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Universidade Rovuma
Nampula
2020
Universidade Rovuma
Nampula
2020
1. Na sociedade Moçambicana, os ritos de iniciação não se manifestam de maneira
homogénea. Eles variam de província para província, de região para região, de religião
para religião e de sexo para sexo.
a) Explica como acontece os ritos de iniciação por regiões de Moçambique (no Norte,
sul e centro), por religião e por sexo.
Primeiro antes de falar dos ritos de iniciação vamos dar o conceito de Ritos dai vamos
ao que interessa.
A navalha tradicional usada nesta operação é antes levada ao fogo para evitar infecções.
Depois da operação o namuko deita-lhes um remédio tradicional para cicatrizar a ferida.
Neste intervalo de tempo, até que a ferida cure o jovem é proibido de comer alimentos
salgados, segundo a tradição, infectaria a ferida. Neste período não pode, tomar banho e
nem tocar na água.
É raro que alguém morra por infecção mas quando alguém morre não se comunica a
família até acabar o período de incubação todo o grupo regressa a casa.
Moeda/Cabo Delgado
Esta festa realiza-se na época seca, escolhe-se este período porque há menos trabalho
nas machambas e é um bom tempo para fazer festas ao ar livre e porque os rapazes
podem viver melhor no mato durante o período necessário de isolamento. Eles também
escolhem esta época do ano por se preparar melhor as bebidas fermentadas e comidas
para a festa.
É o Nalungo que faz a circuncisão dos rapazes e fornece o remédio para eles resistirem
aos perigos do mato e lhe dá indicações do que podem e não podem fazer durante o
Licumbi.
Cada rapaz (Mwali) deve ter um padrinho que lhe acompanhe durante todo o Licumbi e
este padrinho chama-se Mbwana, o mwali é conduzido pelo mbwana para a circuncisão
e ajuda-o durante o período de isolamento no mato.
Ensina-lhe muitas habilidades para a vida futura tais como; construir casa, fazer
armadilhas para caça de animais e tudo aquilo que é importante para a vida matrimonial
e social. O mbwana depois de dar estas habilidades, empresta ao seu protegido, uma
navalha velha para poder executar o que lhe é ensinado. Quando termina o licumbi o
mbwana recebe de volta a sua navalha velha, e oferece uma nova nova ao seu mwali.
Durante as cerimónias, cada iniciado planta uma estaca de qualquer árvore que traz pela
1ª vez que vai para o mato durante o licumbi, num local chamado maûle. Durante o
licumbi o namulo impõe algumas proibições tais como: as mães dos iniciados não
podem comer carne, não podem tomar banho no rio, falar ou cumprimentar as pessoas e
não podem dormir, por sua vez os rapazes também não podem comer carne, nem podem
ser vistos pelas mulheres e pelas crianças, não pode atravessar caminhos sem antes
esfregar um pouco de areia na testa e no umbigo.
«Todas as roupas usadas durante a iniciação são queimadas e os jovens recebem outras
novas, queimam também a cabana que usam também durante o rito de iniciação. Pintam
seus corpos, enfeitam as pernas com ornamentos feitos por eles próprio, com frutas
secas em cujo interior chocalham as sementes, recebem então o nome novo e
abandonam o da nascença, “Nsina nokhani”»
Quando olham o fogo para queimar a cabana que todos partilham os jovens deitam-se
de braços no chão de forma a não presenciarem as chamas, porque se eles presenciam as
chamas serão estéreis.
Entre os Makhuwas, são recomendados aos iniciados a fazerem a sua estreia sexual
dentro dos primeiros três dias depois do regresso, se não fizerem as estreias dentro deste
período recomendado pode se tornarem estéreis ou terem uma vida sexual aberrante.
Os que já passaram pelo rito de iniciação são proibidos de contar aos não iniciados e as
mulheres o que se passou e aprenderam na floresta sob pena de morte se assim o fizer.
Na Zambézia
No meio de canções vão para o acampamento (Mussassa), onde ficam até a cicatrização
completa que dura de quatro à seis meses. Durante a permanencia no mussassa são lhes
ministrados vários ensinamentos por meio de canções com respectivos sentidos, a um
responsável de ensino que é uma pessoa versada em muitos assuntos de filosofia
tradicional (Emariha).
