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0.0Introdução
A cultura pode ser lida como uma transformação da natureza: descobertas, invenções, produtos,
criação através do imaginário, etc. Nela encontramos a arte, que não passa de uma expressão de
pensamentos, sentimentos e ideias através de códigos culturais e de maneira estética. Ora, uma
das manifestações artísticas, é a Literatura, que pode tomar uma forma de expressão oral ou
escrita.
A África, sendo uma sociedade tradicionalmente ágrafa, a sua cultura e tradição vive na memória
colectiva do seu povo, e são transmitidas de geração em geração, por via oral. Por via de contos
populares, provérbios, canções populares, advinhas, expressões idiomáticas, anedotas, etc, desde
os tempos imemoriais, o homem africano sempre expressou os seus sentimentos.
BILA (2011) revela que a originalidade e pureza das tradições orais só pode ser encontrada no
período pré-colonial, pois com a colonização elas sofreram um ataque, acabando por ficar num
estado latente. Face a isso, desde finais do século XIX, os africanos, inspirados pelos
movimentos pan-africanismo e Negritude, começaram com as manifestações pela valorização da
consciência e cultura negras. Era vontade dos defensores desses movimentos, revitalizar a cultura
africana, incluindo as tradições orais africanas, no plano teórico e conceptual. É nesse mesmo
século que as nações europeias vendo se ameaçadas pela revolução francesa investem-se no
resgate das suas tradições orais como forma de auto afirmarem-se.
Entretanto, a partir do século XX o mundo conhece uma crescente preocupação pelas culturas e
tradições orais, facto incentivado pelas Organização das Nações Unidas (ONU). Por via da
UNESCO, esta organização faz um apela a todo mundo, reclamando o direito dos povos se
expressar, educarem-se e se afirmarem nas suas culturas e tradições originárias (Bila, 2011).
Ao nível de Moçambique, várias tem sido as manifestações sociopolíticas que constituem reação
do governo face a desiderato da UNESCO, uma das quais prende-se com a promoção das línguas
e tradições orais, por via dos Órgãos de Comunicação Social.
Neste contexto, como estudante de uma das línguas bantu (Xichangana), pretendemos estudar as
tradições orais (literatura oral) presentes nos meios de comunicação sociais. Esses meios
afiguram-se como espaços onde a sociedade veicula as suas realizações, incluindo manifestações
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Estruturalmente, para além desta introdução que faz uma contextualização geral incorporando
aspectos como a delimitação do tema, os objectivos, a problematização, as hipóteses e a
justificativa, o presente trabalho conta com os capítulos sobre: referencial teórico, que relaciona
o nosso estudo com alguns já realizados para além de definir os conceitos-chave da nossa
pesquisa; percurso Metodológico que apresenta para além do tipo de pesquisa os métodos de
abordagem e de procedimento, as técnicas e os respectivos instrumentos de colecta de dados; e o
capítulo de apresentação e análise, parte onde descrevemos e interpretamos os dados recolhidos
no campo.
No entanto, neste trabalho importa-nos estudar a literatura oral presente na Rádio Moçambique
(RM) e Televisão de Moçambique (TVM), delegações de Gaza, daí que, definimos como tema a
desenvolver, “A Literatura Oral na TVM e RM-Gaza: Uma Forma de Valorização da Cultura
Bantu”.
Neste contexto, procuraremos estudar a manifestação literária de natureza oral presente nestes
dois órgãos de comunicação social tomando como base o potencial que eles possuem em matéria
de aproveitamento e promoção da cultura bantu.
0.2Objectivos
Tal como afirma AnderEgg (1978:62) Apud MARCONI & LAKATOS (2010:140), toda a
pesquisa deve ter um objectivo determinado para saber o que se vai procurar, o que se pretende
alcançar e deve partir de um objectivo limitado e claramente definido. Assim, constituem
propositos do nosso estudo:
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0.2.1Geral
Compreender as formas de apresentação da literatura oral presente na TVM e RM-Gaza.
0.2.2Específicos
Caracterizar a Literatura oral presente na TVM e RM-Gaza, quanto à sua natureza;
Descrever os processos de recolha, produção, execução e arquivo da literatura oral usados
pela na TVM e RM-Gaza;
Relacionar a manifestação literária de base oral desenvolvido pela RM-Gaza com a
desenvolvida pela TVM – Delegação de Gaza.
0.3Problema
Bila (2011), no seu estudo intitulado “ A Literatura Oral no Ensino Básico Moçambicano:
Revalorização da cultura autóctone”, realizado no âmbito da produção de sua Dissertação para a
obtenção do grau de Mestrado, analisa a natureza da literatura oral com foco no Ensino Básico e,
embora não fazendo parte do seu estudo, refere que a Literatura Oral pode ser encontrada,
também, para além do Ensino Básico Moçambicano, em programas da Rádio Moçambique e da
Televisão, o que despertou o nosso interesse em saber o seguinte:
Como se apresenta a Literatura Oral na RM e TVM - Delegações de Gaza, e que função ela
cumpre na vida dos radiouvintes e telespectadores?
0.4Hipótese
Face à questão levantada, avança-se a possibilidade de a literatura presente na RM e TVM,
delegações de Gaza, apresentar-se sob forma de contos populares, provérbios, expressões
idiomáticas, canções populares, advinhas, etc, e que ela tende a perder as propriedades que lhes
confere a sua originalidade e o carácter tradicional, devido à influência da tradição escrita e
efeitos da modernidade. Contudo, essas formas literárias contribuem para uma convivência
harmoniosa das famílias (ouvintes e telespectadores) pelas suas lições morais e educativas que
veiculam
0.5Justificativa
As aulas de minor de Xichangana, ministradas pela Universidade Pedagógica-Gaza, suscitaram
interesse pelo estudo das tradições orais, numa era em que a luta pela revitalização e valorização
da cultura autóctone é bastante intensa.
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A escolha deste tema está relacionada com dois tipos de motivações, uma de ordem interna e
pessoal, e outra de ordem externa. A motivação pessoal prende-se com a simpatia que temos com
a área das cultura e de literatura, e que pretendemos contribuir através de um estudo que
acreditamos que se reveste de um alto valor simbólico, por explorar aspectos de tradições orais,
que nos parece serem uma matéria pouco aprofundada em pesquisas académicas.
Segundo a nossa fonte, a Rádio Moçambique – Emissor Provincial de Gaza surge como
Emissora autónoma em 2002. Até essa altura esta Rádio fazia parte da extinta emissora
interprovincial de Maputo-Gaza.
Além do emissor central sediado na cidade de Xai-Xai, a RM-Gaza possui também emissores
nos distritos de Mapai, Chigubo, Massangena e uma Repetidora na cidade de Chokwé.
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É importante transparecermos que a RM-Gaza tem emissões ininterruptas aos finais de semana
(sexta-feira e sábado). Na madrugada de sábado transmite em Xicope, e, em Xichangana na
madrugada de Domingo, o que significa que aos fins se semana Xichangana iniciada as 19h de
sábado estende-se até as 10 de Domingo.
Esta instituição pública está localizada no bairro cinco (5), zona de Partido e a menos de
50m da EN1;
Ela existe desde 2011e aparece como resultado da política de descentralização que tem
vindo a ser implementada pela TVM - central.
