Você está na página 1de 17

Maico da Costa Nema

Tema: Educação tradicional de Moçambique

Universidade Rovuma

Nampula

2020

Maico da Costa Nema


Tema: Educação tradicional de Moçambique

Trabalho de carácter avaliativo da


cadeira de Fundamentos de Pedagogia
do Curso Licenciatura em Ensino
Básico, 1º Ano. T1

Docente: José Maria Pedro Salia

Universidade Rovuma

Nampula

2020
1. Na sociedade Moçambicana, os ritos de iniciação não se manifestam de maneira
homogénea. Eles variam de província para província, de região para região, de religião
para religião e de sexo para sexo.

a) Explica como acontece os ritos de iniciação por regiões de Moçambique (no Norte,
sul e centro), por religião e por sexo.

Primeiro antes de falar dos ritos de iniciação vamos dar o conceito de Ritos dai vamos
ao que interessa.

Rito é um conjunto de cerimónias religiosas diferentemente reguladas, segundo as


diversas comunhões ou em diversas sociedades.

Ritos de iniciação são cerimónias de carácter tradicional e cultural praticado nas


sociedades africanas que visa preparar o adolescente para encarar a outra fase da vida,
isto é, a fase adulta.

Visam essencialmente a integração pessoal, social e cultural do indivíduo, permite ao


indivíduo reunir múltiplas influências do seu meio para em seguida integrá-la na sua
maneira de pensar, de agir e de si comportar, o indivíduo participa activamente nas
actividades e na vida do grupo que pertence.

Na sociedade moçambicana, os ritos de iniciação não se manifestam de maneira


homogénea. Eles variam de província para província, de região para região, de religião
para religião, e de sexo para sexo.

O objectivo destas cerimónias é de preparar os rapazes e as raparigas para a vida


matrimonial e social e com o rito de iniciação os rapazes e as raparigas têm o acesso a
participação e ao conhecimento de certos mistérios.

Ritos de iniciação masculina

Os ritos de iniciação masculino, eles subscrevem-se em realizar a circuncisão e todas as


actividades a ela inerentes durante o período de preparação, e ensinando aos jovens tudo
o que possa a vir a encontrar na vida e que necessite conhecer para a luta. Alí, aprende-
se a sofrer com resignação todos os martírios que lhe infligirem bem como todas as
durezas da vida e, até, é-se-lhes ensinado a caçar.
Como decorrem os ritos?

No dia combinado, o jovem em companhia do seu padrinho partem para a mata,


segurando uma perna de galinha com uma xima de mapira ou milho que lhe é dado pela
mãe.

Ao longo da caminhada para a mata, a marcha é interrompida por um grupo de


assaltantes mascarados que gritam fortemente para assustar os garotos.

Quando já se aproximam do local escolhido pelo chefe tradicional no meio de uma


floresta o padrinho tapa-lhes os olhos e os tambores e apitos rufam para que lhe não oiça
os gritos dos outros circuncidados.

«Metem-lhes um pauzinho entre os dentes para melhor suportar as dores.

Nisto o Namuko aproxima-se do garoto a “relâmpago” e corta o prepúcio do


circuncidado de uma só vez mesmo que não o atinge não repete.»

A navalha tradicional usada nesta operação é antes levada ao fogo para evitar infecções.
Depois da operação o namuko deita-lhes um remédio tradicional para cicatrizar a ferida.

Neste intervalo de tempo, até que a ferida cure o jovem é proibido de comer alimentos
salgados, segundo a tradição, infectaria a ferida. Neste período não pode, tomar banho e
nem tocar na água.

É raro que alguém morra por infecção mas quando alguém morre não se comunica a
família até acabar o período de incubação todo o grupo regressa a casa.

«A mãe fica a saber da notícia no de “Okuma aluka”, ressurgimento do jovem.»

Moeda/Cabo Delgado

As cerimónias da puberdade dos rapazes chama-se Licumbi e nelas também entram os


bailarinos mascarados mapiko.
O chefe da aldeia deve arranjar o curandeiro (Namulo) que será o mestre da cerimónia,
e durante a cerimónia o Nalumbo terá o corpo manchado de bolinhas brancas.