Cicatrizadas as feridas os iniciados são levados para um ribeiro mais próximo com a
finalidade de receber um banho purificador acompanhado do moli, entra na água e o
moli mergulha-lhe a cabeça até aos ombros por três vezes, saem juntos para fora. E este
é o momento de vida ou morte para os iniciados e chama-se Ohuabamuala-hùguma. No
fim, os familiares só poderam saber da morte do seu filho só depois de todos iniciados
terem sido entregues aos seus familiares.
Djando (Niassa)
No que diz respeito ao pessoal, para além dos próprios iniciados, a estrutura responsável
pelo djando é: N’galiba, nakauga, atchitonombe, nampako, aloubwé e n’tchando.
Nampako: é a pessoa designada para controlar todas as actividades dos iniciados e dos
aloubwé.
A vida no acampamento
Como tratamento para as feridas causadas na circuncisão, utiliza-se seiva das partes
inferiores do cacho bananas ou cinzas de algumas plantas. Esses tratamento é feita no
dia seguinte a circuncisão. Findo o processo de circuncisão segue-se a fase de
mistificação dos iniciados. Nesta fase o papel mais importante é desempenhado pelo
pelos acompanhantes particulares (alombwés) que se encarregam de indagar os
iniciados toda uma série de mitos e tabus. A não aceitação de tabus, sempre foi, é tida
como fundamento para as penalizações, incluindo as chicotadas.
Para se garantir que não haja fuga de informação sobre o sofrimento a que os jovens são
submetidos nos ritos, utilizam-se ameaças de morte d uma pessoa mais importante da
família (pai, mãe, tio, irmão, etc.).
Entrega da alimentação
Como vimos anteriormente, uma das funções dos aloubwés é de receber comida dos
iniciados. A comida é recebida no posto de controle, onde um ou dois aloubwé se
encontram de permanência.
As pessoas que trazem comida, devem entoar no mínimo o por norma uma canção cujo
o conteúdo deve ser o tipo da comida trazida. Raras vezes o alombwé, quando vê que
um caril foi bem confeccionado não comem todo. Em substituição, fazem molho de
carvão e obrigam os iniciados a comerem, ninguém deve recusar-se ou reclamar.
Regresso a casa
Quando falta poucos dias para regressarem para casa, os iniciados vestidos de esteiras
de bambo caniço e comandados pelos N´tchando costumam efectuar visitas aos
familiares, e durante essas visitas sempre realizam-se nas noites, e cada um dos
iniciados presta declarações de como ultrapassou este ou aquele defeito ao mesmo
tempo que anuncia o seu novo nome no último dia, queimam todas as cabanas do
acampamento, não deixando qualquer vestígio.
Nesta mesma noite os iniciados regressam a casa e é uma noite de festa. Apartir daí os
jovens são considerados como homens, devendo gozar de todos os direitos baseados nos
costumes por mais jovens que sejam.
Ritos de iniciação feminina
Uma rapariga só é reconhecida como ser completo depois de ter passado pelos ritos de
iniciação, estes tem como objectivo a formação de mulheres para enfrentar as múltiplas
tarefas do lar nos aspectos de uma futura esposa mãe e produtora de bens materiais em
benefício do marido e dos filhos. As mestras ensinam que a menstruação nada tem de
anormal, antes pelo ao contrário de que em breve pode procriar.
Sociedade Nhanja
«As raparigas menstruadas pela primeira vez são conduzidas a uma palhota no meio do
mato, longe da povoação, e ali entre cantigas e prelecções sob a direcção das mestras
idóneas aprendem tudo o que uma mulher deve saber nas suas relações com o outro
sexo. Durante o período de iniciação, que dura cerca de oito dias, as raparigas não
podem ter o menor contacto com estranhos, mesmo do seu sexo, excluindo o contacto
obrigatório e indispensável com as mestras. O ruído dos batuques próprio das
cerimónias, impedem que o viajante desprevenido se aproxime do recinto. Findo estes
ritos, a palhota que as albergou é queimada indo todas as iniciadas banhar ao rio mais
próximo, vestindo-se depois, os seus panos mais vistosos e adornando-se com
missangas de cores vivas»
Tribo Ahirima
As raparigas iniciadas sentadas cercadas palas mulheres Mais ou menos ébrias com um
canto monótono abordando o assunto erótico, ao desenrolar dos cantos as raparigas vão-
se despindo ficando nuas tapando teoricamente o sexo com um pano de oito centímetros
de largura, segurado atrás e a frente de um cinto de missangas, nestes cantos as
raparigas são ensinadas a limparem sempre o sémen derramado pelo marido com as
mãos depois de um acto sexual, nunca pode usar um pano para tal; mostrar sempre o seu
conhecimento ao marido, saber agradecer quando lhe oferece algo, sempre que estiver
menstruada deve avisar o marido e nunca pode cozinhar e tocar no sal enquanto estiver
menstruada, só podendo fazer após o fim da menstruação e de ter uma ou duas relações
sexuais com o marido.
