da declaração de rendimentos
fora do prazo fixado enseja a aplicação da multa prevista
no artigo 88 da Lei nº 8.981/95. DENÚNCIA ESPONTÂNEA -
Não se configura denúncia expontânea o cumprimento de
obrigação acessória, após decorrido o prazo legal para
seu adimplemento, sendo a multa indenizatória decorrente
da impontualidade do contribuinte. Recurso negado.
Acórdão nº 10611743 do Processo 139060000350089

Ao fim, sob a égide da alegação de que a multa somente


deve ser aplicada se presente tributo devido, de modo que não
haveria, logo, incidência de multa, é imperioso destacar que não se
perfaz necessária a presença de dito tributo, tendo em vista que
multa é punitiva em face do descumprimento de obrigação acessória

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por parte do contribuinte, qual seja a não entrega da DAC no prazo


regulamentar.

Quanto ao reexame, percebe-se o acerto do julgador


singular, ao excluir do lançamentos as declarações apresentadas
dentro do prazo.

Diante do exposto e com base nos dispositivos e trazidos


a este julgado, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, conhecer do recurso
voluntário, para rejeitar a preliminar arguida e, no mérito, por
maioria de votos, negar provimento, manter a decisão recorrida
incólume bem quanto os valores atinentes ao crédito tributário
devido ali aduzido.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió, 21 de junho


de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR(ACOMPANHOU O RELATOR) JULGADOR (VOTOU CONTRA O RELATOR)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 24- Realizada em 27/06/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO: 1500-010917/11; CTE-216/12
ANEXOS: 1500-090906/09 (02 VOLUMES); 1500-028389/11
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 90.08147-001
RECORRENTE: FERRAGENS E CONSTRUÇÃO PEREIRA LTDA.
AUTUANTE: IVALDO MARINHO SILVA – Mat. 51.561
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

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EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO

O presente lançamento tem como descrição dos


fatos a seguinte: “Deixou de recolher o ICMS decorrente da
omissão de saídas relativas às operações/prestações
realizadas cujos pagamentos foram feitos pelos adquirentes
por meio de cartão de crédito/débito ou similares, cujos
documentos fiscais relativos a estas operações de saídas não
estavam escriturados regularmente nos livros fiscais
próprios.”

No entanto, no “Campo Complemento” da descrição


dos fatos, constante da fl. inicial, assim como nos

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demonstrativos de fls. 24/25 e nos docs. de fls. 29/52 –


Proc. nº. 1500-090906, o autuante atribui como infração
tributária o fato da empresa autuada ter apresentado
diferença entre suas vendas registradas e as vendas
efetivadas mediante cartões de crédito, segundo confronto das
informações fornecidas pelas Administradoras de Cartões de
Crédito.

Como dispositivos transgredidos foram apontados


dentre outros, os incs. II e V do § 9º do Art. 2º e o Art.
83, todos da Lei nº. 5.900/96.

Como instrução da autuação foram anexados, dados


cadastrais do contribuinte, demonstrativo do débito,
Relatórios de Movimentações Financeiras das Administradoras
de Cartões de Crédito VisaNet, Redecard, Hipercard e cópias,
da Intimação Fiscal de nº 66486, do Livro Reg. de Apuração do
ICMS, dos Termos de início e encerramento de fiscalização,
dos Ofícios DIPLAF de Nºs. 023 a 033/2009, seguidos das
Intimações Fiscais de Nºs. 56.702 a 56.713, das Declarações
Anual do Simples Nacional e dos Extratos do Simples Nacional.

Intimada da autuação, a empresa requer em


sede de preliminar a nulidade da autuação em razão da ofensa
aos termos do art.5º, da Resolução de nº 30/08 do Comitê
Gestor do Simples Nacional – CGSN, assim como em razão da
incompetência do Agente Autuador, do doc. impróprio utilizado
por este, do critério de apuração dos valores da autuação
(Excesso de Exação) e do cerceamento do direito de defesa.

Por ocasião da contestação da defesa, o


eminente Representante Fiscal rebate os questionamentos da
empresa, insistindo na manutenção do julgamento.

Submetido o presente litígio fiscal a


julgamento por parte da instância monocrática, a mesma
concluiu pela procedência do lançamento em parte, inclusive
com enfrentamento das preliminares argüidas e requeridas pela

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empresa autuada, conforme ementado: “ICMS 1. O cerceamento do


direito de defesa e contraditório não ficou caracterizado
porque os autos do PAT ficaram disponíveis ao representante
legal da pessoa jurídica. 2. As operações de vendas com
recebimento por meio de cartão de crédito e/ou débito são
passíveis de averiguações fiscais. 3. O auto de infração é o
documento a ser utilizado para a veiculação de normas
individuais e concretas acerca da falta ou do recolhimento a
menor do crédito tributário nos casos de levantamento fiscal
por ofício. 4. A opção do Simples Nacional não exclui a
incidência do ICMS nas operações de saídas de mercadorias
desacompanhadas de documento fiscal. 5. A circunstância
material que dá ensejo a presunção legal de saídas de
mercadorias tributadas em operação interna sem o pagamento do
imposto foi devidamente caracterizada e provada tendo
embasamento na diferença de valores entre o relatório das
Administradoras de cartão de crédito e débito com a
declaração e o Extrato do Simples Nacional. 6. Não será
acolhida o tipo penal tributário sugerido do art. 83 da Lei
nº 5900/96, mas aplicada a penalidade disposta no art. 79 da
mesma Lei. 7. Lançamento do crédito tributário PROCEDENTE em
parte. 8. Reexame necessário para o Conselho Tributário
Estadual.

Em síntese é o relatório.

VOTO.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular é de se


constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante ao consignar na fl. inicial, assim
como nos demonstrativos de fls. 24/25 e nos docs. de fls.
29/52, os fatos típicos da infração, faz constar a falta de

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recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão


de diferença das vendas realizadas mediante cartões de
crédito/débito em confronto com as vendas efetivamente
registradas e ao mesmo tempo aponta no lançamento falta de
recolhimento do ICMS em razão da falta de escrituração dos
documentos fiscais relativos às operações de saídas, sem, no
entanto, identificar os respectivos docs. fiscais (Notas
Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio,
indicando como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação


jurídica da autuação, a empresa, ou bem se defenderia da
acusação do registro de vendas inferior ao montante do
faturamento mediante cartão de crédito/débito, infração
típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o Art. 79,
todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da acusação
da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista
no reportado art. 83.

De forma que, os atos praticados com preterição


do direito de defesa no Processo Administrativo Tributário
são nulos, conforme mandamento previsto no Art. 7º, inc. II,
da Lei nº. 6.771/06, verbis:

“Art. 7º São nulos:”

I – (...)

“II – os atos praticados e as decisões proferidas


com preterição do direito de defesa;”

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Na verdade, nada impediria que a presente


autuação contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de
infrações, desde que as mesmas estivessem instruídas, o que
não se verifica.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da Remessa Necessária, no entanto deixar de apreciar
o mérito da decisão recorrida, para de oficio declarar nula
por vicio formal a autuação por ofensa ao princípio da ampla
defesa.

Sala das Sessões do CTE., em 05 de março de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A, FILHO


JULGADOR JULGADOR

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PROCESSO Nº: SF 1500-026916/2005; CTE 190/2012 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 42879 de 31/08/2005
RECORRENTE: Leide Confecções Ltda. ME
RECORRIDA: Fazenda Pública Estadual
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 155/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


INEXISTÊNCIA DE NULIDADE FORMAL
QUANTO À INTIMAÇÃO DO SUJEITO
PASSIVO. CIÊNCIA DO LANÇAMENTO
MEDIANTE A EXPEDIÇÃO DE AVISO DE
RECEBIMENTO POR VIA POSTAL.
AUSÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO ICMS
REFERENTE AO ESTOQUE EXISTENTE
QUANDO DO ENCERRAMENTO DAS
ATIVIDADES DA EMPRESA. CONTRIBUINTE
OPTANTE PELO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO E SIMPLIFICADO DAS
MICROEMPRESAS, COM RENÚNCIA A
QUALQUER ESPÉCIE DE CRÉDITO FISCAL.
INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO
DA NÃO CUMULATIVIDADE. RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA. LANÇAMENTO
PROCEDENTE EM PARTE.

RELATÓRIO

Cuida o processo evidenciado em epígrafe do Auto de


Infração nº. 42879 de 31/08/2005, no qual a autoridade fiscal

Acórdão CTE 155/2013


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relata que a contribuinte deixou de recolher ICMS proveniente


das mercadorias constantes no estoque final da empresa na data
do encerramento das suas atividades no valor de R$ 5.564,68
(cinco mil, quinhentos e sessenta e quatro reais e sessenta e
oito centavos). Imputou-se, ainda, a penalidade de 60% sobre o
valor do tributo devido, conforme previsto no artigo 84, da
Lei nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no valor de
R$ 8.903,48 (oito mil, novecentos e três reais e quarenta e
oito centavos).

Instruem os autos, a cópia do cartão de autógrafo,


do livro registro de inventário e do livro de ocorrências.

A Autuada apresentou defesa as fls. 02/04, enquanto


que a fiscal autuante expôs suas contrarrazões as fls. 09/11.

Encaminhados os autos para a Coordenadoria de


Julgamento, decidiu-se pela procedência em parte do
lançamento, na medida em que foram respeitadas todas as
disposições legais atinentes à matéria, alterando-se, por
força da lei, tão somente a penalidade de 60% prevista no
artigo 84, para a multa de 50% disposta no artigo 79, ambos da
Lei nº. 5.900/96, em razão da reclassificação das penalidades
promovida pelo legislador.

Inconformada com a decisão, a Autuada interpôs


Recurso Ordinário argumentando que:

a) apresentou sua defesa no prazo legal, entretanto


a Coordenadoria de Julgamento demorou aproximadamente 06
(seis) anos e meio para apreciar a autuação, motivo pelo qual
terá que arcar com ônus desproporcional diante da incidência
de juros e correção monetária;

b) quando solicitou o encerramento das atividades,


entregou toda a documentação necessária, agindo de boa-fé,
portanto, não tinha nenhuma intenção de cometer qualquer ato
ilícito;

c) a forma como o imposto devido foi calculado


desrespeita o princípio da não cumulatividade, pois não foi
considerado o crédito fiscal decorrente da entrada das
mercadorias tributadas, o que torna o ICMS cumulativo,
caracterizando, portanto, uma anomalia jurídica;

Acórdão CTE 155/2013


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d) a Lei Estadual nº. 6.271/2001 e o Decreto nº.


545/2002 que tratavam e regulamentavam o regime tributário
diferenciado e simplificado para as microempresas são omissos
quanto ao objeto descrito nos autos, razão pela qual devem ser
aplicadas as disposições da legislação ordinária, logo
plenamente cabível a compensação tributária entre os créditos
e débitos das operações de ICMS.

Por conseguinte, a representação fiscal apresentou


suas contrarrazões recursais sustentando que:

a) a apuração do tributo devido ocorreu de acordo


com a sistemática legal aplicável ao caso, na qual considera
fato gerador do ICMS a mercadoria constante do estoque final,
na data do encerramento das atividades do contribuinte, sendo
a base de cálculo do imposto determinada pela aplicação do
lucro presumido de 30% sobre o valor das mercadorias do
estoque final;

b) no regime de tributação diferenciado e


simplificado das microempresas, a apuração e pagamento do ICMS
acontece através do enquadramento estimado da receita bruta da
empresa, com o pagamento mensal do imposto no valor pré-fixado
pela legislação, onde, ao aderir ao regime simplificado, o
contribuinte abre mão do mecanismo de compensação do ICMS,
portanto, inexiste ofensa ao princípio da cumulatividade.

Após, os autos foram remetidos ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ORDINÁRIO

Ab initio, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada,
em especial, a sua tempestividade.

Acórdão CTE 155/2013


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Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei


do PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
Recurso Ordinário, vejamos:

Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao


CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Recorrente foi


intimada da decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia
09/04/2012, conforme ARs de fls. 33/34, tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 20/04/2012.

II. DA PRELIMINAR DE NULIDADADE DO LANÇAMENTO –


ALEGAÇÃO DE VÍCIO FORMAL QUANTO À NOTIFICAÇÃO DO SUJEITO
PASSIVO

Preliminarmente, a Recorrente afirma que a maneira


como foi intimada acerca da lavratura do Auto de Infração
consignado nos autos está maculada por vício formal, pois fora
notificada mediante a expedição de AR (aviso de recebimento,
em desconformidade com o disposto no artigo 11, incisos I, II
e III, da Lei nº. 6.771/2006.

O artigo 11, da Lei nº. 6.771/2006, determina que a


notificação do sujeito passivo ocorrerá, preferencialmente, de
forma pessoal, sendo permitido, também, o envio da notificação
por via postal, mediante remessa de Aviso de Recebimento – AR,
ou, ainda, através da publicação de edital.

No caso dos autos, não sendo possível a intimação


pessoal da Recorrente, o órgão competente expediu ofício de
notificação do auto de infração (fl. 16), remetendo-o por AR,
nos termos do artigo 11, inciso II, da Lei nº. 6.771/2006.

Nesse ponto, em que pese não restar comprovado nos


autos a entrega efetiva da intimação, na medida em que não
consta a devolução do AR enviado, verifica-se inexistir
prejuízo para a elaboração da defesa pelo contribuinte, pois,
quando somente transcorridos 9 (nove) dias da expedição do

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ofício de intimação (21/11/2005), a Recorrente foi capaz de


apresentar defesa nos autos (30/11/2005), o que denota a sua
ciência acerca do conteúdo dos autos.

Dessa forma, sendo inquestionável que a Recorrente


de alguma forma tomou ciência do conteúdo do Auto de Infração
constante nos autos, sendo capaz de elaborar a sua defesa, não
há que se falar em vício quanto ao procedimento de intimação,
rejeitando-se, por conseguinte, a preliminar de nulidade.

III. DA APRECIAÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO – ALEGAÇÃO


DE AFRONTA AO PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE –
DESCONSIDERAÇÃO DO CRÉDITO FISCAL DA AQUISIÇÃO DAS MERCADORIAS

No mérito, argumenta a Recorrente que o lançamento


deverá ser julgado improcedente, pois, ao lavrar o auto de
infração, não foi considerado para apuração da base de cálculo
do imposto devido o crédito fiscal decorrente da aquisição das
mercadorias tributadas, transformando o ICMS em tributo
cumulativo, hipótese vedada pela Constituição Federal,
caracterizando-se anomalia jurídica.

No caso dos autos, relata a autoridade fiscal que a


Recorrente deixou de recolher ICMS decorrente de mercadorias
tributáveis constantes no estoque final da empresa no momento
do pedido de encerramento das suas atividades, infringindo ao
disposto no artigo 2º, §2º, inciso I, da Lei nº. 5.900/96,
vejamos:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do


ICMS no momento:

§ 2º - Considera-se saída do estabelecimento:

I - a mercadoria constante do estoque final, na


data do encerramento da atividade;

Por oportuno, importante ressaltar que a própria


legislação tributária estadual que instituiu o regime de
tributação diferenciado e simplificado para as microempresas,
empresas de pequeno porte e ambulantes, estabeleceu de forma
clara e precisa a obrigatoriedade de recolhimento do ICMS das

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mercadorias tributáveis constantes no estoque final das


empresas no momento do encerramento das atividades para os
contribuintes optantes do citado regime de tributação
diferenciado. Assim dispõe o artigo 9º, §2º, inciso II, alínea
“c”, da Lei nº. 6.271/2001:

Art. 9º O valor do ICMS devido mensalmente


pelos contribuintes admitidos à sistemática
desta Lei será apurado e pago na conformidade
deste Capítulo, nos prazos e forma previstos em
regulamento.

§ 2º Os contribuintes admitidos à sistemática


desta Lei:

II - obrigam-se a recolher o imposto relativo:

c) às mercadorias existentes em estoque por


ocasião do pedido de baixa de inscrição,
ressalvado o disposto nos incisos VII a IX, do
art. 3º, da Lei nº 5.900, de 27 de dezembro de
1996;

Nesse ponto, a Lei nº. 6.271/2001, determinou aos


contribuintes optantes pelo regime de tributação diferenciado
e simplificado a renúncia expressa ao aproveitamento de
quaisquer créditos fiscais como condição de adesão ao referido
sistema, a teor do disposto no artigo 2º, §1º, inciso II, da
Lei nº. 6.271/2001, de modo que inexiste inconstitucionalidade
na desconsideração do mecanismo de compensação do ICMS (débito
e crédito) no caso em apreço.

A princípio, pode parecer abusiva a sistemática de


cálculo do ICMS no regime diferenciado, pois poderia estar-se
permitindo o cerceamento do direito do contribuinte com a
exclusão da compensação do ICMS, entretanto a adesão ao regime
sempre foi uma opção do contribuinte, jamais um imposição,
tornando-se atraente, na medida em que, ao invés da empresa
apurar o imposto pelo mecanismo de débito e crédito, a
apuração do ICMS se dava pelo enquadramento do contribuinte em
faixas de tributação, de acordo com a sua receita bruta anual,
possibilitando o recolhimento do imposto em valores pré-
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estabelecidos, habitualmente bem inferiores às quantias


efetivamente devidas no regime de tributação convencional.

Dessa forma, considerando-se que a Recorrente


renunciou expressamente aos créditos fiscais e,
consequentemente, ao sistema de compensação do ICMS no momento
em que optou pela adesão ao regime de tributação diferenciado
e simplificado das microempresas, não há que se falar em
ofensa ao princípio da não cumulatividade no caso em análise.

Afinal de contas, a Recorrente optou pela adesão ao


regime de tributação diferenciado e simplificado das
microempresas e aceitou as suas regras, portanto, inaceitável
que no momento em que o cenário se mostra desfavorável, a
Autuada pretenda desconsiderar a sua escolha e passar para o
regime de tributação tradicional com a aplicação da regra de
compensação do ICMS sobre a base de cálculo do imposto.

Aliás, sobre a apuração da base de cálculo,


observa-se que a autoridade fiscal agiu estritamente em
respeito ao disposto na legislação vigente na época dos fatos,
especialmente ao disposto no artigo 6º, inciso XII, alínea
“a”, da Lei nº. 5.900/96, o qual determina que, nos casos de
recolhimento do imposto decorrente da existência de estoque
final no momento de encerramento das atividades da empresa, o
ICMS será calculado com a aplicação da alíquota sobre o valor
da mercadoria acrescido do lucro presumido de 30% (trinta por
cento,in verbis:

Art. 6º A base de cálculo do imposto é:

XII - no caso do § 2º do art. 2º, salvo


percentual específico aplicável à mercadoria,
estabelecido na legislação:

a) o valor do custo de aquisição mais recente,


acrescido do percentual de 30% (trinta por
cento), na hipótese do inciso I;

Por tais razões, uma vez caracterizado o ilícito


praticado pela Recorrente de acordo com as provas produzidas
nos autos, bem como inquestionável a sua opção pelo regime de
tributação simplificado das microempresas, com a renúncia a
qualquer espécie de crédito fiscal, verifica-se que o

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lançamento consignado nos autos pautou-se corretamente nos


dispositivos normativos que regulamentam a matéria,
inexistindo ofensa ao princípio da não cumulatividade.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário, pois preenchidos os seus
requisitos de admissibilidade para rejeitar a preliminar de
nulidade do auto de infração por vício formal na intimação do
sujeito passivo e, no mérito, por maioria de votos, negar
provimento, pois o lançamento respeitou a legislação vigente
na época do fato, bem como observou a opção da Recorrente pelo
regime de tributação diferenciado das microempresas com a
renúncia a qualquer espécie de crédito fiscal, inexistindo
ofensa ao princípio da não cumulatividade do ICMS.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR(votou contra relator) JULGADOR(acompanhou relator)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR(acompanhou relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013


PROCESSO Nº: 1500.029543/2006 CTE 061/2012 e ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 70.00138-002 de 07/11/2006
RECORRENTE: M. H. Santos de Lima
RECORRIDA: Fazenda Pública Estadual
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 156/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


OMISSÃO DE SAÍDA. SISTEMÁTICA DO
LUCRO PRESUMIDO. PRELIMINAR DE
NULIDADE REJEITADA, POIS
PREENCHIDOS OS REQUISITOS MÍNIMOS
DE VALIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO.
AUTO DE INFRAÇÃO ACOMPANHADO DAS
PROVAS DO ILÍCITO FISCAL.
MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO
COMPROVADA. LEGALIDADE DA BASE DE
CÁLCULO DO ICMS. APURADA DIFERENÇA
POSITIVA ENTRE CMV + 30% E AS
SAÍDAS EFETIVAMENTE DECLARADAS NOS
LIVROS FISCAIS. INCOMPETÊNCIA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL PARA
APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS QUE
IMPLIQUEM A DECLARAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE DE
DISPOSITIVO NORMATIVO. RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO RECORRIDA MANTIDA.
LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE.

RELATÓRIO

Cuidam os autos do Auto de Infração nº. 70.00138-


002 de 07/11/2006, no qual relata-se que a Recorrente, por não
possuir escritura contábil para fins de apuração do lucro

Acórdão CTE 156/2013 Página 1


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bruto real, deixou de recolher ICMS proveniente da omissão de


saída de mercadorias tributadas no valor de R$ 61.461,75
(sessenta e um mil, quatrocentos e sessenta e um reais e
setenta e cinco centavos), tomando-se como base de cálculo a
diferença positiva entre o custo das mercadorias vendidas
agregado ao lucro de 30% e as saídas efetivamente declaradas
nos livros e/ou documentos fiscais nos exercícios de 2004 e
2005, imputando-se a penalidade prevista no artigo 84, da Lei
nº. 5.900/96, totalizando crédito tributário no importe de R$
98.338,80 (noventa e oito mil, trezentos e trinta e oito reais
e oitenta centavos).

Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa


as fls. 02 a 25, enquanto o fiscal autuante expôs suas
contrarrazões as fls. 28, ambos do processo nº.
1500.0034441/2007.

Submetido à apreciação da Coordenadoria de


Julgamento, o julgador singular rejeitou as alegações
discorridas na defesa da Recorrente, vez que a autuação
obedeceu os procedimentos legais, sendo legítima a presunção
de lucro de 30% nos casos em que o contribuinte não possui
escrituração contábil apta para a apuração do lucro bruto
real. No mais, alterou-se a multa aplicada devido a
reclassificação implementada pelo legislador da penalidade
disposta no artigo 84 (multa de 60%) para a penalidade
prevista no artigo 79 (multa de 50%), concluindo-se, por fim,
pela procedência do lançamento, nos termos da seguinte ementa:

EMENTA - ICMS – Levantamento Financeiro da


Conta Mercadorias. Presunção legal de omissão
de saídas tributáveis (ex vi do §12, art 2º da
Lei nº. 5.900/96). Valor das saídas tributáveis
declaradas, inferior ao custo de aquisição mais
o valor agregado de 30% (trinta por cento).
Ilícito fiscal caracterizado. Autuação
PROCEDENTE.

Inconformada com a decisão, a Autuada apresentou


Recurso Ordinário argumentando que:

a) o auto de infração é nulo, pois desprovido dos


seus requisitos mínimos, especialmente, a falta da descrição
clara dos fatos considerados infração e a ausência da aposição
da assinatura do agente fiscal responsável pela autuação;

Acórdão CTE 156/2013 Página 2


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b) o auto de infração deveria ser relatado em


linguagem que tornasse possível a compreensão do caráter da
infração pelo contribuinte, sem tecnicismo exacerbado;

c) o lançamento infringe a legislação vigente ao


desconsiderar o valor da operação como base de cálculo do ICMS
e presumir o percentual de 30% como lucro mínimo, tributando-
se a diferença entre o valor da operação efetivamente
realizada e a referida margem de lucro mínimo;

d) inexistem nos autos provam que confirmem a


prática do ilícito e, por conseguinte, a procedência do
lançamento;

e) a aplicação de multa no percentual de 50%


caracteriza conduta confiscatória e fere os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade.

Encaminhado os autos para contrarrazões, a


representação fiscal ratificou os termos da decisão nº.
16.356/2009 proferida pela Coordenadoria de Julgamento.

Após, os autos foram encaminhados à 2ª Turma do


Conselho Tributário Estadual para julgamento do Recurso
Ordinário.

É o relatório.

VOTO

I. DA ADMISSIBILIDADE DO RECURSO ORDINÁRIO

Ab initio, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada,
em especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, preconiza o artigo 45, §1º, da Lei


do PAT, o prazo de 15 (quinze) dias para a interposição do
Recurso Ordinário, vejamos:

Acórdão CTE 156/2013 Página 3


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Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao


CTE:

I - recurso ordinário; e

§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze)


dias, contados da ciência da decisão.

Assim, considerando-se que a Recorrente foi


intimada da decisão da Coordenadoria de Julgamento no dia
06/01/2010, conforme AR de fls. 41, tem-se que o Recurso
Ordinário é tempestivo, uma vez protocolado no dia 18/01/2010.

II. DA ALEGAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO

Preliminarmente, alega a Autuada a nulidade do Auto


de Infração nº. 70.00138-002 de 07/11/2006 em razão da
inobservância dos requisitos formais para a sua lavratura.
Nesse sentido, a Recorrente afirma que o fiscal autuante não
descreveu de forma clara e precisa os fatos que ensejaram a
autuação, bem como deixou de assinar o auto de infração,
desrespeitando o disposto no artigo 889-B, incisos VI e XI, do
Regulamento do ICMS.

E mais, argumenta que os fatos deveriam ser


descritos em linguagem clara e transparente, que permitisse a
fácil compreensão do contribuinte acerca da infração imputada,
sem tecnicismo exacerbado.

Não assiste razão.

Como se observa da discriminação dos fatos, fl. 02,


a autoridade fiscal descreve, com clareza, a infração imputada
à Autuada, vejamos:

“Como empresa não possuidora de escrituração


contábil para fins de apuração do lucro bruto
real, deixou de recolher ICMS proveniente da
omissão de saída de mercadorias tributadas,
tomando-se como base de cálculo a diferença
positiva entre o custo das mercadorias vendidas
agregado ao lucro de 30% (trinta por cento) e
as saídas efetivamente declaradas nos livros
e/ou documentos fiscais, conforme exercícios e
valores abaixo discriminados.” (fl. 02).

Acórdão CTE 156/2013 Página 4


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De fato, o fiscal de tributos autuante foi


minucioso, claro e preciso ao descrever os fatos e a infração
cometida pela Recorrente, de modo a permitir a perfeita
compreensão sobre os motivos que ensejaram o lançamento,
frise-se, sem a utilização de linguagem técnica.

Para tanto, basta observar as peças processuais


produzidas pela Recorrente e acostadas aos autos para se notar
que o contribuinte conseguiu ter a exata percepção dos fatos e
da infração então imputadas.

Da mesma forma, constam no auto de infração todas


as informações concernentes à autoridade responsável pelo
lançamento tais como nome, cargo, matrícula e assinatura,
permitindo-se a sua perfeita identificação, em atenção ao
disposto no artigo 889-B, inciso XI, do Regulamento do ICMS,
inexistindo qualquer vício no lançamento em análise.

Assim, sobre qualquer eventual nulidade do


lançamento, prescreve o artigo 7º, §1º, da Lei nº. 6.771/2006,
que não será nulo o auto de infração em que seja possível
determinar a natureza da infração, o sujeito passivo e o
montante do crédito tributário:

Art. 7º, § 1º - As eventuais incorreções ou


omissões e a não observância de exigências
meramente formais contidas na legislação não
acarretam a nulidade do ato administrativo,
desde que seja possível determinar a natureza
da infração, o sujeito passivo e o montante do
crédito tributário, devendo ser corrigidas e
suprimidas as incorreções e omissões por
determinação da autoridade competente, desde
que o fato não acarrete prejuízo à defesa do
sujeito passivo.

Notadamente, o Auto de Infração nº. 70.00138-002 de


07/11/2006 preenche todos os requisitos formais essenciais e
indispensáveis para a sua lavratura e compreensão, sendo
redigido de forma clara e precisa, logo rejeita-se a
preliminar de nulidade suscitada.

III. DA MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO OBJETO DA


AUTUAÇÃO

Acórdão CTE 156/2013 Página 5


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No mérito, argumenta a Recorrente que o lançamento


infringe a legislação vigente ao presumir o percentual de 30%
(trinta por cento) acrescido ao CMV (custo da mercadoria
vendida) como base de cálculo do ICMS, desconsiderando-se a
base de cálculo convencional do ICMS, qual seja, o efetivo
valor da operação tributada.

No mais, afirma que inexistem nos autos provas


suficientes para caracterizar a infração descrita e ratificar
a sua materialidade.

A presente autuação decorre da omissão da saída de


mercadorias tributadas, tomando-se como base de cálculo a
diferença positiva entre o custo das mercadorias vendidas
agregado ao percentual de lucro mínimo de 30% e as saídas
efetivamente declaradas nos exercícios de 2004 e 2005.

Em outras palavras, a autoridade fiscal realizou o


encontro dos estoques durante os exercícios fiscalizados e
apurou diferença positiva entre as saídas de mercadorias
tributadas que deveriam ser declaradas e a saída de
mercadorias tributadas efetivamente declaradas nos livros
fiscais, o que denota que a Recorrente comercializou
mercadorias tributáveis com percentual de lucro inferior a 30%
no sistema de lucro presumido, em desrespeito à legislação
vigente.

Nesse ponto, em que pese a base de cálculo do ICMS


ser o valor efetivo da operação de comercialização de
mercadorias, nos casos em que o contribuinte seja tributado
pelo lucro presumido, é permitida a substituição da citada
base de cálculo, pelo montante referente a diferença positiva
entre o custo da mercadoria vendida agregado ao percentual de
30% (trinta por cento) e as saídas efetivamente declaradas nos
livros fiscais, de acordo com a sistemática prevista no artigo
2º, §12, da Lei nº. 5.900/96, vejamos:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do


ICMS no momento:

I - da saída de mercadoria, a qualquer título,


de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;

Acórdão CTE 156/2013 Página 6


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§ 12 - Considera-se como montante a ser


computado nas saídas tributáveis em operações
internas do contribuinte a diferença positiva
entre a saída de mercadorias tributadas,
tomando como valor o custo das mercadorias
vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e
a saída tributada efetivamente declarada nos
livros e/ou documentos fiscais próprios,
apurada no último dia do exercício financeiro
da empresa, na hipótese em que o contribuinte
não possua escrituração contábil para fins de
apuração do lucro real.

De fato, a partir do encontro dos estoque inicial e


final dos exercícios fiscalizados, foi possível verificar que
a Recorrente agiu em desconformidade ao disposto na legislação
vigente, pois, não obstante seja tributada pelo lucro
presumido, comercializou mercadorias obtendo lucro em
percentual inferior ao mínimo permitido em lei, qual seja, 30%
(trinta por cento), inexistindo dúvidas acerca da
materialidade da infração descrita nos autos.

Sobre a constitucionalidade da sistemática do lucro


presumido, esclarece Maria Rita Ferragut que:

“A utilização da presunção relativa de lucro


presumido como método de apuração do imposto
sobre a renda não se apresenta
inconstitucional, a princípio, por ser opção
outorgada ao contribuinte, também em prol da
praticabilidade, facilitando-se o cálculo do
tributo.” 1

E mais adiante complementa:

“Entendemos não haver inconstitucionalidade


nessa forma provisória de apuração, por
assegurar ao contribuinte a prova contrária à
base estimada, garantindo-se o cumprimento dos
princípios da legalidade, da tipicidade e da
capacidade contributiva, dentre outros, sem que

1
FERRAGUT, Maria Rita. Presunções no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2005.
p. 229.
Acórdão CTE 156/2013 Página 7
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isso implique comprometimento da


praticabilidade.” 2

De
outro norte, além de aplicar corretamente a
sistemática do lucro presumido, a autoridade fiscal
responsável pelo lançamento foi capaz de acostar aos autos
todos os elementos probatórios suficientes para comprovar a
materialidade da infração cometida pela Recorrente,
apresentando, por conseguinte, as informações necessárias para
o cálculo do CMV agregado ao lucro presumido de 30% (trinta
por cento), bem como dados sobre os estoques inicial e final
de cada exercício fiscalizado.

Por tais razões, não merecem acolhida as alegações


da Recorrente acerca da ilegalidade da base de cálculo
tributada, bem como sobre a inexistência de provas do ilícito
praticado, motivo pelo qual se rejeita a argumentação
delineada no Recurso Ordinário.

IV. DA ALEGAÇÃO DE AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO NÃO-


CONFISCO, DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE -
INCOMPETÊNCIA DO CTE PARA APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS CONCERNENTES
À INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA

Por fim, sustenta a Recorrente que a penalidade de


50% (cinquenta por cento) imputada na decisão recorrida
afronta os princípios constitucionais do não-confisco, da
razoabilidade e proporcionalidade.

Nesse ponto, embora relevantes os argumentos


delineados pela Recorrente, a análise do mérito da matéria
então arguida esbarra em impedimento de ordem processual, qual
seja, a incompetência do Conselho Tributário Estadual para
apreciação de questões, entre outras, que impliquem na
declaração de inconstitucionalidade de dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da


Lei nº. 6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo


administrativo tributário decorrente de Auto de
Infração compete, em primeira instância

2
Idem. p. 230.
Acórdão CTE 156/2013 Página 8
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administrativa, à Coordenadoria de Julgamento -


CJ, e, em segunda instância, ao Conselho
Tributário Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador


afastar a aplicação de norma sob alegação de
inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese em
que tenha havido a declaração nesse sentido
pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta
ou declaratória, após a publicação da decisão,
ou pela via incidental, após a publicação da
Resolução do Senado Federal que suspender a
execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo


ora transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação
de norma pelo Conselho Tributário Estadual sob a justificativa
da sua afronta à Constituição Federal, de modo que resta
impossibilitada a apreciação da fundamentação declinada pela
Recorrente, portanto rejeitadas as alegações concernentes à
aplicação de penalidade confiscatória e da afronta aos
princípios constitucionais da razoabilidade e
proporcionalidade.

V.CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário, pois preenchidos os requisitos
de admissibilidade para:

a) Por unanimidade de votos rejeitar a preliminar


de nulidade do auto de infração, na medida em que foram
observados os elementos de validade do lançamento;

b) no mérito,por maioria de votos, negar provimento


ao Recurso Ordinário apresentado pela Autuada, tendo em vista
que o Auto de Infração acostada aos autos foi lavrado em
conformidade com a legislação vigente, bem como encontra-se
acompanhado das provas suficientes a comprovação do ilícito
discriminado nos autos, não sendo possível a apreciação das
alegações de aplicação de penalidade confiscatória e afronta

Acórdão CTE 156/2013 Página 9


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aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade por


incompetência do CTE para avaliação desse tipo de matéria.

Decisão recorrida mantida. Lançamento procedente em


parte.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR(votou contra relator) JULGADOR(acompanhou relator)

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR(acompanhou relator)

Acórdão CTE 156/2013 Página 10


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013
PROCESSO: 1500- 013208/11 e CTE 37/2012.
ANEXO(S): 1500-090650/09, 1500-012999/09, 1500-020971/11 e
1500-037359/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00873-001.
AUTUADA: MONACO CONFECÇÕES FINAS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 248.46310-1.
AUTUANTE: Louise Amaral de Araújo.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº157/2013

RELATÓRIO EMENTA: ICMS. TEOR DA


DESCRIÇÃO DOS FATOS TIDOS COMO
INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.
NULIDADE FORMAL. REABERTURA DO
PRAZO DECADENCIAL PARA UMA NOVA
AÇÃO FISCAL - ART. 173, II, DO
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.

Fundamentado o auto de infração na acusação fática de


não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”.
Acrescenta que “O contribuinte omitiu receitas à
tributação do ICMS que foram apuradas através da comparação
entre as vendas declaradas e os valores de faturamento em
operações com cartões de crédito e/ou débito, nos exercícios

Acórdão CTE nº 157/2013


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de 2007, 2008 e 2009, tudo conforme planilhas demonstrativas
e processo, anexos”.
Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:
art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.
Como conjunto probatório tem-se planilhamento do auto
de infração, Relatório de Dados Cadastrais do Contribuinte,
cópia da Intimação Fiscal nº7000873 , planilhas
demonstrativas do confronto entre as informações fiscais
declaradas pelo contribuinte e os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito/débito, Notificação
Fiscal, decorrente da Ordem de Serviço nº70.00873, dando
prazo para que o Contribuinte efetuasse o recolhimento
espontâneo do imposto apurado pelo fisco, da qual o
representante legal da empresa tomou ciência em 12/04/2011 (a
protocolização do auto de infração só ocorreu em 27/04/2011);
cópia dos Termos de início e de encerramento de fiscalização,
lavrados no livro próprio.
É ainda parte integrante da instrução do auto, o
processo 1500-090650/2009 - AÇĀO FISCAL OMISSĀO DE SAÍDAS –
com os seguintes documentos: cópias das Intimações Fiscais
nº: 56702, 56703, 56704, 56705, 56706, 56707, 56708, 56709,
56710, 56712, 56713, e respectivos Ofícios emitidos pela
Diretoria de Planejamento e Ação Fiscal; Relatório de
Movimentações Financeiras fornecidos pelas administradoras de
cartões: VISANET, REDECARD, , AMERICAN EXPRESS, HIPERCARD,
cópia do Parecer nº855/2010, da Procuradoria da Fazenda
Estadual , Relatório das Transferências Eletrônicas de Fundos
(cartões de crédito/débito) comparadas com faturamento da
DAC, SINTEGRA, PGDAS do contribuinte, Extratos do Simples
Nacional, de julho/2007 a julho/2009, cópia do Parecer DT
nº654/2010, da Diretoria de Tributação.
O Contribuinte, em razão do processo 1500-090650/2009 -
AÇĀO FISCAL OMISSĀO DE SAÍDAS – apresentou petição
administrativa (processo 1500-012999/2009), onde argumenta:
“A impugnante vem requerer a REVISÃO da DAC ANUAL 2007, visto
que a mesma foi lançada de forma irregular por parte deste
órgão, gerando assim uma divergência entre valores lançados
pelas administradoras de cartão de crédito e SEFAZ, com isso
ficando a empresa a recolher ICMS indevido.” (sic). Anexos à
impugnação: Declaração das Atividades do Contribuinte – DAC,

Acórdão CTE nº 157/2013


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competências 04/2007 e 12/2007; Declaração Anual do Simples
Nacional, de 01/01/2007 a 31/12/2007; e cópia do Livro de
Registro de Saídas referente a 2007.
Intimado da lavratura do Auto de Infração, o
contribuinte apresentou impugnação pedindo pela nulidade ou
improcedência do auto de infraçāo, alegando, em síntese, que:
a) houve cerceamento de defesa e que não foram
atendidos os princípios do contraditório e da ampla defesa;
já que os autuantes não deram acesso aos autos. Pede, de
forma liminar, a nulidade da autuação;
b) houve quebra do sigilo fiscal, pois ocorreu o acesso
à movimentação financeira do Contribuinte sem autorização
judicial;
c) houve ofensa ao princípio da irretroatividade e da
anterioridade da lei;
d) a autuação se baseia em mera presunção aonde há
subversão lógica do ICMS;
e) as acusações e os valores cobrados são absurdos e
inexistentes pois não têm relação com a legislação em vigor;
f) é optante pela sistemática de tributação
simplificada, do Simples Nacional, e na remota hipótese das
vendas serem tributadas, o tributo deveria ser calculado por
essa sistemática;
g) a multa do artigo 97 da Lei nº5.900/96 se destina
apenas às operações com mercadorias em trânsito, multa
confiscatória, injusta e inaplicável;
h) não foi obedecido o princípio constitucional da não-
cumulatividade.
O representante fiscal, em sede de contra-argumentos,
pede pela manutenção do lançamento de ofício, pois:
a) a Lei nº5.900/96 já trazia o comando necessário à
realização da ação fiscal e a Lei nº6.846/2007 trata de
questão procedimental, sendo respeitado o princípio da
anterioridade;
b) não houve quebra de sigilo financeiro porque as
informações fornecidas pelas operadoras de cartões se
limitaram ao faturamento pago por este meio;
c) não houve cerceamento ao direito de defesa porque o
autuado tem o direito de ter vista dos autos (art. 3º, II da
Lei nº6.161/2000);
d) a infração decorre de saídas de mercadorias sem nota
fiscal, hipótese em que o contribuinte não tem direito a

Acórdão CTE nº 157/2013


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crédito fiscal, não ocorrendo desobediência ao princípio da
não-cumulatividade;
e) o contribuinte não se incumbiu do ônus de provar e
afastar a presunção de omissão de saídas contida na lei,
presunção júris tantum;
Então, foi proferida a Decisão nº 18.265/2012, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. OMISSÃO DE SAÍDAS. 1- Presunção


de omissão de saídas de mercadorias
tributáveis, em operações internas, sem
pagamento do imposto; 1.1- Comprovada diferença
a maior entre os valores informados pelas
administradoras de cartões de crédito/débito, e
os valores declarados e escriturados pelo
sujeito passivo; 1.2- Infração ao art. 2º, I,
§9º, V da Lei nº5.900/96, com redação dada pela
Lei nº6.970/08; 2- Não oferecida pela defesa,
prova da improcedência da presunção; 3- A opção
pelo Simples Nacional não exclui a incidência
do ICMS, nas operações desacobertadas de
documentos fiscais; aplicável a legislação
imposta às demais pessoas jurídicas (art. 13,
§1º, XIII, f, da LC 123/06); 4- Não violação ao
sigilo bancário; A autoridade fazendária pode
ter acesso às informações bancárias do
contribuinte quando houver procedimento
administrativo-fiscal em curso, sem o crivo do
judiciário, art. 6º da LC nº105/01; 5- Norma
procedimental de fiscalização; Possibilidade de
aplicação na apuração do ICMS, cujo fato
gerador tenha ocorrido antes da sua entrada em
vigor, art. 144, §1º, do CTN; 6- PROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

Intimada em 26/10/2011 da decisão supracitada, a


autuada, por via de Recurso Ordinário impetrado em
10/11/2011, pede inicialmente a tempestividade da defesa.
Pede também a nulidade ou improcedência do lançamento
de ofício. Para isso alega, em síntese:
a) cerceamento de direito de defesa por não ter tido
acesso às provas do auto de infração;
b) tais provas seriam ilegais e inconstitucionais
devido à quebra do sigilo bancário sem autorização judicial

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em decorrência do acesso à movimentação financeira do
contribuinte pela Sefaz;
c) agressão ao principio da irretroatividade tributária
uma vez que a lei n. 6.970, de 05/08/2008, que alterou o §
9º, do art. 2º, da Lei nº 5.900/96, não poderia cobrar o
tributo antes de sua vigência;
d) a multa do artigo 83 da Lei nº5.900/96 tem caráter
confiscatório.
A Representação Fiscal apresentou suas contrarrazões
solicitando a manutenção da decisão recorrida, apoiadas nos
fundamentos de que: a) o recurso repete os argumentos da
impugnação e que a decisão recorrida já os afastou;
b) é permitido ao fiscal utilizar presunções legais
para determinar receita quando constatado qualquer artifício
utilizado pelo contribuinte visando frustrar sua apuração
c) às microempresas optantes pelo Simples Nacional são
aplicadas todas as presunções de omissão de receita
existentes nas legislações de regência dos impostos com base
não só na legislação do Simples Nacional, bem como na
legislação estadual;
c) a fiscalização constatou com provas robustas venda
de mercadorias sem nota fiscal conforme confronto entre as
informações fornecidas pela autuada e as das operadoras de
cartões de créditos e lavrou corretamente o auto de infração
em tela de acordo com a legislação posta, não tendo o
contribuinte trazido contraprovas para afastar a presunção;

d) os fatos geradores descrito na inicial ocorreram em


2007, 2008 e 2009, período em que estava em vigor a Lei
5900/96, que por si já trazia o comando necessário a
realização da ação fiscal, e a 6846/2007 trata de questão
procedimental por parte das administradoras de cartão,
respeitando assim o princípio da anterioridade;
e) não ocorreu quebra do seu
sigilo financeiro porque as informações fornecidas pelas
operadoras de cartões se limitam a expor o faturamento cujo
recebimento ocorreu por este meio de pagamento.
f) o Auto de infração contém todos os elementos
necessários para que se determine, com segurança, a natureza
das infrações
g) comprovada as operações sem a emissão de documentos
fiscais, correta a exigência do imposto e respectivas
penalidades à margem do regime do Simples Nacional, pois

Acórdão CTE nº 157/2013


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assim determina as normas específicas desse regime
simplificado e é explicado pelo Parecer nº 654/2010 da
Diretoria de Tributação dessa Secretaria;
h) o princípio da não-cumulatividade não pode ser
aplicado porque o imposto que está sendo cobrado é pela
omissão de vendas sem notas fiscais e consequentemente
entradas sem notas fiscais, portanto, não existe destaque de
imposto nesses documentos porque simplesmente as notas não
existem;
i) quanto à multa ter caráter confiscatório, a mesma
tem o objetivo de coibir a sonegação fiscal, é uma penalidade
que está na Lei, que se encontra em pleno vigor. Assim, sendo
os atos da autoridade fiscal são vinculados à lei, o
procedimento adotado não poderia ser outro.
Assim, chegam os autos a este Conselho.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, da Decisão


nº 18.265/2011, de Primeira Instância, conforme ordenado no
art. 45, I, § 1º e art. 46, ambos da Lei nº 6.771/06.

PRELIMINAR DE NULIDADE.

CERCEAMENTO DE DEFESA

Da análise do teor da peça vestibular e dos autos é de


se constatar que a descrição dos fatos tidos como infração à
legislação tributária apresenta-se de forma incoerente e
imprecisa, dificultando assim a defesa da empresa autuada,
isto porque, o autuante, ao descrever os fatos infracionais,
faz constar a falta de recolhimento do ICMS em razão da falta
de escrituração dos documentos fiscais relativos às operações
de saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos
documentos fiscais (Notas Fiscais) sem a devida escrituração
no livro próprio e no campo “Complemento” a falta de
recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas em razão
de diferença das vendas realizadas mediante cartões de
crédito em confronto com as vendas efetivamente registradas

Acórdão CTE nº 157/2013


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trazendo provas que houve vendas sem emissão de notas
fiscais.
Aponta como fundamento legal venda de mercadorias sem
notas fiscais, mas penaliza pela falta de escrituração de
notas fiscais conforme disposto no Art. 83 da Lei nº.
5.900/96, segundo o qual disciplina, in verbis: “Falta de
recolhimento do imposto, no todo ou em parte, quando os
documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros
fiscais próprios: MULTA – equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto.”
O contribuinte em seu recurso alega que faltam provas
da acusação.
Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da
autuação e das provas trazidas, a empresa, ou bem se
defenderia da acusação do registro de vendas inferior ao
montante do faturamento mediante cartão de crédito/débito,
infração típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados com o
Art. 97, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da
acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da
omissão de registro das notas fiscais emitidas, infração esta
prevista no reportado art. 83.
Na verdade, nada impediria que a presente autuação
contivesse ao mesmo tempo as duas tipicidades de infrações,
desde que as mesmas estivessem bastante instruídas, o que não
se vislumbra nos autos do processo.
Tanto é assim que o art. 7º, II, IV, e § 1º, da
Lei nº 6.771/2006 1, determina que tal erro formal acarreta,
claramente, prejuízo à defesa do contribuinte e provoca a
nulidade do ato praticado. No mesmo sentido temos o art. 250

1
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
...
IV - o lançamento de ofício:
a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o infrator;
e
...
§ 1º As eventuais incorreções ou omissões e a não observância de exigências meramente formais
contidas na legislação não acarretam a nulidade do ato administrativo, desde que seja possível determinar a
natureza da infração, o sujeito passivo e o montante do crédito tributário, devendo ser corrigidas e suprimidas
as incorreções e omissões por determinação da autoridade competente, desde que o fato não acarrete prejuízo
à defesa do sujeito passivo.

Acórdão CTE nº 157/2013


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2
do Código de Processo Civil , de aplicação subsidiária ao
processo administrativo tributário.
Consectário há nulidade devido à ação fiscal não
ter descrito corretamente o fato infracional, acarretando
dúvidas do que o contribuinte deveria se defender, levando
com isso ao cerceamento do amplo direito de defesa do
contribuinte.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer do presente recurso ordinário para DAR-LHE
PROVIMENTO.
Sendo o lançamento anulado por vício formal, fica
reaberto o prazo decadencial para uma nova ação fiscal do
objeto aqui tratado e sendo verificado crédito devido, deverá
ser feito novo lançamento conforme previsto no art. 173, II,
do Código Tributário Nacional.

Sala das Sessões do CTE, em 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

2
Art. 250. O erro de forma do processo acarreta unicamente a anulação dos atos que não possam ser
aproveitados, devendo praticar-se os que forem necessários, a fim de se observarem, quanto possível, as
prescrições legais.
Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados, desde que não resulte prejuízo à
defesa.

Acórdão CTE nº 157/2013


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2ª. CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 26 – Realizada em 12/07/2013


PROCESSO: SF nº 1500-01554/2002
AUTO DE INFRAÇÃO: 29251
RECORRENTE: J. R. MAPELLI e CIA LTDA
RECORRIDO: Estado de Alagoas
RELATOR: Luciano Pontes de M. Gomes
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 158/2013

EMENTA. ICMS APURADO MEDIANTE


LEVANTAMENTO FISCAL.
ADITAMENTO. AUSÊNCIA DE
INTIMAÇÃO AO SUJEITO PASSIVO,
DESRESPEITO AO ART. 27,
PARÁGRAFO 3O. DA LEI 6.771/2006.
NULIDADE. ART. 7O, INCISO II, DA
LEI 6.771/2006. REEXAME E RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDOS, COM
DECRETAÇÃO DA NULIDADE DOS
ATOS A PARTIR DAQUELE
PRATICADO COM PRETRIÇÃO AO
DIREITO DE DEFESA.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária e recurso ordinário que chegam para análise deste
Colegiado Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, ambos tendo como alvo a
reforma da Decisão n ° 16.582/2010, que entendeu pela procedência parcial do lançamento.

Antes do exame de ambos, convém destacar alguns atos processuais já verificados nos
autos.

Pois bem.

Acórdão CTE nº 158/2013 Página 1


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2ª. CÂMARA

A autuação imputou ao contribuinte a falta de recolhimento de ICMS no valor de R$


210.859,83, este apurado a partir de levantamento financeiro que teria apontado para despesas
descobertas.

O sujeito passivo compareceu aos autos ofertando tempestiva impugnação,


oportunidade em que destacou que uma série de ingressos não teriam sido levados em consideração pela
fiscalização.

Em contrarrazões, acatando parcialmente as observações do contribuinte, o autuante


promoveu o aditamento do lançamento, reduzindo o imposto apurado ao valor de R$ 20.392,50.

Seguindo os autos para a Coordenadoria de Julgamento, esta solicitou diligência à


DIFIS, na qual demandou a elaboração de Planilha do Movimento Financeiro, quando, então, em
atendimento ao pedido, o fiscal autuante elaborou novo aditamento (fl. 453), encontrando um novo valor
para a obrigação principal, agora de R$ 40.147,32.

