Você está na página 1de 6

VIEIRA GALLY

Advogados Associados

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO 3º JUIZADO


ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ITABUNA-BA.

PROCESSO: 0006439-95.2022.8.05.0113
IGOR SEPULVEDA RIBEIRO, ambos já devidamente qualificados, vem,
à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÔES, ao recurso
interposto, fazendo-as na forma anexa a esta peça, para que, sejam
encaminhadas à Nobilíssima Turma Recursal para a devida apreciação.
Oportunidade em que renuncia eventual prazo recursal eventualmente
existente.

Termos em que,
Pede e Espera deferimento.

Itabuna, BA 27 de Outubro de 2022

Bel. Levi Vaz Santos Bel. Cleuder Vieira Gally Filho


OAB/BA 68.907 OAB/BA 55.947

Rua Eduardo Fontes, 09, Itabuna, Bahia, Brasil | cleuderfilho@gmail.com | (73) 99839-2987
VIEIRA GALLY
Advogados Associados

RECORRENTE/RÉ: BANCO DO BRASIL SA


RECORRIDO/AUTOR: IGOR SEPULVEDA RIBEIRO
Processo Nº 0006439-95.2022.8.05.0113

CONTRARRAZÕES
EGRÉGIA TURMA,

a pretensão da Ré-recorrente não merece prosperar, e a sentença de


primeiro grau deve ser mantida, conforme se verá dos fatos abaixo.

PRELIMINAR DE DESERÇÃO – PREPARO INCOMPLETO

O recurso interposto pela Acionada não está devidamente preparado,


uma vez que as custas foram recolhidas a menor, fato este que enseja na
deserção do aludido recurso.

A requerida/recorrente não recolheu corretamente as custas relativa as


citações eletrônicas. Em análise dos DAJES anexados pela Acionada, percebe-
se que a Recorrente informou apenas 01 citação eletrônica. Vide DAJE
anexado ao ev. 28.6 dos autos.

No entanto, compulsando minuciosamente os autos do processo em


epígrafe, na verdade ocorreram 03 citações/intimações eletrônicas, e não
01. Vide eventos 06, 21 e 22 dos autos.

Ao que tudo indica, a Ré baseou-se apenas no relatório de “atos


tributáveis” emitido no processo. O que não deve ocorrer, já que tal relatório
serve APENAS para AUXILIAR as partes.

Aliás, a emissão dos DAJES sob análise exclusiva do relatório do


resumo de atos tributáveis emitido pelo sistema PROJUDI não é recomendado
pelo próprio sistema. Vejamos mensagem extraída do famigerado relatório:
(...)
Convém esclarecer que este serviço lista as
movimentações processuais conforme as classificações
que foram dadas às mesmas pelos usuários do sistema
(advogados, servidores, conciliadores, juízes leigos e
magistrados).

Assim sendo, quaisquer questionamentos quanto às


movimentações processuais registradas nos autos
eletrônicos devem ser dirigidos diretamente à unidade
judicial em que o processo se encontra.

Por sua vez, atos realizados fora do Sistema PROJUDI-


BA (processos migrados de outros Sistemas) não estão
disponíveis neste relatório, sendo ainda possível que
outros atos não estejam listados em decorrência de
registros incorretos ou até mesmo pela falta deles.

Portanto, é importante frisar que a

Rua Eduardo Fontes, 09, Itabuna, Bahia, Brasil | cleuderfilho@gmail.com | (73) 99839-2987
VIEIRA GALLY
Advogados Associados

identificação/confirmação de alguns atos passa pela


necessária análise do processo de forma integral.

Dessa forma, reitera-se o caráter exclusivamente


auxiliar deste relatório para a identificação,
quantificação, preenchimento e pagamento dos DAJEs,
atos esses de inteira responsabilidade da parte. (grifo
nosso)

Nesse sentido, resta prejudicado o recurso interposto pela Acionada em


juízo de admissibilidade, já que a Requerida/Recorrente recolheu as custas a
menor. Não é demais lembrar que é incabível a complementação das custas,
após 48hs da interposição do Recurso Inominado, conforme enunciado 80 do
FONAJE.
ENUNCIADO 80 – O recurso Inominado será julgado
deserto quando não houver o recolhimento integral do
preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no
prazo de 48 horas, não admitida a complementação
intempestiva (art. 42, § 1º, da Lei 9.099/1995) (nova
redação – XII Encontro Maceió-AL).

Por todo exposto, pugna pelo não conhecimento do recurso interposto


pela Ré recorrente, uma vez que deserto.

SÍNTESE DOS FATOS

O presente caso versa sobre compras indevidas realizadas por terceiros


fraudadores utilizando cartão do autor vinculado ao Banco recorrente na função
crédito. NO ENTANTO, O RECORRIDO JAMAIS AUTORIZOU A FUNÇÃO
CRÉDITO DO SEU CARTÃO.

O autor comprovou fartamente através de documentação acostada ao


evento 01 dos autos que o mesmo estava em localização diversa das compras
impugnadas.

Ressalte-se que os fatos ocorreram no México, período em que o


recorrido estava passeando com amigos, fato este que dificultou a identificação
rápida por parte do autor, uma vez que só teve conhecimento das compras
fraudulentas quando aterrissou em solo Brasileiro e inseriu seu chip telefônico
em seu smartphone, oportunidade que passou a receber diversos SMS das
famigeradas compras.

