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ACADÊMICO BOLSISTA

Prova - ACADÊMICO BOLSISTA - SUSEME - CTI - 2007

1. São aspectos clínicos que favorecem o diagnóstico de 7. O melhor método diagnóstico para avaliação de cálculos
status hiperglicêmicos hiperosmolar (coma hiperosmolar) na vesícula biliar é:
a) história de diabetes tipo I a) raio-X simples de abdômen
b) volemia depletada levemente b) cintilografia com HIDA (ácido iminodiacético marcado
c) glicemias > 600 com tecnécio 99)

d) marcada acidose metabólica c) colangiografia trans-hepática percutânea


d) ultra-sonografia
2. Um homem de 60 anos é levado ao pronto socorro com
quadro de convulsão tônico-clônica iniciada há 40 minutos
8. Um homem de 34 anos vai ao pronto socorro relatando
(Status epilepticus). A medicação mais adequada é:
evacuações escuras há 2 dias. Ele usa AAS por orientação
a) ácido valpróico IV própria. Sua PA=90/50 mmHg e sua FC=120bpm. Coleta-se
b) diazepam IV sangue para laboratório. A próxima providência é:
c) fenitoína IM a) transfusão de concentrados de hemácias
d) lorazepan VO b) aguardar os resultados laboratoriais para as próximas
medidas

3. É um critério relacionado à maior gravidade em pacientes c) infundir solução fisiológica


com sepse: d) solicitar cintilografia de emergência para localizar o sítio
a) temperatura axilar >38 graus Celsius
0 de sangramento

b) taquipnéia
c) acidose lática 9. O sinal freqüente de reação adversa à transfusão san-
guínea é:
d) taquicardia
a) dorsalgia
b) febre
4. É considerada meta terapêutica no paciente séptico:
c) náuseas
a) pressão arterial média > 65mmHg
d) dispnéia
b) hemoglobina > 11 g/dl
c) lactato< 5mmol/l
10. São medicamentos indicados como terapêutica inicial
d) pressão capilar pulmonar < 12mmHg
em um paciente sintomático com doença pulmonar obs-
trutiva crônica (DPOC):
5. No manuseio clínico dos pacientes com hemorragia a) beta agonista e aniticolinérgicos inalatórios
subaracnóidea, é considerada medida que apresenta
b) prednisona e aminofilina
maior eficácia:
c) teofilina e antibiótico
a) uso de anti-fibrinolíticos
d) antibiótico e adrenalina subcutânea
b) indução de hipotensão arterial
c) indução de hipovolemia
11. É uma medicação CONTRA-INDICADA no tratamento
d) uso de nimodipina
da tempestade tireóidea:
a) propiltiouracil
6. É o patógeno mais comum nos casos, em adultos, de
b) corticosteróides
meningite adquirida na comunidade:
c) levotiroxina
a) S. epidermidis
d) propranolol
b) S. pneumoniae
c) H.influenza
12. Em relação ao tratamento das crises hipertensivas, é
d) S. aureus
correto afirmar:

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a) na pré eclâmpsia, uma urgência hipertensiva, hidralazina 18. Faz parte do atendimento inicial da Fibrilação Ventri-
não deve ser utilizada cular:
b) nas emergências hipertensivas o uso de drogas paren- a) adrenalina e atropina
terais é requerido, assim com a internação hospitalar b) desfibrilação elétrica e massagem cardíaca externa
c) nas emergências hipertensivas o uso de nitroprussiato c) punção venosa profunda e entubação orotraqueal
não requer monitorização
d) lidocaína e marcapasso provisório
d) nas urgências hipertensivas é imperativo o uso de drogas
por via endovenosa
19. É uma condição que NÃO é considerada contra-
-indicação absoluta para trombólise:
13. Com relação ao tratamento do tromboembolismo pul-
a) acidente vascular encefálico hemorrágico
monar, é correto afirmar:
b) hemorragia interna ativa
a) filtro de veia cava está indicado nos indivíduos idosos
c) neoplasia intracraniana
pelo risco da anticoagulação
d) menstruação
b) cirurgia de tromboendarterectomia está indicada nos
casos de embolia pulmonar maciça
c) fibrinolítico deve ser utilizado nos casos com instabili- 20. Com relação ao suporte de vida avançado em pacientes
dade hemodinâmica/hipotensão arterial atendidos em parada cárdio-respiratória, é correto afirmar:
d) heparina deve ser iniciada após confirmação diagnóstica a) após entubação orotraqueal, a ventilação deve ser
sincronizada com a massagem cardíaca externa (MCE)
b) A seqüência de 3 choques: 200J, 300J e 360J deve ser
14. É o sinal/sintoma mais freqüente em pacientes que se
utilizada em todos os pacientes com fibrilação ventricular
apresentam com embolia pulmonar:
c) previamente à entubação orotraqueal, a relação entre
a) taquipnéia
massagem cardíaca externa (MCE) e ventilação é 30:2
b) dor pleurítica
d) a primeira providência é a realização de punção venosa
c) taquicardia
profunda
d) cianose

Responda às questões de números 21 e 22, considerando


15. Está indicado no tratamento da ceoacidose diabética: a seguinte situação:
a) reposição volêmica com colóide
b) hipoglicemiante oral Paciente chega ao pronto socorro com história de síncope,
c) solução de glicose quando glicemia < 100mg/dl queixando-se de dor torácica, e hemodinamicamente ins-
d) administração de insulina intravenosa da ação rápida tável. O eletrocardiograma (ECG) realizado na emergência
apresenta o seguinte traçado:

16. No tratamento do acidente vascular encefálico isquê-


mico agudo, a medicação trombolítica pode ser utilizada
quando os sintomas se iniciarem em, no máximo:
a) 3 horas
b) 6 horas
c) 9 horas
d) 12 horas

17. É causa de atividade elétrica sem pulso:


a) hipertermia
21. O diagnóstico provável é:
b) hipocalcemia
a) bloqueio átrio-ventricular de 1º grau
c) hipernatremia
b) bloqueio átrio-ventricular de 2º grau
d) hipovolemia

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c) bloqueio átrio-ventricular de 3º grau d) AAS, clopidogrel e bloqueador de canal de cálcio


d) bradicardia sinusal
26. Na suspeita de hemorragia por varizes de esôfago, com
22. O tratamento imediato indicado é: instabilidade hemodinâmica, a conduta inicial é:

a) instalação de marcapasso provisório a) endoscopia de emergência

b) uso de adrenalina b) ligadura elástica

c) uso de dopamina c) lavagem gástrica

d) instalação de marcapasso definitivo d) estabilização da pressão arterial com uso de cristalóides