Os autos seguiram a julgamento, sendo lavrado o entendimento pela procedência


parcial da autuação, com a indicação do valor principal devido como sendo de R$ 80.154,27.

Intimados, contribuinte e representação fiscal se manifestam nos autos, o primeiro


reiterando seus argumentos já apresentados em sua impugnação, enquanto que a última reforça os termos
da decisão singular.

É o relatório, em síntese.

VOTO

Compulsando os autos, chama a atenção os diversos valores informados como o devido


nas diversas manifestações dos próprios fiscais autuantes e, por último, da Coordenadoria de Julgamento
pela decisão ora examinada.

Observo, ainda, que por duas vezes os fiscais autuantes aditaram o lançamento
tributário, a primeira à fl. 439 dos autos, reduzindo o valor originalmente consignado no auto de infração,
e a segunda à fl., majorando o crédito tributário em relação ao primeiro aditamento. Na primeira
oportunidade o contribuinte não foi intimado para que se manifestasse sobre as peça fiscal superveniente
produzida, malferindo a regra do art. 27, parágrafo 3o da Lei n. 6.771/2006, in verbis:

Art. 27. O interessado, ao solicitar a produção de prova ou a realização de diligência


ou perícia fiscal, deverá, no pedido, fundamentar sua necessidade.

(…)

3º Se a diligência ou perícia implicar fatos novos, o órgão preparador deverá dar


ciência:

I - ao sujeito passivo: para, no prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência:

a) efetuar o pagamento do débito com o desconto previsto à época da efetivação do ato


administrativo; ou

b) manifestar-se em relação aos fatos novos.

Acórdão CTE nº 158/2013 Página 2


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2ª. CÂMARA

A não observância a norma acima gera nulidade dos atos praticados posteriores ao
primeiro aditamento, na esteira do art. 7o, inciso II, da já referenciada Lei n. 6.771/2006, cujo texto segue
abaixo reproduzido:

Art. 7º São nulos:

I - os atos praticados por autoridade, órgão ou servidor incompetente;

II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;

O fato de ter havido um segundo aditamento, este sim tendo sido o contribuinte
intimado, não prorroga o vício em relação à falta de intimação do primeiro. E isto porque a situação
retratada retirou do contribuinte, inclusive, o direito de acatar os valores do auto aditado extinguindo o
crédito tributário, máxime porque coincidentes com os valores indicados pelo sujeito passivo em sua
impugnação.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer da remessa necessária e do recurso
ordinário para decretar a nulidade dos atos processuais praticados a partir das fls. 439, devendo-se a partir
de então ser os autos encaminhados à DIRAC, que então deverá dar vistas ao sujeito passivo para se
manifestar sobre o respectivo aditamento, no prazo de 15 (quinze) dias, com o curso regular do processo a
partir de então.

Na intimação ao contribuinte, deverá constar expressamente a faculdade do contribuinte


de liquidar o crédito tributário, nos termos do demonstrativo de fl. 439, ou, alternativamente, ratificar ou
apresentar nova defesa.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 12 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE nº 158/2013 Página 3


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2ª. CÂMARA

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – REALIZADA em 19/07/2013 – 2ª CÂMARA


PROCESSO Nº: 1500-024059/2006
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.55433-002
RECORRIDO: S. G DE OLIVEIRA CHOPARIA-ME
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 161/2013

EMENTA. ICMS. Extravio de livros e


documentos fiscais. Juntada dos
documentos reputados como
extraviados por ocasião da defesa e
recurso ordinário. Materialidade
afastada. Reexame de ofício
conhecido e não provido. Recurso
ordinário conhecido e provido.
Improcedência da autuação.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso ordinário e reexame


necessário que chega para análise deste Colegiado
Administrativo, nos termos da norma jurídica contida no
art. 48, da Lei n. 6.771/2006 (PAT), em face da Decisão da
Coordenadoria de Julgamento n °. 15.363/2007, que entendeu
pela procedência parcial da autuação, afastando a presunção

Acórdão CTE Nº161/2013 Página 1


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do extravio das notas fiscais de ns. 000069 a 0000500, para


manter a autuação apenas no que remete às de ns. 000001 a
000068.

Regularmente intimado, o sujeito passivo


compareceu tempestivamente aos autos, ofertando petição ora
recebida como recurso ordinário, ocasião em que fez acostar
aos autos cópias das notas fiscais de ns. 000001 a 000068.

Inexiste nos autos intimação da Representação


Fiscal.

Os autos então seguiram ao fiscal autuante, que


ratificou suas manifestações já lançadas nos autos, pela
prejudicialidade da autuação, devido à apresentação dos
documentos por parte do contribuinte.

A Douta Representação Fiscal tomou ciência do


julgamento da CJ e do recurso do contribuinte nesta sessão
de julgamento.

Este é o relatório.

VOTO

Compulsando os autos, observa-se, de pronto, que


o contribuinte cuidou de ilidir perante o juízo singular, e
agora perante esta instância colegiada, a presunção
relativa de extravio da documentação dita inicialmente por
extraviada.

Assim, com acerto agiu a instância singular ao


rechaçar o suposto extravio diante da comprovação de que
parte da documentação estava de posse desta autoridade
fiscal devido a pedido de baixa do contribuinte. As demais
notas fiscais, cuja decisão recorrida entendeu por manter a
presunção de extravio, foram então apresentadas na
oportunidade do recurso, razão pela qual resta afastada a
materialidade lançada na peça de autuação.

Acórdão CTE Nº161/2013 Página 2


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2ª. CÂMARA

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da presente remessa necessária e do recurso
ordinário, para negar provimento ao primeiro e prover o
último, decretando a improcedência da autuação.

Sala de Sessões do CTE. Maceió/AL, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS LUCIANO PONTES DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE Nº161/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – Realizada em 19/07/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-023246/2003 CTE 049/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 38969.
RECORRENTE: Fazenda Pública Estadual (Reexame necessário)
RECORRIDA: Ezedequias Rodrigues de Oliveira
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 162/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


ACESSÓRIA. REEXAME NECESSÁRIO.
VALOR EXCLUÍDO PELO JUÍZO
SINGULAR INFERIOR A 400
UPFAL.INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 48,
§2º, INCISO II, DA LEI Nº.
6.771/2006. REEXAME NECESSÁRIO
NÃO CONHECIDO. DECISÃO MANTIDA.
LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração no qual a autoridade


fiscal relata que o contribuinte, mesmo obrigado, nos termos dos
artigos 4º-A e 4º-B, do Decreto nº. 36.953/96, não possui
equipamento emissor de cupom fiscal – ECF, aplicando-se a penalidade
prevista no artigo 123, inciso XV, da Lei nº. 5.900/96, totalizando
crédito tributário no valor de R$ 2.431,50 (dois mil quatrocentos e
trinta e um reais e cinquenta centavos).

Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa as


fls. 02, e a autoridade fiscal ofereceu suas contrarrazões as fls.
08, ambos do processo nº. 1500-029470/2003.

Diante da falta de clareza das informações prestadas


pela autoridade fiscal, foram solicitados vários pedidos de
diligência no intuito de assegurar a exata compreensão acerca do

Acórdão CTE nº162/2013 Página 1


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objeto da autuação, convertendo-se o processo do rito especial para


o procedimento ordinário, nos termos do artigo 36, §3º, da Lei nº.
6.771/2006 1.

Esclarecidos os fatos, a autoridade responsável pela


autuação requereu a improcedência da autuação, na medida em que,
diante da receita bruta anual apresentada nos autos, a Autuada não
estava obrigada ao uso do ECF.

Submetido a julgamento pela Coordenadoria de


Julgamento, o juízo singular esclareceu que, não obstante as
diversas tentativas de elucidar o objeto da autuação e compreender
se efetivamente a Autuada descumpriu a legislação tributária
vigente, não foi possível encontrar nos autos elementos suficientes
para comprovar ou afastar o fato ilícito, razão pela qual decidiu-se
pela improcedência do lançamento.

Transcorrido o prazo recursal sem qualquer manifestação


das partes, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário
Estadual para apreciação do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Conforme relato, verifica-se que, ao submeter-se a


apreciação pela instância singular, o lançamento foi julgado
improcedente, pois não possível encontrar nos autos elementos
suficientes para comprovar ou afastar o ilícito então imputado à
Autuada, sendo os autos remetidos ao Conselho Tributário Estadual
para análise do reexame necessário, diante da conversão do
procedimento especial em rito ordinário.

Nesse caso, antes de ingressarmos no exame do mérito,


imprescindível avaliarmos a admissibilidade do reexame necessário no
caso em apreço.

Isso porque, mesmo com a solicitação de diligências


pelo juízo singular e a consequente conversão do procedimento
especial em rito ordinário, nos termos do artigo 36, §3º, da Lei do
PAT, a admissibilidade do reexame necessário se sujeita ao disposto
no artigo 48, inciso II, §2º, do citado instrumento normativo, o
qual determina que não será objeto de reapreciação pelo Conselho

1
Art. 36. Aos processos administrativos tributários decorrentes de Auto de Infração aplicar-se-ão os seguintes
procedimentos:
§ 3º O procedimento especial será convertido em ordinário, no caso de ser deferido o requerimento de
diligência ou perícia.
Acórdão CTE nº162/2013 Página 2
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Tributário Estadual os julgados singulares em que a quantia


excluída, na data da decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas)
UPFAL:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,


ficam sujeitas à reexame necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo


não se aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor
limite.

De fato, no caso dos autos a improcedência do Auto de


Infração nº. 38969 resultou na exclusão de crédito tributário no
montante de R$ 2.431,50 (dois mil, quatrocentos e trinta e um reais
e cinquenta centavos), o que considerando o valor unitário de R$
16,21 (dezesseis reais e vinte um centavos) na época da decisão,
representa, aproximadamente, 150 UPFAL.

Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não
conhecer do reexame necessário, uma vez que a quantia excluída pelo
julgador singular é inferior ao limite de 400 (quatrocentas) UPFAL
previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº. 6.771/06.

Maceió/AL, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE nº162/2013 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – REALIZADA em 19/07/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-017125/2002 e CTE nº 146/2012.
ANEXO(S): 1500-034901/2002.
AUTO DE INFRAÇÃO: 030310.
AUTUADA: CLENIO BARBOSA SANTOS.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.98695-4.
AUTUANTE: EMÍDIO FAGUNDES JÚNIOR.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº163/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de
ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis no
exercício de 2001, apurada
mediante levantamento financeiro
da conta ‘Caixa’. Falta de provas
que demonstrem ocorrência da
infração imputada pelo Fisco
Estadual. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de vendas tributáveis
sem a documentação fiscal pelo sujeito passivo no exercício
de 2001, apurada pela insuficiência da conta ‘Caixa’ por meio
do seu levantamento financeiro.

Acórdão CTE Nº 163/2013 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, §§ 9º
a 11; 31; 50, I; da Lei nº 5.900/96 e artigos 49, II, VII e
VIII, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 87
da Lei nº 5.900/96.

Em termos de instrução têm-se: cópia do Relatório de


Dados Cadastrais do Contribuinte, planilha elaborada pelo
Fisco, confrontando receitas e despesas do exercício de 2001
, cópia do Cartão de Autógrafo do contribuinte , Resumo do
Débito do Auto de Infração, cópia dos termos de início e de
encerramento de fiscalização , cópias das folhas do livro
Registro de Apuração do ICMS, com a escrituração do exercício
de 2001.
A autuada apresentou defesa, alegando, em síntese: a)
ocorrência de cerceamento de defesa, já que “não é fornecida
à autuada cópia dos documentos que deram causa à ação fiscal”
(“verbis”); b) que valores da planilha do levantamento fiscal
não corresponderiam à realidade, referindo especificamente as
despesas relativas a “honorários”, “salários e ordenados”,
“retiradas pro-labore”, e “alugueis e condomínio”.
A autoridade fiscal apresentou contrarrazões,
sustentando a procedência do lançamento de ofício. Para isso
afirma: a) que o sujeito passivo teria omitido informações da
“Declaração Anual do Contribuinte - DAC”, o que propiciaria o
arbitramento com base no art. 776 do Regulamento do ICMS/91;
b) que os honorários pagos ao contabilista da empresa teriam
sido estipulados, na auditoria, com base no salário mínimo
vigente no período fiscalizado; c) que, mediante diligência,
teria constatado a existência de três funcionários no
estabelecimento; d) que o valor que atribuiu na fiscalização
à retirada “pro-labore” seria “bastante razoável”; e) que o
valor de aluguel teria sido “estimado” na auditoria.
Após diligência fiscal, foi proferida a Decisão nº
18.544/2012, tendo o julgador singular decidido pela
improcedência do lançamento com a seguinte ementa:

Acórdão CTE Nº 163/2013 2


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EMENTA: ICMS. LANÇAMENTO DE CRÉDITO
TRIBUTÁRIO DE-CORRENTE DA INDICAÇÃO
DE DESCUMPRIMENTO DE OBRI-GAÇÃO
PRINCIPAL. 1) Acusação de falta de
recolhimento do imposto por omissão
de saídas de mercadorias tributáveis
em operações internas, apurada
mediante auditoria do movimento
financeiro (“levantamento da conta
Caixa”). 2) Instrução dos autos
incompleta, faltantes na instrução
inicial qualquer documento que se
refira aos valores consignados nas
pla-nilhas do levantamento. 3)
Defeitos de instrução não saneados,
ainda que requisitado o saneamento
pela instância julgadora. 4) Caberia
à Fazenda Estadual produzir a prova
acerca da ocorrência de omissão de
receitas, pressuposto da omissão de
saídas, já que fato constitutivo da
obrigação tributária objeto do
lançamento. 5) IMPROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, À
FALTA DE PROVAS. 6) Reexame
necessário pelo Conselho Tributário
Estadual, nos termos do art. 48 da
Lei Estadual nº 6.771/06.
Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da Decisão Singular. Assim, chegam os
autos a este Conselho para o Reexame Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se aqui de reexame necessário em face da decisão
da Coordenadoria de julgamento que julgou improcedente por
falta de prova, o lançamento de ofício de ICMS mais multa
devido à omissão de vendas pelo sujeito passivo quando do
levantamento financeiro no exercício de 2001. Tal omissão
decorre de presunção legal relativa, cuja caracterização

Acórdão CTE Nº 163/2013 3


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encontra amparo nos parágrafos nono e dez do art. 2.º da Lei
5.900/96 1, conforme redação vigente à época.
Observa-se da interpretação dos mencionados
dispositivos, que essa presunção legal aplicar-se-ia quando a
soma das despesas efetuadas pelo sujeito passivo fosse
superior às das receitas efetivamente auferidas, conduzindo a
resultado credor da conta “Caixa”, o que é incompatível com a
realidade de qualquer entidade.
A conta “Caixa”, objeto da auditoria realizada, reflete
as entradas e saídas de numerário de uma dada pessoa
jurídica. Tais movimentações financeiras são aferidas no
momento em que são efetivamente realizadas pelo sujeito
passivo.
Também é cediço que auto de infração deve ter os
elementos de prova para caracterizar a infração 2. Mesmo no
caso em tela – presunção legal – onde, conforme determinação
legal à época do lançamento de ofício, todos os indícios que
levaram à ocorrência do fato presumido de saída de mercadoria
deveriam ter sido traslados aos autos.
Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:
“Presunções não são meios de prova,
mas forma de raciocínio pelas quais,
por meio de um fato, infere-se a
existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro que se

1
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 9º. O fato de a escrituração do contribuinte indicar insuficiência de caixa (saldo credor), suprimentos de
caixa de origem não comprovada ou a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou inexistentes, bem
como a ocorrência de entrada de mercadorias não contabilizadas, autorizam a presunção de omissão de saídas
de mercadorias tributáveis em operações internas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao contribuinte a
prova da improcedência da presunção.
§ 10. A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
2
Regulamento do ICMS, em redação dada à época da lavratura do auto de infração:
Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído, consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
...
V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades, em qualquer caso;

Acórdão CTE Nº 163/2013 4


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quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova...” (grifo nosso). (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de
direito processual civil, v 1. 5 ed.,
São Paulo: Saraiva, 2008,p.436)
grifei

Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de


um fato conhecido e provado para, então, se presumir outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.
Logo, conforme a própria natureza dos indícios e das
presunções, como bem determinou a decisão a quo proferida, a
fiscalização não trouxe provas aos autos que levam à
presunção infracional aqui discutida.
Isso porque não há documentos suficientes que serviram
de base para a verificação de insuficiência de caixa.
Podemos, exemplificativamente, citar a falta de qualquer
valor de caixa inicial, já que a empresa funciona desde
18/07/2000, só podendo presumí-lo zero quando preenchidos os
requisitos postos na lei 3, e também a ausência dos documentos
que comprovassem os valores referentes às despesas cotidianas
do estabelecimento alocadas no planilhamento para o cálculo
do crédito tributário devido.
Pelo que os autos apresentam, sem elementos de prova
suficientes, é incabível considerar deduções subjetivas da
autoridade fiscal para demarcar este ilícito fiscal. Não há
previsão legal de presunção absoluta para tanto.

3
Lei Estadual nº 5.900/19966:
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 11 - Presume-se zero a disponibilidade de numerário em espécie ou depositado em conta bancária,
relativamente ao saldo vindo do exercício anterior, de contribuinte que não possui escrituração de livros
contábeis para apuração do lucro real, quando não declarado no Livro Registro de Utilização de Documentos
Fiscais e Termos de Ocorrências, até o 5º (quinto) dia seguinte a data de encerramento do exercício
financeiro, devidamente assinada a declaração pelo sócio-gerente ou seu representante legal.

Acórdão CTE Nº 163/2013 5


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___________________________________________________________________________________________
Dessa forma não é possível calcular corretamente o
tributo, ou mesmo se há ICMS devido. Pelo princípio da
legalidade 4, sendo o lançamento fiscal um ato vinculado, o
presente auto de infração não obedece ao comando normativo do
art. 142 do Código Tributário Nacional 5.
Portanto, como a legislação declara que só ocorre a
presunção das operações internas e tributáveis, sem pagamento
do imposto, pelo sujeito passivo, quando se constatar
efetivamente insuficiência da sua conta “Caixa”, não estando
fundamentado em elementos probatórios suficientes a peça
vestibular, resta comprovado que o sujeito passivo não
cometeu a infração em tela.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

4
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
5
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.

Acórdão CTE Nº 163/2013 6


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 27 – REALIZADA em 19/07/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-15955/2000 e CTE nº 553/2011.
ANEXO(S): 1500-17509/20001.
AUTO DE INFRAÇÃO: 03276.
AUTUADA: EGUIBERTO ALVES DA SILVA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.83263-9.
AUTUANTE: Liliane Albuquerque Gomes da Silva e outra.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº164/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de
ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis nos
exercícios de 1998 e 1999,
apurada mediante levantamento
financeiro da conta ‘Caixa’.
Falta de provas que demonstrem
ocorrência da infração imputada
pelo Fisco Estadual. Remessa
necessária conhecida e improvida.
Decisão singular mantida.

RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de vendas tributáveis
sem a documentação fiscal pelo sujeito passivo nos exercícios
de 1998 e 1999, apurada pela insuficiência da conta ‘Caixa’
por meio do seu levantamento financeiro.

Acórdão CTE nº 164/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
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Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, §§ 9º
a 11; 31; 50, I; da Lei nº 5.900/96 e artigos 49, II, VII e
VIII, do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 84
da Lei nº 5.900/96.
Em termos de instrução, destacam-se: planilhas
elaboradas pelo Fisco, confrontando receitas e despesas dos
exercícios fiscalizados, planilhas "Entradas de
Mercadorias'', "Outros créditos da conta Caixa" e "Relação de
pagamentos de contas a prazo", Cópia do “Termo de Inicio de
Fiscalização" e do "Termo de Encerramento de Fisca1ização” e
Cópias do livro Registro de Apuração do ICMS
A autuada apresentou defesa, alegando, em síntese: a)
que "cobra o ICMS já pago, pois, o contribuinte Autuado
enquadra-se no regime de substituição tributária", b) "em
qualquer presunção de omissão de receita... é necessário
demonstrar que o contribuinte não comprovou a origem externa
dos recursos utilizados", c) o "embasamento jurídico conflita
com a regra insculpida no art. 1° da Lei n° 5.900, de
27/12/1996", d) "o valor constante no DEMONSTRATIVO DO
DÉBITO, que fundamentou a autuação, encontra-se em conflito
com o art. 5.°, inciso II da Constituição Federal que
preceitua, que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de Lei"”, e) "a apuração
de Estoque com Lucro Bruto Real Acumulado, efetuado pela
Autuada obedeceu a disposição legal acima referida, não
havendo qualquer omissão que ensejasse a autuação ...".
A autoridade fiscal apresentou contrarrazões,
sustentando a procedência do lançamento de ofício. Para isso
afirma: a) "o ICMS em questão reporta-se às entradas não
registradas, as quais foram adquiridas com receita cuja
origem não foi comprovada, representada por despesas
realizadas a descoberto ... e não Levantamento Físico de
Estoque...”, b) receita sem origem comprovada é fato gerador
do imposto conforme legislação tributária e os princípios
contábeis, c)juntou cópias dos livros de Entrada de
Mercadorias, onde está demonstrado o lançamento de notas
fiscais em meses subsequentes ao de sua entrada efetiva no
estabelecimento para “arrumar o caixa”, d) o contribuinte

Acórdão CTE nº 164/2013 Página 2


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deveria comprovar com documentos idôneos as receitas que dão
suporte as despesas descobertas.
Após diligência fiscal, foi proferida a Decisão nº
18.369/11, tendo a julgadora singular decidido pela
improcedência do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Não recolhimento de


ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis nos
exercícios de 1998 e 1999, apurada
mediante levantamento financeiro da
conta 'caixa'. (1) Afastado exame da
inconstitucionalidade das normas
aplicadas por este juízo, no termo do
disposto nos arts. 23, § 3º, I e 28,
I, da Lei Estadual 6.771/06. (2)
Ausência de elementos nos autos, tais
como comprovação dos valores do saldo
inicial de caixa do exercício a
lançar dúvidas acerca das conclusões
encontradas nos autos. (3) Procedido
pelas servidoras ajustes nos valores
referentes às entradas de mercadorias
no estabelecimento, sem que fosse
esclarecido se o ajuste não
implicaria a consignação do valores
em duplicidade (vez que as obrigações
a prazo foram relacionadas pela data
em que foram contraídas pelo sujeito
passivo). (4) Cabe a prova acerca da
ocorrência de omissão de receitas,
pressuposto da omissão de saídas
prevista no art. 2º §§ 9.° e 10 da
Lei Estadual 5.900/96, à Fazenda
Fstadual, já que elemento
constitutivo da obrigação tributária
objeto do lançamento. (5)
Insuficiência de provas a demonstrar
a ocorrência da infração imputada ao
sujeito passivo. (6) Lançamento
IMPROCEDENTE. (7) Remessa dos autos
Acórdão CTE nº 164/2013 Página 3
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ao Conselho Tributário Estadual para
reexame necessário nos termos do art.
48, 1, da Lei Estadual 6.771/06.
Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação
Fiscal dado ciência da Decisão Singular. Assim, chegam os
autos a este Conselho para o Reexame Necessário.
É o relatório.

VOTO

Trata-se aqui de reexame necessário em face da decisão


da Coordenadoria de julgamento que julgou improcedente por
falta de prova, o lançamento de ofício de ICMS mais multa
devido à omissão de vendas pelo sujeito passivo quando do
levantamento financeiro nos exercícios de 1998 e 1999. Tal
omissão decorre de presunção legal relativa, cuja
caracterização encontra amparo nos parágrafos nono e dez do
art. 2.º da Lei 5.900/96 1, conforme redação vigente à época.
Observa-se da interpretação dos mencionados
dispositivos, que essa presunção legal aplicar-se-ia quando a
soma das despesas efetuadas pelo sujeito passivo fosse
superior às receitas efetivamente auferidas, conduzindo a
resultado credor da conta “Caixa”, o que é incompatível com a
realidade de qualquer entidade.
A conta “Caixa”, objeto da auditoria realizada, reflete
as entradas e saídas de numerário de uma dada pessoa
jurídica. Tais movimentações financeiras são aferidas no

1
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 9º. O fato de a escrituração do contribuinte indicar insuficiência de caixa (saldo credor), suprimentos de
caixa de origem não comprovada ou a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou inexistentes, bem
como a ocorrência de entrada de mercadorias não contabilizadas, autorizam a presunção de omissão de saídas
de mercadorias tributáveis em operações internas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao contribuinte a
prova da improcedência da presunção.
§ 10. A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
Acórdão CTE nº 164/2013 Página 4
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momento em que são efetivamente realizadas pelo sujeito
passivo.
Também é cediço que auto de infração deve ter os
elementos de prova para caracterizar a infração 2. Mesmo no
caso em tela – presunção legal – onde, conforme determinação
legal à época do lançamento de ofício, todos os indícios que
levaram à ocorrência do fato presumido de saída de mercadoria
deveriam ter sido traslados aos autos.
Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:
“Presunções não são meios de prova,
mas forma de raciocínio pelas quais,
por meio de um fato, infere-se a
existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro que se
quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova...” (grifo nosso). (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de
direito processual civil, v 1. 5 ed.,
São Paulo: Saraiva, 2008,p.436)
grifei
Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de
um fato conhecido e provado para, então, se presumir outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.
Logo, conforme a própria natureza dos indícios e das
presunções, como bem determinou a decisão a quo proferida, a
fiscalização não trouxe provas aos autos que levam à
presunção infracional aqui discutida.
Isso porque não há documentos suficientes que serviram
de base para a verificação de insuficiência de caixa.
Podemos, exemplificativamente, citar a falta de qualquer
valor de caixa inicial no exercício de 1998, só podendo
2
Regulamento do ICMS, em redação dada à época da lavratura do auto de infração:
Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído, consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
...
V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades, em qualquer caso;
Acórdão CTE nº 164/2013 Página 5
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presumi-lo zero quando preenchidos os requisitos postos na
lei 3, o que influencia em todo o cálculo do possível imposto
devido. Também há a ausência dos documentos que comprovassem
os valores referentes às despesas cotidianas do
estabelecimento alocadas no planilhamento para o cálculo do
crédito tributário devido.
Além do que, como bem colocado pela julgadora singular,
os valores de entrada de mercadorias consignados na planilha
divergem dos registrados nos livros fiscais, não havendo
demonstração técnica ou numérica do porque disso.
Portanto, pelo que os autos apresentam, sem elementos
de prova suficientes, é incabível considerar deduções
subjetivas da autoridade fiscal para demarcar este ilícito
fiscal. Não há previsão legal de presunção absoluta para
tanto.
Dessa forma não é possível calcular corretamente o
tributo, ou mesmo se há ICMS devido. Pelo princípio da
legalidade 4, sendo o lançamento fiscal um ato vinculado, o
presente auto de infração não obedece ao comando normativo do
art. 142 do Código Tributário Nacional 5.
Portanto, como a legislação declara que só ocorre a
presunção da ocorrência de operações internas e tributáveis,
sem pagamento do imposto, pelo sujeito passivo, quando se
constatar efetivamente insuficiência da sua conta “Caixa”,

3
Lei Estadual nº 5.900/19966:
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 11 - Presume-se zero a disponibilidade de numerário em espécie ou depositado em conta bancária,
relativamente ao saldo vindo do exercício anterior, de contribuinte que não possui escrituração de livros
contábeis para apuração do lucro real, quando não declarado no Livro Registro de Utilização de Documentos
Fiscais e Termos de Ocorrências, até o 5º (quinto) dia seguinte a data de encerramento do exercício
financeiro, devidamente assinada a declaração pelo sócio-gerente ou seu representante legal.
4
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
5
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.
Acórdão CTE nº 164/2013 Página 6
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não estando fundamentado em elementos probatórios suficientes
a peça vestibular, resta comprovado que o sujeito passivo não
cometeu a infração em tela.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª
CÂMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos, conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular ora em
reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de julho de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR

Acórdão CTE nº 164/2013 Página 7


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SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 26/07/2013
PROCESSO: 1500-004495/1998 e CTE nº 42/2012.
ANEXO: 1500-005223/1998.
AUTO DE INFRAÇÃO: 006608.
AUTUADA: MERCANTIL NORTE SUL DE ALIMENTOS E CEREAIS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.87786-1.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.385/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): FRANCISCO MANOEL G. DE CASTRO E OUTROS.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: Patrícia Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº167/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Omissão de entradas e
saídas de mercadorias apurada
através de levantamento físico de
estoque. Reclassificação legal da
penalidade aplicada. Reexame
necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

RELATÓRIO
Trata o Auto de Infração do lançamento de crédito
tributário composto de imposto e multas pelos fatos de, em
tese, o sujeito passivo, conforme levantamento físico de
estoque, no período entre 30/04/1997 e 29/01/1998, ter
vendido mercadorias tributáveis sem documentação fiscal e
também adquirido mercadorias desacompanhadas de notas
fiscais.
Como substrato legal foram considerados os arts. 50, I,
da Lei n.º 5.900/96, e arts. 49, II e VII;130, I e 136, I, do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto n.º 35.245/91, e
proposta a aplicação das penalidades previstas nos arts. 84 e
97 da referida Lei.

Acórdão CTE Nº 167/2013 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Instruem os autos como provas da infração: Termo de
Contagem Física de Estoques e seu anexo datado de 29/01/98,
planilha de controle físico de estoque, relatórios das notas
fiscais de saída e de entrada do período fiscalizado, cópias
do Livro Registro de Utilização de Documentos Fiscais e
Termos de Ocorrências nº 01 e do Livro Registro de Inventário
n° 01.
Em sua impugnação, o contribuinte pede a improcedência
do lançamento de ofício alegando, em síntese, que: 1. o
levantamento físico de mercadorias foi feito aleatoriamente;
2. os agentes fiscais não tinham conhecimento da
classificação dos itens fiscalizados.
Nas contrarrazões, o autuante pede pela procedência do
lançamento de ofício, afirmando que: 1. os argumentos da
defesa são incipientes e com a intenção apenas de
procrastinar a conclusão da lide; 2. o levantamento foi
baseado nos documentos fiscais do contribuinte, levando em
consideração o estoque inicial e final e as notas fiscais de
entrada e saída de mercadorias; 3. os argumentos apresentados
pela defesa não trazem demonstrativos e nem provas
documentais que afastassem a acusação; 4. foi comprovado
através do levantamento específico do estoque, que a
recorrente adquiriu, bem como deu saída de mercadorias sem o
acobertamento do respectivo documento fiscal.
Decidiu, então, com o nº 18.385/2011, o julgador
singular pela procedência parcial do auto de infração devido
à reclassificação da multa aplicada do art. 84 para a do art.
79 da Lei nº 5.900/1996. A decisão foi ementada da seguinte
forma:
EMENTA: LANÇAMENTO DE OFÍCIO - NO ÂMBITO
DO ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE
SAÍDA DE MERCADORIAS E AQUISIÇÃO DE
MERCADORIAS SEM O ACOBERTAMENTO DO
DOCUMENTO FISCAL, APURADO ATRAVÉS DE
LEVANTAMENTO FÍSICO DE ESTOQUE. AUTO DE
INFRAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE. A DECISÃO
ESTÁ SUJEITA AO RECURSO VOLUNTÁRIO
DIRIGIDO AO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
- CTE. DECISÃO SUJEITA AO REEXAME
NECESSÁRIO POR PARTE DO CTE, EM RAZÃO DA
EXCLUSAO DE PARTE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
APONTADO NA INICIAL DOS AUTOS.

Acórdão CTE Nº 167/2013 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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VERIFICADA ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO
FÍSICO DE ESTOQUE DE MERCADORIAS QUE A
EMPRESA PROCEDEU A SAIDA DE MERCADORIAS
SEM A EMISSÃO DO COMPETENTE DOCUMENTO
FISCAL E QUE ADQUIRIU MERCADORIAS SEM O
ACOBERTAMENTO DO DEVIDO DOCUMENTO
FISCAL, MOSTRA-SE DEVIDA A EXIGÊNCIA DO
PAGAMENTO DO IMPOSTO E APLICAÇÃO DA
PENALIDADE ESPECÍFICA EM RAZÃO DAS
INFRAÇÕES CONSTATADAS.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de reexame necessário da Decisão nº
18.385/2011, de Primeira Instância, que julgou procedente em
parte o lançamento constante do auto de infração nº 006608.
Impende destacar que como o contribuinte não interpôs
recurso ordinário a esse Conselho Tributário, o objeto deste
julgamento limitar-se-á tão-somente ao reexame necessário da
decisão de piso, ou seja, pela reclassificação da multa
aplicada do art. 84 para a do art. 79 da Lei nº 5.900/1996.
Tem-se que, com a revogação do art. 84 1 pela alteração
normativa feita à Lei Estadual 5.900/96 pela Lei Estadual
7.079/09, por determinação expressa do legislador estadual,
para a violação descrita no artigo revogado, ficou imputada a
penalidade do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96 2.

1
Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto devido.
*Art. 84 revogado pela Lei n.º 7.079/09. Reclassificando-se a multa deste artigo para a do art. 79 da mesma
Lei, relativamente aos créditos tributários já lançados.
2
Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal, em situação não compreendida nas hipóteses
previstas nos artigos seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do valor do imposto.

Acórdão CTE Nº 167/2013 3


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
Logo, observa-se sim, como esclarecido pelo julgador
monocrático, que a infração descrita nesse artigo (art. 79)
abarca a infração cometida por aquele (art. 84), além de,
importante destacar, ser mais benéfica ao sujeito passivo,
nos termos do art. 106, II, ‘c’, do CTN 3.
O que implica na possibilidade de aplicação ao caso
aqui julgado do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96, em nova
redação dada pela Lei Estadual 7.079/09, conforme decidido na
instância de piso.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo a decisão de primeira instância.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em
Maceió, 26 de julho de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR

3
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
...
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

Acórdão CTE Nº 167/2013 4


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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 28 – Realizada em 26/07/2013 2ª câmara


PROCESSO Nº: SF 1500-013991/2000 CTE 067/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 65598 de 29/06/2000
RECORRENTE: Fazenda Pública Estadual (Reexame necessário)
RECORRIDO: Edvaldo Urbano Pinto
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 168/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. REEXAME NECESSÁRIO.
VALOR EXCLUÍDO PELO JUÍZO
SINGULAR INFERIOR A 400 UPFAL.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 48, §2º,
INCISO II, DA LEI Nº. 6.771/2006.
REEXAME NECESSÁRIO NÃO CONHECIDO.
DECISÃO MANTIDA. LANÇAMENTO
PARCIALMENTE PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Cuida de Auto de Infração no qual a autoridade fiscal


relata que o contribuinte cometeu as seguintes infrações:

a) deixou de recolher ICMS no valor de R$ 5.077,63


(cinco mil, setenta e sete reais e sessenta e três centavos)
referente as saídas de mercadorias nos exercícios de 1998 e 1999,
sem emissão de nota fiscal, conforme levantamento na Conta Caixa;

b) deixou de recolher ICMS no valor de R$ 1.660,15 (um


mil, seiscentos e sessenta reais e quinze centavos) referente as
saídas nos exercícios de 1998 e 1999, de acordo com a sistemática do
custo da mercadoria vendida agregado ao lucro mínimo de 30%.

Intimado no próprio ato do lançamento, o Autuado


apresentou defesa na qual esclarece que a contestação refere-se tão
somente ao levantamento efetivado na Conta Caixa, argumentando que
retirou empréstimo bancário junto à agência do Banco do Brasil de
Atalaia/AL em 03/08/1999, no valor de R$ 7.453,77 (sete mil,
quatrocentos e cinquenta e três reais e setenta e sete centavos),

Acórdão CTE Nº168 Página 1


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aplicando-o nas atividades da empresa e que, por equívoco, tal


documentação não foi entregue ao fiscal autuante no momento da
fiscalização.

Por sua vez, o fiscal responsável pelo lançamento


refutou as alegações do Autuado, na medida em que a defesa não
demonstrou que os recursos solicitados ao Banco do Brasil foram
depositados na conta corrente da empresa ou lançados na conta caixa.

Submetido a julgamento pelo juízo singular, decidiu-se


A) pela procedência parcial do lançamento relativamente à omissão de
saída, pois o Autuado não comprovou o depósito dos recursos obtidos
junto ao Banco do Brasil em sua conta caixa, reclassificando-se
apenas a multa do artigo 84 para a multa do artigo 79, ambos da Lei
nº. 5.900/96; e B) pela nulidade do lançamento por ausência de
motivo no tocante à segunda infração.
Transcorrido o prazo recursal sem qualquer manifestação
das partes, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário
Estadual para apreciação do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Conforme relato, verifica-se que, ao submeter-se a


apreciação pela instância singular, o lançamento foi julgado
parcialmente procedente quanto à primeira infração e nulo por
ausência de motivo no tocante a segunda infração relatada nos autos,
obrigando o Autuado ao recolhimento de crédito tributário no valor
de R$ 7.616,44 (sete mil, seiscentos e dezesseis reais e quarenta e
quatro centavos), sendo os autos remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para análise do reexame necessário.

Nesse caso, antes de ingressarmos no exame do mérito,


imprescindível avaliarmos a admissibilidade do reexame necessário no
caso em apreço.

Isso porque, a admissibilidade do reexame necessário se


sujeita ao disposto no artigo 48, inciso II, §2º, da Lei do PAT, o
qual determina que não será objeto de reapreciação pelo Conselho
Tributário Estadual os julgados singulares em que a quantia
excluída, na data da decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas)
UPFAL:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual,


ficam sujeitas à reexame necessário:

Acórdão CTE Nº168 Página 2


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§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo


não se aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor
limite.

De fato, no caso dos autos a improcedência do Auto de


Infração resultou na exclusão de crédito tributário no montante de
R$ 3.164,09 (três mil, cento e sessenta e quatro reais e nove
centavos) o que considerando o valor unitário de R$ 16,21 (dezesseis
reais e vinte um centavos) na época da decisão, representa,
aproximadamente, 195 UPFALs.

Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos não
conhecer do reexame necessário, uma vez que a quantia excluída pelo
julgador singular é inferior ao limite de 400 (quatrocentas) UPFAL
previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº. 6.771/06.

Maceió/AL, 26 de julho de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR

Acórdão CTE Nº168 Página 3


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 29 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/08/2013


PROCESSO Nº.: SF 1500-0006921/2003 CTE 0431/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 32142
RECORRENTE: Fazenda Pública Estadual (Reexame necessário)
RECORRIDO: Destack Comércio Representações e Serviços Ltda.
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE EM EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 177/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


OMISSÃO DE VENDAS. LEVANTAMENTO DA
CONTA CAIXA. INEXISTÊNCIA DE PROVAS
DAS DESPESAS MENSAIS REALIZADAS PELO
CONTRIBUINTE. FALTA DE JUSTIFICATIVA
PELO CAIXA INICIAL ZERADO. AUSÊNCIA
DE PROVAS DA INFRAÇÃO DESCRITA NO
LANÇAMENTO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. DECISÃO
MANTIDA. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de lançamento tributário no qual se relata que o contribuinte deixou de recolher


ICMS nos exercícios de 2000 e 2001, por ter efetuado vendas de mercadorias tributáveis, em operação interna,
sem documentação fiscal, fato comprovado pela insuficiência de caixa, apurado através de levantamento da
referida conta, considerando-se as receitas e despesas realizadas no período fiscalizado, totalizando crédito
tributário no valor de R$ 8.901,95 (oito mil, novecentos e um reais e noventa e cinco centavos).
Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa na qual afirma que é tributada pelo
lucro presumido, de modo que não possui escrita contábil, sendo impossível, portanto, a apuração da
insuficiência na conta caixa.
Em sede de contrarrazões, a autoridade fiscal rejeitou os argumentos da defesa, informando
que a conta caixa independe do regime de tributação escolhido pelo contribuinte, sendo possível a apuração de
infrações tanto no lucro real com escrita contábil quanto no lucro presumido.
Submetido a apreciação pelo juízo singular, a Coordenadoria de Julgamento decidiu pela
improcedência do lançamento por insuficiência de provas do ilícito, nos termos da seguinte ementa:

“ICMS. Não recolhimento de ICMS por omissão de saída de mercadorias tributáveis


nos exercícios de 2000 e 2001, apurada mediante levantamento financeiro da conta
caixa. (1) Ausência de elementos nos autos, tais como comprovação dos valores do
saldo inicial de elementos nos autos, tais como comprovação dos valores do saldo
inicial de caixa do exercício e de despesas do estabelecimento a lançar dúvidas
acerca das conclusões encontradas nos autos. (2) Falta de comprovação da intimação
para apresentação de documentos, cujo não cumprimento autoriza a presunção do
vencimento das obrigações na data de emissão dos documentos fiscais, como

Acórdão CTE nº177/2013 Página 1


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previsto no inciso segundo do parágrafo único do art. 87 da Lei Estadual 5.900/96.


(3) Cabe a prova acerca da ocorrência de omissão de receitas, pressuposto da
omissão de saídas prevista no art. 2º, §§ 9º e 10 da Lei Estadual 5.900/96, à Fazenda
Estadual, já que elemento constitutivo da obrigação tributária objeto do lançamento.
(4) Insuficiência de provas a demonstrar a ocorrência da infração imputada ao
sujeito passivo. (5) Lançamento IMPROCEDENTE. (6) Remessa dos autos ao
Conselho Tributário Estadual para reexame necessário nos termos do art. 48, I, da
Lei Estadual 6.771/06.”

Transcorrido o prazo recursal sem qualquer manifestação das partes, os autos foram
encaminhados ao Conselho Tributário Estadual para apreciação do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Consiste a presente análise em reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei
nº. 6.771/06 1, na qual restou vencida totalmente a Fazenda Pública, diante da improcedência do lançamento em
razão da insuficiência de provas da infração cometida pela Autuada.
No caso em comento, o contribuinte foi autuado por ter efetuado vendas de mercadorias
tributáveis sem o recolhimento do ICMS, infração aparentemente comprovada pela insuficiência de caixa nos
exercícios de 2000 e 2001, considerando-se, para tanto, as receitas e despesas efetuadas pelo contribuinte nesse
período, conforme planilha demonstrativa de fls. 06 dos autos.
Entretanto, não obstante a autoridade fiscal tenha apresentado planilha detalhada das
receitas auferidas e despesas efetuadas, indicando a natureza e o valor de cada um desses ao longo do período
autuado, inexistem nos autos provas que confirmem as despesas efetivamente realizadas pelo contribuinte a cada
mês, prejudicando-se, portanto, o encontro mensal da contabilidade da conta caixa.

Explica-se.

Para aferir as despesas realizadas pelo contribuinte, o fiscal autuante utilizou como
parâmetro as DAC’s dos exercícios de 2000 e 2001. Porém, nos referidos documentos constam informações
prestadas pelo contribuinte a respeito do somatório das despesas efetuadas ao longo de todo o exercício, de modo
que o fiscal autuante dividiu as despesas declaradas nas DAC’s por 12 (doze) meses, no intuito de encontrar os
gastos mensais da Autuada com água, luz, telefone, salários, entre outros, como se tais despesas fossem fixas
mensalmente durante todo o exercício.
Apenas para exemplificar, a DAC de 2000 informa que a Autuada consumiu R$ 691,56
(seiscentos e noventa e um reais e cinquenta e seis centavos) de água, energia e telefone, assim o fiscal autuante
dividiu tal montante por 12 (doze) meses, apontando na planilha de fls. 06, a quantia de R$ 57,63 (cinquenta e
sete reais e sessenta e três centavos) como despesa, de forma linear, frise-se, como se as despesas do contribuinte
fossem inalteráveis ao longo do ano.
Nesse ponto, convém ressaltar que a apuração do ICMS é mensal, logo é essencial para a
contabilidade da conta caixa que seja possível dimensionar no lançamento os valores exatos das despesas e
receitas em cada mês do período fiscalizado, de modo que se permita realizar corretamente o encontro mensal e,
assim, identificar-se se houve insuficiência da conta caixa e, por conseguinte, omissão de vendas.
Com efeito, a falta de precisão na indicação dos valores exatos das despesas realizadas
mensalmente pelo contribuinte é completamente prejudicial aos resultados apresentados na planilha que subsidia
o lançamento (fls. 06 dos autos), na medida em que a alteração de um único desses valores de despesa em
qualquer dos meses fiscalizados modificará todos os dados da planilha.

1
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
Acórdão CTE nº177/2013 Página 2
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No mais, não restou esclarecido nos autos os motivos pelos quais foi considerado
inexistente o caixa inicial no exercício de 2000, vez que a empresa já estava em atividade desde o exercício
anterior.
Na apuração da insuficiência de caixa devem ser computados todos os elementos que
compõem a movimentação financeira do contribuinte, a teor do disposto no artigo 2º, §10º, da Lei nº. 5.900/96:

Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:

§ 10 - A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando


a soma das despesas, pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços
de terceiros, aquisição de bens em geral, pagamentos de tributos, honorários,
empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas pelo
contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.

Assim, não obstante os atos administrativos gozem da garantia da presunção de


legitimidade, esta se denota inequivocamente juris tantum, não isentando, pois, a responsabilidade da autoridade
fiscal comprovar os fundamentos da autuação, consoante lição da professora Fabiana Del Padre Tomé, vejamos:

Essa presunção, entretanto, não exime a Administração do dever de comprovar


a ocorrência do fato jurídico, bem como das circunstâncias em que este se
verificou. É que, sendo os atos de lançamento e aplicação de penalidade vinculados
e regidos, dentre outros, pelos princípios da estrita legalidade e da tipicidade, tais
expedientes dependem, necessariamente, da cabal demonstração da ocorrência
dos motivos que os ensejaram. 2

Portanto, face a ausência de comprovação dos elementos empregados para a apuração da


insuficiência de caixa da Autuada, evidente a fragilidade do lançamento tributário consignado nos autos.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer reexame necessário e improvido, mantendo-se
incólume a decisão recorrida, posto que inexistem nos autos provas suficientes para ratificar as informações
apresentadas na planilha demonstrativa de fls. 06 dos autos e, portanto, comprovar a infração descrita nos autos.

Maceió/AL, 08 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE EM EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES JOSÉ RONALDOCARLOS DE A. MENDONÇA


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE A. DE SOUZA


JULGADOR

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. A Prova no Direito Tributário. 2ª ed. São Paulo: Noeses, 2008. p. 240.
Acórdão CTE nº177/2013 Página 3
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Acórdão CTE nº177/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
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2ª. CÂMARA

SESÃO ORDINÁRIA Nº 30 – 2º Câmara – Realizada em 16/08/2013


PROCESSO: 1500-011148/1997 e CTE nº 244/2007.
AUTUADA: MANOEL JOSE DA COSTA.
ASSSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE: Raimundo M.C.Neto.
RELATOR: Luciano Pontes de Maya Gomes.
PRESIDENTE/ EM EXERCÍCIO: JOSÉ PEDRO DA SILVA
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº180/2013

EMENTA. PAT. NORMAS


PROCEDIMENTAIS. A NORMA DO ART. 43,
INCISO II, DA LEI N. 6.771/2006,
INTRODUZIDA PELA LEI N. 7.078/2009,
DISPENSOU O REEXAME NECESSÁRIO
QUANDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO
EXCLUÍDO PELA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO (1A. INSTÂNCIA DE
JULGAMENTO) NÃO ULTRAPASSAR O
VALOR CORRESPONDENTE A 400
UPFAL’S. REEXAME DE OFÍCIO NÃO
CONHECIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de remessa necessária que chega para análise deste Colegiado


Administrativo por força da norma do art. 48 da Lei n ° 6.771/2006, em face de suposta
sucumbência parcial da Fazenda Estadual imposta pela Decisão n ° 15.334/07, da Douta
Coordenadoria de Julgamento, que entendeu pela manutenção apenas em parte da
autuação.

_____________________________________________________________________________________ 1
Acórdão CTE n° 180/2013
Antes de empreendermos o reexame legal, convém apresentarmos os atos
e fases já vencidas nos autos.

Pois bem.

O auto de infração propôs-se a lançar o ICMS mais a multa regulamentar


no valor total de R$ 3.903,59, sob a motivação de que o contribuinte deixou de recolher
o ICMS nos exercícios de 1994 e 1995 em decorrência de uso antecipado de crédito
fiscal.

A suposta sucumbência da Fazenda Estadual estaria fundada


exclusivamente no fato de que a instância de piso teria rejeitado a presunção de omissão
de saídas no exercício de 1994 e 1995, sob o argumento de ausência de provas, a
despeito de diligências realizadas para suprir o suposto defeito inicial da autuação.

Regularmente intimados, representação fiscal e contribuinte silenciaram.

Nada mais a relatar. Passo a decidir, então.

VOTO

De início, convém esclarecer que o reexame de ofício não se propõe a


reexaminar toda a decisão de piso, devendo se ater apenas a parte em que foi a Fazenda
Pública sucumbente.

Neste particular, o exame estaria circunscrito a exclusão do valor de


R$2.326.18, fruto do afastamento proposto pela instância a quo em relação as alegadas
omissões de saídas no exercício de 1994 e 1995

Ocorre, entretanto, que o art. 43, inciso II, da Lei n. 6.771/2006, com as
inserções promovidas pela Lei n. 7.078/09, restringiu a subida dos autos em sede de
reexame necessário ao Conselho Tributário quando a redução do crédito tributário for
superior ao valor correspondente a 400 (quatrocentas) UPFAL’s.

Confira-se a redação do art. 43, inciso II, do PAT:

Art. 43. A competência para julgamento do processo administrativo


tributário decorrente de Auto de Infração, após julgamento de primeira
instância, é do CTE, exceto:

I – nos casos de procedimento especial; ou

II – na decisão contrária à Fazenda Estadual quando a importância


pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400

_____________________________________________________________________________________ 2
Acórdão CTE n° 180/2013
(quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL.

No caso, considerando que a suposta parcela excluída está aquém do piso


de alçada estabelecido pelo supra destacado inciso II do art. 43 do PAT, entendo não ser
o caso em exame hipótese de reexame de ofício.

Ante ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÃMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos
conhecer do reexame necessário, pois incabível em espécie, à luz do art. 43, inciso II, da
Lei n. 6.771/2006.

Voltam os autos a Douta Coordenadoria de Julgamento para as


providências cabíveis.

Sala de Sessões do CTE. Maceió – AL, 16 de Agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE MAYA


PRESIDENTE/ EM EXERCÍCIO RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M.DE CASTRO GOMES MÁRIO ALBERTO DE A.DE SOUZA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. ALMEIDA FILHO


JULGADOR

_____________________________________________________________________________________ 3
Acórdão CTE n° 180/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
___________________________________________________________________________________________
SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 30 – REALIZADA: 16/08/2013 – 2ª CÂMARA
PROCESSO: 1500-005169/1999 e CTE nº 225/2012.
ANEXO: 1500-006079/1999.
AUTO DE INFRAÇÃO: 014096.
AUTUADA: SUMMER COTTON S.A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.89682-3.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.417/11.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Ronaldo Guedes de Araújo e Outros.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE/EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
SECRETARIA:Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº181 /2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de ICMS
transporte nas prestações
internacionais de transportes de
cargas. Alteração normativa do
art. 79 da Lei nº 5.900/96 mais
benéfica ao contribuinte. Reexame
necessário conhecido e improvido.
Mantida a decisão singular.