A Ré/recorrente, por sua vez reconheceu que as compras eram


indevidas, porém alegou que para haver o ressarcimento, o autor teria que ter
aderido ao seguro proteção ouro.

(...) No entanto, ao final da análise foi verificado


que o cliente não possuía adesão ao Seguro
Proteção Ouro (seguro que cobre transações

Rua Eduardo Fontes, 09, Itabuna, Bahia, Brasil | cleuderfilho@gmail.com | (73) 99839-2987
VIEIRA GALLY
Advogados Associados

efetuadas fraudulentamente por terceiros, nas


96 ou 72 horas anteriores, dependendo do
plano que o cliente possui, à comunicação de
roubo, furto, perda ou extravio do cartão, à
Central de Atendimento) ou perdera o prazo
para comunicar o sinistro, sendo o
questionamento considerado improcedente e os
valores recobrados (vide faturas no Anexo 4,
estorno provisório destacado em verde e
recobrança em azul):

Em sede de Recurso Inominado, a Acionada asseverou novamente que


as famigeradas compras eram indevidas, mas que não procedeu a devolução
porque o recorrido não efetuou a contratação do seguro proteção ouro.

Em sentença, o Juízo de piso agiu acertadamente. Vejamos:

Certo é que as compras efetuadas


provavelmente por terceiro não são da
responsabilidade do autor, mas sim da
administradora, bem como das lojas em que as
transações foram efetuadas, haja vista que
responde a primeira objetivamente por defeito
no serviço, que deve ser seguro, ao passo em
que a segunda responde por ter agido com
culpa, não conferindo a identidade do portador
do cartão.

Adota-se aqui a teoria do risco empresarial, que


preconiza o entendimento segundo o qual o
empresário já quantifica em seus custos as
perdas eventualmente advindas de fatos
externos, tal como as hipóteses de fraudes,
considerando a atividade comercial por si
desenvolvida, altamente lucrativa.

(...)Isto posto, julgo procedente em parte a


queixa para CONDENAR a demandada a
devolver a quantia de R$ 10.047,22 (dez mil e
quarenta e sete reais e vinte e dois centavos),
acrescida de correção monetária a partir da
data do ilícito e juros legais desde a citação.

Ante o exposto, a mera insatisfação com a sentença vergastada não


enseja em sua reforma.

RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DA SENTENÇA

Rua Eduardo Fontes, 09, Itabuna, Bahia, Brasil | cleuderfilho@gmail.com | (73) 99839-2987
VIEIRA GALLY
Advogados Associados

De inicio, cabe mencionar que a parte Recorrente não apresentou


NENHUM documento capaz de refutar a alegação autoral.

Em verdade, a peça recursal apresentada pela recorrente é um


verdadeiro “copia e cola” da peça contestatória. Para tanto, basta observar o
trecho abaixo em que sequer tiveram o cuidado de conferir os detalhes que
estavam inserindo na peça recursal.

Com efeito, a Recorrente não apresentou nenhum argumento ou


documento capaz de refutar a pretensão autoral.

Por outro lado, as telas anexadas pela Recorrente/Requerida dão


verossimilhança às alegações do autor/recorrido. Saliente-se que o contrato
assinado pelo autor e anexado pela Acionada não faz menção a contratação de
cartão de crédito.

Ademais, o documento anexado ao ev. 13.9 demonstra a incoerência


nas alegações da Recorrente, o qual, ao descrever as características de
segurança dos cartões do Banco do Brasil indica o seguinte no item “d”:

Repita-se, o Recorrido jamais solicitou cartão de crédito. E ainda que


tal autorização tenha ocorrida de forma provisória, como alega a Ré/recorrente,
a mesma deveria ter sido mais cuidadosa estipulando limites de uso,
conforme item “a” da tela acima colacionada. Cabe mencionar, por oportuno
que o fato do cartão ter chip ou não apenas “mitiga” o risco de operações
fraudulentas.

Rua Eduardo Fontes, 09, Itabuna, Bahia, Brasil | cleuderfilho@gmail.com | (73) 99839-2987
VIEIRA GALLY
Advogados Associados

Atrelado a isso, a natureza da fraude sofrida pelo autor/recorrente (furto)


e o fato de estar em outro país dificultou a comunicação imediata das compras
fraudulentas. Dessa forma, não pode ser atribuída ao mesmo, a culpa pelos
fatos narrados na inicial.

Em verdade, tal fato exposto na inicial só revelou que o produto


fornecido pela Acionada não fornece segurança suficiente ao Consumidor,
revelando-se claro desrespeito ao § 1° do art. 14 do CDC.

CONCLUSÃO

Portanto, requer, em sede de JUÍZO DE ADMINISSIBILIDADE, que seja


JULGADO DESERTO O RECURSO DA RECORRENTE. Superado tal
entendimento, requer seja NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO DA RÉ EM
SUA INTEGRALIDADE.

Pugna, ainda pela condenação da Recorrente em custas judiciais e


honorários advocatícios sucumbenciais, estes últimos fixados em 20% por
conta do zelo e atenção do patrono da parte recorrida, nos termos do artigo 85,
parágrafo 2º do Código de Processo Civil.

Termos em que,
Pede e Espera deferimento.

Itabuna-BA, 27 de Outubro de 2022.

Bel. Levi Vaz Santos Bel. Cleuder Vieira Gally Filho


OAB/BA 68.907 OAB/BA 55.947

Rua Eduardo Fontes, 09, Itabuna, Bahia, Brasil | cleuderfilho@gmail.com | (73) 99839-2987

Você também pode gostar