23. O tratamento inicial da dissecção aguda da aorta é: 27. É a causa mais comum de obstrução do cólon:

a) redução da pressão arterial + antiarrítmicos a) hérnia

b) elevação da pressão arterial + antiarrítimicos b) neoplasia

c) redução da pressão arterial + beta bloqueadores c) brida

d) elevação da pressão arterial + beta bloqueadores d) volvo de sigmóide

Responda às questões de números 24 e 25 considerando 28. Paciente é internado com diagnóstico de pancreatite
o quadro clínico descrito a seguir: aguda. Os critérios de pior prognóstico na admissão hos-
pitalar são:
a) idade > 55 anos, glicemia>200, contagem de leucóci-
Paciente masculino, 65 anos, hipertenso e diabético, se
tos>16000
apresenta no setor de emergência com dor torácica, opres-
siva, iniciada há 30 minutos, após esforço físico (futebol) b) idade > 65 anos, glicemia>200, contagem de leucóci-
com dispnéia e diaforese concomitante. O ECG apresenta tos>15000
o traçado a seguir: c) idade > 55 anos, glicemia>250, LDH>3 vezes o valor
normal
d) idade > 65 anos, glicemia>250, amilase elevada

29. É um antibiótico que necessita de ajuste de dose em


pacientes com insuficiência renal:
a) ceftriaxone
b) oxacilina
c) cefazolina
d) cloranfenicol

24. Considerando os dados apresentados, o diagnóstico


mais provável é: 30. Paciente chega à emergência com quadro de lacrime-
jamento, fraqueza muscular e fasciculações. Este quadro
a) dissecção aguda da aorta
sugere intoxicação por:
b) infarto agudo do miocárdio
a) carbamatos
c) pericardite constrictiva
b) organofosfarados
d) pneumotórax hipertensivo após trauma
c) benzodiazepínicos
d) anticolinérgicos
25. O tratamento imediato mais indicado para este pa-
ciente é:
31. Os processos neurológicos são responsáveis por
a) AAS, beta bloqueador e trombolítico
elevada morbidade em pacientes portadores de infecção
b) AAS, nitrato e estatina pelo HIV. Dentre eles um é considerado como doença
c) AAS, beta bloqueador e inibidor da ECA definidora de AIDS:

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a) toxoplasmose 36. A ventilação não-invasiva está CONTRA-INDICADA no


b) linfoma primário do SNC seguinte caso:

c) meningite asséptica a) pacientes conscientes

d) complexo de demência da AIDS b) hipoxemia severa


c) pós-operatório de qualquer cirurgia

32. Durante uma hemotransfusão, há suspeita de hemólise d) infarto agudo do miocárdio


aguda. A conduta apropriada é:
a) interromper imediatamente a transfusão trocar o acesso 37. O manuseio primário das vias aéreas em vítimas de
venoso trauma é:
b) interromper imediatamente a transfusão, manter o acesso a) suplementação de oxigênio para as vítimas conscientes
venoso e avisar ao banco de sangue e estáveis
c) suspender a transfusão, manter o acesso venoso e b) suplementação de oxigênio para as vítimas inconscien-
administrar epinefrina tes e instáveis
d) manter a transfusão e solicitar avaliação laboratorial c) entubação orotraqueal para as vítimas conscientes e
dos níveis séricos de heptoglobina LDH e bilirrubina direta estáveis
d) traqueostomia para as vítimas conscientes e instáveis
33. Paciente chega ao Pronto-Socorro com quadro de
hipertonia e espasmos generalizados. O diagnóstico de 38. A causa mais comum de derrame pleural é:
tétano se baseia em:
a) pneumonia bacteriana
a) isolamento do Clostridium Tetani nas hemoculturas
b) insuficiência ventricular esquerda
b) dosagem dos níveis séricos de antitoxina
c) neoplasia
c) achados clínicos
d) tuberculose pulmonar
d) exame do líquor

39. Paciente é internado no CTI com a seguinte gasometria


34. Nos distúrbios do equilíbrio ácido-básico, é correto arterial: pH = 7;36; PO2 = 90; PCO2 = 25; HCO3- = 12,6;
afirmar: BE = -8,8.
a) a maior parte do bicarbonato é reabsorvido no túbulo O distúrbio encontrado é:
proximal
a) acidose metabólica compensada por alcalose
b) a insuficiência renal aguda pode causar acidose meta-
b) acidose mista
bólica devido à retenção do potássio
c) acidose metabólica descompensada
c) a acidose metabólica pode estar associada ao uso de
diuréticos d) alcalose metabólica

d) a metformina pode provocar alcalose metabólica


40. São causas de insuficiência renal aguda:

35. Nos usuários de drogas intravenosas, a causa mais a) amiloidose, nefropatia diabética, hipovolemia
comum de endocardite infecciosa é: b) nefroesclerose hipertensiva, obstrução ureteral, oclusão
a) infecção da válvula tricúspide por Enterococcus venosa

b) infecção da válvula mitral por Enterococcus c) hipovolemia, obstrução ureteral, glomerulonefrite aguda

c) infecção da válvula tricúspide por Staphylococcus d) glomerulonefrite aguda, nefrite causada por drogas,
amiloidose
d) infecção da válvula mitral por Staphylococcus aureus