RELATÓRIO
Tratam os autos de lançamento de ofício de crédito
tributário relativos à ICMS e multa, lavrado em face de
SUMMER COTTON S.A, sujeito passivo já qualificado no
processo, por infração à legislação tributária conforme a
seguinte descriçāo: "Deixou de recolher o ICMS devido, no
valor de R$ 18.322,52 (dezoito mil trezentos e vinte e dois
reais e cinqüenta e dois centavos), referente a prestação de
serviço de transporte, iniciada no exterior, quando das
importações das mercadorias, referente ao período 12/97 a
03/99, conforme documento de importação anexa" (sic).
Imputada infração aos arts. 49, VIII e 514 do
Regulamento do ICMS — RICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/91
e aos arts. 42 e 30, IV, da Lei Estadual 5.900/96, sendo
aplicada a sanção dos arts. 822 do RICMS e 79 da Lei Estadual
5.900/96.
_________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 181/2013 1
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Como conjunto probatório, foram acostados ao processo
os seguintes documentos: 1. Demonstrativo de Débito; 2.
Planilha para digitação do Auto de Infração; 3. cópia da
ficha "Cartão de Autógrafo" do contribuinte; 4. Dados
Cadastrais; 5. cópias do "Termo de início de fiscalização" e
do "Termo de encerramento de fiscalização" lavrados no livro
fiscal próprio; 6. documentos referentes ao desembaraço
aduaneiro de mercadorias destinadas ao ativo imobilizado do
sujeito passivo; 7. Intimação Fiscal n° 196815, para
apresentação de livros e documentos.

Em sua impugnação, o contribuinte pede a improcedência


do lançamento de ofício alegando, em síntese, que possui o
benefício do diferimento do ICMS sobre as importações de bens
destinados ao ativo fixo e para matéria prima, efetivamente
utilizada no processo industrial de acordo com o Decreto nr.
37.140 de 06/05/1998 e que as despesas com frete
internacional fazem parte do imposto diferido .
Nas contrarrazões, um dos autuantes pede pela
procedência do auto de infração, argumentado, para tanto, que
o sujeito passivo apenas arguiu que o valor do frete é
componente da base de cálculo do ICMS da mercadoria,
possuindo, portanto, também o seu diferimento. Ou seja,
entendeu erroneamente que também teria o diferimento do ICMS
de transporte relativo ao frete internacional.
Decidiu, então, com o nº 18.417/11, a julgadora
singular pela procedência parcial do auto de infração,
mantendo a autuação, mas reduzindo a multa aplicada de 100%
(cem por cento) para 50% (por cento) multa conforme nova
redação dada ao art. 79 da Lei nº 5.900/1996 pela Lei
Estadual 7.079/09. A decisão foi ementada da seguinte forma:

EMENTA: ICMS — Não recolhimento de ICMS


transporte nas prestações internacionais
de transportes de cargas. (1) Em sendo
as prestações de serviço de transporte
realizadas por conta do adquirente, é
devido o ICMS sobre a mesma,
independentemente do regime de
tributação sobre a mercadoria objeto da
prestação de serviço. (2) Infração à

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Acórdão CTE Nº 181/2013 2
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legislação tributária comprovada por
provas nos autos. (3) Aplicação do art.
79 da Lei Estadual 5.900/96, em redação
dada pela Lei Estadual 7.079/09, por ser
esta sanção mais benéfica ao sujeito
passivo, nos termos do art. 13, II, 'c',
da Lei Estadual 4.418/82. (4) Lançamento
PROCEDENTE EM PARTE. (5) Remessa dos
autos ao Conselho Tributário Estadual
para reexame necessário, nos termos do
art. 48, I, da Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada não se manifestando e a Comissão


de Representação Fiscal dada ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Trata-se de reexame necessário da Decisão nº 18.417/11,
de Primeira Instância, que julgou procedente em parte o
lançamento constante do auto de infração nº 014096.
Impende destacar que como o contribuinte não interpôs
recurso ordinário a esse Conselho Tributário, o objeto deste
julgamento limitar-se-á tão-somente ao reexame necessário da
decisão de piso, ou seja, pela redução da multa aplicada de
100% (cem por cento) para 50% (por cento) conforme nova
redação dada ao art. 79 da Lei nº 5.900/1996 pela Lei
Estadual 7.079/09.
Logo, observa-se sim, como bem esclarecido pela
julgadora monocrático, que a redução da penalidade imposta
pela alteração normativa do art. 79 é mais benéfica ao
sujeito passivo, devendo ser aplicada nos termos do art. 106,
II, ‘c’, do CTN 1. O que implica na possibilidade de aplicação
ao caso aqui julgado, conforme decidido na instância de piso.

1
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
...
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
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Acórdão CTE Nº 181/2013 3
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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por unanimidade de votos no sentido
de conhecer da presente remessa necessária para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo a decisão de primeira instância.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 08 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE/EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR

...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
_________________________________________________________________________________
Acórdão CTE Nº 181/2013 4
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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 30 – Realizada em 16/08/2013 – 2ª Câmara


PROCESSO Nº.: SF 1500-010622/2005 CTE 0469/2011
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 30579 de 18/04/2005
RECORRENTE: Maceió Motos Peças e Serviços Ltda.
RECORRIDA: Fazenda Pública Estadual
RELATOR: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
PRESIDENTE/EXERCÍCIO: José Pedro da Silva
ASSESSORIA: Liberaci Maria Souza Galindo
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº182 /2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. OMISSÃO DE VENDAS.
LEVANTAMENTO DA CONTA CAIXA.
REVELIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO
DOS MOTIVOS QUE ENSEJARAM A
REVELIA DA AUTUADA. RECURSO
ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA. REVELIA DA
AUTUADA.

RELATÓRIO

Trata-se de lançamento tributário no qual se relata que


o contribuinte deixou de recolher ICMS no exercício de 2003, por ter
efetuado vendas de mercadorias tributáveis, em operação interna, sem
documentação fiscal, fato comprovado pela insuficiência de caixa,
apurado através de levantamento da referida conta, considerando-se
as receitas e despesas realizadas no período fiscalizado,
totalizando crédito tributário no valor de R$ 27.275,46 (vinte e
sete mil, duzentos e setenta e cinco reais e quarenta e seis
centavos).

Intimada no próprio ato do lançamento, a Autuada


apresentou defesa as fls. 02 e 03, as quais foram rejeitas pela
autoridade fiscal nas contrarrazões de fls. 06 a 09, do processo nº.
1500-014100/2005.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de


Julgamento, decidiu-se pela impossibilidade de apreciação dos
argumentos da defesa diante da sua apresentação intempestiva,
declarando-se a revelia da Autuada e concluindo-se pelo encerramento

Acórdão CTE 182/2013 Página 1


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do processo administrativo tributário, ressalvando-se, porém, a


possibilidade de apresentação de petição ao CTE, nos termos da
seguinte ementa:

“ICMS. Obrigação principal. Não recolhimento de


ICMS sobre vendas de mercadorias tributáveis sem
emissão de documentação fiscal, apuradas mediante
levantamento financeiro da conta ‘Caixa’.
Impossibilidade de apreciação da impugnação por
força dos efeitos da revelia. Encerramento do
processo administrativo tributário. Possibilidade
de saneamento e revisão do ato administrativo pela
Representação Fiscal.”

Devidamente intimada da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, a Autuada apresentou Recurso Ordinário, no qual reitera
os argumentos da defesa no sentido de requerer a anulação do
lançamento, pois não consta a data e a hora da lavratura do auto de
infração. No mais, afirma que não teve acesso aos autos, em afronta
aos princípios da ampla defesa e contraditório, fato que impediu a
elaboração da impugnação ao lançamento.

Nas contrarrazões, a representação fiscal refuta os


argumentos declinados no recurso, ratificando a procedência do
lançamento e pleiteando a manutenção da decisão recorrida.

Após, os autos foram encaminhados ao Conselho


Tributário Estadual para apreciação das razões recursais.

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em
especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, desnecessário tecer comentários


alongados, pois o Recurso Ordinário foi interposto no prazo de 15
(quinze) dias, conforme preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT 1,
vez que a Recorrente foi intimada no dia 03/08/2011 e protocolou o
recurso no dia 11/08/2011, razão pela qual passamos a análise das
razões recursais.

1
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
Acórdão CTE 182/2013 Página 2
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Insurge-se a Recorrente em face do julgado proferido


pelo juízo singular, o qual declarou a revelia da Recorrente diante
da apresentação intempestiva da defesa, decidindo-se pelo
encerramento do processo administrativo tributário e encaminhamento
dos autos à representação fiscal para o controle de legalidade.

Nos casos de indeferimento da defesa pela


intempestividade e declaração da revelia, assegura-se ao
contribuinte o direito de impugnar o indeferimento mediante a
apresentação de petição dirigida à autoridade ou órgão superior
àquele que proferiu a decisão, nos termos do artigo 5º, §2º, da Lei
nº. 6.771/06, in verbis:

Art. 5º A petição será indeferida de plano pela


autoridade ou órgão responsável pela apreciação da
matéria, conforme o caso, se intempestiva, se
postulada ou assinada por pessoa sem legitimidade
ou se inepta, vedada a recusa de seu recebimento ou
protocolização.

§ 2º É assegurado ao interessado o direito de


impugnar o indeferimento da petição declarada
intempestiva, viciada de ilegitimidade ou inepta no
prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência,
mediante petição dirigida à autoridade ou órgão
competente imediatamente superior àquele que
proferiu o indeferimento. (grifo nosso)

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo


transcrito que, uma vez indeferida a defesa pela sua
intempestividade, a petição dirigida à autoridade ou órgão superior
deverá tratar, especificamente, acerca dos motivos do indeferimento,
demonstrando o Requerente as falhas da decisão.

Entretanto, no caso dos autos, a Recorrente se limitou


a repetir os argumentos declinados na defesa, sem expor qualquer
comentário acerca do indeferimento da sua petição ou sustentando a
tempestividade da defesa inicialmente apresentada, de modo que a
apreciação das razões recursais resta prejudicada em face da falta
de impugnação da questão de fundo, qual seja, a revelia.

Aliás, impõe ressaltar o acerto do juízo singular, pois


de fato a Recorrente extrapolou o prazo de 30 (trinta) dias para
apresentação da defesa, na medida em que foi intimada no próprio ato
do lançamento, dia 18/04/2005, porém só apresentou a defesa no dia
03/06/2005.

Acórdão CTE 182/2013 Página 3


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Portanto, prejudicada a apreciação das razões


recursais, pois a Recorrente não impugnou os motivos que ensejaram o
indeferimento da defesa, mantendo-se, dessa forma, a declaração da
revelia da Recorrente.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE por unanimidade de votos no sentido
de conhecer do Recurso Ordinário para negar-lhe provimento, vez que
a Recorrente não impugnou os motivos que ensejaram o indeferimento
da defesa e, por conseguinte, não demonstrou a inexistência de
revelia no caso em comento.

Maceió/AL, Sala das Sessões do CTE, 16 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE/EXERCÍCIO RELATOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES MÁRIO ALBERTO DE ALENCAR DE SOUZA


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE 182/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº31 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:29/08/2013
PROCESSO: 1500-011271/2007 e CTE nº 20/2013.
ANEXO: 1500-010500/2012 e 1500-006168/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00393-003.
AUTUADA: NORDESTE IMPLEMENTOS LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.96313-0.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.471/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): José Carlos Silva.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: JOSÉ PEDRO DA SILVA (em exercício)
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 188 /2013

EMENTA- ICMS. Não escrituração de


notas fiscais de saídas de
mercadorias. Crédito tributário
nāo pago e confessado pelo
contribuinte. Extinção do
processo com resolução do mérito.
Recurso ordinário conhecido e
improvido. Decisão singular
mantida.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração lavrado contra NORDESTE


IMPLEMENTOS LTDA, pessoa jurídica já devidamente qualificada
nos autos, para exigência de crédito tributário referente à
ICMS e multa, por ter o contribuinte deixado de registrar
notas fiscais de saídas de mercadorias nos exercícios de 2005
e 2006.
Como infração legal, foram apontados os art. 50, II, da
Lei Estadual n.º 5.900/96, combinado com os artigos 75 e 273,

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 1


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do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/91. Foi
sugerida a penalidade do artigo 83 da Lei nº 5900/96.
Instruem a inicial como principais elementos
probatórios as cópias das notas fiscais, dos livros fiscais
de Apuração de ICMS e Registro de Saídas.
O sujeito passivo apresentou impugnação à exigência
fiscal alegando, em síntese, que as notas fiscais objetos da
autuação foram registradas no livro fiscal de Registro de
Saídas, anexando cópias do livro, e que apesar da
autenticação intempestiva dos livros fiscais, esta se deu
antes da lavratura do auto de infração, entendendo que ao
pagar as taxas administrativas pelo atraso, já teria cumprido
com suas obrigações. Afirma também que todos os débitos para
com o Estado de Alagoas, de atraso no recolhimento do
imposto, já foram confessados e parcelados.
Em contrarrazões, a autoridade fiscal aduz que tanto a
solicitação de parcelamento quanto a autenticação dos livros
ocorreram posteriormente à lavratura do auto de infração.
Pede pela procedência do lançamento de ofício.
Após, foi proferida a Decisão nº 18.471/2012, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. IMPOSIÇÃO DE


PENALIDADE. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.
1. Falta de recolhimento do imposto
em razão da não escrituração de
notas fiscais de saída. 2. Ilícito
tributário demonstrado nos autos. 3.
Registros alegados pela defesa foram
feitos posteriormente à lavratura do
auto de infração. 4. Solicitação de
parcelamento não verificada. 5.
Devida cobrança do imposto e
imposição de penalidade. 6.
Lançamento PROCEDENTE.
Intimada da Decisão de Primeira Instância a autuada
apresentou Recurso Ordinário a esse Conselho Tributário
Estadual alegando que concorda com o auto de infração em

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 2


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tela, de nº 70000393-003, e por isso o pagou em 22/10/2010
conforme cópia do Documento de Arrecadação – DAR – no valor
de R$ 5.854,23 (cinco mil oitocentos e cinquenta e quatro
reais e vinte e três centavos), tendo como identificação do
débito o nº 7000393-004.
E por isso, requer que se torne sem efeito o referido
julgamento administrativo de piso. Junta aos autos cópias do
Extrato de Consolidação de Débito, do supracitado DAR e do
seu comprovante de pagamento, todos referentes ao auto de
infração nº 7000393-004.
Em resposta, pedindo pela procedência da peça
vestibular, o Representante Fiscal argumenta que o sujeito
passivo não entrou no mérito do lançamento de ofício,
presumindo sua aceitação. Quanto à alegação do pagamento do
crédito objeto da autuação, o mesmo nāo procede, visto que a
quitação destacada no DAR anexado pelo contribuinte refere-se
a outro auto de infração, de nº 7000393-004 e nāo o deste
processo que possui a numeração 7000393-003. Conclui que o
presente lançamento de ofício atende a todos os requisitos
legais.
Assim, chegam os autos a este Conselho.
É o relatório.

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 3


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VOTO
Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, impetrado
por representante legal do contribuinte, da Decisão nº
18.471/2012, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
45, I, § 1º e art. 46, ambos da Lei nº 6.771/06.
O caso aqui julgado refere-se à exigência de crédito
tributário referente à ICMS e multa, por ter o contribuinte
deixado de registrar notas fiscais de saídas de mercadorias
nos exercícios de 2005 e 2006.
Conforme o brocardo “tantum devolutum quantum
appellatum”, daqui delimito o voto à análise exclusiva da
matéria especificamente impugnada na peça recursal em relação
aos fundamentos da decisão monocrática (art. 46, § 1º, da Lei
nº 6.771/06 e art. 514, II, do Código de Processo Civil -
CPC 1). Impende destacar a importância de demarcar o objeto do
recurso, evitando, desse modo, que questões já decididas e
preclusas venham novamente à discussão administrativa.
Analisando, vê-se que a defesa traz apenas dois
argumentos: afirma que concorda com o auto de infração nº
7000393-003 e que o teria pago.
Porém traz como prova a quitação do auto de infração nº
7000393-004. Em busca de verdade material, verifiquei que o
lançamento de ofício objeto desse processo ainda nāo foi
pago, portanto ainda nāo extinto.
Não estando extinto o crédito e como o contribuinte
claramente concorda com a fiscalização concretizada na peça
de infração objeto desse julgamento em seu recurso ordinário,
pelo princípio da legalidade 2, tal realidade processual

1
Lei 6.771/2006:
Art. 46...
1º O recurso ordinário devolverá ao CTE o conhecimento de fato e de direito da matéria impugnada.

CPC:
Art. 514. A apelação, interposta por petição dirigida ao juiz, conterá:
...
II - os fundamentos de fato e de direito;
2
Lei Estadual nº 6.771/2006:
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implica em confissão da infração imputada e, consectário, em
decisão para extinção do processo administrativo de acordo
com a incidência dos artigos 17, III e 28, §4º, I, da Lei nº.
6.771/06 3.
Reza o Código de Processo Civil – CPC – de aplicação
subsidiária ao processo administrativo tributário alagoano 4,
art. 348, que: “Há confissão quando a parte admite a verdade
de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao
adversário”.
Portanto, considerando o art. 334, II, do CPC 5,
remanesce o lançamento nos termos da confissão particular,
extinto o processo administrativo e encaminhado os autos à
Procuradoria da Fazenda Estadual para que proceda a inscrição
do crédito tributário na Dívida Ativa.
Cabe esclarecer aqui que o julgamento (resolução) de
mérito dito pelo legislador na Lei 6.771/06, em seu § 4º, I,
art. 28, já transcrito acima, tem o sentido de dar à decisão
a condição de definitiva pela extinção do processo sem
analisar o mérito em si da questão.
Tanto que se não fosse a confissão do crédito integral,
aí sim haveria de ter uma decisão meritória da parte não

Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,


contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
3
Art. 17. Encerra-se o processo administrativo tributário, contencioso ou não, com:
...
III - o reconhecimento do débito pelo sujeito passivo, inclusive em qualquer fase posterior à apresentação da
defesa;
...
Art. 28....
§ 4º O julgador que tiver ciência, por documento incluso nos autos em qualquer fase do processo, que o
autuado tenha confessado o crédito tributário objeto do contraditório:
I - no todo, deverá decidir pela extinção do processo com julgamento do mérito;
...
4
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 97-A. Aplicam-se subsidiariamente ao processo administrativo tributário as normas da Lei Estadual n°
6.161, de 26 de junho de 2000, e da Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, - "Código de Processo
Civil.
5
Art. 334. Não dependem de prova os fatos:
...
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; (grifos nosso)
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confessada onde se analisaria o lançamento de ofício dessa
parte não declarada (§ 4º, II, art. 28, da Lei 6.771/06).
Tal procedimento encontra paridade com a norma prevista
no art. 269, II e V, do Código de Processo Civil 6, de
aplicação subsidiária ao nosso Processo Administrativo
Tributário.
É como se extrai das lições de Daniel Amorim Assumpção
Neves e Marcos Vinicius Rios Gonçalves, quando diferenciam
julgamentos efetivos do mérito ou apenas homologam a
autocomposição feita pelas partes conforme os tipos de
resolução de mérito da sentença tratados nos incisos do art.
269 do CPC:
“... sentenças definitivas, que
resolvem o mérito (art. 269 do CPC).
Observe que a Lei 11.232/2005
substituiu o termo “julgamento” por
“resolução” no caput ... o legislador
finalmente reconheceu a diferença
entre as sentenças que efetivamente
julgam o mérito, por meio da
imposição da decisão do juiz, e
aquelas que simplesmente homologam um
ato de autocomposicão praticado pelas
partes... as sentenças homologatórias
de mérito, nas quais o juiz não chega
a apreciar o direito material ...
limitando-se a homologar uma
declaração de vontade unilateral de
uma das partes, como ocorre no
reconhecimento do pedido ... (art.
269, II, do CPC) e a renúncia ...
(art. 269, V, do CPC)...” (Daniel
6
Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
...
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)
...
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
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Amorim Assumpção Neves. Manual de
direito processual civil. São Paulo.
Ed. Método. 2010. Pg. 465 e 474)

“... há outras espécies de sentença


consideradas pelo legislador como
mérito, conquanto o juiz não examine
propriamente o pedido... consideradas
entre as de mérito pelo legislador
apenas para que se revistam da
autoridade da coisa julgada material,
adquirindo a condição de definitivas”
(Marcos Vinicius Rios Gonçalves.
Direito Processual Civil
Esquematizado. São Paulo. Saraiva.
2011).

Portanto, como o contribuinte confessou, renunciou à


sua defesa cabe ao julgador apenas extinguir o processo
administrativo tributário de maneira definitiva.
Utilizo acórdão modelo em âmbito administrativo federal
que traduz o dito acima:

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL.


RENÚNCIA. PARCELAMENTO DE DÉBITO.
PAES. Sendo a renúncia um ato
voluntário e unilateral pelo qual
alguém abdica de um direito, o
processo deve ser extinto com
julgamento de mérito. (Art. 269,
inciso V, do CPC). (3º CC – Ac.
30235833 – 2ª C. – Rel. SIMONE
CRISTINA BISSOTO – DOU 05.05.2004 -
p. 12) (grifos nosso)

Devemos relembrar inclusive que a confissão não é a


única hipótese da lei em que o julgador encerra o processo
administrativo tributário sem analisar o lançamento de ofício
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e suas provas. Há também os casos da revelia e da opção pelo
contribuinte em discutir a lide judicialmente (art. 13 e 17,
IV, da Lei nº 6.771/96).
Cabe esclarecer que qualquer contribuinte tem o direito
de, fazendo um pagamento indevido, durante o prazo
decadencial e tendo provas, pedir restituição desse indébito
conforme procedimento descrito nos arts. 62 e ss. da Lei
6.771/2006.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer do presente recurso ordinário para NEGAR-
LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular nº
18.471/2012.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 29 de agosto de 2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA (em exercício) MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

LUIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 8


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SESSÃO ORDINÁRIA: 32 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 30/08/2013


PROCESSO n.º 1500-011399/2008 CTE 305/2012
AUTO DE INFRAÇÃO n.º 9975213-003
CONTRIBUINTE – FRIGORÍFICO IBÉRICO LTDA
AUTUANTE – José Tarciso Bispo dos Santos
RELATÓRIO: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE EM EXERCICIO: JOSÉ PEDRO DA SILVA
ASSESSORIA:LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº189/2013

EMENTA: REMESSA CONHECIDA E PROVIDA.


NULIDADE DO AUTO. MANUTENÇÃO DA
DECISÃO DA COORDENADORIA DE
JULGAMENTO. NULIDADE FORMAL. AUSÊNCIA
DE INTIMAÇÃO PRÉVIA AO LANÇAMENTO,
PARA APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS TIDOS
COMO EXTRAVIADOS.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Remessa Necessária, quanto a decisão da


Coordenadoria de Julgamento fora no sentido de desconstituir o
lançamento, decretando a nulidade do auto de infração que havia
imputado o multa no valor de R$ 567.350,00 (quinhentos e
sessenta e sete mil , trezentos e cinquenta reais) por extravio
de 7.000 (sete mil) documentos fiscais, isto por considerar
inexistente intimação prévia para que os referidos documentos
fossem apresentados pelo contribuinte ao fisco.

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 1


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Notificado o Contribuinte para a efetivação do pagamento


defende que alguns dos sócios da empresa autuada já não mais
faziam parte dos quadros societários. Sem que pudessem mais ser
intimados para o pagamento.

E mais ainda, que estariam sendo aqui imputados novamente


de forma equivocada débito tributário que já haviam sido
lançados para esta mesma tipificação em autos anteriores :
99.76466-002 e 99.75213002.

Frentes a estas arguições, convertido os autos em


diligência para que pudessem ser sanadas as possíveis
duplicidades; onde restaram por acostados aos referidos autos
cópia de outros processos, e defendido pelo então agente
fazendário que no que pesem tratarem-se as imputações quanto a
mesma empresa, melhor dizendo, mesma razão social, a inscrição
de CACEL seria divergentes.

E mesmo a numeração e modelos das notas fiscais seriam


dispares. Para tanto, sem que se estive diante de dupla
penalidade para um mesmo fato.

Quando então posta a decisão sob exame, anulando o auto de


infração ao argumento de inexistência de prévia solicitação da
notas , para que a partir de então se desse na lavratura.

Era o que se tinha RELATER.

Passo a DECIDIR.

Vejam Senhores, que uma das alegações do então Contribuinte


dá conta de que não traria os autos prova sequer da existência
das notas fiscais, que dirá sua utilização.

Falecendo de logo razão ao contribuinte neste ponto, quando


do documento de fls. 10, titulado de “Resumo Geral de AIDF por
Contribuinte”, consta sim para os documentos fiscais a indicação
tanto da liberação das respectivas notas, como de perfuração dos
talonários.

Ademais, veja-se que dos autos depreende-se que as notas


fiscais tidas como extraviadas são distintas para cada um dos
autos de infração; quando para o lançamento n.º 99.75213002,

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 2


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cuidam das de numeração 000001 a 005000; e neste aqui em tela,


já de notas consumidor final, modelo 2, com numeração 000001 a
007000.

Se tendo de forma bastante clara a diversidade das mesmas


pelo Resumo Geral AIDF (fls. 10). Dali com uma relação indicando
uma emissão de notas bem mais avantajada do que as alcançadas
nestes dois autos de infração.

Inclusive ali se encontrando para as mesmas datas de


liberação dispares , respectivamente : 06/03/2003 e 26/06/2006.

Igualmente, não assiste razão para alegação de que a saída


dos quadros societários de alguns doa antigos integrantes os
isentem por completo de suas responsabilidades junto ao erário.

Sem mais delongam , afirma-se na peça de defesa que a


retirada se dera em julho de 2007; mas, como se atesta das datas
acima, o fato da emissão e dever de guarda dos documentos são de
período anterior a tal inusitada retirada.

Tornando então responsáveis os então sócios no momento da


confecção e entrega. Portanto, todos os alocados neste processo.

Já para o cerne central, quanto a imputação posta de


extravio, resta por ser apreciada a decisão da Coordenadoria de
Julgamento em sede de remessa, quando não houve recurso próprio
do Contribuinte.

Em verdade, consta sim nos autos após as diligências


determinadas no curso processual, a Intimação Fiscal n.º 62.150
objetivando a apresentação das notas fiscais, sendo esta datada
de 16/08/2010 (fls. 67).

Sendo a lavratura datada de 16/06/2008 (fls. 02). Portanto


em mais de dois anos de diferença entre as datas.

No que faz acarretar nulidade quanto a forma de chamamento


do Contribuinte para que fizesse prova de sua posse (dever de
guarda) aos documentos fiscais. Aparentando uma mera presunção.

Sendo já rotineira a proposição de nulidade por inversão ou


mesmo inexistência de solicitação prévia de documento para que a

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 3


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partir de então, sim, pudesse ser lançado o “AI”. Tal qual


consta na decisão da Coordenadoria de Julgamento, e já se tem
decidido continuadamente nesta Câmara.

Não se podendo considerar somente a presunção como fato


primordial para o lançamento. Inclusive quando há datas dispares
em mais de dois anos entre o lançamento do Auto e a solicitação
posterior dos documentos (notas fiscais).

Nestes termos, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CAMARA DO CONSELHO


TRIBUTARIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, remessa
necessária conhecida e improvida, mantida a decisão da
Coordenadoria de Julgamento e assim convalidar a nulidade formal
do Auto de Infração, ao não proceder para o lançamento a prévia
intimação para apresentação dos documentos fiscais.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió (AL), 30 de agosto de


2013.

JOSÉ PEDRO DA SILVA RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE EM EXERCICIO RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR LOPES A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO Nº189/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


PROCESSO N.º 1500-0323/2008 CTE 119/2012
AUTO DE INFRAÇÃO N.º 99.62186-002
CONTRIBUINTE – COMPANHIA ALAGOAS INDUSTRIAL – CINAL
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 208/2013

EMENTA: ICMS – UTILIZAÇÃO INDEVIDA DE


CRÉDITO FISCAL RELATIVO ÀS AQUISIÇÕES
DESTINADAS AO ATIVO PERMANENTE –
INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
ALEGADA. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E IMPROVIDA. MANTIDA
DECISÃO SINGULAR. AUTO DE INFRAÇÃO
IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Remessa Necessária, quando a decisão da


Coordenadoria de Julgamento fora no sentido de desconstituir o
lançamento, decretando a nulidade do auto de infração que havia
imputado imposto devido no valor de R$ 79.545,55 (setenta e nove mil,
quinhentos e quarenta e cinco reais e cinquenta e cinco centavos), além
da multa no valor de R$ 47.727,33 (quarenta e sete mil, setecentos e
vinte e sete reais e trinta e três centavos).

Como conduta a ser punida, indicou o processo a utilização


indevida de crédito fiscal em seu Livro de Registro de Apuração de
ICMS, quando da aquisição de produtos destinados ao arquivo
permanente.

Acórdão CTE N° 208/2013 Página 1


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Intimado o Contribuinte , apresenta defesa subscrita por advogado


legalmente habilitado (TAÍS MASCARENHAS BITTENCOURT, inscrita
na OAB/BA, n.º 17.466 instrumento procuratório as fls. 44), indicando a
impossibilidade de manutenção do auto quando o somatório da descrição
que o acompanhou apresenta resultado diverso do que apontado como
imposto devido no lançamento. Bem como a decadência nos termos do
art. 150, § 4.º do CTN, quando já ultrapassados mais de cinco anos do
fato gerador; e/ou nos termos do art. 173, inciso ‘I’ do CTN, quando já
ultrapassados mais dez anos da escrituração dos produtos, cuja
competência fora de janeiro a dezembro/1997.

Nas contrarrazões da defesa, houve por parte do Autuante o


aditamento, para indicar o valor então devido como sendo R$ 74.798,58
(setenta e quatro mil, setecentos e noventa e oito reais e cinquenta e oito
centavos) a título de imposto, e R$ 44.879,14 (quarenta e quatro mil ,
oitocentos e setenta e nove reais e quatorze centavos) a título de multa.

Com a intimação do Autuado, este apresentou novamente defesa,


onde se percebe a constatação da mesma linha anteriormente ofertada.

A decisão da Coordenadoria de Julgamento fora no sentido de


improcedência da autuação, por inexistência de comprovação das
alegações, quando apenas serviu para tanto as anotações do Livro de
Registro de Apuração de ICMS e notas fiscais de aquisição aleatórias;
não se tendo apresentado outros documentos probantes como a
totalidade das notas fiscais dos produtos adquiridos e mesmo os Livros
de Registro de Entrada e Saída de Mercadorias. Sem este conjunto não
sendo possível a apuração descrita auto, isoladamente como posto.

Era o que se tinha a constar do relatório.

Passo a decidir.

Antes de adentrar na matéria decidida pela Coordenadoria de


Julgamento, ainda que se tratando de remessa necessária, há uma
questão prejudicial que impediria a apreciação de qualquer recurso.

Acórdão CTE N° 208/2013 Página 2


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Basta-se ver que do constante nos AI n.º 99.62186-002, a data de


sua lavratura fora em 01/10/2007, sobre o fato gerador ali descrito:
“utilização indevida de crédito fiscal relativa a aquisição de mercadoria
destinada ao ativo permanente”, cujo período de referência é 01/01/1997
a 31/12/1997.

Daí, constata-se que há um lapso temporal entre o pseudo fato


gerador e a lavratura em quase uma década. Isto mesmo, em
aproximados de dez anos.

De toda sorte, percebe-se que há por operacionalizado no caso


concreto a existência da decadência, conforme se tem:

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito


tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:

I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o


lançamento poderia ter sido efetuado;

Neste caso, por qualquer das vias que se intente, resta por
configura a ocorrência da decadência, pois partindo daquele ano se
1997, ou mesmo no ano de 1998, atingiria em pior hipótese ao
contribuinte em 2003 (pela pior forma de contagem em seu desfavor).

Restando mais do que alcançada a decadência:

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – RECURSO DA


FAZENDA PÚBLICA PEDINDO A REFORMA DA DECISÃO
CAMERAL FACE À INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA DO
DIREITO DA FAZENDA PÚBLICA CONSTITUIR O
CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PROCEDÊNCIA – DECISÃO
NÃO UNÂNIME – O prazo decadencial deve ser contado
de acordo com o artigo 173, I do Código Tributário
Nacinal, ou seja, a partir do primeiro dia do exercício
seguinte ao que deveria ter sido efetuado o lançamento.
(CATGO – RFaz.-CONP 3 0221153 073 27 – (01404/09) –
CONP – Rel. Cons. Luis Antônio da Silva Costa – J.
19.05.2009)

Acórdão CTE N° 208/2013 Página 3


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Daí, por si somente já estaria mais do que amparado a


improcedência do lançamento através do auto de infração.

Ao fato central remetido nesta via processual consta a questão a


ser analisada, relativa a correta e clara fundamentação do auto de
infração. E aqui de logo se diga, não em relação a tipificação legislativa,
mas para a confecção da indicação punitiva.

Passando daí a ser o cerne da questão, a possibilidade de se


auferir se apenas os Livros de Apuração de Créditos de ICMS, e o
conjunto de notas fiscais acostadas, por si somente já seriam suficientes
para demonstração da constituição de possíveis créditos ao ativo
permanente da empresa; e por decorrência à usufruir tais créditos.

Veja que integrante ao Auto de Infração houve a apresentação de


anexo titulado de “fundamentação legal do lançamento de ofício”, onde
consta planilha que espelha o Livro de Registro de Apuração de ICMS.

Neste ponto, em defesa, alega o Contribuinte a sua impossibilidade


de conhecimento aos fatos imputados pelo Autor , quando não consta
origem das notas dos produtos, ou seja a composição clara do
considerado para os valores lançados na apuração.

E mais ainda, que a soma matemática dos mesmos, inclusive,


estariam postos de forma dissociadas do próprio resultado aritmético.

O que, após elucidação do Fiscal Autuante, postou-se nos autos


administrativos a seguinte menção: “Registre-se, então, que a auditoria
fiscal que resultou no Auto de Infração em epígrafe teve como base legal
de instrução probatória nuclear o Livro de Registro de Apuração de ICMS
(cf. cópias anexas).” (fls. 60).

Além da diminuição por retificação, ante a correção do somatório


do que encontrado pelo então agente público.

E, se imposta a punição com base em ditos valores integrantes do


Livro, mister se faria a elucidação, análise clara quanto as compras da
composição dos valores relativos aos fatos geradores lançados.

Acórdão CTE N° 208/2013 Página 4


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Obviamente pelo Livro de Registro de Entrada de Mercadoria, que é o


exigido para o fim de registros próprios de aquisição, e a partir de então a
composição.

Ainda que frente a estes novos e imperativos dados, pudessem se


desdobrar autuações, a exemplo de notas fiscais que não estivessem
lançadas na escrituração.

Isto , mesmo que alocado nos autos uma gama de notas, para as
quais não conhece, com clareza, a sua inclusão na escrituração.

Assim, reputo como estritamente necessária a indicação com


precisão da composição dos valores que se faria inconteste a partir do
Livro de Registro de Entrada de Mercadorias, para que houvesse dela a
conjuração no disposto no laudo.

Destacando-se:

“O auto de infração dever ser lavrado com clareza e


ser o mais minucioso possível, a fim de que o autuado
disponha de elementos para impugná-los, ou, se for o
caso, efetuar o pagamento devido, no caso de ter sido
descumprida a obrigação tributária principal, ou praticar ou
se omitir de praticar ato correspondente à obrigação
tributária acessória.”

(MANUAL DE DIREITO FINANCEIRO & DIREITO


TRIBUTÁRIO, 17ª Edição, Editora Renovar, página 784/785)

Ao que, se tem como correta a decisão da Coordenadoria de


Julgamento para julgar imprestável o Auto de Infração na forma como
constituído, em razão da ausência de inexistência da origem ao fato
gerador.

Acórdão CTE N° 208/2013 Página 5


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Nestes termos, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, destaque para os presentes autos a efetivação da decadência, em
sendo esta matéria de ordem apreciável a qualquer tempo e grau de
jurisdição, mesmo porque sempre fora objeto de defesa nas
manifestações de parte do contribuinte, quando para os créditos
pretendidos já ultrapassados em muito o prazo entre o fato gerador
dez/1997 e o lançamento por meio do AI no out/2006; e, ao pertinente a
matéria remetida pela decisão da Coordenadoria de Julgamento JULGA
pelo conhecimento e não provimento da remessa, mantendo a decisão
n.º 18.501/2012 pelos termos aqui apresentados.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° 208/2013 Página 6


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SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


Processo nº.: SF 1500-005254/1996 CTE 017/2012
Auto de Infração nº. 67160 de 09/11/1995
Recorrentes: RCA Jóias Ltda.
Recorridos: Fazenda Pública Estadual (reexame necessário)
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 209/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. IMPOSTO


REGULARMENTE ESCRITURADO NOS LIVROS
FISCAIS. FALTA DE RECOLHIMENTO. REEXAME
NECECESSÁRIO NÃO CONHECIDO. QUANTIA
EXCLUÍDA PELO JUÍZO SINGULAR INFERIOR A 400
UPFAL. RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO. ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE REJEITADA. INEXISTÊNCIA DE
DISPOSIÇÃO NORMATIVA QUE PERMITA A SUA
APLICAÇÃO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA
REJEITADA. RESPEITO AO PRAZO DE 05 (CINCO)
ANOS PARA A CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. INCOMPETÊNCIA DO CTE PARA
APRECIAÇÃO DE MATÉRIAS QUE IMPLIQUEM A
DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE
DISPOSITIVO NORMATIVO. ALEGAÇÃO DE
PENALIDADE CONFISCATÓRIA REJEITADA.
LANÇAMENTO PARCIALMENTE PROCEDENTE.
DECISÃO MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração no qual se relata que o


contribuinte deixou de recolher ICMS Normal, devidamente registrados nos
livros fiscais, referente aos períodos discriminados no lançamento,
totalizando crédito tributário no valor de R$ 22.489,27 (vinte e dois mil,
quatrocentos e oitenta e nove reais e vinte e sete centavos).

Intimada no próprio ato do lançamento, a Autuada apresentou


defesa as fls. 26 a 32, na qual relata que parte do débito exigido no
lançamento encontra-se rigorosamente quitado.

Acórdão CTE N° 209/2013 Página 1


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Encaminhado os autos ao fiscal autuante, foi reconhecido o


pagamento do tributo nos meses relatados na defesa, contudo esclareceu-se
que a Autuada não comprovou a quitação de todo o período objeto da
autuação, razão pela qual se aditou o lançamento, imputando ao
contribuinte o recolhimento de ICMS e multa no valor de R$ 12.110,02 (doze
mil, cento e dez reais e dois centavos), equivalentes a 17.150,61 UFIR’s.

Em seguida, intimou-se a Autuada para se pronunciar acerca


do aditamento formulado nos autos, entretanto o contribuinte não
apresentou qualquer manifestação.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


reconheceu-se o pagamento efetuado pela Autuada com a conseqüente
extinção parcial do crédito tributário objeto do lançamento, ao tempo em que
se julgou parcialmente procedente o aditamento do lançamento, alterando-se
somente a penalidade prevista no artigo 824, do RICMS, para aquela
disposta no artigo 81, da Lei nº. 5.900/96.

Devidamente intimada da decisão da Coordenadoria de


Julgamento, a Autuada apresentou Recurso Ordinário, no qual argumenta
que:

a) a inércia no desenvolvimento do presente processo


administrativo tributário enseja a aplicação da prescrição intercorrente;

b) considerando-se que o crédito tributário tem por objeto fato


gerador ocorrido em 1995, o Fisco Estadual poderia lançá-lo até
01/01/2001, entretanto a constituição do crédito tributário somente
aconteceu em 02/06/2010 com a decisão proferida pela Coordenadoria de
Julgamento, razão pela qual deverá incidir a decadência no caso em apreço;

c) a multa cobrada é exorbitante e ofende o princípio do não-


confisco.

Nas contrarrazões, a representação fiscal expõe que os valores


cobrados no lançamento foram registrados pelo próprio contribuinte nos
livros fiscais, inexistindo prova nos autos do pagamento do tributo, portanto
não merece reforma a decisão recorrida.

Após, os autos foram encaminhados ao Conselho Tributário


Estadual para apreciação do Recurso Ordinário e Reexame Necessário.

É o relatório.
Acórdão CTE N° 209/2013 Página 2
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VOTO

DA APRECIAÇÃO DO REEXAME NECESSÁRIO

Conforme relato, verifica-se que, ao submeter-se a apreciação


pela instância singular, o lançamento foi julgado parcialmente procedente
alterando-se somente a penalidade prevista no artigo 824, do RICMS, para
aquela disposta no artigo 81, da Lei nº. 5.900/96, obrigando o Autuado ao
recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 8.256,85 (oito mil,
duzentos e cinquenta e seis reais e oitenta e cinco centavos), sendo os autos
remetidos ao Conselho Tributário Estadual para análise do reexame
necessário.

Nesse caso, antes de ingressarmos no exame do mérito,


imprescindível avaliarmos a admissibilidade do reexame necessário no caso
em apreço.

Isso porque, a admissibilidade do reexame necessário se


sujeita ao disposto no artigo 48, inciso II, §2º, da Lei do PAT, o qual
determina que não será objeto de reapreciação pelo Conselho Tributário
Estadual os julgados singulares em que a quantia excluída, na data da
decisão, não ultrapasse 400 (quatrocentas) UPFAL:

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas à reexame necessário:

§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo não se


aplica:

II - quando a importância pecuniária excluída não


exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas)
Unidades Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL,
podendo a regulamentação aumentar este valor limite.

De fato, no caso dos autos, considerando-se que o aditamento


(fl. 34) substituiu o lançamento originário, a procedência parcial do Auto de
Infração resultou na exclusão de crédito tributário no montante de R$
3.853,17 (três mil, oitocentos e cinquenta e três reais e dezessete centavos),
o que considerando o valor unitário de R$ 16,21 (dezesseis reais e vinte um
centavos) na época da decisão, representa, aproximadamente, 237 UPFAL.

Portanto, não conheço do reexame necessário, uma vez que a


quantia excluída pelo julgador singular é inferior ao limite de 400
Acórdão CTE N° 209/2013 Página 3
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(quatrocentas) UPFAL previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº.
6.771/06.

DA APRECIAÇÃO DO RECURSO ORDINÁRIO

Sobre o Recurso Ordinário interposto pela Autuada,


inicialmente, impende destacar os seus requisitos de admissibilidade, em
especial, a sua tempestividade.

Nesse sentido, desnecessário tecer comentários alongados,


pois o Recurso Ordinário foi interposto no prazo de 15 (quinze) dias,
conforme preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT 1, vez que a Recorrente foi
intimada no dia 06/07/2010, conforme edital publicado no DOAL, e
protocolou o recurso no dia 08/07/2010, razão pela qual passamos a
análise das razões recursais.

Da Prescrição Intercorrente

Preliminarmente, sustenta a Recorrente a incidência da


prescrição intercorrente no caso em apreço, nos termos do artigo 173,
§único, do Código Tributário Nacional, na medida em que, durante a sua
tramitação, o presente processo permaneceu por 09 (nove) anos sem
movimentação.

Consiste a prescrição intercorrente em instituto jurídico


derivado do princípio da segurança jurídica, sedimentado na premissa de
que é necessário impor-se um prazo razoável para a duração do
procedimento para apuração e execução do crédito tributário, não sendo
permitida a inércia do Poder Público.

Expressamente disposta no artigo 40, §4º, da Lei de Execução


Fiscal 2,a prescrição intercorrente é largamente empregada nesse
procedimento, todavia sua utilização no processo administrativo fiscal ainda
é bastante questionada.

Explica-se.

1
Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:
I - recurso ordinário; e
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
2
Art. 40 - O Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens
sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos, não correrá o prazo de prescrição.
§ 4o Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.
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Com a ocorrência da situação fática prevista no antecedente


da regra matriz de incidência tributária, inicia-se a contagem do prazo
decadencial de 05 (cinco) anos estabelecido no parágrafo único, do artigo
173, do Código Tributário Nacional para a constituição do crédito tributário
pela Fazenda Pública.

Num segundo momento, procedido o lançamento do crédito


tributário e a regular notificação do sujeito passivo, não há mais que se falar
em decadência, iniciando-se a contagem do prazo prescricional disposto no
artigo 174, do Código Tributário Nacional, o qual poderá ser suspenso pela
apresentação da impugnação administrativa do lançamento pelo
contribuinte. Isto é, uma vez suspensa a exigibilidade do crédito tributário,
suspende-se da mesma forma a contagem do prazo prescricional, nos termos
do artigo 151, inciso III, do CTN, somente voltando ao seu curso com o
término do processo administrativo fiscal.

Dessa forma, considerando-se o término da contagem do


prazo decadencial com o lançamento do crédito tributário e regular
notificação do sujeito passivo, assim como a suspensão do prazo
prescricional pela apresentação da impugnação administrativa, pressupõe-se
a inexistência de prescrição intercorrente no âmbito do processo
administrativo tributário.

Do mesmo modo, torna-se inviável a argumentação da


prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal, na medida em que
o §4º, do artigo 40, da Lei nº. 6.830/80, apenas disciplinou a matéria no
âmbito da Execução Fiscal, inexistindo regulamentação legal para os
processos administrativos.

Nesse sentido, decidiu o STF no julgamento da ADI 124/SC ao


declarar a inconstitucionalidade de Lei Estadual do Estado de Santa
Catarina a qual permitia o conhecimento da prescrição intercorrente do
processo administrativo fiscal:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. NORMA DO


ESTADO DE SANTA CATARINA QUE ESTABELECE
HIPÓTESE DE EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
POR TRANSCURSO DE PRAZO PARA APRECIAÇÃO DE
RECURSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONSTITUIÇÃO
DO ESTADO, ART. 16. ATO DAS DISPOSIÇÕES
CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO
ESTADUAL, ART. 4º. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 146,
III, B, DA CONSTITUIÇÃO. A determinação do
arquivamento de processo administrativo tributário por
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decurso de prazo, sem a possibilidade de revisão do


lançamento equivale à extinção do crédito tributário cuja
validade está em discussão no campo administrativo. Em
matéria tributária, a extinção do crédito tributário ou do
direito de constituir o crédito tributário por decurso de
prazo, combinado a qualquer outro critério, corresponde
à decadência. Nos termos do Código Tributário Nacional
(Lei 5.172/1996), a decadência do direito do Fisco ao
crédito tributário, contudo, está vinculada ao lançamento
extemporâneo (constituição), e não, propriamente, ao
decurso de prazo e à inércia da autoridade fiscal na
revisão do lançamento originário. Extingue-se um crédito
que resultou de lançamento indevido, por ter sido
realizado fora do prazo, e que goza de presunção de
validade até a aplicação dessa regra específica de
decadência. O lançamento tributário não pode durar
indefinidamente, sob risco de violação da segurança
jurídica, mas a Constituição de 1988 reserva à lei
complementar federal aptidão para dispor sobre
decadência em matéria tributária. Viola o art. 146, III, b,
da Constituição federal norma que estabelece hipótese de
decadência do crédito tributário não prevista em lei
complementar federal. Ação direta de
inconstitucionalidade conhecida e julgada procedente.
(ADI 124/SC – Rel. Min. Joaquim Barbosa – Dje
17/04/2009)

Outrossim, não é outro o entendimento consolidado no STJ,


vejamos:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL.


TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. PENDÊNCIA DE RECURSO
ADMINISTRATIVO. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E, NESSA PARTE, DESPROVIDO.
1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a
prestação jurisdicional, o acórdão que adota
fundamentação suficiente para decidir de modo integral a
controvérsia.
2. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a
deficiência na sua fundamentação não permitir a exata
compreensão da controvérsia" (Súmula 284/STF).
3. A discussão acerca de haver a Certidão da Dívida Ativa
- CDA preenchido todos os requisitos previstos no art. 2º,
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§ 5º, da Lei de Execuções Fiscais, além de gozar de


presunção de legitimidade, esbarra no óbice da Súmula
7/STJ.
4. O Código Tributário Nacional estabelece três fases
acerca da fruição dos prazos prescricional e decadencial
referentes aos créditos tributários. A primeira fase
estende-se até a notificação do auto de infração ou do
lançamento ao sujeito passivo - período em que há o
decurso do prazo decadencial (art. 173 do CTN); a
segunda fase flui dessa notificação até a decisão final no
processo administrativo - em tal período encontra-se
suspensa a exigibilidade do crédito tributário (art. 151,
III, do CTN) e, por conseguinte, não há o transcurso do
prazo decadencial, nem do prescricional; por fim, na
terceira fase, com a decisão final do processo
administrativo, constitui-se definitivamente o crédito
tributário, dando-se início ao prazo prescricional de cinco
(5) anos para que a Fazenda Pública proceda à devida
cobrança, segundo o que dispõe o art. 174 do CTN, a
saber: "A ação para a cobrança do crédito tributário
prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da sua
constituição definitiva." Precedentes.
5. Enquanto há pendência de recurso administrativo,
não correm os prazos prescricional e decadencial.
Somente a partir da data em que o contribuinte é
notificado do resultado do recurso é que tem início a
contagem do prazo de prescrição previsto no art. 174
do CTN. Destarte, não há falar em prescrição
intercorrente em sede de processo administrativo
fiscal.
6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa
parte, desprovido
(REsp 718139 SP – 1ª Turma – Rela. Min. Denise Arruda
– DJe 23/04/2008) (grifo nosso)

Portanto, seja pela suspensão do prazo prescricional com a


apresentação da impugnação administrativa do lançamento, quer seja pela
ausência de dispositivo normativo regulamentando a matéria, não há que se
falar em prescrição intercorrente no curso do processo administrativo fiscal,
logo, rejeitada a preliminar em análise.

Da Alegação de Decadência

Acórdão CTE N° 209/2013 Página 7


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Argumenta ainda a Recorrente que o Fisco Estadual não


respeitou o prazo de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito tributário,
pois o objeto do lançamento diz respeito a fatos ocorridos no exercício de
1995, contudo, segundo sua ótica, o crédito tributário somente foi
constituído em 02/06/2010 com a decisão proferida pela Coordenadoria de
Julgamento, fato suficiente para ensejar a incidência do instituto da
decadência.

Como delineado anteriormente, com a ocorrência da situação


fática prevista no antecedente da regra matriz de incidência tributária,
inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos estabelecido no
parágrafo único, do artigo 173, do Código Tributário Nacional para a
constituição do crédito tributário pela Fazenda Pública.

Em seguida, formalizado o ato do lançamento e regularmente


notificado o sujeito passivo da obrigação tributária, cessa a contagem do
prazo decadencial, iniciando-se a contagem do prazo prescricional, de modo
que não há que se falar em decadência caso tais atos tenham sido realizados
no prazo de 05 (cinco) anos.

De fato, no caso dos autos, a situação fática motivadora


autuação em análise aconteceu no exercício de 1995, tendo o lançamento do
crédito tributário ocorrido em 09/11/1995 com a lavratura do auto de
infração, regularmente notificado o contribuinte no dia 30/11/1995,
momento em que compareceu aos autos para apresentação da defesa.

