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Caso prático 10

TÓPICOS

noção declaração negocial

- elementos da declaração negocial

- não há divergência entre a vontade de e a declaração

- vontade negocial mal formada, vicio da vontade

- vontade está em erro

- erro que, nos termos dos arts. 251º e 252º CC recaia sobre « os motivos determinantes da
vontade », o erro essencial, o que determina a conclusão do negócio.

- No caso o erro é induzido, estamos perante dolo, art.253º CC, o autor do dolo tinha a
intenção de induzir em erro.

- efeitos do dolo, art. 254º CC, a declaração é anulável.

- efeitos do art. 289º CC

- possível aplicação do art. 227º CC caso existam danos

Pode definir – se a declaração de vontade negocial como o comportamento que,


exteriormente observado, cria a aparência de exteriorização de um certo conteúdo de
vontade negocial, com a intenção de realizar certos efeitos práticos.
A declaração pretende ser o instrumento de exteriorização da vontade psicológica do
declarante, é essa a sua função.

Podem encontrar-se dois elementos normais da declaração negocial:

 A declaração propriamente dita (elemento externo) – o comportamento


declarativo

 A vontade (elemento interno) – consiste no querer, na realidade volitiva.

Normalmente estes dois elementos da declaração são coincidentes entre si, mas pode
ocorrer uma divergência entre a vontade e a declaração.

O elemento interno – a vontade real, pode decompor – se em três subelementos:

 A vontade de ação – consiste na voluntariedade (consciência e intenção) do


comportamento declarativo;
 A vontade da declaração – Consiste em o declarante atribuir ao comportamento
querido o significado de uma declaração negocial;
 A vontade negocial – consiste na vontade de celebrar um negócio jurídico de
conteúdo coincidente com o significado exterior de declaração.

Assim poderá existir vicio na formulação da vontade; isto é elemento interno da


declaração negocial (a vontade) pode divergir do seu elemento externo (a declaração
propriamente dita).

A divergência pode ser intencional (o declarante emite, consciente e livremente, uma


declaração em sentido diverso da sua vontade real, é o caso da simulação, reserva
mental e declarações não sérias ) e não intencional (a divergência é involuntária, o
declarante não se apercebe da divergência ou porque é forçado irresistivelmente a emitir
uma declaração divergente da sua real intenção, é o caso do erro-obstáculo ou na
declaração, a falta de consciência na declaração e na coação física ou violência
absoluta.)

Uma vez que não existe divergência entre a vontade e a declaração, estamos perante um
vicio da vontade, que se definem perturbações no processo formativo da vontade, a
vontade real coincide com a vontade declarada, porém a vontade não se encontra
formada de modo normal e são.

A vontade está em erro, erro dentro dos parâmetros definidos nos art. 2051º e 252º CC,
sendo que recai sobre “os motivos determinates da vontade”.

Existem várias modalidades do tipo de erro:

 Erro sob a pessoa do declaratário – cabe aqui o erro sobre a identidade e o erro
sobre as qualidades. (Pex: Sr A doa um prédio ao Sr B porque julga,
erradamente, que é filho de um seu amigo.)
 Erro sobre o objeto do negócio – pex. Sr A faz um contrato julgando que ele tem
os efeitos da locação, quando tem a eficácia de uma venda a prestações.
 Erro sobre os motivos (não referentes à pessoa do declaratário nem ao objeto do
negócio) – pex. Sr A arrenda uma casa numa determinada localidade porque
julga que foi colocado como professor nessa localidade, o que não aconteceu.
Dos efeitos do erro vicio; este erro só leva a anulabilidade se o erro em causa for
essencial, isto é, se foi o facto sobre o qual incide o erro que levou o errante a concluir o
negócio em si mesmo, e não apenas nos termos em que foi concluído.

O erro foi a causa da celebração do negócio, já não revela o erro incidental, aquele que
influi apenas nos termos do negócio.

Então:

 Erro essencial – pex Sr A compra objeto de prata por 1 000, 00 € porque julga,
erradamente, ser um objeto de ouro, e se soubesse a verdade não o compraria.
 Erro incidental – O Sr A se soubesse que não era de ouro compraria na mesma o
objeto, mas não por aquele preço, mas apenas por 500, 00 €
No caso em concreto estamos perante o erro induzido, estamos perante o dolo (art. 253º
CC)

No dolo o erro é determinado por um certo comportamento da outra parte.

Releva apenas o comportamento usado com a intenção e a consciência de induzir ou


manter em erro o autor da declaração; existe o dolo positivo, em que exige um
comportamento, uma atuação; e o dolo negativo, que ocorre se o declaratário ou um
terceiro omitem um comportamento que permita esclarecer o declarante do erro em
que ele está. Tal comportamento só constitui dolo ilícito se houver o dever de elucidar nº
2, 2ª parte, art. 253º CC.

O elemento sobre o qual recaia o erro – dolosamente provocado - tem de ser essencial,
se não fosse o erro causado pelo dolo não haveria negócio.

Os efeitos do dolo, definido no nº 1 do art. 254º CC são:

 anulabilidade do negócio;

 responsabilidade pré contratual do autor do dolo por ter dado origem à


invalidade do negócio com o seu comportamento contrário à boa fé.

No caso em concreto o negócio é anulável nos termos do art. 254º CC, com o sfeitos
previstos no artº 289º, devendo existir restituição do dinheiro a Xavier.

Poderá haver aplicação do artº 227 CC, no caso de existir danos.

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