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comentários

1 - (C) O estado hiperosmolar hiperglicêmico é visto nor- de hemoculturas, em até 45 minutos após o reconhecimento
malmente em pacientes com glicemias superiores a 600 ou da sepse), iniciada antibioticoterapia (em até 1 hora após
700 mg/dL. A condição é mais comum em pacientes porta- o diagnóstico), iniciada reposição volêmica (que deverá
dores de diabetes mellitus tipo 2, não havendo propensão seguir, ao longo das primeiras 6 horas, o protocolo da
à cetoacidose diabética. Dos comas vistos em pacientes Terapia Guiada por Metas Precoces – Early Goal Directed
portadores de diabetes mellitus, o estado hiperosmolar é Therapy) e realizada a dosagem do lactato sérico. Todo
o que se encontra associado com os maiores níveis de paciente com sepse grave ou choque séptico deve ter
desidratação – de um modo geral, estima-se uma perda puncionado um acesso venoso profundo para medir sua
média de 10 a 12 litros de água em cada episódio de estado PVC e para infusão de líquidos e antibióticos (além de
hiperosmolar hiperglicêmico. outros medicamentos); se possível, uma linha arterial
deve ser obtida para se aferir a PAM. Deve-se começar o
2 - (B) Não há sentido em se tratar o status epilepticus resgate volêmico seguindo as normas da Terapia Preco-
(crises convulsivas subentrantes) com anticonvulsivantes ce Guiada por Metas, que é procedido através da oferta
por via oral ou por via intramuscular. A melhor escolha intravenosa, ao longo de uma a duas horas, de cerca de
inicial para abortar tais crises é um benzodiazepínico por 30 mL/Kg de solução cristaloide. As metas terapêuticas a
via intravenosa, sendo os mais utilizados o diazepam, serem alcançadas são: 1. Débito urinário > 0,5 mL/kg/H; 2.
midazolam e, nos Estados Unidos, o lorazepam. Ácido Pressão venosa central (PVC) = 8 a 12 mmHg (ou 12 a 15
valproico por via oral é uma excelente intervenção para mmHg, caso o paciente já esteja intubado e sob ventilação
prevenção secundária (prevenir recorrência) de convulsões mecânica); 3. Pressão arterial média (PAM) ≥ 65 mmHg; 4.
tônico-clônicas generalizadas. Saturação venosa central (SvcO2) >70% (ou saturação do
sangue venoso mixto [SvmO2] > 65%). Com a expansão
volêmica, a primeira meta que se busca é o valor adequado
3 - (C) Sepse é a síndrome da resposta inflamatória sistêmi-
da PVC, visando a alcançar (através da reposição volêmica
ca (SIRS) devida a uma infecção comprovada ou suspeita.
adequada) uma PAM satisfatória.
Para que se pense em SIRS, geralmente é necessário que
estejam presentes 2 ou mais dos seguintes critérios: 1.
Temperatura (axilar) maior que 38º C ou menor que 36º C; 5 - (D) Apesar de persistiram algumas dúvidas acerca de
2. Frequência respiratória maior que 20 irpm (ou PaCO2 sua eficácia, o uso de nimodipina (um bloqueador de cálcio
menor que 32 mmHg, caso o paciente esteja sob ventila- di-hidropiridínico) tem sido relacionado a uma menor inci-
ção mecânica); 3. Frequência cardíaca maior que 90 bpm; dência de vasospasmo da artéria afetada pelo aneurisma
4. Hemograma com leucocitose maior que 12.000/mm3, intracraniano roto e a um menor grau de disfunção neuro-
leucopenia menor que 4.000/mm3 ou presença de mais lógica, caso o vasospasmo venha a ocorrer (a despeito do
de 10% de bastões. Quando existe hipoperfusão tecidual, uso do fármaco). Outra terapia farmacológica que pode ser
hipotensão arterial ou disfunção orgânica, definimos a implantada é a terapia 3H: hemodiluição, hipertensão arte-
existência de sepse grave. Um acúmulo de ácido lático na rial e hipervolemia; essa terapia é instituída com a intenção
corrente sanguínea superior a 4 mmol/L (36 mg/dL) é sinal de diminuir a ocorrência e as repercussões do vasospasmo.
de sepse grave – em vigência de má perfusão cerebral, Apesar da possível aplicação dessas modalidades tera-
as células são submetidos a metabolismo basicamente pêuticas, a conduta central na hemorragia subaracnoide é
anaeróbico, havendo produção aumentada de ácido lático o clampeamento (oclusão) do aneurisma roto, por terapia
(o piruvato produzido ao final da glicólise não é convertido endovascular ou neurocirurgia, procedimento que deve ser
em acetilcoenzima A, não havendo o encaminhamento no realizado até 72 horas de instalação do evento.
sentido do ciclo de Krebs).

6 - (B) Em adultos, o agente etiológico mais comum da


4 - (A) A conduta terapêutica da sepse é definida pelas meningite bacteriana adquirida na comunidade é o pneu-
diretrizes da campanha internacional Sobrevivendo à mococo (Streptococcus pneumoniae). O segundo mais
Sepse (Surviving Sepsis Campaign). Segundo a mesma, comum é a Neisseria meningitidis. Haemophilus influenzae
o conjunto de intervenções indicadas na sepse é dividido é um patógeno importante de meningite em idosos (além
em pacotes (de 3 e 6 horas). No pacote das primeiras 3 de crianças pequenas não vacinadas).
horas, devem ser colhidas culturas (ênfase dada à colheita

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7 - (D) Apesar de ser operador-dependente (ou seja, depen- dade de queda do VEF1 (volume expiratório forçado no
der da técnica e experiência de quem reliza o procedimento), 1º segundo, um dos melhores padrões para seguimento
o melhor exame complementar para diagnosticar-se colelití- evolutivo do DPOC), a uma menor quantidade de secreção
ase na vesícula biliar é a ultrassonografia de vias biliares. A respiratória, a menores taxas de exacerbações agudas e
cintilografia com HIDA é o melhor exame para o diagnóstico a uma menor frequência de internações hospitalares. Uma
de colecistite aguda litiásica. Entretanto, esse exame detecta metilxantina, como a teofilina, aminofilina e bamifilina, pode
a condição através da falha na concentração de 99mTc na ser adicionada ao esquema terapêutico, caso o paciente
vesícula biliar; a ausência de concentração do radioisótopo persista sintomático com as modalidades terapêuticas an-
na estrutura é indício de que o ducto cístico não se encontra teriormente mencionadas. Corticoides sistêmicos, como a
pérvio, o que provavelmente indica a existência de obstrução metilprednisolona intravenosa e a prednisona por via oral,
por cálculo. Assim, observe que a cintilografia com HIDA e antibióticos são geralmente prescritos em vigência de
não detecta o cálculo (pergunta da questão), mas indica a exacerbações agudas.
sua provável existência no ducto cístico.