Portanto, considerando-se que entre situação fática relatada


nos autos como infração e o lançamento do crédito tributário, devidamente
intimado o contribuinte, não transcorreu o lapso decadencial de 05 (cinco)
anos, não merece acolhida a argumentação da Recorrente, logo se rejeita a
incidência da decadência no caso em apreço.

Da Alegação de Afronta ao Princípio do Não-Confisco –


Incompetência do CTE para Apreciação de Matérias que impliquem a
Declaração de Inconstitucionalidade de Dispositivo Legal

Por fim, sustenta a Recorrente que a penalidade imputada na


decisão recorrida é exorbitante e afronta o princípio constitucional do não-
confisco.

Nesse ponto, embora relevantes os argumentos delineados


pela Recorrente, a análise do mérito da matéria então arguida esbarra em
impedimento de ordem processual, qual seja, a incompetência do Conselho

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Tributário Estadual para apreciação de questões, entre outras, que


impliquem na declaração de inconstitucionalidade de dispositivo normativo.

Nesse sentido, assim dispõe o artigo 28, §1º, da Lei nº.


6.771/06.

Art. 28. A instrução e o julgamento do processo


administrativo tributário decorrente de Auto de Infração
compete, em primeira instância administrativa, à
Coordenadoria de Julgamento - CJ, e, em segunda
instância, ao Conselho Tributário Estadual - CTE.

§1º Não se inclui na competência do julgador afastar a


aplicação de norma sob alegação de
inconstitucionalidade, ressalvada a hipótese em que
tenha havido a declaração nesse sentido pelo Supremo
Tribunal Federal, em ação direta ou declaratória, após a
publicação da decisão, ou pela via incidental, após a
publicação da Resolução do Senado Federal que
suspender a execução do ato.

Com efeito, depreende-se do dispositivo normativo ora


transcrito a impossibilidade de afastamento da aplicação de norma pelo
Conselho Tributário Estadual sob a justificativa da sua afronta à
Constituição Federal, de modo que resta impossibilitada a apreciação da
fundamentação declinada pela Recorrente, motivo pelo qual se rejeita a
alegação concernente à aplicação de penalidade exorbitante e confiscatória.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos,em razão da fundamentação declinada:

a) não se conhece do Reexame Necessário, pois a quantia


excluída pela Coordenadoria de Julgamento é inferior ao limite de 400
UPFAL previsto no artigo 48, §2º, inciso II, da Lei nº. 6.771/06.

Acórdão CTE N° 209/2013 Página 9


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b) conhece-se do Recurso Ordinário para rejeitar a preliminar


de incidência da prescrição intercorrente e, no mérito, negar-lhe provimento,
vez que foi respeitado o prazo decadencial para a constituição do crédito
tributário, bem como diante da incompetência do Conselho Tributário
Estadual para apreciar matérias que impliquem a declaração de
inconstitucionalidade de dispositivo normativo, de modo que não é possível a
análise da alegação de aplicação de penalidade confiscatória.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


Processo nº: SF 1500-005357/1996; CTE 049/2011 e anexos
Auto de Infração nº. 70405 de 19/09/1995
Recorrente: Fazenda Estadual (Reexame necessário)
Recorrido: Transportadora Santa Izabel
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 210/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL.


DIFERENCIAL DE ALÍQUOTA DECORRENTE
DA AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E
LUBRIFICANTES EM OPERAÇÃO
INTERESTADUAL. COMBUSTÍVEIS E
LUBRIFICANTES UTILIZADOS DIRETA E
IMEDIATAMENTE NA ATIVIDADE FIM DO
CONTRIBUINTE (PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
DE TRANSPORTE) CARACTERIZAM-SE
COMO INSUMOS. SITUAÇÃO FÁTICA
RELATADA NOS AUTOS NÃO SE ENQUADRA
NA HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO ICMS.
NÃO OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR.
LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. DECISÃO
MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a decisão nº.


18.299/2011 da Coordenadoria de Julgamento, a qual concluiu pela
improcedência do lançamento do crédito tributário consignado na autuação
pela inocorrência do fato gerador do ICMS, uma vez que os combustíveis e
lubrificantes utilizados pelo Recorrido caracterizam-se como insumos, pois
foram utilizados diretamente na prestação do serviço de transporte, nos
termos da seguinte ementa:

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 1


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ICMS – Obrigação principal. Falta de recolhimento do


ICMS Diferencial de Alíquota. Imposto somente incide na
entrada de bens destinados ao consumo ou ativo fixo,
conforme art. 5º, inciso II, da Lei Estadual nº. 5.077/89.
Combustíveis e lubrificantes caracterizam-se como
insumos utilizados direta e exclusivamente na prestação
de serviço de transporte, a teor do que preconiza o art.
91, VI, do RICMS/AL. Inocorrência do fato gerador do
ICMS diferencial de alíquota. Lançamento
IMPROCEDENTE. Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, ex vi dos arts. 48, I e 49, §1º, da Lei
Estadual nº. 6.771/06.

Relata-se nos autos que o contribuinte deixou de recolher


ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela compra para consumo
de combustíveis e lubrificantes no período de abril/1994 a agosto/1995,
totalizando crédito tributário no valor de R$ 8.670,34 (oito mil, seiscentos e
setenta reais e trinta e quatro centavos).

Instruem os autos os dados cadastrais, o demonstrativo do


débito, a cópia do cartão de autógrafo e as cópias das notas fiscais de
entrada do período fiscalizado.

Apesar de inexistir prova nos autos da sua intimação, a


Autuada apresentou defesa as fls. 59/65, sendo impugnada as fls. 71 dos
autos.

Encaminhado para a Coordenadoria de Julgamento, decidiu-


se pela improcedência do lançamento, pois os combustíveis e lubrificantes
adquiridos pelo Autuado foram utilizados direta e exclusivamente na
prestação dos serviços de transporte, caracterizando-se como insumos e,
portanto, fora do campo de incidência do ICMS.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 2


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É o relatório.

VOTO

Colhe-se dos autos que a autoridade autuante constatou a


falta de recolhimento de ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela
aquisição de combustível e lubrificante para consumo, fato este resultante
no lançamento de crédito tributário no importe de R$ 8.670,34 (oito mil,
seiscentos e setenta reais e trinta e quatro centavos).

Para tanto, fundamenta o lançamento do crédito tributário no


disposto no artigo 5º, inciso II, da Lei nº. 5.077/89, a qual prevê como
hipótese incidência do ICMS a aquisição de mercadoria proveniente de outro
Estado, destinado ao consumo ou ativo imobilizado, in verbis:

Art. 5º - Ocorre o fato gerador do imposto:

II - na entrada do estabelecimento de contribuinte de


mercadoria oriunda de outro Estado, destinada a consumo
ou ativo fixo;

Submetido a julgamento, decidiu-se pela improcedência do


lançamento, pois os combustíveis e lubrificantes adquiridos pelo
contribuinte destinaram-se ao consumo imediato na prestação do serviço de
transporte, logo se caracterizaram como insumo, hipótese não prevista no
âmbito de incidência do ICMS.

De fato, a partir das cópias das notas fiscais acostadas aos


autos, inexistem dúvidas quanto à aquisição de combustível, em operação
interestadual, pelo contribuinte, cingindo-se a controvérsia, especificamente,
sobre a natureza dos bens adquiridos pelo Recorrido. Se são compreendidos
como bens de consumo ou insumos.

A definição de bens de consumo é bem abrangente, na medida


em que se entende como tal as mercadorias não essenciais à atividade
econômica do estabelecimento, ou seja, o material que não é utilizado na
comercialização ou o que não for integrado no produto ou para consumo no
respectivo processo de industrialização ou produção rural, ou, ainda, na

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 3


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prestação de serviço sujeito ao ICMS, não gerando benefícios econômicos


diretos na atividade da empresa.

Por sua vez, insumo são as mercadorias adquiridas pelo


contribuinte necessárias/obrigatórias utilizadas na prestação de serviço,
sem as quais fica a empresa impedida de realizar sua atividade-fim de forma
plena.

No caso dos autos, considerando-se a natureza da atividade


desempenhada pelo Recorrido, qual seja, a prestação dos serviços de
transporte, resta evidente que os combustíveis e lubrificantes adquiridos
foram destinados ao abastecimento dos seus veículos e, portanto, para o
consumo imediato em sua atividade-fim, fato suficiente para caracterizar tais
produtos como insumos.

Assim, se de fato existe distinção entre insumos e bens de


consumo, e a hipótese de incidência estabelecida no artigo 5º, inciso II, da
Lei nº. 5.077/89 apenas prevê a tributação da aquisição de mercadorias
destinadas ao consumo, não há que se falar em incidência do ICMS no caso
em apreço.

O professor Paulo de Barros Carvalho é esclarecedor ao


explicar que é essencial que a situação fática motivadora da tributação se
adeque perfeitamente à hipótese descrita no antecedente da norma
tributária, sob pena de não ocorrer a incidência da norma, vejamos:

“Nesse caso, diremos que houve a subsunção, quando o


fato (fato jurídico tributário constituído pela linguagem
prescrita pelo direito positivo) guardar absoluta
identidade com o desenho normativo da hipótese
(hipótese tributária). Ao ganhar concretude o fato,
instala-se, automática e infalivelmente, como diz Alfredo
Augusto Becker, o laço abstrato pelo qual o sujeito ativo
torna-se titular do direito subjetivo público de exigir a
prestação, ao passo que o sujeito passivo ficará na
contingência de cumpri-la.” 1

1
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 23ªed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 316.
Acórdão CTE N° 210/2013 Página 4
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Sobre o assunto já se posicionou o Superior Tribunal de


Justiça no seguinte sentido:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
CREDITAMENTO DE ICMS NA AQUISIÇÃO DE
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE
TRANSPORTE. BENS QUE SE CARACTERIZAM COMO
INSUMO NECESSÁRIO À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
1. Recurso ordinário em mandado de segurança em que
se pretende o reconhecimento do direito de sociedade
empresária prestadora de serviços de transporte fluvial
ao creditamento do ICMS realizado no período de janeiro
a dezembro de 2006, referente à aquisição de
combustíveis e lubrificantes.
2. A jurisprudência do STJ tem reconhecido o direito das
prestadoras de serviços de transporte ao creditamento do
ICMS recolhido na compra de combustível, que se
carateriza como insumo, quando consumido,
necessariamente, na atividade fim da sociedade
empresária. Precedentes: REsp 1.090.156/SC, Rel.
Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe
20/08/2010; REsp 1175166/MG, Rel. Ministro Herman
Benjamin, Segunda Turma, DJe 26/03/2010.
3. Ante o objeto social da sociedade empresária
recorrente, deve-se reconhecer que os combustíveis e
lubrificantes são insumos necessários à prestação do
serviço de transporte fluvial, e não bens de simples
uso e consumo, como tem interpretado a administração
tributária estadual.
4. Recurso ordinário provido para reconhecer o direito da
impetrante ao creditamento do ICMS referente aos
combustíveis e lubrificantes que utilizou na prestação do
serviço de transporte fluvial.
(STJ - RMS 32110 / PA – 1ª Turma – Rel. Min. Benedito
Gonçalves – Dje 20/10/2010) (grifo nosso)

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 5


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Portanto, não merece reforma o julgado recorrido, pois os


combustíveis e lubrificantes adquiridos pelo contribuinte foram destinados
ao consumo direto e imediato na prestação do serviço de transporte
(atividade-fim), de modo que não se enquadram na hipótese de incidência do
ICMS prevista no artigo 5º, inciso II, da Lei nº. 5.077/89.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos,manter-se a decisão nº. 18.299/2011 proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, no sentido de julgar pela IMPROCEDÊNCIA do lançamento,
uma vez que os combustíveis adquiridos pelo contribuinte caracterizam-se
como insumos, pois são empregados direta e imediatamente na prestação do
serviço de transporte (atividade-fim), portanto, não se enquadram na
hipótese de incidência do ICMS prevista no artigo 5º, inciso II, da Lei nº.
5.077/89

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

Acórdão CTE N° 210/2013 Página 6


Governo do Estado
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Conselho Tributário Estadual

SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013


PROCESSO: 1500-009697/97; CTE-155/08
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 042253/95
ASSUNTO: REMESSA NECESSÁRIA
EMPRESA AUTUADA: MARIA CELESTINO DOS SANTOS ANDRADE
AUTUANTE: OSCAR JORGE D. DA SILVA – Mat. 51.583 E OUTRO
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº 211 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. A REVELIA DO


AUTUADO IMPLICA NO RECONHECIMENTO DA
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ASSIM COMO A
PRODUÇÃO DO EFEITO DE DECISÃO FINAL
NO PROCESSO ADMINISTRATIVO
TRIBUTÁRIO. TRANSCORRIDOS MAIS DE
CINCO ANOS SEM A DEVIDA INSCRIÇÃO DO
RESPECTIVO DÉBITO NA DÍVIDA ATIVA, O
MESMO FICA EXTINTO EM DECORRÊNCIA DA
PRESCRIÇÃO. REMESSA NECESSÁRIA
CONHECIDA E PROVIDA.

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de


crédito tributário a título de ICMS no valor de R$ 7.135,92 (
Sete Mil, Cento e Trinta e Cinco Reais e Noventa e Dois
Centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$ 10.703,88
(Dez Mil Setecentos e Três Reais e Oitenta e Oito Centavos).

Como instrução da autuação foram anexados aos


autos,demonstrativo do débito, 2ª (segunda via) da intimação
fiscal de nº 122411, dados cadastrais e cópias, do cartão de
autógrafos,notas fiscais série C-1 e C-2,DAR´S e dos Livros
Reg. de Apuração do ICMS e de Inventário.

Devidamente intimada da autuação,a autuada não


apresentou defesa, incorrendo em revelia, conforme termo
próprio de fl.43 lavrado em 20 de setembro de 1995.

A primeira instância ao analisar o presente


litígio fiscal proferiu julgamento concluindo pela
procedência parcial do crédito tributário lançado, conforme
ementa: “ICMS. 1) Falta de recolhimento do imposto decorrente
de operações com gás liquefeito de petróleo (GLP)
desacompanhadas de documentação fiscal. Ilícito fiscal
documentalmente comprovado. 2) Venda de botijões vazios
(vasilhames) desacobertada de notas fiscais. Ausência de
elementos probantes – Acusação inconsistente. Auto de
Infração PROCEDENTE EM PARTE.”

Por força de remessa necessária o presente


processo sobe para este Colegiado e em seguida distribuído a
Segunda Câmara.

É o relatório

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 2


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Voto.

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a


contribuinte apesar de ter sido intimado da autuação em 03 de
agosto de 1995, a mesma não impugnou o lançamento, incorrendo
assim em revelia, conforme termo próprio lavrado na fl. 43.

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente, ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141....

§ 1º - Quando se tratar de infrator revel, e a


infração se referir à falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros fiscais próprios, prestadas
as informações sobre os antecedentes fiscais existentes,
considerar-se-á concluído o processo, sendo automaticamente
promovida a inscrição do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º - A revelia do autuado, na hipótese prevista


no parágrafo anterior, importa o reconhecimento da obrigação
tributária e produz efeito de decisão final do processo
administrativo.

§
3º - Nos demais casos, lavrado o Termo de
Revelia, o processo seguirá os tramites regulamentares,
facultado ao revel a intervenção em qualquer oportunidade,
antes de transitada em julgado a decisão terminativa”.

Posteriormente, editada a Lei nº 5.983, em 20 de


dezembro de 1997, a mesma alterou a redação do art. 141,

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 3


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Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

retro transcrita, com o seguinte teor: “Art. 141. Findo o


prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação
de defesa ou recurso, será providenciado a lavratura do termo
de revelia e o encaminhamento do débito para inscrição em
Dívida Ativa.”

Assim, com a alteração da redação do reportado


art. 141, a revelia do autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributária e encerramento do Processo
Administrativo Tributário em razão da produção de efeito de
decisão final no próprio processo em tramitação, conforme
mandamento contido no Parágrafo único do referido art. 141,
verbis: “A revelia do autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito de decisão final no
processo administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o Código
Tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, o referido
diploma legal quando disciplinava o processo administrativo
fiscal no seu capítulo III, do art. 118 ao art. 167, o mesmo
tratou, também, de direito processual e assim sendo a
doutrina aponta três sistemas que procuram resolver quanto à
eficácia das leis processuais no tempo, conforme exposição
abaixo:

a) O primeiro sistema, chamado de unidade


processual, é um complexo de atos inseparáveis uns dos
outros, porque todos se subordinam ao fim a que visa, qual
seja, a decisão. O processo seria um corpo uno, e, assim
considerados, teria que ser regulado por uma única lei.
Nessas condições, uma vez em curso, e sobrevindo uma lei
nova, disciplinar-se-ia inteiramente por esta ou pela lei
anterior. A ser regido inteiramente pela lei nova, tornando
ineficazes os atos já realizados, poder-se-ia dizer que a lei
processual tem efeito retroativo.

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 4


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas: a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplinará a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Somente as fases seguintes obedeceriam à lei nova.

c) O terceiro sistema é o do isolamento dos atos


processuais, segundo o qual, sem desconhecer que o processo é
uma unidade em vista do fim a que se propõe, observa que cada
um dos atos processuais pode ser considerado isoladamente,
para os efeitos de aplicação da lei nova. Ou melhor, esta,
encontrando um processo em desenvolvimento, respeita a
eficácia dos atos processuais já realizados e passa a
disciplinar o efeito a partir de sua vigência.

Dentre os referidos sistemas, o Código de Processo


Civil adotou o sistema do isolamento dos atos processuais,
conforme expressamente dispôs no art. 1211, ao tratar das
disposições finais e transitórias, segundo o qual reza:
“...Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão, desde
logo, aos processos pendentes.

Portanto, atentando-se para aplicação subsidiária


das normas do Processo Civil ao Processo Administrativo
Tributário, não resta nenhuma dúvida de que à luz da nova
redação do art. 141, da Lei nº 4.418/82, então vigente, dada
pela Lei nº 5.983/97, a administração fazendária deveria ter
procedido ao encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o
respectivo débito na Dívida Ativa, isto, em 10 de setembro de
1995, a fim de inscrever o respectivo débito na Dívida Ativa,
seguida da competente ação de execução fiscal a cargo da
douta Procuradoria da Fazenda Estadual.

No entanto, transcorreram mais de cinco anos,


contados a partir da constituição do crédito tributário,
termo inicial do prazo prescricional, sem que tal providência
fosse adotada, segundo confronto de fl. 43 com as fls. 49/52.

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 5


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária para dar-lhe provimento no
sentido de declarar a extinção do crédito tributário pelo
efeito da prescrição.

Intime-se a empresa autuada e em seguida vão os


autos à DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

Acórdão CTE N° 211/2013 Página 6


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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SESSÃO ORDINÁRIA N°:34 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/09/2013
PROCESSO: 1500-019689-11/1500-031241-11/1500-034052-12 e CTE
59/2013.
AUTO DE INFRAÇÃO: 90.11686-001.
AUTUADA: L MARTINS ALMEIDA SANTOS VAREJISTA EPP.
INSCRIÇĀO ESTADUAL: 242.30257-2
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.729/2012.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): ALESSANDRO MARCIO NOVAES OLIVEIRA E OUTROS.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 212 /2013

EMENTA: ICMS. EMENTA - ICMS – Obrigação


acessória – operação de venda de
mercadoria destinada a contribuinte em
situação irregular perante o CACEAL. Nāo
foi levada em consideração a defesa
correta do contribuinte. AFRONTA AOS
PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO
CONTRADITÓRIO. Recurso ordinário
conhecido e provido.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa L


MARTINS ALMEIDA SANTOS VAREJISTA EPP, já devidamente
qualificada nos autos, do lançamento de crédito tributário,
composto de imposto e multa, pelo fato de, em tese, o sujeito
passivo: “Transportava mercadorias consideradas sem
documentos fiscais, em virtude de utilizar documentação
fiscal inidônea, de acordo com detalhamento abaixo e
documento(s) anexo(s).
Complementa a descrição fática: “Nota Fiscal Eletrônica
de mercadoria destinada a contribuinte com inscrição estadual
Acórdão CTE N° 212/2013 Página 1
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(CACEAL) na condição de inapta. Trata-se de veículo que o
destinatário adquiriu na cidade de Feira de Santana – BA, Ao
chegar ao posto fiscal, no dia 03/05/2011, o transportador
foi informado da situação irregular do contribuinte e, por
isso, estaríamos cobrando imposto e multa. O contribuinte
demonstrou aparente intenção de regularizar a pendência,
pedindo informações e o DAR para pagamento. Porém, acabou
evadindo-se do posto deixando a nota fiscal, levando, no
entanto, a mercadoria, fato também para o qual foi lavrado um
auto de infração de embaraço à fiscalização (no 90.11686-
001)”.
Foram apontados como transgredidos artigo 97, c/c
artigo 21, VI da Lei 5.900/96; c/c artigos 139-D, §§1o e 2o;
139-P, e 207, todos do RICMS, c/c artigos 7o, §1o, 4 do
Convênio s/n de 15/12/1970 e Cláusula 4a, §1o e 18 do Ajuste
SINIEF 07/2005. Aplicada a penalidade prevista no artigo 97
da Lei nº 5.900/96.
Como conjunto probatório foi acostado aos autos: dados
cadastrais do contribuinte, Termo de Apreensão 283695, cópias
de notas fiscais, entre outros documentos diversos.
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as
contrarrazões por um dos autuantes fiscais, foi proferida a
Decisão nº 18.729/12, tendo o julgador singular decidido pela
procedência do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA - ICMS – Obrigação acessória –


operação de venda de mercadoria
destinada a contribuinte em situação
irregular perante o Cadastro de
contribuintes do Estado de Alagoas,
CACEAL – Hipótese caracterizadora de
transporte de mercadorias acobertado por
nota fiscal inidônea, ex vi artigo 207,
IX do RICMS – Incidência das disposições
previstas no artigo 11, I, “b”, da Lei
Complementar 87/96, definidoras da
competência tributária do ente federado
onde se localizarem as mercadorias
apreendidas em situação irregular –
Infração caracterizada - Lançamento
PROCEDENTE.

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 2


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Em seguida, verifica-se nos autos, conforme os
documentos Despacho nº 043/2012, fl. 56, e “INFORMAÇĀO”, fl.
57, da Coordenadoria de Julgamento, do processo anexo nº
031240/2011, que antes do julgamento de 1ª instância, ocorreu
a troca equivocada das impugnações impetradas pelo
contribuinte entre os processos nº 1500-019689/2011 (Auto de
Infração nº 901168-001) e nº 1500-019690/2011 (Auto de
Infraçāo nº 901168-002), e que .
Comunicado da decisão monocrática, o sujeito passivo
recursou, requerendo a anulação da Decisão nº 18.729/12,
fundamentando seu pedido no argumento de que devido a permuta
das impugnações entre os processos já citados, nāo ocorreu
uma análise correta de sua defesa.
Nas Contrarrazões, a representante fiscal também se
manifesta no sentindo das trocas errônea dos processos de
defesa do contribuinte, consectário das contrarrazões do
fisco, entre os processos nº 1500-019689/2011 (Auto de
Infração nº 901168-001) e nº 1500-019690/2011 (Auto de
Infraçāo nº 901168-002). Reconhece que cabe razão aos
argumentos recursais, inclusive reconhecido pela
Coordenadoria de Julgamento, já que o julgamento de piso
apreciou e decidiu considerando uma impugnação de outro
processo. Propõe ao fim a anulação de todos os atos até a
impugnação do contribuinte, mantendo esta.
Assim chegam os autos a este Conselho.
É o relatório.

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 3


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VOTO
Trata-se de Recurso Ordinário, tempestivo, impetrado
por pessoa legitimada, da Decisão nº 18.729/12, de Primeira
Instância, conforme ordenado no art. 45, I, § 1º e art. 46,
ambos da Lei nº 6.771/06.
Como demonstrado nos autos, a recorrente e o
representante fiscal com razão pedem pela anulação dos atos
processuais posteriores à impugnação, inclusive a Decisão nº
18.729/12.
Isto porque por erro na protocolização das defesas de
dois processos do contribuinte, ocorreu a troca das mesmas,
onde o julgador de piso analisou a defesa do processo nº
1500-019690/2011 em vez desta, de protocolo de nº 1500-
019689/2011.
Vê-se, diante da síntese acima, que indubitavelmente
ocorreu violação ao princípio da ampla defesa e do
contraditório o que leva a nulidade de qualquer ato
processual, conforme determinação legal, mais especificamente
nas seguintes disposições do art. 7º da

Lei nº 6.771/2006:
Art. 7º São nulos:
...
II - os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;

Decreto nº 25.370/2013:
Art. 24. São nulos:
...
II – os atos praticados e as decisões
proferidas com preterição do direito de
defesa;
...
Art. 25. A nulidade será decretada, de
ofício ou a requerimento do interessado,
pela autoridade competente para apreciar
o ato.
...
Art. 26. A nulidade de ato prejudica
todos os posteriores que dele sejam
diretamente dependentes ou consequentes.

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 4


GOVERNO DO ESTADO
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Parágrafo único. A autoridade que
decretar a nulidade declarará que atos
são atingidos, determinando as
providências necessárias para que sejam
repetidos ou retificados.

Inclusive os princípios do devido processo legal,


contraditório e da ampla defesa, estão consagrados em nossa
constituição, no 5º, nos incisos LIV e LV.
Claro está que o Recorrente, ao propor sua impugnação,
a mesma não foi levada em consideração na hora do julgamento.
Portanto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer
do recurso voluntário para dar-lhe provimento, acolhendo a
nulidade por cerceamento do direito de defesa, declarando
nulo todos os atos praticados das contrarrazões da defesa do
processo anexo nº 1500-031240/2011 em diante, devendo os
autos retornarem à Representaçāo Fiscal para apresentarem as
devidas contrarrazões relativa à impugnação e o processo
seguir seu curso normal.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 13 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

Acórdão CTE N° 212/2013 Página 5


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SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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20Sessão Ordinária nº. 035 – 2ª câmara - Realizada em 20/09/2013


Processo nº: SF 1500-035348/2006; CTE 0164/2012 e anexos
Auto de Infração nº. 99.58787-001
Recorrente: Companhia Alagoas Industrial - CINAL
Recorrido: Fazenda Estadual
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 215/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. FALTA DE
RECOLHIMENTO DO IMPOSTO PELO
CREDITAMENTO INDEVIDO DE ICMS.
INOBSERVÂNCIA DO PRAZO
DECADENCIAL DE 05 ANOS PARA A
CONSTITUIÇAO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO
LANÇAMENTO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. RECURSO ORDINÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de lançamento tributário no qual se relata que o


contribuinte registrou nos meses de janeiro e fevereiro de 1996 crédito
inexistente de ICMS nos livros fiscais em decorrência da prática de artifícios,
tais como a transferência de ativo imobilizado, a compra ou transferência de
material de consumo e a aquisição de energia elétrica, resultando na falta de
recolhimento do imposto, totalizando crédito tributário no valor de R$
42.923,94 (quarenta e dois mil, novecentos e vinte e três reais e noventa e
quatro centavos).

Intimado no próprio ato do lançamento, o contribuinte


apresentou defesa as fls. 02/38, a qual foi devidamente impugnada as fls.
64/76, ambas no processo nº. 1500-001762/2007.

Acórdão CTE N° 215/2013 Página 1


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Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


afastou-se a preliminar de decadência, sob a justificativa de que o fato
gerador do lançamento aconteceu em 1996, logo o prazo de 05 (cinco) anos
para constituição do crédito tributário somente se iniciou em 2001, após o
término do prazo de 05 (cinco) anos para a homologação do crédito
tributário, razão pela qual regular o lançamento. Do mesmo modo, rejeitou-
se a alegação de nulidade, pois estão esclarecidos os motivos que ensejaram
a autuação do contribuinte e, no mérito, decidiu-se pela procedência do
lançamento, vez que a infração descrita nos autos restou caracterizada e a
Autuada não apresentou provas acerca das alegações produzidas na defesa.

Inconformada com a decisão, a Autuada apresentou Recurso


Ordinário, no qual argumenta:

a) a incidência da decadência do lançamento do crédito


tributário, pois o fato gerador aconteceu nos meses de janeiro e fevereiro de
1996, contudo o lançamento somente foi realizado em 21/12/2006, sendo
ilegal a aplicação cumulativa dos prazos previstos no artigo 150, §4º e artigo
173, inciso I, ambos do CTN;

b) a nulidade do lançamento, pois o fiscal autuante apontou


como infringidos dispositivos normativos que somente entraram em vigor
após a ocorrência do fato gerador, bem como não restou esclarecido os
motivos que ensejaram a autuação da Recorrente, ou ainda, porque não foi
especificada a base de cálculo do imposto, posto que o fiscal autuante
utilizou como prova apenas os valores registrados no Livro de Apuração do
ICMS, sem fazer referência às notas fiscais que ensejaram o creditamento
considerando indevido;

c) por fim, no mérito, sustenta que, ao contrário do alegado no


lançamento, os créditos glosados decorrem da aquisição de serviços de
transporte, de serviços de comunicação e da aquisição de energia elétrica
utilizados em seu processo produtivo, os quais conferem direito ao crédito do
ICMS, nos termos da legislação vigente.

Por sua vez, a representação fiscal apresentou contrarrazões,


na qual sustenta que:

Acórdão CTE N° 215/2013 Página 2


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a) o lançamento do crédito tributário baseou-se no prazo


decadencial de 10 (dez) anos, entendimento que não prospera mais, contudo
deixou a cargo do órgão julgador decidir sobre o prazo decadencial;

b) inexiste nulidade no presente lançamento, pois a descrição


dos fatos é clara e precisa ao determinar a infração cometida pela Recorrente
e cominar a sua penalidade;

c) no mérito, afirma que inexiste dúvida de que a Recorrente


glosou indevidamente crédito do ICMS, sendo suficiente para a sua
comprovação os documentos acostados aos autos, portanto pleiteia a
manutenção da decisão recorrida e, por conseguinte, a procedência do
lançamento.

Após, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário


Estadual para apreciação do Recurso Ordinário.

É o relatório.

VOTO

Inicialmente, impende destacar os requisitos de


admissibilidade do Recurso Ordinário interposto pela Autuada, em especial,
a sua tempestividade.

Nesse sentido, desnecessário tecer comentários alongados,


pois o Recurso Ordinário foi interposto no prazo de 15 (quinze) dias,
conforme preconiza o artigo 45, §1º, da Lei do PAT 1, vez que a Recorrente foi
intimada no dia 06/02/2012 (AR de fls. 89/91 – processo nº. 1500-
001762/2007) e protocolou o recurso no dia 15/02/2012, razão pela qual
passamos a análise das razões recursais.

Da Alegação de Decadência do Lançamento do Crédito


Tributário

Preliminarmente, sustenta a Recorrente que o Fisco Estadual


não respeitou o prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do

1 Art. 45. São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:


I - recurso ordinário; e
§ 1º O prazo para recorrer será de 15 (quinze) dias, contados da ciência da decisão.
Acórdão CTE N° 215/2013 Página 3
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crédito tributário, pois o objeto do lançamento diz respeito a fatos ocorridos


em 1996, contudo o lançamento somente foi formalizado em 2006.

Com a ocorrência da situação fática prevista no antecedente


da regra matriz de incidência tributária, inicia-se a contagem do prazo
decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito tributário pela
Fazenda Pública, o qual cessa com a formalização do ato do lançamento e a
notificação do sujeito passivo da obrigação tributária.

Nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação,


exatamente o caso do ICMS, a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco)
anos poderá acontecer de duas formas. Aplicar-se-á a regra inserta no artigo
150, §4º, do CTN 2 quando houver o pagamento parcial ou total do tributo,
ou seja, quando houver algo a ser homologado pelo Fisco. Por outro lado,
aplicar-se-á a regra disposta no artigo 173, inciso I, do CTN 3 quando
nenhuma quantia for recolhida aos cofres públicos.

Com efeito, verifica-se que o lançamento em análise foi


formalizado com fundamento na malsinada tese do prazo decadencial de 10
(dez) anos, entendimento já superado e em desuso que aplicava
cumulativamente as regras previstas no artigo 150, §4º e artigo 173, inciso I,
ambos do CTN.

No caso dos autos, relata-se que a Recorrente utilizou-se de


crédito de ICMS indevido registrado no Livro de Apuração do ICMS nos
meses de janeiro e fevereiro de 1996, contudo o crédito tributário somente
foi formalizado em 21/12/2006 com a lavratura do auto de infração e
regularmente constituído em 26/12/2006 com a notificação do sujeito
passivo da obrigação tributária, de modo que, independente da metodologia
a ser adotada, ou seja, se houve pagamento ou não do imposto, não resta
dúvida do descumprimento do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a
constituição do crédito tributário.

2 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao
sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo
ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado,
expressamente a homologa.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato
gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado
o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou
simulação.
3 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco)
anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;

Acórdão CTE N° 215/2013 Página 4


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Sobre o tema, não é outro o entendimento consolidado no


Superior Tribunal de Justiça, vejamos:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. ICMS. LANÇAMENTO SUPLEMENTAR.
CREDITAMENTO INDEVIDO. PAGAMENTO PARCIAL.
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. FATO GERADOR. ART.
150, § 4º, DO CTN.
1. O prazo decadencial para o lançamento
suplementar de tributo sujeito a homologação
recolhido a menor em face de creditamento indevido
é de cinco anos contados do fato gerador, conforme a
regra prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Precedentes:
AgRg nos EREsp 1.199.262/MG, Rel. Ministro Benedito
Gonçalves, Primeira Seção, DJe 07/11/2011; AgRg no
REsp 1.238.000/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, DJe 29/06/2012.
2. Agravo regimental não provido.
(STJ - AgRg no REsp 1318020 / RS – 1ª Turma – Rel.
Min. Benedito Gonçalves – DJe 27/08/2013) (grifo nosso)

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL.


TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR
HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. AUSÊNCIA DE
PAGAMENTO. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN.
ENTENDIMENTO FIRMADO EM RECURSO REPETITIVO.
DECADÊNCIA NÃO CARACTERIZADA.
1. A Primeira Seção, no julgamento do REsp 973.733/SC,
Rel. Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos
repetitivos (art. 543-C do CPC), firmou entendimento no
sentido de que, nos tributos sujeitos a lançamento por
homologação, para a fixação do prazo decadencial para a
constituição do crédito tributário, considera-se apenas a
existência, ou não, de pagamento antecipado, pois é esse
o ato que está sujeito à homologação pela Fazenda
Pública, nos termos do art. 150, e parágrafos, do CTN.
2. Não havendo pagamento algum, não há o que
homologar, motivo pelo qual deverá ser adotado o
prazo previsto no art. 173, inciso I, do CTN.
Acórdão CTE N° 215/2013 Página 5
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3. Hipótese em que não houve pagamento do tributo.


Assim, contando-se o prazo quinquenal do primeiro dia
do exercício seguinte àquele que deveria ter sido
constituído o crédito tributário, não se encontra
caracterizada a decadência.
4. O agravo regimental manejado contra decisão que teve
por base questão já decidida sob o rito do artigo 543-C do
Código de Processo Civil é manifestamente inadmissível,
justificando a aplicação da multa prevista no artigo 557,
§ 2º, do Código de Processo Civil. Agravo regimental
improvido com aplicação de multa.
(STJ - AgRg no REsp 1384048 / SC – 2ª Turma- Rel. Min.
Humberto Martins – Dje 26/08/2013) (grifo nosso)

Portanto, merece acolhida a alegação da Recorrente no sentido


de declarar a decadência do crédito tributário em função da inobservância
do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a constituição do crédito
tributário.
CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
conhecer do Recurso Ordinário para dar-lhe provimento, reformar a decisão
recorrida e declarar a decadência do lançamento do crédito tributário, em
função da inobservância do prazo decadencial de 05 (cinco) anos para a
constituição do crédito tributário.
Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 20
de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº35 – 2ª CÂMARA – REALIZADA:20/09/2013
PROCESSO: 1500-007453/2008 e CTE nº 157/2013.
ANEXO: 1500-015118/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.75762-002.
AUTUADA: F. DE A. S. BARBOSA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 241.03701-8.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 19.114/2013.
ASSUNTO: Reexame Necessário.
AUTUANTE(S): Genival Lima de Carvalho.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº 216/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação


Acessória. Suposto extravio de
notas fiscais. Provas trazidas
aos autos comprovando a
existência dos documentos
fiscais. Remessa necessária
conhecida e improvida. Decisão
singular mantida.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa F.


DE A. S. BARBOSA, já devidamente qualificada nos autos, do
lançamento de crédito, derivado de multa, pelos fatos de, em
tese, o sujeito passivo ter extraviado notas fiscais.
Foram apontados como transgredidos o art. 50, § 10, I e
art. 53 da Lei nº 5.900/96, e art. 49, III e VI, “a”, do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 119, II, “b”
da Lei nº 5.900/96.

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 1


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A autuada impugnou o lançamento de ofício, afirmando na
peça defensória que os talões de notas fiscais ditas como
extraviadas estavam no escritório de sua contadora, estando à
disposição do fisco para qualquer confirmação.
Atendendo à diligência fiscal para confirmar a
sustentação da defesa alhures citada, autoridade fiscal anexa
cópias das primeiras e últimas notas dos talonários objeto da
autuaçāo, como provas de suas existências.
A representação fiscal apresentou contrarrazões,
desqualificando a cobrança tributária devido às provas
apresentadas pelo contribuinte, pedindo assim o afastamento a
presunção relativa de extravio de documentos fiscais.
Proferida a Decisão nº 19.114/2013, tendo a julgadora
singular decidido pela improcedência do lançamento de ofício
com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. Obrigação acessória.


Presunção legal de extravio de livros
fiscais - §10, inciso I, do art. 50 da
Lei Estadual 5.900/96, com redação dada
pela Lei n˚ 6.331/02. Presunção elidida,
à vista da prova em contrário, acostada
aos autos. IMPROCEDENCIA DO LANÇAMENTO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual, nos termos do art.
48, I, da Lei Estadual 6.771/06.

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 2


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VOTO
Trata-se de Reexame Necessário da Decisão nº
19.114/2013, de Primeira Instância, conforme ordenado no art.
48 da Lei nº 6.771/06, que julgou improcedente o lançamento
de ofício de multa devido a suposto extravio de notas fiscais
de venda ao consumidor de n˚ 000001 a 000500 e as notas
fiscais modelo 01 de n˚ 000001 a 000100, baseado em presunção
relativa contida no art. 50, § 10, I, da Lei nº 5.900/96,
verbis:

Art. 50 (...)
§ 10. Presume-se extraviado, admitindo-
se prova em contrário, o livro fiscal,
documento fiscal ou formulário contínuo,
que:
I – solicitado pela Fazenda Estadual,
não tenha sido entregue no prazo máximo
de 30 (trinta) dias;
(...)

Trata-se aqui de reexame necessário da decisão de piso,


ou seja, a decisão pelo não extravio dos documentos fiscais
relacionados na inicial, motivado pela afirmação de posse
desses pelo contribuinte e das provas trazidas por diligência
fiscal - cópias das primeiras e últimas notas dos talonários
fiscais objeto da autuaçāo, afastando assim a presunção
relativa de seus extravios, conforme decisão de piso.
Sobre presunções, concernente ao não extravio dos
referidos documentos fiscais, assim se expressa Gonçalves:

“Presunções não são meios de prova, mas


forma de raciocínio pelas quais, por
meio de um fato, infere-se a existência
de outro, deduz-se de um fato conhecido
e provado outro, que se quer
demonstrar....A presunção geralmente
parte de um indício de prova. O indício
é um sinal,um vestígio, que em regra
nada prova, mas que por meio de
presunções, pode levar à convicção sobre
determinada alegação...Quando a

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 3


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presunção é absoluta não se admite prova
em contrário; quando relativa, dispensa
a produção de prova por quem faz a
alegação, mas permite a prova em
contrário pela parte adversa.” grifo
nosso. (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios.
Novo Curso de direito processual civil,
v 1. 5 ed., São Paulo: Saraiva,
2008,p.436) grifei

Logo, constato, pelos argumentos da defesa e da


Representação Fiscal, inclusive esta pedindo pela exclusão da
infração e da penalidade inicial, que fica afastada, por meio
de provas trazidas por diligência fiscal, portanto, a
presunção juris tantum de extravio das notas fiscais
relacionadas no Auto de Infraçāo n˚ 99.75762-002.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, no
sentido de conhecer da presente remessa necessária para
NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão singular
ora em reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 20 de setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

ACÓRDÃO Nº216/2013 Página 4


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Sessão Ordinária nº. 035 – 2ª câmara - Realizada em 20/09/2013


Processo nº: SF 1500-007149/1999; CTE 083/2012 e anexos
Auto de Infração nº. 29957 de 15/08/1995
Recorrente: Fazenda Estadual (Reexame necessário)
Recorrido: Agro Industrial São Gonçalo S.A
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº 217/2013

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. DIFERENCIAL DE
ALÍQUOTA DECORRENTE DA
AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E
LUBRIFICANTES EM OPERAÇÃO
INTERESTADUAL. REQUISIÇÃO DE
DILIGÊNCIAS COM A INCLUSÃO DE
INFORMAÇÕES NOVAS AOS AUTOS E
ADITAMENTO DO LANÇAMENTO.
AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DO
CONTRIBUINTE PARA
MANIFESTAÇÃO SOBRE OS
RESULTADOS DAS DILIGÊNCIAS.
OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO
CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA.
INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 27, §3º,
DA LEI Nº. 6.771/06. NULIDADE DA
DECISÃO Nº. 18.372/2011 DA
COORDENADORIA DE JULGAMENTO.

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 1


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RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário cujo objeto é a decisão nº.


18.372/2011 da Coordenadoria de Julgamento, a qual concluiu pela
procedência em parte do lançamento do crédito tributário consignado na
autuação com a modificação apenas da penalidade imposta, nos termos da
seguinte ementa:

ICMS. Obrigação Principal. Falta de recolhimento do


ICMS Diferencial de Alíquota. Aquisições interestaduais
de combustíveis destinadas ao consumo do sujeito
passivo. Fato gerador do imposto previsto no art. 5º, II,
da Lei nº. 5.077/89 e Cláusula Primeira, §1º, I, do
Convênio ICMS nº. 105/92. Impossibilidade apreciação
da inconstitucionalidade de lei ou decreto por este Juízo
singular, a teor dos arts. 23, §3º, I e 28, §1º, da Lei
Estadual nº. 6.771/06. Infração caracterizada. Aplicada a
penalidade prevista no art. 79 da Lei Estadual nº.
5.900/96, por cominar sanção menos severa ao
contribuinte. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE.
Reexame necessário pelo Conselho Tributário Estadual,
ex vi do arts. 48, I e 49, §1º, da Lei Estadual nº.
6.771/06.

Relata-se nos autos que o contribuinte deixou de recolher


ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela compra de combustíveis
em operação interestadual, totalizando crédito tributário no valor de R$
9.529,63 (nove mil, quinhentos e vinte e nove reais e sessenta e três
centavos).

Instruem os autos o demonstrativo do débito, a cópia do


cartão de autógrafo e as cópias das notas fiscais de entrada do período
fiscalizado.

Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa na qual


argumenta que a aquisição de produtos derivados do petróleo goza de

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 2


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imunidade tributária, nos termos do artigo 155, §2º, inciso X, alínea “b”, da
Constituição Federal, requerendo a improcedência do lançamento.

Por sua vez, a representação fiscal refuta a fundamentação


declinada pela Autuada, sustentando que a situação fática descrita nos
autos encontra respaldo legal na legislação em vigor na época, portanto
pleiteia a procedência do lançamento.

Em seguida, solicitou-se pedido de diligência para que os


fiscais autuantes se pronunciassem sobre: A) a presença de notas fiscais
com a indicação de cancelamento; B) a presença de notas fiscais com a
retenção do ICMS pelo emitente.

Atendendo a determinação, um dos fiscais autuante informou


que as notas fiscais canceladas não foram incluídas no demonstrativo de
débito, estando acostadas aos autos somente por indicarem o número das
notas fiscais que a substituíram, sendo possível a cobrança destas. Por outro
lado, sobre a retenção do ICMS informa que não consta no sistema de
arrecadação da Fazenda Estadual o repasse dos valores retidos.

Encaminhados os autos à Coordenadoria de Julgamento,


converteu-se o processo novamente em diligência, uma vez que foram
apuradas divergências entre os valores registrados no sistema de
arrecadação da Fazenda Estadual e àqueles constantes no lançamento em
análise.

Em resposta ao pedido, um dos fiscais autuante informou que


provavelmente houve equívoco no momento da conversão das moedas, pois
parte do crédito tributário foi apurado em Cruzeiro Real e parte em Real,
razão pela qual apresentou novo demonstrativo de débito com base nas
moedas constantes na peça vestibular, imputando à Autuada o recolhimento
de crédito tributário no valor de R$ 1.378,88 (um mil, trezentos e setenta e
oito reais e oitenta e oito centavos).

Devolvido os autos para a Coordenadoria de Julgamento,


esclareceu o Juízo a quo, preliminarmente, que não seria necessária a
intimação da Autuada, pois a alteração dos valores do lançamento foram
decorrentes apenas de erro na conversão da moeda vigente na época do

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lançamento e os resultados das diligências não causaram prejuízo à


Autuada, e no mérito decidiu pela procedência em parte do lançamento,
alterando-se somente a penalidade disposta no artigo 827, do RICMS, para
aquela cominada no artigo 79, da Lei nº. 5.900/96.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Colhe-se dos autos que a autoridade autuante constatou a


falta de recolhimento de ICMS correspondente ao diferencial de alíquota pela
aquisição de combustível e lubrificante para consumo, fato este resultante
no lançamento de crédito tributário no importe de R$ 9.529,63 (nove mil,
quinhentos e vinte e nove reais e sessenta e três centavos), posteriormente
aditado para R$ 1.378,88 (um mil, trezentos e setenta e oito reais e oitenta e
oito centavos).

Submetido a julgamento, decidiu-se pela procedência em


parte do lançamento com a alteração apenas da penalidade imposta,
remetendo-se os autos ao Conselho Tributário Estadual para reexame
necessário.

Entretanto, antes de analisar a matéria objeto do reexame


necessário, imprescindível se debruçar sobre matéria de ordem pública,
passível de análise de ofício em qualquer momento e grau de jurisdição, qual
seja, a nulidade de atos processuais.

Verifica-se nos autos que sucessivos pedidos de diligência


foram solicitados e devidamente cumpridos pelos fiscais autuantes durante o
trâmite processual com a inclusão de informações sobre os documentos que
fundamentam o lançamento, bem como com a modificação do crédito
tributário imputado à Autuada, sem que, contudo, fosse expedida qualquer
notificação à Autuada para manifestação.

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 4


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O artigo 27, §3º, da Lei nº. 6.771/06 é inequívoco ao


determinar que seja dada ciência às partes sempre que a produção de provas
ou a realização de diligência implicar o surgimentos de fatos novos, vejamos:

Art. 27. O interessado, ao solicitar a produção de prova


ou a realização de diligência ou perícia fiscal, deverá, no
pedido, fundamentar sua necessidade.
§ 1º A recusa da parte interessada em comprovar fato
controverso, com elemento probatório de que
necessariamente disponha, importa presunção de
veracidade da afirmação da parte contrária.
§ 2º A realização de diligência ou perícia suspende o
prazo de conclusão do processo tributário nas instâncias
administrativas.
§ 3º Se a diligência ou perícia implicar fatos novos, o
órgão preparador deverá dar ciência:
I - ao sujeito passivo para, no prazo de 15 (quinze)
dias contados da ciência:
a) efetuar o pagamento do débito com o desconto
previsto à época da efetivação do ato administrativo;
ou
b) manifestar-se em relação aos fatos novos.
II - ao autuante: para, no prazo de 15 (quinze) dias
contados da ciência, manifestar-se em relação aos
fatos novos. (grifo nosso)

No caso dos autos, a realização de diligência implicou a


inclusão de informações novas aos autos e a modificação do crédito
tributário, de modo que é essencial permitir à Autuada a possibilidade de
manifestação ou, até mesmo, o pagamento do crédito tributário, em respeito
aos princípios do contraditório e ampla defesa.

Portanto, não é aceitável a justificativa relatada na decisão da


Coordenadoria de Julgamento de que não seria necessária a intimação da
Autuada, pois as diligências realizadas nos autos não resultaram em
prejuízo ao contribuinte, por conseguinte, declara-se a nulidade da decisão
nº. 18.372/2011 proferida pela Coordenadoria de Julgamento, ao tempo em

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 5


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que se determina a intimação do contribuinte para se manifestar sobre os


pedidos de diligência e informações de fls. 41/45 e 53/60 dos autos ou
efetuar a quitação do crédito tributário no prazo de 15 (quinze) dias.

Após a intimação do contribuinte, com ou sem manifestação e


caso não quitado do débito, retornem os autos à Coordenadoria de
Julgamento para decisão.
Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer
da remessa necessária, para negar-lhe provimento, decretando nula a
decisão N° 18.372/2011 da Coordenadoria de Julgamento.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 20 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE N° 217/2013 Página 6


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Sessão Ordinária nº. 036 – 2ª câmara - Realizada em 27/09/2013


Processo n.º 1500-012452/2011 CTE – 18/2012
Auto de Infração n.º 90101185
Contribuinte – Inter Maceió Distribuidora de Bebidas Ltda.
Autuante – Marcos Almeida da Silva
Relator: RODRIGO HOLANDA GUIMARAES
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 221/2013

Ementa: reexame necessário, conhecido


e improvido, ausência de prejuízo ao
erário, apreensão de mercadoria em
razão de cancelamento de CACEAL,
reativação. Liberação. Desalinhamento
entre a descrição do fato e qualquer ato
praticado pelo autuado.