Esta festa realiza-se na época seca, escolhe-se este período porque há menos trabalho
nas machambas e é um bom tempo para fazer festas ao ar livre e porque os rapazes
podem viver melhor no mato durante o período necessário de isolamento. Eles também
escolhem esta época do ano por se preparar melhor as bebidas fermentadas e comidas
para a festa.

É o Nalungo que faz a circuncisão dos rapazes e fornece o remédio para eles resistirem
aos perigos do mato e lhe dá indicações do que podem e não podem fazer durante o
Licumbi.

Cada rapaz (Mwali) deve ter um padrinho que lhe acompanhe durante todo o Licumbi e
este padrinho chama-se Mbwana, o mwali é conduzido pelo mbwana para a circuncisão
e ajuda-o durante o período de isolamento no mato.

Ensina-lhe muitas habilidades para a vida futura tais como; construir casa, fazer
armadilhas para caça de animais e tudo aquilo que é importante para a vida matrimonial
e social. O mbwana depois de dar estas habilidades, empresta ao seu protegido, uma
navalha velha para poder executar o que lhe é ensinado. Quando termina o licumbi o
mbwana recebe de volta a sua navalha velha, e oferece uma nova nova ao seu mwali.

Durante as cerimónias, cada iniciado planta uma estaca de qualquer árvore que traz pela
1ª vez que vai para o mato durante o licumbi, num local chamado maûle. Durante o
licumbi o namulo impõe algumas proibições tais como: as mães dos iniciados não
podem comer carne, não podem tomar banho no rio, falar ou cumprimentar as pessoas e
não podem dormir, por sua vez os rapazes também não podem comer carne, nem podem
ser vistos pelas mulheres e pelas crianças, não pode atravessar caminhos sem antes
esfregar um pouco de areia na testa e no umbigo.

«Todas as roupas usadas durante a iniciação são queimadas e os jovens recebem outras
novas, queimam também a cabana que usam também durante o rito de iniciação. Pintam
seus corpos, enfeitam as pernas com ornamentos feitos por eles próprio, com frutas
secas em cujo interior chocalham as sementes, recebem então o nome novo e
abandonam o da nascença, “Nsina nokhani”»
Quando olham o fogo para queimar a cabana que todos partilham os jovens deitam-se
de braços no chão de forma a não presenciarem as chamas, porque se eles presenciam as
chamas serão estéreis.

Na sociedade Makhuwa (Nampula)

Entre os Makhuwas, são recomendados aos iniciados a fazerem a sua estreia sexual
dentro dos primeiros três dias depois do regresso, se não fizerem as estreias dentro deste
período recomendado pode se tornarem estéreis ou terem uma vida sexual aberrante.

Os jovens regressam em grupo a aldeia recebe-os com grande alegria – Kujuluca,


okhuma olukhu, os seus novos membros, no meio de cantares, danças e actos
simbólicos que referem a morte da vida da criança e nascimento de um cidadão novo
para a comunidade.

Os que já passaram pelo rito de iniciação são proibidos de contar aos não iniciados e as
mulheres o que se passou e aprenderam na floresta sob pena de morte se assim o fizer.

Na Zambézia

A circuncisão é feita por indivíduos de sexo masculino em número de seis homens


chefiados por um “Rabamoma”, que é um homem corajoso e conhecedor de raízes
medicinais, este é acompanhado por uma mulher que prepara as raízes medicinais que
dá a tomar aos circuncidados. No final desta operação vão para uma moita esperar a
hora marcada, e quando chega esta hora o circuncidado é despido e transportado pelo
padrinho (moli) para as operações. Em seguida aparecem dois outros ajudantes a pôr nas
feridas um medicamento em pó cinzento, daí são levados para um outro lugar onde são
dados de comer, umas colinhas de massa de arroz, mapira, milho, ou mandioca cozida
com medicamento oleoso. A partir deste momento os iniciados não usam a sua roupa
antiga nem se avistam com nenhuma mulher.

No meio de canções vão para o acampamento (Mussassa), onde ficam até a cicatrização
completa que dura de quatro à seis meses. Durante a permanencia no mussassa são lhes
ministrados vários ensinamentos por meio de canções com respectivos sentidos, a um
responsável de ensino que é uma pessoa versada em muitos assuntos de filosofia
tradicional (Emariha).