Durante os dias da primeira menstruação, a rapariga esconde-se e nenhum homem pode
vela sob pena de ficar cego. Em seguida chama-se a madrinha (Moli), ficando a donzela
(Namuali), completamente entregue aos seus cuidados. Ela é fechada num quarto
durante seis a sete dias, até passar a menstruação. Só sai acompanhada da madrinha para
assistir as várias danças, é ela que lhe prepara os alimentos, sempre sem sal. É ensinada
a utilizar ervas medicinais durante o banho, a usar infusões de raízes para dominar as
dores, ter cuidado com a sua higiene íntima e vida sexual, a puxar o matís “ithuna”
(desfloração dos lábios menores da vagina). Esta operação ritual consiste em queimar
rícino (ikurra) e com cinza obtida da mesma fazer-se a dilatação dos lábios menores e
do clítoris, até ao ponto de cobrir toda a superfície vaginal, chegando por vezes a
atingirem dez centímetros.
Quando a rapariga sai fora pela primeira vez para tomar banho, toca batuque em sinal de
regozijo, mostrando que ela esta pronta para procriar. Podendo casar desde logo, é nesta
ocasião que se realiza a Emuali – cerimónia de iniciação só para mulheres. Nenhum
homem se aproxima, pois que, mal oiçam o ruído do pequeno tambor usada na dança, os
homens afastam-se a correr convencidos de ficar doidos. As mulheres formam um
círculo enquanto uma delas “namugo” e a namuali dançam no centro. Uma outra, com
uma escultura de pénis, normalmente de madeira, presa na cintura vai também ao centro
com a mulher, que lá se encontra completamente nua, simulam o acto sexual,
dramatizando-o para a jovem namuali. Com as mãos untadas com uma pasta de cinza,
misturada com óleos silvestres, a jovem passa várias horas do dia, puxando
compassadamente os pequenos lábios. As mulheres acreditam que isto dá grande prazes
ao homem e aquelas que não procederem a esta deformação, terão problemas no lar.
Para minha ordem de ideia os objectivos acima citados acontecem no momento que a
jovem é ensinada a ser obediente ao seu marido, nunca lhe responder de má vontade,
aquecer água para o banho, a importância da higiene dos órgãos sexuais femininos e do
seu marido apôs as relações sexuais, aceitar relações sexuais sempre que o marido
quiser, e agradar sexualmente o marido, torna-se desaconselhável ficar indiferente
durante o acto sexual.
Educação cívica moral (respeito aos mais velhos, aos lugares sagrados, aos
mortos);
Educação sexual e matrimonial.
Os aspectos negativos após passar por esta educação podem também ser:
4. Qual é a diferença entre estes ritos (ritos mortuários, ritos de sacrifícios, ritos
propiciatórios, ritos de passagem, ritos de fortalecimento, ritos relacionados com os
alimentos) explique a diferença e como funciona cada uma delas.
Ritos Mortuários
Os ritos mortuários são acções simbólicas para significar a passagem desta vida para
outro modo de ser. Os ritos mortuários estão presentes em todas as sociedades e mesmo
que compreendidos de maneira diferente cumprem sua função nos diferentes grupos. A
função do rito mortuário é sempre a mesma: facilitar a passagem de um ser para outra
vida, pois todos os indivíduos sabem que a morte determina o fim da existência
corporal.