RELATÓRIO

Tratam os autos os autos de Reexame Necessário, que Coordenadoria de Julgamento


julgou pela improcedência do auto de infração ao argumento de não ter restado por
caracterizada a conduta disposta, qual seja: caracterização de infração quando da indicação do
transporte de mercadoria sem documento fiscal, documentação inidônea, a nota expedida para
contribuinte com CACEAL cancelado.
A imputação do imposto fora no valor de R$ 21.073,95 (vinte e um mil, setenta e três
reais e noventa e cinco centavos), em razão da inexistência de documento fiscal hábil (art.
207, inciso IX do RICMS); e multa no valor de R$ 42.147,90 (quarenta e dois mil, cento e

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quarenta e sete reais e noventa centavos) (art. 97 da Lei 5900/96), cujo lançamento se deu
18/04/2011.
Os fatos narrados indicam a remessa de mercadoria relatadas nos termos relacionadas
as três notas fiscais acostas, quando para a autuação houve a remessa de mercadoria à
Contribuinte com o seguinte CACEAL : ‘241036992’. Estando dita inscrição cancelada,
naquela oportunidade.
Em defesa pugna o autuado a que houvesse o acatamento de “decadência/prescrição”,
e, acaso ultrapassada a preliminar, se procedesse na desconstituição do auto de infração,
quando no momento da apreensão da mercadora ao argumento de inexistência de CACEAL
válido, já pendente junto a SEFAZ o pedido de reativação da mesma; além da aplicação da
multa do art. 101 da Lei 5900/96.
Da decisão aqui submetida ao crivo desta Câmara de Contribuintes, fora ultrapassada a
preliminar nos moldes do art. 173, inciso I do CTN, mas que a autuada, apensar da inscrição
irregular (CACEAL cancelada), não intentou nenhum ato capaz de burlar o fisco, tanto que
liberada a mercadoria; acarretando na improcedência do lançamento.
Era o que se tinha a relatar.
Passando a DECIDIR.
Basta-se ver que do constante nos Auto de Infração n.º 90101185, a data de sua
lavratura fora em 18/04/2011, sobre o fato gerador ali descrito, cujo período de referência é
17/02/2006.
Daí, constata-se que não há por operacionalizado no caso concreto a existência da
decadência, conforme se tem:
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário
extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia
ter sido efetuado;
Neste caso observa-se a não extrapolação do interstício regular.
Restando mais do que afastada a decadência:
ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – RECURSO DA FAZENDA PÚBLICA
PEDINDO A REFORMA DA DECISÃO CAMERAL FACE À
INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA
PÚBLICA CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO – PROCEDÊNCIA –
DECISÃO NÃO UNÂNIME – O prazo decadencial deve ser contado de
acordo com o artigo 173, I do Código Tributário Nacional, ou seja, a partir do
primeiro dia do exercício seguinte ao que deveria ter sido efetuado o
lançamento. (CATGO – RFaz.-CONP 3 0221153 073 27 – (01404/09) – CONP
– Rel. Cons. Luis Antônio da Silva Costa – J. 19.05.2009)
No primeiro e mais importante ponto a ser apreciado, se tem a consideração sobre o
cancelamento do CACEAL do contribuinte. Das informações processuais contidas nos autos,
não se tem dúvidas para com a inexistência de inscrição estadual válida quando da apreensão
da mercadoria; e por isto a apreensão.
Mas, ao mesmo tempo indica que o pedido de reativação do CACEAL por meio do
processo n.º 1500-004567/2006, fora protocolado em 15/02/2006; dois dias antes da
apreensão.
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De fato, tal qual consta na decisão sob análise, não se tem nos autos processuais
qualquer prova, ou mesmo indício, de que tenha agido o Contribuinte no intento de ludibriar,
sonegar imposto.
Muito pelo contrário, para cada uma das notas fiscais referidas há sim o recolhimento
do tributo de ICMS, mesmo quando em se tratando de “substituição tributária”, ou seja,
confirmada a retenção do tributo logo quando da saída da mercadoria do emitente; cujo
destaque é condito em cada uma das notas.
Logo, não se tendo que falar em descumprimento de recolhimento de tributo pelo
autuado.
Outrossim, no que se refere a aplicação da multa, no que pese a emissão da nota haver
sido feita por terceiro, que não o autuado, não se pode restar dúvidas quanto a aquisição de
produto, emissão de nota fiscal para contribuinte de ICMS estabelecido e com CACEAL
cancelada, faz incorrer sim em irregularidade.
Bastando-se ver a RICMS aplicável ao caso no momento do lançamento :
Art. 207. Considerar-se-á desacompanhada de documento fiscal a operação
ou prestação acobertada por documento inidôneo, assim entendido, para
esse efeito, aquele que:
(...)
IX - de qualquer modo, ainda que formalmente regular, tiver sido emitido
ou utilizado com dolo, fraude, simulação ou erro, que possibilite, mesmo
que a terceiro, o não pagamento do imposto ou qualquer outra vantagem
indevida.
Mesmo assim, carecem de algumas correções o procedimento.
Primeiro, quando não fora o autuado o emitente da nota fiscal, mas apenas àquele
adquirente do produto (ainda que sem CACEAL válido).
E como tal, se tem :
Art. 101 - Emitir Nota Fiscal ou qualquer documento fiscal exigido pela
legislação tributária, em nome de pessoa não inscrita, quando obrigada, de
comprador fictício ou de quem não seja adquirente da mercadoria:
MULTA - equivalente a 100% (cem por cento) do valor do imposto calculado
sobre o valor das mercadorias constantes da Nota Fiscal ou do documento.
Inclusive quando da apreensão da mercadoria, através dos termos de apreensão, fora
justamente neste texto legislativo que se dera a imputação.
No que, comportaria de logo na readequação da multa acessória punitiva.
Contudo, novamente se afirme, não há nos autos qualquer prática abusiva que tenha
incorrido em prejuízo ao erário. O imposto da mercadoria fora recolhido por antecipação
(pelo menos é o que se destaca das notas); tendo sido a mercadoria liberado quando da
reativação do CACEAL, cuja solicitação fora protocolizada em momento anterior a
apreensão.
Para tanto, se tendo posicionamento de nossas Cortes:
NOTA FISCAL – DESCLASSIFICAÇÃO – DESTINATÁRIO FICTÍCIO
– A nota fiscal apresentada ao Fisco foi desclassificada por consignar
destinatário não habilitado, pois, estava com inscrição estadual cancelada.
Exigências de ICMS, multa de revalidação e Multa Isolada capitulada no inciso
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II do art. 55 da Lei nº 6763/75. Entretanto, restou comprovada nos autos a


existência de direito e de fato do destinatário constante da nota fiscal, à
época dos fatos, ensejando, assim, o cancelamento das exigências fiscais.
Lançamento improcedente. Decisão por maioria de votos. (CCMG – Imp.g.
40.010122343-89 – (18.414/09) – 2ª CJ – Rel. Antônio César Ribeiro – J.
31.07.2009)
NOTA FISCAL – DESCLASSIFICAÇÃO – DESTINATÁRIO FICTÍCIO
– A nota fiscal apresentada ao Fisco foi desclassificada por consignar
destinatário não habilitado pois estava com inscrição estadual suspensa.
Entretanto, restou comprovado nos autos a existência de direito e de fato
do destinatário constante da nota fiscal, à época dos fatos, ensejando,
assim, o cancelamento das exigências fiscais. Lançamento improcedente.
Decisão unânime. (CCMG – Imp.g. 40.010121299-33 – (18.549/07) – 1ª CJ –
Rel. Antônio César Ribeiro – J. 05.12.2007).

Desta forma, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do Reexame Necessário
para negar provimento ao mesmo, mantendo a decisão da Coordenadoria de Julgamento, em
razão da inexistência de qualquer prejuízo para o erário, mais quando não se exprime qualquer
alinhamento entre a descrição do fato lançado e qualquer ato que tenha sido praticado pelo
Contribuinte.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 27 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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Sessão Ordinária nº. 035 – 2ª câmara - Realizada em 27/09/2013


PROCESSO SF: 1500-020412/01; CTE-296/2001
ANEXOS: 1500-024844/06; 1500-020756/11
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 020753/01
RECORRENTE: M CORREIA BARBOSA
RECORRIDO: COORDENADORIA DE JULGAMENTO
AUTUANTE: JOSÉ B DA SILVA IRMÃO
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 222/2013

EMENTA: CONTRIBUINTE REGULARMENTE


INTIMADO. TERMO DE REVELIA
VÁLIDO. AUTOS DEVEM SER
ENCAMINHADOS A REPRESENTAÇÃO
FISCAL PARA REVISÃO REALIZADA NOS
TERMO DO ART. 13, INCISO I, DA
LEI Nª 6.771/2006. RECURSO
VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.

RELATÓRIO

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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Trata o presente feito de lançamento de crédito tributário a título de ICMS, no valor de


R$ 4.387,54 (quatro mil, trezentos e oitenta e sete reais e cinqüenta e quatro centavos), com um acréscimo de
multa no valor de R$ 2.632,51 (dois mil, seiscentos e trinta e dois reais e cinqüenta e hum centavos), tendo
como origem, a falta de recolhimento do imposto nos exercícios de 1998/2000, em decorrência da insuficiência
de caixa apurada por intermédio de levantamento específico.

Como instrução da autuação foram anexados aos autos, demonstrativos da Auditoria do


Movimento Financeiro, DAC, relação de pagamentos de compras a prazo e cópias, dos dados cadastrais, do
Movimento Econômico e do Livro Reg. de Apuração do ICMS (fls. 03 usque 60).

Intimada da autuação mediante Aviso de Recebimento (AR), seguido de Edital 3ª CRAF – Nº 010/2001,
publicado no Diário Oficial do ESTADO do dia 08 de maio de 2001, sem que o autuado apresentasse defesa nos
30 (trinta)dias seguidos, lavrou-se o respectivo termo de revelia (fl. 65).

Posteriormente, ou melhor, em data de 15 de agosto de 2006, fora expedida Notificação de


Débito com o seguinte teor: “..., fica V. Sa., convidado a comparecer a esta Agência de Fazenda Estadual no
prazo de 30 (trinta) dias, contados do recebimento deste, a fim de liquidar o débito em apreço ou apresentar
Defesa à Coordenadoria de julgamento, na forma da lei.

Outrossim, se expirando o prazo regulamentar sem que nenhuma das providências acima
tenha sido adotada, o débito será inscrito na Dívida Ativa do Estado de Alagoas, para que seja providenciada a
cobrança executiva judicial.”

Intimado da referida notificação de débito em 22/08/06 na pessoa de JOANA JOSE DE


MELO BARBOSA, esposa do contribuinte, a mesma, em razão do falecimento do titular da firma comercial
apresentou defesa em 22/09/06(Proc. 1500-024844/06-fls. 02/08).

O autuante quando da contestação da defesa alega que o fato está comprovado pela
insuficiência de receita, apurada através de levantamento específico da conta caixa e que a defendente não
verificou os valores mencionados no ADITAMENTO do Auto de Infração em pauta, vez que o valor original do
ICMS era R$ 4.202,50, passando, com o aditamento, para R$ 4.387,54 (quatro mil, trezentos e oitenta e sete
reais e cinqüenta e quatro centavos).

A Coordenadoria de Julgamento ao analisar o presente litígio, concluiu pela supressão legal


da jurisdição administrativa tributária em decorrência dos efeitos da revelia, sem enfrentamento do mérito da
questão, conforme ementa da decisão: “ICMS. Presunção de saídas internas, tributadas, sem pagamento do
imposto – soma das despesas superior à receita do estabelecimento, art.2º, §§ 9º e 10 da Lei nº 5.900/96. 1-
Ausência de provas; 2- Revelia; 3- Supressão legal da jurisdição administrativa tributária pelos efeitos da revelia,
art. 141, p. único da Lei nº 4.418/82, com redação dada pela Lei nº 5.983/97; 4- Revisão do lançamento pela
“Representação Fiscal”, art. 54, IX da Lei nº 6.771/2006.”

Notificada da decisão de primeira instância, a autuada, na pessoa da Sra. Joana José de


Melo Barbosa, viúva do titular da mesma, impetra, tempestivamente, recurso ordinário para este Colegiado,
aduzindo em síntese o que segue abaixo:

I - Em 22 de setembro de 2006 recebeu uma nova intimação para pagamento do débito ou


apresentar defesa e daí em ato contínuo apresentou por meio de advogado constituído, manifestação no sentido
de extinguir a notificação de débito, seja pelo falecimento do titular da firma individual,seja pela ocorrência da
prescrição qüinqüenal.

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 2


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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II – No dia 22 de junho de 2011 (véspera de feriado), o Sr. Sávio de Melo Barbosa, filho do
falecido, recebeu o Ofício Circular nº 395/2011 CJ-SEFAZ/AL., com a decisão de primeira instância que, ao
invés de extinguir o crédito tributário pela ocorrência da prescrição, reconheceu a exclusão legal da jurisdição
administrativa tributária pelos efeitos da revelia;

III – Em 29 de junho de 2011, o advogado que subscreve o presente recurso tomou ciência
nos autos da referida decisão;

IV – Com a lavratura do termo de revelia, a autoridade fiscal deveria encaminhar o débito


para inscrição na Dívida Ativa, visando o conseqüente ajuizamento da ação de execução fiscal, conforme os
termos do art. 141, § único, da Lei nº 4.418/82, com redação dada pela Lei nº 5.983/97, legislação vigente à
época. No entanto, o Fisco manteve-se inerte, deixando transcorrer o prazo de 05 (cinco) anos para cobrança do
débito, consumando-se, assim, em 09 de junho de 2006, a prescrição qüinqüenal.

A Representação Fiscal ao contestar o presente recurso insiste na manutenção do crédito


tributário, aduzindo os efeitos produzidos pela revelia do autuado.

Após a leitura do presente relatório na Sessão do dia 26 de julho do ano em curso, este
Relator constatando a omissão da notificação do advogado da recorrente para a respectiva Sessão, a Presidente
desta Câmara retirou o feito de pauta para a devida providência, no que fora adotada, mediante publicação da
pauta no Diário OFICIAL do ESTADO, edição do dia 30 de julho de 2013.

É o relatório.

VOTO RELATOR

PRELIMINAR:

DA PRESCRIÇÃO DO DÉBITO.

Antes do enfrentamento da prescrição requerida, convém atentar previamente para a


configuração ou não da revelia do recorrente na fase de defesa sob pena de cercear o direito de defesa e até
mesmo afastar o princípio da verdade material, princípio este, dentre outros, recomendado pela própria Lei do
PAT.

Conforme já consta do presente relato, a recorrente foi intimada inicialmente mediante


Aviso de Recebimento (AR), seguida de Edital 3ª CRAF – Nº 010/2001, não obedecendo assim a sequência de
procedimentos determinada pelo então vigente Art. 131, da Lei Nº. 4.418/82, sem que a mesma tenha se
manifestado e em ato contínuo lavrou-se o respectivo termo de revelia (fl. 65), cuja lavratura está atrelada ao
Aviso de Recebimento (AR), quando em data posterior ao próprio termo de revelia, publicou-se edital de
chamamento ao processo com a mesma finalidade, qual seja, apresentar defesa.

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 3


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Ora, o autuado foi tido como revel, quando na realidade o mesmo estava ainda em vias
de intimação, conforme Edital 3ª CRAF – Nº 010/2001, fl. 63 do Proc. 1500-020412/01, ou seja, apesar de
“revel” a intimação do mesmo ainda persistia por parte da Administração Fazendária com o objetivo de
apresentar defesa.

Após a publicação do edital de chamamento ao processo para se defender, mesmo na


situação suposta de revelia do autuado, segundo termo próprio, fora expedida Notificação de Débito com o
seguinte teor: “...fica V. Sª., convidado a comparecer a esta Agência de Fazenda Estadual no prazo de 30 (trinta)
dias, contados do recebimento deste, a fim de liquidar o débito em apreço ou apresentar Defesa à Coordenadoria
de Julgamento, na forma da lei.(grifei).

Outrossim, prossegue o notificante, se expirado o prazo regulamentar sem que


nenhuma das providências acima tenha sido adotada, o débito será inscrito na Dívida Ativa do Estado de
Alagoas, para que seja providenciada a cobrança executiva judicial.

E daí, diante da notificação recebida em 22/08/06 na pessoa de JOANA JOSÉ DE


MELO, esposa do contribuinte,a mesma apresentou defesa em razão do falecimento do titular da firma comercial
em 22/09/06 (Proc. 1500-024844/06 – fls. 02/08), portanto, dentro do prazo legal.

Logo, tendo sido dado oportunidade ao contribuinte para promover a sua defesa e esta
apresentada dentro do prazo legal, não há que se cogitar de contribuinte revel e por extensão de encerramento do
Processo Administrativo Tributário em decorrência do efeito da revelia.

Isto posto, conheço do recurso ordinário para negar-lhe provimento no sentido de


afastar a extinção do crédito tributário pelo efeito da prescrição ao tempo em que determino o retorno dos autos à
instância monocrática para o julgamento do mérito.

VOTO VENCEDOR

Antes de entrar no mérito da presente análise, compulsando dos autos, observa-se a regular intimação
do contribuinte que acarretou a lavratura do termo de revelia de fls. 65, portanto, em atenção ao § 2º do art. 13 1

1
Art. 13. Não sendo apresentada defesa ao Auto de Infração, no prazo legal, o sujeito passivo
será considerado revel, importando a revelia no reconhecimento da obrigação tributária e
produzindo efeito de decisão final em processo administrativo tributário.
§ 1º....
§ 2º Na hipótese de revelia, poderá o lançamento ser objeto de revisão, nos termos que
dispuser a regulamentação, observado o seguinte:
I - a revisão deverá ser feita pela representação fiscal; e
II - a retificação ou o cancelamento do lançamento deverá ser objeto de ratificação pelo
Secretário Adjunto da Receita Estadual.

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 4


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encaminhados a representação fiscal, para em não havendo


da lei nº 6.771/2006, os autos devem ser
“objeto de revisão”, os autos serem enviados para inscrição em dívida ativa, caso ainda não
decorrido prazo prescricional, desta forma, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA
DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, não conhecer do
recurso.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 27 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR( VOTO VENCEDOR)

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR(acompanhou voto vencedor) JULGADOR(acompanhouvoto vencedor)

Acórdão CTE N° 222/2013 Página 5


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Sessão Ordinária nº. 036 – 2ª câmara - Realizada em 27/09/2013


Processo n.º 1500-030108/2001 CTE 106/2012
Auto de Infração n.º 25704
Contribuinte – COMPANHIA ALAGOAS INDUSTRIAL – CINAL
Autuante – Ronaldo Guedes de Araújo
Relator: RODRIGO HOLANDA GUIMARAES
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 223/2013

EMENTA : REEXAME NECESSÁRIO.


INDUSTRIALIÇÃO DE PRODUTOS PARA
VENDA A TERCEIROS. DEFICIÊNCIA DE
PROVA E DISPOSIÇÃO NARRATIVA DO
LANÇAMENTO. INCINERAÇÃO. LISTA DE
SERVIÇO ISS. CONHECIDO E NÃO
PROVIDO.

RELATÓRIO

Cuidam os autos de Reexame Necessário, quanto a decisão da Coordenadoria de


Julgamento no sentido de desconstituir o lançamento, decretando a nulidade do auto de
infração que havia imputado imposto devido no valor de R$ 2.280.527,66 (dois milhões,
duzentos e oitenta mil, quinhentos e vinte e sete reais e sessenta e seis centavos), além da
multa no valor de R$ 1.368.316,60 (um milhão, trezentos e sessenta e oito mil, trezentos e
dezesseis reais e sessenta centavos).
Como conduta a ser punida, indicou o processo de industrialização pela Autuada de
organos clorados em ácido clorídrico (processo de industrialização), para o qual havia sido
conduzido como simples processo de incineração.
Intimado o Contribuinte, apresenta defesa arguindo em preliminar a impossibilidade
da manutenção da autuação por ausência de descrição correta dos fatos, associada a
fundamentação legal.
Acórdão CTE N° 223/2013 Página 1
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No mérito que não poderia incidir ICMS sobre a operação, quando ao mesmo o tributo
devido seria ISS, nos termos do “item 18” da lista de serviço, composto do art. 8.º da Lei
Complementar 56/87. Ou seja , a simples queima do resíduo , e daí sua transformação em
‘Ácido Clorídrico – HCL’, não geraria a incidência de ICMS. Mas que da venda deste
derradeiro produto para terceiros, aí sim competiria na existência de imposto circulação de
mercadoria – fato este que não é objeto da autuação. Conteve ainda a defesa já o pedido de
deferimento de perícia.
Relativo ao “Pedido de Diligência n.º 239/2005”, pugnou-se para que houvesse a
comprovação de que os outorgantes no instrumento de procuração, de fato, possuiriam
poderes para tal fim, o que fora confirmado através da procuração (fls. 384) e instrumento
societários chancelados na Junta Comercial (fls. 385/396).
A decisão da Coordenadoria de Julgamento se posta no sentido de que inexiste na
descrição do lançamento contido no Auto de Infração ‘o fato gerador’ a fazer valer a
incidência do imposto. Quando a descrição fática fala em industrialização, o que não é
hipótese para incidência do imposto.

Era o que se tinha a constar do relatório.

Passo a decidir.

Em linhas gerais, e pelo que dos autos constam resta em ser analisado no presente
processo, se a indicação posta pelo agente atuador para o lançamento, frente as argumentações
defendidas no feito, são capazes de impor no dever de recolhimento de ICMS.
Por primeiro, se tem da “descrição dos fatos”: “referente ao processo de
industrialização executado pela CINAL, a qual, indevidamente, chamou esta operação de
incineração e emitiu indevidamente nota fiscal de serviço. A operação de industrialização é
transformar organos clorados em ácido clorídrico (processo de industrialização por queima)
(AI fls. 02).”
Na melhor linha de raciocínio defendida pelo então agente autuador para a
convalidação de sua imputação, caberia na verificação compreensiva, e sem que pudesse
restar dúvidas, sobre as ocorrências lançadas no tocante a efetiva industrialização.
Ocorre que numa olhadela sobre os fatos, percebe-se que a ‘industrialização’ de
produtos não é fato gerador capaz de impor no recolhimento de ICMS. Desvirtua-se da
natureza deste imposto estadual.
Somando-se a isto, foram apresentadas várias notas de saída do produto submetido a
queima por incineração; e para estas se percebe, por amostragem, a incidência do ICMS.
Fato curioso e que levou este julgador a debruçar-se com mais afinco sobre o
lançamento, repousa na possibilidade da incidência de tributo estadual, quando em relação a
“industrialização” defendida.
Condição atípica, é verdade, mas que tratou o legislador de assegurar.
Isto, porque, de fato há permissão de incidência de ICMS sobre a ocorrência de
fornecimento de mercadorias (transferência de propriedade/circularização), ainda que haja a

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efetivação de serviços inerentes ao produto em si (colocado no caso dos autos como


industrialização), e desde que não consta na lista de serviços de contribuintes de ISS.

Tal qual como dispõe a CARTA MAGNA:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
(...)
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda
que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
(...)
§ 2º. O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:
(...)
IX - incidirá também:
(...)
b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com
serviços não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

Daí , necessitando se ter em mente a questão central, se aqui estar-se-ia diante de uma
questão aplicável ao caso, qual seja se a narrativa descrita no lançamento, corresponderia a
implicação delimitada na legislação: se o tal serviço de incineração/industrialização do
produto derradeiro abrangeria o ICMS.
Basta-se ver que na linha de defesa do contribuinte, e para desmistificar a pretensão
inicial, o que se tem é uma queima por combustão de um resíduo, subproduto da operação
principal da CINAL, e como tal, em razão de incineração, se tendo a aplicação da norma:

“Decreto-Lei n.º 406/68” alterado mas mantido pela “Lei Complementar


56/87”
18 - Incineração de resíduos quaisquer.

Sob tal prisma, não poderia haver a incidência de ICMS na narrativa disposta, traçando
sobre o tema a basilada doutrina:

“Quando ocorrer fornecimento de mercadoria com prestação de serviço, devem


ser observadas as seguintes regras para se saber se incidirá o ICMS ou o ISS. Primeira,
quando o serviço constar da lista do Decreto-lei n.º 406/68, somente haverá a
incidência do ISS (DL 406/08, art. 8.ª, § 1.º).”
(in Manual de Direito Financeiro & Direito Tributário, LUIZ EMYGDIO F. DA
ROSA JR, 17ª edição, página 1000/1001)

Já aqui, até então caberia em ser indicada como mensuração para o lançamento: a
venda de um produto, para o qual seria imperativa a prestação de um serviço (defendida a
incineração como industrialização).

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E, não somente por este fato específico, imperativo dever de comprovação de estar o
produto, no caso dos autos a prestação de serviço não inscrita na lista; que a atitude narrada
(industrialização) se desse de forma contínua na cadeia de produção. Este o alinhamento de
nossos Cortes:

NÃO INCIDÊNCIA – DESCARACTERIZAÇÃO – INDUSTRIALIZAÇÃO –


Constatada a saída de mercadoria resultante de industrialização sob
encomenda, sem emissão de documento fiscal e sem o recolhimento do
imposto devido sobre o valor agregado a título de industrialização, cuja
base de cálculo é a prevista no inciso VII, art. 43 do RICMS/02. Incide o
ICMS e não o ISSQN, quando a atividade se refere à transformação ou
beneficiamento de mercadoria em uma etapa da cadeia de circulação por
se tratar de operação relativa à circulação de mercadorias. Infração
caracterizada nos termos estabelecidos na alínea "a", item 2, § 1º, art. 5º, da Lei
6763/75. Corretas as exigências de ICMS, Multa de Revalidação e Multa
Isolada prevista no art. 55, II, "a", da Lei 6.763/75. OBRIGAÇÃO
ACESSÓRIA – FALTA DE INSCRIÇÃO ESTADUAL – Constatado o
exercício de atividades de industrialização em estabelecimento não inscrito
regularmente no cadastro de contribuintes deste Estado. Infração caracterizada.
Legitima a aplicação da Multa Isolada prevista no art. 54, I, da Lei nº. 6763/75.
Lançamento procedente. Decisão unânime.
(CCMG – Imp.g. 40.010122298-49 – (18.257/09) – 2ª CJ – Rel. André Barros
de Moura – J. 13.03.2009)

NÃO INCIDÊNCIA – DESCARACTERIZAÇÃO – BENEFICIAMENTO –


Incide o ICMS, e não o ISSQN, sobre a atividade de industrialização
quando esta se refere a beneficiamento de mercadoria em etapa da cadeia
de circulação, ou seja, trata-se de operação relativa à circulação de
mercadorias. Entretanto, a exigência da Multa Isolada, capitulada no inciso
VII, artigo 55, Lei nº 6.763/75, evidencia-se incorreta face à inadequação do
tipo descrito na citada norma à conduta da Impugnante. Mantidas as exigências
fiscais remanescentes. Lançamento parcialmente procedente. Decisão unânime.
(CCMG – Imp.g. 40.010118186-71 – (17.252/06) – Relª Luciana Mundim de
Mattos Paixão – J. 11.12.2006)

Neste caso, cumpriria a demonstração cabal de tratar-se a produto (subproduto), de um


fato existente na cadeia produtiva de circularização.
Mas que, para o caso concreto não houve a comprovação. Há alegação e contraponto,
mas não prova cabal capaz de indicar com certeza a pretensão disposta no auto.
Aí, firmo o entendimento de que não se prestou o processo administrativo para a
compreensão clara da pretensão imposta, e que pudesse caracterizar a ocorrência do imposto.
Tanto que a decisão da Coordenadoria de Julgamento, no pese as várias solicitações de
diligência alfim da constatação do lançamento, fora bastante clara ao repisar: “Realmente,
não se especificou o fato gerador de ICMS conferido ao contribuinte; situação reconhecida
Acórdão CTE N° 223/2013 Página 4
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na Requisição de Diligência n.º 178/2007, item VI, a” (fls. 440); fazendo decorrer na
nulidade do auto por ausência de elementos suficientes para tal fim.
Ressalto que, várias foram as determinações no intento de se esclarecer a diferença
entre a prestação do serviço (sua industrialização), e mesmo a transformação e venda para
terceiros; sem que os referidos documentos, aparentemente, tenham sido juntados:
“Solicitamos desta diretoria que seja emitida OS em nome da BRASKEM para que possamos
efetuar lavratura de autos de infração por embaraço, tendo em vista o não atendimento na
sua totalidade da intimação fiscal N.º 48274, nem foi enviadas as notas nem foi informado
por declaração quais os documentos não entregues a esta fiscalização ... (fls. 468); ponto este
que merece destaque para que as medidas cabíveis venham a ser adotadas, se ainda existente
tempo hábil.
Mas que da síntese final, da prova efetiva da prestação de serviço por meio de
contratos solicitados (fls. 379, 381), e/ou industrialização de matéria prima e venda de
produto final, bem como as notas de venda à terceiros, ou prova pericial basilada à tal fim
incineração/industrialização (mencionado e não produzida); enfim, tais ausências redundam
na deficiência do lançamento, e mesmo nas tentativas de seu aprimoramento.
Motivo pelo qual , ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, conhecer do REEXAME
NECESSÁRIO, mas para negar-lhe provimento, mantendo incólume a decisão da
Coordenadoria de Julgamento, em razão da disposição lançada nos autos para
“industrialização” de produto (transformação de matéria prima em produto final), com sua
posterior venda a terceiros, ter restado deficiente em sua conceituação e provas contundentes
de que não há prestação de serviço “incineração de resíduos” constante na lista de ISS.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 27 de


setembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

Acórdão CTE N° 223/2013 Página 5


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
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PROCESSO: 1500-015345/2005 e CTE nº 155/2012.
ANEXO(S): 1500-030947/2005 e 1500-036575/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.35440-003.
AUTUADO: LUCIALDO DA SILVA SOUZA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.85484-5
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.143/2011.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE(S): Rosangela Alcoforado Costa.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº230/2013

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Não recolhimento de ICMS por omissão
de saída de mercadorias tributáveis
nos exercícios de 2004 apurada
mediante levantamento financeiro da
conta ‘Caixa’. Crédito tributário
excluído em valor menor que 400
UPFAL. Remessa necessária não
conhecida. Validade da intimação ao
contribuinte. Levantamento financeiro
e levantamento físico de mercadoria
são auditorias fiscais diferentes.
Presunção relativa de saldo inicial e
escrituração contábil não afastada
pelo contribuinte. Recurso Ordinário
conhecido e improvido. Decisão de
piso mantida.

Acórdão CTE nº230/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
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RELATÓRIO
Fundamentado o auto de infração na acusação de falta de
recolhimento de ICMS devido à omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações internas pelo sujeito
passivo nos exercícios de 2004, apurada pela insuficiência da
conta ‘Caixa’ por meio de levantamento financeiro
considerando as suas receitas e despesas realizadas nesses
períodos.
Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, I,
§10º, art. 43 e art. 50, da Lei n. 5900/96, c/c o art. 49,
VIII do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 84
da Lei nº 5.900/96.
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as
contrarrazões pelo autuante, foi proferida a Decisão nº
18.143/2011, tendo o julgador singular decidido pela
procedência parcial do lançamento com a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A argumentação de


possuir escrita contábil não será
acolhida haja vista que não foi acostado
nenhum documento comprobatório de sua
existência e regularidade. No mínimo
deveria ter mantido a escrituração do
livro caixa com toda a movimentação
financeira, inclusive a bancária. 2.
Presunção de omissão de saídas de
mercadorias tributáveis em operações
internas sem o pagamento do imposto está
correta. 3. A circunstância material
constatada de insuficiência de caixa do
período de 2004 foi caracterizada e
demonstrada por meio do Mapa de AMF e
devidamente comprovada pela juntada dos
documentos comprobatórios, com exceção
dos valores da conta “honorários”. 4.
Correta a imputação da presunção legal
relativa, que considerou o valor de R$
0,00 (zero) ao saldo inicial de caixa em
01/01/2004, uma vez que a empresa
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iniciou suas atividades em 04/10/1994 e


não demonstrou e nem comprovou que
haveria ainda saldo do capital social em
caixa e não apresentou o livro diário e
nem fez declaração de tal ocorrência no
livro RUDFTO. 5. Aplicação da multa do
art. 79 da lei 5900/96, em razão da
revogação do art. 84, e por ser mais
benéfica ao réu porque enuncia no seu
preceito secundário uma multa
equivalente a 50% do imposto devido. 6.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 7. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual

Da parte julgada improcedente, para reexame necessário,


o julgador singular remeteu os autos a este Conselho, na
forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei 6.771/06.
Intimado da decisão supracitada, o sujeito passivo
apresentou Recurso Ordinário, pedindo a improcedência do
lançamento de ofício, nos mesmos termos da defesa apresentada
na instância de piso, alegando:
1. a tempestividade da peça recursal;
2. a nulidade do auto de infração por ter sido realizado
a notificação postal antes da pessoal (art. 896, I,
do RICMS/91);
3. a necessidade da realização de um levantamento físico
do estoque.
4. que o levantamento financeiro efetuado não possuiria
liquidez e nem certeza por não considerar o saldo
inicial da conta Caixa e as compras a prazo;
5. possuir escrita contábil e que por isso não seria
cabível sua substituição por um levantamento
financeiro.
Pede, caso seja negado provimento ao recurso, que seja
mantida a decisão a quo quanto à falta de documentos que
comprovassem os valores dos “honorários” e à aplicação da
pena menos gravosa ao contribuinte

Acórdão CTE nº230/2013 Página 3


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Após, respondendo ao recurso e pedindo pela procedência


da peça vestibular, a Representante Fiscal argumenta que a
repetição dos argumentos, que já tinham sido colocados na
primeira defesa e julgados, sem novas razões de fato ou de
direito, apenas demonstra o caráter procrastinatório do
recurso. Afirma também que as provas trazidas pela
fiscalização não foram contestadas e que as mesmas,
conjuntamente com o § 9º do art. 2º, da Lei nº 5.900/96,
confirmam a infração.
Feita diligência para verificação do saldo inicial do
exercício fiscalizado e de existência de escrituração
contábil do contribuinte, o mesmo foi intimado, mas não se
manifestou.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

VOTO
Tratando inicialmente do Reexame Necessário da Decisão
nº 18.143/2011, de Primeira Instância, conforme disposto no
art. 48, I da Lei nº 6.771/06.
Em sede preliminar, compulsando os autos, constata-se
que não é possível o reexame necessário por essa Corte
Administrativa.
Isso porque o valor originário do crédito tributário
era de R$ 53.029,14 (cinqüenta e três mil, vinte e nove reais
e catorze centavos), sendo diminuído para R$ 49.255,83
(quarenta nove mil, duzentos e cinqüenta e cinco reais e
oitenta e três centavos) pelo juízo singular.
Embora tenha constado da ementa e da parte dispositiva
do julgado o reexame necessário do lançamento de ofício, a
Fazenda Estadual, pela Decisão nº 18.143/2011, restou
sucumbente em importância pecuniária que não excedeu, na data
da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão Fiscal do

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Estado de Alagoas – UPFAL - (art. 48, I e § 2º, II, da Lei nº


6.771/2006) 1.
Quanto ao Recurso Ordinário, tempestivo, impetrado por
representante legal do contribuinte, daqui, delimito o voto à
análise apenas dos argumentos trazido pelo sujeito passivo em
sede recursal:

1. A NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR TER SIDO REALIZADO A NOTIFICAÇÃO


POSTAL ANTES DA PESSOAL (ART. 896, I, DO RICMS/91)

Como bem delimitado na decisão da Coordenadoria de


Julgamento, a intimação ao contribuinte era alternativa e não
sucessiva conforme disposto no art. 896 do Regulamento do
ICMS 2, portanto válida como ocorreu no caso concreto.

2. A NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DE UM LEVANTAMENTO FÍSICO DO ESTOQUE.


Levantamento físico de estoque 3 e levantamento
4
financeiro são auditorias fiscais diversas, tendo previsões

1
Lei 6.771/06:
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário: (NR)
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância; (NR)
...
§ 2° O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica: (AC)
...
II - quando a importância pecuniária excluída não exceder, na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a regulamentação aumentar este valor limite.
2
Art. 896 A intimação do sujeito passivo será feita de forma alternativa:
I - pessoalmente, efetivada pelo autuante ou outro servidor a quem for conferida a atribuição, sendo
comprovada pela assinatura do sujeito passivo ou seu representante legal, ou, quando houver recusa do
intimado em assinar, com a declaração expressa de quem o intimar.
II - por via postal, comprovando-se pelo Aviso de Recepção (AR), assinado pelo interessado ou por quem o
fizer em seu nome.

3
Regulamento do ICMS:
Art. 891 …
§ 1º Além das informações e documentos previstos nos incisos do "caput" deste artigo, deverá o processo
administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração ser instruído com:
I - no caso de levantamento específico de estoque:
a)mapa de controle físico de mercadorias;
b)folhas do Livro de Registro de Inventário referentes ao exercício anterior e ao fiscalizado;
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legais distintas, a primeira considera estoques iniciais e


finais e entradas e saídas físicas de mercadorias, já a
segunda considera o confronto de receitas e despesas
financeiras do contribuinte. Portanto desnecessário e
inconveniente qualquer levantamento físico de mercadoria no
caso aqui julgado, pois o mesmo está instruído com as provas
de receitas e despesas consideradas na autuação.

3. FALTA DE LIQUIDEZ E CERTEZA POR NÃO CONSIDERAR O SALDO INICIAL DA


CONTA CAIXA E AS COMPRAS A PRAZO, ALÉM DO CONTRIBUINTE POSSUIR ESCRITA
CONTÁBIL.

Apesar das alegações nesse sentido por parte do


contribuinte o mesmo não carreou provas do afirmado,
inclusive este relator fez diligência para o sujeito passivo,
que se diga, encontra-se ativo na inscrição estadual desta
Secretaria – CACEAL, e ele não respondeu, consectário, nāo
trazendo elemento probatório de que possuía saldo inicial na
conta Caixa no exercício fiscalizado ou que possuía
escrituração contábil.
Caberia ao autuado, neste caso, trazer o fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito, conforme
determina o Código de Processo Civil, aplicado
subsidiariamente. Portanto, mantém-se assim a presunção
relativa do § 11, do art. 2º, da Lei 5.900/96 5.

c)relação das notas fiscais de entrada e saída;


d)relato das ocorrências.
4

Lei 5.900/96:
Art. 2º …
§ 10 - A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
5
Art. 2…
§ 11 - Presume-se zero a disponibilidade de numerário em espécie ou depositado em conta bancária,
relativamente ao saldo vindo do exercício anterior, de contribuinte que não possui escrituração de livros
contábeis para apuração do lucro real, quando não declarado no Livro Registro de Utilização de Documentos
Fiscais e Termos de Ocorrências, até o 5º (quinto) dia seguinte a data de encerramento do exercício
financeiro, devidamente assinada a declaração pelo sócio-gerente ou seu representante legal.
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Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, votar
no sentido de nāo conhecer da presente remessa necessária.
Quanto ao Recurso Ordinário, votar no sentido de conhece-lo
para NEGAR-LHE PROVIMENTO, mantendo na íntegra a decisão
singular ora em reexame.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 11 de outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARAES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 39 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 25/10/2013


PROCESSO: 1500-013611/03; CTE-330/11
ANEXOS: 1500-016872/03; 1500-033779/10; 1500-005059/11
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 031960/03
RECORRENTE: SALGADINHO AUTO POSTO LTDA.
AUTUANTE: LUIZ ALBERTO O LEAL – MAT. 51.576-0
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 242/2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO DOS


FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA QUANTO A SUA
TIPICIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA AMPLA
DEFESA. REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA.
DECISÃO SINGULAR NULA.

RELATÓRIO

A presente autuação versa sobre a falta de


registro no respectivo Livro Reg. de Entradas de Mercadorias
de notas fiscais de aquisições de mercadorias, bem ou
serviços tributáveis, infringindo assim os arts. 2º, § 2º;
6º, inc.XII, alínea “b” da Lei nº 5.900/96 e daí resultando
na falta de recolhimento do ICMS no montante de R$ 952,18
(Novecentos e Cinquenta e Dois Reais e Dezoito Centavos), com
um acréscimo de multa no valor de R$ 1.904,36 (Hum Mil
Novecentos e Quatro Reais e Trinta e Seis Centavos).

Como instrução da autuação foram anexados,


demonstrativo do débito, relatório de dados cadastrais do
contribuinte e cópias, do cartão de autógrafos, dos termos de
início e encerramento de fiscalização, do livro reg. de
entradas e das notas fiscais de aquisições de mercadorias.

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Como dispositivos transgredidos foram apontados


dentre outros, os arts. 2º, § 2º; 6º, inc. XII, “b”; 34; 39,
§ 2º; 50, II; 53; 55; 107, todos da Lei nº. 5.900/96 e o art.
49, II, III, “a-1”, do RICMS, aprovado pelo Dec. nº
35.245/91.

Intimada da autuação, a empresa apresentou defesa


aduzindo em síntese que o valor do imposto no montante de R$
952,18 (Novecentos e Cinquenta e Dois Reais e Dezoito
Centavos), consignado no auto de infração reporta-se a todos
os produtos adquiridos, dentre estes, aqueles sujeitos ao
regime de substituição tributária, segundo os quais são pagos
pelo fabricante.

Assim sendo, prossegue a defendente, se a base de


cálculo da multa é o próprio imposto, e se há apenas três
produtos (adquirido de J.A. dos Santos Filho)que justificam a
cobrança de ICMS, o valor do imposto “não é, nem será,
jamais” R$ 952,18 (Novecentos e Cinquenta e Dois Reais e
Dezoito Centavos), assim como o da multa não poderá ser, por
via lógica de conseqüência, R$ 1.904,36 (Hum Mil, Novecentos
e Quatro Reais e Trinta e Seis Centavos).

Por ocasião da contestação da defesa, o autuante


promove um relançamento do crédito tributário, aditando
valores tanto no concernente ao ICMS, quanto no tocante a
multa, nos montantes de R$ 57,35 (cinqüenta e sete reais e
trinta e cinco centavos) e, R$ 1.296,04 (hum mil, duzentos e
noventa e seis reais e quatro centavos), respectivamente,
atentando assim para o questionamento feito pela empresa
acerca da exigência da multa, cuja base de cálculo reporta-se
ao recolhimento do ICMS pela sistemática da substituição
tributária.

Aportando os autos na Coordenadoria de


Julgamento, esta requisitou diligência para que a empresa
fosse intimada do aditamento, no que fora atendida, tendo a
própria autuada insistido em aduzir que os cálculos foram

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realizados erroneamente ao utilizar produtos que estão


sujeitos à substituição tributária e também, sem se levar em
conta que apenas três produtos poderiam sofrer tributação.

Ao concluir o instrumento da sua defesa por


ocasião do aditamento, a defendente requer preliminarmente, a
prescrição do crédito tributário, assim como a declaração da
nulidade do procedimento fiscal, caso superada a prescrição.

Após a manifestação da autuada(apresentação da


defesa) sobre o aditamento do crédito tributário lançado, a
instância de piso proferiu julgamento sem a devida
contestação por parte da Representação Fiscal nos termos do
art. 24 combinado com a redação do art. 54, inc. III, todos
da Lei nº. 6.771/06.

Notificada da decisão de Primeira Instância, a


empresa impetra recurso para este Colegiado, reiterando em
síntese os questionamentos quando da sua defesa na instância
de piso, requerendo a prescrição do crédito tributário, assim
como a nulidade do procedimento fiscal.

Quando da contestação do presente recurso, a


eminente Representante Fiscal persiste na manutenção da
decisão recorrida, aduzindo em síntese que, com relação à
prescrição do crédito tributário não há como reconhecer
sequer o início da contagem do respectivo prazo, visto que o
dia de início deste é da data em que não couber mais recurso.

Eis o relatório.

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VOTO.

PRELIMINARES:

DA PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.

De conformidade com o Art. 174 do CTN, o prazo


prescricional para se intentar a ação de cobrança do crédito
tributário só começa a fluir da data da sua constituição
definitiva.

No caso dos autos o lançamento do crédito deu-se


em 25 de abril de 2003 e de lá para cá o respectivo crédito
está sendo objeto de discussão no tocante a sua legitimidade,
não estando assim definitivamente constituído e assim sendo,
não há que se cogitar de extinção do mesmo pelo efeito da
prescrição.

Portanto, rejeito a prescrição.

DA NULIDADE DO PROCEDIMENTO FISCAL.

Pelo teor dos autos não se vislumbra nenhum vício


que venha culminar com a nulidade da autuação, pelo menos à
luz do art. 7º, inc. IV, alíneas “a” e “b”, assim como diante
do § 1º, da Lei nº. 6.771/06.

Contudo, diante dos termos da decisão recorrida


em confronto com a ausência da contestação da defesa por
parte da Representação Fiscal, quando da manifestação da
recorrente por ocasião do aditamento da autuação, conforme

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mandamento previsto no Art. 24, combinado com a redação do


Art.54,III,da Lei nº 6.771/06, assim como o silêncio do
julgador monocrático no tocante ao pedido da defendente, ora
recorrente, acerca da nulidade da autuação, cerceou o direito
de defesa da empresa recorrente e assim sendo, diante de tais
fatos não vislumbro outra conclusão, senão declarar nula a
decisão recorrida.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para dar-lhe provimento no sentido de
declarar nula a decisão de Primeira Instância, ao tempo em
que tornamos os autos à Coordenadoria de Julgamento para uma
nova decisão com as cautelas necessárias.

Intime-se a recorrente.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 25 de


outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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PROCESSO SF: 1500-006486/97; CTE-263/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 15.565/97
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
AUTUADA: A FERRAGEIRA NORDESTINA LTDA
AUTUANTE: Mª CRISTINA V. G. DE AQUINO-MAT. 29.729 e OUTRA
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 243/2013

EMENTA: ICMS- PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO


DIANTE DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO À LUZ DO ART. 141, DA LEI Nº
4.418/82, COM AS ALTERAÇÕES POSTERIORES
IMPLEMENTADAS PELA LEI Nº 5.983/97,
TRANSCORRIDOS MAIS DE 05 (CINCO) ANOS SEM
QUE A FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL TENHA
ENCAMINHADO O REFERIDO CRÉDITO PARA A
INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA, SEGUIDA DA
COMPETENTE AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL. O
PRETENDIDO CRÉDITO EXTINGUE-SE PELO
EFEITO DA PRESCRIÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E PROVIDO.

RELATÓRIO

Trata o presente feito de lançamento de crédito


tributário a título de ICMS, no valor de R$ 5.385,13(cinco
mil, trezentos e oitenta e cinco reais e treze centavos),com
um acréscimo de multa no valor de R$ 4.870,61 ( quatro mil,
oitocentos e setenta reais e sessenta e hum centavos), tendo
como origem, a falta de registro no competente livro, de
notas fiscais de saídas, bem como a falta de recolhimento de
ICMS no tocante aos termos do Dec. Nº36.525/95, acerca do
regime de substituição tributária nas operações com tintas e
vernizes, a falta de recolhimento de ICMS proveniente, de
saídas de mercadorias sem a emissão de documentação fiscal e

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ainda, aquisição de mercadorias desacompanhadas de nota


fiscal, infrações estas detectadas por intermédio de
levantamento físico do estoque, no período de 01.01.91 a
27.02.97
Como instrução da autuação foram anexados aos
autos, demonstrativo, cópia do cartão de autógrafo, dados
cadastrais, extrato de arrecadação do contribuinte, cópia do
livro reg. De entradas contendo termo de início e de
encerramento de fiscalização, cópias de notas fiscais, 4ª via
da nota fiscal de nº 000203, série C-1, cópia do livro reg.
De saídas, cópias do demonstrativo do levantamento específico
de mercadorias, cópias da intimação fiscal para contagem da
relação(das mercadorias relativas ao exercício em aberto,
controle quantitativo de mercadorias CQM, cópia do DAR
correspondente a 6ª parcela do ICMS-Substituição, com menção
ao Dec. Nº 36.525/95 e cópias do livro reg. De inventário
(fls. 03 usque 187)).

Devidamente intimada da autuação, em 09 de abril


de 1997,a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo assim
em revelia, conforme termo de fl.188.

Informa a DIRAC à fl. 208 que, não foram


efetuados recolhimento no tocante ao auto de infração em
referência.

A
Coordenadoria de Julgamento ao analisar o
lançamento, decidiu pela procedência parcial do mesmo,
afastando assim do total, o ICMS relativo à nota fiscal de nº
038265 face a não juntada da mesma aos autos; o valor de R$
965,35 ( novecentos e sessenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos), correspondente a uma parcela recolhida do imposto
de que trata o art. 17, inc. III do Dec. Nº 36.525/95; os
valores de R$ 68,00 e R$ 120,00 para os produtos “ caixa
d’água” e “pia inox”, substituindo pelos valores de R$ 34,00
e R$ 40,00, respectivamente, a entrada de 01 (uma) unidade do
produto “caixa d”água”, no mês de maio/95, tida como entrada
sem nota fiscal, além de ter reduzido valores inerentes a

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alguns itens relativos às compras de mercadorias sem


documentação fiscal.

Notificadas da decisão a quo, tanto a autuada,


quanto a Fazenda Públicas Estadual, ambas não se manifestaram
sobre a mesma (fls. 223/4 e 233).

É o relatório.

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VOTO

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a empresa


autuada apesar de ter sido intimada da autuação, em 09 de
abril de 1997, a mesma não impugnou a autuação, incorrendo
assim em revelia, conforme o respectivo termo (fl.188).

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º , 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141.

§ 1º- Quando se tratar de infrator


revel, e a infração se referir à
falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestados as
informações sobre os antecedentes
fiscais existentes, considerar-se á
concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a inscrição
do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º- A revelia do autuado, na


hipótese prevista no parágrafo
anterior, importa o reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito
de decisão final do processo
administrativo.

§ 3º- Nos demais casos, lavrado o


Termo de Revelia, o processo seguirá
os tramites regulamentares, facultada
ao revel a intervenção em qualquer

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oportunidade, antes de tramitada em


julgado a decisão terminativa”.

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de


1997, esta alterou a redação do art. 141, da Lei nº 4.418, de
28 de dezembro de 1982, então vigente, nos seguintes termos:

Art. 141. Findo o prazo de intimação,


sem pagamento do débito ou
apresentação de defesa ou recurso,
será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento
do débito para inscrição em Dívida
Ativa.“

Parágrafo único - “A revelia do


autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributário e produz efeito
de decisão final no processo
administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o código
tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, ao
disciplinar o processo administrativo fiscal, no seu capítulo
III, do art. 118 ao art. 167, o referido diploma legal
tratou, também, de direito processual.

Assim sendo, passo a discorrer a aplicação da


norma processual no tempo.

A doutrina aponta três sistemas que procuram


resolver quanto à eficácia das leis processuais no tempo:

a) O primeiro sistema, chamado da unidade


processual, o processo consiste, em um complexo de atos
inseparáveis uns dos outros, porque todos se subordinam ao

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fim a que visa, qual seja, a decisão. De forma que o processo


seria um corpo uno, e, assim considerados teria que ser
regulado por uma única lei. Nessas condições, uma vez em
curso, e sobrevindo uma lei nova, disciplinar-se ia
inteiramente por esta ou pela lei anterior. Por conseqüência,
a ser regido inteiramente pela lei nova, tornando ineficazes
os atos já realizados, poder-se ia dizer que a lei processual
tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas, a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplina a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Assim, somente as fases seguintes obedeceriam a lei nova.

c) O terceiro e o último sistema é o do


isolamento dos atos processuais, segundo o qual, sem
desconhecer que o processo é uma unidade em vista do fim a
que se propõe, observa que cada um dos atos processuais pode
ser considerado isoladamente, para os efeitos de aplicação da
lei nova. Ou melhor, esta encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já
realizados e passa a disciplinar o feito a partir de sua
vigência.

Dentre os referidos sistemas, o código de


processo civil adotou o sistema do isolamento dos atos
processuais, conforme expressamente dispôs no art. 1211, que
reza: ”....Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-
ão, desde logo, aos processos pendentes.

Portanto, à luz da nova redação do art. 141, da


Lei nº4418/82, então vigente, dada pela Lei nº 5.983/97, bem
como atentando para o princípio da subsidiariedade da lei
adjetiva civil ao processo administrativo tributário, a
administração fazendária deveria ter procedido ao devido
encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o respectivo

ACÓRDÃO CTE Nº 243/2013 Página 6


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débito na Dívida Ativa, seguida da competente ação de


execução fiscal a cargo da Procuradoria da Fazenda Estadual.
No entanto, transcorreram mais de cinco anos, contados a
partir da constituição do crédito tributário, termo inicial
do prazo prescricional, sem que tal providência fosse
adotada.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer da remessa necessária, para dar-lhe provimento,
concluindo preliminarmente pela extinção do crédito
tributário mediante o efeito da prescrição.