Aquando da sua instalação, a TVM – Gaza contava com apenas com três membros, sendo
que agora já possui um universo de 13 profissionais, entre jornalistas, operadores de
câmara, técnicos e pessoal administrativo.
No que concerne ao funcionamento, a TVM, janela provincial de Gaza está no ar uma (1) hora
por dia, de segunda à sexta-feira. É um canal televisivo que vem transmitindo em três línguas,
nomeadamente, Português, Xichangana e Xichope.
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MONTEIRO (2014: 16), afirma que as sociedades africanas, em geral, e muito em particular a
África subsaariana, são essencialmente sociedades da palavra falada. Mesmo quando a escrita
existe, e apesar de séculos de colonização, a oralidade continua a ser parte integrante da
comunidade e do indivíduo, sendo constitutiva da própria identidade individual e coletiva.
Partindo da posição de Monteiro pode-se considerar que uma das vias de expressão cultural que
a população africana bantu sempre encontrou desde os tempos imemoriais, tem sido a de
literatura oral.
No contexto africano, registo há de estudos sobre a literatura oral, e parte dessas pesquisas
foram realizadas por alguns estudantes aniversários, casos de Suzana Nunes (2009), Domingos
Monteiro (2014) e outros.
Susana Dolores Nunes (2009) contribuiu com um estudo cujo tema é “A MILENAR ARTE DA
ORATURA ANGOLANA E MOÇAMBICANA”. Nesse trabalho, Nunes fez um estudo
comparatista das narrarivas orais (contos populares) moçambicanas rongas, de Heri alexandre
Junod e angolanas, de Héli Chatelain , tendo concluido:
O conto popular angolano e moçambicano, ou de outro país qualquer tem uma mesma
estrutura base e os seus elementos constitutivos e as algumas temáticas são universais;
Em contos populares analisados estavam presentes os temas, os motivos, as tradições, as
formas do imaginário popular.
Por sua vez, Domingos Monteiro, em uma tese dissertativa, contribuiu com o tema, “Tradições
Nacionais e Identidades: Recolha e Estudo de Canções Festivas e de Óbito Kongo e
Ovimbundu”. Nessa Dissertação, este estudante angolano investigou a canção popular dos
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No sector de educação, apenas conhece-se três trabalhos ligados à literatura oral, também
desenvolvidos por docentes universitários (Maciel, Bila e Cossa), e que passamos a descrevé-los
de forma sumária.
(i) Em Tese de doutoramento cujo tema era “Bantu Oral Narratives in the training of
EFL Teachers in Mozambique”, Carla Maciel estudou as narrativas orais
moçambicanas tendo como foco o seu valor cultural. Com este estudo, a autora
pretendia argumentar a favor das potencialidades didáctico-pedagógico das narrativas
orais na formação dos professores de Ingles.
Desta pesquisa Maciel concluiu que a análise das valores contidos nas narrativas orais
bantu capacita os professores a encorajarem os seus alunos no uso da língua materna
permitindo que os professores de ingles desenvolvam a sua sensibilidade sobre a
relacao entre as linguas Bantu, portugues e ingles.
(ii) BILA com a sua Dissertação de mestrado cujo tema era “ A Literatura Oral no
Ensino Básico Escolar Moçambicano: Revitalização da Cultura Autóctone”,
tratou de estudar as potencialidades da Literatura oral no Ensino Básico Escolar tendo
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De acordo com estudos de BILA (2011), em Moçambique, para além das instituições públicas
como o ministério de cultura através de ARPAC, e ministério de educação, por meio de
educação bilingue, a Rádio Moçambique é tida como um dos órgão de comunicação social
potencialmente forte em matéria recolha, revalorização e promoção do património cultural,
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Ora, vamos conferir alguns antecedentes históricos que envolveram a Rádio Moçambique no
processo de colecta e conservação da cultura e tradições orais.
Segundo BILA (2011:44) afirma que neste país o processo de recolha, arquivo e socialização
daquilo que ele preferiu denominar “Património Intangível da Humanidade” iniciou logo após a
independência (1979 e 1983) como uma das decisões da 1ª reunião nacional da cultura e
concretização do ideal do então presidente da República, Samora Machel, segundo a qual a
cultura é a base para o povo tomar o puder. Na altura este exercício foi levado a cabo pelo
Ministério da Cultura e outras instituições culturais e, dos materiais recolhidos destacam-se a
música, danças e alguns géneros de literatura oral (contos orais, canções populares, lendas,
provérbios, mitos, etc). Hoje, estes artigos recolhidos e arquivados constituem matéria de ensino
nos currículos de ensino do sistema nacional da educação, para além de que eles preenchem
alguns espaços na grelha de programação em alguns órgãos de comunicação social, tal é o caso
de Rádio Moçambique. Aliás, BILA (2011) informa ainda que por necessidade de uso de línguas
e géneros culturais nas suas emissões radiofónicas, a própria Rádio Moçambique teve que se
envolver na missão de pesquisa e recolha desses artigos, despachando equipas ao campo para
através de gravadores colectar esse conteúdo cultural ou convidava membros da comunidade
para estúdio onde eram feitas gravações e, a informação era arquivada em cassetes, bobines e
fitas magnéticas.
É neste contexto que surge o nosso estudo e que procura compreender a forma de apresentação
da literatura oral na RM e TVM , Delegações de Gaza, com enfoque na função que ela exerce na
vida dos radiouvintes e telespectadores.
Concordando com COSSA (2015), tal como não é pacífico definir a literatura, não o é também
abordar categorias como literatura oral, literatura tradicional, literatura popular, oratura, etc. Esta
Concepção é, também, defendida por NUNES (2009:29) quando diz “são muitos os problemas
terminológicos que se levantam quando se procura designar o corpus de textos orais vinculados
às tradições dos povos africanos”.
Um dos primeiros problemas com que nos deparamos ao analisar expressão Literatura oral é o
facto de ela ser constituida por dois termos antagónicos, literatura que nos submete à escrita
confrontando-se assim, com o item “oral”.
Ora, por considerar que o paradoxo terminológico acima referenciado já foi suficientemente
discutido por muitos teóricos, nós preferimos concentrar-nos no conceito da literatura oral sem
debater o seu carácter polissémico e paradoxal. Para tal, vamos visitar alguns autores que
apresentam propostas do conceito relativo a este fenómeno.
De acordo com Guerreiro e Mesquita (2011) citado por VIEGAS (2015:6), o termo «literatura
oral» foi usado pela primeira vez por Paul Sebillot, etnólogo bretão, na sua obra Littérature Orale
de la Haute Bretagne, de 1881.
BARBOSA (2011: 20) considera que a literatura oral constituiu primeiras formas de de
manisfestacao literarária do homem, que sempre ligava-se ao estado de contemplação do mundo,
marcado muitas vezes por rituais de iniciação e magia, transmitidos através da oralidade, das
canções e declamações espontâneas aos deuses. Ainda adianta, “com o passar do tempo, o povo
começou a externar aquilo que via e ouvia nos rituais sagrados, e, de boca em boca, caiu no
gosto do povo, misturou-se com o povo, passou a ser do povo e para o povo, levada pelos
confins da Terra, e assim, nasce o que alguns chamam, hoje, de literatura oral”.