Ritos Propiciatórios
Os ritos propiciatórios são aqueles que tornam propício, que tem a função de atrair ou
readquirir o favor ou a boa vontade de um ser sobrenatural. É uma ação para agraciar
essa divindade, para aplacar a ira ou a justiça divina, para obter perdão da culpa entre
outras. É a expiação pelas faltas cometidas.
Ritos de Passagem
Ritos de passagem são aqueles que marcam mudanças de estado de uma pessoa no seio
de sua comunidade e momentos importantes na vida das pessoas. Os ritos de passagem
podem ter carácter social, comunitário ou religioso. Os mais comuns são os ligados a
nascimentos, mortes, casamentos e formaturas. Em nossa sociedade, os ritos ligados a
nascimentos, mortes e casamentos são praticamente monopolizados pelas religiões. Já
as formaturas não costumam ser, em si, religiosas, mas frequentemente têm importantes
momentos religiosos.
Ritos de fortalecimento
Ritos de Sacrifícios
Os ritos relacionados com alimentos é a acção que torna certos alimentos adquirem um
significado sagrado como o pão e o vinho na eucaristia católica. O jejum e a abstência
de carne também fazem parte de ritos religiosos ligados ao consumo de alimentos.
5. Entre o povo Macua explique como se aplica os ritos de: (o nascimento, esterilidade,
gravidez, proibições durante a gravidez, parto, nome da criança, desmame, a morte.).
O nascimento
Visto que novos nascimentos fortalecem o vínculo com os ancestrais (por exemplo:
através do nome de um antepassado dado ao recém-nascido, pois acredita-se ao receber
o nome do ancestral o recém-nascido recebe também certas características do mesmo.
Muitos pequenos eventos indicam este vínculo especial entre recém-nascido e ancestral;
se uma criança recebe o nome que foi seu avô, a avó que ainda está viva, brincando
chama-o carinhosamente de “meu marido”, e quando a criança crescer e encontrar uma
namorada a avó vai dizer à sua namorada que ela está roubando seu marido e que vai
ficar com ciúmes), estas são as garantias de um maior bem-estar na sociedade.
Esterilidade
Quando um casal é estéril, realiza-se uma investigação para tentar descobrir o porquê,
assume remédios tradicionais, fazem sacrifícios aos antepassados e, quando nada
funciona, tentam identificar um possível culpado (uma maldição que recaiu sobre o
casal por exemplo). Se não houver resultados favoráveis, o casal pode querer recorrer a
ajuda de outras pessoas (o marido engravida outra mulher ou outro homem que
engravida sua esposa), e a criança que vai nascer será reconhecida no todo e para todos
como o filho do casal, e serão removidos todos os laços com os pais biológicos. Ou
então, o casal pode optar pelo divórcio.
Gravidez
Durante a gravidez a mulher é tratada como se estivesse doente, porque o que carrega
no ventre é considerado delicado e frágil. Durante este período o casal deve continuar a
ter relações sexuais, porque considera-se que as relações sexuais fortalecem a criança e
servem para completar o seu crescimento.
Parto
Nome da criança
A escolha do nome da criança é feita por um dos parentes mais próximos: seu tio
materno, pai, avós ou alguém muito importante para o casal. O nome pode ser inspirado
por muitas coisas: um desejo realizado, um evento na vida da família, o nome de um
antepassado, qualquer coisa que tenha um significado especial para a família. Os nomes
para os Macuas designam a natureza da pessoa. Este será o primeiro nome do recém-
nascido, mas durante sua vida ele receberá outros dado a ele pelos amigos, durante a
iniciação, casamento ou quando for eleito líder. Esta multiplicidade de nomes indica a
complexidade da personalidade de cada um. Exemplos de nomes: Silencioso, Escutador,
Filho do patrão do grilo, Feliz mestre, Aquele que expele fogo, Aquele com o qual
estou, Coração de alguém, Aquele que dorme, Forte, Nervoso, Aquele que caminha mal,
Faça como quiser.
Com cerca de um ano de idade acontece uma pequena cerimonia para o desmame da
criança, que consiste em um banho de purificação seguido de uma refeição com todos
os membros da família, amigos e pessoas relevantes da aldeia. Com esta pequena
cerimónia a criança se integra mais na comunidade e estabelece também a sua entrada
em vida, visto que superou o seu primeiro ano de vida, o mais crítico.