Intime-se a autuada e em seguida à DIRAC, para os


procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL, 25 de


outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO P. DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 243/2013 Página 7


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 39 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 25/10/2013


PROCESSO Nº: 1500-010569
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 49509
RECORRIDO: JARAGUÁ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
AUTUANTE: MARIA CELIA DE SOUZA GOMES
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 244/2013

EMENTA: Preliminar - Necessária observação


do devido processo legal - duplo grau de
jurisdição obrigatório. Decisão do Pleno
determinando a apreciação do mérito por
Câmara do Conselho Tributário. Observado
que a coordenadoria de julgamento não
apreciou o mérito da questão, e
imprescindível o retorno dos autos a
Coordenadoria de Julgamento para apreciação
do mérito da questão.

RELATÓRIO

Trata-se de retorno dos Autos para apreciação do


mérito, destinada à 2ª Câmara da CTE, derivado do Acórdão nº
403/2012, emitido pelo Pleno do Conselho Tributário Estadual,
em sede de Novo Reexame Necessário, que por maioria dos votos
optou por preterir a preliminar de incidência do instituto da
remição do crédito tributário, do caso em liça, sustentada
pela 2ª Câmara no Acórdão 414/2011.

Em síntese, os membros do Pleno do CTE por maioria


dos votos, acompanharam o posicionamento escudado pela
Relatora, entendendo, portanto, que os créditos tributários
não estariam remidos, em face dos dispositivos normativos

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 1


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extraídos do artigo. 11, inciso IV, e alíneas e do artigo 12,


inciso I, da Lei 6765 de 1º de Novembro de 2006.

Nesse passo, através do Acórdão P-403/2012, os


membros do Pleno consolidaram o seguinte entendimento:

EMENTA: ICMS - CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO


ALCANÇADO PELA REMISSÃO. VALOR SUPERIOR A 20
(VINTE) UPFAL’S. RETORNO DOS AUTOS À CÂMARA
DO CTE PARA APRECIAÇÃO DO MÉRITO.

É o Relatório.

VOTO

1. Preliminar - Necessária observação do devido


processo legal - duplo grau de jurisdição

Como alhures ficou demonstrado, que o Pleno do CTE,


através do Acórdão P-403/2012, ao reformar o Acórdão 414/2011
proferido pela 2ª Câmara de Julgamento, remeteu-lhe os autos,
designando que esta apreciasse o mérito da causa.

Acontece que tal comando normativo, insulta o basilar


princípio da Segurança Jurídica, por mitigar o mandamento
constitucional do devido processo legal, em razão da flagrante

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 2


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ruptura do duplo grau de jurisdição, já que especificamente


nos caso a Coordenadoria de Julgamento optou pelo pela
remissão, ou seja, também não apreciou o mérito da questão.

Mais especificamente, o comando normativo, posto em


efeito pelo Acórdão P-403/2012, carece de fundamento de
validade, vez que, ao suprimir uma instância de julgamento,
foi direcionado a órgão, prefacialmente, incompetente para a
realização do feito. Noutro giro, para reputar-se válido, tal
comando normativo deveria ter como destinatário a
Coordenadoria de Julgamento, e não a 2ª Câmara de Julgamento.

Nesse sentido esta o posicionamento do CARF:

Processo Administrativo Fiscal Período de


apuração: 01/04/1991 a 31/12/1999 DECADÊNCIA.
RESTITUIÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PAGOS
INDEVIDAMENTE. TESE DOS CINCO ANOS MAIS
CINCO. LEI COMPLEMENTAR 118/05.COFINS. Em que
pese a Lei Complementar 118/05 ter alterado o
prazo decadencial para que o contribuinte
pleiteie a restituição dos tributos, o STF no
RE 566621, entendeu por bem em considerar
válida a aplicação do novo prazo decadencial
tão-somente às ações ajuizadas a partir de 9
de junho de 2005. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. NECESSIDADE DE NOVA
DECISÃO. É direito do administrado submeter o
exame da matéria litigiosa nas duas
instâncias administrativas. Portanto, quando
superados pelo órgão julgador ad quem os
pressupostos que fundamentavam o julgamento
proferido pela instância a quo, deve o
processo ser devolvido à unidade de origem
para a apreciação das demais questões mérito.
Recurso Voluntário Provido em Parte

(Recurso Voluntário. Acórdão: 3801-001.017,


Rel: Maria Ines Caldeira Pereira da Silva
Murgel - CARF)(grifos nossos)

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 3


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Nessa sintonia, em respeito aos princípios e


garantias constitucionais da segurança jurídica, devido
processo legal e duplo grau de jurisdição e com o escopo de
evitar vícios processuais insanáveis, requisita-se a adequação
do comando normativo, proveniente do Acórdão P-403/2012, por
este ter sido direcionado a órgão originariamente
incompetente.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
entender pela devolução dos autos a Coordenaria de Julgamento
para apreciação do mérito do caso em liça.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 25/10/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 244/2013 Página 4


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 31/10/2013


PROCESSO Nº: 1500-018705
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.35162-001
AUTUADA: COMERCIAL BANDEIRANTE LTDA
AUTUANTE: LUIZ ALBERTO OLIVEIRA LEAL
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24072368
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.590/2012
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 247/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. 1) COMPROVADA A


DUPLICIDADE DE COBRANÇA TRIBUTO ATINENTE AO
EXERCÍCIO FISCAL DE 2003 EM DISTINTOS AUTOS DE
INFRAÇÕES ESSA DEVE SER EXCLUIDA DO LANÇAMENTO.
2) APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE
BENIGNA. REDUÇÃO DA PENALIDADE POR REVOGAÇÃO DO
ARTIGO 83 DA LEI 5.900/96. RECLASSIFICAÇÃO PARA
O DO ARTIGO 79 DA LEI 5.900/96. PENALIDADE MAIS
BENÉFICA AO CONTRIBUINTE. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 18.590/10, esta, por sua vez, julgou
procedente em parte o lançamento do crédito tributário presente no
Auto de Infração n° 99.35162-001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte deixou de


recolher ICMS em decorrência da omissão de saída de mercadorias
tributáveis representada por diferença a maior no saldo da conta
fornecedores declarado pelo contribuinte.

Desta feita, teriam sido violados os artigos: 2º, I, §9º


e 50, I da Lei nº 5.900/96 c/c os artigos: 49, incisos II, VII e
VIII do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91, aplicando-se, por
conseguinte, a penalidade do artigo 84 da Lei nº 5.900/96. Assim

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 1


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fora fixado crédito tributário no valor de R$: 81.248,40 (oitenta e


um mil, duzentos e quarenta e oito reais e quarenta centavos)

Em sede de defesa, o sujeito passivo argui:

a) que o agente fiscal autuante supostamente apontou a existência de


passivo ficto e que a falta de pagamento de duplicatas nem sempre
caracteriza tal situação, estando a autuada em débito com seu
fornecedor; b) não terem sido obedecidos os princípios da igualdade
e do contraditório, uma vez que não fora apresentado pelo autuante
nenhum documento que comprovasse a origem do Auto de Infração; c)
Ter ocorrido bitributação em face da existência da lavratura do Auto
de Infração nº 043524 de 30/04/2004, tendo como enquadramento legal
o mesmo fato apurado; d)Finalizou aduzindo esperar que o auto de
infração seja julgado improcedente.

Já nas contrarrazões, a Autoridade Autuante aduz:

a) que a peça defensória em momento algum apresentou documentos que


comprovassem as alegações ali contidas, nem foi mencionado qualquer
dispositivo legal infringido; b) não pairar nenhuma dúvida quanto a
materialização da infração, ficando comprovada a infração pelo saldo
a maior da conta fornecedores, lastrados pelos documentos fiscais
apresentados pelo próprio contribuinte; c) não ter coerência as
alegações da defesa que declarou não ter duplicatas em 2005 e o não
pagamento de duplicatas, não podendo-se acreditar em compras
efetuadas e não pagas a mais de 06 (seis) meses, restando claro,
portanto, a intenção de confundir os julgadores; d)que a autoridade
autuante respeitou o princípio do contraditório; e) reconhecer a
existência de fiscalização referente ao exercício de 2003, consoante
fora alegado pela impugnante, e em reação ao exposto, solicita a
procedência parcial do Auto de Infração, com o intuito de aproveitar
o lançamento referente ao exercício de 2004.

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 2


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A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou


que:

a) a ausência de afronta aos princípios da ampla defesa e do


contraditório, por ter a defesa revelado pleno conhecimento da
autuação, não se consubstanciando, portanto, qualquer prejuízo apto
a provocar a nulidade do lançamento efetuado; b) a peça defensória
não se encontra carreada por documentos que comprovem as alegações
ali contidas, que a falta de duplicatas nem sempre ensejaria a
situação objeto da autuação e que estaria o autuado em débito com o
fornecedor; c) a assertiva da defesa sobre a ocorrência de
“bitributação” em face da lavratura do Auto de Infração nº 043524 de
30/04/2004, recepcionou a manifestação do autuante nas suas
contrarrazões, mantendo a autuação referente ao exercício de 2004;
d) a penalidade aplicável, deveria der reclassificada do artigo 84
da Lei nº 5.900/96, revogado pela Lei nº 7.079/09, para a do artigo
79 da Lei nº 5.900/96, em atenção ao princípio da retroatividade
benigna.

Ante o exposto, julgou o lançamento constante do Auto nº


99.35162-001 parcialmente procedente, constituindo o crédito
tributário no valor total de R$: 43.144,27 (quarenta e três mil,
cento e quarenta e quatro reais e vinte e sete centavos.

Ademais, regularmente intimado da decisão singular, o


autuado optou por não apresentar recurso.

É o relatório.

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 3


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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto acerca das questões atinentes ao reexame necessário,
observando que decorreu prazo sem interposição de recurso ordinário.

a)O primeiro ponto posto em análise, diz respeito ao


pleito de ambos os pólos da relação, qual sejam Autuado e Autuante,
em sede de defesa e contrarrazões respectivamente, para que seja
suprimido do Auto n° 99.35162-001, o lançamento fiscal referente ao
exercício de 2003.

Aqui, a prova documental acostada aos autos pela Autuante


em sede de contrarrazões (fl.12), é hialina, no sentido de comprovar
que o Auto de Infração nº 43524 lavrado em 30/04/2004, versou sobre
o exercício fiscal do ano 2003.

Neste passo, tendo o supracitado o Auto n° 99.35162-001,


objeto desse processo, versado sobre o mesmo exercício fiscal, no
caso o do ano de 2003, quando ao presente, apenas deverá produzir
efeitos jurídicos relativo a competência 2004, sob pena de violar as
normas tributárias, que vedam a repetição de cobrança do mesmo
tributo, reflexo de um fato gerador.

Ademais, como o auto nº 43524 foi lavrado em momento


anterior ao auto n° 99.35162-001, adquire este, em razão do critério
temporal, preferência em relação ao Auto subsequente.

Destarte, a posicionamento seguido pela Corregedoria de


Julgamento, a respeito deste tópico, encontra-se em sintonia com
nosso ordenamento jurídico, e, portanto, deve ser mantido.

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 4


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b) o segundo ponto posto em análise, diz respeito à


aplicação do princípio da retroatividade benigna, por parte da
Corregedoria de Julgamento, que ao constatar a revogação do artigo
84 da Lei 5.900/96 vigente a época da autuação, pela Lei nº
7.079/09, reclassificou a penalidade atribuível ao Autuado, para a
do artigo 79 da Lei nº 5.900 atualmente vigente, de forma expressa
nos termos do art. 4 da lei nº 7.079/09.

Destaca-se que a Corregedoria de Julgamento, ao


reclassificar tal penalidade, agiu em plena observância aos ditames
legais, aplicando corretamente o supracitado princípio.

Desta feita, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, entender que o
posicionamento perfilhado pela Corregedoria de Julgamento, em ambos
os pontos analisados, não carecem de retoques.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 31/10/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 247/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 40 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 31/10/2013


PROCESSO: 1500- 000403-08 (02 volumes) e CTE 121/2012.
ANEXOS: 1500-009934/2008 e 1500-034788/2010 e 1500-042953/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.72217-002.
AUTUADA: CHEVRON BRASIL LTDA.
ATUAL RAZÃO SOCIAL: IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.001550-9.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 18.392/2011.
ASSUNTO: RECURSO ORDINÁRIO.
AUTUANTE(S): SIMONE DE LIMA VASCONCELOS SIMONE DE LIMA VASCONCELOS.
RELATOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 248/2013

EMENTA- ICMS. Falta de recolhimento do


imposto das aquisições de álcool etílico
hidratado realizadas em outra unidade da
Federação, em relação às operações internas
subsequentes, não retido pelo remetente.
Responsabilidade solidária do adquirente
quanto ao ICMS Substituição Tributária não
recolhido. Incidência do ICMS entre
estabelecimentos do mesmo contribuinte.
Recurso ordinário conhecido e não provido.
Decisão a quo mantida na íntegra.

RELATÓRIO

Trata o Auto de Infração, lavrado contra a empresa CHEVRON BRASIL LTDA, atualmente
denominada de IPIRANGA PRODUTOS DE PETRÓLEO S.A., já devidamente qualificada
nos autos, do lançamento de crédito tributário, composto de imposto e multa, originariamente
no valor de R$ 15.888,28 (quinze mil, oitocentos e oitenta e oito reais e vinte e oito centavos),
pelo fato de, em tese, o sujeito passivo não ter recolhido o ICMS Substituição Tributária, na

ACÓRDÃO CTE Nº 248/2013 Página 1


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qualidade de substituído, de álcool etílico hidratado vindo de outro estado sem a devida
retenção na operação anterior pelo remetente.
Como substrato legal, foram considerados o art. 23, I, e parágrafo único do art. 26 da Lei n.º
5.900/96, o Protocolo ICMS 17/04, o Decreto n.º 1.897/04 e a Instrução Normativa SARE n.º
018/04, e proposta a aplicação da penalidade prevista no art. 90-A da referida Lei.
Como conjunto probatório, destacam-se as cópias das Notas Fiscais n.º 151572 e 151573, o
extrato de arrecadação do contribuinte e cópias do Livro Registro de Entradas n.º 26.
Apresentada a defesa pelo contribuinte e as contrarrazões pela autuante, foi proferida a
Decisão nº 18.392/2011, tendo o julgador singular decidido pela procedência do lançamento
com a seguinte ementa:
EMENTA: ICMS – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA – Lançamento de ofício de crédito
tributário. Falta de recolhimento do imposto das aquisições de álcool etílico hidratado
realizadas em outra unidade da Federação, em relação às operações internas subsequentes,
não retido pelo remetente. Responsabilidade solidária do adquirente. Razões de defesa
incapazes de elidir o feito fiscal. Ilícito fiscal documentalmente comprovado.
LANÇAMENTO PROCEDENTE.
Intimado da decisão supracitada, o sujeito passivo apresentou Recurso Ordinário, pedindo a
improcedência do lançamento de ofício, alegando que:
1. a peça recursal é tempestiva;
2. que a operação interestadual é de transferência entre estabelecimentos do
mesmo contribuinte, e o que é localizado aqui em Alagoas seria o substituto
tributário, responsável pelo recolhimento do ICMS Substituição Tributária
quando da revenda da mercadoria e não o que estaria localizado em
Pernambuco;
3. o Protocolo ICMS 17/04 determina o recolhimento antecipado do ICMS na
operação própria do remetente e não o ICMS da Substituição Tributária;
4. mesmo que admitindo a cobrança do tributo aqui lançado, o estado competente
para sua cobrança seria Pernambuco e não Alagoas;

ACÓRDÃO CTE Nº 248/2013 Página 2


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5. as operações realizadas são transferências da filial localizada em outra unidade


da Federação para a filial situada no Estado de Alagoas, sobre as quais não há
incidência do ICMS conforme Súmula do STJ nº 166;
6. a multa aplicada seria confiscatória e portanto inconstitucional.
Respondendo ao recurso e pedindo pela procedência da peça vestibular, o Representante
Fiscal argumenta que as notas fiscais n.º 151572 e 151573 são provas inequívocas da infração
imputada. E que a intenção da contribuinte ao exercitar seu direito de defesa é apenas
procrastinatória, tendo o auto de infração em epígrafe todos os elementos constitutivos do
crédito tributário.
Após, foi feita diligência para confirmação da legitimidade da representante legal do
contribuinte para impetrar a peça recursal, no qual foi atendida com a juntada dos documentos
solicitados.
É o relatório.

VOTO

Trata-se de Recurso Ordinário, impetrado por representante legal do contribuinte, da Decisão


nº 18.471/2012, de Primeira Instância, conforme previsto no art. 45, I, § 1º e art. 46, ambos da
Lei nº 6.771/06.
Quanto à tempestividade para a impetração da peça recursal, verifico nos autos que o
contribuinte foi intimado apenas por edital, indo de encontro aos incisos do art. 11, porém,
resta concluir que o comparecimento do administrado supriu a falta da regular intimação do
auto de infração protocolizado, nos termos da Lei nº 6.771/06, art. 11, § 3º 1.

1
Art. 11...
§ 3º É, também, modo válido de intimação a tomada de conhecimento, nos autos de processo ou em outro documento
oficial, da exigência de crédito tributário ou da imposição de qualquer dever jurídico, inclusive quanto à ciência de
decisões de litígios em qualquer instância administrativa.

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Tem-se que o caso aqui julgado refere-se à exigência de crédito tributário composto por
ICMS e multa, pelo fato, de em tese, o sujeito passivo não ter recolhido o ICMS Substituição
Tributária, na qualidade de substituído, de álcool etílico hidratado vindo de outro estado sem a
devida retenção na operação anterior pelo remetente.
Conforme o brocardo “tantum devolutum quantum appellatum”, daqui delimito o voto à
análise exclusiva da matéria especificamente impugnada na peça recursal em relação aos
fundamentos da decisão monocrática (art. 46, § 1º, da Lei nº 6.771/06 e art. 514, II, do Código
de Processo Civil - CPC ). Impende destacar a importância de demarcar o objeto do recurso,
evitando, desse modo, que questões já decididas e preclusas venham novamente à discussão
administrativa.
No tocante a incidência ou não do ICMS nas operações entre as filiais, cumpre observar que a
lei estadual considera como autônomo, para fins de escrituração dos livros fiscais e
recolhimento do imposto, cada estabelecimento de uma mesma pessoa jurídica, conforme
estipula o art. 19, § 3º, da Lei Estadual nº 5.900/96, a seguir transcrito:

Art. 19 - Estabelecimento é o local, privado ou público, edificado ou não, próprio ou de


terceiro, onde pessoa física ou jurídica exerça sua atividade em caráter permanente ou
temporário, bem como onde se encontre armazenada mercadoria.
(...)
§ 3º - Considera-se como estabelecimento autônomo, para efeito de manutenção e
escrituração de livros e documentos fiscais e, quando for o caso, para recolhimento do
imposto relativo às operações e prestações nele realizadas, cada estabelecimento produtor,
extrator, gerador, inclusive de energia, industrial, comercial e importador ou prestador de
serviços de transporte e de comunicação, do mesmo contribuinte, ainda que as atividades
sejam integradas e desenvolvidas no mesmo local. (grifo nosso)
Em decorrência desta autonomia dos estabelecimentos, tem-se que as saída de mercadoria
delas é considerada fato gerador do ICMS, ainda que tais operações ocorram entre

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estabelecimentos do mesmo titular. É assim que dispõe a legislação correlata à época e ainda
hoje vigente:

Lei Complementar n.º 87/96

“Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:


I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro
estabelecimento do mesmo titular;
(...).”

Lei n.º 5.900/96

“Art. 2º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:


I - da saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;
(...).”
Ainda pelo apego ao debate, trazemos a lume as elucidativas palavras de Hugo de Brito
Machado, o qual, debruçando-se sobre o tema, assim nos ensina:

“Considera-se, outrossim, operações relativa à circulação de mercadoria a simples


transferência desta entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, embora não ocorra,
nesse caso, a transmissão da propriedade da mercadoria, posto que o sujeito do direito de
propriedade é a pessoa jurídica. A lei considera, para esse fim, como contribuinte autônomo
cada estabelecimento da mesma pessoa jurídica, e diz expressamente que se considera
ocorrido o fato gerador do imposto no momento da saída de mercadoria do estabelecimento
do contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular. Não há, como pode
parecer, inconstitucionalidade no dispositivo da lei que define o fato gerador do ICMS a
transferência de mercadoria entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, porque esta

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transferência cabe perfeitamente no conceito de operação relativa à circulação de


mercadoria...“
(MACHADO, Hugo de Brito. Aspectos Fundamentais do ICMS. São Paulo: Dialética, 1997)
Quanto à Súmula nº 166 do Superior Tribunal de Justiça, ela não tem força vinculante nem
judicialmente, nem administrativamente, e sim de orientação quanto ao pensamento
predominante na Corte.
Mais do que isso, não considerar tal legislação federal e estadual posta, passaria pela análise
de suas inconstitucionalidades, o que está fora da competência deste juízo administrativo, em
face da expressa vedação legal contida nos arts. 23, § 3º, I e 28, § 1º , da Lei Estadual nº
6.771/06.
Tanto é assim que, no âmbito do Conselho Nacional de Política Fazendária – CONFAZ, os
estados de Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe, tendo em vista o interesse e necessidade de
estabelecer procedimentos uniformes para recolhimento do ICMS nas operações com álcool
etílico hidratado combustível - AEHC celebraram à época o Protocolo ICMS 17/04, norma
específica e especial 2 de substituição tributária em relação à essa mercadoria, que foge a regra
geral da cláusula quinta, inciso I do convênio ICMS 81/93.
A norma citada é taxativa quanto ao recolhimento do ICMS pelo remetente, substituto
tributário, ou pelo destinatário, contribuinte substituído, responsável solidário, se aquele não o
fizer:
PROTOCOLO ICMS 17/04
Cláusula segunda O estabelecimento industrial ou comercial que promover saída interna ou
interestadual de AEHC ou de álcool para fins não-combustíveis, antes de iniciada a remessa,

2
Convênio ICMS 81/93, que estabelece normas gerais a serem aplicadas a regimes de
substituição tributária, instituídos por Convênios ou Protocolos firmados entre os Estados e o
Distrito Federal:
Cláusula décima quarta Os Convênios ou Protocolos firmados entre as unidades da Federação
poderão estabelecer normas específicas ou complementares às deste Convênio.

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efetuará o recolhimento do imposto destacado na Nota Fiscal relativa à operação de saída,


observando-se:
...
§ 2º Fica facultado às Unidades da Federação signatárias deste Protocolo, atribuir a
responsabilidade pelo recolhimento do imposto, na forma prevista nesta Cláusula, ao
estabelecimento adquirente da mercadoria, nos termos da respectiva legislação estadual.
...
Cláusula terceira Fica atribuída a condição de sujeito passivo por substituição ao
estabelecimento que promover saída interestadual de AEHC ou de álcool para fins não-
combustíveis, quanto à antecipação de parcela do imposto, em favor da Unidade da Federação
de destino, observando-se:
...
Cláusula quarta Nas entradas de AEHC e álcool para fins não-combustíveis provenientes de
outra Unidade da Federação não-signatária deste Protocolo ou na hipótese de o imposto não
ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos da cláusula terceira, o
recolhimento será realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da mercadoria pela
primeira unidade fiscal da primeira Unidade da Federação do percurso, ainda que distinta
daquela de destino, observando-se:

Inclusive o dito protocolo só faz duas exceções de não recolhimento, nenhuma das duas é o
caso concreto aqui julgado, que é operações de transferência de álcool etílico hidratado
combustível entre as filiais:
PROTOCOLO ICMS 17/04
Cláusula quinta O disposto neste Protocolo não se aplica:
I - às operações com AEHC, tendo como remetente distribuidora de combustíveis e como
destinatário posto revendedor de combustíveis, um e outro conforme definidos e autorizados
pelo órgão federal competente, desde que o ICMS - Substituição Tributária esteja
devidamente destacado na respectiva Nota Fiscal;

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II - às operações com álcool para fins não-combustíveis acondicionado em embalagem


própria para venda no varejo a consumidor final.

O Protocolo ICMS 17/04, foi regulado no Estado de Alagoas pelo Decreto nº 1.897/04 que
mantem a sistemática adotada:
Art. 3º Fica atribuída ao estabelecimento que promover saída interestadual de AEHC, ou de
álcool para fins não-combustíveis, localizado em uma das Unidades da Federação indicadas
no art. 1º deste Decreto, e destinado ao Estado de Alagoas, a responsabilidade pelo
recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida a esse Estado,
observando-se o que segue:
...
Art. 4º Nas operações interestaduais com Álcool Etílico Hidratado Combustível - AEHC e
com álcool para fins não-combustíveis destinadas a contribuintes estabelecidos no Estado de
Alagoas, provenientes de Unidades Federadas não indicadas no art. 1º, ou na hipótese de o
ICMS não ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos do art. 3º, ambos
deste Decreto, o recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida
ao Estado de Alagoas, deve ser realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da
mercadoria na primeira repartição fiscal pertencente à primeira das Unidades Federadas do
percurso indicadas no art. 1º, observando-se o que segue:
...
§1º Na hipótese da mercadoria ser destinada ao Estado de Alagoas, e a cobrança do ICMS não
tiver sido efetuada em nenhuma das Unidades Federadas referidas no art. 1º deste Decreto, o
recolhimento do mesmo deve ser efetuado na primeira repartição fiscal de entrada em
território alagoano, acrescido de penalidades, conforme legislação pertinente.
§2º O disposto no "caput" deste artigo não se aplica às operações interestaduais tendo como
remetente Distribuidora de Combustíveis e como destinatário Posto Revendedor de
Combustíveis, ambos conforme definidos e autorizados pelo órgão federal competente, desde
que o ICMS - Substituição Tributária esteja devidamente destacado na Nota Fiscal.

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Portanto, vinda a mercadoria em operação interestadual sem o recolhimento do ICMS


Substituição Tributária pelo remetente de outro estado, o destinatário aqui em Alagoas se
torna responsável solidário pelo pagamento do imposto não recolhido. E o imposto é devido
para Alagoas, estado federado competente para cobrá-lo, como claramente está na legislação.
Dessa forma, inclusive, como não poderia deixar de ser, por ser matéria de reserva legal – art.
128 do Código Tributário Nacional - a responsabilidade solidária do substituído localizado
aqui em Alagoas está determinada no parágrafo único, art. 26 da Lei n.º 5.900/96:
“Art. 26. (...)
Parágrafo único. O contribuinte que receber, de dentro ou de fora do Estado, mercadoria
sujeita à substituição tributária, sem que tenha sido feita a retenção total na operação anterior,
fica solidariamente responsável pelo recolhimento do imposto que deveria ter sido retido.”
E não se trata da operação própria da remessa interestadual do álcool, mas das operações
subsequentes devido o ICMS Substituição Tributária à Alagoas, como se verifica pelo cálculo
do imposto:
Protocolo ICMS 17/04

Cláusula quarta Nas entradas de AEHC e álcool para fins não-combustíveis provenientes de
outra Unidade da Federação não-signatária deste Protocolo ou na hipótese de o imposto não
ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos da cláusula terceira, o
recolhimento será realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da mercadoria pela
primeira unidade fiscal da primeira Unidade da Federação do percurso, ainda que distinta
daquela de destino, observando-se:
Nova redação dada ao inciso I da cláusula quarta pelo Prot. ICMS 43/04, efeitos a partir de
07.10.04
I - o montante do imposto será aquele resultante da aplicação da alíquota prevista para o
produto nas operações internas sobre o valor da operação ou o valor de referência

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estabelecido pela Unidade Federada de destino, prevalecendo o que for maior, deduzindo o
valor resultante da aplicação da alíquota interestadual sobre o valor da operação.”
Decreto nº 1.897/04:
Art. 3º Fica atribuída ao estabelecimento que promover saída interestadual de AEHC, ou de
álcool para fins não-combustíveis, localizado em uma das Unidades da Federação indicadas
no art. 1º deste Decreto, e destinado ao Estado de Alagoas, a responsabilidade pelo
recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida a esse Estado,
observando-se o que segue:
I - o valor do imposto será a diferença entre os valores resultantes da aplicação da alíquota de
25% (vinte e cinco por cento), quando se tratar de álcool Etílico Hidratado Combustível ou de
17% (dezessete por cento), quando se tratar de álcool para fins não-combustíveis, e da
aplicação da alíquota de 12% (doze por cento) ou de 7% (sete por cento), a depender da
origem da mercadoria, sobre o valor da operação;
II - o recolhimento do imposto retido destacado na Nota Fiscal de saída, previsto no inciso I,
deve ser efetuado, antes de iniciada a remessa da mercadoria para o Estado de Alagoas, por
meio de Guia Nacional de Recolhimento de Tributos Estaduais - GNRE, sob o código de
receita 10008-0 (ICMS - Recolhimentos Especiais), devendo o correspondente documento de
arrecadação, devidamente quitado, acompanhar a mercadoria;
...
Art. 4º Nas operações interestaduais com Álcool Etílico Hidratado Combustível - AEHC e
com álcool para fins não-combustíveis destinadas a contribuintes estabelecidos no Estado de
Alagoas, provenientes de Unidades Federadas não indicadas no art. 1º, ou na hipótese de o
ICMS não ter sido recolhido pelo estabelecimento remetente, nos termos do art. 3º, ambos
deste Decreto, o recolhimento do ICMS referente à antecipação de parcela do imposto devida
ao Estado de Alagoas, deve ser realizado pelo adquirente por ocasião da passagem da
mercadoria na primeira repartição fiscal pertencente à primeira das Unidades Federadas do
percurso indicadas no art. 1º, observando-se o que segue:
I - o cálculo do ICMS deve ser feito na forma estabelecida no inciso I do art. 3º deste Decreto;

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Quanto à multa aplicada ser confiscatória, o que violaria a Constituição Federal, informo que
este juízo administrativo não pode analisar a matéria, direta ou indiretamente, conforme os
arts. 23, § 3.º, I, e 28, § 1.º, da Lei Estadual 6.771/06.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA, POR UNANIMIDADE
DE VOTOS, conhecer do presente recurso ordinário para NEGAR-LHE PROVIMENTO,
mantendo na íntegra a decisão singular nº 18.392/2011.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 31 de outubro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 08/11/2013


PROCESSO N º: 1500-001468/1993
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 048749
AUTUADA: USINA BITITINGA S A
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 252/2013

EMENTA- REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. DEIXAR DE RECOLHER ICMS, EM
RAZÃO DO USO DE CRÉDITO INDEVIDO. AUSÊNCIA
DE ELEMENTOS QUE DETERMINE, COM SEGURANÇA,
IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise da


decisão administrativa n° 17.701/2011, esta, por sua vez, julgou nulo o lançamento do crédito
tributário presente no Auto de Infração n° 048749.
Descreve o referido Auto, que o contribuinte utilizou-se indevidamente
de créditos fiscais, referente aos meses de Agosto e Setembro de 1991, que resultaram na
falta de recolhimento do ICMS, além de não ter atendido a intimação fiscal nº 127123/92.
Desta feita, o Autuado teria violado o artigo 94 do Dec. 35.245/91,
aplicando-se, por conseguinte, a penalidade dos artigos 817 e 827 do mesmo Decreto.
Em sede de defesa, o sujeito passivo argui que o Auto de Infração
deixou de mencionar as razões pelas quais considerou indevido o crédito que supostamente
teria sido utilizado pela empresa, desrespeitando, dessa forma, os princípios do contraditório e
da ampla defesa, albergados por nossa carta maior, no artigo 5º, inciso IV, além de estar em
descompasso com o artigo 4º, inciso II, do Decreto nº 38.835/91
Já nas contrarrazões, a autuante além de ratificar o posicionamento
adotado pelos fiscais no Auto de Infração, aduz que: a) o contribuinte procurou confundir o
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processo, ao misturar os significados de crédito fiscal e de correção fiscal; b) o lançamento


diz respeito á escrituração de notas fiscais relativas a combustíveis, lubrificantes, fertilizantes
e energia elétrica; c) o contribuinte corrigiu o crédito fiscal monetariamente a sua maneira,
não apresentando autorização para tanto, por parte do secretário da fazendo; d) contribuinte
apresentou ICMS a recolher, referente aos meses de Setembro a Outubro de 1991.
Insta salientar que, a Coordenadoria da Auditoria Fiscal, solicitou aos
Autuantes que: a) descrevessem de forma clara e precisa os fatos que originaram a infração
disposta no item I da autuação; b) apresentassem o demonstrativo relacionado as notas
fiscais que implicariam na utilização de crédito indevido por parte da autuada; e c)
promovesse a revisão do dispositivo legal aplicado, para, caso necessário, promover a
recapitulação da infração.
Em resposta, os autuantes revelaram não ser possível apresentar o
demonstrativo relacionado às notas fiscais citadas, em virtude do encerramento das
atividades da autuada.
A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou que, a ausência
da relação e das cópias das notas fiscais que dariam subsídios e sustentação ao lançamento em
tela, fez este padecer de vício, em virtude da insuficiência de elementos probatórios aptos a
comprovar a aludida infração.
Neste passo, o julgador singular, observando o disposto no artigo 7º,
1
inciso IV, alínea “a” , da Lei nº 6.771/2006, entendeu ser nulo o lançamento constante no
Auto de Infração nº 048749, consoante se pode denotar da seguinte ementa da decisão
singular nº 17.701/2011:
ICMS. Obrigação Principal. Deixar de recolher ICMS, em razão do uso de
crédito indevido. Ausência de elementos que determine, com segurança, a infração.
LANÇAMENTO NULO. (alínea “a” do Inciso IV, do art. 7º, da Lei nº 6.771/2006). Reexame
Necessário pelo CTE (art. 48 da Lei nº 6.771/2006 – duplo grau de jurisdição administrativa
necessário).

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo ao voto da


decisão singular n° 17.701/2011.
Considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao devido
processo legal, passa-se ao mérito da questão.
O cerne da questão em atino, diz respeito ao posicionamento adotado
pela Coordenadoria de Julgamento, que entendeu ser Nulo o Lançamento do Crédito
Tributário consubstanciado pelo Auto de Infração nº 048749.

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Em suas razões, o julgador singular aduz que a Autuação “não contém


elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o infrator”, dando
continuidade, alega que a autuada não atendeu, satisfatoriamente, ao pedido de diligência
formulado pela Coordenadoria de Auditoria Fiscal, fl. 62 do processo nº 1500-000064/1993,
que teve por escopo suplantar as lacunas existentes no referido procedimento fiscal, por não
acostado aos autos elementos imprescindíveis à comprovação das supostas infrações,.
Considerando, portanto, Nulo o Auto de Infração nº 048749.
Vejamos, o Auto de Infração atesta que houve por parte do Autuado a
“utilização indevida de créditos fiscais, referentes aos meses de Agosto a Setembro de 1991,
que supostamente teriam resultado na falta de recolhimento de ICMS e não atendimento à
Intimação Fiscal nº 127123/92”, entrementes a Autoridade Exatora, não conseguiu comprovar
tais alegações, vez que não juntou aos Autos os elementos necessários e aptos a ratificar a
existência destas, quais sejam, a relação e a cópia das Notas Fiscais, relativas ao mencionado
período.
Ora, de fato, os motivos que fundam a decisão singular, não merecerem
retoques, tendo em vista que, a dilação probatória da Autuante é realmente insuficiente e não
teve o condão de comprovar o cometimento das infrações e penalidades por parte do Autuado.
O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo
administrativo tributário, prescreve em seu art. 333, I, que o autor é responsável pela
produção da prova quando buscar demonstrar o fato constitutivo do seu direito, nos seguintes
termos: art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;
No caso em deslinde, como já explicitado, seria imprescindível
demonstrar que quais notas fiscais foram utilizada para fundamente o presente lançamento,
pois não há como transferir esse ônus ao contribuinte. Nesse passo se depreende do RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve


ser instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos


documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Ora, diante das normas acima, é bastante dizer que referido ônus
de juntar os documentos necessários para corroborar a infração indicada recai sobre o fisco,
haja vista que alegou suposto ato constitutivo de um direito da Fazenda, qual seja, o crédito
tributário. Lastreia-se, assim, a irregularidade fiscal presente.

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Em razão do exposto, vê-se, com o devido respeito, que a autoridade fiscal


falhou ao realizar instrução probatória do presente processo, fato este evidenciado através da
diligência propostas, realizadas visivelmente com o objetivo de regularizar a instrução
probatória.
Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a infração
consubstanciada, há, pois, a necessidade de que as demais cópias dos documentos fiscais
sejam acostadas a fim de dirimir as dúvidas concernentes às supostas divergências de
informações apresentadas.
Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de Fabiana Del Padre Tomé:

“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera da tributação, por


exemplo, exigem que a relação obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese de incidência tributaria, razão pela qual
faz-se imprescindível que tanto os atos de lançamento e de aplicação de penalidades
como as decisões proferidas no curso de processo administrativo tributário sejam
pautados em provas. É mediante a linguagem das provas que se alcança a verdade lógica...”
2

Ora, é sabido que as normas adjetivas visam estabelecer regras a serem


aplicadas ao curso do processo, seja ele administrativo ou judicial, estabelecendo um
formalismo mínimo para que as partes possam dirimir seus conflitos.
No entanto, merece reforma na parte que decreta a Nulidade do Auto de
Infração, a partir da análise literal do artigo 7º, da Lei 6.771/2006, que deve ser interpretado
com granus salis, vejamos:

Art. 7º São nulos:


I - os atos praticados por autoridade, órgão ou servidor incompetente;
II - os atos praticados e as decisões proferidas com preterição do direito de defesa;
III - as decisões não fundamentadas;
IV - o lançamento de ofício:
a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o
infrator; e
b) em que se configure a ilegitimidade passiva.

Nota-se, no caso em liça que a Autoridade não acostou aos autos provas
suficientes para comprovar suas alegações, o que não compreende nenhuma das hipóteses
acima. Ora, apesar das situações de nulidade não serem taxativas, a ausência de provas
suficientes para sustentar o lançamento, torna-o insubsistente e não nulo.
De mais a mais, apesar de corroborarmos com as razões apresentadas
pela Decisão Singular nº 17.701/2011, entende-se que a decisão deve ser reformada, na parte

2
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros
Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.

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em que define ser Nulo o Auto de Infração nº 048749, tendo em vista que o entendimento
correto é pela IMPROCEDÊNCIA do referido Auto e NÃO por sua nulidade.
Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos conhecer do
reexame, para negar provimento a remessa, alterando apenas de nulo para improcedente.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em Maceió, 08 de novembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


JULGADOR

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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº42 – 1ª CÂMARA – REALIZADA: 12/11/2013


PROCESSO: 1500-023.691/2006 e CTE nº 064/2012.
ANEXOS: 1500-035.170/2006 e 1500-012.289/2009.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00055-001, de 11/09/2006.
AUTUADA: LTA COMERCIAL LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24.100.601-5.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 15.955/2009.
ASSUNTO: Reexame Necessário e Recurso Ordinário.
AUTUANTE: Marino Florentino dos Santos.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 257/2013

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Falta


de recolhimento de ICMS por omissão de saídas
apurada através de Levantamento da Conta
Mercadorias tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas – CVM agregado de 30%
(trinta por cento) em confronto com as saídas
tributadas efetivamente declaradas nos livros
fiscais conforme artigo 2º, §12, da Lei
estadual nº 5.900/1996. 2) Preliminares de
nulidade rejeitadas, as eventuais incorreções
do ato administrativo não acarretaram nenhum
prejuízo à defesa da autuada, nem nulidade do
ato (artigo 7º, IV, §1º da Lei nº 6.771/2006.
3) Infração parcialmente comprovada em razão
de ajustes nos valores que compõem o CMV os
quais reduziram o valor do ICMS apurado na
inicial. 4) Corrigido de ofício o valor do
crédito tributário em razão de não ter sido
conhecido o Reexame Necessário por falta de
previsão legal e da aplicação do artigo 79, da
Lei nº 5.900/1996, em lugar do artigo 84, da
mesma, revogado pela Lei nº 7.079/2009. 5)
Recurso Ordinário conhecido e improvido.
Mantida em parte a decisão singular.

Acórdão CTE nº 257/2013 Página 1


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Relatório

Trata-se de auto de infração lavrado contra a


empresa LTA COMERCIAL LTDA, já qualificada, tendo por objeto a
cobrança de crédito tributário no valor de R$ 108.346,05
(cento e oito mil, trezentos e quarenta e seis reais e cinco
centavos), por haver a empresa autuada deixado de recolher
ICMS em razão da omissão de saídas de mercadorias tributadas
apurada com base na diferença positiva entre o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por cento) com as
saídas efetivamente declaradas nos livros e documentos fiscais
durante o exercício de 2005.
Apontados como infringidos os artigos 2º,
§12, da Lei estadual nº 5.900/1996 e 1.000, do RICMS/91. Sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 84, da
Lei Estadual nº 5.900/96.

A inicial está instruída com demonstrativo da


conta mercadorias de 2005; b) Demonstrativo das compras e
vendas de 2005; cópias dos termos de início e encerramento de
fiscalização; relatório de dados cadastrais do contribuinte;
cópias do cartão de autógrafo; da IF nº 033.352/2006; do
LRAICMS (2005); do livro RUDFTO nºs 2004 e 2005.

DA DEFESA

A autuada apresentou defesa, tempestiva, onde


alega em preliminar que o auto de infração é nulo por não
observar os formalismos contidos no artigo 891, do RICMS/91;
não há registro das informações econômico-fiscais da empresa;
não tem relação das notas fiscais de entradas e saídas; não
foi colocado o dia, a hora e o local da lavratura; falta
informação quanto à progressão do crédito tributário que
afronta o artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/91. Por fim, pede
que as preliminares sejam acolhidas ou a improcedência do auto
de infração pela fragilidade do conjunto probatório.

DAS CONTRARRAZÕES

O autuante apresentou contrarrazões alegando


que o processo foi instruído na forma da legislação, inclusive
com as informações econômico-fiscais da autuada; constam os
cálculos do imposto e da multa; a data do auto de infração e

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termos de início e de encerramento de fiscalização. Por fim,


pede a procedência do auto de infração.

Em 07/05/2009, foi proferida a Decisão nº


15.955/2009, de Primeira Instância, que julgou Procedente em
Parte o Lançamento com a ementa.

EMENTA: ICMS. CONTA MERCADORIAS. 1-


Lançamento de ofício por infração ao §12, do
art. 2º da Lei nº 5.900/96, alterada pela Lei
nº 5.979/97; 2- Considera-se tributada a
diferença positiva entre as saídas
tributadas, tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas agregado de 30% (trinta
por cento), e a saída tributada efetivamente
declarada nos livros fiscais; 3- Eventuais
incorreções do ato administrativo não
acarretam prejuízo à defesa do sujeito
passivo, nem nulidade do ato, art. 7º, IV,
§1º da Lei nº6.771/2006; 4- PROCEDÊNCIA
PARCIAL DO LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
DO RECURSO ORDINÁRIO

A autuada apresentou Recurso Ordinário, de


forma tempestiva, alegando:

I – EM PRELIMINAR

a) A nulidade do auto de infração por não


atender aos requisitos processuais, uma vez que não constam os
registros das informações econômico-fiscais, nem a relação das
notas fiscais de entradas e saídas como exige o artigo 891, I,
II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e “d”, do RICMS/1991.

b) A nulidade do auto de infração por não


atender ao artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/1991, pois não
consta dia, hora, local da lavratura e quantificação do valor
do crédito tributário e o valor da multa não se apresentam
liquidado, pois sua liquidez prescinde do valor principal,
acrescido dos juros e correções legais; por estar eivada de
várias irregularidades a autuação ofende a legislação vigente
e afronta aos princípios da administração pública e da ampla
defesa, devendo ser julgada com a nulidade do lançamento.

II – DOS PEDIDOS

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a) O acolhimento das preliminares, por serem


questões de ordem pública.

b) A improcedência da autuação em razão da


fragilidade do conjunto probatório, caso esta siga tramitação
regular com julgamento da lide.

DAS CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

A DIRF - Diretoria de Representação Fiscal


apresentou contrarrazões alegando que a autuação se encontra
conforme a legislação, ou seja, a aplicação do lucro presumido
de 30% (trinta por cento) está certa; a autuada não apresentou
nenhum documento capaz de afastar a presunção e ultrapassadas
as questões preliminares, seja a autuação julgada procedente.

Assim, chegam os autos a este CTE - Conselho


Tributário Estadual para análise do Recurso Ordinário e do
Reexame Necessário.

É o relatório.

Voto

Trata-se de Reexame Necessário e de Recurso


Ordinário interpostos contra a Decisão nº 15.955/2009, de
Primeira Instância, que como julgou Procedente em Parte o
Lançamento constante do auto de infração nº 70.00055-001.

DO RECURSO ORDINÁRIO

I – DAS PRELIMINARES

a) De nulidade do auto de infração com base


no artigo 891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e “d”,
do RICMS/1991, por não conter os registros das informações
econômico-fiscais, nem a relação das notas fiscais de entradas
e saídas de mercadorias.

O artigo 891, III, “c”, do RICMS/1991,


vigente a época da autuação determinava.

“Art. 891 - O processo fiscal contencioso deverá ser


instruído, consoante à infração detectada, com os seguintes
documentos:
(...)

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I – As informações econômicas fiscais acerca do sujeito


passivo.
(...)

III - no caso de levantamento específico de estoque, deverão


ser juntados:
(...)

c) relação das notas fiscais de entrada e saída;


(...)”

A análise dos autos demonstra que a autuação


tem por base o Levantamento da Conta Mercadorias, cujo valor
do CMV foi apurado mediante a aplicação do lucro presumido no
percentual de 30% (trinta por cento), e, onde os valores das
entradas, saídas, estoques iniciais e finais e do ICMS sobre
as compras foram obtidos a partir da escrituração do LRAICMS,
cujas cópias encontram-se anexadas aos autos desde a inicial,
e, diferentemente do que afirma a autuada com base no artigo
ora reproduzido, que exige a relação de notas fiscais apenas e
tão somente nos casos de levantamento específico de estoque;
não assistindo nenhuma razão tal afirmativa; motivo pelo qual,
rejeito a preliminar.

b) De nulidade do auto de infração com base


no artigo 891, III, e VII, do RICMS/1991, por não constar dia,
hora, local da lavratura e quantificação do valor do crédito
tributário (a multa não se apresenta liquidada).

O artigo 889-B, III, e VII, do RICMS/1991,


vigente a época da lavratura da autuação assim determinava.

“Art. 889-B - O Auto de Infração deve conter:


(...)

III - o dia, a hora e o local da lavratura;


(...)

VII - a quantificação do crédito tributário, especificando,


em campos distintos, o tributo e a multa, e informando que
os juros e a utilização monetária serão calculados no
momento do pagamento pelos índices utilizados pela Fazenda
Pública;
(...)”

A análise dos autos demonstra que o dia,


hora e local da lavratura da autuação efetivamente consta de
sua etiqueta de protocolização, bem como, que os valores dos
juros e demais atualizações serão atualizados pela SEFAZ em
momento certo, ou seja, no momento do pagamento, diferente do
que afirma a autuada; motivo pelo qual, rejeito a preliminar.

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É de se observar que a autuada no Recurso


Ordinário não contesta o mérito da autuação, limita-se apenas
em atacar sua validade ao apontar tão somente 02 (duas)
preliminares de nulidade, as quais, não prosperam, porque a
lavratura da autuação atende ao que exigem os artigos 889-B,
III, e VII; e 891, I, II, III, IV, §1º, I, “a”, “b”, “c”, e
“d”, do RICMS/1991; e, a infração foi apurada como base em
Levantamento da Conta Mercadorias.

Nesse passo, observe-se ainda que a autuada


encerrou sua defesa com apenas 02 (dois) pedidos, os quais,
são impertinentes, o primeiro, porque as preliminares devem
ser rejeitadas e o segundo, porque a infração está comprovada
e esta comprovação está baseada nas cópias do LRAICMS de onde
foram extraídos todos os valores que compõem o Demonstrativo
da Conta Mercadorias. Resta comprovado, que não procede a
alegação de falta de provas, motivo pelo qual conheço do
Recurso Ordinário e nego-lhe provimento.
DO REEXAME NECESSÁRIO

Observe-se, que a decisão singular não está


sujeita a Reexame Necessário nos termos do artigo 48, I, §2º,
II, da Lei Estadual nº 6.771/2006, haja vista, que o valor
reduzido pela referida decisão em relação ao valor lançado na
inicial foi de apenas R$ 5.401,41 (cinco mil, quatrocentos e
um reais; e quarenta e um centavos), portanto, inferior a 400
(quatrocentas) UPFAL ou R$ 6.484,00 (seis mil; quatrocentos e
oitenta e quatro reais), fato, que de acordo com a norma ora
reproduzida, dispensa o Reexame Necessário.

“Art. 48 - Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas a reexame necessário:

I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por


julgador de primeira instância;
(...)

§2° - O disposto no inciso I do caput deste artigo não se


aplica:
(...)

II - quando a importância pecuniária excluída não exceder,


na data da decisão, a 400 (quatrocentas) Unidades Padrão
Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL, podendo a
regulamentação aumentar este valor limite.
(...)”

Entretanto, se faz necessário observar-se,


quanto à penalidade aplicada, que esta deve ser corrigida, uma
vez a decisão singular foi proferida em 07/05/2009, antes da

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revogação do artigo 84, da Lei Estadual nº 5.900/1996, com a


reclassificação de sua multa para o artigo 79, da mesma lei;
artigo este, que deverá ser aplicado, tendo em vista que a
reclassificação da multa pela Lei Estadual nº 7.079/2009, foi
uma reclassificação qualificada, motivo pelo qual, de ofício,
corrigimos e adequamos o valor do crédito tributário ao artigo
79, da Lei nº 5.900/1996.

LEI Nº 5.900/1996

“Art. 84 - Revogado pela Lei nº 7.079/09. Reclassificando-


se a multa deste artigo para a do art. 79 da mesma Lei,
relativamente aos créditos tributários já lançados.
(...)”

“Art. 79 - Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,


em situação não compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinqüenta por cento) do valor do


imposto.
(...)”

Nesta situação, o Lançamento é Parcialmente


Procedente e o crédito tributário tem como valor o que abaixo
se encontra demonstrado.

DA APURAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Estoque inicial em 01/01/2005 116.259,58


Compras tributadas 2.253.150,69
ICMS sobre compras (235.109,82)
Estoque final (268.446,56)
Devolução de entradas tributadas ( 9.301,56)
CMV – Custo das mercadorias vendidas 1.856.552,33
VA: 30% (trinta por cento) 556.965,70
Saídas apuradas 2.413.518,03
Saídas registradas 2.035.045,09
Saídas apuradas > saídas registradas 378.472,94

DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Período Vencimento B/cálculo ICMS Multa Total


01/01 a 31/12/05 31/12/2005 378.472,94 64.340,40 32.170,20 96.150,60

O crédito tributário no valor de R$ 96.150,60


(noventa e seis mil, cento e cinqüenta reais e sessenta
centavos) deve ser recolhido com os acréscimos legais.