Cicatrizadas as feridas os iniciados são levados para um ribeiro mais próximo com a
finalidade de receber um banho purificador acompanhado do moli, entra na água e o
moli mergulha-lhe a cabeça até aos ombros por três vezes, saem juntos para fora. E este
é o momento de vida ou morte para os iniciados e chama-se Ohuabamuala-hùguma. No
fim, os familiares só poderam saber da morte do seu filho só depois de todos iniciados
terem sido entregues aos seus familiares.

Djando (Niassa)

Depois de garantido os requisitos exigidos para a sua efectivação (o pessoal,


indumentário e o acampamento) realizam-se cerimónias para entrega dos iniciados a
estruturas do djando. Essas cerimónias têm lugar na casa do nakaugo, local indicado
para a concertada do ritmador, seus familiares e outros convidados. Em regra, as
ceremónias realizam-se na noite anterior ao dia da partida dos iniciados para ao
acampamento, fazendo-se acompanhar dos aloubwés.

No que diz respeito ao pessoal, para além dos próprios iniciados, a estrutura responsável
pelo djando é: N’galiba, nakauga, atchitonombe, nampako, aloubwé e n’tchando.

Namuko: é a pessoa responsável pelo acto da circuncisão e pela saúde de todas as


pessoas envolvidas na efectivação do djando. O n’galiba é, por definição considerado a
pessoa altamente competente e a mais experiente na sua actividade profissional.

Nakaunda: é o supervisor geral do djando. Ocupa-se com recolha conselhos, críticas,


observações e recomendações confidenciais dos mais velhos que pela idade avançada
podem não querer passar pelo acampamento de djando. Além disso o nakaugo é que
nomeia e admite o atchitonombe e nampako. Para ser nampako basta ser o primeiro a
tomar a iniciativa de iniciar os filhos, todos os outros que aderem posteriormente
sujeitam-se a subordinarem-se ao primeiro que normalmente é que suporta com a
maiores despesas de djando.
Atchitonombe: orienta todos os exercícios matinais e decide sobre a reeducação de tudo
e qualquer iniciado que comete um erro, na ausência do nakauga o atchitonombe é que o
substitui.

Nampako: é a pessoa designada para controlar todas as actividades dos iniciados e dos
aloubwé.

Aloubwé: pessoa a quem lhe é confiada a tarefa de acompanhar, directo ou


indirectamente, os iniciados. São escolhidos segundo a preferência dos alouubwé. Eles
devem receber a comida para os iniciados cujo consenso é sempre colectivo. Caso a
comida não seja suficiente, então, guarda-se até que chegue para todos.

Defendem o iniciado é sua responsabilidade quando necessário, no caso de ser


condenado a pena maior, informa aos pais sobre o estado de saúde do iniciado. É,
também sua função receber dos pais novos nomes dos seus filhos recém-nascidos.

N’tchando: é nomeado entre os iniciados do nakaugo, normalmente é o filho mais


velho. O ntchando responde pelos seus colegas durante o tempo de repouso ou de
actividades recreativas sob suas ordens, os iniciados não podem maltratar qualquer
pessoa que viole o código ritual, pondo em causa os tempos livres.

A vida no acampamento

Chegado ao acampamento, os ritmados são submetidos imediatamente a circuncisão,


sendo, este, um acto doloroso que acarreta inevitavelmente choros e gritos. Para impedir
que aqueles sejam ouvidos por pessoas alheias ao rito, é que provavelmente causaria
medo nas crianças ainda não circuncidadas, os alombwé fazem todo quanto esteja ao
seu alcance, tocam tambores com maior rigor, dançam e cantam alto. Também tem sido
uma prática tapar a face do iniciado para impedir que estes vejam o material usado na
circuncisão.

Como tratamento para as feridas causadas na circuncisão, utiliza-se seiva das partes
inferiores do cacho bananas ou cinzas de algumas plantas. Esses tratamento é feita no
dia seguinte a circuncisão. Findo o processo de circuncisão segue-se a fase de
mistificação dos iniciados. Nesta fase o papel mais importante é desempenhado pelo
pelos acompanhantes particulares (alombwés) que se encarregam de indagar os
iniciados toda uma série de mitos e tabus. A não aceitação de tabus, sempre foi, é tida
como fundamento para as penalizações, incluindo as chicotadas.