Assim, a perspectiva de Barbosa advoga que a literatura oral sempre existiu e acompanhou a vida
do homem desde os tempos imemórias, e algumas escritura sagradas existentes derivam desta
forma literária.
Esta visão alinha-se com a de CASCUDO (1984) que considera que a “literatura oral” está
presente na história das sociedades e constitui um conhecimento caracterizado por ser “não-
oficial, tradicional, anônimo e de ensino sistemático”.
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Mas o que é literatura oral, mesmo? Em busca de resposta a esta questão, vejamos a propostas
trazidas por Mendes e Do Rosário.
Para Mendes apud BILA (2011:23) literatura Oral é aquela que é transmitida de geração em
geração, por via oral, dos mais velhos para os mais novos.
Por outro lado, ROSÁRIO (1989:45), no seu estudo da narrativa oral africana, define literatura
oral como “formas literárias transmitidas pelo sistema verbal oral”.
Portanto, a Literatura Oral pode ser tomada, por um lado, como conjuntos de textos,
correspondentes à tradição oral de um determinado povo, e que são transmitidos por via oral, por
outro, como conjunto de saberes científicos e sistematizados relativos a esses textos.
No concernente à sua natureza e caracterização, AGUIAR & SILVA (1984: 137-8) afirma que o
sistema semiótico da literatura oral é composto por diferentes signos paraverbais e extra-verbais
que interagem entre si para garantir a existência do seu objecto. Ela apresenta como uma das
suas peculiaridades, a variação. Cada pessoa vai contando a mesma história de forma diferente,
já que ela tem que contá-la de forma pessoal e não fazer apenas uma repetição mecânica do que
ouviu.
Olhando para o contexto africano, Ruth Finnegan apud MATUSSE (1998) diz que os autores de
literatura oral servem-se de vasto conjunto de elementos linguísticos das línguas bantu como
instrumentos literários, a exemplo de idiofones, onomatopaicos que tanto contribuem para a
expressividade rítmica desta arte.
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De acordo com ROSÁRIO (1989:46), “as obras orais tem um carácter colectivo e oral. Elas
relatam uma série de acontecimentos que tiveram lugar num espaço longínquo e fabuloso e num
tempo incomensurável. Falam-nos de origens e tentam explicar como surgiram determinadas
formas pitorescas evidentes do dia-a-dia, o que vem reforçar a ideia de que as diversas
categorias de narrativas são parentes entre si’’. Estas narrativas orais são parte integrante da
cultura de um povo. Ao serem transmitidas de geração em geração, com acréscimo, omissões e/
ou alterações, tornaram-se uma criação colectiva, espelho do povo que as construiu. Elas estão,
pois, impregnadas da cultura do povo que as elaborou. Normalmente narradas à volta de uma
fogueira, durante os momentos de lazer, tinham como função não só entreter, como também
transmitir essa cultura e esses valores aos mais novos.
De acordo com estudo de BILA (2014), literatura oral pode ser localizada em alguns manuais do
ensino básico moçambicano. Este dado também referenciado por Manjate (2010) apud COSSA
(2015), que adianta “em Moçambique os textos da literatura oral ganharam uma revalorização
através do registo gráfico”.
Para Sebastião et al (1999:82), são géneros de literatura oral, os contos tradicionais, as lendas, os
mitos, as fábulas, os provérbios populares, as advinhas, as anedotas de tradição oral, as narrativas
históricas, as cantigas, os cânticos, os enigmas, etc.
Noutra perspectiva, Hermann Baussinger citado por NUNES (2009) agrupa os géneros de
literatura oral em três categorias: formas e jogos de língua (provérbios, ditos, adivinhas, orações,
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lengalengas, etc.), formas narrativas (contos, lendas e mitos), formas dramáticas e musicais
(teatro popular, cantigas e romances).
Aqui podemos perceber que classificação proposta por Baussinger foi concebida tendo em conta
a divisão tripartida dos modos literários (lírico, narrativo e dramático).
1.2.3Cultura
Tal como não tem sido fácil definir literatura, pela sua natureza complexa, torna-se difícil
também definir a cultura.
Etimologicamente o termo cultura provém do particípio passivo do verbo latino colo, colis,
colere, colui, cultum que significa: cultivar, cuidar, ter cuidado e prestar atenção. Expressa a
relação dinâmica e estável a um lugar, (Martinez, 2009:44).
Entretanto, BERNARDI (2007:23), afirma que o termo cultura pode ter dois significados:
humanístico e, outro antropológico, sendo que a primeira formulação do conceito antropólogo de
cultura é de pertença de EDWARD B.TYLOR. Portanto, BERNARDI (2007) olha para a cultura
como ‘‘o complexo que inclui o conhecimento, a crença, a arte, a moral, as leis e todas outras
capacidades e hábitos adquiridos pelos homem como membro da sociedade’’
i) Consideram o homem como objecto, portanto, sem o homem não haveria cultura, ele
é o protagonista de toda manifestação cultural;
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Contudo, caracterizando a cultura, MARTINEZ (2009:49) afirma que ela é simbólica, social,
estável e dinâmica, selectiva, universal e regional, determinante e determinada.
A cultura é simbólica: toda realidade cultural pode ser considerada como um conjunto
de sistemas simbólicos, manifestados por meio de uma linguagem que é eminentemente
simbólica.
- A cultura é social: a pessoa é formada pela cultura e o seu comportamento é pautado
pela cultura interiorizada, visto que a abertura do homem aos seus semelhantes estabelece
as relações sociais.
- A cultura é estável e dinâmica: a cultura é estável no sentido de conservação de seus
valores autênticos, que vão garantindo a identidade específica dum certo povo. Mas
também a cultura é, sobretudo, dinâmica no sentido da sua permanente vitalidade, que se
manifesta nos seus processos de evolução e de transformação, condicionados pelos sinais
dos tempos.
A cultura é universal e regional: a cultura é, antes de tudo, um fenómeno universal,
porque não há povos sem cultura, nem homens «incultos». Ela constitui um aspecto
comúm a todas as sociedades. Por sua vez, a cultura é regional, entendida na sua forma
particular e contextual.
Na óptica de MARTINEZ (2009), não há povo sem cultura, nem homens sem cultos. A cultura é
universal pelo facto de haver alguns aspectos comuns em todas culturas denominados universais
culturais. Ela é determinante pois determina por parte, o comportamento humano e dela
depende a sua padronização. O carácter determinante da cultura permite o estudo científico do
comportamento que visa a regularidade ou leis do comportamento humano. Por outro lado, a
cultura é também determinada pelo homem pois ele é o agente activo dela.
Portanto, o conceito de cultura proposto por Bernard considerámo-lo aceitável, primeiro, por
considerar cultura como algo complexo e, segundo, contempla os três elementos incontornáveis
na idealização da cultura: o saber, os valores e o homem.