11 - (C) Questão muito fácil. Obviamente a levotiroxina é


8 - (C) O paciente em apreço encontra-se hipotenso e contraindicada no tratamento da crise tireotóxica. Propil-
taquicárdico em decorrência de hemorragia digestiva (me- tiouracil é uma tionamida, umas das drogas antireoidianas
lena) provavelmente alta, que deve ter sido causada por disponíveis no Brasil – a outra é o metimazol. – Seu meca-
úlcera péptica desencadeada pelo uso de AAS. A primeira nismo de ação não é totalmente compreendido, mas parece
conduta a ser tomada é a reposição volêmica, geralmente envolver 3 intervenções: diminuição da síntese de T3 e T4
procedida com cristaloide (mais comumente soro fisioló- nas células foliculares; bloqueio da conversão periférica de
gico), com o objetivo do resgate hemodinâmico – a hipo- T4 em T3 (efeito que não é compartilhado pelo metimazol);
tensão arterial e/ou choque cardiocirculatório encontrados e imunossupressão (podendo induzir remissão da autoimu-
nesse cenário são de origem hipovolêmica. – Lembre-se nidade vigente na causa mais comum de tireotoxicose, a
que, apesar de parecer lógico solicitar logo a realização doença de Graves). Corticoides (como a dexametasona)
de endoscopia digestiva alta, essa não é a conduta inicial. diminuem a conversão periférica de T4 em T3. Além de
Esta é uma questão comum em processos seletivos. contrapor os efeitos da hiperatividade adrenérgica asso-
ciada aos quadros de tireotoxicose, o propranolol diminui
a conversão periférica de T4 em T3.
9 - (B) Febre é o efeito adverso mais comumente encon-
trado nas hemotransfusões. Pode sinalizar simples reação
a algum(ns) antígeno(s) presente(s) no sangue transfundi- 12 - (B) Crise hipertensiva é a elevação servera da pressão
do, não havendo maiores repercussões para a saúde do arterial (PA), podendo ser um evento de novo ou uma compli-
paciente, mas também pode indicar a presença de uma cação de hipertensão arterial prévia. A elevação da PA pode
reação grave, como hemólise imediata (incompatibilida- acarretar a lesão aguda de órgãos-alvo, como coração, rins e
de ABO ou, em pacientes previamente sensibilizados, pulmões. Apesar de alguns autores considerarem o nível de
incompatibilidade Rh) ou contaminação por bactérias do PA diastólica entre 109 e 119 mmHg como parte da definição
hemoderivado transfundido. Por essa razão, é importante de crise hipertensiva, deve-se ter em mente que esses va-
que se evite transfundir os pacientes em vigência de febre, lores não são indispensáveis para o estabelecimento desse
para que não se perca (ou diminua) a capacidade de de- diagnóstico, já que é possível haver lesões de órgãos-alvo
tectar uma reação potencialmente grave e que exija uma com cifras menores de PA do que os descritos, particular-
intervenção específica. mente em indivíduos que não eram previamente hipertensos
(como na eclampsia e nas glomerulonefrites agudas). Da
mesma forma, pacientes previamente hipertensos crôni-
10 - (A) A terapêutica inicial dos pacientes portadores de
cos não tratados podem apresentar pressões diastólicas
DPOC é feita através do uso inalatório de beta2-agonista
maiores que 120 mmHg sem ter nenhum sinal/sintoma ou
de ação prolongada (salmeterol, formoterol) e anticolinér-
evidência de lesão aguda. Já as emergências hipertensivas
gico (brometo de ipratrópio, tiotrópio). Corticoide inala-
são situações nas quais há lesão aguda de órgãos-alvo e
tório também é muito importante no tratamento crônico
risco iminente de morte, necessitando, portanto, de redução
do DPOC, devendo ser adicionado ao esquema anterior,
imediata da PA (não necessariamente para níveis normais).
segundo as diretrizes do projeto GOLD (Global initiative for
Tais emergências devem ser tratadas preferencialmente
chronic Obstrutive Lung Disease), nos pacientes que não
com agentes anti-hipertensivos parenterais. Por sua vez, as
obtiveram melhora expressiva com o tratamento inicial. O
urgências hipertensivas são situações em que existe risco
uso de corticoide está associado à diminuição da veloci-

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potencial de lesão aguda de órgãos-alvo, como em pacien- trombos intravasculares presentes na circulação e ainda
tes que já apresentam alguma lesão prévia de órgão-alvo não embolizados; mesmo com a anticoagulação plena, tais
(infarto agudo do miocárdio, acidente vascular encefálico trombos previamente formados podem se desprender do
ou insuficiência cardíaca) e que, portanto, apresentam sítio primário, seguir o fluxo sanguíneo e ocluir um ramo
maiores riscos de novas complicações em curso prazo na da artéria pulmonar. Um último detalhe sobre o papel do
vigência de PA acentuadamente elevada. Apresentada tal filtro de veia cava inferior: obviamente, o filtro de veia cava
classificação, é importante ter-se consciência de que, nas inferior só é benéfico na prevenção de TEP originado em
emergências hipertensivas, os níveis tensionais têm que ser veias pélvicas e de MMII. Embora a incidência de fenôme-
reduzidos rapidamente, devendo ser obtida uma redução nos tromboembólicos com origem nos MMSS e nas veias
de cerca de 25% na pressão arterial média em até uma axilares e subclávias venha aumentando nas últimas déca-
hora. Nesses casos, o paciente tem que ser admitido no das (em razão do uso cada vez mais rotineiro de cateteres
ambiente hospitalar, devendo ser administrado tratamento venosos profundos, inclusive de demora, em tal região),
por via intravenosa. Na urgências hipertensivas, os níveis a grande maioria dos êmbolos clinicamente significativos
tensionais também têm que ser corrigidos rapidamente, provém mesmo da pelve e da região femoral. Em termos da
mas não de forma tão rápida como nas emergências hiper- possível indicação de tratamento trombolítico, a presença
tensivas; tipicamente, nas urgências hipertensivas, os níveis de instabilidade hemodinâmica – choque obstrutivo – é
tensionais têm que ser controlados entre 1 e 7 dias após o a única condição universalmente aceita como indicação
início do quadro, não sendo indispensável o uso de fármacos (inquestionável!) de terapia trombolítica no contexto do
intravenosos. O uso de nitroprussiato deve ser seguido de tromboembolismo pulmonar (TEP). Nessa situação, então,
monitoração contínua, idealmente através da monitoração da na ausência de quaisquer contraindicações absolutas à
pressão arterial média com cateter intra-arterial. Hidralazina terapia trombolítica, tal tratamento deve ser imediatamente
é uma medicação anti-hipertensiva segura no contexto da instituído (com rt-PA ou estreptoquinase). A presença de
gestação, sendo uma excelente escolha para controle dos insuficiência respiratória aguda grave (provocada pelo TEP)
níveis tensionais na eclampsia e pré-eclampsia. ou de disfunção de ventrículo direito (ao ecocardiograma)
representam indicações possíveis de terapia trombolítica,
sendo menor o nível de evidência favorável a tal intervenção
13 - (C) O primeiro e mais importante tratamento do trom-
nesses cenários. Com isto, nesses dois últimos contextos,
boembolismo pulmonar (TEP), após a estabilização clínica
em geral considera-se possível o tratamento trombolítico
inicial – realização do ABC (via aérea aberta; respiração
quando não há nem mesmo contraindicações relativas à
adequada, no caso com suplementação de oxigênio,
terapia trombolítica. Por outro lado, a simples existência
caso haja dispneia [a grande maioria dos pacientes está
de hipotensão arterial (e não de choque cardiocirculatório)
hipoxemia]; e circulação efetiva, com volume e amina va-
não é tida como indicação de terapia trombolítica no TEP.
sopressora, se houver instabilidade hemodinâmica) –, é o
Cabe ainda reforçar que, diferentemente do que ocorre no
início da heparinização plena, buscando evitar a expansão
contexto da terapia trombolítica aplicada no IAM ou no AVE
do trombo embolizado (pela adesão de novas plaquetas no
isquêmico, tal tratamento pode ser aplicado até 14 dias
local e subsequente ativação da cascata da coagulação) e
após o TEP. A embolectomia percutânea (no laboratório
o consequente agravamento da hemodinâmica e da troca
de hemodinâmica) deve ser considerada nos casos em
gasosa. Quando um paciente com TEP não pode ser an-
que se considera a realização de trombólise, mas esta
ticoagulado, a estratégia a ser seguida é a colocação de
terapia não pode ser realizada, em função da existência
um filtro em veia cava inferior. Embora esse procedimento
de contraindicação absoluta a tal tratamento (por exemplo,
não vá atuar sobre o(s) êmbolo(s) já enviado(s), ele impe-
passado de sangramento intracraniano, presença de tumor
de que novos êmbolos atinjam os pulmões, procurando
intracraniano e/ou existência de sangramento ativo – exceto
evitar o agravamento do quadro do paciente e tentando
menstruação). A tromboendarterectomia cirúrgica pode
evitar um desfecho letal. Outras indicações de filtro de
ser indicada nos casos de TEP agudo maciço em que há
veia cava inferior seriam a ocorrência de complicações
contraindicação à terapia trombolítica ou, como estratégia
decorrentes da anticoagulação instituída (impedindo que
heroica, nos casos em que o tratamento farmacológico não
a mesma continue a ser aplicada), a ocorrência de novos
foi capaz de resultar em melhora hemodinâmica. De forma
TEPs mesmo em vigência da anticoagulação plena e o
análoga, no TEP crônico, a realização de tromboendarte-
cenário em que se supõe que um novo episódio embólico
rectomia também pode e deve ser considerada.
deve ser fatal (em razão da baixa reserva cardiorrespiratória
do paciente). Observe que essas duas últimas indicações
de filtro de veia cava inferior contemplam a ideia de que a 14 - (A) Esta é uma pergunta clássica em Terapia Intensiva
anticoagulação plena não vai atuar de forma efetiva sobre e Emergências Médicas. O sinal mais comumente obser-