Para se garantir que não haja fuga de informação sobre o sofrimento a que os jovens são
submetidos nos ritos, utilizam-se ameaças de morte d uma pessoa mais importante da
família (pai, mãe, tio, irmão, etc.).

Entrega da alimentação

Como vimos anteriormente, uma das funções dos aloubwés é de receber comida dos
iniciados. A comida é recebida no posto de controle, onde um ou dois aloubwé se
encontram de permanência.

As pessoas que trazem comida, devem entoar no mínimo o por norma uma canção cujo
o conteúdo deve ser o tipo da comida trazida. Raras vezes o alombwé, quando vê que
um caril foi bem confeccionado não comem todo. Em substituição, fazem molho de
carvão e obrigam os iniciados a comerem, ninguém deve recusar-se ou reclamar.

Regresso a casa

Quando falta poucos dias para regressarem para casa, os iniciados vestidos de esteiras
de bambo caniço e comandados pelos N´tchando costumam efectuar visitas aos
familiares, e durante essas visitas sempre realizam-se nas noites, e cada um dos
iniciados presta declarações de como ultrapassou este ou aquele defeito ao mesmo
tempo que anuncia o seu novo nome no último dia, queimam todas as cabanas do
acampamento, não deixando qualquer vestígio.

Nesta mesma noite os iniciados regressam a casa e é uma noite de festa. Apartir daí os
jovens são considerados como homens, devendo gozar de todos os direitos baseados nos
costumes por mais jovens que sejam.
Ritos de iniciação feminina

Uma rapariga só é reconhecida como ser completo depois de ter passado pelos ritos de
iniciação, estes tem como objectivo a formação de mulheres para enfrentar as múltiplas
tarefas do lar nos aspectos de uma futura esposa mãe e produtora de bens materiais em
benefício do marido e dos filhos. As mestras ensinam que a menstruação nada tem de
anormal, antes pelo ao contrário de que em breve pode procriar.

Sociedade Nhanja

«As raparigas menstruadas pela primeira vez são conduzidas a uma palhota no meio do
mato, longe da povoação, e ali entre cantigas e prelecções sob a direcção das mestras
idóneas aprendem tudo o que uma mulher deve saber nas suas relações com o outro
sexo. Durante o período de iniciação, que dura cerca de oito dias, as raparigas não
podem ter o menor contacto com estranhos, mesmo do seu sexo, excluindo o contacto
obrigatório e indispensável com as mestras. O ruído dos batuques próprio das
cerimónias, impedem que o viajante desprevenido se aproxime do recinto. Findo estes
ritos, a palhota que as albergou é queimada indo todas as iniciadas banhar ao rio mais
próximo, vestindo-se depois, os seus panos mais vistosos e adornando-se com
missangas de cores vivas»

Tribo Ahirima

As raparigas iniciadas sentadas cercadas palas mulheres Mais ou menos ébrias com um
canto monótono abordando o assunto erótico, ao desenrolar dos cantos as raparigas vão-
se despindo ficando nuas tapando teoricamente o sexo com um pano de oito centímetros
de largura, segurado atrás e a frente de um cinto de missangas, nestes cantos as
raparigas são ensinadas a limparem sempre o sémen derramado pelo marido com as
mãos depois de um acto sexual, nunca pode usar um pano para tal; mostrar sempre o seu
conhecimento ao marido, saber agradecer quando lhe oferece algo, sempre que estiver
menstruada deve avisar o marido e nunca pode cozinhar e tocar no sal enquanto estiver
menstruada, só podendo fazer após o fim da menstruação e de ter uma ou duas relações
sexuais com o marido.
Durante os dias da primeira menstruação, a rapariga esconde-se e nenhum homem pode
vela sob pena de ficar cego. Em seguida chama-se a madrinha (Moli), ficando a donzela
(Namuali), completamente entregue aos seus cuidados. Ela é fechada num quarto
durante seis a sete dias, até passar a menstruação. Só sai acompanhada da madrinha para
assistir as várias danças, é ela que lhe prepara os alimentos, sempre sem sal. É ensinada
a utilizar ervas medicinais durante o banho, a usar infusões de raízes para dominar as
dores, ter cuidado com a sua higiene íntima e vida sexual, a puxar o matís “ithuna”
(desfloração dos lábios menores da vagina). Esta operação ritual consiste em queimar
rícino (ikurra) e com cinza obtida da mesma fazer-se a dilatação dos lábios menores e
do clítoris, até ao ponto de cobrir toda a superfície vaginal, chegando por vezes a
atingirem dez centímetros.