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Pelo exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 1ª


CAMARA DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de
votos conhecerem do Recurso Ordinário, negar-lhe provimento.
Deixando de conhecer do Reexame Necessário nos termos do
artigo 48, I, §2º, II, da Lei nº 6.771/2006, por lhe faltar
previsão legal. E, de ofício adéqua-se o valor do crédito
tributário pela reclassificação da multa prevista no artigo
84, da Lei nº 5.900/1996, para o artigo 79, da mesma lei.
Tornada definitiva esta decisão, encaminhem-se os autos a
PGE/PFE para inscrição em Dívida Ativa.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões,


em Maceió, 12 de novembro de 2013.

SÉRGIO GUILHERME A.DA S.FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

CARLOS HENRIQUE M. BRANDÃO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 41 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 14/11/2013


PROCESSO Nº: 1500-006425/1999
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 017809
AUTUADA: UMBERTO MARRONE & CIA LTDA.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 24076560
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.995/2011
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO.
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS.
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS.

ACÓRDÃO 271/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. DEIXAR DE RECOLHER ICMS, EM RAZÃO DO
USO DE CRÉDITO INDEVIDO. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS
QUE DETERMINE, COM SEGURANÇA, IMPROCEDÊNCIA DO
LANÇAMENTO.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 17.995/2011, esta, por sua vez, julgou
improcedente o lançamento do crédito tributário presente no Auto de
Infração n°017809.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte “omitiu


vendas de mercadorias no(s) exercício(s) e nos valores abaixo
descritos, fato comprovado através de levantamento específico na sua
conta Estoque de Mercadorias, considerando o lucro bruto real
acumulado”.

Após defesa da autuada os autos foram convertidos em


diligência, sob o argumento de que para comprovar a autuação seria
necessário juntar a cópia do livro de inventário de 1996 a 1998.

Ao se manifestar sobre a diligência a autoridade autuante


requereu a nulidade o lançamento ao afirmar que:

“Verificamos que a diferença existente entre as saída de


mercadorias tributadas tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% e a saída tributada
efetivamente declarada nos livros ou documentos fiscais
próprios é negativa. Portanto a venda apurada(tributável)

ACÓRDÃO CTE Nº 271/2013 Página 1


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foram maiores que as vendas declaradas não existindo


diferença a tributar”.

A coordenadoria de julgamento por sua vez entendeu pela


improcedência do lançamento nos termos da ementa abaixo:

Ementa: ICMS. Obrigação Principal. Conta Mercadorias.


Lançamento de ofício por infração ao § 12, do art. 2ª da
Lei nº 5.900/96, alterado pela Lei nº 5.979/97.
Considera-se tributada a diferença positiva entre as
saídas tributadas, tomando como valor o Custo das
Mercadorias Vendidas agregado de 30%(trinta por cento), e
a saída tributada efetivamente declarada nos documentos
fiscais. Ausência de material probatório. LANÇAMENTO
IMPROCEDENTE. Remessa dos autos CTE, art. 48, I da Lei
Estadual nº 6.771/2006. Procedimento Ordinário.

É o relatório.

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VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto analisando a decisão singular.

Considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao


devido processo legal, passa-se ao mérito da questão.
O cerne da questão em atino, diz respeito ao
posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser improcedente o Lançamento do Crédito Tributário
consubstanciado pelo Auto de Infração em epigrafe.
Em suas razões, o julgador singular aduz que a autuação
não contém elementos suficientes para se determinar a infração e
assim julga improcedente o lançamento.
Vejamos, o Auto de Infração atesta que houve por parte do
Autuado a omissão de venda de mercadorias, fato esse supostamente
comprovado através do levantamento específico na conta estoque de
mercadorias, entrementes a Autoridade Exatora, não conseguiu
comprovar tais alegações, vez que não juntou aos Autos os elementos
necessários e aptos a ratificar a existência destas, quais sejam, o
livro de registro de inventário, o qual, como bem afirma o julgador
singular, seria imprescindível, pois os valores dos estoques são
necessários para fins de calculo do lucro real, consoante prescreve
o § 12 do art. da lei nº 5.900/96:

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas tributáveis em


operações internas do contribuinte a diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das mercadorias vendidas
agregado de 30% (trinta por cento), e a saída tributada efetivamente declarada
nos livros e/ou documentos fiscais próprios, apurada no último dia do exercício
financeiro da empresa, na hipótese em que o contribuinte não possua
escrituração contábil para fins de apuração do lucro real.

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O Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao


processo administrativo tributário, prescreve em seu art. 333, I,
que o autor é responsável pela produção da prova quando buscar
demonstrar o fato constitutivo do seu direito, nos seguintes termos:
art. 333 do Código de Processo Civil:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito;

Nesse passo se depreende do RICMS:

Art. 891 O processo administrativo fiscal decorrente de Auto de Infração deve ser
instruído com:

(...)

IV - as provas necessárias à demonstração do fato argüido, inclusive cópias dos


documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades.

Diante das normas acima, é bastante dizer que referido


ônus de juntar os documentos necessários para corroborar a infração
indicada recai sobre o fisco, haja vista que alegou suposto ato
constitutivo de um direito da Fazenda, qual seja, o crédito
tributário. Lastreia-se, assim, a irregularidade fiscal presente.
Em razão do exposto, vê-se, com o devido respeito, que a
autoridade fiscal falhou ao realizar instrução probatória do
presente processo, fato este evidenciado através da diligência
proposta, realizadas visivelmente com o objetivo de regularizar a
instrução probatória.
Ora, não basta a alegação ou indícios que indiquem a
infração consubstanciada, há, pois, a necessidade de que as demais
cópias dos documentos fiscais sejam acostadas a fim de dirimir as
dúvidas concernentes às supostas divergências de informações
apresentadas.
Corroborando tal entendimento, precisa é a lição de
Fabiana Del Padre Tomé:

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“Os princípios da legalidade e da tipicidade na esfera da


tributação, por exemplo, exigem que a relação
obrigacional seja desencadeada apenas se efetivamente
verificado o fato conotativamente descrito na hipótese de
incidência tributaria, razão pela qual faz-se
imprescindível que tanto os atos de lançamento e de
aplicação de penalidades como as decisões proferidas no
curso de processo administrativo tributário sejam
pautados em provas. É mediante a linguagem das provas que
se alcança a verdade lógica...” 1

Por fim, é oportuno destacar que a própria autoridade


autuante afirmou “que a diferença existente entre a saída de
mercadorias tributadas tomando como valor o custo das mercadorias
vendas agregado de 30% e a saída tributada efetivamente declarada
nos livros ou documentos fiscais próprios é negativa.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame, para negar provimento a remessa, mantendo a
decisão recorrida.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL,


13/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES MARIO SÉRGIO M. DE CASTRO


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR

1
TOMÉ, Fabiana Del Padre. Curso de Especialização em Direito Tributário: estudos analíticos em homenagem a Paulo de Barros
Carvalho. / Coordenador: Eurico Marcos Diniz de Santi. Rio de Janeiro: Forense. p. 559.

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Sessão Ordinária nº. 43 – 2ª câmara - Realizada em 22/11/2013


Processo nº: SF 1500-013138/2000; CTE 082/2012 e anexos
Auto de Infração nº. 4060 de 25/02/2000
Recorrente: Fazenda Pública Estadual (Reexame Necessário)
Recorrido: José Ernestino de Melo – ME.
Relator: Pedro Ícaro Cavalcante de Barros
Presidente: Patrícia de Melo Messias
Assessoria: Liberaci Maria Souza Galindo
Secretaria: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 274/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS POR
MICROEMPRESA ACIMA DO LIMITE DE 1000
UPFAL – EXLUSÃO DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO – A EXCLUSÃO DAS
MICROEMPRESAS DO REGIME DE TRIBUTAÇÃO
DIFERENCIADO DEPENDE DA ATUAÇÃO DO
ÓRGÃO OU AUTORIDADE COMPETENTE E
CONFIRMAÇÃO DA INFRAÇÃO, NÃO OCORRENDO
DE FORMA AUTOMÁTICA – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E PROVIDO –
LANÇAMENTO PROCEDENTE.

RELATÓRIO

Trata-se de Auto de Infração no qual se relata que o


contribuinte efetuou compras nos exercícios de 1995, 1996 e 1997 em valor
superior ao limite de 1.000 UPFALs fixado para as microempresas,
estabelecido na Lei nº. 5.311/1991, imputando-se o recolhimento de ICMS e
multa no valor de R$ 11.093,54 (onze mil, noventa e três reais e cinquenta e
quatro centavos).

Apesar da assinatura aposta no Auto de Infração não conferir


com aquelas registradas no cartão de autógrafo as fls. 04 dos autos, o
contribuinte apresentou defesa no dia 16/03/2000, admitindo que
extrapolou o montante de compras por desconhecer os valores
correspondentes ao limite em cada exercício fiscalizado, contudo afirma que

Acórdão CTE 274/2013 Página 1


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mesmo nesta hipótese, sempre recolheu o ICMS devido, conforme extratos de


arrecadação em anexo.

Em suas contrarrazões, diante da confissão do contribuinte de


que extrapolou o limite de compras imposto pela Lei nº. 5.311/1991, a fiscal
responsável requer a procedência do lançamento.

Submetido a apreciação pela Coordenadoria de Julgamento,


decidiu-se pela procedência parcial do lançamento, na medida em que o
contribuinte não conseguiu comprovar que os recolhimentos de ICMS
efetuados foram realizados como forma de quitação do objeto do lançamento,
mantendo-se somente o crédito tributário exigido no exercício de 1995,
acrescido da penalidade disposta no artigo 83, da Lei nº. 5.900/96, alterado
pelo julgador singular, totalizando crédito tributário no valor de R$ 1.211,26
(um mil, duzentos e onze reais e vinte e seis centavos). Sobre os exercícios de
1996 e 1997, o julgador singular entendeu que o contribuinte perdeu sua
condição de microempresa desde o momento que cometeu a infração no
exercício de 1995, assim não caberia mais ser autuada pelos motivos
relatados no lançamento, bem como a base de cálculo do imposto deveria
observar a sistemática do abatimento entre créditos e débitos, o que não fora
respeitado no lançamento.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem qualquer


manifestação das partes, os autos foram remetidos ao Conselho Tributário
Estadual para o julgamento do reexame necessário.

É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, consiste a presente análise


em reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei nº. 6.771/06 1,
na qual restou vencida parcialmente a Fazenda Pública. Nos casos de
recurso de ofício, importante delimitar a matéria objeto da presente análise,

1 Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;

Acórdão CTE 274/2013 Página 2


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sob pena de estar-se estendendo a discussão e julgamento sobre matérias já


decididas e preclusas.

Nesse sentido, depreende-se da redação do art. 48, inciso I, da


Lei do PAT, que apenas a parte da decisão monocrática contrária aos
interesses da Fazenda Pública é que deve ser objeto de revisão por este
Conselho Tributário, logo, esta apreciação se resume aos motivos que
ensejaram o julgador singular a decidir pela procedência parcial da autuação
com a exclusão do crédito tributário apurado nos exercícios de 1996 e 1997.

Colhe-se dos autos que o contribuinte foi autuado em razão


da aquisição de mercadorias, na condição de microempresa, em valor
superior ao limite anual de 1.000 UPFALs, nos exercícios de 1995, 1996 e
1997, infringindo-se o disposto nos artigos 1º, 9º, 10, da Lei nº. 5.311/91.

Submetido a julgamento, o julgador singular alterou a


penalidade inicialmente aplicada para aquela disposta no artigo 83, da Lei
nº. 5.900/96 e decidiu pela procedência parcial do lançamento com a
exclusão do crédito tributário apurado nos exercícios de 1996 e 1997, sob o
argumento de que o contribuinte perdeu a condição de microempresa desde
o exercício de 1995, momento em que infringiu a legislação, assim não
estaria mais sujeito ao limite para aquisição de mercadorias imposto às
microempresas e, por conseguinte, não poderia ser mais autuado pelos
motivos relatados no Auto de Infração em análise.

Portanto, o objeto do reexame necessário se restringe,


especificamente, em saber se a Autuada foi desenquadrada do regime de
microempresa automaticamente com o cometimento da infração no exercício
de 1995 e, portanto, não poderia mais ser autuada pela aquisição de
mercadorias em valor superior ao limite fixado para as microempresas nos
exercícios de 1996 e 1997 ou se o desenquadramento depende da
confirmação da infração pela instância julgadora ou outro órgão.

Sobre o assunto, o artigo 1º c/c artigo 9º, ambos da Lei nº.


5.311/91, vigentes na época, estabeleciam que:

Acórdão CTE 274/2013 Página 3


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Art. 1º - Considera-se microempresas as pessoas


jurídicas e as firmas individuais cujas aquisições de
mercadorias não ultrapassem o limite anual de 1.000 (mil
UPFAL’s - Unidade Padrão Fiscal do Estado de Alagoas.

Art. 9º - O desenquadramento do regime de


Microempresa ocorrerá nas seguintes hipóteses:

I - se o valor das aquisições de mercadorias for superior


ao limite anual de que trata o artigo 1º desta lei;

A partir da análise dos dispositivos transcritos, pode parecer


que a exclusão das empresas optantes pelo regime de tributação das
microempresas aconteceria de forma automática como entendeu o juízo
singular, ou seja, bastaria a microempresa adquirir mercadorias acima dos
limites fixados em lei para dar-se a sua exclusão do regime fiscal
diferenciado.

Contudo, entendo que a aplicação do Direito não ocorre de


forma infalível e automática como defendem os seguidores das ideias
capitaneadas por Pontes de Miranda, depende, pois, do agir da autoridade
competente prevista em lei e do relato dos fatos em linguagem apta a
produção dos seus efeitos jurídicos.

Em outras palavras, no caso dos autos, não basta que a


fiscalização tenha identificado a infração cometida pelo contribuinte e
lavrado o Auto de Infração, é essencial que o lançamento seja apreciado
pelos órgãos competentes e confirmada a infração para que se dê a aplicação
das penalidades sobre a empresa autuada, inclusive a sua exclusão do
regime fiscal das microempresas, que deverá ser precedida de notificação.

Afinal de contas, como se poderia imputar à empresa autuada


a exclusão do regime fiscal das microempresas, se ao final do presente
processo administrativo fiscal o lançamento fosse julgado improcedente?
Seria a empresa penalizada, tendo recolhido os impostos com base no
sistema de tributação de compensação dos créditos e débitos, mesmo sendo
improcedente a autuação que fundamentou a sua exclusão?

Acórdão CTE 274/2013 Página 4


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Frise-se que, apesar de estabelecer como uma das hipóteses


de desenquadramento do regime fiscal das microempresas a hipótese
relatada nos autos, a legislação vigente na época é omissa quanto ao órgão
competente para determiná-lo e o momento em que ocorreria o
desenquadramento da microempresa, assim, diante desse cenário, entendo
que a exclusão da condição de microempresa somente acontece com a
confirmação da infração motivadora do desenquadramento e consequente
notificação do contribuinte.

Aliás, somente para ilustrar, a legislação atual sobre o tema


supriu as omissões apontadas e esclareceu a competência para determinar o
desenquadramento e o momento em que iniciam os seus efeitos. Nesse
sentido, basta observar os artigos 2º, inciso I, §6º 2; artigo 16, §1º-A, inciso
I 3; e artigos 29 e 30 4, todos da Lei Complementar nº. 123/2006, para notar

2 Art. 2o O tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de


pequeno porte de que trata o art. 1o desta Lei Complementar será gerido pelas instâncias a seguir especificadas:
I - Comitê Gestor do Simples Nacional, vinculado ao Ministério da Fazenda, composto por 4 (quatro)
representantes da Secretaria da Receita Federal do Brasil, como representantes da União, 2 (dois) dos Estados e
do Distrito Federal e 2 (dois) dos Municípios, para tratar dos aspectos tributários; e
§ 6o Ao Comitê de que trata o inciso I do caput deste artigo compete regulamentar a opção, exclusão,
tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança, dívida ativa, recolhimento e demais itens relativos ao regime de
que trata o art. 12 desta Lei Complementar, observadas as demais disposições desta Lei Complementar.

3 Art. 16. A opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa e
empresa de pequeno porte dar-se-á na forma a ser estabelecida em ato do Comitê Gestor, sendo irretratável para
todo o ano-calendário.
§ 1º-A. A opção pelo Simples Nacional implica aceitação de sistema de comunicação eletrônica,
destinado, dentre outras finalidades, a:
I - cientificar o sujeito passivo de quaisquer tipos de atos administrativos, incluídos os relativos ao
indeferimento de opção, à exclusão do regime e a ações fiscais;

4 Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional dar-se-á quando:
I - verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória;
II - for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de
livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens,
movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses que
autorizam a requisição de auxílio da força pública;
III - for oferecida resistência à fiscalização, caracterizada pela negativa de acesso ao estabelecimento, ao
domicílio fiscal ou a qualquer outro local onde desenvolvam suas atividades ou se encontrem bens de sua
propriedade;
IV - a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas;
V - tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar;
VI - a empresa for declarada inapta, na forma dos arts. 81 e 82 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de
1996, e alterações posteriores;

Acórdão CTE 274/2013 Página 5


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VII - comercializar mercadorias objeto de contrabando ou descaminho;


VIII - houver falta de escrituração do livro-caixa ou não permitir a identificação da movimentação
financeira, inclusive bancária;
IX - for constatado que durante o ano-calendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por
cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
X - for constatado que durante o ano-calendário o valor das aquisições de mercadorias para
comercialização ou industrialização, ressalvadas hipóteses justificadas de aumento de estoque, for superior a
80% (oitenta por cento) dos ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade;
XI - houver descumprimento reiterado da obrigação contida no inciso I do caput do art. 26;
XII - omitir de forma reiterada da folha de pagamento da empresa ou de documento de informações
previsto pela legislação previdenciária, trabalhista ou tributária, segurado empregado, trabalhador avulso ou
contribuinte individual que lhe preste serviço.
§ 1o Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste artigo, a exclusão produzirá efeitos a
partir do próprio mês em que incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e favorecido desta Lei
Complementar pelos próximos 3 (três) anos-calendário seguintes.
§ 2o O prazo de que trata o § 1o deste artigo será elevado para 10 (dez) anos caso seja constatada a
utilização de artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro,
com o fim de suprimir ou reduzir o pagamento de tributo apurável segundo o regime especial previsto nesta Lei
Complementar.
§ 3o A exclusão de ofício será realizada na forma regulamentada pelo Comitê Gestor, cabendo o
lançamento dos tributos e contribuições apurados aos respectivos entes tributantes.
§ 4o (REVOGADO)
§ 5o A competência para exclusão de ofício do Simples Nacional obedece ao disposto no art. 33, e o
julgamento administrativo, ao disposto no art. 39, ambos desta Lei Complementar.
§ 6o Nas hipóteses de exclusão previstas no caput, a notificação:
I - será efetuada pelo ente federativo que promoveu a exclusão; e
II - poderá ser feita por meio eletrônico, observada a regulamentação do CGSN.
§ 7o (REVOGADO)
§ 8o A notificação de que trata o § 6o aplica-se ao indeferimento da opção pelo Simples Nacional.
§ 9o Considera-se prática reiterada, para fins do disposto nos incisos V, XI e XII do caput:
I - a ocorrência, em 2 (dois) ou mais períodos de apuração, consecutivos ou alternados, de idênticas
infrações, inclusive de natureza acessória, verificada em relação aos últimos 5 (cinco) anos-calendário,
formalizadas por intermédio de auto de infração ou notificação de lançamento; ou
II - a segunda ocorrência de idênticas infrações, caso seja constatada a utilização de artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento que induza ou mantenha a fiscalização em erro, com o fim de suprimir ou
reduzir o pagamento de tributo.
Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas
de pequeno porte, dar-se-á:
I - por opção;
II - obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei
Complementar; ou
III - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário de início de atividade, o limite
proporcional de receita bruta de que trata o § 2o do art. 3o;
IV - obrigatoriamente, quando ultrapassado, no ano-calendário, o limite de receita bruta previsto no
inciso II do caput do art. 3o, quando não estiver no ano-calendário de início de atividade.
§ 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal:
I - na hipótese do inciso I do caput deste artigo, até o último dia útil do mês de janeiro;
II - na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último dia útil do mês subseqüente àquele em
que ocorrida a situação de vedação;
III - na hipótese do inciso III do caput:

Acórdão CTE 274/2013 Página 6


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que, atualmente, a exclusão do Simples Nacional é precedida da decisão de


um órgão criado expressamente para tal função (Comitê Gestor do Simples
Nacional – vinculado ao Ministério da Fazenda), devendo ser notificada a
microempresa sobre a sua exclusão.

Em sendo assim, apesar da omissão na legislação vigente na


época, entendo que a intenção do legislador sempre foi condicionar o
desenquadramento da microempresa do regime de tributação diferenciado à
decisão do órgão competente com a notificação do contribuinte.

Portanto, discordo do julgador singular no momento em que


se afirma que a Recorrida não poderia ser mais autuada pela aquisição de
mercadorias superior ao limite imposto às microempresas, sob a justificativa
de que não teria mais a condição de microempresa nos exercícios posteriores
à primeira infração cometida, de modo que entendo pela reforma da decisão
para declarar a procedência do lançamento quanto aos exercícios de 1996 e
1997.

Por sua vez, sobre a alteração da penalidade disposta no


artigo 10, da Lei nº. 5.311/91, para aquela prevista no artigo 83, da Lei nº.
5.900/96, penso também merecer reforma a decisão de piso.

a) até o último dia útil do mês seguinte àquele em que tiver ultrapassado em mais de 20% (vinte por
cento) o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o; ou
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subsequente ao de início de atividades, caso
o excesso seja inferior a 20% (vinte por cento) do respectivo limite;
IV - na hipótese do inciso IV do caput:
a) até o último dia útil do mês subsequente à ultrapassagem em mais de 20% (vinte por cento) do limite
de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o; ou
b) até o último dia útil do mês de janeiro do ano-calendário subsequente, na hipótese de não ter
ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite de receita bruta previsto no inciso II do caput do art. 3o.
§ 2o A comunicação de que trata o caput deste artigo dar-se-á na forma a ser estabelecida pelo Comitê
Gestor.
§ 3o A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do
Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses:
I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, Sociedade Empresária em Comandita por
Ações, Sociedade em Conta de Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estrangeira;
II - inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional;
III - inclusão de sócio pessoa jurídica;
IV - inclusão de sócio domiciliado no exterior;
V - cisão parcial; ou
VI - extinção da empresa.

Acórdão CTE 274/2013 Página 7


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Isso porque a hipótese prevista no artigo 83, da Lei nº.


5.900/96 não se adéqua à situação relatada nos autos, portanto entendo
pela manutenção da penalidade sugerida no lançamento, disposta no artigo
10, da Lei nº. 5.311/91.

Em face do exposto, tem-se como adequada a cobrança do


crédito tributário, de acordo com a planilha abaixo:

Exercício ICMS Multa de 100%, prevista no Total


Artigo 10, da Lei nº. 5.311/91
1995 R$ 757,04 R$ 757,04
R$
1996 R$ 1.590,63 R$ 1.590,63
11.093,54
1997 R$ 3.199,10 R$ 3.199,10

Acórdão CTE 274/2013 Página 8


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CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do Reexame Necessário para, no mérito, dar-lhe provimento para
exigir a cobrança do crédito tributário referente aos exercícios de 1996 e
1997, com a aplicação da multa prevista no artigo 10, da Lei nº. 5.311/91,
condenando a Recorrida ao recolhimento de crédito tributário no valor de R$
11.093,54, (onze mil, noventa e três reais e cinqüenta e quatro centavos)
mais acréscimos legais.

O crédito tributário deverá ser recolhido ao Erário Estadual no


prazo de 15 (quinze) dias contados da ciência desta decisão, ressalvado ao
sujeito passivo o direito de interpor Recurso Especial ao Pleno do Conselho
Tributário Estadual, nos termos do artigo 47, da Lei nº. 6.771/06.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 22 de novembro de


2013.

PATRICIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ RONALDO CARLOS DE A. MENDONÇA


JULGADOR

Acórdão CTE 274/2013 Página 9


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 43 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 22/11/2013


PROCESSO Nº: 1500-018389/2008
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 99.81350-001
AUTUADA: TV CIDADE DE MACEIÓ LTDA
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 275/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS.


RETIFICAÇÃO DE DAC APÓS O PRAZO
REGULAMENTAR, ILÍCITO INERENTE A
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
ACESSÓRIA. DEMONSTRADA A APRESENTAÇÃO DAS
DAC’S DENTRO DO PRAZO REGULARMENTAR.
LANÇAMENTO NULO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO
SINGULAR.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 18.186/2011, esta, por sua vez, julgou
nulo o lançamento do crédito tributário presente no Auto de Infração
n° 9981350001.

Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria


efetuado a retificação da DAC – Declaração de Atividade do
Contribuinte após o prazo regulamentar, sem o recolhimento da multa
devida.

Desta feita, o Autuado teria violado os artigos 56 da Lei


nº 5.900/96 e 272 do RICMS, aprovado pelo Decreto nº 35.245/91,
aplicando-se, por conseguinte, a penalidade do artigo 116-A, inciso
II da Lei 5.900/96, com as alterações da Lei 6.556/04. Assim fora
fixado crédito tributário no valor total de R$: 27.557,00 (vinte e
sete mil e quinhentos e cinquenta e sete reais).

ACÓRDÃO CTE Nº 275/2013 Página 1


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Em sede de defesa, o sujeito passivo aduziu que: a) não


seria contribuinte do imposto de ICMS, tendo em vista que suas
atividades consistem na transmissão de programa, radiodifusão de
sons e imagens, através concessão pública, fato que impediria a
incidência deste tributo; b) não poderia ser responsabilizada pelo
descumprimento de obrigações acessórias (multa), vez que teria
realizado a retificação das declarações antes do início da
fiscalização e não haveria imposto algum a ser recolhido; c)as
obrigações acessórias serviriam para auxiliar a fiscalização dos
tributos, que seriam os objetos das obrigações principais; d) teria
sido entregue a declaração de existência de contratos, no modelo
antigo, no entanto tal situação não teria o condão de torná-la
inadimplente; e) a lei estadual que estipula prazo para a realização
da denúncia espontânea seria inconstitucional; f) que o valor da
multa cobrado na exação seria inconstitucional por ferir o princípio
do não-confisco; g) anexou aos autos os seguintes documentos: notas
fiscais referentes ao período mencionado pela fiscalização, guias
retificadora, recibos de entrega das DAC, contrato social,
procuração dos sócios, procuração ad judicia.

Já nas contrarrazões, a autuante além de ratificar o


posicionamento adotado pelos fiscais no Auto de Infração, alega que:
a) o autuado seria contribuinte do imposto de ICMS, consoante se
verifica no doc. fl.6; b) o autuado estaria constituído sob forma de
sociedade empresária, em plena atividade; c) o autuado paga impostos
referentes aos diferenciais de alíquota e presta informações
requisitadas pela SEFAZ por meio das DACs; d) algum destes
documentos teriam sido entregues com atraso de 02 (dois) anos, e,
portanto, o instituto da denúncia espontânea, não teria amparo legal
para incidir no presente caso; e) o objetivo da multa é desestimular
a prática de ilícitos por parte do contribuinte e, portanto, o valor
cobrado não seria exorbitante; f) nenhum ato praticado na ação
fiscal estaria eivado de inconstitucionalidade.

ACÓRDÃO CTE Nº 275/2013 Página 2


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A coordenadoria de julgamento, por sua vez, constatou a


inexistência de motivos capazes de validar o ato acusatório, posto
que, em seu sentir, os documentos acostados aos autos comprovariam
que o sujeito passivo teria apresentado as DACs dentro do prazo
regulamentar, cumprindo desta forma sua obrigação.

Neste passo, o julgador singular, observando o disposto


nos artigos 7º, inciso IV, alínea “a”, 28 e 29 da Lei nº 6.771/2006,
entendeu ser nulo o lançamento constante no Auto de Infração nº
99.81350-001, consoante se pode denotar da seguinte ementa da
decisão singular nº 18.186/2011:

ICMS. Retificação de DAC após o prazo


regulamentar, Ilícito inerente a descumprimento
de obrigação tributária acessória. Lançamento
NULO. Duplo grau de jurisdição administrativo
necessário - art. 48 da Lei nº 6.771/06.

Regulamente cientificada da decisão, a representação


fiscal não se manifestou

É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos, passo


ao voto da decisão singular n° 18.186/2011.

Considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao


devido processo legal, passa-se ao mérito da questão.

O cerne da questão em atino, diz respeito ao


posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser Nulo o Lançamento do Crédito Tributário consubstanciado
pelo Auto de Infração nº 99.81350-001.

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Em suas razões, o julgador singular aduz que: a) a


obrigação de entrega das DACs possui caráter acessório e formal,
concretizando-se com a efetiva entrega dos documentos dentro do
prazo estipulado pela norma tributária; b) os documentos acostados
aos autos teriam feito prova de que o autuado, ao operar em compasso
com os artigos 56 1 da Lei 5.900/96 e 1º, inciso I, “a” 2, da Instrução
Normativa n° 29/2002, cumprira sua obrigação; c) a penalidade
constante no artigo 116-A, inciso II da Lei 5.900/96 imputada ao
autuado não teria incidido no presente caso; d) o referido
lançamento seria nulo nos termos dos artigos 2º, p. único, “d” 3 da
Lei nº 4.717/65, 7º, inciso IV 4, 28 5 e 29 6 da Lei nº 6.771/06

Ora, tendo em vista que os documentos acostado aos autos


são esclarecedores e realmente comprovam que o autuado agiu conforme

1
Art. 56 - O contribuinte é obrigado a apresentar as declarações necessárias à apuração dos
índices de participação dos municípios, no produto de arrecadação do imposto, e todos os
demais formulários de caráter econômico fiscal, conforme dispuser a legislação.
2
Art. 1º A Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC, instituída pelo Decreto nº 998, de
25 de novembro de 2002, deverá ser entregue à repartição fiscal, na seguinte conformidade:

I - contribuintes do ICMS cadastrados no CACEAL sob o regime de apuração normal, à exceção do


Produtor Rural e do Extrator, apresentarão a Declaração de Atividades do Contribuinte - DAC
mensalmente, observando-se que:
a) as informações de periodicidade mensal deverão ser entregues até o dia 20 do mês
subseqüente ao mês a ser informado;
3
Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:

Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observar-se-ão as seguintes normas:

d) a inexistência dos motivos se verifica quando a matéria de fato ou de direito, em que se


fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou juridicamente inadequada ao resultado obtido
4
Art. 7º São nulos:

IV - o lançamento de ofício:

a) que não contiver elementos suficientes para se determinar, com segurança, a infração e o
infrator
5
Art. 28. A instrução e o julgamento do processo administrativo tributário decorrente de Auto
de Infração compete, em primeira instância administrativa, à Coordenadoria de Julgamento - CJ,
e, em segunda instância, ao Conselho Tributário Estadual - CTE.
6
Art. 29. A decisão resolverá as questões suscitadas no processo, reconhecendo a procedência,
a improcedência ou a nulidade total ou parcial do lançamento de ofício do crédito tributário,
ou ter sido este prejudicado, total ou parcialmente.

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os ditames legais, não há o que se alterar das razões que fundaram a


Decisão Singular.

Desta feita, entende-se que o posicionamento perfilhado


pela Corregedoria de Julgamento, na Decisão Singular nº 18.186/2011
que julgou nulo o lançamento consignado no Auto de Infração nº
99.81350-001 deve ser mantido.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do reexame necessário e negar-lhe provimento, mantendo a
decisão recorrida.

Sala de Sessões do CTE, em Maceió/AL, 22/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA


JULGADOR

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Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

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PROCESSO SF: 1500-0097311/1992; CTE-05/2008
AUTO DE INFRAÇÃO: Nº 048341/92
ASSUNTO : REEXAME NECESSÁRIO
AUTUADA: OAP PNEUS ORGANIZAÇÃO ALAGOANA DE PNEUS LTDA.
AUTUANTE: SELMA RAMOS DE OLIVEIRA – Mat. 30.761
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 276/2013

EMENTA: ICMS- PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO


DIANTE DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO À LUZ DO ART. 141, DA LEI Nº
4.418/82, COM AS ALTERAÇÕES POSTERIORES
IMPLEMENTADAS PELA LEI Nº 5.983/97,
TRANSCORRIDOS MAIS DE 05 (CINCO) ANOS SEM
QUE A FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL TENHA
ENCAMINHADO O REFERIDO CRÉDITO PARA A
INSCRIÇÃO NA DÍVIDA ATIVA, SEGUIDA DA
COMPETENTE AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL.
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO
EFEITO DA PRESCRIÇÃO. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata o presente feito de lançamento de crédito


tributário a título de ICMS, no valor de Cr$
217.149,40(duzentos e dezessete mil, cento e quarenta e nove
cruzeiros e quarenta centavos,com um acréscimo de multa no
valor de Cr$ 325.724,09 (trezentos e vinte e cinco mil,
setecentos e vinte e quatro cruzeiros e nove centavos), tendo
como origem, a utilização de crédito indevido e diferença no
estoque físico por omissão de vendas nos exercícios de 1989
1990.

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Como instrução da autuação foram anexados aos


autos, demonstrativo, dados cadastrais e cópias, do Controle
Físico da Mercadoria, do Controle Quantitativo de Mercadorias
e do Livro Reg. de Inventário.

Devidamente intimada da autuação, em 16 de março


de 1992,a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo assim
em revelia, conforme termo de fl.44.

A Coordenadoria de Julgamento ao analisar o


lançamento decidiu pela extinção do crédito tributário pelo
efeito da prescrição, conforme ementa: “ICMS. 1. Lançamento
de crédito tributário. 2. Descumprimento de obrigação
tributária principal. 2.1. Utilização de crédito indevido.
2.2. Omissão de saídas. 3. Inexistência de intimação regular
do lançamento de crédito tributário. 4. Lançamento
prejudicado. 5. Extinção de crédito tributário. 6. Prescrição
– CTN, artigos 156,V, e 174. 7. Duplo grau de jurisdição
administrativa necessário – art. 48, Lei Estadual nº.
6.771/06.

Notificadas da decisão a quo, tanto a autuada,


quanto a Fazenda Pública Estadual, ambas não se manifestaram
sobre a mesma (fls. 66/71).

É o relatório.

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VOTO

Preliminar de Prescrição.

Compulsando-se os autos verifica-se que a empresa


autuada apesar de ter sido intimada da autuação, em 16 de
março de 1992,a mesma não impugnou a autuação, incorrendo
assim em revelia, conforme o respectivo termo (fl.44).

A Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então


vigente ao tratar da revelia e da intempestividade, nos
parágrafos 1º, 2º e 3º, do seu art. 141, disciplinava in
verbis:

“Art. 141.

§ 1º- Quando se tratar de infrator


revel, e a infração se referir à
falta de recolhimento de tributos
apurados e escriturados em livros
fiscais próprios, prestados as
informações sobre os antecedentes
fiscais existentes, considerar-se á
concluído o processo, sendo
automaticamente promovido a inscrição
do débito na dívida ativa, para
cobrança executiva.

§ 2º- A revelia do autuado, na


hipótese prevista no parágrafo
anterior, importa o reconhecimento da
obrigação tributária e produz efeito
de decisão final do processo
administrativo.

§ 3º- Nos demais casos, lavrado o


Termo de Revelia, o processo seguirá
os tramites regulamentares, facultada
ao revel a intervenção em qualquer

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oportunidade, antes de tramitada em


julgado a decisão terminativa”.

Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de


1997, esta alterou a redação do art. 141, da Lei nº 4.418, de
28 de dezembro de 1982, então vigente, nos seguintes termos:

Art. 141. Findo o prazo de intimação,


sem pagamento do débito ou
apresentação de defesa ou recurso,
será providenciado a lavratura do
termo de revelia e o encaminhamento
do débito para inscrição em Dívida
Ativa.“

Parágrafo único - “A revelia do


autuado implica no reconhecimento da
obrigação tributário e produz efeito
de decisão final no processo
administrativo fiscal.”

A reportada Lei nº 4.418/82, apesar de versar em


princípio sobre direito substantivo, instituindo o código
tributário do Estado de Alagoas, é inegável que, ao
disciplinar o processo administrativo fiscal, no seu capítulo
III, do art. 118 ao art. 167, o referido diploma legal
tratou, também, de matéria processual.

Assim sendo, passo a discorrer a aplicação da


norma processual no tempo.

A doutrina aponta três sistemas que procuram


resolver quanto à eficácia das leis processuais no tempo:

a) O primeiro sistema, chamado da unidade


processual, o processo consiste, em um complexo de atos
inseparáveis uns dos outros, porque todos se subordinam ao

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fim a que visa, qual seja, a decisão. De forma que o processo


seria um corpo uno, e, assim considerados teria que ser
regulado por uma única lei. Nessas condições, uma vez em
curso, e sobrevindo uma lei nova, disciplinar-se-ia
inteiramente por esta ou pela lei anterior. Por conseqüência,
a ser regido inteiramente pela lei nova, tornando ineficazes
os atos já realizados, poder-se ia dizer que a lei processual
tem efeito retroativo.

b) O segundo sistema, chamado das fases


processuais, considera a existência de várias fases
processuais autônomas, a postulatória, a probatória, a
decisória e a dos recursos. Sistema pelo qual, em curso um
processo, sobrevivendo uma lei nova, esta não disciplina a
fase ainda não encerrada, que se regeria pela anterior.
Assim, somente as fases seguintes obedeceriam a lei nova.

c) O terceiro e o último sistema é o do


isolamento dos atos processuais, segundo o qual, sem
desconhecer que o processo é uma unidade em vista do fim a
que se propõe, observa que cada um dos atos processuais pode
ser considerado isoladamente, para os efeitos de aplicação da
lei nova. Ou melhor, esta encontrando um processo em
desenvolvimento, respeita a eficácia dos atos processuais já
realizados e passa a disciplinar o feito a partir de sua
vigência.

Dentre os referidos sistemas, o código de


processo civil adotou o sistema do isolamento dos atos
processuais, conforme expressamente dispôs no art. 1211, que
reza:”....Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão,
desde logo, aos processos pendentes.

Portanto, à luz da nova redação do art. 141, da


Lei nº4418/82, então vigente, dada pela Lei nº 5.983/97, bem
como atentando para o princípio da subsidiariedade da lei
adjetiva civil ao processo administrativo tributário, a
administração fazendária deveria ter procedido ao devido
encaminhamento dos autos, a fim de inscrever o respectivo

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débito na Dívida Ativa, seguida da competente ação de


execução fiscal a cargo da Procuradoria da Fazenda Estadual.
No entanto, transcorreram mais de cinco anos, contados a
partir da constituição do crédito tributário, termo inicial
do prazo prescricional, sem que tal providência fosse
adotada.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por maioria de votos,
conhecer da remessa necessária para negar-lhe provimento,
mantendo assim in totum a decisão a quo.

Intime-se a autuada e em seguida vão os autos à


DIRAC., para os procedimentos de praxe.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió/AL,


22/11/2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


JULGADOR JULGADOR
(VOTOU COM O RELATOR) (VOTOU COM O RELATOR)

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA


JULGADOR
(VOTOU CONTRA O RELATOR)

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SESÃO ORDINÁRIA Nº 05 – 2º Câmara – Realizada em 01/02/2013


Processo:1500-028155/2011; 1500-009251/2009, 1500-
042046/2011.
Auto de Infração: 70.01981-001
Autuada: FOUR COLORS COMERCIAL LTDA-ME
Inscrição Estadual: 248.40472-5
Autuante: Louise Amaral de Araujo
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
VOTO DE VISTA/VENCEDOR: José Pedro da Silva
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETARIA:GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº28 /2013

EMENTA: AUTUAÇÃO. TEOR DA DESCRIÇÃO


DOS FATOS TIDOS COMO INFRAÇÃO À
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA EM DIVERGÊNCIA
QUANTO A SUA TIPICIDADE. OFENSA AO
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA. PRESENTES
OS VÍCIOS DE NULIDADES TANTO NA
AUTUAÇÃO QUANTO NO ATO DECISÓRIO,
TORNA-SE NECESSÁRIO O RECONHECIMENTO,
A DECLARAÇÃO PRÉVIA DA NULIDADE DA
PRÓPRIA AUTUAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA
DECLARAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO
RECORRIDA DE FORMA ISOLADA.
ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA CELERIDADE
DA TRAMITAÇÃO DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. AUTUAÇÃO NULA.

RELATÓRIO
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Acórdão CTE Nº 28/2013 1


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Fundamentado o auto de infração na acusação fática de


não recolhimento do ICMS decorrente de omissão de saídas de
mercadorias relativas às operações detectadas pelos
pagamentos feitos pelos adquirentes por via de cartão de
crédito/débito, “... cujos documentos fiscais relativos a
estas operações de saídas não estavam escrituradas
regularmente nos livros fiscais próprios”, complementado da
seguinte forma “... detectadas através da comparação entre as
saídas declaradas e o faturamento em operação com cartões dec
crédito e/ou débito, nos exercícios de 2007, 2008 e 2009...”.

Para comprovar o fato foi juntado: a) Demonstrativo


Confronto com a planilha apresentada pela Sefaz e os valores
que constam no processo (fls. 07-09); b) cópia da intimação
fiscal n. 7001981/002 (fl.10); c) Relatório de cruzamento da
DAC com arrecadação do ICMS e débitos fiscais (fls. 11-15);
d) Relatório de Movimentações Financeiras Redecard (fls. 34-
51); d) Transferência eletrônicas de fundos (cartão
credito/debito) comparada com faturamento (fls.53-54).

Foram apontados como transgredidos as seguintes normas:


art. 1º; art. 2º, § 9º, II e V; art. 31 e art. 50, I, II, §§
2º ao 7º, todos da Lei 5.900/96 c/c art. 272-B do RICMS/91.
Aplicada a penalidade prevista no artigo 83 da Lei nº
5.900/96.

Em síntese, a autuada apresentou defesa com as


alegações preliminares de: a) tempestividade, pois teve
conhecimento do auto de infração em 04/12/2011 e o sistema de
processo da SEFAZ ter estado fora em 21/12/2011; b) ilicitude
da prova por quebra do sigilo bancário, de correspondência,
comunicação telegráfica e telefônica, dados da pessoa
jurídica e afronta do art. 5º, XII e LVI da CF/88; c)
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Acórdão CTE Nº 28/2013 2


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cerceamento de defesa por falta de descrição clara, precisa e


sucinta dos fatos considerados como infração a legislação
tributária e que não teria infringido nenhuma norma
tributária descrita.
E no mérito arguiu que: a) a única prova existente
teria sido obtida de forma ilegal, não restando nenhuma prova
lícita de omissão de receitas ou de ocorrência do fato
gerador; b) os relatórios das Administradoras de Cartões
seriam uma simples listagens de números, sem nenhuma
indicação de quem a teria fornecido e assinado; c) para
comprovar a ocorrência de vendas sem emissão de nota fiscal
seria necessária a realização de levantamento físico de
estoque; c) a alíquota de 17% seria aplicável aos
contribuintes com inscrição normal e inadequada para aqueles
enquadrados como microempresa a nível estadual no período de
01/2007 a 06/2007.
Ainda argumentou que multa proposta do art. 83 da lei
5900/96 seria inadequada por não possuir nenhuma conduta
praticada pela defendente, que por ser optante do Simples
Nacional teria como livros fiscais obrigatórios, o registro
de entrada, registro de inventário e registro de documentos
fiscais e termos de ocorrências conforme art. 3º, da
Resolução CGS n. 10/2007.
Alegou também que o auto de infração estaria a exigir
credito tributário anterior a vigência da lei 5979/97,
6209/00 e 6348/02 com ferimento ao principio da
anterioridade, da irretroatividade e da segurança jurídica.
Por fim pediu a produção de prova pericial contábil-
fiscal para verificar que as notas fiscais que acompanharam
as mercadorias continham a data da efetiva saída e a juntada

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Acórdão CTE Nº 28/2013 3


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de declaração devidamente assinada por representante das


administradoras de cartão, após a obtenção de autorização
judicial.
A Representação fiscal apresentou em 08/02/2012 suas
contra razões a defesa apoiada nos fundamentos de que: a)
teria sido respeitado o principio da anterioridade porque o
procedimento adotado pelo agente fiscal seria tecnicamente
idôneo e previsto no art. 50 §11º, da lei 5900/96 e por isso
não havia necessidade de ordem judicial para obter as
informações das Administradoras de Cartões; b) não teria
havido cerceamento de defesa e contraditório porque o
contribuinte compreendeu a acusação fiscal completa e
irrestritamente conforme se observa pela impugnação
apresentada.
Quanto ao mérito asseverou que o demonstrativo foi
amparado em elementos passados pela defendente, que não
atacou a diferença encontrada entre o que ela teria declarado
a titulo de operações com cartões e o que faturou na sua
escrita regular.
Proferida a Decisão nº 18.680/2012, tendo o julgador
singular decidido pela procedência parcial do lançamento com
a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS. 1. A situação do sujeito


passivo é: NÃO optante pelo Simples
Nacional. 2. Extrato de Arrecadação do
Contribuinte não consta nenhum
recolhimento de imposto com base no
regime de microempresa. 3. A
circunstância material que dá ensejo a
presunção legal foi devidamente provada
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com a juntada do relatório das


Administradoras de Cartões, e Relatório
de cruzamento da DAC com arrecadação do
ICMS. 4. Aplicação da penalidade
disposta no art. 79 da lei 5.900/96. 5.
Lançamento do crédito tributário
PROCEDENTE em parte. 6. Reexame
necessário para o Conselho Tributário
Estadual

Foi a autuada intimada e a Comissão de Representação


Fiscal dado ciência da Decisão Singular.
Assim, chegam os autos a este Conselho para o Reexame
Necessário.
É o relatório.

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Acórdão CTE Nº 28/2013 5


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PRELIMINAR DE NULIDADE – CERCEAMENTO DE DEFESA.

Da análise do teor da peça vestibular é de se constatar


que a descrição dos fatos tidos como infração à legislação tributária
apresenta-se de forma incoerente e imprecisa, acarretando dificuldade na
defesa da empresa autuada, quando o autuante ao consignar na fl. inicial,
assim como nos demonstrativos de fls. 07/09, os fáticos típicos da
infração, faz constar ao mesmo tempo a falta de recolhimento do ICMS
decorrente de omissão de saídas em razão de diferença das vendas
realizadas mediante cartões de crédito/débito em confronto com as vendas
efetivamente registradas e, falta de recolhimento do imposto ensejada
pela falta de escrituração dos documentos fiscais relativos às operações
de saídas, sem, no entanto, identificar os respectivos documentos fiscais
(Notas Fiscais) sem a devida escrituração no livro próprio, indicando
como embasamento legal o Art. 83 da Lei nº. 5.900/96, segundo o qual
disciplina in verbis: “Falta de recolhimento do imposto, no todo ou em
parte, quando os documentos fiscais relativos às respectivas operações de
saídas não estejam escriturados regularmente nos livros fiscais próprios:
MULTA – equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto.”

Ora, diante da ambigüidade da fundamentação jurídica da


autuação, a empresa, ou bem se defenderia da acusação do registro de
vendas inferior ao montante do faturamento mediante cartão de
crédito/débito, infração típica do inc. V, § 9º, do Art. 2º, combinados
com o Art. 79, todos da Lei nº. 5.900/96, ou bem se defenderia da
acusação da falta de recolhimento do ICMS decorrente da omissão de
registro das notas fiscais emitidas, infração esta prevista no reportado
art. 83.

De forma que, não obstante o acerto até certo ponto do voto


proferido pelo eminente relator Mário Sérgio Martins de Castro,
concluindo pela nulidade da decisão a quo em razão da mesma conter,
também, vícios de nulidade, isto à luz do Art. 7º, inc. II, na sua
segunda parte, tal nulidade não deve sobrepor a nulidade prévia da
própria autuação, do lançamento, segundo a qual precede a toda e qualquer
nulidade subsequente, ou melhor, a conclusão pela nulidade da decisão
recorrida sem antes declarar a nulidade da própria autuação quando
presentes, in casu,os respectivos vícios, acarretaria não só violação ao
princípio da celeridade na tramitação do próprio PAT, previsto no § 1º do

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Acórdão CTE Nº 28/2013 6


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Art. 2º, da Lei nº 6.771/06, mais também, um procedimento discrepante da


praticidade, com reiteradas e desnecessárias decisões, ao invés de uma só
decisão no âmbito de preliminares acerca de nulidades e a partir daí
repetindo todos os atos, inclusive o ato decisório de primeira instância.

Portanto, como se vislumbra no caso vertente, tanto a


autuação, quanto a decisão recorrida contém vícios de nulidades à luz do
Art. 7º, inc. II, da Lei nº. 6.771/06 e assim sendo, é de bom alvitre que
se reconheça que se declare previamente a nulidade do próprio lançamento
e por extensão os demais efeitos dos atos subseqüentes.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2º CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria, no sentido de conhecer do recurso para
dar-lhe provimento e declarar nula por vício formal, previamente, a
própria autuação por ofensa ao princípio da ampla defesa.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 01 de fevereiro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS MARIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


VOTO DE VISTA VENCEDOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA) JULGADOR (ACOMPANHOU VOTO DE VISTA)

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Acórdão CTE Nº 28/2013 7


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 45 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 03/12/2013


PROCESSO SF: 1500-009416/1996 E CTE-121/06
AUTO DE INFRAÇÃO: 065959/1995
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO
AUTUADA: Benedito Ricardo De Almeida Atacadista.
AUTUANTE: Francisco Xavier F. Falcão- 52.885-4
RELATOR: José Pedro Da Silva
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO 284/2013

EMENTA:ICMS - PRELIMINARES DE OFÍCIO


INADMISSIBILIDADE DE RECURSO POR PARTE
DO AUTUANTE. DIANTE DA REDAÇÃO DOS
ARTS. 46 e 47, TODOS DA LEI Nº 6.771/06, NÃO
CABE RECURSO DA DECISÃO DE PRIMEIRA
INSTÂNCIA POR PARTE DO AUTUANTE.
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
DEVIDAMENTE INSTRUÍDO. PRESCRIÇÃO -
CONSTITUIDO O CRÉDITO TRIBUTÁRIO À LUZ
DO ART. 141, DA LEI Nº 4.418/82, ALTERADO
PELA LEI Nº 5.983/97, SEM A INSCRIÇÃO EM
DÍVIDA ATIVA POR MAIS DE CINCO ANOS, TEM
COMO CONSEQUÊNCIA, A EXTINÇÃO DO
MESMO MEDIANTE O EFEITO DA RESCRIÇÃO.
REMESSA NECESSÁRIA CONHECIDA E
RECONHECIDA, A PRESCRIÇÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO.

RELATÓRIO

Acórdão CTE N° 284/2013 Página 1


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Versa o presente processo sobre lançamento de crédito tributário a título de


ICMS, no valor de R$ 19.339,80 (dezenove mil, trezentos e trinta e nove reais e oitenta
centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$ 29.009,69 (vinte e nove mil, nove reais
e sessenta e nove centavos), em decorrência de ter realizado vendas de mercadorias tributadas
como se fosse não tributadas ou isentas, nos exercícios de 1993, 1994 e 1995, infringindo os
arts. 1º, 2º V; 49, II e VII; 131, XI,XII, combinado com o art. 829, todos do RICMS, aprovado
pelo Dec. Nº 35.245/91.