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vado na embolia pulmonar é a taquipneia, e o sintoma provável da AESP. Caso reconhecido um pneumotórax hi-
mais comum é a dispneia. Todas as opções apresentam pertensivo ou um tamponamento cardíaco, deve-se realizar
sinais e sintomas que podem ser encontrados na embolia o procedimento invasivo recomendado no caso específico,
pulmonar. Além desses sinais/sintomas, podemos encontrar respectivamente, a toracocentese ou a pericardiocentese.
hemoptise, síncope, choque cardiocirculatório obstrutivo,
febre baixa, etc.
18 - (B) A parte inicial do atendimento à parada cardior-
respiratória (PCR) padronizada pela AHA/ACC (American
15 - (D) As diretrizes vigentes de cetoacidose diabética Heart Association/American College of Cardiology) é similar
(CAD) considerem os seguintes parâmetros como essen- para todos os ritmos associados, sendo conhecida como
ciais para o diagnóstico da condição: glicemia > 250 mg/ SBV (Suporte Básico de Vida) ou, do inglês, BLS (Basic
dL; presença de pH sanguíneo < 7,30; bicarbonato menor Life Support). Este pacote inclui um conjunto de medidas
que 15 mEq/L; presença de cetonúria e/ou cetonemia. O tri- que devem ser mantidas durante todos os procedimentos
pé do tratamento da CAD é a associação de hidratação ve- aplicados na tentativa de reversão de uma PCR, sendo
nosa com cristaloide, insulinização e reposição de potássio. composto por: A. manter via aérea pérvia (será assegurada
Mais comumente, o esquema de insulinização é procedido via aérea definitiva após aplicado o primeiro choque – ver
com o esquema de minidose intravenosa contínua, utili- abaixo); B. Respiração efetiva (através de alguns dispositi-
zando-se uma preparação de insulina de ação rápida (em vos possíveis, mais comumente através de ambú-máscara
geral, a Insulina Regular) ou ultrarrápida (como a Lispro). ou, caso o paciente já tenha sido intubado, ambú-TOT (tubo
Quando a glicemia cai abaixo de 250 mg/dL, associa-se orotraqueal); C. Circulação efetiva (através da realização
solução de glicose a 10% na hidratação venosa. Observe de massagem cardíaca externa efetiva); D. Desfibrilação
que não se recomenda o uso de hipoglicemiante oral no (ou choque elétrico, aplicado nos ritmos “chocáveis”, isto
tratamento dos chamados “comas diabéticos”. Quanto ao é, fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso).
uso de bicarbonato de sódio, somente está indicado se Após a realização do 1º choque, pode-se dar seguimento
houver acidose metabólica muito grave, ameaçadora da aos procedimentos avançados – SAVC (Suporte Avançado
vida do paciente; nesse contexto, somente se administra de Vida em Cardiologia) ou, do inglês, ACLS (Advanced
bicarbonato de sódio quando o pH sanguíneo é menor que Cardia Life Support) -; aí, sim, é puncionado acesso ve-
7,0. É importante lembrar que a forma correta de correção noso e são aplicados fármacos (vasopressina, adrenalina
da acidose metabólica encontrada na CAD é através da e antiarrítmicos). Atropina e implante de marcapasso não
reposição da insulina, o que leva à inibição da lipólise, com fazem mais parte dos protocolos de reanimação da AHA/
consequente limitação na produz ção de corpos cetônicos. ACC desde a revisão procedida em 2005.

16 - (A) Antigamente (à época em que esta prova foi apli- 19 - (D) Todas as opções listadas são contraindicações
cada), o intervalo de tempo aceito desde a instalação do absolutas à terapia fibrinolítica, com exceção da ocorrên-
ictus até o início da administração da terapia trombolítica cia de menstruação. Essa é uma informação clássica: em
era de 3 (três) horas. Nos últimos anos, esse intervalo de todos os casos de sangramento ativo, a trombólise está
tempo (chamado Δt) foi reduzido para 4,5 horas. contraindicada, salvo se o sangramento ativo for menstru-
ação – aumenta um pouco a quantidade de sangramento,
mas a modalidade terapêutica não está contraindicada.
17 - (D) Ao se pensar no diagnóstico diferencial da atividade
elétrica sem pulso (AESP), temos que incluir os chamados
6H e 6T. Os 6H são: hipotermia; hipoxemia; hipovolemia; 20 - (C) Como discutido acima, nos comentários acerca da
acidose metabólica (acúmulo de H+); hipo ou hipercalemia; questão 18, a parte inicial do atendimento à parada cardior-
e hipoglicemia. Os 6T são: trauma; tablets (do inglês, re- respiratória (PCR) padronizada pela AHA/ACC (American
presentando uso de drogas ou tóxicos); tromboembolismo Heart Association/American College of Cardiology) é similar
pulmonar; trombose coronária (IAM); tamponamento cardí- para todos os ritmos associados, sendo conhecida como
aco; e pneumoTórax hipertensivo. Diante de um quadro de SBV (Suporte Básico de Vida) ou, do inglês, BLS (Basic
AESP, um dos aspectos mais importantes da assistência ao Life Support). Este pacote inclui um conjunto de medidas
paciente – além de executar as manobras de compressão que devem ser mantidas durante todos os procedimentos
e ventilação e da administração intravenosa intermitente, aplicados na tentativa de reversão de uma PCR, sendo
a cada 3 minutos, de adrenalina (lembrar que uma das composto por: A. manter via aérea pérvia (será assegurada
doses de adrenalina pode ser substituída por uma dose via aérea definitiva após aplicado o primeiro choque – ver
de vasopressina IV) – é pensar no diagnóstico da causa abaixo); B. Respiração efetiva (através de alguns dispositi-