Este ritual tem como objectivos:

 Provocar sensação no sexo masculino do marido

 Tornar-se sexualmente bastante agradável para qualquer homem.

Além de desflorar os lábios menores da vagina, em algumas tribos a jovem é feitas


tatuagens nas coxas, no abdómen, nas nádegas, na cara e nas pernas e entregue
missangas para passar a pôr nas ancas.

Quando a rapariga sai fora pela primeira vez para tomar banho, toca batuque em sinal de
regozijo, mostrando que ela esta pronta para procriar. Podendo casar desde logo, é nesta
ocasião que se realiza a Emuali – cerimónia de iniciação só para mulheres. Nenhum
homem se aproxima, pois que, mal oiçam o ruído do pequeno tambor usada na dança, os
homens afastam-se a correr convencidos de ficar doidos. As mulheres formam um
círculo enquanto uma delas “namugo” e a namuali dançam no centro. Uma outra, com
uma escultura de pénis, normalmente de madeira, presa na cintura vai também ao centro
com a mulher, que lá se encontra completamente nua, simulam o acto sexual,
dramatizando-o para a jovem namuali. Com as mãos untadas com uma pasta de cinza,
misturada com óleos silvestres, a jovem passa várias horas do dia, puxando
compassadamente os pequenos lábios. As mulheres acreditam que isto dá grande prazes
ao homem e aquelas que não procederem a esta deformação, terão problemas no lar.

Ensina-se a jovem a obediência ao marido, nunca lhe responder de má vontade, aquecer


água para o banho, a importância da higiene dos órgãos sexuais femininos e do seu
marido apôs as relações sexuais, aceitar relações sexuais sempre que o marido quiser, e
agradar sexualmente o marido, torna-se desaconselhável ficar indiferente durante o acto
sexual.

2. No norte de Moçambique os ritos entre as mulheres têm objectivos específicos:


(provocar sensação no sexo masculino do marido e tornar-se sexualmente bastante
agradável para qualquer homem).

b) Explique como acontece estes objectivos acima citados.

Para minha ordem de ideia os objectivos acima citados acontecem no momento que a
jovem é ensinada a ser obediente ao seu marido, nunca lhe responder de má vontade,
aquecer água para o banho, a importância da higiene dos órgãos sexuais femininos e do
seu marido apôs as relações sexuais, aceitar relações sexuais sempre que o marido
quiser, e agradar sexualmente o marido, torna-se desaconselhável ficar indiferente
durante o acto sexual.

3. O número de divórcio na sociedade Moçambicana tendem aumentar nos dias de hoje.

a) Explique as razões ou causas com base nos conhecimentos adquiridos na educação


tradicional.

As razões ou causas de divórcio na minha ordem de pensamento com base na educação


tradicional tem: ciúmes, não se gostarem, casar-se por interesse por parte das mulheres,
a infertilidade da mulher, a insatisfação sexual por parte do casal, discussões a todo
momento, a poligâmica, o alcoolismo.

b) Aponte os aspectos positivos e negativos após passar por esta educação.

Os aspectos positivos após passar por esta educação podem ter:

 A circuncisão, devido a higiene pessoal que evita possíveis doenças de


transmissão sexual;

 Integração social e formação da personalidade do indivíduo;

 Educação cívica moral (respeito aos mais velhos, aos lugares sagrados, aos
mortos);
 Educação sexual e matrimonial.

Os aspectos negativos após passar por esta educação podem também ser:

 Os procedimentos para o acto de circuncisão são demasiado dolorosos, aliado ao


uso de instrumentos cortantes não adequados;

 O elevado risco de vida dos iniciados ao mergulhar na água, durante o


isolamento ficam a mercê dos animais ferozes e frio;

 Preparação da mulher para total submissão ao marido, negando-lhe


emancipação;

 Educação ao homem para manifestação do poder autoritário;

 Não adequação do programa dos ritos de iniciação com o calendário escolar;

 Longo período de permanência nos ritos de iniciação para os rapazes;

 Separação dos trabalhos caseiros e outros por sexo;

 Limitação da dieta alimentar (não consumo de ovos, fígado, moela, etc.).