Como instrução da autuação foram anexados demonstrativo do débito, cópias,


da FAC, do cartão de autógrafo, dos termos de ocorrências de notas fiscais, dos livros, reg. de
apuração do ICMS e de saídas (fls.03 usque 191).

Intimada da autuação, a empresa não impugnou o lançamento, incorrendo em


revelia, conforme termo lavrado à fl. 192.

Informa a Unidade de Controle de Dívida Ativa e Débitos Fiscais que a


empresa não é reincidente na infração (fl.193v.).

A Coordenadoria de Julgamento, ao analisar o lançamento, decidiu pela


improcedência do mesmo, tendo como embasamento, a inexistência de prova da infração e daí
a inaplicabilidade do art. 319, do C.P.C, combinado com o art. 891, inc. V, do RICMS,
aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91, remetendo os autos para esta instância em atendimento ao
art. 149, da Lei nº 4.418/82.

Diante da referida decisão, o fiscal autuante requer ao eminente Presidente


deste colegiado, em forma de recurso, reexame da decisão a quo.

Em face da ausência nos autos da intimação do sujeito passivo, da decisão de


primeira instância, assim como levando em consideração o fato do contribuinte está com
inscrição cancelada, este relator converteu o feito em diligência no sentido do contribuinte ser
intimado na forma seqüencial prevista nos incs. II e III, do art. 11, combinado com o seu § 2º,
da Lei nº 6.771/06. No que foi atendido, porém, sem nenhuma manifestação do titular da
empresa, conforme fls. 221/223.

É o relatório.

VOTO

Acórdão CTE N° 284/2013 Página 2


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PRELIMINARES DE OFÍCIO.

INADMISSIBILIDADE DE RECURSO POR PARTE DO AUTUANTE


Os arts. 45,46 e 47, da Lei nº 6.771/06, assim preconizam:

“Art. 45- São cabíveis os seguintes recursos ao CTE:

I- recurso ordinário; e
II-recurso especial.”

“Art. 46. O sujeito passivo vencido, no todo ou em parte, em primeira instância, poderá
interpor recurso ordinário ao CTE, excetuada o recurso relativo aos casos de procedimentos
especial”.

“Art. 47. cabe recurso especial ao pleno do CTE, interposto pelo sujeito passivo, pelo
autuante..., quando a decisão de qualquer câmara divergir do entendimento sobre idêntica
questão jurídica manifesta por outra câmara ou pelo pleno.”

Assim sendo, diante da redação dos respectivos artigos retro transcritos, é de


se concluir que o único recurso cabível da decisão de primeira instância é o recurso ordinário
por parte do sujeito passivo, não cabendo o referido recurso ao autuante, pelo que indefiro de
plano o pleito, sem análise do mérito.

Com relação à ausência de provas da infração tributária e em conseqüência a


improcedência do lançamento, segundo entendimento do julgador a quo, a mesma não tem
consistência, visto que diante do demonstrativo do débito com a respectiva discriminação dos
dados inerentes às notas fiscais, assim como diante das cópias de algumas notas fiscais, do
Livro Reg. de Apuração do ICMS e do Livro Reg. de Saídas (fls. 03/10 e fls. 16/189v.), o
presente lançamento está devidamente instruído na forma do Art. 27-A e § 2º, da Lei nº
6.771/06, quando competiria ao autuado nos termos do § 3º do referido artigo, combinado
com as disposições do Art. 333, II, do CPC, apontar todos os erros ou incorreções porventura
existentes no demonstrativo de forma objetiva o que não fez.

Por outra banda, analisando os autos sob a ótica do chamamento do autuado


para integrar a lide, verifica-se que a empresa autuada apesar de ter sido intimada da autuação,
em 29 de setembro de 1995, a mesma não impugnou o lançamento, incorrendo assim em
revelia, conforme o respectivo termo (fl. 192).
Acórdão CTE N° 284/2013 Página 3
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Editada a Lei nº 5.983, em 20 de dezembro de 1997, esta alterou a redação do


art. 141, da Lei nº 4.418, de 28 de dezembro de 1982, então vigente, in verbis:

“Art. 141. Findo o prazo de intimação, sem pagamento do débito ou apresentação de defesa
ou recurso, será providenciados a lavratura do termo de revelia e o encaminhamento do débito
para inscrição em Dívida Ativa.”

No entanto, devidamente configurada a situação de revel do contribuinte, já sob a


égide da alteração do dispositivo legal pela reportada lei, transcorreram mais de 05 (cinco)
ano sem que a Fazenda Pública Estadual providenciasse a inscrição do respectivo débito na
dívida ativa, seguida da competente ação de execução fiscal.

Portanto, diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecerem da remessa necessária para de oficio reconhecer a prescrição do credito tributário
em comento.

Intime-se o contribuinte.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 03 de dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA: Nº45 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 03/12/2013


PROCESSO: 1500-009525/09; CTE-449/11
AUTO DE INFRAÇÃO Nº 99.90147-007
RECORRENTES: S.A DA SILVA E CIA LTDA.
RECORRIDO: COORDENADORIA DE JULGAMENTO
AUTUANTE: EMILIO MARCELINO P. L. LINS
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 285/2013

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO SEGUIDO DE ADESÃO AO


PROGRAMA DE PARCELAMENTO INCENTIVADO – PPI.
LIQUIDAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO.
RECURSO CONHECIDO COM JULGAMENTO PREJUDICADO.

RELATÓRIO

Versa o presente processo sobre lançamento de crédito tributário a título de


multa, prevista no Art. 116-A, inc. II da Lei nº 5.900/96, com as alterações da Lei nº.6.556/04,
no valor de R$ 2.107,30 (Dois Mil, Cento e Sete Reais e Trinta Centavos),decorrente de
fornecimento de informações divergentes das constantes do Livro de Movimentação de
Combustíveis – LMC, bem como divergência do controle físico dos dispositivos das bombas
de combustíveis, além da omissão na DAC dos bicos 11 e 12 e do tanque nº 05 de diesel.

Devidamente intimada da autuação, a empresa autuada apresentou defesa e em


ato contínuo contestada pelo fiscal autuante.

Acórdão CTE nº 285/2013 Página 1


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A primeira instância ao analisar o presente litígio fiscal proferiu julgamento,


concluindo pela procedência do crédito tributário lançado, conforme ementa: “ICMS –
obrigação acessória, Entrega da DAC contendo informações divergente. Fato
devidamente comprovado. LANÇAMENTO PROCEDENTE.”

Inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa impetra,


tempestivamente, recurso ordinário para este Colegiado.

A DIRAC informa nos autos do processo que o crédito, objeto do presente


lançamento, está extinto mediante liquidação do mesmo por intermédio de novo PPI instituído
pelo Dec. nº 4.147/09.

Em síntese é o relatório.

Voto.

Conforme já consta do relatório e das provas acostadas aos autos, a empresa


autuada aderiu ao Programa de Parcelamento Incentivado – PPI, liquidando assim o crédito
tributário, objeto do presente lançamento.Portanto, o recurso intentado perdeu a sua
finalidade.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, porém,
julgar prejudicado.

Intime-se a recorrente.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões em Maceió, 03 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE nº 285/2013 Página 2


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 47 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 09/12/2013


PROCESSO Nº: 1500-008830/1999 – CTE 198/2011
AUTO DE INFRAÇÃO: 004710/1999
AUTUADA: VALDIR CORREIA
AGENTE: TÂNIA MARIA DA SILVA
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 287/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO, CONHECIDO E


IMPROVIDO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO
COMPROBATÓRIA DO ESTOQUE NO ANO DO
LEVANTAMENTO FISCAL OU MESMO DE NOTAS
FICAIS CAPAZES DE COMPROVAÇÃO. NULIDADE
DO ATO NESTE PONTO.

RELATÓRIO

Tratam os autos de reexame necessário quanto a decisão


n.º 17.796/2011 da Coordenadoria de Julgamento que entendeu
por julgar improcedente o Auto de Infração para excluir a
imputação originalmente lançada de omissão de saída de
mercadoria em decorrência de levantamento fiscal, em razão
da ausência de provas capazes de consubstanciar a pretensão
fiscal.

Originalmente houve a imputação de débito no valor de


R$ 36.152,20 (trinta e seis mil, cento e cinquenta e dois
reais e vinte centavos), correspondente ao ICMS da venda
observada no levantamento (baixa de estoque) para o
ano/exercício 1998; além de R$ 21.691,32 (vinte e um mil,
seiscentos e noventa e um reais e trinta e dois centavos),
pela multa do art. 84 da Lei 5.900/96.

Para consubstanciar a autuação fiscal, fez-se


acompanhar de levantamento físico (com coluna de estoque em
31/12/1997, além de coluna correlata em 31/12/1998); Livro
de Registro de Inventário com estoque em 31/12/1997; e
Controle Quantitativo de Mercadoria - CQM, para o exercício
de 1998.

ACÓRDÃO CTE Nº 287/2013 Página 1


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Em sua defesa, o Contribuinte indica que o


levantamento estaria equivocado porque a comercialização no
ano de 1998 não corresponderia ao que titulado pelo agente
autuador; o que seria comprovado pelo Livro de Registro de
Inventário e de Apuração de ICMS, além de declaração de
Movimente Econômico.

Pugnando ainda à que a multa aplicável, no caso de


convalidação do auto, fosse a do art. 1000 do RICMS;
culminando com pedido para nulidade e dispensa da aplicação
da penalidade imposta no auto de infração.

Determinada a realização de diligência para que


houvesse por acostado nos autos a Livro de Registro de
Inventário relativo ao ano de 1998 (ano fiscalizado). O
que, após as tentativas de chamamento e lançamento da OS
n.º 90.04906, entendeu-se por lançar no Auto de Infração
n.º 90.04906-002, ao argumento de extravio dos Livros de
Registro de Inventário, este no valor de R$ 4.863,00
(quatro mil, oitocentos e sessenta e três reais) (fls. 48).

Novamente comparece o Contribuinte para indicar a


fragilidade do lançamento (novo lançamento de extravio),
quando os livros/documentos solicitados foram apresentados
nos autos. O que tornaria ineficaz a pretensão de impor a
punibilidade pretendida.

Quando da remessa para Coordenadoria de Julgamento,


entendeu esta pela improcedência do auto de infração, por
ausência de documentos probantes necessários ao
levantamento físico, tais como as notas fiscais de entrada
e saída, e mesmo o livro de registro de inventário do ano
de 1998 (período analisado).

Sendo o que se tinha a relatar, passo a decidir.

De fato, quando da análise da documentação capaz de


dar sustentação ao Auto de Infração, no que pese o
levantamento haver sido efetivado com base na documentação
apresentada pelo próprio contribuinte, há que ser
considerado aqui a junção de parte dos documentos
necessários ao mister pretendido.

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Mas, sem que houvesse de fato nos autos, a


apresentação das notas fiscais capazes de demonstrar a
atividade discorrida, ainda que mesmo por amostragem. E no
mesmo sentido, tendo sido ausente no momento do lançamento
o Livro de Inventário correspondente ao ano de 1998.

Dados estes imperativos para a convalidação do


levantamento.

Tendo então agido corretamente a Coordenadoria de


Julgamento em atenção do comando do art. 776 do RICMS
(aplicável no momento), que assegura para o levantamento a
consideração do valor final/estoque da sondagem:

Art. 776. Os agentes do Fisco, através de


levantamento fiscal, poderão desprezar os
resultados apresentados pela contabilidade do
contribuinte, quando não representem o
movimento real tributável realizado pelo
estabelecimento em determinado período, em que
serão considerados os valores das mercadorias
entradas, das mercadorias saídas, dos estoques
inicial e final, inclusive levantamento das
mercadorias por espécie, a fim de constatar a
exatidão do inventário e do estoque existente,
das despesas, dos serviços recebidos e dos
prestados, dos outros encargos, do lucro do
estabelecimento e de outros elementos
informativos.

Bem como ainda da cumulação ao art. 891 do RICMS , que


exige quando do levantamento fiscal , a folha do Livro de
Registo de Inventário do ano fiscalizado cumulativamente
com os demais documentos, as notas fiscais (ainda que por
amostragem) – o que não se observa.

Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá


ser instruído, consoante a infração detectada,
com os seguintes documentos:
(...)
III - no caso de levantamento específico de
estoque, deverão ser juntados:

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(...)
b) folhas do Livro Registro de Inventário
referentes ao exercício anterior e ao
fiscalizado;
(...)
V - cópia dos documentos que serviram de base
para a apuração das irregularidades, em
qualquer caso;

Além da legislação de regência, se tendo por firmada a


convicção com alinhamento nos julgados de outros tribunais
pátrios:

PRELIMINAR – NULIDADE POR INSEGURANÇA NA


DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO – AUDITORIA BÁSICA DO
ICMS – ACUSAÇÃO DE APROVEITAMENTO INDEVIDO DE
CRÉDITO, SENDO QUE A SITUAÇÃO TRATA-SE DE
TRANSFERÊNCIA DE CREDITO – ACOLHIMENTO – DECISÃO
UNÂNIME – 1- Se a acusação fiscal estiver
inconsistente com as provas constantes dos autos,
resta caracterizado o vício insanável da
insegurança na determinação da infração; 2- Deve-
se declarar a nulidade 'ab initio' do auto de
infração quando comprovada insegurança na
determinação da infração (Lei nº 16.469/09, art.
20, inciso IV). (CATGO – RVol 3 0261968 701 94 –
(01626/09) – III CJUL – Rel. Cons. Aldeci de
Souza Flor – J. 04.06.2009)

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – PRELIMINAR –


NULIDADE AB INITIO DO AUTO DE INFRAÇÃO POR
INSEGURANÇA NA DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO –
ACOLHIMENTO – DECISÃO NÃO UNÂNIME – 1- Havendo
imperfeições e obscuridades na forma da apuração
do valor a ser exigido do sujeito passivo, resta
caracterizado o vício insanável da insegurança na
determinação da infração; 2- Deve-se declarar a
nulidade 'ab initio' do auto de infração quando
comprovada insegurança na determinação da
infração (Lei nº 16.469/09, art. 20, inciso IV).
(CATGO – RFaz.-CONP 3 0143939 167 62 – (01703/09)

ACÓRDÃO CTE Nº 287/2013 Página 4


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– CONP – Rel. Cons. Aldeci de Souza Flor – J.


09.06.2009)

Somando-se ao fato de haver sido refutado pelo


contribuinte a apuração dos valores/estoques atinentes ao
caso em questão.

E, no que pese não haver sido manifestado qualquer


comento por parte da Coordenadoria de Julgamento quanto a
lavratura do Auto de Infração n.º 90.04906-002, constate
nestes próprios autos (outro apuramento de infração), ao
argumento de extravio dos Livros de Registro de Inventário,
este no valor de R$ 4.863,00 (quatro mil, oitocentos e
sessenta e três reais) (fls. 48), resta em ser destacado
que os livros forem apresentados já em momento bem futuro
ao lançamento , desconstituindo qualquer pretensão de
constituição de crédito por tal motivação de
extravio/perda.

Deste modo, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, com a manutenção da decisão n.º 17.796/2011, da
Coordenadoria de Julgamento, desconstituindo o lançamento
por ausência de conjunto probatório hábil o suficiente para
demonstrar o estoque final considerado no ano de 1998 (ano
analisado), bem como por ausência completa de qualquer das
notas fiscais capazes de fazer prova ao ato imputado (ainda
que por amostragem).

Sala das sessões do CTE, em Maceió (AL), 09 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 287/2013 Página 5


ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA: Nº 47 – 2ª CÂMARA – REALIZADA: 09/12/2013


PROCESSO SF Nº 1500-001841/96 e CTE Nº: 187/2006
AUTO DE INFRAÇÃO: 64437
RECORRENTE: COMPANHIA ALAGOANA DE REFRIGERANTES
RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL
RELATOR: LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: PATRÍCIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO 288/2013

EMENTA: ICMS – SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. A


REALIZAÇÃO DE VENDAS COM PERCENTUAL DE
MARGEM DE LUCRO INFERIOR AO ESTABELECIDO,
NO REGULAMENTO, APÓS AUTORIZAÇÃO PRÉVIA
DA ADMINISTRAÇÃO EM RESPOSTA À CONSULTA
FISCAL, ACARRETA A INCONSISTÊNCIA DA
AUTUAÇÃO, EM RAZÃO DA VINCULAÇÃO DO ENTE
TRIBUTANTE PARA COM O CONTRIBUINTE ATÉ
QUE OCORRA ALTERAÇÃO DO PROCEDIMENTO,
OBJETO DA RESPOSTA DA RESPECTIVA
CONSULTA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO,
DECISÃO RECORRIDA REFORMADA IN TOTUM.
LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

RELATÓRIO

O Fisco estadual efetuou por intermédio do Auto


de Infração supra identificado, lançamento de crédito
tributário a título de ICMS, no valor de R$ 1.108.669,06 (um
milhão, cento e oito mil, seiscentos e sessenta e nove reais
e seis centavos), com um acréscimo de multa no valor de R$
1.663.003,56 (um milhão, seiscentos e sessenta e três mil,
três reais e cinquenta e seis centavos), decorrentes da falta
de retenção do imposto nos termos do protocolo ICMS-10/92,
cláusula quarta e arts. 428, 432 e 827 do RICMS.

Na instrução do feito, foram anexados o


histórico dos fatos que levaram ao auto de infração, os
demonstrativos do débito, as cópias do livro de registro de
notas fiscais e serviços, a amostragem de notas fiscais de
___________________________________________________________________________________ 1
ACÓRDÃO CTE Nº 288/2013
ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

serviço e vendas e o demonstrativo nota a nota das operações


que motivaram a lavratura do auto.

Em sua defesa, a empresa autuada colacionou


diversos lançamentos, entre os quais se destacam a repetição
do lançamento de infração já imputada no Auto de Infração n.º
073370/95; a inadequação da estratégia de vendas à
materialidade do ICMS; a inconstitucionalidade do instituto
de substituição tributária; a desobediência à hierarquia
normativa entre o art. 432 do RICMS/AL e os arts. 2 e 27 da
Lei 5.077/89; o protocolo n.º 10/92 alcançaria apenas
operações inter-estaduais; no período de julho a dezembro de
1993, o valor agregado a ser aplicado aos refrigerantes em
embalagens retornáveis era de 60% (sessenta por cento), dada
a Portaria n.º 117/91 do Secretário Executivo do Ministério
da Fazenda e o valor agregado de 140% cobrado representaria
confisco por parte do estado de Alagoas.

Contestando a defesa da autuada, o Fisco atacou


estes argumentos.

A Coordenadoria de Auditoria Fiscal ao analisar


a contenda fiscal, decidiu pela procedência do lançamento,
embasando-se nos artigos 27, caput e 48, inc. II, da Lei nº
5077/89, no art. 2º, inc. I, da Lei nº 5572/93, combinados
com o artigo 432, inc. I do RICMS, aprovado pelo Dec. Nº
35.245/91.

Inconformada com a decisão de primeira


instância, a empresa vencida impetra recurso para este
colegiado alegando, em síntese, a duplicidade de autuações; o
equívoco do Fisco em intentar usar valores de base de cálculo
do ISS com fins de aplicar o ICMS; a impossibilidade da
fixação de base de cálculo por decreto; a ocorrência de
consulta à SEFAZ através do Parecer CT 200/93, assinado pelo
próprio Secretário da Fazenda, indicando a base de cálculo do
ICMS como o preço final de venda ao consumidor e a
inocorrência de anulação ou revogação da consulta pela
Portaria n.º 67/95 da SEFAZ. Requereu, ao final, o julgamento
da autuação como improcedente.

___________________________________________________________________________________ 2
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ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Nas contrarrazões do recurso, o Fisco alega, em


suma, que cabe ao RICMS a fixação do percentual de margem de
lucro para fins de cobrança do ICMS devido por substituição e
que fora exatamente isso o ocorrido no Auto de Infração,
conforme o artigo 432, I do RICMS. Requere, ao final, o
julgamento do auto em comento como procedente.

Este relator, notando a possibilidade de


ausência da ampla defesa em caso de não ser analisado o Auto
de Infração n.º 073370/95 reportado pela Autuada, converteu o
feito em diligência no sentido de ser anexada uma cópia
daquele aos autos, no que foi atendido.

___________________________________________________________________________________ 3
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VOTO

O art. 27 da Lei nº 5077/89 estabelece que, na


hipótese do industrial substituto, a exemplo da recorrente,
na ausência de preço máximo ou único de venda do contribuinte
substituído fixado pelo fabricante ou pela autoridade
competente, a base de cálculo para fins da substituição
tributária é o valor da operação praticada pelo substituto,
com inclusão dos valores correspondentes a fretes e carretos,
seguros, imposto e outros encargos transferíveis ao
varejista, acrescido do percentual de margem de lucro fixado
pelo regulamento.

O RICMS, aprovado pelo Dec. Nº 35.245/91, no


seu art.432,inc. I, já referenciado anteriormente, estabelece
como margem de lucro legal para refrigerantes é o percentual
de 140% (cento e quarenta por cento).

Ocorre que, no transcorrer do exercício de


1994, período anterior à autuação, portanto, a recorrente
formulou consulta fiscal no sentido do órgão fazendário
esclarecer o percentual do valor agregado devido na revenda
de seus produtos, obtendo através da qual como resposta,
orientação para usar o percentual de 90% (noventa por cento)
a título de lucro legal no tocante a todos os produtos
comercializados pela solicitante, conforme se vê às fls.
27/32 do processo nº 1500-12007/04. Houve, assim, uma
vinculação ao ente tributante, Estado de Alagoas, até que
ocorra alteração do procedimento, objeto da resposta da
respectiva consulta.

Noutras palavras, verifica-se a existência de


consulta formulada pelo sujeito passivo em data anterior ao
período fiscalizado. Através deste, entendeu por meio de
parecer a Douta Coordenadoria de Tributação que à
Administração Fazendária, na qualidade de “autoridade
competente” referida em citado dispositivo, será facultada a
fixação de percentual diverso do previsto em legislação,
observado sempre o teto por esta pré - fixado, in casu,
exatamente os 140% em questão. Tal parecer, conforme alegado
pela Recorrente, foi referendado pelo Secretário da Fazenda.
___________________________________________________________________________________ 4
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SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

Consubstanciado no entendimento exarado em consulta


é que este ente fazendário procedeu, então, pesquisa de
mercado que resultou na determinação do percentual de
agregação de 90% para fins de cálculo do ICMS – Substituição
nas operações com cerveja e refrigerantes.

Assim, tal qual concluíram outrora os membros da 1ª


Câmara Julgadora deste Órgão Colegiado, capitaneados pelo
voto do sempre zeloso Conselheiro José Pedro da Silva,
impossível se esperar outro procedimento do contribuinte
senão o de observar a orientação externada pelo Fisco.

E embora já de amplo conhecimento deste Colegiado,


é relevante recordar os efeitos vinculantes da resposta à
Consulta Fiscal, entendimento este consolidado no âmbito do
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, conforme se colhe de recentes
escólios:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA


NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. CONSULTA FISCAL. MANDADO DE
SEGURANÇA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE PASSIVA. AUTORIDADE
QUE ASSINA A RESPOSTA À CONSULTA. (...) 2. A consulta
administrativa destina-se a propiciar ao contribuinte
orientação segura a respeito da aplicação da legislação
tributária a um caso concreto que envolva sua atividade,
permitindo que ampare sua conduta em entendimento vinculante
para os órgãos fazendários. 3. (...) (STJ – 1ª. T. REsp
670601/PR. Rel. Min. Teori Albino Zavascki. DJU 19/06/2008)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONSULTA FISCAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. LEGITIMIDADE PASSIVA. TEORIA DA ENCAMPAÇÃO. 1. A
consulta tributária permite ao contribuinte conhecer, com
antecedência, a interpretação oficial e autorizada sobre a
incidência da norma tributária e, assim, planejar a vida
fiscal, prevenir conflitos e evitar a aplicação de
penalidades. 3. É possível a impetração preventiva contra a
resposta dada pela Administração a uma consulta fiscal, pois
esta se reveste de força vinculante e imperatividade que
caracterizam o "fundado receio" de dano a justificar o
mandado de segurança. Precedentes de ambas as Turmas de
Direito Público. 4. (...) (STJ – 2ª T. REsp 786473/MG. Rel.
Min. Castro Meira. DJU 31/10/2006)

___________________________________________________________________________________ 5
ACÓRDÃO CTE Nº 288/2013
ESTADO DE ALAGOAS
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

No sentido da vinculação aos termos da


consulta, este relator já teve a oportunidade de examinar
caso idêntico perante o Pleno deste Colegiado, tendo o órgão
chegado as mesmas conclusões ora firmadas, cujo aresto segue
adiante:

EMENTA: ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PROGRESSIVA.


MARGEM DE VALOR AGREGADO DISPOSTA EM REGULAMENTO
(RICMS/AL). OBSERVÂNCIA QUANDO INEXISTENTE PREÇO
DIVERSO FIXADO POR AUTORIDADE COMPETENTE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 27, DA LEI N. 5.077/89, ENTÃO
VIGENTE À ÉPOCA DOS FATOS GERADORES. ENTENDIMENTO
REFERENDADO EM RESPOSTA À CONSULTA FORMULADA PELO
SUJEITO PASSIVO. EFEITO VINCULANTE. PRECEDENTES DO
STJ. REEXAME DE OFÍCIO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

Isto posto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de votos,
conhecer do recurso para DAR-LHE PROVIMENTO, no sentido de
reformar a decisão singular e decretar a improcedência da
autuação.

Sala de sessão do CTE, em Maceió/AL, 09 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS LUCIANO P. DE M. GOMES


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

___________________________________________________________________________________ 6
ACÓRDÃO CTE Nº 288/2013
GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº. 48 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/12/2013


PROCESSO Nº: SF 1500-033034/2004; CTE 286/2011 E ANEXOS
AUTO DE INFRAÇÃO Nº. 44629 DE 27/10/2004
RECORRENTE: FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL (REEXAME NECESSÁRIO)
RECORRIDO: KM PNEUS E ACESSÓRIOS LTDA.
RELATOR: PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: PATRÍCIA DE MELO MESSIAS
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO 290/2013

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL –


SISTEMÁTICA DO LUCRO BRUTO REAL –
EVIDENCIADO EQUÍVOCO NA APURAÇÃO DO
IMPOSTO DEVIDO – INCLUSÃO DE OPERAÇÕES
COM MERCADORIAS ISENTAS OU NÃO
TRIBUTADAS – PRESUNÇÃO ESTOQUE FINAL
“ZERADO” ELIDIDA COM A APRESENTAÇÃO DO
LIVRO DE REGISTRO DE INVENTÁRIO PELO
SUJEITO PASSIVO – MATÉRIAS DE MÉRITO –
IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO – REEXAME
NECESSÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de auto de infração no qual se relata que


o sujeito passivo omitiu vendas no exercício de 2003, fato
comprovado pelo levantamento específico de sua Conta Estoque
de mercadorias, considerando o Lucro Bruto Real Acumulado,
imputando-se o recolhimento de ICMS e multa no valor de R$
60.153,57 (sessenta mil, cento e cinquenta e três reais e
cinquenta e sete centavos).

Devidamente intimada, a Autuada afirma que não


omitiu vendas, pois nunca comercializou mercadorias
desacompanhadas de nota fiscal de saída, bem como que realizou
a transferência de mercadorias entre estabelecimentos
comerciais, de modo que a presunção de insuficiência de

ACÓRDÃO CTE Nº 290/2013 Página 1


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
____________________________________________________________________________________________

estoque é inverídica. Anexou aos autos cópia do Livro Registro


de Inventário do exercício de 2003, além das notas fiscais de
saída desse exercício.

Em suas contrarrazões, o fiscal autuante sustenta


que a Autuada não alegou em sua defesa e documentos nenhum
argumento suficiente para desconstituir a infração relatada e
devidamente comprovada pelas provas acostadas aos autos.

Encaminhado os autos à Coordenadoria de Julgamento,


foi expedido o pedido de diligência nº. 261/2010 para a
realização dos seguintes ajustes: a) levantamento dos valores
correspondentes aos estoques inicial e final das mercadorias
tributáveis, deduzindo aquelas em que o imposto já tenha sido
recolhido (substituição tributária) e as enquadradas nas
hipóteses de não incidência, imunidade ou isenção; b) apuração
das entradas e saídas das mercadorias tributáveis, conforme
livro de Registro de Apuração do ICMS; c) adequação dos
cálculos realizados à legislação aplicável.

No intuito de cumprir a diligência, a fiscalização


intimou o contribuinte no dia 28/01/2011 – com inscrição
baixada desde 10/12/2004 – para apresentação do Livro de
Registro de Entrada, Livro de Apuração do ICMS e Livro de
Inventário dos exercícios de 2002 e 2003, contudo o Autuado
informou que não poderia apresentá-los, pois tais documentos
foram incinerados em decorrência do transcurso do prazo
decadencial.

Devolvidos os autos à Coordenadoria de Julgamento,


a julgadora singular esclareceu que a fiscalização excluiu do
cálculo para apuração do tributo devido o ICMS vendas, além do
PIS e a COFINS devidos, exclusões não autorizadas pela
legislação aplicável ao caso. Acrescenta que a planilha de
cálculos considerou todas as compras e vendas efetuadas pela
Autuada, sem observar que algumas delas não seriam hipótese de
incidência do ICMS, quer seja porque o imposto já fora
recolhido nas operações anteriores (substituição tributária)
ou ainda por tratar de hipótese de imunidade ou isenção. Por

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fim, informa que não se justificou nos autos o estoque final


“zerado” no exercício de 2003, enquanto que o sujeito passivo
trouxe aos autos tal documentação. Por tais razões, a
julgadora singular esclareceu que caso fosse utilizada a
metodologia correta, com as exclusões devidas e o cômputo do
estoque final apresentado pela Autuada, inexistiria diferença
tributável positiva, logo se decidiu pela nulidade do
lançamento por ausência de motivo.

Em seguida, transcorrido o prazo recursal sem


qualquer manifestação das partes, os autos foram remetidos ao
Conselho Tributário Estadual para o julgamento do reexame
necessário.

É o relatório.

VOTO

Consoante afirmamos no relatório, cuidam os autos


de reexame necessário, nos moldes do art. 48, inciso I, da Lei
nº. 6.771/06 1, na qual restou vencida totalmente a Fazenda
Pública.

Por tal razão, a presente análise se restringe aos


motivos que ensejaram a improcedência do lançamento consignado
nos autos, sob pena de estar-se estendendo a discussão e
julgamento sobre matérias já decididas e preclusas.

Colhe-se dos autos que o contribuinte foi autuado


em razão da suposta omissão de vendas no exercício de 2003,
constatado através de levantamento específico do estoque de
mercadorias, considerando o Lucro Bruto Real Acumulado.

Sobre a metodologia de apuração do tributo devido


pelo Lucro Bruto Real Acumulado, o artigo 2º, §12, da Lei nº.
5.900/96 2 é claro ao dispor que será considerado como montante

1
Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam sujeitas à reexame necessário:
I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas por julgador de primeira instância;
2
Art. 2º Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
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a ser computado nas saídas tributáveis em operações internas


do contribuinte a diferença positiva entre a saída de
mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das
mercadorias vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e a
saída tributada efetivamente declarada nos livros e/ou
documentos fiscais próprios, ou seja, nesta sistemática
somente devem ser considerados na apuração do imposto devido
as operações efetivamente tributadas.

Ocorre que, conforme acertadamente constatou a


julgadora singular, no momento da apuração do tributo
supostamente devido, foram considerados nos cálculos toda
forma de entrada e saída de mercadorias, inclusive aquelas
isentas e não tributadas, em contrariedade à metodologia de
apuração prevista na legislação regulamentadora da matéria.

Da mesma forma, verifica-se que para fins de


apuração o estoque final da Autuada no exercício fiscalizado
foi “zero”, entretanto não foi apresentada qualquer
justificativa nos autos para tal presunção ou, ainda, a cópia
do Livro Registro de Inventário sem as anotações devidas.

Por outro lado, a Autuada acostou em sua defesa a


cópia do Livro de Registro de Inventário de 2003, demonstrando
que havia estoque final no exercício fiscalizado, documento
que não fora impugnado nas contrarrazões à defesa e, portanto,
é suficiente para elidir a presunção de inexistência de
estoque final.

Com efeito, a partir das observações expostas, as


quais já haviam sido constatadas na decisão recorrida, torna-
se impossível manter a o lançamento consignado nos autos
diante dos erros na aplicação da metodologia de apuração do
Lucro Bruto Real Acumulado.

§ 12 - Considera-se como montante a ser computado nas saídas tributáveis em operações internas do contribuinte
a diferença positiva entre a saída de mercadorias tributadas, tomando como valor o custo das mercadorias
vendidas agregado de 30% (trinta por cento), e a saída tributada efetivamente declarada nos livros e/ou
documentos fiscais próprios, apurada no último dia do exercício financeiro da empresa, na hipótese em que o
contribuinte não possua escrituração contábil para fins de apuração do lucro real.
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Contudo, embora concorde com a fundamentação


delineada pela julgadora singular, penso que suas conclusões
devem ser modificadas, especialmente, no tocante à declaração
de nulidade do lançamento por vício de motivo.

Isso porque entendo que a ausência de motivo


acontece quando a autoridade fiscal não possuía elementos de
cognição suficiente no momento do lançamento para formar sua
convicção acerca da infração supostamente cometida pelo
sujeito passivo.

Porém, apesar dos equívocos na apuração do Lucro


Bruto Real Acumulado, o fiscal autuante efetuou, da sua forma,
todos os cálculos que entendeu ser adequados ao caso e apurou
diferença positiva entre o CMV + 30% e saída tributada
declarada nos livros fiscais, condição que o legitimou a
lavrar o auto de infração.

Em outras palavras, no momento da lavratura do Auto


de Infração, o fiscal autuante conseguiu agregar elementos
suficientes para formar a sua convicção sobre a infração
supostamente cometida, de modo que tinha motivos claros para
efetuar o lançamento do crédito tributário.

Assim, entendo que as falhas no lançamento se


restringem à metodologia de apuração aplicada e as provas
acostadas aos autos, na medida em que, equivocadamente, foram
consideradas para fins de apuração operações realizadas com
mercadorias isentas ou não tributadas, bem como se presumiu
“zerado” o estoque final do exercício de 2013, quando na
verdade este fora regularmente escriturado no Livro de
Registro de Inventário, ou seja, matérias de mérito que
ensejam o julgamento pela improcedência do lançamento.

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CONCLUSÃO

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA


DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do Reexame Necessário para, no mérito, negar-
lhe provimento, mantendo-se a fundamentação delineada na
decisão nº. 17.879/2011 da Coordenadoria de Julgamento,
alterando apenas suas conclusões para decidir pela
IMPROCEDÊNCIA do lançamento.

Sala das sessões do CTE, em Maceió/AL, 13 de


dezembro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS PEDRO ÍCARO C. DE BARROS


PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO P. DE M. GOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº: 48 – 2ª CÂMARA – REALIZADA EM: 13/12/2013


PROCESSO Nº: 1500-006736/1994 CTE 334/2010
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 053214
AUTUADO: ZENALVO DA COSTA PONTES
AUTUANTE: OMIR PEREIRA DA SILVA
RELATOR: RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES
PRESIDENTE: PATRICIA MELO MESSIAS
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO 291/2013

EMENTA: LANÇAMENTO. AUTO DE


INFRAÇÃO. PROVA CONSTITUTIVA. DEVER
DO AGENTE FISCAL QUANTO A ALEGAÇÃO
E DESCONSTITUIÇÃO PELO
CONTRIBUINTE. REMESSA CONHECIDA E
NÃO PROVIDA.

Relatório

Tratam os autos que a mim foram distribuídos de uma


remessa necessária por conta da Decisão n.º 16.958/2010 da
Coordenadoria de Julgamento, que entendeu por desconstituir
o lançamento por completa ausência de provas no fato
constitutivo descrito.

O ato narrado decorreu da observação da Nota Fiscal


n.º 14601/1-001757, onde consta a remessa de 150 sacos de
feijão e 200 sacos de milho, tendo como destinatário final
o então Contribuinte autuado.

Já no momento da autuação (e consta da descrição do


auto), houve a imediata oposição de tais fatos, quando o
então autuado afirma categoricamente jamais haver efetivado
tal aquisição, ou mesmo recebido o material descrito na
nota fiscal em questão. Além de atribuir tal fato a
possível fraude na utilização indevida de seu
nome/inscrição. Salientando-se para tal afirmativa de
próprio punho.

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Novamente vem o Autuante nos autos para rebater as


alegações então apresentadas, com o pedido de que houvesse
a procedência do lançamento.

Através da diligência n.º 024/2003, houve a


determinação de remessa dos autos para 4.ª CRAF,
objetivando que houvesse a junção de provas suficientes
(além da nota fiscal já referida), buscando-se assim
condições para o pronto julgamento, com a posterior
intimação do contribuinte.

Tendo-se logo em seguida a publicação de Edital para


apresentação de defesa no prazo de trinta dias, sem o que
seria o débito posto em execução fiscal. Prontamente, houve
o atendimento à intimação, com a apresentação de defesa
reiterativa a inexistência de aquisição e/ou recebimento de
qualquer mercadoria pelo então posto destinatário da nota.

Destacando a missiva de que de uma singela


fiscalização aos arquivos da SEFAZ pelo agente que
recepcionou a nota no posto fiscal, verificaria a atividade
do defendente sendo diversa do produto descrito na nota. O
que poderia ser constatado no CAE – Código de Atividade
Econômica, aí reiterando pela utilização indevida de seu
nome.

Era o que se tinha relatar.

Voto

De fato cumpre aqui em ser analisado se a constituição


proposta quando do lançamento torna capaz e suficientemente
demonstrada para conduta imputada ao então Contribuinte
como infracional nos moldes da legislação de regência.

Para tanto se observa unicamente a constatação através


da nota fiscal Nota Fiscal n.º 14601/1-001757, a qual o
contribuinte rechaçou veementemente. Como já dito,
inclusive com declaração de próprio punho negando: qualquer
compra; recebimento de mercadoria; e mesmo pagamento.

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Ora, neste caso, restaria a dúvida, problemática à ser


sanada: a quem compete a prova no caso de lançamento ?

Veja que, é certo e do mais comezinho entendimento que


compete no ato processual a produção da prova por àquele
que alega algum direito. Fato já consagrado pelo regramento
do art. 333, do Código de Processo Civil :

Art. 333. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu
direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.

Desta forma, seria de cada um interessado, no caso


tanto ao fiscal como ao contribuinte a constatação da
prova. Esta, a regra geral.

Mas, para o caso concreto em apreço, o que se teria é


a imposição ao contribuinte quanto a chamada “prova
negativa”. Ou seja, teria ele que provar que não adquiriu a
mercadoria indicada em nota fiscal (mesmo já tendo afirmado
nos autos tal questão).

E aí, residiria a problemática: como fazer tal prova ?


Como provar nos autos que não se adquiriu um produto ,
diante da emissão de uma nota e imposição ‘sua’ como
destinatário ?

Neste caso, ante a dificílima condição para efetivação


de tal prova, e mesmo pela declaração de punho acostada nos
autos, entendo que, especificamente no processo caso em
tela, caberia ao agente público (fiscal), a prova efetiva
da concretização da compra.

Isto, o que poderia vir a ser feito pelas mais


diversas formas, exemplificando:

• fiscalização na empresa remetente da nota fiscal para


apresentação do recibo de entrega da mercadoria;

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• apresentação pelo remetente de comprovação do


pagamento da nota pelo contribuinte/destinatário;
• informação da transportadora do produto constante na
nota fiscal, sobre a efetiva entrega e/ou local.

Desta forma, alinho-me no entendimento atotado pela


Coordenadoria de Julgamento, mais ainda com a ressalva da
diligência n.º 024/2003, onde determinada a junção de
provas suficientes da efetividade da compra e remessa do
produto (além da nota fiscal já referida), o que não fora
atendido, concluindo pela ausência de conjunto probatório
suficiente para demonstrar a situação fática narrada no
auto de infração.

Para o que, na confirmação do dever comprobatório por


parte do agente público, firmo a convicção com alinhamento
nos julgados de outros tribunais pátrios:

PRELIMINAR – NULIDADE POR INSEGURANÇA NA


DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO – AUDITORIA BÁSICA DO
ICMS – ACUSAÇÃO DE APROVEITAMENTO INDEVIDO DE
CRÉDITO, SENDO QUE A SITUAÇÃO TRATA-SE DE
TRANSFERÊNCIA DE CREDITO – ACOLHIMENTO – DECISÃO
UNÂNIME – 1- Se a acusação fiscal estiver
inconsistente com as provas constantes dos autos,
resta caracterizado o vício insanável da
insegurança na determinação da infração; 2- Deve-
se declarar a nulidade 'ab initio' do auto de
infração quando comprovada insegurança na
determinação da infração (Lei nº 16.469/09, art.
20, inciso IV). (CATGO – RVol 3 0261968 701 94 –
(01626/09) – III CJUL – Rel. Cons. Aldeci de
Souza Flor – J. 04.06.2009)

ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL – PRELIMINAR –


NULIDADE AB INITIO DO AUTO DE INFRAÇÃO POR
INSEGURANÇA NA DETERMINAÇÃO DA INFRAÇÃO –
ACOLHIMENTO – DECISÃO NÃO UNÂNIME – 1- Havendo
imperfeições e obscuridades na forma da apuração
do valor a ser exigido do sujeito passivo, resta

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caracterizado o vício insanável da insegurança na


determinação da infração; 2- Deve-se declarar a
nulidade 'ab initio' do auto de infração quando
comprovada insegurança na determinação da
infração (Lei nº 16.469/09, art. 20, inciso IV).
(CATGO – RFaz.-CONP 3 0143939 167 62 – (01703/09)
– CONP – Rel. Cons. Aldeci de Souza Flor – J.
09.06.2009)

Somando-se ao fato de haver sido refutado pelo


contribuinte a aquisição dos produtos descritos na nota
iniciante do procedimento fiscal.

Neste sentido, ACORDAM OS MEMBROS DA 2ª CÂMARA DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL – CTE, por unanimidade de
votos, conhecer do reexame necessário, para negar-lhe
provimento, mantendo na integra a decisão da Coordenadoria
de Julgamento, quando da desconstituição do lançamento por
ausência de conjunto probatório suficiente à comprovação
tencionada, frente à negativa justificada do contribuinte.

Sala das sessões do CTE, em Maceió (AL), 13 de


dezembro de 2013.

PATRICIA MELO MESSIAS RODRIGO HOLANDA GUIMARÃES


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR JULGADOR

ACÓRDÃO CTE Nº 291/2013 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 48 – Realizada em 13/12/2013
PROCESSO: 1500- 005257/1999 e CTE 224/2012.
AUTO DE INFRAÇÃO:069172.
AUTUADA:TECNOOP I.C. DE T. DE A.T.A.E.DEP.DADOS LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO.
PRESIDENTE: Patrícia de Melo Messias
SECRETARIA: Genilza Coelho de Oliveira

ACÓRDÃO Nº292/2013

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. ICMS. 1. A


ACUSAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE DIFERENÇA POSITIVA,
ENTRE AS SAÍDAS DE MERCADORIAS TRIBUTADAS
(CMS+30%) E AS SAÍDAS TRIBUTADAS EFETIVAMENTE
E DECLARADAS NOS LIVROS FISCAIS DO
CONTRIBUINTE, REFERENTE AO PERÍODO DE 1995,
1996, 1997 E 1998, É PROCEDENTE EM PARTE. 2.
O DEMONSTRATIVO FISCAL FALHOU EM PARTE: A) AO
TER APONTADO OS VALORES RELATIVOS AOS
IMPOSTOS INCIDENTES SOBRE AS VENDAS (ICMS,
PIS, COFINS); B) AO CONSIDERAR OS VALORES DAS
MERCADORIAS TRIBUTADAS E NÃO TER INFORMADO OS
VALORES RELATIVOS AS MERCADORIAS ISENTAS E
NÃO TRIBUTADAS. 3. APLICAÇÃO DA MULTA DO ART.
79 DA LEI 5900/96, EM RAZÃO DA REVOGAÇÃO DO
ART. 84, E POR SER MAIS BENÉFICA AO RÉU
PORQUE ENUNCIA NO SEU PRECEITO SECUNDÁRIO UMA
MULTA EQUIVALENTE A 50% DO IMPOSTO DEVIDO. 4.
LANÇAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PROCEDENTE
EM PARTE.MANUTENÇÃO DA DECISÃO SINGULAR.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário, cujo escopo é a análise


da decisão administrativa n° 18.402/2011, esta, por sua vez,
julgou procedente em parte o lançamento do crédito tributário
presente no Auto de Infração n°. 069172 de 1999.

Acórdão CTE nº 292/2013


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Descreve o referido Auto, que o contribuinte teria
omitido venda de mercadorias nos exercícios de 1995 a 1998 e,
portanto, recolhido aos cofres públicos, tributação referente ao
ICMS devido à menor.

Desta feita, o Autuado teria violado os artigos 5º,


inciso V da Lei 5.077/89; 2º, inciso I, § 12 da Lei 5.900/96; 49,
incisos II, VII e p. único; e 1000 do RICMS, aprovado pelo Decreto
35.245/91, aplicando-se, por conseguinte, a penalidade do artigo
84, da Lei 5.900/96. Assim fora fixado crédito tributário no valor
total de R$: 22.402,28 (vinte e dois mil e quatrocentos e dois
reais e vinte e oito centavos).

Em sede de defesa, o sujeito passivo aduziu que: a) não


teria infringido normas tributárias; b) manteria escritura
contábil regular; c) que nunca teria optado pelo SIMPLES; c) a
autoridade fiscal teria se restringido apenas ao movimento
econômico; e d) seria uma cooperativa, cuja principal fonte de
faturamento seria a realização de assistências técnicas em
equipamentos de informática.

Já nas contrarrazões, a autuante afirma que: a) a


autuada não teria anexado nenhum documento que confirmasse a sua
alegação, de que apresenta escritura contábil regular; b) a
autuada deveria ter apresentado o Balanço Geral juntamente com a
declaração de movimento econômico; e c) o lapso de o autuante ter
a colocado como optante pelo SIMPLES, teria a beneficiado, tendo
em vista que se de outra forma estivesse, o débito teria sido
maior.

De mais a mais, em cumprimento a requisição de


diligência nº. 207/2010, da Coordenadoria de Julgamento, a
autuante anexou aos autos: a) Intimação Fiscal OS. nº. 9007065

Acórdão CTE nº 292/2013


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(fl. 126); b) relatório de dados cadastrais do contribuinte (fl.
127); c) cópia da relação de filiais da empresa (fls. 128 a 130)
d) cópia do livro Reg. De Entradas (fls. 131 a 172); e) cópia do
livro Reg. de Saídas (fls. 173 a 199); e f) cópia do balanço
patrimonial (fls. 201 a 204)

A coordenadoria de julgamento, por sua vez, julgou


procedente em parte o lançamento do crédito tributário,
consubstanciado no auto nº. 069172 de 1999, por entender que o
Autuado teria infringido os artigos 2º, inciso I, § 12; 6º, inciso
I; 17, inciso I, alínea “b”; e 50, inciso I, da Lei Estadual nº.
5.900/96 c/c artigos 49, incisos VI, alínea “a”, VII e VIII; 136,
inciso I; 269; e 1000, do RICMSAL/91, aplicando, por conseguinte,
a penalidade constante no artigo 79 da Lei Estadual 5.900/96, como
se pode denotar da seguinte ementa:

ICMS. 1. A acusação de existência de diferença


positiva, entre as saídas de mercadorias
tributadas (CMS+30%) e as saídas tributadas
efetivamente e declaradas nos livros fiscais do
contribuinte, referente ao período de 1995, 1996,
1997 e 1998, é procedente em parte. 2. O
demonstrativo fiscal falhou em parte: a) ao ter
apontado os valores relativos aos impostos
incidentes sobre as vendas (ICMS, PIS, COFINS);
b) ao considerar os valores das mercadorias
tributadas e não ter informado os valores
relativos as mercadorias isentas e não
tributadas. 3. Aplicação da multa do art. 79 da
lei 5900/96, em razão da revogação do art. 84, e
por ser mais benéfica ao réu porque enuncia no
seu preceito secundário uma multa equivalente a
50% do imposto devido. 4. Lançamento do crédito
tributário PROCEDENTE em parte. 5. Reexame
necessário para o Conselho Tributário Estadual.

A autuada, regularmente intimada, optou por não


apresentar recurso.

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É o relatório.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


considerando que o procedimento ocorreu em atinência ao devido
processo legal, passo ao voto acerca das questões atinentes ao
reexame necessário.

O cerne da questão em atino, diz respeito ao


posicionamento adotado pela Coordenadoria de Julgamento, que
entendeu ser Procedente em parte o Lançamento do Crédito
Tributário consubstanciado pelo Auto de Infração nº069172.

a) o primeiro ponto a ser posto em análise, diz


respeito ao posicionamento adotado pelo julgador singular, que ao
alterar o critério quantitativo (fls. 227), fixou à menor o valor
da obrigação principal em litígio, instituindo, assim, como
obrigação devida o montante de R$: 13.842,08 (treze mil,
oitocentos e quarenta e dois reais e oito centavos); e
b) o segundo ponto a ser apreciado, diz respeito à
aplicação do princípio da retroatividade benigna em favor do
contribuinte, por parte da Coordenadoria de Julgamento, que ao
constatar a revogação do artigo 84 da Lei 5.900/96 vigente a época
da autuação, pela Lei nº 7.079/09, reclassificou a penalidade
atribuível ao Autuado, para a do artigo 79 da Lei 5.900,
atualmente vigente.
Ora, o que se depreende do recitado julgamento é que ao
se posicionar desta forma, o julgador singular agiu em consonância
com o ordenamento jurídico, tendo em vista que os princípios, da
verdade material e da retroatividade da lei mais benéfica em favor
do contribuinte, por ele utilizado são verdadeiros vetores, do
basilar princípio da segurança jurídica, que por sua vez, tem o

Acórdão CTE nº 292/2013


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condão de conferir liquidez e certeza, ou em outras palavras,
regularidade, ao lançamento tributário.

Vê-se que o julgado singular, em atenção ao art. 2º,


inciso I, § 12º da Lei nº 5.900/96 e a documentação colacionada
aos autos, observou divergência na base de calculo apurada pela
autoridade autuante, e assim houve a redução do crédito
tributário, observando os valores relativos às mercadorias isentas
e não tributadas, portanto não há como retificar a decisão
recorrida.

Já quanto a redução da penalidade essa é inquestionável


pois a multa reduziu de 60% para 50%, aplicando-se assim o inciso
II alínea “C” do art. 106 do CTN.

Destarte, por entender que o posicionamento perfilhado


pela Coordenadoria de Julgamento, não merece ser retocado,
depreende-se que a decisão singular nº. 18.402/2011 que julgou
Procedente em Parte o lançamento tributário consignado no Auto de
Infração nº 069172 deve ser mantida.

Sala de Sessões do CTE, em 13 dezembro de 2013.

PATRÍCIA MELO MESSIAS ÁLVARO ARTHUR DE ALMEIDA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

Acórdão CTE nº 292/2013

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