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ACADÊMICO BOLSISTA

vos possíveis, mais comumente através de ambú-máscara é superior à ventricular, e que esta última se faz a uma
ou, caso o paciente já tenha sido intubado, ambú-TOT (tubo frequência lenta, sendo os intervalos RR (distância entre
orotraqueal); C. Circulação efetiva (através da realização dois complexos QRS subsequentes) constantes – a junção
de massagem cardíaca externa efetiva); D. Desfibrilação AV (no caso, o feixe de His) assume o comando do ritmo
(ou choque elétrico, aplicado nos ritmos “chocáveis”, isto cardíaco, em razão do BAV-T.
é, fibrilação ventricular e taquicardia ventricular sem pulso).
Em termos das compressões, estas devem ser vigorosas,
22 - (A) O melhor tratamento para uma bradiarritmia
levando à depressão vertical do esterno em cerca de 5
sintomática é o implante de marcapasso. Em situações
cm (em adultos), aliviando completamente a compressão
emergenciais, não é factível o implante de marcapasso
ao seu final (mas, sem retirar as mãos do precórdio do
definitivo. Nesse contexto, a conduta rotineira é instalar-se
paciente); a frequência das compressões deve ser, no mí-
o marcapasso provisório, intravenoso, deixando-se o im-
nimo, de 100 por minuto. As ventilações devem ser feitas a
plante do dispositivo definitivo para um segundo momento,
cerca de 8 a 10 por minuto. Enquanto o paciente não está
quando o paciente estiver mais estável.
intubado, a ventilação deve ser sincronizada com a mas-
sagem cardíaca externa (MCE), mantendo-se uma relação
entre MCE e ventilação de 30:2 (em adultos e crianças 23 - (C) O tratamento fundamental dos aneurismas disse-
maiores) – ou seja, a cada 30 compressões, faz-se uma cantes de aorta depende do seu tipo segundo a classifi-
pausa para que sejam aplicadas duas ventilações. Após cação de Stanford: 1. Nos aneurismas do tipo A (seja dos
a realização do 1º choque, pode-se dar seguimento aos tipos I ou II de De Bakey), o tratamento é intervencionista,
procedimentos avançados – SAVC (Suporte Avançado de seja cirúrgico ou por abordagem hemodinâmica; 2. Nos
Vida em Cardiologia) ou, do inglês, ACLS (Advanced Cardia aneurismas do tipo B, a conduta é inicialmente conservado-
Life Support) -; aí, sim, já há recomendação para intubação ra, somente se indicando terapia intervencionista mediante
do paciente (para assegurar uma via aérea definitiva), é uma evolução desfavorável (dissecção contínua apesar
puncionado acesso venoso e são aplicados fármacos (va- do tratamento, iminência de rotura da aorta, oclusão de
sopressina, adrenalina e antiarrítmicos). Como sabemos, grandes leitos arteriais, etc.). Um dos esquemas preferen-
o protocolo do BLS/SBV continua durante a realização do ciais para o controle da hipertensão arterial em pacientes
ACLS/SAVC, mantendo-se compressões e ventilações até com aneurisma dissecante de aorta é a associação de
que um ritmo espontâneo seja retomado. Nesse contexto, nitroprussiato de sódio e beta-bloqueador; nesse contex-
já estando o paciente intubado, não é mais necessário to, o nitroprussiato de sódio entra como um potente anti-
sincronismo entre compressões e ventilações; a partir de -hipertensivo, enquanto que o uso do beta-bloqueador tem
então, havendo dois os mais indivíduos dando assistência como objetivo alentecer a frequência cardíaca e amortecer
ao paciente em PCR, as massagens e ventilações seguem a curva dp/dt (ou seja, alentecer a velocidade de ascenção
independentes, em frequências, respectivamente, maior ou da pressão arterial).
igual a 100/min e 8 a 12 por minuto. Desde a revisão de
2005, não mais se recomenda a aplicação de 3 choques 24 - (B) O ECG ilustrado apresenta um supradesnivela-
sequenciais em energias crescentes (em desfibriladores mento do segmento ST nas derivações D1, aVL, V2 a V5.
monofásicos, 200, 300 e 360 J) – desde então, aplicam-se Juntando os dados da anamnese com o padrão do ECG, o
choques únicos (para os ritmos “chocáveis” anteriormen- diagnóstico que se impõe é de uma síndrome coronariana
te citados), repetitivos (até reversão da PCR, sempre de aguda com supra (supradesnivelamento) do segmento
360 J (em disfibriladores monofásicos, ou 150 a 200 J em ST, mais provavelmente um infarto agudo do miocárdio
aparelhos bifásicos). (IAM) – excepcionalmente, tais casos podem ser vistos na
angina variante de Prinzmetal, mas o tempo de duração da
21 - (C) O eletrocardiograma (ECG) apresentado revela dor precordial (superior a 20 minutos) fala a favor de que
um bloqueio atrioventricular de 3º grau (BAV-T), posto que tenha ocorrido mesmo um IAM.
há completa dissociação entre a atividade elétrica atrial
e a atividade elétrica ventricular. Observe a marcação 25 - (A) Diante de uma síndrome coronariana aguda com
adicional na derivação D2 longo (a última derivação), que supra de ST, a conduta imediata é a abertura da artéria
sinaliza a presença de algumas ondas P dissociadas dos “culpada” (ocluída), seja através da angioplastia primária
complexos QRS – em verdade, quem assinalou as ondas P (idealmente com stent), seja através da terapia trombolítica.
esqueceu-se de algumas, o que será melhor demonstrado Muito se discute quanto à melhor estratégia entre essas
durante a aula expositiva sobre a temática. – Observe, ainda duas opções, havendo um consenso geral de que, quando
mais especificamente, que a frequência da atividade atrial

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TESTE SEUS CONHECIMENTOS!