4. Qual é a diferença entre estes ritos (ritos mortuários, ritos de sacrifícios, ritos
propiciatórios, ritos de passagem, ritos de fortalecimento, ritos relacionados com os
alimentos) explique a diferença e como funciona cada uma delas.

Ritos Mortuários

Os ritos mortuários são acções simbólicas para significar a passagem desta vida para
outro modo de ser. Os ritos mortuários estão presentes em todas as sociedades e mesmo
que compreendidos de maneira diferente cumprem sua função nos diferentes grupos. A
função do rito mortuário é sempre a mesma: facilitar a passagem de um ser para outra
vida, pois todos os indivíduos sabem que a morte determina o fim da existência
corporal.

Ritos Propiciatórios

Os ritos propiciatórios são aqueles que tornam propício, que tem a função de atrair ou
readquirir o favor ou a boa vontade de um ser sobrenatural. É uma ação para agraciar
essa divindade, para aplacar a ira ou a justiça divina, para obter perdão da culpa entre
outras. É a expiação pelas faltas cometidas.

Os ritos propiciatórios favorecem, propiciam algo. Podem ser de oferendas e


expiatórios; influenciam uma divindade no sentido de se conseguir o que se pretende. O
rito expiatório é um ato de purificação das influências perniciosas, dos pecados, que
pode ser de pessoas ou de um lugar.

Ritos de Passagem

Ritos de passagem são aqueles que marcam mudanças de estado de uma pessoa no seio
de sua comunidade e momentos importantes na vida das pessoas. Os ritos de passagem
podem ter carácter social, comunitário ou religioso. Os mais comuns são os ligados a
nascimentos, mortes, casamentos e formaturas. Em nossa sociedade, os ritos ligados a
nascimentos, mortes e casamentos são praticamente monopolizados pelas religiões. Já
as formaturas não costumam ser, em si, religiosas, mas frequentemente têm importantes
momentos religiosos.

Ritos de fortalecimento

Os ritos de fortalecimento são aqueles que assinalam acontecimentos ou crises na vida


da comunidade em seu conjunto, como a ausência de chuvas, a preparação da
semeadora, da colheita, o início de actividades comunitárias como a caça e a pesca etc.
Alguns rituais podem desempenhar as funções de ritos de passagem e de iniciação; isso
ocorre com a cerimônia dos índios navajos conhecida como "canto da noite", executada
para curar um indivíduo de uma enfermidade, mas que serve também para aumentar o
bem-estar de toda a comunidade.

Ritos de Sacrifícios

O rito de sacrifício é a acção de oferecer ao Deus ou deuses na qualidade de alimento,


vida de animal, humano, colheitas e plantações como acto de propiciação ou culto. O
sacrifício-encontrado em todas as religiões - pode ser sangrento, incluindo ou em forma
de oferendas divinas. Como exemplo, podem ser citados os sacrifícios humanos de
fenícios e de astecas, no primeiro caso; as oferendas de arroz e comida dos povos
asiáticos para o segundo; e da própria divindade, simbolizada no pão e no vinho da
missa católica, para o terceiro tipo.
Ritos relacionados com alimentos

Os ritos relacionados com alimentos é a acção que torna certos alimentos adquirem um
significado sagrado como o pão e o vinho na eucaristia católica. O jejum e a abstência
de carne também fazem parte de ritos religiosos ligados ao consumo de alimentos.

5. Entre o povo Macua explique como se aplica os ritos de: (o nascimento, esterilidade,
gravidez, proibições durante a gravidez, parto, nome da criança, desmame, a morte.).

O nascimento

Para a sociedade Macua, um novo nascimento concretiza a esperança de que a vida


continua reforçando o elo entre o passado e o futuro. É sinal de que os ancestrais
continuam a agir como intermediários entre a fonte da vida e a sociedade. Com um novo
nascimento toda a comunidade fica mais forte. Por esta razão a infertilidade é vista
como uma desgraça, um castigo ou uma maldição, como resultado da violação de
qualquer lei, de má conduta ou acção de alguém que nos deseja o mal.