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1.2.3.1Cultura Bantu
Conforme NGUNGA (2014), a cunhagem do termo “bantu” é atribuída a Bleek, sendo que coube
lhe a Greenberg a tarefa de classificação das línguas africanas. Segundo Greenberg, as línguas
bantu fazem parte da grande família Congo-kordofoniana, cuja subfamília é Niger-Congo.
Assim, longe de referir a uma família, nem a uma unidade racial, como alguns o consideram, o
termo bantu designa um grupo de línguas pertencente à família Congo-kordofoniana.
Noutra perspectiva, VICENTE (2012:43-44) mostra que o termo Bantu aplica-se a uma
civilização que manteve a sua unidade ou sua herança cultural e que foi desenvolvida por povos
de raça negra. O radical “ntu”, comum para a maioria das línguas bantu, significa homem,
pessoa, ser humano, e o prefixo “ba” forma o plural da palavra “muntu” (homem, pessoa,
personalidade inalienável). Assim, bantu é o plural de “muntu”. O termo «bantu» significa: seres
humanos, homens, pessoas, povos, gente.
Falar dos bantu é falar dos modos de vida, dos sistemas de valores, dos costumes, das crenças, da
organização, da mentalidade, etc., que caracterizam a um grupo social que vêm desde séculos e
chegam até nós com mais ou menos vivência e intensidade (Vicente, 2012).
2.1Tipo de Pesquisa
O presente estudo é qualitativo, nele descrevemos de forma qualitativa o fenómeno de literatura
oral presente nos órgãos de comunicação social, RM e TVM, Delegações de Gaza. A nossa
pesquisa preocupa-se com o processo e não simplesmente, com os resultados, sendo que por
conseguinte, apreciamos o desenvolvimento do fenómeno social “ literatura oral”, no campo.
2.2Método de Abordagem
Neste trabalho vai-se privilegiar o método Indutivo, ou seja, partindo da realidade que se
vamos encontrar no terreno, faremos generalizações. Portanto, as constatações particulares sobre
a literatura oral presente na RM e TVM - Delegacoes de Gaza, levar-nos-ão à elaboração de
generalizações.
2.3Método de Procedimento
De acordo com LAKATOS & MARKONI (1991:28) os métodos de procedimento constituem
etapas mais que concretas de investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação
geral de fenómenos menos abstractos. Desta feita, para este estudo iremos previligiar o método
monográfico que consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições,
instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações (Marconi &
Lakatos, 2003:109). Assim, partimos de princípio de que o estudo caso de literatura oral usada
pela RM e TVM - Delegações de Gaza, pode representar muitos outros casos do género.
As nossas posições sempre serão fundamentadas pelas teorias tidas a partir da pesquisa
documental, uma fonte de colecta de dados restrita a documentos escritos ou não, construindo o
que se denomina de fontes primárias (Marconi & Lakatos, 2003:174).
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A observação será efectivada de forma directa e terá suporte de instrumentos como bloco de
notas e da memória. Ela visa essencialmente, recolher aspectos relativos à performance dos
fazedores da literatura oral, principalmente na RM – Gaza.
A entrevista aberta terá como instrumentos de recolha, o gravador. Ela perpectiva-se colher a
concepção de todos profissionais envolvidos na produção e realização dos programas ligados à
cultura e literatura oral bantu na RM e TVM - Delegações de Gaza.
À gestora, procuramos saber que programas culturais e conteúdos literários de natureza oral
existiam naquele órgão de comunicação social. Relativamente à questão, a nossa informante
afirmou que existiam vários programas culturais e os mais representativos seriam:
É importante sublinharmos que de acordo com a nossa informante a maioria destes programas
são transmitidas em línguas locais (Xichangana e Xichope).
Entretanto, nesse leque de programas culturais, maior destaque vai para o programa
“Minkaringani” cujo conteúdo é basicamente composto por artigos de literatura oral. Aqui,
encontramos narrativas orais que podem ser classificadas em contos populares, fábulas, lendas,
até mesmo em parábolas.
Conforme esclareceu a nossa entrevistada, a categoria canção popular faz parte de matéria ou
conteúdo do programa “Música Tradicional”. Associada ou não às danças tradicionais como
muthimba, makwhayi e outras, a canção popular transfigura-se como uma das componentes que
dá vida a alguns programas anteriormente referenciados.
Ficamos também informados que algumas narrativas orais preenchem o programa infantil
conhecido por “programa da criança”. Por meio desses contos orais as crianças difundem lições
morais úteis à formação da personalidade e bem-estar social.
posteriormente passa por uma triagem rigorosa, cujo objectivo é fornecer ao ouvinte produto
com qualidade necessária.
“ para além de contos populares, nós temos as advinhas que passam no programa
da Criança. Agora, provérbios, não tendo um espaço específico, um locutor a
qualquer momento convoca-os. Temos também canções populares que passam no
programa ligado a música tradicional”.
No que tange ao género canção popular, os dois nossos entrevistados confirmam que ela existe
nas emissões da RM - Gaza. Ela, tal como os advérbios, são polivalentes podendo ser localizada
em grande medida nos programas “Música Tradicional” e “Ntumbuluku wathu”
Ficamos a saber que na sociedade “changane” as canções populares são interpretadas por alguns
grupos culturais e acompanham eventos de celebrações de nascimento, de casamento, nas festas
de colheita e outras práticas sociais. Neste caso concreto, aponta-se para o grupo polivalente
“Marhangele Zacarias Mawayi”, como o mais sonante e representativo quando se fala canção
popular presente em espaços da Emissora provincial de Gaza.
Segundo a nossa informante, a maior parte de canções populares presentes na RM - Gaza tem a
ver com danças como muthimba, makwayela, xingomana, xigubo, etc, portanto, acompanha as
danças tradicionais bantu.
O rítmo de algumas destas canções contempla alguns elementos linguísticos tais como, os
ideofones e as onomatopeias.
No que tange à melodia, esta é reforçada por aspectos tradicionais como “mikulungwana” e
“svivuvutwana”. As palmas e o improviso são outros elementos capitalizados pelos artistas neste
tipo de canções, e sempre são acompanhadas por instrumentos tradicionais como, batuque,
flauta, chocalho e que conferem mais cor e harmonia melódica a estas canções.
No concernente à questão ligada aos programas ligados a literatura oral, a nossa fonte respondeu
nos seguintes moldes:
Sim, existem! A Televisão está resgatando esses valores culturais. Na verdade se consegue ver,
no final de cada telejornal temos uma página cultural. Isso significa resgatar esses valores
culturais que estão sendo esquecidos. Ee, ao nível local, tínhamos começado um projecto dessa
natureza só que acabou parando por causa do equipamento, a gente dizia “as histórias de
Gaza”, porque são inúmeras.
Portanto, ao nível da TVM – Delegação de Gaza nota-se ainda não possui programas culturais
dignos de menção, não obstante existir projectos virados a essa matéria. Aqui, podemos
depreender que houve uma iniciativa de introdução de programas ligados à cultura e à literatura
oral, com destaque para o programa “Histórias de Gaza”, no entanto, fracassou. Mediante esse
facto, a TVM - Gaza tenta erguer-se desenhando projectos aliados à revitalização das tradições
orais.