disponível e com a possibilidade de ser realizada em tempo minativo no estabelecimento do prognóstico de pacientes
hábil (até 90 minutos da chegada do paciente na unidade com pancreatite aguda, como as dosagens de elastase,
de emergência), a angioplastia primária produz melhores interleucina 6, interleucina 8 e tripsinogênio 2 – este biomar-
resultados. Entretanto, esta questão nem entra nesse mé- cador também pode ser dosado na urina -, poderão estar
rito. A resposta à essa questão é clara, sendo sustentada amplamente disponíveis, como testes rápidos e baratos.
pela certeza de que a conduta fundamental é a abertura da Embora todos os parâmetros, escalas e escores anterior-
artéria ocluída, o que somente é vislumbrado na opção “A”. mente listados sejam utilizados com o objetivo de estimar
o prognóstico de pacientes com pancreatite aguda, os
26 - (D) A primeira conduta a ser tomada em um paciente critérios de Ranson-Rifkind-Roses ainda são os mais uti-
com hemorragia digestiva alta é a reposição volêmica, ge- lizados. Os critérios de Ranson-Rifkind-Roses são aplica-
ralmente procedida com cristaloide (mais comumente soro dos em dois momentos: na admissão e após 48 horas de
fisiológico), com o objetivo do resgate hemodinâmico – a internação. À admissão, os 5 critérios para as pancreatites
hipotensão arterial e/ou choque cardiocirculatório encontra- biliar e alcoólica (a escala de Ranson é um pouco diferente
dos nesse cenário são de origem hipovolêmica. – Lembre-se para a pancreatite biliar e para as pancreatites alcoólica
que, apesar de parecer lógico solicitar logo a realização de e de outras etiologias) são, respectivamente: 1. Idade su-
endoscopia digestiva alta, essa não é a conduta inicial. Esta perior a 70 anos ou, caso etiologia alcoólica, 55 anos; 2.
é uma questão comum em processos seletivos. Leucocitose > 18.000/mm3 ou 16.000/mm3; 3. Glicemia >
220 mg/dL ou > 200 mg/dL; AST > 250 U/L (valor idêntico
nos 2 tipos); LDH > 400 U/L ou > 350 U/L. Após 48 horas,
27 - (B) A causa mais comum de obstrução intestinal
avaliam-se os seguintes critérios: 1. Queda do hematócrito
mecânica baixa (colônica) são as bridas e aderências –
superior a 10% (valor idêntico nos 2 tipos); 2. Aumento do
consequentes a processos cirúrgicos abdominais a que o
BUN (nitrogênio ligado à ureia) > 2 mg/dL ou > 5 mg/dL; 3.
paciente tenha sido submetido em seu passado. – Entre-
Cálcio < 8 mg/dL (valor idêntico nos 2 tipos); 4. Sequestro
tanto, quando se fala especificamente da população idosa,
hídrico > 4 litros ou 6 litros; 5. Excesso de base mais nega-
a causa mais comum de tais obstruções é o adenocarci-
tivo que -5 ou que -4; e, apenas para casos de pancreatite
noma de cólon, especialmente ao nível de reto e sigmoide.
não-biliar (alcoólica ou outras causas), PaO2 < 60 mmHg
Lembre-se que o CA de cólon direito não costuma cursar
– assim, para avaliação da pancreatite biliar, a presença
com obstrução mecânica, porque o conteúdo fecal em tal
de hipoxemia não é critério prognosticador.
porção do cólon é mais fluido e o diâmetro da alça local é
No caso específico desta questão, percebemos que os
maior (menor chance de obstrução!).
autores buscavam uma resposta centrada na análise dos
critérios de Ranson aplicados às pancreatites não-biliares.
28 - (A) Ao longo das últimas décadas, alguns escores
e parâmetros isolados têm sido utilizados para avaliar o
29 - (C) Dos antibióticos listados, o único que demanda
prognóstico dos pacientes com pancreatite aguda. Dessa
redução de dose na presença de insuficiência renal é a
forma, os critérios de Ranson, a escala de Balthazar, o
cefazolina (uma cefalosporina de 1ª geração). Isto deriva do
sistema APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health
fato de tal fármaco ter excreção renal. O cloranfenicol, um
Evaluation) e os critérios de Glasgow têm sido utilizados
antibiótico cada vez menos utilizado devido à sua toxicida-
com tal propósito. Mas, com o objetivo de simplificar a
de (principalmente aplasia de medula e, em crianças muito
definição de gravidade dos pacientes com pancreatite
pequenas, a “síndrome do bebê cinzento”), tem excreção
aguda, têm sido propostos alguns parâmetros que, de
essencialmente biliar. Cerca de 60% da dose de ceftriaxona
forma isolada, apresentam valor discriminativo relevante.
tem metabolização e excreção hepática, o que faz com que
É o caso da dosagem sérica da proteína C reativa (PCR),
não sejam necessários ajustes na dose dessa cefalosporina
um exame complementar amplamente disponível e que
(de 3ª geração) em vigência de insuficiência renal.
parece ser o parâmetro isolado de maior utilidade para
prever o prognóstico de pacientes com pancreatite aguda;
quando superior a 15 mg/dL (150 mg/litro), a dosagem de 30 - (B) Embora a questão não tenha sido anulada, ela
PCR é fortemente sugestiva de pancreatite grave. Outros deveria tê-lo sido, pois existem duas opções (dentre as
aspectos associados a um pior prognóstico são as presen- apresentadas) que a respondem. O quadro clínico descrito
ças de obesidade ou de derrame pleural uni ou bilateral (à é sugestivo de uma crise colinérgica, quadro que pode ser
radiografia simples ou TC de tórax). Num futuro próximo, devido a uma intoxicação aguda por organofosforado ou
outros parâmetros séricos que já provaram ter valor discri- por carbamato.