Visto que novos nascimentos fortalecem o vínculo com os ancestrais (por exemplo:
através do nome de um antepassado dado ao recém-nascido, pois acredita-se ao receber
o nome do ancestral o recém-nascido recebe também certas características do mesmo.
Muitos pequenos eventos indicam este vínculo especial entre recém-nascido e ancestral;
se uma criança recebe o nome que foi seu avô, a avó que ainda está viva, brincando
chama-o carinhosamente de “meu marido”, e quando a criança crescer e encontrar uma
namorada a avó vai dizer à sua namorada que ela está roubando seu marido e que vai
ficar com ciúmes), estas são as garantias de um maior bem-estar na sociedade.

Esterilidade

Quando um casal é estéril, realiza-se uma investigação para tentar descobrir o porquê,
assume remédios tradicionais, fazem sacrifícios aos antepassados e, quando nada
funciona, tentam identificar um possível culpado (uma maldição que recaiu sobre o
casal por exemplo). Se não houver resultados favoráveis, o casal pode querer recorrer a
ajuda de outras pessoas (o marido engravida outra mulher ou outro homem que
engravida sua esposa), e a criança que vai nascer será reconhecida no todo e para todos
como o filho do casal, e serão removidos todos os laços com os pais biológicos. Ou
então, o casal pode optar pelo divórcio.

Gravidez

Durante a gravidez a mulher é tratada como se estivesse doente, porque o que carrega
no ventre é considerado delicado e frágil. Durante este período o casal deve continuar a
ter relações sexuais, porque considera-se que as relações sexuais fortalecem a criança e
servem para completar o seu crescimento.

Parto

O parto é um momento de segregação absoluta ao qual apenas as mulheres podem


participar, normalmente, as conselheiras / anciãs da aldeia. Acontece em um lugar longe
das crianças e homens, um lugar tranquilo.

Se ocorrer complicações durante o parto, o marido deverá adoptar uma série de


comportamentos (esvaziar a casa, vestir-se mal, mostrar-se triste) e a mulher deverá
confessar para as anciãs que frequentam o parto, todo o seu mau comportamento e suas
traições, podem desafogar todos os problemas que tem com seu marido, pode insultá-lo
e injuria-lo, e deverá confessar o nome do verdadeiro pai da criança (se não for o
marido). Também as anciãs poderão se juntar neste momento e confessar-se. Tudo o
que é dito neste momento é um segredo absoluto e nunca será divulgado a ninguém que
não estava presente. Após o Parto segue o corte do cordão umbilical, um primeiro banho
com água preparada de um modo particular, o soterramento da placenta, e uma série de
pequenos rituais. Se nasce uma menina as mulheres emitem um grito alegre muito
longo, porque as fêmeas garantem a linhagem e, consequentemente, o crescimento da
família, enquanto se nasce um menino, o grito será de menor duração. O pai ouvindo de
longe os gritos de alegria, bate os pés na terra ou derrama água.

Nome da criança

A escolha do nome da criança é feita por um dos parentes mais próximos: seu tio
materno, pai, avós ou alguém muito importante para o casal. O nome pode ser inspirado
por muitas coisas: um desejo realizado, um evento na vida da família, o nome de um
antepassado, qualquer coisa que tenha um significado especial para a família. Os nomes
para os Macuas designam a natureza da pessoa. Este será o primeiro nome do recém-
nascido, mas durante sua vida ele receberá outros dado a ele pelos amigos, durante a
iniciação, casamento ou quando for eleito líder. Esta multiplicidade de nomes indica a
complexidade da personalidade de cada um. Exemplos de nomes: Silencioso, Escutador,
Filho do patrão do grilo, Feliz mestre, Aquele que expele fogo, Aquele com o qual
estou, Coração de alguém, Aquele que dorme, Forte, Nervoso, Aquele que caminha mal,
Faça como quiser.

Com cerca de um ano de idade acontece uma pequena cerimonia para o desmame da
criança, que consiste em um banho de purificação seguido de uma refeição com todos
os membros da família, amigos e pessoas relevantes da aldeia. Com esta pequena
cerimónia a criança se integra mais na comunidade e estabelece também a sua entrada
em vida, visto que superou o seu primeiro ano de vida, o mais crítico.

Você também pode gostar