Segundo a nossa fonte, com a introdução das línguas bantu neste canal televisivo está no plano
desta instituição incluir-se de um programas de histórias populares. Para esse propósito, a
TVM – Gaza tem vindo a buscar parcerias com instituições vocacionadas nessa matéria.
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Adiantou-se que já existe uma parceria entre a TVM – Gaza e a Universidade Pedagógica –
Delegação de Gaza.
As línguas locais (Xichangana e Xichope) preconizadas para a realização desse programa são
também em elemento que vai contribuir na preservação do carácter tradicional e natureza do
material, visto que a língua é um factor dinamizador da cultura de uma sociedade.
b) Géneros
Portanto, alguns programas como “Minkaringani” podem ser tidos como espaços de recreação e
aprendizagem, por veicularem narrativas orais potencialmente fortes em conteúdo, tal como
afirmara VIEGAS (2015:8), as narrativas orais normalmente narradas à volta de uma fogueira,
durante os momentos de lazer, tinham como função não só entreter, como também transmitir
essa cultura e esses valores aos mais novos.
No final de cada história o contador deixa uma lição moral subjacente na mesma, numa clara
alusão ao papel didáctico – pedagógico que elas detêm. Por essas ricas lições morais acredita-se
que estas histórias contribuem para uma convivência pacífica e harmoniosa das famílias que
vivem e convivem com elas.
Neste contexto, fica explicito que a literatura presente na RM – Gaza cumpre as funções lúdica
(recreação), comunicativa (informa algo sobre a vida) e didáctica- pedagógica (ensina e educa
sobre as regras de conduta aceites pela sociedade bantu).
Assim, podemos afirmar a literatura oral prevista para a TVM – Gaza funciona como
reservatório de valores bantu, legitimando-se assim o posicionamento de ROSÁRIO (1989) as
narrativas de expressão oral são um reservatório dos valores culturais de uma comunidade com
raízes e personalidade regionais, muitas vezes perdidas na amálgama da modernidade.
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a) Recolha
Aos nossos entrevistados quisemos saber como é que a Rádio recolhia este material literário de
natureza oral que cobre alguns programas desta Estação radiofónica. Passamos a apresentar as
respostas fornecidas:
Parte do material da literatura oral é obtida via colaboradores da Rádio que são
convidados ao estúdio para gravarem, sendo que a outra, consegue-se sempre
que os jornalistas se deslocam aos distritos, onde são interpeladas pessoas
conhecedoras deste conteúdo literário;
Histórias (narrativas orais) do programa “Minkaringani” são uma herança do
falecido vovô Marhangele Mauai.
Um dos nossos informantes afirmou que uma outra via ou possibilidade de obtenção deste
material de literatura oral, principalmente as narrativas do programa “,Minkaringani” tem sido
por via da composição. Essa composição é feita pelos fazedores do programa partindo das
constatações e/ou ocorrência do dia-a-dia. Uma determinada história deste programa poder ter
sido composto a partir de um acto vivenciado pelo seu compositor na chapa, no mercado ou
mesmo na comunidade.
Ora, analisando o último dado, obtenção de artigos literário por via da composição, que até certo
ponto revela uma criatividade por parte dos executores deste programa, nota-se que nem todas
narrativas do programa “Minkaringani” são de literatura oral, sabido que, pela sua natureza, os
géneros deste tipo de literatura tem uma autoria anónima.
consta que ao nível desta instituição não exista um plano sistematizado ou cronograma de
actividades destinado à recolha de conteúdos de literatura oral. Em algum momento, este facto
pode implicar insuficiência de conteúdo para a sustentação dos objectivos de programa, uma
realidade que pode propiciar improviso e repetição dos artigos.
b) Arquivo
Assim, conforme revelou a chefe de emissões da RM – Gaza, nesta instituição pública os artigos
de literatura oral, assim como acontecem com outra informação não cultural, são conservados no
sistema da própria Rádio, em discos, em flashes e em algumas memórias externas. Ficamos
informados que com a evolução tecnológica já se abandonou o sistema de fitas magnéticos dado
facto de já não existir aparelhos a altura de ler esses dispositivos.
Analisando esta forma de arquivo de conteúdos da literatura oral por parte da Rádio, pode-se
afirmar que os diapositivos em uso nesta estação emissora podem não oferecer maior segurança e
consistência, factor que pode resultar na perca deste material literário em algum momento.
“Bom, esses contos pode serem feitos através de uma selecção das lideranças
comunitárias porque de facto não é fácil encontrar gente que conta histórias. O que
nós temos estado a fazer em cada distrito, posto ou localidade onde a gente vai,
procuramos encontrar a pessoa mais antiga. Então, é uma selecção que a gente faz e
que com as lideranças comunitárias, através do ARPAC, temos este casamento.”.
A estratégia desenhada pela TVM – Gaza para a recolha de materiais de literatura oral
subscreve-se em contactar as lideranças comunitárias nas comunidades a fim de se localizar os
29
especialistas cultura bantu (griots), traduzindo uma impressão de que maior preocupação é a
originalidade deste corpus da tradição oral a veicular.
Entretanto, neste processo de recolha o alto da TVM – Gaza tem envolvido pessoas mais velhas
dado facto de na sociedade bantu, no geral, e moçambicana, em particular, o papel de contar
histórias é relegado a esta camada social, não obstante o facto de podemos encontrar, em algum
momento, jovens engajados nesta missão. Os contadores de histórias na comunidade (os velhos)
são gente considerada como dinamizadora das actividades ou de eventos culturais contribuindo
significativamente na valorização e imortalização do dito património intangível.
3.4 Relação entre a literatura oral da RM – Gaza e a veiculada pela TVM – Gaza
Por outro lado, verifica-se uma similaridade no que tange aos processos de recolha de artigos de
literatura oral. Apesar da RM – Gaza possuir colaboradores que se dirigem aos estúdios para
gravarem as suas histórias, a colecta desses materiais junto às comunidades em exercício normal
das suas actividades, constitui via principal de recolha nas duas instituições de comunicação
social.
Ao nível de função desta literatura, nota-se que para além de concorrer para a imortalização da
cultura bantu, ela tem em vista recrear e educar tanto aos radiouvintes quanto aos
telespectadores.
estão em fase embrionária, uma vez que o próprio órgão ainda está em processo de
instalação;
Passam mais géneros literários na RM – Gaza que nas emissões da TVM – Gaza, pois o
mecanismo de aquisição desses material por parte da Rádio é simples e menos honoroso
comparativamente ao da Televisão;
Nos dois órgãos de comunicação social não existem ainda um cronograma de actividade
destinado para o processo de recolha de artigos de literatura oral.
31
4.1Conclusões
A preocupação em compreender as formas de apresentação da literatura oral na RM e TVM -
Delegações de Gaza, foi o principal propósito deste estudo. Era oportuno que se percebesse
como é que a literatura oral existente nestes dois órgãos de comunicação social, denunciada por
BILA (2011), manifestava-se.
Chegado aqui, podemos confirmar as nossas hipóteses iniciais dado que a literatura oral,
sobretudo na RM – Gaza, encontra-se presente sob forma de narrativas orais (contos orais,
lendas, fábulas), advinhas, anedotas e canções populares. São géneros literários que para além de
recrear os ouvintes, cumprem também uma função também didáctica – pedagógica, contribuindo
para uma convivência pacífica e harmoniosa das comunidades.