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ACADÊMICO BOLSISTA

31 - (D) Outra questão que deveria ter sido anulada, pois infeccioso mais frequentemente envolvido são o Staphylo-
existem três opções (dentre as apresentadas) que a res- coccus aureus. Entretanto, tais pacientes também têm
pondem. Neurotoxoplasmose, linfoma cerebral primário e o incidência aumentada de endocardites por Pseudomonas
complexo de demência da AIDS são condições definidoras aeruginosa e fungos, além de infecções polimicrobianas.
de AIDS – as duas primeiras, obviamente, na vigência de
infecção pelo HIV documentada.
36 - (B) A ventilação não-invasiva é uma modalidade de
suporte ventilatório que apresenta algumas características
32 - (B) Diante da suspeita de hemólise aguda – hemólise particulares. Para que possa ser contemplada, é necessário
imediata -, as suposições repousam sobre transfusão com que o paciente possua um nível de consciência suficien-
incompatibilidade ABO ou, em indivíduos previamente temente preservado para que consiga manter suas vias
sensibilizados, Rh. Na maioria das vezes, o erro é huma- aéreas pérvias. De forma análoga, é importante que não
no, tendo havido falhas na definição do tipo sanguíneo do haja acúmulo significativo de secreções respiratórias ou
paciente e/ou do hemoderivado ou na realização da prova orofaríngeas, pois a aspiração de tais secreções fica difi-
cruzada. A conduta correta em vigência de hemólise aguda cultada, incorrendo o seu acúmulo num risco aumentado
é a interrupção imediata da transfusão e a manutenção de broncoaspiração. Uma das principais indicações de
de um bom estado de hidratação do paciente, visando a ventilação não-invasiva (VNI) é o edema agudo de pul-
prevenir a deposição de hemoglobina nos túbulos renais mão cardiogênico. Por outro lado, a existência de grave
e, subsequentemente, a instalação de necrose tubular insuficiência respiratória, com instalação de hipoxemia
aguda tóxica (pela hemoglobina). É indispensável que o severa, pode tornar perigosa a instalação de VNI. Segundo
banco de sangue seja imediatamente avisado sobre tal o capítulo sobre ventilação mecânica não invasiva com
ocorrência, para que sejam tomadas as medidas preven- pressão positiva do III Consenso Brasileiro de Ventilação
tivas cabíveis – checar as tipagens já realizadas, reavaliar Mecânica, a VNI pode ser tentada em tais pacientes com
os procedimentos e técnicas realizadas, etc., visando a quadros mais graves. Mas, se o paciente necessitar de
prevenir novos eventos. uma FiO2 > 0,6 ou se o mesmo prontamente dessaturar (na
oximetria de pulso) a valores inferiores a 90% logo após a
retirada da máscara de VNI, é mais prudente considerar-se
33 - (C) O diagnóstico de tétano é estabelecido com base
o tratamento com a ventilação invasiva. Ainda segundo o III
em critérios clínicos, não havendo (ou sendo exigidos) exa-
Consenso Brasileiro, são contraindicações à VNI: diminui-
mes complementares essenciais para o seu estabelecimen-
ção da consciência, sonolência, confusão ou recusa pelo
to. As características particulares da exposição de risco e a
paciente; presença de instabilidade hemodinâmica com
história vacinal do paciente são importantes para definição
necessidade de medicamento vasopressor; presença de
da profilaxia específica – vacina? Soro antitetânico?
choque (pressão arterial sistólica menor que 90 mmHg) ou
arritmias cardíacas complexas; obstrução de vias aéreas
34 - (A) Outra questão problemática. Embora a opção “A” superiores ou presença de trauma de face; tosse ineficaz
esteja inegavelmente correta – realmente, a maior parte do ou incapacidade de deglutição; presença de distensão
bicarbonato filtrado nos glomérulos é reabsorvida no túbulo abdominal, náuseas ou vômitos; presença de hemorragia
proximal -, a letra “C” também pode estar. Por quê? Embora digestiva alta; infarto agudo do miocárdio; e pós-operatório
a maioria dos diuréticos (como os tiazídicos e os de alça) recente de cirurgia de face, de vias aéreas superiores ou
esteja associada com a ocorrência de alcalose metabóli- de esôfago. O III Consenso Brasileiro define, também,
ca, os diuréticos inibidores da anidrase carbônica (como que a aplicação de VNI é controversa nos pós-operatório
a acetazolamida) podem provocar acidose metabólica, de cirurgia gástrica e em gestantes. Em razão dos dados
gerando uma acidemia. A injúria renal aguda pode cursar expostos acima, podemos considerar que a questão possui
com acidose metabólica por prejudicar a capacidade re- duas respostas possíveis entre as opções apresentadas
nal de excretar H+ - ácidos são gerados no metabolismo (hipoxemia severa e infarto agudo do miocárdio), embora a
humano. – A metformina, um antidiabético oral da classe melhor resposta seria a opção “D” – que não foi a resposta
das biguanidas, apresenta o risco de provocar, como efeito apresentada no gabarito oficial do processo seletivo.
colateral clássico, acidose lática.

37 - (A) Em princípio, toda vítima politraumatizada deve


35 - (C) A endocardite de usuários de drogas ilícitas injetá- receber oferta suplementar de oxigênio. Em pacientes
veis acomete mais frequentemente as cavidades direitas, com rebaixamento de consciência, há que se considerar
especialmente a valva tricúspide. Em tal contexto, o agente a obtenção da via aérea definitiva (intubação orotraqueal),

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o que é imperativo em pacientes com pontuações menores 39 - (A) O nível de pH sanguíneo está normal (entre 7,35 e
ou iguais a 8 na escala de coma de Glasgow. A traqueos- 7,45). Entretanto, os níveis de PCO2 e HCO3- estão baixos.
tomia não é um procedimento que deva ser realizado de Dessa forma, ou há uma alcalose respiratória compensada
emergência. Nesse contexto (situação de emergência), não por acidose metabólica, ou há uma acidose metabólica
sendo possível a intubação orotraqueal, deve ser realizada compensada por alcalose respiratória. Como o nível do pH
uma cricotireoidostomia de emergência; posteriormente, sanguíneo está próximo da faixa de acidose (acidemia),
quando o paciente já tiver sido admitido no ambiente hos- a lógica é que o mecanismo primário é uma acidose me-
pitalar, ele pode ser levado ao centro cirúrgico para ser tabólica. A dosagem bem negativa do excesso de bases
submetido à realização da traqueostomia. Dessa forma, a (BE, do inglês base excess) é compatível com a existência
suplementação de oxigênio sob máscara deve ser reser- de uma acidose metabólica. O nível de PaO2 apresentado
vada aos pacientes conscientes e estáveis. encontra-se dentro da faixa da normalidade.

38 - (B) Outra questão problemática! A causa mais comum 40 - (C) Amiloidose, diabetes mellitus e hipertensão causas
de derrame pleural é a insuficiência cardíaca congestiva de doença (insuficiência) renal crônica (DRC), não de in-
(ICC). Entretanto, diferentemente do que foi proposto como júria renal aguda. Claro é que pacientes com tais doenças
resposta ao enunciado, o derrame pleural não é causado por podem apresentar DRC, condição que pode ser agudizada
insuficiência ventricular esquerda (IVE), mas sim por insufici- por outros insultos, como hipovolemia, fármacos ou obs-
ência ventricular direita (IVD). O que causa o derrame pleural trução ureteral; nesse contexto, temos o diagnóstico de
na ICC/IVD é a dificuldade de drenagem linfática do espaço DRC agudizada. A lista de causas de injúria renal aguda
pleural, em razão do aumento da pressão venosa central, é extensa, incluindo quaisquer causas de hipovolemia ab-
que se transmite retrogradamente para as veias ázigos (à soluta (diarreia, vômitos, sequestro hídrico, sangramentos,
direita) e hemiázigos (à esquerda), vasos para onde se dá etc.) ou relativa (como cirrose hepática), fármacos, drogas
a drenagem linfática pleural. A IVE causa congestão veno- ilícitas, glomerulonefrites agudas, síndrome de hipervisco-
capilar pulmonar, com risco de instalação de edema agudo sidade, etc.
de pulmão (EAP). Assim, lembre-se: IVE causa congestão
pulmonar/EAP; IVD causa derrame pleural. Finalmente, mais
um detalhe. ICC e IVD são causas de transudato pleural.
Em termos de exudato pleural, a causa mais comum é o
derrame parapneumônico (causado por uma pneumonia). As
demais opções listadas, neoplasia e tuberculose pulmonar,
são causas possíveis de exudato pleural.

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