Maior destaque vai para as categorias, conto oral e a canção popular, géneros com maior
predomínio na Rádio. As narrativas orais podem ser localizadas em programas como
“Minkarinani” e no “programa da criança”, enquanto a canção popular preenche o espaço do
programa “Música Tradicional”.
Contudo, as outras formas literárias (provérbio, anedotas, advinhas, etc) têm uma ocorrência que
podem ser considerada como espontânea e transversal. Em algum momento alguns desses
géneros passam de forma momentânea, assumindo, assim, um carácter polivalente.
Na TVM – Gaza, por ainda encontrar em fase de instalação e implementação, nesta intuição
apenas há registo de existência de alguns projectos e parcerias relativos a criação de espaços para
histórias bantu. As primeiras iniciativas de contemplação de programas com conteúdos de
literatura oral fracassaram.
32
Na RM – Gaza evidencia-se mais a componente prática da literatura oral sem, no entanto, ser
complementada pelas teorias correspondentes, razão pela qual alguns conteúdos presentes em
alguns programas não são facilmente interpretadas pelos seus fazedores.
Em suma, podemos afirmar que é uma literatura oral que directa ou indiretamente contribui no
resgate dos valores culturais bantu em um estado de latência desde a época colonial, chegando
mesmo a influenciar a vida dos radiouvintes, principalmente nas zonas rurais onde os serviços da
RM – Gaza têm maior incidência.
33
4.2 Sugestões
Face as contratações elencadas no decurso do nosso estudo, à RM e TVM – Delegações de Gaza
recomenda-se:
Por parte da UP – Gaza, era importante que se buscasse estratégias apropriadas para o
aproveitamento dos artigos de literatura oral existentes na RM – Gaza, pois, achamos que elas
podem contribuir na concretização de aulas em algumas cadeiras.
34
Dentro da parceria em vigor entre RM – Gaza e a UP – Gaza, qualquer das instituições pode
promover intercâmbios culturais, materializados por debates, conferencia, seminários etc, cujos
conteúdos seriam assuntos ligados à literatura oral.
Como forma de aliar a teoria, possuída na academia, à prática, evidente nos serviços prestados
pela RM e TVM – Delegações de Gaza, a partir de conteúdos de alguns programas culturais
referenciados neste estudo, os estudantes podem ser incentivados a produzir Ensaios literários de
base crítica, principalmente na cadeira de Literatura Bantu.
35
5.0Referências Bibliográficas
AGUIAR & SILVA, Teoria de Literatura, 8ª ed., Coimbra, Edições Almeida, 2011.
BILA, P.A. A Literatura Oral no Ensino Básico Moçambicano: Uma Revitalização da cultura
Autóctone, Maputo, 2011.
COSSA, António, Literatura Infantil no Ensino Basico: Uma Estrategia de Iniciacao à leitura
no I Ciclo, Maputo, 2015.
DIDIO, Lucie. Como Produzir Monografias, Dissertações, Teses, Livros e outros Trabalhos,
São Paulo, Editora Atlas 2014.
GIL, Antonio. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999
LAKATOS, E.M & MARCONI, M.A. Fundamentos de Metodologia Cientifica, 3ª ed., São
Paulo, 1991.
MARTINEZ, Francisco Lerma, Antropologia Cultural, 6ª ed., Maputo , Paulina Editorial 2009.
NUNES, Suzana D. A milenar Arte de Oratura Angolana e Moçambicana, 1ª ed, Porto, CEAP,
2009.
SEVERINO, António, Metodologia de Trabalho Científico , São Paulo, Cortez editora 2007.
VICENTE, José Armando, A Experiência Salvífica na Religião Tradicional dos Povos bantu e
Teologia do Concilio Vaticano II, Belo Horizonte, 2012.
Índice
0.0Introdução...................................................................................................................................3
0.2Objectivos...............................................................................................................................4
0.2.1Geral.................................................................................................................................5
0.2.2Específicos........................................................................................................................5
0.3Problema.................................................................................................................................5
0.4Hipótese..................................................................................................................................5
0.5Justificativa.............................................................................................................................5
1.2.3Cultura............................................................................................................................15
1.2.3.1Cultura Bantu..............................................................................................................17
2.1Tipo de Pesquisa...................................................................................................................18
2.2Método de Abordagem..........................................................................................................18
2.3Método de Procedimento......................................................................................................18
3.4 Relação entre a literatura oral da RM – Gaza e a veiculada pela TVM – Gaza...................29
4.1Conclusões............................................................................................................................31
4.2 Sugestões..............................................................................................................................33
5.0Referências Bibliográficas....................................................................................................35
39
Declaração
Declaro que esta trabalho científica é resultado da minha pesquisa sob orientação do meu
supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes e consultadas estão devidamente
consultadas e constam das Referências Bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho ainda não foi apresentado em nenhuma outra instituição.
_________________________________________________________
EB - Ensino Básico
L1 – Língua Primeira
L2 - Língua Segunda
LO – Literatura Oral
RM – Rádio Moçambique
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeço a Deus, entidade que inteligentemente cuidou-me durante todo o
percurso da minha formação.
Em segundo plano, agradeço ao meu supervisor, Pedro António Bila, pela competente e
minuciosa orientação desta monografia. Pela sua paciência e tolerância, pelos seus apelos, pelas
sugestões e críticas que me ajudavam a crescer cada vez mais, os meus sinceros agradecimentos.
Agradeço também a todos meus docentes pelo carinho e competência com que me transmitiam a
matéria durante a formação. Os meus agradecimentos são extensivos a todos meus colegas e
amigos do curso que, directa ou indirectamente, contribuíram na minha formação e no meu
desenvolvimento intelectual.
À toda minha família, sem a qual a minha formação não teria sido possível, o meu muito
obrigado.
Finalmente, meu maior apresso e gratidão vai para Narciso Júlio Mutemba e Julieta Boene,
amigos e companheiros, pelo apoio e encorajamento durante toda a minha vida estudantil.
42
Dedicatória
Este trabalho dedico à minha família, especialmente à minha esposa, Vitória David Chaúque, aos
meus filhos Elina Samuel, Aires Mutisse e Dorcídio Mutisse, pela compreensão, paciência e
tolerância demonstrada principalmente nos mementos difíceis desta formação.
43
Resumo
Esta Monografia aborda assuntos sobre a literatura oral na RM e TVM, Delegações de Gaza,
uma forma de Aproveitamento e Revitalização da Cultura Bantu. Ela aparece como mais um
subsídio no campo dos estudos científicos sobre a cultura bantu, no geral, e literatura oral em
particular, um assunto pouco aprofundado nas academias. Tem como objectivo compreender as
formas de apresentação da literatura oral na RM e TVM, Delegações de Gaza e a função que essa
literatura cumpre nos radiouvintes e telespectadores, respectivamente.
Xai-Xai
2017
Supervisor:
MSc. Pedro Bila
Xai-Xai
2017
APÊNDICES
46
Entrevistador: Obrigado! Achamos que basta. Como primeira questão de fundo gostaríamos de
ter um breve historial da TVM- Gaza.
47
Del: Bom, a Delegação de Gaza, como qualquer Delegação, nasce para responder os asseios de
cada província, dos distritos. Porque sabe-se que a televisão é extremamente cara, estando
concentrada, por exemplos, só em Maputo e tirando jornalistas e operadores para fazerem
viagens para reportares ao nível do país, é extremamente honorosos. Nasceu primeiro nas
capitais provinciais, nasceu primeiro em Sofala, depois Nampula e foi crescendo
sucessivamente. A província de Gaza foi uma das últimas a ser implementadas em 2011. A
província de Gaza tem muita matéria e isso originou o surgimento da Delegação.
Del: Se a memória não me falha em 2011. Quando a Delegação nasce apenas tinha apenas 3
elementos, jornalista, operador de câmara e uma ou duas pessoas que faziam parte da
Delegação. Nasce dessa forma porque era o tratamento da notícia e enviada para Maputo.
Entrevistador: Olhando para TVM – Nacional, existem alguns programas culturais que a
televisão leva ao ar?
Del: Sim, existem! A Televisão está resgatando esses valores culturais. Na verdade se consegue
ver no final de cada telejornal temos uma página cultural. Isso significa resgatar esses valores
culturais que estão sendo esquecidos.
Entrevistador: Para além do programa que o senhor Delegado fez menção, há outros artigos
culturais que passam ao nível da televisão?
Del: Sim! Nós temos outros programas culturais. Na verdade há programas específicos, só que
costumamos dizer tudo que tem princípio tem o seu término. Para uma reorganização do
próprio projecto porque também tem a ver com os financiamentos, fazer programas desta
natureza envolve deslocações, envolve investimentos, p. i, se nos queremos, de facto, uma obra
de arte de Chicualacuala nos temos que ter financiamento para irmos fazer trabalho em
Chicualacuala, se nos queremos um artigo em Massangena, temos que estar preparado para ir
fazer trabalho em Massangena, p. i, que se torna muito caro, sobretudo em Televisão, nunca sai
um única pessoa, é diferente da Rádio, uma pessoa com gravador consegue fazer uma
reportagem. Por isso tivemos que reestruturarmos os nossos programas que temos. Por
48
exemplo, nos tínhamos o programa “Masseve” que retratava um pouco da história cultural
nossa, agora, nasceu o programa “Musica tradicional”.
Entrevistador: Gostaríamos de saber com que finalidade a TVM leva ao ar esses programas
culturais.
Del: Bom, eu não posso dizer que frequentemente vamos encontrar, porque isto depende de cada
programa de do seu conteúdo, mas eu acredito que com introdução das línguas nós podemos
desenhar aquilo que a gente chama guião do próprio programa. O que é mais fácil introduzir
em Televisão neste momento, são os contos, as pessoas gostam de ouvir histórias, vivem de
histórias, as lendas …
Entrevistador: Sabe-se que essas formas literárias encontram-se nas comunidades, vivem na
memória do povo, no projecto da televisão como é que se pensa recolher esses contos?
Del: Bom, esses contos pode serem feitos através de uma selecção das lideranças comunitárias
porque de facto não é fácil encontrar gente que conta histórias. O que nós temos estado a fazer
em cada distrito, posto ou localidade onde a gente vai, procuramos encontrar a pessoa mais
antiga. Ee, tínhamos começado um projecto dessa natureza só que acabou parando por causa
do equipamento, a gente dizia “as histórias de Gaza”, porque são inúmeras. Eu aqui quando
cheguei na Delegação pois os colegas o livro de JUNOD, sobre “usos e costumes dos bantu”,
isso para dar algum alicerce ao pessoal que queiram fazer programas em língua bantu. Então, é
uma selecção que a gente faz e que com as lideranças comunitárias, através do ARPAC, temos
este casamento.
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Del: Para ser franco nós não gostamos de correr. Nós temos que iniciar com o projecto e
terminar. Enquanto não lançarmos com unhas e garras este projecto, não podemos correr para
outro.
Entrevistador: Talvez para terminar. Que avaliação o sr. Delegado faz da relação com outras
instituições de comunicação social e do trabalho feito por outras intuições no exercício de
revitalização da cultura.
Del: Bom, fazendo uma avaliação nesse âmbito, não seria mesmo justo. As nossas instituições
tem projectos na manga mas talvez não aplicam. Não há um cronograma de actividades a ser
cumprido ao longo do ano.
Entrevistador: Idade?
CE: 47 anos.
CE: Boa, a Rádio Moçambique Emissor provincial de Gaza foi criada em 2002, depois de ter
trabalhado em conexão com Emissor Provincial de Maputo. Neste ano cria-se a cisão com
EPM, quando se chamava Emissor interprovincial de Maputo- Gaza. É um que tem 19 horas de
emissão, emite maioritariamente em Xichangana, isto partiu de um estudo feito. Estamos a
trabalhar mais em Xichangana do que em chope e Português por esta ser a língua mais falada.
Trabalhamos inicialmente, aquando da abertura do emissor, abrindo as emissões ate as 10h em
Xichangana depois duas horas em português, transmitirmos em chope e depois voltávamos a
transmitir em Português. Por necessidade do próprio ouvinte, passamos a abrir em Xichangana,
trabalhamos em português das 10 `as 14 horas, em chope das 14h às 19 em chope e das 19 à
meia-noite em Xichangana. Trabalhamos assim, porque o ouvinte assim asseou. Temos
noticiários nestas línguas todas. Sexta-feira e sábado não interrompemos os nossos trabalhos.
Entrevistador: mais ou menos com quantos membros a Rádio teve no começo e com quantos
conta agora?
CE: Nessa altura em 2002 posso fazer uma estimativa de mais ou menos 20 profissionais. Neste
momento a RM conta com 70 trabalhadores entre jornalistas, locutores, técnicos, pessoal
administrativo e guardas.
Entrevistador: A cada dia acompanha-se alguma manifestação cultural pelas vossas emissões.
Gostaríamos de saber que programas de matriz cultural passam ao nível da RM-Gaza?
CE: Nós temos programas em língua chope, temos também minkaringani, temos ainda artistas
do dia, muqambi em Xichangana, tudo isto tem a ver com a cultura. Nos programas em língua
chope a tendência é de falarmos das tradições chope; no Muqambi queremos falar da vida de
um determinado artista, se for um musico quando é que começa a cantar, isso tudo; no
programa artista do dia acontece o mesmo, mas já em língua portuguesa no. No Mikaringane
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Entrevistador: Muito Obrigado! Bom, acabou respondendo a questão que tinha a ver com o
conteúdo de cada programa. Gostaríamos de saber com que finalidade a RM transmite esses
programas.
CE: Bom, se nos olharmos para “Wundota ni wusungati”, ele tem em vista a transmissão da
nossa tradição. Os especialistas explicam a fronteira entre a tradição e problemas sociais, como
doenças de HIV e Sida e Tuberculosa. Agora, as histórias do programa “Minkaringani”
educam de forma recreativa. A pessoa prende enquanto está ali a rir, porque da maneira como
se conta “nkaringani” não algo sério, é divertido.
CE: Nós temos as advinhas, provérbios não podemos falar assim tanto porque não temos espaço
especifico, mas as advinhas temos no programa da criança; elas divertem-se, digo programa da
criança em chope, em changana. Elas trazem um ensinamento, trazem uma educação através
dessas advinhas. Agora, provérbios, um locutor facilmente pode trazer durante a sua locução.
Estes provérbios ajudam também a ver que a coisas que acontece que não deviam, quer dizer
dependendo do tipo de provérbio que alguém trás.
Entrevistador: Talvez me tenha esquecido de um dos géneros mais fortes de forma literária, as
canções populares. Não sabemos se existem, passam cá na Rádio, que canções, de que grupos.
CE: Cantos populares, nós temos espaços, é verdade que um locutor estando ai a fazer o seu
trabalho está livre de buscar um tema musical. Então ai o locutor está livre de trazer um canto
popular, pode trazer um coral, um instrumento tradicional. No espaço das 19h as 19 e meia
passamos a instrumentos tradicionais como forma de divulgarmos a nossa tradição. Temos
52
Makwaela, Xingomana, tudo entra neste espaço de música tradicional, chamamos de “musica
Tradicional”.
Entrevistador: Falando dos géneros que por cá passam, o conto populares, as anedotas. Com que
línguas são transmitidos?
CE: Não!
Entrevistador: Sabe-se também que essas formas literárias são herança do povo, são herança
comunitária, vivem na memória do povo. Como é que a rádio tem recolhido essas formas
literárias?
CE: Nós temos colaboradores que gostam de apresentar esses contos. Então, a tendência de
virem para cá e trabalhos com colegas ligados a esses programas. Eles combinam o dia da
gravação. Mas também como temos tidos muitas saídas para os distritos, quando saímos
também recolhemos desses distritos chegamos aqui organizamos e passamos.
Entrevistador: Para além da recolha temos a componente arquivo. Como é que a Rádio tem
arquivado esse material?
CE: Nós temos uma maneira de conservar, usamos discos, usamos o nosso sistema, é capaz de
conservar esse material, as vozes, é capaz, mas também usamos o flesh, a memória externa. Já
não usamos fitas magnéticas devido a evolução tecnológica, já não tem equipamentos que lê
esse material. Temos contos guardados nestas fitas mas neste momento não temos como ouvi-los
devido a falta de equipamento.
Entrevistador: Bom, já se falou muita coisa a respeito dos programas existentes, haverá outros
projectos de revitalização das tradições orais.
CE: Os projectos que a Rádio tem é mesmo sairmos aos distritos para a recolha desses
materiais, é verdade que temos uma limitação que tem a ver com os fundos.
53
CE: O feed back é positivo, digo isso porque nós temos tido um mecanismo de avaliação. Uma
equipe sai para os distritos para falar com os nossos ouvintes. Mas o sistema de linhas também
nos ajuda. É ai onde o ouvinte critica e nos acolhemos.
Entrevistador: A RM – Gaza não faz este trabalho de forma isolada, que avaliação a Rádio faz do
trabalho do mesmo género levado a cabo por outras instituições como a TVM, Rádio Xai-Xai e
outras.
CE: Bom, é muito difícil avaliar o trabalho de outras instituições, mas acho todos estão para
servir ao ouvinte, ao telespectador, acho todas estão num bom caminho.
Entrevistador: Bom, são estas questões que tínhamos, restam-nos para já agradecer esta pela
cedência deste espaço, muito obrigado.
CE: De nada!
Entrevistador: vamos iniciar uma entrevista, entrevista essa que se insere no contexto de
elaboração de uma Monografia para a obtenção do grau de Licenciatura na Universidade
Pedagógica. Tem como objectivo compreender as formas de apresentação a tradições orais, no
geral, e da literatura oral na RM – Gaza em Particular. Em primeiro lugar gostaríamos de ter o
nome completo.
LCM: 47 anos.
LCM: 23.
Entrevistador: Consta-nos que trabalha com o programa cultural. Como se chama esse
programa?
LCM: No programa “Nkaringani wa Nkaringani” nós falamos é vida das pessoas. Tentamos
informar aos outros o ideal. O programa é educativo.
Entrevistador: Já percebemos que ao nível da RM passam contos orais. No seu programa para
além de minkariganes, haverão outros artigos literários de natureza oral, falamos de contos orais,
canções populares, advinhas, provérbios, mitos, lendas, etc.
LCM: Sim há! Também temos outro programa que `as vezes fazemos nas sextas-feiras, que é o
programa dos tradução dos nossos apelidos, cultura africana.
LCM: Transmitimos em changana e chope. Também temos escrito alguns contos para crianças
do programa da criança.
LCM: Encontramos dois tipos, animais e pessoas. Podemos dar um conto para educar crianças
preguiçosas, que amanhece estão ligadas à televisão e nada sabem fazer.
Entrevistador: Como é que tem conseguido esses minkaringanes, estamos a falar da recolha.
LCM: Isso começou do falecido vovô Marangele Mawayi. Vinha com livros e ensinava-me sem
noção nenhuma que viria a ser útil. Conseguimos também via pessoas que conhece-me lá na
comunidade que o senhor Cumbe conta minkaringanes na Rádio e vem e grava ou por pessoas
de boa vontade que aparecem-nos na Rádio e avaliamos o Nkaringane se dá transmitir ou não.
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Ao ficamos pode ocorrer coisas no nosso dia-a-dia que possam nos levar a fazer um Nkaringane
educativo.
Entrevistador: Não existe ao nível da Rádio um programa destinado a recolha desses contos
orais?
LCM: Nisso há dificuldades dos meios. Quando falei de um programa que programa“matimu ni
tumbuluku” éramos fornecidos pelos anciãos, pelos líderes, saímos para Chibuto, Zonguene,
então, conseguíamos, mas por falta de meios para a recolha isso fracassou.
Entrevistador: Indo para a parte da operação ou execução. Conta-nos como é que isso tem
acontecido.
LCM: Aqui somos três que produzimos este programa. Quando queremos gravar sentamos e
procuramos saber o que cada um de nos tem. Depois de gravar avaliamos se dá para ir ao ar ou
não. Antes depois de gravar o conteúdo passava para inspecção ao nível da direcção de
emissões. Nos não escrevemos textos, tudo é oral. Neste e ano em Novembro, o programa
completa 15 anos.
Entrevistador: muito obrigado, já percebemos como é se recolhe esses contos. Como são
conservados ou arquivados os minkariganes?
LCM: Estamos num projecto que envolve a ARPAC, projecto esse ligado a produção de um
livro. Aqui agora são conservados em computadores e discos e não são seguros porque os
computadores avariam isto aqui. Temos bons minkaringanes gravados em discos magnéticos
chamados REVOX e também em cassetes.
LCM: São educativos. Os ouvintes precisam muito deste programa significa que os ouvintes
estão aprendem muito deste programa. Ouve uma altura que paramos por 4 meses mas por
pressão dos ouvintes voltamos a transmitir.
Entrevistador: Então, são estas questões que tínhamos preparado para conversarmos e muito
obrigado.
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LCM: Obrigado!